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SUMÁRIO

PREFÁCIO 7
APRESENTAÇÃO 11
1 A LEITURA PROVEITOSA 15
2 O RESUMO 23
3 A RESENHA 33
4 A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 49
4.1 O projeto da Dissertação Acadêmica 50
4.2 A Estrutura da Dissertação Acadêmica 53
5 O ARTIGO CIENTÍFICO 69
5.1 O projeto do artigo científico 69
5.1.1 O tema 69
5.1.2 O problema 70
5.1.4 O objetivo geral 73
5.1.5 Os objetivos específicos 74
5.1.6 A justificativa 74
5.1.7 A revisão teórica 76
5.1.7.1 Citações 77
5.1.8 A metodologia 81
5.1.9 O cronograma 85
5.2 A estrutura do Artigo Científico 95
6 A MONOGRAFIA 127
6.1 O projeto da monografia 127
6.2 A relação entre o orientador e o orientando 128
6.3 A estrutura da Monografia 129
6.4 Apresentação oral da Monografia 161
BIBLIOGRAFIA 165
7

PREFÁCIO

O grande desejo de um educador do Ensino Superior é que


os educandos tenham uma aprendizagem eficaz que resulte em
competências e habilidades necessárias para atuação, dentre
outras áreas, profissional. O desejo de ensinar, a doçura no
ensino, a preocupação com as dificuldades dos educandos e o
desejo de ajudá-los a superar essas dificuldades é o que move
um educador a realizar uma tarefa que, efetivamente, dará
resultados positivos. Essa tarefa foi realizada pela professora
Vivian Bueno Cardoso. E por meio dela não há dúvidas de que
o profissional de Teologia, e outros que porventura venham
adquirir este manual, serão capazes de desenvolver bem
sua profissão que não dispensa uma boa leitura e uma boa
elaboração de textos.
Tive a honra de ter a professora Vivian como minha aluna
na Universidade Estadual de Goiás e honra maior ainda de
tê-la como minha monitora. A professora Vivian está entre os
melhores alunos que já tive, além de inteligente é extremamente
dedicada em tudo que faz. Quando monitora dedicou-se com
afinco e, nessa função, começou a sistematizar com mais clareza
a forma de organização de textos. Sua longa caminhada de
dedicação ao trabalho e aos estudos resultou neste brilhante
Manual de textos acadêmicos da Faculdade Faifa, instituição onde
atuou como professora de Metodologia Científica e Língua
Portuguesa.
O brilhantismo do trabalho da professora Vivian não se
refere ao conteúdo em si, pois há inúmeros manuais nesta área
que são mais abrangentes que ele. O objetivo central não foi
ser abrangente, mas altamente didático. O objetivo foi alcançar
os alunos com dificuldades iniciais de leitura e fazer com que
esses alunos consigam dar saltos graduais do mais simples,
a leitura proveitosa, ao mais complexo para a graduação, o
Trabalho de Conclusão de Curso. Mas também, mesmo os
8 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA PREFÁCIO 9

alunos que não têm tantas dificuldades encontrarão prazer em trabalhada teoricamente, mas também, como tudo no manual,
organizar melhor seus textos por meio dos caminhos traçados por meios de exemplos concretos que realmente farão com que
pela professora. o aluno tenha êxito na sua caminhada.
Assim inicia, então, o percurso da professora Vivian: Por todo o exposto, não tenho dúvidas de que o manual da
a leitura proveitosa. Seu percurso é semelhante a um rio que professora Vivian deve ser lido por todos aqueles que anseiam
começa a ter existência na sua nascente e vai tomando corpo por escrever de forma mais clara e eficiente. Também não
até alcançar profundidade. Com uma linguagem simples, tenho dúvidas de que vocês, leitores, concordarão com minhas
mas, ao mesmo tempo, muito bem elaborada, o caminho para afirmações quando adquirirem e lerem este manual.
a produção monográfica é iniciado. Cada etapa é mostrada
teoricamente, mas também apresentada por meio de exemplos Profa. Dra. Alessandra Grangeiro.
concretos que, efetivamente, resultam na compreensão do
aluno e servem para ele como modelo para que ele próprio
construa seu caminho.
Depois da leitura proveitosa vem a elaboração do resumo.
Todo o trabalho realizado anteriormente foi aproveitado e, nesse
sentido, a técnica utilizada pela professora é fazer o texto tomar
corpo do simples ao complexo. Posteriormente, é trabalhada a
resenha e o caminho continua o mesmo: demonstração teórica
e exemplo concreto.
Depois da resenha, a dissertação acadêmica é trabalhada.
Antes de chegar à dissertação em si, foi trabalhado o projeto
de dissertação acadêmica completamente contextualizado às
discussões teológicas dos alunos da Faifa. O passo a passo
evidencia a estrutura da dissertação acadêmica de modo que
o aluno tem condições de seguir o modelo e elaborar a sua
dissertação com o mais alto rigor estrutural e sequência lógica
de ideias que são essenciais num bom texto acadêmico. Em
seguida, a dissertação acadêmica é ampliada para o artigo
científico que segue a mesma lógica.
Depois de trabalhar o artigo científico a professora
apresenta as normas de referências e citações todas
exemplificadas e, finalmente, o rio alcança a profundidade
máxima da graduação que é o Trabalho de Conclusão de Curso.
Cada etapa, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, foi
11

APRESENTAÇÃO

Criamos este manual com o objetivo de padronizar os


trabalhos orientados e realizados pelos docentes e discentes da
Faculdade da Igreja Ministério Fama, FAIFA. Ainda, visamos
facilitar a vida acadêmica daqueles que ingressaram no ensino
superior pela primeira vez e, também, daqueles que já tiveram
contato com o ensino superior, mas continuam com dificuldade
em produzir textos acadêmicos.
Os trabalhos técnico-científicos (podemos, também,
assim chamar os trabalhos acadêmicos) obedecem às
instruções determinadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas, ABNT. As normas relacionadas a esses trabalhos
são as seguintes: NBR 6023:2002 (Referências), NBR 6024:2012
(Numeração progressiva das seções de um documento escrito), NBR
6027:2003 (Sumário), NBR 6028:2003 (Resumo), NBR 6034:2004
(Índice), NBR 10520:2002 (Citações em documentos), NBR
14724:2011 (Trabalhos acadêmicos), NBR 15287:2011 (Projeto de
pesquisa) e NBR 12225:2004 (Lombada).
Após a leitura dessas normas, podemos perceber o quanto
são objetivas e práticas, porém não oferecem o conhecimento
suficiente para a produção de um trabalho. Por isso, geralmente,
podemos recorrer a livros e manuais de Metodologia da
Pesquisa Científica (MPC) que tratam dos trabalhos acadêmicos.
Comumente, as bibliotecas das Instituições de Ensino Superior,
IES, garantem uma diversificada e ampla seção relacionada ao
assunto.
Tanto a ABNT quanto as obras de Metodologia da Pesquisa
Científica oferecem instrumentos necessários para a feitura do
trabalho acadêmico. Então, por que as IES desenvolvem os
seus próprios manuais/guias? Porque há lacunas (omissões)
nos textos da ABNT e divergências nas obras de MPC.
A respeito de como fazer uma capa de trabalho acadêmico,
o texto da ABNT (NBR 14724:2011) cita as informações que
12 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 13

deverão estar contidas, bem como a sua ordenação: a) nome da


instituição (opcional); b) nome do autor; c) título; d) subtítulo:
se houver; e) número do volume: se houver mais de um; f) local
(cidade) da instituição onde deve ser apresentado; g) ano de
depósito (da entrega). Apesar dessas informações podemos
nos perguntar: colocamos ou não o nome da instituição? Qual
o espaço entre as informações? Podemos negritar alguma
informação? Podemos usar caixa alta/maiúsculas? Esse exemplo
ilustra a necessidade de cada IES possuir um documento que,
respeitando as normas da ABNT, determina uma série de
regras que uniformiza os seus trabalhos acadêmicos.
Acerca das obras de MPC, existem inúmeras, algumas
mais amplas e outras mais objetivas, mas todas com o mesmo
intuito: abordar sobre a pesquisa e a produção científica. Na
maioria dessas obras, observamos a preocupação em conceituar
e explicar o vocabulário técnico relacionado aos trabalhos
científicos, podendo algumas incluir modelos de trabalhos. No
entanto, é necessária uma fonte de pesquisa em que o acadêmico
não apenas apreenda os conceitos e os padrões dos trabalhos
acadêmicos, mas saiba como colocar esse conhecimento em
prática. Saber, por exemplo, o que é um artigo científico, não é
o mesmo que saber como fazer um artigo científico.
Dessa forma, o conteúdo desenvolvido neste manual
buscará conceituar e explicar os diferentes tipos de trabalhos
acadêmicos, bem como orientar o acadêmico, utilizando uma
didática que facilite o seu aprendizado.
A LEITURA
PROVEITOSA
15

1 A LEITURA PROVEITOSA

Antes de abordarmos o trabalho acadêmico (conceito,


estrutura e desenvolvimento), é importantíssimo termos ciência
que todo trabalho inicia-se pela leitura. Não somente a leitura
que trata especificamente de determinado tipo de trabalho, mas
a leitura necessária para maior abordagem do tema que será
desenvolvido na produção do trabalho científico. Por exemplo,
se precisamos fazer um resumo de um capítulo de um livro, o
texto não deve ser lido de forma mecânica e irrelevante, mas
de forma profícua, ou seja, devemos fazê-la de uma forma que
apreendamos o máximo de seu conteúdo, por meio da leitura
proveitosa.

Com a palavra, quem entende do assunto:

1. Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do


conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do
Ser Humano. (O patrimônio simbólico do homem contém
uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com e
no mundo pressupõe, então, atos de criação e recriação
direcionados a essa herança. A leitura, por ser uma via
de acesso a essa herança, é uma das formas do Homem
se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo).
2. Leitura está intimamente relacionada com o sucesso
acadêmico do ser que aprende; e, contrariamente, à
evasão escolar. (SILVA, 2005, p. 42).

Para Marconi e Lakatos (1994), são necessários alguns


cuidados e técnicas para que o leitor consiga fazer uma leitura
proveitosa. Resumidamente, são eles: 1) a escolha do texto; 2)
a pesquisa de termos desconhecidos; 3) a marcação do texto.
É importante salientar que o primeiro tópico citado, a escolha
16 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A LEITURA PROVEITOSA 17

do texto, somente será aplicado quando o acadêmico possuir ler, ‘vive lendo’, talvez seja rato de biblioteca ou consumidor de
liberdade para a escolha de textos no desenvolvimento de romance, histórias em quadrinhos, fotonovelas. Se ‘passa em
determinado trabalho. cima de livros’, via de regra estuda muito. Sem dúvida, o ato
1. A escolha do texto: quando couber a nós a escolha do de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto
texto, deveremos dar prioridade aos textos que nos despertam o como decodificador da letra. Bastará, porém decifrar palavras
desejo de leitura, assuntos que nos servirão para determinados para acontecer a leitura? Como explicaríamos as expressões de
propósitos. Por exemplo, se uma pessoa gosta de estudar e uso corrente ‘fazer a leitura’ de um gesto, de uma situação; ‘ler
pesquisar sobre Teologia, ela deverá dar preferência aos textos o olhar de alguém’, ‘ler o tempo’, ‘ler o espaço’, indicando que
voltados para essa área, assim ampliará o seu conhecimento o ato de ler vai além da escrita?
sobre a área que deseja dominar. “Se alguém na rua me dá um encontro, minha reação
2. A primeira leitura: essa fase da leitura é importante, pode ser de mero desagrado, diante de uma batida causal, ou
pois iremos verificar se o texto é bom ou não e se ele realmente de franca defesa, diante de um empurrão proposital. Minha
acrescenta conteúdo para a área que escolhemos obter mais resposta a esse incidente revela meu modo de lê-lo. Outra coisa:
conhecimento. Nessa fase, também, vamos destacando as às vezes passamos anos vendo objetos comuns, um vaso, um
palavras que nos são desconhecidas para buscarmos os seus cinzeiro, sem jamais tê-lo de fato enxergado; limitamo-los à sua
significados no dicionário. função decorativa ou utilitária. Um dia, por motivos os mais
3. A segunda leitura: é nessa fase da leitura que iremos diversos, encontramo-nos diante de um deles como se fosse
analisar com mais crítica o conteúdo do texto, tentando fazer algo totalmente novo. O formato, a cor, a figura que representa,
comparações com outros textos e destacando as suas passagens seu conteúdo passam a ter sentido, melhor, a fazer sentido para
mais importantes, ou seja, aquelas partes do texto que nós.
representam a sua essência e que, lendo-as novamente, temos “Só então se estabeleceu uma ligação efetiva entre nós e
uma noção do todo. esse objeto. E consideramos sua beleza ou feiúra, o ridículo ou
adequação, ao ambiente em que se encontra. O material e as
Vejamos um exemplo, partindo de uma hipótese: partes que o compõem. Podemos mesmo pensar a sua história,
as circunstâncias de sua criação, as intenções do autor ou
A escolha do texto: tendo em mente a vontade de aprender mais fabricantes ao fazê-lo, o trabalho de sua realização, as pessoas
sobre a leitura, podemos escolher o primeiro capítulo do livro O que o manipularam no decorrer de sua produção e, depois
que é leitura, da Maria Helena Martins, Falando em leitura. de pronto aquelas ligadas a ele e as que o ignoram ou a quem
desagrada. Perguntamo-nos por que não tínhamos enxergado
A primeira leitura: isso antes, às vezes essa questão nos ocorre por um segundo,
noutras ela é douradora, mas dificilmente voltamos a olhá-lo
“Falando em leitura, podemos ter em mente alguém da mesma maneira, não importa com que intensidade.
lendo jornal, revista, folheto, mas o mais comum é pensarmos “O que acontece? Até aquele momento o objeto era apenas
em leitura de livros. E quando se diz que uma pessoa gosta de algo mais na parafernália de coisas ao nosso redor, com as quais
18 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A LEITURA PROVEITOSA 19

temos familiaridade sem dar atenção, porque não dizem nada mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a
em particular, ou das quais temos uma visão preconcebida. De continuidade da leitura daquela’.”
repente se descobre um sentido, não o sentido, mas apenas uma Em negrito estão algumas palavras que poderiam nos ser
maneira de ser desse objeto que nos provocou determinada desconhecidas e, hipoteticamente, buscamos os seus significados
reação, um modo especial de vê-lo, enxergá-lo, percebê-lo no dicionário para melhor compreensão do texto. Podemos
enfim. Podemos dizer que afinal lemos o vaso ou o cinzeiro, anotar os significados no próprio texto, a lápis preferencialmente.
tudo ocorreu talvez de modo casual, sem intenção consciente,
mas porque houve uma conjunção de fatores pessoais com o A segunda leitura: percebendo que o texto pode nos infor-
momento e o lugar, com as circunstâncias. mar sobre o que buscávamos, fizemos uma segunda leitura e
“Isso pode acontecer também com relação a pessoas sublinhamos as partes que achamos essenciais do texto. Para
com quem convivemos, ambientes e situações cotidianas, saber se as partes são realmente importantes, podemos fazer
causando um impacto, uma surpresa, até uma revelação. Nada uma terceira leitura apenas das passagens que marcamos. Se
de sobrenatural. Apenas nossos sentidos, nossa psique, nossa as passagens nos apresentar um resumo do texto, ou seja, uma
razão responderam a algo para o que já estavam potencialmente breve leitura que nos fornece uma ideia sobre o assunto que o
aptos e só então se tornaram disponíveis. Será assim também texto trata, então a nossa leitura foi proveitosa.
que acontece com a leitura de um texto escrito?
“Com freqüência nos contentamos, por economia ou Quando fazemos a leitura de um texto e conseguimos
preguiça, em ler superficialmente, ‘passar os olhos’, como se encontrar as suas passagens essenciais, estamos exercitando a
diz. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do nossa interpretação de texto. Esse é um exercício importante
gesto mecânico de decifrar os sinais. Sobretudo se esses sinais para aumentar a nossa capacidade de análise e, também,
não se ligam de imediato a uma experiência, uma fantasia, de síntese. A análise está ligada à leitura, à capacidade de
uma necessidade nossa. Reagimos assim ao que não nos interpretar um texto e de formular uma crítica (opinião) sobre
interessa no momento. Um discurso político, uma conversa, ele. A síntese liga-se a capacidade de expressar o pensamento
uma linguagem estrangeira, uma aula expositiva, um quadro, sobre o que foi lido e interpretado.
uma peça musical, um livro. Sentimo-nos isolados do processo
de comunicação que essas mensagens instauram – desligados.
E a tendência natural é ignorá-las ou rejeitá-las como nada
tendo a ver com a gente. Se o texto é visual, ficamos cegos a
ele, ainda que nossos olhos continuem a fixar os sinais gráficos,
as imagens. Se é sonoro, surdos. Quer dizer: não o lemos, não
o compreendemos, impossível dar-lhe sentido porque ele diz
muito pouco ou nada para nós.
“Por essas razões, ao começarmos, a pensar a questão da
leitura, fica um mote que agradeço a Paulo Freire: ‘a leitura do
20 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 21

Com a palavra, quem entende do assunto:

Análise – divisão do tema em partes, determinação das


relações existentes entre elas, seguidas do entendimento
de toda sua organização.
Síntese – reconstituição das partes decompostas
pela análise, procedendo-se ao resumo dos aspectos
essenciais, deixando de lado tudo o que for secundário e
acessório, sem perder a seqüência lógica do pensamento.
(LAKATOS; MARCONI, 1994, p. 19).

Para fazermos os trabalhos acadêmicos é necessário o


constante exercício de análise e síntese. Essas habilidades, análise
e síntese, vão progredindo de acordo com a complexidade
exigida dos trabalhos. E, para iniciarmos esse processo de
aprendizagem, o Resumo é o mais indicado.

O RESUMO
23

2 O RESUMO

O resumo é o resultado da análise e síntese de um texto, é a


materialização de um produto intelectual que estará disponível
a qualquer tempo para o seu produtor. O resumo também
pode ser entendido como uma das formas de documentação
de um texto para consultas futuras, pois poderemos utilizar o
conteúdo resumido para desenvolver outros trabalhos como a
resenha, o artigo científico ou a monografia. Assim, o resumo,
além de trabalhar a análise e a síntese textual, é um instrumento
que auxilia a memória.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT,
de maneira objetiva e sucinta, afirma que o resumo é a
“apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto”
(NBR 6028), podendo apresentar-se de três modos: indicativo,
crítico e informativo. O mais comum é o resumo indicativo
que, segundo Medeiros (2006, p. 138), “indica apenas os pontos
principais do documento; não apresenta dados qualitativos e
quantitativos, mas não dispensa a leitura do original”.
Abaixo, temos dois exemplos de resumo indicativo, feitos
a partir da leitura proveitosa do primeiro capítulo do livro O
que é leitura, da Maria Helena Martins:

Resumo 1 (com o vocabulário da obra original):

O ato de ler é usualmente relacionado com a escrita e o


leitor visto como decodificador da letra. Bastará, porém decifrar
palavras para acontecer a leitura? Às vezes, passamos anos
vendo objetos comuns, limitamo-los à sua função decorativa
ou utilitária. Um dia, encontramo-nos diante de um deles
como se fosse algo totalmente novo. Só então se estabeleceu
uma ligação efetiva entre nós e esse objeto. O que acontece? Até
aquele momento o objeto era apenas algo mais na parafernália
24 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O RESUMO 25

de coisas ao nosso redor. De repente, se descobre um sentido, Além de atentarmos para as particularidades desse tipo
não o sentido, mas apenas uma maneira de ser desse objeto de trabalho, ao fazê-lo devemos observar os seguintes pontos:
que nos provocou determinada reação. Será assim também que 1) Respeito à ordenação do texto (início, desenvolvi-
acontece com a leitura de um texto escrito? Com freqüência nos mento e conclusão);
contentamos em ler superficialmente. Não acrescentamos ao ato
de ler algo mais de nós além do gesto mecânico de decifrar os 2) Coesão (articulação das orações e períodos) e coerên-
sinais. Reagimos assim ao que não nos interessa no momento. cia (sentido do todo);
3) Linguagem objetiva e formal.
Os resumos produzidos pelos acadêmicos da FAIFA
Podemos perceber que o primeiro resumo foi feito por deverão conter:
meio da junção harmoniosa das partes grifadas durante a
leitura proveitosa. Dessa maneira, as palavras que aparecem 1) Capa (espaçamento entre linhas 1,5; nome da IES, do
no resumo são as palavras da autora do texto, da Maria Helena curso, do aluno, do título e do local com fonte 12 e em
Martins. Não podemos esquecer que, ao finalizarmos o resumo, caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se
ele deve ser um texto inteligível, pois os fragmentos (partes houver citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-
grifadas) precisam ser unidos de forma coerente. los em itálico);
2) Folha de rosto (espaçamento entre linhas 1,5; nome do
aluno, do título e do local com fonte 12 e em caixa alta;
Resumo 2 (com o vocabulário do resumidor):
se houver subtítulo, não usar caixa alta; se houver cita-
ção de títulos e subtítulos de obras, colocá-los em itáli-
Texto que propõe uma reflexão sobre o conceito de co; apresentação do trabalho com recuo de 8 cm, fonte
leitura. Cita diferentes tipos de objetos de leitura. Apresenta a 12, espaçamento simples entre linhas e justificado);
descoberta de sentido do objeto e a sua interação com o leitor 3) Texto;
como essenciais para ocorrer a leitura. Aponta a diferença entre 4) Referência bibliográfica (verificar 5.1.7.1 Citações).
o ato de decodificar as palavras e o ato de ler.
Também, deverão seguir a seguinte apresentação textual:
O segundo resumo é realizado a partir da leitura do primeiro, 1) Folha: A4;
por isso ele é ainda mais sucinto. Podemos notar que, apesar das 2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
afirmações contidas no Resumo 2 estarem de acordo com as ideias
expressas pela autora do texto original, as palavras que o formam 3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
não foram organizadas pela autora, mas pelo produtor do trabalho 4) Recuo do parágrafo: 1,25;
acadêmico, ou seja, as palavras são do acadêmico, mas as ideias 5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
são da Maria Helena Martins. Esse tipo de resumo, cujo texto é
organizado pelo acadêmico, é o mais solicitado pelos docentes. 6) Texto justificado.
26 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O RESUMO 27

FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA


CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA NOME DO ALUNO

NOME DO ALUNO

RESUMO: O QUE É LEITURA


Falando em leitura

RESUMO: O QUE É LEITURA


Falando em leitura

Trabalho apresentado à disciplina de Língua


Portuguesa, do curso de Bacharelado em
Teologia, da Faculdade da Igreja Ministério
Fama – FAIFA, sob a orientação da
professora Vivian Bueno Cardoso.

GOIÂNIA
GOIÂNIA
2012
2012
28 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O RESUMO 29

Texto que propõe uma reflexão sobre o conceito de REFERÊNCIA


leitura. Cita diferentes tipos de objetos de leitura. Apresenta a
descoberta de sentido do objeto e a sua interação com o leitor
como essenciais para ocorrer a leitura. Aponta a diferença entre MARTINS, Maria Helena. O que é leitura: falando em leitura.
o ato de decodificar as palavras e o ato de ler. 19. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
31

A RESENHA
33

3 A RESENHA

A resenha costuma ser chamada de resumo crítico, pois


em sua estrutura constam o resumo e o parecer da obra. Nessa
modalidade de trabalho acadêmico, além da capacidade de
análise e síntese, precisamos demonstrar poder de crítica. Assim,
esse tipo de trabalho é desenvolvido quando possuímos uma
bagagem de leitura e de conhecimento que nos permite julgar
uma obra.

Com a palavra, quem entende do assunto:

As resenhas têm um papel importante na vida científica,


pois é por meio delas que se toma conhecimento prévio
do conteúdo e do valor de um livro [...]. (RAMPAZZO,
2005, p. 131).

O autor enfatiza que para valorar uma obra, ou seja, para


exprimir um juízo de valor sobre determinada obra, é preciso
conhecer o assunto, exigindo do resenhista uma maturidade
literária.
Suponhamos que a obra que iremos resenhar seja Como
se faz uma tese, de Humberto Eco. O primeiro passo é indicar a
referência da obra, conforme a NBR 6023, da ABNT:

ECO, Humberto. Como se faz uma tese. Tradução de Gilson


Cesar Cardoso de Souza. 20. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.

Após a referência da obra que desejamos resenhar,


passamos às credenciais do autor, ou seja, à apresentação
do autor e apontamento das características que lhe dão
credibilidade: formação acadêmica, titulação acadêmica, outras
34 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 35

produções científicas etc, conforme o exemplo abaixo: proporcionará mais desenvoltura na feitura de trabalhos poste-
riores. Para o seu bom desenvolvimento é necessário observar
alguns pontos sobre a escolha do tema: interesse do pesquisa-
Umberto Eco é um intelectual reconhecido internacional- dor, fontes de pesquisa acessíveis e manejáveis, e metodologia
mente. Professor, ensaísta, crítico literário e romancista italiano, da pesquisa de acordo com a experiência do pesquisador.
nasceu em Alessandria, em 1932. Possui formação em filosofia, No segundo capítulo, chamado A escolha do tema, são
tendo interesse especial pela estética e pela semiótica, sendo, exploradas as diferentes formas de abordar o tema de pesquisa.
desta última disciplina, professor na Universidade de Bolonha. Sobre a delimitação, apresenta dois tipos de tese, a panorâmica,
É detentor de diversas nomeações científicas, dentre algumas cujo tema é extensivo e pouco delimitado, e a monográfica, cujo
destacam-se: Curador Honorário da Associação de James Joyce tema é bem preciso. Sobre o conteúdo, o pesquisador poderá
(1965), Membro do Fórum Internacional da UNESCO (1992- optar por temas antigos ou contemporâneos, observando a
1993), Membro Honorário da Academia Americana de Artes e bibliografia disponível para facilitar o seu desenvolvimento.
Letras (1998), Membro do Conselho de Assessores da Biblioteca Qualquer que seja a escolha do pesquisador, no que diz respei-
Alexandrina (2003) e Membro estrangeiro da Academia Polo- to ao tema, ele deverá dispor-se de tempo para desenvolvê-lo
nesa de Artes e Ciências (2006). Também, detém mais de trinta a fim de produzir um trabalho sério. Caso sejam necessárias
títulos acadêmicos, somando os títulos honoríficos, e mais de obras estrangeiras para o desenvolvimento do tema, é preferí-
vinte prêmios literários, incluindo o Prémio Médicis Étranger vel que o pesquisador utilize-as em sua versão original, portan-
pela obra O nome da rosa que ficou mundialmente famosa após to, o pesquisador necessita dominar o idioma das obras e auto-
a sua adaptação para o cinema. res que pretende consultar.
O terceiro capítulo, A pesquisa do material, trata das fontes
de pesquisa. Primeiramente, é apresentada a diferença entre as
Como foi dito, a resenha é também chamada de resumo fontes primárias e as fontes secundárias (ou literatura crítica)
crítico. Assim, após as credenciais do autor, podemos apresentar do trabalho científico. A primeira configura-se como o próprio
o resumo da obra: objeto de pesquisa; a segunda são os materiais que tratam do
objeto de pesquisa. Destaca a importância do pesquisador em
saber sobre o local em que se encontram e a sua acessibilida-
A obra é composta por sete capítulos, cujo último refere-se de. Também, aborda sobre a autenticidade e credibilidade das
às conclusões do autor. O primeiro capítulo, intitulado Que é uma fontes, diferenciando as fontes de primeira e de segunda mão.
tese e para que serve, apresenta dois tipos de tese: a de pesquisa Neste capítulo, há um extenso subcapítulo que disserta sobre a
e a de compilação. A primeira apresenta um conteúdo original pesquisa bibliográfica, explicando sobre o uso da biblioteca, o
sobre determinado tema e exige tempo e maturidade do pesqui- armazenamento de dados em fichas e as citações bibliográficas.
sador, enquanto a segunda pode ser entendida como um traba- O quarto capítulo, O plano de trabalho e o fichamento, orien-
lho de reunião de textos sobre determinado assunto. A escolha ta o leitor na preparação de uma espécie de roteiro ou projeto
do tipo de tese depende de alguns fatores: tempo, capacidade para o desenvolvimento da tese, partindo de um índice hipoté-
de trabalho e condição financeira do pesquisador. Seja qual for tico que, juntamente com o título e a introdução, forma o plano
o tipo de tese escolhido, o seu desenvolvimento dará ao pesqui- de trabalho. Outros elementos são dispostos para que plano de
sador experiência de organização de ideias e de trabalho que lhe trabalho seja completo: pergunta, núcleo e periferia. Também,
neste capítulo, são apresentados diferentes tipos de fichamen-
36 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 37

tos (de leitura, temático, por autores, de citações e de trabalho), podemos apontar as nossas críticas sobre a obra resenhada.
cada um atendendo a determinado objetivo de pesquisa. Atenção: não devemos apontar as críticas de forma pejorativa
No capítulo intitulado A redação há uma preocupação ou ofensiva, mas de maneira formal e polida, por conta do cará-
com a maneira pela qual o pesquisador irá se expressar para ter científico do trabalho.
dissertar sobre a sua pesquisa. É necessário que o produtor do
texto acadêmico leve em consideração o leitor, direcionando
para este todas as informações possíveis para um bom enten- A área da Metodologia Científica é permeada por inúme-
dimento do conteúdo da tese, com clareza e objetividade. Para ras obras que propõem ser um guia para aqueles que preci-
isso, o autor aponta uma série de observações, entre elas: não sam de orientação na feitura de trabalhos científicos. Em sua
exceder nas subordinadas, abrir parágrafos com freqüência e grande maioria, as obras apresentam os mesmos conteúdos de
utilizar a linguagem formal. Este capítulo ainda trata das cita- uma forma descontextualizada e distante da realidade e matu-
ções, apresentando dez regras para citar, e das notas de rodapé. ridade do leitor. Por isso, é necessário um professor para fazer
O sexto capítulo, A redação definitiva, orienta o leitor a mediação entre as obras e os futuros produtores de textos
quanto aos últimos detalhes que deverão ser observados pelo acadêmicos.
produtor da tese, especialmente aos critérios gráficos, à biblio- Possuindo familiaridade com as obras dessa área, é fácil
grafia, aos apêndices e ao índice. Trata-se de um guia prático perceber o primor da obra de Umberto Eco que se destaca,
para estruturar a redação final da tese. principalmente, pela sua didática e sua linguagem incomuns
a outros tantos manuais e guias de metodologia. Quanto à
didática, não é um autor de livro de Metodologia da Pesqui-
Após o resumo da obra há um tópico destinado às conclu- sa Científica que expõe inúmeros conceitos e fórmulas para
sões do autor. Neste tópico, apresentamos as conclusões do desenvolver o trabalho científico, mas um professor experiente
autor acerca do tema que ele desenvolveu na obra. Assim, o que orienta o leitor/pesquisador em suas escolhas, mostrando
que pode parecer uma continuação do resumo, é, na verdade, o que é mais prático, acessível e ético. Acerca da linguagem, o
uma síntese do autor de todo o conhecimento que ele desen- autor segue os mesmos conselhos que sugere aos seus leitores/
volveu ao longo da obra e uma retomada desse conteúdo pelo pesquisadores: clareza e objetividade. Ainda, justificado por
resenhista. sua grande destreza na escrita, possui um estilo único e raro de
se observar em outras obras da área, podendo ser verificados
em várias passagens da obra um tom de ironia e uma proximi-
No capítulo final, cujo título é Conclusões, o autor conclui dade com o leitor.
que o desenvolvimento de uma tese precisa ser feita com gosto, A obra, sendo publicada em 1977, não aborda sobre a faci-
pois ela poderá ser a etapa inicial para outros estudos. Também, lidade da internet e do computador no trabalho científico, por
afirma que o processo de feitura da tese, incluindo as leituras isso, em algumas passagens, por exemplo, quando trata das
e as fichas, poderá ser aproveitado como material de consulta fichas e da pesquisa bibliográfica, parece não oferecer a prática
para outros trabalhos, por isso compara a tese com o porco, mais fácil para o pesquisador. Também, quando inicia expli-
cujas partes são todas aproveitadas e nada se desperdiça. cando sobre a tese na graduação, o leitor pode ficar perdido,
uma vez que o trabalho de conclusão de curso mais utilizado
no Brasil para esse nível acadêmico é a monografia, mais pare-
Finalmente, após a apresentação das conclusões do autor, cido com o conceito de “tese de compilação”.
38 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 39

A editora do livro poderia ter sido mais atenciosa quan- 5) Resumo;


to às credenciais do autor, por sua projeção e sua importância 6) Conclusão do autor;
internacional.
7) Crítica;
8) Indicação.
Depois de demonstrarmos conhecimento da obra rese-
nhada, por meio do resumo e da crítica, passamos ao último
tópico da resenha: Indicação. Nesse tópico, partindo da espe- Também, deverão seguir a seguinte apresentação textual:
cificidade do conteúdo da obra, apontamos os seus possíveis 1) Folha: A4;
interessados. Abaixo, um exemplo: 2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
A obra poderá auxiliar todo e qualquer aluno que objetiva 4) Recuo do parágrafo: 1,25;
desenvolver uma pesquisa acadêmica ou que esteja em fase 5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
de desenvolvimento, pois oferece orientações nas diferentes 6) Texto justificado.
fases do processo da pesquisa. A obra também oferece um rico
conteúdo para aqueles que se interessam em aprofundar na
Além de atentarmos para as particularidades desse tipo
área da metodologia da pesquisa científica.
de trabalho, ao fazê-lo devemos observar os seguintes pontos:
1) Coesão e coerência;
As resenhas produzidas pelos acadêmicos da FAIFA 2) Linguagem objetiva e formal.
deverão conter:
1) Capa (espaçamento entre linhas 1,5; nome da IES, do
curso, do aluno, do título e do local com fonte 12 e em
caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se
houver citação de títulos e subtítulos de obras, colo-
cá-los em itálico);
2) Folha de rosto (espaçamento entre linhas 1,5; nome do
aluno, do título e do local com fonte 12 e em caixa alta;
se houver subtítulo, não usar caixa alta; se houver cita-
ção de títulos e subtítulos de obras, colocá-los em itáli-
co; apresentação do trabalho com recuo de 8 cm, fonte
12, espaçamento simples entre linhas e justificado);
3) Referência bibliográfica;
4) Credenciais do autor;
40 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 41

FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA NOME DO ALUNO


CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
NOME DO ALUNO

RESENHA: COMO SE FAZ UMA TESE


RESENHA: COMO SE FAZ UMA TESE

Trabalho apresentado à disciplina de


Metodologia da Pesquisa Científica, do curso
de Bacharelado em Teologia, da Faculdade
da Igreja Ministério Fama – FAIFA, sob
a orientação da professora Vivian Bueno
Cardoso.

GOIÂNIA GOIÂNIA
2012 2012
42 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 43

1 REFERÊNCIA A escolha do tipo de tese depende de alguns fatores: tempo,


capacidade de trabalho e condição financeira do pesquisador.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. Tradução de Gilson Seja qual for o tipo de tese escolhido, o seu desenvolvimento
Cesar Cardoso de Souza. 20. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. dará ao pesquisador experiência de organização de ideias e de
trabalho que lhe proporcionará mais desenvoltura na feitura
2 CREDENCIAIS DO AUTOR de trabalhos posteriores. Para o seu bom desenvolvimento é
necessário observar alguns pontos sobre a escolha do tema:
interesse do pesquisador, fontes de pesquisa acessíveis e
Umberto Eco é um intelectual reconhecido
manejáveis, e metodologia da pesquisa de acordo com a
internacionalmente. Professor, ensaísta, crítico literário e
experiência do pesquisador.
romancista italiano, nasceu em Alessandria, em 1932. Possui
formação em filosofia, tendo interesse especial pela estética No segundo capítulo, chamado A escolha do tema, são
e pela semiótica, sendo, desta última disciplina, professor na exploradas as diferentes formas de abordar o tema de pesquisa.
Universidade de Bolonha. É detentor de diversas nomeações Sobre a delimitação, apresenta dois tipos de tese, a panorâmica,
científicas, dentre algumas destacam-se: Curador Honorário cujo tema é extensivo e pouco delimitado, e a monográfica, cujo
da Associação de James Joyce (1965), Membro do Fórum tema é bem preciso. Sobre o conteúdo, o pesquisador poderá
Internacional da UNESCO (1992-1993), Membro Honorário optar por temas antigos ou contemporâneos, observando a
da Academia Americana de Artes e Letras (1998), Membro bibliografia disponível para facilitar o seu desenvolvimento.
do Conselho de Assessores da Biblioteca Alexandrina (2003) e Qualquer que seja a escolha do pesquisador, no que diz respeito
Membro estrangeiro da Academia Polonesa de Artes e Ciências ao tema, ele deverá dispor-se de tempo para desenvolvê-lo a fim
(2006). Também, detém mais de trinta títulos acadêmicos, de produzir um trabalho sério. Caso sejam necessárias obras
somando os títulos honoríficos, e mais de vinte prêmios estrangeiras para o desenvolvimento do tema, é preferível que
literários, incluindo o Prémio Médicis Étranger pela obra O nome o pesquisador utilize-as em sua versão original, portanto, o
da rosa que ficou mundialmente famosa após a sua adaptação pesquisador necessita dominar o idioma das obras e autores
para o cinema. que pretende consultar.
O terceiro capítulo, A pesquisa do material, trata das fontes
3 RESUMO de pesquisa. Primeiramente, é apresentada a diferença entre as
fontes primárias e as fontes secundárias (ou literatura crítica)
do trabalho científico. A primeira configura-se como o próprio
A obra é composta por sete capítulos, cujo último refere-
objeto de pesquisa; a segunda são os materiais que tratam do
se às conclusões do autor. O primeiro capítulo, intitulado Que
objeto de pesquisa. Destaca a importância do pesquisador em
é uma tese e para que serve, apresenta dois tipos de tese: a de
saber sobre o local em que se encontram e a sua acessibilidade.
pesquisa e a de compilação. A primeira apresenta um conteúdo
Também, aborda sobre a autenticidade e credibilidade das
original sobre determinado tema e exige tempo e maturidade
fontes, diferenciando as fontes de primeira e de segunda mão.
do pesquisador, enquanto a segunda pode ser entendida como
Neste capítulo, há um extenso subcapítulo que disserta sobre a
um trabalho de reunião de textos sobre determinado assunto.
44 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A RESENHA 45

pesquisa bibliográfica, explicando sobre o uso da biblioteca, o e as fichas, poderá ser aproveitado como material de consulta
armazenamento de dados em fichas e as citações bibliográficas. para outros trabalhos, por isso compara a tese com o porco,
O quarto capítulo, O plano de trabalho e o fichamento, cujas partes são todas aproveitadas e nada se desperdiça.
orienta o leitor na preparação de uma espécie de roteiro ou
projeto para o desenvolvimento da tese, partindo de um índice 5 CRÍTICA
hipotético que, juntamente com o título e a introdução, forma
o plano de trabalho. Outros elementos são dispostos para que A área da Metodologia Científica é permeada por
plano de trabalho seja completo: pergunta, núcleo e periferia. inúmeras obras que propõem ser um guia para aqueles que
Também, neste capítulo, são apresentados diferentes tipos de precisam de orientação na feitura de trabalhos científicos. Em
fichamentos (de leitura, temático, por autores, de citações e sua grande maioria, as obras apresentam os mesmos conteúdos
de trabalho), cada um atendendo a determinado objetivo de de uma forma descontextualizada e distante da realidade e
pesquisa. maturidade do leitor. Por isso, é necessário um professor para
No capítulo intitulado A redação há uma preocupação com fazer a mediação entre as obras e os futuros produtores de
a maneira pela qual o pesquisador irá se expressar para dissertar textos acadêmicos.
sobre a sua pesquisa. É necessário que o produtor do texto Possuindo familiaridade com as obras dessa área, é fácil
acadêmico leve em consideração o leitor, direcionando para perceber o primor da obra de Umberto Eco que se destaca,
este todas as informações possíveis para um bom entendimento principalmente, pela sua didática e sua linguagem incomuns
do conteúdo da tese, com clareza e objetividade. Para isso, o a outros tantos manuais e guias de metodologia. Quanto à
autor aponta uma série de observações, entre elas: não exceder didática, não é um autor de livro de Metodologia da Pesquisa
nas subordinadas, abrir parágrafos com freqüência e utilizar Científica que expõe inúmeros conceitos e fórmulas para
a linguagem formal. Este capítulo ainda trata das citações, desenvolver o trabalho científico, mas um professor experiente
apresentando dez regras para citar, e das notas de rodapé. que orienta o leitor/pesquisador em suas escolhas, mostrando
O sexto capítulo, A redação definitiva, orienta o leitor quanto o que é mais prático, acessível e ético. Acerca da linguagem, o
aos últimos detalhes que deverão ser observados pelo produtor autor segue os mesmos conselhos que sugere aos seus leitores/
da tese, especialmente aos critérios gráficos, à bibliografia, pesquisadores: clareza e objetividade. Ainda, justificado por sua
aos apêndices e ao índice. Trata-se de um guia prático para grande destreza na escrita, possui um estilo único e raro de se
estruturar a redação final da tese. observar em outras obras da área, podendo ser verificados em
várias passagens da obra um tom de ironia e uma proximidade
4 CONCLUSÃO DO AUTOR com o leitor.
A obra, sendo publicada em 1977, não aborda sobre a
No capítulo final, cujo título é Conclusões, o autor conclui facilidade da internet e do computador no trabalho científico,
que o desenvolvimento de uma tese precisa ser feita com gosto, por isso, em algumas passagens, por exemplo, quando trata
pois ela poderá ser a etapa inicial para outros estudos. Também, das fichas e da pesquisa bibliográfica, parece não oferecer
afirma que o processo de feitura da tese, incluindo as leituras a prática mais fácil para o pesquisador. Também, quando
46 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 47

inicia explicando sobre a tese na graduação, o leitor pode ficar


perdido, uma vez que o trabalho de conclusão de curso mais
utilizado no Brasil para esse nível acadêmico é a monografia,
mais parecido com o conceito de “tese de compilação”.
A editora do livro poderia ter sido mais atenciosa quanto
às credenciais do autor, por sua projeção e sua importância
internacional.

6 INDICAÇÃO

A obra poderá auxiliar todo e qualquer aluno que objetiva


desenvolver uma pesquisa acadêmica ou que esteja em fase
de desenvolvimento, pois oferece orientações nas diferentes
fases do processo da pesquisa. A obra também oferece um rico
conteúdo para aqueles que se interessam em aprofundar na
área da metodologia da pesquisa científica.

A DISSERTAÇÃO
ACADÊMICA
49

4 A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA

Os textos possuem as suas peculiaridades. Cada tipo de


texto possui características que estão relacionadas ao objetivo
do seu produtor e à recepção do leitor, ou seja, “o que”, “por
que” e “para quem” escrever. Um poema é diferente de um
conto, uma crônica de jornal é diferente de uma resenha e um
romance é diferente de uma receita de bolo. Isso porque para
cada um desses textos houve um produtor que objetivava
alcançar o seu leitor de maneiras diferentes.
A dissertação é um tipo de texto com o qual temos contato
durante o ensino básico. Geralmente, ela é utilizada quando o
seu produtor tem o objetivo de expor, analisar e/ou discutir
sobre um assunto, argumentar e/ou defender uma ideia,
tentando convencer o leitor da veracidade de seus argumentos,
tendo em vista que a dissertação é um texto que trabalha com
a linguagem referencial (cuja função é informar sobre fatos
da realidade, diferentemente da ficção), fatos e dados reais.
Assim, quando quisermos expor, discutir e/ou argumentar
sobre determinado assunto, poderemos utilizar a dissertação.

Com a palavra, quem entende do assunto:

[...] a Dissertação é a forma de redação mais usual. Com mais


frequência é a forma de redação solicitada às pessoas envolvi-
das com a produção de trabalhos escolares, com a administra-
ção e produção de pesquisas em Instituições que fazem Ciên-
cia, com a administração e execução técnico-burocráticas de
serviços ligados à Indústria, Comércio, etc. A prosa disserta-
tiva é, assim, predominante nos textos de trabalhos escolares,
nos textos de produção e divulgação científicas (monografias,
ensaios, artigos e relatórios técnico-científicos) e nos textos
técnico-administrativos. (CAMPOS; SOARES, 1993, p. 5).
50 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 51

Logicamente, ao expor, discutir e/ou argumentar sobre podemos nos perder na pesquisa e na escrita. Se decidíssemos
determinado assunto, o produtor da dissertação deverá conhe- escrever sobre Teologia, o número de autores e obras sobre o
cer o assunto tratado. Não há possibilidade de discorrermos assunto seria enorme, no entanto, se escolhêssemos uma área
sobre um assunto que não conhecemos, se assim o fizermos, específica da Teologia, poderíamos delimitar o nosso campo
o texto perderá a credibilidade e a seriedade, características de trabalho. Facilitaria, ainda mais, se escolhêssemos um
necessárias num texto dissertativo. Por esse motivo, as provas assunto abordado por determinada área específica da Teologia.
de concursos são tão temidas, pois não sabemos sobre qual Vejamos um exemplo:
assunto teremos que dissertar. Dissertar sobre um assunto que
conhecemos e dominamos é tarefa mais fácil e prazerosa. Teologia
A dissertação acadêmica mantém a estrutura do ↓
texto dissertativo, com a apresentação da introdução, do
desenvolvimento e da conclusão, mais a fundamentação Teologia Sistemática
teórica pautada na pesquisa bibliográfica. Por isso, para a sua ↓
feitura, devemos ter o domínio da estrutura dissertativa, da Fontes da Teologia
pesquisa bibliográfica, da argumentação, dos tipos de citação e ↓
de referências bibliográficas. As Escrituras
Antes de iniciar esse trabalho, precisamos desenvolver
um projeto. Esse projeto nos orientará na pesquisa e na escrita
Hipoteticamente, a partir de uma área específica da Teologia,
da dissertação acadêmica, pois é necessário traçar um plano
“Teologia sistemática”, chegamos a um assunto abordado pela
antes de começarmos a produzi-la definitivamente.
disciplina: “fontes da Teologia”. Ainda, podemos escolher uma fonte
específica para ser o assunto a ser dissertado: “as Escrituras”. Dessa
4.1 O projeto da Dissertação Acadêmica forma, chegamos ao tema da dissertação acadêmica, pois podemos
responder a questão “Sobre qual assunto você irá dissertar?”.
Sobre qual assunto você irá dissertar? Quais os pontos Iremos dissertar sobre as Escrituras como fonte da Teologia, isto é,
específicos serão abordados sobre o assunto? Quais fontes de o nosso tema será as Escrituras como fonte da Teologia.
pesquisa serão utilizadas? Essas questões são respondidas no
projeto por meio dos tópicos: tema, objetivos e fundamentação Objetivos
teórica.
O texto dissertativo, chamado também de argumentativo
O tema ou expositivo, caracteriza-se por apresentar discussões,
argumentos ou reflexões sobre determinado tema. Por isso,
O tema diz respeito ao assunto que será dissertado. Para é fundamental propormos objetivos para o desenvolvimento
chegar ao tema da dissertação acadêmica é necessário delimitar do texto, pois, a partir deles, construiremos os argumentos/
o assunto. Não é viável desenvolvermos um assunto amplo, pois exposições de nossa dissertação acadêmica. Os objetivos
52 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 53

respondem à questão “Quais os pontos específicos serão Fundamentação teórica


abordados sobre o assunto?”.
Se tomarmos como exemplo o tema citado acima, “as Escolhidos o tema e os objetivos que serão dissertados,
Escrituras como fonte da Teologia”, de que forma podemos devemos começar a leitura de textos sobre o assunto. A
apresentar os argumentos/exposições ao leitor? Precisamos delimitação do assunto e a escolha dos objetivos ajudam a,
traçar ações para organizar e ordenar as nossas ideias. Sendo também, delimitar a nossa leitura, ou seja, ajudam a limitar
assim, podemos propor os seguintes objetivos: o número de obras disponíveis para serem consultadas. Essa
1. Conceituar as Escrituras; consulta ou pesquisa que faremos para levantar informações
sobre o tema é chamada de pesquisa bibliográfica.
2. Comentar o Antigo e o Novo Testamentos como A pesquisa bibliográfica pode ser feita por meio de
Escrituras; qualquer tipo de texto, desde que confiável. Assim, temos que
3. Destacar as Escrituras como a “Palavra de Deus”; prestar atenção a sua origem e à credibilidade do autor. Por
4. Abordar a inspiração das Escrituras; isso é importante ter a orientação de algum professor da área
do conhecimento em que se insere o tema que pretendemos
5. Mostrar a importância das Escrituras como fonte da dissertar.
Teologia. Após a escolha do material que iremos utilizar, passamos
para a leitura proveitosa, isto é, para a leitura e marcações
Iremos conceituar as Escrituras para que o leitor entenda o dos textos, pois elas oferecerão subsídios para a nossa
conceito adotado no trabalho e, também, possa entender melhor fundamentação teórica. A fundamentação teórica acentua o
o texto. Comentaremos o Antigo e o Novo Testamentos, pois caráter científico da dissertação acadêmica, dando-lhe maior
são eles que formam as Escrituras. Destacaremos as Escrituras credibilidade e, para tanto, durante o desenvolvimento do
como a “Palavra de Deus” para enfatizar o seu caráter divino. trabalho, é preciso citar os autores e as obras que colaboraram
Abordaremos a inspiração das Escrituras, também, para para o nosso aprofundamento no tema.
acentuar o seu caráter divino. Finalmente, mostraremos a
importância das Escrituras como fonte da Teologia, disciplina 4.2 A Estrutura da Dissertação Acadêmica
que é guiada não unicamente pela fé, mas juntamente com a
razão. A estrutura da dissertação é formada por introdução,
Cada objetivo será desenvolvido em um ou mais desenvolvimento e conclusão, feita por meio de parágrafos
parágrafos, pois cada objetivo deverá se configurar em unidade articulados com coesão e coerência, num texto único, ou seja,
ou ideia central de parágrafo. Nunca poderão ser desenvolvidos sem tópicos. Para ilustrarmos essa estrutura, utilizaremos e
dois objetivos em um parágrafo, pois, se assim o fizermos, analisaremos a dissertação de um graduando do primeiro
estaremos comprometendo a organização e a clareza do texto. período do curso de Bacharelado em Teologia, da faculdade
FAIFA.
O parágrafo de introdução deverá ser composto pelos
54 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 55

itens que utilizamos no projeto: O desenvolvimento será composto por parágrafos que
1. Apresentação do tema; estarão de acordo com os objetivos apresentados na introdução.
2. Citação dos objetivos; Assim, cada objetivo citado deverá ser abordado nos parágrafos
do desenvolvimento da dissertação. Também, é durante o
3. Fontes de pesquisa (fundamentação teórica). desenvolvimento que introduzimos a fundamentação teórica,
mostrando para o leitor que o nosso pensamento possui base
teórica e cientificidade, pois houve uma pesquisa formal que
Exemplo:
comprova aquilo que estamos expondo. Exemplo:
O presente trabalho tem por finalidade apresentar as
Escrituras como fonte da Teologia. Para tanto se faz Os termos Escrituras e Bíblia são sinônimos e aplicados,
necessário conceituar as Escrituras, comentar o Antigo e conceitualmente, ao conjunto dos livros sagrados do Antigo e
Novo Testamento, destacar as Escrituras como a “Palavra do Novo Testamento. Este trabalho adota o termo Escrituras,
de Deus”, abordar a inspiração das Escrituras, e, ao final, entendendo-o como equivalente à Bíblia. As Escrituras desig-
concluir sobre a importância das Escrituras como fonte nam um conjunto de textos com credibilidade e autoridade
da Teologia, utilizando como referências a Bíblia Sagrada reconhecidas pelo pensamento cristão. Elas não representam
e os autores Alister McGrath, Franklin Ferreira e Alan apenas um objeto de estudos acadêmicos formais no cristia-
nismo, mas também são lidas nos cultos públicos, sendo ainda
Myatt.
objeto de meditação e devoção individual pelos cristãos.
As expressões Antigo e Novo Testamentos são tipicamen-
te cristãs e de natureza intensamente teológica. As polêmicas
Podemos perceber que o acadêmico seguiu corretamente teológicas entre essas expressões surgem em função do Antigo
o esquema acima para desenvolver o seu parágrafo de Testamento retratar as leis, os profetas e os salmos como cami-
introdução, informando ao seu leitor exatamente sobre o nhos para a salvação eterna em Deus, ao passo que o Novo
assunto que ele irá dissertar, bem como de que maneira irá Testamento apresenta a figura de Jesus Cristo cheio de graça e
ordená-lo e fundamentá-lo. Vejamos: verdade, por meio das boas novas (os evangelhos), das cartas
1. Apresentação do tema: “O presente trabalho tem por do apóstolo Paulo aos gentios (não judeus) e das outras cartas
gerais dos discípulos Pedro, Judas e João.
finalidade apresentar as Escrituras como fonte da Teologia.”;
Segundo McGrath (2005, p. 206):
2. Citação dos objetivos: “Para tanto se faz necessário
conceituar as Escrituras, comentar o Antigo e Novo Toda a Bíblia é ditada pelo Espírito de Deus para, dessa
maneira (assim como por meio de sua palavra viva),
Testamento, destacar as Escrituras como a ‘Palavra de Deus’, instruir e governar toda a igreja em ação, até os confins
abordar a inspiração das Escrituras, e, ao final, concluir sobre a do mundo. Ela compõe-se de duas partes, os Antigo e
importância das Escrituras como fonte da Teologia”; Novo Testamentos. A base do Antigo Testamento é a
Lei, que expõe nosso pecado e traz em si a justiça. A base
3. Fontes de pesquisa (fundamentação teórica): “utilizando do Novo Testamento é Cristo, aquele que perdoando os
como referências a Bíblia Sagrada e os autores Alister McGrath, pecados, encerra em si a graça. A síntese da lei são os
Dez Mandamentos, mostrados de forma mais detalhada
Franklin Ferreira e Alan Myatt.”.
56 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 57

na Lei e interpretados pelos Profetas [...]. Contudo, terra, não movidos pela fé cega, mas pela atividade intelectual
tendo em vista que homem algum foi capaz de cumprir de pensar Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, em toda
a Lei, nem sequer uma parte dela, aprouve a Deus em
sua infinita bondade e sabedoria, enviar seu próprio sua extensão, soberania e plenitude.
Filho como um de nós, segundo a nossa natureza, para Segundo João (3.16; 18):
alcançar sua justiça mediante o sacrifício de seu Filho por
nós: para que, uma vez que não pudemos ser salvos por
nossas obras, pudéssemos ser (ao menos) salvos pela fé. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu
Portanto, a base da Lei da Graça encontra-se nas histórias o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
do nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo. pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou
o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê
As Escrituras Sagradas têm outro importante sinônimo não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto
como a “Palavra de Deus”. Em sentido geral a “Palavra de não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
Deus” é usada para designar as Escrituras como um todo,
podendo ser utilizada também para designar o evangelho de
Cristo e, especialmente, para designar o próprio Jesus Cristo
que se tornou carne. Conforme McGrath (2005, p. 207): “Ao Finalmente, a conclusão deverá apresentar uma síntese,
referir-se a Cristo como a ‘Palavra de Deus encarnada’, a crítica, solução ou reflexão do que foi abordado nos parágrafos
teologia cristã tentou expressar a idéia de que a vontade, os do desenvolvimento. Vejamos como o acadêmico finaliza o seu
propósitos e a natureza de Deus se manifestam na história por texto:
meio da pessoa de Jesus Cristo”.
A inspiração das Escrituras por Deus deve ser
As Escrituras ao lado da Tradição, Razão e Experiência
compreendida a partir da fé seguida da razão, ou seja, pensar
são consideradas as fontes principais da Teologia, e devem ser
que na ausência de algo maior que Deus, aprouve a Ele vir do articuladas intelectualmente para alcançar o maior mistério da
seu próprio fôlego, conforme sua origem grega: theopneustos, humanidade: a vida eterna.
capacitando homens especiais para a missão de registrar
sua Palavra. Conforme 2 Timóteo (3.16): “Toda a escritura é
inspirada por Deus [...]”. Percebemos que a linguagem utilizada no texto é a
Segundo Franklin Ferreira e Alan Myatt (2007, p. 116): linguagem formal, ou seja, o padrão formal/culto da língua.
Não podemos utilizar gírias, nem a linguagem coloquial. Para
Podemos definir a inspiração das Escrituras como
sendo a influência sobrenatural do Espírito de Deus auxiliar na escrita da dissertação acadêmica, podemos recorrer
sobre os homens escolhidos por ele mesmo, a fim de a dicionários, corretores de texto e gramáticas.
que registrassem, de forma inerrante e suficiente, toda
a vontade de Deus em relação à salvação e à vida do Além da estrutura da dissertação acadêmica, que é a sua
homem, constituindo-se esse registro na única fonte e parte textual, devemos nos lembrar que, por ser um trabalho
norma da fé e prática cristã.
acadêmico, ela também é composta por mais duas partes: a
A importância das Escrituras como fonte da Teologia é pré-textual e a pós-textual. A parte pré-textual é formada pela
patente a todos os homens de boa vontade e sensatos na face da capa e folha de rosto. A parte pós-textual é composta pelas
58 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 59

referências bibliográficas, ou seja, pela exposição dos materiais co; apresentação do trabalho com recuo de 8 cm, fonte
que foram fontes de pesquisa para o desenvolvimento da 12, espaçamento simples entre linhas e justificado);
dissertação acadêmica, citados no texto. A configuração das 3) Texto;
referências deverá seguir a ABNT, especificamente a NBR 6023
(conferir o tópico sobre o artigo científico). 4) Referências.
De acordo com a dissertação analisada acima, estas são as
suas referências bibliográficas: Também, deverão seguir a seguinte apresentação textual:
1) Folha: A4;
2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira
de Almeida. São Paulo: Vida Nova, 1997. 3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
4) Recuo do parágrafo: 1,25;
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia sistemática:
uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto 5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. 6) Texto justificado.
MCGRATH, Alister E.. Teologia sistemática, histórica e filo-
sófica: uma introdução à teologia cristã. Tradução de Marisa K.
A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.

Assim como a capa e a folha de rosto, as referências


bibliográficas ficam isoladas da parte textual da dissertação
acadêmica, por isso devem estar numa folha separadamente,
logo após o texto, conforme demonstra o modelo a seguir.
As dissertações acadêmicas produzidas pelos acadêmicos
da FAIFA deverão conter:
1) Capa (espaçamento entre linhas 1,5; nome da IES, do
curso, do aluno, do título e do local com fonte 12 e em
caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se
houver citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-
los em itálico);
2) Folha de rosto (espaçamento entre linhas 1,5; nome do
aluno, do título e do local com fonte 12 e em caixa alta;
se houver subtítulo, não usar caixa alta; se houver cita-
ção de títulos e subtítulos de obras, colocá-los em itáli-
60 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 61

FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA NOME DO ALUNO


CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
NOME DO ALUNO

AS ESCRITURAS COMO FONTE DA TEOLOGIA


AS ESCRITURAS COMO FONTE DA TEOLOGIA

Trabalho apresentado à disciplina de Língua


Portuguesa, do curso de Bacharelado em
Teologia, da Faculdade da Igreja Ministério
Fama – FAIFA, sob a orientação da
professora Vivian Bueno Cardoso.

GOIÂNIA
GOIÂNIA
2012
2012
62 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 63

O presente trabalho tem por finalidade apresentar Dez Mandamentos, mostrados de forma mais detalhada
na Lei e interpretados pelos Profetas [...]. Contudo,
as Escrituras como fonte da Teologia. Para tanto se faz tendo em vista que homem algum foi capaz de cumprir
necessário conceituar as Escrituras, comentar o Antigo e Novo a Lei, nem sequer uma parte dela, aprouve a Deus em
Testamentos, destacar as Escrituras como a “Palavra de Deus”, sua infinita bondade e sabedoria, enviar seu próprio
Filho como um de nós, segundo a nossa natureza, para
abordar a inspiração das Escrituras, e, ao final, concluir sobre a alcançar sua justiça mediante o sacrifício de seu Filho por
importância das Escrituras como fonte da Teologia, utilizando nós: para que, uma vez que não pudemos ser salvos por
como referências a Bíblia Sagrada e os autores Alister McGrath, nossas obras, pudéssemos ser (ao menos) salvos pela fé.
Portanto, a base da Lei da Graça encontra-se nas histórias
Franklin Ferreira e Alan Myatt. do nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo.
Os termos Escrituras e Bíblia são sinônimos e aplicados,
conceitualmente, ao conjunto dos livros sagrados do Antigo e As Escrituras Sagradas têm outro importante sinônimo
do Novo Testamento. Este trabalho adota o termo Escrituras, como a “Palavra de Deus”. Em sentido geral a “Palavra de
entendendo-o como equivalente à Bíblia. As Escrituras Deus” é usada para designar as Escrituras como um todo,
designam um conjunto de textos com credibilidade e podendo ser utilizada também para designar o evangelho de
autoridade reconhecidas pelo pensamento cristão. Elas não Cristo e, especialmente, para designar o próprio Jesus Cristo
representam apenas um objeto de estudos acadêmicos formais que se tornou carne. Conforme McGrath (2005, p. 207): “Ao
no cristianismo, mas também são lidas nos cultos públicos, referir-se a Cristo como a ‘Palavra de Deus encarnada’, a
sendo ainda objeto de meditação e devoção individual pelos teologia cristã tentou expressar a idéia de que a vontade, os
cristãos. propósitos e a natureza de Deus se manifestam na história por
meio da pessoa de Jesus Cristo”.
As expressões Antigo e Novo Testamentos são tipicamente
cristãs e de natureza intensamente teológica. As polêmicas A inspiração das Escrituras por Deus deve ser
teológicas entre essas expressões surgem em função do Antigo compreendida a partir da fé seguida da razão, ou seja, pensar
Testamento retratar as leis, os profetas e os salmos como que na ausência de algo maior que Deus, aprouve a Ele vir do
caminhos para a salvação eterna em Deus, ao passo que o Novo seu próprio fôlego, conforme sua origem grega: theopneustos,
Testamento apresenta a figura de Jesus Cristo cheio de graça capacitando homens especiais para a missão de registrar
e verdade, por meio das boas novas (os evangelhos), das cartas sua Palavra. Conforme 2 Timóteo (3.16): “Toda a escritura é
do apóstolo Paulo aos gentios (não judeus) e das outras cartas inspirada por Deus [...]”.
gerais dos discípulos Pedro, Judas e João. Segundo Franklin Ferreira e Alan Myatt (2007, p. 116):
Segundo McGrath (2005, p. 206): Podemos definir a inspiração das Escrituras como
sendo a influência sobrenatural do Espírito de Deus
Toda a Bíblia é ditada pelo Espírito de Deus para, dessa sobre os homens escolhidos por ele mesmo, a fim de
maneira (assim como por meio de sua palavra viva), que registrassem, de forma inerrante e suficiente, toda
instruir e governar toda a igreja em ação, até os confins a vontade de Deus em relação à salvação e à vida do
do mundo. Ela compõe-se de duas partes, os Antigo e homem, constituindo-se esse registro na única fonte e
Novo Testamentos. A base do Antigo Testamento é a norma da fé e prática cristã.
Lei, que expõe nosso pecado e traz em si a justiça. A base
do Novo Testamento é Cristo, aquele que perdoando os A importância das Escrituras como fonte da Teologia é
pecados, encerra em si a graça. A síntese da lei são os
64 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A DISSERTAÇÃO ACADÊMICA 65

patente a todos os homens de boa vontade e sensatos na face da REFERÊNCIAS


terra, não movidos pela fé cega, mas pela atividade intelectual
de pensar Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, em toda BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira
sua extensão, soberania e plenitude. de Almeida. São Paulo: Vida Nova, 1997.
Segundo João (3.16; 18): FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia sistemática:
uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou
o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, MCGRATH, Alister E.. Teologia sistemática, histórica e
mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê filosófica: uma introdução à teologia cristã. Tradução de Marisa
não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

As Escrituras ao lado da Tradição, Razão e Experiência


são consideradas as fontes principais da Teologia, e devem ser
articuladas intelectualmente para alcançar o maior mistério da
humanidade: a vida eterna.
67

O ARTIGO
CIENTÍFICO
69

5 O ARTIGO CIENTÍFICO

O artigo científico é um texto que segue a mesma lógica


da dissertação acadêmica, no entanto, acrescidos mais alguns
elementos, pois é um texto mais complexo e exige mais atenção
em sua organização. Assim como a dissertação acadêmica, para
desenvolvermos um artigo é necessário traçar um plano, ou
seja, um projeto que norteará a pesquisa e organizará a escrita
do texto.

5.1 O projeto do artigo científico

Os elementos que compõem o projeto de pesquisa para


o desenvolvimento de um artigo científico são os mesmos
utilizados para compor o projeto de uma monografia. São eles:
1) Tema;
2) Problema de pesquisa;
3) Hipótese;
4) Objetivos (geral e específicos);
5) Justificativa;
6) Revisão Teórica;
7) Metodologia;
8) Cronograma.

Vejamos cada elemento com os seus respectivos exemplos.

5.1.1 O tema

O tema está relacionado ao assunto que será pesquisado


e desenvolvido no artigo científico. É importante escolhermos
um tema com o qual tenhamos familiaridade e vontade de
estudá-lo. Também, é importante verificarmos se há um
70 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 71

número significativo de obras e autores que tratam do tema, e tempo para que as partes envolvidas possam adequar-se à
para facilitar a pesquisa e a fundamentação teórica. novidade. No caso da referida disciplina, verifica-se que a sua
Depois de escolhermos o tema é necessário delimitá- implantação está ligada a uma série de desafios e dificuldades
para o seu bom desenvolvimento. Os problemas não foram
lo, ou seja, colocar limites na expansão do seu assunto. A
diagnosticados apenas na escola, mas, também, em outras
delimitação do tema é importante para que não nos percamos estruturas. Quais são os problemas enfrentados pelos envolvi-
nas pesquisas. Assim, parte-se de um tema/assunto geral para dos no processo de ensino e aprendizagem na implantação da
um tema/assunto específico. Educação Religiosa nas escolas públicas do Brasil?

Exemplo: A resposta a esse problema será respondida por meio


Tema Geral: Educação Religiosa da pesquisa, da fundamentação teórica e da argumentação
Tema Delimitado/Específico: Os desafios da Educação Religio- durante a produção do artigo. O problema também delimita o
sa nas escolas públicas do Brasil. tema e impõe um caminho a ser percorrido pelo pesquisador.

Com a palavra, quem entende do assunto:


Poderíamos, se assim quiséssemos, delimitar ainda mais
o tema, especificando o estado ou a cidade, a esfera pública
O problema implica: ser dificuldade, ser delimitação,
(municipal ou estadual), o ano de ensino (primeiro ano,
ser expressão de pensamento interrogativo (dúvida
segundo ano, terceiro ano e assim por diante) etc. No projeto, o
curiosidade, necessidade, admiração...). Assim o tema ou
acadêmico deverá apresentar apenas o tema delimitado.
assunto “A adoção de criança” [...] pode ser convertido no
seguinte tópico [ou delimitação]: “o perfil da mãe cedente
5.1.2 O problema no processo de adoção”, e transformando em problema,
ao se focalizarem as condições mais preponderantes
Quando escolhemos um tema, consciente ou no processo de decisão que levam mãe a ceder o filho à
inconscientemente, detectamos uma questão que será adoção. Ou como fez Bardavid (1980), citado por Lakatos
respondida ao longo do trabalho. Partindo do exemplo citado, e Marconi:
“Os desafios da Educação Religiosa nas escolas públicas do - tema: o perfil da mãe que deixa o filho recém-nascido para
Brasil”, pode-se ligar o tema a uma questão ou problema a ser adoção;
respondido. Nesse caso, o problema poderia ser o seguinte:
- problema: quais condições exercem mais influência na decisão
das mães em dar os filhos recém-nascidos para a adoção?
A implantação da Educação Religiosa nas escolas públicas (SALOMON, 2004, p. 219).
brasileiras foi uma surpresa para muitos professores, alunos
e pais. Qualquer implantação educacional exige organização
72 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 73

5.1.3 A hipótese
Com a palavra, quem entende do assunto:
Chamamos de hipótese uma possível resposta ao nosso
problema de pesquisa. Por meio da nossa familiaridade Hipótese e problema formam um todo indivisível, pense-
com o tema, temos competência para sugerir uma ou mais se no projeto quer metodológica, quer teoricamente.
hipóteses. A partir do problema citado anteriormente (Quais
Elementar, mas correta, é a definição da hipótese como
são os problemas enfrentados pelos envolvidos no processo de
resposta provisória ao problema. Como é a “solução”
ensino e aprendizagem na implantação da Educação Religiosa
indicada e que precisa ser comprovada pela pesquisa –
nas escolas públicas do Brasil?), podemos sugerir a seguinte
daí a coleta de dados e sua análise se fazerem em função
hipótese:
da (s) hipóteses (s) – sua formulação está intimamente
relacionada com o problema. (SALOMON, 2004, p. 219).
A Educação Religiosa foi implantada no Brasil, no ensi-
no público, sem uma organização adequada como as demais
disciplinas, gerando uma série de fatores que dificultam a sua 5.1.4 O objetivo geral
execução. Todas as disciplinas, salvo a Educação Religiosa,
são integrantes de um documento que norteia o seu processo
de ensino, a saber, Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. O objetivo geral está ligado diretamente ao tema. Não
Todas as disciplinas são ministradas por profissionais da área, escolhemos um tema para desenvolvermos um trabalho
salvo a Educação Religiosa. Os professores são contratados e acadêmico por acaso, sempre há um objetivo, uma intenção,
pagos por suas aulas, salvo o professor de Educação Religiosa. um propósito. Vamos fazer um exercício, conforme o exemplo,
Partindo desses fatores verifica-se a inadequação da implanta- para melhor chegarmos ao objetivo:
ção da Educação Religiosa nas escolas públicas do Brasil. A partir do tema "Os desafios da Educação Religiosa nas
escolas públicas do Brasil", EU PRETENDO... Diagnosticar os
problemas da implantação da Educação Religiosa no ensino
A hipótese também orienta a pesquisa do trabalho público brasileiro, bem como as suas fontes geradoras.
acadêmico. Dessa maneira, o objetivo geral do projeto será
“Diagnosticar os problemas da implantação da Educação
Religiosa no ensino público brasileiro, bem como as suas fontes
geradoras”. É importante ressaltar que o objetivo geral sempre
iniciará com um verbo no Infinitivo: diagnosticar, apontar,
mostrar, etc.
74 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 75

dade específica e/ou para a sociedade. Dessa forma, primeira-


Com a palavra, quem entende do assunto: mente, devemos expor os motivos e interesses que nos levaram
a escolher o tema proposto no projeto. Em seguida, mostramos
O objetivo geral está ligado a uma visão global e a importância do estudo do tema para uma comunidade espe-
abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo cífica e/ou para a sociedade. Por último, citamos as possíveis
intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias contribuições da pesquisa do projeto. Para melhor organização
estudadas. Vincula-se diretamente à própria significação do texto, é importante desenvolvermos, pelo menos, um pará-
da tese [assunto; tema] proposta pelo projeto. (LAKATOS; grafo para cada parte da justificativa, como o exemplo abaixo:
MARCONI, 1991, p. 219).
O tema apresentado neste projeto está relacionado à
Educação, área muito importante para a formação do indiví-
5.1.5 Os objetivos específicos duo. Tendo em vista que o projeto está vinculado ao curso de
Bacharelado em Teologia, o tema vincula-se à Educação Reli-
Os objetivos específicos são desdobramentos do objetivo giosa. Essa disciplina, componente do ensino fundamental
brasileiro, pode oferecer ao aluno a oportunidade de refletir
geral. Se a partir da leitura do objetivo geral temos uma visão
sobre os seus valores e comportamento em sociedade, sendo
ampla do objetivo do projeto, os objetivos específicos mostram, um importante instrumento de transformação positiva desse
de forma mais detalhada, o que se deve fazer para atingi-lo. cidadão em processo de desenvolvimento. Este projeto foi
Explicamos: para “Diagnosticar os problemas da implantação idealizado para entender e apontar os motivos das dificulda-
da Educação Religiosa no ensino público brasileiro, bem como des encontradas pela Educação Religiosa no que se refere a sua
as suas fontes geradoras” será necessário: organização e implantação no ensino fundamental das escolas
a) Comparar a implantação da Educação Religiosa com as pública brasileiras.
demais disciplinas; A pesquisa envolvida em qualquer contexto da Educação
b) Verificar o perfil do professor de Educação Religiosa, é de suma importância não apenas para os envolvidos direta-
mente no processo de ensino e aprendizagem, mas também
bem como as suas condições de trabalho.
para toda a sociedade. Tratando-se da Educação que permeia o
Os conteúdos citados nas alíneas “a” e “b” são exemplos ensino fundamental, momento em que os alunos estão em fase
de objetivos específicos. Novamente, é importante lembrar que de desenvolvimento físico e cognitivo, há que se ter maior preo-
os objetivos específicos também se iniciam com um verbo no cupação. A Educação Religiosa, como componente do ensino
Infinitivo. básico, é uma disciplina que, quando organizada e valorizada,
oferece subsídios para sanar os conflitos existentes nessa fase
do educando e, juntamente com as demais disciplinas, objetiva
5.1.6 A justificativa
a formação global do aluno. A formação dos jovens de um país
é de interesse de toda a sociedade.
Neste tópico, desenvolveremos um texto justificando a Os resultados buscados pelo estudo proposto oferecerão
escolha do tema, bem como a sua relevância para uma comuni- um diagnóstico acerca da Educação Religiosa no Brasil. A partir
76 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 77

desse resultado, outras pesquisas poderão ser desenvolvidas estrangeira moderna passa a se constituir um componente
no intuito de sanar as dificuldades apontadas. curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino
fundamental (art. 26, § 5o). Quanto ao ensino religioso,
sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve a
orientação já adotada pela política educacional brasileira,
ou seja, constitui disciplina dos horários normais
das escolas públicas, mas é de matrícula facultativa,
5.1.7 A revisão teórica respeitadas as preferências manifestadas pelos alunos ou
por seus responsáveis (art. 33). (PCN, 1997, p. 5).
A Revisão Teórica também pode ser chamada de
Fundamentação Teórica, Referencial Teórico, Revisão
Bibliográfica, Revisão de Literatura etc. O objetivo desse tópico, Também, precisamos lembrar que todo texto possui
no projeto, é apresentar os autores e obras que fundamentarão introdução, desenvolvimento e conclusão, assim, da mesma
a nossa pesquisa, ou seja, que oferecerão sustentação científica forma, o texto da Revisão Teórica deverá ser estruturado.
para o nosso trabalho. Vale lembrar que os autores citados em
nosso projeto deverão ter estudado sobre o nosso tema.
5.1.7.1 Citações
É necessário que tenhamos conhecimento dos autores e das
obras que serão utilizadas, pois, ao longo do texto da Revisão Segundo a NBR 10520, da ABNT, citação é a “menção
Teórica, deveremos fazer citações referentes a essas obras. Para de uma informação extraída de outra fonte”. Há três tipos de
facilitar o trabalho, poderemos seguir os objetivos, explicando citação: indireta, direta e citação de citação.
mais amplamente sobre cada um e utilizando passagens de
alguma obra para fundamentar o seu pensamento. Exemplo:
Citação indireta

Para fazer a comparação da implantação da Educação A citação indireta é também chamada de paráfrase, pois
Religiosa com as demais disciplinas do ensino fundamental, na é uma reprodução da ideia de um autor pesquisado. Quando
contemporaneidade, serão utilizados os Parâmetros Curricula- fazemos um resumo, por exemplo, estamos fazendo um tipo de
res Nacionais – PCNs da primeira fase do ensino fundamental. paráfrase porque reproduzimos, com nossas palavras, ideias que
No volume de introdução do referido documento, pode ser já existem e pertencem a outrem. Abaixo, um exemplo de citação
encontrada a seguinte informação: indireta (hipótese: estamos escrevendo um texto sobre o ato de
Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, ler, lembramos de um pensamento de Maria Helena Martins que
tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino está relacionado ao assunto, reproduzimos o pensamento com
médio, deve obrigatoriamente propiciar oportunidades as nossas palavras e indicamos a fonte original do pensamento):
para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do
mundo físico e natural e da realidade social e política,
enfatizando-se o conhecimento do Brasil. Também são
áreas curriculares obrigatórias o ensino da Arte e da Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua deco-
Educação Física, necessariamente integradas à proposta dificação, pois ela não está impregnada apenas de letras, mas
pedagógica. O ensino de pelo menos uma língua
de conhecimento de mundo (MARTINS, 1994). Por isso, ao
78 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 79

lermos um texto, precisamos interagir com ele, escutá-lo para dificação, pois ela não está impregnada apenas de letras, mas
entender o que ele quer nos comunicar. de conhecimento de mundo. Diversos fatores podem contribuir
para que não consigamos fazer uma leitura, conforme afirma
Maria Helena Martins (1994, p. 9):
Com freqüência nos contentamos, por economia ou
Citação direta preguiça, em ler superficialmente, ‘passar os olhos’,
como se diz. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais
de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais.
A citação direta é a transcrição do texto que foi consultado Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a
durante a pesquisa acadêmica, ou seja, a inserção de um uma experiência, uma fantasia, uma necessidade nossa.
fragmento textual, tal qual ele se apresenta na fonte de pesquisa, Reagimos assim ao que não nos interessa no momento.
no trabalho acadêmico. Ela pode ser curta ou longa.
A citação curta deve ter no máximo três linhas e ser
colocada entre aspas duplas (hipótese: estamos escrevendo
um texto sobre o ato de ler, lembramos de uma passagem Citação de citação
do texto de Maria Helena Martins que está relacionado ao
assunto, transcrevemos essa passagem no trabalho acadêmico É a citação direta ou indireta de um texto em que não
e indicamos a sua fonte original): temos acesso ao original (NBR 10520), ou seja, a citação pertence
a um autor citado por outro autor. Exemplo:

Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua deco-


dificação, pois ela não está impregnada apenas de letras, mas Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua deco-
de conhecimento de mundo. Diversos fatores podem contribuir dificação, pois ela não está impregnada apenas de letras, mas
para que não consigamos fazer uma leitura, conforme afirma de conhecimento de mundo, pois “a leitura do mundo precede
Maria Helena Martins (1994, p. 9): “Com freqüência nos conten- sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuida-
tamos, por economia ou preguiça, em ler superficialmente, de da leitura daquele” (FREIRE, 1978 apud MARTINS, 1994, p. 10).
‘passar os olhos’, como se diz. Não acrescentamos ao ato de ler
algo mais de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais”.
Com essa citação, queremos dizer que Maria Helena
Martins fez uma citação de Paulo Freire na obra em que
A citação longa possui mais de três linhas e, diferentemente estávamos consultando, mas não tivemos acesso ao original de
da citação curta, deve ser indicada por meio de um espaçamento Freire. A expressão apud pode ser entendida como “citado por”.
antes e depois da citação, recuo de 4 cm da margem esquerda, Para maiores informações e detalhamentos sobre as
espaçamento simples e com o tamanho da fonte menor (10): citações, devemos consultar a NBR 10520, da ABNT, que trata
sobre citações em documentos.
Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua deco-
80 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 81

Supressão e adição de informações na citação freqüência nos contentamos, por economia ou preguiça,
em ler superficialmente, ‘passar os olhos’, como se diz. Não
Durante a transcrição do texto da citação, podemos supri- acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto
mir ou adicionar uma ou mais palavras quando julgarmos neces- mecânico de decifrar [decodificar] os sinais”.
sário. A supressão e a adição de palavras deverão ser indicadas
entre colchetes “[ ]”. Quando suprimimos palavras, indicamos
essa ação com reticências, “[...]”, como no exemplo abaixo. 5.1.8 A metodologia

Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua Metodologia é a disciplina que estuda as etapas do
decodificação, pois ela não está impregnada apenas de letras, processo da pesquisa científica, incluindo os métodos e técnicas
mas de conhecimento de mundo. Diversos fatores podem de pesquisa. Também, pode ser considerada como o conjunto
contribuir para que não consigamos fazer uma leitura, conforme de instrumentos utilizados por nós para desenvolver a nossa
afirma Maria Helena Martins (1994, p. 9): pesquisa científica. Para abordar o assunto, o texto explicativo
a seguir é formado por fragmentos da obra Fundamentos de
Com freqüência nos contentamos, por economia ou Metodologia Científica (1994, p.93-112; 174-213), de Eva Maria
preguiça, em ler superficialmente, ‘passar os olhos’,
como se diz. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais Lakatos e Marina de A. Marconi.
de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais [...].
Reagimos assim ao que não nos interessa no momento.

O sinal “[...]” indica que o seguinte fragmento foi retirado


da citação: “Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a
uma experiência, uma fantasia, uma necessidade nossa”. É muito
importante perceber que a parte omitida não comprometeu o
sentido da citação. Assim, também devemos proceder quando
adicionarmos alguma (s) palavra (s), o fazemos para esclarecer
o sentido da citação para o leitor:

Fazer a leitura de um texto não requer apenas a sua


decodificação, pois ela não está impregnada apenas de letras,
mas de conhecimento de mundo. Diversos fatores podem
contribuir para que não consigamos fazer uma leitura,
conforme afirma Maria Helena Martins (1994, p. 9): “Com
82 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 83

Método Técnica

É o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, Conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma
com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas
as decisões do pesquisador. Alguns métodos: na obtenção de seus propósitos. A pesquisa pode desenvolver-
a) Histórico: consiste em investigar acontecimentos, se por meio de:
processos e instituições do passado para verificar a sua Documentação Indireta
influência na sociedade de hoje.
a) Pesquisa Documental (arquivos públicos ou particulares, esta-
b) Comparativo: realiza comparações, com a finalidade tísticas de órgãos governamentais, documentos jurídicos, etc);
de verificar similitudes e explicar divergências.
b) Pesquisa Bibliográfica (imprensa escrita, meios audiovisu-
c) Monográfico: consiste no estudo de determinados ais, material cartográfico, publicações);
indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou
Documentação Direta
comunidades, com a finalidade de obter generalizações.
d) Estatístico: significa redução de fenômenos sociológicos, a) Pesquisa de Campo (está voltada para o estudo de indivídu-
os, grupos, comunidades, instituições e outros campos, visan-
políticos, econômicos, etc a termos quantitativos e a manipulação
do à compreensão de vários aspectos da sociedade, por meio
estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos de coleta de dados, observando e registrando fatos e fenôme-
entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência nos tal como ocorrem espontaneamente);
ou significado.
b) Pesquisa de Laboratório (é um procedimento de investiga-
e) Tipológico: apresenta certas semelhanças com o método ção mais difícil, porém mais exato; descreve e analisa o que será
comparativo; ao comparar fenômenos sociais complexos, o ou ocorrerá em situações controladas; o pesquisador observa
pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir sem tomar parte pessoalmente);
da análise de aspectos essenciais dos fenômenos; a característica
c) Estudo de Caso (está relacionado à pesquisa de campo; reali-
principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir zação de uma pesquisa sobre um fenômeno em seu contex-
de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, to real, por meio de uma exploração intensiva de uma única
realmente existentes. unidade de estudo).
f) Indutivo: partindo de dados particulares, suficientemente Observação Direta Intensiva: realizada por meio de duas técni-
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal. cas, observação e entrevista.
g) Dedutivo: partindo de dados gerais, suficientemente Observação Direta Extensiva: realiza-se por meio do questio-
constatados, infere-se uma constatação específica, particular. nário, do formulário, de medidas de opinião e atitudes e de
técnicas mercadológicas.
84 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 85

5.1.9 O cronograma
Com a palavra, quem entende do assunto:
Neste tópico, devemos traçar um tempo para cada
A seleção do instrumental metodológico está [...] relacio- etapa da realização do trabalho acadêmico, com o intuito de
nada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá melhor aproveitarmos o tempo disponível para realizá-lo. É
dos vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a importante lembrarmos que o cronograma é um instrumento
natureza dos fenômenos, o objeto de pesquisa, os recursos que nos auxilia a não exceder o prazo de entrega do trabalho
financeiros, a equipe humana e outros elementos [...]. acadêmico, no entanto, ele poderá ser modificado conforme a
Nas investigações, em geral, nunca se utiliza apenas um nossa necessidade. Abaixo, um exemplo de cronograma:
método ou uma técnica, e nem somente aqueles que se
conhece, mas todos os que forem necessários ou apro- Ano 2012
priados para determinados caso. Na maioria das vezes,
há uma combinação de dois ou mais deles, usados conco- Mês/Atividade Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.
mitantemente. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 163-164).
Elaboração do
X
No tópico “Metodologia”, deveremos mostrar quais os projeto
instrumentos que serão utilizados para nortear a nossa pesquisa. Levantamento
X X
Devemos verificar qual/quais o(s) método(s) e técnica(s) mais de Dados
apropriados para desenvolver o nosso tema e objeto de pesquisa. Produção
X X
Podemos utilizar citações de autores que tratam sobre os métodos textual
e técnicas de pesquisa na redação deste tópico. Exemplo: Entrega do
X
Artigo

A metodologia adotada para realizar este trabalho será a


pesquisa bibliográfica, pois ela se fará por meio de textos Observação: o espaçamento entre linhas do cronograma é
impressos ou digitais. Segundo Marconi e Lakatos: simples; os meses e as marcações centralizadas.
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, A seguir, um exemplo de projeto de pesquisa que pode
abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ser utilizado tanto para o desenvolvimento do artigo científico
ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografia, teses,
quanto para o da monografia, composto de:
material cartográfico etc., até meios de comunicação 1) Capa (espaçamento entre linhas 1,5; nome da IES, do
orais [...] e audiovisuais [...]. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
curso, do aluno, do título e do local com fonte 12 e em
dito ou filmado sobre determinado assunto [...]. (1991, p. caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se
183). houver citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-
los em itálico);
86 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 87

2) Folha de rosto (espaçamento entre linhas 1,5; nome FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA
do aluno, do título e do local com fonte 12 e em CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se NOME DO ALUNO
houver citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-
los em itálico; apresentação do trabalho com recuo de
8 cm, fonte 12, espaçamento simples entre linhas e
justificado);
3) Sumário;
4) Tema;
5) Problema de pesquisa;
6) Hipótese;
7) Objetivos (geral e específicos);
8) Justificativa;
9) Revisão Teórica;
10) Metodologia;
11) Cronograma; OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS
12) Referências. PÚBLICAS DO BRASIL

Os projetos de pesquisa da FAIFA deverão seguir a


seguinte apresentação textual:
1) Folha: A4;
2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
4) Recuo do parágrafo: 1,25;
5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
6) Texto justificado.
7) Paginação: iniciar a contagem a partir da folha de
rosto e numerar a partir da primeira página da parte textual.
GOIÂNIA
2012
88 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 89

NOME DO ALUNO SUMÁRIO

1 TEMA 0
2 PROBLEMA 0
3 HIPÓTESE 0
4 OBJETIVO GERAL 0
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 0
5 JUSTIFICATIVA 0
6 REVISÃO TEÓRICA 0
7 METODOLOGIA 0
8 CRONOGRAMA 0
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS REFERÊNCIAS 0
PÚBLICAS DO BRASIL

Projeto de artigo científico apresentado


à disciplina de Metodologia da Pesquisa
Científica, do curso de Bacharelado em
Teologia, da Faculdade da Igreja Ministério
Fama – FAIFA, sob a orientação da profª.
Vivian Bueno Cardoso.

GOIÂNIA
2012
90 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 91

1 TEMA 4 OBJETIVO GERAL

Os desafios da Educação Religiosa nas escolas públicas Diagnosticar os problemas da implantação da Educação
do Brasil. Religiosa no ensino público brasileiro, bem como as suas fontes
geradoras.
2 PROBLEMA
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A implantação da Educação Religiosa nas escolas públicas
brasileiras foi uma surpresa para muitos professores, alunos a) Comparar a implantação da Educação Religiosa com
e pais. Qualquer implantação educacional exige organização as demais disciplinas;
e tempo para que as partes envolvidas possam adequar- b) Verificar o perfil do professor de Educação Religiosa,
se à novidade. No caso da referida disciplina, verifica-se bem como as suas condições de trabalho.
que a sua implantação está ligada a uma série de desafios e
dificuldades para o seu bom desenvolvimento. Os problemas 5 JUSTIFICATIVA
não foram diagnosticados apenas na escola, mas, também,
em outras estruturas. Quais são os problemas enfrentados O tema apresentado neste projeto está relacionado
pelos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem na à Educação, área muito importante para a formação do
implantação da Educação Religiosa nas escolas públicas do indivíduo. Tendo em vista que o projeto está vinculado ao curso
Brasil? de Bacharelado em Teologia, o tema vincula-se à Educação
Religiosa. Essa disciplina, componente do ensino fundamental
3 HIPÓTESE brasileiro, pode oferecer ao aluno a oportunidade de refletir
sobre os seus valores e comportamento em sociedade, sendo
A Educação Religiosa foi implantada no Brasil, no ensino um importante instrumento de transformação positiva desse
público, sem uma organização adequada como as demais cidadão em processo de desenvolvimento. Este projeto foi
disciplinas, gerando uma série de fatores que dificultam a sua idealizado para entender e apontar os motivos das dificuldades
execução. Todas as disciplinas, salvo a Educação Religiosa, encontradas pela Educação Religiosa no que se refere a sua
são integrantes de um documento que norteia o seu processo organização e implantação no ensino fundamental das escolas
de ensino, a saber, Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. pública brasileiras.
Todas as disciplinas são ministradas por profissionais da área, A pesquisa envolvida em qualquer contexto da Educação
salvo a Educação Religiosa. Os professores são contratados e é de suma importância não apenas para os envolvidos
pagos por suas aulas, salvo o professor de Educação Religiosa. diretamente no processo de ensino e aprendizagem, mas
Partindo desses fatores verifica-se a inadequação da implantação também para toda a sociedade. Tratando-se da Educação que
da Educação Religiosa nas escolas públicas do Brasil. permeia o ensino fundamental, momento em que os alunos estão
em fase de desenvolvimento físico e cognitivo, há que se ter
92 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 93

maior preocupação. A Educação Religiosa, como componente componente curricular obrigatório, a partir da quinta
série do ensino fundamental (art. 26, § 5o). Quanto ao
do ensino básico, é uma disciplina que, quando organizada e ensino religioso, sem onerar as despesas públicas, a
valorizada, oferece subsídios para sanar os conflitos existentes LDB manteve a orientação já adotada pela política
nessa fase do educando e, juntamente com as demais disciplinas, educacional brasileira, ou seja, constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas, mas é de matrícula
objetiva a formação global do aluno. A formação dos jovens de facultativa, respeitadas as preferências manifestadas
um país é de interesse de toda a sociedade. pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33). (PCN,
1997, p. 5).
Os resultados buscados pelo estudo proposto oferecerão
um diagnóstico acerca da Educação Religiosa no Brasil. A partir Para Verificar o perfil do professor de Educação Religiosa,
desse resultado, outras pesquisas poderão ser desenvolvidas bem como as suas condições de trabalho, serão utilizados os
no intuito de sanar as dificuldades apontadas. autores Sérgio Rogério Azevedo Junqueira e Raul Wagner que
abordam a formação de professores no Ensino Religioso e os
6 REVISÃO TEÓRICA desafios encontrados na escola por esses profissionais.
Ao longo do desenvolvimento do trabalho, outros autores
Para desenvolver o tema deste trabalho foi preciso a poderão ser incluídos.
abrangência nacional, uma vez que, se a delimitação especificasse
um estado ou um município, não havia bibliografia suficiente 7 METODOLOGIA
para a sua fundamentação teórica. Ainda, haverá a possibilidade
de a pesquisa, se necessário for, abarcar a pesquisa de campo. A metodologia adotada para realizar este trabalho será
No entanto, inicialmente, a pesquisa bibliográfica norteará este composta pela pesquisa bibliográfica, pois ela se fará por meio
trabalho. de textos impressos e digitais. Segundo Marconi e Lakatos:
Para fazer a comparação da implantação da Educação
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias,
Religiosa com as demais disciplinas do ensino fundamental, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação
na contemporaneidade, serão utilizados os Parâmetros ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
Curriculares Nacionais – PCNs da primeira fase do ensino jornais, revistas, livros, pesquisas, monografia, teses,
material cartográfico etc., até meios de comunicação
fundamental. No volume de introdução do referido documento, orais [...] e audiovisuais [...]. Sua finalidade é colocar o
pode ser encontrada a seguinte informação: pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto [...]. (1991, p.
Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, 183).
tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino
médio, deve obrigatoriamente propiciar oportunidades Havendo necessidade, será feita a pesquisa de campo,
para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do
mundo físico e natural e da realidade social e política,
acompanhando o dia a dia de alguns professores de Ensino
enfatizando-se o conhecimento do Brasil. Também Religioso, em algumas escolas dos municípios de Goiás.
são áreas curriculares obrigatórias o ensino da Arte
e da Educação Física, necessariamente integradas à
proposta pedagógica. O ensino de pelo menos uma
língua estrangeira moderna passa a se constituir um
94 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 95

8 CRONOGRAMA 5.2 A estrutura do Artigo Científico

A estrutura do artigo científico é composta por três partes:


Ano 2012 pré-textual, textual e pós-textual.
Pré-textual
Mês/Atividade Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. 1) Capa (espaçamento entre linhas 1,5; nome da IES, do
curso, do aluno, do título e do local com fonte 12 e em
Elaboração do
X caixa alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se
projeto
houver citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-
Levantamento
X X los em itálico);
de Dados
Produção 2) Folha de rosto (espaçamento entre linhas 1,5; nome
X X do aluno, do título e do local com fonte 12 e em caixa
textual
Entrega do alta; se houver subtítulo, não usar caixa alta; se houver
X citação de títulos e subtítulos de obras, colocá-los em
Artigo
itálico; apresentação do trabalho com recuo de 8 cm,
fonte 12, espaçamento simples entre linhas e justifica-
do);
REFERÊNCIAS
3) Resumo;
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos 4) Abstract;
parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 5) Sumário.

JUNQUEIRA, Sérgio Azevedo. Um ideal, um caminho, uma


proposta. Curitiba: Champagnat, 2011. Textual
1) Introdução;
JUNQUEIRA, Sérgio Azevedo; WAGNER, Raul (Org.).
O ensino religioso no Brasil. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: 2) Desenvolvimento ou revisão de literatura;
Champagnat, 2011. 3) Conclusão ou considerações finais.

Pós-textual
1) Referências.

A seguir um modelo da estrutura do artigo científico, com


orientações para a escrita de cada elemento. Após o modelo,
96 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 97

um exemplo prático baseado no artigo “Trânsito religioso: uma FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA
revisão exploratória do fenômeno brasileiro” (2009), da teóloga CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
e professora Lázara Divina Coelho. NOME DO ALUNO

Os artigos científicos da FAIFA deverão seguir a seguinte


apresentação textual:
1) Folha: A4;
2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
4) Recuo do parágrafo: 1,25;
5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
6) Texto justificado;
7) Paginação: iniciar a contagem a partir da folha de
rosto e numerar a partir da primeira página da parte textual;
8) Número de laudas (tratando-se da parte textual): no
mínimo 8; no máximo 15. OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO BRASIL

GOIÂNIA
2012
98 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 99

NOME DO ALUNO RESUMO

O Resumo deve seguir as recomendações da ABNT,


especificamente a NBR 6028. Deve conter tema, objetivo,
metodologia, resultados da pesquisa e ser construído num
parágrafo único, por meio de frases e não de tópicos. Os resumos
de trabalhos acadêmicos podem conter de 150 a 500 palavras.
Logo abaixo do resumo, devem ser inseridas as palavras-chave
que são palavras representativas do conteúdo do trabalho. O
número máximo de palavras-chave é 5.

Palavras-chave: Palavra-chave. Palavra-chave. Palavra-chave.

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS


PÚBLICAS DO BRASIL

Artigo científico apresentado à disciplina de


Metodologia da Pesquisa Científica, do curso
de Bacharelado em Teologia, da Faculdade
da Igreja Ministério Fama – FAIFA, sob a
orientação da profª. Vivian Bueno Cardoso.

GOIÂNIA
2012
100 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 101

ABSTRACT SUMÁRIO

O abstract é o Resumo em Língua Inglesa. Para construí-lo


basta passar todo o conteúdo do resumo que está em Língua INTRODUÇÃO 00
Portuguesa para a Língua Inglesa.
1 TÍTULO 00
1.1 SUBTÍTULO 00
Keywords: Keyword. Keyword. Keyword.
2 TÍTULO 00
2.1 SUBTÍTULO 00
2.2 SUBTÍTULO 00
CONSIDERAÇÕES FINAIS 00
REFERÊNCIAS 00
102 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 103

INTRODUÇÃO 1 DESENVOLVIMENTO

A introdução do artigo científico deve ser escrita em um O desenvolvimento é formado pela exposição do que
texto dividido em parágrafos, sem subtítulos, constando o tema, foi verificado durante a pesquisa, conforme apontado pelos
o problema, a hipótese, os objetivos da pesquisa, a justificativa objetivos. Por isso, é comum que cada tópico (título) do
da pesquisa e a metodologia. desenvolvimento esteja relacionado a um objetivo de pesquisa.
Segundo a ABNT (NBR 6022), o desenvolvimento é a “parte
principal do artigo, que contém a exposição ordenada e
pormenorizada do assunto tratado. Divide-se em seções
[títulos] e subseções [subtítulos], [...] que variam em função da
abordagem do tema e do método”.
Sobre a formatação das seções (títulos) e subseções
(subtítulos), da NBR 6024, devemos verificar as seguintes
observações:

1. São empregados algarismos arábicos na numeração.


2. O indicativo de seção é alinhado na margem esquerda,
precedendo o título, dele separado por um espaço.
3. Devemos limitar a numeração progressiva até a seção
quinária, ou seja, podemos dividir uma seção em cinco partes.
4. O indicativo das seções primárias deve ser grafado
em números inteiros a partir de 1.
5. O indicativo de uma seção secundária é constituído
pelo indicativo da seção primária a que pertence, seguido
do número que lhe for atribuído na seqüência do assunto e
separado por ponto. Repete-se o mesmo processo em relação
às demais seções. Exemplo: 1; 1.1; 1.1.1; 1.1.1.1 e 1.1.1.1.1 ou 2;
2.1; 2.1.1; 2.1.1.1 e 2.1.1.1.1.
6. Não podemos utilizar ponto, hífen, travessão ou
qualquer sinal após o indicativo de seção ou de seu título.
7. Devemos destacar gradativamente os títulos das
seções, utilizando os recursos de negrito, itálico ou grifo e
redondo, caixa alta ou versal e outro. O título das seções
104 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 105

(primárias, secundárias etc.) deve ser colocado após sua CONSIDERAÇÕES FINAIS
numeração, dele separado por um espaço. O texto deve iniciar-
se em outra linha. Exemplo: Nessa parte do trabalho, devemos apresentar as
conclusões correspondentes aos objetivos da pesquisa. Para
isso, construímos um texto composto por parágrafos, sem
1 SEÇÃO PRIMÁRIA
subtítulos e sem citações. É recomendado que façamos uma
1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA síntese dos capítulos relacionando com os objetivos propostos
1.1.1 Seção Terciária na introdução do artigo científico.
1.1.1.1 Seção Quaternária
1.1.1.1.1 seção quinária

8. Todas as seções devem conter um texto relacionado


com elas.
Cada seção (título) deve iniciar uma página. As subseções
(subtítulos) não precisam iniciar uma página, devem isolar-se
da seção por dois espaços de 1,5.
A apresentação textual das seções e a das subseções
devem apresentar-se da mesma forma no sumário.
106 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 107

REFERÊNCIAS SCHMIDT, Jean-Claude. (Org.). História dos jovens 2. São


Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Nessa parte do artigo científico, devemos ordenar as obras
que citamos ao longo do texto. As obras consultadas, mas não 4. Com autor desconhecido, indicamos o nome da obra no lugar
citadas no texto do artigo, não compõem as referências. do nome do autor:
DIAGNÓSTICO do setor editorial do brasil. São Paulo: Câmera
As referências devem ser dispostas em espaçamento Brasileira do Livro, 1993.
simples, separadas por dois espaço simples e padronizadas
conforme a NBR 6023. Geralmente é composta por nome do
autor, nome da obra, local de publicação, nome da editora e Sobre o título
ano de publicação:
1. Com título e subtítulo, caso queiramos citar o subtítulo, pois
MEY, Eliane Serrão Alves. Catalogação e descrição bibliográfica: a citação não é obrigatória, devemos separá-los por dois pontos,
contribuições a uma teoria. Brasília, DF: ABDF, 1987. sem destacar o subtítulo:
DUBY, George (org.). História da vida privada: da Europa
O nome do autor deve iniciar pelo último sobrenome, feudal à Renascença. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
todo em caixa alta (conforme o exemplo acima). O título da
obra deve ser destacado em negrito ou itálico (não é necessário 2. Sem a existência do título, devemos nomear o conteúdo do
destacar o subtítulo). texto, entre colchetes:
Outras obras podem exigir diferentes apresentações como SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQUICULTURA. [Trabalhos
apresentados]. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1980.
os exemplos a seguir (em sua maioria, citados pela NBR 6023):

Sobre a autoria Sobre o local

1. Com mais de um autor, separá-los com ponto e vírgula (;): 1. Com homônimos de cidades, acrescentamos o nome do esta-
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antônio. Curso de do ou do país para evitar ambiguidade: Belém, PA; Belém, AL;
direito jurídico. São Paulo: Atlas, 1995. Belém, PB.
2. Com mais de um local para uma editora, indicamos a primei-
2. Com mais de três autores, indicamos somente o primeiro e
ra ou a que estiver em destaque.
usamos a expressão “et al”:
URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade 3. Sem o local, mas podendo identificá-lo, indicamos entre
social para o Brasil. Brasília, DF: IPEA, 1994. colchetes.
LAZZARINI NETO, Sylvio. Cria e recria. [São Paulo]: SDF
3. Com vários autores em que há um organizador/coordena- Editores, 1994. 108 p.
dor, indicamos o nome do organizador/coordenador seguido
da abreviatura de sua função: 4. Sem o local e não podendo identificá-lo, utilizamos a expres-
108 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 109

são sine loco abreviada e entre colchetes [s.l.]. Além dos elementos básicos que constituem as referências,
outras indicações poderão ser adicionadas:
Sobre a editora
Edição
1. Com duas editoras, indicamos as duas com os seus respecti-
vos locais: 1. Quando houver a indicação da edição, devemos adicioná-la
MAIA, Carlos A. História da Ciência: o mapa do conhecimento. seguida da abreviatura da palavra edição (ed.):
Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP, 1995. LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 5.
ed. São Paulo: Ática, 2010.
2. Com mais de duas editoras, indicamos a primeira ou a que
estiver em destaque. 2. Com emendas ou acréscimos da edição, podemos indicá-los
3. Sem a editora, e não podendo identificá-la, indicamos a de forma abreviada:
expressão sine nomine abreviada e entre colchetes [s.n.]. LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 5.
ed. rev. São Paulo: Ática, 2010.
Data
Descrição física
1. Sem a data de publicação, devemos indicar a data de distri-
buição ou copirraite ou impressão ou outra que possa identifi- 1. Podemos registrar o número total de páginas ou folhas do
car o conteúdo. documento (p. ou f.):
2. Sem nenhum tipo de data, devemos adicionar entre colchetes PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 7. ed. Rio de Janeiro:
uma data aproximada: J. Olympio, 1980. 500 p.

2. Quando o documento for constituído por mais de um volume,


Exemplo Significado podemos indicá-lo seguido da abreviatura de volume (v.):
[1990] Data certa não indicada no conteúdo TOURINHO FILHO, F. C. Processo Penal. 16. ed. rev. atual.
São Paulo: Saraiva, 1994. 4 v.
[1990?] Data provável
[1990 ou 1991] Um ano ou outro 3. Sem paginação ou com paginação irregular, podemos indi-
[entre 1990 e 2000] Use intervalos menores de 20 anos car essa característica:
[ca. 1990] Data aproximada SISTEMA de ensino Tamandaré. [Rio de Janeiro]: Colégio
Curso Tamandaré, 1993. Não paginado.
[199-] Década certa
[199-?] Década provável
[19--] Século certo
[19--?] Século provável
110 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 111

Séries e coleções Ciências Sociais) – Fundação escola de sociologia e política de


São Paulo, São Paulo, 1986.
1. Quando o documento pertencer a séries e/ou coleções, pode-
mos indicá-las entre parênteses, após a referência: 3. Quando o documento é um periódico, devemos indicar o
RODRIGUES, Nelson. Teatro Completo. Rio de Janeiro: Nova título da publicação, local da publicação, editora, numeração
Aguilar, 1994. 1134 p. (Biblioteca Luso-brasileira, Série brasileira). do ano e/ou volume, numeração do fascículo, informação de
períodos e datas da publicação e o total de páginas, quando
necessário:
Documentos eletrônicos DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Editora
Três, n. 148, 28 jun. 2000. 98 p.
1. Em caso de CD- ROM, devemos indicar a descrição física do
4. Quando o documento é um artigo de periódico, devemos
meio eletrônico:
indicar autor, título do artigo, título e local da publicação, volu-
KOOGAN, André; HOUAISS, Antônio (Ed.). Enciclopédia e me e/ou data, fascículo ou número, paginação inicial e final:
dicionário digital 98. São Paulo: Delta, 1998. CD- ROM.
COSTA, V. R. À margem da lei. Em Pauta, Rio de Janeiro, v. 12,
p. 131-148, 1998.
2. Em caso de consultas online, devemos indicar o endereço
eletrônico entre os sinais < > e a data de acesso:
COELHO, Lázara Divina. A pedagogia teológica de Comenius: Ordenação das referências
um olhar em favor da educação eclesiástica. Vox Faifae.
Goiânia, v. 4. n. 1, 2012. Disponível em: < http://www.faifa.
edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/53 > 1. As referências dos trabalhos acadêmicos da FAIFA deverão
Acesso em: 15 dez. 2012. ser dispostas em ordem alfabética.

Notas 2. No caso de haver mais de uma obra do mesmo autor, o nome


do autor poderá ser substituído por um traço sublinear de seis
espaços:
1. Quando o documento é traduzido, devemos indicar o (a)
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 5.
tradutor (a): ed. rev. São Paulo: Ática, 2010. 550 p.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O duplo. Tradução de Paulo Bezerra.
São Paulo: Editora 34, 2011. 256 p. ______. Dicionário prático de regência verbal. 9. ed. rev. São
Paulo: Ática, 2010. 544 p.
2. Quando o documento é um trabalho acadêmico, devemos
indicar o tipo de trabalho, o grau, a vinculação acadêmica, o Outros tipos de materiais pesquisados, que aqui não
local e a data de defesa: foram expostos, poderão ser incluídos nas referências, nesse
ARAUJO. U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades caso, devemos pesquisá-los diretamente no documento da
de estudo de artefatos de museu para conhecimento do ABNT, NBR 6023.
universo indígena. 1985. 102 f. Dissertação (Mestrado em
A seguir, um exemplo prático de artigo científico. O sinal
112 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 113

“[...]” é a supressão de partes do texto. Isso significa que o texto FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA
não será exposto integralmente. O texto completo pode ser CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
acessado pelo link da revista eletrônica da FAIFA, Vox Faifae: LÁZARA DIVINA COELHO
<http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/
index>.

TRÂNSITO RELIGIOSO:
UMA REVISÃO EXPLORATÓRIA DO FENÔMENO
BRASILEIRO

GOIÂNIA
2009
114 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 115

LÁZARA DIVINA COELHO RESUMO

O trânsito religioso é um dos temas transversais mais


relevantes da atualidade da religião no Brasil, pois está gerando
um novo cenário religioso. É objeto de estudo de órgãos
reflexivos dos movimentos sociais da religião bem como das
academias de ensino superior espalhados por todo o país,
produzindo vasta literatura acadêmico-científica disponível
em seus órgãos de publicação oficial. O objetivo desse artigo
é investigar o cenário em questão e o faz, exploratoriamente;
e, nessa investigação, identifica dois movimentos distintos e
complementares entre si: uma intensa circulação de pessoas e
uma não menos intensa circulação de ideias dentro do próprio
mosaico cristão. Esses movimentos são perceptíveis a partir
TRÂNSITO RELIGIOSO:
UMA REVISÃO EXPLORATÓRIA DO FENÔMENO da análise de pesquisas demográficas oficiais, que visam
BRASILEIRO entender o campo religioso nacional. As análises advêm de
variado campo teórico que fundamenta cientistas políticos,
antropólogos, sociólogos e religiosos em geral que pesquisam
o fenômeno desde a década de 1980, quando começou a fazer-
Artigo científico apresentado à
revista eletrônica da Faculdade da se perceptível no êxodo progressivo e cada vez mais acelerado
Igreja Ministério Fama - FAIFA, do Catolicismo Romano para o Protestantismo, de missão ou
Vox Faifae, para a avaliação da equi- pentecostal.
pe editorial, visando à publicação.

Palavras-chave: Trânsito religioso. Religião. Catolicismo.


Protestantismo.

GOIÂNIA
2009
116 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 117

ABSTRACT SUMÁRIO

The religion transit is subject transversals more relevant


in nowadays in the Brazilian religion, so it is producing a new
setting religion. It is object of study by reflexives departments of INTRODUÇÃO 00
social activities of religion and as academy of superior teaching 1 REVISÃO DA LITERATURA 00
all over the country; it is producing a vast academic-scientific 1.1 PESQUISAS OFICIAIS 00
literature available in departments of publication official. The
objective this article is investigate the setting in the question e 1.2 REPERCUSSÃO DOS DADOS OFICIAIS 00
what it do, explore it. We identify it two different movements CONSIDERAÇÕES FINAIS 00
and complementary between them: a circulation intense of REFERÊNCIAS 00
people and a no less circulation intense of ideas into own mosaic
Christian. These movements are perceptible starting analyze of
demographic officials research, that look for understanding the
field religious national. The analyzes come of varied theoretical
field, that motive Scientifics, anthropologists, sociologists and
religions in general that research the phenomenon since 1980
decade, when started to do the perceptivity in the progressive
exodus more and more speeded up of Catholicism Roman to
the Protestantism, of mission or Pentecostal.

Key-words: Religion Transit. Religion. Catholicism. Protestan-


tism.
118 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 119

INTRODUÇÃO Os resultados, portanto, são oferecidos sob os títulos: revisão


da literatura, revisão da história, revisão do perfil religioso e
A primeira década do século XXI fecha suas cortinas revisão da análise.
com uma certeza acadêmica: um novo fenômeno instalou-se
no campo social e, assim, as Ciências Sociais redescobriram
o mundo da religião. Isso se deve a dois fatores: o apocalipse
do sagrado nas sociedades contemporâneas preconizado por
pesquisadores sociais do século XIX não aconteceu e uma nova
forma de manifestação desse sagrado está se instalando, lenta e
paulatinamente, dentro das antigas formas religiosas.
Essa nova forma de manifestação do sagrado resulta de uma
recomposição do campo religioso que vem experimentando,
há várias décadas, a América Latina e, no caso em pesquisa,
o Brasil. A situação é recorrente, pois desde que o processo de
modernidade se instalou no Continente, no século XIX, seus
reflexos religiosos têm sido perceptíveis e objeto de estudos.
No caso do Brasil, processos sazonais de mutação religiosa
têm ocorrido, gerando um novo perfil religioso; esse perfil é
caracterizado pelo fenômeno que a literatura especializada
convencionou denominar trânsito religioso, em estudo desde
a década de 1980. Tais estudos foram alavancados com a
percepção do êxodo progressivo e acelerado do Catolicismo
Romano para o Protestantismo, reconfigurando o cenário
religioso do país, ainda que nos limites do Cristianismo.
Portanto, esse artigo, de natureza exploratória, articula-
se na área dos movimentos sociais da religião. Seu objetivo
é revisar a tese do trânsito religioso como movimento de mão
dupla, como também as transformações daí decorrentes no
tempo e no espaço de diversas pertenças religiosas, das crenças
e práticas reelaboradas nesse processo de justaposições.
Enfim, a abordagem do objeto se dá mediante revisão
bibliográfica, pela qual se pretende obter dados oficiais e
análises credenciadas por critérios científicos, publicados em
órgãos oficiais das instituições patrocinadoras dos mesmos.
120 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 121

1 REVISÃO DA LITERATURA dos dados concluídos pelo IBGE nos órgãos reflexivos dos
movimentos sociais da religião, como o Instituto Superior
A relação entre filiação religiosa e pesquisa demográfica é de Estudos da Religião (ISER), a Conferência Nacional de
recente no Brasil, porém essencial para se conhecer a realidade Bispos do Brasil (CNBB), o Centro de Pesquisa Social (CPS) do
religiosa dos povos que vivem no país. Segundo Bastian, esses Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas
dados estatísticos refletem uma tendência, identificam o fator (IBRE/FGV) e outras repercussões engendradas nas academias
religioso e constituem indicadores preciosos ao conhecimento brasileiras através de pesquisas divulgadas em suas publicações
dessa realidade (1997 apud JACOB, 2003); ademais, as pesquisas de produção científica.
demográficas no Brasil têm caráter exaustivo, com cobertura Dentre esses órgãos está o ISER que, juntamente com o
geográfica completa e tradição estatística que se destaca pela Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), fez
qualidade dos dados produzidos. Quanto ao órgão oficial as primeiras tentativas de retratar a religiosidade brasileira
responsável pelos recenseamentos realizados no país a cada com a publicação dos três Cadernos do ISER sob o título geral
dez anos, é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Sinais dos tempos: tradições religiosas no Brasil (1989a, 1989b
(IBGE). Dessa forma, os estudos e as conclusões desse artigo são e 1990c). Isso se deu na década de 1980, quando surgiram os
feitos com base em duas classes gerais de fontes: nas pesquisas primeiros sinais de maior circulação de fiéis pelas instituições
oficiais e na repercussão dos dados concluídos pelo IBGE nos religiosas.
órgãos reflexivos dos movimentos sociais da religião. Outro órgão é a CNBB que, através do Centro de Estatística
Religiosa e Investigações Sociais (CERIS), contribuiu com os
1.1 PESQUISAS OFICIAIS estudos religiosos mediante a análise Dinâmica populacional
e Igreja Católica no Brasil, 1960-2000 (2002); e através de seu
Essas pesquisas estão disponíveis em instituições Setor de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, com a Coleção
governamentais como os últimos Censos Demográficos do Estudos da CNBB sob o título geral A Igreja Católica diante do
IBGE, especialmente o de 2000, cujos dados resultam de uma pluralismo religioso no Brasil (1991, 1993, 1994).
pergunta do questionário da Amostra feita a certo número de
Há também o CPS do IBRE/FGV, que, com base no Censo
recenseados sobre religião ou culto, no qual a pergunta aberta,
2000 e na POF 2003, contribuiu com dois estudos: Retratos
“Qual é a sua religião ou culto?”, deu ao interrogado liberdade
das religiões do Brasil (2005), no qual traça um panorama da
para declarar seu credo ou credos religiosos; e a Pesquisa de
diversidade religiosa brasileira na medida em que analisa a
Orçamento Familiar (POF) 2003 também do IBGE, cuja Amostra,
evolução das diferentes crenças desde a segunda metade do
representativa do país inteiro e extraída diretamente do Censo
século passado e algumas das principais características sócio-
de 2000, faz uso do mesmo tipo de pergunta e especificação do
demográficas dos respectivos adeptos; e Economia das religiões
questionário censitário.
(2007), pelo qual dá continuidade à linha de pesquisa lançada
anteriormente e disponibiliza amplo banco de dados na rede
1.2 REPERCUSSÃO DOS DADOS OFICIAIS mundial de computadores (internet) sobre o tema religião.

As conclusões são feitas também mediante repercussão [...]


122 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA O ARTIGO CIENTÍFICO 123

CONSIDERAÇÕES FINAIS conversão etc. nas discussões. Essa temática, certamente, deve
ser pesquisada, item a item.
O trânsito religioso é um fenômeno de mão dupla. Isso Contudo, deve-se considerar aqui a urgência de
significa que as pessoas e crenças transitam indiscriminadamente investigação de outros itens que emergiram na exploração.
através das várias instituições, em processo constante tanto de Trata-se das causas do trânsito religioso, do conceito de pertença
ir, quanto de vir; as pessoas, sem culpas ou constrangimentos; as religiosa e do conceito cristão-protestante de conversão, que
idéias, sorrateiramente. Esse fenômeno tem dimensão também representam o olhar das diversas ciências envolvidas na
dupla: a primeira é evidenciada no novo cenário religioso pesquisa, são dignos de crédito e devem ser investigados com
desenhado pelos últimos Censos Demográficos (IBGE), cuja maior profundidade.
síntese é que a identidade religiosa do brasileiro, em matéria
[...]
de pertença religiosa, não pode mais ser dita católica, ainda
que pese a vantagem numérica do Catolicismo (73,9%) sobre
o segundo grupo colocado na escala ordinal das religiões no
Brasil, o Protestantismo (15,6%). Há intenso trânsito de pessoas
caracterizado por infidelidade institucional, ruptura definitiva
com a religião em si e até dupla pertença.
A segunda dimensão pode ser sintetizada na nova
identidade religiosa do brasileiro, que, em matéria de crenças,
dogmas, sistemas de governo e gestão administrativa etc., não
pode mais ser dita ortodoxa, ainda que pese a permanência
e resistência das instituições tradicionais nos seus credos e
sistemas de governo eclesiástico. Há intenso trânsito de ideias
caracterizado por um distanciamento da ortodoxia cristã,
católica e protestante, e consequente redirecionamento da
prática religiosa, num primeiro momento, em favor de uma
heterodoxia, e, num segundo, de um sincretismo religioso.
Enfim, alguns temas envolvidos na questão do fenômeno
explorado chamam a atenção: o extenso interesse das Ciências
Sociais e da ICR pelo fenômeno e o evidente desinteresse das
igrejas protestantes de todas as vertentes, inclusive da Teologia
Apologética; a certeza da relação trânsito de pessoas-trânsito
de crenças e a incerteza da relação ética cristã-ética eclesial
(clerical evangélica) no fenômeno; a presença de fatores
sociais, filosóficos etc. e a ausência dos elementos fé, salvação,
124 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 125

REFERÊNCIAS

AMARAL, Leila. Deus é pop: sobre a radicalidade do trânsito


religioso na cultura popular de consumo. Em: SIEPIERSKI,
Paulo D.; GIL, Benedito M. (Orgs.). Religião no Brasil: enfoques,
dinâmicas e abordagens. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 97-108.
Coleção Estudos da ABHR.
ALMEIDA, Ronaldo de. A universalização do Reino de Deus.
Dissertação de Mestrado. Campinas, IFCH/Unicamp, 1996.
_____. Religião na metrópole paulista. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, São Paulo, v. 19, n. 56, out. 2004, p. 15-27.
Disponível em: http://www.anpocs.org.br/portal/content/
blogcategory/14/67/. Acesso: 15 mai. 2008.
ALMEIDA, Ronaldo de; MONTEIRO, Paula. Trânsito religioso
no Brasil. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 15, n. 3, jul./set.
2001. p. 92-100. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S010288392001000300012&lng=pt
&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso: 24 mai. 2008.
BASTIAN, J. P. Protestantismos y modernidade latinoamericana:
história de umas minorias religiosas activas en América latina.
México: Fondo de cultura económica, 1994.
BELLOTTI, Karina Kosicki. Mídia, religião e história
cultural. Revista de Estudos da Religião (REVER), do curso de
Pós-Graduação em Ciências da Religião – PUC-São Paulo.
Número 4 – Ano 4 – 2004. Disponível em: <www.pucsp.br/
rever/rv4_2004/index.html>. Acesso: 10 mai. 2008.
BUDKE, Sidnei. Mídia e religião: das peregrinações ao universo
das telecomunicações. Protestantismo em Revista, ano 04, n. 03,
set.-dez. 2005. Disponível em: http://200.248.235.130/nepp/
index.htm.
CAMPOS, Leonildo Silveira. Teatro, templo e mercado. Petrópolis:
A MONOGRAFIA
Vozes, São Paulo: UMESP, 1997.
[...]
A MONOGRAFIA 127

6 A MONOGRAFIA

O trabalho de conclusão de curso da FAIFA (TCC), do


curso Bacharel em Teologia, é constituído por uma monografia.
Será por meio da monografia que o acadêmico de Teologia
mostrará se teve um bom aproveitamento do seu curso e se
está apto para obter o título de bacharel.

Com a palavra, quem entende do assunto:

[A monografia é] um estudo sobre um tema específico


ou particular, com suficiente valor representativo e que
obedece a rigorosa metodologia.
[...]
A característica essencial não é a extensão, como querem
alguns autores, mas o caráter do trabalho (tratamento
de um tema delimitado) e a qualidade da tarefa, isto é,
o nível da pesquisa, que está intimamente ligado aos
objetivos propostos para a sua elaboração. (LAKATOS;
MARCONI, 1991, p. 235).

A monografia é um trabalho acadêmico cuja estrutura


é parecida com a do artigo científico, porém exige mais
profundidade na pesquisa e maior atenção à exposição do
assunto, pois o seu texto é mais extenso.

6.1 O projeto da monografia

De maneira análoga ao artigo, devemos fazer um projeto


que norteará a pesquisa e organizará a escrita do texto. O
128 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 129

projeto da monografia é o mesmo do artigo científico. 2) Solicitar, sempre que necessário e mediante a dispo-
nibilidade do orientador, os encontros de orientação,
6.2 A relação entre o orientador e o orientando procurando ser presente e pontual;
3) Anotar os apontamentos do orientador durante os
Após a escolha do tema e a feitura do projeto, podemos encontros de orientação;
iniciar o desenvolvimento da monografia. Para isso, podemos
contar com a ajuda de um orientador que poderá ser indicado
por nós, orientandos, ou pela faculdade. Desse encontro, entre
Com a palavra, quem entende do assunto:
orientador e orientando, nasce uma relação baseada em respeito
e responsabilidade entre ambos.
Antes de ir embora [do encontro de orientação], tenha um
Para que dessa relação possa surgir um bom trabalho
plano de ação por escrito. Muitos alunos descobrem que,
acadêmico é essencial que tanto o orientador quanto o orientando
enquanto estavam falando com o orientador, pensavam
saibam e cumpram com as suas responsabilidades. Assim,
que haviam entendido o que fazer em seguida, mas que
podemos esperar do orientador os seguintes compromissos:
o plano evaporou-se algumas horas depois, quando eles
1) Analisar e avaliar os elementos do projeto monográfi- sentaram-se para trabalhar. Antes de despedir-se do
co do orientando; orientador, portanto, tenha um plano por escrito [...]. Se o
2) Informar a sua disponibilidade, indicando os locais e orientador não recomendar ações específicas, pergunte.
horários para se fazer a orientação; Você precisa ter um plano que entenda e consiga seguir.
(BOOTH; COLOMB; WILLIAMS, 2005, p. 258)
3) Documentar os encontros de orientação, conforme as
exigências da faculdade;
4) Acompanhar o desenvolvimento da monogra- 4) Cumprir com as solicitações do orientador no que diz
fia, indicando, quando necessário, a adequação da respeito à adequação da linguagem, da organização da parte
linguagem, da organização da parte estrutural e da estrutural e da fundamentação teórica, sendo pontual com os
fundamentação teórica; prazos estipulados para essas tarefas;
5) Apresentar a organização da apresentação oral da
5) Auxiliar o orientando em sua apresentação oral da
monografia ao orientador, antes de sua efetiva avaliação pela
monografia.
banca examinadora.

Por outro lado, devemos estar cientes e atentos para os 6.3 A estrutura da Monografia
nossos compromissos, observando os seguintes apontamentos:
1) Apresentar o projeto monográfico ao orientador, A estrutura da monografia é composta por três partes:
esperando a sua avaliação para iniciar o desenvolvi- pré-textual, textual e pós-textual.
mento da monografia;
130 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 131

1) Referências (elemento obrigatório);


Pré-textual 2) Glossário (elemento opcional);
1) Capa (elemento obrigatório): espaçamento entre 3) Apêndice (elemento opcional);
linhas 1,5; nome da IES, do curso, do aluno, do título e 4) Anexo (elemento opcional);
do local com fonte 12 e em caixa alta; se houver subtí- 5) Índice (elemento opcional).
tulo, não usar caixa alta; se houver citação de títulos e
subtítulos de obras, colocá-los em itálico;
As monografias da FAIFA deverão seguir a seguinte
2) Folha de rosto (elemento obrigatório): espaçamento apresentação textual:
entre linhas 1,5; nome do aluno, do título e do local
1) Folha: A4;
com fonte 12 e em caixa alta; se houver subtítulo, não
usar caixa alta; se houver citação de títulos e subtí- 2) Margens: esquerda e superior, 3,0; direita e inferior, 2,0;
tulos de obras, colocá-los em itálico; apresentação do 3) Espaçamento entre linhas: 1,5;
trabalho com recuo de 8 cm, fonte 12, espaçamento 4) Recuo do parágrafo: 1,25;
simples entre linhas e justificado; 5) Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12;
3) Errata (elemento opcional); 6) Texto justificado;
4) Folha de aprovação (elemento obrigatório); 7) Paginação: iniciar a contagem a partir da folha de
5) Dedicatória (elemento opcional); rosto e numerar a partir da primeira página da parte textual;
6) Agradecimentos (elemento opcional); 8) Número de laudas (tratando-se da parte textual): no
7) Epígrafe (elemento opcional); mínimo 45; no máximo 60.
8) Resumo (elemento obrigatório);
9) Abstract (elemento obrigatório); A seguir um modelo da estrutura da monografia, com
orientações para a escrita de cada elemento. Logo após, um
10) Listas (elemento opcional);
exemplo prático com base na monografia do teólogo Valquirio
11) Sumário (elemento obrigatório). Fernandes Barros Junior. O sinal “[...]” é a supressão de partes do
texto. Isso significa que o texto não será exposto integralmente.
Textual O texto completo está disponível na biblioteca da FAIFA.
1) Introdução (elemento obrigatório);
2) Desenvolvimento (elemento obrigatório);
3) Conclusão (elemento obrigatório).

Pós-textual
132 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 133

FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA NOME DO ALUNO


CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
NOME DO ALUNO

TÍTULO

TÍTULO

Trabalho de conclusão de curso, apresentado


à Faculdade da Igreja Ministério Fama -
FAIFA, como requisito final para obtenção
do título de bacharel em Teologia, sob a
orientação do Prof. Ms. Wellington Cardoso
de Oliveira.

GOIÂNIA GOIÂNIA
2012 2012
134 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 135

RESUMO
NOME DO ALUNO
O Resumo deve seguir as recomendações da ABNT,
especificamente a NBR 6028. Deve conter tema, objetivo,
TÍTULO metodologia e resultados e ser construído num parágrafo único,
por meio de frases e não de tópicos. Os resumos de trabalhos
Trabalho de conclusão de curso, apresentado acadêmicos podem conter de 150 a 500 palavras. Logo abaixo
à Faculdade da Igreja Ministério Fama - do resumo, devem ser inseridas as palavras-chave que são
FAIFA, como requisito final para obtenção
do título de bacharel em Teologia, sob a palavras representativas do conteúdo do trabalho. O número
orientação do Prof. Ms. Wellington Cardoso máximo de palavras-chave é 5.
de Oliveira.

Palavras-chave: Palavra-chave. Palavra-chave. Palavra-chave.

DATA DE APROVAÇÃO: _____/_____/_____.

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________
Orientador
Faculdade da Igreja Ministério Fama

________________________________________
Examinador I
Faculdade da Igreja Ministério Fama

________________________________________
Examinador II
Faculdade da Igreja Ministério Fama
136 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 137

ABSTRACT SUMÁRIO

O abstract é o Resumo em Língua Inglesa. Para construí-


lo basta passar todo o conteúdo do resumo que está em Língua INTRODUÇÃO 00
Portuguesa para a Língua Inglesa.
1 TÍTULO 00
1.1 SUBTÍTULO 00
Keywords: Keyword. Keyword. Keyword.
2 TÍTULO 00
2.1 SUBTÍTULO 00
2.2 SUBTÍTULO 00
CONSIDERAÇÕES FINAIS 00
REFERÊNCIAS 00
138 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 139

INTRODUÇÃO 1 DESENVOLVIMENTO

A introdução da monografia deve ser escrita em um texto O desenvolvimento é formado pela exposição do que
dividido em parágrafos, sem subtítulos, constando o tema, o foi verificado durante a pesquisa, conforme apontado pelos
problema, a hipótese, os objetivos da pesquisa, a justificativa objetivos. Por isso, é comum que cada tópico (título) do
da pesquisa e a metodologia. desenvolvimento esteja relacionado a um objetivo de pesquisa.
Segundo a ABNT (NBR 6022), o desenvolvimento é a “parte
principal do artigo, que contém a exposição ordenada e
pormenorizada do assunto tratado. Divide-se em seções
[títulos] e subseções [subtítulos], [...] que variam em função da
abordagem do tema e do método”.
140 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 141

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

Nessa parte do trabalho, devemos apresentar as Nessa parte da monografia, devemos ordenar as obras
conclusões correspondentes aos objetivos da pesquisa. Para que citamos ao longo do texto. As obras consultadas, mas não
isso, construímos um texto composto por parágrafos, sem citadas no texto da monografia, não compõem as referências.
subtítulos e sem citações. É recomendado que façamos uma As referências devem ser dispostas em espaçamento
síntese dos capítulos relacionando com os objetivos propostos simples, separadas por um espaço simples e padronizadas
na introdução da monografia. conforme a NBR 6023. Geralmente é composta por nome do
autor, nome da obra, local de publicação, nome da editora e
ano de publicação.
142 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 143

FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA – FAIFA VALQUIRIO FERNANDES BARROS JUNIOR


CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA
VALQUIRIO FERNANDES BARROS JUNIOR

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA PARA COM OS A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA PARA COM OS
POBRES POBRES

Trabalho de conclusão de curso,


apresentado à Faculdade da Igreja
Ministério Fama - FAIFA, como
requisito final para obtenção do
título de bacharel em Teologia, sob a
orientação da Profª. Ms. Lázara Divina
Coelho.

GOIÂNIA GOIÂNIA
2012 2012
144 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 145

RESUMO
VALQUIRIO FERNANDES BARROS JUNIOR
O tema desse trabalho de final de curso é sobre “A
responsabilidade social da igreja para com os pobres” e
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA PARA COM OS convida a igreja a repensar biblicamente sua atitude em meio
POBRES aos conceitos e ações da sociedade pós-moderna. A justificativa
é a grande dificuldade que a igreja cristã tem hoje de entender
sua responsabilidade e consequentemente sua atitude frente
Trabalho de conclusão de curso, essa terrível situação de ordem econômica. A solução dessa
apresentado à Faculdade da Igreja deficiência encontra-se nas Escrituras, que apontam princípios
Ministério Fama - FAIFA, como de transformação de pensamento e mudança de atitudes. Dessa
requisito final para obtenção do
título de bacharel em Teologia, sob a forma será feita uma análise sociológica da sociedade atual,
orientação da Profª. Ms. Lázara Divina uma pesquisa sobre a realidade da igreja cristã atual e uma
Coelho. análise teológica numa perspectiva da Teologia reformada
que defende a Bíblia como sendo única regra de fé e prática e
que Deus é soberano em todas as esferas. Os resultados dessa
DATA DE APROVAÇÃO: _____/_____/_____. investigação apontam para o seguinte: a sociedade atual vive
de acordo com seu pensamento característico de sua época,
BANCA EXAMINADORA:
o que faz a igreja cristã querer absorver as mesmas práticas,
mas, com uma roupagem evangélica. As Escrituras mostram
que Deus, ao dar ao homem responsabilidades no mandato
________________________________________
Orientador
cultural, social e espiritual, o faz para que viva em paz e livre
Faculdade da Igreja Ministério Fama para obedecê-lo. As leis bíblicas, da mesma forma, mostram
um Deus zeloso, como quando estabelece o ano do Jubileu que
nada mais é que uma forma de impedir que haja injustiça social
entre o povo. Dessa forma, a igreja cristã necessita compreender
________________________________________ nesses princípios a soberania de Deus, a graça de Deus, a justiça
Examinador I divina e o perdão.
Faculdade da Igreja Ministério Fama
Palavras-chave: Bíblia. Igreja. Responsabilidade Social.

________________________________________
Examinador II
Faculdade da Igreja Ministério Fama
146 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 147

ABSTRACT SUMÁRIO

The theme of this work is the final course on “The social


responsibility of the church to the poor” and invites the church
to rethink its attitude biblically among the concepts and INTRODUÇÃO 00
actions of postmodern society. The justification is the great 1 A SITUAÇÃO ATUAL DA SOCIEDADE E
difficulty that the Christian church today has to understand IGREJA PÓS-MODERNA 00
their responsibility and hence their attitude toward this terrible 1.1 SOCIEDADE 00
situation of economic order. The solution of such a defect is
found in Scripture, pointing principles of transformation of 1.2 IGREJA CRISTÃ 00
thought and attitude change. Thus there will be a sociological 2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA COM
analysis of modern society, a survey on the current reality of OS POBRES NO ANTIGO TESTAMENTO 00
the Christian church and an analysis theological perspective 2.1 MANDATO CULTURAL 00
of Reformed theology that defends the Bible as the only rule
of faith and practice and that God is sovereign in all spheres . CONSIDERAÇÕES FINAIS 00
The results of this research point to the following: the current REFERÊNCIAS 00
society lives according to their thinking characteristic of his
time, which makes the Christian church will absorb the same
practices, but with an evangelical garb. Scripture shows that
God give man the mandate responsibilities in cultural, social
and spiritual, makes for living in peace and free to obey him. The
biblical laws, likewise, show a jealous God, as it establishes the
year of jubilee that is nothing more than a way to prevent that
there is social injustice among the people. Thus, the Christian
church needs to understand these principles the sovereignty of
God, the grace of God, divine justice and forgiveness.

Keywords: Bible. Church. Social Responsibility.


148 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 149

INTRODUÇÃO bíblicos que resgate a responsabilidade social da igreja


para com os pobres, a começar do Antigo Testamento nos
mandatos ordenados por Deus em Gênesis 1.26 e 2.25. Isso se
[...] vê, principalmente, no que diz respeito ao mandato cultural,
O tema “A responsabilidade social da igreja para com o qual tem seu enfoque na administração do homem com os
os pobres” tem como objetivo mostrar que a igreja atual tem recursos do planeta, afetando diretamente o pobre.
aceitado como modo de vida os valores de nossa sociedade Outro conceito relevante ensinado pela Bíblia é o princípio
pós-moderna, valores que incentivam o individualismo e o do Jubileu em Levítico 25.8-38, pelo qual Deus libertava o
consumismo, que é uma forma exagerada de consumir algo e homem e a terra da escravidão. Trata-se de uma lição de como
que tem sido colocada no lugar de princípios cristãos como o o homem pode, através da obediência a Deus, em suas ações,
do amor ao próximo. acabar com a desigualdade social, consequentemente com a
A problemática dessa pesquisa é a falta de entendimento pobreza. Tanto o Jubileu como os mandatos revelam um Deus
por parte dos cristãos de sua responsabilidade social que que cuida dos pobres e ordena ao seu povo que faça o mesmo.
consequentemente assumem uma atitude de indiferença em Entretanto, é em Jesus Cristo que todas as promessas de
relação aos que sofrem por falta de recursos materiais. Dessa libertação da escravidão do homem e da criação se tornam
forma, a pesquisa será limitada aos cristãos de modo geral e aos possíveis (Lc 4.16-21). A encarnação de Cristo é o principal
pobres, aqueles que não possuem recursos materiais suficientes motivo para a igreja de Cristo levar as boas novas de salvação
para uma vida igual aos seus semelhantes. sem desvincular-se da responsabilidade social. O apóstolo
A pesquisa que se segue trará em seu conteúdo uma Paulo ressalta essa união entre o evangelho e a prática social
análise sociológica da sociedade pós-moderna seguida de em 2 Coríntios 8 e 9, quando se preocupa com os pobres que
provas escriturísticas dos princípios cristãos e propostas à luz viviam em Jerusalém e faz uma coleta na Igreja de Corinto.
da Bíblia que mostra qual é a responsabilidade da igreja cristã Paulo se preocupa com os pobres exortando aos irmãos ricos
frente os menos favorecidos economicamente. a contribuírem não por obrigação, mas por amor, com esses
[...] pobres.
O enfoque proposto nessa monografia é de mostrar que Ao analisar a Escritura como um todo, se faz necessária
esse comportamento da sociedade é real, e que de forma direta uma contextualização para a geração pós-moderna. Por isso, o
afeta também o comportamento dos crentes que estão inseridos presente trabalho monográfico insere em seu último capítulo
nela. E por isso, devem estar atentos em não copiar as atitudes as implicações e algumas propostas que visam uma atitude de
da geração do “eu mereço”, mas ao contrário disso, olhar para inconformismo e luta por parte da igreja pela classe pobre do
o pobre com os olhos de cristão, ajudando a sair dessa situação país, levando as boas novas de Cristo juntamente com a ajuda
miserável. Esse enfoque será demonstrado através de três social.
autores principais: Zygmunt Bauman (1999), John R. W. Sttot
(1989) e T. Sine (1999).
Torna-se necessário, portanto, um estudo dos princípios
150 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 151

1 A SITUAÇÃO ATUAL DA SOCIEDADE E IGREJA PÓS- pretensões atemporais e universalizantes. (LYOTARD, 1988, p.
MODERNA xviii). Isso significa que as teorias ou crenças que antes eram
aceitas em sua totalidade, como Deus, verdade, conhecimento,
etc., agora são aceitas de forma parcelada, cada um escolhe
1.1. SOCIEDADE como, quando e em quê deve acreditar; deixa de pertencer à
esfera pública (geral) para se adequar ao privado (particular).
O Titanic somos nós, a nossa sociedade triunfalista, (BAUMAN, 2000, p. 84-92).
cega, autocongratulante, hipócrita, impiedosa com os O grande aliado da sociedade pós-moderna é o fenômeno
pobres – uma sociedade em que tudo é previsto, exceto
os meios de prever...[T]odos nós supomos que há um da globalização ou vice versa. A globalização é um fenômeno
iceberg à nossa espera, escondido em algum lugar no que se refere a nova ordem da economia mundial (SINE, 2001, p.
futuro nebuloso, contra o qual nos chocaremos para em 24-29).Teve inicio após o final da Segunda Guerra Mundial em
seguida afundarmos ao som de música. (ATTALI, 1998
apud BAUMAN, 2000, p. 173). 1945, dando início à implantação de uma nova ordem que ficou
chamada de “pós-guerra” na Europa (JEZZINI, 1999, p. 123).
Uma breve leitura no jornal ou uma rápida análise do que Com isso, a facilidade das grandes empresas de se moverem
se passa na televisão é o bastante para se ter uma noção da se tornou o fator principal da criação das camadas sociais: mas
direção à qual a sociedade pós-moderna caminha. O próprio foi no final do século XX, quando terminou a chamada Guerra
nome pós-moderno já indica que a geração “moderna” com suas Fria no ano de 1990 que, pela primeira vez na história, todas as
grandes ideologias coletivas (NOGUEIRA; RUBIN, p. 2005) já nações do planeta entraram na corrida capitalista em direção
não existe, é coisa do passado, e passado é algo que essa geração ao topo (SINE, 2001, p. 24).
“pós” faz questão de apagar de sua história, porque para eles o
Para o futurólogo Tom Sine (2001, p. 22), a globalização é
passado, presente e futuro se fundem no aqui e agora. A nova
a principal causa das mudanças na sociedade pós-moderna: “a
geração anda na direção de “ideais privatizados” (BAUMAN,
globalização é uma das principais forças que vem impulsionando
1999, p. 113), isto é, individualizadas, criando suas “tribos” que
as mudanças nesta nossa corrida rumo ao novo século”. Uma
na geração moderna chamava-se “sociedade”. Uma direção
dessas mudanças é analisada pelo sociólogo Zygmunt Bauman
que por mais que os grandes sociólogos tentem, o máximo que
(1999, p. 20-29), que apresenta uma diferença entre o espaço
encontram é a resposta de que depende de cada pessoa, que a
“próximo” que é algo que interage no dia-a-dia com o espaço
propósito, relatividade é característica dessa sociedade “pós”.
“longe” que pouco ou nada se sabe sobre ele. Essa capacidade
A palavra pós-moderna foi criada por Jean François de se mover se destacou através dos meios de transporte de
Lyotard em 1979 ao escrever a pedido do governo de Quebec maneira rápida e radical, como também de forma assustadora
a respeito das sociedades desenvolvidas (LYOTARD, 1988, p. do transporte de informação através da rede mundial de
xvii). Pode ser definida como um movimento intelectual e uma computadores, que eliminou a noção de espaço longe-perto.
visão de mundo que acredita não haver discursos universais, que Com isso, Bauman acredita que se permitiu o afastamento
independe do tempo “O pós-moderno, enquanto condição da dos conflitos, solidariedade, combates e debates, pelo fato dos
cultura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade espaços se tornarem artificiais e não naturais, nacionais e não
perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas
152 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 153

locais. Com as distâncias não significando mais nada, cria-se palavra usada entre os gregos para descrever um corpo de
uma elite que passa a ter uma liberdade diante dos obstáculos cidadãos“, reunidos com finalidade de discutir os assuntos do
físicos e uma capacidade de se mover e agir à distância, que estado; já na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta
isola-se na vida privada, retirando-se dos espaços urbanos é usado como sinônimo de “ajuntamento” de todo o povo de
públicos evitando assim, o contato: conversas, debates, Israel; portanto, no Novo Testamento tem o mesmo significado
desafios públicos do interesse privado com a comunidade de povo de Deus no Antigo Testamento. A Igreja primitiva
desprivilegiada. Enquanto as elites escolheram de bom grado tinha consciência de sua realidade como verdadeiro povo
pagar um alto preço pelo seu isolamento, o resto da população de Deus, desfrutando das bênçãos reveladas no antigo Israel
é forçada a pagar um pesado preço cultural, psicológico e (RIDDERBOS, 2004, p. 374).
político subsistindo em guetos pós-modernos. A igreja, como instituição, passa a existir no Édito de
[...] Milão quando Constantino, Imperador romano e seu colega
do Oriente, Licínio, concordaram em conceder tolerância
1.2. IGREJA CRISTÃ aos cristãos e restituir as propriedades que haviam sidas
confiscadas. (CLOUSE; PIERARD; YAMAUCHI, 2003, p. 56).
A velocidade com que o novo sistema econômico avança, Já no século XVI os Reformadores romperam com o conceito
torna a realidade das pessoas em uma mudança constante e católico-romano da igreja, ensinavam que a igreja era infalível
cada vez mais rápida. Consequentemente, essa realidade e hierárquica contendo um sacerdócio especial que concede
reflete na igreja de Cristo, que por sua vez tenta se adaptar salvação por intermédio dos sacramentos. Para Calvino e os
nessa geração consumista do mundo globalizado. Um desafio teólogos reformados, a igreja era aquela que pregava fielmente
nada fácil, pois a cada dia o tempo das pessoas é mais escasso, a Escritura, administrava corretamente os sacramentos e
por terem que produzir mais para consumir mais de modo também a disciplina na igreja.
que a igreja se torna uma opção secundária. Mudanças como Aqueles teólogos acreditavam também numa cooperação
essas trazem consigo a necessidade de reflexão sobre algumas do Estado-Igreja (BERKHOF, 2001, p. 511-531). A Confissão
questões antes indiscutíveis e desnecessárias. de Fé de Westminster (http://www.ipb.org.br/portal/
Começa-se pelo conceito de igreja que é de fundamental arquivospara-download/category/4) afirma que a igreja é
importância para se delimitar quem são ou não, cristãos nessa “católica ou universal, e invisível, consta do número total dos
sociedade “pluralista”. Há vários grupos que possuem uma eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão
filosofia de vida parecida com o evangelho de Cristo de tal reunidos em um só corpo sob Cristo sua cabeça; ela é esposa,
forma que tornam-se facilmente confundidos, enganando o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as
a muitas pessoas e até crentes que apóiam-se sem medir as coisas”. Portanto, uma definição que expressa o que realmente
consequências de tal atitude; e principalmente, nos dias atuais a Escritura quer falar sobre o conceito de igreja é dada por
em que se relativizam tudo, até mesmo a fé, identificando Robinson Cavalcanti:
todos que dizem ter fé em Deus participantes do mesmo credo. Igreja, de origem divina e composição humana, é um
Igreja vem da palavra grega evkklhsia “para fora de” era uma mistério, um povo e um pacto: una, santa, católica e
154 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 155

apostólica. Ela não é reino de Deus, mas expressão, 2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA COM OS
vanguarda, antecipação e sinal desse mesmo reino.
Criada segundo coração de Deus, dentro da economia da
POBRES NO ANTIGO TESTAMENTO
salvação, ela é formada de gente, com suas personalidades,
temperamentos e histórias de vida, situada no tempo e Uma análise da responsabilidade social para com os
no espaço, na cultura e na conjuntura. (CAVALCANTI,
2000, p. 17). pobres só é possível à luz da Escritura. As análises feitas que
deixem de lado ou em segundo plano aquilo que a palavra
Segundo o que ficou conhecido como Pacto de Lausane de Deus, a Escritura, diz, são meros ensinos humanos sem
em 1974 (RAMOS; CAMARGO; AMORIM, 2009, p. 21) vida a oferecer. A Escritura é a única resposta para o homem
[...] igreja é a comunidade do povo de Deus e não uma
que deseja descobrir a solução de seus anseios e os de sua
mera instituição. Ela não deve ser identificada com comunidade. Não se pode encontrar resposta onde não tem; as
nenhuma cultura em particular ou qualquer sistema teorias diversas que partem de uma visão a partir do homem
social ou político, ou com ideologias humanas.
são tentativas vãs de explicar aquilo que o homem jamais
Sendo assim, quando se fala de igreja deve-se pensar em conseguirá com seu próprio esforço. Portanto, só quem pode
algo que vai além das limitações impostas pelos homens, dos explicar o homem e sua relação com os outros é quem o criou,
interesses de determinados grupos, mas transcende qualquer o único Deus trino criador de todo universo.
esforço humano de tentar limitá-la por ser de origem divina. O Congresso de Lausanne definiu a responsabilidade
A igreja do século XXI tem vivido uma época cujos social cristã como algo que abrange uma ação social efetiva como
conceitos teológicos são deixados de lado e passa a exigir também um serviço social permanente (VILELA, 2009, p. 39):
argumentos racionais e buscar “encontros” que propiciam Serviço social seria o trabalho de auxílio ou socorro
momentos com o sobrenatural. O sentimento de bem estar com o propósito de demonstrar misericórdia e aliviar o
social substitui a verdade como valor regulador. Isso significa sofrimento e as necessidades do próximo. O conceito de
ação social estaria ligado à transformação das estruturas
que o risco de “substituir a teologia por terapia” (VEITH, 1999, sociais e à promoção da justiça, com o propósito
p. 207) se torna uma tentação maior para públicos tão exigentes de eliminar as causas da pobreza e da opressão. Os
dessa sociedade pós-moderna. consultantes concordaram que essas duas atividades
fazem parte da responsabilidade do povo de Deus.
O cristão atual segue de forma semelhante o homem ímpio,
pós-moderno, com uma diferença, a roupagem evangélica. Com A posição calvinista acredita que os cristãos devem atuar
isso, o Cristianismo contemporâneo tem sua própria “tribo”, em cada área de sua vida demostrando o poder transformador
com suas festas, shows gospel, discotecas, escolas, livrarias, de Cristo (VILELA, 2009, p. 39):
canal de televisão e até boates. Faz da religião, um produto a Na percepção calvinista, os cristãos precisam atuar em
ser comercializado para consumidores crentes. E assim como o cada esfera da vida para manifestar o poder redentor
mercado globalizado incentiva o consumo, a igreja também faz do evangelho. Isso significa promover uma reforma nas
artes, na política na família, no esporte, na justiça, na
seus produtos e incentiva seus seguidores a consumi-los. economia, na educação, na ciência, nas comunicações etc.
[...]
A fé reformada acredita que a Escritura é a única regra
156 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 157

de fé e prática para o cristão. Porque ela é inspirada por Deus, A Escritura, em Gênesis 1.26, mostra que Deus, no sexto
inerrante e infalível, produto da ação sobrenatural do Espírito dia, do pó da terra, criou o homem à sua imagem e semelhança.
Santo na vida dos autores bíblicos. Sendo ela revelação da A palavra hebraica hf,[]n: é um verbo na primeira pessoa do plural
vontade e da pessoa de Deus, todo cristão deve viver conforme qal que significa “façamos”, vem da raiz hf’[, “fazer” (HARRIS;
o que está escrito nela como se lê em Deuteronômio 8.3b: “não ARCHER; WALTKE, 1998, p. 1180). Esse verbo significa dar
só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca forma ao objeto envolvido, trazer à existência o que não estava
do Senhor viverá o homem”. Por isso, a responsabilidade do presente anteriormente; no caso, o homem. É também uma
homem na área social deve ser fruto daquilo que Deus diz na indicação do Deus Trino, o Deus de mistério, um Deus pessoal
Escritura, e não do que o homem acredita. e complexo que cria todas as coisas (GRONINGER, 2002, p. 31,
A Escritura mostra Deus criando o homem à sua imagem 32).
e semelhança, colocando-o no Jardim do Éden, concedendo-lhe [...]
responsabilidades. Deus criou o homem para adorá-lo, cuidar
e desfrutar da criação. Vê-se, portanto, que os mandatos são
princípios divinos para o homem, que mostram quais são
suas responsabilidades diante de Deus, necessários para uma
perfeita harmonia entre Criador e criatura.

2.1. MANDATO CULTURAL

Em um mundo de tantas diferenças de pensamento, de


uma ampla diversidade de religiões e de uma ciência cada vez
mais avançada, fica mais difícil defender uma verdade. Para
essa geração pós-moderna, a verdade é subjetiva, depende de
cada pessoa, como diz John MacArthur Jr. (2000, p. 19): “Tendo
desistido de conhecer a verdade objetiva, o pós-modernista se
ocupa em lugar disso, com a busca para ‘entender’ o ponto de
vista da outra pessoa”. Diante dessa realidade, a busca pela
verdade para o cristão, que é a Escritura, deve ser a prioridade
nesse século XXI, extraindo a partir dela, as respostas para o
anseio e a necessidade dessa geração. Isso só é possível pelo
estudo dos fundamentos bíblicos sobre a responsabilidade do
homem diante de Deus nessa terra, isto é, através do resgate da
teologia bíblica que confronta os fundamentos que dominam a
atual sociedade.
158 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 159

CONSIDERAÇÕES FINAIS planejado por Deus antes da fundação do mundo, sendo agente
de transformação levando as boas novas de Cristo.
O tema abordado neste trabalho é complexo, contudo se Diante dessa realidade, a igreja de Deus precisa cumprir
faz necessário abordar algumas considerações finais em relação todas as ordenanças, dos mandatos e do Jubileu, que só é
ao tema pesquisado. possível na encarnação de Cristo. Portanto, é preciso viver a
Em primeiro lugar, Deus criou o homem para se relacionar encarnação de Cristo para realizar a missão da igreja na terra.
consigo, com seu semelhante e com a responsabilidade de Uma encarnação que leve a igreja a se importar com os pobres
cuidar da terra. Criou-o, dando a ele os mandatos espiritual, deste país, não por pena, mas por afeto, como se portou o
social e cultural, com o objetivo de o homem glorificá-lo em próprio Cristo.
tudo quanto fizer. Estabelece o ano do Jubileu como uma regra
singular a ser cumprida, pois o povo de Deus tinha crescido e
vivido como escravo por muito tempo; portanto, precisava de
ordens claras quanto à justiça social. Então a nação aprende
que não devera oprimir seus irmãos, mas ser justo, assim como
Deus fora com eles ao tirá-los da escravidão do Egito.
Em Segundo lugar, Jesus vem cumprir todas as promessas
do ano do Jubileu, promessas que se tornam permanentes na
vida do homem. Não era uma libertação política, mas espiritual,
que libertava o homem de seus pecados, da escravidão do
diabo, da carne e do mundo. Ao mesmo tempo em que sua
pregação revolucionava os corações das pessoas a ponto de
levá-las a amar ao próximo como a si mesmas e fazer das
atitudes delas uma demonstração de amor transformadas pela
regeneração do Espírito Santo em suas vidas. Dessa forma, a
igreja foi instruída por Paulo que deu ênfase na constituição do
povo de Deus como igreja, uma comunidade baseada no amor
em Jesus Cristo.
Em terceiro lugar, a realidade dos dias de hoje é que a
miséria vem aumentando a cada dia com governos injustos
e pessoas mais gananciosas, que pensam somente em seus
lucros. O homem deixou de ser humano para ser um produto
dos interesses econômicos. E é nesse tempo que a igreja está
presente; é nesse contexto que ela está inserida para ser luz do
mundo e sal da terra, para mostrar que sua presença é algo
160 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 161

REFERÊNCIAS 6.4 Apresentação oral da Monografia

BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Para obter o título de bacharel em Teologia, na FAIFA,
Zahar Editor, 2000.
é necessário fazer uma apresentação oral da monografia. Para
_____. Globalização as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: uma boa apresentação é preciso que estejamos atentos para os
Jorge Zahar, 1999. seguintes apontamentos:
BENTON, John. Cristão em sociedade de consumo. São Paulo: 1) O tempo da apresentação é, no máximo, de 20 minu-
Cultura Cristã, 2002. tos, por isso é recomendável simular e cronometrar
anteriormente a apresentação. Isso faz com que nos
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura sintamos mais seguros e evitemos exceder o tempo.
Cristã, 2001.
2) É essencial que cheguemos com antecedência à apre-
BETTO, Frei. O governo Lula é esquizofrênico. Isto É, n. 1895, sentação para a organização do espaço e a verificação
de 15 de fevereiro de 2006. dos materiais e recursos que serão utilizados, evitan-
BONHOEFFER, Dietrich. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 1985. do, assim, possíveis atrasos e desordem.
3) O texto da apresentação deve ser um resumo do texto
BOSCH, David J. Missão transformadora. São Leopoldo: Editora
Sinodal, 1991. da monografia, portanto segue a mesma ordenação
do assunto. Devemos incluir a introdução, os tópicos
BRITO, Paulo Roberto B. de Brito et al. Jardim da cooperação, mais relevantes dos capítulos do desenvolvimento, a
evangelho, redes sociais e economia solidária. Viçosa: Ultimato, conclusão e as referências.
2008.
4) É importante um texto bem elaborado, pois, ao utili-
CAMPOS, Heber Carlos de. As duas natureza do Redentor. São zarmos os recursos de multimídia, teremos maior
Paulo: Cultura Cristã, 2004. facilidade na sua organização e exposição. Na FAIFA,
CARRIKER, Timóteo. O caminho missionário de Deus. São Paulo: é permitido utilizar o retroprojetor e o data show.
SEPAL, 2000. 5) Sobre os slides, prefira os modelos mais discretos,
CARSON, D. A; MOO, Douglas J; MORRIS, Leon. Introdução ao sem imagens e animações.
Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997. 6) Sobre o vestuário, é recomendável que nos vistamos
de maneira formal e discreta, optando pelo chamado
CAVALCANTI, Robinson. A Igreja, o país e o mundo. Viçosa:
Ultimato, 2000. esporte fino (também conhecido como traje passeio e
tenue de ville). As mulheres devem evitar vestidos ou
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia da Bíblia: Teologia e Filosofia. saias muito acima do joelho, decotes e transparências.
São Paulo: Candeia, 1991. Os homens devem evitar o traje esportivo: camiseta,
[...] bermuda e tênis.
162 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA A MONOGRAFIA 163

7) Durante a exposição, devemos primar pela objetivi-


dade, segurança e clareza. É importante utilizarmos

FAIFA
uma linguagem formal, evitando as gírias. FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA

6.5 Apresentação física da Monografia

Após a apresentação oral e posterior aprovação, devemos


deixar duas cópias da monografia para fins de registro na

ALUNO(A)
FAIFA: uma impressa e outra em CD.
A versão impressa deverá ser encadernada e possuir NOME DO ALUNO
lombada. A lombada, segundo a NBR 12225, da ABNT, é a “parte
da capa que reúne as margens internas ou dobras das folhas,
sejam elas costuradas, grampeadas, coladas ou mantidas juntas
de outra maneira; também chamada de dorso”. A lombada
e a capa devem ser de cor azul petróleo e a escrita dourada,
constando as seguintes informações: nome da instituição, nome
do aluno, título, local e data (ano), com formatação análoga às TÍTULO

TÍTULO: SUB TÍTULO


capas já referidas, conforme o modelo a seguir.

GOIÂNIA
2013
2013
164 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 165

Após a lombada, devemos inserir a contracapa composta BIBLIOGRAFIA


pela folha de aprovação impressa em papel timbrado da FAIFA.
A versão entregue em CD deve constar a monografia na ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias, um
íntegra em documento de Word. A capa do CD, cuja formatação roteiro passo a passo. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
é análoga à da versão impressa, deve ser azul petróleo, a escrita ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução á metodologia
dourada e apresentar as seguintes informações: nome da do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 174 p.
instituição, nome do curso, título, nome do aluno, local e data
(ano), com formatação análoga às capas já referidas, conforme ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
o modelo a seguir. NBR 6022: informação e documentação, artigo em publicação
periódica científica impressa, apresentação. Rio de Janeiro,
2003. Disponível em: < http://www.mestradoadm.unir.br/
downloads/715_abnt_nbr_6022___norma_artigo_cientifico.
pdf>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
6023: informação e documentação, referências, elaboração. Rio
FACULDADE DA IGREJA MINISTÉRIO FAMA de Janeiro, 2002. Disponível em: < http://www.habitus.ifcs.
BACHARELADO EM TEOLOGIA
ufrj.br/pdf/abntnbr6023.pdf>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
6027: informação e documentação, sumário, elaboração. Rio de
Janeiro, 2003. Disponível em: < http://projetos.unioeste.br/
TÍTULO cursos/toledo/filosofia/attachments/article/119/NBR%20
6027%20-%202003.pdf>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
10520: informação e documentação, citações em documentos,
apresentação. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: < http://
NOME DO ALUNO www.cch.ufv.br/revista/pdfs/10520-Citas.pdf>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
12225: informação e documentação, lombada, apresentação.
Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://www.ufpi.
br/subsiteFiles/mestenfermagem/arquivos/files/NBR%20
GOIÂNIA 12225%20%20Informa%C3%A7%C3%A3o%20e%20
2013 documenta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Lombada%20-%20
Apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
14724: informação e documentação, trabalhos acadêmicos,
apresentação. 3. ed. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <
166 MANUAL DE TEXTOS ACADÊMICOS DA FACULDADE FAIFA 167

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