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EXCELENTÍSSIMO SR.

DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____VARA


CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA.

LUEDIR ALVES DE SOUZA, brasileiro, casado,


fotógrafo, portador de cédula de Identidade RG nº 537.724 – SSP/PB,
com CPF nº 722.152.407-68, residente na Rua Major João Correia, nº
333, Galante, Campina Grande – Paraíba, por seu bastante procurador
e advogado abaixo subscrito, legalmente constituído conforme
procuração em anexo, com endereço profissional na Rua Vidal de
Negreiros, 91, Sala 08, Centro de Campina Grande, Paraíba, local
onde deverá receber as intimações de praxe, vêm mui
respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


E REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C TUTELA ANTECIPADA
em face de BOMPREÇO S.A. SUPERMERCADOS DO NORDESTE,
inscrito no CNPJ nº 13.004.510/0001-89, com endereço na Rua
Almeida Barreto, nº 85, Bairro São José, Município de Campina Grande
– Paraíba, pelos fatos e motivos que a seguir expõe:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A priori, requer a V. Exª. seja deferido o benefício da


Gratuidade de Justiça ao Promovente, com fulcro na lei 1.060/50, por
não ter condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Para
tanto, prova sua hipossuficiência financeira através de
comprovante de declaração.

DOS FATOS

MM. Juiz, ao ser subitamente atraído por propaganda


veiculada na televisão, o requerente resolveu comprar na loja
requerida, uma TV LCD de 42polegadas marca LG 42LK450 FULL HD,
código do produto 7893299142833, no valor de R$ 1.498,00 (um mil
quatrocentos e noventa e oito reais) e um aparelho DVD PLAYER
SONY DVPSR320, código do produto 4905524749014, no valor de R$
138,00 (cento e trinta e oito reais), somando um total de R$ 1.636,00
(mil seiscentos e trinta e seis reais), com pagamento dividido em 12
parcelas de R$ 136,37 (cento e trinta e três reais e trinta e sete
centavos), através de cartão de crédito (Hipercard).
Após se confirmar a disponibilidade dos produtos em
estoque, o requerente foi conduzido ao caixa, passou o cartão de
crédito e efetivou o pagamento, recebendo a nota fiscal eletrônica,
faltando apenas lhe ser entregue os produtos.

Ocorre que, estando o requerente munido da nota fiscal e


comprovante de pagamento, apenas a TV foi possível lhe foi
entregue, oportunidade em que foi informado da indisponibilidade de
estoque do aparelho DVD PLAYER SONY DVPSR320, já que o único
existente na loja, era aquele da “vitrine” não podendo ser vendido.
Pode-se legitimamente imaginar o consumidor atraído pela
propaganda da requerida, com as promoções de eletrodomésticos da
semana, chegar ao estabelecimento comercial anunciante, com seus
afazeres em segundo plano, ver o produto na vitrine, escolher, pagar,
e quando vai recebê-lo, é frustrado, porque aquele produto desejado,
não mais existe em estoque. Satisfeito, risonho, contente ninguém
fica!

A empresa requerida falhou na prestação do serviço,


quanto às informações que deve ser repassada ao consumidor,
porque ele/consumidor, não conseguiu comprar o aparelho DVD
anunciado em promoção, fazendo o consumidor frustrar-se em seu
intento.

O requerente aceitou negociar o aparelho DVD do


mostruário, porém a loja se recusou a entregar o único produto
existente, frustrando a tão desejada compra.
Nesse sentido, a venda teve que ser cancelada com o
consequente estorno do débito no cartão de crédito do requerente, no
que as partes assim entenderam.

Porém, ao receber as faturas de cartão de crédito, o


requerente verificou que o cancelamento da compra do aparelho de
DVD não havia sido efetivada, sendo cobrado no cartão de crédito, o
valor pelo produto que não recebeu.

Para não ver-se inadimplente, já que o autor preza por sua


dignidade e honra seus compromissos através de seu trabalho,
efetuou o pagamento das faturas posteriores a compra que não foi
realizada, sujeitando-se ao pagamento indevido e abusivo cobrado
pela empresa ré.

Constata-se aí Excelência, outra falha quanto à prestação


do serviço ao consumidor, já que de forma negligente a requerida
continua cobrando por um produto que teve a venda cancelada em
razão da indisponibilidade de estoque.
Nessa linha de princípio, o requerente experimentou como
dano moral, a dor, vexame, sofrimento e humilhação que, fugindo a
normalidade interferem intensamente no comportamento psicológico
do requerente causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu
bem estar, em razão da negativa na aquisição de produto anunciado
em vasta publicidade, bem como em razão de esta sendo cobrado em
cartão de crédito por produto objeto de cancelamento de compra por
falta de estoque.
DO DIREITO

Entende a jurisprudência majoritária que o consumidor


lesado deve buscar o poder jurisdicional para ter seus direitos
garantidos.

A informação prestada em relação a quantidade do produto


existente, é tida como publicidade enganosa pelo Código de Defesa
do Consumidor, conforme versa seu artigo 37, §1º:

“Art. 37: É proibida toda publicidade enganosa


ou abusiva.
§1º É enganosa qualquer modalidade de
informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou,
por qualquer outro modo, mesmo por omissão,
capaz de induzir em erro o consumidor a
respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos
e serviços.”
Caracteriza-se como ato ilícito aquele praticado em
desconformidade com a norma jurídica que destina-se a proteger
interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando
prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. O Código
Civil define o ato ilícito em seu art. 186:
“Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Sendo assim, como previsto na legislação, configura ato


ilícito aquele que cause dano, ainda que exclusivamente moral.

O art. 186, CC define o que é ato ilícito, porém o dever de


indenizar é tratado no art. 927, CC:

“Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e


187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.”

O Código de Defesa do Consumidor protege a priori, a


dignidade da pessoa humana, garantindo ao consumidor direitos
básicos a serem cumpridos pela sociedade.

Desse modo, reza o art. 14 e art. 43, §2º do Código de


Defesa do Consumidor:

“Art. 14: O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação
de serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.”
Confere a Lei 8.078/90, diante do acontecido narrado
acima, que o autor possui direito de receber não só a quantia paga,
mas o dobro de seu valor, conforme artigo 42, parágrafo único, no
qual diz, in verbis:

“O consumidor cobrado em quantia indevida


tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável."

Nesse entendimento decorre o valor de R$ 276,00


(duzentos e setenta e seis reais) a ser reconhecido e pago ao autor,
diante dos R$ 138,00 (cento e trinta e oito reais) que a empresa ré
cobrou indevidamente pelo produto não recebido pelo autor.

Nesse diapasão, este Juízo deve sentir-se confortável por


Julgar Procedente a pretensão do autor, no que diz respeito à
devolução na forma dobrada da quantia que lhe foi imposta a pagar
de forma indevida, uma vez que, a instituição ré, além de cobrar por
produto não vendido, errou quanto a prestação do serviço que lhe
cabe patrocinar. Deve também julgar procedente o pedido
indenização pelos danos morais e publicidade enganosa que
ofenderam o autor.
DO PEDIDO

Diante do acima exposto, REQUER o seguinte;

1. A citação da Ré para, querendo, responder a presente


ação, sob pena de sofrer os efeitos da revelia.
2. A condenação da empresa Requerida no dever de reparar
pelos danos morais em valor a ser arbitrado por este
Juízo, acrescido de juros e correção, em razão da alegada
falha na prestação de serviço, pela publicidade enganosa
e pela cobrança indevida de débito em cartão de crédito.

3. Julgar procedente o pedido de restituição, na quantia de


R$ 138,00 (cento e trinta e oito reais) em dobro, á título
de repetição de indébito cobrado no cartão de crédito do
requerente, referente transação de compra e venda
anteriormente cancelada.

4. A concessão dos benefícios da assistência judiciária


gratuita, nos termos da Lei 1.060/50, visto que a
Promovente não está em condições de pagar as custas
processuais e os honorários advocatícios, sem prejuízo
próprio e de sua família.

5. Requer provar o alegado por todos os meios de provas


admitidos no direito pátrio, especialmente prova
documental, depoimento pessoal e oitiva de
testemunhas.

Dá-se a causa o valor de R$ 276,00 (duzentos e setenta e


seis reais)

Termos que,
Pede Deferimento.
Campina Grande, Paraíba, 24 de Julho de 2012.

Antonio de Pádua Pereira


ADVOGADO – OAB-PB 8147

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