O filme Cidade de Deus é uma adaptação do livro homônimo de Paulo
Lins, com roteiro de Bráulio Mantovani, e dirigido por Fernando Meirelles. Na
cena inicial, observa-se um trabalho muito cuidadoso no que se refere à adaptação do roteiro para a tela do cinema. O papel da direção de fotografia é primordial para experiência do telespectador, haja vista os detalhes de enquadramento, posicionamento de câmera e iluminação. Enquanto o roteiro apresenta informações de maneira detalhada, cabe à direção do filme o desenvolvimento da narrativa visual a ser elaborada a fim de causar emoção àquele que assiste ao filme.
Logo no começo, o enquadramento em plano detalhe do facão sendo amolado
e som do batuque e vozes alegres cantando samba ao fundo dão o tom de celebração, levando quem assiste ao filme a um ambiente informal e de festa. Os flashes dos legumes sendo descascados e posteriormente partidos, a água fervendo, e a galinha amarrada nos induzem a crer que ela “irá para panela”.
As galinhas que aparecem mortas e outras sendo depenadas, parecem fazer
com que a galinha (ainda viva) transmita um sentimento de medo/receio. Isso fica claro quando ela tenta se libertar do barbante amarrado à sua perna, quase que pressentindo o perigo iminente de virar comida. Vê-se aqui que a galinha parece assumir características humanas (razão, medo, etc.), tudo isso provocado pelos estímulos visuais (enquadramento, angulação, iluminação) e sonoros (música, vozes, etc.) aliados às suas significações.
causando uma sensação de suspense no telespectador que poderá pensar que
a faca é para ser utilizada em alguma pessoa, mas logo com o aparecimento da galinha o telespectador nota que é na verdade uma festa e que a galinha vai ser servida de almoço,
mas a direção de fotografia mostra a tensão da galinha vendo as pessoas
amolando as facas, depenando e despedaçando outras galinhas, elas parecem saber os planos das pessoas em cozinha-las e se veem em uma situação totalmente desesperadora.