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SINONÍMIA E PARÁFRASE
1. Sinonímia lexical:
→ Sinonímia é identidade de significação
→ Para que duas palavras sejam sinônimas:
(a) não basta que tenham a mesma extensão (a mesma referência), mas
precisampossuir as mesmas propriedades.
Ex.: aluno da UFRJ e Bruno, apesar de poderem possuir a mesma referência, não são
expressões sinônimas.
(b) para serem sinônimas, duas palavras devem apresentar a mesma contribuição
aosentido da frase em que se inserem, em qualquer contexto.
Ex.: Um ator famoso morreu/ expirou/ faleceu no final de semana passado.
Meu cãozinho faleceu no final de semana passado.
Minha plantinha faleceu no final de semana passado.
Ele faleceu de rir. / Ele expirou de rir. / Ele morreu de rir.
(c)palavras presumivelmente sinônimas sofrem sempre algum tipo de especialização,
de sentido e de uso.
Ex.: Ele escutou todas as recomendações.
Ele ouviu todas as recomendações.
Ele ouviu as recomendações, mas não escutou.
Ele olhou para ela, mas não a viu.
(d) Isso explica a “procura da palavra exata”, que procura responder a um nível de fala,
um jargão, uma especificidade da expressão etc.
4. Contradição
→ O emprego de antônimos relacionados a um mesmo evento produz incompatibilidades e
contradições nas sentenças:
Ex.: Este prato seco está molhado.
→ Expressões insólitas e incompatíveis podem ser usadas em determinados contextos e aceitas
como complexidades (o tudo que é nada; o particular é universal etc.)
Nos textos, expressões não consideradas sinônimas podem ter seu sentido aproximado e
outras, consideradas antonímicas, podem ter seu sentido aproximado.
“Em nenhum outro país os ricos demonstraram mais ostentação do que no Brasil. Apesar
disso, os brasileiros ricos são pobres.
São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados
equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio,
e, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos
carros a seus filhos e não voltam a dormir tranquilos enquanto eles não chegam em casa.
Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome e
são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos
medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.
Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem
encalacrados na pobreza social.
Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa
não conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto
arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a ir a restaurantes fechados,
cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer, escondidos, são
obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela
rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram.”
(Cristovam Buarque, O GLOBO , 12/02/2001)