Este documento é uma resenha de um estudo prático sobre a permanência de mulheres em relacionamentos abusivos. Através de entrevistas com três mulheres, o estudo identificou que a violência física e psicológica funcionava como punição positiva que mantinha as mulheres nos relacionamentos por dependência emocional e financeira. O estudo também analisa o caso "Edna" e sugere que o desejo do parceiro por outro filho, sem o consentimento dela, pode configurar violência sexual.
Descrição original:
Resenha sobre artigo a respeito de violencia contra mulher
Este documento é uma resenha de um estudo prático sobre a permanência de mulheres em relacionamentos abusivos. Através de entrevistas com três mulheres, o estudo identificou que a violência física e psicológica funcionava como punição positiva que mantinha as mulheres nos relacionamentos por dependência emocional e financeira. O estudo também analisa o caso "Edna" e sugere que o desejo do parceiro por outro filho, sem o consentimento dela, pode configurar violência sexual.
Este documento é uma resenha de um estudo prático sobre a permanência de mulheres em relacionamentos abusivos. Através de entrevistas com três mulheres, o estudo identificou que a violência física e psicológica funcionava como punição positiva que mantinha as mulheres nos relacionamentos por dependência emocional e financeira. O estudo também analisa o caso "Edna" e sugere que o desejo do parceiro por outro filho, sem o consentimento dela, pode configurar violência sexual.
RESENHA - ANÁLISE FUNCIONAL DA PERMANÊNCIA DAS MULHERES NOS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS: UM ESTUDO PRÁTICO
SÃO PAULO 2018 RESENHA - ANÁLISE FUNCIONAL DA PERMANÊNCIA DAS MULHERES NOS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS: UM ESTUDO PRÁTICO
A violência está vinculada a questões como luta de poder e exercício de
autoridade sobre o outro. No que tange a violência doméstica, também entra em debate as desigualdades políticas, econômicas e sociais vivenciadas entre os gêneros. De acordo com a Lei Nº 11.340 (2006), chamada “Maria da Penha”, a violência contra a mulher pode se manifestar de forma física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Para a análise do comportamento, contingências que operam sib eventos aversivos, reforçamento negativo e punição, são denominados contingências coercitivas. A manifestação dessa forma de comportar traz por consequência a relação ressentimentos, frustrações, hostilidade e agressão. Para compreensão desses fenômenos as autoras realizaram, além da pesquisa bibliográfica, uma pesquisa de campo através de uma entrevista semidirigida, com três mulheres com faixa etária entre 26 e 40 anos, nível de instrução de ensino fundamental a superior incompleto, que conviveram por mais de quatro meses em relacionamentos abusivos. Através da coleta e análise de dados, foi identificado que os parceiros as violentavam de forma física e/ou psicológica, caracterizando, assim uma punição positiva à estas. A tolerância frente a esses episódios pode ter relação com a história de vida das entrevistadas, onde, possivelmente, estas aprenderam a naturalizar a manifestação desses comportamentos em seus relacionamentos. As três relataram dependência emocional, financeira e até sexual do parceiro, estes aspectos remetem ao reforçamento positivo, pois são compreendidos como estímulos reforçadores dentro da contingência. Também é presente neste contingência o esquema de reforçamento negativo, pois permanecer junto ao parceiro significa evitar privação dos recursos financeiros e /ou emocionais. Por fim, as entrevistadas relataram a necessidade de agir sobre a situação e denunciar o agressor. Este comportamento aponta que não é necessário apenas conhecer as variáveis que controlam o comportamento e as suas consequências, mas também utilizar recursos que possam modificar as contingências mantenedoras. Com base nos pressupostos levantados pelas autoras nos resultados em comparação com o “Caso Edna”, infere-se que a Edna, ao manter-se no seu relacionamento com seu parceiro, gerando filhos, apenas por conta do desejo dele em ter um outro filho, indica que essa situação pode equiparar-se a uma violência sexual, pois é direito da mulher ter acesso a métodos contraceptivos e participar de programas de planejamento familiar, ou seja, a esta deve lhe ser garantido o controle de seu corpo, sendo inadmissível que apenas o desejo do outro sobreponha a sua vontade. Cabe nesta análise, verificar junto ao casal como a dinâmica está estabelecida e constar a sua procedência ou não, não deixando de oferecer a estes todos os recursos que o Estado deve fornecer a família durante esta e, possíveis ou não futuras, gravidezes. É necessário ressaltar que, como a violência contra a mulher está demasiadamente naturalizar no contexto social, pode-se deduzir que, caso Edna encontre-se nessa esfera, talvez não perceba e compreenda a situação em que vive como uma violência, tamanha a naturalização e sutileza dos processos. Nesse sentido, também é dever da equipe abordar de forma acolhedora o tema, fornecendo a ela as informações, dados e promover a reflexão, conduzindo e proporcionando a paciente o exercício de sua autonomia. REFERÊNCIAS
PEREIRA, D.; CAMARGO, V.; AOYOMA, P. Análise funcional da permanência das
mulheres nos relacionamentos abusivos: Um estudo prático. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 20, n. 2, 6 ago, 2018.