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Nas Salas de Badia as danças locais passaram por uma transformação gradual no que
agora é chamado de raqs sharqi (dança do ventre). A dança vista na década de 1920 era
muito semelhante à dança Ghawazee, ou seja, dança solo, com o mínimo de trabalho
com os pés e muitos isolamentos do tronco, e as dançarinas, que às vezes tocavam
sagats, eram acompanhadas por músicos tradicionais e um cantor.
Em vez disso, na década de 1930: as dançarinas usavam mais espaço, trabalho de pés
variado e diferentes posições dos braços; a dançarina principal era apoiada por uma
linha de dançarinas de coro e os conjuntos musicais que acompanhavam a dança eram
muito maiores, com uma mistura de instrumentos musicais tradicionais e ocidentais.
Badia Masabni criou a dança do ventre como a conhececemos hoje, ela fez variações na
dança tradicional - adicionando a ela danças latina, turca e persa - e transformando-a
numa dança transcultural.
Entre os anos 50 e 70 surgiu uma nova geração de bailarinas: Nadia Gamal, Nagwa
Fouad, Soheir Zaki, Zizi Mustafa e Raqia Hassan, que se encarregaram de manter os
padrões estabelecidos por suas predecessoras.
O foco da Era Dourada era a individualidade, naturalidade, feminilidade, ser única e ter
uma marca registrada (repetição de um movimento).
2- BADIA MASABNY
- Nasceu em Shtura, Líbano (enquanto ainda fazia parte da Síria), em 1889
- Em 1914 estreou no famoso teatro da francesa Madame Jeanette dançando,
cantando e tocando snujs, tudo ao mesmo tempo
- No ano de 1926 fundou uma casa de shows: Casino Badia, mais tarde conhecido
como Casino Opera, onde surgiram as primeiras grandes estrelas da dança do
ventre e do cinema egípcio
- A casa de Badia, modelada de acordo com os cabarés europeus, oferecia a cada
dia um espetáculo completo de dança, música, monólogos e teatro com um novo
conceito, que era a dança em grupo, com uma bailarina principal e outras tantas
atrás
- Como tudo era coreografado Badia precisou contratar diversos artistas e
coreógrafos para ajudar na adaptação da dança para o palco e as bailarinas
começaram a usar sapatos de salto e o figurino de duas peças, com o cinturão e o
bustiê, inspirados pelas produções cinematográficas Hollywoodianas
- Pioneira na utilização de coreografias, foi ela quem incorporou à dança do
ventre alguns movimentos do balé, como uso de meia ponta, deslocamentos,
arabesques e giros, dando origem ao estilo hoje conhecido no Ocidente
- As ondulações de braço e a postura padrão de mantê-los na altura do tronco
também foram ideias de Badia
- O uso do véu como um acessório também veio dessa época. Como a dança foi
adaptada para os palcos, era necessário incrementar a apresentação para quem
estivesse mais longe
- Outra inovação foi inserir nas orquestras árabes instrumentos populares, como
violino e alaúde, misturando-os aos clásicos
- Todos estes elementos juntos começaram a dar forma a Dança do Ventre como a
conhecemos hoje, também chamada de Racks Shark ou Raqs El Sharqi
- Nessa época o Egito era o principal exportador do cinema árabe e o Casino
Opera foi cenário para centenas de filmes. Assim, as melhores dançarinas do
Casino saltaram para as telonas e se tornaram atrizes muito reconhecidas
- Badia foi tão famosa que deram seu nome a uma ponte, a Kobry Badia, que
significa Ponte Badia
- Morreu em 1975
4- TAHIA CARIOCA
- Egipcia, nasceu em Manzala, em 1919 (em alguns textos aparece 1915 e 1920)
- Seu nome verdadeiro era Badawiya Mohamed Karim Ali Sayed (em alguns
textos aparece como Badaweya Mohamed Kareem Al Nirani, em outros, Abla
Mohammad Karim)
- Estudou balé quando criança e começou a treinar dança do ventre com a
dançarina Suad Muhassen
- Quando Suad vendeu seu clube, Tahia foi trabalhar com Badia, no Casino
Opera, com o nome de Tahia Mohamed, tinha 14 anos
- Ela era fascinada pelo ritmo brasileiro samba, seu derbakista misturava sons
árabes aos sons brasileiros e ela usava o samba em suas coreografias
- Seu sobrenome deriva de uma coreografia que Issac Dixon criou para ela,
inspirado pela música de Carmen Miranda, chamada “O Carioca”, do popular
filme Flying Down to Rio
- Era chamada de “Marylin Monroe do mundo árabe“
- Om Kalsoum, afirmou que preferia assistir Taheyia a qualquer outra dançarina,
porque "ela era a única que podia cantar com o corpo"
- Seu estilo de dança é considerado o estilo mais autêntico e tradicional, ela era
tida como uma verdadeira ' bint al balad' (a filha do povo, a boa camponesa, a
boa esposa que dança apenas na privacidade do lar), completa egípcia
brincalhona
- Sua dança se destacava por ser muito relaxada, e de chão (pés firmes no solo),
ela também realizava às vezes movimentos bruscos, em especial muitos
shimmies de quadril. Seus movimentos de quadril eram pequenos e contidos,
exceto por alguns círculos muito grandes (inclinando-se muito com os quadris e
começando pela frente).
- Também destacava-se pela intensidade da musicalidade e utilizava passos
pequenos e variações de altura, explorando muito as alternâncias de planos
(baixo e médio) com o recurso de flexão dos joelhos
- Embora incorpore expressivamente o uso dos braços, suas danças são estudos
concentrados na mobilidade da estrutura pélvica para articular uma variedade de
elevações, oscilações e movimentos dentro de várias estruturas rítmicas e
melódicas
- Ela parou de dançar aos 32 anos, quando ainda estava no topo, para que as
pessoas guardassem a lembrança dela ainda bonita
- Morreu em 1999
5- SAMIA GAMAL
- Egipcia, nasceu em Wana, em 1924
- Seu nome verdadeiro era Zeinab Khalil Ibrahim Mafouz, mas Badia deu a ela o
nome artístico de Samia Gamal (Samia em árabe significa 'muito elogiada' e
Gamal significa 'beleza')
- Aprendeu a dançar com as jovens do seu bairro
- Em 1940 foi convidada para o Casino de Badia Masabny para participar do
programa de dança que este apresentava todas as noites, começou no coro e aos
poucos foi crescendo até se tornar solista
- Foi a primeira bailarina a dançar descalça, quando o salto do seu sapato quebrou
durante uma apresentação
- Também foi a primeira a usar e popularizar o uso do véu como elemento em
suas entradas
- Foi a responsável por levar a Dança do Ventre para Hollywood e Europa
- Samia pegou técnicas emprestadas do balé e musicais americanos para adicionar
gestos expressivos de mão e corpo que lhe permitiram retratar uma ampla
variedade de humores e atitudes
- Na sua dança se destacam os arabesques, os giros, o movimento de seus braços,
que ela utiliza muito e a sutileza de seus quadris
- Ela é a mais 'ocidentalizada' em relação ao seu estilo de dançar, que é muito
leve, com movimentos muito rápidos e fluidos, se movia mais no espaço com
curvas e passos
- Ao contrário de Tahia Carioca, que era bint al-balad, Samia Gamal representa
uma mulher moderna, com cabelos curtos, que usa saias de chiffon fluidas e
dança em boates ou teatros da classe alta e muito raramente em ambientes
populares
- Morreu em 1994
6- NAIMA AKEF
- Egipcia, nasceu entre 1929 e 1932, em Tanta
- Bailarina, acróbata, cantora e atriz
- Aprendeu a dançar no circo da familia
- A primeira bailarina a fazer um cambre a 90° perfeito
- Começou a dançar no Ópera Cassino e depois foi para o Kit Kat Club
- Fez parte do primeiro grupo de folclore do Egito, o Leil Ya Ain
- Naima não foi influenciada pelos estilos de outras dançarinas, mas criou um
estilo único. Ela não era pura dança egípcia, mas uma expressão livre com
música e danças elaboradas.
- Seu estilo destacava-se pelos movimentos inovadores (por exemplo, batidas de
quadril e shimmies), muitos deslocamentos e giros
- A dança de Naima Akef explora muito os oitos seguidos de giros ou redondos
grandes. Outro diferencial são os chutinhos, arabesques e pernas altas
- Morreu em 1966
Referências: