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Apresentação
O pilates é um método amplamente utilizado em todo o mundo como modalidade de atividade
física e como modalidade de tratamento também. É inserido em protocolos de tratamento para
inúmeras disfunções e destinado a populações especiais, como idosos, gestantes, crianças,
adolescentes, entre outros.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer como é a biomecânica básica do pilates, os
princípios básicos do alinhamento do paciente e, ainda, de que maneira estes conhecimentos
podem ser inseridos na prática diária, conhecimentos essenciais ao fisioterapeuta.
Bons estudos.
No que refere-se ao emprego deste método, ele atualmente é utilizado por populações específicas
como idosos, crianças, gestantes, obesos, atletas, entre outros.
Neste sentido, o fisioterapeuta precisa estar apto a atender os pacientes da melhor forma possível
e, para isso, necessita conhecer os princípios de biomecânica aplicados ao pilates.
Leia mais sobre esse assunto no capítulo Biomecânica aplicada ao pilates clínico, da obra Terapias
Manuais.
Boa leitura.
TERAPIAS MANUAIS
Introdução
O Pilates é um método utilizado no Brasil e em todo o mundo tanto
como modalidade de atividade física como de tratamento. Ele permite
uma série de adaptações, podendo ser utilizado em diversas populações
com situações clínicas e funcionais específicas, como gestantes, idosos,
pacientes com problemas de coluna, entre muitas outras indicações
(COUTINHO, 2019). Quando realizada por fisioterapeutas e utilizada para
fins de prevenção e tratamento de disfunções, essa modalidade recebe
o nome de Pilates clínico. Nesse sentido, o fisioterapeuta precisa poder
atender ao paciente aplicando conhecimentos básicos do método e,
ainda, inserindo os conceitos e as definições da biomecânica nos seus
atendimentos.
A biomecânica se pauta no estudo da ciência que se encontra por
trás dos movimentos. Na área do Pilates, trata-se de um conhecimento
primordial do profissional de fisioterapia, uma vez que este precisa co-
nhecer a biomecânica dos exercícios para utilizá-los de maneira efetiva
e segura nos seus atendimentos.
Neste capítulo, você vai estudar a biomecânica dos principais exer-
cícios do Pilates e conhecerá como realizar o alinhamento corporal ade-
quado durante a sua execução. Além disso, aprenderá como aplicar os
conceitos de estabilidade e mobilidade nas disfunções cinético-funcionais
mais comuns.
2 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Bridge (ponte)
O objetivo desse exercício é atuar no controle segmentar na coluna lombar.
O foco muscular é trabalhar abdominais, latíssimo do dorso, psoas, eretores
da espinha, isquiotibiais e glúteos. Dessa forma, ele atua na mobilidade de
coluna vertebral e na estabilidade de cintura pélvica.
Nesse exercício, o paciente é posicionado em decúbito dorsal, com joelhos
flexionados e pés apoiados no solo, com membros superiores ao longo do
corpo. Para realizar o movimento, ele deverá contrair os músculos abdominais
e elevar lentamente a coluna do solo, iniciando pela base. A elevação deve
ser feita até que o paciente consiga manter o alinhamento corporal adequado.
O comando dado para o paciente é rolar a coluna para cima e para baixo,
vértebra por vértebra. O profissional deve ficar atento e evitar que o paciente
eleve excessivamente o tronco, fazendo hiperlordose.
Esse exercício é muito utilizado em pacientes com disfunções lombares,
por exemplo, que não possam realizar flexão de tronco em virtude de alguns
tipos de hérnias de disco. Nesses casos, o exercício da ponte pode ser utilizado
para ganhar mobilidade e fortalecer a região lombo-pélvica sem sobrecarregar
a área afetada pela disfunção. A Figura 1 ilustra a realização desse movimento.
4 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Figura 1. Bridge.
Fonte: Massey (2012, p. 142) e bus109/Shutterstock.com.
Mermaid (sereia)
O objetivo desse exercício é alongar os músculos flexores laterais profundos do
tronco e atuar na melhora da mobilidade de coluna. O seu foco muscular são os
oblíquos abdominais, o quadrado do lombo e o latíssimo do dorso e peitorais.
Para a execução desse exercício, o paciente deverá sentar-se com um joelho
em frente ao corpo, deixando o outro joelho flexionado e em rotação medial.
Na sequência, deverá apoiar uma das mãos e inclinar o corpo para o lado do
joelho que está voltado para trás.
Nesse exercício, você deve orientar o paciente a levar o peso corporal para
frente, apoiando-se no quadril da perna que está posicionada à frente, sem
colocar pressão na perna localizada na parte posterior. Tente orientá-lo a realizar
o movimento de maneira sutil, fazendo um “C” com a lateral do tronco. Na
clínica, o mermaid pode ser empregado no atendimento de gestantes, podendo
ser realizado tanto no solo como nos equipamentos, durante todas as fases da
gestação. Veja na Figura 2 a execução do movimento.
Biomecânica aplicada ao Pilates clínico 5
Figura 2. Mermaid.
Fonte: Massey (2012, p. 140) e lunamarina/Shutterstock.com.
Seal (foca)
Esse exercício atuará nos flexores e estabilizadores anteriores da coluna ver-
tebral, como o reto do abdome, o oblíquo externo, o oblíquo interno e o
transverso. Para isso, o paciente deve fazer uma inclinação pélvica posterior,
fletir a coluna e rolar o corpo para trás com as mãos posicionadas na face
lateral dos tornozelos. Ao chegar na posição sentada, o paciente deve tentar
“aplaudir com as plantas dos pés”, sem tocá-las no chão. A Figura 3 ilustra
o movimento.
Segundo Isacowitz e Clippinger (2013), o seal serve como um alongamento
dinâmico dos extensores da coluna vertebral e enfatiza a utilização coordenada
dos músculos abdominais para manter uma curva em “C” da coluna vertebral
durante o movimento de rolamento, além de favorecer o equilíbrio. Ele é
indicado, por exemplo, para pacientes com retificações de coluna lombar e
torácica que tenham dificuldade em mobilizar adequadamente as vértebras.
Assim, esse exercício permite uma mobilidade vertebral, associada a outros
benefícios no Pilates clínico.
6 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Figura 3. Seal.
Fonte: Massey (2012, p. 132) e lunamarina/Shutterstock.com.
Swimming (natação)
Esse exercício permite um fortalecimento dos extensores das costas e melhora
a estabilidade do tronco e a coordenação de todo o movimento. Ele realiza a
ativação de músculos da parte anterior do tórax, que permanecem em isometria,
e a ativação de flexores do quadril e de extensores da coluna.
Para executar esse movimento, o paciente é deitado de decúbito ventral
com os braços estendidos à sua frente, as palmas das mãos voltadas para
baixo e as pernas um pouco afastadas. Ele deve elevar o peito, os braços
e as pernas do solo, mantendo uma posição estendida/alongada. A seguir,
com um movimento coordenado, deve alternar a elevação de braços e pernas
em uma velocidade constante, como se estivesse nadando. Para evitar uma
extensão excessiva da coluna lombar, você deve garantir que a musculatura
abdominal do paciente esteja bem ativada durante todo o exercício, evitando
compensações. Na Figura 5, você pode conferir os músculos ativados com
esse movimento.
8 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Figura 5. Swimming.
Fonte: Massey (2012, p. 120) e Vladimir Sviracevic/Shutterstock.com.
Teaser (abdominal em V)
Esse exercício tem como foco fortalecer os flexores do corpo (abdominais,
flexores do quadril e flexores do pescoço), além de melhorar o controle dos
flexores do quadril e auxiliar no desenvolvimento do equilíbrio estático. Para
isso, faz a ativação muscular de quadríceps, adutores, glúteos, isquiotibiais e
os grupos musculares extensores das costas.
Para realizá-lo, o paciente sai da posição deitada de decúbito dorsal com
as pernas elevadas e estendidas e com os braços ao lado do corpo, as palmas
viradas para cima. Com fluidez, ele vai flexionar o tronco e elevá-lo até
alcançar a posição ereta da coluna, para depois retornar à posição inicial.
A Figura 6 mostra a grande ativação muscular proporcionada por esse
exercício.
Biomecânica aplicada ao Pilates clínico 9
Figura 6. Teaser.
Fonte: Massey (2012, p. 116) e fizkes/Shutterstock.com.
Por isso, você pode utilizar alguns itens para fazer a conferência do ali-
nhamento do paciente durante a execução dos exercícios de Pilates, conforme
descrito a seguir.
Esse comando é utilizado pelo profissional para tracionar para cima a inserção
distal dos abdominais, reto do abdome e oblíquos, de modo a produzir uma
inclinação pélvica posterior. Esse comando será muito utilizado em exercícios
do Pilates que necessitem de inclinação pélvica posterior associada a flexão
de coluna lombar, como em exercícios cujo objetivo é o arredondamento da
coluna. A Figura 11 mostra a postura inicial do exercício chamado de rolling
back, em que há necessidade de uma flexão de coluna lombar e, por isso,
utiliza-se esse comando.
Esse mesmo comando também pode ser utilizado para prevenir uma in-
clinação pélvica anterior em exercícios nos quais os membros estejam em
movimento com a coluna em extensão, como no exercício do double kick
(Figura 12). Nesse caso, ao pedir para o paciente contrair a musculatura
abdominal, você evita que as costas hiperestendam além do limite desejado.
Biomecânica aplicada ao Pilates clínico 17
Esse comando evita um erro muito comum na execução de uma série de exercí-
cios do Pilates. Geralmente, em vez de flexionar toda a coluna, o paciente tende
a fazer apenas uma flexão do pescoço e da parte superior da coluna torácica,
enquanto o restante da coluna permanece plano ou estendido. A utilização
correta desse comando permite que a cabeça, a coluna e a pelve formem um
“C” com concavidade anterior de maneira homogênea, como na Figura 15:
veja a flexão de toda a coluna no exercício de the neck pull.
Para evitar que, durante a execução dos exercícios, uma porção muito grande
da coluna se mova sem mobilidade (coluna plana), causando movimentos
bruscos, pede-se para o paciente movimentar uma vértebra de cada vez. Esse
comando proporciona a mobilidade de todos os segmentos vertebrais.
O vídeo disponível no link a seguir traz a execução do exercício roll up. Observe o
comando dado pela instrutora de Pilates para fazer o movimento vértebra por vértebra,
encostando uma a uma no equipamento no retorno do movimento, e fletindo uma
a uma na transição do movimento de deitado para sentado.
https://qrgo.page.link/3kSU4
Biomecânica aplicada ao Pilates clínico 21
A maioria dos comandos utilizados tende a fazer uma flexão da coluna vertebral
enquanto a cintura pélvica é inclinada para trás. Entretanto, um comando
exagerado de flexão de coluna pode inclinar exageradamente a pelve para
trás, desalinhando-a. Nesses casos, o objetivo é tentar deixar a pelve o mais
neutra possível durante a execução de exercícios que façam a flexão do tronco
superior, como no chest lift (Figura 17).
Esse comando evita que, ao ficar sentado, o paciente colapse a coluna para
baixo e para frente, empurrando a pelve para trás. Por isso, pede-se, nos
exercícios do Pilates em postura sentada, que paciente imagine uma linha
atrás da sua coluna e eleve-a em direção ao teto, como no exercício do teaser,
mostrado na Figura 18.
22 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Durante a execução dos exercícios, esse comando faz com que a cintura es-
capular se mantenha alinhada, mesmo com os membros superiores e a coluna
sendo movimentada. Com isso, é possível dar estabilidade ao movimento.
Você pode solicitar que o paciente imagine alguém puxando os seus braços e
pernas ao mesmo tempo para longe do seu corpo, enquanto o corpo se mantém
estável. Esse comando pode ser utilizado no exercício swimming, fazendo com
que ele seja executado com o alinhamento perfeito, como ilustra a Figura 19.
https://qrgo.page.link/fek6e
26 Biomecânica aplicada ao Pilates clínico
Leitura recomendada
REVISTA PILATES. A estabilidade e mobilidade nas articulações. 2016. Disponível em: https://
revistaPilates.com.br/a-importancia-da-harmonia-entre-a-estabilidade-e-mobilidade-
-nas-articulacoes/. Acesso em: 14 out. 2019.
Dica do professor
A prática do Pilates na gestação visa primeiramente manter ou garantir um corpo saudável, forte e
equilibrado, que é um requisito para uma gestação saudável. Neste período, é comum o
aparecimento de alterações osteomusculares, como diástases abdominais, lombalgias, dor na região
de sínfise púbica, alterações do assoalho pélvico, etc.
O Pilates pode ser empregado de maneira a prevenir estas alterações e, ainda, auxiliar no
tratamento. Para isso, são utilizados exercícios do repertório do Pilates, mas com alguns cuidados e
precauções visando a segurança e saúde da paciente.
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Exercícios
1) O Pilates é um método utilizado no mundo todo, tanto para prevenção de doenças como
para o tratamento delas. Nos últimos anos, este método passou por inúmeras adaptações,
surgindo vertentes em várias áreas. Dentre elas, tem-se o Pilates clínico. Sobre as
características do Pilates denominado clínico, assinale a alternativa correta:
A) É realizado apenas por profissionais da área da fisioterapia e, por ser clínico, é indicado
apenas para situações em que haja necessidade de tratamento de alguma disfunção
osteomuscular.
B) Pode ser realizado por qualquer profissional da área da saúde, uma vez que se destina ao
atendimento de pessoas saudáveis e também a pacientes com queixa de alguma disfunção.
E) A principal característica do Pilates clínico é o enfoque dos exercícios, que, neste caso,
trabalha o corpo de maneira global e generalizada, sem utilizar-se de adaptações.
2) Na prática diária, o profissional de fisioterapia que atua com o Pilates deve buscar um
alinhamento adequado do paciente, assegurando-se de que todas as estruturas estejam o
mais alinhadas possível. Desse modo, o corpo irá gastar o mínimo de energia para se manter
posicionado, ao contrário do que aconteceria caso o corpo estivesse desalinhado, em que o
gasto energético seria alto e desnecessário.
III. A coluna vertebral deve estar retificada, preconizando que as curvaturas sejam reduzidas.
3) Durante as aulas de Pilates, o profissional pode utilizar comandos muito simples, de modo a
auxiliar o paciente na manutenção do alinhamento durante os exercícios. Esses comandos
são muito práticos e de fácil entendimento do paciente que, ao ouvi-los, buscará realinhar-se
conforme a postura ideal. Sobre o alinhamento, assinale a alternativa correta:
B) O comando de trazer o umbigo em direção à coluna vertebral objetiva evitar que o abdômen
do paciente fique protuso durante a execução dos exercícios.
C) O comando de manter a caixa torácica para baixo e para trás facilita a execução de exercícios
que necessitem de extensão importante de coluna vertebral.
A) Nos exercícios de flexão de tronco, o paciente deve fazer uma flexão da cervical importante,
tentando encostar o queixo do peito.
B) O espaço entre o queixo e o peito é de uma mão fechada, associado a uma anteriorização da
cabeça.
C) Durante os exercícios que façam a flexão de tronco, o paciente deve manter o olhar
direcionado ao teto, de modo a garantir o alinhamento.
D) O espaço adequado entre o queixo e peito é de um limão e deve ser mantido em todos os
exercícios que façam flexão de tronco.
E) Deve-se enfatizar que a curvatura do pescoço (cervical) seja reduzida ao máximo, buscando
uma coluna reta.
II. Preconiza-se no Pilates clínico a atuação maior sobre a estabilidade em comparação com a
mobilidade.
IV. Uma coluna funcional estática necessita de exercícios que garantam maior mobilidade.
V. Uma coluna funcional dinâmica necessita de exercícios que garantam maior estabilidade.
As escolioses são desvios posturais tridimensionais, que causam alterações posturais e, em alguns
casos, dor e limitação nas atividades diárias. O tratamento pode ser feito por meio de inúmeras
modalidades. Dentre elas, o uso do Pilates clínico, que, neste caso, tem como objetivo atuar nos
desequilíbrios existentes e melhorar o padrão dos movimentos do paciente, interferindo
diretamente na sintomatologia.
Benefícios do pilates
A reportagem publicada em 2017 na revista Pilates traz informações acerca do método, incluindo
os benefícios e os princípios de contrologia necessários para um bom desempenho durante a
execução dos exercícios.
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