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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD
AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA 2 – 2023.1

Disciplina: Imagem, Cultura e Tecnologias


Coordenadora: Profa. Rita Ribes Pereira
Aluno(a): Gabriela Alessandra Grande Anechino
Matr.: 19212080432 Polo: Resende

Caro(a) aluno(a), nossa intenção com esta avaliação é provocar uma reflexão autoral
sobre os temas trabalhados. São critérios para a avaliação a qualidade da escrita e o
cumprimento do que se pede. Leia o que se pede em cada questão!

Dentre as transformações que as tecnologias provocaram na produção e circulação de


imagens nas aulas 8, 9 e 10 destacamos o papel importante do cinema e dos audiovisuais
na cultura, que mudam a própria ideia de comunicação. Para aprofundar um pouco essa
linguagem do cinema, solicitamos para esta AD2:

1. Veja o filme “Sofhia”, disponível na aula 9, e comento-o.


2. Leia o texto “Vendo e ouvindo atentamente Sophia, de Kennel Rogis”, disponível
ao final da aula 9 e, dialogando com esse texto, diga que aspectos da linguagem
cinematográfica chamaram mais a sua atenção.

O prazo para a entrega da AD1 é 23/04.

A experiência de assistir o curtametragem “Sophia” pode ser descrita como uma


experiência sensorial, onde as imagens e os sons embalam uma história com o tema
relacionamento que é levado adiante através de mãe e filha, tão comum a realidade do
Brasil.
Durante os primeiros minutos de duração do curta surge uma sensação de
distanciamento entre as personagens até o fator da surdez do personagem Sophia surgir e
logo fica evidente todo o amor que permeia a estória até o fim.
A situação real retratada é uma constante no Brasil inteiro onde cada vez mais
mulheres assumem papeis de mães. Onde são as únicas a aportarem o sustento da casa,
como mães solteiras, abandonadas ou independentes por opção. Seja como for a
dificuldade ronda quase todas e quase sempre esse fator por sí só não basta para fazer
com que as mesmas percam o amor, carinho e felicidade pelo seus filhos.
Cabe aqui ressaltar da importância do som e das imagens do curta o que de forma
alguma diminui a importância e necessidade de outros aspectos cinematográficos
utilizados, pois através deles a experiência de assistir “Sophia” se torna enriquecedora.
As cenas que podem traduzir a afirmação inicial sobre se tratar de uma experiência
sensorial são aquelas em que a mãe da menina busca compreender qual é o sentimento, a
sensação da filha, e a tentativa de ver e sentir através das emoções de Sophia. A filha
torna tudo mais real para a mãe que não descansa no intento da felicidade e bem estar de
sua filha mesmo que isto signifique cansaço e desvelo.
O momento em que a mãe sai usando os protetores auriculares na rua e se percebe
todo o barulho nauseante das ruas e logo após tudo desaparece, nos coloca no lugar de
portadores de deficiêencias auditivas, na volta com o quase atropelamento da mãe e o
“buzinaço” reforçam o jogo imagem, silêncio e som. As sensações são realmente
vivenciadas pelo espectador como afirma o diretor do curtametragem,
...Nesse instante, há uma das mais belas passagens do filme: ela para à beira da rua,
o enquadramento oferece a mãe em Close-Up lateral, com algumas pessoas ao
fundo, desfocadas, enquanto o som registra certo vozerio abafado; há o corte para a
câmera em movimento de baixo para cima na grua, revelando que ela agora está
sozinha, pois toda a rua está deserta e não há mais som. Ela olha para os dois lados e
caminha em direção ao meio da rua. (RÓGIS, 2014)1

Um momento outro que reafirma essa sensorialidade entre som e imagem também
perpassa pela tentiva da mãe vivenciar a surdez de sua filha quando a mesma vai até um
açude e coloca sua cabeça dentro d’água buscando o silêncio vivenciado por Sophia.
Uma vez mais surge o contraste de um momento sentada observando a força da água,
barulhenta e torrencial e na cena seguinte o corte para a mãe flutuando silenciosa e
calma ainda com o som agradável da água corrente. Entretanto, quando a mãe coloca seu
rosto na água todo e qualquer som daquela cena desaparece.
Mesmo que fora da ordem de apresentação ainda parece possível relatar do começo
do curtametragem, quando um som logo invade os ouvidos do espectador ao mesmo
tempo que surge a primeira cena/visão das personagens. Não é possível conseguir
compreender de onde vem, qual origem do som e as cenas não conseguem dar nenhuma
informação que esclareça essa dúvida. Como quando se ouve um barulho e o olhar
desliza espontaneamente na direção de onde veio o som, mas nenhum dos objetos à vista
parece tê-lo causado. Esse sons podem ser até mesmo perturbadores. Após seis segundos
do som, aparece a cena que traz a realidade ao espectador; a linha de produção das
costureiras.
No caso específico das personagens retratadas no filme que aqui analisamos, a mãe de
Sophia trabalha como operária em uma confecção de roupas8 , onde o ambiente é
marcado pelo som diegético das máquinas de costura em funcionamento. Entretanto, o
barulho ensurdecedor não é suficiente para apagar da memória da funcionária a
vulnerabilidade social a que é submetida a sua família, formada por ela (uma mulher
solteira) e sua filha. (MATTOS e col)2

Através das atividades vivenciadas por Joana, o espectador consegue vivenciar o


curtametragem de forma sensorial como descrito acima, levando a um local de

1
Entrevista de Kennel Rógis para a 9ª Mostra de Cinema dos Direitos Humanos da América do Sul. Todas as citações
atribuídas a Rógis, daqui em diante, são extraídas dessa mesma entrevista.
2
Esse trecho faz parte do trabalho com título: VENDO E OUVINDO ATENTAMENTE “SOPHIA” DE KENNEL RÓGIS
participação ativa durante os 15 minutos de exibição, nos quais é impossível não se
questionar e emocionar com a realidade de muitos brasileiros.

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