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Administração

da Produção
Material Teórico
Projetos Produtivos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Giovana Gavioli Ribeiro da Silva

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Projetos Produtivos

• Tipos de Processos de Manufatura


• Tipos de Processo: Serviços
• Arranjo Físico
• Tipos de Layout
• Localização

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os diversos tipos de projeto e arranjos produtivos, relacio-
nando-os aos tipos específicos de produtos e serviços para os quais
são organizados.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Projetos Produtivos

Tipos de Processos de Manufatura


O Processo Produtivo pode ser projetado de inúmeras formas. Ele deve ser
pensado estrategicamente para, além de proporcionar eficiência ao Processo de
Fabricação, também se adequar aos objetivos de desempenho da Empresa e às
dimensões da produção. Alguns processos são específicos para produtos; já outros
se adequam para serviços.

Veja a Tabela 1.

Tabela 1 – Processos produtivos para produtos e para serviços


Por Projeto
Por tarefa ou tipo Jobbing
Processos para produtos Lotes ou Bateladas (batch)
Em massa ou em linha
Contínuos
Serviços Profissionais
Processos para Serviços Lojas de Serviço
Serviços em massa
Fonte: elaborada pela autora a partir de Slack; Chambers; Johnston (2002).

Vamos conhecer cada um deles mais detalhadamente.

Tipos de Processos: Produtos


Os produtos possuem cinco tipos de processos que diferem, principalmente, em
seus níveis de volume e variedade:
• Processos por projeto: os processos por projeto, geralmente, são realizados
para produtos que sejam altamente customizados, com início e fim bem defi-
nidos. O tempo de intervalo na confecção entre um produto e outro é grande
e as atividades ao longo do processo se modificam de acordo com as neces-
sidades dos clientes. Possuem um baixo volume e alta variedade. Exemplos:
construção de navios, produção de filmes, grandes operações de fabricação
como geradores de grande porte, instalação de uma central de computadores;
• Processos por tarefa (conhecidos também como tipo jobbing): são
semelhantes ao Processo de Projeto, mas seus recursos, ao invés de exclusivos,
são compartilhados. Cada produto difere do outro pelas suas necessidades
específicas e, geralmente, a maior parte dos trabalhos será única. Também
possuem baixo volume e alta variedade. Exemplos: técnicos especializados
como técnicos ferramenteiros, restauradores de móveis, alfaiates, gráficas de
pequeno porte;
• Processos em lotes ou bateladas: também conhecido como batch, esse
tipo de Processo Produtivo possui menor grau de variedade que os processos
jobbing, com algumas partes da operação com períodos de repetição produtiva,

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enquanto o lote é processado. Possuem médio volume e média variedade.
Exemplos: manufatura de máquinas, produção de roupas e produção de peças
e conjuntos para posterior ingresso na produção em massa (automóveis).

Importante! Importante!

Alguns cuidados são necessários para esse tipo de produção, que é bastante flexível,
mas que pode apresentar problemas diversos como a necessidade de um controle de
estoques preciso, uma programação de produção de conhecimento de todos, antes do
seu início e a necessidade de implantação de programas de qualidade, a fim de evitar
desperdícios, erros e retrabalho.

• Produção em massa: realizada desde o início da criação dos Sistemas Produ-


tivos, esse tipo de produção possui atividades repetitivas e amplamente previ-
síveis, nas quais variações do produto inicial não afetam o seu projeto básico
de produção.

A produção em massa possui alto volume e variedade relativa ao projeto do


produto inicial. Exemplos: automóveis, bens duráveis como aparelhos de televisão,
máquinas de lavar, fábricas de bebidas etc.;
• Produção contínua: empresas que produzem continuamente operam por
períodos de tempo mais longos que a produção em massa, muitas com fluxo
produtivo altamente previsível e ininterrupto. Para essas empresas é necessária
uma aplicação de investimento e capital intensiva, já que a operação pode ser
abastecida também continuamente, sem necessidade de parada.

Possui alto volume e baixa variedade. Exemplos: Refinarias Petroquímicas,


instalações de eletricidade, siderúrgicas e até algumas fábricas de papéis.

Importante! Importante!

Alguns cuidados também devem ser tomados por Empresas que trabalham com as
produções em massa e contínua. Deve-se ficar atento a um grande risco de mudanças
tecnológicas que venham a acelerar o processo de obsolescência do produto produzido.
Empresas que produzem dessa forma também devem monitorar continuamente
a concorrência a fim de identificar o surgimento e a utilização de novos processos
produtivos que reduzam o custo ou acelerem a produção. Da mesma forma, deve-se
monitorar, continuamente, a demanda, pois uma redução do Mercado consumidor
deve, imediatamente, reduzir a produção para evitar estoques excessivos de produtos
acabados. Por fim, atividades repetitivas e contínuas levam à monotonia para os
colaboradores. Portanto, Empresas que produzam em massa ou de forma contínua
devem investir em programas de motivação e qualidade de vida para seus funcionários.

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UNIDADE Projetos Produtivos

Na Figura 1 é possível comparar os diferentes tipos de processos para produtos


e seus níveis de volume e variedade, ou customização.

Baixo Volume Alto


Alto
Projeto

Jobbing

Lotes e Bateladas

Verdade
Em massa

Continuo

Baixo

Figura 1 – Volume x Variedade – Processos de produtos


Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002

Você Sabia? Importante!

A customização é um dos grandes fatores causadores da variação, ou seja, da


personalização de produtos ou de serviços, que acontece de acordo com a preferência
do cliente. Um lanche pode ter ou não molho; um produto pode ser azul ou vermelho;
um carro pode ter acessórios como teto solar, canaletas, direção hidráulica ou não,
dependendo da preferência de seu comprador.

Tipos de Processo: Serviços


Os serviços podem ser divididos em três tipos que se diferenciam basicamente
pelo contato do cliente com a linha de frente, front-office, e a retaguarda, conhecida
como back-office.

Na linha de frente da prestação de serviço existe alto contato com o cliente e


alta variabilidade. O que acontece nela é incerto e de difícil controle do prestador,

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pois depende do comportamento do consumidor. Já na retaguarda, as atividades
realizadas derivam do que acontece na linha de frente e visam a apoiar todo
o funcionamento do Sistema. Nela, o contato com o cliente é baixo, existe
previsibilidade dos acontecimentos, padronização e maior controle das operações.

Os tipos de manufatura de serviços podem ser:


• Serviços profissionais: os serviços profissionais são aqueles em que existe alto
contato com o cliente, exigindo altos níveis de customização, já que ele passa
longo tempo no processo de prestação desse tipo de serviço. Os funcionários
que prestam serviços profissionais passam mais tempo na linha de frente
que na retaguarda. Exemplos: advogados, arquitetos, cirurgiões, auditores,
inspetores de qualidade e segurança;
• Lojas de serviços: combinam atividades de linha de frente e retaguarda, com
níveis médios de customização. Exemplos: bancos, lojas, escolas, restaurantes,
hotéis e agentes de viagens;
• Serviços em massa: são serviços que possuem tempo e contato com o cliente
limitado, impactando um nível mais baixo de customização. Para esse tipo de
serviço existe maior atividade de retaguarda que de linha de frente. Exemplos:
supermercados, aeroportos, telecomunicações, livrarias, emissoras de televisão
e transporte público.

A Figura 2 demonstra a relação de volume e variedade de processos de serviços.

Baixo Volume Alto


Alto
Serviços Profissionais

Loja de Serviços

Verdade
Serviços de Massa

Baixo

Figura 2 – Volume x Variedade – Processos de serviços


Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002

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UNIDADE Projetos Produtivos

Arranjo Físico
O arranjo físico, também chamado de layout, consiste no planejamento do
espaço físico a ser ocupado por um processo produtivo, seja ele de produtos
ou de serviços, considerando a representação da disposição das máquinas e dos
equipamentos necessários, que deve facilitar o processo produtivo.

Trocando ideias...Importante!
“O arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se com o posicionamento físico
dos recursos de transformação” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 200).
O layout é o gráfico que representa a disposição espacial, a área ocupada e a localização
das máquinas e equipamentos, assim como das seções envolvidas no processo produtivo.
É uma forma de retratar o arranjo físico (MARTINS; LAUGENI, 2015, p.135).

Além de avaliar o tipo de produto ou serviço prestado, considerar os objetivos


de desempenho da Empresa e as dimensões da produção, seus 4 Vs, é necessário
incorporar ao projeto de arranjo produtivo fatores como:
• Menor uso de materiais tóxicos e redução da descarga de poluentes no ar e
na água;
• Uso consciente das fontes de materiais;
• Destinação e redução da quantidade de material rejeitado;
• Descarte adequado do produto, ao término da sua vida útil, ou dos resíduos da
prestação do serviço.

Em qualquer um dos tipos deve ser considerado um balanceamento adequado


do processo, trabalhando de forma consciente com folgas, gargalos, restrições e
ociosidade. Dessa forma, a Empresa é capaz de equilibrar a sequência do Processo
Produtivo para que as máquinas e os equipamentos proporcionem fluxo estável e
permanente de produção.

Tipos de Layout
Vamos conhecer os tipos de layout e suas características.
• Layout por processo, funcional ou posicional: nesse arranjo, os processos,
equipamentos, operações ou montagens do mesmo tipo são desenvolvidos na
mesma área. É o material que se desloca, buscando os diferentes processos
produtivos pelos quais deve passar. Esse layout é flexível para atender a
mudanças no Mercado e pode trabalhar com produtos diversificados que
necessitem de todos os processos, ou somente parte deles. As quantidades a
serem processadas nesse sistema são pequenas e médias.

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Veja o exemplo na Figura 3.

Fresas Furação
Tornos
F Fu Fu Fu
T T Fu Fu Fu
F
T T A A A P
P
T T A A A Pintura
Acabamento
T M M M
Recebimento
T T e Expedição Montagem

Figura 3 – Layout funcional


Fonte: Martins; Laugeni (2015, p.138)

No exemplo da Figura 3, podemos identificar diferentes processos agrupados


em áreas específicas. Peças que precisem passar por torno, fresa e furações po-
dem ser enviadas direto para o acabamento, posteriormente, enquanto outras
podem precisar passar por todos os demais para depois chegarem ao acabamento
e serem enviadas ao consumidor final, ilustrando a diversidade de processos desse
tipo de layout;
• Layout em linha: nesse layout, as máquinas e as estações de trabalho
são colocadas na sequência da realização das operações, ou seja, em seu
funcionamento não há caminhos alternativos. O material percorre um
caminho previamente determinado, passando por postos de trabalho. Nesse
layout, existe pouca ou nenhuma possibilidade de diversificação e é necessário
alto investimento em maquinário. A quantidade de produtos que passam pelo
Processo Produtivo é grande e constante ao longo do tempo, conforme o
exemplo na Figura 4.

1 2 3 4 5 6

11 10 9 8 7

12 13 14 15 16
Figura 4 – Layout em linha
Fonte: Martins; Laugeni (2015, p. 139)

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UNIDADE Projetos Produtivos

Pode-se perceber que, no layout em linha, o produto flui por meio dos processos
1-16, sendo que 1 pode ser cortar, 2 preparar, 3 fresar, 4 lixar e assim por diante,
na sequência ditada pelas exigências de montagem do próprio arranjo produtivo;
• Layout celular ou célula de manufatura: esse layout consiste em arranjar
em um só local, a célula e as diferentes máquinas que possam produzir o
produto inteiro ou partes de um produto. Nesse caso, o material se desloca,
buscando os processos, como no layout funcional, mas, ao invés disso
acontecer em toda a produção, acontece somente dentro da célula e/ou entre
células. É indicado quando é necessário ter flexibilidade quanto ao tamanho
de lotes por produto. Empresas que trabalham com layout celular elevam seu
nível de qualidade e produtividade e diminuem a movimentação de materiais,
centralizando a responsabilidade pela produção na célula de manufatura.

Veja um exemplo na Figura 5.

Montagem

8 10 9 12
Célula 2 11
4 Célula 1 6
Célula 3 7
2 1 3 5

A C B
Figura 5 – Layout celular
Fonte: Martin; Laugeni (2015, p. 139)

A divisão das células pode ser feita de diversas formas:


»» Em função dos equipamentos que a Empresa possui: prensas, tornos etc.;
»» Agrupamento de processos produtivos por forma geométrica: produção de
cilindros, discos etc.;
»» Por ferramental necessário para o processamento;
»» Por tipo de produtos: parafusos, eixos, anéis, engrenagens etc.;
• Layout por posição fixa ou por produto: a principal característica desse
layout é que o material se encontra fixo em uma posição e as máquinas se
deslocam até o seu local para executar as operações produtivas. O produto fa-
bricado é único e, por vezes, fabricado em quantidade pequena ou até unitária.

Os layouts por posição fixa, geralmente, são utilizados na fabricação de produtos de grandes
Explor

dimensões, como navios e aviões. Acesse o link e assista ao Processo Produtivo de um avião
para entender o funcionamento desse tipo de layout:
https://youtu.be/d5PH4j2ww6o

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• Layouts combinados ou mistos: é possível que a Empresa opte por aproveitar
os benefícios de dois layouts, combinando os mesmos. Geralmente, são
utilizados para produtos que possuem um Processo Produtivo inicial igual,
mas que, ao final, necessitam de customização para cada cliente, como uma
etiqueta especial ou diferentes processos de embalagem.

Veja um exemplo na Figura 6.

Setor A M3 Setor B B2
M1 B1
M2

P4 P3 P2 P1

Figura 6 – Layout combinado com início funcional e finalização em linha


Fonte: Martins; Laugeni (2015, p. 141)

A escolha do layout e do tipo de processo de manufatura é complementar, de


forma que um influencia o outro, conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Relação entre tipos de processo de manufatura e os tipos de arranjo físico


Tipos de processo de manufatura Tipos básicos de arranjo físico Tipos de processo de serviço
Processo por projeto Arranjo físico posicional
Serviços profissionais
Processo tipo jobbing Arranjo físico por processo
Processo tipo batch
Arranjo físico celular Loja de serviços
Processo em massa
Processo contínuo Arranjo físico por produto Serviços de massa
Fonte: adaptada de Slack; Chambers; Johnston (2002, p. 203)

A Tabela 2 mostra que os tipos de manufatura, arranjo e processos mais perso-


nalizados estão entre processos por projeto e jobbing, juntamente com arranjo po-
sicional, que dá maior personalização e autonomia aos profissionais. Já os proces-
sos de batelada e massa estão, basicamente, relacionados ao arranjo por processo
celular e o processo contínuo em consonância com o arranjo físico por produto.

Vamos conhecer outro importante aspecto do planejamento da manufatura, que


é a decisão de localização.

Localização
A localização também representa uma decisão importante para a Empresa.
Martins e Laugeni (2015) defendem que a decisão do melhor layout passa primeiro
pela decisão de localização, conforme a Figura 7.

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UNIDADE Projetos Produtivos

Localização da empresa

Determinação da capacidade

Layout da empresa

Figura 7 – Localização e layout


Fonte: adaptada de Martins e Laugeni (2015)

Ao buscar a melhor localização para a Empresa, devemos estudar o seu mercado


consumidor/fornecedor e os fatores ambientais. Vamos conhecer alguns dos
principais fatores a serem analisados na escolha de uma localização.
1. Disponibilidade de mão de obra: abundância de mão de obra barata e/
ou preparada. A convergência de ambos, eventualmente, pode se tornar
um grande desafio;
2. Proximidade das fontes de matéria-prima ou de fornecedores, principalmen-
te, quando os insumos forem de grande tamanho ou peso. Por exemplo: Si-
derúrgicas, Metalúrgicas, Fábricas de aço ou de papel – custo de transporte;
3. Proximidade dos consumidores: facilitar a entrega de produtos e de ser-
viços. Pode representar a decisão de compra do cliente;
4. Facilidade de transportes: acesso a estradas, ferrovias, terminais de transpor-
te. Produtos de grande peso e dimensões também influenciam nesse aspecto;
5. Infraestrutura: deve permitir a disponibilidade de serviços como gás, ele-
tricidade, água – quando a utilização deles é muito grande;
6. Tamanho da localização: previsão de expansão, tipo de solo apropriado,
áreas de preservação ambiental, construção do imóvel com paredes modu-
lares que possam ser retiradas em um eventual aumento da fábrica;
7. Incentivos fiscais: concedidos por Leis municipais ou estaduais e que pro-
porcionam redução de impostos ou facilidade de implantação;
8. Fatores como proximidade de escolas, qualidade de vida, aspectos culturais
da região, clima, regulamentações ambientais e outros também são de aná-
lise importante.

A localização ideal ou ótima é aquela em que todos ou quase todos esses fatores
são satisfeitos total ou parcialmente. Geralmente, um ou outro fator é mais impor-
tante, dependendo do tipo de Empresa. Uma indústria de papel, por exemplo, tem
como fatores mais importantes em sua análise de localização a sua infraestrutura
(eletricidade), facilidade de transporte e proximidade das matérias primas.

Algumas regiões acabam se tornando mais especializadas em alguns tipos de


Empresas que outras. Essa reunião de Empresas do mesmo tipo e geograficamente
localizadas é conhecida como Cluster.

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Cluster é um nome utilizado para caracterizar um agrupamento
natural de Empresas similares em determinada região geográfica.

As Empresas localizadas no mesmo cluster possuem as mesmas características


econômicas e objetivos comuns de competitividade. Veja alguns exemplos:
• Região da Barra Funda, em São Paulo, capital – Cluster de oficinas mecânicas;
• Região da Santa Efigênia, em São Paulo, capital – Lojas de produtos eletrônicos;
• Cidade de Montes Claros, em Minas Gerais– Cluster bioquímico;
• Vale do Silício (Silicon Valley) – Califórnia – Lá estão as sedes das maiores
Empresas de Tecnologia, como o Google e o Yahoo.

As vantagens de localizar a Empresa em um cluster são a existência de instituições


de apoio e pesquisa, fornecedores qualificados, cultura local adaptada às atividades,
possibilidade cooperação entre Empresas, reciclagem em conjunto, aquisição de
insumos, exportação ou importação em consórcio etc.

Outra forma de tornar a localização um fator de competitividade é o Condomínio


Industrial. Muito utilizado no Brasil na implantação das montadoras de automóveis,
na década de 1990, ele se caracteriza pela localização de fornecedores dentro da
planta da montadora ou adjacente a ela.

Esses fornecedores são escolhidos pela Montadora, que determina as


características da planta do fornecedor e orienta estrategicamente todos os
participantes do condomínio.

Os produtos fornecidos são, normalmente, conjuntos montados e, geralmente,


são para produtos que teriam alto custo de transporte, caso os fornecedores
estivessem longe.

O Consórcio Modular é uma ampliação do Condomínio Industrial, também


surgido na década de 1990, com foco na indústria automotiva, e consiste em
localizar o fornecedor dentro da planta da Montadora, sendo responsável por todas
as etapas de montagem de seus itens no produto.

No Consórcio Modular, o fornecedor é visto como um parceiro, ajudando a reduzir


custos e investimentos, pois as instalações de montagem são de responsabilidade do
fornecedor. A Montadora fica responsável pela engenharia, controle de qualidade,
comercialização e logística do produto final. Entre as vantagens, estão uma melhor
coordenação de produção e garantia de fornecimento.

A fábrica da Volkswagem, localizada em Resende, Rio de Janeiro, produz ônibus e caminhões


Explor

e foi o primeiro Consórcio Modular do mundo, inaugurada em novembro de 1996. Adquirida


em 2009, pela MAN Latin America, possui uma linha de produção para caminhões e ônibus
da Volkswagen e Caminhões MAN. Acesse o link e conheça mais sobre o Condomínio
Industrial da Empresa: https://goo.gl/VuXgbG

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UNIDADE Projetos Produtivos

Importante! Importante!

• O Processo Produtivo pode ser projetado de inúmeras formas, dependendo da


estratégia da Empresa e de seus objetivos de desempenho. Enquanto alguns são mais
adequados para produtos, outros são mais adequados para serviços;
• Os processos para produtos são o processo por projeto, por tarefa ou jobbing, por lotes
ou bateladas, em massa ou em linha e processos contínuos;
• Os processos para serviços são os serviços profissionais, as lojas de serviço e os serviços
em massa;
• A partir do seu processo, a Empresa realiza o arranjo físico da sua produção, que
consiste no planejamento do espaço físico a ser ocupado por um processo produtivo,
tanto para produtos como para serviços;
• Sua disposição gráfica é chamada de layout e possui diversos tipos: por processo,
também conhecido como funcional ou posicional; em linha; layout celular ou célula
de manufatura; layout por posição fixa ou por produto e layout combinado ou misto;
• A localização também representa uma importante decisão para a Empresa e deve
analisar fatores como disponibilidade de mão de obra, proximidade de fornecedores
e consumidores, facilidade de transportes, infraestrutura da região, tamanho da
localização, incentivos fiscais da região e fatores como escolas, qualidade de vida,
cultura, clima e regulamentações ambientais, entre outros;
• A localização ideal ou ótima é aquela em que todos ou quase todos esses fatores
são atendidos parcial ou totalmente. Por esse motivo, muitas Empresas optam por
localizar suas instalações produtivas em regiões especializadas para seu tipo de
produto ou serviço;
• Essas especializações podem ser identificadas pela existência de um Cluster, de um
Condomínio Industrial ou de um Consórcio Modular.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Administração da Produção
MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, Fernando P. Administração da Produ-
ção. São Paulo: Saraiva, 2015. Cap. 2 – Métodos de cálculo de localização de
Empresas industriais.

Vídeos
Arranjo Físico x Produtividade
OLIVEIRA, Rodson, Arranjo Físico x Produtividade. Abr. 2016.
https://youtu.be/vsD9P9cIbV0

Leitura
Processos em Manufatura e Serviços
MARTINS, Rosemary, Processos em manufatura e serviços. 15 ago. 2013.
https://goo.gl/CwbMF9
Problemas e Métodos Decisórios de Localização de Empresas
SATO, Fábio R. L., RAE Eletrônica. Problemas e métodos decisórios de localização
de Empresas, v. 1 , nº 1, jul.-dez. 2002.
https://goo.gl/tVpQhy

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UNIDADE Projetos Produtivos

Referências
KRAJEWSKI, Lee J.; RITZMAN, Larry; MALHOTRA Manoj. Administração da
Produção e Operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, Fernando P. Administração da Produção.


São Paulo: Saraiva, 2015.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart, JOHNSTON, Robert. Administração da


Produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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