Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/304460457
CITATION READS
1 1,695
4 authors, including:
Sérgio T Fonseca
Federal University of Minas Gerais
157 PUBLICATIONS 1,608 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente em crianças com desenvolvimento normal View project
All content following this page was uploaded by Thales R Souza on 26 June 2016.
Ano 9 - no 4
Brasil
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - Julho/Agosto de 2008
FISIOTERAPIA ISSN 1518-9740
Fisioterapia
Reabilitação
Assento articulado de cadeira de rodas
Palmilhas biomecânicas e articulação subtalar
Oncologia
Fisioterapia e cuidado paliativo
Saúde pública
EDITORIAL
Como queríamos demonstrar - Q.E.D -Quod Erat Demonstrandum, Marco Antonio Guimarães da Silva .................................. 223
ARTIGOS ORIGINAIS
Estimulação elétrica neuromuscular em crianças com paralisia cerebral do tipo diplegia espástica,
Ana Lúcia Portella Staub, Newra Tellechea Rotta, Mahmud A. Ismail Mahmud,
Antonio Cardoso dos Santos, Airton S. Isvirsk ............................................................................................................................ 224
Disfunções físico-funcionais em pacientes oncológicos: a importância do cuidado paliativo,
Adriane Pires Batiston, Lídia Graebin Herbes de Matos, Marcos Fabio Gil de Arruda ................................................................. 231
Reabilitação: ações do Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte,
Geraldo Magella Teixeira, Eulália Maria C. Maia ......................................................................................................................... 237
Efeitos de um programa de escola de posturas sobre o equilíbrio e coordenação de idosos
não institucionalizados, Heleodório Honorato dos Santos, Catarina de Oliveira Sousa,
Maria Cláudia Gatto Cárdia, Jorge Oishi .................................................................................................................................... 242
Intervenção da fisioterapia na comunidade de Araçás - Vila Velha/ES: uma proposta de atuação
junto ao Programa Saúde da Família, Eloísa Paschoal Rizzo, Poliana Cominote, Vânia Colar,
Henrique Júnior Athadeu Vieira, Rany Bittencourt Manhães ...................................................................................................... 247
Prevalência de dor na coluna vertebral em acadêmicos de odontologia, José Fábio Rodrigues da Cunha,
Valéria Conceição Passos de Carvalho, Francisco de Assis da Silva Santos .................................................................................... 253
Características clínico-funcionais de idosos com osteoartrose de joelhos,
Pamela Branco Schweitzer, Sebastião Iberes Lopes Melo .............................................................................................................. 259
Relação entre cervicalgia e disfunção temporomandibular, Marília Cavalheri Gorreri,
Élcio Alves Guimarães, Kelly Verônica Melo Sales Barbosa, Gustavo Augusto Seabra Barbosa,
Mario Antonio Baraúna, Paulinne Junqueira Silva Andresen Strini, Alfredo Júlio Fernandes Neto,
Carlos Eduardo De Aquino Testa, Árhyna Armond Mendes, Kelly Duarte Lima Makoul ............................................................ 264
Estudo comparativo do efeito analgésico das freqüências de base da corrente interferencial
na lombalgia por osteoartrose, Allan Keyser de Souza Raimundo, Viviane Martins de Araújo .................................................. 269
REVISÕES
Eficácia do uso de palmilhas biomecânicas para a correção cinemática do padrão de pronação
excessiva da articulação subtalar, Thales Rezende de Souza, Rafael Zambelli de Almeida Pinto,
Haroldo Leite Fonseca, Sérgio Teixeira da Fonseca....................................................................................................................... 275
Medidas antropométricas e acidente vascular encefálico, Leonardo Borges Murad, Rafael Longhi,
Lucia Marques Vianna ................................................................................................................................................................ 283
ATUALIZAÇÃO
Assento de cadeira de rodas articulado nos três planos, permitindo movimento pélvico
ântero-posterior, látero-lateral, de rotação e de precessão. Mariana Ribeiro Volpini, Sandra Filgueiras Houri ......................... 289
Fisioterapia Brasil
www.fisioterapiabrasil.com.br
Editor
Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ – Rio de Janeiro)
Editores Assistentes
Profa. Dra. Ana Paula Fontana (UFRJ)
Prof. Dr. André Luis dos Santos Silva (Centro Universitário de Caratinga – MG)
Profa. Dra. Anke Bergmann (UNISUAM – RJ)
Conselho científico
Prof. Dr. Abrahão Fontes Baptista (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – BA)
Profa. Dra. Anamaria Siriani de Oliveira (USP – Ribeirão Preto)
Prof. Dr. Dirceu Costa (Unimep – São Paulo)
Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo)
Prof. Dr. Espiridião Elias Aquim (Univ. Tuiuti – Paraná)
Profa. Dra. Fátima Aparecida Caromano (USP – São Paulo)
Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina)
Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina)
Prof. Dr. Jamilson Brasileiro (UFRN)
Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa (Uninove – São Paulo)
Prof. Dr. Jones Eduardo Agne (Univ. Federal de Santa Maria – Rio Grande do Sul)
Prof. Dr. José Rubens Rebelatto (UFSCAR – São Paulo)
Prof. Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto (Centro Universitário de Caratinga – MG)
Profa. Dra. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU – Estados Unidos)
Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro – UNIT – Minas Gerais)
Prof. Dr. Mario Bernardo Filho (UERJ – RJ)
Profa. Dra. Neide Gomes Lucena (Univ. Fed. da Paraíba – UFPB – João Pessoa)
Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (UFSCAR – São Paulo)
Prof. Dr. Norberto Peña (Univ. Federal da Bahia – UFBA – Bahia)
Prof. Dr. Roberto Sotto (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina)
Grupo de assessores
Dr. Antonio Neme Khoury (HGI – Rio de Janeiro) Ms. José Alexandre Bachur (FMRP/USP)
Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo)
Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ – Rio de Janeiro) Dra. Luci Fabiane Scheffer Moraes (Univ. do Sul de Santa Catarina)
Prof. José Roberto Prado Junior (Rio de Janeiro) Prof. Dr. Paulo Heraldo Costa do Valle (UNICID – São Paulo)
Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. Philippe E. Souchard (Instituto Philippe Souchard)
Dr. Jorge Tamaki (PUC – Paraná) Profa. Solange Canavarro Ferreira (HFAG – Rio de Janeiro)
Revista Indexada na LILACS - Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde, CINAHL, LATINDEX
Abreviação para citação: Fisioter Bras
Rio de Janeiro
Rua da Lapa, 180/1103 Publicidade e marketing
20021-180 – Rio de Janeiro – RJ René Caldeira Delpy Jr.
Tel./Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 rene@atlanticaeditora.com.br
Direção de arte
São Paulo
Rua Teodoro Sampaio, 2550/cj15 Cristiana Ribas
05406-200 – São Paulo – SP cristiana@atlanticaeditora.com.br
Tel.: (11) 3816-6192 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br Atendimento ao assinante
Recife www.atlanticaeditora.com.br atlantica@atlanticaeditora.com.br
Atlantica Nordeste
Rua Dona Rita de Souza, 212 Todo o material a ser publicado deve ser
52061-480 – Recife – PE
Tel.: (81) 3444-2083 enviado para o seguinte endereço
Editores executivos por correio ou por e-mail aos cuidados de
Assinaturas Dr. Jean-Louis Peytavin Jean-Louis Peytavin
1 ano: R$ 180,00 jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
Rio de Janeiro: (21) 2221-4164 Rua da Lapa, 180/1103
São Paulo: (11) 3361-5595 Guillermina Arias 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ
Recife: (81) 3444-2083 guillermina@atlanticaeditora.com.br artigos@atlanticaeditora.com.br
www.atlanticaeditora.com.br
Ilustração da capa: músculos pterigóideos, vista da parte posterior (corte da faringe), ilustração de G. Devy, Traité d’anatomie humaine
de Leon Testut, Paris, 1904.
Editorial
As produções de autores de obras nas áreas das ciências exatas, em compreender a conduta humana desde o próprio marco
nas áreas das ciências humanas e nas áreas das ciências da saúde, de referência de quem atua”. Algumas obras nessa área, nota-
às vezes nos trazem algumas surpresas. damente na área da Filosofia, apresentam um grau de precisão
Os investigadores matemáticos se apóiam em um conjunto próximo ao conseguido pelos geômetras nas demonstrações
de definições, axiomas e postulados que permitem avançar na de seus teoremas. Essa medida de exatidão pode ser vista em
demonstração de teoremas. Esses teoremas são formulados com Spinoza que, após ser excomungado da comunidade judia de
extrema precisão e comprovados através de contextos pertinen- Amsterdã, trata de destruir a idéia de liberdade - que ele consi-
tes. Não há margem para erros. Poder-se-ia dizer que os resultados derava a pior das ilusões que podem os homens ter - através de
representam uma verdade absoluta. definições, axiomas, proposições e demonstrações, seguindo o
Os pesquisadores da saúde, principalmente aqueles que lidam modelo euclidiano. Não há em sua obra a pretensão de descre-
com experiências ou ensaios clínicos, se valem de uma perspectiva ver quantitativamente o mundo físico (exposição galilleana).
quantitativa que se preocupa pelo controle das variáveis e pela O seu modelo é expositivo, ainda que comparável ao método
medida de resultados expressos numericamente. A essa perspec- cartesiano. Se o conteúdo de sua obra horrorizou alguns lei-
tiva quantitativa interessa, primordialmente, a explicação causal tores, não se pode escapar da força de suas demonstrações.
derivada de uma ou mais hipóteses dadas. Os teoremas de Spinoza são tidos como modelo clássico de
Aqui a história assume outro perfil e o cientista é obrigado a argumentação contra a autonomia da vontade humana. Até
conviver com uma margem de erro que ele próprio estabelece. mesmo as proposições não demonstradas por Spinoza, que
A presença desse erro, desde que dentro das normas pré-estabe- sustentam o conjunto do seu texto, não podem ser contestadas
lecidas e aceitas por convenção internacional, não nos impede de por ninguém que esteja dentro da racionalidade.
afirmar que um tratamento x ou y produzirá os efeitos alocados Os matemáticos utilizam ao final de suas demonstrações a
na investigação. A certeza aqui é relativizada pelas circunstâncias expressão como se queria demonstrar para determinar o êxito
dos fatos. obtido na tarefa que executaram. O próprio Spinoza, apesar de
Exemplo dessa relativização pode ser visto nos resultados seguir o paradigma qualitativo usou e abusou da expressão em
de uma investigação, expressa em uma tabela 2X2, “plotando” sua mais importante obra: Ética demonstrada pela geometria. Esse
padrão de morbidade versus padrão terapêutico, em que se ve- hábito não é seguido pelos autores da área de saúde, apesar de
rificou que 25 dos 40 pacientes do grupo tratado, apresentaram adotarem metodologia quantitativa. E aí reside o fato curioso,
redução do padrão de morbidade e que 10 dos 40 pacientes do senão paradoxal: um estudo de ordem subjetiva se estruturar em
grupo não tratado, igualmente, tiveram seus padrões de morbi- certezas matemáticas e um modelo positivista lógico amparar os
dade reduzidos, nesse caso, espontaneamente. Um observador ou seus resultados em certezas não tão absolutas.
um leitor mais descuidado poderia imaginar que o tratamento A maioria de artigos que recebemos para avaliação e posterior
introduzido no grupo tratado não foi tão eficaz, visto que 15 publicação, na revista Fisioterapia Brasil, seguem o padrão quan-
dos 40 pacientes desse grupo não obtiveram nenhuma melhora titativo. Percebemos que há uma tendência natural para estudos
e que houve pacientes do grupo não tratado que conseguiram experimentais ou quantitativos, talvez por serem de mais fácil
melhoras em seus quadros de morbidade. execução e demandarem uma compreensão menos subjetiva.
A natureza dos trabalhos nessa área busca demonstrar que Há que se lamentar esse fato, porque o campo para os estudos
os grupos de estudos, iguais no início da pesquisa (ambos com qualitativos, que envolvem temas fundamentados na realidade e
padrão de morbidade semelhantes), estarão diferentes ao final orientados aos descobrimentos exploratórios e indutivos, assume
da mesma. As análises dos resultados vistos acima demonstraram uma realidade dinâmica e pode ser o ponto de partida para o
que os grupos apresentavam diferenças significativas e que o estabelecimento de novos paradigmas de padrões terapêuticos.
tratamento poderia ser considerado eficaz. A revista Fisioterapia Brasil, longe de qualquer viés, publica
Os estudos na área das humanidades, com um paradigma artigos com hipóteses alternativas confirmadas ou não pela
qualitativo, se interessam pela compreensão global dos fenô- estatística inferencial, mas espera ansiosamente por artigos que
menos estudados em sua complexidade. Esse modelo se ampara explorem e privilegiem novas abordagens, como sugerimos no
no Fenomenologismo e verstehen (compreensão) “interessado parágrafo anterior.
Artigo original
*Hospital de Clínicas de Porto Alegre,** Médica Neuropediatra e Profª Adjunta de Neurologia da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul, ***Médico Fisiatra e Prof. da Disciplina de Reabilitação Médica da Faculdade de Medici-
na da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ****Médico Fisiatra
Resumo Abstract
Nos últimos anos, vários estudos propuseram a utilização da Introduction: For the last years, several studies have proposed the
estimulação elétrica como forma de tratamento da paralisia cerebral use of electric stimulation as a valid therapy for cerebral palsy (CP).
(PC). Objetivo: Utilizando um delineamento do tipo antes e depois Aims: Using a within-subjects design, we set out to determine the
(within-subjects design) buscou-se avaliar os efeitos da estimulação effect of neuromuscular electrical stimulation (NMES) on the motor
elétrica neuromuscular (EENM) nas habilidades motoras de crianças skills of children with spastic diplegic CP. Materials and methods:
com PC do tipo diplegia espástica. Material e método: Doze pacientes Twelve patients (8 male, mean age 6 years), were evaluated before
(8 do sexo masculino, média de idade 6 anos) foram avaliados antes and after 12 weeks of therapy with NMES. Motor abilities were
e depois de 12 semanas de terapia utilizando EENM. As habilidades accomplished by using the gross motor function measure (GMFM),
motoras foram avaliadas através da escala de função motora grossa linear parameters of gait, and ankle dorsiflexion range of movement.
(GMFM), parâmetros lineares da marcha e amplitude de movimen- Results: The mean scores of GMFM were significantly different (P =
to (ADM) de flexão dorsal dos tornozelos. Resultados: A diferença 0.032) before (73.1 ± 17.2) and after (76.5 ± 16.3) the intervention
entre as médias dos escores da GMFM foram estatisticamente with NMES. When patients were classified for gait dependence, the
significativos (P = 0,032) quando comparados antes (73,1 ± 17,2) GMFM scores remained significant only for children dependent of
e depois (76,5 ± 16,3) da intervenção com EENM. Quando os aid (P = 0.045). The cadence parameter of gait significantly differ
pacientes foram classificados quanto à independência para marcha, before and after NMES in the group of CP children independent for
o escore da GMFM permaneceu significativo apenas nas crianças gait (P = 0.030). Conclusions: This study demonstrated that NMES
dependentes de auxílio para marcha (P = 0,045). O parâmetro de might be a complementary tool for the handling of children with
cadência da marcha diferiu antes e depois da EENM no grupo de spastic diplegic CP. The mechanisms by which NMES improves the
crianças independentes para marcha (P = 0,030). Conclusões: Este motor function are yet not established.
estudo demonstrou que a EENM pode ser uma ferramenta com- Key-words: cerebral palsy, gait analysis, spastic diplegia,
plementar no manejo de crianças PC do tipo diplégica espástica. neuromuscular electrical stimulation.
Os mecanismos pelos quais a EENM melhora a função motora não
estão totalmente esclarecidos.
Palavras-chave: paralisia cerebral, análise de marcha, diplegia
espástica, estimulação elétrica neuromuscular.
Para a análise dos parâmetros lineares da marcha, foi utili- Para a comparação das variáveis contínuas de função
zado o equipamento Stride Analyser®, manufaturado pela B& motora e marcha antes e depois de 12 semanas de tratamento
L Engineering, USA. Foram obtidas medidas de velocidade, com EENM, utilizou-se o teste t de Student para amostras
comprimento da passada, freqüência do passo (cadência) pareadas. Foram utilizados níveis de significância de 5% (D
e instantes de apoio simples ou duplo dos membros. Os = 0,05).
cálculos dessa análise exigem medidas de tempo e distância, Para medir a magnitude da força de associação, foi uti-
combinadas com o número de vezes em que o pé faz contato lizado o tamanho de efeito padronizado [30,31]. Todas as
com o solo. Essas medidas foram tomadas através de sensores análises foram conduzidas utilizando o programa estatístico
acoplados a uma palmilha que detectaram o instante em que o SPSS, versão 11.0.
pé contactou o solo. Para a obtenção dos registros, as crianças
foram solicitadas a realizar três repetições no percurso destina- Resultados
do à análise da marcha a fim de se familiarizarem com o uso
do equipamento. Os resultados da avaliação de cada criança Catorze crianças preencheram os critérios de inclusão
foi calculado através da média das três repetições. deste estudo; e doze completaram as 12 semanas de trata-
mento. A amostra final compreendeu doze crianças (8 do
Amplitude de movimento (ADM) sexo masculino, 4 sexo feminino), com média de idade de 6
anos e 2 meses. Seis crianças (média de idade de 5 anos e 9
Os músculos tríceps surais foram alongados previamente meses) eram capazes de deambular, ao início do tratamento,
à avaliação. Três medidas de amplitude dorsiflexora da articu- de forma independente e sem auxílio, e seis crianças (média
lação dos tornozelos foram realizadas passiva e bilateralmente, de idade 6 anos e 7 meses) necessitavam auxílio de andador
nas posições sentado e em decúbito dorsal. As medidas foram ou muletas para deambulação em ambiente domiciliar. Todas
obtidas utilizando o flexímetro Sanny®. Um segundo avaliador as crianças eram capazes de atender ordens simples e se en-
fisioterapeuta, cegado quanto às avaliações de função motora contravam em programa prévio de fisioterapia nas instituições
e marcha realizou as medidas de ADM. Os resultados foram a que pertenciam. A Tabela I mostra as características das
obtidos através da média das três medidas. crianças estudadas.
As médias, desvios-padrão e diferenças entre as medidas re-
Intervenção alizadas antes e depois do período de tratamento, assim como
o valor P obtidos através do teste t são mostrados na Tabela II.
Foi utilizado nesse estudo um equipamento de FES, con- Nesta primeira análise, o grau de independência funcional das
feccionado pelo Serviço de Bioengenharia do Hospital de Clí- crianças no início do tratamento não foi considerado. Uma
nicas de Porto Alegre. O equipamento possuia característica das crianças não completou as avaliações de amplitude de mo-
de onda bipolar simétrica, e dois canais de estimulação, e os vimento de tornozelos em razão de dificuldades de adesão ao
parâmetros selecionados foram: a) largura de pulso 300 Ps, b) tratamento. Dessa forma, os cálculos para essa variável foram
frequência 40 Hz; c) tempo de subida e descida de 2 segundos; realizados com n = 11. Houve significância estatística quanto
d) tempo de sustentação e repouso de 6 segundos. aos resultados de escore total da GMFM, comprimento da
Eletrodos auto-adesivos foram escolhidos pela facilidade passada, e ADM à direita mensurada em decúbito dorsal e
de aplicação (ValuTrode, Axelgaard, USA). Estes foram colo- na posição sentada (P < 0,05). Nesta análise estatística, a
cados no ponto motor de maior resposta de dorsiflexão dos medida de velocidade teve significância limítrofe (P = 0,052)
tornozelos e de extensão dos joelhos. e tamanho de efeito padronizado moderado (0,6).
As crianças foram tratadas com EENM em decúbito Ao considerar a independência para realização de marcha
dorsal, com cunha de espuma sob os joelhos, na freqüência ao início do tratamento, encontrou-se significância estatística
de três vezes na semana, por um período de 12 semanas. Os no escore total da GMFM no grupo de crianças dependentes
músculos tríceps surais foram inicialmente alongados de for- de apoio (p < 0,05) (Tabela III). Embora não se tenha ob-
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 227
tido valores de significância no comprimento da passada na cular pode ser efetiva na aquisição de função motora quando
marcha, o tamanho de efeito padronizado foi moderado. A utilizada nos músculos quadríceps femorais e tibiais anteriores.
avaliação de amplitude articular de tornozelos foi realizada No estudo de van der Linden et al. [19] foram estimulados os
com n = 5, e o tamanho de efeito padronizado encontrado músculos glúteos máximo de crianças com diplegia, hemiple-
para esta variável foi pequeno. gia e quadriplegia espásticas e não obtiveram significância nos
Nas crianças que cursavam com marcha independente ao escores da dimensão E (caminhar, correr, pular) da GMFM.
início do tratamento, houve significância estatística quanto Os autores, no entanto, argúem que a escolha desse grupo
à cadência da marcha e ADM à direita mensurada com a muscular pode ter influído no ganho motor dadas as dificul-
criança sentada. Em ambas as avaliações, o tamanho de efei- dades de abordagem dessa musculatura. Steinbock et al. [19]
to padronizado foi grande. Apesar da significância limítrofe e Park et al. [21] que também se utilizaram da GMFM como
para velocidade da marcha e amplitude articular direita em instrumento de avaliação de função motora, obtiveram ganhos
decúbito dorsal, os tamanhos de efeito para estas variáveis funcionais significantes em seus estudos.
foram moderados. Em concordância com a descrição de Steinbock et al.
Nenhuma criança desta casuística apresentou descon- [19], encontrou-se dados de significância estatística (P =
forto ao estímulo elétrico. As contrações foram percebidas 0,045) na avaliação da GMFM; e como naquele trabalho,
visualmente e através da palpação e foram fortes o suficiente este achado se consumou somente no grupo de crianças
para permitir os movimentos de flexão dorsal dos tornozelos não-deambuladoras.
e extensão dos joelhos. As sete crianças com cinco anos de No grupo de crianças deambuladoras, embora não se
idade ou menos, demonstraram, entretanto, inquietação para tenha obtido significância no escore da GMFM, observou-
permanecer em repouso durante o tempo da aplicação. se provável melhora no equilíbrio dinâmico. O aumento
da propriocepção proporcionado pela EENM, somado ao
Discussão treino de marcha, talvez tenha contribuído para a melhora do
controle motor seletivo e do equilíbrio e, conseqüentemente,
Apesar de crescente, a literatura acerca da utilização de dos parâmetros da marcha. Dellito et al. [33] sugerem que,
estimulação elétrica em crianças com PC ainda é bastante quanto mais severamente enfraquecido o músculo, maior
restrita. Os estudos publicados versam sobre a utilização da o benefício do fortalecimento com eletroestimulação. O
estimulação elétrica no fortalecimento muscular, ganhos argumento poderia explicar o fato de ter-se detectado me-
de amplitude de movimento articular e melhora da função lhores escores na GMFM no grupo dependente de auxílio
motora em crianças com diplegia ou hemiplegia espástica para locomoção.
[9-16,18-22,25-27]. Um estudo piloto realizado pelos au- Esta pesquisa observou dados intrigantes no que se refere
tores deste estudo revelou melhora da função motora em aos ganhos de amplitudes articulares de tornozelos. Dife-
uma amostra de quatro crianças com PC do tipo diplegia rentemente de outros estudos que analisaram essa mesma
espástica após a intervenção com EENM [32]. variável [20,24], este estudo optou por revelar os resultados
A decisão pela escolha de estudo experimental não- das avaliações de ambos os tornozelos. O lado menos afetado
controlado do tipo antes e depois se deu em razão da dificul- apresentou uma diferença significativa de ganho de amplitude
dade de obtenção da amostra. Apesar das limitações, neste articular quando comparados os valores pré e pós-tratamento.
delineamento o sujeito é seu próprio controle, o que reduz No lado mais afetado, a diferença não foi estatisticamente
os erros sistemáticos decorrentes de diferenças individuais, significativa, porém se observou um aumento na amplitude
aumentando o poder estatístico [28]. de movimento pós-tratamento. A utilização da EENM no
O presente estudo explora os efeitos da terapia de EENM músculo tibial anterior ocasionou um alongamento passivo
sobre a função motora de crianças com PC apenas do tipo dos tríceps surais durante o período de tratamento. Tardieu
diplegia espástica. Assim como Kerr et al. [17], os autores et al. [34] demonstraram que a quantidade de alongamento
acreditam que as distintas distribuições topográficas do tônus aplicada aos tríceps surais em crianças com paralisia cerebral
muscular, encontradas nos tipos diversos de PC (monoplegia, foi diretamente relacionada à amplitude de movimento. Estes
diplegia, hemiplegia e quadriplegia), influenciam de maneira dados talvez expliquem os nossos achados.
substancial a aquisição de habilidades motoras e os ajustes Trimble e Enoka [35] estudando os efeitos do treinamento
posturais dinâmicos. A generalização dos achados para outros associados a EENM, concluíram que há, preferencialmente,
tipos de paralisia cerebral deve, portanto, ser evitada. Alguns ativação de unidades motoras de contração rápida. É possível
autores [24,27], no entanto, optaram por incluir em seus es- que essas sejam ativadas somente com exercícios voluntários
tudos tanto crianças hemiplégicas como diplégicas no intuito de alta intensidade. Os autores concluíram que a EENM for-
de obter casuísticas maiores. nece um feedback cutâneo que altera a população de unidades
No atual estudo, os autores obtiveram significância estatís- motoras ativadas.
tica para escores da GMFM nas crianças não-deambuladoras. Adicionalmente, o aumento da propriocepção propor-
Os achados sugeriram que a estimulação elétrica neuromus- cionado por esse tratamento, somado ao treino de marcha,
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 229
talvez tenha contribuído para a melhora do equilíbrio e 12. Atwater SW, Tatarka ME, Kathrein JE, Shapiro S. Electromyo-
conseqüentemente dos escores da GMFM nesta população. graphy-triggered electrical muscle stimulation for children with
Este estudo confirma relatos prévios [9-22] onde a EENM cerebral palsy: a pilot study. Pediatr Phys Ther 1991;3:190-
foi utilizada na PC objetivando melhora da marcha e da 99.
13. Pape KE, Kirsch SE, Galil A. White MA, Chipman ML. Neu-
força, além de reeducação muscular ou de amplitudes de
romuscular approach to the motor deficits of cerebral palsy. J
movimentos articulares. Pediatr Orthop 1993;13:628-33.
Sommerfelt et al. [23] e Dali et al. [24] não obtiveram 14. Hazlewood ME, Brown JK, Rowe PJ, Salter PM. The use of
ganhos significativos de função motora nos pacientes estuda- therapeutic electrical stimulation in the treatment of hemiplegic
dos, contrariando os relatos de melhora observados pelos pais cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 1994;36(8):661-73.
das crianças, e avaliações visuais e subjetivas realizadas. Esses 15. Wright PA, Granat MH. Therapeutic effects of functional
resultados são discordantes dos encontrados nesta pesquisa electrical stimulation of the upper limb of eight children with
e de outros estudos [9,11,13,14,16,18,20]. Acredita-se que cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2000;42(11):724-27.
as diferenças possam ter ocorrido em razão do protocolo de 16. Beck S. Use of sensory level electrical stimulation in the physical
therapy management of a child with cerebral palsy. Pediatr Phys
estimulação adotado.
Ther 1997;9:137-38.
Melhores evidências se fazem necessárias para consolidar
17. Kerr C, McDowell B, McDonough S. Electrical stimulation in
os achados, bem como de outros autores. Futuras pesquisas cerebral palsy: a review of effects on strength and motor function.
com seguimento de casos (follow-up) poderão dimensionar Dev Med Child Neurol 2004;46:205-13.
os efeitos da EENM em PC a longo prazo. 18. Dubowitz L, Finnie N, Hhyde AS, Scott OM, Vrbova G.
Improvement in muscle performance by chronic electrical
Conclusão stimulation in children with cerebral palsy. Lancet 1988;12:
587-88 (Letter).
Este estudo demonstrou que a EENM pode ser uma 19. Steinbok P, Reiner A, Kestle JRW. Therapeutic electrical stimu-
ferramenta complementar no manejo de crianças PC do tipo lation following selective posterior rhizotomy in children with
spastic diplegic cerebral palsy: a randomized clinical trial. Dev
diplégica espástica. Os mecanismos pelos quais a EENM me-
Med Child Neurol 1997;39:515-20.
lhora a função motora não estão totalmente esclarecidos. 20. Bertoti DB, Stanger M, Betz RR, Akers J, Maynahon M,
Mulcahey MJ. Percutaneous intramuscular functional electrical
Referências stimulation as an intervention choice for children with cerebral
palsy. Pediatr Phys Ther 1997;9:123-27.
1. Kuban KCK, Levinton A. Cerebral palsy. N Engl J Med 21. Park ES, Park CI, Lee HJ, Cho YS. The effect of electrical sti-
1994;20:188-95. mulation on the trunk control in young children with spastic
2. Bleck EE, Spastic Diplegia. In: Orthopaedic management in ce- diplegic cerebral palsy. J Korean Med Sci 2001;16(3):347-50.
rebral palsy, Philadelphia: MacKeith Press; 1987. p.142-212. 22. Pape KE, Kirsch SE, Bugaresti JM. New therapies in spastic
3. Gage JR, Gait analysis in cerebral palsy. New York: MacKeith cerebral palsy. Contemp Pediatr 1990;3:6-13.
Press/Cambridge University Press; 1991. 23. Sommerfelt K, Markestad T, Berg K, Saetesdal I. Therapeutic
4. Perry J. Determinants of muscle function in the spastic lower electrical stimulation in cerebral palsy: a randomized, controlled,
extremity. Clin Orthop 1993;288:10-26. crossover trial. Dev Med Child Neurol 2001;43:609-13.
5. Damiano DL. Functional outcomes of strength training in spas- 24. Dali C, Hansen FJ, Pedersen AS, Skov L, Hilden J, Bjørnskov
tic cerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil 1998;79:119-25. I, et al. Threshold electrical stimulation (TES) in ambulant
6. Volpe JJ. Intracranial hemorrhage: Intraventricular hemor- children with CP: a randomized doble-blind placebo-controlled
rhage of the premature infant. In: Volpe JJ, ed. Neurology of clinical trial. Dev Med Child Neurol 2002;44:364-69.
the newborn, Philadelphia: WB. Saunders Company; 1995. 25. Gracanin F, Vrabic M, Vrabic G. Six years experiences with FES
p.403-63. method applied to children. Eur Medicophys 1976;12:61-8.
7. Rotta NT. Encefalopatia crônica da infância ou paralisia cerebral. 26. Durham S, Eve L, Stevens C, Ewins D. Effect of functional
In: Porto CC. Semiologia médica. Rio de Janeiro:Guanabara electrical stimulation on asymmetries in gait of children with
Koogan; 2001. p. 1278-8. hemiplegic cerebral palsy. Physiother 2004;90:82-90.
8. Sutherland DH, Olshen RA, Cooper L, Woo SLY. The develop- 27. van der Linden ML, Hazlewood, ME, Aitchison AM, Hillman
ment of immature gait. J Bone Joint Surg 1980;62:336-53. SJ, Robb JE. Electrical stimulation of gluteus maximus in chil-
9. Carmick J. Clinical use of neuromuscular electrical stimulation dren with cerebral palsy: effects on gait characteristics and muscle
for children with cerebral palsy, part 1: lower extremity. Phys strength. Dev Med Child Neurol 2003;45:385-390.
Ther 1993;73(8):505-13. 28. Psychology world. Joint project of the department of psychology
10. Carmick J. Managing equinus in children with cerebral palsy: at the University of Missouri-Rolla. [citado 2004 Jan 27]. Dispo-
electrical stimulation to strengthen the triceps surae muscle. nível em: http://web.umr.edu/~psyworld/within_subjects.htm
Dev Med Child Neurol 1995;37(11):965-75. 29. Russell D, Rosebaum P, Cadman D, Gowland C, Hardy S,
11. Comeaux P, Patterson N, Rubin M, Meiner R. Effect of neu- Jarvis S. The gross motor function measure: a means to eva-
romuscular electrical stimulation during gait in children with luate the effects of physical therapy. Dev Med Child Neurol
cerebral palsy. Pediatr Phys Ther 1997;9:103-9. 1989;31:341-52.
230 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
30. Coe R. What is an “Effect size”? A guide for users – draft version, 33. Delitto A, McKowen JM, Mc Carthy JA, Shively RA, Rose SJ.
January 2000. [citado 2004 Nov 27]. Disponível em: http:// Electrically elicted co-contraction of thigh musculature after
www.cemcentre.org/ebeuk/research/effectsize/Esguide.doc. anterior cruciate ligament surgery. Phys Ther 1988;68:45-50.
31. Motta VT, Wagner MB. Bioestatística. São Paulo: Robe; Caxias 34. Tardieu C, Lespargot A, Tabary C, Bret MD. For how long must
do Sul: EDUCS; 2003. 155 p. the soleus muscle be stretched each day to prevent contracture?.
32. Staub AL, Rotta NT, Mahmud AIM, Svirski AS, Santos AC, Dev Med Child Neurol 1988;30:3-10.
Fonteles VR, et al. Efeitos da utilização da estimulação elétrica 35. Trimble MH, Enoka RM. Mechanisms underlying the training
neuromuscular (EENM) em pacientes com paralisia cerebral do effects associated with neuromuscular electrical stimulation.
tipo diplegia espástica. Fisioter Bras 2005;6(1):4-6. Phys Ther 1991;71(4):273-9.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 231
Artigo original
*Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Católica Dom Bosco, **Acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade
Católica Dom Bosco
Resumo Abstract
Cuidado paliativo consiste na assistência integral a pacientes Palliative care is the active total care of patients whose disease
cuja doença não responde ao tratamento curativo. Seu objetivo is not responsive to curative treatment. Its objective is to improve
é a melhoria da qualidade de vida do paciente e de sua família. patient and family quality of life. This study investigated the main
Este estudo investigou as principais disfunções físico-funcionais physical-functional disabilities related to patients with incurable and
referidas por pacientes com câncer sem possibilidades terapêu- role of physical therapist in palliative care. The study was composed
ticas de cura e o papel do fisioterapeuta no cuidado paliativo. by 50 patients who answered to a questionnaire that investigated
Estudou-se 50 pacientes com câncer que responderam a um social-demographics and clinical variables and the prevalence of
questionário que investigou variáveis sócio-demográficas, clíni- physical functional disabilities reported by the patients. Data were
cas e disfunções físico-funcionais referidas pelos pacientes. Os analyzed by descriptive statistics. The 50 patients were 21 to 87 years
dados foram analisados por estatística descritiva. Os 50 entre- old (54.2 r 15.88), 52% were female. They reported the following
vistados apresentaram idade entre 21 e 87 anos (54,2 r 15,88), physical functional alterations: pain (70%), difficulty of movement
sendo 52% do sexo feminino. As alterações físico-funcionais (58%), circulatory alterations (48%), respiratory alterations (48%)
relatadas foram: dor (70%), dificuldade de movimento (58%), and pain in pressure points (32%). The great majority of patients
alterações circulatórias (48%), alterações respiratórias (48%) e with advanced cancer have physical-functional disabilities. The
dor em pontos de pressão (32%). A grande maioria dos pacientes physiotherapist should, therefore, integrate the palliative care team
com câncer avançado apresenta disfunções físico-funcionais. of these patients.
O fisioterapeuta deve, portanto, integrar a equipe de cuidados Key-words: medical oncology, palliative care, physical therapy,
paliativos destes pacientes. rehabilitation.
Palavras-chave: oncologia, assistência paliativa, fisioterapia,
reabilitação.
atividades: mudar-se de decúbito na cama (supino para lateral), Tabela I - Freqüência de disfunções físico-funcionais em pacientes
sentar-se na cama, passar para a posição ortostática, agachar-se, oncológicos.
andar e sentar-se no vaso sanitário, falar, pentear os cabelos e Alteração Freqüên- Porcenta-
segurar objetos. Após a realização das atividades, o paciente era cia n gem (%)
questionado quanto à intensidade de dificuldade percebida, sen- Dor 35 70
do classificada em pouca, muita ou não realiza. A intensidade de Dificuldade de movimento 29 58
dificuldade percebida na realização das atividades como tomar Alterações circulatórias 24 48
banho, alimentar-se, vestir-se e calçar sapatos foram apenas Alterações respiratórias 24 48
questionadas ao paciente, não sendo realizadas as atividades Sensibilidade nos pontos de
16 32
no momento da entrevista como as demais. pressão
Os pacientes incluídos neste estudo foram questionados
ainda quanto ao apoio recebido por seus familiares durante Investigou-se ainda a intensidade de dificuldade para a
o processo de adoecimento, sendo classificado em excessivo, realização de atividades de vida diária. Os resultados estão
ideal ou insuficiente. descritos na Tabela II.
Os dados coletados foram analisados pelo software Bio-
Estat 2.0, para fins de tratamento estatístico por meio de Tabela II - Freqüência da intensidade para realização de atividades
estatística descritiva. de vida diária por pacientes oncológicos.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Atividade Intensidade
Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Pouca Muita Não realiza
n % n % n %
Resultados Sentar-se 4 30,8 6 46,2 3 23
Levantar-se 5 41,5 6 50 1 8,5
Foram incluídos neste estudo 50 indivíduos, sendo 52% Abaixar-se 7 36,8 9 47,4 3 15,8
do sexo feminino. A idade média observada foi de 54,2 anos Mudar de decú- 7 53,8 3 23,1 3 23,1
± 15,88 (média ± desvio padrão da média). Em relação à raça, bito
74% dos entrevistados eram da raça branca, 16% pardos e Andar 4 26,6 66,7 1 6,7
10% negros. A maioria dos indivíduos entrevistados residia Ir ao banheiro 6 42,8 5 35,7 3 21,5
na capital do Estado de Mato Grosso do Sul (MS) (66%), Tomar banho 7 46,6 6 40 2 13,4
enquanto que 28% eram procedentes de cidades do interior Vestir-se 6 50 5 41,5 1 8,5
do Estado e 6 % procedentes de outros Estados. Calçar os sa- 6 42,8 3 21,5 5 35,7
Quando investigados os hábitos de vida, observou-se que patos
previamente ao aparecimento do câncer, 54% dos entrevista- Pentear os ca- 6 60 2 20 2 20
dos eram sedentários, 40% tabagistas e 32% etilistas. belos
Os tipos de cânceres mais freqüentes foram aqueles da Falar 6 40 9 60 0 0
região da cabeça e pescoço (30%), seguidos pela leucemia Alimentar-se 8 57 6 43 0 0
(16%), câncer ginecológico (14%) e outros de menor ocor- Segurar objetos 6 86 1 14 0 0
rência, como pele, pulmão, próstata, entre outros.
Entre as principais queixas apresentadas pelos pesquisados, Outro fator investigado foi a percepção do paciente em re-
foram citadas: dor (50%); alterações respiratórias (12%); lação ao apoio recebido de seus familiares, 36% dos pacientes
mal-estar, cefaléia, fraqueza e dificuldade de comunicação consideraram o apoio recebido como ideal, 10% consideraram
(ambos com 4%). Aqueles que não relataram queixas repre- o apoio excessivo e, para 4%, o apoio foi insuficiente.
sentaram 2%.
Ao investigar as principais formas de tratamento clínico, Discussão
as quais os entrevistados haviam sido submetidos em decor-
rência do câncer, verificou-se a prevalência do tratamento Existem aproximadamente 200 tipos de câncer, muitos
medicamentoso (88%), seguido por cirúrgico (50%), qui- deles curáveis quando detectados precocemente [8]. Entretan-
mioterapia (24%), e radioterapia (20%). Os efeitos colaterais to, na maioria dos casos, a doença é diagnosticada em estádio
a estes tratamentos mais relatados foram: tontura (62%), avançado, reduzindo as chances de cura da doença e expondo
cefaléia (46%), sudorese (46%), hiperemese (38%), náuseas o paciente a tratamentos agressivos, com efeitos secundários
(36%) e taquicardia (26%), e ainda em menor freqüência que causam prejuízos físicos, funcionais e emocionais [9].
problemas como diarréia, hipertermia e fadiga. Acredita-se que em países em desenvolvimento apenas 30
As principais alterações físico-funcionais apresentadas a 40% dos pacientes com câncer alcancem a cura da doença,
pelos indivíduos incluídos neste estudo estão descritas na principalmente devido à sua fase avançada no momento do
Tabela I. diagnóstico [10]. Desta forma, quando a doença apresenta-se
234 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
em fase progressiva, irreversível e não responsiva aos tratamen- paliativos, já que o objetivo dos mesmos é centrado no alívio
tos propostos, o paciente é considerado fora de possibilidades do sofrimento dos pacientes e suas famílias, considerando-se
terapêuticas e os cuidados prestados ao paciente deixam de ser os aspectos físico-funcionais, emocionais, sociais e espiritu-
curativos e passam a ter objetivos paliativos [11]. ais [12]. O cuidado paliativo ajuda a família na transição,
Quando se encontram fora de possibilidades terapêuti- freqüentemente temerosa, da saúde para a doença e então
cas, as pessoas geralmente confinadas ao leito têm um árduo para a morte e perda [12,17]. Alguns familiares participam
caminho a percorrer até sua morte, este caminho na maioria ativamente no programa de cuidados paliativos, dispondo-
das vezes é repleto de obstáculos como dor, incapacidades, se a ensinar, aprender e trabalhar como parte integrante da
dependência, depressão e sofrimento. Os cuidados paliativos equipe [18,19].
são definidos como a atuação de uma equipe multiprofissional A atuação do profissional fisioterapeuta é parte importante
que presta cuidado integral ao paciente e sua família quando na equipe de cuidados paliativos e, como outros membros da
a cura deixa de ser o objetivo da terapêutica específica, pro- equipe, tem como objetivo melhorar as funções dos pacientes
movem o cuidado no fim da vida de pacientes com o objetivo e auxiliar no controle dos sintomas [20,21]. Segundo Gerber
do controle de sintomas e melhoria da qualidade de vida dos [14], é essencial que o fisioterapeuta que atuará nos cuidados
pacientes e seus familiares [5,12]. paliativos avalie criticamente os recursos fisioterapêuticos
Marcucci [13] enfatiza que os cuidados paliativos devem disponíveis para atuar nas diversas condições passíveis de
ser administrados por uma equipe mulltiprofissional, já que ocorrência no decorrer da doença.
nenhum dos profissionais da saúde é capaz de corresponder Entre as principais queixas apresentadas pelos pacientes
a todas as necessidades do tratamento desses pacientes. Em pesquisados, observou-se a prevalência de diversas condições,
relação ao papel do fisioterapeuta na assistência paliativa de pa- que podem ser desencadeadas tanto pela doença como pelo
cientes oncológicos, a literatura ainda é escassa especialmente tratamento administrado. A dor é sem dúvida, o maior e
no que se refere à experiências no Brasil, sendo a identificação mais significativo problema que impacta a qualidade de vida
das principais disfunções físico-funcionais apresentadas por dos pacientes oncológicos [10]. A dor oncológica pode variar
estes pacientes, bem como as possibilidades de uma atuação quanto a sua forma e severidade e por ser um sintoma sub-
efetiva do fisioterapeuta no seu cuidado de suma importância jetivo, deve-se valorizar a auto-avaliação da dor por parte do
para a ampliação da atenção fisioterápica em cancerologia.. paciente, já que no seu tratamento devem ser considerados não
Para isso, participaram deste estudo 50 voluntários portadores só os aspectos físicos, mas também os aspectos emocionais. Em
de câncer, considerados fora de possibilidades terapêuticas, estudo anterior, a dor é descrita como um sintoma altamente
internados na enfermaria do serviço de oncologia de um prevalente, aproximadamente 70% dos pacientes com câncer
hospital universitário. em fase avançada apresentarão algum tipo de dor [22], dados
Observou-se que a idade média dos pacientes incluídos idênticos aos encontrados neste estudo, no qual se verificou a
neste estudo foi superior a 50 anos, o que sugere que pessoas mesma prevalência de dor entre os pacientes estudados. A dor
com idades mais avançadas apresentam maiores riscos de de- pode ser interferida pela atuação do fisioterapeuta [23]. O uso
senvolvimento de um câncer, isto se deve principalmente ao de modalidades como cinesioterapia, crioterapia, eletroterapia
maior período de exposição a agentes cancerígenos, como por e recursos terapêuticos manuais como a massoterapia podem
exemplo, o fumo [2]. Vale ressaltar que além de estarem mais ser administrados junto ao leito do paciente e proporcionam
propensos ao desenvolvimento do câncer, os indivíduos mais redução da dor [24]. O uso de técnicas fisioterápicas pode di-
idosos apresentam maior freqüência de co-morbidades e con- minuir a necessidade por medicamentos analgésicos [7,22].
seqüentemente são os mais acometidos pelas inaptidões [14]. Qualquer estratégia terapêutica desenvolvida para pa-
O diagnóstico do câncer gera no paciente, sentimentos cientes que experimentam dor no câncer depende das metas
de angústia, medo e ansiedade e a capacidade de elaborar o dos cuidados que podem ser amplamente utilizadas, como
adoecer depende do seu nível de ajustamento emocional, prolongamento da sobrevida, maior conforto e manutenção
do momento que está passando em sua vida, da presença da qualidade de vida. Combinando tratamentos primários,
de familiares e amigos que o apóiem emocionalmente e da agentes analgésicos sistêmicos e outras técnicas, a maioria
doença propriamente dita [15,16]. Ante isto, verificou-se a dos pacientes com câncer pode alcançar alívio satisfatório
percepção dos pacientes frente ao apoio recebido durante o da dor [23].
curso da doença. Os familiares dos pacientes com câncer apre- A equipe multidisciplinar deve ser composta de indivíduos
sentam comportamentos variáveis, que vão desde o cuidado diversamente treinados, com uma meta comum de melhorar a
exagerado – o que muitas vezes restringe o paciente desne- qualidade de vida do paciente [12,25]. A garantia do controle
cessariamente, quando ainda são capazes de realizar tarefas da dor é crucial no processo reabilitativo, pois sem este, as
de forma satisfatória e independente [13] –, até a indiferença chances de uma maior independência do paciente em relação
quanto à gravidade da doença, o que pode gerar no paciente à família são limitadas. Um tratamento analgésico efetivo
a sensação de ser um peso para seus familiares. A família dos normalmente provê conforto e permite aos pacientes a per-
pacientes deve ser incluída na programação dos cuidados manecerem lúcidos o bastante para se comunicarem [23].
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 235
O foco e as metas da fisioterapia oncológica tradicional dades incluem analgesia, relaxamento muscular, estimulação
são, em parte, diferentes do foco e metas para doentes fora de muscular, propriocepção e reforço muscular.
possibilidades terapêuticas, já que é improvável que a fisiote- A ocorrência de condições como edema e linfedema se
rapia restabeleça estes pacientes a um nível de pré-morbidade, dá, na maioria das vezes, secundariamente à linfadenectomia,
mas pode promover um grau razoável de independência e radioterapia, compressão tumoral e longos períodos acamados,
qualidade de vida pelo maior tempo possível [7]. sendo os membros inferiores e superiores as regiões de maior
A permanência prolongada no leito pode desencadear a acometimento pelas disfunções do sistema venoso-linfático
síndrome do imobilismo, que acarreta prejuízos importantes [30,31]. Como possibilidades terapêuticas, o fisioterapeuta
à funcionalidade do paciente. Podem ser encontradas nestes tem à sua disposição a drenagem linfática manual, que é a
pacientes disfunções como diminuição da amplitude de mo- modalidade terapêutica de escolha frente a quadros de edemas
vimento e força muscular, astenia, fadiga, desenvolvimento de e linfedemas, conjuntamente a medidas como enfaixamento
contraturas e deformidades ósseas, inaptidão para a realização compressivo funcional, posicionamento adequado e realização
de tarefas rotineiras como as de higiene pessoal e alimentação de exercícios e mobilizações são indicadas para estímulo do
e, além disso, o imobilismo pode contribuir para a instalação retorno venoso-linfático [7].
e/ou agravamento da dor [26]. Marcucci [13], em seu estudo Pela evolução da patologia e pelas dificuldades físico-
de revisão, sugere que mudanças podem ocorrer em curtos funcionais apresentadas pelos pacientes, muitos permanecem
períodos de tempo. Após uma semana de desuso, já podem ser acamados por longos períodos, muitas vezes em um determi-
observadas alterações teciduais como aumento das cisternas nado decúbito, que geralmente é aquele que o paciente melhor
do retículo sarcoplasmático, desalinhamento dos sarcômeros tolera. Isto torna o paciente mais propenso a apresentar algias
e redução dos tecidos contráteis. nos pontos de maior pressão do decúbito adotado e posterior-
A prevenção de tais mudanças deve ser priorizada, com mente o aparecimento de úlceras de pressão [13]. No presente
uma intervenção precoce do fisioterapeuta junto aos pacientes estudo, os pacientes entrevistados não apresentavam úlceras de
acamados, vale lembrar que a abordagem fisioterapêutica nos pressão, entretanto 32% dos pacientes referiram que os pontos
cuidados paliativos não deve objetivar apenas o controle dos de pressão estavam sensíveis e doloridos. Estas dores podem
sintomas, mas também a prevenção de disfunções passíveis ser evitadas através da adoção de posicionamento adequado
de ocorrência durante o curso da doença [13]. e mudanças de decúbitos regulares que proverão o conforto,
Dentre as estratégias fisioterapêuticas adotadas, destacam- o alívio ou a eliminação das dores [32].
se técnicas como a cinesioterapia que, através de mobilizações Outro aspecto de grande importância é a função pulmonar
passivas, ativo-assistidas e/ou ativas, freqüentemente provêm do paciente oncológico, sua respiração deveria ser livre, efetiva
conforto e previnem a instalação de complicações decorridas e tranqüila. Com a mecânica respiratória alterada, o paciente
da imobilidade. Alguns cuidados devem ser observados neste torna-se mais propenso a fadiga e à instalação de patologias
processo, como a execução das mobilizações, que devem ser pulmonares [15,23]. Freqüentemente são utilizados proce-
executadas lentamente, as articulações não devem ser mobili- dimentos que objetivam fortalecimento muscular, expansão
zadas além do limite articular individual e deve-se atentar para pulmonar e, dependendo dos casos, desobstrução brônquica
os sinais de fadiga ao esforço apresentados pelo paciente, pois para a manutenção de uma oxigenação tecidual adequada.
dependendo do estado geral do mesmo, a fadiga é alcançada Entre as disfunções pulmonares, a dispnéia é a mais
rapidamente, levando o paciente à exaustão [27,28]. freqüentemente relatada pelos pacientes. Esta condição
Recursos manuais como a massoterapia, também são pode não estar diretamente relacionada com a severidade
amplamente utilizados e bem aceitos pelos pacientes, além do quadro clínico e é considerada uma sensação subjetiva
do contato físico, promover sensações de conforto e cuidado, de falta de ar [30] e, muitas vezes, pode ser reduzida com
a massagem clássica promove o relaxamento muscular. O programas de exercícios ativos e localizados para aumento
efeito da massoterapia é essencialmente mecânico, segundo da capacidade vital pulmonar e melhora das trocas gasosas.
a revisão realizada por Sampaio, Moura e Resende [29]; a O fisioterapeuta poderá utilizar-se ainda de procedimentos
pressão comprime os tecidos moles e estimula os receptores respiratórios paliativos como: vibrações torácicas, posiciona-
sensoriais, produzindo sensação de prazer ou bem-estar. A mento, drenagem postural, manobras que aumentem o fluxo
manobra de estiramento reduz a tensão sobre os músculos e expiratório, estímulo da tosse, entre outros a fim de manter
produz relaxamento muscular. as vias respiratórias pérvias [13,33].
Outra modalidade que pode auxiliar na manutenção e/ A presença de limitações funcionais e incapacidades na
ou restauração das condições osteomioarticulares é a eletro- realização das AVDs nos pacientes incluídos neste estudo
terapia. A escolha dos recursos eletroterápicos dependerá de sugerem que o fisioterapeuta deve ter uma visão holística
fatores como o objetivo da terapia e condições do paciente, no planejamento de suas ações, sua atuação deve ir além
para isso é usual a aplicação de eletro-estimulação transcu- da aplicação de técnicas, sua presença deve ser um estímulo
tânea (TENS), corrente interferencial, estimulação elétrica constante a melhoria das co-morbidades vivenciadas pelos
funcional (FES) e corrente russa. Os efeitos destas modali- pacientes em sua finitude.
236 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Atualmente, o fato de que um diagnóstico físico-funcional 9. World Health Organization. National cancer control pro-
bem conduzido, seguido da aplicação de recursos fisiotera- grammes: policies and managerial guidelines. 2nd ed. Geneva:
WHO; 2002.
pêuticos adequados, resulte em melhora funcional, minimi-
10. Restrepo MH. Cuidado paliativo: Una aproximación a los as-
zação de queixas subjetivas e ganho na qualidade de vida do pectos éticos en el paciente con cáncer. Rev Persona y Bioética
paciente oncológico, parece ser bem aceito pela comunidade [online] 2005 [citado 2008 Mai 30];2(25):6-45. Disponível
científica. O aumento de publicações científicas sobre o tema, em: URL: http://personaybioetica.unisabana.edu.co/index.php/
certamente favorecerão a ampliação da atuação do fisiote- personaybioetica/article/view/355/519
11. Roncarati R, Camargo RMP, Rossetto EG, Matsuo T. Cuidados
rapeuta na assistência paliativa, atuação esta essencial para paliativos num Hospital Universitário de assistência terciária:
uma abordagem holística do paciente, considerando-se que uma necessidade?. Semina Cienc Biol Saude 2003;24:37-48.
este profissional possui conhecimentos específicos, capazes 12. Melvin TA. The primary care physician and palliative care. Prim
de prevenir, minimizar e recuperar as disfunções de ordem Care 2001; 28(2): 239-49.
físico-funcionais, propiciando ao paciente, maiores níveis de 13. Marcucci FCI. O papel do fisioterapeuta nos cuidados paliativos
a pacientes com câncer. Rev Bras Cancerol 2005;51(1):67-77.
independência para a realização de suas atividades de vida 14. Gerber LH. Cancer rehabilitation into the future. Cancer
diária, contribuindo ainda para um melhor enfrentamento do 2001;92(4):975-9.
processo de adoecimento pelo paciente e seus familiares. 15. Citero VA, Andreoli SB, Martins LAN, Lourenço MT. Intercon-
sulta psiquiátrica e oncologia: interface em revisão. UNIFESP
[online] 2003. [citado 2003 Ago 10]. Disponível em: URL:
Conclusão http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/especial01.htm
16. Cardenaz CP. Equipo multidisciplinario de atención a pacientes
Os pacientes incluídos neste estudo apresentaram alta oncológicos en la atención primaria de salud. Rev Cubana Oncol
prevalência de disfunções físico-funcionais como: dor, difi- 2000;16(3):58-62.
culdade de movimento, alterações circulatórias e respiratórias, 17. Singer PA, Bowman KW. Quality end-of-life care: a global
perspective. BMC Palliat care 2002;1(1):4.
além de consideráveis graus de dificuldade para a realização
18. Shanks R. Physiotherapy in palliative care. Physiotherapy
de suas AVDs. 1982;68(12):405-7.
As condições referidas pelos pacientes são passíveis de 19. Given BA, Given CW, Kozachik S. Family support in advanced
prevenção e minimização por meio de técnicas fisioterapêu- cancer. CA Cancer J Clin 2001;51:213-31.
ticas direcionadas para a manutenção da função respiratória, 20. Silva RCF. Cuidados paliativos oncológicos: reflexões sobre uma
proposta inovadora na atenção à saúde [dissertação]. Rio de
analgesia, manutenção das AVD’s, minimização dos efeitos do Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública; 2004.
imobilismo e relaxamento, sendo estas as necessidades mais 21. Bruera E. Palliative care. CA Cancer J Clin 2000;50:68-9.
freqüentes, considerando-se as disfunções físico-funcionais 22. Marcant D, Rapin CH. Role of physiotherapist in palliative
dos pacientes incluídos neste estudo, tendo o fisioterapeuta care. J Pain Symptom Manage 1993;8(2):68-71.
um importante papel na assistência paliativa de pacientes fora 23. Cherney NI. The management of cancer pain. CA Cancer J
Clin 2000;50:70-116.
de possibilidades terapêuticas. 24. Gamble GL, Kinney CL, Brown PS, Maloney FP. Cardiovas-
cular, pulmonary, and cancer rehabilitation. Arch Phys Med
Referências Rehabil 1990;71:248-51.
25. Byock I. Completing the continuum of cancer care: inte-
1. Parkin DM, Bray FI, Devesa SS. Cancer burden in the year grating life-prolongation and palliation. CA Cancer J Clin
2000. The global picture. Eur J Cancer 2001;37(8):S4-66. 2000;50:123-32.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações 26. Raposo AC, López RFA. Efeitos da imobilização prolongada
de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de in- e atividade física. Revista Digital EF y Deportes 2002. [citado
tegração ensino-serviço. 2a ed. Rio de Janeiro: INCA; 2002. 2008 Jan 25]. Disponível em: URL: http://www.efdeportes.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. com/efd50/efeitos.htm
Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e 27. Barnes EA, Bruera E. Fatigue in patients with advanced cancer:
Vigilância de Câncer. Estimativas 2008: Incidência de Câncer a review. Int J Gynecol Cancer 2002;12:424-8.
no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007. 28. Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêuticos: fundamentos e
4. Corrêa PH, Shibuya E. Administração da terapia nutricional em técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole; 1998.
cuidados paliativos. Rev Bras Cancerol 2007;53(3):317-23. 29. Sampaio LR, Moura CV, Resende RA. Recursos fisioterapêuticos
5. Williams MA, Wheeler MS. Palliative care: what is it?. Home no controle da dor oncológica: revisão da literatura. Rev Bras
Health Nurse 2001; 19(9):551-6. Cancerol 2005;51(4):339-46.
6. World Health Organization. Cancer pain relief and palliative 30. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer.
care. Technical Report Series 804.Geneva: WHO; 1990. Cuidados paliativos oncológicos: controle de sintomas. Rev
7. Santiago-Palma J, Payne R. Palliative care and rehabilitation. Bras Cancerol 2002;48(2):191-211.
Cancer 2001; 92:1049-52. 31. Lehmann JF, DeLisa JA, Warren CG, de Lateur BJ, Bryant
8. Núcleo de apoio ao paciente com câncer. O que você precisa PL Nicholson CG. Cancer rehabilitation: assessment of need,
saber sobre o câncer? .Revista do paciente oncológico: Edu- development and evaluation of a model of care. Arch Phys Med
cando para ter saúde; 2007. [citado 2008 Fev 24]. Disponível Rehabil 1978;59:410-9.
em: URL: http://www.napacan.org.br/Revista_do_pacien- 32. McCulloch JM. The role of physiotherapy in managing patients
te_Oncologico_2007.pdf with wounds. J Wound Care 1998;7(5):241-4.
33. Rashleigh L. Physiotherapy in palliative oncology. Aust Physio-
ther 1996;42(4): 307-12.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 237
Artigo original
*Aluno do mestrado em Ciências da Saúde da UFRN, **Professora e Pesquisadora de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da
UFRN
Resumo Abstract
Objetivos: Apresentar ações fisioterapêuticas desenvolvidas no Objectives: To present actions of physical therapy developed by
SUS no Estado do Rio Grande do Norte; discutir sob a óptica da the Unified Health System in Rio Grande do Norte state; to dis-
humanização tais ações no ano de 2004; discutir a importância da cuss under the humanization point of view such actions of health
fisioterapia para a sociedade norte-riograndense, ou seu papel na in the year 2004; to discuss the importance of physical therapy to
perpetuação de ações de saúde centradas no binômio causa/efeito. the Rio Grande do Norte society, or its role in the perpetuation of
Métodos: O estudo foi realizado no estado do Rio Grande do Norte. health actions centered in the binomial cause/effect. Methods: The
Os dados foram obtidos de fontes públicas junto a Secretaria de study was carried out in Rio Grande do Norte state and data was
Saúde desse Estado e versam sobre sessões de fisioterapia desen- collected from public sources of the State Health Secretary. Data
volvidas pelo SUS nas diversas regiões do Estado; tais dados foram was analyzed after approval of Research Ethics Committee of Rio
colhidos e analisados após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa Grande do Norte Federal University (UFRN). Results: Concerning
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Resultados: No physical therapy, it was observed that State Health Secretary of Rio
tocante a fisioterapia, observou-se que a Secretaria de Saúde do Grande do Norte registered only consultation related to cure/reha-
Estado do Rio Grande do Norte registrou somente atendimentos bilitation and no records or actions concerned health prevention,
voltados para a cura/reabilitação e não houve qualquer registro de health promotion and health protection. It was possible to notice
intervenção de prevenção, promoção e proteção à saúde durante o that there was a prevalence of interventions focusing on rheumatic
decorrer do ano em estudo. Foi possível observar que houve des- disease treatment and vertebral column complaints. Conclusion: In
taque para as intervenções voltadas para o tratamento de doenças this study, it was evidenced that physical therapy in the SHS in Rio
de origem reumáticas e queixas relacionadas à coluna vertebral. Grande do Norte State priorizes the individual consultation aiming
Conclusão: Neste estudo, evidenciou-se que a Fisioterapia no SUS at a health/disease model and cure and rehabilitation actions, and
no Estado prioriza o atendimento individualizado, centrado no with little attention to primary health care.
modelo saúde/doença e as ações desenvolvidas estão voltadas para Key-words: physical therapy, Unified Health System,
a atenção curativa e reabilitadora, com papel de pouco destaque na humanization.
atenção primária.
Palavras-chave: fisioterapia, Sistema Único de Saúde,
humanização.
mudança de todo o paradigma no cenário histórico da saúde o resultado das formas de organização social da produção,
brasileira. as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de
A VIII Conferência Nacional de Saúde contou com a vida [12].
participação da população, tendo como documento final a Essa compreensão sócio-cultural da doença exige uma
sistematização do processo de reconstrução do setor saúde, postura do profissional de saúde como trabalhador social;
e que é definida como “Resultante das condições de alimen- exige ainda, desse profissional, uma distinta capacidade de
tação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, compreender a saúde como um recurso da vida diária e não
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a um objetivo isolado.
serviços de saúde” [10].
Enquanto resultante dos embates e das diferentes pro- Fisioterapia e sua contribuição social
postas em relação ao setor de saúde presentes na Assembléia
Nacional Constituinte, a Constituição Federal de 1988 No campo da Fisioterapia, os problemas da atuação profis-
aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um sional parecem possuir uma estreita relação com as condições
direito de todos a ser assegurado pelo Estado. de vida da população e não podem ser vistas e abordadas de
A Constituição Federal de 1988 é permeada de aspectos forma isolada, ou centrada só no indivíduo que é capaz ou
relevantes e inerentes à saúde pública e garante a atenção a não de realizar movimentos.
saúde de forma integral, com prioridade para as atividades Os problemas com o movimento têm seus determinantes
preventivas sem prejuízo dos serviços assistenciais, e a parti- biológicos, sem dúvida. Entretanto, estes têm também seus
cipação da comunidade [11]. determinantes sociais e ambientais. Os lesados e deficientes
não o são somente por sua biologia ou por sua infelicidade
O projeto de democratização da saúde no [1].
Brasil e o contexto social Quanto ao cuidado digno da dor e do sofrimento humano,
o sistema de saúde brasileiro ainda se encontra numa fase
No início da década de 70, o País vivia a ditadura militar e rudimentar [13]. É sabido que a população brasileira tem
o modelo de desenvolvimento adotado fazia com que houvesse um acesso limitado aos serviços de saúde e que tal situação é
concentração de renda e má distribuição de benefícios sociais, fruto de uma política de saúde e educação desenvolvidas pelo
causando precárias condições de saúde. sistema sócio, econômico e cultural do País, onde há um pri-
Os interesses que havia em torno da saúde, por parte do vilégio dos grandes centros e que a saúde prestada está focada
governo, eram, predominantemente, mercantilistas e ocasio- no conhecimento, na especialização e não no cuidado.
navam um grande crescimento dos serviços médicos privados, Na Fisioterapia, a principal conseqüência dessas questões
especialmente hospitalares. pode ser um obscurecimento de grande parte das possibilida-
Todas essas questões levaram a um sistema de saúde que des de atuação, crescimento e reconhecimento profissional.
não respondia às necessidades e anseios de atendimento à Tal fato parece se agravar pela importância que alguns pro-
população e até agravava a condição Humana, pois se deixa- fissionais, fisioterapeutas, dão aos aspectos isolados e parciais
va de gastar com ações de prevenção de doenças, promoção do corpo e do processo saúde/doença como decorrência de
da saúde e educação, assim como em ações de saneamento, práxis complementares aos serviços médicos.
moradia, lazer e cultura para investir na industrialização do Ao atuar dentro deste sistema, a Fisioterapia se mantém,
setor saúde. desde a sua criação, dentro de um âmbito curativo; no qual o
A crise econômica dos anos 80 cria uma situação nova principal objetivo tem sido a promoção de serviços dirigidos
para o governo e exige o reconhecimento da crise, bem como na restauração de habilidades físicas, após lesão ou doença; ou
a necessidade de mudar o sistema saúde, sob pressão popular seja, ainda dicotomiza o homem para “melhor” tratá-lo [1].
que já começava a se organizar, lutando pela redemocratização
do nacional. Conclusão
Dessa reforma, abriu-se espaço para começar a discutir o
sistema de saúde vigente; o que faz ressurgir propostas de Re- Atento ao foco deste trabalho, que é o estudo, sob a óptica
formas Sanitárias que culminam com a Constituição de 1988 da transdisciplinaridade e humanização das ações Fisiotera-
e a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). pêuticas desenvolvidas no SUS, no ano de 2004, no Estado
A saúde passa a ser abordada como um dever do Estado do Rio Grande do Norte, é possível observar que a prática
e um direito do cidadão e há uma abertura para uma efetiva da atuação desse profissional tem se centralizado nas ações
participação da sociedade civil, estabelecendo um novo marco curativas, reabilitadoras e individualizadora do Homem. O
conceitual em saúde, que passa a ser resultante das condições tratamento a ele ofertado é centrado no modelo da doença.
de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, No material coletado, foi possível perceber a existência de
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse um foco de atuações da Fisioterapia no SUS, voltadas para a
da terra e acesso aos serviços de saúde. É assim, antes de tudo, prática fundamentada no modelo biomédico. Não se obser-
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 241
Artigo original
Resumo Abstract
Introdução: O processo de envelhecimento é acompanhado pela Introduction: The aging process is characterized by reduction
diminuição do controle da coordenação e do equilíbrio, constituindo of coordination and balance control, which may constitute a risk
fator de risco para quedas e perda da independência. No entanto, a factor for falls and loss of independence. However, the practice
prática de atividade física moderada, como a desenvolvida na Escola of moderate physical activity, as developed at Back School, has
de Posturas, tem se mostrado benéfica para a prevenção, manutenção shown beneficial for prevention, maintenance, and delayed of
e retardo das deficiências funcionais do envelhecimento. Objetivo: aging functional deficits. Objectives: To verify the effects of a Back
Verificar os efeitos de um programa de Escola de Posturas sobre o School program on balance and coordination of non institutio-
equilíbrio e a coordenação de idosos não institucionalizados. Méto- nalized elderly people. Methods: Twelve subjects (67 ± 6.8 years)
dos: Doze indivíduos (67 ± 6,8 anos) participaram de um programa participated of a Back School program (16 theoretic-practical and
de Escola de Posturas (16 aulas teórico-práticas e 4 sobre o processo 4 about the aging process lessons) that was performed twice a week
de envelhecimento), realizado duas vezes por semana durante 10 during 10 weeks. For the balance and coordination evaluations,
semanas. Para avaliar o equilíbrio e a coordenação foi utilizada a the “Performance-Oriented Mobility Assessment of Gait and Ba-
Avaliação da Mobilidade Orientada pelo Desempenho da Marcha lance” - POMA, of Tinetti (adapted), was applied before and after
e Equilíbio - POMA, de Tinetti (adaptado), aplicada antes e após the program. For comparison of variables between the evaluations,
o término do programa. Para a comparação das variáveis entre as non-parametric test (Wilcoxon) was used and adopted a significance
avaliações foi aplicado o teste não-paramétrico de Wilcoxon, com level of 5%. Results: There was an improvement in the balance and
um nível de significância de 5%. Resultados: Houve melhora no in the coordination (p < 0.01) after the program. Conclusion: The
equilíbrio e na coordenação (p < 0,01) após o término do programa. theoretic-practical intervention of Back School program improved
Conclusão: A forma intervencionista teórico-prática do programa balance and coordination of elderly people.
de Escola de Posturas melhorou o equilíbrio e a coordenação dos Key-words: aging, exercise therapy, health promotion.
idosos.
Palavras-chave: envelhecimento, terapia por exercício, promoção
da saúde.
Nosso estudo apresentou algumas limitações, no que diz 12. Tsukimoto GR, Ribeiro M, Brito CA, Battistella LR. Avaliação
respeito à ausência de um grupo controle e ao instrumento longitudinal da escola de postura para dor lombar crônica através
utilizado para as avaliações. Quanto ao grupo controle, sa- da aplicação dos questionários Roland Morris e Short From
lientamos que nossos resultados, apesar de relevantes, não Health Survey (SF – 36). Acta Fisiátrica 2006;13(2):63-9.
13. Brox JI, Storheim K, Grotle M, Tveito TH, Indahl A, Eriksen
podem ser generalizados, fazendo-se necessários futuros
HR. Systematic review of back schools, brief education, and
estudos controlados sobre o assunto. Quanto ao instrumento fear-avoidance training for chronic low back pain. Spine J
de medida, existem métodos mais fidedignos para a avaliação 2008;8:28-39.
do equilíbrio e coordenação motora, como a avaliação do 14. Oliveira ES, Gazetta MLB, Salimene ACM. Dor crônica sob a
deslocamento do centro de pressão, por meio de plataformas ótica dos pacientes da Escola de Postura da DMR HC FMUSP.
de força, análise eletromiográfica dos músculos antigravita- Acta Fisiátrica 2004;11(1):22-6.
cionais, e a análise cinemática. No entanto, não dispúnhamos 15. Booth FW, Lees SJ. Physically active subjects should be the
desses instrumentos. Diante dessa limitação, optamos pela control group. Med Sci Sports Exerc 2006;38(3):405-406.
utilização do POMA, por ser um instrumento já validado e 16. Gomes GC. Tradução, adaptação transcultural e exame das pro-
priedades de medida da escala Performance-Oriented Mobility
bastante utilizado para esse fim [16,25,17].
Assessment (POMA) para uma amostragem de idosos brasilei-
ros institucionalizados [dissertação]. Campinas: Universidade
Conclusão Estadual de Campinas; 2003.
17. Figueiredo KMOB, Lima KC, Guerra RO. Instrumentos de
O Programa de Escola de Posturas favoreceu a melhora do avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Revista Brasileira
equilíbrio e coordenação de idosos não institucionalizados, de Cineantropomometria & Desempenho Humano 2007;
provavelmente por seu caráter teórico-prático, que une o 9(4):408-413.
autoconhecimento corporal à prática de atividade física mo- 18. Hodselmans AP, Jaegers SM, Goeken LN. Short-term outcomes
derada, composta de exercícios terapêuticos de alongamento, of a back school program for chronic low back pain. Arch Phys
flexibilidade, equilíbrio e coordenação motora. Med Rehabil 2001;82:1099-105.
19. Andrade SC, Araújo AGR, Vilar MJP. Escola de coluna: revisão
histórica e sua aplicação na lombalgia crônica. Rev Bras Reu-
Referências matol 2005;45(4):224-8.
20. Caraviello EZ, Wassertein S, Chamlian TR, Masiero D.
1. Rebelatto JR, Calvo, JI, Orejuela JR, Portillo JC. Influência de Avaliação da dor e da função de pacientes com lombalgia tra-
um programa de atividade física de longa duração sobre a força tados com um programa de escola de coluna. Acta Fisiátrica
muscular manual e a flexibilidade corporal de mulheres idosas. 2005;12(1):11-4.
Rev Bras Fisioter 2006;10(1):127-32. 21. Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL, Araújo TL. Evo-
2. Frankel JE, Bean JF, Frontera WR. Exercise in the elderly: rese- lução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres
arch and clinical practice. Clin Geriatr Med 2006;22:239-56. fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Rev Bras
3. Ruwer SL, Rossi AG, Simon LF. Equilíbrio no idoso. Rev Bras Med Esporte 2003;9(6):365-76.
Otorrinolaringol 2005; 71(3):298-303. 22. Faria JC, Machala CC, Dias RC, Dias JMD. Importância do trei-
4. Gazzola JM, Muchale SM, Perracini MR, Cordeiro RC, Ramos namento de forca na reabilitação da função muscular, equilíbrio e
LR. Caracterização funcional do equilíbrio de idosos em servi- mobilidade de idosos. Acta Fisiátrica 2003;10(3):133-37.
ço de reabilitação gerontológica. Rev Fisioter Univ São Paulo 23. Zambaldi PA, Costa TABN, Diniz GCLM, Scalzo PL. Efeito de
2004;11(1):1-14. um treinamento de equilíbrio em um grupo de mulheres idosas
5. Kovacs CR. Age-related changes in gait and obstacle avoi- da comunidade: estudo piloto de uma abordagem específica, não
dance capabilities in older adults: a review. J Appl Gerontol sistematizada e breve. Acta Fisiátrica 2007;14(1):17-24.
2005;24(1):21-34. 24. Huang HG, Gau ML, Lin WC, Kernohan G. Assessing risk of
6. Diniz L, Abranches MHS. Neuroplasticidade na terapia de falling in older adults. Public Health Nurs 2003;20(5):399-411.
restrição e indução do movimento em pacientes com acidente 25. Ishizuka MA, Mutarelli EG, Yamaguchi AM, Jacob Filho W.
vascular encefálico. Med Reabil 2003; 22(3):53-5. Falls by elders with moderate levels of movement functionality.
7. Skelton DA. Effects of physical activity on postural stability. Clinics 2005;60(1):41-6.
Age Ageing 2001;30(S4):33-39. 26. Chung TM. Escola de coluna: experiência do Hospital
8. Simons R, Andel R. The effects of resistance training and das Clínicas da Universidade de São Paulo. Acta Fisiátrica
walking on functional fitness in advanced old age. J Aging 1996;3(2):13-7.
Health 2006;18(1):91-105. 27. Maciel ACC, Guerra RO. Fatores associados à alteração da
9. Polidori MC, Mecocci C, Cherubini A. Physical activity and oxi- mobilidade em idosos residentes na comunidade. Rev Bras
dation stress during aging. Int J Sports Med 2000;21:154-57. Fisioter 2005;9(1):17-23.
10. Brown M, Sinacore DR, Ehsani AA, Binder EF, Holloszy JO, 28. Bryant LL, Altpeter M, Whitelaw NA. Evaluation of health
Kohrt WM. Low-intensity exercise as a modifier of physical promotion programs for older adults: an introduction. J Appl
frailty in older adults. Arch Phys Med Reabil 2000;81:960-5. Gerontol 2006;25(3):197-213.
11. Cardia MCG, Duarte MD, Almeida RM, Lima VCL. Manual 29. World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma polí-
da escola de posturas. 3a ed. João Pessoa: Universitária da tica de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
UFPB; 2006. 2005.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 247
Artigo original
*Especialista em Atividade Física, em Saúde da Mulher no Climatério, em Saúde da Mulher, em Ativação de Processos de Mudança
na Formação Superior de Profissionais da Saúde, **Acadêmicos de Fisioterapia
Resumo Abstract
O Ministério da Saúde assume, desde a Constituição de 1988, o Since the Constitution of 1988, the Brazilian Health Depart-
compromisso de reestruturar o modelo de atenção no Brasil partindo ment (MS) has been committed to restructuring the assistance
de um referencial de saúde como direito do cidadão e dever do esta- model based on the health principles of citizen’s rights and States’
do. Em 1994 surge o PSF, com a proposta de reorientar o modelo duty. In 1994, FHP (Family Health Program) was created to redirect
assistencial, mediante a implantação de equipes multiprofissionais the health assistance model by implanting new multiprofessional
em unidades básicas de saúde. A regulamentação da profissão de teams in basic health units. The regulation of physical therapy as
fisioterapia prevê a promoção, tratamento e recuperação da saúde a profession intends to promote, to treat and to recover health by
sendo importante a inserção desse profissional junto à equipe. O engaging this professional on the team. This study aims at describing
presente estudo tem como objetivo descrever a atuação da fisioterapia the role of physical therapy in the community of Araçás and intends
na comunidade de Araçás, visando à integração deste profissional to integrate this professional into the FHP. It is a descriptive, obser-
no PSF. Trata-se de um estudo descrito observacional de coorte vational, retrospective cohort study. Specific file data of 225 patients
retrospectivo. Foram analisados dados de fichas específicas de 225 assisted by the physical therapy service in Araçás were analyzed. A
pacientes atendidos pelo serviço de fisioterapia na comunidade de descriptive statistical analysis was used. It was observed that there was
Araçás. Utilizou-se a análise estatística descritiva dos dados. Foi a predominance of female patients in the three attention levels; high
observado predomínio do sexo feminino nos três níveis de atenção, incidence of SAH and EVA; high number of patients aged between
elevada incidência de HAS e AVE, elevado número de usuários 20 and 49; and places where physical therapy is not performed. This
com idade entre 20 e 49 anos e áreas onde não existe atuação da study shows the importance of physiotherapist’s performance in
fisioterapia. Este estudo revela a importância e relevância da atua- public health, particularly as a means of promoting and preventing
ção do fisioterapeuta no contexto da saúde pública, sobretudo sob health, taking into consideration the wholeness of health attention
a ótica de uma prática voltada à promoção e prevenção da saúde, as proposed by the Family Health Program (FHP).
tendo em vista a integralidade da atenção como propõe o Programa Key-words: prevention, Family Health Program, physical therapy,
Saúde da Família. primary health care.
Palavras-chave: prevenção, Programa Saúde da Família,
fisioterapia, atenção primária à saúde.
profissão, no Capitulo I, Das Responsabilidades Fundamen- mento das famílias na Unidade Básica de Saúde (UBS) de
tais, Artigo 1º – O Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional Araçás que abrange os seguintes bairros: Araçás, Guaranhus,
prestam assistência ao homem, participando da promoção, Jardim Guaranhus, Vila Guaranhus, Nova Itaparica, Darly
tratamento e recuperação de saúde. Santos, e Pontal das Garças.
Ribeiro [4] descreve que o trabalho com grupos tem se Os estágios supervisionados na comunidade de Araçás
mostrado como uma possibilidade de atuação da fisioterapia realizam com periodicidade o diagnóstico situacional de
na atenção básica, sendo uma estratégia de atender a uma sua área de abrangência, a fim de verificar as patologias
demanda que não necessita de atendimento individual. Já o mais incidentes na região para, então, propor estratégias de
atendimento domiciliar é uma atividade que se mostra im- atuações especificas. Sendo assim, as atividades realizadas
prescindível ao trabalho na atenção primária, pois é neste nível nos estágios incluem: palestras educativas, atendimentos em
de atenção que nos deparamos com a realidade das pessoas grupo (climatério, pós-climatério, incontinência urinária,
que precisam de atendimento fisioterapêutico e não podem se escola de postura, hiperdia, caminhada), oficina de Shantala,
deslocar ao serviço. Nesse contexto é de suma importância a atendimentos domiciliares a cuidadores e a pacientes.
orientação ao cuidador e aos agentes de saúde, para assegurar Utilizou-se análise estatística descritiva dos dados. Os
a continuidade e dar uma maior intensidade ao tratamento. valores foram expressos em valores absolutos e porcentuais.
A participação da fisioterapia na saúde coletiva constitui
uma contribuição imperativa, que pode viabilizar maior reso- Resultados
lução junto a outros profissionais e às medidas e características
desse novo modelo vigente [13]. A assistência fisioterapêutica proporcionada à comunida-
Diante do exposto, e dos vários trabalhos desenvolvidos de, através dos estágios supervisionados da Faculdade Novo
pela fisioterapia na comunidade, percebe-se a importância e Milênio, resultou na avaliação de 225 pacientes cadastrados no
a necessidade da atuação fisioterapêutica junto à equipe do PSF de Araçás, onde foram realizadas abordagens terapêuticas
PSF, favorecendo dessa maneira a conscientização da popu- direcionadas à prevenção primária, secundária e terciária.
lação e da comunidade acadêmica sobre a atuação voltada
para a promoção da saúde, seja de forma preventiva, curativa Figura 1 - Atuação da fisioterapia na comunidade de Araçás, através
e reabilitadora. dos estágios supervisionados da Faculdade Novo Milênio, de acordo
O presente estudo tem o objetivo de descrever a atuação com os níveis de prevenção.
da fisioterapia na comunidade de Araçás, visando a integração
do fisioterapeuta na equipe do PSF.
Material e métodos
± 16,2, perfazendo uma média total de 60,57 ± 14,56. Nos Figura 2 - Incidência de afecções dos pacientes atendidos em domi-
demais grupos de núcleos de atenção não foram encontrados cílio pela fisioterapia na comunidade de Araçás.
os dados referentes à idade. Dos pacientes avaliados, 30 eram
do sexo masculino e 195 do feminino, perfazendo um total
de 225 pacientes.
Dos 45 pacientes atendidos em domicílio, 19 evoluíram
para alta, sendo 22 (48,9%) do sexo masculino e 23 (51,1%)
do feminino.
Na Tabela II, podemos visualizar os núcleos de atenção
e suas respectivas áreas junto ao PSF. Dos 165 pacientes, 48
(20,10%) pertenciam à área 6; 27 (16,36%) pertenciam à área
7; 40 (24,24%) pertenciam à área 8 e 50 (30,30%) pertenciam
à área 30. Vale ressaltar que os 60 participantes pertencentes Figura 3 - Situação dos pacientes atendidos em domicílio em relação
ao grupo da caminhada foram excluídos desta análise por à locomoção.
participarem simultaneamente de outras atividades.
Na Figura 2 podemos observar as patologias mais inci-
dentes nos pacientes assistidos em domicilio pela fisioterapia
e na Figura 3, a situação desses pacientes em relação à loco-
moção.
Constata-se, na Tabela III, que as patologias de maior De acordo com os dados do SIAB (Sistema de Informação
incidência foram a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o da Atenção Básica), 15.195 pessoas são cadastradas no PSF
diabetes, encontrando-se maior prevalência dessas patologias de Araçás, porém apenas 225 pessoas realizam fisioterapia, o
nas áreas 6 e 8 do PSF. que corresponde a 1,48%. Ao analisarmos esses dados, nos
Na Tabela IV podemos verificar a caracterização das áreas deparamos com a discrepância entre o número de pessoas
segundo o número de pessoas, número de famílias e faixa etária, cadastradas por área e aquelas atendidas pela fisioterapia, o
onde 15.195 pessoas são cadastradas no PSF de Araçás, tota- que nos mostra a necessidade da ampliação do atendimento
lizando 4.220 famílias, dessas um número maior de usuários fisioterapêutico bem como a inserção do fisioterapeuta junto
encontra-se na faixa etária compreendida entre 20 a 49 anos. à equipe do PSF.
Essa proposta de incorporação da fisioterapia no PSF
Discussão ganha força a partir de 04 de julho de 2005, com a portaria
nº 1065/GM, a qual estabelece a criação de núcleos de aten-
O programa de saúde da família (PSF) desenvolve pro- ção integral na saúde da família, objetivando a ampliação da
gramas de controle que atendam à demanda da população, integralidade e da resolubilidade da atenção à saúde.
através de ações voltadas principalmente para a saúde da Nos dias atuais, a hipertensão arterial surge como um
criança, do idoso e da mulher, além do controle do diabetes importante problema de saúde publica, acometendo entre 15
e hipertensão arterial, com ações de promoção, prevenção e e 20% da população brasileira adulta. Entre a população idosa
recuperação da saúde [13]. esta cifra chega a 65%. Entre os hipertensos, cerca de 30%
A proposta de atuação da Fisioterapia na atenção básica desconhecem serem portadores da doença. É uma doença
tem como objetivo evidenciar uma intervenção mais precoce que apresenta alto custo social, sendo responsável por cerca
no processo saúde / doença, podendo ser incluída a reabilita- de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo
ção no terceiro nível de prevenção. A estruturação dos serviços no trabalho [15].
de fisioterapia deve ser organizada de acordo com a demanda Um estudo multicêntrico sobre prevalência de diabetes
e a necessidade local, priorizando ações preventivas, pois existe mellitus no Brasil apontou um índice de 7,6% na população
uma considerável demanda de atendimentos voltados para a brasileira entre 30 e 69 anos, atingindo cifras próximas a 20%
reabilitação [4]. na população acima dos 70 anos. Cerca de 50% dessas pessoas
Nosso estudo encontra-se de acordo com as propostas desconhecem o diagnóstico, e 25% da população diabética
descritas na literatura acerca da atuação fisioterapêutica na não fazem nenhum tratamento [15]. O manejo dos diabetes
atenção básica, contemplando os três níveis de prevenção, mellitus e da hipertensão arterial deve ser feito dentro de
conforme ilustrado na Figura 1. um sistema hierarquizado de saúde, sendo sua base o nível
A fim de planejar de maneira coerente as ações de preven- primário de atendimento [16].
ção e promoção da saúde, torna-se necessário realizar estudos Sugere-se que o exercício físico apresente benefícios de
epidemiológicos que identifiquem os fatores de risco mais ordem tanto bioquímica quanto anatômica, tendo como
incidentes na população [14]. No presente estudo, esse fato é principais efeitos a redução do peso corporal, diminuição
uma realidade, visto que é realizado o diagnóstico situacional da pressão arterial, aumento do colesterol HDL, melhora
periodicamente com o objetivo de verificar as patologias mais a capacidade contrátil de artérias e a redução na formação
incidentes na região. de trombos, demonstrando possível efeito na prevenção de
Verifica-se que a média etária das fichas dos participantes AVE [17].
dos núcleos de atenção foi de 60,57 (± 14,56). Esse fato pode Segundo Ribeiro [4], o trabalho em grupo surge como
ter ocorrido, porque as patologias de maior incidência encon- uma possibilidade de atuação da Fisioterapia na atenção
tradas nos núcleos foram predominantes nas faixas etárias mais básica, por adequar-se às necessidades dos usuários e a dis-
avançadas. Observamos ainda notável prevalência do sexo ponibilidade de profissionais, representando uma estratégia
feminino, podendo estar relacionado a um maior interesse para atender aos usuários que não poderiam ser atendidos
das mulheres em relação aos homens, e ao fato dos homens individualmente. O trabalho em grupo facilita o tratamento,
exercerem atividade profissional fora do lar. pois cria um estímulo aos participantes através da troca de
Tabela IV - Caracterização das áreas segundo número de pessoas, número de famílias e faixa etária.
10 a 19 20 a 49 50 a 59 Acima
Áreas Nº Pessoas Nº Famílias 0 a 4 anos 5 a 9 anos
anos anos anos 60 anos
06 4.047 1.130 205 263 611 2.124 462 389
07 3.013 825 193 345 629 1.500 196 150
08 4.819 1.326 201 336 848 2.105 531 405
30 3.316 939 147 232 537 1.603 414 290
Total 15.195 4.220 746 1.176 2.625 5.208 1.603 1.234
252 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Artigo original
*Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, **Doutoranda em Neurociências e Ciências do Comportamento da UFPE, Profes-
sora da Universidade Católica de Pernambuco e Faculdade Integrada do Recife, ***Sanitarista, Mestrando do Centro de Pesquisa
Aggeu Magalhães/Fundação Instituto Oswaldo Cruz Recife – PE
Resumo Abstract
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a prevalência de The aim of this study was to evaluate the prevalence of back
dor na coluna vertebral em acadêmicos do 10º período do curso pain in dentistry students of the 10th period of the UFPE (Federal
de odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). University of Pernambuco state). The sample was composed by 37
A amostra constitui-se de 37 acadêmicos e o estudo foi realizado students, and the study took place at the dentistry school of the
na clínica escola de odontologia da UFPE em maio de 2005. Fo- UFPE, in May 2005. It was used structured questionnaires with
ram utilizados questionários estruturados com questões fechadas closed and semi-open questions with socioeconomic information,
e semi-abertas contendo informações socioeconômicas, aspectos probation aspects, professional activity, and knowledge of prevention
sobre estágio, atividade profissional, conhecimentos de prevenção and pain characteristics. The results showed a prevalence (75.7%) of
e características da dor. Os resultados mostraram uma prevalência spinal column pain in the study population; the irregular position
(75,7%) de dor na coluna vertebral na população estudada; a (91.9%), and the prolonged position (70.3%) were pointed out as
posição irregular (91,9%) e a posição prolongada (70,3%) foram factors that often contribute to the pain. There was statistical sig-
apontadas pelos entrevistados como fatores que mais contribuem nificant association (p = 0.01) between the prolonged position and
para dor. Houve associação estatística significativa (p = 0,01) entre a spinal column pain. The sense of humor (46.4%) and productivity
postura prolongada e a dor na coluna vertebral. O humor (46,4%) at work (35.7%) were the two most affected areas of pain. 83.8%
e a produtividade no trabalho (35,7%) sofreram maior interfe- of the students know about the importance of stretching out mus-
rência da dor. 83,8% dos acadêmicos sabem da importância do cles and articulations, but only 2.7% really stretch out. It was also
alongamento para músculos e articulações e apenas 2,7% realizam observed that 56.8% of the students go in for some kind of sport.
os exercícios de alongamentos. Ainda foi observado que 56,8% This study aims at contributing to become aware for prevention
realizam alguma prática esportiva. Esse estudo vem contribuir para in the academic life, and among dentists professionals in order to
uma maior consciência de prevenção no meio acadêmico e entre os minimize or avoid pain in the spinal column.
profissionais de odontologia, a fim de minimizar ou evitar as dores Key-words: pain, spine, dentistry.
na coluna vertebral.
Palavras-chave: dor, coluna vertebral, odontologia.
teste exato de Fisher quando necessário, sendo consideradas Na Figura I foi feita a distribuição da população portadora
diferenças estatisticamente significantes aquelas que apresen- de dores na coluna (N = 28) quanto à localização da dor.
taram p-valor ≤ 0,05. Destaca-se uma maior prevalência de dor na coluna lombar,
seguida pela coluna cervical.
Considerações éticas
Figura I - Região(ões) da coluna vertebral mais acometida(s) dos
A pesquisa obedeceu a resolução 196/96 da Comissão acadêmicos do 10º período de odontologia na clínica escola de
Nacional de Ética em pesquisa, órgão do Ministério da Saú- odontologia da UFPE.
de e foi aprovada pelo comitê de ética da UFPE através do
ofício nº. 022 /2005 – CEP/CCS UFPE em 02 de fevereiro
de 2005.
Resultados
Tabela I - Distribuição das características socioeconômicas dos acadêmicos do 10º período de odontologia na clínica escola de odontologia da
UFPE segundo dor na coluna vertebral.
Dor na coluna vertebral
Total
Características gerais Sim Não p-valor
N % N % N %
Sexo
Masculino 12 42,9 4 44,4 16 42,2
Feminino 16 57,1 5 55,6 21 56,8 0,62
Faixa etária1
Até 23 9 32,1 4 44,4 13 35,1
24 10 35,7 3 33,3 13 35,1
25 e + 9 32,1 2 22,2 11 29,7 -
Estado civil
Solteiro 24 85,7 8 88,9 32 86,5
Casado 4 14,3 1 11,1 5 13,5 0,65
1
Teste Qui-quadrado não aplicável.
Tabela II - Distribuição das características da atividade profissional, entre os acadêmicos do 10º período de odontologia na clínica escola de
odontologia da UFPE segundo dor na coluna vertebral.
Dor na coluna vertebral
Total
Aspectos gerais Sim Não p-valor
N % N % N %
Pode variar postura
Sim 27 96,4 8 88,9 35 94,6
Não 1 3,6 1 11,1 2 5,4 0,43
Documentos e objetos de manuseio estão em área de fácil alcance
Sim 26 92,9 9 100,0 35 94,6
Não 2 7,1 0 - 2 5,4 0,57
Fatores que contribuem para a dor
Posição irregular 25 89,3 9 100,0 34 91,9 0,42
Posição prolongada 23 82,1 3 33,3 26 70,3 0,01
Falta de alongamento 12 42,9 2 22,2 14 37,8 0,24
Equipamentos inadequados p/ o corpo 1 3,6 2 22,2 3 8,1 0,14
256 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Um grande número de participantes do estudo informou um atendimento e outro. Mais da metade dos estudantes
que podiam variar a postura durante o atendimento. Além realizava alguma prática esportiva. Todas essas variáveis tam-
disso, quase todos os entrevistados informaram que os objetos bém não apresentaram relação com a dor na coluna vertebral
ou documentos utilizados no serviço ficam em área de fácil (Tabela III).
alcance, e que todos utilizam cadeiras ajustáveis, tanto no A análise realizada, através da escala de avaliação verbal da
assento como no encosto. No que tange aos principais fatores dor, foi considerada moderada por metade dos acadêmicos
que contribuem para a dor na coluna vertebral, a maioria e quando realizada através da escala analógica visual da dor,
apontou a posição irregular, seguida da posição prolongada. obteve-se uma média de 5,0 (DP = 1,9). Foi observado que
Em relação a essas variáveis, apenas a posição prolongada se as dores surgem após 3 horas do início das atividades em
mostrou estatisticamente relevante para dor na coluna verte- 57,1% (n = 16) dos acadêmicos, cessando após 3 horas do
bral (p-valor = 0,01) (Tabela II). término das atividades para 53,6% (n = 15). Nos acadêmicos
Observou-se que quase todos os entrevistados sabem da a dor interfere, primeiramente, no humor, em seguida, na
importância do alongamento para músculos e articulações, produtividade do trabalho (Tabela IV).
porém, apenas um acadêmico realizava alongamentos entre
Tabela III - Características sobre s conhecimentos de prevenção dos acadêmicos do 10º período de odontologia na clínica escola de odontologia
da UFPE segundo dor na coluna vertebral.
Dor na coluna vertebral
Total
Aspectos gerais Sim Não p-valor
N % N % N %
Sabe a importância do alongamento
Sim 23 82,1 8 88,9 31 83,8
Não 5 17,9 1 11,1 6 16,2 0,54
Realiza alongamento entre atendimentos
Sim 0 - 1 11,1 1 2,7
Não 28 100,0 8 88,9 36 97,3 0,24
Realiza algum esporte
Sim 14 50,0 7 77,8 21 56,8
Não 14 50,0 2 22,2 16 43,2 0,14
Tabela IV - Distribuição dos acadêmicos do 10º período de odontologia na clínica escola de odontologia da UFPE quanto às características
da dor.
Características da dor N %
Intensidade
Moderada 14 50,0
Fraca 10 35,7
Intensa 4 14,3
Em que essa dor interfere
Humor 13 46,4
Produtividade no trabalho da clínica 10 35,7
Não interfere 5 17,9
Concentração nos estudos 5 17,9
Relacionamento interpessoal 4 14,3
Indisposição para outras atividades 1 3,6
Não respondeu 1 3,6
Tratamento para aliviar as dores
Repouso 16 57,1
Toma analgésico 5 17,9
Faz alongamentos 4 14,3
Faz massagens 4 14,3
Corrige a postura 3 10,7
Faz terapia com meios físicos 2 7,1
Fonte: Serviço Público Federal Universidade Federal de Pernambuco.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 257
regulares, alternância de posições na execução do trabalho, 16. Trindade E, Andrade M. LER/DORT rotina dolorosa. Revista
prática de alongamentos, tudo isso associado a um estilo de ABO 2003;11:73-83.
vida que lhes permita a preservação da saúde na atividade 17. Cocolo AC. Dores na coluna e no braço afetam 83% dos cirurgi-
ocupacional. ões dentistas. Comunicação Unifesp Jornal da Paulista [online].
[citado 2006 Nov 04]. Disponível em: URL: www.unifesp.br/
comunicacao/ipta/ecl175/pesquisa2.htlm
Referências 18. Ferreira RA. Meu consultório, minha vida. Revista da APCD
1997;51:115-23.
1. Casarotto RA, Murakami SC. Grupo de coluna e back-school. 19. Myamoto ST, Salmoso C, Mehanna A, Batistela AE, Sato T,
Rev Fisioter Univ São Paulo 1995;2:65-71. Grego ML. Fisioterapia preventiva atuando na ergonomia e no
2. Finsen L, Christensen H, Bakke M. Musculoskeletal disorders stress do trabalho. Rev Fisioter Univ São Paulo1999;6:83-91.
among dentists and variation in dental work. Appl Ergon 20. Barbosa LG. Fisioterapia preventiva nos distúrbios osteomus-
1998;29(2):119-25. culares relacionados ao trabalho - DORTs: a fisioterapia do
3. Romani JCP. Distúrbios músculo-esqueléticos em fisiotera- trabalho aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.
peutas: incidência, causa e alterações na rotina de trabalho 21. Alexopulos EC, Stathi IC, Charizani I. Prevalence of muscu-
[dissertação]. Florianópolis: UFSC; 2001. loskeletal disorders in dentists. BMC Musculoskelet Disord
4. Peres CPA. Estudo das sobrecargas posturais em fisioterapeutas: 2004;5:16.
uma abordagem biomecânica ocupacional [dissertação]. Floria- 22. Barbalho FC, Badaró AR, Zimmermann RD. Prevalência de
nópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2001. distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT)
5. Thorton LJ, Stuart-Buttle C, Wyszynski TC, Wilson ER. em cirurgiões-dentistas do ambulatório do hospital geral do
Phisical and psychosocial stress exposures in US dental scho- Recife (HGeR) [monografia]. Recife: Universidade Federal de
ols: the need for expanded ergonomics training. Appl Ergon Pernambuco; 2002.
2003;35:153-57. 23. Moimaz SAS, Saliba NA, Blanco MRB. A força do trabalho
6. Santos AC. O exercício físico e o controle da dor na coluna: feminino na odontologia em Araçatuba-SP. J Appl Oral Sci
biomecânica, epidemiologia, avaliação, protocolo práticos de 2003;11:301-5.
exercícios. Rio de Janeiro: Medsi; 1996. 24. Lopes MF. O cirurgião-dentista e o DORT: conhecer para
7. Mendes LF, Casarotto RA. Tratamento fisioterápico em distúr- prevenir [monografia]. São Luiz: Universidade Federal do
bios osteomusculares relacionados ao trabalho: um estudo de Maranhão; 2000.
caso. Rev Fisioter Univ São Paulo1999;6: 83-91. 25. Langoski LB. Um enfoque preventivo referente aos fatores de
8. Teixeira MJ. Dor: epidemiologia, fisiopatologia, avaliação, sín- risco das LERs/DORTs: o caso de cirurgiões dentistas [disser-
dromes dolorosas e tratamento. São Paulo: Moreira Jr.; 2001. tação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina;
9. Pinho L, Araújo MGF, Goes SR, Sampaio RF. Dores na coluna 2001.
em profissionais de enfermagem. Acta Fisiátrica 2001;8:75- 26. Régis Filho GI, Michels G, Sell I. Lesões por esforços
85. repetitivos⁄distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
10. Tanner J. Vencendo as dores nas costas. São Paulo: Círculo do em cirurgiões-dentistas. Rev Bras Epidemiol 2006;9(3):346-
livro; 1987. 59.
11. Cunha CEG, Queiroz OS, Hatem TP, Guimarães VYM. 27. Hamill J, Knutzen KM. Bases biomecânicas do movimento
L.E.R. Lesões por esforços repetitivos. Rev Bras Saúde Ocup humano. São Paulo: Manole; 1999.
1992;76:47-58. 28. Valachi B, Valachi K. Mechanisms leading to musculoskeletal
12. Santos Filho SB, Barreto SM. Atividade ocupacional e preva- disorders in dentistry. JADA 2003;134:1344-50.
lência de dor osteomuscular em cirurgiões-dentistas de Belo 29. Nunes MF, Freire MCM. Qualidade de vida de cirurgiões-
Horizonte, Minas Gerais, Brasil: contribuição do debate sobre dentistas que atuam em um serviço público. Rev Saúde Pública
os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Cad 2006;40(6):1019-26.
Saúde Pública 2001;17:181-93. 30. Deliberato PCP. Fisioterapia preventiva fundamentos e aplica-
13. Walsh IAP, Corral S, Franco RN, Canetti EEF, Alem MER, ções. Barueri: Manole; 2002.
Coury HJCG. Capacidade para o trabalho em indivíduos 31. Yeng LT, Teixeira J, Romano A, Barboza HFG. Distúrbios
com lesões músculo-esqueléticas crônicas. Rev Saúde Pública osteomusculares relacionados com o trabalho. In: Lianza S.
2004;38:149-56. Medicina de reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
14. Lusvarghi L. Cuide-se bem: profissional saudável não tem idade. 2001. p.421-30.
Revista da APCD 1999;53:89-101. 32. Regis Filho GI, Lopes MC. Aspectos epidemiológicos e ergonô-
15. Romero RMD, Becerra TL, Velasco MEA. Síndrome de bur- micos de lesões por esforços repetitivos em cirurgiões dentistas.
nout: desgaste emocional en cirujanos dentistas. Revista ADM Revistas da APCD 1997;51:469-75.
2001;58:63-67.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 259
Artigo original
*Faculdade de Ciências da Saúde do Instituto Porto Alegre (IPA), Pós-Graduada em Ciências Morfofisiológicas e Mestranda em
Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),**Professor da Universidade do Estado
de Santa Catarina
Resumo Abstract
O objetivo deste estudo, de cunho empírico analítico do tipo This descriptive exploratory study aimed at observing clinical
descritivo exploratório, foi observar as características clínico- and functional characteristics of 15 elderly people diagnosed with
funcionais de 15 idosos com diagnóstico médico de osteoartrose de knee osteoarthrosis, aged ≥ 60 years, both genders, voluntaries,
joelho, com idade ≥ a 60 anos, de ambos os gêneros, voluntários, residents in Florianópolis selected by nonprobability sampling. The
moradores de Florianópolis, selecionados de forma não probabilística linear scale of pain and the McGill questionnaire were used to verify
intencional. Utilizou-se a escala linear de dor e o questionário de the intensity and quality of pain, and also measurement of “Q” angle
McGill para verificar a intensidade e a qualidade da dor e ainda as and active and passive amplitude of flexion and extension movement
medidas do ângulo “Q” e das amplitudes ativa e passiva de flexão of the knee in each subject. It was observed through descriptive
e extensão do joelho de cada um dos sujeitos. Observou-se, por statistic that subjects mean weight was 76.8 kg, characterizing
meio de estatística descritiva, que a média de peso dos sujeitos foi then as overweight elderly people, since mean height of the group
de 76,8 kg, caracterizando-os como idosos com excesso de peso, was 1.50 m. The median pain intensity score was 7.5 (S = 2.94),
já que a média da altura do grupo foi de 1,50 m. A mediana da and mean descriptors of pain quality was 19. These high intensity
intensidade da dor foi de 7,5 (S = 2,94) com média do número parameters of pain added up to the median of “Q”angles (21°), the
de descritores de qualidade de dor de 19. Esses parâmetros de alta superior quartile (23°) and mean of active flexion (111°) and the
intensidade da dor, somados a mediana das medidas do ângulo “Q” active extension (170°) showed that the group had knee postural
do joelho (21 graus), o quartil superior de 23 graus, e a média de and mechanical functional alterations, with risks to compromise
flexão ativa de 111 graus e extensão ativa de 170 graus, caracteri- their functional independence, limiting significantly their individual
zam o grupo, como sujeitos que apresentam alteração postural e ability to stand up from the chair, stand comfortably, walk, go up
funcional mecânica desta articulação, com riscos de comprometer and down the stairs. To identify the postural, functional and pain
a sua independência funcional, limitando-os significativamente na alterations caused by this pathology is indeed relevant, allowing
habilidade individual de levantar de uma cadeira, permanecer em the use of clinical and functional measurements as a parameter
pé confortavelmente, caminhar, subir e descer escadas. Identificar for the study of effects of corrective treatments and prevention of
as alterações posturais, funcionais e de dor causadas por esta pato- postural deformities and mechanical knee alterations of elderly with
logia é deveras relevante, possibilitando desta forma, a utilização osteoarthritis of the knee.
destas medidas clínico-funcionais como parâmetro para o estudo Key-words: osteoarthritis, functional alterations, pain, elderly.
dos efeitos de tratamentos de correção e prevenção da evolução das
deformidades posturais e da mecânica articular do joelho de idosos
com osteoartrose de joelhos.
Palavras-chave: osteoartrose, alterações funcionais, dor, idoso.
tíbia, sendo que o ângulo superior formado entre a intersecção dor que ele estava sentindo no momento da avaliação, sendo
das linhas formadas pela união dos marcadores (da EIAS até o 0 nenhuma dor e 10 a máxima dor que ele já sentiu.
centro da patela, e de centro da patela a tuberosidade anterior
da tíbia) representou o ângulo “Q” [11]. Figura 1 - Medida do ângulo “Q”.
O questionário de McGill é uma escala multidimensio-
nal, utilizada em idosos, adaptada para a língua portuguesa
[12], e consiste de 78 palavras (descritores), organizadas em
4 grupos e 20 subgrupos. Os grupos referem-se aos seguintes
componentes da dor: sensorial-discriminativos (subgrupos
de 1 a 10); afetivo-motivacional (subgrupo de 11 a 15);
avaliativo (subgrupo 16); e miscelânea (subgrupos de 17 a
20). A qualidade sensorial da dor é aquela referente às pro-
priedades mecânicas, térmicas e espaciais da sensibilidade. A
dimensão afetiva compreende a tensão, o medo e os aspectos
neurovegetativos. Figura 2 - Medida da flexão ativa.
Os descritores da classe avaliativa permitem ao doente
expressar a avaliação global da sua experiência. Cada subgru-
po é composto por um grupo de palavras qualitativamente
similares, mas com nuances que as tornam diferentes em
termos de magnitude. Assim para cada descritor corresponde
um número que indica a sua intensidade. A partir do ques-
tionário de McGill, pôde-se chegar ao número de descritores
escolhidos e ao índice de dor. O maior valor possível é 20,
pois o doente só pode escolher, no máximo, uma palavra por
subgrupo. O índice de dor é obtido pela soma dos valores Resultados
de intensidade dos descritores escolhidos. O valor máximo
possível é 78. Estes índices foram obtidos para a observação Utilizando estatística descritiva observou-se no Quadro
qualitativa da dor e puderam ser obtidos no total e para cada I que a média de peso dos sujeitos foi de 76,8 kg, caracteri-
1 dos 4 componentes do questionário. zando-os como idosos com excesso de peso, já que a média
Para a avaliação quantitativa da dor utilizou-se a escala da altura do grupo foi de 1,50 metros, ou seja, o índice de
linear de dor em que foi solicitado para que o sujeito marcasse massa corporal destes sujeitos, que utiliza a medida do peso
um número de 0 a 10 que se aproximasse da intensidade da dividido pelo quadrado da altura, teve como resultado médio
de 34,13, o que pode ser considerado como obesidade mode- [17]. Alguns dos mecanismos causadores de dor no joelho
rada pela OMS. A mediana da intensidade da dor foi de 7,5 com osteoartrose são a aplicação de carga mecânica em noci-
(S = 2,9) com média do número de descritores de qualidade ceptores por compressão aumentada local ou por movimento
de dor de 19. Esses parâmetros de alta intensidade da dor, articular anormal e irritabilidade de nociceptores mediada
somados a mediana das medidas do ângulo “Q” do joelho, por inflamação, contração muscular, fraqueza de quadríceps e
que foi de 21 graus, e o quartil superior de 23 graus, além da efusão [18]. A presença da dor pode levar o indivíduo a evitar
média de flexão ativa de 111 graus e extensão ativa de 170 a atividade física, resultando em um ciclo de dor, inatividade e
graus, inferior a média normal esperada de 120 e 180 graus, enfraquecimento muscular [19]. Sendo assim, a utilização da
respectivamente, demonstram a presença de deformidade escala de McGill é considerada mais efetiva [20], com índice
postural e funcional dessa articulação. de confiabilidade “quase perfeita”, para avaliar a dor de idosos
com doenças ortopédicas, uma vez que a percepção da dor
Discussão está mais relacionada às qualidades sensoriais, às afetivas, às
temporais e não somente ao seu grau de intensidade.
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento Considerando todos estes fatores, os parâmetros clínico-
da osteoartrose em idosos. Os fatores de risco de osteoartro- funcionais da osteoartrose se tornam importantes referências
se de joelhos são divididos em fatores de desenvolvimento tanto na observação da evolução da doença, assim como
da doença como hereditariedade, idade, sexo, obesidade, também na avaliação de métodos de tratamento desta pa-
densidade óssea aumentada, alinhamento articular em varo tologia.
e valgo, diminuição de força do quadríceps e ocupações
ou esportes que exercem repetitivas flexões de joelho e em Conclusão
fatores de progressão da doença à obesidade, diminuição da
densidade óssea, diminuição da ingestão de vitamina C e D; A caracterização clínico-funcional deste grupo foi de sujei-
uso de drogas antiinflamatórias não esteróides, instabilida- tos com alteração postural e funcional mecânica da articulação
des e mau alinhamento articular entre outros [2]. Os dados do joelho, apresentando por isso, riscos de comprometer a sua
provenientes do estudo de Framingham de osteoartrose de independência funcional, limitando-os significativamente na
joelhos [13], com 1420 pessoas acima de 30 anos, indicaram habilidade individual de levantar de uma cadeira, permanecer
que homens e mulheres com sobrepeso têm maior risco para em pé confortavelmente, caminhar, subir e descer escadas.
desenvolver a osteoartrose sintomática e radiográfica do que Essas medidas se tornam importantes tanto como parâmetro
os menos obesos. Os resultados articulares na redução de peso de evolução da doença como em estudos que avaliem os efei-
são provavelmente melhores do que os obtidos com o uso de tos de tratamentos para osteoartrose de joelhos, sobre essas
medicamentos para dor e ainda têm a vantagem de não acar- características clínico-funcionais, possibilitando a mensuração
retarem efeitos adversos [14]. As alterações no alinhamento do índice tanto de correção como de prevenção da evolução
articular podem afetar a distribuição de carga sobre a super- das deformidades posturais e da mecânica articular do joelho
fície articular, podendo afetar negativamente os resultados de idosos com osteoartrose de joelhos.
dos programas de reabilitação, porque o mau alinhamento
em varo e valgo pode alterar os resultados dos programas de Referências
exercícios terapêuticos como fortalecimento do quadríceps
[5,15]. Apesar dos tratamentos com exercícios estarem sen- 1. Deyle GD, Allison SC, Matekel RL, Ryder MG, Stang JM,
do mostrados como benéficos na redução da dor e melhora Gohdes DD, et al. Physical therapy treatment effectiveness for
na função física dos indivíduos com OA de joelho, ainda osteoarthritis of the knee: a randomized comparison of super-
vised clinical exercise and manual therapy procedures versus a
existem indivíduos que nem sempre respondem bem a estes
home exercise program. Phys Ther 2005;85(12):1301-17.
tratamentos. Acreditamos com base no estudo de Fitzgerald 2. Doherty M. Risk factors for progression of knee osteoarthritis.
et al. [16] que isso se deva a influência de vários fatores entre Lancet 2001; 358(9284):775-6.
eles a inibição do quadríceps, a obesidade, a instabilidade e a 3. Davis MA, Ettinger WH, Neuhaus JM, Mallon KP. Knee osteo-
alteração no alinhamento articular do joelho. arthritis and physical functioning: evidence from NHANES I epi-
A dor é o maior sintoma na osteoartrose de joelho e a demiologic follow-up study. J Rheumatol 1991;18(4)591-98.
presença e a severidade da dor são determinantes importantes 4. Verderi E. Programa de educação postural. São Paulo: Phorte;
de disfunção desta articulação, pois está associada ao aumen- 2001.
to da dificuldade de andar e de mudanças radiográficas. As 5. Sharma L, Dunlop DD, Cahue S, Song J, Hayes KW. Quadri-
conseqüências de uma dor persistente entre pessoas idosas são ceps strength and osteoarthritis progression in malaligned and
lax knees. Ann Intern Med 2003;138(8):613-19.
inúmeras, entre elas estão a depressão, a ansiedade, a dimi-
6. Bennel KL, Hinman RS, Metcalf BR. Association of sensorimo-
nuição da socialização, os distúrbios do sono, as dificuldades tor function with knee joint kinematics during locomotion in
da marcha, os efeitos adversos de prescrição de múltiplas knee osteoarthritis. Am J Phys Med Rehabil 2004;83(6):455-
drogas, o aumento do uso do sistema de saúde e dos custos 63.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 263
7. Petroski EL. Antropometria: técnicas e padronizações. Porto medicamentos: temas selecionados. Brasília: OrganizaçãoPan/
Alegre: Palloti; 1999. 144 p. Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde; 2006
8. Norton K, Olds T. Antropométrica: um livro sobre medidas 15. Tetsworth K, Paley D. Malalignment and degenerative arthro-
corporais para o esporte e cursos da área da saúde. Porto Alegre: pathy. Orthop Clin North Am 1994;25:367-77.
Artmed; 2005. 16. Fitzgerald GK, Piva SR, Irrgang JJ. Therapeutic exercise for knee
9. Riehle H. Introdução na biomecânica do esporte. I Parte. Kons- osteoarthritis: considering factors that may influence outcome.
tanz: Universidade de Konstanz; 1976 (apostila). Eura Medicophys 2005;41:163-71.
10. Patla CE, Paris SV. E1 course notes, extremity evaluation and 17. AGS panel on chronic pain in older persons. The management
manipulation. Florida: Institute of Physical Therapy Press; of chronic pain in older persons. American Geriatrics Society.
1993. J Am Geriatr Soc 1998;46:635-51.
11. Magee DJ. Orthopedic physical assessment. Principles and con- 18. Merrit JL. Soft tissue mechanisms of pain in osteoarthritis.
cepts. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1987. p.1-20. Semin Arthritis Rheum 1989;18:51-6.
12. Pimenta CA, Teixeira MJ. A proposta de adaptação do ques- 19. Creamer P, Lethbridge C, Hochberg MC. Factors associated
tionário de McGill para a Língua Portuguesa. Rev Bras Anest with functional impairment in symptomatic knee osteoarthrosis.
1997;47(2):177-86. Rheumatology 2000;39:490-96.
13. Felson DT, Anderson JJ, Naimark A, Walker AM, Meenan RF. 20. Santos CC, Pereira LSM, Resende MA, Magro F, Aguiar V.
Obesity and knee osteoarthritis: The Framingham study. Ann Aplicação da versão brasileira do questionário de dor McGill em
Intern Med 1988;109(1):18-24. idosos com dor crônica. Acta Fisiatr 2006;13(2):75-82.
14. Wannmacher L. Osteoartrose de joelhos. Parte II: Evidências
sobre abordagens não medicamentosas. In: Uso racional de
264 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Artigo original
*Centro Universitário do Triângulo – UNITRI, **Prof. do curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo – UNITRI,
***UNITRI, ****Prof. Adjunto da disciplina de Oclusão da UFRN, *****Prof. da Pós-Graduação em Ortopedia e Traumatolo-
gia do curso de Fisioterapia do UNITRI, ******Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia – FOUFU,
******Prof. Titular da Área de Oclusão, Prótese Fixa e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
de Uberlândia – FOUFU, ********Profa. de Fisioterapia da Universidade de Patos de Minas – UNIPAM
Resumo Abstract
Alterações na coluna cervical podem interferir no sistema Alterations in cervical column can interfere in individual
muscular do indivíduo, levando inicialmente a uma compensação muscular system, leading initially to scapular waist compensation
na cintura escapular devido à sua ligação óssea e neuromuscular. A due to its osseous and neuromuscular connection. Then, muscular
partir daí, as cadeias musculares atuam por uma sucessão de tensões chains act by an associated sequences of tension, and the body
associadas, onde a posição do corpo pode ser capaz de influenciar position can influence the head posture and mandibular position.
a postura da cabeça e posição mandibular. O propósito deste tra- The purpose of this work was to verify the presence and severity
balho foi verificar a presença e o grau de severidade da disfunção of temporomandibular disorders (TMD) in patients with cervical
temporomandibular (DTM) em pacientes portadores de cervicalgia. pain. 32 patients of Triangle University Center School Clinic
Para isso, 32 pacientes da Clínica Escola do Centro Universitário (UNITRI) diagnosed as having cervical pain were submitted to a
do Triângulo (UNITRI), já diagnosticados com cervicalgia, foram new anamnesis and clinical exam, and filling out Helkimo Clinical
submetidos a uma nova anamnese, exame clínico e preenchimento Index (HCI) and Fonseca’s Anamnesis Protocol (FAP). The results
dos Índices Clínico de Helkimo (ICH) e Protocolo Anamnésico showed that, in both indexes used, 100% with cervical pain had
de Fonseca (PAF). Os resultados demonstraram que, em ambos TMD. According to HCI, 22% had moderate TMD (M) and 78%
os índices utilizados, 100% dos pacientes apresentavam DTM, had severe one (S) and as per FAP 21.87% had light (L), 40.62%
dos quais, segundo ICH, 22% com DTM moderada (M) e 78% (M) and 37% (S). Data were submitted to Pearson test (p < 0.05),
severa (S). Já para PAF, encontrou-se 21,87% leve (L), 40,62 M e observing statistically significant values (p = 0.001) between effec-
37% S. Tais dados foram submetidos ao teste de Pearson (p < 0,05), ted correlations. It was concluded that there was a clinical relation
observando valores estatisticamente significantes (p = 0,001) entre between cervical pain and TMD independently on the applied
as correlações efetuadas. Conclui-se que existe uma relação clínica index, and neck examination and cervical column evaluation are
importante entre cervicalgia e DTM, independente do índice recommended on TMD patients.
aplicado, e a inspeção do pescoço e avaliação da coluna cervical são Key-words: cervical column, temporomandibular disorders,
recomendados em pacientes com DTM. posture, pain.
Palavras-chave: coluna cervical, transtorno temporomandibular,
postura, dor.
A análise dos ruídos articulares (estalido e crepitação) foi Gráfico 1 - Presença e grau de severidade de DTM em pacientes
observada, posicionando-se os dedos indicadores levemente com cervicalgia, segundo o Índice Clínico de Helkimo e o Protocolo
na região correspondente ao pólo lateral do côndilo, à frente Anamsésico de Fonseca.
do meato acústico externo, enquanto o paciente realizava
movimentos de abertura e fechamento mandibular. Para a
avaliação da presença de sintomatologia dolorosa na articu-
lação temporomandibular (ATM), inicialmente orientou-se
o paciente quanto à diferença entre pressão e desconforto,
com a finalidade de não gerar dúvidas durante as respostas.
Realizou-se palpação digital bilateral com os dedos indicadores
10 a 20 mm à frente do conduto auditivo externo, instruindo
o paciente a realizar os movimentos de abertura e fechamento.
Dessa forma, foi avaliada a ATM com a boca fechada (parede
lateral) e aberta (parede posterior).
A palpação muscular foi realizada bilateralmente, exer-
cendo pressão firme, com a sensação dolorosa constatada
pelo questionamento do paciente. Os músculos palpados
extra-oralmente incluíram o temporal (anterior e posterior) e
tendão profundo do temporal, enquanto que intra-oralmente,
o masseter superficial e profundo, pterigóideo lateral e medial.
Tal análise foi realizada com o paciente em decúbito ventral Discussão
sobre uma maca e o examinador usando luvas descartáveis de
procedimento. E para a mensuração do grau de DTM, foram Segundo Yiu Chiau et al. [13], existe uma relação entre a
somados os sinais clínicos avaliados que variavam entre zero, postura corporal e a hiperatividade dos músculos da masti-
um e cinco pontos. gação. A hiperatividade muscular pode levar a anteriorização
Os dados obtidos foram analisados percentualmente cérvico-escapular, o que interfere nos músculos de contra
quanto à presença e severidade de DTM para cada um dos apoio, como é o caso dos músculos esternocleidomastóideo e
índices mensurados, permitindo analisar a relação entre essas trapézio, levando ao encurtamento dos músculos posteriores
variáveis em pacientes portadores de cervicalgia e os valores do pescoço e alongamento dos anteriores, acarretando em
foram correlacionados por meio de análise estatística para uma projeção anterior do corpo [20]. Assim, alterações cer-
verificar a relação existente entre ambos os testes aplicados. vicais podem influenciar no complexo temporomandibular,
demonstrando a importância do exame clínico orofacial em
Resultados pacientes com dores no pescoço.
Kraus [24] estabeleceu que a postura e a condição da
Os resultados demonstram que, para ambos os índices coluna cervical são fatores importantes para a ação sobre os
utilizados, 100% dos pacientes já diagnosticados com músculos e para as forças que atuam sobre a mandíbula e sobre
cervicalgia apresentavam também algum grau de DTM. O a articulação temporomandibular. De acordo com a literatura,
exame clínico dos pacientes, realizado por meio do Índice as alterações posturais podem influenciar o desenvolvimento
Clínico de Helkimo [22], mostrou a maioria dos pacientes e a persistência da DTM [24,25]. Segundo Wijer & Steenks
com disfunção severa (78%) e de acordo com o Protocolo [26], existe uma prevalência de sinais e sintomas de DTM em
Anamnésico de Fonseca [21], com disfunção moderada pacientes portadores de distúrbios na espinha cervical (DEC).
(41%) (Gráfico 1). No presente estudo, verificou-se a presença de DTM, em
Com o objetivo de verificar a existência ou não de correla- vários graus de severidade, em todos os pacientes avaliados e
ções significantes por meio da aplicação dos dois questionários anteriormente diagnosticados com cervicalgia.
citados, entre os resultados obtidos com os 32 pacientes, foi Wijer & Steenks [26] ainda observou que ruídos articu-
aplicado o coeficiente de correlação por Postos de Pearson lares, dor durante os movimentos ativos e dor na palpação da
[23]. O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em ATM foram os sinais e sintomas de DTM que mais acome-
uma prova bilateral. Os resultados demonstraram que houve tiam os pacientes portadores de DEC. Tal fato também foi
correlação positiva significante (p = 0,001) entre as duas séries observado neste trabalho, visto que a maioria dos pacientes
de valores. Tal fato revela que, à medida que os valores de uma com dor cervical também apresentava estes mesmos sinais e
série aumentam, os da outra também e à medida que os valores sintomas.
de uma série diminuem, os da outra também. Dessa forma, Além disso, as alterações posturais têm sido postuladas
ambos os testes clínicos podem ser utilizados na avaliação do como sendo influenciadoras no desenvolvimento e persistên-
paciente com DTM. cia da DTM, principalmente por uma relação próxima com o
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 267
16. Salomão EC. A influência dos distúrbios posturais nas desordens 24. Kraus S. Temporomandibular disorders. 2nd ed. New York:
craniomandibulares. Reabilitar 2002;4(17):32-35. Churchill Livingstone; 1987.
17. Zeferino NP, Endo C, Pavan JG, Savioli RN. Incidência de cer- 25. Nicolakis P, Piehslinger E. Relationship between cranioman-
vicalgia e alterações posturais do segmento cefálico em pacientes dibular disorders and poor posture. J Craniomand Practice
portadores de DTM. Estudo retrospectivo. Jornal Brasileiro de 2000;18:106-12.
Oclusão, ATM e Dor Orofacial 2004; 4(16):112-6. 26. Wijer A, Steenks MH. Distúrbios temporomandibulares da
18. McNeill C. Temporomandibular disorders guidelines: for classi- região cervical. 1a ed. São Paulo: Santos; 1998.
fication, assessment, and management. Chicago: Quintessenca 27. Nicolakis P, Nicolakis M, Piehslinger E, Ebenbichler G, Vachuda
Publishing Company; 1993. M, Kirtley C et al. Relationship between craniomandibular
19. Kirveskari P. Association of functional state of stomatognathic disorders and poor posture. Cranio 2001;8(2):106-12.
system with mobility of cervical spine and neck muscle tender- 28. Kondo E, Aoba J. Case report of malocclusion with abnormal
ness. Acta Odontol Scand 1988;(46):281. head posture and TMJ symptoms. Am J Orthod Dentofacial
20. Amantéa DV, Novaes AP, Campolongo GD, Barros TP. A 1999;116(5):481-93.
importância da avaliação postural no paciente com disfun- 29. Fricton JR, Kroening R, Haley D, Siegert R. Myofascial pain
ção da articulação temporomandibular. Acta Ortop Bras syndrome of the head and neck: A review of clinical charac-
2004;12(3):155-9. teristics of 164 patients. Oral Surg Oral Med Oral Pathol
21. Fonseca DM, Bonfante G, Valle AL, Freitas SFT. Diagnós- 1985;60(6):615-24.
tico pela anamenese da disfunção craniomandibular. RGO 30. Mongini F. ATM e músculos craniocervicais: fisiologia e trata-
1994;42(1):23-8. mento. São Paulo: Livraria Santos; 1998.
22. Helkimo M. Studies on function and dysfunction of the masti- 31. Wallace C, Klineberg IJ. Management of craniomandibular
catory system. I – An epidemiological investigation of symptoms disorders. Part I: A craniocervical dysfunction index. J Orofacial
of dysfunction in Lapps in the North of Finland. Proc Finn Dent Pain 1993;7(1):83-88.
Soc 1974;70(1):37-49. 32. Fonseca DM, Bonfante G, Valle AL, Freitas SFT. Diagnós-
23. Siegel S. Estatística não-paramétrica, para as ciências do com- tico pela anamenese da disfunção craniomandibular. RGO
portamento. São Paulo: Melhoramentos;1975. 1994;42(1):23-28.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 269
Artigo original
Resumo Abstract
O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos analgésicos das The aim of this study was to compare the analgesic effects of the
freqüências de base da corrente interferencial em pacientes com lom- interferential therapy current frequencies in patients with low back
balgia resultante de osteoartrose. Foram selecionados 14 indivíduos, pain from osteoarthrosis. Fourteen patients from both genders were
de ambos os gêneros, atendidos em 06 sessões, durante 02 semanas selected and submitted to six physical therapy sessions, for two weeks
no setor de Fisioterapia do Hospital da Universidade Católica de at Universidade Católica de Brasilia Hospital. They were randomly
Brasília (HUCB). Os mesmos foram distribuídos de forma aleatória distributed into two groups: one with the electrical stimulation with
em dois grupos: um que recebeu a eletroestimulação com freqüência frequency of 4000 Hz and other with 2000 Hz; the other parameters
de 4000 Hz e outro de 2000 Hz; os demais parâmetros utilizados were the same for both groups: amplitude modulated frequency
foram os mesmos para ambos os grupos: freqüência de amplitude (AMF) of 25 Hz, for 25 minutes. The comparative analysis was
modulada (AMF) de 25 Hz e duração de 25 minutos. A análise carried out using the analogue visual scale and two questionnaires
comparativa foi realizada através da Escala Visual Analógica (EVA) for low back pain functional disability: the Revised Oswestry Pain
e por meio de dois questionários de incapacitação funcional pela Questionnaire and the Roland-Morris Disability Questionnaire.
lombalgia: o Revised Oswestry Pain Questionnaire e o Roland-Morris Results showed a significant low back pain reduction when pre-
Disability Questionnaire. Os resultados demonstraram uma melhora treatment and pos-treatments were compared to the analogue
significativa da lombalgia ao comparar os momentos pré-tratamento visual scale and both questionnaires. There was no difference of the
e pós-tratamento das duas freqüências de base, tanto em relação à analgesic effect between the two current frequencies.
EVA, quanto aos questionários. Não foi encontrada diferença signi- Key-words: low back pain, interferential therapy current,
ficativa do efeito analgésico entre as duas freqüências de base. osteoarthrosis, medium frequency current.
Palavras-chave: lombalgia, corrente interferencial, osteoartrose,
corrente de média freqüência.
Foi utilizada a técnica de posicionamento tetrapolar, com Além dos dois questionários, foi utilizado a Escala Visual
vetor automático de varredura, sendo usados dois canais de Analógica (EVA) ao início e ao término de cada sessão; este
aplicação, que deveriam se cruzar, pelo posicionamento dos é um dos métodos mais simples e usados para quantificar a
quatro eletrodos, segundo a descrição de utilização da corrente intensidade da dor, em uma escala visual análoga de 10 pontos,
interferencial para analgesia [7]. com 0 representando a dor mínima percebida e 10 um nível de
Ambos os grupos foram submetidos a um total de 6 dor que exige atenção imediata [3].Os mesmos questionários
sessões, durante 2 semanas, sendo realizados três atendimen- foram reaplicados após a última sessão para comparação dos
tos por semana. Durante este período, os participantes não escores obtidos antes e após o tratamento realizado.
utilizaram outro tipo de tratamento para controle do quadro Após a última sessão, os pacientes receberam uma cartilha
álgico. O período de coletas de dados ocorreu entre o final com orientações gerais acerca de cuidados com a coluna nas
do mês de agosto e o início do mês de setembro de 2007. Os atividades de vida diária e com exercícios específicos para
pacientes foram orientados a permanecer ou em decúbito coluna lombar, os exercícios de Williams, para manutenção
ventral ou em decúbito lateral, no caso daqueles que eram dos benefícios alcançados durante a pesquisa.
incapazes de se manter pelo tempo necessário em decúbito Para a análise estatística foi utilizada a Análise descritiva e
ventral. Os eletrodos utilizados para aplicação da corrente ANOVA Split-plot, calculadas no SPSS 10.0 (Statistical Packa-
eram de silicone, de tamanho 5 cm x 5 cm, posicionados na ge for Social Sciences) para Windows, onde foram consideradas
região lombar, acima das espinhas ilíacas póstero-superiores como variáveis independentes as correntes de 2000 Hz e 4000
e abaixo dos últimos arcos costais. (Figura 1) Hz e os momentos pré e pós, e como variáveis dependentes
a EVA, Questionário Oswestry Pain e Questionário de Roland
Figura 1 - Posicionamento dos eletrodos na coluna lombar. Morris. O nível de significância adotado foi de p ≤ 0,05.
Resultados
Tabela I - Análise descritiva do comportamento da EVA pré e pós- Gráfico III - Médias obtidas no Questionário Oswestry pré e pós-
tratamento com freqüências de base de 2000 Hz e 4000 Hz. tratamento nos grupos de 2000 Hz e 4000 Hz.
Pré Pós
Corrente 2000 Hz 7,79 ± 2,31 3,00 ± 2,83 *
Corrente 4000 Hz 6,43 ± 3,32 1,57 ±1,27 *
Total 7,11 ± 2,84 2,29 ± 2,23
* p 0,05
cedimentos na área de saúde [5]. Além disso, a osteoartrose interferencial, Guerreiro et al. [12] comparam a corrente
que tem como conseqüência a lombalgia crônica pode trazer interferencial, com freqüência de base de 4 KHz e AMF de
graves repercussões na qualidade de vida, afetando a vida social 150 Hz com a estimulação nervosa transcutânea (TENS),
e profissional do indivíduo [2]. O tratamento desta condi- em que verifica mudança significativa do potencial de ação
ção clínica tem sido um desafio no âmbito fisioterapêutico, a partir da corrente interferencial, se comparada ao TENS.
que apresenta várias alternativas para o alívio do quadro de Johnson e Tabasam [16] investigaram os efeitos analgésicos
lombalgia. de diferentes freqüências de amplitude modulada (AMF),
A terapia por meio da corrente interferencial é usada na com freqüência de base fixa em 4 KHz, e sugeriram não
fisioterapia para alívio de várias condições álgicas [11]. Desta haver diferença significativa na mudança do limiar de dor ao
forma, uma alteração como a lombalgia, que apresenta várias alterar a AMF. Os resultados destes estudos vêm ao encontro
limitações decorrentes da dor, pode se beneficiar dos efeitos com aqueles obtidos no presente estudo, em que a corrente
analgésicos da corrente estudada. A amplitude modulada interferencial produz um efeito analgésico significativo.
resultante possui freqüência entre 1 e 250 Hz, o que é con- O efeito analgésico da Corrente Interferencial pode ser
siderado responsável pela excitação do tecido nervoso e pelo explicado através dos mecanismos da teoria das comportas e
início do mecanismo analgésico endógeno [6]. do sistema inibitório endógeno da dor [8]. Freqüências mais
A maioria dos artigos encontrados na literatura apresenta altas, por volta de 100 Hz, são responsáveis pelo mecanismo
a corrente interferencial como sendo uma corrente terapêutica da teoria das comportas [17], diferente da AMF aplicada em
de média freqüência, modulada em baixa freqüência, em que nosso estudo.
a freqüência de base, de média freqüência, é fixa em 4 KHz. O mecanismo supressor endógeno, citado por Cheing e
O estudo de Guerreiro et al. [12] cita sobre modalidades Hui-Chan [8], em 2003, é visto como uma interação entre
eletroterapêuticas na condução nervosa e no limiar de dor, córtex cerebral e medula espinhal, que monitoram e modu-
que a corrente interferencial é usualmente modulada em 4000 lam a atividade dos neurônios transmissores nociceptivos.
Hz, com AMF de 0 a 250 Hz. Da mesma forma, faz Palmer A informação nociceptiva que chega até a medula espinhal
e colaboradores [13] , em seu estudo sobre os efeitos da exci- percorre o tálamo e interage no córtex com várias estruturas,
tação nervosa produzidos pela corrente interferencial e pela aumentando a atividade das vias descendentes e liberando
TENS, ao comparar a TENS com a corrente interferencial neurotransmissores inibitórios que obstruem as informações
com freqüência de base de 4000 Hz, alterando apenas a AMF, de dor [18]. Este mecanismo ocorre quando são aplicadas
relatam que as duas correntes terapêuticas tiveram efeitos freqüências por volta de 10 – 25 Hz, como é o caso do pre-
estatisticamente significativos no limiar da dor. Já em nosso sente estudo, que utiliza uma AMF de 25 Hz, o que ocasiona
estudo, além de trabalharmos com uma freqüência de base a ativação das fibras A- delta e fibras tipo C e causa a liberação
de 4000 Hz, buscamos a comprovação terapêutica também de opióides endógenos como encefalina e endorfina [17],
da freqüência de base de 2000 Hz, uma vez que não existiam sendo responsáveis pelo alívio do quadro álgico. A AMF de
relatos na bibliografia sobre tal freqüência para tratamento nosso estudo foi modulada em 25 Hz devido ao fato de que
de quadros álgicos. baixas freqüências são efetivas no controle da dor crônica,
A escassa literatura acerca da freqüência de base de 2000 característica comum à amostra selecionada, que apresentava a
Hz fez com que o estudo proposto investigasse o efeito lombalgia por uma alteração crônica e degenerativa da coluna
analgésico da mesma. Não foram encontrados estudos que lombar, a osteoartrose.
aplicassem a corrente interferencial com tal propósito. A fre- A partir dos resultados encontrados, através da escala visual
qüência de 2000 Hz, quando citada, é aplicada como forma analógica e dos questionários específicos para dor lombar,
de eletroestimulação muscular. Souza e Lucena [14] relataram, Questionário Oswestry Pain Disability e Questionário Roland
em seu estudo sobre verificação do aumento de força muscular Morris, questiona-se o limitado uso da corrente interferencial
em pessoas saudáveis, que houve um aumento da força e massa de 2000 Hz, assim como a falta de estudos envolvendo o
muscular no grupo que recebeu a eletroestimulação com a cor- efeito analgésico desta. Os resultados sugerem então o uso das
rente interferencial portadora da freqüência de base de 2000 duas freqüências de base da corrente estudada como forma
Hz da mesma forma que no grupo que realizou exercícios de de analgesia. Este achado é interessante no caso de aparelhos
contração isométrica, ao contrário do presente estudo, que portadores apenas da freqüência de 2000 Hz, que são ampla-
aplica a freqüência de base de 2 KHz para promover analgesia mente utilizados para eletroestimulação muscular.
em pacientes com lombalgia.
A ação analgésica da corrente interferencial em alguns Conclusão
modelos de dor inflamatória é ainda analisada por Jorge
[15], que também utiliza a freqüência de base de 4 KHz, Os resultados demonstraram que houve uma melhora
mostrando redução significativa da resposta noceptiva a par- significativa da dor lombar com base na escala visual analógica
tir da utilização da corrente interferencial. Em outro estudo e nos dois questionários de incapacitação funcional por dor
com o objetivo de avaliar o efeito analgésico da corrente lombar, tanto com a freqüência de base de 4000 Hz quanto
274 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
com a freqüência de 2000 Hz, sendo que não foi observada 8. Cheing GLY, Hui-Chan CWY. Analgesic effects of transcuta-
diferença estatisticamente significativa da analgesia produzida neous electrical nerve stimulation and interferential currents on
entre os dois grupos. heat pain in healthy subjects. J Rehabil Med 2003;35:15-19.
Após a realização do presente estudo e dos resultados be- 9. Defrin R, Ariel E, Peretz C. Segmental noxious versus innocuous
electrical stimulation for chronic pain relief and the effect of
néficos alcançados, verifica-se a necessidade de novas pesquisas
fading sensation during treatment. Pain 2005;115:152-60.
acerca da corrente interferencial. Propõem-se novos estudos 10. Natour J, Nusbaum L, Ferraz MB,Goldenberg J. Translation,
contendo amostras maiores, que poderiam demonstrar varia- adaptation and validation of the Roland-Morris questionnaire -
ções estatisticamente significativas entre as freqüências de base Brazil Roland-Morris. Braz J Med Biol Res 2001;34(2):203-10.
analisadas. Além disso, sugerem-se estudos com condições 11. Johnson MI, Tabasam G. A single-blind placebo-controlled
álgicas agudas para análise do efeito analgésico da freqüência investigation into the analgesic effects of interferential currents
de base de 2000 Hz da corrente interferencial nesta situação, on experimentally induced ischaemic pain in healthy subjects.
além de propormos a utilização de outras modulações e va- Clin Physiol Funct Imaging 2002;22:187-96.
riações possibilitadas pela corrente em foco. 12. Guerreiro JA, Noble JG, Lowe AS, Walsh DM. The effect
of three electrotherapeutic modalities upon peripheral nerve
conduction and mechanical pain threshold. Clin Physiol
Referências 2001;21:704-11.
13. Palmer ST, Martin DJ, Steedman WM, Ravey J. Alteration
1. Sato E. Osteoatrose ou osteoartite. Guia de Reumatologia. São of interferential current and transcutaneous electrical nerve
Paulo: Manole; 2004. p. 299-304. stimulation frequency: effects of nerve excitation. Arch Phys
2. Teodori RM, Alfieri FM, Montebello MIL. Prevalência de Med Rehabil 1999;80:1065-70.
lombalgia no setor de Fisioterapia do município de Cosmópolis 14. Souza PA, Lucena ACT. Verificação do aumento da força mus-
– SP e o papel da fisioterapia na sua prevenção e recuperação. cular em pessoas saudáveis utilizando-se comparativamente a
Fisioter Bras 2005;6(2):113-23. Cinesioterapia e a eletroestimulação interferencial. Pernambuco:
3. Dutton M. A coluna lombar. Fisioterapia ortopédica: exame, Centro de Ciências da Saúde, Depto. de Fisioterapia, UFPE;
avaliação e intervenção. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 1098- 1999.
181. 15. Jorge S, Parada CA, Ferreira SH, Tambeli CH. Interferential
4. Baraúna MA, Mendes MVB, Barbosa GS, Sanchez HM, therapy produces antinociception during application in various
Silva RAV, Montes FP, et al. Estudo correlacional entre lom- models of inflammatory pain. Phys Ther 2006;86:800-08.
balgia e concavidade lombar em universitários. Fisioter Bras 16. Johnson MI, Tabasam G. An investigation into the analgesic
2006;7(3):172-6. effects of different frequencies of the amplitude – modulated
5. Gracey JH, McDonough SM, Baxter GD. Physiotherapy ma- wave of interferential current therapy on cold – induced pain in
nagement of low back pain. Spine 2002;27:406-11. normal subjects. Arch Phys Med Rehabil 2003;84:1387-94.
6. Johnson MI, Tabasam G. An investigation into the analgesic 17. Minder PM, Noble JG, Alves-Guerreiro J, Hill ID, Lowe AS,
effects of interferential currents and transcutaneous electrical Walsh DM et al. Interferential therapy: lack of effect upon
nerve stimulation on experimentally induced ischemic pain in experimentally induced delayed onset muscle soreness. Clin
otherwise pain – free volunteers. Phys Ther 2003;83:208-23. Physiol Funct Imaging 2002;22:339-47.
7. Ozcan J, Ward AR, Robertson VJ. A comparison of true and 18. Raimundo AKS, Brandão DL, Lucena KG. Estudo comparativo
premodulated interferential currents. Arch Phys Med Rehabil do efeito analgésico entre freqüências da corrente interferencial
2004;85:409-15. na fibromialgia. Fisioter Mov 2004;17:65-72.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 275
Revisão
*Mestrando em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professor substituto do Departamen-
to de Fisioterapia da UFMG, ** Mestrando em Ciências da Reabilitação pela UFMG, ***Professor adjunto do Departamento de
Fisioterapia da UFMG
Resumo Abstract
A presença do padrão de pronação excessiva da articulação The presence of excessive subtalar pronation pattern (ESPP)
subtalar (PPEAS) tem sido relacionada com o desenvolvimento de has been related to the development of orthopedic pathologies in
patologias ortopédicas nos membros inferiores. As palmilhas biome- the lower limbs. Biomechanical insoles are frequently used in an
cânicas são frequentemente utilizadas com o objetivo de corrigir esse attempt to correct this pattern. However, there is no consensus about
padrão. Entretanto, não existe um consenso sobre a eficácia dessas the insoles’ efficacy for this purpose. The aim of this study was to
palmilhas para esse fim. O objetivo do estudo foi realizar uma revisão systematically review the literature about the biomechanical insoles’
sistemática da literatura sobre a eficácia de palmilhas biomecânicas efficacy in correcting the kinematics parameters of the ESPP. The
para corrigir parâmetros cinemáticos do PPEAS. Para a avaliação PEDro scale was used to assess the quality of the evidence. 86% of
da qualidade das evidências utilizou-se a escala PEDro. 86% das the kinematic changes achieved with the use of insoles were in favor
modificações cinemáticas alcançadas com o uso das palmilhas, nos of the correction of the ESPP and only 14% worsened this pattern.
estudos incluídos, foram a favor da correção do PPEAS e apenas This suggests that the use of biomechanical insoles is efficacious for
14% pioraram esse padrão. Isso sugere que as palmilhas são eficazes correcting some of the dysfunctions related to ESPP and this correc-
para corrigir algumas das disfunções relacionadas ao PPEAS e que tion might depend on the association with therapeutic modifications
a correção desse padrão pode depender da associação do uso dessas of other dysfunctions shown by the patient.
órteses com a modificação de outras disfunções apresentadas por Key-words: biomechanical insoles, excessive pronation,
um paciente. kinematics, subtalar joint.
Palavras-chave: palmilhas biomecânicas, pronação excessiva,
cinemática, articulação subtalar.
qualidade da evidência de um estudo de 0 a 10, atribuindo crição dos participantes, apenas três dos estudos apresentaram
1 ponto à presença, no estudo avaliado, de cada item con- todas as características avaliadas por esta revisão [20,25,26].
tido nesta escala e nenhum ponto para a ausência do item. Na mesma tabela, as medidas utilizadas identificam todas as
Os itens presentes na escala de PEDro são os seguintes: 1) variáveis desfecho do estudo e os resultados identificam apenas
especificação dos critérios de inclusão (a presença deste item aquelas variáveis para as quais foram encontradas diferenças
no estudo não lhe atribui ponto); 2) alocação aleatória; 3) de significância estatística e relacionadas com o PPEAS. Os
sigilo na alocação; 4) similaridade dos grupos na fase inicial resultados apresentados em negrito, na tabela, são a favor
e basal; 5) mascaramento dos sujeitos; 6) mascaramento dos da correção do PPEAS, indicando efeito positivo do uso da
terapeutas; 7) mascaramento do avaliador; 8) medida de pelo palmilha testada e os resultados que não estão em negrito
menos um desfecho primário em 85% dos sujeitos alocados; indicam piora desse padrão.
9) análise da intenção de tratar; 10) comparação entre grupos Na avaliação da qualidade das evidências, utilizando a es-
de pelo menos um desfecho primário; 11) relato de medidas cala de PEDro, todos os estudos incluídos nesta revisão pode-
de variabilidade e estimativa dos parâmetros de pelo menos riam alcançar o escore máximo de 8 pontos, por serem do tipo
um desfecho primário [18]. Dois autores, treinados anterior- quasi-experimental, que não possuem alocação aleatória dos
mente, pontuaram cada estudo, independentemente. participantes e sigilo nesta alocação. Os escores dos estudos
As informações contidas nos artigos foram resumidas e foram de 6,5 e 3. As diferentes conformações das palmilhas
organizadas por meio dos seguintes tópicos: autores; carac- (utilizadas nas condições experimental e/ou controle) e seu
terísticas dos participantes; disfunções apresentadas pelos uso durante a intervenção impossibilitam a presença de mas-
participantes; desenho metodológico utilizado pelo estudo; caramento dos sujeitos e do terapeuta nos estudos. A maioria
tipo de intervenção (especificações da palmilha utilizada e das dos estudos, num total de seis [20-23,25,26], obteve o escore
condições da intervenção) e análise estatística utilizada para de 5 pontos por não apresentar mascaramento dos sujeitos,
se chegar aos resultados apresentados. dos terapeutas e do avaliador e apresentar todos os outros
itens possíveis em estudos quasi-experimentais. As exceções
Resultados foram dois estudos com escore de 6 e 3 pontos. Del Rossi et
al. [15] obtiveram o escore de 3 pontos por não apresentar,
A busca inicial utilizando as palavras-chave identificou 665 também, a medida de pelo menos um desfecho primário em
artigos. Destes, 21 artigos foram incluídos pela seleção inicial 85% dos sujeitos alocados e relato de medidas de variabilida-
a partir da leitura dos títulos e resumos. A leitura dos artigos de e estimativa dos parâmetros de pelo menos um desfecho
completos pré-selecionados, selecionou 8 artigos que foram primário. Vicenzino et al. [24] utilizaram de mascaramento
incluídos nesta revisão. 13 artigos, dos 21 pré-selecionados, dos avaliadores, alcançando o escore de 6 pontos.
não foram incluídos por possuírem participantes com idade
abaixo de treze anos, por incluírem sujeitos que não apresenta- Discussão
vam o PPEAS ou sinais da presença deste padrão, por analisar
desfechos cinemáticos que não informam sobre a modificação A análise das evidências apresentadas pelos estudos inclui
do PPEAS e pelo fato da intervenção não possuir objetivos a avaliação do tipo de metodologia empregada, das caracterís-
clínicos por meio da modificação da mecânica dos MMII. ticas dos participantes e das intervenções e resultados.
Todos os artigos incluídos nesta revisão utilizaram o dese-
nho metodológico quase-experimental do tipo antes e depois, Metodologia
em que os sujeitos servem como controle deles mesmos [19].
Alguns dos estudos investigaram o efeito de outras condições, Uma diferença básica entre os tipos de investigação meto-
além do uso isolado das palmilhas, na cinemática dos MMII, dológica empregados na pesquisa clínica é o grau de controle
como a combinação do uso de palmilha com bandagem das variáveis do desenho. Os ensaios clínicos aleatorizados são,
[24]. Esta revisão aborda apenas a investigação da eficácia teoricamente, capazes de exercer maior controle possível sobre
do uso das palmilhas como recurso único de intervenção, fatores que podem ameaçar sua validade interna, dessa forma
comparando-o com condições controles pré-intervenção – fornecem a mais forte evidência para relações de causa e efeito
sem uso de palmilha ou usando palmilhas que procuram não [19]. Estudos quase-experimentais não utilizam alocação
alterar a mecânica dos MMII. aleatória dos sujeitos em diferentes grupos e possuem menos
A Tabela I apresenta as informações seguintes sobre cada poder de exercer esse controle [19].
artigo: autores (referências dos artigos) e pontuação pela es- Uma vantagem do estudo quase-experimental do tipo
cala de PEDro; número, idade, sexo, massa dos participantes antes e depois é sua capacidade de controlar variáveis rela-
e presença ou ausência de sintomas nos MMII; disfunções cionadas a diferenças entre os indivíduos da amostra [19].
apresentadas pelos participantes (relacionadas com o PPEAS); Cada sujeito desse tipo de estudo serve como controle para
tipo de palmilha utilizada; procedimento de intervenção ele mesmo, gerando a maior equivalência possível entre os
(atividade realizada); medidas utilizadas; e resultados. Na des- grupos. Nesse tipo de estudo existe a possibilidade da pre-
Tabela I - Resumo dos estudos selecionados pela revisão.
278
Autores e Participantes Disfunções Palmilha(s) Procedimento Medidas utilizadas Resultados
PEDro (Atividade)
Branthwaite et N=9 Antepé e retropé • Palmilha Biplanar: Base Andar usando cada Ângulos máximos de eversão (AME) • Palmilha Biplanar:
al. [17] Idade: 19-35 anos invertidos quando plana com elevações tipo de palmilha e abdução (AMA) do calcâneo em - AME: pós < pré
5/10 Sexo: Masculino subtalar está em mediais de acordo com as fixada em sandália relação à tíbia, e velocidade máxi- • Palmilha Cobra:
Massa: 70-87kg posição neutra. disfunções do pé; padrão. ma de eversão do calcâneo (VME). Não houve modificações.
Assintomáticos • Palmilha Cobra: Base
plana com apoio para
ALM e para as bordas do
calcâneo.
Brown et al. [18] N = 24 Antepé com • Palmilha moldada Correr sobre esteira Ângulos máximos de eversão do • Palmilha moldada:
5/10 Idade: 21-46 anos varismo mínimo que corrige parcialmente rolante com cada calcâneo em relação à tíbia (ECT) e - TP: pós < pré
Sexo: M (n = 8) de 8º (sistematizado) as disfun- tipo de palmilha em em relação a linha vertical (ECLV); • Apoio para ALM:
e F (n = 16) ções do pé; tênis padrão. velocidade máxima de pronação da - VMP: pós < pré
História recente de • Apoio para o ALM, articulação subtalar (VMP); tempo
dores relacionadas respeitando o tamanho do de ocorrência do ECT (TP); ADM
ao PPEAS calçado de cada sujeito. entre o choque de calcanhar e o
ECT (AP).
McCulloch N = 10 Antepé com varis- Não apresentou descrição Andar nas Tempo entre eversão máxima do pé e - TER: pós < pré
et al. [20] Idade: 20-45 anos mo mínimo de 6º e da palmilha utilizada. velocidades de retirada do calcanhar (TER); velocida- - AME: pós < pré
279
280 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
sença dos chamados efeitos teste, de acúmulo e história, que sinais cinemáticos que podem indicar a presença do mesmo
influenciam de forma negativa a força da relação de causa e padrão incorreto de movimento [30,31]. Os valores mínimos
efeito das evidências apresentadas [19]. Quando não existe definidos para essas medidas, como critérios de inclusão,
ou é pequena a possibilidade da ocorrência desses efeitos variaram entre os estudos. Nenhum dos estudos incluídos
negativos, o pesquisador pode optar pela grande equivalência definiu como critério de inclusão a presença de algum parâ-
entre grupos com o objetivo de dar força às evidências a serem metro cinemático dinâmico pertencente ao PPEAS, como o
obtidas, utilizando esse desenho metodológico [19]. ângulo máximo de eversão do calcâneo durante a marcha, ou
Todos os estudos incluídos nesta revisão caracterizaram-se de alguma medida clínica realizada em outro segmento dos
como do tipo antes e depois. Os pequenos intervalos entre MMII que não fosse o pé.
a realização de medidas e o efeito não-cumulativo do uso A comparação dos resultados foi dificultada pela grande
das palmilhas, em curto período de tempo, diminuem as variabilidade das características dos participantes dos estudos.
possibilidades de ocorrência dos efeitos história e de acúmu- Dessa forma, não foi possível relacionar os resultados apre-
lo. Esse mesmo desenho metodológico atende ao propósito sentados a uma população específica ou generalizá-los para
de investigar os efeitos, imediatos ou após curto período de a população em geral. Entretanto, é importante conhecer as
tempo, da intervenção num mesmo sujeito. É possível, então, características da amostra de cada estudo para que seja possível
argumentar que a metodologia usada pelos estudos analisados, utilizar as intervenções, na prática clínica, com objetivo de
mesmo não sendo ensaios clínicos aleatorizados, foi apropria- chegar a resultados terapêuticos semelhantes aos dos estudos
da para a investigação da eficácia do uso das palmilhas para incluídos nesta revisão.
modificar a cinemática dos MMII. Para possibilitar a prática baseada em evidências científicas
e direcionar a possível reprodução clínica das intervenções uti-
Características dos participantes lizadas pelos estudos é importante analisar os procedimentos
de intervenção e os resultados alcançados por meio destes.
Os participantes dos estudos diferiram em várias caracte- Todos os estudos observaram os efeitos imediatos ou
rísticas. A idade variou de 13 a 52 anos. Em alguns estudos foi após curto período de tempo de uso das órteses, o que não
encontrada grande variação de idade em uma única amostra. permitiu analisar os efeitos do uso prolongado. Foi utilizado,
A presença ou não de sintomas também variou. Sujeitos como intervenção, o uso de palmilhas que geram torques
apresentando sintomas nos MMII ou histórias recentes de supinadores por meio de elevações mediais, com objetivo de
dor participaram de três dos estudos [18,20,22]. Nos outros modificar a mecânica do pé e/ou dos MMII. As palmilhas
cinco, os participantes não possuíam sintomas ou doenças que utilizadas tinham o objetivo de: corrigir totalmente as disfun-
poderiam afetar a mecânica dos MMII [15,20,22,24,26]. Ape- ções apresentadas pelos participantes [20,22,25]; corrigi-las
nas três estudos apresentaram a massa dos participantes, que parcialmente [21,25] ou hipercorrigi-las [25], considerando
apresentaram grande variabilidade em uma mesma amostra e a magnitude dessas disfunções de maneira sistematizada; ou
entre amostras diferentes [20,25,26]. Em um estudo, realizado corrigi-las de maneira padronizada, sem considerar a magni-
por Branthwaite et al. [20], os participantes eram todos do tude dessas disfunções [15,20,21,24,25].
sexo masculino e em outro realizado por Klingman et al. [22], Diferentes tipos de materiais utilizados na confecção das
os participantes eram do sexo feminino. As características dos palmilhas possuem propriedades distintas [2,14]. A rigidez
participantes, avaliadas por esta revisão, são de relevância clí- desses materiais determina sua escolha, de acordo com os
nica importante por constituírem fatores que podem influen- efeitos desejados por meio do uso da órtese. As palmilhas
ciar na mecânica dos MMII [7,27-29] e mostraram grande podem ser divididas em macias, semi-rígidas e rígidas [14].
variabilidade entre os estudos, o que dificultou relacionar os As macias possuem baixa rigidez e, por isso, são prescritas
resultados encontrados a uma população específica. quando são indicados absorção de impacto e alívio de pres-
Em relação às disfunções apresentadas, os participantes são plantar. As semi-rígidas e rígidas são prescritas quando
apresentaram sinais clínicos relacionados à presença do PPE- é desejado um controle eficaz de posição e movimento dos
AS, o que destaca o caráter clínico dos estudos, uma vez que pés. A palmilha semi-rígida possui rigidez menor que a pal-
essas são medidas comumente utilizadas para a prescrição de milha rígida e por isso é capaz de absorver certa quantidade
palmilhas [2,30,31]. Os sinais apresentados eram valores de: de impacto. As rígidas objetivam maior controle possível de
varismos de antepé ou retropé medidos sem descarga de peso movimentos [14]. Apenas três dos estudos relataram a rigidez
e com a articulação subatalar em posição neutra; valgismo de das órteses. Klingman et al. [22] e Brown et al. [21] utilizaram
retropé medido em posição ortostática relaxada; e queda do palmilhas semi-rígidas, sendo que este último identificou esta
navicular. Varismos aumentados de antepé e de retropé são característica apenas para uma das órteses do estudo. McCu-
deficiências de alinhamento ósseo consideradas como parte lloch et al. [23] utilizaram palmilhas rígidas e semi-rígidas
dos fatores causais para pronação compensatória excessiva da na mesma intervenção. A não especificação, na maioria dos
articulação subtalar [2]. Valgismo aumentado de retropé me- artigos incluídos, das propriedades dos materiais utilizados
dido com descarga de peso e queda excessiva do navicular são impossibilitou uma conclusão relacionada aos efeitos do uso
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 281
de diferentes materiais para a confecção de palmilhas utilizadas tênis. A presença da altura reduzida do arco longitudinal
para a correção do PPEAS. medial (altura do navicular) está incluída no PPEAS. Assim,
Dois dos oito estudos utilizaram palmilhas moldadas o aumento encontrado na altura do navicular é uma modi-
[21,25]. A confecção desse tipo de órtese utiliza a superfície ficação cinemática a favor da correção do PPEAS e pode ser
plantar do pé como molde. Dessa forma, a reprodução ne- considerado efeito positivo do uso da palmilha.
gativa da superfície plantar serve como superfície da órtese McCulloch et al. [23] não descreveram a conformação
confeccionada, que tem o objetivo de compensar varismos da palmilha utilizada na intervenção. Este estudo investigou
no pé e na tíbia [2]. Apenas um desses estudos [21] observou os efeitos do uso da palmilha fixada em tênis na articulação
modificações positivas na mecânica dos MMII por meio do talocrural/subtalar, em diferentes velocidades da marcha. Os
uso desse tipo de órtese. Esse efeito foi a diminuição do tem- resultados encontrados foram iguais para as duas velocidades.
po de ocorrência do ângulo máximo de eversão do retropé A diminuição dos ângulos máximos de eversão do pé e de
em relação à tíbia. O outro estudo que utilizou este tipo de eversão do pé durante a retirada do calcanhar e o aumento
palmilha [25] encontrou aumento da rotação interna da tíbia do ângulo máximo de inversão do pé durante a retirada dos
durante a fase de apoio da corrida, o que constitui um efeito artelhos constituem modificações que corrigem o PPEAS e
cinemático negativo, que piora o PPEAS. podem ser considerados efeitos positivos do uso da palmilha.
Cinco dos estudos utilizaram palmilhas inclinadas Entretanto, este estudo encontrou aumento do tempo entre
[15,20,22,25,26]. Todas apresentaram superfície plana com o instante de eversão máxima do pé e instante da retirada
inclinação lateral produzida a partir da conformação do do calcanhar. Este resultado indica aumento do tempo de
corpo da órtese ou de camadas mediais adicionadas a uma ocorrência da pronação subtalar e piora o PPEAS, podendo
base plana. Em relação aos desfechos, estes estudos obtiveram ser considerado efeito negativo.
resultados positivos em relação à correção do PPEAS, modi- Os estudos apresentaram resultados positivos, a favor da
ficando a cinemática, a estática [15,23] e a dinâmica [20,26] correção do PPEAS, e negativos, que pioram esse padrão. A
do retropé, do arco longitudinal medial e das articulações maior parte das modificações foi positiva (86%; n = 18) e pou-
subtalar e patelofemoral nas atividades de marcha e corrida cas indicaram piora desse padrão de movimento (14%; n = 3).
em superfície plana e em esteira rolante e manutenção de Dessa forma, pode-se concluir que o uso destas palmilhas ten-
descarga unilateral do peso com membro inferior apoiado, de a gerar modificações clinicamente desejáveis. Vale destacar
apresentando 45º de flexão de joelho. Entretanto, Williams os desfechos positivos, para variáveis iguais, encontrados em
III et al. [25] encontraram aumento da rotação interna da mais de um estudo. O ângulo máximo de eversão do retropé
tíbia em relação ao pé durante a corrida, como efeito do uso (calcâneo) foi reduzido em três dos estudos [20,23,26] e a al-
da palmilha inclinada, assim como para a palmilha moldada. tura estática do navicular permaneceu mais elevada com o uso
Esse resultado demonstra piora do PPEAS conseqüente ao uso das palmilhas em outros dois estudos [15,24]. Os desfechos
dessas palmilhas. Os participantes dos estudos com palmilhas que se repetiram foram positivos, o que reforça a observação
inclinadas usaram essas órteses fixadas em sandálias [20] e da ocorrência de resultados clinicamente desejáveis por meio
tênis [15,25,26] ou não utilizaram calçados [22]. do uso das palmilhas. Vale destacar, também, a intervenção
Apenas um dos estudos utilizou o apoio para o arco longi- cujos efeitos positivos se repetiram em diferentes estudos. As
tudinal medial como intervenção isolada [21]. O efeito do uso palmilhas inclinadas [15,20,22,25,26] foram as mais estuda-
dessa órtese foi a redução da velocidade máxima de pronação das e, em geral, produziram efeitos positivos.
da articulação subtalar, durante corrida sobre esteira rolante, Apenas 2 estudos encontraram piora de algum parâmetro
utilizando tênis. O aumento da velocidade de pronação da cinemático do PPEAS [23,25]. Além disso, o uso das palmilhas
articulação subtalar, durante a corrida, está relacionado com não levou à modificação de todas as variáveis analisadas. Estes
a presença do PPEAS. Dessa forma, o resultado encontrado resultados apontam para o caráter multifatorial dos movimentos
por este estudo foi a favor da correção do PPEAS e pode ser associados ao PPEAS. Os movimentos dos MMII no plano
considerado positivo. transverso e da articulação subtalar podem ser influenciados,
Dois estudos investigaram o efeito do uso de palmilhas que também, por forças proximais geradas pelas interações entre a
associaram as elevações mediais com apoio para o arco longi- pelve e o fêmur, na articulação do quadril [13]. Dessa forma,
tudinal medial. Branthwaite et al. [20] utilizaram palmilhas a presença de fatores como baixa rigidez e força dos músculos
constituídas de base plana com apoio para o ALM e encaixe rotadores externos do quadril [13], desequilíbrio entre a função
para o calcanhar. O uso dessa palmilha, fixada em sandália, dos músculos rotadores internos e externos do quadril [32] e
durante a marcha não modificou as variáveis avaliadas. Vi- anteversão do colo do fêmur [2,15], que não são modificados
cenzino et al. [24] utilizaram palmilhas de uso temporário e pelo uso em curto prazo das palmilhas, podem levar à manu-
correção padronizada de disfunções. O resultado do uso dessa tenção do PPEAS e interferir na eficácia dessas órteses. Para
palmilha foi o aumento da altura do navicular em posição a correção clínica do PPEAS devem-se considerar todos os
ortostática antes do participante correr, após correr por 10 possíveis fatores que contribuem para sua ocorrência, sejam
minutos e após correr por 10 minutos adicionais, utilizando estes próximos ou distantes do pé.
282 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Conclusão 13. Fonseca ST, Ocarino JM, Silva PLP, Aquino CF. Integration of
stresses and their relationship to the kinetic chain. In: Magee
A análise dos estudos que investigaram os efeitos das pal- DJ, Zachazewski JE, Quillen WS, eds. Scientific foundations
milhas para corrigir parâmetros cinemáticos relacionados ao and principles of practice in musculoskeletal rehabilitation. St.
Louis: Saunders Elsevier; 2007. p. 476-86.
PPEAS não permite que se chegue a uma conclusão definitiva 14. Lockard MA. Foot orthoses. Phys Ther 1988;68:1866-76.
sobre a eficácia dessa intervenção, uma vez que foi encontrada 15. Del Rossi G, Fiolkwski P, Horodyski MB, Bishop M, Trimble M.
grande variabilidade de características dos participantes e de For how long do temporary techniques maintain the height of
procedimentos. Entretanto, os resultados encontrados apon- the medial longitudinal arch? Phys Ther Sport 2004;5:84-9.
tam para efeitos positivos do uso das palmilhas. É possível 16. Larsen K, Weidich F, Leboef-Yde C. Can custom-made biomecha-
que o uso das palmilhas não tenha levado à modificação de nic shoe orthoses prevent problems in the back and lower extremi-
todas as variáveis analisadas pelos estudos por ter interferido ties? A randomized, controlled intervention trial of 146 military
conscripts. J Manipulative Physiol Ther 2002;25:326-31.
em apenas alguns fatores relacionados à presença desse padrão 17. Eng JJ, Pierrynowsky MR. Evaluation of soft foot orthotics
de movimento, sendo eficaz para a modificação de alguns in the treatment of patellofemoral pain syndrome. Phys Ther
desses fatores, como alinhamento ósseo de retropé e antepé. 1993;73:62-70.
Sugere-se, então, a utilização das palmilhas analisadas como 18. PEDro. Physiotherapy Evidence Database (PEDro) PEDro Scale
recurso complementar a outros recursos terapêuticos para a [online].[citado 2005 Mar 21]. Disponível em: URL: http: www.
modificação da mecânica dos MMII. Esta revisão destaca a pedro.fhs.usyd.edu.au/scale_item.html.
19. Portney LG, Watkins MP. Experimental design. In: Portney LG,
necessidade de uma uniformidade de variáveis entre estudos
Watkins MP. Foundations of clinical research applications to
para se concluir sobre a eficácia das palmilhas para correção practice. 2nd ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall; 2000.
da cinemática dos MMII. 20. Branthwaite HR, Payton CJ, Chockalingman N. The effect of
simple insoles on three-dimensional foot motion during normal
Referências walking. Clin Biomech (Bristol, Avon) 2004;19:972-7. B
21. Brown GP, Donatelli R, Catlin PA, Wooden MJ. The effect of 2
1. Mueller JM, Maluf KF. Tissue adaptation to physical stress: a pro- types of foot orthoses on rear-foot mechanics. J Orthop Sports
posed “physical stress theory” to guide physical therapist practice, Phys Ther 1995;21:258-67.
education and research. Phys Ther 2002;82:383-403. 22. Klingman RE, Liaos SM, Hardin KM. The effect of subtalar joint
2. Michaud TC. Abnormal motion during the gait cycle. In: Mi- posting on patellar glide position in subjects with excessive rear-
chaud TC. Foot orthoses: and other forms of conservative foot foot pronation. J Orthop Sports Phys Ther 1997;25:185-91.
care. Massachusetts: Williams & Wilkins; 1993. p. 57-180. 23. McCulloch MU, Brunt D, Vander Linden D. The effect of foot
3. Cibulka MT. Low back pain and its relation to the hip and foot. orthotics and gait velocity on lower limb kinematics and tempo-
J Orthop Sports Phys Ther 1999;29:595-601. ral events of stance. J Orthop Sports Phys Ther 1993;17:2-10.
4. Mascal CL, Landel R, Powers C. Management of patellofemoral 24. Vicenzino B, Griffiths SR, Griffiths LA, Hadley A. Effect of
pain targeting hip, pelvis, and trunk muscle function: 2 case antipronation tape and temporary orthotic on vertical navicular
reports. J Orthop Sports Phys Ther 2003;33:647-60. height before and after exercise. J Orthop Sports Phys Ther
5. Hamill J, Knutzen KM. Anatomia funcional dos membros 2000;30:333-9.
inferiores. In: Hamill J, Knutzen KM. Bases biomecânicas do 25. Williams III DS, Davis IM, Baitch SP. Effect of inverted orthoses
movimento humano. 1a ed. São Paulo: Manole;1999. p. 201-84. on lower-extremity mechanics in runners. Med Sci Sports Exerc
6. Willems TM, De Clercq D, Delbaere K, Vanderstraeten G, 2003;35:2060-8.
De Cock A, Witvrow E. A prospective study of gait related 26. Johanson MA, Donatelli R, Wooden MJ, Andrew PD, Cummin-
risk factors for exercise-related lower leg pain. Gait Posture gs GS. Effects of three different posting methods on controlling
2006;23(1):91-98. abnormal subtalar pronation. Phys Ther 1994;74:149-58.
7. Powers CM, Maffucci R, Hampton S. Rearfoot posture in 27. Kerrigan DC, Tood MK, Della Croce U, Lipsitz LA, Collins
subjects with patelofemoral pain. J Orthop Sports Phys Ther JJ. Biomechanical gait alterations independent of speed in the
1995;22:155-60. healthy elderly: evidence for specific limiting impairments. Arch
8. Sommer HM, Vallentyne SW. Effect of foot posture on the Phys Med Rehabil 1998;79:317-22.
incidence of medial tibial stress syndrome. Med Sci Sports 28. Ferber R, Davis IM, Williams III DS. Gender differences in
Exerc 1995;27:800-4. lower extremity mechanics during running. Clin Biomech
9. Gross DK, Niu J, Zhang YQ, Felson DT, McLennan C, Hannan (Bristol, Avon) 2003;18:350-7.
MT, Holt KG, Hunter DJ. Varus foot alignment and hip condi- 29. Messier SP, Davies AB, Moore DT, Davis SE, Pack RJ, Kazmar
tions in older adults. Arthritis Rheum 2007;56(9):2293-8. SC. Severe obesity: effects on foot mechanics during walking.
10. Pinto RZA, Souza TR, Trede RG, Kirkwood RN, Figueiredo Foot Ankle Int 1994;15:29-34.
EM, Fonseca ST. Bilateral and unilateral increases in calcaneal 30. Mcpoil TG, Cornall MW. Relationship between three static
eversion affect pelvic alignment in standing position. Man Ther angles of the rearfoot and the pattern of rearfoot motion during
2008. In Press. walking. J Orthop Sports Phys Ther 1996;23:370-5.
11. Tiberio D. Pathomechanics of structural foot deformities. Phys 31. Menz HB. Alternative techniques for the clinical assessment of
Ther 1988;68:1840-9. foot pronation. J Am Podiatr Med Assoc 1998;88:119-29.
12. Sahrmann SA. Movement impairment syndromes of the hip. In: 32. Hunt GC, Brocato RS. Patomecánica de la marcha y del pie. In:
Sahrmann SA. Diagnosis and treatment of movement impair- Hunt GC. Fisioterapia del pie y del tobillo. 1a ed. Barcelona:
ment syndromes. St Louis: Mosby; 2002. p.121-90. Jims; 1990. p. 43-64.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 283
Revisão
*Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, **Universidade Federal de Rio Grande do Sul – UFRGS, ***Prof.
Adjunto, Responsável pelo Laboratório de Investigação em Nutrição e Doenças Crônico-Degenerativas (LINDCD) – Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Resumo Abstract
Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das Introduction: Stroke is one of the major causes of morbity and
maiores causas de morbidade e mortalidade em meios humanos, mortality in the mankind. The treatment is associated with long
sendo seu tratamento vinculado com prolongada hospitalização e hospitalization and high economic costs. In this context, were
despesas econômicas elevadas. Dentro deste contexto, destacam-se as stood out the anthropometrics measures that may be considered
medidas antropométricas que podem ser consideradas importantes an important indicative of these cerebrovascular events. Aim: To
preditoras destes eventos cerebrovasculares. Objetivo: Investigar, investigate, through literature review, the correlation between an-
através de revisão de literatura, a correlação entre as medidas an- thropometrics measures and risk of stroke. Methods: The authors
tropométricas e o risco de AVE. Materiais e métodos: Foi realizada carried out a systematic review, using the bases of electronic data
uma revisão sistemática, utilizando-se as bases de dados eletrônicos Medline, Pubmed and Scielo of the last 10 years, between 1996 and
Medline, Pubmed e Scielo, reunindo pesquisas num período de 10 2006, using the following key words: stroke, hypertension, body
anos, entre 1996 e 2006, usando palavras chaves da língua inglesa mass index (BMI), waist hip ration (WHR), proceeding with critical
como stroke, hypertension, body mass index (BMI), waist hip ratio analysis of the obtained data and introducing them by frequency
(WHR), procedendo em seguida com a análise crítica dos dados distribution and tabulation. Results: In 53% of the studies there is
obtidos, apresentando-os por distribuição de freqüência e tabu- correlation between body mass index (BMI) and stroke, however, in
lação. Resultados: Em 53% dos estudos houve correlação positiva 20% of the studies, this correlation was negative. The measures that
entre índice de massa corporal (IMC) e AVE, entretanto em 20% described abdominal circumferences appeared in 47% correlated
dos estudos, esta relação foi negativa. As medidas que descreviam with risk of stroke, and the skinfolds in spite of scarcely mentioned
circunferências abdominais apareceram em 47% dos estudos correla- (13%), had positive correlation with the cerebrovascular disease.
cionadas positivamente com risco de AVE, e as dobras cutâneas que Conclusion: This review reaffirms the positive correlation between
apesar de citadas escassamente (13%) tiveram relação positiva com abdominal obesity, BMI and skinfolds with risk of stroke. However,
a doença cerebrovascular. Conclusão: Esta revisão reafirmou a cor- authors recommend the reduction of body weight and abdominal
relação positiva entre obesidade abdominal, elevado IMC e dobras circunference, through diets and physical activities, as the best form
cutâneas com risco de AVE. Contudo, autores preconizam a redução to prevent stroke.
de peso corpóreo e da circunferência abdominal, através de dietas e Key-words: stroke, hypertension, body mass index, waist-hip
atividades físicas, como a melhor forma de prevenir o AVE. ratio.
Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hipertensão, índice
de massa corporal, relação cintura-quadril.
Os estudos selecionados apresentaram grande heterogenei- O IMC é um índice que se refere à massa corporal total,
dade no referente à etnia, idade e sexo da população estudada calculado através da formula peso (kg)/ altura (m)2, que
e metodologia empregada. Por outro lado, os resultados não retrata o teor de gordura corporal. Entretanto, quando
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 285
Ni Mhurchu C, et Observacional Participantes de estudos Retirou-se da literatura estudos Houve associação positiva entre
al. 2004 18]. analítico prospectivos nas regiões para análise populacional. IMC e risco de AVE isquêmico e
Ásia-Pacífico. Calculou-se a razão de risco hemorrágico, e doenças cardíacas
pelo modelo de Cox, estratifi- isquêmicas. Houve relação positiva
cado por sexo e ajustado para com cada redução de IMC de 2
idade de risco e fumo. kg/m2 associando-se a 12% menor
risco de AVE isquêmico, 8% menor
risco de AVE hemorrágico, e 11%
menor risco de doenças cardíacas
isquêmicas.
Juvela S, et al. Observacional 175 pacientes com Foram mensurados: glicemia e Encontrou-se hiperglicemia,
2005 [19]. analítico hemorragia subaracnóide glicose de jejum. associada com IMC, hipertensão e
aneurismal admitidos no condição clínica.
hospital 48 horas depois O IMC foi associado positiva-
do evento. mente com um preditor de infarto
cerebral.
Tanne D et al. Observacional 9151 homens civis de Is- Tiveram aferidos a dobra cutâ- Dobra cutânea subescapular como
2005 [20]. analítico rael sem nenhum episódio nea subescapular, peso total, um indicador de gordura central
de doenças cardiovascu- razão de dobras subescapular versus distribuição de gordura cor-
lares, seguidos durante 23 e tríceps como medida de gor- poral foi associada com mortalida-
anos. dura central versus distribuição de causada pelo AVE.
de gordura periférica.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 287
elevado, e devidamente classificado por um profissional de descrito, podem justificar a discrepância nos resultados en-
saúde qualificado, indicando sobrepeso e obesidade, parece contrados acerca do IMC [32].
ser um preditor de níveis aumentados de plasminogênio
ativador-inibidor, fibrinogênio e fator VIII, cuja atuação na Como interferir nas medidas antropométri-
coagulação sanguínea pode acentuar a gravidade dos eventos cas e diminuir o risco de AVE?
isquêmicos [25].
O sobrepeso e a obesidade também foram considerados, Segundo Castro e Vianna, as diretrizes básicas para a
em homens, fatores de risco para AVE isquêmico e hemorrá- saúde, relativas à prática de atividade física por trinta minu-
gico, independentes de potentes mediadores biológicos como tos ou mais e a atividade aeróbica de intensidade moderada
hipertensão, diabetes e nível de colesterol [6]. parecem reduzir a incidência de AVE. Os exercícios físicos
Segundo Kelly et al., pacientes obesos foram mais freqüen- podem apresentar benefícios tanto de ordem bioquímica
temente acometidos por diabetes, hipertensão e hiperlipide- quanto anatômica, sendo os principais a redução do peso
mia, sendo todas essas variáveis fatores de risco para o AVE. corporal, diminuição da pressão arterial, aumento do HDL,
A obesidade também foi associada com aumento de mortes melhora na função contrátil das artérias e redução da for-
por doenças cardiovasculares e diabetes [26,27]. mação de trombos, mostrando possível efeito na prevenção
do AVE [30].
Por que nos resultados o IMC apresentou Estudos também citaram a mudança dietética como for-
controvérsia na sua relação com o AVE? ma de redução das medidas antropométricas e de fatores de
risco bioquímicos, para a prevenção e redução da incidência
O IMC é largamente associado com doenças cardiovascu- do AVE [33].
lares, entretanto, o risco pode ser diferente entre indivíduos Outros estudos preconizaram que a redução das medidas
com a mesma massa corporal, dependendo da distribuição de antropométricas pode ser efetiva para reduzir a incidência de
gordura corporal [28]. De acordo com Kurth et al., os níveis mortalidade por AVE causada indiretamente pela obesidade
de gordura corporal em excesso são relacionados com fatores [18,27].
de risco relacionados ao AVE, entretanto, o IMC expressa
apenas relação entre a massa corporal total com a altura, não Conclusão
apresentando a composição corporal segmentada [6]. Sem o
conhecimento do percentual de gordura corporal ou de fatores Esta revisão reafirmou a correlação entre obesidade abdo-
relacionados ao estilo de vida da amostra, a associação ou dis- minal e AVE, independentemente de qualquer outro fator de
sociação do IMC com o AVE pode ser apenas uma casualidade risco. Surpreendentemente, o IMC foi considerado um bom
estatística. Como estes estudos utilizam grandes amostras, a índice preditor, embora não seja capaz de avaliar a composição
análise detalhada do estilo de vida acaba sendo prejudicada. corporal segmentada. Tais achados reforçam a importância
Assim, um membro da amostra praticante de atividade física, de um estudo criterioso para identificar o papel das medidas
com alto teor de massa magra e conseqüentemente detentor antropométricas como indicadores preditivos do AVE.
de grande massa corporal teria um IMC elevado e seria Contudo, alguns autores preconizam a perda de peso
associado ao risco de AVE, no entanto, a atividade física é e redução de circunferência abdominal, através de dietas e
reconhecidamente um fator de proteção [29,30]. A utilização atividades físicas, como melhor forma de prevenir o acidente
de pesquisadores treinados, e capacitados em avaliar o IMC, vascular encefálico.
juntamente com as dobras cutâneas e o estilo de vida tornam
capaz a validação ou a rejeição deste índice como preditor Referências
de AVE [31].
Assim, as diferenças metodológicas entre os estudos rela- 1. Oliveira RJ. Atividade física e doença cerebrovascular. Rev Bras
tivos à diversidade étnica, variabilidade de faixa etária e sexo, Ciên e Mov 2001;9 (3):65-78.
que reconhecidamente afetam a composição corporal das 2. Nóvak EM, Zétola VHF, Muzzio JA, Puppi M, Júnior HC, Wer-
neck LC. Conhecimento leigo sobre doença vascular encefálica.
populações estudadas, juntamente com o viés anteriormente
Arq. Neuropsiquiatr 2003; 61(3-B):772-776.
288 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
3. Batty GD, Lee IM. Physical activity for preventing strokes. BMJ Region: an overview of 33 cohorts involving 310 000 partici-
2002;325:350-351. pants. Int J Epidemiol 2004;33(4):751-8.
4. Kurl S, Laukkanen JA, Rauramaa R, Lakka TA, Sivenius J, 19. Juvela S, Siironen J, Kuhmonen J. Hyperglycemia, excess weight,
Salonen JT. Systolic blood pressure response to exercise stress and history of hypertension as risk factors for poor outcome and
test and risk of stroke. Stroke 2001; 32:2036-2041. cerebral infarction after aneurysmal subarachnoid hemorrhage.
5. Ellekjaer H, Holmen J, Ellekjaer E, Vatten L. Physical activity J Neurosurg 2005;102(6):998-1003.
and stroke mortality in women. Stroke 2000;31:14-18. 20. Tanne D, Medalie JH, Goldbourt U. Body fat distribution and
6. Kurth T, Gaziano JM, Berger K, Kase CS, Rexrode KM, Cook long-term risk of stroke mortality. Stroke 2005;36(5):1021-5.
NR, et al. Body mass index and the risk of stroke in men. Arch 21. Zia E, Pessah-Rasmussen H, Khan FA, Norrving B, Janzon L,
Intern Med 2002;162:2557-62. Berglund G, et al. Risk factors for primary intracerebral hemor-
7. Walker SP, Rimm EB, Ascherio A, Kawachi I, Stampfer MJ, rhage: a population-based nested case-control study. Cerebrovasc
Willett WC. Body size and fat distribution as predictors of stroke Dis 2006;21(1-2):18-25.
among US men. Am J Epidemiol 1996; 144(12):1143-50. 22. Ribeiro Filho FF, Mariosa LS, Ferreira SR, Zanella MT. Visceral
8. Folsom AR, Rasmussen ML, Chambless LE, Howard G, Co- fat and metabolic syndrome: more than a simple association.
oper LS, Schmidt MI, et al. Prospective associations of fasting Arq Bras Endocrinol Metabol 2006;50(2):230-8.
insulin, body fat distribution, and diabetes with risk of ischemic 23. Kim SM, Han JH, Park HS. Prevalence of low HDL-cho-
stroke. The atherosclerosis risk in communities (ARIC) study lesterol levels and associated factors among Koreans. Circ J
investigators. Diabetes Care 1999;22(7):1077-83. 2006;70(7):820-6.
9. Megnien JL, Denarie N, Cocaul M, Simon A, Levenson J. Pre- 24. Paradis ME, Badellino KO, Rader DJ, Tchernof A, Richard
dictive value of waist-to-hip ratio on cardiovascular risk events. C, Luu-The V, et al. Visceral adiposity and endothelial lipase. J
Int J Obes Relat Metab Disord 1999; 23(1):90-7. Clin Endocrinol Metab 2006 Jun 13.
10. Gillum RF, Mussolino ME, Madans JH. Body fat distribution, 25. Franz IW, Van der Meyden J, Tonnesmann U, Muller JF, Rocker
obesity, overweight and stroke incidence in women and men L, Hopfenmuller W. Blood coagulation in normotensives and
- the NHANES I epidemiologic follow-up study. Int J Obes hypertensives in relation to their body mass index. Dtsch Med
Relat Metab Disord 2001;25(5):628-38. Wochenschr 2002;127(45):2374-8.
11. Ellekjaer H, Holmen J, Vatten L. Blood pressure, smoking and 26. Kelly RV, Hsu A, Topol E, Steinhubl S. The influence of body
body mass in relation to mortality from stroke and coronary mass index on outcomes and the benefit of antiplatelet therapy
heart disease in the elderly. A 10-year follow-up in Norway. following percutaneous coronary intervention. J Invasive Car-
Blood Press 2001;10(3):156-63. diol 2006;18(3):115-9.
12. Dey DK, Rothenberg E, Sundh V, Bosaeus I, Steen B. Waist 27. Tsai SP, Donnelly RP, Wendt JK.Obesity and mortality in a
circumference, body mass index, and risk for stroke in older prospective study of a middle-aged industrial population. J
people: a 15 year longitudinal population study of 70- year-olds. Occup Environ Med 2006 Jan;48(1):22-7.
J Am Geriatr Soc 2002;50(9):1510-8. 28. Li C, Engstrom G, Hedblad B, Calling S, Berglund G, Janzon
13. Suk SH, Sacco RL, Boden-Albala B, Cheun JF, Pittman JG, L. Sex differences in the relationship between BMI, WHR and
Elkind MS, et al. Abdominal obesity and risk of ischemic incidence of cardiovascular disease: a population-based cohort
stroke: the Northern Manhattan Stroke Study. Stroke 2003; study. Int J Obes 2006;30(12):1775-81.
34(7):1586-92. 29. Ellekjaer H, Holmen J, Ellekjær E, Vatten L. Physical activity
14. He Y, Chang Q, Huang JY, Jiang Y, Shi QL, Ni B, et al. Study and stroke mortality in women ten-year follow-up of the Nord-
on mortality, incidence and risk factors of stroke in a cohort of Trøndelag health survey, 1984–1986. Stroke 2001;31:14-18.
elderly in Xi’an, China. Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi 30. Castro RB, Vianna LM. Mecanismos que explicam o efeito da
2003;24(6):476-9. atividade física na prevenção de acidente vascular encefálico.
15. Iso H, Imano H, Kitamura A, Sato S, Naito Y, Tanigawa T, et Fisioter Bras 2004;5(3):221:3.
al. Type 2 diabetes and risk of non-embolic ischaemic stroke in 31. Sichieri R, Fonseca VM, Lopes CS. Como medir a confiabilidade
Japanese men and women. Diabetologia 2004; 47(12):2137- da dobras cutâneas. Rev BrasEpidemiol 1999;2(1-2):82-9.
44. 32. Ferreira MG, Valente JG, Goncalves-Silva RM, Sichieri R.
16. Song YM, Sung J, Davey Smith G, Ebrahim S. Body mass index Accuracy of waist circumference and waist-to-hip ratio as pre-
and ischemic and hemorrhagic stroke: a prospective study in dictors of dyslipidemia in a cross-sectional study among blood
Korean men. Stroke 2004;35(4):831-62. donors in Cuiaba, Mato Grosso State, Brazil. Cad Saúde Pública
17. Holanda MM, Filizola RG, Costa MJ, De Andrade RV, Gon- 2006;22(2):307-14.
çalves da Silva JA. Plasma lipoprotein(A) levels: a comparison 33. Reusser ME, McCarron DA. Reducing hypertensive cardiovas-
between diabetic and non-diabetic patients with acute ischemic cular disease risk of African Americans with diet: focus on the
stroke. Arq Neuropsiquiatr 2004;62(2A):233-6. facts. J Nutr 2006;136(4):1099-102.
18. Ni Mhurchu C, Rodgers A, Pan WH, Gu DF, Woodward M.
Body mass index and cardiovascular disease in the Asia-Pacific
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 289
Atualização
*Coordenadora técnica da oficina ortopédica da Associação Mineira de Reabilitação, **Professora da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais
Resumo Abstract
A posição da pelve e da articulação do quadril tem crucial im- The position of pelvis and hip joints is of utmost importance
portância em crianças com distúrbios neuromotores que assumem when seating children with neuromotor abnormalities. As the base
a posição assentada. O posicionamento da pelve e do quadril afeta a of support for proximal segments of the body in the sitting position,
função do tronco, da cabeça, do pescoço e dos membros superiores e the pelvis and hip position affect the function of the trunk, head
hiperativa os reflexos musculares, uma vez que fornece uma base de and neck, arms, and hyperactive muscle reflexes. Special seating is
suporte para os segmentos proximais do corpo na postura sentada. used with individuals who have a low level of sitting ability and are
Assentos especiais são utilizados em indivíduos com baixo nível de unable to maintain their own sitting position. The wheelchair is one
habilidade para sentar e naqueles incapazes de se manterem nesta of the most important therapeutic devices in rehabilitation and is
postura. A cadeira de rodas (CR) é um dos aparelhos terapêuticos used by several individuals. For this reason, wheelchair deserves far
mais importantes na reabilitação, utilizada por um número signi- more attention than it has received. A wheelchair is not simply a
ficativo de indivíduos, merecendo, por isto, atenção especial. Este mobile sitting surface that must be comfortable to the individual,
aparato não é simplesmente um assento que permite mobilidade e in a real sense, it’s a substitute for weak limb of the body. Studies
conforto ao indivíduo, já que pode substituir a deficiência de um suggest the need for more caution and creative use of existing seating
membro. Estudos recentes sugerem a necessidade de projetos mais designs or for new designs specifically of backrest in order to obtain
cautelosos e criativos para assento ou novos projetos específicos optimal pelvic placement. The study’s purpose is to develop a spe-
para encosto, com o objetivo de obter um posicionamento pélvico cific wheelchair configuration of the seat in order to obtain a better
otimizado. O objetivo deste estudo é propor um novo projeto alignment of the pelvis, hip, spinal with consequently alignment of
específico para assento de cadeira de rodas, com vistas a obter um the head and neck, improving aspects of function and well-being,
melhor alinhamento pélvico, do quadril e da coluna vertebral e, beyond increase blood supply and preventing tissue damage.
conseqüentemente, dos membros superiores e cabeça, resultando em Key-words: wheelchair, seat, biomechanical alignment, cerebral
desempenho funcional e bem-estar otimizados, além de melhorar palsy.
a circulação e a nutrição tecidual, prevenindo, portanto, úlceras
dérmicas.
Palavras-chave: cadeira de rodas, assento, alinhamento
biomecânico, paralisia cerebral.
versão através do uso do suporte lombar ou almofada sacral ântero-posterior e látero-lateral, independentemente, assim
para evitar forças de cisalhamento [3,11,8,23]. A inclinação como controlar a rotação e a precessão, de forma que o mo-
pélvica e o alinhamento da coluna são fatores importantes vimento seja compatível com aquele almejado.
na prevenção de dor na coluna lombar, causada pelo sentar O assento articulado para a cadeira poderá ser melhor
prolongado [2]. compreendido através da seguinte descrição detalhada, em
A discussão de uma postura sentada ideal para usuários de consonância com as figuras em anexo, onde:
cadeira de rodas, sobretudo para aqueles que realizam a pro-
pulsão de sua própria cadeira, ainda não está bem esclarecida, Figura 1 - Representa uma vista lateral da cadeira.
visto que sentar não é uma posição normal para locomoção
[24,2]. Essa postura é normalmente utilizada por indivíduos
sem incapacidade física como uma fase de transição ou uma
posição de descanso, além de adotarem várias outras posições
para realizarem atividades específicas [1]. Esse paradigma está
centrado no conforto e especificamente em um posicionamen-
to sentado adequado, que promova alinhamento postural e
estabilidade, a fim de melhorar o desempenho funcional dos
pacientes quando estão sentados, prevenir úlceras dérmicas,
deformidades, contraturas, dores lombares, disfunções por
esforço repetitivo nas extremidades superiores e cirurgias.
Com referência a esta figura, pode-se dizer que,
Assento móvel que proporciona movimento mantendo-se o tronco no encosto (2) fixo da cadeira, ela
pélvico ântero-posterior, látero-lateral, de permite bascular a pelve do paciente, em sentido horário e
rotação e de precessão em cadeira de rodas anti-horário, promovendo a ântero ou a retroversão no plano
sagital. É possível observar o batente (3) e o assento (1).
Qualquer prescrição de uma nova cadeira deve enquadrar
às expectativas do usuário, preferências, necessidades físicas Figura 2 - Representa uma vista anterior da cadeira.
e funcionais, que surgem através de sua interação com o
ambiente [5].
Este trabalho descreve uma cadeira de rodas, projetada
para indivíduos com disfunções neuromusculares, que, através
de um assento móvel, pode otimizar seu posicionamento e
alinhamento biomecânico e estimular reações de equilíbrio e
retificação, de forma que a funcionalidade do cadeirante seja
otimizada em seu ambiente.
O assento foi montado sobre dois eixos ortogonais soli-
dários, que formam uma cruzeta. A combinação desses eixos
é também chamada de junta universal ou cardan. Esta junta
foi fixada embaixo do assento e possibilita seu movimento O assento (1) tem seu segundo grau de liberdade, bas-
nos três planos (sagital, frontal e transverso) isoladamente, culando-se horário ou anti-horariamente, no plano frontal.
ou de forma combinada (precessão). Os eixos são compostos Isto é possibilitado pela montagem dos eixos (4.1 mancal do
de mancais de rolamento. O mancal do primeiro eixo foi primeiro eixo, 4.2 mancal do segundo) de forma ortogonal
fixado no assento e proporciona seu basculamento para frente formando a cruzeta (5).
e para trás, no plano sagital. Já o mancal do segundo ficou
na estrutura da cadeira de rodas, promovendo basculamento Figura 3 - Representa uma vista de cima da cadeira.
látero-lateral, no plano frontal. A combinação dos dois bas-
culamentos possibilita ao eixo imaginário perpendicular ao
assento realizar o movimento de precessão.
A cruzeta ortogonal de eixos de mancais de rolamento foi
montada sobre um pivô central, que permite que o assento
realize a rotação no plano transverso. Ela poderia ser substi-
tuída por uma rótula.
O projeto proposto incluiu a colocação de batentes, que A cruzeta (5) ortogonal de eixos de mancais de rolamento
funcionam como limitadores mecânicos reguláveis, respon- foi montada sobre um pivô central, que permite que o assento
sáveis por determinar o ângulo máximo de basculamento (1) realize a rotação no plano transverso.
292 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Figura 4 - Representa uma vista de cima da cadeira. mento postural, a mobilidade da pelve e do tronco, facilitar
as reações de equilíbrio e de retificação e conseqüentemente
otimizar a função do cadeirante.
A estabilidade estática e dinâmica são dois aspectos im-
portantes da postura sentada [27]. Sentar é particularmente
interessante por diversas razões: é uma posição comum e ha-
bitual utilizada diariamente, assim como é a base para muitas
atividades motoras [27,28]. As pessoas aprendem a sentar
antes de aprender a ficar de pé, e alguns indivíduos com dis-
As duas possibilidades de movimento (no plano sagital e função neurológica que não podem ficar de pé são capazes de
frontal) descritas anteriormente, quando conjugadas simulta- sentar [28]. É importante salientar que alterações na postura
neamente, promovem o movimento de precessão, representa- e no equilíbrio, na posição sentada, afetam a habilidade para
do nesta figura. Assento (1), encosto (2), cruzeta (5). realizar as atividades de vida diária [28]. A literatura reporta
que a quantidade de movimento que ocorre no quadril e no
Figura 5 - Representa o projeto mecânico de uma rótula que poderia tronco em relação à pelve é da mesma magnitude quando se
substituir a cruzeta universal. mantêm os olhos abertos [25-28]. A estabilidade estática e di-
nâmica reduzem o movimento corporal ou sua oscilação [28].
Na posição sentada sem suporte de tronco há instabilidade e
esta posição deve ser controlada através da ativação muscular
quando o peso é descarregado em qualquer plano de movi-
mento [26,27]. Em conseqüência, o tronco responde com um
movimento para conter a mudança no centro de gravidade
[26,27]. O sistema nervoso central (SNC) mantém o centro
de massa (CM) com limites espaciais específicos chamados
de limite da estabilidade [28]. A estabilidade do tronco em
uma superfície instável depende da habilidade de alinhar a
projeção do CM com o centro de rotação da superfície de
Este projeto propõe um novo design específico para assento apoio. Além disso, o SNC tem que controlar as forças de inér-
de cadeira de rodas, com vistas a obter um melhor alinha- cia geradas pelos movimentos do tronco [25-28]. O controle
mento pélvico e da coluna vertebral e, conseqüentemente, de tronco depende da percepção correta da atitude postural
dos membros superiores e cabeça, resultando em desempenho e do desenvolvimento de respostas musculares adequadas
funcional e bem-estar otimizados para seus ocupantes. [27]. A atitude postural constantemente sofre modificações
baseadas em informações provenientes dos sistemas visual
Assento móvel e seus benefícios e vestibular e através de informação derivada de receptores
somato-sensoriais [26,27].
As variabilidades cinemáticas têm sido extensivamente Diferentes tarefas, configurações corporais e ambientes re-
utilizadas para descrever os mecanismos do controle postural querem diferentes padrões de resposta muscular e modificação
normal ou patológico [25]. Diversas superfícies de apoio, do papel de cada sistema sensorial [26,28]. Um estudo sobre
incluindo base de suporte firme ou plataformas multiaxiais, controle postural adaptativo na postura sentada relatou que
vêm sendo utilizadas para avaliar os componentes intrínsecos diferentes tipos de colchões podem afetar, significativamente,
do controle postural [25,26]. Nas análises de movimento, o o equilíbrio durante atividades funcionais de alcance [28].
quadril e o tronco são freqüentemente considerados como um Alguns estudos também pesquisaram a coordenação entre
único segmento, no entanto, as estratégias motoras de am- tronco e extremidades inferiores em indivíduos sentados
bos, nos planos sagital e frontal, resultam de movimentos no quando o alvo era colocado a distância de alongamento dos
quadril (entre membros inferiores e pelve) e no tronco (entre braços ou além dela [31]. Os movimentos do tronco eram
a coluna vertebral e a pelve) individualmente [25]. Estudos mínimos quando o alvo era possível de ser alcançado apenas
demonstraram que estas estratégias de controle postural nos com o movimento dos braços. Ao contrário, quando o alvo
planos sagital e frontal são desencadeadas pela combinação estava localizado fora do alcance dos braços, o movimento de
de ambos os movimentos (quadril e tronco) e confirmaram tronco contribuía significativamente no transporte da mão
que o tronco desencadeia um papel tão importante quanto até o alvo [31]. O suporte da coxa e dos pés permite maior
o do quadril [25,27]. excursão do CG [28]. As reações posturais antecipatórias
O assento móvel, através dos movimentos descritos, deve adequadas são necessárias para assegurar a estabilidade e
ser capaz de proporcionar inúmeros benefícios, dentre eles, iniciam-se imediatamente antes da ocorrência do movimento
prevenir úlceras dérmicas e dores lombares, melhorar o alinha- voluntário [26,28,29].
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 293
Diversos estudos investigaram o controle do tronco em su- [26,32,33]. Nos pacientes com disfunções neuromotoras que
perfícies instáveis, nos quais se utilizavam esferas de diferentes apresentam pouca mobilidade e severa limitação motora, a
diâmetros, colocadas embaixo do assento [27,28]. Verificou-se dor pode ser um problema secundário, mas sério [34,35].
aumento do deslocamento do centro de pressão (CP) com Presume-se que a causa para a dor crônica nestes indivíduos
a diminuição do diâmetro da esfera e uma relação positiva seja por câimbras ou por deformidades ósseas relacionadas à
entre movimento do CP e a medida antropométrica dos espasticidade ou à escoliose [34,35]. Uma das dificuldades de
indivíduos [27,28]. O estudo das respostas dos músculos do se encontrarem estudos sobre a dor nesses pacientes é a falta
tronco durante perturbação na postura sentada foi realizado de comunicação e as limitações cognitivas freqüentemente
através de eletromiografia e foram encontradas fases recípro- vistas neles [34,35].
cas de respostas eletromiográficas nestes músculos durante o Os fatores de risco para o desenvolvimento de dor lombar
movimento para frente e para trás [31]. crônica (DLC) explorados na literatura estão relacionados
Através do assento móvel será possível facilitar as reações de com idade, sexo, características antropométricas, condicio-
equilíbrio e endireitamento, deixando os batentes livres para namento físico, tabagismo, fatores psicológicos e história
que o assento realize o movimento de precessão ou limitando, prévia de dor lombar [30,34]. Os fatores relacionados às
através deles, o plano e o grau de movimento desejado para atividades incluem trabalho pesado e levantar incorretamente,
trabalhar o equilíbrio, que está diretamente relacionado à atividades em posturas estáticas, atividades com rotação e/ou
estabilidade dinâmica. inclinação de tronco, extensão ou hiperextensão mantidas
A estabilidade dinâmica é a habilidade de transferir peso por tempo prolongado [30]. Usuários de cadeira de rodas
sobre a base de suporte, e o controle de movimentos inten- estão acostumados a manter uma postura sentada estática
cionais do CM depende da habilidade de mover os segmentos por longo período, muitas assimétricas, e a realizar quase
corporais para a posição desejada [26,28]. Portanto, o deslo- todas suas AVD’S nesta mesma posição [36]. Esta postura
camento do tronco sem perda de equilíbrio é imprescindível estática e assimétrica contribui não só para o aparecimento
para o desempenho de atividades funcionais [26-29]. de dor lombar, mas também o de deformidades ósseas, como
A avaliação da estabilidade estática, dinâmica e de outros escoliose, encurtamentos musculares e surgimento de úlceras
aspectos da postura sentada é importante para se obter in- dérmicas [34-36].
formação acurada das limitações funcionais do paciente [28]. O assento móvel permitirá mobilidade da pelve nos três
Tarefas diferentes requerem estratégias sensoriais e motoras planos, diminuindo o seu tempo de permanência em uma
variadas [26,28]. A instabilidade da coluna tem sido iden- postura estática e prevenindo a ocorrência de DLC. Além
tificada como um fator de risco para dor lombar durante a disso, pode-se mover o assento de forma que se obtenha o
descarga de peso corporal [30]. A estabilidade da coluna tem alinhamento pélvico adequado e, conseqüentemente, o da
sido descrita como sua habilidade para limitar padrões de coluna vertebral, proporcionando um bom posicionamento
deslocamento, prevenindo danos ou irritações das estruturas sentado e prevenindo deformidades como escoliose.
espinhais e da coluna vertebral [33]. A ação dos músculos A pelve está neutra quando as proeminências ósseas, de-
posturais em resposta a uma carga na coluna ocorre com o ob- nominadas espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), estão
jetivo de estabilizá-la [30,31]. É possível que, em situações de discretamente abaixo das proeminências ósseas no topo e atrás
descarga de peso súbita, a coluna esteja em um estado relativo da pelve, espinhas Ilíacas póstero-superiores (EIPS) [37]. Se
de instabilidade, facilitando a ocorrência de dano às estrutu- a pelve está fixa em certa posição, o resto do corpo também
ras [26,30]. As respostas dos músculos do tronco à carga são ficará fixo em uma determinada postura, ao passo que, se a
maiores quando existem níveis mais baixos de pré-ativação pelve for capaz de atingir a postura neutra, o resto do corpo
ou a coluna é menos estável a perturbações [30]. Estudos de terá uma maior chance de alcançar também a posição neutra
desenvolvimento de crianças com disfunções neuromotoras [37]. Isso acarreta ao paciente menor gasto energético, uma
têm documentado, consistentemente, atraso na aquisição de base de suporte estável, ampliação da visão, melhor função
habilidades motoras, sugerindo, inclusive, que muitos desses dos braços e mãos, além de prevenir problemas secundários
atrasos, tais como na independência postural e na deambula- já citados anteriormente [33,37].
ção, se devem ao pobre equilíbrio e controle postural [32,33]. A maioria dos indivíduos com disfunções neuromusculares
Pesquisas direcionadas especificamente aos problemas motores apresenta uma pelve em retroversão ou fixa [34,37].
relacionados à postura e ao ganho da marcha apontam quatro Através do assento móvel será possível mobilizar a pelve
fatores como principais: espasticidade, fraqueza muscular, no plano sagital e posteriormente angular o assento de for-
excesso de co-contração dos músculos antagonistas e aumento ma que a mesma permaneça numa postura o mais próximo
do stiffness ao redor das articulações [32,33]. Estes fatores possível de neutro, para que a função dos braços e mãos seja
não refletem apenas as diferenças no SNC, mas também as otimizada, proporcionando ao indivíduo melhor desempenho
modificações mecânicas na postura [26,32]. Essas mudanças de suas atividades.
mecânicas associadas às disfunções do SNC contribuem para Outra conseqüência comum do mau alinhamento pél-
a carência de equilíbrio e controle postural nesses pacientes vico que resulta em assimetria é a descarga desigual de peso
294 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
19. Morioka S, Hidaka M, Miyamoto S. Factor of determination 30. Brown SHM, Haumann ML, Potvin JR. The responses of
of center of gravity point on sitting of the right and left axis in leg and trunk muscles to sudden unloading of the hands:
patients with hemiplegia. Journal of Physical Therapy Sciency implications for balance and spine stability. Lin Biomech
1999;11(9)109-11. 2003;18(9):812-20.
20. Cholewicki J, Polzhofer GK, Radebold A. Postural control of trunk 31. Caling B, Lee M. Effect of direction of applied mobilization
during unstable sitting. J Biomech 2000;33(12):1733-7. force on the posteroanterior response in the lumbar spine. J
21. Kirby RL, Thoren FA, Ashton BD, Ackroud-Stolarz SA. Manipulative Physiol Ther 2001;24(2):71-8.
Wheelchair stability and maneuverability: effect of varying the 32. Burtner PA, Qualls C, Woollacott MH. Muscle activation cha-
horizontal and vertical position of a rear-antitip device. Arch racteristics of stance balance control in children with cerebral
Phys Med Rehabil 1994;75(5):525-34. palsy. Gait Posture 1988;8(6):163-74.
22. Hundertmark LH. Evaluating the adult with cerebral palsy for 33. Bertenthal B, Von Hofsten. Eye, head, and trunk control: The
specialized adaptive seating. Phys Ther 1985;65(2):209-12. foundation for manual development. Neurosci Biobehav Rev
23. Janssen-Potten YJ, Seelen HA, Drukker J, Reulen JP. Chair 1998;22(4):515-20.
configuration and balance control in persons with spinal cord 34. Schwartz L, Engel JM, Jensen MP. Pain in person with cerebral
injury. Arch Phys Med Rehabil 2000;81(4):401-08. palsy. Arch Phys Med Rehabil 1999;80(10):1243-46.
24. Wei SH, Huang S, Jiang CJ, Chiu JC. Wrist characterization of 35. Engel JM, Jensen MP, Hoffman AJ, Kartin D. Pain in persons
wheelchair propulsion in various seating positions: implication with cerebral palsy: extension and cross validation. Arch Phys
to wrist pain. Clin Biomech 2003;18(6):46-52. Med Rehabil 2003;84(8):1125-28.
25. Blackburn J, Riemann BL, Myers JB, Lephart SM. Kinema- 36. White HA, Kirby RL. Folding and unfolding manual wheel-
tic analysis of the hip and trunk during bilateral stance on chairs: an ergonomic evaluation of health-care workers. Appl
firm, foam, and multiaxial support surfaces. Clin Biomech Ergon 2003;34(6):571-79.
2003;18(4):655-61. 37. Knox V. Evaluation of the sitting assessment test for children
26. Buchanan JJ, Horak FB. Voluntary control of postural equili- with neuromotor dysfunction as a measurement tool in cerebral
brium patterns. Behav Brain Res 2003;143(1):121-40. palsy. Physiotherapy 2002;88(9)534-41.
27. Cholewicki J, Polzhofer GK, Radebold A. Postural control of 38. Rosenthal MJ, Felton RM, Nastasi AE, Naliboff BD, Harker J,
trunk during unstable sitting. J Biomech 2000;33(5):1733-37. Navah JH. Healing of advanced pressure ulcers by generic total
28. Lanzetta D, Cattaneo D, Pellegatta D, Cardini R. Trunk control contact seat: 2 randomized comparisons with low air loss bed
in unstable sitting posture during functional activities in healthy treatments. Arch Phys Med Rehabil 2003;84(12): 1.733-35.
subjects and patients with multiple sclerosis. Arch Phys Med 39. Brienza DM, Karg PE, Geyer MJ, Kelsey S, Trefler E. The
Rehabil 2004;85(2):279-83. relationship between pressure ulcer incidence and buttock-seat
29. Dickstein R. Anticipatory postural adjustment in selected trunk cushion interface pressure in at-risk elderly wheelchair users.
muscles in post stroke hemiparetic patients. Arch Phys Med Arch Phys Med Rehabil 2001;82(4):529-33.
Rehabil 2004;85(2):261-67.
296 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Physical Therapy Brazil is indexed in LILACS (Literatura Latinoamericana e Format: The text of original research article is divided into Abstract (Portu-
do Caribe em Ciências da Saúde), CINAHL, LATINDEX guese and English), Introduction, Material and Methods, Results, Discus-
Abbreviation for citation: Fisioter Bras sion, Conclusion, Acknowledgments and References.
Text: Manuscript should be typed single-spaced, maximum word length
Physical Therapy Brazil (PTB) is a bimonthly journal and promotes clini- 30,000 characters (including title page, abstract, text, references, tables,
cal and basic studies, original researches and literature reviews related to figure legends and spaces).
Physical Therapy. Our readership includes physical therapist clinicians, Maximum number of Tables: 6 (Excel ou Word)
researchers, educators, students and all health care professionals interested Maximum number of Figures and Figure Legends: 8 (.tif or .gif )
in rehabilitation sciences. Maximum number of References: 50
PTB endorses the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to
Biomedical Journals put forth by the International Committee of Medi- 3. Review
cal Journal Editors (ICMJE), with the main specifications below. The This is a critical analysis of the current state of knowledge in any of the
complete text in English of theses Uniform Requirements is available on areas related to Physical Therapy. Literature review consists in analysis,
the website of the International Committee of Medical Journal Editors synthesis and assessment of original papers already published in scientific
(ICMJE), www.icmje.org, in the current version of October 2007 (the journals. Preference will be given to systematic reviews, or, when impos-
complete text is also available in pdf on the website of Atlântica Editora, sible, the author should justify the choice for the methodology employed.
www.atlanticaeditora.com.br) Reviews will focus principally on topics of contemporary interest. Over-
Articles published in PTB may also be published in the electronic version views of history, diagnostic strategies, and treatment approaches could be
of the Journal (Internet, CD-ROM), as well as other electronic support included.
that arise in the future. By authorizing the publication in the journal, the
authors agree with theses conditions. Format: The review contains Abstract (Portuguese and English), Introduc-
Articles should be sent by e-mail to the executive editor (artigos@atlan- tion, Methods, Results (divided in topics if necessary), Discussion, Con-
ticaeditora.com.br). The publication is an editor decision. All the manu- clusion and References.
scripts received that raise interest editorial will be submitted to anonymous Text: Manuscript should be typed single-spaced, maximum word length
peer-review. 30,000 characters (including title page, abstract, text, references, tables,
According to the Health National Council of Brazil, resolution 196/96, figure legends and spaces).
for all the studies involving human beings, the author should attach to the Maximum number of Tables: 6 (Excel ou Word)
article the Ethics and Research Committee agreement, independently of Maximum number of Figures and Figure Legends: 8 (.tif or .gif )
the study design (observational, experimental or case study). The author Maximum number of References: 50
should include the agreement register from the Ethics and Research Com-
mittee of the Hospital or University. This Committee must be registered 4. Case Report
by the Health National Council of Brazil. Descriptive data of one or more clinical or treatment cases with similar
characteristics. Only will be accepted reports of cases unusual, or rare dis-
All submissions accepted for peer review are privileged communications. eases or changes with not expected evolution. The Case Report contains
Author identity is kept confidential from reviewers, unless otherwise in- Abstract (Portuguese and English), Introduction, Case Report, Results,
dicated. Discussion, Conclusion and References.
Text: Manuscript should be typed single-spaced, maximum word length
PTB reviews and considers a manuscript for exclusive publication with 10,000 characters (including title page, abstract, text, references, tables,
the understanding that the manuscript - including any original research figure legends and spaces).
findings or data reported in it - has not been published previously and is Maximum number of Tables: 2 (Excel ou Word)
not under consideration for publication elsewhere, whether in print or Maximum number of Figures and Figure Legends: 2 (.tif or .gif )
electronic form. Maximum number of References: 20
Authors agree to execute copyright transfer as requested during the sub-
mission process. Manuscripts published in PTB become the property of 5. Opinion
Atlantica Editora and may not be published elsewhere, in whole or in part, This section publishes short articles, which express the personal opinion of
in print or electronic form, without the written permission of Atlantica the authors: recent advances, health policy, new scientific ideas, critic of
Editora, which has the right to use, reproduce, transmit, derivate, pub- original studies and proposals for alternative interpretations, for example.
lish, and distribute the contribution, in PTB or otherwise, in any form The publication is subject to evaluation of the editors.
or medium. Format: The text of Opinions is free format, without abstract.
Text: 5.000 characters.
1. Editorial Figures and Tables: 1
The editorial comments recent events, technological innovations, or high- References: 20
light important works published in the journal. It is written by editors, or
invited experts. The editors can also invite experts to publish Opinions 6. Letters
about recent or controversy subjects. This section publishes correspondence received, necessarily related to ar-
ticles published in PTB or to the editorial line of the Journal. Other con-
2. Original research article tributions should be addressed to the Opinion section. The authors of
They are works resulting from scientific research data showing original articles cited in letters will be informed and will have right of reply, which
findings of experience or observation, in studies with animals or human will be published simultaneously. The publication is subject to evaluation
beings. of the editors.
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008 299
Exemples:
Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hyperten-
sion: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York:
Raven Press; 1995.p.465-78.
Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of
urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer
Res 1994;54:5016-20.
(see complete specifications in www.atlanticaeditora.com.br or www.ic-
mje.org)
300 Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - julho/agosto de 2008
Calendário de eventos
2008
Setembro Novembro
Outubro
2009
3 a 5 de outubro
1º. Congresso Tocantinense de Fisioterapia Janeiro
Palmas, TO
Informações: (63) 8413-3364/84 19 a 28 de janeiro
Curso de Formação Completa em Fisioterapia
23 a 25 de outubro Dermato-Funcional (Aperfeiçoamento)
Congresso Brasileiro de Fisioterapia - InterCOBRAF Ministrantes:
Curitiba, PR Prof. Dra. Ludmilla Bonelli Cruz (MG)
Informações: http://www.jz.com.br Prof. Dra. Patricia Frôes (RN)
Prof. Dr. Jones E. Agne (RS)
23 a 26 de outubro Informaçóes: institutocearafisio@hotmail.com ou
II Congresso Brasileiro de Acupuntura Multiprofissional cearafisio@cearafisio.com
Sobrafisa Tel: (85) 3081-8270
Goiânia, GO
Informações: http://www.sobrafisa.org.br Março
31 de outubro a 02 de novembro 5 a 7 de março
V Congresso de Fisioterapia da UFJF--(COFISIO-UFJF) III Encontro Internacional de Fisioterapia
Centro Cultural Pró-Música Dermato-funcional
Juiz de Fora, MG Belo Horizonte, MG
Informações: Douglas Alves Ribeiro (32) 8801-5247 Informações: www.dermato-funcional2009.com.br
www.dafisio.ufjf.br
Cursos
2008
Novembro 29 de novembro de 2008
Introdução a mobilização do sistema nervoso
19 de novembro de 2008 Estrada Velha de Maricá, 4830
Introdução a mobilização do sistema nervoso Rio do Ouro
Rua Feliciano Sodré, nº 14, 3º andar Niteroi, RJ
São Gonçalo, RJ Informações: andefcursos.pri@gmail.com
Informações: andefcursos.pri@gmail.com Tel: (21) 3262-0084 (13:30 às 18:00)
Tel: (21) 3262-0084 (13:30 às 18:00)
08 e 09 de novembro de 2008
Curso de Bolaterapia
Rua Maestro Cardim 407 Paraíso
São Paulo, SP
Informações: cintiadfreitas@ig.com.br
(11) 8578-8312/9881-8334/9914-3456
Julho / Agosto de 2008
Ano 9 - no 4
Brasil
Fisioterapia Brasil - Volume 9 - Número 4 - Julho/Agosto de 2008
FISIOTERAPIA ISSN 1518-9740
Fisioterapia
Reabilitação
Assento articulado de cadeira de rodas
Palmilhas biomecânicas e articulação subtalar
Oncologia
Fisioterapia e cuidado paliativo
Saúde pública