Você está na página 1de 387

TRT e BS

APRESENTAM

STAFF

DISPONIBILIZAÇÃO, TRADUÇÃO, REVISÃO INICIAL E FORMATAÇÃO: THE


ROSE TRADUÇÕES

REVISÃO E LEITURA FONAL: BEATIFUL SECRET


Ele era alguém que pertencia às minhas mais selvagens fantasias, e

não a uma parada para descanso no meio de Nebraska.

O SEXY E ARROGANTE AUSTRALIANO CHAMADO CHANCE ERA A

ÚLTIMA PESSOA QUE EU ESPERAVA ENCONTRAR DURANTE A MINHA

VIAGEM AO REDOR DO PAÍS.

Quando meu carro quebrou, nós fizemos um acordo. E a próxima coisa

que eu percebi é que nós estávamos viajando juntos, passando noites

cheias de tensão sexual em hotéis de beira de estrada, e tendo

desvios não planejados.

MINHA VIAGEM COMUM TRANSFORMOU-SE NA AVENTURA DE UMA

VIDA. E TUDO FOI REPLETO DE DIVERSÃO E JOGOS, ATÉ QUE AS

COISAS FICARAM INTENSAS.

Eu o queria, mas Chance não estava correspondendo. Eu realmente

acreditava que ele me queria também, mas algo estava segurando-o.

EU NÃO DEVERIA ME APAIXONAR PELO BASTARDO ARROGANTE,

ESPECIALMENTE QUANDO SABIA QUE ESTARÍAMOS SEGUINDO

CAMINHOS DIFERENTES EM BREVE.

Mas, todas as coisas boas devem chegar a um fim, certo?

EXCETO O NOSSO FINAL, QUE EU DEFINITIVAMENTE NUNCA

PODERIA TER PREVISTO.


DEDICATÓRIA

Aos nossos maridos, os verdadeiros

bastardos arrogantes.
CAPÍTULO UM

Gostaria de saber o quão bem minhas pernas se sentiriam


com essa vibração entre elas.

O sol bateu no cromo de uma Harley Davidson estacionada


um pouco mais a frente, brilhando no calor sufocante do meio-
dia. Esperei até Maroon 5 terminar de tocar no rádio,
estranhamente focada no brinquedo de duas rodas de um
homem enquanto eu pescava meu celular na minha bolsa. A
motocicleta era simples, de alto brilho preto e prata, alforjes
desgastados de couro com um crânio em relevo embaixo das
iniciais CB.

Quão boa seria a sensação de montar? Vento soprando no


meu cabelo comprido, braços embrulhados em torno de um
homem com um apelido fodão, o ronronar do motor por baixo
das minhas coxas vestidas em jeans.

Horse? Drifter? Guns?

Espera.

Não.
Pres. Meu motociclista imaginário definitivamente se
chamaria Pres. E ele se pareceria com Charlie Hunnam.

Olhei para o meu iPhone e encontrei meia dúzia de novas


mensagens de Harrison. Eu sorri internamente. Certamente
alguém chamado Harrison nunca montou em uma Harley.

Jogando meu telefone de volta na minha bolsa, eu desliguei


o motor do meu BMW e olhei atrás no banco de trás. Caixas
empilhadas até o teto começavam a fazer meu carro parecer
claustrofóbico.

Um ônibus cheio de viajantes estacionou na parada de


descanso. Ótimo. É melhor eu sair agora e buscar o meu almoço
- caso contrário nunca vou sair daqui. Era uma viagem de dez
horas cruzando o país, de Chicago a Temecula/Califórnia, e eu
ainda estava em algum lugar no meio de Nebraska, com cerca de
vinte horas de estrada para encarar.

Depois de uns quinze minutos esperando por uma Pepsi e


por pedaços de frango frito Popeye que eu planejei comer no
carro, parei na pequena loja de souvenirs. Eu estava tão
cansada, e realmente dirigindo por mais cinco horas - eu tinha
que encontrar um lugar para dormir à noite. Bocejando, decidi
parar e procurar por alguns minutos. Olhei algumas bugigangas
até que finalmente peguei um Barack Obama bobblehead1 e o

1
sacudi sem pensar, encarando seu sorriso maníaco enquanto a
cabeça saltava para cima e para baixo.

"Pegue. Você sabe que quer", disse uma voz profunda e


rouca por trás dos meus ombros, surpreendendo-me. Meu susto
causou uma reação instintiva, que resultou no bobblehead
escorregando dos meus dedos e caindo no chão. A cabeça
quebrou do pescoço e rolou para longe.

A mulher no caixa gritou: "Me desculpe minha senhora.


Você vai ter que pagar por isso. Vinte dólares."

"Droga!" Eu jorrei, seguindo o caminho da cabeça rolando.


Enquanto eu me abaixava para pegá-la, ouvi a voz de novo atrás
de mim.

"E pensar que algumas pessoas dizem que ele tem uma boa
cabeça em seus ombros." Ele parecia ter um sotaque
australiano.

"Você acha que isso é engraçado, idiota?" Eu perguntei


antes de me virar e ver pela primeira vez o homem por trás da
voz.

Eu congelei.

Oh. Merda.

"Você não precisa ser uma vadia de merda sobre isso." Sua
boca se curvou em um sorriso perverso quando ele me entregou
a metade inferior de Obama. "E para que conste, eu achei tudo
muito engraçado, sim."
Engoli em seco. Eu parecia ter perdido minha capacidade de
falar enquanto assimilava o Deus Grego em pé diante de mim.
Eu queria bater aquele sorriso arrogante direto para fora de seu
rosto, embora fosse lindo, cinzelado, desalinhado e emoldurado
por uma cabeça com grossos cabelos castanho-cobre. Foda-me.
Este homem era insanamente quente, e não alguém com quem
eu esperava me deparar aqui. Aqui era no meio do nada dos
EUA, não o Outback australiano, pelo amor de Deus.

Limpei a garganta. "Bem, eu não acho que foi engraçado."

"Então você precisa remover o pau da sua bunda e se


animar." Ele estendeu a mão. "Dê para mim, Princesa. Eu vou
pagar por essa coisa maldita.” Antes que eu pudesse responder
ele agarrou os dois pedaços da minha mão, e eu amaldiçoei o
arrepio que percorreu minha espinha pelo breve contato quando
sua mão escovou contra a minha. Claro que ele também
cheirava incrivelmente maravilhoso.

Eu o segui para o caixa enquanto procurava em meio a


bagunça da minha bolsa pelo dinheiro, mas ele foi muito rápido
e já tinha pago quando o alcancei.

Ele me entregou o saco de plástico contendo o bobblehead


quebrado. "Há algum troco no saco. Compre-se um senso de
humor."

HUE-MA2. Esse sotaque.

2Ela está tentando imitar o sotaque australiano dele, já que a pronúncia se acentua
nas vogais. Nesse caso, a palavra é humor (humor).
Meu queixo caiu enquanto ele se afastava para fora da loja.
Que bunda!

Era uma muito boa. Um pedaço suculento de bunda,


redonda, fortemente abraçada por seus jeans. Deus, eu
realmente precisava ficar com alguém, porque não parecia
importar que esse cara tivesse acabado de me insultar na minha
cara, minha calcinha estava praticamente molhada.

Após vários minutos olhando para o espaço em uma


prateleira de camisetas Nebraska Cornhuskers, me dei um chute
mental na bunda. Minha reação ao incidente provou que a
fadiga tinha conseguido o melhor de mim. Eu geralmente não
era pavio curto. Era hora de sacudir o encontro bizarro e me
mexer. Meu estômago estava roncando, e eu estava ansiosa para
cair em cima do frango frito de uma vez, pra pegar a estrada em
seguida. Peguei um pedaço de dentro da caixa enquanto saia do
prédio. Parei de mastigar quando o notei à duas vagas de
distância do meu carro, sentado na motocicleta com a qual eu
estava fantasiando mais cedo.

Me aproximei lentamente, esperando que ele não me


notasse. Não tive essa sorte. Em vez disso, quando me viu, ele
me deu um sorriso enorme e acenou.

Desesperadamente procurando por minhas chaves eu


revirei os olhos e murmurei "Você de novo."

Ele riu. "Será que você comprou um senso de humor?"


"Eu usei o troco para te comprar boas maneiras em vez
disso."

Rindo, ele balançou a cabeça para mim. Passando a mão


pelos cabelos ele colocou seu capacete preto brilhante e se
curvou sobre a Harley. O estrondo resoou no meu núcleo.

Entrando no carro e batendo a porta, eu não podia deixar


de dar uma última olhada nele, sabendo que nunca veria esse
cara de novo na minha vida. Ele piscou através do capacete e
meu coração vibrou pateticamente.

Eu assisti através do espelho retrovisor quando ele saiu do


local. Eu esperava que ele fosse decolar como um morcego saído
do inferno, mas depois de se afastar lentamente por alguns
metros, ele parou abruptamente. Ele continuou tentando
acelerar a moto para que se movesse, mas nada estava
acontecendo. Eventualmente desligando o motor, ele tirou o
capacete e passou a mão pelos cabelos em frustração antes de
sair para inspecionar as coisas. Eu deveria ter saído, mas não
conseguia tirar os olhos dele enquanto ele lutava para fazê-la
funcionar. Cara, isso é uma droga.

Eu mergulhei um dos pedaços de frango no molho de


mostarda e mel e coloquei na minha boca, continuando a
assisti-lo como um espectador de esportes por vários minutos.
Em um ponto, ele pegou o telefone e fez uma chamada enquanto
andava para trás e para frente.

Colocando seu telefone de lado, ele olhou na minha direção


e olhou para mim. Pega no ato por vê-lo, deixei escapar uma
risada nervosa. Eu não tive a intenção de rir da situação, mas só
saiu. Ele ergueu a sobrancelha, e isso me fez gargalhar mais
forte. Ele caminhou lentamente na minha direção, segurando o
capacete ao seu lado. Ele bateu na minha janela e eu a abaixei.

"Você acha que isso é engraçado, princesa?"

“Não realmente... talvez.” Eu bufei.

"Bem, eu estou feliz que você finalmente conseguiu


encontrar seu senso de humor."

HUE-MA..

Deus, seu sotaque era sexy...

Ele esticou o pescoço para olhar para o banco traseiro,


tomando conhecimento de todas as caixas. "Você é sem-teto ou
algo assim? Vivendo em seu carro?"

"Não. Eu estou no meio de uma mudança pelo país."

"Onde você está indo?"

"Temecula."

"California". Ele assentiu com a cabeça. "Eu também."

Eu olhei em direção a sua Harley. "Bem, parece que você


não está exatamente indo a qualquer lugar a qualquer hora em
breve. Eu acho que é lei do retorno, por ter me chamado de
cadela."

"Bem, esse parece ser o caso."

"Lei do retorno?"

"Não, você ser uma vadia."


"Muito engraçado."

"Você sabe o que é ainda melhor do que o retorno?", Ele


perguntou, inclinando-se para a janela, seu perfume me
intoxicando.

"O quê?"

Ele piscou. “Karma.”

"Do que você está falando?"

"Venha aqui e dê uma olhada na parte de trás de sua


Beemer."

BEE-MA 3

Eu saí e dei a volta para a parte de trás do meu carro,


apenas para encontrar meu pneu traseiro direito completamente
vazio. O quê? Isso não pode estar acontecendo.

Com a mão na minha testa, olhei para sua expressão


presunçosa. "Você está brincando comigo? Você sabia que meu
pneu estava vazio esse tempo todo?"

"Eu notei na hora em que peguei você comendo frango e


rindo de mim, sim. Era muito difícil me manter sério nesse
ponto." Eu não sabia como trocar um pneu nem para salvar a
minha vida. Não podia acreditar no que eu estava prestes a pedir
a ele. "Você sabe como trocar um pneu?"

"Claro que eu sei. Que tipo de homem eu seria se não


soubesse como trocar um pneu?"

3Mais uma vez ela brinca com o sotaque australiano, nesse caso se referindo a BMW
dela.
"Você vai me ajudar? Eu sei que você não tem nenhuma
razão para querer... depois de nossa pequena briga, mas estou
seriamente desesperada. Eu não quero ficar presa aqui fora
sozinha à noite".

"Deixe-me lhe fazer uma pergunta."

"OK…"

Ele esfregou o queixo. "Você realmente quer seu pneu


trocado?"

Eu me afastei dele. "Aonde exatamente você quer chegar?"

"Tire sua mente suja de sua bunda, querida. Eu não estou


malditamente propondo o que você está pensando. Você não é
meu tipo."

"Qual é exatamente o seu tipo?"

"Eu normalmente iria para as mulheres que não têm a


personalidade de uma maçaneta de porta."

"Obrigada."

"O prazer é meu."

"Então, quais são as suas condições?"

"Bem, como você sabe claramente pelo seu ataque de riso,


minha Harley está com um defeito técnico no momento. Ela
precisa de uma peça que eu não tenho. Acabei de ligar para uma
empresa de reboque. Mas eu estou em cima do prazo, e assim
como você, eu também preciso chegar a Califórnia".

"Você não está sugerindo..."


"Sim. Sim eu estou. Se eu trocar o seu pneu, você me deixa
ir com você."

"No carro comigo?"4

"No carro, sim."

"O que você acabou de dizer?"

"Você não está ouvindo coisas."

Eu balancei a cabeça para livrar as imagens agora piscando


através da minha mente. Será que minha mente cansada estava
imaginando coisas ou ele estava apenas brincando comigo?

"Eu não posso dirigir centenas de milhas com um total


estranho", eu disse.

"É uma porra de muito mais seguro do que dirigir sozinha."

"Não se você for um assassino em série!"

"Olha quem está falando. Você foi aquela que decapitou um


presidente dos EUA."

Eu não pude deixar de rir. Essa situação era seriamente


insana.

"Puta merda, Princesa, é uma risada genuína o que eu


ouço?"

"Acho que você está me fazendo delirar."

Ele estendeu a mão “Então, você topa?”

4 No original ela pergunta “Ride with me?” A palavra ride (verbo) pode significar
cavalgar. Chase usa essa palavra no duplo sentido.
Cruzei os braços em vez de pegar sua mão. "Que escolha eu
tenho?"

"Bem, você sempre pode pedir para ele trocar seu pneu." Ele
apontou para um homem grande e assustador que parecia estar
nos observando. Esse cara parecia Herman Munster5 em carne e
osso.

Soltando uma respiração profunda, eu concedi. "Estou


dentro. Estou dentro! Apenas me tire daqui."

"Eu achei que você poderia dizer isso. Agora, por favor, me
diga que você tem um pneu sobressalente."

"Sim. Mas eu tenho que mudar algumas das minhas caixas


para que você possa chegar a ele."

Ele começou a lamentar quando teve uma noção da


situação dentro do porta mala. "Droga, que diabos é toda essa
porcaria?"

Olhei em seus olhos e respondi honestamente, "Toda a


minha vida." Empilhei temporariamente o conteúdo do porta
malas na calçada. Ele tirou o pneu para fora e imediatamente
começou a trabalhar.

Enquanto ele estava mudando o pneu sua camiseta branca


subiu, expondo seu bronzeado, seu abdome duro como pedra e
uma trilha fina de cabelo que correu para a linha da cueca.

5
Tensão indesejada construiu entre as minhas pernas. Eu
precisava de uma distração, então caminhei até sua motocicleta
e me sentei sobre ela, segurando seu guidom e imaginando como
seria andar ao vento. Mas tudo que eu poderia imaginar agora
era ele na minha frente, e isso não estava ajudando. Ele deslizou
seu corpo debaixo do meu carro. "Tenha cuidado menina. Isso
não é um brinquedo."

Eu saí e corri o dedo ao longo das letras estampadas nos


alforjes.

"O que C.B. quer dizer?"

"São as minhas iniciais."

"Deixe-me adivinhar ... Cocky Bastard6?"

"Veja... Eu teria dito o meu nome, mas já que você é tão


inteligente, acho que só vou deixar você adivinhar."

"Seja como for, Cocky."

Ele se deitou no chão. "Eu só preciso apertar estas porcas e


nós estaremos prontos para ir."

"Porcas?"

"Porcas... na roda, menina suja."

"Oh."

Saltando para cima, ele levantou a camisa e usou-a para


enxugar a testa.

6Deixamos em inglês em associação com o nome do livro, Cocky Bastard = Bastardo


Arrogante, babaca que se acha espertinho
"Tudo pronto."

Droga.

"Isso foi rápido. Tem certeza que está certo?"

"Eu tenho alguns parafusos soltos querida, como você vai


descobrir em breve, mas nenhum deles está em sua roda." Ele
piscou e, pela primeira vez, eu notei suas covinhas. "Nós
provavelmente devemos parar pela manhã e colocar um pneu
novo. Este reserva não vai servir por muito tempo."

Amanhã. Uau. Isso realmente estava acontecendo.

"Devemos ir" eu disse. "Eu vou dirigir. Preciso estar no


controle dessa situação."

"O que você quiser", disse ele.

Eu podia sentir a tensão no meu pescoço enquanto saía do


local. Isso ia ser muito interessante, para dizer o mínimo. Ele
não perdeu tempo em se servir dos meus pedaços de frango. Eu
rapidamente bati na sua mão. "Ei, larga a minha comida."

"Mostarda e mel? Eu prefiro barbecue." Ele lambeu o


polegar, e eu xinguei a mim mesma por ficar um pouco excitada.
Ia ser uma longa viagem.

Ele sorriu e levantou o saco de plástico da loja de souvenir.


"Você ao menos o abriu?"

"Não. Qual é o ponto? É apenas um bobblehead quebrado."

Entregando-o para mim, ele disse: "Será mesmo?"


Com uma mão no volante, eu tirei do saco o bobblehead que
estava... em uma peça.

"O que... como você fez?"

“Você parecia gostar dele, então eu paguei pelo outro e


comprei um diferente para você. Você estava muito ocupada
olhando dentro da sua bolsa para notar."

Eu não pude deixar de sorrir, e balancei a cabeça.

"Bem o que eu queria ver. Um sorriso genuíno." Ele


estendeu a mão.

"Aqui... me entregue." Quando eu entreguei a ele, ele puxou


uma fita adesiva da parte inferior e o prendeu na painel. A
cabeça de Obama agora ficava balançando para cima e para
baixo com cada movimento do carro.

Eu comecei a rir da situação ridícula, mas também não


pude evitar a sensação de calor que tomou conta de mim com
aquele gesto doce. Talvez ele não fosse realmente um bastardo,
no final das contas. Ficamos em silêncio por um tempo
enquanto ele deitou a cabeça para trás e fechou os olhos.

Em algum lugar ao longo da I-76, após o sol se pôr em um


brilho laranja brilhante que iluminou o horizonte à distância, ele
se virou para mim.

Sua voz estava grogue. "Eu sou Chance."

Após alguns segundos de silêncio, eu disse, "Aubrey".


"Aubrey", ele repetiu em um ofegante sussurro, parecendo
contemplar o meu nome antes de fechar os olhos e virar a
cabeça para longe.

Chance.
CAPÍTULO DOIS

"Você só vai continuar deixando que vá para a caixa postal?"


Ele estreitou os olhos no meu celular zumbindo em cima do
console central. A coisa estava tocando a cada meia hora mais
ou menos, mas agora o intervalo entre chamadas tinha
encurtado para dez minutos.

"Sim". Ele parou de vibrar quando eu respondi sem maiores


explicações. Tinha pensado que talvez ele fosse deixar pra lá.
Claro que não. Cinco minutos depois o telefone tocou
novamente, e Chance o agarrou antes que eu percebesse o que
ele estava fazendo.

"Chamada de Harry." Ele balançou meu telefone entre o


polegar e o indicador, balançando-o para trás até que o peguei
da mão dele.

"É Harrison. E não é da sua conta."

"É uma longa viagem, princesa. Você sabe que nós vamos
falar sobre isso eventualmente".

"Confie em mim, não vamos."

"Veremos".
Só mais alguns minutos passaram, e então meu telefone
estava com ele novamente. Antes que eu pudesse pará-lo, ele o
pegou e segurou até a boca.

"Olá."

Arregalei meus olhos. E quase sai da estrada. No entanto,


fiquei parada, como uma muda.

"Harry. Como vai, amigo?"

A dica do sotaque australiano ficou em segundo plano de


repente. A voz de Harrison subiu através do telefone, embora eu
não pudesse ouvir as palavras. Olhei para a cara arrogante de
Chance. Ele deu de ombros para mim, sorriu e inclinou-se de
volta para seu lugar, desfrutando muito do momento. Nesse
instante decidi que nossa viagem tinha acabado. Tão logo que
chegássemos a próxima saída, sua bunda seria chutada para a
calçada. Que a perfeita massa de músculo atravessasse toda
Nebraska a pé, eu não me importava.

"Sim, claro. Ela está aqui. Mas nós estamos um pouco


ocupados no momento."

Eu ouvi a pergunta seguinte alta e clara. Chance, puxou o


telefone longe de sua orelha quando Harrison rugiu. "Quem
diabos é você?"

"Meu nome é Chance. Chance Bateman. Alguns dos meus


amigos me chamam de Cocky." Ele disse como uma melodia
perfeita na entonação. Eu visualizei a veia na garganta de
Harrison latejando forte, a ponto de ficar roxa.
"Coloca. Aubrey. Na. Porra. Do. Telefone." Cada palavra era
um curto-circuito de explosão de raiva. De repente, eu já não
estava zangada com Chance por atender o telefone. Eu estava
lívida que Harrison tivesse a audácia de estar zangado com o
que eu estava fazendo.

"Não posso fazer isso, Harry. Ela está indisposta no


momento."

Outro rosnado de palavrões veio através do telefone.

"Ouça, Harry. Eu vou dizer isso de homem para homem,


porque você parece um bom sujeito. Aubrey tem evitado suas
chamadas para ser educada. A verdade é que ela não quer falar
com você."

Minha raiva estava rapidamente saltando entre os dois


homens. Ainda... AH-BREE7. Eu queria estrangular Chance,
embora ao mesmo tempo eu realmente quisesse que ele dissesse
meu nome novamente. O que havia de errado comigo? Eu perdi
a resposta de Harrison enquanto estava ocupada reproduzindo o
som do meu nome falado com sotaque australiano. A maneira
que saiu pela língua desse bastardo arrogante fez uma pequena
vibração na minha barriga. Eu me permiti ter um momento de
lapso enquanto o imaginava sussurrado no meu ouvido com um
gutural estirpe. AH-BREE.

Pisquei para voltar à realidade quando Chance lançou um


suspiro exagerado para o telefone. "Ok, então Harry. Mas você

7 Brincadeira com o sotaque australiano, nesse caso se referindo ao nome dela,


Aubrey.
vai precisar parar agora. Vamos fazer uma agradável e longa
viagem, e o seu constante zumbido é como se fosse um toque na
calcinha da nossa garota. Então seja um bom companheiro e
deixe de interrupções por um tempo. Sim?"

Nossa garota. Aquela veia tinha que estar pronta para


explodir no pescoço de Harrison.

Chance não esperou por uma resposta antes de desligar a


chamada. Durante cinco minutos, nenhum de nós disse uma
palavra. Ele devia estar esperando o discurso começar.

"Você não vai falar nada sobre minha conversa com Harry?"

Meus dedos ficaram brancos no volante. "Estou


processando".

"Processando?" Sua voz era quase divertida.

"Sim. Processando."

"O que diabos isso significa?"

"Isso significa que eu não digo a primeira coisa que vem à


minha mente. Ao contrário de algumas pessoas, eu penso no que
estou sentindo e verbalizo adequadamente."

"Você filtra merda."

"Não filtro."
"Sim, você faz. Se você está chateada, diga. Grite se for
preciso. Fique puta de uma vez e acabe com isso, para deixar de
ser uma vadia o tempo todo."

A estrada estava muito vazia, então não foi difícil pisar no


freio e encostar ao lado da estrada. Atravessei três pistas e fiz
uma parada.

Estava escuro, e a única luz vinha dos meus faróis e dos


carros ocasionalmente passando. Eu sai e caminhei ao lado do
passageiro do carro, e esperei ele se juntar a mim.

Prendi minhas mãos na minha cintura. "Você tem muita


coragem. Salvei teu rabo de ficar parado, te deixei entrar no meu
carro, você comeu metade da minha comida, mudou meu rádio
de estação e, em seguida, além de tudo, você atendeu meu
telefone. "

Ele dobrou os braços sobre o peito. "Você não salvou meu


rabo, eu comi pipoca de frango, seu gosto musical é uma merda
e Harry é como um pau na sua bunda que estava perturbando."

Eu olho para ele.

Ele olha de volta.

Meu Deus. A luz de um carro que passou clareia a rosto


dele, e lá estava. Número treze. Seus olhos raivosos eram
exatamente da cor do número treze. Eu costumava descascar o
papel de sessenta e quatro pacotes de Cadet Blue na Crayola8
antes dos outros lápis sequer perderem suas pontas. Eu gostava
tanto dessa cor, que não era apenas a cor da sombra do céu.
Durante um ano inteiro da minha vida todas as capas dos meus
livros de colorir foram um lindo azul com um toque misterioso
de cinza. Eu nunca tinha visto a cor na vida real em qualquer
coisa, especialmente não nos olhos de alguém.

Eu estava metade fora. E então ele pegou a outra parte.

"Aubrey". Ele adiantou

AH-BREE.

Droga. Eu não disse uma palavra. Eu estava ocupada...


Processando.

"Estava tentando ajudar. Harry precisava disso. Não sei


quem ele é para você, mas quem quer que seja, obviamente fez
algo errado. E você não quer mais ouvir suas desculpas. Isso é
besteira, e você sabe disso. Deixe-o pensar que você está fazendo
uma viagem com outro homem por um tempo. Ele deveria saber
que homens cairiam em cima de mulheres como você. Não
deveria precisar ser lembrando".

Mulheres como eu?

Tentei manter a fachada irritada, mas já não estava mais.


"Bem, não toque no meu telefone de novo."

8
"Sim, senhora."

Concordei, precisando sentir algum sentimento de vitória.


Eu não podia deixar minha raiva esvanecer tão facilmente só
porque ele tinha uma voz sexy e o número treze nos olhos. Ou
poderia?

"Que tal eu dirigir um pouco?"

Minha visão noturna não estava boa, e eu estava


começando a ficar com os olhos um pouco embaçados. "Está
bem".

Ele abriu a porta do lado do passageiro e me esperou entrar,


então fechou-a e foi para o outro lado. Antes de ir para o banco
de condutor ele abaixou-se e pegou algo da rua, soltando-o em
sua bolsa nas costas antes de ajustar o assento onde queria.

"O que você pegou?"

"Nada” Ele ignorou a pergunta. "O motorista escolhe a


música." Nos afastamos do meio-fio.

"Você mudou a estação a cada cinco minutos enquanto eu


estava dirigindo."

Ele deu de ombros e sorriu. "É uma nova regra."

Estar no banco do passageiro me deu a oportunidade de


estudá-lo. Deus, essas covinhas eram profundas. E o pouco de
barba começando a aparecer na mandíbula cinzelada dele
mexeu comigo. Realmente mexeu. Havia uma boa chance dele
estar dirigindo por um longo tempo terrível.
Três horas mais tarde e já era quase meia-noite, então
decidimos parar. Estávamos tão longe quanto eu tinha planejado,
mesmo perdendo algumas horas colocando um pneu novo.

A mulher na recepção do hotel estava ocupada jogando um


jogo em seu telefone e mal olhou para nós quando nos
aproximamos.

"Nós gostaríamos de um quarto para esta noite, por favor?"


Chance, disse.

"Hum... dois quartos, por favor," Eu esclareci.

"O que? Eu ia comprar um com duas camas."

"Eu não vou dividir um quarto com você."

Ele encolheu os ombros. "À vontade". E voltou sua atenção


novamente para a recepcionista do hotel. "Ela tem medo de que
se nosso quarto for junto, ela não será capaz de manter suas
mãos longe de mim." Ele piscou para ela. Ela tinha a pele
escura, mas eu podia vê-la ruborizado de qualquer maneira.

Eu rolei meus olhos, cansada demais para lutar com ele


novamente, e falei com a recepcionista, "Você pode me dar um
quarto virado para o oeste, sem ser no térreo e com número par,
se possível?"
"Eu gostaria do meu com uma cama, banheiro e televisão,
se isso for possível." Ele sorriu.

"Posso dar a vocês os 217 e 218. Estão bem próximos um do


outro."

"Perfeito. Ela gosta de estar perto de mim."

Eu não tinha certeza se seu senso de humor megalomaníaco


estava crescendo em mim ou se eu estava apenas feliz por sair
depois de tantas horas no carro, mas eu ri um pouco.

Ele pareceu satisfeito.

A atendente nos entregou nossas chaves, juntamente com


um biscoito de chocolate quente para cada um. Em nosso
caminho para o elevador, ofereci-lhe o meu. "Quer o meu
biscoito? Eu não vou comê-lo."

"Claro, eu te como."

"O que você disse?"

"Eu disse que o como."

Eu realmente precisava dormir um pouco. Talvez após um


bom banho frio.

Ele carregou nossas mochilas para os nossos quartos, e isso


não passou despercebido por mim. Ele também me deixou
entrar e a sair do elevador antes dele. O bastardo arrogante
tinha maneiras equilibrar sua arrogância.

"Boa noite, princesa."

"Boa noite, arrogante."


Eu estava feliz que ele não disse meu nome; já estava
incomodada o bastante só em dormir ao lado dele.

Quinze minutos depois, eu tinha concluído o ritual da hora


de dormir e entrei na cama. Respirei fundo e me deixei afundar
na suavidade do colchão.

Uma batida na porta me fez saltar.

Com raiva, eu saí da cama e fui na ponta dos pés olhar pelo
olho mágico. Por que essas coisas eram sempre tão altas na
porta, de qualquer forma? Eu fiquei surpresa por não encontrar
ninguém do outro lado. Talvez tivesse imaginado o som.

Outra batida.

Eu acendi as luzes. O som não vinha da porta de entrada.


Vinha de uma porta interior, que eu nem tinha notado antes.

A porta de Chance.

Eu soltei a trava superior e abri a porta apenas o suficiente


para que pudesse ver o que ele queria. E ali estava ele.

Sem camisa.

Vestindo cueca boxer cinza escuro que o abraçava como


uma segunda pele.

Levou um minuto para entender o que ele estava fazendo lá,


mesmo que ele estivesse segurando uma escova de dentes em
questão.

"Eu pensei que tínhamos concordado que eu não era um


serial killer".
Abri mais a porta. Ele sorriu.

Oh, senhor. Pare com isso. Agora.

"Deixei minha pasta de dente na bolsa que está no carro."

Engoli duro. "Uh huh."

Ele virou a cabeça para o lado, e suas sobrancelhas


levantaram. "Você pode emprestar a sua?"

"Oh. Sim, claro. "

Ele passou por mim e entrou no meu banheiro. Esperei na


porta.

"Tem muita porcaria feminina aqui pra uma noite," ele


disse, com a boca cheia de pasta de dentes no banheiro.
"Coleção particular de Tuberose Gardênia9."

Ele estava lendo minha garrafa de perfume Estée Lauder.

Ouvi-o enxaguar e cuspir. Em seguida, um som de gargarejo.


Ele usou o meu enxaguante bucal também. Claro, sirva-se.

Ele saiu e desligou a luz do banheiro. "Tuberose é uma rosa?"

Eu balancei minha cabeça, ainda confusa com a situação.

"É por isso," ele murmurou.

"Por que?"

9
Perfume
"Eu não conseguia descobrir o que você cheirava o dia todo.
Não tenho certeza se eu já cheirei uma tuberose antes." Ele deu
de ombros e caminhou de volta para seu quarto, mas não antes
de virar para trás. "Até mesmo aquelas calcinhas rendadas
pretas cheiram como tuberose."

Meus olhos se arregalaram. Eu tinha tirado minha calcinha


e sutiã... e os deixei na pia do banheiro.

"Você... você —"

"Relaxe. Estou brincando. Eu pareço um cheirador de


calcinhas para você?"

Sim.

Não.

Talvez?

"Boa noite, Aubrey". Ele honrou-me com uma covinha e


desapareceu.

AH-BREE. Droga.

Eu tranquei a porta e verifiquei se estava bem fechada duas


vezes, sem saber se para minha segurança ou dele. Sua voz
dizendo meu nome estava em reprodução dentro da minha cabeça,
ficando mais macia e suave, como uma canção de ninar calmante,
com cada respiração que eu dava rumo a terra dos sonhos.

Até que a batida na porta veio novamente.

Acho que eu poderia ter realmente adormecido por 3


segundos antes de levantar novamente. Mais uma vez.
"Quer ver um filme?"

Meu quarto estava muito escuro; o dele, totalmente


iluminado. Meus olhos levaram um minuto para se ajustar. E
quando o fizeram, focaram na sua roupa de baixo. Em vez de
dizer não e fechar a porta, eu argumentei com ele.

Mais uma vez.

"Eu não estou vendo um filme com você de cueca."

Ele olhou para baixo e de volta para mim. "O que? Não é
como se eu tivesse uma ereção."

Meus olhos se arregalaram ao seu comentário inadequado,


mas então eu comecei a imaginá-lo com a cueca ridiculamente
apertada com uma ereção.

De repente, eu não tinha lugar para olhar. Se eu olhasse


para baixo, estaria olhando seu pacote. Se olhasse para ele, com
certeza ele veria o que eu estava pensando.

Ele riu. "Eu vou vestir um short."

Não sabia por que estava ainda negociando quando não


tinha nenhum desejo de assistir um filme. Ele desapareceu e
voltou um minuto depois, com um par de shorts frouxos. Eu
ainda podia ver a borda da sua cueca Calvin Klein de fora. E
agora que não havia cueca apertada para focar, percebi que o
calção na verdade tinha piorado a situação. Ele ficava
pendurado nos quadris estreitos, onde um V profundo foi
esculpido. Cobrir sua bunda apertada só me deixou prestando
mais atenção aos detalhes de seu peito. E seu abdome ridículo.
"Sua vez", disse ele.

Meus olhos pediram esclarecimentos.

"Se não posso estar de cueca, você tem que mudar a camisa
de dormir."

"O que há de errado com minha camisa?" Minha voz estava


na defensiva.

Os olhos dele caíram para o meu peito enquanto os cantos


de seus lábios enrolavam num delicioso sorriso perverso. "Nada
de mais. Por favor, a mantenha."

Eu olhei para baixo: tinha esquecido que eu estava usando


uma camisa branca fina sem sutiã. Meus mamilos estavam em
total atenção, tentando furar través da camisa.

Discutimos sobre o que alugar por vinte minutos antes de


decidir sobre um filme de terror, que eu realmente não queria
assistir. Cinco minutos mais tarde, usando um moletom com
minha camisa de dormir, eu dormi com Chance sentado na
cama ao meu lado.

Na manhã seguinte ele estava no seu próprio quarto quando


eu acordei as portas interligadas estavam abertas em ambos os
lados. Ouvi-o em seu telefone com alguém contando seus planos
para o dia. Claramente o dia inteiro de atividades era uma
mentira, desde que eu tinha certeza que ele não ficaria dentro do
município de Los Angeles o dia inteiro.
CAPÍTULO TRÊS

Decidimos parar em um restaurante na estrada do hotel


para o café da manhã.

Eu pedi minha bebida primeiro. "Eu vou querer um café


com leite de baunilha light, pouca espuma e extra quente."

Chance apertou os olhos para mim, e virou-se para a


garçonete. "Você ouviu tudo isso? Ela vai querer duas doses de
frescura com creme extra."

Bertha — como seu crachá indicava — não parecia nem um


pouco divertida. "Nós só temos café, descafeinado ou regular,"
ela disse monótona, segurando uma garrafa.

"Eu vou querer um café preto então."

"Faça dois," ele disse.

Ela colocou nos nossos copos. "Voltarei com seus outros


pedidos."

Chance estava rindo de mim quando ele apertou um pacote


de açúcar.

Eu cruzei meus braços. "O que é tão engraçado?"


"Você".

"O que?"

"Você realmente achou que poderia requisitar sua bebida de


madame em um lugar como este?"

"Quem não tem lattes? Até mesmo McDonalds tem."

"Nós teremos um café com leite e um lanche feliz para jantar


então — com um brinquedo dentro. Isso fará você feliz?"

Balançando a cabeça, eu afastei o cardápio... Não havia


nada aqui que eu poderia comer. "Tudo é tão gorduroso."

"Mmm. Bacon. Um pouco de gordura de vez em quando não


vai te matar."

"Já tive o meu mensal de gordura... com os pedaços de


galinha de ontem".

"Mensal"?

"Sim. Uma refeição por mês. " Eu suspirei. "Não há uma


coisa saudável aqui. Eu seriamente não sei o que comer."

"Não se preocupe. Eu vou pedir para você."

"O que? Não".

Chance levantou seu dedo. "Bertha, querida? Estamos


prontos aqui." Deus, ele até mesmo tinha a capacidade de fazer
aquela má garçonete corar.

"O que vai ser?"


Ele apontou para o cardápio. "Eu vou ter este prato que
vocês chamam de ataque cardíaco em uma travessa. Apenas
com uma torrada de centeio simples, sem manteiga."

"Daqui a pouco trago."

"Tudo o que eu vou ter é torrada?"

"Não. Você estará comendo do meu prato sem sequer


perceber. A torrada é apenas meu jeito de te mostrar que você
realmente não quer dizer as coisas que diz. E muitas das coisas
que você considera ruins são aquelas que — no fundo — você
mais quer. "

"Oh, realmente..."

"Eu vejo através de você. Quanto mais você tentar ser boa,
mais aumentará sua fome por ser má. Você não vai apenas
comer minha comida gordurosa, mas você vai comê-lo com meu
molho de galo e amá-lo."

"Com licença? O quê?"

Chance inclinou a cabeça para trás numa gargalhada antes


de tirar algo do bolso do seu casaco. Ele colocou uma garrafa de
plástico pequena sobre a mesa. Tinha um galo na frente.

"Molho de galo. Também conhecido como Sriracha — um


molho de pimenta tailandês. Eu nunca viajo para qualquer lugar
sem ele."

Bertha trouxe um prato oval empilhado com ovos mexidos,


batatas fritas, salsichas, bacon, presunto canadense e carne
enlatada. Ela colocou-o na frente de Chance antes de entregar-
me o pequeno prato de torrada.

Ele não perdeu tempo esguichando linhas de molho


vermelho na parte superior de sua comida. Ele se serviu,
observando-me enquanto eu olhava para ele.

Encarand-o, triturei minha torrada em uma mordida


exagerada, determinada a manter-me de querer alguma coisa. É
verdade, eu estava passando fome.

Para evitar de olhar para o prato dele, eu ergui meus olhos


para cima, focando seu boné de beisebol. Ele tinha comprado na
loja do hotel e colocou. Ficou bem, realmente funcionou para ele,
com seu fio de cabelo fora dos lados. Um raio de sol transmitido
através da janela de nossa mesa, acentuando o número treze
azul novamente.

Droga.

Sua voz me acordou dos meus pensamentos. "Você sabe o


que quer, Aubrey."

Hein? Ele me pegou encarando-o, ou ele estava falando


sobre a comida?

Ele cortou uma salsicha na metade e tentou me alimentar


com seu garfo enquanto mostrava um sorriso sensual. "Vamos
lá. Só um pedaço."

Tinha um cheiro picante... e delicioso. Incapaz de resistir,


eu abri minha boca e deixei-o me alimentar. "Mmm" eu disse
enquanto mastigava lentamente, fechando meus olhos e
saboreando cada mordida. Quando eu abri minhas pálpebras, o
olhar de Chance estava fixado em meus lábios.

"Você quer mais?" ele sussurrou.

Minha boca salivou. "Sim".

Desta vez, ele levantou um pedaço de bacon e alimentou-me


com sua mão. Eu odiava admitir, mas ele estava certo sobre esse
molho. Era tão bom.

"Mais"?

Eu lambi os meus lábios. "Sim".

Chance me alimentou com mais três mordidas. Quando


soltei um gemido, ele deixou cair o seu garfo com um barulho
alto. "Jesus Cristo. A comida é boa. Mas não tão boa assim."

Minha boca estava repugnantemente cheia. "O que você


quer dizer?"

"Quando foi a última vez que você foi realmente fodida?"

"Fodida? O quê?"

"Fodida, princesa. Quando foi a última vez que você


realmente transou?"

"O que isso tem a ver?"

"Não há nenhuma maneira possível de você ter esse tipo de


reação à comida, a menos que não tenha sido completamente
fodida há um tempo." Ele balançou as sobrancelhas. "O príncipe
Harry não fez o bastante para você, não foi?"

"Não é da sua conta."


"Seu rosto está ficando mais vermelho do que este molho."
Chance inclinou-se e sussurrou, "Aubrey... quando foi a última
vez que você teve um orgasmo durante o sexo?"

"Não importa".

Seu tom tornou-se mais insistente. "Desde... Quando?"

"Faculdade" eu praticamente cuspi. O que raios eu acabei


de admitir? "Eu não posso acreditar que eu só te disse isso.
Agora eu estou envergonhada."

Ele soltou um suspiro profundo. "Não fique. Mas não vou


mentir. Estou verdadeiramente chocado. Uma mulher como você
deve estar com um homem que sabe o que está fazendo."

"Porquê? Você continua a dizer isso, ‘uma mulher como eu’.


Nem mesmo acho que você goste muito de mim."

Chance inclinou-se de volta para a cabine e olhou pela


janela antes de olhar-me nos olhos. "Por mais que você seja um
pé no saco... Eu gosto de você, Aubrey. Você é engraçada. Não é
engraçada ha ha... mas engraçada. Você é conscienciosa. É
perspicaz. Inteligente. Você é bonita..."

Ele olhou para baixo quase para impedir-se de ir mais


longe. "O que aconteceu?"

"Com o quê?"

"Por que está fugindo da ferramenta de Harrison?" Quando


eu hesitei, ele assinalou para Bertha. "Podemos ter mais café,
por favor, linda?"
Eu não sabia o que tinha acontecido. Talvez tenha sido o
molho quente. Uma parte de mim só queria desabafar. Depois de
Bertha servir duas canecas frescas, eu comecei a me abrir para
ele.

"Harrison era sócio da firma que eu trabalhava em Chicago.


Eu era sócia também. Lei de patentes e marcas. Ele e eu éramos
um casal há pouco mais de um ano. Tínhamos ido morar juntos.
Mas, cerca de dois meses atrás, eu encontrei ele me traindo com
sua estagiaria. Então, sim..."

"Então, você se mudou?"

"Sim. E também deixei o meu emprego. Harrison tem


passado todos os dias durante várias semanas tentando me
convencer que estou cometendo um erro, que estou jogando fora
minha carreira porque ele tinha me feito sócia mais cedo do que
poderia fazer por conta própria. Deixei tudo para trás, e aceitei a
primeira posição que apareceu, que é uma firma pequena de
inicialização em Temecula. Estou com medo. Não conheço
ninguém no oeste, e não sei se estou tomando a decisão certa.
Eu não sei mais se ser advogada é o que eu quero. Me sinto
muito perdida." Admitir essa última parte me fez começar a
quebrar um pouco.

Os olhos de Chance me encararam com uma grave


intensidade que eu não tinha visto anteriormente nele. "Qual é a
sua a paixão, princesa?"

Pensando um pouco, havia apenas uma coisa que realmente


me veio à mente. Eu soltei um riso nervoso. "Não é muito...
exceto animais. Eu amo qualquer coisa a ver com eles. Eu queria
ser veterinária, mas meu pai era advogado e me pressionou para
seguir seus passos."

"Você provavelmente se relaciona com eles melhor do que os


seres humanos, hein?"

"Às vezes eu me sinto assim, sim."

Ele coçou o queixo dele e sorriu. "Você encontrará seu


caminho. Você vai. A merda que aconteceu em Chicago ainda é
muito recente para você pensar em linha reta. Quando você for
para a Califórnia, a mudança de ambiente vai fazer você melhor.
Você pode tomar seu tempo, olhar para dentro de si mesma e
decidir o que é que realmente quer, e então fazer um plano para
chegar lá. Você está no controle de seu destino — exceto nas
próximas vinte e quatro horas. Eu estou no controle disso
agora". Ele piscou e ostentou um sorriso diabólico. "Você está
presa a mim, quer goste ou não."

"Acho que estou." Eu sorri. Esse cara estava começando a


se tornar muito importante para mim, e isso estava me deixando
muito inquieta. Afinal, eu não sabia nada sobre ele.

"Sua vez. Quem é você, Chance Bateman? Quanto tempo


está nos EUA?"

"Eu nasci aqui, na verdade. Sou cidadão americano. Mudei-


me para a Austrália quando tinha cinco anos. Meu pai foi
recrutado para jogar futebol profissional na Austrália e
eventualmente, ser treinador. Eu cresci nesse mundo."
"Isso é muito legal."

"Foi por um tempo... até que não era mais." Ele engoliu, sua
expressão ficando mal-humorada.

"O que você que dizer?"

"É uma longa história."

Meu telefone tocou, interrompendo a conversa. Era


Harrison. Merda. Merda. Merda.

Eu virei-o para mostrar a Chance.

Ele o tirou do meu alcance e respondeu: "Harry! Seu idiota!"

A voz de Harrison era abafada. "Coloque Aubrey no


telefone."

"Aubrey e eu estávamos conversando sobre você! Estavámos


tomando café da manhã quando ela pegou uma dessas salsichas
pequenas e diz, 'vê isto aqui? É do mesmo tamanho do Harry.'"

Ele parecia irritado através do telefone. "Seu filho da puta.


Diga a Aubrey que ela é uma idiota se está dormindo com um
lixo como você — " Chance desligou o telefone. "Podemos ir?"

"Foi incrível". Eu dei um high-five10 depois que ele levantou


a mão. "Sim, eu estou pronta".

"Adeus, Bertha!" Chance piscou para nossa garçonete.

"Tchau, coisa gostosa."

10
Revirando os olhos, eu balancei minha cabeça, rindo
enquanto seguia seu rabo quente para fora da porta.

Era uma tarde clara e linda. Eu disse a Chance que queria


dirigir dessa vez. Com toda a honestidade, eu precisava de um
tempo para parar de olhar em seus olhos e virar pó. Minha
atração indesejada por ele estava começando a me deixar
desconfortável. E ter controle do rádio era mais um bônus por
estar no lugar do condutor.

"Michael Bolton? Realmente, princesa? Você vai me fazer


uvir isto?"

"O que? Ele é bom! Sua voz é... sincera... robusta! "

Chance começou a cantar em voz alta sobre a letra When a


Man Loves a Woman. Ele parecia horrível. O dueto improvisado
entre Chance e Michael foi o suficiente para fazer-me mudar
para outra música.

Logo depois, paramos para abastecer, e Chance entrou no


mini-mercado para pegar alguns salgadinhos.

Quando ele voltou para o carro, com um saco de papel


grande, olhei para ele e congelei quando estava prestes a virar a
ignição.

Ele tinha pó debaixo de seu nariz.


Merda! Ele era um drogado? Ele tinha ido ao banheiro para
cheirar?

"Vai sair com o carro?", ele repreendeu.

Minha respiração tornou-se difícil quando eu me voltava


para uma maior decepção. "Diga a verdade."

"Tudo bem..."

"Estava usando drogas no banheiro?"

Os olhos dele escureceram. "O que?" Ele estava irritado.


"Por que você me pergunta isso?"

"Você tem pó branco debaixo do seu nariz!"

Ele fechou os olhos e, de repente, explodiu em uma


gargalhada que durou pelo menos um minuto. Ele nunca riu
tanto no tempo que eu o tinha conhecido.

Chance continuava tentando falar, mas eu não estava


entendendo, aumentando o aperto em meu peito. Ele olhou para
si mesmo no espelho da viseira de sol e tirou o pó acima de seu
lábio.

Praticamente enfiando o dedo na minha boca, ele disse,


"Experimente".

Afastei-o. "Não!"
"Experimente!" Hesitante, eu corri a ponta da minha língua
ao longo de seu dedo. Tinha gosto de Kool-Aid de uva11 ou algo
assim. "É doce".

Ele abriu o saco de papel e pegou um daqueles Pixy Stix


com pó de açúcar dentro, e jogou-o em mim. "Sua cocaína,
senhora."

Alívio me cercou. Eu também me senti estúpida. "Pixy Stix?


Você gosta disso?"

"Eu amo, na verdade."

"Isso é açúcar puro. Não como um desses desde que era


criança."

"Eles não tinham Fun Dip, então este terá que servir." Ele
olhou para baixo.

"Não acredito que você pensou que eu estava cheirando


cocaína. Eu não sou perfeito, mas eu nunca usei drogas na
minha vida." Chance parecia seriamente ferido pela minha
suposição.

Eu ainda não tinha saído com o carro. "Peço desculpa por


tirar conclusões precipitadas. Apenas... Eu não conheço você."

"Então me conheça" ele disse suavemente.

11
Nós ficamos em silêncio por um tempo antes de eu
perguntar "Por que está indo para a Califórnia?"

"Eu moro lá."

Eu sabia o que realmente queria perguntar, mas não tinha


certeza por que era tão importante. Meu coração começou a
bater. "Com quem estava falando ao telefone esta manhã?"

Ele pareceu assustado pela minha pergunta. "O quê"?

"Ouvi sua conversa do meu quarto. Você estava contando a


alguém seus planos para o dia. Você mentiu, disse que estava
em Los Angeles."

Ele levou um tempo para responder. "É complicado,


Aubrey." Então ele pareceu desligar, virando-se para a janela.

"Bem, essa foi uma boa conversa. Estou feliz que perguntei
tantas coisas," Eu disse amargamente quando sai com o carro e
fugi em direção a rodovia.

Nós nos sentamos em silêncio por um longo tempo. Chance


parecia tenso, e manteve-se chupando Pixy Stix, um por um.
Depois de meia hora, eu decidi quebrar o gelo. "Como você
mantém um corpo desse comendo do jeito que come?"

"É sua maneira de dizer que gosta do meu corpo? Você


gosta do que vê?"

"Eu não disse isso exatamente."

"Não exatamente, mas foi o que deu a entender."

"Idiota".
"Muito, muito sexo, Aubrey. É como eu me mantenho."

"É mesmo? É assim tão fácil"?

"Não, eu só queria ver seu rosto ficar no tom de rosa que


fica quando você está envergonhada." Ele riu. "Em resposta à
sua pergunta, eu trabalho muito, e não como assim todos os
dias. Mas em viagens de carro, todas as regras dietéticas saem
pela janela. Você precisa ser capaz de comer o que quiser para
manter a sanidade."

"Bem, pelo que vejo você é realmente louco, então não está
funcionando." Ele sorriu para mim, e eu devolvi seu sorriso. O
resultado da nossa tensa conversa de antes finalmente parecia
ter desvanecido. "Me dê um dos pacotes de pretzels, por favor."

Ele pegou um saco de papel e me entregou, e depois olhou


sobre o ombro para o meu banco de trás. "O que você tem em
todos estes sacos aqui, afinal?"

"Não toque nas minhas coisas".

"Eu aposto que existem alguns tesouros nesse lixo que me


diriam tudo que eu preciso saber sobre você."

Ele começou a agarrar cegamente algumas coisas das


minhas malas. "Oh, um livro! Happy Bitch: O guia para as
namoradas deixarem para trás os problemas e encontrarem a
diversão”

"Coloque isso de volta, e não toque nesse saco de novo!"

"Tudo bem. Mas o que exatamente de tão ruim você está


escondendo?"
Merda.

Chance continuou cavando. "O que é isso, agora?"

Ah não!

Ele puxou meu vibrador de cor natural. "Princesa... isto é


um pau de silicone, dentro da caixa de decoração? Não me
admira que você não se importava que Harry não pudesse fazer
isso por você. Você estava se divertindo com as próprias mãos e
em suas próprias..."

"Me dê isso!"

Ele o tirou da caixa. "Oh... isso é patético. Podemos fazer


muito melhor do que isso."

"Chance... sério, não estou brincando. Entregue-o... agora!"

"Não há nada para se envergonhar. Todos nós nos damos


prazer".

Os eventos que se seguiram pareceram acontecer em uma


rápida sucessão. Ele ficava acenando no ar com o vibrador,
enquanto eu tentava agarrá-lo. Notei um motorista de caminhão
que nos buzinou. O carro estava desviando. E então eu vi. Parei
no meio da estrada, com olhos assustados e congelados quando
um veado apareceu nos faróis. De repente, cortei o caminho para
a direita, conduzindo em linha reta por um aterro, sem saber se
tinha matado o veado ou não.
CAPÍTULO QUATRO

"Ele está respirando"? Eu segurei minha respiração,


pairando sobre Chance até que pude ver seu pequeno estômago
subir e descer. Ele tinha o pelo comprido manchado como uma
vaca, mas seus olhos estavam para fora de sua cabeça mais
como um sapo. A pobre cabra era apenas um bebê. Eu tinha
apenas batido nela com meu carro enquanto brigava com
Chance pela posse de um maldito vibrador.

Em primeiro lugar, claro, não acho que realmente atropelei


o bicho. Mas então tive assisti com horror quando ele caiu, as
quatro patas embaralhadas, como se saído de um filme ruim.
Agora nós estávamos ambos em cima dele, esperando que algo
acontecesse - nenhum de nós sabia ao certo o que fazer.

Sem aviso, a cabra virou-se e, de repente, ficou em pé em


suas quatro patas. Assustados, ambos pulamos para trás. Os
braços de Chance se abriram para me proteger de uma besta
assassina.

A cabra bebê deu alguns passos cautelosos e então passou


a caminhar diretamente para o meu BMW, como se a massa de
duas toneladas de aço nem estivesse lá.
"Oh meu Deus. Devo ter machucado a cabeça. Olhe o quão
confuso o coitado está." Estendi a mão para tocar o animal
ferido, mas Chance agarrou meu braço, me impedindo.

"O que você está fazendo?"

"Vou buscá-lo. Olhe para ele. Ele está ferido. Eu o atropelei."


Eu contornei Chance e me abaixei em um joelho, estendendo
minha mão em paz para a doce e pequena cabra. "E é tudo culpa
sua."

"Minha culpa"?

"Sim, sua culpa. Se você não tivesse me distraído eu teria


prestado mais atenção na estrada, e isso nunca teria
acontecido."

A cabra encostou na minha mão. "Oh meu Deus. Olha como


ela é bonitinha". Eu acaricie o topo de sua cabeça, e ele se
aconchegou ainda mais perto.

"Não é culpa minha. Se você não fosse tão tensa sobre a sua
sexualidade, teria ficado calma quando encontrei sua varinha
mágica."

Eu parei de acariciar a cabeça da cabra. "Não sou tensa


sobre minha sexualidade." Chance dobrou seus braços sobre o
peito.

"Admita que você se dá prazer. Quero ouvi-la dizer isso."

"Não farei tal coisa".

"Tensa".
"Pervertido".

"Um pervertido é alguém que tem comportamento sexual


errado ou inaceitável. Esse é o seu problema. Você acha que dar
prazer a si mesmo é errado, enquanto eu acho que é
perfeitamente aceitável. Na verdade, eu gosto muito de pensar
em você usando sua pequena varinha mágica."

Eu tinha certeza que meus olhos se assemelhavam aos da


pobre cabra — saindo da minha cabeça. Só então, um caminhão
passou zunindo por nós. Uma dessas carretas que sempre me
deixava nervosa em dirigir perto. O som sibilante do vento me
lembrou o quão perto da estrada nós estávamos.

"Vamos lá, é perigoso ficar aqui” Chance disse.

"O que vamos fazer com Esmeralda?"

"Quem?"

"Ela". Eu passei minhas unhas atrás da orelha da cabra, e


ela fez um baixo zumbido, que parecia que estava dizendo
"mommmm".

"Deixe-o ir". Chance acenou com o braço na direção da área


arborizada atrás dele. "Voltar por onde ela veio. Ela está bem."

"Ela não está bem."

"Parece-me muito bem."

"Acho que ela tem um ferimento na cabeça."


Chance balançou a cabeça. "Ela está bem. Veja." Ele bateu
as palmas de suas mãos e soltou um beijo, fazendo soar como se
estivesse chamando um cachorro. "Vamos lá amiga. Por aqui."

Esmeralda não fez qualquer esforço para se mover,


pressionada bastante feliz com a cabeça contra meu peito e seu
corpo entre minhas pernas.

"Você precisa deixá-lo ir".

"Eu não estou segurando-a aqui."

"Não fisicamente. Mas ele tem a cabeça enterrada no seu


decote, e o corpo entre suas coxas. Nenhum homem vai se
afastar voluntariamente de uma situação dessas."

"Vê. Foi o que foi que eu disse. Pervertido."

Outro caminhão passou voando. Desta vez, porem, ele


movimentou seu chifre quando a brisa passou, e eu fiquei
agachada e cai de bunda. O bode... Bem, ele deu um passo e
caiu novamente — com todas as quatro patas levantando-se e
em linha reta no ar. Eu não podia acreditar que tinha danificado
o tal bode bebê adorável.

"Viu. Ele está ferido. Não posso deixá-lo aqui."

"O que espera que façamos com ele? Colocar no cinto no


banco de trás do carro e levá-lo a um veterinário?"
Duas horas depois, estávamos finalmente saindo da estrada
em Sterling, Colorado, para levar nosso passageiro ao Hospital
Animal de Sterling. Chance tinha levado quase meia hora para
desempacotar e empacotar novamente a parte de trás do meu
carro, arranjando espaço para o bode. Ele não estava feliz com
isso.

"Floco de neve"?

"Não".

"É do livro de crianças..."

"Heidi. Sim. Eu sei12."

"Você sabe"?

"O que? Você acabou de assumir que sou ignorante porque


não ando por aí com um pau no cu como seu Harrison?"

"Isso não é o que eu quis dizer."

"Ah, não? Então o que fez você supor que eu não conheceria
uma história clássica da literatura?"

"Eu não sei. Você não parece o tipo."

"Bem, talvez devesse parar de rotular as pessoas. Nem todo


mundo cabe nesses pequenos compartimentos."

12
Livro infantil escrito no ano de 1880. Heidi é apaixonada pelos animais, um
dos seus bichos de estimação é uma cabra.
Ficamos os dois em silêncio por um tempo, apenas com a
voz da mulher do meu GPS interrompendo ocasionalmente e
informando em que direção ir.

"Carneiro".

"Hã"?

"Para o bode. Um nome."

"Nós não iremos chamá-lo de carneiro! É sádico." Nós


estávamos discutindo sobre nomes pela última hora. Meus
nomes favoritos eram os da mitologia grega ou literatura
clássica, considerando que Chance queria dar o nome de um dos
muitos jantares em que o pobre bebê poderia ser transformado.

Chegando no hospital veterinário, fomos para a recepção.


Eu fiz Chance carregar o carinha, mesmo que a porta estivesse
somente cerca de dez pés de distância. Segurando Floco de Neve
Esmeralda, ele parecia... quente.

Eu estava demente? Porque achei que ele era ainda mais


sexy carregando uma cabra?

Dentro, as mulheres na recepção confirmaram que não era


só eu. Seus olhos se deleitaram com o bojo de seu bíceps
quando ele carregou nosso passageiro ferido para a recepção. Ele
era completamente uma visão. Eu comecei a sorrir. Até que ele
falou.

"Minha amiga bateu com sua BMW nesse carinha enquanto


tentava controlar seu vibrador ". Ele sorriu para mim e piscou
para a recepcionista. Ela corou. Eu queria socá-lo.
"Eu gostaria de fazer um check up. Não acho que tenha
realmente batido nele, mas ele só "parece" desligado."

Chance riu e murmurou sob sua respiração "Ele não é o


único".

Quinze minutos depois, finalmente fomos atendidos por um


médico. Ele recebeu a cabra como se fosse uma ocorrência
diária. Uma mão examinando a tabela, a outra pressionada em
sua barriga, verificando seus olhos e balançando as quatro
patas. Pareceu-me um exame físico.

"Tudo parece bem. Ele tem os sintomas usuais de congênita


miotônicas, e provavelmente sofreu de uma deficiência de
tiamina em algum ponto. Mas essas condições não vem de um
acidente de carro. Na verdade, eu não vejo qualquer sinal de que
esse carinha foi atingido. Provavelmente foi um desmaio."

"Um desmaio?"

O doutor riu. "Do tipo que é normalmente conhecido como


‘desmaio de cabra’. É uma desordem mental, popular por essas
bandas. Alguns dos agricultores mesmo desenvolvem. Desmaiam
quando ficam nervosos. Todos os músculos congelam em seus
corpos e eles basicamente apenas tombam. Só dura cerca de dez
segundos. Não causa qualquer dor, mas é incomum ver pela
primeira vez."

"Mas... ele está confuso também. Quando ele se levantou,


caminhou direto para o meu carro. E continuou batendo nas
coisas durante a condução pra cá."
"Bem, isso provavelmente é porque ele é cego, também."

"Cego"?

"Deficiência de tiamina, eu acho. Infelizmente está se


tornando um problema comum. Alimentação inadequada,
provavelmente muito grão e pouca fibra. Fruto de um fazendeiro
ganancioso tentando engordar o animal rapidamente. Um dos
efeitos colaterais da deficiência é a cegueira."

"Deixa ver se eu entendi" Chance disse com um tom cético.


"Nós não batemos no bode, mas ele desmaia quando está com
medo e é cego."

"É isso aí".

Chance começou a rir. Era a segunda vez que eu o tinha


visto gargalhando nas últimas vinte e quatro horas. Seu riso
saltou do peito, e um som gutural e profundo ecoou pela sala.
Não pude evitar. Isso mexeu comigo. A próxima coisa que eu
sabia era que eu estava rindo histericamente também. Nós rimos
tanto que lágrimas escorrerem pelo nosso rosto.

"O que devemos fazer com ele?" Chance riu enquanto falava
com o médico.

"O que quiser, eu suponho."

"Onde podemos levá-lo?"

"Levá-lo?"

"Existe, tipo, um abrigo para animais que podemos levá-lo?"


"Para cabras? Não que eu saiba. Embora existam muitos
agricultores ao redor. Você provavelmente pode levá-lo como
parte do seu rebanho."

"O mesmo tipo de agricultor que tentou engordá-lo para ter


um rápido crescimento e cegou o coitado"? Eu perguntei.

"Bem, há bons fazendeiros lá fora, e há maus. Como em


qualquer outro lugar".

"E como podemos saber quem é bom ou mau?"

O médico deu de ombros. "Vocês não podem".

Estávamos no carro já há quase dez horas. Chance estava


dirigindo enquanto e nosso novo passageiro dormia no banco de
trás - na verdade, roncava. Eu nem sabia que cabras roncavam.
"Devemos parar em breve. Pode levar um tempo para encontrar
um hotel que permite animais de estimação."

As sobrancelhas de Chance subiram. "Animais de


estimação? Você acha que nós vamos encontrar um hotel no
meio do nada que aceita cabras?"

"Que escolha temos?"

"Ele fica no carro esta noite, Aubrey."


"Ele certamente não vai ficar." Eu dobrei meus braços sobre
o peito. "Ele não pode ficar trancado em um carro durante a
noite."

"Por que não?"

"Porque..." Eu estava com raiva que ele estava pronto para


deixar a cabra no carro, sem nem mesmo um piscar de olhos.
"Porque... e se ele fica com medo?"

"Então ele vai desmaiar." Chance riu.

"Isso não é engraçado."

"Claro que é. Vamos lá, Aubrey. Relaxe. Ficar tensa foi o que
nos meteu nessa confusão, em primeiro lugar."

Não tinha ideia de onde veio: a confissão só escapou pelos


meus lábios, "Eu dou prazer a mim mesma. Está bem? Isso te
faz feliz em ouvir?"

Chance sorriu. "Por uma questão de fato, não". Ele encolheu


os ombros. "Eu dou prazer a mim mesmo também, Aubrey. Na
verdade, na próxima vez que eu bater uma, vou imaginar você".

Ele apenas disse isso? Fiquei horrorizada. Mas também um


pouco perdida. Eu abri a boca para dizer algo a ele mas, em
seguida, fechei-a. Em seguida, abri-a novamente.

Chance olhou de relance para mim, e depois para a estrada.


"Bem, bem, bem, Aubrey, querida. Agora você sabe. Você gosta
de saber que eu vou dar prazer a mim mesmo imaginando seu
rosto bonito."

"Não."
"Você gosta, muito."

"Não gosto." Eu realmente gostava.

Surpreendentemente, Chance deixou pra lá. Ele foi para o


lado da estrada, parando em um estacionamento do que parecia
ser uma versão melhor do Wal-Mart. Era uma loja de grandes
dimensões, só a frente tinha uma fachada de pedra. Cabela’s
The World’s Foremost Outfitters.

"Por que estamos parando?"

"Suprimentos". Ele estacionou o carro. "Eu volto em dez


minutos. Você pode ficar com Billy, o cabrito, para ninguém
roubá-lo."

Eu estava fora do carro me alongando quando Chance


voltou, com seus braços cheio de sacos. Eu virei minha cintura,
numa rotação de alongamento e me inclinei para a direita para
saudá-lo.

"O que é isso?"

Ele não respondeu por um minuto. Eu fui para cima e para


baixo ligeiramente, inclinando-me em uma curva, e depois olhei
para o seu rosto, para ver o porque ele estava quieto. Ele estava
olhando para baixo da minha camisa. Não era culpa dele; eu
estava basicamente me colocando à sua vista. Minha camisa foi
para frente, dando-lhe uma boa vista do meu decote. Parei
saltando. Eventualmente, os olhos dele levantaram e
encontraram os meus. Nossos olhares travaram. Eu sabia o que
ele estava vendo. Eu já tinha visto antes. No espelho, depois de
dar uma olhada para sua bunda.

Ele balançou a cabeça e piscou algumas vezes. "Aparelhos".

"Que tipo de aparelhos?"

"Barraca, lanterna, fósforos, sacos de dormir." Ele encolheu


os ombros. "Basicamente material de acampamento."

"Para quê?"

"Acampar".

"Você vai acampar?"

Ele balançou a cabeça e empurrou os sacos onde encontrou


espaço. O porta-malas e banco traseiro estavam cheios até a
borda quando comecei esta viagem. Agora que eu tinha um
passageiro extra, e uma cabra... e aparentemente, os materiais
de camping. "Vamos acampar".

"Hum... Eu não acampo."

"Então Curry aqui." Ele apontou para o banco de trás. "Vai


dormir no carro." Chance fechou o porta-malas, e as mãos dele
foram para seus quadris. "O que é que vai ser, Aubrey?
Acampar, ou ele dormindo no carro sozinho?" Parece que eu
estava indo acampar. Havia uma primeira vez para tudo.
CAPÍTULO CINCO

"Presumo que você já fez isso antes?" Só tínhamos estado no


parque de campismo por meia hora, mas Chance já tinha
acendido a fogueira e quase tinha montado a barraca de
primeira.

"Todos os verões com a minha família. Meu pai levava


minha irmã e eu para acampar todos os anos. Melhores
lembranças da minha vida. Não é falso acampando assim,
também."

"Falso"?

"Sem campistas, banheiro e segurança. Fizemos realmente


acampar. E quanto a você? O que pesaria sobre você acampar?"

"Nada. Eu nunca fiz isso antes." Chance terminou de


colocar a primeira tenda e voltou, admirando seu trabalho. "Esta
é uma tenda enorme".

"Não é a primeira vez que ouço isso," ele riu.

Eu balancei minha cabeça. "Por que você comprou essas


tendas grandes?"

"Droga!" Chance gritou enquanto golpeava um mosquito no


rosto. O xingamento repentino deixou o pobre floco de neve de
esmeralda com medo, e ela congelou no lugar e começou a virar-
se e desmaiar. Demos uma boa risada sobre isso.

Chance jogou mais lenha no fogo e sentou-se. "E a outra


barraca?" Eu perguntei, olhando do fogo para ele. Eu realmente
esperava que ele não deixasse eu tentar descobrir sozinha.

"Que outra barraca?"

"Você só comprou uma barraca?"

Ele puxou um Pixy stick de dentro do bolso de trás e


inclinou sua cabeça, derrubando um pouco de pó de açúcar em
sua boca. "A tenda tem dois quartos. Há uma linha divisória.
Você e seu filho podem dormir em um lado. Eu vou dormir no
outro."

Eu não tinha nem direito de reclamar, já que ele estava


fazendo todo o trabalho, e tinha pago por todos os suprimentos.
Que eu não tinha, para variar.

Nós mastigamos o que seria normalmente o fornecimento de


um mês de carboidratos para mim, e eu sentei ao redor da
fogueira. Chance descascou uma vara com um canivete e
colocou um marshmallow na ponta antes de oferecê-lo para
mim. Ele realmente era bom nisso.

"Então, eu vou estar compartilhando uma tenda com você


esta noite, nós adotamos um animal de estimação juntos e eu
nem sei o que você faz para viver?"

"Acho que você pode dizer que estou aposentado."

"Aposentado"? Em quê? Vinte e seis, vinte e sete?"


"Vinte e oito", ele corrigiu.

"Oh. Bem, isso é esclarecedor.” Estava escuro, mesmo com


a luz do fogo. Levantei meu marshmallow assado para olhar. A
cor estava bem dourada de um lado, mas do outro lado ainda
estava branco. "Então, você se aposentou?"

"Futebol".

"Você jogou profissionalmente?"

"Na Austrália. Sim. Bem, não por muito tempo."

"O que aconteceu?"

"Joelho machucado."

"Não poderia ser reparado?"

"Tive algumas cirurgias. Mas rasgou novamente."

"Me desculpe. Quanto tempo você conseguiu jogar?"

"Um jogo".

"Um jogo? Quer dizer que você rasgou-o em seu primeiro


jogo profissional?"

"Foi. Primeiro e último jogo profissional, ambos no mesmo


dia."

"Há quanto tempo foi isso?"

“Fiquei na lista de contrato por três anos. Tive algumas


cirurgias... nunca consegui voltar para o nível que eu precisava.
Me aposentei com vinte e quatro anos."

"Wow. Isso é uma merda."


Ele sorriu.

"Mas o que vai fazer agora?"

"Ainda tenho meus próprios negócios, então não tenho que


trabalhar das nove às cinco, nem nada. Mas passo meus dias
fazendo arte de lixo."

"Arte de lixo"?

"Algumas pessoas chamam de arte reciclável."

"Fui a uma exposição como essa no Guggenheim. Eu adorei.


Eu adoraria ver o seu trabalho um dia."

Ele assentiu. Muito evasivo.

"Estou sendo intrometida?"

"Quer dizer mais intrometida?"

"Você é o único que me disse para te conhecer. Antes de me


fazer bater na pobre Esmeralda Snowflake."

"Você nem mesmo bateu naquela coisa. E seu nome não é


Esmeralda Snowflake.”

Meu marshmallow estava pegando fogo. Soprei-o, em


seguida, tirei-o do pau e dei uma mordida. Isso quase me desfez.

"Mmmmm".

Notei que Chance me observava atentamente. "Você quer


um pedaço?"

Ele balançou a cabeça lentamente.

"Por que não? Você é o viciado em açúcar."


"Tenho mais prazer de ver você comer isso do que comê-lo
eu mesmo." Ele engoliu. A visão de sua de garganta fez-me
quente, e isso não tinha nada a ver com a fogueira.

"De qualquer maneira, como pode você estar vivendo fora se


esse seu contrato foi apenas de três anos?"

Ele desviou o olhar. "Posters e coisas."

"Posters? Que dizer, de você?"

"Não conversamos sobre mim o suficiente? Harry está


tranquilo hoje, não está?"

"Sem chance, Cocky. Você me deu um fora uma vez, estou


te dando o troco."

Eu me virei, concluindo que não era a única que pensava


que Chance Bateman era ridiculamente quente. Mesmo anos
depois de se aposentar do esporte profissional, legiões de
mulheres na Austrália ainda estavam mantendo seu cartaz e
vendendo camisetas o suficiente para ele sobreviver. Havia algo
de muito cativante sobre ele estar um pouco envergonhado com
a coisa toda.

Depois de mais algumas horas sentada em volta da


fogueira, decidimos encerrar a noite. Chance arrumou meu saco
de dormir, e então deslizou o divisor de nossa barraca de dois
quartos para baixo. Ele me deixou com a lanterna, para que eu
pudesse trocar de roupa primeiro.

Minha roupa cheirava a fumaça, então tirei tudo. Era uma


coisa emocionante estar nua com apenas uma peça frágil de
nylon entre nós. Eu posso ter demorado um minuto extra antes
de colocar meu sutiã e calcinha de volta. Quando eu estava
pronta, abri o canto da barraca e entreguei a lanterna a Chance.

Ele me deu um sorriso furtivo e fechou o divisor novamente.


Meu lado da tenda ficou às escuras, mas quando eu subi no
meu saco de dormir, percebi que podia ver tudo do lado dele.
Era uma sombra, mas uma sombra muito detalhada.

Ele estava de frente para mim, muito parado. Eu não tinha


certeza, mas parecia que ele estava olhando para mim. Era
impossível realmente através do divisor, mas eu ainda senti seus
olhos em mim, no entanto. Ele chegou até a bainha da sua
camisa e lentamente levantou-a, passando-a pela cabeça. A
sombra de seu corpo era ampla nos ombros e mais afilado na
cintura. Mesmo que eu não pudesse ver os detalhes, imaginei
que os conhecia. Dos cumes de seu abdome muscular às
planície esculpida em V, minha boca secou de repente.

Ele ficou parado novamente por um longo instante, e então


começou a despir sua calça. O som lento do zíper de calça jeans
baixando fez o cabelo da minha nuca levantar. Suas coxas eram
grossas e musculosas, e sua boxer abraçava as pernas como
uma segunda pele. Eu segurei minha respiração quando seus
polegares chegaram na parte superior de sua cueca, e ele
começou a tirá-la de seu corpo. Ele inclinou-se para deslizá-la
pelas pernas, e então levantou-se.

Santa mãe de todos os bastardos arrogantes. Ele estava


duro. A coisa estava balançando a poucos passos do meu rosto.
Eu respirei - foi audível, e eu rapidamente bati minha mão na
minha boca. Esperei assim até que ele estava completamente
vestido, com medo que um gemido pudesse escorregar para fora
dos meus lábios.

Quando ele finalmente terminou, eu o vi subir no seu saco


de dormir.

Ele rolou para o lado e olhou na minha direção. Isso me fez


pensar se ele estava olhando para mim. Em seguida, ele desligou
a luz.

"Boa noite, Aubrey".

AH-BREE

Talvez pudesse ter sido minha imaginação, mas sua voz


parecia tão grossa e necessitada quanto eu estava.

"Boa noite, Chance."

Eu respirei fundo e fechei os olhos, tentando recuperar meu


juízo. Então me dei conta pela primeira vez que... ele apenas me
assistiu e retribuiu o favor?

Onde estou? Foi o primeiro pensamento que me veio à


mente quando acordei. Após alguns segundos, porem, tudo já
estava registrado. Luz solar entrava pela tenda. Eu levemente
acariciei minha cabeceira antes de minha mão bater no chão e
ficar frenética. Onde estava o bode?

Pulei do meu saco de dormir. "Chance!"

"Hmm", Ele gemeu, grogue por trás do divisor.

"A cabra! Ele se foi." Uma corrida de pânico rasgou através


de mim. "Ela se foi!"

Eu baixei o divisor, sem um segundo pensamento.

"Relaxe. Ele está aqui comigo."

"Baa". A cabra fez um único som, como se para confirmar


que eu tinha... exagerado. Meu pulso imediatamente abrandou
enquanto eu segurava minha mão sobre coração batendo.
"Graças a Deus."

Chance sentou-se e correu as mãos pelo cabelo


desarrumado. Pisquei quando ele olhou para cima e pareceu
congelar. "Jesus Cristo. Está querendo me matar?"

Eu olhei para mim mesma e cruzei os braços sobre meu


peito. Eu agi tão rápido que não pensei sobre o fato de que só
dormi com sutiã e calcinha. “Merda. Sinto muito. Eu estava em
pânico. Eu não estava pensando direito, e não coloquei nada."

Completamente envergonhada, eu voltei ao meu lado e falei


através do divisor fechado quando comecei a me vestir. "Então,
como ele acabou aí com você?"

"Você estava completamente apagada. Ele começou a


farfalhar, tentando passar para o meu lado. O desgraçado não
acalmou até que eu o deixei aqui. Dormiu ao meu lado o resto da
noite. Porra, pior cheiro que eu já senti na minha vida."

Não pude deixar de rir com isso.

"Você acha que isso é engraçado, hein, princesa?"

"Eu realmente acho." Depois de vestir minha última peça de


roupa, abri a barreira de novo.

Chance estava em pé diante de mim, seminu, uma vez que


vestia apenas sua boxer apertada. Ele olhou para mim.
"Privacidade? E se eu tivesse entrado aí e te visse assim há
alguns segundos atrás?"

Ele nunca pareceu tão sexy, com a cabeça ainda apoiada na


cama e seu olhar quase zangado. Meus olhos involuntariamente
passaram por todo o comprimento do seu tronco, avançando
para baixo pela linha fina de cabelo até sua cueca, e parando em
sua... monumental ereção.

Ah, Deus. Agora, fazia sentido o porque ele estar tão


modesto de repente.

Limpando a garganta, eu disse, "Você... você está..."

"Duro".

"Sim".

“Chama-se ereção matinal. Eu não posso ser


responsabilizado por como eu acordo... especialmente nestas
condições."
"Que condições? Dormindo ao lado de uma cabra? Isso te
excitou?" Eu ri.

"Eu estava me referindo ao seu strip-tease improvisado


alguns segundos atrás. E agora, você apenas entrou aqui outra
vez, antes que eu tivesse a chance de acalmá-lo.

"Oh".

"Eu não aguento tanto". Chance vestiu suas calças.

Seu olhar estava queimando no meu. Ele parecia ainda


mais sexy com sua ereção aparecendo na frente de seu jeans.
Tanto quanto eu me sentia estranha por colocá-lo nesta
situação, eu adorei a ideia de ser a única responsável para
deixá-lo duro. Na verdade, era a capacidade de lidar com minha
atração por ele que estava diminuindo rapidamente. A cada
segundo que passava os músculos entre minhas pernas estavam
apertando mais rapidamente apenas pela forma como ele olhava
para mim. Estava agradecida por ser mulher, porque pelo menos
minha excitação pode ser escondida. Ainda assim, isto não era
uma boa situação. Eu precisava quebrar o gelo.

Eu limpei a garganta, "Quais são os planos para hoje?"

Ele escorregou uma camisa. "Precisamos comer".

"Então, nós precisamos comer?" Perguntei-lhe


estupidamente.

"Sim, tomar café. O que mais eu comeria?"

Uh!
Chocada por minhas palavras, eu disse "Não. Café da
manhã está bom. Estou com fome. Você?"

"Faminto". O olhar em seus olhos deu a entender que ele


não estava necessariamente referindo-se a comida. Eu também
estava morrendo de fome.

"Ok, então," Eu disse, recuando para o meu lado da tenda


para esfriar a cabeça.

Levamos cerca de uma hora para desmontar nosso


acampamento e arrumar tudo de volta no meu carro.

Optamos por parar para o café da manhã num lugar de


fast-food que era apenas uma lombada da estrada. Chance tinha
pedido nosso Huevos rancheros burritos e café. Aproveitei a
oportunidade para pegar meu telefone e digitar no Google:
‘Chance Bateman Austrália’.

Lá estava ele. Uma infinidade de fotos apareceu. Havia uma


em particular, onde ele estava sem camisa e vestindo apenas
uma camiseta branca ao redor do pescoço, onde se podia ver
apenas o topo da sua provocadora e suculenta bunda. A imagem
mostrava seu sorriso sensual, o que me fez contorcer-me no
lugar. Aquele sorriso arrogante. Droga, ele era bonito. Aquela
mesma imagem parecia ser a predominante. Era também a que
estava sendo vendida como um cartaz por $19,99 mais frete. Até
havia uma foto de uma garota ao lado do cartaz na parede,
fingindo morder a bunda dele. Suspeitei que havia outras
pessoas lá fora, brincando das suas próprias versões torcidas
com a bunda de Chance.

Sabendo que ele ia voltar a qualquer minuto, eu estava


lendo artigos antigos tão rápido que meus olhos doíam. Era
definitivamente evidente que Chance era mais conhecido por sua
lesão no jogo de estreia e sua aparência do que por qualquer
coisa. Não pude deixar de sentir um sentimento de orgulho de
como ele tinha transformado os limões em limonada, embora.
Rolei para baixo e me deparei com algumas fotos dele em vários
eventos, sempre com a mesma modelo loira atraente.

Piper Ramsey. Uma pontada — bem, talvez uma batida —


de ciúme desenvolveu-se em meu estômago.

Uma batida na janela me assustou. Eu joguei o telefone de


lado, e ele caiu no banco do motorista. Bem, foi mais como se eu
o tivesse jogado ali.

"Abra para o seu café" Eu o ouvi dizer através da janela. Eu


peguei meu copo dele, e então ele andou e entrou no lado do
motorista.

"O que estava olhando?"

"Hum, nada. Eu só estava..."

Merda.
Antes eu tivesse a chance de me explicar, ele levantou o
telefone, rolando as imagens com o polegar. Depois o atirou no
painel. "Bem, agora você viu tudo, não é?"

"Sim... e é... incrível."

Ele soltou um único riso nervoso. "Incrível, hein?"

"Sim!"

"Diga-me, Aubrey, o que é exatamente tão surpreendente


sobre perder o trabalho de toda a sua vida em um único
momento, de ver tudo explodir em chamas na primeira
tentativa? O que é tão incrível em ser mais famoso por seu
fracasso do que pelo seu sucesso? Você sabe o que era tão bom
sobre essa viagem com você até agora? Você não me via como
aquele cara que todos acham que conhecem, mas agora você
faz."

Merda. Eu o tinha irritado.

"Me desculpe, mas eu não estava pensando nessas coisas."

"O que você estava pensando então?"

"Eu estava pensando sobre o quão maravilhoso foi você


levantar-se orgulhosamente diante da adversidade e ainda fazer
um nome para si mesmo com sua imagem sozinho. Também
acho você impressionante, se você realmente quer saber. E me
perguntava quem era aquela garota, Piper. Eu estava curiosa
sobre tudo, sim, mas não de uma maneira ruim. Nem uma vez
eu pensei algo de negativo."
Chance soltou um suspiro longo e profundo, e murmurou,
"Vamos."

Eu me senti tão horrível por irritá-lo. Mesmo a internet


sendo pública, de alguma forma parecia que eu tinha invadido a
privacidade dele. Mais do que tudo, eu senti como se o tivesse
machucado, e isso me doeu, porque eu não queria... admitir que
havia uma dor indesejada em meu peito. Eu podia me sentir me
apaixonando por ele, e isso me assustou.

Um silêncio desconfortável nublou o ar por uma hora. As


únicas vezes que ele tirava as mãos do volante era para
alimentar Esmeralda com pequenos pedaços de biscoito marrom
mergulhados em molho de galo. Até mesmo a cabra gostou do
molho de galo.

Em um ponto, ele finalmente olhou para mim. "Me desculpe


por ter falado assim com você".

"Está tudo bem. Desculpe por lhe deixar desconfortável."

"Eu provavelmente faria a mesma coisa se fosse você. É só...


que todo o material on-line, é tudo besteira. Não é a maneira de
me conhecer. Se você quer saber alguma coisa, pergunte-me.
Essas pessoas que postam merda não me conhecem realmente."

"Eu sinto como se conhecesse o verdadeiro você."

"Provavelmente sabe mais do que a maioria das pessoas. Eu


não fui nada mais do que eu mesmo com você desde o momento
em que nos conhecemos. Apesar de eu te incomodar, eu me
sinto confortável em torno de você, e isso é raro para mim."
E só então havia esse sentimento em meu peito novamente.

"Eu sinto o mesmo sobre você, e eu realmente não entendo


porque. Eu só sei que estou muito feliz que nos cruzamos."

Ele bateu no bonequinho do Obama. "Só acho que... se você


não tivesse pego o Sr. Obama aqui, quem sabe onde ambos
estaríamos agora?" Ele apontou para o banco de trás. "Onde esta
besta estaria agora?"

"Provavelmente desmaiada no lado da estrada."

Chance olhou de volta para a cabra. "Em vez disso, ela está
comendo nossa comida e dormindo com nós dois. Não graças a
mim. Tudo graças à você". Ele me mostrou um "sexy" olhar de
soslaio, e me assustou quando pôs a mão em meu joelho,
provocando uma súbita onda de desejo. "Você é doce. Você tem
um bom coração. Esse imbecil, Harrison, vai se arrepender um
dia." Quando ele afastou sua mão, eu ansiei por seu retorno. O
que ele disse também enviou tremores por todo meu corpo. Uma
sensação indescritível me dominou. Eu não sabia como
responder, então apenas liguei o rádio. Good Vibrations, dos
Beach Boys, estava tocando.

Chance aumentou o volume. "Olhe para isto! Eles cantam


sobre você e sua varinha mágica, princesa."

Gargalhei tapando minha boca, enquanto nós dois rimos.


Tínhamos finalmente atravessado a tensão anterior, e isso me
deu uma sensação de alívio.
Depois que paramos para o almoço e conduzimos por várias
horas mais, Chance se virou para mim. "Está com pressa de
chegar a Temecula no tempo certo?"

"Não começo minha nova posição por mais uma semana, e a


casa que vou alugar está totalmente mobiliada, então, não
realmente. Por quê?"

"Se importaria de fazer um pequeno desvio antes de


anoitecer?"

"Claro. Eu estaria disposta a isso. O que você tem em


mente?"

"Algum lugar com rochas duras e profundas." Ele piscou.

Bem, isso despertou minha curiosidade.


CAPÍTULO SEIS

Estacionamos o carro perto de um local perfeito com vista


para as paredes rochosas e íngremes do Grand Canyon. Sua
beleza era esmagadora.

"Oh meu Deus, Chance. Não acredito que não tinha


pensado em parar aqui. Sempre quis ver isso tudo
pessoalmente. Não me dei conta que era no nosso caminho. É
tão empolgante".

Eu olhei para ele e vi que ele estava me encarando, o invés


dos picos majestosos.

"Sim. É muito bonito”, disse em voz baixa.

"Vamos tirar uma foto."

Com o Canyon como pano de fundo, Chance tirou uma


selfie com o telefone dele. Ele então enviou-me a imagem. A foto
ficou boa... O sol estava brilhando no azul dos seus olhos, e nós
dois parecíamos tão felizes e em paz. Isso me fez desejar que este
momento continuasse para sempre, que nunca tivéssemos que
deixar este lugar.

Enquanto estávamos sentados olhando para a chama de


cores vermelhas enquanto o sol estava se pondo sobre a
paisagem panorâmica, Chance de repente disse: "Fale-me sobre
sua família."

"Minha mãe mora em Chicago. Ela não estava feliz por eu


me mudar. Eu sou sua única filha. Mas desde que ela casou de
novo, eu senti como se ela não precisasse tanto de mim. Meu pai
morreu um ano depois que me formei na faculdade de direito.
Pelo menos ele realizou seu sonho, que era ver eu me tornar
uma advogada como ele."

"Era o sonho dele, mas não o seu..." ele disse em


compreensão.

"Não. Realmente não era o que eu queria."

"Qual é o seu sonho?"

"Eu só quero ser feliz e realizada, mas não tenho ideia do


que isso significa, nem de como chegar lá. Parece estar lá muito
alem de mim. Sinto que estou em uma encruzilhada na minha
vida".

"Isso não é a pior coisa do mundo. Parece ser um bom


momento para encontrar-se, especialmente, uma vez que
ninguém está te amarrando."

"Sim."

"Por falar nisso, acho que definitivamente assustamos Harry


Balls."

Nosso riso por seu comentário causou um eco.


Eu estiquei os braços e olhei para o céu. "Você sabe o que?
Eu estou definitivamente feliz agora. Isto — nossa pequena
aventura — tem sido bom para minha alma."

Ele mostrou um sorriso sincero. "Você tem uma boa alma.


Eu imediatamente pude ver isso sobre você, apesar da sua
pequena fachada de puta. Você sabe por que está feliz?"

"Porquê?"

"Porque está finalmente relaxando."

"Acho que você tirou o que quer que fosse da minha bunda
enquanto eu estava dormindo na barraca ontem à noite, então?"

"Yep. Foi tudo queimado na fogueira." Ele me cutucou com


o ombro.

Eu sorri e mudei de assunto. "E sua família? Onde eles


estão?"

Chance fez uma pausa e arranhou seu queixo. "Como você,


eu também perdi meu pai. Ele morreu de câncer no pâncreas
alguns anos depois da minha lesão."

"Sinto muito".

"Eu só tenho uma irmã, Adele. Ela é dois anos mais nova.
Com nosso pai morto, minha mãe e ela decidiram voltar para o
estado, mas eu fiquei em Melbourne. Eu nunca planejei vir para
cá com eles, mas Adele se envolveu com alguma merda muito
ruim. Ela precisava de mim. Eu não tive escolha a não ser deixar
tudo para trás e vir cuidar das coisas aqui."

"O que aconteceu?"


"É uma longa história, mas basicamente ela se envolveu
com um traficante de drogas e começou a usar também. Foi um
pesadelo."

"Deus, isso é horrível."

"Senti muita culpa também, porque quando meu pai se foi,


era suposto eu ser o homem da família, cuidar dela. Eu tinha
minha cabeça tão longe, e minha bunda presa em Melbourne...
eu não sabia como as coisas estavam com Adele".

"Onde ela está agora?"

"Hermosa Beach... morando perto de mim."

"Ela está bem?"

"Ela se endireitou muito, embora ainda esteja trabalhando.


Ela não está mais com aquele filho da puta. Esse é o ponto
principal."

"E sua mãe?"

"Eu estava indo visitá-la quando encontrei você, na verdade.


Ela está morando em Iowa temporariamente agora, para ficar
mais perto da mãe. Minha avó está morrendo. Mas minha mãe
também estava morando na Califórnia perto de nós antes da
minha avó ficar doente."

"Sinto muito sobre sua avó."

"Obrigado."

"Acho que foi muito altruísta da sua parte largar tudo e


voltar aqui para sua irmã."
"Bem, minha vida tinha sido egoísta até então. Nada deve
vir antes da família. Aprendi isso da maneira mais difícil. Adele e
minha mãe são tudo pra mim."

"Elas têm sorte de ter você. Eu queria ter uma família


grande."

"Você terá a sua um dia."

"Eu gostaria, mas não tenho certeza se isso é para mim. Não
tenho sorte com os homens."

"Não me diga que tem babacas maiores que Harrison?"

Eu ri. "Na mesma linha."

"Deixe-me adivinhar. Depois que você terminou, aposto que


todos voltaram correndo. Estou certo?"

Pausando, eu disse, "Agora que penso sobre isso... sim. Eu


só tive alguns namorados sérios, mas todos eles voltaram em um
ponto ou outro pedindo uma segunda chance. Como sabia isso?"

"Palpite".

"Não entendo".

"Garotas como você são difíceis de encontrar."

"Garotas como eu? Explique."

"Está bem. Não é difícil encontrar uma mulher bonita,


certo? Definitivamente não é difícil encontrar uma mulher
inteligente. E há definitivamente algumas mulheres com bom
coração. Mas, na minha experiência, é extremamente raro
encontrar todo o pacote".
"Não tente me dizer que você tem dificuldade para encontrar
mulheres, Change Bateman. Você poderia ter quem quisesse".

Ele apertou os olhos para mim. "É isso que você acha?"

"Eu estou errada? Você não é um imã de garotas?"

"Um puto imã de loucas psicóticas, talvez.”

"Você nunca encontrou o pacote todo?"

"A única vez que pensei que tinha, descobri que estava
completamente errado. Pensei que fosse amor, mas em
retrospecto, era apenas paixão."

"Foi Piper?"

Sua expressão se tornou mal-humorada quando ele olhou


para baixo. "Sim".

"O que aconteceu?"

"Piper era minha noiva."

"Wow. Você ia se casar com ela?"

"Sim. Propus a ela com três meses de namoro. Não foi muito
inteligente".

"Ela é linda."

"Você é mais bonita", ele disse sem hesitação.

"E você é um grande mentiroso."

"Não tenho razões para mentir. Eu a vi sem maquiagem. E


já te vi sem maquiagem também. Posso dizer que você é mais
bonita que ela."
Nas fotos que eu tinha visto, Piper era loira, magra e
convencionalmente linda. Com minhas ondas acaju
indisciplinadas e quadril cheio de curvas, eu não parecia nada
com ela.

"Como pode dizer isso? Ela é uma maldita supermodelo.


Como posso possivelmente competir com isso?"

"Sua beleza é mais natural. Você não precisa de uma gota


de maquiagem. Seu cabelo desarrumando é selvagem. Sexy. As
sardas espalhadas por todo seu nariz lhe dão uma característica
diferente. Eu brinco mentalmente de ligar os pontos com elas.
Quando você anda, seus peitos andam com você, porque eles
não são falsos. Sem falar sobre sua bunda. Devo prosseguir?"

Me sentindo de repente tímida, eu sorri nervosamente e


desviei o olhar rapidamente antes de perguntar, "O que
aconteceu com ela?"

"Bem, como você sabe por me Stalkear, Piper é uma


pequena celebridade por mérito próprio. Conheci-a em uma
boate na época em que fui o primeiro a assinar com a equipe.
Ela ficou do meu lado por um tempo após a lesão. Ela realmente
apreciou ser o centro das atenções de tudo que veio junto com a
minha fama repentina e estranha. Mas, com o passar dos meses,
seu entusiasmo começou a se desgastar. Eu não era mais
suficiente para ela. Quando eu passei por um pouco de
depressão, parei... de querer sair. Mas ela continuou, e
eventualmente ficou com um dos meus companheiros de equipe
pelas minhas costas. Ela está casada com ele agora, e tem dois
filhos."

"Wow. Que puta".

Chance inclinou sua cabeça para trás, rindo. "Princesa,


você acabou de usar a palavra com P?"

"Sim. Primeira vez na minha vida, mas valeu a pena."

"Não sabia que você tinha uma boca tão suja."

"Nem eu sabia, mas porra, eu me senti bem em dizê-la."

"Gostei de te ouvir dizer isso. Acho que você deve gritar para
a vastidão aberta do Cânion."

"Acha"?

"Sim. Faça isso. Faça isso! Grite."

"PUTA!"

"Fale outra vez, mais alto!"

"Merda!" minha voz ecoou.

"Outra vez".

"PUTA!" Eu gritei a plenos pulmões.

Ouvimos uma batida contra a janela, vinda do nosso carro,


que estava estacionado atrás de nós. Chance levantou para
checar as coisas. “Ah, porcaria. Você assustou a merda fora de
Mutton. Ele só caiu."

"Oh não."

"Isso não é tudo."


"O que é?" Levantei-me e corri em direção a ele.

"Quando digo assustou a merda... Digo literalmente. O


cuzão cagou no seu banco de trás."

"O quê"?

Após Chance fazer o seu melhor para limpar a bagunça com


um lenço umedecido, nossa excursão ao Grand Canyon
oficialmente tinha sido arruinada - estava ficando muito escuro
para apreciá-lo, de qualquer maneira.

"Se importa se nós não acamparmos hoje?" Eu perguntei.


"Eu gostaria de tomar um banho e dormir em uma cama."

“Quer dizer que vamos encontrar um hotel aqui perto, ter


um bom jantar, chuveiro quente e encerrar a noite? Eu gostaria
de dormir na sua cama, também."

"O que você disse?"

"Eu disse que gostaria de dormir em uma cama, também."

"Oh".

"E se não encontrarmos um hotel que deixe-o entrar?"

"Nós definitivamente não vamos deixá-lo no carro. Então, só


vamos entrar com ele escondido."

Chance parou em uma farmácia no caminho para o hotel


enquanto eu esperava no carro. Quando ele voltou, ele entregou-
me um saco de plástico contendo garrafas de água, lanches, fita
adesiva e... fraudas.

"Você comprou fraldas?"


"Sim. Huggies Pull-Ups. Nós vamos ter que descobrir como
colocar nele, especialmente se ele tiver diarreia e estivermos
levando ele para um bom hotel."

"Não acredito que não tinha pensado sobre esse problema


antes. Ele não tinha ido ao banheiro por todo esse tempo?"

Chance apontou para trás de nós. "Você viu o quanto de


merda ele fez só agora? Ele estava aguentando por dias!"

Nós dois eclodimos em um riso histérico, limpando as


lágrimas de nossos olhos. Quando finalmente nos acalmamos,
Chance ligou o carro e dirigiu em direção a rodovia.

Em algum lugar no meio do Arizona, Chance parou no


estacionamento de um hotel muito bonito há cerca de dez
minutos da estrada. Depois que eu peguei as chaves do nosso
quarto, nós inventamos um plano de como eu ia distrair a
recepcionista enquanto Chance entrava sorrateiramente com a
cabra. Ele a tinha envolvido em um dos meus edredons, e assim
conseguiu passar entre as mesas para dentro do elevador.

Chance manteve a porta adjacente dos nossos quartos


separados aberta enquanto eu subia.

Ele já tinha conseguido colocar duas fraudas na Esmeralda


Snowflok, envolvendo uma fita em volta do topo para fixá-las.
Chance não tinha me notado ainda quando eu vi a cabra saltar
nos braços dele e lamber seu rosto.

"Tudo bem, amigo. Acalme-se. Você é um bom companheiro,


você sabe disso? Um bom amigo."
"Você está sendo tão doce com ele."

Chance, virou a cabeça na minha direção, de repente


surpreso em me ver parada ali. "Eu estou me afeiçoando ao
desgraçado."

"Eu conheço o sentimento."

Porque eu estou me afeiçoando a você.

"Eu estava pensando em sair e comprar algo legal para


comer. Você gosta de vinho?"

"Gosto. Estou realmente ansiosa por um copo."

"Que tipo você gosta?"

"Qualquer tipo do branco."

"Eu gosto do vermelho. Vou pegar os dois."

"Parece ótimo". Eu sorri. "Você sabe para onde está indo?"

"Este mapa aqui diz que há uma faixa de restaurantes e


uma loja de bebidas cerca de duas milhas abaixo da estrada."

"Tudo bem. Acho que eu vou tomar banho enquanto você


estiver fora."

"Está bem. Algum pedido especial para o jantar?"

"Me surpreenda".

Ele saiu e eu voltei para o luxuoso banheiro. Enquanto a


água quente derramava sobre mim, todas as emoções do
passado que eu tinha lutado contra há alguns dias apareceram
de uma vez. Eu percebi que estávamos na etapa final desta
viagem agora. Eu ainda não tinha ideia se Chance e eu
simplesmente íamos seguir caminhos separados uma vez que
parássemos, ou se ele estava interessado em mais. Baseado
naquele telefonema que eu tinha ouvido, claramente havia algo
que ele estava escondendo de mim. Nunca perguntei-lhe se
havia atualmente alguém quando ele admitiu que era uma
situação "complicada".

Mesmo sabendo que era uma possibilidade, não pude


impedir meus sentimentos por ele. Chance era a única coisa que
parecia certa sobre a minha vida agora — a única coisa que me
fazia sentir em casa, tanto quanto eu podia me lembrar.

Eu vesti uma camiseta e um calção de algodão, e tentei


assistir HBO um pouco enquanto esperava por Chance.
Esmeralda Snowflok pulou na cama ao meu lado. Uma hora se
passou, e Chance não tinha voltado ainda. Com cada minuto
que passava, uma sensação esquisita crescia na minha barriga.

E se ele nunca mais voltasse?

Era um pensamento tolo. Ele me não deu nenhuma razão


para acreditar nisso. Ainda assim, minha reação desencadeou de
repente um leve nível pânico. Talvez eu estivesse exaustada da
viagem, um pouco delirante. Quando mais meia hora se passou,
eu liguei para o telefone dele. Não houve resposta.

A cada minuto o pânico crescia, e meus olhos começaram a


umedecer. Eu não pude evitar. Eu sabia que provavelmente era
um exagero, mas já tinha perdido o controle das minhas
emoções no chuveiro, e o seu não-regresso estava adicionando
mais combustível ao fogo.
De repente a porta se abriu, e eu corri para secar minhas
lágrimas.

"Meu Deus, isso foi uma merda" Ele gemeu.

Chance estava segurando dois sacos, e os colocou sobre a


mesa em meu quarto antes de reparar em mim freneticamente
limpando meus olhos.

"Aubrey, você está chorando? Aconteceu alguma coisa?"

"Não. Não, estou bem. Não é nada."

Ele caminhou na minha direção. "Não parece nada. O que


está acontecendo?"

"Você esteve fora tanto tempo. Liguei para seu telefone e não
houve resposta. Comecei a pensar que talvez..."

Merda.

Ele piscou várias vezes. "Você pensou que eu não ia voltar?"

"Foi apenas um pensamento fugaz. No fundo, eu sabia que


era ridículo, mas não conseguia tirar isso da cabeça. Tem sido
uma longa viagem, acho que estou só cansada."

Chance gentilmente limpou as lágrimas dos meus olhos com


seu polegar. "Me desculpe por assustar você." Ele pegou meu
queixo nas mãos e virou meu rosto para olhar nos olhos dele.
"Não faria isso com você."

Meu coração acelerou quando ele puxou-me em sua direção.


Meu corpo parecia se derreter no seu quente abraço. Seu coração
trovejou contra o meu enquanto ele me abraçava firmemente. Eu
quis que ele nunca me deixasse ir. Não me deixe ir.

Quando ele se afastou, o ar frio substituiu o calor do seu


corpo. "Podemos, por favor, apagar isso da memória?” Eu
perguntei. "Foi um lapso de sanidade". Eu limpei a última de
minhas lágrimas e funguei. "Por que demorou tanto?"

Ele não respondeu. Ele ainda só me olhava com uma grave


expressão enquanto examinava meu rosto. Ele parecia estar
contemplando alguma coisa. Não me lembro dele parecer tão
sério antes. Finalmente, ele disse, "Eu tive que parar em dois
restaurantes diferentes. O primeiro me disse que seria uma hora
de espera, e o segundo não foi melhor." Ele levantou seu telefone
fora do bolso e conectou-o a um carregador. "Meu telefone
morreu. Esse foi o motivo de você não conseguir falar comigo."

Eu balancei minha cabeça, resmungando para mim mesma,


me sentindo realmente idiota por exagerar.

Ele entregou-me um copo. "Vamos esquecer isto e ter um


bom jantar, ok?"

Tentando o meu melhor para dar-lhe um sorriso genuíno,


eu disse, "Isso soa bem".

Nós nos sentamos em frente um do outro na pequena mesa


no meu quarto enquanto comíamos em silêncio. Chance tinha
encomendado três pratos de um restaurante italiano: lasanha de
berinjela, frango parmesão e pasta primavera.
Ele serviu o vinho nos copos de papel. "Eu sei que é muita
comida, mas achei que você iria querer comer bem," ele disse,
colocando um prato de comida no chão para Esmeralda
Snowflake.

A tensão no ar nunca nos deixou durante todo o jantar. Eu


só tomei mais Chardonnay para entorpecer meus sentimentos.

Chance voltou direto para seu quarto depois de limparmos


tudo. Eu estava me sentindo vazia e confusa, como se talvez o
tivesse assustado com meu episódio de choro. Tendo tomado
muito vinho, deitei na minha cama e olhei para o teto, que
parecia estar girando ligeiramente. Com meu zumbido me dando
uma falsa coragem, levantei-me e abri a porta.

O chuveiro estava correndo enquanto a cabra esperava do


lado de fora da porta do banheiro fechada. Eu deitei na cama de
Chance, enrolada no grosso travesseiro de pena. Quando ele
saiu do banheiro, ele freou bruscamente quando me viu. Ele
estava envolvido em nada além de uma toalha branca. Seu
cabelo grosso estava molhado e penteado para trás. Gotículas de
água desciam lentamente pelo seu peito.

Então, superando o desejo reprimido, eu lambi meus lábios.


Meu coração batia forte no meu peito.

"O que você está fazendo aqui, Aubrey?"

Sentei-me de repente. "Você não me quer aqui?"

Ele fechou os olhos brevemente, e então disse, "Está tarde.


Acho que é melhor se você for para o seu quarto."
Isso não parecia nada com ele. Meu estômago caiu.
Humilhada não se comparava a como eu me sentia quando
disse, "Oh. Sim. Você está certo. Não sabia quão tarde estava."

Ele ficou parado olhando para mim com suas grandes mãos
segurando seus lados quando eu passei por ele. Voltei ao meu
quarto sozinha, e fiquei me revirando na cama enquanto
pensava sobre o por que de repente ele ser tão frio. Chance me
mandou tantos sinais hoje de que me queria. Tínhamos nos
aberto um com o outro. Tínhamos rido. Ele me disse que eu era
bonita. Talvez eu tivesse interpretado tudo mal. Talvez ele
estivesse apenas sendo simpático. Talvez ele estivesse atraído
por mim, mas não me quisesse para si mesmo. Talvez fosse por
causa do choro. Eu estava mais confusa do que nunca. A única
coisa que parecia certa era que, até o final desta viagem,
certamente eu me machucaria.
CAPÍTULO SETE

A manhã seguinte foi constrangedora, e não do tipo


emocionante que tinha sido ontem, na tenda. Eu tinha dormido
uma porcaria e, a rejeição que me deixou triste ontem à noite
tinha se transformado em raiva. Nós nos sentamos em uma
Waffle House cheia de caminhoneiros e aposentados para o café
da manhã. Eu mexi meu café e deixei a colher cair bem alto em
cima da mesa.

"Tudo bem, princesa?"

"Bem". Eu evitava olhar para ele, e olhei pela janela


enquanto bebia meu café. Estava amargo... como eu.

Chance inclinou-se de volta contra a cabine e espalhou os


braços ao longo do topo do assento. "Não sou um especialista em
mulheres, mas sei o suficiente para afirmar que sua resposta
significa que você não esta bem porra nenhuma."

"Bem, aparentemente você não me conhece. Porque bem


significa bem."

Ele me ignorou e continuou com sua análise de uma


simples palavra. "E a velocidade com a qual você diz ‘bem’ é
diretamente proporcional ao nível de raiva." Ele bebeu seu café e
balançou a caneca na minha direção. "E o seu ‘bem’ veio muito
rápido."

A garçonete interrompeu enquanto olhávamos um para o


outro. "Está tudo bem aqui"?

"Tudo bem" eu rebati. Minha resposta veio tão rápida e


afiada que até a garçonete ficou surpresa.

"Sinto muito. É aquele momento do mês, e ela sempre fica


assim." Ele deu de ombros, e a garçonete olhou para ele se
desculpando. Acho que ela realmente sentia pena dele.

Eu esperei até que ela foi embora. "Como você pode fazer
isso?"

"Fazer o quê?"

"Inventar histórias sobre mim."

"Eu não sei na verdade se era uma história. Você está uma
maldita vadia esta manhã. Talvez seja seu período. É aquela fase
do mês Aubrey? É isso que está te incomodando?"

"Eu não sou uma vadia e não.... não é isso que está me
incomodando."

"Então você admite que algo te incomoda?"

"O que é isto, um interrogatório? Você é um advogado


agora? Eu pensei que você fosse um modelo de bunda."

Chance olhou para mim, e eu olhei para ele de volta. Pelo


menos eu o tinha deixado suficientemente bravo para silenciá-lo
pelo resto da nossa refeição. Comemos em infeliz silêncio, e
então Chance levou a cabra para passear antes de voltarmos
para a estrada.

Ele ficou com o primeiro turno de condução. Com cinco


minutos de viagem, meu telefone tocou. O nome de Harrison
piscou na tela. "Você não vai falar com o Loveboy?" Ele
perguntou de brincadeira, mas eu respondi com honestidade.

"Não. Serei idiota somente uma vez. Ele me mostrou quem


realmente é com suas ações. Não me importa as palavras que ele
disser agora".

Seus olhos brilharam nos meus, e depois voltaram para a


estrada. Ficamos quietos por mais uma hora depois disso.

"O que você acha sobre outro desvio? Sin City por uma noite
ou duas?"

Entristecia-me a resposta, mas passar mais duas noites


com ele não era uma ideia inteligente. Eu já estava sentindo algo
que ele não estava, e colocar alguma distância entre nós dois era
a coisa certa a fazer. "Eu provavelmente só deveria chegar à
Califórnia."

Ele realmente parecia triste com a minha resposta, o que


me confundiu ainda mais. "Está bem. Se é o que você quer."

Horas mais tarde, sabendo que esse seria nosso último dia
inteiro juntos, um sentimento de melancolia se estabeleceu.
Paramos para encher o tanque e, como de costume, Chance
estava sugando um Pixy stick quando voltou para o carro.

"Quer um?" Ele tirou um punhado do bolso de trás.


"Não, obrigada".

"Tem certeza? Parece que você poderia dar uma boa


chupada." Ele piscou para mim.

"Por que você faz isso?"

"Comer açúcar?" Nós voltamos para o carro. Chance estava


dirigindo novamente.

"Não. Fazer observações com insinuações sexuais como


essas o tempo todo."

"Acho que minha cabeça está sempre na sarjeta quando


estou perto de você." Ele puxou para longe e saiu do
estacionamento.

"Exceto ontem à noite." Eu resmunguei sob a minha


respiração, aparentemente mais alto do que eu pretendia.

"O que isso significa?"

"Nós podemos só não relembrar a noite passada? Eu já me


senti idiota o suficiente na hora. Você não tem que fingir estar
atraído por mim para me fazer sentir melhor hoje. Eu sou uma
garota grande."

"O quê"? Suas sobrancelhas se uniram. "É isso que você


acha? Que eu não estou atraído por você?"

Dei de ombros e rolei os olhos.

Chance murmurou uma sequência de maldições e puxou


para fora da estrada. Não tínhamos percorrido nem uma milha
desde a parada no posto de gasolina. A este ritmo, eu nunca
ficaria longe dele. Ele parou o carro e saiu, batendo a porta com
força atrás dele. O carro inteiro tremeu com a força de sua raiva.
Eu assisti de dentro enquanto ele andava. Ele puxou o cabelo
enquanto caminhava para a frente e para trás na lama,
resmungando algo para si mesmo. Eu não consegui identificar o
que ele estava dizendo, mas não precisava me esforçar muito
para saber que eram várias palavras de quatro letras.

Por que diabos ele estava irritado? Porque eu falei para ele
essa porcaria?

Porque eu tinha feito ele se sentir mal por me rejeitar? Eu


estava feliz que ele estava chateado... porque eu também estava.
Depois de alguns minutos, saí do carro também.

"Quer saber, supere isso. Alguém finalmente chamou sua


atenção para esse joguinho que você joga. Mas ser rejeitado
realmente é uma merda," Eu zombei. "Embora, eu tenho certeza
que você não conhece o sentimento."

Chance parou de andar e olhou para mim. O músculo em


sua mandíbula estava marcado, e parecia que ele estava prestes
a explodir. Eu queria que ele explodisse.

"Você sabe o que mais? Muitos homens me acham atraente.


Eu não me importo que você não concorde. Você não é diferente
de Harrison. Diz uma coisa e faz outra."

Bem, estava feito. Veio a explosão. Embora, definitivamente


não foi como previ. Chance parou na minha frente. Ele parecia
tão zangado. Eu permaneci onde estava contra o carro, sem ter
outro lugar para ir. E então ele invadiu meu espaço pessoal. Um
braço estendeu-se de cada lado meu, prendendo-me entre ele e o
carro. Ele baixou o rosto para o meu e falou, com nossos narizes
próximos.

"Você está certa sobre uma coisa, princesa. Eu não estou


atraído por você."

Eu me recusei a dar-lhe a satisfação de ver lágrimas,


embora meu coração se partisse lentamente. Então ele
continuou.

"Atraído era o que eu estava quando te vi naquele primeiro


dia na loja. Brincando com aquele pequeno boneco. Eu pensei
que você era linda. Linda mesmo. Mas agora, eu não estou
atraído por você. Agora que eu comecei a te conhecer, não é
atração."

Eu queria dizer a ele para ir se foder. Mas, mesmo quando


ele estava dizendo coisas horríveis para mim, eu estava
fascinada por ele. A forma como os olhos dele mudavam de azul
com uma pitada de cinza para cinza com um toque de azul
quando ele estava com raiva. Como o peito dele levantava-se
para cima e para baixo e, porra, ele cheirava tão bem também.
Eu fiquei ali, esperando pelo resto de seu discurso retórico.
Porque, vamos encarar, eu não era capaz de fazer qualquer
outra coisa.

"Agora que vejo o que estava realmente por trás daquela


fachada megera — uma mulher que foi ferida e ainda assim
continuou disposta a deixar tudo pra lá, porque no fundo ela é
uma romântica — atração não chega nem perto do que eu sinto
quando olho para você. Você realmente quer saber o que eu
sinto quando olho para você agora?"

De alguma forma eu consegui mover a cabeça.

"Atração não é nada do que acontece quando eu olho para


você. Eu queria conquistar você. Ver seu rosto lindo enquanto
eu me afundava dentro de você tão duro que chegaria a doer.
Quero enterrar-me tão fundo que você não será capaz de andar
por dias. A única coisa que poderia ser mais bonita que seu
rosto quando sorri para mim, é sua expressão comigo dentro de
você."

Ele fechou os olhos e inclinou sua testa contra a minha.


"Então sim, você está certa. Não estou atraído por você. É mais
como se eu estivesse fascinado por você".

Eu tinha certeza que ele podia sentir meu coração


retumbando em meu peito, embora nossos peitos não estivessem
se tocando. "Eu não entendo".

Chance levou uma mão ao meu rosto e acariciou minha


bochecha. Ele acariciou meu rosto com ternura antes que a mão
dele deslizasse até a minha garganta. Um longo momento
silencioso se passou. Meu batimento cardíaco estava sob seu
polegar quando ele finalmente falou. "Queria que as coisas
fossem diferentes".

Nas próximas horas no carro, minhas emoções estavam em


crise. Nós estávamos tão calados, embora já não houvesse uma
tensão de raiva no ar. Eu estava confusa, para dizer o mínimo.
Quando começamos a ver os sinais de Las Vegas, a única coisa
que ficou clara na minha cabeça confusa foi que eu não estava
pronta para essa viagem acabar.

"Se a oferta ainda estiver válida, eu gostaria de fazer o


desvio." Minha voz estava baixa, quase hesitante.

Chance olhou de relance para mim com uma expressão


solene no rosto em primeiro lugar, em seguida, um sorriso lento
se espalhando largamente. "Você quer pecar comigo, princesa?"

Eu já estava.

Não podia acreditar que tínhamos entrado com tanta


facilidade levando uma cabra.

A mulher da recepção nem sequer piscou quando tínhamos


perguntado se podíamos manter nosso passageiro por uma noite
ou duas. Algo me dizia que tinha um inferno de coisas muito
estranhas para ver em Vegas.

Nós estacionamos no final da faixa e decidimos caminhar


em Las Vegas Boulevard até que encontrássemos um hotel que
nos aceitasse. O sol estava quente enquanto caminhávamos ao
longo da via, que percorremos de uma extremidade a outra. Tirei
minha camiseta branca, deixando apenas uma muito apertada
regata na cor nude. Eu geralmente não andava por aí tão
exposta, mas o suor já estava escorrendo pelas minhas costas.
Rindo, eu coloquei a camiseta no meu pescoço e caminhei à
frente de Chance, encarando-o por cima do meu ombro.

"Te lembra alguma coisa?" Eu provoquei, posando


exatamente como ele estava posicionado no cartaz que eu tinha
encontrado à venda na internet.

"Fofo". Ele balançou a cabeça e deu uma risada. Meu humor


estava melhorando enquanto caminhávamos. Um homem
fazendo Mímica de rua me surpreendeu quando nós passamos,
pegando na minha mão. Ele puxou uma flor para fora da manga
e me deu, segurando minha mão até sua boca para um beijo.
Chance agarrou minha mão e puxou-me antes que os lábios dele
pudessem encostar na minha pele.

"Ei. Por que você fez isso?"

"Estamos em Las Vegas, não em Kansas. Não deixe caras


estranhos colocar seus lábios em você." Minha reação inicial foi
ficar irritada. Mas então eu percebi que Chance não soltou
minha mão depois de agarrá-la. Nós estávamos andando de
mãos dadas, então pensei: ‘por que discutir se você gosta do
resultado final’?

No Mirage, visitamos os tigres brancos, no Bellagio,


assistimos o show de água com música. Caminhamos mais um
pouco, e eu sentia como se tivéssemos percorrido milhas no sol
quente antes de chegarmos no Monte Carlo. Uma grande placa
do Bar Monte Carlo estava pendurada ao lado do imponente
hotel.
Filho da puta arrogante.

A placa era no formato de uma cerveja, e nós estávamos


com sede e com calor. Que outro sinal precisávamos encontrar
para saber onde deveríamos ficar?

O ar-condicionado frio dentro do Pub bateu na minha pele


suada, proporcionando uma calma que se estendeu através de
todo o meu corpo, e deixando um pequeno tremor.

Arrepios aparecerem em meus braços e pernas, e eu não


tive que olhar para baixo para saber que eles não eram a única
coisa saliente na minha pele.

Os olhos de Chance demoraram-se nos meus mamilos por


um momento, mas depois levantaram-se para olhar pra mim.
Arquei uma sobrancelha, mas não disse nada.

"Você pode impedir isso?" Ele balançou a cabeça e forçou


seu olhos para o cardápio.

"Não. Eles têm vontade própria. Permanecem acesos sempre


que querem."

"Eu sei como é," ele resmungou enquanto se remexia no


lugar.

"O que os dois desejam?", perguntou uma garçonete


seminua. Chance não olhou, mas respondeu rapidamente.
"Dois arrogant bastards13, por favor."

Eu gostei dele não ter olhado para a garçonete. "Então, o


que você quer fazer esta noite?"

"O de costume. Blackjack, peitos e bebida."

"Perdão?"

"Quando você vem a Vegas, vem para três coisas: jogar


cartas, ver mulheres seminuas e festejar como um rockstar."

A garçonete nos trouxe nossos pratos e talheres e sorriu


para mim. Chance notou.

"Já temos a mulher seminua," ele resmungou.

"Então, deixe-me ver se entendi. Você gosta de mulheres


seminuas. Menos quando eu sou umas delas?"

A garçonete trouxe a nossa cerveja, e Chance tomou metade


da caneca gigante em um longo gole. Deus, o que há comigo e o
seu pomo de adão? Vendo-o, eu senti meu estômago
balançando.

"Eu gosto de você pelada. Só... no carro ou numa tenda


fechada. Não em torno da cidade para todo mundo ver."

"Você estava saindo com Piper quando esse seu poster


chegou às lojas?"

13
Cerveja
Ele piscou. "Isso é diferente."

"Ah sim? Como"?

"Eu nu da cintura para cima, não tem o mesmo efeito que


você andando por aí com essa pequena regata cor da pele com
seu enormes peitos balançando para cima e para baixo."

Eu tomei um gole da minha cerveja. "Quer apostar?"

As sobrancelhas do Chance subiram. "Princesa. Você está


sendo descarada novamente?"

"Você gosta disso?" Eu perguntei com um sorriso perverso.

Ele riu e balançou a cabeça. "Você está tentando me matar.


Eu sabia."

Ambos comemos nossos ridicularmente enormes


hambúrgueres com nossas canecas de cerveja. Eu ia precisar de
um longo mês de regime depois dessa viagem.

"Então, o que você quer fazer esta noite?" Chance perguntou


enquanto nos dirigíamos para o lobby da recepção.

"O que você quiser".

Ele freou bruscamente. "Essa é uma oferta perigosa,


princesa. Você pode querer mudar sua resposta antes de eu
aceitá-la."

Entre sua admissão hoje cedo e a cerveja - deixando-me


com a sensação de um pouco bêbada, - eu estava me sentindo
ousada. Entrei no espaço pessoal de Chance e tirei sarro. "O que
você quiser. Eu sou sua para fazer o que quiser hoje à noite."
Ele gemeu, e eu fingi que não reparei que ele ajustou seu
shorts algumas vezes quando chegamos ao hotel.

Eu levei menos tempo para me arrumar para o baile de


formatura do que me preparando para sair naquela noite.
Normalmente, eu tentava domar o meu cabelo naturalmente
ondulado, mas em vez disso, eu queria ser selvagem dessa vez.
Esfumacei os olhos, pintei os lábios e adicionei a sensualidade
dos meus sapatos de salto alto com dedo aberto e o vestido preto
simples que mostrava todos os lugares certos. Finalmente,
dando uma olhada em tudo, eu me senti animada.

Eu parecia como se não fosse realmente eu, e


definitivamente não era assim que eu normalmente saia à noite.
Mas quando Chance bateu e eu abri a porta, qualquer apreensão
que eu sentia saiu pela janela.

"Foda-se". Ele passou os dedos pelo cabelo.

Interiormente, minhas penas de pavão se atiçaram. "Só


preciso pegar minha bolsa. Entre."

"Não, obrigado. Vou esperar aqui fora."

Se eu não poderia tê-lo, eu estaria me certificando de


esfregar em seu rosto o que ele estava perdendo.

Um grupo que parecia ter saído de uma festa de despedida


de solteiro tropeçou no elevador enquanto esperávamos. Eu meio
que gostei quando Chance colocou a mão na minhas costas em
um discreto gesto possessivo. Na realidade eu gostaria que ele
não se afastasse, mesmo quando estivéssemos na rua.

"Onde vamos?"

Chance acenou para um táxi e abriu a porta para mim. Ele


respondeu dizendo ao condutor, "Spearmint Rhino, por favor."

Cinco minutos depois estávamos em um estacionamento. A


placa em néon tinha Spearmint Rhino escrito. Mas embaixo,
estava mais explicito: Club Masculino. "Nós vamos a um clube
de strip"?

"Nós vamos. Você disse que era minha durante toda a


noite." Ele piscou. Estranhamente, eu nunca tinha ido a um, e
fiquei mais intrigada do que imaginei ser possível. O interior não
era nada do que eu tinha imaginado. Acho que eu esperava
escuridão e pisos pegajosos. Mas em vez disso, fiquei surpresa
ao encontrar dois andares, um grande palco e decoração
opulenta. No início, parecia mais como uma ostentosa boate do
que um lugar onde mulheres tiravam suas roupas. O palco
principal estava no meio, e havia uma seção com sofás longos
em partes maiores. Outras áreas tinham cortinas para
privacidade. Algumas das cortinas estavam fechadas, enquanto
outras estavam abertas e convidativas. Eu assisti quando duas
mulheres atraentes levaram um homem por suas mãos para
uma área privada atrás de uma porta.

Meus olhos observaram tudo ao meu redor, mas quando eu


olhei para Chance, ele apenas me observava.
"Você já esteve aqui antes?"

Ele assentiu. "Despedida de solteiro de um amigo no ano


passado."

"Quer dizer que você não frequenta este lugar com seus
encontros?"

Chance riu e pegou minha mão. "Só você, querida. Você


ainda acha que eu sou um mulherengo, não é?"

Deixei-me levar para uma cabine em um canto. Ela estava


quieta, quase privada, mas não ficou assim por muito tempo.
Uma dançarina vestindo apenas um fio-dental, ostentando um
corpo que eu só poderia sonhar, sorriu quando se aproximou.
"Seu encontro gostaria de uma dança?"

Ele olhou para mim, viu meus olhos alargando-se e


recusou-o graciosamente.

"Ainda não. Acho que nós vamos tomar uma bebida


primeiro."

Ele voltou sua atenção para mim. "Ainda está bem comigo
escolhendo o que fazer durante toda a noite?"

Me armei perante o desafio. "É claro".

Nós compartilhamos uma garrafa de vinho, que foi


grosseiramente superfaturada, e eu na verdade esqueci onde
estávamos por um tempo. Olhei ao redor e suspirei. "Onde eles
pegam todas essas mulheres perfeitas"?

Chance esvaziou o copo antes de dizer. "Eu só vejo uma."


"Isso é doce. Mas não consigo levantar minha perna por
cima do meu ombro assim." Eu apontei para uma mulher que
deve ter sido duplo articulada. "Então eu acho que ela
definitivamente me vence."

"Graças a Deus."

"Graças a Deus que ela me vence?"

"Não. Graças a Deus de você não conseguir levantar a perna


por cima do seu ombro. Não há tanta coisa para um homem
resistir antes de quebrar." Havia uma intensidade nos olhos dele
que me fez sentir como se empurrasse-o um pouco mais, eu
poderia quebrá-lo. Apenas... eu não queria quebrá-lo. Eu queria
ele inteiro.

"Então, passei no seu teste? Ou temos que pagar cem


dólares por outra garrafa de vinho?"

"Só mais uma coisa. Então podemos ir."

Quase tive medo de perguntar. "O que?"

"Vou te comprar uma lap dance".

"Isso vai provar que não estou tensa, de uma vez por
todas?"

"Não. Mas com certeza vai fazer valer minha noite".

A dança não era nada do que eu esperava. Tipo... me


excitou, e eu não sabia como processar isso. Eu gostava de
homens. Eu nunca tive qualquer interesse em mulheres, então
isso deixou-me um pouco confusa no caminho de volta para o
hotel.
"O que está acontecendo nessa cabecinha, Aubrey?"

O sol estava como se fosse nove da manhã no centro da


cidade de Manhattan, mesmo que fosse quase uma da manhã
em Las Vegas. Eu tomaria mais do soro da verdade... Quer dizer,
vinho. Inclinei minha cabeça sobre o ombro de Chance na parte
de trás do táxi e respirei audivelmente. "Diz meu nome
novamente, Cocky?"

"Princesa".

"Não, meu nome verdadeiro."

"Oh. Princesa tensa."

Eu espetei-lhe no peito com o cotovelo e ele riu. "Não


realmente. Eu gosto de como soa quando você diz Aubrey".

"Ah sim?"

"Sim".

"Tudo bem, Aubrey." Ele envolveu o braço por cima do meu


ombro e puxou-me mais perto.

AH-BREE.

Aconcheguei firmemente ao lado de Chance e cochilei por


alguns minutos no carro.

Sua voz rouca dizendo meu nome com esse sotaque incrível
me fazia aquecer. Me senti tão bem, que quase doía fisicamente
pensar que nós não estaríamos um com o outro em breve.
CAPÍTULO OITO

A batida na minha porta veio às oito da manhã. Eu estava


acordada, mas definitivamente não acordada o suficiente para ir
a uma academia. O que eu estava pensando quando concordei
em ir? Ontem eu estava muito favorável. O álcool tinha me
suavizado temporariamente, mas esta manhã eu estava sem
ânimo, mais uma vez.

"É muito cedo", gemi após ver Chance já vestido em seu


equipamento de treino. Ele estava sexy como o inferno em seu
short de corrida e tênis, mas mesmo isso não seria o suficiente
para tirar meu rabo da cama. Ele fechou a porta quando eu
estava voltando para a minha cama e escorregando sob o lençol.

Chance arrancou o cobertor quentinho de mim.

"Mas que diabos?"

"O sol já raiou, princesa."

"Eu não me sinto bem para levantar."

"Você vai se sentir melhor depois do que vamos fazer."

Eu levantei uma sobrancelha e ele sorriu. "Ah. Acho que


você está corrompida. Quem é o pervertido agora?"
"Um pervertido é alguém que tem um comportamento
sexual considerado errado ou inaceitável." Palavra por palavra,
recitei a definição que ele tinha me dado quando estávamos
discutindo sobre o caso de eu não admitir me masturbar.

Ele riu. Mas também me tirou de cima da cama e me levou


para o banheiro. "Você viu o tamanho do hambúrguer que
comeu ontem? Eu preciso ir a academia, e você vai junto."

Eu fiz uma careta. "Você está me dizendo que estou gorda?"

"De jeito nenhum. Digo que gosto de olhar para essa sua
bunda bem torneada, e que sou egoísta. Eu quero que continue
assim."

Rolei os olhos, mas entrei no banheiro e tomei banho.


Quando terminei, Chance estava deitado na minha cama, as
duas mãos atrás da cabeça enquanto assistia um jogo de futebol
europeu.

"Sente falta de jogar?" Eu perguntei. Era uma pergunta


estúpida. Eu me arrependi no momento em que saiu da minha
boca.

"Sim".

"Pode voltar, de alguma forma? Não jogando. Talvez


treinando ou gerenciando uma equipe ou algo assim?"

"Eu pensei sobre isso."

"E..."

"E que eu nunca completei minha formação acadêmica. Eu


parei no meu segundo ano da faculdade. A maioria das
universidades e até mesmo as escolas de ensino médio quer seus
treinadores formados. Definir um exemplo para os alunos."

"Então volte para a escola."

"Suponho que eu poderia. Isso pode manter-me ocupado


nos próximos dois ou mais anos."

Fui até a mala e peguei meu top de ginástica e leggings. "Vai


ser só um minuto. Eu preciso me vestir."

Dentro do banheiro, eu puxei meu cabelo para trás e vesti


minha roupa de treino. Eu gritei pela porta do banheiro
enquanto escovava os dentes.

"O que vamos fazer? Eu gosto de ioga.”

"Yoga não é um bom exercício. Normalmente eu pego peso e


corro na esteira por quarenta e cinco minutos, para o coração."

"Está bem. Talvez na academia tenha ambos, e poderemos


fazer o que gostamos". Eu abri a porta do banheiro e sai, pronta
para ir.

"Isso é o que você está usando para a academia?"

Eu olhei para baixo. Minha barriga estava nua, mas não


pensei que fosse sugestivo ou estranho. "O que tem de errado
com isso?"

"Nada". Ele desligou a TV e agarrou minha mão no caminho


para a porta. "Acho que estou fazendo ioga hoje, também."

Nós realmente chegamos a um consenso na academia. Ele


teve uma aula de yoga comigo, e depois nós corremos na esteira
lado a lado por meia hora. Depois, nós dois estávamos morrendo
de fome. Ontem à noite, tínhamos falado sobre ficar mais uma
noite, então eu abordei o assunto no caminho para o café da
manhã. "Você estava falando sério sobre ficar mais uma noite?"

"Eu ficaria para sempre se nós pudéssemos." Aquelas


pequenas coisas que ele dizia me davam esperança, mesmo que
tivesse escrito que nunca vai acontecer na minha testa.

"Bem, então esta noite é a minha noite. Você escolheu o que


fizemos ontem à noite. Agora é minha vez."

Chance segurou meu olhar por muito tempo. "Eu topo".

"Legal". Eu sorri. "Eu quero ir visitar Esmeralda está


manhã. Ela está provavelmente com medo."

"Nós estamos pagando oitenta dólares por dia num lugar


para tomar conta de um bicho de estimação mimado. Eles lhe
dão três parques, e ela dorme no ar condicionado quando
normalmente vive fora e anda na frente de BMWs com excesso
de velocidade... E você está preocupada que ele esteja com medo
esta manhã?"

"É o meu dia. Eu reclamei quando você escolheu tudo o que


fizemos ontem?"

"Só tive uma noite. Por que é que você está tomando um dia
todo e a noite?"

"Porque sim."

Ele riu. "Boa resposta, advogada. É assim que você


argumenta no tribunal?"
"Cala a boca". Então peguei algo. "Recebo um dia todo e a
noite porque você me fez ir a um clube de strip e ter uma lap
dance."

"Mesa para dois," Chance disse quando chegamos no balcão


do buffet. Em seguida, ele voltou sua atenção para mim. "Você
gostou. Eu acho que você ainda está um pouco ligada."

"Não estou." Meu rosto ficou vermelho.

Chance falou com a anfitriã quando ela nos levou para


sentar. A mulher estava provavelmente no final dos sessenta
anos, não que ele se importasse. "Ela teve uma dança no colo de
uma stripper na noite passada, e não quer admitir que gostou. "

A mulher sorriu e acenou com a cabeça. Seu sotaque


jamaicano era forte quando ela falou. "Não há vergonha aqui,
querida. O que acontece em Vegas, fica em Vegas. Desfrute um
pouco do seu shakity-shake se quiser. Pode voltar a ser seu
próprio eu conservador na segunda-feira. Eu vou te pegar um
café, e vocês podem se servir no buffet quando estiverem
prontos." Ela foi embora.

"Vamos lá. Admita. Você gostou. A bunda daquela mulher


mexeu com você". Chance deu de ombros. "Eu sei que eu gostei."

"Por que você gosta de me fazer admitir coisas que são


embaraçosas?" Eu já confessei uma coisa embaraçosa, e não
tinha intenção de dar mais nenhuma.

"Você que dizer quando eu te fiz admitir que dava prazer a si


mesma?"
Senti a temperatura subir no meu rosto. Levantei a cabeça
para a fila do buffet, mesmo que estivesse sentada. Mas Chance
agarrou meu pulso e me parou. "Não fique com vergonha de dar
prazer a si mesma ou de desfrutar de uma lap dance. É lindo, e
é você."

Tomando um passeio à tarde, nós tínhamos acabado de


voltar da visita a cabra. A doce menina ficou realmente animada
por ver Chance, lambendo sua cara quando chegamos. Coitada,
deve ter pensado que nunca íamos voltar.

"Esmeralda Snowflake foi tão fofa quando te viu."

"Minha cara ainda está pegajosa do ataque".

"Você sabe que sentiu falta dela." Eu ri.

"O que vamos fazer com essa coisa, de qualquer maneira?"

"Essa coisa? Não se refira a ela como coisa. Ela é como


nosso filho adotivo".

Chance parou num impasse e olhou para o céu, ficando


louco. "Nosso filho?"

"Sim! Ele não tem ninguém além de nós no mundo inteiro."

"Sério, Aubrey. Depois que nos separarmos, como vamos


fazer com ele? Você não pode mantê-lo."

Meu coração de repente caiu. Depois de nos separarmos.


Minha mente estava tentando lidar com o fato de que ele
tinha implicado que esta viagem definitivamente tinha um fim.
Na forma típica de Chance, só quando ele estava me dando um
pouco de esperança de que alguma coisa estava acontecendo
entre nós, ele a arruinou.

Fiquei em silêncio por um tempo antes de me forçar a falar.


"Eu vou tentar encontrar uma fazenda em que confie. Vou
mantê-lo de alguma forma até ter certeza que é o encaixe
perfeito."

"É justo. Ele tem sorte de ter você." Ele estava procurando
meu rosto, tentando ler minha expressão carrancuda. "Já
pensou sobre o que quer fazer no resto da tarde?"

"Você quer saber? Não me interessa. Você decide."

Chance parou de andar e se virou para mim. "Espera. Você


quer perde sua capacidade de escolher tudo o que fazemos hoje?
Por que diabos você iria fazer isso?"

Porque você basicamente admitiu que não significo nada para


você, e eu não quero ficar perto de você agora.

"Só não estou a fim de decidir nada."

"Há uma nuvem negra no ar, princesa. Não sei o que fiz ou
disse desta vez, mas me sinto como se te conhecesse bem o
suficiente agora para saber que algo de repente a irritou."

"Esquece, Chance, ok? Não temos muito tempo aqui. Não


vamos desperdiça-lo tentando me entender. Às vezes as pessoas
ficam de mau humor. Fim da história. Escolha algo."
Seu rosto ficou sério. "Você está bem?"

"Sim. Eu prometo."

"Eu sei que estava brincando sobre isso antes mas... é a sua
vez do mês?"

"Não!"

Ele coçou o queixo enquanto estávamos um de frente para o


outro no meio da rua. "Acho que tenho uma ideia do que você
precisa, algo que vai aliviar toda a tensão que mantém dentro de
você nos últimos dias."

"Oh, realmente?"

Ele balançou suas sobrancelhas. "Oh sim. Espere aqui." Ele


se afastou para fazer uma chamada de telefone.

Enquanto eu fiquei no meio do calor seco, jurei tentar


manter meu bom humor. Tinha que aceitar esta situação pelo
que realmente era — uma carona de estrada, nada mais, nada
menos. Eu precisava desfrutar destas últimas horas com ele e
parar de exagerar.

Após seu retorno, a boca dele espalhou-se em um sorriso


largo. Essas covinhas. Um lembrete de que minha nova postura
não ia ser fácil.

Agarrando minha mão, ele disse "Vamos."

Não sabia onde ele estava me levando. Ele não disse se era
pra tomar sorvete ou até seu quarto. Depois de uma caminhada
de cinco minutos, nós terminamos e voltamos ao hotel. Segui-o
para dentro do elevador, e notei que ele apertou o botão para um
andar diferente de onde se localizavam nossos quartos.

"O que tem no terceiro andar?"

Ele piscou. "Você vai ver".

Quando as portas abriram, eu vi o sinal: Spa de águas


tranquilas.

"Nós vamos ao spa?"

"Bem, teremos uma massagem."

Antes que eu pudesse fazer algo, ele caminhou até a


recepcionista.

"Massagem para casais no nome de Bateman."

Eu não poderia evitar, e apenas ri e balancei a cabeça.


"Massagem para casais?"

"Sim. Estamos recebendo uma juntos. Eu poderia ter algum


alívio de tensão, também."

Uma mulher atraente aproximou-se e bateu seus cílios para


Chance.

"Aqui".

Vadia. Nós a seguimos num corredor longo e em uma sala


com baixa iluminação. "Tire tudo, menos roupa intima e
envolva-se com estas toalhas" ela disse. "Seus massagistas
chagarão em pouco tempo."

Estava completamente quieto, exceto o som da suave


música instrumental. O quarto cheirava a hortelã, e havia uma
cintilação elétrica de velas escassamente organizadas em torno
do espaço. Normalmente seria um experiência de relaxamento,
se não fosse por —

"Você ouviu. Tire suas roupas" Chance disse rispidamente.

Um calafrio percorreu-me ao ouvir o tom dominante de sua


voz.

"Você acha que eu vou só me despir na sua frente agora"?

Em vez de responder à minha pergunta, ele agarrou a


própria camisa. Eu assisti todos os movimentos de seus
músculos do abdome ondulando enquanto ele lentamente se
despia. Se essa visão fosse um gif no tumblr, eu iria repeti-la
mais e mais.

Ele desabotoou seu jeans e o tirou antes de jogá-lo em uma


cadeira. Ele ficou diante de mim vestindo nada além de sua
cueca boxer marinho enquanto descaradamente olhava para o
meu peito. "Sua vez".

"Vire-se, então," Eu disse suavemente.

"Preciso?" Ele brincou, piscando um sorriso irônico antes de


se virar para olhar a parede.

Removendo meu top, olhei para os músculos definidos de


suas costas, até sua bunda. Ele estava parado bem debaixo de
uma das lâmpadas com iluminação embutida. Ela brilhou sobre
seu traseiro delicioso como um holofote. A fenda no meio era
perfeitamente delineada através do tecido. Ele tinha a bunda
mais fenomenal. Eu queria mordê-la.
Quando tirei meu sutiã e o joguei em cima da pilha, por
cima do seu jeans, sua respiração falhou.

Me enrolei na toalha branca luxuosa e me deitei de barriga


para baixo na minha mesa. Isto era suposto ser uma experiência
relaxante, mas eu definitivamente me sentia um pouco nervosa.

"Pode se virar."

"Você não está brincando," ele disse quando se deitou sobre


a mesa ao lado.

"O que você esperava? Que eu ficasse de pé na sua frente


nua?"

"Apenas um sonho."

Estávamos os dois deitados com nossas cabeças viradas


uma para o outro. Os olhos dele ocasionalmente viajaram por
todo o comprimento do meu corpo.

Ele sussurrou, "Você está bem, princesa?"

Algo sobre o tom da sua pergunta puxou as cordas do meu


coração. Eu mentalmente as cortei com uma tesoura imaginária.
Eu ia ser firme no meu voto para manter meus sentimentos sob
controle, mesmo que isso me matasse. "Sim. Eu estou bem."
Quando ele levantou a sobrancelha com ceticismo, eu sorri.
"Realmente. Eu estou. Esta foi um boa ideia. Obrigada."

"Estou feliz que esteja satisfeita."

Após dez minutos de espera, eu estava começando a me


perguntar se haviam esquecido de nós quando a porta rangeu,
se abrindo lentamente. Uma pequena asiática chamada Anna
andou para o lado de Chance. E à minha esquerda estava um
homem grande, musculoso, que se parecia com o ator Joe
Manganiello.

Os olhos de Chance escureceram, e ele se virou para a


mulher. "Ele vai fazer massagem nela?"

"Pelo menos alguém vai fazer," eu murmurei sob minha


respiração.

"Sim. Achamos que funciona melhor assim. Os homens


tendem a ficar mais confortáveis com uma massagista feminina,
e nossas clientes realmente gostam do serviço de James. Há
algum problema?"

Chance apenas me olhava, boquiaberto.

"Não. Não tem problema algum" Eu respondi, olhando direto


para os olhos de Chance. "Eu prefiro um homem."

A voz de James era baixa e profunda. "Por favor, tire sua


toalha. Você pode ficar deitada."

Era bom demais para ser verdade. O plano do arrogante


saiu totalmente pela culatra. Os olhos de Chance estavam
colados a cada movimento meu enquanto removia a toalha de
baixo de mim. E então seu olhar focou nas laterais de meus
seios nus pressionados contra a mesa.

Anna pingava óleo quente ao longo das costas de Chance.


Ele deveria fechar os olhos e relaxar. Em vez disso, ele ficava
encarando para James jogando o mesmo óleo em mim. Eu podia
ver suas costas subir e descer enquanto sua respiração se
acelerava.

James começou a esfregar o óleo na minha pele. A certa


altura, as mãos dele estavam massageando a parte inferior das
minhas costas, e estavam praticamente amassando a parte
superior da minha bunda. O olhar de Chance se transformou
num olhar de morte. Ele estava seriamente chateado, mas eu
não pude deixar de me sentir feliz com isso.

Assistir a mulher tocando Chance da mesma forma, porem,


estava me deixando muito irritada também. Mas eu estava
preocupada demais com sua observação para descobrir se
estava com ciúmes ou se me importava. Provavelmente ambos.

Após vários minutos assistindo Chance acompanhar cada


movimento das mãos de James, não pude deixar de perguntar-
lhe, "Você está bem?"

Sua voz era rouca. "Não".

Ele estava queimando de ciúmes. Eu não conseguia


entendê-lo. Se ele apenas soubesse que o tempo todo eu ficava
imaginando que era ele me tocando. Eu o queria mais do que
tudo.

"Quanto tempo mais?" Chance perguntou a mulher.

"Tente relaxar senhor. Você está extremamente tenso."

Quarenta minutos depois, nossas massagens terminaram.


Chance não tinha tirado os olhos das mãos de James o tempo
todo. Acho que a única razão que eu sabia disso era porque não
tinha tirado meus olhos dele me olhando.

As coisas estavam extremamente silenciosas quando Anna e


James nos deixaram em paz para que pudéssemos nos vestir.

As costas de Chance estavam na minha frente quando lhe


perguntei "Como você se sente?"

"Mais tenso do que quando entrei".

"Por que?"

"Porque eu paguei 350 dólares para ver um homem tocando


em você durante uma hora."

"Então está tudo bem uma mulher te tocar, mas não um


homem me tocar?"

Ele se virou de repente, antes que eu estivesse vestida,


obrigando-me a cobrir meus seios com minha camisa.

"Não é bom um homem te tocar quando eu não posso", ele


surtou antes de se virar novamente, permitindo-me terminar de
me vestir. Após alguns segundos de silêncio, ele finalmente
disse: "Peço desculpa, princesa. Eu agi como um idiota."

Eu realmente amei seu ciúme.

"Você tem sorte que eu sou normalmente atraída por


idiotas. Bastardos arrogantes, também." Puxando meus braços
através da minha camisa, eu disse, "Se vire, idiota."
"Desde que voltamos a estaca zero, eu gostaria de lhe
devolver o seu passe para escolher o que vamos fazer pelo resto
do dia."

"Vou aceitá-lo. Acho que nós dois precisamos esfriar a


cabeça. Além disso, nós estamos melados desse óleo. Por que
não vamos para a piscina?"

"Parece bom."

"Espere... não temos roupas de banho."

"Vou comprá-las na loja no térreo. Por minha conta, e eu


posso pegar o seu." Ele piscou.

"Feito".

"Sério?" Ele parecia surpreso. "Você confia em mim"?

"Sim". Eu sorri. "Sim".

Esta era a nova Aubrey. Sem preocupações. Eu não iria me


apegar. Eu ia me soltar e me divertir com ele.

"Tudo bem".

Chance me surpreendeu com a escolha do biquíni. Tinha


alguns realmente minúsculos, mas ele escolheu um com um top
de sutiã esportivo modesto e uma calcinha que cobria a maior
parte da minha bunda. Era branco com bolinhas pretas, e tinha
um pequeno forro sobre a parte traseira da parte inferior. Ele
também comprou um par preto e lustroso de calções para si
mesmo, que abraçava sua bunda maravilhosamente.
Encontramos duas espreguiçadeiras brancas uma ao lado
da outra, e eu tinha trazido lanches e revistas. Já era tarde,
então não tinha muita gente na área da piscina. Tomamos um
mergulho juntos antes de retornar ao nosso local para ficarmos
secos. Até agora, esta pode ter sido a minha parte preferida da
viagem.

"O que você quer beber?" ele perguntou.

"Algo gelado e com sabor de frutas”.

Chance olhou para o bar. Algumas meninas estavam


olhando-o quando ele passeou em direção ao outro lado da
piscina. Ele pareceu não ter notado, como muitas vezes
acontecia quando as pessoas o verificavam. Ou talvez ele
notasse, e só não ficava afetado por isso.

Depois que ele voltou com dois drinks, bebemos em silêncio.

Brincando com o guarda-chuva de papel na minha bebida,


olhei para ele.

"Isto é bom".

Ele sorriu. "Eu tenho certeza que se houvesse alguma coisa


que eu poderia optar por estar fazendo no mundo agora, seria
isso."

"Essa piscina é linda."

"Não é apenas o lugar. É a companhia.”

Quando ele olhou para mim, seus olhos estavam me


contando uma história. Estavam afirmando que ele realmente
quis dizer o que disse. E eu acreditei que Chance me queria, que
queria ficar comigo, mas que verdadeiramente não podia. Fosse
o que fosse que estava segurando-o, era algo além do seu
controle. Esses sentimentos loucos que eu tinha tentado
suprimir começaram a chegar devagar novamente, e então eu
enterrei meu rosto em uma revista InTouch Weekly.

Chance estava chupando um Pixy vermelho quando eu tive


um desejo repentino de açúcar, e perguntei: "Você tem mais
desses?"

"Talvez," ele disse, piscando quando procurou dentro do


saco plástico e entregou-me um.

Comecei a chupá-lo, mas quase nada estava saindo. Então


eu olhei para baixo e percebi que havia um buraco na
extremidade inferior do palito. O pó laranja tinha derramado
sobre meu estômago.

Chance riu. "Garota bagunceira".

"Você tem um lenço?"

"Não precisa", disse ele. "Deixe-me.”

Mais rápido do que eu pude piscar, Chance inclinou-se


sobre mim e abaixou a cabeça ao meu estômago. Ele lentamente
correu a língua ao longo do meu umbigo, lambendo para cima
em uma linha reta a apenas uma polegada dos meus seios. Eu
me contorci sob ele, sentindo uma perda total de controle
quando ele limpou todo o pó.

"Mmm", Ele gemeu quando chupou o último pedaço de


açúcar da minha pele e lambeu os lábios.
Minha respiração estava irregular quando ele voltou para
seu lugar na cadeira ao lado. Ele me deixou sentada lá,
completamente excitada, mas em estado de choque. Nós não
falamos sobre o que ele tinha feito. Ele disse que tinha que usar
o banheiro, e desapareceu por um tempo.

E assim de repente, toda a vontade que eu tinha construído


hoje foi embora.
CAPÍTULO NOVE

Uma vez que a escolha das nossas atividades eram minhas,


eu decidi que queria tentar um bom restaurante para jantar.

Acabamos na sala da Fundação, que tinha uma visão


assassina de sessenta e três andares, com vista para a cidade.
Era temático, como um velha casa de campo com um clima
acolhedor.

Depois que devoramos o aperitivo de bolo de caranguejo,


Chance optou pelo bife enquanto eu pedi a garoupa. Tentar não
pensar em como me senti quando ele lambeu o açúcar de mim
mais cedo não teve sucesso. Toda vez que eu olhava para seus
lábios, eu podia... ainda senti-los em mim.

Nós tínhamos encomendado duas garrafas de vinho, que


pareciam fluir infinitamente com a conversa. Conversamos por
pelo menos duas horas. Chance me falou sobre crescer na
Austrália, e falou mais sobre seus anos de formação para uma
carreira de futebol que nunca aconteceu. Nós compartilhamos
histórias sobre as batalhas dos nossos pais contra o câncer. Eu
também acabei compartilhado muitos detalhes sobre a minha
separação com Harrison.
Eu estava me sentindo ainda mais perto de Chance. No final
da noite, era como se eu soubesse tudo que havia para saber
sobre ele, exceto onde sua vida estava agora. Isso parecia ser um
grande buraco negro.

Adicionando ainda mais a minha angústia, ele recebeu um


telefonema no meio do jantar, o que o fez se levantar da mesa.
Eu tinha certeza de que quem era tinha algo a ver com o por que
ele estar se segurando comigo.

Quando ele voltou ao seu lugar, meu coração estava


acelerado quando eu perguntei, "Quem era?"

Ele me olhou direto nos olhos, seu tom de voz grave.


"Ninguém importante, Aubrey."

Em vez de interrogá-lo, servi-me mais vinho. Com cada gole,


uma falsa sensação de felicidade anulou minhas inseguranças.
Tornei-me mais e mais feliz.

Quando saímos do restaurante, Chance teve que colocar


seu braço ao meu redor, só para me manter equilibrada. Eu não
diria que estava bêbada, mas estava definitivamente intoxicada,
e Chance também.

Estávamos rindo por nada. A certa altura, nós tropeçamos


em uma capela. Havia uma placa que dizia ‘falsos casamentos
aqui’.

Chance me parou no meio da calçada. Seu hálito cheirando


a álcool infiltrou nas minhas narinas quando ele falou perto do
meu rosto.
"Case comigo, princesa".

"O quê"?

"Temos uma cabra como criança ilegítima juntos." Ele riu.


"Tenho certeza que podemos participar de uma cerimônia de
casamento falsa, para fazer de você uma mulher honesta."

"Você está louco!"

"Merda, nós podemos até mandar uma foto para Harry. Não
seria fantástico?" Seus sorriso travesso enviou tremores de
desejo por mim. "Vamos lá, vai ser divertido." Ele me levou pela
mão para a pequena capela branca.

Um grande homem vestido de Elvis estava sozinho na porta


de entrada. "É uma boa noite para um casamento" ele
cumprimentou, monótono.

"Precisamos de uma reserva?" Chance pediu.

"Está vazio hoje. Nós podemos fazer agora, se quiser."

Chance olhou para mim, seus olhos bêbados semi vidrados.


"O que você acha?"

Dei de ombros. "Não há nenhuma licença. Não é real. Então,


nenhum dano, certo?"

Cada um de nós preencheu um formulário com algumas das


nossas informações básicas. Por bons $199, pedimos a
experiência de casamento completa, que incluía uma cerimônia
de cinco imagens digitais, anéis de lembrança, um buquê de
seda e minha escolha do vestido emprestado. Antes que eu
soubesse, eu estava sendo levada por uma mulher chamada
Zelda. Ela tinha um tufo de cabelos crespos e vermelho. Ela me
trouxe para uma sala nos fundos, onde havia um rack com
vários vestidos brancos em diferentes formas e tamanhos. Ela
me fez experimentar alguns dos mais diferentes, e eu acabei
escolhendo um vestido sem alças de renda, estilo sereia, que era
um pouco longo demais.

Meus seios também estavam pulando fora do top. Foi o


vestido que eu mais gostei, embora.

Zelda me ajudou a amarrar meu cabelo em um coque,


deixando algumas mechas para emoldurar meu rosto. Eu
honestamente não sabia o que esperar quando sai de lá.

Música começou a tocar. "Eles começaram?" Eu perguntei.

"Seu namorado deve ter escolhido uma canção, então, sim."

"Devemos escolher a canção"?

"Nós temos uma biblioteca de música e normalmente


deixamos o noivo escolher enquanto a noiva se veste. Isso é o
melhor uso do tempo."

Eu a reconheci como Marry Me, de Train. Mesmo que a


coisa toda fosse encenada, não pude evitar as borboletas que
estavam fervilhando dentro de mim enquanto a música tocava.
Mesmo sabendo que era falso, eu estava tão nervosa quanto
teria ficado se fosse um casamento de verdade.

Isso é ridículo! Por que estou tão nervosa?

Zelda me entregou meu pequeno buquê de lírios. "Pronta"?


Uma respiração funda escapou-me. "Claro". De repente,
senti-me começando a ficar sóbria. Esse não era o momento de
perder meu nível elevado de álcool!

Quando apareci no limiar que levava para o altar pequeno,


Chance estava esperando com uma mão cruzada sobre a outra.
Ele ainda estava usando a mesma camisa preta Button-Down do
jantar, exceto por uma pequena flor na lapela, que agora estava
presa na frente. Ele estava tão bonito e... nervoso também. Esta
era a experiência mais estranha.

Conforme a música tocava, eu tomei passos muito lentos


em direção a ele. Meu coração estava batendo através da faixa
do laço apertado, abraçando meus seios. No meio do caminho
pelo corredor, eu tropecei em meu vestido e quase cai. Chance
começou a rir, e eu não pude deixar de rir também. O que
definitivamente aliviou o humor pelo resto da minha viagem ao
altar.

Zelda fez um gesto para meu buquê, para posicioná-lo na


minha diagonal. Aparentemente ela era a minha dama de honra,
também. Elvis começou a falar.

"Queridos amigos, estamos reunidos aqui hoje para


testemunhar a União de Chance de Engelbert Bateman e Aubrey
Elizabeth Bloom no Santo matrimônio..."

"Engelbert?"

Ele piscou e sussurrou "Não realmente".


Elvis continuou "que é um sacramento que não deve ser
adquirido levianamente, mas com reverência e seriedade."

"Não exatamente sobriamente” Chance cortou.

"Se alguém tiver algo a dizer sobre o por que eles não podem
ser legalmente unidos, fale agora ou cale-se para sempre".

Ambos olhamos para trás, para os lugares vazios. Você


poderia ter ouvido um gota caindo.

"Quem entrega esta mulher para se casar com este


homem?"

Zelda falou por trás de mim, "Eu."

"Vocês usarão votos padrão ou têm seus próprios"?

Nós respondemos ao mesmo tempo.

"Padrão" eu disse enquanto Chance deixou escapar, "Eu


tenho meu próprio."

"Você tem seu próprio?" Eu sussurrei.

"Sim". Ele sorriu.

"Vamos começar com a noiva então." Elvis recitou o voto


padrão e eu repeti palavra por palavra depois dele. Então,
chegou a hora de Chance falar.

Ele fez uma pausa, fechando os olhos brevemente, e depois


olhou nos meus olhos quando segurou minhas mãos nas suas.
"Aubrey, a partir do momento em que você abriu sua boca
inteligente e chamou-me de idiota nos primeiros segundos que
nos conhecemos, eu sabia que você era especial. No início,
pensei que era um pau no cu, mas mais tarde percebi que esse
era apenas um mecanismo de proteção. Você tinha sido ferida, e
não queria deixar ninguém entrar. Às vezes, aqueles que
colocam os maiores escudos são aqueles que estão protegendo
os maiores corações. Minha avó costumava sempre dizer que, se
você quiser saber o tamanho do coração de uma pessoa, é só ver
como eles tratam os animais, ou aqueles que não podem oferecer
nada em troca. Por alguma razão, você decidiu confiar num cara
aleatório por tempo suficiente para eu descobrir que você tem o
maior coração que existe. Você é tão linda no seu interior quanto
é do lado de fora. Você transformou o que começou como uma
infeliz viagem na aventura de uma vida. Você não pode sequer
começar a entender o quanto esse tempo com você significou
para mim. Se você puder aproveitar mais nada disso, lembre-se
pelo menos que você merece ser feliz."

Lágrimas ardiam nos meus olhos.

Ah. Meu. Deus.

Ele tinha me pego tão desprevenida com esse discurso que


surpreendeu-me em silêncio. Era bonito, mas também parecia
muito com um adeus.

Não havia um vestígio sequer de humor em sua expressão.


Ele quis dizer cada palavra.

Eu não ouvi mais nada que Elvis disse até "Pelo poder
investido em mim pelo estado de Nevada, você pode beijar a
noiva."
Eu não estava mais olhando para Chance. Eu só balancei
minha cabeça repetidamente para Elvis, avisando que ele devia
pular essa parte, que Chance e eu não faríamos isso. "Não
vamos nos beijar."

A próxima coisa que eu sabia era que as grandes mãos


quentes de Chance estavam em concha no meu rosto enquanto
ele se inclinava e rosnava na minha boca, "Porra nenhuma que
não vamos."

Em um instante, seus lábios devoraram os meus. Minhas


pernas ficaram quase que totalmente moles.

Meu coração batia fora de controle quando ele pressionou


seu corpo contra mim. Ele provocou minha boca
descaradamente com a língua, que foi em busca da minha...
Incapaz de obter o suficiente do doce sabor de sua respiração, eu
me abri, deixando-o entrar. Ele gemeu em minha boca quando
eu movi minhas mãos para cima para puxar seu cabelo sedoso.
Ele parou de me beijar por tempo suficiente para levemente
morder meu lábio inferior antes de liberá-lo. O beijo tornou-se
então ainda mais faminto. Eu não tinha ideia de quanto tempo
durou, porque a noção de tempo já não existia para mim.

Elvis tossiu. "Tudo bem. Isso é bonito. Agora temos outro


casal esperando."

Chance, afastou-se.
Completamente atordoada, eu olhei para ele. O cabelo dele
estava todo bagunçado por causa dos meus dedos. Seu olhar era
penetrante, e ele só parecia tão perplexo quanto eu.

O que aconteceu?

O humor mudou quando saímos da capela e encontramos


dois casais esperando no átrio. O primeiro casal parecia que
podia ignorar o casamento e ir direto para a lua de mel — ali
mesmo no saguão. O noivo estava vestido em um terno de
bandeira americana, consistindo de calças vermelhas, um
casaco azul e camisa branca e vermelha listrada e manchada
com estrelas. Quando ele parou de sugar o rosto de sua futura
esposa falsa, ele a levantou em seus braços e eu vi que eles
estavam usando roupas coordenadas, só que a dela era um
biquíni com a bandeira americana.

"Você fala russo?" ele perguntou a Elvis, que nos tinha


seguido até o Hall de entrada, com Zelda no reboque.

Elvis balançou a cabeça. "Serviços bilíngues são extras.


Você precisa de uma nomeação."

"Quanto mais"?

"Cento e cinquenta dólares. Nós temos que pagar o


tradutor".
O noivo patriótico enfiou a mão no bolso e tirou um maço
pequeno de notas. Ele franziu a testa e sua falsa noiva começou
a gritar uma coisa em que eu só poderia presumir que era russo.
Ela batia o pé e gesticulava com os braços enquanto
esbravejava.

Chance riu e se inclinou para mim. "E eu pensei que você


fosse uma vadia."

"Ei". Dei um soco no abdômen dele.

Ele sorriu, e eu estava dividida entre estar triste que a


tensão sexual havia diminuído e aliviada por voltar a nossa
versão normal. Chance estendeu a mão para mim. "Sra.
Bateman?"

Merda. Eu gostei de ouvir isso. Muito.

Coloquei minha mão na dele quando Zelda veio. "Você


gostaria de fazer suas fotos do casamento dentro ou fora? Temos
um lindo gazebo e lagoa lá fora. Há até mesmo um cisne no lago.
Ela tem uma asa ferida, mas fica bonita no fundo das
fotografias."

"Vamos querê-las dentro" Chance respondeu rapidamente.

"Mas o cisne soa agradável."

"Não temos espaço para outro animal de estimação. Não vou


deixar você chegar perto daquela coisa."

Eu rolei meus olhos. "Podemos apenas pular as fotos."

"Sem chance, princesa. Harry precisa de um desses bebês."


Um sorriso safado apareceu em seus lábios enquanto ele
abaixava seus olhos para os meus seios. Meu decote fazia com
que meus peitos quisessem pular para fora desse vestido justo.
"Além do mais, você... nesse vestido... é a cereja do bolo disso
tudo."

"Pervertido".

Nós posamos para quatro fotos; era uma reminiscência do


terrível baile de fotos. Na última foto, Zelda fez uma sugestão.
"Que tal algo romântico agora?"

Eu balancei minha cabeça e olhei para Chance, rindo. "Sim,


querido falador, que tal algo romântico?"

Zelda mudou o plano de fundo que estava em pé na nossa


frente. E simples assim se foi o neon do velho e famoso sinal de
Las Vegas. Nós agora fomos transportados para uma suíte de lua
de mel de algum tipo. O plano de fundo tinha uma foto de uma
grande cama repleta de pétalas de rosas e velas acesas ao redor
da sala. Era tão ridiculamente brega que não pude deixar de rir.

"Vamos lá. É a nossa noite de lua de mel falsa. Lá está a


nossa cama. Você não tem algo romântico para dizer?"

Chance olhou para trás com o peso da cena, e voltou-se


para mim.

"Não sou do tipo romântico."

"Que surpresa".

As sobrancelhas de Chance se levantaram, e então ele olhou


para mim por um segundo antes de inclinar-se para sussurrar
em meu ouvido. "Isso é para encenar o romance da noite de
casamento. Se essa fosse a nossa cama, e eu tivesse sorte o
suficiente de você ser minha esposa..." Ele fez uma pausa e
respirou, exalando calor no meu pescoço. "Se eu tivesse sorte o
suficiente para tê-la, eu seria dono de cada polegada desse
corpo. Pela primeira vez em sua vida, você desistiria de ser tão
controladora. Eu assumiria o controle, e você de bom grado o
daria para mim." Ele praticamente rosnou o resto. "Naquela
cama. Eu te foderia cheio de romance." Ele afastou sua cabeça e
olhou para mim. Nossos narizes estavam se tocando, mas
nenhum de nós se inclinou para formalizar a conexão. Não era
necessário.

Zelda interrompeu, "Lindo. Acho que capturei o momento.


Suponho que você é um romântico depois de tudo, Sr.
Bateman."

Chance sorriu. Eu fiquei no lugar, incapaz de me mover.


"Felizmente para mim, parece que minha noiva gosta do meu
tipo de romance."
CAPÍTULO DEZ

Estávamos ambos sóbrios quando chegamos ao hotel,


apesar de uma grande parte de mim ainda se sentir fora de
ordem. Eu estava bêbada, e não só de álcool, de qualquer forma.
Nós ainda estávamos usando nossas alianças baratas -
lembranças do nosso casamento falso - e quando chegamos na
porta do meu quarto, Chance me levantou dos meus pés.

"Tenho que levar minha noiva no colo."

Envolvi meus braços em volta do pescoço e peito dele,


enquanto ele destrancava a porta com uma mão. "Como será que
essa história começou? Foi para o homem poder mostrar quão
forte ele é?"

"Eu acho que começou porque a esposa estava nervosa ao


perder a virgindade." Eu rugi. "Bem, pelo menos não temos que
nos preocupar com isso." Os olhos do Chance me perfuraram.
Ele nem tentou esconder o ciúme – o que me deu uma ideia.
"Quer se casar um dia?" Eu perguntei.

"Um dia? Eu penso que sim." Ele me pôs dentro do meu


quarto.

"Quero dizer, de verdade. Eu gostaria de saber quem vai me


carregar no colo quando for o meu verdadeiro casamento."
Os olhos de Chance ficaram sérios. "Não quero pensar
nisso."

Eu continuei empurrando. "Talvez a minha nova empresa


seja repleta de solteiros elegíveis."

"Como Harrison?"

Dei de ombros e sentei para tirar meus saltos. "Eu decidi


que não vou mais deixá-lo me deprimir. Já fiquei triste por dois
meses. Quando chegar na Califórnia, vou montar de novo no
cavalo". Olhei para cima e sorri. Chance ainda estava parado na
porta. "O que? Nenhum comentário sujo sobre eu subir no
cavalo e dar um bom passeio? Você está perdendo o jeito,
Cocky."

Sua mandíbula flexionou. "Talvez você devesse pegar a


varinha mágica novamente, em vez de apressar as coisas."

Eu fiquei de pé e caminhei até ele, virando de costas e


puxando meu cabelo para o lado. "Você pode abrir pra mim?" A
sala ficou em silêncio por um longo instante antes de eu sentir
as mãos de Chance me tocando. Uma agarrou meu quadril com
firmeza, quase como se ele tivesse que segurar firme para
mantê-lo no lugar. A outra chegou até meu zíper.

O som que ele fez quando abriu o zíper lentamente foi


positivamente erótico. Sério, o que havia de errado comigo?

Nenhum de nós se moveu. Estávamos ali, com tensão crua


nos rodeando.
"Chance"? Eu respirei. Não reconheci minha voz; era tão
baixa e rouca.

Seus dedos cavaram mais fundo no meu quadril. Quase


doía, mas me excitava ao mesmo tempo. Esperei para ele dizer
alguma coisa. Qualquer coisa. E fiquei esperando. Nenhum de
nós se moveu.

Ainda nada.

"Chance"? Tentei virar e encará-lo, mas as mãos dele me


mantiveram no lugar.

"Não. Eu preciso ir Aubrey." Ele fez uma pausa e inspirou


uma respiração profunda.

"O cara que tiver que carregá-la vai ser um bastardo de


sorte."

Eu não virei as costas até ouvir a porta do meu quarto


sendo fechada atrás dele. Não queria deixá-lo ver minhas
lágrimas.

Passaram-se quase duas horas antes de eu ouvi-lo retornar.


A porta entre nossos quartos estava um pouco aberta, apenas o
suficiente para ouvi-lo se mexer. Minha cabeça estava girando, e
a ideia de nunca vê-lo novamente depois de amanhã tinha me
deixado doente do estômago. Eu tinha passado mais de um ano
com Harrison, e o dia em que saí da casa que dividia com ele
não machucou nem a metade do que estava doendo agora.

Deitada na minha cama, sabendo que Chance estava tão


fisicamente perto mas que eu ainda não podia tocá-lo, me deixou
louca. Eu continuei repetindo suas palavras sobre mim em
minha mente, dissecando cada conversa que eu era capaz de
lembrar. Ele me disse que eu era linda. Ele tinha soletrado todas
as coisas que fantasiou fazer comigo, em detalhes vívidos. Ele
disse que o homem que me tivesse teria sorte. Suas palavras me
diziam que ele me queria. Seus olhos me diziam que ele me
queria. Seu corpo, sua respiração, a maneira que ele olhava para
o meu corpo quando se agarrava a seu último fio de controle.

Eu estava muito certa de que ele me queria —eu finalmente


tinha aceitado isso. Ele só... não conseguia me ter. Mas não era
essa a palavra que ele usou, na verdade. Era mais como se fosse
errado permitir-se. Eu sabia que ele estava tentando me proteger
de tudo o que estava segurando-o. Mas eu não queria mais ser
protegida. O que eu queria era ser fodida. E era hora de assumir
o controle da situação. Sou mulher, porra. Ouça meu rugido!

Com adrenalina em minhas veias, eu fui ao banheiro, lavei o


rosto e limpei minha hora de sono. Levantei minha camisa de
dormir sobre minha cabeça e olhei para mim no espelho. A
calcinha estava... tão fofa — um sutiã de tamanho médio, laço
rosa pálido com a calcinha em formato de short correspondente.
Mas eu estava indo sem rodeios. Eu tirei minha calcinha, soltei
meu sutiã e olhei para o meu reflexo. Rugindo!
Minhas bochechas estavam vermelhas, meu corpo estava
enfraquecido e, pela primeira vez em muito tempo, eu gostei do
que vi. Não havia tempo sobrando. Eu tinha que agir agora,
antes que eu amarelasse. Com cada subida e descida do meu
peito, a coragem estava começando a desaparecer. Olhei para
mim uma última vez, respirei fundo e caminhei para a porta que
nos separava.

Aí vem a leoa.

Chance estava saindo do banheiro quando eu entrei. Ele


não tinha vestia nada, só tinha uma toalha branca
acondicionada em torno de sua cintura fina.

Estava escuro, mas as luzes vindo da cidade de Las Vegas


fora da janelas de quarto iluminavam o espaço o suficiente para
que eu pudesse vê-lo. Gotas de água brilhavam em seu peito. Ele
estava literalmente deslumbrante, e meu coração estava batendo
descontroladamente em meu peito, e parecia que todo o oxigênio
tinha sido sugado para fora dos meus pulmões quando ele me
viu.

Olhamos um para o outro, sem palavras por um momento.


O dobrar de sua mandíbula quando ele tentou segurar meus
olhos foi um testemunho de quão duro ele tentou resistir. Mas
ele perdeu a batalha interna que ele vinha travando quando
deixou cair os olhos.

Assisti a cada segundo que ele me olhou. Primeiro, meus


seios — mamilos rosados e tensos, esperando —
cumprimentaram-no. Seu peito levantou-se e depois baixou
rapidamente. Eu senti a carícia de seu toque na minha pele
quando os olhos dele continuaram descendo mais abaixo. Ele
tomou seu tempo para apreciar o estreito da minha cintura, a
curva do meu quadril e o achatamento do estômago. Ambas as
nossas respirações estavam superficiais e rápidas quando seus
olhos atingiram ainda mais baixo, caindo sobre minha fina pista
de pouso. Entre minhas pernas eu estava encharcada, e nós
ainda não tínhamos sequer nos tocado. Eu quase caí quando ele
lambeu os lábios.

"Aubrey" Ele gemeu um aviso. Parecia que ele estava com


uma real dor física. "Eu —"

Ele estava prestes a me rejeitar novamente, e não havia


como pará-lo.

Eu o queria desesperadamente — mesmo sabendo que só


ganharia um pedaço. Eu coloquei um dedo em sua boca, o
silenciando. Choque apareceu em seu rosto quando minha outra
mão puxou a toalha da cintura dele. Eu a segurei na frente de
seu rosto e lentamente deixei-a cair no chão.

Chance estava gloriosamente duro, e eu o queria mais do


que jamais quis alguma coisa na minha vida. "Precisamos
consumar nosso casamento".

Ele fechou os olhos e, por alguns segundos agonizantes, eu


apenas esperei. Quando eles reabriram, tudo estava diferente.
Suas pupilas estavam dilatadas, selvagens e loucas, cheias de
desejo e necessidade crua. Era como olhar num espelho.
"Suba na mesa." Ele apontou o queixo na direção da janela
do chão ao teto. Uma longa mesa estava posicionada ali. Havia
uma ponta em sua voz, um tom exigente que eu nunca tinha
ouvido ele usar antes. Fez meus joelhos ficarem fracos quando
atravessei a sala e posicionei minha bunda onde ele instruiu.

"Eu tenho fantasias com você todas as noites quando vou


para a cama, e acordo com uma imagem em minha cabeça todas
as manhãs com tesão."

Eu sabia que ele estava atraído por mim. Mas sua admissão
refletia o nível de pensamentos obsessivos que eu tinha tido com
ele. Fiquei corajosa novamente.

"Mostre-me. Mostre-me como você nos vê quando fantasia.


Eu quero tornar seus sonhos realidade."

Os olhos dele brilharam, seus lábios se curvando em um


sorriso perverso. "Meus sonhos não tem arco-íris e pombos. Eles
são sobre eu puxando seu cabelo enquanto te fodo naquela
mesa. Você quer ser o meu sonho real e vivo, princesa?" Ele
caminhou na minha direção, e ficou diretamente na frente de
onde eu estava posicionada.

Engoli duro e assentiu com a cabeça.

As ondulações de seu peito apareceram. Embora essas


armas não fossem necessárias, já que eu era um caso perdido.
"Abra as pernas."

A forma como ele olhava para mim tornou fácil para eu


desprender minhas inibições.
"Você tem os seios mais perfeitos que já vi na minha vida. E
essa buceta... é ainda melhor do que eu imaginava."

Eu tremia. "Você tem uma boca suja."

Ele abaixou a boca para os meus seios e me olhou. Número


azul treze brilhou. "Você vai gostar da minha boca suja ainda
mais depois de hoje à noite."

Fechei os olhos quando ele desenhou meu mamilo direito


em sua boca. Sua língua rodou quando ele lambeu e chupou e
depois o pegou entre os dentes e puxou duro antes de se mover
para a esquerda.

Um suave gemido caiu de meus lábios, e eu forcei meus


olhos a ficarem abertos para vê-lo.

Ele me devorava com aquela boca pecaminosa. A realidade


era ainda melhor do que a fantasia que tinha imaginado tantas
vezes durante as últimas semanas. Depois de tomar seu tempo
adorando meus seios, a língua dele traçou um caminho do meu
decote até o umbigo. E então ele caiu de joelhos.

Suas mãos espalharam minhas coxas. "Abra mais".

Deus, eu queria sua boca em mim lá embaixo. Eu agarrei a


borda da mesa tão apertado que meus dedos ficaram brancos.

Ele deu uma boa olhada. Eu estava sentada diante dele tão
nua, tão exposta, que tive um impulso irresistível de fechar as
pernas e esconder-me. Mas então ele lambeu os lábios
novamente. Ele na verdade estava salivando para me provar. Foi
a coisa mais erótica que vi na minha vida.
Ele inclinou-se e soprou um fluxo constante de ar da parte
inferior para a parte superior do meu sexo. O ar fresco conectou-
se com a minha umidade, e todos os nervos do meu corpo
ganharam vida. Minha respiração estava completamente
errática, só de antecipação. Eu não podia imaginar ser capaz de
respirar uma vez que ele botasse a boca em mim.

Ele olhou para cima e conectamos nossos olhares. "Olha


para mim, Aubrey. Quero que olhe para mim enquanto eu sugo
até a última gota desta boceta doce."

Eu não podia responder; tudo o que sairia da minha boca


seria completamente incoerente. Ele não esperou por uma
resposta, de qualquer maneira. Ele levou minha bunda mais
próximo à borda da mesa e enterrou seu rosto entre minhas
pernas. Ele chupou e lambeu, persuadindo meu corpo à beira
do orgasmo, e então se afastou, diminuindo a sucção e o ritmo.
Ele não estava me permitindo chegar lá. Cada vez que minha
respiração estava por nivelar, ele ia começar tudo de novo. Foi
impiedoso e enlouquecedor, e eu comecei a ficar desesperada.

A terceira vez que ele começou a abrandar quando eu estava


chegando perto de orgasmo, eu agarrei seu cabelo. Minhas mãos
puxaram sua juba espessa e úmida, instigando-o a continuar.
"Chance, eu preciso..."

"Ainda não".

Parte de mim queria matá-lo, mas essa parte foi subjugada


pela parte que precisava desesperadamente gozar. "Por favor. Eu
preciso..."
"Não —"

Ele não teve a chance de terminar. Eu puxei seu cabelo


duro, aproximando seu rosto de mim. Eu o ouvi rir, mas ele fez o
que eu exigi. Depois disso, ele mergulhou forte — lambendo e
mordendo, enfiando a língua dentro e fora de mim até que
novamente me trouxe à beira. Uma vez que eu estava pendurada
na borda, ele chupou meu clitóris... forte, e me mandou em
espiral na direção do paraíso. Eu ofeguei o nome dele quando
meu orgasmo rolou através de mim. Ele não parou até sentir
meu corpo ficar mole, quando era difícil ficar na posição vertical.

Chance me levantou da mesa e me carregou para a cama,


delicadamente me colocando para baixo. Apenas um minuto
tinha sido gasto nisso, e vê-lo nu enquanto ficava ali me
olhando, de repente tinha me recarregado. Ouvi ele abrindo o
preservativo e depois assisti-o colocando-o. A mão dele deslizava
para baixo na espessura de seu eixo, e meu corpo ficou vivo
novamente. Ele era lindo da cabeça aos pés, cada polegada firme
no meio inclusa.

Quando ele terminou, eu estendi a mão e entrelacei meus


dedos com os dele. Ele subiu na cama e levantou nossas mãos
entrelaçadas sobre minha cabeça, restringindo meus braços
facilmente. Em cima de mim, ele alinhou a cabeça de seu pau
perfeitamente com minha abertura. Ele procurou meu rosto, me
estudando antes de nossos olhares se encontrarem. E então ele
me beijou docemente enquanto empurrava suavemente para
dentro de mim. Ele entrou e saiu superficialmente algumas
vezes antes de lentamente ir até o fundo.

Parando, ele gemeu e segurou-se no lugar brevemente —


seu rosto estava me dizendo que enterrado dentro de mim ele se
sentia tão bem que não queria mexer um só músculo.

Abracei minhas pernas em torno de suas costas, e essa


nova posição lhe permitia penetrar-me ainda mais fundo. "Foda-
se". Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça. Eu adorava vê-lo
lutando para se segurar.

Facilmente encontramos nosso ritmo juntos, e balançamos


com um ritmo fervoroso.

Nosso corpos ficaram lisos com suor enquanto os fazíamos


subir e descer. Nossos quadris rolaram juntos até que nós dois
tremíamos. Eu gemi quando senti ele começar a se desfazer. Seu
ritmo acelerou, e ele bateu em mim mais e mais profundo até
que nós nos unimos no olhar um do outro.

Horas mais tarde, drenada de muitos orgasmos, eu


finalmente caí no sono. Preenchida com uma nova promessa e
esperança, a última coisa que eu lembrei quando cochilei era
que mal podia esperar para acordar amanhã e estar com Chance
novamente.
O sol brilhou através das janelas altas, aquecendo meu
corpo nu. Eu não sabia que horas eram, mas sabia que era pelo
menos início da tarde. Eu levantei meus braços sobre a minha
cabeça e me estiquei. Meus músculos doíam, embora fosse o tipo
de dor que eu apreciava. Eu até tive namorados, uma vida
sexual saudável. Até ontem à noite eu teria ido tão longe a ponto
de dizer que meus namorados anteriores eram razoavelmente
satisfatórios. Mas o que aconteceu entre mim e Chance ontem a
noite colocava qualquer coisa que já aconteceu antes na
vergonha.

Sorrindo ao pensar nisso, me virei a cama, ansiosa para nos


reconectarmos fisicamente. Encontrando o lugar de Chance
vazio, me virei e escutei sinais para descobrir onde ele estava.
Eu estava calma, mas um minuto depois uma batida na porta
respondeu à minha pergunta. Enrolei o lençol em torno de meu
corpo e me movi para a porta. Era uma mulher vestida com um
uniforme de limpeza atrás de um carrinho, esperando encontrar
Chance.

"Hum". Eu puxei o lençol mais apertado ao redor do meu


corpo. "Pode voltar daqui a pouco? Temos check-in mais tarde."

A mulher olhou para o relógio e de volta para mim. "Quinze


minutos"?

Eu não tinha nenhum desejo de correr para ficar pronta,


mas acenei. Depois que fechei a porta, olhei em volta de ambos
os quartos, mesmo sabendo que estava sozinha.
Havia uma sensação incômoda em meu estômago — eu
nunca quis que essa viagem chegasse ao fim. Chance me não
deu nenhuma razão para acreditar que as coisas entre nós
continuariam quando chegássemos na Califórnia. Na verdade,
ele tinha sido muito claro sobre o que a viagem era desde o
começo. Mas ontem à noite não tinha mudado tudo? Eu queria
me permitir pensar que realmente poderia ter, mas ainda havia
esse sentimento.

No chuveiro, eu fechei meus olhos e pude ver Chance


pairando sobre mim nas primeiras horas da manhã. Foi nossa
terceiro rodada, e muito diferente dos dois primeiros tempos.
Nossa corrida desesperada e frenética para estarmos juntos
tinha ficado para trás, e nós nos derramamos lentamente na
emoção de cada belo movimento. Eu tinha feito sexo antes, mas
até aquele momento, eu nunca realmente tinha feito amor.

A água quente do chuveiro caiu sobre minha pele, e eu


repassei aqueles últimos momentos mais e mais. "Você é uma
mulher incrível" Chance disse. "Obrigado por fazer minha
fantasia se tornar real. Espero que todos os seus sonhos se
realizem. Você merece isso, Aubrey." No momento, eu tinha
pensado que era um sentimento lindo. Mas, de repente, uma
intensa vontade de vomitar gargarejou acima do meu estômago,
e meus olhos brilharam.

Ele estava dizendo adeus.


CAPÍTULO ONZE

Eu verifiquei ambos os nossos quartos, e sentei no lobby


por seis horas. Foi ridículo o que eu fiz. Todas as suas roupas
tinham desaparecido; ele obviamente não tinha intenção de
retornar quando saiu enquanto eu estava dormindo. Ainda, por
alguma razão, eu me recusei a sair. Sentada num sofá de couro,
observando o movimentado no átrio grande, fiquei olhando para
a porta de entrada do hotel. Talvez ele mudasse de ideia? Talvez
ele tivesse pulado em um ônibus, e feito metade do caminho
para a Califórnia, mas depois se arrependeu de sair? E se ele
voltasse correndo e eu não estivesse aqui? Então, lembrei que
ele tinha o meu número de telefone, e que não tinha me ligado.

A realidade foi me batendo cada vez mais forte.

Um casal entrou abraçado pela porta da frente. Ela estava


usando um vestido branco apertado e um véu longo, e carregava
um buquê redondo de rosas vermelhas. Ele estava vestindo um
terno com gravata desfeita pendurada frouxamente em torno do
pescoço, e uma rosa de lapela. Eu observei quando ele puxou-a
para um longo e apaixonado beijo, antes deles irem para a
recepção, sorrindo.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto. Não pela primeira vez
hoje.

"Recém Casados?" Uma mulher mais velha, carregando uma


bolsa transbordando, sentou-se à minha frente. Ela tinha
cabelos brancos em grande bufas, que pareciam poder suportar
um tufão. O olhar vazio no meu rosto era uma denuncia de que
minha mente estava em outro lugar.

"Desculpa"?

Os olhos dela apontaram para baixo, para as minhas mãos.


Eu estava distraidamente torcendo o anel no meu dedo. Meu
anel de casamento.

"Não. Não foi um casamento real. Foi uma piada." Eu sou a


piada.

Ela assentiu com a cabeça. "Completaríamos 50 anos de


casamento na próxima semana."

Presumi que ela perdeu o marido. "Sinto muito".

"Por quê"?

"Você disse ‘completaríamos’. Seu marido faleceu?"

"Inferno nenhum. Não tenho tanta sorte. Filho da mãe,


acabou por ser um mentiroso, trapaceiro e um jogador."

"Então o que você fez?"

"Levantei minha calcinha de menina crescida, o expulsei e


me divorciei de sua bunda quase quarenta anos atrás."
Eu sorri. Foi meu primeiro sorriso desde meu banho esta
manhã.

"Vamos lá. Uma garota bonita como você, esse sorriso deve
estar sempre em seu rosto."

"Obrigada".

"Então, o que o bastardo fez?" O nome que ela usou para o


homem injustiçado não me passou despercebido.

Eu balancei minha cabeça. "Ele saiu sem dizer adeus."

"Parece que ele é um covarde."

Eu estava esmagada, e me senti como uma idiota. Mas ela


estava certa, e eu estava só piorando minha situação por estar
sentada esperando por ele — eu sabia que ele não voltaria. Eu
odiava admitir, mas Chance era um covarde.

Um cretino egoísta que não teve coragem de dizer adeus.


Deixei escapar um suspiro frustrado e disse. "Obrigada".

"Pelo quê?"

"Por me lembrar de vestir minha calcinha de menina


grande."

O dono do lugar da loja de animais me cumprimentou com


um sorriso. "No geral ele foi muito bom. Assustou o diabo fora de
nós quando ele caiu no chão em um ponto. Mas lembrei do que
você disse, sobre o ocasional desmaio. Demos-lhe um banho,
então ele deve cheirar fresco e limpo para sua viagem de volta."

Esmeralda SnowFlacke correu para os meus braços, antes


de começar a circular ao meu redor repetidamente. Ele parecia
confuso. Levei-o por uma coleira enquanto saímos para meu
carro no estacionamento. Este era o destino final antes de sair
de Las Vegas.

Eu estava andando normalmente, mas nada disso parecia


real. Há qualquer momento, eu ainda esperava ouvir sua voz
atrás de mim.

AH-BREE.

"Você não acha que eu realmente deixaria você, né


princesa?"

Meu peito estava cheio, podendo rebentar a qualquer


momento, mas o choque estava impedindo-me de deixar sair a
tristeza e o desespero, mantendo-os cativos no meu interior.

Deixei Esmeralda na parte de trás e tomei meu lugar no


banco do motorista, mas não foi possível reunir a energia para
ligar o carro. Olhando para trás, eu disse "É isso. Agora somos
só nós. Você está pronto?"

A cabra me assustou, saltando para o banco da frente


através do console do centro. Eu observava enquanto ela
cheirava o assento de passageiro repetidamente e soltava alguns
altos e frenéticos "baa". Parecia que ela estava realmente
tentando comunicar algo para mim.
Gostaria de saber se ela sentia que Chance não ia voltar. Os
animais eram engraçados assim.

"Ele se foi. Não há mais Chance" Eu disse, esfregando a


parte de trás de sua cabeça peluda suavemente e engolindo a
dor das minhas palavras. Eu repeti em um sussurro.

"Ele se foi".

O animal começou circulando ao redor no banco até que


finalmente parou e descansou a cabeça para baixo.

Nada poderia me preparar para o que aconteceu a seguir.

O que parecia ser um gemido escapou-lhe. Ele não podia


estar chorando!

Quando o som ficou mais e mais alto, cheguei a conclusão


que sim, ele podia. Este doce animal queria Chance, e também
compreendeu o que eu disse... ou tinha um sexto sentido.

Quando ele olhou para mim com seus olhos tristes, foi o
momento que eu finalmente me soltei. Tudo derramou-se
quando eu inclinei minha testa contra o volante para me
acalmar. Em pouco mais de uma semana, eu tinha encontrado
minha maior felicidade, e sofrido meu maior desgosto. Parecia
que eu tinha nascido de novo, só para ser destruída por aquilo
que me deu uma nova locação na vida.

Apesar de termos dormido juntos há menos de vinte e


quatro horas, Chance parecia tão distante agora, como se tudo
tivesse sido um sonho. Mas dor entre minhas pernas, resultado
da nossa noite juntos — nossa primeira e última — só provava
que tudo foi real.

Limpei meus olhos.

Calcinha de menina grande. Calcinha de menina grande.


Calcinha de menina grande.

Quando finalmente criei coragem para sair, parecia que eu


tinha um novo co-piloto. Esmeralda ficou enrolada no banco do
passageiro.

Quando nós passamos um sinal que dizia ‘saída de Las


Vegas’, eu desejei que o que diziam fosse verdade - que tudo o
que aconteceu em Las Vegas ficasse lá. Mas eu sabia melhor. O
que aconteceu em Las Vegas seria algo que me seguiria por um
longo tempo.
CAPÍTULO DOZE

Dois meses depois, fazendo o meu melhor para transformar


meu bangalô alugado em casa, eu cheguei a conclusão que
perder Chance me fazia sentir como uma morte.

Não bastasse isso, eu praticamente tinha experimentado as


cinco fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

Em Vegas, naquele primeiro momento quando eu percebi


que ele tinha me deixado, eu estava definitivamente em negação.
Durante o resto da viagem à Califórnia, porém, a raiva assumiu,
quando concentrei-me menos na ideia de perdê-lo e muito mais
no simples fato de que ele tinha me abandonado.

A fase de negociação me bateu logo após chegar em


Temecula, e durou cerca de uma semana. "Se ao menos eu não
tivesse me jogado nele." "Gostaria de ter dito o quanto ele
significava para mim." Eu me culpei pela sua partida.

A quarta fase não demorou muito para ofuscar todas as


outras. Depressão foi, de longe, a mais difícil. Pegou o melhor de
mim por pelo menos um mês e meio. Além do trabalho, eu não
fiz nada além de voltar para casa e deleitar-me com o fato de que
nunca conheceria alguém que me fizesse sentir como Chance
tinha feito.

Apesar de como as coisas acabaram, eu realmente senti que


ele tinha me arruinado para todos os outros homens. Eu acordava
suando no meio da noite, dolorosamente excitada pelos sonhos
vívidos e recorrentes de estar sendo duramente fodida por ele
enquanto ele me dizia mais e mais como estava arrependido, que
me amava, que tinha cometido um erro. Eu chorava, e depois
voltava a dormir. Enquanto a depressão nunca ia embora
totalmente, com cada dia passado sem qualquer palavra dele eu
pude caminhar para a fase final do luto: aceitação.

Tanto quanto demorou, finalmente cheguei a um ponto


onde sabia que tinha que aceitar o fato de que ele nunca voltaria
para mim. Eu não tinha nenhuma escolha além de seguir em
frente com a minha vida. Isso significava considerar voltar ao
mundo dos vivos, mesmo que isso quase tenha me matado. Mas
uma coisa era certa: não tinha como eu ser capaz de esquecê-lo
se continuasse deitando na cama à noite, revivendo mais e mais
como parecia tê-lo dentro de mim.

Eu ainda ansiava por ele, porem. Talvez isso realmente


nunca fosse mudar.

Se houvesse tal coisa como um sexto estágio, deveria ter


sido apropriadamente nomeado de ‘limpe essa merda’. Eu decidi
que só entrar no meu carro era muito doloroso. Mais da metade
da nossa relação ocorreu dentro da BMW.
Cada vez que olhava para a minha direita, eu ouvia sua
risada ou via-o chupando um Pixy stick. Às vezes, eu jurava que
ainda podia sentir o cheiro dele. O espírito de Chance sempre
estaria bem vivo no carro.

Quando cheguei à concessionária para trocá-lo em uma tarde


de sábado ensolarado, eu estava me sentindo muito emocional.

Eu tinha finalmente decidido trocá-lo por um Audi S3. Mas


quando eu estava saindo para pegar meu novo carro, a mulher
que tinha me ajudado com as negociações me chamou.

"Senhora"!

Virei-me para encontrá-la segurando o boneco de Barack


Obama na mão. Meu peito apertou.

"Você esqueceu isso. Acabei de encontrá-lo no seu antigo


carro. Há um adesivo pequeno no painel, mas nós vamos
removê-lo. Pensei que você poderia querê-lo."

Quase o peguei dela. Quase. Lutei contra as lágrimas que


estavam começando a picar meus olhos quando estendi minha
mão e disse. "Fique com isso".

Nos meses pós Chance, deixar coisas novas entrar na


minha vida parecia ser um desafio maior do que jogar as coisas
velhas fora.
Jeremy Longthorpe era o CEO de uma empresa de
tecnologia, e também um cliente meu... Nós passamos inúmeras
horas trabalhando juntos em um pedido de patente para uma de
suas invenções recentes.

Mesmo que ele tivesse deixado claro que estava interessado


em mim, eu fingi não notar qualquer dica que ele jogou no meu
caminho. Ele era realmente doce e bonito o suficiente, de um
jeito peculiar e com óculos.

Sair com ele também seria um pequeno conflito de


interesses, mesmo a empresa não tendo regras escritas contra
sair com clientes.

A verdade era que eu não me sentia pronta. Minha mente


ainda estava muito ocupada com as memórias de Chance.
Mesmo que eu tivesse me livrado das provas físicas dele, o que
restou depois disso não podia ser destruído tão facilmente, não
importava o quanto eu tentasse. Embora me machucasse,
Chance ainda estava preso dentro da minha cabeça e do meu
coração quebrado.

Portanto, gastar tempo extra com Jeremy era, no mínimo,


uma distração.

Era suposto nos encontrarmos no escritório numa noite de


sexta-feira, para uma sessão de trabalho extra. Ele havia me
ligado pouco antes, para avisar que chegaria um pouco tarde, e
me perguntou que tipo de comida eu queria que ele trouxesse.
Minha resposta foi, "Algo fast-food e que me faça muito mal.
Hoje foi um daqueles dias.”

"Entendi" disse ele. Ele era tão legal.

O cheiro de algo frito fez seu caminho até mim antes de eu


notar ele andando através do labirinto de cubículos em direção
ao meu escritório no canto.

Jeremy estava com dois sacos carregados de gordura.


"Desde que você não foi específica, escolhi alguns tipos
diferentes de comida ruim".

"Obrigada. Estou morrendo de fome."

Ele deslizou uns papéis para o lado. "Por que nós não
aproveitamos o jantar antes de voltar ao trabalho?"

"Tudo bem", eu disse, revirando os sacos.

Ele trouxe comida do Taco Bell, Pizza Hut e Popeyes.


Popeyes!

Eu não podia escapar. Chance estava em toda parte. Sem


reclamar sobre os pedaços de frango, comecei a me servir
quando Jeremy estendeu a mão e agarrou um. "Ei, largue minha
comida." Eu brinquei. Lembrei-me dizendo algo semelhante a
Chance, no primeiro dia que nos conhecemos. Pequenos
lembretes vieram como ondas depois disso, inesperadamente
trazendo de volta a dor, e com força total.

De repente, eu parei de comer.

Jeremy baixou seu sanduíche. Com a boca cheia, ele


perguntou, "Você está bem?"
"Sim. Eu estou bem."

"Você esta com raiva por que eu peguei um dos seus


pedaços de frango?"

Dei um meio sorriso. "Não, não. Não foi isso."

Ele se inclinou. "O que foi, então?"

Olhando para baixo, eu disse "Não é nada."

"Aubrey, claramente não é nada. Você estava comendo como


uma máquina, mas então parou de repente. O que aconteceu?"

Provavelmente o olhar na minha cara me denunciou.

"Você pode falar comigo, você sabe," ele disse.

Eu queria contar a alguém. Eu não tinha dito nada a


ninguém ainda. Nem uma única pessoa sabia sobre o que tinha
acontecido comigo.

"Você realmente quer saber?"

"Sim, quero".

Durante a próxima hora, eu disse a Jeremy tudo o que se


passou entre eu e Chance. Ele escutou atentamente, sem julgar,
e eu me senti bem em desabafar.

Balançando lentamente os braços cruzados, a boca de


Jeremy estava curvada em um sorriso compreensivo. "Bem, isso
explica muita coisa."

"Explica"?

"Por que você caía fora sempre que eu me insinuava para


sair com você."
"Você reparou nisso, hein?"

"Sim. Eu observo tudo sobre você." Ele olhou para baixo,


quase envergonhado por ter admitido seus sentimentos de uma
forma indireta. Quando ele olhou para cima de novo, ele disse,
"Eu realmente gosto de você, Aubrey."

"Eu gosto de você, também. Não quero que pense que minha
hesitação tem algo a ver com você."

Ele enfiou a mão no meu braço. "Olha... agora que eu sei a


razão pela qual você é tão fechada, acho que é ainda mais
importante sair. Eu prometo que não vou esperar nada. Deixe-
me ser seu amigo. E, se as coisas se transformarem em mais,
tudo bem. Na pior das hipóteses, mesmo se não acontecer nada
de mais, nós ainda teremos um bom tempo juntos."

Eu sorri. "Então, você está me pedindo mais diretamente


desta vez."

"Sim. Eu estou te pedindo uma chance. Saia comigo."

Arrisque-se. Eu não tinha usado o nome de Chance quando


contei a história. Então, achei a escolha de palavras de Jeremy
bastante irônica.

"Uma chance, hein?"

"Sim".

"Ok, Jeremy. Eu vou sair com você."


PARTE II

Dois anos mais tarde


Chance
CAPÍTULO TREZE

Chance

Minhas mãos estavam em punhos enquanto esperava


sentado na minha cama, balançando minhas pernas para cima e
para baixo. Eu tinha temido este dia, tanto quanto tinha ansiado
por ele. Quanto mais esse momento se aproximava, mais crescia
minha apreensão em deixar este lugar.

Olhando para as paredes cinza espartanas, eu mal podia


acreditar que esse dia tinha realmente chegado. Hoje era o dia.

Estalei meus dedos, e me levantei.

"O que diabos há com você, cara?", disse meu companheiro


de cela, Eddie. "Hoje é dia que você estava esperando."

"Você vai ver qual é a sensação quando o seu dia chegar".

"Sim. ‘Em êxtase’ é como me sentirei. Você quer trocar de


lugar? Eu daria minha bola direita para estar no seu lugar
agora."

"Eu sei que sim. Não é que eu seja ingrato. É só que... nada
é igual a quando entrei aqui. Este lugar... tornou-se o meu
normal. Sair daqui vai ser como entrar num buraco negro. Pelo
menos aqui eu sei o que esperar, e como me comportar."

"Faz dois anos, não quarenta".

"Muita coisa pode acontecer em dois anos, companheiro. Eu


aprendi isso muito bem."

Quando as palavras saíram da minha boca, meu coração se


sentiu imediatamente mais pesado.

Há dois anos atrás, eu tinha uma mãe. Agora, não. Minha


mãe estava morta. Meu Deus, era tão doloroso pensar sobre ela
não estar mais aqui. Só isso já era razão suficiente para ficar
aqui e me esconder da realidade.

A minha mãe tinha sofrido um aneurisma enquanto dirigia,


há cerca de um ano. O fato de que eu estava preso e não pude
me despedir dela quando ela estava agarrando-se à vida no
hospital era algo do qual eu nunca me perdoaria.

Havia um monte de coisas das quais eu não podia me


perdoar.

A próxima pergunta de Eddie me fez voltar ao presente. "Vai


tentar encontrá-la?"

"Quem?"

Eu sabia quem.

"Você sabe quem."

Passei minhas mãos pelo meu cabelo em frustração. Por que


ele tinha que trazer isso agora? "Não," Eu disse categoricamente.
"Não"?

Meu tom foi mais insistente. "Não".

"Por que não?"

"Porque faz dois anos. Ela provavelmente está casada agora,


talvez mesmo com um bebê. Ah, e tem esse pequeno detalhe dela
odiando minha covardia e desejando que eu estivesse morto,
porque eu quebrei a porra do seu coração."

Nunca pretendi dizer a Eddie sobre Aubrey. Eu nunca quis


falar com qualquer um sobre ela, especialmente os detalhes de
como eu a deixei.

Mas numa noite eu aparentemente tinha falado durante o


sono no meio de um sonho, dizendo coisas como "Aubrey, me
desculpe. Desculpe mesmo, droga." Eu tinha acordado Eddie, e
ele me acordou. Os sonhos foram recorrentes e continuaram
acontecendo, até o ponto onde Eddie tinha apelidado-os de
"Aubreys". "Você teve um Aubrey novamente ontem à noite" ele
dizia.

"Você não sabe com certeza se ela te odeia."

"O que isso importa Eddie? Mesmo que ela não esteja
casada, a ideia de fugir na manhã seguinte era para que ela me
odiasse, para que mudasse sua vida e não esperasse dois anos
por mim enquanto eu estava preso neste inferno. Qual seria a
intenção de quebrar seu coração se eu apenas voltasse e
tentasse ficar com ela outra vez?"

"Não tem nem curiosidade sobre ela?"


Foda.

Claro eu que tinha.

Encolhendo meus ombros, eu soltei uma respiração


profunda e sentei na cama, olhando para a parede. "Espero que
ela esteja feliz, e que tenha me superado. Eu realmente espero.
Mas tenho absoluta certeza de que não quero testemunhar isso
em primeira mão."

"Bem, é sua decisão. Só não quero que você se arrependa


depois. Pelo que eu vejo, merda, você está traumatizado."

"Oh, você é psiquiatra agora, hein, Ed?"

"Não precisa ser profissional pra perceber. Olha, você é um


bom cara. Ela ficaria orgulhosa de você se te visse como eu vejo.
Você fez o melhor de seu tempo aqui, mais do que qualquer um
que eu já vi antes."

Eu tentei dar meu melhor. Eu tinha tomado algumas aulas


para terminar meu curso, e ainda organizei um programa de
futebol para os reclusos no reformatório. Eu estava determinado
a não deixar estes anos serem um desperdício total, determinado
a fazer algo de bom com eles. Estar aqui significava desistir de
tudo lá fora e, já que era assim, não ia ser por nada. Não havia
nenhuma duvida que eu estaria deixando a prisão como uma
pessoa diferente — não uma mais feliz, mas uma mais forte.

Eddie interrompeu meus pensamentos. "Deixe-me


perguntar uma coisa. E se você encontrasse essa garota em
algum lugar ainda solteira? Você não acha que iria valer a pena
arriscar a decepção por uma segunda chance?"

Antes que eu pudesse responder, o longo e lento rangido da


abertura da porta da cela da prisão ecoou pelos corredores.

Eu olhei para Eddie. "Acho que é isso."

Ele me abraçou, acariciando minhas costas. "Quando você


começar a se sentir para baixo, pense sobre isso. E não esqueça,
menino Chancey, que mesmo sendo bom de olhar, você vai sair
da prisão com a bunda intacta."

Eu quebrei num riso quase histérico. Definitivamente ia


sentir falta dele. "Você é um bom sujeito. Sempre teve um
talento especial para mostrar-me o lado bom das coisas."

"Ainda bem que eu pude fazer isso por você."

"Eu vou manter contato, hein?" Eu disse, saindo da cela.

Soltei uma respiração profunda quando segui o guarda da


prisão pelos corredores em meio a palavrões e aplausos dos
meus companheiros.

O guarda me levou até uma sala onde eu assinei a


papelada. Isto era surreal. Eu definitivamente esperava estar
mais feliz em sair. Em vez disso, o fato de que eu estava prestes
a tornar-me um homem livre me fez sentir surpreendentemente
paralisado.

Eu esperei tranquilamente até que ele retornou com um


grande plástico contendo meus pertences. Abrir o saco foi como
abri uma cápsula do tempo de uma vida abandonada. Lá estava
meu jeans e moletom pulôver da marinha que eu estava vestindo
quando me entreguei, junto com minha carteira, telefone e
relógio.

Meu iPhone estava morto, então perguntei se o guarda


poderia encontrar-me um carregador. Desde que era um telefone
velho, ninguém parecia ter o tipo equivalente de carregador...
Apple aparentemente tinha lançado duas novas versões desde
que eu entrei na prisão. Nada surpreendente. Mas o guarda foi
finalmente capaz de encontrar alguém no escritório com um
carregador que servia no meu telefone.

"Você pode deixar seu telefone carregando enquanto se


veste, e então está livre."

Balancei a cabeça. "Obrigado, senhor."

Eu conectei o carregador na tomada e comecei a mudar de


roupa. Após vários minutos, uma luz iluminou a tela do meu
celular quando o dispositivo ligou. Esperei mais um pouco, para
permitir que a bateria ganhasse energia suficiente para durar a
viagem surpresa que faria à minha irmã. Originalmente ela ia
me buscar, mas decidi fazer isso sozinho.

Quando chegou a hora de sair, me senti como um peixe fora


d'água. Meus passos além da cabine do guarda foram
intencionalmente lentos.

O brilho do sol fora dos portões foi um choque para meu


sistema. Eu estava fora, em frente a construção massiva da
prisão, usando as mesmas roupas de dois anos atrás, e não
tinha a menor ideia do que fazer comigo mesmo.

Parecia que o dia em que me entreguei tinha sido ontem e,


ao mesmo tempo, há uma vida.

Como me reconectar com a minha própria vida? Senti-me


perguntando a mim mesmo "Por onde começar novamente?"

Olhei à minha volta. Deveria haver um guia sobre o que


fazer com você mesmo quando saísse da prisão.

Quando se esta preso, parece que sua vida está em pausa.


Você fica esperando e querendo que tudo seja exatamente igual
a antes, mesmo sabendo muito bem que não será.

Tudo o que eu realmente queria era voltar exatamente para


onde minha vida tinha parado. Ela era onde minha vida parou.

O que eu não teria dado para poder estalar os dedos e tê-la


estacionando na cadeia, naquele mesmo BMW e com aquele
animal fedorento no banco de trás. Mas isso era só um sonho.

Minha mente estava avançando para território perigoso e


delirante. Eu balancei minha cabeça e tirei meu telefone do
bolso para chamar um táxi. Mas então lembrei que não tinha
nenhum plano de dados. Milagrosamente a internet parecia
funcionar. Meu telefone fazia parte de um plano familiar com
minha irmã, e ela deve ter continuado a pagar a conta. Eu decidi
que iria até a estação mais próxima, porem, em vez de tomar um
táxi. Mas antes de começar a caminhada, aconteceu de eu clicar
na minha galeria de fotos.
Grande. Erro. Fodido.

Abriu-se a última foto tirada. Era de Aubrey. Lá estava ela.

Ah. Deus.

Meu coração parecia ganhar vida novamente após dois


longos anos.

Princesa.

De repente, as emoções que eu estava esperando suprimir


tinham surgido em toda sua glória, dominando completamente a
dormência que eu tinha experimentado apenas minutos mais
cedo.

Eu tinha me esquecido de como ela era bonita. Aubrey não


sabia que eu tinha levado essa foto. Eu tinha fotografado-a
dormindo pacificamente no quarto do hotel antes de ir embora.
Eu queria lembrar sempre daquele momento.

Nossa noite de núpcias, porra. Supunha-se ser falsa, mas


tudo pareceu-me muito real. Nada nunca tinha parecido mais
real na minha vida inteira.

E agora eu estava me xingando por ter pensado que tirar


essa foto era uma boa ideia. Eu devia ter excluído cada última
imagem dela, então nunca teria que olhar para o que perdi —
meu coração sabia muito bem eu tinha quebrado o dela em um
milhão de pedaços.

Naquele momento, senti verdadeiramente que deixá-la do


jeito que fiz era para o seu próprio bem... Eu sabia que tipo de
pessoa Aubrey era. Ela teria esperado todos os dias durante
esses dois anos por mim. E isso não era justo. Após tudo o que
ela tinha passado, ela merecia um recomeço. Uma nova cidade,
uma nova vida... ela estava a ponto de finalmente começar a
viver a vida que queria. Eu não podia arrastá-la para a minha
bagunça, não poderia fazê-la passar mais dois anos solitários e
tristes. Ela merecia coisa melhor.

Transar com ela definitivamente não fazia parte do plano.


Várias vezes durante a viagem eu quase perdi meu controle, mas
a noite em Las Vegas foi a última gota. Eu tinha tentado com
todo meu ser não ceder. Mas não fui forte o suficiente. Eu
quebrei quando ela invadiu meu quarto. Eu nunca tinha feito
amor com alguém assim na minha vida e, até hoje, eu não me
arrependo. Aquela noite com ela era tudo para mim.

Meu dedo demorou-se sobre a fotografia dela. Não


conseguia apagá-la. E também sabia que nunca poderia excluir
nossas fotos enquanto eu vivesse.

Quando enfiei meu telefone de volta no bolso, meus dedos


tocaram um pedaço de metal. Eu o tirei para vê-lo. E então,
brilhando à luz do sol estava o anel de ouro falso do casamento,
que eu ainda estava usando no dia que me entreguei. Girando-o
entre o polegar e o dedo indicador, raiva começou a acumular-se
dentro de mim.

Fiquei ali, olhando o anel, tentando descobrir por que


estava tão furioso de repente. Conclui que era porque eu estava
começando a duvidar se tinha tomado a decisão certa.
A pergunta anterior de Eddie — a que eu nunca respondi —
repetia-se em minha cabeça. "Deixe-me perguntar uma coisa. E
se você descobrisse que essa garota esta lá fora, em algum lugar,
ainda solteira? Não acha que valeria a pena arriscar uma
decepção por uma segunda chance?"

Colocando o anel no meu dedo, eu respondi a pergunta


"Claro que sim, certamente valeria a pena."

Tirei o telefone do bolso novamente. Meu coração batia


descontrolado em meu peito quando digitei no Google: Aubrey
Bloom Temecula.
CAPÍTULO QUATORZE

Há 2 anos e 2 semanas

"O acusado pode ficar de pé, por favor?"

Levantei-me. Meu advogado ficou comigo.

"Sr. Bateman, seu advogado explicou as acusações que lhe


declaram como culpado hoje?"

"Sim, Meritíssimo."

"Para aceitar sua confissão de culpa, devo estar confiante de


que você entenda as acusações contra si, o efeito de sua
confissão de culpa, e que você tem direito a um julgamento. O
procedimento que nós faremos aqui hoje chama-se alocução.
Farei-lha uma série de perguntas, e então será dado a você uma
oportunidade para fazer uma declaração em sua defesa antes da
sentença. Você tem alguma dúvida sobre este procedimento?"

"Não, Excelência."

"Você está sendo acusado de violação do código penal de


Califórnia 242 — Crime por lesões corporais graves. Seu
advogado explicou os elementos do crime para você?"
"Sim, Meritíssimo. Ele fez."

"E você entende que tem direito a um julgamento por júri, e


que uma declaração de culpa hoje vai efetivamente ignorar esse
direito?"

"Eu vou. Sim, eu entendo."

"E você deseja renunciar a esse direito hoje e declarar-se


culpado do crime que está sendo acusado?"

"Sim".

"Em suas próprias palavras, você pode, por favor, dizer os


elementos do crime que lhe é acusado?"

"Sou acusado de ferir fisicamente outra pessoa, causando-


lhe lesões corporais graves."

"Ok, Senhor. Este tribunal declara que entende a natureza


do crime que lhe é acusado, e as implicações de sua alegação
hoje. O promotor e o seu advogado fizeram um acordo para
apresentar a esse tribunal. Uma das condições do presente
acordo requer que você forneça os detalhes explícitos do crime
cometido, e a razão pela qual o crime foi cometido. Isso remove
qualquer dúvida quanto a natureza da sua culpa. Você está
preparado para fornecer ao tribunal sua declaração neste
momento?"

Eu virei minha cabeça e olhei para o Tribunal vazio. Um


oficial de Justiça estava tirando sujeira debaixo das unhas.
Tinham alguns homens de terno cinzento, suas cabeças
abaixadas enquanto escreviam mensagens de texto em seus
telefones. Era como se nada do que estivesse acontecendo fosse
abalar a terra; isto era uma ocorrência corriqueira. Havia apenas
um rosto que parecia quebrado na sala.

Eu tinha feito o meu melhor para impedi-la de vir, mas ela


insistiu. Lá, na terceira fila da sala do tribunal, sentada sozinha
em um pew14 desgastado, estava minha irmã Adele. Seu nariz
estava vermelho, e lágrimas estavam caindo silenciosamente
pelo seu rosto. Eu odiava que ela tivesse que ouvir os detalhes
tudo de novo.

Voltei minha atenção para o juiz, que acenou com a cabeça


enquanto eu falava baixinho. "Sim, Meritíssimo. Estou pronto".

"Tudo bem, Sr. Bateman. Diga ao tribunal o que aconteceu


na noite de 10 de julho."

Engoli duro. "Na noite de 10 de julho eu fui para a casa de


um traficante de drogas e o ameacei—"

O juiz me interrompeu e falou com meu advogado. "Este é


um suposto traficante de drogas, correto? A vítima foi realmente
condenada por algum crime?"

Meu advogado respondeu. "Não, Meritíssimo. A vítima não


foi condenada por qualquer crime."

Isso foi como um chute no traseiro. Eu vou ser um


criminoso condenado antes de chegar ao verdadeiro criminoso.

14
O juiz dirigiu a próxima parte para mim. "Sr. Bateman, você
pode referir-se a vítima como ‘a vítima’, ‘o suposto traficante’ ou
pelo seu nome. Qualquer outra coisa não será tolerada. Você
entendeu?"

Meu maxilar apertou, e eu pensei que poderia se rachar em


um branco perolado, mas eu assenti com a cabeça. Não havia
jeito nenhum daquele pedaço de merda ser uma vítima. Adele
era a única vítima nesta tragédia toda.

"Continue".

"Como eu estava dizendo, eu fui para a casa do suposto


traficante, Darius Marshall, e o ameacei. O suposto traficante
era o namorado da minha irmã. Era de meu conhecimento que
ele tinha uma disputa com outro traficante. Ameacei Darius,
para que ele me dissesse onde o outro traficante estava. A polícia
estava procurando esse outro traficante há duas semanas, e não
estavam fazendo progresso. Eu queria ajudar. Darius se recusou
a me dizer onde estava o cara."

"E por que a polícia procurava o outro traficante"?

Olhei para o banco, de volta para a minha irmã. Ela parecia


quebrada. Tomei uma respiração profunda, e continuei "Ele
estuprou minha irmã. Para se vingar de Darius. E antes disso
ele já tinha deixado-a espancada e com cicatrizes, que foi
quando disse que voltaria."
Foi a primeira vez que o rosto do juiz amoleceu. "E o que
você fez quando Darius Marshall se recusou a dar-lhe a
informação que você queria?"

Foi uma pequena vitória que o juiz finalmente parou de ligar


Darius a vítima também. "Ataquei-o."

"Tinha armas envolvidas nesse ataque?"

Olhei para meu advogado e de volta para o juiz. "Creio que


não, meritíssimo?"

"Você crê? Você não tem certeza?"

"Bem... nenhuma arma foi recuperada da cena do crime, e


eu não me lembro de ter uma comigo. Mas, não, não tenho
certeza."

"E porque, Sr. Bateman?"

"Porque não me lembro do ataque."

"Eu vejo. Qual é a última coisa da qual você é capaz de


lembrar?"

Eu sabia o que era. Mas certamente não queria repeti-la em


voz alta. Adele já era tão frágil.

Meu advogado sussurrou, "Você precisa fazer isto Chance."

Eu limpei minha garganta. "Darius disse algo para mim. E


essa é a última coisa que me lembro."

"E o que foi que ele disse, Sr?"

Meu advogado tinha me avisado para não mostrar raiva.


Levou toda a força de vontade que eu tinha para controlar meus
punhos e falar. "Ele disse... que minha irmã era uma puta
drogada, e que era bom ter conseguido sua primeira experiência,
porque estaria chupando seu pau garganta abaixo em troca de
centavos na próxima semana.”

O juiz pareceu momentaneamente simpático. "E você sabe a


natureza dos ferimentos que Darius Marshall tinha?"

"Tanto quanto me disseram, ele tinha um nariz quebrado,


um soquete de olho fraturado, uma concussão e algumas
costelas quebradas."

"E você não se lembra de nenhuma das ações que


ocasionaram estas lesões?"

"Não, Meritíssimo. Eu não lembro. Lembro-me do que já


disse, e a próxima coisa que lembro é ele dizendo 1925 Harmon
Street."

"Tudo bem então, Sr. Bateman, terminamos aqui. Eu tenho


algumas perguntas adicionais antes de nós darmos um tempo, e
depois você poderá voltar aqui de tarde para receber a sentença."

Balancei a cabeça.

"Você se arrepende de suas ações, Sr. Bateman?"

A última pergunta era o pomo da discórdia15 entre mim e


meu advogado.

Enquanto ele me disse para mentir, eu poderia ler nas


entrelinhas. Mas cheguei até aqui. E ia até o fim. Três horas

15
Pomo da discórdia é a pessoa ou coisa que provoca uma desavença, e sua origem
está na mitologia grega.
depois que eu sai, Darius foi levado embora numa ambulância, e
o traficante que atacou Adele foi preso. Olhei direto nos olhos do
juiz e disse a mais pura verdade de Deus. "Não, eu não me
arrependo das minhas ações."

Era quase quatro quando o juiz chamou-nos de volta à sala


de audiência.

Ele tirou os óculos e esfregou os olhos antes de falar. "Mr.


Bateman. Você entende que, como resultado de sua confissão de
culpa, você pode perder certos direitos civis valiosos, tais como o
direito de voto, o direito de manter cargo público, o direito de
servir num júri e o direito de possuir uma arma de fogo?"

Mesmo depois de ter dois meses para pensar sobre as


consequências das minhas ações, não importava o que eu
perdesse. Só importava que Adele pudesse dormir a noite de
novo. "Eu entendo, Vossa Excelência."

"Ok, então, Sr. Bateman. Seu acordo com o promotor sobre


reclusão de dois anos é considerado uma punição adequada e,
portanto, aceito por este tribunal. Enquanto o tribunal simpatiza
com o que sua família passou, nosso sistema jurídico deve ser
confiável para servir à suas finalidades pretendidas. Não
podemos ser justiceiros andando por toda a cidade e vingando
crimes como bem entendemos. Seu pedido de tempo para
colocar seus negócios em ordem também foi concedido, com a
condição de que você entregue seu passaporte e não deixe o
estado da Califórnia. Você está intimado a render-se ao Condado
de Los Angeles correcional em quatorze dias." O juiz bateu o
martelo e, assim de repente, eu era um criminoso condenado.
CAPÍTULO QUINZE

Mesmo que minha casa estivesse a quadras da praia, o


cheiro do oceano permeava no ar. Eu respirei fundo e enchi
meus pulmões com liberdade.

Droga, cheirava bem.

A última coisa que eu fiz antes de me entregar por dois anos


ao inferno, foi verificar minha irmã na reabilitação. Agora eu
sabia que ela estava bem; eu via na cara dela todo sábado,
quando ela vinha me visitar ao longo dos dois últimos anos. No
entanto, por alguma razão, de repente eu estava nervoso por
aparecer sem avisar e surpreendê-la.

Quando abri a porta de metal pesada da minha casa,


música pop fluía da casa através do loft ao ar livre. Eu sorri ao
ouvi-la, mesmo considerando o gosto musical de merda que ela
tinha. "Adele"?

Eu morava em um antigo armazém — o som normalmente


era silenciado pelos tetos altos, mas o sistema foi completamente
vencido pelo som howlish de Taylor Swift, que tocava estridente
através dos alto falantes do interior. "Adele"? Falei um pouco
mais alto. Depois de tudo que ela passou, eu não queria
assustá-la. Eu não sabia se ela ainda estava arisca. Depois do
ataque, ela pulava se alguém entrasse de repente em um quarto,
mesmo quando sabia quem estava lá. Deixei cair minhas chaves
na mesa perto da porta, e caminhei para a cozinha.

Um homem vestindo uma camisa e cueca estava passando


ferro no meu granito. Avistamos um ao outro no mesmo
momento. Ele empunhou o ferro como uma arma; eu levantei
minhas mãos em sinal de rendição. "Adele está aqui?"

"Quem é você?"

"Relaxa, amigo." Falei com calma, mantendo as mãos no ar


onde ele podia vê-las o tempo todo. Se havia uma coisa boa
sobre gastar dois anos na prisão, era que eu definitivamente
tinha aprendido como desarmar uma situação violenta. "Eu sou
o irmão da Adele — eu moro aqui."

Os olhos do rapaz Boxer deflagraram. "Chance"?

Um de nós foi preenchido. "Sou eu".

“Merda. Sinto muito. Eu pensei que você fosse sair na


próxima semana."

"Superlotação". Eu estreitei meus olhos sobre o ferro que ele


ainda estava empunhando.

"Você quer abaixar essa coisa agora?"

"Sim. É claro. Sinto muito." Ele apoiou o ferro no balcão, e


deu dois passos na minha direçã, estendendo a mão. "Harry.
Harry Beecham. Já ouvi falar tanto de você."
Tem que ser gozação comigo, certo? Harry? "Gostaria de
poder dizer o mesmo."

"Você acha que poderia parar no—" minha irmã


abruptamente parou de falar quando contornou o canto da
cozinha. "Oh meu Deus!" Ela quase me derrubou quando voou
para os meus braços. "Você está aqui! Você está em casa!"

"Eu estou" Adele me segurou, me abraçando o mais forte


que conseguia. Ela estava chorando, mas ao contrário da última
vez que eu a abracei, estas eram lágrimas de felicidade. Puxei-a
para trás, para dar uma boa olhada na minha irmãzinha. Eu
tinha visto-a toda semana, mas eram só pequenos vislumbres do
que ela queria que eu visse. Ela tinha vinte e oito agora, e estava
vestindo uma saia e blusa bem femininas, com o cabelo preso no
topo da cabeça. Ela parecia muito com a nossa mãe.

"Você parece... diferente. Adulta."

Ela limpou as lágrimas e alisou a saia. "Isto é como eu me


visto para o trabalho. Eu te avisei. Sou uma secretária agora."

Harry limpou a garganta. O sujeito ainda estava de cueca.

"Estou atrasado. Eu deveria ir embora. Foi ótimo te


conhecer finalmente Chance."

Eu o olhei. "Espero que você coloque as calças primeiro."

Ele delicadamente enfiou a mão no ombro de Adele quando


passou, falando suavemente, "Tire a manhã. Vou ver você hoje à
tarde."
Adele sorriu para o Boxer Boy e, em seguida, olhou para
mim enquanto mordia o lábio inferior. "Sinto muito. Eu não
sabia... Harold é um dos parceiros da empresa de contabilidade
para quem trabalho."

"Contabilidade"?

"Sim". Minha irmã sorriu. "Não é do tipo que normalmente


eu iria, hein?"

Minha irmã tinha um talento especial para escolher um


perdedor depois do outro. "Enquanto ele for bom para você." Não
conseguia evitar. "E vestir uma maldita calça quando eu estiver
por perto."

Adele e eu passamos a manhã inteira nos atualizando. Falar


sobre a mãe foi a parte mais difícil. Chegaríamos a esse ponto,
de qualquer maneira, mas para minha irmã, depois do que
aconteceu há dois anos, a morte da nossa mãe poderia ter
realmente definido seu ponto de transição. Fiquei aliviado ao
descobrir que ela realmente se virou com a própria vida - fez
tudo o que passei valer a pena no final. Ela parecia... feliz.

"Então" Adele levou as canecas que estávamos bebendo e


colocou-as na pia. Ela inclinou seu corpo contra o balcão e
dobrou os braços na frente do peito. "Você vai vê-la?"

"Quem?" Por que eu estava jogando este jogo novamente?


Eu sabia muito bem a quem ela estava se referindo.
"Sua esposa". Os olhos dela apontavam para o anel que eu
já tinha esquecido que estava no meu dedo. Enfiei minha mão
no bolso.

"Ela não é minha esposa."

Adele revirou os olhos. "Sua esposa falsa. O que queira.


Você vai vê-la?"

"Não comece, Adele." Numa determinada visita eu me tinha


transformado numa Mary, e derramei minhas bolas sobre
Aubrey para minha irmã. Eu me arrependi imediatamente. Ela
passou os próximos vinte e três meses tentando convencer-me a
escrever para Aubrey e dizer-lhe onde estava. Ela mesmo sugeriu
ir visitar Aubrey, para ter um bate-papo e manter a esperança
viva.

"Você não a viu ainda?"

"Estive fora durante três horas."

Minha irmã piscou. "Então é um sim?"

Eu balancei minha cabeça, não respondendo, mas ela sabia


a resposta. "Eu vou tomar um longo banho quente. Faz um
tempo desde a ultima vez que fiz isso."

O olhar de esperança no rosto da minha irmã caiu. Eu


andei até ela e levantei o seu queixo, para que nossos olhos se
encontrassem. "Ei. Estou orgulhoso de você. Não vamos mais
olhar para trás. Eu estou livre. Você está usando um maldito
coque no cabelo, e namorando um cara que pensa que uma
colher foi inventada para agitar. Tudo ficou muito bem, eu diria,
certo?"

Os olhos dela se encheram novamente, e ela me deu um


último abraço. Minha irmã estava bem... E eu poderia dormir
bem hoje. Essa seria a primeira vez, desde quando deixei Aubrey
dormindo em Las Vegas. Quando esse pensamento chegou, eu
esfreguei meu peito para aliviar a dor.

"Você estará aqui quando eu chegar em casa esta noite?"

"Eu estava realmente pensando em ir na direção norte. Uma


oportunidade de emprego" Eu menti. De repente, eu estava no
clima para outra viagem.

Minha ansiedade cresceu quando eu sai do estado,


passando da rota 91 para I15, e comecei a ver os primeiros
sinais de Temecula. Eu não tinha ideia de onde estava indo, ou
que porra eu ia fazer quando chegasse lá, mas precisava ver se
ela estava bem.

Parando em uma combinação de posto de gasolina e


mercearia, abasteci-me com os típicos petiscos de um
perseguidor. Fun dip, Sour Patch Kids, Popcorn e, claro, Pixy
Stix. O caixa olhou para mim como se eu pudesse estar atraindo
crianças para a parte de trás da minha van, na esquina da
escola primária local. "Guloso", eu disse com um encolher de
ombros. Ele não deu a mínima.

Pode ser ensolarado nesta parte da Califórnia trezentos e


trinta dias por ano – Até trezentos e sessenta e cinco, as vezes,
mas começou a chover quando eu puxei minha caminhonete
para a Jefferson Avenue, no centro de Temecula. Era quase
05:00h. Pessoas vestidas em ternos estavam começando a sair
dos edifícios de escritórios que ladeavam a rua. Eu encontrei um
edifício alto marcado com o numero 4452, estacionei a meio
quarteirão de distância, sentei no meu carro e esperei. Com
música baixa e um saco cheio de doces, eu poderia sentar e
aproveitar as simples coisas por metade da noite. Quem diria
que eu seria um perseguidor? Duas horas passaram antes que
eu a visse. Ela saiu do prédio e ficou sob o beiral enquanto a
chuva caia e atingia a calçada na frente dela. Não querendo ser
visto, eu afundei ainda mais no meu lugar, e olhei para ela por
cima do volante.

Ela estava linda. Seu cabelo castanho estava mais longo,


mais solto, as ondas escorrendo por sua cintura. Uma blusa de
seda verde esmeralda contrastava com a pele pálida da forma
mais impressionante. Uma saia preta abraçava seus quadris e,
mesmo que eu não pudesse ver a parte de trás, eu imaginava
como o material agarrava-se àquela bunda bem torneada. Linda.
Cheia de toda a classe que eu sabia que ela tinha. Tinham
passado dois anos, e o que sentia por ela não tinha esmaecido
nem um pouco. Era por isso que meus dedos estavam ficando
brancos enquanto eu agarrava o volante e observava a mão de
um homem envolvendo sua cintura minúscula.

Filho da puta. Eu não esperava que ela estivesse solteira,


mas certamente não estava preparado para o que vi. Algum
idiota com um terno azul marinho e óculos que parecia os do
Clark Kent abriu um guarda-chuva e aconchegou Aubrey perto.
Minha Aubrey. Eu mal conseguia respirar quando ele a conduziu
pelo estacionamento ao outro lado da rua, protegendo-a da
chuva enquanto desapareciam de vista. Minutos depois um
carro apareceu na rua, à espera do tráfego para entrar na
avenida. Eu tinha certeza que eram eles, antes mesmo que eu
pudesse ver os rostos sorridentes no carro. Um BMW preto
maldito. Seu nome provavelmente era Biffy.

Desanimado, sentei-me na minha caminhonete por outras


duas horas ao invés de segui-los. Se apenas vê-la andando com
um sujeito me rasgou em pedaços, eu certamente não estava
preparado para ver mais. Mas também não estava pronto para ir
imbora.

Ficar puto e beber não estava no meu itinerário. Então,


novamente, nada disso estava até poucas horas atrás. Eu
verifiquei um motel, apenas a poucos quarteirões do escritório
de Aubrey na Avenida Jefferson, e caminhei até o bar adjacente
antes de ver meu quarto. Agora, três horas mais tarde, eu podia
dizer que estava suficientemente bêbado.

Eu e Carla, a garçonete, nos demos bem imediatamente.

"Está pronto para outro, Aussie?"

Eu segurei meu copo e sacudi o gelo. "Continue, Carla


Babes". Ela veio, me deu um sorriso sensual e encheu meu copo.
Esta mulher era seriamente sexy. Como uma modelo Pin-up de
dezenove anos, o cabelo dela era todo enrolado nesses caracóis
vintage old school, presos em cima de sua cabeça. Do pescoço
para cima ela parecia um retrocesso americano. Mas seus
braços eram mangas cheias de tinta colorida. Uma Jessica
Rabbit dos dias atuais.

Eu normalmente não bebia de dia, e costumava tomar


cerveja ou vinho mais do que bebidas destiladas - e faziam dois
anos desde que eu tinha ingerido qualquer veneno.

Terminando meu quarto Rum com Coca-Cola, percebi que


estava mais bêbado do que pensava quando minhas palavras
começaram a sair devagar. E... Eu estava descarregando meus
problemas numa garçonete que nunca tinha visto antes. Eu já
tinha contado a Carla Babes toda a minha história de vida, em
menos de duas horas.

"Então, qual é o seu medo?” Ela perguntou, inclinando seus


antebraços no bar.

"Não quero machucá-la."

"Parece que você já fez isso."


Ela tinha razão.

"Quer saber o que eu penso?"

"E por que mais eu estaria aqui esta noite?"

Carla riu. "Eu acho que você tem medo de se machucar."

Na manhã seguinte, acordei com uma ressaca do inferno.


Estava com uma gritante dor de cabeça, e me sentia como se um
deserto tivesse se formado na minha boca quando arrastei meu
corpo da cama ao amanhecer. Aubrey estava com alguém de
fato, e muito confortável para o meu gosto; eu precisava ver se
eles ficariam juntos, também.

Havia uma Starbucks a três portas do escritório dela, e eu


pensei que era uma possibilidade distinta ela fazer uma parada
ali antes do trabalho. Então eu estacionei garantindo uma visão
de todo o prédio, e fiquei em posição. Três horas se passaram.
Eu estava com uma necessidade desesperada de uma segunda
xícara de café, e não havia nenhum sinal de Aubrey ainda.

Puxei um boné de beisebol, e coloquei meus óculos de sol.


Não era um grande disfarce, mas a chance de encontrá-la agora
tinha que ser mínima. No momento que meus pés tocaram
concreto, vi-a virar a esquina. Foda. Eu congelei por um
momento e, em seguida, felizmente, o instinto assumiu.
Voltei para o banco da minha caminhonete e afundei para
nele. Ela estava ocupada no seu telefone e não olhou para cima
até que entrou na porta do Starbucks. Foi por pouco.

Poucos minutos depois, ela surgiu com um copo de café


branco, ainda sem olhar na minha direção. Droga. Ela parecia
tão bonita. E estava sozinha.

Eu fiz a mesma coisa naquela tarde. Seus vislumbres de


cinco minutos foram suficientes para fazer o dia inteiro valer a
pena. Então eu fiz tudo de novo no próximo dia... e no dia
seguinte. Aubrey tinha uma rotina defida. Eu não estava
surpreso. Ela chegava às nove e meia e saia às sete. Durante
duas das minhas três noites vigiando, o idiota estava com ela
quando ela encerrou o dia.

Eu mesmo entrei numa espécie de rotina. Eu parecia um


perseguidor durante o dia, começando logo ao amanhecer e
terminando ao entardecer. No meio, eu tirava algumas horas e ia
para um ginásio à dois bairros de distancia. À noite, afogava
minhas mágoas com Carla Babes.

Nessa manhã em particular, o hotel ainda não tinha servido


o café o momento que eu estava pronto para sair, e eu estava
louco por um pouco de cafeína. Vendo como eu tinha a rotina de
Aubrey certinha, fugi para a minha caminhonete e fui para a
Starbucks. Emocionou-me estar lá dentro, mesmo quando eu
tinha a certeza que ela não estaria chegando em breve.

Eu pedi meu velho café preto puro, e a jovem por trás da


registradora sorriu. "Posso servir-lhe algo mais?"
"Não. Estou bem. Obrigado” Então um pensamento escapou
de minha boca. "Na verdade, você conhece uma mulher que vem
todas as manhãs cerca de 09:20? Cabelos acobreados,
provavelmente pede um café desnatado com baunilha, baixa
espuma e extra quente?"

"Claro. Aubrey."

Cavei uma nota de vinte do meu bolso e entreguei para a


garota. "O café dela é por minha conta hoje."

Ela parecia confusa.

"Fique com o troco. E não lhe dê qualquer descrição do cara


que comprou o café, está bem?"

Ela deu de ombros e guardou o dinheiro no bolso da frente


de seus jeans.

"Claro".

Algumas horas depois, eu assisti Aubrey chegar, bem no


horário. Ela estava no celular quando entrou. Mas, quando saiu
com um enorme sorriso no rosto enquanto carregava sua cortesia
de café magro com baunilha, baixa espuma e extra quente, eu
sabia que não era a última vez que eu iria colocá-lo lá.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Depois de alguns dias, eu decidi mudar meu itinerário de


perseguição. Eu ainda não tinha me aventurado a ir até a casa
de Aubrey. Ir até lá enquanto ela estava no trabalho me daria
algumas pistas sobre sua vida - ou seja, eu saberia se ela tinha
ido morar com o gêmeo idiota do Clark Kent. Tinha decidido que
precisava de todas as informações possíveis antes de finalmente
confrontá-la, mesmo que algumas delas pudessem me fazer mal.

Quando me aproximei do pequeno bangalô marrom, percebi


que o exterior era típico de Aubrey: peculiar, não convencional,
um pouco confuso e incrivelmente bonito, tudo ao mesmo
tempo. No entanto, a primeira coisa que chamou minha atenção
foi a grama lá fora. Parecia que não tinha sido cortada por
meses. Que tipo de homem fodido deixava a grama de sua
mulher chegar a quase um pé de altura? Idiota.

Com meu boné e óculos de sol, olhei à minha volta para


certificar-me que não havia nenhum vizinho intrometido.
Espiando pela janela, eu vi que o interior era muito mais
organizado que o exterior. A sala tinha móveis cor creme, e havia
algumas flores de seda em cima da mesa do café. Não havia
nada que indicasse de uma maneira ou de outra se um homem
estava morando lá.

Eu quase caí de volta nos arbustos quando vi a sombra de


algo se movendo. Não poderia ser Aubrey, porque esperei até que
ela desaparecesse com segurança no prédio antes de vir aqui.
Quem estava na casa dela?

Adrenalina bombou através de mim. Decidindo caminhar


até a janela do outro lado da casa, eu marchei pela grama,
xingando sob a minha respiração novamente.

Eu quase morri de susto quando vi um rosto estampado


contra o painel de vidro. Não qualquer rosto.

"Nem fodendo!" Eu gritei.

Minha voz deve tê-lo assustado, e ele caiu.

Mutton. Puta merda. Mutton!

Pela janela, vi quando a cabra caiu no chão. Ele desmaiou.


É claro. Merda. Eu continuei batendo no vidro para tentar
acordá-lo.

"Vamos lá, baixinho. Acorde".

Depois de alguns minutos, ele eventualmente se contorceu,


e seu corpo ficou de pé.

Ele ficou se movendo em círculos, e parecia bem confuso.


Eu precisava chegar a ele, então decidi tentar abrir a janela. Eu
iria substituí-la se fosse preciso. Mas para minha surpresa ela
abriu no primeiro empurrão.
Quem era louco de deixar a janela aberta? Ela
provavelmente dormia desse jeito à noite, também, tornando
mais fácil para qualquer lunático entrar lá sempre que quisesse.

Terei que me lembrar disso no futuro.

Eu estava no meio da janela. Acenando com as mãos para


uma cabra cega vir em minha direção, eu disse, "Filho da mãe!
Sou eu. Venha cá, amigo."

O animal veio direto para mim, e colocou o rosto na palma


da minha mão. Delicadamente como eu costumava coçar sua
cabeça, disse, "Você é um bom menino. Não posso acreditar que
você ainda está aqui." Eu murmurei para mim mesmo, "Você é
louca, princesa. Realmente louca. Mas ainda bem que o
manteve."

Me chame de louco, mas ele parecia se lembrar de mim. Ele


soltou um longo, "Baaaaa." E, na segunda vez que baliu, eu
podia jurar que soou como "Daaaad16."

"O que está acontecendo aqui, hein? Você é meu espião. Ela
é feliz? Fiz ela me odiar? Diga-me."

"Baa".

Cocei a cabeça dele com mais força. "Eh, você não é de


muita ajuda." Ele começou a lamber minha cara. "Ah, Deus.
Nunca pensei que seu hálito pútrido seria meu perfume de boas-
vindas."

16 Paaaaaai
Mutton não me deixou ir. Ocorreu-me que um dos vizinhos
podia suspeitar que eu era um ladrão. Ser preso era a última
coisa que eu precisava nesta fase da minha vida. Meus olhos
vagaram em torno do quarto, e eu peguei um vislumbre de um
terno masculino pendurado sobre a porta do armário. Meu
coração se afundou.

Eu beijei a testa da cabra. "Eu tenho que ir. Vou voltar e vê-
lo novamente. Eu prometo."

Ele resmungou.

"Eu sei. Você não confia mais em mim. E tem razão nisso.
Eu tenho que ganhar sua confiança de volta."

Pela primeira vez, eu notei um pedaço de metal tilintando


em volta do pescoço dele. "O que diabos é isso? Ela tem uma
coleira em você?" Eu me aproximei para olhar seu nome.

Pixy.

Esperança encheu meu coração, que de repente começou a


bater mais rápido. Eu passei meu polegar sobre as letras
gravadas. Depois de tudo que passei nos últimos dois anos, não
me pergunte por que este momento foi o primeiro que me fez
quase chorar. Foi o empurrão que eu precisava para manter esta
perseguição — um pouco de esperança de que talvez ela não
quisesse que eu estivesse morto, depois de tudo.

Levou alguns minutos para ele me deixar sair. Ele estava


tentando pular pela janela para vir comigo. Finalmente consegui
fechá-la.
Quando me virei, o rosto da cabra estava grudado contra a
janela. Acho que eu poderia ter feito meu caminho pela casa,
buscando mais pistas sobre a vida dela, mas isso seria forçar
demais as coisas. Como eu disse a Mutton... Pixy... Eu tinha que
ganhar meu caminho de volta para suas vidas, não roubá-lo.

Havia mais uma pequena coisa que eu tinha que cuidar


antes indo para o centro. Mas precisei passar numa loja antes
de voltar para a casa dela.

Depois de uma viagem rápida, voltei com um Craftsman


push mower.17

Demorei cerca de quarenta minutos para cortar o gramado


de Aubrey. Quando cheguei no lado da casa, Pixy ainda estava
me esperando no mesmo lugar. Alguns dos vizinhos passaram,
com um enorme sorriso no rosto. Eu esperava que eles
pensassem que ela tinha chutado Biffy Clark Kent preguiçoso
em troca de um homem de verdade que trabalhava no quintal.
Ou isso, ou eles apenas acharam que eu era um paisagista.

Admirando as faixas suaves ao longo da grama, eu limpei


minha testa coma palma da mão. Meu trabalho estava feito, mas
o verdadeiro trabalho estava apenas começando.

17 Cortador de grama.
Naquela noite, de alguma forma, eu senti saudades dela.
Mas ela saiu mais cedo, ou ainda estava lá dentro trabalhando
até tarde. Depois de esperar até oito e meia, finalmente tive que
desistir e relutantemente fui para o bar. Um enorme sentimento
de decepção me consumiu. Ver Aubrey no final do dia sempre foi
a minha recompensa, e hoje senti-me enganado.

"Carla Babes, manda" Eu disse, assumindo posição no meu


banquinho usual.

Ela estava limpando o balcão. "Aussie! Você está atrasado


hoje. Perseguindo?"

"Eh. Hoje não foi tão bom."

Ela parou de limpar para servir minha bebida. "O que


aconteceu?"

"De alguma forma, senti falta de vê-la no final do dia."

"Você está perdendo seu jeito", disse ela, batendo meu Rum
e Coca-Cola sobre o balcão de madeira escuro.

"Estou perdendo alguma coisa... minhas bolinhas de gude,


talvez."

Carla inclinou seus cotovelos no balcão, exibindo seu


decote. "Nada de bom aconteceu hoje?"

Eu comecei a rir. "Na verdade, algo legal aconteceu. Eu


reencontrei minha cabra."

"Seu casaco18?"

18 No original Coat = casaco e Goat = cabra.


Eu ri novamente. "Minha cabra. Com C."

Seus olhos se arregalaram. "O quê"?

Eu continuei a contar a história, tudo, desde quando


Aubrey e eu o encontramos ate à merda — literalmente — que
aconteceu enquanto estávamos na estrada.

"Ah... é tão bonitinho. É como se ele fosse seu filho."

"Isso era o que Aubrey costumava dizer".

Ela deve ter notado o olhar melancólico em meu rosto.

"O que está errado?"

"Havia o casaco de um homem pendurado em seu quarto.


Acho que ele está vivendo com ela. Ela poderia até ser noiva ou
casada, pelo que eu sei."

"Bem, você não sabe muito, não é? Porque não falou com
ela ainda!" Ela pegou o pano e, brincando, o prendeu acima da
cabeça.

"Isso tem que ser manuseado com cuidado. Não quero


estragar tudo."

"Não está lidando com isso com cuidado, esta se evadindo.


Há quanto tempo você está realmente perseguindo-a? Você
precisa arrancar o Band-Aid, homem”.

Tomei meu último gole e bati o copo na mesa, dizendo, "Eu


odeio quando você está certa, Carla Babes."

"Você deve mesmo me odiar depois disso." Ela piscou o olho.


Aubrey estava incrivelmente linda andando para o trabalho na
manhã seguinte. Estava ventando, o que fez com que o cabelo dela
estivesse especialmente desarrumado. Como de costume, ela parou
na Starbucks para tomar seu café antes de ir para o edifício.

A dor no meu peito era maior do que nunca, porque eu


sabia que o dia-D estava se aproximando. Mesmo que eu tivesse
feito um voto de "arrancar o Band-Aid" nos próximos dias, eu
ainda não sabia como iria abordá-la.

Quando estava finalmente me sentindo seguro, soltei uma


respiração profunda e sai da minha caminhonete, andando em
direção ao Starbucks para buscar meu próprio café. De ressaca
novamente esta manhã, eu tinha dormido além do meu
despertador, chegando tarde demais para pagar a bebida dela.

Eu decidi tentar algo novo hoje. Eu queria provar Aubrey.


Bem, eu desejava. Em vez disso, decidi pedir aquela bebida de
madame que ela sempre pede, para ver do que ele gostava.

"Eu vou querer um café com baunilha sem gordura, baixa


espuma e extra quente."

O rosto da jovem caixa pareceu acender quando me viu.

"Você está pedindo a bebida dela hoje... para si mesmo?"

"Mudando as coisas, sim."


"Qual é seu nome?"

"Porquê o meu nome?"

"É apenas procedimento com as bebidas especiais.


Escrevemos isso ao lado."

"Oh... Chance."

Ela escreveu meu nome com marcador preto sobre o copo, e


eu me dirigi ao outro contador, que supunha-se servir para
escolher seu pedido.

Eu assisti o barista fazer um par de bebidas na fila antes da


minha.

Foi um maldito processo entre o vapor e a formação de


espuma. É melhor ter sido complicado para valer cinco dólares
cada.

Eu ouvi a voz do caixa. "Aubrey. O que está fazendo aqui tão


cedo?"

Meus olhos rapidamente dispararam em sua direção, em


seguida, eu rapidamente puxei meu boné de baseball para baixo,
e virei em direção a parede do fundo. Coração batendo. Uma
pressão no peito. Estômago com náuseas. Uma descarga de
adrenalina.

Oh foda-se.

Foda.

Foda.

Foda.
Meu coração nunca tinha batido tão rápido. Eu ouvi a voz
dela atrás de mim. "Meu namorado veio ao meu escritório para
falar comigo e derrubou minha bebida com o cotovelo. Espalhou
pela minha mesa."

Clutz de merda.

"Me desculpe. Deixe-me preparar outra gratuitamente.”

“Muito obrigada, Melanie. Agradeço por isso."

Parecia que as paredes estavam fechando sobre mim. O som


do vapor do leite de repente parecia ensurdecedor. Eu me
perguntei se poderia ir embora deslizando lentamente com as
costas viradas para a parede, até que estivesse atrás dela e
saísse pela porta. Mas justo quando eu tinha começado a me
mover, o garoto fazendo minha bebida gritou "Chance!"

"Você disse, Chance?" Aubrey perguntou.

Neste ponto, eu estava logo atrás dela.

Melanie que deve ter achado que Aubrey era só minha


paixão inocente, e decidiu que o momento seria uma boa hora
para brincar de cupido. Ela me expôs. "Chance é o cara que
pagou sua bebida no outro dia. Ele está bem ali".

Aubrey se virou tão rápido que acidentalmente derrubou no


chão como peças de dominó uma exibição de copos plásticos de
café gelado.

Parecendo infeliz pelo desastre que tinha criado, ela ficou


me olhando com a mão sobre seu peito, como se estivesse
segurando seu coração.
Tirei meu boné de beisebol e o cruzei por cima do meu peito.
Com os olhos suplicantes, eu sussurrei "Princesa".

Ela parecia ter visto um fantasma, e lentamente abanou a


cabeça como se estivesse dizendo "isto não pode estar
acontecendo."

Dei um passo em sua direção.

Ela levantou sua mão, impedindo-me de me aproximar.


"Não! Não se atreva a chegar perto de mim."

Meu coração caiu para o meu estômago, e eu senti que


minhas entranhas estavam torcendo. Não era assim que eu
tinha imaginado que as coisas fossem acontecer.

Levantei minhas duas mãos. "Eu não vou. Mas, por favor,
me escute."

"Você está me seguindo?"

"Não exatamente".

Estávamos os dois em silêncio. Cheio de humilhação, eu


abaixei-me e comecei a pegar os copos que ela tinha derrubado.
Aubrey ficou congelada no mesmo lugar.

Melanie falou, intrometida por trás do balcão, "Por que você


apenas não escuta o que ele tem a dizer?"

O peito de Aubrey ainda estava subindo e descendo


rapidamente. Finalmente ela falou "Deixe-me te perguntar algo,
Melanie. Se um cara te levasse a acreditar que se preocupava
com você, então te comesse e saísse antes na manhã seguinte,
sem dizer adeus, deixando apenas uma nota pegajosa, você ia
ouvi-lo?"

"Provavelmente não". Ela riu e, em seguida, adicionou,


"Bem, se ele fosse como Chance, talvez." Olhando para as outras
funcionárias, ela deu uma risadinha.

Aubrey olhou para mim com adagas nos olhos, e continuou,


"está bem... e se ele nunca entrou em contato por dois anos
mas, em seguida, de súbito aparecesse te perseguindo em sua
cidade. Você iria escutá-lo?"

"Definitivamente não", disse Melanie. "Isso é estranho".

"Encerro meu caso."

Aubrey saiu de repente, passando por mim e saindo pela


porta. Ela se foi.

Levantei-me, sentindo-me como se ela tivesse arrancado


meu coração e se alimentado com ele – eu estava totalmente
derrotado no meio da Starbucks.

Após um minuto olhando fixamente pela janela da loja, eu


ouvi uma voz dentro da minha cabeça, que soou muito como a
da minha falecida mãe. "Crie um par de bolas e lute por ela."

O que marcou o fim da minha raia de sutileza.

Voei para fora da porta e corri pela rua, esperando que


pudesse encontrá-la antes dela entrar no prédio.

Mas não havia sinal de Aubrey em qualquer lugar. Voando


através das portas, eu a identifiquei quando ela estava
esperando para entrar num elevador. Assim que ela desapareceu
dentro de um, eu coloquei minha mão entre as portas para abri-
lo.

Ela estava sozinha.

Lágrimas estavam caindo pelo seu rosto. Ela estava


chorando.

Quando o elevador se mexeu, eu apertei o botão de parar.

"O que diabos você está fazendo?" ela gritou.

Ofegante, eu disse "Se esta é a única maneira de fazer você


me ouvir, que assim seja."

"Você pode me manter presa aqui — oh, eu não sei — por


dois anos, e eu ainda não vou falar com você. Talvez então você
saberá como é a sensação".

Prendi-a contra a parede com um braço em cada lado dela,


e senti o tremor de seu corpo quando disse, "Estou feliz em ver
que você continua teimosa como sempre, Princesa."

Parecendo desconfortável com a minha proximidade, ela


engoliu antes de dizer, "Eu preciso voltar para o escritório. Mova
este elevador, ou eu vou chamar a polícia."

"Eu entendo que você esteja em estado de choque. Não era


pra você descobrir assim."

"E há uma boa maneira de descobrir que a pessoa que


partiu seu coração em pedaços está agora perseguindo você?"

Ela tinha razão.

"Provavelmente não. Mas você tem que me deixar explicar."


As palavras que saíram da sua boca em seguida foram
difíceis para eu ouvir.

"Você sabe quanto tempo eu demorei para te esquecer?


Minha vida está voltando ao normal apenas agora. Você não
pode voltar depois de dois anos e esperar que eu te deixe entrar,
depois de ter lutado tanto para te esquecer. Eu tinha finalmente
te deixado ir. Por favor. Eu estou implorando para você ir
embora."

Meu peito estava tão apertado que parecia que poderia


rebentar.

Ela quer que eu vá embora.

Bom, ruim demais. Eu voltarei.

"Eu vou... por agora. Mas não vou deixar a cidade até você
concordar em me deixar explicar o que aconteceu. Se você ainda
quiser que eu vá depois de ouvir tudo, eu juro por Deus, Aubrey,
você nunca me verá novamente enquanto eu estiver vivo."

Seus olhos começaram a encher de lágrimas novamente


quando ela olhou para mim. Sem afastar os olhos dela, eu
apertei o botão parar e pressionei o número para o andar de
cima.

"Vou ficar no Motel Sunrise, quarto 8. Ainda tenho o mesmo


número de celular de antes. Ligue quando estiver pronta para
me ouvir."
Quando a porta se abriu, eu saí, deixando Aubrey no
elevador com a bola do jogo. Eu só esperava que ela não
escolhesse murchá-la.
CAPÍTULO DEZESSETE

Ainda se considerava perseguição se a vítima tornava-se


claramente ciente da presença do perseguidor? Agora que
Aubrey sabia que eu estava na cidade, uma experiência
totalmente diferente se iniciou, já que o risco de ser pego foi
removido da equação.

Na próxima semana, eu fiquei basicamente só acampando


em Temecula, esperando por um milagre. O único verdadeiro
estresse era esperar ela entrar em contato comigo. Eu verificava
meu telefone constantemente, pensando que talvez tivesse
perdido alguma ligação dela. Mas ela nunca ligou.

Não queria irritá-la mais do que já tinha feito, então tomei a


decisão de fazer uma pausa de aparecer em seu escritório por
alguns dias. Em vez disso, trabalhei duro na academia durante
toda a manhã, expulsando minhas frustrações do meu corpo. Eu
não tinha tocado uma mulher em mais de dois anos, e a única que
eu queria aparentemente tinha sido tirada de mim, e me odiava.
Então, levantamento de ferro se tornou minha maneira de lidar
com isso, até que eu pudesse recuperá-la. E apenas sonhava com
todas diferentes as maneiras que eu poderia tirar proveito do corpo
de Aubrey uma vez que estivéssemos juntos de novo.

Depois da academia, à tarde, eu tinha pensado em ir à casa


dela e continuar o trabalho de paisagismo. Alguém tinha que
cuidar daquele quintal, pelo amor de Deus. Então eu o adubei e
plantei dois arbustos de flor princesa19.

Quem sabia que havia tal coisa como uma flor chamada
princesa? Elas eram a escolha perfeita.

Os vizinhos costumavam me ver trabalhando. Com a minha


pick-up e o cortador de grama atrás, eles só achavam que
paisagismo era o meu trabalho. Minha pele agora estava
bronzeada, depois de trabalhar por dias no calor sufocante. Mais
e mais mães com carrinhos de bebê tinham passado
ultimamente também. Eu tinha acenado para elas com minhas
mãos sujas. Estas novas espectadoras femininas pareciam se
multiplicar a cada dia.

A melhor parte de passar as tardes na casa de Aubrey,


porém, era meu tempo com a cabra. Ela estava sempre
esperando na janela quando eu chegava.

Pixy.

Ainda tinha que me acostumar a chamá-lo assim.

19
Eu trazia-lhe almoço. Nós comíamos juntos. Eu estava até
mesmo me tornando insalubre ao cheiro do seu bafo misturado
com a relva recém cortada. Podre de sodomita.

Meu horário noturno continuava o mesmo de sempre. Eu ia


para o bar para liberar todos os meus problemas em Carla Babes.

Uma noite de sexta-feira, no entanto, houve uma mudança


repentina em minha rotina. Eu estava sentado na minha cadeira
no bar quando Carla perguntou, "Como você disse que Aubrey
parecia?"

"Porquê?"

"Só descreve-a para mim."

"Magra mas cheia de curvas, cabelo ruivo ondulado, olhos


expressivos, pele cremosa..."

"Ela tem um casaco com estampa de leopardo, por acaso?"

Eu arranhei meu queixo e lembrei que ela estava usando


um para ir ao escritório um dia. "Sim, ela tem. Por quê?"

"Eu acho que ela estava aqui. Uma garota com essa
descrição estava nos olhando pela janela da frente. Fiz contato
visual com ela e ela foi embora."

Eu me virei. "O quê"?

Carla acenou com a mão em direção à porta. "Vá atrás dela."

Sem pensar, pulei da minha cadeira e corri para fora. Com


certeza o Audi de Aubrey estava saindo do estacionamento. Meu
coração estava acelerado quando ela acelerou na estrada. Uma
vez que eu tinha estado bebendo, não poderia segui-la agora. E
minha pequena princesa pé de chumbo tinha ido embora muito
rápido para que eu pudesse impedi-la.

Eu peguei meu telefone e rolei para baixo, procurando o


número dela para enviar um texto.

Chance: Quem está perseguindo quem agora?

Não houve resposta. Depois de alguns minutos, chegou um


texto de volta. Meu batimento cardíaco acelerou.

Aubrey: Foi uma coincidência.

Chance: Não use o celular enquanto dirige.

Aubrey: Por que você está me mandando mensagem então? E


não me diga o que fazer.

Chance: Encoste, princesa.

Aubrey: Eu não estava te perseguindo.

Chance: Não me mande mensagem novamente até você parar.

Olhando para minha tela, eu fiquei lá no estacionamento.


Após vários minutos, o telefone vibrou outra vez.

Aubrey: Isso é o que você faz todas as noites? Fica em torno dos
bares da cidade procurando por mulheres?

Chance: Você estacionou?

Aubrey: Sim.

Chance: Eu tenho procurado em torno da cidade apenas por


uma mulher. Justamente a mulher que me leva a beber. Logo, o bar.

Aubrey: Gostaria que você voltasse para casa. Pare de me


mandar mensagens.
Chance: Parar de mandar mensagens? Achei que você

gostasse da vibração.

Não houve resposta.

Isso pode ter ido longe demais. Era cedo demais para brincar
com ela como nós costumávamos fazer. Mandei outro texto, dando-
lhe a resposta honesta ao seu pedido para eu voltar para casa.

Chance: Minha casa é onde você está.

Aubrey: Você queimou nossa casa em Las Vegas, depois que me


fodeu e foi embora.

Doía ler a porra dessas palavras. Olhei para elas por quase
um minuto antes de responder.

Chance: Havia uma razão pela qual que eu fiz o que fiz, e eu
preciso te explicar tudo isso pessoalmente. Não dá para falar por
mensagens.

Aubrey: Não há desculpa para o que você fez.

Chance: Onde você está? Eu estou indo até você.

Aubrey: Não. Por favor, não.

Chance: Você tem que me ver, eventualmente, se quiser se livrar


de mim.

Aubrey: Por que você esta fazendo isto?

Porque eu te amo.

Foda.

De onde isso veio?

Chance: Por favor, volte para o bar, ou então eu posso ir onde


você está. Mas não posso dirigir, porque bebi.
Aubrey: Não vou vê-lo esta noite. Não estou pronta.

Chance: Você estará algum dia?

Aubrey: Acho que não.

Chance: Quem é ele?

Aubrey: Quem?

Chance: Seu namorado.

Aubrey: Quer dizer que você não sabe? Que tipo de perseguidor
você é?

Chance: Diga-me o nome dele.

Aubrey: O nome dele é Richard.

Chance: Ele está morando com você?

Aubrey: Isso não é da sua conta.

Chance: Eu vi o casaco dele pendurado na porta do seu


armário.

Aubrey: Você olhou meu quarto?

Chance: Sim. Mas só quando você não está em casa. E eu nunca


entrei na sua casa. Eu não o faria sem permissão.

Aubrey: Ainda assim é doente.

Chance: Não acredito que o manteve, a propósito.

Aubrey: Eu não abandono as coisas com as quais me importo.

Chance: Eu também não. É por isso que estou aqui.

Aubrey: Depois de dois anos?

Chance: Eu vim até você na primeira oportunidade que tive.

Mesmo que fosse verdade, tenho certeza que a confundiu.


Ela não respondeu.
Então, eu mandei outra mensagem.

Chance: Você o nomeou de Pixy. Isso é prova de que você não


me odeia.

Aubrey: Não posso mais fazer isso.

Eu não queria incomodá-la mais. Então parei a


comunicação.

Fiquei surpreso quando meu celular vibrou novamente


dentro do bar cerca de quinze minutos mais tarde.

Aubrey: Quando faz a jardinagem?

Chance: Todo dia enquanto você está no trabalho.

Aubrey: Obrigada.

Se fosse possível um coração sorrir, juro que o meu deve ter


mostrado todos os dentes nesse momento.

Chance: Não tem de quê.

Aubrey: Por favor, não dê mais milho pra ele. Ele não o digere
bem, e não é bonito.

Eu ri.

Chance: Opss.

Foi o fim da nossa conversa naquela noite. Mas foi mais do


que eu poderia esperar.
Aubrey ainda estava evitando me ver a todo o custo.
Quando se passou mais uma semana, eu sabia que minha
abordagem precisava ser mais agressiva. A cada dia que
passava, me incomodava mais ela não saber a razão por trás de
minha partida. Porque ela ainda se recusava a conversar sobre
isso pessoalmente.

Eu entendi que ela estava assustada, mas tornava-se


urgente e necessário encontrar uma maneira de apaziguá-la,
para que pudéssemos conversar.

Numa tarde de quinta-feira, eu recebi um telefonema do


meu agente para voltar a Austrália para conversar sobre uma
nova oportunidade em potencial de marketing. Então, fiz o que
qualquer um na minha posição faria antes de entrar num novo
negócio: Consultei uma advogada.
CAPÍTULO DEZOITO

"Eu tenho um compromisso às onze com a senhorita


Bloom". A recepcionista sorriu e olhou para a agenda.

"Sr. Bastardo?"

"O único." Eu estava sorrindo de orelha a orelha como um


idiota. A mulher deve ter pensado que minha excitação era para
ela. Ela era uma menina bonita; aposto que muitos homens
andavam ao seu redor. Mas meu entusiasmo girava em torno
apenas de uma mulher. Até ouvir sua voz através do interfone
fazia meu coração acelerar um pouco.

"Sim, Kelly?" Aubrey, disse.

"A sua consulta das 11:00 está aqui."

"Obrigada. Você pode pedir para ele aguardar cinco


minutos? Preciso me organizar". Imaginei sua mesa cheia de
papéis.

Kelly soltou o botão e falou comigo. "Você pode se sentar.


Eu vou, na verdade, dar a ela dez minutos. Ela é uma das
melhores advogadas aqui na empresa, mas sua mesa geralmente
é um desastre."
Sentei-me na área da recepção e peguei uma revista
enquanto esperava, mas não consegui me concentrar. Eu estava
esperando por isso por quase uma semana. Ontem eu fui e
comprei um terno novo. Era personalizado, bem adaptado e
cortado. Quando me olhei no espelho, talvez tenha sido a
primeira vez em dois anos que eu não odiava quem me olhava de
volta.

Eu endireitei minha gravata e esperei que a vendedora que


me ajudou a escolher a roupa estivesse certa. Ela tinha dito que
o azul da gravata combinava com a cor dos meus olhos — e que
vestido assim seria impossível não manter o interesse de uma
mulher. Estranhamente, a escolha de palavras dela se encaixou
com o que eu queria com Aubrey - mantê-la em cativeiro.

Esperançosamente para o resto de nossas vidas. Posso só


ter passado oito dias com esta mulher, mas nós aprendemos
tudo que leva a maioria das pessoas seis meses de namoro para
descobrir. Vir a Temecula confirmou o que eu passei os últimos
dois anos pensando — que eu estava perdido até encontrar
Aubrey Bloom.

Kelly levantou de sua mesa. "Sr. Bastardo? Se você estiver


pronto, eu vou acompanhá-lo agora."

Eu respirei fundo. "Estou muito pronto."

Nós andamos por dois longos corredores, e passamos por


alguns homens de terno. Este lugar era uma maldita miscelânea
de Biffys. Em seguida, Kelly parou na frente de uma porta.
Escritório do canto.
Bom, princesa. Ela era apreciada aqui. Eu tive um
repentino sentimento de orgulho.

"Oi, Aubrey. Eu tenho o Sr. Bastardo para você."

"Obrigada".

Kelly se afastou para que eu pudesse entrar. Minha


advogada estava olhando para baixo.

Ela falou antes que sua cabeça levantasse. "É bom —"

Aubrey congelou. Mas eu quase podia jurar ter visto uma


centelha de emoção em seus olhos por um segundo. Isso foi
rapidamente extinto... e substituído por raiva. Eu esperava essa
reação dela.

"Sr. Bastardo?" Ela revirou os olhos. "Como é que eu não


percebi isto?"

"Porque você não fala espanhol." Eu sorri, mas ela não


parecia estar se divertindo.

"Chance. Estou no trabalho. Não consigo jogar seus jogos


aqui. Você precisa sair."

Eu abotoei o paletó. "Estou aqui a negócios."

"Boa tentativa. Eu sou advogada de direitos autorais. Se


você foi preso por intoxicação pública ou comportamento
obsceno e lascivo, precisará andar três portas, até chegar à
Celino e Barnes."

"Estou precisando de um advogado de direitos autorais."


"É assim?" Ela não estava acreditando em uma palavra do
que eu dizia.

"É".

"Bem, nesse caso, você precisará ver outro advogado". Ela


andou ao redor de sua mesa e dobrou seus braços sobre o peito.
Foda-se se ela ficar com raiva não era a coisa mais sexy que eu
tinha visto na vida.

"Não quero outro advogado."

"Isso é muito ruim."

Nós nos entreolhamos por um momento. Então ela sorriu.


Não era um sorriso feliz, era um ‘estou prestes a enfiar algo no
seu cú, aproveite’ sorriso. Não me importava. Gostei de vê-lo, de
qualquer maneira. Sorri de volta — duas vezes mais amplo.

Ela suspirou e saiu do escritório.

Poucos minutos depois, ela voltou. Eu tinha me acomodado


e ficado confortável em uma cadeira em frente a sua mesa.
Quando ela voltou, um homem entrou logo atrás dela. O filho da
puta da princesa.

Aubrey parecia muito satisfeita consigo mesma quando


falou. “Richard, este é o Sr. Bateman. Sr. Bateman está
precisando de um advogado de direitos autorais, e eu tenho
duas reservas para esta tarde, então pensei que talvez você
pudesse atendê-lo."

Sr. ‘eu quero ser Clark Kent’ estendeu a mão para mim.
"Richard Kline."
Balancei a cabeça. "Dick. Bom te conhecer." O aperto de
mão que eu dei beirava a agressão.

Eu peguei o aperto na mandíbula de Aubrey. Então ela me


corrigiu através de dentes cerrados, "Seu nome é Richard".

"Está bem". Dick acenou. "Estou acostumado a isso. Eu


geralmente não encurto meu nome, mas meu pai era um
Richard também, e todo mundo o chamava de Dick."

Dei um pequeno sorriso a Aubrey. Ela fervia.

"Por que não vem ao meu escritório, e então eu posso ver


com o que posso te ajudar?"

"Na verdade, eu preferia esperar pela senhorita Bloom.


Referi-me a ela especificamente".

"Não estou disponível" apressou Aubrey.

Dick pareceu surpreendido pela atitude de Aubrey. O que


me aqueceu, por alguma estranha razão. Eu gostei que ela não
abaixasse a cabeça. Guarde tudo para mim, bebê. Eu quero sua
bunda atrevida.

"Bem". Dick virou-se para Aubrey. "O que mais você tem
hoje? Talvez eu pudesse lidar com um dos seus compromissos à
tarde?"

"Eu prefiro que você lide com o Sr. Bateman."

Dick olhou para mim, se desculpando, e em seguida falou


com ela, seu tom levemente paternalista. "Parece que Sr.
Bateman quer seus assuntos tratados por você, pessoalmente,
Aubrey."
Eu sorri para Aubrey. "Eu realmente estou esperando que
você possa lidar comigo."

Dick veio em meu socorro. "Por que não vamos ao meu


escritório e vemos o que eu posso fazer para ajudá-la a limpar
sua agenda, para que então você possa começar com o Sr.
Bateman?"

Dick e Aubrey saíram do escritório, e Aubrey retornou cinco


minutos depois, junto com a recepcionista Kelly. "Sente-se,
Kelly." Ela tinha trazido uma acompanhante.

Fiquei decepcionado por não ter um tempo de qualidade


sozinho com ela, mas estava longe de ser dissuadido. Aubrey,
por outro lado, não estava feliz. Com um huff, ela puxou o bloco
amarelo da gaveta de baixo da mesa. "Qual é a natureza dos
serviços jurídicos que você precisa, Sr. Bateman?"

A caneta estava prestes a escrever, e ela ainda não me


olhava. Kelly parecia desnorteada com toda a cena que se
passava no escritório.

"Eu tenho dois, na verdade." Eu abri a pasta que estava


carregando, tirei um envelope grande e o deslizei até o outro lado
da mesa para ela. "Recebi uma oferta de uma empresa que
gostaria de usar algumas fotografias minhas em sua campanha
publicitária.”

Ela riu. "Oh. É isso mesmo. Você é um modelo de bunda".

Eu a ignorei. "De qualquer maneira, a empresa que quer


usar as fotografias em sua campanha quer os direitos exclusivos
para a foto, mas há uma empresa americana que está usando-a
em seu site sem permissão. Preciso enviar-lhes um comunicado
para removê-la antes de assinar o contrato."

"Bem".

"E eu gostaria que o contrato fosse revisto também."

"Mais alguma coisa"?

"Sim. Talvez você gostaria de discutir os termos do contrato


durante o jantar?"

"Acho que não."

"Café da manhã?"

"Cai fora, Sr. Bateman."

Levantei-me. Tinha pressionado-a bastante, e não queria


testar meus limites. "Você sabe como me contatar quando tiver a
oportunidade de examinar os documentos?"

"Sim". Ela finalmente olhou para mim. "Aparentemente você


está disponível o tempo todo agora."

Ela estava chateada. Mas, de alguma forma, ela estar


chateada me deu esperança. Se ela não se importasse, não teria
sequer demonstrado desconforto. "Obrigado pelo seu tempo."

"Kelly. Mostre a saída ao Sr. Bastardo, por favor."


Durante os próximos três dias, eu voltei a minha rotina.
Bem, à maior parte da minha rotina, pelo menos.

Cheguei à rua Jefferson no horário normal, mas entrei na


Starbucks para ler o jornal enquanto tomava meu café da
manhã. A cada dia eu pagava pelo café de Aubrey, e
acrescentava uma coisinha ao pedido. Ontem foi um muffin de
banana. Hoje escolhi bolo de café com gotas de chocolate. Eu
comi a mesma coisa, e bebi o mesmo café.

Isso era o mais próximo de tomar o café da manhã com


Aubrey que eu conseguiria por agora.

Eu e Melanie, minha garçonete, estávamos nos tornando


amigos rapidamente. Ela entregou meu café com leite e disse.
"Ela sorri quando lhe digo que você pagou, você sabe."

"Ela faz?"

Melanie assentiu com a cabeça. "Ela tenta encobri-lo rápido.


Mas eu vejo."

Ela não sabia que tinha acabado de melhorar meu dia.


"Obrigado, Melanie".

Ela inclinou-se sobre o balcão como se fosse para me contar


um segredo. "Estamos todos torcendo por você."

Era doce. Mas eles não sabiam o que eu tinha feito a


Aubrey.

Às 08:00, eu voltei à minha pick-up. Eu queria estar perto


dela, e não irritá-la por estar completamente na sua cara. Dessa
forma ela não me enxergava, mas sabia que eu estava lá todas
as manhãs.

Como um relógio, às 09:30 Aubrey entrou no Starbucks.


Uns poucos minutos depois ela saiu, com seu café e bolo com
gotas de chocolate na mão. Ela deu dois passos em direção a seu
escritório mas, em seguida, parou, surpreendendo a merda fora
de mim quando andou na direção da minha caminhonete.

Eu abri a janela.

"Você pelo menos pode encomendar meu café da manhã


com pouca gordura no futuro?"

Eu tive que me impedir de dizer o que realmente queria falar


— que eu faria o que ela quisesse, todas as manhãs, na casa
dela. Em vez disso, eu disse, "Claro".

Ela assentiu com a cabeça e se virou, mas parou novamente


depois de apenas dois passos. Ela não virou quando falou. "As
flores princesa floresceram esta manhã. Elas estão lindas." E
então ela sumiu por mais 10 horas.

Fui para a academia e, depois disso, passei algumas horas


no Home Depot, pegando os suprimentos necessários para meu
próximo projeto na casa da Aubrey. Quando eu originalmente
decidi me dirigir até Temecula, tinha tomado minha
caminhonete ao invés da moto, achando que assim não seria tão
facilmente reconhecido. Acabou que a caminhonete veio a
calhar.
Era uma tarde de calor abrasador, e eu tirei minha camiseta
para limpar o suor que estava escorrendo da minha testa. Eu
tinha descarregado oito viagens de material no quintal de
Aubrey, num calor de noventa graus. Quando fechei a porta
traseira da minha pickup, uma mulher que passou por ali
muitas vezes antes parou para falar comigo.

"Oi. Eu sou Filomena." Ela vestia uma daquelas saias curtas


de tênis branca, botas de chuva de borracha na altura do joelho
e regata de decote baixo. O céu estava azul, e não tinha chovido
por dias, então realmente não entendi o propósito das botas.
Meus olhos automaticamente caíram para seu decote; não pude
deixar de notar. Ela tinha peitos grandes.

"Chance". Balancei a cabeça.

Ela ergueu a mão, gesticulando para a rua. "Eu moro no


quarteirão, Chance. Tenho observado você aqui por uma
semana, e queria saber se você gostaria de trabalhar para mim?"
Ela estava me propondo cortar alguma coisa, mas
definitivamente não era seu gramado. Tinham passado dois
anos, e ela era uma aposta certa, mas eu tinha zero interesse.

Eu lhe chamei a atenção. "Obrigado. Mas só trabalho para


Aubrey".

"Mulher de sorte. Você tem realmente... acrescentado algo


atrativo no local. "
Eu olhei para o bangalô uma vez monótono. Ele estava
ficando muito bom agora. "Obrigado. São arbustos de flor
princesa".

"Eu não estava falando sobre o jardim".

Eu tentei mudar de assunto quando notei sua mão. "Espero


que você não tenha machucado muito sua mão."

"Tropecei no meu porco no meio da noite. É só eu e ele. Ele


é o homem da casa". Ela piscou, se afastando, mas gritou de
volta por cima do ombro "Se você mudar de idéia, minha casa é
a número 41. Passe por lá... a qualquer momento."

Mais tarde naquela noite, eu estava recapitulando meu dia


para Carla Babes quando meu telefone vibrou. Eu tinha enviado
uma mensagem para Adele mais cedo, e esperava que o texto
fosse a resposta dela. Fiquei feliz como a merda ao ver que era
Aubrey.

Aubrey: Sua foto foi retirada do site hoje. Eu também negociei


danos compensatórios.

Chance: Wow. Fantástico. Você é boa.

Aubrey: Eu sou boa no meu trabalho. Você precisará assinar


uma liberação. Eu também tenho algumas mudanças para sugerir
no contrato.

Chance: Onde você está? Posso ir agora.

Aubrey: Venha ao meu escritório amanhã às 09:30.

Chance: Eu vou levar nossos cafés.

A vibração parou, e eu pensei que era o fim da nossa


conversa. Um minuto depois, porem, meu telefone vibrou, e meu
coração dançou junto com ele. É incrível quão pequenas podem
ser as coisas que lhe dão esperança quando você está
desesperado para encontrar alguma.

Aubrey: Você está construindo uma baía pra Pixy?

Chance: Estou.

Aubrey: Ele vai adorar.

Meu telefone ficou quieto depois disso, mas eu não dei a


mínima. Eu tinha um encontro com Aubrey de manhã.
CAPÍTULO DEZENOVE

Minha nova cor preferida era verde. Era óbvio que a de


Aubrey também, vendo como essa era a segunda vez que ela
tinha usado uma blusa verde desde que comecei minha rotina
de perseguição. A cor escura fazia sua pele parecer cremosa, e o
verde nos olhos dela me lembrava do Peridot — a pedra do
aniversario da minha mãe. Fui atingindo por uma dupla
sensação quando pensei na minha mãe, e percebi que tinha
perdido dois dos aniversários de Aubrey.

Limpei minha garganta e falei, "Você está linda".

"Você ouviu uma palavra do que eu disse?"

Na verdade, eu não tinha. Eu estava muito ocupado


despindo-a com os olhos para me concentrar. Deus, as coisas
que eu queria fazer com ela! Estava tornando-se impossível me
concentrar. Ela estava sentada atrás da mesa, mas tudo o que
eu imaginava era sua bunda em cima dela, com minha cabeça
enterrada entre suas pernas. Meus olhos fecharam, e ela
percebeu no que eu estava pensando.

"Não". Os olhos dela estavam implorando, e ela levantou


uma mão. Mas eu precisava empurrá-la um pouco mais hoje.
"Nós precisamos conversar, Aubrey."

"Não. Nós não precisamos. Estou no trabalho, e esta é uma


reunião de negócios. É por isso que Kelly está aqui." Ela acenou
para a recepcionista, que novamente estava sentada próxima a
mim. Se Aubrey achava que eu não iria desabafar na frente de
Kelly, ela julgou mal o meu nível de desespero.

"Então me encontre depois do trabalho. Veja-me no café da


manhã. Veja-me às duas da manhã. Só preciso saber onde e
quando. Só me veja, Aubrey. Precisamos conversar. Nós
precisamos acertar as coisas."

"Eu já me decidi. E decidi que nosso tempo juntos será


limitado a este escritório."

Nós nos entreolhamos por um minuto. A única a recuar era


a pobre Kelly. Ela e mexeu nervosamente na cadeira, como quem
precisava ir ao banheiro.

Finalmente eu quebrei o nosso impasse. "Tudo bem,


Aubrey. Você me deixa sem escolha".

"O que você está querendo dizer?"

"Nós vamos ter nossa conversa aqui e agora, então."

Aubrey levantou e cruzou suas mãos sobre o peito. "Nós não


vamos!"

Eu levantei minhas mãos e juntei-me a ela, imitando sua


postura. "Sim. Nós vamos."

A voz de Kelly estava apreensiva. "Vocês gostariam que eu


saísse?"
Aubrey e eu respondemos na mesma hora. O problema foi
que eu disse sim enquanto ela gritava não.

Kelly ficou e sentou-se quando Aubrey olhou incisivamente


para ela.

"Por onde vamos começar então, Aubrey? Desde que Kelly


aqui não conhece toda a história, talvez devêssemos começar
com a última vez que estivemos juntos com uma mesa no
mesmo quarto?"

Os olhos de Aubrey queimaram.

Virei-me para falar com Kelly. "Você já foi para Las Vegas?
Há um hotel sobre o — "

"Você pode ir, Kelly." Ela não precisou falar duas vezes. Kelly
arremessou-se para fora da sala e fechou a porta atrás de si.
Preciso lembrar de agradecê-la por ficar fora do meu caminho.

"Por que está fazendo isto, Chance?" Aubrey tentou manter-


se firme, mas sua voz estava rachada.

"Só preciso que você me escute. Eu vou te deixar em paz se


você quiser depois disso. Dou minha palavra."

"Sua palavra?" ela zombou.

"Quinze minutos. Isso é tudo que eu preciso."

"Dez".

Essa insolência. Não pude deixar de sorrir. "Bem. 10.


Podemos sentar?"
Relutantemente, Aubrey sentou-se. Eu tinha esperado por
mais de dois anos por este momento, mas de repente não sabia
por onde começar. Então comecei por onde a história começava.

"Lembra que te falei sobre a minha irmã, Adele?"

Ela assentiu com a cabeça.

"Eu te disse que ela passou por uma fase difícil. Mas deixei
de fora o pior, e como as coisas realmente ficaram depois disso."

Seu rosto suavizou um pouco. Eu soltei um fluxo de ar e


passei meus dedos pelo meu cabelo. Havia uma queimadura no
meu estômago subindo através da minha garganta. O tempo não
aliviou nem um pouco o que tinha acontecido. Eu tive essa
conversa com o detetive há dois anos, mas as palavras foram tão
difíceis de sair agora quanto foram naquela época. "Adele foi
estuprada".

A boca de Aubrey caiu aberta, e sua mão voou para o peito.

"Eu não estava lá para ela. E ela se misturou com más


companhias."

"Eu sinto muito. Ela está bem?"

Eu sorri, pensando em minha irmã como a vi no outro dia.


Usando um maldito coque no cabelo. "Sim. Ela está muito bem
agora."

Aubrey assentiu com a cabeça. "Foi por isso que você me


deixou?"

"Sim. Mas há mais."


"Mais"?

"É uma longa história. Resumindo, a polícia estava tendo


dificuldades para encontrar o cara, e eu fiz algumas coisas."

"Que tipo de coisas?"

Segurei os olhos dela quando contei a próxima parte. "Bati


em um homem até que ele me dissesse... onde eu poderia
encontrar o cara que tinha atacado minha irmã."

Um dos maiores medos que eu tinha era que minha


admissão fosse assustá-la.

Mas Aubrey não hesitou. Essa era a minha garota. Sem


medo. Sem pestanejar. A reação dela me deu coragem para
continuar. "Eu o machuquei muito. E tive que pagar pelo que fiz.
À tarde, depois que te deixei, eu comecei uma sentença de dois
anos de prisão."

Aubrey olhou para mim. Dei-lhe um minuto para digerir


tudo o que eu tinha acabado de dizer. Então terminei minha
confissão. "Eu saí no dia anterior à meu aparecimento aqui em
Temecula. Nunca planejei conhecê-la antes de me entregar.
Tentei tudo que podia para manter distância durante a nossa
viagem. Mas eu não pude."

"Por que não me disse?"

"Porque você merecia algo melhor. Não queria que você


ficasse à minha espera por dois anos. Você tinha acabado de
largar um perdedor, e estava pronta para seguir em frente. Eu
não poderia sobrecarregá-la com mais bagagem."
"Então, ao invés de conversar comigo, você resolveu apenas
quebrar meu coração?" A pergunta não foi feita de forma
mesquinha; ela estava tentando dar sentido a tudo.

Eu assenti. E o meu também.

Ficamos os dois quietos por muito tempo. Ela estava


olhando para suas mãos dobradas sobre a mesa. Eu ainda tinha
mais uma coisa para dizer, e ela precisava me ouvir. Eu sai do
meu lugar e me inclinei, cobrindo as mãos dela com as minhas.
"Você pode olhar para mim?"

Ela hesitou, mas fez o que eu pedi.

"Peço desculpa, princesa. Por tudo. Por ter magoado você.


Por ter te deixado para trás. Por não estar lá quando você
acordou. Por não estar lá todos os dias desde então."

Aubrey fechou os olhos. Havia um olhar de dor em seu


rosto, e eu odiava saber que fui eu quem o colocou lá. Eu queria
desesperadamente envolver meus braços em volta dela e segurá-
la, mas não podia. Eu tinha empurrado-a o suficiente, e isso já
era egoísta o suficiente.

Meu coração estava batendo no meu peito quando ela


finalmente abriu os olhos novamente, olhando para nossas mãos
unidas — e para o anel que eu ainda estava usando em meu dedo.
Minha aliança de casamento. Os olhos dela estavam molhados.

O silêncio era uma tortura. "Eu sinto muito que você e Adele
tiveram que passar por isso," ela finalmente disse, sua voz rouca.

"Eu também. Só quero esquecer tudo isso, e seguir em frente."


Outro ataque de silêncio. "Eu estava finalmente feliz.
Richard me faz feliz". Isto doeu.

Ela continuou, "Preciso de tempo para processar tudo isso.


Eu passei os últimos dois anos te odiando."

"Eu entendo". Deixa eu te fazer feliz, princesa.

"Quanto tempo você vai ficar na cidade?"

Até que você seja minha novamente.

"Não tenho um plano ainda. Mas estou meio que num projeto."

Isso fez com que os cantos de sua boca se contorcessem


um pouco. Embora ela tenha se recomposto rapidamente
novamente. "Preciso de tempo", ela repetiu.

Passaram-se dois longos anos, mas eu tinha finalmente


encontrado minha paz. Agora era esperar para ver o que traria
Aubrey de volta.

Não sei bem o que eu esperava sentir depois de finalmente


conseguir contar tudo a Aubrey. Talvez uma sensação de alívio.
Mas a realidade foi que me senti ainda mais ansioso do que
antes. Antes nós tínhamos assuntos inacabados. Mas agora...
sabendo tudo o que aconteceu, será ela me perdoou, e ainda não
tinha interesse em estar comigo? Nós iniciamos uma nova fase
ou finalmente tivemos nosso encerramento?
Sentei-me no meu carro do lado de fora do seu escritório por
duas horas, mesmo quando prometi dar-lhe espaço. Eu só
precisava confirmar se ela estava bem pessoalmente.

Minha cabeça latejava, e eu me mexi no meu lugar


novamente, pronto para fechar os olhos por alguns minutos.
Mas um brilho verde pegou minha atenção antes que eu pudesse
fechar os olhos. Aubrey estava em frente a seu prédio,
carregando uma maleta. Ela escorregou o óculos de sol sobre os
olhos, olhou para baixo e atravessou a rua. Ao contrário de
quase todos os dias, ela não estava verificando seu telefone ou
andando com seu salto energético. Em vez disso, sua postura
parecia derrotada, e sua caminhada era mais um marchar. Um
minuto depois de fugir para a vaga onde estacionou o carro, eu
assisti seu Audi sair e se dirigir para casa.

Me surpreendi comigo mesmo por não segui-la.

Em vez disso, decidi concentrar minha energia em algo


produtivo. Estar preparado para uma luta significava conhecer
seu adversário. Já era hora de aprender mais sobre Dick.

Próximo das sete, meu adversário apareceu. Apressou-se


para sua BMW e correu em direção a casa de Aubrey. Eu dei
uma rápida volta e o segui. O filho da puta levou quase meia
hora antes de sair da auto-estrada. Eu não estava familiarizado
com esta parte da Califórnia, mas não tinha que ser um
especialista para saber que estávamos num bairro perigoso.

Havia os sinais óbvios — edifícios com parte das janelas


quebradas, grafite nos muros, carros que pareciam
abandonados. Os poucos edifícios comerciais que tinham lojas
ostentavam barras cobrindo portas e janelas. Um carro de
polícia muito visível estava estacionado na esquina de um
cruzamento de quatro vias. Onde é que o Dick mora?

Eu o segui há um quarteirão de distância, cuidando para


não chamar a atenção para minha caminhonete. Ele teceu e
andou por ruas laterais que me fizeram querer trancar minhas
portas. Eventualmente, ele desacelerou e estacionou no meio-fio.
Estacionei no outro lado da rua, uns cinco carros ou mais para
trás. Se fosse para me manter com essa merda, eu realmente
precisava de uns binóculos fodidos. Dick pôs a mão na traseira
do carro, tirou um saco e começou a trocar de roupa bem ali no
banco da frente do carro.

O que ele estava fazendo?

A rua que estacionamos estava forrada com habitações


multis-familiares em ruínas. Uma meia-dúzia de cartazes estava
pendurado em torno de um alpendre nas proximidades. Dick
saiu, olhou em volta furtivamente e entrou num dos edifícios
degradados. Ele desapareceu por um conjunto de escadas de
concreto que parecia levar a uma entrada no porão.

Poucos minutos depois, outro homem passou pela mesma


porta. Esse cara tinha uma longa e emaranhada barba, e usava
um gorro de lã e um casaco pesado do exército, embora nem
estivesse perto de oitenta e cinco graus. Ele também estava
coçando seu rosto sem parar, e olhando ao redor freneticamente
enquanto caminhava.
Dick entrou num antro de crack? O dia estava ficando
muito mais interessante.

Depois de passar dois anos em uma prisão cheia de


criminosos, eu estava ansioso para sair de lá quando caiu a
noite. O bairro que parecia desolado de repente começou a ficar
vivo — de pessoas que não saem até que possam se esconder
nas sombras da escuridão.

Mas eu esperei. Se Dick podia estar aqui, eu também


conseguia. Mais de uma hora se passou antes que o filho da
puta subisse as escadas novamente em direção a rua. Com um
saco de papel na mão, ele não perdeu tempo entrando no carro.
Seu BMW chique afastou-se assim que a porta estava fechada.
Eu não o segui.

Curiosidade tinha obtido o melhor de mim, e antes que


percebesse, estava fechando minha caminhonete. Não tinha
pensado ainda no que faria assim que atravessasse aquela porta
— comprar uma pedra de crack como evidência para mostrar a
Aubrey que Dick era um idiota provavelmente não era a coisa
mais inteligente a fazer. Eu teria que me contentar em entender
o que estava enfrentando primeiro, e me preocupar com o que
fazer com essas informações mais tarde.

A escadaria era estreita, com apenas algumas degraus


levando a uma porta fechada. Quando cheguei mais perto,
percebi que a porta na verdade foi deixada um pouco aberta, e
então eu a abri. Havia música vindo de dentro. Eu abri-a
lentamente. Em primeiro lugar, um pouco. Em seguida, um
pouco mais. Até que de repente ela foi totalmente escancarada,
quase me fazendo cair de cara no chão.

Olhei para cima, esperando encontrar uma arma apontada


para a minha cabeça por invadir uma casa. Mas o que eu
encontrei não poderia ter sido mais diferente. Um padre abriu a
porta e estendeu a mão para a sala atrás dele, convidando-me.

"Entre. Ladels of Love está feliz por alimentá-lo esta noite."

Levou um minuto para eu perceber onde tinha entrado.


Uma cozinha de sopa.

O filho da puta da princesa não estava comprando crack;


ele estava alimentando indigentes. Foda-me. Eu definitivamente
iria precisar melhorar meu jogo.
CAPÍTULO VINTE

Parecia que Aubrey e Dick estavam completamente a par


dos filantropos.

Sentado na minha caminhonete em Jefferson poucos dias


depois, abri o jornal local no meio da seção comunidade, e o
sorriso lindo de Aubrey surgiu a minha frente, juntamente com
um artigo sobre um novo abrigo para animais que tinha acabado
de ser aberto.

Os advogados locais Aubrey Bloom e Richard Kline de


Sherman, Kline e Lefave, LLP assistiram a inauguração do Abrigo
Animal Park Street. Kline e Bloom, membros do Conselho do Park
Street, ajudaram a levantar mais de cinco mil dólares para apoiar
novas instalações do abrigo.

No final do artigo, havia um número de telefone para o


abrigo. Eu imediatamente liguei para lá.

Uma menina respondeu, "Abrigo Animal Park Street?"

"Oi, eu queria saber se você está procurando por algum


voluntário?"

"Na verdade, sim, senhor. Estamos precisando de pessoas


para passear com os cães. Isso lhe interessa?"
"Absolutamente. Eu poderia aparecer hoje à tarde."

"Nós vamos ter que preencher alguns papéis necessários


para o processo, e então você poderá iniciar até o fim da
semana."

"Tudo bem. Eu mal posso esperar para ajudar."

Tome isso, princesa otária.

Perseguidor, paisagista, babá de cabra... E agora eu estaria


adicionando ‘passeador de cães’ à lista de novas ocupações de
Chance Bateman durante minha estadia em Temecula.

Minha rotina diária consistia agora em tomar café na


Starbucks com Aubrey, ir a academia, fazer paisagismo (vulgo
momento Pixie), seguidos por passeios para qualquer lugar com
três a cinco cães de uma só vez no fim da tarde. Para alguém
sem um emprego de verdade, eu estava mais ocupado e em
melhor forma do que nunca antes na minha vida.

Numa determinada tarde de sexta-feira, eu estava num


parque andando com um Dogue alemão, um mestiço de pastor
alemão e um galgo quando recebi um texto de Aubrey.

Aubrey: Recebi seu novo contrato hoje. Eles precisam que você
assine esta tarde, para que iniciem o prazo de produção.

Tentei controlar todos os três cães com uma mão enquanto


usava o recurso de voz do telefone para responder.
Chance: Eu estou andando com alguns cães no Park Slater
agora. Posso encontra-la depois...

Aubrey: Andando com cães?

Eu sabia que isso ia despertar seu interesse. Por uma


questão de fato, eu apostava nisso. Este era o timing perfeito
para deixá-la saber sobre meu mais novo empreendimento.

Chance: Estou sendo voluntário no seu abrigo. Eu vi o artigo.


Sei que esse lugar significa muito para você. Queria ajudar.

Aubrey: É sério?

Chance: Vou ao escritório por volta das 05:00, depois de


passear com eles, pode ser?

Aubrey: Tenho planos hoje à noite, então tenho que estar fora
do escritório nesse horário. Por que não passo no parque agora e
você assina tudo rapidamente?

Chance: Onde nos encontramos?

Aubrey: Na entrada do concessionário, por volta das 04:15.

Chance: Até mais.

Perfeito.

Se eu fosse honesto, os cães é que estavam realmente me


levando para passear. Deixei-os me levar para onde queriam ir
por mais um tempo. Eu recolhia suas bostas com um plástico
rosa fornecido pelo abrigo, e jogava a porcaria no lixo público.

As coisas que eu faço por você, Aubrey Bloom.

Quando era hora de encontrar Aubrey, domar os cães


tornou-se uma necessidade.
"Calma aí, pessoal. Vamos por aqui."

Os dois maiores realmente estavam mais para cavalos do


que cães, de qualquer maneira. Parei quando a vi. Ela não me
viu no inicio. Aubrey estava sozinha com uma pequena pasta
escondida debaixo do braço, comendo um sorvete de creme de
casquinha. Minha boca encheu de água quando meus olhos
seguiram o movimento de sua língua deslizando pelo sorvete. A
luz do sol destacou o vermelho natural do seu cabelo, e uma leve
brisa levantou sua saia, me distraindo. Eu senti falta dessas
pernas.

Na verdade, eu senti falta dessas pernas enroladas em torno


das minhas costas enquanto eu estava enterrado profundamente
dentro dela.

Meu pau contorceu-se com o pensamento. Os cães, por sua


vez, não estavam contentes em ter que parar abruptamente para
que eu pudesse olhar para ela. Eles retaliaram, de repente me
puxando em direção ao local onde ela estava de pé, arrastando-
me atrás deles.

Aubrey irrompeu em gargalhadas quando me viu lutando


para conter os três animais latindo.

"Você tem as mãos ocupadas". Ela sorriu

Tudo isso valeu a pena só para ganhar um sorriso genuíno


dela, que era raro ultimamente. Ela tinha um pouco de sorvete
no lábio inferior, e eu ansiava por sugá-lo. Parecia que os cães
estavam tão enamorados por Aubrey quanto eu estava. Eles
começaram a pular sobre ela. O dinamarquês sorrateiramente
lambeu seu sorvete. Agora coberto de baba, ela o deixou ficar
com o resto.

Aubrey parecia não se importar, porém, e deixou os três


praticamente atropelarem-na e lamberem seu rosto. O pastor
parecia prestes a transar com a perna dela, inclusive.

Eu nunca quis tanto ser um cachorro na minha vida.

Apertando meu aperto nas guias, eu falei, "Vocês, para


baixo. Dêm a pobre Aubrey um pouco de espaço."

"Conselho interessante, vindo de você, Sr. Cocky."

"Pelo menos eu não tentei te lamber." Balancei minhas


sobrancelhas sugestivamente. "E eu pensei sobre isso. “

"Você tem... tem pensando nisso?"

"Yep. Agora mesmo, na verdade. Mas eu consigo me conter


quando quero. Isso é um ponto a meu favor, né?" Eu pisquei.

"Bem, parabéns por não agir como um animal."

"Não é fácil às vezes, porque sei o que estou perdendo, visto


que já experimentei seus pedaços suculentos."

Sacudindo a cabeça, ela diz, "Você é um grosso".

"Você gosta".

"Não, não gosto". Ela revirou os olhos, mas a expressão em


seu rosto era de diversão.

Lá estava minha garota safada.


Ela abriu a pasta e pegou uma caneta da bolsa. "Você
precisa assinar o contrato. Revi-o cuidadosamente e inclui tudo
o que conversamos, sem surpresas. Mas sinta-se livre para dar
uma olhada antes de assinar".

Rabisquei minha assinatura na parte inferior o mais rápido


que pude, e entreguei a caneta de volta quando disse, "Não há
necessidade. Confio em você completamente." Olhando direto
nos olhos dela, eu adicionei, "Duvido que você possa dizer o
mesmo sobre mim, mas estou trabalhando nisso".

Ela parecia fechada. "Você está certo. Não posso dizer o


mesmo." Ela dobrou a pasta debaixo do braço. "Melhor eu ir. Eu
tenho que estar em um lugar."

"Você tem um encontro com Dickster?"

"Pare de chamá-lo assim. Pela última vez, o nome dele é


Richard."

Meu tom ficou sério. "Vamos lá, princesa. Só estou


brincando sobre tudo... suas partes suculentas... Dick... tudo.
Você conhece o meu senso de humor. E costumava gostar dele."

"É mesmo? Eu gostava? Engraçado, porque eu não me


lembro muito do que aconteceu antes de acordar dolorida entre
minhas pernas e de você estar longe de se encontrado."

Foda.

Parecia que ela tinha me dado um soco no estômago.

Quando isto vai ficar mais fácil?


Dei um passo em sua direção. "Precisamos falar mais sobre
o que aconteceu. Eu—”

"Eu realmente tenho que ir," disse Aubrey, olhando para o


relógio e afastando-se.

Os cães estavam ficando impacientes, me puxando na


direção de um casal de pequenos Yorkshire Terriers que
andavam à solta. Eu gritei para eles, "Merda! Devagar."

Quando me virei novamente, minha menina tinha ido embora.

Após o fiasco no parque, eu fui direto para o bar, e


descarreguei toda a história para Carla Babes. Servindo-me uma
segunda bebida, ela abanou a cabeça. "Você quer saber o que eu
penso? Ela é tão ruim quanto você."

"Esclareça essa afirmação."

"Vocês estão ambos jogando."

Eu rodei minha bebida em torno do copo. "Bem, se é um


jogo, a diversão está começando a se desgastar."

"Ela está fingindo que não te quer aqui mas, no entanto, foi
apanhada te perseguindo. Se ela realmente não quisesse nada
com você, nunca teria aceito seu caso. Ela poderia ter dito ao
namorado a verdade, e então ele teria te colocado para fora
rapidamente, cliente ou não. Ela está escondendo você dele
porque ainda tem sentimentos por você, e não quer que ele
saiba. Você é cego, Aussie?"

Meu coração bateu mais rápido, se enchendo de esperança


renovada. "Eu nunca pensei nisso dessa maneira."

"Você precisa acabar com este jogo de gato e rato. Descobrir


as intenções dela. Você é um bom cara, Chance. Sei que você a
magoou muito, mas você foi ferido também. Ela precisa saber
disso. Pare de fingir que você está bem com tudo."

"O que você sugere?"

"Não banque o herói paciente. Quantas flores você


possivelmente pode plantar, senhor Polegar verde? Isso não
adianta nada. O que você realmente precisa é se plantar no
arbusto dela! Pare de perder tempo e lhe diga o que quer."

Eu fiz um gesto sarcástico. "Esqueça o polegar verde. Acho


que tenho um pau verde dormente neste momento."

"O gigante verde," ela brincou.

Eu concordei "Shrek".

Ambos estávamos ficando loucos. Quando o riso diminuiu,


eu olhei para ela — minha placa de som. A amizade dela
significava muito para mim.

"O que eu faria sem você, Carla Babes?"

Ela pareceu corar com meu comentário. Não fazia seu estilo.

Limpando a garganta, ela inclinou suas mãos contra o


balcão. "Olha, é sério, você precisa falar com ela esta noite. Diga-
lhe como se sente, sem rodeios. Certifique-se de que ela saiba
que você não vai ficar pra sempre. O tempo é precioso. Existem
muitas outras mulheres que adorariam a oportunidade de fazê-
lo feliz, se ela não se importar."

Por uma fração de segundo, o olhar nos olhos dela me fez


pensar que ela estava se referindo a si mesma.

Passei o restante do fim de semana afastado da perseguição


de Aubrey. Foi a primeira vez que eu não tinha conseguido pelo
menos um vislumbre dela num dia inteiro. Mas eu realmente
precisava de um tempo sozinho para pensar, sem que o seu
lindo rosto e suculenta bunda me distraisem.

Enquanto a última conversa com Carla tinha impulsionado


a minha confiança, quanto mais tempo em paz eu passava, mais
a dúvida começava a criar raízes.

Naquele domingo, eu passei uma boa parte do dia na


lavanderia.

Ver minhas roupas girando em voltas e voltas na secadora


ajudou-me a meditar e refletir sobre tudo.

Mesmo que eu sempre tenha dito que iria ficar em torno da


cidade se ela quisesse, eu não estava disposto a fazer isso se
Aubrey me desse o fora. Se sua intenção fosse ficar com Dick
faça chuva ou faça sol, então eu realmente precisava saber. Uma
coisa era ela me perdoar. Outra era me perdoar e me dar outra
chance, terminando um relacionamento com um cara que
supostamente a fazia feliz, e que esteve lá para ela quando eu
não pude.

Eu tinha decidido que, amanhã à noite, depois de Aubrey


chegar em casa do trabalho, eu tentaria obter minha resposta de
uma vez por todas.
CAPÍTULO VINTE E UM

Eu saltei a rotina do café da manhã na segunda-feira e fui


direto para a casa de Aubrey. Hoje seria um dia decisivo, onde
eu faria os últimos retoques na casa com Pixy, e me certificaria
de que tudo estava em ordem caso as coisas não saíssem ao
meu favor hoje.

Eu parei para comprar os dois burritos favoritos da cabra —


sem milho — e deixei-lhe o almoço na janela. Vendo-a devorá-los
com apenas algumas mordidas, eu cocei a cabeça dele.

"Escuta, eu tenho que lhe dizer algo importante." Ele estava


muito ocupado lambendo o wrapper de burrito para olhar para
mim.

"Preciso que você saiba que, se eu for embora, não é por sua
causa. Tudo bem?"

"Baa".

"Eu não quero nada mais do que te ver todos os dias, mas
para isso nós três temos que ficar juntos. Não sei se isso será
possível. E se não for, eu terei que ir embora de novo. Porque vai
me fazer triste demais ficar aqui."
Ele me olhou com seus olhos caídos. Mesmo que ele fosse
supostamente cego, às vezes eu jurava que ele podia me ver.

"Prometo que se isso acontecer, eu nunca vou te esquecer,


Bugger, ok?"

Pixy descansou seu queixo em minha mão, e então eu fiz


algo que nunca tinha feito antes. Me abaixando, eu beijei sua
testa. Não era o tipo de beijo que eu estava esperando conseguir
em Temecula, mas foi ótimo mesmo assim. Ele era o mascote
oficial do meu tempo com Aubrey, sempre no centro das boas
memórias que tínhamos compartilhado. Eu nunca iria esquecê-
lo. Tirei uma selfie de nós. E agora eu poderia riscar "beijar uma
cabra" da minha lista.

Pelo resto da tarde, eu sai em busca de flores princesa. Não


queria roubá-las daquelas que tinha plantado, então precisava
encontrar uma florista que tivesse-as à venda. Depois de algum
tempo eu finalmente fui capaz de arranjar um buquê e leva-lo
comigo para meu motel.

Chegando lá, eu tomei banho, vesti jeans escuro e uma


camisa preta e passei perfume. A necessidade de parecer e
cheirar o meu melhor esta noite era importante. Quando estava
pronto, decidi não ligar para Aubrey antes de sair. Não queria
que ela tentasse me convencer a não ir. Então, aparecer à porta
dela hoje seria uma aposta bem grande.

Era uma noite clara. As luzes de dentro de seu bangalô


iluminavam a rua escura.
Ela estava em casa.

Logo, eu também estava em casa.

Com o coração acelerado, estacionei meu carro na esquina e


me sentei ali por pelo menos vinte minutos, ensaiando o que ia
dizer. Alguém saiu da casa cuja qual eu estava estacionado em
frente.

A mulher estava balançando o rabo e os peitos quando se


aproximou da minha caminhonete vestindo uma frágil camisola
e chinelos. Quando vi o lenço na mão dela, lembrei-me era a
vizinha sacana de Aubrey, Filomena. Agora parecia que ela tinha
gesso na perna, também. Que porra era essa? Essa garota
parecia uma bagunça.

"Ei, bonitão. Eu vi sua caminhonete aqui."

"Desculpe, não sabia que você morava aqui. Eu não devia


ter estacionado bem na frente da sua casa."

"Você está brincando? Estou tão feliz, pensei que você tinha
decidido que queria me cortar, depois de tudo."

"Não, eu estou no bairro a negócios."

"Talvez você fosse gostar de entrar e me foder, então?"

"Uau, bem... hum... mesmo que seja uma oferta tentadora,


considerando o seu adorável... lenço... e tudo, eu não estou
disponível para isso. Mas, obrigado...”

"Por que você não entra para tomar uma bebida depois?
Prometo que não mordo".
"Não. Na verdade, eu estou indo ver Aubrey."

Ela apoiou a mão no quadril. "Você está ciente de que


Aubrey tem um namorado, certo?"

"Estou bem ciente disso, sim."

"Bem, se você mudar de ideia, sabe onde me encontrar." Ela


arqueou a cabeça para ver um carro que estava se aproximando.
"Na verdade, parece que ele acabou de chegar. Isto deve ser
interessante."

"Quem?"

"Era o BMW do namorado de Aubrey que passou."

Meu estômago afundou. Foda.

Depois que Filomena finalmente me deixou sozinho e voltou


para dentro de sua casa, sentei-me sozinho durante muito
tempo sem saber o que fazer. Agarrando as flores, eu
eventualmente sai da caminhonete, planejamento deixá-las na
porta da casa de Aubrey.

Quando me aproximei, o que eu vi nitidamente através da


janela quase parou meu coração. Aubrey estava sentada no sofá
com Richard, com a cabeça inclinada em seu ombro. Ela parecia
feliz. Em paz. Parecia que eles estavam assistindo um filme.

Tanto quanto doía vê-los, eu também não conseguia desviar


o olhar. Essa visão era a essência do meu sonho. Não havia
nada no mundo que eu queria mais do que ir para casa todas as
noites e fazer exatamente isso — com ela.
Quanto mais tempo eu passava ali, mais as sementes da
dúvida cresciam. De repente, pela primeira vez desde que
cheguei em Temecula — mesmo com toda a perseguição — eu
verdadeiramente me senti como um estranho olhando do lado de
fora. Isso realmente me bateu. A cadeia tinha me jogado num
túnel do tempo - tempo que, de fato, tinha passado.

Aubrey tinha me superado.

Chance, seu tolo.

Foi por isso que você fez o que fez, lembra? Isso é
exatamente o que você queria que ela fizesse.

Pelo menos vinte minutos devem ter se passado após essa


realização, e eu ainda estava plantado no mesmo lugar do
gramado que eu tinha trabalhado à perfeição. Eu estava me
sentindo doente.

Eu estava de luto.

Ir embora pela primeira vez me deixou arrasado. Ir embora


pela segunda vez agora me devastaria. Desta vez, eu realmente
não sabia como sair. Não, eu não podia dizer adeus. Por agora
eu deixaria as flores na porta, e talvez mandasse uma mensagem
ou ligasse para ela amanhã, para deixá-la saber sobre meus
planos de voltar para casa em Hermosa Beach.

Chegando à sua porta, me ajoelhei para colocar as flores


sobre o tapete de boas vindas. Isso foi quando um baque
assustou-me. Pixy deve ter me cheirado ou qualquer coisa
assim. Ele apareceu na janela da sala de jantar, que era apenas
do outro lado da porta da frente.

E começou a balir incessantemente.

"Shh!" Eu avisei.

Assim que eu comecei a me afastar, a luz exterior brilhou e


o porta da frente se abriu. Eu me virei lentamente.

Aubrey estava ali. "Chance..."

Levantei minha mão e disse "Oi".

"O que você está fazendo aqui?" Ela olhou para baixo e viu
as flores, dobrando-se para pegá-las. "Você estava deixando
estas na minha porta?"

"É isso mesmo. Eu não planejava entrar."

Dick apareceu, colocando a mão possessivamente em torno


da cintura minúscula de Aubrey. Meus olhos pousaram nele, em
seguida, transferiram-se para ver a expressão assustada de
Aubrey.

"Sr. Bateman", disse Dick. "Como nós podemos ajuda-lo?"

Nós...

Foda-se, princesa.

"Eu só quis fazer uma pequena demonstração de


agradecimento pela assistência de Aubrey com minha questão
legal”.

"Foi gentileza sua, mas você deveria ter parado no escritório


ao invés de vir aqui."
Dick.

"Na verdade, eu estou saindo amanhã bem cedo. Então esta


era minha única oportunidade."

Aubrey, que estava olhando para as flores, imediatamente


levantou sua cabeça, e seu olhar estava agora encarando o meu
próprio. "Você está saindo da cidade?"

"É isso mesmo. Meu trabalho aqui está feito." Eu continuei


olhando em linha reta para olhos dela, e então ela percebeu
quão sério isto era. "Mas eu não iria embora sem dizer adeus."

Ela apenas ficou lá, sem palavras. Pixy estava nas pernas de
Aubrey.

Sabendo o que ele queria, eu me abaixei e fechei meus


olhos, para deixá-lo lamber meu rosto pela última vez. Quando
me levantei, Dick, que parecia confuso sobre a minha ligação
instantânea com a cabra, olhou para trás e para frente entre eu
e o animal.

Firmando suas mãos em Aubrey, ele disse "Bem, desejamos-


lhe o melhor."

"Obrigado". Eu comecei a ir embora, mas parei no último


momento. Minha voz estava tensa quando eu disse. "Cuide bem
dela."

Não importava quão inapropriado meu último comentário


foi. Eu precisava dizer isso.
Engolindo minha dor, eu atravessei a grama sem olhar para
trás. Eu não podia. Depois que virei a esquina, entrei
rapidamente na minha caminhonete e fugi.

Rumei direto para meu quarto de motel. Eu queria ir para o


bar, para dizer adeus a Carla, mas tinha medo de beber até o
esquecimento se o fizesse.

Em breve eu escreveria uma carta ou algo do gênero, para


que ela soubesse o quanto sua amizade tinha significado para
mim.

Aubrey não ligou ou mandou mensagem. O que apenas


solidificou o fato de que minha ida era o melhor para ambos.

Me revirando na cama, era obvio que o sono não estaria


chegando em breve. Incapaz de livrar meu corpo da excruciante
dor física de saber que nunca iria tocá-la novamente, eu aceitei
minha insônia. Sentei-me na beira da cama, puxando meu
cabelo em frustração enquanto olhava para minha mala e
verificava meu telefone pelo que parecia ser a centésima vez.

Olhando para minha mão, tirei o anel de ouro falso do


nosso casamento em Las Vegas, e com raiva o joguei na lata de
lixo. Enquanto uma parte de mim esperava que ela nunca mais
ligasse, a maior parte de mim ficou quebrada quando ela
realmente não o fez. O que mais me incomodava era que eu
ainda não conseguia imaginar meu futuro sem ela.

Uma batida na porta me assustou.

O motel estava localizado numa área decadente, então eu


tive certeza de verificar o visor antes de abrir a porta. A visão
que me brindou foi uma versão distorcida de uma Aubrey
bastante perturbada. Meu coração confuso acelerou, apesar de
ter sido esvaziado de toda a esperança apenas algumas horas
mais cedo.

Eu abri a porta, mas não disse nada quando ela passou por
mim e sentou-se na cama. Eu fiquei em pé na frente dela. O
silêncio era ensurdecedor enquanto nós apenas olhávamos um
para o outro. Só então, ela começou a falar.

"Eu esperei por seis horas no lobby naquele dia..."

Quando uma lágrima caiu por sua bochecha, eu peguei um


lenço e entreguei-o a ela antes de me sentar ao seu lado. Meu
corpo estava tenso tentando antecipar o que ela diria em
seguida.

"Eu tinha certeza que você voltaria. Eu continuava ouvindo


na minha cabeça o que você me disse na noite que voltou tarde
com o jantar, no Arizona, aquela vez que eu fiquei com tanto
medo. Você disse 'Eu nunca faria isso com você.' Então eu
mantive a esperança por um tempo em Las Vegas. Sentia-me
como uma tola porque, apesar de todos os seus pertences não
estarem mais lá, eu ainda acreditava que você voltaria. Eu
passei apenas oito dias com você, mas sentia-me mais perto de
você do que com qualquer outro. Eu via um futuro com você."

Meu peito apertou. "Diga-me o que aconteceu quando você


chegou em Temecula. Preciso saber tudo, mesmo que doa ouvir
isso."

"Eu fiquei muito deprimida, por um longo tempo. Me joguei


no meu novo emprego quando cheguei, porque isso significava
uma distração. Alguns meses após a mudança, eu conheci um
cara. Ele se tornou realmente um bom amigo. Seu nome era
Jeremy. Ele era tão doce e bom para mim. Nós éramos amigos
há seis meses antes dele se tornar meu namorado. Ele sabia
tudo sobre o que aconteceu entre você e eu." Ela riu um pouco,
olhando para mim pela primeira vez. "Ele odiava você."

Eu sorri, mesmo que isso tenha me feito mal por dentro.

Ela continuou "Mas eu ergui uma parede, e não


verdadeiramente o deixei entrar. Eu ainda estava vinculada à
você, mesmo que você tivesse ido embora e me machucado com
sua partida. Você ainda era tudo que eu queria, tudo que eu
desejava. Em todos os lugares que eu ia, tudo lembrava você. E
Jeremy sabia disso. Ele queria mais do que eu poderia lhe dar.
Ele queria meu coração, e mesmo que você o tivesse quebrado,
ele ainda pertencia a você."

"Como acabou encontrando Richard?"

"Depois que as coisas acabaram com Jeremy, decidi que


realmente precisava de ajuda. Entre a minha carreira, meus
relacionamentos, até mesmo minha relação com minha família...
Eu me sentia... presa. Comecei a ver uma terapeuta. Ela me
ajudou a fazer algumas mudanças, e parar de me culpar pela
sua partida. Ela me ajudou a seguir em frente com as questões
de confiança e abandono. Ainda estou trabalhando nisso. Ela
também me fez ver que eu tinha que aceitar que você não ia
voltar. Quando Richard entrou na minha vida, há sete meses, eu
estava pronta para deixar alguém entrar novamente. Ele foi
contratado como um sócio da firma. Foi assim que nos
conhecemos."

"Por mais que eu brinque com o nome dele, ele parece ser
um cara legal."

"Nunca contei a ele sobre você. Sim, ele é uma pessoa


maravilhosa. Ele e eu temos muitos interesses em comum. Ele
me encoraja a seguir com a minha paixão. Ele é a razão pela
qual que eu comecei a me envolver com o abrigo de animais."

"Isso é uma coisa boa."

"Ele não foi a primeira pessoa a inspirar-me assim, porem.


Foi você que fez por mim, Chance. Você me ensinou muito em
um curto espaço de tempo, principalmente sobre como viver a
vida. Mesmo que você tenha partido meu coração, eu nunca me
arrependi de te conhecer. Mesmo hoje, eu jamais mudaria o que
aconteceu. Essa é a questão que sempre me pareceu tão fodida.
Um monte do que eu sou agora é por sua causa."

"Você o ama?"
Sem hesitação, ela disse, "Sim".

A resposta dela foi como uma bala no peito à queima-roupa.

Engolindo em seco, eu disse, "Ok..."

"Tenho andado muito confusa. Tanto quanto me importo


com Richard, também não posso mentir. Você aparecer virou
meu mundo de cabeça para baixo. Eu nunca poderia sequer ter
adivinhado o motivo real do seu sumisso. Tudo que eu acreditei
ser verdadeiro... não era. Presumi que você tinha me
abandonado por outras razões."

"Eu pensei que estava te fazendo um favor."

"Por que não queria que eu esperasse por você?" Soando


aflita, ela acrescentou "Eu teria esperado cada um desses dias."

Eu acariciei seus cabelos. Não pude evitar. "Eu nunca


duvidei disso. Mas pensei que você iria se ressentir de mim. Eu
não sabia o que significava ser preso, e não queria que você
esperasse por um homem que eu não tinha certeza se iria valer a
pena. Na realidade, a experiência fez-me uma pessoa mais forte,
mas eu não tinha maneira de saber disso naquela época. Mais
do que tudo, você não merecia colocar sua vida em espera logo
quando estava tentando um novo começo."

"Mesmo que eu agora entenda as coisas mais claramente, a


maneira como você me deixou ainda foi traumatizante. Mesmo
se as coisas fossem diferentes, com Richard, eu não... Sei se
poderia confiar plenamente que você não vai me deixar de novo."

Ouvir isso me deixou desconfortável. Eu parei de rodeios.


"Só me responda isto. Eu realmente estou atrasado
demais?"

Meu coração estava batendo descontroladamente. Ela


hesitou, mas algo em seus olhos me deu uma réstia de
esperança. Senti que este momento podia ser minha última
oportunidade, e eu não era muito orgulhoso para mendigar.

Ela ainda estava na cama quando eu caí de joelhos na


frente dela, descansando minha cabeça em seu estômago. "Diga-
me o que fazer, Aubrey." Eu repeti, "Diga-me o que eu preciso
fazer para você me dar outra oportunidade."

Eu não tinha tocado uma mulher há mais de dois anos, por


isso, quando ela passou os dedos pelo meu cabelo, seu carinho
pareceu melhor do que qualquer coisa que eu já tinha
experimentado na vida. Minha respiração engatou. Sua
respiração era irregular.

Cada som que escapou dela foi direto para o meu pau. Estar
tão perto dela fez-me desesperado por um gosto. E eu
definitivamente não estava além de tomar vantagem de sua
atração sexual por mim.

Se tivesse que jogar sujo, assim eu faria. Falando


lentamente sobre o estômago dela, eu disse, "Deixe-me te
compensar. Eu juro que você vai esquecer toda a dor. Você não
lembrará nem do seu nome."

"Não," ela respirou.


Eu abaixei minha boca e falei sobre a pele logo abaixo de
sua barriga. "Ele te dá prazer? Ele lhe dá o que você realmente
precisa?"

Suas pernas estavam tremendo. "Chance, pare."

A reação do corpo dela foi uma resposta para mim. Eu


estava no jogo. "Princesa, olhe ali. Minha mala está feita. Eu
estou pronto para sair de manhã. Tenho motivos para ficar? Me
diga".

Um olhar de tormento caiu sobre seu rosto bonito. "Não


posso prometer qualquer coisa."

"Eu não pedi uma promessa. Eu pedi uma chance. Gostaria


de começar apenas sendo seu amigo novamente... do mesmo
jeito que começamos antes."

Ela se levantou e começou a andar. "Ainda estou com


Richard. E não vou traí-lo".

"Não te pedi isso." Caminhei em direção a ela lentamente,


tentando não parecer como um leão caçando, apesar de meus
sentimentos predatórios. "Então deixe-me te perguntar mais
uma vez. Você quer que eu fique?"

Ela olhou nos meus olhos e sussurrou "Sim".

"Então vou ficar."

Ela se afastou. "Eu tenho que ir. Disse a Richard que ia


buscar sorvete de creme e colocar gasolina no meu carro."

"É melhor você ir e obter algo, então. Tenha cuidado. Já é


tarde. Quando será que vamos nos ver novamente?"
"Richard tem uma reunião amanhã cedo. Encontre-me para
o café no Starbucks às 9h."

"Nós? Juntos? No Starbucks?"

"Sim. E não peça a mesma coisa que eu. É assustador."

Eu sorri.

Quando a porta se fechou atrás dela, meu sorriso


anteriormente sutil se transformou em um enorme e radiante.

Caminhei até a lata de lixo, desenterrei meu anel e o


coloquei no meu dedo.

Devagar e sempre ganha a corrida.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

Passei metade da noite tentando elaborar um grande


esquema para fazer Aubrey confiar em mim de novo. Passaram-
se dois longos anos, e eu a queria tanto de volta — figurativa e
literalmente — que me sentia como se pudesse explodir. Mas, na
verdade, eu sabia que não havia tal coisa como um grande plano
mirabolante. Precisava acontecer da forma que aconteceu antes.
Só nós, sendo nós mesmos, um pouco de cada vez.

Agora, isso não significava que eu não ia tentar usar todas


as vantagens disponíveis que poderia inventar. Só significava
que eu teria que polvilhar essas vantagens levemente ao longo
do tempo.

No chuveiro, pensei nas coisas que já tinham feito os olhos


de Aubrey brilharem. Na primeira vez que eu vi seus olhos
revirarem, nós estávamos em uma lanchonete, e eu tinha
alimentado-a do meu prato. Os ovos gordurosos e salsicha
estavam pingando molho, mas tudo o que pude pensar era que
nunca poderia apreciar uma refeição novamente sozinho depois
de observá-la comer das minhas mãos. Eu também estava muito
certo que ela tinha afinidade com o meu sotaque. Com estas
duas pequenas coisas em minha mente, meu chuveiro pode ter
levado mais tempo do que eu esperava. Mas eu estava
definitivamente pronto para o meu encontro no café da manhã.
E porra, eu estava com fome de Aubrey.

Parei em uma lanchonete local e peguei algumas coisas,


preparando-me para o meu café da manhã australiano. Antes de
sair da minha casa, peguei alguns dos meus pratos favoritos do
esconderijo de comida da minha irmã. Eu cheguei no Starbucks
com um grande saco marrom, querendo montar meu café da
manhã com Melanie, antes da chegada de Aubrey.

"Você está atrasado esta manhã." Melanie pegou um copo e


começou a escrever com um marcador para o barista atrás dela.

"Poderiam ser dois desses? Eu vou encontrar alguém para o


café da manhã’’

Meu sorriso foi arrogante o suficiente para contar a Melanie


quem era esse alguém. Os olhos de Melanie se arregalaram. Ela
realmente parecia animada por mim. "Você quer dizer que vai
tomar café com ela hoje, em vez de apenas pagar seu café"?

"Sim".

Ela aplaudiu. "Eu sabia! Richard é um cara legal e tudo,


mas não é o mesmo. Você trouxe um lado de Aubrey que eu
nunca vi."

Eu esperava que esse fosse o lado da verdadeira Aubrey, o


que ela ainda tinha mantido escondido de mim. Perguntava-me
se o bom Dick sabia que minha garota gostava de brigar, e que
tinha um veia suja dentro dela. Eu estava apostando no fato dele
ser um ignorante de merda.

"Escute, Melanie. Se importa se eu levar de casa algum café


da manhã? Eu peguei algumas coisas especiais para
compartilhar com Aubrey."

"Claro que não. Faça o que for necessário."

"Obrigado, Melanie".

Eu escolhi o lugar mais aconchegante que pude encontrar.


Era no canto: duas cadeiras de couro marrom, com uma
pequena mesa entre elas. Eu aproximei as cadeiras antes de
expor nosso café da manhã. Aubrey chegou exatamente às nove.

Eu levantei quando ela chegou na nossa mesa. Houve um


momento constrangedor em primeiro lugar. Eu queria inclinar e
beijá-la, nem que fosse só na bochecha.

Mas a linguagem corporal dela era rígida — quase nervosa.

"Bom dia". Balancei a cabeça.

Ela forçou um sorriso tímido. "Oi".

Eu fiz um gesto para a mesa atrás de mim. "Já peguei os


cafés e nos escolhi algo para o café da manhã."

Ela se sentou. "O que é isto?"

"É um pequeno café da manhã australiano."

"Um pequeno café da manhã australiano? Aqui no


Starbucks?"

"Tipo um que eu trouxe, mas Melanie esta de boa com isso."


Aubrey olhou por cima do ombro para conferir. Melanie e
dois outros barristas estavam descaradamente nos observando,
todos um enorme sorriso no rosto. Ela revirou os olhos quando
olhou de novo para mim. "Diga-me com o que você está me
alimentando, então."

Eu sorri. Mas ela franziu a testa quando disse. "Precisamos


estabelecer algumas regras básicas primeiro."

"E só assim você está armando para eu falhar."

"Sobre o que você esta falando?"

"Você sabe que se estabelecer regras eu não serei capaz de


me ajudar. Vou precisar quebrá-las."

"Regra número um: sem quebrar as regras."

"Isso é um pouco extremo, não é? Se eu hipoteticamente


quebrar a regra número quatro, então estarei automaticamente
quebrando duas regras. Você já está sendo difícil."

"Ou eu poderia ir embora".

"Por que você faria isso? Eu adoro quando você é difícil."

"Você gosta".

"Por que não conseguimos alguma comida pra você? Acho


que está piorando minha causa porque não comeu ainda."

"Bem". Ela olhou para a comida na mesa e lambeu os


lábios.

Fode-me. Isto ia ser mais difícil do que eu pensava.


Levantei uma embalagem para mostrar a ela. "Isto é
Vegemite20. É minha comida australiana favorita." Minha irmã e
eu podíamos ter deixado a Austrália para trás, mas havia certas
coisas que não tínhamos conseguido abandonar.

"Parece meio... bruto."

"Se você comer sozinho, pode ser. Mas quando misturar


com manteiga, é Fodástico."

Passei a pasta numa torrada e ofereci-lhe uma mordida,


mas ela tentou tirá-la da minha mão. Eu puxei a oferta do
alcance dela. "Tradição australiana: você precisa alimentar o
outro com Vegemite. É tipo uma oferta de paz entre novos
amigos". Ok, eu totalmente inventei essa parte. Mas já tinha
pulado o beijo de oi, então precisava de algo.

Ela balançou a cabeça, mas parecia divertida. "Bem".


Aubrey abriu a boca e fechou os olhos.

Jesus Cristo. Essa mulher ia ser a minha morte. Dois anos!

Agora eu tinha que olhar para a mulher com quem tinha


sonhado por todo esse tempo, que estava com os lábios
pintados, boca aberta e olhos fechados, apenas esperando por
mim. E eu que pensei que a prisão tinha sido um teste de
contenção.

Ao contrário da maioria dos americanos, Aubrey gostou do


Vegemite. Por alguma estranha razão, eu sabia que ela ia gostar.
Juntos, nós devoramos tudo o que eu trouxe enquanto

20Vegemite é a marca registada para uma pasta de untar de carácter alimentício, de


cor castanha escura, de sabor salgado e elaborado a partir de extracto de levedura.
alternávamos conversa real com conversa fiada. Eu sabia que
para reconquistar a confiança dela, ela precisava saber o que
Adele significava para mim. E eu também queria me abrir para
ela — transparência pressupõe confiança. Dr. Phil era um dos
programas permitidos na prisão.

"Quando Adele e eu éramos crianças, eu costumava gostar


de pregar peças nela. Envolver seu corpo na cama com plástico
filme enquanto ela dormia. Colar a tampa da privada, então ela
fazia xixi no chão. Se esconder debaixo da cama até ela entrar e
desligar a luz, então saltar e assustar a merda fora dela."

"Eu costumava me sentir carente por não ter irmãos."

"Sim, bem. Ela teve sua vingança comigo uma vez." Ofereci-
lhe o último pedaço de torrada, que ela não hesitou em aceitar.
Por que eu gostava tanto de saber que ela comia saladas com
Dick enquanto me deixava enchê-la de carboidratos e calorias
vazias?

"Qual era a idade dela?"

"Ela estava com oito, talvez nove, então eu provavelmente


tinha dez ou estava prestes a completar onze anos. Eu já tinha
começado a jogar futebol, e a perceber as garotas. Havia uma
garota que eu tinha notado, e ela parecia ter me notado também.
Izzy. Ela estava no meu treino um dia, e eu estava me exibindo...
fazendo embaixadinhas e alguns truques com meu joelho e
cabeça. Izzy ficou impressionada. Eu a tinha bem onde queria.
Até que me virei."
"O que Adele fez?"

"Ela tinha pintado os calções do meu uniforme branco de


futebol com Vegemite. Você o comeu entre dois pedaços de pão.
Mas sozinho não é uma visão bonita."

Ela riu. "Estou feliz por você me contar isso depois que
acabamos de comer."

"Bom. Izzy perdeu o interesse, e eu me tornei ‘Chance calças


sujas’."

Nós dois rimos. "E pensar que, anos mais tarde, esse
traseiro imundo se tornaria famoso."

"Você sabe, aquele pôster mostra minha cara também. Na


verdade, mostra só um pouco da minha bunda."

"Confie em mim. Foi a bunda que vendeu".

"Está dizendo que minha bunda é melhor que minha cara?"

Ela balançou a cabeça e não respondeu, mas suas


bochechas coraram um pouco.

"Então, como você se vingou de Adele?"

"Não me vinguei". Dei de ombros. "Eu estava orgulhosa dela,


na verdade."

Conversamos por mais duas horas. Sobre nada. Sobre tudo.


Eu podia ficar sentado lá por dias.

Quando o telefone de Aubrey zumbiu sobre a mesa, nos


olhamos antes de ver o nome brilhando na tela. Richard.

Dick.
"Tenho de ir. Não acredito que estamos sentados aqui por
duas horas e meia. Eu nem avisei no escritório que ia me
atrasar." Ela se levantou, e eu me juntei a ela. "Quais são seus
planos para hoje?"

"Vou andar com uns vira-latas e construir um canteiro de


flores princesa para minha advogada. O de sempre."

Ela remexeu seu bolso e puxou um conjunto de chaves, me


oferecendo-as. "Aqui. No caso de você precisar usar o banheiro
ou qualquer coisa enquanto estiver trabalhando”.

Seu gesto significou muito mais do que apenas um lugar


para me aliviar. Eu peguei a chave da mão dela, em seguida,
entrelacei meus dedos com os dela. "Obrigado".

Dei um passo mais perto. Porra, ela tinha um cheiro bom.


"Coleção particular Tuberose Gardênia" Eu murmurei. Seu
cheiro me trouxe de volta para a primeira noite em nossos
quartos de hotel. Esse perfume tinha permeado o banheiro dela,
e eu tive apenas um vislumbre daquela lingerie Landim preta
encima do balcão. Merda. Cuidar de mim mesmo mais cedo não
fez nada para saciar a sede que eu sempre tinha em torno dela.
Minhas calças estavam ficando desconfortáveis de novo.

"Você lembra do nome do meu perfume."

Não consegui evitar desta vez. Enrolei meu braço em volta


de seu pescoço e puxei-a contra mim firmemente para dar-lhe
um abraço. "Eu lembro de tudo sobre você". Sussurrei no ouvido
dela.
Ela estava composta quando nos separamos, mas seu rosto
estava corado quando ela olhou para baixo, escapando do meu
olhar e consequentemente vislumbrando a protuberância óbvia
no meu jeans.

"Faz mais de dois anos," Eu discretamente ofereci como


explicação.

"Você não tem —"

"Estado dentro de uma mulher em dois anos?" Então pensei


melhor na minha frase. "Eu não toquei outra mulher desde que
te conheci. E não planejo fazê-lo."

Eu a assisti engolir em seco antes de falar. "Obrigada pelo


café da manhã."

"Quando nos veremos novamente, princesa?"

"Eu tenho que sair da cidade amanhã de manhã.


Provavelmente pegarei a estrada cedo, e voltarei tarde. Vou te
mandar mensagem depois de amanhã, talvez. "

Odiei essa resposta, mas concordei. "Tenha uma boa viagem."

Caminhei com alguns cães, fui para a academia e decidi


pular a casa de Aubrey hoje. Depois de meu tempo com ela esta
manhã, não queria estragar as coisas revirando sua casa. E,
uma vez que eu finalmente entrasse na casa dela, certo como a
merda que eu faria uma investigação completa.

Em vez disso, tomei banho e fui ter um tempo de qualidade


com a minha garçonete de bar favorita. O lugar estava sempre
vazio a essa hora.

"Você está especialmente linda hoje, Carla Babes." Ela


estava vestindo uma camisa vermelha com grandes bolinhas
brancas, amarrada logo abaixo dos peitos e revelando uma
porrada de pele lisa. O cabelo estilo Pin-up estava preso com um
lenço vermelho.

Ela me serviu uma bebida. "E você está de bom humor hoje.
Finalmente cultivou um par de bolas e foi atrás daquela
mulher?"

"Estou trabalhando nisso".

"Você tem trabalhado nisso há duas semanas."

"É uma maratona, não uma corrida de velocidade". Falei


antes de tomar um gole da minha bebida.

"Quem é você, o Dalai Lama?"

"Estou realmente começando a me sentir como um monge


budista. Eles fazem voto de celibato, não é?"

"Deixe-me perguntar uma coisa. Por que você não vai a um


bar, pega uma mulher disposta e começa o trabalho sujo? Faz
muito tempo! Só fazer sexo. Sexo suado, sujo e sem sentido. Isso
poderia fazer você se sentir melhor."
Honestamente, eu tinha notado algumas mulheres
ultimamente. Eu teria que estar morto para não notar, mesmo
que meu corpo não desejasse estar com mais ninguém. "Eu me
sentiria como se estivesse traindo-a."

"Mesmo que ela esteja transando com outra pessoa?"

Isto doeu. "Obrigado, Carla."

"Sinto muito". Ela sorriu. "Mas, me avise se mudar de idéia."

Olhei para o anel no meu dedo. Os votos podem ter sido


trocados na frente de Elvis, mas eu estava empenhado da
mesma forma.

Isso me fez pensar se ela lembrava dos nossos votos, agora


que eu estava de volta a sua vida outra vez.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Dizem que a taxa de reincidência dos criminosos é de mais


de cinquenta por cento. E eu estava me tornando uma maldita
estatística. Mesmo que eu tivesse uma chave e não fosse
tecnicamente um criminoso, minha pequena luva bisbilhoteira
me fez sentir ainda mais com o criminoso que eu achava que era.

Começou de forma inocente. Primeiro eu precisei ir ao


banheiro. Em seguida, Pixy ficou me olhando com sede. Então
eu procurei em metade dos armários da cozinha por uma tigela.
Não havia nada muito incriminador lá. Alguns copos de vinho
chiques, canecas de café gravadas com timbres de escritórios de
advocacia, enlatados com todos os rótulos virados para frente.
Eu sorri quando vi duas garrafas do molho vermelho com um
galo pomposo orgulhosamente exibido na frente. Minha garota
gostava do molho do galo.

De lá, me mudei para investigações mais importantes. O


banheiro tinha apenas uma escova de dentes rosa. A banheira
estava cheia apenas de porcaria feminina. Abri a caixinha de
creme na bancada e dei uma cheirada gigante; cheirava como
Aubrey. E fácil assim eu estava sorrindo como um idiota, mais
uma vez. Até que abri o armário do banheiro espelhado. Tylenol,
desodorante, lâminas de barbear, pílulas de controle de
natalidade e... pílulas de controle de natalidade. Eu abri o
pequeno recipiente oval e vi que segunda, terça e quarta-feira já
tinham sido consumidos esta semana. O desejo de jogar o resto
do mês no vaso sanitário foi poderoso. Mas a consequência de
fazer algo assim era algo que eu não podia nem me permitir
pensar à respeito. Aventurei-me pelo corredor, me afastando de
uma vez por todas do banheiro.

Dentro do quarto dela, eu abri as portas deslizantes do


armário. Uma das portas estava fora do prumo, e quase desabou
na minha cabeça. Princesa Fodida, não corrige nada! Não havia
nenhum sinal de roupas masculinas no armário, o que me fez
sentir um pouco aliviado após encontrar as pílulas no armário
do banheiro.

Em cima de sua cômoda, havia algumas fotografias


emolduradas, uma da quais eu presumi ser de Aubrey e seu pai
na formatura da escola de direito.

Ela estava olhando para ele enquanto ele olhava para a


câmera com orgulho. Lembrei-me que ele era um advogado
também. Havia alguns outros porta retratos. Um dela e um
amigo quando adolescentes. Outro de uma mulher mais velha e
Aubrey. Elas eram iguais – essa deve ter sido a avó dela. A
última foto, porem, causou uma sensação de esmagamento no
meu peito. Era uma imagem dela e Dick... com Pixy sentado
entre eles. Mutton, seu maldito traidor! Mesmo que doesse
monstruosamente olhar para eles, eu não pude... Parar de olhar
por uns cinco minutos. Aubrey estava sorrindo amplamente. Ela
parecia... feliz.

Devia ter sido eu no lugar de Dick.

Eu tinha visto quase tudo que poderia aguentar, e estava


prestes a sair do quarto quando parei diante da última gaveta da
cômoda. Meus olhos se fixaram na gaveta de cima, que era
quadrada — o tipo de lugar onde se guarda calcinhas. Visto que
eu já tinha sido um completo imbecil hoje, abri a gaveta.

Estava cheia de rendas. E uma nota.

Cocky – desde que você não tem nada melhor para fazer, que
tal consertar a porta do armário?

Eu ri durante cinco minutos. Nós nos conhecíamos tão bem.

E então eu consertei as portas do armário.

Eu não tinha notícias dela desde ontem de manhã. Já


estava esperançoso que talvez amanhã ela pudesse mandar uma
mensagem, então fiquei animado como o inferno quando meu
telefone piscou e o nome dela apareceu, por volta das nove da
noite.

Aubrey: Obrigado por consertar as portas, pervertido.

Chance: Tudo por você.


Alguns minutos se passaram. Eu não tinha certeza se
deveria me desculpar por bisbilhotar ou não.

Aubrey: Você não experimentou nenhuma, não né?

Chance: Sou mais do tipo cheirador do que crossdresser21.


Além disso, eu gosto do laço na sua bunda, não na minha.

Aubrey: Muito engraçado.

Chance: Eu não estava brincando sobre gostar da sua bunda.

Meu telefone ficou quieto. Claramente eu tinha movido esta


conversa para alem do território de amigo. Pensei, então, por que
não forçar minha sorte um pouco mais?

Chance: Tenho saudades suas. Quando posso te ver


novamente?

Aubrey: Que tal uma caminhada com cão amanhã à tarde? Meu
último compromisso no escritório deve terminar por volta das 16h.

Chance: Vou encontrá-la no abrigo às 16:30, então.

Aubrey: OK.

Chance: Boa noite princesa.

Aubrey: Noite, Chance.

Na tarde seguinte, nos encontramos no abrigo. Aubrey


chegou depois de mim, tão bonita como sempre em seu terno.
Mas, quando ela desapareceu no banheiro e saiu vestindo jeans,
uma camiseta branca, e um rabo de cavalo, ela estava fenomenal
pra caralho. Não pude deixar de olhar para ela enquanto

21 Um termo que se refere a pessoas que vestem roupa ou usam objetos


associados ao sexo oposto, como, por exemplo: joias, perucas, perfumes, maquiagens,
por qualquer uma de muitas razões, desde vivenciar uma faceta feminina (para os
homens), masculina (para as mulheres), motivos profissionais, para obter gratificação
sexual, ou outros.
caminhávamos para o parque, cada um levando dois cachorros
na coleira.

"O que? Você está me olhando como se algo estivesse


errado."

"Só estou olhando para você. Não sei se é possível, mas


acho você mais bonita cada vez que te vejo."

Ela estava quieta quando entramos no parque.


Caminhamos por um tempo, e depois ela sentou-se num banco.
"Posso te pedi uma coisa?"

"Qualquer coisa".

"Como foi? Na prisão, quero dizer?"

Acho que fazia sentido para ela querer saber o que eu passei
nos dois últimos anos. Afinal, tudo que eu queria era saber como
ela tinha passado os últimos dois anos. Ela estava se
atualizando.

"... Era degradante. Superlotada, mas ainda solitária, ao


mesmo tempo."

"Teve visitas?"

"Adele veio me ver, todos os sábados."

"E sua mãe? Ela ainda está cuidando da sua avó doente?"

"Não, ela morreu".

Aubrey olhou para mim. O rosto dela caiu. "Me desculpe.


Isso foi impensado. Sua avó estava doente. Eu devia ter
percebido."
"Você não tinha como saber." Eu limpei minha garganta.
"Ambas são falecidas agora, na verdade. Minha mãe morreu de
um aneurisma no meu primeiro ano."

"Oh meu Deus, Chance. Sinto muito."

"Obrigado".

Abri a garrafa de água que estava carregando e servi à


alguns dos cães. Aubrey ainda estava me olhando quando a
garrafa estava vazia. Então eu dei-lhe toda a minha atenção, e
esperei para ouvir o que ela estava pensando.

Uma lágrima rolou pelo seu rosto antes dela falar. "Você
perdeu tanto."

Eu enxuguei a bochecha dela. Ela se inclinou em meu


toque. Eu mal conseguia respirar lembrando tudo o que perdi.
"Sim. Eu perdi." Fechei meu olhos brevemente para me
recompor. Quando os reabri, Aubrey ainda me observava. Então
eu continuei. "Às vezes, é preciso perder tudo para perceber o
que é realmente necessário."

Ela juntou meus dedos com os dela, e apertou. Nós ficamos


sentados no banco por mais uma hora até os quatro cães
decidirem que era hora de voltar. Nesse tempo, eu contei a
Aubrey sobre a clínica de futebol que comecei na prisão. Ela me
contou tudo o que fez para iniciar o abrigo de animais e fazê-lo
funcionar. Sua empresa permitia-lhe fazer uma considerável
quantidade de trabalho pró-bono, o que a fazia feliz. Soou como
se ela tivesse encontrado uma espécie de equilíbrio.
Depois que voltamos com os cães para o abrigo, eu não
estava pronto para deixá-la ir ainda.

Estávamos um de frente para o outro, e esso parecia um


final estranho para um primeiro encontro.

"Podemos ir comer alguma coisa?" Eu perguntei.

Ela mordeu o lábio inferior. "Eu tenho planos hoje à noite."

Dick. Eu assenti com a cabeça, e olhei para baixo.

"Mas —"

Eu olhei de relance para cima, esperançoso. Novamente, eu


não tinha problema nenhum em mendigar com olhos de
cachorrinho.

"Eram planos meio soltos. Talvez eu possa mudá-los."

Eu respondi honestamente, "Eu realmente adoraria isso.


Não estou pronto para terminar esta tarde."

Ela assentiu com a cabeça e desculpou-se por um minuto,


saindo para fazer uma telefonema. Quando voltou, ela deixou
cair o telefone na bolsa. "Está afim de quê? Preciso passar em
casa e mudar de roupa, independente de para onde vamos. Os
cães me deixaram toda suja, e eu não quero colocar minha
roupa de trabalho".

"Que tal pedirmos?"

Ela pensou sobre isso por alguns segundos. "Não acho que
seja uma boa ideia, Chance."
Levantei meus três dedos. "Eu vou estar no meu melhor
comportamento. De escoteiro, prometo".

Ela piscou para mim quando considerou a idéia. "Bem".

Minha outra mão estava nas minhas costas, com dois dedos
cruzados.

Pedimos espaguete carbonara e frango à parmegiana do


restaurante italiano a poucos quarteirões da casa dela. Nós
dividimos, e começamos a comer assim que a comida chegou.
Ela mergulhou um pedaço de pão no molho depois que servimos
nossos pratos. "Vejo que você desistiu de sua proibição de
carboidratos. Eu lembro que era permitindo somente uma
refeição por mês."

"Eu decidi que gostava demais de comida. Então abracei o


pão e as massas, e comecei um regime rigoroso na academia.
Richard me apresentou a corrida, e eu percebi que poderia
queimar um pão de queijo em menos de trinta minutos.
Totalmente vale a pena essa meia hora de exercício."

Olhei para fora. Ouvir falar sobre ele e todo o bem que ele
tinha feito para ela me deixou confuso. Eu estava feliz que ela
estava gostando de coisas, mas triste que não era eu a pessoa
que a ajudou a aprender a desfrutar do que a vida tinha para
oferecer. Se eu fosse sincero, ouvir o nome dele sair de seus
lábios também me fez sentir mal.

"Sinto muito". Ela disse sinceramente quando notou minha


expressão triste.

"Estou sendo um idiota. Estou feliz que você está comendo


bem e se exercitando". Eu precisava de um minuto, então
levantei-me e levei nossos pratos para a pia. Aubrey limpou a
mesa enquanto eu ligava a máquina de lavar louça. Me senti
tão... doméstico. Tão certo. Eu me perguntei se ela se sentia
assim com ele também.

Era apenas 20h quando o jantar tinha terminado. Eu não


queria alongar minhas boas-vindas, ainda que não quisesse ir
embora. Olhei para baixo, para o chão da cozinha. Havia
algumas rachaduras na argamassa — um projeto para outro dia.
"Você quer que eu vá?" Minha cabeça ainda estava inclinada
para o chão, mas meus olhos olhavam para ela, cheios de
esperança.

Ela balançou a cabeça e falou baixinho. "Que tal ver um


filme?"

Pixy se juntou a nós na sala de estar. No minuto em que


nos sentamos no sofá, a cabra maluca despencou no sofá
adjacente. Ele escorou a cabeça no braço de assento e olhou
para nós. "É o lugar dele," ela ofereceu.

Discutimos sobre o que assistir antes de finalmente


escolhermos uma série da Netflix que Aubrey balbuciou a
respeito. Era um show sobre uma gang de motociclistas Old
School. Nós tínhamos uma TV no quarto na prisão, mas não
havia como um programa sobre motociclistas estar na lista de
programas liberados. Logo, eu estava alguns anos atrasado no
quesito programas de televisão.

"Você sabe, quando vi sua motocicleta pela primeira vez


naquele dia na parada de estacionamento, imaginei-me
montando na garupa, meus braços em volta daquele cara." Ela
apontou para um sujeito loiro na televisão, montando uma
Harley e usando um tênis branco brilhante. "Eu me perguntei
qual seria a sensação de montar aquela maquina."

"Ah, sim?" Ela levantou as pernas sobre o sofá e estendeu-


as.

Seus joelhos estavam dobrados, mas seus pés alcançavam


minha coxa. Sem pensar, eu peguei um de seus pés em minhas
mãos e comecei a massageá-lo. Ela pareceu receosa no início,
mas rapidamente relaxou os ombros. "É bom?"

"Mmmm... hmmm."

"Acho que vou fazer uma breve viagem até a praia de


Hermosa".

"Por que isso?"

"Para pegar minha moto. Te devo uma voltinha."

Ela fechou os olhos enquanto eu massageava seus pés. "Eu


gostaria disso".

Eu também, princesa. Eu também.


"Quer saber o que eu pensei na primeira vez que te vi?"

Ela riu. "Provavelmente não".

"Eu não podia tirar meus olhos de você. Você estava linda,
mas algo sobre a forma como você sorriu enquanto brincava com
aquele boneco apenas fez algo em mim”.

"Eu pensei que você tinha me odiado."

"Eu me perguntei qual seria a sensação de montar, também.


Só que eu não estava pensando nem um pouco na moto."

Nossos olhos de encontraram, e eu pude ver que suas


pupilas estavam dilatadas. Foda.

Ela estava ficando excitada. Eu apertei meus polegares no


arco de um de seus pés, e ela fechou os olhos e soltou um
pequeno gemido. "Deus, eu amo o som disso." Eu podia ouvir a
rouquidão na minha própria voz. Meu pau estava crescendo.

Enquanto eu esfregava seus pés, senti a tensão de seus


músculos esmaecer. Mas foi rapidamente substituído por um
tipo diferente de tensão. Uma energia sexual-primal encheu o ar
em torno de nós. Ela estava saboreando meu toque, lentamente
se entregando ao que eu a fazia sentir. Minhas mãos se
mudaram de seus pés para suas panturrilhas. Sua respiração
tornou-se mais irregular com cada amassar. Deus, eu senti falta
da sensação da pele dela pele sob os meus dedos. Eu queria
tanto sentir seu corpo sob o meu que era quase doloroso não
apressar demais as coisas. Minha mão deslizou até a parte de
trás de seu joelho, e eu me aproximei mais dela. Seu corpo
estava tão sensível ao meu toque.

"Chance" ela gemeu com os olhos fechados.

Eu me inclinei lentamente para ela. "Aub —"

O som da campainha tocando foi como jogar um balde de


água gelada em Aubrey. Os olhos dela se abriram rapidamente,
arregalando-se quando seu corpo ficou rígido. Não precisava ser
um cientista para descobrir quem ela pensou que estava à porta.

"E se for Richard?"

"E daí? Não fizemos nada errado."

"Mas... eu não lhe contei sobre nós. E você apareceu


algumas noites atrás na minha porta dizendo que estava
deixando a cidade. Tenho certeza que isso poderia criar suspeita
o suficiente. Se ele te encontrar aqui, vai pensar que algo está
acontecendo entre nós."

De repente, eu estava na defensiva. Levantei-me. "Há algo


acontecendo entre nós."

"Você entendeu o que eu quis dizer".

A campainha tocou novamente. Eu não queria nada mais do


que andar até a porta da frente, abri-la e dizer a Dick para ir
passear. Mas Aubrey estava entrando em pânico. Eu passei
meus dedos pelo meu cabelo. "O que você quer que eu faça? Saia
pela porta dos fundos"? Eu estava sendo sarcástico. Mas seu
olhar para mim disse-me que era exatamente isso que ela queria
que eu fizesse. "Você deve estar brincando comigo."
"Me desculpe. Eu realmente sinto muito. Eu... Eu.... não
posso deixá-lo te encontrar aqui."

Nós nos entreolhamos por um longo instante. Deixando


meu orgulho de lado, eu andei até a porta dos fundos, como se
eu fosse o outro. Não Dick. Eu. Doeu muito, mas eu fiz o que ela
queria. Sem mais uma palavra, eu cai fora pela porta dos
fundos.

Eu espiei pela janela de trás, até que o vi lá dentro. Em


seguida, caminhei de volta para a frente da casa. Eu não seria
capaz de assistir do lado de fora de novo. Ia me matar. E não
havia nenhuma maneira no inferno que eu poderia ficar por aqui
para, possivelmente, assisti-lo passar a noite. Então eu fui
embora. Poderiam haver marcas de pneus na rua na frente de
sua casa no dia seguinte — mas eu sai.

Pensativo, fiquei na estrada por um tempo, antes de voltar


para Hermosa Beach. Era isso ou chafurdar em auto-piedade
com Carla, já que eu não confiava em mim mesmo para ficar por
aqui no momento. Eu dirigi cerca de uma hora antes da minha
luz de gás começar a piscar. Parando na área de descanso no
posto de gasolina, eu estacionei e inclinei a cabeça contra o
volante para alguns minutos.

O que eu estava fazendo? Aubrey estava feliz. Pelo menos


estava, antes de eu egoisticamente aparecer em sua vida. Eu
queria tanto que ela me quisesse de volta que nem questionei se
estava vendo algo que sequer existia. As horas de viagem me
tinham alternando entre estar certo de que ela só precisava de
tempo para aprender a confiar em mim novamente, e ter certeza
de que eu estava fazendo a coisa errada ao ficar por aqui.

Quando estava prestes a sair do carro, o céu se fechou.


Chuva começou a cair, tornando-se vapor conforme caia no
asfalto na quente Califórnia. Foi estranho, realmente. Solitário,
até. Talvez fosse um sinal.

Eu fiz uma parada. Incapaz de me proteger dos pingos de


chuva, minhas roupas ficaram encharcadas enquanto me dirigia
ao banheiro. Joguei um pouco de água na cara, e então me olhei
no espelho, tentando iniciar uma conversa motivacional muito
necessária. Se eu não podia nem convencer meu próprio traseiro
que tudo ia acabar bem, nem adiantava tentar convencer
Aubrey. Meu telefone zumbiu no meu bolso e, por um segundo,
eu deixei minhas esperanças crescerem. Mas era uma
mensagem da minha operadora, dizendo que eu quase tinha
chegado ao fim da minha cota de uso do plano de dados. Agora,
esse foi um maldito sinal. Eu estava ficando sem tempo.

Resmungando para mim mesmo, saí do banheiro e decidi


lanchar antes de encher o tanque e voltar para a estrada. Eu ri
quando percebi minhas opções: Starbucks ou Popeyes Chicken.
Era irônico, realmente.

Talvez eu pudesse passar na pequena loja de presentes e


procurar por um boneco do Obama na saída. E sim,
internamente eu estava me repreendendo por ser um patético
anormal.
Ansioso para dar o fora dali, eu pedi um pouco de frango
enquanto enfiava a mão no bolso para pegar minha carteira.
Algo caiu do meu bolso então, e tlintou ruidosamente no chão.
Era a chave que Aubrey tinha me dado. Eu a peguei e fechei-a
na palma da minha mão quando paguei por minha refeição.

Ocorreu-me algo, então. Eu estava aqui, procurando por um


sinal estúpido, quando todo o tempo eu tinha a chave. Dick
tocou a campainha. Eles estavam juntos há sete meses, e ela
ainda não tinha dado ao idiota uma chave. Eu não era o outro
cara. Ela só não tinha admitido isso para si mesma ainda.
Agora, isso era algo que poderia me dar esperança.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Adele estava sentada no sofá com as pernas cruzadas.


"Então, você vai voltar esta noite?"

Balancei a cabeça. "Não tenho tempo a perder. Cada


segundo que eu perco aqui ele permanece lá, ganhando
vantagem. Voltei para carregar minha moto na parte traseira do
meu carro." Eu franzi minha testa. "Ela quer uma carona."

"Isso é ótimo e tudo. Eu só espero que ela não esteja te


levando para um passeio."

"Isso é o que eu estou querendo, Sis."

"Você sabe o que quero dizer! Enrolando você. O fato de que


ela tem um namorado que parece ser um bom cara complica
bastante as coisas. Ela não vai querer machucá-lo."

"Estou ciente de que esta situação não é ideal. Mas aqui


está a chave para o que eu precisava saber." Eu coloquei minha
mão no bolso de trás, retirando a chave da casa de Aubrey.

"Aqui".

"É uma chave, literalmente".


"Exatamente". Pisquei o olho. "Ele não tem uma. E ela deu
uma para mim. Concedido, eu deveria ser capaz de usar o
banheiro enquanto estou fazendo seu gramado. Mas o que o fato
de ele não ter uma chave te diz?"

"Que ele não está cortando a grama dela." Ela riu. "Acredite
em mim, eu quero e acredito que você vai ficar com a garota no
final, mas isso tudo me deixe nervosa. Isso é tudo. O que
acontece se ela não voltar para você?"

"O seu querido irmão mais velho de coração partido


acampará em seu sofá enquanto come um monte de Tim Tams22
o dia todo de pijama".

Ela jogou uma almofada em mim. "Isso é o que me assusta."

"Você está preocupada comigo." Eu joguei o travesseiro de


volta para ela. "Isso é bonito, mas desnecessário".

"Eu realmente espero que você tenha razão."

De volta a Temecula, e com minha moto já abastecida, eu


estava ansioso para vê-la - era sexta-feira à tarde, então ela
ainda estava no trabalho. Incapaz de conter minha excitação,
enviei-lhe um texto.

22
Chance: Afim de me montar?

Aubrey: Como é?

Chance: Tire sua mente da sarjeta, menina safada. Eu trouxe a


Harley de Hermosa Beach. Quer viver sua pequena fantasia de
motoqueiro comigo?

Aubrey: Você quer sair comigo?

Chance: Entre outras coisas, sim.

Aubrey: Quando?

Chance: Você esta livre em algum momento do fim de semana?


Eu estava pensando que nós poderíamos fazer uma pequena viagem.

Aubrey: A última vez que fiz uma pequena viagem com você
acabei com muitos problemas.

Chance: Vamos, princesa. Vou deixar você me chamar de


Charlie Hummer.

Aubrey: Hunnam. LOL. Charlie Hunnam23!

Chance: Eu prefiro Hummer.

Aubrey: Tenho certeza que sim, pervertido.

Chance: Quem é o tarado? Eu estava falando sobre o veículo.


Do que você estava falando? Melhor ainda, você pode demonstrar?

Aubrey: Você é inacreditável.

Chance: Você está sorrindo?

Aubrey: Talvez.

Chance: Bom. Então, o que acha da viagem?

23
Aubrey: Não posso ir amanhã. Domingo?

Não queria esperar um dia inteiro para passar o tempo com


ela, mas não tinha muita escolha.

Chance: Acontece que domingo estou disponível.

Aubrey: Eu preciso levar alguma coisa?

Chance: Cuido disso.

Aubrey: Isso me assusta.

Chance: LOL. Deveria.

Aubrey: Nos vemos domingo.

Chance: Que horas devo te buscar?

Aubrey: Meio-dia?

Chance: Parece bom.

Ela não respondeu. Não pude deixar de mandar um último


texto.

Chance: Eu mal posso esperar.

Passei o resto da sexta-feira à tarde e à noite me preparando


para nossa viagem de domingo. Primeira ordem de negócio:
comprar um capacete para Aubrey. Na loja, auase morri de rir
quando vi um que imitava a casaca verde de uma melancia.
Tinha um triângulo fatiado nele, que dava a impressão de estar
faltando um pedaço. Achei que ela me mataria se eu a fizesse
usar isso. Então encontrei um diferente, que era perfeito para
ela.
Como não costumava andar com alguém, também ajustei a
suspensão traseira da moto, em preparação para a minha
passageira.

De volta no motel, pesquisei na Internet uma rota que


podíamos fazer, e um bom lugar onde poderíamos parar.
Encontrei uma cidade chamada Julian, que ficava a
aproximadamente setenta e seis milhas de distância. Isso
significa cerca de duas hora de passeio. Era uma zona
montanhosa, cerca de uma hora a leste de San Diego,
aparentemente conhecida por suas tortas de maçã. Torta de
maçã para minha menina-maçã. Ia ser Julian.

Eu fiquei fantasiando sobre encontrar um Bread and


breakfast por lá, onde poderíamos passar a noite, mas sabia que
ela nunca ia aceitar algo assim. Então nosso destino tinha que
ser facilmente factível em uma viagem de ida, trazendo-nos de
volta à Temecula a uma hora decente.

Domingo finalmente chegou. Eu tive a certeza de fazer o


meu melhor para parecer ao máximo com o garoto motociclista
da fantasia de Aubrey. Vestindo uma angustiada jaqueta de
couro marrom, calça jeans azul e meu capacete preto brilhante,
eu estava pronto para reivindicar a única mulher que sempre
quis, sentando-a na parte traseira da minha moto e levando-a
para dar um passeio. Charlie Hummer, melhor tomar cuidado.

Ao invés de ir bater em sua porta, eu acelerei


freneticamente o motor da moto na frente de sua casa,
obrigando-a a sair. Toda a vizinhança agora estava ciente da
minha chegada.

Aubrey saiu, e aqueceu meu coração vê-la sorrindo. Ela


estava vestindo uma jaqueta de couro preto curta e apertada que
abraçava seus peitos. Foda-se.

O cabelo dela estava para baixo, e ela usava botas de cano


alto e de couro preto sobre os jeans.

Enquanto eu segurava seu capacete, minha boca espalhou-


se num enorme sorriso. "Deus, você está gostosa pra caralho."

Ela cobriu seu sorriso quando olhou para o capacete rosa


que eu tinha escolhido, que tinha as palavras ‘princesa do
motociclista’ gravadas na lateral. "Princesa do motociclista? Você
fez isso?"

"Não. Eles já tinham pronto na loja de moto. Não é perfeito?


Foi o destino."

"Seria realmente perfeito se o seu dissesse ‘Cocky bastard’."


Ela piscou o olho. Fiquei emocionado ao ver que a versão dela
que apareceu hoje era a da Aubrey mal-humorada. Meu pau
estava ainda mais emocionado.

"Pronta, princesa?"
"Honestamente, estou um pouco assustada. Nunca estive
numa moto na minha vida."

"Sabe o sentimento de quando se está andando num


conversível?"

"Sim?"

"Bem, multiplique-o por dez. Isso é como vai ser. Uma porra
incrível, Aubrey."

Ela ainda parecia nervosa.

"Você está nervosa, querida?"

"Não consigo evitar".

"Não tenha medo. Só não me solte. Essa é a principal coisa


que você tem que lembrar."

Por favor, não me solte nunca.

"Acredite em mim. Eu não vou soltar" ela disse.

"É uma promessa?"

Ela corou, sabendo do que eu realmente estava falando, e


ignorando a pergunta.

"Esta é minha primeira vez também, você sabe," Eu disse.

"O que você quer dizer? Já esteve numa moto muitas vezes."

"Sim, mas você é a primeira mulher que vai andar na minha


garupa."

"Sério?"
"Sim". Coloquei o capacete na cabeça dela. "Deixe-me ajudá-
la."

Ajustei a correia, olhei nos olhos bonitos dela e disse,


"Agora, eu só vou te ensinar algumas coisas antes de partirmos.
Eu li sobre algumas coisas de segurança."

"Tudo bem". Ela estava adorável com aquele capacete rosa


enorme na cabeça.

Sentei-me na moto. "Suba atrás de mim."

Ela fez como eu disse.

"Envolva seus braços em volta da minha cintura."

Eu calei por um momento com a sensação deles me


enrolado firmemente.

"Percebe o que está fazendo agora? Continue a fazer


exatamente isso. Se segure em mim tão firmemente quanto
puder."

"Está bem".

Olhei para trás. "Agora, isso é muito importante. Quando eu


virar para um canto, relaxe seu corpo. Não se incline na virada.
Esse será seu impulso natural, mas evite-o. Tudo bem?"

"Tudo bem".

"Outra coisa: vai ser difícil para nós ouvirmos um ao outro,


a menos que realmente gritemos. Então, se você não quiser
gritar e, por qualquer razão precisar parar, apenas bata no meu
ombro. Mas essa é a única vez que você está autorizada a me
soltar."

Minhas regras em relação a sua segurança eram um bocado


exageradas. Mas eu ia ter a experiência de estar bem perto dela,
e isso valeria a pena.

"Vamos lá. Pronta?"

Ela deu de ombros. "Tão pronta quanto jamais estarei."

Eu liguei o motor, e andamos por algumas estradas laterais


antes de entrarmos na rodovia. Aubrey nunca me soltou. Nem
uma vez. Eu nunca imaginei quão bom seria ter alguém atrás de
mim. Bem, suponho que era porque ela estava atrás de mim. Eu
tinha esquecido o quanto sentia falta de montar também -
aquele sentimento de deslocamento através das engrenagens, o
vento batendo no rosto e a sobrecarga sensorial. Era a próxima
melhor coisa depois do sexo — um sentimento de poder
absoluto. Focar atentamente na estrada e em tudo ao meu redor
costumava trazer uma estranha sensação de calma.

Tão divertido quanto era, eu também estava muito


consciente de quão cuidadoso precisava ser com a vida de
Aubrey, que agora estava em minhas mãos. Estar numa moto te
faz excessivamente consciente de sua própria mortalidade,
especialmente quando se está na estrada.

Nossa rota alternava entre a rodovia e estradas de campo


aberto cercadas por montanhas. Mesmo que a paisagem fosse
deslumbrante, eu senti falta de olhar para o seu lindo rosto. Mal
podia esperar para vê-la toda corada e com o cabelo bagunçado
pelo vento.

Para mim, uma das partes mais divertidas da viagem foi


tentar me comunicar com Aubrey. Ela realmente não podia ouvir
o que eu estava dizendo. Então eu simplesmente gritava coisas
que desejava desesperadamente poder dizer a ela.

Estávamos quase chegando no nosso destino quando eu


gritei "Eu mal posso esperar para você sentar na minha cara".

"O que?"

"Eu disse que mal posso esperar para te mostrar este lugar."

Em outro momento foi "Acho que devemos nos casar de


verdade."

"O quê"?

"O que aconteceu com Captain e Tennille?"

Quando chegamos em Julian, Aubrey parecia exatamente


como eu esperava que ela estivesse. Seu rosto estava vermelho
do vento, e seu cabelo, selvagem. Levou tudo de mim não para
esmagar meus lábios nos dela.

Agitando o cabelo, ela perguntou, "O que fazemos primeiro?"

Eu estava tão obcecado por ela que não tinha prestado


atenção na pergunta.

"Huh?"

Ela repetiu, "Onde vamos?"


"Ouvi dizer que este lugar é conhecido por sua torta de
maçã. Por que não vamos encontrar algumas?"

Aubrey riu. "Viajamos quase duas horas de moto para


comer torta de maçã?"

"Basicamente, sim."

"Só você faria isso. Essa é uma das coisas que eu mais gosto
em você. Você consegue fazer tudo parecer uma aventura.
Mesmo torta de maçã."

"Isso é um elogio?"

"É". Ela mostrou seu sorriso mais doce. "E nada me


agradaria mais do que comer torta de maçã com você."

Algo definitivamente tinha amolecido nela. Talvez fosse o


passeio. Toda a experiência era muito íntima, especialmente
para o passageiro, dado que ele obrigatoriamente precisava
colocar a própria vida nas mãos do condutor. Acho que isso a
impressionou. Um ponto para Bateman.

Dick... Zero.

Nós caminhamos para o Julian Café, que se vangloriava de


servir a melhor torta de maçã da cidade inteira. Nós dois nos
sentamos em uma mesa de canto aconchegante. Eles nos
serviram generosas fatias de maçãs quentes assadas com canela
numa crosta amanteigada, com dollops gelado de baunilha por
cima.
E eles não estavam brincando; era a melhor torta de maça
que eu já tinha provado. Pelo menos este dia incluiria algo
orgástico.

Nossa conversa começou bastante fácil. Conversamos mais


sobre o abrigo, seus planos para converter o quarto de hóspedes
num escritório, um novo tipo de yoga que ela estava praticando.
Deus, eu esperava colher os benefícios disso um dia. Contei-lhe
sobre a minha breve visita a Hermosa Beach, e sobre meus
planos para colocar um pequeno galpão na sua propriedade,
para armazenar meu equipamento de jardim.

Mas então, eu fui e arruinei o humor.

"Então, onde é que Dick... hum... Richard acha que você


está hoje?"

"Encontrando um amigo."

Soltei um riso sarcástico. "Está bem. Estendendo a verdade


só um pouco."

"Por que é tão engraçado? Não estamos supostamente


tentando ser amigos? Isso foi idéia sua."

"Eu uso o termo amigo muito vagamente. Tipo similar — ah,


não sei — namorada."

"Eu não sou sua namorada."

"Não, você é minha mulher."

"Chance..."
"Relaxe. Estou brincando." Não realmente. "Olha, meu
ponto é, você pode se convencer de que é inocente, por
enquanto, mas duvido que Dick iria querer que você passasse
um tempo com um suposto amigo cujo objetivo final é roubar
você dele. Você disse a ele que seu amigo tem uma chave da sua
casa enquanto ele não tem? Não se engane sobre isso, Aubrey.
Te roubar dele é meu objetivo, caso eu não tenha deixado isso
totalmente claro antes. Eu sou seu amigo agora, mas isso não é
suficiente para mim. Nunca será. Eu quero você abaixo de mim
todas as noites, e na minha frente todas as manhãs na mesa do
café. Foda-se, eu quero comer você no café da manhã. E não vou
ficar satisfeito até te possuir completamente." Com raiva de mim
mesmo por perder minha compostura no que era suposto ser
uma viagem tranquila, eu puxei meu cabelo e olhei para meu
prato vazio. Minha voz baixou. "Eu sinto muito. Mas não posso
brincar de fingir."

Pego de surpresa, percebi que ela estava tranquila quando


acenou em compreensão. "Tudo bem."

Depois da minha explosão inábil, precisávamos de uma


mudança de cenário. Levantei-me do meu assento. "Você quer
passear antes de voltarmos para a estrada?"

"Eu adoraria."

Fomos dar um passeio, e eu acabei entrando numa pequena


livraria que também vendia bugigangas. Aubrey foi olhar uma
pulseira que tinha alguns símbolos de paz budista. Quando ela
se distraiu com um Deepak Livro de Chopra, eu peguei a
pulseira que ela estava olhando antes e a comprei.

Uma vez que saímos, entreguei a presente a ela. "Aqui. Eu


queria dar algo a você, para que pudesse se lembrar da sua
primeira viagem de moto. Espero que não seja a última."

"Como se eu pudesse esquecer este dia," ela disse. "Mas isso


foi realmente gentileza sua. Obrigada. Eu adorei."

"Eu sei. Eu vi você olhando para ela. Eu estava olhando


para você, porque... bom, porque não consigo afastar meus olhos
de você. Então..." Eu coloquei minhas mãos nos bolsos e olhei ao
redor, pensando em como minhas palavras soaram confusas.

Ela colocou a pulseira em seu pulso minúsculo. "Talvez isto


ajude a trazer paz à minha vida."

Enquanto estávamos ali na calçada, eu realmente percebi


que esta situação era igualmente difícil para ela. Passei tanto
tempo imerso em meus próprios medos que esqueci de observar
o que tudo isso poderia significar para Aubrey. Eu praticamente
voltar dos mortos quando ela estava colocando sua vida em
ordem virou seu mundo de cabeça para baixo.

Tentando segurar a mão dela, eu rangi meus dentes e me


detive. Em vez disso, eu disse "A caminhada é grande por aqui.
Se tivéssemos mais tempo, poderíamos ter ficado num dos
hotéis, tomado um fim de semana de folga. Mas eu sei que você
tem que voltar agora."

"Talvez outra hora." Ela sorriu.


"Sim".

Cerca de uma hora mais tarde, já estávamos na estrada


aberta. Algo sobre o tom melancólico da viagem de volta para
casa foi muito diferente da sensação da viagem de ida. Com o
avermelhado sol se pondo no horizonte, seu aperto em mim
definitivamente relaxou um pouco. Estávamos tranquilos, e
Aubrey descansou o queixo nas minhas costas. Foi um pequeno
gesto, mas enviou ondas de eletricidade por de mim. Significava
tudo. Era fácil para mim prever viagens como esta todo fim de
semana no futuro. Não havia nada melhor que a sensação de ter
sua mulher na parte traseira de sua moto.

Ela era definitivamente a minha mulher. Se eu era ou não o


seu homem era pergunta que restava.

Quando paramos na frente do seu bangalô, o som dos grilos


substituiu o rugido do motor da moto quando eu a desliguei. Nós
dois ficamos sentados em silêncio. Ela não estava saindo, nem
tinha soltado minha cintura.

Finalmente, ela falou, sua voz baixinha. "Eu não vou te


enrolar para sempre, Chance. Eu prometo. Não seria justo. Eu
tenho que resolver isto".

Levantei suas mãos, que ainda estavam envoltas na minha


cintura, e as apertei firmemente em torno do meu peito. "Eu não
vou a qualquer lugar em qualquer momento em breve, Princesa."
Ela soltou um suspiro profundo, pulando da moto enquanto
eu permanecia sentado. Eu podia ver Pixy na janela nos
observando. Cabra cega minha bunda.

Eu puxei a frente da sua jaqueta de couro. "Quando vejo


você de novo?"

"Eu não sei."

"Pense nisso."

"Obrigada por hoje. Eu nunca vou esquecer disso." Seu


último comentário não caiu bem no meu estômago.

Eu nunca vou esquecer disso.

"Você foi muito bem, princesa. Mal posso esperar para fazer
tudo isso de novo."

No caminho de casa naquela noite, eu tomei uma difícil


decisão. Eu ia me afastar por um tempo, dar-lhe algum espaço.
Dizem que se você deixar algo ir e isso não voltar para você, é
porque nunca foi realmente seu, para começar. Mas,
considerando que eu fui aquele que inicialmente criou essa
situação, todas as apostas estavam lançadas.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Dois dias depois, eu comecei a colocar o novo galpão na


propriedade de Aubrey. Ia ser bom ser capaz de manter todo
meu equipamento de jardinagem num único lugar, sem ter que
transportá-lo para a frente e para trás. Eu tinha que admitir,
Aubrey devia ter o mais belo jardim de toda Temecula agora.

Hoje era um dia particularmente quente, e depois de algum


tempo trabalhando tornou-se necessário esfriar a cabeça.

Começando a ficar desidratado, eu estava pensando em


terminar meu dia aqui. Usando minha chave, entrei na casa de
Aubrey para beber algo e ir ao banheiro antes de sair. Pixy já
estava tão acostumado a me ouvir entrar agora que nem mesmo
vacilou quando entrei.

Aubrey não tinha mandado nenhuma mensagem desde a


nossa viagem, e eu não tinha ideia de onde a cabeça dela estava
no momento. Parecia uma eternidade desde que tínhamos nos
falado. Minhas únicas pistas poderiam ter sido encontradas
dentro desta casa, mas bisbilhotar sempre me fazia sentir como
um merda. Felizmente, não havia nenhuma evidência óbvia de
que Dick tinha estado aqui nos últimos dois dias, e isso era
realmente bom. Quanto menos Dick, melhor.

Suor estava escorrendo pelo meu corpo enquanto a cabra


me seguia. Será que Aubrey se importaria se eu tomasse um
banho rápido no banheiro dela?

Já que eu tinha feito uma promesa de não entrar em


contato com ela, uma mensagem de texto para verificar se estava
tudo bem eu usar seu chuveiro não era uma opção. Não podia
ver por que isso seria um problema, porém.

"Você não vai contar, vai, Carneiro?"

"Baa".

"Bom garoto".

Eu me despi, deixando minha roupa suja numa pilha do


lado de fora do banheiro. Sob a água morna, meus
pensamentos, claro, voltaram-se para ela. Usar seu frutado
sabonete e xampu em mim era como tomar banho num mar de
Aubrey. Doce, doce tortura. Eu agarrei meu pau e comecei a me
acariciar, mas parei depois de pensar melhor nisso. Mesmo que
o desejo fosse intenso, não havia nenhuma maneira de eu ser
capaz de gozar no chuveiro dela. Com a minha sorte, eu
acidentalmente deixaria um rastro de esperma para atrás.

Wel-cum Home24, Aubrey! Ela certamente saberia que fui


eu. E isso não ia ajudar. Quente como o inferno, porém,

24 “Gozo de boas vindas”


definitivamente precisaria bater uma quando chegasse no meu
motel.

Quando sai do banho, o banheiro estava cheio de vapor.


Limpando o vapor do espelho, observei meu corpo esculpido
enquanto flexionava meus músculos. Merda, eu estava bem.

Com todo o tempo que tinha passado no sol, mais meus


exercícios, meu corpo estava verdadeiramente na melhor forma
da minha vida. Infelizmente, eu ainda não podia usá-lo com a
única mulher que eu queria que me visse nu.

Esfregando a toalha vigorosamente sobre meu cabelo


molhado, entrei no quarto de Aubrey. Uma pintura na parede,
mostrando uma mulher com os seios expostos, chamou minha
atenção. Não estava lá da última vez que eu estive aqui.

Devia ser nova. Puta merda. Era um clássico, mas ainda


não era algo que eu esperava que ela tivesse.

Enquanto olhava a pintura, pensei sobre todas as coisas


que nunca tive oportunidade de aprender sobre ela. Aubrey era
definitivamente um ser sexual, e eu fiquei triste por nunca ter
tido a chance de explorar mais esse lado dela. Eu desejava
ardentemente ultrapassar seus limites, e levá-la sexualmente à
lugares onde ela jamais foi. Só de pensar em tudo que podíamos
ter feito nesses dois anos...

Foda. Estava ficando duro de novo. Uma gota de pré-semém


formou-se na ponta do meu pau. Eu estava realmente duro.

Meu corpo tremeu ao som de sua voz.


Ela gritou, "Oh meu Deus!"

Eu me virei, expondo meu pau totalmente duro em toda sua


glória. "Merda!" Eu rapidamente enrolei a toalha na minha
cintura, cobrindo minhas partes íntimas. Ela não só tinha visto
minha bunda quando entrou, mas também teve o frontal
completo quando me virei.

Ela parecia sem fôlego. "O que você está fazendo?"

"Eu.. Hum... ok... então, eu estava realmente com calor. E


precisava esfriar. Então tomei um banho." Eu ri nervosamente.
"Achei que você não se importaria."

"Claro que não me importo, mas Jesus, você normalmente


fica nu no meio de um quarto olhando para a parede?"

"Eu estava olhando para sua linda pintura, na verdade."


Meus olhos se arrastaram pelo comprimento do corpo dela. Ela
estava vestindo suas roupas de treino: um sutiã esportivo de
lycra roxo, que esmagava seus belos seios juntos.

Vestida assim, eu poderia dizer com certeza que ela


claramente não esperava que eu estivesse aqui tão tarde. Eu
normalmente não ficava por muito tempo mas, desde que tinha
construído o galpão, perdi a noção do tempo. E ela também
nunca tinha voltado para casa tão cedo.

"Por que você está aqui?" Eu perguntei.

"Não sou eu quem deveria estar perguntando isso? Afinal,


esta casa é minha."
"Eu sei, mas você normalmente não chega em casa até
depois das cinco."

"Eu tinha uma consulta no médico, então não voltei para o


escritório. Fui para a academia em vez disso, e voltei para casa
mais cedo, para tomar um banho. "

"Perdi você por pouco. Nós poderíamos ter tomado banho


juntos."

Ela revirou os olhos, mas esboçou um pequeno sorriso.

Não havia nada mais quente do que a visão de Aubrey


suada. Foi impossível controlar minha ereção. Assim
descontrolados eram os meus sentimentos. Com a toalha
enrolada e meu pau elevado através dela, lentamente me
aproximei de onde ela estava de pé. Seu corpo enrijeceu e entrou
em algum tipo de modo de proteção.

"Eu senti sua falta, Aubrey. Você provavelmente poderia


dizer que eu tenho tentado te dar espaço."

Seu peito estava arfante. "Eu sei que você tem. Mas não
agora, aparentemente".

"É isso mesmo. Agora não."

Os olhos dela baixaram para o meu abs25, e voltaram


novamente. Ela não estava só dando uma olhada discreta. Ela
olhava para mim descaradamente. Suas pupilas pareciam
dilatar.

25 Abdômem.
Avançando ainda mais na direção dela, não pude deixar de
dizer-lhe como me sentia. "Você queria saber por que eu estava
encarando a parede. Sabe o que eu estava pensando quando
você entrou?"

"O quê"?

"Eu estava pensando que você se apresenta como uma


menina formal e apropriado, mas que, secretamente, você é um
pouco atrevida. Aquela foto na parede é a prova disso. Você é
sexual por natureza, alguém que nunca estará totalmente
satisfeita com as coisas tipo baunilha. Você é alguém que —
admitindo ou não — quer experimentar tudo, ir além dos limites.
Se nós estivéssemos... juntos, você me deixaria fazer todas as
coisas que eu quero com o seu corpo. E, porra, você iria adorar."

"Que tipo de coisas?" ela sussurrou. Sua pergunta me


surpreendeu.

Boa menina. Jogue comigo, bebê.

"Vamos falar sobre o que eu gostaria de fazer agora, se


pudesse. Eu queria lamber lentamente cada gota de suor
salgado do seu corpo, começando por esses belos peitos. Em
seguida, eu iria limpá-la com a língua e fodê-la tão duro que
você gozaria infinitamente enquanto eu depositaria cada gota do
meu esperma dentro de você, que é o lugar ao qual ele pertence."

Parecia que ela estava se contorcendo. "Quê?" ela perguntou


quando se afastou de mim, o que só me fez andar em direção a
ela até que o meu rosto estivesse há apenas algumas polegadas
do dela.

"E então, eu ia te foder de novo, com a minha boca. Eu


adoraria tentar te comer enquanto você chupa meu pau em sua
garganta. Acho que você poderia gostar. Eu quero te ter em
todos os sentidos; em cima de mim, em mim, deitada no meu
joelho, com marcas rosa da minha mão batendo em seu lindo
traseiro pálido. Eu mal posso esperar para te foder de novo. E
quando eu digo foder, eu realmente quero dizer amar com força,
porque isso é tudo que sempre existira entre nós. Amor forte e
foder forte.

"Oh Deus," ela murmurou, fechando os olhos.

Aproveitando a sua fraqueza, eu pressionei minha boca


faminta na dela, e descaradamente levei o que tinha fome por
dois anos. Ela se abriu para mim quando minha língua invadiu
sua boca à procura da dela. O gemido que ela soltou parecia
viajar pela minha garganta direto para meu pau. Ela correu os
dedos pelo meu cabelo molhado quando eu a encostava na
parede, quase derrubando a lâmpada da mesa de cabeceira.
Ainda vestindo nada além de uma toalha, eu sabia que precisava
parar, mas não sabia como.

Finalmente, Aubrey se afastou de mim. "Por favor. Pare."

Entre ofegantes respirações, eu gritei, "Você não vê como


reage a mim? Não é óbvio que devemos ficar juntos?"
Ela caminhou para o lado oposto do quarto, e começou a
andar de um lado para o outro.

"Relacionamentos não são só sobre química sexual,


Chance."

"Bobagem. É extremamente importante. Não importa quão


bom o cara seja, se ele não souber como usar o próprio pau para
agradá-la, também não vai garantir o felizes para sempre. De
qualquer forma, essa não é a questão, já que você sabe muito
bem que nós temos química em todos os sentidos. É muito mais
do que físico. Na verdade, a ligação emocional entre nós é o que
mais te assusta. Então, o que falta aqui? Confiança? Porque eu
daria meu braço esquerdo neste momento, apenas para provar
que você pode confiar em mim."

Ela levantou as mãos e balançou a cabeça. "Isto é demais


agora. Eu não esperava que você estivesse aqui."

"Quando não será demais? Nunca chegará a hora certa?" Eu


gritei, e imediatamente me arrependi de ter levantado a voz.

Pixy soltou um ruído. O filho da puta estava sentado no


canto, assistindo tudo como um filme.

"Você está assustando-o," ela disse.

"Se ele não desmaiou, ele está bem."

Ela dirigiu-se para o banheiro, e eu segui atrás dela.

"Pare de fugir de mim quando começa a sentir alguma


coisa." Eu coloquei minhas mãos em seus ombros para pará-la.
"Olhe para mim, princesa."
Ela se virou, parecendo como estivesse prestes a chorar. "O
quê"?

Aqui estava. Eu sabia que era agora ou nunca. Eu fechei


meus olhos, em seguida, abriu-os novamente antes de tomar
uma respiração profunda. "Eu te amo, Aubrey. Você não vê isso?
Estou completamente na merda de amor por você. Eu te amo
mais do que tudo neste mundo inteiro. Quando olho nos seus
olhos, eu não vejo você - vejo meus filhos. Diabos, eu vejo uma
fazenda inteira de crianças, e cabras surdas e cegas. Vejo meu
futuro. Mas sem você, não vejo nada. Nada. Mesmo durante
meus dois anos preso, foram as suas lembranças que meu
deram força para seguir todos os dias. Eu sei que você tem que
resolver as coisas com ele, e eu não espero uma confirmação
agora, comigo aqui de pé vestindo apenas uma toalha. Eu posso
esperar. Entretanto, eu estou aqui. A sua disposição. A questão
é: você me quer, ou vai me jogar fora?"

Quando ela abriu a boca, o que saiu foi a última coisa que
eu esperava ouvir. "Richard me disse há algum tempo que a
empresa está se dissolvendo e fechando até o final do ano. Foi-
lhe oferecido um cargo num escritório de advocacia de patentes
em Boston, como parceiro. Eu só descobri isso ontem. Ele quer
tentar me contratar. De qualquer forma, ele me pediu para ir
com ele."

Adrenalina correu através de mim, como se meu corpo


estivesse se preparando para uma luta. Eu engoli o caroço
enorme que tinha se alojado na minha garganta, e disse.
"Quando ele vai?"

Uma lágrima caiu por sua bochecha. "Duas semanas".


CAPÍTULO VINTE E SEIS

Eu mal dormi depois da bomba que Aubrey soltou ontem à


noite. Eu sabia que estava começando a reconquistá-la, embora
ela ainda estivesse resistindo. Certamente que duas semanas
não era um monte de tempo para ganhar sua confiança de volta.
Mas que escolha eu tinha?

Treze dias. Peguei meu celular e o encarei por um tempo. Os


malditos minutos pareciam passam mais rápido do que o
normal. Na prisão, esperar um dia passar parecia uma
eternidade. Mas agora, parecia que os ponteiros do relógio
estavam girando em velocidade dobrada.

Eu passei na Starbucks, peguei um café para mim e paguei


o de Aubrey. Também pedi uma torta de maçã, e dei a Melanie
instruções especificas para aquecê-la antes de entregá-la para a
minha menina. Eu esperava que esse gesto subliminarmente
relembrasse-a da nossa excursão de moto.

Meu cérebro já estava exausto, mas eu ainda precisava


trabalhar o crescente sentimento de frustração que sentia, então
fui para a academia. Era meio-dia quando eu finalmente cansei
meus músculos o suficiente para conseguir pensar em algo além
dos treze dias.

Sem saber mais o que fazer comigo mesmo, dirigi-me para


Aubrey, portando uma dúzia de mudas de flores. Tendo apenas
duas semanas, eu estaria bastante ocupado se quisesse
terminar o jardim. O tempo era escasso, e futuramente poderia
ser outra pessoa que iria apreciar esse o jardim. Mas eu não
podia deixar me deixar pensar sobre isso agora.

Eu estava andando pelo do quintal com um carrinho de mão


cheio de mulch quando vi Dick sair da casa de Aubrey. Ele olhou
para mim, e eu não tive nenhum desejo de me esconder.

Talvez o idiota não me reconhecesse sem camisa e suado.


Continuei trabalhando no quintal quando ele se aproximou.

"Sr Baterman"? Ele piscou, claramente confuso pela minha


aparência.

"Sou eu. O que posso fazer por você?"

"O que você está fazendo aqui?"

Olhei descaradamente para o carrinho de mão antes de


encarar o imbecil e responder. "Plantando flores." Eu dei de
ombros.

"Eu vejo. Mas por que está você aqui plantando flores?"

"Acho que é porque Aubrey gosta de flores." Algo que


obviamente você não sabia, ou não dava a mínima, considerando
como o lugar parecia quando eu cheguei.
Dick cruzou os braços sobre o peito. "Eu pensei que você ia
voltar para a Austrália?"

Meu maxilar apertou. Fiquei dividido entre xingar o idiota


por não tomar conta da propriedade de Aubrey, ou bater-lhe na
cara por tentar levar a mulher que eu amava embora. Mas
então, o carro de Aubrey virou a esquina.

Não importava o quanto eu quisesse arruinar as coisas¸ eu


não podia fazer isso com ela.

"Ah". Eu balancei a cabeça, como se tivesse repentinamente


me dado conta de algo. "Você deve pensar que sou meu irmão,
Chance."

"Quê"?

"Chance. Ele é o irmão mais bonito, com certeza. Mas somos


gêmeos idênticos. Eu sou Harry." Estendi minha mão para ele.

Ele ficou cético por um momento, mas o cara era burro


demais, e caiu fácil. Minha mão estava quente, suada e suja.
Vestindo um terno, parecia que ele queria encontrar um lugar
para limpar a mão depois de apertar a minha. Nunca trabalhou
com as mãos, não é, Dick?

"Bem explicado. Seu irmão era um cliente da Aubrey. Eu o


conheci no escritório."
"Sim. Fui eu quem lhe indicou a Aubrey. Os irmãos
Bateman não permitiriam que outra pessoa tocasse seu
tockley26. Exceto Aubrey."

"Perdão?"

"Tockley — é um termo australiano para papelada


importante."

Ele assentiu com a cabeça, e olhou para o meio-fio


enquanto Aubrey estacionava.

Idiota. Chupa meu tockley.

Agora que eu supostamente não sabia quem ele era, podia


foder com o cara um pouco. "Então, o que acha do lugar?
Realmente está indo bem, não acha? O lugar estava uma grande
confusão quando eu cheguei aqui. Estou surpreso que Aubrey
não tenha um homem em torno da casa para cuidar das coisas
corretamente."

Dick limpou a garganta. "Ela tem. Mas não do tipo que tem
tempo ou inclinação para fazer este tipo de trabalho."

"Isso é uma vergonha. Aubrey podia fazer bom uso de um


homem que toma conta de todas as necessidades dela."

Dick estreitou os olhos para mim quando Aubrey saiu


apressadamente do carro. Ela parecia pálida e trêmula.

"Porque não me disse que o irmão do Sr. Bateman era seu


jardineiro?" Dick disse a Aubrey.

"Irmão"? Aubrey olhou para mim, e eu sorri largamente.


26 Gíria australiana, significa Pênis.
"Eu pensei que Harry aqui fosse Chance quando estacionei."
E então o idiota acrescentou: "Agora eu posso ver a diferença, é
claro. Gêmeos sempre têm um olhar diferente."

"Harry?" Aubrey deu um pequeno sorriso, ainda com cara


de pânico.

Falei para Dick. "Aubrey me chama de Harrison. Ela é


exigente para essa coisa de nomes, não é?"

Ele ignorou meu comentário. Tenho a sensação que ele


costumava ignorar todos que não estivessem usando um terno,
normalmente. Em vez disso, ele falou com ela. "Eu estava
prestes a dizer Harry que seus serviços já não vão ser
necessários, considerando que nós vamos nos mudar para
Boston em breve."

Aubrey falou calmamente. "Isso não está decidido ainda."

"Eu já te disse. É só uma formalidade. Já conversei com os


parceiros. Eles querem você." Dick colocou a mão nas costas de
Aubrey. Eu não gostei, e estava mal sendo capaz de me impedir
de removê-lo fisicamente do lado dela.

"Muito prazer, Sr. Bateman." Ele não se preocupou em olhar


para mim. "Melhor nós pegarmos esse arquivo, querida. Ou vou
me atrasar para o depoimento."

Aubrey assentiu com a cabeça. Ela olhou para trás sobre os


ombros duas vezes antes de desaparecer dentro de casa. Poucos
minutos depois, eles saíram juntos mais uma vez. Dick acenou
para mim enquanto passavam, e Aubrey olhou para baixo. Eu
tinha começado a cavar um buraco para colocar flores quando
eles entraram, mas eu tinha esquecido de parar. E agora então
eu tinha uma profunda cratera. Consegui desviar o olhar
quando eles entraram em seus carros. Minha contenção estava
por um fio.

Um carro se afastou. Não ouvindo nada sobre o segundo,


eventualmente eu olhei para cima. Dick tinha ido embora, mas
Aubrey ainda estava em seu carro.

A cabeça dela estava apoiada no volante. Eu entrei e sentei


no banco do passageiro.

Nenhum de nós disse uma palavra por um minuto. "O que


devo fazer?" Eventualmente ela sussurrou.

Eu expirei uma pesada corrente de ar. "Faça o que está em


seu coração, Aubrey. Se sua escolha não me incluir... isso vai
doer, não vou mentir. Mas eu quero te fazer feliz. E é por causa
disso que eu tenho certeza que estou apaixonado por você. Se
sua escolha estiver entre ser feliz ou me escolher, por favor, seja
egoísta. Você vem em primeiro lugar, sempre."

Ela balançou a cabeça. "Eu acredito em você, você sabe."

Eu peguei sua mão do volante e a guiei até meus lábios,


beijando a parte superior. "Você deve. Porque digo isso de
coração. Não há nada nesse mundo que eu não faça por você,
princesa."

Ela sorriu. Era mais um passo na direção certa. Ela


acreditou em mim.
"Melhor eu ir. Temos um depoimento em quinze minutos, do
outro lado da cidade, e eu estive tão preocupada que acabei
esquecendo o arquivo em casa."

Abri a porta do carro. Se tivéssemos mais tempo, eu teria


preferido deixar as coisas para outro dia. Mas, treze dias. Eu
tinha que perguntar. "Vem para casa comigo este fim de
semana?"

"Chance..."

"Eu sei. Mas você não me deu o luxo de possuir mais tempo.
Você precisa tomar uma decisão, mas fica o tempo todo com
Dick. Eu quero te levar pra casa comigo. Mostrar-lhe como
nossa vida pode ser. Sem viagens malucas. Sem interrupções. Só
eu e você. Me dê uma chance justa antes de decidir qualquer
coisa".

"Eu te disse. Não posso ser assim com você. Richard é um


bom homem. Não seria justo traí-lo. Nosso beijo de ontem já foi
ruim o suficiente."

"Ruim? Eu achei muito fodidamente fenomenal."

"Não foi isso que eu quis dizer, e você sabe disso."

"Bem. Eu não vou te tocar. Sexualmente, quero dizer. Eu


juro."

Ela me olhou como se não acreditasse que as minhas


intenções fossem genuínas.

"Confie em mim. Você tem minha palavra de que eu não vou


encostar um dedo em você de qualquer maneira sexual." Parecia
que ela estava pensando à respeito. Eu provavelmente deveria
ter mantido minha boca fechada. Mas então, isso não seria eu.
"Mas quando você fizer um movimento em mim, tenha certeza
que eu vou aproveitar a chance."

As sobrancelhas dela saltaram. "Quando?"

"É isso mesmo. Quando".

"Você está muito certo disso, não é, convencido?"

Ela não tinha ideia do que ouvi-la me chamar de convencido


fazia por mim. "Estou. Principalmente porque parece que a única
que não consegue se controlar é você."

"Posso absolutamente me controlar perto de você."

Inclinei-me. "Então venha comigo. Me dê um fim de semana


antes de se decidir. Por favor."

Ela ainda estava dividida. "Deixe-me pensar sobre isso."

Era melhor que um não "Certo".

"É realmente melhor eu sair, agora."

Eu desci do carro e fiquei de lado enquanto ela dava partida


e se afastava. Antes de sair, porém, ela baixou a janela. "Bonito
nome o do seu gêmeo, a propósito." Então, ela desapareceu.

Era o fim do segundo dia desde que eu tinha falado com


Aubrey na frente do seu gramado, e eu ainda não tinha ouvido
falar dela. Onze dias. O tempo estava passando, e não havia
nada que eu pudesse fazer sobre isso. Exceto me embebedar.

Era uma bastante provável que eu tivesse bebido mais


sentado naquele bar do outro lado da rua do motel do que eu
nos últimos cinco anos da minha vida.

"Carla Babes. Sirva-me outra bebida."

"Não acha que já chega, coisa quente?"

Meu cérebro ainda estava trabalhando. "Não. Nem mesmo


perto." Segurei o copo e revirei o gelo ao redor.

Ela aceitou, enchendo meu copo com o que eu suspeitava


que fosse refrigerante puro ao invés de cuba, e então passou
para o outro lado do bar e sentou-se ao meu lado. Era quase
hora de fechar, e eu estava sentado naquele banco há seis horas.
Éramos os dois últimos presentes.

Carla esperou até que eu olhasse direto nos olhos dela antes
de falar.

"Ela é uma idiota. Você é um cara legal. Nem preciso


conhecer Dick direito para ter certeza que ela está cometendo
um grande erro. E não é só porque você é fodidamente quente e
tem um corpo que eu tenha certeza que é perfeito. É porque você
está comprometido".

Eu zombei. "Comprometido, tudo bem."

"Sério, Chance. Se um cara se esforçasse apenas metade do


que você já fez, eu já estaria fodidamene impressionada. Você
está disposto a esperar dia após dia, mesmo sabendo que ela
pode muito bem pisar no seu coração no final."

"Obrigado, Carla Babes".

"Não há problema. E é a verdade. Além disso... Eu assisti a


uma dúzia de mulheres tentar te pegar neste bar, e você nem
uma vez deu sequer uma segunda olhada à qualquer uma delas.
Considerando que você não transa há dois anos, isso é uma
façanha e tanto."

"Faltam onze dias. Acho que terei que descobrir como voltar
à ativa afinal, se as coisas não saírem como eu quero."

"Te digo o seguinte. Seu dia D é daqui a onze dias. Se as


coisas não funcionarem, encontre-me aqui depois disso. Seria
uma honra te ajudar. Não terá qualquer conversa. Será
totalmente sem compromisso. Nós iremos para o seu quarto e eu
vou deixar você manter suas frustrações afastadas, cowboy".

"Você faria isso por mim, Carla Babes"?

"Por você? Eu pensei em fazer isso com você desde o dia que
você entrou pela porta." Ela me deu um beijo rápido nos lábios, e
mandou-me embora.
CAPÍTULO VINTE E SETE

Na manhã seguinte, eu dormi demais, mas ainda precisava


ir ao Starbucks. Era quase 9h quando cheguei lá, e a fila estava
mais longa do que o habitual. Eu ainda não tinha verificado meu
telefone, então cuidei disso enquanto esperava minha vez na fila.

A coisa logo começou a vibrar na minha mão. Fiquei


animado quando percebi que tinha recebido um novo texto.

Aubrey: OK. Sexta-feira, 18:00. Sou sua no fim de semana.

Eu soltei uma respiração profunda. Parecia que eu estava


segurando o fôlego por dias. Melanie precisou chamar meu nome
quando eu apenas continuei olhando para o meu celular.

"Dois cafés?"

Eu não conseguia parar de sorrir. "Pode apostar".

"E o que vai Aubrey ter para o café da manhã?"

Eu me afastei um pouco e olhei para o balcão. "Eu vou


querer dois desses bolinhos de chocolate chip, um bolo gelado de
limão, três daqueles salgados quadrados de caramelo de noz-
pecã, um cookie de aveia e uma daquelas sobremesas de iogurte
chique que você tem aí."
Melanie me olhou como se eu fosse louco. Nesse ponto, eu
tinha claramente já tinha perdido a cabeça, então ela não estava
muito longe da realidade. "Você quer que eu coloque todos numa
caixa? São todos para Aubrey?"

"Sim". Eu paguei e olhei para o relógio do meu celular. Ela


geralmente não chegava até 09:30. "Mel, segure meu café. Eu já
volto. Pode ser?"

Eu transportei minha bunda para o florista que tinha visto


ali perto e comprei um buquê gigantesco - estava inclusive
beirando o ridículo. Mas eu não ligava. Aubrey ia ser minha pelo
fim de semana. Isto era motivo de celebração.

Melanie sorriu para mim tão grande que eu pude ver todos
os seus dentes — os de cima, os de baixo e os da parte de trás.
"Pode entregar-lhe isto junto com o café da manhã hoje?"

"É claro".

Eu estacionei meu carro na esquina e fiquei observando a


porta da Starbucks. Se eu não estivesse tão alto, teria percebido
que esta nova técnica de perseguição era um pouco assustadora.
Exatamente às nove e meia, Aubrey saiu da Starbucks
carregando uma caixa de guloseimas e um buquê de flores
gigante. Ela estava ostentando o maior sorriso do mundo.

Eu fiquei lá por mais 10 minutos. Eventualmente recebi


outro texto.

Aubrey: Eu estava especialmente com fome esta manhã?

Chance: Sinto muito. Eu me empolguei. Estamos comemorando.


Aubrey: O que estamos celebrando?

Chance: Você ir pra casa comigo neste fim de semana.

Meu telefone ficou quieto. Poucos minutos depois, tocou


novamente.

Aubrey: Estou nervosa. Não sei se essa é uma boa ideia.

Eu também não tinha, mas não queria admitir isso. As


consequências seriam demasiadamente desastrosas para sequer
considera-las.

Chance: Confie em mim. Por favor.

Poucos minutos depois, recebi um texto final.

Aubrey: OK

Cheguei na casa dela sexta-feira às seis, pronto para o


nosso fim de semana. Eu bati, e ela veio até a porta parecendo
quase exatamente como a fantasia recorrente que eu tive dela
nos últimos dois anos. Ela estava vestindo um top branco
apertado, short branco minúsculo e um par de sandálias de
prata. Estava um dia especialmente úmido, e o cabelo dela
estava para baixo, ainda mais selvagem do que o habitual.
Confiar em mim? Porque diabos eu tinha prometido isso a ela,
mesmo? Porra.

"O que está errado?" Ela notou a preocupação no meu rosto.


"Vamos de Harley? Eu preciso me trocar?"
"Não. Sim. Não".

Suas sobrancelhas se levantaram, então eu expliquei


melhor. "Não. Não vamos de motocicleta. Sim, você precisa se
trocar."

Ela olhou para sua roupa. "O que há de errado com o que
eu estou vestindo?"

"Absolutamente nada. É perfeito."

"Mas —"

Eu passei os dedos pelo meu cabelo. "Só que eu tive esta


fantasia recorrente de você usando branco."

Ela sorriu. "Isso é doce. Como se eu fosse um anjo?"

Minha boca espalhou-se num sorriso perverso. "Não


exatamente".

Seu rosto corou. "Oh".

Eu ri. "Não precisa mudar. Mas você precisa saber, se eu


ficar em silêncio no caminho para minha casa é porque estou
revivendo essa fantasia na minha mente." Pisquei o olho. Havia
uma mala vermelha ao lado da porta, então a peguei.

"Só preciso pegar minha bolsa."

Mutton estava se esfregando na minha perna, querendo


atenção. "E a coleira da cabra. Não tenho um quintal tão grande
quanto você. Nós teremos que sair para caminhar com ele."

Aubrey virou. "Você quer trazer Pixy?"

"É claro. Somos uma família".


Como o maldito bode entendia o que estávamos falando, ele
lambeu minhas mãos e deixou escapar um macio "Baaaa".

"É verdade, amigo. Esse fim de semana seremos eu, você e a


mamãe." Eu arranhei o topo da cabeça dele. "Você gosta disso,
não é?"

"Tudo pronto". Aubrey retornou com a bolsa e a coleira. "Só


preciso parar na Filomena e dizer-lhe que ela não precisa cuidar
de Pixy."

"Filomena?"

"Minha vizinha. Ela cuida de Pixy às vezes, quando eu


trabalho até tarde. Quando fui pedir-lhe para tomar conta dele
ontem, ela delirou sobre o meu jardim. Ela disse que adoraria
roubar você de mim. E então fez um discurso inflamado sobre o
carteiro, que entregou quatro balas mágicas que ela não pediu, e
insistiu para que eu levasse uma para casa comigo." Aubrey
apontou para uma caixa fechada em cima do balcão. "Ela é um
pouco excêntrica, mas muito agradável."

"Bala mágica? Como sua varinha mágica? Você ainda brinca


com aquilo?"

"Não! É um liquidificador... para smoothies."

Normalmente era um passeio de duas horas de Temecula a


Hermosa Beach, mas a hora do rush fez com que demorasse
quase o dobro disso. Eu não dei a mínima, no entanto. O sol
estava brilhando, eu estava livre, e minha garota estava vindo
para minha casa no fim de semana. Desde que eu não podia
fazer o que realmente queria com ela, decidi mostrar a Aubrey
como seria um fim de semana normal se estivéssemos juntos.
Ambos sabíamos que tínhamos química, mas algo me dizia que
uma das coisas que ainda a segurava, além da questão de
confiança, era que ela não estava convencida de que tínhamos
mais do que química.

Adele ainda estava na minha casa quando chegamos. Ela


fingiu estar atrasada, mas eu sabia que ela tinha ficado porque
queria muito conhecer Aubrey.

"Sinto muito. Era para eu já estar na casa do Harry quando


vocês chegassem. Me atrasei porque estava limpando um
pouco."

Aubrey me olhou, incrédula. "Harry?"

"Dá pra acreditar? No primeiro dia que cheguei em casa,


encontrei um cara só de boxers passando uma camisa no meu
balcão da cozinha. E ele ainda se apresentou como Harry."

Aubrey e eu rimos. Adele não entendeu a piada, mas estava


sorrindo de orelha a orelha de qualquer maneira. Minha irmã
estendeu a mão. "Estou tão feliz de conhecê-la, Aubrey. Já ouvi
muito sobre você."

Aubrey e Adele se entreolharam por um longo instante. Eu


não tinha ideia do que estava acontecendo, mas algo estranho
parecia estar ocorrendo. Em seguida, as duas praticamente
colidiram, envolvendo os braços uma em torno da outra para um
abraço.
De repente, era como se elas fossem melhores amigas há
muito tempo.

Vê-las juntas deixou-me um pouco emocionado. Ambas as


mulheres tinham lágrimas nos olhos quando se separaram. Eu
ouvi minha irmã sussurrar, "Ambas perdemos muito. Eu estou
achando meu caminho de volta agora. Espero que você também."

Eu limpei minha garganta e abracei minha irmã, me


despedindo dela poucos minutos depois.

Ela estava carregando um saco de viagem para passar o fim


de semana na casa de Harry. "Eu abasteci os armários com seus
mantimentos".

"Tim Tam e Pixy sticks?"

"É claro. Deixei uns presentes para esse cara aqui também."
Ela esfregou Pixy um pouco antes de sair.

Quando estávamos só nós dois, eu dei a Aubrey uma turnê.


Minha casa era um antigo armazém convertido. Tinha tetos altos
e uma planta de assoalho aberta.

Havia três quartos, mas um havia sido convertido num


estúdio de arte. Minha irmã estava usando o quarto de hospedes
desde que veio ficar comigo. Quando eu disse a Aubrey que ela
iria ficar no quarto de hóspedes, ela parecia não acreditar em
mim, mesmo que Adele tivesse deixado o quarto preparado para
um convidado, no entanto.

Em seguida, parei no meu quarto. "Este é o nosso quarto."

"Chance —"
"Eu sei. Não esta noite. Mas, se decidirmos viver aqui perto
da praia, este será o nosso quarto." A coisa fodida era que eu já
pensava nesse como nosso quarto.

"É muito bom. Isso é uma pintura Klimt?"

Eu sorri. Amo minha garota safada. "É. São as três idades


das mulheres. Você vê, temos muito em comum. Ambos
gostamos de seios femininos em pinturas. Embora eu tenha que
admitir que, desde que estamos aqui, eu não consigo notar nada
além desses bebês." Meus olhos apontaram para sua bunda
grande.

"Você é um pervertido".

"E você adora."

Dei-lhe o resto da turnê, lamentavelmente deixando a bolsa


dela no quarto de hóspedes. O ultimo cômodo que faltava ver era
o meu estúdio de arte. Eu não tinha feito nada novo há um
longo, longo tempo. Havia panos de lona cobrindo a maior parte
dos projetos nos quais eu estava trabalhando antes que minha
vida virasse uma bagunça. Eu apaguei rapidamente a luz depois
de um pequeno período de tempo, com intenção de passar pelo
quarto, mas Aubrey vagava lá dentro.

"Você fez isso?" Ela apontou para uma moto grande, feita de
peças recicladas. Ela tinha ficado exposta em alguns shows de
arte, mas agora havia uma polegada de poeira cobrindo-a.

"Eu fiz".
"Wow. É incrível" Aubrey andou ao redor, inspecionando-a
cuidadosamente.

"Tudo aqui é lixo?"

"Eu não uso qualquer material comprado. Apenas objetos


reciclados que encontro."

"Você é realmente bom. Não sei bem o que eu esperava. Mas


esta parece contar uma história." Eu sorri. Claro que ela
entendia. Todas as peças que eu escolhia podia contar uma
história diferente. E a forma delas todas juntas e misturadas era
como ler um livro para mim. Eu andei para o outro lado da moto
e apontei algumas coisas diferentes, explicando de onde cada
peça tinha vindo.

Se fosse possível, eu caí um pouco mais apaixonado por ela


nesse dia. Naquela noite, pedimos comida chinesa e comemos
direto da embalagem. Aubrey adormeceu com a cabeça no meu
colo enquanto víamos um filme. Mantendo minha palavra, eu a
cobri com um cobertor e fui para a minha própria cama dormir.

Na manhã seguinte, ela ainda estava dormindo quando eu


saí para levar Pixy passear. Mas ela estava acordada quando
entrei horas mais tarde, carregando dois cafés e uma variedade
de lixo superfaturado da Starbucks.

"Bom dia".

Ela sentou-se no sofá e estendeu os braços sobre a cabeça.


A camisa que ela estava usando levantou um pouco, expondo
sua linda pele macia. Eu queria mordê-la. Tive que virar para o
outro lado para me controlar.

"É bastante chamativo sair para passear com uma cabra."

Aubrey riu. "Sim. Eu sei." Ela entrou na cozinha e sentou-se


no bando do outro lado da ilha.

"Deixe-me perguntar uma coisa. Esta promessa estúpida


que eu fiz. Restringe-se somente ao toque, certo? Eu ainda posso
dizer o que quiser?"

Ela tomou um gole de café. "Tenho medo de dizer que sim.


Mas... sim. Suponho que palavras não estão fora dos limites."

"Bom. Porque eu tenho que te dizer. Seus peitos me


saudando são melhor do que ver o nascer do sol."

Ela balançou a cabeça. "Você tem uma língua afiada, Sr.


Bateman."

"Oh, se ao menos eu pudesse te mostrar o quanto, Sra.


Bloom Bateman."

"Sra. Bloom Bateman, hein?"

"Bem, você é minha esposa. E eu achei que você iria querer


manter o seu nome, também. Já que você é uma mulher
trabalhadora e tudo."

"Você me faz parecer uma prostituta."

"Prostituta... advogada." Eu sorri. "Tudo a mesma coisa."

"Muito bom. E pensar que... eu ia tirar o nome Bloom e usar


só o do meu marido. Agora não estou tão certa."
"Ah sim? Eu aconselharia um Hifenizador27."

Ela colocou o saco da Starbucks no balcão e procurou


dentro. "Não. Não comigo. Eu sou da velha escola. Pretendo dar
tudo para o meu marido."

"Fico feliz em ouvir isso Sra. Bateman. Porque eu pretendo


ganhar tudo. E numa base diária."

Eu queria mostrar-lhe a área. Agora que a empresa onde ela


trabalhava estava fechando, talvez fossemos viver em Hermosa
Beach. Estar perto da água era importante para mim. Embora
eu aceitasse até viver no deserto se isso significasse ficar com
Aubrey.

Depois do almoço, nós caminhamos até o calçadão. Estava


um dia lindo, e ela não se afastou quando eu segurei sua mão
na minha.

"Que tal um mergulho?" Fiquei contente por ter-lhe dito


para colocar um biquíni quando saímos de manhã. Estava
quente como o inferno agora.

"Está bem".

Caminhamos até a beira da água, e eu tirei minha camisa.

27 Ficaria Bloom-Bateman.
Seguindo meus passos, ela também tirou a dela, e então
meus olhos quase saltaram da minha cabeça. Foda. Talvez
nadar não fosse uma boa ideia, afinal de contas. Ela vestia uma
pequena corda vermelha como top de biquíni, e seus peitos
fantásticos pareciam que iam se soltar a qualquer momento.
Quando ela tirou seu shorts, eu estava descaradamente olhando
para ela, e não me importava. Se eu não podia tocar, eu
certamente ia olhar. "Eu quase me sinto mal por você."

"Eu? Por quê?"

"Porque quando você finalmente me deixar te tocar..." Eu


corri meus olhos de cima a baixo por seu corpo delicioso. "Eu
vou ser como um selvagem há muito perdido no tempo."

Eu precisava esfriar a cabeça, e Aubrey vinha comigo. Eu


me dobrei e levantei-a, jogando-a sobre ombro antes de correr
para a água. Ela gritou e chutou o tempo todo, mas eu poderia
dizer pelo seu tom que ela estava sorrindo. Bati na bunda dela
com força antes de nos lançar na água.

Juntos, nós nadamos e caminhamos pela praia até que o sol


se pôs. Eu não queria que o dia acabasse.

"Nós deveríamos voltar," ela disse. "Pixy provavelmente


precisa sair."

"Crianças. Sempre estragando um bom momento" Eu


brinquei.

No caminho de volta, a nossa conversa tomou um rumo


sério.
"Você quer filhos?"

Eu respondi honestamente "Nunca tinha pensado sobre isso


até te conhecer. Mas agora, não quero ninguém além de você
para suportar minha prole."

Ela riu. "Quantos você quer?"

"Seis", eu respondi rapidamente.

"Seis"? Ela parou em seu caminho.

"Não faço ideia do porquê, mas o pensamento de você


grávida faz alguma coisa para mim. Estou ficando excitado agora
mesmo, só de pensar."

"Você realmente precisa de ajuda. Acho que você poderia ser


um viciado em sexo."

"Eu seria o primeiro viciado em sexo que não transa há


mais de dois anos."

Ela me olhou e disse com sinceridade. "Sinto muito. Deve


ser difícil."

"Quando olho para você de biquíni? Quase impossível."

"Você não... você sabe."

"O quê"?

"Você sabe".

"Não, não sei". Eu obviamente sabia.

"Você sabe. Cuida de si mesmo."

"Como tomar banho e cortar o cabelo? Bom, sim. Eu cuido


de mim mesmo. Eu até faço exercício."
Ela riu. "Você quer que eu diga, não é?"

"Você faria totalmente meu dia, princesa."

Chegamos na esquina da minha casa. Eu estava segurando


sua mão esquerda, mas ela se virou e andou de costas, me
encarando de frente. Ela virou a cabeça para o lado quando
falou. "Você se masturba, Chance?"

Claro que sim. Eu adorava ouvi-la dizer essa palavra. "Eu


faço. Frequentemente ultimamente, de fato. Só sentir seu cheiro
já me deixa duro. Eu estaria andando por aí com um sórdido
caso de bolas roxas se não me masturbasse."

"Sinto muito".

Puxei-a mais perto de mim. "Quer saber outra coisa?"

Ela mordeu o lábio, mas assentiu com a cabeça.

"Tudo valerá a pena quando eu estiver dentro de você de


novo, princesa."

Fomos para casa, e eu deixei Aubrey tomar banho primeiro.


Após nosso dia na praia, eu tinha areia em lugares que não
deveria. Enquanto ela estava no chuveiro, eu liguei a música e
coloquei duas Coronas no congelador para mais tarde, e poderia
até ter dançado com uma cabra de tão feliz que eu estava.

Ouvi o som fraco da voz de Aubrey entre os versos da


musica. "Chance"?

O banheiro grande estava no quarto principal. Respondi


pela porta entreaberta, "Tudo bem"?
"Esqueci de pegar uma toalha. Há qualquer uma aqui?"

A água do chuveiro ainda estava correndo. "Não. Elas estão


no armário aqui fora. Vou pegar uma para você."

Peguei a toalha mais macia e efeminada que consegui


encontrar. Sem pensar, eu abri a porta do banheiro e entrei. O
chuveiro tinha portas deslizantes de vidro. Estava nublado com
o vapor, mas eu ainda podia ver a silhueta dela. Ela estava de
costas na minha frente, me dando uma visão fodástica daquela
bunda suculenta. Eu não podia me mover. Meu controle estava
rapidamente escapando pelos meus dedos.

Quando ela se virou e me pegou olhando, ela não fez


qualquer esforço para se cobrir. Em vez disso, ela estendeu a
mão e começou a lavar os seios.

Incrível.

Dei um passo em direção ao chuveiro, mas me impedi de ir


mais longe.

Com a porta aberta e o ar fresco soprando, o nevoeiro ficou


cada vez mais forte sobre o box do banheiro.

"Princesa—" a palavra soou como o produto de cruzamento


entre um gemido e um apelo. "Eu jurei não tocá-la."

Eu mal pude ouvir suas palavras sussurradas sobre a água


do chuveiro. "Eu sei. Mas eu pensei que talvez... você fosse
gostar se... Se eu...." Ela fez uma pausa. Minhas paredes
estavam desmoronando. Ela estava descaradamente
empurrando meus limites, e era a coisa mais sexy que eu já
tinha visto na vida. Ela disse a última frase mais alta e com mais
convicção. "Eu pensei que talvez você fosse gostar de me ver
tocar a mim mesma."

Lá está ela. Minha linda e doce garota safada.

"Oh, querida. Eu poderia ficar cego depois de assisti-la fazer


algo assim, sem nunca sentir como se tivesse faltado ver alguma
coisa. Posso te ajudar? Vou te dizer o que eu quero que você
faça, e você pode fazer o mesmo por mim. Assim estaremos
fazendo isso juntos. Tudo bem?"

Ela assentiu com a cabeça.

"Isso é bom, querida. Muito bom. Gostaria que eu me


masturbasse enquanto te assisto?

"Sim".

Eu tirei meu shorts e parei na frente dela. Mesmo se eu


ainda não estivesse totalmente duro, eu teria ficado depois de
ver a maneira como ela estava olhando para mim.

Os olhos dela estavam colados no meu pau. Eu os assisti


seguirem minha mão enquanto a movimentava para cima e para
baixo.

"Isto é o que você faz comigo. Todos os dias. Eu sonho em


estar dentro de você - em seu coração e no seu corpo. Eu quero
chupar esses belos mamilos que você está tocando. Puxá-los
entre meus dentes até uma doce dor surgir através de cada
nervo do seu corpo lindo". A cabeça de Aubrey foi um pouco para
trás, e ela começou a relaxar com minha voz e seu próprio toque.
As mãos dela estavam gentilmente rodando em torno de seus
mamilos quando eu instrui. "Com mais força. Aperte mais forte."
Ela fez, e seus lábios se separaram quando ela sentiu a sensação
pulsar mais para o sul.

"Abra um pouco as pernas." Sem hesitação, ela fez como eu


pedi. "Eu quero espalhar você na minha cama e lamber cada
polegada desse seu corpo gostoso, até que você mal possa
respirar. Então eu vou querer ouvir você implorar pelo meu pau.
Você fará isso, Aubrey? Você vai implorar por mim?"

"Eu vou. Eu vou implorar."

"Faça isso então. Faça-o agora. Me diga que quer meu pau,
e eu vou deixar você colocar seus dedos dentro de si mesma."

A mão dela começou a viajar lentamente para baixo de seu


corpo. Eu fiquei tenso ao ouvir a voz dela. "Eu sonho em te
sentir dentro de mim novamente. A maneira que você se enterra,
como se não conseguisse ir profundo o suficiente. Por favor.
Estou com saudades de você dentro de mim." Sua voz estava
desigual, e a mão dela tremia enquanto pairava sobre sua boceta
doce.

"Esfregue os dedos sobre o seu clitóris. Mas não os coloque


dentro ainda. Eu vou te dizer quando."

O corpo dela estava bronzeado pelo sol que pegamos na


praia hoje, e suas bochechas estavam rosa de excitação. A
imagem diante de mim era melhor do que qualquer coisa que eu
poderia possivelmente ter imaginado. Eu esfreguei meu pau com
mais força, e mais rápido. Estava ficando difícil falar.

Me aproximei dois passos da porta do chuveiro. Precisei de


toda a minha força de vontade para não abri-la. Mas eu
precisava pelo menos ficar um pouco mais perto, para ouvir a
borda irregular de sua respiração. "Por favor, Chance".

Me deixou selvagem saber que ela estava disposta a


implorar por mim. Que ela me queria dentro dela tanto quanto
eu queria me afundar nela. "Coloque dois dedos dentro. Feche os
olhos e finja que sou eu. Sinta meu pau dentro de você."

Quando os dedos dela desapareceram, não consegui me


segurar por mais tempo. Demorei menos de dois minutos — ela
estava se acariciando ainda mais rápido do que eu me
masturbando. A boca dela se separou, e eu sabia que ela estava
começando a gozar.

"Chance..."

"Vem, amor." Juntos. Foi a visão mais espetacular do


mundo vê-la desfeita diante dos meus olhos. O som dos seus
gemidos quando ela própria se trouxe ao orgasmo foi puramente
erótico.

Demorou um pouco depois que terminamos para


recuperarmos nosso controle. Eventualmente o corpo de Aubrey
ficou mole, e ela se inclinou contra o azulejo da parede do
chuveiro. Ela não abriu os olhos quando eu entrei e desliguei a
água. Eu a segurei em meus braços e a carreguei para minha
cama. Escalando atrás dela, eu escorreguei sob o lençol,
tomando cuidado para não me pressionar contra ela. Isso estaria
quebrando as regras. E, estranhamente, eu estava saciado por
agora.

Nem quinze minutos mais tarde, eu pude ouvi-la murmurar


as palavras 'Sinto muito' antes de cair no sono.

Adormeci não muito depois disso, com um sentimento de


alívio por ter a mulher que eu amava dormindo ao meu lado na
cama. Infelizmente, esse sentimento se foi na manhã seguinte,
quando acordei e, não muito tempo depois, percebi que ela tinha
ido embora.
CAPÍTULO VINTE E OITO

Dizem que quanto maior é o ganho, maior é a queda. Pela


primeira vez eu percebi exatamente como Aubrey se sentiu no
momento que acordou e percebeu que eu tinha abandonado-a
no hotel em Las Vegas.

Ela tinha ido embora.

E Pixy também.

O sol da manhã brilhava do lado de fora. Meu coração


acelerou quando um pedaço de papel branco sobre o balcão da
cozinha chamou minha atenção. Desdobrando-o, esfreguei meus
olhos grogue para ler cada palavra claramente.

Chance,

Ontem foi além de incrível. Mas eu tive que sair depois da


ultima noite. Ficou comprovado, mais uma vez, que eu não tenho
força de vontade para resistir à minha atração por você. Enquanto
estou com o Richard, ficar com você não é justo com ele. Eu não
queria ficar mais um dia e correr o risco das coisas irem mais
longe. Estou convencida que não consigo mais resistir fisicamente
a você. Desculpa. Eu sei que te prometi um fim de semana. Mas
estou tentando fazer a coisa certa.

Rasgando a carta e jogando-a do outro lado da sala, gritei,


"Foda".

Minha voz ecoou pela cozinha vazia. Então era isso? Ontem
tinha sido minha última chance de deixar uma impressão
duradoura antes dela tomar uma decisão, e a última coisa que
eu fiz foi me masturbar com ela antes de nós desmaiarmos!
Depois de tudo, era assim que ia acabar? Bem jogado, Bateman.
E como é que ela tinha conseguido transporte tão rápido para
voltar para Temecula, com uma cabra? Ela deve ter pesquisado
uma rota de fuga antes de concordar com a viagem. Aubrey
provavelmente sempre teve uma companhia de aluguel de carro
em espera.

"Chance mostrou o pau, então você pode vir me buscar


agora!"

Sem esperança, eu apoiei os cotovelos no balcão e esfreguei


minhas têmporas. Debati internamente se deveria ligar para ela,
mas decidi dar a ela um tempo. Era a primeira vez desde que
nos reencontramos que eu não tinha qualquer estratégia.
Sinceramente, eu não tinha a menor ideia do que fazer a partir
daqui.

Adele apareceu algumas horas mais tarde, depois que eu


tinha ligado para avisá-la que a Aubrey tinha ido embora.
Andando pelo do loft, passei minhas mãos pelo meu cabelo.

"Estou pensando em voltar para Temecula esta noite."

"Não".

"Não?"

"Não." Ela colocou as mãos em meus braços, para me


impedir de andar. "Olha, eu gostei muito dela. Espero que dê
tudo certo entre vocês, mas você fez todo o possível mostrar-lhe
como se sente. É hora de recuar e dar-lhe o espaço que ela
precisa para chegar à conclusão certa — que é você. Eu pude ver
nos olhos dela o quanto ela ainda se preocupa com você. Ela
estava chorando, pelo amor de Deus. A única coisa que a impede
de voltar é o medo de se machucar."

"E se ela deixar o medo vencer e ficar com aquele idiota?"

"Então você vai ter que seguir em frente."

Eu poderia seguir em frente? Eu não podia imaginar alguém


querer algo mais do que eu queria que ela ficasse na minha vida.
Mas se ela o escolhesse, eu sabia que ia ter que continuar com a
minha vida, eventualmente saindo com outras mulheres e,
finalmente, terminar meu celibato de dois anos.

Ela abriu um pacote de Tim Tam e serviu dois copos de


leite. Desde que não consegui achar essa marca de biscoitos na
América, Adele tinha um amigo de Melbourne que enviava
pacotes para ela periodicamente.

Peguei uma das bolachas cobertas de chocolate, mergulhei


no meu copo e mordi antes de falar com a boca cheia. "Como
diabos eu posso ficar aqui definhando em Hermosa Beach,
sabendo que corro o risco de nunca mais vê-la novamente se ela
decidir se mudar com ele? Ele está saindo daqui a apenas
alguns dias."

Adele parecia confusa. "Quão rápido ela possivelmente


poderia alugar algo em Boston? Ela não teria que vender a casa
aqui primeiro, e se livrar de todas as coisas?"

"Ela aluga a casa atual, e mencionou que a maior parte da


mobília já estava lá quando ela se mudou. O maior problema vai
ser transportar nossa cabra."

"Você percebe que disse nossa cabra, certo? Como se o


bicho fosse seu, também?"

"Foda-se. Quis dizer sua cabra."

Adele sorriu simpaticamente. "Não, você não quis."

"Você está certa. Eu nem percebi."

Mais tarde naquela noite, depois de Adele voltar para Harry,


a raiva começou a substituir todas as outras emoções. Eu enviei
um texto para Aubrey.

Chance: A perseguição acabou. Estou te dando o espaço que


você quer. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.

Ela mandou uma resposta simples.

Aubrey: Obrigada.
Eu estava muito orgulhoso de mim mesmo nos primeiros
dias da semana seguinte. Não liguei ou mandei mensagem para
Aubrey, e me mantive ocupado na casa de Hermosa Beach,
trabalhando num novo projeto de arte de lixo e cuidando um
pouco das áreas negligenciadas ao redor da casa. Mas, mesmo
eu me mantendo ocupado, no fundo, eu estava miserável.

Era difícil não entrar em contato com ela, mas eu estava


seguindo os conselhos da minha irmã, mantendo-me distante na
esperança de dar a Aubrey o direito de tomar sua decisão por
conta própria.

Porem, conforme o fim de semana que se aproximava, eu


comecei a ficar impaciente. Numa determinada noite, enquanto
tentava sem sucesso me distrair com um episódio de Top Gear,
quebrei minha promessa voto e impulsivamente mandei uma
mensagem pra ela.

Chance: Você está aí?

Aubrey: Estou aqui.

Chance: Oi.

Aubrey: Desculpe não ter entrado em contato.

Chance: Está tudo bem. Tenho intencionalmente ficado


afastado, para que você possa colocar a cabeça no lugar.

Aubrey: Você vai voltar para Temecula?

Chance: Não. Não há nada para mim aí além de você, e eu


estou dando-lhe espaço. Minha casa é aqui. Embora agora que você
já esteve aqui, não parece mais um lar tanto quanto antes sem você.
Aubrey: Lamento que você se arrependa de me levar para sua
casa.

Chance: A única coisa que lamento é não ter estourando a


porta do chuveiro, princesa.

Ela não respondeu imediatamente. Mas poucos minutos


depois, meu telefone vibrou.

Aubrey: Obrigada por não fazer isso.

Chance: Você ainda estaria aqui se eu tivesse feito.

Aubrey: Tem certeza?

Chance: Você poderia ter dificuldade para andar, mas ainda


estaria aqui.

Aubrey: Eu vejo.

Ela não respondeu mais, então eu digitei novamente.

Chance: Você está bem?

Aubrey: Sim. Não posso mais falar. Prometo te ligar este fim de
semana.

Chance: Ele está aí com você?

Aubrey: Sim

O ciúme me atingiu como uma tonelada de tijolos. Ouvi


aquela voz novamente, que soou muito como um conselho de
mãe. "Saia dessa depressão e vá buscar sua mulher!"

De repente, isso apenas clicou. O que estava me mantendo


aqui? Orgulho? Foda-se o orgulho.

Ela era tudo o que importava. Ela era mais importante.


Eu não estava bem. Isso não estava certo. Eu sabia, no
fundo do meu coração, que ela me amava. Eu podia ver nos
olhos dela. Ela só estava com medo de se magoar novamente.

Ficar sentado esperando em casa estava apenas


contribuindo para a causa de Dick, não para a minha. Se eu
tinha que... deixá-la ir, com certeza não seria sem uma boa luta.
Eu precisava estar perto dela.

Mudança de planos.

Agarrando minhas chaves, entrei na minha caminhonete e


peguei a estrada em direção a Temecula. A estrada estava vazia,
por isso eu mantive a velocidade em cerca de oitenta e cinco
milhas por hora.

O plano era passar a noite no motel e preparar uma


brilhante abordagem para o dia seguinte. Eu não sabia o que iria
fazer amanhã, obviamente. Mas sabia que eu ia estar lá com ela
até o fim, independentemente da forma como terminasse.

Estou com a porra de um prazo curto, princesa.

Liguei o rádio e sintonizei num canal instrumental, que ouvi


durante toda a viagem. Meus nervos não conseguiam lidar com
qualquer outra coisa.

Já era tarde quando finalmente cheguei ao motel. Por algum


milagre, consegui dormir rapidamente. Eu queria estar
estacionado na Jefferson bem cedo de manhã, para garantir
nosso café da manhã. O caso era que amanhã não podia chegar
rápido o suficiente.
O dia seguinte começou normalmente. A bagunça fora do
edifício do escritório de Aubrey era apenas como de costume.
Quando entrei na fila da Starbucks para comprar o café da
manhã, porem, tornou-se claro que esta não era uma manhã
comum.

"Bom dia, Melanie".

"Chance. Eu pensei que você tivesse saído da cidade."

"Estou de volta."

"Estou surpresa".

"Por que diz isso?"

"Você não sabe?"

"Saber?"

"O último dia de Aubrey foi ontem. Ela veio se despedir de


nós."

O que?

"Ela não está mais aqui?"

"Não. Desculpa. Eu pensei que vocês eram amigos agora.


Pensei que você soubesse que ela largou o emprego."

"Amigos. Sim. Nós somos. Ela deve ter esquecido de


mencionar essa pequena informação, embora. Ela disse onde
estava indo?"
"Ela só disse que não ia mais nos ver todas as manhãs".

Cocei o queixo e olhei para o espaço, tentando absorver essa


notícia.

Melanie interrompeu minha linha de raciocínio. "Você quer


alguma coisa?"

Sem sequer prestar atenção, eu disse, "Claro. Um café com


baunilha sem gordura, pouca espuma e extra quente."

"Esta é a bebida de Aubrey?"

"Uh... sim." Eu ainda não tinha percebido que tinha


encomendado o habitual dela. "Por que não?" Dei de ombros.
"Pelos velhos tempos."

Enquanto estava sentado na mesa do canto, agitando o leite


espumoso ao redor no meu copo, tentei convencer-me que ela
deixar o emprego e não me contar não significa necessariamente
que ela tinha escolhido ir para Boston com o idiota. Eu poderia
mandar uma mensagem para ela, mas uma parte de mim não
estava preparado para a resposta. Talvez ela só tenha decidido
largar a empresa, visto que estava fechando.

De qualquer forma, essa provavelmente seria minha última


vez no Starbucks que serviu como pano de fundo para o meu
tempo aqui com Aubrey. Eu não gastaria mais tempo
perseguindo-a pela manhã na Jefferson se ela não trabalhava
mais aqui. Esvaziei minha carteira, peguei o dinheiro que estava
dentro e deixei cem dólares de gorjeta.
"Obrigado, companheira. Agradeço a sua ajuda por todas
essas semanas."

Os olhos de Melanie se arregalaram. "Uau, obrigada. Você


não vai voltar?"

"Receio que não."

Quando eu parei na frente da casa de Aubrey, uma placa


branca e azul no gramado foi a primeira coisa que chamou
minha atenção. Meu coração começou a bater furiosamente.

Que diabos?

Quando cheguei perto o suficiente para lê-la, vi que estava


escrito ‘aluga-se’. Meu coração pareceu cair para o meu
estômago. Peguei minha chave, corri para a porta da frente e
abri. A tigela de água do bode ainda estava na cozinha, mas todo
o resto estava vazio. Não havia nenhum sinal do bode em
qualquer lugar. Toda a mobília ainda estava no lugar, mas
parecia que todos os pertences pessoais de Aubrey tinham
desaparecido.

Eu praticamente estava voando pela casa. Uma varredura


em seu quarto também só confirmou o pior. Até a última peça de
roupa no armário dela tinha desaparecido. Sentado na cama
dela enquanto olhava ao redor do quarto, a realidade começou a
afundar. Adrenalina começou a bombear loucamente pelo meu
sistema. Acalme-se, Chance.

Voltei para fora, para o sol ofuscante. Abri o galpão do


jardim e comecei a embalar meu equipamento de jardinagem na
parte de trás da caminhonete. Foi nesse momento que ouvi um
apito.

Girando ao redor, percebi que era vizinha de Aubrey,


Filomena.

Ela passou por mim, arrastando os chinelos no chão e


segurando uma caixa marrom. Ela tinha o cabelo enrolado, e
seus lábios estavam delineados de forma descuidada com
brilhante lápis cor de rosa, mas sem batom. "Ei, coisa gostosa."

Tentando ser amigável apesar do meu humor podre, eu


disse, "Prazer em vê-la novamente, Filomena. O que tem na
caixa?"

"Quem sabe? Eu encomendo coisas no meu sono que nem


me lembro." Ela chiou.

"Ah, isso é certo. As quatro bolas mágicas. Você deu uma a


Aubrey."

"Você quer uma também? Posso trocar por um passeio em


seu cortador de grama."

"Então... Estou me aposentando do negócio de cuidados


com o gramado a partir de hoje."

"Quer dizer agora que ela se mudou?"


Meus olhos dispararam na direção dela. "Você sabe para
onde ela foi?"

"Não tive a oportunidade de falar com ela, mas a vi saindo


com o namorado ontem. Ela estava embalando lá dentro há um
tempo. Perguntei-lhe o que estava acontecendo lá, e ele disse
que ela estava se mudando para Boston com ele. A próxima
coisa que eu percebi é que havia uma placa de ‘aluga-se’ no
quintal esta manhã."

Parecia que meus ouvidos estavam queimando.


"Realmente..."

"Sim".

Não conseguia lembrar o que eu disse a Filomena depois


disso. Eu nem sequer tive uma lembrança da viagem de volta
para o motel. Eu imaginei que fosse ficar zangado ou confuso,
mas tudo estava dormente.

Sentado na cama, segurando meu celular em minhas mãos,


eu quis desesperadamente mandar uma mensagem para ela,
mas quanto mais pensei nisso, mais me pareceu uma má ideia.
Se ela realmente estava se mudando para Boston, ela nem
sequer tinha me dito que já tinha tomado uma decisão. Ela já
estava lá? Ela ainda ia me ligar neste fim de semana como tinha
prometido? De repente, a dormência foi substituída por pura
raiva.

Agarrando minha carteira, fui direto para o bar. Eu não


queria sentir as emoções de perdê-la. Não queria sentir nada
esta noite. As palavras rolaram por minha língua amargamente
quando sentei no meu lugar habitual. "Sirva-me, Carla Babes".

Carla parecia absolutamente chocada ao me ver sentado ali.


"Eu pensei que nunca mais o veria novamente, Aussie."

"Bem, eu vim dizer adeus. Estou indo para casa amanhã, e


não vou voltar."

Ela serviu minha bebida mais rápido do que nunca,


sentindo o quanto eu precisa dela. "O que aconteceu?"

Tomei um gole e bati o copo no balcão. "Acabou".

"É isso? Acabou? Aubrey ficou com o Dick?" Me agradava


que ela tinha adotado meu apelido para ele.

"Sim. Hoje fui a casa dela, e tudo estava limpo. Tinha até
um letreiro anunciando que o lugar estava para alugar. O idiota
disse a vizinha de Aubrey que ela estava indo para Boston com
ele."

"Você está brincando comigo?"

"Fim da história".

"Então, ela não teve nem a decência de te dizer?"

"A decência ou a coragem, não tenho certeza qual."

"Como você deixou as coisas com ela?"

"Eu tinha voltado de Hermosa Beach por um tempo. Ela


acha que eu ainda estou lá. Ela ia me ligar neste fim de semana.
Eu decidi voltar de qualquer forma e conferir as coisas. E agora
eu sei o que ela estava planejando dizer quando ligasse".
"Sinto muito".

"Não é culpa sua."

"Eu estava realmente esperando que as coisas


funcionassem para você. Você merecia um final feliz."

"Podemos não falar mais sobre isso? Sobre ela?" Eu engoli


como se fosse doloroso.

"Está bem. O que você quiser."

Carla discretamente colocou bebida após bebida na minha


frente. Ela sabia que eu estava sem vontade de conversar, então
me deixou em paz. Em um ponto, porem, ela me cortou,
recusando-se a servir-me mais. Deitei minha cabeça no balcão e
apaguei por tempo. O bar estava se preparando para fechar
quando voltei a mim. Eu não tinha nem ideia de que horas eram.
O som da televisão e alguns patronos falando estava abafado.

Ela me tocou no ombro. "Vamos lá, garotão. Eu vou te levar


até o outro lado da rua."

Entrei no Prius vermelho da Carla e descansei a cabeça


para trás no assento, meus olhos fechados. Eu ainda estava um
pouco bêbado, mas começando a ficar sóbrio. Eu provavelmente
teria que beber até morrer para chegar ao nível de embriaguez
necessário para esquecer este dia. Então, em certo sentido,
fiquei chateado com Carla por se recusar a me servir mais álcool
– e ao mesmo tempo grato por cuidar de mim.

Ela me levou para o quarto e discretamente me seguiu para


dentro. Eu deitei na minha cama, cruzei os braços e fechei os
olhos. Quando os abri novamente, Carla tinha desaparecido.
Água estava correndo, e percebi que ela estava no banheiro.

Fechei meus olhos novamente. Desta vez, quando os abri,


Carla estava de pé ao lado da cama. Ela tinha soltado seu
cabelo, que estava geralmente preso num estilo retro. Ela
também tinha lavado o pesado batom vermelho que sempre
usava. Até ai tudo bem. O fato notável era que ela também tinha
tirado todas as roupas, com exceção do sutiã de renda vermelha
e calcinha combinando. Seus seios estavam se derramando do
material, e a calcinha mal cobria sua bunda cheia de curvas.

Minha voz parecia sonolenta. "O que você está fazendo?"

"Lembra-se do que falamos? A oferta continua de pé. Deixe-


me fazer você esquecer tudo. Sem amarras, Chance. Só eu e
você, e uma boa foda."

Meu pau contorceu-se quando eu fui incapaz de controlar a


reação do natural do meu corpo a tal proposta.

"Carla Babes, você não precisa fazer isso."

"Eu quero fazer isso. Deus, Chance, eu quero tanto. Você


não tem ideia do que eu quero que você faça comigo."

Merda.

Antes que eu pudesse formar palavras, ela começou a


montar sobre meus jeans, se apoiando no meu pau meio-duro.
"Eu acho que você está pronto para mim," ela murmurou sobre
os meus lábios.
Ela me beijou, e eu relutantemente devolvi o beijo, sem ter
certeza ainda se devia aceitar o que ela estava me oferecendo.

"Você tem camisinha?" ela sussurrou.

"Não".

"Está tudo bem. Você não precisa se preocupar. Estou


tomando pílula, e estou limpa."

Carla passou minha camisa por minha cabeça quando eu


fechei meus olhos novamente. Ela estava beijando meu peito
enquanto minha mente era intoxicada por imagens de Aubrey.

Aubrey.

Aubrey.

Aubrey.

Carla gentilmente empurrou-me ainda mais contra a cama.


Ela começou a abrir a fivela do meu cinto enquanto eu
continuava deitado. Quando meu pau sentiu o ar frio do quarto
e ela começou a acariciar-me, eu sabia que ela estava prestes a
me levar em sua boca. Mas algo dentro de mim continuava
gritando, "Não faça".

Eu afastei meu corpo de repente, puxando minha cueca. Já


em pé, também fechei minhas calças. Movendo os dedos pelo
meu cabelo, olhei para o chão e balancei minha cabeça. "Não
posso fazer isso". Agarrando minha camisa e a vestindo
novamente, eu disse "me desculpe."
Com as mãos em seus quadris, Carla mordeu o lábio
inferior e assentiu com a cabeça compreensivamente. "Tá tudo
bem, Aussie".

"Não é você... é só—"

"Ela. Eu sei. É ela".

"Não estou pronto para—"

Ela falou mais alto. "Você não precisa explicar, Chance."

Carla parecia triste. Odiei ferir seus sentimentos, mas estar


com ela quando não me sentia bem não era justo.

"Vou me vestir e sair, ok"?

"Você não precisa ir embora."

"Eu realmente deveria."

Depois de se vestir, Carla veio até onde eu estava e beijou-


me suavemente no rosto. "Um dia ela vai acordar e se
arrepender. Espero que a essa altura você já tenha encontrado
aquela com quem realmente tem que estar. Porque essa alguém
não é ela."

"Obrigado, Carla Babes. Obrigado por tudo."

"Por favor, volte quando sua cabeça estiver no lugar


novamente, ok, Aussie? Eu quero saber se você está feliz."

"Eu vou. Eu prometo."

E assim de repente, Carla foi embora pela noite adentro.

Com um caso menor de bolas azuis, eu recuei para o


chuveiro. Deixando a água morna correr sobre mim, eu joguei
xampu no meu pau e nas minhas mãos, e bati uma punheta
mais ou menos. Apesar dos esforços para bloqueá-la de minha
mente, tudo em que eu conseguia pensar era em Aubrey
enquanto me acariciava. Visões de esfregar o clitóris dela
quando nós nos masturbássemos juntos no meu banheiro
infiltraram-se em meu cérebro. Eu me masturbei com mais
força, e me imaginei gozando dentro dela em vez de na minha
mão. Quando terminei, meus pensamentos estavam numa
espiral fora de controle. Inclinei-me contra a parede de azulejo
para superar a emoção que tomou conta quando o orgasmo me
abalou.

Vá se foder, Aubrey.

Foda-se.

Eu odeio você.

Eu te amo.

Eu te odeio.

Eu te amo.

Merda.

Eu ainda te amo tanto.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

Voltei para Hermosa Beach no domingo seguinte, ainda sem


notícias dela. Me recusei a ligar para ela, especialmente sabendo
o que sabia. Se ela não se importava o suficiente para pelo
menos me ligar e dizer o que estava acontecendo, então eu não
ia dar-lhe a satisfação de contatá-la.

Um bando de gaivotas me seguiu enquanto eu caminhava


ao longo da praia, perto do meu Loft. Chutando a areia, me
perguntei para onde minha vida iria a partir daqui, e como eu
iria passar meus dias sem o foco de voltar para Aubrey. Mais do
que tudo, eu me perguntei como poderia possivelmente me fazer
esquecê-la por tempo suficiente para seguir em frente.

Escolhendo um lugar, me sentei e olhei para o oceano. O


mar estava forte, e um vento fresco soprou um pouco de areia
nos meus olhos. Alguns surfistas montavam ondas agitadas à
distância. Um grupo de pessoas estava jogando vôlei há alguns
pés de distância. Uma das meninas correu para mim.

"Ei, nós precisamos de outro jogador. Quer participar?"

Por que não? Uma distração certamente não faria mal


algum. "Sim. Tudo bem."
Me levantei devagar do chão, e andei até um homem e uma
mulher em um dos lados da rede. Repetidamente acertando
pontos de saque, eu mantive minha equipe na liderança por
vários jogos.

A certa altura fizemos um intervalo, e um dos caras que


estava jogando foi buscar algumas garrafas de água na barraca
de praia. Quando ele voltou, parecia meio louco.

"Cara, você nunca vai acreditar no que eu acabei de ver."

"O que foi, companheiro?"

“Havia uma garota passeando com uma cabra na coleira."

Eu derrubei a bola. "O quê você disse?"

"Um maldito bode na coleira! Ela era gostosa também."

"Onde?"

Ele apontou na direção de onde tinha vindo.

Quando me atirei naquela direção imediatamente, uma das


meninas gritou atrás de mim.

"Ei, não vá! Vamos começar outro jogo."

"Jogue sem mim" eu gritei sem olhar para trás.

Meu coração parecia estar batendo anormalmente rápido.

Quando cheguei no estacionamento, não encontrei ninguém


passeando com uma cabra. Olhando ao redor freneticamente,
perguntei-me se era possível que isto fosse apenas uma
coincidência. Mas, um bode na coleira? De maneira nenhuma.
Ela estava aqui. E foi então que eu a vi.
Aubrey.

Meu Deus.

Ela e o bode estavam sentados sozinhos na areia. Ela estava


lambendo um sorvete quando olhou em direção a água. O vento
estava soprando loucamente pelo cabelo dela. Ela estava linda,
de parar o coração. Olhando-a com descrença, fiquei ali por
muito tempo sem dizer nada.

De alguma forma, ele reparou em mim primeiro. O bode


"cego" de repente fugiu em minha direção, quase me derrubando
no processo.

Sem entender por que o animal tinha fugido, Aubrey saltou


em pânico antes que percebesse que ele estava em meus braços.
Ela levantou-se, batendo a areia de seu vestido amarelo pálido
de verão.

"Chance".

"Princesa. O que está fazendo aqui?"

"Estou estacionada na sua casa. Você não recebeu minha


mensagem?"

Peguei meu telefone do meu bolso e percebi que tinha


perdido uma mensagem dela. Ela deve ter mandado durante o
jogo de voleibol. "Não, mas vi agora".

Tentando não ficar excessivamente animado, lembrei-me de


que ela poderia muito bem ter vindo aqui só para dar as más
notícias pessoalmente. Apesar de querer alcançá-la e tocá-la,
meu corpo enrijeceu em vez disso, como um mecanismo de
proteção.

"Podemos andar até sua casa? Não quero ter essa conversa
aqui." Ela não estava sorrindo. Sua expressão estava apenas
confirmando meus piores temores.

Uma sensação de medo se desenvolveu no meu estômago.


"Claro".

A caminhada para a minha casa foi tranquila. Quando


chegamos, percebi que o carro de Aubrey estava estacionado em
frente. Nós nos sentamos lá fora, nos degraus da estrada do loft.
Mutton ficou tranquilamente mastigando a grama ali perto de
nós. Ela esfregou as palmas nervosamente.

"Vai, Aubrey. É só falar."

Parecia que ela estava prestes a chorar, e sua pergunta me


pegou de guarda baixa. "Você está saindo com alguém?"

Meu tom foi abrupto. "Se eu estou vendo alguém?"

"Responde-me."

"Não, Aubrey. Eu não fiz nada alem de comer, dormir e


respirar nas ultimas semanas." Meu tom beirava o zangado. "Por
que pergunta isso?"

"Na outra noite, eu voltei para a minha casa para pegar


algumas coisas que tinha esquecido durante a mudança.
Filomena viu meu carro e saiu para me dizer que você esteve lá
no início do dia. Então eu fui até o seu motel naquela noite.
Havia um carro estacionado do lado de fora, e quando eu olhei
pela janela, você estava com uma moça, e ela estava se vestindo.
Acho que era aquela garçonete do bar."

Foda.

Foda.

Foda.

Ela estava brincando?

Foda.

"Princesa, me escute." Eu coloquei minha mão sob o queixo


dela, direcionando seu olhar para mim. "Prometo que não vou
mentir para você. Você acredita em mim?"

"Diga a verdade."

"Era a Carla. Ela é uma amiga. E você está certa, ela é a


garçonete do bar que eu frequentava. Ela seguiu-me para o meu
quarto porque eu bebi muito naquela noite. Ela tirou a roupa e
veio pra cima de mim, mas eu a parei. Não aconteceu nada."

"Sério?"

"Juro pela minha mãe. Carla me beijou e começou a me


despir, mas eu disse a ela que não conseguia fazer nada, que eu
não queria."

Ela soltou um suspiro enorme. "Oh, meu Deus. Eu perdi o


sono por isso. Sei que eu não tenho direito de estar chateada,
depois da maneira como eu te tratei, mas-"
"Eu não estava pensando corretamente naquela noite.
Fiquei arrasado depois que descobri que você decidiu ir para
Boston. Parecia que minha vida tinha acabado".

"Boston? Eu nunca decidi ir para Boston."

"O que? Mas todas as suas coisas se foram."

"Sim. Eu saí de casa... mas não para ir para Boston."

"Filomena conversou com Dick enquanto você estava


fazendo as malas. Ele disse a ela que você decidiu ir com ele."

"Não. Isso não é verdade."

"Foda-se, princesa. É por isso que eu estava tão bêbado


naquela noite. Eu pensei que... tinha te perdido."

"Richard estava esperançoso. Talvez por isso ele tenha dito a


Filomena que eu estava me mudando com ele. Ele pensava que
poderia me convencer com a promessa de um emprego e tudo.
Não falei sobre você até o dia seguinte. Eu queria arrumar
minhas coisas, antes que as coisas ficassem feias."

"Espere. Você está me dizendo..."

"Eu nunca quis ir para Boston, Chance. Minha descisão


estava basicamente tomada por um longo tempo antes disso,
mas eu estava ainda com medo de me dar completamente. Esse
medo sempre vai estar presente - eu sempre estarei com medo
de te perder, por causa do quanto eu te amo. Passar um dia com
você aqui, no entanto, pareceu tão certo. Nunca tive mais certeza
de nada na minha vida. Mas sabia que tinha que voltar e
amarrar minhas pontas soltas. E sabia que tinha que acabar
meu relacionamento com ele."

"Você terminou com Dick?"

"Sim. Foi uma bagunça. Contei-lhe tudo. Ele me acusou de


foder você e seu irmão gêmeo, Harry o paisagista."

Nós dois explodimos em risos e, surpreendentemente o bode


milagrosamente ficou consciente pela primeira vez.

"Você contou que eu não tenho um irmão gêmeo?"

"Não. Uma vez que ele me acusou de ser uma puta, não me
importei de esclarecer."

"Idiota".

"Ele era um bom cara. Mas, desde que você voltou, Chance,
você precisa saber nunca houve realmente qualquer disputa."

Deixei escapar um enorme suspiro de alívio enquanto


minha mente começava a juntar as peças do que estava
acontecendo. "Você se demitiu... não para ir para Boston, mas
para..."

"Eu não estava feliz lá, de qualquer maneira. Além disso, se


eu realmente me mudar para Hermosa Beach, eu—"

"Se mudar para cá"? Um sorriso enorme se espalhou por


todo meu rosto. Naquele momento, eu apertei meus olhos para
dar uma boa olhada no Audi de Aubrey, e notei pela primeira vez
que ele estava cheio até a borda com todas as coisas dela,
exatamente como quando nos conhecemos. Puta merda. Nós
completamos um círculo.
"Toda sua merda está ali?"

"Sim". Ela colocou a mão sobre o meu coração. "Mas eu não


preciso de nada, só disso."

Puxando-a, eu a beijei com tudo que eu tinha, e girei-a no


ar. As pessoas passando buzinaram.

Coloquei-a para baixo, e ela tinha lágrimas nos olhos


quando passou os braços em volta do meu pescoço. "Espero que
este complexo permita cabras".

"Se alguém nos der merda, vamos nos mudar. Estou


pensando que precisamos de uma casa maior, de qualquer
forma, onde eu poderei plantar para você outro jardim."

Minha respiração acelerou, e a magnitude de tudo começou


a me bater. Tornei-me oprimido pelo desejo animalesco de
reivindicar o que eu finalmente sabia com absoluta certeza que
era meu. Eu não podia esperar um segundo mais de tempo para
estar dentro dela. "Princesa, espero que você não tenha planos
por um tempo."

Ela ergueu uma sobrancelha. "Por que isso?"

"Porque nós temos dois anos de foda para recuperar."

Eu segurei Aubrey pela mão, e ela me seguiu até o


apartamento quando praticamente tropeçamos através da porta.
Antecipando o que estava prestes a acontece, meu pau ficou
terrivelmente duro.
Peguei a maior taça que pude encontrar e a enchi com água,
para que Pixy não ficasse desidrato no caso de nós não sairmos
do quarto por horas.

"Aproveite" Eu disse, colocando a tigela na frente dele. "Isso


é exatamente o que eu pretendo fazer com tua mãe."

Quando ela ficou na minha frente, senti como se tivesse


tirado um peso enorme do meu peito. Era a primeira vez que eu
poderia estar verdadeiramente com Aubrey, sem apreensão e
incerteza.

Eu puxei meu cabelo enquanto olhava para baixo, e


balancei minha cabeça. "Nem sei por onde começar. Há tanta
coisa que eu quero fazer com você."

"Estou pronta para qualquer coisa."

"Tem certeza?"

"Sim".

"Acho que eu preciso te foder duro, então. Você concorda


com isso?"

Ela respondeu puxando seu vestido de verão sobre a


cabeça. Quando ela chutou a calcinha no chão, eu tirei minha
própria roupa. Conforme ela olhava para o meu corpo, me senti
ficar ainda mais animado. Todo o clima de retenção que existiu
algumas semanas atrás tinha desaparecido agora.

"Bom Deus" eu respirei fundo quando dei uma olhada no


seu corpo nu e iluminado pela pura luz do dia. Ela tinha se
depilado, mas deixado uma linha fina de pelo bem no meio do
que seria o Belo Monte dela. Eu queria tanto saboreá-la, mas
não desta vez. Isso teria que esperar até mais tarde. A grosso
mod, eu podia dizer que precisava dela desesperadamente agora.

Agarrei um lado da cintura dela e puxei-a para mim. Em


questão de segundos as pernas dela estavam embrulhadas em
torno de mim conforme eu alinhava-a para o meu pau.

"Aaaargh" eu gritei, me sentindo incrível quando fui


afundado profundamente dentro do dela. A sensação era melhor
do que qualquer coisa que eu me lembrava.

Nós não tínhamos nem nos preocupado em mover-nos do


mesmo lugar. Estávamos de costas contra a porta do meu
quarto enquanto eu batia nela implacavelmente, quebrando
quando ela começou a implorar para que eu fosse mais duro.
Não sei se era porque eu estava com a mulher que eu amava ou
porque fazia tanto tempo, mas eu nunca tinha sentido uma
boceta enrolada no meu pau mais apertada, mais quente, mais
úmida... mais perfeita ou feita pra mim em toda minha vida.

Segurando a bunda dela firmemente, minutos depois eu


pude sentir os músculos dela se contraindo ao meu redor.

"Venha, Aubrey. Goza no meu pau, princesa. Deixe ir."

"Quando você gozar, diga meu nome. Adoro quando você diz
meu nome" ela sussurrou na minha boca.

Quando eu gozei dentro dela, murmurei seu nome várias


vezes, com cada impulso dos meus quadris. "Aubrey... Foda...
Aubrey... Deus... Aubrey... Aubrey... Aubrey."
Ficamos conectados, inclinados juntos na testa.

"Eu te amo, Aubrey."

"Foi um longo caminho para chegar até aqui, mas valeu a


pena," ela disse.

"Valeu cada segundo."

Ficamos abraçados por um longo tempo antes de eu


finalmente colocá-la para baixo. "Está com fome?"

"Um pouco".

"Vamos pôr algum alimento em você... além de mim. Você


vai precisar da energia para a segunda rodada."

Eu vesti minha cueca e coloquei minha camiseta. Eu amei


olhar para os mamilos e espreitar a roupa dela. Quando ela me
seguiu para a cozinha, ela colocou a mão sobre sua boca em
descrença quando a realidade bateu. "Puta Merda. Não tenho
um emprego. Nunca estive desempregada antes."

"Você está com sorte, Sra. Bateman. Tenho vaga para uma
escrava do sexo".

"Depois do que você fez comigo lá dentro, eu iria com prazer


me voluntariar para essa posição, Sr. Bateman."

"Vamos encontrar alguma coisa aqui que você seja


apaixonada em fazer" Eu disse a sério.

"Eu estou apaixonada por você.”

"Então, está resolvido. Escrava sexual."


"Mas a sério, porém, eu não quero ser dependente. Eu iria
literalmente lidar com o seu dinheiro."

"Já que eu vou reclamar o seu rabo depois, soa justo pra
mim. Um burro por uma bunda."
EPÍLOGO

Aubrey
Las Vegas – Um ano depois

Chance e eu estávamos na porta da pequena capela branca,


lar do nosso falso casamento há mais de três anos. Goosebumps
deve salpicado na minha pele, porque tudo parecia igual a
ontem. Estar aqui era nostálgico e, ao mesmo tempo, me deixava
um pouco triste pelos anos que perdemos.

Com seus cabelos crespos vermelhos e bata multi-colorida,


Zelda parecia quase exatamente a mesma.

Ela apertou os olhos e olhou para Chance. "Você já esteve


aqui antes?"

Voltar aqui tinha sido ideia dele. "Muito perspicaz. Mas nós
temos horário marcado. Em nome de Bateman. 06:00" Chance
disse, levantando um pedaço de papel. "E uma licença de
casamento real. Nós estamos fazendo a sério desta vez."

Ela mordeu o dedo. "É isso mesmo. Você é o cara do


Aussie... e esses votos... como poderia esquecê-los? Eu devia
saber que vocês dois estavam planejando um casamento real.
Me perguntei depois o que tinha acontecido. Por que demoraram
tanto?"

"Eh, houveram alguns probleminhas durante o resto da


nossa viagem. Mas superamos tudo isso, não foi, princesa?"

Ouvi-lo dizer isso foi agridoce. Sempre que eu pensava nos


dois anos que ficamos separados, ficava incrivelmente triste. Ele
olhou para mim com olhos de adorador. Deus, como consegui
tanta sorte de encontrar um homem que me amava tanto?

"Vocês estão prontos para começar?" ela perguntou.

"Sim". Eu sorri, ainda olhando para os olhos azuis de


número treze de Chance.

Adele e o namorado dela, Harry, iriam servir como


testemunhas. E desde que dirigimos até aqui, trouxemos Pixy
também. Ela era a nossa madrinha honorária. Já arrumada, e
num vestido de minha escolha dessa vez, eu podia dizer que
estava preparada para isto desde que chegamos. Chance estava
incrivelmente sexy numa camisa branca de linho com as mangas
enroladas, e calças que abraçaram sua linda bunda — a bunda
que estava ajudando a pagar por esse dia. Eu tinha trocado
minha carreira de direito por um trabalho muito melhor no
abrigo animal local de Hermosa Beach. O pagamento era uma
merda, mas eu ia trabalhar feliz todos os dias, ansiosamente
esperando para estar com os animais. Chance ainda tinha uma
boa renda advinda dos royalties de sua carreira de modelo de
futebol, mas também tinha aberto sua própria empresa de
paisagismo, com uma equipe completa de funcionários. E ele
ainda estava envolvido com a arte de reciclagem.

Quando eu fiz meu caminho até o altar, a canção que


Chance tinha escolhido me pegou desprevenida: The Long and
Winding Road, dos Beatles. Não era convencional, mas o
significado era completamente perfeito para nós.

Confesso que, depois de tudo que tínhamos passado, eu


achei que não ficaria nervosa dessa vez. Mas minha mãos
tremiam quando a cerimônia começou. No fim, isso não foi
diferente da nossa primeira experiência aqui.

Elvis falou, "Se alguém pode provar a justa causa pela qual
eles não podem ser unidos, que fale agora ou cale-se para
sempre ".

Como se na sugestão, Pixy soltou um longo "Baaaaaa."

Chance virou e brincou "Só você poderia criar problemas


agora, não é, safado?"

"Quem entrega esta mulher para se casar com este


homem?"

Adele falou por trás de mim "Eu" Eu e ela tínhamos nos


tornado praticamente irmãs. Eu estava muito grata pela minha
nova família.

Ela me tocou quando Chance segurou minhas mãos nas


dele, e disse, "Quem me dera que Mamãe pudesse tê-la
conhecido."
Elvis interrompeu nosso momento privado. "Você estará
usando os votos padrão, ou tem o seu próprio?"

Nós respondemos ao mesmo tempo.

"Padrão" Chance disse que enquanto eu falava, "Eu tenho o


meu próprio."

Ele parecia atordoado quando se inclinou e sussurrou,


"Princesa, você escreveu seus votos? Eu só queria estar
oficialmente casado com você tão rápido quanto possível. Vou
renunciá-los desta vez."

Acenando, eu disse "É a minha vez. Eu tenho algo a dizer."

Quando Chance acabou de repetir depois de Elvis, eu limpei


minha garganta.

Como poderia possivelmente colocar em palavras o que ele


significava para mim? Tomei uma respiração profunda,
compondo meus pensamentos antes de falar.

"Chance, quando nos conhecemos, eu não sabia o que eu


tinha. Tudo o que sabia era que, pela primeira vez na minha
vida, eu estava vivendo o momento. Você me ensinou tanto em
pouco mais de uma semana, principalmente sobre o que é
importante na vida. Você me ensinou a aproveitar o momento, e
não levar tudo tão a sério. Você me fez cair tão louca de amor
por você que, mais tarde, quando acreditei que me faria mal,
ainda não conseguia fugir. Eu podia apenas fingir que não me
importava mais. Eu pensei que amava outro então. Mas eu
sabia, bem lá no fundo, que nossa história de amor nunca tinha
realmente acabado. Eu nunca te amei mais do que quando você
voltou e lutou por mim, com tudo o que tinha. Dia após dia, você
jogou fora seu orgulho, e nunca desistiu de mim, mesmo quando
eu fiz muito difícil de acreditar que as coisas dariam certo para
nós. Você ganhou de volta minha confiança e muito mais nesse
processo. Você disse que queria que sua mãe pudesse ter me
conhecido. Bem, eu gostaria que ela estivesse aqui também,
então eu poderia agradecê-la pela forma como te criou. E pensar
que se eu tivesse feito uma curva errada, talvez nunca tivesse te
conhecido naquela parada em Nebraska. Um único minuto pode
mudar uma vida inteira. No entanto, ainda sinto que, de alguma
forma, nós teríamos nos conhecido de qualquer forma. Isso
porque agora eu sei que você é minha alma gêmea. A estrada
que nos trouxe até aqui nem sempre foi fácil, mas tornou-nos
mais fortes e mais prontos do que nunca para sermos capazes
de seguir para onde quer que queiramos. E eu mal posso esperar
pela próxima aventura. Eu te amo, Chance."

Não acho que já tinha visto Chance chorar, mas seus olhos
estavam começando a brilhar quando ele silenciosamente disse
"Eu te amo, princesa."

Elvis instruiu-nos a trocar alianças. Chance tinha se


recusado a tirar a antiga, mesmo que ela tenha deixado seu dedo
verde em algum ponto. Mas agora eu deslizei um anel novo de
platina no dedo dele, ao invés daquele falso. Chance
surpreendeu-me com — óbvio — um anel de diamante com corte
princesa há alguns meses. E agora ele colocou no meu dedo um
anel com o símbolo do infinito, na frente do de diamante.

"Pelo poder em mim investido pelo estado de Nevada, pode


beijar a noiva".

Chance me levantou em seus braços e me beijou como se


não houvesse amanhã. Seus lábios quentes envolveram os meus
e, juntamente com a sensação de saber que ele era oficialmente
meu marido, eu me senti como se estivesse no céu. Nesse ponto,
Pixy já estava ficando impaciente, e começou a balir novamente
enquanto Adele e Harry batiam palmas.

Chance me pôs no chão, e Zelda falou por trás de nós.


"Aquele beijo! Agora eu sei exatamente por que me lembro de
vocês dois."

Zelda tirou fotos de Chance e eu sozinhos primeiro, e então


algumas com Adele, Harry e Pixy.

Reservamos um quarto no mesmo hotel onde ficamos três


anos atrás, e planejávamos ficar em Las Vegas para uma mini
lua de mel. Adele e Harry levaram Pixy novamente para casa em
seu SUV. Nos despedimos logo após a cerimônia, e eles partiram
de volta à Hermosa.

Quando nós saímos da capela para o calor seco do pôr do


sol de Las Vegas, eu tinha um surpresa especial à espera de
Chance em frente à capela.

Ele abriu um sorriso quando viu o BMW preto, da mesma


marca e modelo daquele da nossa primeira viagem.
"Você alugou um BMW"?

ABELHA-MA. Meu amor por seu sotaque nunca diminuiu.

"Sei que vamos voar para casa, mas achei que seria um bom
toque."

Eu tive Adele decorando o carro com uma brilhante frase


escrita na parte traseira: ‘Recém casados... Mais uma vez’.

Eu estava mais animada para mostrar-lhe o que estava lá


dentro, porem.

"É perfeito. Devo dirigir, Sra. Bateman?"

"Sim. Eu gostaria de olhar para o meu marido bonito sem


quaisquer distrações".

Quando nós entramos, um sorriso largo se espalhou pelo


rosto dele no momento que ele olhou para o painel, "Sr. Obama!
Você o manteve durante todos estes anos?"

"Eu tenho que te contar uma história. Num primeiro


momento, logo que cheguei a Temecula e negociei o BMW,
confesso que deixei o bobblehead dentro. A balconista da
concessionária correu atrás de mim e me perguntou se eu o
queria. Disse-lhe que não. Eu tentei me livrar de todos os sinais
físicos sobre você, porque te perder me magoou muito. Você
ainda estava em meu coração, sem sinal de ir embora em breve,
então eu fiz o que pude para remover todos os outros lembretes.
Algumas semanas depois, quando eu estava estacionada numa
estação de gás, um menino por volta dos doze estava esperando
seu pai sair do mini-mercado no carro ao meu lado saiu. Reparei
o boneco em sua mão. Eu só não podia acreditar. Eu sabia que
tinha que ser o nosso. Perguntei-lhe onde ele tinha conseguido
aquilo, e ele me respondeu que tinha ganhado do pai. Afinal, o
pai trabalhava na concessionária. Eu não sabia bem o que
aquilo significava, mas, de alguma forma, parecia um lembrete
para eu não te deixar ir. Perguntei-lhe quanto custava para
comprar de volta. Ele me cobrou $10, mas eu teria pago
qualquer coisa. Eu estava um caco naquele dia, mesmo quando
estava me esforçando ao máximo para seguir em frente. Quando
você apareceu novamente, pensei em como eu tinha recuperado
o boneco, e sabia que o universo estava tentando me dizer que
eu sempre estivesse esperando por você, para não desistir de
nós." Lágrimas começaram a cair dos meus olhos enquanto eu
pensava sobre quão sortuda eu era por tê-lo de volta.

"Essa história é incrível, princesa". Chance estendeu seus


longos dedos e secou as lágrimas caindo dos meus olhos antes de
dizer, "Obrigado por me dar essa segunda chance." Então ele se
inclinou e beijou minha barriga de cinco meses de gravidez, que
estendia-se através do laço do meu vestido de cintura império. O
menino que estávamos esperando teria o mesmo nome do pai.

Meu segundo Chance.

Chance manteve a cabeça no meu estômago por um tempo.


Eu, por minha vez, passei meus dedos pelo seu cabelo e disse "É
justo. Eu te dei a sua segunda chance, e agora você está me
dando a minha."
Caros leitores,

Obrigada por todo seu apoio incrível!

Por favor, cadastre-se para nossas newsletters, para que


possamos ficar em contato. Os membros recebem acesso a
sneak peeks exclusivos e concursos! Inscrição fácil de um clique

http://eepurl.com/brAPo9

Você também pode gostar