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ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA NOTURNO – 9º SEMESTRE


SEMINÁRIOS INTEGRATIVOS I
ORIENTADORA: CAMILA

JÉSSICA ALMEIDA MOREIRA R.A.: 20636195

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA


RESENHA - ANÁLISE FUNCIONAL DA PERMANÊNCIA DAS MULHERES NOS
RELACIONAMENTOS ABUSIVOS: UM ESTUDO PRÁTICO

SÃO PAULO
2018
RESENHA - ANÁLISE FUNCIONAL DA PERMANÊNCIA DAS MULHERES NOS
RELACIONAMENTOS ABUSIVOS: UM ESTUDO PRÁTICO

A violência está vinculada a questões como luta de poder e exercício de


autoridade sobre o outro. No que tange a violência doméstica, também entra em
debate as desigualdades políticas, econômicas e sociais vivenciadas entre os
gêneros. De acordo com a Lei Nº 11.340 (2006), chamada “Maria da Penha”, a
violência contra a mulher pode se manifestar de forma física, psicológica, sexual,
patrimonial e moral.
Para a análise do comportamento, contingências que operam sib eventos
aversivos, reforçamento negativo e punição, são denominados contingências
coercitivas. A manifestação dessa forma de comportar traz por consequência a
relação ressentimentos, frustrações, hostilidade e agressão.
Para compreensão desses fenômenos as autoras realizaram, além da
pesquisa bibliográfica, uma pesquisa de campo através de uma entrevista
semidirigida, com três mulheres com faixa etária entre 26 e 40 anos, nível de
instrução de ensino fundamental a superior incompleto, que conviveram por mais de
quatro meses em relacionamentos abusivos.
Através da coleta e análise de dados, foi identificado que os parceiros as
violentavam de forma física e/ou psicológica, caracterizando, assim uma punição
positiva à estas. A tolerância frente a esses episódios pode ter relação com a história
de vida das entrevistadas, onde, possivelmente, estas aprenderam a naturalizar a
manifestação desses comportamentos em seus relacionamentos. As três relataram
dependência emocional, financeira e até sexual do parceiro, estes aspectos
remetem ao reforçamento positivo, pois são compreendidos como estímulos
reforçadores dentro da contingência. Também é presente neste contingência o
esquema de reforçamento negativo, pois permanecer junto ao parceiro significa
evitar privação dos recursos financeiros e /ou emocionais. Por fim, as entrevistadas
relataram a necessidade de agir sobre a situação e denunciar o agressor. Este
comportamento aponta que não é necessário apenas conhecer as variáveis que
controlam o comportamento e as suas consequências, mas também utilizar recursos
que possam modificar as contingências mantenedoras.
Com base nos pressupostos levantados pelas autoras nos resultados em
comparação com o “Caso Edna”, infere-se que a Edna, ao manter-se no seu
relacionamento com seu parceiro, gerando filhos, apenas por conta do desejo dele
em ter um outro filho, indica que essa situação pode equiparar-se a uma violência
sexual, pois é direito da mulher ter acesso a métodos contraceptivos e participar de
programas de planejamento familiar, ou seja, a esta deve lhe ser garantido o
controle de seu corpo, sendo inadmissível que apenas o desejo do outro sobreponha
a sua vontade. Cabe nesta análise, verificar junto ao casal como a dinâmica está
estabelecida e constar a sua procedência ou não, não deixando de oferecer a estes
todos os recursos que o Estado deve fornecer a família durante esta e, possíveis ou
não futuras, gravidezes.
É necessário ressaltar que, como a violência contra a mulher está
demasiadamente naturalizar no contexto social, pode-se deduzir que, caso Edna
encontre-se nessa esfera, talvez não perceba e compreenda a situação em que vive
como uma violência, tamanha a naturalização e sutileza dos processos. Nesse
sentido, também é dever da equipe abordar de forma acolhedora o tema, fornecendo
a ela as informações, dados e promover a reflexão, conduzindo e proporcionando a
paciente o exercício de sua autonomia.
REFERÊNCIAS

PEREIRA, D.; CAMARGO, V.; AOYOMA, P. Análise funcional da permanência das


mulheres nos relacionamentos abusivos: Um estudo prático. Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 20, n. 2, 6 ago, 2018.

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