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APOSTILA DO CURSO

ESPECIALIZAÇÃO EM
FOLCLORE
ÁRABE
GHAWAZY

MARINA PERETTO
QUEM SÃO
As Ghawazy são uma família de artistas de rua. Não
se sabe ao certo quando elas chegaram ao Egito,
porém conforme o Dr. Tamer Aziz, são originárias de
onde hoje é conhecido como Bahrein e Irã.

Ghaziya no singular e feminino e Ghazawatie no


singular e masculino, lembrando que as letras GH
são usadas para representar a letra ‫( غ‬ghayn) que
tem um som de R ‎com um gargarejo na garganta.

As Ghawazy primeiramente dançavam em festivais


e eventos que aconteciam a céu aberto e quando
elas chegaram esses espaços pertenciam aos
ciganos que habitavam o Egito.

A relação estabelecida entre as Ghawazy e os


ciganos primeiramente foi uma relação comercial,
onde havia uma espécie de "agenciamento" da
parte dos ciganos para que as Ghawazy dançassem
nos eventos. Isso porque as Ghawazy eram uma
"mão de obra" barata para eles.

Muitos anos se passaram e por conta desta relação e


semelhanças entre esses dois povos, muitas
Ghawazy hoje também são ciganas, como é o caso
da Khariya Mazin (apesar dos mesmos evitarem
mencionar este termo para não sofrerem com o
preconceito).
Podemos então definir o
termo Ghawazy hoje
para estabelecer um
OFÍCIO e não uma etnia.

Este ofício que é passado


de geração a geração
que ensina a menina a
ser uma dançarina
pública.

As Ghawazy também
podem ser entendidas Foto de Khariya Mazin

como
co precursoras do Raks Sharki (Dança Oriental),
também conhecida como Dança Árabe ou Dança do
Ventre.

Por serem a primeira manifestação de dança


semelhante ao Raks Sharki documentada que
temos conhecimento até agora.
HISTÓRIA
A história das Ghawazy começa a partir de 1798,
quando ela começou a ser documentada, mas
sabemos que desde antes deste período elas já
estavam no Egito.

Neste ano, Napoleão Bonaparte invadiu o Egito por


Alexandria e devido a isso, as mulheres se abrigaram
no sul (Al Said) e os homens se mobilizaram para a
região do Delta (fallahi) caso houvesse uma guerra.

Delta
Al Said

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/egito-1.htm

Com a partida de Napoleão em 1799 sem a


necessidade de guerra, a maioria das famílias
retornaram novamente ao Cairo e com o governo de
a
Muhammad Ali que iniciou em 1805, começou uma
aliança com o governo britânicos e muitos europeus
começaram a viajar para o Egito.

Estas viagens geraram muitas possibilidades de


shows para as Ghawazy, pois os Europeus queriam
conhecer a cultura local.

Fotografia POSADA representando um show das Ghawazy - tirada provavelmente no séc 19

Consequentemente, muito material em forma de


ilustração, pinturas, fotos e livros foram produzidos
neste período - MAS CUIDADO - pois a visão
européia não é neutra, e estes materiais deram
início ao que hoje chamamos de ORIENTALISMO.

Nesta época, a fotografia levava horas para ser


tirada, sendo impossível elas serem feitas de forma
espontânea. Sendo assim, todas as fotos deste
período retratam os artistas (ou modelos) posando
para as fotografias.
Em 1830, Muhammad Ali decidiu banir todas as
dançarinas públicas.

Fonte: https://www.al-monitor.com/originals/2020/01/egypt-turkish-cultural-war-finds-its-new-hero-in-19th-century.html

Esta decisão pode ter sido tomada por diversos


fatores, sendo eles:
Pressão religiosa e moralista: Pois dançarinas
sempre foram consideradas imorais a partir do
islã.
Consequências da presença europeia: Pois com o
crescimento de demanda por esses serviços
(dança, música e também prostituição), poderia
ter induzido muitas mulheres egípcias pobres a
buscarem essas profissões.
Possível discurso crítico e político: Pois como as
dançarinas estavam em constante comunicação
com diversas classes da sociedade, o que dava a
elas muito poder político.
Impossibilidade de taxação: Pois como elas eram
nômades e não tinham locais fixos de moradia,
era muito difícil estabelecer uma taxação (que foi
algo implantado pelo governo de Muhammad
Ali).

O banimento fez com que as Ghawazy saíssem dos


centros urbanos e retornassem para a região do Al
Said e do Delta, o que ocasionou maior precariedade
e vulnerabilidade social e econômica, pois nestes
locais haviam muito menos shows.

Isso deu início ao que conhecemos de Saidi


Ghawazy e Delta Ghawazy.

O Al Said, por ser uma região mais conservadora, as


dançarinas ficavam mais cobertas e geralmente
com um lenço no cabelo. Elas também usavam mais
força para dançar, visto que o Tahtib influenciou
muito a dança delas. Os acessórios que elas
utilizavam era os sagat e o bastão/bengala.

Já as Ghawazy que foram para o Delta já tinham


mais liberdade para compor os seus figurinos,
podendo usar, inclusive, transparência. A dança
delas era mais delicada e suave e podiam usar sagat,
bastão/bengala e jarro para dançar.

Eventualmente elas puderam circular novamente


aaa
pelo Egito, porém, neste período já era muito difícil
distinguir quem era Ghawazy e quem era Awalem.

Ghawazee no Cairo, por David Roberts (séc XIX, entre 1846 e 1849)

Isso faz com que estas artistas sejam consideradas,


pelos europeus, todas iguais. Por isso, vemos
algumas pinturas retratando Ghawazy com o nome
de Awalem e vice-versa.

Em 1889 houve uma Exposição Universal em Paris,


em que o Egito participou e depois na Feira
Universal de Chicago em 1894.

Artistas da Rua do Cairo, na Exposição Universal de Paris (1889) Performers de dança do ventre - Chicago 1894
Hoje é muito difícil encontrar uma Ghawazy
(principalmente que admita ser Ghawazy), Porém os
relatos mais recentes que temos sobre elas são as
aaa
Banat Mazin do Al
Said, que significa as
"filhas do Mazin",
sendo a última ainda
viva a Khariya Mazin,
que ainda faz shows.

Já no delta temos
aaaa apresentação realizada em 1978 no Cairo de
uma
Ghawazy do Delta em um bar chamado Sahara City.

Sumbati Ghawazee dancing in Cairo - foto feita por Marocco


Não se sabe exatamente quando as Ghawazy do
Delta começaram a adicionar o equilíbrio de mesas
e cadeiras na boca em suas performances, porém,
existe um vídeo de 1904 de uma moça que se
chama "Princess Rajah" fazendo uma performance
semelhante. Porém, não se sabe se ela é de fato
Ghawazy ou se é um vídeo onde uma artista se
inspira para fazer a sua performance.
https://www.youtube.com/watch?v=DwwVU8mPrYg&t
A DANÇA
A dança varia muito entre períodos e entre regiões,
como em boa parte da existência das Ghawazy não
havia o recurso de filmagem, temos uma breve
noção da dança mais antiga por relatos escritos.

Como exemplo, vou colocar aqui um trecho de um


livro chamado "An account of the manners and
customs of the modern Egyptians" (Um relato das
maneiras e costumes dos egípcios modernos)
escrito por Edward William Lane em 1836 sendo este
trecho tirado da edição de 1890 e traduzido pelo
Hunna Coletivo (página 348):

"As Ghawázee atuam desveladas nas vias públicas para divertir


o povão. Sua dança tem pouca elegância. Elas iniciam com
certo grau de decoro porém, logo, animadas por olhares
incentivadores, iniciam a soar suas castanholas de metal mais
rápido e colocam mais energia em seus movimentos".

Lembrando que existe muitos traços orientalistas na


escrita de Edward William Lane quando ele fala de
elegância e de suas roupas, porém, neste trecho já
identificamos o uso dos sagat quando ele menciona
as "castanholas de metal".

Em outro relato escrito, agora por Isabella Frances


Romer que fez um diário de viagem chamado "A
pilgrimage to the temples and tombs of Egypt,
aaaaa
Nubia, and Palestine, in 1845-6" (Uma peregrinação
aos templos e túmulos do Egito, Núbia e Palestina,
em 1845-6), publicado em 1846 e traduzido
novamente pelo Hunna Coletivo (volume 1, página
274):

“Quanto à dança ou, melhor dizendo, à pantomima por ela


executada, nada pode ser menos gracioso ou mais monótono.
Golpeando suas castanholas de prata [snujs], às vezes com os
braços meio levantados acima da cabeça, às vezes com as
mãos esticadas diante dela, ela se dispôs desordenadamente
sobre um pequeno espaço de chão, sem executar nada como
um passo de dança. Em suma, ela colocou cada parte de seu
corpo em movimento, exceto seus pés. Ela havia sido advertida
para se conter, o que ela fez, pois não havia nenhuma violação
absoluta do decoro em sua performance. Mas na amostra que
ela nos deu de sua habilidade, não havia nem poesia, nem
imaginação, nem idéias - era da terra, terreno - a ninfa era um
caldo de argila e suas inspirações não eram aquecidas por uma
centelha do “feu sacre”, que às vezes por um momento
converte argila em algo pouco inferior ao divino."

Relato rico sobre a dança - apesar do Orientalismo


muito presente novamente - em que ela descreve
como eram tocados os sagat, também descreve
como o corpo se movimentava com os pés parados
no chão.

Lembrando que estes dois relatos são de bailarinas


que dançavam no Cairo neste período.

As danças nas cidades rurais já não era tão


aaaaaaaaa
documentada, porém tivemos um filme chamado
"The Romany Trail", lançado em 1981, em que temos
trechos de dança de Ghawazy do Al Said
(representado pelas Banat Mazin) e Ghawazy do
Delta.

Também temos o filme chamado Latcho Drom de


1993 que também tem trechos de Ghawazy do Al
Said.

Ambos os filmes tem a premissa de documentar os


ciganos do Egito, sendo que neste período a maior
parte das Ghawazy também já são ciganas.

Demais vídeos também serão enviados como


referência com comentários que irão acrescentar
ainda mais no seu estudo,
A MÚSICA
A música das Ghawazy eram tocadas ao vivo,
podendo ser com músicos da própria família ou
músicos locais contratados. Por isso, encontramos
performances de Ghawazy em músicas regionais, o
que acontece muito no Al Said e também músicas
feitas específicas para aquelas perfomances.

Conforme o Dr. Tamer Aziz, a música Tahte Shibbek


é uma música originalmente Ghawazy.

Na Era do Ouro, muitas bailarinas colocavam o


folclore Ghawazy em suas performances, o que foi o
caso da Nagwa Fouad dançando a música de Fatme
Serhan, criada especialmente para esta
performance.

A música Ghawazy, num modo geral, tem alguns


instrumentos bem típicos como Mizmar, Rebab e
Sagat.
O FIGURINO
Novamente é muito importante dizer que para a
escolha certa do traje, é necessário se colocar
historicamente e geograficamente na sua
performance. Lembrando que para utilizar materiais
produzidos por europeus, especialmente pinturas,
como referência é necessário considerar o
Orientalismo presente nas mesmas. Isso significa
que muitos europeus imaginavam corpos muito
mais amostra do que eles realmente estavam de
fato.

Ilustrações normalmente são bons materiais,


lembrando sempre de analisar semelhanças entre
as imagens de referência que sejam do mesmo
período.

Ambas ilustrações retratam bem as Ghawazy no


século 19 no Cairo.
Apesar destas fotos terem sido posadas (pois nesta
época levava-se horas para tirar uma foto), vale
observar as semelhanças encontradas nos figurinos
(séc 19).

Na região do Al Said:

Ambos figurinos utilizados pelas Banat Mazin, sendo


o da direita mais moderno com relação ao da
esquerda.
No Delta:

Pintura de Alfred Darjou no século 19, retratando


uma Ghaziya no Delta dançando com o Jarro.

Já fotografias/vídeos do século 20 mostram que as


galabias utilizadas por elas já são mais "clássicas" e
nota-se a presença de tecidos mais brilhosos.
VÍDEOS
Neste tópico alguns vídeos terão link do Youtube e
outros estarão na pasta que irei compartilhar com
você e vou me referir a estes pelo nome do arquivo
de vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=J8lkFT0essM
Começando por um recorte do filme The Romany
Trail que já foi referido no material. Neste vídeo as
Banat Mazin aparecem logo no início e as Ghawazy
da região do Delta aparecem por volta de 3:36. Este
filme é um documentário sobre os ciganos e as
mulheres que aparecem dançando neste trecho são
Ghawazy

https://www.youtube.com/watch?v=sRGV2Hck9ok
Este é um recorte do outro filme também
mencionado, o Latcho Drom, e também é um
documentário sobre o povo cigano, neste recorte
eles mostram a região do Al Said.

https://www.youtube.com/watch?v=NVHR0yLt3sU
Este vídeo temos uma coreografia de Mahmoud Reda
(que o mesmo chamava de Dança Saidi e não admitia
nem inspiração nas Ghawazy), porém, este vídeo
postado pelo Ibrahim Dimos (integrante da Reda
Troupe) ele faz menção às Ghawazy no título,
demonstrando que houve sim inspiração das Ghawazy
nas criações de "Saidi" de Mahmoud Reda.
https://www.youtube.com/watch?v=KFX0_NLC3rE
Neste vídeo Khariya e Raja Mazin dançam juntas
usando a bengala em um barco na região do Al Said.

https://www.youtube.com/watch?v=jfcFiHwGQBw
Mais um vídeo de Khariya Mazin, dos muitos que
vocês vão encontrar online, pois ela é a Ghawazy
que mais tem vídeos produzidos.

Vídeo "Sahara City":


Neste vídeo vemos o que foi retratado nas fotos das
Ghawazy do Delta no século 20, o equilíbrio de
mesas e cadeiras com a boca. Sahara City é um bar
no Cairo que recebeu essas dançarinas para fazer
um show.

Vídeo "Delta Ghawazy"


Retirado do acervo da Amany Farouk que ela
classifica como Delta Ghawazy.

https://www.youtube.com/watch?v=ddulpj6BmUM
Neste vídeo a dançarina está em uma festa na
região do Al Said. Conforme o Dr. Tamer, essa
dançarina é de uma família do Delta, porém,
conforme a Antropóloga Nisaa, ela está dançando
como as Ghawazy do Saidi e pontua a música com
bastante presença de Mizmar. Importante é
entender que ela é sim uma Ghaziya, uma dançarina
pública e procurar não colocar nada em "caixinhas".
Vídeo "Hala El Safi - Jar"
Neste vídeo a bailarina de Raks Sharki Hala El Safi
está fazendo uma performance Ghawazy do Delta,
dançando com o Jarro. Observem o figurino, a
música e a forma com que ela dança. A dança dela
traz uma interpretação o que torna uma
performance mais "cênica". É importante
entendermos que esta é uma fonte secundária da
dança.

https://www.youtube.com/watch?v=fOKReM6_utY
Mais um vídeo da Hala El Safi (Raks Sharki), desta
vez interpretando uma Ghawazy do Saidi.

https://www.youtube.com/watch?v=ptCuZvyJS6Q
Nabaweya Mustafa (Raks Sharki) sempre teve uma
dança muito inspirada nas Ghawazy, mas é
importante dizer que não há evidências de que ela é
de fato uma Ghaziya. Neste vídeo a dança dela tem
muito mais semelhança com as Ghawazy do Delta
pelo quadril mais solto e também pela roupa que ela
usa.

https://www.youtube.com/watch?v=FbMl4NxK1XY
Neste filme Taheya Carioca (Raks Sharki) faz uma
interpretação Ghawazy, nesta época era comum
alguma bailarinas colocarem esse "folclore" no meio
do seu show.
https://www.youtube.com/watch?v=Gi6SUtoXqz8
Suheir Zaki (Raks Sharki) em 1991 fazendo uma
performance Ghawazy do Saidi

https://www.youtube.com/watch?v=tA5OBmpGQTM
Nagwa Fouad (Raks Sharki) dançando com Fatme
Serhan cantando, cantora conhecida por cantar
músicas Ghawazy e, posteriormente, Baladi.

https://www.youtube.com/watch?v=5pEL6tjzuIc&t
Por fim, o filme Tamr Henna que é muito mais
importante assistir pelo CONTEXTO do filme do que
pela dança em si. No filme é retratado uma família
cigana no circo e Tamr Henna é interpretado pela
Naima Akef (Raks Sharki). Neste link não há
legendas, porém é possível achar a sinopse online
em inglês e colocar no Google tradutor pra entender
um pouquinho melhor o contexto.
REFERÊNCIAS
ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Gomes de (2018). Entre Ghawazee, Awalim e
Khawals: viajantes inglesas da Era Vitoriana e a “Dança do Ventre” . 2018 198 f.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, 2018.

ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Rotta Gomes de. Entre Ghawázee e Awálim: a


dança egípcia a partir da obra de Edward Willian Lane. 2014. 62 f. TCC
(Graduação) - Curso de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

GHAFFAR, Tamir Yahya Abdul. The dances of Al Ghawazi. Folk Culture –


Bahrain. 2021. Disponível em: <https://www.folkculturebh.org/en/index.php?
issue=&page=article&id=1044>. Acesso em: 13, fevereiro e 2021.

PASCHOAL, Nina Ingrid Caputo. Ventre colonizado: representações da mulher


árabe e suas danças na pintura orientalista do século XIX. 2019. 155 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, São Paulo, 2019.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Editora


Companhia das Letras, 2007.

LANE, Edward Willian. An account of the manners and customs of the modern
Egyptians. 3ª ed. London: Ward, Lock & Co., 1890. Disponível em:
<http://scholarship.rice.edu/jsp/xml/1911/9176/71/LanMa1890.teitimea.html#inde
x-div1-N102CA>. Acesso em: 21, agosto de 2021.

ROMER, Isabella Frances. A pilgrimage to the temples and tombs of Egypt,


Nubia, and Palestine, in 1845-6. London: Richard Bentley, 1846. 2 v. Volume 2.

MOROCCO, C Varga Dinicu. You Asked Aunt Rocky: Answers & Advice about
Raqs Sharqi and Raqs Shaabi, Rdi Publications, 2013.

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