Você está na página 1de 12

1 C O R Í N T I O S 1 3 PAU LO E O

CAMINHO SOBREMODO
E XC E L E N T E .

Conhecimento da verdade sem uma santificação dos


motivos sempre conduzirá fatalmente a atitudes erradas.
Quando a Igreja se encontra governada pelo amor de Deus,
as novas coisas podem ocorrer. Porém, quando o orgulho
espiritual e as contendas tomam lugar, a Igreja fracassa em
seu papel perante o mundo e perante Deus, e sinais visíveis
de apostasia serão detectados. Podemos ver isso em
1Coríntios. Porem antes de analisarmos a importância desta
carta, conheçamos primeiro, a história e as dificuldades da
comunidade cristã de Corinto.

I. Corinto

Paulo havia chegado em Corinto por volta do ano 54, por


ocasião de sua segunda viagem missionária (Cf. Atos 18). A
cidade era uma metrópole comercial da Grécia, sendo uma
das maiores, mais ricas e mais importantes do Império
Romano. De acordo com Halle (n.2), sua população de mais
de 400 mil habitantes só era ultrapassada por Roma,
Alexandria e Antioquia. Localizava-se em uma encruzilhada
de caminhos leste-oeste do império, e devido a isso,
abrigava uma população diversificada. Como um homem
que sonhava alcançar o mundo todo, Paulo entendeu que
se o evangelho fosse aceito ali, certamente alcançaria os
lugares mais ermos do império.

Corinto era uma cidade próspera. O grande mercado, os


portos imensos, as ruas pavimentadas, os templos
suntuosos: tudo declarava sua grandeza econômica. Porém,
em contraste, a cidade era famosa pela idolatria,
devassidão e licenciosidade moral. De modo particular, a
sexualidade de Corinto estava tão decadente, que naqueles
dias, korintiazomai era um verbo conjugado com sentido de
“fornicar” e o epíteto “moça coríntia” tornou-se um
tratamento bem conhecido para mulheres de reputação
duvidosa. Mesmo a religião, que por um lado era idólatra,
se encontrava ligada de modo estreito à imoralidade
sexual. Sobre isso, afirma F. F. Bruce (n.3) que a cidade era
um centro do culto a Diana, (foto) cujo templo coroava o
Acrocorinto. Ali, mil prostitutas cultuais desenvolviam
atividade sexual com os adoradores. No sopé da fortaleza,
havia também o templo de Melicarte, patrono dos
navegantes. E por ocasião dos Jogos do Istmo, celebrados
ali a cada dois anos, também Netuno, deus do mar, era
especialmente honrado. Com razão, Paulo podia dizer que
Corinto, decerto, homenageava “muitos deuses e muitos
senhores” (1Coríntios 8:5).

Diante disso, palavras como depravação, devassidão e


promiscuidade bem poderiam definir a vida dos cidadãos de
Corinto. Como disse certo autor: se a mensagem da cruz
pudesse fazer efeito na vida do povo coríntio, ela era de
fato poderosa!

Paulo confessa que quando desembarcou no porto de


Corinto, se achava “em fraqueza, temor e grande tremor”
(1Coríntios 2:3). Chegava solitário e ferido pelas decepções
e angústias de seu trabalho em Filipos, Tessalônica, Beréia e
principalmente, em Atenas. Mas tendo sido encorajado à
noite por uma visão do Senhor (Atos 18:9-11), iniciou seus
trabalhos, sonhando com uma igreja próspera naquela
cidade. Permaneceu ali dezoito meses, e como todo bom
missionário, partiu desejoso de ouvir boas notícias da igreja
recém-fundada. Era sonho de Paulo que a Igreja modelasse
pelo poder de sua influência, a sociedade na qual se
encontrava inserida.

E aqui está a primeira lição que precisamos aprender: a


Igreja só tem sua relevância quando ela pode de fato operar
uma transformação da sociedade. Quando o mundo não é
transformado pela influencia da Igreja, ela mesma será
transformada pela influência do mundo. Devagar, os
modismos, costumes e pecados do mundo se infiltram no
Corpo de Jesus. E foi isso que ocorreu em Corinto. Em lugar
da influencia da Igreja modificar a sociedade depravada de
Corinto, essa mesma sociedade começou a modificar o
comportamento da Igreja.

E isso era o que chegou aos ouvidos de Paulo. Enquanto se


encontrava em Éfeso (cf. 1Corintios 16:8-9), necessitou
enviar uma carta através de Timóteo aos fiéis a fim de
preveni-los sobre a comunhão com idólatras (1Coríntios
4.17; 5.9). Com o retorno de Timóteo e de um encontro com
“os da casa de Cloe” (1Coríntios 1:11), Paulo teria sido
informado dos diversos problemas que abalavam a
comunidade Coríntia. E quando olhamos para os desvios da
igreja de Corinto, percebemos que em verdade a igreja se
encontrava bem longe do ideal de Deus para ela. Isso, por
vários motivos, como Paulo mesmo enumera.

II. Problemas em Corinto

Segundo lemos, havia deploráveis divisões e hostilidades


entre os membros. Alguns se diziam seguidores de Pedro,
outros de Apolo, outros de Paulo e havia ainda os de Cristo.
Mas Paulo questiona: estaria Cristo dividido? Mesmo
aqueles que se diziam de Cristo, se acaso se encontravam
divididos, de fato não pertenciam a Ele, pois de modo
algum estaria Cristo dividido (cf. 1Coríntios 1:10-17). Havia
também a presença de imoralidade e incesto. Um membro
da igreja se deitava com a mulher de seu pai, cometendo
uma imoralidade detestada até mesmo pelos descrentes
(1Coríntios 5:1ss). No judaísmo, este era um pecado sério, e
mesmo a lei romana, proibia o incesto. Além disso, os
membros da igreja estavam envolvidos em contendas e
disputas em tribunais. Esse erro não era um sinal de
evidente desunião, como também de desrespeito para com
a liderança espiritual instituída na igreja (1Coríntios 6:1ss).
Paulo também denuncia que alguns fiéis pareciam não
haver compreendido bem a doutrina cristã acerca da vida
de pureza sexual e estavam se envolvendo com a prática
da prostituição (1Coríntios 6:12ss). Não bastasse, havia
glutonaria e exclusivismo na Ceia do Senhor (1Coríntios
11:13ss). Banquetes nos quais alguns eram honrados e
outros, desprezados, chamaram a atenção de Paulo, que
busca reestabelecer as orientações originais relacionadas
ao rito. E finalmente, as reuniões de culto estavam
marcadas por exibicionismo, desordem e irreverência.
Alguns dons espirituais eram superestimados em
detrimento de outros, causando o risco de descrédito na
obra da igreja perante os incrédulos (1Coríntios 14:1ss).

Constantemente nos vemos com os mesmos problemas.


Desuniões, críticas e intrigas por vezes abalam a vida da
igreja. Ainda hoje, o espírito de orgulho e disputas parece
querer surgir em nosso meio. Diante disso, o que
deveríamos fazer? O que deveria Paulo fazer? Talvez um
duro sermão acerca da moralidade? Talvez uma reunião
para disciplina coletiva? Segundo Thielmam, ao escrever
sua Primeira Carta aos Coríntios, Paulo focaliza três
questões críticas: paz na igreja, santidade no mundo e
fidelidade ao evangelho. Contudo, “em primeiro e mais
importante lugar, estava a resolução pacífica a respeito da
desunião na igreja” (n.4). Nessa carta, “Paulo convoca os
coríntios a voltar aos elementos fundamentais do
evangelho como meio de incentivá-los a viver em
harmonia” (n.5)

Como disse certo pregador, às vezes será preciso que a


espada corte bem fundo. E ela às vezes dividirá as juntas e
medulas e revelará os intentos secretos do coração
(Hebreus 4.12). A Palavra será em algum momento, útil
para a correção e repreensão (1Timóteo 3.16ss). E nisso
devemos imitar a Paulo. Ele separou os problemas e
respondeu a cada um deles de forma vigorosa e firme, com
a Palavra do ensino, da correção e da repreensão. Como
ele, devemos também ser firmes em defesa do que é
correto, ainda que caiam os céus.

Porém, quase sempre, nosso problema na resolução dos


problemas eclesiásticos é que às vezes somos tão presos ao
moralismo que esquecemos de exaltar o princípio. No
entanto, notamos que Paulo deu sérias instruções, mas
lembrou-lhes de sua maior necessidade, que não era outra
senão a conquista da unidade; e para isso, ofereceu-lhes
um caminho “sobremodo excelente” (1Corintios 12:31b),
que, se seguido, os levaria a superar os diversos erros
presentes no seio da comunidade. Nessa busca de
estabelecer um padrão divino para a conduta dos crentes
coríntios, Paulo lhes propôs o caminho do amor.

III. O Hino do Amor

Embora João seja o discípulo do amor, foi Paulo aquele que


compôs o mais belo poema de amor presente nas
Escrituras. Paulo diz: eu passarei a mostrar-vos um caminho
“sobremodo excelente” (1Coríntios 12:31b). Paulo não está
aqui afirmando um modo de usar os dons citados no
capítulo 12. Como observa S. Lewis Johnson (n.6), em lugar
de caminho (tropos), no sentido de maneira ou modo, ele se
vale de caminho (hodos), no sentido de estrada a percorrer:
“Paulo está, antes, apontando para um tipo de vida superior
à vida gasta na procura e exibição dos dons espirituais”
(n.7).

Quando lemos o belo poema a seguir (1Coríntios 13),


percebemos de fato, a excelência desse caminho. É
excelente não porque era o caminho de Paulo, e sim porque
para todos os efeitos, é o verdadeiro caminho de Cristo. E
esse caminho se fosse seguido pelos crentes no Senhor,
seria a resposta definitiva para todos os problemas das
igrejas em todos os tempos e lugares. A igreja de Corinto
especialmente, seria redimida de seus pecados, na medida
em que desenvolvesse a caminhada no caminho do amor.

Quando lemos 1Coríntios 13, é como se ouvíssemos Paulo


dizendo: “há entre vocês pessoas impacientes? Há homens
e mulheres de coração maligno? Há crentes ciumentos? Há
alguém preso ao ufanismo ou orgulho? Há soberbos? Se há
entre vocês essas espécies de intrigas e práticas carnais,
então é porque ainda não aprenderam a andar no caminho
da excelência. Não descobriram o caminho do amor. Porque
aquele que ama não é impaciente, não se conduzirá em
ciúme, não será orgulhoso, não se conduzirá de modo
inconveniente, nem será tomado pelo veneno da soberba”.

Paulo parece dizer que quando nos encontramos em falta


diante de Deus e dos homens, desviando-se de seu
caminho de pureza e unidade, há mais que a quebra de um
estatuto legal. De algum modo, o que acontece é a quebra
de um princípio eterno, o princípio que sustenta e mantém
em equilíbrio todas as leis do vasto Universo: o princípio do
amor. Segundo ele, podemos até mesmo ter sabedoria, mas
isso não é o princípio fundamental. Podemos entender as
profecias e conhecer todos os mistérios de toda ciência.
Mas também esse não é ponto determinante. Tudo passará.
Mas o fundamento do amor, esse jamais passará: será
eterno como o próprio Deus: “O amor jamais acaba”
(1Coríntios 13:8).

IV. Amor versus Conhecimento

Talvez um dos grandes dramas do cristianismo seja que nos


colocamos todos os dias nos bancos das igrejas como
pessoas que são fartas de conhecimento: entendemos toda
a doutrina, sabemos de memória todos os preceitos da
Escritura, mas não somos capazes de dedicar um pouco de
nosso tempo para comunicar um pouco do conhecimento
que salva. Não nos movemos ao encontro dos perdidos. Por
outro lado, penso que a maioria das contendas em nosso
meio se deve ao orgulho e independência dos crentes. Às
vezes pensamos que Cristianismo implica em uniformismo
e que adventismo implica em perfeccionismo. Desse modo,
não há lugar para os pecadores. As contendas quase
sempre surgem quando colocamos o saber acima do amor,
o fideísmo em lugar da fidelidade e da unidade. De fato,
muitos crentes, após adquirirem muito saber, se tornam
mais semelhantes ao Diabo, tornando-se mais acusadores
que auxiliadores de seus irmãos.

Na verdade, o farisaísmo nunca deu bons frutos. É apenas


uma máscara de santidade para encobrir os mais negros
motivos de uma vida interior. Ele se manifesta de modos
diversos. Às vezes, em pais fiéis aos estatutos e normas
que regem a vida de nossa comunidade, mas que ainda não
aprenderam a amar sua família. Por isso, temos famílias
feridas, temos maridos ou esposas mal-amadas, filhos
carentes, que ainda sonham com uma demonstração de
amor genuíno da parte dos pais.

Ele também se manifesta nos crentes eruditos que ocupam


os púlpitos de nossas igrejas, mas que ainda não
aprenderam a perdoar e desenvolver a paciência. Em
líderes com corações manchados pela mágoa, pelo ódio e
pelo ciúme. Eu mesmo já li na Bíblia a respeito de um grupo
que conhecia todas as exigências das Escrituras.
Aprenderam tudo acerca da Lei, mas eram fracassados na
arte de amar. Apesar de uma busca terrível de santidade,
foram capazes de planejar a morte de Jesus simplesmente
porque o coração estava envenenado pelo mal do ciúme e
da inveja. Há por trás de todo fariseu, um coração
orgulhoso e soberbo. Contudo, como diria Paulo: “Pois quem
é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas
recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se
o não tiveras recebido?” (1Coríntios 4.7). De fato, o saber
jamais foi algo definitivo para demonstrar a essência de
uma vida eclesiástica equilibrada. “Havendo ciência,
passará” (1Coríntios 13.8b).

Paulo estabelece o caminho da excelência de uma Igreja,


como uma caminhada na longa estrada do amor. Mas como
definir o amor? Como realmente saberemos que o
experimentamos?

V. Algumas Verdades Sobre o Amor

Antes de mais nada, devemos entender o pensamento


bíblico acerca do amor. Um engano no qual podemos cair é
aquele que estabelece o amor como apenas um
sentimentalismo barato, o romantismo carnal da
modernidade, com sua ênfase na sensualidade e na
permissividade. Segundo Ellen White, é o verdadeiro amor
um princípio. Não é sentimentalismo. É uma decisão de
amar que afeta nosso modo de ser e conviver. E esse
princípio, segundo ela, promove o bem, apenas o bem.

“Se esse amor de origem divina, é princípio permanente no


coração, far-se-á conhecido, não somente aos que
consideramos os mais queridos no relacionamento sagrado,
mas a todos aqueles com quem entramos em contato.
Levar-nos-á a prestar pequenos atos de atenção, a fazer
concessões, a praticar atos de bondade, a pronunciar
palavras ternas, verazes e animadoras. Levar-nos-á a
simpatizar com aqueles cujo coração tem fome de
simpatia” (n.8).

Na verdade, se no verdadeiro amor possa incluir


sentimentos, de acordo com Paulo, ele sempre irá para
além disso. Segundo Paulo, o amor não é apenas algo
informal, mas performático. Ele não apenas é um conceito
que da parte de Deus se revela a nós, mas uma influência
que nos transforma. Se não transforma, é porque não o
encontramos ainda. E se não o encontramos, não
alcançamos o ideal de Deus para Sua Igreja, não somos
verdadeiros discípulos, não experimentamos a redenção de
filhos e filhas de Deus, nem experimentamos o Espírito:
“porque o amor de Deus é derramado em nosso coração
pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.5).

Mas sendo algo performático, como definir o amor? Penso


que além do belo poema de Paulo, há nas Escrituras
excelentes demonstrações daquilo que de fato é o
verdadeiro amor.

1. Em primeiro lugar, notamos que o amor verdadeiro é um


mandamento. Jesus mesmo disse: “isso vos mando: que vos
ameis uns aos outros” (João 15:17). Certa vez perguntaram
a Jesus qual seria o maior mandamento da Lei e Ele deixou
estabelecido que este era o amor: “amarás ao Senhor teu
Deus...e a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:42). Sendo
ordem de Jesus, amar é um dever e deveria ser praticado
como uma obediência ao querer de Deus. Não é uma
questão optativa.

2. Em segundo lugar, notamos que o amor verdadeiro se


revela em atitudes concretas, não sentimentalismo barato.
Em 1Coríntios 13, Paulo enumera ações específicas para
aquele que anda verdadeiramente no amor: é benigno,
paciente, não se ufana, regozija-se com a verdade, etc... E
mesmo Deus, sendo Aquele que mais amou, não ficou
apenas em palavras. Sua promessa se fez carne, sangue e
sofrimento. Ele demonstrou que ama ao mundo de modo
prático e foi até as últimas conseqüências. João diz: “porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho
Único” (Jo 3:16). Quando amarmos de verdade, não apenas
diremos “te amo”, mas de fato demonstraremos isso
através de atitudes de sacrifício em favor de quem
amamos. Por isso, às vezes diremos como o personagem
Francesco (n.9), do filme baseado na vida de Francisco de
Assis, que às portas da morte, balbuciava: “meu Deus,
como é difícil amar!”. É verdade que nem sempre será
agradável amar. Às vezes o caminho do amor nos pedirá
sacrifícios. Às vezes teremos de amar até mesmo aos
nossos inimigos, como ordenou Jesus (Mateus 5:44). Talvez
por isso Jesus nos deixou o amor como um mandamento:
“isso vos mando” (João 15.17). Pois se é verdadeiro, em
favor dEle, Cristo, ofertaremos até mesmo nossa vida.
Assim foi com Jesus, que provou Seu amor amando-nos
quando éramos ainda pecadores (Romanos 5.8). Mas
podemos questionar: como poderemos amar com base em
uma ordem, uma injunção? Amor não seria algo marcado
pela espontaneidade e liberdade? Isso nos leva ao próximo
ponto.

3. Em terceiro lugar, o amor verdadeiro é divino, nasce de


Deus. Na verdade não sabemos amar. Nascemos egoístas e
maus: “vós, que sois maus” (Lucas 11:13). Porém, Paulo diz
em Romanos 5:5 que quando restabelecemos nossa
comunhão com Deus através de Cristo, Seu amor é
derramado em nosso coração pelo Seu Espírito. O que
devemos fazer é apenas não impedir sua força de atuação
em nós. Devemos apenas imitar a Deus em Seu trato
conosco: “andai em amor, como também Cristo nos amou e
se entregou por nós”. Isso envolve perdoar como fomos
perdoados, servir como fomos servidos. Isso porque o amor
é a própria natureza de Deus. O modelo sempre será a
Divindade: “aquele que não ama não conhece a Deus, pois
Deus é amor” (1Jo 4:8). Não temos nenhuma estrutura para
amar. Somente numa imitação de Cristo e Seu amor,
aprendemos aos poucos acerca do amor e como vivenciá-lo
em nossa esfera de relações.

VI. Um Modelo de Igreja

Depois de nossa análise, podemos afirmar que a igreja de


Corinto não era a igreja do sonho de Jesus. Eles estavam
longe do ideal de Deus e fora do caminho da excelência.
Talvez nós mesmos nos vejamos longe do ideal. Mas mesmo
eles ainda longe desse ideal, podemos aprender a
desenvolver a vida comunitária baseada no amor.

Surge para nós um desafio: tornar pela nossa influência, a


nossa igreja uma comunidade do sonho de Cristo. Contribuir
para que de fato sejamos uma comunidade unida e
marcada pelo sacrifício pelo bem comum. Porém, um
detalhe é que jamais nenhum amor mundano poderá ser
verdadeiro se ele se coloca acima de nosso amor a Deus.
Sem amá-Lo, nosso amor será falho, mentiroso e doentio.
Apenas o amor a Deus trará o equilíbrio à nossa maneira
tosca de amar. Quando amamos a Deus verdadeiramente,
podemos então cumprir o segundo mandamento, que
semelhante a este é: ama a teu próximo como a ti mesmo.

Diante disso, vem a pergunta: podemos encontrar um


exemplo de uma Igreja dos sonhos de Deus? Sim: este
modelo é a comunidade primitiva, a Igreja dos Apóstolos.
Em At 2:42-47, Lucas nos demonstra isso. Os fiéis eram
unidos na mesma fé e doutrina apostólica, no partir do pão
e nas orações (v. 42); eles viviam em reverencia diante de
Deus (v. 43); viviam em fraternidade: “todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum” (v. 44). E o
Senhor dava o sêlo da aprovação, aumentando-lhes o
número: “dia-a-dia acrescentava-lhes o Senhor dia-a-dia os
que iam sendo salvos” (Atos 2:47). Eles possuíam doutrina
e unidade. Eles tinham santidade, mas também,
fraternidade. E por isso, Deus agia por meio deles e
acrescentava-lhes mais e mais.

Você também pode gostar