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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E


MUCURI
DIAMANTINA – MINAS GERAIS
www.ufvjm.edu.br

INDÚSTRIA ALCOOLQUÍMICA: Produção de eteno e


polietileno

Docente: Matheus Henrique Granzotto


Disciplina: Planejamento e Projeto de Indústrias Químicas I

Discentes:
Elias Cristovam de Souza Júnior
Thaís Rocha de Oliveira

Diamantina
2014

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Elias Cristovam de Souza Júnior
Thaís Rocha de Oliveira

INDÚSTRIA ALCOOLQUÍMICA: Produção de eteno e


polietileno

Trabalho apresentado no curso de


Engenharia Química como requisito da
disciplina Planejamento e Projeto de
Indústrias Químicas I.

Profo. Matheus Henrique Granzotto

Diamantina
2014

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4
2. REVISÃO TEÓRICA .............................................................................................................. 5
3. BRASKEM ............................................................................................................................... 7
4. PROCESSO DE PRODUÇÃO DO POLIETILENO VERDE ............................................ 8
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 11
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 12

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1. INTRODUÇÃO

A indústria petroquímica atingiu o seu ápice na década de 1990, quando


atingiu a marca de US$ 500 bilhões de vendas mundiais, sendo o segmento
mais importante da indústria química.
A indústria química é a indústria a qual transforma os subprodutos
derivados do petróleo e do gás natural em bens industriais, que são utilizados
como matéria-prima em diversos ramos industriais para suprimento de diversas
necessidades humanas.
A indústria petroquímica é constituída de unidades/empresas de
primeira, segunda e terceira geração. As empresas de primeira geração são as
responsáveis por produzir os produtos básicos derivados dos subprodutos do
petróleo. Tem-se como exemplo de produtos de primeira geração o eteno e o
benzeno. As empresas de segunda geração são as responsáveis por processar
os produtos de primeira geração e os transformar em resinas termoplásticas e
em produtos intermediários como o acetato de vinila. Já as empresas de
terceira geração transformam os produtos de segunda geração em produtos
finais, prontos para consumo.
Mesmo diante do grande crescimento da indústria petroquímica e se
tornando autossuficiente de petróleo, o Brasil necessita importar cerca de
30% da nafta, pois a produção nacional é composta por 80% de frações
pesadas. Essa nafta possui um valor muito alto, o que implica na estabilidade e
em limitações da indústria nacional.
Indústria alcoolquímica tornou-se uma grande alternativa à nafta, tendo a
Braskem iniciado o projeto de produção do polietileno 100% verde.
O polietileno verde é produzido a partir da desidratação do álcool em
eteno e posterior polimerização.
Sendo o Brasil um grande produtor de etanol e disputando com os EUA
a liderança em produção deste insumo, o país tem grande potencial para
implementação da Indústria Alcoolquímica para substituição parcial da
Petroquímica em curto prazo, e total em longo prazo.
O presente trabalho tem como objetivo o estudo da produção de
polietileno verde e o desenvolvimento da Indústria Alcoolquímica no Brasil.

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2. REVISÃO TEÓRICA

O polietileno é um tipo de plástico derivado do eteno de composição


química (-CH2-CH2-)n. É o mais utilizado mundialmente, principalmente na
indústria automobilística e de embalagens (ZAMBANINI et al, 2014).
Atualmente, as principais rotas químicas de obtenção do polietileno são
a petroquímica e a alcoolquímica. A diferença básica entre essas rotas é a
obtenção do eteno. Na rota petroquímica, o petróleo cru é separado por
destilação em diversas frações, sendo uma delas a nafta. A nafta pode ser
então craqueada para a formação do eteno e outras olefinas (SANTOS, 2010).
Na rota alcoolquímica o eteno é obtido através da desidratação catalítica
do etanol em reatores de leito fixo ou fluidizado. O etanol pode ser hidratado ou
anidro, contudo, o anidro possui um custo muito elevado para tal processo
(BELLOLI, 2010).
O eteno é matéria-prima de 30% de todos os produtos petroquímicos,
sendo o polietileno, o óxido de etileno e o dicloroeteno os mais importantes
(SANTOS, 2010). A figura 1 mostra os principais produtos obtidos do eteno.

Figura 1 – Principais produtos do eteno.

O óxido de etileno é um importante produto químico utilizado na síntese


de diversos produtos comerciais, como etileno-glicol e álcoois etoxilados, o

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dicloroeteno é matéria-prima para o policloreto de vinila, o etilbenzeno pode ser
convertido a poliestireno e o acetato é utilizado para produção de acetato de
polivinila e álcool polivinílico (SANTOS, 2010).
O polietileno verde é obtido através da polimerização do eteno na
presença de um catalisador. A forma de produção do polietileno atual permite a
redução de dióxido de carbono na atmosfera pela fixação desta molécula
através da cana-de-açúcar e pela alta capacidade da molécula de eteno em
fixar carbono. Cada 1 kg de polietileno verde produzido fixa 2,5 kg de CO2
(BRASKEM).
O polietileno verde diferencia do polietileno oriundo do petróleo apenas
na forma de obtenção do eteno. Suas vantagens podem ser citadas como a
fixação de CO2, enquanto a rota petroquímica emite este gás (SANTOS, 2010).
Quando se compara a fixação e emissão CO2 de ambas as rotas, obtém-se
uma diferença de 6 kg de CO2 a cada quilograma de polietileno produzido, uma
vez que a rota petroquímica do polietileno emite 3,5 kg de CO 2 por quilograma
de polietileno produzido (BRASKEM). Outra vantagem é a utilização de uma
matéria-prima renovável em detrimento de uma matéria-prima finita.

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3. BRASKEM

A Braskem foi inaugurada em 16 de agosto 2002, sendo a líder do


mercado da América Latina. A sua trajetória de sucesso se iniciou com a
integração da Copene, OPP Química S.A, Nitrocarbono S.A, Trikem S.A e
Proppet S.A. Contando com escritórios nas Américas, Europa e Ásia, a
Braskem atua no mercado de resinas termoplásticas e produtos químicos
(BRASKEM).
A Braskem é conhecida mundialmente pelo seu modelo sustentável,
tendo na cana-de-açúcar uma aliada no desenvolvimento da economia de
baixo carbono (ZAMBININI et al., 2014).
Em 2007 a empresa desenvolveu e iniciou a produção de eteno a partir
da desidratação do etanol, sendo pioneira na utilização de fonte renovável para
a produção da olefina e lançando o polietileno 100% verde. Já em 2010 iniciou-
se a produção de eteno verde em escala industrial e comercial e é a única
empresa brasileira que produza plástico 100% verde (BRASKEM).

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4. PROCESSO DE PRODUÇÃO DO POLIETILENO VERDE

O processo de produção do polietileno verde diferencia do processo do


polietileno comum apenas na produção do eteno. Na produção do plástico
verde, o eteno é obtido através de uma desidratação catalítica de acordo com a
equação química:

A reação ocorre em um reator de leito fixo operado isotérmico ou


adiabaticamente ou em um reator de leito fluidizado operando em condições
adiabáticas (BELLOLI, 2010). A reação é endotérmica e o equilíbrio é
favorecido por altas temperaturas e pressão moderada (SANTOS, 2010).
TSAO et al (1979) desenvolveu um processo envolvendo um reator de
leito fluidizado pode-se alcançar rendimentos maiores ou iguais a 99% com um
tempo de residência de pelo menos 1 segundo, ajustável para o rendimento
desejado, seletividade superior a 99% e temperaturas próximas a 750 ºF.
Os catalisadores podem variar dentre os catalisadores utilizados para
reações de desidratação e são citados por SANTOS (2010): alumina ativida,
sílica, ácido fosfórico impregnado em coque, sílica-alumina ou zeólitas
modificadas.
A formação de co-produtos depende do catalisador utilizado e das
condições de temperatura e pressão. A tabela 1 mostra as possíveis reações
na desidratação do etanol. Os co-produtos mais formado no processo é o éter-
dietílico e sua formação aumenta em temperaturas abaixo de 350 ºC. Outros
co-produtos efluentes do reator são hidrogênio, ácido acético, monóxido e
dióxido de carbono (KOCHAR, MERIMS e PADIA, 1981 apud BELLOLI, 2010).

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Tabela 1 – Possíveis reações na desidratação do etanol

O processo de produção de eteno utilizado na Braskem é ilustrado na


figura 2 (CARMO, BELLOLI e MORSCHBACKER, 2012).

Figura 2 – Fluxograma da produção de eteno

A corrente de etanol vaporizada recebe uma carga de vapor na


proporção de 2:1 ou 3:1 para aumentar a carga térmica da corrente de

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alimentação do reator, aumentar a massa de troca térmica e proporcionar uma
menor diminuição de temperatura no reator (BELLOLI, 2010). Após a reação, o
efluente é purificado através de uma torre de resfriamento para retirada grossa
de água. O eteno bruto é então lavado com uma solução de hidróxido de sódio
e passa por uma torre de secagem, gerando o eteno em grau químico. Por fim,
o eteno é destilado para remoção das impurezas remanescentes, produzindo o
eteno grau de polímero, com pureza maior que 99,9% (CARMO, BELLOLI e
MORSCHBACKER, 2012).
A conversão do eteno verde em polietileno verde ocorre da mesma
maneira que o polietileno convencional. A equação química de polimerização é:

As condições operacionais dependem do tipo de polietileno desejado e


uma planta genérica é representada na figura 3 (SHREVE et al, 1984 apud
SANTOS, 2010).

Figura 3 – Planta genérica de produção de polietileno

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Indústria Alcoolquímica pode ser facilmente implementada no Brasil


para substituição parcial da Petroquímica. Essa substituição além de gerar
empregos diretos e indiretos, consolida o setor sucroalcooleiro não apenas
como produtor de açúcar e etanol, mas com uma gama muito maior de
produtos importantes.
A diversificação da forma de produção de produtos tão essenciais à
sociedade elimina um possível caos no caso da extinção do petróleo em um
longo prazo.
O eteno e o polietileno verde são importantes produtos alcoolquímicos
que reduzem substâncias nocivas ao meio ambiente, como o CO2 e
substâncias presentes no petróleo. Além disso, a utilização de matéria-prima
renovável permite a construção de uma indústria sólida a longo prazo.

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6. REFERÊNCIAS

APLA. Anuário petroquímico latinoamericano. 2013-2014.

BELLOLI, R. Polietileno verde do etanol da cana-de-açúcar brasileira:


biopolímero de classe mundial. Porto Alegre: UFRS, 2010.

BRASKEM. Disponível em: www.braskem.com.br. Acesso em: 23/10/2014.

CARMO, R.W.; BELLOLI, R.; MORSCHBACKER, A. Poletileno verde. Instituto


de tecnologia de alimentos. vol. 24. n. 1. 2012.

KOCHAR, N.K.; MERIMS, R.; PADIA, A.S. Ethylene from ethanol. Chemical
Engineering Progress, AlChe, 1981, 6, p. 66-70. apud BELLOLI, R. Polietileno
verde do etanol da cana-de-açúcar brasileira: biopolímero de classe mundial.
Porto Alegre: UFRS, 2010.

SANTOS, N.P.B. Plástico verde. Uberlândia, 2010.

SHREVE, R.N.; BRINK Jr., J.A. Indústria de Processos Químicos, 5.ed. Rio de
Janeiro,1984 apud SANTOS, N.P.B. Plástico verde. Uberlândia, 2010.

TSAO, U. et al. Production of ethylene from ethanol. US 4134926 A. 18 abr.


1977, 16 jan. 1979.

ZAMBANINI, M.E. et al. Sustentabilidade e inovação: um estudo sobre plástico


verde. Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v. 7, n. 2, p. 429-453,
mai./ago. 2014.

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