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Que literatura para a escola?

Que escola para a literatura?


Regina Zilberman*

Resumo
O artigo discute o ensino de litera- rio da Grécia que institucionalizava o
tura da Grécia Antiga e nos dias de canônico e que ainda vigora nos estu-
hoje, destacando as concepções que dos literários – a literatura ficava no
se encontravam na base do ensino. fim ou de fora, agora ela não está em
Mostra que herdamos o processo de parte alguma.
aprendizagem da Antiguidade, sobre-
tudo dos gregos e romanos. Com rela- Palavras-chave: Leitura. Ensino de li-
ção ao ensino de literatura, havendo teratura. Escola.
a necessidade de dominar o código
verbal, estabeleceu-se como padrão
de uso sua aplicação pelos poetas e
A escola é uma das tantas heranças
criadores literários, que se tornaram
modelos e ajudaram a configurar o que os gregos da Antiguidade legaram ao
cânone. Além disso, o ensino da lite- Ocidente. Testemunhos daqueles tempos
ratura, ou da poesia, integrou-se ao indicam que sua organização remonta ao
preceito que por muito tempo regeu
século V a. C., época de Péricles, na polí-
a educação de modo geral, a saber,
o de transmitir regras e princípios a tica, de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, no
serem absorvidos pelos futuros cida- drama, e de Sócrates, na filosofia. Desde
dãos.Essa circunstância não impediu, esses começos, o funcionamento da esco-
porém, de se formarem bons leitores la dependia da transformação da poesia
e admiradores da literatura, conforme
sugerem os depoimentos de escritores
em matéria de ensino. O procedimento
brasileiros atuantes durante o mo- supunha, primeiramente, a aprendiza-
dernismo. Essa tradição, entretanto, gem da escrita e da leitura, conforme
experimentou mudanças a partir da observa Eric G. Turner, ao lembrar que
década de 1970. Atualmente a escola
“ler e escrever são elementos normais
parece prescindir da literatura. Para
que esta justifique sua presença no da educação ateniense corrente”, sendo
ensino e em sala de aula, cabe es-
clarecer o que pode representar para
seus consumidores, assumindo perfil *
Docente da UFRGS e da Fapa.
pragmático e profissionalizante. Se
antes – conforme o modelo originá- Data de submissão: novembro de 2009. Data de aceite: dezembro de 2009.

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que “a criança começará a ler e escrever Nossa fonte primária sobre as escolas de
com a idade de dez anos, e três anos de gramática do período helenista é um ma-
nual escrito por Dionísio Trácio perto de
estudo intenso serão suficientes”.1 Sabe- 100 a.C. e usado como livro didático pelos
se ainda que, “até a idade de 14 anos, quinze séculos seguintes. Dionísio define a
os meninos atenienses iam à escola e gramática como uma aquisição do que está
dito nos escritores de poesia e prosa, signi-
estudavam quatro assuntos básicos: ficando o cânone clássico tal como emergiu
grammatike (linguagem), mousike (lite- à sua época. O assunto tem seis partes que
ratura), logistike (aritmética) e gumnas- eram as atividades diárias de professores e
estudantes na escola: leitura em voz alta,
tike (atletismo)”.2
incluindo compreensão da métrica usada
Do século V ao III a.C., a escola se ex- nos versos; identificação dos tropos no texto;
pande, adotando formato característico, explanação do significado das palavras ra-
conteúdos disciplinares e metodologia ras e das referências históricas; construção
de etimologias, exercícios de declinação de
compatível com o conhecimento sobretu- nomes e de conjugação de verbos, e o que é
do da linguagem e da poesia, conforme chamado “julgamento” dos poetas. O último
descreve George Kennedy: refere-se à crítica textual e literária confor-
me praticada pelos gramáticos profissionais,
Na idade de seis ou sete anos, a criança mas alguns professores provavelmente
podia entrar numa escola primária, ensi- tentaram mostrar a seus estudantes o que
nada por um grammatistes. O método de eles viam como o mérito especial dos textos
instrução era pura memorização das formas estudados.5
e nomes das letras, depois os sons das síla-
bas, e finalmente a pronúncia de palavras e J. W. H. Atkins igualmente des-
sentenças. Trechos de poesia eram memori- creve o processo de aprendizagem na
zados e recitados, e, ditados pelo professor,
eram laboriosamente copiados e corrigidos. Antiguidade, sobretudo entre gregos e
Treinamento da memória era um traço per- romanos, que herdamos com pequenas
sistente de toda a educação antiga. alterações:
Quando a criança podia ler e escrever, era
tempo de se mudar para a escola de um Nas suas páginas [de Dionísio Trácio] é le-
grammaticus, o gramático, para estudo vada avante a concepção dominante da arte
posterior da língua e literatura. Ao mesmo da gramática que, longe de ser entendida no
tempo, o menino grego tinha treinamento sentido moderno e estreito do termo, dizia
atlético, talvez lições de geometria, e segui- respeito aos usos de escritores tanto de poe-
damente lições de música, mas nenhuma sia, como de prosa, e visava à interpretação
dessas era preocupação da própria escola, da literatura no sentido mais largo.
devotada exclusivamente aos estudos lite- As várias partes da gramática eram então
rários.3 definidas como (1) leitura acurada em voz
alta, (2) interpretação das figuras do discur-
O mesmo pesquisador descreve o so, (3) explanação das palavras e costumes
conteúdo de importante livro didático da obsoletos, (4) etimologia, (5) estudo das
formas gramaticais, e (6) crítica da poesia,
Antiguidade, a Ars Grammatica, de Dio- descrita como a função mais alta e nobre.
nísio Trácio, “obra de aproximadamente Não é difícil ver aparecendo uma nova fase
16 páginas, que permaneceu por séculos da crítica analítica; um esforço consciente
e sistemático sendo feito para abrir novas
o modelo de trabalho desse tipo”:4 linhas de estudo literário e de interpretar
literatura com atenção especial às regras

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da arte, o uso próprio das palavras e figuras para a guerra, de onde não sabe se vai
do discurso. Em resumo, a partir de então, retornar. No Hipólito, de Eurípedes, da-
os grammatici eram de fato os poetarum
interpretes profissionais.6 tado de 428 a.C., uma das personagens,
Fedra, deixa uma carta para o marido,
É possível perceber aí qual litera- Teseu, texto registrado numa tabuleta,
tura – ou poesia, o conceito que então acusando o filho dele e enteado dela, de
era corrente – se privilegiava na escola, assediá-la com intuitos sedutores.
conforme uma determinada sequência A aprendizagem da leitura e da es-
educacional: crita não se disseminava por todas as
a) a escolarização começa na infân-
classes sociais e, conforme as investiga-
cia, entre seis e dez anos;
b) aprende-se primeiramente a ler e ções, privilegiava sobretudo os meninos.7
a escrever; Porém, são mulheres que leem e redigem
c) língua e literatura convivem com nas duas obras citadas, sem chamar a
o ensino de aritmética e com o atenção da assistência, fosse essa forma-
atletismo; da pelo coro ou pelo público, no teatro,
d) a instrução depende da memori- sintoma de que o fato não surpreendia
zação, inicialmente do alfabeto, ninguém. As práticas em questão fa-
por fim das frases inteiras; riam parte do cotidiano, a que pertencia
e) textos memorizados provêm da
igualmente a veiculação de determinado
poesia;
f) conforme destaca Kennedy, a conceito de poesia, a saber:
preocupação principal da escola a) constituía a principal e mais no-
era a transmissão dos “estudos bre manifestação da linguagem;
literários”; b) podia ser conhecida, aprendida
g) os “estudos literários” supõem: e reproduzida, consistindo o câ-
leitura em voz alta, explicação none aquelas que mais afinidade
da métrica e do vocabulário, até apresentassem com os objetivos
desembocar na compreensão do do ensino.
“mérito especial dos textos estu- É fácil admitir que esse modelo per-
dados”. maneceu vigente por muitos séculos.
O resultado era, provavelmente, Pode-se perguntar se sua finalidade era
positivo, porque já no drama do século formar leitores para a literatura. A res-
V a.C. encontramos cenas em que as posta é aqui negativa. A finalidade do
personagens recorrem à escrita: em As ensino da literatura, por muitos séculos,
traquínias, de Sófocles, peça encenada, não foi formar leitores, nem apreciadores
segundo consta, em 431 a.C., Dejanira, da arte literária, por uma razão muito
esposa de Héracles, o protagonista da simples: a literatura – ou a poesia –, na
tragédia, lê para as mulheres do coro sua formulação anterior à Renascença,
uma tabuinha em que o herói registrou quando adotou tal denominação, constou
as disposições tomadas antes de partir desses currículos porque era o gênero

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mais próximo da linguagem verbal, que Do Camões lírico apenas sabia o que vinha
cabia conhecer e saber utilizar. Havendo nas antologias escolares, especialmente na
que era adotada no Ginásio, a de Fausto
a necessidade de dominar o código ver- Barreto e Carlos de Laet. Eis outro livro
bal, estabeleceu-se como padrão de uso que fez as delícias de minha meninice e
sua aplicação pelos poetas e criadores de certo modo me iniciou na Literatura de
minha língua. Antes dos parnasianos a
literários, que se tornaram modelos e cantata “Dido”, de Garção (meu pai fez-me
ajudaram a configurar o cânone. decorá-la), já me dera a emoção da forma
Outra finalidade se evidencia: o ensi- pela forma, e era com verdadeiro deleite
que eu repetia certos versos de beleza pu-
no da literatura, ou da poesia, integrou-
ramente verbal: E nas douradas grimpas
se ao preceito que, por muito tempo, re- / Das cúpulas soberbas / Piam noturnas
geu a educação de modo geral, a saber, o agoureiras aves... E mais adiante: De roxas
de transmitir regras e princípios a serem espanadas rociadas / Tremem da sala as
dóricas colunas...
absorvidos pelos futuros cidadãos. Logo,
ela veio a ser valorizada pelas obras que Manuel Bandeira, um dos precurso-
respondiam por aquelas regras e princí- res e principais militantes do modernis-
pios, consagrando-se as que favoreciam mo brasileiro, de cuja Semana de Arte
e acatavam as normas entendidas como Moderna participou, manifesta sua
paradigmáticas. admiração pelos autores clássicos dos
Essa circunstância não impediu, séculos XVI e XVIII, declinando o nome
porém, de se formarem bons leitores e dos professores e depondo sobre seu
admiradores da literatura, conforme modo de ensinar. Não significa, porém,
sugerem depoimentos de escritores bra- que todas suas lembranças expressem
sileiros atuantes durante o modernismo, apenas contentamento, já que contrapõe
reproduzidos a seguir, nas palavras de o melhor e o pior da aprendizagem, como
Manuel Bandeira, Cyro dos Anjos e Pau- se verifica no trecho a seguir:
lo Mendes Campos. Quase nada se estudava de literatura no Gi-
Manuel Bandeira no ginásio estudou násio. Ficava-se nas antologias das classes.
Havia uma cadeira de Literatura no último
Os Lusíadas e informa: “A Silva Ramos
ano. O catedrático era Carlos França, apeli-
e a Sousa da Silveira devo o gosto que dado por toda a gente “França Cacete” [...].
tomei a Camões, cujos principais episó- Creio que Carlos França nada nos ensinou:
dios de Os Lusíadas eu sabia de cor e aprendemos apenas o que estava no livrinho
adotado em classe, o Pauthier.
declamava em casa para mim mesmo Mais nos ensinou de Literatura, a mim e
com grande ênfase.” Lamenta “não ter mais dois ou três colegas que o cercávamos
tomado então conhecimento da lírica depois das aulas de sua cadeira, que era a
de História Universal e do Brasil, o velho
do maior poeta de nosso idioma”, que João Ribeiro (ainda não o era àquele tempo).
conheceu por intermédio, primeiramen- Esse abriu-me os olhos para muitas coisas.
te, de livros didáticos, como a Antologia Achava Raimundo Correia superior a Bilac,
e Machado de Assis mais original e profundo
nacional, organizada por Fausto Barreto
do que o Eça. Explicava-nos porquê. Tudo o
e Carlos de Laet, em 1895:

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que ele nos dizia interessava ao nosso gru- Do outro lado do prazer estão as aulas
pinho prodigiosamente: era tão engenhoso, de língua portuguesa, assim recordadas
tão diferente da voz geral.
O que deveria ser a base do estudo das por Cyro dos Anjos:
letras, o latim e o grego, foi-nos ensinado A análise lógica era a calamidade daqueles
no Ginásio da pior maneira. No entanto o tempos, mas havia pior: tinha-se de saber
professor de latim, Vicente de Sousa, era na ponta da língua o livrinho sinistro em
homem inteleligente e culto, grande latinis- que Carlos Góis condensava toda a sintaxe
ta, mas que negação completa para mestre de concordância, fazendo-a seguir de trinta
de meninos! Em vez de procurar despertar casos de pessoalidade do infinito, desauto-
o nosso gosto pela poesia de um Virgílio (ou rizados por outros tantos, que impunham a
de um Lucrécio, tão em harmonia com o seu pessoalidade em situação semelhante. Livro
espetaculoso materialismo) e pela prosa de precioso pela soma de pesquisas, mas carga
um Tácito, obrigava-nos a quebrar a cabeça excessiva, talvez, na fase propedêutica dos
com as formas arcaicas das declinações, estudos. Cumpria degluti-lo: o autor era
fazia muita questão era da pronúncia resti- catedrático do Ginásio.
tuída, de que foi o introdutor no Brasil. Do Morais fazia tudo para desembrulhar tais
professor de grego nem falemos.8 coisas e metê-las no toutiço daqueles mar-
manjos espinhentos, de ar abobalhado, que
Nas memórias de Cyro dos Anjos se escanchavam pesadamente nas carteiras.
aparecem, igualmente, os dois lados da Defendiam-se os palermas, decorando o
medalha. Os clássicos da literatura fran- livro. Gostaria de imitá-los, se a minha me-
mória agüentasse. Era fraca. Eu penava.
cesa provocaram no futuro ficcionista
Nem só com a análise, com a flexão do in-
encantamento similar àquele experimen- finito e quejandas torturas se flagelava o
tado pelo poeta de Pasárgada: estudante na banca examinadora. Na prova
escrita, devia-se também produzir uma dis-
Desde os meus estudinhos de Santana, sertação sobre matéria de alta moralidade
vinha-me exercitando na leitura de Cor- ou descrever um pôr-de-sol, uma tempes-
neille e de Racine. Este, particularmente, tade, uma festa, enfim, assunto metido na
me deslumbrava, por atributos que eu não urna, para sorteio. Como viático, Morais
poderia isolar e definir. Como beleza de flor, costumava ministrar ao examinando uma
indecomponível, que a análise nada realça dúzia de modelos dessas sovadas redações,
e antes empobrece, a sua poesia atingia- que haviam alimentado sucessivas turmas,
me em cheio. A cadência do poeta vinha desde a instalação da Capital.
porventura atender a exigências musicais
ínsitas em mim, e que eu não conseguia Mostrando como ambas as aprendi-
mitigar, organizando-as na dimensão lírica.
zagens – a de literatura e a de língua –
O ritmo, a medida eram os que o meu com-
passo interior pedia. As rimas, sem traírem vinham juntas, Cyro relembra o modelo
procura, pareciam preexistir nos veios onde de exame a que tinha de se submeter:
se elabora o verso e ter-se, desde ali, amal-
gamado com a linfa poética. Encantava-me Uma semana depois, escalei de novo o bairro
o seu espontâneo encaixe naquela tessitura da Serra, para a prova de português. Com-
de palavras nítidas, simples e fluidas, mú- punham a banca o imponente Tomás Bran-
sica invasora e exclusiva, que mal permitia dão, que, ao entrar na sala, deitou sobre a
ao adolescente perceber o sutil desenho de turma um olhar cerúleo e frio, e o velho Joa-
caracteres e de situações em Fedra, Bajazet, quim de Paula, cuja fama de truculência não
peças de sua predileção. conduzia com seu polido cavanhaque branco
nem com o corte inglês do fraque cinza [...].

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Conquanto me sentisse apto a escrever da augusta, de velhos troncos intactos, jamais
minha lavra, eu não desdenhara de reter na ferida pelo gume dos ferros...”.Veio depois o
memória as chapas fornecidas para a com- ginásio, no qual considerava o florilégio um
posição. E, ao ser sorteado o tema As quatro livro à parte, encapado no papel mais bonito,
estações, lancei no papel, sem pestanejar, a para contrabalançar o volume de matemá-
minuta do Morais. Nem sequer omiti o verso tica de Jácomo Stavale. Eram as flores que
camoniano que o mestre nos dera a copiar e enfeitavam as horas de estudo, compridas
que cantava a primavera, quando “o céu da e desertas.Com o tempo, Machado de Assis
fresca terra se namora”. Arranquei um ple- foi melhorando de estilo e de idéias. Vez por
namente, mas volvi à casa melancólico, por outra, no entanto, dava para escrever frases
não ter produzido algo do próprio estro.9 intransponíveis como esta: “O destino é seu
próprio contra-regra”. Durante muitos anos,
Crônica de Paulo Mendes Campos todas as vezes que deixava de entender uma
expressa a simbiose com que se fazia a situação, repetia comigo a fórmula incom-
introdução simultânea à língua, literatu- preensível: “O destino é seu próprio contra-
regra”!Duro era encontrar motivos que
ra e produção de textos em sua geração, justificassem nossa admiração por Rui Bar-
facultando o conhecimento da tradição bosa, o homem mais inteligente do mundo.
e da história: Bonito mesmo era a última corrida de tou-
ros em Salvaterra, que não é de Alexandre
A primeira sentença cujo segredo consegui Herculano, como lembram os ingratos, mas
decifrar até o fim dava a mim uma impor- de Rebelo da Silva. Bonito era o sertanejo,
tância que a psicanálise explica: “A bola é antes de tudo, um forte. Bonito era o suave
de Paulo”. Estava escrito debaixo do cartão milagre (“longos são os caminhos da Gali-
colorido, na parede do primeiro ano primário léia e curta a piedade dos homens”). Quase
do Grupo Barão do Rio Branco.Naquele tem- tão bonito era o cerco de Leyde, com aquela
po, o trabalho maior da professora era fazer dúvida atroz, que permaneceu até hoje, de
com que olhássemos para a parte inferior do saber se o mar era o único túmulo digno de
cartão, onde estavam as letras misteriosas, um almirante bátavo ou batavo. Bonito era a
e não para cima, onde se estampava a figura virgem dos lábios de mel. Bonito foi o desco-
do menino de calção azul e do cachorrinho brimento de O Coração de d’Amicis. Bonito
correndo atrás da bola, vendo-se mais longe foi quando achei na antologia de Carvalho
uma casa rodeada de árvores e de cuja cha- Mesquita uma poesia esquisita, a história
miné saía uma fumacinha feliz. Aprender é de uma boneca de olhos de conta cheinha
uma mutilação.Só no quarto ano trocamos os de lã, que rolou na sarjeta e foi levada pelo
livros ilustrados por um volume mais grosso, homem do lixo, coberta de lama, nuinha,
sem enfeites: era a antologia de Olavo Bilac como quis Nosso Senhor; Jorge de Lima foi
e Manuel Bonfim.Já nessa altura, sem con- o meu primeiro frisson nouveau.Feio foi o
tar as sílabas, líamos correntemente. Misté- que veio depois. A vida não é antológica, não
rio era descobrir por que motivo tanta gente tem pontuação. Foi o que aprendi um século
havia escrito tanta coisa sem graça. Logo na mais tarde em um livro besta.10
primeira página, embirrei com o tal Macha-
do de Assis. Aquele lobriguei luz por baixo O percurso cronológico e testemunhal
da porta me aborreceu. Lobriguei lembrava não desmente a presença da literatura
lombriga; lombriga lembrava vermífugo... na escola, corporificada por intermédio
Não topei Machado de Assis, a não ser aque-
le diabo velho, sentado entre dois sacos de de autores e obras considerados repre-
moedas.No exame de admissão, tive a sorte sentativos do passado e de uma deter-
de ler e analisar gramaticalmente um tre- minada trajetória no tempo. Nem todos
cho de Coelho Neto que sabia de cor: “Selva
os nomes citados são reconhecidos no

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presente, mas correspondem de algum contingentes populacionais, o Estado
modo, a uma referência privilegiada aumentou o número de estabelecimentos
num dado momento, constituindo, pela educacionais, ampliou a faixa de escola-
soma, um patrimônio legado ao aluno na rização obrigatória e facilitou o ensino,
qualidade de história e valor consagrado. garantindo, assim, o sucesso, em termos
Desse aluno se espera que absorva o pan- quantitativos, do empreendimento.
teão formado por autores e títulos, que Efeitos se produziram no âmbito do
lhe fornece modelos de escrita e de con- conhecimento da literatura, que, como se
duta, a serem reproduzidos na qualidade observou antes, passou a aceitar autores
de condição para a inserção no sujeito vivos, obras atuais e materiais não ne-
naquela tradição não apenas artística, cessariamente literários ou linguísticos.
mas também ética e comportamental. A adoção da denominação “Comunicação
Contrapostas a literatura ensinada, e Expressão”, vigente na década de
representativa do passado, e a situação 1970, é sintomática do alargamento da
do estudante no presente, conclui-se que concepção de obra em circulação na sala
a escola optou, por longo tempo, por uma de aula, que pôde acolher desde então
lógica, digamos, retroativa. Procurou, matérias de jornal, histórias em quadri-
permanentemente, dar um passo para nhos, produtos dos meios de comunicação
trás em relação à atualidade, contra- de massa, audiovisuais e multimídias.11
riando a época vivida e experenciada “Produção de texto”, outra denominação
pelo aluno. que se popularizou desde então, explicita
A partir da década de 1970, essa ló- igualmente a nova situação: a disciplina
gica foi substituída por outra, quando se aparece e configura-se como área de co-
facultou à escola a introdução, em sala nhecimento, porque se dirige a um novo
de aula, de obras e autores contempo- público, para o qual a escrita ainda não
râneos. A literatura infantil constituiu faz parte do cotidiano, precisando ser
uma das principais beneficiárias da primeiro estimulada e, depois, regula-
nova metodologia adotada, expandindo a mentada.
produção e circulação em proporções até O novo panorama escolar, vigente até
então desconhecidas. A mudança esteve os dias de hoje, caracteriza-se pela ruptu-
associada às alterações da legislação ra com a história do ensino da literatura,
brasileira, que procuraram atender às porque se dirige a uma clientela para a
novas circunstâncias sociais – o cresci- qual a tradição representa pouco, já que
mento da população urbana sendo uma aquela provém de grupos aos quais não
delas – e às aspirações de modernização pertence e com os quais não se identifica.
acelerada do país e rápida inserção dos A nova clientela precisa ser apresentada
grupos de baixa renda no processo produ- à literatura, que lhe aparece de modo di-
tivo e na cadeia do trabalho assalariado. versificado e não modulado, tipificado ou
Apressando-se em qualificar os novos categorizado; ao mesmo tempo, porém,

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fica privada da tradição, à qual continua preciso ampliar o repertório comunica-
sem ter acesso, alargando a clivagem tivo do aluno. Os Parâmetros propõem
entre os segmentos que chegam à escola que “não se justifica tratar o ensino
e a história dessa instituição. gramatical como se fosse um conteúdo
Se, no passado, a escola apoiava-se em si, mas como um meio para melhorar
fortemente no ensino da literatura e, a qualidade da produção linguística”.
mesmo sem ter como meta formar lei- Há, à primeira vista, ruptura com a
tores, acabava, às vezes, contribuindo educação tradicional, mas, no fundo,
para isso, no presente, dá as costas para não se verifica a rejeição de alguns de
a tradição e termina por privar os alu- seus propósitos, se se compararem essas
nos de qualquer história. A lógica que finalidades àquelas que os gramáticos
chamamos de retroativa é abandonada, gregos e helenizantes ofereciam a seus
sendo substituída por um argumento alunos, na Antiguidade, apresentadas
perverso, conforme o qual, na falta da li- no começo dessa exposição.
teratura consagrada, devemos ficar sem Os objetivos apresentam duas di-
nada. Da nova situação, os Parâmetros reções: de um lado, referem-se ao uso
Curriculares são exemplo. do texto em situações pragmáticas; de
Os parâmetros, a começar pelos que outro, têm sentido analítico, porque
se destinam aos primeiros ciclos da es- visam desenvolver a percepção de carac-
cola fundamental, privilegiam o texto, terísticas peculiares às manifestações
palavra-chave de todo o documento e linguísticas. No primeiro caso, a meta
considerado unidade básica de ensino, é chegar ao “conjunto de atividades que
fundamento que unifica a aprendizagem possibilitem ao aluno desenvolver o
da língua e da literatura. O texto, por sua domínio da expressão oral e escrita em
vez, não é concebido de modo uniforme: situações de uso público da linguagem”;
pode se apresentar na forma oral ou es- no segundo, visa oferecer ao estudante
crita, verificando-se ainda “diversidade um potencial classificatório que lhe per-
de textos e gêneros”.
mita distinguir modalidades de texto,
O estudo da língua e da literatura
tipos de uso da manifestação verbal, va-
é substituído pela prática com textos,
lorizando a consciência reflexiva diante
obtendo-se virtualmente o resultado
do material linguístico de que o próprio
almejado: a escola passa a ajudar o
aluno é usuário.
aluno a utilizar a linguagem de modo
Embora legítimos, também esses ob-
adequado nas diversas situações comu-
jetivos carecem de originalidade, já que
nicativas. O resultado é alcançado pela
neles se reconhecem os atributos e as
“prática constante de leitura e produção
práticas propostas pelos helênicos nos
de textos”, fazendo-se apelo à atividade
longínquos cinco séculos a. C., quando
metalinguística ou gramatical apenas
igualmente se valorizou o “uso público da
quando necessário, isto é, quando for
linguagem”. A literatura não fica de lado,

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aparecendo como uma das possibilidades pois visa promover a comunicação e
de texto ou gênero de discurso. Verifica- facilitar o emprego da escrita, a leitura
se aí, aparentemente, uma oposição à fomentada em sala de aula colaborou
tradição dos estudos literários, que privi- para o fortalecimento de um cânone,
legia a especificidade da escrita artística, explicado e ainda reforçado pela ciência
portanto, uma novidade em relação à sua da literatura.
presença em sala de aula. Assim, se antes – conforme o modelo
Com efeito, a teoria da literatura, originário da Grécia que institucionali-
por boa parte do século XX, conferiu zava o canônico e que ainda vigora nos
atenção exclusiva ao literário enquanto estudos literários – a literatura ficava
qualidade intrínseca à arte da palavra, no fim ou de fora, agora ela não está em
diversa e superior aos demais empregos parte alguma. A dissociação faz com que
dados à linguagem verbal. O new criti- a literatura permaneça inatingível às
cism, desde os anos 40, na América do camadas populares que tiveram acesso
Norte, e o estruturalismo, na Europa dos à educação, reproduzindo-se a diferen-
60, levaram esse propósito às últimas ça por outro caminho, respondendo os
consequências. Os movimentos moder- letrados não mais por aqueles que sa-
nistas e de vanguarda, liderados por bem ler, e sim pelos que lidam de modo
escritores, aceleraram o processo, dando familiar com as letras, os especialistas.
vazão a obras herméticas que requeriam, Como a estética e as teorias da literatura
efetivamente, um recebedor altamen- proclamaram, por muito tempo, a auto-
te preparado. Como chama a atenção suficiência da obra poética, reconstitui-
Andreas Huysens, o resultado foi uma se a sacralidade desta e mantém-se a
nítida divisão de fronteiras, separando, aura flagrada por Walter Benjamin, mais
para um lado, a literatura, com seus uma vez com a colaboração da escola e
críticos e estudiosos muito preparados, da metodologia de ensino.13
para outro, os consumidores.12 As discriminações, que se encontra-
Por sua vez, ao eleger esse procedi- vam no seio da sociedade, migram para o
mento – elitista, digamos – a teoria da miolo das teorias da leitura que circulam
literatura não desmentia o paradigma através da educação do leitor. Até um
da leitura até então adotado pela escola, certo período da história do Ocidente,
tradicional ou moderna; pelo contrário, ele era formado para a literatura; hoje,
reforçava-o. Desde os gregos, como se é alfabetizado e preparado para entender
viu, a aprendizagem da leitura oferecia textos, ainda orais ou já na forma escrita,
o solo sobre o qual se apoiava o conhe- como querem os PCNs, em que se educa
cimento da literatura, representada por para ler, não para a literatura. Assim,
obras e autores prestigiados, cuja fama dificilmente a literatura se apresenta no
se consolidou ao longo do tempo. Embora horizonte do estudante, porque, de um
apresente finalidade prática e imediata, lado, continua ainda sacralizada pelas

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instituições que a difundem; de outro, literária?”. Também não corresponde à
dilui-se no difuso conceito de texto ou questão que pergunta “de que maneira
discurso. ensinar a literatura?”, como se se tratas-
Considerado o percurso histórico, po- se de um problema de ordem metodológi-
dem-se formular algumas conclusões: co. Provavelmente, a interrogação é esta:
a) a trajetória do ensino da litera- Em que escola ensinar literatura?
tura mostra que, se, por muitos A resposta a essa pergunta depende
séculos, privilegiou-se o conheci- da confirmação de uma tese ou de um
mento dos clássicos e do cânone
princípio – o de que a literatura deve
consagrado, nas últimas décadas,
estar presente na escola. Noutra formu-
primeiro jogou-se ao mar a carga
da história; depois, foi abandona- lação, cabe esclarecer por que a escola
da a própria literatura, desfeita precisa da literatura. Encarado o tópico
na definição imprecisa de texto; numa perspectiva histórica, sabemos
b) essas opções decorreram de um que a instituição recorreu à arte com
processo, ele mesmo, histórico, a palavra porque a concebia como a
relacionado à ascensão à escola expressão mais completa da linguagem
pelas classes populares, que, as- verbal. Ponto de chegada do processo de
sim, permanecem alienadas da
comunicação, a literatura completava
tradição e do passado, ao qual
e conferia sentido ao ensino de língua,
podem não pertencer, com o qual
podem não se identificar, mas do qual nunca se separou, mesmo em
que se relaciona à formação da propostas de vanguarda, ambição reco-
identidade nacional, com a qual nhecida, por exemplo, nos mencionados
devem interagir, seja para aceitá- Parâmetros Curriculares.
la, seja para contrariá-la; Tivesse sido outra a escolha, a produ-
c) as dificuldades associadas ao ção poética da Antiguidade não teria se
ensino da literatura certamente preservado até nossos dias, sintoma de
não se devem a esta última, que,
que o negócio, por muito tempo, foi bom
conforme, mostram os exemplos
para os dois lados. Hoje, a situação é ou-
dados forma leitores, mesmo
quando esse propósito não está tra, já que a escola parece prescindir da
explicitado. Por outro lado, não literatura, de modo que, para recuperar
se formam leitores quando a li- o status anterior ou superá-lo, é preciso
teratura é expurgada da sala de encontrar:
aula, miniaturizada na condição a) algum significado para a presen-
de texto ou diluída em generali- ça da literatura da escola;
dades pouco esclarecedoras. b) ou então outra escola que acei-
Portanto, as interrogações a serem tasse a literatura condizente com
respondidas não são “que literatura en- o formato que adotou no decorrer
sinar?”; “que gêneros privilegiar?”, ou, do tempo.
ainda, “como despertar o gosto pela arte

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Que significado seria este? Na escola as demais disciplinas. Eis um caminho
de hoje, o ensino da literatura sobrevive- ainda mais difícil e utópico, mas que não
rá somente se assumir sentido pragmá- deve deixar de figurar na agenda dos
tico e profissional. Ao dirigir-se ao aluno professores e planejadores educacionais,
originário dos grupos menos favorecidos para que tenhamos meios de chegar a
da sociedade, deve deixar claro que lhe uma situação em que escola e literatura
cabe absorver o conhecimento das ca- não se oponham, nem se contradigam,
madas dominantes para disputar seus se desejarmos que ambas continuem a
lugares em condições de igualdade. A andar juntas no futuro.
literatura apresenta-se como um desses
saberes práticos que o habilitam ao
ingresso qualificado nas melhores uni- What literature for
versidades, nos melhores empregos, nos
melhores segmentos da sociedade. Com
school? What school for
isso, abre mão da aura que lhe legou a literature?
tradição; porém, recupera a posição que
Abstract
já deteve, dirigindo-se agora às classes
populares, não aos núcleos ligados ao This article discusses the teaching of
poder. Literature from Ancient Greece nowa-
Eis um caminho difícil a percorrer, até days, highlighting conceptions that were
porque contraria a concepção vigente de in the basis of teaching . It shows that we
literatura, ao pensá-la como produto de have inherited the learning process from
uma concepção pragmática e materia- Antiquity, above all from the Greeks and
lista de arte e de conduta pedagógica. the Romans. Regarding literature tea-
Podemos não aceitá-la, circunstância em ching, with the need to dominate the ver-
que teríamos de buscar resposta para a bal code, its application was established
segunda pergunta. as a pattern of use for poets and literary
Que outra escola seria esta? Prova- creators, who became models and helped
velmente uma escola popular para as to configure the canon. Besides, litera-
classes dominantes, pois essa melho- ture or poetry teaching were integrated
raria somente na ocasião em que aos into the precept that, for a long time,
grupos mais abastados fosse oferecida a ruled education in general, that is, the
educação hoje ao alcance dos segmentos one of transmitting rules and principles
pobres. Nessas condições, não faltariam to be absorbed by future citizens. That
bons livros nas bibliotecas e nas salas circumstance did not prevent, however,
de aula, os professores seriam objeto de good readers and admirers of literature
preparação e atenção mais adequada, a to be formed, as it is suggested by the
literatura circularia em igualdade com testimonies of Brazilian writers during

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Modernism. That tradition, however, Notas
experienced changes starting from the
seventies in the last century. Presently, 1
TURNER, Eric G. Los libros en la Atenas de los
siglos V y IV a. C. In: CAVALLO, Guglielmo. Li-
schools seem to dispense with literature; bros, editores y publico en el Mundo Antiguo. Guía
in order for literature to justify its pre- histórica y crítica. Trad. de Juan Signes Codoñer.
Madrid: Alianza Universitaria, 1995. p. 30.
sence in teaching and in the classroom, 2
MATSEN, Patricia; ROLLINSON, Philip; SOUSA,
one has to explain what it can mean to Marion (Ed.). Readings from classical rhetoric.
Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois
its consumers, taking a pragmatic and University Press, 1990. p. 30.
vocational profile. If before – according 3
KENNEDY, George A. A new history of classical
to the model originated in Greece that rhetoric. Princeton: Princeton University Press,
1994. p. 82-83.
institutionalized the canonical and that 4
ATKINS, J. W. H. Literary criticism in antiquity. A
is still in vogue in Literary Studies – li- sketch of its development. London: Methuen, 1952.
v. 2. p. 182.
terature was the last in line or was not 5
KENNEDY, George. Op. cit., p. 83.
at all, now it is nowhere. 6
ATKINS, J. W. H. Op. cit., p. 182-183.
7
Cf. HARRIS, William V. Ancient literacy. Cambrid-
Key words: Reading. Literature teaching. ge: Harvard University Press, 1991.
8
As citações são extraídas de BANDEIRA, Manuel.
School. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Jornal de
Letras, 1954. p. 15-21.
9
As citações são extraídas de ANJOS, Cyro dos.
A menina do sobrado. 2. ed. Brasília: Instituto
Nacional do Livro; Rio de Janeiro: José Olympio,
1979. p. 203-208.
10
CAMPOS, Paulo Mendes. Primeiras leituras. In:
PEREIRA, Manuel Cunha (Org.). A palavra é...
Escola. São Paulo: Scipione, 1992. p. 54-58.
11
Cf. a respeito SOARES, Magda. Comunicação e
Expressão. Ensino da língua portuguesa no 1o grau.
Cadernos da PUCRS, v. 23, p. 11-36, 1974.
12
Cf. HUYSSEN, Andreas. After de great divide.
Modernism, mass culture, postmodernism. Bloo-
mington and Indianopolis: Indiana University
Press, 1986.
13
Cf. BENJAMIN, Walter. A obra de arte da época de
sua reprodução mecânica. São Paulo: Brasiliense,
1985. (Obras escolhidas).

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