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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA

Caderno de Resumos

30 e 31 de maio e 01 de junho

2012
Uberlândia - MG
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Programa de Pós-Graduação em Letras – Teoria Literária
Grupo de Pesquisa sobre o Ensino de Língua Portuguesa – GPELP/CNPq

CADERNO DE RESUMOS

II SIELP

II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

30 e 31 de maio e 01 de junho de 2012


UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Alfredo Júlio Fernandes Neto - Reitor
Darizon Alves de Andrade - Vice-Reitor

Waldenor Barros Moraes Filho - Pró-reitor de graduação


Alcimar Barbosa Soares - Pró-reitor de Pesquisas e Pós-Graduação
Alberto Martins da Costa - Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis
Valder Steffen Júnior - Pró-Reitor de Planejamento e Administração
Sinésio Gomide Júnior - Pró-Reitor de Recursos Humanos

INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA


Maria Inês Vasconcelos Felice - Diretora

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS


Alice Cunha de Freitas – Coordenadora

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS – TEORIA LITERÁRIA


Betina Rodrigues da Cunha

CURSO DE LETRAS
Maria Cecília de Lima – Coordenadora

CURSO DE TRADUÇÃO
Paula G. Arbex

COMISSÃO ORGANIZADORA
Eliana Dias – Presidente
Maria Cecília de Lima – Vice Presidente
Elisete Maria de Carvalho Mesquita
Luísa Helena Borges Finotti
Maria Aparecida Resende Ottoni
Fernanda Mussalim
Maura Alves de Freitas Rocha

APOIO TÉCNICO
Fernando Paulino de Oliveira
Rafael Regis Ramalho

AGRADECIMENTOS

Direção do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia

OBS: Todos os resumos deste caderno foram elaborados por seus autores, não cabendo
qualquer responsabilidade legal sobre seu conteúdo à comissão organizadora do evento.
II SIELP
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO

CONFERÊNCIA DE ABERTURA ................................................................................................ 9

MESA-REDONDA I ...................................................................................................................... 11

MESA REDONDA II ..................................................................................................................... 13

MESA REDONDA III .................................................................................................................... 16

CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO .................................................................................. 18

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES EM GRUPOS TEMÁTICOS (GTS) ............................ 19

GRUPO TEMÁTICO 1: A LEITURA E A (RE)ESCRITURA NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA ................................................................................................................................ 19

GRUPO TEMÁTICO 2: A LÍNGUA PORTUGUESA E A EDUCAÇÃO DE NEGROS NO


BRASIL E NOS PAÍSES AFRICANOS ......................................................................................... 28

GRUPO TEMÁTICO 3: A QUESTÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS NA


FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DA TRANSPOSIÇÃO AOS GESTOS DIDÁTICOS .......... 31

GRUPO TEMÁTICO 4: A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM HUMANA .41

GRUPO TEMÁTICO 5: AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: O DISCURSO


VERBAL E VERBO-VISUAL NA ELABORAÇÃO DE CONTEÚDOS ..................................... 45

GRUPO TEMÁTICO 6: ANÁLISE DE PRÁTICAS DISCURSIVAS NO CONTEXTO


ESCOLAR ........................................................................................................................................ 48

GRUPO TEMÁTICO 7: AS MÍDIAS NO ENSINO DA LEITURA ........................................... 56

GRUPO TEMÁTICO 8: ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR DE


LÍNGUA PORTUGUESA: EM PAUTA CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E TEXTO ...................... 62

GRUPO TEMÁTICO 9: CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA AO


ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL ................................................................... 65

GRUPO TEMÁTICO 10: DISCURSIVIDADES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA ................................................................................................................................ 71

GRUPO TEMÁTICO 11: DO TEXTO DE APOIO À PRODUÇÃO TEXTUAL: A


CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO TEXTO ESCOLAR .............................................................. 79

GRUPO TEMÁTICO 12: EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS: O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA .............................................................................. 85

5
GRUPO TEMÁTICO 13: ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS SURDOS
............................................................................................................................................................91

GRUPO TEMÁTICO 14: ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: EXCLUSÃO,


PRECONCEITO E CIDADANIA ................................................................................................... 99

GRUPO TEMÁTICO 15: ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: MÚLTIPLOS OLHARES;


MÚLTIPLAS FACETAS ............................................................................................................... 105

GRUPO TEMÁTICO 16: ENSINO DE LÍNGUAS E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM


PERSPECTIVAS DISCURSIVAS: EMBATES E DIÁLOGOS ................................................... 114

GRUPO TEMÁTICO 17: ENSINO DE PORTUGUÊS EM COMUNIDADES INDÍGENAS,


PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA ............................................................................................. 121

GRUPO TEMÁTICO 18: ENSINO DE PRODUÇÃO DE TEXTO EM LÍNGUA


PORTUGUESA: TECNOLOGIAS E PROCESSOS DE EDIÇÃO .............................................. 131

GRUPO TEMÁTICO 19: ESTUDOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA NO CONTEXTO


ESCOLAR ...................................................................................................................................... 135

GRUPO TEMÁTICO 20: ESTUDOS DIACRÔNICOS DO PORTUGUÊS ............................. 138

GRUPO TEMÁTICO 21: ESTUDOS LINGUÍSTICOS E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: É


POSSÍVEL ALIAR PRÁTICA A TEORIA NOS CURSOS DE LETRAS? ................................. 144

GRUPO TEMÁTICO 22: FONÉTICA E FONOLOGIA E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA


......................................................................................................................................................... 151

GRUPO TEMÁTICO 23: FORMAÇÃO DOCENTE E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:


REFLEXÕES E POSSIBILIDADES ............................................................................................. 153

GRUPO TEMÁTICO 24: GÊNEROS DISCURSIVOS, ENSINO E PRÁTICAS ..................... 160

GRUPO TEMÁTICO 25: GÊNEROS MULTIMODAIS COMO OBJETO DE ENSINO: TEORIA


E PRÁTICA .................................................................................................................................... 167

GRUPO TEMÁTICO 26: INTERPRETAÇÃO, LEITURA E ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA .............................................................................................................................. 173

GRUPO TEMÁTICO 27: INVESTIGAÇÃO SOBRE O TEXTO ACADÊMICO: DO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AO ARTIGO CIENTÍFICO ................................ 179

GRUPO TEMÁTICO 28: LEITURA E GRAMÁTICA ............................................................. 183

GRUPO TEMÁTICO 29: LETRAMENTO DIGITAL ............................................................... 189

GRUPO TEMÁTICO 30: LÍNGUA E DISCURSO: APROXIMAÇÕES INTERDISCIPLINARES


......................................................................................................................................................... 198

6
GRUPO TEMÁTICO 31: LÍNGUA E LITERATURA: ARTICULAÇÕES PELA PRÁTICA
PEDAGÓGICA .............................................................................................................................. 204

GRUPO TEMÁTICO 32: LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO .............................................. 210

GRUPO TEMÁTICO 33: LÍNGUA PORTUGUESA NO ESPAÇO E NO TEMPO SOB AS


MACROPERSPECTIVAS FORMALISTA E FUNCIONALISTA: UMA VISÃO PANCRÔNICA
E PANTÓPICA .............................................................................................................................. 214

GRUPO TEMÁTICO 34: LÍNGUA PORTUGUESA PARA FINS ESPECÍFICOS:


CONTRASTES E CONFRONTOS ............................................................................................... 217

GRUPO TEMÁTICO 35: LINGUAGEM, CURRÍCULO E IDENTIDADES: DESAFIOS E


PERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LP ...................................... 224

GRUPO TEMÁTICO 36: LINGUÍSTICA DE TEXTO E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA –


DIÁLOGO ENTRE TEORIA E PRÁTICA ................................................................................... 231

GRUPO TEMÁTICO 37: NOVAS ABORDAGENS PARA O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA: UM NOVO OLHAR PARA UM VELHO QUADRO ...................................... 237

GRUPO TEMÁTICO 38: O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA


CONTEMPORANEIDADE: O DESAFIO DA INSERÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO
AMBIENTE DE SALA DE AULA ............................................................................................... 245

GRUPO TEMÁTICO 39: O ENSINO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NO BRASIL ........... 252

GRUPO TEMÁTICO 40: O ESTUDO DO LÉXICO EM SALA DE AULA DE LÍNGUA


PORTUGUESA .............................................................................................................................. 262

GRUPO TEMÁTICO 41: O LATIM E O ENSINO DE PORTUGUÊS ..................................... 273

GRUPO TEMÁTICO 42: O POSSÍVEL FIM DO CONFLITO ENTRE LINGUÍSTICA E


GRAMÁTICA NORMATIVA ...................................................................................................... 276

GRUPO TEMÁTICO 43: O TEXTO NA AULA DE LÍNGUA: O QUE ENSINAMOS E COMO


TEMOS AVALIADO .................................................................................................................... 280

GRUPO TEMÁTICO 44: PRÁTICAS DE ENSINO DE PORTUGUÊS: CRÍTICAS E


PROPOSTAS ................................................................................................................................. 288

GRUPO TEMÁTICO 45: PRÁTICAS DE LEITURA: CONTRIBUIÇÕES, REFLEXÕES E


DESAFIOS ..................................................................................................................................... 296

GRUPO TEMÁTICO 46: PRODUÇÃO DE FILMES DE CURTA-METRAGEM COMO


FACILITADOR DA INCLUSÃO DE DIVERSIDADES CULTURAIS NA SOCIEDADE ....... 306

GRUPO TEMÁTICO 47: PRODUÇÃO DE TEXTOS EM LÍNGUA PORTUGUESA: UM


PROCESSO DE IDAS E VINDAS ................................................................................................ 309

7
GRUPO TEMÁTICO 48: PROFESSORES DE PORTUGUÊS EM FORMAÇÃO E AS
COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA
ESTRANGEIROS .......................................................................................................................... 314

GRUPO TEMÁTICO 49: VARIAÇÃO/DIVERSIDADE LINGUÍSTICA, ORALIDADE E


LETRAMENTO: DISCUSSÕES E PROPOSTAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DE
LÍNGUA MATERNA .................................................................................................................... 321

PAINÉIS ........................................................................................................................................ 332

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II SIELP
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

CONFERÊNCIA DE ABERTURA
LES GENRES DE TEXTE – UN OBJET D’ENSEIGNEMENT

Bernard SCHNEUWLY (Université de Genève)

Dans l’enseignement de la langue, et plus particulièrement dans l’enseignement de la lecture, de


l’écriture et de la littérature, l’école a toujours eu comme référence les genres de texte. Ces genres
sont le résultat de transpositions didactiques : ce sont de réels créations du système scolaire à des
fins d’enseignement et d’apprentissage. Pendant longtemps, il s’agissait de genres scolaires, définis
dans une perspective littéraire et non communicative, coupant radicalement avec la tradition
rhétorique : la description, le portrait, la narration et, dans les pays francophones comme
couronnement, la dissertation. L’adoption d’une perspective communicative a changé la donne : des
genres non scolaires – l’interview, la lettre de lecteur, la règle de jeu, etc. – sont entrés massivement
dans l’école et sont devenus des objets d’enseignement. Ce changement a des conséquences
didactiques que nous allons explorer de trois points de vue :

1. Transposition et fictionnalisation
Les genres de texte subit une transposition didactique par le simple fait qu’ils ne sont plus
(uniquement) des moyens de communication, mais des genres qu’il faut apprendre et maîtriser. Ils
sont profondément transformés et deviennent des « genres scolarisés ». Leur enseignement implique
une « fictionnalisation » de la situation de communication. Ceci a des répercussions sur le genre et
ses caractéristiques et sur le processus d’écriture lui-même.

2. Sédimentation des pratiques


En passant de l’enseignement des genres scolaires au genres scolarisés, des pratiques classiques,
issues de l’approche non communicative, subsistent et se combinent de manière complexe avec des
pratiques se référant à des approches communicatives : on peut parler de couches historiques de
pratiques d’enseignement qui se superposent comme des strates géologiques qui se « sédimentent »
(Vygotksi).

3. Ingénierie
Dans ce contexte général, la mise en œuvre d’une approche didactique basée sur des genres
scolarisés pose au moins deux problèmes majeurs :
- Il faut « modéliser » didactiquement les genres scolarisés à enseigner pour les rendre enseignables :
une tâche redoutable qui ne peut être qu’une œuvre collective sur la base de description des genres,
d’analyse des difficultés des élèves dans l’appropriation des genres, d’objectifs scolaires à atteindre.
- Il faut choisir les genres à enseigner en fonction de différents paramètres : les capacités à construire
chez les élèves ; la progression à construire à travers la scolarité ; les finalités de l’école.

Mots clé : enseignement de la langue première, genres scolaires, genres scolarisés, transposition
didactique, fictionnalisation.

9
GÊNEROS TEXTUAIS – UM OBJETO DE ENSINO

Bernard SCHNEUWLY (Universidade de Genebra)


Trad. Roxane ROJO (IEL/UNICAMP)

No ensino de língua, e mais particularmente no ensino da leitura, da escrita e da literatura, a escola


sempre teve como referência os gêneros textuais. Esses gêneros são o resultado de transposições
didáticas: são verdadeiras criações do sistema escolar para fins de ensino e aprendizagem. Durante
muito tempo, tratava-se de gêneros escolares, definidos em uma perspectiva literária e não
comunicativa, rompendo radicalmente com a tradição retórica: a descrição, a descrição à vista de
gravura, a narração e, nos países francófonos, a dissertação como coroamento. A adoção de uma
perspectiva comunicativa mudou a situação: gêneros não escolares – como a entrevista, a carta de
leitor, as regras de jogo etc. – entraram maciçamente na escola e tornaram-se objetos de ensino.
Esta mudança teve consequências didáticas que exploraremos a partir de três pontos de vista:

1. Transposição e ficcionalização
Os gêneros textuais sofrem uma transposição didática pelo simples fato de que eles não são mais
apenas meios de comunicação, mas gêneros que é preciso aprender e dominar. São profundamente
transformados e tornam-se “gêneros escolarizados”. Seu ensino implica uma “ficcionalização” da
situação de comunicação. Isso tem repercussões sobre o gênero e suas características e sobre o
próprio processo de escrita.

2. Sedimentação de práticas
Passando do ensino dos gêneros escolares ao dos gêneros escolarizados, práticas clássicas
originadas na abordagem não comunicativa subsistem e se combinam de maneira complexa com
práticas ligadas às abordagens comunicativas: podemos falar de camadas históricas de práticas de
ensino que se sobrepõem como estratos geológicos que se “sedimentam” (Vygotsky).

3. Engenharia
Nesse contexto geral, colocar em prática uma abordagem didática baseada nos gêneros
escolarizados traz pelo menos dois grandes problemas:
- É preciso “modelizar” didaticamente os gêneros escolarizados a serem ensinados, para torná-los
ensináveis: uma tarefa formidável que só pode ser levada a cabo como obra coletiva sobre a base da
descrição dos gêneros, da análise das dificuldades dos alunos na apropriação desses gêneros, dos
objetivos escolares a atingir.
- É preciso escolher os gêneros para ensinar em função de diferentes parâmetros: as capacidades a
serem construídas com os alunos; a progressão através da escolaridade; as finalidades da escola.

Palavras-chave: ensino de primeira língua, gêneros escolares, gêneros escolarizados, transposição


didática, ficcionalização.

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MESA-REDONDA I

ENSINO E DICIONÁRIO

EXEMPLOS EM DICIONÁRIOS ESCOLARES BRASILEIROS

Orlene Lúcia de Saboia CARVALHO


Universidade de Brasília (UnB)

Responsáveis pela contextualização da palavra-entrada, em suas diferentes acepções, os exemplos –


aqui incluídas também as abonações – são responsáveis por veicular, no eixo das combinações,
informações de natureza diversa. Sua presença é, em princípio, imprescindível, uma vez que é por
meio deles que se conhecem os reais usos da palavra, seus aspectos pragmáticos. Esse pressuposto,
no entanto, não corresponde à realidade dos dicionários escolares brasileiros, nos quais a inclusão
dessa categoria lexicográfica não costuma ser sistemática, salvo raríssimas exceções. Apesar da
ausência de sistematicidade, os exemplos estão distribuídos pelos verbetes de todas as classes de
palavras – os critérios para tal seleção, se é que existem, não são esclarecidos nas propostas
lexicográficas. Assim, com o intuito de contribuir para uma melhor compreensão das características
dos exemplos, propomo-nos a analisá-los em verbetes de dicionários pertencentes a diferentes Tipos
(aqui nos referimos à tipologia utilizada como parâmetro nas avaliações do Ministério da Educação:
o PNLD-Dicionário de 2006 e de 2012). Na lexicografia pedagógica brasileira, encontram-se tanto
dicionários que seguem o padrão lexicográfico tradicional, aproximando-se dos dicionários padrão,
quanto aqueles cujos verbetes se apoiam nas definições oracionais, de natureza mais pedagógica.
Portanto, nossa análise contemplará exemplos que se encontram separados das definições (padrão
tradicional), bem como exemplos sintática e semanticamente integrados à definição oracional.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LEXICOGRAFIA

Maria Cândida Trindade Costa de SEABRA


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Indicações sobre níveis linguísticos, mais especificamente, a caracterização sociolinguística, seja


diatópica, diafásica, diastrática e diacrônica, são difíceis de serem classificadas em obras
lexicográficas. Adotando uma pluralidade de abreviaturas e símbolos usuais, de maneira geral, não
se seguem critérios rigorosos nessa classificação, gerando, por isso, críticas. De acordo com a
extensão e finalidade de uma obra lexicográfica, devemos reduzir ou ampliar essa lista, que nunca
será exaustiva. Naturalmente, a inclusão ou não inclusão de “marcas de uso” dependerá não só da
finalidade do dicionário, mas também de sua extensão. De grande utilidade na prática, já que
informam ao usuário condições contextuais e situacionais de uso e interpretação de elementos
léxicos, as “marcas de uso” integram os verbetes, ampliando o conhecimento do vocabulário e
acrescentando informações às definições, mesmo quando não se encontram presentes. Em um
dicionário, se não se indica nenhuma marcação específica para uma unidade léxica, considera-se
que a mesma pertence ao nível estandar da língua, sendo relativamente “neutra” no que se refere a
conotações. Seguindo os princípios teórico-metodológicos de HAENSCH, WOLF, ETTINGER,
WERNER (1982) e ESQUIVEL (2001), daremos enfoque, nesta comunicação, ao tratamento dado
à variação linguística em obras lexicográficas destinadas a alunos dos ensinos fundamental e médio
das escolas no Brasil.

11
DICIONÁRIOS ESCOLARES: RELEVÂNCIA PEDAGÓGICA DA MACROESTRUTURA

Aparecida Negri ISQUERDO


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CNPq

É fato inconteste a função normativa das obras lexicográficas na sociedade, à medida que o
dicionário é tomado como referência para a elucidação de questões relacionadas à língua, não só no
que diz respeito à significação das palavras, como também para o esclarecimento de dúvidas de
natureza gramatical (ortografia, regência, classe gramatical) e, dependendo no tipo de dicionário,
funciona como fonte de pesquisa sobre marcas de uso da palavra (regionalismos, neologismos,
gírias, tecnicismos etc). Dentre os tipos de dicionários, o tipo escolar, em virtude do público-alvo a
que se destina, tem um papel pedagógico de grande relevância no processo ensino-aprendizagem da
língua materna. Todavia, também é sabido que o uso do dicionário como recurso pedagógico nem
sempre tem recebido o destaque que merece, seja pela própria configuração das obras disponíveis
no mercado, seja pela lacuna existente na formação dos professores em termos de teoria
lexicográfica e, em especial, quanto ao papel do gênero dicionário como auxiliar no aprendizado da
língua. Este trabalho centra-se no conteúdo da macroestrutura dos dicionários escolares dos tipos 1
a 4, segundo a classificação do Edital PNLD Dicionários 2012, do Programa Nacional do Livro
Didático/MEC, mais especificamente nas orientações destinadas ao aluno e ao professor acerca do
uso do dicionário. Assim, tomando como pressuposto a função pedagógica do dicionário escolar e o
público-alvo a que se destina, o estudo analisa uma amostra de dicionários dos quatro tipos
estabelecidos pelo Edital PNLD 2012, examinando a natureza das informações contidas no texto de
orientações ao professor e ao aluno, no que diz respeito ao conteúdo das informações fornecidas, ao
tipo de linguagem utilizada, à interação estabelecida com o usuário, à pertinência e à utilidade das
informações apresentadas. Enfim, o trabalho analisa a presença e a relevância das orientações
fornecidas ao usuário da obra (aluno e professor) do ponto de vista pedagógico.

DICIONÁRIOS ESCOLARES: UMA REFLEXÃO SOBRE TIPOLOGIA

Egon de Oliveira Rangel (PUC-SP)

Os dicionários brasileiros de língua portuguesa destinados ao uso escolar vêm despertando um


inédito interesse acadêmico (Amorim, 2003; Costa, 2007; Gomes, 2007; Moraes, 2007; Welker,
2008), desde que o Ministério da Educação (MEC) instituiu, no contexto do PNLD, um
procedimento oficial de avaliação de títulos passíveis de serem recomendados e distribuídos às
redes públicas de ensino de todo o País. Da discussão que então vem se produzindo, a respeito dos
objetivos da educação nacional e de língua portuguesa em particular, derivaram-se princípios e
parâmetros pedagógicos que, combinados a critérios “clássicos” da lexicografia (Landau, 1984;
Dubois & Dubois, 1971; Béjoint, 2000), deram origem a uma matriz oficial de “critérios de
avaliação” de dicionários escolares (Rosa, 2003). Revista a cada edição do PNLD, essa matriz vem
alimentando um debate a respeito do que é e para que serve (ou deveria servir) um dicionário
escolar adequado à Educação Básica. Da concepção de língua e de léxico aos critérios adotados
para a seleção vocabular e a organização do verbete, a avaliação desses dicionários vem, então,
propondo à (meta)lexicografia pedagógica novos temas para debates. O objetivo desta comunicação
é o de discutir os parâmetros estabelecidos pelo Edital do PNLD 2012, no que diz respeito aos tipos
de dicionários propostos.

12
 Inserir resumo Professor Waldenor

13
MESA-REDONDA II

A ABORDAGEM DO TEXTO EM SALA DE AULA

TEXTOS EM SALA DE AULA: COMO FAZER?

Sírio POSSENTI
UNICAMP /CNPq / FEsTA

Esta apresentação insistirá na tese de que a questão “texto na sala de aula” é uma questão de prática
e que esta deve ser intensa e multiforme, o que significa basicamente que as questões teóricas
devem ficar em segundo pleno e serem progressivamente explicitadas com base na observação de
aspectos significativos dos textos (este texto é diferente daquele / ... quase todos os verbos estão no
passado / ... observem a quantidade de termos técnicos (gírios, estrangeiros) / ... vejam o tamanho
destes cinco textos / ... todos são de jornal / os autores são “conhecidos” etc.). A intervenção tratará
de leitura e de escrita. No que se refere à leitura, defenderá dois tipos de práticas “típicas”: a) a
“simples” leitura de textos longos (romances etc.); b) a leitura com descrição / interpretação de
textos breves. No que se refere à escrita, a ênfase recairá na reescrita / edição, práticas que simulam
a escrita “autoral”, adequando os textos às expectativas em relação aos gêneros e aos campos, e na
circulação dos textos. Em suma: trata-se de ler e escrever na escola “simulando” situações que
equivalem à leitura e à escrita como práticas sociais. Na vida real, por exemplo, não se faz redação
nem se responde a questionários de interpretação de textos.

A ABORDAGEM DO TEXTO EM SALA DE AULA PELA ANÁLISE CRÍTICA DE


GÊNERO

Désirée MOTTA‐ROTH
LABLER/PPGL/Universidade Federal de Santa Maria/CNPq1

Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com
a utilização da língua em enunciados (orais e escritos) (Bakhtin, 1974/1992, p.279) e cada época e
cada grupo social têm seu repertório de gêneros, com suas formas de discurso e temas
correspondentes (Volochinov (1929/1995, p.43). Cada repertório de gêneros é inteiramente
determinado pelas relações de produção e pela estrutura sócio-política e o estudo da natureza dos
gêneros do discurso é componente de importância fundamental para superar as noções simplificadas
acerca da vida verbal, noções estas que ainda persistem em nossa ciência da linguagem (Bakhtin
1974/1992, p. 285-87). Afirmações como essas parecem tão atuais hoje quanto na época em que
foram produzidas e nos levam a refletir sobre a prática pedagógica e a pesquisa sobre educação
linguística da contemporaneidade. O objetivo da apresentação é discutir a abordagem do texto
escrito em sala de aula a partir de um quadro teórico-metodológico interdisciplinar. Parto do
pressuposto de que a textualização da experiência humana e a produção de sentido envolvem a
língua em uso e os múltiplos letramentos: envolve não apenas a mobilização, ao mesmo tempo, de
léxico-gramática, texto, registro, gênero e discurso (Meurer, 2006), em função da organicidade
entre esses vários planos (Volochinov, 1929/1995), mas também a consciência da multiplicidade de
canais e mídias usados na comunicação e a crescente saliência heterogeneidade linguística e
diversidade cultural (Cope; Kalantzis, 2000; Rojo, 2010). A produção de sentido, portanto, implica
a percepção das relações entre texto e contexto, da conexão entre experiência individual,
experiências sociais e condições sócio-históricas de produção, distribuição e consumo dos textos na

1
Bolsa PQ Nº 301793/2010-7.

14
sociedade (Volochinov, 1929/1995; Freire, 2000; Fairclough, 1989). Nesses termos, a abordagem
do texto na sala de aula se beneficia, não necessariamente nesta ordem, 1) da interação do estudante
com os outros como leitor e escritor em tarefas concretas (Russel, 1997), 2) da focalização nos usos
do letramento como escolhas localizadas no tempo e espaço (Street, 1984, p. 96), e 3) da análise
detalhada do discurso para a percepção de expoentes linguísticos do processo de produção textual
(Geraldi, 1998). Algumas tecnologias de ensino para leitura e escritura do texto com base nesses
pressupostos serão enfocadas nesta apresentação.

O “TEXTO EM SALA DE AULA” NA CONTEMPORANEIDADE

Roxane ROJO
(IEL/UNICAMP)

Esta participação na Mesa Redonda “A abordagem do texto em sala de aula” pretende


problematizar a questão do “texto em sala de aula” quase trinta anos depois da publicação de
mesmo título de Geraldi (1984) – “O texto em sala de aula”. Para fazê-lo, colocará em pauta as
mudanças que sofreram os textos contemporâneos, em termos de semioses e tecnologias, e as salas
de aula atuais, em termos de pluralidade cultural, em especial no que diz respeito às culturas da
juventude. Tomaremos por base o conceito de Multiletramentos (NLG, 1996) e de Novos
Letramentos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2011) e a proposta de uma Pedagogia dos
Multiletramentos do Grupo de Nova Londres (NLG, 1996). Através dessa elaboração teórica e
didática, caracterizaremos os textos e as salas de aula contemporâneos; esboçaremos um contraste
entre as propostas de didatização atuais e as da década de 80; enfatizaremos a contínua pertinência
do conceito de gênero de discurso (BAKHTIN, 2003 [1952-53 / 1979]) neste quadro geral e
concluiremos com os desafios didáticos que são colocados à educação linguística contemporânea
pelas aceleradas mudanças culturais, de linguagens, de semioses, de mídias e de tecnologias nesses
últimos trinta anos.

AS PRESENÇAS DO TEXTO EM SALA DE AULA

Luiz Carlos TRAVAGLIA


(Universidade Federal de Uberlândia / Instituto de Letras e Linguística)

O texto sempre esteve presente em sala de aula de Língua Portuguesa e mesmo de outras
disciplinas. Todavia, em diferentes épocas, de acordo com propostas e conhecimentos prevalentes
em cada momento, sua presença foi ou é trabalhada de formas distintas. Nesta fala buscamos
chamar a atenção para algumas diferentes abordagens que o texto recebeu nas aulas de Língua
Portuguesa no Ensino Fundamental por meio da análise de exemplos extraídos de livros didáticos
de diferentes épocas. Minimamente se pode referir a uma abordagem estético-literária, uma
abordagem gramatical e a uma abordagem que considera a função comunicativa-interacional dos
textos. O objetivo é mostrar: a) elementos que mudaram com o correr dos anos sob o influxo de
diferentes teorias linguísticas e de teorias sobre comunicação, conjugadas a propostas didático-
pedagógicas distintas para o ensino de língua materna; b) o que teria permanecido nas diferentes
épocas e propostas de ensino. Da abordagem do texto por meio de antologias às abordagens sócio-
interacionais por meio de gêneros que se propõe hoje, o que realmente evoluiu? A consciência sobre
o que é o texto e como ele se constitui e funciona, trazida pelos estudos textuais e discursivos, sem
dúvida cresceu muito, mas de que forma isto permitiu ao homem em formação nas escolas
(vulgarmente o aluno) se apropriar dele e usá-lo com mais competência? Temos feito efetivamente
algo para este fim que sempre permaneceu em todas as abordagens?

15
MESA-REDONDA III
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL E EM PORTUGAL

Profª. Drª. Elisete Maria de Carvalho MESQUITA (UFU)


Profª. Drª. Madalena Dias TEIXEIRA (IPS- PT)

Nas interações estabelecidas entre os diferentes estudiosos da língua portuguesa, desde 2009,
identificamos que problemas vivenciados no ensino dessa língua em Portugal são muito
semelhantes aos vivenciados no Brasil. A partir dessa constatação, surgiu uma proposta de se
investigar o que de fato ocorre no ensino de língua portuguesa na Educação Básica desses dois
países. Essa proposta de trabalho se justifica, portanto, i) por reunir pesquisadores de ambos os
países envolvidos, promovendo um amplo debate sobre a atual situação do ensino de língua
portuguesa nesses países; ii) por fazer um levantamento da atual situação desse ensino de modo
coordenado e organizado e iii) por objetivar a elaboração de propostas para a melhoria da qualidade
do ensino de língua portuguesa na Educação Básica no Brasil e em Portugal. Além disso, esperamos
com essa pesquisa contribuir com a descrição e análise da situação atual do ensino de língua
portuguesa no contexto em questão e com a produção de material didático-pedagógico que possa
subsidiar o trabalho de professores de Língua Portuguesa. Considerando a realidade apresentada,
nosso objetivo é apresentar perspectivas para o Projeto internacional intitulado “O Ensino de
Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal: bases epistemológicas, objetivos e conteúdos”,
coordenado pelas Profas Dras. Elisete Maria de Carvalho Mesquita (UFU- Brasil) e Madalena Dias
Teixeira (IPS- Portugal).

ARTICULAÇÕES LINGUÍSTICAS, LITERÁRIAS E FILOSÓFICAS: MADAME BOVARY,


O PRIMO BASÍLIO E DOM CASMURRO

Prof. Dr. Raul de Souza PÜSCHEL


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)

Serão apresentadas nesta comunicação de que maneira articular, em um modelo interpretativo,


considerações de natureza filosófica, linguística e literária. Com o fito de exemplificar e adensar a
discussão, serão estudadas três obras que refletem e refratam mesmos valores de época e de estilos,
como Madame Bovary, O Primo Basílio e Dom Casmurro. Para tanto, serão utilizadas,
principalmente, as concepções de Mario Vargas Llosa, Harold Bloom, Wolfgang Iser, Erich
Auerbach, Mikhail Bakhtin, Domenique Maingueneau, Joaquim Mattoso Câmara, Roland Barthes,
Charles Sanders Peirce, Maurice Merleau-Ponty, Gaston Bachelard e Walter Benjamin. Como uma
obra torna-se um marco ante um paradigma anterior? Que procedimentos linguísticos e estilísticos
são adotados? Como outras obras que se filiam à primeira fazem adesões ou “desleituras”? Como
um texto se revela em tal formação como algo que supera os intumescimentos da linguagem e das
práticas textuais? Ao final, pode-se indagar qual o legado que obras fundadoras deixam tanto
naquilo que ecoa em outros grandes escritores, quanto no acervo de soluções linguístico-textuais de
um idioma. Em relação ao legado didático, deve-se pensar, além dos elementos estéticos, na
contribuição que certos procedimentos originários da alta literatura podem deixar para o
amadurecimento e para a consolidação dos textos de alunos do curso médio e de graduação, e

16
também para a capacidade de melhor e mais amplamente referir-se ao mundo exterior e ao mundo
interior.

 Inserir Resumo da Professora Maura

17
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO
ENSINAR E APRENDER A ESCREVER NO SÉCULO XXI – (RE) CONFIGURANDO UM
VELHO OBJETO ESCOLAR

José António Brandão CARVALHO


Universidade do Minho – Portugal

Na presente comunicação procura-se perspetivar a escrita enquanto objeto escolar numa lógica de
planos sucessivos e articulados: num primeiro plano, situamos a relação tripartida entre o sujeito
(que aprende a escrever), a escrita (o objeto da aprendizagem), entendida como variedade da
linguagem verbal, e a aula de língua (contexto de ensino e de aprendizagem da escrita); a relação da
escrita com os outros domínios de uso da linguagem, também eles objetos de ensino-aprendizagem,
constitui o segundo plano da nossa análise; o terceiro plano considerado enquadra a escrita no
contexto das diferentes disciplinas escolares, relevando o seu papel nos processos de aquisição,
elaboração e expressão do conhecimento; finalmente, num quarto plano, perspetiva-se a
participação, pela escrita, no quadro mais alargado da escola enquanto comunidade e na(s)
comunidade(s) em que a escola e os sujeitos se inserem. A análise desenvolvida pressupõe a
mobilização de referenciais teóricos de natureza diversa, procurando-se compatibilizar perspetivas
que, com frequência, se têm revelado incompatíveis: de um lado uma visão cognitivista que tem
procurado modelizar os processos desenvolvidos pelos sujeitos no decurso do ato de escrita; do
outro, a posição que valoriza a dimensão social da comunicação escrita e coloca a tónica nos
géneros textuais dela decorrentes. Atendendo à sua relevância no quadro de uma análise da
problemática do ensino-aprendizagem da escrita que se pretende desenvolver de forma abrangente,
não pode ainda deixar de ser contemplada uma atenção à evolução a que a escrita tem estado
sujeita, com impacto nos meios, nos processos, nos modos de construir sentido e nos produtos
textuais deles resultantes; igualmente pertinentes nos parecem ser as transformações profundas da
própria escola enquanto contexto social e de aprendizagem, tendo em conta os sujeitos que a
frequentam e os usos da linguagem com os quais estão familiarizados.

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES EM GRUPOS TEMÁTICOS (GTs)

GRUPO TEMÁTICO 1: A LEITURA E A (RE)ESCRITURA NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA
COORDENADORA: Carla Luzia Carneiro BORGES (UEFS) – carlaluzia.2009@uol.com.br

O GT propõe discutir a leitura e a (re)escritura como práticas sociais de produção de conhecimento


da língua, dos sujeitos e da sociedade. Busca reunir pesquisadores interessados nas atividades do
ensino de língua portuguesa que enfatizem estas práticas na sala de aula em diálogo com o
cotidiano, em suas múltiplas formas de comunicação. A intenção é discutir as noções de texto,
leitura e (re)escritura em consonância com as diversas teorias da linguagem que contribuam para a
compreensão destas práticas em seus modos de levar para a sala de aula o mundo ordinário,
cotidiano, para ser objeto de poder, de escrituração. Propõe-se discutir os modos de fazer docentes
no que tangem às práticas de leitura e de (re)escritura, o que possibilita uma discussão sobre o papel
da produção de textos na formação de sujeitos reflexivos que propõem mudança em seu cotidiano.
Vale destacar possíveis questões para nortear os estudos e o debate proposto: até que ponto as
práticas com texto se constituem como peças de um jogo escriturístico? Que práticas são
valorizadas e escrituradas e como retornam objeto de leitura para a sociedade? Em que dimensão as
práticas de leitura e de (re)escritura trabalhadas na escola são uma extensão das práticas produzidas
pela comunidade, constituindo ou não a voz do sujeito, considerando o espaço de uma escritura que
hierarquiza a sociedade? Até que ponto o texto, visto em sua dimensão interdisciplinar e tomado
numa abordagem (inter)cultural, possibilita a compreensão dessa rede de relações sociais e de
poder? Como se dá, no ensino de língua portuguesa, o processo de leitura e de (re)escritura de
práticas já escrituradas na sociedade? O GT propõe, portanto, uma abordagem crítica da leitura e da
(re)escritura em aulas de língua portuguesa, numa dimensão além do código escrito, em diálogo
com abordagens sociais e transdisciplinares do texto.

DIALOGISMO, ESCRITA E REESCRITA


Jossiane Cristina de JESUS – UFTM
jossiane.cristinna@hotmail.com

Este trabalho tem como objetivo avaliar como os alunos das licenciaturas reescrevem seus textos a
partir das indicações de correções anotadas pelo corretor. As correções são realizadas pelos alunos
do curso de Letras da UFTM e que participam do grupo de estudo “A escrita na universidade”. Nas
correções, foi possível perceber que as principais as dificuldades que os alunos possuem são para
construir um enredo coeso e coerente e que atenda a proposta de produção textual. Os principais
problemas apresentados são as generalizações, falta de argumentos para desenvolver as ideias ou
argumentos soltos no texto, que, em muitos casos, não tem relação entre si, impedindo a progressão
temática dos textos. A metodologia de trabalho consiste em, após a correção, os textos são entregue
para que os alunos possam fazer a reescrita,considerando as marcações e sugestões feitas pelos
corretores. A hipótese assumida é a de que a maioria não consegue identificar os problemas e
reescrever conforme as indicações, mantendo assim a mesma estrutura e os mesmos problemas
apresentados na primeira versão. Muitas vezes, a alternativa escolhida é a da troca de uma palavra
ou expressão por outra sem levar em consideração o sentido dos argumentos apresentados. Assim,
com este trabalho, pretendemos identificar as causas das dificuldades que os alunos encontram para
reescrever seus textos para torná-los coerente e coeso e, principalmente, a partir deste estudo
apontar possíveis caminhos para pensar o ensino da reescrita na universidade e com isso fazer com
que os alunos possam se interessar pela disciplina e consigam construir seus textos sem

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dificuldades.

A PRODUÇÃO DE TEXTO COMO PRÁTICA SOCIAL


Douglas Corrêa da ROSA – UNIOESTE douglascorreadarosa@yahoo.com.br
Terezinha da Conceição COSTA HÜBES – UNIOESTE terecostahubes@yahoo.com.br

Todos os que trabalham com o ensino de Língua Portuguesa reconhecem que a partir dos anos de
1980 uma mudança significativa nas concepções de ensino e aprendizagem da língua escrita vem
ocorrendo. As contribuições se devem principalmente ao avanço dos estudos linguísticos,
destacando-se a própria Linguística, a Sociolinguística, a Psicolinguística, a Análise do Discurso e a
Linguística textual. Assim, tais ciências passam a refletir também sobre o ensino, fazendo com que
tanto o objeto como o processo de aprendizagem fossem reconfigurados (SOARES, 1999). Tendo
como base esse novo olhar para o ensino de língua, objetiva-se refletir sobre o trabalho de produção
de textos, entendendo-o não como mera atividade mecânica, mas como prática social (DOLZ,
GAGNON, DECÂNDIO, 2010). Tratando-se de uma pesquisa de cunho etnográfico, se trará à tona
a voz professor no que se refere à produção de textos, relacionando-a com as prescrições dos
documentos oficiais que norteiam o trabalho com Linha Portuguesa, especificamente, bem como
com autores que refletem sobre textos numa perspectiva interacionista. Este trabalho integra o
Projeto Formação continuada para professores da Educação Básica nos anos iniciais: ações voltadas
para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná, ligado ao Programa
de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus
de Cascavel, integrando o Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP. (Termo de
Concessão e Auxílio Financeiro, AUX-PE-OE 2114/2010)

A REESCRITURA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-AUTOR NA ESCOLA:


IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PEDAGÓGICAS
Patrícia Mara dos Santos MACHADO - SEM-FSA
patimaroxe@ig.com.br

Na perspectiva atual do Ensino da Língua Portuguesa (LP) no Ensino Fundamental e Médio o foco
é o trabalho com a linguagem e mais especificamente com gêneros textuais. Ao se articular leitura e
produção de textos têm-se uma dinâmica que envolve a posição do sujeito leitor, autor e produtor
texto. Nesse continum, tem-se a reescrita como ferramenta didático-pedagógica no processo de
escrita. Assim, esse trabalho pretende discutir como a reescritura se constrói e se efetiva na atuação
e formação do docente de LP de forma a garantir (ou não) a posição do sujeito-autor na escola.
Porém, mais que uma discussão teórica pretende-se pensar nas implicações pedagógicas do
processo. Para tanto, professores da rede municipal de ensino de Feira de Santana serão ouvidos
através de encontros de estudos e formação, onde discutirão e apresentarão proposições sobre a
questão em debate. Com o viés metodológico da pesquisa qualitativa busca-se-á através das vozes
docentes perceber esse lugar ou essa posição da reescritura na sala de aula, no chão da escola.
Considerando, de tal forma, a reescrita como elemento estruturante no trabalho com escrita e
produção de textos. Tal intento de trabalho visa também a contribuir com a elaboração da Proposta
Curricular da Rede Municipal de Ensino de Feira de Santana/BA, onde se compreende o ensino de
LP como um espaço de debate, proposições e desafios, em função de um ensino da língua(gem) que
empodere o sujeito em prol de um letramento que possibilite autonomia e construção do sujeito-
autor de suas histórias, seus discursos e seus textos.

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A REFLEXÃO SOBRE A LÍNGUA ATRAVÉS DA REESCRITURA DE TEXTOS
Elisane Regina CAYSER – UPF
ecayser@upf.br
Patrícia da Silva VALÉRIO – UPF
patriciav@upf.br

A ação de reescrever um texto implica um processo analítico da própria linguagem, uma vez que
para reescrever o sujeito que produz o texto alterna-se entre os papéis de produtor e leitor. No
contexto escolar, a prática da reconstrução faz com que o sujeito-aluno-autor interaja com o produto
do seu próprio trabalho, na medida em que reconstrói a sua enunciação, (re)constituindo-se
enquanto sujeito. Partindo desse pressuposto, ancorado nos estudos de Benveniste (1995, p. 286),
segundo o qual “é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito”, este
trabalho – que se insere em um projeto de formação de professores do Ensino Fundamental e Médio
- pretende discutir as formas possíveis de intervenção do professor no texto do aluno. Busca-se,
com isso, analisar os reflexos que uma ou outra intervenção são capazes de gerar no aluno, no
sentido de provocar o diálogo do sujeito-autor com o texto produzido, levando a um relacionamento
mais interativo com seu próprio texto. Quanto a isso, cabe destacar que a reescrita não é tomada,
aqui, como uma mera adequação do texto à norma padrão, numa espécie de “purificação” do texto.
Tem-se, sim, a reescritura como uma oportunidade de refletir sobre a língua e sua sistematização
com vistas a cumprir eficientemente uma função em dado processo sócio-interativo, ou seja,
privilegiando as relações de sentido emergentes do processo interlocutório, em consonância com o
que estabelecem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Paralelamente, o
trabalho tem o intuito de apresentar um panorama acerca de como as escolas encaminham o
trabalho de reescritura, o que deixa implícita a concepção de texto e de trabalho com a linguagem
dos professores.

AS CARTAS DOS LEITORES NA SALA DE AULA: INTERAÇÃO NA MÍDIA IMPRESSA


Aytel Marcelo Teixeira da FONSECA - UERJ FCCA
aytelfonseca@yahoo.com.br

O presente trabalho tem como propósito detalhar um exemplo de sequência didática a partir da qual
é possível concretizar um ensino de língua portuguesa que desenvolve, além de saberes estritamente
linguísticos e gramaticais, a competência comunicativa dos estudantes, ampliando também seus
conhecimentos textuais, interacionais e de mundo, necessários à intervenção crítica na vida em
sociedade. Trata-se de uma experiência vivida por alunos do nono ano de uma escola pública
carioca que tiveram a oportunidade de construir e sustentar pontos de vista sobre temas sociais
polêmicos, escrevendo cartas dos leitores, publicadas em jornais de grande circulação no Rio de
Janeiro. Para se obter êxito na prática pedagógica, a análise linguística figurou sempre associada às
atividades de leitura, de escrita e de oralidade, não tendo um fim em si mesma, como exercício
gratuito e descontextualizado. Apesar de voltada a um tipo específico de sequência textual (a
argumentativa) e a um gênero do discurso (a carta do leitor), a proposta de intervenção didática em
questão permitirá certamente reconfigurações, de modo a se enfocarem outros tipos, gêneros e
mesmo assumir objetivos diferentes. A fundamentação teórica da pesquisa engloba os estudos de
Antunes (2003 e 2007), que discutem o ensino de língua portuguesa; de Travaglia (2005 e 2007),
que explicam a competência comunicativa; de Koch (2006), Koch e Elias (2007 e 2010), que
abordam a construção e o funcionamento dos textos; de Lerner (2002), interessada nas
investigações sobre leitura; e de Schneuwly e Dolz (2004) e Marcuschi (2008), os quais detalham o
conceito de gênero do discurso e de sequência didática.

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ATIVIDADES DE REESCRITA: ANÁLISE DE UM LIVRO DIDÁTICO
Ligia Rocha SILVEIRA – UFPE
lilasilveirinha@hotmail.com

No interior das atividades de produção de texto sugeridas pelos livros didáticos (LD), percebe-se
ainda uma defasagem com relação às propostas de reescrita, que, como hoje se sabe, é uma prática
importante, faz parte do processo de escrita e pode ser ensinada. Assim, o presente trabalho
destinou-se a investigar as propostas de reescrita inseridas em atividades de produção de texto de
um LD de nono ano do Ensino Fundamental. O livro escolhido, Língua Portuguesa, Linguagem e
Interação, dos autores Faraco e Moura (2009), passou pelo crivo do Guia do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD). Para realizar a pesquisa, foi traçado como objetivo geral analisar os
encaminhamentos oferecidos ao aluno para realizar atividades de reescrita. Para alcançar esse
objetivo, utilizou-se como método analisar um LD de nono ano que tenha sido avaliado pelo Guia
PNLD 2011. Inicialmente, optou-se por fazer uma leitura rápida da obra para ter uma visão geral do
modo como ela é organizada e subdividida, porém dando atenção às seções destinadas à produção
de texto. Como o livro divide-se em três projetos, cada um com quatro unidades, escolheu-se uma
unidade de cada projeto para tomar como amostragem e dela fazer a análise das atividades de
reescrita. De forma bastante resumida, a fundamentação teórica baseou-se na teoria dialógica de
Bakhtin, na concepção de linguagem e de texto como atividade e lugar de interação,
respectivamente, Marcuschi (2008) e de Koch (2006), e nas reflexões de reescrita de Beth
Marcuschi e Leal (2008). Com relação às orientações de reescrita, muitas lacunas ainda foram
encontradas no LD a partir das análises. O que se percebe é que, apesar de já haver uma forte
iniciativa do livro em trabalhar a fase de revisão e reescrita, esta atividade ainda aparece de forma
ineficiente.

CONTRIBUIÇÃO DOS PORTADORES TEXTUAIS PARA A AQUISIÇÃO DA ESCRITA


Antonia Tatiana Sales dos SANTOS – PMSF
antoniatatiana@hotmail.com
Maria Lúcia Souza CASTRO – UNEB
malucastro@ig.com.br

Este trabalho trata da relação entre aquisição da escrita e o meio social. Seu principal objetivo é
analisar até que ponto as experiências individuais com os portadores de texto, fora do espaço
escolar, influenciam no processo de aquisição da convenção escrita da língua. O corpus de análise
se constitui de textos escritos por alunos da terceira série, entrevistas com estes e com a mãe ou o
pai e o reconhecimento de portadores textuais que lhes foram apresentados. Para embasar as
discussões acerca dos dados, utilizaram-se abordagens de Lemle (1998), Cagliari (1993), Ferreiro e
Teberosky (1987), entre outros pesquisadores que refletem sobre o tema. Embora todos os alunos
tenham afirmado gostar de ler, de ter contato com os portadores textuais e conseguirem reconhecê-
los, verificou-se em suas produções escritas uma grande quantidade de equívocos gráficos,
reveladores da dificuldade que possuem com a convenção ortográfica. Sabe-se que o contato com
os portadores de texto é indispensável e deveras importante para a aquisição da escrita. Contudo, a
análise dos dados evidenciou que a sua contribuição para o desempenho escrito dos estudantes
depende não apenas da intensidade do contato destes com uma ampla diversidade textual, mas,
sobretudo, da funcionalidade dos gêneros acessados no dia-a-dia. Observou-se, ainda, que a
participação dos pais no processo de aprendizagem dos estudantes, como também o grau de
escolaridade destes, é fator de suma importância para que o contato com os portadores de texto
tenha de fato, um reflexo positivo na aquisição da escrita.

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PRÁTICAS COTIDIANAS, PROFESSORES E (RE)ESCRITURA: ESBOÇANDO UM
CONTINUO
Carla Luzia Carneiro BORGES – UEFS
carlaluzia.2009@uol.com.br

Proponho analisar depoimentos de professores do campo de Riachão do Jacuipe, município baiano,


acerca do processo de reescritura como atividade para transformação social no ensino-
aprendizagem de língua materna, como uma forma de exercitar outra experiência de olhar para o
texto, como um objeto interdisciplinar de análise. O espaço escolhido para análise investe na prática
de (re)escritura de textos para o Jornal A Voz do CAT, como prática textual num ensino
contextualizado, considerando as práticas de oralidade, escritura e leitura como modos de conhecer,
analisar e transformar a realidade. As ações docentes são orientadas pelo Projeto CAT (Conhecer,
Analisar e Transformar - parceria UEFS, MOC) e pelo Projeto Baú de Leitura (MOC), que
consideram a interface língua e cultura como forma de produzir conhecimento sobre a/na
comunidade, com ênfase nas ações culturais cotidianas. O enfoque no ensino-aprendizagem da
língua que parte do conhecimento e análise dos saberes praticados na comunidade local em direção
à transformação social mobilizou reflexões importantes. A pergunta que norteia a discussão é: como
um trabalho com texto pode favorecer a reflexão sobre a cultura e a constituição do sujeito-autor
que produz conhecimento, analisa a realidade e propõe mudança? O processo de (re)escritura da
prática textualizada tem o objetivo de transformar a realidade praticada e escriturada na escola. O
texto vai sendo refeito e “retorna” para a prática, agora escriturada, tornada objeto de produção de
conhecimento, o que legitima as práticas escriturísticas na escola. Esboço, então, um contínuo de
reescritura não restrito aos elementos da forma escrita, propriamente dita, mas ao processo de
escrituração de uma prática, ou seja, de sua inserção num espaço não-ordinário, não-oralizado, num
espaço de agenciamento de saberes praticados.

A LEITURA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA


Simone Bueno Borges da SILVA (UFBA)
simonebbs70@gmail.com

A leitura de textos de divulgação científica não tem sido uma constante no contexto da escola
pública, apesar de ser, a escola, a agência de letramento, por excelência, em que se deveria
desenvolver a divulgação dos conhecimentos produzidos no campo das ciências. Parece-nos
preocupante, do ponto de vista político, que a escola não cumpra seu papel de formar leitores desse
gênero, uma vez que entendemos o processo de divulgação do conhecimento científico como uma
medida de democratização do saber. A linguagem das ciências (de gênero secundário, na
perspectiva bakhtiniana, mais complexo e mais elaborado) obedece a uma estrutura e organização
peculiar, muito diferente da linguagem do cotidiano (de gênero primário, mais simples, segundo o
mesmo autor) com que os alunos estão familiarizados. Por isso, nem sempre a leitura do texto de
divulgação científica apresenta-se como uma tarefa fácil, o que poderia justificar sua quase
inexistência no contexto escolar. A inserção das crianças e adolescentes no campo das ciências
demanda, necessariamente, a inserção desse público nas práticas de letramento específicas do
campo científico. Do contrario, seria difícil - quase inviável - a compreensão, interiorização,
construção e elaboração de conceitos do campo das ciências por parte de um público que, em seu
cotidiano, não está exposto à práticas de letramento científico. Assim, com base nos Estudos do
Letramento, pretendemos apresentar os resultados parciais do estudo que vimos desenvolvendo nas
escolas públicas baianas, cujo objetivo principal é contribuir para a democratização dos saberes
científicos ao enfocar a formação de leitores de textos de divulgação científica na escola pública.
Apresentaremos dados coletados em rodas de leitura experimentais, em que crianças do Ensino
Fundamental interagiam com a revista Ciência Hoje das Crianças, publicação do Instituto Ciência

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Hoje.

A LEITURA E ESCRITA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Darlan Machado DORNELES – UFAC
darlan.ufac@hotmail.com

A partir de observações assistemáticas feitas durante as práticas investigativas do curso de Letras da


Universidade Federal do Acre em escolas locais, percebemos que o professor não está de fato
trabalhando a leitura e escrita de forma a sanar as reais dificuldades dos alunos, ou seja, existe ainda
na escola e especificamente no ensino de Língua Portuguesa (LP) grande ênfase no ensino da
Gramática Normativa (GN), na qual o professor limita-se unicamente a ensinar regras, prejudicando
desta maneira o aluno, que não saberá posteriormente escrever um texto ou mesmo interpretá-lo de
forma adequada. Desta forma, o professor deve desenvolver nos alunos o prazer pela leitura, bem
como despertar o interesse e a vontade de escrever, isto é, o professor deve inovar e ensinar de uma
forma mais interativa e reflexiva, para que assim a sala de aula possa se transformar em um local
em que professor e alunos constroem juntos os conhecimentos. Partindo do pressuposto de que se
deve trabalhar a leitura e a escrita no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de língua
portuguesa, neste artigo temos como objetivo principal tecer algumas discussões e reflexões sobre o
ensino de Língua Portuguesa (LP), no que tange à prática de leitura e escrita, enfatizando,
sobretudo, a importância da leitura e escrita no ensino da Língua Materna. Por fim, vale destacar
que para embasar a base teórica deste trabalho tomamos como base os autores: Antunes (2003),
Geraldi (1984), Gurgel (1999), Kleiman (1997), Soares (2005), bem como os Parâmetros Nacionais
do Ensino de Língua Portuguesa (LP).

AS MEDIAÇÕES DAS PROFESSORAS NAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NAS


SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E O DESENVOLVIMENTO DA
REFLEXIVIDADE NAS CRIANÇAS
Cláudia Beatriz De Castro Nascimento OMETTO – UNIMEP
cbometto@yahoo.com.br
Rita de Cássia CRISTOFOLETI - UNICAMP
ricacri@uol.com.br

Este trabalho tematiza as mediações das professoras no processo de produção textual da criança,
tendo como objetivo o desenvolvimento da dimensão reflexiva do ato de escrever. Assumindo como
referencial teórico a perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano de Vygotsky e a
perspectiva discursivo-enunciativa de Bakhtin, focaliza o trabalho de produção e revisão de textos
de alunos de uma terceira série do ensino fundamental ao longo de um ano letivo. Tanto Vygotsky
quanto Bakhtin, em suas proposições, destacam a centralidade da linguagem e do outro na
constituição de nossa subjetividade, o que Bakhtin denomina de alteridade constitutiva, ou seja, é
pela mediação do outro, através da linguagem que vamos nos constituído, vamos nos tornando
quem somos e vamos nos apropriando das formas culturais já consolidadas na experiência humana.
Esse referencial teórico nos indica um modo de olhar para o que acontecia na sala de aula, para a
dinâmica interativa entre professora-alunos, alunos-alunos, professora-alunos-textos, alunos-alunos-
textos. Para tanto, foram tomados como documentos do processo vivido as propostas de produção e
de revisão textual feitas pelas professoras, as produções das crianças em suas versões e as
intervenções feitas pelas professoras e por colegas leitores nos textos produzidos. Os dados
produzidos na pesquisa evidenciam a dimensão intersubjetiva da reflexividade, tanto dos alunos em
relação aos processos de apropriação e elaboração da escrita, quanto das professoras como
mediadoras e representantes leitoras da produção das crianças. Destaca-se a tese de que a

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reflexividade não é um estado, mas um modo de funcionamento do psiquismo humano, aprendido,
mediado, que vai se transformando ao longo da experiência dos sujeitos nas práticas culturais em
que se inserem, sejam elas a escrita ou a docência.

ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Eliane Machado PINTO – UNICSUL
eliane.17.04@hotmail.com

A presente comunicação tem como objetivo ampliar o conhecimento de um dos fenômenos


abordados pelos estudiosos da Linguística Textual, a leitura, mas precisamente, a prática do
ensino/aprendizagem das estratégias de leitura desde as séries iniciais do ensino fundamental,
visando uma prática efetiva na formação de um leitor eficiente; e, apresentar o resultado de uma
pesquisa desenvolvida com Professores Coordenadores durante a reunião mensal, em uma cidade
do estado de São Paulo, após um estudo dos gêneros textuais e capacidades de leitura. Para
identificarmos os conhecimentos prévios dos mesmos, como fundamentação teórica,
privilegiaremos os estudos, de Koch e Elias (2007), Dolz e Schneuwly (2004), Rojo (2002) e
Kleiman (2002 e 1996), para tratarmos dos conceitos de texto, leitura e capacidade de leitura. O
corpus analisados foram uma seqüencial de atividades, elaboradas pelos professores do Apoio
Pedagógico, as quais foram desenvolvidas em grupo. Partindo do pressuposto que o Professor
Coordenador, também, é responsável em promover na escola momentos de estudo, viabilize
mudanças significativas na sala de aula, que pode contribuir para este tipo de atividade permanente
nas práticas do professores na busca de atingir os objetivos propostos. Portanto, a efetiva mudança
da prática de aula, na busca de um ensino que atinja os objetivos propostos, depende muito do
conhecimento das atuais teorias que fundamentam as ações, tanto, do professor e do professor
coordenadores. Isso justifica uma formação continua e recíproca de todos que estão inseridos na
educação, principalmente, do coordenador para auxiliar e intervir na ação dos professores em busca
da formação desejada para os alunos.

MINOTAURO: LEITURA E ESCRITA DE LOBATO


André Aparecido GARCIA – UNICAMP
garcia-andre@hotmail.com

A minha pesquisa busca investigar, na obra Revisão de tradução para o espanhol de "O Minotauro",
realizada por Ramon Prieto, localizada no Centro de Documentação Alexandre Eulálio (CEDAE –
Unicamp), os procedimentos postos em prática pelo polo da produção, tendo em vista a
representação que autores e editores constroem a respeito do público ao qual destinam as obras
produzidas. Essa adaptação, escrita por Monteiro Lobato, foi traduzida para o espanhol por Ramón
Prieto, e publicada pela editora argentina Americalee. Os vestígios deixados pelo próprio punho de
Lobato na obra O Minotauro são formas essenciais de acesso às estratégias editoriais e textuais que
o escritor e editor Lobato lançou para produzir um produto não só com um bom tratamento literário,
mas também com programação visual atraente, tipografia elegante, ilustrações internas, capa
chamativa e colorida, sumário objetivo e conciso, a fim de atrair e reter a atenção do leitor. As
intervenções textuais e editoriais, feitas por Lobato, na reorganização da segunda edição espanhola
da obra o Minotauro, possibilitam a compreensão da concepção de leitor e de escrita que ele tinha
em relação ao seu público leitor. Segundo Roger Chartier, em sua obra História Cultural: entre
práticas e representações (1996, p.131), os textos escritos por autores, são também manufaturados
por editores, por revisores, por impressores, pelo sistema – programação de edição dado pelo
computador – criação de outras formas materiais para se chegar ao leitor. A partir das reflexões de
Chartier é possível pensar em dois tipos de dispositivos realizados por Lobato na obra O Minotauro:
a) Dispositivos textuais: aqueles que decorrem do estabelecimento do texto, ou seja, estratégias de

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escrita, das intenções do autor; b) Dispositivos tipográficos: aqueles que decorrem do resultado da
passagem do texto ao impresso, produzidos pela decisão editorial, pelo impressor e outros.

PIBID/LETRAS/UFBA: FORMAÇÃO DOCENTE E LEITURA NA ESCOLA PÚBLICA DA


BAHIA
Simone Souza de ASSUMPÇÃO – UFBA
simone.assumpcao@uol.com.br

O presente artigo discute a constituição de uma nova identidade de leitor a partir da interação entre
estudantes de escola da rede pública e hipertextos produzidos no ciberespaço. Tendo como contexto
a formação docente, o trabalho envolve a orientação e o acompanhamento de oito alunos do PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência)/Letras da UFBA (Universidade Federal
da Bahia), sob a orientação das professoras Simone Borges Bueno da Silva (Letras), Simone Souza
de Assumpção (Letras) e Raquel Nery (Educação). Assim, ao longo do ano de 2011, foram
desenvolvidas oficinas de leitura, no contraturno, com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual
Odorico Tavares, em Salvador. Tais oficinas tiveram, entre seus objetivos, o desenvolvimento de
atividades de leitura de textos impressos, a título de preparação de trabalho de leitura com textos em
suporte digital. A observação e a posterior reflexão acerca dos principais deslocamentos ocorridos
em relação à leitura em ambiente virtual são parte de um projeto de pesquisa desenvolvido na
UFBA e intitulado "Letramento digital: o hipertexto e as novas identidades do leitor juvenil".
Assim, enumeram-se, neste artigo, os objetivos de tal trabalho bem como se descrevem duas das
oficinas, a fim de evidenciar posterior reflexão sobre a interação entre alunos de Letras (na condição
de coordenadores das oficinas) e participantes das oficinas (alunos do Colégio Odorico Tavares).
Analisa-se também a leitura do “Poema-bomba” de Augusto de Campos na versão impressa e
posteriormente na tela do computador. Por fim, cabe ressaltar que tal trabalho integra a pesquisa
acadêmica com a formação docente de nossos estudantes de Letras que tem nessa proposta a
possibilidade de entrar em sala de aula e refletir sobre sua prática.

PRODUÇÃO DE TEXTOS NO ENSINO FUNDAMENTAL: A REESCRITA COMO FORMA


DE DESENVOLVER ALUNOS RESPONSIVOS E ATIVOS
Luciane WATTHIER – UNIOESTE
lu.letras@hotmail.com
Andresa Guedes Kaminski ALVES – UNIOESTE
andressagk@gmail.com
(Apoio: CAPES / INEP – edital 038/2010/CAPES/INEP)

O presente texto tem como objetivo apresentar alguns dados e reflexões oriundas do projeto
intitulado “Formação continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações
voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná”, o qual
está ligado ao projeto Observatório da Educação, em parceria com a CAPES / UNIOESTE
(Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Cascavel), e visa a formação continuada de
professores da Educação Básica – anos iniciais, da região Oeste do Paraná, focalizando,
especificamente, municípios que apresentaram índices abaixo de 5,0 na avaliação do INEP/SAEB.
Objetivamos, dessa forma, refletir, num primeiro momento, sobre a importância do papel do
professor no trabalho com práticas de produção e de reescrita textual, tomando-se o texto produzido
pelo aluno como um evento comunicativo, não negligenciando nenhuma de suas dimensões, ou
seja, as psicológicas, as discursivas, as sociais e as linguísticas, uma vez que as mesmas se
complementam no ato da produção. Para tal, nos embasamos em Dolz; Gagnon e Decândio (2010),
Bakhtin (2004), Marcuschi (2008), Koch e Elias (2010), entre outros autores. Num segundo
momento, analisaremos algumas produções escritas de alunos de um município contemplado pelo
referido projeto, propondo, a seguir, atividades e encaminhamentos de reescrita dos mesmos. Os

26
dados obtidos até o momento revelam que a atividade de reescrita, quando utilizada
recorrentemente como estratégia de ensino, pode desenvolver habilidades e competências que
garantem, em grande parte, aformação de alunos capazes de exercer suas práticas interativas de
forma responsiva e ativa, conforme sinalizado pelos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e
DCE (Diretrizes Curriculares Estaduais). Entretanto, para que isso aconteça, o fundamental é que o
professor esteja bem subsidiado teoricamente.

REESCREVER EM TELA: PASSAGENS ENTRE LIVRO E VÍDEO COM ÁLVARES DE


AZEVEDO E MACHADO DE ASSIS
George Luis FRANÇA – UFSC
francalgeorge@gmail.com

Entendendo-se, com Roland Barthes, que todo procedimento de leitura é, por sua vez, um
procedimento de reescritura dos sentidos de um texto, tendo em vista que um texto só pode fazer
sentido ao ser lido, ou ainda, ao encontrar-se com um leitor, que com ele jogue, desdobre, pleiteio,
com este trabalho, discutir procedimentos de ressignificação que entram em jogo em uma das
propostas de contato entre estudantes do segundo ano do Ensino Médio do Colégio de Aplicação da
UFSC (turmas de 2011) e textos de dois escritores do século XIX: Álvares de Azevedo e Machado
de Assis. A partir de uma discussão sobre adaptação e transposição do texto narrativo ao texto
dramático e, por sua vez, à performance de tela, ela própria uma reescritura, tendo em vista que se
trata de suporte diferente com demandas diferentes das do livro, tomamos os textos que compõem
"Noite na taverna" e contos de diversas compilações de Machado de Assis, escolhidos pelos
estudantes, para realizar esse processo. Tratou-se, pois, de um trabalho que exigiu dos alunos
formas de apropriação dos textos ditos canônicos muito mais significativas do que as antigas
resenhas ou fichas de leitura, hoje altamente reproduzidas em sites na internet e ineficazes não
apenas como instrumento avaliativo, mas também como ferramenta de incentivo à leitura. Nesse
sentido, a leitura dessas obras foi sucedida, em sala, por uma série de aulas em que o professor
auxiliou, em um primeiro momento, a interpretação dos textos, necessária para a transposição ao
gênero dramático. Em seguida, houve aulas em que se trabalhou com as próprias particularidades
desse gênero. Por fim, os alunos realizaram suas performances em vídeo dando vida e
ressignificando as narrativas de escritores aparentemente tão distantes de sua realidade, mas com os
quais passavam a conseguir encontrar vínculo, atribuir sentido.

SUJEITOS LEITORES E AS MARCAS TEXTUAIS DE SUAS PRODUÇÕES ESCRITAS


Janesca KUNTZER (UNISC)
janesca19@hotmail.com

A análise da inter-relação leitura-escrita foi a estratégia utilizada para mostrar que o aluno-leitor
mobiliza todo seu repertório de leitura na produção de seus textos, uma vez que se acredita que a
leitura ativa, crítica, influencia a escrita de forma decisiva, possibilitando a ampliação de temas e
ideias geradoras de discussão e a compreensão. Aplicou-se um questionário sobre o perfil leitor de
cada participante e, em seguida, averiguou-se em que aspectos linguísticos alunos que leem,
frequentemente, demonstram maior habilidade em produzir textos opinativos. A análise dos textos
coletados embasou-se em quatro linhas teóricas distintas. Segundo a retórica (BRETON, 2003), o
texto argumentativo requer o uso de argumentos que sustentem a tese inicial. De acordo com a
linguística textual, vários são os elementos linguísticos indicadores das relações de sentido e da
orientação argumentativa, de forma que se torna importante a análise dos recursos mobilizados para
o estabelecimento da coesão (ANTUNES, 2005). A terceira linha, a da heterogeneidade mostrada e
constitutiva (REVUZ, 2004), evidencia a presença do outro- sua voz e influência- explícita ou
implicitamente. Por fim, a análise textual do discurso (ADAM, 2011), propõe a análise das ligações
de sentido construídas no discurso, reiterando a importância de conceitos da linguística textual e da

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análise do discurso, conjuntamente. Escolhidas as bases teóricas e os critérios de análise, os textos
produzidos foram subdivididos em três grupos: 1- construções mais complexas e elaboradas do
ponto de vista linguístico; 2- construções textuais que utilizam alguns recursos coesivos,
possibilitando esta coerência, mas não maestria; 3- construções que evidenciam pouco manejo
linguístico e dificuldade de expressão. Os resultados desta pesquisa confirmam a hipótese de que as
produções escritas evidenciam a influência das leituras, já que os autores destes textos configuram
um perfil de leitores habituais.

GRUPO TEMÁTICO 2: A LÍNGUA PORTUGUESA E A EDUCAÇÃO DE NEGROS NO


BRASIL E NOS PAÍSES AFRICANOS
COORDENADORES: Dagoberto José FONSECA (UNESP) – dagobertojose@gmail.com;
Mary Franciscca do CARENO (UNAERP – Campus Guarujá) – mcareno@uol.com.br

O Grupo Temático objetiva fazer reflexões críticas, análises e interpretações sociolinguísticas e


políticoculturais acerca da língua portuguesa, enquanto língua da conquista colonial lusa a partir do
século XV e, neste sentido, considerada instrumento político e cultural da expansão territorial
portuguesa. Assim sendo, este espaço visa a ser um ambiente acadêmico em que as pesquisas que
estão sendo realizadas tenham resultados e fundamentação teórico-metodológica alicerçados pelo
tema central do grupo temático, ou seja, o do entendimento dos múltiplos papeis que a língua
portuguesa teve a partir dos contatos com as diversas populações na África e na América. Esses
intercâmbios (através dela) produziram processos sociais e culturais importantes, particularmente
quando analisamos e interpretamos o seu papel nas relações que construiu na educação de
contingentes populacionais, os mais variados, tanto no Brasil como na África. O português será
visto, neste grupo temático, como uma língua que atingiu populações negras nas duas margens do
Atlântico e que propiciou uma educação que conduziu estes contingentes populacionais à
assimilação dos valores, regras e cultura do conquistador de um lado; de outro, contribuiu para que
estes contingentes conseguissem instaurar material e simbolicamente as suas lutas por
independência, especialmente via literatura, e construir também a sua própria história social, mesmo
fazendo uso da língua portuguesa. Em suma, este grupo focará os estudos que ao relacionarem a
língua portuguesa e a educação, estabeleçam o lugar social, cultural e político do seu uso não só nos
processos coloniais, mas também nas independências, isto é na capacidade das populações locais da
África e do Brasil construírem também, via educação, a sua própria história. Daí, um aspecto
significativo, no caso brasileiro, é a introdução da história e das culturas africana e afrobrasileira no
ensino fundamental e médio promulgada pela lei 10.639/2003, favorecendo a reescrita da história
negra e branca no Brasil.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E A PALAVRA EM USO EM COMUNIDADES


REMANESCENTES DE QUILOMBOS: UMA QUESTÃO DE RESISTÊNCIA
Mary Francisca de CARENO – UNAERP
mcareno@uol.com.br

O presente artigo faz reflexões críticas e interpretações sociolingüísticas e histórico-culturais acerca


da língua portuguesa usada por habitantes remanescentes de quilombos, à luz da Teoria da
Representação Social (MOSCOVICI, 1978). Ressalta os múltiplas variações da linguagem local,
influência estabelecida a partir dos contatos com as populações que utilizaram a região do Vale do
Ribeira/SP como rota de passagem e local de moradia. Esse falar não é considerado válido para
estudo pelas escolas locais, podendo-se perceber a existência de uma tensão entre identidade
cultural e subjetividade dos informantes, pois o discurso escolar, ao não considerar o linguajar da
população a que serve, revela preconceito e discriminação linguística. O objetivo principal é
conhecer as representações (conjunto de saberes, valores da memória social, conhecimentos
socialmente elaborados e partilhados) que habitantes desses bairros rurais do município de

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Eldorado/SP, possuem a respeito de questão de sua identidade, de sua história e de seu estar no
mundo com os outros. Com isso, pretende-se conhecer as atitudes e valores dos participantes da
pesquisa, frente ao discurso que a escola insiste em ensinar e as contradições do cotidiano escolar.
Se elas vão ou não ao encontro do favorecimento do processo de socialização dos alunos e se os
auxiliam a se considerarem pertencentes à sociedade local. Em suma, o trabalho relacionará a
língua portuguesa em uso e o discurso da escola. Procura mostrar, por um lado, o descompasso
entre um processo cultural proveniente dos tempos coloniais que insiste em mostrar qual deveria ser
o lugar social e o uso linguístico dessa população; por outro lado, focará a capacidade dessa
população em resistir à padronização da linguagem, via escola e recompor a sua história por meio
da própria palavra.

OSSAIN, O PROTETOR DAS FOLHAS: ENSINO DO LÉXICO AFRO-BRASILEIRO POR


MEIO DA CONTAÇÃO DOS MITOS YORUBANOS
Lise Mary Arruda DOURADO – UNEB
lisearruda@gmail.com

Ossain, o protetor das folhas, um dos mitos do livro O Sonho do Iaô Afonjá – Mitos Afro-
Brasileiros, de Vanda Machado compõe o acervo dos mitos contados às crianças estudantes da
Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos (doravante EMEAS), vinculada ao Ilê Axé Opô Afonjá,
terreiro de candomblé situado à Rua Direita de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, Bahia. No
terreiro, há muito, contam-se histórias, transmitindo oralmente traços significativos da cultura afro-
brasileira. Se, durante muito tempo, a Língua Portuguesa, como idioma do colonizador, privilegiou
a transmissão das culturas de origem europeia, contribuindo para a perpetuação de valores e
princípios civilizatórios judaico-cristãos, por outro, na contemporaneidade, o ensino do léxico afro-
brasileiro nas aulas de Língua Portuguesa e em outros espaços da EMEAS, por meio da contação de
mitos yorubanos, vem mobilizando valores afros que engendram o combate às ideologias de
recalque e denegação da cultura afro-brasileira. Neste artigo, objetiva-se demonstrar como se dá o
ensino do léxico afro-brasileiro por meio da contação de mitos africanos que permaneceram, anos a
fio, na oralidade do povo brasileiro, principalmente confinados nos terreiros de candomblé.
Considerando que seja o léxico de um povo o seu mais valoroso espólio cultural, a escrita deste
artigo justifica-se pela necessidade de discutir e divulgar o redimensionamento da importância do
léxico de origem africana na educação brasileira, fazendo cumprir, dessa forma, a Lei 10.639/03.
No tocante aos estudos e ao ensino desse léxico, lança-se mão de Cacciatore (1935), Mendonça
(1935), Yai (1985), Castro (2001), Lody (2003), Petter e Fiorin (2009), entre outros. Dessa forma,
pensa-se visibilizar a presença africana na constituição do português falado no Brasil, bem como
sensibilizar os educadores no sentido de respeitar e transmitir o legado linguístico afro-brasileiro no
cotidiano das suas aulas de Língua Portuguesa.

A “LINGUAGEM DE RUA” FALADA POR ADOLESCENTES NEGROS AUTORES DE ATOS


INFRACIONAIS
Simone de Loiola Ferreira FONSECA – UNESP
sferreira77@gmail.com

A consciência de ser um indivíduo à margem dos direitos civis na sociedade estadunidense e


brasileira despertou no negro, o sentimento de solidariedade de uns para com outros em que, a
língua portuguesa é concebida como uma produção cultural e simbólica que tem seu uso político,
enquanto veículo de inclusão e de resistência, elaborado por adolescentes autores de atos
infracionais. No caso brasileiro constatamos que a maioria destes adolescentes é negra que está sob
medida sócio-educativa de internação. Estes adolescentes participam da criação de um código
linguístico baseado na “linguagem da rua”. Esta produção cultural visa à adesão e a ascensão em
outra ordem social competitiva que atua como formadora de uma identidade social que os integra,

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enquanto brasileiros e falantes de uma língua portuguesa que se pluraliza cotidianamente nas
periferias das cidades brasileiras e, sobretudo, nos sistemas sócio-educativos. A língua portuguesa
como outras línguas e linguagens está situada no jogo das classes sociais, posto que é usada a partir
de valores socioculturais identificadores da realidade vivida pelos seus usuários. Neste sentido, o
seu uso pelos adolescentes negros presentes nos sistemas sócio-educativos ou em projetos similares
expressam um português carregado de bens simbólicos, de ginga e de gestos corporais. Esta
realidade linguística e corporal gera um conhecimento também das várias culturas que compõem a
origem africana desta população adolescente, pois de certa forma a ginga, a gestualidade e a postura
corporal livre também sobrevivem nas Américas através de diversas manifestações culturais,
particularmente na dança de rua, expressando os atos de resistência, inclusão e de identidade social
destes sujeitos, posto que a língua gera uma nova existência social que define um novo tempo, um
novo contexto linguístico que denuncia a desigualdade social em função da diferença que
representam no cotidiano dos diversos segmentos sociais.

A ESCRITA COMO INSTRUMENTO DE INSERÇÃO SOCIAL: PROCESSOS DE


ESCOLARIZAÇÃO DE REDATORES E LEITORES DA IMPRENSA NEGRA PAULISTA DO
INÍCIO DO SÉCULO XX
Sabrina Rodrigues Garcia BALSALOBRE – UNESP
sabrinabalsalobre@yahoo.com.br

Esse trabalho se propõe a investigar a situação de alfabetização da população negra do período


posterior à abolição da escravatura e décadas iniciais do regime republicano no Brasil. Tomando
como base a informação oficialmente divulgada a respeito desse período, de que há índices muito
baixos de escolarização no país, sobretudo no que concerne à população negra, majoritariamente
marginalizada pela sociedade dominante, é questionável o modo como essa população,
caracteristicamente analfabeta, se apropriou da norma culta para empregar um veículo de difusão de
informação, como o texto jornalístico. Além dessa questão, também cabem as seguintes indagações:
o emprego da norma culta revela uma tentativa de inserção social por meio da língua? Se há
homens se dedicando à produção jornalística, também, consequentemente, deve haver um público
leitor: quem são esses leitores? Esse trabalho não tem a pretensão de esclarecer todos esses
questionamentos, mas busca elencar dados da história social de São Paulo das décadas iniciais do
século XX sobre a população em questão. Além disso, faz-se imprescindível considerar o panorama
histórico esboçado por pesquisadores da área de educação acerca do processo de escolarização do
negro no estado de São Paulo no século XX. Corroborando com o ponto de vista defendido por
esses pesquisadores, também está em foco a análise dos jornais da Imprensa Negra que tiveram um
papel acentuado na elaboração de uma identidade afro-brasileira Para os objetivos específicos desse
trabalho, de se observar o espaço destinado ao incentivo à educação nos jornais por parte dos
redatores aos leitores negros e tentar depreender o modo como esses redatores se apropriaram da
norma culta, serão analisados especificamente os jornais O Alfinete e O Kosmos, além dos
depoimentos de José Correia Leite, um dos exímios militantes negros do período e responsável pelo
jornal O Clarim d’Alvorada.

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: DA COLONIZAÇÃO


ETNOCÊNCTRICA À DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL
Marluce de Santana VIEIRA – UNEB
marla9361@hotmail.com

A natureza etnocêntrica do currículo escolar faz parte da representação do pensamento hegemônico


que norteou um projeto de sociedade comprometido com um ocidentalismo capitalista, o qual
buscou eliminara “diferença” pautando-se em paradigmas capazes de estabelecer hierarquizações, a
fim de valorizar determinada cultura, determinados saberes,determinado modo de ser, viver e estar

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no mundo. As iniciativas que questionaram o currículo tradicional brasileiro denunciam uma
configuração curricular que representa o mesmo etnocentrismo ocidental, na medida em que traz
narrativas que superiorizam a cultura do colonizador e inferiorizam, invisibilizam ou estereotipam
os grupos formadores da identidade nacional subordinados. Tomando as tendências
contemporâneas que reivindicam para o currículo a multiculturalidade presente na constituição do
povo brasileiro é pertinente a crítica ao currículo narrado sob o olhar etnocêntrico, cujas narrativas
inferiorizam negros, índios, mulheres e pobres. Trazemos a experiência da Uneb no que se refere à
proposta curricular do curso de formação de professores em Letras e Literaturas de Língua
Portuguesa, resultante da reformulação curricular implementada em 2005.Este projeto possibilita
uma formação interdisciplinar fundamentada na pesquisa e abre espaços para estudos direcionados à
realidade local, que tematizam as relações étnico-raciais, despertam para o conhecimento e
valorização da cultura africana e dão suporte para intervenções no sentido de formar uma
consciência negra e construir uma identidade afrobrasileira positiva. Percebe-se que os professores
formados sob essa orientação curricular vão para as suas salas de aula com uma outra consciência e
postura frente às questões étnico-raciais, buscando interferir por meio de uma prática que busca
refletir o etnocentrismo e desconstruir as narrativas excludentes e discriminatórias que perpassam o
currículo tradicional.

AS LÍNGUAS NACIONAIS E O PRESTIGIOSO PORTUGUÊS EM ANGOLA


Dagoberto José FONSECA – UNESP
dagobertojose@gmail.com

A língua portuguesa era uma língua falada pela população de assimilados que estava situada
próxima à costa atlântica, especialmente em Luanda. Sendo a língua materna e nacional para muitos
daqueles que estiveram à frente do processo independentista e constituíram o MPLA na década de
1950. E que ao terem saído de Angola na juventude para estudarem em Portugal não tiveram a
oportunidade de conhecerem os amplos e complexos rincões culturais, sociais, políticos e
filosóficos tradicionais presentes nas diversas etnias do país. Eles foram formados a partir da
ideologia e da literatura marxista-leninista e procuraram efetiva-la no momento posterior a
independência em 1975, sem, contudo, estabelecerem uma relação crítica e de oposição a língua
portuguesa, posto que a viam como a língua que patrocinava o intercâmbio entre todos os angolanos
e, ainda, não gerava a valorização de uma língua em detrimento de outra nativa. A língua
portuguesa foi apropriada pelos líderes independentistas angolanos como a língua oficial do novo
Estado em 1975. Daí que se constata que esta língua convive com as demais línguas nacionais em
nítida concorrência. Ela se afirma cotidianamente nos altos escalões do governo e da burocracia,
mas também na literatura e na música. Ela hierarquiza grupos e indivíduos que estão em particular
na cidade de Luanda. O português organiza e estrutura o grande mercado de bens materiais e
simbólicos em Luanda e no restante do país, mas não é a língua que monopoliza o mercado das
ruas, pois não é a língua do candongueiro e das zungueiras.

GRUPO TEMÁTICO 3: A QUESTÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS NA


FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DA TRANSPOSIÇÃO AOS GESTOS DIDÁTICOS
COORDENADORES: Adair Vieira GONÇALVES (UFGD) – adairgoncalves@uol.com.br;
Elvira Lopes NASCIMENTO (UEL) elopes@sercomtel.com.br

A abordagem da linguagem como um fenômeno sócio-histórico resultante da articulação de


aspectos de natureza extralinguística impõe aos pesquisadores novo foco como ferramenta de
ensino: as formas de enunciação produzidas em uma sociedade. Decorrente de tal premissa, a
questão dos gêneros discursivos e da formação docente, focos centrais do debate, aparecerão neste
grupo de trabalho com enfoques distintos, porém interligados. Serão objetivos do GT: a) a
transposição didática de gêneros; b) os modelos didáticos e as dimensões ensináveis; c) a
construção de sequências didáticas pelo professor formador em processo colaborativo com o

31
docente em serviço; d) dos textos pré-figurativos da ação docente que guiam a ação do professor; e)
dos gestos didáticos do docente. Dessa forma, objetivamos reunir trabalhos que, diante das práticas
de linguagem nos eixos de ensino (leitura, produção e análise linguística) evidenciem o papel das
ferramentas para práticas significativas em sala de aula, exatamente porque auxiliam o processo de
internalização daquilo que o professor deseja que o seu aluno internalize. As dificuldades
encontradas na formação inicial e continuada de professores de Língua Portuguesa justificam a
organização deste GT, por propiciar reflexões tanto sobre os subsídios prático metodológicos que
dão suporte à formação, quanto ao desenvolvimento de ferramentas didáticas considerando a sua
relação e adequação ao projeto de ensino do professor, assim como quanto à busca de identificação
e compreensão dos agires realizados por professores durante o planejamento, elaboração e aplicação
dessas ferramentas. O conhecimento, a discussão e a aplicação de procedimentos pedagógicos
atualizados serão, portanto, o fio condutor dos pesquisadores ligados ao GT.

A ABORDAGEM FORMATIVA NAS AULAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL: A


ARGUMENTAÇÃO ESCRITA
Luiz Eduardo Mendes BATISTA – UFU
luizedumb@yahoo.com.br

Em uma perspectiva formativa, como definido em Perrenoud (2000) o professor, para gerenciar a
progressão de aprendizagens, precisa ter claros os objetivos de ensino e questionar constantemente
seus modos de ensino, a fim de buscar sentido para os saberes evidenciados. O desafio maior do
professor, nesse caso, é o de diagnosticar, mapear com certo detalhamento os conhecimentos
prévios dos alunos sobre o conteúdo e, de acordo com o nível de conhecimento destes, realizar as
devidas adaptações, ou, no dizer de Bronckart (2006, p.205), as transposições para o âmbito
didático. Com base nessas concepções referentes às práticas pedagógicas, pretendemos apresentar
uma experiência didática sobre a introdução da argumentação escrita no início do quarto ciclo da
Educação Básica, correspondente ao 8º ano, antiga 7ª série. Dessa forma, faremos, em primeiro
lugar, uma breve exposição do aporte teórico de que nos apropriamos para a elaboração das
atividades em sala de aula. Nesse caso, nos baseamos na ideia inicial de Bakhtin (2003) sobre
gênero, nas distinções entre texto, gênero e tipo textual presentes em autores como Marcuschi
(2003) e Schneuwly (1994/ 2004) e especialmente na noção de sequência argumentativa, conforme
Adam (1992; 2008). Em segundo lugar, mostraremos como desenvolvemos atividades com o
objetivo precípuo de diagnosticar o saber dos alunos referente às capacidades de argumentação
escrita. De um modo geral, partimos de uma avaliação sobre o que o livro didático apresentava
como proposta para a produção textual e percebemos que o manual não apresentava atividades
diagnósticas. Diante do impasse, buscamos dois textos do gênero “carta de leitor” na revista VEJA
(20/ 04/ 2011) e, em seguida, realizamos um trabalho de leitura e produção a partir de sua estrutura
argumentativa.

A AÇÃO PEDAGÓGICA DE UMA PROFESSORA EM FORMAÇÃO INICIAL:


ARTICULAÇÃO ENTRE OS CONHECIMENTOS TEÓRICOS EM PROCESSO FORMATIVO
E A PRÁTICA DE SALA DE AULA
Marilúcia dos Santos Domingos STRIQUER – UENP
marilucia.ss@uol.com.br

A busca por melhorias no desempenho profissional tem se tornado uma preocupação cada vez mais
presente nos debates atuais sobre os resultados obtidos no desempenho de alunos da educação
básica, sobretudo na escola pública brasileira. Investigações se realizam de forma contínua e sob
diferentes perspectivas, entre as quais a que concebe, entre muitos outros fatores, os conhecimentos
teóricos adquiridos na universidade e os adquiridos na prática do ofício como importantes fontes de
constituição dos “saberes profissionais” do professor (TARDIF, 2002). Nesse sentido, como

32
participante da formação inicial de professores coordenamos um projeto de extensão universitária,
constituído sob o aporte teórico-metodológico do Interacionismo Social (BAKHTIN, 2003, 2006) e
do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006, 2008, 2009) cujo objetivo principal foi o
de mediar a apropriação de conhecimentos específicos da disciplina de atuação profissional aos
estudantes de cursos de licenciatura em Letras, considerando que essa rede de conhecimentos
específicos pressupõe a articulação de saberes teóricos e práticos se constituindo simultaneamente.
Com o objetivo de entender as dimensões que constituem o processo de apropriação/internalização
da teoria dos gêneros na interface com as práticas de sala de aula (NASCIMENTO, 2011),
centramos o foco dessa investigação em uma das professoras em formação inicial integrante
daquele projeto. A questão que norteou a investigação realizada sobre a ação da professora em
formação foi: como a partir da participação em atividades coletivas de estudos teóricos/científicos e
elaboração de materiais didáticos se constitui a ação docente da professora no cenário de sala de
aula? Os resultados apontam que muito mais do que colocar em prática uma teoria ou proposta de
trabalho, a professora em formação se assumiu em sala de aula como mediadora entre os objetos de
ensino e os alunos.

A CONSTRUÇÃO DO GÊNERO CADERNO DA REALIDADE EM UM CEFFA


TOCANTINENSE E O TRABALHO DOCENTE
Cicero da SILVA – SEDUC-TO
cicolinas@yahoo.com.br

Este trabalho apresenta um recorte da dissertação intitulada “Pedagogia da alternância: um estudo


do gênero caderno da realidade com foco na retextualização”. Considerando que a produção escrita
(escolar) é o objeto de investigação, o estudo tem como objetivo analisar os aspectos constitutivos
do Caderno da Realidade (CR) e o processo de retextualização dos textos que compõem esse
gênero. A investigação concebe o CR enquanto gênero discursivo e objeto de ensino. Ao focalizar
essa temática, propôs-se compreender a composição de seus textos considerando as condições de
produção, o contexto de ensino e os modos com que a escrita se constitui no trabalho docente.
Trata-se de uma pesquisa documental. O corpus é representado por textos de 04 (quatro) Cadernos
da Realidade, um instrumento didático-pedagógico das unidades de ensino que adotam a Pedagogia
da Alternância, produzidos nos anos letivos de 2008 e 2009, sendo 02 (dois) de alunos do 8º ano e
02 (dois) do 9º ano da Escola Família Agrícola (EFA), localizada no município de Colinas do
Tocantins, Estado do Tocantins. O estudo ainda leva em consideração as concepções teórico-
metodológicas do contexto da Pedagogia da Alternância, bem como as práticas pedagógicas
demandadas na escrita do gênero CR. Neste sentido, a construção do referido gênero orientada por
atividades de reescrita pode ser uma ferramenta significativa para que os alunos possam avançar em
suas capacidades discursivas, já que o nível de produção escrita está relacionado ao contexto
sociocultural dos aprendizes e ao processo de ensino-aprendizagem da língua materna. O CR
constitui um instrumento pedagógico fundamental no contexto da PA, pois reflete as várias
tradições da educação em regime de alternância, as inovações no ensino a partir da realidade do
meio rural, a interação nessa esfera social, dentre outros aspectos.

A ESCRITA DO GÊNERO CONTOS DE FADAS A PARTIR DE CONHECIMENTOS


ADVINDOS DA ORALIDADE
José Ricardo CARVALHO – UFS
(Apoio PIBIB – Nº 001/2011/CAPES)
ricardocarvalho.ufs@hotmail.com

A produção de texto corresponde um desafio para os professores da Educação Básica em todos os


seus segmentos. Ela começa na Educação Infantil, quando as crianças, sem dominarem os
rudimentos da linguagem verbal escrita, são capazes de formularem discursos pela via da linguagem

33
oral. Por meio da modalidade oral, as crianças são capazes de recontar histórias ouvidas, dramatizar,
mudar o final de uma história, entre outras atividades. Todavia, as competências orais envolvidas
para contar uma história não são incorporadas em estratégias pedagógicas para narrar textos do
gênero escrito. Seguindo a proposta de Dolz e Schneuwly (2004), é possível desenvolver uma
sequencia de atividades didáticas voltadas para apropriação dos gêneros de textos na escola,
considerando-se, a escolha dos gêneros e a compreensão dos processos de interação envolvidos no
contexto de transposição pedagógica. Em nosso entendimento, o reconto oral do gênero contos de
fadas apresenta-se como um recurso expressivo para a produção de sua versão escrita, servindo de
amparo para uma série de atividades de compreensão linguístico-discursivo. Neste trabalho,
relatamos uma experiência de formação de professores que propõe a produção textual, por oficinas.
Tomamos como base os conhecimentos orais transcritos e retextualizados em uma classe de quarto
ano do ensino fundamental para implementar ações pedagógicas. A partir destas atividades,
organizamos uma sequencia didática para reescrever o conto de fada “O rei sapo”, apresentando
duas versões da mesma história. Os dados demonstram o progresso dos alunos após as atividades
realizadas nas oficinas de produção de texto.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O LIVRO DIDÁTICO E A APOSTILA


Naiá Sadi CÂMARA – UNIFRAN
naiasadi@gmail.com

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de uma análise comparativa entre os gêneros
livro didático e apostila a fim de identificar as práticas discursivas responsáveis por sua constituição
e assim verificar os pontos de convergência e divergência entre esses, que são, atualmente, os
gêneros mais utilizados no ensino básico. Segundo Bakhtin (2010), existem nas sociedades, em
todos os campos de atividades, enunciados “ investidos de autoridade” que são responsáveis por
determinar as diretrizes, o tom nos quais as pessoas devem se basear, como afirma o autor: “
aquelas ideias determinantes dos “ senhores do pensamento” de uma época verbalmente expressas
[...]” (Bakhtin, 2010, p. 290). Com base nessa postura, partimos do pressuposto de que os gêneros
livro e apostila, classificados como gênero didático-pedagógico, são manifestações do discurso
legitimado pela sociedade, investidos de autoridade, e por isso desempenham junto a outros
gêneros, o papel de senhor do pensamento na constituição dos sujeitos. Acreditamos, portanto, que
a análise dos processos de construção dos sentidos nesse gênero formado por enunciados compostos
por diferentes materialidades, permite verificar como as ideologias e valores neles apresentados
determinam as competências e habilidades exigidas para os professores e para os estudantes do
ensino fundamental, médio. As transformações nos processos da comunicação social, motivadas,
sobretudo pela evolução das tecnologias digitais, das formas de interação e construção de
significados e da convergência cultural e midiática propiciam um convívio cada vez maior com a
diversidade cultural e linguística. Sendo o discurso didático- pedagógico um dos principais
instrumentos de competencialização tanto dos alunos quanto dos professores, pretendemos, em
nossas análises, verificar em que medida esse gênero apreende e representa essa diversidade e essas
transformações.

CONSTRUÇÃO DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL DE


PROFESSOR: UM DESAFIO POSSÍVEL
Flávia Ferreira da SILVA – UFS
flaviafsr7@yahoo.com.br

O avanço das pesquisas em torno das teorias dos gêneros vem possibilitando inquestionáveis
mudanças de postura no ensino de línguas, em geral, e de modo mais específico, no ensino de
língua materna. No entanto, esses avanços parecem ainda não satisfatórios quando se considera a
transposição didática dos gêneros textuais no ensino fundamental e médio. Várias questões parecem

34
contribuir para esse quadro, dentre elas está a dificuldade, no primeiro momento, de se perceber a
língua como ação, pautada no conceito de linguagem construída sócio-ideologicamente e, nessa
direção, conceber os gêneros como formações interativas, multimodalizadas e flexíveis de
organização social e de produção de sentido, dificultando que se perceba a necessidade do enfoque
no funcionamento do texto em seu contexto de produção em detrimento dos aspectos meramente
formais. Assim, o propósito desta investigação é o de analisar como se dá a construção de
sequências didáticas em curso de formação inicial de professores de língua portuguesa. A
fundamentação teórica se baseia nos estudos da teoria dos gêneros textuais e nas sequências
didáticas propostas por Scheneuwly e Dolz (2004). Metodologicamente a pesquisa foi realizada
com duas turmas do Curso de graduação em Letras de uma instituição pública federal. Os resultados
obtidos pela pesquisa nos permitiram alguns aspectos que colocam em perspectiva a apropriação
das teorias do gênero e o ensino de língua. Percebemos a) a necessidade de se rediscutir a
concepção de língua, determinante para o ensino com base nos gêneros; b) rediscutir os propósitos
do ensino de língua; c) Necessidade de aprofundamento teórico d) a percepção das sequências
didáticas como forma de articulação dos eixos de ensino (leitura, produção escrita, análise
linguística e oralidade).

DA FÁBULA AO RAP: REFLEXÕES SOBRE ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA NO


ENSINO FUNDAMENTAL
Ana Lúcia Furquim Campos TOSCANO – UNI-FACEF
anafurquim@yahoo.com
Monica de Oliveira FALEIROS – UNI-FACEF
molifa@bol.com.br

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as práticas de linguagem no que se refere à
leitura e produção textual realizadas por alunos do Curso de Letras, bolsistas do Programa
Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela CAPES, junto a duas escolas da
Rede Pública de Franca – São Paulo. O referencial teórico-metodológico adotado são os estudos do
Círculo de Mikhail Bakhtin sobre gêneros do discurso, tendo em vista que as atividades iniciam-se
com a leitura e interpretação do texto “O escorpião e a rã”, de Rubem Alves, que remete à tradição
da fábula cuja temática evidencia o conflito dos seres diante de determinadas escolhas e,
posteriormente, como produção de texto, converge para a escrita do gênero rap, que se caracteriza
principalmente por ser um “recado”, um grito de protesto diante de uma situação de discriminação
ou opressão. Tem-se, assim, o levantamento de hipóteses, entre elas, de que a orientação
metodológica realizada pelos coordenadores do projeto pode contribuir para a formação dos futuros
professores, pois envolve diferentes práticas, como o planejamento, elaboração e aplicação das
atividades. Há, ainda, que se levar em consideração que a leitura de diferentes gêneros no ambiente
escolar promove não somente a compreensão de textos, mas também a possibilidade de
transformação em outros gêneros a partir do conteúdo temático que leva à reflexão sobre o estilo e a
estrutura composicional de cada um desses gêneros. Como resultado, verificamos que os futuros
professores, embasados em conhecimentos teóricos, podem planejar e aplicar atividades que,
efetivamente, promovam a leitura e produção de textos no ambiente escolar.

FORMAÇÃO INICIAL E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA EXPERIÊNCIA COM


ALUNOS DE ENTURMAÇÃO EM MATO GROSSO
Luciane Miranda FARIA – CEFAPRO
lucimfaria@gmail.com

O presente trabalho objetiva apresentar dados de investigação sobre a prática de ensino de Língua
Portuguesa por acadêmicos (as) do 6º Semestre do curso de Letras da Universidade do Estado de
Mato Grosso - UNEMAT/Cáceres-MT, em cumprimento à carga horária da Disciplina de Estágio

35
Curricular Supervisionado I, para a qual os (as) estagiários (as) propuseram, no ano letivo de
2011/02, uma Oficina de Leitura e Escrita a alunos de enturmação, ou seja, àqueles com defasagem
ano/ciclo, enturmados pelo critério de idade, conforme orientação da Secretaria Estadual de
Educação de Mato Grosso para as escolas organizadas em Ciclo de Formação Humana. Pretende-se,
contudo, evidenciar se houve a organização de uma sequência didática pelos (as) acadêmicos (as),
visto que, a Oficina se pautou em releituras das versões do gênero Contos de Fada, que apresenta
um mundo habitado por seres maravilhosos, como: fadas, magos, bruxas, anões, gigantes, gênios,
princesas e cuja principal característica é a antropoformização de personagens. Os contos
selecionados foram, em sua grande maioria, de autores como Charles Perrault e Irmãos Grimm,
dentre os quais se enfocou o conto “Chapeuzinho Vermelho; por isso, pretende-se evidenciar,
também, o resultado da interação dos alunos com o gênero proposto. Assim, a metodologia
respalda-se na observação das aulas, bem como, na análise dos relatórios dos (as) estagiários (as) e
de produções dos alunos participantes da Oficina. Para tanto, fundamento a discussão em
concepções linguísticas que focalizam a língua como instrumento de interação e como prática social
significativa, principalmente em contribuições teóricas da Teoria Enunciativo-Discursiva de
Bakhitin/Volochínov (1988 [1929] e em Teoria de Aprendizagem Sociointeracionista de Vygotsky
(1987 [1934], 1988 [1930]).

METODOLOGIA COLABORATIVA: UMA PESQUISA COM PROFESSORES DE LÍNGUA


PORTUGUESA
Laura Silveira BOTELHO – UFJF
laurabot@hotmail.com
Tânia Guedes MAGALHÃES – UFJF
tania.magalhaes@ufjf.edu.br

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada “Gêneros textuais e ensino: uma
pesquisa colaborativa com professores de Língua Portuguesa”, desenvolvida em 2011/2012. Como
pressupostos teóricos, utilizamos o embasamento oriundo do interacionismo sociodiscursivo, que
reconhece a primazia da dimensão social da linguagem (SCHNEUWLY e DOLZ, 2004;
BAKHTIN, 2010). Tal concepção teórica ressalta que a apropriação, pelos alunos, das diferentes
dimensões da linguagem, utilizando como objeto os gêneros textuais, se dá por meio das sequências
didáticas nas práticas escolares. Contudo, percebemos, ainda, que há grandes dificuldades por parte
dos professores em incorporar em seu trabalho essa perspectiva interacionista (BOTELHO e
MAGALHÃES, 2011). Nesse sentido, desenvolvemos uma pesquisa com professores de Língua
Portuguesa, de viés colaborativo (KEMMIS & MCTAGGART, 1988; IBIAPINA, 2008), que se
caracteriza por ser conduzida por pesquisador externo ao ambiente escolar, auxiliando os
profissionais da escola selecionada; ser colaborativa, visto que o pesquisador está inserido no
contexto a ser pesquisado; e ter objetivos de mudanças, com intervenção na realidade. Para esses
autores, a motivação inicial para desenvolver a pesquisa é mudar o sistema, descrevendo e
compreendendo os fenômenos apenas numa etapa inicial. Nosso trabalho centrou-se na construção
de sequências didáticas com gêneros diversos, a partir de um programa elaborado coletivamente
com esse mesmo corpo docente, para confecção de materiais didáticos com a finalidade de
aplicação pedagógica. Os dados, gravados em áudio durante as sessões reflexivas, mostram que
foram construídos coletivamente conhecimentos pelos professores sujeitos da pesquisa, tanto em
relação aos gêneros textuais escolhidos, quanto em relação ao processo de transposição didática.

MODELIZAÇÃO DIDÁTICA DE GÊNEROS: UMA ALTERNATIVA METODOLÓGICA COM


O GÊNERO CARTA DO LEITOR
Fábio Pessoa da SILVA – UFPB
professorfabiopessoa@hotmail.com

36
O ensino de língua, principalmente a partir das publicações acerca dos gêneros textuais, passou a
ser entendido como o espaço institucional para se desenvolver as habilidades de leitura e de
produção de texto, aprimorando com isso a competência comunicativa dos aprendizes. Os
documentos oficiais passaram a defender um ensino pautado em práticas efetivas de usos da
língua(gem) por meio da utilização dos diferentes gêneros de textos. Assim, o presente artigo traz
uma reflexão acerca da modelização didática de gêneros como ferramenta para o professor trabalhar
a leitura e a produção escrita em sala de aula por meio da construção de sequências didáticas (SDs).
Além disso, apresentamos uma experiência metodológica vivenciada/construída em um curso de
formação continuada com uma turma professores do ensino fundamental (1ª fase) da rede estadual
de ensino do Estado da Paraíba, ocorrida entre os meses de outubro a dezembro de 2011, em João
Pessoa-PB. Durante os encontros, tivemos a oportunidade de construir junto aos cursistas modelos
didáticos para se trabalhar gêneros (orais e escritos) na aula de língua materna; dentre estes, a carta
do leitor. O objetivo deste artigo é, portanto, expor a SD desenvolvida e aplicada por um grupo de
três professoras participantes dessa formação continuada, utilizando o gênero em questão. Nossa
base teórica são os postulados do Interacionismo sociodiscursivo – ISD e as contribuições de
pesquisas de cunho sociointeracionista que tratam do ensino-aprendizagem com textos e de práticas
de letramento. Fundamentamo-nos em autores como Bronckart (2006; 2007), Schneuwly e Dolz
(2004), Lopes-rossi (2006), Bezerra (2007), Rojo (2001; 2005), Machado e Cristovão (2009),
Gonçalves (2011), dentre outros, para subsidiar nossa exposição teórica e metodológica.

OS GÊNEROS TEXTUAIS E O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DA TEORIA


À PRÁTICA
Karen Alves de ANDRADE – UEL
karenalvesandrade@yahoo.com.br

Após a publicação dos PCN, a necessidade de uma reestruturação no ensino ficou ainda mais
evidente e, dessa forma, os livros didáticos rapidamente buscaram adaptar-se às novas exigências.
Para atender a essa demanda, revelou-se uma despreocupação com a profundidade em que isso
deveria ocorrer. É possível notar que as mudanças que acompanham o ensino de Língua Portuguesa
ao longo dos anos estão diretamente relacionadas ao entendimento do texto como evento
comunicativo, que se manifesta no gênero textual, e da necessidade de se priorizar o trabalho com
os gêneros no contexto da sala de aula. Por mais que grande parte dos livros didáticos recentes já
traga, pelo menos teoricamente, tais concepções, o trabalho com textos na sala de aula insiste em
ser penoso e, na maioria das vezes, deficiente. Avaliações sistêmicas como a Prova Brasil e o
ENEM denunciam inabilidade de muitos alunos em operar com a língua e nos fazem questionar o
que ainda insiste em barrar o progresso da educação brasileira em Língua Portuguesa. Práticas
equivocadas de ensino da língua propõem fórmulas para se trabalhar o texto, ignorando que, na
realidade, é a função que o condiciona e ao seu gênero. Sendo assim, o professor e os livros
didáticos perdem tempo ao situarem os alunos quanto às noções de gênero, enunciação e texto,
esquecendo-se de desenvolver a habilidade de adequar os enunciados a diversas e renováveis
situações comunicativas. Em vez de se trabalhar os gêneros como formas relativamente estáveis de
agrupamentos de textos – como postulou Bakhtin (1997) -, o entendimento que se tem acerca dele
impõe uma sistematização lógica e cristalizada de formas prototípicas que são, na verdade,
idealizações insuficientes de modelos de textos. Neste artigo, analisamos, então, as mudanças
trazidas pelo estudo dos Gêneros Textuais nas salas de aula e, mais especificamente, nos livros
didáticos de Língua Portuguesa.

REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS DE LEITURA VOLTADAS PARA A


DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS
Maria Aparecida Lopes ROSSI – UFG
picidarossi@hotmail.com

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A necessidade da escola em trabalhar a leitura como construção de sentidos e também as funções
sociais dos diferentes gêneros de textos, tem levado os professores a enfrentar inúmeras
dificuldades. Dentre estas se pode ressaltar a articulação entre os estudos que enfocam a abordagem
dos gêneros de texto na sala de aula e o planejamento das atividades de ensino. Este trabalho surge
das reflexões suscitadas pela experiência adquirida em curso de pedagogia com a disciplina:
Fundamentos e Metodologia de Ensino de Língua Materna e na orientação de trabalhos de final de
curso e monografias de cursos de especialização. No presente artigo abordo a experiência vivida em
duas situações de orientação em que dois alunos/professores se propuseram a construir práticas de
leitura voltadas para a diversidade de gêneros de texto. O processo de orientação forneceu
elementos para a reflexão sobre como são construídos os saberes inerentes à prática docente. O que
ficou evidenciado foi a dificuldade dos alunos/professores em transformar suas práticas de ensino,
calcadas em um modelo de leitura voltado somente para pseudo-textos e fragmentos de escrita
literária, para um trabalho apoiado na diversidade de gêneros textuais. O que se pode concluir, é que
uma prática de ensino, voltada para os textos que circulam socialmente, carece de um professor que
esteja em um processo de formação contínua, atento à articulação entre o conhecimento produzido
e suas práticas de ensino. Neste processo, conforme os dizeres de um dos alunos/professores, ele é
o primeiro a se favorecer. Ou seja, é o próprio professor que terá suas habilidades de leitura
aperfeiçoadas, não só para ampliar o seu grau de letramento, mas também para ter condições de
oferecer um ensino produtivo, que leve os alunos a se inserirem nas práticas letradas de uso da
linguagem escrita.

TEORIA E PRÁTICA SOBRE LEITURA. DO VÍNCULO INSUPERÁVEL NA AULA DE


LÍNGUA PORTUGUESA
Sirlene Cíntia ALFERES – UFU
sirlene_alferes@yahoo.com.br

Neste trabalho, pretendemos expor teórico-analiticamente aspectos relativos à perspectiva de se


tomar o dispositivo da (re)construção de temática textual para o trabalho de leitura na aula de
Língua Portuguesa (LP). Para tanto, partiremos da discussão de uma experiência que vivenciamos
em um seminário voltado para a formação de professores de LP da rede municipal de Uberlândia.
Naquela oportunidade, via oficina, propusemos um exercício de (re)construção de temática textual,
tendo em vista o fato de que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) orientam a prática de se
tomar o texto como ponto de partida ede chegada das aulas de Língua Portuguesa. Ademais,
consideramos ali a questão de os PCN fundamentarem a relevância de uma aula de leitura em que
haja a articulação entre os diferentes campos do saber, naquilo que o texto oferece de
possibilidades. Sob essa visada, a abordagem do texto pelo texto, em sala de aula, acirraria a
perspectiva de que a linguagem é multifacetada e, sobretudo, inextricável da relação social na qual
ela está implicada. Nesse sentido, propomos a seguinte questão central: Em que medida a
(re)construção de temática textual para a aula de leitura pode permitir a articulação entre teoria e
prática, conforme os PCN? Assim, aventamos a hipótese de que a fundamentação conceitual do
dispositivo de (re)construção de temática textual convoca, por um lado, uma interface entre
questões do texto e do discurso, resguardadas as especificidades dos campos, e, por outro, questões
relativas ao processo de ensino e aprendizagem de línguas. E isso permite a assunção de condições
de ensino para a aula de leitura em que o texto seria trabalhado, pelo professor, não a partir de
obviedades, mas sim a partir de uma leitura fundamentada nas possíveis relações que todo texto
(com)porta, dada a inextricabilidade entre língua e sociedade.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA APRESENTADA PELO GESTAR II PARA A PRODUÇÃO


ESCRITA EM SALA DE AULA
Maria José Cavalcante de LIMA – UFRN

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mazecavalcantelima@yahoo.com.br

Este trabalho propõe-se a analisar as orientações teórico-metodológicas apontadas pelo Programa


Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II, programa de formação continuada, oferecido pelo
Ministério da Educação e Cultura (MEC), na modalidade semipresencial, destinado aos professores
do 6º ao 9º ano, do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa. Esta pesquisa tem como objetivo
analisar como estas orientações teóricas são transpostas didaticamente pelos professores cursistas,
em três escolas públicas de Natal, bem como investigar como o professor que passou pelo processo
de formação continuada do Gestar II mobiliza, atualiza, transpõe e constrói conhecimentos em
situações cotidianas de sala de aula, principalmente no que concerne a concepção de linguagem, de
ensino e de escrita. Pretende-se, ainda, perceber que impactos este curso de formação continuada,
oferecido pelo MEC, pode proporcionar as práticas pedagógicas do ensino de LM em sala de aula,
pois se acredita que a Língua deve ser vista como processo de interação entre sujeitos usuários da
mesma, que constroem sentidos e significados que se constituem segundo seus conhecimentos
prévios, seus papéis sociais, nas diversas situações de comunicação em que se envolvem
diariamente, por isso compreende-se que a prioridade é estudar a língua em uso, da qual
necessitamos ter proficiência. Por saber da complexidade que é analisar um manual didático
considerando as questões de LM que ele propõe abordar, a natureza científica dessa pesquisa e
ainda a perspectiva sob a qual se propõe a fazê-la, a nossa discussão delimita-se nas orientações
dadas para o trabalho com a escrita. Nosso corpus são os documentos elaborados pelo MEC.
Metodologicamente, está inserida no campo da Linguística Aplicada, sendo de natureza qualitativa
interpretativista, fundamenta-se no conceito de gênero discursivo de Bakhtin e seu círculo (1992), e
em Geraldi (2003), Antunes (2003) pelas reflexões sobre a produção de textos na esfera escolar.

GESTOS DIDÁTICOS: ARENA DE SIGNIFICAÇÕES PARA INTERPRETAR PRÁTICAS


DOCENTES
Elvira Lopes NASCIMENTO – UEL
elopes@sercomtel.com.br

O objetivo é refletir sobre meios semióticos acionados pelo professor para operar processos de
aprendizagem nas atividades com foco em gêneros textuais. A discussão está ancorada nos
postulados do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART; 2006, 2008; SCHNEUWLY, 2009;
DOLZ, 2010), segundo os quais a linguagem, ao adquirir em dado momento uma função particular
de controle do próprio comportamento, produz desenvolvimento. Na situação de ensino-
aprendizagem, a linguagem verbal e não verbal pode intervir como ferramenta para mediar o
processo de desenvolvimento tanto do professor em seu agir profissional como dos alunos. Dados
deixam entrever que a linguagem oral e gestual do professor é um instrumento vinculado à situação
que conserva uma função psicológica para ele, pois depende de operações que, tendo em vista
finalidades, motivos e intenções dá acabamento e estilo à sua ação linguageira. Nessa perspectiva,
o agir do professor diante dos alunos é uma arena de significações por mobilizar gestos didáticos
para mediar a apropriação dos objetos de ensino. Para compreender o trabalho realizado é preciso
compreender as características da atividade na interação com os alunos, o que implica uma análise
multifocada em que gestos e configurações corporais no curso da ação interacional são inseparáveis
da ação verbal-discursiva. Para apreender as características multimodais da ação de uma professora
em sala de aula, recorremos aos registros em áudio e vídeo em oficinas de uma sequência didática
efetivamente realizada. O reconhecimento de estilo profissional é fundamental para a estabilidade e
desenvolvimento de um campo profissional (CLOT, 2006) o que nos leva a não negligenciar o fato
de que profissionais da educação podem estar mobilizando recursos verbais e não verbais que
precisam ser investigados pelas implicações com novas ferramentas de ensino e aprendizagem.

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SEQUENCIALIDADE TIPOLÓGICA DE ARTIGOS OPINATIVOS EM CONTEXTOS DE
VESTIBULAR
Adair Vieira GONÇALVES – UFGD
adairgoncalves@uol.com.br

O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de uma pesquisa envolvendo a análise de


sequências tipológicas explicativas e argumentativas, consideradas como essencialmente dialógicas,
a partir de uma proposta de escrita do gênero artigo de opinião. Os textos foram produzidos por
candidatos ao Curso de Letras durante o processo seletivo vestibular da Universidade Federal da
Grande Dourados- UFGD. O aporte teórico-metodológico utilizado foi o interacionismo
sociodiscursivo (ISD) e no seu modelo de análise de textos (Bronckart, 2003[1999]). Tal aparato foi
associado à abordagem didática para o ensino de línguas da Universidade de Genebra, isto é, ao
desenvolvimento de capacidades de linguagem: i) capacidades de ação (relativas ao contexto de
produção); ii) capacidades discursivas (desenvolvimento da infraestrutura textual); iii) capacidades
linguístico-discursivas (relativos aos mecanismos de textualização e de enunciação). Para a
realização da pesquisa, apoiamo-nos nos pressupostos da pesquisa qualitativa, de abordagem
interpretativista. Para Bortoni-Ricardo (2008), sob esse ponto de vista, não há como observar o
mundo independentemente das práticas sociais e dos significados vigentes. Para Flick (2004), nesta
abordagem metodológica, constitui papel importante a reflexividade do pesquisador sobre as ações
e observações; neste caso, reflexões sobre as ações de linguagem empreendidas por candidatos ao
curso de Letras de uma instituição federal de ensino superior. Os resultados apontaram para uma
incidência maior de sequências argumentativas completas, consideradas como favorecedoras de
maior potencial argumentativo, em contraposição ao uso reduzido desequências explicativas, usadas
parcialmente pelos vestibulandos. O grande percentual de sequências explicativas parciais justifica-
se pela simplicidade do tema escolhido, não exigindo explanação detalhada do tema em discussão.

GESTOS DIDÁTICOS FUNDADORES: DA MOBILIZAÇÃO DA MEMÓRIA DAS


APRENDIZAGENS NO DESENVOLVIMENTO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Eliana Merlin Deganutti de BARROS – UEL
edeganutti@hotmail.com

Esta comunicação é fruto de uma pesquisa de doutoramento, intitulada “Gestos de ensinar e de


aprender gêneros textuais: a sequência didática como instrumento de mediação” (UEL), orientada
pela Profª. Drª. Elvira Lopes Nascimento, cujo objeto de investigação foi uma intervenção
colaborativa em campo, efetuada em um 6º ano de uma escola pública da periferia de Londrina. O
objetivo geral da pesquisa pautou-se na validação didática da metodologia de ensino da língua
proposta pelos pesquisadores de Genebra filiados ao Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) em
contexto específico da escolarização pública brasileira. Tal metodologia se orienta por em um
interacionismo instrumental, propondo ferramentas para o agir do professor no seu trabalho de
ensinar a língua por meio de gêneros textuais. A pesquisa investigou todo o processo de
implementação de um projeto de escrita baseado na transposição didática do gênero “carta de
reclamação” e orientado pela ferramenta “sequência didática” (SD). Para esta comunicação,
apresentamos a teoria dos gestos didáticos, adaptada do conceito de gestos profissionais da Clínica
da Atividade, por pesquisadores de Genebra, e expandida por pesquisadores brasileiros filiados ao
ISD. O objetivo é apresentar resultados relativos ao agir do professor na mobilização da ferramenta
SD, tomando como foco o gesto didático fundador relativo à mobilização da memória didática. Esse
gesto se mostrou de suma importância no desenvolvimento da SD, pois proporciona a articulação
entre os demais gestos didáticos fundadores, conferindo unicidade ao projeto de escrita. Por meio
dele é possível fixar conteúdos já trabalhados (institucionalização), efetuar a regulação do
aprendizado, articular objetos de ensino já institucionalizados com objetos em processo de
delimitação, retomar a presentificação do objeto social em foco, assim como auxiliar o

40
encaminhamento das atividades e das tarefas.

GESTOS PROFISSIONAIS DO PROFESSOR E A CONSTRUÇÃO DOS OBJETOS DE


ENSINO POR MEIO DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Márcia Andréa Almeida de Oliveira – UNICAMP (Apoio CNPq)
dryoliv@hotmail.com

Neste trabalho, assumindo uma perspectiva didática, os gestos profissionais são sistematicamente
relacionados com os objetos ensinados e tem como objetivo transformar as significações atribuídas,
por exemplo, pelos autores e editores do Livro Didático de Português, aos objetos apresentados e
construir progressivamente novas significações. Segundo Aeby Daghé e Dolz (2008), é por meio
dos gestos que o professor delimita, mostra e decompõe o objeto de ensino. Para os autores,
“identificar os gestos específicos da profissão de ensino supõe, portanto, uma clarificação das
situações e das atividades escolares dentro das quais elas se realizam, bem como as ferramentas e as
abordagens que permitem sua realização” (AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008, p. 83). Nessa acepção, o
campo disciplinar e os objetos de ensino assumem um papel principal para analisar o agir do
professor. Levando em consideração esse quadro teórico, a partir da análise dos gestos profissionais
de duas professoras de Língua Portuguesa do ensino fundamental II, buscamos descrever e analisar
a maneira como os objetos didatizados (presentes no Livro Didático) são reconstruídos em sala de
aula, tornando-se objetos ensinados. Neste trabalho, portanto, reconhecemos a existência de gestos,
como a implementação de dispositivos didáticos, que acaba sendo o responsável pela
presentificação e elementarização do objeto de ensino. É a partir da escolha desse dispositivo que
observamos como o objeto é recortado, abordado e como ele é organizado em uma sequência
progressiva, o que faz dele um elemento essencial do trabalho do professor. Assim, o objeto
construído em sala de aula é resultado do dispositivo implementado, o que implica a mobilização de
vários meios: a organização da sala de aula, os textos escritos ou suporte para escrever (quadro,
cadernos), o discurso do professor, a regulação entre outros.

GRUPO TEMÁTICO 4: A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM HUMANA


COORDENADORA: Paula G. ARBEX (UFU) pgarbex@ufu.br

Este Grupo de Trabalho tem o objetivo de reunir pesquisadores da área da linguagem que se
dedicam a estudá-la estabelecendo a relação linguagem/realidade do cotidiano no que diz respeito
ao papel de significação da linguagem. Importante perceber como a linguagem representa o mundo.
Em linhas gerais, este Gt propõe-se a discutir: i. as operações cognitivas constituintes da
competência discursiva humana; ii. a relação entre linguagem, mundo e pensamento; iii. o
desenvolvimento de estratégias de ensino que forneçam aos estudantes uma concepção de
linguagem literária; iv. o funcionamento das noções de linguagem “mais elaborada” e “menos
elaborada”; v. o papel da linguagem e a linguagem como criadora de uma imagem do mundo.
Diferentes trabalhos e o conhecimento acerca da linguagem serão, portanto, o fio condutor das
discussões do GT 4.

A “REPRESENTAÇÃO” LINGUÍSTICO-COGNITIVA DO MUNDO NA CONSTRUÇÃO DO


SELF
José Cláudio Luiz NOBRE – DOCTUM
jclnobre@gmail.com

O estudo que aqui se apresenta delimita seu objeto no âmbito das operações cognitivas,
constituintes da competência discursiva humana e fundamentais na construção de categorias
linguísticas, que indiciam ‘representações’ mentais de objetos de discurso (co)instituídos em

41
atividades de linguagem. Busca-se um novo olhar à noção de “representação linguística” difundida
pela sequência dos estudos a respeito das funções da linguagem a partir do achado de Bühler,
repensado por Kainz e ampliado por Jakobson. Propõe-se (re)pensar a função representativa da
linguagem a partir da interface estabelecida pelos estudos da Linguística Cognitiva e da
Neurociência, com os postulados de Edelman (1987), Maturana e Varela (1995), Damásio (2000),
que (re)configuram a noção de ‘representação’ a partir da ideia ‘enação’ e/ou de (re)categorização
da construção de sentido, em consonância com a atividade cognitiva de (re)construção do self e da
vida humana, como uma expansão da capacidade de seleção natural darwiniana. Promove-se, assim,
a noção de ação cognitiva, de experiência, em vez de representação. Trabalhamos com a hipótese de
o cérebro não ser um órgão cuja atividade reflete mundos, objetos. Se assim o fosse, todas as
pessoas, nas mesmas condições de espaço-tempo constituiriam as mesmas ‘representações’ dos
objetos mundanos. Em linhas gerais, ainda que o processo de ‘representação’ linguístico-cognitiva
de objetos de discurso seja, o quanto possível, regular e analisável entre pessoas de uma
comunidade, o ponto de vista de cada sujeito é, necessariamente parcial (dada a condição limitada
do ser humano, o homem não percebe a integralidade dos fenômenos: seleciona um ou alguns de
seus aspectos), e não pode ser neutro. E tal posição está relacionada a numerosos componentes
psicológicos, sociais, constitutivos das experiências de vida de cada ser, que produzem uma
variedade de respostas dos indivíduos face aos mesmos estímulos ambientais.

CONEXÕES ENTRE LINGUAGEM, MUNDO E PENSAMENTO NO ESTUDO DE TEORIAS


SOBRE LINGUAGEM
Fernanda CIZESCKI – UFSC
blacklilith69@gmail.com

O presente trabalho visa incitar e desenvolver uma discussão sobre a relação entre linguagem,
mundo e pensamento. Esses três conceitos e suas conexões são amplamente discutidos tanto na
Filosofia da Linguagem, quanto na própria Linguística. Isso ocorre, entre outros motivos, pois uma
teoria sobre a linguagem necessariamente (mas nem sempre explicitamente) se compromete com
uma visão sobre o que é a linguagem, qual sua natureza e, porque não, qual a sua origem. Dessa
forma, a ideia é pensar sobre a concepção de linguagem que é automaticamente e, às vezes,
acriticamente adotada ao se trabalhar com teorias sobre a linguagem. Para desenvolver tal
pensamento, buscar-se-á auxílio nas discussões filosóficas já estabelecidas a respeito do tema.
Partindo disso, o trabalho será desenvolvido em dois momentos: um em que para embasar a
discussão da representação do mundo pela linguagem, será abordado Frege e sua discussão sobre a
diferença entre sentido e referência e outro no qual o resultado da discussão supracitada será
confrontado com a teoria das funções da linguagem de Karl Bühler. Bem como com a perspectiva
de Fiorin segundo a qual usamos a linguagem para interpretar o mundo. Esse confronto tem o
objetivo duplo de i) lançar perspectivas à questão das relações entre linguagem, mundo e
pensamento e ii) pensar sobre a compatibilidade da visão subjacente de linguagem apresentada por
esses dois escritores. Por isso, essa é uma pesquisa de base teórica e filosófica, mas que, por tocar
em pontos vitais da constituição da linguagem no homem é de suma importância para o profissional
que objetiva trabalhar com o ensino de língua.

ASPECTOS DISCURSIVOS DO ENSINO DE DETERMINADA LINGUAGEM LITERÁRIA


EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DOS TERMOS KITSCH E BREGA
Lucas Martins Gama KHALIL – UFU
lucas_mgk@hotmail.com

Na prática escolar, considerando-se as aulas das disciplinas de Língua Portuguesa e Literatura,


quando separadas curricularmente ou mesmo quando lecionadas sem distinção oficial, nota-se, a
partir dos anos finais do Ensino Fundamental (com mais regularidade), o desenvolvimento de

42
estratégias de ensino que objetivam “fornecer” aos alunos uma concepção de linguagem literária,
ou, grosso modo, uma linguagem que, por se constituir a partir de uma elaboração peculiar,
transcenda às limitações de uma linguagem julgada como cotidiana. Com base nesse tipo de
prerrogativa, são ensinadas, por exemplo, as diversas figuras de linguagem, bem como a distinção
entre conotação e denotação. No trabalho ora apresentado, objetivamos refletir sobre o
funcionamento das noções de linguagem “mais elaborada” e “menos elaborada”, conceitos que
ultrapassam o âmbito escolar, na medida em que dão sustentação para determinadas representações
relacionadas à língua, evidenciando alguns posicionamentos de sujeito e não outros. Do mesmo
modo que se constitui uma análise do status da linguagem utilizada em um texto trabalhado em sala
de aula, trabalhado em sala de aula, o julgamento qualitativo artístico realizado em variados
contextos perpassa alguns critérios de elaboração aliados a certa representação de língua. É por isso
que propomos relacionar as especificidades do funcionamento do conceito de linguagem literária,
baseando-nos em discursos provenientes da escola enquanto instituição que difunde parâmetros e
diretrizes curriculares, às práticas discursivas que envolvem julgamentos relativos à utilização da
linguagem, focalizando as noções de “brega” (no âmbito musical) e de “kitsch” (em um âmbito
artístico mais generalizante). Considerando o arcabouço teórico da Análise do Discurso de linha
francesa, a partir de reflexões de Michel Pêcheux e Michel Foucault, propõe-se, desse modo, a
discussão sobre os parâmetros que permitem definir, em dados contextos, o porquê de uma
utilização da língua ser “melhor”/“mais elaborada” ou “pior”/ “menos elaborada” que outra.

REPRESENTAR E SIGNIFICAR O MUNDO: A MENTE E O SÓCIO INTERACIONISMO


DISCURSIVO
Emanuela Francisca Ferreira SILVA – PUC MINAS
emanuela.silva@sga.pucminas.br

Este trabalho é uma tentativa de perceber como a linguagem representa o mundo com seu poder
criador, significando-o. Tendo a semântica atencional como forma de perceber a relação existente
entre mente e sociedade. Para tanto se conceitua significado (S) como a relação entre um organismo
(O) e seu ambiente físico e cultural (A) determinado pelo valor (V) de A para O, na tentativa de
expandir o campo de significação humana. A reflexão é desenvolvida a partir de textos de Zlatev e
Marcheti sobre semântica atencional e textos de Marcuschi e Davidson sobre o sócio-
interacionismo discursivo. O significado não é puramente linguístico- não se encontra somente na
relação dos elementos dentro de uma sentença, subjetiva – não está puramente na cabeça do falante
- e nem é determinantemente objetivo – não se centra no mundo. Ele resulta da interação do
organismo – o ser humano – com o ambiente, seja ele físico ou cultural. A maneira como nós
dizemos aos outros as coisas é decorrência de nossa atuação intersubjetiva sobre o mundo e da
inserção sócio-cognitiva no mundo em que vivemos. Acredita-se que o pensamento depende da
comunicação. A atenção é uma operação mental conduzida por elementos sensoriais como a visão,
a audição e o tato. Representar e significar são, pois, compreender palavras e pensamentos do outro
numa interpretação que otimize o acordo, tendo como pressuposto que somos uma “sociedade de
mentes”. (Marcuschi). A linguagem não é um instrumento transparente. O papel da linguagem é
significar, possibilitando a comunicação objetiva que, tem como base a comunicação intersubjetiva.
A mente juntamente com os elementos sensoriais como a visão, a audição e o tato possibilitam que
a interação cognição – social se realize e que o papel de significação da linguagem seja realizado.

O CONCEITO DO NOME PRÓPRIO: UMA QUESTÃO LINGUÍSTICO-FILOSÓFICA


Stefania Montes HENRIQUES – UFU
(CAPES-DS)
temontess@gmail.com

A discussão sobre o papel da referência na linguagem está presente desde a Antiguidade Clássica –

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com o diálogo Crátilo de Sócrates, por exemplo – e envolve conceitos importantes, tais como o de
arbitrariedade, língua, linguagem, objeto e signo. Ao admitirmos, por exemplo, que a língua possui
como única função representar o mundo, podemos cair na armadilha de considerá-la somente como
nomenclatura, sem levar em consideração suas especificidades. Entretanto, se aceitarmos que
algumas categorias linguísticas possuem a característica de “estar por objetos” e outras não, é
possível encontrar um ponto de encontro entre uma ordem inerente à língua – sem relações
extralinguísticas – e uma ordem que possibilite o estabelecimento de uma relação entre as palavras
e as coisas. Neste trabalho, pretendemos investigar o conceito de nome próprio na medida em que
ele é, ao nosso ver, a categoria linguística que mais se enquadra na possibilidade de se pensar uma
relação entre a língua e o mundo. Nosso percurso teórico consistirá nos estudos da Filosofia
Analítica da Linguagem e da Linguística, passando por autores como Gottlob Frege, P. F.
Strawson, F. de Saussure e É. Benveniste. É válido afirmar que a escolha destes autores justifica-se
na medida em que todos eles teorizaram sobre a língua, partindo de pontos de vista e objetivos
distintos e desempenhando um papel importante nas Ciências da Linguagem. Pretendemos assim,
compreender de que maneira o conceito de nome próprio é entendido nas Ciências da Linguagem e
se há a possibilidade de se pensar uma teoria linguística que abarque a relação entre linguagem e
mundo.

INTENCIONALIDADE E CONSCIÊNCIA NÃO INTENCIONAL NA AÇÃO LINGÜÍSTICA DE


BASE METAFÓRICA
Daniel Felix da Costa JÚNIOR – UFF/UFRJ
felixdd@sapo.pt

Desde Lakoff e Johnson (1980), a noção de metáfora ganhou uma amplitude que ultrapassa o plano
linguístico, com afirmações do tipo “as metáforas podem criar realidades, especialmente realidades
sociais”, “uma metáfora pode converter-se em guia para a ação futura, que, ajustar-se-ão à
metáfora”, postulou-se que o nosso sistema conceitual é de base metafórica. Sabendo da natureza
agente da metáfora, fizemos uma associação desta ideia com uma teoria da ação razoavelmente
formulada, como a descrita por Searle (1983). Obteve-se, então, a possibilidade de três critérios
para a observação da metáfora, sob o enfoque da ação: a) a metáfora considerada intencional, b) a
metáfora considerada não intencional, e c) a metáfora como uma não ação. A partir disso, passamos
a investigar a consistência teórica dessas três hipóteses de metáforas, até encontrar alguns
argumentos que podem refutar essa distinção dentro da própria teoria searleana, são estes: • toda
ação possui uma intenção em ação, • existe possibilidade intencional na metáfora não intencional, e
• a aceitação do objetivismo, dentro da concepção de uma não ação metafórica, exclui a ideia de
intencionalidade e não intencionalidade da metáfora. A confirmação ou não desses argumentos foi
analisada neste trabalho, bem como, a defesa da não atividade da metáfora ser considerada parte do
Background, que é o pano de fundo para toda e qualquer ação. Os problemas teóricos citados por
Dreyfus e Wakefield (1991) e por Dreyfus (1993), sobre a não obrigatoriedade da intenção em ação
para alguns casos de ação, e sobre a desvinculação da experiência de agir com a intenção em ação,
foram levados em conta para a convergência do experiencialismo lakoff-johnsoniano com a teoria
da ação.

A REPRESENTAÇÃO DO MUNDO NA CONSCIÊNCIA HUMANA


Eliane Siqueira Costa COELHO – UERJ/FFP
eliane.siqueira2010@yahoo.com.br

A linguagem tem um grande poder: o de criar. Entende-se então que a linguagem, criadora de uma
imagem do mundo é também criação do mundo. A relação linguagem/realidade parece ter
preocupado o homem, desde os primórdios. Os filósofos pré-socráticos, ao lado da questão em que
se buscavaexplicar a origem do universo e de todas as coisas, promoviam, também, essa discussão:
qual é a origem e qual é a natureza da linguagem? Diante dessa reflexão o presente trabalho visa

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discutir a importância dos estudos da Linguagem Humana e suas principais funções, assim como a
representação do mundo em sua consciência. A pesquisa baseia-se nas observações de Buhler que
formulou o clássico modelo tradicional das funções da linguagem que por longa data vem sendo
perquiridas por filósofos da linguagem. Por essa razão, existem três conceitos fundamentais que
devem ser levados em conta ao realizarmos pesquisas sobre a Linguagem Humana, a saber: a
representação mental, a exteriorização psíquica e o apelo. Sabendo que as duas últimas não são
funções representativas, logo cabe à Representação Mental ou Função Representativa da
Linguagem Humana o nosso foco de estudo. A reflexão é desenvolvida a partir de textos de Fiorin
onde a linguagem é entendida como a maneira de perceber e interpretar o mundo. Buscaremos então
criar espaços de reflexão sobre o conceito de signo, o papel da linguagem e a celebre discussão
sobre pensamento e linguagem. A partir dessas abordagens, buscaremos expor que a função
representativa mais que uma função “é a própria essência da linguagem humana no homem” (Karl
Bühler).

GRUPO TEMÁTICO 5: AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: O DISCURSO


VERBAL E VERBO-VISUAL NA ELABORAÇÃO DE CONTEÚDOS
COORDENADOR: Carlos Augusto Baptista de ANDRADE (UNICSUL) –
carlos.andrade21@hotmail.com

A linguagem é o meio pelo qual a comunicação humana se estabelece. Ela, no princípio da


comunicação, realizou-se por meio de grunhidos, gestos, pictogramas etc, com a finalidade de
marcar/destacar sua natureza sócio-histórico-cultural, pois ela só existe como patrimônio de um
determinado grupo social. Com a evolução da espécie humana, as formas de comunicação foram
aperfeiçoadas, a ponto de desenvolver-se a língua como um produto social da própria linguagem,
interconectadas e indissociáveis. A linguagem, assim, foi buscando novos espaços e, hoje em dia,
encontrou no chamado ciberespaço local privilegiado para possibilitar a interação humana.
Pretende-se, neste GT, refletir/discutir sobre produções verbais e verbo-visuais produzidas para os
chamados AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM - AVA. Para atender tal proposta,
optouse pela teoria bakhtiniana dialógica da linguagem centrada nos gêneros discursivos
(BAKHTIN, 2003), com a finalidade de se criar um solo epistemológico de discussão. Há muita
banalização a respeito do assunto. Muitas produções de material para esse ambiente são
desenvolvidas por pessoas que desconhecem processos educativos de interação. As práticas
interacionais e interativas em AVA exigem conhecimento da área específica do curso, da área
tecnológica e do conhecimento linguístico, para a produção de materiais de qualidade e de
construção de processos de interação na rede. Ambientes de aprendizagem não podem ser apenas
repositórios de documentos. Eles podem e devem proporcionar interação “na” e “pela” linguagem
entre os sujeitos que participam dos diversos cursos. Muitos trabalhos apontam para a
potencialidade do desenvolvimento de aprendizagem a partir do surgimento do ciberespaço,
permitindo a elaboração e organização de materiais de muito boa qualidade. Cabe aos pesquisadores
das diversas áreas do conhecimento realizar intensa discussão sobre o assunto para, criticamente,
oferecer contribuições à modalidade educativa a distância e semipresencial que cresce a passos
largos no país, com algumas boas experiências e outras não tão boas.

A IMPORTÂNCIA DO ÍCONE PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA


PORTUGUESA ATRAVÉS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Marílio Salgado NOGUEIRA – UFC
mariliosn@gmail.com
Viviane Batista de OLIVEIRA – SEDUC
bviviann22@yahoo.com.br

Diversos setores sociais têm acompanhado o desenvolvimento e a mudança da sociedade. Uma

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destas mudanças foi o surgimento do mundo virtual. Neste sentido, a educação tem acompanhado
tais mudanças, saindo de um modelo exclusivamente presencial para um ambiente parcial ou
completamente virtual de ensino. Neste contexto, a Linguística vem realizando estudos sobre
elementos que foram gradativamente adicionados em hipertextos, como sons, imagens, vídeos,
links, ícones, entre outros recursos midiáticos, principalmente no que versa os sites educacionais
utilizados na Educação Aberta e a Distância – EAD. Neste caso, sob uma perspectiva semiótica de
Pierce, os ícones, objetos de estudo desta pesquisa, têm a cada dia conquistado uma importância
maior dentro do contexto hipertextual educacional. O objetivo deste trabalho é discutir e verificar a
função e a importância de tal recurso presente em sites educativos para o ensino da Língua
Portuguesa aos estrangeiros. Para tanto, foi hipotetizado que os ícones não estavam em consonância
com o texto verbal escrito e não exerciam sua função, dificultando a compreensão do conteúdo
pelos aprendizes estrangeiros de língua portuguesa. Para este trabalho, foram aplicados dois
questionários a um grupo de professores nativos do Canadá, Estados Unidos, França e Inglaterra, de
cursos livres de língua estrangeira, cujos sujeitos interessam-se pela língua portuguesa, com o
intuito de eleger um site educativo para o ensino-aprendizagem de LP e para serem analisados os
ícones. De forma unânime, foi indicado o site da BBC, especificamente a seção
Learning/Language/Portuguese. Ao fim da análise, conclui-se que alguns ícones do referido site não
cumpriu com a sua função, dificultando a leitura do usuário ou deixando-o em dúvida quanto à
compreensão.

CONTRIBUIÇÕES AUDIOVISUAIS NA PRODUÇÃO TEXTUAL DE ALUNOS DO ENSINO


MÉDIO: UMA ANÁLISE INTERDISCIPLINAR
Loraine Vidigal LISBOA – IFGOIANO
loraine_vidigal@yahoo.com.br

Trabalhar o processo de leitura e produção textual em sala de aula da rede pública de ensino não
tem sido tarefa fácil. O que tem sido um desafio também, não só para o professor de língua
portuguesa mas para os docentes em geral, é favorecer a construção da cidadania do aluno no que se
refere à preservação do mundo em que vivemos. Tendo em vista tais dificuldades e sem desistirmos
de nossas obrigações como educadores, realizamos no Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí, o
Projeto Cerrado, que visa à conscientização do alunado em relação aos problemas ambientais
enfrentados não só no centro oeste, mas em todo o planeta e, consequentemente, concretizar tais
reflexões através da elaboração de textos. Este trabalho aborda especificamente a relação entre a
exibição do filme "O dia depois de amanhã" e a produção textual de alunos que participaram deste
projeto e como se deu o processo de reescrita de alguns deles. A condução do trabalho objetivou o
desenvolvimento de habilidades e competências discursivas dos alunos, assim como a
conscientização de problemas de conduta que prejudicam o meio ambiente. Objetivou-se, também,
abordar temas referentes ao bioma Cerrado (que circunda a região do IFGoiano) propiciando
discussões a respeito dos problemas ambientais enfrentados em todo o mundo. O caráter
interdisciplinar deste projeto fomentou a participação de docentes de diversas áreas. Sendo assim,
na atividade de elaboração das redações (foco deste trabalho), participaram dos debates, professores
de geografia, pedagogas e professores de língua portuguesa.

DISCUSSÕES EM FÓRUNS VOLTADOS PARA O TRABALHO COLABORATIVO ON-LINE:


UM ESTUDO DE CASO
Michele Lidiane da SILVA – UNESP
michelelid@gmail.com

O presente trabalho teve como principal objetivo a reflexão sobre as características da discussão em
fóruns on-line em um AVA e sua utilização como ferramenta no processo reflexivo de ensino-
aprendizagem. Para tanto, apresentou-se um estudo de caso a partir de dados coletados em um curso

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de extensão ministrado na modalidade semipresencial. O trabalho foi dividido em três olhares: os
pressupostos teóricos para caracterização do fórum de discussão - as noções bakhtinianas de
constituição dos gêneros; as contribuições de Marcuschi ao tratar os fóruns virtuais como gêneros
emergentes, sugerindo várias comparações entre eles, e as atribuições do gênero como um
instrumento educacional, segundo Shneuwly e Dolz, foram os trabalhos que nortearam este estudo
de acordo com a natureza desse gênero. Além de procurar compreender a situação atual da
educação a distância no Brasil, lançou-se mão da teoria desenvolvida por R. Garrison et al sobre as
Comunidades de Investigação e as presenças social, cognitiva e de ensino existentes nessas
comunidades. E, para analisar as questões referentes ao uso da linguagem foram utilizados os
pressupostos de Eggins & Slade, que dialogam com a teoria de Garrison embusca de respostas para
a questão das marcas de interatividade nos fóruns. Percebeu-se que no Moodle há a disposição
vários recursos e tipos de fóruns que podem ser utilizados na elaboração de diferentes atividades,
constituindo-se como uma ferramenta muito eficiente em cursos de formação a distância que visem
à reflexão e ao acompanhamento do processo de construção do conhecimento por parte de
professores e alunos. Há uma forte concomitância em relação às presenças social, cognitiva e de
ensino, sendo que as marcas e/ou expressões linguísticas reconhecidas nas mensagens serviram
como base para se compreender que função ou que tipo de presença os participantes possuiam no
fórum, influenciando ou não o trabalho desenvolvido.

PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS PARA EAD: PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO


Marcos Andrei OTA – UNICSUL
ota.marcos@gmail.com
Paulo Luiz VIEIRA – IFSP
vieira.paulo.luiz@gmail.com

Com o aumento da procura por cursos totalmente online, passam-se também configurar novas
exigências, como por exemplo, a utilização de recursos e aplicativos ágeis para a produção e
customização de materiais didáticos em ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). Os recursos
tecnológicos sozinhos não possibilitam ações educacionais como forma de inovação, há, portanto,
três elementos fundamentais: tecnologia, linguagem e aprendizagem. É necessário repensar sobre as
formas de uso dessas tecnologias disponíveis, criando novas formas de ensinar. As instituições
devem atentar-se à complexibilidade do processo de produção de material online, pois não requer
apenas aparatos tecnológicos, mas sim, momentos de planejamento, envolvimento entre
especialistas e recursos didático-pedagógicos que vão ao encontro das reais necessidades dos
alunos. As interações e interatividade sistêmica fortalecem a relação de aprendizado baseado na
exploração de conteúdos mediados por recursos em formato multimídia. O especialista em conteúdo
desempenha ao lado do designer instrucional uma tarefa essencial para selecionar e organizar as
informações que serão disponibilizadas nos conteúdos temáticos do curso. Nessa ação, são
discutidas algumas estratégias comunicacionais, como por exemplo: a disposição textual nos
recursos midiáticos e o uso de elementos gráficos para facilitar e reduzir a carga cognitiva. Diante
dos processos da comunicação nos espaços virtuais, nota-se que os maiores desafios dos professores
que passaram a produzir materiais didáticos online estão na concepção do curso e elaboração do
material didático. Por meio das mídias disponíveis torna-se possível criar condições de conduzir
uma comunicação dinâmica entre os professores e alunos. Pretende-se, neste GT, apresentar
contribuições/discussões a partir do material do curso – Nova Ortografia da Língua Portuguesa. O
estudo tem como fundamentação teórica autores como: Moore & Kearsley, Filatro, Garrison,
Gagné, Vygotsky, Lévy, Bloom, Preti e Behar.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM PELA INTERAÇÃO E


PELA INTERATIVIDADE
Carlos Augusto Baptista de ANDRADE – UNICSUL

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carlos.andrade21@hotmail.com

Viver em sociedade requer a produção de diálogos que sustentem a interação humana. À medida
que se pensa tal interação na educação a distância, deve-se refletir na premissa de que é pela
interação e pela interatividade que o processo educativo em ambientes virtuais são construídos.
Portanto, torna-se imprescindível pensar sobre os papéis dos interlocutores e os instrumentos
tecnológicos à disposição para cursos em EAD. O texto disponibilizado para o estudante, em termos
de compreensão ou interpretação, constitui uma atividade interacional, já que o aluno não é apenas
um receptor passivo do sentido: ele o constrói atuando sobre o material verbal, verbo-visual e
extralinguístico. É na interlocução que ele se constitui e é por meio das relações que estabelece com
os conteúdos que pode compreendê-los e interpretá-los de forma mais adequada à situação de
aprendizagem. Nesse sentido, é importante considerar que algumas tecnologias disponíveis no
mercado estão propiciando melhores possibilidades de interação, devido a interatividade que
proporcionam por meio de seus diversos programas. Assim, já se tornou possível desenvolver
atividades nos ambientes informáticos que envolvem voz, imagem, entonação, gestos, expressões
fisionômicas, movimentos corporais, atividades que colaboram para a construção do sentido. Pode-
se dizer que, também na EAD, a base da aprendizagem se encontra na relação com o outro, no
encontro, no diálogo, mediado pela linguagem e, neste caso, também, pela máquina. Sendo assim,
para que qualquer proposta de curso de qualidade possa ser desenvolvida, é fundamental refletir
sobre os complexos conceitos de interação e interatividade. É o que se pretende apresentar nesta
comunicação. Para atender este cenário, consider-se-á os seguintes aspectos teóricos como
fundamentais: o dialogismo e a abordagem sociointeracionista, relativas à interação, que nos
revelam a obrigatoriedade de discutir, também, o complexo conceito de interatividade sistêmica e
de usabilidade diretamente ligados às reflexões das tecnologia de informação.

GRUPO TEMÁTICO 6: ANÁLISE DE PRÁTICAS DISCURSIVAS NO CONTEXTO


ESCOLAR
COORDENADORAS: Maria Adélia Ferreira MAURO (USP) – madelia@uol.com.br;
Maria Valíria Aderson de Mello VARGAS (UNICSUL/USP) – mvaliria@uol.com.br.

Pretende-se nesse GT apresentar tanto resultados de pesquisa quanto discussões teórico-analíticas


que tenham como foco o tratamento de aspectos discursivos do texto em práticas de leitura e escrita
no contexto escolar. No espaço dessa discussão, podemos destacar alguns temas: a questão das
“vozes” e os efeitos de seu “cruzamento” no texto; a polifonia discursiva; o(s) sujeito(s) do discurso
e as “imagens” que projetam de si, dos outros e dos objetos de sua prática discursiva;
“representações” e posicionamentos discursivos; o gênero como categoria de ensino; aspectos
enunciativos e discursivos que caracterizam o texto de um determinado gênero; gênero, memória e
interdiscurso. Com essa temática, que abrange uma extensa gama de possibilidades de pesquisas,
espera-se que os trabalhos a serem selecionados contribuam para uma significativa troca de
experiências e que contribuam para a delimitação do escopo da discussão das práticas de leitura e
escrita do texto no contexto escolar. O objetivo central do GT situa-se, enfim, na busca de promover
a análise do texto sob a perspectiva da análise do discurso. E, dentro dessa ampla área de estudos do
discurso, elegemos os teóricos da vertente francesa da AD, sem estabelecer uma rígida fronteira
entre eles. Julgamos que essa nossa opção deve permitir uma espécie de “leitura de aproximação”,
no contexto das práticas escolares da leitura e da escrita.

O MANEJO DAS CATEGORIAS GRAMATICAIS NA PRODUÇÃO DOS EFEITOS


DISCURSIVOS E ARGUMENTATIVOS EM UMA CRÔNICA DE MANUEL BANDEIRA
Manoel Francisco GUARANHA – UNICSUL
manoe.guaranha@cruzeirodosul.edu.br

Vinculado ao projeto de pesquisa “Gramática, texto e argumentação para a prática de leitura e

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escrita”, desenvolvido no programa de mestrado em linguística da Universidade Cruzeiro do Sul,
este trabalho pretende analisar a seleção e o arranjo dos tempos verbais na crônica de Manuel
Bandeira: “Greta Garbo, o rapazola que queria ser pintor e novos indícios da existência de Deus”,
publicada originalmente na Revista Para Todos, em 29 de setembro de 1928 . O estudo tem como
pressuposto a premência de uma análise textual que considere as categorias linguísticas como
elementos não estanques e sujeitos a adaptações no texto em função do discurso e da
argumentatividade que ele busca construir, o que nos leva a considerar a importância do valor
posicional dos termos em contraste com o valor absoluto deles, quando se busca um exercício de
leitura crítica que não trate o texto como pretexto para aquisição de terminologias esvaziadas de
sentido. Essa adaptabilidade das categorias gramaticais à finalidade da cena enunciativa articula-se
às teorias da construção do sujeito de Émile Benveniste, cuja proposta é entender como o sujeito se
apropria da língua para atualizar uma experiência central por meio qual “se determina a
possibilidade mesma do discurso”; da análise do discurso de linha francesa, de Dominique
Maingueneau, notadamente os conceitos ligados à cenografia, entendida como “o centro em torno
do qual gira a enunciação” e o consequente conceito de ethos discursivo, que “suscita a adesão do
leitor por meio de um modo de dizer” que “se integra ao universo de sentido que a obra pressupõe e
pretende impor” por meio de um gênero; e dos estudos de linguística descritiva de Joaquim Mattoso
Câmara, notadamente quanto à questão dos verbos.

A CATEGORIA VERBAL NO CONTEXTO DAS PRÁTICAS ESCOLARES DA LEITURA E


DA ESCRITA
Maria Valíria Aderson de Mello VARGAS – UNICSUL
mvaliria@uol.com.br

O objetivo central deste trabalho é demonstrar que o texto deve constituir-se num efetivo objeto de
ensino, capaz de levar o aluno a compartilhar, de fato, a construção do sentido e, ao mesmo tempo,
atribuir significado ao que aprende, por meio da exploração das inúmeras possibilidades e dos
recursos que a linguagem oferece. O foco da discussão concentra-se no ensino das formas verbais.
Observa-se, nas gramáticas e em certos materiais didáticos (livros, apostilas, manuais de orientação
ao professor etc.), queo tratamento dado ao verbo, muitas vezes, limita-se à exposição de quadros
de conjugação, sem que se expliquem os usos de determinadas construções, por exemplo, de
locuções e perífrases verbais, em vez das formas simples. Por essa razão, busca-se discutir neste
trabalho algumas questões centrais em relação ao emprego do verbo: que marcas o sujeito
enunciador deixa de si mesmo ao utilizar as formas verbais? O que pretende dizer ao ouvinte/leitor
e como quer que ele interprete o que foi dito? A opção pelo emprego de certas formas pode ser
interpretada como uma maneira de provocar a participação do leitor/ouvinte no processo de
construção de sentido do texto? Com base nas concepções de sujeito, de gênero e de discurso,
lançadas por estudiosos da AD de linha francesa, em especial D. Maingueneau, examinam-se
algumas atividades presentes em livros didáticos e propõem-se outras, sempre com vistas a
caracterizar o ensino do verbo como uma reflexão linguística que pode conduzir o aluno a
compreender o verbo como real objeto do discurso, ou seja, como um dos mecanismos essenciais da
língua que permite ao sujeito/falante exprimir certezas, desejos, comandos, emoções e, sobretudo,
buscar a cumplicidade do interlocutor na expressão de tudo o que pretende comunicar nos textos
que produz.

DISCURSO PEDAGÓGICO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: ANÁLISE DE UMA PRÁTICA DE


ENSINO DE LEITURA
Maria Sílvia Olivi LOUZADA – UNICSUL
msolouzada@uol.com.br

O trabalho toma como corpus recomendações pedagógicas e didáticas aos professores em uma

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Revista Escolar do início do século XX, integrante do Arquivo Público do Estado - “Memória da
Educação Paulista” -, observando-se o modo como nela emergem as vozes dos participantes da
interação escolar – professor e alunos- e, em especial estuda-se a manifestação de ethos docente que
é possível nelas entrever, qual é o papel reservado ao professor, quais as características adequadas
para o bom desempenho docente. Ainda, analisa-se na mesma Revista Escolar a proposição de uma
prática de linguagem em que é possível observar tanto a manifestação de um ethos discursivo
docente de saber, de autoridade, como também analisar o modo de proposição de uma atividade de
leitura em situação escolar. Sabe-se que, em nossa cultura, a imagem do professor remete a um
estereótipo social: aquele que detém o saber valorizado pela sociedade e cuja missão é repassá-lo às
futuras gerações. Nessa medida, toma-se como fundamento a Análise do Discurso, e,
principalmente, as noções de memória, de cenografia, de representação e de ethos discursivo, para
averiguar como a manifestação da voz docente no corpus analisado adere ou refrata esse
estereótipo. Os resultados apontam tanto para efeitos de prestígio como de desqualificação docente,
assim como para uma relação assimétrica no interior da escola. Entende-se que esta pesquisa tanto
pode contribuir para o avanço da teoria e análise discursivas como para uma reflexão mais geral
sobre a constituição da memória do sistema público de ensino paulista, por meio de análises de
depoimentos e relatos de professores sobre seu fazer pedagógico e sobre seu papel social.

A OBJETIVAÇÃO DO SUJEITO PROFESSOR NO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS


Wesley Luis CARVALHAES – UEG /UFG
wcarvalhaes@hotmail.com
Eliane Marquez da Fonseca FERNANDES – UFG
elianemarquez@uol.com.br

Os professores de língua portuguesa contam, em seu fazer pedagógico, com o auxílio do Livro
Didático de Português (LDP). Esse apoio, financiado pelo Estado, é visto comumente como um
importante instrumento de trabalho docente. Não é difícil supor, nem faltam fontes bibliográficas
que indicam o LDPcomo algo significativamente presente na atividade pedagógica dos professores
do materno idioma. A configuração desse instrumento de ensino não foi sempre a mesma, sendo
discursivamente alterada segundo as necessidades de uso e a realidade sócio-histórico-cultural. O
surgimento, a partir de 1970, de livros didáticos acompanhados de um manual do professor, por
exemplo, merece uma especial atenção. A questão desse sujeito e de sua subjetividade é um tema de
muitos desdobramentos no âmbito da Análise do Discurso. Considerando esse dado, o presente
estudo realiza a análise de manuais do professor em LDP, à luz das contribuições de Pêcheux,
Foucault e de outros estudiosos do discurso. Temos como objetivo principal refletir a respeito das
relações entre o manual e a constituição da forma-sujeito professor. De 1980 a 2006, foram
selecionadas algumas obras para compor o corpus. Como principais conclusões, pode-se afirmar
que o manual do professor nos LDP configura-se como um espaço no qual se travam relações de
poder que podem ser tratadas como processos – pensados a partir das noções de formação
imaginária e formação discursiva – constitutivos da forma-sujeito professor como alguém que
precisa ser apoiado e conduzido no decorrer de sua ação pedagógica.

ENSINO DE GÊNERO ESCRITO NA ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE UMA PROPOSTA


DIDÁTICA
Regina Espíndola Chaves GOMES – UNICSUL
reginaespindolaedu@gmail.com

Pretende-se refletir sobre o desenvolvimento de uma pesquisa em ação a respeito de produção


escrita de alunos do 5º ano do ensino fundamental com relação ao ensino do gênero notícia, previsto
no planejamento escolar e suportado por sequência didática sugerida por materiais elaborados pela
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. A pesquisa incluiu o trabalho de formação docente

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e de intervenção didática, fundamentando-se na noção de gênero segundo Bakhtin e também nas
reflexões e indicações didáticas de Dolz e Schneuwly, relativas a agrupamentos de gêneros para a
organização e progressão curricular. Ainda, as pesquisas de Pasquier e Dolz relativas à proposição
de sequências didáticas para o ensino e aprendizagem dos gêneros, bem como os estudos de Yves
Reuter sobre as relações e interações entre leitura e escrita em contexto escolar são também
tomados como base para esta pesquisa. Compreende-se que os aspectos discursivos, enunciativos e
linguísticos que configuram um gênero podem ser mais bem compreendidos pelos alunos quando
fazem parte de uma sequência didática em que os conteúdos são organizados de modo progressivo e
consequente. O trabalho de pesquisa encontra-se em fase de análise das produções escritas dos
alunos, colhidas ao longo do ano de 2011, por isso os resultados são ainda provisórios, mas já
apontam para a melhoria do ensino do gênero escrito, o que, de certa forma, confirma a hipótese de
que a perspectiva didática proposta pelos autores Dolz e Schneuwly é exequível e se revela
animadora, produzindo bons resultados no processo de ensino e aprendizagem dos gêneros escritos
na escola de ensino fundamental.

A LEITURA E A BUSCA DE SENTIDO NA INTERAÇÃO DOS SUJEITOS DO DISCURSO


Diana Maria de MORAIS – UNICSUL
moraisdiana@ig.com.br

Com este trabalho pretende-se apresentar uma reflexão sobre alguns elementos referenciais e
discute-se o papel fundamental que os mesmos exercem na construção dos sentidos e no
estabelecimento da efetiva comunicação entre os sujeitos do discurso, bem como destacar as
imagens que esses sujeitos constroem de si e dos outros. Trata-se de uma relação de interação face a
face em que os sujeitos vão se construindo enquanto produzem esse discurso. Parte-se do
pressuposto que ao analisar um texto é preciso que se busquem os implícitos que nele se
apresentam, pela linguagem, como intenção de dizer. É necessário, também, considerar o sujeito
como mentor da comunicação; um sujeito que não seja apenas enunciativo, mas que enquanto
sujeito social possa ter uma ação capaz de “instaurar e dizer o mundo”, de possibilitar a construção
dos sentidos para o estabelecimento de uma efetiva comunicação entre os sujeitos do discurso, além
de dar sentido à leitura. O objetivo aqui é analisar o texto sob a perspectiva da análise do discurso,
apresentando em que medida alguns fatores de textualidade contribuem para o estabelecimento do
sentido. Também se busca refletir sobre questões relacionadas ao sujeito, a leitura e ao sentido, com
embasamentos teóricos em Marcuschi, Soares e Orlandi, dentre outros. Para tanto, o corpus
escolhido para análise consiste em trechos de uma entrevista sobre o tema “ repetência escolar”. A
entrevistada é uma pesquisadora; a entrevista foi publicada em uma revista que trata de educação,
cujo contexto de circulação é a escola.

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO MÉDIO: O GÊNERO RELATO E A


INTERDISCIPLINARIDADE COM AS CIÊNCIAS DA NATUREZA E O ESTUDO DO LOCAL
Maria Aparecida Pereira MONTAGNER – UNICAMP
liamontagner@terra.com.br
Fernanda Keila Marinho da SILVA - USP/RP
fernanda@ige.unicamp.br

Este trabalho surgiu da pareceria universidade pública – UNICAMP - Instituto de Geociências - e


escola pública de Campinas e deu origem a pesquisa de mestrado no mesmo instituto. Partimos da
ideia de que o ensino de Língua Portuguesa se modificou nos últimos anos, fundamentado nas
teorias sobre leitura, escrita, gêneros textuais, dialogia, entre outras, que chegam da academia aos
professores. Entretanto, algumas práticas permanecem cristalizadas como a separação entre leitura,
escrita e análise linguística. O ensino se realiza em torno de alguns gêneros textuais aparentemente
mais adequados às práticas de ensino da disciplina, como observamos nos livros didáticos de

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português. A possibilidade de produzir sentidos utilizando gêneros textuais de outras disciplinas
pouco acontece, a não fragmentação do ensino não alcança as práticas escolares como poderia, o
cotidiano dos alunos é pouco explorado na construção de conhecimento. Assim, esse trabalho surge
da hipótese de que uma abordagem interdisciplinar favorece a aprendizagem, facilita a leitura, a
escrita e a construção de sentidos, e o ensino será mais efetivo em atividades e práticas que
explorem o local onde circulam nossos alunos com suas histórias. Partindo disso, adotamos o olhar
para o ensino de língua portuguesa como espaço de práticas dialógicas, reflexivas, destacando o
lugar e papel dos sujeitos na construção dos sentidos. O diálogo interdisciplinar materializou-se nas
leituras realizadas pelos alunos de gêneros textuais de literatura e outras disciplinas. Na produção
escrita, adotamos o gênero relato como forma de integração disciplinar por entendermos ser um
gênero adequado tanto para escrita quanto para oralidade. Para analisarmos os dados dessas
observações, fundamentamo-nos na abordagem sócio-histórica de Bakhtin, no conceito de vozes,
enunciação, dialogia entre outros.

PRÁTICAS DISCURSIVAS NA PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NO


AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
Carla Lima Massolla Aragão da CRUZ –UNICSUL
carlamassolla@ig.com.br

O presente artigo se apresenta como parte de um projeto maior de mestrado em andamento, que
contempla o estudo das práticas discursivas em ambientes virtuais: gênero, enunciação e discurso.
Com as mudanças na abordagem tradicional da linguagem e o avanço tecnológico das últimas
décadas, diversas esferas de uso da linguagem impactaram na comunicação, emergiram novas
possibilidades na relação dos sujeitos da linguagem, e, consequentemente, um novo meio de
interação e uma nova dimensão do contexto sociocognitivo. Diante desta realidade, o desafio dos
educadores é de adequar-se as recentes diretrizes da prática educacional, utilizando as ferramentas
eletrônicas como uma alavanca para o aprendizado. Trata-se de uma nova maneira de aprender a
aprender para responder às necessidades e exigências contemporâneas, que contribua para o
desenvolvimento da criatividade e facilite a aquisição de competências para a autoaprendizagem. O
ambiente virtual privilegia os processos interativos e, em relação construção da “imagem de si” dos
sujeitos, ultrapassa a persuasão por argumentos e, retomando a noção de ethos de Mainguenau, em
sua obra Ethos, cenografia, incorporação (apud AMOSSY, 2005), é indissociável da reflexibilidade
enunciativa na relação entre corpo e discurso que ela implica e incidente em textos escritos e em
textos sem sequencialidade de tipo discursivo. Propomo-nos a apresentar, por ora, considerações
sobre as práticas discursivas na produção e interpretação de textos no ambiente virtual de
aprendizagem. O objetivo central deste trabalho é, portanto, a partir da vertente francesa da Análise
do Discurso, tecer considerações sobre o processo de adesão de sujeitos à determinada posição
discursiva e identificar as marcas e particularidades que o caracterizam e definem. Para tanto,
faremos primeiramente alguns apontamentos sobre os principais aspectos do ambiente virtual e, na
sequência, sobre as “vozes” presentes no discurso e a interdiscursividade.

RECURSOS ESTILÍSTICOS, LEITURA E ENSINO


Guaraciaba MICHELETTI –UNICSUL
guatti@uol.com.br

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar uma possibilidade de leitura de textos poéticos, de
diferentes épocas, no Ensino Médio, a partir de um corpus cuja temática seja semelhante, neste caso
– o amor não correspondido, o abandono, a indiferença, sob a óptica de um eu lírico feminino.
Foram selecionados três textos para identificar, pelo uso de recursos estilístico-discursivos, como o
enunciador feminino, com marcas características, estrutura seu poema numa cantiga de amigo
paralelística de Martim Codax, “Ondas do mar de Vigo”, possivelmente do século XIII , num

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poema romântico, “Leito de Folhas Verdes”, de Gonçalves Dias, século XIX e num poema
contemporâneo, “As penélopes urbanas não têm ajuda dos deuses”, de Alberto Cunha Melo, século
XX . Por meio de análises desses poemas e de uma comparação entre os recursos linguísticos
utilizados, serão abordadas questões relativas à sintaxe, ao léxico, à enunciação, com vistas a pôr à
mostra o sujeito na construção de sentido e na expressividade, o papel do contexto, em diferentes
períodos literários e, assim, construir a interpretação. Utilizam-se como base teórica, além da
Estilística, disciplinas dos estudos da linguagem que têm seu foco no texto e no discurso, em
particular a Análise do Discurso de linha francesa, alguns elementos da Linguística Textual e
pressupostos das teorias da Enunciação. Considera-se uma gama de autores cujos estudos, partindo
de ângulos de abordagem diferentes, contribuem para uma leitura mais proficiente de textos,
conduzindo os leitores a uma reflexão sobre questões de caráter individual e do contexto social mais
amplo. Entre eles, destacam-se, Nilce S. Martins, D. Maingueneau, C. Kerbrat-Orecchioni,
Amossy, Benveniste, Bakhtin.

GÊNEROS POÉTICOS NA ESCOLA: LEITURA OU PRODUÇÃO? PARA PROFESSOR OU


ALUNO?
Ana Elvira Luciano GEBARA –UNICSUL
aegebara@uol.com.br

O trabalho com os gêneros poéticos na escola podem ser considerados por duas perspectivas: a dos
professores e a dos alunos. Ambas as perspectivas exigem que se assuma uma posição de leitura,
culturalmente determinada, submetida a certa variação de acordo com as concepções vigentes em
relação à poesia e de acordo com o status atribuído ao leitor (PELLETIER apud ADAM, 1985). Na
perspectiva do professor, os gêneros poéticos não são objeto de produção, porém para que sejam
incluídos em sala de aula, é necessário um trabalho de leitura e produção de documentos que
cercam a consideração, a legitimação e a proposição de atividades. As leituras referem-se às
propostas curriculares; ao projeto pedagógico da escola; e aos materiais afins sobre os gêneros em
questão; bem como relatórios sobre o desempenho dos alunos; já os de produção se referem aos
planos de aula; propostas de atividades e material didático; e avaliações (MATÊNCIO, 2006;
LERNER, 2008). Já na perspectiva dos alunos, exige-se a leitura dos poemas, sem que tenham sido
informados de forma explícita sobre a legitimidade desses gêneros; há a leitura das atividades
propostas para os textos poéticos. Quanto à produção, há duas: respostas de atividades ou ainda
produção de poemas (GEBARA, 2009). Nesta participação no grupo temático, tem-se como
objetivo apresentar essas duas perspectivas e as relações que se estabelecem entre elas buscando
explicitar os resultados dessas relações em termos de eficiência na compreensão dos gêneros e
propor uma resposta possível à sempre renovada pergunta de qualquer proposição curricular: para
trabalhar com os textos poéticos, o foco deve ser leitura ou produção? Para o professor ou para o
aluno?

O TEXTO LITERÁRIO COMO OBJETO DE ENSINO: PROBLEMATIZAÇÕES ACERCA DO


LIVRO DIDÁTICO
Jaciane Martins Ferreira – UFU
ferreira_jaci@hotmail.com

Pêcheux (2011), em seu texto Leitura e memória: projeto de pesquisa, fundamentado na nova forma
de interpretar a história trazida pela chamada escola dos Annales, propõe uma maneira outra de ler
os textos de circulação de seu tempo. Essa nova leitura está baseada em critérios que levam em
conta os percursos feitos pela memória para chegar à interpretação do texto. Pêcheux se refere a
uma memória que é social. Por isso, é preciso que o leitor busque os signos de auto-compreensão de
uma sociedade para uma futura interpretação, ou seja, um estatuto social inscrito pela memória no
corpo da coletividade, produzindo, portanto, condição para o funcionamento discursivo e para a
interpretação dos textos (PÊCHEUX, 1999). Considerando essa teoria, pergunto-me: como acontece

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a abordagem do texto literário em sala de aula? Para realizar a análise, trarei como corpus de minha
pesquisa um recorte feito de um livro de didático intitulado Português: contexto, interlocução e
sentido (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2010). Na unidade escolhida, trabalharei com o
tópico Texto para análise, o qual apresenta um texto literário (conto) de Julio Cortázar, a saber,
Continuidade dos parques e um depoimento de Érico sobre um episódio marcante de sua
adolescência. Dessa forma, pretendo lançar meu olhar para o direcionamento das questões
propostas, visando observar se essas questões possibilitam uma interpretação que vá além da leitura
factual do texto. Depois de observar/analisar as questões propostas pelo livro didático, pretendo,
caso seja necessário, propor uma forma de (re)elaboração dessas questões de forma que contemple
o intradiscursivo, ou seja, a transversalidade do discurso dentro do próprio discurso, levando em
consideração o posicionamentos dos sujeitos em questão.

A CONCISÃO DO DISCURSO POÉTICO: CONCEITOS E SENTIDOS


Magalí Elisabete SPARANO – UNICSUL
magalies@uol.com.br

Esta comunicação tem por objetivo apresentar o discurso conciso do gênero poético, utilizando
como corpus de análise os poemas Poética de José Paulo Paes (2006) e Dialética de Vinícius de
Moraes (1986). Neles encontramos um jogo de conceitos e sentidos que se mesclam e se
concretizam sem o uso das estruturas próprias de um discurso que busca explicar o mundo, tais
como livros cujos temas estejam filiados a correntes filosóficas, ou mesmo verbetes de dicionários
que intentam transmitir um conceito, um significado. Em Poética, de Paes, ocorre a discussão desse
conceito, poética, por meio de uma organização discursiva que usa marcadores de pontuação e
estruturas morfofonéticas. O enunciador não se revela explicitamente, escolhendo fazer um símile
da objetividade típica dos textos acadêmico-científico, por exemplo, mas que, ao se valer da
referida linguagem lúdica, rompe com a objetividade proposta. Em Dialética, de Vinícius, o
conceito expresso no título também não é defino por meio de uma composição modelar, mas se
materializa pela construção do significado expresso no poema. Toda a subjetividade do enunciador,
marcada pela desinência verbal número-pessoal de primeira pessoa do singular e do próprio
pronome pessoal do caso reto, eu, presente no último verso do poema, é, curiosamente, ultrapassada
pelo entrelaçamento linguístico, cujo resultado metaforiza a ideia proposta na nomeação do poema.
Essas e outras observações analíticas têm como base os estudos estilístico-discursivos em diálogo
com a Análise do Discurso de linha francesa, a Linguística Textual e a Gramática Descritiva,
compondo parte dos resultados de pesquisa do Projeto Linguagem, discurso e ensino.

O PERFIL ESTÉTICO DO HUMOR E ETHOS EM CRÔNICAS DE STANISLAW PONTE


PRETA: ESTRATÉGIA RELEVANTE NO INCENTIVO Á LEITURA
João Paulo Feliciano MAGALHÃES –UNICSUL
jopafema@hotmail.com

Este trabalho consiste em uma análise de como a construção do ethos de personagens e alguns
mecanismos linguísticos possibilitam a constituição do humor, bem como podem ser usados no
desenvolvimento da leitura, em crônicas de Stanislaw Ponte Preta. Essas crônicas estão presentes na
trilogia publicada pelo autor, na década de 1960: “Tia Zulmira e eu”, “Primo Altamirando e elas” e
“Rosamundo e os outros”. Os estudos do humor na linguagem têm despertado interesses desde a
Grécia Antiga, com as reflexões de Aristóteles, até os dias atuais, com os estudos de piadas
promovidos por Possenti, por exemplo. Observando essa ampla reflexão, optamos por basear nossa
análise nas definições e categorizações do humor proposta pelo filósofo Bergson. Já no que se
refere ethos, pautamo-nos nas observações de Maingueneau, que afirma que é possível verificar que
a movimentação subjetiva no discurso nos permite estabelecer imagens (ethos). Assim, tornam-se
relevantes na construção de sentido, em especial, do humor, nesse ou naquele texto literário.

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Também, por meio de elementos linguísticos, podemos observar efeitos discursivos, tais como a
intertextualidade e a ironia, ambas comuns no contexto da crônica. Considerando essas proposições
e, em consonância com os estudos de memória e discurso em textos literários, pretendemos mostrar,
nas crônicas de Ponte Preta, como esses elementos linguísticos, o ethos e o humor se caracterizam a
partir da materialiade linguística apresentada pelo autor, e como a exposição dos mesmos podem
servir de motivadores à leitura na sala de aula.

LEITURA E MEMÓRIA: RELAÇÕES HISTÓRICAS


Maria Aparecida CONTI –UFU
ma.conti@hotmail.com

Uma questão que se fez e se faz constante no meio acadêmico (e mesmo fora da academia), sendo
foco de estudiosos tanto das ciências humanas quanto das ciências exatas, refere-se à leitura.
Filósofos, sociólogos, historiadores, críticos literários, pedagogos, psicólogos e, especialmente,
linguistas dedicam-se a pesquisar esta questão. Michel Pêcheux, fundador da Análise do Discurso,
focaliza a leitura e a memória em seu projeto de pesquisa enviada para a Comissão de Psicologia do
Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) em 1982. Nesse projeto, pretendia questionar a
relação existente entre leitura e memória retomando os ensinamentos de Foucault sobre o modo de
tratar o corpus como um monumento e não como documento, tal como exposto em Arqueologia do
Saber. Nascida com essa preocupação, a Análise do Discurso francesa (AD) aponta duas vertentes
para tratar da leitura e sua relação com a memória e a história: a que se preocupa com a
investigação do dispositivo social de circulação dos textos e a que se dedica ao estudo dos sentidos
produzidos pelo texto. Ao propormos tratar da segunda questão apontando para algumas das
abordagens elaboradas pela AD com o intuito de contribuir para a reflexão do tema neste GT,
pretendemos ressaltar uma forma de leitura outra; ou seja, ao nos atentarmos para o processo de
aprendizagem de leitura, tomado como um trabalho que fazemos para produzir alguns sentidos com
os textos que lidamos cotidianamente, vamos observar que o mesmo requer esforços para resultar
em um produto da interpretação e é a este produto interpretativo que chamamos de leitura
discursiva.

O PODER DA PERSUASÃO: A REVISTA PODER EM FOCO


Leandro de Oliveira SILVA – UNINOVE
leandroclg@yahoo.com.br

A Revista PODER, publicada pela Glamurama Editora Ltda, sob direção de Joyce Pascowitch, trata
de diversos assuntos ligados à sociedade contemporânea, desde reportagens até anúncios
publicitários. Trata-se de uma revista que apresenta uma ideologia permeada pelo discurso da classe
dominante. O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise da constituição do ethos
discursivo, e de como se configura o pathos que é despertado no co-enunciador a partir da capa da
revista publicada em setembro de 2011. O estudo parte dos pressupostos teóricos da análise do
discurso de linha francesa, sobretudo aqueles feitos por Maingueneau (2008, 2010 e 2011) e outros
autores que tratam em suas obras do o discurso dominante persuasivo, como: Bourdieu e Passeron
(2011); Citelli (2004) e van Dijk (2010). Observa-se que o jogo entre a linguagem verbal e a não
verbal presentes nos enunciados da capa da revista evidenciam um ethos do enunciador que vai ao
encontro do discurso dominante. A revista utiliza elementos discursivos que desperta pathos no co-
enunciador para persuadi-lo a alienar-se a um estilo de vida permeado por uma ideologia que
favorece a elite. É relevante ressaltar que através dessa comunicação podemos inferir que a Análise
do Discurso tem papel fundamental para o profissional de Letras, a habilidade de leitura como
prática social, seja na prática da docência, ou na cidadania. O leitor que faz uso eficaz da Análise do
Discurso não se deixa alienar à reprodução discursiva da classe dominante.

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REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO LEITOR EM VERSÕES DE UM CONTO POPULAR
Maria Adélia Ferreira MAURO – USP-FFLCH
madelia@uol.com.br

O objetivo do trabalho é analisar como os autores das versões do conto popular “As três cidras do
amor” constroem discursivamente a imagem de seu leitor. Na prática escolar da leitura e escrita é
mais frequente encontrarem-se trabalhos que focalizam essa questão, na perspectiva da imagem que
o sujeito enunciador faz de si. Considerando o fazer discursivo do sujeito enunciador, esse trabalho
volta sua atenção para os vestígios do outro na materialidade do texto, vai em busca das marcas que
sinalizam essa "presença" do sujeito leitor. Com vistas a identificar as marcas dessa "objetivação",
dois aspectos vão merecer atenção: o "texto" e a linguagem, mais especificamente, os
procedimentos de textualização; os modos de mostrar a presença das vozes no texto; a escolha dos
registros de fala; as relações intertextuais; a seleção de palavras e expressões e a preferência por
determinadas estruturas sintáticas. Portanto, ao se examinar o fazer discursivo, no qual o sujeito-
enunciador "escolhe" determinados recursos expressivos da língua; no qual estão implicados os
fatores da situação enunciativa em que esse sujeito está inscrito e no qual está pressuposta a relação
com um conjunto de outros discursos que lhe dá suporte. Busca-se, assim, caracterizar não só o
modo de presença desse outro no texto, mas também entender qual o sentido que ele empresta à
construção de tal imagem. O que pretende o sujeito enunciador dizer ao seu leitor? O que essa
"representação" do outro significa? Em síntese, trata-se de uma análise do texto na perspectiva da
AD de linha francesa, em especial D. Maingueneau.

GRUPO TEMÁTICO 7: AS MÍDIAS NO ENSINO DA LEITURA


COORDENADORAS: Ana Cláudia de SOUZA (UFSC) anacs3@gmail.com;
Rejane Croharé DANIA (UDESC) – rcd@ced.ufsc.br.

Um dos grandes desafios diante do qual a escola de educação básica brasileira se encontra é o
ensino da leitura, justamente uma de suas funções prioritárias, que não vem sendo devidamente
contemplada, conforme se pode observar nos próprios espaços escolares, bem como no desempenho
dos estudantes em avaliações, tais como o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e o
ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) - INEP/MEC, o INAF (Indicador de Alfabetismo
Funcional) – Instituto Paulo Montenegro, e o PISA (Programa de Avaliação Internacional de
Estudantes) – OCED. Considerando esta demanda que a escola e a sociedade nos apresentam
atualmente e a crescente variedade de mídias ativamente utilizadas no cotidiano, este Grupo
Temático objetiva demonstrar e discutir possibilidades de (re)inserção de diferentes mídias, a
exemplo do cinema, do computador, da internet e do próprio livro, no ensino e no aprimoramento
das competências em leitura da linguagem verbal escrita. Os quadros teóricos contemplados neste
GT estarão circunscritos em propostas teórico-analíticas, metodológicas e/ou em resultados de
pesquisas desenvolvidas com base em estudos psicolinguísticos, sociolinguísticos e aplicados,
voltados à leitura na educação básica. Como exemplo, citamos o projeto de ensino “O mundo de
Sofia e os diálogos com o ensino de Língua Portuguesa”, realizado em Florianópolis, Santa
Catarina, e inspirado no romance “O mundo de Sofia: romance da história da Filosofia”, de Jostein
Gaarder. Diferentes mídias foram exploradas para a projeção de imagens, canções e vários
episódios do filme homônimo. Um dos pontos fundamentais deste projeto foi o incentivo e o
aprimoramento da leitura e a presença da intertextualidade permitida pelo cruzamento dos gêneros
textuais estudados e pelos temas abordados.

AS MÍDIAS, A INTERTEXTUALIDADE E O ENSINO


Rejane Croharé DANIA – UDESC
rcd@ced.ufsc.br

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Nesta comunicação, pretende-se apresentar projeto de ensino de leitura, fruto de pesquisa
interdisciplinar que considera diversas manifestações de linguagem, de sorte a promover contexto
propício à aproximação dos alunos da educação básica ao universo da literatura. O projeto de ensino
“O mundo de Sofia: romance da história da Filosofia” foi desenvolvido em 2009 em uma escola
básica pública de Florianópolis, SC, como atividade da disciplina de Prática de Ensino II, do Curso
de Letras, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O tema de inspiração filosófica
possibilitou aos alunos o exercício da compreensão e do questionamento sobre o mundo, por meio
da exibição de episódios do filme “O mundo de Sofia”, acompanhada de discussões no espaço e
tempo de sala de aula. Para estudar o período histórico retratado nesta obra foi empregada uma
abordagem ampla, que pudesse abranger música, pintura, arquitetura, vestuário, decoração,
escultura pertencentes à época. Posteriormente, o Quinhentismo foi trabalhado a partir da
identificação das referências do descobrimento do Brasil e de duas de suas manifestações básicas: a
literatura de informação e a literatura jesuítica ou catequética. Tal abordagem permitiu incluir o
estudo de gêneros textuais (sinopse e relato): a Carta de Caminha, documento histórico que marca a
descoberta do nosso país pelos portugueses; a História de Fernão Lopes; a música Monte Castelo de
Renato Russo, o que permitiu construir a intertextualidade e o entrecruzamento de temas
transversais, tais como a filosofia, a história e a religião ao longo deste projeto, despertando o
interesse dos(as) alunos(as) para a leitura do livro “ O Mundo de Sofia”.

OS LIMITES E AS POSSIBILIDADES DO USO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA O


ENSINO DA LEITURA
Silvane DAMINELLI – UFSC
silvanedaminelli@hotmail.com

Considerando que as conquistas tecnológicas facilitam, a cada dia, o contato com várias mídias,
nesta comunicação objetiva-se examinar a importância dos recursos tecnológicos para o ensino da
leitura que pode ser abordado através de novas perspectivas, entre as quais o uso de filmes
legendados. A legenda, por apresentar caráter pedagógico, está estritamente ligada ao uso da
imagem em sala de aula. A mediação entre legenda e leitura resulta em aprimoramento das
habilidades leitoras. Portanto, a proposta em questão é, colocando em prática o uso da tecnologia,
propiciar uma aprendizagem significativa aos estudantes no que se refere ao ensino e aprendizagem
da leitura. Quanto à organização, este artigo contempla a discussão sobre o uso de recursos
tecnológicos em sala de aula, sobre o processo ensino-aprendizagem da leitura para, então, chegar a
uma questão importantíssima: como os professores trabalham com filmes legendados? Para obter
aproximação ao objetivo da investigação, investigou-se o campo da formação docente, partindo da
observação das concepções e práticas docentes com base em pesquisa teórico-exploratória que
envolveu entrevista e observação. Participaram da pesquisa professores da área de Letras que atuam
em uma escola pertencente à rede pública estadual, localizada no sul de Santa Catarina. A pesquisa
aponta que cada vez mais fica evidente a falta de preparo para trabalhar e explorar, em sala de aula,
o uso de filmes, principalmente legendados. Portanto, a articulação entre formação e prática é
essencial ao processo, podendo contribuir para que o ensino da leitura seja percebido
diferentemente, ou seja, ensinar leitura através de recursos tecnológicos é uma possibilidade. Por
esse viés, é fundamental que o docente seja e esteja preparado para fazer uso desses recursos, tendo
em vista que, hoje, são ferramentas que contribuem significativamente no processo de ensino e
aprendizagem de uma disciplina.

TEXTO ESCRITO E COMPREENSÃO


Nair Rodrigues RESENDE – IFSC
nairresende@uol.com.br

Um dos principais problemas encontrados em sala de aula por professores, sejam os de língua

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materna ou estrangeira, ou de qualquer outra disciplina curricular, é a dificuldade que os estudantes
têm de compreender o que leem. É perceptível que o ensino de leitura nas escolas brasileiras não é
satisfatório, uma vez que dados como os do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), do ano de
2009, apontam que 27% da população do Brasil entre 15 e 64 anos é considerada analfabeta
funcional. Segundo a avaliação deste instituto de pesquisa, analfabeto funcional é aquele indivíduo
que tanto não consegue realizar as mais simples tarefas envolvendo a escrita, como ler e escrever
seu nome, quanto consegue tão somente localizar dados e informações explícitas em textos curtos e
familiares. A presente proposta de pesquisa e discussão objetiva apresentar meios, a partir de
investigações no campo teórico, que promovam a aprendizagem da leitura de sorte que os
estudantes atinjam níveis plenos de alfabetização, que, de acordo com a mesma pesquisa do INAF,
são alcançados por apenas outros 27% da população. De modo geral, a proposta é levar os
estudantes a lerem textos com intuito de buscar neles os elementos textuais que lhes conferem
legibilidade e que propiciam a adequada compreensão e interpretação textual. Embora se assuma
que a leitura é dependente da relação que o leitor estabelece com o texto, o alvo desta pesquisa é o
texto em si e seus elementos constitutivos que possibilitam a elaboração da trama textual com vistas
à produção de sentidos.

A LEITURA E USO DAS MÍDIAS EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM


Andressa da Costa FARIAS – UFSC
andressa21@yahoo.com.br

O objetivo desta comunicação é salientar a importância da leitura no uso das mídias em ambientes
virtuais de aprendizagem. Os chamados AVEA são um recurso utilizado em larga escala na
modalidade de educação a distância, que já se consolida como política pública educacional através
da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em parceria com diversas outras universidades e
instituições de ensino no país. Parte-se do princípio de que o texto publicado nos AVEAs são
hipertextos e, como tais, englobam os mais diversos recursos midiáticos: utilização de vídeos,
videoaulas, videoconferências, animações, áudio, etc. Este estudo parte de dissertação de mestrado
em andamento no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução na UFSC cuja pesquisa
envolve a retextualização, que é compreendida como um processo tradutório. Considera-se aqui o
texto fonte como o texto impresso e o texto meta o texto digital (que engloba o uso de mídias).
Propõe-se mostrar, sobretudo, o texto meta a partir da leitura e o uso das mídias em uma unidade
curricular publicada no AVEA Moodle no Curso de Aperfeiçoamento Docente em Educação
Integral e Integrada (extensão UFSC-UAB). Escolhemos uma unidade curricular publicada
digitalmente no AVEA deste curso, à qual chamamos disciplina A, para demonstrar como o texto
foi apresentado em relação ao que diz respeito ao uso das mídias. Cabe salientar que o suporte de
publicação é a tela digital e que, para atingir o público-alvo, o texto abarcou as mídias digitais
disponibilizadas: links, hiperlinks, ilustrações, fóruns interativos, áudio de animação, etc.
Procuramos ressaltar que o suporte de publicação digital requer o uso coerente de mídias para
atingir o propósito almejado do texto em contexto de EaD envolvendo interação, mediação e
aprendizado.

A DISCURSIVIDADE JORNALÍSTICA NO ENSINO DA LEITURA


Leila Mara FRANCO – UEMG
leilamf@terra.com.br

O uso de produtos da mídia como material de leitura tem sido bastante frequente na sala de aula.
Por entender a leitura como atividade essencial a qualquer área do conhecimento, uma forma de
encontro entre o homem e a realidade sociocultural, consideramos relevante dar esse enfoque com
aspectos da discursividade jornalística. A leitura é tomada aqui como “um ato de afirmação e de
defesa” “instrumento de participação social”, de tomada de posição, de questionamento e crítica,

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pois, o movimento de desvelar os sentidos inscritos nessa discursividade, permite a emergência do
ser leitor. Nesse sentido, este estudo objetiva analisar a discursividade jornalística acerca do
Programa Bolsa Família. A orientação teórica do estudo está então na Análise do Discurso de Linha
Francesa. Fundamenta-se ainda em questões acerca do discurso jornalístico. O corpus inclui 60
artigos jornalísticos, veiculados em três jornais: Folha de São Paulo, Estado de Minas, O Globo,
sendo 20 de cada jornal, de janeiro de 2003 a janeiro de 2010. O interesse pelo estudo se justifica
porque o discurso é marcado sócio-historicamente e ideologicamente. É movimento dos sentidos,
lugares provisórios de conjunção e dispersão, de unidade e de diversidade, de trajetos e de
vestígios. “É o ritual da palavra, pois diante de qualquer fato, de qualquer objeto simbólico – “o
leitor” - é levado a interpretar”. Logo, o papel da escola é oportunizar o diálogo do aluno com a
palavra, e , nesse caso específico, o diálogo com a discursividade jornalística, preparando-o para
atuar como cidadão-leitor, de cuja formação os meios de comunicação fazem parte.

NOVOS OLHARES SOBRE O TEXTO HÍBRIDO DA MÍDIA IMPRESSA E SUAS


CONTRIBUIÇÕES NO ENSINO DA ESCRITA E LEITURA
Welisson Marques – UFU
welissonmarques@yahoo.com.br

Este trabalho pretende discutir sobre a importância de se explorar o não-verbal (especialmente a


imagem) como meio de compreensão/interpretação de diferentes textos, em especial de artigos de
opinião publicados por diferentes veículos midiáticos, e como esse olhar favorece novas
compreensões acerca desses materiais significantes. De tal sorte, inscritos sob o viés teórico da
Análise do Discurso de linha francesa (AD), percebemos que tal teoria nos moldes em que foi
fundada por Pêcheux, possibilita a análise dessas diferentes materialidades. Ademais, traremos para
discussão a problemática de como as contribuições advindas da Semiologia histórica cuja noção foi
cunhada por J.-J. Courtine na década de 1980 na França possibilita ampliar a dimensão do não-
verbal, especialmente se se considerar que o discurso sobre política veiculado na mídia explora
constantemente o rosto e corpo do homo politicus. De tal sorte, muito além dos signos
semiológicos, os sinais e indícios dessas materialidades corroboram os processos de significação
desses discursos. Assim, no jogo ideológico e conflitante entre os sujeitos do discurso, em especial
quando se tem o discurso político em pauta, acreditamos ser necessário trabalhar tais questões em
sala-de-aula com vias a realmente formarmos aprendizes críticos e capazes de interpretar as eternas
relações de poder inerentes a qualquer prática discursiva. Portanto, traremos para análise um artigo
publicado pela revista Veja no período eleitoral para o pleito presidencial em 2010 e, nesse ínterim,
observaremos como tais questões teórico-metodológicas, se exploradas, alteram os sentidos das
análises. Enfim, uma análise pautada em uma abordagem discursiva, ou melhor, em uma
perspectiva semiológica histórica, possibilita uma amplitude e concomitante mudança do olhar
leitor sobre esses textos híbridos, rompendo com a prática de análise puramente verbal. Além disso,
tais questões podem/devem ser exploradas como ponto de partida para exercícios de interpretação,
em especial na produção oral e escrita sobre esses mesmos discursos.

O PROCESSAMENTO EM LEITURA DE TEXTO CINEMATOGRÁFICO LEGENDADO


Ana Cláudia de SOUZA – UFSC
anacs3@gmail.com

O processamento em leitura de legendas fílmicas é o tema desta comunicação, cujo foco recai sobre
aspectos cognitivos, visualizados como agentes fundamentais à execução da tarefa de produção do
sentido. Trata-se de discutir a relevância e a complexidade implicadas na leitura de legendas, que se
constituem como paratextos dependentes dos demais elementos (não) linguísticos do texto ao qual
estão vinculados. Contemplar obra cinematográfica estrangeira que tenha sido traduzida por meio
da legendação envolve, além da competência geral em leitura da língua materna, a competência em

59
leitura de fragmento textual exposto em tempo limitado conforme à sincronização com o filme, e
ainda a condição de, simultaneamente, processar de modo ativo, e quiçá consciente, o conjunto de
linguagens que se transformam em elementos constitutivos da tão complexa arte cinematográfica.
Teoricamente, discutem-se questões relativas à atividade tradutória e à técnica de legendação, à
leitura e à memória de trabalho, construto mental responsável pela percepção, manutenção,
processamento e manipulação dos estímulos nos processos de compreensão da linguagem. Na
perspectiva do espectador, as informações imagéticas, sonoras e linguísticas competem no processo
de produção do sentido. As legendas, constituintes do paratexto linguístico, compõem o repertório
de informações a serem simultaneamente processadas pelo espectador. Cabe a cada espectador
administrar as diversas tarefas cognitivas coocorrentes, em espaço e tempo limitados e pré-
determinados, com vistas à elaboração de representação possível da obra cinematográfica
contemplada. Sob a ótica aqui assumida, a legendação, intimamente ligada à distribuição das obras,
aproxima o espectador do texto cinematográfico, ainda que se constitua em elemento que dificulta o
processamento e exige maior controle de atenção.

ESPECTADOR, LEITOR, TEMPO E ESPAÇO: O ABRIL DESPEDAÇADO DE ISMAIEL


KADARÉ E DE WALTER SALLES
Lara Maringoni GUIMARÃES – UFSC
laramguimaraes@gmail.com

Neste trabalho pretendo abordar, sob perspectiva linguística, as questões relativas à leitura na
tradução do romance albanês Abril Despedaçado, de Ismail Kadaré (1982/2006) para a modalidade
intersemiótica cinematográfica, em uma obra brasileira homônima, dirigida por Walter Salles
(2001) – roteiro de Salles, Machado e Ainouz. Ainda que, para fins de discussão, sejam
apresentados exemplos retirados do romance, o foco da análise será a tradução, ou seja, a película.
É fundamental discutir de que forma leitor do texto escrito trabalha como “criador” (ou seja, o texto
se dá, se cria, no ato da leitura). Por outro lado, busca-se, discutir qual papel cabe ao espectador, de
que forma este leitor é retirado do seu papel de criador – ocupado, a priori, pelo diretor do filme,
que promove a encenação do seu texto escrito na tela do cinema – e passa a desempenhar outra
função, talvez como “agregador”, ou “co-criador”, ou, ainda, um novo “criador”, tendo em
perspectiva que o filme seria apenas uma porta de entrada para os infinitos intertextos propostos
pelo diretor. É importante discutir, também, o quão letrada cinematograficamente é a sociedade em
que vivemos, ou se temos um caso de “letramento funcional”, em que as habilidades de decodificar
as imagens estão parcialmente dominadas, mas o interlocutor não é um espectador proficiente. Em
princípio não parece absurdo afirmar que um bom leitor não é necessariamente um bom espectador,
e vice-versa. Torna-se relevante, portanto, a discussão de quais habilidades são necessárias para a
formação de um leitor proficiente. É fundamental discutir quais são as habilidades necessárias para
que uma pessoa possa tornar-se um espectador competente, tendo em vista que o cinema opera com
diferentes mídias simultaneamente, e apontar quais habilidades são coincidentes e quais diferem na
formação destes dois tipos de interlocutores.

PROJETO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA: A PRÁTICA DE LEITURA E A PRODUÇÃO


TEXTUAL A PARTIR DE UM ESTUDO COMPARATIVO DOS CONTOS DE FADAS E DO
CINEMA
Danilo Corrêa PINTO – UFU
dam_correa@yahoo.com.br
Ana Cláudia Nascimento THEODORO – UFU
a.nascimentotheodoro@gmail.com

Neste trabalho buscamos mostrar e refletir sobre uma proposta de ensino que engloba a prática de
leitura e a produção textual narrativa. Partimos do pressuposto que um estudo comparativo entre

60
textos literários e sua adaptação midiática possibilita uma melhor compreensão, por parte dos
alunos, das características que compõem uma narrativa, além disso, esta prática também pode levar
o aluno a entender processos de intertextualidade. Para a confecção deste projeto, selecionamos
teorias pertinentes para o diálogo entre as produções literárias e fílmicas como os estudos em
interartes, definições literárias sobre a narrativa, bem como a adaptação e a paródia. De maneira
geral, a narrativa pode ser entendida como um texto que conta, relata fatos ou acontecimentos reais
ou fictícios, e isto, em suma, também compõe uma narrativa fílmica. Silva (2007, p.11) destaca que
“o texto literário e o texto fílmico, quando narrativas lineares, possuem os mesmos elementos
constituintes: narrador, personagem, espaço e tempo”. Além disso, Cunha (2006, p. 63) afirma que
“é importante se ter em mente que qualquer obra realizada a partir de outra, para ser relevante, deve
valer por si só, ou seja, ter vida própria” e, nesse caso, consideramos que a adaptação, paródica ou
não, é “o catalisador das relações entre literatura e cinema”, conforme observa Brito (1996, p. 17).
Para a realização teórica e prática do projeto selecionamos o conto de fadas Chapeuzinho vermelho,
dos Irmãos Grimm e o filme Deu a louca na Chapeuzinho (2005). Posto isto, o projeto visa a prática
de uma produção textual narrativa por parte dos alunos (no caso, alunos do ensino fundamental 2) a
partir da leitura de contos de fadas ou fábulas infantis que os auxiliarão na criação/recriação de um
texto que parte dos modelos narrativos adotados pela relação entre a literatura e o cinema elencada
aqui.

O ENSINO DA LEITURA NUMA SOCIEDADE MIDIÁTICA E IMAGÉTICA: LIÇÕES DO


DESIGN GRÁFICO
Cristiane Seimetz RODRIGUES – SATC
cris.seimetz@gmail.com

Atualmente, é impraticável pensar no exercício da comunicação sem pensar nos veículos que a
midiatizam. Desde os desenhos pré-históricos encontrados nas cavernas até os hipertextos em
mídias digitais, o que o ser humano tem feito é possibilitar a troca de informações entre pessoas em
lugares e, também, em tempos diferentes. Afinal, a escrita é isso: o desejo/necessidade de tornar
perene algo tão fugaz como a fala. Portanto, em sua condição de tecnologia, a representação gráfica
da linguagem verbal exige um ensino formalizado, estruturado metodologicamente. É evidente que,
entre os desenhos pré-históricos e os hipertextos em mídias digitais, há um salto evolutivo nas
práticas de registro do pensamento humano, as quais já não envolvem apenas o uso da escrita. Mais
e mais, outdoors, folders, jornais, anúncios publicitários, sites, embalagens, cinema sinalizam uma
convergência entre linguagem verbal e linguagem não verbal. Nesse cenário, a ascensão da
imagem/visualidade como importante mecanismo na construção de textos traz à tona questões que
não podem ser ignoradas no ensino da leitura. Aliando, então, pressupostos teóricos da
psicolinguística aos conhecimentos produzidos sobre codificação e descodificação na área de
Design Gráfico, este trabalho visa levantar algumas implicações para o ensino da leitura da
linguagem verbal escrita numa sociedade em que a visualidade/imagem vem assumindo papel
crucial na codificação de informações nas mais diferentes mídias. Interessada nos aspectos teórico-
metodológicos do ensino da leitura, a proposta nasce de reflexões da pesquisadora como professora
de Comunicação e Expressão no curso de Design Gráfico da Faculdade Satc, tendo, por isso, um
caráter analítico-exploratório.

INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO - ABORDAGEM TEÓRICA E PEDAGÓGICA


Fábio Júlio Pereira BRIKS – UFSC
fabiobriks@hotmail.com

Comumente a tradução é conceituada como aquela que faz o intermédio comunicativo entre línguas
diferentes, colocando em evidência a língua de partida e a de chegada. Como consequência dessa
perspectiva, surgiu a ideia de que a tradução somente entrou em foco quando o homem começou a

61
ter contato com uma língua e cultura diferentes da sua, já que a necessidade de compreender e ser
compreendido aparecera. Para além dessa perspectiva, partindo da premissa de que a tradução entra
em foco no momento em que a necessidade de fazer com que o incompreensível se torne
compreensível, a ideia de interpretação como tradução emerge. Nessa abordagem, então pode-se
dizer que a tradução já se evidenciara antes mesmo de o homem ter entrado em contato com línguas
e culturas diferentes. Ela já estava presente no interior da sua língua e da cultura da sociedade onde
ele estava inserido e, em todo momento em que havia interpretação de qualquer tipo de linguagem
apresentado pela sua comunidade, a intenção de traduzir já aflorava. Com a evolução da espécie
humana, muitas tecnologias apareceram. Entre elas, podemos destacar, com ênfase, a escrita, já que
é a partir dela que a transmissão do conhecimento humano perpassa tempos. Por ser a escrita uma
tecnologia, não é inata do ser humano, isto é, nenhum ser humano nasce sabendo-a. Por esse
motivo, o homem só vai ter plena habilidade no uso dela, se for realmente ensinada. Da mesma
forma que ela é ensinada, saber interpretar essa tecnologia também deve sê-lo. Considerando tal
perspectiva de tradução, esta pesquisa tem como objetivo geral abordar a tradução de textos
escritos, seja ela entre línguas distintas ou dentro de uma mesma língua, como uma competência
que pode e deve ser ensinada e aprendida.

GRUPO TEMÁTICO 8: ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR DE


LÍNGUA PORTUGUESA: EM PAUTA CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E TEXTO
COORDENADORAS: Fernanda MUSSALIM (UFU) – fmussalim@netsite.com.br;
Maura Alves de Freitas ROCHA (UFU) – maura@triang.com.br

Neste Grupo Temático, pretende-se discutir a problemática do ensino de leitura e produção de


textos na escola, abordando, mais especificamente, aspectos da construção do currículo escolar. Os
PCNs de Língua Portuguesa assumem como conceito fundante de sua proposta a noção de gênero
de discurso de Bakhtin, noção que implica uma abordagem de texto radicalmente inscrita no espaço
social. Entretanto, em função do processo de didatização característico da prática escolar, nem
sempre o espaço social tem sido efetivamente considerado nas práticas de leitura e escrita propostas
pela escola – não raras vezes, nesse contexto, a compreensão do que seja trabalhar com textos se
reduz a abordar aspectos de estruturação textual, de argumentação e de narratividade, sem levar em
conta, por exemplo, pontos cruciais como as instâncias de circulação dos textos, os sujeitos que se
colocam (ou podem se colocar) como enunciadores e co-enunciadores de determinados textos e,
sobretudo, sem considerar a historicidade das relações sociais que instauram as práticas discursivas
em questão. Nesse sentido, parece que, muitas vezes, falta, nas propostas e no trabalho de leitura e
escrita em contexto escolar, uma noção de “inscrição social” que possibilite levar às últimas
consequências o pressuposto de que ler e escrever são práticas linguageiras de produção de
sentidos. O currículo de Língua Portuguesa, se pensado nessa perspectiva, sofre uma alteração
substancial que pode, efetivamente, contribuir para um ensino de Língua Portuguesa mais efetivo,
que contemple, não apenas de maneira muito geral noções como as de norma e variação linguística,
mas que, sobretudo, possa formar alunos e cidadãos conhecedores de concepções de língua que
lidam, de maneira produtiva, com a relação inextrincável entre a heterogeneidade linguística e a
social.

CRITÉRIOS DE ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR DE LÍNGUA PORTUGUESA:


A RELEVÂNCIA DA NOÇÃO DE “INSCRIÇÃO SOCIAL”
Fernanda MUSSALIM – UFU
fmussalim@netsite.com.br
Maura Alves de Freitas ROCHA – UFU
maura@triang.com.br

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Dolz e Schneuwly (2004), em “Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para
reflexões sobre uma experiência suíça (francófona)”, apresentam uma distinção relevante entre
currículo e programa escolar. Segundo os autores, o programa escolar centra-se sobre a matéria a
ensinar e é organizado segundo a estrutura interna dos conteúdos, enquanto, no currículo, os
conteúdos disciplinares são definidos em função das capacidades do aprendiz e das experiências a
ele necessárias; tais conteúdos são sempre colocados em relação com os objetivos de aprendizagem
e com outros componentes do ensino. Neste trabalho, assumiremos como noção norteadora de nossa
abordagem essa noção de currículo, a fim de refletirmos sobre um dos componentes curriculares, a
saber, a progressão, compreendida como a organização temporal do ensino. Tomando os gêneros de
discurso como objeto de ensino, buscaremos demonstrar que um caminho possível para se organizar
a progressão curricular é o agrupamento (e não a sequenciação) de gêneros em função da esfera de
atividade social, o que implica considerar o processo de interação social. Dessa perspectiva, “onde”,
“como” e “por que” somos convocados como enunciadores e co-enunciadores de discursos (ou,
quais são as condições de produção dos discursos, como se dá o processo de inscrição social dos
sujeitos) passam a ser questões cruciais a serem consideradas na organização do currículo de língua
portuguesa. Outras questões, também fundamentais de serem consideradas nessa organização, tais
como a estruturação textual; o desenvolvimento de competências argumentativas, narrativas,
expositivas etc.; os problemas específicos da modalidade escrita de texto; e as questões
propriamente linguísticas, devem ser contempladas no processo de organização curricular, mas
como subcritérios, não como ponto de partida – caso se queira efetivamente assumir, tal como o
conceito de gênero de discurso permite pressupor, que ler e escrever são atividades de produção de
sentidos e não meras atividades escolares.

O CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA PÓS-PCN: UM ESTUDO DE


CASO
Nara Caetano RODRIGUES – UFSC
nacaetano@yahoo.com.br

A regulação dos ensinos e das práticas docentes por meio da elaboração de documentos oficiais está
presente desde a constituição da escola como espaço de ensino-aprendizagem, no século XVI. No
Brasil, a última reforma do ensino, ocorrida no final da década de 1990, foi oficializada com a
publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No que diz respeito ao ensino de LP no 3 e 4
ciclos do Ensino Fundamental, o documento indica o trabalho com os gêneros discursivos/textuais
para o desenvolvimento de atividades de leitura e produção textual, bem como atividades de análise
linguística para desenvolver a reflexão sobre a língua. Mas, como a escola vem implementando as
recomendações oficiais? Quais gêneros têm sido selecionados? Neste trabalho, pretendemos
problematizar a configuração do currículo da disciplina de LP em uma escola da rede pública
federal a partir da análise dos planos de ensino e de exemplos de elaboração didática de alguns
gêneros presentes na ementa da 8ª série/9º ano do EF, no ano de 2011. Nosso olhar para os dados
gerados, dá-se a partir da concepção de linguagem como interação, proveniente dos estudos do
Círculo de Bakhtin. Tomaremos, ainda, a noção de gêneros escolares de Schnewuly e Dolz, 1999 e
a concepção de currículo de Sacristán (2000). Os resultados apontam a inclusão de gêneros
escolares e gêneros que circulam socialmente no currículo da disciplina; além disso, evidenciam
que o trabalho com os gêneros pode se configurar um espaço para o exercício da autonomia e da
autoria do aluno.

O IMPORTANTE PAPEL DO TEXTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS NA PRÁTICA


ESCOLAR
Cleide Inês WITTKE – UFPEL
cleideinesw@yahoo.com.br

63
O quadro social do ensino de língua revela que esta prática escolar não tem produzido os resultados
desejados, ou seja, que o aluno se expresse com segurança, clareza e naturalidade, tanto falando,
lendo quanto escrevendo. Essa realidade mostra a emergente necessidade de repensar o objeto de
estudo e de análise, bem como os procedimentos metodológicos a serem empregados em aula. Vale
lembrar que tal reorganização implica mudanças não somente na grade curricular do ensino básico,
mas também nos Currículos dos Cursos de Letras. Com base em estudos de linguistas que abordam
essa temática, tais como Geraldi (1991, 2006), Possenti (2002), Kleiman (2000, 2006), Travaglia
(2003), Marcuschi (2008), Antunes (2003, 2007, 2009), Koch e Elias (2010), citando apenas alguns
deles, este artigo tem como objetivo problematizar essa questão, não com vistas a apresentar uma
fórmula única e acabada, mas com a intenção de apontar possibilidades de soluções a serem
efetuadas nas aulas de português, na prática cotidiana. Concebendo, então, a língua e seu ensino
como uma prática social de interlocução verbal, vemos o texto (mais especificamente os diferentes
gêneros textuais, que circulam em diversas instâncias sociais) como objeto de estudo e sugerimos a
prática de diferentes estratégias de leitura, análise linguística e produção de textos (orais e escritos)
como método para trabalhar a língua. A nosso ver, o ensino e a aprendizagem de língua devem
funcionar como um trabalho que aborda diversos gêneros textuais, isto é, como um frequente e
natural exercício de comunicação, pelo qual alguém diz algo significativo a outro alguém, em dada
situação social.

O OBSCURECIMENTO DAS PROPOSTAS CURRICULARES DIALÓGICAS EM ESCOLAS


PÚBLICAS PARANAENSES
Edson Ribeiro da SILVA – SEED-PR
edribeiro@uol.com.br

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a disciplina Língua Portuguesa assumem a concepção


dialógica da linguagem. Esta deve ser abordada em seu aspecto interativo, social, e tal proposta
curricular faz das práticas discursivas um princípio metodológico e avaliativo. Antes disso, a
primeira proposta curricular do estado do Paraná, em 1990, já se fundamentava em Bakhtin. E, no
final daquela década, uma nova proposta paranaense assume as práticas discursivas como eixos que
estruturam conteúdo, metodologia e avaliação. Oralidade, leitura e escrita são as práticas
discursivas, enquanto a análise linguística aparece apenas como suporte para elas. Os gêneros
discursivos são os conteúdos básicos da disciplina. As linguísticas discursivas orientam a
abordagem dos textos. Para tanto, a Linguística Textual, com seus elementos de textualidade, e a
teoria dos gêneros, da Escola de Genebra, fornecem os conceitos medulares. No entanto, após três
propostas curriculares bakhtinianas, o que se constata em inúmeros segmentos da educação pública
paranaense é o abandono progressivo das concepções dialógicas, interacionistas, e a adoção da
concepção estruturalista como norteadora da ação docente. Algumas escolas públicas vistas como
exemplos de êxito, por exemplo, na capital do estado, adotam ações como provas de gramática, esta
desvinculada de qualquer funcionalidade e desatrelada das práticas discursivas. Tais ações são até
vistas como ruptura, causas de resultados satisfatórios. E iludem a comunidade escolar, alheia aos
objetivos fixados para a disciplina, assim como a seus conteúdos efetivos. O aluno desconhece os
conceitos que estão na base da construção das competências linguísticas, como os de texto e gênero
discursivo. A produção de textos e a leitura, quando feitas, não contemplam a linguagem através da
concepção dialógica. Trata-se de uma postura facilitadora, sem cientificidade, cujo interesse
evidente é poupar alunos e docentes de um trabalho efetivo com a língua, através do
obscurecimento das propostas curriculares.

PRÁTICAS DE ENSINO NAS AULAS DE “LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS”


Renata da Silva Ferreira ASBA – USP
renatasbahr@terra.com.br

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Nossa pesquisa de mestrado, cujo título é “Leitura e produção de texto”: da constituição da
disciplina às práticas de ensino, investiga a disciplina “Leitura e produção de texto” (LPT), que
compôs, de 2009 a 2011, a grade curricular do segundo ciclo do Ensino Fundamental (5ª à 8ª
série/6º ao 9º ano) nas escolas estaduais paulistas. A disciplina foi inserida em 2009, no contexto da
implementação de um novo currículo que prioriza a leitura e a escrita, mas, para nossa surpresa, foi
suprimida da grade no presente ano. Ministrada por professores licenciados em Letras mediante
duas aulas semanais, sua proposta, segundo o Caderno do professor de LPT (material de apoio
distribuído aos docentes), era a ampliação das práticas de leitura e escrita, focalizando,
especialmente, o texto literário. Em nosso projeto, investigamos, em primeiro lugar, a inserção e a
constituição da disciplina, tomando como base documentos governamentais, e, em segundo lugar,
as práticas de leitura e escrita desenvolvidas em sala de aula. Com isso, objetivamos estabelecer um
contraponto entre as propostas dos documentos oficiais e as práticas concretas realizadas nas
instituições escolares. Nesta comunicação, apresentaremos considerações sobre um “exercício
etnográfico” realizado numa escola estadual, no qual foram observadas, de março a junho de 2011,
aulas de LPT numa turma de EJA. Os conteúdos abordados foram o conceito de dissertação, a
diferença entre fato e opinião e os mecanismos de coesão textual. As práticas usuais promovidas
pela professora foram a escrita de pequenos textos pelos alunos, o atendimento individual para a
correção e a resolução de exercícios sobre a organização do texto. Tais conteúdos e práticas não
correspondem à concepção “oficial” da disciplina LPT como espaço para promoção da leitura
literária, o que revela uma tensão entre o que se prega nas normas oficiais e o que se faz no
cotidiano escolar.

GRUPO TEMÁTICO 9: CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA AO


ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
COORDENADORAS: Elza Sabino da Silva BUENO (UEMS) – elza20@hotmail.com;
Rosangela Villa da SILVA (UFMS) – rvilla45@hotmail.com.

O português é um dos idiomas oficiais da União Europeia desde 1986. Na América Latina, com os
acordos do MERCOSUL, o português é ensinado como língua estrangeira nos países que dele
participam (Argentina, Paraguai e Uruguai). No Brasil, a tendência a incorporar palavras e
expressões orais/coloquiais e a simplificar a gramática é bastante forte e tem como preocupações
principais: a expressão de uma afetividade maior por meio da entonação e da estrutura da frase,
mais que por um vocabulário cuidadosamente escolhido, o que leva a se desenvolver no país uma
linguagem própria, que valoriza as inovações e criações ocorridas em suas grandes regiões, a
maioria delas de origem popular. Diante disso, o grupo temático Contribuições da pesquisa
sociolinguística ao ensino da língua portuguesa no Brasil propõe apresentar e discutir pesquisas
realizadas no âmbito da pós-graduação, no Brasil e em Portugal, que revelam estudos envolvendo a
teoria sociolinguística variacionista laboviana, com utilização de metodologia própria a trabalhos
dessa natureza. As pesquisas estão constituídas por córpus do português brasileiro e as variações
linguísticas analisadas são aquelas produzidas na modalidade oral da língua e identificadas como
regionais, sociais ou individuais. Assim, com a discussão das diferentes variações da linguagem, as
características de cada tipo de variação, as possíveis causas dos fenômenos analisados mostrarão de
que forma a investigação pode contribuir para melhorar o processo de ensino/aprendizagem do
idioma na educação básica, considerando os impactos que a presença da oralidade da língua nos
livros didáticos tem causado na sociedade como um todo. Contribuindo com essa perspectiva, este
estudo apresenta pesquisa desenvolvida em Portugal acerca do ensino da língua portuguesa na
educação básica e as possíveis contribuições do modelo português de ensino ao ensino do idioma no
Brasil.

A ABORDAGEM EXPLÍCITA PELA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DO LIVRO DIDÁTICO


APROVADO PELO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO PARA O ENSINO MÉDIO
(PNLEM) DE 2009 MAIS ADOTADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

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César Augusto GONZÁLES – UFRGS
cesaraugusto.gonzalez@gmail.com

Desde os Parâmetros Curriculares Nacionais, a variação linguística tem lugar garantido nadisciplina
de Português. Recentemente, o PNLEM reafirmou a necessidade de trazer essa questão para a sala
de aula, exigindo que os livros didáticos abordem-na. Frente a isso, o presente trabalho investiga
como o livro didático aprovado pelo PNLEM 2009 mais adotado no Rio Grande do Sul aborda a
variação em seus capítulos dedicados ao tema. Inicialmente, bucamos na sociolinguística laboviana
postulados que contribuam para o ensino de língua; selecionamos três: (1) a estrutura linguística não
é homogênea; (2) as estruturas linguísticas não são certas ou erradas; e (3) deve-se respeitar as
diferentes variedades linguísticas. Esses postulados apontam para a necessidade de se abordar as
seguintes noções sociolinguísticas (que discutimos neste trabalho): língua, norma culta e variedades
linguísticas populares. Partindo dessas noções, elaboramos as seguintes perguntas que nortearam a
análise do livro didático: (a) alíngua é tida como um sistema homogêneo abstrato ou um conjunto
de variedades?; (b) a norma culta é confundida com a norma-padrão?; (c) a norma culta tem sua
importância explicitada?; (d) admite-se a existência de variedades linguísticas populares?; e (e) as
variedades linguísticas populares são respeitadas e o preconceito linguístico discutido? A
investigação sugere que o livro didático analisado apresenta a língua como um conjunto de
variedades, em que variedades linguísticas populares existem, mas são minoritárias, sendo a norma
culta (confundida com a norma-padrão) exigida em determinadas situações sociais. O livro não
aborda o preconceito linguistico. Por fim, vale lembrar que este trabalho integra o projeto “Norma e
variação nos livros didáticos de Língua Portuguesa e Literatura aprovados pelo PNLEM 2009”, que
pretende analisar todos os livros aprovados pelo PNLEM 2009 em termos de como é a abordagem
explícita da variação linguística e de como é a abordagem de fenômenos linguísticos altamente
estigmatizados.

A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E A SALA DE AULA DO PROEJA: CONCEPÇÕES


DISCENTES E DOCENTES NO IFMT – CAMPUS CAMPO NOVO DO PARECIS
Vanessa Hiroko KUSANO – IFMT
vahiroko@gmail.com
Vinícius Carvalho PEREIRA – IFMT
vinicius.pereira@blv.ifmt.edu.br

O Proeja é um desafio proposto que se ergue diante de uma realidade nova. Milhões de brasileiros,
marginalizados por não terem concluído sua educação básica, e cada vez mais distantes do mercado
de trabalho por essa condição, vislumbram nesta política pública uma possibilidade de reinserção
sociolaboral. Entretanto, são muitos os desafios para que essa política seja realmente eficiente, entre
os quais se destaca a forma de lidar com a pluralidade do perfil discente em esferas como a etária,
econômica e linguística. Desta forma, para além dos entraves concernentes à natureza de novas
políticas públicas, há desafios que se apresentam na sala de aula, como questões do currículo
integrado e da relação ensino-aprendizagem com este novo alunado, com expectativas sobre a
escola, o professor e a linguagem verbal muitas vezes distintas das postuladas por docentes e
projetos políticos pedagógicos. No que tange a essadiversidade sociocultural e de expectativas,
ganha destaque a diversidade linguística encontrada em sala de aula, com a qual tanto alunos quanto
professores precisam aprender a lidar, negociando significados sobre os conceitos de língua,
linguagem e a constituição dos sujeitos e do tecido social a partir dessas instâncias. A pesquisa
apresentada busca, com base nas discussões da sociolinguística sobre língua e poder, variação
linguística e educação, demonstrar se tal diversidade pode constituir uma barreira no aprendizado
dos alunos de Proeja no IFMT – Campus Campo Novo do Parecis. Como resultados, percebe-se um
consenso de discentes e docentes sobre o papel da linguagem verbal na vida em sociedade, em suas
diversas manifestações. No entanto, os dados obtidos nos questionários apontam para visões

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dissonantes entre professores e alunos quanto ao impacto da variação linguística sobre a
comunicação em sala de aula e, consequentemente, sobre a relação de ensino-aprendizagem.

A LÍNGUA QUE FALAMOS: UM ESTUDO SOBRE AS VARIANTES FONÉTICAS DO


PORTUGUÊS NA FORNTEIRA TABATINGA (BRASIL) – LETÍCIA (COLÔMBIA)
Marcilene da Silva Nascimento CAVALCANTE – UFAM
marciletrasbc@hotmail.com

A língua que falamos é cheia de variações, basta observarmos ligeiramente como usamos a
linguagem e perceberemos que ninguém fala igual a ninguém, pois há diversos fatores linguísticos e
extralinguísticos que influenciam na forma da linguagem de cada falante. As variantes fonéticas
caracterizam uma comunidade de fala ou grupo social, pois são índices que sofrem variações em
diferentes contextos linguísticos, regionais e/ou sociais. Portanto, considera-se importante o estudo
das variantes fonéticas para que se conheça também o grupo social com qual trabalhamos nas
escolas, principalmente neste caso em que a localização geográfica (Tabatinga é um município do
Estado do Amazonas que faz fronteira com Peru e Colômbia, além disso, tem várias comunidades
indígenas e ribeirinhas) possibilita um plurilinguismo natural e que faz parte do cotidiano das salas
de aulas de escolas de fronteiras. Considerando esses pressupostos, este artigo tem como objetivo
principal expor os resultados parciais do projeto de mestrado em Estudos Amazônicos pela
Universidade Nacional da Colômbia, cujo tema possibilitou fazer uma identificação e análise de
algumas variantes fonéticas que estão presentes na fala de estudantes do Ensino Médio das Escolas
Públicas do município de Tabatinga. A metodologia utilizada foi gravação da fala dos estudantes
através de um Questionário Fonético-Fonológico (QFF). A partir da identificação das variantes foi
possível constatar que os estudantes têm a fala caracterizada pelo uso de diversas variantes
fonéticas, entre as quais algumas são consideradas variantes de prestígio e outras variantes
estigmatizadas.

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE LÍNGUA PORTUGUESA QUENTO AO FENÔMENO


LINGUÍSTICO DA AUSÊNCIA/PRESENÇA DE ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE
ANTROPÔNIMOS NAS LOCALIDADES DE ABRE CAMPO E MATIPÓ
Andréia Almeida MENDES – UFMG
andreialetras@yahoo.com.br

Este trabalho analisa se o fenômeno da ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos


na fala dos moradores da zona urbana de Abre Campo e Matipó, em Minas Gerais; tendo como
objetivo comprovar se os falantes das distintas localidades possuem percepção a respeito do
fenômeno, para tanto, serão utilizados os pressupostos teóricos da sociolinguística laboviana.
Pretende-se também avançar um pouco mais na pesquisa realizada em 2009, durante o mestrado. A
escolha destas duas localidades dá-se pelo fato de exibirem padrão linguístico diferenciado no que
diz respeito ao uso do artigo diante de antropônimo: apesar de vizinhas limítrofes, Abre Campo
apresenta mais presença de artigo definido no contexto de antropônimo do que Matipó. Em estudo
anterior, Callou e Silva (1997) afirmam que o fenômeno não é estigmatizado e nem valorizado
socialmente, estando ligado somente a aspectos teóricos sobre a definitude e à questão da mudança
linguística, sendo, por essa razão que a sua evolução é observada através do tempo. Apesar disso, a
pesquisadora percebe no discurso de alguns de seus alunos que essa distinção é clara; alguns alunos
das diferentes cidades distinguem a variação e acabam valorizando socialmente a forma de falar de
sua localidade em detrimento com a fala dos moradores da localidade vizinha. Cumpre ressaltar
que, apesar de vizinhas limítrofes, como foi salientado, não se pode dizer que haja relação de
dominação entre as duas cidades, uma vez que elas não possuem nenhuma relação econômica ou
social realmente fortes que possam determinar algum tipo de dominação; sabe-se apenas que a
cidade de Matipó foi, por muitos anos, distrito da cidade de Abre Campo.

67
DESCRIÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA DE TEXTOS ESCOLARES: O PÚBLICO E O PRIVADO
Edmara Cristina Meliso GONÇALVES – UFMS
edimara.meliso@hotmail.com

A temática apresentada neste trabalho trata da pesquisa em sociolinguística voltada para a variação
fonético-fonológica e os reflexos dessa variação na produção escrita de alunos do ensino
fundamental de duas escolas de Campo Grande: uma pública, localizadas na área periférica da
cidade, e uma particular, localizada na área central urbana. O levantamento e análise das
interferências da modalidade oral na produção escrita da língua foram feitos com base na teoria da
Sociolinguística Variacionista. O objeto da pesquisa recai sobre o interesse em mostrar as interfaces
entre as linguagens: oral e escrita. O objetivo do trabalho foi o de registrar, descrever e interpretar
as marcas das variedades linguísticas fonológicas, nos desvios decorrentes da transposição do ato da
fala para a escrita de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, caracterizando e comparando a
produção textual dos alunos, e também correlacionando a sua competência linguística com a
estratificação social da escola. O método empregado nesta pesquisa foi o da Sociolinguística
Variacionista Quantitativa (Labov 1972), com aplicação do programa computacional Goldvarb
2001 para a análise estatística dos dados e pesquisa de cunho qualitativa, que descreve e analisa os
desvios ortográficos influenciados pela oralidade, a partir de dados de textos escritos. Considerando
a intenção da pesquisa, que foi a de verificar a influência dialetal na escrita, foram considerados os
seguintes fenômenos: Neutralização da vogal anterior /e//; Neutralização da vogal posterior
/0/;Monotongação de ditongos decrescentes ow; Monotongação de ditongos decrescentes ey;
Supressão do R em verbos, Rotacização e Junção. Após a compreensão das diferenças na
apropriação da escrita dos alunos pelos postulados da sociolinguística, o estudo propõe reflexões
metodológicas adequadas e alternativas práticas para subsidiar o trabalho de educadores procurando
instrumentalizá-los em suas práticas cotidianas, a fim de melhorar o processo da aquisição da
escrita padrão pelos alunos.

EDUCAÇÃO INFANTIL: LINGUAGEM ORAL E APRENDIZAGEM


Daniela Gomes LOUREIRO – UFMS
daniglou@hotmail.com

A Educação Infantil é a etapa educativa durante a qual ocorrem importantes mudanças no


desenvolvimento das crianças e essas mudanças são as mais intensas que o ser humano experimenta
ao longo de sua vida. Vale dizer que a aprendizagem real não começa na escola, pois inúmeras
pesquisas já ressaltaram que é nos primeiros anos que se produzem as aprendizagens fundamentais.
Estamos, assim, frente ao desafio de pensar que os conteúdos requeridos por essa etapa, como
estimular um bom desempenho, mostram que a escola é um dos contextos em que se produz esse
desenvolvimento. Sob a perspectiva da Sociolinguística, este estudo estabeleceu como objetivo
refletir sobre a função da fala das crianças e dos professores nas aulas da educação infantil, tendo
como pressuposto que aprender a falar é aprender a usar a linguagem para distintas funções. Essas
funções estão vinculadas às atividades de aprendizagem que se propõem, pois a fala é uma
conquista social e tem caráter comunicativo; além disso, a competência linguística se desenvolve
com a atividade verbal em contextos significativos durante a realização de atividades e com a
participação do professor e das próprias crianças, sendo que é no primeiro ciclo da etapa da
educação infantil que se desenvolve a capacidade de falar, destacando a necessidade de uma aula
flexível, dinâmica, menos voltada para o papel e o lápis; uma aula na qual se pode observar,
experimentar, inovar, e onde a oralidade se manifeste como instrumento de aprendizagem,
favorecendo a troca verbal entre os atores do contexto educativo. O estudo ressaltou que o esforço
necessário para expressar as ideias, convencer, explicar, entre outros, desencadeia o aumento da
competência linguística.

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ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE A SOCIOLINGUÍSTICA E A SALA DE AULA: O DIÁLOGO
ENTRE A FORMAÇÃO DOCENTE E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA
Kédma Keila Gonçalves BARBOSA – UPM
kedma_kgb@hotmail.com

O presente estudo tem o objetivo de desenvolver um olhar que enxergue com amplitude e lucidez a
realidade do ensino do português como língua materna. Buscou-se fazer, por meio da pesquisa
sociolinguística, uma reflexão sistemática sobre a formação de professores, os documentos de
parametrização do ensino, o planejamento, a prática pedagógica, a implantação e a avaliação do
processo ensino-aprendizagem da língua portuguesa dentro das escolas de ensino fundamental e
médio. Nesse sentido, questionou-se como se dá (ou não) a apropriação da língua e da produção
textual no âmago escolar; não somente quanto ao uso da língua em sua forma culta, mas também
das possíveis intencionalidades, variações e identidades que a linguagem pode fornecer enquanto
instrumento de comunicação. Por essas razões é que se fez necessário explorar o relacionamento
imbricado da sociolinguística nas aulas cuja base fosse a formação de concepções de linguagem
como interação entre sujeitos em sociedade (sociointeracionista) na qual implica a capacidade dos
sujeitos sociais de participar ou também construir contextos (construcionista), resultando em ações
que refutem a discriminação e o preconceito linguístico. Para tanto, é necessário ao professor de
língua materna, em qualquer nível de ensino, uma boa formação linguística, visto que, ainda é
comum ver muitos equívocos da parte de docentes que lidam com o ensino de forma superficial,
desarticulada ou que pensam na disciplina de língua portuguesa como algo isolado e excludente;
sem contar os que por não compreenderem totalmente certas perspectivas, ignoram seu importante
papel no desenvolvimento de habilidades e competências voltadas à comunicação, bem como, sua
intervenção no momento da correção e das reflexões acerca da escrita e da fala.

O PROCESSO DE MUDANÇA DAS PREPOSIÇÕES DOS VERBOS IR E VIR, ENTRE


SINCRONIAS, NO PORTUGUÊS ESCRITO DE UBERABA
Thamiris Abraão BORRALHO – UFU
thamiris.borralho@yahoo.com.br

A língua portuguesa, como qualquer outra língua, sofreu e sofre variações e/ou mudanças à medida
que é utilizada por seus falantes. Uma vez que é inerente a estrutura da língua ser variável de acordo
com as necessidades dos que a utilizam, a língua falada ou escrita de sincronias passadas não é a
mesma utilizada nos dias de hoje. Seguindo esta perspectiva de língua – variável e heterogênea –,
muitos linguistas estão desenvolvendo pesquisas sobre o português mineiro, entretanto ainda há
poucas sobre o português da região de Uberaba. Partindo desse pressuposto, foi relevante um estudo
que auxiliasse na caracterização do português da cidade de Uberaba, como, por exemplo, a relação
existente entre os verbos ir e vir com aspreposições que os acompanham, levando em conta os
complementos que serão objetos desse verbo. O trabalho tentou discutir a variação linguística no
português mineiro escrito de Uberaba. Assim, o objetivo desse estudo era realizar uma pesquisa
descritivo-comparativa entre os usos das preposições que acompanham os verbos ir e vir nos jornais
dos anos de 1937, no jornal “Lavoura e Comercio”, em que os dados colhidos provieram de cópias
digitalizadas a partir dos jornais, disponíveis no Arquivo Público de Uberaba, e, na atualidade, nos
jornais do “Jornal da Manhã”. Foram elencadas 50 ocorrências dos verbos “ir” e “vir” em cada
jornal, que totalizam 100 ocorrências no corpus. Uma vez estabelecido os dados, a análise seguiu os
pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística laboviana (Weinreich, Labov, Herzog 2006
[1968]; Labov 1972, 1994). As informações obtidas foram tratadas estatisticamente, e
posteriormente, qualitativamente, analisando os grupos de fatores e suas correlações. Assim, a
pesquisa consistiu em apresentar um estudo entre sincronias sob a teoria variacionista que
estabeleceu uma análise em que se pode descobrir que houve variação linguística.

69
ROTACISMO: A ALTERNÂNCIA DO /l/ E DO /r/ EM VARIEDADES LINGUÍSTICAS NA
COMUNIDADE ESCOLAR
Eva de Mercedes Martins GOMES – UFMS
mercedes_0908@hotmail.com

Estudos envolvendo a pesquisa ajudam a compreender as razões subjacentes que levam os falantes
ao usode diferentes formas de expressão oral. Para expressar-se adequadamente, o indivíduo
necessita conhecer,além das características da norma culta, as variações linguísticas, pois o estigma
de falar "certo" ou "errado" aumenta a diferença que o separa do contexto social. A linguística,
como ciência, vem promover uma reflexão na atitude de tratamento do "caos linguístico" –
linguagem diferenciada – da relação língua/sociedade. A elaboração e o uso de tais modelos
representativos de variantes dentro da oralidade confere subsídios para se tentar dissecar as
particularidades e alcançar o conhecimento de uma pequena parcela da complexa realidade
linguística brasileira. Este estudo estabeleceu como objetivo descrever e compreender as
representações gráficas que alunos em processo de aprendizagem propõem para as líquidas / l / e / r
/, quando figuram na posição de segunda consoante prevocálica. Para isso, primeiramente, realizou-
se uma descrição linguística stricto sensu, em termos fonéticos-fonológicos, das consoantes / l / e / r
/, procurando levantar alguns aspectos sociolinguísticos. Por último, buscou-se mostrar como os
alunos observados pronunciam/escrevem/transcrevem tais consoantes. Observou-se a necessidade
de a escola trabalhar com clareza e adequação as possibilidades de uso do português-padrão edo
português não-padrão, para não gerar confusão que venha interferir de forma negativa no processo
da aprendizagem. É importante oferecer ao aluno a oportunidade de expor o conhecimento já
adquirido, mesmo que a rigidez da língua padrão não aprove tal atitude. Em se tratando da língua
materna, as alterações na fala ou na escrita podem ser atribuídas a diversas causas, como, o
desconhecimento de regras ortográficas, aplicação incorreta dessas regras ou interferências da
oralidade. Além disso, fatores patológicos, psicológicos, sociológicos e pedagógicos podem ser
causadores de inadequações em todas as situações de uso da língua.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NUMA PERSPECTIVA TEXTUAL


Anderson de SOUTO – UERJ
otuos@hotmail.com

A Sociolinguística veio, indubitavelmente, desde os anos 60, época de tantas renovações nas
sociedades, de tantos avanços tecnológicos e de tantos movimentos contestadores de tradições
repressoras, focalizar um ponto essencial para a educação linguística: a urgência de atentar para a
heterogeneidade inerente às línguas. Assim, nossa escola foi aos poucos, no decorrer dos anos,
incorporando muitas das inovações sociolinguísticas. Hoje, por exemplo, ao menos em termos
programáticos, conceitos como heterogeneidade, variação, variante linguística etc. se fazem
presentes em orientações curriculares, em materiais didáticos e outros.No entanto, apesar de todas
essas conquistas, a variação linguística ainda é, pelo viés de uma concepção reducionista de língua:
negada preconceituosamente em nome do único modo de dizer legitimado - a norma-padrão; vista
como erro que, presente no texto dos alunos, tem de ser apagado, sem qualquer preocupação
culturalmente sensível; abordada de forma “conteudística”, fragmentária e estanque, principalmente
nos livros didáticos; perspectivizada somente pelo combate ao preconceito linguístico ou pela
adequação da linguagem; negada quanto ao poliglotismo inerente aos usuários da língua; negada
como elemento estilístico e como possibilidade de ser estratégia de dizer; e dissociada de outras
práticas de linguagem.Este trabalho move-se pela concepção sociointeracional da linguagem, de
modo a não se limitar a apenas a incluir, em tal educação, propostas de descrição da variação
linguística, nem somente a tornar menos assimétrica a relação professor-aluno, vai além,
sobremaneira porque prega a criação de condições de produção de verdadeiras práticas dialógicas
da linguagem, nas quais se destacam a relação autor-texto-leitor e a expressividade da variação.

70
GRUPO TEMÁTICO 10: DISCURSIVIDADES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
COORDENADORES: João Bôsco Cabral dos SANTOS (UFU) – sjohnnyjampa@gmail.com;
Marco Antonio VILLARTA-NEDER (UFLA) – marcovillarta@yahoo.com.br

Entendendo a discursividade como uma emergência de discursos, entremeada pela produção de


sentidos, a partir da tomada de posição de instâncias-sujeito no interior de uma enunciação,
vinculada a um acontecimento, este grupo de trabalho tem por objetivo problematizar, descrever,
interpretar, relacionar e examinar a natureza enunciativa das discursividades vinculadas ao ensino
de língua portuguesa. Nessa perspectiva, apresenta-se a expectativa de reflexões teórico-
metodológicas e pragmáticas acerca de discursividades pedagógico-operacionais, genérico-textuais,
político-educacionais, gramático-linguísticas, sintático-semânticas, entre outras que evidenciem
inscrições discursivas, sentidos de uma prática político-discursiva, constituições sujeitudinais e
singularidades acerca do acontecimento em estudo. Uma perspectiva discursiva enfoca efeitos de
sentido sobre enunciações, inscrições político-ideológicas acerca da forma e do funcionamento de
uma dada produção de sentidos, além de modos de constituição de formas-sujeito, lugares sociais e
lugares discursivos de gestores educacionais, professores, alunos, leitores, scriptors, entre outras
facetas de constituição do sujeito. Discursividades sobre o ensino de língua portuguesa contemplam
sentidos produzidos em torno de políticas educacionais de ensino, metodologias, escolhas didáticas,
enfoques pedagógicos entre outras singularidades que revelam uma diversidade de práticas
discursivas. As perspectivas teóricas de Análise do Discurso com as quais o Laboratório de Estudos
Polifônicos tem realizado experimentos acadêmicos envolvem a chamada Análise do Discurso
Francesa com incursões epistemológicas na obra de Michel Pêcheux e seus seguidores; na obra de
Michel Foucault; na chamada Análise Dialógica do Discurso que aborda obras teóricas que
discorrem sobre o pensamento bakhtiniano; na Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e na
denominada Análise Crítica do Discurso, com suporte teórico na obra de Norman Fairclough.

CONSTITUIÇÃO DO LEITOR NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA


João Bôsco Cabral dos SANTOS – UFU
sjohnnyjampa@gmail.com

Compreendendo que trabalhar com a língua portuguesa no ensino fundamental é constituir um


processo de identificação de leitores e scriptors nos aprendentes, com este trabalho pretendo
construir uma reflexão sobre as bases político-linguístico-discursivas que orientam o processo de
constituição do leitor nas aulas de língua portuguesa. Começo pela instauração de uma inscrição
político-pedagógica, calcada notripé Sensibilização Comunicacional, Habilidades Integradas e
Práticas Discursivas. A Sensibilização Comunicacional parte de um trabalho de construção desse
processo de identificação, contemplando a leitura de mundo a partir de um escrutínio do
conhecimento local do aprendente. As Habilidades Integradas possuem a função de exercitar esse
processo de identificação na descoberta/exposição/relação de/entre gêneros discursivos,
constitutivos da inscrição em uma cultura de leitura, projetada em um ethos sócio-político-cultural
do aprendente. As Práticas Discursivas dizem respeito à constituição de um sujeito-leitor,
interpelado que se torna por inscrever-se em práticas de leitura, instaurando a partir do ato de ler,
uma prática social, uma escolha cultural ou um exercício de resistência política. É com base nesse
tripé que discuto a existência de uma episteme histórico-discursiva, balizadora da constituição do
leitor na aula de língua portuguesa. Tomo por premissa teórica, os fundamentos da Análise do
Discurso Francesa, mais especificamente, as reflexões realizadas em torno da obra de Michel
Pêcheux. Parto da noção de sujeito em suas facetas de forma-sujeito aluno, lugar social de
aprendente e lugar discursivo de leitor, para então, avaliar as inscrições histórico-ideológicas em
que se instaura a aula de leitura em língua portuguesa como uma enunciação e, por fim, crivar a
interdiscursividade que perpassa o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa no

71
contexto educacional regular.

AULAS DE REDAÇÃO EM PORTAL EDUCACIONAL: RELAÇÕES EXOTÓPICAS EM


DISCURSIVIDADES SOBRE O VELHO E O NOVO NO ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Marco Antonio Villarta NEDER – UFLA
marcovillarta@yahoo.com.br

Esta apresentação pretende analisar, a partir de um viés discursivo da conceitos da Análise


Dialógica do Discurso, de Mikhail Bakhtin, com os conceitos de polifonia, exotopia e excedente de
visão, e do conceito de silêncio (Villarta-Neder, 2011), as discursividades e concepções sobre
ensino de Língua Portuguesa em um Portal Educacional gratuito na Internet, especificamente em
aulas sobre Redação. O primeiro objetivo desta análise é contrapor as diferentes posições
sujeitudinais e as alteridades nas discursividades constantes das aulas, bem como os silêncios (por
ausência, excesso e não-aparição) que movimentam esses sentidos. A partir dessa discussão,
pretende-se, também, situar o lócus do ensino de Língua Portuguesa em suportes virtuais. Outro
objetivo consiste em identificar quais as representações de velho e novo, enquanto postura
tradicional e postura inovadora nessas aulas em vídeo, e as representações do lugar-outro do aluno
de Língua Portuguesa/internauta na construção do ensino de escrita e reflexão sobre a língua. Parte-
se do pressuposto de que o ensino de um língua consiste em um espaço exotópico de representações
e constituições sujeitudinais e que a essa constituição seja ou não crítico-reflexiva na medida em
que atende ou não a discursividades que se silenciam na construção dos lugares sociais, históricos,
ideológicos, culturais e institucionais. No caso do ensino de Língua Portuguesa, considera-se uma
postura tradicional um enfoque não-reflexivo e semissistemático, calcado numa tradição
mnemônica e deôntica. Em face da modificação dos suportes nos quais atualmente circulam
situações de ensino de português, cabe discutir quais vozes se opõem e se encontram nos discursos
sobre interatividade e participação do outro, característicos desses suportes.

VALORAR OU AVALIAR – POR ABERTURAS ÉTICAS NAS PRÁTICAS AVALIATIVAS


DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Ismael Ferreira ROSA – UFU
ismfero@gmail.com

Muito já se discutiu sobre a avaliação no contexto escolar, sobretudo no que concerne ao processo
de ensino-aprendizagem de línguas. Inúmeros questionamentos, críticas, perspectivas já foram
levantados. Não obstante a avaliação ser uma prática inerente ao homem as dimensões do que seja
avaliar em línguas não têm sido claras na escola. Constantemente confundida com “medidação”, a
avaliação parece estar ainda balizada pela lógica da mensuração. Mesmo que discussões tenham
sido instauradas e se tenham apontados outros caminhos a prática do avaliar persiste em ser um
procedimento numérico-quantificador. É justamente esta prática mensurativa que constituirá meu
objeto de discussão. Tenho por fito problematizar que antes da própria definição do que seja
avaliação e avaliar em língua, é preciso atentar ao avaliador, ao avaliado e ao objeto de ensino-
aprendizagem. Imperativo se faz levar em conta as concepções do que é sujeito, língua, produção de
sentidos. De nada adianta prorrogar uma postura emancipatória, participativa e (re)formadora, se a
língua, enquanto objeto de ensino-aprendizagem, é concebida como um sistema autônomo, regido
por regras e normas imanentes e inerentes a sua estrutura, cuja descrição de seu funcionamento por
meio de metatermos constitui o escopo do ensinar e aprender. É em vão postular uma avaliação em
línguas pautada na mediação contínua e interventora se o processo deste ensinar e aprender é
balizado por um viés transmissivo-passivo e extremamente metalinguístico, cujo objetivo seja o uso
correto e exímio dessa língua por um sujeito aluno que nada sabe e deve aprender a descrever o
funcionamento para então usá-la conscientemente de forma plena. Entendo ser preciso repensar a

72
noção de sujeito e língua neste processo. Para tanto, tomo as noções bakhtinianas de sujeito, língua,
ato e ética para empreender a algumas elucubrações sobre a avaliação, alvitrando aberturas éticas
neste espaço, de modo a existir um sujeito responsivo, responsável, criativo.

PRÁTICAS DE SUBJETIVAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Guilherme Figueira BORGES – UFU
fborges.guilherme@gmail.com

Vinculo-me ao pensamento do filósofo Michel Foucault (1995, 1996, 2006, 2008) para pensar o
ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa (LP) enquanto uma prática discursiva em que os
indivíduos se constituem sujeitos, instaurada por resistências, objetificações, dentre outros. Esses
sujeitos que, a um só passo, exercem poder e sobre os quais poderes são exercidos, tornan a escola
em uma instituição que se instaura enquanto tal por vontades (de poder) que movimentam forças
belicantes. Nesse trabalho, objetivo analisar os dizeres de três alunos do terceiro ano do ensino
médio a fim de desvelarmos como que eles se constituem sujeitos pela sua relação com o ensino-
aprendizagem de LP. Para tanto, pretendo estabelecer um diálogo com a rede teórica foucaultinana
(1995, 1996, 2006, 2008) no que tange, principalmente, às noções de sujeito, de discurso, de
Cuidado de Si, de governamentalidade. Posso dizer que os sujeitos-aluno, quando evocados a
enunciar sobre o por quê de aprenderem LP, revelam saberes com os quais e pelos quais poderes
são exercidos. Nesse imbricamento entre saber e poder, os sujeitos-aluno entram em jogos de
verdade naturalizados nos espaços escolares. Quando os sujeitos-aluno são evocados a escrever
sobre a sua relação com a LP, já-ditos emergem em seus dizeres revelando tensões e conflitos.
Pode-se dizer que esses sujeitos oscilam entre a vinculação a uma dominação da gramática
tradicional e a resistência a aspectos coloquiais que se encontram presentes em seus próprios dizeres
enquanto enunciadores em LP. É relevante dizer ainda que, quando os sujeitos enunciam sobre a
LP, eles enunciam também sobre a constituição de si mesmos.

POR UM ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA,


REFERENCIADA NAS PRÁTICAS ECONÔMICO-JURÍDICO-IDEOLÓGICO-POLÍTICO-
DISCURSIVAS
Gílber Martins DUARTE – UFU
gshaibabibi@gmail.com

Nesse trabalho, refletiremos um pouco sobre a luta por deslocar sujeitos-aprendizes em direção ao
conhecimento de uma língua sócio-histórica-política-ideológica-jurídica-economicamente engajada
e registrada através da escrita. Os passos fundamentais dessa luta travam-se nas concepções
teóricas, bem como na arena prática da vida, exigindo teórica e praticamente um deslocamento dos
sujeitos-aprendizes em relação à economia-ideologia-jurisdição, discursivamente dominante, em um
país capitalista como o Brasil. Abordaremos em particular a batalha que se trava em torno de:
interpelar sujeitos-aprendizes no ensino fundamental para terem a prática de desenvolver táticas
linguísticas em língua portuguesa escrita, em uma conjuntura econômico-jurídico-ideológico-
discursiva que valoriza prioritariamente a fala, a TV, asimagens virtuais, além de ter as concepções
ideologizadas e economicamente rentáveis dos Livros Didáticos como principal meio de difusão da
Língua Portuguesa escrita. Desenhamos um quadro teórico-prático para o professor de Língua
Portuguesa que se sabe sujeito-político: 1) um saber sobre o próprio papel político que está a
serviço da transformação das relações de produção ou a serviço da reprodução das relações de
produção; 2) uma leitura crítica sobre as concepções teóricas que engajam os sujeitos-aprendizes no
estudo da Língua Portuguesa; 3) uma leitura crítica do que é valorizado linguisticamente na
sociedade, desde a prioridade absoluta à oralidade até a prioridade às imagens televisivas e virtuais
rápidas, constitutivas de sujeitos acríticos ao analfabetismo funcional e cultural que serve à ordem;
4) uma leitura política dos LDs que sugerem atividades linguísticas alheias à

73
reprodução/transformação das relações de produção, seja nas opressões de classe, raça, gênero,
sexo, seja nas naturalizações ideológicas que constituem sujeitos-aprendizes assujeitados às
interpelações econômico-jurídico-ideológico-político-discursivas do mundo capitalista; 5) um olhar
sobre a gramática da Língua como táticas linguísticas para se constituir sujeito de Língua
Portuguesa, produzindo interpelações no processo, ao mesmo tempo, em que se prepara para as
contraditórias práticas econômico-jurídico-ideológico-político-discursivas que interpelam a todos.

UM OLHAR DISCURSIVO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES IMAGINÁRIAS NA


AUTOAJUDA
Gabriela Belo da SILVA – UFU
gabesigo@gmail.com

O estudo que propomos faz parte de nosso projeto de dissertação “Um Imaginário de Identificação
com a Literatura de Autoajuda”, na Universidade Federal de Uberlândia, cujo corpus é a obra Pais
Brilhantes Professores Fascinantes de Jorge Augusto Cury. Trabalhamos com esse corpus,
considerando-o enquanto uma materialidade linguística, mediadora de ideologias, que se constitui a
partir de um amálgama discursivo que é transpassado pelo interdiscurso, produzindo assim uma
significância que resultará em efeitos de sentidos. Desta feita, concebemos essa obra enquanto uma
resultante de processos e elementos sócio-históricos-ideológicos, que é dotado de uma
multiplicidade de vozes, e tivemos como intento ponderar o funcionamento discursivo da obra em
análise. Tivemos como objetivo proceder a uma pesquisa descritiva, interpretativo-analítica, em que
a unidade de recorte os enunciados operadores selecionados a partir da materialidade linguística do
opúsculo em análise foram os enunciados. Estamos entendendo materialidade linguística de acordo
com a concepção de Gadet (1997, p. 180) “entendida no sentido de sequência oral ou escrita de
dimensão variável, em geral superior à frase. Trata-se aí de um “discurso” concreto, isto é, do
objeto empírico afetado pelos esquecimentos 1 e 2, na medida mesmo em que é o lugar de sua
realização, sob a forma, coerente e subjetivamente vivida como necessária de uma dupla ilusão”.
Esses recortes nos serviram como ponto norteador para a análise sobre o funcionamento do discurso
de autoajuda, que constituiu-se enquanto descritiva porque fizemos o levantamento dos enunciados
operadores no escopo da obra, realizando o arrolamento das potencialidades interpretativas do
corpus. Interpretativo-analítica porque lançamos um olhar-leitor sobre os enunciados, tentando
evidenciar um gesto de interpretação, com uma posterior análise minuciosa dos enunciados
selecionados, relacionada aos processos de identificação e as formações imaginárias viabilizadas
pelas pela instância sujeitudinal Augusto Cury.

CONTRIBUIÇÃO DA ANÁLISE DE DISCURSOS POLÍTICO-MIDIÁTICOS PARA O ENSINO


DE LÍNGUA PORTUGUESA
Camila Fernandes BRAGA – UFU
camilafbraga@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo abordar algumas contribuições da pesquisa de mestrado intitulada
“Instâncias midiáticas – sujeitos discursivos no discurso político”, com suporte epistemológico em
Análise do Discurso de linha Francesa, para o ensino de Língua Portuguesa. Em nossa pesquisa,
explicitamos como uma instituição midiática desloca sentidos de candidaturas à Presidência da
República de forma a evidenciar processos de identificação e desidentificação com essas. Além
disso, verificamos como as instâncias enunciativas sujeitudinais (SANTOS, 2009) VEJA e ÉPOCA
se posicionam frente essas candidaturas de forma a produzir sentidos de (des)identificação em seus
leitores. Para tanto, noções como ideologia, efeitos de sentido, condições de produção e formações
discursivas são relevantes na medida em que apontam questões relevantes concernentes à língua, à
linguagem e ao discurso. Nessa perspectiva, nossa proposta é descrever a relevância de uma análise

74
discursiva de discursos político-midiáticos para a produção e interpretação de textos em Língua
Portuguesa. Considerando-se que o exercício de interpretação de textos envolve, necessariamente,
uma tomada de posição do sujeito leitor/aluno frente o discurso em questão, pretendemos
demonstrar a relevância do conhecimento das condições de produção desses enunciados, uma vez
que essas são as responsáveis pela produção de sentidos no interlocutor e, consequentemente, da
interpretação que esse fará do que foi lido. Considerando-se, em seguida, o exercício de produção
de textos, explicitaremos a relevância da tomada de posição do sujeito escritor/aluno, pois é na ação
de se posicionar frente algum acontecimento que o indivíduo se constitui sujeito ideológico e se
torna capaz de enunciar/escrever. Ao fazer esses apontamentos, pretendemos evidenciar a
relevância dos estudos discursivos na formação do caráter do sujeito aluno, uma vez que essa
formação depende de uma tomada de posição, ação que possibilita uma visão crítica sobre questões
diversas.

O DISCURSO MÍTICO DE IFÁ NO AMBIENTE SALA DE AULA – UM EXERCÍCIO DE


ANÁLISE
Juliano Araújo CARVALHO – UFU
julianocultura@hotmail.com

Este trabalho tem por base teórica a Análise do Discurso de Linha Francesa, especificamente os
postulados de Michel Pêcheux, e compreende um exercício de análise de uma dada discursividade
manifestada no ambiente sala de aula, por ocasião do trabalho de leitura e compreensão de textos,
no ensino de Língua Portuguesa. A materialidade que permite a constituição de uma outricidade
para esta análise configura-se por um recorte das interações enunciativas e de registros escritos em
atividades discentes, conduzidos por um “sujeito professor”, quando da apresentação aos alunos de
uma lenda de orixás – uma modalidade de enunciado mais popularizado em face dos Itans Ifá,
textos míticos oraculares de origem africana, dos quais nos ocupamos numa pesquisa mais ampla no
curso de mestrado do Programa da Pós-Graduação emEstudos Linguísticos – PPGEL da
Universidade Federal de Uberlândia –UFU. Diante do contato entre “sujeito professor”, “sujeitos
alunos” e o discurso mítico-religioso de raiz africana, surgem os seguintes questionamentos: Em
que condições se dá a (re) produção deste discurso no ambiente sala de aula? Que historicidade
fundamenta esse acontecimento no ambiente sala de aula? O que evoca a memória discursiva? Que
traços podem ser observados das possíveis formações discursivas presentes nessa sala de aula, nesse
processo de interação enunciativa? E, por fim, quais as relações sentidurais, pela nossa clivagem de
sujeito pesquisador, são passíveis de identificação?Sobre estas questões incumbe a este trabalho
refletir, uma vez que podem contribuir para uma mais apurada compreensão das relações entre
efeitos e sentidos produzidos a partir de tais enunciados de matriz africana.

O DISCURSO POLÍTICO PRESENTE NO LIVRO DIDÁTICO: UMA ANÁLISE PELA VIA DE


MICHEL FOUCAULT
Renato Bernardo da SILVA – UFU
renattus2@yahoo.com.br

A presente Comunicação pretende demonstrar que os Discursos, em especial, o de ordem política,


produzidos por intermédio dos textos presentes nos livros didáticos, disponibilizados pelos órgãos
de Estado (Municipal, Estadual e no âmbito Federal) aos alunos de ensino médio, na disciplina
Língua Portuguesa, são confeccionados respeitando a um regime de Procedimentos. Tais
Procedimentos são definidos e fundamentados pela ótica dos estudos em Michel Foucault, mais
precisamente, pelo livro intitulado “A ordem do discurso” (1970). Segundo o autor, o surgimento
discursivo é delineado por manobras, combinações, organizações e funcionamentos, determinado
por Procedimentos, com intuito de conjurar poderes e perigos, dominar o conhecimento aleatório e
esquivar a pesada materialidade. Dentre inúmeros, o Procedimento de Interdição, sobre o qual

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recairá nosso trabalho e funcionará como método, congrega: (i) Tabu do objeto; (ii) Ritual da
circunstância; (iii) Direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala, elementos privativos que
em diversos momentos, ora se cruzam, ora se reforçam, ora se compensam no formato de uma rede
que processa constantemente mutações. Partindo dessa configuração, os Discursos constituídos pelo
viés político vinculados ao livro didático não propagam tão somente informações de valor
descritivo ou meramente reproduzem dados da vida empírica, revelam uma faceta ardilosa capaz de
reunir em sua natureza aspectos sociais e elementos relativos e norteados pelo poder. Desse modo,
as leis para produzir Discursos determinam previamente que sua propagação não poderá ser
efetuada em qualquer espaço, não será permitido enunciar de forma completa sobre um determinado
assunto e, por fim, o direito de dizer sobre um assunto que apetece será cerceado.

O ÓDIO À LÍNGUA PORTUGUESA NA INTERNET: REPRESENTAÇÕES E ENSINO DE


LÍNGUA MATERNA
Eliana Maria Severino Donaio RUIZ - UNINCOR / USF
elianaruiz@terra.com.br

Este trabalho tem por objetivo analisar, da perspectiva francesa de Análise do Discurso, com
incursões epistemológicas na obra de Michel Pêcheux e de seus seguidores e na de Michel Foucault,
as representações de língua portuguesa que emergem do texto de perfil, da foto e de comentários de
sujeitos integrantes da comunidade virtual Eu odeio a língua portuguesa!!, do site de
relacionamentos Orkut. Considerando que a perspectiva discursiva enfoca efeitos de sentido sobre
enunciações e modos de constituição de formas-sujeito, parece-nos possível tecer gestos de
interpretação que nos indiciem acerca dos lugares discursivos ocupados por tais sujeitos e seus
respectivos pares. A análise revela que o espaço social ocupado por esse grupo circunscreve-se à
escola e seus atores mais imediatos, os alunos e os professores. Comprova-se a hipótese de que a
gramática normativa corresponde ao imaginário desses sujeitos acerca da Língua Portuguesa, tendo
em vista seu espaço privilegiado enquanto conteúdo disciplinar escolar, o que leva os sujeitos
integrantes dessa comunidade a considerá-la uma língua difícil e instrumento de segregação social.
A análise revela, ainda, que a discursividade da referida comunidade, tendo em vista a tomada de
posição das instâncias-sujeito no interior da enunciação “fórum” nela proposto, incide sobre o
ensino de língua portuguesa, contemplando, pois, sentidos produzidos em torno da política
educacional de ensino de língua materna, suas metodologias, escolhas didáticas e enfoques
pedagógicos, permitindo-nos problematizá-los.

ENTRE ORGANIZAÇÃO E ORDEM DA LÍNGUA: UMA INVESTIGAÇÃO DISCURSIVA


SOBRE A ABORDAGEM DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS EM LIVRO
DIDÁTICO DE ENSINO MÉDIO
Aline Danielly Leal da SILVA – UFCG
alineletrasliu@gmail.com

Esse trabalho parte do pressuposto de que o livro didático de língua portuguesa (LDLP) constitui-se
como um instrumento linguístico (AUROUX, 2009 [1992]), uma vez que ele, além de promover
descrições de linguagem e estudos metalinguísticos, constitui-se como meio de interagir
socialmente, modificando as práticas linguísticas humanas. Desse modo, o objetivo principal é
investigar em que formações discursivas (FDs) estão inscritas as concepções de língua e de
gramática predominantes em umlivro didático do ensino médio – “Textos: leituras e escritas” de
autoria de Ulisses Infante (volume único), tendo como critério de discussão a abordagem das
orações subordinadas adjetivas, consideradas como termos estruturadores da frase. Para tanto,
inicialmente, analisamos o manual do professor, em que estão materializados os fundamentos
teórico-metodológicos propostos pelo livro, e, em seguida, investigamos, com base nos conceitos de
ordem e organização (ORLANDI, 1996; 2009), a seção “Gramática aplicada aos textos”, em que

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são abordadas as orações em estudo. Como aporte teórico-metodológico, adotamos os pressupostos
da Análise de Discurso de linha francesa, dialogando com os estudos de Pêcheux (1990; 2010
[1988]); Gadet e Pêcheux (2004); Orlandi (1996; 2009); Indursky (2010). Resultados parciais
indicam um conflito entre a FD da linguística da enunciação e a FD da gramática tradicional, com a
predominância desta última. Esse fato contribui para a construção do imaginário de unicidade de
língua, presente na predominância da abordagem didática sobre a organização em detrimento da
ordem, o que evidencia a não consideração da língua em sua materialidade simbólica.

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS NA ARGENTINA: A


CONFIGURAÇÃO DE UM ESPAÇO DE ENUNCIAÇÃO TRANSNACIONAL
Angela Corrêa Ferreira BAALBAKi – UERJ
angelabaalbaki@hotmail.com

O presente trabalho tem como objetivo analisar alguns aspectos da formação de professores de
português como língua estrangeira em dois textos oficiais argentinos – a lei 26.468, de 16 de janeiro
de 2009, e o documento "Proyecto de mejora para la formación inicial de profesores para el nivel
secundário”, produzido pelo Ministério da Educação da Argentina, que aborda questões relativas à
formação inicial de docentes de línguas estrangeiras. Nossa análise fundamenta-se teoricamente nos
conceitos advindos da Análise do Discurso definida por Michel Pêcheux, na França e,
posteriormente, desenvolvida por Eni Orlandi, no Brasil. Além das contribuições dos trabalhos
desenvolvidos no campo da História das Ideias Linguísticas no Brasil. Mobilizamos, sobretudo, os
conceitos de língua transnacional (Zóppi-Fontana, 2009), acontecimento institucional (Guimarães,
2004), espaços de enunciação (Guimarães, 2004), espaços de enunciação ampliados (Zóppi-
Fontana, 2009), e as formulações sobre as políticas linguísticas (Orlandi, 2007). Vale destacar que
da posição teórica que assumimos a política linguística não está fora deuma determinada maneira de
dividir a sociedade, em atribuir formas de falar para grupos sociais distintos. Em relação aos
procedimentos metodológicos, recortamos sequências discursivas não só da referida lei argentina,
como também da introdução e das metas do documento dedicado à formação de professores daquele
país. Com a análise destes recortes, buscou-se responder uma questão: quais são as funções
simbólicas que ocupa o PB nos cursos de formação de professores em um espaço político de
enunciação? Em linhas gerais, por meio da análise da materialidade discursiva, podemos dizer que
as disciplinas curriculares oferecidas funcionam também como instrumentos de gramaticalização
(Auroux, 1992) da língua portuguesa – caracterizada duplamente como língua oficial do Brasil e
como língua estrangeira – dentro de um espaço de enunciação transnacional (Zóppi-Fontana, 2009).

O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRAPONTO ENTRE O DISCURSO


DA MÍDIA E OS PCN
Márcia Fonseca de AMORIM – UFLA
marciaamorim@dch.ufla.br

O ensino da Língua Portuguesa tem recebido, nas últimas décadas, contribuições significativas dos
estudos linguísticos. Essas contribuições, contudo, são frequentemente alvo de críticas de
normativistas e/ou defensores de uma proposta de ensino calcada na tradição gramatical. O ensino
da língua é constantemente confundido com a prescrição de normas gramaticais, e o que não
corresponde a essa prescrição é considerado “erro”. Para os defensores dessa perspectiva teórica,
não ensinar as regras gramaticais tais como são prescritas pela gramática normativa pode
comprometer o futuro da língua portuguesa. Recentemente, foram veiculados em telejornais, jornais
impressos, revistas de circulação nacional, reportagens e artigos com acusações aos autores do livro
Por uma vida melhor, da ONG Ação Educativa, que, segundo a mídia, defende os “erros de
concordância” no ensino da língua portuguesa; e ao MEC, por aprovar um livro que “ensina a falar

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e a escrever errado”. A crítica se estende aos linguistas que passaram a ser tratados pela mídia como
defensores do “falar errado”. Essa postura dos meios de comunicação não condiz com os estudos
linguísticos de cunho sociocognitivista e sociointeracionista que tratam a língua como um fato
social. Tendo em vista o conflito instaurado em torno do livro didático de Língua Portuguesa e
partindo do pressuposto de que a constituição de um discurso envolve não apenas os enunciadores,
mas a condição de produção, os outros dizeres com os quais inter-relaciona, o modo como esse
discurso é disseminado numa dada sociedade, a ideologia evocada e/ou propagada por ele, o
presente estudo propõe estabelecer um contraponto entre o discurso veiculado na mídia e a proposta
de estudo dos PCN de Língua Portuguesa, com base na perspectiva teórica da Análise do Discurso
de linha Francesa.

UM ENSINO DE SUCESSO SEGUNDO OS DISCURSOS DA REVISTA VEJA


Rita Maria Fonseca Matos CHAGAS – UPM
ritachagas70@yahoo.com.br
Bolsa Mérito Mack-Pesquisa

Esta comunicação faz parte de um trabalho maior: minha Tese de Doutorado defendida em 2010,
quando apresentei uma análise linguístico-discursiva de um corpus composto por 23 reportagens da
Revista Veja,setor Educação, referentes ao ano de 2007. Neste trabalho, apresento uma reflexão em
torno da reportagem (edição n. 1995 de 14 de fevereiro de 2007) intitulada: “Escola pública, gestão
particular: umaparceria que melhorou o ensino público em 190 cidades brasileiras”. Analisam-se as
estratégias linguístico-discursivas utilizadas pelos enunciadores com vista a demonstrar os
desdobramentos éticos e políticos que advêm da forma mediante a qual os atores sociais da
Educação são representados pela referida revista. Assume-se a hipótese de que os enunciadores
utilizam o discurso tecnicista e o discurso neoliberal como base para solução dos problemas
educacionais. Escolhe-se, como aparato teórico-metodológico, o paradigma qualitativo
interpretativista, conforme discutem Moita Lopes (1994), Cavalcanti (1996), dentre outros.
Emprega-se, como fundamentação teórica para as análises, os pressupostos da Análise do Discurso
Crítica (ADC) segundo as contribuições de Fairclough (1997, 2001a, 2011b), Van Leeuwen (1997),
os pressupostos da Linguística Sistêmico-Funcional são apresentados de acordo com Halliday
(2004); as contribuições da Linguística Funcionalista conforme os estudos de Neves (2000); noções
sobre ideologia são apresentadas segundo aponta Thompson (1996) e as noções de poder são
problematizadas de acordo com os estudos de Foucault (2000). Os resultados das análises indicaram
que a escola, os alunos e os professores ideais de Veja são aqueles que se enquadram nos moldes
tecnicistas e nos moldes neoliberais, perspectivas que se complementam e transitam sobre o mesmo
chão epistemológico da eficiência, do controle e da razão advindos do paradigma positivista. De
modo geral os atores sociais da educação (sistema, professores e alunos) foram representados como
objetos e como fins em si mesmos para se adequarem a um projeto maior: abastecer o mercado.

EDUCAÇÃO: O DISCURSO QUE NÃO PARA NO TEMPO


Valdoméria Neves de Moraes MORGADO – UFG
valdomeria.morgado@ifgoiano.edu.br

Neste trabalho, discutimos as relações discursivas que constituem enunciados de documentos


históricos do Estado de Goiás e de textos midiáticos que abordam a imagem do professor do ensino
público no Brasil. Nesse horizonte, um problema nos parece peculiar: trata-se de pensar nas práticas
sociais da repetição constante da ineficiência da ação pedagógica dos professores. Ou seja, a
emergência desse discurso tem provocado, e por muito tempo, a multiplicação de outros discursos
que anulam, em muitos casos, o papel do professor, e mais que isso, apaga-se os responsáveis, de
fato, pelo (in)sucesso da educação brasileira. Para a análise, fizemos um recorte temporal a partir
de 1799, sem estabelecer uma ordem cronológica específica, mas para selecionar discursos que, na

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dispersão histórica dos acontecimentos e dos sujeitos, fosse possível perceber as regularidades que
atravessam esses dizeres. Poressa razão, tomamos, em Michel Foucault, as noções de documento e
monumento, em Arqueologia do Saber, e as relações de poder que incide o verdadeiro que emana
dessa relação, basicamente em Microfísica do poder. Assim, objetivamos verificar como os
discursos sobre o professor, que é visto como despreparado para assumir a sala de aula, são
construídos e de como se dá o funcionamento da redede verdades a partir do exercício do poder.
Nesse aspecto, observamos que mesmo que os discursos se pareçam idênticos, trazem, em cada
circunstância de aparição, novos sujeitos, novos objetos que fazem com que, a cada novo contexto,
tais discursos também sejam considerados novos e verdadeiros.

GRUPO TEMÁTICO 11: DO TEXTO DE APOIO À PRODUÇÃO TEXTUAL: A


CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO TEXTO ESCOLAR.
COORDENADORAS: Ana Cristina Salviato SILVA (UNIFAE) – anasalviato@uol.com.br;
Sandra Salviato TERRA (UNISEB COC – Polo SRV) – prof.sandraterra@gmail.com

A proposta deste GT é discutir a produção do texto escolar considerando todo o processo da escrita.
O percurso de elaboração textual inicia-se na leitura e interpretação dos textos de apoio, na
bagagem intrínseca do aluno e, finalmente, no momento em que se redige o texto, em que se
materializa o pensamento elaborado. Observa-se que nas salas de aula, em especial no Ensino
Médio, a atividade de redação é sempre acompanhada por um trabalho significativo com textos que
abordam variados temas, sobretudo aqueles que se colocam essenciais para a vida da sociedade, tais
como saúde, meio ambiente, política, drogas, violência, entre outros. Verifica-se que, apesar de sua
importância social, o uso dos textos de apoio, em muitos casos, condiciona à construção de um
texto engessado no qual o aluno, preocupado com o politicamente correto, constrói seu raciocínio
de modo limitado por valores sociais que nem sempre fazem parte da sua realidade ativa. Os textos,
que deveriam ser utilizados como apoio ao raciocínio e reflexão individuais, podem levar o aluno à
produção de paráfrases, baseadas em opiniões já cristalizadas pelo meio social. Dessa forma,
questiona-se: o processo de produção textual na escola vem sendo utilizado como instrumento de
formação de um indivíduo que se sente inserido e capaz de olhar a sociedade de forma crítica,
avaliando-a e contribuindo para sua transformação por meio do material linguístico-literário? O GT
proposto está aberto a qualquer linha teórica que se proponha a discutir o processo de produção do
texto, levando em conta elementos textuais discursivos, argumentativos, gramaticais ou literários.

A ATIVIDADE PARAFRÁSTICA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DO


TEXTO EM CONTEXTO ESCOLAR
Cássia Regina Coutinho SOSSOLOTE – UNESP
sosso@fclar.unesp.br

Há unanimidade na comunidade linguística que se mostra nos documentos oficiais que instruem a
prática do professor de Língua Portuguesa de que se deve simular situações para a produção de
textos em contexto escolar sem perder de vista princípios oriundos de Teorias Enunciativas que
permitam aos alunos, no processo de atribuição de sentidos ao texto, considerar a situação em que o
texto foi produzido, a intenção de significação que presidiu a sua construção bem como a
identificação dos enunciadores implicados em sua construção. A experiência a divulgar diz respeito
a trabalho realizado com graduandos de Letras que cursaram Prática de Ensino de Grego e Latim.
Tendo selecionado as fábulas de Esopo como objeto desta disciplina, focalizamos, inicialmente, a
estrutura da fábula composta de discurso narrativo, discurso metalingüístico e discurso moral
(LIMA, 1964). Os efeitos de sentido produzidos pelo discurso metalingüístico que se materializa na
fábula por meio de expressões como “A fábula mostra que [...]”, por exemplo, leva o leitor a
acreditar que na narrativa um sentido foi construído, retomado, por sua vez, na moralidade. Partindo
deste princípio, problematizado em momento posterior, solicitamos que a intenção de significação
construída no discurso narrativo fosse reconhecida pelo aluno sem o recurso a moralidade.Na

79
comparação entre os sentidos reconhecidos pelos alunos pôde-se constatar que o discurso narrativo
é polissêmico, uma vez que foram construídas diferentes relações sinônimicas entre um discurso e
outro. Consideramos que esta atividade parafrástica permitiu, posteriormente, demonstrar como “o
fabulista" ou os compiladores da fábula buscaram controlar a polissemia do discurso moral,
atribuindo ao discurso narrativo um único sentido na moralidade, fato que denota a situação
enunciativa em que a fábula foi produzida, o sentido intencionado, e os co-enunciadores, que ficam
mais visíveis quando se compara diferentes fábulas de “Esopo”.

A INTENÇÃO DO SUJEITO ENUNCIADOR PRESENTE NAS MARCAS DO DISCURSO


MODALIZADO – UMA SONDAGEM NAS RELAÇÕES LÉXICO-GRAMATICAIS
Gloria Edini Dos Santos GALLI – UFSCAR
gloria.galli@gmail.com

Este trabalho fundamenta-se em redações escolares, com alunos do Ensino Fundamental II, 2º
ciclo e propõe uma investigação com olhar sobre os mecanismos enunciativos presentes nestes
textos. Este estudo ancora-se, mais especialmente, na teoria das operações predicativas de Antoine
Culioli, que se fundamenta pelas operações de representação mental, referenciação e regulação,
responsáveis por sustentar a atividade de linguagem - a inserção do sujeito, mais precisamente, das
intenções do sujeito na composição dos enunciados. O corpus da pesquisa foi constituído por
narrativas. Dentre as questões observadas neste tipo de texto, tomou-se uma para análise - o
momento em que o aluno (sujeito enunciador) rompe com aquele plano enunciativo e generaliza o
discurso, trazendo para o texto, suas características físico-sócio-culturais, seu conhecimento de
mundo. Busca-se, pois, as marcas linguísticas, expressões modalizadoras, que traduzem essa
generalização/ singularização, ou seja, o momento em que ‘emerge’ esse sujeito crítico – uma
situação, que pode ser vista como um ‘erro’, mas na visão da teoria em que o trabalho se ancora,
essa desconectividade, é vista como uma situação de ‘ganho’, ou seja, a instauração de diferentes
planos, embora esse processo não esteja ainda bem construído pelo aluno. Ele está, pois, na
iminência de uma construção desejável. É preciso que o professor ofereça um trabalho a partir
dessas marcas linguísticas identificadas que, ao invés de submetê-lo a um quadro metodológico que
vai inibir sua ação participativa, possa ajudá-lo a expressar-se com criatividade, auxiliando-o a
aumentar sua capacidade discursiva. Propõe-se, a partir das análises feitas, criar um referencial
teórico que explique as diversas modalizações ocorridas pelas operações predicativas.

A INTERDISCURSIVIDADE EM REDAÇÕES DE ALUNOS SOB O PONTO DE VISTA DA


SEMIÓTICA
Márcia Andrade MORAIS – UFRJ
marcialatim@hotmail.com

O presente trabalho busca investigar a presença de outras vozes nas redações de alunos do ensino
médio, buscando perceber os discursos que perpassam tanto os textos de apoio como os textos dos
alunos. Partindo da perspectiva da teoria semiótica de linha francesa, busca-se traçar um caminho
de significação dos textos, tendo em vista o modo como o texto diz o que diz, analisando o nível
discursivo da etapa do percurso gerativo de sentido, principalmente a semântica discursiva,
verificando os procedimentos discursivos e as estratégias utilizadas para construir uma orientação
argumentativa nos textos, considerando, sobretudo, os efeitos de sentido causados em determinada
escolha discursiva. Tendo como base para análise a teoria semiótica greimasiana, compreendem-se
também as importantes contribuições de Bakhtin a respeito do discurso dialógico, que pressupõe a
existência de duas vozes, demarcadas ou não, em todo o enunciado, para o exame da
heterogeneidade nos textos, constituindo os vários discursos que denotam determinados valores e
ideologias. Para tanto, recolheu-se um corpus composto de redações de alunos do ensino médio,

80
escritas sob a tipologia predominantemente argumentativa. Nesse corpus, verificam-se os temas e
figuras que perfazem os percursos temáticos e figurativos dos textos dos alunos e que são comuns
aos textos de apoio disponibilizados na composição do enunciado da proposta de redação. Assim,
discute-se a respeito das questões de originalidade e criatividade na abordagem do tema pelos
alunos, a exploração de um senso comum, refletindo também sobre a pouca variedade de pontos de
vista inscritos nos textos de apoio que oferecem suporte para o desenvolvimento de um texto
autônomo dos discentes.

FORMAS DE CITAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E EM TEXTOS


JORNALÍSTICOS
Duane VALENTIM – UFSCAR
superduane@hotmail.com

Este trabalho aborda questões de ensino/aprendizagem de língua sob a ótica enunciativa e investiga
os mecanismos de instauração discursiva, quer seja, as formas de citação discursiva, tais como, os
discursos direto, indireto e indireto livre. Essas três formas de citação, se observadas em textos
jornalísticos e em textos literários, comportam-se de maneira diferente daquele preconizado pelas
gramáticas e materiais didáticos e, então, vislumbrado nas produções de textos escolares. Enquanto
nesses últimos focalizam-se as regras de pontuação ou as regras de transposição do discurso direto
ao discurso indireto, nos demais contextos - entre os quais selecionamos o meio jornalístico e o
meio literário - é possível observar a quebra de regras pela imbricação dessas formas de citação, o
que gera variados sentidos. Julgando que essa imbricação de formas discursivas, nem sempre
condizente com as normas linguísticas, possa tratar-se de uma estratégia linguística interessante que
põe em relação a subjetividade e a objetividade ou a aproximação e o distanciamento entre
interlocutores, consideramos pertinente repensar o modo como o discurso direto, o discurso indireto
e o discurso indireto livre são abordados e avaliados no ensino de língua, em especial, no processo
de produção de texto, uma vez que o objetivo do ensino de língua é desenvolver a capacidade
discursiva dos alunos. Como suporte deste trabalho, nos apoiamos na Teoria das Operações
Predicativas e Enunciativas, referencial teórico que tem Antoine Culioli como fundador e pela qual
pretendemos mostrar a pertinência de se abordar no ensino, a articulação entre a produção textual e
as formas de citação discursivas.

SITUAÇÕES DE ESCRITA NA FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA


DE REESCRITA DE CONTO COM CRIANÇAS DE SEIS ANOS
Ana Cláudia Santos NICOLAU – CEFV
iana@vila.com.br

Formar o leitor literário é um objetivo do ensino de Língua Portuguesa desde o início da


escolaridade. No intuito de alcançar esse propósito, os encaminhamentos em sala de aula estão
comumente vinculados à leitura de contos e poemas, bem como a posteriores debates ou
comentários sobre as obras. O objetivo desse trabalho é evidenciar o quanto essa formação pode ser
potencializada quando não permanece restrita apenas a situações de leitura, mas também seja foco
de análise e intervenções em situações de escrita. Para tanto, conta com a análise de um projeto de
reescrita do conto clássico Chapeuzinho Vermelho em uma classe de 1º ano do Ensino
Fundamental. Sob a ótica de uma concepção construtivista de ensino, buscou-se validar propostas,
encaminhamentos e intervenções que, potencialmente, possam contribuir para uma formação do
leitor iniciante de literatura mais amplo. A hipótese inicial era que, ao analisar versões diferentes do
mesmo conto em situações de leitura compartilhada – e, posteriormente, voltar a essas observações
no momento de textualização e revisão da reescrita, as crianças pudessem chegar a interpretações
mais aprofundadas sobre os contos de fada. No decorrer de um projeto, as crianças atuaram como

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usuárias de todos os âmbitos das práticas de linguagem, por meio de leitura analítica de versões da
narrativa, planejamento, textualização em pequenos grupos e em duplas, revisão e edição de suas
reescritas. Os resultados obtidos após a análise evidenciam o quanto é possível propor análises
literárias mais refinadas a crianças de apenas seis anos de idade, bem como proporcionou a
percepção do quanto leitura e escrita se complementam ao longo do projeto, com eficazes entradas
nas quais os alunos são convidados a compreender, extrair significados, comparar, relacionar,
refletir – e, dessa forma, aproximando-se com mais consistência de se tornarem usuários
competentes da Língua Portuguesa.

A PRODUÇÃO DO TEXTO DE OPINIÃO NO CONTEXTO ESCOLAR


Sandra Salviato TERRA – UNISEB
rsterra@uol.com.br

O presente trabalho realiza uma análise comparativa de textos escolares na modalidade dissertativa,
produzidos por alunos do Ensino Médio, especificamente, na rede particular de ensino. Os textos
que compõem o corpus de análise permitem a percepção de diversos processos geradores de
sentido, bem como os elementos de progressão textual que qualificam um texto como bem sucedido
(elementos de coesão, coerência, recursos de estilo, proposições, induções, deduções, citações, entre
outros recursos de escrita). Nesse processo de escrita, em que o sentido passa a ser gerado mediante
o encadeamento de ideias, observam-se os elementos que permitem ao emissor efetuar a criação de
um texto opinativo que, estruturalmente, diferencie-se do processo comum de paráfrase dos textos
de apoio ou de base, frequentes nas propostas de elaboração textual de âmbito escolar. Também são
analisadas as relações de inferência e referência que se processam no ato de escrita e que permitem
ao autor tornar seu texto uma produção pessoal, distanciando-o, efetivamente, da colagem de ideias.
Observa-se, porém, que o processo reflexivo-opinativo que se espera do produtor textual nessa
etapa escolar é tendencioso à paráfrase dos textos de apoio e pode ser, frequentemente,
desvinculado do processo de reflexão autônoma, necessário para o fortalecimento de uma mente
criativa e de construção de um indivíduo que possa ser atuante na sociedade por meio da
modalidade de comunicação escrita. Portanto, é necessário que os professores favoreçam por meio
de métodos e direcionamentos a forma de elaboração do texto escrito escolar, incentivando a
autonomia e reflexão.

A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO EM TEXTOS PUBLICADOS NA REVISTA VEJA, UMA


PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
Reginaldo Lima SILVA – UNIRG
reginaldolimasilva-@hotmail.com

Este trabalho tem por finalidade analisar a construção do sentido em textos publicados na revista
Veja, os fatores envolvidos em sua produção e recepção, destacando os princípios da Textualidade,
com ênfase ao aspecto da intertextualidade, conteúdo e/ou forma, como mecanismo linguístico
responsável pelo efeito de sentido evidenciado nos textos, uma perspectiva da Linguística Textual.
Nesse sentido, esse estudo desenvolve-se de acordo com o postulado dialógico de Bakhtin (1929),
de que um texto (enunciado) não existe nem pode ser avaliado e/ou compreendido isoladamente: ele
está sempre em diálogo com outros textos, revelando uma relação radical de seu interior com seu
exterior, ou seja, não podemos construir um texto sem nos ligarmos a outros textos previamente
enunciados. É demonstrada também, a situação em que os textos foram produzidos (contexto
histórico). Portanto, o corpus de análise dessa pesquisa constada propaganda “Ford planeta
sustentável” e publicidade “Botas Timberland”, publicadas no período de 2010/2011, que dialogam
com textos de Mario Mariotti “Arte nas mãos” e outros bíblicos. Desse modo, esse trabalho visa
contribuir para o reconhecimento da intertextualidade, mostrando que seu processo de compreensão
depende do conhecimento de outros textos pré-existentes por parte dos interlocutores, sendo de
suma importância para o estabelecimento dos tipos e gêneros de texto na medida em que os

82
relaciona e os distingue, além de colaborar para a coerência textual. Dessa forma, o tema da
intertextualidade, abordado nos termos de um diálogo é imprescindível porque ao mesmo tempo em
que explica as diferenças, revela as semelhanças de pontos vista, constituindo-se um caminho para a
interpretação.

A PRODUÇÃO DE TEXTO NO ENSINO DE LÍNGUA: PROCESSOS DE LEITURA


Marilia Blundi ONOFRE – UFSCAR
blundi@uol.com.br

A discussão proposta acerca do exercício de produção e interpretação de texto no ensino de língua


assenta-se sobre os seguintes pontos: i. o que se pretende alcançar com esse exercício, e, ii. qual
prática adotar para cumprir tal objetivo. Tais questões, presentes nos documentos responsáveis pelas
diretrizes do ensino, referem-se, respectivamente, ao desenvolvimento da competência discursiva
do aluno e às práticas que levam o aluno a refletir sobre a produção textual. Assume-se, assim, uma
perspectiva dialógica no ensino, o que significa conceber a linguagem como meio de interação e a
língua como a materialização discursiva. É preciso considerar, no entanto, que, sob essa
perspectiva, inscrevem-se diferentes abordagens linguísticas que podem servir de referenciais para o
ensino. Observa-se que o trabalho com a produção textual na escola faz-se sob várias óticas
discursivas e dentre elas pretendemos por em discussão, e em oposição, de um lado, aquelas que
consideram o texto enquanto processo gerador da significação, e, de outro, aquelas que consideram
o texto enquanto produto que traduz uma dada estabilidade sociodiscursiva. Defendendo a primeira
posição, apoiamo-nos no quadro enunciativo proposto por Antoine Culioli a partir do qual
ressaltamos a relevância de se abordar, no ensino, processos criativos pelos quais os alunos se
constituem como sujeitos. Nesse contexto, observaremos, na produção textual de alunos,
ocorrências linguísticas pelas quais podemos deflagrar o exercício linguístico-cognitivo do sujeito
enunciador na constituição de um dizer. Trata-se da leitura que o aluno/sujeito enunciador
estabelece com noções semântico-discursivas preconstruídas, sempre presente como ponto de
referência para a produção textual, seja de modo implícito seja explícito , quando em presença de
um texto de apoio. Tais ocorrências, instaladas na fronteira entre construções linguísticas mais ou
menos adequadas, traduzem a emergência de processos linguístico-cognitivos, e dessa forma
caracterizam-se como dados a serem explorados no ensino.

ENTRE A INFRINGÊNCIA POR ERRO E POR PROJETO: UM ESTUDO SOBRE A MARCA


"PRÓXIMA"
Stéfano Grizzo ONOFRE – UFSCAR
tefo42@hotmail.com

A Teoria das Operações Predicativas e enunciativas de Antoine Culioli teoriza a atividade de


produção de significação deflagrada pelo agenciamento das marcas linguísticas. Nesse contexto, a
produção e o reconhecimento de textos são resultado de um trabalho do sujeito enunciador. Desse
modo, a enunciação é uma atividade ininterrupta, pois o sujeito enunciador deve equilibrar-se a todo
o momento diante de si próprio e do outro. Essa espessura dialógica revela a indeterminação das
marcas linguísticas; ou melhor, revela que a determinação é um ponto provisório sempre sujeito a
revisão e a reformulação. A tese de indeterminação da linguagem faz com que polarizações
clássicas como denotação e conotação, língua e linguagem, errado e certo se tornem insustentáveis.
Tal orientação teórica leva-nos a questionar se uma ocorrência linguística do termo “próxima”, em
contexto de deslocamento enunciativo, pode apenas ser relacionada ao eixo enunciativo, e, se em
ocorrências em que o termo “próxima” aparece no eixo enuncivo, ela é uma ocorrência que

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transgride regras de boa formação do enunciado, revelando, portanto, um sujeito enunciador não
criativo, o qual desconhece o uso correto dos mecanismo enunciativos. O estabelecimento dessa
distinção precisa entre o uso “correto” e o uso “deslocado” de uma marca linguística é sugerido por
Fiorin. A recuperação dessa discussão de Fiorin levanta problemas do ponto de vista da Teoria das
Operações Predicativas e Enunciativas, qual seja, a impossibilidade de colocar etiquetas de usos
aceitáveis e inaceitáveis quando se considera a dinamicidade dos processos de predicação.
Acreditamos que repensar deslocamentos enunciativos sob a perspectiva da enunciação culioliana
apontam caminhos para uma nova contextualização do modo de se compreender esse fenômeno no
ensino/aprendizagem de produção e interpretação de textos.

MARCAS COESIVAS E SUAS NUANCES DISCURSIVAS


Eliane Cristina Lopes MARCHETTI – UFSCAR
elianeclm@hotmail.com
(Apoio CAPES)

O objetivo deste trabalho é pesquisar como se dá a coesão, mais especificamente o processo


tradicionalmente conhecido como referenciação, em textos de alunos do terceiro ano do Ensino
Fundamental e proporcionar atividades que possam ajudá-los a refletir sobre as diversas
possibilidades de uso dos recursos coesivos. O trabalho está sendo pautado na Teoria Predicativa
Enunciativa de Antoine Culioli (1990) que trabalha com a articulação entre linguagem e línguas
naturais. Busca-se também estabelecer pontos de encontro com a teoria construtivista desenvolvida
por Jean Piaget. A pesquisa está sendo desenvolvida com alunos do terceiro ano do Ensino
Fundamental. Para o corpus, coletamos, aproximadamente, cem narrativas produzidas pelos alunos.
A partir do embasamento teórico fornecido pelas leituras e discussões realizadas, estamos
analisando como os alunos constroem seus textos e fazem uso dos recursos coesivos em reescritas
de narrativas e propondo, paralelamente, um trabalho de reflexão por meio de atividades
parafrásticas e epilinguísticas. Por último, serão relatados os resultados obtidos ao longo do
trabalho. Trabalhamos com a hipótese de que a coesão vista apenas como um recurso de
“substituição”, para evitar repetições, não garante ao aluno a compreensão sobre os aspectos
discursivos e qualitativos de seus textos. Pelo que desenvolvemos até o momento, percebemos que
as leituras realizadas tem enriquecido nossa compreensão sobre o assunto e que já é possível
constatar que as produções recentes dos alunos, após o trabalho que se propôs realizar com os
mesmos, mostram diferenças qualitativas quanto ao aspecto trabalhado.

O PAPEL DAS PARCERIAS NA PRODUÇÃO TEXTUAL: AS DIFERENTES REFLEXÕES


COLOCADAS EM JOGO NA SALA DE AULA
Miruna Kayano GENOINO – CEFV

O trabalho que aqui se apresenta, fruto da monografia de finalização do curso de Pós-Graduação


latu-sensu teve como objetivo principal analisar as discussões mantidas por alunos do Ensino
Fundamental I durante uma situação de produção textual, buscando identificar como as diferentes
trocas verbais mantidas entre dois alunos que ainda enfrentam diferentes desafios ao reescrever um
texto conhecido podem favorecer a aprendizagem em língua portuguesa. Esta situação foi analisada
sob a luz da concepção construtivista de ensino e aprendizagem, tendo também como referência a
teoria dos gêneros discursivos e a teoria Vygotskiana de aprendizagem. Este marco teórico esteve
acompanhado da metodologia de observação prática da situação acima mencionada. A hipótese
principal do trabalho centrava-se na importância para a aprendizagem da leitura e da escrita, das
conversas, discussões e trocas mantidas entre os alunos durante a reescrita de um texto, ou seja, de
como a possibilidade de produzir um texto de forma compartilhada não oferece apenas uma ajuda
para conseguir realizar a tarefa, mas também constitui-se como uma potente situação na qual
diferentes aprendizagens são colocadas em jogo. Os resultados obtidos na pesquisa permitiram

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identificar que as discussões dos alunos são extremamente ricas e complexas e podem ser
categorizadas de maneira a orientar a análise dos benefícios deste tipo de situação para a
aprendizagem dos alunos. Os alunos mostraram que ao produzir em parceria tinham o desafio de
discutir com seus colega aspectos discursivos e notacionais do texto, situação que permitia que
diferentes conteúdos da língua fossem analisados pelos produtores de texto no momento de
tomarem as decisões inerentes a uma situação de produção escrita.

O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NOS TEXTOS DIDÁTICOS


Ana Cristina Salviato SILVA – UNIFAE
anasalviato@uol.com.br

O trabalho ora proposto resulta de reflexões desenvolvidas ao longo de nossa trajetória acadêmica e,
mais recentemente, profissional. Trata-se da observação do trabalho docente e na recepção discente
acerca da construção do sentido no processo de escrita. Mais especificamente, a partir do tema
“Noções de Sustentabilidade”, serão analisados os textos didáticos que, de alguma forma propõem
reflexões a respeito do conceito de desenvolvimento sustentável. Para isso, a pesquisa utilizará o
conceito de noção proposto pela Teoria das operações predicativas e enunciativas, de Antoine
Culioli. O linguista concebe a linguagem como uma atividade de produção de significação
desenvolvida por interlocutores em interação, a qual manifesta-se por meio da língua. A Teoria das
Operações Predicativas e Enunciativas propõe um estudo de língua baseado na articulação entre
esta e os processos de linguagem, resultando em uma gramática de produção linguística. Neste
sentido, o processo de produção da escrita se dá de forma dinâmica e se deixa compor de diferentes
maneiras para se chegar ao sentido que se quer criar. Será ainda utilizado, para fins de organização
temática, algumas técnicas da análise de conteúdo, de modo que a temática da Sustentabilidade seja
melhor visualizada no decorrer da pesquisa. Os resultados da pesquisa apontarão para dois
caminhos importantes no contexto escolar: o primeiro, voltado para o processo de produção textual,
mostrará propostas de cunho linguístico que ajudarão o professor no desenvolvimento dos temas de
redação, oferecendo possibilidades de agregar o ensino de redação à reflexão acerca da língua e da
linguagem. O segundo, de cunho social, mostrará o papel dos textos didáticos na divulgação do
conceito de Desenvolvimento Sustentável, colocando em questão a maneira como este conceito tem
chegado até o aluno e a profundidade teórica e científica dos textos em questão.

GRUPO TEMÁTICO 12: EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS: O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA
COORDENADORA: Flaviane REIS (UFU) – flavianereis@yahoo.com.br

A presente pesquisa demonstra um estudo voltado para a melhoria do ensino de língua portuguesa
como segunda língua para surdos. Como ensinar, aprender e usar a metodologia específica
diferenciada na lingüística, na cultura, na identidade aos dos ouvintes, que pudesse ressaltar os
procedimentos da modalidade escrita pelos surdos, e que pode apresentar reflexões sobre o ensino
de língua portuguesa para surdos, considerando as proposições oficiais para o ensino. O foco desse
eixo temático são estudos de como ensinar a língua portuguesa para surdos considerando que os
mesmos são usuários da língua de sinais como primeira língua, utilizando o ensino bilíngue como
uma fronteira linguística, repensando sobre quais concepções de língua e de cultura constituem o
imaginário do documento do CENESP/MEC de 1979, MEC 1997 e MEC 2002. Antigamente, a
Língua de Sinais não era valorizada. A partir da regulamentação da Libras como língua oficial do
Brasil, através da Lei 10.436/2002, o objetivo principal, no que se refere à educação de surdos,
passa a ser o ensino de língua de sinais como primeira língua e língua portuguesa como segunda
língua. Assim os alunos deveriam estar adaptados para a convivência na sociedade em geral
inseridos no contexto da educação, de um modo geral, mas no ambiente lingüístico para surdos com

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o uso da Libras como língua de instrução (L1) e da língua portuguesa como segunda língua (L2)
para surdos. Dessa forma, respeitando a língua dos surdos, que poderão encontrar nesse cenário
uma espécie de fronteira lingüística, com a experiência de vida surda privilegiada no ambiente
lingüístico através da Libras e com o aprendizado do português escrito, mecanismo essencial para
esse sujeito, que convive numa sociedade de maioria ouvinte e usuária da Língua Portuguesa.

A CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM DE


PORTUGUÊS POR SURDOS
Neiva de Aquino ALBRES – UFSCAR
neivaaquino@yahoo.com.br

Atualmente os estudos apontam que a Língua Portuguesa escrita deve ser ensinada aos surdos como
segunda língua, já que não ouvem a língua usada no país e como falantes de Libras seria improvável
a aprendizagem da escrita como língua materna. O decreto nº 5.626/2005 considera que o aluno
com surdez tem direito a uma avaliação diferenciada. Percebemos que o fracasso escolar do aluno
surdo muitas vezes está na forma como é conduzida a aprendizagem da leitura e escrita da Língua
Portuguesa, como também pelos instrumentos de avaliação adotados na escola que o comparam ou
esperam uma produção como a de uma criança ouvinte. O intuito deste trabalho é o de compartilhar
modos, saberes e fazeres relacionados ao processo de avaliação da Língua Portuguesa.
Apresentamos caminhos trilhados por um grupo de professores em formação continuada em escola
bilíngue para surdos e a produção de instrumento avaliativo. Para este fim nos fundamentamos na
linguística aplicada que indica formas mais apropriadas para elaboração de instrumentos para
avaliar o conhecimento linguístico de aprendizes de segunda língua. Analisamos uma prova de
português do 8º ano do EF. A amostra de prova analisada revela uma preocupação na busca de
objetivos mais realistas para o uso do conhecimento adquirido da segunda língua. A competência
linguística avaliada na prova vai ao encontro das definições de Richards (2006) para as
competências para a proficiência em leitura, pois as questões procuram abordar a competência
gramatical (três questões), a competência sociolinguística (uma questão), competência estratégica
(duas questões) e competência discursiva (duas questões). Constatamos que professores bilíngues
com fundamentação teórica podem construir uma avaliação adequada à condição linguística dos
surdos e minimizar o processo discriminatório que perpassa pela avaliação.

AS IDENTIDADES CULTURAIS NAS BI-LÍNGUAS PELOS SUJEITOS SURDOS: LIBRAS E


LÍNGUA PORTUGUESA
Janaina Pereira CLAUDIO – PUCRS
janaina.claudio@pucrs.br

O presente artigo tem por objeto uma abordagem introdutória sobre a educação do surdo, em
escolas do Brasil, considerando as identidades culturais destes grupos. Suas línguas expressam uma
forma de compreender o outro, através da comunicação. Os sujeitos surdos, que recebem
informações pela Língua Brasileira de Sinais não só apresenta a possibilidade de construir conceitos
e de relacionar-se com o ambiente educativo, social e cultural. Porém, recebe também diferente
caminho que lhe permitirá entrar nas “Identidades Culturais nas Bi-línguas pelos sujeitos surdos:
LIBRAS e Língua Portuguesa” onde representa a aquisição de duas línguas se dão espaço de forma
do conhecimento entre dois mundos. Colocando os novos impactos desta visão no mundo do direito
da educação e partindo de uma pirâmide política, onde a narrativa é exposta a partir do sujeito
surdo. Além disso, as análises pretendem contribuir para a discussão da comunicação digital de uma
leitura geral, que está vinculada aos discursos sobre identidade, cultura e diferença. Nesta
investigação, em busca de alguns recortes postados no mural do facebook, pelos sujeitos surdos:
revemos algumas situações, revisitamos os desafios e as lutas de transpor para o direito da língua, a
experiências de aproximar o mundo dos surdos, relacionando a convivência nestas duas culturas

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diferentes. Esta possibilidade, a evolução da tecnologia influencia os sujeitos surdos, o modo do
saber, de narrar, de articular com outros. A escola, a comunidade surda, tem por missão conhecer,
aprender, principalmente o valor do saber e do poder, de modo que os sujeitos surdos também
desempenham um papel importante, a continuidade da bandeira da língua dos surdos.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS POR MEIOS GÊNEROS TEXTUAIS:


UMA ABORDAGEM SOBRE GÊNEROS EM LIBRAS
Cleuzilaine Vieira da SILVA – UFSJ
cleuzilaine@yahoo.com.br

No Brasil, os estudos linguísticos dos sinais ainda são recentes. A Língua de Sinais Brasileira –
LIBRAS, foi oficializada a partir da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 e posteriormente com o
decreto 5.626 de 22 dezembro de 2005, que dá outras providências quanto ao uso e ensino da língua
e a formação dos intérpretes. Os surdos brasileiros produzem fábulas sinalizadas, assim como
outros tipos de gêneros textuais em Libras. O reconhecimento desta língua como oficial dos surdos
brasileiros, impulsionou a inclusão de surdos no ensino regular e também propiciou o
reconhecimento da cultura e identidade dos surdos. Nesse sentido, as pesquisas quanto às produções
em linguística acerca da Libras são poucas, justificando a importância do presente trabalho, na
busca de evidenciar elementos culturais da comunidade surda brasileira.O tipo de leitura, análise e
produção por pessoas surdas é voltada para prática social de linguagem, ligada a sua cultura,
história e ideologia. Na poesia, essas práticas são expressas na beleza dos movimentos, num sentido
de propor uma sintonia entre os movimentos e configurações de mãos. Para registro dos textos
produzidos por surdos, as mídias visuais, as redes sociais e os sites de armazenamento de vídeos
tem sido o principal veículo de divulgação de textos sinalizados por surdos. Os surdos se expressam
por meio da língua de sinais, mas também se utilizam desta para a produção de seus textos, que
mesmo em modalidade diferente também são coerentes.Os surdos ensinar para outros surdos por
meio de metáforas contando e recontando histórias a partir de visões modificadas das realidades
vivenciadas durante anos de exclusão.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: CULTURA SURDA EM FOCO


Bruno Gonçalves CARNEIRO – UFG
brunotoca@yahoo.com.br
Keli SOUZA – UFU
keli.maria@hotmail.com

Considerando a relação intrínseca entre língua e cultura, o aprendizado de uma segunda língua faz
com que enxerguemo-nos como sujeitos culturais. Figueiredo (2007, p. 49) menciona que esse
processo oportuniza o aluno a se ver diante de “oportunidades singulares que poderão guiá-lo ao
reconhecimento de tudo aquilo que direciona suas próprias atitudes”. A comunidade surda é
bilíngue e bicultural (QUADROS; SPENCE, 2006) e o professor de portuguesa para surdos deve
reconhecer a existência desses mundos, conduzir o aluno para o contato entre português/ cultura
ouvinte e libras/ cultura surda, pois para decodificarmos certas mensagens, é necessário
compreendermos contextos culturais. O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos sobre a cultura
surda observados em aulas de português para uma turma de alunos surdos. A oficina abordou
conceitos como língua e linguagem, modalidade, polissemia e metáfora na língua portuguesa
(FARIA-NASCIMENTO, 2006). Esses conceitos foram abordados inicialmente com base na libras
e depois na língua portuguesa. Após as apresentações iniciais, a turma deu um sinal para um dos
participantes da oficina, que até então, não convivia com a comunidade surda. Interessante
observarmos a importância do contato surdo-surdo para a constituição da identidade surda
(PERLIN, 2005). No decorrer da oficina, os alunos exemplificaram situações que contrastavam com

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a língua portuguesa. Vimos a construção de um “ambiente surdo”, baseado na língua de sinais, para
só depois, ser contrastado com a língua portuguesa. Sugerimos que o ensino de português para
surdos deve partir de uma zona de conforto cultural e linguístico. Nesse sentido, deve-se prestigiar a
cultura surda na construção de conhecimento. É necessária também a formação de professores
surdos de língua portuguesa.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO E EDUCAÇÃO DE SURDOS: A IMPORTÂNCIA DO


BILINGUISMO
Paulo Sérgio de JESUS – UFU
paulimjesus@yahoo.com.br
Marisa Pinheiro MOURÃO – UFU
marisapmourao@yahoo.com.br

Este trabalho procura apresentar relatos da disciplina de Estágio Supervisionado realizada no curso
de graduação em Letras Libras (licenciatura) da Universidade Federal de Santa Catarina, concluída
no ano de 2011. O estágio foi desenvolvido na Associação de Surdos (ASUL) localizada no
município de Uberlândia – MG, no período de agosto a dezembro. A ASUL atendia, à época, trinta
e um alunos surdos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. O objetivo geral do estágio consistiu em trabalhar com o tema Fonética e fonologia
da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Além disso, procurou-se também abordar os aspectos
linguísticos da língua de sinais referentes aos pares mínimos em Libras. A metodologia utilizada
foram aulas teóricas expositivas, com espaço para debates e trocas de opiniões entre professor e
alunos. A avaliação foi pautada na observação do progresso do aluno em relação ao conteúdo e a
aprendizagem. Como referencial teórico nos respaldamos na legitimidade da Libras como meio
natural de comunicação dos surdos brasileiros, considerando que por meio desta é possível
promover o seu desenvolvimento afetivo, cognitivo, social e cultural. A partir do estágio foi
possível perceber que os professores ouvintes que trabalham com os alunos surdos ainda não são
capacitados e não dominam a Libras, como língua de instrução. Até mesmo com os alunos surdos
foi possível perceber a falta de domínio da “norma culta” da Libras, ou seja, a sua gramática. Como
as aulas propostas pelo professor surdo foi possível perceber o envolvimento dos alunos com o
tema, especialmente com o reforço dos estímulos visuais para os surdos e pelo fato do ensino ser
ministrado em Libras. Houve um desenvolvimento satisfatório na turma, pois o ensino da fonética e
fonologia permitiu um conhecimento e uma aproximação maior com a Língua de Sinais.

FRONTEIRAS LINGUÍSTICAS E CULTURAIS NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM: CONTRAPONDO AS TURMAS COM SURDOS ÀS DE SURDOS
Carlos Henrique RODRIGUES – UFJF
carlos.rodrigues@ufjf.edu.br
Luciana de Assis MIRANDA – UFJF
maufaluca@hotmail.com
(Apoio BIC/PROVOQUE-UFJF)

Com o Decreto 5.626/05, a formação de turmas com surdos e, até mesmo, de turmas somente de
surdos nas escolas públicas brasileiras tornou-se mais evidente e as discussões acerca da Libras na
educação e do ensino do Português como segunda língua mais intensas. Considerando esses dois
espaços específicos de produção e apropriação de conhecimentos, os quais se constituem como
territórios de fronteiras, no sentido de que se caracterizam por encontros culturais e linguísticos,
propomos uma reflexão acerca das especificidades desses espaços, bem como de suas implicações e
impactos no processo de ensino-aprendizagem da Libras e do Português como segunda língua.
Entendemos que as fronteiras culturais constituem e caracterizam não só a sociedade
contemporânea, mas o processo de escolarização, exigindo dos participantes do contexto escolar o

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domínio e exploração de múltiplos sistemas semióticos e conhecimentos linguísticos e culturais.
Portanto, a construção de oportunidades de aprendizagem e participação em sala de aula relaciona-
se à maneira pela qual os seus participantes – alunos, professores e intérpretes – lidam com as
diferenças linguísticas e culturais e relacionam as diversas pistas de contextualização para entender
os objetivos de e como participar em o processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, numa
abordagem etnográfica (GREEN, DIXON, ZAHARLICK, 2005), utilizamos dados coletados por
meio de observação participante (SPRADLEY, 1980) (1) numa turma de surdos com professores
ouvintes falantes de Libras e sem intérprete de sinais, em 2007-2008, numa escola em Belo
Horizonte, MG, e (2) numa turma com surdos com professores ouvintes não-falantes de Libras e
intérprete de sinais, em 2010-2011, numa escola em Juiz de Fora, MG. A investigação evidenciou a
realidade do atual processo educacional de surdos, oferecendo importantes contribuições para se
refletir acerca do ensino do Português como segunda língua em turmas com surdos e em turmas de
surdos.

LITERATURA BRASILEIRA EM QUADRINHOS COMO AUXÍLIO LINGUÍSTICO PARA


SURDOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA
Diogo Souza MADEIRA – IFSUL
madeira.azrael@gmail.com

Esse presente artigo apresenta o resultado de uma prática pedagógica do ensino de Língua
Portuguesa realizado, na Escola Alfredo Dub, uma escola de surdos, localizada na cidade de
Pelotas, no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. O intuito da prática pedagógica era analisar a
participação dos alunos surdos em seu conhecimento da Literatura na escola para surdos. Esta
prática é o processo de conclusão do Pós em Linguística e Ensino de Língua Portuguesa da FURG.
Antes de iniciar a prática, eu vinha planejando minhas aulas e realizando pesquisas sobre o tema
relacionado com o ensino de Língua Portuguesa para surdos e inclusive utilizando os livros teóricos
principalmente de Mikhail Bakhtin, Moacy Cirne e Ronice Quadros para a minha pesquisa. O
objetivo da prática era obter os resultados reais. O fornecimento da Literatura Surda permite o
conhecimento específico por meio das narrativas visuais a quem ainda não tem afinidade com a
Literatura por encontrar dificuldades na leitura. O caminho certo, ou seja, talvez, apresentar a
introdução da Literatura Brasileira em quadrinhos aos alunos surdos antes de conhecer a Literatura
Majoritária, já que a Literatura na escola Alfredo Dub ainda não se incorpora como disciplina
regular. Todorov (2009) reforça a ideia do que se fala: a literatura é uma arte de contar e escrever
independente do paradigma e pode ser fornecida de forma adequada, ou seja, de acordo com o
público alvo. Sabe-se que ensinar aos alunos surdos a apreciar a Literatura prevê um grande
empenho, conforme Skliar comentou acima, é necessário aceitar a cultura surda deles no meio da
sala de aula, ou seja, no meio do ambiente educacional. Pela situação preocupante, o impasse
literário para alunos surdos será estudado até desvendar, em outra reiteração, o porquê, com
precisão.

O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS INCLUSIVAS DE


GOIÁS
Cristiane Batista Do NASCIMENTO – UFG/UNB
cris18bat@yahoo.com.br
Thaís Fleury AVELAR – UFG
thaisfavelar@hotmail.com

A presente pesquisa, intitulada O Ensino de Português para Surdos nas escolas públicas inclusivas
de Goiás, faz parte do projeto de Prática como Componente Curricular – PCC – da Faculdade de
Letras da Universidade Federal de Goiás – UFG – criado para participação dos alunos de letras. O
projeto tem como objetivo principal conhecer a realidade do ensino de português para alunos surdos

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nas escolas públicas de Goiás bem como sondar se a Língua Brasileira de Sinais – Libras - tem sido
valorizada como língua de instrução, investigar se conhecem a Lei 10.436/2002 e o Decreto
5.626/2005 que regulamenta a referida lei e fornece informações importantes para o ensino de
português para surdos como segunda língua. Este trabalho trata-se de um estudo teórico que parte
do pressuposto de que a Libras é a língua materna do surdo, sendo portanto a língua de instrução
por excelência para esses indivíduos, conforme mencionam Salles et al (2002:47) e portanto, o
ensino de língua portuguesa deve ser tratado como segunda língua (L2). Os alunos de letras irão a
campo aplicar um questionário padrão, criado pelas professoras responsáveis pelo projeto para
investigar o ensino de português para surdos nas escolas públicas de Goiás. Por meio do
questionário buscamos respostas para as perguntas como, por que o ensino de português como L2
não está ocorrendo? Quais seriam os possíveis entraves? A Libras é importante para ensinar o
português? Após as entrevistas faremos gráficos e investigaremos os motivos do por que o ensino
de língua portuguesa para surdos não tem acontecido de forma adequada. Com base nas pesquisas e
teorias de ensino de segunda língua, vamos propor ideias que possam auxiliar os professores de
surdos a ensinar o português como L2.

OFICINAS DE PORTUGUÊS PARA SURDOS


Flavia Regina Valente da SILVA – UTP
flaviavalente@ig.com.br

Os avanços acadêmicos, científicos e legislativos têm se tornado ferramentas especialmente


frutíferas para a comunidade surda garantindo além do acesso e permanência dos alunos surdos nas
escolas públicas e privadas de ensino; o direito a uma abordagem bilíngue, na qual a rota visual de
aprendizagem é privilegiada, a língua de sinais é considerada a língua natural, ou seja, a língua
adquirida sem impedimento, de forma natural. Sendo esta, a primeira língua do aluno surdo. Ao
passo que a língua portuguesa é ensinada na modalidade escrita da língua com princípios de
segunda língua. Nesse contexto, a língua de sinais torna-se protagonista em todo o processo
educativo, possibilitando por meio dela que os alunos participem das discussões e acessem os
conteúdos e as atividades escolares propostas. A luz nessas ideias, esse grupo de pesquisadores
objetiva discutir o uso da língua portuguesa por um grupo de surdos e suas possibilidades de trocas
linguísticas e culturais durante as atividades realizadas em oficinas de português para surdos. Os
dados foram coletados em 2011, durante 18 oficinas em um colégio estadual para Surdos,
localizado em Curitiba, Brasil. Fizeram parte oito surdos e quatro pesquisadores da Universidade
Tuiuti do Paraná. Os resultados demonstram que por meio das oficinas participantes surdos
passaram a ressignificar a língua portuguesa escrita; tendo assim a possibilidade de inserir-se em
práticas sociais de leitura e escrita que diretamente podem melhorar sua qualidade de vida.

UMA REFLEXÃO ACERCA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: UM


ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS PÚBLICAS DE LAGUNA-SC E TUBARÃO-SC
Bruna Crescêncio NEVES – UFSC
neves.bruna29@gmail.com

A educação de surdos no Brasil tem sido alvo de discussões e mudanças nos últimos anos, estas
ocasionadas pelo reconhecimento da língua de sinais como língua natural do surdo e do acesso da
mesma na escola regular por meio das diretrizes nacionais para a educação especial (resolução
CNE/CEB n. 2, de 2001, a lei 10.098/94 - VII, que trata sobre a acessibilidade à língua de sinais),
da lei 10.436/02 que estabeleceu que LIBRAS é o meio legal de comunicação e expressão do surdo
e do Decreto 5.626/. Desse modo, as instituições de ensino buscam adequar-se às novas diretrizes
para atender esses alunos; entretanto, a realidade encontrada nas escolas difere daquela que seria a
ideal. Nesse sentido, o presente artigo focaliza a análise nas seguintes questões: a) A realidade do
aluno surdo do ensino médio em duas escolas públicas de Laguna e Tubarão, ambas em Santa

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Catarina, b) A visão dos professores de língua portuguesa acerca destes alunos, c) O cotidiano
escolar que envolve surdo, professor e intérprete e d) A aprendizagem da língua portuguesa como
segunda língua. Essa pesquisa se caracterizou como um estudo de caso. Participaram do estudo
cinco surdos alunos do ensino médio, dois professores de língua portuguesa e dois intérpretes.
Como instrumentos de coleta de dados, foram utilizados questionários e atividades de produção
textual. Encontrou-se como resultado desta pesquisa alunos integrados no ambiente escolar, com
professores intérpretes como exige a lei, mas com relevantes limitações na aprendizagem da língua
portuguesa.

GRUPO TEMÁTICO 13: ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS SURDOS


COORDENADORAS: Maria Cristina da Cunha PEREIRA (PUCSP) – mccphy@gmail.com;
Sueli de Fátima FERNANDES (UFPR) – suelif@globo.com

O ensino da língua portuguesa para alunos surdos tem despertado o interesse de pesquisadores
devido ao fato de que, diferentemente das crianças ouvintes, as surdas, filhas de pais ouvintes,
chegam geralmente à escola sem uma língua adquirida, seja a de sinais ou a portuguesa. Até
recentemente, com base na concepção de língua como código e na concepção comportamentalista
de ensino de línguas, os professores selecionavam palavras e estas eram combinadas em estruturas
frasais, obedecendo a uma ordem de complexidade morfossintática. Por meio de exercícios de
substituição e de repetição, esperava- se que as estruturas frasais trabalhadas fossem memorizadas e
generalizadas. Embora alguns alunos conseguissem produzir um texto bem estruturado, a maioria
apresentava muitas dificuldades, resultando em frases desestruturadas, o que comprometia muitas
vezes a compreensão de suas produções escritas. As dificuldades eram tão gerais que passaram a ser
atribuídas à surdez. Nos últimos anos, pesquisas têm mostrado que é possível se obter melhores
resultados no aprendizado da língua portuguesa por alunos surdos se os professores adotarem a
concepção discursiva de língua e a concepção interacionista de ensino. Além disso, a língua
portuguesa deve ser considerada segunda língua para os alunos surdos, o que pressupõe a aquisição
da língua de sinais, primeira língua. A língua de sinais tornará possível a participação dos alunos
surdos em atividades em que a escrita está presente. Por meio da língua de sinais, os alunos surdos
poderão ter acesso ao conteúdo de materiais escritos, o que possibilitará o aprendizado da língua
portuguesa escrita. Com base nestas idéias, é objetivo deste grupo temático discutir o ensino da
língua portuguesa para alunos surdos. Para isso serão contempladas pesquisas que focalizem o
ensino da língua portuguesa para alunos surdos nos diferentes níveis de escolaridade.

A LÍNGUA PORTUGUESA PRODUZIDA POR SURDOS: INDÍCIOS DE VARIAÇÃO


LINGUÍSTICA
Maria Clara MACIEL – UFMG
mclaramaciel@hotmail.com

Este estudo focaliza uma questão polêmica e complexa: a relação dos surdos com o português
escrito. Polêmica porque as formas de se conceber e definir os próprios surdos – e as relações que
eles estabelecem com as línguas – têm sido revistas e reformuladas ao longo do tempo. Complexa
porque, linguistico-pedagogicamente, a diferença de modalidade entre a língua fonte e a língua alvo
exige do professor aprofundamento na primeira e visão estratégica apurada para ensinar a segunda.
Além disso, não há consenso teórico sobre a forma de se compreender as origens e as
especificidades da performance linguística dos surdos em português escrito, assim como não o há
em relação às estratégias de ensino que funcionam ou não. A partir deste cenário, objetivamos
refletir sobre a pertinência e os benefícios de se compreender a relação dos surdos com o português
no âmbito da sociolinguística, mais especificamente, a partir do fenômeno da variação linguística.
Se os surdos são usuários de uma língua genuína que se desenvolve a partir da modalidade visuo-
espacial, portanto, não oral-auditiva e se, por isso mesmo, são considerados uma minoria linguística

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no Brasil, “usuários estrangeiros” do português; se são considerados um povo específico,
constituidores e fomentadores de uma cultura que se estabelece a partir da Libras e de uma forma
específica de socialização; se a comunidade apresenta uma forma própria de se relacionar com o
português, apresentando padrões semelhantes de comportamento linguístico, porque não pensar,
então, que a língua portuguesa utilizada pelos surdos no Brasil possui características linguístico-
sociais que a caracteriza como um tipo de variação linguística do português? Aceitar esta tese
implicaria: a) execrar a noção de erro ou insuficiência linguística do surdo b) repensar práticas
pedagógicas que partem desse princípio c) entender que, se a variação existe, ela precisa ser aceita,
em alguma medida, em algumasinstâncias.

CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS


SURDOS
Maria Cristina da Cunha PEREIRA – PUCSP
mccphy@gmail.com

Este trabalho tem como objetivo discutir as concepções de língua adotadas no ensino da língua
portuguesa para alunos surdos. Por terem perda auditiva, os surdos apresentam dificuldades
significativas na aquisição da língua portuguesa oral. Assim, é comum que cheguem à idade escolar
com apenas fragmentos desta língua. Na tarefa de ensinar a língua portuguesa para alunos surdos,
muitos professores ainda hoje privilegiam vocábulos e sua combinação em frases. Por meio de
exercícios de substituição, preenchimento de lacunas, entre outros, esperam que os alunos aprendam
a língua portuguesa e a usem. Esta forma de trabalho, que se fundamenta na concepção de língua
como código e na concepção behaviorista de ensino-aprendizagem, tem resultado em
desorganização morfossintática acentuada, frases desestruturadas, nas quais faltam elementos de
ligação, flexões etc. Nos últimos anos, observam-se tentativas de mudança na concepção de língua
no ensino de alunos surdos. Em vez de código, a língua tem sido concebida como atividade
discursiva e, como tal, o foco é colocado no texto e não nos vocábulos. O objetivo deixa de ser a
condução do processo pelo professor e passa a ser o resultado do processo interativo entre
professores, alunos e textos. No ensino de alunos surdos, espera-se que, inseridos em atividades que
envolvam o uso da Língua Portuguesa em textos, os mesmos apreendam a convencionalidade da
língua. Visando ilustrar o efeito da adoção da concepção discursiva no ensino da língua portuguesa
a alunos surdos, são analisadas, neste trabalho, produções escritas de um aluno surdo, produzidas
em diferentes momentos da sua escolaridade. Nestas produções, fica evidente o avanço no processo
de aquisição da língua portuguesa. Como conclusão, ressalta-se que, devido às dificuldades de
acesso à linguagem oral, é pela visão que os alunos surdos vão adquirir a língua portuguesa, o que
torna imprescindível que eles sejam expostos a textos escritos.

A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E A COERÊNCIA EM TEXTOS ESCRITOS EM LÍNGUA


PORTUGUESA POR CANDIDATOS SURDOS NO EXAME DE PROFICIÊNCIA EM
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LIBRAS-LP
Simone Maria Barbosa Nery do NASCIMENTO – UEM
simoneuem@gmail.com

Em tempos passados, acreditava-se que a surdez era associada a alguma outra deficiência que
acarretava um déficit de inteligência nas pessoas surdas. Além disso, a Libras, Língua Brasileira de
Sinais, não era reconhecida como língua e, por isso, por muito tempo, a educação e o estímulo ao
desenvolvimento intelectual foram relegados aos surdos por parte de seus familiares e da sociedade.
Hoje, porém, com os recentes estudos linguísticos, leis e decretos governamentais a favor da
educação, da inclusão e da acessibilidade à comunidade surda, e também com as contribuições de
abordagens educacionais, como o Bilinguismo, é possível pensarmos em metodologias que
contribuam para o ensino de Língua Portuguesa para os surdos. Nesse sentido, em um primeiro

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momento, o estudo pretende analisar textos escritos em Língua Portuguesa por candidatos surdos
para verificar o nível de coerência e as dificuldades estabelecidas nos textos. Será realizada uma
descrição dos aspectos gramaticais e discursivos dos textos que, após, serão submetidos a um estudo
comparativo com o intuito de se chegar a possíveis causas relacionadas a essas dificuldades de
escrita em L2. No estudo comparativo, serão analisados textos de candidatos aprovados no exame e
textos de candidatos não aprovados. A hipótese do trabalho é a de que existem, no histórico de vida,
educacional e clínico dessas pessoas, variáveis que interferiram na aprendizagem da segunda língua.
Pretende-se, em um segundo momento, portanto, fazer um levantamento acerca do histórico de vida
por meio do questionário socioeconômico respondido no ato da inscrição. Acredita-se que o estudo
em questão fornecerá dados que contribuirão com futuras pesquisas voltadas a metodologias de
ensino de Língua Portuguesa para surdos.

ANÁLISE DOS NÍVEIS DE LETRAMENTO DE ESTUDANTES SURDOS NO ENSINO


MÉDIO PÚBLICO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA
Sueli FERNANDES – UFPR
suelif@globo.com
Luana Pizolato BENELLI – UFPR
lpb_92@hotmail.com

Em 2012, comemoramos uma década da oficialização da Língua Brasileira de Sinais – Libras, cujo
impacto mais significativo foi o reconhecimento político da situação de bilinguismo das
comunidades surdas brasileiras. Em que pese o avanço dessa conquista, circunstanciada pela
política de inclusão do Ministério de Educação (BRASIL, 2008), a matrícula preferencial dos
estudantes surdos ocorre no ensino regular, contexto no qual impera o monolinguismo em língua
portuguesa, a precariedade de apoios especializados e a adoção de encaminhamentos metodológicos
que não contemplam suas necessidades linguísticas diferenciadas. É nesse complexo cenário que
apresentamos resultados parciais de uma investigação que buscou delinear o mapa social e os níveis
de letramento de estudantes surdos bilíngues incluídos nas escolas do ensino médio da rede pública
de Curitiba e Região Metropolitana. O projeto tem como pressuposto metodológico a natureza
quali-quantitativa dos dados empíricos da realidade social da educação de surdos, com apoio em
categorias de análise fundadas na concepção dialógica de linguagem, conforme debatidas por
Bakhtin (1988, 1990, 1992), Faraco (2009) e Soares (1998, 2002), entre outros autores. A pesquisa
desenvolveu-se com base no levantamento de dados da realidade sócio-educacional dos sujeitos,
por meio da coleta de dados em estabelecimentos de ensino de Curitiba e Região Metropolitana; em
prova de compreensão e produção textual em língua portuguesa e na produção do Mapa Social dos
estudantes, de modo a constituir um quadro conceitual de compreensão mais ampla e crítica das
condições concretas de seu processo de escolarização. Os resultados parciais revelam a incipiente
situação de bilinguismo vivenciada pelos surdos e denunciem sua exclusão includente na educação
básica. A despeito das políticas de acesso ao ensino regular, as condições de permanência, com
sucesso, nesse contexto, não se efetivaram, promovendo uma expulsão velada que se materializa na
impossibilidade de apropriação efetiva de conhecimento e letramento.

ENSINO DE PORTUGUÊS NUMA TURMA DE ALUNOS SURDOS: UMA ANÁLISE DO


COTIDIANO DA SALA DE AULA
Giselli Mara da SILVA – FALE-UFMG
gisellims@yahoo.com.br

Nesta apresentação, pretende-se fazer uma reflexão a respeito do ensino de português como segunda
língua a alunos surdos, a partir da análise de dados provenientes de pesquisa de mestrado (SILVA,
2010), desenvolvida numa turma de 9º ano do Ensino Fundamental, composta por alunos surdos e
professora ouvinte. A orientação teórico-metodológica adotada explora contribuições oriundas do

93
campo de estudos da surdez (QUADROS, 1997; BERNARDINO, 1999; BOTELHO, 2002;
CHAVES, 2002; LODI; HARRISON, CAMPOS, 2002), contribuições conceituais da
Sociolinguística Interacional (GUMPERZ, 2002; ERICKSON; SCHULTZ, 2002), Etnografia
Interacional (GREEN; BLOOME, 1995; GREEN; DIXON; ZAHARLICK, 2005) e dos Estudos do
Letramento (BLOOME, 1987, 1989; CASTANHEIRA et. al, 2001; CASTANHEIRA; GREEN;
DIXON, 2007) que favorecem a compreensão da aprendizagem e das interações estabelecidas em
sala de aula como fenômenos socialmente construídos. O estudo foi realizado numa perspectiva
etnográfica, envolvendo observação participante (SPRADLEY, 1980) e filmagens das aulas de
português durante três meses, tempo durante o qual também foram realizadas entrevistas e coleta de
artefatos impressos que circularam entre os participantes do grupo observado. O processo analítico
possibilitou a identificação de padrões interacionais relativos ao uso do português sinalizado e da
Libras no processo de ensino de português, além de padrões relativos à organização das aulas de
português neste grupo. Além disso, evidenciou como a construção dos significados para as práticas
de letramento do grupo passa pelo trânsito entre as duas línguas durante as interações em sala de
aula, sendo que em todas as atividades realizadas pelo grupo os participantes precisam lidar com as
diferenças entre as duas línguas presentes na sala de aula e constroem práticas e significados para
essas práticas ao longo de suas interações, (re)negociando constantemente a forma como deve ser
usada a língua de sinais para se referir ao português escrito.

ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA POR ALUNOS SURDOS: UMA


ANÁLISE SEGUNDO A TEORIA DE KRASHEN
José Carlos de OLIVEIRA –UFSC
mafortte@yahoo.com.br

O presente trabalho apresenta uma análise do processo de ensino-aprendizagem da Língua


Portuguesa por alunos surdos como segunda língua, a partir da abordagem natural proposta por
Stephen Krashen, considerando a retrospectiva histórica do processo de educação desses indivíduos.
Busca identificar e analisar o papel da aprendizagem implícita e explicita, dentro e fora da sala de
aula e da mediação do professor no processo educacional considerando não apenas as línguas
envolvidas no processo, mas também, fatores culturais e o ambiente em que tal processo ocorre.
Para a transcrição dos dados, buscou-se identificar as bases educacionais e as abordagens através de
questionário escrito e encaminhado via mensagem eletrônica, cujos participantes variam em: faixa
etária, grau de escolaridade e região. O resultado da análise mostra o retrocesso dos métodos
educacionais que levam esses alunos ao fracasso escolar pelo fato de não considerá-los enquanto
seres pensantes, já conhecedor inato de uma língua e que, portanto carrega consigo uma bagagem
cultural e linguística, em que se observa a luta das comunidades de surdos em buscara do resgate
das raízes de sua educação através da pedagogia surda em salas bilíngues. Verificou-se que na
maioria dos casos o papel da aprendizagem implícita é captado fora de sala de sala de aula e por
iniciativa própria dos alunos, sem o incentivo e mediação do professor. Espera-se que a análisedas
experiências contribua para os estudos linguísticos na área de educação de surdos; uma vez que
esses indivíduos se encontram em déficit com relação ao aprendizado da Língua Portuguesa.

O SURDO E A LÍNGUA PORTUGUESA: UMA RELAÇÃO DE (IM)POSSIBILIDADE


Onilda Aparecida GONDIM – UFU-ILEEL
onildagondim@hotmail.com

Nosso trabalho tem por objetivo problematizar, sob uma visada discursiva, o modo como o processo
de inclusão de alunos surdos se apresentou em uma escola regular do estado de Goiás, mais
notadamente no ensino da Língua Portuguesa. Para tanto, vamos enfocar os possíveis efeitos que se
constituíram para as instâncias intérprete, aluno surdo e professor, dada a relação que eles contraem
nesse processo de inclusão, levando em conta como isso, de fato, aconteceu na escola em questão.

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Partimos da seguinte hipótese: o surdo concernido pela escola regular pesquisada parecia sofrer
efeitos discursivos de rarefação subjetiva, de modo a não promover uma relação entre ele e o
conhecimento em Língua Portuguesa. Em outros termos, trabalhamos com a perspectiva de que o
surdo não era levado a se constituir na posição discursiva aluno, de modo a não haver uma
dimensão acontecimental entre ele e o conhecimento em Língua Portuguesa. Em vista disso,
procuramos responder ao seguinte questionamento: O surdo se constitui ou é constituído aluno no
contexto de sala de aula de Língua Portuguesa pesquisado? Filiamo-nos, teoricamente, ao
arcabouço teórico da Análise do Discurso de orientação pecheutiana em sua terceiraépoca (1983). A
análise foi constituída de algumas sequências discursivas recortadas das transcrições dasaulas
observadas e gravadas em vídeo e das entrevistas com os professores, alunos surdos e intérpretes.
Nossa pesquisa indicou por meio de nossas análises que o jogo de endereçamento entre professor
ouvinte, aluno surdo e intérprete não se sustenta de modo suficiente para que o aluno surdo assuma
sua posição discursiva de aluno e, diante disso, produza conhecimento em Língua Portuguesa.

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: UMA ANÁLISE DE


ESTRATÉGIAS E MATERIAIS DIDÁTICOS
Eli Ribeiro dos SANTOS – UFMG
eliufmg@gmail.com

O surdo ainda enfrenta dificuldades para o ingresso na Universidade pública, nas provas de
concurso e em situações que envolvam o uso da Língua Portuguesa L2. O ensino de LP para surdos
passa por muitas transformações, graças às novas concepções advindas da Educação Bilíngue. O
entendimento de que a Libras, uma língua de modalidade visual-espacial, é a língua natural dos
surdos e que a Língua Portuguesa, de modalidade oral-auditiva, é uma L2, traz novos desafios para
professores de alunos surdos. Nesta pesquisa estudamos os materiais didáticos utilizados para o
ensino da LP no contexto da Educação Bilíngue. Contamos com as contribuiççoes dos estudos
sobre Bilinguismo, Educação Bilíngue e ensino de português como L2. As redes de ensino de
Minas Gerais adotam livros didáticos para o ensino das crianças ouvintes, mas não há um material
didático específico para as necessidades dos alunos surdos, usuários de Libras e aprendizes de LP.
Não sabemos, de forma clara, qual o destino desses livros, nas aulas dos alunos surdos. Para ampliar
e propiciar o ensino da LP, o professor dessa disciplina precisa pesquisar e produzir materiais
didáticos e desenvolver estratégias de aplicação e avaliação do ensino-aprendizagem nas aulas dos
alunos surdos. Nosso objetivo nesta pesquisa é perceber como os professores estão suprindo esta
lacuna, a ausência de livros e materiais didáticos para o ensino Bilíngue . Acreditamos que a partir
dessas observações poderemos definir um quadro atual dos materiais didáticos da sala de aula de LP
para alunos surdos e com isso contribuir para a elaboração de materiais, cada vez mais adequados às
especificidades do surdo para que, de fato, promovam o aprendizado da LP, promovendo a
apropriação das duas línguas e a efetiva inclusão do surdo na sociedade. Esperamos, com isso,
contribuir com as pesquisas sobre o ensino de LP para surdos.

CURSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL E PRÁTICA DO PORTUGUÊS PARA SURDOS: UM


PROJETO DE EXTENSÃO
Elidéa Lucia Almeida BERNARDINO –UFMG
elideabernardino@gmail.com
Marianna Ferreira DRUMOND – UFMG
mariannadrumond@yahoo.com.br

Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de criação, realização e resultados obtidos no
Curso de Produção Textual e Gramática do Português, oferecido pelo Centro de Extensão da
Faculdade de Letras da UFMG (Cenex). A metodologia é baseada em propostas de produção textual
pela perspectiva dos Gêneros do Discurso, ressaltando-se o aspecto social do texto e análise

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contrastiva da estrutura da Libras e do Português para abordagem de questões gramaticais. O curso
tem seu enfoque no ensino de Português como L2 para Surdos alfabetizados; é constituído de aulas
expositivas, práticas, exercícios de fixação, leitura e produção de textos, além de atividades
extraclasse; é dividido em dois módulos semestrais independentes, com carga horária de 52
horas/aula cada. A professora é fluente em Libras e ministra todo o curso nessa língua. O material
didático é elaborado pela professora, graduada em Letras / Português, sob a orientação da
pesquisadora, contando com atividades recolhidas de materiais didáticos de Português (tanto L1
como L2), textos de jornais, revistas e da internet. O foco é apresentar aos surdos textos reais, de
circulação social real e não textos reduzidos ou elaborados descontextualizadamente. Os textos
produzidos pelos alunos são projetados e revisados em sala, com o auxílio deles. O curso nasceu da
análise das demandas linguísticas especiais do surdo, constatadas pela pesquisadora e pela
professora em seus estudos e pesquisas. Os objetivos são: organizar um programa de curso prático e
que atenda às lacunas pedagógicas e linguísticas existentes no processo escolar do surdo; elaborar
um material de qualidade, buscando sanar as suas dificuldades de produção de texto; verificar que
tipos de materiais são adequados ou não ao ensino do Português como L2 para o surdo;
proporcionar aos alunos instrumentos que lhes possibilitem alcançar uma produção textual com
aspectos gramaticais e linguísticos dentro da norma padrão do Português.

O PEQUENO PRÍNCIPE: O DESPERTAR DOS ALUNOS SURDOS PARA UM GRANDE


CONHECIMENTO
Sandra Patrícia de Faria do NASCIMENTO – SEDF
sandpattynasc@yahoo.com.br
Juliana Resende NISTA – SEDF
bsbjuju@yahoo.com.br

Em busca de estratégias mais adequadas para o ensino da Língua Portuguesa para alunos surdos,
com base nos pressupostos teóricos discursivos e interacionistas para o ensino de segunda língua e
nos estudos surdos e culturais, este trabalho apresenta uma unidade de ensino ministrada, durante o
segundo semestre de 2011, para turmas de alunos surdos do 1º ano do Ensino Médio, que
frequentaram o Programa POPS (Português para Surdos), desenvolvido no Centro Educacional 06
de Taguatinga, Escola pública do Distrito Federal. Essa unidade desenvolveu-se a partir da seleção
de um filme digital animado e legendado em português, em torno do qual foram desenvolvidas
diversas atividades pedagógicas com as quais foi possível ampliar o conhecimento de mundo dos
alunos, bem como seu conhecimento linguístico nos níveis: lexical, morfológico, sintático,
semântico e pragmático. Foram desenvolvidas estratégias para aleitura e interpretação das legendas
do filme e focalizadas estruturas lexicais das unidades eleitas para a construção do sentido do texto;
muitas dessas unidades lexicais foram ampliadas e aplicadas a outros contextos. Ao mesmo tempo,
a aplicação dessa unidade propiciou ao aluno um conhecimento da literatura universal, posto que a
obra escolhida tem como personagem principal o Pequeno Príncipe, ícone da clássica obra de
Antoine de Saint-Exupéry. No decorrer da unidade foi sistematizada uma sequência de passos e
estratégias para leitura e apreensão do sentido das legendas do vídeo e a criação e confecção de
atividades impressas específicas para o desenvolvimento da unidade, suporte para o
desenvolvimento da produção escrita dos alunos.

PROCESSO DE REFERENCIAÇÃO EM RELATÓRIOS DE ESTÁGIO DE SURDOS:


DESCRIÇÃO E CONTRIBUIÇÃO AO ENSINO
Sonia Maria Duchandt BROCHADO – UENP
smdechandt@yahoo.com.br
Clemilton Lopes PINHEIRO – UFRN
clemiltonpinheiro@hotmail.com

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Este trabalho retoma a discussão desenvolvida em dois trabalhos anteriores dos autores sobre a
produção escrita em português de usuários de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais (Pinheiro e
Brochado, 2011 e Brochado, 2011), especificamente no que diz respeito aos processos de
referenciação. O objetivo é, a partir de análises de estudos anteriores sobre os processos de
referenciação na produção escrita de usuários de Libras, propor atividades de ensino, tendo em vista
a maior eficiência escrita de estudantes surdos universitários. Consideramos uma conclusão bastante
recorrente em estudos anteriores: a de que nos seus textos acadêmicos, os estudantes surdos
apresentam pouco domínio dos processos de referenciação mais complexos, tais como a
recategorização e as anáforas associativas. A partir disso, sugerimos uma sequência didática, nos
termos de Dolz e Schneuwly (2004), para trabalhar, especificamente, o gênero relatório de estágio.
Focalizamos esse gênero voltado mais especificamente para a formação de docentes, sabendo-se
que constitui uma prática social bastante disseminada nos domínios de transmissão e construção do
saber, abrangendo diferentes esferas profissionais. Em geral, o relatório de estágio tem como
propósito principal relatar o levantamento de dados sobre determinada área profissional através de
observação e registro de informações, acrescido das atividades de prática profissional
supervisionada, durante o período de formação, na área em questão. Essa sequência focaliza os
processos de referenciação presentes nesse gênero para possibilitar que os estudantes coloquem em
prática os processos que eles ainda não têm domínio. Assumimos que a topicalidade é um princípio
de organização do texto e tomamos a articulação tópica como uma estratégia textual-interativa que
orienta o interlocutor para a montagem-formulação do texto e para um conjunto de outros aspectos
interacionais que orientam a construção do seu sentido, destacando-se as estratégias de
referenciação.

PARECERES DESCRITIVOS DE ALUNOS SURDOS: REVELAÇÕES SOBRE SEU


DESEMPENHO EM LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Andréia Gulielmin DIDÓ – UNISINOS
andreiadido@gmail.com
Catia de Azevedo FRONZA – UNISINOS
lcfronza@uol.com.br

Este estudo tem como objetivo refletir sobre como se constitui o parecer descritivo de Língua
Portuguesa referente ao desempenho de alunos surdos de uma escola de ensino fundamental da rede
municipal da região metropolitana de Porto Alegre, e, a partir disso, verificar concepções acerca da
aprendizagem da Língua Portuguesa escrita indicadas por vozes que permeiam este documento.
Para tal fim, além do contato com as professoras dos alunos, de observações de aulas, com o apoio
da equipe diretiva, foram tomados para análise pareceres descritivos de 15 alunos surdos dos ciclos
I, II e III, elaborados semestralmente no ano de 2010. A reflexão sobre tais dados toma por base
estudos que se voltam ao percurso da educação de surdos e ao ensino e à aprendizagem de línguas,
mais especificamente Língua Portuguesa e Libras, trazendo pressupostos de Vygotsky quanto ao
desenvolvimento intelectual e aprendizagem, concepções bakhtinianas sobre linguagem,
complementadas por investigações sobre o gênero parecer descritivo. Entre as constatações deste
trabalho, ressalta-se que o parecer descritivo constitui-se como preceito sobre o sujeito surdo, o qual
tem seu registro centrado na busca pela adequação, normalização desse sujeito a partir de saberes já
construídos. Esses documentos, portanto, não registram o nível de conhecimento linguístico dos
alunos, priorizando aspectos comportamentais. Nodiálogo possibilitado pelos dados que foram
sendo gerados ao longo do estudo com as pesquisas que alicerçaram as discussões, reforça-se a
necessidade de mais reflexões acerca da avaliação dos alunos surdos e sobre todo o cenário dos
processos de ensino e de aprendizagem no qual se configura a educaçãode surdos e, neste caso, o
acesso à sua língua e à da comunidade ouvinte.

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O PROBLEMA DA AMBIQUIDADE LEXICAL PARA A INTERPRETAÇÃO ENVOLVENDO
A LÍNGUA PORTUGUESA E A LIBRAS
Jorge BIDARRA – UNIOESTE
jorgebidarra@hotmail.com/ jorge.bidarra@unioeste.br
Tania Aparecida MARTINS – UNIOESTE
martitania@hotmail.com

As diferenças existentes entre a LIBRAS e a língua portuguesa, tanto no que concerne às estruturas
morfossintáticas, quanto à realização das palavras, quer individualmente ou em contexto, impõem
para os intérpretes e para os alunos surdos muitos desafios. Para ultrapassar os limites e as
dificuldades presentes no processo de tradução e interpretação a que estão sujeitos, é comum, que
lancem mão de estratégias para que a comunicação se estabeleça. Enquanto em Português as marcas
morfológicas de tempo, aspecto, número, gênero e pessoa estão na constituição interna das palavras,
em LIBRAS as palavras resultam de uma complexa combinação entre signos, gestos e expressões
não manuais atrelados a movimentos realizados no espaço de enunciação. Ser bem sucedido nesse
trabalho de tradução e interpretação depende da capacidade e habilidade de ambos no
estabelecimento das relações determinadas nesse processo. Em geral um dos grandes desafios
impostos pelas línguas, aos linguistas diz respeito ao tratamento das palavras ambíguas. Para
refletirmos sobre esse assunto, apresentamos alguns resultados preliminares das pesquisas que
vimos desenvolvendo numa escola pública da nossa região, da qual tomam parte, como nossos
informantes, 2 alunos surdos, 1 professor e 1 intérprete de LIBRAS. Com base no corpus coletado,
resultado das transcrições até o momento tanto da exposição oral do professor quanto da
interpretação pelo intérprete, identificamos e analisamos a ocorrência de palavras ambíguas nos
dois registros e o modo como elas são trabalhadas pelo intérprete. Um dos objetivos é verificar até
que ponto o que chega para o aluno, em LIBRAS, está equivalente a exposição do professor. Como
resultados, temos percebido que as escolhas feitas pelo intérprete para contornar os problemas
decorrentes das ambiguidades lexicais, nos dois sistemas, nem sempre são capazes de manter a
essência do que fora dito pelo professor, com prejuízos significativos para o ensino e aprendizagem
do aluno surdo.

O PARÂMETRO “EXPRESSÕES NÃO MANUAIS” COMO DETERMINANTE DAS


ILOCUÇÕES ABSTRATAS NA LIBRAS – UM ESTUDO FUNCIONALISTA
Maria Luisa Mendes – UFG
mendes.calixto@gmail.com

Mostraremos como as categorias - Ilocuções abstratas, do Nível Interpessoal, propostas por


Hengeveld e Mackenzie, na Gramática Discursiva Funcional são visíveis na Libras. Ilocuções são
atos discursivos que variam de acordo com as intenções dos usuários da língua e se manifestam de
forma diferente, conforme a modalidade desta língua. O estruturalismo funcional postula que “a
linguagem, acima de tudo, permite ao homem reação e referência à realidade extralinguística”. A
língua é concebida como instrumento de interação verbal; onde a relação entre as intenções dos
falantes e a interpretação do destinatário é mediada, mas não precisamente, estabelecida pela
expressão linguística. A língua nesse sentido é fluida, dinâmica e sensível às mudanças culturais,
sociais e cognitivas, pois a comunicação humana envolve todas as outras funções psíquicas
superiores, além da linguagem e todas essas funções e competências são acionadas nas situações
comunicativas e interativas humanas. Para os funcionalistas as mudanças partem do discurso para a
gramática, ou seja, são as escolhas de registro que o falante faz; e, de acordo com suas intenções
(contexto) para com seu interlocutor, como ele quer que o destinatário receba e retorne a ele que
irão definir a sentença linguística. Os dados apresentados são de contextos comunicativos
cotidianos. Selecionamos algumas situações de interação nas quais as ilocuções abstratas são

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mostradas em Língua Portuguesa, manifestadas e marcadas pela entonação e pontuação, para
verificar se estão presentes na Libras. Fizemos uma descrição detalhada de cada sinal que compõe
os enunciados apresentados a fim de mostrar qual parâmetro está em ênfase. Observamos que essas
categorias na Libras são manifestadas e marcadas pelo parâmetro “Expressões não Manuais –
ENM”, especificamente a expressão facial dos usuários. Identificar tais ilocuções favorece para que
o professor ao ensinar Língua Portuguesa aos surdos faça a relação, entonação, em línguas
oralizadas e expressão corporal/facial, em línguas sinalizadas.

GRUPO TEMÁTICO 14: ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: EXCLUSÃO,


PRECONCEITO E CIDADANIA
COORDENADORAS: Maria Cecília de LIMA (UFU) – mariaceciliadelima@gmail.com;
Vânia Aparecida Martins BERNARDES (UFU) – vaniaapbernardes@hotmail.com

Neste Grupo de Trabalho, o tema é o ensino de Língua Portuguesa e sua relação convergente, ou
divergente, com a exclusão, o preconceito e a cidadania. Isso porque entendemos que ao ensinar o/a
professor/a, conscientemente ou não, reproduz discursos que ora podem contribuir com a
construção da cidadania discente e sua emancipação; para a reprodução de preconceitos e de
exclusão ou não; contribuindo para a formação de alunos-cidadãos-críticos ou não. Com essa
reflexão inicial, intentamos levantar discussões sobre o ensino de Língua Portuguesa e sua possível
contribuição para uma visão crítica da realidade e para com a crítica à exclusão social, ao
preconceito de todas as formas. Acreditamos que refletir sobre o ensino de Língua Portuguesa pode
ser também, para além de padrões formais, pensar na construção da cidadania discente, de uma
nova consciência social e de uma nova sociedade. Para as nossas discussões e reflexões,
empregaremos como quadro teórico-metodológico teorias críticas que reflitam sobre o ensino e
sobre a sociedade: Adorno (1986, 2000); Chouliaraki e Fairclough (1999); Giddens (1993), por
exemplo. Esse quadro crítico será empregado em discussões teóricas, discussões teórico-analíticas e
resultados de pesquisa sobre a temática em questão. Entendemos que o ensino tradicional de Língua
Portuguesa, por si, só vem perdendo a força em função de se ter, atualmente, o ensino de língua
com um papel social: o de saber agir por meio da linguagem. E é esse agir e saber agir que precisa
ser posto em discussão, que precisa ser propalado para que as contribuições dessa nova visão do
ensino de Língua Portuguesa em sala de aula possam ser proficientes quanto à crítica a processos de
exclusão social e toda e qualquer forma de preconceito, levando, assim, à cidadania discente e à
contribuição para a construção de uma sociedade com novos valores e práticas.

ENSINAR E APRENDER PORTUGUÊS NA ESCOLA: TRAJETÓRIAS, IMPLICAÇÕES E


DESDOBRAMENTOS
James Deam Amaral FREITAS – IFG
jdeamm@gmail.com

A sala de aula, a despeito de suas limitações e contradições, constitui um lugar de interação, de


constituição das identidades sociais (LOURO, 1997; MOITA LOPES, 2002), de reflexão coletiva,
de ensino da condição humana (MORIN, 2001), de produção do conhecimento, de exercício da
cidadania, e da prática da liberdade (FREIRE, 2006). É nesse espaço, em que coexistem,
paradoxalmente, práticas de inclusão e discriminação, que se configuram as possibilidades de
ressignificações e mudanças. Diante da relevância da sala de aula e de sua construção por processos
linguísticos, constitui nosso objetivo a problematização de um intervalo significativo desse espaço:
a aula de língua portuguesa. Isso porque estamos defendendo uma concepção que transcende uma
visão instrumentalista de ensino-aprendizagem de língua portuguesa e enfatizando as múltiplas
imbricações entre língua, sociedade, cultura e política. Em outros termos, não podemos conceber a
língua isolada dos sujeitos falantes, de sua História, suas culturas e seus contextos. Desse modo,
destacamos a necessidade de inserir esse ensino em uma ação educativa, comprometida com a
reflexão sobre as identidades e práticas sociais, constituídas e reiteradas por meio de nossas

99
interações discursivas. Para tanto, pretendemos realizar um breve reexame de políticas linguísticas e
produções teórico-acadêmicas, que tiveram a pretensão de reestruturar os arranjos e epistemologias
dessa disciplina curricular. Na sequência, essas ações serão submetidas a um olhar crítico, na
tentativa de instigar o reposicionamento do processo de ensinar e aprender português na escola, de
forma que ele faça mais que prescrever regras, reduzir a língua a um caráter de imanência ou
perpetuar práticas sócio-discursivas hierarquizantes e excludentes.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E SUA RELAÇÃO COM A EXCLUSÃO /


INCLUSÃO SOCIAL
Jéssica Teixeira de MENDONÇA – UFU
jessicaufu@hotmail.com

Esta comunicação tem como tema a reflexão sobre a relação entre o ensino de Língua Portuguesa, a
inclusão e/ou exclusão social do aluno e a consciência que ele tem das diversidades linguísticas.
Isso porque, para que o aluno possa ser livre de preconceitos linguísticos, ele precisa ter a
consciência da diversidade e do valor que a ela é atribuído. Essa consciência pode ser realizada por
meio do ensino crítico de Língua Portuguesa. Com essa reflexão inicial, temos como objetivo
levantar questões referentes ao trabalho com a diversidade linguística no ensino de Língua
Portuguesa, ao material teórico que se tem disponível sobre o ensino dessa língua, uma vez que
percebemos que há divergência entre o que se fala sobre o ensino da variedade linguística nas aulas
de Língua Portuguesa e como realmente acontece esse ensino. Para a realização desta discussão de
cunho empírico e bibliográfico, empregaremos como quadro teórico, discussões de BRASIL (1997),
FAIRCLOUGH (1999), BAGNO (2007), dentre outros. Esse quadro contribuirá para a discussão de
que o ensino de Língua Portuguesa como vem acontecendo em sala de aula, ou seja, o ensino
tradicional dessa língua, apesar de ter a sua importância, não colabora para a formação de alunos
críticos e conscientes em relação a sua própria língua e, como consequência, conscientes em relação
a sua própria sociedade. Apesar de teoricamente existir preocupação com a formação da cidadania,
apenas o ensino do Português padrão ou formal faz com que os alunos saiam das escolas com
alguns preconceitos em relação à diversidade linguística. Dessa forma, o ensino de Língua
Portuguesa deve ser repensando e tratado como um grande aliado para a formação de alunos críticos
em relação ao preconceito e contra qualquer forma deexclusão, constituindo-se assim, um promotor
de inclusão social.

PROPOSTAS DIDÁTICO-METODOLÓGICAS PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES:


REFLEXÕES SOBRE A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL AFRO-BRASILEIRA
NO ENSINO FUNDAMENTAL
Jorge Augusto Alves da SILVA – UESB
adavgvstvm@gmail.com
Valeria Viana SOUSA – UESB
valeriavianasousa@gmail.com

A Lei Federal 10.639/2003 que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de “História e Cultura


Afro-Brasileira” nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares
encontrou professores e graduandos completamente despreparados para enfrentarem cientificamente
a inclusão em sala de aula de assuntos permeados de preconceitos e visões equivocadas. Embora a
mesma lei, no âmbito do Art. 26, § 2°, ordene que profissionais na prática do Ensino de Literatura
devam ministrar aulas que priorizassem conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira,
os profissionais de Letras e os graduandos em Letras pouco ou nada sabem como lidar com
elementos de Cultura Afro-Brasileira em nossa realidade. Tal despreparo leva-os a repetirem
equívocos históricos e alimentarem preconceitos sobre a presença do negro africano e seus
descendentes em nossa civilização. Nesse sentido, as propostas, fruto da pesquisa e da aplicação de

100
tais conteúdos nos cursos de formação de professores, vêm preencher uma lacuna, visto que
considera a necessidade de se apresentar a cultura africana e de seus descendentes não como uma
contribuição à formação da nossa identidade nacional, mas como elemento constituidor de nossa
história e de nossa cultura. Além disso, o estudo procura responder à crucial pergunta: como
ensinar Cultura Afro-Brasileira de forma científica, já que as produções nessa área são eivadas de
preconceitos e deturpações e as recentes pesquisas científicas não foram, ainda, “filtradas” para os
não-especialistas? Destarte, o estudo apresenta reflexões científicas sobre a atual realidade, à
medida que procura fazer uma revisão sobre o papel de negros africanos e seus descendentes pelo
viés da linguagem, palco onde os conflitos se atualizam e se renovam diuturnamente.

O ESTÁGIO DE PORTUGUÊS NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA: FORMAÇÃO


CRÍTICA PARA OS ESTAGIÁRIOS, INSERÇÃO PARA OS PARTICIPANTES
Cirlana Rodrigues de SOUZA –UFU
cirlanarodrigues@yahoo.com.br

A disciplina Estágio supervisionado de Português em diferentes contextos, do curso de Letras


(UFU), visa possibilitar aos alunos a prática do ensino da Língua Portuguesa fora do contexto
regular de educação. O estágio pode facilmente se restringir a eventuais cursos de português
instrumental para diferentes demandas como entrevista de emprego e preparação para concurso
público. Sem invalidar essas iniciativas – que respondem a uma demanda social de ensino e
formação – a proposta, para um grupo de estagiários, foi ampliar a noção de diferentes contextos,
objetivando uma espécie de inserção de mão dupla: inserção dos alunos estagiários no contexto do
Centro de Convivência e Cultura da rede de saúde mental de Uberlândia e dos participantes do
projeto ali realizado, os pacientes em momento de inserção social e cultural. Neste trabalho,
refletiremos sobre essa singular experiência de estágio considerando que a educação tem a
capacidade de transformar as relações sociais, pois possibilita discutir
e instaurar o respeito às diferenças. Desse modo, trabalhar em diferentes contextos descentralizando
a educação seria um exercício de emancipação social e cultural tanto para alunos como para os
participantes. Essa experiência se constituiu de oficinas de produção textual enfatizando a produção
de textos literários e jornalísticos. Essas oficinas foram elaboradas considerando o interesse do
grupo de participantes que realiza, semanalmente, uma oficina de comunicação. Foram produzidos
gêneros textuais como o conto, a poesia, a história em quadrinhos e aqueles que poderiam contribuir
para a produção do jornal do Centro, como o editorial e a crônica esportiva. Assim, tomaremos
como fundamentação para esta experiência educativa, cultural e social, o potencial formativo do
pensamento crítico enfatizado por Adorno (1995, 1996) sustentando ser o sentido da educação a
autorreflexão crítica, melhor dizendo, a educação deve refletir criticamente sobre si mesma.

O PAPEL DA ESCOLA NA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O PRECONCEITO LINGUÍSTICO –


UMA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA
Maridelma LAPERUTA-MARTINS – UNESP
chomsky1928@yahoo.com.br

A presente comunicação tem por objetivo expor o desenvolvimento de minha pesquisa de


doutorado, provisoriamente intitulada: “A sociolinguística e o ensino de língua portuguesa: uma
proposta para um ensino aprendizagem livre de preconceitos”. Trata-se de um projeto que se inicia
a partir de um percurso de 7 anos no curso de Letras da UNIOESTE, observando o discurso dos
alunos de graduação e de professores de E.F. sobre suas atitudes linguísticas e concluindo,
empiricamente, a existência de preconceito linguístico nesses discursos. A partir dessa conclusão,
trago à tona a hipótese de que é, apenas, por meio da escola que se pode fazer um trabalho de
conscientização linguística que possa amenizar discursos e atitudes preconceituosas sobre a
linguagem. Estou realizando uma pesquisa aplicada de abordagem qualitativa com os seguintes

101
passos: 1. averiguação/comprovação, por meio de entrevistas não estruturadas, com um grupo de
professores de E.F. e com seus alunos, de seus discursos preconceituosos sobre a linguagem; 2.
discussão, com esse mesmo grupo de professores, sobre os pressupostos teóricos da
Sociolinguística; 3. elaboração, ainda com esse mesmo grupo de professores, de uma sequência de
atividades de ensino que aborde amplamente questões como variação e mudança linguísticas,
homogeneidade e heterogeneidade linguísticas, normas, o vernáculo, estigma e prestígio,
preconceito linguístico, entre várias outras; 4. verificação, com o mesmo grupo de professores e
alunos, dos resultados da aplicação dessas atividades pelos professores, o que confirmará ou não a
hipótese desta proposta de pesquisa. Neste momento, já foram executados os itens 1, 2 das
proposições acima. O item 3 está sendo feito e aplicado pelos professores e o item 4 será realizado
no final da pesquisa (final deste semestre). Acredito que o resultado deste trabalho seja positivo e
que, por meio da escola, ele possa auxiliar a luta contra o preconceito linguístico existente na
sociedade.

LEI 10.639/03 E LEI 11.645/08: DESAFIOS PARA A DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA

Luciane Ribeiro Dias GONÇALVES – UFU


luribeiro_mg@yahoo.com.br
Cairo M I KATRIB – UFU
cairo@pontal.ufu.br

O recente arcabouço jurídico-normativo educacional tem desafiado a disciplina Língua Portuguesa


a encontrar estratégias teórico-metodológicas para responder à necessidade de observar a diferença
étnico-cultural que compõe a cultura brasileira com novos olhos. Este trabalho objetiva demonstrar
que a Língua Portuguesa é uma das disciplinas com potencial para romper com o eurocentrismo
predominante no contexto escolar. Para analisar esta problemática utilizamos de revisão de
documentos normativos relacionadas à educação das relações étnico-raciais na perspectiva das Leis
10.639/03 e 11.645/08. Tanto as leis citadas anteriormente, quanto as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura afro-
brasileira e africana, preconizam que a disciplina língua portuguesa deverá atentar para questões
didático-pedagógicas como a diversidade da literatura africana, o uso da oralidade, atenção às
ilustrações dos livros a respeito de estereótipos entre outros aspectos, a visibilidade e os papéis das
personagens negras e a manutenção e/ ou inovação na violência simbólica calcada em preconceitos
e caricaturas. As discussões baseiam-se no quadro teórico metodológico que contemplem estudos
com discussões teóricas e analíticas que busquem alternativas para que se desfaçam equívocos
históricos sobre a população negra e indígena, reconheça a complexidade do processo de construção
da identidade nacional e avance em estratégias de pesquisa e propostas metodológicas para uma
educação que busque a formação cidadã. Entendemos que a língua portuguesa potencializa uma
imensa contribuição a oferecer em prol da luta anti-racista educacional e consequentemente,
contribuir para a mudança da sociedade brasileira neste aspecto.

O JORNAL COMO MECANISMO DE INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO SOBRE A


REPRESENTAÇÃO DO NEGRO POR MEIO DA CONSTRUÇÃO ANAFÓRICA
Lúcia Mosqueira de Oliveira VIEIRA – FPU
luciamosqueira@gmail.com

A história evidencia o quanto o preconceito racial ainda está arraigado fortemente em nossa
realidade. Neste contexto, o Movimento Negro age sob o legítimo ofício de assegurar os direitos
indispensáveis a qualquer cidadão – o direito à educação, à saúde, ao trabalho, à participação
política e social. Incontestavelmente, a escola exerce um papel fundamental no sentido de viabilizar
ações para que esses direitos possam ser reconhecidos e legitimados. O objetivo desse trabalho é

102
refletir, então, como o professor de língua materna pode contribuir ou não para um ensino mais
inclusivo. Dentre as várias possibilidades, o trabalho com jornais se afigura como uma fonte rica
para explorar várias questões, dentre elas a representação da figura negra pela construção anafórica
por meio da coesão lexical. Restringimos nossa análise à anáfora indireta por meio do processo
metonínimo. Para isto, analisamos os jornais da Imprensa Negra, especificamente “A voz da Raça”,
“A Rua”, “A liberdade”. Baseamo-nos em Charolles (1991), Cornish (1996), Fauconnier (1994) e
Perelman e Olbretchts &Tytheca (1996). A análise dos dados evidenciou que a construção
anafórica, especificmente a anáfora indireta por metonímia, é resultado de operações mentais,
situada no interior de um sistema de conhecimentos de mundo partilhado pelos interlocutores.
Desse modo, o dizer do professor e o seu trabalho por meio do jornal são cruciais para o resgate das
grandes questões relacionadas à atuação do negro no Brasil, sendo um dos fatores coadjuvantes para
promover um ensino mais inclusivo em nosso país.

POR UMA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA: O SAMBA E A FORMAÇÃO DA CIDADANIA


Fábio André Cardoso COELHO – UERJ
fabioandrecoelho@ig.com.br

A partir da necessidade de se pensar sobre um ensino reflexivo da língua portuguesa, este trabalho
tem como objetivo abordar algumas práticas docentes no processo de ensino-aprendizagem na
escola e apontar possíveis relações do samba com as práticas de cidadania. Desinteresse pela leitura
e pelas descobertas que os textos podem proporcionar são alguns dos apontamentos evidenciados,
decorrentes da constatação de um ensino precário e ineficaz da língua. Para essa análise, faremos
uma abordagem sobre o conceito de língua, sujeito, cidadania, ensino, cultura do samba,
concepções de linguagem e de gramática, tendo como pressupostos teóricos os fundamentos
didático-metodológicos da língua portuguesa, à luz dos trabalhos de Antunes (2009), Azeredo
(2002), Geraldi (1996), (2000), Guedes (2009), Moura (2004), Pereira (2002) e (2004), Rojo
(2000), Suassuna (1995) e Travaglia (2000). Tentaremos entender de que maneira as letras dos
sambas apresentam suas potencialidades linguísticas e como os recursos linguístico-expressivos
presentes neles podem ser apreendidos e compreendidos pelos alunos. Ressaltaremos a apropriação
dos direitos propiciados e deveres exigidos pela língua. E mais, se ela representa a possibilidade de
o sujeito tornar o seu conhecimento explícito, revalidá-lo e representá-lo,e se saber o idioma é mais
do que conhecer sua estrutura gramatical, tornamos produtivo entender que saber a língua é saber
mais de si e do outro com quem interagimos. Partindo da premissa de que o ensino de língua
portuguesa estabelece relações com as práticas linguísticas de cidadania, discutiremos também
sobre o papel do professor como mediador desse processo e a necessidade de pensarmos como os
mecanismos linguísticos presentes nas letras dos sambas contribuem nessa construção do aluno-
cidadão.

LETRAMENTOS PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA


Viviane Raposo PIMENTA – UFMG
vivianeraposopimenta@gmail.com

Neste estudo, objetiva-se apresentar a discussão sobre os Multiletramentos, mais especificamente,


no que se refere ao ensino de leitura e produção de textos nas aulas de Língua Portuguesa, os
letramentos críticos e protagonistas para o exercício da cidadania. Neste sentido, a abordagem da
língua enquanto instrumento de poder. Ora, se o sujeito se constitui na e pela linguagem, é no
âmbito das aulas de Língua Portuguesa que encontramos ambiente profícuo para a abordagem dos
direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. Constata-se que a
efetividade dos direitos fundamentais estabelecidos na Constituição está diretamente relacionada ao
grau de conhecimento destes pelos cidadãos. No Brasil, onde a maior parte da população não
dispõe dos mais básicos direitos, sobrevivendo em precárias situações, revela-se o baixo nível de

103
conscientização jurídica e política, a exigir um programa de letramentos em direitos fundamentais.
Portanto, o aspecto objetivo de uma legislação que garante os direitos humanos precisa ser
complementado pelo aspecto subjetivo, uma educação para os direitos humanos, de modo a torná-
los um consenso cultural enraizado no sentir, no pensar e no agir das pessoas. Assim, acredita-se
que o exercício da cidadania pressupõe a consciência do homem de que é sujeito de direitos.
Superando concepções positivistas e idealistas dos direitos humanos, cumpre traçar o perfil da
abordagem pedagógica adequada à conscientização crítica dos direitos fundamentais por meio do
trabalho com os mais variados gêneros do discurso que favoreçam a discussão, e promovam uma
combinação dialética entre o conhecimento local e o formal.

ANÁLISE DE JORNAIS DA IMPRENSA NEGRA: EXCLUSÃO, PRECONCEITO E


CIDADANIA – CONTRIBUIÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI Nº 10.639/03 EM
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Maria Cecília de LIMA – UFU
mariaceciliadelima@gmail.com
Janaína Jácome dos SANTOS – IESP
janainajacomedosantos@gmail.com

A imprensa negra foi criada para dar vez e voz aos negros brasileiros no período pós-abolição
(PINTO, 2010). Época em que a ideologia veiculada pelo mito da democracia racial não permitia
que o preconceito e a discriminação fossem admitidos. Ao discutir esse tema, nesta comunicação,
temos como objetivo mostrar como a análise de jornais da imprensa negra -, de modo social e
textualmente orientado, trazendo à tona os processos de exclusão e preconceito aos quais os negros
estavam expostos e sua luta para a construção de sua cidadania - pode contribuir com a
implementação da lei nº 10.639/03, em aulas de Língua Portuguesa, para a constituição de novas
identidades. Para tanto, empregamos os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de
Discurso Crítica (ADC) e da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), demonstrando a estreita
relação entre linguagem e sociedade. A Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001;
RESENDE, RAMALHO, 2002) parte do princípio de que a linguagem é parte irredutível da vida
social, e responsável pela constituição de crenças, valores, identidades e conhecimentos, discursos
que são materializados/concretizados em textos. Esses discursos podem ser analisados por teorias
linguísticas que também consideram a linguagem como parte irredutível da sociedade, bem como
uma prática social. Uma dessas teorias é a Gramática Funcional (HALLIDAY, 1994), que apresenta
como ideia básica que a língua constrói o contexto social e é por ele construída, sendo os
significados construídos na interação. Com o emprego dessas teorias, e de discussões sobre raça e
etnia (SCHWARCZ, 2010; MUNANGA, 1996), procedemos a análise de jornais da imprensa negra
na tentativa de contribuir com o ensino de Língua Portuguesa engajado com a leitura crítica de
problemas sociais como o vivido pela população negra na pós-abolição e que ainda tem seus
reflexos na sociedade.

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO PROCESSO DISCRIMINATÓRIO NA


EDUCAÇÃO ESCOLAR EM MOÇAMBIQUE
Vânia Aparecida Martins BERNARDES – UFU
vaniaapbernardes@hotmail.com

O presente artigo é a analise sobre o resultado de várias pesquisas realizadas pelo investigador
moçambicano e diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane
professor PhD. Armindo Ngunga. O pesquisador defende a tese de que ao se introduzir o projeto de
expansão do uso da Língua Portuguesa oficialmente pelo Estado em Moçambique é inevitável
associar a ação pedagógica denominado de Projeto Bilingue, que atende os interesses da população
também com o uso da língua materna. Os objetivos desta pesquisa consistem em publicizar os

104
resultados de que somente o ensino da Língua Portuguesa na educação escolar contribuiu com a
evasão das crianças do sistema escolar. Estudos demonstraram que os sujeitos/alunos pesquisados
dos cursos primários obtiveram, desde o ano de 2009, baixo nível de domínio dos conteúdos e das
metodologias de ensino por parte dos professores. Todavia o pesquisador chama a atenção para a
injustiça por parte do Estado daquele país em exigir que suas crianças moçambicanas sejam
alfabetizadas com êxito, menciona como exemplos a província de Niassa e Cabo Degaldo. Portanto,
os resultados apontam que “a situação do sistema de ensino-aprendizagem nas duas províncias é
preocupante, quer entre as crianças, quer em relação aos professores envolvidos/testados” (Courlon
e Mendes, 2009:45). Tal processo anula toda a identidade cultural de séculos e séculos de tradição
da língua materna africana, uma vez que há diferença entre alfabetizar na língua materna e o ensino
de uma segunda língua. Com base nesse nesses pressupostos, tornou-se possível evidenciar através
do levantamento de dados voltados para o ambiente escolar, mais especificamente, a formação
docente, a gestão escolar, os pais e encarregados da educação que com o ensino exclusivo da
Língua Portuguesa resulta em processos discriminatórios na educação escolar em Moçambique.

GRUPO TEMÁTICO 15: ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: MÚLTIPLOS OLHARES;


MÚLTIPLAS FACETAS
COORDENADORES: Adriane Teresinha SARTORI (UFMG) – adriane.sartori@gmail.com;
Silvio Ribeiro da SILVA (UFG – Campus Jataí) – shivonda@gmail.com

O ensino de português como língua materna tem-se caracterizado por ser um objeto complexo e
multifacetado. Dada essa configuração, este Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisas
concluídas, ou em fase de conclusão, que visam analisar a atual realidade do ensino de língua
portuguesa em nível de educação básica, ensino fundamental ou médio. Que práticas de ensino de
nossa língua são efetivadas nas salas de aula das escolas brasileiras? Como essas práticas são
orientadas/encaminhadas pelo(s) material(is) didático(s)? Essas são perguntas essenciais a serem
respondidas pelos pesquisadores interessados em participar deste GT. Dessa forma, interessa-nos
analisar as propostas ou práticas de ensino de leitura, de redação ou produção de textos, de
gramática ou análise linguística, além das relacionadas à oralidade. Parece-nos essencial investigar
esses eixos de ensino, considerando o ideário que tem constituído os documentos oficiais dos
diversos níveis de gestão, bem como os estudos linguísticos, que têm acumulado avanços
significativos nessas últimas décadas em relação aos temas mencionados. Paralelamente a esse
corpo de conhecimento, há a realidade da escola, na qual se concretizam às vezes práticas mais
tradicionais ou alternativas de ensino, mediadas, muitas vezes, por materiais didáticos, revelando a
heterogeneidade e a multiplicidade de concepções ali presentes. No embate permanente entre
“métodos” para ensinar, está a necessidade de equacionar o tão propalado problema do
analfabetismo funcional em língua materna de boa parte dos egressos da escola. Assim,
pretendemos reunir pesquisadores interessados em analisar o ensino de português como língua
materna, cujas abordagens teórico-metodológicas tenham cunho qualitativo e preferencialmente
estejam filiadas à Linguística Aplicada, área de investigação definida como transdisciplinar por
excelência.

PRÁTICAS COLABORATIVAS DE ESCRITA? DISCUTINDO CONCEITOS PARA


REPENSAR A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA
Petrilson Alan PINHEIRO – UFMS
petrilsonpinheiro@yahoo.com.br

O objetivo desta comunicação é apresentar uma discussão acerca da questão da produção textual
colaborativa (incluindo os conceitos já bastante comuns de colaboração e cooperação) no contexto
sócio-histórico atual de reconfiguração no campo da comunicação e da informação na Web 2.0.
Essa discussão se apoia em dados empíricos gerados a partir de um projeto de ensino de um jornal
digital escolar desenvolvido numa escola estadual localizada no município de Campinas (SP), entre

105
os meses de agosto e dezembro de 2008, com um grupo de voluntários composto por dezenove
alunos(as) do Ensino Médio. A intenção do uso desses dados no presente trabalho é mostrar como
práticas de escrita se constituem ao longo de um processo colaborativo de escrita e de apresentar
uma proposta de conceituação do que estou chamando de ‘práticas colaborativas de escrita’. Para
tanto, parto de uma discussão importante e controversa acerca dos conceitos de colaboração e
cooperação no campo de ensino-aprendizagem, para, então, tratar das práticas colaborativas de
escrita e mostrar como estas podem trazer uma nova perspectiva para o ensino de produção textual
na escola. Assim, busca-se refletir sobre as práticas colaborativas de escrita como processos de
aprendizagem, que são sempre mediados por artefatos sociais, históricos e culturais diversos. Nesse
sentido, é possível afirmar que a internet, como o principal artefato tecnológico atual, propicia
muitas ferramentas digitais que podem funcionar como instrumentos de mediação e contribuir para
atividades de produção textual, não de forma individual, como, em geral, a escola sempre trabalhou,
mas de uma forma que faça com que alunos e professores possam se engajar em práticas
colaborativas de escrita efetiva no contexto escolar.

COM QUANTAS FOLHAS SE FAZ UM PROFESSOR? – ANÁLISE DE PAPÉIS ASSUMIDOS


POR PROFESSORES DE REDAÇÃO DE TERCEIRO ANO DE ENSINO MÉDIO
Samelly Xavier da CRUZ – UFCG
simplesmentesamelly@yahoo.com.br

Nosso trabalho tem o objetivo de, à luz das teorias discursivas sobre o ensino como trabalho
(MACHADO: 2004, 2007), investigar como se caracteriza o professor de redação do terceiro ano
do Ensino Médio das escolas da cidade de Campina Grande. Obtivemos um corpus de 9
professores, os quais foram analisados quanto sua caracterização de trabalho a partir de três papéis
assumidos por estes profissionais, a saber: corretor, elaborador de material didático e produtor de
textos. Tais papéis fazem parte da práxis escolar, e pretendemos observar como um
influencia/interfere no outro além de observarmos a influência do novo ENEM na configuração
correlativa a estes três papéis do professor. É também nosso intuito caracterizar estes papéis e
analisar as correlações possíveis entre eles e os sujeitos que o assumem, seja em relação a eles
próprios, seja em relação aos outros professores. Para realizar essa caracterização e essa correlação,
nos utilizamos de um estudo primordialmente exploratório, embora apresente um caráter também
documental. Este trabalho se insere na lógica da Linguística Aplicada (MOITA LOPES: 2006),
portanto, é de cunho descritivo-interpretativista. Os dados gerados para compor os perfis dos
sujeitos envolvidos nessa pesquisa foram coletados a partir de um questionário, uma entrevista
semi-estruturada e da análise de suas provas escolares. Os resultados obtidos apontam para uma não
necessária correlação entre as três categorias por nós abordadas e uma influência direta do ENEM,
que representa o efeito retroativo. Tal trabalho nos trouxe novas percepções sobre o agir docente.

A ESCRITA NA SALA DE AULA: A AUTORIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL
Fabiana Claudia Viana BORGES – FFCL-ITUV
fabiana.feituverava@gmail.com

Uma das práticas de ensino de língua portuguesa mais efetivadas em sala de aula dos anos iniciais é
a reescrita de textos, sobretudo literários. Essa prática propõe a organização escrita do texto lido e
procura focar nas diferenças existentes essas duas ‘modalidade’ textuais, a leitura e a escrita. Dessa
forma, questionamos de que maneira essa prática contribui para o aluno produzir um texto com
autoria, historicizando os sentidos. Como o texto escrito em detrimento ao texto oral é trabalhado
em sala de aula, assim como o ‘texto informal’ versus o ‘texto formal’? Preterindo a esses objetivos,
nossas análises dar-se-ão a partir de textos escritos por alunos dos anos iniciais, materialidades
linguísticas originadas por atividades de reescrita de textos, conforme já mencionado, os literários, e

106
a partir das orientações dadas pelos documentos oficiais destinados a professores de língua
portuguesa dos anos iniciais do ensino fundamental, documentos esses legitimados a dizer “o que” e
“como” trabalhar com escrita e leitura em sala de aula. A teoria que embasa esta pesquisa é a
Análise de Discurso de linha francesa e as teorias de Letramento, a partir de autores como Pêcheux,
Orlandi, Pfeiffer, Pacífico, Cagliari, Tfouni, Rojo, que possibilitam discutir questões, dentre outras,
que versam sobre sujeito, sentido, autoria, paráfrase, polissemia, fôrma-leitor, e possibilitam,
também, verificar se essa prática, tal como pregoam os documentos oficiais, propicia aos alunos a
assunção da autoria ou se apenas se constituem como paráfrases, repetições do texto literário lido,
que objetivam à ‘qualidade’ do texto escrito, sua estrutura, e,assim, a assunção da autoria por parte
do aluno não é considerada pela escola.

GESTOS DE LEITURA E ESCRITA: A SUBJETIVIDADE NA LINGUAGEM DE ALUNOS DO


ENSINO MÉDIO
Thais Silva MARINHEIRO – FFCL
thaismarinheiro@terra.com.br

Pensando-se a linguagem como fonte de representação do sujeito, é perceptível o quanto o discurso


autoritário ainda se faz presente nos textos dos alunos de Ensino Médio, de modo que é através da
escrita, dos gestos de leitura e da fala que o homem tenta se fazer entender, sem, muitas vezes,
pensar nos equívocos, derivas e incompletudes que há na língua que podem causar sentidos outros.
Embasada pelos teóricos da Análise do Discurso, esta pesquisa tem a finalidade de perceber como a
subjetividade se instaura nos alunos enquanto produtores da linguagem. Acreditamos que, como
difere Orlandi (2003), em alguns textos há o predomínio do discurso polissêmico, em que o aluno
argumenta a partir de uma relação entre sua formação ideológica e seu interdiscurso, enquanto
outros partem do discurso parafrástico, de maneira que não irrompem com o discurso dominante.
Para isso, foram analisados textos escritos produzidos por alunos do segundo ano do Ensino Médio
de uma escola estadual, em uma situação específica de produção, e, a partir das análises dos textos,
percebeu-se que os discentes, para sustentar seus argumentos, utilizavam-se de sua identidade,
falavam de si mesmos, de suas qualidades, defeitos, infância, educação, atribuindo a si muitos
adjetivos, a isto a Análise do Discurso denomina subjetividade, ou seja, de acordo com Pêcheux
(1999), é a imagem que o eu faz de si, inconscientemente. Os conceitos de autoria, paráfrase e
polissemia, argumentação, utilizados nesta pesquisa são apresentados por Orlandi (1996, 2001),
arquivo, subjetividade por Pêcheux (1999), função-leitor, por Pacífico (2002), assim como os
conceitos de texto, discurso e outros propostos pela Análise de Discurso.

OS ELEMENTOS DISCURSIVOS E A PRÁTICA DOCENTE UMA LEITURA DO FILME


TAPETE VERMELHO
Marcilene de Assis Alves ARAÚJO – UNIRG
marcyassis@yahoo.com.br

Esse trabalho aborda questões relacionadas à prática docente do ensino de língua portuguesa e aos
avanços da linguística, considerando as discussões acerca dos gêneros textuais, na perspectiva de
incentivar uma prática de pesquisa interativa em sala de aula, por meio de um trabalho, cujo foco
parte do estudo das variações linguísticas e da análise morfossintática, dos enunciados proferidos
pelas personagens do filme, Tapete Vermelho. Nesse sentido, a partir dos pressupostos da
Sociolinguística discutidas por Bortoni-Ricardo (2006), Tarallo (2000) e Mollica (2003), além das
bases teóricas da Gramática Gerativa Transformacional (GGT), considerando as orientações
teóricas de Chomsky e Dubois, rediscutidos por Sautchuk (2010); Koch e Silva (2005) propõe-se
um trabalho visando a identificação e classificação dos elementos, tanto verbais quanto não verbais,
os quais possibilitam a construção das marcas de identidade cultural dos sujeitos, bem como, a
análise dos aspectos morfossintáticos presentes nos enunciados proferidos pelos personagens do

107
filme. Nesse contexto, propõe-se, nessa análise, considerar o funcionamento discursivo dos
elementos analisados, a partir do contexto da interação verbal, partindo do inter-relacionamento
existente entre os componentes sintático, semântico e pragmático com o propósito de apresentar ao
aluno a efetiva compreensão do funcionamento da língua, em situações reais de comunicação,
levando-o a compreender e usar a língua materna como geradora de significados e integradora da
organização do mundo. Desse modo, esse trabalho apresenta uma linha de estudo embasada na
concepção funcionalista de estudo da linguagem, ao conceber a língua como instrumento de
comunicação proveniente de situações comunicativas construídas a partir do contexto discursivo.

OS SIGNIFICADOS NO FAZER IMPRENSA ESCOLAR: O TRABALHO COM PROJETOS NA


AULA DE PORTUGUÊS
Raquel Leão LUZ – UFRGS
raquelleaoluz@yahoo.com.br
Luciene Juliano SIMÕES – UFRGS
luciene.simoes3@gmail.com

Este trabalho tem como objetivos apresentar o processo de construção de um projeto de imprensa
escolar em uma escola da rede municipal de Porto Alegre – Rio Grande do Sul, com os alunos do
terceiro ciclo do Ensino Fundamental, por meio da relação essencial que ele estabelece com a
construção de conhecimentos na aula de Língua Portuguesa, bem como apresentar as práticas de
letramento envolvidas nesse processo, do ponto de vista dos estudos de letramento como prática
social. Para tanto, partimos de um dado gerado no primeiro semestre deste ano, que possibilita a
formulação das seguintes hipóteses de análise: (a) o estudo da língua é mais bem aproveitado pela
sua relação com o projeto imprensa escolar, (b) visto que os alunos participantes estão engajados
em uma atividade social de linguagem (c) com propósitos e interlocuções definidos e configurados
por eles mesmos em seus procedimentos de produção e/ou publicação de textos. Nesse sentido, a
relevância do trabalho está em (a)discutir como se proporciona permeabilidade entre a aula de
Língua Portuguesa e os projetos pedagógicos da escola que envolvem práticas letradas do projeto
mais amplo (imprensa escolar) e (b) na reflexão acerca dos significados que este projeto adquire
localmente em relação ao marco conceitual que o envolve. Apresentamos ainda a relevância de se
construir, por meio de um projeto pedagógico, interlocução efetiva entre os membros da escola,
pela leitura e pela escrita em situações de produção em que os alunos possam estar engajados em
práticas sociais que sejam relevantes para eles mesmos.

PROJETO DIDÁTICO O SOM QUE FAZ A NOSSA CABEÇA: RELATO INTERPRETATIVO


DESSA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA
William KIRSCH – UFRGS
william_kirsch@yahoo.com.br

A presente comunicação consiste na síntese dos resultados obtidos por minha dissertação de
mestrado, que oferece o relato da investigação qualitativa/interpretativa do projeto didático
mencionado no título, executado em colaboração com uma professora de língua portuguesa do
ensino fundamental da rede estadual do estado do Rio Grande do Sul. O projeto didático teve por
objetivo a leitura e produção de notas autobiográficas centradas na relação entre canções favoritas e
questões autobiográficas pertinentes a essa relação. Após uma sequência de tarefas – leitura e
interpretação, estudo do texto, e foco em recursos expressivos –, os alunos produziram notas
autobiográficas, publicadas num CD da turma. O CD da turma continha um encarte com uma nota
produzida por cada aluno e uma mídia com cada canção escolhida para as notas. O projeto didático
teve por pilares teóricos: (1) o enquadre dialógico do Círculo de Bakhtin, no tocante à conceituação
de língua/linguagem, gêneros do discurso e autoria; (2) os pressupostos do ensino e aprendizagem
por projetos. No que tange à geração e tratamento de dados, a base teórica foi a tradição de pesquisa

108
qualitativa/interpretativa. Os resultados da pesquisa sugerem que há uma intrincada relação entre
interlocução, publicidade e autoria no âmbito dos projetos para o ensino de língua portuguesa. Os
dados mostram diversos momentos em que os alunos se engajam em atividades pedagógicas; os
dados também mostram momentos em que os alunos sustentam publicamente a autoria dos textos
escritos por meio da exibição de responsabilidade pelos efeitos de sentido que os textos suscitam
nos seus leitores. Esses momentos de autoria são, em larga medida, deflagrados na interação
professor/aluno, o mais robusto subsídio empírico do relato.

REFLEXÕES ACERCA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: AULAS QUE NÃO


ACONTECEM
Josa Coelho da Silva IRIGOITE – UFSC
josa_coelho@hotmail.com

Esta comunicação traz um recorte de uma pesquisa de Dissertação cujo tema é a aula de Português,
com foco em fatores que comprometem a formação dos alunos como leitores e produtores de
textos-enunciado escritos em diferentes gêneros discursivos. O objetivo foi identificar razões pelas
quais as aulas de Português não acontecem no espaço escolar em estudo, em se tratando do ensino e
da aprendizagem da leitura e da produção textual escrita. A tipificação da pesquisa constitui uma
pesquisa-ação, com ancoragem etnográfica, cuja geração de dados partiu da inserção em uma escola
estadual do município de São José, nas aulas de Português de duas turmas: uma 7º série do ensino
fundamental e um 1º ano do ensino médio. A operacionalização incluiu observação participante das
aulas de Português com geração de notas de campo e um período de intervenção didática, além de
entrevistas e análises documentais. As aulas pesquisadas tiveram como foco norteador o gênero
crônica, uma exigência local por conta das Olimpíadas de Português de que a escola iria participar
na época. Os resultados sinalizam para uma provável divergência entre as práticas de letramento
dos alunos e as práticas de letramento escolares. Mais do que uma divergência, conclui-se que
muitos dos gêneros do discurso que compõem a aula de Português – a exemplo da crônica –
correspondem a propostas de eventos de letramento para os quais as práticas de letramento dos
alunos não oferecem suporte. As atividades de leitura e escrita propostas pela escola, assim, não
fazem sentido para os alunos, que, por sua vez, não se engajam nas aulas; não havendo
engajamento, a aula de Português não acontece como gênero discursivo, na concepção de Matêncio
(2001).

PARTICIPAÇÃO, IDENTIDADE E VARIAÇÃO EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA DE


APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA
Andréa Burgos de Azevedo MANGABEIRA – UFRGS
mangabeira.andrea@gmail.com

Este trabalho buscou estabelecer relações entre a construção de identidades em uma comunidade de
prática e a variação na concordância nominal de número como uma prática social na fala de seus
participantes. Para isto, se apoiou no conceito de comunidades de prática e de participação
periférica legitimada, com vistas a observar, delimitar e analisar uma comunidade de prática
emergente na sala de aula de Língua Portuguesa na EJA, por meio da interpretação das relações
sociais estabelecidas entre seus membros na construção de suas identidades nesta comunidade. A
análise dos dados mostrou a emergência das categorias sociais de Jovens e Adultos reificadas no
discurso dos participantes e na constituição socio-histórica da escola. Além disso, foram
encontradas categorias emergentes de participação na comunidade de prática analisada, mostrando
que a negociação do status de participante pleno, periférico e marginalizado na comunidade de
prática em questão é dinâmica e constante. A partir destas categorias locais, realizou-se uma análise
interpretativa da variação na concordância nominal de número na fala dos participantes na sala de
aula de Língua Portuguesa, e uma análise interpretativa, mas também quantitativa, de suas taxas de

109
aplicação de concordância padrão nas entrevistas individuais realizadas. A análise dos dados de
variação linguística e interação na comunidade de prática em questão mostrou que esta variável
linguística é utilizada localmente pelos participantes como recurso simbólico, ao fazerem
movimentos estilísticos, no sentido de construir suas identidades de participação na comunidade de
prática analisada, bem como a relação deste uso local com resultados macrossociais encontrados por
pesquisas anteriores de larga escala. Este resultado evidencia a importância da associação entre
pesquisas interpretativas locais e pesquisas quantitativas macrossociais para o entendimento dos
significados sociais da variação linguística, e para compreender as relações destes significados com
a configuração social construída na escola e na sala de aula de Língua Materna.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ORIENTADO POR PROJETOS DIDÁTICOS DE


GÊNERO: UM OUTRO OLHAR SOBRE A PRÁTICA DE SALA DE AULA
Dorotea Frank KERSCH – UNISINOS
dorotea_fk@hotmail.com

No âmbito do projeto “Por uma formação continuada cooperativa para o desenvolvimento do


processo educativo de leitura e produção textual escrita no Ensino Fundamental, que tem apoio do
Programa Observatório da Educação da Capes, vimos discutindo, com os professores bolsistas da
rede municipal de uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre e demais integrantes do
projeto, alternativas para qualificar o trabalho com língua portuguesa na sala de aula. Pautadas por
uma concepção interativa de linguagem (BAKHTIN, 2003; BRONCKART, 2004), damos início à
formação continuada dos professores, partindo da discussão de conceitos fundantes para o trabalho:
concepção de linguagem, letramento, educação linguística e a noção de gênero. Esses conceitos
ancoram a co-construção do que estamos denominando projeto didático de gênero (PDG), proposta
de trabalho surgida dessa discussão, quando nos sentimos desafiadas a ligar teoria à prática.
Ampliamos o conceito de sequência didática (SCHNEUWLY & DOLZ, 2004) para colocar a
produção de leitura lado a lado com a produção textual e tomá-las como práticas sociais efetivas.
Neste trabalho objetivamos apresentar alguns resultados do projeto, dando destaque à atuação de
dois dos professores bolsistas e aos PDG por eles desenvolvidos. Nossos resultados mostram que a
mudança em sala de aula ocorre quando o professor se sente estimulado a ser autor, e essa atitude
positiva em relação a seu trabalho vai estimulá-lo a dar também voz a seus alunos, construindo um
ambiente em que todos ensinam e aprendem. A mudança também passa pelo trabalho cooperativo
entre academia e escola, em que teoria alimenta prática e vice-versa.

O QUE A REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO DE PROFESSORES DE LÍNGUA


PORTUGUESA REVELA SOBRE O AGIR DOCENTE
Alessandra Preussler de ALMEIDA – UNISINOS
almeida.alessandra@gmail.com

Este trabalho é um recorte da pesquisa a respeito da atuação profissional de professores de língua


portuguesa no ensino fundamental de escolas públicas de uma cidade do Vale do Rio dos Sinos, RS,
que está inserido em um projeto bem mais amplo de formação continuada e cooperativa para
professores graduados em Letras. Para embasar o estudo, valemo-nos do arcabouço teórico-
metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo, o qual lança o olhar científico para as questões
pertinentes ao agir vinculadas à situação de trabalho. Sob essa perspectiva, entendemos que o
trabalho de ensinar requer a incorporação, por parte dos trabalhadores da educação, dos atributos,
do preparo e do esforço necessários para a execução do agir nas relações de sala de aula, o que os
torna atores no contexto em questão. Para Bronckart (2008), o termo ator indica aquele que possui
capacidades, motivos e intenções, enquanto o termo agente está associado àquele que é desprovido
de tais atributos. Abordamos a terceira dimensão do plano geral de pesquisa bronckartiano, o
trabalho representado pelos actantes, que se configura pela avaliação do trabalho feita pelos

110
próprios profissionais, através de uma entrevista respondida antes e após a aplicação do projeto
pedagógico nas suas salas de aula A entrevista faz com que os professores reflitam e comentem
sobre sua prática, concepção de língua e de ensino de língua materna, currículo escolar,
metodologia de ensino e avaliação discente. A partir disso, buscamos identificar as figuras de ação
interna e externa (Bulea, 2007) presentes no discurso dos professores, as quais indicam fatores
relevantes para a constituição do docente como um ator no processo de ensino.

A LÍNGUA MATERNA DO PONTO DE VISTA DO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA


Marcelo CONCÁRIO – UNESP
mconcario@faac.unesp.br

Há dois objetivos nesta comunicação: (1) apresentar resultados de uma pesquisa qualitativa
interpretativa acerca do papel da língua materna na construção do conhecimento escolar, com
ênfase em características de livros didáticos, e (2) avaliar novos materiais a partir desses resultados.
Com base na análise de livros usados em duas escolas públicas do interior de São Paulo em aulas de
Ciência, História e Matemática, entre 2005 e 2008, foram identificadas características que poderiam
estimular ou limitar oportunidades para que os alunos aprimorassem suas habilidades e
competências na língua materna enquanto conteúdos específicos de outras disciplinas eram
abordados. Com o intuito de retomar essa temática e analisar livrosmais recentes, foram avaliados
novos materiais a partir das categorias de interpretação originais. Alguns dados mostram avanços na
medida em que parecem valorizar a produção linguística dos alunos, entretanto permanece a
necessidade de reavaliar o modo como os conteúdos são apresentados (em vez de abordados?).
Além disso, aspectos relacionados à divisão de papéis entre alunos e professores no
encaminhamento e na avaliação das atividades permanecem praticamente iguais. Notam-se, ainda,
poucas mudanças em relação ao ensino ou à análise de estratégias de planejamento, de execução
propriamente dita, e de promoção de autonomia no uso e desenvolvimentos de novos
conhecimentos, de novas habilidades ou atitudes, que seriam objetivos da aprendizagem. Durante a
discussão desses resultados, propõe-se um olhar para as oportunidades de ensino-aprendizagem de
língua materna segundo tradições consolidadas em alguns contextos de ensino de língua estrangeira,
principalmente o ensino comunicativo, o uso de tarefas e a integração entre língua e conteúdos
específicos em situações de ensino.

SISTEMATIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS PROPOSTOS POR SISTEMA DE


APOSTILADOS PARA A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO NO ENSINO MÉDIO
Sílvio Ribeiro da SILVA – UFG-CAJ
shivonda@gmail.com

Neste trabalho, apresento dados de uma pesquisa, inserida no campo da Linguística Aplicada, cuja
análise objetivou identificar que capacidades de leitura são desenvolvidas a partir da abordagem
teórico-metodológica dada à leitura e à interpretação de gêneros do discurso por dois sistemas de
apostilados amplamente adotados em todo território nacional no Ensino Médio: COC e Positivo.
Além disso, analisei de que forma o desenvolvimento dessas capacidades contribui para o
desenvolvimento do(s) letramento(s) do aluno. Para a análise dos dados, procedo a uma descrição
dos parâmetros teórico-metodológicos apresentados pelos apostilados, bem como à análise das
seções nas quais as atividades de leitura e interpretação são apresentadas, usando para a
sistematização dos dados algumas capacidades colocadas em prática durante o ato de leitura. A
análise dos dados indica que, para a construção do conhecimento acerca da leitura e da interpretação
de gêneros do discurso, os apostilados apresentam um apego excessivo à prática da compreensão,
deixando de lado a interpretação, favorecendo certo(s) letramento(s), porém desconsiderando o que
seria mais pertinente para ser usado em outras instâncias que não meramente a escolar. Nota-se,
ainda, a total desarticulação dos eixos de ensino leitura/interpretação, produção oral e escrita e

111
análise linguística. Faltou, também, aos materiais a apresentação de atividades voltadas diretamente
para o desenvolvimento de capacidades implicadas na leitura proficiente, como o resgate de
aspectos relevantes das condições de produção do texto, o reconhecimento do gênero e/ou do tipo
de texto em jogo, por exemplo. Por outro lado, foram comuns atividades que exploraram a
compreensão global, a localização de informações explícitas, a inferência de informações
implícitas. Por fim, os conhecimentos propostos pelos materiais não permitem que se construa uma
reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em especial, sobre a língua materna.

REFLETINDO SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O QUE TRAZ O MANUAL


DO PROFESSOR E QUE REALIDADE É INSTAURADA NO LIVRO DIDÁTICO
Raquel da Silva GOULARTE – UFSM
raquelgoulartee@hotmail.com

Acompanhado pelo surgimento da Linguística como ciência, o estudo dos gêneros ganha nova
dimensão. Antes era diretamente vinculado ao âmbito literário. Mas Mikhail Bakhtin foi o estudioso
que estabeleceu um vínculo entre os gêneros discursivos e as atividades humanas. Com isso, os
gêneros passam a ser observados pelo viés da linguagem. Com a publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, em 1998, o texto foi tomado como unidade de ensino. A partir de então, a
noção de gênero é aplicada na escola, com a expectativa de ser uma eficiente ferramenta de
inovação dos métodos tradicionais de ensino. Porém, a aplicação dos conceitos linguísticos no
ensino pode ser um problema se não houver atualização e planejamento docente. Na verdade, o
problema é o uso direto que se faz, na escola e nos livros didáticos, da variedade de perspectivas
linguísticas que tratam de gêneros. Por isso, esta pesquisa contribui com a investigação de três
livros didáticos que estão sendo utilizados nas escolas brasileiras hoje. Nesse sentido, analisou-se o
conteúdo e as orientações do manual do professor a respeito das propostas de projeto e verificou-se
como isso aparece no livro didático. Este estudo é o recorte de uma pesquisa maior que investiga o
conceito de gêneros em livros didáticos. Por meio da análise dos projetos, buscou-se destacar
algumas questões que demonstrassem em que medida o trabalho com gêneros nos livros didáticos
está em consonância com o que foi defendido pelos autores nos manuais para orientar o professor.
Assim, tratamos primeiramente dos gêneros em contexto de ensino e da noção de gêneros nos
documentos oficiais, em seguida, abordamos o gênero projeto. E a análise está fundamentada na
concepção sócio-histórica de Vygostsky (1991,1998), Bakhtin (1992) e Bakhtin/ Volochinov
(1988).

LIVROS DIDÁTICOS DE LP E ENSINO DA CONEXÃO


Janice Helena Silva de Resende Chaves MARINHO – UFMG
jhcmar@uol.com.br

Apresento uma análise do trabalho proposto para o estudo da conexão, em duas coleções livros
didáticos de língua portuguesa, 6º a 9º anos, aprovados no PNLD 2011. Considerando o livro
didático um importante instrumento no trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, dentro e
fora da sala de aula, e a conexão como importante mecanismo de articulação textual esta pesquisa
se propôs a analisar atividades, presentes nos livros didáticos (LDs), que visam ensinar o uso dos
conectores em textos, com o objetivo de investigar se os LDs orientam os alunos para o uso efetivo
dos mecanismos de conexão, tais como as conjunções, as locuções conjuntivas, os pronomes
relativos, os advérbios e as locuções adverbiais, nos diferentes gêneros e tipos textuais. Ou seja,
meu objetivo foi analisar se, por meio de atividades que exploram os mecanismos de conexão, é
possível levar os alunos à compreensão não só dos processos de combinação intra-sentenciais,
tradicionalmente trabalhados, mas também dos processos de articulação por encadeamentos de
enunciados e sequências textuais implicados nos diferentes gêneros e tipos textuais. O referencial
teórico da pesquisa são estudos sobre os conectores e a articulação textual desenvolvidos no âmbito

112
da Linguística Textual. Foram analisadas atividades que visam à exploração dos conhecimentos
constitutivos dos processos de encadeamento de segmentos textuais de qualquer extensão (orações,
períodos, parágrafos, subtópicos, sequências textuais ou partes inteiras do texto), sobretudo as que
se encontram nas seções voltadas para o trabalho com os conhecimentos linguísticos. As análises
realizadas evidenciaram que as duas coleções tratam da conexão e dos conectores a partir de
descrições, explicações e classificações nos moldes tradicionais, apresentando atividades de
identificação e classificação dos mecanismos de conexão, numa perspectiva mais estrutural. Apesar
disso, elas apresentam algumas atividades que possibilitam uma reflexão sobre os valores
semânticos dos conectores e seu funcionamento na construção da coesão do texto.

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADA E SEU ENSINO: QUE DEFINIÇÕES


O PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO E O PROFESSOR-FORMANDO TECEM SOBRE ISSO?
Janete Silva dos SANTOS – UFT
janetesantos35@yahoo.com.br

O presente estudo analisa concepções de gramática contextualizada para o ensino de língua


materna, enunciadas por estudantes do curso de Letras e por docentes do ensino básico, residentes
no estado do Tocantins. Partimos do pressuposto de que, apesar das orientações dos PCN e de
crescente orientação didática para esse ensino, feita por professores-pesquisadores e pesquisadores
interessados no tema, muitos formandos de licenciatura em Letras e professores em atuação ainda
sentem consideráveis incertezas sobre o que compreende esse tipo de saber e sua abordagem.
Pesquisa exploratória no âmbito local, e ainda em andamento, apoia-se metodologicamente na
Análise do Discurso para tratar qualitativamente os dados gerados: inicialmente respostas a
formulários com indagações sobre o tema (posteriormente haverá geração de entrevistas em áudio).
Nosso marco teórico, transdisciplinar, baseia-se em trabalhos de pesquisadores e estudiosos das
áreas da Linguística, Linguística Aplicada, Sociologia, Filosofia e Educação. Esta investigação
objetiva mapear e caracterizar as concepções de gramática contextualizada e seu ensino, tanto por
meio dos conceitos propostos pelos respondentes, como pelas propostas de atividades fornecidas
por eles, confrontando-se as aproximações e o distanciamento entre suas definições, tendo como
referência discursos oficiais como as indicações dos PCN e de outras vozes de autoridade no
assunto. As primeiras análises confirmam nossa hipótese inicial de que o campo se mostra ainda
bastante obscuro para o professor e o formando em Letras sobre o que comporta esse saber e sobre
como abordá-lo na escola básica. Entendemos que esta investigação (e sua continuidade) poderá dar
suporte ao redimensionamento do trabalho docente nas escolas locais bem como no estágio
supervisionado de língua portuguesa, na graduação do curso de Letras, atraindo, outrossim, a
atenção para o tema em pesquisas na pós-graduação local.

O ENSINO DE GRAMÁTICA NORMATIVA EM ESCOLAS DA REDE PÚBLICA E PRIVADA


DO MUNICÍPIO DE JANUÁRIA
Alan Jackson Pereira ROSA – PUC-MINAS
alanjacksonp@yahoo.com.br
Geane Cássia Alves SENA – UNIFRAN
geane.sena@yahoo.com.br

Este trabalho tem como objetivo principal mostrar como a gramática normativa da Língua
Portuguesa está sendo ensinada nas escolas de rede pública e privada de ensino do município de
Januária- Norte de Minas Gerais. Para isso, realizamos uma pesquisa bibliográfica, a fim de
fazermos um levantamento de teorias que sirvam de suporte para as nossas análises e discussões,
embasada em autores que discutem sobre o ensino de Língua Portuguesa, de gramática normativa e
sobre prática docente, como Travaglia (2001), Possenti (1996), Luft (2001), Medrado (2009), dentre
outros. Ainda realizamos uma pesquisa de campo, de cunho qualitativo, por ser um tipo de pesquisa

113
que permite analisar um determinado problema, ter um maior contato com a realidade e possibilitar
a obtenção de dados que ocorrem espontaneamente no ambiente da pesquisa. Como sujeitos da
pesquisa, selecionamos três docentes que atuavam no ensino fundamental, sendo um da rede
municipal, 01 da rede privada e 01 da rede estadual de ensino que atuavam no ensino fundamental.
Após a seleção dos docentes, aplicamos, durante a pesquisa de campo, uma entrevista semi-
estruturada para obtenção dos dados. A partir das análises dos dados, percebemos que: há
divergência quanto aos conteúdos que os docentes privilegiam nas suas aulas de Língua Portuguesa;
os objetivos dos docentes ao ensinarem as normas gramaticais são diferenciados; os três docentes
entrevistados utilizam o livro didático como principal recurso didático, sendo que apenas um deles
afirmou recorrer a outros materiais didáticos; os três docentes também demonstraram que valorizam
os conhecimentos linguísticos trazidos pelos alunos e apresentam dificuldades para conciliar tais
conhecimentos com o ensino da gramática normativa. Ainda, foi possível verificarmos que o ensino
de gramática muitas vezes privilegia o ensino prescritivo da língua, valorizando a gramática
normativa como se esta fosse a única forma correta de se usar a língua, independentemente da
situação comunicativa.

GRUPO TEMÁTICO 16: ENSINO DE LÍNGUAS E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM


PERSPECTIVAS DISCURSIVAS: EMBATES E DIÁLOGOS
COORDENADORAS: Maria de Fátima Fonseca GUILHERME (UFU) mffguilherme@gmail.com;
Cristiane Carvalho de Paula BRITO (UFU) – depaulabrito@gmail.com

Este GT se propõe a reunir trabalhos que, ancorados na Linguística Aplicada (LA) em interface com
a Análise do Discurso (AD) em suas diferentes filiações, discutam aspectos pertinentes ao processo
de ensino-aprendizagem de línguas materna e estrangeiras e à formação do professor dessas línguas.
Trabalhar nessa interface pressupõe pensar o ensino-aprendizagem de línguas e a formação do
professor como processos sempre (des)contínuos pelo fato de serem os sujeitos heterogêneos,
descentrados e a linguagem polifônica e marcada pela opacidade. Assim, é a partir desse olhar que
nos interessam aqui questões como: os discursos que atravessam/transpassam tais processos; as
políticas educacionais e linguísticas; a relação teoria/prática na formação do professor de línguas;
aspectos identitários que constituem os professores que atuam em diferentes instâncias pedagógico-
educacionais. Interessa-nos ainda problematizar os desdobramentos dessas questões para a LA que,
em dialogia com a AD, produz um movimento epistemológico no interior do campo da LA,
estabelecendo possibilidades inter/transdisciplinares. Além disso, um espaço para que sejam
problematizadas discursividades acerca de línguas estrangeiras em sua relação com a língua
materna será também aberto por compreendermos que o sujeito de uma língua estrangeira é já-
sujeito de língua materna, afetado por uma gama de representações referentes ao ‘saber a/sobre a
língua’ que inevitavelmente afetam a sua constituição enquanto sujeito de linguagem. Trata-se,
pois, de adotar uma postura que questione a visão tradicionalmente dicotômica acerca da linguagem
pela qual comumente se concebe o processo de ensino-aprendizagem de línguas e a formação de
professores e advogar por uma perspectiva que considere esses acontecimentos discursivos como
processos constituídos por conflitos, movências e tensões. Esperamos que esse GT possa agregar
trabalhos que discutam questões referentes à língua materna, às línguas estrangeiras e à relação
entre elas.

DISCURSIVIDADE MIDIÁTICA SOBRE O ENSINO DE CULTURA ESTRANGEIRA EM


ESCOLAS BRASILEIRAS
Maria de Fátima Fonseca GUILHERME – UFU
mffguilherme@gmail.com
Cristiane Carvalho de Paula BRITO – UFU
depaulabrito@gmail.com

114
O ensino da cultura estrangeira em escolas brasileiras tem sido foco de pesquisas no escopo dos
estudos realizados em Linguística Aplicada (LA). Entendendo esse campo de estudo como
inter/transdisciplinar, que tem como tarefa ser “responsiva à vida social” (MOITA LOPES, 2006, p.
97), buscamos realizar um trabalho de entremeio com a Análise do Discurso Francesa (ADF) e a
Análise Dialógica do Discurso (ADD), o que permitirá abordar uma possibilidade epistemológica
para a discursividade midiática que enuncia questões sobre o ensino de cultura em escolas
brasileiras. Para tanto, analisaremos um artigo veiculado na internet em dezembro de 2011,
intitulado “Estrangeiros dão aulas culturais em escolas públicas no Brasil”. Metodologicamente,
sequências discursivas serão selecionadas por meio de suas regularidades enunciativas e quando
entre elas houver ressonâncias discursivas de significação (SERRANI-INFANTE, 1998). Nesse
sentido, será possível delinear as redes de sentidos que levam o sujeito-enunciador do artigo a
determinadas tomadas de posição e, consequentemente, examinar em quais formações discursivas
se circunscrevem as práticas discursivas presentes em seus dizeres. Para tentar darconta dessa
proposta, nos pautaremos nas seguintes questões: (a) quais efeitos de sentido são produzidos sobre o
conceito de língua, cultura e ensino?; (b) qual o lugar atribuído à cultura no processo de ensino-
aprendizagem de alunos brasileiros?; (c) qual a representação discursiva construída sobre o
professor nativo/não-nativo nesse processo?; (d) como os alunos brasileiros são discursivamente
representados?; (e) quais as implicações desse discurso midiático para o ensino de línguas materna e
estrangeira e a formação do professor? A proposta aqui apresentada pode contribuir para a LA na
medida em que, numa abordagem inter/transdisciplinar com a ADF e a ADD, busca compreender
alguns aspectos do funcionamento da discursividade midiática em análise e seus possíveis
desdobramentos/impactos no processo de ensino-aprendizagem e na formação do professor de
línguas materna e estrangeiras.

DISCURSIVIDADES SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS E ENSINO DE LÍNGUAS


Mônica Ines de Castro NETTO – UFU
monicaines6@hotmail.com

Proponho apresentar um trabalho que se instala no entremeio Linguística Aplicada, Análise do


Discurso Francesa e Análise Dialógica do Discurso e, para tanto, me apoio em Santos (2007, p
189), para quem a LA se situa “como um campo de conhecimento que media um jogo entre os usos
da língua no esteio da história”. Busco na Análise do Discurso, que tem como característica abarcar
conceitos múltiplos e variados, multiplicidade de pensamentos e possibilidade de imbricamento
com investigações variadas, a possibilidade de encontrar um contorno que me permita tentar
mostrar, a partir dos fundamentos teóricos que embasam a pesquisa, de que forma essas duas teorias
se constituem como uma interface relevante para pesquisas que focalizam a questão do sujeito e sua
constituição. Então, partindo da pesquisa de Mestrado, intitulada “Constituição de discursos e
sujeitos ensinantes e aprendentes de uma língua estrangeira frente às novas tecnologias”
desenvolvido no PPGEL da Universidade Federal de Uberlândia, alvitro investigar em Queiroz
(2004), as inscrições discursivas subjacentes ao discurso das novas tecnologias e os efeitos de
sentidos que podem ser produzidos dessa discursividade. Para realizar tal intento, utilizo como
metodologia de análise, o dispositivo matricial (Santos, 2004) em consonância com o dispositivo
axiomático – partindo do conceito de axioma discursivo em Figueira (2007), em que as matrizes
serão o direcionamento para a construção dos axiomas discursivos. Na concepção aqui adotada,
compreendo os sujeitos ensinante e aprendente como social e histórico, e compreendo também que
não basta apenas colocá-los em contato com as estruturas linguístico-gramaticais da Língua Inglesa
para que ele possa apreendê-la. Ao contrário, entendo que esse sujeito deva ser interpelado a
produzir sentidos a partir do que está aprendendo, e interessa-me especialmente perceber, como a
adoção das NT tem sido discursivamente produzida acerca desse processo.

115
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS CONSTRUÍDAS POR ALUNOS COM NECESSIDADE
EDUCACIONAIS ESPECIAIS QUANDO ENUNCIAM SOBRE SUA COMPETÊNCIA ORAL-
ENUNCIATIVA
Márcia Regina TITOTO – UFU
marcia.titoto@professor.sp.gov.br

Algumas interpelações, advindas de nossa prática como professora de língua espanhola de duas
alunas com necessidades educacionais especiais (NEEs), nos instigaram a investigar sobre a
possibilidade do aluno com NEEs, tornar-se um enunciador competente na língua estrangeira (LE).
Notávamos em nossas aulas, que as alunas, mesmo com algumas dificuldades próprias da Paralisia
Cerebral Leve ou da Síndrome de Down, compreendiam o que falávamos (na/pela LE) e
destacavam-se nas aulas apresentando interesse em participar. Com base nessas afirmações,
partimos da hipótese, de que, para que o aluno com NEEs torne-se um enunciador competente na
LE (espanhol/inglês), é necessário muito mais do que adquirir conhecimentos linguísticos. É
necessário, pois, identificar-se com essa língua estrangeira. A partir, então, dessa hipótese,
buscamos neste trabalho, descrever, analisar e interpretar as representações discursivas construídas
nas inscrições enunciativas de quatro alunas com NEEs quando enunciam sobre seu processo de
aprenderem a língua estrangeira, mais especificamente, quando enunciam sobre sua competência
oral-enunciativa (COE) nessa língua. Para alcançar nossos objetivos, pensamos o processo de
ensino-aprendizagem de sujeitos com NEEs a partir de uma proposta discursiva. Sendo assim, nossa
pesquisa é desenvolvida abordando questões da Linguística Aplicada, da Análise do Discurso de
Linha Francesa e da Análise Dialógica do Discurso. Isso posto, propomos a desenvolver um
trabalho descritivo-analítico-interpretativista, usando como dispositivo metodológico-analítico,
matrizes discursivas, que foram construídas por sequências discursivas advindas da materialidade
linguística/corpus da pesquisa. Nos resultados parciais advindos de análises preliminares foi
possível depreender que a relação dos participantes da pesquisa, em relação à COE é regida por três
representações: i) A COE enquanto projeção; ii) A COE enquanto devir; iii) A COE enquanto
inclusão.

O LUGAR DA LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS) NO DISCURSO FUNDADOR DOS IFETS


Edilson Pimenta FERREIRA – IFTM
edilsonferreira@iftm.edu.br

Este trabalho foi esboçado a fim de propor uma discussão acerca do discurso fundador dos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs). Ancorado teoricamente na
Linguística Aplicada, em interface com os estudos do discurso de base pecheutiana e bakhtiniana e
tendo como corpus de análise a lei 11.892 de 29 de Dezembro de 2008 que regulamentou o
funcionamentos dos IFETs no Brasil, este trabalho visa a melhor compreender o lugar da língua
inglesa nessa instância pedagógico-educacional de formação do sujeito-brasileiro-profissional. De
acordo com a referida lei, os IFETs foram criados com a principal finalidade de ofertar educação
profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando
cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no
desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional. Assim, em meio ao pensamento
capitalista-neoliberal atual e frente à realidade socio-economica-profissional deste país, entende-se
que a língua inglesa seria elemento de primazia na qualificação desses cidadãos com vistas na
atuação profissional nos diversos setores da economia. Nesse sentido, parece relevante investigar as
discursividades construídas na referida lei de criação dos IFETs, ou seja, cumpre analisar as vozes
constitutivas desse documento, parte integrante de um conjunto documental que regulamenta a
construção e o funcionamento dos IFETs, a fim de examinar como as vozes constitutivas dessas
discursividades incidem sócio-histórica e ideologicamente no processo de ensino-aprendizagem de

116
língua inglesa desses/nesses institutos.

ENTRECRUZAMENTOS ENTRE TEORIA E PRÁTICA NA CONSTITUIÇÃO DE


PROFESSORES DE LÍNGUAS
Nélio Martins ARAÚJO – EMPA
neliomartins@terra.com.br

O presente trabalho visa apresentar algumas reflexões sobre a relação entre teoria e prática no
tocante ao ensino e aprendizagem de línguas. Com o objetivo de viabilizar análises discursivas – via
Análise do Discurso francesa em interface com a Linguística Aplicada - de dizeres de professores
de línguas sobre o entrecruzamento entre teoria e prática com o processo de ensino e aprendizagem
de línguas, pretendemos apresentar nossa visão de como a relação mantida entre elas deve ser vista
como um sistema de revezamentos em uma unidade que é marcada por uma multiplicidade de
componentes tanto teóricos quanto práticos, conforme discutem Deleuze e Foulcault (1996). Nesse
diálogo, constante do livro Microfísica do poder, Deleuze esclarece que, ao penetrar em um
domínio, a teoria encontra obstáculos que vão tornar necessários revezamentos de outros tipos de
discursos. Daí compreendermos que a teoria não totaliza, mas sim se multiplica e faz multiplicar,
visto que está diretamente ligada à prática do professor de línguas, que deve tomar esta última como
o resultado de suas interações com o conhecimento, com os sujeitos ali envolvidos e tudo o que
estiver ligado ao processo de ensino e aprendizagem em questão. Estamos pensando na reflexão de
Santos (1999), quando explica que “enquanto iniciador do processo interativo na sala de aula, o SP
[sujeito-professor] se constitui na heterogeneidade e na alteridade dos conhecimentos que envolvem
o ato de ensinar. Assim, ele representa, retoma, usa, complementa e aprofunda sentidos em torno
desses conhecimentos com o propósito de influenciar na percepção, avaliação, reavaliação,
absorção, produção, construção, reconstrução, criação e recriação dos mesmos”. Nossa análise se
dispõe a discutir a constituição do professor de línguas a partir de entrecruzamentos discursivos que
o atravessam marcados por tensões e embates comuns a qualquer sujeito atuante no espaço
discursivo de sala de aula.

DO ENCONTRO COM A SALA DE AULA AO REPOSICIONAMENTO FRENTE ÀS


TEORIAS
Vilma Aparecida Botelho FREITAS – UFU
vilmabot@yahoo.com.br

Nesta apresentação, recorte de nossa pesquisa que está em andamento, objetivamos discutir alguns
movimentos subjetivos de uma professora de inglês, tomando como referencial dois momentos: o
estágio supervisionado e o início de sua vida profissional, como docente. Consideramos o estágio
um momento privilegiado, uma vez que propicia ao professor pré-serviço vivenciar, situações as
quais poderão viabilizar uma forma diferenciada de se posicionar frente ao saber, frente às teorias,
não mais como alunos, mas como professores. Nesse sentido, para esse estudo, identificaremos e
analisaremos as representações de ser professor, aluno e ensinar, construídos nesses dois momentos.
Partimos da hipótese de que o início da carreira docente será marcado por uma retomada de
questões da sua história de aprender inglês, de forma sublimada. Objetivamos, especificamente,
analisar como a sala de aula proporciona um re-posicionamento do professor frente ao saber. Para a
análise do corpus recorremos a alguns conceitos advindos da Psicanálise freudo-lacaniana, tais
como: representação, sujeito, subjetividade, sublimação, discurso, dentre outros. Investimos no
pressuposto de que há um movimento subjetivo nesses dois momentos, justamente pela concepção
de sujeito que adotamos: a subjetividade nãoé fixa nem estável, ao contrário, ela é sempre
(re)construída nas relações, a partir de cada elemento subjetivado; e, no momento em que é
solicitado dessa professora que ela coloque “algo de si”, aqui resgatando Lacan (1998, p. 11), em

117
sua prática docente. Assim, a professora ao “colocar algo de si” subjetivando e relacionando as
teorias estudadas à sua prática docente, não coloca apenas algo de um tempo determinado, o tempo
que estudou na graduação, por exemplo. Mas, o que ela é na graduação já é resultante de uma
construção subjetiva que ocorreu ao longo de sua vida e que será determinante no encontro dessa
aluna com o “tornar-se professora de LE”.

FORMAÇÃO E IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUAS: UMA ANÁLISE


SOCIODISCURSIVA DE NARRATIVAS
Carla Callegaro Correa KADER – IFF
carlackader@gmail.com

Neste trabalho buscaremos discutir e analisar o interacionismo sociodiscursivo (ISD) e o estudo da


linguagem voltado para narrativas em memoriais descritivos, bem como as representações e
identidades identificadas a partir dos ditos da família, dos professores e da instituição. Para tanto,
ancoraremos nosso estudo em Bronckart (1999, 2006), Cristóvão (2008), Rossi (2004), Fabrício e
Bastos(2009), na intenção de apresentarmos as bases epistemológicas do interacionismo
sociodiscursivo (ISD) e sua proposta de análise. Partimos do pressuposto que o desenvolvimento
humano se efetua do agir e que os conhecimentos construídos pelo indivíduo são frutos dessa ação
que se realiza em um determinado quadro social. A linguagem, a partir desse paradigma, torna-se
fundamental e indispensável para esse desenvolvimento, constituindo-se como construtora da
memória e organizadora das interações humanas e do agir no discurso. E nessa perspectiva,
buscamos por meio da análise de narrativas escritas, construir e interpretar esse agir. Com a
finalidade de analisar o agir, utilizamos a proposta do ISD que propõe como procedimentos a
análise de duas grandes dimensões: a) do ambiente humano (das atividades coletivas, dasformações
sociais, dos textos e dos mundos formais de conhecimento); b) de textos (orais e /ou escritos) em
três conjuntos: i) as características dos sistemas educacionais e formativos, institucionalizados ou
não, que permitem a transmissão dos pré-construtos sociais às novas gerações; ii) a dimensão
didática e pedagógica da educação formal; iii) as avaliações das práticas sociais e dos
conhecimentos construídos. E incluímos a identificação das condições de produção dos textos e
análises textuais. Os resultados dessa análise apontam para a complexidade do trabalho do professor
em formação e a necessidade de se estudaras diversas dimensões do agir docente no processo de
formação de professores.

A IDEOLOGIA E SEUS EFEITOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA


ESTRANGEIRA NOS CURSOS DE LETRAS
Rosemeire Parada Granada Milhomens da COSTA – UFT
meiregranada@yahoo.com

Sabe-se que o educador está sempre em construção e entende-se que o conhecimento não é algo
pronto e acabado. Pensando dessa forma, questiona-se: (a) como tem se dado a formação desses
profissionais em pré-serviço? (b) que crenças acompanham esses futuros profissionais e que visão
eles tem sobre o processo de ensino e aprendizagem da língua estrangeira? (c) até que ponto as
crenças trazidas por esses futuros profissionais para os bancos universitários terão influência na sua
atividade docente? São questões como essas que esta pesquisa parcial pretende responder a fim de
contribuir com os cursos de Letras a formarem profissionais capacitados para o exercício da
profissão. Nesta comunicação tem-se como objetivo discutir a necessidade de pesquisa na área de
formação de professores de Língua Estrangeira dos cursos de Letras, especialmente sobre suas
crenças e saberes a fim de oferecermos a sociedade profissionais conscientes do seu papel como
educadores de LE. A pesquisa é qualitativa e vêm sendo trabalhada através de questionários
direcionados a alunos do Curso de Letras do Centro Universitário Unirg situado em Gurpi –TO. A
pesquisadora tem analisado esses dados e inferido até o presente momento da pesquisa que os

118
formadores e os cursos que eles representam tem a tarefa de apresentar a esses futuros educadores
os pilares que sustentam o processo de ensino-aprendizagem e de sua práxis e ainda que se faz
necessário mostrar a esses indivíduos que para se ensinar uma LE é preciso, mais do que seguir
modelos, conceitos ou pré-conceitos, é também indispensável para isso, efetivarmos um estudo
consciente, linear, que possa guiar esses alunos através de suas crenças pessoais a atingirem um
nível de competência profissional satisfatório ao terminarem o curso de Letras e finalmente
ingressarem no mercado de trabalho .

IMPACTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA PRÁTICA


DO ENSINO DE PORTUGUÊS: UM ESTUDO DE CASO
Maria Verônica Anacleto PONTES – UFCG
mvapontes@hotmail.com

Este trabalho tem por objetivo analisar impactos na prática de uma professora, a partir de sua
formação continuada, tanto no que se refere ao curso de especialização quanto à uma formação
oferecida pela pesquisadora. Utilizamos como referencial teórico, as contribuições, dentre outros
autores, de Tardif (2002), e Magalhães (2001), que afirmam que geralmente o professor volta à
universidade em busca de novas aquisições teóricas acerca do objeto de ensino, mas a estrutura dos
cursos oferecidos não propicia a modificação de concepções internalizadas, pois embora se registre
mudança no seu discurso, sua prática não apresenta variações. Para a realização da pesquisa,
acompanhamos uma professora, graduada em Letras, em dois contextos de atuação: um curso de
formação continuada, em nível de especialização; e seu contexto de serviço. Este representado por
duas situações de atuação da docente: a etapa de planejamento de sequência didática; e a
ministração das aulas, numa turma regular de Ensino Fundamental de uma escola de Campina
Grande. Na primeira situação, realizamos um trabalho, junto à professora participante, de análise e
discussão de questões relacionadas ao ensino/ aprendizagem de língua materna, de forma a
assegurarmos orientação metodológica, a partir das recentes contribuições teóricas recebidas pela
docente em seu contexto de formação continuada. Os dados analisados apontam que a orientação
prática assegurada ao professor, no decorrer da formação continuada, favorece a sua participação
ativa, contribuindo para que este deixe de apenas receber preceitos prontos, oriundos de pesquisas
realizadas por outros, para tornar-se construtor de sua prática, a partir de seus próprios
questionamentos.

A DISCUSSÃO SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NOS CURSOS DE


PEDAGOGIA
Giovana Azzi de CAMARGO – USF/ FE
giovanaacamargo@hotmail.com

A presente apresentação pretende discutir questões referentes ao ensino de Língua Portuguesa na


formação inicial de professores. Os alunos dos cursos de Pedagogia, futuros professores das séries
iniciais, deparam-se com duas ou três disciplinas em sua formação sobre o componente curricular
que tem maior carga horária no Ensino Fundamental e permeia outros componentes: Língua
Portuguesa (LP). Nesse sentido, a pesquisa em andamento, busca conhecer em um contexto de
estágio remunerado, sob a supervisão do professor da sala de aula, como os alunos relacionam a
discussão teórica e o planejamento de ações didáticas? Assim, nos perguntamos como esses
conhecimentos favorecem para o trabalho com a LP nas séries iniciais? O referencial teórico é
amparado pela contribuição de Bakhtin sobre a concepção de língua e o conceito gênero do
discurso, de Geraldi sobre o texto na aula de português e Tardif e Lessardsobre os saberes do
trabalho docente, André sobre o estado da Arte na formação de professores. A metodologia de
pesquisa escolhida é a pesquisa-ação, por meio de encontros de formação com o grupo composto
por professores da rede pública de ensino e alunos do curso de pedagogia, participantes do projeto

119
mencionado que serão gravadas em áudio. Além da formação, aulas e atividades serão planejadas,
desenvolvidas nas salas dos professores participantes e observadas, registradas em diário de campo
para que sejam discutidas nos próximos encontros.Além disso, entrevistas semi-estruturadas com os
participantes em diversos momentos. Para esse trabalho, optamos pela apresentação dos dados
colhidos nas entrevistas iniciais feitas com integrantes do grupo.

ENTRE LEITURAS E DESCOBERTAS – O DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS E A


HABILIDADE DE LEITURA EM LÍNGUA FRANCESA: QUE LEITOR SOU EU?
Maria Estela Marques OCHIUCCI – UFU
mstelamarques@yahoo.com.br

Proponho-me, neste trabalho, a relatar algumas experiências advindas da minha prática com o
ensino de leitura em língua francesa, focalizando o processo reflexivo que o aluno é levado a
desenvolver para se tornar sujeito de sua própria leitura, a partir do desenvolvimento de estratégias
que o conduzem a esta reflexão. Ancorada na visão de leitura como sendo um evento social, em que
o sentido do texto é construído pelo leitor, no momento de sua leitura, por meio da negociação de
significados estabelecida entre leitor e texto (MOITA LOPES, 1996), minha prática neste domínio
tem apontado para o desenvolvimento de habilidades a partir de textos autênticos e atuais que levem
o aluno a se reconhecer como partícipe deste processo, pois o texto passa a ser visto como uma
unidade de sentido construída a partir de determinados fins sociocomunicativos e em contextos
socio-históricos determinados (cf. Bakhtin, 2003 e 2006). Nesta perspectiva, minha opção pela
abordagem de textos autênticos e atuais nas aulas de leitura em língua francesa visa a criar rotas de
sentido para que, ao serem expostos a estes textos, os alunos estabeleçam conexões com a realidade
que os cerca, cada vez mais globalizada e para a qual não há, praticamente, fronteiras que impeçam
o ir e vir das informações e dos saberes. Assim, sob um enfoque sociointeracionista, diversos
gêneros discursivos têm sido trabalhados nas aulas, podendo ser percebidos o interesse e a
motivação dos alunos para com a leitura, a análise dos textos e as discussões que daí decorrem,
desafiando-os a se conhecerem como leitores, seja em língua estrangeira ou materna.

ANALYSIS OF THE TEACHING AND LEARNING PROCESS OF THE ENGLISH


LANGUAGE IN PUBLIC HIGH SCHOOLS OF GURUPI, TOCANTINS, BRAZIL
Maria Elaine MENDES – UFT
elainemendesq@hotmail.com

Bearing in mind that the Foreign Language discipline in public Elementary and Intermediate
schools in Brazil has not reached their goals in an effective way, a survey has been required to
identify the causes of such a deficiency. Do teaching methods used by schools answer to the
propose needs and goals? Have teachers had a good formation to develop their teaching practice in
a satisfactory way? Is the amount of classes enough so that teachers can work the four essential
skills in the learning a foreign language (reading, speaking, listening and writing)? Does the
quantity of students allow the teacher to develop such skills? Do teachers have the necessary
resources to make teaching effective (books, CDs, video, TV, etc)? Why are teachers and students
so unmotivated in teaching and learning of a foreign language? Besides this, the theme proposed is
relevant in order to collaborate with teaching professionals helping them reach their goals. This
study aims to identify the factors related to the difficulties faced by public high school teachers in
their English classes in Gurupi, state of Tocantins, Brazil in the process of teaching and learning a
foreign language. Also it collaborates with the educational system of the Tocantins State in search
of the effectiveness of the English Language discipline. It reflects upon the importance of
motivation in the teaching process and in the acquisition of a new language. The research is
qualitative because the events were studied in their natural environment. A number of research

120
techniques were applied, including: a questionnaire for students, interviews with teachers of the
English language and lesson observation. It is necessary to develop strategies and techniques that
can encourage and improve teaching and learning.

‘COÇA... COÇA... PULA... PULA... OLHA A PURGA!’: PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA


MATERNA NOS ANOS INICIAIS – ESBOÇANDO UM OLHAR TRANSDISCIPLINAR PARA
AS RELAÇÕES ENTRE SUJEITO, LÍNGUA E IDENTIDADE, NA PERSPECTIVA DA LA
Fabiana Rodrigues CARRIJO – UFU
facarrijo@gmail.com

Não se pretende aqui realizar um trabalho, eminentemente, teórico, circunscrevendo os espaços


possíveis, as diversas e sempre novas possibilidades de olhar para a LA – enquanto um campo
teórico já consolidado e com pesquisas relevantes e fartamente anunciadas não só no Brasil como
no Mundo, trabalho este já, habilmente, realizado por linguistas aplicados de todo o país. Importa
aqui, evidenciar, trazer à baila uma pesquisa em LA que promova, incite, suscite futuras indagações
e tragas outras leituras e desdobramentos. Nesse sentido, implica-nos trazer o local, o saber local
vivenciado e colocado à prova em uma Escola Pública Municipal de Catalão/GO que atende
quatorze bairros de periferia e que vivencia os problemas, as singularidades, as dificuldades de se
Ensinar a Língua Materna para aqueles alunos que, em sua maioria, tem seu primeiro e único
contato com o registro da Língua Materna apenas e tão somente na Escola. Assim, circunscritos nos
escopos teóricos da LA e de outros de seus campos de interface, entre eles, o da Pedagogia Crítica,
a dos Estudos Pós-Modernos pretende-se olhar para o Ensino de Língua Materna, desta feita
concebendo o professor e o aluno enquanto instâncias: a de sujeito-ensinante e de sujeito-
aprendente em um processo de mão dupla. O ensino, neste caso, assim como SANTOS (2006)
concebe não é algo a ser depositado, camufladamente e falseadamente por uma figura detentora do
saber, trata-se, antes, de um processo ininterrupto de ensinância e aprendência. O professor não só
não é o detentor do saber como o aluno não é o receptáculo que tudo absorve e tudo devolve tal qual
fora ensinado. Trata-se de instâncias-sujeito em processo de aprendizagem e cada uma delas é,
devidamente, e, satisfatoriamente imbuídas de/por um desejo.

GRUPO TEMÁTICO 17: ENSINO DE PORTUGUÊS EM COMUNIDADES INDÍGENAS,


PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA
COORDENADORES: Dulce do Carmo FRANCESCHINI (UFU) – dukini2001@yahoo.com.br;
Wilmar da Rocha D'ANGELIS (UNICAMP) – dangelis@unicamp.br

No âmbito deste GT pretendemos discutir questões relacionadas ao ensino de língua portuguesa


como 1ª e como 2ª língua, em contexto escolar de sociedades indígenas brasileiras. Trata-se de
situações cada vez mais comuns, dado o vertiginoso crescimento da oferta de educação escolar em
comunidades indígenas na última década, e o correspondente incremento das investigações teóricas
sobre os mais variados aspectos envolvidos nessas práticas. Dessa forma, o GT abre espaço para o
tratamento de distintos temas relacionados a esses processos, tais como: inter-influência do
português na produção escrita em língua indígena e de língua indígena na produção escrita em
português; distinção entre interferências fonológicas e interferências ortográficas; relação do ensino
de Português nesses contextos com a norma culta e com variantes dialetais regionais; formação de
docentes indígenas em programas específicos de Licenciatura em Letras; avaliação de metodologias
de ensino empregadas; discussão sobre materiais didáticos de ensino de 1ª e de 2ª língua; entre
outras. Somam-se a isso questões igualmente de interesse relacionadas aos processos de aquisição
de 2ª língua, seja ela o Português, seja uma língua indígena ancestral introduzida no âmbito escolar.
O GT também pretende favorecer a troca de experiências entre pesquisadores e educadores (índios e
não-índios) que trabalham nessa área ou sobre o tema. Entende-se que, dado o contexto específico
(o de comunidades indígenas; e em grande parte, bilíngues), os enfoques privilegiados são os da

121
Linguística (sob diferentes aspectos: Fonologia, Sintaxe, Psicolinguística, Sociolinguística), da
Linguística Aplicada e da Pedagogia, sob quaisquer perspectivas teóricas, embora sejam mais
desejáveis aqueles enfoques inter- ou transdisciplinares.

"DE QUE BILINGUISMO FALAMOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS?"


Domingos Barros NOBRE – IEAR/UFF
donobre@gmail.com

O trabalho objetiva discutir o conceito de Bilinguismo difundido na Educação Escolar Indígena em


geral, na legislação brasileira e na Formação de Professores, em especial. Aborda o tema numa
perspectiva crítica levantando as contradições existentes nas práticas curriculares de Formação de
Professores Indígenas e nas práticas pedagógicas de algumas escolas indígenas. Parte inicialmente
de algumas definições teóricas de Bilinguismo e em seguida aponta alguns desafios que estão
postos para aqueles que trabalham com formação, já levantados no VI ELESI. Aponta que há uma
carência generalizada na definição de políticas lingüísticas que sustentem os programas de
formação de professores indígenas. Falta aprofundamento na discussão sobre que tipo de ensino
bilíngue deve ser ministrado nas escolas indígenas, acompanhado da definição de que tipos de
práticas sociais devem ser estimuladas pelas comunidades interessadas, com o objetivo de lutar pela
preservação, resistência ou desenvolvimento das línguas indígenas. Os processos de escolarização
indígena trazem demandas por 5ª a 8ª Séries e Ensino Médio para as comunidades indígenas. Tais
processos de implantação trazem inúmeras dificuldades para o ensino de línguas, devido à carência
de formação de educadores indígenas em nível de licenciaturas, o que implica a presença
majoritária de professores não indígenas neste segmento de ensino. Nas etapas iniciais de criação
de escolas indígenas e da elaboração dos Projetos Político-Pedagógicos exigem-se assessorias
especializadas para, por exemplo, sistematizar a escrita da língua indígena para se constituir numa
base para a produção de materiais didáticos específicos nas áreas de Ciências da Sociedade, da
Natureza e Matemática. Nos programas de formação de professores indígenas devem ser incluídas
oficinas permanentes de pesquisa e produção de material didático específico, o que implica em
investimento.

"SE A GENTE NÃO SABER FALAR O PORTUGUÊS OU LER EM PORTUGUÊS, VAI


ACABAR SENDO EXPLORADO": DIREITOS LINGUÍSTICOS E EDUCAÇÃO ESCOLAR
GUARANI NO TEKOA ITATY
Carlos Maroto GUEROLA – UFSC
cmguerola@gmail.com

Dentro do paradigma teórico da linguística aplicada, em base à metodologia de pesquisa qualitativa


de cunho etnográfico, esta pesquisa tem como objetivo geral contribuir para a reconstrução
intercultural dos direitos humanos linguísticos escolares da comunidade da escola estadual indígena
de ensino fundamental Itaty, da aldeia Guarani do Morro dos Cavalos (Palhoça/SC). Dentre os
diversos direitos humanos linguísticos interculturais identificados na pesquisa (direito à voz e a
serem ouvidos, direito à língua guarani como primeira língua de alfabetização, direito à oralidade
como prática escolar, etc.) surge o direito à língua portuguesa e ao letramento em português como
direito econômico e político para o empoderamento burocrático em prol da autonomia e da
sustentabilidade. A língua portuguesa é “questão de sobrevivência", o principal instrumento para a
defesa dos seus direitos perante a sociedade envolvente, pois "se a gente não saber falar o português
ou ler em português, a escrita no português, muitas vezes vai acabar sendo explorado". Porém, os
Guarani ressaltam a necessidade de um “cuidado com a língua portuguesa", isto é, adaptar o projeto
político-pedagógico às características e necessidades sociolinguísticas dos alunos, selecionando
práticas e adaptando-as ao conhecimento situado que se deseja gerar na escola. Os professores da
escola Itaty se sentem na responsabilidade de que os alunos consigam falar português "de verdade,

122
corretamente", a fim de empoderá-los politicamente para que possam escrever pra mandar pro
Presidente da República”. Porém, as dificuldades do dia a dia escolar tornam as práticas de
letramento em língua portuguesa visivelmente discordes em relação às necessidades, expectativas e
desejos apontadas pelos professores. São diversas as estratégias a propor e diversas também as
estratégias que estão sendo implementadas na escola, como o trabalho em torno do gênero textual
projetos de sustentabilidade, para a qual o letramento em português se tornou indispensável.

A FUNÇÃO DA ESCRITA E DA ORALIDADE DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA/ENTRE O


POVO MANCHINERI
Antônio Cláudio Brito do NASCIMENTO – SEE
Programa de Formação de Professores Indígenas do Acre
claudiobrito37@gmail.com
Andréa Almeida CAMPÊLO – SEE
Programa de Formação de Professores Indígenas do Acre
andrea_campelo@live.com

Na atualidade, muito se tem pensado sobre o espaço que a língua portuguesa vem assumindo nas
comunidades onde a língua indígena é forte e viva. Nesse momento de ocorrência de tantos debates
e discussões em torno da educação indígena, nos surge uma forte inquietação: qual a função e em
que medida o ensino da língua portuguesa nas modalidades oral e escrita deve ser contemplada no
Projeto Político Pedagógico - PPP das comunidades Educativas Manchineri – etnia pertencente à
família lingüística aruak - uma vez que a manutenção e a vitalização da língua nativa é um dos
objetivos traçados pelas comunidades educativas e assumido pelos órgãos educacionais. A questão
não é de tão fácil resolução. Nesse artigo, faremos algumas reflexões acerca das ações educativas
referentes ao ensino de línguas desenvolvidas junto ao povo Manchineri que habita as Terras
Indígenas Mamoadate e Seringal Guanabara, ambas localizadas no município de Assis Brasil-Acre.
Desenvolvemos nas escolas dessas comunidades a discussão a respeito da representação e a função
que a língua portuguesa exerce na escrita e na oralidade desse povo. Contudo, dado a diversidade
linguística e a dispersão geográfica do povo Manchineri, abordaremos especificamente a
metodologia de ensino do português como segunda língua, discutida e adotada pelas comunidades
educativas Manchineri da Terra Indígena Mamoadate. No estágio atual das ações de ensino e de
pesquisa descrevemos as aproximações alcançadas na elaboração das metodologias de ensino de
segunda língua junto à citada comunidade, de recente ortografização da língua nativa. Esta é, em
linhas gerais, a proposta de análise desse estudo.

ENSINO DE PORTUGUÊS NA COMUNIDADE TUPINAMBÁ: O PORTUGUÊS ÍNDIO


Francisco Vanderlei Ferreira da COSTA – IFBA
franciscovanderleif@yahoo.com.br

A comunidade Tupinambá do Sul da Bahia não dispõe de uma língua indígena. Essa afirmação,
porém, carece de um debate mais profundo. Atualmente, nessa região, ainda se pode notar a
presença de muitas palavras da língua Tupi, quando perguntados sobre sua língua surgem inúmeras
palavras que creditam à língua de seus ancestrais, sendo que essas palavras são usadas por pessoas
que são consideradas “falantes da língua”. Essa realidade linguística apresenta um português
característico. Colocado como português marcado, característico da comunidade indígena da região
de Olivença, Ilhéus, BA (VIEGAS, 2007), essa “Fala de índio” é para ser usada somente por índios
e vai ser ironizada até por outros Tupinambás. Essa autora traz a fala de uma índia velha que morou
muito tempo na roça “quando eu vivia na roça eu não falava assim não, falava índio mesmo ...”, ou
seja, em pleno final de século XX (época da pesquisa) havia (ainda há) falantes de uma variedade
de português específica, pois fala de índio não é a língua indígenas tradicional. Recorrendo a Tereza
Maher (1998, p. 115), o português dificilmente pode ser visto como marca de indianidade, mas as

123
comunidades indígenas deram a essa língua uma direção bastante própria, podendo considerar
determinada variedade como um Português Índio. Parece ser essa a direção que os indígenas
Tupinambás deram a essa variante, mas ela está em perigo, a escola e a proximidade da cidade tem
mostrado esse português como pejorativo, com menos valor. Esse trabalho mostrará como esse
português ainda permanece nesta região e precisa chegar à escola, pois esta é a primeira língua de
um número grande de indígenas. As tentativas de apagar essa fala agride uma língua de constituição
identitária de um grupo.

DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ENSINO: LÍNGUA PORTUGUESA PARA ÍNDIOS


MUNDURUKU
Águeda Aparecida da Cruz BORGES – CUA/UFMT
guidabcruz@hotmail.com

Ao assumir uma experiência com Educação Escolar Indígena professores não-índios precisam
deixar-se afetar, também, pelo modo de ser índio, é preciso significar. A atitude de abrir-se ao modo
de ser do Outro possibilita um trabalho em cooperação, num movimento contínuo que recria a vida
em sua intensidade, em cada tempo-espaço em que a educação escolar se está constituindo. Assim,
o professor indígena como interlocutor, é fundamental. Aqui, estou falando de minhas experiências
no trabalho em linguagem(ens) com povos indígenas - que se materializam como efeito de sentido
de toda uma história povoada pelo meu contato com povos de diversas etnias, desde a década de
setenta, quando saí de Minas Gerais e passei a morar no interior do Mato Grosso. Contudo, escolhi,
para a discussão nesse Grupo de Trabalho, uma experiência realizada no Projeto Ibaorebu de Ensino
Médio Integrado Munduruku, na aldeia Sai-Cinza, no Pará. O Curso foi distribuído etapas e
selecionei diversos tipos de texto que circulam e regulamentam a vida numa sociedade de escrita. É
importante dizer que, além da estrutura da língua, fundamentamo-nos nas relações que ela
estabelece com o sujeito, a história, a ideologia, a política, o mundo, ou seja, trabalhamos com a
língua em funcionamento, fazendo sentido e levando em conta que o público atendido, em certo
número, frequenta a cidade, ou seja, está em relação com o universo urbano, com o Outro. Os
Munduruku, assim como outros povos indígenas, não estão livres do conflito, na tensãodo
inevitável contato, e o ensino de 2ª língua, na perspectiva adotada precisa considerar as condições
de produção apresentadas.

PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA NO PROJETO DE ENSINO MÉDIO INTEGRADO


MUNDURUKU: PRÁTICA DE PRODUÇÃO DE JORNAL
Lucimar Luisa FERREIRA – UNICAMP
lucimarluisa@uol.com.br

O ensino de português como segunda língua em cursos de formação específica para os índios, no
país, é uma garantia do Estado e parte das reivindicações dos povos, tendo em vista que se faz
necessário no estabelecimento das relações de contato. Nessa perspectiva, o ensino carece ser
pensado e desenvolvido considerando os diversos fatores de ordem linguística, cultural, social e
política que estão relacionados à educação escolar indígena. A partir de uma perspectiva teórica
discursiva, neste trabalho trato de uma experiência de ensino de português como segunda língua,
desenvolvida em 2010, com alunos do Projeto de Ensino Médio Integrado Munduruku. A proposta
foi montada com base na importância do português oral e escrito para o povo em situações
concretas, dentro e fora das aldeias. O trabalho tem como objetivo desenvolver uma discussão sobre
ensino de língua portuguesa com enfoque na interpretação e na produção textual, enfatizando a
possibilidade da ocupação de uma posição de autoria por parte dos alunos indígenas. Tomando a
língua portuguesa em uso na esfera jornalística, o trabalho possibilitou aos alunos a compreensão e
a produção de textos de gêneros orais e escritos, abordando questões de estrutura e de
funcionamento, através de sequências didáticas variadas. A partir do gênero “notícia” vários

124
aspectos da oralidade e da escrita do português foram tratados, tendo em vista as diferenças de uma
notícia lida em um jornal impresso, ouvida no rádio, assistida na tevê e acessada na internet. A
produção de notícias, montagem e apresentações de noticiários de rádio e tevê, produção de jornal
escrito com matérias sobre o cotidiano das aldeias foram atividades propostas e desenvolvidas pelos
alunos no curso, sendo o processo de desenvolvimento das atividades na relação com a cultura
indígena um aspecto fundamental na discussão.

O ENSINO DA LÍNGUA MUNDURUKU COMO AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE INDÍGENA


NO GRUPO MUNDURUKU TAKUARA
Sâmela Ramos da SILVA – UFG
samela_ramos@yahoo.com.br

Esse trabalho apresenta nossa pesquisa realizada com o grupo indígena Munduruku Takuara e os
primeiros resultados desta. A aldeia Munduruku Takuara se localiza no Oeste do estado do Pará, e
apresenta uma situação linguística marcada pela tentativa de resgate da língua Munduruku através
do ensino desta na escola indígena. Muitas vezes eles expressam que, apesar de falarem português,
essa não é sua língua original. A partir desse contexto, temos tentado investigar quais as políticas
linguísticas que ogrupo tem desenvolvido, a fim de reaprender a língua Munduruku, e como o
ensino da Língua Munduruku tem contribuído na construção da identidade étnica, cultural e
linguística da comunidade. Embasamos este trabalho nas obras de Rajagopalan (1998; 2003; 2006)
e Maher (1998) sobre identidade, Pennycook e Makoni (2007) que oferecem concepções críticas
sobre as noções de língua, e nas teorias pós-coloniais de Walter Mignolo (2003) e outros autores
latino-americanos. Para o desenvolvimento de nossa pesquisa temos feito entrevistas, notas de
campo, observação direta e estabelecido uma interação estreita com o grupo. Nossa experiência
entre os Munduruku Takuara têm nos mostrado como a identidade é uma intensa ação de
construção. Assim, temos refletido que não é a Língua Munduruku em si mesma que constrói a
identidade do grupo, nem a aparência ou a cor de pele que marcam definitivamente se o grupo é ou
não indígena. A sua postura, seu discurso, suas opiniões e ideias sobre quem eles são, constroem
sua identidade. Apesar de não serem falantes de uma língua indígena, isso não os faz menos
indígenas. Mesmo em português, eles defendem, articulam e negociam sua identidade.

PORTUGUÊS BRASILEIRO EM USO POR PROFESSORES INDÍGENAS DO ESTADO DO


AMAPÁ
Antonio Almir Silva GOMES – UNIFAP
a2sg@bol.com.br

Muito se tem discutido atualmente sobre o papel das línguas nas diferentes escolas indígenas
brasileiras, sobretudo quando pensado na perspectiva da interculturalidade. A valorização, dentre
outros aspectos, da língua indígena (LI) é vislumbrada como central na Educação Escolar Indígena
(EEI). Mesmo assim, o Português Brasileiro (PB) marca fortemente sua presença nesse contexto
educacional, mesmo em casos cuja comunidade indígena ainda preserva uma língua materna
distinta do PB. O trabalho que aqui apresento não entra no mérito dessa questão, mas, embasado em
minha experiência inicial em EEI, trata das formas como os responsáveis por essa modalidade de
ensino se apropriam da língua nacional; bem como levanta alguns questionamentos inerentes à
relação estabelecida entre escola indígena e PB. Para tal, tomo como fonte o contexto da EEI no
estado do Amapá, onde professores que atuam nas escolas indígenas têm recebido formação em
nível superior nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Exatas e da Natureza e Linguagens e
Códigos. Ao longo de sua formação, os referidos professores são solicitados ininterruptamente a
escrever em PB. É a produção textual desses professores que indica as distintas formas de
apropriação do PB pelos mesmos. Particularmente aqueles que se especializam na área de
Linguagens e Códigos tornar-se-ão os responsáveis pelo ensino de PB nas escolas indígenas. Aqui

125
detenho-me à analise de aspectos fonético/fonológicos, morfológicos e sintáticos inerentes aos
textos produzidos por esses professores. Em seguida, apresento alguns questionamentos que tenho
feito ao longo de meu primeiro ano como docente de um curso intercultural de formação de
professores indígenas, estando o primeiro deles, e talvez principal, relacionado ao papel dos cursos
desta natureza no que confere à formação voltada para o uso do PB. Nesse sentido, o trabalho
apresenta observações de uso do PB por professores indígenas e, consequentemente, alguns
questionamentos gerados por tal uso.

PORTUGUÊS-INDÍGENA VERSUS PORTUGUÊS-ACADÊMICO: TENSÕES, DESAFIOS E


POSSIBILIDADES PARA AS LICENCIATURAS INDÍGENAS
Maria Gorete NETO – UFMG
mariagorete_neto@yahoo.com.br

Este artigo discute algumas características do português-indígena escrito e a apropriação do


português-acadêmico no contexto universitário, mormente nos cursos de licenciatura indígena. A
pesquisa, de natureza etnográfica (Erickson, 1986), focaliza um corpus constituído de dois tipos de
registros. O primeiro foi coletado junto ao povo Tapirapé, do Mato Grosso, no período de 1999 –
2006, e é composto por textos escritos por alunos do ensino fundamental e monografias de
conclusão de curso superior de professores Tapirapé. O segundo, por sua vez, é constituído de
textos produzidos em sala de aula por universitários Pataxó, Xacriabá e Tupiniquim do curso de
Formação Intercultural para Educadores Indígenas da Universidade Federal de Minas Gerais, no
período de 2011-2012. Aportam a análise os conceitos de representações (Hall, 1997; e outros),
hibridismo (Bhabha, 1994/2003), identidades (Hall, 1997; Bhabha, 1994/2003), culturas (Cuche,
1999/2002; e outros), língua(gem) (Cavalcanti e César, 2007), letramento (Street, 1984) e
letramento acadêmico (Lea e Street, 1998). A análise indica que, se por um lado, há uma premência
pela apropriação do português-acadêmico pelos povos focalizados, impulsionada pela exigência do
mesmo por parte da academia, por outro, o português-indígena tem características linguísticas
próprias e se constitui em importante construtor/veiculador das identidades indígenas. Há, portanto,
a necessidade de que os cursos de formação indígena em nível superior focalizem, discutam e
problematizem tanto a tensão que pode ser estabelecida entre português-acadêmico e português-
indígena como as metodologias de ensino de língua portuguesa e das demais disciplinas de forma
que estas possam contribuir para a apropriação do português-acadêmico sem que isso signifique
silenciamento do português-indígena.

O ENSINO DO PORTUGUÊS EM GRUPOS INDÍGENAS DE CONTATO RECENTE


ANA SUELLY ARRUDA CÂMARA CABRAL
Ana Suelly Arruda Câmara CABRAL – UNB
asacczoe@gmail.com
Suseile Andrade SOUSA – UNB
suseunb@gmail.com

Os estudos sobre o Português de contato que caracteriza o Português falado por grupos indígenas
brasileiros chegam todos a conclusões análogas, sendo o traço distintivo dos diferentes falares, a
adaptação feita por cada povo dos dados da outra língua, segundo os padrões fonológicos,
morfossintáticos e semânticos de suas respectivas línguas nativas (EMMERICH, 1992; BRAGA,
1998; CABRAL et al., 2011). Assim, as variantes do Português faladas por indígenas são, em geral,
fortemente marcadas fonologicamente, pelas adaptações sofridas pelos sons do Português aos
padrões fonológicos das respectivas línguas nativas dos indígenas, que se agrava com a falta de
orientação na aprendizagem do Português por indígenas. O presente estudo é chamar a atenção para
a necessidade de políticas linguísticas oficiais que passem a reconhecer a necessidade de uma
aprendizagem ética e funcional do Português por índios de recente contato, como é o caso do grupo

126
Zo’é, que vive na Frente Etno-ambiental Cuminapanema, localizada no Pará. Novas políticas
linguísticas deverão favorecer o desempenho oral do Português falado pelos indígenas, quando for o
caso, favorecer também a aprendizagem da escrita do Português (sem que para tanto se instituam
escolas), visando o fortalecimento de relações mais equilibradas entre os índios e os não índios.

PORTUGUÊS INTERCULTURAL: FUNDAMENTOS PARA A ELABORAÇÃO


CURRICULAR DE UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA PARA PROFESSORES
E PROFESSORAS INDÍGENAS BRASILEIROS EM FORMAÇÃO SUPERIOR ESPECÍFICA
André Marques do NASCIMENTO – UFG
marquesandre@yahoo.com.br

O objetivo desta comunicação é apresentar os fundamentos da proposta de trabalho com práticas


comunicativas em língua portuguesa para professores e professoras indígenas brasileiros no
contexto de formação superior específica do curso de Licenciatura Intercultural da Universidade
Federal de Goiás, implantado nesta universidade em 2006 e do qual fazem parte atualmente
aproximadamente 220 professores e professoras indígenas pertencentes aos povos Apinajé, Canela,
Gavião, Guajajara, Guarani, Javaé, Karajá, Karajá Xambioá, Krahô, Krikati, Tapirapé, Tapuia e
Xerente. A diversidade sociocultural e, naturalmente, sociolinguística destes professores e
professoras, assim como de suas comunidades, impôs constantes desafios à implementação do
ensino de língua portuguesa no curso de Licenciatura Intercultural desde seu início, tendo em vista
que esta língua se configura entre estes povos como primeira, segunda ou terceira língua.
Considerando-se, assim, esta heterogeneidade cultural e linguística, bem como as inevitáveis
dimensões éticas e morais que envolvem este trabalho no que concerne às relações de poder que
perpassam a educação em geral, assim como a educação linguística em contextos de assimetria
sociocultural, o aspecto central dessa proposta é situar os professores e professoras indígenas como
os sujeitos geradores e co-construtores de suas bases, ou seja, demonstrar como a voz desses
professores e professoras, através de suas demandas, percepções e expectativas em relação ao uso
da língua portuguesa e ao seu estudo, constitui o fundamento a partir do qual se dá toda reflexão
concernente à elaboração do currículo dos cursos de Português Intercultural, a partir de uma
perspectiva que vise à autonomia dos professores e professoras indígenas no que concerne ao uso da
língua portuguesa em suas práticas comunicativas interculturais, e que seja, antes de tudo, cultural e
linguisticamente responsiva.

O ENSINO DE PORTUGUÊS NOS CURSOS DE MAGISTÉRIO E NOS CURSOS


INTERCULTURAIS INDÍGENAS
Ana Maria Gouveia Cavalcanti AGUILAR – UNB
anamajc@gmail.com
Aisanain Paltu KAMAIURA – UNB
aisanain@yahoo.com.br

A presente comunicação focaliza aspectos do ensino do português nos cursos de magistério e nos
cursos de graduação interculturais indígenas. Discutiremos os problemas enfrentados pelos
profissionais indígenas, seja no exercício de suas práticas docentes, seja nos seus próprios cursos de
graduação ou de pós-graduação que frequentam. Pautaremos nossa discussão pelos problemas
enfrentados por alunos indígenas de cursos de graduação e de pós-graduação na Universidade de
Brasília e nas soluções encontradas para minimizar as dificuldades por eles experimentadas.
Lançamos mão, também, de várias entrevistas realizadas no Acre e em Brasília com indígenas de
diferentes etnias, matriculados em diferentes cursos de graduação e de pós-graduação da
Universidade de Brasília e da Universidade Federal do Acre. Ilustraremos as dificuldades por eles
enfrentadas no desempenho das modalidades oral e escrita do Português, por meio de trechos das
próprias entrevistas e por meio de trabalhos acadêmicos cedidos pelos entrevistados. Queremos por

127
em evidência elementos que devem ser considerados na formulação de políticas que visam à
formação de professores e pesquisadores indígenas do Brasil. Este estudo tem como referência
trabalhos sobre o ensino de Português enquanto L2/LE, com ênfase especial na análise da formação
de professores indígenas. O estudo leva em consideração trabalhos sobre educação, bilinguismo e
diversidade, como o de Rodrigues (1981, 1993) e o de D’Angelis & Veiga (1997, 2000) sobre
educação para os povos indígenas e política linguística. O presente estudo se apoia em uma
abordagem do ensino de língua portuguesa sob as perspectivas variacionista e funcionalista.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM COMUNIDADES SATERÉ-MAWÉ


Dulce do Carmo FRANCESCHINI – UFU
dukini2001@yahoo.com.br
Denize de Souza CARNEIRO – UFU
dchiaretta@hotmail.com

Nesta comunicação, pretende-se apresentar alguns dados relativos à situação em que se encontra o
ensino de português em algumas das escolas das comunidades da área indígena sateré-mawé. Os
Sateré-Mawé (ou Mawé) contam com uma população de cerca de 9.000 pessoas e vivem, há mais
de 400 anos, na região do Baixo-Amazonas. O território Sateré-Mawé, chamado Andirá-Marau, foi
demarcado pela FUNAI em 1982 e compreende 788.528 hectares situados entre os Estados do Pará
e do Amazonas, nos municípios de Parintins, Barreirinha e Maués no Estado do Amazonas. Na
Área Indígena Sateré-Mawé atuam cerca de 220 professores no Ensino Fundamental, destes 117 nas
comunidades da região do Marau-Urupadi, município de Maués (AM), que contava com 2.109 (dois
mil cento e nove) alunos matriculados em 2009; e 110 professores lecionam na região do Andirá
(Barreirinha-AM) e Waikurapá (Parintins-AM) para um total de 2.404 alunos matriculados em
2009. O número de alunos matriculados na área indígena é, portanto, de 4.513, o que representa
mais de 50% da população que aí reside. Nesta comunicação pretende-se abordar, além da formação
dos professores, a questão da metodologia e do material didático empregado pelos professores
indígenas no ensino de Língua Portuguesa, a situação sociolinguística dos alunos quanto ao
domínio da Língua Portuguesa e da língua materna, bem como a atitude e comportamento
linguísticos dos professores e alunos quanto ao uso do português e da língua materna. A partir
disso, pretende-se discutir questões ligadas à criticidade e às diferenças de estilos interacionais, por
acreditarmos, assim como Tereza Machado Maher (1994), serem tais questões fundamentais nos
programas de ensino de língua portuguesa para as comunidades indígenas.

PORTUGUÊS PARA TAPIRAPÉ E INGLÊS PARA KAINGANG: ALGUMAS COISAS EM


COMUM
Wilmar da Rocha D’angelis – UNICAMP
dangelis@unicamp.br

A presente comunicação relata duas breves experiências de ensino de Segunda Língua em


comunidades indígenas: uma experiência de oficina de Leitura em Língua Portuguesa com
professores Tapirapé (falantes nativos da língua de mesmo nome, da família Tupi-Guarani), e uma
experiência de curso breve de Inglês para professores Kaingang em formação (falantes nativos da
língua Kaingang, da família Jê). Nos Tapirapé, a maior parte dos participantes tinha sérias
dificuldades com a modalidade escrita do Português (alguns também com Português falado). Nos
Kaingang, todos eram bastante proficientes também em português, mas poucos tinham experiência
muitíssimo limitada de contato com a língua inglesa. O que as duas experiências tiveram em
comum foi o emprego de um recurso (que por outros motivos, também empreguei em Oficina com
professores Mura, AM): o contato direto com textos escritos sobre sua etnia (sobre seus
antepassados, mais propriamente) publicados na língua alvo. Com os Tapirapé trabalhei sobre
trechos da obra “Lágrimas de boas vindas”, do antropólogo Charles Wagley (originalmente

128
publicada em inglês, em 1977). Com os Kaingang, sobre trechos do capítulo The Caingang, de
Alfred Métraux, no “Handbook of South American Indians” (1946). Nos dois casos, a estratégia
despertou enorme interesse nos participantes, e a temática relacionada à sua cultura, história e
região favoreceu a aproximação ao texto, seja por acionar um particular conhecimento de mundo
evocado nele, seja pela presença de um léxico previamente conhecido (incluídos os topônimos). O
recurso empregado visou, além dos ganhos didáticos mencionados (e a teorização sobre eles),
apresentar aos professores indígenas uma possibilidade de ensino de Português centrado no
fortalecimento da identidade indígena, ou seja, um ensino de Português prioritariamente voltado ao
fortalecimento de laços com sua própria comunidade, sua cultura e sua história, em lugar de um
ensino favorecedor da construção de lealdades ao mundo e à cultura da língua alvo.

ENSINO DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA EM COMUNIDADES INDÍGENAS


KAINGANG – RS
Moana de Lima e SILVA – USP
moanalima@hotmail.com/ moanalima@gmail.com

O presente trabalho é um desmembramento da minha pesquisa realizada durante os estudos de


mestrado (Lima e Silva, 2011 ) que se focou, grosso modo, nas questões da ausência de
concordância verbal e nominal relacionadas à escrita em Língua Portuguesa de falantes nativos do
Kaingang, no RS. Para este trabalho, serão apresentados textos escritos em Português, por alunos
bilíngues kaingang, que é uma língua da família Jê, do tronco- Macro Jê. Tais textos foram
produzidos por alunos, participantes da minha Pesquisa de Campo realizada em 2009, que cursavam
naquele momento o Ensino Fundamental II da Escola Kaingang. Embora sejam falantes fluentes da
Língua Portuguesa, os kaingang apresentam grandes dificuldades na elaboração de textos escritos.
O corpus deste trabalho constitui-se de 20 textos narrativos, dos quais foram analisados os desvios
da norma padrão relativos à flexão nominal – gênero e número – a fim de se detectar quais
problemas poderiam ser decorrentes do input recebido pelo contato com falantes nativos e quais
seriam resultados de transferência de parâmetros da língua materna. Porém, a intenção deste
trabalho não será a de buscar uma análise linguística dos dados apresentados, mas sim, através
destes discutir e tentar sugerir as linhas fundamentais para o desenvolvimento de um programa de
ensino para as escolas indígenas dessa região. Dessa forma, pretende-se, através das propostas do
Referencial Curricular Nacional das Escolas Indígenas (RCNEI), das experiências apresentadas por
Amado (2007, 2010), D’Angelis (2002, 2008), Maher (1994) e também de outros estudiosos da
área, pensar em uma metodologia de ensino pautada na criação literária, ou seja, na produção dos
mais diversos gêneros textuais, podendo assim contribuir para a definição de uma planificação e um
planejamento linguístico nessas comunidades indígenas.

ESCREVER EM PORTUGUÊS: DESAFIOS PARA UMA ESCOLA INDÍGENA


Cristina Martins FARGETTI – UNESP
cmfarget@gmail.com
Lígia Egídia MOSCARDINI – UNESP
lmosca2120@hotmail.com

Apresentaremos considerações a respeito de atividades de escrita entre os juruna, cuja auto-


denominação é yudjá, do Parque Indígena Xingu, MT. Sua localização se dá em sete aldeias,
próximas à BR-80, na região do Baixo Xingu (Tubatuba, Matxiri, Pequizal, Paqsamba, Pakayá,
Pakajá, Mupadá) e em dois postos indígenas na mesma região (Posto Diauarum e Posto Piaraçu). A
população é de 400 pessoas, aproximadamente, todos falantes da língua indígena. Há escola na
aldeia, com ensino bilíngue. Embora possuidores de forte tradição oral, tem demonstrado interesse
pela escrita, que lhes permite, inclusive, o registro de importantes aspectos culturais. Na escola, tais
atividades não se restringem hoje ao uso do Português apenas, pois professores e alunos escrevem

129
em sua língua também, usando ortografia instituídana década de 1990, para uma língua tonal, com
forte processo de nasalização. A escrita na língua apresenta menos problemas para os juruna, que,
inclusive a usam na internet, e com ela se comunicam satisfatoriamente com amigos, parentes e
outros. Contudo, ao utilizarem o Português para escrever, não se sentem bem sucedidos, ao se
comunicarem com órgãos do governo, ONGs, imprensa, organização de concursos, etc. Percebem
sua dificuldade de adequação aos gêneros textuais em questão e de adequação às normas de escrita.
Assim, solicitam-nos um trabalho de orientação, dirigido a professores e alunos, para que possam
ter êxito em suas demandas, seus posicionamentos políticos, através da escrita. Com isso, nos
deparamos com questões tais como: o que é um texto bem sucedido, escrito por um representante de
uma comunidade indígena? Como auxiliar na melhoria da produção textual em Português?

NÚMERO EM NOMES: DIFICULDADES NA AQUISIÇÃO DA FLEXÃO NOMINAL DO


PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA (PL2) POR FALANTES DE LÍNGUAS
INDÍGENAS
Rosane de Sá AMADO – USP
ro.amado@gmail.com

A distância entre o português e a cultura brasileira e as muitas línguas e culturas indígenas tem
levantado uma série de questões para os linguistas indigenistas e os linguistas aplicados dedicados à
investigação dos processos de aquisição e aprendizagem de aspectos formais e pragmáticos do PL2
por falantes de línguas indígenas. Este estudo teve por objetivo descrever e analisar dificuldades
encontradas em textos produzidos em português por falantes de uma língua indígena: o timbira,
família Jê, tronco Macro-jê. Tais textos foram produzidos por alunos, participantes de um curso de
Português L2 no X Módulo do Ensino Fundamental da Escola Timbira, promovido pelas
Secretarias de Educação do Maranhão e do Tocantins em parceria com a Funai e com o Centro de
Trabalho Indigenista. Embora sejam falantes de Português como segunda língua, com nível de
fluência oral intermediário, os timbiras apresentam grandes dificuldades na elaboração de textos
escritos. O corpus deste trabalho constituiu-se de trinta textos descritivos, dos quais foram
analisados os erros relativos à flexão de número nos nomes, a fim de se detectar quais problemas
poderiam ser decorrentes do input recebido pelo contato com falantes nativos e quais poderiam ser
resultados de transferências de parâmetros da língua materna. Também a Teoria dos 4-M de Myers-
Scotton e Jake (2000), que traça a relação da ordem de aquisição a quatro tipos de morfemas,
forneceu-nos subsídios para atentarmos a universais morfológicos de aquisição que poderiam estar
envolvidos nos erros produzidos pelos aprendentes. Além disso, questões de pluri- e
interculturalidade, como a tradição oral indígena, também foram contempladas. Este trabalho faz
parte de um projeto mais amplo desta pesquisadora, que visa compreender as dificuldades da
aprendizagem do Português Segunda Língua, buscando dirimi-las por meio da criação e do
desenvolvimento de abordagens didático-instrucionais especialmente voltadas para os povos
indígenas.

ENSINO DE LÍNGUA NA ESCOLA DA COMUNIDADE INDIGENA KYIKATÊJÊ DO


SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ
Austria Rodrigues BRITO – UFPA/UNB
austria@ufpa.br
Eliane Machado SOARES – UFPA/FAEL
elianema@ufpa.br

O presente trabalho insere-se em um projeto de pesquisa em desenvolvimento no Laboratório de


Línguas Indígenas da UnB, cujo principal objetivo é refletir sobre o ensino de línguas na Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Kyikatêjê, tendo em vista ser a língua
portuguesa nessa comunidade a língua majoritária, tanto nos usos cotidianos da seio dessa

130
comunidade quanto no ensino que se desenvolve em sua escolar. A constituição brasileira, no artigo
210 diz que: “o ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem”. No entanto, a realidade observada nesta escola e em grande parte de outras escolas
indígenas do Pará é a de que as crianças são alfabetizadas na língua portuguesa, ficando a língua
indígena relegada a “segunda língua”. Isso tem ocorrido a despeito de se ter nesta referida escola
uma disciplina específica sobre Língua e Cultura, ministrada por alguns indígenas da comunidade.
Considerando a situação sociolinguística em que a língua nativa perde cada vez mais espaço para o
Português, este trabalho se propõe a verificar as dificuldades enfrentadas pelos professores
indígenas e não índios para que a língua nativa tenha seu uso fortalecido na escola e refletir sobre
soluções que minimizem o deslocamento da língua nativa das funções sociais que deveria ter. A
reflexão direciona-se para questões curriculares, a concepção de escola e sua função social, as
relações de poder que se estabelecem numa discussão sobre educação, processos de ensino-
aprendizagem e o papel da língua indígena na escola.

GRUPO TEMÁTICO 18: ENSINO DE PRODUÇÃO DE TEXTO EM LÍNGUA


PORTUGUESA: TECNOLOGIAS E PROCESSOS DE EDIÇÃO
COORDENADORES: Ana Elisa RIBEIRO (CEFET/MG) – anadigital@gmail.com;
Carlos F. B. D'ANDRÉA (UFV) – carlosdand@gmail.com

Neste trabalho, baseando-nos em uma questão fundamental sobre processo e produto na produção
escrita, propomos uma discussão sobre o ensino de produção de texto, mediado por tecnologias, em
língua portuguesa. Nosso objetivo é conhecer experiências de ensino de produção textual, em
qualquer nível ou modalidade de ensino (presencial, virtual, formal, informal, etc.), que empregue
tecnologias (digitais ou não) e/ou processos nelas implicados. São também aceitas discussões de
caráter teórico ou analítico, sem preferência por esta ou aquela afiliação teórica, desde que
contemplem a análise de exemplos ou a sugestão de atividade, de alguma forma. Resultados de
pesquisa acadêmica em produção de textos são bem-vindas. Considerando que, já há vários anos,
novas tecnologias afetaram a produção de textos, inclusive na escola (e para a escola), trataremos
do emprego de novas tecnologias (especialmente as digitais) para ensino de produção textual (na
escola formal ou fora dela) e da maneira como tais tecnologias afetaram os processos de edição do
texto, isto é, sua criação e sua revisão, passando também por projetos enunciativos que propõem
novas formas de pesquisa, de citação, de construção do texto (como o hipertexto ou a hipermídia),
suas relações com outras semioses (multimodalidade) e sua relação com o design e a formatação.
Embora nosso foco seja um novo processo de edição de textos, com ferramentas tecnológicas, e as
questões de ensino/aprendizagem ligadas a isso, esta proposta de discussão abrange quaisquer
trabalhos relacionados ao ensino de produção de texto e ao próprio processo de redação/criação, em
escopos como a história desses processos, a educação, a comunicação, o design, entre outros.

A SALA DE AULA, O BLOG E OS ADOLESCENTES: A CONSTRUÇÃO TEXTUAL NO


ESPAÇO DE PAPEL E DA TELA
Geralda C. FORTUNATO – ISEAT
cristina.fortunato@gmail.com

A proposta do presente trabalho foi investigar a produção escrita de alunos da Educação Básica da
Rede Pública de Belo Horizonte sob condições diferenciadas de produção – em um ambiente
convencional de sala de aula e em ambiente virtual (o blog). Buscamos com isso verificar se esses
textos, produzidos em suportes, condições e processos de interlocução diferentes, apresentam
estratégias diferenciadas referentemente à estrutura composicional e organização discursiva, além
de averiguar se os espaços do ambiente virtual se apresentam mais motivadores à produção dos
alunos. Para isso selecionamos uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental e, por meio de um
questionário, uma entrevista e a coleta de uma resenha produzida em sala de aula e outra produzida

131
no blog da biblioteca escolar, compusemos o corpusdeste trabalho. Como metodologia, utilizamos o
estudo de caso, com abordagens qualitativa e quantitativa, e como aporte teórico buscamos os
estudos relacionados ao sociointeracionismo discursivo, os conceitos fundamentais da teoria de
gêneros textuais e os modelos teóricos de produção textual, além dos estudos recentes ligados ao
uso das novas tecnologias de comunicação e informação (TIC) em ambientes pedagógicos, assim
como as práticas discursivas e de interação social realizadas nos ambientes virtuais. Os resultados
apontam que a produção escrita dos adolescentes no ambiente virtual demonstrou ser mais
interativa com o leitor do que as produções em sala de aula, embora mantivessem características
linguísticas e textuais bastante semelhantes. O blog mostrou ser um ambiente incentivador para a
escrita se estiver atrelado a projetos pedagógicos que promovam a interação e a participação de
todos os alunos, com vistas ao letramento amplo dos mesmos.

BLOGS DE TURMAS COMO FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS PARA PUBLICAÇÃO DE


TEXTOS PRODUZIDOS NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: O (DES)ENCONTRO
ENTRE GÊNEROS ESCOLARES E GÊNEROS DIGITAIS
Lia SCHULZ – UFRGS
liaschulz@gmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar processos de construção e manutenção de blogs para publicação
de textos produzidos em aulas de Língua Portuguesa. O trabalho fundamenta-se nos conceitos de
gêneros textuais e gêneros digitais com a finalidade de mapear e relacionar os gêneros
exclusivamente escolares e gêneros digitais usados por alunos para realizarem ações no mundo. A
pesquisa foi realizada com turmas de ensino médio e de uma escola particular de Porto Alegre em
2010 e com uma turma de ensino fundamental de outra escola privada de Porto Alegre em 2011.
Em uma primeira etapa, investigou-se que gêneros, mídias e tecnologias eram mais usadas pelos
alunos para se comunicar, se informar, ler e escrever; posteriormente, foi proposto a cada turma a
elaboração de um blog coletivo para a publicação dos textos produzidos em aula, permitindo assim,
que todo o processo de construção e manutenção dos blogs das turmas fosse acompanhado. Na
análise preliminar, verificou-se que os participantes não reconheciam os gêneros digitais como
pertencentes à vida escolar. Pelo contrário, para vários alunos, os textos de e-mails e blogs fazem
parte da “vida real” e não deviam ser tratados na escola, evitando, assim, serem alvo de avaliação
escolar. Nesse contexto, os blogs das turmas eram entendidos pelos participantes apenas como
espaços de postagem de textos de aula propostos pela professora com fins avaliativos. Além disso, a
análise das produções indicou que grande parte dos alunos tinham como modelo a redação do
vestibular e não conseguiam diferenciar tal modelo das produções para o blog. Os resultados da
pesquisa apontam, portanto, para a necessidade de se pensar as relações entre os gêneros escolares e
os gêneros digitais para que as práticas de produção de texto ampliem de fato suas possibilidades
pedagógicas com a publicação em meios digitais.

O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA


EDUCAÇÃO BÁSICA
Janete A. de ESPÍRITO SANTO – UENF
janeteesanto@hotmail.com

Este trabalho tem por objetivo discutir como a tecnologia vem atuando em nosso cotidiano,
causando mudanças sociais e culturais profundas, transformando nosso comportamento e,
consequentemente, nossas vidas de uma forma acelerada. Isso implica pensar que este momento
requer uma atenção diferenciada para o ensino de Língua Portuguesa, numa perspectiva de trazer
para o ambiente escolar, recursos materiais e humanos que contribuam para a Educação com uma
pedagogia apropriada. Esta, por sua vez, deverá atender os “nativos digitais”, que chegam às salas
de aula, conectados em aparelhos tecnológicos que incorporam equipamentos multifuncionais cada

132
vez mais potentes. Para isso, destaca-seo papel do professor e requer dele novas posturas, fazendo
que este deixe de ser o centro da informação e passe a atuar como mediador, gestor, facilitador e
indicador de caminhos. Portanto é fundamental que o docente modifique as formas de aprender e
ensinar. As causas do fracasso escolar têm preocupado os profissionais da educação que aspiram a
uma escola ideal com alunos competentes. E muitos destes profissionais destacam a indisciplina
como a maior dificuldade encontrada em sala de aula. Porém, sabe-seque muitos podem ser os
fatores que influenciam neste fracasso, mas, muitas vezes, não se atribui a ele causas como: falta de
laboratórios de informática, bibliotecas bem equipadas, salas de vídeos ou data shows disponíveis
ou funcionando normalmente e professores preparados para um ensino mais inclusivo. Estes
profissionais precisam optar por caminhos que levem o aluno a aprender, a construir o
conhecimento, ao invés de permanecerem na mesma estratégia secularmente conhecida, que
“ensinar por ensinar”. O aluno atual está em contato diário com as mais modernas tecnologias. Por
isso, a escola e professor precisam propor metodologias inovadoras utilizando as TIC’s para atingir
resultados significativos, vivenciando processos de comunicação e participação interpessoal e
grupal afetivos.

LETRAMENTO DIGITAL: A PRODUÇÃO DO GÊNERO NOTÍCIA NO FACEBOOK


Maria Regina Moura de CARVALHO – FA7
reginacarvalhus@gmail.com
Vicente de LIMA-NETO – UFC
netosenna@gmail.com

Considerando a importância de se adquirir, na sociedade da informação, conhecimentos e


habilidades para o letramento digital, propusemo-nos a verificar o desenvolvimento do letramento
digital em alunos do 1° ano do ensino médio de uma escola da rede pública do estado do Ceará, a
partir do desempenho desses estudantes na realização de uma atividade de produção textual do
gênero notícia, efetuada no ambiente Grupo do Facebook. A atividade tinha como propósito a
adequada produção do gênero e a ampliação de suas habilidades comunicativas nessa rede social.
Para tal, criamos uma sequência de atividades que forampublicadas e realizadas nessa ferramenta do
Facebook e, para a realização delas, seguimos os seguintes procedimentos: primeiramente, foram
apresentados, em sala de aula, os elementos específicos que compõem uma situação comunicativa
envolvendo o gênero discursivo notícia; depois, com base na análisede três notícias diferentes, os
alunos responderam a perguntas que os levaram a refletir sobre tais elementos; por fim, esses jovens
produziram a sua própria notícia nesse ambiente digital, o que serviu como uma das etapas de
avaliação das atividades realizadas por eles. Os resultados nos permitiram perceber que esses
aprendizes desenvolveram, além das ferramentas para a produção do gênero, o domínio de
determinadas práticas para se comunicarem nessa rede social, uma vez que continuaram a realizar
outras práticas de linguagem nesse Grupo, como chats, convites, anúncios, mensagens em geral, de
forma livre e espontânea, permitindo que eles ganhassem, com a atividade, habilidades que
desenvolveriam o seu letramento digital com o intuito de (inter)agir no mundo.

DOCS, WIKIS, BLOGS... FERRAMENTAS E REESCRITAS SOBREPOSTAS EM SALA DE


AULA
Carlos de Brito D’ANDRÉA – UFV
carlosdand@gmail.com

No trabalho refletimos sobre como as atividades de produção e edição de textos por alunos de
graduação podem se apropriar das especificidades técnicas de diferentes ferramentas da web para
promover práticasde reescrita e retextualização. Partimos da ideia de que a produção colaborativa e
coletiva de textos é uma perspectiva relevante para incentivar os alunos a refletirem sobre suas
produções (e a dos colegas), assimcomo para melhor compreender os mecanismos de edição das

133
redes de produção editorial. Nesse sentido, entendemos que as reescritas e retextualizações
(D'ANDRÉA e RIBEIRO, 2010) podem acontecer na lógica da wikificação, por nós definida em
d'Andréa (2010) como um modelo de gestão de conteúdo baseado na colaboração e na atualização
contínua de textos. O trabalho é uma reflexão advinda de aulas práticas/laboratoriais em andamento
no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Neste contexto, utilizamos várias
ferramentas baseadas na web (em especial Google Docs, wikis, e blogs) para incentivar os alunos
redigirem, editarem e publicarem seus próprios textos e o de colegas a partir de pesquisas e leituras
do referencial teórico adotado na disciplina “Cibercultura”. Como resultadores preliminares,
observamos que a atividade facilita a compreensão das especificidades de diferentes
gênerosdiscursivos e permite os alunos reconhecer a importância das reescritas e retextualizações,
por diferentessujeitos, antes de um texto circular socialmente. Além disso, parece-nos que a prática
em questão ajuda os alunos a enxergar “seus” textos como parte de uma rede de produção editorial
que relativiza a ideia de autoria como algo estritamente individual e intransferível.

ESTRATÉGIAS DE RETEXTUALIZAÇÃO NA MUDANÇA DE PLATAFORMA


IMPRESSO/DIGITAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM DISCIPLINA BÁSICA DO ENSINO
SUPERIOR
Ana Elisa RIBEIRO – CEFET/MG
anadigital@gmail.com

Este trabalho relata uma bem-sucedida experiência de produção de textos em disciplina básica de
cursos de engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
Estão em jogoa multimodalidade (Kress; Van Leeuwen, 2001; 2006), a retextualização e a reescrita
(Fiad, 1991; Marcuschi, 2001; Matencio, 2002; 2003; Dell'Isola, 2007), além de orientações sobre
produção de texto na web, dispersas em vários manuais. Em atendimento a um item da ementa do
curso no qual esta experiência foi executada, qual seja, o trabalho com língua oral e língua escrita,
foi solicitado a uma turma de primeiro período de engenharia de computação que recompusesse um
texto transcrito (originalmente, uma locução de rádio) no formato de uma notícia de jornal impresso
e em algum tipo de produção para ambiente digital, tal como um blog ou um site, por exemplo. Não
houve orientações muito engessadas para os alunos, dos quais eram esperadas certa criatividade e
alguma autonomia. Um texto transcrito foi disponibilizado, em arquivo de texto, para que fosse
trabalhado pelos estudantes, que se arranjaram em grupos de quatro ou cinco pessoas. Cada grupo
trabalhou sobre a proposta e apresentou suas soluções, das quais ressaltaremos aspectos como a
seleção de linguagens visuais e a substituição de narrativa ou explicação verbal por algum texto
visual considerado pertinente, resultando em um texto multimodal diferente do texto de partida.
Tais elementos foram propiciados pelo ambiente digital, mas também encontram análogos
impressos, em sua maioria. O "pensar visualmente" (Teixeira, 2010) é, então, discutido para o caso
deste tipo de retextualização.

TIPÓGRAFOS, TABLETS E PROFESSORES: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGOS ENTRE


HISTÓRIA DO LIVRO, INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E ENSINO DA ESCRITA
Pablo Guimarães de ARAÚJO – CEFET/MG
pguimaraes76@gmail.com

O mercado editorial passa por um período de transição. Edições independentes são impulsionadas
pela impressão sob demanda; a internet e as redes sociais possibilitam novas maneiras de
divulgação, distribuição e comercialização das obras; o vídeo, o áudio e a animação estão cada vez
presentes nos departamentos de produção. A autopublicação, a impressão digital e a produção de
conteúdo para mídias digitais crescem rapidamente, alterando procedimentos tradicionais, criando
novas demandas profissionais em editoras e despertando o interesse e a curiosidade de pessoas de
todas as idades. O objetivo deste trabalho é discutir alternativas de atividades em sala de aula que,

134
por meio da abordagem dos ofícios tradicionais presentes na história do livro e das mudanças
recentes que têm alterado significativamente os processos de produção, estimulem a elaboração de
textos e a reflexão sobre a importância de adequação da linguagem para o trabalho com diferentes
suportes. A proposta é que os professores discutam o tema com os alunos, orientem a produção de
textos com opiniões sobre o futuro do livro, coordenem atividades de gravação de vídeos com
relatos de moradores da comunidade sobre suasexperiências com livros e realizem oficinas de
desenho e grafite com mensagens sobre a importância da leitura. A organização dos dados
possibilitará a publicação de um livro para comercialização sob demandano formato impresso, a
criação de um roteiro para o vídeo que poderá complementar o texto na publicação de uma obra
digital no formato ePub, a publicação das mensagens e das imagens em uma campanha em favor da
leitura nas redes sociais e, sobretudo, o contato dos alunos com diferentes formas de texto.

GRUPO TEMÁTICO 19: ESTUDOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA NO CONTEXTO


ESCOLAR
COORDENADORA: Marlúcia Maria ALVES (UFU) – marlucia.alves@gmail.com

O presente grupo temático visa ao conhecimento e à discussão de pesquisas em Fonética e


Fonologia no contexto escolar. Estas são duas grandes áreas da linguística contemporânea que se
ocupam basicamente dos sons da comunicação humana. Apesar de serem áreas que tratam do
estudo dos sons, e de serem tratadas como áreas interdependentes, são domínios que ocupam
funções bastante distintas na gramática de uma língua. A fonética estuda comparativamente os sons
que ocorrem em duas ou mais línguas. Assim, é possível, no contexto escolar, estudar as
semelhanças e as diferenças sonoras da língua portuguesa em comparação ao da língua inglesa, por
exemplo. Além disso, podem ser identificadas pronúncias específicas e particulares de cada
indivíduo, verificando a variação linguística inerente à língua. Já a fonologia se ocupa do estudo dos
sons da língua do ponto de vista de sua função no âmbito da comunicação linguística. Segundo
Dubois et al. (1997), os estudos desta área priorizam os elementos fônicos que diferenciam, em uma
mesma língua, duas mensagens de significado diferente, como, por exemplo, a diferença de sentido
existente entre as palavras ‘bala’ e ‘mala’, quando se observa o primeiro elemento sonoro de cada
sequência. Especificamente no contexto escolar, observa-se que os livros didáticos, em sua maioria,
não apresentam distintamente estas áreas da linguística. Por exemplo, observa-se que não há uma
apresentação aprofundada da noção de fonema, e que termos como dígrafo, encontro consonantal e
encontros vocálicos poderiam ficar mais bem esclarecidos se houvesse uma preocupação em
diferenciar o que se estuda em cada área. O ideal seria estudar cada área levando em consideração o
seu objeto de estudo, para que o aluno entenda o lugar da fonética e da fonologia na gramática da
língua portuguesa.

ENSINO DE FONÉTICA E FONOLOGIA NO CURSO DE LETRAS/ PORTUGUÊS: UMA


EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
Lucirene da Silva Carvalho – UESPI
luciarvalho@ibest.com.br

O presente trabalho busca discutir o ensino da disciplina fonética e fonologia da língua portuguesa
na Graduação, especificamente, no curso de Letras Português. Parte-se do pressuposto de que o
ensino dessas disciplinas, às vezes, torna-se difícil e complicado, em virtude de os alunos não
trazerem do ensino básico (fundamental e médio), quase nenhuma formação de fonética e fonologia
da língua materna; dificultando o processo-ensino aprendizagem. Muitas vezes, falta ao aluno
clareza e entendimento de noções básicas, sobretudo, o papel delas na sua formação como futuro
professor de língua materna. Entende-se que a culpa não deve recair somente no que apresenta a
proposta curricular do ensino básico, que, como é sabido, pouca importância dá a essas áreas de
conhecimento. Acrescente-se a isso, também, a forma como os manuais didáticos trabalham essa
disciplina, trazendo, com raras exceções, apenas o que é dígrafo, divisão silábica e encontro

135
consonantal, por exemplo. Outro aspecto a ser aventado é o fato de, na maioria dos cursos de letras,
ser ofertado apenas uma disciplina na grade curricular, o que distancia o discente da realidade da
língua. O ideal seria que os cursos de graduação dessem mais importância a elas, contemplando, na
grade curricular, um enfoque maior tanto para uma como para a outra, dedicando-lhes maior carga
horária. Dessa forma, o discente teria condições de se especializar e sair da graduação com
conhecimentos mais aprofundados e com maior qualidade de ensino, o que consequentemente,
resultaria numa melhor qualidade do profissional de Letras com formação nessa área.

EPÊNTESE VOCÁLICA NA ESCRITA: UMA ABORDAGEM SOCIOLINGUÍSTICA


Claudine Costa da SILVA - UEPB
claudiane_csilva@hotmail.com
André Pedro da SILVA – UEPB
pedroufpb@gmail.com

A epêntese vocálica é um fenômeno típico da linguagem oral que geralmente é representado na


escrita durante a fase de sua aquisição. Após esse período, a representação gráfica da epêntese
vocálica é considerada um “erro” de grafia. No entanto, com base nos estudos sociolinguísticos, os
quais defendem uma perspectiva diferente do “erro” e adotam a concepção de variação linguística,
esse “erro” foi observado sobre um novo prisma e analisado sob os postulados da proposta
laboviana de Sociolinguística Quantitativa. Segundo essa perspectiva teórica, o estudo das variantes
linguísticas devem ser quantificados e relacionados com as variáveis extralinguísticas a fim de
identificar os fatores envolvidos na variação de fenômenos linguísticos. Este estudo teve como
objetivo verificar a influência de variantes extralinguísticas sobre a variação linguística no
fenômeno fonético-fonológico da ocorrência da epêntese vocálica na escrita. Para isto, esta pesquisa
se realizou em campo e adotou-se como opção metodológica uma análise quantitativa e qualitativa
dos dados, sendo este estudo experimental e transversal. O corpus foi constituído por 60 alunos de
Ensino Fundamental e Médio, como idade entre 9 e 17 anos. Os resultados encontrados
demonstraram haver influência das variantes extralinguísticas analisadas sobre a ocorrência do
fenômeno-alvo, sendo as variantes utilizadas sexo, grau de escolaridade e grau de familiaridade
com as palavras. A partir da realização deste estudo houve uma melhor compreensão dos processos
envolvidos na ocorrência gráfica do fenômeno fonético fonológico, visto que esse fenômeno apenas
tinha sido analisado na sua modalidade oral, sendo este estudo um dos pioneiros na análise da
ocorrência gráfica da epêntese vocálica.

FONÉTICA E FONOLOGIA NO ÂMBITO ESCOLAR


Marlúcia Maria ALVES – UFU
marlucia.alves@gmail.com

A presente pesquisa visa conhecer em detalhes o estudo da fonética e da fonologia no contexto


escolar. A linguística é a ciência que se preocupa em analisar os fenômenos relativos à linguagem e
à caracterização das estruturas das línguas do mundo. A fonética e a fonologia são duas grandes
áreas da linguística contemporânea, que se ocupam basicamente dos sons da comunicação humana.
Embora sejam áreas que estudem os sons, são domínios que ocupam funções bastante diferentes na
gramática da língua. Verifica-se que os livros didáticos, em sua maioria, não apresentam
distintamente estas áreas da linguística. Observa-se que não há uma apresentação aprofundada da
noção de fonema, que os termos como dígrafo, encontro consonantal e encontros vocálicos
poderiam ficar mais bem esclarecidos se houvesse uma maior preocupação em diferenciar o que se
estuda em cada área. Seria importante estudar cada área levando em conta o seu objeto de estudo,
para que o aluno entenda o lugar da fonética e da fonologia na gramática da língua portuguesa. São
objetivos desta pesquisa: a) conhecer detalhadamente o objeto de estudo da fonética; b) conhecer
aprofundadamente o objeto de estudo da fonologia; c) comparar as áreas de fonética e fonologia e

136
possibilitar o entendimento do que é semelhante e divergente em cada área de estudo; d) analisar
criticamente livros didáticos de língua portuguesa do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, para
identificar o que, de fato, se estuda com relação às áreas da fonética e da fonologia e e) colaborar
para o melhor entendimento de cada área de estudo no contexto escolar. A sua aplicação se deu por
meio de um projeto de extensão oferecido a alunos da escola estadual.

HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA: UM ESTUDO DE VOGAIS PRETÔNICAS NA CIDADE DE


PRATA
Lunara Abadia Gonçalves CALIXTO – UFU
lunara_calixto@hotmail.com

A Harmonização vocálica pode ser definida, de acordo com Bisol (1981), como um processo
fonológico, de caráter assimilatório, que muda a qualidade de uma ou mais vogais do vocábulo para
harmonizar-se com outra vogal presente no mesmo vocábulo. Este fenômeno de assimilação pode
ser regressivo, que atinge as vogais pretônicas, harmonizando-as com a altura da vogal seguinte, em
que pode abaixar a vogal (novela~n[o]vela) ou elevá-la (costume~c[u]stume), de acordo com a
vogal tônica. Para a análise deste fenômeno, tomou-se como referência a Teoria da Otimalidade, em
que esta se baseia em um modelo de análise gramatical que objetiva estabelecer propriedades
universais da linguagem além de caracterizar os limites possíveis da variação entre as línguas
naturais. Para a realização da pesquisa, houve o total de 12 participantes: 6 homens e 6 mulheres.
Foram realizadas entrevistas, baseadas em uma conversa informal, em que o participante fala sobre
seu cotidiano. A partir dos dados coletados, é possível dizer que a Harmonização Vocálica está
presente na cidade de Prata. Este fenômeno se encontra nas diversas faixas etárias e também nos
diversos graus de escolaridade. Em alguns casos também é possível perceber o abaixamento da
vogal média na posição pretônica. Como nos trabalhos de Alves (2008), em Belo Horizonte, na
cidade de Prata é possível encontrar a realização tanto de vogais médias altas quanto de médias
baixas em posição pretônica. O que se pode afirmar é que, mesmo com a definição de Mattoso
Câmara de haver cinco vogais em posição pretônica, é possível encontrar também as vogais médias
baixas nesta posição. Outro fator importante percebido é que a realização da retroflexa alveolar
vozeada, ou “erre caipira”, que se mostra como predominante na cidade, apresenta-se como um
grande fator favorecedor para a produção das vogais médias baixas.

HARMONIA VOCÁLICA NO DIALETO DE UBERLÂNDIA CONFORME A TEORIA DA


OTIMALIDADE
Morgana Bertoni SOUSA – UFU
morganabertoni@hotmail.com

O presente trabalho pretende considerar o processo fonológico da harmonia vocálica que é definida
como a assimilação de um ou mais traços vocálicos de uma mesma palavra, processo esse que
envolve a produção das vogais. No português falado na região do Triângulo Mineiro,
especificamente em Uberlândia, é possível a realização de palavras como ‘p[i]squisa’ e ‘c[u]stume’.
A pesquisa não considerará apenas uma descrição fonológica, mas também procurará abordar o
fenômeno vocálico conforme uma teoria formal da linguagem. A teoria escolhida é a Teoria da
Otimalidade, que oferece a possibilidade de explicar os fatos fonológicos de modo mais satisfatório.
Os objetivos deste estudo são: contribuir para a construção de um banco de dados representativo da
região do Triângulo Mineiro; descrever o sistema vocálico do português brasileiro falado nesta
região; analisar os fenômenos vocálicos conforme uma teoria formal da linguagem, a Teoria da
Otimalidade e apresentar uma caracterização fonológica que sirva como parâmetro da região. A
presente pesquisa será constituída de três etapas: a) bibliográfica, para o melhor entendimento do
tema pesquisado; b) de campo, em que documentador coletará os dados necessários para a pesquisa
feita e c) analítica, já que os resultados serão avaliados conforme a Teoria da Otimalidade. Os dados

137
serão obtidos por meio de entrevistas, com registros de gravação oral em ambiente adequado para
que o informante se sinta à vontade para relatar algum tipo de situação que tenha vivenciado, como,
por exemplo, relatos de fatos associados à família, religião, política, saúde, estudo, lazer, etc. É
importante ressaltar que a pesquisa ainda está em andamento, apresentando apenas resultados
parciais.

REDUÇÃO VOCÁLICA EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, DE ACORDO COM A TEORIA


DA OTIMALIDADE
Ana Raquel Pereira MARQUES – UFU
anaraquelpm@hotmail.com

A redução vocálica é um assunto discutido no âmbito da Fonética e da Fonologia, área da


linguística que visa à compreensão, à classificação e ao estudo dos elementos mínimos da
linguagem articulada em sua realização concreta. Como encolhimento geral do espaço vocálico
(MILLER, 1981), esse aspecto será embasado na Teoria da Otimalidade, em que princípios
processados em paralelo serão hierarquizados e verificados de acordo com pessoas entrevistadas na
cidade de Uberlândia, Minas Gerais, a qual fora escolhida por ser uma região de destaque no estado
e principalmente no Triângulo Mineiro. Procedimentos analíticos e críticos serão considerados, com
o objetivo de se definir o escopo teórico a ser utilizado; a habilitação crítica será necessária, em que
será discutido o tema da redução vocálica. Complementarmente, serão investigadas comunidades,
indivíduos, instituições entre outros – procurar-se-á conjugar a pesquisa bibliográfica e a
experiência de diálogo sociocultural, sendo que os entrevistados não terão suas identidades
divulgadas e suas entrevistas serão arquivadas em computadores e armazenadas em CDs. Será
considerado profícuo o entendimento dos aspectos fonológicos supracitados para que se distinga e
mencione o sistema vocálico na referida cidade, apresentando-se dados fonológicos que irão
particularizar os falantes de Uberlândia e diferenciá-los de outros falantes do estado de Minas
Gerais. Sendo assim, será elaborado um banco de dados significativos sobre os falantes da cidade
de Uberlândia e conceitos, critérios e categorias de análise serão emersos para uma pesquisa
qualitativa. Com isso, contribuir-se-á com as pesquisas na área com a obtenção de informações e
dados acerca do fenômeno pesquisado (redução vocálica).

GRUPO TEMÁTICO 20: ESTUDOS DIACRÔNICOS DO PORTUGUÊS


COORDENADOR: Israel Elias TRINDADE (UFG) – israeltrindade@gmail.com

Os estudos de caráter histórico e filológico contribuem significativamente na compreensão dos


processos de mudança linguística, processos esses que são capazes de revelar a vivacidade e o
dinamismo da língua. Por meio da filologia podemos delinear o percurso histórico-linguístico e isso
nos permite formular hipóteses não só acerca dos estágios primitivos da língua, mas também
compreender os fenômenos que colaboraram para seu estágio atual, além de ser possível fazer
generalizações e suposições dos rumos que a língua eventualmente poderia tomar. Em outras
palavras, é por meio de formas “mortas” que a filologia revela a vivacidade da língua, uma vez que
sendo a mudança consequência da variação, pode-se reconhecer essa manifestada naquela. Embora
seja uma área de pesquisa relativamente recente nos estudos linguísticos, já se encontram
concluídas e em desenvolvimento, nos mais diversos centros de pesquisa das universidades
brasileiras e mundiais, inúmeras pesquisas neste seara. Enfim, por ser um campo de trabalho
extremamente profícuo nos estudos de linguagem, dentre eles processos de aquisição, variação,
mudança linguística e ampliação lexical, dentre outros, é que propomos um GT cujo enfoque seja o
de discutir e analisar essas pesquisas em filologia e Linguística Histórica com dados do português.
A proposta do GT Estudos diacrônicos do português é partilhar experiências, discutir corpus,
pressupostos teóricos, resultados e metodologias, para, a partir desse debate, levantar os aspectos
mais pertinentes relativos a esse assunto e fazer propostas, em linhas gerais, de solução dos diversos

138
problemas envolvidos nas pesquisas de cunho histórico e filológico, sobretudo buscando pontuar o
valor desses trabalhos na descrição do português.

MOTIVAÇÕES LINGUÍSTICAS E VARIAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A POSIÇÃO DOS


CLÍTICOS PRONOMINAIS EM JORNAIS DO FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO
XX
Caroline Carnielli BIAZOLLI – UNESP
carolbiazolli@yahoo.com.br

Circunscrita nas premissas da Linguística Histórica e da Sociolinguística Variacionista, a referida


investigação verificou a posição dos clíticos pronominais, adjungidos a lexias verbais simples,
presentes em textos do jornal paulistano A Província de São Paulo – que, com o advento da
República, em 1890, passa a ser O Estado de São Paulo –, entre os anos de 1880 a 1920, um período
pouco investigado do ponto de vista linguístico. O material selecionado como matriz das análises,
os jornais, destaca-se por sua pluralidade, abarcando textos de naturezas diversas – variados gêneros
textuais –, o que permite ao pesquisador o registro de dados referentes à norma-padrão e, também, à
norma não-padrão; neste caso, buscaram-se usos das formas conservadoras e inovadoras quanto à
colocação dos pronomes clíticos em relação à norma linguística vigente na época mencionada. No
que diz respeito à região escolhida, a cidade de São Paulo, estabeleceu-se o pensamento de ser, já
naquele momento, um centro de desenvolvimento acelerado, com grande fluxo de pessoas,
caracterizando-se, assim, como significativa fonte de análise de dados linguísticos. Baseando-se nos
pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudanças Linguísticas, portanto, a
partir da análise estatística fornecida pelo pacote de programas GOLDVARB-X, ressaltaram-se as
seguintes variáveis independentes linguísticas, apresentadas, de acordo com os valores de
significância para a motivação de determinada posição do pronome átono, em ordem decrescente:
1ª) presença ou ausência de elemento proclisador na oração; 2ª) formas verbais; 3ª) verbo
hospedeiro do pronome clítico em início, ou não-início, absoluto na oração; 4ª) função do clítico, e
5ª) tipo de verbo, do ponto de vista lógico-semântico. Como objetivo geral, pretendeu-se colaborar
com a descrição do Português Brasileiro e a construção da história interna da variedade paulista.

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA POSPOSIÇÃO DE DEMONSTRATIVOS EM


PORTUGUÊS
Victor Hugo Barbosa RAMALHO – UFMG
victor_marvintm@yahoo.com.br

Este trabalho apresenta um estudo sobre os demonstrativos em português quando aparecem em


posição pós-nominal no SN. Tendo em vista o quadro teórico tipológico-funcional proposto por
Givón (2001) e o conceito de gramaticalização de Hopper & Traugott (1993), essa estrutura foi
tratada como uma construção gramaticalizada que teria surgido para desempenhar funções
discursivas diferentes das expressas pela estrutura anteposta. Para se entender suas origens e quais
as seriam essas funções comunicativas específicas ao longo dos séculos, fez-se um estudo
diacrônico baseado em corpora, a partir da classificação morfológica, sintática, semântica e
discursivo-pragmática das ocorrências de posposição encontradas no Corpus do Português. A
análise diacrônica permitiu a identificação da época de surgimento das várias ordenações lineares
nome-demonstrativo (orações exclamativas, demonstrativos anafórico-correferenciais e
demonstrativos pospostos), possibilitando reforçar a hipótese sugerida por Cambraia (2009), o qual
propõe que a posposição do demonstrativo em português teria surgido no século XIX a partir da
reanálise das outras estruturas em que havia o contato entre substantivo e demonstrativo de SNs
diferentes. Os dados encontrados no corpus permitem ver como essa construção foi paulatinamente
ampliando seus contextos de ocorrência, tornando-se, assim, mais produtiva, como mostrou a
análise morfossintática, em que houve tanto um progressivo aumento de formas de demonstrativos

139
com que a estrutura passou a ser empregada, de apenas F1 a também F2 e F3, quanto a ampliação
das estruturas sintáticas em que passou a ocorrer, de apenas seguida de orações relativas para
também seguida de sintagmas preposicionados. Do ponto de vista semântico, viu-se que a
posposição de demonstrativo em português restringe-se essencialmente à expressão de um valor
referencial anafórico e dêitico-discursivo e, além disso, a partir de uma análise discursivo-
pragmática, concluiu-se que aparece em contextos com baixa distância referencial, ou seja, em que
há um alto grau de acessibilidade do referente em questão.

ORDEM VS GRAMÁTICA NORMATIVA NOS SÉCULOS XIX E XX: ALGUMAS


CONSIDERAÇÕES
Luiza Pereira SANTANA – UFG
luiza-santana@uol.com.br

Inúmeros estudos, tanto no âmbito gerativista (PILATI, 2006; VIOTTI, 2002; LOBATO, 1989;
KATO e TARALLO, 1983) quanto no âmbito funcionalista (PEZATTI, 1993) têm se debruçado
sobre a variação na ordem de constituintes das línguas naturais, mais especificamente sobre a
alternância na ordem sujeito-verbo em Português. Alguns desses estudos defendem a ideia de que o
Português Brasileiro apresenta como ordem básica a ordem Sujeito(S) Verbo(V) Objeto(O),
atrelando a essa questão fenômenos de ordem discursiva, estilística, sintática e semântica. No
âmbito da Gramática Normativa, todavia, parece não haver tal sistematização, haja vista serem
outros os seus objetivos. Por tal razão, o presente estudo almeja descrever e analisar de que maneira
gramáticas normativas do Português do século XIX e XX lidam com a ordem Verbo-Sujeito (VS),
ou seja, de que maneira são apresentadas as prescrições acerca da chamada inversão estilística do
sujeito (cf. SILVA NETO, 1970; CAMARA JR, 1976; DIAS, 1959; SPANO, 2002). Para tanto, são
analisadas, à luz da Linguística Histórica, definições conceituais sobre a categoria gramatical sujeito
e sobre ordem de palavras. Além disso, são analisados os tipos de verbos que comumente aparecem
nas referidas gramáticas normativas associados à inversão do sujeito na frase. Como resultado
parcial, verifica-se que, de modo geral, as gramáticas normativas dos séculos XIX e XX, não
apresentam critérios sintáticos satisfatórios ao propor uma ou outra ordem de palavras. Com base
nesses resultados e nos resultados de outras pesquisas, serão consideradas as possíveis implicações
didáticas de tais definições para o ensino do Português Brasileiro contemporâneo, uma vez que o
ensino de língua deve ser repensado a partir das descobertas científicas da Linguística.

UM ESTUDO DIACRÔNICO DA PREPOSIÇÃO EM SINTAGMAS NOMINAIS DO


PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO
Simone Azevedo FLORIPI – UFU
simone.floripi@gmail.com

Floripi (2008) descreve e analisa, sob uma perspectiva diacrônica, a variação do uso do
determinante em estruturas com sintagmas nominais (DP) possessivos em textos do século16 a 19
do Português Europeu. Com base nesta metodologia, buscamos aplicá-la a investigação do
comportamento da mudança sintática no Português Brasileiro, sob uma perspectiva diacrônica. A
partir da recolha automática de dados morfologicamente etiquetados, passamos para o processo de
classificação, quantificação e análise qualitativa das ocorrências de artigos considerando 18 fatores,
expostos na apresentação do trabalho de Floripi (2008). Com a recolha de dados, verificamos que
havia uma variação no emprego do artigo nos séculos iniciais, passando no decorrer do tempo para
uma obrigatoriedade manifestada nos dias de hoje nesse contexto (cf. Castro 2006 e Floripi 2008).
Diante da análise dos dados observados, determinamos alguns contextos influenciadores para a
realização ou inibição do artigo, tais como o emprego de uma preposição, o tipo de núcleo do
sintagma nominal, além das influências específicas em relação aos contextos sintáticos envolvidos.
Apresentamos neste trabalho uma investigação sintática, sob perspectiva diacrônica, do
comportamento da preposição no intuito de delinear um panorama de evolução da mudança

140
sintática do emprego do artigo no Português Europeu e do Português Brasileiro. Como arcabouço
teórico utilizaremos uma abordagem minimalista (Chomsky (1995), Kayne (1994) e Schoorlemmer
(1998)), tendo como pressupostos teóricos o Modelo de Princípios e Parâmetros. Sobre as
características do Português Europeu Clássico e Moderno, utilizaremos asinvestigações de Floripi
(2008), Castro (2006), Castro e Costa (2002), Miguel Sarmento (2002, 2004) e Brito (2001, 2007).

CHEGAR, PREGAR: DOIS DIFERENTES PROCESSOS DE GRAMATICALIZAÇÃO


Carmen Maria FAGGION – UCS
cmfaggio@ucs.br

A partir do verbo latino plĭcare (‘dobrar’) formaram-se os dois verbos acima do português. O verbo
latino era produtivo: criaram-se também applĭcare (‘dirigir-se para’) explĭcare, implĭcare, replĭcare.
Chegar tinha originalmente uso náutico: os marinheiros ‘dobravam’ as velas ao atingir a margem,
ou o porto; depois, por metonímia, passou a designar o próprio ato de ‘atingir determinado ponto’.
As alterações de significado foram acompanhadas por alterações fonológicas e por novas
construções sintáticas. Pregar veio de um sentido estendido de plĭcare (‘cravar’), donde derivam as
formas prego, pregado. De plĭca proveio o substantivo português prega (‘dobra feita em tecido’),
donde preguear, pregueado. Fazendo parte de um estudo mais amplo sobre a história do verbo
chegar, e o desenvolvimento de seus significados dentro da língua, este trabalho tem por objetivo
descrever os processos de gramaticalização ocorridos com os dois verbos, e os novos sentidos
desenvolvidos. Com base na noção de gramaticalização, na Semântica Lexical e no estudo dos
metaplasmos, pretende-se averiguar as hipóteses seguintes. Os novos significados de chegar
desenvolveram-se, inicialmente, do lugar concreto para o lugar abstrato (e.g. chegar ao porto,
chegar ao delírio). Chegar admite muitos adjuntos, e o mais antigo, o locativo, pode ser considerado
complemento (e.g. cheguei a/em Porto Alegre; aqui; na escola (cedo/tarde; rapidamente; apesar do
trânsito; etc.), no sentido de que é essencial à compreensão discursiva da frase. Chegar, além disso,
desenvolveu sentidos metonímicos e também metafóricos. Novos sentidos permitiram/exigiram
novas construções sintáticas. Já o caráter inacusativo do verbo sempre se manteve inalterado.
Quanto a pregar, com menos alterações fonológicas, teve menos alterações de sentido e menos
configurações sintáticas (não confundi-lo com seu homônimo que proveio de praedicare). Como
instrumentos de análise, dicionários da língua portuguesa, dicionários da língua latina e dicionários
etimológicos das duas línguas.

A VARIAÇÃO DE PREPOSIÇÃO E O GÊNERO TEXTUAL "ANÚNCIO PUBLICITÁRIO"


Letícia Cordeiro de Oliveira BUENO – UNESP
lecabueno@yahoo.com.br

Tomando como referência os estudos em Sociolinguística e Linguística Histórica, este trabalho visa
identificar qual a relação estabelecida entre a variação de preposições e o gênero do discurso
“anúncio publicitário”, presente em revistas femininas dos anos 60 e revistas femininas atuais.
Pretende-se, com base no caráter social da linguagem, explicitar a importância dos elementos
extralingüísticos nas situações de variação e mudança, tomando como ponto de partida os conceitos
e definições de gênero textual, uma vez que estes são considerados atividades discursivas
socialmente estabilizadas. A pesquisa tomou como corpus os anúncios publicitários das revistas
Capricho dos anos 60 e atuais, pois acredita-se que esse tipo de texto seja bastante permeável à
utilização de formas próprias da oralidade. Em estudos voltados para a caracterização de processos
de variação, a busca por fontes próximas da oralidade é condição essencial, já que tais processos
têm início na fala informal, podendo-se expandir gradualmente para usos mais formais e chegar,
finalmente, à escrita. Com base nessa possível relação entre variação e mudança e gêneros textuais,
esta pesquisa tem como objetivo maior explicitar de que forma o gênero “anúncio publicitário” se
relaciona com a variação de preposições. Para tanto, levou-se em consideração as mudanças

141
sintáticas, sendo posteriormente selecionadas quatro preposições – a, até, em e para – identificadas
em estudos anteriores (cf. Berlinck, 2001; Guedes & Berlinck, 2003) como variantes em contexto
de complementação verbal no português. Assim, busca-se estabelecer de que forma a noção de
gênero textual é capaz de esclarecer esses processos de mudança. Essa análise seguiu os
pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança (Labov 1972, 1982, 1994) e
as informações obtidas foram tratadas estatisticamente, por meio da utilização do pacote estatístico
GOLDVARB.

CONTRIBUIÇÕES DA BÍBLIA NA DIFUSÃO DA LEITURA E DA ESCRITA


Israel Elias TRINDADE – UFG
israeltrindade@gmail.com

O objetivo desta pesquisa foi investigar possíveis presenças dos textos bíblicos nos primeiros
contatos com leitura e escrita, considerando estudos preliminares de que essas primeiras
experiências são significativas no processo de formação de leitor e de escritor. Produzida num
intervalo de 1500 anos, envolvendo 40 autores diferentes e, por atualmente ter ampla divulgação em
diversas línguas, em três continentes, em inúmeras edições, consideramos que a Bíblia destaca-se
no rol das leituras. Foi o primeiro livro impresso por Gutemberg e, historicamente, nenhuma outra
coleção literária é tão venerada e analisada quanto a Bíblia. Do códex à tela, é uma das obras mais
difundidas no mundo. Durante os três primeiros meses de 2012, propusemo-nos a investigar se esta
obra, composta de livros de gêneros variados (cartas, narrativas e poesias) estava presente, de
alguma forma, nos primeiros contatos do aluno com o universo da leitura e da escrita. Para isso,
elaboramos um questionário que fora aplicado em quatro centros de ensino da cidade de Goiânia-
GO, abordando desde a primeira fase do ensino fundamental até o ensino superior. Esta pesquisa, de
abordagem quantitativa, apresentou resultados interessantes: Pelo menos algum trecho da Bíblia já
foi lido por 94% dos entrevistados. Para a maioria, o primeiro contato antecede os 5 anos de idade,
com a leitura efetivamente iniciada entre 5 e 10 anos. A maioria, mesmo considerando a leitura
bíblica “sagrada” e “mais difícil”, afirma que a lê frequentemente. Os resultados deste estudo de
caso permitem-nos, por meio de generalizações, formular considerações que contrariam a
estimativa de que alunos não leem em casa. Além disso, revela que os textos bíblicos exercem papel
importante no ingresso e na manutenção dos alunos no universo de leituras de gêneros
diversificados. O trabalho, em linhas gerais, amplia nosso olhar sobre leitura e escrita e seu
processo de difusão na sociedade.

ESTUDO LEXICULTURAL DO “LIVRO 1X DE REGISTROS DE ÓBITOS DE SANTA


LUZIA” (1814-1829)
Maria Helena de PAULA – UFG
mhpcat@gmail.com
Apoio FAPEG – Processo 200910267000375

Pretende-se, nessa proposta, realizar um estudo lexical do português manuscrito por religiosos no
século XIX em terras goianas. O material de análise é o “Livro 1X de Registros de Óbitos de Santa
Luzia”, da primeira metade do século XIX (1814-1829), e um dos muitos da Paróquia de Santa
Luzia, atual Luziânia-GO, que relata sobre os óbitos na Vila homônima. Pela sua natureza de
registro diverso sobre os mortos, nos quinze anos de óbitos registrados, o Livro se caracteriza como
valiosa matéria da vida social na Vila, uma vez que permite traçar o perfil da população cuja morte
era registrada. Destinado a registrar mortes, informando sobre filiação, origem étnica, profissões e
causa mortis de brancos e negros, livres ou escravos, o Livro é valioso para se conhecer sobre como
se nomeava e significava na Província de Goyaz, servindo, nessa comunicação de pesquisa, a um
estudo lexical que inventariou os nomes dados a doenças, profissões, origem étnica dos escravos
neles registrados e buscou os significados conferidos a esses nomes. A perspectiva da proposta

142
assenta-se, assim, nos ensinamentos sobre a indissociabilidade entre léxico e cultura, defendendo
que o nome não é mera etiqueta dada aos referentes; antes, as palavras estão sempre prenhes de
significados sociais, conferidos na vida do grupo de que emerge ou que as (re)cria, (re)elabora,
(res)significa. Para o estudo proposto, metodologicamente realizaram-se as etapas: leitura do livro
manuscrito, edição semidiplomática dos fragmentos que apresentem os itens de interesse, inventário
lexical de profissões, doenças e origens dos mortos e cotejo em dicionários específicos, como o
“Diccionario da lingua portugueza”, de Silva (1813), coetâneo ao livro de registro, e o “Dicionário
de Escravidão Negra no Brasil”, de Moura (2004) e, por fim, análise das relações do contexto
histórico-cultural com a realização lexical.

A LINGUÍSTICA E A HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE GOIÁS E SEUS


DESDOBRAMENTOS
Maria Sueli de AGUIAR – UFG
aguiarmarias@gmail.com

Esta comunicação objetiva historiar o percurso da investigação FILOBAND (Filologia


Bandeirante), iniciada pelo professor Heitor Megale (USP) e seus desdobramentos em Goiás, desde
a elaboração do projeto denominado “A linguística e a história da colonização de Goiás”, até a
ampliação desta pesquisa para outros lugares do Brasil, como Minas Gerais, Tocantins e Maranhão.
O ano de 1997 demarcou o início deste trabalho. O foco principal do estudo era o mapeamento do
português falado em regiões onde existiu a participação de bandeirantes paulistas e portugueses;
durante os séculos XVII, XVIII e XIX. Com a ampliação da pesquisa, inúmeros registros histórico-
linguísticos foram encontrados em várias regiões do estado de Goiás. O trabalho se direciona para a
fala dos idosos, com o intuito de observar sua produção para posterior análise. O tema central das
entrevistas se constitui na história que eles contam sobre o surgimento da localidade em que vivem.
Assim, com base na fala espontânea dessas pessoas é possível analisar dados linguísticos como
fenômenos inovadores e/ou conservadores. Importa registrar também a extensão para pesquisas
realizadas em Portugal a fim de disponibilizar dados para análises comparativas, além de relacionar
itens lexicais, expressões e estruturas frasais encontradas nas falas de idosos para comparação com
a fala documentada de regiões inseridas no projeto inicial. Os pesquisadores consideram aspectos
fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e lexicais da emissão oral. Como
resultado, atualmente, temos dissertações concluídas, algumas em andamento; bem como tese de
doutorado concluída e três em andamento. Para embasar as análises, reporta-se à Linguística
Histórica e se dialoga com obras de autores expressivos da área.

UMA REVISÃO SOBRE A FORMAÇÃO DA PALAVRA FONOLÓGICA: CONSIDERAÇÕES


ALÉM-MAR
Lisa Valéria Vieira TORRES – UFG
lisa.valeria@gmail.com

Esta comunicação propõe uma discussão sobre a formação da palavra fonológica a partir de dados
encontrados na fala de idosos na região do centro-oeste do Brasil e em Trás-os-Montes, Portugal.
Desta forma, retomo os estudos sobre o (PB) português brasileiro e o europeu (PE); que tanto
caminham em direção a descrição dos processos fonológicos na fala popular destes dois países onde
a língua portuguesa é falada, como também que consideram este processo como recurso
organizacional. Para tanto, importa entender dois aspectos que se sobrepõem, quando o assunto
revela o registro diacrônico do português falado: a língua e a cultura que, de certo modo, governam
a exploração dos fenômenos linguísticos de conservação e/ou inovação no interior do sistema, que é
a própria língua. As diferenças fonéticas e fonológicas, entretanto, necessitam de uma consideração
à parte devido, pelo menos, à uma razão: tanto Portugal como o Brasil têm uma variedade
importante de falares distribuídos por suas regiões que implicam diferenças tanto fonéticas quanto

143
fonológicas, mesmo dentro de suas fronteiras.Neste trabalho, como simples objetivo e curiosidade,
comento sobre a questão da formação de sândi e a formação da palavra fonológica.Ocorre que há
que se ter sempre em mente a premissa primeira da Fonêmica, comentada e exemplificada para o
português por Silva (2003) na obra intitulada Fonética e Fonologia do Português. O autor alerta para
a tendência dos sons em serem modificados pelo ambiente em que se encontram e responsabiliza
este movimento pela constituição de sons vizinhos “precedentes ou seguintes”, pela fronteira de
sílabas, de morfemas, de palavras e a posição do som em relação ao acento. Por outro lado, retomo
também a agenda de discussões sobre este tema por meio das principais obras de Câmara Junior

O PERCURSO SEMÂNTICO DAS ACEPÇÕES DO TERMO HUMOR


José de Sousa SILVA – UFG
jribeirolsb@gmail.com

Realizou-se um levantamento diacrônico dos principais semantismos da lexia humor em um


percurso iniciado na antiga medicina grega, seguindo-se pela retórica grega, pela dramaturgia
renascentista francesa e culminando-se no seu sentido patêmico atual com o objetivo de testar a
hipótese de que a ampliação conceitual experimentada pelo termo só foi possível porque o léxico é
o lugar de investimentos dos usos linguísticos. Tal percurso foi constituído considerando-se o
pressuposto teórico da Semiótica greimasiana segundo o qual a práxis enunciativa é a responsável
pelos arranjos observados em discurso. Estes arranjos são os produtos do uso. Para se desenvolver a
diacronia do semantismo de um dado termo é apropriado se partir de uma abordagem histórico-
linguística que considere a evolução dos sentidos de uma lexia, cuja morfologia e fonologia
permanecem praticamente as mesmas no Português, Espanhol, Francês, Inglês, Latim e no Grego, e
cujos mesmos conceitos novos foram agregados a cada unidade léxica através do neologismo
semântico. O primeiro passo metodológico foi descrever o sentido do termo para a antiga medicina
grega e confrontá-lo com a acepção do termo pathos da antiga retórica grega para em seguida
descrevê-lo no campo da dramaturgia francesa do renascimento. Este salto justifica-se, pois, após a
Grécia antiga, o termo conheceu uma ampliação semântica importante apenas na França do período
citado. Por último, demonstra-se a última acepção do termo, o efeito de sentido patêmico, a partir da
teoria da semiótica das paixões. O percurso realizado permitiu verificar (i) que desde a Grécia
antiga o termo humor ampliou sua gama semântica toda vez que mudou de campo discursivo e que
(ii) a teoria da semiótica das paixões pode ser considerada na análise de neologismos semânticos.

GRUPO TEMÁTICO 21: ESTUDOS LINGUÍSTICOS E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: É


POSSÍVEL ALIAR PRÁTICA A TEORIA NOS CURSOS DE LETRAS?
COORDENADORAS: Juliana Bertucci BARBOSA (UFTM) – julianabertucci@gmail.com;
Marinalva Vieira BARBOSA (UFTM) – marinalvav@gmail.com

A formação inicial em Letras tem sido, há algum tempo, objeto de preocupação. Como formar um
professor capaz de aliar a prática de ensino à teoria linguística para transformar seus alunos também
em sujeitos produtores de textos? Na universidade não é difícil perceber a dificuldade de
professores em formação para mobilizar teorias linguísticas na análise de textos, considerando os
elementos responsáveis pela textualidade; ou para compreender a linguagem que os alunos trazem
para a escola e, principalmente, para construir respostas para os problemas relacionados à leitura e
interpretação de textos. Diante disso, persiste a crença de que as teorias linguísticas não têm relação
com o ensino que se realiza na escola. Surge outro questionamento: o que as recentesTeorias
Linguísticas – e os linguistas – fazem em relação ao ensino de língua materna? Os linguistas, por
sua vez, criticam o ensino tradicional e o caráter excessivamente normativo do trabalho com a
linguagem nas escolas. Segundo essa crítica, estas desconsideram a diversidade linguística e
colocam de forma desproporcional a transmissão das regras e conceitos gramaticais como o objeto
nuclear de estudo, confundindo ensino de língua com ensino de gramática. Uma consequência dessa
prática pode ser observada quando alunos de Letras corrigem textos escritos: muitos deles ignoram

144
as teorias estudadas e saem à caça de “erros” gramaticais, sem se deterem a outros elementos que
compõem o texto. O aluno-professor conhece a Sociolinguística, Análise do Discurso, etc., mas,
diante dos problemas plurais de aprendizagem da língua portuguesa, teoria e prática ficam sem
convergências. Assim, três temas interessam a este GT: reflexões sobre os usos das teorias
linguísticas na construção de estratégias de ensino de língua portuguesa na escola básica; o olhar do
professor de língua portuguesa para as variações da língua-texto do aluno e reflexões sobre o ensino
da Linguística nos cursos de Letras.

AULA SIMULADA: (RE)ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DO


PORTUGUÊS
Andressa Cristina Coutinho BARBOZA – UFOP

O trabalho tem a proposta de avaliar os produtos da atividade de aula simulada, desenvolvida


durante as disciplinas de Estágio Supervisionado da licenciatura em Língua Portuguesa da
Universidade Federal de Outro Preto. Com base nas orientações para elaboração de uma sequência
didática, os licenciandos planejam intervenções didáticas a serem testadas nos encontros de estágio,
antes de serem apresentadas ou aplicadas em campo, seja ele uma escola ou instituição
socioeducativa. Acredita-se a aula simulada seja um momento privilegiado para discussão, entre
pares, a respeito de diferentes concepções de ensino, da percepção do texto como objeto de ensino e
da adequação de estratégias didáticas para o contexto escolar. O artigo procura avaliar as diferentes
etapas de elaboração e reelaboração de uma aula simulada, quais sejam: o registro do plano, a
aplicação do plano, a reformulação da aula simulada, a aplicação da aula em uma turma da
educação básica e a autoavaliação do aluno. Observa-se que, nestes diferentes momentos, os futuros
professores precisam articular: a) a formação teórica recebida nos primeiros anos do curso; b) os
saberes teórico-metodológicos abordados em disciplinas voltadas à metodologia do ensino da língua
portuguesa; os limites e possibilidades de aplicação de uma sequência didática em campo. A análise
da dinâmica e dos produtos obtidos em aulas simuladas aponta para a relevância desta atividade
para o desenvolvimento de saberes de caráter formativo e experiencial específicos da docência.
Palavras-chave: formação de professoras; aula simulada; saberes docentes.

OS PRINCÍPIOS DA COMPLEXIDADE E DA TRANSDISCIPLINARIDADE COMO


CONTRIBUIÇÃO PARA A REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NO
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA
Maurício Viana de ARAÚJO - UFU/PUCSP
marujo@ileel.ufu.br

A relação teoria e prática certamente está posta para todos aqueles que se preocupam com o ensino-
aprendizagem de língua portuguesa, mas o problema que se coloca é como conseguir
metodologicamente uma integração entre teoria e prática se epistemologicamente essas duas
instâncias do ensino-aprendizagem estão profundamente separadas em nossos currículos escolares.
Os currículos estão tão saturados com os princípios de separação e fragmentação dos saberes,
marcas do paradigma cartesiano hoje hegemônico como forma de conceber o conhecimento
humano, que mesmo as iniciativas mais bem intencionadas de articulação entre teoria e prática não
costumam resultar em mudanças satisfatórias, levando à decepção e à descrença de que seja
possível uma transformação efetiva no âmbito da educação que venha a por fim ao atual estado de
coisas. Meu objetivo, nesta comunicação, é defender que uma reflexão sobre a articulação entre
teoria e prática nos cursos de Letras teria muito a ganhar com as contribuições do pensamento
complexo e da transdisciplinaridade que, em contraposição ao paradigma cartesiano que preza a
fragmentação do conhecimento humano, têm como um de seus princípios a necessidade de
reintegração do homem e de suas práticas. Parto do princípio de que não é possível mudança
metodológica sem que também haja mudança epistemológica: nesse sentido, a complexidade e a

145
transdisciplinaridade buscam uma transformação no modo de compreender o homem e o
conhecimento, de forma que não seja mais possível pensar questões como teoria e prática como
entidades isoladas. É preciso, portanto, que o pensamento mude para que a prática possa mudar,
porque só quando epistemologicamente a teoria e a prática forem concebidas como constituintes de
um mesmo fenômeno, será possível a sua materialização metodológica nos currículos e nas
atividades didáticas.

PROFESSORES FORMADORES FALAM A MESMA LÍNGUA? CONSIDERAÇÕES SOBRE O


ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM UM CURSO DE LETRAS
Helvio Frank de OLIVEIRA - UEG/UFG
helviofrank@hotmail.com

Futuros professores geralmente terão suas práticas, pedagógicas e/ou discursivas, (des)ativadas com
base nas experiências de aprendizagem, de ensino e de formação ao longo das vivências escolares.
No contexto de Letras/Licenciatura, o papel de professores formadores torna-se decisivo ao
direcionar e/ou construir naqueles possíveis abordagens, métodos e metodologias, a partir da
própria instrução/orientação explorada na Universidade. Nesse bojo, saber o que formadores
pensam sobre língua(gem) e ensino de língua portuguesa, recai diretamente sobre a maneira como
concebem e efetivam o processo de formação, uma vez que “modelos” poderão ser (re)produzidos
ou (re)forçados (in)conscientemente por eles a seus alunos durante a prática, transformando-se em
posteriores formas e ciclos de ensino. Sob tais perspectivas, neste texto, pretendo mapear e refletir
sobre crenças de professores formadores em torno da língua portuguesa e de seu processo de
ensino-aprendizagem. Para tanto, um estudo de caso qualitativo foi implementado, com a
participação de uma professora de linguística, uma professora de língua portuguesa e uma
professora de estágio de língua portuguesa de uma universidade pública de Goiás, a fim de saber,
dessas ocupantes de diversas instâncias acadêmicas, cada qual com sua responsabilidade inerente ao
processo, sobre como concebem a língua materna e compreendem seu ensino-aprendizagem. Por
meio de um questionário e de discussões em fórum on-line, elas narraram suas trajetórias e
concepções sobre o assunto, em janeiro e fevereiro/2012. Os resultados apontam para divergências
em termos de como lidar com a língua em sala de aula e no curso, confirmando o grande desafio de
mobilizar conhecimentos teóricos, normalmente propostos pela universidade, com a prática real,
realizada por futuros professores na escola. Também foram mapeadas críticas em relação ao ensino
tradicional da língua, visível e exclusivamente aplacado por abordagens gramaticais, bem como do
verdadeiro abismo existente entre o que se entende e o que se faz ao lecionar português.

TEORIA E PRÁTICA: O PAPEL DOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS NA FORMAÇÃO DE


PROFESSORES DE LÍNGUA
Aliete Gomes Carneiro ROSA – UFRPE
alieterosa@yahoo.com.br

O par teoria e prática tem sido discutido em todas as áreas do ensino e o debate tem sido profícuo
para as reflexões sobre as implicações pedagógicas decorrentes das concepções que o professor tem
do que seja ensina um dado conteúdo. No caso de Língua Portuguesa, a questão se centra em qual é
a concepção de língua e linguagem subjacente às práticas e materiais de ensino. O objetivo deste
trabalho é, então, discutir o currículo da disciplina Estudos Linguísticos no curso de Letras, seu
papel e suas práticas. Queremos refletir sobre a importância da aplicação das teorias linguísticas
para a sala de aula que considere o trabalho com diversos gêneros textuais e com a gramática. Isso
implica dizer que a própria disciplina precisa ser “modelo” para o aluno em formação a fim de
situá-lo nas teorias linguísticas desde os pré-saussurianos até as teorias atuais de modo que perceba
os recortes teóricos. Nesse sentido, trazemos experiências de ensino na disciplina na qual vimos
observando alunos do curso de Letras em atividades práticas. Nossa hipótese é a de que,

146
experimentando a teoria, o aluno as situe na observação de livros e materiais didáticos assim como
em aulas e exercícios práticos. Trazemos resultados de atividades realizadas em sala as quais
deixam claro que é possível mobilizar conhecimentos no aluno em formação e ajudá-los a
compreender a importância da teoria para a prática. E mais que isso, ajudá-los a compreender a
complexidade de entrelaçar concepções, objetivos e resultados para a ampliação de competências
dos alunos na escola (ANTUNES, 2003).

O TRABALHO COM O TEXTO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA, SOB O OLHAR


DA LINGUÍSTICA DA ENUNCIAÇÃO
Claudia Stumpf Toldo OUDESTE – UPF
claudiast@upf.br

Este trabalho propõe um trabalho de análise linguística do texto, com vistas ao ensino da leitura, em
disciplinas de Língua Portuguesa no Curso de Letras, a fim de formar professores aptos ao trabalho
com o texto nas salas de aula da educação básica. Na verdade, é uma tentativa de explicitar como a
perspectiva enunciativa de análise linguística pode proporcionar um entendimento da linguagem
que se articula a uma prática de análise linguística menos distanciada da realidade dos falantes.
Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho é fazer um recorte nos estudos da enunciação, para
aprofundar o entendimento de conceitos propostos na teoria enunciativa de Émile Benveniste (cf.
1988 e 1989). Esse objetivo tem como pano de fundo uma necessidade de entender melhor como
explicar e descrever o uso e a organização da língua em dada situação discursiva e como fazê-lo em
circunstâncias de ensino de língua portuguesa. Cabe adiantar que a expressão “uso e organização da
língua em dada situação discursiva” tem sentido específico, neste trabalho, e poderia ser
adequadamente parafraseada pela palavra “texto”, uma vez que a nossa compreensão do texto se
coaduna com a ideia do uso linguístico em uma dada instância de discurso que, segundo
entendemos, está de acordo com a teoria enunciativa de Benveniste. Em outras palavras: mesmo
que Benveniste não reflita sobre a noção de texto ao longo de seus Problemas de lingüística geral ao
menos não como isso é feito nos parâmetros atuais da linguística – acreditamos que é possível
inferir de seus trabalhos uma noção sintonizada com essa ideia de uso e organização em dada
situação. Com isso, queremos dizer que o fato de o autor não identificar uma noção com um termo
técnico – “texto”, neste caso – não implica a inexistência da noção, mesmo que sob outra
designação.

SOBRE A PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ESCOLA: AUTORIA E REPRESENTAÇÕES DE


ESCRITA
Jauranice Rodrigues CAVALCANTI – UFTM
jrodriguescavalcanti@terra.com.br
Renata Borges Fernandes SOUSA – UFTM
renata_stamalia@yahoo.com.br

O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) – Português – da Universidade


Federal do Triângulo Mineiro tem por objetivo principal trabalhar a produção textual junto a alunos
do Ensino Médio de escolas públicas da cidade de Uberaba-MG, a fim promover/desenvolver as
competências que são avaliadas na prova de redação do ENEM (Exame do Ensino Médio). A
escrita é por nós tomada como uma atividade complexa, um trabalho com os recursos que a língua
oferece para construir diferentes modos de dizer. Em outros termos: concebemos a produção de
textos como orientadatanto pelos efeitos de sentido pretendidos como por um jogo de imagens que
envolve a situação interlocutiva, aquele que escreve e o para quem ele escreve. Os grupos formados
pelos licenciandos promovem oficinas de produção textual em horário separado das aulas, abrindo,
assim, um espaço onde os alunos (re) escrevem textos, tendo por leitores interlocutores e não
apenas corretores de texto. Antes de cada produção, há discussões ligadas à leitura e

147
contextualização do tema selecionado para a escrita, momento em que se reflete com eles questões
ligadas ao texto argumentativo, tais como a importância da seleção de argumentos (que podem ser
extraídos da própria coletânea), o emprego da variedade culta da língua, o uso adequado de elos
coesivos etc. Pretendemos nesta comunicação analisar um corpus ainda emconstrução, constituído
de produções textuais realizadas pelos alunos nas oficinas que oferecemos. Nosso objetivo é
observar não apenas quais são as maiores dificuldades dos estudantes, mas também as imagens
sobre a escrita que circulam no ambiente escolar, como essas representações se materializam nos
textos.

CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLINGUÍSTICA INTERACIONAL PARA O ENSINO-


APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM RETRATO DA INTERAÇÃO
PROFESSOR E ALUNO E SEUS REFLEXOS NA SALA DE AULA
Danielly Lopes de LIMA – UFCG
danillima@gmail.com

A Sociolinguística Interacional, por abordar a língua utilizada no seu contexto social de uso, sem
secundarizar a importância dos indivíduos que a utilizam, tem grande importância quando o assunto
é a sala de aula. Esta corrente da linguística pode auxiliar professores e alunos a manterem um
relacionamento mais harmonioso, partindo do princípio que existem mecanismos de polidez e de
preservação à face do outro que muito contribuem nas relações sociais existentes dentro do
ambiente escolar. Professores e alunos possuem fatores socioculturais diferentes e muitas vezes
divergentes que podem interferir no processo de ensino-aprendizagem. Diante deste cenário,
acredita-se que a linguagem utilizada é moldada de acordo com as situações comunicativas,
seguindo ou não algumas regras de polidez da fala. Muitas vezes, o discurso polido ou não interfere
diretamente na relação entre professor-aluno. Acreditando que obom relacionamento entre discente
e docente pode acarretar em um ambiente mais favorável para o ensino-aprendizagem, surgiu a
idéia deste trabalho que aborda a Sociolinguítica Interacional, a partir de Hymes (1972),
Romaine(1982), Gumperz (1995), Bortoni(2005), e a sua importância para o ambiente educacional,
principalmente, para as aulas de Língua Portuguesa. Para fazer uma ponte entre teoria e prática,
observamos as aulas de Língua Portuguesa, durante os anos de 2007/2008, em duas turmas do 2º
ano do Ensino Médio de uma escola da rede pública de ensino da cidade de João Pessoa. Durante as
observações, coletamos um corpus e analisamos a partir da perspectiva sociolinguística, buscando
compreender como ocorre a relação entre professor e alunos durante as aulas e como esta interação
reflete diretamente no processo de ensino-aprendizagem. Acreditamos que não existe uma receita
para o sucesso de uma aula, mas podemos fornecer ferramentas possíveis para se utilizar nas salas
de aula do Ensino Médio, tentando adaptá-las à realidade dos alunos e dos professores envolvidos.

UMA REFLEXÃO ACERCA DO PROCESSO COORDENATIVO APLICADO NOS LIVROS


DIDÁTICOS
Fernanda Alvarenga TELES – USP
fernandateles@usp.br

O ensino de Língua Portuguesa como língua materna, no que se refere ao ensino gramatical,
representa um motivo recorrente de preocupação na vida de muitos professores de Português das
escolas de Ensino Fundamental e Médio, já que estes utilizam, geralmente, métodos classificatórios
como metodologia para transmitir conteúdos gramaticais. Há muito tempo, tais métodos
classificatórios têm-se mostrado ineficazes para um ensino de língua produtivo que se justifique,
essencialmente, pelo objetivo de aprimorar a competência comunicativa do discente em situações
reais de interação. É nesse contexto puramente classificatório que podemos inserir o ensino do
período composto por coordenação, pois este se restringe apenas ao aprimoramento da capacidade
de classificar as orações conforme a memorização da lista das conjunções coordenativas. Contudo,

148
o discente não consegue apreender o funcionamento lógico-semântico que as conjunções implicam
nas relações entre as proposições e nem como tais relações exercem influência na interação
comunicativa. Assim, partindo das perspectivas teóricas desenvolvidas por Carone (2006), Castilho
(2010), Neves (2000) e Travaglia (2003, 2006), dentre outros autores, esta pesquisa se justifica por
apresentar uma proposta diferenciada para o tratamento das orações coordenadas sindéticas, não
mais ancorado na visão tradicional e taxionômica de classificação de conteúdos, mas em estudos
semânticos estabelecidos em proposições de reais situações interativas de comunicação. Portanto, o
presente trabalho pretende avaliar como o conteúdo referente ao processo coordenativo vem sendo
apresentado nos livros didáticos da série final do Ensino Médio, permitindo a reflexão se tais
manuais possuem propostas interativas de ensino que possibilitem o aperfeiçoamento da
competência comunicativa do discente.

A PRODUÇÃO DE TEXTOS NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO


Carla Lopes MENDES – UFTM
carla123456@gmail.com

Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados do projeto de extensão “Produção de texto
em ambiente universitário” – desenvolvido na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
e ligado ao Grupo de Estudos e Ensino da Leitura e da Escrito no Ensino Superior (GEDELES) . A
proposta central do projeto é possibilitar que alunos do Curso de Letras, a partir da correção de
textos dos acadêmicos das licenciaturas de matemática, física, química, história, geografia e serviço
social, consigam na prática, aplicar a teoria estuda em diferentes disciplinas do curso. Espera-se
que, a partir desse contato com as produções textuais, aprendam a analisar e propor alternativas de
correção e ensino da leitura e escrita na escola. O projeto de extensão teve início no segundo
semestre de 2009 e, ao longo desse período, constatamos os problemas relacionados ao ensino e
aprendizagem da escrita ainda constitui um problema para a escola. A carência de percepção
lingüística-textual não se limita a determinada área de conhecimento, é “global”. Os desvios
cometidos por eles são, em sua maioria, os mesmos, o que demonstra a maneira equivocada que as
escolas de ensino fundamental e médio ministram as aulas de produção textual. Nesse sentido, a
proposta do projeto de extensão tem fundamental importância porque se soma à iniciativa de
delineamento da formação inicial do professor de Língua Portuguesa. No que concerne ao ensino da
leitura e da escrita, as concepções e as próprias produções dos professores do nível médio é um
tema de intensa e contínua preocupação porque ler e escrever são atividades centrais tanto para
quem ensina quanto para quem aprende.

PRÁTICAS DE ENSINO DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS


Candice Guarato SANTOS – UFTM
candiceguarato@hotmail.com

No contexto em que a leitura não é um hábito fora do ambiente escolar e se acontece é imposta, o
trabalho que se inicia logo nas séries iniciais do Ensino Fundamental pode ter influenciado nessa
desmotivação, pois nesse momento delicado em que o texto é apresentado para o aluno as
concepções que guiam a prática docente podem tanto formar leitores cometentes quanto valorizar
aspectos que não estimulem a formação de leitores que vão além do que já está expresso no texto. A
partir dessa questão, esta pesquisa se fundamentou nas teorias da Análise do Discurso, com Bakhtin
(1929) e Geraldi (1984 e 1995), e da Linguística Textual, com Koch (2006, 2007, 2008, 2009), para
saber se a leitura é estimulada em sala e, se isso acontece, como essa atividade influencia na escrita
e também analisar as concepções que permeiam a prática de ensino de leitura de dez professores
das cinco primeiras séries do Ensino Fundamental de uma escola pública de Uberaba, em Minas
Gerais. Para a identificação das concepções dos professores foram entregados questionários e para
identificar como esses pontos de vista influenciam suas práticas, também foram recolhidas

149
produções textuais de seus alunos. A conclusão chegada foi a de que a prática da leitura realmente
acontece, mas que é influenciada por uma concepção de língua fechada, pois apesar de a leitura ser
uma atividade frequente na aula, o mesmo não acontece em relação a transformação do aluno em
leitor crítico e capaz de construir sentidos de forma independente e não um simples reprodutor de
conhecimento.

UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DE GÊNEROS TEXTUAIS E DA


ANÁLISE LINGUÍSTICA PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA DE TEXTOS
ACADÊMICOS NA DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA DO CURSO DE LETRAS
Catia Regina Braga MARTINS - UNB/CEUB
alecrin2000@gmail.com
Mara Lúcia CASTILHO – UNB/CEUB
maralucia.castilho@gmail.com

Este estudo tem como objetivo apresentar a metodologia de ensino do componente curricular
Língua Portuguesa em cursos de licenciatura em Letras na perspectiva da Teoria dos Gêneros
Textuais para o ensino de leitura e escrita de textos acadêmicos. A leitura é compreendida como
atividade interativa de produção de sentidos que se realiza com base em elementos linguísticos
diversos, presentes na superfície textual (co-texto), no contexto, no intertexto, no interdiscurso, na
mobilização do conhecimento enciclopédico ou de mundo. Nesse sentido, a interação extrapola o
conhecimento do código em si, é um momento em que o leitor constrói e é construído. Entre os
elementos linguísticos presentes na construção de sentidos de um texto, interessa-nos nesse artigo a
cadeia de referenciação do texto a revisão conceitual da língua materna a partir da análise
linguística em textos diversos ((não)acadêmicos). O tratamento escolhido para a análise linguística
nesse estudo se estende à noção de tema, de ação de linguagem e contexto de produção, de
composição, de sequências didáticas, de argumentação e tipologia argumentativae de estilo e efeito
de sentido. Essa perspectiva analítica de ensino-aprendizagem de leitura e escrita considera
essencial o reconhecimento da funcionalidade dos textos (materialização das práticas discursivas) e
de suas condições de produção e circulação em diferentes contextos sociais. Ainda foi possível
observar a ampliação do letramento universitário, em decorrência das aulas desenvolvidas em uma
perspectiva sociointeracionista, nas quais o trabalho com a linguagem esteve relacionado à
competência leitora e de produção escrita dos alunos. Observou-se também a relevância do emprego
da Sequência Didática para ampliação do letramento acadêmico e do capital cultural dos
interlocutores, a partir da multimodalidade discursiva e do acesso aos gêneros específicos no
ambiente acadêmico.

O APRENDIZADO DA REESCRITA EM DUAS PERSPECTIVAS


Marinalva Vieira BARBOSA – UFTM
marinalvav@gmail.com
Juliana Bertucci BARBOSA – UFTM
julianabertucci@gmail.com

Não é necessário desenvolver uma pesquisa acurada para concluir que alunos das mais diferentes
etapas de escolarização acreditam que produzir um texto é simplesmente pegar um papel, uma
caneta, escrever e entregar para o professor. Não há a compreensão de que a escrita é produto de
reflexão. Consequentemente, reescrever é visto muito mais como revisão de erros gramaticais.
Tanto que, além de ser comum o aluno se sentir desanimado mediante o pedido para reescreva um
texto, prevalece a ideia de que a reescrita é uma espécie de presente de grego oferecido pelo
professor àqueles que não sabem ler e escrever. Esse modo de ver a atividade de reescrita aponta
para duas questões: a reescrita continua sendouma atividade que não faz parte do aprendizado da
escrita na escola; o professor de língua portuguesa continua ocupando a posição de revisor e não de

150
interlocutor. Não há escrita sem reescrita porque escrita não demanda somente o domínio de
vocábulos, mas também o domínio simbólico dos elementos linguísticos que, aliados às vivências,
transformam a linguagem em lugar de trabalho e produto desse trabalho. Por isso, na universidade,
é necessário um trabalho para que o futuro professor de língua portuguesa não só conheça as teorias
que reafirmam esses posicionamentos, mas que tenha acesso às metodologias de trabalho com o
texto que leve a compreensão acerca de como trabalhar a escrita e a reescrita na escola. Nesta
comunicação, analisaremos as concepções de reescrita pela perspectiva do professor e do aluno.
Após, analisaremos, tendo como base produções escritas de alunos de licenciaturas e correções de
alunos de Letras, o que o aluno faz com as correções textuais quando se vê diante da necessidade de
reescrever e, principalmente, o que o aluno de Letras faz quando se vê na posição de quem deve
corrigir um texto.

GRUPO TEMÁTICO 22: FONÉTICA E FONOLOGIA E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA


COORDENADORA: Carine HAUPT (UFT) – carineh@uft.edu.br

O tema central desse GT é a relação entre as disciplinas de Fonética e Fonologia e o ensino da


língua materna. Tem como objetivo, portanto, discutir diversas questões pertinentes à escrita, mais
especificamente ao ensino da ortografia, como: a importância das disciplinas de Fonética e
Fonologia para o ensino da língua materna; implicações fonéticas e fonológicas na alfabetização;
dificuldades ortográficas dos alunos de diferentes níveis; tratamento dado ao ensino da ortografia (e
da fonética e fonologia) pelos livros didáticos; influência dos fenômenos da fala na escrita (relação
escrita e fala); teorias fonológicas como suporte para a prática. Para discutir esses e outros temas
pertinentes ao tema central, diferentes quadros teórico-metodológicos podem ser abordados. A
possibilidade de diversidade de enfoques tem como propósito enriquecer as discussões. Assim, a
metodologia de ensino da ortografia, por exemplo, pode ser discutida sob o ponto de vista de
abordagens tradicionais, que delimitam uma clara separação entre Fonética e Fonologia, ou baseada
em modelos conexionistas e/ou multirrepresentacionais, que prevêem uma integração entre as duas
áreas. Trabalhos de cunho sociolinguístico também poderão ser aceitos, desde que discutam
variações no nível fonético/fonológico e remetam para a questão do ensino. Entende-se que esses
estudos aplicam-se também ao ensino da língua materna, uma vez que o conhecimento dos
fenômenos da fala pode ajudar o professor a entender alguns desvios ortográficos e orientar a sua
prática. A natureza dos trabalhos que comporá esse GT pode ser diversa: discussões teóricas,
discussões teórico-analíticas; resultados de pesquisa, etc. Espera-se que esse GT possa, de alguma
forma, contribuir para um novo olhar sobre a Fonética e a Fonologia, um olhar voltado para o
ensino da língua materna.

AS NOÇÕES DE FONEMA, SOM E LETRA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO 6º ANO DO


ENSINO FUNDAMENTAL
Evilazia Ferreira MARTINS – UFMG
evilaziamartins@gmail.com

O livro didático é um instrumento de trabalho para o professor, que, muitas vezes, torna-se a
principal fonte de conhecimento para o aluno. Ele se constitui de um recorte de várias
especialidades de uma disciplina, e pode trazer, subjacente aos conhecimentos, uma, ou várias,
teoria(s). Entretanto, ele também tem o dever de, mesmo parcialmente, de modo iniciante, levar até
o aluno um conjunto de informações partilhadas e consideradas “indiscutíveis”- independentes de
posicionamento teórico. Nos livros didáticos de ensino de língua portuguesa, observamos uma
coletânea de informações que vão desde a teoria literária, perpassa o estudo dos gêneros textuais,
até a exposição dos conceitos linguísticos de áreas distintas como a sintaxe, a semântica e, inclui,
neste bojo, a interface entre a fonologia, a fonética e a ortografia, que será o foco deste estudo. A
pesquisa e a leitura cotidianas de livros didáticos mostrou-nos a necessidade de discutir os conceitos
de fone, fonema e grafema trazidos nos livros do 6º ano do ensino fundamental. Estes conceitos

151
foram observados e analisados por Witzel (2002) em livros de 5ª série (atual 6º ano). Ela parte da
observância da inadequação de materiais que tratam como sinônimos os termos fonema e som. A
pesquisa de Witzel (2002), realizada há dez anos, foi o ponto de partida que nos guiou a seguinte
pergunta: como os livros didáticos atuais tratam os conceitos supracitados? Deste modo, como fonte
de dados para esta pesquisa, recorremos às publicações atuais de livros correspondentes aos anos de
2009, 2010 e 2011. Para análise e discussão de suas informações, utilizamosos conceitos fonéticos e
fonológicos apresentados por Hyman (1975), Mori (2005), Sapir (1925; 1933) e Silva (2001).
Entendemos que os livros precisam ser, literalmente, “didáticos”, mas faz-se necessário
discutirmos, também, até que ponto a didática dos livros pode transformar e facilitar essas
informações.

ORALIDADE PRESENTE NA ESCRITA DE ALUNOS DO 2º ANO DO FUNDAMENTAL


Luana Carvalho COELHO – UESB
luanacoelho90@hotmail.com
Apoio Programa de Iniciação Científica da UESB – PIC/UESB

O presente trabalho objetiva classificar os erros ortográficos dos alunos do ensino fundamental a
partir de algumas categorizações propostas por um dos linguistas mais influentes no assunto,
Cagliari (2004, Alfabetização e Linguística). O público alvo desta pesquisa são os alunos de uma
turma em curso no 2º ano do ensino fundamental de uma escola municipal de Vitória da Conquista
– BA. A pesquisa aqui adotada foi o Estudo de Caso, visto ser essa uma pesquisa que pretende
investigar por meio de estudos os “erros” ortográficos de alunos que acabaram de concluir a
alfabetização. Foram observados textos de setenta por cento dos alunos de uma sala de aula. Para
isso, recolhemos uma redação feita pelos alunos, em que deveriam se basear em uma imagem para
contar uma história, essa redação foi analisada, posteriormente, pelos pesquisadores. Partindo da
realidade da produção textual dos discentes em questão, acredita-se que quando chegam à escola
trazem uma bagagem de comunicação e variedade de suas experiências sociais e isso faz com que o
aluno escreva de uma maneira muito próxima da fala. Conforme as observações dos textos,
concluímos que a criança, quando no início do entendimento do sistema alfabético, começa a
analisar a relação entre fala e escrita e percebe que uma letra pode ter vários sons. Os “erros”
ortográficos se devem ao fato do aluno escrever de uma maneira muito próxima da fala. Alguns
professores deixam de levar em consideração as hipóteses que motivam o aluno a cometer esses
“erros”, julgando, apenas, a escrita como certa ou errada; além disso, muitos professores não
reconhecem os acertos da criança que está na fase de aquisição da escrita.

ELEVAÇÃO DA VOGAL /e/ DOS CLÍTICOS EM DADOS DE FALA E ESCRITA


Maria José Blaskovski VIEIRA – UFPEL
blaskovskivi@yahoo.com.br

O presente trabalho tem como objetivo verificar a influência, na língua escrita, da elevação da vogal
/e/ nos clíticos “me”, “te”, “se”, “lhe”, “de” comum na fala de indivíduos da cidade de Pelotas/RS.
A partir de pesquisa quantitativa de análise de dados de fala, procurou-se identificar o grau e os
fatores que condicionam tal elevação. Para tanto foram analisadas 15 entrevistas retiradas do Banco
de Dados VARX para identificação dos fatores condicionantes da elevação. A partir desses
resultados, buscou-se analisar a influência na escrita essa elevação. Com essa finalidade, foram
tomados dados de escrita do Banco de Textos de Aquisição da Escrita (FaE/UFPel) de alunos da 4ª
série da rede de ensino da cidade de Pelotas, buscando-se verificar a ocorrência ou não da elevação
da vogal /e/ dos clíticos e os contextos de elevação. A discussão sobre a elevação da vogal /e/ dos
clíticos está diretamente relacionada à natureza dessas partículas. Câmara Jr. (1988, p.63), ao
discutir a composição do vocábulo fonológico no português do Brasil, afirma que as partículas
átonas, pronominais e não-pronominais, “não têm status de vocábulo fonológico”, uma vez que

152
dependem de um item lexical com acentuação própria para junto com ele formar uma unidade
fonológica. Quando se associam ao vocábulo que as antecede, as partículas átonas valem como uma
sílaba postônica desse vocábulo; quando se associam ao vocábulo que as segue, valem como uma
sílaba pretônica. Quando o clítico coloca-se na posição postônica, a vogal que lhe pertence
enquadra-se no sistema vocálico átono final, ou seja, deve ser uma das três vogais /a i u/. No
entanto, quando ele se coloca na posição pretônica, observa-se a neutralização entre as vogais
médias e as vogais altas, em proveito das altas, comportando-se essas vogais como se fossem átonas
finais (CÂMARA, 1988).

GRUPO TEMÁTICO 23: FORMAÇÃO DOCENTE E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:


REFLEXÕES E POSSIBILIDADES
COORDENADORAS: Dulce Cassol TAGLIANI (FURG) – dulcetagliani@vetorial.net;
Elaine Nogueira da SILVA (FURG) – elainensilva@bol.com.br

Este grupo temático busca discutir questões que integram a formação docente e o ensino de língua
portuguesa, em diferentes níveis. Críticas ao processo de ensino e aprendizagem de língua materna
são uma constante em nosso meio. Há, evidentemente, muitas lacunas a serem preenchidas,
principalmente se atentarmos para resultados de avaliações oficiais divulgadas pelo MEC, e,
também, para o desempenho de alunos recém egressos do ensino médio e entrando na universidade.
As críticas mais comuns estão focadas em aspectos básicos da formação do cidadão, como ler de
forma efetiva ou redigir minimamente um texto. Apesar de as inovações tecnológicas estarem
batendo à porta da maioria das escolas públicas brasileiras, ainda nos ressentimos de um processo
de ensino e aprendizagem produtivo, que desenvolva as habilidades básicas de leitura e escrita.
Muitos são os aspectos que podem estar envolvidos nessa questão. Assim, este fórum de discussões
busca, fundamentado principalmente na Linguística Aplicada, discutir a interface formação docente
e ensino de língua portuguesa, considerando não só que a melhoria da qualidade do ensino passa
por pressupostos teóricos renovados, mas também pelo atendimento às reais necessidades do
professor. Nesse sentido, percebemos um grande descompasso entre a teoria que perpassa a
formação do professor e a sua prática em sala de aula. Da academia, o professor recebe um
bombardeio de novas teorias, desde o uso do texto e seus diferentes gêneros até os múltiplos
letramentos, passando pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda um desconhecido para
muitos professores. Pretendemos, então, congregar discussões teórico-analíticas que busquem
perceber em que medida a formação inicial e/ou continuada do professor está afinada com as
orientações curriculares nacionais e, consequentemente, contribuindo para a educação linguística do
aluno, considerando que o ensino de língua materna deve estar voltado para a função social da
língua.

O DISCURSO DE PROFESSORAS DE LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE A FORMAÇÃO


DOCENTE: UMA LACUNA COM RELAÇÃO AO USO DAS TICS
Flávia Motta de PAULA – UFU
flavinha_m_paula@yahoo.com.br

Este trabalho está vinculado ao Grupo de Pesquisas em Análise de Discurso Crítica e Linguística
Sistêmico-Funcional, do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia.
Nele, apresentamos os resultados de uma pesquisa de iniciação científica, cujo objetivo é investigar
e discutir a representação discursiva da inserção das tecnologias de informação e comunicação
(TICs) na educação, construída na revista Nova Escola e no discurso de professoras de Língua
Portuguesa de escolas da rede pública de Uberlândia. Neste momento, selecionamos parte das
entrevistas e analisamos como as professoras de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental
representam discursivamente a inserção das TICs na educação e os efeitos dessa inserção na
constituição identitária dessas docentes. Para a análise do discurso das professoras, adotamos os
pressupostos da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001, 2003). A preocupação da ADC

153
é com as mudanças radicais que estão ocorrendo na vida social contemporânea, com o modo como
o discurso figura dentro dos processos de mudança, e com as transformações na relação entre o
discurso/semiose e outros elementos sociais dentro das redes de práticas (OTTONI, 2007). Um fator
relevante que foi observado ao longo das três entrevistas é a questão da formação dos professores, a
qual está diretamente ligada ao não uso ou ao pouco uso das TICs na educação. A ausência de
preparo na graduação reflete-se claramente nas práticas dentro de sala de aula. As três professoras
se formaram na UFU e elas apontam que, durante a graduação, não tiveram nenhuma disciplina que
as incentivasse ou que ao menos as ensinasse a utilizar as TICs e a associá-las aos diferentes
conteúdos. Elas afirmam que eram utilizadas tecnologias pelos professores universitários, mas
nunca tiveram nenhum esclarecimento sobre como poderiam usá-las nas escolas de educação
básica.

A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES LEITORES E


ESCRITORES
Rosângela Oliveira Cruz PIMENTA – UFAL
rocpiment@yahoo.com.br

Diante da dificuldade de leitura e escrita apresentada por vários alunos, resolvemos investigar qual
a contribuição, na opinião deles, que a universidade vem dando nas suas formações como leitores e
escritores, pois ao final do curso os aprovados deverão sair habilitados a ensinar outros a ler e a
escrever. O presente trabalho pretende, então, discutir qual a contribuição da formação inicial dos
professores no tocante à sua formação como leitores e escritores. Nosso referencial teórico
encontra-se na área da Linguística Aplicada, da Formação de Professores e da Didática,
principalmente nos estudos de Kleiman (2001), Coracini (2003, 2010), André (2001) e Soares
(2001). Nosso instrumento de pesquisa foi um questionário de sondagem pedagógica a respeito das
práticas de leitura e escrita acadêmica dos alunos, aplicados em uma disciplina de ensino de língua
portuguesa, nos períodos finais do curso de Pedagogia, de uma instituição pública federal. Em
linhas gerais, os resultados nos mostram que, apesar de uma boa parte, 65%, dos discentes
acreditarem que, de alguma forma, a universidade contribui para o seu desenvolvimento leitor e
escritor. Eles apontam lacunas no tratamento dado à leitura e a escrita por parte dos professores e
ainda há um número significativo de alunos que acreditam que ela não contribui ou que contribui
muito pouco. Isto demonstra que talvez se façam necessárias novas práticas de leitura e escrita do
que as que vêm sendo adotadas na relação ensino e aprendizagem estabelecida com eles até então e,
nesse sentido, nosso trabalho se propõe a indicar possíveis caminhos.

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E OS GÊNEROS DISCURSIVOS: SABERES EM QUESTÃO


Klebia Seliane Pereira de SOUZA – UNP
klebia.souza@hotmail.com

Este artigo é parte das reflexões feitas na dissertação de mestrado, apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e tem
como objetivo apresentar uma análise acerca da formação inicial docente, mais especificamente,
sobre o saber a respeito dos gêneros discursivos e sua utilização em sala de aula por profissionais
polivalentes da educação básica. Para tanto, analisamos, a partir dos discursos dos professores de
quarto e quinto ano do ensino fundamental, se a formação inicial oferece subsídios às aulas de
língua portuguesa, ou seja, se no processo de formação docente emergem conceitos de gêneros
discursivos, quais são os conceitos aparecem e como esse conhecimento auxilia o docente em sala
de aula. Como aporte teórico levamos em consideração os estudos realizados sobre a formação
inicial docente, sobre a diversidade de saberes que compõem o saber docente e também os que
tratam dos gêneros discursivos. Sobre os gêneros, adotamos a definição segundo Bakhtin,
concepção abordada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Esta pesquisa se configura

154
como qualitativa de base interpretativista e teve como instrumentos de coleta de dados um
questionário estruturado com questões abertas e observação de sala de aula com gravação em áudio.
Como resultados desta investigação, é possível destacar que a formação inicial tem deixado lacunas
no que se refere ao ensino de língua portuguesa, e ainda mais sobre os gêneros do discurso; que não
há apenas um tipo de saber que constitui os saberes docentes e, por esse motivo, trabalhar com os
saberes ditos disciplinares, especificamente o saber sobre os gêneros do discurso, é enfatizar um
dentre muitos outros saberes.

FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL EM ANÁLISE: PROCESSOS DE (RE)CONSTRUÇÃO DE


PRÁTICAS DE ENSINO DE LEITURA E DE TEXTO
Rosângela Rodrigues BORGES – UNIFAL
rosangela.borges@unifal-mg.edu.br

A inserção de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) nos cenários intra e


extraescolar leva-nos a refletir acerca dos processos de formação inicial do professor de línguas
estrangeira e materna. Entendemos que, apesar de a academia reconhecer a importância dessas
tecnologias na formação inicial e continuada de professores da Educação Básica, o discurso e as
práticas acadêmicas em cursos de licenciaturas ainda não conseguem, de fato,
instrumentalizar/capacitar o graduando quanto à utilização das NTIC no ensino de línguas, numa
visão interacional, em diferentes situações comunicativas. Nesse contexto, busca-se refletir acerca
dos processos de construção e reconstrução de um Curso de Redação para o Enem, na modalidade
semipresencial, edições 2011 e 2012, ambientados no moodle, por licenciandos de Letras, egressos
da escola pública, de uma universidade pública. Norteiam este trabalho pressupostos teóricos da
Linguística Aplicada, em especial a Teoria dos Gêneros Textuais e Discursivos. Interessa-nos saber
se e de que forma esses licenciandos estão se apropriando de teorias linguísticas para a proposição
de práticas de produção de leitura e de textos voltados para o gênero “artigo de opinião”, solicitado
no Enem. Acreditando que avaliações externas, como o Enem, podem influenciar a perspectiva
teórico-metodológica de ensino, este trabalho objetiva ainda analisar o efeito retroativo desse exame
na formação inicial. A análise inicial aponta que há uma tensão produtiva entre os licenciandos e a
professora-pesquisadora nas etapas de planejamento, seleção de conteúdos e de gêneros textuais,
elaboração e avaliação de materiais e atividades na medida em que há uma recorrente proposição de
práticas de ensino tradicionais e cristalizadas na memória discursiva desses graduandos. Conclui-se
que, apesar de os sujeitos de pesquisa estarem familiarizados com as NTIC e teorias linguísticas, há
um forte apego às aulas presenciais e a práticas típicas do letramento escolar.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO


LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Elias Ribeiro da SILVA – UOFU
ribeirodasilva.elias@gmail.com

O ensino de português como língua estrangeira (PLE) vem se expandindo rapidamente devido, em
grande parte, à consolidação do Brasil como uma das principais economias mundiais. O interesse
pela aprendizagem de português é mais evidente nos países sul-americanos, mas também está em
expansão em praticamente todos os continentes, o que tem gerado uma crescente demanda por
profissionais para ensinar PLE no Brasil e no exterior. De forma geral, o que se tem observado é a
“migração” de professores de português como língua materna (LM) e de língua estrangeira (LE)
para esse novo nicho de mercado. Nos últimos anos, no entanto, algumas universidades brasileiras
vêm criando cursos de graduação e de pós-graduação visando formar profissionais qualificados para
ensinar o português do Brasil como segunda língua (L2) e/ou LE, uma vez que, como as pesquisas
na área indicam (ALMEIDA FILHO e LOMBELLO, 1992; ALMEIDA FILHO, 2004;
SCARAMUCCI e WIEDEMANN, 2008), ensinar PLE é uma tarefa complexa, considerando-se,

155
por exemplo, o grau de proximidade/distanciamento existente entre o português e a LM dos
aprendizes. Outra questão potencialmente problemática envolve a grande variação existente entre as
diferentes variedades do português. No que se refere especificamente à formação de professores
brasileiros de PLE, o grande desafio a ser superado pelos profissionais da área diz respeito a qual
variedade do português do Brasil “deve” ser ensinada. Com base nessas considerações e em minha
experiência como formador de professores e como professor de PLE, objetivo, nesta comunicação,
discutir os desafios de se formar professores de PLE frente à variação que caracteriza o português
brasileiro. De forma mais específica, objetivo discutir como formar professores de PLE capazes de
lidar com a variação linguística sem reproduzir preconceitos linguísticos, ou legitimar uma
representação tradicional de língua (fundamentada em uma visão normativista), a qual não reflete o
português falado no Brasil.

A PRODUÇÃO ESCRITA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS: DESAFIOS


E REFLEXÕES
Liv Rocha FERNANDES – UNICAMP
livrfernandes@gmail.com

A formação de professores de Português traz muitos desafios aos docentes. O ensino de gêneros
acadêmicos na disciplina de produção escrita é apenas um deles. Este trabalho apresenta o contexto
de um curso de produção escrita na formação de professores de Português em uma faculdade
privada em uma cidade do interior do estado de São Paulo. As reflexões que ocorreram de seu
projeto, andamento e resultados e tem como objetivo apresentar a metodologia, as reflexões e
resultados além de discutir a prática docente. A turma de calouros, bolsistas e oriundos da escola
pública, mostrou dificuldades lingüísticas e de letramento acadêmico. Além de problemas com o
uso de computadores (não apresentaram falta de letramento digital, mas no uso de ferramentas
formais de escrita) e de total desconhecimento da vida e das práticas acadêmicas (artigos
científicos, publicações e congresso). A partir de uma investigação de cunho etnográfico foi
possível estabelecer questionamentos – baseados principalmente em Street (2003/2011), Lillis
(1999) e no grupo dos Novos Estudos do Letramento – estratégias e uma metodologia para o
ensino. O curso tinha como objeto de ensino os gêneros acadêmicos (principalmente resumo,
resenha e fichamento) os quais foram trabalhados por sequências didáticas – embasadas no trabalho
de Schneuwly e Dolz (1996). Além disso, foi proposto aos alunos atividades-extras para compensar
a heterogeneidade e dificuldade com escrita, por meio de propostas de escrita envolvendo gêneros
discursivos bakhtinianos diversos e discussões através de um blog da disciplina, contendo os Power
Points e propostas para debates. Os resultados obtidos das aulas e do fim do curso foram profícuos
tanto para os alunos quanto para o docente: o entendimento de papéis, fortalecimento da identidade,
crescimento do senso crítico e melhoria na escrita.

O “LUGAR” DO FORMADOR E A FÁBULA DO OLEIRO, NO (RE)SIGNIFICAR DA


PRÁTICA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR EM LEVY GASPARIAN: CONSIDERAÇÕES
SOBRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA
Luciane Aparecida de SOUZA – UFJF
lucianeape@gmail.com

A comunicação tem como objetivo compartilhar o trabalho que foi fruto do Programa de Formação
Continuada: “Pró-Letramento – Alfabetização e Linguagem”, realizado com os professores dos
primeiros anos do Ensino Fundamental, do município de Comendador Levy Gasparian – interior do
Estado do Rio de Janeiro, em parceria com o MEC, através do CEEL (Centro de Estudos em
Educação e Linguagem), da Universidade Federal de Pernambuco e do LEDUC (Laboratório de
Estudos de Linguagens, Leitura, Escrita e Educação), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada). Os encontros de

156
formação desse grupo de alfabetizadores, realizados semanalmente na rede de ensino municipal,
foram tomados como objeto de reflexão, tendo como desafio compreender as estratégias de
formação utilizadas pela tutora formadora, bem como seu “lugar” nesse espaço de formação. Assim,
durante dez meses do ano letivo de 2009, além de problematizar a prática formadora da tutora desse
grupo, procurei também compreender as “limitações”, as expectativas e as dúvidas dos professores
da rede municipal de ensino, a partir de um Programa de Formação Continuada, que teve como
objetivo sistematizar as capacidades mais relevantes a serem atingidas no ensino-aprendizagem, a
partir de uma ação pedagógica que possibilite aos alunos a compreensão e o uso da língua como
forma de interação social, favorecendo assim, a inserção dos alunos em práticas reais de leitura e
escrita. Assim, o registro dessa experiência é um exercício que me proporcionou o debruçar sobre a
prática: observando, questionando e refletindo, para entender melhor a teoria, tendo condições de
voltar à prática para um fazer diferente.

PRODUÇÃO TEXTUAL NA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONCEPÇÕES DE


PROFESSORES DE TERCEIRO E QUARTO CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NAS
ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO EM FLORIANÓPOLIS (SC)
Eloara TOMAZONI – UFSC
eloara_tomazoni@hotmail.com

Esta comunicação tematiza o processo de ensino e aprendizagem da produção textual escrita. O


estudo tem como objetivo descrever analiticamente as concepções dos professores de terceiro e
quarto ciclos, na disciplina de Língua Portuguesa, atuantes em escolas da rede estadual de ensino,
situadas no município de Florianópolis, Santa Catarina. As bases que orientam o estudo são a
concepção de língua como objeto social (Vigotski, 2007 [1978], Bakhtin, 1999 [1929]); as
teorizações acerca do fenômeno do letramento (Street (1984, 1988, 2000, 2003); Barton (1994)); as
teorizações que dizem respeito aos gêneros do discurso (Bakhtin, 2010 [1952/53]); os Parâmetros
Curriculares Nacionais e a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina (1998) – no que diz
respeito às atividades de produção de texto escrito -; Geraldi (1997) – com destaque a suas
concepções no que respeita à linguagem, ao sujeito e suas ações linguísticas, ao texto como parte do
conteúdo de ensino, ao contexto social das interações verbais e às atividades de produção de textos
escritos –; Britto (1983; 1997); e Antunes (2003; 2009) - no que diz respeito às discussões sobre
produção de textos escritos. O estudo foi operacionalizado por meio de entrevistas com 47
professores, 90,38%, dos 52 em atividade nos terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental nas 29
escolas da rede estadual de ensino situadas no município mencionado. A partir desse instrumento
gerador de dados, identificamos, descrevemos e analisamos quais as concepções dos docentes
participantes do estudo. Os resultados mostram que há, ainda, uma lacuna no que diz respeito à
formação teórica do professor de Língua Portuguesa, bem como um distanciamento entre o que tem
sido discutido na universidade e o que realmente acontece na sala de aula.

O PAPEL DA LEITURA E DA ESCRITA NA SALA DE AULA: ESTRATÉGIAS DE ENSINO


PARA DINAMIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
Mary RANGEL – UFF
mrangel@abel.org.br
Jane do Carmo MACHADO – UFF
jane_machado@yahoo.com.br

Este artigo tem por objetivo desenvolver uma reflexão sobre o ensino da Linguagem nas escolas de
educação básica, especialmente nos anos finais do ensino fundamental. Para tanto, pensa-se a
linguagem, não como um recurso que transita somente na disciplina de Língua Portuguesa do
currículo escolar, mas como conteúdo essencial ao ensino e à aprendizagem de todas as disciplinas
com seus respectivos conteúdos. Essas considerações motivam e justificam este estudo que

157
privilegia a metodologia do ensaio orientando o encadeamento de análises fundamentadas e a
construção de argumentos que revelam a importância de um trabalho coletivo, conjunto e articulado
por parte de todos os professores. Esse trabalho de professores viabiliza uma melhor apreensão,
compreensão e uso da linguagem por parte dos alunos que a percebem como matriz fundamental de
todo ensino e aprendizagem. Indica-se que as práticas dos professores devem ser pensadas
coletivamente, assim, os professores têm a oportunidade de planejar suas aulas, avaliar e reavaliar
estratégias e planos, estudar e pesquisar para poder conquistar os objetivos e as metas traçadas por
intermédio de caminhos mais significativos para os alunos e para os professores. Os estudos sobre o
corpo teórico oferecem aos professores as possibilidades de pensar as práticas já implementadas e
as que ainda serão de modo mais fundamentado, articulando um discurso que transita em um
caminho de reflexão-ação-reflexão. Nesse sentido, a formação continuada e em serviço de
professores, realizada na escola e dinamizada pelo orientador pedagógico, surge como um valioso
meio capaz de potencializar o trabalho coletivo de professores, que os levem a significar a
linguagem escrita e oral em todas as suas práticas implementadas, de modo a criar um ambiente
propício ao ensino e à aprendizagem.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE CONCEPÇÕES ACERCA DO PROCESSO DE ENSINO E DE


APRENDIZAGEM DE LEITURA DE PROFESSORES DOS ANOS FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL DE FLORIANÓPOLIS
Sabatha Catoia DIAS – UFSC
sabathadias@gmail.com

O estudo realizado tem como tema leitura, entendida como co-construção de sentidos em inter-
relações humanas –, processo que implica decodificação gráfica para compreensão textual. O
objetivo é descrever analiticamente concepções docentes sobre as práticas de leitura nas aulas de
Língua Portuguesa em turmas finais do Ensino Fundamental, em escolas situadas em Florianópolis,
pertencentes à rede estadual de ensino, fazendo-o com foco em quatro domínios distintos: domínio
ontológico, domínio axiológico, domínio teórico-epistemológico e domínio metodológico. Assim, o
estudo pretende responder ao seguintequestionamento: Como professores de LP dos anos finais do
Ensino Fundamental, de escolas estaduais localizadas em Florianópolis, trabalham com leitura em
sala de aula? Que concepções tais professores explicitam sobre o ato de ler, no que se refere aos
domínios ontológico, axiológico, teórico-epistemológico e metodológico? Para responder a tal
questão, analisam-se respostas obtidas em entrevistas realizadas com 47 professores que versam
sobre os domínios mencionados. O aporte teórico delineado para tratamento do tema constitui-se
de teorizações de Vigotski (2007 [1978]); de estudos cognitivistas, como Dehaene (2007),
Rumelhart (1981), Leffa (1996), entre outros; de estudos que concebem a leitura como um processo
cultural, como Gee (2004) e Lahire (2008 [1995]); da teoria de gêneros discursivos de Bakhtin
(2010[1952/53]) e de teorias de letramento, com base em Street (1984, 1988, 2003), Hamilton,
Barton e Ivanic (2000) e outros. A análise dos dados sugere que a maioria dos docentes
participantes da pesquisa não possui uma formação acadêmica que possibilite trabalhar leitura em
todas as suas dimensões, com textos pertencentes a diferentes gêneros discursivos. Ao que parece,
tais professores não conhecem ou conhecem muito pouco a respeito das teorias cognitivistas e
sociointeracionistas, o que acarreta numa abordagem superficial dos textos lidos em sala.

DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E O ENSINO DE LEITURA: UMA


EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Sandra Eleutério Campos MARTINS – UFTM
tur29@netsite.com.br

158
O estágio Supervisionado em Língua Portuguesa I, no Curso de Licenciatura em Letras da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, constitui-se de uma atividade curricular na qual os
licenciandos atuam nas aulas de língua portuguesa, em turmas das séries finais do ensino
fundamental. Nessa atividade, propõe-se que os licenciandos delimitem como foco de seu trabalho
como estagiários, o desenvolvimento da competência de ler dos alunos do ensino fundamental. Para
isso, trabalham com os Descritores de Língua Portuguesa do Saeb, que constituem a melhor
descrição e detalhamento dos conhecimentos relativos ao processo de leitura, construindo atividades
que, ao serem propostas aos alunos, propiciam o desenvolvimento das habilidades e a construção
dos conhecimentos necessários a uma prática de leitura proficiente. Antes de se dirigem às escolas,
os licenciandos conhecem e estudam os Descritores de Língua Portuguesa das Matrizes Curiculares
do Saeb. Tão logo começam as suas atividades em sala de aula, nas escolas-campo de estágio, os
licenciandos elaboram uma avaliação diagnóstica, para identificar as habilidades de leitura que os
alunos ainda não desenvolveram. Após a aplicação desse instrumento, corrigem-no, procedendo a
um levantamento dos erros e acertos, o que resulta na construção de gráficos, os quais revelam,
assim, os estágios de desenvolvimento da competência de leitura desses alunos. Em seguida,
elaboram e aplicam outras atividades de compreensão de textos, durante todo o semestre, todas
contemplando o que os alunos ainda não sabem sobre o processamento da leitura. O trabalho tem
sido importante para a consolidação da formação dos licenciandos, pois eles já estão construindo
uma prática de professor de língua materna, que não se concentre no ensino de tópicos gramaticais
descontextualizados, mas que se debruce sobre um dos aspectos que constituem o papel social do
professor de Português: formar leitores e produtores de texto proficientes.

FORMAÇÃO CONTINUADA NA ESCOLA: INICIATIVA MOTIVADA POR AVALIAÇÕES


EXTERNAS
Paula Baracat de GRANDE – UNICAMP
pauladegrande@gmail.com

O trabalho discute uma iniciativa de formação continuada demandada e organizada por professoras
do quinto ano do Ensino Fundamental de uma rede municipal do interior paulista. A iniciativa foi
gerada por necessidades docentes devido a avaliações externas que recaem sobre esse ano do
Ensino Fundamental: o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São
Paulo) e a Prova Brasil (prova de âmbito federal). A discussão a ser apresentada está inserida no
projeto de doutorado “Formação do professor em serviço: letramentos, gêneros discursivos e
identidades profissionais na escola”, orientado pela Profa. Dra. Angela Kleiman. O objetivo geral
da pesquisa é investigar os gêneros discursivos que circulam na formação que se dá no local de
trabalho e durante a prática docente, e a relação desse processo formativo com identidades
profissionais de professores. O interesse recai sobre os funcionamentos internos da escola como
esfera de formação do professor, procurando compreender as práticas discursivas e eventos de
letramento relacionados à formação que emergem na esfera escolar. A pesquisa se sustenta na
concepção bakhtiniana de linguagem e na perspectiva sócio-antropológica dos Estudos de
Letramento. A metodologia, de caráter qualitativo-interpretativista, é de natureza etnográfica e
utiliza dados gerados por observação participante em reuniões de HTPC (Hora de Trabalho
Pedagógico Coletivo) e outros eventos de formação situados na escola ou secretaria municipal de
ensino. No evento analisado, professoras discutem o documento “Matrizes de Referência, Temas,
Tópicos e Descritores”, enviado às secretarias estaduais e municipais de educação nos anos de
aplicação da Prova Brasil. As análises mostram como as professoras ressignificam e se apropriam
de conceitos e práticas abordadas nos documentos a partir das demandas de sua realidade como
também de seus saberes profissionais já familiares.

159
GRUPO TEMÁTICO 24: GÊNEROS DISCURSIVOS, ENSINO E PRÁTICAS
COORDENADORAS: Maria de Fátima Alves da COSTA (UFCG) – mfatimaalves@uol.com.br;
Roziane Marinho RIBEIRO (UFCG) rozianem@hotmail.com

Desde as últimas décadas do século XX, os pesquisadores brasileiros preocupados com o ensino-
aprendizagem de língua portuguesa defendem a necessidade de mudança no sentido de
concebermos a lingua(gem) como lugar de interação e de interlocução humana, e não mais como
uma forma abstrata de signos linguísticos. Nesta perspectiva, não há como concebermos o ensino de
língua portuguesa sem considerarmos as várias esferas sociais nas quais as práticas comunicativas
se materializam. Nesse sentido, os gêneros textuais/ discursivos dão sustentação às práticas
escolares e se mostram, na verdade, como ferramentas indispensáveis ao ensino-aprendizagem de
leitura e de escrita, uma vez que neles se intercruzam uma multiplicidade de linguagens, em suas
formas e funções possíveis de ampliar as possibilidades de compreensão leitora e de produção
textual dos alunos aprendizes e, portanto, torná-los capazes de agir linguisticamente em múltiplas
situações de uso social da língua. Partindo dessa premissa, propomos este Grupo Temático com o
objetivo de abrirmos um espaço para exposição e discussão de trabalhos científicos, resultantes de
pesquisas em andamento ou concluídas, que apresentem discussões teórico-analíticas acerca do
tema proposta. Nosso interesse, neste GT, é discutirmos e refletirmos, em bases teóricas
sociodiscursivas, como os gêneros discursivos/textuais estão sendo utilizados pelos professores
como ferramentas para o ensino da leitura e da escrita e como práticas comunicativas no espaço da
sala de aula.

A ESCRITA NO COTIDIANO DE MULHERES INSERIDAS EM TURMA DE PRIMEIRO


SEGMENTO DA EJA: DIMENSÃO EXTRAESCOLAR E ESCOLAR DOS USOS
Rosangela PEDRALLI – UFSC
rosangelapedralli@hotmail.com

Este trabalho teve como objeto a modalidade escrita da língua no cotidiano extraescolar e escolar de
três mulheres, moradoras de Florianópolis – SC, inseridas no mercado de trabalho e participantes do
Curso de Educação de Jovens e Adultos – I Segmento da Prefeitura Municipal de Florianópolis. O
estudo é fruto de uma vivência de quase cinco meses no espaço escolar em que se deu a pesquisa, o
que gerou um conjunto de dados composto principalmente por notas de campo, entrevistas e em
interações em grupo focal gravadas e imagens fotográficas. Foi nosso objetivo responder às
seguintes questões: Como se caracterizam os usos sociais da escrita nos contextos extraescolar e
escolar das alfabetizandas adultas, participantes desta pesquisa, inseridas nos contornos
grafocêntricos das vivências sociais em Florianópolis – SC? De quais eventos de letramento tais
senhoras participam em seu dia-a-dia?. Os dados apontam para usos escolares da escrita que
parecem se caracterizar por uma dimensão ainda bastante artificializada, restrita ao ambiente
escolar, não raro com componentes de infantilização ou com aproximações demasiadamente amplas
no que respeita ao senso comum, rarefazendo a escrita. Observamos, contudo, um movimento em
busca de novas configurações, aproximações com o ideário teórico dos gêneros discursivos
(BAKHTIN, 2003 [1952/53]) e um trabalho ainda inicial com as novas tecnologias. Os eventos de
letramento especificamente de que tomam parte tais senhoras cotidianamente demonstraram ter
implicações conceituais relacionadas ao que vimos chamando de pragmatismo estreito edimensão
ontológica da subjetividade¸ com vistas a explicar a divisão substancial nos usos cotidianos da
escrita por parte das participantes deste estudo. Pareceu-nos nodal, ainda, nessa discussão acerca
dos usos as questões de disponibilidade e acesso a materiais escritos (KALMAN, 2003).

160
PRÁTICAS DE LEITURA PELO VIÉS DO HIBRIDISMO PRESENTE NO GÊNERO
PUBLICITÁRIO
Luciana Martins ARRUDA – UFMG
lulucaarruda@ig.com.br
Dalcylene Dutra LAZARINI- UFMG
dalcylenedl@ig.com.br

Devido à facilidade de exposição aos anúncios publicitários e à sua capacidade de absorver outros
gêneros, percebemos que práticas de leitura dentro e fora do ambiente escolar poderiam ser feitas a
partir desse gênero textual, por se constituir, geralmente, de forma híbrida. Segundo Bakhtin (1953),
os gêneros discursivos apresentam regularidades e coerções, características que os tornam
reconhecíveis, enfatiza ainda sua relativa estabilidade de constituição, e seu reconhecimento deve-
se ao conteúdo temático, ao estilo verbal e à constituição composicional. Além disso, por se tratar
do gênero publicitário, devemos nos ater principalmente à sua função: divulgar um
produto/serviço/ideia. A proposta do trabalho fundamenta-se na articulação entre teorias do texto
(MARCUSCHI, 2002, 2008; KOCK, 2003) e análise do discurso (CHARAUDEAU, 1984, 2004;
MAIGUENEAU, 1997, 2001), visto que o texto é a materialização do discurso. A partir dessa
perspectiva, devemos conceber as práticas de leitura considerando as várias esferas culturais nas
quais se materializam. Daí os gêneros textual-discursivos serem importantes instrumentos de
ensino-aprendizagem para diferentes leituras que acontecem nas diversas situações sociais. O
corpus se compõe por anúncios impressos que captam diferentes gêneros, oportunizando assim uma
gama variada de leituras. Práticas de leitura que envolvam não só o conhecimento linguístico e
metagenérico do aluno, mas sua capacidade crítica para perceber as mensagens subliminares que os
perpassam são de extrema valia, pois atualmente a multimodalidade tem sido objeto de estudo por
envolver texto e imagem. Desse modo, talvez o desafio de se criar o hábito de leitura possa ocorrer
a partir de peças publicitárias, devido ao seu poder de sedução, produzido pelas escolhas imagéticas
e linguísticas. Em linhas gerais, os resultados encontrados se mostram no interesse pela busca de
anúncios em que outros gêneros apareçam e na tentativa de se estabelecer o porquê de ser aquele o
gênero captado, podendo, assim, tornarem-se leitores mais proficientes.

USOS SOCIAIS DA ESCRITA NA FAMÍLIA E NA ESCOLA


Michelle Donizeth EUZÉBIO – UFSC
michelledoni@yahoo.com.br

Esta pesquisa topicaliza os usos sociais da escrita e tem como tema a interface entre escrita e
comunidade de prática (WENGER, 1998), ancorando-se em estudos de Street (1984; 2003a;
2003b); Street e Lefstein (2007); Barton (1994); Barton e Hamilton (1998); Barton, Hamilton e
Ivanic (2000); Hamilton (2000a); Kleiman (2006). Seu objetivo foi descrever, com base em
teorizações de Hamilton (2000b), práticas e eventos de letramento vivenciados por um grupo de
crianças – na escola e em casa –, residentes em um bairro de vulnerabilidade social no município de
Florianópolis/SC, identificando concepções sobre a escrita em ambos os espaços e depreendendo
implicações de aprendizagem, no que diz respeito à formação dos alunos, decorrentes de
similaridades ou diferenças entre tais práticas. Participaram do estudo seis alunos, cursando o
quarto ou o quinto ano do Ensino Fundamental; compuseram, ainda, o quadro de participantes as
mães e os funcionários da escola. O estudo teve como mote as seguintes questões de pesquisa:
Como se caracterizam práticas e eventos de letramento subjacentes/presentes às/nas relações
intersubjetivas que crianças de comunidades socioeconomicamente desprivilegiadas e de baixo
nível de escolarização estabelecem na escola e em casa? Que divergências e convergências
emergem no que diz respeito a práticas e eventos de letramento vivenciados por tais crianças nesses
grupos e na escola? Há implicações de aprendizagem depreensíveis nessa maior ou menor

161
convergência? Os resultados evidenciam que a hipotetizada divergência entre práticas de letramento
que caracterizam o espaço escolar e práticas de letramento que caracterizam a ambientação familiar,
ainda que se institua naquele espaço, não parece ser o foco efetivo implicado na não ressignificação
das representações das crianças sobre os usos da modalidade escrita da língua na sociedade
contemporânea. Parece haver, na verdade, uma flagrante ausência de escrita na ambientação escolar
e nas aulas dessa classe.

A POLIFONIA EM GÊNERO ESCOLAR DE LEITURA DA DÉCADA DE 50


Raimunda Dias DUARTE – UFPA
rayduart@ufpa.br
Laura Maria Silva Araújo ALVES – UFPA
laura_alves@uol.com.br

Este trabalho tem como objetivo analisar a polifonia no livro didático ‘Primeiro Guia de Leitura’, da
série 'Ler', destinado às séries iniciais, cuja primeira edição foi publicada no Brasil em 1947. Neste
trabalho, é analisada a 8a. edição, publicada em 1956. Para alcançar o objetivo, busca-se fazer um
levantamento histórico dos livros de leitura no Brasil, focalizando a classificação, a função, os tipos,
os gêneros e os modelos desses livros didáticos; investigar o contexto sócio-histórico e político da
década de 50 e de décadas anteriores que influenciaram na produção de material didático desse
período e, por último, analisar as ideologias presentes em 3 das 26 lições que compõem o livro
didático por meio das diferentes vozes presentes no texto. A pesquisa está ancorada na vertente
teórica da análise do discurso, baseada nos postulados de Mikhail Bakhtin. A metodologia
empregada é a histórico-documental, cujos dados são analisados do ponto de vista discursivo,
considerando-se as ideologias presentes no gênero do discurso em foco. A asserção inicial é de que
a produção didática da década de 50 constituiu um instrumento de controle do Estado Brasileiro. Os
dados revelam que os discursos construídos no livro sob análise o são a partir de discursos que
legitimam, nas relações de poder, as ideologias dominantes, ou seja, as ideologias do Estado
Brasileiro. Os dados comprovam a tese de Bakhtin de que os discursos são atravessados por outros
discursos, posto que, o gênero analisado trata de categorias muito presentes na Era Vargas (1930 a
1945), tais como ‘trabalho’ e ‘patriotismo’. Palavras-chave: Gênero escolar de leitura; análise do
discurso; ideologia; polifonia

A IMPORTÂNCIA DA INTERGENERICIDADE NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA


Ana Clara Gonçalves Alves de MEIRA – UFMG
anaclarameira@hotmail.com

Há vários estudos sobre o ensino de língua materna e, quando se trata desse assunto, são
observadas, geralmente, duas questões: os tipos de ensino e o motivo de lecionar aulas de português
para falantes nativos. Depois de muitas reflexões, defendeu-se a importância de um ensino que não
seja conduzido com o único objetivo de transmitir ao aluno a norma culta. Valoriza-se, então, o
desenvolvimento da competência comunicativa e a linguagem como forma de interação. Levando
em conta todos esses aspectos, pensou-se, neste trabalho, em quais seriam as possíveis estratégias
utilizadas pelo professor para um ensino baseado na interação. A hipótese acolhida é a de que os
gêneros textuais/discursivos podem contribuir para alcançar esse objetivo, já que o estudo dos
gêneros colabora não só para a compreensão de textos, mas também para sua produção. Optou-se
por apresentar um estudo sobre “intergenericidade”, com o objetivo de mostrar que as fronteiras
entre os gêneros não são precisamente definidas e que semelhante estudo é importante para o ensino
de língua. Para definir a “intergenericidade”, utilizar-se-á, como referencial teórico, os trabalhos de
Marcuschi (2002) e Dell’Isola (2007). Será analisado um gênero com a forma de bula de remédio e
a função de convite de casamento. Além disso, a situação comunicativa e a maneira utilizada pelo
produtor do texto para alcançar o seu interlocutor serão pontos fundamentais na análise desse

162
gênero. Acredita-se que o fato de o intergênero se caracterizar por apresentar forma de um gênero e
função de outro contribui para que o aluno veja como o processo de interação é fundamental nas
diversas situações comunicativas, reafirmando a importância dos gêneros para um ensino reflexivo
da linguagem.

SELEÇÃO DE GÊNEROS DO DISCURSO PARA ELABORAÇÃO DIDÁTICA:


ALEATORIEDADE OU FUNDAMENTAÇÃO?
Rodrigo Acosta PEREIRA – UFRN
drigo_acosta@yahoo.com.br
Gianka Salustiano BEZERRIL – UFRN
giankabezerril@yahoo.com.br

Diversas pesquisas em Linguística Aplicada têm se preocupado com os diferentes saberes que
(res)significam a prática docente do professor de língua materna frente às novas perspectivas
teórico-metodológicas para o ensino e aprendizagem da língua portuguesa (BRAKLING, 2002;
KLEIMAN, 2001; ROJO, 2002; RODRIGUES, 1999; 2002; SIGNORINI, 2005). Sob esse
panorama, o presente trabalho objetiva investigar quais critérios o professor de português de escolas
da rede pública estadual e municipal da cidade de Currais Novos, no estado do Rio Grande do Norte
se utiliza para selecionar gêneros do discurso para suas atividades em sala de aula, para as práticas
de leitura, escrita e análise linguística. Para tanto, a ordem metodológica dessa investigação segue
parâmetros da pesquisa etnográfica (ERICKSON, 1987; ANDRÉ, 1997) e da Análise Dialógica de
Discurso (BAKHTIN, 1998 [1934-1935]; 2003 [1969]; 2006 [1929]), procurando compreender os
saberes que se engendram nos critérios desses professores a partir da análise interpretativa de seus
discursos. Selecionamos quatro escolas da rede pública para aplicação de questionários e realização
de entrevistas com oito professores, além de observações feitas por meio de gravações audiovisuais.
Os resultados apontam para diferentes caminhos (aleatórios e teóricos) engendrados na prática
docente dos professores quanto aos saberes que se entrecruzam na seleção de gêneros do discurso
para as aulas de língua portuguesa, seja sob um âmbito dasteorias do cotidiano, seja sob o das
teorias profissionais (BARTON, 1994). Entendemos que essa pesquisa torna-se relevante, à medida
que não apenas contribui para estudos de perspectiva etnográfica, como, em adição, colabora para
investigações na área de teorias de gêneros discursivos no campo da LA.

CONTRIBUIÇÕES DA RETÓRICA PARA O ENSINO DA PRODUÇÃO DE TEXTO


Mônica Moreira de MAGALHÃES – UFMG
moreiramagal@ig.com.br
(Apoio CAPES)

Este trabalho tem por objetivo discutir algumas contribuições da Retórica, mais especificamente, da
teoriados tópicos e da teoria da stasis, para a produção de textos argumentativos. A grande questão
que propomos é: Onde e como um aluno vai buscar argumentos para desenvolver um tema que lhe é
apresentado? Assim, o foco desta discussão está justamente no uso das referidas teorias na busca
por argumentos. Tomamos, como ponto de partida, algumas inquietações de Edward P. J. Corbett
quanto à necessidade de se “ensinar” a produção de textos. Justifica-se o uso das aspas porque,
muitas vezes, acredita-se que basta pedir a um aluno para escrever um número x de redações que,
automaticamente, ele aprenderá a escrever bem. Por outro lado, quando temos a oportunidade de ler
um texto de um aluno e de orientá-lo no que ele precisar melhorar, isso se traduz em oportunidade
ímpar de aprendizado. Torna-se visível o progresso desse aprendiz no processo de aprendizagem da
escrita. Além do mais, segundo Corbett, mesmo os alunos mais brilhantes precisam de orientação
no desenvolvimento do processo de escrita, a qual pode se dar pela retórica clássica. Interessam-
nos, de modo especial, os tópicos de invenção, ou seja, aqueles que ajudam a descobrir argumentos.
Como estamos interessados na relação entre a Retórica e o ensino da produção de textos

163
argumentativos, analisaremos algumas estratégias de argumentação empregadas por alunos do
Ensino Médio em produções textuais bem sucedidas.

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: ENTRE A ANÁLISE DIALÓGICA E A


APLICAÇÃO
Eliana Vianna Brito KOZMA – UNITAU
evbrito@uol.com.br
Mirian Bauab PUZZO – UNITAU
puzzo@uol.com.br

Os artigos de divulgação científica fazem parte da esfera jornalística e geralmente são redigidos por
jornalistas especializados ou por um especialista da área que tenha facilidade de transformar
conceitos complexos e resultados de pesquisa de maneira mais simples de modo a levar o
conhecimento a um público leigo no assunto. Portanto, a teoria é explicitada numa linguagem mais
acessível e de fácil entendimento do leitor presumido da mídia em que o texto é veiculado. Desse
modo, a linguagem científica vem associada à linguagem do cotidiano, criando um estilo misto
entre o científico acadêmico e orepertório cultural do leitor.Para compreender melhor esse processo
comunicativo, é preciso reportar à teoria dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo, cuja
perspectiva conceitual tem auxiliado as pesquisas no âmbito da comunicação humana, observando
tanto o processo individual da expressão linguística quanto as relações enunciativas no plano mais
amplo das interações com o contexto sócio-histórico e o momento de produção do enunciado. Com
essa visão teórica, procura-se analisar a linguagem do artigo de divulgação científica“Bebês à la
carte”, publicado na revista Ciência Hoje, com o intuito de perceber os artifícios linguísticos e a
proposta comunicativa do autor em função do público leitor. Em seguida, analisa-se o modo pelo
qual acadêmicos do curso de Jornalismo de uma universidade particular situada no Vale do Paraíba,
Estado de São Paulo, identificam as características discursivas do referido gênero, de modo a
perceber não somente a construção composicional, o conteúdo e o estilo de cada um, elementos que
caracterizam os gêneros enquanto tipos relativamente estáveis de enunciados, mas também, e talvez
principalmente, como o coro de vozes se concretiza no texto selecionado.

AVANÇANDO NA PRÁTICA: O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NO GESTAR II


Valéria Rios Oliveira ALVES – UEFS
valrioli@yahoo.com.br
Thaís Nascimento SANTANA – UNEB
thainascimento@yahoo.com.br

Sabe-se que as últimas décadas representaram significativos avanços no campo dos estudos
linguísticos, desencadeando mudanças também expressivas no que concerne ao ensino de língua na
sala de aula. No Brasil, a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de língua
portuguesa (BRASIL, 1998) já direcionava o enfoque do ensino da língua para seu uso e
funcionamento contextualizados em situações comunicativas concretizadas nos textos, elegendo,
para tanto, os gêneros textuais como objeto de ensino. No entanto, mais de uma década depois,
ainda se percebe um descompasso entre o que é prescrito pelas instâncias governamentais e a
prática docente em sala de aula, uma vez que os professores, por muitas razões, ainda sentem
dificuldades em transformar esse conhecimento teórico sobre gêneros textuais em atividades que
contemplem essa perspectiva de ensino. Dada esta realidade, alguns programas têm sido instituídos
pelo MEC com o intento de amenizar as dificuldades de alunos e professores no processo de ensino-
aprendizagem de leitura/produção de textos. Dentre estes programas, destacamos o Programa
Gestão da Aprendizagem Escolar, o GESTAR II de Língua Portuguesa, voltado para professores
das séries finais do Ensino Fundamental. Assim, este trabalho tem o intuito de discutir algumas
propostas para o ensino de gêneros textuais sugeridas nos materiais de apoio do referido programa,

164
analisando-as à luz de autores como Marcuschi (2008); Rojo (2000); Dolz & Schneuwly (2004),
entre outros. Para direcionar nossa análise, tomamos como pergunta norteadora de pesquisa, a
seguinte questão: Qual a abordagem/tratamento dos gêneros textuais pelo GESTAR II nas propostas
de ensino sugeridas ao professor nas seções “Avançando na prática”? Isso será possível fazendo
uma pesquisa documental dos materiais teóricos referidos e do módulo que trata do ensino de
gêneros no GESTAR II.

GÊNEROS ORAIS NA ESCOLA: POR UMA SUGESTÃO DA LÍNGUA ORAL COMO


OBJETO DE ENSINO
Elaine Cristina Forte-FERREIRA – UFC
elainecforte@gmail.com

Como nossa preocupação recai sobre o ensino da língua oral, mais especificamente sobre o
tratamento metodológico concedido ao trabalho com gêneros orais, consideramos, assim como
Bakhtin (1997), que a dificuldade de comunicação oral ou escrita, em alguns eventos de interação,
pauta-se na ausência de domínio de gêneros do discurso, por isso consideramos fundamental a
prática da língua, seja oral ou escrita, a partir de um estudo com base em gêneros. O objetivo deste
trabalho, que é um recorte da nossa tese em andamento, é discutir a língua oral como um dos focos
da prática pedagógica em sala de aula, porque consideramos essencial a utilização de atividades
significativas que possam conceber a modalidade oral da língua como objeto de ensino da escola.
Por acreditarmos que a habilidade de produção oral pode ser adquirida na prática, decidimos pensar
em atividades que possam atender à prática da oralidade a partir de situações com gêneros orais nas
quais eles possam ser produzidos pelos alunos. Para alcançar nosso objetivo, ministramos quatro
aulas, nas quais apresentamos atividades que solicitavam dos alunos a produção de gêneros orais
(peça teatral, relato e contação de história). A partir dessas produções, conseguimos identificar
alguns entraves no processamento do texto oral, os quais podem ser amenizados se houver, para os
alunos, momentos que propiciem a prática da língua oral. Com os dados da primeira etapa do
experimento, verificamos que, para efetuarem a produção textual e, consequentemente, a construção
de sentido na interação, os alunos utilizaram a repetição, que, por ser utilizada em demasia, pode
tornar o texto prolixo; o marcador conversacional aí com uma função que parece funcionar não só
como elemento de articulação textual, mas também como uma estratégia para prender a atenção do
público; e os assaltos constantes ao turno, que ferem o princípio da cooperação (GRICE, 1982).

O GÊNERO EXPOSIÇÃO ORAL NO CONTEXTO DO ENSINO MÉDIO


Regina Lúcia FÉLIX – PETEDI – UFU
reginalfelix@yahoo.com.br

Este trabalho objetiva analisar a aplicação do gênero exposição oral no contexto do Ensino Médio.
Baseia-se, principalmente, na perspectiva teórica de Schneuwly & Dolz et al. (2004), Rojo (2000,
2001, 2002, 2005 e 2007) e Marcuschi (1999, 2001, 2002, 2003, 2005). Este gênero foi escolhido
como objeto de pesquisa em razão de possibilitar aos alunos o desenvolvimento das habilidades de
raciocínio, de percepção do outro, de trabalhar com outros gêneros, de funcionar como instrumento
de trabalho com a prática da oralidade. Partiu-se da hipótese de que os gêneros orais não são
trabalhados formalmente no contexto escolar, pois os professores não têm uma forma de abordagem
que sustente sua prática. O percurso metodológico adotado nesta pesquisa foi de caráter descritivo-
analítico. A partir do corpus coletado, foram analisados as condições de produção em que
ocorreram as exposições dos alunos, a construção interna das exposições realizadas por eles, os
mecanismos de articulação textual presentes em suas produções orais e alguns elementos não
verbais da comunicação pertinentes à compreensão do gênero. Verificou-se que o trabalho com a
modalidade oral da língua é realizado com frequência em sala de aula, porém sem intervenções
didáticas em relação à forma como os alunos apresentam-nas. Falta aos professores embasamento

165
teórico- pedagógico. Sendo assim, este estudo pode contribuir para que os professores não só
reconheçam a importância da exposição oral no contexto escolar e na vida social do aluno, mas
também desenvolvam um trabalho sistemático, possibilitando a seus alunos empregarem esse
gênero com competência nas diversas situações comunicativas.

PIBID E INICIAÇÃO A DOCÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA: O GÊNERO DISCURSIVO


COMO OBJETO DE ENSINO
Francisca das Chagas Nobre de LIMA – BW
chagasnobre@ig.com.br

Este trabalho tem como objetivos compreender o gênero discursivo como objeto de ensino nas
práticas sociais de linguagem dentro e fora da esfera educativa nas quais os alunos estão inseridos,
por meio das ações norteadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), especificamente, o subprojeto de Língua Portuguesa, bem como desenvolver o convívio
com discursos materializados nos textos, os valores e as concepções que circulam nestes, além de
considerar o contexto de produção textual e o meio no qual ele será veiculado. Nesse sentido, é
importante entendermos que esse gênero é relativo estável, mediado pelo uso da linguagem, que se
efetua por meio de enunciados concretos e singulares. Este trabalho está fundamentado nos
pressupostos teóricos desenvolvidos por Bakhtin (2009, 2010a, b e c) sobre linguagem, enunciado,
gênero discursivo, Geraldi (2010), acerca da aula como acontecimento, entre outros. A pesquisa que
subsidia esse trabalho é qualitativa de orientação sócio-histórica embasada nos aportes teóricos
desenvolvidos por Freitas (2007) e Rojo (2006). Ademais, foram realizadas atividades com alguns
gêneros textuais em sala de aula com os alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio da Escola
Estadual Berilo Wanderley, localizada em Natal/RN, por alunos bolsistas do PIBID juntamente com
a professora-supervisora de Língua Portuguesa, dentre os quais destacamos a fábula, o artigo de
opinião e o comentário. A partir daí foi possível discutirmos aspectos relativos à linguagem como
interação verbal (a noção de constitutividade dos sujeitos), as mudanças acontecidas nas diferentes
produções textuais, resultando em aprendizados significados que conduziram os estudantes a
construir e a reconstruir habilidades essenciais no processo de ensino-aprendizagem. O trabalho se
insere na área de Linguística Aplicada que concebe a linguagem como prática social que acontece
nas diferentes esferas da atividade humana.

PRÁTICAS SOCIAIS CIENTÍFICAS E GÊNEROS: UMA ANÁLISE CONSTITUTIVA E


COMPARATIVA
Nágila Machado Pires dos SANTOS – UFU
nagila@gmail.com

Pesquisas nas últimas décadas apontam para uma mudança na forma de conceber o ensino de língua
portuguesa, tanto no nível escolar quanto no nível acadêmico, mas que ainda requer
aprofundamento teórico para entender como a pluralidade de gêneros existe e acontece na sociedade
para, também, melhor compreender o que um gênero realiza socialmente e como isso é representado
linguisticamente a fim de ue o interlocutor seja bem sucedido em sua interação. Dessa forma,
ensinar língua por meio de gênero significa ensinar suas formas e funções possíveis que
possibilitem uma compreensão de leitura e produção capaz ensinar formas de agir socialmente por
meio da linguagem. Entendendo que a língua é lugar de interação humana que nos constitui sócio e
historicamente, é necessário considerar que seu ensino deva considerar as esferas sociais a que
pertencem e circulam os gêneros discursivos e quais práticas sociais eles realizam. Nesse sentido,
este trabalho tem como objetivo apresentar a proposta de um trabalho de mestrado, ainda em estágio
inicial, de análise de caracterização e comparação entre gêneros acadêmicos, a saber o ensaio
acadêmico e o artigo científico. A terminologia desses gêneros tem sido utilizada
indiscriminadamente para designar, na maioria das vezes, apenas um deles, quando, na verdade,

166
parece haver uma prática que os distinguem por suas especificidades e propósitos. Para a realização
dessa pesquisa que aqui propomos, utilizamos como aporte o trabalho sobre gêneros desenvolvido
por Swales (1990, 1992) numa abordagem que ficou conhecida como Sociorretoria e nos estudos
textuais de van Dijk (1977, 1978, 1990, 1992). Esperamos contribuir, dessa forma, para o avanço
dos estudos sobre gêneros discursivos e sobre as práticas sociais mediadas pela linguagem.

UMA PLANTA É UM GÊNERO? CONHECIMENTOS E PROJETOS DE LEITURA


ENVOLVENDO GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO
CONTINUADA
Roziane Marinho RIBEIRO – UFCG
rozianem@hotmail.com
Maria de Fátima Alves da COSTA – UFPB
mfatimaalves@uol.com.br

Este trabalho tem como objetivo relatar, de forma analítica, uma experiência de Formação
Continuada vivenciada por duas professoras da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG,
cuja meta era subsidiar as práticas de ensino de professores de escolas públicas da cidade de
Campina Grande – PB, no que se refere ao ensino da leitura a partir dos gêneros textuais. O que
pudemos constatar, a partir da convivência com professores em dois cursos de Formação
Continuada, é que os conhecimentos acerca da leitura e do ensino dos gêneros textuais ainda são
muitos limitados. Em geral, estes professores, continuam trabalhando a leitura de forma
fragmentada, priorizando o modelo estruturalista, os aspectos formais do texto, em detrimento dos
aspectos discursivos e pragmáticos. O corpus aqui apresentado constitui-se de projetos de leitura
elaborados pelos professores envolvidos nos referidos cursos de formação. Para analisá-lo,
tomamos como fundamentos teóricos as pesquisas desenvolvidas por Marcuschi (2002), Schnewly,
Dolz e Noverraz (2004), Brakling (2006), Nascimento (2009), Hila (2009) entre outros. Os
resultados apontam para o fato de que os professores do Ensino Fundamental, com os quais
trabalhamos, conseguiram ressignificar o planejamento e o desenvolvimento de suas práticas de
leitura contemplando os gêneros textuais. Acreditamos que essa mudança foi propiciada pela ação
interventiva dos formadores, embora seja preciso dizer que este cenário de resultados ainda está
incompleto, precisando de ajustes e aprofundamentos, o que nos leva a inferir que urge a
necessidade de políticas de formação continuada que consigam atender as demandas de melhorias
de ensino da Língua Materna e da qualidade da leitura em nosso país.

GRUPO TEMÁTICO 25: GÊNEROS MULTIMODAIS COMO OBJETO DE ENSINO: TEORIA


E PRÁTICA
COORDENADOR: Julio Neves PEREIRA (UFBA) – junepe@gmail.com

Na conjuntura atual do processo de comunicação, segundo Kress & Van Leeuven, observase uma
rede multiforme de linguagem semiótica sendo utilizada para comunicar algo. O sujeito da
comunicação tem a sua mão uma variedade sígnica e de suporte, além das inúmeras maneiras de
organizá-la. Como conseqüência direta dessa nova configuração comunicacional, a noção de
letramento é ampliada para a de multiletramentos (Cope e Kalantzis), cujo pressuposto é de que
uma educação linguística e suas preocupações didático-pedagógicas devem estar assentadas em três
pilares: diversidade produtiva (trabalho), pluralismo cívico (cidadania) e identidades multifacetadas
(vida pessoal). Por isso, e a partir da crescente preocupação com o visual e com outras formas de
linguagem presentes na comunicação, o ato de ler e de escrever passa também, e com veemência,
pelo desenvolvimento da habilidade de lidar com os sentidos produzidos pela multicodificação
textual, produto dos constantes avanços tecnológicos, os quais conferem novas e diversas
configurações lingüísticas às práticas sociais. Nesse sentido, a formação de usuários que sejam
eficientes tanto na produção quanto na recepção desses novos textos é de extrema importância. Em

167
virtude disso, o Grupo Temático objetiva, de um lado, a discussão teórica acerca do gênero
multimodal como objeto de ensino e, de outro, a apresentação de resultados de pesquisas que focam
as didáticas e metodologias de ensino desses textos desenvolvidas em/para aula de língua
portuguesa. O quadro teórico norteador pretende-se transdisciplinar, na medida em que é formado
pelas contribuições da teoria dos Gêneros desenvolvida por Bakhtin (2003), Bazerman (2006); pelas
teorias de letramentos, multiletramentos e multimodalidade desenvolvidas por Kleiman (1995),
Signorini e Cavalcanti (1998), Street (1984), Cope e Kalantzis (2006), Kress e Van Leeuven (2001),
J. Lemke (s/d) e da semiótica discursiva (Greimas).

ELEMENTOS DE SEMIÓTICA FRANCESA APLICADOS À ABORDAGEM DE TEXTOS


NÃO VERBAIS E SINCRÉTICOS
Clebson Luiz de BRITO – UFMG
clebsonlb@hotmail.com
(Apoio FAPEMIG)

Há uma crença comum segundo a qual entender um texto, interpretá-lo requer sensibilidade e/ou
perseverança e ainda outra que toma como texto apenas produções com linguagem verbal. A
primeira desconsidera elementos mais objetivos do processo de leitura, ligados ao conhecimento
sobre como o sentido se constitui textualmente, enquanto a segunda desconsidera não só que os
textos não verbais constituem uma unidade de sentido, como também que o sentido pode ser
veiculado numa relação entre duas ou mais linguagens nos textos sincréticos. Ironicamente, na
sociedade atual, os textos, não raro, recorrem a diferentes linguagens na produção do sentido ou
exploram sobremaneira a linguagem visual, o que mostra que a habilidade de leitura de textos
visuais e sincréticos é, pois, necessária, mas pouco exercitada, sistematizada. Nesse sentido,
pretende-se, por meio de uma aplicação a diferentes gêneros – propaganda, campanha comunitária,
capa de revista –, demonstrar a produtividade de elementos da Semiótica Francesa na abordagem de
tais textos. Esta teoria postula que o sentido parte de uma forma mais simples e abstrata e vai se
enriquecendo até atingir o grau de complexidade e concretude observado na superfície textual. Esse
postulado implica, portanto, a possibilidade de apreender o sentido em diferentes níveis de
complexidade, simulando diferentes procedimentos de abstração e comparação que o ato de leitura
exige. Nesta apresentação, serão exploradas a semântica fundamental e a semântica discursiva, que
permitem apreender o sentido, respectivamente, sob a forma de uma oposição semântica
axiologizada graças à categoria euforia/disforia e sob a forma de temas, figuras e isotopias
disseminados no texto. Em suma, pretende-se demonstrar que o conhecimento de categorias
propostas pela Semiótica pode servir de subsídio no desenvolvimento de habilidades de leitura e
interpretação de textos que circulam na sociedade contemporânea.

A IMAGEM E A SUA FUNÇÃO SEMIÓTICA EM DISCURSOS MULTIMODAIS


Izabella da Silva Negrão TRAJANO – UnB
izabellatrajano@gmail.com

A presente comunicação tem como objetivo discutir o papel da imagem como um modo semiótico
nos discursos multimodais e sua importância para a construção da representação social. À luz da
ADC na visão de Chouliaraki e Fairclough (1999), partiu-se da percepção do discurso como um
elemento essencial das práticas sociais, o qual diz respeito não somente à linguagem verbal, mas
também a outros modos semióticos como, por exemplo, as imagens. Por meio dos conceitos
teóricos da Multimodalidade de Kress e van Leeuwen (1996, 2001), da Análise Crítica do Discurso
de Fairclough (1992, 1995, 2006), van Leeuwen (2008), entre outros que enfatizam o discurso como
um modo de representação de mudança social, buscou-se mostrar como importantes áreas da vida
social têm focalizado na mídia de massa se tornando autoconscientes sobre a linguagem que
utilizam. A mídia tem um importante papel hegemônico não só em reproduzir, mas também em

168
reestruturar a relação entre os domínios públicos e privados, e as sociedades modernas complexas
envolvem a formação em rede de diferentes práticas sociais através de diferentes domínios ou
campos da vida social perpassando diferentes escalas, nas quais os textos são umaparte fundamental
dessas relações em rede (Fairclough, 1992). Por meio de análises de textos multimodais
(propagandas de lojas de hortifruti e campanhas públicas) foi possível constatar que a expressão de
uma imagem com todos os seus elementos de composição funcionam como modos semióticos
produzindo significados que auxiliarão na construção da represerntação social, especialmente em
marcas comerciais.

LETRAMENTO MULTIMODAL E CONSTRUÇÃO CONJUNTA DE CONHECIMENTO DA


FALA-EM-INTERAÇÃO
Andréia KANITZ – UFRGS
andreiakanitz@hotmail.com

A partir da análise de um dado de fala-em-interação, o presente trabalho tem por objetivo


caracterizar um evento de letramento multimodal e demonstrar como, no âmbito de tal evento, é
possível flagrar o trabalho social e interacional de construção conjunta de conhecimento entre os
participantes da interação. Para tanto, um segmento interacional em que há engajamento dos
participantes em uma atividade de leitura de um gráfico foi identificado, transcrito e analisado pela
perspectiva dos próprios participantes acerca do que fazem em conjunto, focalizando as ações para
as quais eles se orientam turno a turno de modo a darem conta da atividade de leitura em que estão
engajados. A análise sustenta que o segmento interacional constitui um evento de letramento
multimodal na medida em que (a) os participantes envolvem-se em uma atividade conjunta de
leitura de uma imagem (um gráfico) (b) em outro espaço de escrita que não o papel (a tela de um
computador) (c) que demanda deles a negociação conjunta de um procedimento que lhes possibilite
realizar naquele espaço a atividade de leitura (do gráfico em uma tela de computador). Engajados
nesse evento de letramento, argumentamos também, que os participantes constroem conhecimento
conjuntamente na medida em que constroem conjuntamente um procedimento de leitura satisfatório
para os seus propósitos situados que lhes possibilita obter com alguma precisão a informação em
busca da qual estavam quando iniciaram a leitura do material. O presente trabalho contribui com
estudos sobre o letramento que contemplam os multiletramentos decorrentes da nova configuração
comunicacional atual em que se observa uma rede multiforme de linguagem semiótica sendo
utilizada na comunicação. Além disso, a investigação aponta para eventos de letramento
multimodais, enquanto instâncias de construção conjunta de conhecimento, como oportunidades
significativas de aprendizagem que devem, assim, estar contempladas nas propostas de leitura na
prática de sala de aula.

HIPERCONTOS MULTISSEMIÓTICOS E A PROMOÇÃO DOS MULTILETRAMENTOS


Anair Valênia Martins DIAS – UNICAMP
anair_valenia@hotmail.com

Na contemporaneidade, as Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação têm exigido


práticas letradas que requerem um deslocamento das práticas já canônicas realizadas pelos
protagonistas do cenário escolar em direção a práticas mais condizentes com o contexto
multissemiótico atual. As NTIC trouxeram, então, possibilidades de potencialização da circulação,
do uso e de ações para produzir e modificar textos multimodais e multissemióticos. Nesse sentido, a
proposta deste trabalho é apresentar uma discussão sobre a recepção do gênero digital multimodal e
multissemiótico hiperconto, que busca promover interatividade e romper com a linearidade dos
textos canônicos. Segundo Kress e Van Leewen (1996), a linguagem deve ser vista como
constitutivamente multimodal e os sentidos são produzidos quando inter-relacionados vários modos
de linguagem na constituição textual. Os recursos midiáticos ampliam as possibilidades de sentidos

169
que podem ser produzidos a partir da materialidade linguística apresentada na literatura digital. Em
especial, os processos interativos aumentam as produções de sentidos, podendo o leitor, em alguns
hipercontos, interferir na forma de organização do texto, potencializando a sua significação e
modificando o seu final, por exemplo. Em uma perspectiva sociocultural e discursiva, a interação
ocorre entre sujeitos em um processo comunicativo em que o locutor, por meio da linguagem,
exerce um fazer persuasivo e o interlocutor um fazer interpretativo (BRONCKART, 1999). Nesse
processo, porém, os papéis não são fixos, sendo que o sujeito pode, em um determinado momento
da interação, ser locutor e em outro ser interlocutor. A imersão do aluno em um universo repleto de
textos multimodais e multissemióticos amplia o seu universo de significações, pois cada
modalidade expressiva com a qual é confrontado integra um universo de significados possíveis. A
multimodalidade pode desafiar os leitores a entenderem as estratégias estéticas e as singularidades
requeridas para a composição da literatura eletrônica.

O GÊNERO CANÇÃO NO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL


José Peixoto Coelho de SOUZA – UFRGS
josepcoelho@gmail.com

O uso de gêneros multimodais em sala de aula é uma prática comum entre os profissionais da área
do ensino de línguas (materna e adicional). Entretanto, o seu uso geralmente acaba reduzindo-se a
um mero pretexto para a introdução e/ou discussão de um dado conteúdo gramatical, com foco na
compreensão da linguagem verbal sem abordar as especificidades da(s) outra(s) linguagem(ns)
constitutiva(s) do gênero emquestão. Isso é particularmente comum no caso da canção, cuja
interface musical acaba praticamente silenciada por falta de instrumentalização por parte do
professor com essa linguagem. Nesse contexto, esta comunicação tem como objetivo apresentar
uma investigação sobre a canção na perspectiva dos gêneros do discurso, objeto da minha pesquisa
de mestrado sobre o uso desse gênero como instrumento didático no ensino de português como
língua adicional (PLA). Devido às diversas interlocuções e propósitos estabelecidos pelos diferentes
gêneros musicais e à complexa relação que se dá entre as duas materialidades constitutivas da
canção, proponho que a canção seja pensada não apenas como um gênero discursivo, mas como
uma constelação de gêneros. Nessa perspectiva, as canções de cada gênero musical, como, por
exemplo, canção de rock, canção de bossa nova, também sejam pertencentes a diferentes gêneros do
discurso, quais sejam, gênero do discurso canção de rock e gênero do discurso canção de bossa
nova. Assim, existiriam tantos gêneros discursivos canção de gênero musical quanto os gêneros
musicais existentes, cada um com ouvintes presumidos e contextos de produção, circulação e
recepção distintos, e tema, construção composicional e estilo relativamente estáveis, tanto no
discurso verbal quanto no musical. No final, abordo algumas implicações de compreendermos
canção como constelação de gêneros para o ensino de PLA, visando dar mais subsídios para uma
exploração mais aprofundada desse gênero em sala de aula.

MULTIMODALIDADE, LEITURA EM TABLETS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Acir Mário KARWOSKI – UFTM
acirmario@gmail.com

Na dimensão dialógica de linguagem, o processo de interação do leitor com as configurações


multissemióticas dos gêneros digitais exige, além de domesticação com as novas ferramentas
tecnológicas, novas habilidades de leitura e estratégias diversificadas de processamento e de
compreensão. Nosso foco de investigação recai sobre a leitura em tablets. O leitor utiliza os
mesmos procedimentos para leitura em ambiente digital na internet e em tablets? O que muda nessa
interação leitor e suporte digital? Há maior interação e motivação para a leitura? Quais as principais
diferenças no ato de ler diante de um computador (desktop ou laptop) e em tablets? Como reage o
leitor diante de textos multimodais com palavras, imagens, cores, sons, movimentos e apelos

170
sensoriais diversificados e muitas vezes inusitados que configuram os gêneros multimodais
especialmente em tablets? Esses e outros questionamentos fazem parte de um projeto financiado
pelo CNPq no qual visamos estudar as atitudes, estratégias, procedimentos e motivações de uma
estudante nascida na década de 60 do século passado - geração de famílias sem nenhum contato
com computador nem internet - até sua entrada no curso de Letras em uma universidade pública em
2009. Destacamos as críticas apontadas por Carr (2011) quanto à geração superficial e o que a
internet está fazendo com os nossos cérebros. Defendemos, no entanto, que a inserção das novas
tecnologias nos espaços escolares e estímulos para a leitura em ambiente digital, especialmente em
tablets, é uma importante estratégia para o ensino de língua portuguesa mais atraente e atualizado.
O letramento digital é necessário para o exercício pleno da cidadania. A inserção nas redes sociais,
a leitura em ambiente virtual, o domínio das ferramentas tecnológicas apontam para a definição de
um perfil de usuário com pleno domínio de habilidades antigamente não exigidas para a prática da
leitura.

MULTIMODALIDADE E ESCRITA COLABORATIVA: CONECTANDO FANFICS E


GOOGLEDOCS À PRODUÇÃO DE TEXTOS EM SALA DE AULA
Eliane Fernandes AZZARI – UNICAMP
elianeazzari@terra.com.br
Melina Aparecida CUSTÓDIO – UNICAMP
melinacustodio@gmail.com

Ler e produzir textos multimodais são necessidades da era em que vivemos, marcada pela presença
das tecnologias digitais. Nesta era, novas competências são necessárias para um novo modelo de
leitor-autor. Essas competências são destacadas pela pedagogia dos multiletramentos, que busca
analisar os letramentos recorrentes na atualidade na relação com o papel que a escola deve
desempenhar diante das novas demandas da realidade de jovens alunos. Diante disso, este trabalho
apresenta uma experiência de escrita colaborativa em ambiente escolar feita com o suporte do
GOOGLE DOCs para a produção do gênero discursivo tragédia. Ao lançar mão das várias semioses
que já fazem parte da rotina do perfil desse aluno atual, permitiu-se contextualizar a escrita
colaborativa na esfera escolar. Essa proposta se configurou como um deslocamento da produção de
um gênero canônico, parte do currículo escolar, para os gêneros ditos impuros do ambiente on-line,
uma vez que mobilizou, sobretudo, o desenvolvimento detextos multimodais. Os resultados dessa
experiência são comparados ao funcionamento do gênero discursivo FANFIC, (termo reduzido pra
FANFICTION, i.e.; ficção de fã. Uma estória escrita por fãs, apartir de um livro, quadrinhos,
anime, filme ou série de TV) que engloba escrita criativa, a metalinguagem e o pertencimento a
uma base de fãs (FANDOM) em meios eletrônicos. Propomos uma abordagem acerca da escrita em
esfera escolar sob a perspectiva dos multiletramentos e concluímos com as convergências entre o
gênero FANFIC e a produção dos alunos participantes.

PROCESSOS REFERENCIAIS EM TEXTOS MULTIMODAIS: APLICAÇÃO AO ENSINO


Clemilton Lopes PINHEIRO – UFRN
clemiltonpinheiro@hotmail.com

Uma das discussões acerca da inserção da multimodalidade no escopo de assuntos pertinentes à


Linguística Textual é o emprego de dispositivos analíticos oriundos dos estudos do texto verbal que
permitam trabalhar também com signos não verbais. Este trabalho se situa nessa discussão, tentando
ampliá-la ao âmbito da aplicação ao ensino. Pretendo estender à análise de textos multimodais
estáticos os princípios analíticos dos processos de referenciação, que, no âmbito da Linguística
Textual, têm servido para subsidiar a análise de textos apenas verbais. A referenciação aqui está
sendo concebida conforme resumem Cavalcante, Pinheiro, Lins e Lima (2010, p. 233-4), ou seja, “o
processo pelo qual, no entorno sociocognitivo-discursivo e interacional, os referentes se

171
(re)constroem. Trata-se, portanto, de um ponto de vista cognitivo-discursivo, e é por isso que se diz
que a referenciação é um processo em permanente elaboração, que, embora opere cognitivamente, é
indiciado por pistas linguísticas e completado por inferências várias”. Nesse sentido, assumo que os
elementos não verbais são fundamentais e inevitavelmente constitutivos dos textos multimodais e
incorporá-los na análise se faz necessário para explicar e compreender a forma como ocorre,
também nesses textos, o processo de compreensão. O objetivo do trabalho é, portanto, propor
atividades para explorar, em sala de aula, a função dos processos de referenciação na construção do
sentido do texto multimodal, tendo em vista o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita
dos estudantes. As atividades focalizam basicamente as funções discursivas, a construção dos
referentes e o jogo polifônico dos processos referenciais e são propostas a partir de alguns
exemplares de histórias em quadrinhos e charges.

O INFOGRÁFICO NA SALA DE AULA: CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES COMPLEXAS E


EMBARALHADAS
Carmen Brunelli de MOURA – UNP
carmenbm@bol.com.br

Na contemporaneidade, as subjetividades se constituem em uma trama na qual o enunciável e o


visível se enredam (FOUCAULT, 2005) e isto faz pensar a infografia como outra possibilidade de
apreensão de sentidos, transformações, aprendizagem. O infográfico não se constitui somente como
um apoio ao gênero notícia, mas como um aspecto da realidade no qual se constroem saberes a
partir da seleção lexical, propósitos do autor, interlocutor, momento da produção (KRESS; VAN
LEEUWEN, 2001). É preciso compreender que o infográfico é um gênero que não deve
sobrecarregar o aluno de informações, mas, ao mesmo tempo, deve aproximar a imagem do texto
para uma melhor compreensão pelo aluno. Por isso, no campo educacional, há um regime de
dizibilidades acerca deste gênero multimodal e de sua relevância no ensino e aprendizagem; mas, na
sala de aula, sua presença é tímida, inexpressiva e desconhecida. Este trabalho tem como objetivo
descrever uma experiência de planejamento com infográficos na disciplina de Leitura e produção de
textos, oferecida em dois cursos, em áreas distintas, em uma instituição de ensino superior. O
corpus foi constituído por textos da mídia convencional e digital. Esta discussão está fundamentada
em uma concepção de linguagem como prática social, nos estudos da Teoria da multimodalidade
(KRESS; VAN LEEUWEN, 2001) e na abordagem sócio discursiva de gêneros, filiada à nova
retórica (BAZERMAN, 2006). Os resultados evidenciam que o uso do infográfico nas aulas de
leitura e produção de textos deixa apreender ressignificações, rupturas, realidades diferentes que se
fazem presentes na materialidade linguística dos textos produzidos pelos alunos.

O GÊNERO MULTIMODAL CARTUM E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA
Alex Caldas SIMÕES – Fac. DOCTUM-ES
axbr1@yahoo.com.br

Atualmente, o ensino de língua materna tem se direcionado para o ensino do texto em sala de aula,
materializado em algum gênero do discurso. Tal postulação tem instigado pesquisadores das mais
diversas áreas de estudo do objeto a investigar a questão: como levar os gêneros discursivos para
sala de aula? Instigados por essa questão, pesquisadores ainda se indagam como utilizar os gêneros
multimodais como objeto de ensino das aulas de língua portuguesa. Afinal, que tipo de teorias e
métodos podem ser utilizados nessa tarefa? Em nossa exposição, apresentaremos a teoria sistêmico-
funcional proposta por Hasan (1989) como forma de instrumentalizar os professores de línguas para
o trabalho com os gêneros multimodais em sala de aula. Como corpus de pesquisa configuraremos o
gênero cartum, ao depreendermos a Estrutura Potencial (EPG) de 20 cartuns de Allan Sieber (2006).
Concluímos que configurar gêneros é uma tarefa essencial para o entendimento e aprofundamento

172
da noção de gênero em sala de aula. Entender as especificidades do gênero, no nosso caso o do
gênero cartum, por meio de sua configuração parece ser uma atividade sine qua non para
instrumentalização desse objeto no ensino de línguas. Entretanto pesquisas destinadas a
configuração de gêneros ainda são escassas. De nossa discussão, compreendemos ainda que ao
depreendemos a Estrutura Potencial dos Gêneros (EPG) podemos evidenciar, mais facilmente, para
os alunos a importância do contexto para o texto e ainda indicar: (a) “o que ensinar do gênero”, ou
seja, seus estágios obrigatórios, no caso do cartum os estágios interdiscursividade, personagem
(figurante) e assinatura autoral; e (b) “como”, ou seja, por meio da configuração de sua Estrutura
Potencial (EPG), no caso do cartum os estágios obrigatórios supracitados, os estágios opcionais
(título, cor, sargeta, requadro, cenário e seriação) e os estágios iterativos ou recursivos (balão,
onomatopéia e linhas e traços).

GRUPO TEMÁTICO 26: INTERPRETAÇÃO, LEITURA E ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA
COORDENADORES: Carmen AGUSTINI (UFU) – agustini@ileel.ufu.br;
Ernesto Sérgio BERTOLDO (UFU) – esbertoldo@gmail.com

Na terceira época da Análise de Discurso de linha pecheuxtiana, toma-se partido pelo real, o que
implica levar a sério que não há uma interpretação única para uma enunciação, mesmo
considerando sua exterioridade constitutiva no processo de interpretação. Isso abre para a
problematização sobre qual o papel do analista. Segundo Pêcheux, cabe ao analista expor o olhar-
leitor à opacidade da materialidade linguística em sua relação constitutiva com sua própria
materialidade histórica. Essa tomada de posição pelo real da língua coloca em relação e relevo os
conceitos de estrutura e de acontecimento, naquilo que eles têm a ver com a relação entre memória
e re-atualização. Para tanto, pensamos um conceito de enunciação em sua relação com certo
conceito de discurso e de fala. Enunciação deve comportar, em concomitância, fala e discurso. Fala
enquanto aquilo que é da ordem do singular e, portanto, irrepetível, aquilo que sempre guarda algo
de inapreensível e discurso, enquanto algo organizado, socialmente estabilizado e que, por isso,
sustenta uma regularidade enunciativa e suas representações im-possíveis. Assim, parece-nos
possível discutir e problematizar a subjetividade da interpretação, assim como evidenciar a
importância da materialidade linguística no processo de interpretação. Pretendemos, portanto,
mostrar que a ordem própria da língua é o espaço limítrofe da relação constitutiva entre memória e
atualização, entre discurso e fala, entre estrutura e acontecimento. Pares conceituais que trazem em
si essa relação que a enunciação mo(vi)menta e que o procedimento de leitura precisa comportar de
modo a colocar à mostra a rebeldia da significação nos pontos de deriva da produção de
(ir)regularidade de efeitos de sentido. Se a interpretação mobiliza aspectos subjetivos, então
procuramos discutir e problematizar o que essas questões teóricas postas pela AD podem contribuir
para o ensino de interpretação e de leitura em Língua Portuguesa.

LEITURA DO NÃO-VERBAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA VIA POSSÍVEL A PARTIR


DA AD
Érica Daniela de ARAÚJO – UFU
ericadaniela_araujo@yahoo.com.br
Carmem Lúcia Hernandes AGUSTINI – UFU
agustini@ileel.ufu.br

Neste trabalho, propomo-nos a analisar, a partir da perspectiva teórica da Linguística da Enunciação


de abordagem benvenistiana, (re)lida do ponto de vista da Análise de Discurso de linha
pecheuxtiana (doravante AD), de que modo as práticas metodológicas de ensino, propostas nos
livros didáticos da educação básica da edição direcionada ao professor, abordam o trabalho sobre a
leitura e sobre a interpretação do não-verbal. Muitas vezes, verificamos um mero repasse da

173
linguagem não-verbal para a verbal, o que, dado o aporte teórico a que nos filiamos, aponta para um
reducionismo. Isso porque coadunamos com a perspectiva de que essas linguagens possuem
funcionamentos específicos, bem como modos de significância (Cf. BENVENISTE, 1970) também
particulares: ler uma imagem é muito diferente de ler uma palavra, uma vez que os recursos de
interpretação daquela nem sempre podem receber um recobrimento pela linguagem verbal. Dito de
outro modo, poderíamos destacar que há uma hiância estrutural entre linguagem verbal e não-
verbal, uma opacidade que, fatalmente, produz efeitos para o próprio ato de interpretar. Diante
disso, intentamos refletir em que medida o trabalho sobre a leitura e sobre a interpretação da
linguagem não-verbal pode ganhar operacionalização em alguns livros didáticos de língua
portuguesa no que concerne aos aspectos metodológicos sobre os quais os professores geralmente
se embasam. Para tanto, a partir de uma articulação conceitual entre a AD e a Linguística da
Enunciação, privilegiaremos algumas categorias conceituais, tais como: opacidade, silêncio, real da
língua, equivocidade, modos de significância, estrutura e acontecimento, entre outras, de modo a
sustentarmos a perspectiva de que, a partir de uma visada discursiva, algumas (im)possibilidades de
trabalho de leitura e interpretação sobre a linguagem não-verbal podem ser, de certo modo,
enfrentadas no fazer do professor.

AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: A INTERPRETAÇÃO COMO FATO ENUNCIATIVO


João de Deus LEITE – UFU
joaodedeusleite@hotmail.com

Inserido no âmbito de um contínuo de preocupações mais amplas, este trabalho irá particularizar um
exame teórico-analítico voltado para uma aula de leitura em Língua Portuguesa que ocorreu em
uma escola regular pública. Isso porque, nessa aula, ocorreu um fato interessante, tendo em vista as
questões teóricas a que nos filiamos, qual seja: ao explanar o poema “Nunca se perguntou”, de
Marina Colasanti, o professor foi surpreendido com a interpretação de um aluno, quando este
questionou o valor positivo da liberdade que até então estava sendo considerado pelo professor a
partir do poema. Em vista disso, comprometidos com a terceira época da Análise de Discurso
francesa peuchetiana e com a Linguística da Enunciação de cunho benvenistiana, passamo-nos a
fazer os seguintes questionamentos: Em que o processo de reversibilidade entre locutores,
subjacente ao diálogo entre professor e alunos em uma aula de leitura, teria a ver com a própria
(im)possibilidade de a interpretação se efetivar? Mais: em que medida esse processo de
reversibilidade nos permitiria pensar a interpretação como fato enunciativo? Aventamos a hipótese
de que ali o processo de reversibilidade, assegurado pelo próprio funcionamento da língua, permitiu
aos locutores da enunciação o movimento de se correferirem sobre o quê estava sendo tratado,
sendo que essa relação não possui certa simetria; isso parece fundamentar a própria possibilidade de
direcionamento outro para o sentido que até então estava sendo construído para aquele poema.
Sendo assim, propomo-nos: analisar os possíveis efeitos que o processo de reversibilidade entre os
locutores da enunciação, no caso encabeçado por professor e alunos, pode implicar para a atividade
leitura e interpretação, e, articulado a isso, analisar em que medida a questão da correferência entre
(inter)locutor pode afetar a própria (im)possibilidade de se trabalhar a interpretação de um texto em
sala de aula.

COESÃO SEQUENCIAL: MECANISMO ARTICULADOR DA ARGUMENTAÇÃO DE


TEXTOS EM QUADRINHOS
Vilma Aparecida GOMES – ESEBA/UFU
vaparecidagomes@terra.com.br

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar um relato de experiência de uma atividade de leitura
e de interpretação de textos em quadrinhos. É uma proposta que objetiva oportunizar aos alunos
analisar as sequências discursivas presentes em quadrinhos, charges e tirinhas. Por meio dessas

174
análises é possível que eles entendam como essas sequências estabelecem a coesão sequencial de
um texto. Para isso, as atividades realizadas têm por objetivo orientar os alunos para que eles
compreendam que as pistas textuais - verbais e não verbais - fazem as informações progredirem e
contribuem para que o leitor construa o sentido do texto. Nesse momento, é possível o professor
problematizar, levando em consideração as respostas dos alunos, que é possível mais de uma
interpretação para um mesmo texto em um dado momento enunciativo. Para sustentar essa
perspectiva de leitura tomaremos por base a vertente teórica da Análise do Discurso de linha
francesa no que se refere à terceira fase, momento em que Pêcheux convoca para seu campo teórico
o real da língua. Apostar que há um real da língua significa entender que a língua comporta o furo
porque existe sujeito, e, por isso, a subjetividade emerge durante o processo de leitura e de
interpretação de textos. Nesse sentido, entendemos que esta atividade pode contribuir para o ensino
de leitura em Língua Portuguesa no momento em que evidência a subjetividade do leitor diante da
opacidade das sequências linguísticas. Esse fato coloca em cena a possibilidade de mais de uma
interpretação para o mesmo texto.

SOBRE A AUTONOMIA RELATIVA DA SINTAXE NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA: UMA PORTA PARA A INTERPRETAÇÃO?
Patrícia de Brito ROCHA – UFU
mspatriciabrocha@gmail.com

A Análise de Discurso (abreviadamente AD) surge no cenário da intelectualidade francesa em 1960


como reação ao Estruturalismo e à Gramática Gerativa Transformacional – ambas, mesmo que cada
uma em sua abordagem concebe a sintaxe como autônoma. Ademais, a AD faz franca oposição a
certas áreas das Ciências Humanas cujo enfoque volta(va)-se para a análise de conteúdos, sendo,
pois, tal análise responsável por conferir à língua transparência; levando essas interpretações
pautarem-se por essa perspectiva. Embora, primordialmente, a AD de filiação peuchextiana
preocupe-se com questões inerentes ao processo de interpretação das materialidades discursivas
bem como os processos discursivos que a constituem, traz a discussão sobre a (im)possível relação
entre a sintaxe e o discurso. Assim, sob a perspectiva discursiva, a sintaxe passa a ser apresentada
como dotada de autonomia relativa, pois o deslocamento promovido pela AD é de que a sintaxe saia
do campo estritamente linguístico, onde é compreendida como da ordem da estabilidade e da
transparência, para o campo discursivo, passando a ser concebida como produtora de efeitos de
sentido. Historicamente, o ensino de Língua Portuguesa pauta-se, sobretudo, pela abordagem da
sintaxe e da interpretação como algo fechado, que não comporta o “furo” ou o “impossível”, além
de, muitas vezes, não “ver” e ou promover a interrelação entre elas. Contudo, a AD, ao
problematizar uma nova abordagem sobre a sintaxe e conferir a ela o status de “observatório do
discurso”, abre o flanco para que o ensino possa integrar essas novas concepções ao processo de
leitura, levando o aluno a (re)conhecer que as materialidades linguística e histórica fazem emergir
efeitos de sentidos, e não O sentido. Assim, este trabalho apresenta-se inserido em uma perspectiva
teórico-analítica, que busca mostrar como esse novo processo pode dar vistas à interpretação; para
tanto, propondo o estudo das orações adjetivas em uma peça publicitária.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS E ENFRENTAMENTO DO REAL


Thiago André R. LEITE – UFU
thiago_fucamp@hotmail.com
Karine Rios de OLIVEIRA – UFU
karinerios@hotmail.com

O ensino da Língua Portuguesa, em suas vertentes de leitura e interpretação, pode permitir a


problematização de pontos de deriva possíveis, a partir de enunciações que ocorrem em decorrência
da leitura de enunciados. Esses pontos de deriva indicam que não há uma interpretação definitiva, o

175
que remete ao fato de que, conforme apregoa Pêcheux, todo enunciado é suscetível de vir a ser
outro, porque há, por exemplo, real da língua, de modo que um texto se fecha textualmente, mas
nunca discursivamente. Isso mostra que a essência do signo linguístico é, de acordo com a teoria de
Saussure, escapar sempre à vontade individual ou social. Diante disso, o estudo da Literatura
vinculado ao ensino da Língua Portuguesa apresenta-se como um campo profícuo à análise dessa
abertura a diferentes sentidos possíveis, abertura essa que deve levar o professor a preocupar-se
com o modo como se portar frente à impossibilidade de uma interpretação única para, por exemplo,
textos literários. Dessa maneira, para exemplificarmos essa impossibilidade, objetivamos analisar
um poema de Gregório de Matos e um poema de Álvares de Azevedo, procurando compreender
que, mesmo escrevendo em momentos diferentes na história e na literatura brasileira, esses poemas,
assim como qualquer texto, indicam que vai sempre haver real da língua. Portanto, como há real da
língua, a interpretação permanece em aberto. Entretanto, entendemos que, em cada poema, há
efeitos de sentido esperados em detrimento de outros, dada a própria memória discursiva em relação
a textos desses autores. No entanto, o im-possível é possível, posto que há subjetividade envolvida
na interpretação.

O DIZER DO OUTRO SOB (E)FEITO DE GESTOS DE INTERPRETAÇÃO DO LEITOR:


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Hélder Sousa SANTOS – UFU
helder_sousa@terra.com.br

Valendo-se de pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa, sobremaneira da


noção de interpretação que daí é bastante difundida, o presente trabalho se propõe a refletir acerca
de gestos de interpretação que um aluno vestibulando, ao tomar para si enunciados do texto
motivador da prova de redação de vestibular (doravante, TM), textualizou em uma redação que
produziu em contexto de vestibular. Para tanto, procuramos daí explicitar algumas operações com a
língua nas quais esse aluno, afetado pela ideologia e pela historicidade, apoiou, a fim de
“recuperar”, via interdiscurso, enunciados que não eram de sua autoria e de colocá-los no fio do dis-
curso que (re)formulou. No que concerne a tais operações, salientamos que se tratam de
movimentos subjetivos da ordem do recortar-estrair-deslocar-confrontar informações de um dado
texto, em caso nosso, do TM, conforme estudos de M. Pêcheux (1980) os considera. Face, então, a
esses movimentos que o vestibulando — estando diante de um dizer que, a princípio, não lhe
constitui — realizou, temos como ponto nodal de discussões deste trabalho a possibilidade de
espreitarmos reviramentos de sentidos que se concretizaram em sua produção textual, ao se apoiar
em enunciados do TM da prova de redação de vestibular. Em decorrência, pretendemos enfatizar
que esse reviramento de sentidos se deu, pois há o impossível próprio à língua (o real da
interpretação) (se) re(ins-es)crevendo a cada gesto de leitores que se colocam a reformular o dizer
do outro; daí, pois, assumirmos que não há “a” interpretação (no sentido de ser esta uma produção
fechada, imaginariamente esperada) para o que se lê.

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS ENTRE A CONTIGÊNCIA DO REAL E A


ILUSÃO DA TRANSPARÊNCIA
Vânia Duarte GONZALEZ – UEG
vaniagonzalez0@gmail.com

Realizamos esta pesquisa no campo da Linguística Aplicada em interface com as concepções


teóricas da A.D. de linha francesa de cunho histórico-ideológico. Na linha de estudos sobre ensino e
aprendizagem de línguas ocorreu-nos problematizar a leitura-interpretação-produção de sentidos, a
partir do trabalho que se efetua nas aulas de Língua Portuguesa do ensino fundamental em três
escolas da rede pública de ensino. A hipótese direcionadora deste estudo foi que, em virtude de o
sujeito-aluno não se configurar como um leitor dos textos lidos na escola, na produção de textos

176
esperada, não constitui condição suficiente para se afirmar que ele não seja um leitor proficiente.
Quanto ao sujeito-professor, em vez de tratar a interpretação como um momento privilegiado de
produção de sentidos, dada a sua constituição e o poder que exerce na sala de aula, prossegue
trabalhando com verdades dadas e absolutas. Enquanto categoria teórica de análise, a noção de
sujeito - um efeito de linguagem - não pode configurar-se em plenitude, porque é cindido, faltoso,
desejante. Junto a essa perspectiva téorica de sujeito-efeito de linguagem, outros conceitos como
formações discursivas, interdiscurso, memória discursiva, heterogeneidades, sentidos e efeitos de
sentido são operacionalizados no propósito de ancorarem as análises dos enunciados, ora extraídos
das aulas gravadas, ora dos questionários aplicados aos sujeitos-professores. O fazer/dizer dos
sujeito-professores e dos sujeitos-alunos assinalou que o funcionamento de sala de aula, procurando
acertar pela metodologia, trabalha no cumprimento de tarefas definido pelas regras de muitos jogos
que se jogam de memória. A produção de sentidos prossegue encerrada nos limitesdas concepções
de linguagem e de leitura. Problematizar a transparência na linguagem, tangenciada por pontos de
impossível - o Real, prepara-nos para a abertura de outros acessos e de outras saídas na produção de
sentidos possíveis para os sujeitos-alunos, para os sujeitos-professores e para a escola.

O SUJEITO CONSTITUÍDO NA E PELA LEITURA: A DIMENSÃO IDENTITÁRIA DA


FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA
Rosimeire A. M. P. FERREIRA – PMU/SME
rosiferreira@uol.com.br

Neste trabalho objetivamos problematizar a questão da interpretação de textos literários instaurada


nas práticas de leitura na sala de aula de língua portuguesa. Trata-se de um pré-projeto de pesquisa
que intentamos desenvolver. Por trilharmos no campo da Linguística os caminhos da Análise do
Discurso de linha francesa encontramos na questão da leitura um território fértil para análises. Isto
porque concebemos o sujeito como efeito de linguagem e seus dizeres como produto de suas
práticas sociais inclusive, a sua prática leitora. Desta feita, entendemos que a leitura é uma prática
social que, constitutiva dos sujeitos, os singulariza. Partimos do pressuposto que para cada leitura os
sujeitos lançam diferentes olhares, o que implica dizer que não há uma interpretação única para um
enunciado neste caso, textos literários que circulam nos livros didáticos de língua portuguesa. A
análise consiste em comparar as respostas escritas de diferentes alunos para uma mesma pergunta
de interpretação. Interessa-nos saber em que medida as práticas de interpretação (im)possibilitam a
produção de sentido dos textos lidos. Neste trabalho buscamos refletir sobre a questão identitária da
leitura no viés enunciativo-discursivo trazendo para o debate a relação constitutiva entre a leitura na
sala de aula e a singularização dos sujeitos leitores. Nesse sentido, pretendemos realizar um trabalho
que acolha diferentes conceitos como discurso, acontecimento, memória, formação discursiva,
interdiscurso, materialidades discursivas, representação e enunciação mobilizados a partir das
relações entre a linguagem e a subjetividade e que contribuam para o debate em torno do ensino da
leitura e suas implicações na formação de sujeitos leitores.

O TEXTO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Palmira V. B. H. ALVAREZ – UEFS
pheine@ig.com.br

Esta comunicação objetiva discutir sobre o tratamento do texto no livro didático de Língua
Portuguesa do Projeto Araribá. Sabe-se que a noção de texto na Linguística Textual hodierna
extrapola bastante as concepções formais que o consideravam como um conjunto de frases ou uma
junção de palavras, colocando-o como um produto a partir do qual se deveria extrair um sentido. em
pesquisas realizadas no âmbito do Núcleo de Pesquisa Do Discurso (Nuped) da UFBA observou-se
que a noção de texto esboçada nos livros didáticos de Língua Portuguesa Da Coleção Projeto
Araribá continua presa às concepções formais, visto que o mesmo ora é considerado como um

177
conjutno de frases, ora como uma frase de grande extensão. Ao mesmo tempo, não se considera o
texto como um complexo elemento que envolve múltiplas modalidades. Assim, ao ser tratado como
um produto pronto, cabe ao aluno, em boa parte das perguntas propostas no livro apenas copiar e
retirar do texto informações explícitas, sem no entanto realizar inferências que possam extrapolar o
cotexto estritamente linguístico. Desse modo, percebe-se que, apesar de haver uma grande
diversidade de gêneros textuais/discursivos colocados nesse livro, a abordagem que se faz dos
mesmos é insuficiente, uma vez que ainda é comum solicitar na parte de interpretação textual que
os alunos copiem ou transcrevam trechos do texto. Há, desse modo uma contradição que coloca
teoria e prática em pólos opostos na abordagem do texto no livro didático, fazendo com que o
mesmo nesses manuais seja visto apenas como produto pronto e acabado, diferentemente da
proposta estabelecida pelas teorias contemporâneas da Linguística Textual.

O USO DE DICIONÁRIOS ESCOLARES NO ENSINO BÁSICO: DIFERENTES LEITURA E


USOS
Jordan Oliveira da SILVA – UFT
jorudan18@hotmail.com

O presente trabalho analisa os usos dos dicionários de língua portuguesa e de língua inglesa em
sala de aula em uma escola particular do estado do Tocantins, buscando identificar e realizar quais
são os usos do dicionário em aulas de leitura de língua inglesa e portuguesa investigando quais são
as concepções de leitura e de sentido por parte de alunos e professores. Os dicionários em questão
são variados e de diferentes editoras e autores, uma vez que a escola não indica especificamente um
modelo a ser adquirido. Ao analisar os dados obtidos à luz da teoria da Análise do Discurso,
fizemos uma tentativa de conferir quais são as crenças e concepções de /sobre dicionário que alunos
e professores tem. A teoria escolhida nos ajudou a explicitar os discursos presentes nas falas de
alunos e professores e também nos próprios dicionários, uma vez que compreendemos os
dicionários como objetos atravessados/reprodutores por/de diferentes discursos que podem ser
conferidos através das entradas nos diversos verbetes e na própria proposta do dicionário. A
pesquisa tem como um dos objetivos dar encaminhamentos para a criação de um referencial teórico-
metodológico que instrua os professores de língua estrangeira em questões que envolvem o uso de
dicionários em sala de aula, tal qual já existe para a língua materna desde a publicação do Manual
“Dicionários em sala de aula”. Além dos usos e concepções, buscamos analisar o discurso dos
alunos e professores quanto à escolha dos dicionários feita pelos mesmos, apontando se alunos e
professores, entre outros aspectos, tem consciência das recomendações de dicionários feitas pelo
MEC em relação à qualidade e os diferentes tipos de dicionário de acordo com a faixa etária.

ESTUDOS PRÉ-TEXTUAIS E SEUS REFLEXOS NO ENSINO DE LEITURA


Eliamar GODOI – UFU
eliamar@cepae.ufu.br

Esse trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o ensino de leitura e ainda
apresentar os resultados de um estudo sobre ensino da Leitura com enfoque em um trabalho com o
enunciado de questões discursivas para a interpretação de texto. Esse estudo foi desenvolvido com
alunos do ensino fundamental da escola pública por meio de estratégias de ensino de leitura
utilizando estudos pré-textuais. Buscamos fomentar discussões o ensino de leitura e apresentar um
panorama sobre leitura e o seu ensino em sala de aula. Partimos da hipótese de que um trabalho
feito articulando questões envolvendo a temática do texto a ser lido antes da apresentação do
mesmo, favorece a compreensão do tema pelos alunos. A leitura é vista como um processo que
envolve professor e aluno num trabalho mediado por textos que abranjam a diversidade de seus
gêneros contemplando os interesses dos alunos. No cenário atual, mesmo aluno já letrado
demonstra grande dificuldade quanto à compreensão do texto. Há problemas também quanto à

178
compreensão dos enunciados de questões discursivas relacionadas ao texto lido e dificuldades na
construção de sentido, além de problemas na formação desse aluno como sujeito da linguagem.
Percebemos que essa não-compreensão dos enunciados advém da não-compreensão do texto lido,
motivador das questões. Como não conseguem abstrair o conteúdo do texto, não conseguem seguir
nem relacionar as instruções indicadas pelos enunciados propostos. Como resultado, percebemos
que apenas a disponibilização de textos diversos para atividades de leitura e produção de textos não
resolve a questão. Observamos ainda que, o ensino de leitura, por meio da articulação de debates,
estudos pré-textuais e conteúdos multidisciplinares anteriores à leitura, favoreceu na compreensão
dos textos lidos e auxiliou os alunos no processo de construção de respostas mais adequadas às
questões discursivas propostas para interpretação do texto.

GRUPO TEMÁTICO 27: INVESTIGAÇÃO SOBRE O TEXTO ACADÊMICO: DO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AO ARTIGO CIENTÍFICO
COORDENADORAS: Maria Otilia Guimarães NININ (PUCSP/ CNPq) –
otilianinin@terra.com.br; Leila BARBARA (PUCSP/ CNPq) – lbarbara@uol.com.br

A escrita acadêmica tem provocado discussões entre pesquisadores da área da linguagem, que vêem
nessa produção textual um campo de estudos promissor para se compreender como estudantes
internalizam os diferentes discursos teóricos aos quais são apresentados ao longo de sua formação.
Ao produzir o texto científico, o autor recorre a elementos da língua para marcar sua posição de
autoridade, de maior ou menor concordância em relação aos teóricos que discutem a mesma
temática, revelando a apropriação das características textuais e discursivas dos gêneros textuais
acadêmicos. Esses posicionamentos, evidenciados nas escolhas lexicogramaticais feitas pelo sujeito,
têm sido largamente discutidos. Teóricos como Bazerman, já em 1988, e Swales, em 1990,
dedicaram estudos em busca de caracterizar os gêneros acadêmicos. De lá para cá, pesquisadores
brasileiros como Motta-Roth (2001, 2002, 2007), Hendges (2002), Araujo (2002), Borges e Moreira
(2004), Machado et al. (2005), Figueiredo e Bonini (2006), Oliveira (2008), Botelho (2009), Motta-
Roth e Hendges (2010), Santos e Carmo (2011), apoiados em diferentes frames teóricos, têm
apresentado estudos voltados ao texto acadêmico, focalizando desde a nomeação do sujeito nesse
discurso e seu percurso de autoria ao ensino da escrita acadêmica e à apropriação das características
desse gênero textual. Nessa direção, o grupo temático proposto tem por objetivo provocar uma
discussão sobre a construção do discurso acadêmico, desde o trabalho de conclusão de curso,
produzido por alunos de graduação, aos trabalhos de mestrado, doutorado e artigos científicos,
produzidos por estudantes de pós-graduação. Espera-se que, a partir das discussões, seja possível
propor estudos e novas pesquisas que auxiliem nas propostas de ensino da linguagem acadêmica,
bem como na atividade de orientação a esses trabalhos.

OS PROCESSOS VERBAIS NOS ARTIGOS CIENTÍFICOS DA REVISTA GESTÃO E


SECRETARIADO: UMA ANÁLISE COM BASE NA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-
FUNCIONAL
Keyla Christina Almeida PORTELA – PUC-SP
keylaportela@bol.com.br
Karin Claudia Nin BRAUER – PUC-SP
karincnb@hotmail.com

Esta trabalho está inserida no Projeto SAL (Systemics across Languages) que tem como objetivo
apoiar pesquisas linguísticas que investigam a relação entre gramática e discurso em termos
sistêmico-funcionais. O trabalho tem como objetivo analisar os processos verbais em 23 artigos
científicos da revista Gestão e Secretariado, publicados online. Os processos verbais quando
empregados,ratificam, esclarecem e explicam fatos ou situações, desempenhando um papel
imprescindível na sustentação dos argumentos apresentados por autores frente à temática do texto.

179
Como fundamentação teórica será utilizada a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), que estuda a
língua em uso em diferentes contextos, desenvolvida por M.A.K Halliday (1985, 1994) e revista por
Halliday e Matthiessen e outros. A pesquisa basearse-á na metafunção ideacional da Linguística
Sistêmico-Funcional – que compreende a língua como atividade social, avaliando seus contextos de
uso (HALLIDAY,1994 e HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004). No que se refere aos estudos
sobre gêneros científicos, a pesquisa estará fundamentada em Bhatia (1993), Swales (1989, 1990),
Swales & Feak (1999), Motta-Roth (1995, 2006) e outros. O gênero artigo científico um gênero
serve como uma via de comunicação entre pesquisador, profissionais, professores e alunos de
graduação e pós-graduação. Na análise do dados, será observada a frequência dos processos do
dizer e a sua relação com os participantes da oração (dizente e verbiagem). A metodologia utilizada
será subsidiada pelo programa de Linguística de Corpus Wordsmith Tools 5.0 (Scott, 2009), mais
especificamente as ferramentas wordList e concordance. Esta pesquisa pretende auxiliar o melhor
entendimento de como os autores que publicam na revista Gestão e Secretariado utilizam dos
processos do dizer.

PROCESSOS VERBAIS NA AVALIATIVIDADE DE RESENHAS DAS ÁREAS DE


LITERATURA E HISTÓRIA
Aline Cristina Flávio da SILVA – PUC-SP
alineflaviosilva@yahoo.com.br

O presente trabalho pretende descrever o gênero resenha nas áreas de Literatura e História,
analisando diferenças e semelhanças que permitem caracterizar a resenha como um gênero único
para todas as áreas e que pode servir como um parâmetro mais consistente a ser seguido por
estudiosos que pretendam contribuir com esse gênero acadêmico e outros que necessitam utilizá-lo,
como é o caso dos alunos em geral, uma vez que, trata-se de um importante instrumento de escolha
para selecionar produções para leitura, permitir que os leitores possam inteirar-se das diversas
publicações que circulam o meio acadêmico e dentre essas o que é de maior relevância. Essa
investigação vincula-se a um projeto maior sobre análise de processos verbais - SAL- Systemic
Across Language. O objeto de análise constitui-se de resenhas, sendo uma parte retirada do Scielo,
portanto Qualis A1ou 2 e outras que não estão no Scielo, mas são classificadas como Qualis A2 ou
B2. Como base teórica serão utilizados conceitos e categorias propostas pela Linguística Sistêmico-
Funcional (HALLIDAY, 1994), adotando a concepção do gênero resenha proposta por (SWALES,
1991; MOTTA-ROTH, 2002). Com o apoio da Linguística de Corpus através do programa
Wordsmith Tools.5 (SCOTT, 2008) faremos o tratamento do corpus, utilizando as ferramentas
wordlist e concordancer. Serão utilizadas as metafunções Ideacional e Interpessoal (HALLIDAY,
1994), avaliando a verbiagem que acompanha os processos verbais utilizados nas diferentes
resenhas e a relação delas no que se refere à avaliatividade, assim será possível verificar se esse tipo
de processo é mais frequente no “Movimento 3- Ressaltando partes do livro”, seguindo critérios de
MOTTA-ROTH (2002), baseada em Swales (1991), apesar de também acontecer no decorrer da
obra.

PROPOSTA DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA A ESCRITA DE ARTIGO CIENTÍFICO


Raquel Abreu AOKI – UFMG
raquelima@yahoo.com
Cristina Rodrigues MIRANDA – NP
cristiamiranda@gmail.com

O objetivo deste trabalho foi apresentar uma proposta de intervenção na realidade escolar de alunos
do primeiro período do curso de Engenharia. Por observar as enormes dificuldades que tais alunos
apresentavam na escrita de artigos científicos, e com a finalidade de integrar as práticas linguísticas
que favorecessem o uso situado da língua e que contribuíssem para o desenvolvimento efetivo de

180
tais alunos, optamos pelo desenvolvimento de uma sequência didática (SD). Esta SD foi organizada
por nós, com base na proposta de Schneuwly&Dolz (2004), e foi relevante para ajudar os
graduandos a melhor dominar o gênero de texto, permitindo-lhes, assim, escrever de uma maneira
mais adequada numa dada situação de comunicação. Nessa perspectiva a linguagem é vista como
interação, a língua deixa de ser considerada estática, “pronta e acabada” e passa a ser dinâmica,
sujeita a mudanças, pois ela pertenceria não mais aos dicionários ou manuais de gramática, mas aos
falantes que a utilizam por meio de enunciados reais. A estrutura dessa SD foi construída
considerando a seguinte metodologia: contextualização (análise de diferentes artigos científicos),
elaboração e tratamento dos conteúdos temáticos, planificação (organização do texto em partes),
textualização (utilização dos recursos da língua) e releitura, revisão e reescrita do texto. Nesse
sentido, a SD sugerida por tais autores, e adotada nessa proposta de intervenção, constituir-se-ia
como uma estratégia apropriada para o ensino de produção textual acadêmica, no que tange à
redação científica. Ao final deste trabalho, percebemos que os alunos conseguiram reconhecer
melhor o gênero artigo científico. Além disso, observou-se o melhor desempenho na capacidade
comunicativa dos mesmos, em relação à instrumentalização da escrita do gênero artigo científico.

O PADRÃO TEMÁTICO EM ARTIGOS CIENTÍFICOS


Edna Cristina Muniz da SILVA – UnB
ednacris@gmail.com

O objetivo deste estudo é investigar qual informação está contida nos Temas das orações nos textos
de artigos científicos em diferentes áreas do conhecimento e sua relação com o desenvolvimento do
texto em cada estágio desse gênero. Por que investigar o Tema? Porque a informação contida nos
Temas relaciona-se ao método de desenvolvimento do texto e à progressão temática (Fries, 1981).
Como a progressão temática relaciona-se à estrutura de um texto, é importante analisar quais ideias
coodenam-se e/ou subordinam-se a outras ideias. Esta pesquisa apoia-se nos estudos sobre o
Sistema de Tema, segundo a Gramática Sistêmico-Funcional (Halliday e Matthiessen, 2004; Eggins
2004; Thompson 2004; Butt e al. 2003; Martin & Rose 2003; Fries, 1981, 1992, 1995; Danes,
1974). Foram analisados quatro artigos científicos representativos de quatro áreas: ciências da
saúde, ciências exatas e da terra, ciências humanas e ciências sociais aplicadas para verificar que
entidades da dimensão da experiência os Temas representaram e como foram retomadas. Os
resultados evidenciam variação na progressão temática, materializada no modo como os períodos e
os parágrafos se estruturam – parataxe e hipotaxe – nos textos das diferentes áreas. A hipótese que
se busca confirmar é se a variação na progressão temática está demonstrando que as diferenças nas
práticas discursivas implicam diferenças na léxico-gramática dos textos dos artigos das diferentes
áreas e como isso acontece. Embora as línguas apresentem estruturas diferentes na organização
textual da oração, em Português, o Tema tipicamente se realiza na posição inicial da oração. Em
textos científicos, que são mais padronizados, as informações contidas nos temas oracionais criam
um padrão de progressão temática específico. Os artigos analisados foram baixados da base Scielo –
que é uma biblioteca eletrônica de periódicos científicos brasileiros.

LEITURA E ESCRITA NA ACADEMIA – REFLEXOS DE UMA REALIDADE A SER


DISCUTIDA
Miranilde Oliveira NEVES – IFPA
marvellous_76@hotmail.com

Propor uma reflexão sobre a prática de produção textual escrita com destaque para a importância da
leitura e da interpretação diária e contínua na Academia constitui-se um dos principais objetivos do
trabalho aqui apresentado. No decorrer deste artigo serão demonstradas as etapas do projeto de
oficinas acadêmicas desenvolvidas nas Instituições de Ensino Superior Público de Tucuruí-PA:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, Universidade Federal do Pará

181
– UFPA e Universidade do Estado do Pará – UEPA, além da metodologia aplicada, os objetivos do
projeto e o mais importante: os resultados que foram obtidos através de uma concepção dialógica de
estudo que valorizou teoria e prática na elaboração de textos acadêmicos produzidos pelos
educandos – participantes do projeto “Oficinas de Textos: como obter sucesso em produções
acadêmicas”. Para que este trabalho se desenvolvesse com êxito foram utilizadas como respaldo
teórico, dentre outras autoras Délia Lerner, a qual é referência no âmbito da leitura e da escrita em
todo o Brasil, além de Irandé Antunes – baluarte quanto à análise e produção de textos. O projeto
teve uma duração de seis meses e comprovou o quanto é importante e necessário o estudo da
Língua, principalmente no que diz respeito à clareza, concisão, objetividade, argumentação, coesão,
coerência, intertextualidade, informatividade, aceitabilidade, intencionalidade e situacionalidade.
Comprovou-se durante o período em que ocorreu o projeto que apesar de vivenciar uma
necessidade cotidiana de qualificar a produção textual acadêmica, pelo fato de grande parte dos
graduandos pertencerem a cursos na área de ciências exatas, principalmente, já não estão
priorizando a prática de produção textual como deveriam.

DISCURSO ACADÊMICO EM FOCO: UMA ANÁLISE SISTÊMICO-FUNCIONAL DE


MONOGRAFIAS DE ALUNOS DO CURSO DE LETRAS
Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira ALMEIDA – UNEMAT
fabiolasartin@unemat.br

Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma análise de trabalhos monográficos realizados
por alunos do curso de Letras de duas universidades, tendo como enfoque teórico a Gramática
Sistemico-Funcional (Halliday, 1994/2004), mais especificamente, o Sistema de Avaliatividade –
subsistema de Atitude (Martin, 1992, 2000; Martin & Rose, 2003; Martin & White, 2005). O
sistema de Avaliatividade contempla os significados interpessoais utilizados pelos
falantes/escritores para negociar emoções, julgamentos e avaliações, sob três domínios
interacionais, ou subsistemas: Atitude (Attitude), Engajamento (Engagement) e Graduação
(Graduation). A expressão de atitude, que será explorada neste trabalho, não é apenas um
comentário sobre o mundo e sim uma postura interpessoal do falante/escritor cujo objetivo é obter
uma resposta de solidariedade do seu interlocutor (Martin, 2000). A análise dos elementos
avaliativos presentes nas monografias pode indicar as escolhas realizadas em um texto acadêmico,
portanto, um gênero textual específico que extrapola as caraterísticas inerentes ao gênero e prevê
uma resposta de solidariedade dos leitores. Tendo isso em mente, é nesse enfoque que se trata este
estudo: será apresentada uma análise dos elementos avaliativos, concentrando-se no subsistema de
Atitude presentes nas partes da Introdução e Considerações Finais das monografias das áreas da
Linguística, Linguística Aplicada e Literatura do curso de Letras. Os resultados apontam para o uso
dos elementos avaliativos direcionando as respostas dos leitores esperadas pelos alunos/escritores
em suas respectivas pesquisas. Foi possível perceber a mudança de foco dos elementos avaliados e
também a forma pela qual a avaliação é realizada, mostrando a intencionalidade dos escritores, bem
como, a obtenção da resposta de solidariedade. Trazendo para o contexto de ensino, este trabalho
ilustra as contribuições do uso da Linguística Sistêmico-Funcional como instrumento de análise
linguística no contexto de sala de aula, uma vez que propicia aos alunos a compreensão e
interpretação do processo de construção dos textos.

DISSERTAÇÕES E TESES SOB O VIÉS DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL


Norma Lírio de Leão JOSEPH – UFLA
normajoseph@dch.ufla.br

Como professora em uma universidade brasileira com várias áreas de pesquisa, percebo a
necessidade de ter como uma das principais tarefas educacionais, capacitar futuros cientistas à
escrita acadêmica em suas áreas de especialização. As dissertações e teses, como gênero específico

182
do contexto acadêmico possuem circulação restrita e, assim sendo, não se tornam familiar aos
discentes que se iniciam nos estudos superiores. É preciso, portanto, refletir sobre as questões de
ensino e produção acadêmica e sobre a relação entre texto-linguagem-contexto e seu papel na
produção textual. Insere-se esta pesquisa em um projeto interinstitucional e internacional
denominado SAL (Systemics Across Languages), tendo como base a teoria de gêneros textuais
(Christie, 2005; Martin e Rose, 2003), a análise do discurso de base sistêmico-funcional (Halliday,
2007; Halliday e Mathiessen, 2004). Esta pesquisa tem como foco de análise o sistema de
transitividade proposto por Halliday (1985) e revisitado em Halliday (1994; 2004). Por meio da
análise dos elementos de transitividade se identificará as múltiplas possibilidades de manifestação
da transitividade, averiguando as motivações funcionais (semântico-pragmáticas, sociais,
cognitivas) subjacentes a cada contexto de uso da língua e se definirá padrões linguísticos das
escolhas a fim de investigar as motivações do contexto de cultura e de situação. Essa investigação
segue a metodologia da Linguística de Corpus, por meio do uso do programa WordSmith Tools
5.0.(Scott, 2008). Este aparato metodológico permite avançar na análise e entender a construção do
discurso acadêmico, a fim de prover através dessa compreensão sistêmica um melhor ensino em
língua portuguesa brasileira. Este estudo prioriza, portanto, desconstruir possíveis representações
sobre dificuldades da escrita, fazendo que os discentes percebam e explorem a estrutura textual do
gênero acadêmico. Para a comunidade acadêmica, pretendo trazer contribuições para uma reflexão
sobre os processos de ensino e aprendizagem.

UM USO MUITO PARTICULAR DA PARTÍCULA SE


Leila BARBARA – PUC-SP
lbarbara@uol.com.br
Fernanda Beatriz Caricari de MORAIS
caricari@terra.com.br

Nesta pesquisa, analisa-se um conjunto de verbos cujo funcionamento ou significado varia quer
ocorram com a partícula se ou não. O corpus de estudo contém 1225 artigos científicos de diversas
áreas do conhecimento retirados da plataforma scielo. A multiplicidade de funções é uma das
características da partícula se, um dos problemas mais interessantes da língua portuguesa e de
outras como Francês, espanhol e italiano. Uma das controvérsias em torno dessa partícula é a
possibilidade do sujeito estar ou não indeterminado, como discutem as pesquisas de Nunes (1991),
Monteiro (1994), Bagno (2000), Camacho (2002, 2003), entre outros. O mesmo ocorre com o on
em francês, se em espanhol e si em italiano, conforme trabalhos de Ruwet (1972), Suñer (2002) e
Cinque (1988). A base teórica, a Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1985, 1994, 2004),
tem como foco a língua em uso e permite analisar as escolhas gramaticais do autor em textos
(escritos ou falados) com base no contexto de cultura e de situação em que se realizam. A partir das
condições contextuais, o falante organiza seus textos recorrendo às três metafunções da linguagem,
das quais a que interessa, a este trabalho, é a ideacional responsável pelo uso da língua para falar
sobre o mundo, tanto externo (coisas, eventos, qualidades, etc.), como interno (pensamentos,
crenças, sentimentos, etc.). Pretende-se contribuir com os estudos sobre o uso dessa partícula em
língua portuguesa e, também, subsidiar a elaboração de materiais didáticos e desenho de cursos
instrumentais que visam atender a produção e compreensão escrita de artigos científicos.

GRUPO TEMÁTICO 28: LEITURA E GRAMÁTICA


COORDENADORAS: Onici Claro FLÔRES (UNISC) – oflores@unisc.br;
Vera Wannmacher PEREIRA (PUCRS) – vpereira@pucrs.br

Todo texto apresenta palavras, organização interna e um modo de estruturação identificável pelo
leitor. Sem isso não se estabelece comunicação. Assim, entende-se por gramática o modo de
organização/estruturação dos textos (orais ou escritos), de vez que é textualizando que os indivíduos

183
conseguem seus fins comunicativos. A gramática de uma língua é, então, o meio pelo qual o
indivíduo atua linguisticamente, deixando em seu texto as marcas linguísticas e os indicadores
situacionais que direcionam o leitor para o que intenta obter. Não há, portanto, como negar o
vínculo entre leitura e gramática nem desconsiderar os elementos que constituem o texto - as
palavras. Elas expressam os processos e as operações por meio dos quais os indivíduos refletem
sobre o real, interpretam o mundo e partilham suas experiências. Usar uma ou outra palavra,
organizá-las de algum modo traz implicações diversas, pois as unidades lexicais não existem
isoladamente. Por tudo isso, não se pode entender nem produzir um texto sem recorrer à gramática,
ou seja, à distribuição das palavras sintagmática e paradigmaticamente, dependendo a
interpretação/compreensão textual da extensão do conhecimento lexical de cada indivíduo. Faz-se
necessário, então, discutir o que é ensinado, de fato, nas aulas de português, em maior profundidade
e detalhe, pois os resultados em termos de avaliação leitora têm sido insatisfatórios. De outra parte,
os alunos parecem não ter noção de qual o papel das palavras na frase, desconhecendo inclusive a
distinção entre substantivo e verbo. Resta saber, então, sobre o que, exatamente, versam as aulas de
português, nas escolas. Diante disso, é urgente perguntar o que o professor entende por gramática,
discutindo propostas de ensino de leitura, escrita e gramática – suas inter-relações - e possibilidades
para estabelecer um panorama geral da questão e efetivar mudanças no modo de ensinar e de
aprender língua.

A FUNCIONALIDADE DISCURSIVA DAS CONSTRUÇÕES APOSITIVAS NO GÊNERO


TEXTUAL MEMÓRIA LITERÁRIA
Diana Ribeiro GUIMARÃES – UFCG
diana.rguimaraes@gmail.com

O presente artigo consiste no estudo da possível contribuição da realização funcional-discursiva das


construções apositivas para o dinamismo comunicativo do gênero textual memória literária. Os
dados que compõem essa pesquisa foram coletados no livreto de coletâneas de memórias, o qual faz
parte do material destinado aos educadores inscritos na 2ª edição da Olimpíada de Língua
Portuguesa, no ano de 2010, disponível no site: http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf. Com base
nesses dados, investigamos a seguinte questão: Qual o modo de estrutaração da aposição na
construção funcional-discursiva do gênero memória literária? Para isso delimitamos o seguinte
objetivo: Descrever o processo de manifestação da aposição, em forma de sintagma simples ou
clausular, no gênero memória literária. Para aprofundar nossa pesquisa de natureza qualitativa e
cunho descritiva-interpretativista, nos baseamos em estudos de Cunha (2008), Neves (2006), Perini
(1995), Aquino (2001), Bechara (2009), Bosi (1994), entre outros. Os resultados sugerem que as
construções apositivas, caso especial de parentéticos na memória literária, apresentaram funções
distintas que atenderam a determinados objetivos do escritor, o qual buscava estabelecer um
determinado tipo de relação com o seu interlocutor, ao acrescentar uma informação nova. Ademais,
verificamos que o “aposto” não se trata de um termo “acessório”, como sugerem as gramáticas
tradicionais, e sim de um termo “essencial” para interação comunicativa e, portanto, pode ser um
conteúdo de fundamental importância para ser trabalhado em sala de aula, se abordado a partir de
uma perspectiva funcional-discursiva em uma situação sóciocomunicativa real: os gêneros textuais.
Com esse estudo, esperamos contribuir para a expansão dos estudos funcionalistas, particularmente,
no que se refere ao tratamento do fenômeno linguístico da aposição, e argumentar a favor da
contribuição da abordagem funcional-discursiva de elementos gramaticais em gêneros textuais.

OS DEVERBAIS NA CONSTRUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO EDITORIAL


André William Alves de ASSIS – UEM
assis.awa@gmail.com

184
A circulação de ideias e opiniões têm se difundido cada vez mais nos diferentes veículos de
informações. No campo jornalístico, mesmo com o avanço da internet, que também serve de
suporte para a circulação de notícias, o jornal impresso ainda tem grande aceitabilidade e circula por
todo o país levando informações, notícias, opinião, denúncias, etc. A língua, neste contexto, deve
ser observada como forma de ação social, como atividade sociocognitiva evidenciada no continuum
enunciativo dos diferentes gêneros nele inseridos. Um tipo de produção que merece destaque no
jornal é o gênero editorial. Por ser um gênero opinativo, sua estrutura composicional está recheada
de características que dão sustentação à opinião que se quer (re)produzir, entre essas características
estão os deverbais, substantivos abstratos oriundos de verbos que mantém a estrutura argumental
de sua origem. Para que possamos verificar qual o papel desse tipo de substantivo na construção do
gênero editorial, selecionamos como corpus dois textos publicados no jornal Folha de São Paulo em
momentos distintos. Na análise, observamos que nesse gênero os deverbais além de exercerem
função textual encapsuladora e coesiva, são de maioria bivalentes marcados pela presença de
substantivos abstratos que contribuem para a produção de um texto subjetivo,parcial. A quantidade
significativa desses substantivos de base verbal no editorial de jornal justifica-se em relação ao
gênero, pois evidenciam a opinião/posicionamento do produtor do texto ou instituição por ele
representada, contribuindo assim para um texto opinativo, argumentativo, com alto grau de
informatividade, característico do editorial. Os deverbais evidenciam a opinião/posicionamento do
produtor do texto, contribuem para um alto grau de informatividade dos editoriais que se mostram
excelentes fontes para se trabalhar estratégias argumentativas com os alunos, uma vez que nos
permite observar função e gramática no uso crítico da língua num movimento enunciativo-
pragmático de posicionamento, de argumentação.

ALGUM/NENHUM: UMA BUSCA DE OPERAÇÕES E DE VALORES REFERENCIAIS


Joana Darc Rodrigues da COSTA – UFPI
jodarc85@hotmail.com

Os pronomes indefinidos, seja em uma abordagem tradicional, seja na abordagem descritiva,


compõe-se de elementos que se unem por seu traço ‘indeterminador’, isto é, se agrupam por
apresentarem como característica comum uma indefinição semântica e que são estudados e
classificados basicamente por critérios morfológicos, sintáticos. Dessa forma, seu conceito não
varia, basicamente são conceituados como “pronomes que se aplicam a terceira pessoa gramatical,
quando considerada de modo vago e indeterminado” (Cunha & Cintra, 1985, p. 347). Porém, ao
observarmos a língua em situações de uso efetivo, é possível perceber que eles não se resumem a tal
definição. Seus usos podem variar conforme as pretensões dos enunciadores e podem apresentar
graus diferentes de especificidade fugindo dessa ideia de indeterminação. Assim, embasando-nos na
Teoria das Operações Predicativas e Enunciativa, proposta por Antoini Culioli, para quem o
enunciado é um agenciamento de formas a partir do qual os mecanismos enunciativos podem ser
analisados, este trabalho visa analisar os pronomes indefinidos como marcadoresde operação de
determinação nominal, a fim de caracterizá-los a partir de operações abstratas que estão subjacentes
a sua manifestação nos enunciados. Para nós, determinação é considerada como um conjunto de
operações elementares através das quais o nome é resultado. Com base no pressuposto descrito,
propomos uma descrição da língua em seu funcionamento apresentando os usos das palavras que
indicam “indefinição”, isto é, os pronomes indefinidos, analisando e identificando os sentidos
promovidos pelos sujeitos em enunciados, aprofundando a ideia de que eles contribuem para a
significação do enunciado. Para tanto, por questões metodológicas, nossas análises versarão apenas
sobre os usos das palavras algum e nenhum encontradas em artigos de opinião publicados nos
jornais de circulação em Teresina.

UMA LACUNA NO ENSINO DO SISTEMA VERBAL PORTUGUÊS: A AUSÊNCIA DA


CATEGORIA GRAMATICAL ASPECTO NAS AULAS DE LP

185
Thais Franco de PAULA – UFMG
thaisfrancodepaula@yahoo.com.br
(Apoio CAPES/DS – Bolsa de Pós-graduação)

Este trabalho, fazendo o caminho inverso da questão sobre o que versam as aulas de língua
portuguesa, vem discutir uma categoria gramatical sobre a qual as aulas de português e as
gramáticas tradicionais não versam (ou versam de maneira inadequada), a saber, a categoria de
aspecto, que está ligada ao verbo. Embora o conceito expresso pelo verbo possa ser dimensionado
de diferentes formas por meio das categorias verbais, que são em número de seis: aspecto, tempo,
modo, voz, pessoa e número, nossas gramáticas e, consequentemente, nossas aulas de língua
portuguesa consideram apenas as cinco últimas categorias verbais e desconsideram o aspecto,
categoria que define a duração do processo verbal. Quando acontecem referências à categoria de
aspecto, elas são de forma indireta e, geralmente, aparecem quando se trata do tempo e do modo
verbal. Com a ausência do tratamento do aspecto ou do seu tratamento inadequado, cria-se uma
lacuna no ensino do sistema verbal português. Este trabalho, portanto, com base nas teorias sobre o
aspecto verbal no português, busca discutir essa lacuna, acreditando que, se ela não existisse, o
aluno entenderia com mais propriedade e facilidade o emprego dos tempos e modos verbais, pois há
diferenças semânticas em enunciados que são decorrentes de questões aspectuais. Discutiremos
também uma lacuna no ensino do modo. Por meio do uso consciente dessas categorias gramaticais,
o aluno teria mais possibilidade de melhor atuar linguisticamente, deixando em seus textos, e
sabendo localizar na leitura de outros textos, as marcas linguísticas e os indicadores situacionais
expressos por elas. O nosso trabalho reforça a afirmação do Grupo Temático Leitura e Gramática de
que não há como negar o vínculo entre leitura e gramática, nem desconsiderar os elementos que
constituem o texto.

USO DE VOCÁBULOS EM ASSOCIAÇÃO POR CONTIGUIDADE E CONSC. LINGUÍSTICA


NA COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
Thais Vargas dos SANTOS – PUC-RS
thais.vsantos@hotmail.com

O projeto teve como objetivo construir um Objeto de Aprendizagem que contribua para o
desenvolvimento da competência em leitura de alunos universitários. Considera-se, para isso, o
desenvolvimento da compreensão leitora e da consciência linguística, no que se refere ao exame de
vocábulos associados por contiguidade nos textos que constituem os materiais linguístico-
pedagógicos, OAs. Nesse sentido, as atividades buscam conscientizar o aluno sobre a relevância
desse tipo de associação no desenvolvimento do texto, auxiliando o leitor durante a compreensão
daquilo que lê. Nesse processo de elaboração de um OA, o presente estudo visou à avaliação do
material elaborado, por professores e alunos da Faculdade de Letras da PUCRS envolvidos em
pesquisa sobre o processo de aprendizagem por meio desses materiais OAs. Para alcançar esse
objetivo, foram elaborados dois instrumentos: um direcionado a professores com questões
referentes à correspondência do Objeto com a abordagem teórica adotada pela pesquisa; e outro
encaminhado a alunos, os quais responderam a questões referentes à estrutura e ao funcionamento
dos materiais. Esses instrumentos foram analisados e as percepções dos avaliadores conduziram à
revisão e à alteração do material de acordo com os princípios estabelecidos no início da pesquisa. O
resultado foi a redução dos blocos de atividades propostas inicialmente e a alteração da sua
estrutura metodológica, considerando as observações apontadas pelos avaliadores.

ENSINO DA LEITURA: TRAÇOS LINGUÍSTICOS DO TEXTO E COMPREENSÃO


Vera Wannmacher PEREIRA – PUC-RS
vpereira@pucrs.br
Onici Claro FLÔRES – UNISC

186
oflores@unisc.br

Com frequência, uma aula de Língua Portuguesa segue os seguintes passos: apresentação do texto
(por exemplo, do gênero A), leitura em voz alta (ou pelo professor, ou por um ou mais alunos),
questionário com perguntas sobre o conteúdo do texto, atividades sobre marcas linguísticas do
texto, atividades sobre funções gramaticais apoiadas no texto, produção de um texto (por exemplo,
do gênero B). Essa aula já pode ser considerada bastante “atualizada”, uma vez que reconhece que
uma aula de Língua Portuguesa supõe o uso de texto, assume conceitos de gênero textual e de
marcas lingüísticas e define gramática para além da concepção normativa. É possível perceber nessa
perspectiva conhecimentos de Linguística por parte do professor. No entanto, dois problemas aí
estão. O primeiro está no fato de a análise linguística ser realizada em momento posterior à análise
do conteúdo do texto. O segundo está na ausência de correspondência entre o gênero de leitura e o
gênero de produção escrita. Nesta comunicação, o objetivo é explicitar, com apoio na
Psicolinguística, as relações entre leitura e gramática, no que se refere à importância da análise
linguística para a compreensão do conteúdo do texto e da correspondência entre o gênero de leitura
e o gênero de escrita. Para esse objetivo, a comunicação traz elementos teóricos para o
esclarecimento desses conceitos com apoio nos estudos psicolingüísticos em interface com os
estudos do texto. Além disso, disponibiliza algumas sugestões para o ensino da leitura (vinculado
ao ensino da escrita) com apoio nas marcas linguísticas do texto.

O ENSINO DE GRAMÁTICA NUMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL EM VITÓRIA DA


CONQUISTA – BAHIA: ESTUDO DE CASO COM PROFESSORES DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Aleandra Rocha SANTANA – UESB
alersantana@hotmail.com

O ensino de gramática nas escolas públicas é descontextualizado, pois a gramática é ensinada por
meio de frases soltas, desvinculadas de um contexto. A gramática que predomina nessas escolas é a
gramática prescritiva, na qual somente a língua padrão é considerada correta. Portanto, esse trabalho
tem o intuito de analisar como está ocorrendo o ensino de gramática numa escola pública, no
interior da Bahia, o olhar desses professores a respeito dos seus trabalhos, os recursos utilizados
por eles e o significado da avaliação que realizam. As hipóteses apontam para um ensino de
gramática descontextualizado, tradicional e professores que não praticam o ensino de acordo
autores que indicam caminhos para uma aprendizagem contextualizada. Para o presente projeto foi
realizada uma pesquisa do tipo Estudo de Caso, como modalidade de pesquisa, tendo em vista a
sua importância cada vez mais crescente como instrumento de investigação, uma modalidade de
pesquisa que pode ser aplicada em diversas áreas do conhecimento. A natureza do estudo de
caso, seu delineamento como metodologia de investigação e a sua aplicação serão aqui
demonstradas. Ocorreram algumas observações em aulas de língua portuguesa, em uma escola
pública do ensino fundamental, com a finalidade de verificar o trabalho que o docente realiza e
coletar dados evidentes, a partir de aplicação de questionários, que serão interpretados juntamente
ao referencial teórico escolhido. Pode-se observar que o resultado aponta para o ensino de uma
gramática tradicional e descontextualizada que não favorece a aprendizagem da língua de forma
significativa.

A LEITURA EM VOZ ALTA: OBSERVAÇÕES PROSÓDICAS SOBRE O PORTUGUÊS DE


BELO HORIZONTE
Camila Tavares LEITE – UFMG
ctlcamila@yahoo.com.br

A leitura, apesar de ser uma atividade realizada frequentemente após a alfabetização, não se
apresenta como uma tarefa simples. Ao contrário, exige a interação de diferentes mecanismos de

187
comportamento como a identificação das letras, o reconhecimento de palavras e seus significados,
bem como a integração sintática e semântica (PERFETTI, 1985). Entretanto, a leitura não se limita
à decodificação do texto; ler implica compreender o material lido (GOUGH; JUEL; GRIFFITH,
1992). Shreiber (1991), Kuhn (2003) e Breznitz (2006) sugerem que aspectos prosódicos fariam
parte do processo de desempenho da leitura, pois são necessários para que haja uma eficiente
compreensão do texto lido. Diferentes pesquisadores afirmam que a prosódia apropriada durante a
leitura em voz alta caracteriza uma leitura fluente (RASINSKI, 1990; SAMUELS, REINKING,
SHAERMER, 1992). Resultados de pesquisas indicam que, à medida que as crianças se tornam
mais fluentes na leitura, estas leem com pausas mais curtas e declinação gradual da frequência
fundamental ao final das sentenças (HAMILTON; WISENBALER; KUHN; STAHL, 2004). Visto
sob este enfoque, pensamos que a prosódia é um indicador da capacidade de compreensão da
leitura; logo, deve ser observada como um fator essencial na análise da leitura. No presente trabalho
observamos a leitura em voz alta de 30 sujeitos, falantes do Português de Belo Horizonte. Tais
sujeitos foram divididos em três grupos de diferentes idade e escolaridade. Analisamos os dados
prosódicos (tempo de elocução, taxas de elocução e de articulação, pausa, número de sintagmas
entoacionais) acústica e estatisticamente e nossos resultados, contrariamente ao esperado, não
apresentaram diferenças significativas entre os grupos analisados, senão para um dado: a pausa. Na
leitura, esse é um dado que mostra a forma como o sujeito segmenta o texto em unidades menores.

O LUGAR DAS EXCEÇÕES DAS GRAMÁTICAS NORMATIVAS DO PORTUGUÊS


Caroline Pessalácia MARINI – CESV
carolpessalacia@hotmail.com
Thayanne Raísa Silva e LIMA – UFU
thayannerslima@hotmail.com

O ensino de gramática da língua portuguesa nas escolas é tópico de discussão entre pesquisadores
da área e tema de debate há anos, uma vez que nos deparamos com alunos que não conseguem ler,
compreender, e até mesmo escrever um texto. Autores como Travaglia (1994) se preocuparam em
"propor e exemplificar uma forma de ensino de gramática que nos parece produtiva e pertinente
para o aluno. E também, segundo o autor, quando consideramos o ensino da gramática, devemos
considerar que há diversos tipos de gramática e que “o trabalho com cada um desses tipos pode
resultar em trabalhos (atividades) completamente distintos em sala de aula para o atendimento de
objetivos bem diversos”. O objetivo deste trabalho é mostrar e analisar algumas das exceções
existentes em Gramáticas Normativas da Língua Portuguesa. As reflexões a respeito do lugar das
exceções na constituição de uma gramática partem das afirmações do lingüista francês Jean
Claude Milner: “Os linguistas tratam a língua como se ninguém a falasse”(1987). Nós
acrescentaríamos que também o gramático trata a língua como se ninguém a falasse. As nossas
análises basearão-se nas gramáticas de Rocha Lima, Macambira e Celso Cunha. Estes autores
trazem nos seus compêndios as procuradas regras e as temidas exceções, estas últimas muitas vezes
são até mais usadas do que as primeiras. Os referidos gramáticos foram escolhidos porque apesar de
orientações distintas nas formulações de suas gramáticas, gozam do respeito de professores e alunos
que procuram neles um modelo da língua portuguesa. Além disso, nos interessa sublinhar que
apesar de algumas diferenças, o que os une é a relação com a norma e a exceção.

CORPO E GRAMÁTICA: LEITURAS SOBRE CONCEPTUALIZAÇÃO LINGUÍSTICA E


CORPOREIDADE
Leosmar Aparecido da SILVA – UFG
leosmarsilva@hotmail.com

Uma importante consideração da linguística cognitiva é a de que a gramática é uma


conceptualização. Segundo esse princípio teórico, as estruturas gramaticais e as palavras

188
disponíveis no léxico configuram-se como recursos que o falante utiliza para simbolizar suas
experiências da vida cotidiana. Aquilo que as pessoas falam a respeito do mundo não representa o
mundo em si, mas a visão que elas têm dele. Outra importante consideração das ciências cognitivas
é a hipótese de que de que a mente corporificada (embodied mind), conforme defendem Lakoff e
Johnson ([1980] 2002), Johnson (1987), Lakoff (1987), Casasanto (2011), Kövecses (1992, 2005,
2009) e outros. Segundo essa hipótese, todos os seres humanos têm estrutura corporal semelhante e
realizam basicamente as mesmas atividades com seus corpos: movimentos, percepção etc, logo,
algumas metáforas, que se constituem como conceptualizações sobre mundo, têm base corporal e
integram tanto o léxico quanto a gramática. Considerando-se que o corpo é o vetor semântico pelo
qual a evidência da relação com o mundo é construída, esta comunicação tem o propósito
evidenciar a importância do texto falado no que diz respeito, principalmente, à produçãoda leitura
que o falante faz do mundo por meio de expressões linguísticas metafóricas, criadas a partir da
relação desse falante com o seu corpo. Dados de fala do português goiano, dialeto do português
brasileiro, contribuirão para se verificar as metáforas conceptuais que emergem desse dialeto e que
se alinham às conceptualizações metafóricas corporais de falantes do restante do Brasil. Além disso,
serão mostrados dados de outras línguas que revelam a presença do corpo tanto no léxico quanto na
gramática.

GRUPO TEMÁTICO 29: LETRAMENTO DIGITAL


COORDENADORAS: Andréa Lourdes RIBEIRO (FALE/UFMG) –
andrearibeiro2004@yahoo.com.br;
Carla Viana COSCARELLI (FALE/UFMG) – cvcosc@yahoo.com.br

O objetivo deste GT é discutir o letramento digital. Sabemos que a leitura e a escrita têm sido
realizadascada vez mais no computador e em outros dispositivos digitais como tablets e celulares.
Precisamos, então, verificar como a escola tem incorporado ou deveria incorporar atividades que
contribuíssem para o letramento digital. Para isso precisamos saber que habilidades de leitura esses
ambientes exigem do leitor, como a escrita se realiza nesses ambientes, que possibilidades ela
oferece e como os escritores têm se apropriado delas. Precisamos saber em que aspectos a leitura e a
escrita em ambientes digitais se diferem do impresso. Em relação às práticas escolares, precisamos
verificar como as escolas tradicionais têm incorporado as tecnologias digitais para ensino
aprendizagem de língua materna. Como a leitura, a escrita e os conhecimentos linguísticos têm sido
ensinados na escola com o auxílio do computador e da internet? De que forma os professores de
português têm introduzido as tecnologias digitais em sua prática docente? Sabemos que há matrizes
de letramento digital e avaliações desse letramento em exames de larga escala como o Enem e o
Pisa. Que matrizes são adotadas nessas e em outras avaliações e que elementos do letramento digital
elas julgam ser importantes? Precisamos discutir com que bases e como esse letramento tem sido
avaliado. Além disso, sabemos que jogos digitais têm conquistado cada vez mais o mercado e são
programados com base em princípios que deveriam ser incorporados à educação formal. Em vista
disso, precisamos verificar o que os jogos digitais têm oferecido à educação, qual a qualidade dos
jogos educativos disponíveis na internet e que contribuições eles têm dado às práticas pedagógicas.
Essas são algumas das questões que pretendemos discutir nesse GT.

LETRAMENTO DIGITAL NA PRÁTICA


Carla Viana COSCARELLI – UFMG
cvcosc@yahoo.com.br

O professor de português não pode mais se furtar a desenvolver um trabalho que auxilie os alunos a
desenvolverem habilidades requeridas para que conquistem um grau satisfatório de letramento
digital. Essas habilidades são requisitadas no cotidiano desses alunos em muitas situações fora da
escola e, como são imprescindíveis na vida contemporânea de cidadãos que desejamos críticos e
participativos em diversas instâncias da nossa sociedade, já são cobradas deles em exames de larga

189
escala como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (PISA). Para desenvolver um bom trabalho, o professor precisa, não apenas de ter
familiaridade com os ambientes digitais e com as ferramentas e aplicativos que eles oferecem, mas
precisa também conhecer matrizes de letramento digital e determinar as habilidades que pretende
auxiliar os alunos a desenvolver em sua prática pedagógica. Além disso, deve elaborar atividades
que desenvolvam as habilidades dos seus alunos requeridas na leitura e produção de textos nesses
ambientes.Discutiremos nesse trabalho os descritores de habilidades elencados pelo PISA e pelo
ENEM, levantando aspectos positivos e negativos deles. Depois disso, apresentaremos atividades
elaboradas pelo Projeto Redigir, que visam lidar com essas habilidades em atividades práticas de
sala de aula de língua materna. Esse projeto tem como principal objetivo criar e disponibilizar
atividades que ofereçam ao professor formas de lidar com diversos gêneros textuais, bem como com
artes, música, cinema e com o letramento digital, entre outros, desenvolvendo habilidades de leitura,
produção de textos e reflexão gramatical. Pretendemos, nessa comunicação, apresentar algumas das
atividades disponibilizadas no site, que lidam com o letramento digital e discutir os aspectos e
conceitos que fundamentam a elaboração delas.

ANÁLISE DE QUESTÕES DO ENEM QUE OBJETIVAM AVALIAR COMPETÊNCIAS E


HABILIDADES NO TRATO COM AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
Francis Arthuso PAIVA – COLTEC
paivafrancis@yahoo.com.br
Léa Dutra COSTA – COLTEC
lea.dutra@gmail.com

O ENEM acentua a necessidade de o ensino de Língua Portuguesa (re)definir objetivos, propor e


consolidar metodologias mais adequadas à demanda social pelo letramento digital. Nosso objetivo
era avaliar as questões do ENEM 2010 que se destinam a medir o desempenho de estudantes no que
se refere à competência nove: “Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das
tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do
conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às
demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar”. A
partir disso, buscamos levantar o que poderia estar se apresentando como dificuldade encontrada
pelos alunos. Elaboramos um teste composto por 15 questões do ENEM/2010 aplicado a 280
alunos, 103 dos quais em final de 1º ano do E.M em 2011 e o restante é iniciante do 1º ano do E.M.
em 2012, todos são alunos de escola pública federal que oferece cursos técnicos de nível Médio.
Confrontamos esse levantamento com os enunciados e as alternativas das questões bem como com
as habilidades previstas na Matriz de Referência de Códigos, Linguagens e suas Tecnologias para o
ENEM. Pudemos observar que as questões da referida competência exploram descritores comuns a
outras competências de leitura, ao mesmo tempo em que busca ativar e relacionar os conhecimentos
do aluno sobre tecnologias da informação mediadas pelo computador, ainda que em algumas
questões exija conhecimento específico que está além das matrizes curriculares do Ensino Médio,
pelo menos das de Língua Portuguesa, e distante das práticas de ensino na Educação Básica.
Procuramos então depreender dos resultados obtidos indicadores tanto para o trabalho do professor
de língua materna quanto para o aprimoramento dos instrumentos de avaliação adotados pelas
instituições de ensino.

PRÁTICAS DE LETRAMENTO MULTISSEMIÓTICO NA REDE SOCIAL FACEBOOK


Dáfnie Paulino da SILVA – UNICAMP
lafehospel@gmail.com
Marylin Lima Guimarães FIRMINO – UNICAMP
marylinguimaraes@gmail.com

190
No presente trabalho realizamos um estudo de caso das práticas de letramento multissemióticas
acionadas na rede social Facebook. Em nosso estudo, selecionamos um sujeito com letramento
digital avançado, pois utiliza amplamente as diversas propiciações que o site Facebook proporciona.
Verificamos que os artefatos utilizados por redes sociais como Facebook, Orkut e afins constituem
práticas de letramento contemporâneas, múltiplas, intersemióticas e que exigem de seus usuários
cada vez mais competências para leitura e produção de significados, acionando mídias combinadas.
Há uma evolução notável nos espaços virtuais que tende ao hibridismo midiático, solicitando dos
sujeitos um letramento de integração de mídias bastante elevado. Dentro de tais plataformas
percebemos um processo de construção identitária por multissemiose: na criação do perfil, são
oferecidas múltiplas propiciações pelo artefato, como inserções de links, imagens, vídeos, e uma
infinidade de aplicativos. Não obstante estes fatores, os sites de redes sociais apontam a capacidade
dos indivíduos em desenvolver um letramento bastante sofisticado de autoapresentação e
gerenciamento da própria imagem por meio de articulações sociais, uso de aplicativos e seleção de
gostos (BOYD & ELLISON, 2007). Em nossa análise, percebemos que o sujeito faz do seu perfil
on-line um reflexo de uma coleção de bens simbólicos, e mesmo que esteja em desacordo com as
coleções do sistema cultural, essa mistura e ruptura são parte do processo de hibridação cultural que
vivenciamos (CANCLINI, 2008). Por meio de uma breve comparação das interfaces do Orkut e do
Facebook também será possível refletir sobre as tendências multimodais presentes no
desenvolvimento dessas redes sociais. Concluímos que as propiciações do meio digital impelem o
usuário para as práticas hipertextuais e hipermidiáticas, mesclando linguagens e textos, criando
apropriações, usos e convergências comuns aos multiletramentos e letramentos multiculturais.

APROPRIAÇÃO DAS TICS POR GRUPOS PERIFÉRICOS: NOVOS E HÍBRIDOS


LETRAMENTOS PARA A PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Junot de Oliveira MAIA – UNICAMP
junotmaia@gmail.com

A grande relevância que as TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação – têm assumido


nestes tempos de capitalismo rápido faz com que os indivíduos tenham, cada vez mais, acesso a
elas, mesmo pertencendo a classes sociais de menor poder aquisitivo. Por conseguinte, o contato
com a Internet, a rede mundial de computadores, seja por meio de lanhouses, computadores,
celulares ou tablets, torna-se mais amplo e, dessa forma, grupos periféricos são capazes de se
apropriar desses recursos de tecnologia. Essa apropriação é viabilizada pela hibridação entre novos
e diferentes letramentos e, justamente por isso, a análise proposta busca ir além das tradicionais e
naturalizadas binariedades, como subalterno/hegemônico ou incluído/excluído, e privilegia o foco
em práticas marginais, fronteiriças, de contato entre culturas. A hibridação, aqui, se explica por três
ações: a desterritorialização, representada pelo fim da ligação natural e direta entre espaço
geográfico e prática cultural; a descoleção/recoleção, que parte e mistura coleções tradicionalmente
organizadas pelas práticas constantes dos sistemas de cultura; e a expansão dos gêneros impuros,
que são os híbridos resultantes dessas duas ações anteriormente mencionadas. Então, levando em
consideração esses três processos, o presente estudo analisa a maneira como ocorre a hibridação
entre os diferentes e novos letramentos que permitem a apropriação das TICs por parte de
indivíduos de periferia. Entender tal processo pode ser um passo necessário para buscar caminhos
que favoreçam uma maior participação social dos grupos periféricos no espaço virtual.

LETRAMENTO DIGITAL: DO CONCEITO À PRÁTICA


Carla Geralda Leite MOREIRA – CEFET-MG
carlaleit@yahoo.com.br

O objetivo deste estudo é abrir uma discussão em torno do conceito de letramento digital e do uso
das novas tecnologias na escola. Na tentativa de compreender a importância do uso da informática

191
na educação, a abordagem teórica desta pesquisa segue as considerações de Bawden (2008);
Coscarelli e Ribeiro (2005); Kleiman (2007); Gilster (2006); Soares (2002); Mey (1998) e Lévy
(1999). A hipótese que orienta esta investigação é que há uma resistência por parte desses
profissionais da educação no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Com
relação à metodologia, foram examinados nos modos de dizer de três professores com faixa etária
entre 45 e 65 anos que lecionam para os cursos de graduação e pós-graduação, do Centro de
Educação Tecnológica de Minas Gerais- Belo Horizonte (Cefet-MG), a concepção de letramento
digital e, ainda, como os professores fazem uso das ferramentas hipermidiáticas e tecnólogicas em
suas aulas. As análises desenvolvidas partem de um conjunto de dados coletados a partir de
entrevistas realizadas com os professores de português da referida instituição acima. De natureza
interpretativa e qualitativa, no exame dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977) a
fim de interpretar nas entrelinhas a concepção do uso das tecnologias. Nessa linha, por meio da
técnica de conteúdo temático categorial, foram selecionadas escolhas lexicais consideradas chave, e
também, a frequência dessas escolhas no discurso para a interpretação dos dados. A investigação
possibilitou compreender que as representações acerca da concepção de letramento digital podem
interferir no seu agir docente.

LETRAMENTO DIGITAL: A PRODUÇÃO ESCRITA NA ESCOLA E NAS REDES SOCIAIS


Sergio Vale da PAIXÃO – IF- PR
sergiovpaixao@hotmail.com

Nesse trabalho estão sendo abordados temas relacionados às práticas pedagógicas nas aulas de
língua portuguesa e suas interfaces com práticas de produção textual realizadas pelos alunos em
instrumentos de comunicação na internet, tendo em vista a sua utilização frequente nas redes sociais
e das manifestações textuais dos mesmos fora do contexto escolar – como chats, sites de
relacionamento diversos, torpedos de celulares, dentre outros – buscando aproximar essas duas
realidades, a da escola e a do meio virtual, com vistas ao desenvolvimento das capacidades
discursivas e o letramento discente. Nossa pesquisa está ancorada em estudos sobre letramento
digital advindos de teóricos que discutem práticas sociais de leitura e escrita em consonância com a
influência das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) como Xavier (2005) Araújo;
Dieb (2009) e Coscarelli (2006), entre outros, somados aos fundamentos teóricos advindos dos
estudos sobre letramento (KLEIMAN, 1995; SOARES, 2000). Com a coleta dos dados, para o
desenvolvimento de nossa pesquisa, pudemos observar e confirmar nossas hipóteses acerca do
distanciamento entre as tecnologias de informação e comunicação, tão utilizadas hoje em dia pelos
alunos, e o trabalho pedagógico com a produção escrita orientada pela escola. Constatamos uma
forte expectativa dos alunos em receber tais tecnologias na sala de aula e uma resistência dos
professores em trabalhar com esses instrumentos de comunicação para fins pedagógicos o que os
limita a utilizar apenas recursos como a TV e vídeo, quando os utilizam. Nesse sentido, defendemos
a ideia da aproximação das TICs no ambiente da escola com vistas a melhoria no que tange o
desenvolvimento comunicativo do alunado, uma vez que os mesmos estão em constante
participação nas redes sociais da internet, o que colaborará sobremaneira para uma melhor e maior
aceitabilidade dessas tecnologias para fins didáticos.

LETRAMENTOS DIGITAIS EM CURSOS A DISTÂNCIA E A CONTEXTUALIZAÇÃO DO


PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Valeska Virgínia Soares SOUZA – UFU
valeska_souzaefap@yahoo.com
Waldenor Barros Moraes FILHO – UFU
waldenor@ufu.br

192
Quando nos referimos ao meio digital, entendemos que há um ambiente mundial que possibilita
novas situações para práticas sociais, inclusive no campo educacional. Nesta comunicação,
buscamos aspectos emergentes do processo de letramento digital de estudantes da modalidade a
distância. Adotamos a compreensão de letramentos digitais como o conjunto de competências
necessárias para que o usuário entenda e use informação em formatos múltiplos, oriunda de
variadas fontes e apresentada por meio do computador. Esse usuário deve se apropriar das
tecnologias digitais de informação e comunicação de maneira crítica e estratégica para atingir seus
objetivos, muitas vezes compartilhados social e culturalmente. Os letramentos digitais terão
impactos efetivos nas comunidades de aprendizagem no momento em que as tecnologias digitais de
informação e comunicação forem naturalizadas nas práticas sociais e educativas, ou seja, quando
essas se tornarem invisíveis como tais, permitindo que o foco concentre-se na atividade pedagógica
em si (CHAMBERS; BAX, 2006). Apresentamos dados coletados da disciplina “Introdução à
Educação a Distância” e que foram postados em um ambiente virtual de aprendizagem no qual
interagiram tutores e estudantes matriculados nos cursos de Letras na modalidade de Educação a
Distância, oferecidos pelo Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia.
Nossas análises mostram a importância da contextualização do processo de ensino e aprendizagem
para propiciar uma relação positiva entre os aprendizes e o ambiente de aprendizagem. Parece-nos
importante, por vezes, tirar o foco nas tecnologias digitais de informação e comunicação, e ao
mesmo tempo garantir a visibilidade de sua importância para permitir seu uso não problemático.

A PRODUÇÃO DE TEXTO NO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA)


MOODLE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Daniele de OLIVEIRA – UFMG
danieleoliveira@yahoo.com

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a produção de texto no ambiente virtual de aprendizagem
Moodle. A disciplina UNI003, oferecida pela Faculdade de Letras da UFMG tem como público-
alvo os alunos de graduação da universidade em geral. Nela trabalhamos com o texto acadêmico,
tendo como eixo-norteador de todo o processo a temática da Cultura Livre. Dessa forma, os alunos
aprendem e produzem textos acadêmicos (esquema, resumo, resenha, artigo), além de conhecerem
as possibilidades do Software Livre. Trataremos especificamente das tarefas que tem como objetivo
final a produção de um artigo a ser apresentado no evento online Universidade, EAD e Software
Livre – UEADSL. Para tanto, partiremos de uma reflexão sobre a Educação a Distância
(BELLONI, 2008; SCHLEMMER, 2005), focando na importância do letramento digital e da
autonomia do aluno. Pretendemos demonstrar também como se desenvolve o processo de produção
colaborativa de textos, tendo em vista as proposições de Lévy (1996, 1999) sobre essa nova forma
de construção de sentidos que o autor denomina de "leitura-escrita coletiva". Além disso,
lançaremos mão ainda do conceito de "information literacy" (Dudziak, 2003) que pode ser
entendido como uma competência em informação. A competência em informação é fundamental
nos dias de hoje, haja vista a enorme influência da Internet e dos meios digitais nas nossas vidas. O
que se pode observar da experiência com a produção colaborativa de textos no Moodle é que a
incorporação de uma disciplina totalmente online em cursos de graduação presenciais é de
fundamental importância para que os alunos possam desenvolver (ou adquirir) sua competência em
informação.

PESQUISAS DE INTERVENÇÃO EM LETRAMENTO DIGITAL: APROXIMAÇÕES INICIAIS


Núbio Delanne Ferraz MAFRA – UEL/UFMG
(Apoio: Fundação Araucária – Edital 16/2011)

Estudos desenvolvidos nos últimos anos no âmbito do letramento digital têm identificado perfis e
forma de atuação do professor de Língua Portuguesa. Não obstante a importância dos resultados

193
destes estudos, atualmente constata-se também a necessidade de identificação de investigações que
tenham atuado interventivamente na esfera didático-pedagógica das salas de aula. Quando
pensamos no cotidiano do professor de Língua Portuguesa, construído entre concepções e ações em
sala de aula, o contexto da escolarização não só é constitutivo deste cotidiano como contribui na
definição, em termos de Linguística aplicada, das ações didático-metodológicas e as concepções de
linguagem. Partindo destas premissas, apresentamos os resultados preliminares da análise de
pesquisas sobre letramento digital que contemplam projetos de intervenção em aulas de Língua
Portuguesa na Educação Básica (Fundamental II e Ensino Médio). Com base nos dados oriundos
do projeto de pesquisa nacional “A pesquisa em Linguagem e Tecnologia: o estado da arte no
Brasil” do GT Linguagem e Tecnologia da ANPOLL (PAIVA; ARAÚJO, 2010) e tendo em vista o
perfil de letramento do professor identificado em Mafra e Moreira (2011), estão sendo analisadas
teses, dissertações e projetos de pesquisas de docentes de programas de pós-graduação em Letras,
Linguística e Linguística Aplicada, produzidas no período 2000-2010. Que concepções de
linguagem e que práticas de ensino, constantes nesses projetos de intervenção, têm contribuído para
delinear o trabalho de letramento digital do professor? Quais as fundamentações teóricas e os
encaminhamentos metodológicos das referidas pesquisas? Estas são algumas das questões que têm
sido trabalhadas, tendo em vista o delineamento de um cenário teórico-prático dos projetos de
intervenção desenvolvidos recentemente.

AQUISIÇÃO DA ESCRITA NA ERA VIRTUAL: INCORPORANDO OS JOGOS DIGITAIS


ONLINE
Andréa Lourdes RIBEIRO – UFMG
andrearibeiro2004@yahoo.com.br

O presente trabalho se propõe a analisar como os jogos digitais disponíveis na internet podem
contribuir para a aquisição da escrita. Acreditamos que o uso de jogos digitais online possa tornar o
aprender a escrever mais lúdico, divertido e interessante, possibilitando inclusive a inserção das
crianças no ambiente das novas tecnologias da comunicação e da informação. A metodologia desse
estudo baseou-se na observação de crianças em processo de alfabetização jogando. Foram
selecionados para essa observação 8 (oito) jogos digitais de acesso gratuito na internet disponíveis
no site Escola Games, jogos esses que giram em torno de atividades pertinentes às fases de
aquisição da escrita tais como escrever palavras ditadas, aprender o alfabeto, separar as sílabas,
construir palavras, identificar letras, e que se revelaram atraentes para o público infantil por fazerem
uso de imagens, cores, sons e movimentos. O acompanhamento dos jogadores em ação tomou como
parâmetro: as fases de alfabetização definidas na psicogênese da escrita de Ferreiro & Teberosky
(1991); as novas práticas de leitura e de escrita na cibercultura de Soares (2002), bem como as
discussões sobre o letramento digital de Coscarelli (2005); a teoria de aprendizagem sócio-histórica
de Vygotsky (1991); as considerações sobre aprendizagem e jogos digitais de Gee (2004, 2007) e de
Prensky (2006). Os critérios de observação buscaram identificar como as crianças jogam, o que e de
que forma estão aprendendo com os jogos digitais online. Com esse trabalho, que se baseia em
princípios teóricos das pesquisas sobre a aquisição da linguagem, da teoria dos jogos e do
letramento digital, esperamos contribuir para que o aprendizado da escrita inclua as possibilidades
da era virtual, em especial, os jogos digitais online.

JOGOS, ALFABETIZAÇÃO, SALA DE AULA E NOVAS TECNOLOGIAS: UM CONJUNTO


DE POSSIBILIDADES
Ana Paula Campos Cavalcanti SOARES – UFMG
anapcsoares@ufmg.br
Delaine Cafiero BICALHO – UFMG
delainecafierobicalho@yahoo.com.br

194
Jogos e brincadeiras fazem parte da vida da criança, independentemente de sua condição social, do
tempo em que vive, da cultura e dos costumes que vivencia. A criança é essencialmente lúdica e
essa sua natureza faz com que dê vida a objetos para brincar e construa experiências significativas
na relação com esses objetos. Reconhecendo a infância como um tempo em que as brincadeiras são
fundamentais, a escola tem utilizado diferentes jogos na alfabetização. Os professores do infantil e
das séries iniciais brincam com seus alunos, propõem jogos de diferentes tipos. Muitos desses
podem desenvolver capacidades como concentração, coordenação motora, percepção. Outros tantos
são usados com a finalidade de levar o aluno a aprender a lidar com os sons da língua, e também
estimular a consciência fonológica e fonética; ainda há os que buscam desenvolver a ortografia
entre outros. Que jogos são esses usados no dia a dia da sala de aula? Que capacidades estão
subjacentes a esses jogos? Que tipo de interação eles geram? Quais jogos as crianças gostam? É
possível desenvolver esses jogos, que já tomam parte na sala de aula, usando outras linguagens?
Com base nos conceitos de alfabetização e de letramento de Soares (1999) e considerando a
importância do brinquedo e do brincar conforme Cunha (2004), o objetivo deste trabalho é
identificar jogos utilizados hoje na alfabetização na sala de aula, verificando até que ponto eles
podem ser reconstruídos por meio das linguagens das novas tecnologias. Como metodologia, o
trabalho utilizou entrevistas com alunos em fase de alfabetização em escolas públicas de Belo
Horizonte e com seus respectivos professores, além de analisar alguns jogos de sala de aula e
reconhecer nele as capacidades que mobilizam e que são importantes para o processo de
alfabetização.

PESQUISAS SOBRE JOGOS DIGITAIS NO BRASIL: APRENDIZAGEM E DIVERSÃO


Anderson Pimentel BORGES – UFMG
andersonpborges@yahoo.com.br

O objetivo desta comunicação é apresentar o contexto brasileiro sobre o uso dos jogos digitais na
educação, tendo como referência as dissertações e teses publicadas pelos programas nacionais de
stricto sensu. A pesquisa documental foi realizada no Banco de Teses da Capes e nos acervos
digitais das universidades brasileiras que publicaram os documentos selecionados. Foram
analisados os problemas, os objetivos, a fundamentação teórica, os principais resultados e as
conclusões obtidas nessas pesquisas. A partir desses dados, avaliou-se como cada trabalho
construiu as relações entre as necessidades de aprendizagem do conteúdo escolar e as possibilidades
que o jogo possui para a diversão. Observou-se que as teses e dissertações se concentraram,
basicamente, em duas perspectivas de investigações: as potencialidades que os jogos de
entretenimento possuem para o uso na escola; e a criação de jogos com o intuito de tornar os
conteúdos educacionais curriculares mais atrativos para os alunos. Em linhas gerais, os jogos
digitais foram reconhecidos como uma tecnologia educacional viável e benéfica, porém, percebeu-
se que a inserção do conteúdo escolar no ambiente do jogo não foi explorada como um princípio de
aprendizagem, que pode motivar o jogador a se divertir continuamente enquanto ele tenta vencer os
desafios propostos. Esse aspecto ainda é percebido como um problema a ser resolvido em jogos
com fins educacionais, pois, segundo Gee (2004) e Bates (2004), os jogos digitais que se tornaram
sucesso na sociedade estão focados na diversão proporcionada aos jogadores. Diversão
fundamentada em princípios de aprendizagens que engajam os jogadores a realizarem as atividades
estabelecidas no ambiente do jogo.

A ESCOLARIZAÇÃO DO GÊNERO CHAT: REFLEXÕES NA PERSPECTIVA DA


SEMIÓTICA DISCURSIVA
Naiane Vieira dos REIS – UFT –naianevieira@hotmail.com
Luiza Helena Oliveira da SILVA – UFT luiza.to@uft.edu.br
Este trabalho analisa implicações do uso do chat com fins pedagógicos em aulas de um curso de

195
Letras, em regime semipresencial, considerando o modo como os acadêmicos se apropriam desse
gênero e o reconfiguram à luz do contexto didático. Os acadêmicos em questão são professores do
norte tocantinense inscritos no programa PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica) e buscam a primeira ou segunda licenciatura. Como parte da carga horária se dá
a distância e pela internet, esses docentes em formação têm como um dos desafios a apropriação de
conhecimentos relativos à esfera digital. Nesse sentido, como se trata de práticas escolares, é
necessário que o uso do computador e o contato com a internet se deem de modo a auxiliar os
sujeitos na sua formação, como mais um recurso que permita o acesso ao conhecimento, tendo em
vista práticas de letramento digital. Tomando como subsídio teórico a semiótica discursiva em suas
reflexões mais recentes sobre a interação e regimes de presença, a pesquisa problematiza a relação
em ato com o outro mediada pelo chat e o modo como o gênero sofre as coerções das relações
intersubjetivas. Num primeiro momento, mediante o reconhecimento de papéis actanciais
previamente definidos e apontando para a previsibilidade de um pretenso exercício didático,
confirma-se o que a semiótica designa como regime da programação. Na medida em que a interação
avança, os professores em formação vão se apropriando das possibilidades do chat, caminhando na
direção da subversão do contrato pedagógico inicial. Instauram-se diálogos paralelos,apontando
para novas formas de interação (im)previstas. Este trabalho parte de uma pesquisa inicial que
mobiliza a semiótica para compreensão do letramento digital, buscando contribuir para a reflexão
sobre os usos da internet no âmbito da escolarização. (Apoio CAPES).

LETRAMENTO DIGITAL: O LEITOR UNIVERSITÁRIO E A (RE) CONSTRUÇÃO DE SUAS


PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA EM AMBIENTE ACADÊMICO
Maria da Guia SILVA – UFRN
guia.silva19@hotmail.com
Glícia Marili Azevedo de Medeiros TINOCO – UFRN
gliciatinoco@ect.ufrn.br

As práticas de leitura e escrita em ambiente acadêmico são múltiplas e atendem a diferentes


propósitos comunicativos. Todavia, com a expansão tecnológica e a informatização dos processos
que compõem o cotidiano das universidades brasileiras, parecem não ser suficientes as
competências de leitor e de escrevente desenvolvidas no mundo do papel. Desde a matrícula do
graduando, passando pelos trâmites mais corriqueiros de envio, avaliação e entrega de exercício
semanal e/ou de disponibilização de notas ao fim do semestre, até o encerramento do curso
superior, professores e graduandos vêm-se em situações de comunicação que requerem a contínua
ampliação do letramento digital. É nesse contexto sócio-histórico que pretendemos debater como a
escrita se instaura, em plena virada digital, na vida de graduandos do Bacharelado em Ciências e
Tecnologia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e que diferenças eles declaram existir
entre a leitura e a escrita impressa e a digital. Para tanto, analisaremos textos de diferentes gêneros
discursivos, produzidos por esses sujeitos de pesquisa em sala de aula e pelo Sigaa, ambiente virtual
de ensino-aprendizagem da UFRN. A análise desses dados de pesquisa cuja vertente é etnográfica
segue o escopo teórico-metodológico dos estudos de letramento entendido como prática
sociocultural (IVANIC, 1994; BAYNHAM, 1995), plural e situada em Linguística Aplicada
(KLEIMAN, 2005; TINOCO, 2008; OLIVEIRA e KLEIMAN, 2008); as discussões de natureza
dialógica da linguagem (BAKHTIN [1952-1953] 2000); e os estudos sobre a linguagem na web
(LÉVY, 1996; BRAGA e RICARTE, 2005; COSCARELLI e RIBEIRO, 2007).

LETRAMENTO DIGITAL: O QUE AS ESCOLAS (NÃO) ESTÃO FAZENDO PARA (RE)


ESCREVER A HISTÓRIA
Claudia Almeida Rodrigues MURTA - COLÉGIO ATENAS
claudia.murta@bol.com.br

196
Márcia Luiza ABREU - COLÉGIO ATENAS
Flávio MARTINS – COLÉGIO ATENAS

O uso das tecnologias digitais e dos sistemas de informação permeiam as relações sociais na
atualidade, portanto, letramento digital é uma necessidade para o exercício das práticas sociais.
Nesse cenário informatizado, o papel do professor, mais uma vez, se mostra fundamental para
estimular os alunos ao desenvolvimento do letramento digital, orientando-os a utilizar o computador
e a internet, de maneira segura, crítica e autônoma, dentro ou fora da escola. Diante de mais esse
desafio, temos que questionar sobre o que a escola tem feito para a inserção do computador na sala
de aula, na capacitação dos professores e como estes estão usando as tecnologias digitais em sua
prática pedagógica, no sentido de desenvolver o letramento digital dos alunos. O objetivo desta
pesquisa é verificar as ações efetivas da escola em prol do letramento digital de seus alunos e os
programas de formação continuada e condições de trabalho que propiciam a seus docentes para que
estes estejam habilitados a inserirem o computador e as tecnologias digitais em suas aulas. Trata-se
de uma pesquisa de campo realizada no ano de 2010 em escolas das redes pública e privada em três
cidades de Minas Gerais. A coleta de dados envolveu professores, alunos e direção das escolas.
Concluiu-se que os resultados encontrados em escolas de realidades diferentes são comuns. As
escolas reconhecem a importância do letramento digital no contexto moderno, mas pouco fazem
para alcançar o objetivo. O professor tem pouco apoio das instituições de ensino para o
desenvolvimento de seu letramento digital e para o uso das tecnologias em sala de aula. Os alunos
usam os recursos das TICs nos seus cotidianos, mas conhecem muito pouco dos usos educacionais.
Percebemos que é preciso inserir o computador nas práticas pedagógicas e juntos, professor e aluno,
letrarem-se digitalmente para exercerem a cidadania no mundo digitalizado.

LETRAMENTOS DIGITAL, ACADÊMICO E LITERÁRIO DE ALUNOS DE CIÊNCIA DA


COMPUTAÇÃO DA UFOP
Hércules Tolêdo CORRÊA – UFOP
herculest@uol.com.br

Esta comunicação tem por objetivo apresentar alguns dados sobre práticas de letramentos digital,
acadêmico e literário de alunos de graduação do curso de Ciência da Computação da Universidade
Federal de Ouro Preto. Os referenciais teóricos que subsidiam a pesquisa são, basicamente, os
estudos sobre os multiletramentos (digital – COSCARELLI e RIBEIRO; literário – PAULINO e
COSSON; acadêmico – STREET; além dos estudos e reflexões de pesquisadores pioneiros no
assunto, no Brasil, como SOARES e KLEIMAN) e as concepções de língua, linguagem, ensino de
língua portuguesa e gêneros textuais/discursivos (BAKHTIN, BRONCKART, MARCUSCHI,
COSTA VAL e ROJO). A disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos, ministrada aos alunos
de Ciência da Computação, tem como principal objetivo promover o letramento acadêmico dos
alunos, por meio da leitura e escrita de gêneros discursivos mais utilizados no espaço acadêmico
contemporâneo, como fichamentos, resumos, resenhas, relatórios de leitura, artigos científicos e de
divulgação científica, memoriais de leitura e fóruns de discussão. A pesquisa que ora apresentamos
origina-se, sobretudo, de informações coletadas por meio de memoriais de leitura e escrita
produzidos pelos alunos matriculados nas turmas e pelas informações postadas nos fóruns de
discussão. Neste trabalho, focamos nossa análise nas instâncias ou agências promotoras do
letramento, como a família, a escola em seus diferentes níveis, as bibliotecas, a própria literatura e
as disposições individuais, por meio de depoimentos coletados pelos memoriais de leitura e escrita
que revelam, em sua maioria, um perfil de alunos que, se não são exatamente nativos digitais, estão
longe de serem migrantes digitais, como a maioria dos professores universitários.

O GÊNERO PESQUISA ESCOLAR E O LETRAMENTO DIGITAL


Lílian ARÃO – CEFET-MG

197
lilianarao@uaicom.br

Nossa era é marcada por uma gama de informações e por rápidas mudanças. Experimentamos no
nosso dia a dia, devido às novas tecnologias, o aumento da obtenção de informações, a ampliação
de seu armazenamento e a rapidez na sua distribuição. A realidade digital promoveu novas
condições de produção que determinaram novas formas de organização do discurso, novos gêneros,
novos modos de ler e de escrever. Esse estado de coisas foi denominado como letramento digital. O
modo como o texto se apresenta na tela e a maneira como o manuseamos nos obriga a dominar
novos conhecimentos e novas estratégias de leitura e de escrita. Nesse sentido, um dos desafios
para os educadores de hoje é preparar os alunos para viverem de modo completo e produtivo nessa
sociedade da informação. Diante desse novo espaço de múltiplas vozes promovido pelo meio
digital, verificamos uma diluição dos limites entre a apropriação legítima e o plágio. Se por um lado
temos a democratização do acesso à produção de conhecimento, por outro corre-se o risco de
trabalharmos com a falsa ilusão de construção de saberes, já que a produção de pesquisa pode se
transformar apenas num movimento de colagens esquizofrênicas, sem o exercício de leitura, seleção
e síntese das informações. Este trabalho configura-se como uma síntese de nossa pesquisa de
iniciação científica do programa BIC Jr que buscou refletir sobre a forma como alunos e professores
do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Campus VIII, localizado na cidade de
Varginha, têm lidado com o gênero pesquisa escolar, qual o significado que esses sujeitos dão a
essa atividade e até que ponto a Internet tem sido usada como fonte de pesquisa.

MÃOS À OBRA: ESCRITA COLABORATIVA E JORNAL VIRTUAL NO ENSINO MÉDIO


Marcelo Cristiano ACRI – UEL
r_le_beau@hotmail.com

O ensino de língua portuguesa parte de uma concepção de língua como ferramenta para a interação
entre sujeitos e concretiza-se na sala de aula através dos gêneros discursivos. No entanto, a escola,
promotora de um letramento a ensinar (portanto, filtrado pelo crivo da pedagogização de
conhecimentos e práticas), ainda não incorporou de forma satisfatória práticas promotoras do
letramento digital. As ações que buscam tornar o aluno letrado digital têm se baseado nas
habilidades necessárias para leitura e escrita fora do ambiente virtual, além de ainda pensar que se
deve “alfabytizar” o aluno, não o tornar um letrado digital. Da mesma forma que a alfabetização
pode ser desenvolvida através do letramento, a utilização do computador e da internet pode vir
acompanhada do letramento digital. É preciso levar em consideração uma matriz de letramento
digital, como a apresentada por Dias e Novais (2009), para deixar mais visível ao professor o que se
espera do aluno. O projeto que elaboramos trata-se de uma proposta de intervenção em que estão
sendo colocadas em ação habilidades relacionadas ao letramento digital através do uso das
ferramentas digitais Google Docs e Blogger para o desenvolvimento da escrita colaborativa e
elaboração de um jornal virtual e, dessa forma, da escrita pessoal do aluno. Com esse artigo
pretendemos relacionar as habilidades específicas de uma matriz de letramento digital em
desenvolvimento no projeto. Considerando que as habilidades não são restritas a si mesmas,
propomos confrontar os objetivos do projeto e as habilidades exigidas dos alunos para seu sucesso
buscando verificar quais são exclusivamente relacionadas ao ambiente virtual e como se
relacionam.

GRUPO TEMÁTICO 30: LÍNGUA E DISCURSO: APROXIMAÇÕES INTERDISCIPLINARES


COORDENADORA: Eliana Crispim França LUQUETTI (UENF) – elinafff@gmail.com

Até os anos de 1960-70, os estudos de língua e de discurso eram conduzidos separadamente nos
programas disciplinares das nossas faculdades de Letras. O linguístico e o extralinguístico não se
cruzavam metodologicamente, apesar de as pesquisas pioneiras de Jakobson e Benveniste já

198
apontarem para a dimensão discursiva do texto. É dessa época a descoberta metodológica de que a
relação entre linguagem e sociedade não é casual. Assim, relacionando as origens comuns – e de
idêntico escopo metodológico – entre a linguística e as ciências sociais, surgem as disciplinas
Análise de Discurso e Sociolinguística, objetivando criar espaços amplos de discussão sobre sociais
e culturais da linguagem nos quesitos sujeito, ideologia, identidade, variantes linguísticas e tantos
outros conceitos que demandam o esforço metodológico interdisciplinar. A sessão de comunicações
intitulada “Língua e discurso: aproximações interdisciplinares” tem como objetivo reunir trabalhos
que, partindo da concepção primária de língua, linguagem e discurso, possam contribuir com uma
discussão mais ampla das ciências humanas, desde quando seus pesquisadores passaram a priorizar
o depoimento pessoal (constituição de corpus próprio) em detrimento da pesquisa histórico-
documental. Além disso, pretende- se promover a interface entre Linguística e Educação a fim de
preencher um grande vazio existente entre as teorias produzidas na academia e a escola, pois,
acredita-se que essa discussão levará aos interessados a uma proposta escolar de tratamento da
língua que não isole seu falante da vivência da linguagem. O papel da escola/pesquisador é colocar
o discente em condições de reconhecer, de fato, a língua que ele fala, que ele lê, que ele escreve. A
língua que se manifesta pela ativação da linguagem representa olhá-la em uso, em contexto, em
seus interfaceamentos.

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E DO(S) SENTIDO(S) NO INTERIOR DO ETHOS


EDUCACIONAL
Fernando Lima da COSTA – UFU
llimagem@yahoo.com.br
Juliana Vilela ALVES- UFU
julianauberlandia@gmail.com

O presente estudo pretende refletir sobre o processo de constituição do sujeito e do(s) sentido(s) que
emergem no interior de um ethos educacional. A reflexão teórica, que se inscreve a partir dos
estudos da Análise do Discurso de Michael Pêcheux (ADF) em diálogo com os estudos
desenvolvidos no interior da Lingüística Aplicada (LA). Desse modo, observa-se que a LA
configura-se, ao nosso olhar, enquanto campo em constante (re)construção de saberes e práticas
tomando enquanto corpus as práticas linguageiras que se instauram no interior de um ethos
educacional[1]. Entendemos, neste estudo, por práticas linguageiras os diferentes usos da
língua(gem) que uma instância sujeito realiza no interior de uma manifestação enunciativa. Logo,
observamos que é por meio dessas práticas que podemos ter acessa a constituição do sujeito e dos
sentidos, de acordo com Santos (2007), essas práticas “demarcam uma diversidade de posições e
lugares que esse sujeito pode ocupar com seus usos dessa língua” (SANTOS, 2007, p. 189), como,
também, da constituição dos sentidos que delas decorrem. Assim, este trabalho propõe-se a analisar
como se manifesta os processos onde sujeitos e sentidos são produzidos por meio das reflexões
sobre a rede conceitual da ADF em conformidade com a LA, no que tange a concepção do que é (ou
venha a ser) literatura. Pois, o "analista do discurso vem, dessa forma, trazer sua contribuição às
hermenêuticas contemporâneas. Como todo hermeneuta, ele supõe que um sentido oculto deve ser
captado, o qual, sem uma técnica apropriada, permanece inacessível"(MAINGUENEAU, 1997, p.
11).
[1]
Utilizamos ethos educacional para referirmos aos diferentes contextos educacionais em que a língua(gem) se
manifesta como, também, dos processos que ela engendra no interior deles.

JOGOS DE LINGUAGEM E SEMÂNTICA ABORDADOS NAS INVESTIGAÇÕES


FILOSÓFICAS E SUAS APLICAÇÕES NA LINGUAGEM COTIDIANA
Vanderlei de OLIVEIRA – UENF
prof.vanderleicap@hotmail.com

199
Este trabalho analisa os escritos de Ludwig Wittgenstein, com relação aos jogos de linguagem e
semântica abordados na sua obra Investigações Filosóficas. Nas IF, a visão de linguagem para
Wittgenstein sofre uma mudança, ele passa a ver a linguagem como “uso” e não mais somente
como uma forma lógica de representar o mundo. Existe um mundo em si que nos é dado
independentemente da linguagem, mas que a linguagem tem a função de exprimir. Até então,
Wittgenstein queria uma linguagem artificial, pois se a tivesse ela seria a medida de qualquer
linguagem. Dados aos diversos equívocos acerca dos jogos de linguagem e suas funções na
linguagem ordinária, concebe uma nova estrutura da língua a partir das IF. Ele dá início a uma
reviravolta pragmática e concebe, a partir de então, uma análise da linguagem no seu usoparticular.
Wittgenstein passa a trabalhar os conceitos acerca de jogos de linguagem, postulando que, para se
entender uma determinada linguagem, há a necessidade de se entender primeiro o “uso” particular
dela, levando assim em consideração o contexto no qual a linguagem é empregada. Vê-se que o
significado de uma palavra é seu lugar em um jogo de linguagem. Pois as palavras só têm sentido
porque há objetos que elas designam. Nas IF ele trabalha justamente com a linguagem cotidiana,
pois a sua preocupação não é mais a de construir uma metalinguística, mas, a partir do “uso” que se
faz de uma determinada palavra, pode-se então estabelecer sua regra e então essa palavra será
compreendida, podendo haver a variação de contexto para cada palavra.

O USO DO ELEMENTO "BEM": UMA ANÁLISE DE ENSINO DE GRAMÁTICA SOB A


PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
Karina Pereira DETOGNE – UENF
karinadetogne@ig.com.br
Eliana Crispim França LUQUETTI – UENF
elinafff@gmail.com

O presente trabalho busca propor uma nova concepção de ensino de gramática sob a perspectiva da
linguística funcionalista, detendo-se especificamente nos usos do elemento bem, pois sabemos que a
gramática normativa classifica esse vocábulo, por exemplo, como advérbio, sem levar em
consideração seucontexto, ou mesmo seu uso no discurso, prevalecendo apenas a modalidade
escrita da língua, desconsiderando a oralidade e os usos concretos. Para realização desse estudo,
faremos uma análise qualitativa de cunho funcionalista do elemento bem no corpus da região norte-
noroeste fluminense. Não pretendemos reformular conteúdos, ou mesmo, mudar as concepções
teórico-metodológicas. Mas temos evidenciado que o ensino de língua na escola, ainda, não
contempla os eixos norteadores propostos nos PCNs, assim como, uma reconfiguração das práticas
pedagógicas que ainda, não estão pautadas nesses novos paradigmas de ensino. Além disso,
procuraremos evidenciar as contradições do ensino de gramática em diferentes concepções, a fim de
buscarmos subsídios na linguística, mais especificamente na corrente funcionalista, objetivando um
ensino mais produtivo e eficaz nas salas de aula. Observando a linguagem oral, à luz do
Funcionalismo, verifica-se a necessidade de análise do elemento bem, visto que a Gramática
Normativa postula apenas uma classificação para o elemento. Entretanto, no uso, verifica-se que o
mesmo não se efetiva somente na classificação prescrita pela Gramática.Por não abordar esses
aspectos do uso, faz-se necessário um estudo aprofundado do que a Gramática não leva em
consideração.Com base nos conceitos de Gramaticalização e Discursivização serão identificadas
outras formas de classificação do bem, valendo-se de teóricos, como MARTELOTTA (1996),
LUQUETTI (2008), FURTADO (2007), NEVES (2001) entre outros.

TRABALHO, OPRESSÃO E LÍNGUA: POR UMA ANÁLISE DO CONTO “A ENXADA”, DE


BERNARDO ÉLIS
Fabianna Simão Bellizzi CARNEIRO – UFG
fabianna_bellizzi@yahoo.com.br

200
Este trabalho objetiva uma análise do conto “A enxada” (1966), do escritor goiano Bernardo Élis,
sob uma perspectiva inserida em contexto de opressão e violência que durante muitos anos marcou
as relações de trabalho no campo. Tal fato fica ainda mais evidenciado, no Brasil, no início do
século passado quando se intensifica a produção agrícola em larga escala de forma a atender
demandas do capital. Élis contribuiu para ressaltar a literatura goiana, limitadamente inserida em
categorias como regionalista, rural ou sertaneja. Neste conto, o autor expõe problemas que atingem
o homem do campo, mas que se encaixam em várias outras situações de opressão contra grupos
minoritários – grupos que muitas vezes expõem a vulnerabilidade de um sistema que pretende
alcançar a máxima obediência das pessoas que o compõem. Com uma escrita contundente e
reveladora das mazelas e asperezas vividas pelo homem do campo, este conto nos possibilita outros
cruzamentos e análises que englobam não só a opressão do trabalho conforme citada, bem como
questões envolvendo linguagem, religião, sociedade e discriminação. Notaremos, ao longo do texto,
as possíveis interseções entre a Análise do Discurso, A Literatura e as Ciências Sociais – áreas em
princípio diferenciadas, mas que se aproximam no momento em que ressaltam as relações entre o
homem e língua inseridas em nossa contemporaneidade. Trata-se de um trabalho analítico e não
conclusivo, portanto a metodologia se sustenta em pesquisa bibliográfica e tem como suporte
teórico textos de Marcos Bagno, Ismael de Lima Coutinho, Tomaz Tadeu da Silva, Sergio Buarque
de Holanda, Antonio Candido, Michel Foucault e outros que serão referenciados ao longo do texto.

EM BUSCA DE UM SENTIDO
Janice Alves GOMES – IFG
janiceagomes@yahoo.com.br

A Semiótica, teoria que tem como objeto a significação, é atualmente, mas ainda timidamente,
trabalhada em sala de aula por alguns professores de línguas, que tentam diminuir os espaços que
separam falante, língua e discurso. Trabalhada na graduação, a Semiótica tem sido utilizada como
elemento facilitador na análise de textos. Em turmas de ensino médio tem auxiliado o aluno a
compreender as considerações que envolvem os discursos, assim como o percurso que o texto faz
para produzir sentido. O que importa, porém, é levar o aluno a descobrir o que está subentendido no
texto, o que nem sempre ele consegue compreender com facilidade ou habilidade. Importante
ressaltar que a Semiótica procura analisar o texto por meio de elementos que, quando utilizados
adequadamente pelo aluno, tais como os elementos
modais, este aluno tenha condições de perceber que o enunciado ali produzido não foi organizado
aleatoriamente, há uma intenção implícita ou mesmo explícita por parte do enunciador ao elucidar
determinado pensamento. A enunciação está ali, presente, marcada por elementos formais que
constituem a língua. Uma conjunção, um adjetivo, um advérbio etc., além da pontuação, podem
alterar o sentido do texto dependendo da forma como são dispostos em um texto, o discurso muda
com a proporção em que as ideias tomam forma no corpo do texto por meio das palavras escolhidas
e dispostas no mesmo. Assim,o aluno percebe que uma análise textual não parte do nada, como
muitos são levados a pensar. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma
abordagem sobre o uso da Semiótica na análise de textos em turmas do primeiro ano do ensino
médio técnico tecnológico, pois que essa ciência tem sido uma saída para resolver alguns problemas
de leitura e interpretação apresentadas pelos alunos.

A RELAÇÃO DO EU E DO OUTRO
Carlos Alexandre Nascimento ARAGÃO – UFS
cana_aragao@yahoo.com.br

No decorrer deste trabalho fazemos uma discussão acerca dos postulados da enunciação com o
intuito de apresentarmos a visão significativa que o filosofo russo Bakhtin (2003, 2009), trouxe para
o universo da linguagem a partir das grandes contribuições do linguista Saussure mesmo sendo um

201
grande opositor a elas. Assim, buscamos entender a relação existente entre o EU e o OUTRO à luz
dos postulados deste filosofo, trabalhando a noção de enunciação, por esta se encontrar no eixo da
interação entre os sujeitos do discurso. Nesse sentido, a fala é concebida como um processo social
que se constrói a partir da interação entre os sujeitos e não individual, porque na medida que o
individuo a adquire passa a agir e interagir com o seu meio. Levando, assim, ao processo de
comunicação verbal que pode ocorrer entre indivíduos/textos. Nesse mesmo caminho, o pensador
russo coloca a noção da palavra, tomada como um fenômeno ideológico e por este motivo transmite
um valor social. Em seguida apresentamos uma análise dos corpora formados por entrevistas
realizadas com professores de Língua Portuguesa a partir desta teoria. Este trabalho consiste em
uma abordagem parcial da dissertação de mestrado, cujo tema é “O Ethos discursivo do professor
de Língua Portuguesa no Município de Monte Alegre - SE”. Tem como objetivo investigar as
questões relacionadas aos problemas concernentes ao ensino de língua materna, numa perspectiva
discursiva, apesar deste ainda ser um problema atual, mesmo com a presença da Linguística.

A ORDENAÇÃO DE ADVERBIAIS DE TEMPO E O ENSINO DE GRAMÁTICA SOB A


ÓTICA FUNCIONALISTA
Giselda Maria Dutra BANDOLI – UENF
giseldadutrabandoli@uol.com.br
Sérgio Arruda de MOURA – UENF
arruda.sergio@gmail.com

Partilhamos com a concepção de que o ensino de língua materna deveria ser baseado no
funcionamento da língua em efetiva comunicação, como uma estrutura maleável, para que sua
complexidade fosse entendida a partir de uma reflexão coerente e não apenas de um conjunto de
regras isoladas. Se o processo de ensino-aprendizagem não for assim conduzido não contribuirá
para o objetivo maior dos estudos de língua/linguagem: habilitar o aluno à produção/interpretação
de textos orais e escritos, concretizados em gêneros discursivos e ajustados à s inúmeras situações
de comunicação, em níveis variados de formalidade. Nossa proposta é proceder a um estudo sobre a
ordenação dos adverbiais de tempo em um corpus constituído de textos orais e escritos de falantes
da região norte-noroeste fluminense, a fim de refletirmos sobre os usos dessa categoria gramatical.
Esses textos produzidos pertencem a gêneros diversos, a saber: narrativa de experiência pessoal;
narrativa recontada; descrição de local; relato de procedimento e relato de opinião e produzidos
inicialmente por 133 informantes de ambos os sexos, idade diversa e diferentes níveis de
escolaridade. Além disso, procuraremos buscar uma proposta didático-metodológica alinhada a um
ensino mais produtivo e reflexivo ao fazermos as abordagens desse tópico gramatical, através de
uma perspectiva, além de gramatical, também discursivo-pragmática. Este trabalho, portanto, se
justifica na medida em que apresenta uma metodologia alternativa ao ensino tradicional de
gramática, buscando uma aproximação da linguística com a prática cotidiana na sala de aula.
Assim, o ensino de Língua Portuguesa contemplaria o estudo de tópicos gramaticais não mais
desvinculados do uso, mas inseridos em um efetivo contexto de comunicação.

O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA E O PROCESSO ENSINO-


APRENDIZAGEM
Monique Teixeira CRISÓSTOMO – UENF
monikebj@gmail.com

O presente trabalho visa evidenciar a questão ideológica nos livros didáticos de Língua Portuguesa,
que funcionam, na maioria das vezes, como um veículo de discriminação, uma vez que enfatizam
apenas o uso da linguagem culta da classe dominante e distanciam-se, portanto, da realidade da
maioria de sua clientela: os alunos pertencentes a uma classe social menos favorecida. Apesar das
várias reformulações sofridas pelo livro ao longo dos anos, ainda prevalece em seu discurso a

202
abordagem da língua tradicional, que se baseia nas regras prescritas pela gramática normativa e que
é utilizada de forma mecânica e descontextualizada. Entretanto, quando um autor tenta (re)pensar a
linguagem sob uma perspectiva linguística, em que busca enfocar as variações da língua e seu uso
no discurso, é mal interpretado como, por exemplo, ocorreu com a autora Heloísa Ramos, do livro
didático “Por uma vida melhor”, selecionado pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD/MEC) para modalidade da Educação de Jovens e Adultos - EJA. Assim, pretende-se
mostrar que os manuais didáticos não podem ser vistos como a única fonte de mediação do
conhecimento na sala de aula e que, se sua abordagem fosse realizada a partir do enfoque da
Linguística Funcional, o ensino de Língua Materna seria bem mais produtivo, revelando e,
consequentemente, ampliando outros usos da língua, ou seja, a língua na interação comunicativa.
Para realizar essas propostas, utilizaremos os pressupostos teóricos da Análise do Discurso, da
Sociolinguística, assim como da Linguística Funcional, valendo-se de diversos teóricos, dentre eles
Maingueneau, Citelli, Soares, Fairclough, Martelotta, Cunha, Bagno e outros.

ESPECIFICIDADES E INTERSEÇÕES ENTRE OS CONCEITOS DE IMAGINÁRIOS


SOCIODISCURSIVOS, IMAGEM DE SI, ESTEREÓTIPOS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Renata Aiala de MELLO – UFMG
demello.renata@gmail.com

Os conceitos de “imagem de si”, de “estereótipos”, de “representações sociais” e de “imaginários


sociodiscursivos”, comumente utilizados em Análise do Discurso, são de natureza cognitiva e
discursiva. Todos eles se configuram, explícita ou implicitamente, em mecanismos utilizados pelo
indivíduo para ler, construir o mundo, a realidade, a imagem do outro, além da de si próprio. Essas
representações, que ajudam na construção de sistemas de pensamento e visão do mundo, que
estabelecem crenças, orientam condutas, definem e constituem os sujeitos e suas relações,
interferem, direta ou indiretamente, no contrato de comunicação entre eles. Mas, o que diferencia
esses conceitos que, segundo Charaudeau, se apresentam como esquemas de classificação e de
julgamento de um grupo social? Quais as suas especificidades? Quais interseções podemos
estabelecer entre esses quatro conceitos? Às vezes, nos parece, que eles são utilizados como
sinônimos. Propomo-nos, nesse trabalho, clarear um pouco essa questão. Perguntamos-nos, por
exemplo, o que exatamente diferencia “ethos” de “imagem de si”? “Imagem” e “imaginários” são
palavras correlatas, logo, quais o sentidos específicos? Como se dá a constituição dessas
representações, dessas imagens e desses imaginários? Onde eles surgem? Quais são suas formas de
materialização? Como eles se cristalizam? Se nossas representações sociais são tidas como
estereotipadas e ancoradas nos imaginários sociodiscursivos, como distinguir esses conceitos? Para
subsidiar este trabalho, baseamo-nos, sobretudo, em alguns artigos de Ruth Amossy que tratam
mais especificamente sobre “ethos” e “imagem de si”, de Henri Boyer e Dylia Lysardo-Dias, que
tratam mais particularmente sobre “estereótipos”, e de Patrick Charaudeau que trata de “imaginários
sociodiscursivos” e de “representações sociais”.

UM ESTUDO SISTEMÁTICO SOBRE AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS DO NORTE


FLUMINENSE
Gelson Caetano Paes JUNIOR – UENF
gelcapaior@yahoo.com.br
Dhienes Charla FERREIRA– UENF
dhienesch@hotmail.com

O objetivo da presente pesquisa é apresentar o processo de elaboração de um corpus representativo


da região Norte Fluminense. A elaboração de um corpus dessa natureza é de suma importância para
que se possam promover estudos lingüísticos na região, não somente para pesquisadores da área de
ciências humanas, mas também de outras áreas. Além disso, este banco de fala permite registrar e

203
resgatar a memória, as características de fala de seus habitantes, em oposição aos traços lingüísticos
típicos dos habitantes de outras regiões. Em primeiro lugar, realizou-se um estudo mais
aprofundado da estrutura social das cidades que compõem a região. Já, em segundo lugar, foi feito
uma coleta de amostras da cidade de Campos para a elaboração de uma análise da fala da região.
Esta proposta pretende ser ampliada para toda a região norte fluminense, a fim de atender às
demandas e particularidades dessa região. Como a elaboração de um corpus está necessariamente
subordinada aos objetivos referentes a outras análises que serão desenvolvidas, este projeto trata,
não apenas da elaboração de um corpus, mas também de fornecer informações básicas acerca dos
estudos futuros para os quais o material recolhido servirá de base. Este banco de fala de
fundamental importância para estudos posteriores poderá possibilitar a reflexão e análise de traços
da fala de habitantes de diferentes cidades da região Norte Fluminense. Sua exatidão, característica
necessária ao meio acadêmico, favorece ao estudo da variedade linguística e da oralidade, pois
apresenta situações reais de uso da fala de forma dinâmica. O corpus Discurso & Gramática
constitui a base do corpus elaborado. Nesse sentido, o que se pretendeu foi: adaptar as estratégias de
elaboração do corpus D & G para os objetivos que no momento norteiam a presente proposta.

UMA PROPOSTA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O USO DAS EXPRESSÕES


“ASSIM”, “TIPO” E “TIPO ASSIM” SOB A PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA FUNCIONAL
Karine Lôbo CASTELANO – UENF
kcastelano@yahoo.com.br
Eliana Crispim França LUQUETTI – UENF
elinafff@gmail.com

O presente trabalho pretende evidenciar o uso das expressões “assim”, “tipo” e “tipo assim” nas
diferentes abordagens do estudo da língua portuguesa sob a perspectiva da Linguística Funcional.
Além disso, busca-se analisar as ocorrências desses elementos em cinco tipos distintos de textos: a)
narrativa de experiência pessoal; b) narrativa recontada; c) descrição de local; d) relato de
procedimento; e e) relato de opinião, estratificados de acordo com as variáveis sociais, tais como:
sexo, idade e escolaridade, na modalidade oral de informantes da Região Norte-Noroeste
Fluminense. Para a análise dos dados, inicialmente, levamos em consideração o contexto de
realização dos operadores em questão, como também seu comportamento sintático, sua
proximidade com determinadas categorias gramaticais, bem como sua noção semântica no contexto.
Diferentemente do estudo da gramática tradicional, que se caracteriza pela falta de reflexão em seu
uso, a utilização das expressões em questão prova que há várias condições que são determinantes
para o estudo da língua, como as de interlocução. Por isso, o estudo da gramática precisa estar
relacionado ao uso efetivo da língua, incentivando o aluno a desenvolver conscientemente suas
habilidades linguísticas. Pesquisas que registram, descrevem e analisam sistematicamente os
aspectos sociais de uma comunidade de falantes devem ser levadas para a sala de aula, a fim de se
compreender a estrutura da língua por meio da observação, por exemplo, da variedade linguística
existente na sociedade e detectar as diferenças entre as camadas socioculturais de discursos. Espera-
se, com esta pesquisa, contribuir para o preenchimento de um grande vazio existente entre as teorias
produzidas na academia e a escola, ou seja, entre o pesquisador e o professor, que está na sala de
aula vivenciando todos os enfrentamentos que o ensino oferece.

GRUPO TEMÁTICO 31: LÍNGUA E LITERATURA: ARTICULAÇÕES PELA PRÁTICA


PEDAGÓGICA
COORDENADOR: Raul de Souza PÜSCHEL (IFSP) – puschel@uol.com.br

Ligações entre a língua e a literatura são frutos da experiência prévia ao ingresso que o bacharel e o
licenciado em Letras têm antes de adentrarem as salas da universidade. Entretanto, tal articulação
começa a se apagar quando, já docente, o profissional da área de Letras se dirige aos programas de

204
Mestrado e Doutorado que, em geral, costumam dissociar as duas "subáreas". No entanto, a
experiência em sala de aula exige, quase sempre, que tais saberes se aproximem. Poucos textos
literários, mesmo os que se afastam violentamente da norma, da sintaxe padrão, da tradição, não
têm predominantemente uma matriz linguística. Muito também a literatura tem colaborado
historicamente para a ampliação do leque de possibilidades linguísticas. Assim, a sala de aula é um
motor concreto em que a linguagem se revela, para o neófito - o nosso aluno- enquanto construção
que ultrapassa a comunicação imediata e se torna aquele rio caudaloso que vem de variegada fonte:
do saber do velho lente que esteve a vida a compulsar todos os velhos alfarrábios; do poeta que
busca a expressão e a dicção inesperadas, ao driblar antigas referências; do povo com seu contato
atravessado por aparelhos, fazeres, ironias, fórmulas, variações, construções em aberto.
Reaproximar língua e literatura é o que fazemos diuturnamente, mesmo quando aparentemente nos
descuramos de uma das duas vertentes. Os alunos do ensino fundamental, do médio e até do
superior não são ainda especialistas. Ao procurarem a língua, muitas vezes pedem que a literatura
apresente "o abra-te sésamo". Ao procurarem a literatura, muitas vezes pedem que a língua explique
como um distante objeto se antepôs ao sujeito. Por isso, o que este GT privilegiará é o retorno de
experiências que saibam revelar um tal nó articulatório. Mais que uma linha de estudos, uma troca
de logos, um diálogo produtivo.

IMAGEM DA PROFESSORA NO ROMANCE TIL – ELOS ENTRE A LÍNGUA E A


LITERATURA
Ulysses Rocha FILHO – UFG
ulysses.rochafilho@gmail.com

Os objetos dessa comunicação são a imagem primeira e a figura secundária de uma professora, por
nós denominada leiga, no romance clássico de José de Alencar (1829-1877) bem como,
minimamente, ressaltar seu discurso, sua didática e os princípios norteadores da profissão nos idos
do Império brasileiro. A literatura pode oferecer para a história uma representação do estado da
humanidade num determinado tempo, num determinado lugar. Costumes, opiniões, afetos,
desavenças, homens e mulheres, crianças, um e outro sexo ou gênero; efeitos privados dos
acontecimentos públicos (que com mais propriedade se dizem históricos). Sempre seguindo as
trilhas bakhtinianas de que a palavra é o território comum do locutor e do interlocutor e a expressão
do indivíduo é um produto de várias vozes interligadas, mencionaremos desde como “preparava”
suas aulas, sua abordagem no incentivo e na orientação do aprendizado pelos alunos, passando por
seu foro íntimo e ressaltando a concepção de uma mocinha romântica presa a um sistema
rudimentar do exercício do ato de ensinar. De uma forma romântica, a professora Til/Berta é uma
das primeiras imagens de educadores na literatura brasileira: numa época de transição, onde a
mulher não era considerada enquanto agente social, essa leiga educa, forma e questiona valores e
preconceitos da época em que viveu. A presente comunicação, baseada nos preceitos literários e
pedagógicos de KLEIMAN, A. (1995) e SOARES, M.(1998-b), é produto e parte integrante do
projeto de pesquisa A figura do professor na literatura brasileira - primeiros momentos, registrada
sob nº 29568/SAPP-UFG.

EXPERIÊNCIAS DE LEITURA: A FORMAÇÃO DO LEITOR


Ida Maria MARINS – UNIPAMPA
idamarins@hotmail.com

O Projeto Experiências de leitura: a formação do leitor tem por objetivo geral incentivar a formação
de leitores a partir da prática de leitura de múltiplos gêneros discursivos; como também desenvolver
o gosto pela produção escrita como manifestação individual e coletiva na promoção da cidadania.
Partimos da crença que os alunos, ao engajarem-se discursivamente em práticas de leitura e escrita
aliadas ao prazer, desenvolvem sua aprendizagem e a capacidade de interagir na sociedade de forma

205
crítica e participativa. Ainda hoje o ensino da leitura/escrita na escola é pautado por uma
perspectiva instrumental, cujas práticas apontam um fazer enquanto instrumento de trabalho,
furtando o leitor/sujeito da relação potencial do prazer e da experiência de lazer que a leitura/escrita
podem mobilizar. Para intervir nessa realidade o projeto desenvolve suas ações com alunos do
ensino fundamental e médio da cidade de Jaguarão/RS, realizadas pelos discentes de Letras, como
também oportuniza a formação continuada de professores da educação básica, visto que todas as
práticas pressupõem a interlocução universidade-escola. Das ações implementadas temos como
elementos para reflexão que a experiência dos estudantes com textos diversificados - literatura,
teatro, filme, documentários, canção, histórias em quadrinhos, permite que o leitor contraponha
suas experiências de vida com as de outros colegas, elevando sua auto-estima e o desejo em
participar de atividades coletivas, levando-o a construir seu lugar como sujeito dentre a diversidade
de leitores e escritores na sala de aula. Além disso, percebemos o interessante desafio colocado
diante da possibilidade e da necessidade de propor práticas interdisciplinares de ensino de língua e
literatura, rompendo com a tradicional dicotomia que costuma eleger para o ensino da língua as
formas prescritivas e para a literatura o estético/artístico.

A LÍNGUA PORTUGUESA NA MODALIDADE EJA: LITERATURA OU GRAMÁTICA?


Hadassa dos Passos FREIRE – UFG
hadassa.cegraf@gmail.com
(Bolsista CAPES - Mestrado UFG/SEE-GO)

As diferenças entre estudos linguísticos e estudos literários são acentuadas tanto no meio acadêmico
de formação de professores quanto nas salas de aula de escolas públicas e particulares. Além disso,
a hierarquização comumente feita dentro dos cursos universitários – em que os bacharelados são
considerados melhores, mais ricos e mais importantes que as licenciaturas – estigmatiza o professor
licenciado. Por isso, é extremamente importante refletir sobre o que se teoriza e o que se pratica nas
diversas modalidades da educação. E, como foco, serão traçadas algumas considerações para refletir
sobre a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) no que se refere à disciplina de Língua
Portuguesa. É uma modalidade prejudicada, porque, além de uma carga horária menor, não existe
uma cultura da leitura, literatura e nem de produção textual, e sim uma “cultura da gramática”. Para
que os estudos de língua portuguesa sejam promissores, é imperioso que se busque, ao invés das
diferenças, o diálogo entre estudos linguísticos e estudos literários. Objetivando repensar a
disciplina dentro da modalidade EJA, contempla-se o espaço do leitor em Barthes (1987), faz-se uso
das considerações de Candido (1987) sobre a importância dos estudos literários e dos comentários
de Compagnon (2009; 2010) sobre os poderes da literatura. Ainda, não se pode olvidar a
performatividade do discurso em Austin (1988), as críticas realizadas por Derrida (1990), e a
educação como prática libertadora em bell hooks (1994). E há que se observar, também, as
proposições do MEC (2011) para o EJA. Por fim, será analisado o ensino de língua e literatura
realizado em turmas de EJA do Colégio Estadual Damiana da Cunha nos anos de 2010 e 2011, em
Goiânia-GO.

A FRUTÍFERA RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL


Suely CORVACHO – IF-SP
sucorvacho@uol.com.br

A escolha de textos literários no Ensino Fundamental permite a reflexão da língua enquanto


construção e, simultaneamente, propicia o desfrute do poder humanizador desta construção.
Conforme Antonio Candido, em “O direito à Literatura”, o poeta ou narrador oferece um modelo de
coerência, gerado pela força da palavra organizada, cuja análise contribui para organizar a mente e
os sentimentos. Nessa perspectiva, a comunicação propõe a leitura da construção linguística,
estética e humanizadora de “Os ‘ossos’ do arroz”, conto que explica a adoção do cereal na dieta

206
alimentar do povo chinês. A história da pequena Miniya, obrigada a trabalhar para a rainha sem
comer, e, posteriormente, sua descoberta dos “ossos do arroz” é um bom exemplo da forma pela
qual é possível introduzir o aluno do Ensino Fundamental na reflexão sobre a função social da
lenda, permitir que identifique os elementos linguísticos que indicam a origem do conto; o uso do
diminutivo para construção de uma personagem frágil; as figuras de linguagem, notadamente
provenientes do contexto oriental; além de problematizar os valores universais, especialmente os de
verdade e mentira. Certamente, a análise linguística produzirá desdobramentos, induzindo reflexões
sobre o contexto brasileiro, as construções linguísticas que nos caracterizam, as construções
ideológicas que nos envolvem. As reflexões servirão não só para ampliar o repertório do aluno
quanto a noções de gênero, construção linguística, efeitos de sentido produzidos por escolhas
linguísticas, mas também contribuirão para o que Antonio Candido defende como o caráter
humanizador da Literatura. Por esses motivos, acreditamos que a adoção de textos literários no
Ensino Fundamental é determinante para uma formação mais globalizante do aluno.

O PAPEL DA PESQUISA CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO


Graziela Bachião Martins Colombári Pereira de PAULA – IF-SP
grazielabachiao@yahoo.com.br

A pesquisa escolar tem sido ferramenta utilizada por docentes para o ensino de conceitos aos
alunos. A partir de 2010, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
CNPq disponibilizou oito mil bolsas de Iniciação Científica para os estudantes do Ensino Médio por
meio do PIBIC-EM (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica no Ensino Médio).
Acreditamos que a pesquisa científica colabora para uma complementação aos estudos escolares,
uma vez que impulsiona o pesquisador a identificar problemas e procurar soluções, exercitar a
responsabilidade e o cumprimento de metas, ler, analisar e interpretar dados, além de desenvolver o
senso crítico. O desenvolvimento de trabalhos no âmbito da ciência leva o aluno a adentrar o mundo
do pensamento estratégico e favorece a autonomia do sujeito e a independência enquanto estudante
e sujeito consciente de suas escolhas e poder de decisão. O presente estudo visa refletir sobre os
ganhos gerados pelo desenvolvimento do trabalho científico desde o Ensino Médio a partir de uma
perspectiva de que a socialização de um indivíduo ocorre dentro das várias instituições de sua
cultura. O indivíduo aprende, assim, a usar as práticas de discurso relacionadas a elas. Essas
práticas são fundamentais em sua formação, pois são elas que controlam o modo como o indivíduo
percebe o mundo, fala e se comporta dentro de sua área particular de experiência. Às várias
instituições sociais relacionam-se determinados tipos de discurso. Utilizando o discurso racional da
ciência, o aluno constitui-se em agente e transmissor cultural do conhecimento, participando da
tarefa educadora da própria escola.

ENSINANDO O TEXTO ARGUMENTATIVO A PARTIR DO POEMA “MULHER NOVA,


BONITA E CARINHOSA FAZ O HOMEM GEMER
Leandro Tadeu Alves da LUZ – IF-SP
leandrotluz@gmail.com

A escola tradicional acabou por estabelecer fronteiras ao ensino de língua que a própria língua
desconhece. Não faz sentido ensinar literatura, gramática e produção de texto de forma
desarticulada. Apesar disso, ainda é bastante comum encontrarmos situações de ensino-
aprendizagem nas quais essa fragmentação acontece. O uso efetivo da língua pressupõe o
acionamento de diversas habilidades que se conectam de forma interdependente. Assim, qual a
finalidade de se ensinar gramática se não for para aprimorar o texto do aluno? E como desconectar
literatura e língua se a matéria-prima do escritor é a palavra, ou seja, o signo linguístico? Como,
finalmente, ensinar leitura e produção de texto sem levar em consideração a literatura como uma
manifestação linguística possível e sem considerar as características estruturais e funcionais da

207
língua? Parece-me, também, inconcebível que nossos livros didáticos ainda sejam estruturados de
forma fragmentada: uma parte para literatura, outra para língua e uma terceira para produção de
texto. Este trabalho busca apresentar um possível rompimento com o paradigma acima exposto.
Trata-se de um exemplo de como uma obra literária pode ser usada para se discutir e ensinar
dissertação. Todos sabemos da importância de se elaborar bons textos dissertativos e sabemos,
também, que esta não é uma tarefa fácil para o aluno, principalmente porque engloba saberes
variados, como a capacidade de acionar conhecimento de mundo, de articular as partes constitutivas
do texto e de usar a palavra de forma clara, concisa, coesa e coerente. Diversos são os gêneros do
dissertar presentes em inúmeras situações diárias de comunicação. Este trabalho parte do poema
"Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor", de Otacílio Batista, musicado
por Zé Ramalho, para ensinar a estrutura da dissertação e o uso da argumentação na defesa de uma
ideia.

LÍNGUA E LITERATURA EM PRÁTICAS DE FORMAÇÃO DE LEITORES


Begma Tavares BARBOSA – UFJF
begma@acessa.com

Este trabalho discute o ensino de língua e literatura a partir da descrição de práticas de ensino e de
leitura desenvolvidas no Ensino Médio. A indissociabilidade das práticas de ensino de língua e
literatura decorre de uma concepção de língua como atividade sociocognitiva e discursiva e do
reconhecimento de que seu ensino deve ocupar-se dos usos da língua, desenvolvendo as
capacidades de ler, ouvir, falar e escrever. Torna-se ainda mais clara a vinculação entre língua e
literatura, se considerarmos como tarefa central da disciplina Língua Portuguesa a formação de
leitores, que deve incluir um conjunto de práticas, dentre as quais se destacam as de ensino,
voltadas para o desenvolvimento de habilidades e estratégias de leitura e que incluem o domínio de
conhecimentos sobre a linguagem e sobre os textos - literários e não literários – que auxiliam os
processos de construção de sentidos. Essas práticas situam o que tradicionalmente vem sendo objeto
da disciplina literatura – a historiografia literária ou quaisquer outros conhecimentos sobre literatura
– em posição secundária, devendo ocupar-se em “letrar literariamente” os leitores em formação.
Tratada a leitura como construção de sentidos, particularmente o texto literário é “obra aberta”. A
formação do leitor de literatura pressupõe, portanto, práticas que, prioritariamente, motivem os
alunos a produzirem suas leituras. E esse é um desafio a ser enfrentado pelas práticas que aqui
propomos: o de fazer escolhas metodológicas que não firam a experiência estética, particularmente
subjetiva, que caracteriza o contato com a literatura. Embora se reconheça a efetividade de práticas
de ensino, inclusive quando se aborda o literário, paralelamente a elas, devem-se criar, na escola,
espaços de escolha e leitura mais espontâneas, num movimento que busque enfrentar o que a
“escolarização” da literatura e da leitura possa ter de mais prejudicial.

A APRECIAÇÃO DO GÊNERO POÉTICO FORA DO CONTEXTO ESCOLAR: SABERES EM


UMA PESQUISA COLABORATIVA
Adriane de Oliveira e SILVA – UFMG
adriane.silva@globo.com

A pesquisa que ora desenvolvemos tem por objetivo analisar alguns dos efeitos de uma prática de
trabalho, intitulada “Oficinas de Letras e Laço”, sobre a leitura e escrita do gênero poético, por
crianças em contexto não escolar. Trata-se da análise de um trabalho que foi desenvolvido com
duas turmas de alunos do 4º ano do ensino fundamental, de uma Escola Municipal, Senador
Levindo Coelho,localizada em Belo Horizonte. Nesse sentido, pretendemos verificar em que
medida o contato sistemático das crianças com o texto poético colaborou para ampliação do gosto
de ler e escrever literariamente, favorecendo a presença da palavra poética dos alunos em situação
escolar e cotidiana de suas vidas. Buscaremos conceitos advindos das teorias que envolvem o

208
aprender e o ensinar, tendo Dewey, Charlot e Freire como referenciais teóricos. Para um maior
aprofundamento de conceitos relativos a Gêneros Textuais e especificamente o Gênero Poético e
suas relações com o lúdico, a multiplicidade de sentidos e a criação, buscaremos autores como
Bakhtin, Huizinga, Bosi, Tavares e Bordini. Ao escolhermos o texto poético para ser o principal
objeto de apreciação nas oficinas , tínhamos como hipótese a de que o contato sistemático com esse
gênero favorece a compreensão de si mesmo e do mundo, fazendo da linguagem poética uma
ponte de interesses entre o indivíduo e a vida.

DIÁLOGOS POÉTICOS EM SALA DE AULA: REALIDADE OU MAIS UM CONTO DA


CAROCHINHA?
Fernanda Cristina de CAMPOS – UFU
fernandacristinacampos@yahoo.com.br

O estudo de textos poéticos em sala de aula destaca-se como um dos mais adequados instrumentos
didáticos. Daí a necessidade de inserir a leitura de poesia desde as primeiras séries escolares. O jogo
poético que se dá a partir da fruição de textos poéticos em sala de aula, de acordo com Nely Novaes
Coelho, estimula o educando a olhar o mundo a sua volta e a experimentar novas vivências que,
ludicamente, se incorporam em seu desenvolvimento psíquico e existencial. É por isso que este
trabalho almeja refletir o papel humanizador da Literatura em sala de aula, em especial o poder da
Poesia, no que tange o envolvimento dos sujeitos – professor-aluno – no processo de
leitura/recepção/escrita de textos poéticos. Assim, serão discutidas as transformações em nível
emocional e estético do educando quando este se depara com uma multiplicidade de leituras
poéticas. Este trabalho tem ainda como objetivo discutir e ressaltar a importância do professor como
o mediador por excelência dos diálogos poéticos em sala de aula, uma vez que, como afirma
Antônio Cândido, a escola, tendo como apoio máximo do docente, é a instituição que garante não
só ao aluno, mas a toda a comunidade escolar, o direito à fruição da arte e da literatura. Mesmo
sabendo do poder transformador da poesia ao ser inserida no cotidiano escolar, é sabido que poucos
docentes ousam trabalhar com tal instrumento tão poderoso e requintado. Teria uma justificativa
para tal procedimento? É o que busca responder este trabalho.

AVALIAÇÃO ESCOLAR: LEITURA, LITERATURA E O “DEVER DE CASA”


André Luís Batista MARTINS – PMU
batistamartins@gmail.com

Neste artigo, abordo elementos do processo de avaliação escolar a partir do contexto específico da
formação de leitores, focando a leitura literária. Trago a perspectiva diagnóstica e dialógica da
avaliação, fundamentado em Luckesi (2004) que entende a avaliação como um processo de
subsidiar a construção do melhor resultado possível e não apenas aprovar ou reprovar alguma coisa.
Discuto a ideia da necessidade de uma abrangência maior do processo avaliativo. Do mesmo modo,
os professores teriam a avaliação como parte do dia a dia de suas aulas. Parto do princípio de que a
ação avaliativa deve constituir-se em um reflexo do trabalho em termos produtivos. Para que, assim,
os alunos possam ser avaliados a partir da construção de um processo qualitativo/quantitativo de
exposição e envolvimento com os conteúdos formais, principalmente no que diz respeito à leitura
reflexiva. A avaliação não deve se pautar apenas pelo aspecto quantitativo de questões que esperam
do aluno o julgamento certo ou errado, reguladas por parâmetros de apreciação do professor. No
meu entendimento, o processo avaliativo deve valorizar os diferentes olhares que o aluno possui
sobre o objeto estudado. Principalmente, quando se trata de leitura. De tal modo, entendo que tratar
as habilidades de leitura implica promover ações pedagógicas que encaminhem o aluno para uma
relação de identificação e pertencimento com o próprio ato de ler e com a obra literária. E, concluo
que devemos sustentar o papel, eminentemente, político da avaliação como forma de julgar a
qualidade do ensino oferecido, bem como apontar as responsabilidades adequadamente.

209
A ATUALIDADE DO MODELO DE ROMAN JAKOBSON
Raul de Souza PÜSCHEL – IF-SP
puschel@uol.com.br

O conhecido modelo das Funções da Linguagem de Roman Jakobson; que inclui as funções
emotiva, conativa ou apelativa, fática, metalinguística, referencial e poética; pode parecer, pelo fato
de ser repetido há muitos anos em salas de aula, como algo envelhecido e superado. No entanto,
sem ter o caráter da abrangência total dos fenômenos linguísticos e comunicativos, consegue ainda
hoje iluminar vários aspectos da comunicação, de sua tipicidade, de sua realização e da
predominância de marcas que diferenciam os textos, inclusive em situação de enunciação. Dialoga
tanto com a semiótica, quanto com a linguística. É possível ainda visualizar articulações produtivas
com a teoria dos gêneros e, até mesmo, com a análise do discurso. Aqui, neste trabalho, se discutirá
uma maneira de aprofundar sua discussão em sala de aula, o que, na prática, também capacita o
aluno a melhorar aspectos da produção redacional, por lhe dar consciência de certos mecanismos.
Além disso, será discutido como tal modelo ajuda a elevar e ampliar o nível de compreensão
textual. Assim, a partir de um plano de aula, com seus desdobramentos na produção textual,
proposta como atividade, será mostrado de que modo a competência linguístico-comunicativa, bem
como a estilístico-redacional podem sofrer impactos positivos se o professor souber tirar bom
proveito da teoria apresentada, pensando em propostas adequadas à seriação, mas que promovam
também o crescimento do educando. Outrossim a concepção e a formulação de Jakobson serão
reavaliadas, pensando-se nos atuais estudos da ciência da linguagem e da teoria literária.

GRUPO TEMÁTICO 32: LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO


COORDENADORES: Maria Madalena Teles de Vasconcelos Leite Dias Ferreira e TEIXEIRA
(IPS/UL/Portugal) madalena.dt@gmail.com;
José António Brandão Soares de CARVALHO (Universidade do Minho – PT)
jabrandao@ie.uminho.pt

De facto, numa época em que se procuram soluções e respostas para as exigências de uma
sociedade cada vez mais competitiva, urge refletir sobre a adequação e a pertinência de documentos
reguladores, orientadores e investigativos do trabalho docente, no que respeita à língua portuguesa,
face aos desempenhos exigidos aos futuros cidadãos participativos na vida ativa. Ora, tendo a língua
portuguesa, de acordo com dados constantes na página do Observatório de Língua Portuguesa,
240,52 milhões de falantes no mundo, entre os que são nativos e aqueles que a atualizam como
língua segunda – CPLP e RAE de Macau - um número bastante significativo e que lhe confere o
sexto lugar no ranking das línguas mais faladas no mundo -, é pois premente (re)pensar teorias e
práticas do português, muitas vezes desarticuladas entre si, e que, para os mais jovens, parecem
afastar-se cada vez mais da realidade que os circunda, culminando em resultados estudantis pouco
abonatórios. Muitas têm sido as tentativas de combate à realidade supramencionada, ou registando-
se um maior enfoque na teoria, ou observando-se uma maior centralização na prática, ou havendo
mais intensidade na literatura, ou verificando-se um pendor mais elevado na linguística, não tendo,
porém, esta disjunção apontada para um caminho certo. A falta de recetividade ao “outro” e a
assunção de teorias e práticas tidas como únicas e inequívocas na sua aplicação, quando há
aplicação, têm contribuído para uma fragmentação do conhecimento, tendo implicações nefastas,
sobretudo, na era da coconstrução dos saberes. Enquanto “andarmos nisto, o puzzle continua por
montar”. Uma língua, sem dúvida, é um “organismo” vivo, que se reveste de uma complexidade
reveladora de várias faces: uma língua é um marco de cultura, é (co)construtora da identidade de
indivíduos; é matriz de um percurso marcado pelas relações com o outro e onde se edifica o ser
social; é o lugar onde se acolhe e se produz o conhecimento; é a matéria que abre o imaginário; é o
espelho que revela uma cultura, seja coletiva, seja individual. Uma língua é um marco da existência

210
humana, promotora da dinâmica enraizada entres os povos, uma vez que suporta conflitos,
interesses, partilhas. É ela que permite ser humano numa sociedade humana e que se pretende
humanizada. Assim, consideram-se objetivos gerais deste grupo de trabalho: - promover e divulgar
estudos sobre a língua portuguesa; - promover a investigação científica no âmbito da língua
portuguesa; - contribuir para a articulação das diferentes componentes científicas que envolvem o
estudo de uma língua; - contribuir para a consolidação do conhecimento científico; - articular
estudos do português como língua materna e como língua não materna (PLM, PLE, PL2).

A (IM)PRECISÃO ORTOGRÁFICA NO ENSINO BÁSICO E NO ENSINO SUPERIOR: UM


ESTUDO DE CASO
Madalena Dias TEIXEIRA – IPS/UL
madalena.dt@gmail.com

A escrita tem sido e é motivo de estudo para muitos investigadores (Carvalho, 2011; Gomes, 1982
Barbeiro, 2008 Teixeira, 2011). No entanto, os contextos de insucesso, no que respeita a esta
competência, parecem não diminuir ao longo do percurso académico dos alunos, tanto no que
respeita à dimensão textual, como no que concerne à dimensão ortográfica. Apesar de não ser raro
ouvir “os erros de ortografia ainda não são o pior”, “a ortografia é o mal menor”, considero que há
que (tentar) encontrar soluções para esta ocorrência, não só porque se trata de uma imprecisão
geradora consequências nefastas, mas também porque nós professores contribuímos para a
preparação de indivíduos na vida ativa. Assim, o presente estudo surge no âmbito de imprecisões
ortográficas diagnosticadas em alunos do primeiro ciclo do ensino básico e em alunos do 1º ciclo de
estudos superiores e tem os seguintes objetivos: Identificar imprecisões ortográficas em ambos os
ciclos; analisar comparativamente essas imprecisões, categorizando-as; apresentar os resultados
obtidos, por esses alunos, depois de submetidos a uma aprendizagem explícita de ortografia. Estão
envolvidas quatro turmas, sendo duas do 1º ciclo do ensino básico e duas do 1º ciclo de estudos
superiores, perfazendo um total de 100 alunos. Os resultados apontam para uma melhoria de
correção da ortografia, estando, todavia, o estudo ainda em curso.

A AULA DE LÍNGUA MATERNA E SUAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM: O (DES)


ENCONTRO COM OS DOCUMENTOS OFICIAIS
Vilma Nunes da Silva FONSECA – UFT
vilmanunes_@hotmail.com

Esta comunicação apresenta uma pesquisa em processo que se encontra pautada numa discussão
preliminar sobre a elaboração e utilização, enquanto ferramentas teóricas norteadoras das ações
educativas, das Orientações Curriculares para o Ensino Médio e da Proposta Curricular do Estado
do Tocantins – Secretaria de Educação e Cultura, com enfoque no confronto das perspectivas teoria
e prática, iniciada durante a disciplina Investigação da Prática Pedagógica e Estágio Supervisionado
de Língua Portuguesa e Literatura, com alunos do Curso de Letras da Universidade Federal do
Tocantins / Campus de Araguaína. Este estudo introduz em seu escopo uma reflexão diagnóstica
acerca do ensino de Língua Portuguesa e suas práticas de linguagem com base nos gêneros
discursivos, privilegiando a língua em seu contexto de uso e enquanto prática social constituída na e
para a interação dos sujeitos. Objetiva-se verificar a relevância das OCEM, assim como da PCT–
SEC para o fazer pedagógico do docente, no tocante à projeção de mudanças significativas da sua
prática, com vistas no redimensionamento do ensino de língua portuguesa, postulado pelas
investigações linguísticas do momento atual. Para isso, partiu-se de uma leitura crítica dos textos,
como também dos marcos teóricos que lhes dão suporte, tendo como pressupostos os trabalhos
desenvolvidos por BAKHTIN (1992), MARCUSCHI (2008), KOCH (2009), TRAVAGLIA (2009),
NEVES (2004). Optou-se pela modalidade de pesquisa qualitativa, pois os seus procedimentos
atendem às prioridades do estudo, sendo utilizados os seguintes instrumentais para efeito de registro

211
e análise dos fatos: observação de aulas, realização de entrevistas, aplicação de questionários, coleta
de depoimentos e relatos dos professores, durante as visitas dos estagiários às escolas conveniadas.

EXEMPLOS EM DICIONÁRIOS ESCOLARES BRASILEIROS


Orlene Lúcia de Saboia CARVALHO – UnB
orlene@unb.br

Responsáveis pela contextualização da palavra-entrada, em suas diferentes acepções, os exemplos


aqui incluídas também as abonações são responsáveis por veicular, no eixo das combinações,
informações de natureza diversa. Sua presença é, em princípio, imprescindível, uma vez que é por
meio deles que se conhecem os reais usos da palavra, seus aspectos pragmáticos. Esse pressuposto,
no entanto, não corresponde à realidade dos dicionários escolares brasileiros, nos quais a inclusão
dessa categoria lexicográfica não costuma ser sistemática, salvo raríssimas exceções. Apesar da
ausência de sistematicidade, os exemplos estão distribuídos pelos verbetes de todas as classes de
palavras ? os critérios para tal seleção, se é que existem, não são esclarecidos nas propostas
lexicográficas. Assim, com o intuito de contribuir para uma melhor compreensão das características
dos exemplos, propomo-nos a analisá-los em verbetes de dicionários pertencentes a diferentes Tipos
(aqui nos referimos à tipologia utilizada como parâmetro nas avaliações do Ministério da Educação:
o PNLD-Dicionário de 2006 e de 2012). Na lexicografia pedagógica brasileira, encontram-se tanto
dicionários que seguem o padrão lexicográfico tradicional, aproximando-se dos dicionários padrão,
quanto aqueles cujos verbetes se apoiam nas definições oracionais, de natureza mais pedagógica.
Portanto, nossa análise contemplará exemplos que se encontram separados das definições (padrão
tradicional), bem como exemplos sintática e semanticamente integrados à definição oracional.
Responsáveis pela contextualização da palavra-entrada, em suas diferentes acepções, os exemplos
aqui incluídas também as abonações são responsáveis por veicular, no eixo das combinações,
informações de natureza diversa. Sua presença é, em princípio, imprescindível, uma vez que é por
meio deles que se conhecem os reais usos da palavra, seus aspectos pragmáticos.

MACAU COMO ESPAÇO ARTICULADOR PRIVILEGIADO NA ÁSIA PARA A DISCUSSÃO


SOBRE ENSINO E DIFUSÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
Roberval Teixeira SILVA – UM
roberval.ts@gmail.com

Nessa comunicação, temos como objetivo apresentar o contexto da Região Administrativa Especial
de Macau (RAEM) como um espaço de referência para reflexões sobre o ensino e a difusão da
língua portuguesa na Ásia e no mundo. Nesse espaço, evidenciam-se muitos aspectos que merecem
discussões aprofundadas em termos técnicos e em termos sociopolíticos. Para desenvolver a nossa
reflexão, então, focalizaremos o contexto específico da sala de aula de português como língua não
materna (PLNM) das escolas luso-chinesas (escolas oficiais da RAEM) através da análise de
materiais didáticos, uma vez que refletem o ambiente sociocultural que a língua portuguesa constrói
e que por ela é contruído nesssa região. Trabalhamos com a perspectiva da Sociolinguística
Interacional, assim tocaremos nas esferas políticas, socioculturais e linguísticas no tratamento
desses instrumentos-lugares pedagógicos. A partir deles, discutiremos a questão do português como
uma língua de cultura mundial, como língua internacional, que, embora também seja um espaco de
lutas e de encontros, é sem dúvida vista, pelos sujeitos que são constituídos por/com ela, tanto
falantes nativos quanto não-nativos, como um traço cultural comum a todos. Procuraremos abordar
o apagamento de diferenças, a ingenuidade harmônica e também o sentimento de conexão que está
presente no termo lusofonia para ressignificar essse conceito, adotando uma perspectiva que assume
a singularidade e as diferenças das comunidades que vivem em português nos quatro cantos do
mundo. Para finalizar, ilustraremos a atuação da Associação Internacional de Linguística do
Português (AILP), que escolheu Macau como sede até 2013, como uma entidade internacional,
interinstitucional e também interdisciplinar, sem fronteiras ou filiações políticas a estados, que

212
assume, como estratégia mestra de trabalho, a conexão. O espaço de Macau passa a ser, então, um
lugar estratégico para esse trabalho de promoção de projetos de cooperação internacional e de
referência para o ensino da língua portuguesa. A discussão que levantaremos poderá servir como
colaboração ao propósito desse simpósio que é o de buscar caminhos para aproximações e ações
conjuntas em prol de um tratamento mais politicamente consciente, produtivo e plural para a língua
portuguesa no mundo.

RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES DE LÍNGUA


PORTUGUESA
Lúcia de Fátima SANTOS – UFAL
lfsmar@hotmail.com; lfatima.ufal@gmail.com

Embora exista uma diversidade de trabalhos com reflexões sobre possibilidades de alterações no
ensino de língua portuguesa, as evidências sobre as dificuldades de aprendizagem dos alunos são
reiteradas frequentemente pela mídia e em pesquisas realizadas em diferentes áreas de estudo.
Porém, conforme afirma Moita Lopes (2001), somente a compreensão do que ocorre na sala de aula
oferece condições para o conhecimento acerca do modo como acontece a aprendizagem do aluno e
sobre a forma como o professor ensina. Nesse sentido, as contribuições para o ensino e
aprendizagem de língua portuguesa fundamentadas na perspectiva da área de Linguística Aplicada
(LA) oferecem condições de interferências efetivas nessa realidade, porque são dados obtidos num
caráter processual, analisados sob uma conjugação diversificada de olhares teóricos, tal como exige
a heterogeneidade de questões que emergem nas práticas cotidianas de uma sala de aula. Com base
na perspectiva teórico-metodológica da LA, nesta comunicação tem-se como objetivo discutir as
orientações teórico-metodológicas adotadas por professores em formação inicial em oficinas de
leitura e escrita de textos em língua portuguesa, ministradas para alunos do ensino fundamental,
observando as posições que permeiam a fala do professor na prática da sala de aula. Trata-se de
dados provenientes de um trabalho de ensino e pesquisa desenvolvido no âmbito do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), em escolas públicas de Maceió. De acordo
com resultados até então obtidos, observa-se que as orientações teórico-metodológicas que
fundamentam a formação do professor, sobretudo aquelas discutidas no PIBID/Letras/UFAL,
propiciam mudanças tanto na atuação desses professores quanto na aprendizagem dos alunos. Os
dados confirmam a importância de o professor atuar como sujeito reflexivo, analisando a sua
própria prática, para que possa construir alternativas para dificuldades enfrentadas no cotidiano
pedagógico.

A ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR – (DES)CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM?


Madalena TEIXEIRA – IPS madalena.dt@gmail.com
Roberto Carlos Macedo AZEVEDO – ESSE/IPS
robcarlosazevedo@gmail.com

Reconhecendo a importância da escrita ao longo de todo o percurso escolar do aluno e entendendo-


a diretamente relacionada com o seu sucesso, vários estudos têm vindo a ser realizados, reforçando
a relevância desta competência (Carvalho, 1989; Barbeiro & Pereira, 2008; Azevedo & Teixeira,
2011). Tais investigações sugerem que a maioria dos alunos tem grandes dificuldades na expressão
escrita, nomeadamente ao nível da argumentação e autocorreção, considerando-se que os doze anos
de escolaridade não garantem o domínio da ortografia. Assim, este estudo pretende avaliar a
competência de escrita – de acordo com Teixeira, 2010 - que os alunos universitários revelam,
especificamente na produção de textos do género argumentativo. Os resultados analisados
demonstram que os estudantes apresentam muitas dificuldades no decorrer do processo de escrita,
desde a falta de estratégias adequadas ao objetivo do texto ao desconhecimento da sua própria
estrutura. A maioria dos alunos revela ainda a necessidade de orientações claras e supervisão do
professor no decorrer de todo o seu trabalho.

213
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS E A REFLEXÃO DA SUA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Morganny RIBEIRO –
morgannynha@hotmail.com
Sandra Jardim de Menezes FERREIRA – UEG
sandrajmenezes@hotmail.com

A formação inicial de professores de línguas tem dado vazão apenas a aspectos eminentemente
técnicos utilitaristas durante a formação. No entanto, o ensino teórico deveria estar estritamente
ligado ao ensino prático, a fim de proporcionar uma formação profissional com qualidade e com a
verdadeira proposta que lhe compete. Para esta sincronia perfeita (teoria e prática), tornam-se
necessárias práticas discursivas que funcionam como análise e reflexão sobre a problemática do
ensino, a fim de promover transformação e consequentemente a formação de professores críticos,
pesquisadores da sua própria prática. A formação não é limitada, pelo contrário, merece ser
contínua devido à complexidade da prática pedagógica a se estender além da sala de aula, com
vistas à promoção de saberes docentes alicerçados à crítica. A formação continuada não se resume
em pós-graduação, e outros, mas também no esforço individual de cada profissional em planejar a
aula, estudar o conteúdo e total domínio e confiança aliado às leituras teóricas sobre complexidade
que enfrenta. Este trabalho é de cunho qualitativo, feito a partir de questionários abertos
respondidos por professores em formação continuada de uma universidade do interior do Goiás, que
optaram por uma formação continuada, dando ênfase, também, à sua formação inicial, Através dos
questionários comprovamos que a formação continuada se tornou essencial no desempenho
profissional e a importância de ser professor crítico-reflexivo e pesquisador. Enfim, o hábito de
pesquisar, se torna uma recorrente sinalização para uma opção construtiva da docência, a fim de
multiplicar o conhecimento sobre os processos de ensino.

GRUPO TEMÁTICO 33: LÍNGUA PORTUGUESA NO ESPAÇO E NO TEMPO SOB AS


MACROPERSPECTIVAS FORMALISTA E FUNCIONALISTA: UMA VISÃO PANCRÔNICA
E PANTÓPICA
COORDENADOR: Marcelo Moraes CAETANO (UERJ/IBMR) – marcelo.caetano@ibmr.br

O objetivo deste GT é a exposição e discussão das epistemologias, teóricas e empíricas, que visem à
elucidação dos fenômenos da Língua Portuguesa ocorridos no espaço e no tempo (perspectiva
pancrônica), sob os pontos de vista Formalista (estrutural) e Funcionalista (discursivo) em
Linguística, e como essas epistemologias se complementam ou, até, se contrapõem. Com esses
cotejos recíprocos, busca-se a consubstanciação de construtos teóricos que permitam visões
passíveis de ampliação do ensino da língua. Assim sendo, pelas perspectivas pacrônica e pantópica,
e sob o diálogo contínuo do Formalismo com o Funcionalismo, podem-se entrever pesquisas mais
específicas da Filologia e da Linguística, tais como a etimologia, os processos/paradigmas de
gramaticalização e lexicalização, a gramaticografia, a lexicografia, as sociolinguísticas
variacionista, interacional, dinâmica, a linguística aplicada, a pragmática. Tendo em vista que todas
essas áreas de pesquisa contribuem com casos concretos e arcabouços teóricos, que possuem
interdependência, este GT poderá 1) partir de resultados de pesquisas já efetivadas, numa análise
que procure levar a conclusões; 2) partir de hipóteses teóricas que necessitem de empiria ou
fundamentos argumentativos a fim de tornarem-se teses; 3) promover o diálogo entre essas duas
metodologias de pesquisa. Tudo isso, ressalte-se, com o fito ulterior de ampliar as fronteiras do
ensino da Língua Portuguesa aos discentes dos diversos níveis estudantis: fundamental, médio,
superior. Por fim, convém reiterar que o Formalismo e o Funcionalismo possuem gamas teóricas
suficientes para ensejar pesquisas que abarquem a trajetória da Língua Portuguesa no espaço e no
tempo, fomentando hipóteses e teses que ajudem a elucidar questões prementes tanto num nível
sincrônico, como diacrônico, e tanto na sua unidade normativa, como em sua pluralidade diafásica,
diastrática, diatópica.

214
A DIDATIZAÇÃO DOS GÊNEROS POPULARES NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Célia Zeri de OLIVEIRA – UFPA
celiazeri@ufpa.br

A proposta deste trabalho é de trazer para a discussão as propostas de ensino-aprendizagem de


língua materna por meio dos gêneros do discurso na perspectiva dialogal baktiniana, pois apesar de
haver o consenso do ensino de linguagem centrado no texto, na prática pedagógica diária, a
circulação de textos nas escolas ainda não atingiu a dimensão textual-discursiva, uma vez que
pressupõe a concepção de linguagem centrada na interlocução, tratando o texto de forma
diferenciada, com formas diferentes de textualização em situações distintas de interlocução. Os
objetivos consistem em fornecer subsídios para que os professores de linguagem possam superar as
dificuldades em trabalhar com a didatização dos gêneros em sala de aula, levando em consideração
que mesmo para aqueles que se propõem a realizar um trabalho dialógico, ainda faltam recursos
metodológicos que deem suporte para fazer a associação entre a teoria e a prática. Dentre as
inúmeras possibilidades em se didatizar os gêneros para o ensino de língua materna, destacamos o
trabalho com os contos, mitos e lendas da região amazônica do Brasil, pelo fato de haver nesse
contexto sócio-histórico-cultural uma imensa riqueza desses gêneros, variedades essas que
caracterizam a peculiaridade cultural da região, a qual, mesmo levando em conta a colonização
portuguesa, tem no povo a característica marcante da intensa miscigenação, resultado das matrizes
étnicas lusitana e ameríndia, acrescida pelos negros africanos. Os resultados apontam para o caráter
explicativo que o mito e a lenda possuem em nossa sociedade, que por meio da composição textual
simples tematiza questões complexas da sociedade, como o amor, o ódio, o desejo de vingança, a
atração pelo incomum, além da percepção dos recursos macroestrutural e microestrutural dos textos.

COMPETÊNCIA DISCURSIVA E REFLEXÃO GRAMÁTICAL NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA
Willie Macedo de ALMEIDA – UFMS
oi.willie@hotmail.com
Raimunda Madalena Araújo MAEDA (PPGMEL/ UFMS)
mailto:rmmaeda@terra.com.br

A partir de 1998, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados pela
Secretaria de Ensino Fundamental do Ministério da Educação mediante a colaboração de muitos
educadores brasileiros, os objetivos da educação se reorganizam a fim de construir uma escola
voltada para a formação de cidadãos. No caso do ensino de Língua Portuguesa, o domínio da
linguagem passa a ser concebido como uma atividade discursiva e cognitiva. Nessa perspectiva,
esta comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa em andamento, na qual se investiga a
incoerência entre os métodos de ensino de língua materna perpetuados pelas práticas pedagógicas
nas escolas e a proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. O problema
foco central da pesquisa são duas situações instauradas na escola: de um lado, a maioria das escolas
de ensino fundamental e médio, no que se refere ao ensino da língua portuguesa, ainda voltado para
atividades de exercitação da metalinguagem, i.e., na simples transmissão de conteúdos, na
taxonomia de formas, definição gramatical, quadros de flexão, classificações, tanto de base nocional
como de base morfológica e sintática, etc.; do outro lado, os PCNs que orientam o ensino da língua
portuguesa pautado em atividades de reflexão e operação sobre a linguagem, visando o desempenho
linguístico dos alunos nas diversas instâncias comunicativas. Esta pesquisa é de caráter qualitativo,
na qual serão analisados os procedimentos metodológicos e teóricos utilizados pelos professores de
língua portuguesa; observação das aulas; e análise das produções escritas dos alunos. A análise dos
dados coletados dar-se-á por meio da revisão das propostas curriculares e da (re)aplicação das
concepções teóricas que os embasaram.

215
MALABARISMOS LEXICAIS NA LITERATURA: OS NEOLOGISMOS VISITAM A SALA DE
AULA
Solange Maria Moreira de CAMPOS – UFMG
solangemoreira@terra.com.br

A análise das formações neológicas presentes em produções literárias brasileiras contemporâneas


para crianças e jovens permite verificar que tais inovações contribuem fortemente para a ampliação
vocabular dos alunos leitores, além de demonstrar que o trânsito dos novos itens lexicais nelas
encontrados mostra uma das principais contribuições dos neologismos para a literatura: dar
dinamismo ao texto por seu caráter lúdico e bem-humorado. Na literatura, os neologismos causam
surpresa e estranhamento ao leitor, proporcionando expressividade. O contexto é que determinará se
o neologismo tem ou não valor para aquela obra. É preciso considerar, ainda, que os recursos
expressivos da língua, ao transitarem esteticamente no cenário textual, em seus vários planos
(fonológico, morfossintático e léxico-semântico), dão forma à linguagem literária, resgatando o
jogo verbal no que tange não só à correção e à adequação, mas à inventividade linguística. Autores
criativos trazem para suas produções uma linguagem inovadora, reflexo de um tempo iconográfico
e célere, totalmente divorciada dos “inhos”, que menosprezam a inteligência do aluno/leitor, do
didatismo e das lições de moral. Em tais obras, a palavra criada é bailarina, natural, neológica e
desliza sobre a tessitura textual exercendo malabarismos de toda ordem: sintáticos e semânticos.
Com esse estudo, pretende-se demonstrar a função lúdica dos neologismos na literatura destinada a
crianças e jovens, como também atiçar a curiosidade de leitores e professores para uma das
particularidades do dinamismo da língua – a criação neológica – e oferecer mais uma possibilidade
de leitura dos textos de ficção na sala de aula. Por outro lado, busca-se pontuar um dos elementos
básicos da poética contemporânea – a renovação lexical – que se realiza no tecido textual por meio
da valorização dos recursos oferecidos pela língua e, a partir dela, sugerir uma nova possibilidade
dos estudos linguísticos e da literatura na escola.

O ENSINO DE LÍNGUA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: RELATO DE UMA


EXPERIÊNCIA NO CURSO DE DIREITO
Maria Aparecida de SOUSA – UNICEUB
mapsousa21@bol.com.br

O ensino de língua portuguesa no ensino superior traz desafios específicos, uma vez que os
estudantes, quando ingressam nos cursos escolhidos, buscam conhecimentos específicos das novas
áreas pelas quais optaram e consideram menos relevantes as aprendizagens ligadas à leitura e à
escrita. Tradicionalmente, o ensino de língua no primeiro semestre dos diferentes cursos de
graduação debate-se com objetivos distintos, entre eles o de revisar conteúdos curriculares
pertinentes à educação básica, o que diminui o interesse dos estudantes e sua implicação nas
atividades de sala de aula. Essas reflexões levaram um grupo de professores de uma instituição
particular do Distrito Federal a introduzir o ensino de língua portuguesa por meio de sequências
didáticas e a incluir gêneros textuais próprios de cada área de formação como objeto de leitura e de
escrita. Este artigo tem por objetivo apresentar uma experiência de produção, revisão e refacção do
gênero textual petição, no curso de Direito, enfocando a revisão lingüística mediada por tabela de
correção textual. Como referencial teórico, foram adotados os estudos de gênero textual, a
linguística textual e as sequências didáticas. Como orientação metodológica, foi utilizada pesquisa
qualitativa, e os dados, obtidos por meio de entrevista com um grupo de 40 estudantes de uma das
cinco turmas do curso de Direito sob orientação da mesma professora. Além da entrevista, também
foi analisada a primeira e a segunda versão de dez textos escolhidos aleatoriamente. Concluiu-se,
tanto pela resposta dos estudantes quanto pela análise das produções, que as estratégias utilizadas
conduziram à aprendizagem e deram um novo significado ao ensino de língua no primeiro semestre
do curso de direito na turma investigada.

216
TRANSPARÊNCIA x OBSCURIDADE NA ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS
Afranio da Silva GARCIA – UERJ
afraniogarcia@gmail.com

Causa espanto como certas palavras usadas frequentemente dão pistas sobre sua origem
etimológica, semque os falantes sequer percebam estes indícios, às vezes gritantes. Este trabalho
pretende apresentar uma série de palavras cuja origem, se prestarmos atenção na sua forma ou no
seu conteúdo, é extremamente óbvia, tão óbvia que, quando ela nos é explicada, achamos graça de
nunca termos percebido tais semelhanças antes. Por vezes, estas palavras são transparentes por sua
natureza semântica, consistindo apenas em um novo uso de conteúdos semânticos já bastante
conhecidos, como é o caso de avião, que nada mais é do que o aumentativo de ave, gerando a
catacrese que agora denomina vários tipos de máquinas de voar. Outras vezes, constituem uma
variante morfológica ou morfossintática de palavras comuns, para enfatizar o fato de estarem sendo
usadas num sentido específico ou restrito, como ocorre com porto, que nada mais é do que uma
porta para o mar; barca, um tipo específico de barco. Muitas vezes, as palavras sofrem modificações
fônicas, que obscurecem sua origem, ainda assim bastante transparente, como é o caso da nome do
autor deste artigo, proveniente do latim africaanius, termo que designava os romanos que nasciam
na África. Por último, temos onomatopéias que há muito deixaram de ser sentidas como tal,
passando a constituir novos vocábulos da língua portuguesa, o que aconteceu com bambambã, que
representava o barulho de um chefe dando socos na mesa e passou designar os chefes, os poderosos;
ou o termo popular xixi, que reproduzia o som de um esguicho, e hoje é usado sem que sequer se
cogite da sua origem.

GRUPO TEMÁTICO 34: LÍNGUA PORTUGUESA PARA FINS ESPECÍFICOS:


CONTRASTES E CONFRONTOS
COORDENADORES: Sandro Luis da SILVA (UNINOVE) – vitha75@gmail.com;
Cirlei Izabel da Silva PAIVA (PUC/SP) – ciluvictor@ig.com.br

As mudanças sociais, políticas, econômicas e as próprias políticas institucionais das universidades


brasileiras têm exigido dos cursos superiores novas posturas face ao processo de ensino-
aprendizagem, cujo objetivo é promover uma formação inicial mais abrangente, considerando a
complexidade presente na vida diária das pessoas que vivem nas diferentes áreas profissionais.
Várias diretrizes são elaboradas pelos órgãos oficiais demonstrando preocupação com o ensino da
língua portuguesa e seu uso nos diferentes meios sociais. E muitas pesquisas se voltam para esse
fim, ou seja, compreender como se dá o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa no
curso superior. É preciso desenvolver nos alunos posturas com dimensões ampliadas em relação à
autonomia, à criticidade e a uma formação permeada por um processo reflexivo e o estudo da língua
é um meio para atingir este objetivo. Este grupo de trabalho abre espaço para reflexões e
socialização de atividades de leitura e de produção textual desenvolvidas e a respectiva avaliação
em diferentes cursos de formação inicial (diferente de Letras). Assim, busca discussão sobre
metodologias e possibilidades de avaliação de atividades de língua portuguesa junto a um público
não especializado em estudos de linguagem. São bem vindas as pesquisas voltadas para práticas
pedagógicas que envolvam a leitura e a produção textuais, levando-se em consideração as
competências comunicativas, sobretudo as que envolvem o estudo da língua portuguesa, as quais
são exigidas para o exercício acadêmico e profissional, além de levantar questões sobre a eficácia
das propostas que têm sido executadas nos Projetos Pedagógicos de Cursos de formação inicial na
tentativa de cumprir as orientações dos documentos oficiais em relação ao desenvolvimento de
competências comunicativas. Enfim, este grupo aborda o ensino de Língua Portuguesa em suas
possibilidades práticas diversificadas, na formação de profissionais que atuarão em áreas cujo foco
não é o estudo da linguagem, mas a ação por meio dela.

217
ANÁLISE E RETEXTUALIZAÇÃO DE GÊNERO: DO TRABALHO ESCOLAR À REVISÃO
DE LITERATURA
Marli Hermenegilda PEREIRA – UFRRJ
hpmarli@terra.com.br
Maria Augusta G. de Macedo REINALDO – UFCG
freinaldo@uol.com.br

Gêneros acadêmicos como resenha, artigo de pesquisa, monografia, entre outros, por serem
produzidos e circularem na universidade, tendem a ser desconhecidos dos alunos ingressantes.
Nesse sentido, a prática de leitura e produção desses gêneros torna-se condição indispensável para a
inserção desses discentes na comunidade discursiva acadêmica (MOTTA ROTH, 2009; ARANHA,
2009; MARINHO, 2010; LIMA & GONÇALVES, 2010). Sustenta-se, neste trabalho, que o ensino
da escrita deve ser uma prática situada no universo acadêmico, levando em conta os conhecimentos
prévios dos alunos e suas necessidades, aspectos que evidenciam a preocupação com o ensino de
língua materna para um fim específico (HOLMES, 1981, apud CINTRA & PASSARELLI, 2008,
p.60). Alinhando-se a essa perspectiva, esta comunicação tem por objetivo descrever a experiência
com o ensino da escrita acadêmica, realizada na Disciplina Português Instrumental, oferecida aos
graduandos do primeiro período do curso de Computação, da UFCG. Defende-se, aqui, o papel da
análise de gênero (BAWARSHI & REIFF, 2010) e da retextualização (MATÊNCIO, 2002;
DELL’ISOLA, 2007) como estratégias que propiciam a inserção do graduando nas práticas
discursivas da esfera acadêmica. Considerando que a retextualização se configura como um
procedimento metodológico produtivo para alcançar esse objetivo, os alunos foram conduzidos a
retextualizar o trabalho escolar, produzido por ocasião dos seminários, em um artigo tutorial. As
estratégias de análise e de retextualização de gêneros favoreceram a ampliação da rede de contatos
com os membros mais experientes da comunidade acadêmica, a apropriação de conhecimentos
relacionados ao curso, e, finalmente, o desenvolvimento da reflexão acerca das normas que regulam
a organização e o funcionamento do discurso acadêmico-científico. Enfim, esses procedimentos
metodológicos se alinham à proposta do ensino de língua materna para fins específicos, acadêmico
e profissional.

O PORTIFÓLIO ELETRÔNICO COMO ESTRATÉGIADE PRODUÇÃO TEXTUAL EM


CURSO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE: REFLEXÕES
Sandro Luis da SILVA – UNIFESP
vitha75@gmail.com

A escrita constitui-se em um processo que proporciona aos alunos a possibilidade de, por meio do
texto, registrar o seu modo de ver o mundo, as possíveis leituras que se fazem da realidade em que
está inserido. Em um curso de formação inicial, como, por exemplo, o de Tradutor e Intérprete, o
futuro profissional precisa ter um espaço para refletir sobre a leitura e escrita, assim como
momentos para desenvolver essashabilidades tão importantes no futuro exercício da profissão.
Tendo em vista essas considerações, esta comunicação objetiva apresentar os resultados (ainda que
preliminares) de uma experiência na prática docente em relação ao trabalho de produção textual
com alunos do primeiro período do curso de Tradutor e Intérprete, em uma universidade privada da
cidade de São Paulo, na disciplina Leitura e Produção Textual. Pretendem-se levantar algumas
reflexões sobre o processo de escrita a partir da análise de portfólios eletrônicos elaborados pelos
alunos, nos quais eles registraram suas impressões, dificuldades e superações no processo de
ensino-aprendizagem de escrita durante o semestre em relação à disciplina. Acreditando em uma
avaliação processual, a idéia de elaboração de um portfólio eletrônico surgiu-nos por alguns fatores,
dentre os quais podemos o fato de o portfólio constituir-se em um instrumento que vem a auxiliar

218
nos procedimentos (auto)avaliativos no processo de ensino-aprendizagem. A análise, quanto ao
processo de escrita, está pautada, sobretudo, em Koch & Elias (2007, 2008) e em Marcuschi (2001),
em Schneuwly & Dolz (2004) quanto aos gêneros textuais e, em relação ao portfólio como
estratégia de avaliação, em Hernández (2000). Observou-se que os alunos apresentaram um olhar
crítico não só para a própria produção textual, como também para as estratégias de ensino que
versam a produção textual de diferentes gêneros, em especial, as que objetivam a formação
acadêmica.

POSICIONAMENTOS ACADÊMICOS SOBRE AS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA EM


CURSOS DE ENGENHARIA: ESTUDO DE CASO
Renata dos SANTOS – UNIFEI
renata-santos73@uol.com.br

Esta pesquisa foi realizada no 2º semestre de 2011, cuja população foram graduandos em
engenharia de uma universidade pública federal do interior de Minas Gerais. O objetivo deste artigo
é mostrar o posicionamento desses discentes quanto à validade das aulas de Língua Portuguesa para
o aprimoramento da escrita profissional. Por meio desta, ocorre a interlocução, na qual o autor-
escritor manifesta seu pensamento, suas prioridades e seus ideais ao autor-leitor. Quando a
interlocução ocorre na forma escrita, torna-se essencial a sólida formação acadêmica para essa
situação, aprimorada ao longo da atuação profissional. Durante a formação acadêmica, esse
processo de aprimoramento da escrita deve estar pautado legal e didaticamente. Existem várias
legislações que respaldam a validade da comunicação escrita no ambiente profissional, tais como a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 2010) e Resoluções do Conselho
Nacional de Educação (2002) e do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(2005). Em relação aos aspectos didáticos, é salutar levar em consideração a realização de
atividades que desenvolvam o protagonismo, a aprendizagem significativa e a relação entre teoria e
prática. O protagonismo é uma forma de o discente nortear suas formações acadêmica e
profissional, preparando-se por meio da aprendizagem significativa, por meio da qual se atribui
significado à aprendizagem. Dessa forma, a relação entre teoria e prática será mais sólida. A coleta
de dados ocorreu por meio do Google Docs, cujo questionário foi encaminhado por e-mail a todos
os graduandos que assistiram às aulas, no 1º semestre de 2011, da disciplina em questão. Os
resultados demonstraram que os discentes se posicionaram favoráveis à validade das aulas de
Língua Portuguesa, em cursos de engenharia, como forma de aprimoramento da atuação
profissional com foco na comunicação escrita.

PRÁTICAS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NO CONTEXTO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA FINS ESPECÍFICOS
Giovanni Ferreira PITILLO – UFU
gipi@netsite.com.br
Pollyanna Zati FERREIRA – UFU
pollyanna.zt@gmail.com

O ensino de português como língua estrangeira existe na Universidade Federal de Uberlândia, como
projeto de extensão, desde o ano de 2000 institucionalizando-se em 2008 quando da parceria com a
Diretoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais, que recebe em média 25 alunos
estrangeiros por ano, no primeiro e no segundo semestres. O trabalho com a língua portuguesa se
desenvolve nessa curso sob a perspectiva da abordagerm comunicativa de ensino-aprendizagem de
línguas estrangeiras . Os alunos de mobilidade estudantil fazem dois módulos, um por semestre. No
primeiro semestre são trabalhados conteúdos comunicativos básicos para o estabelecimento de

219
contatos orais e escritos em língua portuguesa. No segundo semestre são abordados aspectos
linguísticos que priorizam a leitura e compreensão de textos privilegiando aqueles que subsidem as
práticas discursivas do cotidiano, assim como as da academia.Esse segundo módulo pretende
responder às necessidades do uso efetivo da língua portuguesa,na modalidade da escrita, que se
constitui em condição básica de registro de seus estudos acadêmicos específicos de suas áreas de
atuação A produção textual desses alunos-estrangeiros é reveladora do processo de produção escrita
do “universo linguístico” que subjaz no falante-escritor estrangeiro que se vê obrigado a gerenciar
as intercorrências linguisticas de sua língua materna no confronto com a língua portuguesa, aqui
compreendida como estrangeira.O objetivo dessa comunicação é refletir sobre esse processo de
escritura a partir de algumas produções escritas dos alunos estrangeiros promotoras do uso da
língua portuguesa como língua estrangeira, para fins específicos; assim como apresentar resultados
dessa produção textual enquanto ferramentas comunicacionais que vão além do uso básico de
elementos linguísticos e que se ancoram em questões culturais individualizadas componentes de
uma maior eficácia de suas prátticas discursivas cotidianas e acadêmicas.

RELATÓRIO DE PALESTRA: UMA PORPOSTA DE ENSINO PARA CIÊNCIA DA


COMPUTAÇÃO E ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO
Luciane Cristina Eneas LIRA – UnB
lucianecelira@gmail.com
Rosi Valéri Corrêa ARAÚJO – UnB
rosivalericorrea@gmail.com

Este trabalho apresenta resultados de uma experiência de ensino de Língua Portuguesa na


graduação em Ciência da Computação e Engenharia da Computação, por meio de sequência
didática (SD). A proposta de trabalho por meio dessa metodologia de ensino foi inicialmente
concebida com o intuito de se explorar elementos linguísticos pontuais para produção de textos
comuns à realidade acadêmica dos discentes. A partir da teorização e organização dos gêneros
textuais, apoiadas nas premissas da Linguística Textual (KOCH, 2004) e nos conceitos
sociointeracionistas, fundamentados em Dolz e Schneuwly (2004a; 2004b), foi elaborada uma
sequência didática sobre ética profissional, sendo trabalhada a produção, revisão e refacção do
gênero textual relatório de palestra. O foco da análise de aspectos linguísticos da sequência didática
deu-se na referenciação, especialmente na articulação dos significados em textos escritos por meio
de cadeias referenciais. Para tanto, foram acessadas contribuições teórico-metodológicas nos
estudos de Roncarati (2010) e Koch (2008 e 2009). A escolha do gênero relatório de palestra para
produção textual surgiu por conta de uma demanda dos próprios cursos de Ciência da Computação
e Engenharia da Computação, pois são textos comumente solicitados aos alunos por ocasião de sua
frequente participação em eventos acadêmicos. Além do mais, trabalhar o gênero relatório de
palestras constitui uma oportunidade importante para se explorar elementos textuais comuns a
relatórios técnicos que serão abordados em semestres seguintes do curso. Os resultados indicam que
o trabalho com SD propicia maior reflexão e compreensão dos elementos linguísticos constituintes
do gênero, assim como maior envolvimento dos alunos no processo de leitura e produção textual.

RESUMO ACADÊMICO EM SALA DE AULA: UMA EXPERIÊNCIA COM GRADUANDOS


DE GEOGRAFIA
Elizabeth Maria da SILVA – UFCG
professoraelizabethsilva@gmail.com

O componente curricular Língua Portuguesa é obrigatório na maioria dos cursos oferecidos na


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), bem como em outras instituições de ensino

220
superior, sejam públicas, sejam particulares. A ementa desse componente refere-se, de modo geral,
à leitura e à produção de gêneros acadêmicos orais e escritos – resumo, resenha, artigos científicos,
relatórios, exposições orais, seminários, entre outros. Quando se ministra essa disciplina, espera-se
que os alunos demonstrem motivação/interesse pelos conteúdos estudados, bem como desempenho
satisfatório nas atividades propostas. Para tal, faz-se ser necessário planejar a referida disciplina de
modo a atender às necessidades acadêmicas dos discentes, selecionando para a leitura textos cuja
temática seja do interesse da área na qual estão inseridos e para a escrita, gêneros requeridos nas
disciplinas contempladas na grade curricular do curso que estão estudando. É nessa perspectiva que
se situa este trabalho – apresentar um relato de experiência com o objetivo de descrever e analisar
uma proposta metodológica relativa ao ensino da escrita acadêmica, mais especificamente do
gênero resumo acadêmico, para graduandos em Geografia, na Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG). Fundamenta-se nos estudos de ESP (English for Specific Purposes) e na teoria das
necessidades (CINTRA & PASSARELLI, 2008). A aplicação da proposta metodológica evidencia
motivação e interesse dos alunos pela escrita do resumo, seja porque a temática abordada no texto-
fonte (violência contra a mulher) é alvo de discussão na subcomunidade discursiva acadêmica em
que estão inseridos (curso de Geografia), seja porque o gênero solicitado para produção é bastante
requerido tanto nos componentes curriculares que estavam cursando naquele período letivo (2011.1)
quanto em outros que ainda iriam cursar.

AVALIAÇÃO DE GRADUANDOS ACERCA DO ENSINO-APRENDIZAGEM NA


DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA
Patrícia Fabiana Nascimento de OLIVEIRA – UFCG
patfno@gmail.com

Ao ingressarem na universidade, muitos alunos não trazem consigo competências necessárias para
produzirem os gêneros científicos requisitados nesse nível de ensino. Desse modo, parece
necessária a inclusão de uma disciplina no currículo das universidades que forme esses alunos no
tocante às práticas letradas exigidas na comunidade discursiva acadêmica na qual estão começando
a se inserir. Tendo em vista que uma disciplina dessa natureza já vem sendo ministrada na UFCG,
Língua Portuguesa, procurou-se analisar a visão de graduandos a respeito do processo de ensino-
aprendizagem desse componente curricular após tê-lo cursado. Para tal, foi realizada uma pesquisa
de caráter descritivo-interpretativa, cujo corpus foi constituído por cento e vinte e dois (122) alunos
da instituição já referida. Foi aplicado com esses sujeitos um questionário estruturado com
perguntas objetivas e subjetivas no final do período letivo 2011.2. Os dados coletados foram
analisados com base nos estudos de gêneros na tradição sociorretórica (HEMAIS & BIASI-
RODRIGUES, 2007; CARVALHO, 2007), bem como nos princípios norteadores do ensino de
gêneros para fins específicos (SWALES, 1990; BAWARSHI & REIFF, 2010). Os resultados
obtidos evidenciaram que os alunos acreditam que a disciplina supracitada deve fazer parte dos
currículos dos cursos de graduação da UFCG e que o foco desta deve ser no trabalho com a leitura
e, principalmente, com a produção de gêneros acadêmicos. Além disso, tais discentes defendem que
língua portuguesa deve ser ministrada com o objetivo de atender às suas necessidades acadêmicas
específicas. Os participantes da pesquisa fizeram, assim, uma avaliação positiva da disciplina, pois,
quando a cursaram, o professor parece ter tido a preocupação de planejá-la de modo a atender, de
forma geral, aos interesses acadêmicos do público-alvo para o qual estava sendo ministrada.

ENSINO DO LÉXICO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA: INVESTIGAÇÃO


REALIZADA EM MATERIAL DIDÁTICO
Izabel Cristina Silva DINIZ – CEFET/MG
izabel.diniz@hotmail.com

221
No Brasil, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tornou-se uma modalidade de ensino da rede
pública natentativa de interferir no alto índice de analfabetismo do país. No entanto pouco se
conhece sobre como se dá a ampliação e a renovação lexical em adultos analfabetos em processo de
alfabetização, uma vez que, as pesquisas publicadas sobre esse tema geralmente investigam a
aquisição do léxico em crianças e a inovação em adolescentes ou jovens estudantes. Além disso, nas
últimas décadas, tem se dedicado ao estudo do léxico um grupo reduzido de linguistas; o que,
muitas vezes, dificulta a capacitação de professores e a elaboração de material didático que
contemple de forma eficiente e eficaz o ensino do vocabulário de uma determinada língua. Diante
disso, este trabalho tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o ensino do léxico de
língua portuguesa na Educação de Jovens e Adultos. Para efetiva concretização do objetivo aqui
proposto, investigou-se o livro didático adotado no ano letivo de 2010 pela Secretaria Municipal de
Educação da cidade de Belo Horizonte. Essa investigação foi pautada, principalmente, nos estudos
realizados por Biderman (1996 e 1998), nos quais a autora estabelece as palavras de maior
ocorrência no Português brasileiro. Os resultados demonstram que o material didático adotado pela
rede municipal de educação de BH serve de apoio para o professor, porém não sendo suficiente para
o ensino eficaz e eficiente do léxico. Isso aponta para a importância de se contemplarem, na
formação de professores, não só questões sobre Letramento mas também sobre o estudo do Léxico.

ENSINO-APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR: UMA PRÁTICA POSITIVA


Ariádne Castilho de FREITAS – UNITAU
ariadne_freitas@hotmail.com

Este resumo relata como se dá o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa em uma


universidade no interior paulista. A disciplina Português Instrumental, com 136 horas, é obrigatória
nas séries iniciais dos 49 cursos da instituição e tem como escopo trabalhar a leitura e a produção de
gêneros discursivos acadêmicos e profissionais. Tem-se por hipótese que o aluno deve ser
despertado para ler e redigir esses gêneros e se tornar um cidadão crítico e atuante; para tanto, a
prática pedagógica do professor é importante para interagir com o aluno e construir o conhecimento
linguístico do acadêmico e futuro profissional. Considerando isso, estruturou-se, em 1987, um
grupo denominado Grupo de Estudos de Língua Portuguesa (GELP), em atividade até hoje. Ele é
formado por professores doutores e mestres, todos aprovados em concurso público e com longa
prática, que não trabalham isoladamente. O material didático, apostilado, com aporte teórico nas
contribuições, dentre outros, de Bakhtin (1992), Solé (1998) e Kleimam (1989, 1993, 1995), é
construído de forma conjunta pelos docentes; seu conteúdo passa por revisões, alterações e
atualizações, após pesquisa anual do perfil do aluno, a maioria oriunda de escolas públicas. No uso
do material didático, flexibilizado, tendo em vista a especificidade de cada curso, professores e
alunos estão em constante troca, para a construção da aprendizagem. O trabalho desenvolvido pelos
professores componentes do GELP tem sido avaliado positivamente pelos alunos e pela
administração. Ressaltamos que o diferencial do Grupo é preparar os acadêmicos para o uso que
farão da língua em sua futura atuação profissional.

FORMAÇÃO DE SUJEITOS LEITORES NO CURSO DE PEDAGOGIA


Cintia Maria Di Sevo CASELLA – UNINOVE
cinthya_disevo@hotmail.com

O objetivo desse trabalho é trazer para debate a importância da formação de leitores no curso de
pedagogia, uma vez que esse curso se destina à preparação de profissionais que irão atuar na área da
educação infantil e ensino fundamental I. Dessa forma, o futuro pedagogo insere a criança no

222
mundo das letras, ensinando-a ler o mundo, decifrar os signos e compreender a língua como algo
vivo. Acredita-se que o trabalho desenvolvido por esse profissional é um dos fatores determinantes
para que a criança aprenda que a leitura pode nos abrir um universo mágico de encanto. Dessa
forma, o futuro pedagogo, deve aprender a ler de forma plena, deve fazer da leitura mais que um
hábito. Este estudo defende a idéia de que no currículo de formação inicial do pedagogo a disciplina
língua portuguesa deve estar presente ao longo de todo o curso estimulando e inserindo o aluno no
mundo da leitura. Para tanto, deve ser pautado em um projeto educativo que contemple a leitura
interdisciplinar como instrumento para adentrá-lo nesse universo. As reflexões aqui contidas
resultam de uma pesquisa de observação participativa realizada em uma Instituição privada do ABC
paulista, que apontou a grande dificuldade dos alunos desse curso em ler e interpretar criticamente
os textos propostos pelos professores. Destaca a leitura como condição básica para a construção de
um profissional mais competente e capaz de transformar seu aluno em um leitor reflexivo. A base
teórica deste estudo é Kleiman (1999). Quanto à metodologia estrutura-se na pesquisa bibliográfica
e na observação participativa.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO NO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS: MÚLTIPLAS


POSSIBILIDADES DE AÇÃO PARA TRANSFORMAÇÃO
Cirlei Izabel da Silva PAIVA – UNINOVE
ciluvictor@ig.com.bt

Esta comunicação procura explorar a hipótese de que o ensino de língua portuguesa em curso de
licenciatura em Ciências Sociais é fundamental para a formação de educadores capazes de
colaborar para o processo de transformação de seus educandos, a partir de uma prática pautada na
leitura e no diálogo. O estudo, ainda, analisa o programa da disciplina Leitura e Produção de Texto
(LPT) existente no curso de licenciatura em Ciências Sociais, de uma Universidade privada da
cidade de São Paulo, a fim de compreender se a proposta da disciplina colabora na formação de
leitores competentes e sujeitos capazes de entender os diferentes discursos presentes na sociedade.
É preciso defender a idéia de que o ensino de língua portuguesa no curso de Ciências Sociais seja
voltado para a formação do sujeito leitor e proporcione uma reflexão sobre a relação entre o uso
adequado da língua e a formação de uma postura critica e autônoma do cidadão. Objetiva-se, ainda,
por em questão o ensino de português para fins específicos e apontar a necessidade de se adequar o
currículo da disciplina para atender às necessidades especificas do curso de Ciências Sociais e, para
isso, ela deve ser trabalhada dentro de uma visão interdisciplinar, que possibilita articular o
conhecimento de forma plural e mostrar ao aluno a possibilidade de se inserir no mundo de forma
consciente através do domínio da leitura e da compreensão do seu papel na sociedade. O estudo está
pautado em kleiman (1999), Ghiraldhelli (2002) e . A metodologia adotada se estrutura na
abordagem qualitativa, realizou-se entrevistas com alunos do ultimo ano de Ciências Sociais.

O TEXTO ACADÊMICO E SUAS PECULIARIDADES LINGUÍSTICAS NO SERVIÇO


SOCIAL: REFLEXÕES
Adriano Gonçalves dos SANTOS – UNITINS
arthur.grimalddy@hotmail.com

É indiscutível a importância da língua portuguesa no processo de ensino-aprendizagem na formação


inicial dos diferentes cursos, nas diversas áreas do conhecimento, especialmente para a articulação
de textos nos mais variados gêneros textuais e, sobretudo, dos acadêmicos para o estudante
universitário. Durante a formação inicial, um profissional de Serviço Social precisa dominar os
diferentes gêneros acadêmicos a fim de, dentre vários objetivos, a elaboração de textos que levem à
reflexão acadêmica e o futuro exercício da profissão. Esta comunicação pretende apresentar uma

223
reflexão sobre o ensino de língua portuguesa, em especial, os mecanismos lingüísticos que auxiliam
na elaboração de textos acadêmicos – resumo e resenha – que levam a demonstrar a competência
comunicativa do acadêmico. Vale lembrar que as competências comunicativas, nos limites deste
estudo, envolvem a competência lingüística, textual, temática e pragmática. As reflexões
apresentadas no texto partem de uma experiência vivenciada nas aulas de língua portuguesa no
curso de Serviço Social, realizado em uma Instituição privada na cidade de São Paulo. O estudo está
dividido em duas partes: análise de um questionário quantitativo aplicado aos alunos do primeiro
semestre e, em seguida, análise de três textos (resumos) produzidos pelos alunos. Esta análise
pauta-se nos estudos de, sobretudo, em Koch & Elias (2007, 2008) e em Marcuschi (2001), em
Schneuwly & Dolz (2004) quanto aos gêneros textuais. As conclusões a que se chega com este
estudo evidenciam que os alunos ainda apresentam dificuldades na articulação de frases
coesas e coerentes, o que demonstra a necessidade de um ensino de língua portuguesa para fins
específicos em cada área do conhecimento.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA APLICADA AO ENSINO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS


PARA CURSOS NA ÁREA DE SAÚDE (ENSINO SUPERIOR): O EXEMPLO DA RESENHA
Priscilla da Silva SANTOS – UnB
priscilla.santos.msc@gmail.com

O presente estudo visa (i) a refletir sobre o uso de Sequências Didáticas como metodologia para a
disciplina de Língua Portuguesa em contexto universitário; e (ii) a apresentar os resultados do
trabalho com o gênero textual resenha em turmas da área da saúde de uma instituição de ensino
superior. A metodologia em questão foi proposta por Dolz e Schneuwly (2004), e está sendo
adaptada ao contexto universitário com vias a instrumentalizar o aluno, recém-chegado ao terceiro
grau, a transitar nos ambientes discursivos próprios ao contexto acadêmico. Nesse sentido, o aluno
precisa estar apto a agir nesse meio, e a dominar as habilidades de leitura e escrita inerentes aos
cursos, e à sua futura prática profissional. Para tanto, considera-se o texto como unidade
comunicativa mínima, e, consequentemente, os gêneros textuais como base para a interação. Nesse
âmbito, o estudo alicerça-se em Bazerman (2006), que entende que os fatos sociais são formados
por gêneros textuais, além de Marcuschi (2010), para quem o gênero é visto como prática social e
prática textual-discursiva. O trabalho com a resenha se justifica pela demanda da vida acadêmica
dos alunos, considerando que diversos professores utilizam esse gênero textual como parte de suas
avaliações. Para o trabalho sistematizado com a resenha, foi elaborada uma Sequência Didática,
cujo fim era trabalhar os tipos textuais pertinentes a ela. Finalmente, o aluno foi exposto ao gênero
trabalhado, e realizaram a produção de duas resenhas, baseados em situações comunicativas
hipotéticas, às quais deveriam reagir. O estudo apresentado está em andamento, e os resultados
obtidos até então indicam que o trabalho sistematizado com gêneros textuais contribui sobremaneira
para o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção de texto no contexto universitário, e
indicam uma especial dificuldade dos alunos realizarem com sucesso o gênero textual em foco.

GRUPO TEMÁTICO 35: LINGUAGEM, CURRÍCULO E IDENTIDADES: DESAFIOS E


PERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LP
COORDENADORAS: Ana Lúcia Silva SOUZA (UFBA) – analusilvasouza@uol.com.br;
Kassandra da Silva MUNIZ (UFOP) – kassymuniz@gmail.com

Partindo do pressuposto de que a área de formação de professores em Língua Portuguesa ainda está
se abrindo para os estudos sobre linguagens, currículos e identidades sociais, propomos novamente
este GT para criar um espaço de discussão sobre esse tema. Os estudos sobre currículo apontam a
necessidade de revermos nossas práticas pedagógicas e por isso mesmo nossas escolhas
metodológicas, teóricas, conteudísticas relacionadas ao processo identitário. Ver o currículo como

224
documento de identidade é o que vem sendo solicitado para quem se debruça sobre o fazer
cotidiano na educação. No nosso caso, interessa em particular discutir como os professores de
Língua Portuguesa vem se relacionando com essas novas demandas, uma vez que se a
Sociolingüística já nos provou que a língua varia, muda e é dinâmica e as aulas de língua
portuguesa parecem ainda não ter aprendido esta lição. Quais fatores produzem essas mudanças?
Quem são os sujeitos e os contextos sociais nos quais estão envolvidos? O que significa “trazer a
realidade do aluno para a sala de aula”? E as Instituições que formam os professores como têm
tratado a temática? Faz parte do currículo acadêmico dos cursos o diálogo com essas “novas“
demandas identitárias? É com essas inquietações e outras que visem repensar os estudos sobre
formação de professores, currículo e identidades que esperamos receber trabalhos que estejam
preocupados não apenas em apresentar o estado da arte do tema do GT mas também serão bem
vindas propostas, experiências e pesquisas que mostrem as possibilidades já existentes desse campo.
Queremos não apenas refletir e problematizar acerca dos desafios da formação de professores e sua
relação com os estudos sobre identidades, mas também tratar das perspectivas e ações necessárias
para compor a formação inicial e continuada dos profissionais da linguagem.

RASURAS: DE CURRÍCULO E LETRAMENTOS DE JOVENS COTISTAS NO TERCEIRO


GRAU
Ana Lucia Silva SOUZA – UFBa
analusilvasouza@uol.com.br

O presente trabalho se propõe a apresentar parte de um estudo sobre a trajetória de acadêmica de


estudantes negros cotistas, integrantes Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a
universidade e as comunidades populares na Universidade Federal da Bahia. O foco recai sobre os
discursos referentes às suas percepções a respeito das estratégias usadas por docentes e discentes no
ambiente acadêmico e que são capazes de ressignificar suas práticas de letramentos. Trata-se de
buscar compreender de que maneira os letramentos que circulam no ambiente de terceiro grau que,
aparentemente, e apenas aparentemente, ocorrem desconectados de outros contextos, são vividos,
percebidos e valorados pelos estudantes. Tomando como objeto de análise um conjunto de
entrevistas pretende-se verificar como constroem e revelam, discursivamente, suas identidades
como letrados, trajetória intensamente afetada por condições históricas, econômicas, sociais e
culturais e nem sempre considerada quando se discute currículo. Os aportes teóricos que embasam o
estudo e as análises estão ancorados na perspectiva bakhtiniana de linguagem; nas abordagens sobre
letramentos múltiplos e heterogêneos e em estudos sobre concepções de cultura e identidades.
Destaca-se que o projeto caminha na direção da sustentação da noção de Letramentos de
Reexistência que rejeita a noção do binômio, a nosso ver, simplista, que opõe de um lado O
letramento escolar e de outro. O letramento não escolar e o que é mais grave, muitas vezes
alimentando uma suposta hierarquização de modo que o primeiro prevaleça sobre o segundo. O
projeto, pelo contrário, busca evidenciar a existência de um amálgama, uma reinvenção de práticas
de uso da linguagem que os sujeitos realizam levando em conta suas mais diversas experiências
educativas.

HISTÓRIAS DE LETRAMENTO E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Ivana Carla Oliveira SACRAMENTO – UNEB
ivanasacramento19@gmail.com

Este trabalho descreve e analisa os percursos de letramento de uma professora de língua portuguesa
da rede estadual de ensino do estado da Bahia, da cidade de Alagoinhas. Procurou-se identificar as
práticas de leitura e de produção da escrita que são privilegiadas por essa professora nas aulas de
língua portuguesa, práticas essas determinadas pelas suas condições de letramento. Portanto,

225
procurou-se analisar, pelas nuances que se manifestaram nessas práticas, como a professora elabora
a mesclagem das novas teorias dos estudos sobre letramento e sobre o ensino da leitura e da escrita
a que foi exposta a partir da graduação, em face aos modelos e concepções teóricas em que foi
formada e como ela procura transpor para a sua sala de aula esses conceitos. A pesquisa está
alinhada às perspectivas dos Estudos Culturais, mas lança mão dos aportes teóricos da Linguística
Aplicada, portanto obedecendo ao caráter transdisciplinar dessa área. Além disso, está baseada na
perspectiva teórica e epistemológica dos Estudosdo Letramento (Barton e Hamilton, 2000;
Kleiman, 1995, 2001, 2008). No âmbito dos Estudos Culturais, dialoga com Hall (2003, 2009),
principalmente para discutir as questões identitárias. A metodologia de investigação seguiu o viés
qualitativo (Minayo, 1999; André e Ludke, 1986) e (auto)biográfico (Delory-Momberger, 2008;
Josso, 2004). Esses aportes conceituais nortearam a observação dos movimentos de recuos e
avanços da professora no processo de elaboração da prática da leitura e da escrita como objeto
social e do reconhecimento de suas práticas como legítimas e culturalmente situadas. Concluiu-se
que a professora elabora modelos variados de letramento, ora voltados para a reprodução de práticas
do modelo autônomo em que foi formada, ora revela transformações de movimentos anteriores em
direção a práticas baseadas no modelo ideológico, e tais movimentos estão atrelados à sua condição
de letramento.

EU SOU 'NEGUINHO'?
Maria Cândida Santos e MOURA – UFOP
mariacandidamoura@yahoo.com.br

O trabalho intitulado ‘Eu sou Neguinho?’ versa sobre o modo como a linguagem é representada em
termos de domínio político-ideológico. Para tanto, lança mão de referências teóricas como Santos
(2006), Derrida (1999), Bakhtin (1993), dentre outros autores, para, através do entrecruzamento de
suas reflexões, buscar rever o modo como ciência e racionalidade agem e interferem no campo
onto-epistemológico da linguagem. O título escolhido para esta reflexão remete à atual composição
de Caetano Veloso, intitulada Neguinho, através da qual se pensou poder estabelecer uma
possibilidade de diálogo entre linguagem e as perspectivas de ‘responsabilidade’, tanto bakhtiniana,
condensada na idéia de não-álibi para o ser, quanto derridiana. O que se pretende, a partir de tais
referências teóricas, é dar ênfase à necessidade de que os indivíduos tragam para os seus espaços de
reflexão questionamentos como: de que modo é realmente possível pensar a linguagem? Sob a
égide de que concepções, de que lógica de pensamento devo concebê-la? Ou ainda, com que
finalidade nos apropriamos dela para este ou aquele fim? Trata-se de reforçar a importância de que
se considere a natureza irrevogavelmente social da linguagem e, portanto, o seu caráter dinâmico,
para, a partir daí, propor que sejam considerados alguns problemas provenientes de um modo
fundamentalista de pensá-la. Ao sugerir a idéia de que a relação estabelecida entre linguagem e
sociedade deva ser pensada em termos de imanência, este trabalho visa evidenciar, também, o jogo
de interesses e de poder do qual essa sofre influência e sobre o qual também a exerce, o que nos
exige uma postura cada vez mais reflexiva e, politicamente, estratégica, nos constantes e inevitáveis
momentos em que são percorridas as labirínticas veredas da linguagem, nas quais estão língua e
identidade.

TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA:


EXPERIÊNCIAS A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Luana Francisleyde Pessoa de FARIAS – UEPB
lfrancisleyde@yahoo.com.br

O presente trabalho discute a formação inicial do graduando em Letras, mais especificamente, no


tocante à relação entre teoria e prática no ensino de língua portuguesa. Pretende-se, dessa forma,

226
ampliar o debate sobre o espaço destinado às “novas” teorias linguísticas, em especial, ao trabalho
pautado no uso e reflexão da língua(gem), demanda esta que se faz urgente nas salas de aula da
Educação Básica brasileira. As considerações, aqui expostas, estão ancoradas nas pesquisas de
Pimenta & Lima (2010), Antunes (2009), Barreiro e Gebran (2006), Guedes (2006), Kleiman
(2001), entre outros estudiosos, que apontam a necessidade da formação inicial basear-se na
construção de uma prática que se constitui mediante a díade do fazer docente, pesquisa e reflexão. É
sabido, contudo, que a aplicação dos novos direcionamentos teórico-metodológicos, advindos das
contribuições dos linguistas, há algumas décadas já se tornaram o mote das discussões acadêmicas,
mas que, em razão da velha dicotomia teoria versus prática, ainda há uma resistência no tocante à
transposição para a sala de aula. Para analisar esse contexto, constituiu-se um corpus baseado nas
experiências vivenciadas, durante o acompanhamento e orientação de turmas de Estágio
Supervisionado, tanto no período da observação/vivência quanto no período da
regência/intervenção, no Campus III da Universidade Estadual da Paraíba. Ao término deste estudo,
constatou-se que o espaço privilegiado e legitimado pela componente curricular Estágio
Supervisionado deve efetivamente oportunizar momentos que possibilitem o debate e aplicação das
estratégias e atividades, na sala de aula de língua portuguesa, pautadas no uso social e
historicamente situado da língua.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES DOCENTES


Letícia Fonseca Richthofen de FREITAS – UFPEL
leti.freitas@terra.com.br

Este trabalho tem por objetivo analisar de que maneira um grupo de alunos do curso de Licenciatura
em Letras da Universidade Federal de Pelotas/UFPel constrói, ao longo do curso, suas identidades
docentes. O estudo situa-se no campo na Linguística Aplicada Transdisciplinar em sua conexão
com os Estudos Culturais, tendo como pressuposto a relação entre a linguagem e a produção de
identidades, considerando o papel que as narrativas desempenham no processo de construção
identitária, no sentido de organizar o discurso no mundo social. Nesse sentido, pesquisadores têm
apontado que as narrativas possuem uma função preponderante na constituição das identidades
pessoais e sociais, uma vez que é o processo contínuo de narrar, de ouvir e de contar histórias que
vai constantemente produzindo nossas identidades, inclusive as identidades docentes. Sendo assim,
entende-se que as narrativas produzidas, contadas e recontadas no ambiente acadêmico sobre o ser
docente concorrem sobremaneira para a constituição das identidades dos professores em formação.
Com base nesses pressupostos, foram analisadas narrativas de dez alunos do quinto e do sexto
semestres do referido curso, a fim de mapear como estão sendo construídas suas identidades
docentes. O estudo aponta principalmente para uma tensão entre a identidade do professor de língua
portuguesa alinhado às teorias linguísticas e ao profissional que deve também ensinar a gramática
normativa. Além disso, emergem das narrativas discursos sobre a preocupação dos futuros
professores em relação ao seu embasamento teórico e sobre a insegurança que isso causa ao
enfrentar a efetiva prática em sala de aula no momento da realização dos estágios. Por fim, cabe
ressaltar a importância das pesquisas a respeito da constituição das identidades docentes, no sentido
de elaborarmos estratégias diferenciadas para a formação de professores.

MEMORIAL DE LEITURA: UMA POSSÍVEL ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NOS


CURRÍCULOS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Luana de Araújo CARVALHO – UFOP
luanadaraujo@hotmail.com

227
Este trabalho tem como objetivo discutir a importância de memoriais de leitura no curso de
formação de professores como estratégia pedagógica para a constituição identitária dos futuros
docentes. Tem-se como pressuposto que o memorial de leitura possa ser uma estratégia pedagógica
contemplada nos currículos de formação de professores, uma vez que, por meio da produção de
narrativas autobiográficas-memoralísticas os alunos poderão compreender suas trajetórias de vida
escolar e seus históricos de aprendizado por meio desta auto-reflexão, possibilitando ressignificar
suas práticas leitoras. Outro pressuposto deste estudo é que na constituição do rememoramento - ato
de rememorar, via memorial - entra em jogo a ideologia dos sujeitos envolvidos, assim como suas
identidades sociais, ou seja, o rememorar contribui na compreensão da formação identitária dos
sujeitos, assim como em sua consciência histórica. Partindo desta hipótese, este trabalho procura
contemplar reflexões sobre a memória como fonte de ressiginificação e a formação identitária
docente. Assim, acredita-se que o memorial como estratégia pedagógica para a formação de
professores possibilita com que o sujeito-narrador compreenda melhor sua formação. Pensando nos
benefícios e possibilidades que o memorial acarreta à formação dos sujeitos, como instrumento
pedagógico que proporciona a melhoria da formação, as narrativas podem representar uma
esperança nas estratégias de formação de professores. Procuramos, com este trabalho, de forma
mais ampla, compreender a formação de professores por meio da formação dos leitores, na
perspectiva dos estudos sobre o letramento e subsidiados por contribuições da sociologia,
principalmente aquela ligada à investigação sobre a importância das práticas culturais na
constituição do profissional docente.

NEGROS E INVISIBILIDADE: OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE


LICENCIATIRA DA UFOP
Kassandra da Silva MUNIZ – UFOP
kassymuniz@gmail.com

Este trabalho visa discutir os resultados obtidos por meio das análises dos Projetos Político-
Pedagógicos (PPPs) dos cursos de licenciatura da UFOP e a grade curricular, analisando a presença
ou não de temáticas afro-brasileiras em seus PPPs, a fim de observar neste corpus alguma referência
à pluralidade afro-cultural do estado de Minas Gerais, levando-se em consideração a implementação
da Lei 10.639/03. Verificamos nesses documentos, com metodologia qualitativa, se aparecem
termos como pluralidade cultural, cultura popular, multiculturalismo, diferenças ou outras
expressões que possam dialogar com a problemática da diversidade e, dessa forma, inserir os
professores em formação dentro das atuais demandas das políticas de identidades. A análise
lingüística dos PPPs e grades curriculares foi empreendida a partir do aparato teórico sobre
Linguagem e Identidades, dentro do campo da Lingüística Aplicada. A análise dos PPPs das
licenciaturas se fundamentou na perspectiva de que o currículo precisa ser concebido como
documento de identidade, assinalando entre outras coisas que os futuros professores precisam
reconhecer a heterogeneidade cultural e identitária de seus estudantes sem homogeneizá-las.
Constatamos por meio da pesquisa que quando os PPPs deixam de abordar a diversidade cultural
como fundamental para a formação de um profissional ou de um aluno, deixam também de abrir as
portas para o tema das africanidades e das relações étnico-raciais. Se levamos em consideração que
a região é predominantemente afrodescendente, isso se torna mais preocupante e a implementação
da lei mais urgente. Além disso, a pesquisa evidenciou a intrínseca relação entre o campo da
linguagem e das identidades sociais.

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NA PROPOSTA CURRICULAR DO ENSINO


FUNDAMENTAL DE FEIRA DE SANTANA/BA: DEBATES, PROPOSIÇÕES E DESAFIOS
Elizabete Bastos da SILVA – UNEB

228
elizabetebastos@yahoo.com.br

O ensino da língua portuguesa no Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Feira de


Santana encontra-se em debate. O Grupo de Elaboração da Proposta Curricular do Ensino
Fundamental do Município (GCEF) composto por profissionais especialistas da rede estão com a
responsabilidade de ouvir e registrar a vozes dos docentes em função do currículo escolar vigente e
das novas demandas da educação municipal. Com esse trabalho, pretende-se apresentar uma análise
da concepção do ensino da língua portuguesa que vem se construindo na elaboração/construção da
proposta curricular em questão, além de perceber qual o lugar do letramento nos discursos e práticas
curriculares. O caminho metodológico segue orientações da pesquisa qualitativa, onde os sujeitos da
pesquisa são professores da rede municipal de ensino e o lócus são as escolas da rede, respeitando
suas especificidades. O trabalho em foco encontra-se fundamentado, inicialmente, na perspectiva
pós-crítica e a concepção que situa a temática abordada se apóia em Tomaz Tadeu da Silva (1995),
ao afirmar que, em resumo, as questões curriculares são marcadas pelas discussões sobre
conhecimento, verdade, poder e identidade. No que tange o ensino da língua portuguesa, espera-se
que o desenvolvimento dessa pesquisa possa contribuir com uma proposta curricular que contemple
as especificidades locais, bem como as demandas de um ensino da lp que empodere o sujeito no uso
eficaz da língua (gem) de forma efetiva, não como um documento apenas, pois o currículo é muito
mais que matriz ou grade curricular, são também os discursos, as ações, as atitudes e posturas
desenvolvidas na escola.

SOBRE ‘LÍNGUAS CASEIRAS’, CURRÍCULO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES


INDÍGENAS
Suzane Lima COSTA – UFBa
suzane.costa@yahoo.com.br

Quando se fala em letramentos, uma série de ‘modos caseiros’ de usar a língua é posta em
evidência. Os processos escolares de usos da Língua Portuguesa vão depender da forma como essa
série se constitui na língua usada para comer, para dormir, para tomar banho, para acordar, para
estar em casa ou para sair dela. Esses modos caseiros de usar a língua podem ser lidos tanto como
um conjunto de gestualidades que fazem significar os lugares subjetivos de enunciação dos seus
falantes, quanto como práxis de quem fala, lê e escreve pela necessidade e consequência do
ordinário da sua própria vida. Este trabalho analisa e discute como essas ‘línguas caseiras’,
presentes nos modos de vida dos professores indígenas das aldeias Pankararé e Xucuru-Kariri, da
região de Paulo Afonso-Ba, mesmo sendo parte dos letramentos dos próprios professores, dos
estudantes e dos demais membros da comunidade, são modos de usar a Língua Portuguesa ainda
distantes das propostas curriculares que defendem uma educação intercultural, bilingue e
diferenciada para povos indígenas. Para tanto, pretende-se repensar os pressupostos do Referencial
Curricular Nacional para as Escolas Indígenas e os Referenciais para a Formação de Professores
Indígenas, para colocar em movimento uma discussão sobre o estudo desses letramentos na direção
de um conceito de diferença que possa fazer valer a vida comum dos povos indígenas da Bahia,
creditando os modos de fazer e de dizer dessas ‘línguas caseiras’ pela ambivalência que os seus
usos possam operar no imaginário romantizado e idílico do índio de cocar, que ainda precisa
dançar Toré para angariar direitos.

IDENTIDADES INDÍGENAS NA ESCRITA DE DANIEL MUNDURUKU


Waniamara de Jesus dos SANTOS – UFOP
waniamaraj@yahoo.com.br

229
Conforme Hall (2002), os efeitos da globalização ocasionaram mudanças rápidas e permanentes que
contribuíram para o descentramento do sujeito (do seu lugar no mundo sociocultural e de si
próprio). As classes ditas minoritárias – tais como negros, mestiços, índios, mulheres,
homossexuais, judeus, etc. – ganham voz nesse novo cenário e, por meio da evidência de seus
discursos, contrapõem suas ‘imagens’ aos modelos estáticos existentes na sociedade vigente. É sob
esse viés que se discute o lugar da literatura indígena no cenário literário brasileiro. Almeida (2009)
aponta a fundação dessa literatura na tradição oral de conservação e transmissão de suas “histórias”
– mitos, lendas, ritos, cantos, grafismo, etc. – e promove o renascimento do indígena pela
linguagem própria. Ao constituir uma voz de discussão de sua condição minoritária, de contrapor-se
ao discurso hegemônico, aos povos indígenas é possível evidenciar uma nova configuração
identitária para si e seus povos. Dentre os autores indígenas, Daniel Munduruku destaca-se no
cenário literário brasileiro. Assumindo posição de destaque, o escritor coloca-se numa situação de
“negociação” em razão da coletividade de seu povo. Sua ação é de militância, sua literatura é
política. Este trabalho objetiva refletir sobre o processo de escrita e (re)invenção indígena por
Daniel Munduruku através da obra premiada pela UNESCO na questão da tolerância, em 2002,
Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória. A análise do texto evidencia que sob
a assinatura do escritor inaugura-se uma nova identidade cultural. Representa uma consciência de
classe fundada numa linguagem simples e clara. O autor indígena cria novos olhares sobre o índio
brasileiro, em que não vigorem os estereótipos da barbárie, do exótico, da preguiça, da animália e
do atraso cultural.

LINGUAGEM, EDUCAÇÃO INCLUSIVA, CURRÍCULO E IDENTIDADE: ALGUMAS


QUESTÕES
Luiz Carlos Souza BEZERRA – PUC/SP
bezerralcs@gmail.com

Este trabalho centra em discutir a relação linguagem, currículo e identidade, especialmente no


contexto da educação inclusiva. Esta pesquisa origina de questões que são suscitadas a partir de
propostas de formação inicial e contínua de professores na perspectiva da inclusão social e escolar
que temos realizado. A questão condutora do trabalho é: como formar professores de línguas para
atuar na escola inclusiva, construindo um currículo escolar que favoreça a constituição de
identidade do aluno, sem antes constituir espaços de enunciação que possam abordar a identidade
do sujeito- professor? Partimos do princípio de que a escola é espaço de constituição subjetiva e de
funcionamento de linguagem. Desse modo, pretendemos, neste trabalho, tecer considerações acerca
da constituição de identidade de sujeito-professor e de sujeito-educando a partir de práticas
escolares. Nesse contexto, passamos a olhar o currículo escolar não apenas no sentido restrito de
formalização do trabalho pedagógico, mais, sim, no sentido de experiências permeadas por valores
simbólicos que incidem sobre a subjetividade. Destarte, tomaremos como material de análise a
experiência desenvolvida durante cursos de formação e discurso de professores. Para análise e
fundamentação do trabalho que desenvolvemos, recorremos à leituras da psicanálise, especialmente
de trabalhos nas interfaces psicanálise e educação. Os resultados apontam que o sujeito-professor,
durante sua formação, necessita de um espaço de escuta para que possam expor suas questões sobre
a função docente. Deste modo, é certo que assumir a função docente não se constitui, apenas, em
construir um referencial teórico a ser ensinado, é preciso haver identificação e desejo em ocupar tal
lugar. Assim, evidenciamos que nas formações de professores é importante um espaço que seja
propício à enunciação, onde o sujeito possa refletir acerca de sua constituição, de seus valores,
assim como possa reelaborar as imagens que constitui de si, da escola e da função docente.

TECNOLOGIA E INTERAÇÃO EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA: COLABORAÇÃO


ENTRE DOCENTES - RESULTADOS

230
Silvane Aparecida GOMES – CEFET
silvanenet@gmail.com
Vicente Aguimar PARREIRAS – CEFET
vicenteparreiras@gmail.com

Este artigo considera a necessidade da revisão do sistema escolar brasileiro, no que se refere a
adequação da escola às novas condições sociais com o advento das novas tecnologias da informação
e da comunicação (TDIC) e, na atenção que se deve dar à formação inicial e continuada de
professores. Procuro apontar nuances do campo do currículo, que reflete a/na identidade social; do
campo da linguagem, que incide sobre a prática docente, com o foco nos desafios especificamente
dos professores de Língua Portuguesa, articulado com os resultados da pesquisa de mestrado que
trata da colaboração entre docentes no uso dos recursos tecnológicos para execução de trabalho
essencialmente virtual. A partir do conceito de Comunidade de prática (WENGER, 1991, 1998 e
2002) que trata da produção de conhecimento em ambientes colaborativos, o estudo qualitativo
aponta os benefícios do uso das ferramentas tecnológicas para o trabalho docente num processo de
avaliação sistêmica nacional, dando pistas de que um olhar de seriedade e liberação de
investimentos em tecnologia da informação (TI) voltada para a educação poderia assim, promover
melhores resultados ao desempenho de equipes de correções das mais diversas provas seriadas que
compõe o cenário da educação brasileira. Legitimando a lisura e o sigilo que as correções exigem e,
certificando aos milhares de estudantes a exatidão de seus resultados nas avaliações. A pesquisa
mostra a importância da formação inicial e continuada dos professores (aqui especificamente) de
Língua Portuguesa no quesito desenvolvimento das habilidades no uso de ferramentas tecnológicas,
não apenas para uma melhor mediação do conhecimento em sala de aula, mas, para que este
docente tenha a opção de outros trabalhos que demandem letramento digital consolidado.

GRUPO TEMÁTICO 36: LINGUÍSTICA DE TEXTO E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA –


DIÁLOGO ENTRE TEORIA E PRÁTICA
COORDENADORA: Maria Ednilza Oliveira MOREIRA (UFC) ednilza@ufc.br;
Maria Helenice Araújo COSTA (UECE) mariahelenicearaujo@gmail.com

Nos últimos anos, as teorias da enunciação e do discurso, particularmente a Linguística Textual,


vêm ampliando o campo de estudos da linguagem. Com Beaugrande (1997), o texto passa a ser
definido como um evento comunicativo que abrange aspectos linguísticos, sociais e cognitivos, o
que leva naturalmente a uma nova orientação para o ensino de línguas. Visto por esse prisma, o
texto transpõe os limites da materialidade linguística e/ou imagética e adquire um caráter mais
fortemente multimodal e multimidiático. Por sua vez, todos os atos discursivos (falar, ouvir,
escrever, ler) são experiências sociocognitivas e, como tal, devem ser “vividas”, não apenas
simuladas. Ensinar uma língua é, então, criar condições para que essas práticas se façam presentes
na sala de aula e fora dela, isto é, para que a leitura, a escrita e a reflexão linguística aconteçam
mais naturalmente, na interação. Algumas questões importantes surgem com a consideração desses
pressupostos: (a) Até que ponto essa visão, que se aproxima da concepção bakhtiniana de “língua
viva”, chega às aulas de língua materna? (b) Em que medida os múltiplos aspectos da linguagem
são acionados, a partir da materialidade textual, na construção de sentidos? (c) Até onde os alunos
são instigados a refletir sobre as diferentes maneiras como se relacionam esses elementos em função
das diferentes formas de agir pela linguagem? O objetivo deste GT é desenvolver discussões que
enfoquem essas e outras questões concernentes à relação entre teoria e prática, no âmbito da
abordagem do texto, para o ensino de Língua Portuguesa, à luz dos estudos sociocognitivistas e
interacionais da linguagem. Nessa perspectiva, aceitam-se trabalhos teórico-práticos, voltados para
a exploração do texto, nos seguintes níveis: compreensão/produção textual, análise e/ou produção
de material didático e formação ou atuação do professor na interação presencial ou virtual com
alunos.

231
IMPLICAÇÕES DO CONHECIMENTO TEÓRICO DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA
NO ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL
Mirella de Oliveira FREITAS – UFT
mirellafreitas@uol.com.br

O presente trabalho constitui uma análise da relação entre conhecimento teórico e prática docente
na rede pública de ensino de Palmas-TO, no que se refere a correção e avaliação de textos em
língua materna. Para esse fim, foi reunido um grupo de professores em um projeto de extensão
proposto por docentes da Universidade Federal do Tocantins, cujo objetivo geral era, por meio de
discussões teóricas e atividades práticas de produção, correção e avaliação de textos, contribuir para
o aprimoramento do ensino de língua materna, com ênfase no trabalho com a macroestrutura
textual. Nesse contexto, buscou avaliar as habilidades desses profissionais ao corrigirem textos, a
partir de falhas textuais e linguísticas por eles identificadas em produções de alunos. Para tanto, foi
trabalhada com os professores a correção de textos diversos, todos eles de tipologia dissertativa e
produzidos no contexto de sala de aula. Esse material permitiu identificar quais os critérios
empregados por esses profissionais nas correções e avaliações a que procedem, bem como as
concepções de texto arraigadas no processo. De igual modo, tanto as correções quanto a produção
textual desses profissionais permitiram que se compreendesse o conhecimento que tinham de
instâncias semânticas e de aspectos pragmáticos e formais, conforme postulados de Costa Val
(2006). As diretrizes teóricas que nortearam o trabalho partiram, pois, dos conceitos de texto,
textualidade, coerência, coesão e fatores pragmáticos, propostos por teóricos da Linguística Textual.
A metodologia de pesquisa empregada, além de contemplar a análise descritiva e quantitativa dos
textos produzidos pelos próprios professores, compreendeu respostas dadas por esses docentes a um
questionário que lhes possibilitava registrar informações com vistas a se autoavaliarem a partir de
sua formação e de suas práticas.

A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE VARIAÇÃO NUMA SALA DE AULA DO CURSO DE


LETRAS
Laura Tey IWAKAMI – UECE
teylaura@hotmail.com

As atividades de ensino em salas de aula tem, por princípio, promover aprendizagem, assimilação
de conceitos, discussões, debates e reflexões acerca do tema em estudo, visando a formação
intelectual do aluno. Este trabalho tem por objetivo verificar e refletir como os discentes da
disciplina sociolinguística ofertada em uma turma do Curso de Letras da Universidade Estadual do
Ceará vão processando conceitos referentes à diversidade e variação linguística, objetivo maior da
disciplina. As várias atividades promovidas na sala de aula por meio da interação e de discussões
reflexivas vão construindo concepções sobre a Língua numa abordagem que vai além da simples
sistematização estruturalista da língua para uma visão mais contextualizada e sociocognitivamente
situada da Linguagem. Para tal, textos pré selecionados, pertinentes à disciplina, são trabalhados
através de aulas expositivo-interativas, leituras e discussões em grupo e escrita de textos construídos
a partir das compreensões desenvolvidas durante a disciplina. Dessa forma, a complexidade da
questão no tratamento da variação e suas implicações sociais e, particularmente na educação, vão
tomando sentido também pela constatação de que só podemos compreender as dinâmicas sócio-
dicursivas e linguísticas pela visão interdisciplinar das ciências. Autores como BAGNO
(2001,2003), CAMACHO (2001), CALVET (2002), BORTONI-RICARDO (2005), entre outros,
cujos textos são trabalhados a partir da visão interativa e sociocognitiva, trazem as teorizações e

232
reflexões necessárias para a disciplina em que os sujeitos, na sala de aula, vão se situando e
assumindo uma posição e uma postura crítico-reflexiva dos múltiplos usos e funções da linguagem
exercidos na sociedade.

O TRATAMENTO DA POLIFONIA TEXTUAL NOS PROCESSOS DE RETEXTUALIZAÇÃO:


EXEMPLOS DE ANÁLISE DOS MODOS DE CITAÇÃO DO DISCURSO DO OUTRO
SEGUNDO A TIPOLOGIA DE BOCH & GROSSMANN
Beatriz Julia Isabel ALVAREZ – UECE
beatrizjulia@gmail.com

No contexto do curso de Letras, conforme atestam trabalhos publicados por autores como Matencio
e Boch & Grossmann, a prática de exercícios de retextualização pode representar uma atividade
complexa para os professores em formação. O gerenciamento das vozes dos discursos que estão
sendo retextualizados constitui um dos pontos críticos desse tipo de exercício. A desconstrução de
textos base e a construção de um novo texto significa citar a fala alheia, o discurso de outrem, tarefa
que pode representar um obstáculo para que os alunos produzam um texto final adequado. Com a
intenção de colaborar com o tratamento dos mecanismos enunciativos em sala de aula, este artigo
exibe a análise da maneira como é citado o discurso de outrem em textos, colhidos na mídia digital,
que constituem o produto da retextualização de notícias em artigos de opinião postados em blogs.
Para tanto, a partir da concepção de língua como atividade situada (MARCUSCHI, 2001) e da
perspectiva enunciativo-discursiva bakhtiniana, é apresentada a temática da retextualização segundo
Marcuschi (2001) e Matencio (2002, 2003, 2004), autores que, por sua vez, baseiam suas obras nos
conceitos de gêneros discursivos de Bakhtin (2010). O tratamento das vozes do discurso também
encontra fundamento na teoria enunciativa da linguagem de Bakhtin, enquanto que, para realizar a
análise proposta, é utilizada a tipologia dos modos de referência ao discurso do outro de Boch &
Grossmann (2002). A relevância deste artigo fundamenta-se na importância que o tratamento
adequado da polifonia textual adquire para a leitura compreensiva e a escrita produtiva de textos.
Em outras palavras, este trabalho pode significar uma contribuição significativa para o
desenvolvimento dessas competências na universidade, na medida em que apresenta uma
ferramenta específica para analisar as estratégias de gerenciamento das vozes do discurso, assim
como fornece exemplos práticos de sua aplicação.

IRACEMA SOB MÚLTIPLAS LINGUAGENS: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE


LEITURA
Maria Ednilza Oliveira MOREIRA – UFC
ednilza@ufc.br

Os estudos atuais em Línguística Textual, de orientação sociocognitivista, consideram que o texto


pode ser definido como um evento comunicativo que integra aspectos linguísticos, sociais e
cognitivos. Neste trabalho, aliamos a esses marcos teóricos o projeto que desenvolvemos em torno
da presença histórica e cultural de Iracema, essa personagem de José de Alencar que é retratada nas
múltiplas esculturas que integram a paisagem de Fortaleza e que já se tornou um dos símbolos da
cidade. Propusemos, com base nesse contexto de uso da imagem da personagem alencarina, o
desenvolvimento de um curso de leitura, explorando a obra literária Iracema nas várias modalidades
de linguagem. O curso, envolvendo os estudantes de Letras na prática da regência de sala de aula,
foi oferecido para professores e professorandos do Instituto de Educação do Ceará - IEC e para
professores de escolas do ensino médio de Cabo Verde, bem como para alunos do ensino
fundamental de escola particular em Fortaleza, incluindo aula de campo do roteiro turístico
"Caminhos de Iracema". Antes, porém, contatamos várias instituições (Casa de José de Alencar,

233
Câmara Municipal de Fortaleza, SETFOR, IEC), a fim de buscar consistência para nossas ações.
Socializando nosso trabalho, participamos de vários eventos acadêmicos e, assim, cumprimos com
os objetivos de contribuir com a difusão da cultura cearense, a partir da personagem Iracema,
enfocada por meio de diferentes linguagens. Reforçamos, assim, a ideia de que o texto – no caso a
obra de Alencar Iracema –, é situado, o que leva à necessidade de tornar o ensino da leitura e da
escrita práticas sociais autênticas.

REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL NA PERSPECTIVA DA


SOCIOCOGNIÇÃO E DA INTERAÇÃO
Francisca Poliane Lima de OLIVEIRA – UECE
meuemail.poly@gmail.com

A questão da referência tem interessado bastante aos pesquisadores que se abrigam sob os estudos
da Linguística Textual. Uma contribuição importante trazida por esses estudos diz respeito ao fato
de se considerar a exterioridade na busca dos sentidos, como afirma Custódio Filho (2011). Essa
teoria ainda aponta para a dinamicidade presente nas construções dos objetos do discurso como nos
fazem ver Mondada e Dubois (2003), Ciulla (2008) e Costa (2007). Ou seja, nessa perspectiva,
trabalha-se a partir de uma ótica que explica a relação entre o materialmente colocado e o extra
material como ferramenta de produção e compreensão dos discursos. Fato esse que ficou bem
entendido na pesquisa que desenvolvemos em nossa dissertação, ao tomarmos o depoimento de
profissionais da criação em design. A nosso ver, essa tem sido uma maneira eficiente de pensar a
questão dos sentidos. Dentro dessa concepção, se encaixa com muita clareza a necessidade de levar
em conta o que se sabe e também o que se imagina que o outro saiba, além das relações que se
estabelecem entre as pessoas e o mundo, pois o mecanismo que produz os sentidos é uma situação
desencadeada pelos sujeitos em suas interações sociais, o que imprime certo dinamismo a essa
consideração. Desta feita, nosso estudo se propõe a refletir sobre o ensino da produção textual num
contexto que leva em conta uma definição mais ampla de texto, uma vez que acreditamos que uma
metodologia de ensino que favoreça a compreensão ampla da construção discursiva pode se tornar
uma ferramenta útil na formação de leitores e produtores competentes e aptos a lidarem com as
diversas situações discursivas.

O PAPEL DAS EXPRESSÕES ENCAPSULADORAS E ROTULADORAS NA CONSTRUÇÃO


DOS SENTIDOS DO TEXTO: DA ANÁLISE À APLICAÇÃO
Graziela ZAMPONI – UNITAU
grazizamponi@uol.com.br

Entre os mecanismos de articulação textual-discursiva, merecem destaque as rotulações, poderoso


recurso que desempenha um papel de extrema importância na construção dos sentidos do texto,
assumindo simultaneamente uma função argumentativa e cognitiva, além de uma função textual.
Muitos estudos têm-se voltado para esse fenômeno, lançando luz sobre sua natureza, constituição e
funções. No entanto, falta um trabalho que tome as rotulações como objeto de prática pedagógica
específica, com o objetivo de levar os alunos a refletir sobre esse mecanismo e usá-lo como uma
estratégia consciente, que envolve controle e planejamento prévio, prática inserida numa dimensão
de capacidade cognitiva mais elevada, intimamente relacionada à metacognição. Situada na vertente
da Linguística Textual que faz opção pelo sociocognitivismo, em que o texto é tomado como evento
comunicativo, o que pressupõe interação, abordamos primeiramente o fenômeno dos
encapsulamentos e rotulações, ilustrando com exemplos atestados a sua natureza e funcionamento,
e, em seguida, voltamos nossa atenção para o aspecto didático da questão. Nosso principal objetivo
é sugerir ao professor ou estudante de Letras alguns exercícios que exploram as expressões

234
nominais encapsuladoras e rotuladoras usadas para estabelecer a articulação do texto argumentativo.
Especificamente, a proposta envolve de questões de múltipla escolha – com apenas uma resposta
adequada ou mais adequada – até a escolha lexical em que o aluno poderá exercer livremente sua
subjetividade, passando por exercícios em que são dadas algumas soluções não excludentes. As
atividades sugeridas, suscetíveis de ser realizadas na sala de aula, envolvem observação e produção
a fim de levar os alunos a explorar, de forma consciente e planejada, esse recurso na produção do
texto.

LINGUÍSTICA TEXTUAL E ENSINO DE PORTUGUÊS: TEORIA, PRÁTICA DOCENTE E


MATERIAL DIDÁTICO
Dalva Ramos de Rezende MATOS – UFU
dalvaresende@yahoo.com.br

Parece que o ensino de língua materna nas escolas vive, hoje, um longo período de transição, entre a
tradição gramatical e outras dimensões da língua, como o texto e o discurso. Convivem no mesmo
espaço escolar, docentes adeptos das correntes formalistas, do Estruturalismo, do Funcionalismo,
das teorias da enunciação e até mesmo os que desconhecem esses estudos linguísticos. Nessa
realidade, será que os professores de Português que, na teoria, dizem seguir determinada corrente
linguística (por exemplo a Linguística Textual) estabelecem, na prática, um diálogo coerente
entre suas concepções linguísticas, suas atuações metodológicas e os livros didáticos utilizados por
eles? Diante dessa questão, esta comunicação tem por objetivo promover uma reflexão sobre a
relação entre teoria linguística, prática docente e material didático, à luz dos estudos
sociocognitivistas e interacionais da linguagem. O que se põe em discussão é resultado de um
trabalho teórico-prático, desenvolvido por alunos do Curso de Letras da UFU na modalidade a
distância, que buscou investigar e analisar relações entre algumas concepções linguísticas e a
prática de professores de línguas do Ensino Fundamental e Médio, por meio de entrevistas e coleta
do material didático adotado por eles. Dessa forma, pretende-se promover uma oportunidade de
análise e reflexão sobre a teoria e a prática no contexto escolar. E a partir disso, propiciar também
ao docente a possibilidade de ele reestruturar o seu fazer e reconfigurar a sua atuação como
professor de Língua Portuguesa.

IMPLICAÇÕES DO CONHECIMENTO TEÓRICO DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA


NO ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL

MIRELLA DE OLIVEIRA FREITAS UFT


mirellafreitas@uol.com.br

O presente trabalho constitui uma análise da relação entre conhecimento teórico e prática docente
na rede pública de ensino de Palmas-TO, no que se refere a correção e avaliação de textos em
língua materna. Para esse fim, foi reunido um grupo de professores em um projeto de extensão
proposto por docentes da Universidade Federal do Tocantins, cujo objetivo geral era, por meio de
discussões teóricas e atividades práticas de produção, correção e avaliação de textos, contribuir para
o aprimoramento do ensino de língua materna, com ênfase no trabalho com a macroestrutura
textual. Nesse contexto, buscou avaliar as habilidades desses profissionais ao corrigirem textos, a
partir de falhas textuais e linguísticas por eles identificadas em produções de alunos. Para tanto, foi
trabalhada com os professores a correção de textos diversos, todos eles de tipologia dissertativa e
produzidos no contexto de sala de aula. Esse material permitiu identificar quais os critérios
empregados por esses profissionais nas correções e avaliações a que procedem, bem como as
concepções de texto arraigadas no processo. De igual modo, tanto as correções quanto a produção
textual desses profissionais permitiram que se compreendesse o conhecimento que tinham de
instâncias semânticas e de aspectos pragmáticos e formais, conforme postulados de Costa Val

235
(2006). As diretrizes teóricas que nortearam o trabalho partiram, pois, dos conceitos de texto,
textualidade, coerência, coesão e fatores pragmáticos, propostos por teóricos da Linguística Textual.
A metodologia de pesquisa empregada, além de contemplar a análise descritiva e quantitativa dos
textos produzidos pelos próprios professores, compreendeu respostas dadas por esses docentes a um
questionário que lhes possibilitava registrar informações com vistas a se autoavaliarem a partir de
sua formação e de suas práticas.

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA SOB A PERSPECTIVA


DA INTERLOCUÇÃO E DA SOCIOCOGNIÇÃO
Jariza Augusto Rodrigues dos SANTOS – UECE
jarizadossantos@gmail.com

Por ser ainda a principal fonte de leitura de grande parcela dos alunos do Ensino Básico e o
principal instrumento de trabalho de que o professor dispõe, o livro didático de Língua Portuguesa
assume um papel importante na formação do leitor-produtor de texto. Contudo, tal instrumento não
deve ser utilizado como uma “cartilha fechada”, haja vista o fato de os manuais didáticos, em sua
maioria, não incorporarem às suas atividades os atuais pressupostos da Linguística Textual que
dizem tomar como base. É fundamental que o professor possua autonomia para avaliar, criticar e
complementar o material de que dispõe, e até mesmo para produzir o seu próprio. No entanto, para
que haja essa autonomia, é preciso que ele esteja embasado teoricamente e que saiba como aliar
esse embasamento às suas práticas. A partir desse entendimento, lançamos olhar para o contexto de
formação docente a fim de estimular os alunos do curso de Letras/Português da Universidade
Estadual do Ceará – por meio de uma oficina de elaboração de atividades para
compreensão/produção textual – a promover um diálogo entre teoria e prática. Objetivamos, com
esse trabalho, investigar o processo de produção dos graduandos, observando se e de que maneira
eles buscam incorporar o conhecimento teórico visto na academia às suas atividades. Para conferir
sustentação à nossa pesquisa, nos apoiamos na concepção de língua(gem) como interlocução
(MARCUSCHI, 2007; BAKHTIN, 2011) e na noção de aprendizagem como saber construído de
forma situada (COSTA, 2010).

ENSINO DE LEITURA NA PERSPECTIVA DO TEXTO COMO EVENTO: O DESAFIO DE


FAZER EMERGIR O SENTIDO
Maria Helenice Araújo COSTA – UECE
mariahelenicearaujo@gmail.com

A Linguística Textual, como ciência multidisciplinar, exibe um histórico que, de certo modo, reflete
as mudanças conceituais sofridas por outras disciplinas com as quais estabelece interface, tais como
a Filosofia da Linguagem e as Ciências da Cognição. O texto, seu objeto natural de estudo,
inicialmente visto como matéria linguística que apenas transpunha as fronteiras frásticas, ocupa
atualmente o status de evento sociocomunicativo que envolve, além da materialidade linguística,
aspectos sociais e cognitivos. Para Marcuschi (2001), essa nova concepção de texto constitui uma
base teórica importante para o ensino de línguas, na medida em que dá conta da produção e da
compreensão da linguagem do ponto de vista processual. Neste trabalho objetivamos refletir sobre
outra noção que entendemos estar naturalmente ligada a essa visão de texto e que, segundo nos
parece, é negligenciada pela maioria dos manuais didáticos, dado o caráter mecanicista das
atividades que apresentam essas obras. Assumimos a tese de que conceber o texto como evento
implica percebê-lo como uma realidade dinâmica, dependente de cada “atualização”, e, em
consequência, admitir a instabilidade de sentidos como elemento constitutivo dessa realidade. A
partir daí, tentamos demonstrar como atividades focadas na aprendizagem como cognição situada e
incorporada condizem com essa visão dinâmica e instável de texto e contribuem para que de fato o

236
sentido se construa na interação. Para tanto, recorremos a exemplos de questões extraídas do livro
de Língua Portuguesa Siaralendo, material didático voltado para a leitura em cuja elaboração houve
a tentativa de pôr em prática essa interface entre texto como evento e aprendizagem como cognição
situada, publicado pela SEDUC - CE.

GRUPO TEMÁTICO 37: NOVAS ABORDAGENS PARA O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA: UM NOVO OLHAR PARA UM VELHO QUADRO
COORDENADORA: Ormezinda Maria RIBEIRO (UNB) – aya.ribeiro@yahoo.com.br

Nos últimos anos, têm ocorrido inúmeras discussões acerca de como a Língua Portuguesa deve ser
ensinada. A proposta de rompimento com a visão tradicional tem sido amplamente discutida entre
pesquisadores e professores. Propõe-se a criação de uma nova maneira de se ensinar a língua nas
escolas, considerando a produção de textos como ponto de partida para o aprendizado da língua.
Assim, o ensino de português não mais se reduziria ao repasse de um conjunto de regras a ser
decorado. Nesse sentido, exige a formação cada vez mais abrangente de professores que,
conhecendo bem a gramática da língua vernácula, possa propor atividades e situações de
aprendizagem que priorizem a prática de leitura e escrita, de forma a evidenciar as competências
linguísticas necessárias ao bom desempenho da escrita nas mais diversas situações comunicativas.
Diante disso, novas abordagens para o ensino da Língua Portuguesa têm surgido, trazendo novos
enfoques e métodos de ensino, apresentados aos professores por meio de programas de formação
continuada e aos alunos de Licenciatura nos cursos de formação inicial. Nessa nova proposta que
segue as sugestões dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e refuta a prática tradicional, o
professor deve incentivar o aluno a expressar-se verbalmente e a conhecer as linguagens utilizadas
em diferentes meios sociais, a fim de que saibam fazer uso de sua língua com adequação para
compreender e fazer-se compreender. Em vista disso, alguns professores têm sido estimulados a
modificar as práticas pedagógicas, direcionando seu trabalho de forma criativa e profícua. Nessa
perspectiva, esse GT pretende reunir trabalhos que enfoquem experiências significativas de ensino
de Língua Portuguesa, nos mais diferentes âmbitos. Aceitará: relatos de experiências e pesquisas
que destaquem abordagens criativas e estimulantes no ensino de Língua Portuguesa presencial e a
distância.

LER COM PRAZER, ESCREVER SEM MEDO: HABILIDADES LINGUÍSTICAS EM


LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Ormezinda Maria RIBEIRO – UnB
aya.ribeiro@yahoo.com.br

Apresentamos o curso de extensão promovido pelo Fórum Permanente de Estudantes-FPE da


GIE/CESPE/UnB, e Departamento de Linguística e Língua Portuguesa, destinado ao
aperfeiçoamento da competência linguística de jovens do 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino
Médio, visando sua preparação para avaliações de ingresso na universidade e melhor desempenho
nas atividades acadêmicas. Ofertado em junho de 2011, teve como público-alvo 900 estudantes do
9º ano do Ensino Fundamental e de 1º a 3º anos do Ensino Médio de escolas públicas do Distrito
Federal. A divulgação ocorreu por meio do envio de cartazes para as escolas do DF e entorno e por
mala direta aos estudantes já cadastrados no FPE. As vagas foram preenchidas e distribuídas em 24
turmas, sob responsabilidade de 64 alunos das disciplinas de Estágio docente em Português, sob
nossa orientação. Esses estagiários, formando duplas, realizaram o planejamento e elaboração dos
materiais didáticos usados nas aulas que contaram com a observação e registro de 64 alunos da
Disciplina de Estágio Supervisionado em Português 1. As principais teorias que fundamentam
nossas reflexões sobre a necessária e produtiva articulação ensino-pesquisa-extensão no ensino-
aprendizagem de língua materna são de base sociolinguística, sociointeracional e sociodiscursiva,

237
para as quais as práticas de letramento se inserem em amplos processos sociais, e são responsáveis
por reforçar ou questionar valores, tradições, padrões de poder presentes no contexto social. Este
curso enfatizou a criatividade e o processo de autoria, visando preparar os alunos da Educação
Básica para a produção de textos exigida nos exames e também para a vida cotidiana. Além disso,
promoveu o intercâmbio de ações entre estudantes universitários e estudantes da Educação Básica,
visando à melhoria da qualidade do ensino e a autonomia na formação dos licenciandos em Língua
Portuguesa.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DA VISÃO CONSTRUTIVISTA


Vera Lúcia Lopes SILVEIRA – IFRO
vera.lucia@ifro.edu.br

A teoria do Construtivismo não é mais novidade no âmbito educacional; todavia, persistem muitos
equívocos quando o assunto é a transposição didática dos conteúdos. Este trabalho objetiva a
apresentação dos resultados de uma pesquisa cujo enfoque principal é o ensino de Língua
Portuguesa para alunos do ensino médio, a partir da visão construtivista. A opção pela pesquisa
bibliográfica, enfatiza os conceitos relativos ao Construtivismo e a Língua Portuguesa, visando uma
aprendizagem significativa para o aluno. Ainda se pretende diagnosticar os reais conceitos dos
discentes e da comunidade escolar sobre o estudo desta disciplina através da coleta de dados. A
Língua Portuguesa tornou-se relevante na Grade Curricular da Educação Básica e maioria dos
Cursos de Graduação, devido sua pertinência no desenvolvimento em outras áreas de
conhecimento; contudo, observa-se certa aversão à disciplina entre muitos alunos que rotulam os
professores de Língua Portuguesa como meros Fiscais da gramática. O intuito é descobrir o motivo
deste preconceito, que afasta os falantes da própria Língua e apontar estratégias para solucionar o
problema. Em uma perspectiva construtivista, a prática docente é norteada pelo conceito de um
aluno ativo e a metodologia permite a intervenção e avaliação durante o processo de ensino e
aprendizagem. Com o avanço da linguística, houve um equívoco entre docentes, conduzindo a
prática didática de um extremo à outro, da tradicional aula de gramática à aula do 'vale tudo”
composta por produção textual sem intervenção, ausência de correções e utilização de recursos
tecnológicos sem planejamento. Estudar Língua Portuguesa é desenvolver a competência
sociocomunicativa, para o uso adequado da língua em diferentes situações na comunicação oral ou
escrita. Os docentes precisam compreender a disciplina e seu real objetivo, pois a teoria só se
efetiva na prática, quando deixa de ser do autor para se tornar do professor.

AUTORIA E LEITOR: O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL NO PROJETO


“COMUNICA REALEZA”
Clóvis Alencar BUTZGE – UFFS
clovis@uffs.edu.br
Sabrina CASAGRANDE – UFFS
sabrina.casagrande@uffs.edu.br

O projeto “Comunica Realeza” é um laboratório de produção textual o qual objetiva desenvolver


habilidades de leitura e produção textual de alunos do Ensino Básico e Superior. No projeto
Comunica, o texto é tratado como principal veículo de ensino da língua, compreendendo-se,
também, o texto como uma prática social, que inclui socialmente o sujeito falante/escrevente. Nesse
sentido, o trabalho de produção textual tem suas bases nos pressupostos teóricos da linguística
textual e da enunciação. Partimos da hipótese de que produzindo o texto em circunstâncias "reais"
(ter o que dizer; para quem dizer; motivos para dizer; constituir-se como sujeito de seu dizer; usar
de estratégias - gêneros - para dizer) foge-se ao artificialismo da "redação escolar". Além de
trabalhar com as habilidades textuais de cada integrante do projeto, procura-se estimular a leitura e
a produção de diferentes gêneros textuais, no caso, textos da esfera jornalística que permitem a

238
produção de textos reais, fazendo com que o autor passe a ser o protagonista do próprio texto. A
metodologia do “Comunica” baseia-se em: reuniões de estudos, reuniões de pauta, orientações,
produção e divulgação de textos. Com a prática da produção textual, semanalmente, e as
orientações aluno/professor, gera-se bons resultados, tanto aos alunos de Ensino Médio quanto aos
alunos de graduação. O projeto já trabalhou em suas reuniões de estudos diversos gêneros
jornalísticos, dos quais se destacam: reportagens, notícias, entrevistas, artigos de opinião, editorial,
resenhas e crônicas. Mais importante que o aspecto “jornalístico” do projeto é a evolução dos
alunos participantes, pois as atividades desenvolvidas se tornaram uma ferramenta para o
aperfeiçoamento da escrita e para o entendimento dos gêneros textuais. Percebe-se, também, que o
domínio técnico das produções textuais é associado à capacidade crítica dos envolvidos no projeto.

O ENSINO DA FUNÇÃO SINTÁTICA SUJEITO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO:


ESTUDO DE CASO E PROPOSTA METODOLÓGICA
Gabriela Guimarães JERÔNIMO – UFG/CAC
gabriela.gjj@gmail.com

O trabalho que ora propomos tem como objetivo apresentar os resultados do projeto realizado
durante a disciplina Estágio III, ofertada pelo curso de Letras Licenciatura em Português, da
Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Grenissa Bonvino
Stafuzza, que se trata de um estudo sobre a maneira como tem sido o ensino de Língua Portuguesa
nas escolas. Como desdobramento das discussões, escolhemos a sintaxe e especificamente a função
sintática sujeito como objeto de nossas análises. Neste sentido, fizemos uma discussão sobre os
critérios que vem sendo abordados pelos livros didáticos em se tratando do ensino do sujeito que,
enquanto função sintática, tem sido realizado através de critérios semânticos, que grosso modo são
os estudos que abrangem o sentido. Para isso, levantamos questões à luz dos estudos de Travaglia
(2009); Possenti (1996); Souza (1986); Franchi (2006) e Perini (2007). Após a reflexão teórica,
levamos para os alunos, no momento das aulas, conteúdos que contemplassem a sintaxe para
ensinar a função sujeito, de modo que pudemos motivá-los a pensar na língua e nas relações que
podemos estabelecer ao fazermos uso deste instrumento de comunicação tanto na escrita quanto na
fala. No que se refere aos resultados, podemos dizer que tivemos uma boa experiência e
acreditamos que contribuímos para o aprendizado dos alunos, de modo os proporcionamos uma
nova visão sobre gramática, bem como sobre a língua portuguesa e seu estudo. Assim, acreditamos
que poderemos contribuir também para as pesquisas feitas na área do ensino de Língua Portuguesa,
de maneira especial para as que tem foco no ensino de sintaxe.

A SEMIÓTICA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM NOVO OLHAR SOBRE A


INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Roseméri LORENZ – UPF
lorenz@upf.br
Cristina Momberger Zanferrari - ULBRA
cristinazanferrari@uol.com.br

As atividades de interpretação textual nas escolas apresentam, geralmente, caráter empírico e


intuitivo, e a abordagem textual dos livros didáticos, em sua grande maioria, é praticamente
destituída de qualquer linha teórica que a sustente. Diante desse contexto, o presente trabalho busca
contribuir para a qualificação do ensino de Língua Portuguesa, em especial no que concerne às
atividades de leitura e interpretação de textos. Fundamentando-se teoricamente na semiótica
discursiva, a qual explicita os mecanismos responsáveis pela construção dos sentidos do texto, serão
apresentadas e discutidas propostas de análise de textos, verbais e não-verbais, dos mais variados
gêneros (poesia, fábula, anúncio publicitário, filme, etc). Tais propostas não pretendem constituir
“receitas” a serem aplicadas em sala de aula, mas possíveis direções a serem seguidas a fim de que

239
o aluno possa, a partir dos elementos mais concretos e superficiais do texto, chegar às suas
instâncias mais abstratas e profundas, melhorando, assim, sua competência linguística. Afinal, a
percepção da estrutura subjacente dos textos torna possível estabelecer os planos de leitura do
mesmo, evitando interpretações equivocadas, já que ela funciona como uma espécie de roteiro.
Além disso, permite a percepção dos efeitos de sentido produzidos pelas diversas escolhas
realizadas pelo enunciador, bem como as estratégias argumentativas utilizadas por ele para produzir
as mais diferentes reações no enunciatário. Desse modo, por meio da identificação de marcas
deixadas pelo enunciador no enunciado, percebe-se que as leituras que o texto admite já estão
inscritas nele como possibilidades, não podendo, pois, estar subordinadas a um mero “achismo” do
leitor.

ENSINANDO LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DO GÊNERO CARTAS


Solange Montalvão de OLIVEIRA – UFBA
solmontegbi@hotmail.com
A necessidade de aprimorar as competências de ler e produzir textos em língua portuguesa tem sido
uma preocupação dos que estão diretamente envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem
desta língua. Entretanto, em muitas escolas de Ensino Fundamental e Médio, essas competências
cedem lugar ao ensino que prioriza as regras e nomenclaturas estabelecidas pela gramática
normativa, sendo o texto usado apenas como um “pretexto” para mimetizar o uso de normas
gramaticais. Além disso, o trabalho de leitura e produção de texto se limita à prática de tipos
textuais como se fossem textos concretos. Assim, o aluno desenvolve a ideia de que aprender a
escrever resume-se em produzir narração, descrição e dissertação. Todavia, vale ressaltar que toda
manifestação verbal só se concretiza através de textos que se realizam por meio de um determinado
gênero. Dessa forma, este trabalho consiste em relatar uma experiência desenvolvida em uma
oficina de leitura e escrita, com alunos da 1ª e 2ª série do Ensino Médio, cujo objetivo foi exercitar
a capacidade de leitura crítica juntamente com atividades de (re)escrituras textuais, visando à
ampliação e ao aprimoramento linguístico desses alunos. As atividades desenvolveram-se na
perspectiva dos gêneros textuais através de pesquisas, leitura, compreensão e (re)escritura de
gêneros orais e escritos, com destaque para as cartas. O trabalho partiu das seguintes questões
norteadoras: Que reflexões são possíveis realizar junto ao aluno, a fim de contribuir para a melhoria
da prática de leitura e produção de textos ? De que modo o ensino centrado em uma metodologia
culturalmente sensível, ajudará o aluno na prática de ler e escrever textos? Que atividades levam o
aluno a perceber a função social do gênero carta nas diversas situações comunicativas? O trabalho
resultou na produção de um livro de cartas e na mudança de pensar dos alunos.

A PRODUÇÃO DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS NO ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES


SOBRE PRÁTICAS METODOLÓGICAS E DISCURSIVAS
Marcos Vinícius Ferreira PASSOS – UnB
mpassos.unb@gmail.com

Temos observado, no cenário contemporâneo, que a produção de textos dissertativos é a forma


como a escola tem avaliado o senso crítico dos alunos ali encaminhados. Tal fator, muitas vezes, é
até suposto e interpretado nos PCNs. Para os alunos, é natural que a repetição reprodutora de
discursos apenas reitera para a disciplina de redação um estruturalismo infindável e desgastante. É
necessário, então, promover reflexões nos alunos e nas comunidades docentes que, para se trabalhar
com argumentação, basta criatividade e respeito à individualidade autoral. Este trabalho provoca
olhar sobre metodologias alternativas usadas em aulas de ensino médio em escolas de ensino médio
de Brasília para observar em qualquer produção de texto a capacidade de argumentar, defender e
posicionar-se diante de temáticas diversas. É perceptível que a produção textual reflete um processo
reflexivo do cidadão diante do mundo em que vive. Para isso, percebe-se que existem elementos
instaurados no texto que refratam pensamento crítico, visão cultural, capacidade de raciocínio e

240
criatividade, por exemplo. Uma das necessidades básicas que se consolidaram no contexto
educacional é a afirmação de um referencial crítico ou reflexivo na produção de textos
argumentativos, salientando criatividade na articulação de ideias. A tipologia textual em que se
salientam os aspectos mencionados anteriormente é a dissertação, seja expositiva, seja
argumentativa. Percebem-se, ao contrário do que se imagina, dificuldades inerentes à produção
dessa classificação tipológica. Uma estratégia metodológica desenvolvida diz respeito à inserção de
partes de natureza argumentativa que integram outros tipos de textos (narração ou descrição), sem
consciência de nomenclaturas ou técnicas de produção, a fim de observar com que naturalidade e
recorrência a reflexão permitirá o desenvolvimento do texto de modo satisfatório.

O GÊNERO PARÓDIA EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ABORDAGEM


CRIATIVA ENTRE LETRA E MÚSICA
Alan Caldas SIMÕES – UFES
alanmpb@yahoo.com.br

Nas últimas décadas temos visto que as teorias de ensino e aprendizagem tem buscado abordagens
pedagógicas que valorizem a participação ativa do aluno em sala de aula, de modo a tornar a
aprendizagem estimulante e significativa. Nesse sentido, professores de diversas áreas do
conhecimento, vêem buscando abordar conteúdos tradicionais do ensino de língua portuguesa
utilizando propostas criativas de produção textual, entre outros. Entendemos que uma das formas de
se construir propostas criativas de produção textual é através do uso de abordagens multi-(ou
inter)disciplinares. Abordagens multi-(ou inter)disciplinares podem ser utilizadas como importantes
instrumentos de atuação/ação pedagógica (ANTOLÍ, 1998; FAZENDA, 1998; JAPIASSU, 1976).
Dentro dessa perspectiva, em nossa exposição, apresentaremos práticas de produção textual que
utilizam o gênero paródia como instrumento de ensino. Dessa forma, aproximaremos duas
disciplinas: A Língua Portuguesa e a Música. Essa interseção é bastante comum nas aulas de
línguas, embora muitas vezes aspectos relacionados a linguagem musical não sejam explorados,
talvez por falta de instrumentos didáticos apropriados. Nossa proposta visa encaminhar essa
questão, ao se pautar em uma abordagem que conjuga letra e música, que visa incentivar os alunos a
se expressar por escrito de forma lúdica, musical e poética através do gênero paródia. De nossa
abordagem, concluímos que práticas multi-(ou inter)disciplinares, em especial as que conjugam a
área de Língua Portuguesa e Música, tendem a ser fonte de estímulo para produção textual. Ao
produzirem o gênero paródia os aluno podem observar ainda que a língua portuguesa não se pauta
em construções rígidas ou fechadas, mas que com ela pode-se criar, aprender e se divertir.

A INSERÇÃO CURRICULAR DA INTERCOMPREENSÃO: PERCURSOS E EFEITOS NA


COMPREENSÃO DA ESCRITA EM LÍNGUA PORTUGUESA
Rudson Edson Gomes de SOUZA – UFRN
rudsongomes@msn.com
Selma Alas MARTINS – UFRN
selmaalas@gmail.com

Esta comunicação tem como objetivo apresentar o percurso da intercompreensão no contexto


educacional da cidade de Natal/RN. A primeira inserção dessa abordagem ocorreu em agosto de
2010, com a oferta da disciplina "Intercompreensão de Línguas Românicas" no curso de
Licenciatura em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Paralelamente,
foi realizada uma formação para professores e alunos de pós-graduação da instituição por meio da
plataforma Galapro. Reflexões e conhecimentos adquiridos durante essa formação deram origem a
um projeto de doutorado visando apresentar uma proposta plurilíngue ao ensino de língua
portuguesa para as escolas públicas municipais. Partindo da hipótese de que essa abordagem pode
auxiliar no desenvolvimento de competências de leitura em língua materna, iniciamos uma

241
pesquisa-ação cujo público alvo foram crianças do ensino fundamental II, em uma escola localizada
na periferia de Natal. Carrasco Perea (2003) sugere que a intercompreensão, principalmente quando
inserida no contexto da escola primária, pode contribuir para consolidar a aquisição da língua
materna através de comparações com uma língua-alvo. Essa inserção permite identificar tanto a
alteridade quanto a diversidade linguística e cultural, além de capacitar o aprendiz a reconhecer a
presença dessa pluralidade num ambiente próximo ou distante. Para a nossa pesquisa selecionamos
grupo experimental e grupo de controle. A partir de agosto de 2011, o grupo experimental passou a
ter quatro aulas semanais de língua portuguesa e uma aula da disciplina "Intercompreensão de
Línguas Românicas" inserida também no contexto da educação pública básica. Para fins de coleta
de dados foi organizado um caderno de atividades com textos plurilíngues – italiano, francês e
espanhol –, com conteúdo similar ao manual de língua materna da escola. Os resultados
preliminares demonstram um grande aumento da motivação pela descoberta das línguas do projeto,
assim como um avanço significativo na compreensão textual em língua portuguesa.

EU APRENDI A INTERPRETAR: QUANDO O ENTENDIMENTO DO TEXTO FICA


CONDICIONADO À PRESENÇA DE HABILIDADES COGNITIVAS
Leandro Wallace MENEGOLO – UNIR
leandromenegolo@yahoo.com.br

Trata-se de um empreendimento que se realiza na interface entre cognição e ensino. Para tanto,
projetou-se a execução de um projeto aos alunos da turma XIX do curso de letras da UNIR-campus
de Vilhena, Rondônia, propondo a realização de um conjunto de atividades didático-pedagógicas de
interpretação de textos, com três fases de execução, fundamentadas nas orienta-ções de Andaloussi
(2004) para a pesquisa-ação: I – diagnóstico da situação; II – início e desen-volvimento das ações
docentes; III – avaliação e desencadeamento de novas ações. O trabalho é conduzido em alunos do
4.º período noturno do curso de letras da UNIR (Universidade Federal de Rondônia), Campus de
Vilhena, na disciplina de Língua Portuguesa IV. O foco das ações docentes é o desenvolvimento
progressivo de um rol de habilidades cognitivas, com o objetivo de determinar em que medida a
execução desse trabalho, em quatro períodos regulares, garantiria a aquisição dessas habilidades,
que foram fixadas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira). Esse órgão é associado ao Ministério da Educação e promove, bienal e nacionalmente, as
avaliações nominadas de “Prova Brasil” e “Saeb”, compostas de 26 questões que são construídas
para medir a existência (ou não) de 21 habilidades nos alunos dos períodos finais de escolarização.
Como se trata de uma pesquisa já iniciada e está em andamento, mas com término programado para
uma semana antes do I SIELP (Simpósio Internacional de Ensino de Língua Portuguesa), não há
resultados e conclusões a serem expostos. Entretanto, fica o compromisso de apresentá-los nesta
sessão de comunicações.

A LEITURA DE TEXTOS MULTISSEMIÓTICOS: NOVOS DESAFIOS PARA VELHOS


PROBLEMAS
Mauriceia Silva de Paula VIEIRA – UFLA
mauriceia@dch.ufla.br

Questões ligadas ao ensino da leitura fazem parte da agenda de diversos pesquisadores e


evidenciam a relevância desse tema no cenário de práticas de ensino e de aprendizagem da língua
portuguesa. Em uma cultura grafocêntrica e tecnológica surgem diversos gêneros a fim de
atenderem às necessidades sociocomunicativas de seus integrantes. O terreno é fértil para gêneros
que entrelaçam, em sua constituição, diversas linguagens. Neste sentido, esta pesquisa discute
questões relacionadas à leitura de textos que integram vários recursos multissemióticos e parte dos
seguintes questionamentos: em que medida os livros didáticos de Língua Portuguesa contribuem
para a formação de um leitor proficiente? Quais são as competências e habilidades exploradas? Ao

242
aliar recursos visuais como desenhos, fotografias, tabelas, links etc. a textos verbais curtos, tais
gêneros demandam modos diferenciados de leitura e sobrelevam a necessidade de um trabalho mais
ativo por parte do leitor, uma vez que a construção do sentido está relacionada à mobilização de
conhecimentos prévios, ao levantamento de hipóteses e à produção de inferências. Por outro lado,
na interface da formação de um leitor proficiente encontra-se a escola, cuja responsabilidade
transcende os limites da leitura como uma simples prática escolar e alcança a dimensão de uma
prática social. Nessa direção, esta investigação conjuga princípios deuma abordagem quantitativa a
uma abordagem qualitativa e toma como objeto de análise livros didáticos aprovados no PNLD para
o Ensino Fundamental – anos finais. A construção do quadro teórico baseia-se em autores como
Soares, Dionísio e Rojo. Os resultados parciais indicam uma exploração que não vialibiza o
desenvolvimento de capacidades relativas à leitura de textos multissemióticos e, de modo especial,
das especificidades próprias dos gêneros digitais.

A PRODUÇÃO ESCRITA NO CURSO DE LETRAS: IMPACTOS SOBRE A FORMAÇÃO


PROFISSIONAL
Helena Maria FERREIRA – UFLA
helenaferreira@dch.ufla.br

A escola é o espaço institucional em que se efetiva a relação entre o sujeito e a escrita de forma
mais sistematizada. Independentemente da natureza desse espaço (modalidades de ensino),
inúmeras são as dificuldades vivenciadas na produção de um texto escrito por parte dos estudantes.
Este trabalho elegeu como objeto de estudo a produção textual no ensino superior, de modo
especial, no Curso de Licenciatura em Letras. Assim, buscou-se analisar estudos teóricos que
versam sobre a relação com a escrita nessa modalidade de ensino, com vistas a discutir concepções
e metodologias. Para ilustrar o estudo teórico, procedeu-se a uma análise de textos produzidos por
alunos do 1º período de Letras, com a intenção de analisar as principais dificuldades. A partir
desses dados, intentou-se formular uma reflexão acerca da forma como é concebida a língua e seu
ensino por parte dos alunos. Nesse aspecto, esta pesquisa disponibiliza uma discussão acerca do
encaminhamento da produção escrita de um modo geral e, mais especificamente, para os estudos
voltados para o ensino da produção do texto escrito nos cursos de formação inicial de professores,
estendendo-se para sinalizações acerca da seleção de disciplinas a serem priorizadas na constituição
da matriz curricular dos cursos de Letras, uma vez que o domínio da escrita é condição essencial
para um adequado exercício por parte de um profissional que ensina a língua. Nesse sentido, parte-
se do princípio de que a produção de textos se constitui como uma atividade de linguagem em que o
aluno realmente se sinta sujeito do seu dizer e tenha conhecimento de formas diferenciadas para
escrever o que tem a dizer.

AULA DE PORTUGUÊS: PALAVRAS E CONTRA PALAVRAS


Fernanda de Castro Batista COELHO – UESB
ferbcoelhopuc@yahoo.com.br
Ester Maria de Figueiredo SOUZA – UESB
emfsouza@gmail.com
(Apoio FAPESB – Processo N0 406/2011)

A comunicação em tela configura-se como um eco à defesa de que a palavra (seu funcionamento)
em sala de aula é mais do que possibilidade, e mesmo condição, de/para a emergência de processos
de socialização e aprendizagem é um velho quadro que merece ser revisto. A sala de aula é espaço
que instaura a aula como gênero de discurso, pela plasticidade e possibilidades enunciativas da
palavra. Nossa proposta é, portanto, a de repensar o ensino de língua(s) – e em específico o ensino
de português – potencializando a ideia de palavra. Assumindo uma noção de palavra movente e
rarefeita nos termos bakthinianos/volochinoviano (BAKHTIN/VOLOCHNINOV, 1929/2004)

243
pode-se estudar a interação e a aprendizagem, a interação na aprendizagem e/ou a interação como
contexto de aprendizagem (KLEIMAN, 1991), pode-se, enfim, considerar que todas as ações em
torno da palavra estão submetidas a forças que se opõem: a uma dialogia de forças. A palavra (i)
institui movimentos sociais (processo de enunciação) sendo, ao mesmo tempo, por eles determinada
(produto enunciativo); (ii) apresenta-se simultaneamente como interrogação (produção de sentido) e
réplica (efeito de sentido); e (iii) reitera e ratifica ideologias (discursos). O que os sujeitos fazem, ou
são capazes de fazer, em sala de aula, fazem, sobretudo, por meio da palavra falada ou com vistas a
ela, o que, certamente, ocorre com o auxílio de outros sistemas semióticos. Exemplos de interações
didáticas, decorrentes de pesquisas de campo de natureza etnográfica, são trazidos para
demonstração de que o uso da palavra em sala de aula é motor que catalisa elementos para se pensar
em novas abordagens para o ensino de língua(s).

LÍNGUA E IDENTIDADE CULTURAL: O ESTUDO DA TOPONÍMIA LOCAL NA ESCOLA


Ana Paula Mendes Alves de CARVALHO – IF-MG
anapaula.carvalho@ifmg.edu.br

Esta comunicação é resultado de um trabalho interdisciplinar desenvolvido, no ano letivo de 2009,


nas séries finais do ensino fundamental (8º e 9º anos) e no ensino médio de escola da rede estadual
da cidade de Barra Longa/MG. Com o intuito de resgatar e conhecer a história e a memória local,
propôs-se, para os alunos, um estudo da motivação dos nomes das escolas do município. Vinculada
ao eixo temático Educação Patrimonial, a proposta de trabalho se orientou pelos pressupostos
teórico-metodológicos da Toponímia que, de acordo com Dick (1990), é o estudo da motivação dos
topônimos, nomes próprios de lugares, isto é, enunciados linguísticos formados por um universo
transparente significante que reflete aspectos culturais de um núcleo humano existente ou
preexistente. Transmitidos de geração para geração como signos operacionais, é através dos nomes
que o homem exerce sua capacidade de exprimir sentimentos, ideias e de cristalizar conceitos.
Desse modo, para a autora, o patrimônio lexical de uma língua constitui um arquivo que armazena e
acumula as aquisições culturais representativas de uma sociedade, refletindo percepções e
experiências multisseculares de um povo, podendo, por isso, ser considerado testemunho de uma
época. Nessa perspectiva, acredita-se que, ao investigar as questões que envolvem a motivação de
determinado nome de lugar é possível conhecer o modo de viver de uma cultura e a maneira desta
representar os seus valores, identificando fatores socioculturais, históricos e
ideológicosrelacionados à história da região. Desse modo, a partir da investigação toponímica
proposta, pôde-se conhecer aspectos sociopolíticos e culturais da época em que se deu a criação
dessas escolas e recuperar informações a respeito da constituição do patrimônio cultural da
comunidade.

ESTUDOS CRÍTICOS DO DISCURSO NA FORMAÇÃO DO/A PROFESSOR/A DE


PORTUGUÊS COMO LÍNGUA MATERNA
Viviane Cristina Vieira Sebba RAMALHO – UnB
vivi@unb.br

Neste trabalho, buscamos levantar reflexões sobre potencias contribuições dos estudos em Análise
de Discurso Crítica para a formação do/a professor/a de português como língua materna. Para a
ADC, a relação entre linguagem e sociedade é interna e dialética: práticas sociais sempre articulam
ação/interação, pessoas (e suas histórias, crenças, valores), mundo material, relações sociais e
discurso. O discurso figura em práticas sociais como modos de (inter)agir, de representar e de
identificar(se), constituindo-se no social mas também causando efeitos nas formas de (inter)ação;
nos valores, crenças e identidades das pessoas; no mundo material e nas relações sociais
(Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003; Resende & Ramalho, 2006; Ramalho &
Resende, 2011). Tal compreensão pode contribuir para a formação de educadores/as críticos/as

244
preparados/as para atuar em projetos de consciência linguística crítica, que buscam desenvolver a
consciência acerca do papel da linguagem na instauração, manutenção ou transformação de relações
de poder. Partindo de uma experiência de pesquisa-ação, que envolveu planejamento e oferta de
cursos de extensão de leitura e produção textual por estudantes de Estágio Supervisionado em
Português na Universidade de Brasília, discutimos alguns (des)caminhos na formação de
educadores/as capazes de analisar criticamente os discursos que circulam em nossa sociedade; de
promover a consciência linguística crítica e, sobretudo, de analisar reflexivamente suas próprias
práticas docentes.

LÍNGUA PORTUGUESA E FORMAÇÃO CONTINUADA: UM CAMINHO PARA


DESCONSTRUÇÃO DO ENSINO TRADICIONAL
Giselly de Oliveira LIMA – FAR
gisellyrv@gmail.com
Ana Júlia Queiroz FURQUIM – FESURV
anajulia.go@gmail.com

O ensino de Língua Portuguesa tem sido amplamente discutido na comunidade linguística.


Constantemente, surgem dúvidas sobre o que ensinar e como ensinar. Isso porque a Universidade
não prepara o futuro professor com “receitas” para qualquer dificuldade que venha encontrar, ou
seja, ela constitui o início da construção de conhecimentos, os quais nunca estarão prontos e
acabados. Embora exista o livro didático para que o professor possa preparar suas aulas, este ainda
não será suficiente em sua prática, uma vez que constitui um suporte. Diante disso, os cursos de
formação continuada oferecem suporte teórico e prático para que os professores possam refletir sua
prática e, também, propõem aos docentes relatos e trocas de experiências. Contudo, muitos
professores, graduados ou especialistas, insistem em ter suas práticas pedagógicas pautadas em um
ensino tradicional, seguindo os preceitos da gramática normativa, não compreendendo que o
ensino/aprendizagem da língua deve ser reflexivo. Ou seja, deve apoiar-se na gramática
internalizada dos alunos. Estes educadores, geralmente, negam a participar de cursos de formação
continuada, pois acreditam que não precisam participar de nenhuma formação. Atualmente, têm
surgido cursos para professores das séries iniciais e para professores que ministram aulas de Língua
Portuguesa de 6º ao 9º ano. Os cursos propõem novas abordagens e estratégias, seguindo as
sugestões dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Dessa forma, se os professores de Língua
Portuguesa não começarem a quebrar os “tijolos” do muro construído por eles e a pensar em um
ensino de maneira mais amplo, o ensino de Língua Portuguesa permanecerá sem sentido para
muitos aprendizes.

O ESTUDO DO TEXTO NA SALA DE AULA: UMA VISÃO DISCURSIVA DA LINGUAGEM

Luzia Rodrigues da Silva – UFG


luzro7@yahoo.com.br

Proponho-me a apresentar recortes de uma pesquisa - de caráter metodológico qualitativo e


etnográfico - realizada em escolas públicas do Ensino Básico. Demonstro eventos de letramento da
sala de aula – gravados em áudio e transcritos – e analiso como os textos são estudados nas aulas de
Língua Portuguesa e em que medida tal estudo contribui para que as/os estudantes desenvolvam seu
potencial crítico e suas capacidades para agirem e interagirem em diferentes domínios e práticas
sociais. À luz dos pressupostos teóricos e metodológicos que fundamentam a Análise de Discurso
Crítica (FAIRCLOUGH, 1992, 2003 e CHOULIARAKI e FAIRCLOUGH, 1999) e das
perspectivas que ancoram os Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984, org., 2001; BARTON

245
e HAMILTON, 1998; KALMAN, 2005; KLEIMAN, 1995), trabalho com a concepção de
linguagem como parte irredutível da prática social (FAIRCLOUGH, 2003), que se configura,
portanto, como forma de ação sócio-cultural e constitutiva da realidade. A Análise de Discurso
Crítica rompe com as fronteiras disciplinares entre a Linguística e as Ciências sociais, o que situa a
linguagem na sua dimensão de discurso, que figura nas práticas sociais como forma de ação e
representação. Indico, como resultado, que as professoras - sujeitos da investigação - privilegiam a
natureza funcional e interativa da língua, contrariando um letramento desvinculado de significados
sociais, que põe em foco o aspecto formal e estrutural, que, tradicionalmente, vem orientando o
tratamento dado à linguagem em muitos contextos escolares. Rompendo com uma prática
pedagógica tradicional – no que diz respeito ao ensino essas profissionais adotam um letramento
como prática social, mobilizando estudos de textos como práticas comunicativas socialmente
situadas.

Palavras-chave: textos; leitura; letramento.

GRUPO TEMÁTICO 38: O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA


CONTEMPORANEIDADE: O DESAFIO DA INSERÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO
AMBIENTE DE SALA DE AULA
COORDENADORA: Janaína de Aquino FERRAZ (UNB) – ferraz.jana@gmail.com

Em meio à grande diversidade de tecnologias hoje disponíveis, surge uma nova agenda de práticas
que envolvem estratégias no trabalho de construção do sentido. Na contemporaneidade, espera-se
que o leitor competente processe, critique, contradiga ou avalie a informação diante de si e para
tanto são necessárias habilidades que envolvam o uso de diferentes modalidades da linguagem.
Nesse cenário, o ensino de Língua Portuguesa passa pelo desafio de lidar com novas formas de
circulação da informação. A regra hoje é levar o estudante a lidar com sistemas hipermodais que
permitam a navegação por informações distribuídas de forma multilinear. Dessa forma, este GT tem
como objetivo trazer à berlinda acadêmica estudos já concluídos ou em andamento que investiguem
práticas de ensino de Língua Portuguesa, seja como língua materna, seja como segunda língua, que
envolvam várias modalidades integradas de linguagem além da verbal, considerando as diferentes
mídias hoje circulantes. Partimos do pressuposto de que explorar a multiplicidade simultânea de
materiais multimodais é uma tarefa que passa anteriormente por uma construção do conhecimento
discursivo crítico e do conhecimento multimodal como bases para o desenvolvimento de novas
práticas de ensino de língua e é nessa direção que estudos linguísticos podem lançar luz sobre quais
são as reais mudanças na linguagem trazidas pelas novas mídias. Assim, os trabalhos aqui reunidos
podem revelar pistas significativas sobre como a reconfiguração de recursos linguísticos no meio
digital podem promover o desenvolvimento e a dinamização de atividades didáticas que favoreçam
o estudo de Língua Portuguesa de acordo com demandas específicas da atualidade. Palavras-chave:
ensino; multimodalidade; mídias; Língua Portuguesa.

246
AS TICS E A PROVA DO ENEM: O DESAFIO DO LETRAMENTO DIGITAL
Francisca Cordelia Oliveira da SILVA – INEP
cordelia.prof@gmail.com

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem se configurado como uma política pública que
apresenta como principais objetivos: democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de
ensino superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do
ensino médio. No entanto, o exame extrapola os limites políticos e resulta em mudanças acadêmicas
e pedagógicas que reverberam nas salas de aula de todo o Brasil. Na área de Códigos e Linguagens,
uma das mudanças foi a inserção das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), como
um dos elementos avaliados. Essa inclusão abre espaço para que professores repensem suas
escolhas pedagógicas, uma vez que os gêneros a serem abordados em sala de aula foram ampliados
pela necessidade de se repensar o letramento de modo geral e, em particular, o letramento digital.
Neste trabalho, o objetivo é analisar a abordagem das TICs na prova do Enem, assim como o
conceito de letramento a ela subjacente. Partimos do pressuposto de que, na realidade
multimidiática em que vivemos, a escola precisa dotar o aluno em multiletramentos para que ele
consiga atuar em práticas sociais variadas, convivendo com gêneros discursivos diversos, entre eles
os digitais. Nesse sentido, estamos entendendo, assim como Marcuschi (2008), que todo
funcionamento significativo da linguagem ocorre em situações reais de uso, em textos e em
discursos produzidos e recebidos em situações enunciativas ligadas a domínios discursivos da vida
cotidiana e realizados em gêneros que circulam na sociedade. Para o estudo, serão usados, como
aporte teórico, trabalhos de Marcuschi (2005, 2008, 2010), Soares (2002) e outros. Ao final, com as
considerações traçadas, pretendemos contribuir para o debate sobre o ensino de Língua Portuguesa
e para o aprimoramento do exame em questão.

MULTIMODALIZANDO PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O TEXTO


SOB NOVA PERSPECTIVA
Eni Abadia BATISTA – UnB
eniabatista@yahoo.com.br

Com a sociedade imersa no mundo repleto de tecnologias, o grande desafio do ensino de Língua
Portuguesa é desenvolver nos alunos habilidades que envolvam textos constituídos pelas diversas
modalidades da linguagem. Nesse cenário, a disciplina de Língua Portuguesa exige dos docentes
práticas de ensino que valorizem textos multimodais os quais permitem explorar a construção do
conhecimento discursivo crítico e do conhecimento multimodal como potencial de significado
semiótico. Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão sobre essa
configuração de texto com um olhar sobre os aspectos multimodais da linguagem e, sobretudo,
vislumbrando a possibilidade de aplicar, nas práticas didáticas, a leitura composicional de textos
multimodais. A leitura multimodal busca compreender os significados dos recursos semióticos que
representam as relações sociais e os eventos discursivos que permeiam a sociedade. Para tanto,
considera, segundo Kress & van Leuwen (1997), que as imagens são inseridas no universo
multimodal porque fazem parte de tudo que pode ser comunicado com o uso de vários modos
semióticos. Nos textos, os significados são interpretados e reproduzidos por meio de recursos
representacionais e comunicacionais. Essa capacidade de gerar multiplicidade de interpretações é
característica do texto multimodal e pode contribuir para uma reflexão crítica nas interações
didáticas. Para alcançar esses objetivos, utilizo como aporte teórico a Análise de Discurso Crítica
proposta por Fairclough (1992, 2003), a Teoria da Semiótica Social (Kress, 1982, 1989, 1995) e a
Gramática Visual de Kress e van Leeuwen (1997). A reflexão sugere aplicação de textos
multimodais, no contexto de sala de aula. Pretende trazer uma contribuição para pesquisas que
postulam o ensino da Língua Portuguesa, pois indica pistas significativas de que essa

247
reconfiguração de texto pode promover o desenvolvimento e a dinamização de práticas que
favoreçam a aprendizagem mais condizente com as demandas da atualidade.

OS INDÍCIOS DA FALA NA ESCRITA DE REDAÇÕES DE VESTIBULAR: SUBSÍDIOS


PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETO DE APRENDIZAGEM NO LAPREN SOBRE O
EMPREGO DO “QUE” EM ORAÇÕES RELATIVAS
Valéria Pinheiro RAYMUNDO – PUC-RS
val@pucrs.br
Jocelyne da Cunha BOCCHESE – PUC-RS
jocelyne@pucrs.br

Indícios da fala na escrita de redações de vestibular: subsídios para o desenvolvimento de objeto de


aprendizagem no LAPREN sobre o emprego do “que” em orações relativas Jocelyne da Cunha
Bocchese; Valéria Pinheiro Raymundo PUCRSA análise de redações de vestibular com baixo
rendimento revela a pouca familiaridade de alguns candidatos com a organização e a linguagem do
texto escrito. Além do desconhecimento das convenções da escrita, os desvios assinalados pela
banca de corretores sinalizam a interferência indesejável de características do texto falado nas
produções dos vestibulandos. A não distinção entre as duas situações discursivas não só
comprometem a aceitabilidade e a inteligibilidade dos textos avaliados como geram preocupação
com o futuro graduando, considerando que, no meio acadêmico, o domínio das competências
necessárias para a produção de textos em língua padrão é uma exigência. Neste trabalho,
apresentaremos as ações implantadas pelo Laboratório de Aprendizagem da PUCRS para amenizar
esse problema. Retomaremos, também, as características da fala e da escrita (CASTILHO, 2002 e
2010; PÉCORA, 1999) com vistas a fundamentar a análise de trechos de textos de vestibulandos
para ilustrar o processo, focalizando o emprego do pronome relativo “que”. Com a análise,
buscamos subsídios para apoiar a pesquisa sobre a relação entre o desenvolvimento da consciência
linguística e a superação das dificuldades de expressão escrita dos estudantes universitários. A
metodologia consiste no planejamento, elaboração e testagem de objetos de aprendizagem (WILEY,
2000). O trabalho, desenvolvido por professores e licenciandos da Faculdade de Letras no
Laboratório de Aprendizagem da Universidade, já resultou na construção e na testagem de um
objeto de aprendizagem sobre fala e escrita e no planejamento de outro, mais específico, sobre o
emprego do relativo “que” em textos escritos.

O APRIMORAMENTO DE HABILIDADES DISCURSIVAS A PARTIR DO USO DAS


TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Marlete Sandra DIEDRICH – UPF/UFRGS
marlete@upf.br
Marlei Maria DIEDRICH – UPF
mmdie@hotmail.com

Partimos do princípio de que o uso das tecnologias digitais na sociedade letrada é uma realidade e
atinge o espaço escolar. De posse deste princípio, pretendemos discutir de que forma o professor da
educação básica pode se valer de tais tecnologias a fim de aprimorar as habilidades discursivas de
seus educandos. Assim, propomos um diálogo a partir de nossa experiência enquanto professoras de
língua portuguesa em cursos de graduação, uma vez que usamos, em nossas aulas, ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA) e o trabalho realizado nas escolas de educação básica. Esta
experiência construída nas interações promovidas em AVA tem nos apontado a necessidade de
preparar o educando das classes de educação básica para o uso de ferramentas digitais de forma
consciente e produtiva, a fim de que ele seja capaz de usufruir desses benefícios na sua formação
enquanto leitor e produtor de textos. Infelizmente, o que temos verificado nos cursos de graduação

248
nos quais atuamos é que este educando chega ao curso superior com suas habilidades discursivas
extremamente limitadas, apesar de ter acesso às tecnologias de informação e comunicação desde
cedo. Refletimos, então, a partir de uma perspectiva funcionalista do objeto língua, segundo a qual
falar e escrever bem é, antes de tudo, ser bem-sucedido na interação, sobre a possibilidade de um
trabalho, junto à educação básica, que dê conta do aprimoramento das habilidades discursivas
explorando as tecnologias digitais disponíveis e popularizadas na sociedade. Cremos que seja
possível a realização de um trabalho de leitura e produção de textos enquanto processo de interação
extremamente produtivo no que diz respeito ao uso da língua em situações reais de comunicação.

OS INTERNETÊS: UM ESTUDO MULTIMODAL DA ESCRITA JUVENIL


Sandra Rodrigues Sampaio CAMPÊLO – SEEDF
campelo.sandra@gmail.com

O surgimento dos internetês trouxe inquietações no mundo dos letrados, por parte dos pais, dos
professores e de toda a sociedade de maneira geral. Num primeiro impacto a sensação é de total
desacordo às normas da gramática, queda na qualidade de ensino-aprendizado, uma
confusão/revolução na língua escrita. Num estudo mais específico vemos os internetês com olhos
mais amadurecidos e notamos que suas especificidades dão vida, movimento e cara ao texto. Isso
tudo é consequência da nova forma de comunicação “imposta” pela sociedade que integra diversas
modalidades sensoriais para estabelecer inter-relação. Já dizia Saussure: “A linguagem é um fato
social”. Dessa necessidade de comunicação RÁPIDA que atendesse à velocidade da informação
nasceram os internetês. Criado e usado por jovens na intenção de comunicar-se com rapidez. O que
se pode observar é que essa linguagem tem “idade” para acontecer e espaço também. Dependendo
da comunicação a ser estabelecida os jovens modificam e adéquam com naturalidade o emprego da
língua. Este estudo vem acontecendo há alguns anos junto a alunos da rede pública e privada (estes,
via on line) de 12 a 17 anos em visitas a salas de bate-papos, blogs, orkuts e facebooks. Representa
também as observações feitas pela professora dos comportamentos dos alunos no laboratório de
informática durante as aulas de língua portuguesa e a exploração de diversos gêneros da atualidade.
O trabalho é um relato das aplicações em sala de aula de atividades de conferências, webquests,
blogs, etc usando a internet. A proposta é apresentar tal realidade e discutir outras que
incrementarão o uso da Língua por professores e alunos.

USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM ATIVIDADES DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA


EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE VESPASIANO
Amilcar Figueiroa Peres dos SANTOS – PMV
amillcar@gmail.com

Este trabalho apresenta uma contribuição para possíveis usos das ferramentas digitais e tecnologias
hipermidiáticas como prática escolar para o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa de alunos
do Ensino Fundamental. É importante ressaltar que, pesquisas como as de Pongelupe (2004) e de
Capelão (2005) mostram que os alunos de classes menos favorecidas costumam usar o computador
e/ou acessar a internet nas escolas, nos telecentros e nas lan houses, por isso a escola deve assumir o
papel de cuidar da formação dos estudantes, atendendo de forma ampla à preparação deles para as
exigências do mundo contemporâneo. Para isso, as instituições de ensino devem mostrar para os
aprendizes a importância de se tornarem letrados alfabeticamente, bem como de ser letrados
digitalmente (XAVIER), com a finalidade de se capacitar para assumirem seu papel de cidadão
deste século XXI, dominando equipamentos e programas de computador. É importante destacar que
essa mudança de paradigma e a inserção das ferramentas digitais deveria levar a uma forma mais
dinâmica, participativa e colaborativa de aprendizagem, voltada ainda mais para as necessidades e
os interesses dos estudantes, bem como para a exploração do ambiente hipermidiático na procura de
saberes, de forma cada vez mais autônoma e construtiva. Diante disso, este material apresenta uma

249
iniciativa voltada para alunos dos anos finais do ensino fundamental da rede pública municipal de
Vespasiano a um melhor desempenho linguístico, contribuindo para o letramento (SOARES, 2003)
deles, bem como articulando esta competência com o letramento digital (COSCARELLI E
RIBEIRO, 2005) deles por meio de atividades que estimulem o uso das tecnologias digitais e das
ferramentas disponíveis na internet para fins pedagógicos, tais como o uso de e-mail, de redes
sociais e de ferramentas de busca, de forma mais produtiva e responsável, com o objetivo de
conseguir o aprimoramento do uso da língua pelos alunos.

E PRA QUE SERVE? REFLETINDO SOBRE AS ATITUDES E CRENÇAS DE


LICENCIANDOS DE LETRAS FACE AO USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NO
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
Jailma do Socorro Uchoa BULHOES – UFPA
jailma@ufpa.br

A formação de novos professores para a utilização das tecnologias de comunicação e informação


deve contemplar aspectos que contribuam para o interesse do futuro docente pelos conhecimentos
produzidos com as revoluções tecnológicas e para o desenvolvimento de atitudes responsáveis e
críticas em relação aos novos papéis que emergem para o professor em consequência das novas
tecnologias. Assim, esta proposta tem como escopo discutir a respeito do papel das novas
tecnologias na educação, como ponto de partida para uma investigação das atitudes e crenças de
licenciandos em Letras da UFPA acerca da efetividade dos recursos tecnológicos no ensino-
aprendizagem do Português. De cunho qualitativo, este trabalho apóia-se em estudos sobre
educação, tecnologia e aprendizagem e em conteúdos de formação inicial para a sociedade de
informação (COLL & MONERO, 201; LIBANEO, 2007; AMORA, 2007), objetivando averiguar,
por meio de entrevista semi-estruturada, como se caracterizam as atitudes e crenças dos discentes
face ao emprego de recursos tecnológicos e suas possibilidades de uso em sala de aula. Em linhas
gerais, as primeiras análises apontam para a pouca valorização dessas tecnologias como
instrumentos didáticos, haja vista os discentes reduzirem seu uso apenas ao âmbito individual.
Todavia, no desenrolar da análise dos depoimentos, verifica-se que a atitude negativa dos discentes
tende a tornar-se favorável à utilização da tecnologia em sala de aula após contato com disciplina
específica da área. Os resultados também apontam que parte do caráter negativo na postura dos
alunos se deve a ausência de aprimoramento de suas competências tecnológicas, bem como à falta
de manuseio e de familiarização com os diferentes instrumentos tecnológicos nas práticas de ação e
formação do Curso de Letras.

O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA, LITERATURA E AS NOVAS TECNOLOGIAS


Márcio Issamu YAMAMOTO – UFU
issamu2009@gmail.com

O objetivo desta comunicação é apresentar os projetos de ensino desenvolvidos na ESEBA - Escola


de Educação Básica da UFU, e o ensino de Português Língua Estrangeira no Instituto de Letras e
Lingüística. Estes projetos visam o ensino de Língua Portuguesa e o uso de Novas Tecnologias –
NT, diferindo porém quanto ao público-alvo, sendo que o primeiro constituiu-se de alunos do 2º
ciclo do ensino fundamental, e o segundo de alunos de português língua estrangeira. Estes projetos
envolveram acadêmicos do curso de graduação em Letras e professores da universidade que atuam
no ensino de português como L1 e L2. Para fundamentar as práticas de ensino e o uso das NT como
recurso pedagógico, baseamo-nos em Moran (1997, 2000, 2009), na teoria de Múltiplas
Inteligências de Gardner (1993) e no Letramento Digital, segundo Kleiman (1995), Soares (2002) e
Xavier (2000). Com este embasamento, conhecemos os diferentes perfis de alunos, os possíveis
usos da tecnologia e o alvo a atingir: um aluno capaz de dominar o uso da tecnologia rumo à
construção do conhecimento, à instrumentalização do aprendizado e à sua autonomia, tornando-se

250
apto a exercer a cidadania. Foram trabalhados documentos de texto, áudio e vídeos de origem
brasileira e europeia. Também houve a produção de material didático digital visando atender a
vários objetivos de ensino e aprendizagem, que ao final do projeto resultou na criação de um banco
de dados disponibilizado para os professores. Este material foi utilizado em laboratórios de
português e em sala de aula, possibilitando o enriquecimento das aulas e a busca de uma prática
pedagógica em consonância com o uso das NT no ensino.

O TEXTO LITERÁRIO E A SUA RESSEMIOTIZAÇÃO NAS MÍDIAS DIGITAIS


Carolina Alvim FERREIRA – UnB
calvimf@gmail.com

A sociedade passa hoje por uma revolução sem precedentes: a revolução tecnológica. Nesse
contexto, cabe o repensar de diversas práticas discursivas, entre elas a da literatura. O texto literário
ganha novos espaços. Assim, esta pesquisa tem como foco a análise da ressemiotização do texto
literário em duas diferentes modalidades: mídias analógicas e mídias digitais. Para tanto, nas mídias
analógicas, lança-se mão da Análise de Discurso Crítica (ADC) para a investigação da importância
do contexto e do conceito de sujeito em um conto de grande circulação, “Além do Ponto”, do autor
Caio Fernando Abreu, parte do livro “Morangos Mofados”, publicado em 1982. Já nos meios
digitais, far-se-á uso da ADC sob a perspectiva de Norman Fairclough (2001, 2006), juntamente
com a Teoria da Multimodalidade, de Kress e van Leeuwen (2006) e do conceito de
Ressemiotização de Iedema (2003). A análise da ressemiotização segundo o que define Iedema
mostra como o texto literário, quando em meio digital, pode ter seu sentido modificado pelo
leitor/apropriador: (i) porque mostra como os sistemas semióticos são traduzidos de um sistema
para o outro como processos sociais; (ii) porque questiona a razão pela qual um sistema semiótico é
mobilizado, em vez de outro, para concretizar algo em tempos específicos. A forma como
apreendemos o mundo está subordinada a categorizações. A linguagem verbal é um modo de
percebermos e expressarmos essa realidade. Outros sistemas semióticos coexistem para
significarmos essa mesma realidade, o que evidencia a necessidade de multiletramentos para o leitor
contemporâneo. O texto literário que hoje circula em mídia impressa e mídia digital passa por
constante ressemiotização, oferecendo novas possibilidades de interpretação e reinterpretação de
seus sentidos.

FANFICTIONS E PRODUÇÃO DE NARRATIVAS EM AMBIENTE ESCOLAR: UM LINK


POSSÍVEL?
Talita de Cássia MARINE – UFU
talita.marine@gmail.com

A concepção de língua e linguagem que assumimos neste estudo, coaduna-se com a de Koch
(2009), para quem a linguagem é o lugar da interação. Dessa forma, os sujeitos são vistos como
atores sociais e o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação, a qual se realiza com
base nos elementos linguísticos presentes na superfície do texto e na sua forma de organização,
requerendo também a mobilização de um vasto conjunto de saberes (“enciclopédia”) e sua
reconstrução no interior do evento comunicativo. Nesta perspectiva, os interlocutores são os sujeitos
ativos que dialogam e constróem-se neste lugar de interação e o sentido de um texto é construído na
interação “autor-texto-leitor”, não sendo, portanto, algo preexistente (cf. MARCUSCHI, 2007;
KOCH, 2009). Como se sabe, para concretizar a comunicação, o homem utiliza-se de diversos
gêneros textuais e, atualmente, na era digital, a internet trouxe uma verdadeira “explosão” de novos
gêneros e novas formas de comunicação, embora, a maioria deles, possua gêneros similares em
outros “ambientes”, ou seja, em outros suportes. Esses novos gêneros já provocam polêmicas
quanto à natureza e proporção de seu impacto na linguagem e na vida social, já que os ambientes
virtuais são extremamente versáteis e, hoje, competem, de maneira expressiva, com atividades
comunicativas suportadas pelo papel e pelo som (MARCUSCHI e XAVIER, 2009; FREITAS e

251
COSTA, 2006; CRYSTAL, 2005). Em meio a essas questões, este trabalho busca apresentar e
descrever um gênero digital relativamente novo, a fanfictic – ou simplesmente, fanfics -, a partir de
algumas fanfics produzidas no site “AnimeSpirit”, avaliando se a prática de produção desse gênero
textual pode contribuir – como ferramenta complementar ao ensino de produção textual - para a
melhora na qualidade dos textos produzidos por alunos adolescentes em sala de aula, sobretudo, os
de caráter narrativo.

TECNOLOGIAS DIGITAIS E ENSINO: O USO PEDAGÓGICO DO BLOG PARA O ENSINO E


APRENDIZAGEM DE LÍNGUA MATERNA
Luana Fabricia Correia SILVA – CEFET-MG
luanafcsilva@gmail.com
Tecnologias digitais e ensino são temas discutidos com frequência por educadores e pesquisadores
que se interessam pelos estudos referentes à inserção das ferramentas tecnológicas nas práticas
docentes. No atual contexto em que os aparatos tecnológicos estão cada vez mais inseridos no dia a
dia dos alunos, faz-se necessário pensar no ensino e na aprendizagem da língua materna utilizando
as tecnologias da informação e comunicação de forma consciente e adequada. Este trabalho
apresenta uma reflexão sobre o blog como recurso e estratégia pedagógica, a fim de discutir as
possibilidades de uso desse gênero nas práticas de ensino da Língua Portuguesa. Além disso,
discutir-se-ão alternativas criativas e estimulantes para trabalhar com escrita e leitura nas atividades
escolares, tendo em vista a importância de desenvolverem-se novos contextos de interação para um
ensino motivador e participativo para o aluno. Para isso, serão elencadas algumas experiências de
educadores que utilizam ou utilizaram esse gênero na sala de aula e, em seguida, serão apresentadas
algumas observações sobre o uso do blog nas práticas pedagógicas e os quesitos que devem ser
considerados. Nesse sentido, ressalta-se que os recursos digitais podem oferecer instrumentos que
atendam às necessidades de professores e alunos, desde que utilizados de modo a propiciar um
aprendizado significativo para o educando e não servir apenas como um meio de transmitir
informações descontextualizadas. As pesquisas sobre o uso do blog como recurso e estratégia
didática demonstram que ainda são necessários estudos mais aprofundados sobre os resultados de
sua utilização no ambiente escolar, tendo em vista a importância da elaboração de projetos
pedagógicos que visem a um melhor desempenho dos alunos, integrando práticas habituais de
ensino às possibilidades oferecidas pelas tecnologias digitais.

O GÊNERO "MEME" EM PROPOSTAS DE PRODUÇÃO DE TEXTOS: IMPLICAÇÕES


DISCURSIVAS E MULTIMODAIS
Marcos Vinícius Ferreira PASSOS - UnB
mpassos.unb@gmail.com

Este trabalho propõe discutir a relação que pode existir, nos dias de hoje, entre produção de textos
para alunos de ensino médio e a articulação com o conhecimento prévio de gêneros já conhecidos e
produtivos no cotidiano. A proposição aqui entendida diz respeito à reflexão crítico-pedagógica
sobre o uso de textos multimodais na construção de temas para produção de textos nas aulas de
redação do ensino médio. O gênero "MEME" poderia, portanto, ser usado como forma de motivar
discussões linguísticas, discursivas e sociais sobre o mundo real? De que modo? Em que medida?
Amparados pelo modelo de prática pedagógica proposto por Paulo Freire, diversos autores
salientam que é importante partir do que já é conhecido pelos alunos, o que geraria, logo, a
valorização do conhecimento prévio, das noções partilhadas pelo grupo discente. Nesse sentido,
introduzir as aulas de linguagens e suas tecnologias com considerações sobre o que os alunos já
usam em suas práticas sociais cotidianas seria por demais produtivo, uma vez que promove
reflexões sobre a linguagem, sua funcionalidade contextual, características de uso, por exemplo.
Tem sido observado, nos últimos anos, um interesse particular pelas formas alternativas de construir
textos que se integram a mídias tecnológicas ou outros suportes que serviriam como meios de
transmissão. Observa-se, então, a necessidade de se valorizar a presença de gêneros no contexto

252
pedagógico alinhados às mídias eletrônicas ou tecnológicas, como forma atualizada e adequada às
propostas vinculadas aos Parâmetros Curriculares Nacionais, em que se cobra a adaptação das
competências linguístico-discursivas a fim de promover um ensino inclusivo, atuante e
protagonista.

GRUPO TEMÁTICO 39: O ENSINO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NO BRASIL


COORDENADORAS: Eliana DIAS (UFU) – elianadias@uber.com.br;
Elisete Maria de Carvalho MESQUITA (UFU) – elismcm@gmail.com

Pesquisas sobre os gêneros discursivos têm, cada vez mais, conquistado espaço entre os estudiosos.
Sob a ótica do ensino, podemos afirmar que os milhares de professores de Língua Portuguesa,
principalmente, espalhados pelo Brasil, parecem ter descoberto que o trabalho com essas entidades
em sala de aula é uma excelente oportunidade de se lidar com a língua nos mais variados contextos.
Desse modo, após muitas discussões, muitos erros e acertos, hoje, é consenso que o ensino de
Língua Portuguesa deve se abrir à pluralidade discursiva, o que significa que todos os gêneros que
circulam em diferentes esferas de uma sociedade devem ter espaço (maior ou menor) em sala de
aula. Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm papel relevante nesse processo de mudança, uma
vez que, desde sua primeira versão (1996), vêm defendendo o trabalho com os gêneros discursivos
nas salas de aula como principal estratégia para a formação de alunos cidadãos, preparados para
enfrentar o mundo moderno. Considerando que a cada dia novos gêneros orais e escritos surgem
para atender à demanda da sociedade e que é tarefa da escola ensiná-los, não somente os da esfera
privada, mas também os formais públicos, com este grupo de trabalho pretendemos: i) oportunizar
um espaço de discussão sobre os múltiplos aspectos ensináveis dos gêneros discursivos; ii)
constatar como os gêneros têm sido tratados em sala de aula; iii) perceber quais aspectos dos
gêneros discursivos são mais/menos ensinados; iv) considerar os resultados obtidos a partir do
trabalho com os diversos gêneros discursivos em sala de aula.

GÊNEROS: COMO ENSINAR?


Eliana DIAS – UFU
elianadias@uber.com.br

Na última década, a grande mudança ocorrida nas aulas de Língua Portuguesa (LP), na escola, foi a
chegada dos gêneros discursivos. Porém, o que está ocorrendo na atualidade é uma pequena
confusão no modo de ensinar e trabalhar com esses gêneros. Muitos docentes da escola fundamental
ainda adotam uma postura tradicional e equivocada. Diante disso e da dificuldade dos professores
no trabalho com os gêneros, foi realizada uma pesquisa para verificar se a afirmativa é verdadeira e
o que, de fato, ocorre na escola. A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma pesquisa
sobre a metodologia adotada por professores de LP para o ensino dos gêneros discursivos em uma
escola pública da cidade de Uberlândia. A pesquisa retrata parte do trabalho desses professores no
que diz respeito à utilização dos gêneros que estão a serviço da aprendizagem da LP. Em relação à
metodologia adotada para a pesquisa, foi elencada e estudada uma vasta bibliografia sobre gêneros
e ensino de LP. Na sequência, foram assistidas 40 aulas de 6º ao 9ºs anos (de leitura e produção de
diferentes gêneros) com o intuito de perceber a metodologia utilizada pelo professor no ensino
desses gêneros. Percebeu-se que, em sua maioria, os professores observados continuam
apresentando aos alunos as características formais de cada gênero, sem fugir ao uso de práticas
tradicionais predominantes no ensino de Língua Portuguesa durante a maior parte do século
passado. Como contributo ao ensino dos gêneros discursivos, optou-se por elaborar um artigo com
diferentes sugestões de como tratá-los na escola.

253
O ENSINO DE GÊNEROS DISCURSIVOS POR MEIO DO TRABALHO COM JORNAL
ESCOLAR
Paula Isaias CAMPOS-ANTONIASSI – UFSC
paula.isaias@gmail.com

O trabalho com jornal escolar tornou-se, ao longo dos anos, um instrumento bastante importante
para o ensino de linguagem. Além de fornecer subsídios para que a leitura e escrita sejam ensinadas,
trabalhar com o jornal feito pelos alunos, na escola, oferece a possibilidade de que o ensino de
gêneros discursivos (BAKTHIN, 2003 [1953/54]; MARCUSCHI, 2010) faça parte do processo de
ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa (BONINI, 2009). A fim de verificar a forma com que
o jornal escolar auxilia o ensino de LP por meio dos gêneros discursivos, este trabalho tem por
objetivo analisar os jornais feitos pela Escola Básica Vitor Miguel de Souza, de Florianópolis, no
ano de 2011. Para isso, será feita uma discussão acerca da organização textual destes jornais,
evidenciando as sessões e quais textos pertencem a cada uma, a forma com que os jornais foram
diagramados e se esta organização evidencia, de alguma maneira, a importância que cada nota ou
notícia tem para as autoras e coordenadores do projeto. Após isso, haverá um levantamento dos
gêneros discursivos pertencentes aos números publicados naquele ano, para que seja feita uma
análise mais aprofundada do gênero que mais fora utilizado e, consequentemente, mais trabalhado
pelas autoras. Nesta análise, será possível analisar os assuntos trabalhados e a forma que este
trabalho aconteceu, bem como a organização deste gênero. Neste momento, será possível inferir se
os gêneros pertencentes a este jornal são, de fato, pertencentes à ordem jornalística ou se os textos
são escolares. (BALTAR, 2006 [2004]), partindo, assim, para uma busca sobre a configuração do
jornal escolar, evidenciando se este é apenas um simulacro do convencional ou se os alunos estão
apropriando-se da teoria dos gêneros discursivos e se há ressignificação de suas identidades a partir
deste trabalho.

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS MULTIMODAIS E O ENSINO DE GÊNEROS DISCURSIVOS


Walleska Bernardino SILVA – UFU
walleskabs@yahoo.com.br

O espaço e as práticas educativas tradicionais no ensino de língua portuguesa, suas representações


simbólicas, seus conteúdos e seus recursos reagem às demandas contemporâneas da significação
que requerem sujeitos interagentes às várias modalidades para além da oralidade e escrita: gestual,
visual, sonora, espacial (Kress e Van Leuween). Sob essa perspectiva, o professor necessita rever
sua metodologia a fim de propiciar ao aluno condições de ascensão nas e para as práticas sociais. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) já sinalizam um caminho promissor ao proporem o
ensino da língua por meio dos gêneros discursivos. Mesmo assim, exames nacionais, como Prova
Brasil, Saeb, Enem, e internacionais, como o Pisa, apontam índices não satisfatórios no que
concerne às habilidades linguístico-discursivas dos alunos. A partir desse dado, o presente trabalho
pretende discutir a necessidade de o professor de língua portuguesa repensar as práticas
pedagógicas no sentido de ampliar seu poder de alcance, considerando modos outros de produzir
sentido, dada a vertiginosa mudança, provocada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs), no ensino-aprendizagem de língua materna. Para tanto, nessa proposta, as intervenções
pedagógicas multimodais devem estar atreladas ao estudo dos gêneros, contribuindo para a
formação de sujeitos letrados que não somente leem e escrevem, mas são capazes de relacionar,
analisar, interpretar os vários planos dos quais decorre a significação: plano pictórico, plano
sensorial, plano visual, plano espacial. Assim, acreditamos que atividades que sistematizam o
ensino dos gêneros a partir de enfoques multimodais promovem letramentoS (ROJO, 2009) que
recobrem os usos sociais da língua, em perspectiva dialógica (Bakhtin, 2003).

254
A CONCEPÇÃO DIALÓGICA DA LINGUAGEM E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:
UMA REFLEXÃO A PARTIR DE RELATOS DE PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE
BLUMENAU
Vanessa Arlésia de Souza Ferretti SOARES – UFSC
vanessa_blumenau@hotmail.com

Há, hoje, atuando no cenário nacional fatores internos e externos (SOARES, 2002) que contribuem
para mudanças reais nas práticas de ensino de língua. Nesse contexto se destacam as novas
abordagens sobre a linguagem – na Linguística Aplicada, sobretudo, a concepção dialógica de
Bakhtin, que têm propiciado novas perspectivas para o ensino de língua, e cuja presença é visível
nos documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
(PCNLP, 1998). Nesse sentido, o presente artigo busca entender como têm se dado tal processo de
mudança no contexto da sala de aula. Para tanto, faz-se uma análise qualitativa, de cunho
interpretativista, sob o arcabouço teórico bakhtiniano (BAKHTIN, 2006 [1929]; 2003 [1952/53]),
de relatos de professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II. Os docentes possuem
formação recente (menos de 10 anos) e são participantes do curso de extensão GESTAR II (Gestão
de Aprendizagem), que propõe, justamente, o diálogo dessas teorias com a prática docente. A
análise focaliza-se nas seguintes questões: a) Como esses profissionais têm entendido gêneros
discursivos; b) Como têm sido trabalhados os gêneros em sala de aula e c) Quais as implicações de
determinadas práticas para o processo educacional local. Busca-se, a partir desse estudo, contribuir
para a reflexão do estado atual da cultura escolar (JULIA, 2001), ou seja, como as normas que
definem o que ensinar e as práticas que permitem tal ensino têm se articulado nessas salas de aula.
O estudo permite perceber que convivem, na escola, práticas próximas de um arcabouço
bakhtiniano, ou da língua-discurso (RODRIGUES, 2005) e práticas convergentes ainda com uma
concepção de língua-sistema (RODRIGUES, 2005), tendo aquela, apresentado implicações muito
mais significativas para o processo educacional, como o maior envolvimento dos discentes nas
práticas de letramento e o desenvolvimento da autoria desses alunos.

AS REPRESENTAÇÕES DOS ALUNOS SOBRE AS AULAS DE PORTUGUÊS VOLTADAS


PARA PRODUÇÃO DE TEXTOS
Hélida Maria de Oliveira ALVES – SME/PMU
helida_oliveira@yahoo.com.br
Valéria Lopes de Aguiar BACALÁ – UFLA
valeriabacala@prove.ufu.br

Este trabalho resulta da reflexão sobre a produção textual em aulas de Língua Portuguesa, mais
especificamente, da representação dos alunos sobre essa temática. Estamos vivendo na era pós-
moderna. Essa nova era exige que os sujeitos se posicionem, frente aos valores sociais, ativa e
criticamente. Para tanto, torna-se necessário que os sujeitos se apropriem, com eficiência, dos
processos de produção de textos orais e/ou escritos que circundam o cotidiano. Alardeiam-se nesse
cenário que saber produzir um bom texto é garantir os direitos de cidadão. É na escola, ambiente em
que se produz o conhecimento sistemático, que as pessoas terão oportunidade de compreender o
funcionamento da linguagem e adquirirem ferramentas para se instrumentalizarem. Por esse motivo,
é importante compreender as representações que os alunos criam sobre as aulas de Português
voltadas para a produção de texto. A compreensão dessas representações pode ser o primeiro passo
para as mudanças nas práticas de sala de aula e para a construção de um ensino mais significativo.
Esse estudo tem como objetivo investigar como os alunos de ensino fundamental constroem suas
imagens e como eles a representam no espaço escola/sociedade. A pesquisa está fundamentada nos
estudos sobre os gêneros discursivos e linguagem e nas teorias sobre representação. As análises
apoiam-se nos estudos de Schnewly & Dolz(1998); Bourdier(2002); Bakthin(1984); González

255
Rey(2003). A hipótese investigada é que os alunos constroem suas representações baseando-se nos
discursos que os circundam socialmente, principalmente aqueles propagados na escola. A pesquisa
tem uma base qualitativa, com aplicação de questionários semiestruturados, cujo resultado aponta
para a confirmação de que os alunos realmente apropriam-se dos discursos sociais na construção de
suas representações.

LETRAMENTO EM MARKETING NO PORTAL DO PROFESSOR: SOBRE GÊNEROS E


DEFINIÇÕES PRESENTES NAS ATIVIDADES
Jônio Machado BETHÔNICO – UFMG
joniob@ufmg.br
(Apoio CNPq – Processo 140694/2011-0 / Pró-Reitoria de Extensão
PROEX/UFMG – Registro no SIEX nº. 400447)

A fim de verificar se e como o Portal do Professor (lançado em 2008 pelo MEC em parceria com o
Ministério da Ciência e Tecnologia) incentiva a formação de alunos críticos quanto às mensagens
de caráter publicitário e quanto ao consumo (processo nomeado Letramento em Marketing), foi
feita uma seleção de atividades a partir do material disponível no site para ser analisada – atividades
estas principalmente voltadas para a disciplina de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental. Este
artigo é composto por dados referentes à análise quantitativa dos gêneros textuais encontrados nas
atividades e relativos à análise qualitativa das definições de conceitos ali presentes. Na construção
da fundamentação teórica, faz-se referência a estudiosos como Mikhail Bakhtin, Luiz Antônio
Marcuschi e Ângela Paiva Dionísio. Por fim, chegou-se à conclusão, sobre o primeiro aspecto, que
a seleção dos materiais abordados nas atividades mostra-se incompatível com as estratégias de
comunicação usadas atualmente nas empresas – resultados muito semelhantes àqueles provenientes
de outras duas investigações sobre Letramento em Marketing. Quanto às definições, os problemas
mais graves encontrados se concentraram nos conceitos relativos à esfera da
Comunicação/Marketing, revelando que os professores-autores têm dificuldades para tratar desses
assuntos. Estas conclusões estão vinculadas àquelas relativas à primeira análise do Portal do
Professor realizada pelo mesmo grupo de pesquisa – que permitiu verificar que os gêneros
publicitários ainda não recebem um tratamento discursivo adequado nas atividades disponibilizadas
nesse Portal.

RASTREANDO ESTRATÉGIAS DE DIDATIZAÇÃO DOS GÊNEROS DO DISCURSO EM


PRÁTICAS DE ENSINO
Janaína Zaidan Bicalho FONSECA – PUC/MG
jzletras@gmail.com

O presente trabalho tem por objetivo rastrear as estratégias de didatização relativas ao ensino dos
gêneros do discurso. Por estratégias de didatização, entendem-se as ações responsáveis pela
construção e pela condução de um objeto de ensino, no caso deste trabalho, dos gêneros do
discurso. Para tanto, tomaram-se como objeto de análise as aulas de Língua Portuguesa de duas
informantes, os instrumentos didáticos que conduzem suas práticas de ensino e também os
documentos que norteiam o ensino de língua materna, como os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN). Tais objetos de análise receberam tratamento metodológico baseado numa perspectiva
etnográfica, que considera o locus natural de atuação dos informantes – no nosso caso – a sala de
aula. Teoricamente, este trabalho se fundou em Bakhtin (1997, 2003), para o tratamento dos
gêneros, e em estudiosos da transposição didática, representado, fundamentalmente, na figura de
Chevallard (1991). Além disso, o contou-se com vasto arsenal teórico da linguística aplicada.
Foram identificadas, no decorrer das análises das aulas, estratégias de didatização utilizadas pelas
professoras e pelo material didático, cotejando-as com aquelas previstas pelos documentos
parametrizadores. Todas elas foram descobertas a partir de uma análise discursiva dos índices

256
linguísticos que se apresentavam com maior frequência nos discursos examinados. Entre as
estratégias mais comuns, estas se fizeram imperativas: pergunta-resposta, da ordem, rememoração,
reiteração, exemplificação, determinação, aconselhamento, definição, comparação, retificação e
anuência. Tais estratégias mostraram que os modos de dizer são responsáveis pelos modos de agir,
revelando modelos e representações particulares do que seja uma aula de Língua Portuguesa.
Mesmo numa realidade mais recortada, foi possível perceber que as professoras possuíam posturas
e iniciativas didáticas diferentes uma das outras; o que implica dizer que não há uma única forma de
efetivar o ensino de língua materna.

UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DOS GÊNEROS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA


Fabiana Ferreira dos SANTOS – UFU
criacao.fabiana@gmail.com

O Programa Algar Educa foi uma experiência de formação de professores ocorrida entre 2008 e
2010 com escolas de cidades do Triângulo Mineiro e Maranhão. Esse projeto tinha como hipótese
inicial a idéia de que o ensino de gêneros de divulgação científica poderia se concretizar pela
combinação de duas metodologias: a sequência didática e o projeto temático. Pelo projeto temático,
trabalhar-se-iam os temas das Ciências Naturais (p. ex.: o ciclo da água), enquanto que os gêneros
jornalísticos pelos quais se faz a divulgação científica (como a reportagem) seriam ensinados no
âmbito de sequências didáticas. Para a construção das sequências didáticas, a equipe de formação
utilizou como princípio teórico os estudos de J. Dolz e B. Schneuwly, divulgados no Brasil, tanto
nas orientações curriculares oficiais quanto em bibliografias para o ensino da língua portuguesa.
Quanto aos projetos temáticos, o embasamento teórico se constituiu a partir das idéias de F.
Hernández e M. Ventura. As sequências didáticas e projetos temáticos assim construídos foram
submetidos à apreciação dos professores e foram experimentados com alunos nos três anos do
Programa. Como conseqüência dessa experimentação, foi possível avaliar em que medida a
hipótese inicial podia ser validada: a conclusão revelou que o trabalho com os projetos temáticos –
possibilitando aos alunos a compreensão dos temas das Ciências Naturais ajudou-os a construir um
corpo de conhecimentos necessário à escrita dos gêneros de divulgação científica trabalhadosnas
sequências didáticas. O trabalho com as sequências fortaleceu o desenvolvimento de capacidades de
linguagem que favoreceram a compreensão de textos científicos e de divulgação. Além disso, a
natureza das sequências didáticas permitiu articular dimensões do ensino da língua que, para o
grupo de professores, costumavam ser abordadas de forma fragmentada. Essa sistemática favoreceu,
finalmente, o trabalho contextualizado e interdisciplinar.

PROPOSTA DE ENSINO DO RESUMO POR MEIO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS


Valdete Aparecida Borges ANDRADE – UFU
valdeteba@bol.com.br

Diariamente, entramos em contato com uma infinidade de gêneros que circulam na sociedade. Para
nos comunicar linguisticamente recorremos a gêneros pertencentes a esfera comunicativa a qual
estamos inseridos. Assim, quanto mais gêneros um indivíduo é capaz de reconhecer e produzir,
maior é o seu nível de letramento. Nesse sentido, cabe à escola assumir o papel de transmissora
desse conhecimento, mais especificamente, nas aulas de Língua Portuguesa. Como as práticas
sociais, os gêneros são infinitos, já que falamos, lemos e escrevemos por meio deles. Dessa forma,
há de se pensar que o ensino de um gênero pode possibilitar ao indivíduo o domínio de outros em
diferentes esferas comunicativas. Mesmo aquelas pessoas que possuem domínio sobre uma língua,
em algumas situações cotidianas não possuem domínio sobre algum gênero em particular, por isso,
a necessidade de se trabalhar uma proposta didática, para se ensinar gêneros que circulam na
sociedade. Nesta comunicação, teremos como objetivo trabalhar o gênero resumo por meio das
sequências didáticas propostas por Dolz e Schnewuly (2011), para aperfeiçoar as práticas de escrita

257
e de produção oral dos alunos do ensino médio em aulas de Língua Portuguesa. A escolha do
gênero resumo se justifica já que em processos seletivos em que se exige a elaboração desse
gênero, os alunos não conseguem produzi-lo satisfatoriamente. Essa constatação contraria a crença
da maioria dos professores de que os alunos já dominam esse gênero, por fazer parte da
“comunicação verbal espontânea” (BAKHTIN, 2003), cotidiana, imediata. De acordo com esse
pensamento muitos professores acreditam que não é necessário trabalhá-lo em sala de aula de forma
sistemática, o que faz com que os alunos, como dito anteriormente, fiquem prejudicados ao serem
requeridos para elaboração desse gênero.

O USO DE CONECTORES EM TEXTOS DE OPINIÃO


Elisete Maria de Carvalho MESQUITA – UFU
elismcm@gmail.com

Desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os professores brasileiros vêm se
esforçando para se adequarem à mudança teórica e, principalmente, metodológica, proposta para o
ensino de língua portuguesa. De acordo com as diretrizes desse documento, o ensino dessa língua
deve fazer com que o aluno desenvolva as habilidades básicas de leitura e produção de textos,
principalmente, o que pode garantir que ele seja bem sucedido em qualquer situação de uso da
língua. Considerando a necessidade de se trabalhar com os gêneros discursivos em situação formal
de ensino, optou-se pela análise de alguns aspectos linguísticos do texto de opinião, gênero que
costuma ser muito solicitado pelos professores que visam a perceber e avaliar não somente o
conhecimento do aluno sobre determinado assunto, mas também sua habilidade para
expor/contrapor ideias, argumentar e se posicionar diante desse assunto. Objetiva-se,
especificamente, para atingir os propósitos deste estudo, perceber quais são os elementos de
conexão textual mais/menos comuns nos textos de opinião produzidos por alunos do 3º ano do
Ensino Médio. Parte-se da hipótese de que esses alunos se mantêm fiéis ao modelo proposto para a
produção do tipo dissertativo, há muito defendido pelas escolas brasileiras. Para atingir a meta
proposta, foram selecionados e analisados 20 textos de opinião produzidos por alunos matriculados
em diferentes escolas públicas da cidade de Uberlândia-MG. Com base em uma proposta
interacionista sociodiscursiva, representada por Bronckart (1999) e Bakhtin (1953/1992),
principalmente, constatou-se que os textos de opinião produzidos pelos alunos apresentam número
significativo de elementos de conexão textual, cuja maioria aparece em pontos previsíveis do texto.

GÊNEROS TEXTUAIS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NO LIVRO DIDÁTICO


Laice Raquel DIAS – UFG/CAC
laicerd@hotmail.com

Entende-se por Gêneros Textuais entidades de natureza sociocultural que materializam a língua em
situações comunicativas diversas. É um campo de estudo que tem recebido uma maior atenção nos
últimos anos, devido à percepção de sua relevância para o ensino de língua portuguesa e
funcionalidade na vida cotidiana, nas incontáveis áreas de conhecimento que esta abrange e com as
quais o aluno poderá entrar em contato.No cenário da educação, visualiza-se o livro didático como
principal instrumento utilizado pelo professor para mediar o ensino da Língua Portuguesa e, em seu
contexto, os Gêneros Textuais.Constitui-se desta pesquisa a análise dos Gêneros Textuais para
produção de textos escritos presentes no livro didático do nono ano do ensino fundamental,
observando-se ali como são trabalhados e a maneira como estão dispostos no livro, se alguns
gêneros são privilegiados e outros deixados de lado, no intuito de apontar as contribuições do
Gênero Textual para o ensino/aprendizado de Língua Portuguesa, tendo como principal referência
os apontamentos feitos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Este trabalho faz parte de uma
pesquisa de especialização e tem como objetivo também observar se os gêneros textuais para
produção de textos escritos são encontrados no livro didático de maneira a abranger as expectativas

258
e direcionamentos propostos pelos PCNs, à luz das definições de Bakhtin (2000) e Marcuschi
(2005, 2008), entre outros autores. Foram escolhidos como corpus da pesquisa livros utilizados nas
salas de aula em duas instituições de ensino públicas da cidade de Ipameri – GO, numa proposição
de aproximar-se ao máximo da situação real de ensino e, dessa forma, chegar a um parecer que
contribua de maneira mais concreta para o ensino de Língua Portuguesa.

OS GÊNEROS DO HUMOR E DA ESFERA JORNALÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE


LÍNGUA PORTUGUESA
Maria Aparecida Resende OTTONI – UFU
cidottoni@gmail.com

Neste trabalho apresento uma comparação entre parte dos resultados de duas pesquisas. No primeiro
estudo, investiguei quais são os gêneros do humor (GHs) incluídos em livros didáticos de Língua
Portuguesa (LDLPs) do Ensino Fundamental e como esses GHs são abordados. No segundo,
Ludymilla Fogassi de Oliveira Rocha e eu investigamos quais gêneros da esfera jornalística (GJs)
estão presentes em uma coleção de LDLPs do Ensino Médio adotada em escolas públicas de
Uberlândia e como são abordados. Nos dois estudos, a proposta dos Parâmetros Curriculares
Nacionais e diferentes estudos sobre o LDLP (CORTEZ, 1996; BUNZEN, 2005) constituíram o
aporte teórico. Além disso, a primeira pesquisa foi fundamentada em estudos sobre os gêneros do
humor (MAGALHÃES, 2006; MUNIZ, 2004; RASKIN, 1985 e 1987; POSSENTI, 1998;
TRAVAGLIA, 1990) e, a segunda, em estudos sobre os gêneros da esfera jornalística (MARQUES
DE MELO, 2003; BUENO, 2011). Os resultados mostram que os GHs e os GJs estão presentes nos
LDLPs em escala bem maior do que se via antes da publicação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Contudo, no que diz respeito aos GHs, eles são utilizados predominantemente como
pretexto para estudo de tópicos gramaticais, o que não acontece com os GJs. Para o trabalho com os
GJs são propostas atividades diversas, mas menos de 20% delas são voltadas para a abordagem das
especificidades dos gêneros. Além disso, nos LDLPs analisados, o que se tem são trechos muito
pequenos dos GJs e a maioria não aparece nomeada, o que compromete o trabalho com o gênero.
Dessa forma, percebe-se há diversidade de gêneros nos LDLPs, mas estes ainda não estão realmente
sendo tomados como objeto de ensino na elaboração desses materiais.

REESCREVA O TEXTO NA LÍNGUA PADRÃO”: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO


TRABALHO COM A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA
Claudia Goulart MORAIS - UNICAMP/ESEBA-UFU
goulart.morais@gmail.com

Uma das propostas das políticas de ensino de Língua Portuguesa para o nível fundamental é a de
que os alunos devem ser levados a refletir sobre suas práticas de linguagem (orais e escritas) e sobre
suas atitudes em relação às praticas de linguagem dos outros a fim de que sejam desenvolvidas as
competências comunicativas necessárias para o exercício da oralidade e do letramento, num
contínuo que vai da fala e da escrita mais popular à fala e à escrita mais monitorada, em gêneros
variados. Para a apresentação deste trabalho, tomamos como objeto de análise uma aula que
apresenta uma proposta de ensino de variação linguística para discutir alguns conceitos importantes,
tais como a relação constitutiva entre fala/escrita e oralidade/letramento (MARCUSCHI, 2001) e o
princípio da marcação (GIVÓN, 2001), sobretudo quando se leva para a sala de aula gêneros orais
estilizados. A análise de algumas aulas nos permite concluir que as orientações para o trabalho com
a variação linguística na escola servem apenas de pretexto para um discurso sociolinguístico,
porque são pautadas, ainda, pela apresentação dos conceitos de norma padrão x não padrão, pelo
viés da escrita, e por atividades que pedem ao aluno a reescrita de determinado texto na variedade
padrão da língua sem se fazer uma discussão sobre as relações de constituição conjunta entre
fala/escrita e oralidade/ letramento, mostrando que tal constituição se dá num contínuo e não na
observação dicotômica desses dois polos prototípicos. A perspectiva levada a cabo na escola por

259
professores e por materiais didáticos pouco colabora para que os alunos pensem sobre a diversidade
de usos da língua nos variados contextos em que necessitam usar uma e outra modalidade. Portanto,
é preciso trabalhar questões de variação linguística de forma sistemática e não apenas considerando-
a mais um conteúdo a ser dado.

O OBJETO DE ENSINO "GÊNERO DO DISCURSO" EM PERSPECTIVA SÂMIA ARAÚJO


DOS SANTOS
Sâmia Araújo dos SANTOS – UFC/SEDUC
samiasemear@hotmail.com
Francisca Tarciclê Pontes RODRIGUES – IFCE/UFC
ttarsicle@yahoo.com.br

O objetivo desse trabalho é analisar algumas pesquisas acadêmicas desenvolvidas sobre o tema
“ensino de língua portuguesa”, especificamente em torno dos aspectos teórico-metodológicos
relacionados ao objeto de ensino “gênero do discurso”. Trata-se de pesquisas acadêmicas que
tomaram os documentos oficiais como corpus, de que são exemplos os Parâmetros Curriculares
Nacionais do ensino fundamental (PCN) e os Parâmetros em Ação (PCN+). Para alcançar esse
objetivo, adotou-se a pesquisa bibliográfica desenvolvida através da revisão da literatura acerca da
noção de gênero do discurso em Bakhtin (2009), na tese de Gomes-Santos (2004) e nas dissertações
de Figueiredo (2005) e de Virmond (2004) e na abordagem desenvolvida nas Orientações
Curriculares para o Ensino Médio (2006), de Língua Portuguesa. A análise dos dados se deu a partir
do pressuposto da interdiscursividade (MAINGUENEAU, 2005) existente entre essas pesquisas
acadêmicas, por isso se concentrou nos recortes feitos em sua materialidade linguística como forma
de evidenciar que, pelo diálogo (BAKHTIN, 2009) estabelecido entre elas, instauram-se
perspectivas teórico-metodológicas bastante específicas sobre o objeto de ensino “gênero do
discurso”. Tais perspectivas resultam de uma problematização em torno de como a noção de
“gênero do discurso” foi evocada nos documentos oficiais com a finalidade de fundamentar as
orientações didático-pedagógicas para o ensino de Língua Portuguesa no Brasil e, assim, lançam
luzes sobre que dimensões do gênero discursivo são privilegiadas em sua transposição didática.
Essa pesquisa, além de explicitar a interdiscursividade entre os discursos oficiais e os acadêmicos,
chega à conclusão de que o modo como a noção de “gênero do discurso” foi tomada nos primeiros
documentos oficiais que tomaram Bakhtin como referência carecia de revisão e de atualização,
principalmente, no sentido de se considerarem os aspectos enunciativos e não somente os textuais
do gênero, conforme se constatou e se criticou nos PCN.

GÊNERO GLOSSÁRIO: SUPORTE PARA O TRABALHO INTERDISCIPLINAR


Solange Aparecida Faria CARDOSO – UFU
solangejac@yahoo.com.br

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar um projeto interdisciplinar, desenvolvido por duas
professoras (Língua Portuguesa e Biologia) de uma escola pública de Uberlândia-MG. A partir de
uma perspectiva sociointeracionista, historicamente situada, e de caráter essencialmente cognitiva,
entendemos que os alunos do 1º ano (Ensino Médio) apresentam dificuldades para o domínio tanto
oral quanto escrito do léxico (termo técnico-científico) da disciplina Biologia. Diante disso,
desenvolvemos um trabalho voltado tanto para o adequado uso da terminologia técnico-científica
quanto para o uso de radicais gregos e latinos na formação desses termos. Optamos pela elaboração
de glossário, porque este é um instrumento lexicográfico que opera recorte no acervo lexical da
língua, ou seja, efetua um inventário limitado de signos linguísticos e, então, procede a sua
definição por meio da descrição parcial ou total dos seus significados. A elaboração de glossários
pode favorecer a compreensão e a aprendizagem dos alunos em diferentes áreas de conhecimento.
Cientes de que o trabalho com o léxico deve ser uma preocupação constante dos professores para
uma efetiva aprendizagem, acreditamos ser esta proposta uma sugestão para o trabalho com o

260
gênero glossário. Considerando o contexto apresentado, obedecemos aos seguintes objetivos:
trabalhar o gênero glossário em turmas do 1º ano do Ensino Médio; desenvolver habilidades para a
leitura de glossários; fazer com que o aluno reconheça as marcas linguísticas do gênero;
desenvolver a competência linguística para a elaboração desse gênero. Visando a atingir os
objetivos propostos, organizamos as tarefas em módulos e sequências didáticas (DOLZ;
SCHNEUWLY, 2004), de modo que todas as ações correspondessem a situações concretas, reais de
comunicação que propiciam a aproximação entre as atividades escolares e as situações sociais e
cotidianas. Ao final do projeto, apresentaremos os trabalhos dos alunos em uma exposição coletiva
a ser realizada nas dependências da escola.

CONSTRUINDO LETRAS: PRODUÇÃO TEXTUAL NO AMBIENTE VIRTUAL DE


APRENDIZAGEM MOODLE
Agleice Marques GAMA – UFMG
agleicemarques@hotmail.com

Levando em consideração que a proposta dos PCNs (1996) privilegia o texto a partir dos gêneros
como unidade de ensino de Língua Portuguesa e que as tecnologias digitais abrem novos espaços
para a prática da escrita, tem-se como objetivo deste trabalho analisar a utilização de um ambiente
virtual de aprendizagem (AVA) Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Environment) como instrumento auxiliar de ensino-aprendizagem de gêneros do discurso no
contexto presencial da educação básica durante a realização do curso Construindo Letras que se
baseou nas sequências didáticas para o ensino de artigo de opinião, resenha crítica, memórias e
crônica. O curso foi ofertado no Portal Escolar: Educação sem Distância do Estado do Pará sob a
coordenação de uma professora de Português e de duas técnicas de laboratório de informática e teve
como clientela alunos do 9º ano das redes municipal e estadual de ensino do interior. Como aporte
teórico-metodológico de análise, fundamenta-se no conceito de gêneros do discurso de Bakhtin
(2006) e na proposta de sequências didáticas organizada por Joaquim Dolz, Michèle Noverraz e
Bernard Schneuwly (2010 [2004]) sobre ensino de gêneros orais e escritos na escola, tendo por base
uma abordagem sócio-interacionista. Os resultados deste estudo mostram que, nos dias de hoje, é de
suma importância a agregação de AVAs no ensino básico regular, haja vista que além de enriquecer
as aulas pela facilidade de pesquisa, pelo acesso a diferentes gêneros discursivos, pelo estímulo à
escrita e pela interação on-line ainda amplia o horário de estudo e o espaço da sala de aula
convencional, antes restrita aos muros escolares. Todavia, o estudo mostra, também, a necessidade
de esclarecimento nas concepções da professora quanto ao trabalho com gêneros via sequências
didáticas, principalmente em um AVA do tipo Moodle.

OBRAS LITERÁRIAS INFANTIS: SABERES E PRÁTICAS NOS ANOS INICIAIS DO


ENSINO FUNDAMENTAL
Eliana Aparecida CARLETO – UFU
elianacarleto@gmail.com

Este texto evidencia uma pesquisa inicial de doutorado em desenvolvimento no Programa de Pós-
graduação em Educação na Universidade Federal de Uberlândia, na linha de pesquisa Políticas,
Saberes e Práticas Educativas. Neste trabalho, pretende-se investigar e analisar os saberes e práticas
educativas nos anos iniciais do Ensino Fundamental expressas em obras de literatura infantil
veiculadas no acervo do Programa Nacional e Biblioteca da Escola (PNBE), instituído pelo
Ministério da Educação (MEC), durante o ano letivo de 2010. Pretende-se também investigar o grau
de interdisciplinaridade de obras literárias infantis em salas de aulas dos anos iniciais do Ensino
Fundamental por meio do estudo dos Temas Transversais propostos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), tendo como foco a formação histórica cidadã. A opção metodológica é por
desenvolver uma pesquisa qualitativa, pois possibilita a inserção com uma realidade social, política,
econômica e cultural, além de ser flexível, pois se trabalha com a realidade. A investigação

261
pressupõe pesquisa bibliográfica, análise documental, trabalho de campo e entrevistas
semiestruturadas. O cenário da investigação limita-se a salas de aulas dos anos iniciais do Ensino
Fundamental de duas escolas da rede pública, uma estadual e outra municipal, da cidade de
Uberlândia-MG. Em cada escola será selecionada uma sala de aula dos anos iniciais do Ensino
Fundamental e a pesquisa será realizada com todos os professores e alunos das referidas salas.
Justifica-se esse projeto uma vez que sua importância reside no fato de as obras literárias apoiarem
aprendizagem escolar.

A PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA DA SEE DO ESTADO DO RIO


DE JANEIRO: UM TRABALHO COM OS GÊNEROS DISCURSIVOS
Vanessa Souza da SILVA – UERJ
vanessalinguagem@yahoo.com.br

O presente texto é fruto da minha dissertação de mestrado e objetiva compreender como o


documento Reorientação Curricular de Língua Portuguesa, proposto pela Secretaria de Estado de
Educação do Estadodo Rio de Janeiro, e entregue às escolas em 2006, trabalha com os gêneros
discursivos e sua eficácia no ensino da língua materna. Este estudo toma como estratégia
metodológica a análise documental e partiu da hipótese de que o documento utiliza os gêneros do
discurso como objeto de ensino. Este estudo é suma importância, porque o documento apresenta
como resultados a concepção dialógica de linguagem, de M. Bakhtin, como arcabouço teórico, os
gêneros como objeto de ensino e o texto a unidade de ensino da educação básica, objetivando o
letramento dos alunos da educação básica estadual e abrindo espaço para a pluralidade discursiva ao
privilegiar o trabalho com diversos gêneros. Tendo em vista que a escola deve munir o aluno de
ferramentas para interagir em variados ambientes de letramento, interessa-me, neste texto, observar
como a proposta curricular apresenta e desenvolve no seu discurso oficial o trabalho com os
gêneros, tendo como referência o conceito de gêneros do discurso desenvolvido por Bakhtin. Na
primeira parte, apresento a caracterização do documento, contextualizando o objeto investigado. Na
segunda, desenvolvo o arcabouço teórico, observando como o conceito de gêneros do discurso é
discutido por Bakhtin e, finalmente, investigo como a proposta curricular em estudo apresenta e
desenvolve a questão dos gêneros em seu discurso oficial, tendo em vista as orientações dos PCNs
para o ensino da língua no país e seus resultados em sala de aula.

NOTÍCIA: A FLUIDEZ DE UM GÊNERO


Pollyanna Honorata SILVA – ESEBA/UFU
pollyhs@uol.com.br
Mariana Batista do Nascimento Silva – ESEBA/UFU
mariletras@yahoo.com.br

Embora o conceito do gênero notícia, a priori, nos remeta a uma concepção clara, definida e
objetiva desse gênero textual, após uma análise das condições de produção, bem como de sua
realização em jornais e revistas, percebemos que se trata de um gênero que nem sempre se
configura de uma maneira prototípica, conforme postulam muitos manuais de redação e estilo de
jornalismo e também os livros didáticos que se propõem a ensinar tal gênero. Além disso, devemos
considerar as transmutações deste gênero em meio virtual, ou seja, as diferenças decorrentes do
suporte de leitura em que será veiculado. Desta forma, este trabalho pretende apresentar algumas
problemáticas em torno da definição do gênero notícia, bem como discutir algumas implicações
pedagógicas decorrentes dessa problemática, especialmente em relação à avaliação da produção
textual, tomando como referencial teórico Bakhtin (1997), Travaglia (2007) e Marcuschi (2008). A
notícia possui variações na sua estrutura composicional, que entendemos como superestrutura
textual, de acordo com o conteúdo que ela veicula, segundo Silva (2007). Desta forma, mesmo nas
notícias mais prototípicas, ainda percebemos que muitas características de superestrutura textual,
como sub-título, possuem variações e às vezes não aparecem na superfície do texto. Em notícias on-

262
line, estas variações do gênero se ressaltam. Diante dessa fluidez do gênero notícia a que os alunos
estão expostos no cotidiano, que postura deve ter o professor ao avaliar, por exemplo, uma notícia
que foi produzida sem sub-título (que pode ou não aparecer), ou uma notícia em que o lead se
desenvolve ao longo do corpo da notícia e não no primeiro parágrafo? Essas são questões sobre as
quais pretendemos refletir, bem como apontar algumas direções de resposta.

GRUPO TEMÁTICO 40: O ESTUDO DO LÉXICO EM SALA DE AULA DE LÍNGUA


PORTUGUESA
COORDENADORA: Aderlande Pereira FERRAZ (UFMG) – aderferraz@gmail.com

No âmbito da educação básica brasileira, o ensino do léxico em sala de aula geralmente não tem ido
muito além, guardadas as raras exceções, do estudo de palavras em sentenças isoladas. Tal
procedimento não estimula, evidentemente, a capacidade de o aluno apreender o significado de
novas palavras mediante o contexto lingüístico e o seu conhecimento prévio. O objetivo principal
deste Grupo Temático é reunir trabalhos que mostrem a importância de se trabalhar com o léxico de
forma integrada, possibilitando a ampliação da competência lexical do aluno, o que na prática
contribui para que este, em variadas situações de interação comunicativa, venha produzir
adequadamente textos orais ou escritos e de compreender os textos orais ou escritos que recebe. Em
consideração a isso, serão bem-vindas contribuições que se articulem em torno da aplicação
didática, com discussões teórico-analíticas e/ou apresentação de resultados de pesquisa, de quatro
grandes blocos de pesquisa: a criação lexical, a fraseologia portuguesa, a semântica lexical, a
lexicografia pedagógica, todos convergindo para o estudo do léxico em sala de aula. Assim, o GT
contemplará trabalhos que relacionam a produção de neologismos no português, em toda a sua
tipologia, com a aquisição lexical em língua materna, mediada pela sala de aula; estudos sobre a
fraseologia (expressões idiomáticas, colocações, provérbios etc.), aplicados ao enriquecimento
lexical no ensino da língua portuguesa; abordagens que estimulem o tratamento da semântica da
palavra, em sala de aula, no processamento da leitura e da produção textual; e trabalhos sobre a
lexicografia pedagógica, que contribuam para a melhor utilização do dicionário como instrumento
didático na sala de aula de língua portuguesa.

OBSERVATÓRIO DE NEOLOGIA NA PUBLICIDADE IMPRESSA: IMPLICAÇÕES NO


ENSINO DE PORTUGUÊS
Aderlande Pereira FERRAZ – UFMG
aderferraz@gmail.com

Um olhar mais atento sobre o ensino de português no Brasil permite-nos ver (Kleiman, 1996;
Dionísio & Bezerra, 2001; Travaglia, 2003) muitos aspectos importantes da língua portuguesa
ignorados tanto nos programas que orientam a sala de aula como nos livros didáticos. Desses
aspectos, queremos destacar o que diz respeito ao léxico do português, considerando que, em
grande parte dos livros didáticos, a neologia lexical ou não é tratada ou é abordada apenas em certos
gêneros, em geral da esfera literária, o que pode dar ao aluno a falsa impressão de que a neologia é
restrita a tais gêneros. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo principal discutir alguns
aspectos importantes relacionados à metodologia de ensino de léxico, a partir do estudo da neologia
lexical em língua portuguesa, já que o desenvolvimento da competência lexical é condição
fundamental para desenvolver no aluno habilidades de compreensão e produção textual. Como
corpus de análise, contou-se com um banco de neologismos extraídos de textos publicitários,
veiculados pelas revistas Veja, Istoé e Época, em edições de 2005 a 2010. Para a abordagem do
léxico em sala de aula, resolveu-se aproveitar aqui, tanto quanto possível, o modelo teórico em que
o léxico ocupa posição central, o chamado enfoque léxico (The Lexical Approach) de Lewis (1993
e 1997), no qual a unidade léxica é a unidade de aprendizagem. Como referencial teórico, ainda foi
aproveitado aqui trabalho anterior de Ferraz (2008), no que diz respeito à aplicação do corpus ao
desenvolvimento da competência lexical. Este trabalho permitirá, assim, a apresentação de alguns

263
resultados do Observatório de neologia, no que diz respeito especificamente ao desenvolvimento da
competência lexical, quando se leva em conta o estudo da neologia lexical em sala de aula de
português.

ESTRANGEIRISMOS DA PUBLICIDADE NA SALA DE AULA


Fabiana Kelly de SOUZA – UFMG
fabksouza@gmail.com

A neologia de empréstimos é uma forma de ampliação lexical bastante produtiva e recorrente no


português e nas línguas em geral. Partindo desse pressuposto, julgamos ser importante que os
estrangeirismos sejam trabalhados em sala de aula de modo a contribuir para a ampliação da
competência lexical em língua materna. Neste trabalho tem-se por objetivo apresentar uma proposta
pedagógica de trabalho, que utiliza como instrumentos didáticos textos publicitários veiculados na
revista Veja, do período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010, destacando-se os vários tipos de
estrangeirismos, assim considerados sob a perspectiva da neologia de empréstimos. O corpus de
análise se justifica por consideramos que as propagandas veiculadas nessa revista noticiosa
conseguem abarcar grande parte dos estrangeirismos lexicais que entram no português brasileiro,
através dos textos publicitários e também pelo fato de tal revista ser de grande circulação. Como
metodologia de trabalho, procuramos estabelecer a diferença entre estrangeirismo e empréstimo
lexical, utilizando o critério lexicográfico, lançando mão para isso de um corpus de exclusão,
constituído pelos seguintes dicionários: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa, de
2009; Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 5ª ed., de 2010 e Dicionário Caudas Aulete, de
2007. Assim, os termos constantes do corpus de exclusão foram considerados empréstimos
linguísticos e os que ainda não se encontram dicionarizados são considerados estrangeirismos.
Neste trabalho apresentaremos alguns textos publicitários em que os estrangeirismos são utilizados
pelo publicitário como recurso estilístico ou elemento de persuasão e demonstraremos algumas
formas de explorá-los em sala de aula, de modo a contribuir para a ampliação da competência
lexical e discursiva dos alunos. A utilização de textos como ponto de partida para o trabalho com os
estrangeirismos lexicais baseia-se na concepção interacionista defendida por Antunes (2008), em
que se busca trabalhar a língua em situações reais de comunicação.

O VIRTUAL E O REAL: A LÍNGUA DO FACEBOOK NA ESCOLA


Renise Cristina SANTOS – UFMG
renisecs@ig.com.br

Na sala de aula de língua portuguesa, ainda é, de modo geral, prática comum ensinar a língua escrita
especificamente em contextos formais, ignorando as circunstâncias nas quais a modalidade escrita
vem sendo usada de um modo mais informal ou despreocupado com regras gramaticais. Entretanto,
existem várias situações em que isso ocorre e os alunos sabem disso, principalmente quando fazem
uso da rede social Facebook, na qual, normalmente, tem-se um uso linguístico mais despojado,
abreviado, com grafia alterada ou com palavras novas e específicas desse contexto de uso. O
objetivo deste trabalho, portanto, é evidenciar a análise realizada sobre a escrita presente nessa rede
social, mostrando que esse aspecto, levando-se em conta a inovação lexical, pode e deve ser
trabalhado em sala de aula, tendo em vista o desenvolvimento da competência lexical. A
metodologia adotada foi a descrição das unidades lexicais neológicas, destacando-se os aspectos
mais produtivos, além da inserção da perspectiva sociolinguística referente aos usuários dessa rede
virtual. Diante da tipologia de processos neológicos presente no ambiente virtual em foco, recebeu
destaque especial o neologismo gráfico, uma vez que o ambiente virtualem análise permite ao
usuário fazer alterações na grafia da escrita, considerando-se o contexto comunicacional em que se
encontra e o interlocutor com quem se comunica. Diante disso, selecionou-se para este trabalho um
número de trinta unidades lexicais neológicas, numa pequena amostragem das palavras novas que

264
estão entrando no português do Brasil por meio da Internet. Para a identificação de neologismos,
adotou-se o critério lexicográfico. Como fundamentação teórica, este trabalho se apoiou em
importantes textos teóricos como os de Guilbert (1975) e Alves (1990), na conceituação de neologia
e neologismo; e Ferraz (2006), no que diz respeito à análise do corpus.

NEOLOGISMOS E DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEXICAL, A PARTIR DE


QUERÔ - UMA REPORTAGEM MALDITA
Ruy Maurício Azevedo MORATO – UFMG
ruymorato@hotmail.com

A partir de uma análise preliminar do livro Querô – Uma reportagem maldita, de Plínio Marcos, foi
possível perceber a riqueza vocabular presente em todo o texto, com vocábulos que por si sós já
caracterizavam um dialeto social. OBJETIVOS: A partir da análise do romance supracitado,
apresentar adescrição dos neologismos lexicais na perspectiva do ensino do léxico, de modo a
contribuir para o desenvolvimento da competência lexical. QUADRO TEÓRICO-
METODOLÓGICO: Partindo da hipótese de que a obra acima apresentava, pela caracterização da
linguagem dos personagens, um vocabulário especial, encontramos nesse vocabulário variados tipos
de neologismos lexicais. Posteriormente, após a extração desses itens lexicais, vinculamos os
neologismos e seu estudo ao desenvolvimento da competência lexical. Conforme Sandmann (1991),
ser competente no uso da língua é o que nos permite compreender palavras novas e utilizá-las.
Além disso, poderemos formar unidades que sejam funcionais, evitando outras que somos capazes
de julgar, boas ou más formações. O neologismo é compreendido aqui como o elemento resultante
do processo de criação lexical (ALVES, 2004). E a identificação do item lexical como neologismo
seguirá o critério lexicográfico (FERRAZ, 2006). Segundo Basílio (2004, p. 90), a competência
lexical é o “conhecimento internalizado do falante nativo sobre o léxico de sua língua, abrangendo
itens lexicais, relações lexicais e processos de formação”. Conhecimento esse que, segundo
Sandman (1991, p. 14), além de fixar regras que conduzem à formação de novas unidades, também
limitam essas formações, gerando bloqueios e restrições de unidades não previstas pelo sistema
linguístico. RESULTADOS: Com a coleta de neologismos lexicais, foi possível estabelecer uma
ampla discussão em torno do ensino de palavras novas na sala de aula. Com isso, foram organizadas
algumas propostas de atividades pedagógicas, possíveis de serem aplicadas em sala de aula, visando
ao desenvolvimento da competência lexical.

A INFERÊNCIA DO SIGNIFICADO LEXICAL NA LEITURA DE TEXTOS HUMORÍSTICOS


PRESENTES NOS LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS
Geraldo José Rodrigues LISKA – UFMG
geraldliska@hotmail.com

Este trabalho investiga o tratamento do sentido lexical nos livros didáticos de Língua Portuguesa.
Observando-os quais abordam a inferência da significação dos itens lexicais por meio da seleção
criteriosa das palavras a fim de produzir efeitos de sentido, lembrando a particularidade, a
significado que e multissignificação e a polissemia no contexto e na situação comunicativa em que
as palavras estão inseridas. Limita-se, neste trabalho, a análise do item lexical em relação aos
gêneros textuais humorísticos. Deve-se trabalhar o aluno a conscientização dos traços intra e
interlinguísticos, semânticos e pragmáticos, que permeiam o funcionamento da língua e atribuem ou
desconstroem o significado das ‘coisas’ no mundo, seja de quando se trata do que é novo, do que se
está ou esteve em uso. Esses fatores são importantes para a concepção do Léxico como a base
funcional em que se estrutura a língua. O objetivo central deste trabalho é observar o tratamento de
um pequeno conjunto de textos humorísticos nos livros didáticos, mostrando como se pode destacar
os humores da palavra, com vista a favorecer o desenvolvimento da competência lexical. Foram
abordadas as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e do Currículo Básico

265
Comum (CBC) a respeito do uso dos gêneros textuais em sala de aula (focando o de interesse para
este trabalho) e, neles, o envolvimento com a seleção lexical e efeitos de sentido, fazendo com que
o aluno apreenda, reconheça e utilize recursos lexicais e semânticos de expressão, compreenda a
importância da significação de palavras e expressões e saiba identificar inadequações lexicais,
imprecisões e contradições semânticas. Enfim, o corpus utilizado compõe-se de textos humorísticos
presentes em livros didáticos de português, selecionados por mostrarem contradições semânticas
intencionais, como comprovação prática do efeito humorístico da polissemia presente nas unidades
lexicais.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO LEXICULTURAL NO ENSINO MÉDIO


Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira SILVA – UFG/CAC
meirespinheiro@yahoo.com.br

A herança linguística é o maior patrimônio que um povo possui, porém devido às mudanças, fatos,
acontecimentos e diversidades culturais as linguagens estão mudando, outras estão ganhando novos
sentidos. Nesse sentido, não podemos continuar ensinando a língua portuguesa como antes, não
podemos ignorar as modificações multiculturais, as quais influenciam no valor lexical. Para ensinar
línguas é necessário contextualizar as expressões, respeitar os aspectos geográficos, culturais,
históricos e linguísticos. Assim, esse estudo será abordado com base em reflexões sobre o ensino e
aprendizagem do léxico na língua portuguesa no ensino médio, no que tange à preparação de nossos
alunos para entender os processos de sinonímia, antonímia, polissemia e homonímia não de forma
decorada, isolada e superficial, como aparecem nos livros didáticos, mas inseridas em um contexto
sociocultural, levando-se em consideração a diversidade linguística e o conhecimento prévio do
aluno. Diante de tais reflexões nos cabe questionar: Os livros didáticos ampliam o vocabulário do
aluno ou limitam?Qual a forma mais adequada de se ensinar o léxico no português, para que o
ensino seja eficaz e possibilite ao aluno um maior domínio com relação a sua língua materna?Para
tentar responder, apoiaremos em estudo bibliográfico de literaturas lexiculturais e exemplificaremos
com exercícios de livros didáticos de língua portuguesa usada pelos alunos do ensino médio.
Ancorado na linguística lexical este estudo visa apresentar uma visão fechada, repetitiva e ineficaz
do ensino do léxico, por meio das atividades de vocabulário apresentadas pelos livros didáticos, os
quais definem os significados das unidades léxicas sem contextualizar, desvalorizando o
conhecimento sociocultural e linguístico do aluno. O arcabouço teórico deste estudo se
fundamenta, nas contribuições de Aparecida Negri Isquerdo (2010), Vilela (1994), Biderman( 2001;
2011), Coelho (2008) e Eliana Dias (2006) dentre outros teóricos que trilham pelo mesmo caminho.

O LÉXICO COMO EXPRESSÃO DE CARGA CULTURAL DA LÍNGUA PORTUGUESA


Suzana Ferreira PAULINO – UFPE
suzanafpenglish@yahoo.com.br
Noadia Íris da SILVA – UFPE
noadia100@yahoo.com.br

O léxico é o objeto de estudo da lexicologia e sua origem vem do grego lexicon que tem, em sentido
lato, o significado de vocabulário. É a estrutura linguística menos sistemática e depende da
realidade extralinguística. Ele é constituído pelos morfemas, que constituem suas unidades básicas,
podendo ser morfemas lexicais e gramaticais. Assim como a língua portuguesa, toda língua é
constituída fundamentalmente por duas classes de palavras: as que representam o mundo
extralinguístico e as que representam as palavras instrumentais. As que representam o universo
extralinguístico nomeiam as coisas, qualidades e processos e são constituídas pelo verbo, o adjetivo,
o substantivo e o advérbio nominal. As classes que representam as palavras instrumentais
organizam a estrutura interna das línguas e funcionam apenas inseridas no sistema linguístico. Esta
pesquisa tem por objetivo geral pesquisar a carga cultural das palavras do léxico da língua

266
portuguesa, analisando a importância desses aspectos nas seleções lexicais de seus falantes,
ressaltando a relação cultura-léxico-ensino/aprendizagem de língua portuguesa em uma abordagem
sócio-interacionista. Adotamos uma perspectiva discursiva que compreende a língua como
fenômeno sócio interativo, histórico e cognitivo. O trabalho está baseado nos pressupostos teóricos
de Carvalho (1999), Gallisson (1989), Biderman (2001), entre outros, com seus trabalhos sobre o
léxico. Constatamos que a relação do léxico e cultura é intrínseca e podemos afirmar que conhecer
essa relação facilita a aprendizagem da língua em sala de aula, a compreensão dos falantes sobre
seus aspectos culturais, no que se refere à organização extralinguística da língua, ajudando os
estudantes a significar o mundo.

ANÁLISE DA ESCOLHA LEXICAL NO ESTUDO DE PROVÉRBIOS EM LDP


Ana Paula Gonçalves SANTOS – UFMG
aninhap1984@gmail.com

Os provérbios são expressões populares que constituem parte do léxico da língua e estão presentes
nas diversas esferas discursivas. São enunciados que fazem parte da cultura de um povo. São
carregados de ideologia, polifonia, autoridade, sendo por muitas vezes tidos como uma verdade
absoluta e consagrados por uma comunidade linguística, que os transmite de geração para geração.
Apesar de toda a mudança de concepção de língua e linguagem trazida pelas ciências linguísticas no
final do século passado e suas contribuições para o ensino de Língua Portuguesa e de esses
enunciados estarem presentes em discursos orais e escritos, formais e coloquiais, os provérbios,
mesmo considerados parte importante do léxico, ficam à margem do ensino de Língua Portuguesa.
Partindo da hipótese de que nos LDP são pouco recorrentes as atividades envolvendo provérbios na
perspectiva da competência lexical, procurou-se então empreender a análise de uma dessas
coleções. Em consideração a isso, o presente trabalho objetiva a avaliar os tipos de provérbios
trabalhados no LDP, no que diz respeito à linguagem mais ou menos elaborada e/ou mais ou menos
contemporânea, considerando a escolha lexical apresentada pela coleção. Foi então analisada a
coleção “Uma proposta para o letramento”, de Magda Soares, destinada aos anos finais do Ensino
Fundamental, por apresentar atividades em que são utilizados provérbios populares. A partir dos
resultados obtidos, podemos afirmar que, por vezes, não há o cuidado esperado em relação à
escolha dos provérbios utilizados. Como referencial teórico, o trabalho se apoiou em importantes
trabalhos no campo da Fraseologia, mais especificamente da Paremiologia, como o de Xatara &
Succi (2008). Aproveitou-se também o suporte teórico da Linguística Aplicada, através de autores
como Antunes (2003) e Val & Marcuschi (2005).

O TRATAMENTO DADO ÀS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM SALA DE AULA


Priscila de RESENDE – UFMG
prisciladeresende@yahoo.com.br

Conhecer o léxico de uma língua, de forma sistematizada, como deveria acontecer em sala de aula,
contribui significativamente para que o falante desenvolva a sua competência comunicativa. No uso
cotidiano da língua, em meio às diversas modalidades de comunicação, muitas vezes lançamos mão,
naturalmente, de certas expressões idiomáticas. A expressão idiomática é definida por Xatara (1998,
p. 149) como “uma lexia complexa indecomponível, conotativa e cristalizada em um idioma pela
tradição cultural”. Quando se trata do ensino de português como língua materna, porém, as
expressões idiomáticas não ganham a devida importância, uma vez que há poucos trabalhos
voltados especificamente para o tema. A partir disso, então, o presente trabalho tem como objetivo
principal verificar e analisar como os livros didáticos de português do ensino fundamental II,
aprovados no PNLD/2011, tratam a questão. Para tanto, foram analisadas duas coleções de livros

267
didáticos. Em recente trabalho FERRAZ & CUNHA (2010) já abordaram tal assunto é concluíram
que o trabalho com as expressões idiomáticas nos livros tem como fundamento apenas a
exemplificação do que seja o sentido figurado/conotativo. Diante disso, este trabalho tem ainda
como objetivo mostrar o que mudou em relação à importância devida às expressões idiomáticas no
contexto de sala de aula, a partir do que consta nos livros didáticos. O estudo das expressões
idiomáticas no âmbito do ensino de português como língua materna, portanto, é importante e se
justifica pelo fato de que essas expressões se constituem por suas características especiais, tanto
semânticas quanto lexicais, razão para amplas reflexões em torno de seu uso, bem como em torno
do estudo do léxico em sala de aula.

A VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA EM CO-TEXTOS LINGUÍSTICOS E EM CONTEXTOS


DISCURSIVOS
Cleide Lemes da Silva CRUZ – IFB
cleidecruz@terra.com.br

A dimensão conceitual do universo terminológico responde fortemente pelas interpretações de que


um termo é, antes de uma unidade linguística, uma unidade de conhecimento, cujo valor define-se
pelo lugar que ocupa na estrutura conceitual de especialidade. Assim, consideramos que uma
adequada compreensão das linguagens de especialidade somente se pode dar a partir do
entendimento de que os termos não existem em isolamento, nem derivam sua existência apenas de
um arcabouço lógico-conceptual, mas se manifestam, circulam e exercem sua função em situação
de uso efetivo. Neste trabalho, propomos a análise da terminologia em co-textos linguísticos e em
contextos discursivos da língua escrita e oral. Nosso objetivo é mostrar como o léxico da língua de
especialidade se apresenta no cotidiano dos estudantes do Curso Técnico em Edificações, a fim de
explorar a variação terminológica. Nessa discussão, procuramos investigar a natureza da variação
em terminologia, provocada por variáveis que determinam uma classe de objetos. Tendo em vista o
propósito revelado, faremos a coleta do léxico especializado, bem como teceremos algumas
considerações que seguem a fundamentação teórica do texto, divida em três momentos:
Inicialmente, apresentamos um breve panorama sobre a variação terminológica, enfocando que a
unidade terminológica, o termo, “pode assumir diferentes valores, de acordo com a função que uma
dada variável desempenha nos contextos de ocorrência”; em seguida, uma seção trata do constructo
teórico da variação e, finalmente, discorremos sobre a aplicação do constructo encaixando cada
ocorrência, dentro de uma das regras a fim de sistematizar estruturas léxico-terminológicas
variantes.

A AMPLIAÇÃO LEXICAL NO ENSINO ESCOLAR


Evandro Silva MARTINS – UFU
esmarti@uol.com.br

O léxico de uma língua contempla toda a experiência humana de um determinado grupo. Por meio
dele podemos aquilatar o que nossos antepassados vivenciaram e o que a sociedade humana está
privilegiando, no momento atual. O fazer dos membros desta sociedade é revestido por vocábulos
que, posteriormente, entram nos dicionários, produtos culturais, e são conhecidos por verbetes.
Estes são textos que, bem construídos, permitem ao ser que os domina se relacionar com o grupo
em que se encontra e crescer intelectualmente. Assim, é consabido que a ampliação lexical permite
um domínio maior do mundo em que vivemos, permitindo apropriamos das experiências já vividas.
No entanto, na nossa experiência docente, acompanhando nossos estagiários nas escolas de ensino
fundamental e médio temos notado a pouca importância relegada ao estudo do léxico. Uma das
causas, possivelmente, é o desconhecimento da Lexicologia e Lexicografia, por parte do corpo

268
docente, responsável pela Língua Portuguesa, já que estas ciências há pouco tempo entraram nos
currículos universitários e, quase sempre, como matéria optativa. Além disso, poucas escolas
possuem boas obras de referências e muitas delas somente contam com os minidicionários que são
distribuídos fartamente nas escolas brasileiras, mais por uma questão de preço e marketing do que
por qualidade. Quanto ao trabalho com o léxico, no Ensino Fundamental, muita vez os professores
se limitam a mandar os alunos buscarem no dicionário o sentido de algum vocábulo. O aluno, sem
um acompanhamento adequado, volta-se para a primeira acepção encontrada e, assim, não logram
o resultado esperado. Esta comunicação pretende salientar a importância do léxico para melhorar a
competência textual do aluno e, para isso, propor algumas estratégias que, realizadas no Ensino
Fundamental.

PARA O ENRIQUECIMENTO DO REPERTÓRIO DISCENTE


Darcília Marindir Pinto SIMÕES – UERJ
darciliasimoes@gmail.com
Eleone Ferraz de ASSIS – UERJ
leo.seleprot@gmail.com
(Apoio CNPq/UERJ).

Essa apresentação visa a demonstrar a pesquisa em andamento “Iconicidade em Eça de Queiroz:


leitura para o domínio da língua (fase II)”. OBJETIVOS: explorar os contos de Eça de Queiroz,
com vista a não só familiarizar os alunos com a leitura dos textos clássicos, mas, principalmente,
promover o enriquecimento do domínio lexical discente. Considerando o humor como marca do
texto eciano, elegemos o humor-irônico (a ironia) como subtema para apuração das trilhas léxicas
presentes na superfície dos contos. BASE TEÓRICA: A Teoria da Iconicidade Verbal e
Funcionalismo de Halliday são a moldura teórica com que se vem investigando a presença de trilha
lexical que comprove a produção da ironia nos contos-córpus. HIPÓTESES: a principal é de que o
léxico ativado nos textos materializa recortes temáticos subjacentes ao tema principal; a secundária
é de que o texto clássico é fonte segura de aquisição de itens léxicos (além dos ganhos
enciclopédicos decorrentes). RESULTADOS PARCIAIS: (a) no plano dos textos em estudo, já foi
possível verificar a existência das trilhas que orientam a leitura para captar a ironia nos contos
ecianos; (b) o estudo do léxico nos contos ecianos tem despertado o interesse dos graduandos para a
leitura da obra do autor em foco; (c) o conteúdo socio-histórico dos textos tem aguçado a leitura
crítica dos discentes, promovendo a discussão comparativa de fatos históricos da época dos contos
com a realidade atual. O engajamento dos estudantes no trabalho com um tipo de texto cujo uso
didático hoje é discutível vem constatar não apenas a seriedade com que os jovens se ocupam da
pesquisa, mas, sobretudo a alegria das descobertas que resultam da leitura de cada conto, uma vez
que o estudante se conscientiza da riqueza do texto clássico, tanto no plano linguístico quando no
plano socio-histórico.

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NA SALA DE AULA: UMA PERSPECTIVA DE ENSINO A


FAVOR DO ENRIQUECIMENTO LEXICAL
Aline Luiza da CUNHA – UFMG
alineluizac23@gmail.com

As expressões idiomáticas são unidades lexicais versáteis, capazes de expressar sutilezas do nosso
pensamento através de metáforas, graças à sua característica principal, o valor semântico que é
sempre conotativo. Ao utilizar uma expressão idiomática, o indivíduo transmite uma mensagem que
vai muito além do significado literal de cada componente da expressão, uma mensagem capaz de
evidenciar as experiências cotidianas e aspectos culturais de uma comunidade linguística. A

269
presença das expressões idiomáticas é muito recorrente na fala, mas também, é possível encontrá-
las em um número bastante expressivo na linguagem escrita. A publicidade escrita, por exemplo,
faz uso das expressões idiomáticas principalmente pela função que elas desempenham. Entretanto,
se por um lado são recorrentes no cotidiano dos falantes, por outro lado elas não recebem tanta
atenção no ensino do léxico. Um dos principais motivos que contribui para a marginalização das
expressões idiomáticas em sala de aula deve-se ao fato de essas estruturas pertencerem ao nível
coloquial da língua. Além disso, muitos professores negligenciam o trabalho com esse tipo de
fraseologia em sala por não o conhecer a fundo. Tal fato evidencia um problema muito maior, a
escassez de estudos relativos às expressões idiomáticas no âmbito do ensino do léxico,
especialmente no português como língua materna. Considerando a interface expressões idiomáticas
e língua materna, este trabalho tem por objetivo principal trazer reflexões sobre o uso das
expressões idiomáticas encontradas na publicidade de revistas noticiosas (Veja, Istoé, Época) dentro
de sala de aula para o enriquecimento lexical do aluno/falante. Além disso, apresentaremos, como
amostra do que é possível fazer em sala de aula, atividades didáticas que privilegiam o trabalho com
as expressões idiomáticas contextualizadas em textos publicitários autênticos.

ENSINO DO LÉXICO EM LÍNGUA MATERNA: USOS E SISTEMATIZAÇÃO DE


FUNCIONAMENTO ENUNCIATIVO
Elza CONTIERI- UNIFESP
elzacontieri@ig.com.br

No universo da linguagem, sabe-se que o estudo do sentido relacionado à análise dos variados usos
lexicais toca em questões cadentes. Em relação a questões de ensino, sobretudo, verifica-se que não
se consegue abarcar a riqueza semântica dos usos linguísticos, visto que há, predominantemente, em
língua materna, uma prática educacional que pouco evidencia as múltiplas possibilidades
semânticas que envolvem o usuário e a língua. Desse modo, tanto atitudes do educador face à
língua, quanto práticas de ensino devem ser reavaliadas. Nosso objetivo, nesse trabalho, é o de
apresentar atividades reflexivas sobre o ensino do léxico e de seus processos de significação em
língua portuguesa tomando por fundamento o verbo “partir”, analisado em suas diferentes
construções sintáticas e sob a ótica das várias acepções que lhe são conferidas. Mais precisamente,
busca-se promover a oportunidade de reflexão constante acerca do funcionamento da língua,
rompendo com a crença de que unidades linguísticas são dotadas de “conteúdos intrínsecos”, o que
impede uma melhor compreensão de seu funcionamento na sintaxe das orações. Para tanto,
utilizaremos como corpus exemplos extraídos de fontes lexicográficas reconhecidas, em particular
Borba (1991). Como instrumental teórico, fundamentamo-nos na Teoria das Operações
Enunciativas (TOE), de Antoine Culioli (1990), que compreende o sentido como o resultado das
relações que as unidades linguísticas operam para compor os enunciados. Nota-se, por meio desse
viés teórico, que a identidade semântica da unidade – no caso, a do verbo em questão – deve ser
buscada no próprio desenrolar do processo enunciativo. Por conseguinte, por meio de nossas
análises, embora em andamento, já se pode notar um funcionamento operatório que aproxima
acepções tão díspares quanto “ir embora” e “despedaçar”, para citar apenas dois dos valores que lhe
são atribuídos. Dar conta dessas proximidades de funcionamento é de suma importância para um
trabalho de linguagem diferenciado em sala de aula.

UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA EXPRESSÃO EM OUTRAS PALAVRAS EM ARTIGO DE


OPINIÃO
Fernanda Teixeira da Costa MENDES – UFMG
ftmendes@veloxmail.com.br

Este trabalho analisou a expressão em outras palavras, em artigos de opinião da revista “Isto é”,
com o objetivo de investigar suas propriedades sintáticas, semânticas e pragmáticas. Partiu-se da

270
hipótese de que em outras palavras seria um conector reformulativo. Para verificação dessa
hipótese, apresento a distinção entre reformulação parafrástica e não-parafrástica proposta pelo
Modelo de Análise Modular do Discurso. Em seguida, descrevo a expressão em outras palavras,
com base nos seguintes critérios para identificá-la como marca de reformulação parafrástica:
existência de relação parafrástica com relativo grau de equivalência semântica; presença da
expressão reformulativa; posição da expressão; localização do enunciado que provocou a
reformulação; substituição por expressões sinônimas; comparação dos segmentos com e sem
conectores; funções pragmáticas. A análise mostrou que em outras palavras é um conector de
reformulação parafrástica; pode ou não introduzir o segmento reformulado; pode ser substituído por
expressões reformulativas como isto é e ou seja; o segmento que provocou a reformulação pode
estar ou não em posição imediatamente precedente à sequência reformulada; os trechos analisados
sem a presença do conector em outras palavras pode sinalizar relações argumentativas. Essas
características evidenciaram as seguintes propriedades de em outras palavras: forma fixa com
relativa mobilidade, característica que aproxima essa expressão das locuções adverbiais (sintática);
mantém-se uma predicação de identidade em relação ao ponto de vista inferível com a enunciação
do segmento que provocou a reformulação (semântica); o segmento reformulado introduz uma
explicação para esclarecimento de uma informação (pragmática). A investigação dessas
propriedades possibilitou compreender o funcionamento de em outras palavras como conector que
instrui o leitor no processamento do sentido das informações, de modo a guiá-lo no percurso
interpretativo.

DICIONÁRIOS ESCOLARES: CONTRIBUIÇÕES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DO


LÉXICO
Cacildo Galdino RIBEIRO – UFG
gal_rib@hotmail.com

Tendo em vista a necessidade de estudos sobre como o dicionário escolar está sendo utilizado nas
escolas públicas brasileiras, surgem pesquisas, ainda que em pequeno número, feitas por estudiosos
interessados pelo assunto. Verifica-se nas bibliografias especializadas as contribuições que a
lexicologia pedagógica, a lexicografia e a metalexicografia têm dado às pesquisas sobre a prática do
uso dos dicionários escolares nas escolas brasileiras. Falamos de pesquisas que se preocupam com o
ensino do léxico, tendo como ferramenta pedagógica o dicionário escolar. Especialmente no
contexto das escolas públicas brasileiras, somente com o PNLD/2000 os dicionários foram inseridos
como material pedagógico necessário ao processo de ensino-aprendizagem da língua materna. Ao
contrário do livro didático, o dicionário é uma ferramenta ainda pouco explorada nas escolas. A
última distribuição de dicionários pelo MEC às escolas públicas foi em 2007, conforme o
PNLD/2006, depois de terem sido avaliados por estudiosos da linguagem que se preocupam com o
ensino da Língua Portuguesa e do léxico. Nesse sentido, este estudo tem o objetivo de revisar os
conceitos e concepções de estudiosos acerca da importância e necessidade do uso dos dicionários
escolares nas escolas, ressaltando aspectos fundamentais sobre as propostas pedagógicas mais
acertadas que contribuem no processo de aquisição do léxico dos alunos em diferentes faixas de
maturidade linguística. Reserva-se a este estudo apenas a utilização de bibliografias escritas em
língua portuguesa, incluindo-se livros, capítulos, dissertações e teses, inclusive de pesquisadores
que compuseram a comissão de avaliação dos dicionários do PNLD/2006. Trata-se de um estudo
bibliográfico e iniciante que fará parte da dissertação de Mestrado em Estudos da Linguagem,
recentemente iniciado na Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão.

O ENSINO DO LÉXICO E O DICIONÁRIO TEMÁTICO INFANTIL


Sheila de Carvalho Pereira GONÇALVES – UNESP
sheilacpgoncalves@yahoo.com.br

271
Os assuntos relacionados ao uso do dicionário na sala de aula estão sendo amplamente debatidos na
atualidade. Nosso trabalho repousa na lexicografia pedagógica e é resultado de uma pesquisa de
doutorado que tem como cerne a produção de um dicionário temático infantil, denominado por nós
de DTI, cujo público-alvo são alunos do ensino fundamental em fase de consolidação do domínio
da escrita. A metodologia por nós adotada foi a seguinte: (i) seleção dos dicionários do tipo 2,
previamente analisados e aprovados pelo Programa Nacional do livro didático do Ministério da
Educação e Cultura –PNLD/MEC-2006, a saber: Dicionário Escolar da Língua Portuguesa Ilustrado
com a Turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo, Caldas Aulete, editora Nova Fronteira, 2005;
Dicionário Ilustrado de Português de Maria Tereza Biderman, editora Ática; 2004; Dicionário da
Língua Portuguesa ilustrado, editora Saraiva Júnior, 2005; (ii) análise da macro e microestrutura das
obras selecionadas; (iii) seleção dos campos temáticos a partir de pesquisas realizadas com alunos
de escolas públicas e particulares e (iv) seleção das unidades léxicas para comporem a nomenclatura
do DTI a partir dos campos temáticos selecionados pelos alunos. Dois motivos principais
conduziram nossa pesquisa e nos levaram à elaboração dessa proposta de dicionário temático:
primeiro por acreditarmos que uma obra lexicográfica de organização onomasiológica, em que se é
possível ao consulente perceber a relação das palavras, pode contribuir sobremaneira com o ensino
do léxico e, depois, por acreditarmos na importância do dicionário enquanto material didático e
como ferramenta no ensino e aprendizagem do léxico. Como resultado final, esperamos contribuir
com o propósito de um dicionário mais didático, qualitativo e adequado ao público em questão e
que possa ser útil na sala de aula de Língua Portuguesa e consequentemente no ensino do
vocabulário.

O USO DO DICIONÁRIO COMO MEDIADOR NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


PARA ALUNOS SURDOS: EM BUSCA DE UMA METODOLOGIA FUNCIONAL
Bárbara Neves SALVIANO – UFMG
barbarasalviano@msn.com

A educação dos alunos surdos tem sido objeto de discussão, especialmente desde que a escola
inclusiva foi proposta pela legislação vigente no Brasil. As dificuldades que muitos professores de
português enfrentam para lecionar para alunos portadores de surdez em turmas de maioria ouvinte
se devem, em geral, à falta de método e instrumentos didáticos adequados. Muitos elementos nos
permitem afirmar que o bom uso de dicionários em sala de aula de português com alunos surdos
contribui em muito para o desenvolvimento da competência lexical em Língua Portuguesa. Partindo
da hipótese de que há grande defasagem no que diz respeito à quantidade e qualidade de material
didático específico para educação dos surdos em escolas regulares no Brasil, neste trabalho o
objetivo central é mostrar a importância de se usar e como usar dicionários de língua, tanto da
Língua Portuguesa como da Língua Brasileira de Sinais, como auxílio na promoção do ensino de
Português ao sujeito surdo. Como metodologia de trabalho, desenvolvemos alguns procedimentos
didáticos, mostrando como dicionários podem contribuir para que os surdos compreendam aspectos
da Língua Portuguesa normalmente percebidos pela audição. Para tanto, foram selecionados os
principais dicionários brasileiros: Dicionário Houaiss da língua portuguesa, de 2009; Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa, de 2010, Dicionário Caudas Aulete, de 2007 e Dicionário
enciclopédico ilustrado trilíngüe da língua de sinais brasileira, 2001. Para a elaboração deste
trabalho contou-se ainda, como fundamentação teórica, com textos de Biderman (2000) e Hofling
(2000), Quadros (1997), Faria (2001) e Longo. Enfim, propor metodologias que vão além de um
livro didático, como o uso dos dicionários já disponíveis e em circulação, possibilitará oferecer aos
alunos surdos acesso amplo à Língua Portuguesa, tão importante nos círculos sociais nos quais
estão inseridos.

O DICIONÁRIO ELETRÔNICO COMO FACILITADOR DE PESQUISA E AQUISIÇÃO DE


NOVAS UNIDADES LEXICAIS

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Jaciara Mesquita ROSA – UFG
jrmesquitabr@yahoo.com.br

Não é mais novidade afirmar que os estudantes de hoje, cercados por tecnologias audiovisuais,
precisam de um aprendizado na sala de aula diferente do modelo iluminista adotado ainda hoje por
grande parte das escolas e pelos seus professores; estes devem se atentar a essas necessidades e
trabalhá-las dentro da perspectiva de um mundo multimídia, em que o acesso à internet e a
programas interativos na TV pode ser controlado. Neste sentido, o presente trabalho tem como
objetivo mostrar que a leitura e a pesquisa de palavras podem tornar-se interessantes, se realizadas
em um dicionário eletrônico. O dicionário, por sua natureza de memória lexical, se bem usado pelo
professor, pode despertar no aluno um mundo novo de conhecimentos e interesses pela língua, ou
outras línguas inventariadas na obra. É sabido que no léxico português do Brasil há várias palavras
estrangeiras e que já foram dicionarizadas, incorporando-se ao nosso vocabulário e ao nosso
cotidiano. Trataremos, então, da influência francesa na língua portuguesa do Brasil, com seus
empréstimos e estrangeirismos, observando que, através do dicionário, as aquisições de vocábulos
de outros idiomas passam a integrar nossa língua e, sobretudo, nossa cultura. Para isso, faremos um
recorte no dicionário eletrônico português (HOUAISS, 2001) e mostraremos a inserção desses
galicismos no léxico português. Para comprovar a origem francesa, utilizaremos o dicionário “Le
Petit Robert de Poche” (2009). Dessa maneira, o aluno poderá descobrir na obra lexicográfica
brasileira unidades lexicais de seu próprio vocabulário que, na verdade, são de origem estrangeira,
nesse caso, de origem francesa. O presente estudo pretende, ainda, discutir como o uso do
dicionário eletrônico pode despertar nos estudantes o interesse em adquirir um novo idioma ou, pelo
menos, novos vocábulos.

A UTILIZAÇÃO DE CORPUS NA PRÁTICA LEXICOGRÁFICA


Carolina Medeiros COELHO – UFU
carolinamedeiros@terra.com.br
Fernanda Alvarenga REZENDE – UFU
fernanda.1608@yahoo.com.br

A Lexicografia brasileira sofreu transformações significativas desde as primeiras publicações na


área. O século XX ficou marcado historicamente, pois, de acordo com Nunes (2010), nesse período
foram publicados os primeiros grandes dicionários monolíngues. A consolidação da Lexicografia no
Brasil, nos anos 1900, acarretou mudanças frequentes na história dos dicionários brasileiros. Além
da tendência de transferir as obras publicadas em papel para a mídia eletrônica, observa-se a
utilização de corpora linguísticos no fazer lexicográfico. Essa nova proposta permite que os
profissionais da área produzam obras com informações atualizadas dos verbetes, pautadas em dados
sincrônicos da língua. Com este trabalho, temos o objetivo de mostrar como o corpus pode ser
utilizado na produção de dicionários e como isso é relevante para a prática lexicográfica. Nossa
análise partiu da escolha de cinco verbos, a saber: agarrar, apanhar, catar, pegar e tomar.
Pretendíamos verificar se esses verbos tinham uma acepção em comum e se isso permitiria que eles
ocorressem num mesmo contexto linguístico que codifica a ação de “tomar posse de um objeto para
si”. Além disso, buscamos identificar uma acepção particular de cada um e, assim, justificar seus
usos em contextos bem específicos, nos quais a substituição por qualquer outro verbo parece não ser
possível. Como suporte, utilizamos o Dicionário da Língua Portuguesa (Aurélio, 2010) e o
Dicionário: sinônimos e antônimos (Houaiss, 2008). Com base nas acepções identificadas nos
dicionários, comprovamos empiricamente, a partir dos dados coletados do Corpus do Português,
que existe uma acepção comum aos verbos analisados, o que explica sua ocorrência em um mesmo
contexto linguístico, embora assumam acepções particulares a depender do contexto.

GRUPO TEMÁTICO 41: O latim e o ensino de português

273
COORDENADOR: João BORTOLANZA (UFU) – jbortolanza@uol.com.br

O Latim é fundamental para o ensino de Português? Esta é uma questão não suficientemente
abordada em nosso País, que abandonou o estudo do Língua Latina desde a década de 1960,
justamente no começo da democratização da educação pública. Que conteúdos acabaram sendo
excluídos da prática de ensino de nossa Língua Portuguesa, bem como de outras línguas modernas,
e que seriam fundamentais para um estudo em profundidade da língua? Sem dúvida, Língua é um
processo, mas é também um produto de todo um fazer-se da cultura do povo ou povos que a
construíram e mantiveram, adaptando-a e modificando-a. A língua é o veículo dessa cultura que se
veio construindo em palavras e textos. Para estudá-la em profundidade cumpre conhecer sua
diacronia. O Latim é o terminus a quo indispensável para o conhecimento do terminus ad quem do
português atual e dos estágios anteriores nesses mais de oitocentos anos de produção. Quais as
perspectivas para o professor em formação e para o professor em atividade e como chegar à fonte
de nossa Língua, para um ensino mais eficaz? Que experiências vêm sendo desenvolvidas para um
ensino de Língua e Literatura que vise também ao viés diacrônico? O Grupo Temático “O Latim e o
Ensino de Português”, iniciado no I SIELP, pretende contribuir para a retomada desse viés histórico
e filológico no ensino de Língua e Literaturas Portuguesas. Neste II Simpósio Internacional do
Ensino de Língua Portuguesa, a UFU quer continuar a discussão da importância do estudo de Latim
enquanto conteúdo fundamental para o licenciado em Letras.

DAS PARTES DA ORAÇÃO ÀS CLASSES GRAMATICAIS


Luiz Roberto Peel Furtado de OLIVEIRA – UFT
luizpeel@uft.edu.br

A prática dos estudos clássicos aprimora a análise lógica e a percepção estética; desenvolvendo,
ainda, a percepção da necessária e profícua conjunção dos estudos da ciência com os estudos das
humanidades e das artes. Ou seja, proporcionando ao acadêmico o conhecimento histórico-
pragmático da Língua e da Literatura Latina, dirigido para a compreensão lógica do fato linguístico
pancrônico, torna-se possível o desenvolvimento de sua capacidade de análise, síntese, interpretação
e avaliação crítica, almejando sempre uma aprendizagem significativa para a atuação profissional
futura com a língua portuguesa. Este trabalho apresenta, como princípios para atingir esses
objetivos propostos, os seguintes pontos: o conhecimento do fato linguístico latino por meio de
textos, isto é, de dentro para fora (do concreto para o abstrato), sendo que os textos utilizados são
aqueles das primeiras gramáticas latinas; a compreensão do fato linguístico como um fenômeno
pancrônico; a aplicação do conhecimento adquirido em traduções de textos simples latinos e na
interpretação do fato linguístico português; a inferência dos fatos linguísticos em categorias
pragmático-lógicas; a avaliação da própria práxis hermenêutica; o aproveitamento dos saberes e
aprendizagens adquiridos fora do ambiente acadêmico, para que o processo não se construa afastado
da práxis cotidiana; e a articulação de teoria e prática através de ações educativas capazes de
instrumentalizar o aluno para a metodologia de incorporação dos saberes da área de Letras. O norte
teórico deste trabalho é composto pela filosofia da linguagem de Bakhtin e pela semiótica europeia.

DE PRIXCIANO À SINTAXE NORMATIVA


Bárbara de Freitas FARAH – UFT
barbarapibic@gmail.com

A vivência dos estudos clássicos desenvolve a percepção pancrônica do fenômeno linguístico,


ampliando a necessária e profícua conjunção dos estudos da ciência com os estudos das
humanidades e das artes. Neste trabalho, partindo do tratado de Prisciano, talvez a primeira
apresentação detalhada de uma sintaxe latina, e visando à gramática normativa, abordamos,
também, o tratado acerca da sintaxe de Apolônio Díscolo (fonte e origem das afirmações do

274
tratadista latino), relacionando-o, por conseguinte, com as afirmações de Prisciano e da Gramática
Normativa da Língua Portuguesa. O corpus para análise
foi composto por frases de Mário de Andrade, presentes nos 'Contos Novos', e a apreciação tem
como substrato epistemológico a Semiótica, não restringida aqui a uma escolha entre a americana e
a europeia, mas como conjunção dialética de saberes acerca do processo sígnico, ou semiose, sendo
que os autores que mais obtiveram êxito nesta empreitada foram Fontanille e Landowisk, que
fizeram uma síntese das abordagens citadas acima, propondo uma interdisciplinaridade profícua e
inteligente. O norte teórico deste trabalho é composto, ainda, pela Fenomenologia (Husserl e
Merleau-Ponty). No quadro teórico-metodológico predomina a abordagem qualitativa, pois não
entramos em detalhes de cunho quantitativo, já que o que nos interessa é simplesmente o estudo do
fenômeno diacrônico como criador de uma cultura linguística madura. Os resultados da pesquisa se
dirigem, ainda, à publicação de livro sobre os tratados gramaticais compostos nos períodos clássico
e medieval da língua latina.

PREFIXO: DO VOCÁBULO LATINO AO VERNÁCULO


Frederico de Sousa SILVA – UFU
fredericosousa@uol.com.br

A língua latina, quase excluída das salas de aula do Ensino Superior, é de suma importância para o
ensino de língua portuguesa. Não só conhecer o idioma de Cícero, mas também estudá-lo por meio
da sua gramática, história, filosofia e literatura, permite ao aluno de Letras um aprofundamento nas
questões de língua portuguesa. Para esta apresentação no II SIELP (Simpósio Internacional de
Ensino de Língua Portuguesa), na Universidade Federal de Uberlândia, organizado pelo Instituto de
Letras e Linguística, propomos uma continuação de estudos que visem à articulação em língua
portuguesa dos prefixos latinos, cuja incidência é vasta e de suma importância para o entendimento
da formação de vocábulos e consequentemente assimilação de sentidos e significados. Dessa
maneira, discutiremos um estudo mais voltado para a estrutura da língua portuguesa, embora hoje se
priorizem diferentes estudos, talvez voltados mais à análise do discurso, do que um estudo mais
acurado do nosso vernáculo. Por meio desse tipo de partícula latina, o prefixo, podem-se discutir em
sala de aula aspectos relacionados à etimologia em língua portuguesa, bem como verificar uma
formação de palavras diferente da usualmente estudada e, assim, propor uma nova formação de
palavras que priorize aspectos ligados, de fato, à língua latina. Para este SIELP, o estudo desse afixo
latino dará atenção a algumas partículas que formam, em língua portuguesa, nomes e,
principalmente, verbos. Desse modo, selecionaremos prefixos como ad-, pre-, de-, se- e alguns
outros que participam ativamente da formação de vocábulos em língua portuguesa, como o uso de,
por exemplo, ¬se- em separar e segregar.

O CONSERVADORISMO DO PB E O ENSINO DE LATIM: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES


Luiz Henrique Milani QUERIQUELLI – UFSC
luizqueriquelli@yahoo.com.br

Este trabalho pretende oferecer uma síntese do debate em torno do suposto conservadorismo do
português brasileiro (PB) e aventar algumas implicações positivas dessa questão para o ensino de
latim no Brasil. A tese do conservadorismo do PB é bastante propalada entre os pesquisadores que
debatem as diferenças entre a língua do Brasil e o português europeu (PE). Em suma, tal tese -
levantada inicialmente por Serafim da Silva Neto, na década de 50 - consiste em afirmar que grande
parte das diferenças entre o PE e o PB se deve ao fato de que este último conservou aspectos do
português arcaico, trazido à América no século XVI, enquanto que o PE teria inovado em relação a
eles. A primeira parte do trabalho faz uma apresentação do debate em torno da questão. Nela, são
discutidas questões epistemológicas subjacentes eanalisados especialmente fatos fônicos e sintáticos
que endossam a tese. A segunda parte discute possíveis implicações do conservadorismo do PB

275
para o ensino de latim no Brasil, particularmente em cursos de Letras-Português, no qual se formam
professores de língua portuguesa que atuam no Ensino Básico. Esta parte pretende mostrar que
alguns dos conservadorismos do PB que o ligam ao PA estão diretamente relacionados ao latim,
língua que lhe serviu de substrato. A partir disso, sugere que um ensino de latim capaz de salientar
tais conexões - que associam as particularidades do PB diretamente à
sua herança latina - dá mais sentido ao estudo dessa língua antiga a um estudante brasileiro e, ainda,
contribui para que ele valorize sua própria língua, desfazendo o mito de que o PB deturpa o PE.
LÍNGUA LATINA NOS CURRICULA DE LP NUMA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS
CULTURAIS
Wellinton Ferreira LIMA – UNIFAL
wellington.lima@unifal-mg.edu.br

O Latim nos curricula das licenciaturas em Língua Materna passa por um estrangulamento em boa
parte das instituições brasileiras - sobretudo nas particulares - como levantado pelo II Encontro de
Professores de Latim (Campinas – 2011). O estrangulamento que se agravou, sobretudo, após a
homologação do parecer CNE/CES 492/2001 e da Res. CNE/CP 02/2002 é combatido, muitas
vezes, a partir das “Diretrizes para o aperfeiçoamento do ensino/aprendizado de língua portuguesa”,
de 1986, que, além da caducidade da legislação, peca pela brevidade com que trata a matéria (em
relação aos demais 18 itens que compõem o documento) e pela impossibilidade de dar respostas às
modernas correntes funcionalistas que dominam os curricula de Letras nos últimos anos. Tendo em
vista as formações em Língua Latina no Brasil, que não privilegiam estudos diacrônicos do
português, mas antes, concentram-se no estudo da Língua Latina em si mesma, a defesa do Latim
como complemento ou medium para os estudos diacrônicos do Português torna-se cada vez mais
difícil. Propomos uma revisão desta postura, substituindo a noção de Língua Latina como medium
ad finem, pela valorização do Latim nos cursos de Língua Portuguesa, per se, calcando-nos em dois
pontos: primeiro, o destaque ao caráter humanístico do Curso de Letras previsto nas diretrizes de
2001, apesar do pragamatismo profissionalizante das orientações. Segundo, pela recolocação das
questões de conflito entre “dominantes” e “minorias” – conflito explícito em políticas como as do
Decreto 10.639, que institui o ensino de conteúdos ligados à história afro-descendente brasileira –
por pensadores dos Estudos Culturais latino-americanos, em especial, o pensamento de Ernesto
Laclau sobre a relação ‘universal/particular’, que nos ajuda a repensar a dureza da colocação deste
conflito em fase anterior dos Cultural Studies.

O VOCABULÁRIO ERUDITO: UM MUNDO DE PESQUISAS


João BORTOLANZA – UFU
jbortolanza@uol.com.br

A Língua portuguesa atualiza a milenar história do Latim, trazendo em seu vocabulário as marcas
de sua evolução fonética, morfológica, sintática e léxico-semântica. Basta abrir um dicionário
completo ou ler um simples artigo científico para se perceber, não digo as transformações do Latim
para o Português, como se tivesse sido concluída a evolução, mas a presença de toda essa
caminhada nas formas populares e erudita do vocabulário atual. Apontam-se nesta comunicação
aspectos que poderão motivar longas pesquisas, ligadas ao tema "O Latim e o Ensino de
Português", procurando apreender em profundidade diacrônica os fenômenos de nossa língua. Serão
muitos os campos abertos para essas possíveis investigações: fundamentais serão as coocorrências
de radicais populares e eruditos ou semi-eruditos, os ditos alomorfes; não menos importante será
estudar o percurso diacrônico do significado presente em suas etapas evolutivas nos diferentes
cognatos; de alto interesse será o enfoque na regressão erudita para a formação de neonímias e
neologismos; buscar as marcas do saber elaborado na terminologia científica de cada área,
sobretudo a nossa, serão de especial conveniência. Serão passíveis de estudo os metaplasmos
reconstituídos nos alomorfes; as reminiscências latinas na morfologia e na sintaxe; a história da

276
língua e a nomenclatura gramatical; a análise sintática e a estrutura frasal latina; as marcas latinas
nas inversões e hipérbatos; o léxico e as marcas do percurso semântico das raízes. No dizer de João
Guimarães Rosa, "toda língua são rastros de velhos mistérios" e, se todo professor de Português
deve ser um filólogo, nossa tarefa de profissionais do ensino de Língua Portuguesa deve primar pela
hermenêutica e interpretação de cada vocábulo Português, em todos os documentos de ua longa
história.

GRUPO TEMÁTICO 42: O POSSÍVEL FIM DO CONFLITO ENTRE LINGUÍSTICA E


GRAMÁTICA NORMATIVA
COORDENADORA: Maria Isabel BORGES (UEL) – mariaborges@uel.br.

Duas gramáticas sobre o português brasileiro foram lançadas recentemente: Ataliba T. de Castilho
publicou “Nova gramática do português brasileiro” em 2010; enquanto Marcos Bagno, “Gramática
pedagógica do português brasileiro” em 2011. Não é novidade a relação pouco amigável entre
linguistas e gramáticos “normativistas”, como já afirmaram, por exemplo, Rajagopalan (2003) e
Borges (2010). Essa relação mal resolvida é fruto de diversas críticas a respeito do inadequado
tratamento da língua portuguesa como objeto de ensino sob o olhar da gramática normativa, na
educação básica. Alguns desses críticos são: Antunes, Bagno, Britto, Faraco, Franchi, Possenti,
Neves, Travaglia, entre outros. A crítica se tornou um dos princípios da política linguística
brasileira a partir dos “Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa” (1997). Desde
então, é um “pecado” ensinar língua portuguesa, tomando como base a gramática normativa. Na
verdade, por mais condenável que isso possa parecer, ainda se ensina língua portuguesa, por
exemplo, como se tivesse dez classes gramaticais. Entretanto, segundo Bagno (2011), a interjeição
constitui uma “bizarrice” (termo usado pelo autor). O objetivo deste grupo temático não é
apresentar mais teorias sobre a gramática do português brasileiro (terminologia usada tanto por
Castilho quanto por Bagno), e sim questionar se a relação “pouca amigável” entre linguística e
gramática normativa realmente chegou ao fim. A linguística possui a tão sonhada credibilidade por
parte dos falantes do português brasileiro? Ou a credibilidade ainda pertence à gramática
normativa? Esperamos trabalhos que tematizem: a) a relação entre linguística e gramática
normativa; b) as implicações dessas duas visões sobre o ensino do português; c) as consequências
ético-políticas em torno da nomeação/predicação “português brasileiro”.

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE UM OLHAR SOBRE A


ABORDAGEM DE LIVROS DIDÁTICOS
Maria Aparecida Silva FURTADO – UFMG
mariapfurtado@hotmail.com

A proposta, aqui, é analisar como tem sido o ensino da língua portuguesa nas escolas públicas deste
país. Será tomado como base um olhar sobre dois livros didáticos adotados nessas escolas em
décadas diferentes, sendo um do ano 1994 e o outro do ano 2009. A análise visa promover uma
reflexão sobre como o conteúdo gramatical, que é abordado conforme a gramática normativa, ainda
hoje continua sendo um objeto primordial de estudo para se ensinar a Língua Portuguesa. Dos livros
selecionados, será eleito o conteúdo gramatical verbo. Sabe-se que o ensino da Língua Portuguesa a
partir da gramática mostra-se, hoje em dia, ineficiente, mas, mesmo diante desta constatação, ainda
se verifica que ele continua sendo trabalhado nas salas de aulas praticamente do mesmo modo
conforme ocorria há décadas passadas. Sabe-se, ainda, conforme Castilho (2010, p. 99) que “em
1999, o Governo Federal editou os Parâmetros Curriculares Nacionais, que representaram um
grande avanço na política linguística, com sua ênfase nos usos da linguagem e na valorização da
língua falada”. Conforme o autor, “trata-se de um texto extraordinário, que tem motivado uma série
de iniciativas de aprimoramento do ensino” e mudança de postura no estudo da língua portuguesa.
Isso, entretanto, parece caminhar a passos muito lentos. Ao analisar as abordagens dos livros

277
didáticos acerca do conteúdo “verbo”, constata-se que, comparado ao livro de 1994, no livro
didático de 2009, houve um avanço significativo na abordagem do conteúdo, sendo, neste, levado
em consideração a situação comunicativa do uso verbal. Entretanto, apesar desse avanço, o que
ainda se percebe na abordagem atual é o predomínio do ensino das estruturais gramaticais do verbo.
Uma abordagem que repeti lições que refletem outros usos oriundos de outros momentos históricos
da sociedade brasileira e que, em alguns casos, não satisfazem a complexidade da realidade
linguística atual.

O ENSINO DOS ADVÉRBIOS EM LÍNGUA MATERNA: UM ESTUDO ENUNCIATIVO


Kelly BARBOSA – SMEC
kelly@faccat.br

O ensino de língua materna é tema de constantes discussões, apesar de hoje serem praticamente
unânimes as vozes que afirmam que o objetivo das aulas de Língua Portuguesa seja o ensino de um
bom repertório de gêneros textuais, nos quais se explore a relação forma-sentido. Há inquietações
sobre o tratamento da gramática em sala de aula, surgindo as problemáticas: deve-se ensinar
gramática nas aulas de língua materna? Como deve ser o estudo da gramática na sala de aula? Os
manuais didáticos são eficientes instrumentos metodológicos no ensino-aprendizagem de gramática,
especificamente dos advérbios? As formas linguísticas são as estruturas que se organizam e, na
constituição dos textos, atualizam a língua, convertendo-a em discurso; promovem, pois, efeitos de
sentido no texto. Em gramáticas normativas, os advérbios são concebidos como acessórios ou ideias
circunstanciais dependentes ou incidentes dos verbos, adjetivos, outros advérbios ou frases.A
linguística da enunciação, que constituirá nosso principal aporte teórico, trata dos efeitos semânticos
produzidos pela inserção do sujeito na língua em funcionamento, que implica quatro elementos: eu-
tu-aqui-agora. Em toda a extensão da língua, consoante Benveniste, conjugam-se a forma e o
sentido, de modo que o analista da língua não pode dirigir seu olhar somente para a forma, como
fazem algu estudiosos, mas contemplar o sentido decorrente da sintagmatização produzida pelo
enunciador, que sempre se inscreve em seu discurso. Assim como os índices específicos identificam
o locutor, o interlocutor, o tempo e o espaço da enunciação, os procedimentos acessórios (a
sintagmatização) promove a singularidade de cada ato enunciativo.Assim, o objetivo da pesquisa é
fazer uma análise linguística dessa classe gramatical em gêneros textuais escritos diversos como
marcas subjetivas do enunciador no discurso. Consideramos que, com essa abordagem, podem-se
propor formas de análise da gramática em textos que oportunizem ao aluno desenvolver sua
competência comunicativa.

PRÁTICAS SOCIAIS DE ESCRITA EM AMBIENTE ESCOLAR: UM ESTUDO INICIAL


Angela de Fátima SCREMIN – UEPG
afscremin@yahoo.com.br

Este trabalho faz parte de um projeto maior, em desenvolvimento e, tem por meta discutir sobre
algumas crenças existentes entre docentes do ensino fundamental, lotados na rede pública de
ensino, localizados na cidade de Ponta Grossa - PR, de que, para escrever bem precisa-se,
necessariamente, dominar todas as
regras gramaticais. O objetivo geral deste trabalho consiste em realizar um estudo a respeito do
modo como a utilização da linguagem escrita vem sendo desenvolvida pelos professores em sala de
aula. Para que essa proposta possa ser aplicada, conta com os seguintes objetivos específicos: a)
observar em sala de aula se, o que os professores dizem fazer na teoria, realmente se concretiza na
prática; b) observar se os professores e os alunos temem fazer uso da modalidade escrita; c) discutir
as crenças relacionadas aos usos da modalidade da língua escrita. Para tanto, utiliza-se, nesta
proposta de estudo, a pesquisa qualitativa além de fazer uso de alguns dos recursos usados nas
pesquisas de natureza etnográfica e da pesquisa-ação. Desse modo, a construção da hipótese

278
concentra-se nas dificuldades que a maioria dos alunos dizem ter ao escrever, as quais são
construídas com base em crenças . Nesse sentido, os resultados concentram-se, até o momento, no
modo como a escrita vista pelo ângulo da prática social possibilita uma aprendizagem livre de
nomenclaturas gramaticais estereotipadas, além de valorizar o conhecimento individual de cada
sujeito. Por fim, este trabalho procura evidenciar a importância de se considerar o sujeito como
parte do processo da aprendizagem, valorizando o seu conhecimento de mundo e, agregando a este
uma aproximação entre o conhecimento universitário e o ambiente escolar, na busca de melhorias,
de acordo com as necessidades contemporâneas e as práticas sociais atuais.

UM CONVITE À REFLEXÃO SOBRE A LEITURA E A ESCRITA NA PRÁTICA


Silvia Aparecida Medeiros RODRIGUES – UEPG
silvia1404@hotmail.com

O objetivo a que se pretende com este trabalho em fase inicial, consiste em estudar a prática
pedagógica desenvolvida pelos professores do Ensino Fundamental da Escola Municipal Deodoro
Alves Quintiliano e da Escola Estadual Francisco Pires Machado no Município de Ponta Grossa
(PR), no que se refere ao ensino da leitura e da escrita. Para tanto, faz-se necessário analisar a
prática do trabalho com a língua portuguesa realizada em sala de aula pelo professor. Tem-se por
objetivo geral ampliar as reflexões sobre o ensino da Língua Portuguesa em Ponta Grossa e sua
realização na prática escolar. Pretende-se, também evidenciar a concepção de linguagem que
permeia a prática do professor, que poderá influenciar diretamente o trabalho com a pluralidade
linguística, assim como, oportunizar momentos para os professores repensarem a prática
pedagógica quanto ao trabalho com a linguagem e, mais especificamente, com as práticas
linguísticas em contextos diversificados. Nessa primeira fase, de forma a contribuir com a discussão
proposta considera-se como hipótese que as reais causas dos problemas com a leitura e escrita não
são trazidos para reflexão no contexto escolar. A metodologia adotada à investigação é pautada pelo
estudo qualitativo, do tipo pesquisa-ação, para buscar observar a prática pedagógica do professor
em sala de aula, na realização do trabalho com a leitura e a escrita no ambiente escolar. O que se
espera com esse trabalho é que a pesquisadora, assim como o professor e as escolas possam rever
sua forma de ensinar a língua portuguesa e colaborar na busca por políticas que discutam e
reconheçam a heterogeneidade linguística presente em nossa sociedade.

POLÍTICAS DE INSTITUIÇÃO E DE UTILIZAÇÃO DAS LÍNGUAS: PARA DISCUTIR O


ESTATUTO DA ESCRITA
Djane Antonucci CORREA – UEPG
djanecorrea@uol.com.br

Este trabalho parte da hipótese de que para se compreender melhor o estatuto da escrita não se
pode renunciar à compreensão dos mecanismos que configuram as politicas de instituição e de
utilização das línguas. Da mesma forma, abaliza-se nas perdas causadas pela ausência de uma
autonomia maior por parte dos professores mediante as descrições de situações
sociolinguisticamente complexas e as consequentes aplicações e implicações dessas visões no
âmbito didático e pedagógico (Correa, 2009a, 2009b, 2011a, 2011b). Para tanto, considero
fundamentais as discussões acerca da estreita relação que se estabelece entre políticas linguísticas e
políticas de escrita, de maneira que estabeleço, como objetivo geral deste estudo, fazer um
levantamento inicial sobre a compreensão atual sobre língua(gem) que os alunos do primeiro ano
de graduação, Licenciatura em Letras, com formação em Língua Portuguesa e Estrangeira
(Espanhol, Inglês e Francês), na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná apresentam, ou
seja, sistematizar, registrar e discutir qual (ou quais) a(s) noção(ões) de (linguagem) adotada(s)
atualmente por eles para subsidiar discussões sobre ensino de língua. Os objetivos específicos são:
a) discutir políticas linguísticas e de escrita com os participantes e averiguar se tal discussão os

279
auxilia a compreender melhor os mecanismos que definem o(s) uso(s) da linguagem; b) discutir
com os professores participantes as noções de língua e de cultura; c) estabelecer um panorama atual
acerca das eficiências e deficiências dos métodos e dos conteúdos abordados nas disciplinas
relacionadas diretamente ao tema no primeiro ano do curso . Utilizando abordagens qualitativas de
pesquisa, as quais explicitarei oportunamente, os resultados, até o momento apontam para uma
maior visibilidade às indagações, dificuldades e experiências de professores em formação oriundas
de situações sociolinguisticamente complexas

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NO CURSO DE LETRAS: O FIM DO EMBATE ENTRE


LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA NORMATIVA?
Letícia FRAGA – UEPG
leticiafraga@gmail.com

Este trabalho defende da inclusão da temática das políticas linguísticas formalmente no currículo
dos cursos de Licenciatura em Letras, considerando que “o senso comum relaciona o conceito de
língua à ideia de homogeneidade” (CORREIA, 2011) e que o acadêmico, quando chega ao curso,
dispõe basicamente do senso comum, mais especificamente de suas crenças (VIEIRA-ABRAHÃO,
1996; BARCELOS, 2004) sobre o que seja língua(gem), gramática, norma etc. Essas crenças em
geral não são postas à prova em um currículo conteudista, pois este não exige que os alunos
desenvolvam a capacidade de lidar com a enorme gama de informações que recebem
(MARCUSCHI, 2009). Do ponto de vista metodológico, este trabalho insere-se na perspectiva da
pesquisa-ação (BARBIER, 2002), a partir do momento em que considera a trajetória de uma década
de trabalho da proponente com a disciplina de Introdução aos Estudos Linguísticos, presente no
currículo da Licenciatura em Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Esse envolvimento
permitiu algumas revisões não somente dos conteúdos tratados na disciplina, como também a
inclusão do trabalho voltado para o desenvolvimento de habilidades que permitam que o acadêmico
não somente se aproprie de saberes, como exproprie “certezas”, construindo-se como sujeito crítico
(MARCUSCHI, 2009). Como resultados iniciais, consideramos necessário: a) que o escopo da
disciplina se amplie; b) não insistir em equívocos tão comuns, presentes, por exemplo, nos
chamados documentos oficiais, que mantêm uma visão de sociedade que desconsidera “as
diferenças que constituem o tecido social e cultural” (MARCUSCHI, 2009, p. 16); c) incluir
determinados conteúdos tidos como pressupostos. As conclusões a que chegamos até agora
ratificam resultados de Correa (2012), especialmente o que aponta que “a discussão sobre políticas
linguísticas e situações sociolinguisticamente complexas proporciona mais maturidade [teórica pelo
menos] e autonomia em relação à capacidade de discutir conhecimentos sobre língua(gem)”.

LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA NORMATIVA NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA


Heloisa Mara MENDES – UFU
hlsmnds@gmail.com

Neste trabalho, pretendemos problematizar as noções de “erro” e norma linguística mobilizadas em


"Erros nossos de cada di"a, painel que fez parte de "Menas o certo do errado, o errado do certo",
sexta exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa, localizado na cidade de São Paulo –
Brasil. Partimos da hipótese de que, no museu – instituição com reconhecida função educativa –, há
uma “exibição” de fatos de variação linguística, entre outras coisas, sob o pretexto de que nesse
espaço não haveria preconceito linguístico ou de que esse seria um espaço mais “democrático” no
tratamento de questões relacionadas ao português do Brasil. No entanto, a representação que o
museu faz do que seja variação é confusa, do ponto de vista que adotamos para análise, a
Sociolinguística Variacionista, e pareceassentar-se sobre uma perspectiva que julga os fatos
linguísticos como corretos ou incorretos a partir do que se diz sobre a língua nos dicionários e
manuais de gramática normativa, nos quais, comumente, a língua é tomada como a modalidade

280
escrita da língua baseada em textos literários. Como nossas análises procuram mostrar, em "Erros
nossos de cada dia", há um discurso da norma que procura manter a situação de dominação daquilo
que se convencionou chamar de norma culta no Brasil, foi codificada nos dicionários e manuais de
gramática normativa no século XIX e é confundida com “a” língua. Nesse contexto, acreditamos
que é possível assumir que o Museu da Língua Portuguesa é mais um aparelho de difusão e
imposição da norma padrão em nosso país, mas que tenta, de forma um tanto enviesada, incorporar
uma multiplicidade de vozes sobre o português do Brasil.

A RELAÇÃO MAL RESOLVIDA ENTRE LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA NORMATIVA


Maria Isabel BORGES – UEL
belborges1@hotmail.com

Neste trabalho, objetiva-se verificar como está a relação entre linguística e gramática normativa,
retomar algumas implicações desencadeadas dessa relação, para evidenciar parte das consequências
ético-políticas em torno da nomeação/predicação “português brasileiro”. Duas gramáticas sobre o
português brasileiro foram lançadas recentemente: Ataliba T. de Castilho publicou Nova gramática
do português brasileiro em 2010; enquanto Marcos Bagno, Gramática pedagógica do português
brasileiro em 2011. Não é novidade a relação pouco amigável entre linguistas e gramáticos
“normativistas”, como já afirmaram, por exemplo, Rajagopalan (2003) e Borges (2010). Essa
relação mal resolvida é fruto de diversas críticas sobre o inadequado tratamento da língua
portuguesa como objeto de ensino sob o olhar da gramática normativa, na educação básica. Alguns
desses críticos são: Antunes, Bagno, Britto, Faraco, Franchi, Possenti, Neves,Travaglia, entre
outros. A crítica se tornou um dos princípios da política linguística brasileira a partir do
“Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa” (1997). Desde então, é um “pecado”
ensinar língua portuguesa, tomando como base a gramática normativa. Com propostas recentes de
estudos gramaticais do português brasileiro, a linguística possui a tão sonhada credibilidade por
parte dos falantes do português brasileiro? Ou a credibilidade ainda pertence à gramática
normativa? Para observar a credibilidade, serão consideradas as ideias de Rajagopalan (2003),
Bagno (2007), Faraco (2007), Borges (2010) e os resultados do Projeto de Extensão Disque-
Gramática. Neste, os usuários do português pertencentes tanto à comunidade acadêmica quanto à
comunidade comum buscam respostas para as questões linguísticas via telefone, correio eletrônico e
pessoalmente. Para eles, a língua é efeito da prescrição, da descrição ou do uso cotidiano?

GRUPO TEMÁTICO 43: O TEXTO NA AULA DE LÍNGUA: O QUE ENSINAMOS E COMO


TEMOS AVALIADO
COORDENADORA: Adriana Maria de Abreu BARBOSA (UESB) –amabarbosa@yahoo.com.br

Partindo da concepção de ensino de língua materna com ênfase no desenvolvimento da competência


comunicativa oral, escrita e ledora do sujeito e, portanto, em consonância com o conceito de língua
sociointeracionista, (BAKTHIN, 2002), tomamos o texto como objeto privilegiado deste ensino
(como propõe GERALDI, 1997) no desejo de efetivar um ensino de língua não dicotômico entre
gramática X texto (TRAVAGLIA, 2004). Para fomentar essa discussão, esse grupo busca investigar
livros didáticos, atividades avaliativas em língua portuguesa, atividades de leitura e produção
textual, no ensino fundamental e médio, com intuito de verificar qual abordagem teórica subjaz
essas práticas em escolas públicas e privadas no Brasil. Desse modo, visamos analisar, interpretar e
discutir ações /intervençõeseducativas e, nesse sentido, trabalhos de pesquisa e relatos de
experiência são nossos objetos preferenciais para o debate teórico-científico. Nossa hipótese é que
professores de ensino médio e fundamental, embora já reconheçam essas abordagens teóricas como
válidas para sua ação pedagógica, apresentam dificuldades em aplicá-las na prática docente. Isto é,
livros, atividades e avaliações, entre outros aspectos, ainda separam texto de gramática e, por isso,
não possibilitam os resultados pretendidos para o ensino de língua: desenvolver a leitura e escrita
críticas e autorais.Na contramão disso, minha experiência como coordenadora do Subprojeto de

281
Letras do Programa de Iniciação à docência (PIBID), na Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (Jequié) tem possibilitado a um grupo de bolsistas-graduandas e supervisoras (professoras
regentes de escolas estaduais) atuarem em consonância com os referenciais teóricos aqui propostos
e essa experiência sinaliza resultados satisfatórios no ensino-aprendizagem de língua. Sendo assim,
esse grupo visa oportunizar relatos de experiência nos quais desafios e oportunidades de
ressignificação do ensino de língua materna sejam partilhados e debatidos.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EM


BUSCA DE UM REFERENCIAL TEÓRICO-PRÁTICO
Silvana Oliveira BIONDI – UESB
sobiondi@hotmail.com

Esse texto é fruto de recorte dos resultados de pesquisa instigada a partir do problema: como ocorre
o processo de ensino aprendizagem de Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos?
Partindo do pressuposto de que a escolarização é condição precípua à participação social com
relativa autonomia, vimos surgir programas para educação de jovens e adultos que objetivam
garantir que esse processo se efetive com a conclusão dos estudos. Em particular, para o ensino de
língua portuguesa, tem-se no cerne das preocupações pedagógicas uma concepção de língua,
linguagem, sujeito e ensino entendidas como a prática de um sujeito agindo sobre o mundo para
transformá-lo. Assim, as aulas de Língua Portuguesa se justificariam, não somente, mas em
primeiro lugar, pelo objetivo de desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua
(falante, escritor/ouvinte, leitor) nas diversas situações de comunicação (Travaglia, 1997, p.17),
através de uma prática onde a unidade básica de significação e do processo de ensino-aprendizagem
passa a ser o texto, em oposição a unidades menores da língua, como o fonema, a sílaba, a palavra
ou a sentença. Assim, para realização dessa pesquisa questiona-se: Qual a configuração das
atividades didáticas utilizadas pelos professores nas aulas de Língua Portuguesa da EJA, a partir de
uma concepção de língua e linguagem? Podem essas atividades ser consideradas como promotoras
do desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos da EJA? Os resultados apontam para
uma prática centrada na descrição gramatical normativista, no uso do texto como pretexto para
atividade metalingüística e não como objeto de ensino e a produção textual como atividade de
apreensão do código, um reforço a uma concepção estabelecida de que saber escrever é escrever
sem erros.

APONTAMENTOS SOBRE O TRABALHO COM GÊNEROS DO DISCURSO NO ENSINO


FUNDAMENTAL: RESULTADOS DE UMA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
Mariana BORTOLAZZO – UNICAMP
mari_bortolazzo@yahoo.com.br
Norma Sandra de Almeida FERREIRA – UNICAMP
normasandra@yahoo.com.br
(Apoio FAPESP – Processo 2001/14119-4).

Partindo da concepção de ensino da língua materna na perspectiva comunicativa e da enunciação


(BAKHTIN, 2010 e SMOLKA, 2008) e considerando as disposições dos PCNs que orientam as
práticas pedagógicas para o ensino de Língua Portuguesa – no tocante ao trabalho com gêneros do
discurso – propomos uma análise de questões e respostas de uma avaliação institucional realizada
na cidade de Campinas-SP – “Prova Campinas-2008” – que teve como objetivo avaliar como as
crianças do ensino fundamental da rede municipal de ensino estão sendo preparadas para se
relacionar com as práticas de leitura e escrita, partindo de questões que foram embasadas em
diferentes gêneros do discurso. Talavaliação se coloca em posição distinta das demais avaliações
institucionais, principalmente, entre outros motivos, por apresentar somente questões dissertativas
organizadas com o objetivo de avaliar pelas práticas de leitura e escrita. Como objetivo do trabalho,

282
pretendemos investigar, por meio das marcas e indícios singulares de cada escrita nas respostas das
questões (Ginzburg, 2001), como os alunos parecem demonstrar – ou não – um domínio do gênero
solicitado em cada questão, na tentativa de investigar e nos aproximar de quais práticas os alunos
estão sendo expostos no cotidiano escolar e o trabalho realizado pelo professor dentro da sala de
aula, quando orientado, por exemplo, pelos PCNs. Dessa forma, buscaremos discutir a partir de
algumas respostas da “Prova Campinas-2008”, como as crianças em fase de alfabetização vem
sendo preparadas para as práticas de leitura e escrita conduzidas pelo trabalho com diferentes
gêneros do discurso. Análises preliminares apontam para uma dificuldade apresentada pelas
crianças em conduzir a escrita de acordo com determinados gêneros solicitados, mesmo quando
estes são trabalhados dentro da sala de aula.

PRODUÇÃO TEXTUAL: POR UM ACERTO


Valter Cezar Andrade JUNIOR – UESB
valter_cezar@hotmail.com

Há muito se observa a dificuldade que a maioria dos alunos enfrenta no que se refere à confecção de
textos, principalmente os argumentativos. Quando o docente consegue que os educandos produzam
textos, é por meio de imposição apoiada ao dever de avaliar, e isso inibe o poder criativo inerente a
cada discente.Urge, pois, a necessidade de se repensar o ensino de produção textual nas instituições
escolares, cujo método de aplicação se centre muito mais nos acertos do producente que em seus
desacertos, a fim de se chegar a textos mais completos, coesos, coerentes.Alicerçados nesse
propósito de mudança, é que nesse trabalho registramos em uma turma 8ª série do Ensino
Fundamental, do Colégio Estadual Cesar Borges, em Jequié, no Estado da Bahia, os acertos e
desacertos de alguns textos produzidos pelos discentes, com o firme propósito de romper as
barreiras que os impedem de fruir no mundo persuasivo da escrita.Partimos da experiência de
escritura e reescritura de textos. De posse disso, justificamos o que significa argumentar, fazer juízo
de valor, a necessidade de ter opinião formada, refutando ou confirmando o lido. Levamos
igualmente à compreensão de como são importantes as leituras dos mais variados textos para a
construção de um “texto” coerente, coeso e convincente. Sobre a organização das ideias, JOÃO
BOSCO(1998:30) afirma que texto é um tecido verbal estruturado de tal modo que as ideias
formam um todo coeso, uno, coerente.Por fim, empreendemos a prática de socialização dos textos
escritos por eles, a fim de não só oferecer textos de escritores consagrados para que lessem, mas
também os deles mesmos. A intenção geral é a de que sejam bons produtores textuais, por via de
leituras variadas, sendo, portanto, possível o desenvolvimento da capacidade de criação textual,
tornando-os aptos a elaborar uma produção de qualidade comunicativa.

AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES DE LEITURA E ENSINO DE LÍNGUA: PERSPECTIVAS


DE PESQUISA NO ÂMBITO DA PRODOCÊNCIA
Robson Santos de CARVALHO – UNIFAL-MG
robsondecarvalho@yahoo.com.br

A avaliação diagnóstica de habilidades de leitura tem tomado grande espaço na cena educacional
brasileira dos últimos anos. Em Minas Gerais, especialmente desde o início dos anos 2000,
desenvolveu-se um conjunto de políticas voltadas para a aplicação de avaliações sistêmicas para os
alunos das escolas públicas em fechamento de ciclo, o SIMAVE – Sistema Mineiro da Avaliação da
Educação. No intuito de compreender a distância que se observa entre as propostas governamentais
e a prática pedagógica nas escolas da educação básica, foi proposto no âmbito do Prodocência –
Programa de Consolidação das Licenciaturas, na Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG,
um grupo de pesquisa de iniciação científica voluntária. Esse grupo de alunos do curso de Letras
busca investigar, por meio de diferentes projetos, atividades avaliativas de leitura e de redação, no
ensino fundamental, na EJA e no ensino médio, com intuito de verificar a relação entre as práticas

283
escolares e algumas das teorias mais recentes deste campo de investigação. Os estudos tomam a
noção de texto (COSTA VAL, 1991) como basilar e o consideram o centro da ação pedagógica
(GERALDI, 1997). Contribuem na análise os conceitos de habilidades e competências em leitura
(CARVALHO, 2011), que norteiam as avaliações externas sistêmicas. O objetivo do presente
trabalho é dar visibilidade às pesquisas que vem sendo desenvolvidas, bem como oferecer uma
importante contribuição aos estudos sobre ensino da Língua Portuguesa. Os trabalhos encontram-se
em andamento e os dados coletados até o momento apontam perspectivas inovadoras para o ensino
e a avaliação da leitura e da produção textual.

REDAÇÃO PARA O VESTIBULAR: A PRÁTICA DE PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO


MÉDIO EM JEQUIÉ
Karine Cajaiba Soares SILVA – PIAGET LTDA
karinecajaiba@gmail.com

Assim como afirma Geraldi (1997), acreditamos também na “produção de texto como ponto de
partida e ponto de chegada de todo processo ensino aprendizagem da língua”. E é pensando nisso
que levantamos os seguintes questionamentos: a produção textual no ensino médio atende só às
necessidades do vestibular? Os alunos seguem apenas modelos pré-estabelecidos pelos professores?
Na tentativa de responder a tais perguntas investigaremos, através de questionários, como se dá as
aulas de Redação e qual o destino desses textos após a correção dos professores. Sobre isso, Ana
Maria Netto Machado afirma que a produção textual, em sala de aula, “é um escrito destinado a
uma autoridade e não a leitores lançados na circulação pública” (MACHADO, 2007). Tais
questionários serão aplicados aos alunos e professores de língua portuguesa, nas diferentes séries do
ensino médio do Instituto de Educação Régis Pacheco – IERP, Jequié-BA. Com isso, pretendemos
comprovar que os alunos estão fadados a repetições de moldes, uma vez que essas repetições
implicam na inibição da criatividade e da negação do aluno como sujeito do seu próprio texto.
Dessa maneira, não correm o risco de serem punidos por fugirem às regras da famosa redação do
vestibular. Ora, se a produção textual sugere a ideia de que essa atividade precisa ter função social,
é correto afirmar que os alunos produzem textos ou são orientados para fazer redação? Segundo
Geraldi (1997), há uma distinção entre “produção de texto” e “redação”. No primeiro, produzem-se
textos NA escola. Enquanto que no segundo produzem-se textos PARA a escola.

O TEXTO LITERÁRIO NA PRÁTICA DE LEITURA EM SALA DE AULA


Stela Maria Viana Lima BRITO – UESPI
stelavlb@gmail.com

O presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância da prática da leitura, sobretudo a leitura
literária, no sentido de formar cidadãos conscientes e críticos, capazes de interagir nas mais variadas
situações do cotidiano. Discute-se também a importância da escola como um local de estímulo para
essa atividade, assim como o papel do professor, que deve ser exemplo de leitor, a fim de ensinar
aos alunos a prática da leitura como algo prazeroso e benéfico às suas vidas. Para tanto, observou-
se as metodologias empregadas ao trabalho com o texto no 1° ano do Ensino Médio, em duas
escolas, sendo uma da rede privada e a outra da rede pública. Portanto, realizou-se uma pesquisa de
campo, de cunho qualitativo, partido de uma bibliografia fundamentada em teóricos como as de
GERALDI (2006), que aborda a tarefa do professor no ensino da literatura em sala de aula, assim
como LAJOLO (1994), que fala sobre a indispensável presença dessa para o currículo escolar e
WALTY (2001), que defende o texto literário como aparato necessário para a formação do leitor
crítico e reflexivo. De acordo com os dados desta pesquisa, verificou-se que os professores não
trabalham a leitura do texto literário conforme as orientações teóricas, inclusive PCNs, direcionadas
para despertar nos alunos a consciência da importância de ler para as suas vidas; seja por falta de
recursos ou devido a falta de habilidade desses, no sentido de motivar a turma.

284
A METÁFORA PODE SER UM DESAFIO: A LEITURA DE TEXTOS METAFÓRICOS NUMA
AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA
Rosineide Pereira da SILVA – UFT
rosineide_ps@hotmail.com
André Amorim de SOUZA – UFT
andre_c222@hotmail.com

Nesta comunicação objetivamos discutir de maneira introdutória questões relacionadas ao ensino-


aprendizagem da leitura de textos metafóricos em séries do ensino fundamental. Isto é, tentaremos
abordar três questões principais: (a) leitura, (b) metáfora e (c) ensino-aprendizagem. Nossa
investigação é parte do projeto de pesquisa intitulado “Metáforas: a leitura de textos metafóricos nas
séries do ensino fundamental” coordenado pela profa. Dra. Dieysa K. Fossile (Curso de
Letras/Mestrado em Ensino de Língua e Literatura/UFT). Ressaltamos que neste estágio da
pesquisa estamos desenvolvendo estudos teóricos, observações de aulas de leitura e aplicação de
aulas de leitura. Buscamos respostas para questionamentos como: O que é leitura? Como aprender a
ler? Alfabetizar e/ou leiturizar? O que é metáfora? Metáfora é tão somente uma figura de
linguagem? Metáfora pode ser um desafio para o aluno e para o professor durante a leitura de
textos? Tentaremos apresentar alguns resultados parciais para esses questionamentos. No segundo
semestre de 2011, também iniciamos a parte prática da investigação, ou seja, observamos como são
desenvolvidas as aulas de leitura de textos metafóricos nas séries do ensino fundamental de uma
escola pública do município de Araguaína/TO. (Unidade Escolar em que estamos desenvolvendo o
projeto de pesquisa acima citado). A partir do contato com o ambiente escolar, isto é, a partir do
contato com a 6ª série e com a 7ª série do ensino fundamental, passamos a selecionar alguns textos
metafóricos, os quais foram e ainda serão utilizados para desenvolvermos aulas de leitura e
interpretação textual, nas séries mencionadas. Com isso pretendemos verificar se a metáfora é ou
não é um desafio para o ensino e a aprendizagem da leitura. Logo, nesta comunicação pretendemos
apresentar (a) nosso estudo, em andamento; (b) alguns resultados parciais alcançados; (c) algumas
dificuldades encontradas no decorrer da pesquisa e (d) alguns objetivos pretendidos.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS


Sara Oliveira RODRIGUES – PMJ
sarasareia@gmail.com

O ensino de Língua Portuguesa através dos gêneros textuais permite ao sujeito-aluno a interação
social fundamental no processo de compreensão e produção textual. Assegura a construção da
identidade e autonomia leitora e produtora de textos, à medida que lê e produz variados gêneros que
tem circulação no seu meio social. Ou seja, que tem uma funcionalidade em seu cotidiano, e,
portanto, faz sentido para sua vida prática. Ainda que por caminhos diversos, tanto Bakhtin (2008)
quanto Vigotsky (2008) retiram a língua do campo da estrutura e a situa na seara do discurso,
colocando-a num contexto sociointeracionista. Por acreditar nisso, pretendo demonstrar que o
ensino de língua portuguesa através de gêneros textuais assegura o caráter social da linguagem e
construção da competência comunicativa pelos alunos/as. Bakhtin (1998) a percebe como
enunciação, como discurso, ou seja, como forma de interlocução, em que aquele que fala, ou
escreve, é um sujeito que numa dada situação interage com um interlocutor, com prévia
intencionalidade e uma necessidade de interação. Dessa forma, a língua assume um papel na
interação social quando há uma situação de comunicação, oral ou escrita, em que um interlocutor,
ao escolher dentre os diversos gêneros do discurso, se coloca na posição de quem é autor e receptor
de produção de sentidos, numa situação de reciprocidade. A esse respeito, pretendo refletir sobre as
condições de produção vivenciadas por alunos de duas Instituições de Ensino que atendem turmas
do ensino fundamental II, anos finais, da rede de ensino público municipal de Jequié/BA. E como

285
proposta metodológica proponho a utilização de sequências didáticas para os gêneros orais e
escritos defendida por Joaquim Dolz (2004) para textos apropriados a cada ano/série conforme
indica Geraldi (2006).

A QUESTÃO DA AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS: ALGUMAS PROBLEMÁTICAS


Márcia Aparecida SILVA – UFU
sillva_marcia@hotmail.com

Com o presente trabalho, tenciono problematizar alguns modelos de instrumento de avaliação (no
caso, a prova), adotados na disciplina de língua portuguesa do ensino fundamental de uma escola
pública; tratar-se-á da realidade de um nono (9º) ano mais especificamente. Sendo assim, meu
intuito será verificar, teórico-analiticamente, de que modo a elaboração do instrumento prova pode
permitir ao professor de língua portuguesa avaliar seus alunos, no que concerne ao trabalho de
interface entre o texto e a gramática. Para tanto, aposto no seguinte questionamento motivador deste
trabalho: quais as possíveis implicações para o processo de avaliação do ensino de língua
portuguesa, ao se adotar a perspectiva sóciointeracionista de língua (Cf. Bakhtin, 2002)? De
antemão, avento a hipótese de que essa perspectiva de língua acaba por exigir do professor o
dimensionamento das diferentes competências e habilidades que cada gênero e tipo de texto
encerram. Além disso, essa perspectiva de língua também parece reclamar do professor a
articulação entre conteúdos trabalhados e critérios definitórios de avaliação, resguardando sempre o
caráter sóciointeracionista de língua. Portanto, compreendo que o instrumento de avaliação prova
parece impor a essa tendência certos limites e certas especificidades, no que se refere ao próprio
processo de avaliação dos diferentes modos e níveis dos alunos. Em sendo assim, o trabalho de
análise privilegiará a seleção e discussão de alguns instrumentos prova, enfocando, com isso, o
modo como, via questões de prova, a relação entre gramática e texto é explorada pelo professor.

A PRÁTICA DE PRODUÇÃO DE TEXTOS E A CAPACIDADE DISCURSIVA NO ÂMBITO


ESCOLAR
Elcimeire Ribeiro BURITI – UESB
meireburiti@hotmail.com
Atualmente, a prática de produção textual nas escolas, da rede pública de ensino tem deixado a
desejar em muitos aspectos, pois muitas vezes as aulas se limitam ao repasse de regras e macetes.
Os textos produzidos pelos alunos, mais parecem com um amontoado de frases e períodos. No
entanto, é importante ressaltar que um texto é concebido como uma atividade interacional de
sujeitos sociais, tendo em vista a realização de determinados fins Koch (2010). Não se pode
concebê-lo como uma grande frase, muito menos um aglomerado de palavras. Ao considerar essas
afirmações de Koch sobre o texto, percebe-se a importância de uma metodologia adequada e que
respeite essas considerações acerca da produção textual. Uma vez que o professor deixa de lado
essa peculiaridade que permeia toda a produção textual, negando-a enquanto construção de sentido,
necessário se faz uma reflexão do seu papel na conjuntura social e escolar. Assim, este trabalho se
propõe a estudar a metodologia utilizada nas aulas de produção de texto (ainda chamada de
redação) em uma escola no município de Nova Itarana – Ba. E refletir sobre quais os mecanismos
viáveis para uma produção textual mais eficaz, a partir de discussões bem como de produções
escritas sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos, no tocante ao ensino da Produção Textual, a
exemplo de fatores de textualidade, gêneros discursivos, entre outros que faz jus a esse estudo
detalhado. A análise desses fatos será pautada por teorias do discurso, visando uma contribuição aos
estudiosos da língua no que se refere à produção textual e a capacidade discursiva do aluno.

EXPLORAÇÃO DE CAPACIDADES DE COMPREENSÃO: O QUE OS LIVROS DIDÁTICOS


ENSINAM E O QUE AS PROVAS AVALIAM?
Patrícia Santos Costa de RESENDE – UFMG

286
pscresende@hotmail.com

Um problema comum a professores e alunos, insatisfeitos com os resultados obtidos em provas,


aponta para dificuldades na leitura dos enunciados. O problema está no aluno, que não consegue
entender o objetivo da questão? Está no enunciado da pergunta que está exigindo capacidades não
desenvolvidas pelo aluno? Ou, ainda, está relacionado a diferenças na formulação dos enunciados: o
aluno aprende a lidar com um tipo de enunciado e, na prova, aparecem enunciados com outra
formulação? Tomando como observação o ensino de leitura que se baseia unicamente no livro
didático, nesta pesquisa partimos de duas hipóteses; a primeira é que existe diferença entre o ensino
de leitura desenvolvido por meio do livro didático, e a avaliação de leitura nas provas. Com isso, os
alunos aprendem de um jeito e são avaliados de outro. Como segunda hipótese, acreditamos que a
composição dos enunciados presentes nas provas, muitas vezes, deixam lacunas, que dificultam a
compreensão. O corpus desta pesquisa é composto pelos enunciados de atividades de leitura do
livro didático de Língua Portuguesa, da coleção Português Linguagens, do 7º ano do EF II, cujos
autores são William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, edição 2006. Fazem parte do
corpus, também, os enunciados retirados de seis exemplares de provas de Língua Portuguesa,
aplicados aos alunos do 7º ano, da mesma turma, no período de fevereiro a novembro do ano de
2010. Neste trabalho, consideramos a linguagem como atividade de interação e a leitura como
processo cognitivo, social e cultural de produção de sentido. A análise do corpus desta pesquisa
sustenta-se, prioritariamente, nos pressupostos da teoria bakhtiniana e em autores da linguística
textual como Dell’Isola (2007), Kleiman (2008), Solé (1998), Marcuschi (2008), Cafiero (2005),
Moretto (2008), Hoffmann (2005). Os resultados desta pesquisa confirmam as hipóteses levantadas.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A RELAÇÃO ENTRE O LIVRO DIDÁTICO E AS


PRÁTICAS AVALIATIVAS
Marília de Carvalho Caetano de OLIVEIRA – UFSJ
mariliacarvalho@ufsj.edu.br
José Antônio Oliveira de RESENDE – UFSJ
jresende@mgconecta.com.br

O presente trabalho foi motivado por estudos realizados no Grupo de Estudos da Prática de Ensino
de Língua Portuguesa (GEPELP), da Universidade Federal de São João Del-Rei – MG. Pretende-se,
com este estudo, apresentar as conclusões advindas a partir da análise de relatórios de estágio de
língua portuguesa, realizado nos Ensinos Fundamental e Médio, em escolas públicas e particulares
da região, os quais foram produzidos por alunos do curso de Letras da mesma Universidade no
período de 2009 a 2011. São discutidos, aqui, pressupostos teóricos acerca da avaliação, focando-se
na concepção de avaliação demonstrada pelos professores de língua portuguesa, que pode ser
inferida a partir de determinadas práticas pedagógicas relativas à leitura, à produção de textos, à
oralidade e aos conhecimentos linguísticos. Essa relação entre os pressupostos quanto à avaliação e
as práticas de sala de aula normalmente é observada no trabalho com o livro didático, sendo que
esse material, muitas vezes, é o único recurso de que o professor dispõe e, outras vezes, é a opção
mais conveniente. Objetiva-se, com base nas orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de
Língua Portuguesa, de estudiosos do processo de avaliação, tais como Romão (1998) e Fernandes
(2009) e de estudos a respeito do livro didático, fundamentados em Resende (2007) e Rojo; Batista
(2003), verificar que ênfases têm sido dadas a cada prática, como têm sido os mecanismos de
avaliação dessas práticas e quais têm sido as concepções de avaliação utilizadas pelos referidos
professores a partir do uso do livro didático. Os resultados preliminares das análises indicaram que
as práticas de ensino são ainda bastante tradicionais, focadas em aspectos da gramática tradicional e
que a concepção de avaliação utilizada apresenta, em muitos casos, fortes nuances positivistas, ou
seja, prioriza-se o aspecto classificatório em detrimento das funções prognóstica e diagnóstica.

287
O ENSINO DE LÍNGUA E A FORMAÇÃO DO LEITOR E PRODUTOR DE TEXTOS
Giseli Novais da SILVA – UESB
ginovaiss@yahoo.com.br

O texto é concebido, no ato da leitura e da produção textual, através da interação que aproxima os
interlocutores numa ação que é cooperativa e que também exige esforço para que haja compreensão
e produção. Sabe-se, porém, que para muitas pessoas, o ato da leitura é um processo que se dá
apenas na escola e que, consequentemente, produzir textos torna-se um processo árduo, já que se
acredita que a escrita proficiente também é fruto de leituras que possibilitam criticidade ao leitor e
que, nem sempre, esse processo é realizado de forma adequada no ambiente escolar. Por isso, a
proposta deste trabalho é fazer uma pesquisa teórica sobre a leitura e produção textual, enfocando as
condições necessárias para que o aluno sinta-se sujeito da sua produção na escola. Partindo desse
pressuposto, será feita não só uma reflexão sobre a postura escolar na formação do leitor e produtor
de textos, bem como será apresentado o resultado de um projeto de produção textual, intitulado
“Descobrindo Novos Autores”, no qual alunos do 4º ao 8º ano do ensino fundamental, em uma
escola de ensino privado, produziram textos dos mais variados gêneros. Após o trabalho de reescrita
e edição, esses textos transformaram-se em livros, impressos e distribuídos aos alunos numa noite
de autógrafos. Nesse projeto, verificou-se como as condições de produção e o processo de reescrita
são realmente fundamentais para que se formem produtores de textos conscientes de sua capacidade
de autoria, na escola, produzindo textos, não só para fins avaliativos, mas com a mesma finalidade
dos textos de grandes autores: a divulgação.

PRODUÇÃO DE TEXTOS, COAVALIAÇÃO E AUTOAVALIAÇÃO: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA
Livia Letícia Zanier GOMES – UFU/IFTM
liviazanier@yahoo.com.br

Este trabalho é um relato de experiência advindo dos conhecimentos construídos a partir da


disciplina de pós graduação “Tópicos em Linguística Aplicada : Avaliação e Linguística Aplicada”
por mim cursada no 2° semestre de 2010 no Instituto de Letras e Linguística da UFU. Apresenta os
resultados de uma prática por mim adotada em aulas de Língua Portuguesa no Primeiro ano do
Ensino Médio com uma produção textual seguida pela coavaliação (também denominada avaliação
dos pares). Posteriormente à coavaliação, foi aplicado um questionário aos alunos com o fim de
perceber como eles se sentiram frente à prática realizada. Após refletirem sobre a forma como
avaliaram os colegas, os alunos fizeram uma autoavaliação, seguindo os mesmos critérios que já
haviam utilizado na avaliação dos textos dos demais. Através desta experiência, foi possível
perceber que, ao se coavaliarem, os alunos têm medo de serem julgados pela sua personalidade, ao
invés de pelo seu trabalho. Ou seja, mesmo quando não apenas na mão do professor, o ato de
avaliar é ainda muito confundido com uma prática cuja finalidade é a de prejudicar, punir, e não tão
visto como a desejável atividade reflexiva para posterior re-tomada de decisões. Contudo,
percebemos, ainda, que a atitude de começar a mudar as formas de avaliação aplicadas em sala de
aula muito contribui para passarmos da primeira à segunda ideia sobre avaliação, ideia esta mais
adequada ao contexto educacional segundo o que nos mostram autores como Alves e Felice (2011),
Villas Boas (2010), Freitas (2003) e Méndez (2002), cujos escritos deram suporte teórico à prática
aqui descrita, bem como os documentos norteadores da Educação Básica como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (2000) e a Lei de Diretrizes e Bases (1996).

LER NA ESCOLA: REPENSANDO A PRÁTICA DE ENSINO E AVALIAÇÃO DA LEITURA


Cláudia Mara de SOUZA – UFMG
smclaudia@hotmail.com

288
Este trabalho pretende retomar a discussão de parte de uma pesquisa desenvolvida na FALE/UFMG
e verificar, em provas recentes aplicadas ao Ensino Fundamental, se houve mudanças na prática da
avaliação da leitura. Como concepção teórica entende-se a linguagem como atividade de interação e
a leitura como processo cognitivo, social e cultural de produção de sentido. O referencial teórico é
estabelecido a partir de autores como Antunes (2003), Bakhtin (1997), Bronckart (1999), Cafiero
(2002, 2010), Coscarelli (2002), Kleiman (1997), Marcuschi (2000, 2002, 2003),entre outros.
Discute-se se há diferença entre o que se ensina e o que se avalia nas provas de leitura. A
investigação verificou a relação entre habilidades de leitura avaliadas em exames sistêmicos e
habilidades de leitura desenvolvidas em atividades de livro didático de português. Nela, buscou-se
responder a algumas questões: até que ponto as habilidades avaliadas em exames sistêmicos
coincidem com as desenvolvidas na escola por meio das atividades do livro didático? As
habilidades são as mesmas ou não? Partiu-se da hipótese de que havia diferenças significativas entre
o avaliado e o ensinado por meio do livro didático. Para essa verificação, foram confrontadas as
habilidades previstas pelos exercícios de leitura e interpretação de textos do livro didático e as
habilidades avaliadas pelo exame do SAEB. As diferenças foram evidenciadas. Continuando essa
discussão com a finalidade de verificar se, na prática escolar, a forma de avaliar mudou
recentemente, propõe-se análise de três avaliações aplicadas a uma turma de nono ano ao longo de
2011. Ao que parece, há poucas mudanças nas avaliações propostas pela escola. Entretanto, elas
revelam uma tendência: as questões aplicadas nos exames sistêmicos externos tem se tornado
modelo de prova para escola.

GRUPO TEMÁTICO 44: PRÁTICAS DE ENSINO DE PORTUGUÊS: CRÍTICAS E


PROPOSTAS
COORDENADORA: Roza Maria Palomanes RIBEIRO (UFRRJ) – rozapalomanes@terra.com.br

Uma das discussões que atinge sobremaneira os estudiosos da linguagem nos dias atuais consiste na
falta de interlocução entre a comunidade acadêmica e o seu público-alvo mais direto, que seriam os
profissionais da educação. O ensino da modalidade padrão da língua portuguesa ministrado,
principalmente, nas escolas públicas brasileiras de ensino básico torna-se um desafio para o
professor desta disciplina quando oferecida àqueles que não a dominam efetivamente. Associado a
este desafio, a partir de ferramentas,como o IDEB, para acompanhamento das metas de qualidade
do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) obtêm-se dados estatísticos que demonstram que
o desempenho dos alunos nas avaliações de Língua Portuguesa ainda é insatisfatório. Embora se
devam levar em conta outros fatores que interferem diretamente no processo ensino-aprendizagem,
tais como, fatores de ordem emocional e social por exemplo, essa estatística tem levantado
discussões entre os docentes na tentativa de se buscar melhorar a proficiência em língua portuguesa
padrão. Muitas são as pesquisas realizadas, sobretudo por pesquisadores dedicados ao estudo da
língua em uso, que objetivam colaborar
com o papel do professor de ensino básico promovendo, na prática, mudanças significativas na
metodologia de ensino. No entanto, os resultados a que chegam as pesquisas desenvolvidas nas
universidades quase não alcançam os professores em sua prática escolar, o que acaba fazendo com
que não encontrem qualquer ressonância fora do ambiente acadêmico. A partir de reflexões voltadas
a conciliar teoria e prática, este grupo temático tem por objetivo apresentar pontos críticos do ensino
de língua portuguesa nas escolas públicas do país apoiando-se, teoricamente, na Linguística
funcional cognitiva e/ou Sociolinguística variacionista, propondo caminhos através das sugestões de
aplicação dos seus constructos teóricos.

289
O PARADIGMA COGNITIVISTA E O ENSINO
Roza Maria Palomanes RIBEIRO – UFRRJ rozapalomanes@terra.com.br

Ao refletirmos sobre as práticas de ensino do português, associando o conhecimento teórico sobre


os princípios que constituem a linguística cognitiva à experiência como docente do ensino básico,
buscamos, primeiramente, selecionar, dentre os pressupostos teóricos do modelo cognitivista, o que
permitisse construir, para um contexto particular como o escolar, um método que auxiliasse o
trabalho do professor de língua portuguesa. Modelos linguísticos baseados no uso, como os
surgidos dentro da linguística cognitiva, permitem que se vejam as habilidades linguísticas como
resultado de experiências com a língua que o falante armazena nos eventos de uso de que participa.
Graças aos repetidos usos das formas linguísticas nos eventos de fala, elas são assimiladas e passam
a compor o repertório linguístico do falante; graças à percepção, que se obtém pelo uso, da variação
possível entre os elementos que compõem as construções linguísticas, a experiência linguística
acumulada consegue passar por processos de abstração, propiciando que se estabeleçam, entre as
formas, relações de similaridade. Tais modelos teóricos reconhecem que o ser humano aprende e
usa expressões linguísticas fixas, armazenadas como unidades singulares. Por outro lado, é capaz de
operar com padrões construcionais altamente abstratos como as construções resultativas (João
cortou as cebolas finas), ditransitivas (João deu um carro a Pedro) e de movimento-causado ( João
empurrou Pedro até o colégio). É objetivo nosso, portanto, apresentar dois conceitos importantes
dentro do modelo – motivação e construção gramatical – e sugerir como podem ser utilizados em
suas práticas, construindo um método de ensino mais natural e eficaz.

CONSTRUÇÕES COMPLEXAS DO PORTUGUÊS: DAS PERSPECTIVAS TEÓRICAS NO


LIVRO DIDÁTICO ÀS DIMENSÕES SOCIOCOGNITIVAS
Maria do Rosário ROXO – UFRRJ
rosarioroxo@gmail.com

O trabalho trata do estudo das construções complexas, especificamente das orações subordinadas
adverbiais. Mais do que analisar a perspectiva teórico-metodológica, essas construções nas línguas
naturais sinalizam informações semânticas e pragmáticas peculiares no todo de sua configuração,
não se reduzindo a uma análise baseada ou na forma ou no raciocínio lógico. Nesses termos, a
Linguística Cognitiva adota, em seu escopo, a CONSTRUÇÃO GRAMATICAL como uma
categoria da língua, definida por Goldberg (2003:219), como sendo “pareamentos de forma e
significado, incluindo morfemas, palavras, expressões idiomáticas (...)”. Como hipótese, a
Linguística Cognitiva baseia-se na perspectiva do uso e entende que o contexto orienta o sentido da
construção. Como paradigma teórico relacionado à perspectiva do uso, não existe indissociabilidade
entre semântica e pragmática ou entre conhecimento linguístico e extralinguístico (Langacker
1987). Essas questões são referências para a pesquisa que iniciamos na escola CAIC-Seropédica
(RJ), a fim de verificar, numa primeira etapa, a perspectiva teórico-linguística das construções
complexas no livro didático adotado e a relação entre a seção do conteúdo e a proposta de
exercícios. O objetivo do trabalho é mostrar que essas construções são dinâmicas e complexas
quanto à sua natureza semântico-formal e pragmática, não sendo padrões abstratos e artificiais na
relação linguagem e experiências cognitivas. Quanto ao tratamento do ensino-aprendizagem da
gramática na escola, acredita-se que as reflexões originadas ao longo da pesquisa contribuam para a
formação do professor de língua portuguesa, no sentido de determinar seu percurso pedagógico
orientado no embasamento teórico e nas ações educativas produtivas de maneira que as construções
complexas da língua portuguesa sejam entendidas como instrumentos de organização e
processamento de informações semântico-pragmáticas nos diferenciados tipos de eventos de fala.

290
ENSINO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: O CASO DO SUJEITO INDETERMINADO
Ângela Marina Bravin dos SANTOS – UFRRJ
bravin.rj@uol.com.br

A dificuldade de o aluno compreender a descrição das estratégias de indeterminação do sujeito


gramatical é consequência de como os fatos linguísticos são descritos nas gramáticas consideradas
normativas, principalmente nas que se consolidaram com base na NGB (Nomenclatura Gramatical
Brasileira). Nesse tipo de gramática, a descrição linguística realiza-se numa amostra de língua
escrita, o que sugere a análise de fatos gramaticais distanciados da prática linguística dos estudantes
seja na fala, seja na escrita, ainda que monitoradas. Além disso, são consideradas apenas estruturas
com verbos em que o lugar do sujeito não se encontra preenchido, como ocorre no segundo
destaque em (1), numa clara sugestão de que formas expressas, como a gente , também em(1), não
poderiam representar a indeterminação: (1) “Quando a gente passa fome, visa-se sempre ao
dinheiro”. Como, de maneira geral, os livros didáticos de língua portuguesa se pautam nos
ensinamentos desse tipo de gramática, deduz-se que, por consequência, os professores explicam aos
alunos as mesmas estratégias e com o mesmo tipo de amostra. Na verdade, a noção de sujeito
indeterminado é semântica, cujo traço é o de referência indefinida, podendo se realizar por meio de
formas não expressas e expressas. Assim, esta comunicação tem por objetivos: 1) mostrar
resultados de uma investigação sociolinguística variacionista, em texto de alunos brasileiros, acerca
do comportamento do sujeito indeterminado; 2) apresentar sugestões de propostas didáticas que
contemplem o aspecto variável desse fenômeno gramatical. Os resultados demonstraram que a
preferência recai sobre formas não prescritas pela tradição gramatical.

CLÍTICOS ACUSATIVO E DATIVO: UMA PROPOSTA DE ENSINO


Gilson Costa FREIRE – UFRRJ
gilsoncfreire@yahoo.com.br

Nas últimas décadas, diferentes estudos sobre o português brasileiro oral têm demonstrado a
praticamente consumada perda dos clíticos acusativo e dativo na referência à terceira pessoa (cf.
Omena, 1978; Duarte, 1986; Malvar, 1992; Gomes, 1999; Freire, 2000, entre outros). No que diz
respeito à modalidade escrita, em Freire (2005), verifica-se que esses itens linguísticos aparecem
preferencialmente em contextos de maior letramento, entendido como um padrão de comunicação
sistematizado pela tradição literária e altamente prestigiado nas camadas sociais letradas (cf.
Bortoni, 2004), e ainda assim sob certas condições estruturais. Não obstante tais constatações sobre
o português do Brasil, sabe-se que a escola se lança à tarefa de ensinar a chamada norma oficial,
que prevê o uso de formas muitas vezes estranhas à fala corrente brasileira, entre as quais os
referidos clíticos de terceira pessoa. Assim, o presente trabalho levanta uma discussão acerca das
estratégias tradicionalmente empregadas no ensino dos clíticos acusativo e dativo a partir de livros
didáticos, verificando a eficácia de tais estratégias em redações de vestibular. De um modo geral,
as redações analisadas apresentaram muitas irregularidades no emprego dessas formas linguísticas,
o que põe em xeque as práticas de ensino da língua padrão propostas pelos livros didáticos, que são
frequentemente reproduzidas na escola. Em vista disso, este trabalho pretende fazer uma ponte
entre o conhecimento acadêmico e o trabalho do professor em sala de aula, oferecendo uma
proposta ao ensino de língua portuguesa a partir de práticas inovadoras que efetivamente
proporcionem ao aluno a aprendizagem do padrão de prestígio.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O PROFESSOR DA
EDUCAÇÃO INFANTIL COMO PROMOTOR DO DIÁLOGO ENTRE CIÊNCIA E SALA DE
AULA
Carla Regina Rachid Otavio MURAD – UFU
carlamurad@gmail.com
Ângela Márcia da SILVA – UFU
angelaudi@yahoo.com.br

Apesar das ciências enfocarem a construção de saberes, sempre há uma expectativa por parte da
sociedade de que o conhecimento produzido por pesquisadores ou cientistas deva ser construído
com vistas à sua aplicação na prática, o que oportunizaria, inclusive, a solução de alguns problemas
de cunho social. Isto não é diferente na Linguística, como campo científico de estudo da linguagem
e em suas sub-áreas, como é o caso da Sociolinguística. No entanto, as apropriações teóricas nem
sempre acompanham o ritmo das demandas sociais ou repercutem em ações práticas por parte dos
professores, o que, ao nosso ver, representa perdas em vários sentidos. A sociolinguística de
William Labov (1972) tem promovido vários saberes e discussões teórico-científicas significativas
e relevantes para o tratamento didático-pedagógico de algumas problemáticas linguísticas que têm
ocorrido de forma sistemática e recorrente em sala de aula. Esse artigo tem o objetivo de propor
uma abordagem de ensino de língua portuguesa que parte de conceitos teóricos passíveis de serem
operacionalizados em um material didático que possibilita o ensino da linguagem na Educação
Infantil. Com base na identificação e análise dos conceitos sociolinguísticos mencionados no
Referencial Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), documento oficial que dá
direcionamentos didático-pedagógicos a serem postos em prática de acordo com as especificidades
de cada faixa etária, propomos algumas sugestões iniciais que podem ser inseridas em determinados
momentos e espaços proporcionados pelo livro didático, de modo a incluir alguns dos princípios
básicos da sociolingüística laboviana, como, por exemplo, a variação linguística, por meio da ação
do professor da Educação Infantil em sala de aula.

A MORFOSSINTAXE: UMA ABORDAGEM FUNCIONAL DA LINGUAGEM


Ellen Karoline Francisca da SILVA – UNIRG
ellen.karol2008@hotmail.com
Genilva Bezerra SANTOS – UNIRG
genilvasantos@hotmail.com
Esse texto contempla questões relacionadas ao trabalho com a língua materna, ao papel do professor
de língua portuguesa e aos avanços da ciência linguística refletidos em uma inadequação
metodológica no ensino da linguagem. Por um lado, discutem-se os equívocos metodológicos em
relação à prática dos aspectos linguísticos percebidos numa visão unilateral, os quais minimizam a
importância de um trabalho que estimule o desenvolvimento da capacidade de comunicação e
reflexão do aluno, e, por outro, busca incentivar a prática docente de pesquisa interativa em sala de
aula. O trabalho fundamenta-se nos pressupostos da Gramática Gerativa Transformacional (GGT),
considerando as orientações teóricas de Sautchuk (2010); Koch e Silva (2005) com a finalidade de
apresentar uma experiência didática cujo foco parte da organização e explicação dos fatos
gramaticais por meio das categorias da morfossintaxe como enriquecedora do estudo da linguagem.
A interface ocorrida entre sintaxe e morfologia favorece a formação dos sintagmas de forma a
constituir uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações. Como
abordagem metodológica consideraram-se os preceitos do sociointeracionismo ao permitir a
construção das atividades em um contexto inter-relacional e dialógico. As atividades transcorreram
durante as aulas de Linguística III, no segundo semestre letivo de 2011. Conforme o referencial
teórico definido, a equipe discutiu sobre os conceitos e categorias da GGT, elencando uma série de
questões descritivas sobre as possibilidades de estruturas superficiais da língua portuguesa como
resultantes de modificações operadas sobre as estruturas profundas. Por fim, o trabalho focalizou a

292
análise oracional, seguindo o esquema arbóreo, desenvolvido com êxito na turma do 3º período
2011/2, do curso de Letras do Centro Universitário UNIRG, visando obter resultados sobre a prática
docente orientada pela GGT em comparação com a Gramática Tradicional.

PROCESSOS MORFOLÓGICOS E O ENSINO


Mônica de Toledo Piza Costa MACHADO – UFRRJ
monicapiza2010@hotmail.com

As recentes abordagens morfológicas têm centrado suas discussões, entre outros processos, nos
limites entre a Flexão e a Derivação em português. As análises mais atuais evidenciam que os dois
processos não são estanques, ou seja, não existem fenômenos nitidamente categorizados como
flexionais ou derivacionais: o que ocorre entre esses mecanismos, na verdade, é um continuum,
caracterizando, por isso, Flexão/Derivação como constituintes de um processo único, com variações
e do tipo gradiente ou escalar.A origem deste pensamento surge a partir da linha de investigação
proposta por Joan Bybee (1985). Considerando os critérios definidores de categorias tipicamente
flexionais e analisando os parâmetros que caracterizam a Derivação, a autora delimita propriedades
diferenciadoras entre os dois processos, além de realizar uma das investigações que se mostra das
mais relevantes. Inicialmente a proposta deste trabalho é demonstrar que qualquer operação
morfológica pode apresentar tanto características flexionais quanto derivacionais, diferenciando-se
apenas por estarem mais distantes/próximas de um dos extremos da escala, enfatizando, portanto, o
caráter escalar dos processos.Além disso, o trabalho também se propõe a realizar uma checagem de
como este assunto vem sendo tratado e apresentado nos livros didáticos escolares ao longo dos
tempos. Em outras palavras, até que ponto as pesquisas e descobertas do âmbito da academia são
efetivamente incorporadas na descrição e no ensino da Língua Portuguesa. Acredita-se que a
contribuição acadêmica para o ensino da língua em sala de aula apresenta um ritmo pouco veloz, no
que diz respeito à incorporação de novos conceitos e visões sobre a Língua Portuguesa e seu uso.

ADVÉRBIOS E O ENSINO DE CLASSE DE PALAVRAS


Deise Cristina de Moraes PINTO – D&G/UFRJ
deisecmp@hotmail.com
Karen Sampaio Braga ALONSO – UFRJ
karensampaio@hotmail.com

Pretende-se refletir sobre a questão do ensino das classes de palavras, na tentativa de encontrar um
caminho alternativo que leve em conta os gêneros textuais no estabelecimento de categorias
gramaticais coerentes com a moldura multifacetada da língua em uso. Para tanto, recortamos uma
subclasse dos advérbios expondo o resultado de uma reflexão preliminar, que consideramos
aplicável às classes de palavras comumente estudadas na escola. Com base em Travaglia (2004),
propomos que os advérbios modais em –mente sejam observados, definidos, caracterizados e
trabalhados a partir de e tendo como finalidade os gêneros textuais. Propomos a noção de categoria
nos moldes de uma estrutura radial (cf. Lakoff, 1990): um membro central, que reuniria um
conjunto de propriedades a ele tipicamente relacionadas, e outras formas, que podem se afastar mais
ou menos das propriedades desse membro central, dependendo do contexto de uso. Nesse sentido,
consideramos os gêneros textuais como critério para redefinirmos as propriedades atribuídas aos
elementos que assumirão uma posição central dentro de uma classe de palavras. No caso dos
advérbios, estudos como o de Moraes Pinto (2008) demonstram influência do gênero textual na
seleção e uso dos elementos adverbiais. Observou-se que o comportamento dos advérbios em –
mente sofre bastante influência do gênero textual/sequência tipológica em que se insere, desde a sua
seleção para compor determinado texto/sequência até a questão de quais usos/posições na sentença
esse(s) elemento(s) vai/vão preencher (margem esquerda da frase, se modalizador; pós-verbal, se

293
qualitativo; e, ainda, pré-verbal, em contextos muito específicos). A análise de livros didáticos do
PNLD demonstra que os autores têm se esforçado em ensinar o conceito de advérbio com base no
texto. Porém, continuam reproduzindo a gramática, ignorando os gêneros e outros aspectos que
deveriam ser tratados para melhor utilização desses elementos na interpretação e produção de
textos.

MODELOS DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO


Gerson Rodrigues da SILVA – UFRRJ
profgerson@yahoo.com.br

Uma das discussões que atinge sobremaneira os estudiosos da linguagem hoje dá conta da falta de
interlocução entre a comunidade acadêmica e o seu público-alvo mais direto, que seriam os
profissionais da educação. Os resultados das pesquisas que se têm feito quase não alcançam os
professores em sua prática escolar, o que acaba fazendo com que os resultados de pesquisas não
encontrem qualquer ressonância fora do ambiente acadêmico por si só. Por conta disso, tornam-se
necessários trabalhos que busquem esse diálogo, o que, entende-se, estimularia também uma maior
produtividade dos cientistas da linguagem, que encontrariam espaço maior de divulgação.Este
trabalho tem por objetivo a tentativa de alcançar essa interlocução a partir de proposta que abarque
noções sobre leitura, sob viés que se poderia denominar de cognitivista, uma vez que se coaduna
com agenda proposta por Koch (2010) para essa área. Essa agenda pode começar pela discussão
sobre um modelo de interpretação de texto que se poderia aplicar do Ensino Fundamental (segundo
segmento) até o fim do Ensino Médio.Na pesquisa, parte-se da noção de que a linguagem é parte
integrante da cognição e se fundamenta em processos cognitivos, sociointeracionais e culturais.
Sendo assim, todo e qualquer trabalho que deverá ser feito em sala de aula, por meio da proposta
aqui elaborada deverá observar tal pressuposto. Ou seja, já se sabe num primeiro momento que o
aluno deverá ser parte fundamental nesse processo de interpretação ao se considerar o contexto em
que ele interage, quais as suas experiências que ativarão determinados conhecimentos e facilitarão o
processo de interpretação de textos. Além disso, deve-se observar que qualquer análise aqui
apresentada deve ser tratada em consonância com propostas apresentadas na área das ciências da
educação sobre temas de natureza afim.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS


Ana Carla Ziner NOGUEIRA – UFRRJ
anacarlaziner@bol.com.br

A política pública educacional vem discutindo o processo de inclusão de pessoas surdas em escolas
regulares de nosso país. Embora o Decreto 5.626/05 lhes assegure o direito da libras como L1 e da
língua portuguesa escrita como L2, a educação bilíngue mostra-se distante das práticas docentes
em nossas instituições públicas de ensino no Rio de Janeiro, já que as representações históricas da
surdez como patologia ainda estão presentes no imaginário social brasileiro, impedindo o
reconhecimento das comunidades surdas como mais uma comunidade linguística em nosso país. Na
tentativa de cumprir o tal decreto, recentemente, as escolas públicas estão incorporando em seus
espaços os profissionais intérprete de libras-português (vice-versa) e o instrutor de libras (nos
Municípios). Mas essa medida, sem um programa de prática de ensino de línguas que exijam
desenvolvimento de competências linguísticas de L1 e de L2, não será suficiente para a prática de
ensino bilíngue. Um ponto que tem se mostrado frágil e/ou ignorado para o desenvolvimento de um
programa educacional bilíngue para surdos é a prática de ensino da língua portuguesa. O programa
e a estratégia de ensino desta disciplina não estão voltados com os objetivos de L2 e nem mesmo
levando em consideração os alunos que vivem a experiência linguística e cultural diferente dos
alunos ouvintes, uma vez que - ainda hoje - a maioria dos professores desconhece a realidade e a
necessidade linguística desses alunos devido ao conhecimento teórico construídos no meio

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acadêmico não alcançar as práticas escolares. A proposta deste trabalho, portanto, é buscar a
reflexão sobre a teoria linguística e a prática de ensino de língua portuguesa visando desenvolver a
prática bilíngue na educação de surdos.

HABILITANDO-SE À PRÁTICA DE ENSINO DE PORTUGUÊS: ANÁLISE DE LITERATURA


Junia Lorenna da SILVA – UnB
junialorenna@gmail.com

A presente pesquisa analisa criticamente oito obras relacionadas ao ensino de língua portuguesa:
FRANCHI, Mas o que é mesmo ‘gramática’ (2006); PERINI, Para uma nova gramática do
português (1986); MURRIE, O ensino de português (1992); LUFT, Língua e liberdade (1993);
VIEIRA & BRANDÃO, Ensino de gramática (2009); MARCURSCHI, Da fala para a escrita
(2001); ROCHA, Gramática: nunca mais (2007); NEVES, Gramática na escola (2007). Objetiva-se
responder as seguintes perguntas: a) a obra se propõe a apresentar uma metodologia de ensino; b)
qual o objetivo de cada obra; c) em qual (quais) teoria(s) a obra está baseada; d) as referências às
linhas teóricas adotadas são explícitas ou implícitas; e) há menção a aspectos cognitivos do
aprendizado de línguas; f) há menção a aspectos socioculturais; g) quais são as propostas gerais
lançadas. O uso da metodologia comparativo-reflexiva à luz da Teoria Gerativa de Noam Chomsky
(1950) permitiu-se chegar à conclusão de que algumas obras não adotam um arcabouço teórico
linguístico, ou não o define explicitamente. Há realmente uma mistura de concepções teóricas
quando se trata do tema ensino, pois “ensinar é mobilizar uma ampla variedade de saberes...”
(TARDIF, 2002), entretanto, é preciso compreender essencialmente conceitos linguísticos para em
seguida ampliar-se a análise a outros ramos do conhecimento. Nestas obras quase não há uma
concepção de linguagem bem elaborada; muitas apenas tangenciam temas ligados ao sistema
cognitivo; grande parte não elabora uma metodologia de ensino, e, quando o faze, não fornece os
elementos necessários para coloca-la em prática. Como desdobramento da pesquisa surge a
indagação: o professor, ou o professor em formação, ao ler obras como essas, consegue adquirir
conhecimento e embasamentos necessários para o bom desenvolvimento de sua tarefa?

O ARTIGO DE OPINIÃO E A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO UMA PRÁTICA DE ENSINO


EM LÍNGUA PORTUGUESA
Deuzina Elaine Melo CASTELUBER – UFMG
elaine_casteluber@hotmail.com

Este trabalho investiga até que ponto as atividades propostas pela coleção Português Linguagens
aprovada pelo PNLD 2012, de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, apresentadas
no eixo de Produção de texto do volume 1 trabalham na perspectiva de uma sequência didática para
ensinar o gênero aqui evidenciado, o artigo de opinião, como propõe o Manual do Professor. Para
tanto, verificamos como são elaboradas as atividades do gênero argumentativo opinativo de modo a
perceber as semelhanças e diferenças em relação à sequência didática nos moldes de Schneuwly,
Noverraz e Dolz. Ademais, buscamos como finalidade investigar se o gênero sistematizado na
coleção Português Linguagens 2012, além de outras habilidades, contribue para a formação de um
leitor crítico, autônomo e ativo, que utiliza o gênero artigo de opinião como prática social. Nesse
sentido, até que ponto o texto selecionado artigo de opinião participa da construção desse sujeito
leitor? Qual é o papel das atividades de leitura proposto pela coleção no processo de formação do
sujeito crítico? Os autores tomados para respaldar teoricamente a análise aqui empreendida foram
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, 95 -103), Marcuschi (2007, 2008), Perelman (2005), em seus
conceitos sobre sequência didática, gênero e argumentação. Nossas análises nos permitiram
observar que esse procedimento de estudo passo a passo pode permitir ao aluno uma compreensão
do funcionamento do gênero e que é viável, possível e importante ensinar gêneros textuais públicos
de maneira organizada, etapa por etapa, com tarefas específicas e, critérios preestabelecidos. Por

295
conseguinte, se o aluno, efetivamente, entender o texto, poderá interagir com ele e por meio dele;
será ainda capaz de criticá-lo e perceber até que ponto atende, ou não, suas necessidades de leitor;
contudo, isso só ocorrerá se houver a mediação do professor.

A PRODUÇÃO ESCRITA NO EXAME CELPE-BRAS: A FUNCIONALIDADE DOS GÊNEROS


TEXTUAIS
Natália Moreira TOSATTI – UFMG
nataliatosatti@yahoo.com.br

Neste artigo temos como objeto de análise o exame oficial de Língua Portuguesa para Estrangeiros,
o Celpe-Bras. Esse teste é baseado na execução de tarefas comunicativas e é elaborado a partir do
conteúdo de textos multimodais que têm o objetivo de avaliar a produção oral e a produção escrita
dos examinandos. Além de produzirem quatro textos escritos, de gêneros diferentes, os candidatos à
certificação participam ainda de uma entrevista, denominada como "Interação face a face". Sendo
esse um exame de natureza comunicativa, que se propõe a aferir, por meio de tarefas, a capacidade
de uso que os examinandos têm da língua portuguesa, espera-se que o trabalho com gêneros textuais
esteja em consonância com essa proposta. Avaliar a proficiência de um indivíduo em uma língua
estrangeira é um processo que requer conhecimento dos avaliadores e critérios bem estabelecidos,
além de enunciados precisos o suficiente para abarcar as características da proficiência dos
examinandos. A busca por instrumentos válidos e confiáveis de avaliação motiva pesquisas e
estudos, na área da Linguística Aplicada, que tenham como foco exames que se propõem a medir a
competência linguística de um indivíduo na língua alvo. Com o objetivo de contribuir para estudos
e pesquisas nas áreas de avaliação de produção escrita e de ensino-aprendizagem de línguas (
materna e estrangeira), apresentaremos neste trabalho uma análise da Parte Escrita do exame de
proficiência em Língua Portuguesa Celpe-Bras, aplicado no primeiro semestre de 2011. À luz da
teoria dos gêneros textuais, faremos uma análise dos enunciados das tarefas propostas e da
funcionalidade dos gêneros presentes nesse teste de proficiência, propondo uma possível interface
com o ensino de produção escrita em português língua materna.

AS PRÁTICAS EDUCATIVAS DE LETRAMENTO E A ALIENAÇÃO EM UMA ESCOLA


MUNICIPAL DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA
Valeria Pereira Silva de NOVAIS – UESB
letras.valeria@gmail.com
Denise Aparecida Brito BARRETO – UESB
deniseabrito@gmail.com

O presente trabalho tem como objetivo analisar as práticas educativas de letramento realizadas nas
aulas de língua portuguesa do ensino fundamental de uma escola municipal de Vitória da
Conquista- BA. Para tanto, foram observadas as aulas de uma professora no turno vespertino,
durante todo o mês de agosto, no ano de 2011, por uma turma de letras da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, caracterizando, assim, a pesquisa participante, em que há interação entre
pesquisadores e membros das situações pesquisadas. Dessa maneira, a atual conjetura acredita que
as práticas educativas hierarquizantes influenciam de maneira direta no processo de ensino-
aprendizagem, que envolvem as práticas de letramento, sendo que estas não ocorrem de maneira
eficaz quando se prioriza as relações de poder, pois dificulta o diálogo entre professores e alunos,
coibindo os discentes de trazerem novos textos, ou fazeremleituras diferentes daquela que está
prevista pela docente. Por conseguinte, acredita-se que essas práticas são exercidas pelo professor
tradicionalista, vítima de um sistema alienador, partindo da ideia marxista de que o profissional
alienado não se reconhece no produto final de seu trabalho, pois semeia um pouco do seu
conhecimento por algumas horas, em cada sala de aula que entra, sem saber o que de fato contribuiu
para formação de cada aluno. Por fim, foi possível concluir que a prática realizada pela professora

296
regente não contribui com as práticas de letramento, pois não insere seus alunos numa prática
social, mas sim individual, por ser feito um trabalho alienado, enxergando seus alunos como
“peças” de uma grande máquina, que é a educação e, por isso, não reconhece seu trabalho final.
Logo, são professores alienados aum sistema burocrático, que têm o ofício desvalorizado, formando
alunos, também, alienados, que não têm voz no próprio trabalho, obedecendo às regras impostas
pelo sistema.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O PROFESSOR DA


EDUCAÇÃO INFANTIL COMO PROMOTOR DO DIÁLOGO ENTRE CIÊNCIA E SALA DE
AULA

CARLA REGINA RACHID OTAVIO MURAD


carlamurad@gmail.com

ÂNGELA MÁRCIA DA SILVA


angelaudi@yahoo.com.br

Apesar das ciências enfocarem a construção de saberes, sempre há uma expectativa por parte da
sociedade de que o conhecimento produzido por pesquisadores ou cientistas deva ser construído
com vistas à sua aplicação na prática, o que oportunizaria, inclusive, a solução de alguns problemas
de cunho social. Isto não é diferente na Linguística, como campo científico de estudo da linguagem
e em suas sub-áreas, como é o caso da Sociolinguística. No entanto, as apropriações teóricas nem
sempre acompanham o ritmo das demandas sociais ou repercutem em ações práticas por parte dos
professores, o que, ao nosso ver, representa perdas em vários sentidos. A sociolinguística de
William Labov (1972) tem promovido vários saberes e discussões teórico-científicas significativas
e relevantes para o tratamento didático-pedagógico de algumas problemáticas linguísticas que têm
ocorrido de forma sistemática e recorrente em sala de aula. Esse artigo tem o objetivo de propor
uma abordagem de ensino de língua portuguesa que parte de conceitos teóricos passíveis de serem
operacionalizados em um material didático que possibilita o ensino da linguagem na Educação
Infantil. Com base na identificação e análise dos conceitos sociolinguísticos mencionados no
Referencial Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), documento oficial que dá
direcionamentos didático-pedagógicos a serem postos em prática de acordo com as especificidades
de cada faixa etária, propomos algumas sugestões iniciais que podem ser inseridas em determinados
momentos e espaços proporcionados pelo livro didático, de modo a incluir alguns dos princípios
básicos da sociolingüística laboviana, como, por exemplo, a variação linguística, por meio da ação
do professor da Educação Infantil em sala de aula.

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GRUPO TEMÁTICO 45: PRÁTICAS DE LEITURA: CONTRIBUIÇÕES, REFLEXÕES E
DESAFIOS
COORDENADORA: Alda Maria Coimbra Aguilar MACIEL (UERJ) –
coimbra.aldamaria@gmail.com

O tema “leitura” tem sido objeto de grandes debates na área de ensino-aprendizagem de Língua
Portuguesa e, como consequência, as esferas de estudos e pesquisas sobre esse tema têm se
ampliado consideravelmente, em grande parte de nosso território nacional, nas mais diversas
instituições públicas e privadas. Contudo, a existência de uma precária formação de leitores
competentes nos é informada através dos resultados tão desanimadores dos exames nacionais
realizados pelo Governo Federal, tais como Prova Brasil, ENEM e ENADE. Tendo em vista essa
lacuna no desenvolvimento das competências e habilidades de leitura em língua materna, parece-
nos que as múltiplas facetas do processo de leitura ainda demandam profunda reflexão
acompanhada de rigorosa redefinição e implementação de metas fundamentais, em níveis regional e
nacional. Assim, a escola poderá exercer uma de suas mais importantes funções sociais – que é
favorecer práticas pedagógicas que garantam o empoderamento sócio-discursivo – e, portanto,
contribuir de forma efetiva para o letramento de nosso alunado. Durante o encontro deste grupo
temático, pretende-se reunir contribuições de pesquisadores que têm se dedicado aos estudos de
diferentes teorias sociais da linguagem e que têm investigado o desenvolvimento da leitura em
diferentes níveis de ensino, tanto na educação básica quanto no ensino superior. O principal
objetivo é compartilhar resultados, totais ou parciais, de pesquisas e trabalhos, assim como
questionamentos que se originam a partir de estudos e observações do desenvolvimento de práticas
de leitura no contexto escolar. Também são de grande valia a apresentação e a discussão sobre
questões teórico-metodológicas que visem a apoiar estratégias que favoreçam a aplicabilidade da
teoria ao ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa.

CORRELAÇÃO DE UM TESTE DE COMPREENSÃO LEITORA, DESEMPENHO


ACADÊMICO NAS PRÁTICAS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO
SUPERIOR
Adriana dos Santos Prado SADOYAMA – UFG/CAC
drisadoyama@yahoo.com.br
Geraldo SADOYAMA - UFG/CAC
gsadoyama@yahoo.com.br

Ler é, por definição, extrair sentido do que é lido, pelo que não se pode falar em leitura se não
houver compreensão. A pergunta “É possível ensinar a compreender?” fica, frequentemente, sem
resposta. Ora a investigação tem mostrado que não só é possível ensinar a compreender o que é
lido, mas que é desejável (e urgente) fazê-lo.Esta pesquisa tem como escopo correlacionar a
dificuldade de produção textual em avaliações discursivas pela falta da compreensão leitora em
alunos do ensino superior. O estudo de coorte transversal onde foi realizada uma avaliação
discursiva e,concomitantemente, a aplicação do teste Cloze. Para comparar a média do escore de
desempenho no teste Cloze realizou-se o teste t de Student. A Correlação entre o teste Cloze e a
avaliação discursiva foi determinado através do teste de correlação de Pearson. Associações
significativas foram consideradas para um valor de p<0,05. Foram incluídos neste estudo 40 alunos
do curso de Ciências Biológicas dos quais, sete (17,5%) atingiram um percentual de acerto de
50%%, de 100 % ,na avaliação discursiva. A média do resultado do teste Cloze para dois textos
diferentes foram, respectivamente, 36,9% (texto1) e 33,7% (texto2). Dos quarenta alunos avaliados
apenas cinco (12,5%) apresentaram um nível de compreensão leitora independente, sendo que, a
maioria apresentou um baixo desempenho (70%) no nível de compreensão leitora dos textos
avaliados. Houve uma forte correlação positiva ( r=0,916) entre o resultado &#61619;50% de acerto
na avaliação discursiva e no desempenho do teste Cloze. Os resultados demonstram que, os alunos

298
que melhor apresentaram resultado no teste Cloze obtiveram também, um melhor desempenho na
avaliação discursiva . Concluímos que, os alunos com baixo rendimento do nível da compreensão
leitora têm maiores dificuldades na produção textual.

CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS A DISTÂNCIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A


FORMAÇÃO LEITORA DOS GRADUANDOS
Aline Cassol DAGA – UFSC
alinecdaga@hotmail.com

Licenciar o acadêmico em uma graduação a distância implica submetê-lo, de imediato, a uma


experiência de leitura de relativa complexidade em eventos de letramento (HEATH, 1982;
BARTON, 1994) intrinsecamente vinculados à erudição. Ainda que essa exposição a leituras de
gêneros discursivos secundários de expressiva complexidade (BAKHTIN, 2003 [1952/53]), já de
início, constitua um processo comum no ensino presencial, na EaD reveste-se de singularidade
ímpar dado que as interações que se estabelecem entre os artífices do ensino e da aprendizagem
dão-se eminentemente por meio da língua escrita: o aluno não escuta o professor ou os colegas, ele
os lê, tanto quanto lê as aulas, as quais, no ensino presencial, desenvolvem-se pela articulação entre
a modalidade escrita e a oral, tendendo a prevalecer esta última. Este artigo topicaliza algumas
impressões de graduandos do curso de Letras-Português da Universidade Federal de Santa Catarina
na modalidade a distância sobre seus hábitos de leitura, suas experiências de letramento, a
configuração de seu entorno familiar e está ancorado, basicamente, nos seguintes autores: Gee
(2004), Vigotski (2000 [1984]) e Heath (2001 [1982]), cujos estudos focam o desenvolvimento de
habilidades de leitura nas relações intersubjetivas. Para que tais acadêmicos, adultos que já
passaram pelo processo de educação básica, tenham chegado à universidade na condição de leitores
proficientes é preciso que tenham sido inseridos em um ambiente em que tenha havido um capital
cultural de valoração da leitura. Como resultado da análise de questionários respondidos por alunos
do curso de Letras-Português EaD da UFSC, pôde-se delinear um perfil desses alunos como
leitores. Ao que parece, esses alunos não tiveram, em seu processo de formação, vivências
diversificadas e recorrentes com leituras variadas.

PERFIL-LEITOR DE UNIVERSITÁRIOS INGRESSANTES NO CURSO DE PEDAGOGIA


Ana Maria Esteves BORTOLANZA – UNIUBE
amebortolanza@uol.com.br

Pesquisa quali-quantitativa cuja finalidade é descrever o perfil-leitor de universitários ingressantes


no Ensino Superior. A pesquisa foi aplicada na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e na
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em abril de 2011. Apresentamos resultados parciais dos
dados coletados por meio de questionário aplicado a 56 alunos do curso de Pedagogia. O
questionário abordou desde o perfil dos sujeitos participantes aos suportes de leitura, espaços e
tempos de leitura, suas maneiras de ler e formação leitora. Os dados apontam um perfil-leitor de
universitários que leem igualmente em suportes impressos e digitais, sendo que os suportes
impressos mais lidos são apostilas, livros e revistas. Já os suportes digitais mais frequentes são a
tela do computador e a TV. Na tela do computador, 62,5% dos sujeitos leem diariamente. Os livros
lidos são emprestados da biblioteca ou xerocopiados. Os espaços organizados em casa para livros e
outros impressos são estantes e pastas. As leituras em casa são realizadas com mais frequência no
quarto e na sala, já a leitura em espaços públicos é realizada com mais frequência na universidade e
na biblioteca. Na rua, os suportes mais lidos são outdoors, letreiros de lojas e panfletos. 31 sujeitos
afirmaram ler diariamente e 21 sujeitos leem mais nos fins de semana. Dois propósitos de leitura
aparecem com mais frequência: o conhecimento e as obrigações escolares. As situações
motivadoras de leitura mais frequentes são: orientação de professores e indicação de amigos. Os

299
resultados parciais evidenciam a necessidade de ressignificar a universidade como espaço de
formação de leitores.

A UNIVERSIDADE BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DE LEITORES: RESULTADOS


PRELIMINARES DE SONDAGEM COM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Raúl Cesar Gouveia FERNANDES – FEI
rcesar@fei.edu.br
Durval CORDAS – CEETEPS
dcordas@terra.com.br

Exames nacionais e internacionais vêm demonstrando que o sistema escolar brasileiro é falho
quanto à formação de leitores competentes e maduros. Se a situação do ensino básico é bem
conhecida, faltam estudos abrangentes sobre práticas e competências leitoras de universitários no
País. A necessidade de aprofundar o conhecimento sobre este tema deve-se ainda a dois outros
fatores: a heterogeneidade das IES brasileiras, que dificulta qualquer tentativa de generalização dos
dados disponíveis sobre os hábitos de leitura dos estudantes universitários, e a vertiginosa expansão
do sistema universitário brasileiro nas últimas décadas, permitindo que muitos jovens anteriormente
excluídos do ensino superior tenham acesso à universidade. Embora os benefícios sociais advindos
de tais mudanças sejam inegavelmente positivos, também é verdade que esta situação traz novos
desafios, pois aumenta o volume de jovens que chegam à universidade com deficiências em sua
formação básica e sem hábitos de leitura consolidados. Tendo em vista este quadro, o objetivo deste
trabalho é apresentar resultados iniciais de pesquisa sobre hábitos e percepções de leitura de alunos
do Centro Universitário da FEI (SP). Foram aplicados questionários a ingressantes e concluintes
dos cursos de Administração de Empresas e Ciências da Computação, com o objetivo de conhecer:
1) suas percepções sobre a leitura (o imaginário relativo à leitura e os valores positivos ou negativos
estão associados a ela); 2) as preferências e os suportes comuns de leitura; 3) a frequência e a
intensidade de leitura; 4) as motivações para a leitura; 5) as práticas de leitura acadêmica e
profissional e 6) as barreiras à leitura. Este trabalho apresenta a comparação das respostas de
ingressantes e concluintes dos referidos cursos, a fim de verificar possíveis mudanças das práticas e
percepções de leitura, de forma a avaliar o quanto a formação superior contribuiu para a
consolidação dos hábitos de leitura dos estudantes.

DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA: DESAFIO AO PROFESSOR DE


LÍNGUA PORTUGUESA
Caroline SCHWARZBOLD – UFPEL
carol85rs@yahoo.com.br

Na sociedade letrada atual, saber ler e atribuir significado ao que se lê é extremamente importante,
pois se trata de uma competência decisiva à inclusão ou marginalização de uma pessoa. Para que
todos tenham a oportunidade de se tornarem cidadãos, de fato e de direito, é dever da escola
oportunizar o ensino da leitura a cada estudante. Por isso, o conhecimento do modo como a leitura
vem sendo efetuada nas escolas pode não somente explicar o fracasso escolar, mas também apontar
soluções para que, a longo prazo, as dificuldades existentes possam ser sanadas. Nesse contexto,
este trabalho problematiza e investiga o que vem sendo desenvolvido com a leitura no Ensino
Fundamental (atividades, projetos) principalmente no 6º ano (antiga 5ª série), tendo em vista ser
esse um aspecto relevante na prática docente do ensino de língua materna, mas, que, infelizmente,
ainda não tem recebido a devida importância em nossas escolas. O presente trabalho constitui-se,
portanto, de definições e conceitos que envolvem a prática da leitura, diferenciando-a do
letramento (KLEIMAN, 2005), sob uma perspectiva de interação verbal (MOITA LOPES, 1996;
KOCH, 2002; ANTUNES, 2003). Além disso, é feita uma análise tanto dos dados colhidos nas
entrevistas com professores da rede pública e particular como também daquilo que foi observado

300
em algumas aulas destes professores, procurando entrelaçar o dizer dos educadores com sua prática
cotidiana. Por último, levando em consideração os estudos e entrevistas feitas, são propostas
atividades que visam a oportunizar o desenvolvimento da competência leitora dos alunos. Tais
atividades foram planejadas em forma de sequências didáticas (ZABALA, 1998).

PROJETOS INTERDISCIPLINARES EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA REDE MUNICIPAL


DE ENSINO DA CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA: EFETIVAS PRÁTICAS DE
LETRAMENTO POR UMA LEITURA SIGNIFICATIVA DO ALUNADO
Dayana Junqueira Ayres SILVA – UESB
dayana.ayres@hotmail.com
(Apoio Programa de Iniciação Científica da UESB – PIC/UESB)

A leitura é uma interação verbal entre indivíduos socialmente determinados. Ela deve instituir
questões e temas para múltiplas abordagens e possibilidades de troca, numa perspectiva de
letramento. Este artigo argumenta sobre projetos interdisciplinares, enquanto possibilidade para a
efetiva execução do letramento e formação de leitores competentes. O objetivo deste é contribuir
para o incentivo à pesquisa da graduação e refletir acerca da relevância de propostas pedagógicas
que articulem diferentes áreas de conhecimento, tendo o letramento como elemento primordial para
a formação humana. Serão descritos observações, análise de dados e discussões acerca do estudo de
caso realizado em uma escola da rede municipal, onde os professores e a coordenação escolar
relatam, por meio de questionários, o que se entende por interdisciplinaridade e como acontecem as
práticas de letramento em suas atividades docentes. Sabendo da importância da autonomia da
escola, enquanto meio de solidificar o trabalho coletivo e letrado, será realizada uma breve
discussão acerca do projeto político pedagógico desta. Visto que, a metodologia de projetos
coletivos não faz parte do cotidiano escolar, propomos que estes sejam implementados a fim de que
se efetive o letramento no âmbito escolar de maneira significativa. Conclui-se que os projetos
coletivos, desenvolvidos pelo projeto político pedagógico da escola, funcionam como um bom
começo para práticas de letramento nas escolas, por uma leitura contextualizada que favoreça a
formação de sujeitos criticamente letrados e que melhore de maneira significativa a relação de
ensino/aprendizagem. Pois é a leitura e a nossa visão de mundo que nos permite dominar a palavra.

COMO LIDAR COM A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS METAFÓRICOS EM


SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dieysa Kanyela FOSSILE – UFT
dieysa@ibest.com.br

Nesta comunicação tem-se como objetivo apresentar: (a) o projeto de pesquisa intitulado
“Metáforas: a leitura de textos metafóricos nas séries do ensino fundamental”, que está sendo
desenvolvido com alunos do curso de Letras da UFT e (b) resultados parciais. Por meio deste
projeto, tenciona-se: (a) incentivar o aluno do curso de Letras a observar e analisar como os alunos
do ensino fundamental da Escola “X” (escola em que esta pesquisa está sendo desenvolvida)
interpretam textos metafóricos; (b) levar o aluno de Letras e futuro docente dessa área de ensino a
refletir sobre a metáfora e a compreendê-la; (c) levar o aluno-professor a buscar estratégias de
ensino-aprendizagem que contribuam para a formação do aluno-leitor. Algumas leituras que
contribuíram/contribuem para o desenvolvimento desta pesquisa centram-se nos estudos de Kittay,
na Teoria da Interação de Max Black, nos estudos de Mara Zanotto e nos textos de Geraldi, Koch,
Marcuschi, Foucambert, Cagneti, Freire, Kleiman, entre outros. Por meio desta comunicação,
pretende-se apresentar alguns resultados parciais alcançados no decorrer deste estudo, isto é, o
aluno do curso de letras e futuro professor verificou que: (a) ler não é somente decodificar; (b) o
conhecimento de mundo do aluno do ensino fundamental deve ser levado em conta nas aulas de
leitura e de interpretação de textos; (c) um professor tem que planejar suas aulas e buscar estratégias

301
que incentivem os alunos; (d) não é fácil elaborar aulas que estimulem o aluno a querer ler; (e)
existem muitos estudos envolvendo a leitura; mas, não há uma receita pronta para ensinar a ler e
nem mesmo ensinar a gostar de ler; (f) a metáfora não é apenas uma figura de linguagem ou
substituição de um termo por outro; (g) a metáfora envolve a linguagem e a cognição. Essas são
algumas questões que serão discutidas durante a comunicação.

CINEMA E LITERATURA: REPRESENTAÇÕES AUTOBIOGRÁFICAS


Luciana Brandão LEAL – PUC – MINAS
luciana_brandao@hotmail.com

Os objetos deste estudo, Cinema e Literatura, fazem parte do produto geral do conhecimento
humano, ou seja, da cultura. Assim como a ciência, as artes são realizações de um povo, conjunto
socialmente herdado, que, de certo modo, determinam o pensamento comum. No momento em que
entra em contato com a multiplicidade da representação sígnica, o espectador, em um processo
constante de questionamento e aceitação, toma consciência de sua condição, dos seres e das coisas.
A arte, então, em seu diálogo constante com o mundo, representa a essência humana, fecundando e
permitindo a identificação com o que é próprio a cada indivíduo. Através da identidade criada, a
arte, embora se configure por meio de percepções transitórias, adquire perenidade, uma vez que é
apreendida pela razão humana e torna-se base constitutiva de realizações. A transposição fílmica de
obras literárias chama atenção pela expressão de uma nova consciência de tempo e espaço, que
encerra no recurso cinematográfico uma vertente privilegiada. O Cinema será discutido e destacado
por ser arte e representação técnica da consciência temporal moderna, figurando como a mais
representativa de sua época, embora não seja, necessariamente, a mais criativa. Este estudo consiste
em reflexões sobre a inter-relação entre Literatura e Artes Visuais. Nesta proposta didática,
direcionada para o Ensino Médio, buscar-se-á discutir a importância do Cinema e da Autobiografia.
É fundamental considerar que ao aliar tais práticas, o artista estará duplamente presente, como
personagem representado e na obra de arte final. Para o espectador, uma vez terminada a magia do
olhar reflexivo, pode ser difícil determinar o elo entre estes dois aspectos. Observar um autorretrato
abre um novo espaço para leitura ou releitura do indivíduo ali exposto.

A PRÁTICA DA LEITURA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EJA


Liliane Aparecida Jose COIMBRA – INESC
lili_kaz@hotmail.com

O trabalho investigou como a leitura é inserida na educação de jovens e adultos, para tanto foi
necessário abordar assuntos como: o histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil,
analisando a evolução dessa modalidade de ensino desde a época do Brasil colônia até os dias
atuais. A relação entre leitura e letramento e como essa relação está interligada ao ensino-
aprendizagem, o estudo também aborda o conceito de Leitura e o seu progresso repercutido na
sociedade, e a importância desta para a compreensão, interpretação e reprodução dos fatos, notícias
e condições na sociedade.A prática da leitura é hoje um quesito muito importante para a
convivência neste mundo cada vez mais envolto em tecnologia, a precariedade dessa prática
inviabiliza as outras formas de comunicação com as quais o homem da atualidade tem de
confrontar, não é apenas uma democratização do acesso ao conhecimento e sim elevar a qualidade
de ensino para que o acesso a esse mundo moderno possa estar ao alcance de todos. A inserção do
cidadão crítico reflexivo na sociedade depende de uma boa educação focada no desenvolvimento
cognitivo do indivíduo. A leitura de mundo é importante para a adequação desse indivíduo à
sociedade contemporânea.A função do educador é, principalmente, ser o mediador do
conhecimento, motivar os educandos a tomar parte do processo educativo. Possibilitar meios para
que o próprio educando tenha curiosidade e, por imediato, que sejam construtores do seu
conhecimento. O que se deseja é que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos e seus

302
professores possam constituir-se como leitores e produtores de textos. Portanto, alunos do programa
EJA, necessitam de uma educação voltada para fatos cotidianos que deem suporte para a prática da
leitura. O trabalho faz essa reflexão e ressalta as dificuldades encontradas no cotidiano dessa
prática pedagógica.

PRÁTICA DE LEITURA COMO ALICERCE PARA A FORMAÇÃO DO SUJEITO-AGENTE


NA PRODUÇÃO DE SENTIDO NOS PROCESSOS DISCURSIVOS
Shirlei Luana Chaves e Sousa PEREIRA – PUC – MINAS
shirleiluana@yahoo.com.br

A leitura deve ser compreendida como um alicerce sócio-cultural, sendo a mesma responsável pela
formação do sujeito leitor. As estratégias de construção de leitura devem receber uma apreciação,
pois é a partir delas que o sujeito, enquanto leitor, se insere no "mundo da leitura". É importante
frisar que por mais que a leitura seja a base que sustenta os muros sociais, a mesma ainda é tratada,
por muitos, de forma insignificante. Há muito vem se discutindo e reformulando o ensino da
leitura/interpretação, pois, dentro do ambiente escolar existia/existe a ideia de uma leitura linear,
capaz de nos dar uma única interpretação.Porém, quando falamos em sujeito-agente nos processos
discursivos pensamos em um sujeito capaz de argumentar e sustentar todos os seus argumentos e
para tal é preciso que haja práticas de leitura e uma "certa" liberdade para interpretar. Deste modo, o
sujeito leitor não pode ser censurado em seu processo de leitura e interpretação, apenas, se preciso,
direcionado para que não fuja do tema tratado. De acordo com Orlandi (1996, p 09), a leitura " é
uma questão de natureza, de condições, de modo de relação, de trabalho, de produção de sentidos,
em uma palavra: de historicidade", portanto, a leitura é construída ao longo da história. O ato de ler
deve ser um processo constante para que o sujeito possa armazenar conhecimentos e em um
processo discursivo seja capaz de utilizá-los e adequá-los ao contexto de comunicação.Assim, é
preciso que percamos a ideia de que a leitura é apenas uma decodificação linguistica, e
compreendê-la como um processo de interação e percepção discursiva

O TRABALHO DOCENTE: REFLEXÃO SOBRE OS MODOS DE LEITURA


Sandra Memari TRAVA – USF
stmemari@ig.com.br
Luzia BUENO – USF
luzia_bueno@uol.com.br

O trabalho do professor na maioria das vezes está centrado no conjunto de prescrições estabelecidas
pelos documentos como: Leis de Diretrizes e Bases, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
Propostas Pedagógicas, etc. Mesmo tendo um espaço para discussões coletivas e estudos no âmbito
escolar, como por exemplo: estudos no HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) e
participação na elaboração da proposta pedagógica escolar, o professor se depara com o
cumprimento de regras estabelecidas e apresentadas hierarquicamente. “A organização do trabalho
efetuado pelos professores é, assim, uma resposta às prescrições” (MACHADO, 2004). Desse
modo, pensando no trabalho do professor em sala de aula com práticas de leitura, nas múltiplas
atividades que lhe são impostas e nas condições de trabalho em que esse profissional está inserido,
o presente artigo tem por objetivo analisar e refletir sobre o trabalho de uma professora de 4ª série,
CICLO I, da Rede Estadual de Ensino, de uma escola de São José dos Campos, tendo como base as
prescrições seguidas e as formas de leitura. Tomamos como referencial teórico a perspectiva sócio-
histórica que busca superar o reducionismo das concepções empiristas e idealista, analisando o
sujeito não como objeto, mas valorizando o contexto ao qual está inserido (FREITAS, 2002). Com
relação ao trabalho docente nos pautamos nos autores TARDIF E LESSARD (2011). Esses autores
defendem a ideia de que o trabalho docente constitui a chave para a compreensão das
transformações atuais das sociedades do trabalho. No baseamos também em alguns estudos sobre a

303
ergonomia e clínica da Atividade em autores como: YVES CLOT (2010), FAÏTA, MACHADO
(2004).

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL: UM OLHAR PARA O TRABALHO COM A LEITURA NA SALA DE
AULA
Sueli GEDOZ - SEED/PR
oi_sueli@hotmail.com
Lauciane Piovesan ZAGO – UNIOESTE
lhpzlauciane@hotmail.com

A pesquisa que pretendemos apresentar neste trabalho vincula-se ao Núcleo de Pesquisa do


Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras – Nível de Mestrado e Doutorado – com área
de concentração em Linguagem e Sociedade, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE e articula-se a partir da temática “formação de professores da Educação Básica – anos
iniciais do Ensino Fundamental”, da região Oeste do Paraná, focalizando, especificamente,
municípios que apresentaram índices abaixo de 5,0 na avaliação do INEP/SAEB realizada no ano
de 2009. Trata-se de um projeto financiado pela CAPES/INEP, por meio do qual objetivamos, a
partir de instrumentos investigativos, verificar quais são as dificuldades enfrentadas pelos
professores dos anos inicias para trabalhar com os conteúdos da Língua Portuguesa, principalmente,
os conteúdos que remetem às capacidades de leitura e, a partir dos dados obtidos, proporcionar
formação continuada que atenda aos anseios desses docentes no que se refere ao trabalho com esses
conteúdos em sala de aula. Orientados pela concepção sociointeracionista de linguagem e com vista
a alicerçar teoricamente nosso corpus de pesquisa, pautamos nossos estudos principalmente nas
obras Koch e Elias (2010), no que se refere aos aspectos de leitura, e em Bakhtin(2006) e a
Bronckart (2003), no que remete aos aspectos discursivos da língua e aos gêneros textuais. Com
isso pretendemos, a partir desse projeto de formação continuada estendido aos docentes dos anos
iniciais do Ensino Fundamental, re-pensar e, quando necessário, re-direcionar a ação educativa, no
sentido de oportunizar aos alunos práticas pedagógicas voltadas ao letramento, que assegurem a
inserção social e discursiva, à medida que as capacidades e habilidades de leitura sejam trabalhadas
de forma efetiva na sala de aula.

FORMAÇÃO LEITORA NA ESCOLA: UM OLHAR PARA PROFESSORES DOS ANOS


INICIAIS
Terezinha da Conceição Costa HUBES – UNIOESTE
terecostahubes@yahoo.com.br

O PISA revelou, em 2000, a competência leitora dos alunos e o Brasil ficou em último lugar.
Preocupado com esse resultado, em 2005, o INEP instituiu a Prova Brasil, com o propósito e dar
continuidade ao processo avaliativo instituído pelo SAEB. Assim, preocupados com tais índices e
tentando atingir uma meta estabelecida para o Brasil até 2022, a CAPES, em parceria com o INEP,
lançaram o Edital 038/2010, no sentido de envolver os Programas de Pós-graduação Stricto Sensu,
financiando projetos cujo foco estivesse direcionado para a melhoria de ensino nos anos iniciais,
voltado a ações de letramento. Atendendo ao Edital, o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Letras, da UNIOESTE, propôs o Projeto de Pesquisa e de Extensão Formação Continuada para
professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios
com baixo IDEB da região Oeste do Paraná, envolvendo 7 municípios que apresentaram índice
abaixo de 5,0 no IDEB. Para dar conta das ações propostas, criou-se um Núcleo de Pesquisa, cujos
principais objetivos são: propiciar reflexões sobre o exercício da alfabetização/letramento;
identificar as dificuldades de leitura e de escrita dos alunos; e, sobretudo, trabalhar com os
professores os problemas encontrados, na tentativa de melhorar o rendimento dos discentes na

304
Prova Brasil, bem como em seu desempenho como leitores/escritores ativos dentro da sociedade.
Como coordenadora do Projeto e do Núcleo de Pesquisa, pretendemos, por meio desse espaço,
socializar as ações empreendidas, até o momento. Tal perspectiva investigativa se inscreve,
teoricamente, nos pressupostos bakhtinianos que compreendem a leitura como uma ação de
interação entre os sujeitos, portanto, uma prática dialógica que aponta para a responsividade; em
Rojo (2002), que discorre sobre letramento e capacidade de leitura; em Koch e Elias (2008), as
quais compreendem a leitura como a interação entre autor-texto-leitor, dentre outros pesquisadores.

A CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO AUTOR-LEITOR EM CRÔNICAS SOB A PERSPECTIVA


SISTÊMICO-FUNCIONAL
Alda Maria Coimbra Aguilar MACIEL – UERJ
coimbra.aldamaria@gmail.com

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM/2006), o ensino de língua
portuguesa deve, em linhas gerais, contribuir para que os educandos, através da aquisição de um
conhecimento voltado para a independência, se tornem capacitados para ingressar no mercado de
trabalho e atuar com responsabilidade na sociedade. No que se refere à literatura, sob a perspectiva
das OCEM, os estudos literários devem ir além da exposição às características de variados estilos de
épocas. A leitura literária deve ser vista como uma ferramenta importante que conduzirá ao
desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia intelectual dos educandos. Essa perspectiva
remete ao conceito de letramento literário que, em termos gerais, deve ser visto como estado ou
condição de quem é capaz de ir além da leitura do texto escrito da poesia ou drama. O objetivo
dessa comunicação é apresentar uma investigação cujos aportes teóricos centrais incluem os estudos
da Linguística Sistêmico-Funcional (EGGINS, 1994; HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004).
Pretende-se examinar as características genéricas de um grupo de crônicas que fazem parte dos
acervos selecionados e indicados pelo Governo Federal através do FNDE e distribuídos pelo PNBE,
para utilização em contextos escolares brasileiros. A metodologia utilizada para a realização desta
investigação foi a da Linguística de Corpus, através do programa computacional WordSmith Tools
5.0 (SCOTT, 2008). A análise dessas crônicas tem como objetivo específico o estudo da construção
da relação autor-leitor, com base na Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday (2004) para
investigar o papel e a contribuição dos acervos PNBE para a formação de leitores reflexivos e
críticos em sala de aula de Língua Portuguesa.

LEITORES DE HARRY POTTER: ENTRE LIVROS, LEITORES, TELAS, ENCONTROS


Luiza Trópia SILVA – UFMG
luizatropia@hotmail.com

Este artigo focaliza práticas de leitura por uma comunidade de leitores dos livros da série Harry
Potter. Essas práticas, tomadas como fenômenos passageiros ditados pela moda e pelo marketing,
muitas vezes negligenciadas em instituições escolares e acadêmicas, mostram-se duradouras entre
crianças, jovens e adultos. Nossa proposta parte de pesquisa bibliográfica; de dados obtidos em um
banco de dados de uma biblioteca pública de Belo Horizonte; e também de respostas a um
questionário aplicado aos participantes de um encontro sobre Harry Potter, promovido
semestralmente pela mesma biblioteca. Com base nesses dados, delineou-se o perfil dessas
crianças/jovens e de algumas de suas preferências e disposições de leitura. As informações obtidas
no banco de dados da biblioteca permitiram também uma análise sobre os dados de empréstimos e
os livros mais procurados pelos leitores. O trabalho se situa no campo de estudos sobre o letramento
literário, mais especificamente sobre a formação de leitores em comunidades que alimentam as
discussões sobre os livros da série, expandindo-as a outros produtos culturais como o cinema, jogos
e a produção de textos desses mesmos leitores, em sites ou outros suportes, baseados na série. A
escolha do objeto foi motivada por terem os livros despertado o interesse de leitura não só em

305
crianças e jovens como também em adultos, desde a publicação do primeiro livro da série,
contrariando a ideia de que não gostam de ler. O trabalho procura refletir sobre a crítica literária a
respeito dos livros e também sobre as tensões existentes entre as instituições legitimadoras da
leitura e os leitores da série.

A CANÇÃO BRASILEIRA COMO PRÁTICA DE LEITURA


Naíssa de Carvalho RAJÃO – PUC-MINAS
naissacr@hotmail.com

O trabalho do professor atualmente vê-se rodeado por grandes dificuldades no que diz respeito à
adesão dos alunos às propostas do professor. Todo professor depara-se com estas dificuldades
independentemente do tipo de escola, classe social dos alunos, bem como outras variáveis.
Conseguir despertar a atenção e o interesse dos alunos para a leitura então, tem se mostrado uma
tarefa árdua para os professores, visto que, as formas de entretenimento fácil, rápido e interativo
como, por exemplo, os sites de relacionamento são incomparavelmente mais atraentes para eles que
qualquer tipo de leitura. No entanto, a música do gênero canção, que une letra e música, sempre fez
parte do cotidiano de todos, inclusive de crianças e adolescentes em fase de letramento. Assim,
aproveitar-se da riqueza das construções linguísticas presente principalmente na música popular
brasileira pode ser uma boa forma de trabalhar a leitura de textos na prática escolar. Além disso, o
gênero canção traz consigo outro fator de grande relevância, seu alto grau de persuasão, visto que
tais construções não se dão somente no âmbito da letra, mas também no da construção musical, que
potencializa o sentido do texto e desperta a adesão do público pela emoção. Para a construção de tal
proposta nos apoiaremos nas teorias de Bakthin, por se tratar da construção social do sentido através
da interação, Charaudeau e sua teoria sobre os contratos comunicativos e a relação entre os sujeitos
comunicante e interpretante, Saussure, no estudo do signo linguístico, Benveniste, no estudo do
caráter enunciativo da linguagem, dentre outros.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LUGAR DO ENSINO DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO


BÁSICA
Ana Cristina Coutinho VIEGAS – CPII
anacristinaviegas@terra.com.br

A leitura em sala de aula pressupõe o estudo de diferentes gêneros textuais, entre eles o texto
literário. Desenvolver a sensibilidade dos alunos para o artefato verbal constitui um grande desafio
para muitos professores da Educação Básica em nosso país. Paralelamente à formação estética,
entretanto, a educação literária deve contribuir também para a promoção de uma consciência dos
valores políticos e ideológicos que permeiam o gosto e o cânone. Os chamados "estudos culturais"
inegavelmente suscitaram discussões sobre o cânone. Aqueles que os consideram uma ameaça ao
estudo dos clássicos questionam, por exemplo, se obras anteriormente negligenciadas estão sendo
valorizadas por sua "excelência literária", sua "dignidade estética", como chamou Baudelaire, ou
por sua representatividade cultural. Um argumento possível para esse tipo de postura vem a ser o
fato de que o critério de excelência literária tem estado historicamente comprometido com critérios
não-literários. A escola, por sua vez, tem um papel importante no processo de consagração de certas
obras e marginalização de outras. O fortalecimento do ensino da literatura requer a interseção entre
teoria literária e pedagogia crítica, o que passa pela formação do professor. Em um mundo
dominado por tecnologias visuais e pela cultura do entretenimento, é preciso rediscutir os objetivos
de ensinar e estudar literatura, a relevância da educação literária e ainda o meio de fortalecer
sujeitos sociais através da disciplina. A leitura crítica e competente é fundamental para o exercício
da cidadania. Este trabalho se propõe a discutir o papel político e social da literatura, levando em
conta relações entre a formação e a prática do professor na contemporaneidade.

306
EVENTOS DE LETRAMENTO EM LEITURA LITERÁRIA ESCOLAR: UM ESTUDO NA
SALA DE AULA DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Edemar Amaral CAVALCANTE – UFMG
edemar.seemg@gmail.com

Esta pesquisa tem como foco a investigação de eventos de letramento (HEATH, 1982) no micro-
contexto escolar da sala de aula, especificamente em torno do texto literário. Segundo Heath (1982),
o termo eventos de letramento é uma ferramenta conceitual que ajuda a identificar, em comunidades
específicas, “as formas e funções das tradições orais e letradas e as relações coexistentes entre a
linguagem falada e escrita” (p. 93). Barton e Hamilton (2000, p. 8) também afirmam que eventos de
letramento “são episódios observáveis que surgem a partir de práticas e são moldados por elas. A
noção de eventos sublinha o caráter situado do letramento, que sempre existe em um contexto
social”. O conceito de eventos de letramento constitui-se, nesta pesquisa, o conceito-chave utilizado
para orientar as observações e registros dos eventos presentes nas práticas de leitura de textos
literários de uma turma do 5º ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de
ensino, na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. A pergunta de pesquisa que orienta este
estudo é a seguinte: Quais são os eventos de letramento em que o texto literário é elemento central e
organizador das interações entre participantes da sala de aula e quais são as implicações dos
processos comunicativos estabelecidos nesses eventos para a constituição dos significados
atribuídos à leitura literária nesse micro-contexto? O objetivo geral deste trabalho é analisar as
interações em uma turma do 5º ano do ensino fundamental a partir dos eventos de letramento
literário e compreender as implicações dessas interações para a formação dos alunos como leitores
de textos literários.

DORIAN GRAY NO ARMÁRIO: DISCUSSÕES SOBRE AS ADAPTAÇÕES DE THE


PICTURE OF DORIAN GRAY PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO E POSSÍVEIS
IMPLICAÇÕES PARA A LEITURA CRÍTICA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Adail Sebastião Rodrigues-JÚNIOR – UFOP
adail.sebastiao@gmail.com

Os estudos sobre leitura têm enfatizado o papel social e discursivo que a literatura em geral exerce
na vida
de seus leitores. No caso específico da literatura gay, Harvey (2000) salienta que as experiências
ficcionais vividas pelos personagens de romances e contos ecoam nas manifestações sociais de seus
leitores, estabelecendo práticas que não ficam restritas à interação literatura-leitor. Fica evidente,
sobretudo pelas pesquisas no campo das minorias, que as representações sociais da outridade
perpassam as multifacetadas formas de uso da linguagem, em contextos diversos. No caso
específico desta apresentação, nosso objetivo é discutir, comparativamente com o original, alguns
trechos de duas obras adaptadas de The Picture of Dorian Gray, uma feita por Clarice Lispector, na
década de 1970, e a outra por Cláudia Lopes, na década de 1990, de modo a problematizar que
elementos, de nível cultural e social, apresentam "certa equivalência" com os impactos controversos
que a escrita da obra causou a seu ator, Oscar Wilde, e, consequentemente, à problemática do
homossexualismo na era vitoriana da Inglaterra e da Irlanda do século XIX, contextos nos quais
Wilde passou boa parte de sua vida construindo sua fama (e decadência) como dramaturgo, crítico e
escritor. Como decorrência dessa discussão, um segundo objetivo é levantar questões acerca dos
elementos textuais, paratextuais e contextuais, no entorno de obras literárias, que merecem atenção
e que concorrem para uma efetiva estratégia de ensino de leitura crítica, no contexto da educação
básica no Brasil. Concomitantemente à execução dos objetivos propostos, esta apresentação
questiona até que ponto as adaptações restringiram ou ampliaram a polêmica sobre o
homossexualismo na época e no contexto da escrita do romance do dramaturgo irlandês. A teoria
orientadora deste estudo é a Linguística Sistêmico-Funcional, com foco nas discussões sobre

307
semântica discursiva (Martin, 1992), linguagem e escolarização (Schleppegrell, 2004) e letramento
(Gee, 2008).

OS PARATEXTOS, EM DIFERENTES EDIÇÕES, DA OBRA “O MENINO POETA”


Raquel Cristina Baêta BARBOSA – UFM
raquelbaeta@gmail.com

O trabalho intitulado “O menino poeta: seus paratextos em diferentes edições” apresenta resultados
iniciais do projeto de mestrado: “O Menino Poeta (in)versões: a possível conquista de novos
leitores, que está em andamento. A proposta deste artigo é comparar as edições de diferentes
editoras da obra “O Menino Poeta”, de Henriqueta Lisboa, ao longo de quase setenta anos de sua
existência. A intenção de analisar e recuperar aspectos da edição e produção desse livro é identificar
mudanças, avaliando a relação entre as alterações e a possível construção/ de novos leitores-
modelos, incluindo os leitores-modelos de obras da literatura infanto-juvenil. O objetivo é refletir se
as alterações editoriais, gráficas e de conteúdo de uma mesma obra, ao longo dos anos, apresentam
intenção de conquistar novos leitores em diferentes momentos de circulação da obra. Leva-se em
consideração alguns aspectos que compõem a obra. Para esta proposta serão desenvolvidas análises
de alguns paratextos dessa obra, escolhidas entre os oito exemplares de cinco editoras: editoras
BEDESCHI (1ª edição da obra, 1943), edição ampliada feita pela Secretaria de Estado de Educação
de Minas Gerais (1975), Editora Mercado Aberto (1986,1991,1998 e 2001), Global (2003) e
Peirópolis (2009).Utilizando pressupostos dos estudos da edição, da bibliografia material e da
história do livro (Roger Chartier, Robert Darnton, Donald Mckenzie) e estudos específicos sobre
paratextos editoriais (Gérard Genette) foram descritos e analisados aspectos referentes aos
prefácios, quarta-capas, formato, capas, comentários, assim como supressões e acréscimos no
número de páginas que indicam destinatários possíveis e usos da obra.

GRUPO TEMÁTICO 46: PRODUÇÃO DE FILMES DE CURTA-METRAGEM COMO


FACILITADOR DA INCLUSÃO DE DIVERSIDADES CULTURAIS NA SOCIEDADE
COORDENADORA: Mara Cleusa Peixoto Assis RISTER (UFT) – mara.peixoto@uft.edu.br

A população anônima, nas ações habituais do cotidiano, produz eventos culturalmente importantes
para a identificação e consagração histórica de sua estrutura social, econômica e afetiva. Assim, a
realidade do povo e da vida comparece permeada por significados que podem permanecer opacos e
negligenciados em sua qualidade de importantes veículos de propagação da cultura. Essa cultura é
incessantemente produzida nos espaços públicos ou privados. Desse modo, nossa proposta busca
incentivar a produção e divulgação de filmes de curta-metragem realizados em locais como escolas,
asilos, hospitais, feiras livres, nas ruas e nos diversos domicílios de trabalho e de outras vivências
historicamente descritas como populares. Como ferramenta de trabalho pedagógico no Ensino
Básico ou na Graduação, a produção de curtas pode ser mais um instrumento de registro e validação
da cultura popular. Além disso, o envolvimento de alunos em atividades de produção dessa natureza
poderá contribuir para clarificar, difundir, desmistificar e validar a comunicação e as práticas
sociais adotadas pelo cidadão comum. Tais produções poderão servir, ainda, de elemento
importante para a inclusão social das pessoas, tanto em seu meio, quanto nos mais variados locus de
ação. Nesses termos, este grupo de trabalho convida os produtores, estudiosos e simpatizantes de
filmes de curta-metragem para participação e contribuição para o enriquecimento dos
conhecimentos sobre o tema. O gênero curta-metragem pode dar origem a produções assentadas em
temas apresentados com humor, documentário, drama ou, dentre outros, o terror. A meta é propiciar
a apresentação de trabalhos realizados e seus respectivos projetos. Importa conhecer e discutir
meios de produção de fichas técnicas, dos roteiros e da filmagem, apoio técnico obtido, capacitação
do pessoal envolvido, bem como os meios de divulgação e o impacto percebido na população-alvo e
receptora do produto final.

308
A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA COMO UMA LEITURA DE DIFERENTES
REALIDADES DO TOCANTINS
Eliane Cristina TESTA – UFT
poetisalia@gmail.com

A produção fílmica no Estado do Tocantins ainda é muito escassa. Através de pesquisas


identificamos que a produção audiovisual do Tocantins está centrada, principalmente na produção
de curtas-metragens e documentários. Mas o que estes procedimentos de criação cinematográficos
têm a ver com as diferentesrealidades do Tocantins? Numa busca pela compreensão da obra, seguir
os caminhos deixados pelos criadores é uma forma de se tentar tornar o movimento legível e revelar
os sistemas responsáveis pela geração da obra. A obra só passa a existir, à medida que o criador
confere a ela determinadas características, que envolvem movimentos de apropriações,
transformações e ajustes. Numa montagem cinematográfica, não devemos nos esquecer que o papel
do receptor é de suma importância, pois toda obra precisa de um receptor, toda obra precisa
comunicar-se, assim, o receptor também é parte integrante do processo, mesmo quando, apenas, se
tem em mente a questão do mercado. O cinema tem múltiplas facetas e a linguagem audiovisual
pode mapear estas diferentes realidades artísticas, sociais e temporais. Nosso objetivo, no presente
estudo, é mapear a produção audiovisual relacionando os campos dos procedimentos da criação e
sua inserção em diferentes espaços culturais e sociais. Metodologicamente, adotamos uma postura
fenomenológica para olhar os materiais (entrevistas e vídeos) pesquisados. A pesquisa está pautada
no conceito de criação como um processo Semiótico, dado por uma reconhecida pesquisadora do
tema. Constatamos que, a partir do mapeamento, há relações internas formais, voltadas às questões
técnicas da linguagem cinematográfica e que, ainda, é uma forma de produção que tenta se afirmar
a partir dos elementos da poética do entorno.

UM ABRIGO PARA VELHAS MEMÓRIAS: PRODUÇÃO DE CURTA-METRAGEM COMO


MEIO DE INCLUSÃO SOCIAL E VALORIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA EXISTENCIAL DE
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE ARAGUAÍNA, ESTADO DO
TOCANTINS
Mayrla Bílio OLIVEIRA
mayrlabilio@hotmail.com
Alais Cristynne Silva dos SANTOS – UFT
alais_cristynne@hotmail.com

A produção do curta-metragem “Um Abrigo Para Velhas Memórias” teve por objetivo principal o
resgate da trajetória de vida dos idosos institucionalizados no município de Araguaína, Estado do
Tocantins. Para tanto, buscou-se uma forma de retratar a (ex)inclusão de idosos no meio social. Os
idosos residentes em abrigos parecem ver nessas instituições uma oportunidade para se traçar
vínculos sociais, já que a maioria não possui mais relações com seus familiares e amigos de outrora.
No entanto, apurou-se que na percepção dos mesmos, essa exclusão pode ser uma consequência de
um processo anterior, causado por perdas sofridas em decorrência do tempo vivido. A fim de obter
relatos vivos dessas importantes memórias, foi produzido o curta-metragem “Um Abrigo Para
Velhas Memórias”. O curta foi gravado na Casa do Idoso Sagrado Coração de Jesus, em Araguaína-
Tocantins e busca evidenciar e promover esta inclusão. Para colher os depoimentos dos idosos,
foram preparados esquemas de entrevistas semiestruturadas que permitiram aos entrevistados a
rememorização de sua história de vida. Nesse trabalho, os idosos relatam fatos ocorridos em suas
vidas, falam sobre seu passado, de suas perdas, dos arrependimentos e também da oportunidade de
terem uma instituição que lhes deu acolhida. Relatam que o Abrigo proporcionou laços de amizade
conquistados ao longo de sua convivência. Muitos idosos consideram os voluntários e cuidadores
uma segunda família e ali aguardam silenciosamente o momento de sua morte. Em relação à
instituição, apurou-se que esta tem a responsabilidade de salvaguardar o processo de inclusão do

309
idoso. Ao permitir a formação do círculo social e do acolhimento aos abrigados e incentivar o seu
convívio com outras pessoas a instituição propicia sua inclusão social. O idoso, de acordo com suas
declarações, beneficia-se com as relações sociais possibilitadas no decorrer de sua
institucionalização.

A PRODUÇÃO DE CURTA-METRAGEM COMO REFERENCIAL PEDAGÓGICO PARA A


INCLUSÃO DA CULTURA INDÍGENA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE
ARAGUAÍNA, ESTADO DO TOCANTINS
Marinalva Dias de LIMA – UFT
mari.dias_lima@hotmail.com
Glaucileia Fontoura NABARRO – UFT
correio.glau@hotmail.com

O objetivo desse trabalho é detectar e problematizar a inclusão da Educação Indígena no currículo


das escolas municipais e estaduais do município de Araguaína, no Estado do Tocantins. Verificou-
se empiricamente que, não obstante a existência da Lei Federal 11.634 de 10/03/2008, que estende a
obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, permanece a carência da
abordagem do tema nos currículos escolares. Parece comum as escolas contemplarem o tema
apenas na data comemorativa denominada Dia do Índio, em 19 de abril. Para a verificação desses
pressupostos, foram realizadas entrevistas com perguntas introdutórias semiabertas. O objetivo era
obter dos profissionais da educação dados e informações de como o tema tem sido abordado, ou
mesmo se este é mencionado ou trabalhado nas escolas. As entrevistas foram filmadas e com o
material inicial coletado, foi feita a edição para chegar à produção final de um filme de curta-
metragem. A edição buscou preservar a originalidade dos discursos dos entrevistados, razão
principal dessa investigação. As análises do material produzido permitiu apurar a importância da
produção para uso pedagógico, considerando a falta de materiais específicos ou cursos de
capacitação para apoio técnico-pedagógico na educação escolar referente ao tema. Conclui-se com
esse trabalho que o tema é tratado de forma não abrangente porque é inserido em outras
especificidades. A Educação Indígena e sobre o indígena nas escolas do município de Araguaína
deve ser prioridade e carece de produção de materiais apropriados para enriquecimento do ato
pedagógico.

UM ESTUDO DE CASO DE DUAS OFICINAS DE CURTA-METRAGEM, NO GÊNERO


VIDEOPOESIA, MINISTRADAS PARA ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS
Cardes Monção AMÂNCIO – CEFET/MG
cardes@gmail.com

A presente comunicação visa debater duas oficinas de produção de videpoesias ministradas por este
autor para público infanto-juvenil da cidade de Itabira, Minas Gerais. Para ambas oficinas
observaremos o surgimento da demanda pelo curso, que se ampara num tripé de iniciativas da
sociedade civil, viabilizadas por leis de incentivo através do patrocínio de empresas públicas ou
privadas; a constituição da turma de alunos, uma vez que apesar de serem ambas as oficinas
realizadas para alunos de escolas públicas, uma delas teve como público-alvo participantes do
“Drummonzinhos”, projeto social da Fundação Carlos Drummond de Andrade; a metodologia
utilizada, da introdução teórica à produção audiovisual, passando pela escolha das poesias a serem
utilizadas nas obras; uma descrição do trajeto percorrido durante a realização das oficinas, incluindo
os percalços e dificuldades encontrados; análise das obras produzidas pelos alunos, sob os títulos
“Amizade”, “Itabira”, “Tempo” e “Pó de poesia” (as obras podem ser acessadas em
<http://versos29frames.blogspot.com/> Acesso em 07/03/2012). Numa esfera mais ampla debate-se
a importância da reversão do processo midiático, com a possibilidade de cidadãos normalmente
meros consumidores de produtos audiovisuais, se tornarem produtores. Como também a obtenção

310
de produtos culturais regionais. E não como regra, mas como possibilidade, o diálogo entre as obras
artistas locais, como no caso dos vídeos produzidos, em que foram utilizados poemas de Carlos
Drummond de Andrade e Newton Baiandeira, ambos itabiranos. Por último analisa-se a distribuição
e a circulação das obras produzidas.

GRUPO TEMÁTICO 47: Produção de textos em língua portuguesa: um processo de idas e vindas
COORDENADORA: Janayna Bertollo Cozer CASOTTI (UFES/UFF) –janayna.casotti@ufes.br

O objetivo deste grupo temático é integrar pesquisadores cujos trabalhos tenham como foco o
ensino da produção de textos. Partindo da concepção de escrita textual como atividade “transitiva”,
pretende-se analisar o percurso envolvido na prática de escrita de textos, desde a proposta de
produção até a atividade de reescrita. Conforme aponta Rangel (2011, p. 61), a produção de um
texto envolve um dado interlocutor, objetivos determinados e também um gênero: “escrevemos em
situações de comunicação bastante precisas, capazes de balizar o quê e o como dizer, assim como o
para quem o diremos”. Desse modo, sob a ótica da Linguística Textual e da Análise do Discurso,
assume-se, aqui, a concepção de linguagem como “interação”, que liga locutor e interlocutor, num
processo contínuo de interlocução. A palavra do locutor se orienta, portanto, dialogicamente em
função do interlocutor. Como assinala Bakhtin (1999, p. 113), “toda palavra comporta duas faces.
Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para
alguém”. Dessa maneira, a produção de um texto, entendida como ato de linguagem, não pode ser
explicada fora do vínculo com a situação concreta. A esse respeito, Koch (2000, p. 9) lembra que a
linguagem deve ser compreendida “como forma de ação, ação interindividual finalisticamente
orientada”. A linguagem se apresenta, pois, como uma ação que as pessoas realizam, não como fim
em si mesma, mas como estratégia para produzir sentido e, sobretudo, instaurar relações sociais.
Assim, vivenciando a escrita como prática social, é possível compreender essa atividade de
linguagem como um processo, em que se envolve também leitura, revisão e reescrita. Este grupo
temático pretende, pois, reunir trabalhos de caráter teórico e/ou prático, em andamento ou já
concluídos, que tratem dos aspectos acima mencionados.

O DESENHO INFANTIL E AS NARRATIVAS ORAIS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO


TEXTUAL: INDÍCIOS DE UM ESTILO EM CONSTRUÇÃO
Wellington Barbosa SILVA - UFAL/IFAL
wellington-b@hotmail.com

As atividades de escrita na escola têm merecido, já há algum tempo, a atenção de estudiosos das
áreas de Educação e da Linguística, principalmente, com o destaque que se tem dado ao processo de
escritura e sua relevância para o entendimento de questões que perpassam as atividades de ensino
na sociedade moderna. E sendo o processo de aquisição da língua escrita, um momento de transição
do sujeito já-falante para um novo espaço-tempo de produção de linguagem que, embora referido
necessariamente a uma língua falada, possui sua estrutura e funcionamento discursivo próprio, cabe
aos pesquisadores e professores o entendimento de como o sujeito se apropria de objetos históricos
e simbólicos para exercer sua “autonomia” em meio à textualidade já existente e como estes
elementos se apresentam como possibilidade de manifestação de suas intenções discursivas. Com
isso, busco analisar as formas particulares de produção de textos por crianças, em especial os
desenhos infantis, observando marcas de seu trabalho individual com a língua que possam ser
tomadas como indícios de um estilo em construção, traçando reflexões sobre o seu trabalho
individual com a linguagem e buscando mostrar de que modo eles exploram o desenho na
manifestação de seu querer discursivo. A metodologia utilizada neste trabalho é a da pesquisa
qualitativa de cunho etnográfico e apresenta-se ainda com uma abordagem multidisciplinar
amparada nas possibilidades de se trabalhar dentro da pesquisa interpretativa, cujo foco é o
processo de uso da linguagem em contextos sociais definidos. O referencial teórico adotado articula

311
conceitos da teoria discursivo-enunciativa bakhtiniana, da teoria de aprendizagem sócio-
interacionista vygotskiana e da teoria semiótica de linguagem.

A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA: ABORDAGENS DO GÊNERO DEBATE EM


ESTUDO
José Batista de BARROS – UNICAP
josebatista.40@gmail.com
Adriana Letícia Torres da ROSA – UFPE
adrianarosa100@gmail.com

Defendemos, junto à Teoria dos Gêneros do Discurso de Bakntin, que a linguagem é uma forma de
interação social e que os gêneros organizam nossas relações sociointerativas. No contexto da
diversidade discursiva, situamos nosso trabalho no campo de estudo da oralidade, elegendo o debate
como foco de análise. O debate é um gênero textual de cunho opinativo que se insere nas práticas
de oralidade de uma comunidade, tendo como ação social de fundo uma discussão entre as partes
com base em argumentos ou exposição de razão. O gênero em tela permeia diversas esferas
comunicativas, realizando-se também em distintos graus de formalidade, e regras de
funcionamento. Compreendendo as suas múltiplas faces, fizemos um recorte de estudo, propondo-
nos a nos debruçar sobre a investigação do debate no âmbito das práticas escolares, com o intuito de
verificar funções e formas de seu uso orientadas pelas propostas de produção de texto dos livros
didáticos de português (LDP). Desse modo, tomamos como corpus de pesquisa exercícios de
produção textual apresentados em quatro coleções de livros didáticos aprovadas pelo Ministério de
Educação no seu Programa Nacional do Livro Didático, edição mais recente. Nas nossas hipóteses,
o LDP apresenta poucas propostas de produção de debate quando observadas em relação a demais
gêneros na modalidade escrita e a sua abordagem não enfatiza a função social do gênero. Os
resultados mostram que o debate é o gênero oral mais sugerido para produção de texto entre os da
oralidade, contudo, considerando a escrita, seu tratamento é carente. As propostas pedagógicas
oscilam entre a exploração do funcionamento social do gênero e, em contrapartida, o trabalho com
o debate desvinculado do estudo dos seus traços sociodiscursivos.

PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ESCOLA: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E (RE)CRIAÇÃO


DA/NA ESCRITA
Juçara Moreira TEIXEIRA – UFMG
teixeirajm@yahoo.com.br

No bojo de pesquisas sobre leitura e produção de textos na educação básica, estamos realizando
uma pesquisa-ação cujo objetivo é propor atividades de leitura e produção textual, embasadas em
determinadas perspectivas teóricas, para assim refletir sobre as possibilidades de trabalho com
alunos no Ensino Fundamental II. Para relacionar teorias sobre texto e escrita a práticas de ensino,
adotamos a concepção interacional da língua (KOCH, 2007; 2011), segundo a qual o texto é o lugar
da interação dos interlocutores, sujeitos ativos no processo de construção dos sentidos. Segundo
essa perspectiva, ao escrever, o produtor do texto ativa diversos saberes: sociocognitivos, culturais,
históricos, contextuais. Ele o faz com determinado objetivo, destinado a algum interlocutor, situado
em algum momento sócio-histórico, configurado como um gênero textual/discursivo e para ser
veiculado em algum suporte. Ancorados nessa teoria, propusemos a uma turma de 6º ano uma
sequência didática (SCHNEUWLY & DOLZ, 2010) de produção de contos a partir das “Lendas do
rio São Francisco”, as quais foram apresentadas previamente aos estudantes por meio de
documentários, vídeos e textos motivadores, para, posteriormente, lhes propor a produção textual. À
elaboração dos textos seguiram-se diversas revisões, reescritas e digitação da versão final, para
assim chegarem aos resultados pretendidos que foram: a confecção de um livro de contos da turma
e uma mostra dos trabalhos. Esse projeto de ensino e pesquisa mostrou a importância e a eficácia de

312
trabalharmos com objetivos previamente definidos e das constantes revisões e reescritas do texto –
instrumentos significativos no processo de ensino-aprendizagem, por atenderem às necessidades
particulares de aprendizagem dos discentes. Desse modo, podemos afirmar que essa proposta
contribuiu para o letramento de nossos alunos, tornando-os capazes de ler e assim se apropriarem do
lido para criarem o novo.

INTERAÇÃO VERBAL E USOS DA LÍNGUA: UMA EXPERIÊNCIA DE PRODUÇÃO DE


TEXTOS NO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO
Viviane dos Ramos SOARES – EPSJV
vivianesoares@fiocruz.br
Maria Inês Castro AZEVEDO – EPSJV
miaazevedo@fiocruz.br

O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir um componente curricular do Curso Técnico


de Nível Médio em Saúde (CTNMS) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fundação
Oswaldo Cruz – intitulado Oficina de Produção Textual. Cabe destacar que esta oficina passou a
integrar o referido curso a partir de reuniões pedagógicas realizadas ao longo de 2011, que
concretizaram a reforma curricular do CTMNS, agora com quatro anos de duração. Neste novo
currículo, abriu-se a possibilidade de desenvolvimento de uma proposta de caráter experimental que
agregasse referências das áreas de Língua Portuguesa, Literatura, Artes Plásticas e Visuais, Música.
Contrapondo-se a formatos pré-estabelecidos de construção de um texto argumentativo e à
expectativa de que o produto final deve ser fruto de uma interpretação entendida como única e
correta, o trabalho pauta-se pela desconstrução das arraigadas noções de certo e errado e pela
desestabilização de idéias cristalizadas no mundo social (Fabrício, 2006) em formato de oficinas.
Nesta perspectiva, noções como interpretação, repertório, expectativas do leitor são trabalhadas em
práticas discursivas que ressignificam sentidos por meio da produção de textos orais e escritos.
Desse modo, as oficinas vêm sendo co-construídas exclusivamente com os alunos do primeiro ano
sob orientação das professoras de Língua Portuguesa e de Língua Estrangeira. Partimos do
pressuposto de que leitura deve ser entendida como processo interacional e dialógico entre autor-
texto-leitor (Koch, 2006) atravessado por diferentes formações discursivas, o que ratifica o
entendimento de que o sujeito não é a origem do sentido (Orlandi, 1999). A produção de um texto,
enquanto prática situada sócio-historicamente, deve demonstrar que o aluno foi capaz de organizar
seu pensamento tendo por base um processo reflexivo sobre o uso da língua. A Oficina de Produção
Textual vem se configurando como um espaço de criação e exposição.

O USO DE PORTFÓLIO NA INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: REFLEXÃO SOBRE SENTIDOS


PRODUZIDOS ENTRE REGISTRO E AÇÃO
Maria José Angeli de PAULA – UFES
zeze_depaula@yahoo.com.br

O projeto Pibid Linguagens, desenvolvido conjuntamente pelas licenciaturas de Educação Física e


Letras-Português da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), durante os anos de 2010 e
2011, teve como um dos seus primeiros objetivos fornecer aos bolsistas uma ampla metodologia
para a execução de planejamentos dos programas de ensino, de caráter interdisciplinar, que
levassem em conta a realidade social dos alunos e a realidade de cada escola parceira ao projeto.
Posteriormente, nos momentos de reuniões, articulou-se o aporte teórico com os planejamentos dos
bolsistas por meio das contribuições dos professores supervisores das escolas e coordenadores da
universidade. Almejava-se ainda que os licenciandos fossem capazes de refletir sobre a própria
prática e pudessem desenvolver uma postura investigativa que efetivamente contribuísse com sua
ação como professores. Neste sentido, os bolsistas ficaram responsáveis pela elaboração de
portfólios individuais, nos quais foram exercitadas as reflexões e expectativas de cada um sobre a

313
iniciação para a atividade docente. Solicitou-se aos alunos desenvolver em seus textos uma
constante reflexão autoavaliativa, que poderia permiti-los participar, na forma escrita, da
formulação dos objetivos de sua aprendizagem assim como avaliar seus progressos e os desafios
impostos pela prática. O uso dos portfólios foi incentivado para que se fizesse inicialmente o
apontamento de atividades e atuações, mas almejava-se possibilitar aos bolsistas que eles
ultrapassassem o registro específico datado no momento em que eles estabelecessem conexões entre
as ações e as crenças descritas com o tema da formação inicial à docência. A presente comunicação
pretende refletir sobre como alguns bolsistas utilizaram-se efetivamente do portfólio em sua prática
de escrita, como se processaram as diferentes reescritas e, posteriormente, como se efetuou a
transformação desses textos em relatos de experiência.

UM ESTUDO DIACRÔNICO DA CONCEPÇÃO DE ESCRITA E PRODUÇÃO TEXTUAL NA


REVISTA NOVA ESCOLA
Ana Paula FLORES – UFSC
anapflores86@gmail.com
Joice Eloi GUIMARÃES – UFSC
joiceeg@hotmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar, a partir de uma seleção de textos da revista Nova Escola, as
mudanças referentes às concepções e práticas de escrita desse veículo de comunicação impresso.
Para tanto, executamos o mapeamento e a análise de matérias que se referem à produção textual no
período compreendido entre 1986 e 2010, no que diz respeito às metodologias propostas pela
revista contrapondo-as à concepção de linguagem e às instruções presentes nos documentos oficiais
que regem as práticas pedagógicas de Língua Portuguesa (LP) no período analisado. A escolha do
período deu-se em função de o ano de criação da revista (1986) coincidir com o momento de
discussões acerca da ineficiência observada nas práticas de ensino de língua materna até então. A
década de 1990 insere-se neste trabalho por apresentar um panorama que reflete as discussões da
década anterior e por ser o período de inserção de mudanças nas políticas públicas – a criação da
LDB (1996) e dos PCNs do Ensino Fundamental I e II (1997; 1998) – e a década de 2010, por ser
um período capaz de refletir o panorama atual do quadro analisado. Foram utilizados os seguintes
critérios de análise: concepção de escrita; gêneros textuais mais frequentes; a que série as atividades
relatadas se referem; metodologia explicitada e, por fim, o peso dado à correção gramatical. Em
linhas gerais, os resultados da análise apontaram que houve por parte da revista um movimento de
apropriação das práticas de linguagem discutidas em cada período. Percebemos que o veículo, ainda
que não simultaneamente, acompanhou as mudanças demandadas pela prática da disciplina LP e, ao
longo dos anos, sua visão de produção textual é claramente modificada: o foco sai da simples
Redação (anos 80) para um intenso trabalho com os Gêneros Textuais (anos 2000).

O ORAL NO ESCRITO DOS VESTIBULANDOS DA UEPA: INDÍCIO DE QUÊ?


Lorenna Bolsanello de CARVALHO – UFMG
lorennabolsanello@gmail.com

Este trabalho constituiu-se a partir do desejo de se pesquisar, com base nos pressupostos da
Linguística Textual, as questões que permeiam a oralidade e a escrita em práticas textuais de alunos
que finalizam a Educação Básica. Para tanto, o objetivo dessa pesquisa foi analisar, em cinqueta
redações do vestibular – corpus escolhido por essa prova ser realizada por pessoas que concluíram
ou estão em fase de conclusão da Educação Básica –, as principais marcas de oralidade encontradas.
As reflexões apresentadas estão embasadas em uma pesquisa bibliográfica que tem como principais
autores Castilho (2009), Marcuschi (2010) e Koch (2009), que percebem o texto como um evento
sociocomunicativo e propõem que as relações existentes entre oralidade e escrita estão instauradas
em um continuum tipológico. Assim, oralidade e escrita não são analisadas, nesse trabalho, como

314
modalidades dicotômicas, uma vez que ambas são realizáveis em situações formais e informais de
comunicação. Além da pesquisa bibliográfica, a metodologia da pesquisa contou também com a
análise do corpus, o levantamento das marcas de oralidade encontradas com mais frequência nas
produções textuais e a apresentação de teorias em que se baseiam as ocorrências das marcas de
oralidade utilizadas pelos vestibulandos. É importante destacar – assumindo-se a proposição de um
continuum tipológico na relação entre oralidade e escrita – que as marcas de oralidade foram
analisadas a partir da sua (in)adequação ao gênero textual exigido no comando redacional. Com
base nas discussões apresentadas também se pode realizar um paralelo entre as exigências dos
PCN’s no tratamento da produção textual nas escolas e a realidade constatada por meio das análises
das redações. Buscou-se, com essa pesquisa, portanto, contribuir para os estudos sobre oralidade e
escrita, bem como para a construção de práticas pedagógicas no ensino de Língua Portuguesa.

A INFLUÊNCIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA NO APRENDIZADO DA ESCRITA DE


RESENHAS
Itamar Zuqueto Serra NETO – UFPA
itamarserra@ufpa.br
Adriana da SILVA – UFV
adriasilva124@hotmail.com

A presente pesquisa, que se caracterizou como um trabalho qualitativo, de natureza interventiva,


pretendeu contribuir e dar continuidade aos estudos desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação
em Letras da Universidade Federal de Viçosa. Ela está inserida na linha de pesquisa “Linguística
Aplicada: ensino e aprendizagem de língua materna e estrangeira” e se apoia em pressupostos
teóricos oriundos da Linguística Aplicada, da Linguística Textual e do Interacionismo
Sociodiscursivo. Integra um projeto mais amplo, intitulado “Retextualização e ensino de língua
materna”, que tem em vista contribuir para melhorar o processo de didatização dos gêneros que são
lidos e escritos na academia. As atividades de pesquisa aqui relatadas foram realizadas com uma
turma da disciplina Português Instrumental, com 44 alunos iniciantes em cursos de graduação, de
uma Universidade Federal de Minas Gerais. O objetivo principal foi buscar compreender como a
atividade de retextualização de um artigo em resenha, é influenciada pelo procedimento Sequência
Didática (SD) no aprendizado da configuração genérica de uma resenha acadêmica, manifesto no
uso dos movimentos retóricos que a configuram por alunos iniciantes em práticas de letramento
acadêmico. Os resultados obtidos por intermédio da análise das versões iniciais e finais das
produções textuais dos alunos apontaram que o procedimento SD foi favorável aoaprendizado da
escrita da resenha, tendo em vista que os discentes pesquisados acrescentaram, na versão final de
suas resenhas, movimentos retóricos ausentes nas suas primeiras produções. Percebemos a
influência de um modelo didático de resenha como orientador do processo de produção dos textos
dos acadêmicos, mas verificamos também que só isso não é o suficiente para a construção dos
textos acadêmicos. Além disso, a produções finais nos levaram a perceber outros problemas
referentes à leitura e reflexão dos alunos.

ENSINO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS: DA PROPOSTA À REESCRITA


Janayna Bertollo Cozer CASOTTI – UFES
janayna.casotti@ufes.br
Partindo da concepção de produção textual como atividade “transitiva”, pretende-se analisar, neste
trabalho, o percurso envolvido na prática de escrita de textos de opinião, desde a proposta de
produção até a de reescrita. Conforme aponta Rangel (2011, p. 60), a produção de um texto
compreende um dado interlocutor, objetivos determinados e também um gênero: “escrevemos em
situações de comunicação bastante precisas, capazes de balizar o quê e o como dizer, assim como o
para quem o diremos”. Assume-se, portanto, a concepção de linguagem como “interação”, que liga
locutor e interlocutor, num processo contínuo de interlocução. A palavra do locutor se orienta

315
dialogicamente em função do interlocutor. Como assinala Bakhtin (1999, p. 113), “toda palavra
comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato
de que se dirige para alguém”. Dessa maneira, sob a ótica da Análise do Discurso e da Linguística
Textual, entende-se, aqui, a produção de um texto de opinião como ato de linguagem, que não pode
ser explicado fora do vínculo com a situação concreta. A esse respeito, Koch (2000, p. 9) lembra
que a linguagem deve ser compreendida “como forma de ação, ação interindividual finalisticamente
orientada”. A linguagem se apresenta, pois, como uma ação que as pessoas realizam, não como fim
em si mesma, mas como estratégia para produzir sentido e, sobretudo, instaurar relações sociais.
Assim, vivenciando a escrita como prática social, é possível compreender essa atividade de
linguagem como um processo, em que se envolve também leitura, revisão e reescrita, atividades que
interferem - e muito - no resultado desse processo.

GRUPO TEMÁTICO 48: PROFESSORES DE PORTUGUÊS EM FORMAÇÃO E AS


COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA
ESTRANGEIROS
COORDENADORAS: SOLANGE ARANHA (UNESP) – solangea@ibilce.unesp.br; SUZI
MARQUES SPATTI CAVALARI (UNESP) – suzi@ibilce.unesp.br.

A formação de professores de português como língua estrangeira (PLE) é uma necessidade


crescente no contexto brasileiro e estrangeiro. Alguns estudos na área de Linguística Aplicada
(ALMEIDA FILHO, 2009; 2011; VIANA, 2005) têm apontado para as especificidades e desafios
que o ensino-aprendizagem de português como língua estrangeira apresenta à formação e à atuação
do professor, que necessita ativar tanto sua competência linguística em língua materna, quanto
outras várias competências além daquelas geralmente discutidas em disciplinas de prática de ensino
dos cursos de licenciatura. Os cursos de formação de professores, em sua maioria, não possuem
uma disciplina voltada para esse emergente mercado de trabalho e para um demanda crescente.
Dentro desse contexto, o espaço para a discussão dessas questões na UNESP, campus de São José
do Rio Preto, tem surgido ao longo de interações de (tele)tandem (TELLES, 2006) e de tandem
presencial (Brammets, 1996). Essas práticas demonstram que os alunos em formação muitas vezes
se deparam com questionamentos que nunca foram antes contemplados pelo falante nativo e futuro
professor. O papel do “professor”, neste contexto, ultrapassa o que foi ensinado na graduação e
requer outras competências nem sempre necessárias a um professor de língua materna ou de outra
língua estrangeira. O objetivo deste GT é discutir as competências necessárias ao professor em
formação inicial para auxiliar falantes de português como língua estrangeira, tanto formal - em
aulas de PLE - quanto informalmente – em atividades de tandem presencial ou teletandem.
Algumas questões gerais relacionadas à educação, como autonomia, colaboração e uso de
tecnologias, também serão contempladas.

DESENHO DE UM CURSO DE PORTUGUÊS/LE PARA ARGENTINOS:


INTERCULTURALIDADE NO PROGRAMA MERCOSUL
Fabiana Vanessa GONZALIS - UFU
fvgonzalis@gmail.com

O desenho de um curso no campo do ensino de línguas estrangeiras é tarefa muitas vezes


considerada pouco prática, uma vez que se pode encontrar, atualmente, manuais que apresentam
material já organizado, com soluções testadas que abrangem finalidades gerais em ensino de
idiomas. Porém, a ausência de um método ou manual que possa responder às características de um
curso como o de Língua Portuguesa para argentinos, como parte das atividades do Programa
Mercosul integração e interlocução, resultou numa atraente oportunidade para colocar em prática o
desenho de um curso dessa natureza. O Programa, que reúne nove universidades sul-americanas, na
Rede Língua e Cultura, estabeleceu, inicialmente, uma proposta de mobilidade de professores entre
os países, e ficou a cargo da Universidade Federal de Uberlândia o oferecimento de um curso

316
intensivo de Língua Portuguesa, presencial, com carga horária de 36 horas, para estudantes da
Universidad Nacional de Villa María, em Córdoba, Argentina, no período de 28 de fevereiro a 10
de março de 2012. Essa comunicação pretende expor os processos de desenvolvimento do curso,
desde a concepção do desenho prévio, passando pelas adaptações ocorridas ao longo de sua
execução e, finalmente, as soluções encontradas para respeitar a lógica interna do programa inicial,
que teve como diretriz principal incorporar elementos da cultura brasileira ao ensino da língua.
Objetivamos especificamente demonstrar como o componente cultural foi integrado aos conteúdos
gramaticais e léxicos, de forma a respeitar o nível iniciante dos alunos inscritos, e a possibilitar o
estímulo necessário ao sucesso do programa, dentro da proposta intercultural entre Brasil e
Argentina.

ENSINO DE PLE: DESAFIOS E COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/


Alessandra Montera ROTTA - UFU
salutale@terra.com.br

Nos últimos anos, transformações de ordem econômica, social e política fizeram com que a língua
portuguesa conquistasse a posição de sexta língua materna e terceira língua europeia mais falada no
mundo, depois do espanhol e do inglês. Paralelamente, pesquisadores, profissionais e estudantes
têm se interessado em morar no Brasil e, consequentemente, aprender nosso idioma e vivenciar
nossa cultura. É neste contexto que a área de português para estrangeiros (PLE) aparece, em plena
expansão. No entanto, para atender a essa importante demanda, é necessário o desenvolvimento de
um programa alicerçado no modelo universitário que alie pesquisa, ensino e extensão. O curso de
Letras do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia tem em sua grade
curricular as disciplinas Metodologia de Ensino de PLE e Estágio Supervisionado de PLE, que são
obrigatórias para os alunos das habilitações em língua estrangeira. Desenvolve, também, um projeto
de extensão em parceria com a Diretoria de Relações Internacionais, de ensino de PLE para alunos
estrangeiros da Mobilidade Estudantil. Sabemos que não é porque falamos português que estamos
aptos a ensinar a língua, uma vez que o choque cultural existe e vem acompanhado de estereótipos e
preconceitos. É necessário, pois, que o professor esteja preparado para lidar com essa área, que ele
receba uma orientação intercultural consciente e fundamentada para impedir que a aprendizagem de
uma língua estrangeira reforce os estereótipos negativos e dificulte a verdadeira compreensão entre
as culturas (SILVEIRA 1998). O fenômeno da aculturação não requer que o aluno deixe de lado a
sua própria cultura. Para Almeida Filho, aprender uma língua estrangeira é aprender a significar
nessa nova língua e desestrangeirizar a língua-alvo (ALMEIDA FILHO, 2002). Nessa perspectiva,
segundo Gomes de Matos (1995), o professor de PLE tem um duplo papel: docente e
interculturalista.

ENTRE O REAL E O IDEAL NA (TRANS)FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE PLE


NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA
Márcia Pereira de Almeida MENDES – UnB
almeidaunb@gmail.com
Kleber Aparecido da SILVA – UnB
kleberunicamp@yahoo.com.br

É de comum senso que para qualquer processo de (trans)formação de professores, no Brasil ou em


outros países, são necessários parâmetros de orientação curricular. No entanto, fala-se sobre uma
dada distância entre a proposta de (trans)formação reflexiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais
e a prática docente de professores em (trans)formação inicial (Leffa, 2005). Percebendo a recente
criação de novos cursos de (trans)formação inicial de professores de português como língua
estrangeira (PLE) ou como língua adicional (PLA), decidimos desenvolver um trabalho que
pretende averiguar se os currículos destes cursos em construção no Brasil e na América Latina

317
contemplam as variáveis preconizadas nos documentos oficiais, como o Plano de Ação 2011-2015
do MERCOSUL Educacional e documentos oficiais de governo e das instituições de ensino
superior em foco. Acreditamos que através da pesquisa a qual nos propomos realizar possa ser
possível traçar, caso exista, um hiato entre o que está previsto que aconteça e o que de fato acontece
durante o processo (trans)formativo inicial. Se os parâmetros estabelecidos buscarem o
desenvolvimento das competências necessárias na (trans)formação inicial do professor de PLE e, no
contexto prático, isto não tem sido trabalhado, teremos um forte indicador da existência deste hiato.
Demonstraremos brevemente como pretendemos chegar a estes resultados através de uma pesquisa
qualitativa de base etnográfica com professores formandos da (trans)formação inicial emPLE em
duas universidades, no Brasil e na Argentina. Buscaremos, então, formas de identificar quais
crenças (Barcelos, 2004; Silva, 2010, 2011), experiências (Miccoli, 2010) e identidades (Reis,
2011) têm sido (re)construídas neste processo de (trans)formação.

ESPECIFICIDADES DO ENSINO DE PLE


Marilia Carvalho BATISTA – UnB
mariliascar@gmail.com
Yeris Gerardo Láscar ALARCÓN – UnB
yeris@bol.com.br

O artigo se inicia com a explicitação de especificidades do processo de ensinar Português na


perspectiva de uma língua estrangeira (LE) ou língua segunda (L2), indicando, depois, diferenças
entre ensinar essa modalidade e ensinar o Português como língua primeira ou materna (L1/LM).
Neste trabalho, intencionamos lavrar esse contraste de ensino dessas modalidades do Português para
apoiar a política de implantação do PLE nas instituições e para fortalecer a formação do profissional
que trabalha com essas modalidades da língua portuguesa. Na prática, queremos contribuir com o
argumento de que o PLE é estratégico no país e merece ser incluído em todo e qualquer curso de
Letras como disciplina ou atividade formativa importante do profissional da área da linguagem
equipado para ensinar línguas.Apesar do conjunto teórico e metodológico, o processo de ensino de
Português como LE depende muito das práticas adotadas, remetendo para o tipo de desempenho e
de conhecimento específico do docente sobre o ensino de LE. A formação do professor de língua
portuguesa como língua estrangeira precisa ser diferenciada da formação do professor de língua
portuguesa como língua materna (LM ou L1), pois o professor de LP não pode trabalhar num
contexto específico ensinando o genérico de LM com pressupostos inadequados que indicam, por
exemplo, uma análise voltada para a escritura e a leitura de antemão prioritárias, para o léxico e
regras gramaticais em frases de pouca contextualização como é freqüentemente praticado em sala
de aula de LM. Concluímos que o PLE tem uma especificidade que não ocorre naturalmente aos
profissionais e que sua introdução no currículo e como prática de ensino nas escolas e universidades
precisa ser planejada com fundamentos.

O EFEITO RETROATIVO DO CELPE-BRAS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA


ESTRANGEIROS
Laura Camila Braz de ALMEIDA – UFS
lauracbda@yahoo.com.br

O presente artigo apresenta resultados de um estudo qualitativo sobre o efeito retroativo do Celpe-
Bras, exame de proficiência de PLE, no processo de ensino/aprendizagem de português para
estrangeiros. Esse estudo é uma das etapas de execução do projeto de pesquisa chamado
Aprimoramento do Processo de Ensino de Português como Língua Materna (PLM) e como Segunda
Língua(PL2), desenvolvido na Universidade Federal de Sergipe. Almeja-se, com esse projeto,
contribuir para a formação docente dos estudantes do Curso de Letras dessa Universidade, por meio
das atividades de pesquisa, ensino e extensão. Baseando-se na análise de gêneros escritos

318
apresentados por Schenewly e Dolz (2004) e sobre a abordagem comunicativa e a abordagem
intercultural discutida por Almeida Filho (2002), pretende-se analisar o processo de
ensino/aprendizagem de língua portuguesa para estrangeiros. As atividades de avaliação utilizadas
nas aulas de PLE foram fundamentadas no Celpe-Bras por este avaliar as habilidades compreensão
e produção oral e escrita de forma interligada (WIDDOWSON, 2005) e por as suas questões serem
pautadas na abordagem comunicativa (CANALE, 1995) e na abordagem intercultural (FANTINI,
200). Para avaliar a compreensão e produção escrita, há duas questões que utilizam a leitura de um
texto escrito e, em seguida, há a produção escrita com base num gênero textual apresentado em cada
uma dessas questões. Assim, foram feitas as atividades de avaliação formativa (BLOOM, 1983) da
aprendizagem nas aulas de língua portuguesa para estrangeiros. O resultado dessa pesquisa
evidencia o efeito retroativo do Celpe-Bras nesse processo de ensino/aprendizagem, uma vez que o
grupo de pesquisa da graduação envolvido nesse projeto passa a ensinar conforme essas teorias
propostas, ao aplicá-las nas aulas de PLE.

O DESAFIO DE SE ENSINAR PORTUGUÊS PARA FALANTES DE OUTRAS LÍNGUAS:


ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA DE UM LIVRO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE
PLE
Ana Amélia Calazans da ROSA – UNICAMP
amelia_calazans@hotmail.com

O objetivo deste trabalho foi realizar a análise de um livro didático de ensino de Português para
estrangeiros atuantes em empresas multinacionais localizadas no Brasil. Nossa análise se deu nos
níveis linguístico e discursivo, como uma tentativa de descrever e desvendar as concepções de
linguagem e de ensino norteadoras do material e suas possíveis implicações no processo de
ensino/aprendizagem. Com relação ao tratamento da língua/linguagem, o livro mostrou-se
heterogêneo, no sentido de que é possível encontrar desde exercícios de cunho mais estrutural, até
tarefas que exploram com mais ênfase funções sociais e interativas do uso da língua. A partir da
análise das concepções de linguagem, discutimos também as visões de aprendizagem e o
desenvolvimento da autonomia do aprendiz. Na esteira dessas reflexões, buscamos analisar o modo
como o livro conduz o desenvolvimento das capacidades de linguagem do aprendiz, a saber:
capacidades de ação, discursivas e linguístico-discursivas; propostas pela Escola de Genebra como
essenciais para o uso competente de um idioma. A partir das capacidades de linguagem, pudemos
olhar mais atentamente para o modo como as competências (habilidades) de produção e
compreensão (orais e escritas) são tratadas no material. Para complementar a análise, discutimos
também como as questões culturais são abordadas. De modo geral, a análise sugere que o livro
apresenta pontos positivos no que diz respeito ao uso de textos autênticos acerca de
assuntospertinentes ao mundo empresarial, e também por promover a integração de habilidades em
várias das tarefas propostas. Contudo, há ainda alguns aspectos que, de acordo com nossa análise,
precisam ser reavaliados: concepções de cultura e de gramática, o desenvolvimento de
competências de compreensão e produção orais e o uso de gêneros discursivos como práticas de uso
real da língua.

319
RESISTÊNCIA E ACOMODAÇÃO A ESTRANGEIRISMOS NO PORTUGUÊS COMO LE:
LÍNGUA E IDENTIDADE DE UM ESPANHOL EM FLORIANÓPOLIS
Igor GADIOLI – UFSC
igorgadioli@gmail.com

Esta comunicação discute como um jovem adulto espanhol, mestrando em Linguística Aplicada e
residente no Brasil há 3 anos, insere-se em práticas linguísticas em PB que utilizam termos em
inglês. Vindo de um contexto de forte nacionalismo linguístico que é resistente a estrangeirismos, e
adentrando outro, onde o uso desses termos é naturalizado, suas crenças frente a tal hibridismo
linguístico entram em embate com seu desejo de pertencimento à comunidade de acolhida. Os
indivíduos criam para si padrões de comportamento linguístico que se assemelham ao(s) grupo(s)
com os quais desejam ser identificados (LE PAGE & TABOURET-KELLER, 1985, p.181). A
criação de tais padrões passa pela assimilação de traços culturais que podem entrar em oposição
com o que esse falante mantinha como prática social legitimada até então, gerando resistência e
acomodação às convenções locais (CANAGARAJAH, 2001). Este estudo é fruto de uma pesquisa
de caráter etnográfico, conduzida por entrevista gravada em áudio e diversas conversas informais
com o participante, que é também um amigo do pesquisador.Objetiva 1) discutir as motivações
imperialistas para o uso do inglês no português brasileiro, 2) a adesão e resistência do participante à
prática de uso de estrangeirismos ao falar em português como LE e 3) a relação que tal adesão e
resistência têm com seu senso identitário enquanto membro da comunidade de acolhida
(Florianópolis). Como considerações finais, esta comunicação reitera a natureza da língua como
prática social localizada (PENNYCOOK, 2010), e sua implicação na construção de uma identidade
híbrida que altera a receptividade a estrangeirismos a depender da língua que se fala e de onde se
está. A pesquisa indica, assim, como os conceitos de diferença e alteridade ganham sentido apenas
quando localizados dentro de comunidades de prática específicas, as quais se constituem via
linguagem.

“PROFESSORA, COMO EU EXPLICO ISSO?”: QUESTÕES SOBRE COMPETÊNCIA(S) NA


LÍNGUA MATERNA
Solange ARANHA – UNESP
solangea@ibilce.unesp.br
Suzi M. S. CAVALARI – UNESP
suzi@ibilce.unesp.br

O projeto Teletandem Brasil (www.teletandembrasil.org), por meio do laboratório do campus da


UNESP de São José do Rio Preto, desenvolve, como uma de suas atividades de aprendizagem in-
tandem, uma parceria institucional com uma universidade americana. Essa parceria foi estabelecida
no final de 2010 e, desde início de 2011, tem havido dois grupos de alunos americanos por
semestre, interagindo com grupos de alunos brasileiros, em uma modalidade que estamos
chamando, a princípio, de teletandem institucional. O objetivo desta comunicação é apresentar as
características dessa parceria no que concerne especificamente à troca de redações entre alunos
brasileiros, estudantes de Letras, com alunos americanos, estudantes de português como língua
estrangeira. Durante um dos períodos de interação – 1º. Semestre de 2011 -, os alunos americanos
enviaram três textos, cujos temas foram estabelecidos pelo professor de língua portuguesa na
universidade americana, que deveriam ser “corrigidos” pelo par interagente brasileiro. As
"correções" foram feitas com base na competência de falante nativo e com a chancela de ser
estudante em um curso de Letras. Os alunos brasileiros se depararam com uma realidade na qual
tiveram que explicar usos de sua língua materna que ultrapassam o que havia sido visto durante sua
graduação, mas que podem/deveriam fazer parte de sua competência como falantes nativos. Embora
os alunos brasileiros possuam competência linguística, carecem de uma competência pedagógico –
discursiva para falarem sobre usos da língua sem a utilização da metalinguagem aprendida nas aulas

320
de língua portuguesa para brasileiros. Os dados apontam uma real necessidade de cursos de
formação que contemplem a formação do professor para PLE em contextos diversos.

FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA A APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS VIA


TELETANDEM
Lidiane Hernandez Luvizari MURAD – UNESP
lidiane_luvizari@yahoo.com.br

O presente estudo tem por objetivo discutir a atividade de aprendizagem colaborativa de português
via Teletandem (TELLES & VASSALO, 2006, LUVIZARI, 2011). Mais especificamente, serão
investigadas as ferramentas utilizadas por um interagente de TTD em seu processo de aprendizagem
de língua portuguesa, contemplando dois aspectos discutidos separadamente, a saber: as
ferramentas práticas e as ferramentas lingüísticas utilizadas para esse propósito. Foi possível
observar que o aprendiz opta por assistir vídeos e programas da televisão brasileira, bem como ler
notícias de jornais brasileiros em sites que os disponibilizam. Isto possivelmente está relacionado ao
seu nível de proficiência que o permite fazê-lo, bem como ao direcionamento de seus objetivos de
aprendizagem voltado ao desenvolvimento da compreensão oral em língua portuguesa. Por outro
lado, as ferramentas linguísticas utilizadas por esse aprendiz, bem como por sua parceira de TTD,
podem ser divididas em duas categorias. A primeira delas envolve a ancoragem em duas outras
línguas estrangeiras, inglês e espanhol, usadas como recurso adaptativo para suprir carências
comunicativas (SILVA, 2009). E a segunda categoria, contempla questões referentes ao
oferecimento e solicitação de correções e de diferentes tipos de insumo lingüístico (MESQUITA,
2009). Além de descrever e discutir o uso das ferramentas supracitadas para a aprendizagem de
língua portuguesa, proponho-me também a discutir os momentos em que o aprendiz e a ajudante
decidem utilizá-las. Observamos que algumas dessas ferramentas são utilizadas não apenas durante
as interações, mas também nos intervalos entre as mesmas. Esta constatação se torna essencial para
entendermos que o contexto Teletandem despertou em seus participantes a necessidade de buscar
formas para continuar aprendendo fora do espaço do TTD, justamente para melhorarem sua
comunicação e desempenho durante as interações.

TROCAS CULTURAIS NA FORMAÇÃO DO DISCURSO PEDAGÓGICO DE


INTERAGENTES EM CONTEXTO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS MEDIADO
PELO COMPUTADOR (TELETANDEM)
Marta Lúcia Cabrera Kfouri KANEOYA – UNESP
ml.kfouri@hotmail.com

Este trabalho, caracterizado como um recorte de uma pesquisa de doutorado de tipo etnográfico e de
cunho interpretativista (ANDRÉ, 2000; MOITA LOPES, 1996; RICHARDS, 2003, BURNS, 1999),
tem como foco de discussão as trocas culturais instauradas na interação de um par interagente em
teletandem (Kramsch, 1993; Hinkel, 1999; Serrani, 2005), modalidade de ensino/aprendizagem de
línguas estrangeiras (LE) mediada pelo computador, e suas implicações para a formação de uma
professora de português como língua estrangeira (PLE). O estudo tem como participantes duas
interagentes consideradas em formação inicial para o teletandem, uma brasileira e uma mexicana,
ensinando e aprendendo a língua materna uma da outra. Nesse cenário, as questões e temáticas
culturais são abordadas nas interações e, mais especialmente, são reveladoras de crenças trazidas,
construídas ou modificadas pelas interagentes, sinalizando oportunidades de reflexão sobre a
formação do futuro professor que ensina pela primeira vez sua língua materna como estrangeira. A
abordagem cultural é, pois, um dos aspectos mais enfocados nas interações realizadas pelas
participantes, e por meio dela, a língua é trabalhada de forma espontânea e como consequência dos
questionamentos que emergem em torno de determinada temática envolvendo cultura. Constata-se,

321
ainda, que alguns aspectos presentes no processo de ensino/aprendizagem de línguas em teletandem
apresentam-se como vantajosos em relação ao contexto de sala de aula tradicional, especialmente
em termos de construção de crenças e expectativas, motivação, interação e construção do discurso
pedagógico e formação docente, já que a figura convencional do professor é transformada nesse
contexto. Dessa maneira, a reflexão crítica é algo que se desenvolve de maneira espontânea, pelo
motivação gerada nas discussões acerca das questões pedagógicas, culturais e humanas que
permeiam o ensino e a aprendizagem de línguas pelo teletandem.

O (TRANS) FORMADOR DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA


ADICIONAL: LEGITIMAÇÃO DE CRENÇAS E/OU (RE) CONSTRUÇÃO DE
COMPETÊNCIAS
Kleber Aparecido da SILVA – UnB
kleberunicamp@yahoo.com.br

Apesar de haver um número considerável de cursos de Letras implementando a abordagem crítica-


reflexiva (Silva, Daniel, Kaneko-Marques & Salomão, 2011; Kfouri-Kaneoya, 2009; Gil & Vieira-
Abrahão, 2008) e sociocultural (Mota & Scheyrl, 2004, Vygotsky, 1978), alinhada com as teorias
dos (trans) letramentos (múltiplos) (Rocha, 2010; Silva, 2010;Rojo, 2009), são ainda raros os
trabalhos que focalizam o (trans) formador de professores de línguas, em especial, o formador de
professores de português como língua adicional para o meio virtual (Silva, 2010). Considerando que
este exerce um papel crucial no início e na sustentação da reflexão (crítica) no processo de (trans)
formação inicial, torna-se extremamente relevante compreender de que modo as possíveis
interpretações do que seja (trans) formar profissionais crítico-reflexivos estejam sendo colocadas
em práticas e os desafios que estas representam. Sendo assim, a referida comunicação é um recorte
da minha tese de doutorado que visava investigar se no processo de formação inicial, desenvolvido
no Teletandem Brasil, ocorre legitimação de crenças ou (re) construção de competências. Os dados
nos revelam que a professora mediadora, por ter sólida formação em Linguística Aplicada e por
estar engajada em um curso de pós-graduação Stricto Sensu (Doutorado em Estudos Linguísticos),
possibilita meios para que a interagente possa refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de
línguas, mostrando que as ações empreendidas por ela nas sessões de mediação não são formas de
apenas legitimar as crenças, mas de possibilitar condições para que a interagente (re) construa
competências e pense criticamente acerca do seu papel como professora ou como aprendiz de
línguas.

O FEEDBACK EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE APRENDENTES DE PORTUGUÊS COMO


LÍNGUA ESTRANGEIRA EM CONTEXTO TELETANDEM
Aline de Souza BROCCO – UNESP
alinebrocco@yahoo.com.br

O propósito deste trabalho é observar como se caracteriza o feedback realizado por interagentes do
teletandem nas produções textuais em língua portuguesa elaboradas por alunos falantes de língua
inglesa. O teletandem é um contexto virtual que propicia o ensino e aprendizagem por intermédio
de computadores, valendo-se concomitantemente da produção e compreensão oral, da escrita e de
imagens. Nesse contexto, duas pessoas, cada uma proficiente em uma língua, encontram-se
regularmente para aprender a língua um do outro. Essas pessoas tentam, então, de forma autônoma
e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em interações autênticas, sendo que o parceiro
mais proficiente ajuda o menos proficiente na língua e vice-versa. As sessões compõem-se de duas
partes: uma voltada para a interação na língua de um parceiro e a outra para a interação na língua do
outro, de forma que cada parte da sessão seja realizada em uma língua apenas. Para desenvolver
este trabalho, verificam-se as dificuldades mais recorrentes enfrentadas pelos aprendentes de
português e as ações realizadas pelos parceiros mais proficientes na tentativa de solucionar as

322
dificuldades encontradas. Com o intuito de suscitar discussões a respeito da maneira como se pode
lidar com questionamentos dos aprendentes de português como língua estrangeira, serão
apresentadas algumas situações em que os parceiros mais proficientes realizaram feedback para
seus parceiros com o objetivo de sugerir possíveis soluções a seu par de teletandem. Além disso,
propõe-se também uma reflexão a respeito da pertinência do feedback realizado para solucionar as
inadequações das produções textuais elaboradas pelos aprendentes.

PROJETO TANDEM PRESENCIAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


Benice Naves RESENDE – UFU
naves.benice@gmail.com

O ambiente de aprendizagem de línguas em regime de Tandem consiste em um processo


colaborativo em que dois participantes aprendem um a língua e a cultura do outro.Ora atua-se como
aprendiz,ora atua-se como colaborador na aprendizagem do outro.O tempo de interação é igual para
os dois idiomas.O presente projeto é desenvolvido com a formação de pares Tandem com
estudantes do Curso de Letras e estudantes estrangeiros em Mobilidade Internacional na UFU.Ele
tem por objetivos promover a interação de estudantes de diferentes línguas e culturas;aprofundar
conhecimentos linguísticos e culturais de línguas e culturas estrangeiras através do contato com
falantes dessas línguas;oferecer aos alunos do Curso de Letras a oportunidade de praticar línguas
estrangeiras de forma autêntica com estudantes estrangeiros membros da cultura-alvo;oferecer aos
alunos estrangeiros na UFU a oportunidade de praticar a língua portuguesa com futuros professores
de línguas,que os ajudarão em suas necessidades linguísticas;levar o aluno do Curso de Letras a
pensar de forma crítica sobre sua língua materna,visando descobrir estratégias de ensino e de
aprendizagem apropriadas aos dois participantes;desenvolver a autonomia a partir da
responsabilidade assumida pela própria aprendizagem.O desenvolvimento desse projeto com a
devida orientação inicial(princípios de reciprocidade e de autonomia,e sugestão de temas),com a
realização de relatórios parciais e acompanhamento constante dos pares Tandem para
aconselhamento e a realização de um relatório final com avaliação e auto-avaliação,revelou a
potencialidade desta forma de aprendizagem,que fomenta posturas e atitudes positivas nos
participantes,influencia sua motivação em aprender línguas estrangeiras,melhora seu desempenho
linguístico e comunicativo,contribui para seu enriquecimento cultural e pessoal,e colabora para a
prática da alteridade e da interculturalidade.Este projeto representa um complemento enriquecedor
na formação do futuro professor de línguas.

GRUPO TEMÁTICO 49: VARIAÇÃO/DIVERSIDADE LINGUÍSTICA, ORALIDADE E


LETRAMENTO: DISCUSSÕES E PROPOSTAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DE
LÍNGUA MATERNA
COORDENADORA: Catarina de Sena Sirqueira Mendes da COSTA (UFPI) –
costacatarina@uol.com.br

Neste GT, pretende-se desenvolver atividades com os seguintes objetivos 1) discutir conceitos de
variação/diversidade lingüística, oralidade e letramento, relacionando-os com processos
socioculturais de usos da língua ou fala; 2) demonstrar nas práticas lingüísticas de uso da língua ou
fala casos de variação lingüística, destacando significados sociais, inclusive componentes
valorativos presentes na variação lingüística, que se incorporam nas práticas sociais da linguagem,
oralidade e letramento, e constituem motivação ou fundamento de natureza também sociocultural,
inclusive afetiva, na aprendizagem/aquisição dessas práticas e 3) mostrar abordagens metodológicas
de ensino de língua materna, considerando esses aspectos da variação linguística e dessas práticas
sociais que podem ser bem sucedidas, se elaboradas com clareza e adequação às peculiaridades
lingüísticas dos alunos e à realidade em que vivem. Nesse sentido, no GT, a preocupação será com
questões lingüísticas e sociais relacionadas ao tema - variação/diversidade lingüística, oralidade e
letramento na escola. O quadroteórico das atividades incluirá: Teoria da Variação Lingüística

323
(LABOV, 1972; TARALLO, 1985) Sociolingüística Interacional (GUMPERZ e HYMES, 1972),
Sociolinguística Educacional (RICARDOBORTONI, 1995, 2008); Letramento e Oralidade
(SOARES, 1998; KLEIMAN, 1995; LOPES, 2006; MARCUSCHI, 2001; SEGNORINI, 2001,
ROJO, 2008). Serão contemplados trabalhos com discussões e resultados de pesquisas, estudos
etnográficos, relatos e propostas de experiências em aula de língua materna e discussões teórico-
metodológicas relacionadas com o tema do GT. Espera-se que ao final dos trabalhos do GT, sejam
apresentadas contribuições com propostas de abordagens teórico- metodológicas sobre ensino de
língua materna, proporcionando aos alunos o estabelecimento da relação com o mundo em que
vivem, facilitando a valorização desse mundo e favorecendo-lhes condições para reflexão crítica
sobre sua realidade social e sua identidade cultural.

SOCIOLINGUÍSTICA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONSTATAÇÕES NO


MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA
Bruno Defilippo HORTA – UFJF
bruno.horta@ufjf.edu.br

A Sociolinguística demonstra que a variação ocorre em todos os níveis da língua e nos ajuda a
compreender as transformações que ocorrem em uma língua natural. No âmbito teórico, suas
contribuições primordiais advêm das pesquisas empreendidas por William Labov (1972; 1975;
1983; 1987; 2008). No Brasil, essa vertente tem hoje espaço cada vez mais amplo, através de
estudos empreendidos por quantidade considerável de pesquisadores (BAGNO; 2002; 2006; 2007;
2010; BORTONI-RICARDO, 2004; 2005; 2011; FARACO, 2008; PERINI; 2010). Na literatura
sociolinguística, observamos a consolidação da visão de que não se pode continuar tratando a
linguagem na escola pelo viés dicotômico entre língua certa e língua errada. Em conformidade com
esses pressupostos, objetivamos investigar se o trabalho com a disciplina língua portuguesa no
município de Juiz de Fora (MG) se dá mediante essa abordagem pautada nos postulados
sociolinguísticos e se existe um planejamento para o tratamento da variação linguística em sala de
aula. Dessa forma, desenvolvemos pesquisa qualitativa de base etnográfica em educação (ANDRÉ,
2000) em quatro escolas desse Município. Para isso, realizamos observações de aulas de língua
portuguesa e entrevistamos professores durante cada período de observação. Como resultados,
temos que o ensino de língua portuguesa pautado por uma pedagogia da variação ainda se encontra
distante das salas de aula. Ainda que haja exceções, estas constituem flagrante minoria, que se
propõe a trabalhar pelo viés sociolinguístico com reflexões pautadaspor contrastes entre variantes
da língua e sobre preconceito linguístico. Ao comparamos as entrevistas com as ações docentes,
verificamos a dificuldade quanto à transposição didática dos discursos. Dessa forma, corroboramos
a necessidade da inclusão da Sociolinguística como disciplina obrigatória nos cursos de formação
dos professores de Letras e Pedagogia de modo a promover uma pedagogia da variação e de uma
educação linguística que promova o respeito pelas variedades linguísticas.

SOCIOLINGUÍSTICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: ANÁLISE DAS INTERAÇÕES


EM SALA DE AULA
Yana Liss Soares GOMES – UFMG
profletras2007@hotmail.com

Nesta comunicação iremos discutir o ensino de língua materna à luz da Sociolinguística Interacional
(SI). O objetivo dessa discussão é propor uma reflexão acerca das interações em sala de aula,
destacando as práticas pedagógicas que valorizam a natureza social e interacional da linguagem. A
base teórico-metodológica do estudo encontra-se fundamentada em Hymes (1974, 1979), Gumperz
(1982, 2002), Goffman (1967, 1979, 2002), Erickson (1984, 1985, 1988), Garcez (2006) e Bortoni-
Ricardo (2003, 2005). As constatações analíticas partiram da vivência do cotidiano de sala de aula,
durante pesquisa de mestrado. Na oportunidade, realizamos uma pesquisa etnográfica em uma

324
escola pública de Teresina-PI. Com base nas observações de sala de aula, verificamos que a
variação/diversidade linguística foi um conteúdo curricular contemplado pelo professor de língua
portuguesa, entretanto, não se estabeleceu uma relação de interação da língua com o uso social nos
diferentes contextos comunicativos. Por outro lado, nas situações em que o docente fundamentou
sua prática pedagógica nos pressupostos interacionais, ele transformou a sala de aula de língua
materna em um ambiente favorável à instalação de uma pedagogia culturalmente sensível, onde
foram desenvolvidos padrões e turnos de fala democráticos. Os resultados encontrados em nossa
pesquisa sugerem que o ensino/aprendizagem de língua parece ser mais significativo quando as
práticas de uso da língua têm como foco a competência comunicativa dos alunos. Nessa
perspectiva, o professor de língua materna, tendo como ponto de partida o saber linguístico dos
alunos, pode incentivá-los a verbalizarem o domínio de várias variedades de uso linguísticos e
compreenderem os papéis assumidos e os significados atribuídos pelos sujeitos nas diferentes
interações sociais.

A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA ESCOLA: UM REFLEXO DA VIDA SOCIAL


Maria do Carmo Silva de Amorim GOMES – UFPI
literacarmen@hotmail.com

Neste trabalho, apresentaremos resultados de uma pesquisa sociolinguística, de natureza qualitativa,


realizada na Unidade Escolar Pinheiro Machado, no bairro Dirceu Arcoverde II, município de
Teresina-PI, que teve como principal objetivo investigar as diversas manifestações linguísticas e
seus significados sociais que acontecem nesse espaço escolar. Para tanto, nos utilizamos da
etnografia, enquanto método sociolinguístico e invocamos as abordagens de descrição etnográfica
de Erickson (1990), a etnografia da fala e da comunicação de Hymes e Gumperz (1972) e ainda
sobre a etnografia no campo educacional amparados em Ezpeleta e Rockwell (1986) e Ludke e
André (1986), além da sociolinguística educacional, conforme Bortoni-Ricardo (2005, 2008).
Investigamos desde as conversas informais nos corredores da escola até o ambiente mais formal em
sala de aula, focalizando os aspectos holísticos e as comparações. Relatamos em nossa análise o
modo de vida dos sujeitos estudados, seus costumes, religião, cultura. Abordamos os aspectos
históricos da vida dos moradores através de seus falares e de seus escritos, buscando identificar os
significados da fala e da escrita para os dos diferentes grupos sociais e dos sujeitos. Portanto,
conforme nos sugere a etnografia, a postura assumida pelo pesquisador tornou-se essencial para
compreensão dos fenômenos e os significados de tais fenômenos para os sujeitos envolvidos na
pesquisa. Por isso, para dar conta de resgatar, documentar e analisar a historicidade do cotidiano
escolar foi necessário frequentarmos diariamente a rotina da comunidade e da escola, focalizando os
sujeitos pesquisados. Portanto, nos resultados estabelecemos uma relação direta entre a comunidade
social em que convivem estes sujeitos e sua realidade, a fim de obtermos a compreensão dos
eventos de fala e dos eventos de escrita investigados aqui.

SOCIOGEOLINGUÍSTICA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Adriana Cristina CRISTIANINI – UFU
dricris@superig.com.br

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – “Embora no Brasil haja relativa
unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de
palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de
comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma
comunidade de fala”. Este excerto dos PCN (1998) é uma das diversas passagens que explicitam a
impossibilidade de um ensino que desconsidere a multiplicidade cultural como característica
marcante em nosso País. Diante disso, é primordial que se desenvolvam estudos que contemplem tal
diversidade. Entre outros, os estudos sociogeolinguísticos são importantes àqueles que estão

325
envolvidos no processo educacional e comunicacional, pois buscam conhecer, registrar E analisar
os diversos falares regionais vinculados a fatores sociais. Visam a um conhecimento mais específico
das variações linguísticas e a uma aproximação com os integrantes dos variados grupos sociais para,
com eles, estabelecer um diálogo, uma interação, e compreender melhor a causa dessas diferenças,
resultantes de operações de forças sociais, envolvendo grupos étnicos, religiosos, educacionais,
econômicos e outros. No Brasil, os estudos sociogeolinguísticos têm permitido que se obtenha um
considerável volume de dados a serem utilizados por estudiosos da Lexicologia e Lexicografia,
gramáticos, autores de livros didáticos e professores para aprimoramento de seus conhecimentos
dentro da realidade linguística das variações que revestem o falar do Português Brasileiro (PB). Este
trabalho se pauta nos seguintes objetivos: (i) apresentar alguns estudos sociogeolinguísticos; e (ii)
propiciar uma discussão sobre a aplicação desses estudos na educação.

DISCUTINDO A RELAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA: UMA ANÁLISE SEMÂNTICA DA


LINGUAGEM DE ANGICAL DO PIAUÍ
Valdulce Ribeiro Cruz SOUSA – UFPI
valdulce@colegiocerto.com.br

O presente artigo objetiva analisar semanticamente sob a perspectiva da pragmática as variações


linguísticas presentes na fala de um grupo de adultos, da cidade de Angical do Piauí, observadas
durante os eventos comunicativos que ocorrem naquela comunidade de fala, a partir da noção
sociovariacionista e sociointeracionista. A descrição e avaliação dessa fala são consideradas em
relação à dinâmica presente no uso de vocábulos e expressões específicos daquela comunidade e
utilizados no dia a dia, cujos processos semânticos são desvelados dada a sua intensidade quanto à
interação social que promove, em razão de peculiaridades e até de identidade social e cultural dos
falantes. Para tanto, toma-se como fundamento teórico a diversidade linguística descrita por Costa
(2000), as de cunho sociovariacionista ( MOLLICA,1992; TARALLO, 1999; LABOV, 1972),
sociointeracionista na perspectiva de Bortoni-Ricardo (2005,2011), Gumperz (1982), Marcuschi
(2007), e a semântica segundo Cançado (2005), dentre outros. A escolha do corpus se deu em
função da importância do registro e divulgação dessas variações características da fala dessa
comunidade, que se distinguem dos falares das outras cidades do Piauí. A análise das variações
linguísticas leva em consideração o grau de conservação, de perda e contínua criatividade no uso
desses vocábulos e expressões. Os sujeitos deste corpus são falantes que representam variados
modelos interativos em diferentes eventos de fala, dependendo do papel social que ocupam em
determinado contexto. A metodologia adotada foi a de uma pesquisa etnográfica, segundo a
tradição da perspectiva sociolinguística, conforme Gumperz e Hymes (1972).

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA


ABORDAGEM ETNOGRÁFICA
Darkyana Francisca IBIAPINA – SEDUC
darkybiapina@hotmail.com

As questões que envolvem a variação linguística são, sem dúvida, um dos fatores mais importantes
que interferem nas relações em sala de aula e na qualidade de apropriação do saber, especialmente,
no que se refere ao ensino de língua materna. Considerando essa realidade, o nosso objetivo é
analisar, através de uma abordagem etnográfica, como o fenômeno da variação linguística é
abordado nas aulas de Língua Portuguesa do 6º e 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola
pública, da cidade de Campo Maior – PI. A pesquisa é parte de nossa dissertação de mestrado, cujo
objeto de estudo foi o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos do Ensino
Fundamental. No presente trabalho, coletamos os dados a partir da observação em sala de aula e de
entrevistas com as professoras, utilizando um aparelho gravador do tipo MP4. Dentre outros
resultados, percebemos que quando não se realiza um trabalho, ainda que assistemático, que

326
privilegie o conhecimento das variedades lingüísticas, prevalece na escola umdiscurso autoritário
com o tom de “certo” e “errado”. Assim, são estigmatizadas as variedades que se distanciam
daquela considerada padrão, predominando o tão falado preconceito linguístico, fortemente
arraigado no espaço da escola e nas páginas e imagens da mídia. Tal preconceito prevalece
inclusive entre falantes de uma mesma variedade linguísitca. Desta forma, uma das mais graves
consequências desse discurso se reflete no receio que os alunos têm de falar nas aulas, com medo de
não saberem se expressar e de serem ridicularizados. A pesquisa foi baseada em estudos de autores
como Antunes (2007, 2009), Bagno (2002), Bortoni – Ricardo (2005, 2008), Lopes (2000) e Costa
(2008; 2010).

REALIZAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS EM IPORÁ-GO


Wildinara Karlane Luiz da SILVA – UFG
wildinara@hotmail.com

A variação linguística é fato ocorrente nas línguas e pouco apreensível se não por uma
sistematização. A Sociolinguística Variacionista conseguiu avançar nos estudos da variação se
mostrando eficiente ao indicar como se comportava a variação na comunidade, a atitude
sociolinguística dos falantes e se era uma mudança em progresso. William Labov dispôs de uma
metodologia quantitativa para comprovar os dados pela estatística. Baseado nesta Teoria
Variacionista, este estudo se faz pela correlação entre língua e sociedade, ou seja, correlaciona-se as
variantes aos contextos internos e externos para entender qual a motivação da variação. A aplicação
deste estudo ocorre em Iporá-GO, uma cidade de 31 mil habitantes, onde acolhe os 10 municípios,
cidades vizinhas e fazendas nas buscas pelo comércio, saúde e lazer. O início desta pesquisa
ocorreu em 2009 quando em monografia investigou-se as vogais médias pretônicas no falar
iporaense seguindo a teoria e a metologia labovianas. Em 2011, aprofunda-se nesta descrição na
mesma cidade, mas com caráter comparativo com a pesquisa inicial. A problemática está na
variação das vogais médias E e O em posição pretônicas, quando a sensibilidade da sílaba átona
permite que estas vogais se apresentem alçadas /i/ e /u/, abertas /&#949;/ e /&#596;/ ou fechadas /e/
e /o/ no Brasil, como em p[é~e~i]pino e m[ó~o~u]chila. Os informantes foram selecionados por
sexo, escolaridade e idade, ao todo 36. A coleta dos dados ocorreu por gravações de audio em
entrevistas semi-estruturadas. Após a transcrição, codificação e processamento dos dados, ocorreu a
análise deles de modo a reconhecer o significado social das variantes para a comunidade em
questão. Dos principais resultados percebeu-se que a harmonização vocálica e o grau de
escolaridade são determinantes no comportamentos das vogais médias pretônicas.

O TRABALHO COM A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA


DIDÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO
Lucia Aparecida Albuquerque CUNHA – CCMS
lucialetras@gmail.com

Este trabalho tem como objetivo principal propor uma sequência didática voltada para o Ensino
Médio focando o trabalho com a variação linguística. O que se deve observar é como as variedades
são trabalhadas dentro do espaço escolar, principalmente quando atrelada ao ensino tradicional de
língua portuguesa e relacionado a isso, de que forma elas poderiam ser trabalhadas de maneira que
fique explícita a sua importância para o ensino-aprendizagem, até mesmo por se tratar de um
conteúdo instigador quando ampliado com o ensino escolar de língua portuguesa, e é por isso que
surge o estímulo em propor uma revisão de concepção e método de ensino. O ensino de língua
portuguesa, atualmente, tem se pautado na norma-padrão como primordial para a aprendizagem do
aluno. Partindo do pressuposto de que é possível estudar e descrever a variação, e que a variação
está intimamente relacionada a fatores estruturais e sociais, deve se ter como objetivo uma nova
perspectiva de ensino, o da pedagogia da variação linguística, em concordância com a educação de
língua portuguesa tradicional, o ensino de gramática e norma-padrão. O referencial teórico que

327
embasa este trabalho - que foca uma proposta didática de ensino - apóia-se principalmente em:
Bagno (2007; 2002; 1999), Bortoni - Ricardo (2004), Dolz, Noverraz e Scheneuwly (2004), Hora
(2004), Labov (2008), Weinreich, Labov e Herzog (2006), Marcuschi (2007), Mollica e Braga
(2008), Paiva e Sherre (1999), entre outros. Trata-se de uma pesquisa em que a metodologia
utilizada enquadra-se nos pressupostos da pesquisa descritiva.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA: PROPOSTAS DIDÁTICAS


Joyce Elaine de Almeida BARONAS – UEL
joyal@uel.br

O presente estudo objetiva apresentar resultados de um projeto de pesquisa “Variação linguística na


escola: propostas didáticas”, vinculado ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da
Universidade Estadual de Londrina. Trata-se de um projeto que busca propor materiais didáticos
que abordem o tema “Variação Linguística” e, para isto, alunos de graduação e de pós-graduação
junto a docentes do curso de Letras se reúnem para estudar e analisar como o tema “variação
linguística” é contemplado no ambiente escolar. O projeto objetiva concretizar as idéias expostas
sobre o ensino de língua portuguesa, mais especificamente no que diz respeito à variação
lingüística, a partir da elaboração de materiais didáticos que contemplem conteúdos sobre as
diferentes formas linguísticas orais e escritas do português do Brasil. Em relação aos resultados do
projeto, objetiva-se apresentar, neste estudo, as análises de dois corpora: (i)documentos oficiais de
ensino, (ii) livros didáticos. O corpus que diz respeito aos documentos que regem o ensino é
constituído dos Parâmetros Curriculares Nacionais e das Diretrizes Curriculares Nacionais. Já o
segundo corpus é composto pelas coleções de livros didáticos aprovadas pelo Plano Nacional do
Livro Didático. Desta forma, serão apresentados, nesta pesquisa, os primeiros estudos
desenvolvidos no projeto citado, com a análise dos documentos que regem o ensino da língua
portuguesa, evidenciando em que sentido a variação faz parte de tais textos normativos; além disso,
pretende-se expor a análise dos livros didáticos utilizados nas escolas do Paraná, a fim de verificar
quais ferramentas estão atualmente disponíveis para o professor que atua em sala de aula nas
escolas do Paraná. Espera-se que os resultados desta pesquisa sejam úteis a demais pesquisadores
que se ocupam do ensino da língua portuguesa no Brasil.

LETRAMENTO SOCIAL E RETEXTUALIZAÇÃO DE GÊNEROS ESCRITOS NA PRÁTICA


ESCOLAR
Genesia da Silva XAVIER – IFPI
genesiaxavier@hotmail.com

Queremos socializar e discutir resultados de uma pesquisa que nos possibilitou a análise da relação
entre retextualização de gêneros estudados na escola e o letramento social. Pela retextualização dos
gêneros escritos: crônica, artigo de opinião, carta pessoal e bilhete, na modalidade escrita da
linguagem verbal, os alunos exemplificam usos da língua em situações cotidianas de leitura e
escrita, marcadas pela interferência do letramento social que ocorre na proporção que os gêneros
textuais, lidos e retextualizados, constituem práticas sociais vivenciadas no cotidiano dos alunos,
incluindo-se, o cotidiano escolar. A exemplo de Dell’Isola (2007;2008) e Marcuschi (2008),
compreendemos a retextualização como uso lingüístico do dia a dia que consiste na reconstrução de
um texto em outro, para atender a um propósito comunicativo, finalidade do gênero textual,
conforme Bakhtin (2006). Nessa investigação, escolhemos aspectos da abordagem etnográfica,
referentes à observação e à descrição densa dos significados individuais e coletivos das ações de
uma comunidade, seguindo-se o pressuposto da observação unida à relação do pesquisador com o
outro, segundo (GEERIZ, 1989). O propósito para essa pesquisa de mestrado nasceu na prática
docente em que vivenciamos o ensino de língua materna e constatamos, na escola, muitos
problemas de aprendizagem que poderiam ser resolvidos com a aquisição das habilidades de ler e

328
escrever. Além disso, tem-se a discussão acadêmica sobre os temas: letramento social,
retextualização, gêneros textuais na escola e pesquisa etnográfica. Assim, esse trabalho pode
interessar aos profissionais e estudiosos das áreas de lingüística e educação, pois seus resultados
revelam a valorização do letramento e a prática da retextualização na sala de aula como recursos
para a aquisição da leitura e da escrita, favorecendo a aprendizagem em geral.

ORALIDADE E LETRAMENTO: PRÁTICAS MOBILIZADAS NO ESTUDO DO GÊNERO


PALESTRA
Paloma Sabata Lopes da SILVA – UEPB
paloma.sabata@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo geral investigar os resultados gerados com as estratégias utilizadas
por mim para conduzir o ensino-aprendizagem do gênero palestra em uma turma de 3º ano do
Ensino Médio de uma escola pública da cidade de Campina Grande-PB. De modo específico, os
objetivos da pesquisa são: descrever o projeto de letramento utilizado no estudo do gênero e
identificar as práticas de letramentos mobilizados nas falas dos alunos durante as aulas. Trata-se,
pois, de uma pesquisa-ação de base etnográfica, cujo corpus de análise é composto pelas
transcrições das aulas e pelos diários de campo produzidos por uma colaboradora e por mim, no
papel de professora. Como aporte teórico-metodológico utilizo o conceito de letramento,
considerado enquanto conjunto de práticas sociais de leitura e de produção oral e escrita de textos
conforme defendem Kleiman (1995), Marcuschi (2001), Soares (2002), entre outros. Como possível
constatação, verifica-se que os eventos de letramentos mobilizados com a execução do projeto,
existem duas dimensões marcadas: o que é do domínio do ensinável no gênero e o que não é
ensinável, pois adquirido na experiência de audição e produção do gênero em contextos de
produção reais. Assim, as falas dos alunos são marcadas por práticas de letramento que se
caracterizavam como ações limitadas à sala de aula e, em outros momentos, por ações que
extrapolavam esses limites, quando esses alunos ativavam conhecimentos prévios para responder as
questões instauradas ou quando se comportavam com autonomia e buscavam fontes de informações
e recursos não solicitados.

LETRAMENTO E ORALIDADE: UMA ABORDAGEM ETNOGRÁFICA DESSAS PRÁTICAS


SOCIAIS EM TERESINA - PI
Lília Brito da SILVA – UFPI
brito_lilia@hotmail.com

Neste trabalho analisam-se, descrevem-se e caracterizam-se as práticas sociais de oralidade e de


letramento que se realizam em uma escola de Teresina-PI e na comunidade atendida por essa
escola. Nesse sentido, a pesquisa teve como suporte teórico os fundamentos contidos em Kleiman
(1995) Soares (1998) Rojo (2000) e Marcuschi (2001). Teve como objetivo estudar o letramento
praticado na escola e os usos orais que essa instituição faz da língua, em comparação com os usos
que os membros do bairro pesquisado fazem dessas práticas sociais fora da escola, no seu dia a dia,
nos diversos processos sociais de interação lingüística. A abordagem metodológica utilizada vem da
etnografia que compatibiliza a realização de uma pesquisa participativa com descrição detalhada
dos eventos observados dentro e fora da escola conforme Gumperz e Hymes (1972) e Erickson
(1990). Por meio dessa abordagem etnográfica foi possível participar dos eventos comunicativos
vivenciados pela comunidade e pela escola que foram observados e descritos, o que permitiu o
exame dos aspectos presentes na organização social de cada evento comunicativo, tais como: o que
fala, do que fala, quem fala, como fala e quando fala. Foi possível entender ainda quais as
consequências da posição da escola ao desconsiderar os usos que os alunos fazem de sua língua fora
da escola e os efeitos que a imposição da variedade culta pela escola causa aos alunos. Como
resultado a pesquisa já indica que a comunidade estudada faz usos da oralidade e do letramento que

329
variam de acordo com os sujeitos envolvidos, com o papel social desempenhado no evento e com a
natureza do evento realizado.

EVENTOS DE ORALIDADE E LETRAMENTO EM UMA ESCOLA PÚBLICA: DESCRIÇÃO


E ANÁLISE
Juscelino Francisco do NASCIMENTO – UFPI
juscelinosampa@hotmail.com

Esta comunicação é resultado de uma pesquisa em andamento “A variação linguística em Teresina:


uma investigação dos processos interacionais nos eventos de oralidade e de letramento”. Tem como
objetivos descrever e analisar os eventos típicos de oralidade e de letramento numa escola da rede
estadual de educação do Piauí, em Teresina, bem como fornecer subsídios para um entendimento
mais adequado do processo comunicativo e interacional em aula de Língua Portuguesa, nessa escola
e na comunidade que atende. Desse modo, a descrição e análise se voltarão para a adequação dos
meios linguísticos utilizados na escola e sua relação com os utilizados na comunidade. Por meio de
observações em salas de aula, verificou-se, até o momento, que as práticas sociais de oralidade e de
letramento não estão bem adequadas às necessidades dos alunos durante as atividades de Língua
Materna, uma vez que não se orientam para atividades ou temas da vivência dos alunos e muitas
vezes sem nenhuma relação direta com sua prática social, seja na escola, seja na comunidade.
Nesse sentido, consideramos importante investigar se as práticas de oralidade e escrita, ali
desenvolvidas, fazem com que os discentes tenham maior expressividade e desenvoltura com a
língua, seja na modalidade falada ou escrita. Para tanto, usamos como arcabouço teórico para
fundamentação da pesquisa, os estudos de variação lingüística, segundo Labov (1972), Tarallo
(1985), os estudos da Sociolinguística Educacional, de Bortoni-Ricardo (2005) e de Oralidade e de
Letramento, conforme Marcuschi (2001), Soares (1998), Kleiman (1995) e Rojo (2000).

A INTERFERÊNCIA DA FALA NA ESCRITA – PRÁTICAS LETRADAS DE CRIANÇAS DA


ESCOLA FLORISA SILVA
Maria do Espírito Santo Guimarães LESSA – UFPI
lessaletras@yahoo.com.br

Este trabalho apresenta a descrição das práticas de letramento das crianças do 3º ano do nível
fundamental da Unidade Escolar “Florisa Silva”, em Teresina – Piauí. Seu objetivo consiste em
apontar a interferência da fala das crianças na produção dos textos e suas ocorrências significativas,
baseada na seguinte indagação: como ocorre a interferência da fala na escrita durante as práticas
letradas das crianças do 3º ano do ensino fundamental? Para alcançar êxito nesta pesquisa, foi feita
a análise microetnográfica, sugerida por Erickson (1990), caracterizada por analisar gravações em
áudio e vídeo. Aliado a este método, trabalhou-se a partir da perspectiva teórica que conceitua
letramento como conjunto de práticas sociais que permeiam a leitura e a escrita em contextos
informais para usos utilitários (MARCUSCHI, 2007), aliado às noções de competência
comunicativa, que diz respeito à capacidade que um falante possui de saber o que falar e como falar
com um interlocutor numa dada circunstância (BORTONI-RICARDO, 2008). O corpus selecionado
para esta pesquisa é composto pela produção textual e por eventos de oralidade significativos de
seis crianças da turma anteriormente mencionada, dentre elas, duas não sabem ler ou escrever, todas
possuem faixa-etária entre 08 e 12 anos. Todos são teresinenses e pertencentes às classes de baixo
poder aquisitivo. Os procedimentos de abordagem foram: conversa informal, observação em sala de
aula, descrição e análise de registros e dos materiais coletados, auxiliados pelos seguintes
instrumentos: aparelho de gravação de voz, máquina fotográfica, caderno de anotações e cópias de
textos por eles produzidos. Apesar da incipiência do trabalho, é nítido o valor que atribuem a um
texto escrito, desprivilegiando, assim as manifestações orais, sem se dar conta da interferência de
uma sobre a outra.

330
A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: UMA
INVESTIGAÇÃO DAS PRÁTICAS DE ORALIDADE E DE LETRAMENTO
Catarina Januária Mendes da Costa LAGO – UFPI
catarinajanuaria@hotmail.com

Nesta comunicação, pretendo apresentar resultados parciais de uma investigação sobre a


competência comunicativa dos alunos de uma escola pública em Teresina, tendo como objetivos
identificar e analisar os principais fatores que impedem a escola de trabalhar de forma adequada e
efetiva atividades de oralidade e de letramento para inserir os alunos em práticas sociais
significativas na comunidade. A investigação partiu de nossas inquietações como fonoaudióloga
que recebe constantemente no consultório crianças encaminhadas pela escola, consideradas ‘ com
problemas’ de linguagem, e que diagnosticamos em sua fala, na maioria dos casos, marcas de
variação lingüística. Em contato com a Diretora e professoras de uma escola onde algumas dessas
crianças estudam constatei o desconhecimento do tema variação lingüística e quando demonstram
conhecê-lo não consideram importante ser estudado ou levado em conta em sala de aula, sob a
justificativa de que não podem ser consideradas porque são faladas por pessoas não escolarizadas.
A partir daí busquei conhecimentos da Sociolingüística variacionista ( LABOV, 2008; TARALLO,
1985.) da Sociolinguística Educacional (RICARDO-BORTONI, 2005 e 2008), e ainda sobre
Letramento e Oralidade (MARCUSCHI, 2003; SEGNORINI, 2001), quanto aos possíveis fatores
que impedem ou dificultam um ensino de língua contextualizado. Verifiquei que faltam aos
professores conhecimentos sobre o funcionamento da língua e suas diversas manifestações, mas
sobretudo conscientização dessas manifestações lingüísticas, de seus significados sociais pelos
professores, comunidade escolar e comunidade social em que está inserida a escola. Ou seja, a
competência comunicativa que diz respeito ao desempenho lingüístico dos alunos às diversas
formas de interação social precisa ser conhecida, para ser considerada nas atividades de ensino, de
língua oral, escrita ou até mesmo de outro objeto de conhecimento.

A NARRAÇÃO ESPORTIVA DE FUTEBOL COMO OBJETO PROPICIADOR DE


APRENDIZAGEM E LETRAMENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA
Cristiane Alvarenga Rocha SANTOS – PUC-MG
crisrochalv@gmail.com

Com o surgimento de aparelhos eletrônicos e digitais como o rádio, a televisão e o computador,


novas formas de comunicação foram se instaurando na sociedade as quais propiciaram o
aparecimento de novos gêneros textuais e a transformação de outros que já existiam, sejam eles
orais ou escritos. Apesar disso, a escola, legitimada como o lugar que possibilita aos indivíduos
adquirirem um letramento pedagógico, sempre privilegiou os gêneros escritos. Observando a
presença e a influência da mídia televisiva na sociedade, consideramos relevante estudos e
propostas de ensino de língua portuguesa que mostrem como as práticas discursivas desse domínio
discursivo podem ser trabalhadas em sala de aula. Isso significa que, além de um "letramento
social", elas podem se mostrar um meio de alcançar um letramento pedagógico eficaz. Desse modo,
propomos investigar como a narração esportiva de futebol, aqui entendida como um gênero da
oralidade, pode se revelar um amplo e frutífero objeto de análise dos usos que fazemos da
linguagem no nosso cotidiano. Sendo assim, este trabalho, que possui um caráter ensaístico, visa a
propor uma reflexão sobre o uso de gêneros midiáticos orais, em especial a narração esportiva de
futebol, nas aulas de língua portuguesa e a mostrar, por meio da apresentação de algumas propostas
metodológicas e aplicadas de ensino, como esse gênero pode colaborar para o conhecimento, a
compreensão e a utilização da língua materna pelos alunos. Para isso, partiremos de uma concepção
de ensino de língua portuguesa que se preocupa com a linguagem em uso, materializada nas
diversas práticas discursivas que caracterizam as muitas formas com que interagimos uns com os
outros na sociedade. Como aporte teórico, basearemo-nos nas obras de Soares (2006), Marcuschi
(2000; 2008), Kleiman (2008), Signorini (2001; 2008) e Moita-Lopes (2006).

331
TRABALHANDO O GÊNERO ENTREVISTA COMO PRÁTICA DE ORALIDADE E DE
LETRAMENTO EM UM CONTEXTO DE FARINHADA
Maria dos Remédios Sirqueira BARBOSA – SEMEC
remediosbarbosa@hotmail.com

Nesta comunicação, pretendemos apresentar uma experiência de ensino de língua, envolvendo


práticas deoralidade e de letramento em uma comunidade rural de Teresina – PI, a partir de uma
atividade de produção agrícola comum da comunidade – a farinhada. A atividade pedagógica teve
como objetivos 1) Envolver escola e comunidade no plano de estudo “Processamento e
Beneficiamento de Produtos de Origem Vegetal; 2) Exercitar a interação entre as várias disciplinas;
3)Vivenciar a oralidade, leitura e a escrita como práticas sociais da comunidade e da escola. Para o
desenvolvimento dessas atividades foram decisivos os fundamentos teóricos do letramento e da
oralidade, conforme Kleiman (1995) Soares (1998) e Marcuschi (2003). Na realização da
experiência, partimos da observação das práticas sociais da comunidade, para a escolha da
atividade farinhada, após o que fizemos em conjunto, alunos e professores, o planejamento das
atividades que constituíram esta experiência. Depois, passamos a trabalhar o gênero entrevista que
envolveu atividades de oralidade e de escrita, e em vários etapas e estilos, bem como diversos
outros gêneros como texto de opinião, informativos, convites, receitas culinárias, folders, relatórios,
gráficos e mapas. Como resultado, constatamos, nas diversas produções dos alunos, desenvolvidas
em cada etapa, uma diversidade de estilos. Sendo que na oralidade esses estilos foram marcados,
principalmente, por vocabulários e expressões que foram cada vez mais se adequando ao da
atividade, conforme seus participantes, enquanto as produções escritas passaram em uma primeira
etapa de uma estilo menos elaborado, mais informal, para um mais elaborado, logo mais formal.
No geral, a experiência foi muito positiva em termos de quantidade e qualidade de produção oral e
escrita, tendo como principal justificativa a vivência das atividades sociais, desenvolvidas a partir
da oralidade, da leitura e da escrita.

LETRAMENTO, ORALIDADE E GÊNEROS TEXTUAIS COMO ESTRATÉGIAS PARA O


ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA
Ananda Veloso Amorim OLIVEIRA – UESPI
ananda_amorim@hotmail.com

A partir do princípio de que toda atividade educativa visa o bom desempenho do aluno e para isso
se utiliza de estratégias, o presente trabalho faz uma reflexão acerca do letramento, oralidade e
gêneros textuais como estratégias de ensino de língua materna na Educação de Jovens e Adultos
(EJA), com o propósito precípuo de contribuir para uma reflexão crítica sobre a relação ensino-
aprendizagem nesta modalidade e desse modo propor uma (re)visão criativa nos métodos de
alfabetização. Para fins de embasamento teórico será utilizado acerca da Alfabetização e Formação
de Professor no ensino de língua materna (BORTONI-RICARDO, 2010; COSTA, 2006;
KLEIMAN e SIGNORINI, 2000); Letramento e Oralidade (MARCUSCHI, 1995; SIGNORINI,
2001); Letramento (SOARES, 2006); Sociolínguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 1985)
e Gêneros textuais (MARCUSCHI, 2001, 2007). As análises nos mostram que, quando a
interpretação e produção textual oral do alfabetizando, em conjunto com seu letramento social são
considerados, as atividades de linguagem tornam-se significativas e possibilitam o desenvolvimento
de sua capacidade linguística, além de ajudá-lo a melhor ler e interpretar o mundo bem como
intervir em sua realidade marcada por inúmeras exclusões. Ademais, depreende-se que o ensino de
língua materna quando pautado no uso de gêneros textuais, tanto de gêneros já conhecidos como
também de novos, possibilita aos discentes um maior contato com tais construtos textuais,
oportunizando, dessa forma, um maior aperfeiçoamento de habilidades que o tornem cidadãos
letrados e conscientes do seu papel social, no meio em que vivem e, o mais importante, que
atendam às suas necessidades sociais.

332
CONDIÇÕES DE LETRAMENTO ENTRE DUAS GERAÇÕES: A PRODUÇÃO ESCRITA DE
PAI E FILHO
Pedro Rodrigues Magalhães NETO – UESPI
pedrormneto@bol.com.br

O objetivo deste artigo é situar letramento historicamente e enquanto práticas sociais de leitura e
produção escrita em contexto familiar e definir letramento nas diversas perspectivas, diferenciando-
o de alfabetização. Para tanto, usamos os fundamentos de teóricos como Street (1993), Marcuschi
(2001), Mortatti (2004), Soares (2005), Lopes (2006), Tfouni (2006), Kleiman e Morais (2007),
Kleiman (2008a e 2008b), Rojo (2011), Ribeiro (2011), dentre outros. Esta pesquisa é qualitativa de
caráter exploratório, realizada durante os três primeiros meses de 2012, cujos sujeitos são pai e filho
com a mesma escolaridade. O pai evadiu-se do contexto escolar no oitavo ano do ensino
fundamental e o filho atualmente cursa o mesmo ano, aqui identificados respectivamente P e F. Os
resultados da pesquisa revelam que há diferenças significativas na produção escrita entre gerações,
considerando que a produção de P é mais limitada; as frases são menores, os argumentos são
inconsistentes, não há fluência no texto, não segue os princípios da ortografia, demonstra
desconhecer os elementos textuais levando à incoerência textual. O corpus é constituído de quatro
textos produzidos pelos dois sujeitos já caracterizados, após a leitura e discussão sobre a temática: a
vida de um peão no Piauí. A leitura e discussão dos textos pelos sujeitos e o pesquisador
caracterizam a intervenção, realizada durante dois meses. Após essa fase solicitamos a produção
escrita. Tomamos as seguintes categorias para análise: elementos de textualidade (coesão e
coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade, intertextualidade);
Estrutura argumentativa; operadores de articulação, referenciação, organização tópica; análise
linguística; repetições, marcas da oralidade, conectores, marcadores; tipos textuais.

333
PAINÉIS
A CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS-LEITORES NA ESCOLA E A PRODUÇÃO DE
SENTIDOS

Michel Luís da Cruz Ramos LEANDRO – FFCL


mic.leandro@yahoo.com.br

Este trabalho procura investigar como se dá o processo de leitura e a constituição de


sujeitos-leitores na escola nas aulas de Língua Portuguesa, contrapondo o ensino de
uma escola pública e outra particular. Com o auxílio da Análise do Discurso de linha
francesa, que considera a leitura como produção condicionada e determinada, com um
contexto histórico ideológico que deve ser levado em conta no momento de
interpretação, serão fundamentais as noções de discurso, texto, formação discursiva,
formação ideológica, sujeito, sentido, heterogeneidade, condições de produção
histórica, dentre outros, verificando se nestas aulas leva-se em conta a posição-sujeito
dos alunos, se é trabalhado a polissemia, bem como se existe uma abertura para o
dialogismo, já que o sentido da enunciação não está no sujeito, nem na palavra e nem
nos interlocutores, pois a enunciação procede de alguém e se destina a alguém, sendo
então a interação entre o locutor e o receptor, produzido por meio de signos
linguísticos, veículo principal na produção do sentido, evocando assim a
heterogeneidade constitutiva do discurso. Além de refletir sobre leitura e poder, a
relação sujeito-aluno com o ambiente escolar, as políticas de direção e organização
destas escolas para a efetivação do ensino-aprendizagem, serão relevantes para nossa
investigação, assim como perceber o valor profissional do professor dentro da
sociedade e na escola e o comprometimento deste com o ensino, levantando uma
discussão sobre o discurso pedagógico autoritário muitas vezes circulante que carrega a
ilusão de uma instituição ideal de ensino, onde o professor e o material didático são as
vozes de excelência.

A CONTRIBUIÇÃO DA CIÊNCIA DA LINGUAGEM NA FORMAÇÃO DE


PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Leonardo de Souza MEDEIROS – UENF


leo_agnus@hotmail.com
Rosiane Lúcia RIBEIRO – UENF
roribeiromg@hotmail.com

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a importância da ciência Linguística


na formação de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, esta
pesquisa constitui um trabalho de capacitação junto aos professores de escolas da rede
municipal de Campos dos Goytacazes, almejando a produção de conhecimento efetivo
na atividade pedagógica de vivência com a língua e com o mundo dos textos, assim
como uma atividade de base essencial em anos de fixação e desenvolvimento do
letramento. Realizaremos encontros com os alunos do Curso Normal do ISEPAM, a

334
fim de oferecer subsídios linguísticos para formação desses futuros professores. Nossa
estratégia consiste, primeiramente, em justificar a necessidade de se avaliar as políticas
de ensino de línguas para os docentes em suas práticas pedagógicas na sala de aula.
Para tanto, uma visão mais aproximada da realidade da linguagem (na sua diversidade,
função e adequação) deve se fazer presente na ação administrativa da escola para que
novas políticas e diretrizes estejam permanentemente agindo entre os professores no
âmbito das relações sociais conduzidas pela linguagem, o que julgamos fundamental
como pesquisadores das áreas de Educação e Linguagem. Esse projeto se justifica
ainda por objetivarmos dispor os grupos trabalhados de uma formação teórico-prática
adequada para encaminhamento de solução de problemas concernentes ao uso da
língua como instituição social. Os resultados que se esperam é de que a escola seja
orientada através de assessoria, consultorias e desenvolvimento de programas e
projetos visando a discussão, planejamento e implementação de metodologias
específicas no campo dos usos sociais da linguagem com vistas à formação cidadã de
jovens e crianças bem como à formação continuada de professores.

A DIDÁTICA DA "BRASILIDADE" EM MANUAIS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA


ESTRANGEIRA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA

Ana Beatriz Simões da MATTA – UERJ


carolcacau.simoes@gmail.com

Este trabalho visa a analisar o funcionamento do discurso da didática da “brasilidade”


nos manuais de Português como língua estrangeira intitulados “A casa da gente” e
“Gente que come bem”, editados na República Argentina, cujas variantes contempladas
correspondem às do quadro dialetal do Português Brasileiro. Estes manuais são
utilizados no curso de formação de professores de Português como língua estrangeira
na Universidade Nacional de Córdoba (UNC). Para tal, utilizamos como quadro teórico
de referência a teoria do discurso, desenvolvida pela escola francesa de Análise do
Discurso, com especial atenção aos conceitos de língua transnacional (Zoppi-Fontana,
2009), língua fluída/língua imaginária e língua brasileira (Orlandi, 2009). Parte-se do
pressuposto de que a língua brasileira, em sua dimensão transnacional não se apresenta
nos manuais como língua veicular, mas enquanto língua do Estado brasileiro,
atravessada pelo histórico, o que caracteriza um ensino de língua permeado pela
constituição de uma identidade brasileira. Como metodologia de análise do presente
trabalho, buscamos observar o sumário, o prólogo e a apresentação dos referidos
manuais, depreendendo sequências discursivas cujas entradas se referissem a elementos
culturais brasileiros, a fim de compreender a presença dos mesmos na constituição de
uma didática a serviço da “brasilidade”. A partir do material selecionado, é possível
afirmar que o ensino de Português como língua estrangeira nos manuais “A casa da
gente” e “Gente que come bem” é permeado por um funcionamento do discurso
pedagógico que pressupõe, sobretudo, uma identidade brasileira fixa e homogênea que,
por conseguinte, poderia ser pretensamente ensinada e aprendida por professores e
alunos falantes de espanhol.

A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA: A COLABORAÇÃO DO PIBID NA


PERSPECTIVA TEÓRICA E PRÁTICA

Liz Daiana Tito AZEREDO – UENF


lizdaiana@ig.com.br

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar através os resultados obtidos do


Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), coordenado pela

335
professora Eliana Luquetti, desenvolvendo-se em duas escolas municipais na cidade de
Campos dos Goytacazes, em que se desenvolve o subprojeto do PIBIB, intitulado
“Políticas de língua e de Leitura: Formando Leitores na Escola”, com alunos da
Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental. A realização desse projeto nas
escolas tem contribuído na elevação dos índices de leitores e, consequentemente, dos
produtores de texto, que promovem crescimento e produtividade dos alunos. Os
conhecimentos adquiridos pelos educandos participantes do Programa mostra-se uma
melhoria no processo de ensino aprendizagem, proporcionando oportunidades para
expansão das habilidades, exploração do potencial criativo e incentivo à produção de
bons textos. As atuações dos bolsistas no projeto têm como finalidade incentivar a
prática da leitura, que funciona como artifício de aproximação, envolvendo os alunos
com o mundo da ficção e ao mesmo tempo relacionando com suas experiências
próprias de vida. As atividades desenvolvidas são baseadas e apresentadas de acordo
com as propostas concretizadas na interação entre a Escola e Universidade. Nessas
atividades, há a utilização de diversos recursos, como diferentes abordagens de gêneros
textuais, a fim de explorar suas especificidades, como por exemplo: uma receita de
comida; textos sobre meio ambiente e outros. Assim as atividades oferecidas possuem
como objetivos: articulação das diferentes linguagens; aquisição da leitura e da escrita;
ampliação do léxico; ampliação do conhecimento de mundo da criança;
desenvolvimento da criatividade; atribuição de sentidos a outras formas de linguagem;
desenvolvimento do gosto pela leitura (prazer de ler e exercício da leitura em vários
níveis (sensorial, emocional e racional).

A GRAMÁTICA NOS LIVROS DIDÁTICOS

Luana Yara da Silva SOARES – UFU


luanayara@live.com
Patrícia Fátima Soares FERNANDES – UFU
patricia014@yahoo.com.br

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa de campo em que teoria e prática são
associadas em um contexto acadêmico. Para tanto, visitamos uma escola pública de um
bairro da cidade de Uberlândia, com o objetivo de conhecer esse contexto de ensino de
Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. A metodologia utilizada nesse trabalho foi
a aplicação de questionários e de conversas informais realizadas com o professor e com
alguns alunos da instituição, observação de 05 aulas de Língua Portuguesa, análise de
livros didáticos utilizados no Ensino Fundamental e uma pesquisa teórica acerca do
assunto em questão, focado principalmente nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN´s). Por meio da observação dessas cinco aulas de português do 8º e 9º anos do
Ensino Fundamental, da aplicação de questionários e de conversas informais realizadas
com o professor e com alguns alunos da instituição, pudemos refletir criticamente
sobre o papel dos professores de língua portuguesa e de como é o ensino nas escolas.
Com base nos dados coletados, foi possível discutir sobre o papel da língua portuguesa
e dos docentes dessa disciplina nas escolas, e analisar quais os métodos utilizados pelos
professores ao ensinarem língua materna, uma vez que o ensino dessa disciplina citada
nem sempre prioriza o desenvolvimento da competência linguística do aluno, esta que
deveria estar somada ao desenvolvimento da capacidade de “reflexão” dos discentes,
uma vez que estão acostumados com ideias prontas e acabadas. Dessa forma, foi por
meio do presente trabalho que buscamos analisar e conhecer um pouco mais sobre a
maneira como se ensina Língua materna no Brasil, mais especificamente na cidade de
Uberlândia, conhecendo um pouco mais sobre o campo de trabalho que futuramente
poderá ser o nosso.

336
A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESPANHOLA NO ENSINO MÉDIO: VOZES QUE
(NÃO) SE CALAM

Leticia Montini FRANCO – UNIFAL


leticiamontini@gmail.com

Esta pesquisa tem como objetivo analisar que discursos veiculam no Blog Espanhol do
Brasil acerca da implantação do ensino de Espanhol – Língua Estrangeira (E/LE), em
escolas de Ensino Médio, com a Lei nº Lei nº 11.161/2005. O Blog, objeto de análise,
constitui-se um fórum de discussão por meio do qual professores de espanhol
manifestam suas opiniões, suas motivações e noticiam fatos acerca dessa implantação.
Pretende-se, a partir da análise dos enunciados postados no Blog, responder às
seguintes perguntas de pesquisa: a) que concepção de ensino e de língua orienta o
trabalho com a Língua Espanhola no âmbito do Ensino Médio? b) quais são as
percepções de professores de espanhol acerca da necessidade de implantação do ensino
de espanhol no Ensino Médio? c) em que medida, na visão dos usuários do Blog, a
legislação em vigor cria lacunas que permitem a fragilização ou o fortalecimento da
Língua Espanhola nas escolas públicas, em especial? d) que discursos e ideologias
fundamentam essa implantação? Os dados, analisados, serão organizados em categorias
a fim de se estabelecer um quadro descritivo-analítico acerca da problemática em que
esta pesquisa está inserida. Para este trabalho, optamos pela pesquisa documental para
a análise da legislação e documentos oficiais e pela pesquisa qualitativa (SEVERINO,
2007) para a análise dos fóruns e notícias coletados na web, em 2012, especificamente
no Blog http://espanholdobrasil.wordpress.com. Os primeiros resultados desta
pesquisa, em fase inicial, apontam que o ensino dessa língua estrangeira ainda não está
efetivamente implantado nas escolas brasileiras e que faltam materiais e professores
qualificados para tal. Os pontos de discussão encontrados no Blog
http://espanholdobrasil.wordpress.com apontam ainda que o Poder Público não tem
demonstrado um grande interesse nessa implantação, o que pode provocar grandes
problemas no futuro.

A IMPLEMENTAÇAO DA LEI 10.639/03 NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MARIANA E


OURO PRETO, MG: LETRAMENTO E IDENTIDADES ETNICO-RACIAIS

Fabiana Correia JUSTO – UFOP


bianajusto@yahoo.com.br

Embasado pelos pressupostos da Linguística Aplicada ao ensino de língua materna,


este trabalho pretendeu verificar se os estudos sobre letramento podem ser uma
ferramenta para a implementação da Lei 10.639/03, que institui o ensino da história dos
afrobrasileiros, nas escolas públicas dos municípios de Mariana e Ouro Preto, MG. Ao
propor este questionamento, nos baseamos na Teoria da Performatividade (Austin,
1990), na relação entre Linguagem e Identidades (Moita Lopes, 2002) e na discussão
racial no Brasil (Munanga, 2005). Tendo estas perspectivas como norte, por meio da
observação participativa, realizamos uma pesquisa de caráter etnográfico para que
pudéssemos compreender as práticas de leitura e de uso da linguagem oral e escrita que
ocorreram nas aulas de Língua Portuguesa de duas escolas públicas, uma localizada em
Ouro Preto e a outra em Mariana. Realizamos uma análise documental qualitativa,
utilizando da perspectiva de paradigma indiciário de Guinzburg (1981). Analisamos os
currículos, programas e planos de aula de Língua Portuguesa, bem como os materiais
presentes nas bibliotecas, eventos e iniciativas das escolas no período de 2004 a 2010.
Os documentos disponibilizados pelas Secretarias Municipais de Educação destas
cidades assim como os projetos institucionais desenvolvidos por estas Secretarias

337
também foram analisados. Nos documentos disponibilizados pelas escolas,
constatamos que a temática étnico-racial ainda é silenciada na maioria dos materiais, as
poucas vezes em que foi mencionada estava associada aos “temas transversais”. Não há
um trabalho sistematizado sobre a cultura e história africana e afrobrasileira em
nenhuma das escolas ou Secretarias Municipais de Educação (SME). Na SME de Ouro
Preto, encontramos uma lei sancionada em 2005 que institui diretrizes curriculares
municipais para o tratamento da diversidade negra, porém isto ainda não foi
incorporado ao currículo das escolas. As secretarias também não oferecem cursos
sistematizados e contínuos para a formação de professores aptos a trabalhar com estas
questões.

A IMPORTÂNCIA DO CARÁCTER REFLEXIVO NO ENSINO DA LÍNGUA


PORTUGUESA: A GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO ESTAR NA FORMA
PERIFRÁSTICA

Elaine Dias MOREIRA – IFF


elainedmj@hotmail.com

Este trabalho busca observar e analisar o uso do verbo estar, na locução verbal estar +
gerúndio, em situações reais de interação verbal, considerando a função social da
língua, seu caráter evolutivo e dinâmico. A língua existe para atender as necessidades
comunicativas dos grupos sociais e por estar inserida em determinado grupo social que
a utiliza para fins comunicativos de caráter interacional, é dinâmica, viva;
consequentemente passível de sofrer transformações. Por isso, destacamos a
importância do caráter reflexivo no processo de ensino-aprendizagem, pois apenas a
visão tradicionalista de ensino da Língua Portuguesa não dá conta dessa dinamicidade
da língua no seu uso efetivo. Por ser a língua uma das manifestações da linguagem que
está inserida no meio social que a utiliza para fins comunicativos de caráter
interacional; é possível, portanto que o verbo estar esteja gramaticalizando-se
novamente. O trabalho se fundamentará nos pressupostos teóricos da Linguística
Funcional, que considera que o sistema linguístico deve ser descrito e explicado em
contextos reais de uso. Para tanto, será tomado como objeto de observação os usos
retirados de uma narrativa recontada dos Corpora do Grupo de Estudos Discurso &
Gramática da UFRJ. Essa perspectiva aponta para o ensino de Língua Portuguesa de
caráter mais reflexivo, chamando a atenção para a relevância da chamada Gramática
Emergente, já que a língua emerge do uso. Deste modo, destaca-se a importância de se
repensar o papel da Gramática Normativa ou Tradicional no processo de ensino-
aprendizagem da Língua Portuguesa, como único instrumento para se estudar e
explicar a língua, nas suas diversas manifestações.

A LINGUÍSTICA E O LETRAMENTO NA FALA DOS PROFESSORES DOS ANOS


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

Eliana Crispim França LUQUETTI


Rachel Alice Mendes da Silva DIAS – UENF
chelalice@yahoo.com.br

A presente pesquisa pretende ampliar o diálogo entre a escola, os professores e os


estudantes sobre as potencialidades das práticas de leitura, escrita e oralidade. É
importante considerar o fato de que a leitura e a escrita constituem-se em importantes
canais de comunicação entre as pessoas, assim sendo, para o estudo, trazemos à cena os
professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de Campos dos
Goytacazes, Rio de Janeiro, RJ, de forma a verificar como eles entendem os conceitos

338
de alfabetização e letramento. Com o grupo de professores entrevistados, buscamos
refletir sobre as diversidades de ênfases na caracterização do fenômeno letramento que
permeiam as práticas pedagógicas dos professores e que são levados a efeito no ensino
da leitura e da escrita, além disso, buscamos estabelecer a relação entre Linguística e
Letramento, como também, verificar na fala dos professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental como o processo de alfabetização e letramento acontecem.
Elegemos para esse trabalho a abordagem qualitativa de pesquisa, buscando priorizar
os aspectos dinâmicos, complexos e subjetivos dos significados que os professores
atribuem às suas práticas escolares, principalmente, no que diz respeito à alfabetização,
à linguística e ao letramento. A partir das várias leituras realizadas até o momento,
entendemos que, diante da necessidade de se fazer uso das práticas sociais de leitura e
de escrita, a escola possui um papel cada vez mais importante na formação dos alunos
como cidadãos participativos e autônomos.

A PRODUÇÃO DE TEXTOS NO ENEM: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DOS GÊNEROS


TEXTUAIS

Danielle Cristine SILVA – UFLA


danielle.letrasufla@gmail.com

A década de 80 traz mudanças significativas no que diz respeito ao ensino e


aprendizagem da língua escrita. Na base dessa mudança encontra-se uma visão de
língua como atividade interacional. Outros aspectos passam a ser relevantes na
produção escrita, tais como as condições de produção, o contexto de uso e,
posteriormente, a noção de gêneros textuais. Por sua vez, a progressiva substituição dos
vestibulares, parcial ou totalmente, pelas provas do ENEM – Exame Nacional do
Ensino Médio – tem refletido nas escolas e nos cursinhos preparatórios no que diz
respeito à atividade de produção de texto. Diante da relevância que essa avaliação
alcançou no cenário nacional, o objetivo deste trabalho é analisar como se configuram
as propostas de produção textual e quais os pressupostos teóricos encontram-se
subjacentes a elas. Para isso, foi feita uma pesquisa de cunho bibliográfico sobre o
tema produção de textos e sobre gêneros textuais, a partir de Antunes (2009), Bakhtin
(1997), Marcuschi (2002), Oliveira (2010) e Costa Val (1998). Foram analisadas as
propostas de produção textual presentes nessas avaliações entre os anos de 1998,
quando foi aplicada a primeira avaliação, até a última avaliação realizada em 2011. Em
consonância com as proposições curriculares, o que se evidencia é a presença cada vez
mais acentuada dos gêneros textuais presentes na prova da área de linguagens, códigos
e suas tecnologias. Entretanto, em relação à produção de textos, as análises
evidenciaram que as provas indicam uma perspectiva tradicional que parece não
considerar as contribuições da linguística, sobretudo, no que tange aos estudos sobre os
gêneros textuais e sua contribuição para o ensino.

A PRODUÇÃO TEXTUAL NA PERSPECTIVA TEÓRICA DOS GÊNEROS: UM


DIÁLOGO PROMISSOR

Jéssica Kellen da SILVA – UFLA


jsilva@letras.ufla.br
Lívia de SOUZA – UFLA
lsouza@letras.ufla.br

Os gêneros textuais podem ser entendidos como textos materializados que circulam
socialmente. Ligados à vida cultural e social de um povo configuram-se como
fenômenos históricos, construídos coletivamente e atendem à demanda do contexto em
que se inserem. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998) trazem diretrizes

339
que orientam o ensino da língua portuguesa pautado na perspectiva teórica dos gêneros
textuais. Neste sentido, este trabalho apresenta resultados parciais de pesquisa cujo
objetivo é analisar o modo como alunos, nas atividades de produção textual, se
apropriam de elementos caracterizadores do gênero: temática, estilo de linguagem,
forma composicional e função sociocomunicativa. Para isso, escolheu-se o haicai,
gênero de origem japonesa, constituído por três versos compostos por dezessete sílabas
poéticas. Foi realizada uma oficina de leitura e produção de texto, no âmbito do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES. Foram
produzidos e analisados 46 haicais. A análise dos textos considerou as contribuições de
Bakhtin (2000), Franchetti (1996), Nunes (2011), Leminsk (1990) e Goga (1986 -
1988). Os resultados indicam que, mesmo sem o conhecimento teórico aprofundado
dos elementos básicos para constituição de poemas de um modo geral, os alunos
demonstraram uma abordagem sistematizada, a partir das noções estruturantes sobre a
teoria dos gêneros, podendo contribuir significativamente para o processo de
apropriação da leitura e da escrita de textos cuja linguagem é, por excelência,
plurissignificativa. Assim, espera-se que este trabalho contribua para a divulgação de
experiências necessárias à formação docente no campo da leitura e de linguagens que
se entrelaçam a outras vozes e culturas.

A REESCRITA NAS AULAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Allana Cristina Moreira MARQUES – UFU


lanacrismm@yahoo.com.br

Embora a produção textual seja uma atividade presente nas aulas de Língua Portuguesa
(LP) há tempos, ela ainda tem sido causa de preocupações para alunos, que se sentem
despreparados para produzir textos, e para professores, que diante dos inúmeros
problemas textuais dos alunos se veem obrigados a reformular suas estratégias de
ensino. Na busca de melhorias para esse ensino, os Parâmetros Curriculares Nacionais -
PCN - (1998) ressaltam a importância de se considerar a produção textual como um
continuum, isto é, como um processo. A reescrita, nesse sentido, é de fundamental
importância, pois, por meio dela, é possível levar o aluno a refletir sobre os seus
próprios erros e buscar novas opções que proporcionem a melhoria do texto dele.
Embora a reescrita tenha importante papel no ensino e aprendizagem de produção
textual, é possível perceber que ela, muitas vezes, não é utilizada durante as aulas de
LP ou, quando é utilizada, os professores não deixam claro para os alunos o porquê
desse processo. Tendo em vista essa situação, este estudo, apoiado na perspectiva
interacionista sociodiscursiva, investigou como tem se dado o ensino da produção
textual em escolas públicas brasileiras. Para isso: i) Selecionamos uma escola em que a
reescrita é comum; ii) Assistimos as aulas de dois professores que solicitaram as
produções textuais e posteriormente as aulas em que foram solicitadas as reescritas, a
fim de podermos verificar como esse trabalho foi orientado; iii) Coletamos 10 textos
produzidos por alunos de um professor e 10 produzidos por alunos de outro professor;
iii) Elencamos os problemas textuais apresentados pelos alunos nas primeiras
produções; iv) Verificamos, após a correção dos professores e a solicitação da reescrita,
se houve ou não melhorias nos textos produzidos pelos alunos.

A RETEXTUALIZAÇÃO E A REESCRITA COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DA


LÍNGUA PORTUGUESA

Santo Reni dos Santos FLORÃO – UNIRG


marcyassis@yahoo.com.br
Solange Cavalcante de MATOS – IFTO

340
marcyassis@yahoo.com.br

O presente trabalho objetiva fazer um estudo sobre os processos de retextualização


marcuschianos, a fim de verificar se eles contribuem para a aprendizagem da língua
materna. Para tanto, além da investigação bibliográfica, foi realizada uma pesquisa de
campo com dois grupos de informantes: alunos da 3ª série do Ensino Médio do Centro
de Ensino Médio de Gurupi-TO, e do II Seguimento do 4º Período da EJA – Educação
de Jovens e Adultos da Escola Municipal Antônio de Almeida Veras, também
localizada em Gurupi-TO. Durante o trabalho direto com esses informantes, além do
estudo teórico, foram desenvolvidas atividades de retextualização e reescrita de textos,
cuja diferença entre oralidade e escrita foi bastante focalizada, bem como a necessidade
de adequação linguística, com o intuito de contribuir para a proficiência comunicativa
desses alunos e diminuir o preconceito linguístico. O método utilizado foi o da
Sociolinguística, numa abordagem sociointeracionista, o que possibilitou informações
para a análise dos dados, a fim de obtenção de melhores resultados. Os resultados da
pesquisa revelaram que os fatores socioeconômicos, o nível de leitura e a modalidade e
nível de ensino dos informantes influenciaram diretamente no desempenho das
atividades de retextualização. Ficou evidenciado, outrossim, que os estudantes da
modalidade EJA de ensino da cidade de Gurupi – TO, tendem a ter dificuldades em
diferenciar a oralidade da escrita e em produzir textos mais formais. Assim sendo, esse
trabalho contribui para que os gestores e professores das escolas que oferecem essa
modalidade de ensino possam incluir esse tipo de metodologia em seus planejamentos,
a fim de democratizar o ensino, ou seja, colocar os estudantes dessa modalidade de
ensino e provenientes de classe social baixa, no mesmo patamar daqueles que são de
classe social mais elevada e cursam o ensino regular.

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: TRABALHANDO COM OS GÊNEROS

Kátia Marins AMIN – FFCL


katiamarinsamin@yahoo.com.br
Maria do Carmo Rodrigues BARBOSA – FFCL
carmenrodrigues@netsite.com.br

O presente trabalho procura investigar a grande mudança nas aulas de Língua


Portuguesa com a chegada dos diversos gêneros textuais à escola. Estudam
demonstram que é necessário evitar o equívoco existente na forma de trabalhar com
estes elementos, que são diversos. Explorar apenas as características estruturais de cada
gênero (carta tem cabeçalho, data, saudação inicial, despedida...), não faz com que se
aprenda, efetivamente, escrever uma carta. É necessário discutir o funcionamento
desses textos, por que e para quem escrever. Os gêneros precisam ser ensinados no
interior das práticas de leitura e escrita, práticas essas que estejam diretamente
relacionadas às vivências cotidianas às quais o aluno está ou possa vir a estar inserido,
a saber, leituras de jornais, folhetos de propagandas, correspondências diversas,
receitas, filmes, poemas e outros. Os textos escritos que fazem parte de nosso cotidiano
têm formato próprio, suporte específico, possíveis propósitos de leitura, são definidos
pelo conteúdo, a função, o estilo e a composição do material a ser lido; é essa soma de
características que define os gêneros. O presente painel trabalhará com a integração e
interdependência da alfabetização e do letramento no processo de aprendizagem, a fim
de amenizar o abismo existente em determinadas situações, entre sujeito e sentido,
utilizando-se dos diversos gêneros textuais. Os objetivos propostos para este estudo
buscam diferenciar o conceito de letramento e alfabetização; apresentar uma proposta
de alfabetização e letramento concomitante e discutir ações que possam ser
desenvolvidas pela escola para que ocorra o letramento. Para isso serão investigadas

341
escritas de alunos do 6º ano de uma escola pública, utilizando o gênero filme e carta,
propondo troca de correspondências entre esses alunos e verificando como a prática de
letramento se instala.

ANALISANDO DICIONÁRIOS ESCOLARES: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ENSINO DO


LÉXICO

Geordana BORGES – UFU


geordanaborges@gmail.com

Essa pesquisa visa a demonstrar as diretrizes sumárias de uma pesquisa que terá como
atividade principal a análise de minidicionários de língua portuguesa utilizados em
âmbito escolar de nível fundamental. O dicionário, utilizado como material escolar, é
uma ferramenta muito importante para auxiliar na formação de leitores, bem como no
letramento dos estudantes. Porém, essa ferramenta precisa ser bem utilizada e
compreendida por quem ensina. Faz-se necessário, portanto, que o professor saiba
como transmitir a estrutura e também o funcionamento da obra “dicionário”. O
destaque à questão da utilização do dicionário no contexto escolar é importante no que
diz respeito a tantas discussões que têm sido travadas pelos estudiosos da Lexicologia e
da Lexicografia e, com isso, muitos trabalhos de natureza científica têm sido
produzidos pondo em tela a importância e as contribuições do dicionário quanto à
ampliação vocabular do aluno, inclusive baseando-se na hipótese de que alguns alunos
“carregam” consigo uma pobreza vocabular que não é devidamente sanada ao longo
dos anos escolares. Assim, proponho-me a realizar uma análise de dois dicionários
específicos para o ensino fundamental e responder à pergunta: Quais são os principais
problemas encontrados nos dicionários escolares analisados? A partir desse estudo,
sugerir atividades que contribuam com o ensino do léxico. A proposta é de selecionar e
analisar dois dicionários de Língua Portuguesa utilizados nos últimos anos do Ensino
fundamental, de maneira a identificar traços que auxiliem ou dificultem a compreensão
de quem utiliza e aprende com a referida ferramenta, o estudante de 6º ao 9º ano do
ensino fundamental.

APRENDENDO A SER MESTRE, ENSINANO SER APRENDIZ: O DIALOGISMO


BAKHTINIANO NA CONSTRUÇÃO O SENTIDO DO TEXTO

Fernanda Pinheiro de Souza e SILVA – UNICAP


fernandapss@live.com

Essa pesquisa visa descrever e analisar as vozes discursivas de dois personagens do


livro Tempo de Esperas do Padre Fábio de Melo, com o intuito de trazer à luz da
compreensão alguns aspectos ideológicos desses personagens que inseridos na pós-
modernidade se perdem e se acham entre os discursos mais coerentes com seus ideais e
os discursos padrões da sociedade que impõem modelos adequados apenas a uma
minoria. Esses personagens são representados por um professor e um aluno que se
perdem e se acham no interdiscurso. É na perspectiva do dialogismo bakhtiniano que
essa pesquisa se insere, reconhecendo, como afirma Bakhtin (1981:198-199) que a
força dialógica é dialética e que no discurso atuam forças centrípetas (que centralizam
o discurso) e centrífugas (que corroem essa centralização). Entre as vozes dos
personagens estão as forças citadas que estabelecerão o sentido do texto. Alfredo,
impaciente, estudioso, desejando o que o seu professor Abner renegou: A academia;
além do mais era um ser humano muito frustrado porque via que seu intelectualismo
não lhe dava respostas práticas para a vida, inclusive perdeu o grande amor de sua vida
por um jardineiro. O dito professor Abner, se acha em Alfredo e vê nele uma
possibilidade de voltar ao magistério , uma vez que estava afastado. Em Alfredo há

342
mais mistérios do que sua vã filosofia, durante o livro a ciência é pega , é entendida
pelo simples. Alfredo, não tinha mais paciência nem com os próprios pais e na
intergenericidade que o livro traz o diálogo será a peça chave para a construção o
sentido do texto.

AS ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS UTILIZADAS EM TEXTOS DE OPINIÃO


PRODUZIDOS POR CANDIDATOS AO PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DE
INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR – PAAES – DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA

Daniela Midori Oda FARIA – UFU


dani_elamidori@hotmail.com

Esta pesquisa tem como objetivo analisar como é manifestada a opinião e a


argumentação em textos opinativos produzidos por alunos do Ensino Médio e que
participaram do Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior
(PAAES), processo seletivo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em vista
de experiências anteriores com o trabalho envolvendo gêneros discursivos,
especialmente com o texto de opinião, consideramos relevante o desenvolvimento de
uma pesquisa que aborde os aspectos intrínsecos desse gênero. Um desses elementos
são os recursos argumentativos, responsáveis por entrelaçar as sequências das ideias,
manifestar a opinião e defender o posicionamento do autor. Sabendo da grande
importância dos gêneros discursivos para o processo de ensino e aprendizagem da
Língua Portuguesa, principalmente no que se relaciona à leitura e à produção de textos,
centralizaremos nossa pesquisa no texto opinativo, visto que ele representa uma
maneira do aluno expressar suas opiniões e suas ideias sobre diversos temas da
atualidade ou não. Verificaremos se os estudantes utilizam de forma eficiente os
recursos argumentativos, apresentando assim, de forma adequada suas ideias nesse
gênero textual, que é tão presente no cotidiano não só dos alunos, mas dos cidadãos em
geral. Considerando, então, o papel significativo que este gênero ocupa na vida de um
aluno que visa a fazer um curso superior e com base na proposta interativista
sociodiscursiva de Bronckart (2003) e de Dolz e Schneuwly (2004), pretendemos
verificar quais estratégias argumentativas são acionadas pelos candidatos no momento
de emitirem suas opiniões. Partimos da hipótese de que os candidatos, quando são
levados a produzirem textos opinativos, adotam o modelo prototípico do tipo textual
dissertativo, o que compromete a percepção de sua opinião.

AS PRÁTICAS DISCURSIVAS DAS INSTÂNCIAS ENUNCIATIVAS SUJEITUDINAIS


PROFESSORES DE LÍNGUA MATERNA: UM ESTUDO PRELIMINAR

Valdinei Moreira BORGES – UFU


amigovaldy@yahoo.com.br
Cristina Vilarinho dos Reis FREITAS – UFU
cristinavreis@gmail.com

Repetidas vezes ouvimos que na aula de Língua Portuguesa a linguagem é atividade


interativa e discursiva. Nesse caso, se a sala de aula é lugar de interação em que nos
constituímos como sujeitos sociais e nos formamos enquanto cidadãos, podemos
perceber que é a linguagem responsável por isso. Nunca é demais lembrar que a aula de
Língua Portuguesa é o ambiente propício para atividades de interação e para
compreendermos a linguagem em sua extensão ética, política e ideológica. Nesse
estudo, tomaremos a sala de aula de Língua Portuguesa como cenário de interações
discursivas e embates ideológicos. Diante disso, a aula de Língua Portuguesa pode ser
vista como um local de embates ideológicos, já que o sujeito-professor se constitui a

343
partir das interpelações de que é alvo no ambiente escolar e social. Desse modo, sendo
a língua uma atividade social, ela é capaz de incluir ou excluir de modo implícito ou
explícito o sujeito. Nesse contexto, o professor surge carregado de ideologias e
historicamente atravessado por vozes constitutivas. No decorrer de nosso estudo, como
teremos para análise uma interação social que se constitui numa pluralidade de vozes,
trabalharemos, nesse caso, com a noção de polifonia proposta por Bakhtin (1981), com
a noção de heterogeneidade proposta por Authier-Revuz (1982), e ainda com a noção
de sujeito não sendo o centro do seu dizer proposto por Pêcheux (1997). Esta pesquisa
está fundamentada nas concepções teóricas da Análise de Discurso de linha francesa.
Como o foco de nossa pesquisa é o Discurso, tomaremos como embasamento teórico
autores da Análise de Discurso sempre que necessário para apresentação de conceitos e
para se manter um rigor teórico necessário à pesquisa que produziremos. A nossa
hipótese é que as interpelações de cunho sócio-histórico-ideológicas conduz o
professor a uma tomada de posição que o distancia das práticas pedagógicas.

AS PREPOSIÇÕES COMO FACILITADORAS PARA O ENTENDIMENTO E USO


CORRETO DOS VERBOS PREFIXADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

Karina Faria SOARES – UFU


sf.karina@gmail.com

Dentro do projeto de pesquisa de Iniciação Científica, patrocinado pela FAPEMIG, “O


estudo do emprego das preposições no livro V das Tusculanae Disputationes de
Cícero”, este trabalho propõe-se também a discutir o surgimento dos prefixos e os reais
significados dos mesmos quando vêm adjuntos às formas verbais da Língua Portuguesa
e, desta forma, visa a salientar a importância destas partículas, antigas preposições,
para o entendimento das noções inerentes quando antepostas ao verbo. Tal estudo foi
realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica que estabeleceu sucinta distinção
entre a derivação e a composição no Latim, segundo alguns autores escolhidos e, em
seguida, definiu como recorte para o painel a derivação. Isto posto, foi possível o
destaque para o leitor do novo significado do verbo em Língua Portuguesa, com a
anteposição de alguns prefixos (ex, de, in, per) à raiz do verbo. Para tanto, recorreu-se
às várias Gramáticas Latinas, Dicionários e Gramáticas da Língua Portuguesa que
possibilitaram o embasamento teórico que permeou o método de marcação utilizado
para melhor compreensão dos eixos-chave acima citados. A hipótese suscitada para o
estudo é a de que os prefixos funcionam como advérbios junto ao verbo, indicando
noções próprias das antigas preposições Latinas, noções de direção, lugar, percurso,
tempo, assunto etc. Em linhas gerais, os resultados obtidos nessa pesquisa corroboram
essa hipótese. A compreensão desse fato será muito útil e contribuirá para um estudo
em maior profundidade das preposições em suas formas livres e nas formas presas ou
prefixos.

ASPECTOS DA FILOSOFIA DA LINGUÍSTICA A PARTIR DE UMA ANÁLISE DA


ABRALIN

Rodrigo Santos de CASTRO – UFTM


rodrigosantosdecastro@gmail.com

Este artigo tece um quadro panorâmico de pesquisas realizadas na área de Linguística


no Brasil com base em informações do banco de dados do sistema de inscrições da
Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) no V (2005) e VII (2009) congressos
internacionais, e propõe também uma discussão sobre esta área no Brasil e seu caráter
científico. Foi utilizado como referencial teórico conceitos da Filosofia da Linguística,

344
ou Epistemologia da Linguística (BORGES NETO), a fim de conceber uma reflexão
investigativa daquilo que Rajagopalan (2003, 2005) apresenta sobre a identidade da
Linguística. Esboçar uma definição sobre o que é a Linguística, ou de que trata a
Linguística, renderia não apenas outras pesquisas, como também, várias discussões.
Esse desafio metalinguístico já foi incursionado várias vezes por diversos linguistas
(VANDRESEN, 2001; BORGES NETO, 2004 entre outros) e ainda se mantém atual. É
notável como a Linguística alcançou em um curto intervalo de tempo, pouco mais de
cinquenta anos, uma posição de prestígio entre as disciplinas estudadas da grande área
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Apesar de ainda não ter uma carga horária
que privilegie a real importância da disciplina na maioria dos cursos de formação de
professores no Brasil, percebemos que há um grande número de pesquisas envolvendo
a relevância social da Linguística, como também as implicações dessa área na
consolidação de políticas linguísticas. Os esforços em fazer com que essa disciplina
alcance o apreço científico que merece são vários e é partindo desses argumentos que
podemos observar que é indiscutível a necessidade de conhecer a Linguística, não
apenas enquanto ciência, mas a partir de uma visão panorâmica das pesquisas
realizadas na área.

ATITUDES (SOCIO)LINGUÍSTICAS DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS


PÚBLICAS DA CIDADE DE UBERABA

Daiana Lombardi de CUBA – UFTM


daianalombardi@hotmail.com
Juliana Bertucci BARBOSA – UFTM

A maneira como a língua portuguesa é tratada e ensinada pelos professores refletem


nas habilidades de leitura, escrita e fala dos alunos, revelando determinados
comportamentos, crenças e atitudes perante a língua que falam e que aprendem. Nesse
sentido, o objetivo dessa pesquisa é analisar as crenças e atitudes dos alunos perante a
língua, o que pensam sobre as questões relacionadas à variação linguística, se possuem
ou não consciência: (i) de como a linguagem é utilizada pelas diferentes pessoas em
diversos contextos; (ii) da existência das variedades linguísticas; (iii) de que diferença
não é sinônimo de erro; (iv) de que a maneira “correta” de falar só é considerada
“correta” por razões históricas, sociais e políticas. Baseamo-nos, principalmente, em
trabalhos de autores da área de variação linguística, entre eles, AMARAL (1979),
RONCARATI (1979), SANTOS (1996), MOLLICA (1995), BORTONIRICARDO
(2004) e CYRANKA (2007). Para atingirmos nossos objetivos, aplicaremos dois testes
em 40 alunos do primeiro e do terceiro ano do ensino médio de duas escolas públicas
(uma central e outra periférica) da cidade de Uberaba. A análise dessas atitudes e
crenças sociolinguísticas dos estudantes de escola pública de Uberaba é de extrema
importância para compreender quais são os motivos da dificuldade encontrada pelos
alunos em escrever textos e em se expressar, adequando-se as diversas situações do
cotidiano (mais formais e menos formais). Por se tratar de uma pesquisa que parte da
perspectiva do aluno, do que ele pensa, contribuirá na identificação de fatores que
precisam ser modificados ou repensados no ensino de língua portuguesa. Nessa
pesquisa, portanto, pretende-se evidenciar o quanto essas crenças e atitudes interferem
na vida escolar, mais precisamente, no desenvolvimento das habilidades de leitura, fala
e escrita dos alunos de escolas públicas de Uberaba.

ATOS DE PREDIZER NOS DISCURSOS JURÍDICOS: UMA ANÁLISE DAS


CONSTRUÇÕES CONDICIONAIS PREDITIVAS

Gisele de Paula COSTA – UFRRJ

345
gicosta@globomail.com

A pesquisa consiste na análise das construções condicionais preditivas (Sweetser,


1990) nos discursos jurídicos. À luz da Linguística Cognitiva, investigamos as
construções condicionais de dados coletados em sessões do Tribunal de Justiça do
município de Niterói/RJ, com o objetivo de revelar que o pareamento forma-
significado das construções condicionais preditivas projeta noções de previsibilidade
dos eventos ou dos atos em diferentes perspectivas semânticas e pragmáticas. Para
atingirmos o objetivo da pesquisa, utilizamos como metodologia a coleta do corpus
proveniente de audiências públicas realizadas no Tribunal de Justiça Pública do Estado
do Rio de Janeiro, particularmente nos municípios de Niterói e São Gonçalo. Trata-se
do discurso jurídico oral de situações sociais, de crimes contra a vida, qualificados de
homicídio. Na perspectiva cognitivista, Sweetser (1990) entende que a
condicionalidade não deve ser definida como uma categoria lógica, de modo que se
possa atribuir um valor de verdade aos conteúdos de p e q na sentença. Considerando
essa perspectiva teórica, parte-se da hipótese de que as diferentes molduras sintáticas
das condicionais preditivas revelam informações semânticas e pragmáticas peculiares.
Como resultado, encontramos quatro molduras sintáticas recorrentes, a saber: A. [Se V.
FUT. SUBJ., V. FUT. PERIF. {ir, infinitivo}]; B. [Se V. FUT. SUBJ., V. PRES. IND.
{backshift}]; C. [Se V. FUT. SUBJ., V. FUT. PERIF. {estar + gerúndio}]; D. [Se V.
FUT. SUBJ., V. FUT. PERIF. {poder + infinitivo}]. Numa primeira análise, as
condicionais preditivas mostram o “descompasso” entre delito do fato julgado e
aplicação da norma. Nessa perspectiva semântica, a pesquisa possibilita as seguintes
dimensões de previsibilidade: (A) Fatos certos de serem realizados na perspectiva do
promotor; (B) Fatos que se consumarão na perspectiva do juiz; (C) Fatos a serem
realizados no futuro ligados às condutas sociais e (D) Fatos possíveis de serem
realizados no futuro.

AVALIAÇÃO ALTERNATIVA: REPRESENTAÇÕES DA CO-AVALIAÇÃO

Adriana Célia ALVES – UFU


c4.adriana@gmail.com

Trataremos neste estudo de um tipo de avaliação formativa, a avaliação dos pares ou


co-avaliação: avaliação em que um grupo de alunos atribui notas aos colegas de uma
mesma sala. Investigaremos as crenças e representações que os alunos dos Ensinos
Superior e Médio têm perante esse tipo de avaliação, dando continuidade a uma
pesquisa anterior sobre avaliação dos pares. Busca-se nessa nova proposta de pesquisa
um aprofundamento do assunto, que tentará entender as resistências encontradas no
Ensino Superior a esse tipo de avaliação alternativa, inserida na avaliação formativa.
No âmbito da Linguística Aplicada vemos muitas pesquisas e a constante busca de
diferentes metodologias de ensino. Da mesma forma, temos também a necessidade de
pesquisar e buscar diferentes maneiras de compreender o processo avaliativo. Percebe-
se ao analisar temas de pesquisa da Linguística Aplicada que este assunto ainda é
pouco discutido, merecendo, contudo, atenção no atual cenário. Deste modo, este
estudo visa refletir sobre e construir uma proposta diferenciada de avaliação. Para isso,
desenvolvemos uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, nos campos do ensino
médio e do ensino superior, por meio da qual, procuramos responder às seguintes
perguntas: como se processa a interação dos pares nos diferentes campos? Qual a visão
do aluno frente a essa atividade? Qual o papel do professor nessa forma avaliativa?
Qual a melhor forma de desenvolver a avaliação dos pares? Apoiada em alguns
estudiosos sobre o assunto, construímos uma proposta formativa da co-avaliação, com
o intuito de desenvolver a autonomia e ainda desmistificar algumas concepções que

346
desviam a avaliação do seu ato formador, tornando-a excludente.

CARACTERIZAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NAS


LICENCIATURAS EM HISTÓRIA, GEOGRAFIA E MATEMÁTICA

Eliane de Jesus OLIVEIRA – UFTO


liadejesus1@yahoo.com.br

Neste trabalho, apresentamos uma análise descritiva do gênero textual relatório de


estágio supervisionado, produzido por professores em formação inicial das
Licenciaturas em História, Geografia, e Matemática. Nosso corpus é constituído por
relatórios de estágio supervisionado de diferentes disciplinas, arquivados no CIMES –
Centro Interdisciplinar de Memória dos Estágios das Licenciaturas, pertence à
Universidade Federal do Tocantins – UFT, Campus Universitário de Araguaína. Os
relatórios analisados são apresentados pelos acadêmicos como trabalho final das
disciplinas de estágio supervisionado. Nosso interesse em investigar o referido gênero
discursivo se justifica pela tentativa de contribuir com o uso dos relatórios como
instrumento de mediação na formação de professores. Nestes relatórios, os professores
em formação inicial registram as experiências por eles vivenciadas em sala de aula
durante a realização do estágio supervisionado. Esta investigação situa-se no campo
dos estudos da Linguística Aplicada, uma vez que o enfoque deste trabalho recai sobre
o uso da língua escrita, orientada pela noção teórica de gênero textual, em função da
formação do professor capaz de refletir criticamente sobre a própria prática
profissional. Como orientação teórica, utilizamos a abordagem sobre gênero textual,
proposta no âmbito da linguística sistêmico funcional. Com a pesquisa realizada,
pretendemos contribuir com as estratégias de ensino utilizadas na formação de
professores, de modo que possamos formar profissionais capazes de realizar reflexões
críticas sobre a própria prática docente. Este trabalho contribui para os projetos de
pesquisa: “Implicações dos relatórios de estágio supervisionado para a formação inicial
de professores” (CNPQ 501123/2009-1) e “Formação inicial de professores mediada
pela escrita” (CNPq/CAPES 400458/2010-1). Tais projetos são desenvolvidos no
âmbito do grupo de pesquisa “Práticas de Linguagem em Estágios Supervisionados –
PLES” (CNPq/UFT).

CARACTERIZANDO OS SIGNIFICADOS SOCIAIS DA ORALIDADE EM UMA ESCOLA


EM TERESINA-PI

Ana Cristina Pereira ARAÚJO – UFPI


tinaperujo@hotmail.com

Este trabalho apresenta os resultados do projeto de iniciação cientifica “Variação


linguística nos eventos de oralidade e de letramento em Teresina”, que objetivou
identificar, caracterizar e analisar os significados socioculturais das práticas de
oralidade vivenciadas em uma escola em Teresina. Os referenciais teóricos da pesquisa
foram Marcurshi (2001), Kleiman (1995), Soares (1995) e outros. A pesquisa teve
como base metodológica a Etnografia que, na perspectiva sociolinguística
(ERICKSON, 1990; HYMES,1974), é centrada na descrição e análise da fala nos seus
diversos usos. O trabalho foi desenvolvido em uma escola do bairro São João, em
Teresina, Piauí. Nesse sentido, foi feito um acompanhamento das aulas de turmas de 9°
ano do ensino fundamental, principalmente através da observação participante das
aulas, sobretudo de língua portuguesa, como de outros eventos ocorridos no ambiente
escolar em que envolvesse a interação dos alunos e suas práticas de oralidade. Assim,
com base nos dados coletados, foi possível perceber que, na escola, a língua escrita é

347
supervalorizada, prescindindo a oralidade. Nas aulas de Língua Portuguesa não é
diferente, o ensino das regras da Gramática Normativa tem prestígio, e quase todas as
atividades são escritas. Detectou-se, portanto, que não existem atividades que
envolvam e estimulem as práticas de oralidade dos alunos, contrariando a orientação a
respeito do ensino de língua materna. Sem contar que trabalhar a oralidade, seja no
processo comunicativo ou interativo, é imprescindível para o entendimento das funções
dos usos da língua, constituindo-se inclusive por suas diferenças com os gêneros
escritos, mas que também os influencia e vice-versa, por isso podendo conscientizar o
educando de que a linguagem oral é diferente da escrita, possui traços e regras próprias,
e que não pode ser aquela uma tentativa de reprodução desta, muito menos que uma
seja cognitivamente superior a outra. Palavras-chave: variação linguística; etnografia,
oralidade, ensino de língua materna, escola.

CONCEPÇÃO DE LÍNGUA E DE LINGUAGEM: ANÁLISE DE ENTREVISTAS E DE


MATERIAIS DIDÁTICOS

Katty Danielle de JESUS – UFU


kattydani@bol.com.br
Maria Inês de PAIVA – UFU
mariainesvip.2006@hotmail.com

Neste trabalho, apresentamos os resultados de um estudo realizado, sob a orientação da


Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni, dentro das atividades do Plano Nacional
de Formação de Professores da Educação Básica Pública (PARFOR). Nosso objetivo
foi investigar a concepção de linguagem, de língua e de aprendizagem de língua
presente em materiais didáticos utilizados em escolas de educação básica e no discurso
de professores. Foram entrevistados três professores de língua portuguesa e de língua
inglesa da rede pública de ensino de Uberaba e foram analisados os materiais didáticos
utilizados por eles. Para isso, nosso aporte teórico foram os estudos da linguagem,
especialmente as teorias linguísticas (FIORIN, 2002; MARTELOTTA, 2008;
MUSSALIM & BENTES, 2004; PAVEAU & SARFATI, 2006; SAUSSURE, 1995;
CHOMSKY, 1957; FLORES & TEIXEIRA, 2005). Os resultados mostram que os
professores entrevistados afirmam trabalhar com uma concepção de língua e de
linguagem, que mescla o estrutural, o funcional e o sociointeracional. Há uma
preocupação em valorizar a interação e as situações reais de comunicação na sala de
aula. Contudo, identificamos que lhes falta mais conhecimento acerca das teorias da
enunciação. Nesse sentido, a prática desses docentes, segundo seus dizeres, alinha-se
aos pressupostos do funcionalismo e das teorias da enunciação. Com relação ao
material didático, observamos que predomina a concepção sociointeracionista em uns e
a estruturalista em outros, o que, sem dúvida, reflete na prática de sala de aula. Nesse
sentido, acreditamos que é preciso investir mais no ensino das teorias linguísticas nos
cursos de Letras e na formação continuada de professores.

CONSCIÊNCIA MORFOLÓGICA: A RELAÇÃO ENTRE O PORTUGUÊS


BRASILEIRO E O PORTUGUÊS EUROPEU

Helena da Silva BORGES – UFPA


helenaperfect@gmail.com
Zilda Laura Ramalho PAIVA – UFPA
zramalho@ufpa.br

Como sabemos, a língua portuguesa, (LP) como qualquer outra língua natural,
manifesta variações oriundas de diferentes fatores, quer internos à própria língua, quer
externos. Dentre esses fatores, merece destaque, neste trabalho, o fator geográfico, já

348
que estaremos abordando as diferenças entre o Português Brasileiro (PB) e o Português
Europeu (PE). Além disso, é importante ressaltar que, embora as diferenças entre o PB
e PE estejam em todos os níveis da língua - sintático, semântico, fonético etc.,
interessa-nos o nível morfológico da língua, já que neste, a variação nem sempre é
percebida pelos falantes. Por outro lado, segundo Mota (2009), a consciência
morfológica entendida, de modo geral, como a capacidade de refletir sobre os
morfemas e as palavras, outro elemento importante para nós, nesta pesquisa, é pouco
estudada, embora seja importante para entendermos o funcionamento da língua. A
partir do exposto, o objetivo desse trabalho é apresentar variadas atividades didáticas
(exercícios), baseadas em trabalhos de Mota (2009) e Paiva (2008), que vêm sendo
desenvolvidas no âmbito do subprojeto “Consciência linguística: O Português
Brasileiro e o Português Europeu no Ensino de Língua no Brasil”. Esse subprojeto,
vinculado ao projeto de pesquisa “Língua Portuguesa: Diversidade e Consciência
Linguística na Amazônia Paraense” (UFPA/CNPQ – processo 477209/2010-6), busca
identificar o nível de consciência linguística de alunos do 7º e 8º ano do ensino
fundamental sobre a morfologia da língua portuguesa fazendo uma relação entre o PB e
PE.

CORPORA E ENSINO: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE USO DE


CORPUS NO ENSINO DE VOCABULÁRIO

Raphael Marco Oliveira CARNEIRO – UFU


raphael.olic@gmail.com

Aprender uma língua é um processo que envolve quatro habilidades principais:


compreender, falar, ler e escrever. Nesse processo vários aspectos linguísticos precisam
ser aprendidos. A aquisição de vocabulário é, sem dúvida, um dos aspectos mais
importantes e essenciais. O conhecimento lexical está intrinsecamente relacionado a
todas as habilidades linguísticas e é por isso que ele assume importância central na
aprendizagem de qualquer língua. Dessa forma, o ensino de vocabulário não deve se
restringir ao ensino de unidades lexicais isoladas. Deve-se levar em conta o ensino de
contextos de uso das palavras, colocações, padrões léxico-gramaticais, uso estratégico
de vocabulário e diferenças entre escrita e oralidade. Em vista disso, este trabalho tem
como objetivo apresentar um levantamento feito sobre os tipos de informações úteis
que um corpus pode fornecer para o ensino de vocabulário. Desse modo, com base nos
estudos de Berber Sardinha (2004, 2009, 2010), McCarten (2007), McCarthy (2004),
Carter, McCarthy, O’Keeffe (2007) Pikulski e Templeton (2004) pretendemos mostrar
como os corpora podem ser usados em sala de aula, na elaboração de atividades e de
materiais didáticos. Além disso, nessa apresentação exemplificaremos o uso de corpus
no ensino, principalmente, por meio de atividades do livro Touchstone 3, que foi
elaborado com base no seguimento Norte-Americano do Cambridge Inernational
Corpus (CIC). Ressaltamos, portanto, a importância de se utilizar em sala de aula
exemplos de usos reais da língua para que os aprendizes aprimorem tanto as
habilidades de compreensão quanto as de produção. Assim, reafirmamos a importância
de se ter contato com textos retirados de contextos comunicativos autênticos na
aprendizagem de qualquer língua, o que sem dúvida pode ser proporcionado pelo uso
de corpora.

DESAFIOS FRENTE À FORMAÇÃO TECNOLÓGICA DE PROFESSORES DA REDE


PÚBLICA DE ENSINO

João Wandemberg Goncalves MACIEL – UFPB


joaowandemberg@gmail.com

349
Ewerton Lopes Silva de OLIVEIRA – UFPB
Felipe Oliveira Miranda CUNHA – UFPB

Os últimos anos do século XX possibilitaram, em meio às tecnologias digitais, a


utilização de uma nova dinâmica aos processos de ensino-aprendizagem. Partindo
disso, o conhecimento, a funcionalidade e o uso dos mecanismos digitais, inseridos na
realidade da sociedade atual, são imprescindíveis para a atuação do docente consciente
das possibilidades positivas que esses mecanismos podem oferecer à sua didática no
fazer pedagógico. No entanto, mesmo com os atuais investimentos em tecnologia no
contexto educacional, verifica-se que muitos são os desafios em relação à utilização
desses recursos como meio de tornar mais eficaz o ensino. Esses desafios podem ser de
natureza física e/ou de natureza motivacional. Nessa compreensão, o presente trabalho
visa averiguar os porquês desses desafios e, com isso, possibilitar perspectivas de
melhoria à qualidade de integração da tecnologia ao processo educacional. Para tanto,
realizaram-se discussões periódicas baseadas no relato de experiência dos alunos do
curso de Licenciatura em Ciências da Computação (CCAE/UFPB) em diversos
projetos de formação tecnológica de professores dos quais participaram. Tais
discussões foram orientadas teoricamente por: Lévy (1998), Bettega (2004), Cox
(2003), Gianolla (2006), Sancho e Hernández (2007), Tajra (2009) e outros. Entre os
resultados obtidos, encontra-se a ausência de um efetivo projeto de utilização da
informática educativa objetivando a preparação do docente da rede pública para o uso
das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), como um importante aliado
para a solução dos desafios em questão.

EDUCAÇÃO, LETRAMENTO E IDENTIDADES SOCIAIS NO DISCURSO RELIGIOSO

Juliana Couto SANTOS – UFOP


julianacoutosantos@hotmail.com

Este trabalho visa apresentar alguns aspectos da pesquisa “Práticas discursivas em


programas de religiões neo-pentecostais: argumentação e identidades,” estabelecendo a
relação entre letramento, educação e identidades socais nas práticas discursivas
presentes em religiões neo-pentecostais. O conceito de letramento ultrapassa o
conhecimento de leitura e escrita para além do ambiente escolar, já que vivemos em
uma sociedade na qual o binômio leitura/escrita está presente em inúmeras práticas
sociais. Desse modo, buscam-se contextos reais de inserção dos sujeitos nos contextos
de usos sociais da linguagem e, dessa forma, questões como gênero, sexualidade,
classe, relações étnico-raciais são tão importantes para analisar a inserção dos sujeitos
na cultura letrada quanto as teorias cognitivas sobre a linguagem. Neste sentido, ter em
consideração os diversos espaços sociais nos quais os sujeitos se veem envolvidos em
suas práticas cotidianas de uso da linguagem são de grande importância para esta
pesquisa. Para este trabalho, pretendemos analisar de que maneira as igrejas neo-
pentecostais, podem, por meio das diversas práticas discursivas presentes nestes
espaços, serem uma agência de letramento eficaz para os sujeitos advindos de diversos
estratos sociais que frequentam estes espaços religiosos. Ao analisar os materiais tais
como jornais e blogs, também será alvo de nosso olhar se a argumentação é a estratégia
linguística mais presente nestes materiais, conforme hipótese de nossa pesquisa.
Saliento que esta investigação não pretende fazer uma análise quantitativa dos dados,
uma vez que pretendemos salientar ocorrências qualitativas. Os resultados encontrados
nas análises dos materiais representativos das práticas de letramentos engendrados
nesses espaços religiosos nos mostram como esses líderes religiosos se utilizam do
exercício do discurso como forma de reprodução e manutenção do poder e das
estruturas sociais.

350
ENCONTROS DE LEITURA E ESCRITA COM ALUNOS EM PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO

Fernanda Siqueira SILVA - UFG/CAC


fersiqueira25@hotmail.com
Lídia Natiele ROSA - UFG/CAC
lidianati@bol.com.br

O presente trabalho discute projeto realizado com alunos em processo de alfabetização,


que teve como objetivo levar os educandos a vivenciar práticas significativas de leitura
e escrita, que contribuíssem para a ampliação do seu conhecimento sobre a língua
escrita. Além disso, o trabalho propiciou a nós, graduandas de pedagogia, a experiência
de vivenciar práticas de ensino/aprendizagem em instituições de ensino de regime
integral, possibilitando a reflexão sobre o modo como se constroem essas práticas na
escola pública e a relação teoria/prática. O projeto foi realizado a partir do
aprofundamento nos estudos sobre o papel da diversidade de gêneros textuais, na
formação do aluno/ leitor, desde o início de sua escolarização. As atividades, discutidas
no âmbito deste texto, foram desenvolvidas através de encontros semanais realizados
em uma escola da rede estadual de ensino que oferece ensino em regime integral. Após
cada encontro realizado, fizemos um relatório das atividades desenvolvidas que
contemplava também a avaliação das mesmas. O projeto se encontra em andamento, e,
o que percebemos até agora, é que os alunos sempre demonstram interesse e
participação pelas aulas. A turma está em processo de construção da leitura e da escrita
e já demonstra conhecimentos sobre estas habilidades. Concluímos que nosso trabalho
vem sendo produtivo e que a formação do aluno/leitor, voltada tanto para a aquisição
da técnica da leitura e da escrita quanto do letramento do aluno, é um processo
contínuo, que exige do professor um planejamento minucioso, voltado para
desenvolver, nas crianças, estratégias de processamento do texto que visem a
compreensão e a percepção dos usos que se faz da leitura e da escrita fora do espaço
escolar.

ENSINO DE GRAMÁTICA NO DISCURSO DE ESTUDANTES DO CURSO DE


LETRAS/UFT

Raquel Barros PINTO – UFT


raquelbarros01@hotmail.com

Este trabalho identifica e caracteriza os conceitos de gramática encontrados nos


relatórios de estágio dos estudantes de Letras. Dessa forma, buscamos contribuir com
os estudos já realizados a fim de mostrar o quanto o ensino de Língua Portuguesa
precisa ser repensado, e a gramática, como parte importante da língua, precisa de
atenção no ensino para que, de forma mais adequada e produtiva, esse conteúdo e sua
abordagem possam atingir seus objetivos. O corpus desta pesquisa é constituído por
relatórios de estágio produzidos no curso de Letras do campus Universitário de
Araguaína. Esses documentos pertencem ao acervo do Centro Interdisciplinar de
Memória dos Estágios das Licenciaturas – CIMES. Nessa pesquisa foram analisados 83
relatórios de 6º á 8º período dos anos de 2004, 2005, 2009 e 2010. Não foram
analisados os relatórios de 5º período porque o estágio consiste apenas em observar as
aulas ministradas pelo professor observado. Nossa pesquisa define-se como
documental, cuja análise é de viés qualitativo interpretativista, pois analisa questões
sociais situadas, sem pretensão de fazer generalizações. Dos relatórios analisados,
foram retirados e analisados trechos em que os acadêmicos enfocam sua percepção
sobre gramática e seu ensino, bem como as atividades propostas por eles envolvendo

351
questões gramaticais. De acordo com os dados coletados, o que podemos perceber é
que a maioria dos estudantes sabe o que está sendo proposto em relação ao ensino de
gramática, estão cientes das mudanças que precisam ser feitas a esse respeito, porém,
ao chegarem na escola, muitas vezes não conseguem colocar a teoria, vista na
Universidade, em prática, e acabam repetindo o que se busca mudar, que é o ensino de
gramática desvinculado do texto e do uso efetivo por parte do estudante.

ENSINO DE LIBRAS NO BRASIL: UMA CONQUISTA LINGUÍSTICA E HISTÓRICA DA


IDENTIDADE SURDA

Luiza Noelee AMARAL – UFOP


luiza_ichs@yahoo.com.br

O ensino de LIBRAS na sociedade brasileira pode trazer mudanças significativas para


a realidade dos estudantes com surdez, além de mudanças significativas para a
formação inicial dos estudantes de licenciatura no ensino de português como segunda
língua. Por força da legalidade, O DECRETO no. 5.626, de 22 de dezembro de 2005,
que instituiu LIBRAS como uma língua natural, a deficiência auditiva terá de ser
decifrada e estudada como uma língua própria a ser aderida pela nação brasileira com
força para que haja uma inclusão total, legitimando a identidade e direitos
significativos sociais e políticos dos surdos. Este trabalho tem como objetivo apresentar
aspectos linguísticos e políticos que envolve o ensino de Libras nas licenciaturas do
curso de Letras, especificamente. Para isso, utilizaremos como corpus o curso de Letras
da UFOP, que tem desde 2008 o ensino de Libras e de Português como segunda língua
obrigatórios no currículo obrigatório do curso. Partindo dos pressupostos teóricos da
Linguística Aplicada, principalmente no que se refere à relação entre linguagem e
identidades, além da literatura sobre educação inclusiva e identidade surda,
discutiremos os resultados baseados nas entrevistas realizadas com estudantes desta
universidade que mostram como a LIBRAS amplia a possibilidade de os estudantes
não surdos se relacionar e se comunicar, auxiliando dessa forma a inserção do surdo no
âmbito social. O português como segunda língua vem para que o surdo não seja
prejudicado em sua língua viva, que é capaz de conceituar e simbolizar o mundo no
qual vivem. Também podemos afirmar que a capacitação do surdo para a propagação
de sua própria linguagem é necessária à sociedade brasileira, quebrando estereótipos e
afirmando a identidade surda.

ENTREVISTAS ESPONTÂNEAS FORA DO ESTÚDIO E ENTREVISTAS PLANEJADAS


EM ESTÚDIO: UM ESTUDO SOBRE GÊNEROS ORAIS EM TELEJORNAIS

Ludmila Maria BORTOLOZO – UFU


ludmila.bortolozo@gmail.com

Este trabalho corresponde à parte de uma pesquisa, que objetiva caracterizar o gênero
oral entrevista exibida em telejornais. Ela está vinculada ao projeto “Gêneros, discursos
e identidades na mídia brasileira”, coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida
Resende Ottoni, aos grupos de pesquisa GPE ADC&LSF e ao PETEDI. Trabalharemos
com entrevistas por nós denominadas de “espontâneas” e “planejadas”, com a intenção
de compará-las. Para isso, recorremos ao conceito de “tipelementos” proposto por
Travaglia (2001, 2007a), no campo da Linguística Textual, e à proposta de Fairclough
(2003) para análise de gêneros, no campo da Análise de Discurso Crítica, pois
acreditamos que é possível estabelecer um diálogo entre as duas abordagens. Neste
recorte analisamos um exemplar de cada entrevista. A metodologia adotada é
qualitativa, de cunho descritivo-interpretativo. Observamos que, na entrevista
espontânea, não há agendamento prévio com os entrevistados. Desse modo, as

352
perguntas são feitas de forma inesperada a pessoas que não tiveram uma preparação
para respondê-las. O objetivo dessa entrevista é conhecer a opinião pública sobre
determinado assunto em pauta no telejornal. Já na entrevista planejada, o entrevistado é
convidado e previamente informado acerca da temática da entrevista, a qual é
frequentemente realizada em estúdio e ao vivo. Os objetivos dessa segunda forma são:
apresentar a opinião de especialista sobre determinado tema, ou conhecer a vida de
pessoas públicas, como cantores, atores e políticos. Essas diferenças se refletem na
estruturação do texto e na postura dos entrevistados. Nas entrevistas espontâneas há
mais hesitações e pausas e o texto se mostra mais fragmentado. Considerando que, nos
PCN (BRASIL, 1997, 1998), preconiza-se que o ensino da língua seja feito por meio
dos gêneros e que se devem contemplar os gêneros orais e escritos, acreditamos que
este estudo pode fornecer subsídios para o trabalho com o gênero oral entrevista no
ensino da língua portuguesa.

ESTRATÉGIAS DE LEITURA E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

Daniela Gaspar Pedrazzoli BAGNASCO – UNICAMP


danigpedra@gmail.com
Ana Lúcia Guedes PINTO – UNICAMP
alguedes@mpc.com.br

As atividades desenvolvidas no segmento da Educação Infantil têm uma importância


fundamental na construção de fundamentos de trabalho para toda a escolaridade. A
vivência da prática de leitura se constitui como uma dessas atividades que possibilitam
a apropriação da língua pelo aluno pequeno. Ela pode ser incentivada e desenvolvida
por meio de propostas lúdicas nas quais a criança brinca e interage com a língua e
constrói sentidos para sua prática. Teberosky e Colomer (2003) revelam que a prática
de leitura de histórias para crianças não consiste apenas em uma atividade lúdica, mas
proporciona um rico momento de aprendizagem, articulando o vocabulário, a
compreensão de conceitos e o conhecimento da linguagem escrita. Evidenciam-se
ainda aspectos como: saber ouvir, aprender a criar/imaginar, adquirir o gosto e o hábito
pela leitura. Destarte, esta pesquisa busca compreender as estratégias de leitura e
contação de histórias utilizadas por professoras de Educação Infantil da rede pública de
Campinas (foco:1 a 3 anos), enfatizando a relevância da interação positiva das crianças
com o momento de leitura ou contação de história. Assim, como as estratégias
utilizadas influem na formação e no olhar das crianças para a prática da leitura? Como
o espaço proporcionado pela escola ou criado pelos professores colabora para o
momento da história ou para o acesso a ela? Como os professores enxergam seu
próprio fazer em relação as estratégias utilizadas? Os estudos de Vygotsky sobre o
papel da mediação do outro também tem nos orientado para analisarmos as situações
de ensino vividas dentro da escola.

ESTUDO DAS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM SALA DE AULA DE PORTUGUÊS:


ANÁLISE A PARTIR DE TEMAS

Lilian Souza dos ANJOS – UFMG


liliancantrell@yahoo.com.br

As expressões idiomáticas, oriundas da linguagem comum de registro informal, são


muito frequentes em discursos orais e, em alguns casos, em discursos escritos. A
expressão idiomática é compreendida como “uma lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural” (Xatara, 1998, p. 170).
O presente estudo procura examinar as expressões idiomáticas em textos publicitários,

353
constitutivos da base de dados do projeto de pesquisa intitulado Desenvolvimento do
observatório de neologismos na publicidade impressa: produtividade e competência
lexical em português, em andamento na Faculdade de Letras da UFMG. O corpus da
pesquisa é constituído de textos publicitários veiculados nas edições semanais das
revistas VEJA, ISTOÉ e ÉPOCA, correspondendo ao período de 2001 a 2010. O
objetivo deste trabalho é mostrar a relevância de se trabalhar com expressões
idiomáticas em sala de aula, explorando seus diversos recursos lexicais e semânticos,
uma vez que estas fazem parte da sabedoria popular e são utilizadas pelos discentes nos
diferentes usos sociais da língua. Dessa forma, considerando a tipologia de expressões
idiomáticas, a partir dos temas a que se referem os seus elementos lexicais
constitutivos, quais sejam, animais, corpo humano, cores, universo da natureza etc.,
procurar-se-á fazer aqui uma abordagem sobre as diferentes expressões idiomáticas
formadas a partir do item lexical “mão”, encontradas em textos publicitários. Com base
em trabalhos anteriores, especialmente voltados para o estudo da delimitação da
unidade lexical neológica (Alves, 1990; Ferraz, 2006), bem como para a delimitação da
expressão idiomática (Xatara, 1998), ou desmontagem da fórmula fixa (Carvalho,
1996), empreendemos este trabalho que, além de verificar a ocorrência e/ou frequência
das expressões idiomáticas na linguagem publicitária, a partir do tema “mão”, também
discute aspectos pedagógicos voltados para o desenvolvimento da competência lexical.

ESTUDOS CONTRASTIVOS BASEADOS EM CORPUS: O ARTIGO NEUTRO LO

Thamara Luciana Borges FREITAS – UFU


freitasthamara@hotmail.com

A partir do segundo semestre de 2009, iniciaram-se os estudos a partir do projeto de


pesquisa “Estudos contrastivos à luz da Linguística de Corpus”, coordenado pelo
professor Ariel Novodvorski. Onde prevê a compilação de corpora escritos, estudos
com corpus escrito se iniciam desde então. A análise de aspectos linguísticos antes
imperceptíveis e/ou inexplicáveis da linguagem em uso tornaram-se assunto recorrente
nas pesquisas atuais, a partir do auxílio brindado pelo computador e por ferramentas de
programas computacionais para análises linguísticas, como é o caso do WordSmith
Tools. Com esse espírito analítico e por meio de uma abordagem descritiva e
contrastiva, o presente trabalho, vinculado ao projeto de pesquisa “Estudos contrastivos
à luz da Linguística de Corpus”, coordenado pelo professor Ariel Novodvorski
(ILEEL/UFU), busca analisar os diversos usos do artigo neutro LO em língua
espanhola e os possíveis usos correspondentes em língua portuguesa. A Linguística de
Corpus, nesse sentido, é assumida como o referencial teórico-metodológico para a
análise de um corpus escrito de textos autênticos (crônicas e artigos de opinião),
contemporâneo, de livre acesso em jornais e revistas de circulação online na Internet, e
bilíngue, que privilegia o par linguístico espanhol/português. Após um primeiro
momento em que foram feitas leituras e discussões da bibliografia básica, passou-se
então para a compilação do corpus a ser pesquisado. Entretanto, foi observada a
necessidade de elaborar critérios para a compilação do corpus, para a própria
identificação dos arquivos eletrônicos e armazenamento. Uma vez compilado o corpus
e resguardado seu equilíbrio em número de palavras, passou-se à identificação e
levantamento quantitativo de todas as ocorrências do artigo neutro LO, passando então
para uma posterior análise descritiva e detalhada das diversas formas de uso do artigo
neutro do espanhol e de suas diferentes ocorrências, baseando em gramáticas
descritivas de usos da Língua Espanhola.

ETNOGRAFIA DOS EVENTOS DE ORALIDADE NUMA COMUNIDADE


SOCIAL E SUA INSERÇÃO EM AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: DA

354
COMUNIDADE PARA A ESCOLA

Andressa Maria Abreu PEREIRA – UFPI


andressa_maria_12@hotmail.com

Este trabalho apresenta resultados do projeto de pesquisa “Variação linguística nos


eventos de oralidade e de letramento em Teresina” que objetivou analisar e caracterizar
significados socioculturais de práticas de oralidade vivenciadas por uma comunidade
bem como investigar a inserção de práticas de oralidade em aula de língua materna.
Como metodologia de pesquisa, foi utilizada a etnografia, conforme abordagens
sociolinguísticas (HYMES,1974; ERICKSON, 1990). O trabalho foi realizado em um
dos bairros de Teresina-PI, assim como em uma escola que atende aos moradores dessa
comunidade. No bairro, houve a observação dos eventos de oralidade e do modo de
vida do grupo social; e na escola ocorreu um acompanhamento das aulas de Língua
Portuguesa para a avaliação da inserção de práticas de oralidade em uma aula de língua
materna. Através dos dados coletados verificou-se que em uma comunidade letrada,
com escrita por toda parte, a oralidade facilmente sofrerá influência da escrita, mesmo
na fala de pessoas pouco alfabetizadas ou quase analfabetas. Além disso, os falantes se
mostram competentes em adequar suas falas ao contexto ou situação comunicativa em
que estão presentes. Essa capacidade é proveniente dos recursos comunicativos que as
pessoas vão adquirindo em sua convivência com a comunidade. Em relação ao uso de
oralidade na aula de Língua Portuguesa constatou-se que, nesse evento, existe uma
interação e um diálogo profícuo entre os alunos, e dificilmente entre professor e aluno,
contrariando assim o esperado, isto é, que professor(a) e alunos sejam sujeitos de uma
ação interativa que implicaria numa troca e numa comunicação entre ambos. Portanto,
a pesquisa foi fundamental para se tentar compreender os eventos de oralidade na sua
relação com os aspectos socioculturais da comunidade, especialmente no processo
interacional, incluindo a escola.

FIGURAS DA ESCOLA, MEMÓRIAS DE PROFESSORES

Leane Araujo de OLIVEIRA – UFT


leanepalmas@hotmail.com

Este trabalho consiste na apresentação de resultados parciais de pesquisa voltada para a


análise de relatos orais que envolvem a história de vida e de formação de professores
matriculados em um curso de licenciatura em Letras, em regime semipresencial,
ofertado pela Universidade Federal do Tocantins, em atendimento ao PARFOR (Plano
Nacional de Formação de Professores da Educação Básica). De acordo com suas
diretrizes, esse plano busca enfrentar o desafio da qualificação docente pela oferta de
cursos de graduação a professores que atuam na Educação Básica sem terem obtido
diploma de curso superior ou ainda que necessitem de uma segunda licenciatura.
Inserido num projeto maior relacionado à memória dos docentes na perspectiva do
discurso, vinculado ao GESTO (Grupo de Estudos do Sentido – Tocantins), apresenta
como recorte a análise da representação da escola e da própria formação na fala de
quatro professoras da rede pública da cidade de Aragominas, norte do Estado.
Tomando como subsídio teórico a semiótica discursiva aliada à metodologia da
produção de dados fornecida pela História Oral essa representação pode ser encontrada
na reiteração de percursos temáticos e figurativos que apontam para o modo como a
escola e a formação são “vistas” pelos docentes em seus depoimentos, significam a
própria formação em processo, suas expectativas, ao mesmo tempo em que
materializam visões sobre a escolarização social e historicamente partilhadas. Os
depoimentos traduzem as dificuldades sobre processos de escolarização descontínua, a

355
esperança relacionada à nova formação e a experiência da profissão vivenciada como
conflito. Como objetivo geral, a pesquisa visa a contribuir para a compreensão de
aspectos inerentes à formação de professores em serviço apontando para as
singularidades que podem caracterizar o ensino no Norte do país.

FORMAÇÃO DO PROFESSOR E CRENÇAS SOBRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DE


LÍNGUAS

Cristiane Manzan PERINE – UFU


cristiane_manzan@hotmail.com

Este trabalho se propõe a apresentar reflexões ancoradas na Linguística Aplicada, de


modo a discutir a pertinência dos estudos sobre crenças em relação ao ensino e
aprendizagem de línguas materna e estrangeira e ao processo de formação de
professores de línguas. Discutir essa interface pressupõe pensar o ensino e a
aprendizagem de línguas e a formação de professores como processos constituídos por
aspectos cognitivo-afetivos que exercem considerável influência nas ações de
professores e alunos e, consequentemente, em suas práticas dentro e fora de sala de
aula. Partindo de um quadro teórico sobre formação de professores de línguas,
defendemos a busca pelo desenvolvimento do profissional reflexivo, com autonomia
para tomar decisões, para atuar em situações singulares e instáveis, para analisar suas
ações e para buscar soluções para os problemas advindos da sala de aula. Os estudos
sobre crenças de professores examinam o que os professores pensam, sabem ou
acreditam em relação a vários aspectos envolvidos em seu trabalho, o que envolve
também o estudo de sua prática em sala de aula e a relação entre cognição e prática.
Neste trabalho, entendemos crenças como opiniões, suposições e ideias que temos a
respeito dos processos de ensino e aprendizagem de línguas, num determinado
contexto. Assim, crenças nascem de nossas experiências e problemas, de nossa
interação com o contexto e da nossa capacidade de refletir e pensar sobre o que nos
cerca. Temos, pois, o objetivo de mostrar como os estudos sobre crenças podem
contribuir na formação de professores críticos, reflexivos e, acima de tudo, mais
conscientes de sua prática docente.

FORMAÇÃO DOCENTE: O USO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS COMO


FERRAMENTA PARA O TRABALHO COM OS GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS

Rita de Cássia Eutrópio Mendonça BEZERRA – UEA


cassiaeutropio@hotmail.com

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de um projeto de formação


continuada, desenvolvido junto aos professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio
da rede estadual de ensino do município de Tefé/AM, que teve como finalidade
oportunizar momentos de reflexão acerca dos fundamentos teóricos e metodológicos
que embasam as práticas de linguagem que fazem uso dos gêneros textuais como
objeto de ensino da leitura, da produção de textos e da análise linguística na
perspectiva do letramento. Essa nova perspectiva para o ensino de Língua Portuguesa
exige dos professores uma mudança no seu fazer docente, o que demanda uma
formação continuada que lhes possibilite vivenciar situações em que possam estar
articulando a teoria a sua prática de sala de aula. Esse projeto baseou-se nas
contribuições dos estudiosos que consideram os diferentes gêneros textuais como base
para o ensino de língua materna (ANTUNES, 2009; KOCH, 2004; MARCUSCHI,
2008; GERALDI, 2005), na abordagem do letramento como prática social (SOARES,
1998; KLEIMAN, 1995; TFOUNI, 1995), nas sequências didáticas elaboradas por

356
DOLZ & SCHNEUWLY (2004), e nas pesquisas que apontam a necessidade da
formação continuada (ALBUQUERQUE, 2006; OLIVEIRA, 2010; MAGALHÃES,
FIDALGO, 2011). A formação continuada teve como metodologia o desenvolvimento
de quatro fases interrelacionadas: fundamentação teórica; exercício metodológico e de
planejamento da ação docente; prática pedagógica; socialização da prática pedagógica.
Os resultados obtidos a partir do acompanhamento e da socialização das atividades
desenvolvidas junto aos estudantes apontam para as possibilidades da formação
continuada no processo de apropriação das novas orientações para o ensino de Língua
Portuguesa, que tem no gênero textual o elemento mediador entre as práticas sociais e
os objetos escolares.

FREESTYLE: UM EVENTO DE LETRAMENTO

Tariana Leal FALCIROLI – UNIFAL


tariana_leal@hotmail.com

Este trabalho investiga como um evento de letramento – o freestyle, pode possibilitar


um diálogo produtivo de formação humana e cidadã, no contexto do multiculturalismo.
Diante de identidades culturais híbridas e diversificadas, propõe-se analisar como uma
arte urbana chamada freeestyle constitui-se práticas sociais de letramentos. O freestyle,
configurado como uma manifestação linguísticocultural de jovens - uma modalidade do
movimento Hip Hop - consiste em batalhas de MC's (mestres de cerimônias) em que a
rima e a improvisação são o foco. Durante a batalha, entram em jogo o processo
discursivo e a relação dos participantes com o público, envolvendo carisma e análise do
adversário. O objeto de análise desta pesquisa de cunho qualitativo são: M.K.Z Hip-
Hop Arena Final tagarela vs. confector 29 07 08 e EMICIDA X NEGRA RÊ , vídeos
extraídos do Youtube.com. A análise mostra que tanto o enunciador-desafiante quanto
o enunciador-desafiado se apoiam no entorno social, cultural e ideológico que os
constituem. Para tal, a intertextualidade se faz presente nas indagações e nas respostas,
materializando o modo como o locutor se manifesta na construção dos sentidos para a
realização do ato comunicativo. Percebemos que essa construção comunicativa entre os
participantes não se faz por conhecimentos técnicos com regras e métodos a serem
usados formalmente, mas no desejo de vencer a batalha e na construção de identidade,
por meio de processos de letramento construídos a partir da comunidade em que vive.
É nessa tensão de produção de sentidos que se constrói a identidade do sujeito, inserido
nesta manifestação cultural.

GÊNERO DIGITAL BLOG: FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO-


APRENDIZAGEM

Mara Eli Souza CAMARGO – UFGD


mara.e.souza@gmail.com

O surgimento das novas tecnologias da internet trouxe um leque de gêneros digitais


que se tornaram práticas de linguagem diária na vida moderna. As pesquisas sobre os
gêneros digitais como o blog se justificam pelo fato de que esses diários virtuais têm se
tornado uma ferramenta muito popular entre jovens e já fazem parte de sua vida
cotidiana. O blog surge como um novo gênero digital a ser descrito e explorado, sai da
internet e migra para a sala de aula, passa de diário íntimo da rede para uma ferramenta
didática virtual a mais na veiculação dos conteúdos pelo professor. Este se encontra
diante do desafio das novas tecnologias para a interação social, com o intuito de
incentivar e despertar no aluno o interesse pela leitura e escrita como uma estratégia no
processo ensino-aprendizagem, bem como o desenvolvimento das práticas discursivas
e inseri-lo no mundo digital. A partir da perspectiva do interacionismo sócio discursivo

357
(ISD) e nos procedimentos teórico-metodológicos propostos por Bronckart (2009), que
por sua vez têm sua base na teoria enunciativa proposta por Bakhtin, além de
estudiosos como Dolz & Schnewly (2004), Vygotsky e outros. A pesquisa concentra-se
na elaboração de uma proposta didática para reflexão do professor e da necessidade de
adaptar o maior número de gêneros possíveis a sua prática pedagógica, assim como, na
reflexão dos gêneros como ferramentas voltadas para a sua formação. Hoje, é
indispensável ao profissional da educação conhecer os meios digitais. Esse material
dará subsídios para que eles possam avaliar e dominar melhor essa poderosa ferramenta
de trabalho, pois ela pode ser um instrumento altamente persuasivo para a realização,
continuação e concretização de sua tarefa em sala de aula junto a seus alunos.

GÊNERO LEGENDA EM AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS SURDOS:


COMPONDO SENTIDOS SOBRE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGENS

Judith Mara de Souza ALMEIDA – UFU


judithmara@hotmail.com

O presente trabalho configura-se como uma Pesquisa Narrativa e tem como objetivos:
narrar uma experiência relacionada a uma sequência didática desenvolvida a partir do
gênero Legenda, utilizada em aulas de leitura por uma professora que atua com alunos
surdos; descrever e analisar a sequência didática utilizada para o ensino de Língua
Portuguesa para surdos; analisar criticamente as concepções de linguagem presentes na
sequência didática utilizada. Com esta pesquisa busco responder a duas questões: 1)
Quais as características da sequência didática utilizada pela professora que atua com
alunos surdos nas aulas de leitura? 2) Quais as concepções de linguagem presentes na
sequência didática utilizada? Participam deste trabalho eu, a pesquisadora e professora
de Língua Portuguesa como L2 para surdos; uma professora surda que atua como
professora de apoio em Libras e alunos surdos de uma escola especial localizada em
um município do Triângulo Mineiro. O material documentário desta pesquisa foi
composto a partir de notas de campo, uma sequência didática, ambas elaboradas pela
professora pesquisadora, anotações realizadas pela professora surda, bem como pelos
alunos em um diário reflexivo sobre o trabalho com o gênero. Esse material
documentário foi analisado a partir da composição de sentidos e, posteriormente, os
sentidos foram compartilhados com os leitores por meio de histórias. Os resultados da
pesquisa apontam que o trabalho com gêneros que circulam socialmente favorecem
uma aprendizagem significativa em relação à língua, pois a mesma é utilizada em
contexto real e destaca a relevância da legenda como elemento favorecedor da inclusão
da pessoa surda no contexto social.

GÊNEROS DISCURSIVOS E DIDATIZAÇÃO: DESAFIOS NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA

Andrea Pessoa dos SANTOS – UFF


a.pesssoas@ig.com.br

O objetivo desta comunicação é apresentar parte do trabalho de doutorado em


andamento, cujo propósito é analisar os desafios de práticas pedagógicas que elegem o
gênero discursivo como objeto privilegiado de ensino da língua portuguesa (LP).
Considerando o contexto histórico de elaboração dos PCN (1997), as indagações e
muitas críticas direcionadas a ele, assumo como Marinho (2007) que, resguardando a
relevância dessas críticas, o referido documento sinaliza intensas argumentações em
favor de um redirecionamento do ensino da língua portuguesa no contexto educacional
brasileiro (SANTOS, 2008). Apropriando-se dos discursos acadêmicos dos anos 80, o

358
discurso oficial, registrado no PCN de LP, elegeu o conceito de gênero discursivo
como objeto de ensino da língua e o texto como unidade de ensino. Assim, valoriza-se,
desde então, o texto enquanto unidade real da comunicação discursiva e o gênero
discursivo como conteúdo privilegiado do ensino de LP. Percebe-se, porém, que o
conceito “gênero discursivo” vem sendo compreendido de diferentes formas e servindo
a encaminhamentos metodológicos que apostam em práticas de ensino que privilegiam
a sua didatização como modo de garantir o almejado letramento social (SOARES,
1999). Diante disso, tenho buscado compreender, a partir dos estudos de Bakhtin
(2003) sobre a linguagem, se essas propostas pedagógicas, que incentivam uma
excessiva didatização das “formas relativamente estáveis do enunciado”, estariam se
aproximando ou se afastando do conceito bakhtiniano. Apresentarei aqui parte dos
estudos que venho realizando sobre a escolarização e a didatização de gêneros
discursivos em práticas pedagógicas pautadas por sequências didáticas e progressões
curriculares presentes em livros didáticos de LP dos anos inicias de escolaridade.

GÊNEROS DISCURSIVOS: RELATOS DE SALAS DE AULA

Morgana Maciel de Oliveira SOUZA – UFGD


m_gana_mo@hotmail.com

O presente trabalho tem como objetivo discutir a prática desenvolvida por professores
da Rede Estadual de Ensino da cidade de Dourados. Deste modo, esta pesquisa
pretende trazer à tona uma questão ampla e complexa: a necessidade de repensar o
ensino de Língua Portuguesa e assim verificar sua eficiência quanto a atender seu
principal objetivo, que é o de proporcionar ao aluno a capacidade de diferenciar a fala
da escrita nas diferentes situações de comunicação. O ensino de língua surge então,
como uma proposta de interação voltada para o meio sociointeracionista considerando
suas relações sociais, visto que a linguagem pode ser entendida como dinâmica e
heterogênea, tanto que para utilizá-la o homem precisa ter participação ativa nos seus
processos sociocomunicativos. Para isso, os profissionais envolvidos neste processo
precisam ter claras as questões como “o que ensinar”, “como ensinar” e para que e para
quem se destina o ensinar”. Assim, os PCN’s, para o ensino fundamental de Língua
Portuguesa, apontam `a escola a responsabilidade de ensinar a língua padrão em suas
habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever, que servirão de base para
a análise e reflexão da língua, ou seja, ensinar a língua portuguesa vai além dos livros,
ministrar esta disciplina abrange um universo infinito de alternativas ao aluno, dando a
este a capacidade de se tornar um cidadão participativo-crítico da comunidade em que
vive. Neste aspecto, temos por meta oferecer uma parcela de contribuição para o estudo
da temática: o ensino de Língua Portuguesa na escola, isto é, sugerir como alternativa
para o ensino, os gêneros textuais que segundo nossa pesquisa, faz com que o aluno
apreenda as habilidades propostas pelos PCNs. Para compor o cenário cientifico deste
estudo, utilizaremos os aportes teóricos disponibilizados por Michael Bakthin.

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO: REFLEXÕES DE PROFESSORES DE LÍNGUA


PORTUGUESA EM UMA PESQUISA COLABORATIVA

Josieli Almeida de Oliveira LEITE – UFJF


josielioliveira_jf@hotmail.com
Thays Viana MUNCK – UFJF
thaysmunck@ig.com.br

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada “Gêneros textuais:


entraves e perspectivas” (financiamento FAPEMIG e UFJF), que tem como um dos
objetivos contribuir com a formação continuada de professores, enfocando o trabalho

359
com a leitura e com a escrita na escola numa perspectiva discursiva de linguagem
(MARCUSCHI, 2001). As atuais pesquisas na área de Linguística Aplicada ao ensino
têm demonstrado que a aprendizagem da Língua Portuguesa ultrapassa o conhecimento
das regras gramaticais, conceitos e memorização. Por isso, temos visto grandes
transformações no tocante aos currículos escolares e aos cursos de formação
continuada, que lidam com essa nova perspectiva rompendo com um ensino normativo.
Nesse sentido, é consenso entre pesquisadores, professores e documentos oficiais que o
trabalho com a linguagem deve estar baseado em gêneros textuais que circulam em
nossa sociedade (SCHNEUWLY e DOLZ, 2004; BAKHTIN, 1992; PCN, 1998).
Sendo assim, esta pesquisa, da qual este trabalho é um recorte, utilizou a metodologia
colaborativa, na qual professores e pesquisadores analisaram a prática escolar com
intenções de intervir na realidade, modificando-a. Nesse viés, como instrumento de
coleta de dados, foram utilizadas sessões reflexivas para realizar análises sobre a
transposição didática dessas professoras. Como resultados parciais, verificamos uma
significativa mudança na prática de sala de aula em relação ao trabalho com o texto, no
que diz respeito à função social e a demais aspectos anteriormente desconhecidos,
como objetivo comunicativo, possíveis interlocutores e demais aspectos linguísticos.

GRAMÁTICA - CONHECER PARA CRITICAR: UMA ANÁLISE DAS ANGÚSTIAS E


CRENÇAS DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FORMAÇÃO

Éberton Lopes de AGUINO – UNIFAL


ebertonmicrolins@hotmail.com

Dentre as crenças que permeiam o imaginário do discente de Letras ao ingressar na


graduação, está o desejo e a necessidade de ensinar/aprender gramática normativa para
depois fazer o mesmo na Educação Básica ou no dia a dia. Na dinâmica curricular do
curso, percebe-se que todas as disciplinas oferecidas são importantes. Porém, ao
priorizar certas disciplinas, e excluindo quase que totalmente disciplinas que abordam
as gramáticas descritiva e normativa, resolveremos o problema do graduando em Letras
que deve ensinar Língua Portuguesa (LP) na Educação Básica (EB)? A pergunta se
justifica pelo fato de que, para ensinar na perspectiva funcional, há de saber as
gramáticas citadas a fim de fazer as intervenções em sala de aula. Tal fato tem levado
muitos acadêmicos a uma certa angústia acerca da necessidade ou não do estudo da
gramática nos cursos de Letras. Nesse contexto, esta pesquisa objetiva refletir sobre
essas angústias e discutir a diferença entre o que um professor iniciante ensina e o que
ele deve saber em matéria de gramática; analisando de que forma esse saber/não saber
gramática se evidencia na vida de um professor iniciante. Além disso, pretende-se
investigar qual é o discurso do professor recém-formado de língua materna em relação
ao ensino-aprendizagem de gramática. A pesquisa, de base qualitativa, terá como
corpus entrevistas com dois egressos de Letras, no exercício da docência. Além disso,
será feita a análise de dois Projetos Pedagógicos de Letras, buscando observar se e de
que forma o ensino de gramática é trabalhado no curso. Este trabalho está
fundamentado em Possenti (1996), Franchi (2007) e Ferrarezi (2007). Com base na
literatura consultada, conclui-se que é primordial que o estudante de Letras tenha
domínio da norma culta e que conheça a gramática da própria língua, na variante
padrão, visto que é para criticar é necessário primeiro conhecer.

GRAMÁTICA OU TEXTO COMO OBJETO DE ENSINO?

Isabel Cristina Lopes Franco TELINI – UNIFAL


isabelaercio2010@hotmail.com

360
O ensino da gramática normativa ou tradicional na Educação Básica tem sido objeto de
discussão por parte de linguistas e gramáticos tradicionalistas. O foco da discussão está
se o objeto de ensino de Língua Portuguesa deve ser ou não o ensino de gramática
como um conjunto de regras sistematizadas ou se o texto deve ser o elemento norteador
do ensino de Língua Materna. Inserido nesse contexto, este trabalho, em fase inicial,
objetiva, à luz de diferentes teóricos, compreender como tem ocorrido o ensino de
gramática nas escolas e como torná-lo significativo e contextualizado. Apoiados na
pesquisa bibliográfica, pretende-se analisar a contribuição de pesquisadores da área de
ensino aprendizagem da Língua Materna, procurando relacioná-la com o que
preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e Médio.
Este estudo levará em conta a diversidade cultural e linguística de alunos que estão
ingressando no mundo da comunicação escrita e verbal. A análise inicial da literatura
consultada indica que o ensino tradicional da gramática, com a repetição de exercícios
e regras e com a utilização de enunciados descontextualizados minimiza as chances de
haver um maior envolvimento do aluno. Necessário se torna, a partir dessa perspectiva,
refletir acerca do ensino de gramática como padronização do dizer e das implicações da
prescrição do que é certo ou errado na língua. Desconsiderar o ensino produtivo de
língua pode contribuir para que o usuário da língua pouco acrescente à competência
linguística a qual a escola deveria ampliar significativamente, tornando-o um usuário
avançado na própria língua.

INVESTIGAÇÃO SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ORTOGRAFIA


ANALISANDO A PALAVRA QUANTO À SUA FREQUÊNCIA NA LÍNGUA EM UM
CORPUS DIGITAL DE ESCRITA INFANTIL

Maria Luisa Fickelcherer MORAES – UFLA


mluisamoraes@letras.ufla.br

Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa de iniciação científica, cujo
objetivo é investigar o processo de aprendizagem da ortografia por crianças do 1º ao 5º
ano (6 a 12 anos), através da análise de redações produzidas com um caráter
diagnóstico. Os dados fazem parte de um corpus do Projeto e-Labore que avalia a
palavra quanto à sua frequência na língua (type e token frequency) possibilitando o
conhecimento efetivo do léxico escrito de crianças e pré-adolescentes. Ao trabalhar
com o e-Labore pode-se acessar os corpora, pois o corpus deste projeto se encontra em
um estágio mais avançado com suas redações digitalizadas e a maioria das palavras
digitadas. Assim, busca-se apreender o percurso de aprendizagem de diferentes
estruturas de palavras considerando-as quanto à sua frequência na língua e em
diferentes aspectos estruturais, para conhecer, por exemplo, que estruturas são
aprendidas em primeiro lugar ou que estruturas são aprendidas mais tardiamente.
Analisa-se, ainda, a questão da influência da fala na aquisição da escrita a partir do
modelo de Redes e o fator frequência segundo a Fonologia de Uso (BYBEE, 2001).
Também constituem o referencial teórico os estudos sobre Efeitos de frequência na
produção escrita de encontros consonantais (Fontes Martins e Oliveira Guimarães,
2010), tendo como foco os encontros consonantais tautossilábicos formados por
consoante obstruinte [p] e a consoante líquida tepe [r]. Acredita-se que tal investigação
disponibiliza recursos importantes relacionados à linguagem escrita infantil e contribui
para a investigação dos problemas atestados no processo de aquisição da escrita pelas
crianças em idade escolar.

LATIM E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NAS ESCOLAS DE UBERLÂNDIA

Cassia Cristina Gonçalves SIMPLICIO – UFU


cassiasmith17@hotmail.com

361
Jéssica Fernandes de ALMEIDA – UFU
jessica.flor@live.com

Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo investigativo para conhecer melhor
a realidade da formação dos professores de português e literatura, como se dá o
ensino/aprendizagem dos estudos clássicos aos alunos do ensino fundamental e médio,
levando em consideração as exigências das diretrizes curriculares. Neste trabalho serão
desenvolvidas pesquisas de campo em quatro escolas em Uberlândia, sendo três escolas
púbicas e uma particular. Foram entrevistados professores e alunos recém-egressos do
ensino fundamental e médio, verificando os materiais usados e as condições da
biblioteca. A pesquisa apresentará uma análise da situação do ensino/aprendizagem dos
estudos clássicos nas escolas de ensino fundamental e médio. Os trabalhos foram
conduzidos a partir da orientação do professor em sala de aula. Em primeiro momento
formulamos um questionário e realizamos entrevistas com professores de língua
portuguesa e alunos, posteriormente, analisamos os livros didáticos adotados nas
escolas e também verificamos o que se tem de material disponível para pesquisas nas
bibliotecas das escolas que foram visitadas para a realização do referido trabalho.
Partiremos da hipótese da língua latina ser considerada língua morta para
aprofundarmos nosso estudo e defenderemos a tese do latim clássico rigoroso, evoluiu,
criando um latim variado originado línguas românicas como o francês, o italiano, o
espanhol, o romeno e o português no qual sobrevive. Como podemos observar nas
pesquisas realizadas, são raros ou nulos os casos em que se é estudado o latim de forma
completa e eficiente, comprometendo assim a qualidade do ensino da língua
portuguesa, que está intimamente ligada ao latim. Foi comprovado por meio das
pesquisas que os professores sabem da importância que o estudo do Latim representa,
porém poucos deles o realizam, mostrando assim sua falta de interesse.

LEITURA EM AMBIENTE DIGITAL: O QUE MUDA PARA O LEITOR ACOSTUMADO


COM O PAPEL?

Márcia Rodrigues Custódio VALERIANO – UFTM


marciauftm@yahoo.com.br

Se até bem pouco tempo as leituras eram exclusivamente em suporte papel, atualmente
grande maioria da sociedade é convidada a ler em suportes digitais tais como
computadores, tablets, aparelhos celulares, jogos e outros. Com essa cultura baseada no
suporte digital, algumas mudanças ocorrem nas formas de interação com as
informações. Gerações acostumadas à leitura em impressos, a geração dos imigrantes
digitais convive com a geração dos nativos digitais, ou seja, com pessoas que nasceram
tendo possibilidade de acesso à tecnologia desde pequenas. Nas escolas, especialmente
as públicas, nota-se descompasso de interação entre docentes - nascidos na geração dos
imigrantes digitais - e maioria dos estudantes nascidos na geração dos nativos digitais.
A falta de sincronia dos interesses pelas novas tecnologias compromete o aprendizado
mútuo com pouco ou nenhum aproveitamento nas práticas de leitura e escrita. Os
professores são agentes importantes para a aceleração da adaptação ao novo mundo
cativante das novas mídias, com a propriedade de selecionar o que é pertinente para o
ensino aprendizagem podendo explorar as potencialidades que as novas mídias têm.
Esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar as principais mudanças ocorridas
nas práticas de leitura em ambientes digitais com o uso das novas tecnologias digitais
de informação e comunicação, tais como computadores e tablets. Tem-se, também,
como objetivo, apontar a necessária urgência para desenvolvimento de projetos
inovadores nas escolas visando abrir caminhos para a inclusão digital. A pesquisa é
financiada pela CNPq, a metodologia de cunho bibliográfico e narrativa autobiográfica.

362
Está em fase final após levantamento de dados bibliográficos, em livros, artigos e
periódicos disponíveis no banco de dados da biblioteca da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro - UFTM, em Uberaba - MG. Espera-se com esta pesquisa a
sensibilização do poder público, da sociedade e das escolas para a necessidade da
inclusão digital.

LEITURA, ABORDAGEM DE ENSINO E O LIVRO DIDÁTICO

Gisele da Cruz ROSA – UFU


gisele_cruz_rosa@hotmail.com

Leitura é de extrema importância para o sujeito que atua em uma sociedade


contemporânea. O ensino de inglês como língua estrangeira faz parte do processo de
formação do cidadão brasileiro e do mundo neste terceiro milênio, assim como a
compreensão e a produção do texto escrito. Leitura e compreensão do texto em
inglês/LE têm atraído centenas de pesquisadores brasileiros e estrangeiros resultando
em contribuições significativas. Porem, ainda há uma lacuna a ser preenchida porque o
ensino de inglês no Brasil ainda não atende às necessidades reais de uso de textos por
um público adulto, em curto prazo. Nessa perspectiva, no intuito de analisar e
compreender o ensino da língua numa relação de integração à formação do leitor, esta
pesquisa apresenta uma análise de textos e respectivos exercícios de compreensão,
publicados em duas séries didáticas adotadas por escolas locais. A análise foi feita a
partir de um levantamento de temas de interesse de aprendizes adultos inseridos em
contexto acadêmico. São contempladas as discussões teóricas relacionadas ao ensino
da leitura e, mais especificamente, a abordagem instrumental para ensino de línguas,
além da análise e avaliação do material didático para o ensino de línguas. Este trabalho
propõe trazer contribuições para o ensino de inglês/LE se dedicando a uma análise e
verificação do tratamento dado ao texto escrito focando nas abordagens
contemporâneas de ensino de línguas, com foco em averiguar se o corpus desse
trabalho, textos presentes nas séries didáticas já citadas, se adequa ao seu público alvo,
levando em consideração as necessidades desses sujeitos referentes à língua estrangeira
em relação à língua materna, visto que o aprendiz da primeira é também sujeito da
segunda, sendo influenciado pelo conhecimento da/sobre a língua que inevitavelmente
afetam a sua constituição, enquanto sujeito de linguagem, e seus interesses e objetivos
de aprendizagem de língua estrangeira.

LENDAS AFRICANAS: UM RESGATE DA HISTÓRIA

Kátia Aparecida Franco SANTOS – UNIFAL


katiaandressa@hotmail.com

É necessário promover uma aproximação e interação do docente, em formação inicial


ou continuada, com a temática História e Cultura afro-brasileira. A temática é
obrigatória no currículo da educação básica, obedecendo à Lei Federal nº 10639/2003.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é o estudo de “lendas africanas”, apoiando-
nos na Teoria de Gêneros Textuais e Discursivos, relacionando-as ao contexto histórico
e social brasileiro. Supomos que essas lendas, como indicadoras da presença e
influência africana no Brasil, podem se constitui um rico material para a produção de
leitura e formação cidadã. Acreditamos que o cenário contemporâneo pede a
implementação de estratégias que se apropriem de conhecimento de mundo para
demonstrar o quão arraigados estão a história e cultura africana no dia a dia do
brasileiro. Esta pesquisa investiga com que finalidade surgiram e de que modo as
lendas ainda permanecem vivas. Pretende-se ainda investigar a relação entre as lendas
africanas/ afro-brasileiras e o cotidiano do povo brasileiro, buscando compreender por

363
que histórias oralizadas por muitas pessoas não estão sendo relacionadas às suas raízes
africanas. Espera-se contribuir para a formação docente como promotor da consciência
cidadã e ensino da história e cultura afro-brasileira. A partir de pesquisas na área de
Literatura e Gêneros textuais e Discursivos, faz-se uma análise bibliográfica do objeto
“lendas africanas”. Como objeto de análise, serão selecionadas duas obras de lendas
africanas: 'Lendas africanas' de Iray Galrão e, 'Contos e lendas afro-brasileiras: a
criação do mundo', de Reginaldo Prandi.

MARCAS DA ORALIDADE EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO ENSINO


MÉDIO: EVIDÊNCIAS DAS RELAÇÕES ENTRE ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E
LEITURA?

Leoni Dutra Marinho CABRAL – UNIFAL


leonidmcabral@gmail.com
Aline Pereira de ROQUE – UNIFAL
aline-roque@hotmail.com

O presente trabalho tem por objetivo verificar possíveis relações entre alfabetização,
letramento, leitura e produção textual de alguns alunos de Ensino Médio. A pesquisa
faz parte do subprojeto “Alfabetização e Letramento” do Programa de Consolidação
das Licenciaturas – Prodocência – e do Programa Institucional de Iniciação à Docência
– PIBID, ambos vinculados ao Grupo de Pesquisas “Literatura, Linguagem e Outros
Saberes”, da Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-MG. Considerando que o
ensino da língua deve ser baseado nos aspectos leitura, produção textual e compreensão
linguística, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa
(PCNs), pode-se perceber que ali a língua é entendida como atividade social. O corpus
do presente trabalho é constituído por 28 produções textuais de alunos de primeiro e
segundo ano do Ensino Médio da Escola Estadual Dr. Emílio da Silveira, de Alfenas,
MG, colhidas em dezembro de 2011 e janeiro de 2012. Pretende-se analisar a relação
entre as práticas de leitura e o (in)sucesso dos alunos na produção escrita escolar,
evidenciada por marcas textuais presentes nestes textos, características da oralidade e
que, no nosso entender, comprometem a competência na comunicação escrita desses
alunos. Para Xavier (2009), as atividades de leitura garantem a aquisição do hábito pelo
aluno. A competência linguística do aluno, manifestada na coesão e coerência de seus
textos deve ser o objeto da avaliação, conforme sustenta Melo (2009). É fundamental,
então, descobrir a natureza das dificuldades textuais dos alunos, presentes nos textos
pesquisados, e tentar determinar se são consequência de temas alheios à sua realidade
ou se tais alunos ainda não adquiriram as habilidades, na leitura e na escrita,
necessárias a tais produções textuais. A presente pesquisa encontra-se em fase de
análise de dados e espera-se que os resultados contribuam com estudos futuros no
campo da Linguística Aplicada.

“MASSACRE EM REALENGO”: A REPRESENTAÇÃO DO ATOR SOCIAL


WELLINGTON MENEZES EM GÊNEROS DO JORNALISMO INFORMATIVO E
OPINATIVO

Gisllene Rodrigues FERREIRA – UFU


gisllene.ufu@gmail.com
Andrêssa dos Santos PEREIRA – UFU
andressa.ufu@gmail.com

Neste trabalho, apresentamos resultados parciais do projeto de pesquisa “Os gêneros da


mídia impressa: a representação de fatos e de atores sociais”, coordenado pela Profa.
Dra. Maria Aparecida Ottoni e vinculado ao Grupo de Pesquisas e Estudos em Análise

364
de Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional, da Universidade Federal de
Uberlândia. O principal objetivo do projeto é perquirir, nos gêneros reportagem,
notícia, editorial, artigo de opinião e carta do leitor, como é feita a representação de um
mesmo fato e dos atores sociais nele envolvidos. Centramo-nos aqui na análise de
cinco textos que trataram de um fato ocorrido em 2011, em uma escola, em Realengo
(RJ), sendo dois gêneros do jornalismo informativo e três do opinativo (MARQUES
DE MELO, 2003): uma reportagem, uma notícia, um editorial, uma carta do leitor e um
artigo de opinião. Na análise, investigamos, do campo da Linguística Textual, algumas
expressões nominais definidas e indefinidas utilizadas na construção da referenciação e
representação como colaboram para o direcionamento argumentativo dos textos. E, do
campo da Análise de Discurso Crítíca, algumas das variáveis propostas por Fairclough
(2003) e por van Leeuwen (1997) para a análise da representação dos atores sociais. Os
resultados mostram o predomínio de representação por meio de expressão nominal
definida, de modo ativo e pessoal e de classificação de modo específico. Tais escolhas
contribuem para a construção de duas representações distintas do ator social
Wellington: ora como culpado e mau e ora como vítima de tudo que viveu dentro e fora
da escola. Acreditamos que essa comparação de diferentes gêneros e das
representações neles construídas é fundamental no ensino de Língua Portuguesa, pois,
além de colocar o gênero no centro do processo, contribui para o desenvolvimento da
competência discursiva dos alunos e para a constituição de leitores críticos.

MATRIZES, PARÂMETROS E ORIENTAÇÕES: UMA REFLEXÃO SOBRE AS


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO MÉDIO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS CURSOS DE LETRAS

Marcia Lisbôa Costa de OLIVEIRA – UNESA


lisboamarcia@hotmail.com

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o modo como as políticas públicas
para o ensino médio são incorporadas aos currículos dos cursos de Letras,
especialmente no que diz respeito à formação de professores de Língua Portuguesa
para esse nível de ensino. Desde as últimas décadas do século XX, vivenciamos uma
grande transformação no ensino brasileiro, no que tange não só à legislação, mas
também aos documentos curriculares e às formas de avaliação externa dos diferentes
níveis e sistemas educacionais, implantadas desde a entrada em vigor da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96). Nesse contexto, os Parâmetros
Curriculares Nacionais configuram a base curricular nacional comum e pretendem
garantir a necessária flexibilidade curricular. Os PCNs de Ensino Médio para a área de
Linguagens e Códigos e suas tecnologias, publicados em 2000, o PCN +, de 2002 e as
OCNs, de 2006, incorporam a concepção de língua como discurso e tomam os gêneros
textuais como objeto de ensino. A Avaliação dos sistemas de ensino, também proposta
pela LDB, vem sendo concretizada através do ENEM e do SISU. Ressalvados todos os
problemas e toda a discussão acerca do modo como tais programas de avaliação tem
sido implementados, o fato é que sua existência impactou as salas de aula e vem
influenciando – para o bem e para o mal – os “currículos reais” desenvolvidos no
cotidiano do ensino médio. Dessa forma, pretendemos analisar de forma crítica o modo
como as matrizes de avaliação e os documentos curriculares são incorporados às
ementas das disciplinas voltadas para a formação do professor de Língua Portuguesa
nas licenciaturas em Letras.

MÍDIA, LIVRO DIDÁTICO E ENSINO DE LEITURA LITERÁRIA

365
Luciene Teixeira da SILVA – UNIFAL
luuts@msn.com

Este trabalho tem como preocupação maior, não desmerecendo outras disciplinas, o
ensino da leitura literária no ambiente escolar. Faz-se essa escolha pelo fato de que o
Ensino de Literatura está tangenciando uma crise, advinda, possivelmente, de
estratégias de ensino inadequadas e do desinteresse dos estudantes. Acreditamos que o
cenário contemporâneo se distingue pela utilização generalizada de tecnologias,
entretanto, observa-se que a noção de leitura é restrita a textos escritos e apresentados
aos alunos por meio dos livros didáticos. A pesquisa investiga de que modo livros
didáticos apresentam e relacionam o confronto do texto literário com a mídia
(televisão, jornalismo, cinema e internet), a fim de contribuir para a revitalização da
disciplina. Com base em autores da área da Literatura e conceitos recepcionistas, faz-se
uma análise qualitativa do espaço destinado às relações com outras mídias na coleção
Português: Ensino Médio, de José de Nicola, 2005, para 1º Ano do Ensino Médio. Para
tanto, selecionamos os capítulos: A arte literária e Os gêneros literários. A análise
inicial indica a predominância do texto poético e de quadros destacados denominados
biblioteca, filmoteca e discoteca. Verifica-se a ocorrência de sugestões de obras
literárias, cinematográficas e musicais, estabelecendo a relação midiática interartes.
Ademais, não se percebeu, em nenhuma instância, referências a conteúdos digitais ou
virtuais. Infere-se desse resultado uma concepção hermética de leitura literária. O
material didático, por não conseguir estabelecer uma ligação com o aluno, cria um
distanciamento do mesmo em relação à Literatura. Na sociedade multimídia, o ensino
deve associar a atividade de leitura a linguagens advindas dos meios de comunicação,
para vinculá-lo à experiência de vida dos estudantes, ampliando as maneiras com que
eles realizam atividades, vivenciam processos criativos e aprofundam os espaços de
socialização dos saberes.

MINICURSO DE GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO


MINISTRADO PELAS BOLSISTAS DO PIBID/ LÍNGUA PORTUGUESA – UFU

Cecília Resende COELHO – UFU


cicinha8825@hotmail.com
Maria Isabel MASINI – UFU
marimasini_15@yahoo.com.br

Este trabalho deseja apresentar a realização e os resultados de uma experiência feita


através do subprojeto de Língua Portuguesa por meio do PIBID/UFU. Os objetivos do
trabalho são: mostrar a importância do PIBID para os alunos do curso de licenciatura
quanto ao trabalho docente e a relevância do ensino de gêneros textuais para alunos do
ensino fundamental e médio da escola pública. A metodologia utilizada na realização
do minicurso foi uma apostila preparada pelas próprias bolsistas sob a orientação da
coordenadora do subprojeto entregue aos alunos no primeiro dia do minicurso, e ao
ministrarmos as aulas fizemos uso de datashow com a apresentação em slides para um
maior dinamismo entre as bolsistas e os alunos. Vale ressaltar que trabalhamos com um
número limitado de alunos, os quais fizeram inscrição para o minicurso que foi
realizado em horário anterior e/ou posterior as aulas regulares. Após a execução do
minicurso observamos alguns resultados. São eles: nós como bolsistas, pudemos
conhecer ainda mais de perto o exercício da docência; aprendemos a como nos portar
enquanto professores e também como devemos buscar meios diversos com o intuito de
proporcionar um processo de ensino-aprendizagem enriquecedor para ambas as partes;
oferecemos aos estudantes um maior conhecimento sobre gêneros textuais,
conhecimentos este constatado através de textos elaborados pelos alunos e das
correções que foram feitas pelas bolsistas. Por fim apresentamos um trabalho sobre esta

366
experiência no Seminário Nacional do PIBID, realizado em Goiânia no mês novembro
de 2011.

MODELOS DE ENTONAÇÃO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (MG) PARA O ENSINO


DE LÍNGUAS

Monique Leite ARAÚJO – UNB


leiteniquinha@gmail.com

Na linha de ensino e aprendizagem de línguas, um dos aspectos mais importantes para


a eficácia na comunicação oral é a entonação. Este fenômeno linguístico não foi
suficientemente investigado nas décadas anteriores, mesmo que nos últimos anos
vimos nascer um interesse pelo tema, provocado pela importância que há em conhecer
os modelos de entonação de diferentes línguas. Este interesse surgiu não somente para
aplicar tais modelos no ensino de segundas línguas, mas também para melhorar o
modelo da primeira língua (oferecer estratégias aos profissionais de distintos campos
para que possam melhorar aspectos da sua própria área: locutores, atores, advogados,
executivos, etc.). Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta sobre a
necessidade de conhecimento dos mecanismos de entonação da língua portuguesa,
neste caso o português brasileiro falado em Minas Gerais, para o pleno domínio de uma
competência comunicativa. Através dessa pesquisa, poderemos descrever como se
forma a entonação do português brasileiro, verificar as consequências didáticas da
aplicação dos modelos de entonação e assim mostrar sua importância como um
elemento central da comunicação. Será apresentado um breve histórico do que nos
provocou a estudar a formação dos modelos de entonação do português brasileiro para
o ensino de línguas e os questionamentos que nos levaram a formular as hipóteses. Em
seguida, haverá as justificativas que sustentam o prosseguimento dessa pesquisa e os
teóricos que a fundamentaram, para por fim ser colocados objetivamente as perguntas
de pesquisa, os objetivos, a metodologia e o cronograma de atividades. Esperamos que
essa pesquisa contribua para a inovação dos estudos da fonética, basicamente em
entonação e outros aspectos da prosódia, e suas aplicações didáticas no ensino de
línguas.

MOODLE: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES NO ENSINO DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Priscila da Cruz NAVARRO – UNIFAL


prinavarro_cruz@hotmail.com

Pretende-se analisar a utilização do Moodle para um Curso de Redação, na modalidade


semipresencial, ministrado por acadêmicos de Letras a alunos do Ensino Médio da rede
pública. Pressupõe-se que, hoje, muitos alunos convivem com diversos equipamentos e
ferramentas tecnológicas, como: celular, computador, tablet, Msn, Youtube, Facebook,
Twitter etc. e que o Moodle, como ambiente virtual, interativo e colaborativo, pode ser
usado no ensino de produção de textos e leitura levando o aluno a exercer práticas
sociais de leitura e escrita condizentes com essa sociedade tecnológica. Supõe-se que o
ensino de língua portuguesa tem se pautado, na escola pública, no uso do livro didático,
na aula expositiva e na realização de exercícios estruturais visando, quase sempre, à
memorização de regras gramaticais. Assim, este trabalho pode contribuir para inserção
de novas práticas na escola. Para a realização desta pesquisa, em andamento, adotamos
a análise qualitativa. Interessa-nos saber as possibilidades de uso desse ambiente no
ensino de produção de texto. Fundamentaremos este trabalho em estudos sobre
letramento, gêneros textuais e discursivos e ensino de Língua Materna. Como
resultados, apresentam-se possibilidades com o uso desse ambiente virtual: recursos
básicos para a interação dos alunos (Fóruns, chats, aplicativos para elaboração de

367
exercícios, questões abertas e colaborativas); fácil navegação (para aqueles já
acostumados com o modo de disponibilização de informações na rede) etc. Das
limitações: variabilidade na criação do design e da disposição de informações;
necessidade de conexão razoavelmente boa para navegação; maior dificuldade em
relação à utilização do ambiente para alunos em fase inicial no letramento digital.
Conclui-se que, apesar das limitações, este ambiente virtual de aprendizagem pode
contribuir, de forma interativa, para o ensino de produção de texto no ambiente escolar.

MÚSICA NOS PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DE


JOVENS E ADULTOS
Susana Bianca de ANDRADE - UNIFAL
susana_de_andrade@hotmail.com

Este trabalho procura investigar a aplicação de estratégias metodológicas que


incorporem a música aos processos de alfabetização e letramento de jovens e adultos,
desde músicas presentes no cotidiano dos alunos até os mais diversos estilos musicais
já que esta é uma forma de expressão cultural e é significativa para as pessoas (Martins,
2007). O corpus deste estudo constitui-se dos relatos de aplicação de atividades de uma
professora em uma classe de Alfabetização de Jovens e Adultos (EJA). Utilizar a
música nos processos de alfabetização e letramento é uma proposta que se baseia na
flexibilidade pedagógica que deve fundamentar o processo de ensino-aprendizagem.
Uma proposta que não exclui os métodos tradicionais que surtem efeitos significativos,
mas coloca sempre o aluno como sujeito, centro do processo propondo uma inovação
com abrangência de horizonte cultural, valorização e enriquecimento da diversidade
(Ferreiro, 2010). Quando a língua escrita passa a ser vista como instrumento de ação,
sendo introduzida com alegria, entusiasmo, e a sala de aula como um espaço de
descontração, diálogo, em que as opiniões são ouvidas e respeitadas, sem preconceitos
ou constrangimentos, as chances de sucesso no emprego de um determinado método de
alfabetização são bem maiores. No trabalho em questão, busca-se verificar a eficácia de
estratégias pedagógicas inovadoras, cujo propósito é otimizar a aplicação dos métodos
existentes, utilizados na EJA. Nossa hipótese é que tais estratégias, em especial a
utilização da música, proporcionariam um rendimento mais satisfatório dos alunos
frente ao método aplicado pelo professor. Espera-se que a aplicação da proposta tenha
como resultado uma boa recepção pelos alunos, ou seja, que as atividades pedagógicas
em questão despertem maior interesse pela alfabetização e, desse modo, contribuam
para que o aluno consiga aprender e apreender melhor tanto habilidades de leitura e
escrita quanto conhecimentos culturais, sociais.

NUANCES DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE GÊNEROS TEXTUAIS


E INTERTEXTUALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL

Jaqueline Maria de ALMEIDA- UENF


jaquelinemalmeida@yahoo.com.br
Eliana Crispim França LUQUETTI – UENF

Este trabalho visa à análise do conceito de gêneros textuais e intertextualidade


apresentado nos livros didáticos do 5º ano do Ensino Fundamental, e se a concepção de
ensino e aprendizagem fundamentada na teoria dos gêneros textuais descrita nos PCNs
de Língua Portuguesa está de fato sendo aplicada. Nesta análise, baseada
principalmente nas metodologias propostas por Ingedore G. Villaça Koch e Luiz
Antônio Marcuschi, serão observados aspectos como: conceituação e explicação prévia
sobre o gênero a ser trabalhado, se correspondem ou não às propostas dos PCNs;
informação sobre as etapas do processo de produção textual, e a importância da

368
intertextualidade para a criação e compreensão de textos; avaliar a capacidade de
reconhecer e diferenciar o que são textos verbais e não-verbais; e ainda analisar a
categorização dos gêneros textuais, com foco nos textos não-verbais, se estes aparecem
descontextualizados, de forma apenas ilustrativa, ou se há algum tipo de
intertextualidade; pois se faz necessário avaliar como são trabalhados os textos verbais
e os não-verbais em exercícios de intertextualidade e, consequentemente, na
compreensão dos textos. Espera-se, com esta pesquisa, analisar como está ocorrendo a
leitura de gêneros textuais e da intertextualidade e, consequentemente, a produção
textual em sala de aula, uma vez que essa é uma potencial forma de se identificar como
ocorre a interação entre professor, aluno/leitor e texto. O livro didático serve como
elemento norteador de ensino, uma vez que os educadores das séries iniciais não
possuem formação específica para o ensino da língua materna. Logo, o conteúdo e
algumas indicações de aplicação do ensino devem ser elementos básicos e
fundamentais nos livros didáticos das séries iniciais. Este estudo pode indicar novos
caminhos para o ensino de produção de textos nas séries iniciais, incentivando o aluno
a desenvolver conscientemente suas habilidades linguísticas.

O ARTIGO DE OPINIÃO ATRAVÉS DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: UMA PROPOSTA


DE ENSINO

Ana Flávia Naves CARVALHO – UFLA


acarvalho@letras.ufla.br
Patrícia Alves da SILVA – UFLA
ptcalvesilva@hotmail.com

Conhecer e saber usar um número variado de gêneros textuais auxilia na formação de


um cidadão, tornando-o capaz de interagir em situações concretas de comunicação.
Considerando-se a relevância de um trabalho sistematizado para que o aprendiz possa
se apropriar de gêneros significativos, este trabalho objetiva discutir a noção de
sequências didáticas e compreender em que medida tal conceito contribui para o ensino
e a aprendizagem do gênero artigo de opinião. A sequência didática, tal como definida
por Dolz e Schneuwly (2004) consiste em um conjunto sistematizado de atividades
escolares organizadas, com vistas a desenvolver habilidades de leitura e de produção
textual, em torno de um gênero oral e escrito. Escolheu-se o artigo de opinião por se
tratar de como um gênero que permite o desenvolvimento das habilidades discursivas e
argumentativas. A partir da análise de artigos de opinião produzidos por alunos do
ensino fundamental, propôs-se um trabalho sistematizado alicerçado na concepção
metodológica de sequências didáticas. Posteriormente, foi realizada uma nova oficina,
desenvolvida como atividade no âmbito do PIBID, e os textos produzidos analisados.
Tais análises, de cunho qualitativo, permitiram reconhecer na sequência didática um
caminho possível para uma proposta de ensino que facilite a apreensão do gênero
artigo de opinião por alunos do ensino fundamental. Na construção do referencial
teórico foram considerados as pesquisas de Costa Val ( 2005), Bakhtin (1992) e Dolz e
Schneuwly (2004).

O DISCURSO ACADÊMICO-CIENTÍFICO DA LINGUÍSTICA APLICADA ACERCA DA


PALAVRA ‘MOTIVAÇÃO’

Nathalia Gontijo da COSTA – ILEEL


nathygontijo@hotmail.com

A pesquisa apresentada neste trabalho buscou verificar, a partir de uma perspectiva


discursiva, possíveis sentidos da palavra ‘motivação’ em artigos acadêmico-científicos
na área de Linguística Aplicada. Para tentar dar conta desta proposta, a pesquisa

369
articulou questões da Linguística Aplicada (LA), da Análise Dialógica do Discurso
(ADD), e da Análise do Discurso de Linha Francesa (ADF). O conceito de palavra
utilizado nesta pesquisa baseia-se na tese de Bakhtin/Voloshinov (1999:17) de que toda
palavra “é o signo ideológico por excelência; ela registra as menores variações das
relações sociais”. Nesse sentido buscamos, assim, investigar os sentidos que têm sido
construídos no funcionamento discursivo desta instância enunciativa acadêmico-
científica e também pudemos examinar quais os deslocamentos sentidurais da palavra
‘motivação’. Desenvolvemos o estudo a partir de duas instâncias de análise,
Dispositivo Matricial e Dispositivo Axiomático, nas quais focalizamos os sentidos que
se manifestam nos artigos analisados. Como resultado, foi possível depreender que as
instâncias enunciativas sujeitudinais (IES) produzem alguns sentidos para a palavra
motivação, os quais foram delineados: i) A motivação vinculada às características
individuais dos sujeitos-alunos; ii) A motivação vinculada aos sujeitos-professores; iii)
A motivação vinculada às técnicas de ensino; iv) A motivação como fator fundamental
para a aprendizagem de LE; v) A motivação como fator unicamente cognitivo.
Entendemos, portanto, que há várias significações ao se analisar a constituição da
noção de ‘motivação’, ou seja, essa noção, no escopo dos estudos que tem sido
realizados em LA, se constitui na movência e na dispersão de sentidos, revelando as
filiações teórico-ideológicas das Instâncias Enunciativas Sujeitudinais (IES).

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA E AS NOVAS TECNOLOGIAS:


APRESENTAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS OBTIDAS ENQUANTO PROFESSORES EM
FORMAÇÃO

Amanda Abadia Veloso REIS – UFU


amandavelet@gmail.com
Edson Maria da SILVA – UFU
edysonmaria@gmail.com

Pretende-se demonstrar a importância das Novas Tecnologias para o Ensino de Língua


Portuguesa e Literatura, através da participação no projeto “O Ensino de Língua
Portuguesa, Literatura e as Novas Tecnologias”, na Escola de Educação Básica da
Universidade Federal de Uberlândia e dos resultados obtidos. O projeto tem como
objetivos: implementar o uso de novas tecnologias como instrumento de ensino de
Língua Portuguesa e Literatura, permitir a nós, graduandos de licenciatura de Língua
Portuguesa, o domínio de recursos tecnológicos que tornem mais vivo e dinâmico o
processo de ensino aprendizagem, possibilitar o uso de programas de computadores e
Internet pelos professores em sala de aula como recurso pedagógico, permitir a nossa
inserção no contexto escolar, desenvolvendo atividades de ensino, assistido por novas
tecnologias, permitir a interação dos alunos de Português com alunos de Português
Língua Estrangeira no exterior. As atividades metodológicas desenvolvidas no referido
projeto foram: leitura de textos teóricos acerca das Novas Tecnologias relacionadas
com a Educação; levantamento de documentos a partir do conteúdo programático
adotado pela instituição, tais como vídeos, músicas, filmes e apresentação de
PowerPoint; observação das aulas em que os professores faziam uso dos recursos e dos
materiais coletados e/ou elaborados e suporte técnico para os professores com os
recursos tecnológicos, tais como, computadores, data show, televisão, DVD, e aparelho
de som. Para fundamentar as práticas de ensino e o uso das Novas Tecnologias como
recurso pedagógico, baseamo-nos em Moran (1997, 2000, 2009), na teoria de Múltiplas
Inteligências de Gardner (1993) e no Letramento Digital, segundo Kleiman (1995),
Soares (2002) e Xavier (2000). O projeto teve como resultado alunos preparados para
usar a tecnologia, as aulas regulares foram dinamizadas com os recursos tecnológicos,
a quantidade de material disponibilizado para o ensino de Língua Portuguesa e

370
Literatura foram aumentados e os professores capacitados a lidar com a tecnologia.

O ENSINO DO LÉXICO NA SALA DE AULA: A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE


SINONÍMIA

Maira GUIMARÃES – UFMG


mairaguimaraes@ufmg.br

Este trabalho tem como enfoque o ensino do léxico, com ênfase na semântica lexical,
tratando o conceito de sinonímia nas aulas de Língua Portuguesa. Tendo em vista que o
ensino lexical possui como objetivo a apropriação adequada dos vários sentidos e
acepções que uma palavra pode apresentar em diversos textos e contextos, podemos
afirmar que o léxico possui um caráter “sensível” às mudanças e variações de uma
língua, afinal, ele capta diretamente os fatores e acontecimentos sociais. A criação de
neologismos exemplifica esta estreita relação entre o léxico e as mudanças sociais, pois
a todo o momento palavras novas são criadas de acordo com os acontecimentos e as
necessidades de uma comunidade linguística. A sinonímia é um dos conceitos mais
conhecidos da semântica e quando bem aplicado possibilita ao aluno desenvolver
estratégias e capacidades de produção e compreensão de textos que não se limitam
apenas a extração de informações ou a decodificação de mensagens. Desta forma, o
objetivo deste trabalho é mostrar uma análise contrastiva de dois livros didáticos
destinados a alunos do 6º ano, de duas coleções diferentes, com o propósito de retratar
a abordagem do léxico através do uso de sinônimos. Com o desenvolvimento da
pesquisa, foi possível a aplicação, a uma turma de 6º ano, de um exercício sugerido por
Pauliukonis (2005). A autora propõe o ensino do léxico por meio das diferentes
adequações que este pode ter, dependendo de fatores como contexto comunicativo,
gênero textual, etc. Os resultados, que serão apresentados aqui, demonstraram que a
prática adequada do conceito de sinonímia possibilita ao aluno a ampliação vocabular,
uma vez que, assim, ele poderá fazer uso de palavras da mesma família semântica
evitando a repetição de termos na produção textual e apresentando-se como um leitor
com grande capacidade para realizar inferências.

O ENSINO DO SUJEITO INDETERMINADO COM BASE EM TEXTOS CIENTÍFICOS

Márcia Freitas RIOS – UFRRJ


marciafreitas.rios@gmail.com

O ensino das estratégias de realização do sujeito de referência arbitrária (sujeito


indeterminado) nas escolas brasileiras ainda contemplam somente as construções
prescritas pelas gramáticas tradicionais: uso da 3ª pessoa do plural, como em
"Levaram-no da cidade", ou da 3ª pessoa do singular, com o pronome se, conforme
aparece em "Precisa-se de costureira." Estudos sociolinguísticos têm mostrado,
entretanto, que outras formas de realizar a indeterminação do sujeito têm sido
utilizadas, como, por exemplo, o uso da 1ª pessoa do plural preferencialmente nulo,
como em (1), em se tratando da modalidade escrita: (1) Também apresentamos uma
experiência numérica do método com dados provenientes do perímetro irrigado de
Gorutuba, região norte do estado de Minas Gerais. (Revista Universidade Rural, Série
Ciências Exatas e da Terra, v. 26). Assim, a hipótese que orienta este trabalho é a de
que essas estratégias ainda não são contempladas pelos livros didáticos usados no
ensino de Língua Portuguesa para alunos do Ensino Médio. A pesquisa a ser
apresentada, com base nos pressupostos da Sociolinguística Variacionista, tem o
objetivo de identificar ocorrências do sujeito de referência arbitrária em textos
científicos para, a partir delas, elaborar propostas didáticas que reflitam sobre o uso
efetivo da indeterminação do sujeito. Para tanto foram utilizadas cinco artigos de

371
ciências humanas e cinco artigos de ciências exatas, encontrados em revistas de
produção acadêmica. O que se supõe é que as diferentes áreas de conhecimento
utilizam estratégias distintas para produzirem sentenças com sujeito indeterminado.
Espera-se, assim, contribuir para novas reflexões sobre o ensino da língua portuguesa
nas escolas brasileiras.

O ENSINO DO VOCABULÁRIO ATRAVÉS DO DICIONÁRIO ESCOLAR

Raquel Moreira REZENDE – UFMG


raquelmrezende@gmail.com

Os dicionários pedagógicos ou escolares são importantes instrumentos didáticos


utilizados para o ensino e aprendizagem de línguas, materna e estrangeira. Eles
oferecem informações sistematizadas sobre o léxico, seus usos e sentidos, assim como
sobre os aspectos gramaticais, linguísticos e discursivos das unidades lexicais. Além
disso, contribui para a alfabetização, para o desenvolvimento da competência de leitura
e produção textual, e estudos históricos da língua. O dicionário pode ser utilizado para
a decodificação e codificação escrita, ou seja, leitura e produção textual e, para a
decodificação e codificação oral, isto é, diálogos, apresentações orais, etc. Nesse
sentido, o dicionário escolar apresenta grande importância, pois contribui de forma
direta para que o falante desenvolva e amplie sua competência lexical e
consequentemente sua competência comunicativa. Infelizmente, muitas vezes, ele é
subutilizado pelos professores dentro da sala de aula, devido à falta de conhecimento
de seu potencial pedagógico. Apesar disso, nos últimos anos tem crescido a
conscientização do importante papel dos dicionários para o ensino e aprendizagem em
sala de aula. Assim como o dicionário escolar, o livro didático também representa uma
importante ferramenta no apoio ao ensino de língua portuguesa. Uma das
possibilidades de potencializar o uso do dicionário é através de sua utilização conjunta
com o livro didático. Considerando esses aspectos, o objetivo central deste trabalho é
mostrar a análise da coleção de livro didático de língua portuguesa do 6° ao 9° ano
intitulada Gramática Fundamental, de Douglas Tufano, discutindo como se dá o
tratamento do dicionário nessa coleção e em que medida seu uso contribui para o
ensino do vocabulário e para a ampliação lexical dos estudantes/consulentes do ensino
fundamental.

O ENSINO FUNDAMENTAL E AS AULAS DE GRAMÁTICA

Flávia Santos da SILVA – UFU


flaviasantosbr@hotmail.com
Jonas Miguel Samudio PIRES – UFU
alfjonasss@yahoo.com.br

Nos últimos anos, houve mudanças significativas quanto ao ensino de gramática nas
escolas brasileiras. Assim sendo, esse trabalho buscou investigar como se tem dado o
trato da gramática no ensino de Língua Portuguesa. Além disso, também averiguou
qual a concepção de gramática da professora. Para tanto, foram observadas aulas de
língua portuguesa, destinadas ao 6º ano do ensino fundamental, de uma escola pública
da rede municipal da cidade de Uberlândia, no estado de Minas Gerais. Também se
aplicou um questionário à professora a fim de se saber seu grau de escolaridade, quais
as dificuldades e desafios encontrados por ela ao ensinar gramática, o que ela entende
por gramática, quais as concepções de gramática que direcionam seu trabalho, quais as
metodologias utilizadas por ela no ensino de gramática, se ela sente ser necessário fazer
formação continuada, dentre outros assuntos. A priori, pensava-se que a professora iria
trabalhar de forma tradicional com a gramática, isto é, ensinar regras gramaticais por

372
meio de frases fora de contexto. No entanto, com a análise das aulas e do questionário,
constatou-se que ela tem uma visão mais moderna de como ensiná-la, uma vez que se
utilizou de textos autênticos para ajudar seus alunos a inferir as regras. Ele não ensina
gramática separadamente de produção e interpretação de texto e de literatura. Além
disso, percebeu-se que seus alunos participavam consideravelmente das aulas. E isso
não só porque ela dava bastante voz a eles, mas também porque a utilização de textos
autênticos fazia com que eles se interessassem nas aulas.

O ENSINO PRODUTIVO DA PONTUAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE


CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS

Tulio Sousa VIEIRA – UFLA


tuliofraga@gmail.com

O ensino da pontuação é uma questão que se reveste de grande complexidade, pois


apesar das pesquisas já realizadas sobre o assunto, as dificuldades encontradas na tarefa
de se pontuar adequadamente um texto ainda são muito evidentes. Nesse sentido, o
presente trabalho busca disponibilizar os resultados de uma pesquisa bibliográfica, que
teve por escopo inventariar e analisar estudos que versam sobre o ensino de pontuação.
A pesquisa em pauta elege como ponto de partida uma reflexão proposta pelos PCN’s
(BRASIL, 1997), qual seja, a importância de não se confundir ensino de pontuação
com o ensino de sinais de pontuação, uma vez que “o procedimento de pontuar é parte
da atividade de textualização” (p. 87). Assim, a pontuação é um dos elementos que
contribui para a coesão das ideias, para a garantia de uma intencionalidade do autor e
para a orientação do leitor. (PRESTES, 2005). Os resultados apontam para o
entendimento de que o uso dos sinais depende da intenção do autor, do gênero do texto,
do leitor que se quer alcançar. Desse modo, ensinar pontuação, detendo-se única e
exclusivamente nas regras normativas é insuficiente, uma vez que esse enfoque
desconsidera aspectos relevantes que podem auxiliar no uso adequado desses sinais.
Para tanto, faz-se necessária uma reflexão sobre uso e o significado da pontuação, para
que se possa entender a intenção e os objetivos do texto e de cada uma de suas partes.
Nesse aspecto, é preciso considerar que o ensino e o emprego dos sinais de pontuação
são muito importantes, pois estão relacionados, à coerência do texto e, por isso,
primordiais à produção de sentido.

O ESTUDO DO LÉXICO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ANÁLISE DO


LIVRO DIDÁTICO DE 6 º ANO DA COLEÇÃO TEMPO DE APRENDER

Juliane Pereira Marques de FREITAS – UFMG


julianepmf@yahoo.com.br

Considerando a competência lexical como a capacidade de explorar todos os usos de


uma palavra, bem como de saber relacionar essa palavra com outras unidades,
compreendemos que um estudo adequado e aprofundado do léxico permite ao aluno
adquirir um nível de conhecimento satisfatório, no que diz respeito ao léxico de sua
língua. A partir disso, depreendemos que o estudo do léxico nos livros didáticos de
português deve abordar os diversos contextos em que as palavras se inserem, pois estas
podem assumir variados significados dependendo do contexto de uso. Este trabalho,
nascido no âmbito de uma pesquisa em andamento na Faculdade de Letras da UFMG,
intitulada Observatório de neologismos na publicidade impressa: aplicação ao
desenvolvimento da competência lexical, é resultado da análise de uma coleção de
livros didáticos de português (LDP), na modalidade de Educação de Jovens e Adultos,
numa avaliação do tratamento dado ao léxico, especialmente o desenvolvimento da
competência lexical. Nosso objetivo, com este painel, é apresentar os resultados da

373
análise empreendida, referentes apenas ao volume do 6º ano da Coleção Tempo de
aprender (2009), de autoria de Cícero de Oliveira Silva, Elizabeth Gavioli de Oliveira
Silva e Greta Nascimento Marchetti. Nossa análise consistiu, portanto, em verificar no
LDP supracitado a metodologia usada no trato com os conteúdos lexicais. Foi
observado, por exemplo, se os exercícios e estudos sobre o léxico são contextualizados,
isto é, dado um tema como a sinonímia, como se configura sua abordagem no LDP?
Como fundamentação teórica, este trabalho se apoiou em importantes textos teóricos
como os de Ilari (1986), cuja abordagem desenvolve aspectos importantes sobre o
ensino do vocabulário, Kleiman (1996), que trata especificamente do ensino do léxico
através da leitura, e Ferraz (2008) no que diz respeito à análise do livro didático.

O FIM DO PARTICÍPIO LATINO: A ADJETIVAÇÃO

Sara Gonçalves RABELO – UFU


sararabelo@gmail.com

Durante a exposição de painéis pretendo apresentar alguns resultados do projeto de


pesquisa de Iniciação Cientifica FAPEMIG/UFU (Universidade Federal de Uberlândia)
finalizado em março de 2012, intitulado “Estudo do Emprego do Particípio, Gerúndio e
Gerundivo no Livro I das Tusculanae Diputationes de Cícero”. A pesquisa teve o
intuito de analisar a sintaxe do texto clássico latino, levando em consideração sua
grande importância para entender a fundo a nossa língua materna. Com isso, nessa
apresentação, pretendo mostrar o destino dos particípios latinos, os quais em Latim
podiam desempenhar várias funções e, em Português, passam a se tornar muitas vezes
apenas adjetivos. É importante destacar que, em Latim, esse uso adjetival conserva a
noção de particípio passado passivo e o emprega como adjetivo em função predicativa
com sum. Importante ressaltar que a construção com o particípio perfeito resulta da
união de uma ação mais uma cópula e que se torna um adjetivo. Esta construção
mencionada recupera semanticamente a função do verbo ser. Quando falamos "clausa
est" falamos que “foi fechada”, pois é um perfeito passivo, mas o particípio passado
passivo está em sua função predicativa, funcionando como um adjetivo predicativo.
Contudo, explica-se: essa construção, clausa est permite uma tradução “está fechada”,
pois se foi fechada, ela continua fechada. A partir disto, analisam-se frases latinas e
frases em português, traçando paralelos, atenta-se para o emprego da terminologia
gramatical latina e portuguesa, com o intuito de mostrar a importância de se estudar a
nossa língua em seu percurso de mais de dois milênios.

O LIVRO "POR UMA VIDA MELHOR" E A MÍDIA: HOUVE ESPAÇO PARA A


LINGUÍSTICA?

Lukelly Fernanda Amaral GONÇALVES – UFOP


lukellyf@hotmail.com
Renata Lena de LOURDES – UFOP
renatallourdes@yahoo.com.br
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), um dos mais antigos programas
voltados à distribuição de obras didáticas a estudantes da rede pública de ensino
brasileira, restringia-se até 2010 à aprovação e distribuição de livros didáticos para o
ensino fundamental e para a educação infantil. Em 2011, pela primeira vez, surge o
PNLD – EJA, destinado, como a própria sigla diz, à escolha de livros para os alunos do
EJA. Um dos livros adotados por esse novo programa, o livro “Por uma vida melhor”,
organizado por Heloísa Ramos, foi foco de críticas da mídia, o que gerou debate
nacional sobre os critérios do PNLD e sobre a pertinência ou não do livro para o
ensino. Como outros livros didáticos de português no Brasil, este tem um capítulo que
trata sobre variação linguística - "Escrever É Diferente de Falar", contudo, foi

374
justamente esse capítulo que gerou toda a celeuma. No começo do capítulo as autoras
apresentam noções linguísticas explicando que a língua apresenta variantes, sendo
essas a variedade culta ou norma culta e a variedade popular ou norma popular. Neste
trabalho, foi feita uma análise crítica do discurso midiático (televisivo e impresso) e foi
posto à tona a postura parcial da mídia, pois comprovou-se que essa não deu enfoque
aos argumentos de linguistas. Os estudos linguísticos há muito já defendem a
coexistência de variedades linguísticas e defendem um ensino que contemple o
fenômeno da variação. Os PCNs de língua portuguesa, que servem de parâmetro aos
critérios de escolha do PNLD, também valorizam a variação e, logo, um debate sobre o
livro “Por uma vida melhor” deveria contemplar os estudos linguísticos.

O PAPEL DA IMAGEM NA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: PRESSUPOSTOS


SEMIÓTICOS APLICADOS AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Elisson Ferreira MORATO – UFMG


elissonmorato@yahoo.com.br

O objetivo deste trabalho é discutir o papel da imagem na interpretação de textos


oferecendo subsídios a abordagem de textos construídos através de códigos verbais e
icônicos. Tomamos como referencial teórico a semiótica francesa, ou greimasiana,
através dos conceitos de sincretismo, plano de conteúdo e plano de expressão,
conforme Greimas; Courtès (2008). Para a semiótica, o texto é formado pela junção de
um plano de conteúdo e um plano de expressão. O texto, nessa perspectiva, pode ser
verbal, não verbal ou sincrético, neste caso, quando se utiliza de dois códigos em sua
expressão. No plano de conteúdo, temos o percurso gerativo de sentido organizado em
três níveis: no nível fundamental encontramos categorias que sustentam a significação;
no nível narrativo essas categorias são colocados dentro de um programa narrativo; no
nível discursivo essa narrativa é enunciada, tematizada e figurativizada. A esses três
níveis se junta um plano de expressão através do qual chegamos à significação do
texto. Por esse pressuposto, ao dissociar a imagem do material verbal analisa-se apenas
parte do texto, e, assim, interpreta-se apenas parte do sentido. Para demonstrar nossas
colocações recorremos à análise de um texto jornalístico e de um texto publicitário,
ambos sobre a proibição de sacolas plásticas no comércio: o primeiro tem a imagem
apenas como coadjuvante, já no segundo a imagem é elemento central na construção do
sentido. Nos textos analisados, procuramos demonstrar como ambos têm sua
significação construída pela utilização conjunta do código visual (a imagem icônica,
cores, formas) e do código verbal. São desse modo, dois textos sincréticos nos quais é
importante não dissociar o material verbal do icônico, posto que, embora o plano de
expressão seja sincrético, o discurso presente no plano de conteúdo é único e se
sustenta em dois tipos diferentes de código.

O PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO: ENTRE ESTRATÉGIAS DE


MANIPULAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO ETHOS

Fábio PACHECO - UNIFRAN


fpacheco@unifran.br

A área de planejamento, em uma agência publicitária tem como objetivos orientar e


definir as bases dos anúncios publicitários, também chamados de textos publicitários,
que são frequentemente sincréticos, e que aparecem inseridos em diversos meios. Este
trabalho tem como objetivo analisar, de forma geral, os ethos e as estratégias de
manipulação que são construídos pela área de Planejamento publicitário e, mais
especificamente, aqueles que tratam da temática do meio ambiente. Para tanto, serão

375
selecionados anúncios diversos, veiculados em meio impresso, que tratem justamente
da preservação, conservação do meio ambiente, da economia de bens duráveis e não
duráveis, da sustentabilidade e da reciclagem, entre outros. Este estudo parte do
pressuposto de que a partir do processo sistematizado, que é a atividade de
planejamento, existe a possibilidade de desenvolver um produto que apresente um
direcionamento consistente, e que redunda na construção dos diversos ethos presentes
em um discurso publicitário, junto à multiplicidade de elementos, como as estratégias
de manipulação dos sujeitos implicados, as isotopias figurativas e temáticas, paixões e
formas de vida. Observar o planejamento publicitário sob uma perspectiva semiótica
nos permite evidenciar (1) as estratégias de produção e veiculação dos chamados
anúncios publicitários, (2) a orientação da destinação desses anúncios, isto é, o
estabelecimento de um ou mais destinadores e seus respectivos destinatários
pressupostos, e (3) os mecanismos de construção de uma ideia de preservação do meio
ambiente. Além disso, a análise permite que se veja claramente o modo como valores
sociais e ideologias são mesclados e empregados na construção do texto publicitário.
Como pressupostos teóricos, empregaremos a metodologia da Semiótica Francesa,
tendo como referência especialmente os trabalhos de A. J. Greimas e seus
continuadores.

O PROCESSO DA COMPREENSÃO NA LEITURA DO GÊNERO RESUMO


ACADÊMICO

Rubia Mara BRAGAGNOLLO – UNESP


rubiamara87@hotmail.com

Este trabalho, resultado de estudos em uma disciplina cursada durante o Mestrado, teve
como objetivo o de realizar uma análise do processo de compreensão do gênero
Resumo Acadêmico a partir dos pressupostos teóricos relacionados à leitura
concebidos por autores como Coracini (1995), Leffa (1996), Dell’Isola (1996),
Menegassi (2005, 2010), entre outros. A fim de analisarmos o material coletado,
discorremos acerca das concepções de leitura que perpassaram o ensino de línguas na
educação brasileira, adotando e focando a concepção de leitura interacionista (Leffa,
1996) como facilitadora no trabalho com a leitura em sala de aula. Também, fazemos
uma exposição das etapas de leitura, principalmente do processo de compreensão, que
é o foco, abordando sua avaliação, bem como suas propriedades. Há estratégias de
avaliação, que são propostas por Borafull (2003), e estão divididas em: antes, durante e
após a leitura. Assim, como o resumo é uma produção escrita, que se realiza após a
leitura, este será o critério de avaliação proposto aqui. A análise de material para
comprovação da teoria se deu por meio de um resumo acadêmico escolhido, como
mostra representativa do todo, de uma turma do 1º ano de Letras (Português Única) da
Universidade Estadual de Maringá (UEM). A atividade com o resumo aconteceu em
uma aula de Linguística I, em que observamos e participamos do processo ativamente,
como mediadora. Sendo o Resumo Acadêmico um dos exemplos de gênero discursivo
em que mais se evidencia a compreensão, através da sua forma escrita, analisamo-lo
como parâmetro para avaliação desta etapa. Acreditamos que, com as análises, este
gênero demonstra se constituir num recurso importante para a avaliação da
compreensão leitora, sendo considerado uma alternativa autêntica de texto para tal
finalidade.

ORALIDADE: PADRÕES E CARACTERÍSTICAS NO CONTEXTO ESCOLAR

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Gizela Pedroso JUNQUEIRA – UFLA
gizela@letras.ufla.br

Com o avanço dos estudos linguísticos, a oralidade tem ocupado parte das discussões
acerca do currículo das instituições escolares. Nesse sentido, tem-se discutido que a
língua, em sua modalidade oral apresenta uma variedade de usos, que ocorrem
dependendo dos interlocutores, da situação ou da mensagem a ser transmitida. Dada a
sua complexidade, a oralidade é uma das competências pouco evidenciadas em sala de
aula, uma vez que se tem a crença de o aprendizado da língua oral, se dá em ambiente
doméstico, por isso não é tarefa só da escola. Trabalhos de expressão oral são muito
mais que leitura de textos em voz alta. Eles incluem o incentivo à manifestação
espontânea e frequente dos alunos em qualquer disciplina. As atividades partem de
situações simples, como a sua disposição para ouvir e permitir que crianças e jovens
exponham suas ideias. Depois, é preciso criar ações didáticas que possibilitem
experiências significativas da comunicação pela fala. No planejamento pedagógico, o
professor precisa ter um cuidado especial para com o processo da oralidade. No ensino
médio, segundo os PCN’s (BRASIL, 2000), o aluno deverá ter capacidade de
articulação, elaboração das ideias e maturidade para uma exposição oral objetiva e
compreensível. Nessa perspectiva, ensinar língua oral não significa trabalhar apenas a
capacidade de falar em geral, significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam
a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas. A partir dessa
contextualização, o presente trabalho busca caracterizar a oralidade, bem como
discorrer sobre o seu ensino na sala de aula. Espera-se, com tal objetivo, disponibilizar
uma reflexão acerca de um tema, que é muitas vezes, tratado com marginalidade, nas
escolas, pois existe uma crença que não há necessidade de se trabalhar com a oralidade,
pois os alunos já são falantes, salvo alguma patologia.

OS FENÔMENOS DE HARMONIA VOCÁLICA, NEUTRALIZAÇÃO E REDUÇÃO


VOCÁLICA NO MUNICÍPIO DE ARAGUARI/MG - CONFORME TEORIA DA
OTIMALIDADE

Elaine Amélia de MORAIS – UFU


elaineamelia.morais@gmail.com

O presente projeto tem como intuito apresentar as considerações iniciais sobre o


desenvolvimento do projeto: “Os Fenômenos de harmonia vocálica, neutralização e
redução vocálica no Município de Araguari/MG – Segundo a Teoria da Otimalidade,
orientado pela Prof. ª Dr.ª Marlúcia Maria Alves, do Instituto de Letras e Linguística da
Universidade Federal de Uberlândia. Este projeto tem o propósito de observar os
processos fonológicos como à harmonia vocálica, neutralização e a redução vocálica
que compreendem a produção das vogais. E para tal observação destes fenômenos se
faz necessária a utilização de uma teoria que explique, de modo satisfatório, como a
Teoria da Otimalidade que oferece algumas opções de candidatos e considera o mais
ótimo. Assim, a presente pesquisa pretende verificar, através dos dados obtidos, a
produção das vogais médias em posição pretônica na cidade mencionada,
representativa da região do Triângulo Mineiro. Para tanto foram feitos estudos
anteriores sobre: Mattoso Câmara (1970), Leda Bisol (1996), Thaïs Cristófaro (2001), e
através dos seus trabalhos é possível compreender melhor a respeito deste projeto. Já a
teoria da Otimalidade será empregada para a análise dos dados e como é uma teoria
recente, não é ainda muito utilizada. Deste modo, a Teoria da Otimalidade é capaz de
fornecer dados substanciais sobre a ocorrência da variedade dos fenômenos de
harmonia, redução e neutralização vocálicas a serem analisados na cidade de Araguari.

377
Portanto, este projeto é de suma importância pelo fato de outros pesquisadores já terem
desenvolvido pesquisas sobre os fenômenos vocálicos mencionados, mas não terem
pesquisado anteriormente esta região. Por isso, este trabalho vem a contribuir para
outras pesquisas que apontem as variações fonológicas dos falantes da cidade de
Araguari.

OS GÊNEROS PRESENTES NA REVISTA CAROS AMIGOS: UMA REPRESENTAÇÃO


DE SEU PERFIL EDITORIAL

Isley Borges da SILVA JUNIOR – UFU


isleyborges@hotmail.com
Raissa Dantas de SOUSA – UFU
dantas.raissa@gmail.com

Neste trabalho, analisamos os gêneros da esfera jornalística presentes na revista Caros


Amigos, com o objetivo de identificar qual tipo de jornalismo nela predomina e qual é
o seu perfil editorial. Para isso, apoiamo-nos nos pressupostos teóricos de José
Marques de Melo (2003), que apresenta as categorias dos jornalismos informativo e
opinativo, e no estudo de Assis (2008). Nós selecionamos três edições da revista: nº
166 – janeiro/2011; nº 170- maio/2011 e nº 174- setembro 2011. A escolha dessa
revista deve-se ao fato de acreditarmos que ela procura praticar um jornalismo
independente, crítico e comprometido com a transformação da sociedade brasileira. As
análises mostram que os gêneros do jornalismo opinativo representam 76% do total de
textos das três edições e os do jornalismo informativo, 21%. Essa análise inicial
permitiu-nos caracterizar a Caros Amigos como uma revista democrática, com
predominância de gêneros do jornalismo opinativo. Isto quer dizer que encontramos
nessas edições não simples relatos de acontecimentos, mas escritos que, de alguma
forma, criticam e jogam luz a temas atuais. Acreditamos que as mídias impressas “são
ricas fontes de dados de projetos de pesquisa nas ciências sociais” (MAUTNER, 2008,
p. 48) e, por isso, deve-se investir em estudos de cunho quantitativo e qualitativo dos
gêneros e conteúdos nelas presentes. Considerando que os Parâmetros Curriculares
Nacionais preconizam o ensino da língua portuguesa por meio dos gêneros discursivos,
acreditamos que esta investigação pode auxiliar os professores dos ensinos
fundamental e médio, pois focaliza os gêneros, permite uma observação atenta das suas
características e funções e, nesse sentido, pode contribuir para a construção da
competência discursiva dos estudantes. Para a realização do trabalho, contamos com
orientação da professora Maria Aparecida Resende Ottoni, do instituto de Letras e
Linguística da Universidade Federal de Uberlândia.

OS NEOLOGISMOS SEMÂNTICOS NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA: ABORDAGEM


EM SALA DE AULA A PARTIR DO CONTEXTO DE USO

Élida Ferreira MARTINS – UFMG


elidafmartins@gmail.com

O uso da palavra não só confirma, mas principalmente determina seu significado. Em


língua portuguesa, quando ocorre uma transformação no significado de um item lexical
sem que este item sofra uma mudança formal, tem-se a criação de um novo elemento, o
qual denominamos neologismo semântico. Considerando a hipótese de que o contexto
de uso de uma unidade lexical, quando diversificado, leva à formação de nova(s)
unidade(s), através da implementação de novo(s) significado(s) à forma existente, o
objetivo deste trabalho é mostrar que, no estudo do léxico em sala de aula de
português, é possível trabalhar com o neologismo semântico, a partir do contexto de
uso de um item lexical, identificando pistas para a apreensão de seu significado. Para

378
os procedimentos metodológicos, utilizou-se aqui de uma base de dados, contendo
expressivo número de unidades lexicais neológicas, coletadas em um corpus da
publicidade impressa, composto de textos publicitários veiculados pelas revistas Veja,
IstoÉ e Época, cujas edições abarcam o período de janeiro de 2001 a dezembro de
2010, pertencente ao projeto de pesquisa em andamento na Faculdade de Letras da
UFMG, intitulado Desenvolvimento do observatório de neologismos na publicidade
impressa: produtividade e competência lexical em português. O estatuto de neologismo
que se confere aqui às unidades léxicas selecionadas seguiu o critério de registro
dicionarizado, com a adoção de um corpus de exclusão, constituído por três grandes e
representativos dicionários brasileiros. Nossa fundamentação teórica se apoia em
Guilbert (1975) e Alves (1990), na conceituação de neologia e neologismo, e Ferraz
(2006), no que diz respeito à análise do corpus.

OS POSSÍVEIS “DIÁLOGOS” ENTRE O FAUSTO DE MARLOWE E O FILME O


ADVOGADO DO DIABO DE TAYLOR HACKFORD

Alyne Mayra dos Santos MARTINS - FAMA


zitonyni@hotmail.com

Este trabalho tem como foco analisar os “diálogos” existentes entre a obra Fausto de
Marlowe e o filme O advogado do Diabo de Taylor Hackford tendo como objeto de
discussão o conceito de adaptação. A noção de adaptação encontra-se no centro de
grande debate desde a existência dos primeiros filmes. A câmera revela ao espectador
aspectos que muitas vezes passam de maneira despercebida. O conceito de adaptação
serve como noção norteadora da pesquisa na medida em que será posto em xeque seu
significado enquanto critério de valor baseado na “fidelidade” ao original uma vez que
se pretende evidenciar a noção de adaptação como “diálogo”, ou seja, transposição
criativa de uma ideia de um código para o outro. Será possível observar que mesmo o
filme o Advogado do Diabo não trazendo a fidelidade no sentido tradicional do termo,
este tem cenas que nos remetem ao livro Fausto de Marlowe, nos fazendo entender esse
novo princípio de transposição de uma obra literária para um filme, onde este último
não precisa ser uma cópia do primeiro, levando em consideração a diferença entre a
literatura e o cinema. Sendo assim é possível estabelecer um “diálogo” entre a obra e o
filme, partindo da observação das cenas e da interpretação do filme e do livro levando
em consideração suas técnicas e códigos de comunicação. Na análise feita a partir das
artes em questão (literária e cinematográfica) foi possível observar que mesmo estas
fazendo parte de universos distintos, ou seja, fazendo uso de códigos diferentes, é
possível perceber que uma se remete a outra, levantando assim o “diálogo” entre as
mesmas. Sendo assim, é possível observar que a noção de adaptação baseada na
fidelidade, pode ser colocando em xeque dando espaço aos possíveis “diálogos”
existentes entre a obra e filme em questão.

OS PROCESSOS CONSTITUINTES DE ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO SACRO:


UMA INCURSÃO PELO SERMÃO DA SEXAGÉSIMA

Márcia Helena dos SANTOS – UPM


marcia.profa@hotmail.com

Um dos objetivos que norteiam este trabalho é deixar demonstrado o princípio de que o
processo argumentativo no Sermão da Sexagésima é um instrumental fundamental da
oratória de Padre António Vieira. Temos observado algumas dificuldades apresentadas
por um número considerável de religiosos na elaboração das homilias, no que tange à
eficácia da argumentação retórica. Tal situação encontra-se nas escolhas linguísticas

379
desses oradores, as quais não só são responsáveis pela transmissão de informação, mas
também pelo poder de transformação, resultado da persuasão. Assim, ancorada na
perspectiva teórica que considera o texto lugar de interação de sujeitos dialogicamente
constituídos, ativos, que (re) constroem os sentidos a partir das pistas linguísticas e nos
estudos da Teoria da Argumentação abordados por Perelman e Olbrechts-Tyteca
(1996) e nos da Enunciação abordados por Benveniste (1995), estas reflexões têm
como pressuposto que a exploração desses processos constituintes de argumentação e
das figuras de retórica, que povoam o discurso desse pregador sacro singular, são
estratégias fundamentais e eficazes para a construção do discurso religioso, capaz de
muito mais que explicar o Evangelho convencer e persuadir a comunidade a viver a
palavra proferida Nele. A metodologia adotada é a analítico-interpretativa:
primeiramente faremos apontamentos sobre a fundamentação teórica, e posteriormente,
aplicaremos esses apontamentos na análise de alguns enunciados dos capítulos
escolhidos. Como objeto de estudo, escolhemos aleatoriamente alguns capítulos que
compõem essa obra cujo tema é expresso por uma metáfora: Pregar é semear. Além de
contribuir com os estudiosos do discurso religioso, esperamos também somar as nossas
reflexões às já existentes sobre os estudos da Argumentação Retórica.

OS USOS EXISTENCIAIS DE “TER” E “HAVER” EM NOTÍCIAS NO INÍCIO DO


SÉCULO XX ESCRITAS EM UBERABA: CONTRIBUIÇÕES VARIACIONISTAS PARA
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Éricka Fernanda Caixeta MOREIRA – UFTM


ericka_moreira@hotmail.com

O uso do verbo TER existencial quase não é abordado em gramáticas normativas e


escolares, e quando essa ideia é apresentada, seu uso é descartado, principalmente, na
língua escrita. Entretanto, diversas pesquisas linguísticas mostram que desde o latim
clássico, TER e HAVER sofrem alterações em seus usos, indicam, principalmente, que
o TER, gradualmente, está substituindo o HAVER em estruturas de posse e em
construções de tempos compostos. Recentemente, outras pesquisas também apontam
que o TER e o HAVER coocorrem em estruturas existenciais. Callou e Avelar (2000),
por exemplo, ao analisarem a variação TER e HAVER existenciais na fala culta carioca
nas décadas de 70 e 90, mostram que a penetração de TER no campo de HAVER ainda
não se completou, apontam uma mudança em progresso. Vitório (2006), ao analisar a
variação TER/HAVER na escrita de alunos de 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental da
cidade de Maracanaú-CE, com o objetivo de verificar a frequência de emprego desses
verbos e analisar se fatores linguísticos e sociais interferem no uso, não só demonstra
que o emprego de TER é maior do que a de HAVER (89% de TER e 11% de HAVER),
mas também aponta que esta variação é condicionada por fatores linguísticos. Assim,
com base na Teoria Variacionista e partindo da hipótese de que existem diferenças
entre o que se prescreve a gramática normativa e os usos reais da língua, visamos
estudar os verbos TER e HAVER existenciais em notícias extraídas de jornais de
Uberaba do início do século XX. Buscamos identificar os sentidos em que tais verbos
possuíam na escrita de Uberaba daquela época, auxiliar para o levantamento de
características do português mineiro da região de Uberaba contribuindo com discussões
sobre o ensino dessas formas verbais nas disciplinas de língua portuguesa.

PERSPECTIVAS DE LETRAMENTOS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE


LÍNGUA MATERNA NA UFOP

Ana Paula Gonçalves CARVALHO – UFOP


ana_paulagc@yahoo.com.br

380
A pesquisa tem como propósito investigar se as novas perspectivas sobre letramento,
quando presentes na formação inicial, podem contribuir para reformulação do ensino
de língua materna, que ainda hoje tende a um ensino tradicionalista. A hipótese aqui
levantada é de que as lacunas presentes no ensino aprendizagem de língua materna, no
âmbito escolar, podem estar relacionadas à formação inicial dos professores de língua.
Nesta pesquisa, temos como suporte teórico-metodológico os novos estudos sobre
letramento, principalmente Street (2007) que tem uma perspectiva etnográfica com o
intuito de melhor compreender o termo letramento, a fim de modificar as políticas de
educação. Essa perspectiva foca em estudar aspectos da vida diária e práticas culturais
de um grupo social, tais como suas práticas de letramento. Também temos base teórica
Soares (2010) e Silva (2010) para quem currículo representa mais que um conjunto de
conteúdos que organizam e direcionam o que deve ser ensinado aos alunos, o currículo
é também uma questão de poder e identidade. O trabalho foi desenvolvido a partir da
análise do PCNs, Currículo Básico Comum do Estado de Minas Gerais e currículos de
Língua Portuguesa do curso de Letras da UFOP, UFMG e Viçosa com o intuito de
identificar se esses documentos abordam as recentes reflexões sobre a
língua/linguagem levantadas pela Linguística Aplicada. Neste trabalho, apresentaremos
as análises feitas na UFOP. Os resultados preliminares mostram que os novos estudos
sobre letramento ou mesmo esta área de estudos não faz parte do currículo oficial do
curso, representando uma lacuna na formação dos estudantes de licenciatura desta
universidade.

PESQUISA COLABORATIVA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRAPONDO


DUAS PERSPECTIVAS DE ENSINO

Michele Cristina Ramos GOMES – UFJF


micheleramos.uf@gmail.com
Ariane Alhadas CORDEIRO – UFJF
nanialhadas@hotmail.com

O presente trabalho é parte da pesquisa “Gêneros textuais: entraves e perspectivas”


(financiamento FAPEMIG e UFJF) e tem como objetivo realizar uma comparação
entre a perspectiva de ensino de duas professoras de escolas públicas de Juiz de Fora –
MG. Para tanto, analisamos dados gravados durante as sessões reflexivas realizadas de
agosto de 2011 até o presente momento, sessões essas que envolveram dez professoras
de Ensino Fundamental e Médio, duas pesquisadoras e quatro bolsistas. Iniciada em
2010, a pesquisa visa proporcionar, entre outros, formação continuada de professores,
de forma que suas práticas de ensino de língua estejam condizentes com a concepção
discursiva de linguagem (BAKHTIN, 1992; TRAVAGLIA, 2000). Visamos, como
consequência, a uma gradual ampliação na competência discursiva e no letramento do
aluno (SOARES, 2001). Acreditamos que, para isso, é necessário que os professores
tenham formação condizente com essa perspectiva, refletindo coletivamente sobre suas
práticas. Pautamo-nos, então, na metodologia da “pesquisa colaborativa” (IBIAPINA,
2008), que pretende, para além de descrição, possibilitar construção do conhecimento
para mudanças da realidade escolar. Os resultados demonstram que, após a reflexão das
relações entre teoria e prática profissional, e a produção coletiva de conhecimentos
sobre o ensino de LP e sobre os gêneros textuais, bem como sobre a transposição
didática, houve mudanças positivas na prática de uma das docentes. Na comparação
entre a prática das duas professoras citadas, pudemos perceber que o enfoque das aulas
de LP tendo como objeto os gêneros textuais, proporciona inserção do aluno em
práticas de letramento.

PIBID – SUBPROJETO LÍNGUA PORTUGUESA: O ENSINO DOS GÊNEROS

381
TEXTUAIS, NOTÍCIA E EDITORIAL

Ana Carolina Oliveira Silva REIS – UFU


ana_carolina@msn.com
Aliandra Ferreira de JESUS – UFU
aliandra.ufu@gmail.com

O trabalho refere-se ao relato de experiências das referidas discentes e participantes do


PIBID Subprojeto Língua Portuguesa, a cerca do ensino de Gêneros Textuais para
alunos do ensino médio de uma escola estadual. As alunas buscam, por meio do painel,
relatar como foi o minicurso que ofereceram para tais alunos durante dois dias, bem
como as eventuais dificuldades, facilidades e a “recepção” destes quanto ao conteúdo
(gêneros textuais) e a metodologia aplicada para este ensino. No minicurso, as alunas
utilizaram matérias de jornais para mostrar aos alunos as especificidades dos gêneros
notícia e editorial. O referido trabalho demonstrará o quão produtivo pode ser o ensino
de gêneros textuais para alunos de todos os níveis escolares, pois é também por meio
de suportes encontrados em seus cotidianos, neste caso, o jornal, que os alunos podem
desenvolver tanto a leitura como a escrita. É importante ressaltarmos a necessidade da
inserção do ensino de gêneros textuais no âmbito das escolas públicas, pois é, por meio
deles que os alunos poderão conhecer, desenvolver e aprimorar as técnicas da escrita,
bem com as da leitura, objetivando a formação de leitores e escritores críticos e
atuantes na sociedade. Este trabalho tem como foco a análise e o relato da experiência
das bolsistas do PIBID – Subprojeto Língua Portuguesa, enquanto docentes e
observadoras de uma nova abordagem de ensino da língua portuguesa, o ensino de
Gêneros Textuais, o qual é também o foco desse subprojeto.

POEMA EM SALA DE AULA: UM GÊNERO EM DISCUSSÃO

Adriana Regina MOREIRA – UFVJM


dridiamantina@hotmail.com

Nossa pesquisa focaliza-se no estudo do gênero poema e parte da hipótese de que ele
aparece em diversas esferas e etapas da construção do conhecimento por parte do aluno
durante suas vivências e que sofra alterações formais e de conteúdo com o passar do
tempo. Ela objetiva descrever e analisar como os alunos de uma turma do nono ano de
uma escola pública de Diamantina (MG) interpretam poemas, como lhes é ensinado o
gênero, como eles o (re)produzem e quais os espaços de circulação e acesso. Para isso,
nos baseamos nos conceitos de gênero propostos por Bakhtin (1992), Marcuschi (2001)
e Schneuwly (2004), bem como nos ensinamentos sobre poema/poesia apontados por
Sorrenti (2007), dentre outros. Metodologicamente optamos por assistir e gravar as
aulas cujo tema fosse centralizado no estudo de poemas e recolhemos uma atividade
realizada pelos discentes através da qual pudemos perceber como eles identificam,
interpretam, relacionam o texto com fatos e informações veiculadas com a realidade e
qual a importância que eles atribuem àquele poema/gênero. Faz parte também de nosso
corpus de pesquisa as produções poéticas dos discentes e um questionário respondido
por eles. Nossas hipóteses giravam em torno da crença de que todos, por já estarem no
nono ano do ensino fundamental, conheciam bem o gênero e que, dessa forma, os
interpretava satisfatoriamente. Entretanto, foi constatado que todos discentes, embora
reconhecessem poemas, alguns tinham ainda dificuldade de definir o que é rima, verso
e estrofe. O local onde têm maior contato com o gênero é na escola, que também é o
espaço em que geralmente os alunos os compõem, não descartando, entretanto, o
acesso via internet, revistas e jornais.

PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS

382
Helen Cristine Alves ROCHA – UFU
ki-tine@hotmail.com

Em relação ao ensino de português como língua estrangeira, foi somente a partir de


1980 que livros didáticos começaram a ser produzidos no Brasil. Por ser algo tão
recente, as universidades do país ainda não oferecem cursos para a formação de
professores nessa área, o que faz com que não haja profissionais capacitados, nem bons
exames de nivelamento e de proficiência para avaliar os conhecimentos dos aprendizes.
Na tentativa de se contribuir com essas investigações, o presente trabalho visou
investigar como tem se dado o ensino de Língua Portuguesa (LP) como Língua
Estrangeira (LE). Para isso, foi realizada uma observação de uma aula em um curso de
LP para estrangeiros, e uma entrevista com o professor ministrante da aula. Com isso,
objetivou-se evidenciar as estratégias, os recursos utilizados pelo professor, como,
também, averiguar a fluência, a motivação, o domínio sobre o conteúdo ensinado e a
interação entre professor e aluno. Assim, observou-se que é importante que esteja
vinculado aspectos (sociológicos, antropológicos, históricos, artísticos, dentre outros)
da cultura brasileira ao ensino de Língua Portuguesa como Língua Estrangeira, afim de
que, na sala de aula, seja investida a construção do conhecimento de forma
compartilhada e intertextual. Isso colabora com o fato de os alunos começarem a
expandir seus horizontes e conhecer uma nova visão de mundo e de cultura. Dessa
forma, a partir das discussões e da observação de aula discutidas, considerou-se que a
aula observada ocorreu de forma bastante comunicativa, pois o professor além de usar
seu conhecimento faz uso também de algumas habilidades, as quais dão apoio para que
os alunos possam aprender de forma mais dinâmica e interativa, ou seja, no ensino de
línguas a abordagem comunicativa desse professor é sócio-interacionista.

PRÁTICA DE REESCRITA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: UM ESTUDO


DA PRODUÇÃO DO GÊNERO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Aliny Sousa MENDES – UFT


alinymendes.uft@gmail.com

Neste trabalho investigamos o processo de reescrita de relatórios de estágio


supervisionado, produzidos por professores em formação inicial, numa Licenciatura em
Letras. Orientada pelos pressupostos teóricos da linguística sistêmico-funcional, a
análise documental corresponde ao principal procedimento teórico-metodológico
assumido na pesquisa. Esta pesquisa está situada no campo da LA, pois focalizamos o
uso da escrita reflexiva como instrumento de mediação na formação inicial do
professor. Para subsidiar a análise dos dados de pesquisa, utilizamos os pressupostos
teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), que, conforme Eggins (2004, p. 2),
“é cada vez mais reconhecida pela viabilidade descritiva e interpretativa,
proporcionadas pelo quadro teórico disponibilizado para conceber a linguagem como
uma fonte estratégica de construção de sentido”. A LSF pode funcionar como um
instrumento de análise bastante útil a outros campos do conhecimento científico,
interessados em investigar fenômenos sociais, manifestados por meio de textos, em
suas mais diversas configurações. Foram identificadas quatro atividades linguísticas na
referida prática de reescrita, as quais são aqui denominadas de (i) apagamento da
informação apresentada, (ii) expansão da informação apresentada, (iii) reflexão sobre a
prática observada e (iv) fuga da informação solicitada. Essas atividades foram
instauradas em resposta às indicações de reescrita do professor-orientador, as quais
procuraram proporcionar principalmente a reflexão crítica na escrita dos estagiários,
conforme idealizado para o gênero relatório de estágio supervisionado. A intervenção

383
investigada possibilitou uma maior familiarização do aluno-mestre com a prática de
reescrita, a qual parece imprescindível para desencadear a reflexão crítica sobre as
atividades práticas do estágio supervisionado, além do aprimoramento propriamente
dito do texto escrito, adequando-o ao gênero solicitado. Acreditamos então que a
produção do relatório de estágio supervisionado regida pela atividade de reescrita pode
contribuir para o fortalecimento do letramento do professor.

PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CAMINHOS E DESCAMINHOS

Márcia Dantas de MORAIS – UNIFAL


marcia_dantas@msn.com

O presente Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica Voluntária está inserido no


âmbito do Programa de Consolidação das Licenciaturas – Prodocência, e vinculado ao
Grupo de Pesquisa: Literatura, Linguagem e Outros Saberes, na linha de pesquisa
Textualidade e Textualização em Língua Portuguesa, na Universidade Federal de
Alfenas – UNIFAL-MG, busca estudar a avaliação da aprendizagem da perspectiva das
habilidades de leitura, contrariando a avaliação do conteúdo, praticada nas escolas
brasileiras, e que tradicionalmente é chamada de “prova”. Neste trabalho, pretendemos
buscar desvendar um modelo de avaliação que seja justa e capaz de aferir o verdadeiro
grau de aprendizagem da leitura dos alunos nas escolas brasileiras. Nossa hipótese é de
que a avaliação diagnóstica pode cumprir a função de verificar a aquisição de
habilidades de leitura, e assim fornecer parâmetros para uma intervenção pedagógica
no ato avaliativo. Nosso corpus é composto por 4 avaliações aplicadas em 105 alunos
da 7ª série (8º ano) de uma escola estadual, e os gráficos de aproveitamento desses
alunos nessas avaliações. A partir da análise dos dados referentes das avaliações
diagnósticas de leitura, o presente estudo busca descobrir quais seriam as possíveis
bases (ou quais os componentes) da formulação dessas avaliações que garantiriam ao
professor acesso ao processo de aprendizagem dos alunos. Desse modo, nossa
contribuição poderá de alguma forma subsidiar reflexões acerca das práticas avaliativas
recorrentes na escola de ensino básico, mais especificamente a de ensino fundamental,
evidenciando os descaminhos e apontando caminhos inovadores para essa ação
pedagógica.

PRECONCEITO LINGUÍSTICO E ENSINO DA LÍNGUA PADRÃO: QUAIS OS LIMITES?

Hosana Aparecida REIS – UNIFAL


sana_relyvel@hotmail.com

As discussões na escola acerca do preconceito linguístico são recorrentes. Linguistas e


gramáticos parecem não entrar em acordo. O professor em formação, na área de Letras,
vê-se em constante dúvida. De um lado, é preciso respeitar a variante linguística do
aluno; de outro, a escola tem como princípio o ensino da língua padrão. A partir dessa
problemática, este trabalho, de base bibliográfica, objetiva refletir sobre o papel da
escola quanto ao ensino da norma padrão, sem, contudo, promover o preconceito
linguístico. Para isso, fundamentaremos este trabalho nos estudos sobre ensino de
Língua Materna, gêneros textuais e preconceito linguístico procurando evidenciar os
caminhos propostos por diferentes autores diante dessa problemática. A análise da
bibliografia consultada revela que as pessoas apresentam uma forte resistência em
aceitar as variantes linguísticas. Um dos motivos é porque aprendem desde criança que
as “falas” que não seguem a norma padrão são consideradas “erradas”. Desconsidera-se
o fato de que a língua está em constante modificação e que ocorrem as variedades
linguísticas devido a fatores como: idade, sexo, classe social, região, etc. Conclui-se

384
que diversos teóricos apontam a necessidade de trabalhar de forma com que as
variantes linguísticas sejam respeitadas, visto que saber a língua padrão se torna
indispensável dentro de determinados contextos e/ou ambientes.

PRIMEIRAS LEITURAS DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS: O LEITOR-CRIANÇA DIANTE DE


CONTOS DE GUIMARÃES ROSA

Bárbara Mourão ARANHA - PUC MG


barbaramouraoa@yahoo.com.br

A motivação para o desenvolvimento deste projeto parte do pressuposto que a


mediação da literatura na relação professor-aluno é algo de suma importância, pois, se
manejada corretamente, se introduzida de maneira instigante e desafiadora, a literatura
pode ser a porta de entrada para vastos mundos. Como afirma Magda Soares, no
prefácio de “O professor e a literatura”, de Ligia Cademartori, a literatura pode atuar
“como alternativa a uma realidade dura, como criação de um mundo paralelo, que não
é fuga, mas compreensão do ‘tumulto do mundo’.”. Assim, o propósito para o projeto
“Primeiras leituras de Primeiras Estórias: o leitor-criança diante de contos de
Guimarães Rosa” não é outro senão o de tentar despertar em crianças o gosto pela
leitura literária, através da criação de materiais didáticos, a partir da leitura de quatro
contos de temática infantil (“As margens da alegria”, “A menina de lá”, “Partida do
audaz navegante” e “Os cimos”) do livro “Primeiras Estórias”, de João Guimarães
Rosa, que atuem como facilitadores de leitura para crianças, despertando nelas o desejo
de leitura da obra. Com base nessa ideia, ao lançar a proposta de “adaptar” os quatro
contos aqui citados, optei por não modificar o texto original. Meu trabalho se restringiu
a fazer “recortes” em partes da obra que pudessem, de alguma forma, vir a atrair e
envolver mais o leitor-criança. Por isso, foram “recortados” trechos que
proporcionassem uma identificação do leitor-criança com as personagens, explicitando
a caracterização do espaço. As ilustrações foram usadas como complemento ao texto
escrito e jamais como simplificação do texto em si.

PROBLEMAS DE COESÃO NA ESCRITA DOS GÊNEROS DISCURSIVOS DA ORDEM


DO RELATAR: ‘NOTÍCIA E RELATO’

Daniela Faria GRAMA – UFU


daniela_grama@hotmail.com

Este projeto tem por objetivo analisar a produção escrita no ambiente escolar, com o
intuito de verificar os principais problemas de coesão encontrados com maior
frequência nos gêneros da ordem do relatar: “relatos” e “notícias”. Os textos que
formam o corpus de análise dessa pesquisa foram obtidos por meio de doações de
alunos participantes de Oficinas de leitura e escrita, ministradas pelos estudantes de
Letras, da Universidade Federal de Uberlândia, nas Disciplinas Estágio Supervisionado
de Língua Portuguesa. A escolha do tema dessa pesquisa se justifica pela percepção de
que ocorrem problemas e dificuldades relacionados à produção escrita de alguns alunos
de cursos superiores da UFU. Vale lembrar também que os gêneros “relato” e “notícia”
eram cobrados na prova de redação do processo seletivo da UFU, sendo a coesão um
dos critérios estabelecidos para a correção desses textos. Com relação ao
desenvolvimento da pesquisa, após levantamento bibliográfico referente à produção
escrita, à coesão, aos gêneros discursivos e o estudo de teorias de Dolz & Schneuwly,
Travaglia, Marcuschi e Koch, adquiriu-se um corpus composto de 42 produções
textuais (relatos e notícias), de alunos de 5º ao 9º anos. Já se tem indícios de que há

385
dificuldade em se escrever, de modo coeso, ambos os gêneros, principalmente, o relato
pessoal, que tem apresentado traços de oralidade, ausência de pontuação e de elos
coesivos. Pode-se dizer que, até o momento, há a percepção de que os discentes
desconhecem os mecanismos linguísticos de coesão, pois parte das produções
analisadas se caracteriza mais pela ausência de coesão que da utilização equivocada
dos conectores de sequenciação, remissão e progressão do texto. A pesquisa
prosseguirá com a perspectiva de finalizar a análise quantitativa dos problemas
coesivos mais recorrentes, a fim de se poder conhecer, discutir e, talvez, propor
soluções para as dificuldades de escrita relacionadas à coesão.

PROCESSO DE MEDIAÇÃO NO ENSINO DE LEITURA EM UM CURSO DE LETRAS


NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Sandra Alves FARIAS – UNIUBE


sandra.a.farias@gmail.com

O reconhecimento da expansão da modalidade de ensino a distância no sistema


educacional brasileiro, cujo principal alvo tem sido a formação de docentes é
fundamental para pensar como se realiza o processo de mediação no ensino da leitura
por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação, instrumentos
tecnológicos que medeiam a interação entre professor e aluno a distância, tendo como
principal ferramenta a linguagem escrita. Parte-se do pressuposto de que a linguagem
funciona como um sistema de signos, portanto como instrumento cultural complexo
pelo qual a mediação dos conhecimentos e conceitos se realiza nas situações de
educação formal, o objeto de pesquisa é o processo de mediação que se realiza por
meio da linguagem escrita e outros recursos da plataforma virtual do curso de Letras a
distancia da Universidade de Uberaba. O referencial teórico é a perspectiva histórico-
cultural de Vygotsky para descrever o processo de mediação no ensino sobre leitura de
um componente curricular do curso. O problema da pesquisa centra-se na busca de
dados como os professores universitários ensinam conteúdos sobre leitura,
considerando para tanto, o espaço de organização, ensino e apropriação de
conhecimentos na modalidade a distância. Adota-se uma metodologia alicerçada nos
parâmetros da pesquisa qualitativa, valendo-se de questionário e entrevista com
professores do curso e análise documental do componente curricular. A partir da
apresentação de diferentes concepções teóricas acerca da leitura, do conceito de
mediação e do papel do professor como agente organizador do ensino por meio da
linguagem escrita, pretende-se descrever o processo de mediação em ambientes virtuais
e apontar implicações pedagógicas para o ensino de leitura na modalidade a distância.

PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DO MENOR INFRATOR


VEICULADA NA MÍDIA

Sabrina Gomes VEROLA – UNIFAL


sabrina_g85@hotmail.com

Este trabalho visa analisar a construção de identidade da criança e o adolescente em


conflito com a lei na ótica dos meios de comunicação e do texto legal. O Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição de 1988 resguardam diversos direitos
fundamentais para a criança e o adolescente, os quais proporcionam proteção e
legalidade aos direitos da mesma. Na mídia, veiculam discursos que constroem
diferentes identidades para eles. Assim, apoiando na Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 2001), procura-se, através do gênero notícia de jornal, analisar de
que forma a mídia nomeia crianças e adolescentes ao relatar casos de atos infracionais.
Pressupõe-se que nesses processos de construção de identidade, por meio do discurso, a

386
mídia exerce um papel importante na medida em que pode condenar ou absolver esses
indivíduos, ainda que sejam sujeitos de direitos, por meio do direcionamento da
opinião pública. O objeto de análise desta pesquisa, de base qualitativa, é a notícia de
jornal “Crianças no crime: secretária nacional critica estruturas”, publicada em
27/09/2011, no site Terra. Com as análises iniciais, chega-se à conclusão de que a
criança é vista muitas vezes como aquele que comete crime e com isso deve ser punida,
ocasionando um apagamento na consciência das pessoas. Apagamento este, que
problematiza a questão ao invés proporcionar algum tipo de solução. O discurso que
envolve a criança e a criminalidade nos meios de comunicação evidencia traços
linguísticos denunciadores de conceitos pré-estabelecidos, por meio dos quais a criança
é posta no mesmo patamar que adulto.

PRODUÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO AMBIENTE VIRTUAL DE


APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS

Maria Luiza ALVES – UNIFAL


marialuiza.11@hotmail.com

Este trabalho investiga qual é a percepção do aluno do Ensino Médio da rede pública,
participante do Curso de Redação para o ENEM, promovido pelo Grupo
PET/Conexões de Saberes – Letras de uma universidade federal do Sul de Minas
Gerais, exposto a diversos gêneros textuais em um ambiente virtual de aprendizagem,
em relação ao ensino de produção de leitura e de textos. Esta pesquisa de base
qualitativa-interpretativista, em fase final, tem como cenário de pesquisa o próprio
curso, ambientado na plataforma Moodle. Como sujeitos de pesquisa, selecionamos
quatro alunos do Ensino Médio da rede pública. Utilizamos, como instrumentos de
pesquisa, entrevistas semiestruturadas para verificar quais foram as percepções desses
sujeitos em relação às práticas de leitura e de escrita e ao próprio curso. Durante a
realização do curso de 40h, fez-se uma entrevista semiestruturada com três cursistas.
Para a análise, buscou-se respaldo teórico em estudos sobre letramento e gêneros
discursivos na perspectiva bakhtiniana. Conclui-se que o ambiente virtual possibilita a
maior interaçãocomunicação entre o grupo, sendo considerado algo comum aos jovens,
que possuem facilidade para manuseá-lo. Percebeu-se, também, um aprofundamento
em relação a práticas de leitura dos alunos, o que consequentemente, acarretou
mudanças significativas na forma de escrever. O ambiente, além de ser interativo,
expôs o cursista a um número relevante de gêneros textuais que supostamente são mais
interessantes para esse aluno visto que há a possibilidade de interação com outras
ferramentas da Internet e com os outros participantes.

RACISMO E FUTEBOL: A REPRESENTAÇÃO DE ATORES SOCIAIS NA MÍDIA


ARGENTINO-BRASILEIRA

Marcelo AZEVEDO – UFU


mrzevedo@gmail.com
A discriminação está presente na sociedade atual intimamente ligada à formação
histórico-cultural de cada povo. É notória, no dia a dia, a presença de atos de
discriminação social, e comum ler em jornais acontecidos envolvendo esse ato. A
presente pesquisa, ligada ao projeto de pesquisa Estudos Contrastivos à luz da
Linguística de Corpus, coordenado pelo Prof. Ariel Novodvorski e ainda ao grupo de
pesquisa Grupo de Estudos em Análise Crítica do Discurso e Linguística Sistemico-
Funcional, tem como objetivo a análise das representações feitas pela mídia na
repercussão de um fato isolado envolvendo dois jogadores, um argentino e um
brasileiro, considerado como sendo racismo. Conta com um corpus bilíngue composto

387
por notícias da internet, de livre acesso e publicadas em um período de tempo
selecionado nas semanas seguintes ao fato, tanto na Argentina quanto no Brasil, que
retratam o acontecido. O objetivo principal do presente trabalho é, portanto, observar
como esse fato foi representado pela mídia jornalística de cada país, tanto no Brasil
quanto na Argentina, levando em consideração as diferentes formações histórico-
culturais dessas duas sociedades O trabalho encontra-se em andamento, na fase de
levantamento de dados para analise e na ampliação do corpus para maiores resultados,
e tem fim previsto para julho de 2012. Utiliza-se como referencial teórico, utiliza-se, na
Análise Crítica do Discurso, o quadro proposto por Van Leeuwen (1996) para a análise
da Representação de Atores Sociais. Algumas ferramentas da Linguística de Corpus,
conforme Berber Sardinha (2004), também são utilizadas na presente pesquisa para
preparação do corpus e levantamento de dados para análise.

REFLEXÃO SOBRE COMANDOS DE ESCRITA NAS PRODUÇÕES DE TEXTO NO


LIVRO DIDÁTICO

Lucilene Silva MARCONDES – UFGD


lucilenemarcondes@hotmail.com

Este trabalho é resultado de uma pesquisa efetivada a partir de comandos de produção


textual de uma coleção de livro didático. Teve como corpus o livro didático de Língua
Portuguesa do 6º ano, objetivando observar como se apresentam os comandos de
produções de texto à luz da noção de gênero textual descrito por linguistas
contemporâneos. A análise foi centrada em três gêneros distintos do livro didático:
fábula, carta e notícia; por entendermos serem esses os mais utilizados pelos docentes.
A escrita foi focalizada por ser um dos eixos de ensino na língua portuguesa e por ter
ganhado “novo” espaço, devido à introdução da noção de gêneros textuais na sala de
aula e, consequentemente, no livro didático, a partir dos Parâmetros Curriculares
Nacionais das séries finais do Ensino Fundamental/ PCN (BRASIL, 1998). Apesar de
haver uma preocupação com os comandos para que não sejam artificializados, notamos
que ainda não direcionam uma produção textual na escola, mas para a escola.
Destacamos também o papel do docente junto a esses comandos, que intervenha para
que a produção tenha um papel real de escrita que propicie a exposição de ideias, a
funcionalidade para a produção e o crescimento do aluno como sujeito- autor. Os
exemplos que serão discutidos aqui tentarão demonstrar se o livro didático tem
atendido às recomendações dos teóricos e dos PCN (BRASIL,1998)– finalidade,
especificidade do gênero, lugares preferenciais de circulação, interlocutor eleito..
Porém, sabemos que imprescindível para um comando bem sucedido é a formação dos
professores e sua atualização, que ao entenderem e refletirem sobre sua constituição,
conseguirão compreender as dificuldades que os alunos apresentam ao produzir um
texto, podendo assim, minimizá-las.

REVISÃO GRAMATICAL

Tais Iniz de PAIVA – UFTM


taisinhapaiva@yahoo.com.br

A partir das dificuldades visíveis dos alunos dos períodos iniciais do curso de Letras da
UFTM é que se tornou necessária a criação de um curso básico de gramática para a
melhor preparação desses discentes ao longo da graduação. O curso é oferecido pelo
grupo PET Letras da UFTM e ministrado por uma petiana do oitavo período,
supervisionada pelo tutor do grupo. O curso adotou o método de ensino do professor
Luís Cruz. Esse método se baseia na apreensão dos conceitos através do recurso
mnemônico, o qual é respaldado por apostilas feitas pelo próprio Cruz, que contêm a

388
síntese dos conteúdos gramaticais estudados e vários exercícios de fixação. O curso
tem duração de dois semestres e é dividido em dois módulos, sendo o primeiro uma
revisão morfológica e o segundo uma revisão sintática da língua portuguesa. O
principal objetivo é oferecer uma perspectiva diferente do que é visto em sala de aula
de ensino regular e contribuir para o nivelamento e solidificação do aprendizado
gramatical dos alunos ingressantes ao curso de Letras. O curso está em fase inicial, mas
os resultados se apresentam satisfatórios, segundo os depoimentos dos alunos
participantes do curso, já é notável a melhora no desempenho acadêmico. O curso de
Letras da UFTM está a progredir com ações dessa natureza, pois os alunos ingressantes
se sentirão amparados e melhor preparados no decorrer do curso de graduação, e os
alunos dos períodos avançados terão uma rica experiência em docência, antes mesmo
de se formarem.

SENTIDOS DO SIGNO ‘AUTONOMIA’ NA DISCURSIVIDADE ACADÊMICO-


CIENTÍFICA DA LINGUÍSTICA APLICADA

Polyana de Souza SANTOS – UFU


polyss90@hotmail.com

Este trabalho apresenta resultados de um projeto de Iniciação Científica, que teve como
principal objetivo verificar os possíveis sentidos do signo ‘autonomia’ na
discursividade acadêmico-científico na área de Linguística Aplicada (LA). Para tentar
dar conta deste interesse, trabalhos de natureza acadêmico-científica (artigos em
periódicos, capítulos de livros) publicados em diversas instâncias enunciativas na área
da Linguística Aplicada, se constituíram o foco da investigação. A pesquisa procurou
delinear, também, as concepções de sujeito subjacentes a este conceito, bem como
identificar as movências ou deslocamentos do mesmo, no período de dez anos de
estudo. Para tanto, articularmos questões advindas da Linguística Aplicada (LA), da
Análise do Discurso de Linha Francesa (ADF) e da Análise Dialógica do Discurso
(ADD). Desta forma, nosso conceito de signo se apoia na tese Bakhtin/Voloshinov
(1999:29) de que “tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existem
ideologia”. Nesse sentido, utilizamos para a análise desse estudo duas instâncias de
análise: Dispositivo Matricial e Dispositivo Axiomático, no qual focalizamos os
sentidos emergentes dos artigos selecionados a respeito do signo autonomia. A partir
das análises percebemos que as instâncias enunciativas sujeitudinais (IES) constroem
sentidos diversos acerca do signo autonomia, a saber: i) O signo ‘autonomia’ e sua
significação atribuída ao sujeito-aluno; ii) O signo ‘autonomia’ e sua significação
atribuída à relação professor-aluno; iii) O signo ‘autonomia’ e sua significação
atribuída à exterioridade da sala de aula. Notamos que as instâncias-enunciativas
significam o conceito de autonomia de acordo com suas filiações e inscrições teórico-
histórico-ideológicas e que, finalmente, apesar da movência de sentidos presente na
significação do conceito de autonomia, ele é ainda perpassado por vozes
preponderantes que, por sua vez, constituem o discurso cognitivista.

SIMULTANEIDADE DAS LÍNGUAS-ALVO INGLÊS E ESPANHOL: UM RECORTE DA


REALIDADE DO ENSINO DE LE EM ESCOLAS DA REDE PRIVADA NO MS

Paulo Gerson Rodrigues STEFANELLO – UFGD


pgrstefanello_@hotmail.com

Este estudo equiparou o nível de motivação de vinte e seis alunos de Ensino Médio de
uma escola privada de Maracaju-MS para com a aprendizagem das línguas inglesa e
espanhola concomitantemente. Tinha-se como objetivo principal encontrar o(s)

389
ponto(s) que dificultam a aprendizagem do aluno, delineando a dificuldade local a
partir da global, o que torna mais fácil de lidar. Para tal, trabalhamos com a questão da
motivação pelos chamados pontos de contato (Junger, 2005) e da determinação dos
objetivos do educando sobre como utilizar a LE em seu cotidiano. Atentando-nos às
principais dificuldades sentidas pelos estudantes que convivem num contexto de
aprendizagem de ambas as línguas, com mesma carga horária semanal, chegamos a
uma conceituação sobre tal processo: o inglês, ao ser comparado com o espanhol, é
mais difícil de ser aprendido por falantes de português brasileiro devido ao vocabulário
bastante distinto de sua primeira língua, que é bastante parecida com o vocabulário
espanhol, facilitando a compreensão. Em contrapartida, a estrutura sintático-
morfológica do inglês é de compreensão e utilização mais simples, quando comparada
à do espanhol, por sua vez tão complexa quanto a do português. Verificou-se que vinte
e um dos alunos envolvidos no estudo sentem-se mais motivados com a aprendizagem
da língua inglesa, visto que esta se faz presente com maior intensidade nos itens de
entretenimento que envolvem o cotidiano dos mesmos, tais como filmes, músicas e
jogos virtuais. Outros três alunos preferem o idioma espanhol devido a sua similaridade
com o português, enxergando a LE apenas como disciplina curricular e, os últimos dois
se manifestaram desfavoravelmente no tocante às duas línguas de ensino, se auto-
julgando sem aptidão (ou seria incorretamente motivados?) para qualquer língua
estrangeira.

TENSÕES DO PRIMEIRO CONTATO COM A DOCÊNCIA DE LÍNGUA MATERNA:


REFLETINDO EXPERIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA DISCIPLINA
DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Eduardo Amorim COELHO – UFT


du.dudu.edu.amorim@hotmail.com

O presente trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, intitulada Letramento


digital do professor de língua materna e saberes sobre a prática pedagógica: análise
semiótica da interação em ambiente institucional virtual Moodle, e pretende contribuir
para as investigações realizadas pelo Grupo de Estudos do Sentido – Tocantins
(GESTO) voltadas para a questão da significação na cibercultura. Trata-se de uma
pesquisa participativa de caráter qualitativo, ainda em fase inicial, em que os dados
estão sendo gerados durante as aulas da disciplina Investigação da Prática Pedagógica e
Estágio Docente em Língua e Literatura: Língua Portuguesa, ministrada por minha
orientadora com meu auxílio (estágio docente). Nosso corpus será constituído de
atividades escritas, notas de campo e, prioritariamente, discussões registradas nos
fóruns e chats do Moodle (ambiente virtual de aprendizado institucional da
Universidade Federal do Tocantins) vinculados a essa disciplina. Tomamos a
Semiótica Discursiva enquanto subsídio teórico, mais precisamente considerando as
produções relativas às problemáticas da interação e de regimes de presença. Nesse
sentido, nossa pesquisa analisa as estratégias enunciativas empreendidas pelos
acadêmicos nesses espaços virtuais de interação e discussão sobre teorias e práticas
pedagógicas, as relações polêmicas e contratuais estabelecidas, os ajustamentos, os
conflitos e consensos aí produzidos, as assimetrias ou assimetrias evidenciadas no texto
em processo. Cremos que os gêneros textuais fórum e chat, que pressupõem a interação
entre os sujeitos, possam funcionar enquanto gêneros catalisadores da formação
discursiva dos envolvidos, tendo em vista que as provocações instauradas durante os
processos de interação poderão evidenciar os percursos de (re)significação dos
professores em formação inicial.

TRANSFORMAÇÃO DA PRÁTICA DE PROFESSORAS DE LÍNGUA MATERNA EM

390
PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Leticia Macedo KAESER – UFJF


leletrasufjf@gmail.com
Bruna dos Anjos da Costa CRESPO – UFJF
brunacrespo.ufjf@gmail.com

O presente trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada “Gêneros


textuais: entraves e perspectivas” (financiamento FAPEMIG e UFJF). Neste recorte,
temos por objetivo principal relatar a transformação da prática docente de professoras
de Língua Portuguesa (LP) de uma escola pública da cidade de Juiz de Fora, onde a
pesquisa é desenvolvida. Ao encontro de autores que defendem o texto como objeto de
ensino de LP, discutimos de que modo a adoção de gêneros textuais poderia contribuir
para a mudança de práticas escolares de leitura e escrita, enfocando o letramento nos
diferentes usos sociais da língua (MARCUSCHI, 2003; SOARES, 2001). Além disso,
construímos coletivamente sequências didáticas com diversos gêneros textuais; nesse
processo, adotamos a proposta segundo a qual o trabalho do professor é orientado para
“[...] ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim,
escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação”
(DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 97). Tais ações ocorreram em dez
sessões reflexivas, datadas de julho de 2011 a março de 2012, que incluíram dez
professoras de Ensino Fundamental e Médio, duas pesquisadoras e quatro bolsistas.
Pautamo-nos na metodologia da “pesquisa colaborativa” (IBIAPINA, 2008), que
pretende, para além de descrição, possibilitar construção do conhecimento para
mudança da realidade escolar. Os resultados demonstram que, após a reflexão das
relações entre teoria e prática profissional e a produção coletiva de conhecimentos
sobre o ensino de LP, houve mudanças positivas na prática docente das professoras
envolvidas na referida pesquisa.

UM ESTUDO VARIACIONISTA DAS FORMAS IMPERATIVAS EM ANÚNCIOS


PUBLICITÁRIOS DE JORNAIS DA CIDADE DE UBERABA

Larissa Campoi PELUCO- UFTM


larissapeluco@hotmail.com

Partindo da concepção de que a língua é heterogênea e sofre variações devido à


influência de fatores linguísticos e extralinguísticos, esta pesquisa tem como objetivo
central investigar a variação no uso das formas verbais imperativas em anúncios
extraídos de jornais escritos na cidade de Uberaba a partir de 2001. Conhecer quais são
as variações presentes no português da cidade de Uberaba, possibilita o levantamento
de características peculiares da escrita desta comunidade, além de contribuir para a
reconstrução da história do Português de Minas Gerais, e consequentemente, do
Português Brasileiro. Buscamos, principalmente: (i) realizar uma descrição e reflexão a
respeito das mudanças que caracterizam a expressão do modo imperativo no português
escrito contemporâneo da comunidade de Uberaba; (ii) esclarecer os condicionamentos
linguísticos e discursivos que favorecem a realização das variantes em questão; (iii) e,
por fim, observar como são ensinadas as formas de imperativo nos manuais escolares
de Uberaba. Dessa forma, os resultados deste trabalho também podem ser aplicados ao
ensino de Língua Portuguesa, pois fornecem subsídios ao professor e,
consequentemente, ao aluno sobre alguns fenômenos linguísticos – neste caso, as
formas imperativas –, preenchendo determinadas lacunas resultantes da “imposição” de
uma língua padronizada em oposição à diversidade sócio-cultural e geográfica. É
importante destacar que o nosso corpus será composto por anúncios publicitários
escritos na cidade de Uberaba a partir do ano de 2001. Partindo dos estudos de

391
Pombal(2003), escolhemos esse gênero textual por se apresentar como uma
possibilidade passível de alguns usos considerados inovadores dentro da língua, devido
a sua abertura para um texto menos formal, de acordo com a situação e a necessidade
do falante, o que demonstra sua força e relevância como forma de expressão viva da
língua portuguesa.

UMA ANÁLISE DAS ATITUDES E CRENÇAS LINGUÍSTICAS DE ALUNOS DO


ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS DE UBERABA

Náire Belarmino de CARVALHO – UFTM


nairebc@gmail.com

Este trabalho, ainda em desenvolvimento, pretende analisar e comparar as atitudes e


crenças linguísticas de alunos do segundo segmento do Ensino Fundamental de duas
escolas públicas de Uberaba acerca de sua própria variedade linguística. Por meio do
teste de atitudes como medida indireta e do teste de crenças como medida direta
(CYRANKA, 2007, p.68) de avaliação, as atitudes e crenças de alunos oriundos de
escola situada em região central e as de alunos provenientes de escola localizada em
região periférica da cidade serão comparadas a fim de que conheçamos as semelhanças
e/ou diferenças entre elas. Além disso, as crenças e atitudes de alunos do 6º ano
igualmente serão contrastadas com as de alunos do 9º para que identifiquemos o nível
de consciência desses alunos acerca da variação linguística e de seu valor social ao
adentrar e ao sair do segundo segmento do Ensino Fundamental. As hipóteses
consideradas são (a) os alunos do 9º ano apresentam maior consciência do valor social
das variantes linguísticas, apesar de não demonstrarem conhecimento acerca do que é
variação linguística e (b) a escola não está trabalhando a variação visando à
competência comunicativa do aluno, que é entendida e definida como a habilidade de
utilizar a língua nos mais variados contextos de comunicação (TRAVAGLIA, 2006,
p.17). Por tudo isso, consideramos a relevância desta pesquisa, tendo em vista que
poderá dar indícios de como a variação linguística vem sendo trabalhada nas escolas
públicas de Uberaba, bem como poderá abrir caminhos para um trabalho que vise ao
desenvolvimento da habilidade, no aluno, de empregar adequadamente e com
propriedade a língua nas diversas situações de comunicação com que ele se depara em
seu dia a dia.

VARIAÇÃO NA FALA DOS ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE


SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA: UMA ANÁLISE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
DE NÚMERO

Dayane Moreira LEMOS – UEFS


dayaneml@yahoo.com.br

O trabalho aborda uma pesquisa realizada sob a égide da sociolinguística, cujo foco é a
diversidade na fala dos estudantes da rede pública de ensino, da cidade de Santo
Antônio de Jesus-Ba. Neste busca-se analisar, descrever e explicar o processo de
variação da concordância de número no sintagma nominal, na oralidade dos
informantes, apresentando as variáveis linguísticas e sociais que influenciam a
marcação do plural nos sintagmas nominais usados por estes. Para o estudo, utilizou-se
um corpus com oito informantes da quinta série do ensino fundamental, abrangendo o
gênero e a procedência geográfica. Por tratar-se de uma pesquisa sociolinguística, foi
dado um tratamento quantitativo aos dados, os quais foram codificados e rodados pela
da ferramenta GOLDVARB. A fim dos dados obtidos serem usados como instrumento
pedagógico de abordagem da oralidade, uma vez que o português falado no Brasil tem

392
se distanciado, no campo da oralidade, cada vez mais do português homogêneo
transmitido pelas instituições escolares. Assim, esse fenômeno exige novas posturas
dos pesquisadores, novos olhares em torno de um utópico português homogêneo. Dado
o pequeno corpus com que foi trabalhado, não nos é possível fazer afirmações
inequívocas quanto ao fenômeno em análise. Apenas nos é possível supor que, a partir
da variável procedência do informante, está havendo um processo de aquisição da regra
de concordância nominal de número pelo falante da zona rural, uma vez que, em
comunidades rurais, a frequência de marcas de plural tem sido, conforme atestam os
estudos, muito baixas.

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