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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS DE RIBEIRÃO PRETO


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

ANDRÉ MOLINARI
Nº USP 11374457

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE DISCIPLINA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

RIBEIRÃO PRETO
2022
TEMA: As universidades medievais

MATERIAL: Universidade da Antiga Taxila.


DESCRIÇÃO: Construída na antiga cidade de Taxila, o centro de estudos de Taxila foi um
dos principais locais de aprendizado da antiga Índia, em conjunto com Nalanda e
Vikramashila. Esses centros aplicavam o ensino sistemático dos textos e rituais das Vedas (as
quatro obras principais do hinduísmo), mas também ensinavam disciplinas teóricas
associadas aos Vedas: os Vedanga. Os Vedanga são seis disciplinas auxiliares para
compreensão e tradição dos Vedas e estas são: Shiksha (fonética e fonologia), Chandas
(métrica), Vyakarana (gramática), Nirukta (etimologia), Jyotisha (astrologia e astronomia) e
Kalpa (ritual). Além disso, escritos relatam que era feito o ensino das leis, raciocínio e lógica,
medicina, arquearia e artes. A Antiga Universidade de Taxila, embora tenha tido esse nome
atribuído, não pode ser considerada como uma instituição universitária dentro dos conceitos
que temos hoje, mas é sim uma instituição de ensino superior à sua época. Esteve
posteriormente sobre domínio do Império Máuria e do domínio Indo-grego durante os séculos
3 e 2 AEC, a universidade deixou de atuar apenas no século 5 EC, havendo assim uma
possibilidade de influência nas formas de ensino da Grécia. Ao longo de seu funcionamento
recebeu estudantes persas, gregos, citas, indianos e muitas outras etnias vindas de várias
partes do Império Aquemênida, sendo a universidade num cruzamento de muitas rotas de
comércio da Ásia. Assim compreender os diversos processos de formação dos espaços de
ensino superior da humanidade pode possibilitar entender outras formas de ensino e, também,
estabelecer relações mais diversas na formação do nosso atual modelo, que pode ter tido
diversas influências em sua formação e concepção.
AUTORIA: provavelmente Bharat, filho de Kaikey, c. século 6 AEC
ACESSO: Taxila, Paquistão.
TEMA: Grécia e Roma: cultura, escola e educação

MATERIAL: Um Professor com Três Discípulos. Baixo relevo em arenito encontrado em


Neumagen, Alemanha.
DESCRIÇÃO: O relevo ilustra o método de ensino romano às classes ricas romanas da
época da República. Nota-se a presença de um professor mais velho, provavelmente de
origem grega devido às suas características físicas (penteado e barba), com poucos alunos
com traços românicos e que, pela sua idade e materiais utilizados, já são letrados
provavelmente recebem ensinamentos na gramática, filologia, literatura, preparando-se para
poder entrar no nível superior compreendendo o estudo prático da retórica, dialética e
filosofia. Sendo possível representar, de um lado, o legado do ensino grego na cultura romana
e, por outro lado, o conteúdo do ensino das classes dominantes, que se sobressaiam ao
simples ensino dos fundamentos da escrita e do cálculo. Esse relevo anuncia o conflito que
irá se desenvolver entre as culturas grega e romana após o fim da República e durante o
começo do Império, onde o processo de aculturação abre um grande debate nas classes
dominantes de Roma.
AUTORIA: Desconhecida, c. 180 AEC
ACESSO: Pushkin Museum em Moscou.
TEMA: Grécia e Roma: cultura, escola e educação

MATERIAL: Painel frontal do sarcófago de Marcus Cornelius Statius com cenas da vida
de uma criança. Baixo relevo em mármore encontrado em Ostia Antica, tem 149cm de
comprimento e 47,5cm de largura.
DESCRIÇÃO: A obra do sarcófogo de Marcus Cornelius Statius expõem dois períodos da
vida de uma criança: o infans (o que não fala, o bebê) e o impúbere (antes da puberdade, do
nascimento da barba ou dos pelos). Vemos já, a concepção da ideia de infância dos romanos,
que gozavam de uma jurisprudência específica ao trato e papel dos jovens e crianças.
Também percebe-se que, através do ensino de famílias ricas, o legado do ensino grego da
dotação do indivíduo como culto e guerreiro. A informalidade presente nas cenas deste relevo
expõe o caráter familiar com que é tratado o ato do ensino, que, na maioria das vezes, tinha
como base a dinâmica de conversação e da retórica. Muitas vezes ao ar livre e de forte caráter
familiar, as aulas ministradas situavam-se em diferentes locais dependendo das condições
impostas pelo conteúdo que iria ser abordado e pela vontade do mestre.
AUTORIA: Desconhecida, século II AEC
ACESSO: Encontra-se em exposição no Museu do Louvre em Paris.
TEMA: Grécia e Roma: cultura, escola e educação

MATERIAL: Tabuleta memorial com nome de estudantes efebos atenienses. Entalhe em


mármore.
DESCRIÇÃO: A tabuleta que faz parte da coleção do Museu Nacional da Escócia há mais
de 100 anos teve seu significado desvendado através do projeto inglês Attic Inscriptions,
chegando-se a conclusão de que ela se trata de uma lista com nome de estudantes atenienses
recém-formados. O artefato data de um período onde Atenas continuava a funcionar como
cidade-estado, apesar de ter sido conquistada pelo Império Romano. Esse conjunto de
estudantes eram éfebos de uma turma que devia ter entre 100 e 200 alunos. Uma outra placa
com mais nomes da turma está localizada no Museu de Ashmolean, Inglaterra. Nesta segunda
placa se evidencia a pluralidade de ensino deste método grego, listando os professores,
treinadores e treinadores em armas. Alguns nomes de alunos vindo de famílias da elite ainda
contém a distinção de origem familiar, listando o nome do pai do estudante ao lado de seu
nome, marcando que mesmo com uma relativa abertura à população dentro do ensino, ainda
havia limitações e barreiras enormes. Um caráter específico e relevante desse artefato é que,
registrado possivelmente pela primeira vez, vemos um sentimento e compadrio e amizade
dentro do ensino, quando Attikos marca que registra o nome de seus amigos e seus colegas
éfebos. (A segunda placa ao qual é feita menção não está na foto e foi inscrita por Alexander,
filho de Azenia).
AUTORIA: Attikos filho de Philippos, 41-54 EC
ACESSO: Encontra-se em exposição no Museu Nacional da Escócia.
https://www.atticinscriptions.com/inscription/AIUK14/1
https://www.atticinscriptions.com/inscription/AIUK11/5
https://www.nms.ac.uk/explore-our-collections/collection-search-results/tablet-memorial/411
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TEMA: As universidades medievais

MATERIAL: Madraça de Nur al-Din.


DESCRIÇÃO: As madraças são um tipo de instituição educacional islâmica, que funcional
desde a educação elementar até o ensino superior. Em seu princípio eram ensinadas a lei
islâmica (sharia) e a jurisprudência (fiqh), mas rapidamente se tornou mais e mais
abrangente. A madraça de Nur al-Din, foi construída por Nur al-Din Mahmud Zengi, um
turco oguz do Império Seljúcida que foi emir de Damasco entre 1154 e 1174 EC. É uma das
madraças mais antigas que ainda estão em pé, sendo que a primeira madraça foi construída no
reinado de Zaid bin Arkam, onde hoje é a atual Meca, e onde o profeta Muhammad foi
professor e os estudantes eram alguns de seus seguidores. As madraças medievais começaram
a se concentrar mais no ensino superior enquanto a educação elementar era realizadas nas
chamadas maktab por volta do século 8 EC. Ibn Sina, o Avicena do Oeste, escreveu em um de
seus livros um capítulo chamado “O Papel do Professor no Treinamento e Educação das
Crianças”, estabelecendo um guia para professores trabalhando nas escolas maktab. As
maktab eram divididas entre ensino primário e secundário, no primeiro as crianças entre 6 e
14 anos eram ensinadas, após dominar a leitura, o Alcorão, a metafísica islâmica, literatura,
ética e habilidades manuais. No segundo as crianças com mais de 14 anos poderiam escolher
as matérias em que gostariam de se aprofundar, sendo estas leitura, habilidades manuais,
literatura, pregação, medicina, geometria, troca e comércio, artesanato ou outra matéria ou
profissão que teriam interesse de perseguir em uma futura carreira. Ainda de acordo com Ibn
Sina, o ensino primário e secundário deveriam ser empregados indiferentemente do status
social do estudante. Já no ensino superior das madraças o conteúdo costuma ser estabelecido
por quem fundava ela, atendendo demandas do local, mas a maioria ensinava as “ciências
religiosas” e as “ciências físicas”. Embora haja uma divergência grande entre diversos autores
se estas madraças podem ou não serem enquadradas no conceito de universidade, é inegável
que de forma a continuar o legado de ensino grego e estabelecendo muitos métodos e
premissas que seriam depois “descobertas” na criação das universidades e escolas europeias,
as madraças cumprem um papel fundamental para compreensão da formação das instituições
de ensino superior no mundo, tendo certamente exercido uma forte influência na formação
das instituições de ensino europeias.
AUTORIA: Nur al-Din, 1167 EC
ACESSO: Damasco, Síria.

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