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A concepção de J. W. von Goethe sobre a flor: contribuições da história da


biologia no ensino.

Thesis · November 2009


DOI: 10.13140/RG.2.1.2807.7841

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João Felipe Ginefra Toni


University of Basel
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A concepção de J. W. von Goethe sobre a flor: contribuições da história da
biologia no ensino.
João Felipe Ginefra Toni1
Orientadora: Profa. Dra. Maria Elice Brzezinski Prestes2

Resumo: Tendo em vista a abordagem inclusiva no ensino contextual de ciências, o presente


trabalho buscou investigar alguns aspectos da concepção morfológica de Johann Wolfgang von
Goethe (1749-1832) sobre a flor. Em uma etapa futura, visa-se a transposição didática deste estudo
de caso para o ensino médio dentro do tópico de morfologia de angiospermas. Assim, além de
sinalizar aos professores sobre a contribuição da história da ciência como uma ferramenta no
ensino de biologia, sugeriu-se atividades de investigação que retratassem o referencial metodológico
desenvolvido por Goethe em uma de suas principais obras científicas, A metamorfose das plantas
(Versuch die metamorphose der planzen zü erklären), publicada em 1790.

Palavras-chave: história da botânica; morfologia vegetal; ensino; Goethe, Johann Wolfgang von

1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o interesse pelo ensino contextual das ciências consolidou um campo de
pesquisa que explora as componentes históricas, filosóficas, sociais e culturais da ciência, dando ênfase
às potencialidades de sua utilização nas aulas de ciências do ensino básico e superior (Prestes e Caldeira,
2009, p.1). Seguindo a tendência atual da abordagem inclusiva (add-on approach) do uso da História da
Ciência no ensino de ciências, indicada nos trabalhos publicados por Michael Matthews, pretende-se
desenvolver e introduzir um estudo de caso da História da Biologia acerca da concepção morfológica
de Johan Wolfgang von Goethe (1749-1832) sobre a flor contida em sua obra A metamorfose das plantas,
de 1790.
Tal tema torna-se relevante às aulas de botânica do ensino médio, dentro do tópico relacionado à
morfologia de angiospermas, na medida em que a abordagem histórica da obra de Goethe pode
proporcionar uma alternativa ao modelo de ensino tradicional de morfologia vegetal, comumente
centrado na mera descrição das características exteriores das plantas. Os alunos, ao se depararem com a
necessidade de aprenderem um elevado número de termos, derivados do grego e do latim, para se
referirem às diferentes estruturas das plantas, acabam muitas vezes se desinteressando e criando uma
aversão à disciplina de botânica.
Nesse sentido, a História da Ciência, pelo exame da vida e da época de pesquisadores individuais,
permite humanizar a matéria científica, tornando-a menos abstrata e mais interessante aos alunos.
Também favorece conexões a serem feitas dentro de tópicos de uma mesma disciplina científica, assim
como entre diferentes disciplinas. Além disso, a abordagem histórica promove melhor compreensão
dos conceitos científicos e métodos. (Matthews, 1994, p. 50).
Bastante conhecido por sua obra literária e poética, Goethe também adquiriu notoriedade em sua
época devido a seus estudos científicos, em uma grande variedade de temas da biologia, geologia,

1 Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Email:
ipegtoni@hotmail.com
2 Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Email:
eprestes@ib.usp.br
meteorologia e física. A sua primeira publicação foi um estudo anatômico no qual estabeleceu que o
osso inter-maxilar de mamíferos também está presente no homem, assinalando por meio dessa
evidência a sua crença na unidade da natureza.
Uma de suas obras científicas, A metamorfose das plantas é, segundo a opinião de Zemplén, aquela em
que ele melhor exemplifica sua metodologia de pesquisa (Gabor Zemplén, 1998). Utilizando-a como fio
condutor deste trabalho, espera-se também avançar na discussão de alguns aspectos ligados à natureza
da ciência, pois a obra fornece perspectivas não só relacionadas à sua contribuição para a biologia das
plantas com flores, mas também ao modo como Goethe direcionava o seu olhar para os fenômenos da
natureza. Assim, estudar a ciência produzida por Goethe implica também em fazer um estudo
epistemológico3 sobre o conhecimento científico que ele propôs.
Em 18 de agosto de 1787 Goethe escreveu da Itália ao seu amigo e poeta alemão Karl Ludwig von
Knebel (1744-1834): “Depois do que vi de plantas e peixes em Nápoles e na Sicília, eu estaria tentado a
fazer, se tivesse dez anos a menos, uma viagem à Índia, não para descobrir algo novo, mas para contemplar as
coisas descobertas ao meu modo” (Rudolf Steiner, 1984, p. 12). Goethe nos indicou nesse trecho, o ponto de
partida pelo qual seus trabalhos científicos devem ser encarados, qual seja, o de reconhecer o método
utilizado por ele. Também nos permite extrair uma orientação para que não se priorizem as suas
descobertas isoladas, como o osso inter-maxilar no homem, a origem vertebral do crânio na osteologia,
o fenômeno das cores na física óptica ou a relação entre as folhas e os demais órgãos florais (sépalas,
pétalas, estames e carpelos) na botânica. Para sermos mais fiéis ao que o próprio Goethe preconizava,
temos que entender a maneira como ele inseria tal ou qual fato isolado no todo da sua concepção da
natureza, a maneira como ele o utilizava para penetrar nas correlações dos seres vivos e formar um
juízo, denominado por ele de “juízo contemplativo” (Anschauende Urteilskraft). Devemos discernir
claramente o que isso significa para o poeta. Contemplação, no sentido de Goethe, não significa uma
observação descompromissada tendendo a uma metafísica abstrata, mas sim um pensamento intuitivo
(Anschauung). Tal pensamento nos capacita apreender, a partir da multiplicidade (biodiversidade) e do
vir-a-ser (ontogenia) dos organismos, aquilo que é uno e constante nos mesmos, ou seja, o arquétipo ou
a identidade original (ursprüngliche Identität). Para expressar essa unidade arquetípica Goethe designou o
prefixo Ur. No caso das plantas, ele usou o termo Urpflanze e, dos animais, Urtiere. Goethe utiliza a
palavra ‘Morfologia’ para o estudo das formas de modo a estabelecer a unidade subjacente à diversidade
animal e vegetal. Ele acreditava que, uma vez conhecida a forma arquetípica, conhecem-se e
compreendem-se as diversidades a que deu origem. Em outras palavras, a Urplanze, por exemplo, é a
razão primordial da plasticidade das formas encontradas dentre as cerca de um quarto de milhão de
espécies de angiospermas.
Entretanto, não devemos confundir a planta arquetípica com o ancestral comum no sentido
darwiniano, pois em Goethe é uma imagem (idéia) expressa sob a forma de um conceito tipológico-
dinâmico e não um conceito histórico-causal como o de Charles Darwin. Ao salientar essa diferença,
não se busca tomá-las em oposição, mas, ao contrário, indicá-las como duas noções que se
complementam e que juntas abrem uma perspectiva frutífera para o futuro da pesquisa e do ensino em
Ciências Biológicas.
Dois aspectos metodológicos emergem da postura metodológica de Goethe: a abordagem
comparativa e a observação da seqüência temporal dos sucessivos estágios do desenvolvimento dos
organismos. Desse modo, tendo como ponto de partida os próprios organismos (objetos concretos), o
olhar do naturalista seria conduzido, segundo Goethe, a uma visão fecunda da natureza na qual idéia e
experiência, interpenetrando-se, vivificam-se reciprocamente e vêm a formar um todo. Era esse gênero
de conhecimento, denominado pelo filósofo Baruch Spinoza (1632-1677) de Scientia intuitiva, que
Goethe almejava alcançar no âmbito biológico.
No ensaio O experimento como intermediador entre objeto e sujeito (Der Versuch als Vermittler von Object und
Subject) de 1793, Goethe expõe essa questão epistemológica da seguinte maneira:

3 Epistemologia, ou teoria do conhecimento, estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento. Ferrater
Mora. Dicionário de filosofia.
Tão logo o homem se apercebe dos objetos em seu derredor, considera-os com relação a si
mesmos, e com razão, pois todo o seu destino depende da alternativa de que eles lhe agradem
ou desagradem, atraiam-no ou o aborreçam, sejam-lhe úteis ou prejudiciais. Este modo
naturalíssimo de ver e julgar as coisas parece tão fácil quanto necessário e, no entanto, nisso o
homem está exposto a mil enganos, que por vezes o envergonham e lhe amarguram a vida.
Tarefa muito mais árdua empreendem aqueles cujo vivo impulso para o conhecimento dos
seres da natureza leva a apreciá-los em si mesmos e em suas relações recíprocas; pois logo dão
por falta da norma que lhes vinha em auxílio quando, como homens, apreciavam as coisas em
relação a si mesmos. Falta-lhes a norma do agrado e desagrado, da atração e da repulsa, do
proveito e dano. Eles têm de renunciar totalmente a essa norma e, como seres equivalentes e
por assim dizer divinos, buscar e investigar o que é, e não o que agrada. Assim ao genuíno
botânico não deve tocar nem a beleza nem a utilidade das plantas, mas sua formação, sua
correlação com o restante mundo vegetal; e da mesma forma como elas são atraídas e
iluminadas pelo sol, ele deve contemplá-las e abrangê-las todas com um olhar sereno e
imparcial, extraindo a norma para esse conhecimento, os dados para julgamento não de si
mesmo, mas do âmbito das coisas que observa .

Para melhor compreendermos as idéias botânicas de Goethe, é necessário pelo menos um resumo do
desenvolvimento destas, mostrando como se deu a origem da obra A metamorfose das plantas. Num
segundo passo, faremos uma análise mais detida da obra em si, destacando os aspectos centrais
relacionados à morfologia floral do autor. Em seguida, apontaremos alguns subsídios para uma futura
transposição didática do episódio histórico para o ensino de biologia.

2 OS ESTUDOS BOTÂNICOS DE GOETHE


Nascido em 28 de agosto de 1749 em Frankfurt am Main (Frankfurt sobre o Meno, cidade livre do
Império), provindo de uma família burguesa, culta e abastada, Goethe recebeu durante o ensino básico
uma educação enciclopédica. Logo cedo na infância, teve aulas de grego, latim, desenho e música. Com
a ocupação de Frankfurt pelas tropas francesas (1º de Janeiro de 1759) durante a Guerra dos Sete Anos,
o conde Thoranc, Tenente do rei, é alojado na casa de Goethe até maio 1761 e o garoto Goethe passa
a frequentar assiduamente o teatro francês. Em 1765 matriculou-se no curso de direito na Universidade
de Leipizig e frequentou disciplinas na Faculdade de medicina em Strassburg. Em 1771, foi nesta
mesma cidade que ele conclui o bacharelado em direito. Durante esse período da educação superior
conheceu Herder que lhe introduziu as obras de Shakespeare, fundando juntamente com este o
movimento literário conhecido como Tempestade e Ímpeto (Sturm und Drang). Somado a esse fato, vieram a
publicação em 1774 de Os sofrimentos do jovem Werther e sua consequente repercussão, que deram grande
notabilidade ao jovem poeta.
Percebemos através desse breve relato, que sua infância e boa parte da juventude se passaram nas
cidades, sem muito contato com a natureza dos campos e florestas da região. Tal quadro mudou
completamente com a sua chegada à Weimar em 1775, em função do convite feito pelo Duque Carlos
Augusto de Weimar para Goethe assumir a administração do ducado. Em uma de suas cartas, ele
comenta sua satisfação em “trocar o ar das salinhas e da cidade pela atmosfera do campo, das florestas
e dos jardins” (WA I/64)4. Assim, ficaram sob sua responsabilidade as áreas de florestas, mineração e
ferrovias. Foi nesta época que Goethe iniciou seus estudos geológicos, mineralógicos5 e metereológicos.
Talvez tenha sido um estímulo inicial para Goethe estudar plantas o fato de o poeta ter se dedicado
ao cultivo de plantas no jardim com o qual foi presenteado pelo duque de Weimar (Figura 1). Goethe

4 Os trechos citados por WA referem-se à chamada Edição de Weimar (Weimarer Ausgabe- WA – ou Sophienausgabe), os
dois números se referem ao volume e a página daquela parte da edição.
5 Goethita é o nome de um mineral de óxido de ferro, dado em homenagem à Goethe.
o recebeu em 21 de abril de 1776, e o Diário editado por R. Keil menciona freqüentemente, daí em
diante, o trabalho de Goethe nesse jardim, que, por sinal, vem a ser uma das suas ocupações favoritas.
Outro campo de esforços nesse sentido lhe era proporcionado pelo Thüringerwald (Floresta da
Turíngia), onde ele teve o ensejo de conhecer também os organismos criptogâmicos em suas
manifestações vitais. São os musgos e líquens os que mais lhe interessam. Em 31 de outubro de 1777,
ele pediu à Sra. Von Stein musgos de toda espécie, se possível úmidos e com raízes, para que possam
reproduzir-se. Devemos sentir quão significativo era o fato de Goethe se ocupar, já naquele tempo,
com o mundo dos organismos inferiores e, não obstante, deduzir mais tarde as leis da organização
vegetal, das plantas superiores. Segundo Steiner, essa circunstância, deve ser atribuída a uma intenção
consciente e não, como muitos acreditam, a um menosprezo de Goethe pelos seres menos
desenvolvidos (Rudolf Steiner, 1984, p.18).

Figura 1: O jardim e a casa de Goethe em Weimar (Extraído de Arber, 1946).

Foi também nessa floresta, durante as caças da corte, que Goethe teve um contato mais íntimo com
os herbalistas da região, e sob a orientação deles aprendeu a identificar diversas espécies de
Gentianaceae, conhecidas pelas suas propriedades curativas das raízes. Esse foi o primeiro grupo de
plantas fanerógamas que Goethe estudou, observando o efeito de distintas condições ambientais sobre
essas espécies (Agnes Arber, 1946, p.69).
É interessante notar como o próprio Goethe coloca em retrospecto seus estudos botânicos. Ele faz
isto, através do texto O Autor conta a História de seus Estudos Botânicos, traçando uma analogia entre a
história dos seus interesses pessoais em botânica e a história da botânica em geral. Num primeiro
momento, seu interesse sobre as plantas parece ter-se iniciado devido à considerações práticas e
utilitárias, e em seguida, ele foi gradualmente sendo atraído pelo assunto em seus aspectos mais téoricos
enquanto ‘ciência pura’. Essa transição parece ter ocorrido, em parte, pelo aumento do seu repertório
taxonômico apoiado num constante e aprofundado estudo da botânica do sueco Carl von Linné (1707-
1778). Dentre as obras que ele cita ter utilizado nessa época estão: Fundamenta botanica, Termini botanici e
Elementa botanica; além do livro Dissertationes do naturalista suíço Johann Gessner (1709-1790), sendo
este último uma explicação dos princípios de Linné. Devemos lembrar que Goethe não havia recebido
uma formação em botânica antes de sua cegada à Weimar e essa lacuna foi preenchida pela sua
introdução ao sistema linneano e pelas orientações do botânico e professor de história natural da
Universidade de Jena, A. J. G. C. Batsch(1761-1802). Isto se deu no início dos 1780.
Apesar da contribuição de Linné, do ponto de vista da terminologia e da classificação, nos seus
esforços botânicos, Goethe apresentou algumas refutações e críticas ao naturalista sueco. A própria
noção de ‘Sistema Natural’ era uma delas, dizendo que “a Natureza não tem um sistema, mas ela é a
transição de um centro desconhecido para um limite que não é discernível”, e que um ‘Sistema Natural’
é portanto “uma contradição em termos” (Wilhelm Troll, 1926, p. 221). Durante as suas práticas de
coleta, ele realçava um forte contraste entre o que considerava uma artificialidade e inevitável rigidez do
sistema classificatório e a versatilidade dos próprios órgãos vegetais. Em certas plantas, ele notou que
num mesmo eixo caulinar, a planta compartilhava uma série crescente de folhas, nas quais aquelas dos
primeiros nós eram folhas simples (limbo inteiro), as seguintes eram lobadas (margem do limbo com
recortes grandes e arredondados), enquanto as demais, tendendo a uma forma composta (limbo
recortado em folíolos) e pinada (folíolos dispostos oposta ou alternadamente num eixo comum, a
raque), eram sucedidas por uma série decrescente de outras folhas de formas mais simplificadas, e que
gradualmente eram reduzidas a escalas menores até tenderem a nada (Figura 2). A sistemática botânica
da época prestava pouca atenção nessa plasticidade das estruturas foliares, e num primeiro momento,
Goethe ainda não tinha de um modo claro uma explicação de como essas transformações estavam
inseridas no esquema geral das plantas. Qual a razão de o que era uno apresentar-se sob formas tão
variadas? Essa era uma das questões que surgiram para Goethe em decorrência da leitura das obras de
Linné, pois como ele mesmo disse: “O que ele [Linné] procurou com toda força manter separado, eu
tinha que procurar unir, de acordo com o anseio mais íntimo do meu ser” (WA 7/68).

Figura 2: Diagrama elaborado por Bockemühl para expressar a seqüencia foliar imaginada por
Goethe das folhas maduras de Sonchus oleraceae (Asteraceae), dispostas em loop (Extraído de
Bockemühl, 1981).

Em 1785, ele escreveu ao seu amigo Friedrich Jacobi (1743-1819), escritor, filósofo e
posteriormente presidente da Academia de Ciências de Munique: “Um microscópio está pronto para
re-observar e verificar no começo da primavera as experiências de von Gleichen, chamado Russwurn”
(WA 7/8). Goethe tinha feito a leitura dos livros As novidades mais recentes do reino das plantas (1763) e
Descobertas microscópicas seletas em plantas, flores e insetos (1777) do barão Wilhelm von Gleichein sobre o
processo de fecundação nas plantas, com mais de cinquenta pranchas coloridas com desenhos de
estruturas florais, pólens e a observação da formação do tubo polínico em plantas. Depois disso,
Goethe ficou intrigado e resolveu repetir os experimentos de von Gleichen para verificar a validade das
descrições ali contidas (Gábor Zemplén, 1998, p. 25).
Em 20 de junho de 1785, ele partiu para Karlsbad para passar o verão, mas o seu interesse pela
botânica estava tão forte que essa viagem se transformou em uma excursão de estudos botânicos.
Knebel e o botânico Friedrich Gottlich Dietrich participaram dessa excursão. De volta a casa, Goethe
estudou com afinco agora o Philosophia de Linné, que se lhe torna muito útil. Em 9 de novembro do
mesmo ano, relatou à sua amiga Charlotte Von Stein (1742-1827): “Continuo lendo Linné; preciso fazê-
lo, já que não possuo outro livro. É a melhor maneira de se ler um livro, preciso praticá-la mais
frequentemente, em especial por não conseguir ler um livro até o fim. Mas este é excelente não só para
ler, mas para recapitular, e está me prestando um serviço extraordinário, pois eu mesmo já pensei a
maioria dos pontos.”(WA 7/118).
No decorrer desses estudos, Goethe passou a ver com uma nitidez cada vez maior que uma única
forma básica estava transparecendo na multidão infinita dos indivíduos vegetais, e ele se deu conta de
que nessa forma básica estava a capacidade de transformar-se infinitamente, produzindo a
multiplicidade a partir da unidade. Em outra carta à Sra. Von Stein, ele escreveu: “Trata-se da
percepção de uma forma…com a qual a natureza como que está brincando, produzindo, enquanto
brinca, a vida tão cheia de variações” (WA 7/242).
Tal percepção foi retomada por ele durante a sua viagem de dois anos à Itália iniciada em 3 de
setembro de 1786 em Karlsbad. Finalmente, foi nesta ocasião que se puseram em movimento as suas
ideáis sobre a metamorfose, sendo que essas passariam a dominar sua concepção botânica para o resto
da sua vida. A flora dos Alpes proporcionou-lhe várias experiências em que uma mesma espécie de
planta foi observada sob condições e influências ambientais diversas. Aí não encontrou apenas plantas
novas, nunca vistas, mas também outras que já conhecia, mas desta vez transformadas. Em Veneza,
escreveu:

Enquanto nas regiões mais baixas os ramos e caules eram mais grossos e suculentos, as gemas
mais próximas uma da outra e as folhas mais largas, na medida em que subimos a montanha, os
ramos e caules se tornaram mais finos, as gemas mais espaçadas de forma a haver um intervalo
maior entre dois nós, e as folhas mais lanceoladas. Notei isso num salgueiro e numa genciana,
convencendo-me de que não eram espécies diferentes. Também no lago de Walchen observei
juncos mais longos e mais finos do que os da planície (Goethe, Viagem à Itália, 8 de outubro
de 1786).

Outras duas experiências relevantes para a construção da concepção da Urpflanze e da metamorfose


durante essa viagem, foram sua visita ao jardim botânico de Pádua e sua estada em Roma. Em Pádua,
ele coletou de uma palmeira, Chamaerops humilis L., uma sequência foliar, partindo das folhas mais
basais lanceoladas até as mais próximas do ápice onde ocorre uma súbita transição para as espádices
(brácteas) que envolviam a inflorescência. Essas foram preservadas por ele durante os trinta anos
subsequentes. Em Roma, Goethe estava em companhia de seu amigo e professor de desenho, o pintor
alemão residente em Roma Johann Heinrich Tischbein (1751-1828). Lá encontrou um pé de cravo
parecido com um arbusto que lhe revelou a metamorfose com enorme nitidez. A esse respeito ele
escreveu: “Não vendo, para conservar essa formação maravillosa, nenhum recurso, pus-me a desenhá-
la, e ao fazê-lo cheguei a um discernimento cada vez maior do conceito fundamental da
metamorfose”(Goethe, Viagem à Itália, 18 de agosto de 1787).
Em 20 de novembro de 1789, Goethe escreveu ao Duque de Weimar, que estava empenhado em
escrever suas idéias botânicas. Já em dezembro, ele mandou o manuscrito a Batsch em Jena para ser
revisado. Em 20 do mesmo mês ele viajou à referida cidade para conversar com Batsch. Goethe voltou
a Weimar, fez alguns retoques e mandou outra vez o manuscrito a Batsch, que o devolveu em 19 de
janeiro de 1790. Nos textos Destino do Manuscrito (Schicksal der Handschrift) e Destino do Texto Impresso
(Schicksal der Druckschrift), o próprio Goethe conta com abundância de detalhes o percurso tanto do
manuscrito quanto do livro impresso e, juntamente com o História do meu Estudo em Botânica (Geschichte
meines botanischen Studiums), percebemos o valor primordial que ele atribuía à apresentação histórica das
suas investigações. Os textos mencionados serviram de introdução à segunda edição de A Metamorfose
das Plantas, publicada no primeiro caderno de Zur Morphologie (1817). Se a eles acrescentarmos o ensaio
O Autor conta a História dos seus Estudos Botânicos (Der Verfasser teilt die Geschichte seiner botanischen studien mit),
publicado mais tarde, em 1831, como aditamento, e os apontamentos e cartas da Viagem à Itália
(Italienische Reise), que apareceu em dois volumes entre 1816 e 1817, ficamos com uma visão completa
daquela tentativa, na descrição que fazem, tanto da experiência do processo de reconhecimento da
natureza e do alcance da metamorfose das plantas, como do processo de recepção da própria obra.

3 A CONCEPÇÃO DE FLOR CONTIDA NA METAMORFOSE DAS PLANTAS


Em 1790, um pequeno livro deixava a editora Carl Wilhelm Ettinger, em Gotha (atualmente
distrito do Estado da Turíngia, Alemanha; e no século XVIII era a capital do ducado Saxe-Gotha).
Contendo 123 parágrafos, distribuídos em uma introdução e oito capítulos, o livro tinha sido escrito
pelo até então conselheiro do ducado de Weimar, Johann Wolfgang von Goethe (Figura 3). Um fato
interessante de ser notado é que a estrutura do texto não é muito usual, mas possui uma grande
semelhança com a forma como foi escrita o Fundamenta botanica de Lineu, sendo este último composto
de 365 aforismos.

Figura 3- Página de rosto original da obra de 1790. Ao lado, o retrato de Goethe na Campagna,
Itália em 1787, pintado por Tischbein.

Apesar de o próprio Goethe ter considerado que não era um tratado botânico completo, a obra
possui, segundo Focko Weberling (1989), as bases para as investigações sobre a morfologia comparada
das flores e seus órgãos, bem como das plantas superiores, especialmente em seus primeiros
fundamentos. Conforme Gifford e Foster (1994), esse trabalho constitui de fato as bases teóricas para a
visão de que a flor é um eixo caulinar determinado, portador de órgãos foliares modificados.
Todavia, a noção de que as peças florais são orgãos foliares modificados já havia sido mencionada
pelo naturalista italiano Marcello Malphigui (1628-1694). Malpighi descreveu e desenhou, em seu
Anatome Plantarum, formas intermediárias entre pétalas e estames na rosa, que ele denominou “mixtura
staminis et folii”. Na obra De formatione intestinorum (1768), o embriologista alemão Caspar Friedrich Wolff
(1734-1793) fez uma série de observações muito parecidas com aquelas contidas na Metamorfose de
Goethe. Nela Wolff escreveu que achava óbvio que em algumas plantas o cálice seria uma coleção de
pequenas e imperfeitas folhas, e que no pericarpo não seria menos evidente o fato deste ser composto
de folhas verdadeiras, só que desta vez, fundidas. Pétalas e estames também seriam folia modificata.
Segundo Agnes Arber, Goethe desconhecia o trabalho de Wolff no momento em que escrevia A
metamorfose das Plantas.
Lembremos também que o termo metamorfose não era uma expressão nova na época de Goethe e
que o próprio Lineu dedicou boa parte da sua Philosophia botanica à ‘Metamorphosis vegetabilis’. Entretanto,
o sentido do termo metamorfose usado por Lineu era diferente daquele de Goethe. Lineu o empregou
em relação à mudança da fase vegetativa para a fase reprodutiva da planta, em analogia à transição da
fase de pupa para a fase adulta nos insetos. Mesmo assim, ainda nos é lícito questionar: O que há de
novo, então, na obra goethiana?
Nova é a perspectiva de Goethe, recuperando uma abordagem e modos de pensar que estavam em
vias de desaparecimento na sua própria época: uma biologia comparativa a procura de a priori
morfológicos e a admissão de um princípio enteléquico.
A Metamorfose das Plantas não tem as mesmas características de outros tratados científicos do século
XIX, mas serve-se de boa parte de observações e dados elaborados anteriormente para expressar um
nexo novo de ideias. Goethe desenvolveu uma concepção orgânica unificada, ajustando-a ao arcabouço
dinâmico do seu pensamento, e criando, o que Arber chamou “uma das minoridades clássicas da
botânica” (Agnes Arber, 1946, p.73).
Essa perspectiva começa a ser delineada logo na introdução da obra, em que Goethe definiu o
processo de metamorfose nas plantas:

Muitos cientistas já conheciam e pesquisavam, de modo geral, a afinidade oculta das diversas
partes exteriores das plantas – por exemplo, das folhas, do cálice, da corola, dos filetes – que
vão surgindo sucessivamente, como se uma se desenvolve-se a partir da outra. Foi chamado
metamorfose das plantas o processo pelo qual o mesmo órgão se nos apresenta da maneira mais
variada possível (Goethe, 1790, p. 10, § 4).

Tal órgão referido por ele não é nem a folha caulinar, nem as sépalas, nem as pétalas e tão pouco os
órgãos reprodutivos, mas sim uma forma subjacente às anteriores. Trata-se de um órgão primordial
(Urorgan) que pode ser intuido. Não possuindo uma palavra adequada para esse órgão, ele o chamou de
‘Blatt’, que quer dizer folha. Mas aqui Goethe diverge radicalmente dos seus antecessores que realmente
acreditavam que uma folha verde do caule se transformava numa pétala. O que Goethe, de fato, quer é
reconhecer qual é a forma desse órgão.
Para tanto, ele distinguiu três tipos de metamorfose: a regular, a irregular e a ocasional6. É para a
metamorfose regular, também chamada de progressiva, que Goethe deu a maior atenção, adotando-a
como fio condutor de suas observações,“...pois é esta que pode ser observada atuando gradativamente
desde os primeiros cotilédones até a última formação do fruto. Transformando uma forma em outra,
ela sobe como por uma escada espiritual (geistegen leiter), alcançando certo cume da natureza: a
reprodução por meio de dois sexos” (Goethe, 1790, p.10, § 6). Por isso, adotou as plantas anuais
(Eudicotiledôneas em sua maioria) como objeto de estudo para fornecer critério metodológico para
outros grupos, já que elas passam sem interrupção da semente à fecundação e possuem um ciclo curto.
Quanto à metamorfose irregular, Goethe afirmou: “Pelas experiências feitas na metamorfose
irregular, podemos descobrir o que a regular nos esconde, vendo claramente o que de outro modo, não
poderíamos inferir” (Goethe 1790, p. 11, §7). Também chamada de retrógrada, a metamorfose irregular
é aquela em que planta retrocede alguns passos no seu desenvolvimento, como é o caso daquelas com
flores polipétalas (peônia e rosa) em que em vez de serem formados novos estames, a planta produz
uma quantidade grande de formas petalóides, tornando-se uma planta de flor cheia e vistosa. Goethe
acreditou encontrar nesse tipo de metamorfose uma fonte de evidências mais seguras para suas
observações.
Na metamorfose regular encontra-se o “impulso formativo”, denominado por Goethe de
“Bildungskräfte”, constituído de duas leis rítmicas: a polaridade contração-expansão (Polarität) e a
intensificação (Steigerung).
No ciclo da planta anual, Goethe propunha alternarem-se três contrações (C) e três expansões (E).
Inicialmente, todo o potencial vegetal está concentrado num só ponto, na forma embrionária na
semente (C1). Partindo desta, a semente germina e dilata-se na formação dos cotilédones, plúmulas e
folhas dos nós subseqüentes (E1). Onde antes havia um maior espaçamento entre nós, a formação do
cálice provoca novamente a contração num só ponto, o receptáculo (C2). As pétalas mais finas e
delicadas que as sépalas sofrem uma expansão (E2). Nos verticilos reprodutivos (estames e carpelos)
estaria mais uma contração (C3) seguida de outra expansão; o desenvolvimento do ovário em fruto
(E3). Finalmente, segundo Goethe, todo o ser vegetal apareceria novamente concentrado na semente
que provém do fruto, reiniciando o ciclo.
Durante a observação desse ciclo, Goethe estava interessado em três processos principais: o
primeiro deles é o desenvolvimento dos órgãos vegetativos, para o qual ele monta sequências foliares
de diversas espécies com heterofolia, observando a atuação da força rítmica da polaridade na
transformação das folhas de um nó para o outro (ver figura 2). Além disso, observou também o

6 Goethe descarta das suas observações o terceiro tipo de metamorfose, a ocasional. Esta ocorre nas plantas sob a forma de
síndromes de polinização e dispersão através da interação com animais. Exemplo disso ocorre na flor da orquídea Ophrys
speculum.
tamanho dos internós ao longo desse desenvolvimento, e conforme a planta fosse se aproximando do
estágio reprodutivo, a distância tornava-se menor. Para Goethe, essa formação das folhas de um nó
para o outro já constituiria um tipo de reprodução que ele chamou de reprodução sucessiva ou aproximação.
O segundo processo seria a passagem para a inflorescência, marcada pela formação do cálice. Como foi
dito anteriormente, Goethe pensava que durante a formação das folhas os nós estariam bem espaçados
e, conforme o estágio reprodutivo se aproximasse, ocorreria um encurtamento da distância entre os
nós, até que chegasse a um ponto em que os nós que seriam formados um após o outro, agora estariam
reunidos num centro comum, o receptáculo floral, portando os demais verticilos florais. Se essa
passagem fosse lenta, haveria uma transição gradual entre folhas e sépalas através da formação de
brácteas, como, por exemplo, no girassol. A esse processo Goethe deu o nome de “reprodução simultânea”
ou “centralização”. Quando essa centralização fosse intensificada ocorreria o processo de fusão das peças
florais, como se pode notar em flores gamosépalas, gamopétalas, com adnação ou sincárpicas. Goethe
denominou esse fenômeno de anastomose. O terceiro processo é o desenvolvimento dos órgãos
reprodutivos, os estames e carpelos. Esses atingem um ápice do desenvolvimento vegetal através de
uma forte contração, representada pela fecundação e a formação da semente. Para esse processo clímax,
Goethe usou o termo “anastomose espiritual”.
Ao longo desses três processos, o de aproximação, centralização e anastomose ocorreria um quarto
processo: a retificação da seiva em que:

Um nó superior, oriundo do precedente e recebendo as seivas de forma indireta, tem de


recebê-las em estado mais fino e mais filtrado, fruindo da atuação das folhas que ocorrem no
intervalo; por isso deve assumir forma mais fina e levar seivas mais finas às suas folhas e gemas.
Desta maneira os líquidos mais grosseiros se tornam cada vez mais purificados e a planta se
estrutura gradativamente, alcançando assim o ponto prescrito pela natureza (Goethe, 1790, p.
15, § 28).

Posto isto, podemos entender o que Goethe chama de ascender por uma escada espiritual, eis o
significado do termo Steigerung. Essa intensificação daria conta de um impulso de especificação e de uma
força de perseverança daquilo que se metamorfoseia, procurando tendencialmente um limite, o
culminar de um processo interno de crescimento, a reprodução sexual.

4 A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO EPISÓDIO HISTÓRICO


Sem maiores pretensões em estabalecer uma transposição didática mais elaborada e acabada,
procurou-se antes de mais nada situar o lugar e a importância das obras botânicas de Goethe, em
particular A metamorfose das plantas na educação científica dos nossos jovens. Trata-se na realidade de
sugestões e de um aceno para um futuro trabalho na transposição desse tema para o ambiente escolar.
No entanto, não há dúvidas quanto à riqueza conceitual e metodológica que a obra de Goethe
proporciona aos professores na busca de estratégias didáticas no ensino de biologia. Há botânicos da
atualidade que defendem que se retome a escola alemã, em especial o pensamento morfológico de
Goethe, no ensino de botânica.
Movendo-se numa tensão entre a atividade empírica, uma intensa e extensa atividade de observação,
de coleção de dados, de experimentos pacientemente repetidos, de uma dedicação atenta aos
pormenores, e o anseio por uma visão do todo, o projeto morfológico goethiano é difícil de classificar.
Segundo Molder, é essa oscilação que lhe confere sua originalidade, impedindo sua integração em
qualquer sistema epocal quer seja da Naturphilosophie, quer o da metafísica da natureza de Schelling
(Maria F. Molder, 1995, p. 11).
Interessante notar o que Rudolf Steiner, editor das obras científicas de Goethe na Deutsch
Nationalliteratur coloca sobre a recepção da botânica de Goethe entre os contemporâneos: “Constitui,
aliás, fato surpreendente terem as pesquisas de Goethe sido aceitas na Alemanha apenas pelos filósofos
e não pelos cientistas, e na França, principalmente por estes últimos”
Em nenhum momento da sua obra Goethe pretendia fazer o leitor acreditar que ele explicaria o
mundo vegetal. O que de fato ele mais queria era nos proporcionar uma ferramenta, com a qual cada
leitor pudesse desenvolver melhor sua própria investigação:

Estamos convictos de que não será difícil, com alguma prática, explicar dessa maneira as
formas variadas das flores e dos frutos; é necessário, porém, saber empregar os conceitos acima
estabelecidos da expansão e da contração, da união e da anastomose como se fossem fórmulas
algébricas, usando-os em seu devido lugar. Nesse sentido, é muito importante observar com
atenção e comparar entre si os diferentes graus que a natureza percorre, tanto na estruturação
dos sexos, das espécies, das variedades, quanto no crescimento de cada planta; considerando
esse fato, seria agradável – e não deixaria de ter utilidade – não só apresentar uma série de
ilustrações lado a lado, mas também empregar a terminologia botânica com relação às
diferentes partes da planta (Goethe, 1790, p.30, §102).

A própria sentença acima já nos indica um caminho que pode ser percorrido nas aulas de
morfologia de angiospermas. Em primeiro lugar, é importante que os alunos façam uma abordagem
comparativa na qual eles possam observar as características dos diferentes táxons, mas também as
características de uma mesma espécie em condições ambientais distintas. Mas para isso é
imprenscindível o desenho das formas numa seqüência temporal, em que os alunos observariam pelo
menos uma vez por semana a ontogenia de uma planta e no final do ciclo obteriam as ilustrações lado a
lado acompanhadas da descrição e da terminologia adequadas. Em segundo lugar, os alunos
construiriam uma seqüência foliar em cartolina similar àquela do modelo de Goethe na figura 2. Por
último, como objetivos mais específicos, os alunos desenvolveriam habilidades no reconhecimento da
topologia e homologia dos órgãos vegetais. Também se trabalharia a compreensão processual de
fenômenos como os da heterofolia, gamosepalia, sincarpia, entre outros.

BIBLIOGRAFIA

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