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TREINAMENTO INTERNACIONAL

DE PRESBÍTEROS E
IRMÃOS RESPONSÁVEIS

Abril de 2008

TEMA GERAL:
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

Living Stream Ministry


Anaheim, California
© 2008 Living Stream Ministry

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Primeira Edição: Maio de 2008

Living Stream Ministry


2431 W. La Palma Avenue
Anaheim, Califórnia 92801

Impresso no Brasil

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CONTEÚDO

Item Página

Prefácio 4

A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA


DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

Mensagem Um: A restauração da unidade todo-inclusiva pelo Senhor 5

Mensagem Dois: Desfrutar Cristo com Deus sobre a base da unidade 13

Mensagem Três: A unidade todo-inclusiva no Salmo 133 (1) — A aplicação ao 23


nosso ser do Deus Triúno processado e consumado

Mensagem Quatro: A unidade todo-inclusiva no Salmo 133 (2) — A graça da vida 30


e a bênção da vida

Mensagem Cinco: A oração do Senhor pela unidade todo-inclusiva em João 17 37

Mensagem Seis: Expressar e produzir a Nova Jerusalém como resposta final e 43


máxima à oração do Senhor em João 17

Mensagem Sete: Guardar a unidade da realidade e chegar à unidade do as- 50


pecto prático

Mensagem Oito: A entidade orgânica quatro-em-um em Efésios 4:4-6 corres- 57


pondem aos candelabros de ouro em Apocalipse 1:20

3
PREFÁCIO

Estes esboços e estas citações foram preparados para o Treinamento Internacional de Presbí-
teros e Irmãos Responsáveis realizado em Anaheim, Califórnia, no período de 4 a 6 de abril de
2008.

4
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sexta-feira — primeira sessão da manhã)

Mensagem Um
A restauração da unidade todo-inclusiva pelo Senhor

Leitura bíblica: Jo 17:11, 21, 23; Dt 12:5-8, 11-14, 18, 21, 26-27; 14:22-23; 16:16

I. A unidade na Bíblia é uma unidade todo-inclusiva para a expressão de Deus


como o mistério da piedade a fim de realizar o desejo de Deus; e a divisão é
uma divisão todo-inclusiva para a expressão de Satanás como o mistério da
iniqüidade a fim de levar a cabo o esquema da conspiração de Satanás — Jo
17:11, 21, 23; 1Tm 3:15-16a; 2Ts 2:3, 7-8; 1Jo 3:4; cf. 2Co 2:10-11:
A. A unidade do Deus Triúno, que é a unidade do Corpo de Cristo, inclui tudo o que
Cristo é para nós na economia de Deus e para ela; a prática dessa unidade, a u-
nanimidade, é a chave mestra para toda bênção no Novo Testamento — Sl 133; Ef
4:1-6a; At 1:14; 1Co 1:9-10; Fp 1:27; 2:2.
B. A divisão de Satanás, que é a divisão da Grande Babilônia, inclui todas as coisas
negativas e é como uma grande árvore profundamente arraigada e firmada na
terra, florescendo em seus ramos, onde se alojam os espíritos malignos de Sata-
nás com as pessoas e coisas malignas motivadas por ele — Mt 13:31-32, 4, 19; Gn
11:1-9; Ap 17:1-6; 18:2; Jo 17:15.
C. O principal sintoma de Satanás e seu mundo é “o maligno” da divisão (Jo 17:15); o
principal atributo do Deus Triúno e de Sua habitação é “a bênção” da unidade (Sl
133:3; cf. Gn 12:2; Gl 3:14).
D. Diariamente temos de sair do “maligno” da divisão e entrar no “Nós” divino, o
Deus Triúno como a bênção da unidade, e temos de permanecer Nele para Sua
expressão corporativa; se tocarmos continuamente a Palavra e permitirmos que o
Espírito nos toque diariamente, seremos santificados saindo de nós mesmos, da
nossa antiga residência, e entrando no Deus Triúno, nossa nova residência — Jo
17:15, 17, 21; 15:5; Ef 5:26.
II. A restauração do Senhor é a restauração da intenção original de Deus de
que o homem seja Sua expressão, Seu testemunho, que é a restauração da
unidade todo-inclusiva do Corpo de Cristo como a unidade ampliada do
Deus Triúno coinerente — Gn 1:26; Is 43:7; Jo 17:11, 21, 23; 2Co 3:8-9, 18—4:1;
Ef 4:4-6, 11-13:
A. O Antigo Testamento fala de nove grandes homens e do tabernáculo e o templo
para a restauração da expressão de Deus, Seu testemunho — Gn 3:15, 20-21; 4:4-
8, 26; 5:22-24; 6:9, 14; 7:7; 12:1-3; 25:5; 26:4; 28:12-14, 16-19; 47:7-23; Êx 40:34-
35; 1Sm 4:3, 21-22; 1Rs 8:1-11, 48.
B. O Novo Testamento fala de um homem singular que era o tabernáculo e o templo
de Deus e da igreja como a ampliação desse homem singular consumando na No-
va Jerusalém como a consumação final e máxima do tabernáculo e do templo para
a restauração da expressão de Deus, Seu testemunho, que é o testemunho de Je-
sus — Jo 1:14; 2:19-22; Ef 2:14-15, 21-22; Cl 3:10-11; 1Co 3:16-17; 2Co 6:16; 1Tm
3:15; Ap 1:2, 9; 19:10; 21:2-3, 22.

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III. Os três itens principais da restauração do Senhor podem ser vistos nos ti-
pos do tabernáculo e do sacerdócio para a expressão de Deus, Seu testemu-
nho:
A. A restauração do Senhor do desfrute de Cristo como tudo para nós, pode ser vista
em todos os aspectos da mobília do tabernáculo e nas ofertas — Jo 1:14, 29; 2:19-
22; 4:24; 14:6; Sl 43:4a; 84:3, 5, 7, 11.
B. A restauração do funcionamento de todos os membros do Corpo de Cristo pelo Se-
nhor pode ser vista em todos os aspectos do serviço sacerdotal — Êx 19:4-6; 28:1-
2; 29:1, 4, 9-10; Lv 8:14-28; 1Pe 2:5, 9; Rm 15:16; Ap 1:6; 22:3.
C. A restauração da unidade do Corpo de Cristo pelo Senhor, que é a unidade no
Deus Triúno, pode ser vista na unidade das tábuas do tabernáculo, no ouro que as
reveste e na travessa que as une — Êx 26:26-30:
1. Somente quando as tábuas (que tipificam os crentes) eram adequadamente
revestidas de ouro (que tipifica o Deus Triúno) é que elas eram aperfeiçoadas
na unidade; a restauração do Senhor consiste em Deus revestir Seu povo res-
taurado Consigo mesmo para Sua expressão, Seu testemunho, Seu edifício,
Sua glória — Jo 17:17, 21, 23; Cl 2:19; Fp 3:8-9.
2. As travessas representam não apenas o Espírito Santo, mas o Espírito Santo
mesclado com nosso espírito humano, o espírito mesclado; somos intrínseca e
organicamente unidos quando nosso espírito coopera com o Espírito que une,
permitindo, assim, que o Espírito nos atravesse como o Espírito que cruza, pa-
ra nos unir a outros crentes — Rm 8:16; 1Co 6:17; Ef 4:1-4a; cf. Mt 16:24.
IV. Na Bíblia há quatro grandes capítulos sobre a unidade todo-inclusiva:
A. Deuteronômio 12 revela o lugar único da escolha de Deus para se guardar a uni-
dade.
B. O Salmo 133 revela a bênção da vida sob a unção do óleo e o regar do orvalho na
base da unidade.
C. João 17 revela a unidade dos crentes incorporada com a unidade do Deus Triúno
para a expressão do Deus Triúno processado e mesclado.
D. Efésios 4 revela a unidade do Corpo de Cristo como o mesclar do Deus Triúno
processado e consumado com os crentes.
V. Deuteronômio 12 revela o desfrute de Cristo com Deus no único lugar da
escolha de Deus para se guardar a unidade todo-inclusiva do povo de Deus
— vv. 5-8, 11-14, 17-18, 21, 26; cf. 1Co 10:6, 11; Rm 15:4:
A. Não era permitido aos filhos de Israel que adorassem a Deus e desfrutassem das
ofertas que eles apresentavam a Deus no lugar que eles escolhessem (Dt 12:8, 13,
17); eles deviam adorar a Deus no lugar da escolha de Deus, o lugar onde estava
Seu nome, Sua habitação e Seu altar (vv. 5-6), levando ali seus dízimos, ofertas e
sacrifícios a Ele (vv. 5, 11, 14, 18, 21, 26-27; 14:22-23; 15:19-20; 16:16).
B. O lugar da escolha exclusiva de Deus para Sua adoração em Deuteronômio 12 re-
presenta nossa reunião na base da localidade para a expressão prática do único
Corpo (simbolizada por Jerusalém) e para a realidade do único Corpo de fato
(simbolizado por Sião em Jerusalém) — Sl 48:2; 50:2; Ap 1:11; 2:7.
C. A revelação no Novo Testamento sobre a adoração a Deus corresponde à revelação
em Deuteronômio 12 nos seguintes aspectos:
1. O povo de Deus deve ser sempre um; não deve haver divisões no seu meio —
Sl 133; Jo 17:11, 21-23; 1Co 1:10; Ef 4:3.
2. O único nome no qual o povo de Deus deve reunir-se é o nome do Senhor Jesus
Cristo, cuja realidade é o Espírito; ser chamado por qualquer outro nome é ser

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denominado, dividido; isso é fornicação espiritual — Mt 18:20; 1Co 1:12; 12:3;
Ap 3:8.
3. No Novo Testamento, a habitação de Deus, Sua morada, está localizada espe-
cificamente em nosso espírito mesclado, nosso espírito humano regenerado e
habitado pelo Espírito divino; em nossa reunião para a adoração a Deus, de-
vemos exercitar nosso espírito e fazer tudo em nosso espírito — Jo 4:21-24;
1Co 14:15.
4. Em nossa adoração a Deus, devemos ter a aplicação genuína da cruz de Cristo,
simbolizada pelo altar, rejeitando a carne, o ego e a vida natural, e adorando
Deus com Cristo e apenas Cristo — Sl 43:4a; Mt 16:24; Gl 2:20.
5. O lugar que Deus escolheu para ser adorado é um lugar cheio do desfrute das
Suas riquezas e cheio de alegria — Dt 12:7, 12, 18; 14:23; Ef 3:8; Fp 4:4; 1Co
14:3, 4b, 26, 31.
VI. Onde quer que estejamos, devemos nos reunir em o nome do Senhor, em
nosso espírito e com a cruz; se todos fizermos isso, todos nos reuniremos no
mesmo lugar, embora nos reunamos em localidades diferentes; esse único
lugar é a base da única unidade — Dt 12:5-6; Jr 32:39:
A. Aparentemente estamos divididos geograficamente, pois nos reunimos em cidades
separadas por todo o mundo sobre a base bíblica da localidade — a prática de se
ter uma igreja para uma cidade, uma cidade com uma igreja — At 8:1; 13:1; Ap
1:11.
B. Na verdade, apesar da separação geográfica, todos nos reunimos no mesmo lugar
— em o nome do Senhor Jesus, em nosso espírito mesclado e com a cruz; essa é a
unidade e essa é a base para a adoração adequada a Deus:
1. Muitos cristãos estão divididos por sua preferência; na restauração do Senhor
não devemos ser por nossa preferência, mas pela presença do Senhor como o
Espírito da realidade, a realidade do Seu nome — Mt 18:20; 1Co 1:10; Êx
33:14.
2. O cumprimento do tipo em Deuteronômio 12 não é uma questão de localização
geográfica, mas do nosso espírito — Jo 4:21-24.
3. Na entrada da igreja há a cruz, e, para nos reunir como a igreja, precisamos
experimentar a cruz para crucificar o ego, aniquilar os “sofismas e toda altivez
que se levante contra o conhecimento de Deus,” e exaltar somente Cristo, de
maneira que Ele seja tudo em todos para a expressão de Deus e o testemunho
singular de Sua unidade todo-inclusiva — Mt 16:24; 1Co 2:2; 2Co 10:3-5; Cl
1:10, 18b; 3:10-11.

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Porções do Ministério:

O CENTRO DE ADORAÇÃO A DEUS


O capítulo doze de Deuteronômio corresponde em pelo menos quatro maneiras à
revelação do Novo Testamento.
Em primeiro lugar, tanto nesse capítulo como no Novo Testamento vemos que o
povo de Deus sempre deve ser um. A fim de preservar a unidade dos filhos de Israel,
Deus não permitiu que cada tribo tivesse seu centro de adoração. Se cada tribo tives-
se o seu próprio centro para adorar a Deus, haveria doze divisões entre o povo de
Deus, pois cada centro seria a base de uma divisão. Em Sua sabedoria, Deus não per-
mitiu que Seu povo tivesse sua própria escolha ou preferência; Ele exigiu que eles
adotassem Sua escolha e fossem três vezes por ano ao único centro de adoração,
mesmo sendo inconveniente para muitos deles viajar para aquele lugar.
O princípio é o mesmo no Novo Testamento. Independentemente de quantos se-
jam, os filhos de Deus, os que crêem em Cristo, devem ser um e devem ter o mesmo
centro para adorar a Deus. Entretanto, a verdadeira situação entre os cristãos hoje é
divisão. Há muitos centros de adoração, e isso têm conduzido a divisões.
As divisões entre o povo de Deus são o resultado de diferentes preferências. Muitos
preferem ter sua própria maneira em lugar de ter a maneira de Deus. Sempre que os
crentes tiverem sua própria maneira e sua própria preferência, haverá divisão. Todas
as denominações são segundo as preferências do homem. A situação na restauração
do Senhor é completamente diferente. A restauração do Senhor é uma questão de vol-
tar à maneira de Deus segundo a preferência de Deus.
Em segundo lugar, tanto em Deuteronômio 12 como no Novo Testamento, a ma-
neira de Deus preservar a unidade de Seu povo é ter um lugar com o Seu nome, o ú-
nico nome. O nome no qual nos reunimos para adorar a Deus é uma questão de gran-
de importância. Nunca devemos achar que seja algo insignificante. Hoje os cristãos
deveriam se reunir em apenas um nome, o nome do Senhor Jesus (Mt 18:20). Entre-
tanto, os cristãos estão acostumados a se reunir em outros nomes, tais como Batista,
Presbiteriano, Episcopal, Luterano e Metodista. Reunir-se nesses diferentes nomes é
estar dividido, porque esses nomes são base para divisões.
Segundo o tipo em Deuteronômio 12, é uma questão muito séria reunir-se em
qualquer outro nome que não seja o nome singular do Senhor. Ter outros nomes para
nossa adoração é uma abominação; é fornicação espiritual. Somos o complemento de
Cristo, Sua esposa. Uma vez que somos Seu complemento, não devemos ter nenhum
outro nome além do Seu nome. Tomar outro nome é tomar outra pessoa. Assim como
uma esposa deve ter o nome de seu marido, não o nome de outro homem, também
nós, os crentes em Cristo, devemos ter somente Seu nome e nenhum outro. Isso signi-
fica que não devemos ter nomes denominacionais, como Batista ou Presbiteriano. An-
tes, como a igreja em Filadélfia, não devemos negar o nome do Senhor (Ap 3:8); isto é,
devemos abandonar todos os outros nomes além do nome do Senhor Jesus Cristo. Ao
invés de designar a nós mesmos por qualquer outro título ou nome, devemos sim-
plesmente nos reunir no nome do Senhor.

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Em terceiro lugar, tanto Deuteronômio 12 como o Novo Testamento revelam que o
lugar escolhido por Deus para O adorarmos é o lugar da Sua habitação. Onde é a ha-
bitação de Deus hoje? Conforme Efésios 2:22, a habitação de Deus, o lugar onde Ele
mora, é no nosso espírito. Sim, como igreja, devemos reunir-nos em nome de Cristo,
mas também precisamos estar exercitados em nosso espírito. Se nos reunirmos sob o
nome do Senhor, mas, em vez de exercitarmos nosso espírito, permanecermos na
mente natural, ou, pior ainda, na carne, não estaremos na habitação de Deus. Ao nos
reunirmos para adorar a Deus por meio de desfrutar Cristo, devemos nos reunir no
nome de Cristo e devemos estar no espírito. De outra forma, perderemos a base ade-
quada da igreja.
Em relação às nossas reuniões para adorar a Deus, todos precisamos aprender
dois itens cruciais. Primeiramente, temos de aprender a rejeitar qualquer outro nome
além do nome do Senhor e nos reunirmos em Seu nome. Em segundo lugar, temos de
aprender a rejeitar a carne, o ego e a vida natural, e aprender a exercitar nosso espí-
rito. Em todas as coisas relacionadas com a adoração a Deus, precisamos exercitar
nosso espírito. Sempre que cantamos, devemos cantar com o nosso espírito. Sempre
que louvamos, devemos louvar com o nosso espírito. Sempre que falamos, devemos fa-
lar com o nosso espírito. Se fizermos isso, a reunião será na habitação de Deus.
Em quarto lugar, em Deuteronômio 12 e no Novo Testamento temos o altar, a
cruz. Juntamente com o nome e a habitação, devemos ter o altar, que representa a
cruz. As palavras de Paulo em 1 Coríntios 2:2 mostram a importância disso: “Porque
decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” O Cristo crucifi-
cado era o único assunto, o centro, o conteúdo e a substância do ministério de Paulo.
À entrada da igreja encontra-se a cruz, e todos os que quiserem entrar na igreja
devem experimentar a cruz e ser crucificados. Experimentar a cruz é ser colocado de
lado, ser anulado, ser reduzido a nada. Na igreja deve haver somente Cristo, não nós.
Onde devemos estar? Devemos estar na cruz. Isso significa que não devemos trazer
nada do velho homem, nada da carne, do ego ou da vida natural para a igreja. Quan-
do estamos na cruz, estamos verdadeiramente no espírito.
Enquanto estamos nos preparando para ir à reunião, podemos orar: “Senhor, se eu
ainda tiver algo relacionado com a carne, o ego e a vida natural, Te peço que me per-
does e elimines essas coisas. Senhor, preciso ser eliminado e então ungido Contigo
mesmo.” Se todos forem às reuniões dessa maneira, nos reuniremos no nome de Cris-
to, nos reuniremos na habitação de Deus e nos reuniremos sob a aplicação da cruz.
Nossas reuniões para adorar a Deus devem ser em nome do Senhor Jesus Cristo,
em nosso espírito como o lugar de habitação de Deus e no lugar onde está a cruz. Não
exaltamos uma cruz física, mas temos a prática de aplicar a cruz ao nosso ser. Por-
tanto, temos o nome do Senhor Jesus, temos a habitação de Deus e temos a cruz. Se
tivermos o nome, a habitação e a cruz, não haverá divisões entre nós. Independente
de quantos crentes há em sua cidade e independente de quantos locais de reuniões,
todos seremos um — um no mesmo nome, um na mesma habitação e um sob a mes-
ma cruz.
TOMAR A ESCOLHA DE DEUS
A repetição da lei em Deuteronômio 5:1—11:32 é algo geral, mas em 12:1-32 é
muito definida. Esse capítulo enfatiza a exigência de tomarmos a escolha de Deus na

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questão do centro de adoração. Muitas vezes é-nos dito para ir ao “lugar que o Se-
nhor, vosso Deus escolher” (vv. 5, 11, 14, 18, 21, 26). Não deveríamos ter nenhuma
preferência, mas tomar a escolha de Deus, a qual é a base única, o lugar adequado
para adoração a Deus.

PRESERVAR A UNIDADE DO POVO DE DEUS


Por que Moisés, no capítulo doze, foi tão preciso acerca da exigência para vir ao lu-
gar da escolha de Deus? Moisés foi acurado nessa questão, pois estava relacionado
em preservar a unidade do povo de Deus. Se não houvesse tal base definida para ado-
ração a Deus, os filhos de Israel seriam divididos. Suponha que cada uma das doze
tribos tivesse a liberdade para escolher um lugar de adoração. Cada tribo, certamente
teria escolhido um lugar dentro do seu território e, espontaneamente, teriam doze di-
visões. Por essa razão os filhos de Israel foram estritamente proibidos de fazer a sua
própria escolha com respeito ao lugar de adoração a Deus. Moisés lhes disse continu-
amente que teriam que vir ao lugar que Deus escolheu e adorá-Lo nesse lugar. “Mas
buscareis o lugar que o SENHOR, vosso Deus, escolher de todas as vossas tribos, para
ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis. A esse lugar fareis chegar os vos-
sos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta das vossas
mãos, e as ofertas votivas, e as ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas va-
cas e das vossas ovelhas” (vv. 5-6).
Os filhos de Israel tinham que vir ao lugar que Deus escolhera, mesmo que, para
as muitas tribos, a viagem fosse longa e difícil. Os israelitas tinham que vir com suas
famílias, três vezes ao ano ao lugar da escolha de Deus. Além disso, tinham que tra-
zer o seu dízimo e ofertas, incluindo a criação (os animais). De acordo com o registro
do Antigo Testamento, a unidade entre os filhos de Israel foi preservada pela ação de
vir ao centro de adoração escolhido por Deus.
Esse preservar da unidade é falado no Salmo 133. Esse salmo é uma das canções
de ascensão (Sl 120—134), cantadas pelos filhos de Israel quando subiam ao monte
Sião para adorar a Deus. Quando estavam subindo, cantavam: “Oh! Como é bom e
agradável viverem unidos os irmãos!” (133:1) Essa unidade é comparada ao “óleo pre-
cioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola
de suas vestes” (v. 2). E é também comparada ao “orvalho de Hermom” que “desce so-
bre os montes de Sião” (v. 3). No Salmo 133, temos uma bela imagem da unidade do
povo de Deus, eles a preservaram ao vir adorar a Deus no lugar da Sua escolha.

A HABITAÇÃO DE DEUS EM NOSSO ESPÍRITO


No tipo de Deuteronômio 12, os filhos de Israel foram ordenados ir a um lugar ge-
ográfico em específico. No Antigo Testamento, isso significa que a base escolhida era
um local físico real. Quando alguns ouvem isso, podem perguntar: “Como aplicamos
esse tipo à nossa situação hoje? Todos os crentes devem se reunir em certo lugar três
vezes ao ano?” Ao responder essas questões, precisamos perceber que o cumprimento
do tipo de Deuteronômio 12 não é uma questão de lugar geográfico — é uma questão
do nosso espírito. Isso é provado ao colocarmos Efésios 2:22 e João 4:21-23 juntos.
Paulo diz em Efésios 2:22 que “também vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito.” O Senhor Jesus, em João 4, respondeu à pergunta da

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mulher samaritana com respeito ao lugar apropriado para adorar a Deus. Ele disse:
“A hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Vem a
hora, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito...” (vv.
21, 23). Isso mostra claramente que a base apropriada para nossa adoração, hoje, é o
nosso espírito. A habitação de Deus, o seu lugar de morada, é o nosso espírito. Con-
tanto que estejamos no nosso espírito, estamos no lugar certo para adoração a Deus.

REUNINDO NO NOME DO SENHOR JESUS,


EM NOSSO ESPÍRITO, E POR MEIO DA CRUZ
Alguns podem inquirir por que enfatizamos a igreja local, uma vez que o lugar de
adoração a Deus é o nosso espírito. Por conveniência e praticidade, nos reunimos nas
diferentes cidades onde vivemos. Já que nos reunimos em cidades diferentes em todo
o mundo, estamos aparentemente divididos pela geografia. Na verdade, permanece-
mos na unidade e não nos dividimos, não importa onde estejamos, nos reunimos no
nome do Senhor, no espírito e por meio da cruz. Por isso, não importa onde estejamos,
todos reunimos no mesmo lugar.
Recentemente, em uma reunião de oração da igreja em Anaheim, havia diversos
santos de países diferentes. Poderíamos dizer que tínhamos uma reunião internacio-
nal de oração. Ninguém deu uma palavra sobre qual seria o assunto da nossa oração
ou como deveríamos orar. Contudo, oramos em unanimidade. Apesar da diferença ge-
ográfica, pudemos ser um de tal maneira, pois, todos nos reunimos no mesmo lugar
— no nome do Senhor, em nosso espírito, e por meio da cruz.
Hoje a situação é bem diferente entre muitos cristãos. Eles não se reúnem na uni-
dade, mas em denominações diferentes. Mesmo que cristãos de diferentes denomina-
ções se reúnam, eles têm dificuldade de orar juntos. Cada um pode orar no seu tom
denominacional. Se os crentes em Cristo quiserem ser um, devem desistir de todas as
coisas das denominações e simplesmente reunirem-se no nome do Senhor Jesus, no
espírito e por meio da cruz. Essa é a unidade e é a base apropriada para adoração a
Deus.
Muitos cristãos estão divididos por suas preferências. Mesmo que vivam na mesma
cidade, se negam a ficar juntos, pois querem ter suas próprias preferências. Na res-
tauração do Senhor, não nos importamos com as nossas preferências, mas com a pre-
sença do Senhor. Em Mateus 18:20 o Senhor disse: “Porque onde estiverem dois ou
três reunidos em Meu nome, ali estou no meio deles.” Onde quer que estejamos, seja
em Anaheim ou em Taipei, em Londres ou em Tóquio, devemos estar reunidos no
nome do Senhor, e devemos reunir-nos em nosso espírito e por meio da cruz. Se todos
fizermos isso, todos nos reuniremos no mesmo lugar, apesar de nos reunirmos em lo-
calidades diferentes. Esse único lugar é a base da nossa única unidade.

Na restauração do Senhor temos um nome e um Espírito. Todos nos reunimos no


nome do Senhor Jesus Cristo, e todos nos reunimos no espírito mesclado — no espíri-
to humano regenerado que é habitado pelo Espírito Santo. Ajuntamo-nos nesse espí-
rito, não em nosso conceito, desejo, preferência ou escolha. Além disso, em nossa reu-
nião, não devemos deixar a cruz, que é prefigurada pelo altar defronte do tabernácu-
lo. À entrada da igreja há a cruz, e para nos reunir como igreja precisamos experi-
mentar a cruz. A carne, o ego e o homem natural não podem estar na igreja; eles pre-

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cisam ser crucificados. Portanto, reunimo-nos no nome do Senhor Jesus, no espírito
mesclado e por meio da cruz. Esse é o lugar em que nos reunimos, e ali temos a uni-
dade a qual nos esforçamos por guardar no único nome do Senhor. (Life-study of Deu-
teronomy, pp. 73-80)

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A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sexta-feira — segunda sessão da manhã)

Mensagem Dois
Desfrutar Cristo com Deus sobre a base da unidade

Leitura bíblica: Dt 12:5, 8, 11, 13-14, 17-18, 21, 26-27; Sl 48:2, 11-12; 80:17-19

I. A base única de Jerusalém, o lugar onde o templo como habitação de Deus


foi construído sobre o Monte Sião, tipifica a única base escolhida por Deus,
a base da unidade — Dt 12:5; 2Cr 6:5-6; Ed 1:2-3:
A. Antigamente, todos os israelitas reuniam-se três vezes ao ano em Jerusalém; era
por meio desse único lugar de adoração a Deus, Jerusalém, que a unidade do Seu
povo foi guardada durante gerações — Dt 12:5; 16:16.
B. No Novo Testamento, a base adequada da unidade ordenada por Deus é a base
única de uma igreja para uma localidade — Ap 1:11:
1. A igreja é constituída pelo Deus universal, mas ela existe na terra em muitas
localidades; em natureza, a igreja é universal em Deus, mas na prática, a igre-
ja é local em um lugar definido, tal como “a igreja de Deus que está em Corin-
to” — 1Co 1:2:
a. “A igreja de Deus” significa que a igreja não apenas pertence a Deus, mas
que ela tem Deus como sua natureza e essência, as quais são divinas, ge-
rais, universais e eternas — v. 2a.
b. A igreja “que está em Corinto” refere-se à igreja em uma cidade, estando
em uma localidade definida e tomando-a como sua posição, base e jurisdi-
ção para sua gestão em assuntos administrativos, que é algo físico, parti-
cular, local e temporal — v. 2b.
2. Sem o aspecto universal, a igreja não tem conteúdo; sem o aspecto local, é im-
possível que a igreja tenha qualquer expressão e prática; o registro do estabe-
lecimento da igreja em sua localidade é consistente por todo o Novo Testamen-
to — At 8:1; 13:1; 14:23; Rm 16:1; 1Co 1:2; 2Co 8:1; Gl 1:2; Ap 1:4, 11.
II. A vida da igreja na base da unidade é a Jerusalém de hoje; na vida da igreja
deve haver um grupo de vencedores e esses vencedores são o Sião de hoje —
Sl 48:2, 11-12:
A. Como o destaque e a beleza de Jerusalém, a cidade santa, Sião tipifica os vence-
dores como o pico elevado, centro, exaltação, fortalecimento, enriquecimento, be-
leza e realidade da igreja — 20:2; 53:6a; 87:2.
B. Os vencedores, como Sião, são a realidade do Corpo de Cristo e consumam a edifi-
cação do Corpo nas igrejas locais para introduzir a cidade santa consumada, a
Nova Jerusalém, o Santo dos Santos como habitação de Deus na eternidade — Ap
21:1-3, 16, 22.
C. A vida da igreja é o lugar correto para você ser um vencedor, mas isso não signifi-
ca que, uma vez que você esteja na vida da igreja, você é um vencedor; estar na
vida da igreja é uma coisa, mas ser um vencedor é outra coisa — Ap 2:7, 11, 17,
26-28; 3:5, 12, 20-21.
III. Para ser os vencedores de hoje, devemos desfrutar Cristo com Deus na base
da unidade para a exibição de Cristo, a edificação da igreja e a preparação
da Noiva de Cristo — Mt 16:18; Ap 19:7:

13
A. Os filhos de Israel podiam desfrutar os ricos produtos da boa terra de duas ma-
neiras:
1. A maneira comum, particular, era desfrutá-la como uma porção comum a
qualquer tempo, em qualquer lugar e com qualquer um — Dt 12:15.
2. A maneira especial, corporativa, era desfrutar a melhor porção, as primícias e
os primogênitos dos animais, com todos os israelitas nas festas estabelecidas e
no único lugar escolhido por Deus — vv. 5, 8, 11, 13-14, 17-18, 21, 26-27;
14:22-23; 15:19-20; 16:16-17.
B. Igualmente, o desfrute de Cristo por Seus crentes tem dois aspectos:
1. O aspecto comum, particular, é desfrutar Cristo como nossa porção dada por
Deus a todo tempo e em todo lugar — Cl 1:12; 1Co 1:2, 9; Ef 6:18; 1Ts 5:16-18;
Rm 10:12-13.
2. O aspecto especial, corporativo, é desfrutar a melhor porção de Cristo nas re-
uniões da vida adequada da igreja na base única da unidade, o lugar escolhido
por Deus — 1Co 14:3, 4b, 26, 31.
C. Precisamos viver uma vida de laborar em Cristo, uma vida de desfrutar Cristo
pessoalmente de maneira que possamos desfrutá-Lo coletivamente para a edifica-
ção do Corpo de Cristo como a casa de Deus para a expressão de Deus e como o
reino de Deus para o domínio de Deus — 1Co 3:17; 1Tm 3:15; Rm 14:17-18:
1. A vontade de Deus é que desfrutemos Cristo; devemos buscar desfrutar Cristo
e experienciá-Lo em toda situação — Hb 10:5-10; Fp 3:7-14; 4:5-8.
2. Cristo é imensuravelmente rico, mas a igreja hoje está rastejando na pobreza
porque os filhos do Senhor são indolentes — Pv 6:6-11; 24:30-34; 26:14; Mt
25:26, 30; 1Co 15:58.
3. Devemos laborar em Cristo, nossa boa terra, para que possamos colher algum
produto de Suas riquezas, trazê-los para a reunião da igreja e oferecer; assim,
a reunião será uma exibição de Cristo em Suas riquezas e será um desfrute
mútuo de Cristo compartilhado por todos os presentes diante de Deus e com
Deus para a edificação dos santos e da igreja — Cl 2:6-7; 1Co 1:9; 14:3, 31.
4. Sempre que viermos às reuniões para adorar o Senhor, não devemos vir com
as mãos vazias; devemos vir com as mãos cheias do produto de Cristo — v. 26;
Dt 16:15-17.
5. Reunimo-nos para ter uma exibição do Cristo sobre o qual laboramos, o Cristo
que desfrutamos e experimentamos — 14:22-23.
IV. Para ser os vencedores de hoje, devemos manter a base da unidade, a única
escolha de Deus, sem elevar coisa alguma além de Cristo; na restauração do
Senhor elevamos Cristo e somente Cristo — Cl 1:18b; Ap 2:4; 2Co 4:5; 10:5:
A. Antes que os filhos de Israel pudessem ter o desfrute pleno das riquezas da boa
terra, eles tinham de destruir totalmente os lugares de adoração dos pagãos, os
ídolos e os nomes dos ídolos “sobre as altas montanhas, sobre os outeiros e debai-
xo de toda árvore frondosa”; as altas montanhas e os outeiros significam a exalta-
ção de algo além de Cristo, e as árvores frondosas significam coisas que são boni-
tas e atraentes — Dt 12:1-3, 5; 1Rs 11:7-8; 12:26-31; Nm 33:52.
B. A razão intrínseca para a desolação e degradação do povo de Deus é que Cristo
não é exaltado por eles; eles não Lhe dão a preeminência, o primeiro lugar, em to-
das as coisas — Sl 80:1, 3, 7, 15-19; 74:1.
C. A maneira de ser restaurado da desolação é exaltar Cristo; o desfrute de Cristo
com Deus sobre a base da unidade somente pode ser mantido e preservado quan-
do Cristo é adequadamente apreciado e exaltado pelo povo de Deus.

14
Porções do Ministério:

LABORAR EM CRISTO

Qual é então a vida que precisamos para desfrutar da boa terra? Antes de tudo é
uma vida de laborar sobre Cristo. É uma vida de fazer Cristo nossa indústria.
Hoje se fala muito sobre indústria. As pessoas estudam muitos temas para a in-
dústria, entram em negócios para a indústria e cidades são projetadas para a indús-
tria. Praticamente tudo hoje é para a indústria. As nações até mesmo estão compe-
tindo entre si na questão do crescimento industrial. Há muitos tipos de indústrias no
mundo, mas nós que somos o povo do Senhor, vivendo no Cristo todo-inclusivo, deve-
ríamos ter uma indústria — Cristo. Cristo é a nossa indústria. Devemos laborar Nele.

Muitos hoje são estudantes de ciência ou engenharia. Diariamente eles estão apro-
fundando-se nessas questões e trabalhando nelas. Gastam muitas horas de árduo es-
tudo, experimentação e até mesmo práticas nesses campos. Mas, digam-me, como um
cristão, nascido de Deus, iluminado pelo Espírito Santo e diariamente fortalecido pelo
poder de ressurreição em seu homem interior, no que você está trabalhando? Em ou-
tras palavras, qual é o seu negócio?
Aonde quer que vá, não gosto de dizer às pessoas que sou um pregador. Isso pode
parecer estranho, mas me sinto envergonhado em fazer-me conhecido de tal maneira.
E não gosto de deixar as pessoas saberem que eu sou um assim chamado ministro. É
realmente difícil para eu dizer às pessoas o meu negócio. Muitas vezes, quando viajo
de avião ou de trem, alguém senta a meu lado e me pergunta a respeito de minha o-
cupação. Algumas vezes surpreendo-os replicando: “Estou trabalhando em Cristo!
Cristo é o meu trabalho!” Quando me perguntam em que firma trabalho, algumas ve-
zes respondo: “Minha firma é a Empresa Cristo!” Então, geralmente perguntam o que
quero dizer por “Empresa Cristo”. Apenas posso dizer-lhes que diariamente estou
trabalhando em Cristo e o próprio Cristo é o meu negócio.
Vocês que são estudantes devem compreender e experimentar, mesmo enquanto
estudam, que estão trabalhando em Cristo. Cristo é a sua indústria. Vocês, que são
motoristas de caminhão, devem perceber que dirigir caminhão não é sua verdadeira
ocupação; seu verdadeiro negócio é Cristo; vocês devem trabalhar Nele continuamen-
te. Vocês, que são donas de casa, devem saber que seu verdadeiro trabalho não é cui-
dar de seu lar e de sua família, mas é Cristo! Vocês estão trabalhando todo o tempo
em Cristo? Estão buscando desfrutá-Lo e experimentá-Lo em toda situação?
A vida após a posse da boa terra é uma vida de laborar em Cristo. É uma vida de
fazer Cristo a nossa indústria e produzi-Lo em massa. Estamos trabalhando para a
“Empresa Cristo”, e diariamente estamos produzindo Cristo. Muitos fazendeiros são
cultivadores e produtores de frutos. Somos cultivadores e produtores de Cristo. Es-
tamos trabalhando, diligentemente, dia e noite na fazenda de Cristo. Contudo, traba-
lhamos alegremente, e nosso trabalho é um verdadeiro descanso para nós.
Considere o povo de Israel, após ocuparem a boa terra e todos seus inimigos serem
subjugados. Que fizeram? Simplesmente laboraram na terra. Lavraram o solo, seme-
aram a semente, regaram as plantas, cultivaram as videiras e podaram as árvores.
Todas essas foram tarefas necessárias para o desfrute daquele pedaço de terra. Esse

15
é um quadro de como devemos diligentemente trabalhar em Cristo para que possa-
mos desfrutar Suas riquezas todo-inclusivas. Esse é nosso empreendimento. Cristo é
nossa indústria. Devemos trabalhar em Cristo para produzir Suas riquezas. Vimos
quão rica é a boa terra em muitos aspectos, mas sem laborar nela, como suas rique-
zas poderiam ser geradas e abundantemente produzidas? Ter esse Cristo rico é uma
coisa, mas laborar continuamente Nele é outra.
Como está o cristianismo hoje? É rico, ou é pobre? Devemos confessar que real-
mente é pobre. Cristo é insondavelmente rico, mas hoje a igreja está arrastando-se na
pobreza. Por quê? Porque os filhos do Senhor hoje são indolentes. Não querem esfor-
çar-se para trabalhar em Cristo. Leiam os provérbios escritos por aquele homem sá-
bio, o rei Salomão. “Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco pa-
ra encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão”
(Pv 6:10-11). Como a América hoje é tão rica? Deus realmente deu à América uma
terra muitíssimo rica. Mas essa não é toda a história. Muitos americanos têm traba-
lhado diligentemente sobre esta terra para produzir suas riquezas, para gerar sua
abundante riqueza. Devemos trabalhar, não podemos ser preguiçosos. E quanto à
maioria dos cristãos hoje? Estão demasiadamente ocupados com suas indústrias
mundanas, e demasiadamente preguiçosos para trabalhar sobre Cristo.
Devemos lavrar nosso solo espiritual, semear a semente espiritual, regar as plan-
tas espirituais — todo o tempo. Não podemos contar com outros para fazer isso para
nós, devemos nós mesmos fazê-lo, ou nunca será feito. Irmãs, vocês oraram-leram a
Palavra esta manhã? Irmãos, quantas vezes vocês contataram o Senhor hoje? Essa é
a situação. Não cultivamos Cristo. Temos uma terra muito rica, mas não trabalha-
mos nela, por isso não há nenhum produto. Somos realmente ricos em recursos, mas
pobres em produção.
O Senhor disse ao Seu povo que se reunissem para adorá-Lo pelo menos três vezes
ao ano: na época da páscoa, na época de Pentecostes e na festa dos tabernáculos. E
disse-lhes que sempre que se reunissem, de maneira nenhuma deveriam vir com suas
mãos vazias. Deveriam trazer algo em suas mãos para Ele, algo da produção da boa
terra. Se fossem preguiçosos e não trabalhassem na terra, não só não estariam aptos
para trazer alguma coisa para o Senhor, mas não teriam nada para satisfazê-los; es-
tariam famintos.
Irmãos, devemos perceber que sempre que vamos às reuniões, sempre que vamos
adorar o Senhor, não deveríamos ir com nossas mãos vazias. Devemos ir com nossas
mãos cheias do produto de Cristo. Temos de laborar em Cristo diariamente para que
O produzamos numa produção em massa. Precisamos mais do que apenas um pouco
de Cristo para satisfazer nossas próprias necessidades. Devemos produzi-Lo o sufici-
ente para que assim haja um restante extra para os outros, para o pobre e para o ne-
cessitado: “Livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o
pobre na tua terra” (Dt 15:11). Deve haver um excedente para satisfazer as necessi-
dades dos sacerdotes e dos levitas: “Será este, pois, o direito devido aos sacerdotes, da
parte do povo, dos que oferecerem sacrifício, seja gado ou rebanho: que darão ao sa-
cerdote. (...) Dar-lhe-ás as primícias do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite e as
primícias da tosquia das tuas ovelhas” (Dt 18:3-4). E acima de tudo, o melhor do ex-
cedente deve ser reservado para o Senhor: “Então, haverá um lugar que escolherá o
SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar fareis chegar tu-

16
do o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos,
e a oferta das vossas mãos, e toda escolha dos vossos votos feitos ao SENHOR” (Dt
12:11). Quando ceifavam o campo, deviam reservar as primícias para o Senhor.
Quando o gado fosse gerado, o primogênito era para o Senhor. Devemos laborar dili-
gentemente, não só produzir o suficiente para satisfazer nossas próprias necessida-
des, mas também adquirir um excedente para satisfazer as necessidades de outros,
com o melhor reservado para o Senhor. Então seremos aceitáveis ao Senhor e Ele se-
rá satisfeito conosco.
Essa é a vida na boa terra. É uma vida na qual continuamente laboramos em Cris-
to, onde estamos produzindo-O em massa. Estamos colhendo tanto de Cristo que es-
tamos plenamente satisfeitos e, além disso, temos um excedente para compartilhar
com os outros e adorar a Deus. Adorar a Deus com Cristo não significa adorá-Lo indi-
vidualmente, mas adorá-Lo coletivamente com todos os filhos de Deus desfrutando
Cristo uns com os outros e com Deus. Quando vêm, vocês trazem algo de Cristo.
Quando ele vem, ele traz algo de Cristo. Cada um traz uma porção de Cristo do seu
labor Nele, e há um desfrute rico de Cristo não apenas por todos os santos, mas prin-
cipalmente por Deus, a quem o melhor é oferecido.

COMO LABORAR EM CRISTO


Vimos rapidamente nossa necessidade de trabalhar em Cristo e de fazê-Lo nossa
indústria. Creio que temos clareza com respeito a essa questão, mas temo que isso
possa ser meramente uma doutrina para muitos. Como podemos aplicar isso de uma
maneira prática? Que devemos fazer para trabalhar em Cristo diariamente?
Deixem-me ilustrar: Toda manhã vocês precisam orar: “Senhor, consagro-me uma
vez mais a Ti, não para trabalhar por Ti, mas para Te desfrutar.” Vocês devem con-
sagrar-se sinceramente ao Senhor pelo simples propósito de desfrutá-Lo e experimen-
tá-Lo — nada mais. Desde o momento em que acordam de manhã precisam dizer:
“Senhor, aqui estou. Dou a mim mesmo para Te desfrutar. Concede-me durante todo
o dia, deste momento em diante, experimentar-Te e aplicar-Te em cada situação. Não
estou pedindo por nada de amanhã. Estou pedindo graça para Te desfrutar hoje.
Mostra-me como lavrar o solo, semear a semente e regar as plantas do Senhor.” Mo-
mento após momento, por todo o dia manterão sua comunhão com o Senhor. Viverão
no Senhor de modo prático, laborando Nele, aplicando-O e desfrutando-O. Se fizerem
isso, considerem quão frutífera e bonita sua “fazenda” será. A fazenda de Cristo em
sua vida diária estará cheia de produtos. Quando chega o Dia do Senhor e vão adorar
o Senhor com os santos, vocês estarão aptos a dizer: “Estou indo agora ver o meu
Deus; estou indo adorar o meu Senhor. Não vou com mãos vazias, mas com as mãos
cheias de Cristo. Tenho um excedente, e na minha mão direita está a melhor parte
reservada para o meu querido Senhor.” Quando chega à reunião, um irmão pode a-
proximar-se dizendo: “Tenho certo problema. Poderia ajudar-me?” Podem ter uma
pequena comunhão com ele e transmitir algo de seu excedente de Cristo. Podem dar-
lhe um pouco do produto do Cristo no qual estão laborando, o Cristo que desfrutam
dia a dia. Vocês estão abundantemente satisfeitos com Ele e têm algo a mais para
compartilhar com os irmãos e irmãs. Quando a reunião começa, estão bem prepara-
dos para oferecer, de sua reserva, suas orações e louvores ao Senhor. Esse é o melhor
de seu excedente, e com os santos, alegremente, vocês o dão ao Senhor para Seu des-

17
frute e satisfação. Colheram o suficiente de Cristo para si mesmos, para os necessita-
dos e para o Senhor. Além disso guardaram uma porção considerável que lhes será
útil nos dias vindouros.
Se somos ricos de Cristo, necessariamente devemos ser ricos de trabalho, ricos na
indústria. Em Cristo não podemos ser preguiçosos. Devemos deixar Deus desfrutar
Cristo conosco e ao mesmo tempo com os outros. Se fizerem isso, se eu fizer, e todos
nós fizermos, que maravilhosas serão as reuniões quando nos reunirmos para adorar
o Senhor! Eu compartilharei com vocês e vocês comigo. Vocês me darão algo do Se-
nhor, e eu lhes darei algo em troca. Haverá todo tipo de compartilhar e desfrute mú-
tuo. E o Senhor terá Sua porção plena.

EXIBIR CRISTO
Hoje no mundo há muitas feiras e exposições. Algumas vezes pessoas de certas á-
reas e distritos e, às vezes, pessoas do mundo inteiro trazem seus produtos para exi-
bição. É exatamente isso que estamos fazendo quando nos reunimos para adorar a
Deus. Reunimo-nos para uma exibição de Cristo, não apenas do Cristo que Deus nos
deu, mas do Cristo que produzimos, do Cristo em quem temos laborado e que temos
experimentado. Esse é o Cristo que exibimos quando nos reunimos. Irmãos, assim
devem ser todas as nossas reuniões — uma exibição, uma exposição, onde é mostrada
toda sorte de produtos de Cristo.
Considerem novamente o povo de Israel. Na época da festa dos tabernáculos, mui-
tas pessoas de toda a terra ajuntavam-se ao seu centro, Jerusalém. Todos traziam
consigo alguns de seus produtos — alguns frutos, vegetais, gado e muitas outras coi-
sas. Se pudéssemos estar lá nessa época e testemunhar o acontecimento, ficaríamos
maravilhados com as riquezas da terra. Contemplaríamos a abundância dos produtos
colhidos aqui e ali — bonitos, maduros e de várias cores — com as ovelhas e o gado
nas mãos de todos. Tudo era colocado junto e mutuamente desfrutado na presença de
Jeová, tendo Deus também Sua própria porção.
Irmãos, a vida da Igreja é simplesmente isto. Todos os santos desfrutando Cristo
diante de Deus e mutuamente com Deus. Eles estão desfrutando o Cristo que produ-
zem. Diariamente estão trabalhando em Cristo; produzindo Cristo. Então, no dia in-
dicado pelo Senhor eles se reúnem. Não só com suas mãos cheias, mas até mesmo so-
bre seus ombros, figurativamente falando, estão carregando Cristo. Regozijam-se na
abundância de sua colheita e em todas as riquezas que ceifaram dessa “boa terra” em
que vivem. Eles não vêm de mãos vazias, com faces enrugadas e sem sorriso. Não
dormem nos bancos enquanto um pobre ministro ocupa o púlpito. Quão miserável é
esse tipo de situação! Certamente essa não é a adoração do povo do Senhor. A adora-
ção de Seu povo é quando cada um está cheio de Cristo, radiante com Cristo e exibin-
do o Cristo em quem laboraram e que produziram. Um irmão poderia dizer: “Aqui es-
tá o Cristo que hoje laborei e produzi. Ele é tão rico e abundante para mim neste e
naquele aspecto.” Uma irmã poderia testificar: “Louvado seja o Senhor, experimentei
a própria paciência e bondade de Cristo em minha difícil situação no lar. Ele é tão do-
ce e real para mim desta maneira.” Esse é seu produto de Cristo. Cada um exibe o
Cristo que colheu. Que adoração a Deus, que edificação para os santos e que vergo-
nha para o inimigo! Esse tipo de reunião é uma grande perturbação para os principa-

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dos e poderes nos lugares celestiais. As forças malignas contemplando-as são expos-
tas à vergonha, pois Cristo é tal Cristo. Irmãos, vocês têm reuniões assim em sua lo-
calidade?
Temo que hoje o inimigo esteja rindo e as forças do mal nas regiões celestes este-
jam zombando das nossas reuniões cristãs. Mas podemos virar a mesa sobre eles por
meio de desfrutar o Cristo todo-inclusivo, de laborar diligentemente Nele, dia após
dia, e de trazermos junto nosso abundante produto de Cristo para compartilhar com
Deus e com todos os santos. Se fizermos isso, o inimigo e suas hostes tremerão de fu-
ror e vergonha.
Essa é a vida depois da posse da boa terra. É uma vida de trabalhar em Cristo,
desfrutá-Lo, compartilhá-Lo com os outros, e oferecê-Lo a Deus para que Ele possa
desfrutá-Lo conosco. Esse tipo de desfrute e compartilhar são uma exibição de Cristo
ao universo inteiro. É uma adoração a Deus e uma vergonha para o inimigo. Sempre,
após tal adoração, nenhum dos filhos do Senhor estará pobre. Todos estarão ricos, sa-
tisfeitos e sairão de “Jerusalém” regozijando. Ao final de tal reunião todos os irmãos e
irmãs estarão rica e abundantemente nutridos. Eles vêm com um excedente, e retor-
nam com um excedente maior. Tudo da vida na terra é Cristo, mas um Cristo rela-
cionado a nós. Não é meramente um Cristo objetivo, mas um Cristo subjetivo. É um
Cristo que é trabalhado por nós, produzido por nós, desfrutado por nós; um Cristo
que é compartilhado com os outros e oferecido a Deus por nós.

DUAS MANEIRAS DE DESFRUTAR CRISTO


De acordo com o livro de Deuteronômio há duas maneiras estabelecidas para des-
frutar Cristo. Uma poderia ser chamada a maneira pessoal, individual, e a outra, a
maneira coletiva. Por exemplo, no que diz respeito ao grão — o trigo e a cevada —,
todo o povo de Israel a qualquer hora e em qualquer lugar podia desfrutá-lo. Essa é
uma maneira de desfrutar o produto da terra. Mas alguns grãos não poderiam ser
desfrutados individualmente e em separado. O dízimo e as primícias do grão junta-
mente com o dízimo e as primícias de toda sua colheita deveriam ser conservados e,
num determinado dia, trazidos aos sacerdotes escolhidos por Deus. Deveriam ser tra-
zidos para o lugar onde estava localizada a habitação de Deus, o lugar onde Ele pôs
Seu nome. Naquele lugar, na presença de Deus, essas coisas eram desfrutadas junto
com todos os filhos de Deus e com o próprio Deus. Essa era a adoração coletiva.
Essas duas maneiras aplicam-se também ao gado. Se desejassem comer da carne
do rebanho ou da manada, poderiam matar os animais em qualquer lugar e desfrutá-
Los. Mas não poderiam comer o primogênito; não poderiam comer o dízimo. Estes de-
veriam ser guardados e levadas ao sacerdote no lugar onde o Senhor colocou o Seu
nome, onde o Senhor fez Sua habitação, e onde os filhos do Senhor se reuniam. Por
um lado, poderiam desfrutar algo das riquezas e plenitude da boa terra em qualquer
lugar. Sempre e onde quer que sentissem necessidade, poderiam fazê-lo. Mas, por ou-
tro lado, havia uma porção em relação à qual não tinham nenhuma escolha e nenhu-
ma liberdade. Deveriam levá-la ao lugar escolhido por Deus para desfrutá-la junta-
mente com Seus filhos. Conseqüentemente, havia estas duas maneiras: a maneira
individual e a coletiva.

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Agora vamos aplicar esses princípios. Nós, como cristãos podemos desfrutar Cristo
a qualquer hora e lugar por nós mesmos. Mas, se quisermos desfrutar Cristo de uma
maneira coletiva com os filhos do Senhor, não temos nenhuma escolha; há apenas um
lugar ao qual podemos ir. Desfrutá-Lo separada e individualmente é permitido em
qualquer lugar — nisto temos ampla liberdade. Mas, se quisermos desfrutar Cristo
com o povo do Senhor como adoração a Deus, devemos ir ao lugar exato escolhido por
Deus. Essa é uma questão extremamente vital, pois preserva a unidade dos filhos do
Senhor.
Esse princípio é inteiramente contrário à situação que prevalece no cristianismo
de hoje. Quanta confusão, complicação e divisão foram criadas pela violação disso.
Considerem os filhos de Israel. Por gerações e gerações, através de séculos e séculos,
não houve divisão alguma entre eles, pois só tinham um centro para sua adoração.
Ninguém ousou estabelecer outro. Havia apenas uma localização para se reunirem,
um lugar para adorarem — o lugar que Jeová escolheu de todas as suas tribos para
pôr Seu nome e Sua habitação. Em toda terra de Israel, Jerusalém era única. Era o
lugar apontado pelo Senhor ao qual todo o povo deveria vir para a adoração coletiva a
Ele.
Vamos ler a Palavra do Senhor:
Deuteronômio 12:5-8: “Mas buscareis o lugar que o SENHOR, vosso Deus, escolher
de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis. A
esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dí-
zimos, e a oferta das vossas mãos, e as ofertas votivas, e as ofertas voluntárias, e os
primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. Lá, comereis perante o SENHOR,
vosso Deus. (...) Não procedereis em nada segundo estamos fazendo aqui, cada qual
tudo o que bem parece aos seus olhos.”
Quando chegamos à terra que é o Cristo todo-inclusivo, não podemos mais fazer o
que é certo aos nossos próprios olhos. Não podemos reunir-nos com os filhos do Se-
nhor para a adoração corporativa nos lugares que escolhemos. Devemos ir ao lugar
que o Senhor escolheu, a esse centro, a essa base da unidade. (veja o capítulo 4 de Pa-
lestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, de Watchman Nee). Quão contrária é a si-
tuação hoje! Se há nove ou dez irmãos num certo lugar, é tão fácil dizerem: “Venha,
vamos formar uma nova igreja.” E se dois ou três não concordam, dirão: “Está bem,
vão e formem sua igreja.” E eles vão. Em uma única localidade é muito difícil contar
quantas assim chamadas igrejas existem. No cristianismo hoje, cada um age como se
tivesse o direito de escolher segundo o seu próprio desejo. O ditado é popular e usual:
“Freqüente a igreja de sua escolha.” Gostaria de gritar no tom mais alto de minha voz
a todos os filhos do Senhor: “Vocês não têm escolha!” Por um lado, vocês têm ampla
liberdade para desfrutar Cristo por si só onde quer que estejam, mas quando se reú-
nem com os filhos do Senhor para adorá-Lo perderam sua liberdade. O lugar onde os
filhos do Senhor se reúnem deve ser o mesmo lugar indicado pelo próprio Senhor. De-
vemos ir a esse lugar.
Se fossem israelitas no tempo do Antigo Testamento, não poderiam dizer a Davi ou
a Salomão: “Não estou contente com você. Se você adorar em Jerusalém, irei para Be-
lém. Estabelecerei outro centro de adoração em Belém.” Mas, isso é exatamente o que
as pessoas estão fazendo hoje. “Não queremos ficar onde você está. Se você se reúne
na Rua Um, começaremos uma reunião na Rua Dois.” Até mesmo procuram justificar

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o que estão fazendo citando Mateus 18:20: “Onde estiverem dois ou três reunidos em
Meu nome, ali estou no meio deles.” Dizem: “O que estamos fazendo é inteiramente
bíblico. Somos dois ou três nos reunindo no nome do Senhor, e estamos reunindo-nos
sobre a base de Cristo.” Poucos meses depois de começar essa reunião, alguns irmãos
entre eles não estarão contentes ali e os deixarão para estabelecer outra reunião. Di-
rão: “Se podem estabelecer uma reunião na Rua Dois, nós podemos estabelecer uma
na Rua Três.” Que confusão isso seria! Em tal situação, não há limitação alguma, ne-
nhum governo e as divisões serão infindáveis.
Devemos reunir-nos com os filhos de Deus na base comum da unidade. Não podem
dizer que essa base é extremamente legal. Devemos ser legais de tal maneira. Vocês e
eu temos de ser limitados pelo governo de Deus. Não temos direito algum de estabe-
lecer outro centro para adoração — isso somente criará uma divisão entre os filhos do
Senhor. A única base que podemos tomar e permanecer é a base da unidade. Pode-
mos desfrutar Cristo em qualquer lugar por nós mesmos, mas absolutamente não po-
demos estabelecer uma reunião em qualquer lugar para desfrutar Cristo com outros
irmãos como adoração a Deus. Nenhum de nós tem qualquer direito de fazer isso. To-
dos nós devemos ir ao mesmo lugar que o Senhor indicou, onde pôs Seu nome e onde
está Sua habitação. Em todo o universo o Corpo do Senhor, o lugar da habitação do
Senhor, é apenas um; portanto, em cada lugar deve haver somente uma expressão
disso. Isso é uma regra básica.
Irmãos e irmãs, leiam o livro de Deuteronômio. As duas regras para desfrutar
Cristo na terra estão claramente expostas. Uma é referente ao seu próprio desfrute
pessoal do produto da boa terra. Vocês podem fazer isso em qualquer lugar e em todo
lugar, sempre e onde quiserem. A outra regra é que se quiserem desfrutar o produto
da boa terra junto com o povo do Senhor diante de Deus como adoração, vocês não
têm escolha alguma, nenhum direito de seguir suas próprias inclinações e fazer o que
é certo aos seus olhos. Devem abandonar seus próprios pensamentos e dizer em te-
mor e tremor: “Senhor, onde é o lugar que escolheste? Deixe-me saber onde puseste o
Teu nome, onde está Tua habitação. Eu irei lá.” Ali vocês podem desfrutar Cristo com
todos os filhos de Deus e com o próprio Deus em Sua presença.
Se fizerem isso, posso assegurar-lhes, serão muito agradáveis a Deus. De outra
forma, serão contra Ele, aumentando a divisão entre Seus filhos. Vocês devem ser ex-
tremamente cuidadosos. Rogo-lhes que atendam a essas palavras.
Cristo é tão pleno, tão rico e tão vivo! Podemos desfrutá-Lo sempre e a todo tempo.
Não só é permitido, mas é adequado que busquemos desfrutá-Lo em qualquer lugar
que estivermos. Mas devemos lembrar a regra básica e rigorosa, que se quisermos
desfrutá-Lo com o povo do Senhor diante de Deus como adoração, não podemos fazê-
Lo como gostamos. Devemos estar em temor e tremor nessa questão!
Irmãos e irmãs, vocês estão reunindo-se agora com os filhos de Deus no lugar que
Ele indicou, no lugar onde colocou o Seu nome? Gostaria de adverti-los a parar e a
buscar o Senhor. Busquem o Senhor. Peçam a Ele para mostrar-lhes o lugar que Ele
escolheu e digam-lhe que irão para aquele lugar. Essa é a maneira correta de solu-
cionarem o problema da divisão entre o povo do Senhor hoje. Não há nenhuma outra
maneira. Que Ele seja misericordioso conosco.

21
A vida na terra é uma vida cheia do desfrute de Cristo, tanto pessoal como coleti-
vamente, com o povo do Senhor. Sejamos diligentes para laborar Nele, ter nossas
mãos preenchidas com Ele e então virmos para o lugar que Ele indicou, a base da u-
nidade, para desfrutar esse rico e glorioso Cristo com os filhos de Deus e com o pró-
prio Deus. (O Cristo Todo-Inclusivo, pp. 182-194).

22
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sexta-feira — sessão da noite)

Mensagem Três
A unidade todo-inclusiva no Salmo 133
(1)
A aplicação ao nosso ser
do Deus Triúno processado e consumado

Leitura bíblica: Sl 133; 2Co 13:13; Fp 1:19

I. Os Salmos 120 a 134, os cânticos de romagem, revelam a preciosidade de Si-


ão e de Jerusalém na experiência e louvor dos santos; esses salmos são o
louvor dos santos ao subir para Sião e falar do seu amor pela casa de Deus
em Jerusalém:
A. Jerusalém tipifica a igreja, e o Monte Sião tipifica os vencedores na igreja, que
são para a edificação do Corpo de Cristo que se consumará na Nova Jerusalém —
Sl 2:6; 125:1; Rm 12:4-5; Ef 4:16; Ap 3:12.
B. O Senhor fazer o bem a Sião é Ele edificar a igreja, encher a igreja com Sua glória
e conceder à igreja Sua rica presença sendo Ele mesmo a alegria, paz, vida, luz,
segurança e todas as bênçãos espirituais — Sl 51:18.
C. Os “caminhos para Sião”, em nosso coração, significam que precisamos tomar o
caminho da igreja interiormente e estar vivendo intensamente a vida da igreja —
84:5.
D. O Salmo 132 é o louvor do santo, ao subir para Sião, quanto à habitação e o des-
canso de Jeová em Sião por meio de Davi (tipificando Cristo), Seu ungido:
1. Os versículos 7 e 8 são uma figura da restauração da vida da igreja.
2. Os versículos 13 a 18 são o falar de Jeová a respeito de Sião; isso é uma figura
da vida mais elevada da igreja — a situação dos vencedores em Sião.
E. Quando Sião é edificado e quando Deus descansa ali, temos um lugar onde pode-
mos reunir e habitar juntos em unidade — vv. 13-14; 133:1.
F. A bênção vem de Sião, do pico elevado do monte de Deus, daqueles que alcança-
ram a posição de vencedores — 134:3.
II. O Salmo 133 é o louvor do santo, ao subir para Sião, quanto à bênção da vi-
da ordenada por Jeová sob a unção do óleo e o regar do orvalho sobre a ba-
se da unidade:
A. No Salmo 132 temos a vida da igreja e no Salmo 133 temos o viver da igreja:
1. O viver da igreja é o viver mais elevado — um viver com os irmãos habitando
juntos em unidade — 133:1.
2. Esse viver mais elevado faz com que Deus venha para nos abençoar com o óleo
precioso (o Espírito) e o orvalho refrescante (a graça de Deus) — vv. 2-3a.
B. Os irmãos viverem juntos em unidade é comparado à inestimável bondade da un-
ção preciosa na cabeça de Arão e o prazer inestimável do orvalho do Hermom so-
bre os montes de Sião — vv. 1-3a:
1. Como uma pessoa, tipificada por Arão, a igreja como o novo homem inclui a
Cabeça e o Corpo, como o Cristo corporativo, o sacerdócio corporativo —
1Co 12:12; Ef 2:15; 1Pe 2:5.

23
2. Como um lugar, tipificado por Sião, a igreja é a habitação de Deus — Dt 12:5-
7, 11, 14, 18, 21, 26; Ef 2:21-22; Ap 21:3, 22.
C. A unidade genuína é constituída pela unção que se espalha e pelo orvalho que
desce para a edificação gradual do Corpo de Cristo no dispensar divino da Trin-
dade Divina — Ef 4:16; 3:16-17a; 2Co 13:13.
III. O espalhar da unção é a aplicação do Deus Triúno processado e consumado
ao nosso ser como o elemento da nossa unidade — Sl 133:2:
A. O óleo da unção, como o ungüento composto, é uma prefigura do Deus Triúno pro-
cessado, o Espírito composto todo-inclusivo — Êx 30:23-25:
1. O Espírito composto é a consumação final e máxima do Deus Triúno processa-
do com os atributos divinos, as virtudes humanas, a morte de Cristo com sua
eficácia e a ressurreição de Cristo com seu poder — Fp 3:10.
2. A unidade se torna real e prática mediante a unção que está sobre a Cabeça e
que se espalha para o Corpo — Sl 133:1-2.
3. A unidade genuína consiste na unção do Espírito composto todo-inclusivo co-
mo a consumação final e máxima do Deus Triúno; sob essa unção nós temos a
unidade genuína, imutável — Jo 7:39; 1Jo 2:20, 27.
B. A base da unidade é o Deus Triúno processado aplicado a nós — 2Co 13:13; Ef
4:4:
1. A unção do Espírito composto todo-inclusivo que dá vida é o elemento da nossa
unidade — 1Jo 2:20, 27.
2. Por meio da aplicação dos ingredientes do ungüento composto no nosso interi-
or, estamos espontaneamente na unidade genuína todo-inclusiva — Ef 4:3-4.
3. Estamos na unidade que é o Deus Triúno processado ungido em nós — 2Co
1:21-22.
4. Quanto mais o ungüento composto é aplicado a nós, mais difícil será nos divi-
dir — cf. 1Co 1:13a.
5. À medida que somos “pintados” com este ungüento, nossa constituição natu-
ral, temperamento e índole são reduzidos, e o que permanece é o mesclar do
Deus Triúno processado com nossa humanidade elevada; isso é a unidade ge-
nuína — Ef 4:4-6.
C. O Espírito composto como elemento da nossa unidade não é para aqueles que são
individualistas; Ele está no Corpo e é para o Corpo e para o serviço sacerdotal que
edifica o Corpo — Sl 133:2; Êx 30:26-31; Fp 1:19; 1Pe 2:5, 9:
1. Se quisermos viver no Corpo, devemos ser libertados da nossa vida individua-
lista; o individualismo é detestável aos olhos de Deus — 1Co 12:14-22.
2. A prova mais forte de que vimos o Corpo é que já não podemos ser individua-
listas; não podemos viver sem o Corpo, servir sem o Corpo e ter vida espiritual
fora do Corpo — vv. 12, 14, 21-22.
3. O Espírito está sobre o Corpo, e o suprimento abundante do Espírito vem a
nós por meio do Corpo, pois a unção não está sobre nós individualmente, mas
sobre o Corpo — Fp 1:19.
4. Os que vivem e agem na carne não têm parte no Espírito todo-inclusivo; aos
olhos de Deus, eles são considerados estrangeiros — Êx 30:32-33.
5. Se uma pessoa não submeter-se ao Corpo, ela não poderá receber a unção; não
podemos ter a unção se não reconhecermos o Corpo — Sl 133:2; At 8:17; 9:17;
19:6.
D. O Espírito composto — o Espírito consumado — como o elemento da nossa unida-
de, é a esfera divina e mística — Jo 7:39; Gl 3:14:

24
1. Na esfera divina e mística do Espírito composto nós temos o que precisamos —
Fp 1:19.
2. Enquanto vivemos na esfera divina e mística, vivemos no reino de Deus como
a esfera da espécie divina e na comunhão da vida divina — Jo 3:3, 5; At 2:42;
1Co 1:9; 1Jo 1:3, 7.
3. Na esfera divina e mística do Espírito composto, somos mesclados com o Deus
Triúno para guardar a unidade — Jo 17:21, 23; Ef 4:3:
a. A unidade genuína é a unidade do Deus Triúno — Jo 17:21, 23.
b. A unidade genuína é o mesclar dos crentes com o Deus Triúno.
c. Se quisermos ter essa unidade genuína, precisamos estar no Deus Triúno
processado como uma esfera divina e mística.
4. Para viver na esfera divina e mística do Espírito composto consumado como o
elemento da unidade todo-inclusiva, precisamos experienciar o dividir da alma
do espírito e andar pelo Espírito e segundo o espírito — Hb 4:12; Gl 5:16; Rm
8:4.

25
Porções do Ministério:

DOIS ASPECTOS DA UNIDADE


O Salmo 133 é tão profundo que é difícil falar sobre ele. O versículo 1 diz: “Oh!
Quão bom e agradável é para os irmãos habitarem juntos na unidade!” (RV). Note
que o salmista usa dois adjetivos para descrever os irmãos vivendo na unidade. Ele
diz que isso é bom e agradável. O motivo de dois adjetivos serem usados, é que nos
versículos seguintes, vivendo juntos na unidade é comparado a duas coisas: ao óleo
precioso sobre a cabeça de Arão e o orvalho de Hermom nos montes de Sião. Esses
dois adjetivos apontam para dois aspectos da unidade. A unidade é boa e agradável:
boa como o óleo precioso e agradável como o orvalho que desce.
Desses aspectos, o primeiro, Arão, é uma pessoa, e o segundo, Sião, é um lugar.
Você já viu que a igreja tem esses dois aspectos? Por um lado, a igreja é uma pessoa;
por outro, a igreja é um lugar. Como uma pessoa, a igreja inclui a Cabeça com o Cor-
po. Como um lugar, a igreja é a habitação de Deus. Em outros lugares na Bíblia, ve-
mos que a igreja é a Noiva, o novo homem e o guerreiro. Esses, porém, são aspectos
da igreja como uma pessoa. Na verdade, a igreja tem somente dois aspectos princi-
pais: o aspecto de uma pessoa e o aspecto de uma habitação. Relacionados com esses
dois aspectos da igreja estão o óleo e o orvalho.

O UNGÜENTO QUE SE ESPALHA E O ORVALHO QUE DESCE


Embora no versículo 2 da Versão King James seja mencionado ungüento, a maio-
ria das outras versões usa a palavra hebraica para óleo. Esse óleo se refere ao óleo da
unção descrito em Êxodo 30. Aquele óleo da unção é um ungüento composto formado
pelo mesclar de quatro especiarias com azeite de oliveira. Arão, seus filhos, o taber-
náculo e todas as coisas relacionadas com o tabernáculo eram ungidos com esse un-
güento. Segundo o Salmo 133, esse ungüento, esse óleo da unção composto, estava
sobre uma pessoa, Arão. Temos chamado a atenção ao fato de que, por outro lado, o
orvalho refrescante, irrigador e saturador estava em um lugar, os montes de Sião.
Nem o óleo da unção, nem o orvalho moviam-se rapidamente. O orvalho não caia
como chuva; ele descia e vinha de uma maneira gradual. Da mesma maneira, o un-
güento, na verdade, não corria pela barba de Arão; ele se espalhava pela sua barba e
então descia para a gola de suas vestes. A raiz hebraica quer dizer espalhar, como o
espalhar sobre uma superfície. Ela também significa estender, como estender uma
cobertura, uma coberta de cama, sobre ela. Por isso, o óleo da unção na cabeça de A-
rão se estendia pela sua barba; ele não escorria abaixo rapidamente pela sua barba.
O ungüento se estendia suave e lentamente.
No mesmo princípio, o orvalho descia sobre os montes de Sião. Em nosso hinário,
existe um hino sobre “chuvas de bênção” (Hymns, n.º 260). Tais chuvas espirituais
são um tanto pentecostal em natureza. Tenho uma maior apreciação pelo espalhar do
ungüento e o descer do orvalho do que pelas chuvas de bênçãos. Chuvas não estão re-
lacionadas com unidade. A unidade genuína é constituída do ungüento que se espa-
lha e do orvalho que desce.

26
UNGIDO COM O DEUS TRIÚNO PROCESSADO
Temos visto enfaticamente que a verdadeira unidade é a mescla do Deus proces-
sado com os crentes. Embora isso seja revelado no Novo Testamento, não vemos no
Novo Testamento a maneira de praticar essa unidade. A maneira de praticar essa
mescla está no Salmo 133. O óleo no versículo 2 é um tipo do Deus Triúno processado
que hoje é o Espírito composto todo-inclusivo. Conforme Êxodo 30, o óleo da unção é
um composto formado pela mistura de quatro especiarias com um him de azeite de o-
liveira. Esse composto tipifica o Espírito todo-inclusivo que é o Deus processado para
nosso desfrute. Nesse Espírito composto não temos apenas a divindade, mas também
a humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição. Em
outras palavras, o Espírito composto é o Deus processado com os atributos divinos, as
virtudes humanas, a eficácia da morte de Cristo e o poder da ressurreição de Cristo.
Na vida da igreja, esse Espírito composto está continuamente nos ungindo.
O ungüento pode ser comparado à tinta e o ungir à aplicação dela. Quando pinta
uma cadeira, você pode dar uma demão de tinta após outra. Quando o Espírito com-
posto nos unge, Ele nos “pinta” e a “tinta” é o próprio Deus Triúno. Nessa “tinta”, te-
mos a humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição.
Também temos a divindade e o viver humano de Cristo. Quando todos esses ingredi-
entes do ungüento são aplicados a nós, somos “pintados” com o Deus Triúno proces-
sado e com todos os elementos do óleo composto. A vida da igreja adequada é uma vi-
da na unidade que é a mescla do Deus Triúno processado com os crentes. Quando
permanecemos nessa unidade, somos “pintados” com o ungüento. Quanto mais somos
“pintados” dessa maneira, mais nossa constituição natural, temperamento e disposi-
ção são eliminados. O que fica é a mescla do Deus Triúno processado com nossa hu-
manidade elevada. Isso é a unidade.
Em tal unidade não é possível ter divisão, nem mesmo dissensão. Nessa unidade
não há espaço nem mesmo para nossa opinião. Embora precisemos experimentar
muito mais da “pintura” divina que nos introduz na unidade, temos tido pelo menos
alguma experiência disso na vida da igreja. Pelo menos, até certo ponto, todos temos
entrado na unidade.
Quando estávamos nas denominações ou nos grupos independentes, achávamos
fácil sermos críticos e dar opiniões. Mas na igreja, o elemento discordante e os fatores
divisivos são restringidos. Esse é o efeito da unidade. Quanto mais a “tinta” do Deus
Triúno processado é aplicada ao nosso ser, mais difícil será para nós sermos dividi-
dos. Por meio da aplicação da “tinta” celestial, somos introduzidos na unidade genuí-
na, não na unidade superficial que é segundo o conceito natural. Estamos na unidade
que é o Deus Triúno processado “pintado” em nosso próprio ser.
Como temos enfatizado, esse ungüento, essa “pintura” divina não escorre para bai-
xo; ela se espalha. Quero que minha casa seja pintada com tinta que vai fixar, não
com tinta que vai escorrer paredes abaixo como água. Do mesmo modo, quando o un-
güento é aplicado a nós, ele se fixa em nosso ser interior; ele não escorre para baixo.
O escorrer do ungüento é como as experiências no pentecostalismo ou no movimento
carismático. Experiências desse tipo passam rapidamente. Na vida da igreja, no en-
tanto, a bênção espiritual vem a nós gradualmente, lentamente e suavemente. Mas,
uma vez que ela chega, permanece. Uma vez que a “tinta” é aplicada a nós, ela fica.

27
Depois que somos cobertos com o óleo da unção, a cobertura permanece para sempre.
Nada pode erradicá-la.
A unção não nos faz ter muito sentimento em nossa emoção. Aquelas experiências
que vêm e vão rapidamente, pelo contrário, agitam nosso sentimento. Mas essa não é
a experiência normal na vida da igreja. Na vida da igreja experimentamos o espalhar
gradual do ungüento todo-inclusivo. Por exemplo, na reunião de oração da igreja po-
demos receber uma ou duas “camadas” de “tinta” sem ter muito sentimento a respeito
dela. Como temos visto, esse ungüento tem muitos ingredientes. Quão gratos somos
ao Senhor por Sua restauração. Dia a dia na vida da igreja, todos os ingredientes do
óleo divino estão sendo forjados em nós. Por meio da aplicação desses ingredientes
em nosso ser interior, estamos espontaneamente na unidade. Encontramos muitíssi-
ma dificuldade em ser divisivos ou mesmo dissidentes. Quão bom, amável e desfrutá-
vel é a unidade na igreja! A única maneira de sermos divisivos é tomarmos uma forte
decisão contrária ao nosso ser interior. Somos um espontaneamente porque fomos
“pintados” com todos os elementos da “tinta” celestial.

O DEUS TRIÚNO PROCESSADO APLICADO AO NOSSO SER


A base da unidade é simplesmente o Deus Triúno processado aplicado ao nosso
ser. Essa é a unidade na qual nos encontramos hoje. Não estamos numa unidade pro-
duzida pelo ajuntamento daqueles que crêem em Cristo. Nesse tipo de unidade é
muito fácil ter subtração tanto quanto adição. Porém, uma vez que fomos introduzi-
dos na unidade produzida pela aplicação do Deus Triúno processado ao nosso ser, é
muito difícil ter qualquer subtração. Essa unidade é completamente diferente da u-
nidade no cristianismo de hoje. A unidade no cristianismo envolve adição e subtra-
ção. Mas a unidade nas igrejas na restauração do Senhor envolve a aplicação do Deus
Triúno ao nosso ser interior.

PARA A CABEÇA COM O CORPO


O ungüento não é para indivíduos; é para o Corpo. Ele não pode ser experimentado
por aqueles que estão apartados e separados do Corpo. Segundo a figura no Salmo
133, o óleo está sobre a cabeça. Então, se espalha para a barba e desce para a gola
das vestes. Isso indica que se somos individualistas, não podemos experimentar o un-
güento. Alguns talvez venham argumentar que podem contatar o Senhor sozinhos em
casa. Sem dúvidas podem. A questão crucial, porém, é se somos um com a igreja ou
não. Se somos um com a igreja, então podemos contatar o Senhor sozinhos em casa
adequadamente. Mas se nos separarmos da igreja, nosso contato com o Senhor será
completamente diferente. Isso é porque o óleo da unção não é para membros indivi-
duais; é para a Cabeça e o Corpo, até mesmo para a Cabeça com o Corpo. Por isso,
para ser “pintado” pelo ungüento, devemos estar na igreja. Então, desfrutamos es-
pontaneamente a aplicação do óleo da unção com todos os seus elementos. Quão ma-
ravilhosa é a unidade produzida pela aplicação desse ungüento!

O CRISTO CORPORATIVO
No Salmo 133 a unidade do povo de Deus é comparada ao ungüento precioso e ao
orvalho. O ungüento precioso sobre a cabeça de Arão se espalha sobre a barba e por

28
fim desce para a gola de suas vestes. Essa figura da unidade está relacionada com
uma pessoa, Arão, um tipo de Cristo em Seu ministério sacerdotal. Como o Sumo Sa-
cerdote, Cristo serviu a Deus, realizou o propósito de Deus e cumpriu o desejo de
Deus. Porém, no Salmo 133 Arão não tipifica apenas o próprio Cristo, mas Cristo com
Seu Corpo. Isso significa que aqui, Arão tipifica o Cristo corporativo, a Cabeça com o
Corpo. A igreja num sentido muito real é o Cristo corporativo. A igreja é, dessa ma-
neira, uma grande pessoa universal com diversos aspectos: os aspectos do Corpo, da
Noiva, do novo homem e do guerreiro. Todos esses aspectos da igreja estão relaciona-
dos com a pessoa.

O ELEMENTO DA NOSSA UNIDADE


Essa unidade se torna real e prática por meio da unção que está sobre Cristo a
Cabeça e que se espalha sobre o Corpo. Desde que permaneçamos no Corpo, compar-
tilhamos o ungüento. Nesse ungüento somos um. Por isso, a unção do Espírito que dá
vida todo-inclusivo e composto é o elemento da nossa unidade. Isso significa que so-
mos um, como membros da igreja, e estamos debaixo da unção do Espírito. Se não es-
tamos debaixo dessa unção, não podemos ser um com ninguém, nem mesmo com nós
mesmos.
A unidade não depende da nossa habilidade natural de nos relacionarmos bem
com os outros. Alguns crentes podem até mesmo ser orgulhosos de ter o tipo de dispo-
sição que torna fácil para eles ser um com as outras pessoas. Porém, esse tipo de uni-
dade não é a unidade preciosa revelada na Bíblia. Na verdade, é um tipo de unidade
muito desagradável e inadequada. Uma pessoa que se vangloria desse tipo de unida-
de, na verdade, não é capaz de ser um com os outros por um longo período de tempo.
Pelo contrário, pode por fim causar um grande número de tumultos. A unidade genu-
ína consiste na unção do Espírito todo-inclusivo e composto como a consumação final
do Deus Triúno. Somente debaixo de tal unção temos de fato uma unidade genuína e
imutável. Milhares de irmãos podem testificar da unidade que desfrutamos debaixo
da unção do Espírito composto. Nossa unidade tem sua fonte na mescla misteriosa do
Deus Triúno processado com os crentes. (The Genuine Ground of Oneness, pp. 78-82,
87-90)

29
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sábado — primeira sessão da manhã)

Mensagem Quatro
A unidade todo-inclusiva no Salmo 133
(2)
A graça da vida e a bênção da vida

Leitura bíblica: Sl 133; 1Pe 3:7

I. A vida da igreja adequada é uma vida na unidade genuína, todo-inclusiva,


que é o mesclar do Deus Triúno processado com os crentes — Jo 17:21, 23; Ef
4:4-6; Sl 133.
II. Os adjetivos bom e agradável no Salmo 133:1 indicam dois aspectos da uni-
dade; a unidade é tão boa como o óleo precioso, e agradável como o orvalho
que desce — vv. 2-3a.
III. A unidade genuína é como o orvalho que desce sobre os montes de Sião — v.
3a:
A. Em tipologia, Hermom significa o céu, o lugar mais elevado do universo.
B. Os montes de Sião significam as igrejas locais; cada igreja local é um monte de
Sião:
1. Como pessoa, a igreja é uma só; como lugar, a igreja é tanto o único Sião como
os muitos montes do único Sião.
2. Cada igreja local é um pico entre os muitos montes de Sião.
3. A pessoa é universal, mas os montes são locais; sobre a pessoa está a unção e
sobre o lugar está o orvalho — vv. 2-3a.
C. O orvalho significa a graça da vida que desce, refresca, rega e satura, o Deus Tri-
úno processado como nossa vida e suprimento de vida para nosso desfrute — 1Pe
3:7; 2Co 13:13:
1. Graça é o Deus Triúno que foi processado para tornar-se o Espírito todo-
inclusivo como Sua consumação final e máxima — Jo 1:14; 7:39; Hb 10:29.
2. Enquanto o ungüento significa o Deus Triúno processado que é “pintado” em
nós, o orvalho significa o Deus Triúno processado como nosso suprimento de
vida para o nosso desfrute — 1Pe 3:7.
3. A graça da vida é Deus como vida e suprimento de vida para nós em Sua
Trindade Divina — o Pai como a fonte, o Filho como o curso e o Espírito como
o fluir da vida, que flui em nós, com o Filho e o Pai como graça para nós — 1Jo
5:11-12; Jo 7:38-39; Ap 22:1.
D. Quando o orvalho, que tipifica a graça da vida, torna-se nosso desfrute, nós parti-
cipamos da unidade genuína; se não estivermos sob o orvalho que nos rega, re-
fresca e satura, não podemos ser um com os outros crentes — At 4:32-33.
E. É sobre os montes de Sião que experimentamos esse orvalho; se quisermos des-
frutar o orvalho que tipifica a graça todo-inclusiva, devemos estar em um dos pi-
cos, os montes de Sião — 11:23; 13:43; 20:32; 2Co 8:1:
1. Nas igrejas locais estamos diariamente sob o orvalho, sob a graça; na vida da
igreja nós desfrutamos a graça suficiente, excedente, multiforme e abundante
do Senhor — 1Pe 4:10; 5:10, 12; 2Pe 3:18.

30
2. Pela graça que recebemos sobre os montes de Sião, podemos ter uma vida que
as pessoas do mundo não podem viver — At 20:32; 2Co 12:7-9.
IV. Sob a unção do óleo e o regar do orvalho, experimentamos a bênção da vida
ordenada sobre a base da unidade — Sl 133:3b:
A. Precisamos valorizar a bênção de Deus e perceber que na obra de Deus tudo de-
pende da Sua bênção — Mt 14:19.
B. Enquanto vivemos juntos na unidade genuína, experimentamos e desfrutamos a
vida eterna de Deus ordenada por Ele como bênção para nós — Sl 133:3b:
1. A vida divina pode ser considerada o primeiro e básico atributo de Deus — Ef
4:18; Jo 5:26; 1Jo 5:11-12; Rm 8:2.
2. Vida é o conteúdo de Deus e o fluir de Deus; o conteúdo de Deus é o ser de
Deus, e o fluir de Deus é a transmissão Dele mesmo como vida para nós — Ef
4:18; Ap 22:1.
3. Vida é o Deus Triúno processado e consumado dispensado a nós e vivendo em
nós — Rm 8:6, 10-11.
V. Jamais devemos subestimar a importância da igreja como uma pessoa cor-
porativa que recebe o ungüento e como o lugar onde desce o orvalho — Sl
133:1-3a:
A. A unidade genuína é o ungüento precioso sobre o Cristo corporativo, a Cabeça e o
Corpo, e o orvalho refrescante que desce sobre os montes de Sião — vv. 2-3a.
B. Se nos separarmos da igreja nesses dois aspectos, não teremos participação adi-
cional na unção e perderemos o desfrute do orvalho — At 20:30, 32; 1Jo 2:20, 27:
1. Faz uma enorme diferença o fato de permanecermos na unidade ou abandoná-
la —2Tm 1:15; 4:10; 1Jo 2:19.
2. Os cristãos hoje são livres para ir e vir porque não vêem a unidade genuína,
todo-inclusiva; eles não têm o elemento que preserva e guarda que a unidade
oferece — Jo 17:21, 23; Ef 4:1-3.
C. Na vida da igreja somos ungidos e agraciados; somos ungidos com o Deus Triúno
processado e agraciados com o mesmo Deus Triúno processado como nossa vida e
suprimento de vida — 2Co 1:1-2, 21; 12:9; 1Co 15:10.
D. Essa unção e suprimento tornam possível viver em unidade; nas palavras do
Salmo 133, essa unidade é como o óleo que unge e o orvalho que rega.
1. O Deus Triúno processado é o Espírito composto, todo-inclusivo que nos unge
diariamente, e Ele é o suprimento de vida para o nosso desfrute — 2Co 1:22.
2. Sob esse óleo que unge e orvalho que rega, experimentamos a verdadeira uni-
dade.
3. Desde que permaneçamos na experiência do ungüento e do orvalho, é impossí-
vel que sejamos divididos, e somos preservados na unidade genuína; esse é o
significado da palavra de Paulo em Efésios 4:3 sobre esforçar-nos para guar-
dar a unidade do Espírito.
4. A unidade genuína é simplesmente o próprio Espírito todo-inclusivo; nós
guardamos e preservamos essa unidade permanecendo sob o óleo que unge e o
orvalho que rega — 1Co 15:45b; 6:17; 12:12-13; Sl 133:1-3a.

31
Porções do Ministério:

GRAÇA — O DEUS TRIÚNO COMO NOSSO


SUPRIMENTO DE VIDA PARA NOSSO DESFRUTE
Conforme o Salmo 133:3, a unidade também é como o orvalho que desce sobre os
montes de Sião. O óleo da unção está sobre a pessoa, Arão, mas o orvalho está sobre o
lugar, Sião. O orvalho significa a graça de vida (1Pe 3:7). A graça de vida é o supri-
mento de vida. Na vida da igreja não estamos apenas debaixo do ungüento; também
recebemos o suprimento e a graça de vida. Quando somos ungidos, também somos
agraciados.
Suponha que dois irmãos que vivem juntos numa casa de irmãos estejam tendo di-
ficuldades de conviverem juntos. Porém, por meio da participação deles na vida da i-
greja, eles são agraciados e recebem o suprimento de vida. Espontaneamente, eles
não vão apenas suportar um ao outro, mas realmente amar um ao outro. Essa é a ex-
periência do orvalho, a graça.
O apóstolo Paulo experimentou a graça do Senhor abundantemente. Ele orou três
vezes para que o “espinho” que o estava afligindo fosse removido. O Senhor respon-
deu que Sua graça era suficiente a ele. Por essa palavra, o Senhor indicou que não ti-
raria o espinho, mas supriria Paulo com Sua suficiente graça.
Em 2 Coríntios 13:13, Paulo abençoa a igreja com as palavras: “A graça do Senhor
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos
vós.” Esse versículo indica que graça é o Deus Triúno processado para ser nosso su-
primento de vida. Enquanto o ungüento significa o Deus Triúno processado que é
“pintado” em nosso ser, o orvalho significa o Deus Triúno que é nosso suprimento de
vida para nosso desfrute. Portanto, na vida da igreja, diariamente somos ungidos e
agraciados. Somos “pintados” com o Deus processado e somos agraciados com o mes-
mo Deus processado como nosso suprimento de vida. Essa unção e esse suprimento
tornam possível vivermos em unidade. Nas palavras do Salmo 133, essa unidade é
como o óleo da unção e o orvalho. Debaixo do óleo da unção e do orvalho, experimen-
tamos a benção de vida na base da unidade.

AS MUITAS IGREJAS LOCAIS


No Salmo 133 a unidade do povo de Deus também é comparada com o orvalho do
Hermom que desce sobre os montes de Sião. Esses montes tipificam as igrejas locais.
Cada igreja local é um monte de Sião. Existe um Sião, mas os muitos montes signifi-
cam as muitas igrejas locais. Como uma pessoa, a igreja é unicamente uma. Como
um lugar, a igreja, por um lado, é o único Sião; mas, por outro, ela é os muitos montes
do único Sião. Embora exista uma igreja no universo, contudo, existem muitas igrejas
locais. Cada igreja local é um pico dentre os muitos montes de Sião. Portanto, a pes-
soa é universal, mas os montes são locais. Nossa unidade é como o ungüento precioso
sobre Arão e como o orvalho sobre os montes de Sião. A habitação de Deus, o templo,
estava localizada em Sião. Por um lado, a igreja é uma pessoa; por outro, ela é um lu-
gar. Sobre a pessoa há o ungüento e sobre o lugar há o orvalho.

32
HABITANDO NUM DOS “PICOS”
O aspecto pessoal da igreja é prático, mas o aspecto do lugar é ainda mais prático.
Com respeito à igreja como a pessoa universal, podemos não ter quaisquer proble-
mas. Porém, com relação à igreja como os montes locais de Sião, podemos ter proble-
mas, pois podemos não estar felizes com a igreja em nossa localidade e podemos dese-
jar mudar para outros lugares. Mas, se mudarmos para outra cidade, em breve en-
contraremos os mesmos problemas naquele lugar. A razão é que somos os mesmos e
que somos a causa do problema. Alguns têm me afirmado que nunca deixariam a vi-
da da igreja. Todavia, descontentes onde estão, eles gostam de fazer suas escolhas de
um “monte”. Posso testificar que no que me diz respeito, cada “monte” é igual. Não
importa onde estou, ainda louvo o Senhor e experimento Sua obra de transformação.
Aqueles que se mudam de um lugar para outro podem amar a igreja universal,
mas eles têm problemas com a igreja local. Eles podem declarar que viram o Corpo de
Cristo e que amam a restauração do Senhor. Porém, não importa em que localidade
eles morem, eles sempre têm alguma dificuldade com aquele “monte” de Sião. Eles
podem imaginar que uma igreja numa determinada localidade está fora da base.
Mas, assim que se mudam dali, ficam desapontados, não achando esse melhor do que
o “monte” do qual acabaram de se mudar. Não há necessidade de nos mudar de “mon-
te” em “monte.” Devemos simplesmente habitar num dos picos de Sião e desfrutar ali
o orvalho que desce de Hermom.

ORVALHO — A GRAÇA DE VIDA


Em tipologia, Hermom significa os céus, o lugar mais elevado no universo, e o or-
valho significa a graça de vida (1Pe 3:7). Sem o Novo Testamento, seria difícil perce-
bermos que o orvalho significa graça. Cada epístola escrita por Paulo começa com
uma palavra sobre graça e termina com alguma menção de graça. Quando era um jo-
vem cristão nas denominações, eu dizia que graça denotava favor imerecido. Segundo
esse entendimento de graça, receber graça é receber algo que não merecemos. Muitos
cristãos consideram tal favor imerecido como todas as bênçãos materiais que eles re-
cebem do Senhor. Por exemplo, no final do ano, alguns podem contar todas as bên-
çãos que Deus deu a eles nesse ano: um bom emprego, uma casa maior, um automó-
vel do último modelo. Porém, segundo a palavra de Paulo em Filipenses 3:8, tudo fora
de Cristo é “esterco”. Ele considerava coisas tais como emprego, casa e automóvel co-
mo nada além de “esterco” em comparação a Cristo. A graça mencionada nas Escritu-
ras não se refere à mera bênção material. Como muitos versículos no Novo Testa-
mento deixam claro, graça é o Deus processado como suprimento de vida para ser
nosso desfrute.
Estritamente falando, graça é um termo do Novo Testamento. Quando usado no
Antigo Testamento, tem o significado de favor. Segundo João 1:17, a graça veio por
meio de Jesus Cristo. Quando a Palavra tornou-se carne e tabernaculou entre nós, a
graça também veio. Isso significa que a graça veio com o Deus encarnado. Antes da
encarnação de Cristo, a graça não tinha vindo. A graça veio por meio da encarnação.
Muitos versículos em Atos falam da graça. Atos 4:33 diz: “Com grande poder, os
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia
abundante graça.” Esse versículo indica que o grande poder em ressurreição era a

33
abundante graça. Cristo em ressurreição é graça. Tal graça não é uma boa casa, um
trabalho ou um automóvel. Ela é Deus experienciado, recebido, desfrutado e obtido
pelos crentes. Em Atos 11:23 é-nos dito que em Antioquia, Barnabé viu a graça de
Deus. Ele, é claro, não viu bênçãos materiais. Ele viu que os cristãos em Antioquia
estavam experimentando Deus em Cristo como o suprimento de vida deles para o
desfrute deles.
Em 1 Coríntios 15:10 Paulo disse: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua
graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que to-
dos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” Podemos comparar esse ver-
sículo com Gálatas 2:20, onde Paulo diz: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim.” Não foi o próprio Paulo que trabalhou mais do que os outros apóstolos; foi a
graça de Deus que estava com ele. Essa graça, por meio da qual Paulo trabalhou mais
do que os outros, era, sem dúvida, o próprio Cristo como poder de vida e suprimento
de vida para ele em sua experiência.
Em Romanos 5:2 Paulo diz que por intermédio de Cristo “obtivemos igualmente
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes.” A firmeza sobre a qual Paulo
está falando aqui certamente não é algo como uma casa ou um trabalho. É o Deus
Triúno que foi processado para tornar-se o Espírito todo-inclusivo como Sua consu-
mação final. Por meio de Cristo, podemos estar firmes no Espírito todo-inclusivo.
Em Romanos 5:17 Paulo prossegue dizendo que “os que recebem a abundância da
graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.”
Se tivermos a graça abundante, seremos capazes de reinar em vida. Esse versículo
implica que graça é vida e que vida é graça. Em 1 Pedro 3:7 Pedro fala da graça de
vida, a herança tanto do marido como da esposa. Em Romanos 5:21 Paula fala sobre
a graça reinando para a vida eterna. Todos esses versículos indicam que graça é nada
menos do que Cristo como nosso poder de vida e suprimento de vida para nossa expe-
riência e desfrute.
Se temos clareza sobre isso, podemos ter uma grande apreciação do orvalho como
um tipo de Cristo no Salmo 133. Como o orvalho, a graça torna-se nosso desfrute que
participamos na unidade genuína. Porém, se não estamos debaixo do orvalho que re-
ga, refresca e nos satura, não podemos ser um com outros crentes. É nos montes de
Sião que experimentamos esse orvalho. Se desejamos desfrutar o orvalho que tipifica
a graça todo-inclusiva, devemos estar num dos picos, os picos do monte Sião.

EXPERIENCIANDO GRAÇA
Embora muitos de nós tenham experienciado graça, ainda não a conhecemos. Que
pena! É possível conhecermos apenas de um modo doutrinal que Cristo é nosso su-
primento de vida para nosso desfrute. Precisamos conhecer a graça na experiência.
Uma situação que a igreja em Chefoo experimentou há mais de quarenta anos i-
lustra a graça suficiente do Senhor. Dois irmãos tinham um sério desentendimento
com respeito a finanças. Um irmão alegava que o outro lhe devia certa quantia de di-
nheiro. O outro irmão negava a alegação desse primeiro. Por fim, eles levaram o pro-
blema aos presbíteros da igreja que se esforçaram para acertar a situação. Porém,
nenhuma solução surgiu. Pelo contrário, os irmãos até mesmo discutiram na presen-

34
ça dos presbíteros. Por fim, eu disse a esses dois irmãos que aquele que recebeu a
graça do Senhor estaria disposto a esquecer a dívida completamente. Eu disse que o
“tribunal” na igreja é completamente diferente de um tribunal mundano. A diferença
é que o “tribunal” da igreja não se importa por quem está certo ou errado; antes, ele
supre graça ao encontrar a necessidade. Se você recebe a graça do Senhor, vai orar a
Ele e estará disposto a considerar a questão como liquidada. Os dois irmãos e os pres-
bíteros ficaram surpresos. Então, sugeri que todos orassem juntos. Após um tempo de
oração, os dois irmãos começaram a chorar e, então, louvaram ao Senhor. Por fim, e-
les estavam dispostos a abandonar tudo e não houve mais problema. Pelo contrário,
todos nos regozijamos na graça do Senhor.

DESFRUTANDO A GRAÇA NA VIDA DA IGREJA


Nas igrejas locais, estamos diariamente debaixo do orvalho, debaixo da graça. Se
somos casados ou solteiros, velhos ou jovens, estamos debaixo do orvalho que desce
sobre os montes de Sião. Oh, como desfrutamos da suficiente, excelente, multiforme e
abundante graça do Senhor! Essa graça é o próprio Senhor Jesus Cristo como nosso
suprimento de vida. Se desejamos desfrutar essa graça em plenitude, precisamos es-
tar na vida da igreja. Segundo o Salmo 133, a graça não desce sobre as casas de cris-
tãos individuais; ela desce sobre os montes de Sião, que tipificam as igrejas locais.
Dessa maneira, se desejamos desfrutar o orvalho que desce do Monte Hermom, preci-
samos estar num dos picos de Sião. Se aqueles dois irmãos em Cheffo tivessem se se-
parado da vida da igreja, eles teriam se separado da graça do Senhor. Ao invés do
problema deles ser resolvido por meio da graça do Senhor na igreja, provavelmente
teriam tentado resolvê-lo num tribunal da lei mundana. Carecendo da graça do Se-
nhor, teriam continuado a discutir um com o outro segundo o certo e errado. Mas,
porque permaneceram na vida da igreja, o orvalho celestial desceu sobre eles e des-
frutaram uma maravilhosa solução para o problema deles. Na vida da igreja o orva-
lho desce sobre nós ricamente. Estamos felizes porque temos o suprimento abundante
da graça todo-suficiente.
O óleo da unção e o orvalho são encontrados na igreja. Aqui, experimentamos a
unção, a “pintura”, do Deus Triúno processado. Simultaneamente, desfrutamos o
Deus processado como graça, como suprimento de vida para nosso desfrute. Por essa
graça, podemos viver uma vida que é impossível para as pessoas no mundo viverem.
Os irmãos podem amar suas esposas ao máximo e as irmãs podem submeter-se a
seus maridos de uma maneira completa. Tal viver é possível por meio da graça que
recebemos nos montes de Sião.
Nunca devemos subestimar a importância da igreja como uma pessoa corporativa
que recebe o óleo e como o lugar sob o descer do orvalho. Se nos separamos da igreja
nesses dois aspectos, não temos mais parte na unção e estamos terminados em rela-
ção ao desfrute do orvalho. Outros cristãos podem criticar-nos por sustentarmos tal
testemunho com relação à vida da igreja. Eles podem acusar-nos de sermos restritos
e sustentar suas acusações com uma palavra sobre a onipresença de Deus. Esses cris-
tãos podem dizer que desde que orem e leiam a Bíblia, podem experimentar o Senhor
de uma maneira plena fora da vida da igreja. Porém, muitos de nós podemos testifi-
car da diferença que faz estar da igreja. Sim, podemos orar e ler a Palavra sozinhos
em casa. Quando fazemos isso, recebemos certa porção de graça. Essa medida de gra-

35
ça, no entanto, não é tão doce, rica, poderosa, inspiradora ou suficiente como a graça
que recebemos na igreja. Posso testificar que, não importa se as reuniões da igreja
são elevadas ou baixas, ricas ou pobres, experimento o ungüento e o orvalho sempre
que venho às reuniões. Quanto mais venho às reuniões, mais sou preservado na graça
do Senhor. Aqueles que, pelo contrário, se separam da vida da igreja, se desligam do
suprimento pleno da graça. Separados da misericórdia do Senhor, eles podem se en-
contrar completamente de volta ao mundo após certo período.
Vamos às reuniões da igreja, mesmo quando as reuniões particularmente não pa-
reçam ser ricas. Simplesmente por freqüentar as reuniões somos preservados, pois o
orvalho ainda desce nos montes de Sião. Dessa maneira, simplesmente por estarmos
nas reuniões, estamos debaixo do orvalho. Nossa experiência tem confirmado isso
muitas e muitas vezes.

EXPERIENCIANDO A VERDADEIRA UNIDADE E PRESERVANDO-A


A unidade sobre a qual temos falado é o ungüento precioso sobre Cristo a Cabeça e
o orvalho refrescante que desce sobre os montes de Sião. Faz uma tremenda diferença
se permanecermos nessa unidade ou a deixarmos. Hoje, os cristãos se sentem livres
para ir e vir porque não vêem essa unidade genuína. Eles não têm o elemento de con-
servação e preservação que a unidade propicia. Em Sua restauração, o Senhor nos
tem mostrado que a verdadeira unidade é a mescla do Deus Triúno processado com
Seu povo escolhido. Por um lado, o Deus processado é o Espírito todo-inclusivo e com-
posto que nos unge e nos “pinta” dia a dia. Por outro, o Deus processado é o supri-
mento de vida para nosso desfrute. Debaixo desse óleo da unção e do orvalho, expe-
rimentamos a verdadeira unidade. Desde que permaneçamos na experiência do un-
güento e do orvalho, não é possível sermos divididos. Antes, somos preservados na
unidade. Esse é o significado da palavra de Paulo em Efésios 4:3 sobre guardar dili-
gentemente a unidade do Espírito. Na verdade, essa unidade é simplesmente o pró-
prio Espírito que dá vida todo-inclusivo. Guardamos e preservamos essa unidade por
meio de permanecer debaixo do óleo da unção e do orvalho. (The Genuine Ground of
Oneness, pp. 82-83, 88, 90-96)

36
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sábado – segunda sessão da manhã)

Mensagem Cinco
A oração do Senhor pela unidade todo-inclusiva em João 17

Leitura Bíblica: Jo 17:1-24

I. A oração do Senhor em João 17 foi para a glorificação, manifestação, ex-


pressão, do Deus Triúno; o propósito eterno de Deus é manifestar, expressar
a Si mesmo — vv. 1-5; Gn 1:26; Ef 3:8-11:
A. Cristo foi o grão único de trigo que continha a vida divina com a glória divina;
quando a casca de Sua humanidade foi quebrada por Sua crucificação, todos os
elementos de Sua divindade — Sua vida e glória divinas — foram liberados — Jo
12:24:
B. A liberação da glória da divindade de Cristo foi Ele ser glorificado pelo Pai com a
glória divina em Sua ressurreição por meio de Sua morte — vv. 23-24; Lc 24:46.
C. Cristo orou para que Seu Pai O glorificasse, e o Pai respondeu Sua oração ressus-
citando-O; Cristo ser glorificado era Ele ser ressuscitado para tornar-se o Espírito
que dá vida — Jo 17:1-5; At 3:13-15; Jo 7:39b; Lc 24:46; 1Co 15:45b:
1. A liberação da glória da divindade de Cristo foi liberar a Si mesmo para den-
tro do homem como o fogo da vida para queimar na terra — Lc 12:49-50.
2. Cristo como o Espírito sete vezes intensificado é hoje um fogo que queima em
nós; fomos reunidos por esse fogo, e agora temos o encargo de que esse fogo
queime muitos outros — Ap 4:5; 5:6; 2Tm 1:6-7; Jr 23:29; Rm 12:11.
D. O resultado da glorificação de Cristo foi a produção de uma incorporação univer-
sal para a expressão do Deus Triúno, cujo único atributo é a unidade, a unidade
da co-inerência — Jo 14:10-11, 20; 17:21:
1. Os três do Deus Triúno estavam incorporados desde a eternidade; isso signifi-
ca que o Pai, o Filho e o Espírito habitam mutuamente um no outro, isto é, E-
les são co-inerentes — 14:10-11.
2. O Deus Triúno consumado e os crentes regenerados tornaram-se uma incorpo-
ração na ressurreição de Cristo; isso significa que o Filho está no Pai, nós es-
tamos no Filho e o Filho, como Espírito, está em nós para nos tornar uma in-
corporação divino-humana ampliada que coinere com o Deus Triúno co-
inerente em Sua unidade para Sua glória — vv. 20, 17; 17:11, 21.
E. Nas últimas palavras do Senhor aos crentes em João 14—16 há três expressões
concretas dessa glória: a casa do Pai (a igreja) em 14:2, os ramos da videira (os
constituintes do Corpo de Cristo) em 15:1-5 e um novo homem recém-nascido (o
novo homem) em 16:21:
1. Os três simbolizam a igreja, mostrando que a igreja é o crescimento glorioso
produzido por Cristo, por Sua morte e ressurreição — 12:23-24.
2. Nesse crescimento glorioso, Cristo, o Filho de Deus, é glorificado, fazendo com
que Deus Pai também seja glorificado na glorificação de Cristo, isto é, ser ple-
namente expressado pela igreja — 17:1, 4; Ef 3:19-21; cf. 1Co 6:20; 10:31.
3. Essa expressão precisa ser mantida na unidade do Deus Triúno; portanto, o
Senhor orou especificamente por esse assunto em Sua oração conclusiva em
João 17.

37
II. A oração do Senhor em João 17 foi pela unidade todo-inclusiva do Corpo de
Cristo, a unidade dos crentes no Deus Triúno:
A. O primeiro nível de unidade é a unidade no nome do Pai e pela vida divina do Pai
— Jo 17:6-13:
1. O nome do Pai denota a pessoa do Pai, o próprio Pai como a origem da vida, a
origem da unidade — vv. 6, 11; 5:26, 43:
a. Precisamos tomar o Pai como a origem da vida e da bênção — cf. Mt 14:19;
Rm 11:36.
b. Não devemos viver por nossa vida humana, mas pela vida divina do Pai
em nosso espírito para desfrutar nossa filiação todo-inclusiva — Jo 6:57;
Rm 8:15-16.
2. A vida do Pai com Sua natureza é o elemento da unidade — Jo 17:2; cf. Ef 1:4-
5; Hb 2:10-11; 1Co 6:17.
B. O segundo nível da unidade é a unidade na realidade da palavra que santifica —
Jo 17:14-21:
1. A palavra é a verdade (v. 17) e a verdade é o Deus Triúno (14:6; 1Jo 5:6b); ser
santificado pela realidade da palavra é ser santificado pelo próprio Deus Triú-
no.
2. A palavra, que é a verdade, santifica do mundo o povo de Deus (Jo 17:17) e os
guarda do príncipe do mundo, o maligno (v. 15):
a. A palavra da realidade do Pai nos santifica e nos torna puros, libertando-
nos do mundo misturado para separar-nos para o nosso Deus, o Deus da
pureza — cf. Sl 12:6.
b. Quanto mais a pessoa estiver na palavra de Deus, mais pura ela se torna
— 119:140.
3. A palavra santificadora do Pai é o meio da nossa unidade, levando-nos à esfe-
ra da unidade — Jo 17:21; Ef 5:26.
C. O terceiro nível da unidade é a unidade na glória divina para a expressão do Deus
Triúno processado, mesclado e incorporado — Jo 17:22-24:
1. A unidade de todos os crentes na glória divina é a unidade na filiação expres-
sada com a vida e a natureza do Pai — Jo 17:22; 5:26.
2. A glória de Deus é a expressão de Deus; essa expressão esplêndida da divin-
dade nos liberta do nosso ego e nos torna totalmente um — cf. Ap 21:11.
3. Neste estágio da unidade, o ego é totalmente negado:
a. Precisamos ser salvos do nosso ego, incluindo a ambição, a auto-exaltação
e as opiniões e conceitos — Jo 17:21-23; Rm 5:10; 1Co 1:10-13;
3Jo 9.
b. Se abandonarmos o ego, perdermos o ego, e nos voltarmos para o espírito,
imediatamente estaremos na realidade do Corpo — Ef 2:22; Jo 16:13.
c. Se vivermos por nossa vida com nossa natureza e expressarmos a nós
mesmos, não haverá glória de Deus; na expressão de nós mesmos há divi-
são.
d. Viver e agir na vida do Pai com Sua natureza para expressar o Pai é gló-
ria, e é nessa glória que somos todos um.
4. Nossa vida cristã deve ser uma vida “de glória em glória” — 2Co 3:16-18.
III. Precisamos enfatizar a unidade que o Senhor nos deu e preservar a unidade
do Espírito sendo constantemente mesclados com o Deus Triúno (anulando
assim o homem natural, o mundo com Satanás e o ego) para satisfazer o de-
sejo do Senhor — Ef 4:1-6.

38
Porções do Ministério:

A INCORPORAÇÃO UNIVERSAL DO DEUS CONSUMADO


COM OS CRENTES REGENERADOS
No capítulo doze de João, esta Pessoa maravilhosa foi exaltada pelos Seus discípu-
los, mas Ele não aceitou o tipo de exaltação deles. Aquilo não significou nada para
Ele. Pelo contrário, Ele disse: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem”
(v. 23). Que glorificação misteriosa! Então Ele explicou que o grão de trigo, se não
morrer, permanece só. Mas se morrer, será glorificado (v. 24). Cristo como o único
grão de trigo, por meio de Sua morte e ressurreição, se tornou muitos grãos, e esses
muitos grãos são o resultado do Seu ser glorificado.
O Evangelho de João explica a questão da Sua glorificação no capítulo quatorze.
Esse resultado é a incorporação universal. Primeiramente, os três do Deus Triúno fo-
ram incorporados desde a eternidade. Em João 14:10 o Senhor falou para Filipe: “Eu
estou no Pai e o Pai está em Mim.” Isso revela que os três da Trindade Divina estão
incorporados em uma incorporação pelo mútuo coinerir Deles. O versículo 10 de João
14 desvenda a nós o princípio dessa incorporação universal na eternidade. O versícu-
lo 11 mostra que os três também são uma incorporação pela obra mútua Deles. Eles
trabalham juntos como um.
Um dia o segundo da Trindade Divina foi enviado por essa incorporação. Atos 2:23
indica que as três partes dessa incorporação universal tiveram um conselho (1Pe
1:20). Nesse conselho foi combinado enviar o segundo para dentro do tempo a fim de
se tornar um homem (Mq 5:2). Antes da encarnação, essa incorporação universal con-
sistia em três partes. Então o segundo da Trindade Divina trouxe essa incorporação
divina para dentro da humanidade. Seus discípulos constantemente ficavam admira-
dos: “Quem é este homem?” Eles falavam secretamente entre eles sobre Ele, mas eles
não sabiam quem Ele era intrinsecamente. Em João 14:20 o Senhor lhes disse que no
dia da ressurreição eles saberiam que Ele estava no Pai, que eles estariam Nele e que
Ele estaria neles. Esses três no’s revelam que o Deus Triúno consumado e os crentes
regenerados se tornaram uma incorporação na ressurreição de Cristo.
Em João 14 o Senhor revelou que Ele veio como o primeiro Consolador e que outro
viria como o segundo Consolador. O segundo Consolador é a realidade do primeiro.
Ele é o Espírito da realidade, e o versículo 17 diz que esse Espírito da realidade esta-
ria nos discípulos. O em do versículo 17, como uma afirmação geral, é a totalidade dos
três em no versículo 20 como uma afirmação detalhada. Quando o Espírito da reali-
dade está em nós, a totalidade do Deus Triúno está em nós para incorporar-nos para
dentro da incorporação universal. Na eternidade ela era uma incorporação divina.
Por intermédio do seu aumento, essa incorporação se tornou uma incorporação divina
e humana. Essa incorporação é a casa do Pai, a videira universal do Filho e o novo
homem do Espírito. (The Issue of Christ Being Glorified by the Father with the Divine
Glory, pp. 42-43)

O FUNDAMENTO DA UNIDADE QUE O SENHOR MOSTROU


A luz que o Senhor nos deu com respeito à unidade dos crentes pode ser conside-
rada a mais completa e profunda. Nosso conhecimento no passado com respeito à u-

39
nidade era relativamente superficial e comum, e não tocava a unidade genuína que o
Senhor orou e mencionou pela primeira vez no Novo Testamento. Embora nossa Ver-
são Restauração registre essa unidade de uma maneira clara em seu esboço, ela não
enfatizou isso tanto quanto fizemos desta vez. Na oração do Senhor [em João 17], Ele
falou da unidade dos crentes em três níveis. Cada nível da unidade é mais profundo
que o anterior. O último nível é o mais profundo e mais elevado. Todos os três níveis
da unidade têm tudo relacionado com o Pai como o seu fundamento. O fundamento do
primeiro nível da unidade é o nome do Pai e Sua vida eterna. O fundamento do se-
gundo nível é a palavra do Pai. Na palavra do Pai há a realidade do Pai, a qual é
simplesmente o próprio Pai. O fundamento do terceiro nível da unidade é a glória do
Pai, a qual é a expressão divina do Pai.
Além disso, os fundamentos dos três níveis da unidade são todos expressos pelo
Senhor no modo de manifestar. O Senhor disse: “Manifestarei o Teu nome aos ho-
mens que Me deste do mundo” (Jo 17:6). O nome do Pai é o próprio Pai. Ao nos mani-
festar o nome do Pai, o Senhor está nos dando o próprio Pai. Ao mesmo tempo, Ele
também tem nos dado a vida do Pai. João 17:2 diz: “Assim como Lhe deste autoridade
sobre toda a carne, a fim de que Ele dê a vida eterna a todos os que Lhe deste.” No
versículo 14 o Senhor diz novamente: “Eu lhes tenho dado a Tua palavra.” O versícu-
lo 17 diz: “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade.” O Senhor nos tem da-
do a palavra do Pai, a qual junto com o próprio Deus como a realidade, a verdade, es-
tá nos santificando e nos libertando da confusão deste mundo misturado para sepa-
rar-nos para Deus. O Senhor não só nos deu o nome do Pai, a vida do Pai e a palavra
do Pai, mas também nos deu a glória do Pai. No versículo 22 o Senhor disse: “Eu lhes
dei a glória que Me deste.” Portanto, o Senhor nos deu quatro coisas: o nome do Pai, a
vida do Pai, a palavra do Pai e a glória do Pai.

A UNIDADE É O PLENO MESCLAR


DO DEUS TRIÚNO COM OS SANTOS
Isso nos mostra claramente que cada um dos três níveis da unidade tem uma ba-
se. Cada nível é fundamentado no Deus Triúno. Esse é o fundamento da unidade dos
santos. Em outras palavras, o fator ou elemento da nossa unidade é simplesmente o
Deus Triúno. No versículo 11 o Senhor disse: “Para que eles sejam um, assim como
Nós.” Aqui eles se refere aos santos, e Nós se refere ao Deus Triúno. A Trindade divi-
na nos torna um assim como o Pai e o Filho são um. No versículo 21 o Senhor vai
mais além: “A fim de que todos sejam um; como Tu, Pai, estás em Mim, e Eu em Ti,
que também estejam eles em Nós.” Essa questão de estar um no outro mutuamente é
um tipo de mesclar. O Deus Triúno e nós somos mesclados juntos. Essa é a unidade
bíblica dos crentes. A fonte dessa unidade é o Deus Triúno. Seu elemento é o Deus
Triúno; seu processo é o Deus Triúno; e sua consumação final é o Deus Triúno.
Aparentemente, a unidade pela qual o Senhor orou em João 17 e a unidade do
Espírito que Paulo descreveu em Efésios 4 não são semelhantes. Mas quando apro-
fundamos nessas duas passagens da Bíblia, podemos ver que, até onde o elemento in-
trínseco diz respeito, elas são as mesmas. O que o Senhor orou em João 17 foi para
que os santos fossem mesclados com o Deus Triúno. Então, em Efésios 4, Paulo disse
que há um tipo de unidade chamada a unidade do Espírito. Essa é a herança e a pos-
sessão dos santos. Não precisamos nos esforçar para isso. Tudo o que precisamos fa-

40
zer é manter essa unidade. Seguindo isso, Paulo mostrou sete itens como a base des-
sa unidade. Entre eles há: um só Deus e Pai de todos, um só Senhor, um só Espírito e
um só Corpo. O Deus Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito são os fatores dessa unidade.
Eles também se tornam os elementos dessa unidade, mesclando com os santos para
produzir um quarto fator, o qual é um só Corpo. Falando de maneira simples, a uni-
dade é o resultado do Deus Triúno que foi mesclado com Seu povo redimido, regene-
rado e transformado. Essa unidade é o Corpo que é o novo homem universal.
Portanto, a unidade revelada no Novo Testamento não é uma unidade onde nos
juntamos, expressamos nossos pré-julgamentos e convencemos uns aos outros a con-
cordarem em ficar juntos. Essa é uma unidade produzida pelo mundo. A unidade so-
bre a qual estamos falando é o pleno mesclar do Deus Triúno conosco. Se não virmos
essa questão a tal ponto, temo que a unidade sobre a qual estamos falando seja ape-
nas uma unidade humana fabricada; não é a unidade do Corpo. O Corpo de Cristo
não é uma organização, mas um organismo no qual o Deus Triúno é tudo. O Deus
Triúno cumpriu a redenção e foi consumado para ser o Espírito, entrando em nós, os
crentes, ativando nosso espírito, e fazendo com que nosso espírito seja vida. Então
Ele se estende do nosso espírito para a mente em nossa alma, renovando-a e trans-
formando-a e o resultado é nossa mente tornar-se vida. Além disso, quando andamos
pelo Espírito e sempre mortificamos as práticas do corpo, o Espírito interior trans-
fundirá a vida de Deus para o nosso corpo e dará vida a nosso corpo mortal. Dessa
maneira, todo nosso ser — espírito, alma e corpo — serão plenamente mesclados com
o Deus Triúno.

A UNIDADE ANULA O HOMEM NATURAL,


O MUNDO, SATANÁS E O EGO
Esse mesclar do Deus Triúno está em você, em mim e em cada santo. Além do
mais, a vida comum e única que está em todos os milhões de crentes tem nos mescla-
do todos em um. Essa é a unidade do Corpo. Essa unidade anula toda nossa velha cri-
ação e o homem natural. Isso é realizado pelo nome do Pai e a vida do Pai. Essa uni-
dade também nos santifica do mundo enganoso de Satanás e tem nos livrado do
mundo e Satanás. Esse é o efeito da palavra de realidade do Pai. Finalmente, essa
unidade nos libertará do ego de forma que lá haverá somente Deus, e a glória esplên-
dida da divindade será expressa.
Que o Senhor seja misericordioso conosco para que possamos ver essa revelação e
praticarmos genuinamente essa unidade. Nossa fonte humana, nossa vida natural, o
mundo com Satanás e até mesmo nosso ego são todos colocados de lado para permitir
que esse Deus Triúno que Se mesclou conosco, nos encha e nos sature; com o resulta-
do disso o brilhar da Sua divindade e o esplendor da Sua glória serão expressos, atin-
gindo assim o nível mais elevado da unidade. Isso então é a igreja. Nessa unidade
nossa fonte natural, vida e elemento são todos anulados. O mundo é posto de lado,
nosso ego não tem mais base e, espontaneamente. estaremos em unanimidade.
Depois de estudar a Bíblia e olhar para a história da igreja, perceberemos que em-
bora essa questão seja revelada na Palavra santa de Deus de tal maneira, a prática
da igreja na terra é grandemente contrária a tal revelação. Muitos problemas surgi-
ram e até mesmo foram criadas divisões como resultado da formação do homem ter se

41
tornado a fonte e a vida natural do homem estar ativa. Na vida da igreja, quando há
muito elemento humano natural, haverá opiniões. Primeiro, eles vão criar dissensões.
Depois, eles conduzirão a divisão e, finalmente, eles terminarão em seitas. Esse tipo
de coisa tem acontecido inúmeras vezes ao longo dos últimos dois mil anos. Alguns
entre nós na Restauração do Senhor não são exceções a isso. Desde 1933, quando en-
trei na obra de Restauração do Senhor, até hoje, temos tido uma tempestade de pou-
cos em poucos anos. É como se isso fosse um ciclo. É como nosso próprio corpo, quan-
do infectado com germes ou veneno. No momento oportuno, as doenças vêm à tona.
Recentemente, gastei algum tempo para listar todos os grandes e pequenos pro-
blemas dentro das igrejas no Novo Testamento. Do murmurar dos santos helenistas
em Atos 6 até o fracasso da igreja em Laodicéia em Apocalipse 3, houve um total de
cinqüenta e um casos (veja o livro The Intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today
and Its Scriptural Remedy, capítulo 3, publicado pelo Living Stream Ministry). Po-
demos dizer que todos eles violaram a unidade genuína que o Senhor deu para a igre-
ja. Por essa razão, valorizo a unidade mais do que tudo. Que todos enfatizemos a uni-
dade que o Senhor nos deu e preservemos a unidade do Espírito sendo mesclado cons-
tantemente com o Deus Triúno, removendo assim o homem natural, o mundo, e nosso
ego, e satisfazendo a aspiração do desejo do Senhor. (The Oneness and the One Accord
according to the Lord’s Aspiration and the Body Life and Service according to His
Pleasure, pp. 23-27)

42
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Sábado – sessão da noite)

Mensagem Seis
Expressar e produzir a Nova Jerusalém
como resposta final e máxima à oração do Senhor em João 17

Leitura bíblica: Jo 17:1-2, 11, 17, 21-23; Ap 21:2-3, 10-11, 22; 22:1-2a

I. A Nova Jerusalém é a resposta final e máxima à oração do Senhor em João


17 para a glorificação do Deus Triúno como a unidade todo-inclusiva dos
crentes edificados no Deus Triúno — vv. 1-2, 11, 21, 23:
A. A Nova Jerusalém é o Deus Triúno trabalhado em Seu povo redimido para Sua
expressão completa; por meio da cidade santa, o Filho será plenamente expressa-
do em glória, e Deus também será glorificado Nele pela eternidade — Ap 21:10-
11, 23-24.
B. A Nova Jerusalém é o Deus Triúno mesclado com Seus crentes como a unidade
final e máxima, e todo-inclusiva da incorporação divino-humana ampliada, uni-
versal, do Deus Triúno processado e consumado com o homem tripartido redimi-
do, regenerado, transformado e glorificado — vv. 3, 22.
C. A Nova Jerusalém será a glorificação completa do Filho, na qual o Pai será glori-
ficado — Jo 17:1-2; Ap 4:3; 21:10-11:
1. Na Nova Jerusalém, a vida do Pai está fluindo e todos estão edificados no
Deus Triúno, plenamente separados do mundo e santificados no Deus Triúno
para viver Nele — 22:1-2a, 21:10.
2. Na Nova Jerusalém, todos estão na glória; isto é, eles estão glorificados para
serem a expressão e manifestação do Deus Triúno — vv. 11, 23; 22:5.
D. A Nova Jerusalém é o edifício de Deus como a unidade todo-inclusiva do Deus
Triúno e, assim como a Nova Jerusalém, o povo de Deus judicialmente redimidos
e organicamente salvos, são o edifício e a unidade — 21:3, 22.
II. Expressar a Nova Jerusalém, que é tornar-se a Nova Jerusalém, e produzir a
Nova Jerusalém, que é edificar a Nova Jerusalém, são o ponto mais elevado e a
meta final do nosso viver e obra — vv. 2, 10:
A. Nosso viver, conduta e obra devem ser examinados segundo a Nova Jerusalém
como a consumação final e máxima da habitação de Deus — Ez 43:10-12.
B. Tudo que somos e fazemos deve ser medido e testado pela casa de Deus, a igreja,
que é plenamente manifestada como a Nova Jerusalém — 1Tm 3:15; 4:12.
III. Devemos expressar e produzir a Nova Jerusalém, a cidade da vida, como a
resposta final e máxima à oração do Senhor em João 17 para a edificação
dos crentes como um só, no nome do Pai pela vida eterna — vv. 6-13:
A. Ser guardado no nome do Pai é ser guardado por Sua vida, porque somente os que
são nascidos do Pai e têm a vida do Pai podem participar do Seu nome — v. 11.
B. O Pai tem a vida divina para gerar, propagar, multiplicar e produzir muitos filhos
para serem os constituintes da Nova Jerusalém, o agregado da filiação divina, pa-
ra a expressão corporativa de Deus Pai; se os filhos do Pai permitirem que sua
mentalidade vença e encubra sua vida interior, eles serão divididos, mas a vida
do Pai nos une e guarda na unidade — Ap 21:7; Ef 1:4-5; Rm 8:2, 6, 10-11, 23.

43
C. Na Nova Jerusalém há somente um trono com um fluir de vida, uma árvore da
vida e uma rua da vida — Ap 22:1-2a:
1. A vida divina que flui do trono de Deus e na natureza divina é o único cami-
nho para a vida diária do povo redimido de Deus, para que andem em novida-
de de vida e sirvam em novidade de espírito e sermos tão novos como a Nova
Jerusalém — Jo 10:10; 6:63; Rm 8:6; 2Pe 1:4; Rm 6:4; 7:6.
2. A comunicação divina e humana, simbolizada pela rua, procede do trono para
alcançar as doze portas da cidade, para levar toda a cidade à submissão à úni-
ca administração divina e para entremesclar toda a cidade na unidade da co-
municação única da divindade mesclada com a humanidade (comunhão) — Ap
21:21b; 1Jo 1:3.
IV. Precisamos expressar e trabalhar a Nova Jerusalém, a cidade santa, como a
resposta final e máxima à oração do Senhor em João 17 para a edificação
dos crentes como um só no Deus Triúno mediante a santificação pela pala-
vra sagrada — vv. 14-21:
A. A palavra viva de Deus opera nos crentes para separá-los do mundo e de suas o-
cupações para Deus e Seu propósito, e também para saturá-los com Deus como o
Santo a fim de torná-los a cidade santa, o Santo dos Santos corporativo e final
como a realidade de Sião — 1Ts 5:23; Ef 5:26; Ap 21:10, 16.
B. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de
Deus” — Mt 4:4; cf. Dt 8:3:
1. Viver por toda palavra que procede da boca de Deus é viver por Cristo, a cor-
porificação do sopro divino — 2Tm 3:16; Jo 20:22.
2. Deus deseja que nos coloquemos de lado, esqueçamos de nós mesmos e cum-
pramos Sua economia pelo Espírito, isto é, pelo tornar real do Filho, que é a
corporificação do Pai; por inalar a palavra das Escrituras, nós recebemos o
Espírito e desfrutamos as riquezas de Cristo e assim somos capacitados para
satisfazer as exigências de Deus — Jo 14:17-18, 10; Ef 6:17-18a; Gl 3:5.
3. Nossa leitura da Bíblia deve ser nosso inalar Deus para receber vida, e nosso
ensino da Bíblia deve ser nosso exalar Deus para transmitir vida; precisamos
ler a Bíblia com toda oração e súplica no espírito para inalar Deus e ministrar
a palavra como o Espírito para exalar Deus para os outros — Ef 6:17-18a; At
6:4, 10; 2Co 3:6.
V. Precisamos expressar e produzir a Nova Jerusalém, a cidade de glória, co-
mo a resposta final e máxima à oração do Senhor em João 17 para a edifica-
ção dos crentes como um só, na glória divina para a expressão do Deus Tri-
úno — Jo 17:22-24:
A. O Filho deu aos crentes a glória que o Pai Lhe deu, para que eles pudessem ter a
filiação com a vida e a natureza divinas do Pai para expressá-Lo no Filho em Sua
plenitude — Jo 17:2; 2Pe 1:4; Jo 1:16.
B. Se quisermos ser um na glória divina, precisamos negar a nós mesmos com nossa
vida e natureza que servem para a expressar de nós mesmos, e precisamos viver
pela vida e natureza divinas para expressar Deus; na expressão de nós mesmos
há divisão, mas na expressão de Deus há unidade.
C. Expressões diferentes, que produzem divisões, vêm de opiniões diferentes, e as
opiniões diferentes vêm de ensinamentos diferentes; portanto para renunciar às
expressões diferentes, precisamos renunciar aos ensinamentos diferentes e conti-
nuar firmes no único ensinamento da economia de Deus — 1Tm 1:3-4; 6:3-4; Tt
1:9; At 2:42.

44
D. O amor de Cristo faz de Seus crentes mártires para que Deus seja glorificado —
Jo 21:19; 2Co 5:14-15; Rm 14:7-9; Ap 2:10; 12:11; Rm 8:35-37.
E. Quando os crentes seguem o Senhor para negar a si mesmos e perder sua vida da
alma pela morte da cruz, a igreja é produzida, o Pai é glorificado e Satanás é ex-
pulso — Jo 12:23-33.
F. Deus é glorificado em Cristo e na igreja — Ef 3:21.
G. Quando os crentes expressam Deus em sua conduta, Deus é glorificado — Mt
5:16; Is 43:7; Fp 1:20; 1Co 6:20; 10:31
H. Quando os crentes como ramos dão muito fruto, o Pai é glorificado — Jo 15:8.
I. Os crentes que sofrem com Cristo nesta era serão glorificados na era do reino, isto
é, eles reinarão com Ele como co-reis — Rm 8:17; 2Tm 2:12; Ap 20:4, 6.
J. Por fim, todas as pessoas escolhidas de Deus participarão na glória da Nova Jeru-
salém, isto é, serão glorificadas com a glória de Deus pela eternidade — Ap 21:11.

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Porções do Ministério:

A EDIFICAÇÃO DOS CRENTES PARA QUE SEJAM UM


PELA VIDA ETERNA, PELA PALAVRA SANTA E NA GLÓRIA DIVINA
A fim de conhecer adequadamente João 17, precisamos saber as seções desse capí-
tulo, o tema da oração do Senhor e os três aspectos da unidade do Corpo de Cristo. Os
versículos 1 a 5 dão-nos o tema da oração do Senhor, que é a glorificação do Filho pa-
ra que o Pai seja glorificado na glorificação do Filho. Glorificação refere-se à manifes-
tação ou expressão. Assim, glorificar o Filho é expressá-Lo, fazê-Lo conhecido, ex-
presso e manifestado. Na glorificação do Filho, o Pai é glorificado; isto é, na expressão
do Filho, há a expressão do Pai. Ademais, a glorificação do Filho na qual o Pai é ex-
presso, manifestado e glorificado é a igreja, o Corpo de Cristo, e essa é a genuína uni-
dade da igreja. Portanto, a oração da partida do Senhor foi para que os crentes fos-
sem edificados na unidade como o Corpo de Cristo, a manifestação e glorificação pela
qual e na qual o Filho de Deus é expresso de tal modo que o Pai também é expresso
na expressão do Filho.
João 17 é a oração e conversação do Filho com o Pai. Na mensagem do Senhor nos
capítulos 14 a 16, Ele falou aos discípulos de uma maneira simples, mas na sua ora-
ção ao Pai, Seu falar não foi tão simples. Antes, foi muito profundo, significativo e in-
clusivo. Essa oração é pela edificação do Corpo coletivo na unidade de todos os cren-
tes para a expressão, manifestação e glorificação do Deus Triúno — o Pai no Filho
como o Espírito. A maioria dos cristãos compreende que em João 17 o Senhor orou
para que todos sejam um, mas muitos não entendem a maneira de ser um e o propó-
sito de nossa unidade. Nossa unidade é para a edificação do Corpo corporativo com
vistas à expressão, manifestação e glorificação do Deus Triúno.

NOSSA UNIDADE NO NOME DO PAI PELA VIDA ETERNA


A primeira maneira para que os crentes sejam guardados na unidade é achada nos
versos 6 ao 13, que falam da unidade dos crentes no nome do Pai pela vida do Pai. O
versículo chave nessa seção é o 11, que diz: “Já não estou no mundo, mas eles conti-
nuam no mundo, e Eu vou para Ti. Pai santo, guarda-os no Teu nome, que Me deste,
para que eles sejam um, assim como Nós.” Ser um no nome do Pai é ser um na Sua
vida, porque a realidade do nome do Pai está em Sua vida. No Antigo Testamento,
Deus é principalmente revelado como o Criador da raça humana, como Jeová — A-
quele que é, que era e que há de ser — e como Elohim, o Todo Poderoso. Estritamente
falando, entretanto, Ele não foi revelado como o Pai gerador. No Antigo Testamento,
Deus tinha Sua criação, mas Ele não tinha ainda qualquer filho que fosse nascido De-
le. Após esse tempo, Jesus veio como o verdadeiro Filho de Deus para revelar Deus
como o Pai gerador, o Deus que gera muitos filhos. Ninguém sobre a terra fora gerado
de Deus antes desse tempo, mas, quando Jesus veio, Deus começou a ser revelado
como o Pai gerador. Deus agora é não somente o Criador, Jeová e Elohim, mas tam-
bém nosso Pai. Portanto, o nome do Pai foi-nos revelado pela Sua vida que faz nascer,
que gera. Os crentes são agora não somente a criação de Deus, mas também os filhos
de Deus, do Pai que gera.

46
Eles foram escolhidos e dados a Cristo de maneira que Ele dispense a vida divina
de Deus para dentro deles. Agora, por terem a vida dispensada para dentro de si, eles
tornam-se os filhos de Deus. Para todas as criaturas, Deus é o Criador, mas para os
filhos de Deus, Ele é o Pai. Dessa forma, o nome Pai é o título do próprio Gerador,
que Jesus nos revelou dispensando a vida do Pai para dentro de nós para fazer-nos os
genuínos filhos de Deus. Uma vez que é pela vida que conhecemos Deus como nosso
Pai, ser guardado no nome do Pai é ser guardado na vida do Pai. Porque todos os fi-
lhos de Deus, que conhecem o Pai por ter Sua vida, são um na vida do Pai, eles preci-
sam ser guardados em unidade nessa vida, mas todas as criaturas que não têm essa
vida nada têm com essa unidade. Nossa unidade está na vida do Pai. Essa verdade
tem estado sepultada e mantida distante da igreja por muitos anos, mas foi restau-
rada nestes últimos dias, e é agora clara e transparente como cristal.
Digo novamente que no Antigo Testamento Deus não foi revelado como o Pai gera-
dor. Não havia ninguém na terra que tivesse sido gerado Dele, até que Jesus veio co-
mo o verdadeiro Filho de Deus para revelar o Pai, não por ensinamento, mas pelo
dispensar da vida do Pai para dentro de nós para gerar-nos e fazer-nos os verdadeiros
filhos de Deus. Agora, porque temos Sua vida, O conhecemos não somente como o
Criador, Elohim ou Jeová, mas também como o Pai. Clamar ao Deus todo poderoso do
céu: “Santo, santo, santo,” é o louvor do serafim e dos outros seres criados (Is 6:2-3,
Ap 4:8), enquanto o louvor dos filhos de Deus, do profundo do seu ser, é “Aba, Pai!”
(Rm 8:15; Gl 4:6). Esse é o clamor da vida do Pai e do Espírito do Filho dentro de nós.
Conhecemos Deus como o Pai porque Ele nos foi revelado pelo dispensar da Sua vida
pelo Filho. Somos os verdadeiros filhos do Pai e temos a realidade do Seu nome, que é
Sua vida. Portanto, ser guardados no nome do Pai é ser um na Sua vida. Se não fo-
mos nascidos do Pai para ter Sua vida, não podemos ser um com os crentes; somos
meramente pessoas criadas, mas não da família de Deus. Somos um por sermos nas-
cidos na família de Deus.

NOSSA UNIDADE NO DEUS TRIÚNO


POR MEIO DA SANTIFICAÇÃO PELA PALAVRA SANTA
João 17:14-21 fala da nossa unidade no Deus Triúno por meio da santificação, se-
paração do mundo, pela palavra de Deus. O versículo chave nessa seção é o 21, que
diz: “A fim de que todos sejam um; como Tu, Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que tam-
bém sejam eles em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” Os crentes têm
a vida do Pai, mas agora devem viver no Deus Triúno. Uma criança pode ser nascida
numa família e ter a vida de seu pai, mas se ela permanecerá ou não com a família
enquanto cresce está ainda em questão. Por isso, necessitamos da palavra de Deus
para nos santificar, separar e guardar do extravio do mundo. No primeiro aspecto da
unidade, o Senhor dá-nos sua vida, e no segundo, a palavra santificadora, a verdade
que nos separa e guarda do mundo, de modo que sejamos ligados ao Deus Triúno e
Nele vivamos.
Todos nascemos do Pai para ter Sua vida, mas precisamos verificar o quanto de
nosso viver diário tem sido separado do mundo para Deus. Talvez nenhum de nós
possa dizer que foi totalmente separado do mundo e santificado para Deus. Entre
nós, em sua maioria os santos têm sido separados e santificados apenas parcialmen-
te, por isso, em grande proporção, ainda estamos no mundo. Se ainda estamos no

47
mundo e não vivemos em Deus, não somos capazes de ser um. Podemos compará-lo a
um filho que foge de sua família. Em vida, ele é um com sua família, mas em posição
e situação está separado, dividido por algo à parte da família.
Uma vez que temos a vida do Pai, necessitamos permanecer no Deus Triúno, e
porque isso requer que sejamos separados do mundo, precisamos da palavra do Se-
nhor para santificar-nos e separar-nos. Por isso, o segundo aspecto da nossa unidade
é que sejamos um no Deus Triúno sendo separados do mundo por meio da palavra
santificadora. Contudo, a unidade entre nós não é adequada e sólida porque muitís-
simos de nós estão parcialmente no mundo e ocupados por ele. Enquanto uma parte
da nossa vida ainda estiver detida e ocupada pelo mundo, é difícil haver uma sólida
unidade. A edificação sólida do Corpo requer uma absoluta separação do mundo e
santificação para Deus. Devemos ser santificados para Deus, separados do mundo, de
uma maneira tal que sejamos verdadeiramente um no Deus Triúno, não somente
tendo Sua vida, mas também permanecendo Nele.
Sermos um não é meramente vermos que somos filhos de Deus e reunirmo-nos. Is-
so seria apenas algo superficial. Antes, precisamos inquirir o quanto fomos separados
e o quanto de nosso viver diário é santificado para Deus. Alguns irmãos e irmãs que
vêm às reuniões somente na manhã do dia do Senhor, sentem que são um com os de-
mais. Eles têm a vida do Pai, não há dúvida, mas podem não estar vivendo no Deus
Triúno sendo separados do mundo. Nesse caso, não podem ser solidamente edificados
na unidade. Ser edificado requer uma absoluta separação do mundo. Necessitamos a
palavra separadora para guardar-nos do mundo e santificarmos para Deus de forma
que tenhamos não somente a vida do Pai, mas também vivamos no Deus Triúno. Es-
sa é a maneira pela qual temos o segundo estágio ou aspecto da genuína unidade. Ter
a vida do Pai é o primeiro passo para a verdadeira unidade, e viver o Deus Triúno é o
segundo.

NOSSA UNIDADE NA GLÓRIA DIVINA


PARA A EXPRESSÃO DO DEUS TRIÚNO
O terceiro passo da genuína unidade está nos versículos 22 a 24, que falam da u-
nidade na glória divina para expressão do Deus Triúno. O versículo chave dessa se-
ção é o 22, que diz: “Eu lhes dei a glória que Me destes, para que sejam um, como Nós
somos um.” Essa glória é a posição que o Pai deu ao Filho de ter a Sua vida e a natu-
reza divina para expressão do Pai. Agora, essa glória foi nos dada pelo Filho, ou seja,
o Filho deu-nos a vida e a natureza do Pai e a posição de filhos para expressá-Lo. É
nessa glória, expressão e manifestação, que somos um. Isso faz com que sejamos o
Corpo genuíno e coletivo de Cristo para expressarmos o Filho a tal ponto que o Filho
seja glorificado para a glorificação do Pai. Essa é a realidade da igreja hoje que por
fim torna-se a Nova Jerusalém. A resposta final à oração do Senhor em João 17 será
a Nova Jerusalém em Apocalipse 21 e 22. A Nova Jerusalém será a completa glorifi-
cação do Filho na qual o Pai será glorificado. Na Nova Jerusalém, a vida do Pai está
fluindo e todos nela estão edificados no Deus Triúno. Eles foram plenamente separa-
dos do mundo e estão totalmente saturados com e santificados para o Deus Triúno,
em quem vivem. Por conseguinte, na Nova Jerusalém, todos estão na glória e eles são
a glória, ou seja, eles são glorificados para serem a expressão e manifestação do Deus

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Triúno. Eles são a edificação e a unidade. Digo novamente: essa é a resposta derra-
deira à oração do Senhor em João 17.
Todavia, há a possibilidade de que mesmo hoje sobre a terra, aqui e ali, em todas
as localidades onde estamos, tenhamos um antegozo, as primícias e a miniatura des-
sa expressão e unidade ultimadas. Em escala, o que temos pode ser pequeno, mas em
natureza é o mesmo. Louvamos ao Senhor porque temos a vida do Pai em nosso inte-
rior, porque podemos viver no Deus Triúno, porque podemos ser separados do mundo
e santificados para o Deus santo, e porque podemos negar nosso eu para expressar e
manifestar o Filho com o Pai como Espírito, nada mais. Dessa maneira, estamos na
glória, tendo a vida e a natureza divinas do Pai e a posição de filhos para expressar o
Pai no Filho como o Espírito. Estamos na glorificação do Deus Triúno como Sua ex-
pressão e manifestação. Essa é a genuína unidade.
“Eu lhes dei a glória que Me destes, para que sejam um, como Nós somos um” (v.
22). Essa é a expressão, manifestação e glorificação na unidade de todos os crentes.
Precisamos perceber a vida do Pai, a separação do mundo e o negar de qualquer coisa
do ego e todo autocentrismo, de modo a prestarmos plena atenção somente à glória do
Pai no Filho como o Espírito. Não estamos aqui para outra coisa que não seja a ex-
pressão, manifestação e glorificação do Deus Triúno. Se nossos olhos estão abertos e
somos atraídos a isso, todas as outras coisas perderão seu sabor e beleza para nós.
Esqueceremos todas as outras coisas e guardaremos somente a expressão do Pai no
Filho como o Espírito. Essa é a nossa expressão, manifestação e glorificação que se
constituem na sólida unidade entre os crentes. (The Collected Works of Witness Lee,
(1966), vol. 2, pp. 99-104)

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A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Domingo – primeira sessão da manhã)

Mensagem Sete
Guardar a unidade da realidade
e chegar à unidade do aspecto prático

Leitura bíblica: Ef 4:2-3, 12-15

I. A unidade do anelo e oração do Senhor é realizada na unidade da realidade


e é cumprida na unidade do aspecto prático — Jo 17:21-23; Ef 4:3, 13.
II. Precisamos guardar a unidade da realidade — a unidade do Espírito — v. 3:
A. A unidade do Espírito é na verdade o próprio Espírito; assim, guardar a unidade é
guardar o Espírito — Gl 5:16, 25:
1. O Espírito é a essência e a realidade do Corpo de Cristo; o Espírito é a reali-
dade da essência assim como a essência à qual pertence à realidade — Ef 4:4.
2. Porque o Espírito é a realidade da unidade genuína, a unidade do Espírito é a
unidade da realidade — Jo 14:17; 15:26; 16:13.
3. Desde que amemos o Senhor Jesus e O acolhamos, nós guardamos a unidade
do Espírito, pois unidade é a pessoa de Cristo como o Espírito que dá vida —
1Co 1:9, 23-24, 30; 2:2; 6:17; 12:12-13; 15:45b.
4. Qualquer ação à parte do Espírito é divisiva; sempre que agimos à parte do
Espírito, somos divisivos e não guardamos a unidade — 2:12-15; 3:1-3.
B. Se quisermos guardar a unidade do Espírito, precisamos ter a humanidade ade-
quada — uma humanidade com humildade, mansidão e longanimidade e uma
humanidade que suporta os outros em amor — Ef 4:2:
1. O fato de as virtudes humanas transformadas no versículo 2 serem menciona-
das antes da unidade do Espírito no versículo 3 indica que precisamos ter es-
sas virtudes para guardar a unidade do Espírito.
2. Quanto mais somos transformados, mais da unidade de Jesus nós temos; ten-
do a humanidade do Cristo ressurreto, espontaneamente temos as virtudes
necessárias para guardar a unidade do Espírito — 2Co 10:1; 11:10.
C. A unidade genuína — a unidade da realidade — é vista na figura do tabernáculo
com suas tábuas de madeira de acácia revestidas de ouro — Êx 26:15-30:
1. As travessas de madeira de acácia revestidas de ouro representam o Espírito
que une — o Espírito Santo de Deus mesclado com nosso espírito, o espírito
mesclado — vv. 26-29.
2. No espírito mesclado está a humanidade transformada com as virtudes da
humildade, mansidão e longanimidade — Rm 8:4; 1Co 6:17.
D. Enquanto Efésios 4:2 indica a necessidade de transformação, o versículo 3 indica
a necessidade da cruz:
1. Na cruz, Cristo fez a paz para o Seu Corpo; essa paz deve nos unir e tornar-se
o vínculo de união — 2:15-17.
2. O vínculo da paz é na verdade o operar da cruz; para termos o vínculo da paz,
precisamos ser crucificados — Gl 5:24.
E. A melhor maneira de se guardar a unidade da realidade é prosseguir, continuar,
para a unidade prática — Ef 4:13.
III. Precisamos chegar à unidade do aspecto prático — a unidade da fé e do ple-
no conhecimento do Filho de Deus — v. 13:

50
A. Como crentes em Cristo, nascemos na unidade da realidade; agora precisamos
prosseguir até que cheguemos à unidade do aspecto prático, a unidade do nosso
viver em seu aspecto prático — Jo 3:6.
B. A unidade do Espírito em Efésios 4:3 é a unidade da vida divina em realidade, e a
unidade no versículo 13 é a unidade do nosso viver prático.
C. A unidade da realidade precisa ser praticada, isto é, precisa tornar-se a unidade
na prática; assim, o versículo 13 fala da unidade do aspecto prático.
D. A palavra cheguemos no versículo 13 indica que é necessário um processo para
chegarmos à unidade do aspecto prático; a unidade da realidade é o começo, e a
unidade do aspecto prático é o destino.
E. A unidade do aspecto prático é a unidade da fé — v. 13:
1. A fé não se refere ao nosso ato de crer, mas às coisas nas quais cremos, como a
pessoa divina de Cristo e Sua obra redentora realizada para nossa salvação —
1Tm 1:19; 6:10, 12, 21; Jd 3.
2. A peculiaridade da igreja é a fé; na vida da igreja temos uma única coisa que é
peculiar — a fé, que é composta pelo que cremos quanto à Bíblia, Deus, Cristo,
a obra de Cristo, a salvação e a igreja — v. 20.
3. Insistir em qualquer coisa além da fé como a base para receber os crentes é
ser divisivo — Rm 14:1; 15:7.
F. A unidade do aspecto prático é também a unidade do pleno conhecimento do Filho
de Deus — Ef 4:13:
1. O pleno conhecimento do Filho de Deus é a compreensão da revelação sobre o
Filho de Deus para nossa experiência — Mt 16:16.
2. A unidade da fé depende totalmente do pleno conhecimento do Filho de Deus
— Jo 20:31; Gl 1:15-16; 2:20; 4:4, 6:
a. Somente quando tomamos Cristo como o centro e pomos o foco Nele é que
podemos chegar à unidade da fé, pois somente no Filho de Deus é que nos-
sa fé pode ser uma — 1Co 2:2.
b. Sempre que estamos carentes de Cristo, estamos carentes de unidade, e
sempre que estamos carentes do elemento de Cristo, estamos em desar-
monia.
c. Todo aquele que verdadeiramente viu o Filho de Deus não se apega à sua
própria opinião nem insiste em coisa alguma — Cl 1:12-20; 2:2-3, 9-10, 16-
17.
G. Para chegar à unidade do aspecto prático, precisamos ser aperfeiçoados pelos
dons para a obra do ministério neotestamentário para a edificação do Corpo de
Cristo; os dons aperfeiçoam os santos até que eles cheguem à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus — Ef 4:12.
H. Se quisermos chegar à unidade do aspecto prático, precisamos apegar-nos à ver-
dade em amor de maneira que possamos crescer em todas as coisas na Cabeça,
Cristo — v. 15.
I. A unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus é tanto o varão perfeito
como a medida da estatura da plenitude de Cristo — v. 13.
J. Chegar à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus é não mais ser
criança levada por todo vento de ensinamento, mas chegar à perfeita varonilidade
e à medida da estatura da plenitude de Cristo; para isso precisamos crescer na
vida divina — vv. 13-15.

51
Porções do Ministério:

A UNIDADE DO CORPO

Em Efésios 4, dois aspectos da unidade são revelados — a unidade em realidade e


a unidade no aspecto prático. A unidade do Corpo não é meramente uma doutrina,
mas uma realidade. Essa unidade é mais do que a unidade entre todos os crentes e
entre as igrejas locais. É a unidade do Deus Triúno, que existe entre os três da Dei-
dade. Há somente um Deus, ainda que Sua Deidade seja três. Assim, Ele é o Deus
três-um, o Deus Triúno. Entre os três da Deidade, há uma unidade eterna. Deus Pai
é um com o Filho e com o Espírito, o Filho é um com o Pai e com o Espírito, e o Espíri-
to é um com o Filho e com o Pai. Todos os três são um entre si.
Além disso, essa unidade maravilhosa e divina entre os três da Deidade tem au-
mentado. O Senhor Jesus nos disse que, como um grão de trigo, Ele caiu no solo para
morrer, de forma que Ele pudesse produzir muitos frutos (Jo 12:24). Portanto, um ú-
nico grão se tornou muitos grãos. Os muitos grãos são o aumento de um só grão.
Nas igrejas locais, temos crentes de todos os continentes e de todas as raças, de to-
das as cores. Em vez de discutir, estamos cantando e louvando juntos. Quão maravi-
lhosa é essa unidade entre nós! Mas a unidade que desfrutamos é somente uma mi-
niatura da grande unidade universal do Corpo universal de Cristo. Essa unidade era
meramente entre os três da Deidade na eternidade passada. Agora foi expandida, a-
largada e aumentada para incluir os milhões e milhões de filhos de Deus que são os
membros do grande Corpo universal de Cristo. Estamos agora testificando dessa uni-
dade.

A UNIDADE EM REALIDADE

A UNIDADE DO ÚNICO ESPÍRITO COMO A ESSÊNCIA


Efésios 4:3-6 revela a unidade em realidade. A unidade em realidade é a unidade
do único Espírito como a essência com a unidade do único Corpo — o único lugar para
permanecer. Todos permanecemos nesse único Corpo. Além disso, Deus Pai permane-
ce aqui, Deus Filho permanece aqui, e Deus Espírito permanece aqui. Espiritualmen-
te falando, todos permanecemos na unidade do único Corpo com o Deus Triúno. Con-
seqüentemente, o Deus Triúno permanece conosco. O Espírito é a essência da unida-
de, esse Espírito permanece no único Corpo, o único Corpo é nossa residência.

A UNIDADE DO ÚNICO SENHOR COMO O ELEMENTO


O Espírito é a essência da unidade, e o Senhor é o elemento da unidade. A essência
está no elemento. A unidade em realidade é a unidade do único Senhor como o ele-
mento com a unidade da única fé — aquela que transfere para Cristo. A fé nos trans-
fere para Cristo. Antes estávamos em Adão, mas a fé nos transferiu para Cristo.
A unidade do único Senhor como o elemento é também a unidade do único batismo
— aquele que transfere para fora de Adão (Ef 4:5). O batismo é a transferência vista
pelo lado negativo. Ele nos transfere de Adão. Estar em Adão é terrível, mas como
podemos sair de Adão? A fé nos une a Cristo e o batismo nos separa de Adão. Esse é o

52
motivo pelo qual é necessário que creiamos e que sejamos batizados (Mc 16:16). Te-
mos de sair de Adão e entrar em Cristo. O batismo nos tira de Adão, e a fé nos faz en-
trar em Cristo. O único Senhor com a única fé e o único batismo é a base da nossa u-
nidade.

A UNIDADE DO ÚNICO PAI COMO A FONTE


A unidade em realidade é também a unidade do único Pai como origem, que está
sobre todos, por meio de todos, e em todos (Ef 4:6). Paulo descreveu a unidade de tal
maneira excelente. Ele nos mostrou que Deus Pai é a origem da nossa unidade, o Se-
nhor é o elemento da nossa unidade e o Espírito é a essência da nossa unidade. O Pai
como a fonte, a origem, está agora sobre nós, por meio de nós e em nós. Ele é Aquele
que nos satura e nos permeia. Na verdade, o próprio Pai é triúno. Ele é o Pai triúno
porque Ele está em três direções — sobre todos, por meio de todos e em todos. Sobre
todos se refere principalmente ao Pai, por meio de todos ao Filho e em todos ao Espí-
rito. O Pai, o Filho e o Espírito são a origem, o elemento e a essência da unidade da
realidade.

A UNIDADE NO ASPECTO PRÁTICO


O outro aspecto da unidade é a unidade no aspecto prático. Todos os crentes em
Cristo nasceram na unidade da realidade, mas todos precisamos prosseguir até que
cheguemos à unidade no aspecto prático.

A UNIDADE DA FÉ
A unidade no aspecto prático é primeiramente a unidade da fé. A fé é o objeto da
crença dos crentes. Insistir em algo além da fé como base para receber os crentes é
ser faccioso. Hoje, as denominações são fundamentadas em algo diferente da fé singu-
lar, que consiste na verdade concernente à pessoa divina de Cristo e Sua obra reden-
tora realizada para a nossa salvação. A denominação presbiteriana é fundamentada
na prática do presbitério. A denominação Batista do Sul é fundada sobre a prática do
batismo por imersão. Uma pessoa tem de ser batizada pelos Batistas do Sul para ser
recebida em sua comunhão. Porquanto eles recebem os santos com outra condição
que não é a fé, eles se tornaram uma divisão.
O centro da nossa fé é uma Pessoa maravilhosa — Jesus Cristo. Ele é Deus que se
tornou homem para ser nosso Salvador. Ele morreu fisicamente na cruz e derramou o
Seu sangue físico pelos nossos pecados. Ele esteve sepultado por três dias e ressusci-
tou fisicamente, psicologicamente e espiritualmente para ser o Espírito que habita
em nós. Cremos Nele como tal pessoa, e cremos em Sua obra redentora ao morrer por
nós e ser ressuscitado.
Os modernistas não acreditam nisso. Eles dizem que Cristo morreu na cruz como
um mártir e que Sua morte não está relacionada com os nossos pecados. Também não
crêem que Cristo ressuscitou. Eles não são crentes genuínos, visto que não crêem na
pessoa de Cristo ou na obra de Cristo como Aquele que morreu por nós para cumprir
a redenção. Contudo, somos crentes genuínos, cristãos genuínos, e essa é a nossa fé.

53
Não devemos contender por qualquer outra coisa que não seja essa fé singular. Es-
sa fé é comum para todos os crentes (Tt 1:4). Não devemos estar distraídos da nossa
fé singular para qualquer outra coisa. (...) Se formos diligentes em preservar a uni-
dade do Espírito, evitando qualquer distração, estaremos a caminho da unidade da
fé, a unidade no aspecto prático. Quanto mais crescermos em vida, mais nos apega-
remos à fé, e desistiremos dos conceitos doutrinários secundários e egoístas que cau-
sam divisão.

A UNIDADE DO PLENO CONHECIMENTO DO FILHO DE DEUS


A unidade no aspecto prático não é somente a unidade da fé, mas também a uni-
dade do pleno conhecimento do Filho de Deus — a plena compreensão do Cristo ilimi-
tado (Ef 4:13). Hoje, há discussões, não somente com relação à morte de Cristo, mas
também acerca da pessoa de Cristo. As Escrituras dizem que Jesus Cristo, como o úl-
timo Adão, morreu na cruz pelos nossos pecados e foi ressuscitado. Primeira Corín-
tios 15:45b diz que em Sua ressurreição, Jesus como o último Adão se tornou o Espí-
rito que dá vida. Isso é claramente revelado na Bíblia, mas alguns se levantaram con-
tra nós clamando que dizer que Cristo é o Espírito é uma heresia.
Hoje, diversos cristãos crêem que os três do Deus Triúno são três deuses. Eles crê-
em no ensinamento errado do triteísmo. O triteísmo — ensinamento que diz que há
três deuses — é uma heresia. Os três da Deidade são distintos, mas não são separa-
dos. Os três da Deidade habitam e vivem mutuamente um no outro. Isso é chamado
coinerência. Em João 14 Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (v.
8). O Senhor respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me tendes conhecido,
Filipe? Quem Me vê a Mim, vê o Pai. (...) Crede-Me que Eu estou no Pai, e o Pai em
mim” (vv. 9-11). Essa porção da Palavra nos mostra que o Filho e o Pai são insepara-
velmente um. O Filho está no Pai, e o Pai está no Filho. Também o Filho é o Pai (Is
9:6).
Cristo é todo-inclusivo. Ele é o Filho, Ele é o Espírito e Ele é o Pai. Ele é também
um homem. Visto que alguns são carentes do pleno conhecimento de Cristo, há dis-
cussões. Essa é a razão porque Paulo diz que precisamos da unidade da fé singular, e
precisamos da unidade do conhecimento pleno e completo de Cristo. Não devemos ser
limitados ou míopes acerca de Cristo, porque Ele é todo-inclusivo.
Quando formos um no conhecimento de Cristo, teremos a unidade prática. Se for-
mos exatos e completos em conhecer Cristo, não sofreremos a perda da unidade em
realidade em nossa prática. Se não praticamos adequadamente a unidade, deixare-
mos a unidade em realidade. Hoje muitos cristãos nas denominações deixaram a rea-
lidade da unidade. Pela misericórdia do Senhor, nossos olhos foram abertos para ver
a unidade divina do Corpo de Cristo. Conhecemos essa unidade e também praticamos
essa unidade, a unidade da realidade e a unidade no aspecto prático.

O PROCESSO DE IR DA UNIDADE EM REALIDADE PARA


A UNIDADE NO ASPECTO PRÁTICO

Nascemos na unidade em realidade. Então precisamos chegar à unidade no aspec-


to prático. Há um processo a partir da unidade em realidade para chegar à unidade

54
no aspecto prático (Ef 4:12-16). Para chegarmos de maneira plena à unidade no as-
pecto prático, precisamos ser aperfeiçoados pelos dons para a obra do ministério neo-
testamentário para a edificação do Corpo de Cristo (v. 12). Então cresceremos da in-
fância até a varonilidade, não sendo mais agitados pelas ondas, pelas rebeliões, nem
levados por todo vento de ensinamento, de doutrina (v. 14). Para chegarmos à unida-
de no aspecto prático, precisamos apegar-nos à verdade em amor para crescermos em
todas as coisas no Cabeça, Cristo (v. 15). Por fim, seremos um homem plenamente
crescido na medida da estatura da plenitude de Cristo, o Corpo de Cristo (v. 13). Se-
remos edificados no Corpo de Cristo por meio de sermos unidos por meio de cada jun-
ta do rico suprimento de Cristo e por meio do operar da medida de cada parte do Cor-
po (v. 16). Esse é o melhor e o mais efetivo caminho para preservar a unidade do Cor-
po (vv. 2-3). (The Intrinsic View of the Body of Christ, pp. 83-87, 89-93)

CHEGAR À UNIDADE DA FÉ
A palavra grega traduzida para chegar no versículo três pode também ser traduzi-
da para alcançar. Isso indica que é necessário um processo para que alcancemos ou
cheguemos à unidade prática.
A unidade do Espírito no versículo três é a unidade da vida divina em realidade,
ao passo que a unidade no versículo treze é a unidade do nosso viver na prática. Já
possuímos a unidade da vida divina em realidade. Precisamos somente preservá-la.
Mas devemos prosseguir até que cheguemos à unidade do nosso viver na prática. Es-
se aspecto da unidade consiste de duas coisas: a fé e o pleno conhecimento do Filho de
Deus. Fé não se refere ao nosso ato de crer, e, sim, àquilo em que cremos, tal como a
Pessoa divina de Cristo e Sua obra redentora para nossa salvação. A fé é usada nesse
sentido em Judas 3, 2 Timóteo 4:7 e 1 Timóteo 6:21.

CHEGAR À UNIDADE DO PLENO CONHECIMENTO DO FILHO DE DEUS

O pleno conhecimento do Filho de Deus é a percepção real da revelação a respeito


do Filho de Deus para nossa experiência. O Filho de Deus refere-se à Pessoa do Se-
nhor como vida para nós, enquanto Cristo refere-se à Sua comissão de nos ministrar
vida para que, como membros do Seu Corpo, tenhamos dons para funcionar. Quanto
mais crescermos em vida, mais nos apegaremos à fé e à percepção de Cristo como rea-
lidade, e mais abandonaremos todos os conceitos a respeito de doutrinas menores que
causam divisões. Então chegaremos ou atingiremos a unidade prática, isto é, todos
chegaremos à perfeita varonilidade (ou estado de varão perfeito), à medida da estatu-
ra da plenitude de Cristo.
Muitos cristãos não conhecem a diferença entre a unidade do Espírito e a unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus. A primeira é a unidade da realidade,
e a segunda é a unidade da prática. Visto que o Espírito é a realidade da nossa uni-
dade, a unidade do Espírito é a unidade da realidade. Unidade é nada menos que o
próprio Espírito. Se não houvesse o Espírito, não haveria unidade. Embora tenhamos
a unidade em realidade, ainda há a necessidade da unidade da prática. Isso quer di-
zer que a unidade da realidade deve ser praticada, isto é, deve tornar-se a unidade da
prática. Portanto, no versículo treze Paulo fala da unidade da prática.

55
Entre a unidade da realidade e a unidade da prática há uma distância. Por essa
razão, há a necessidade de que “cheguemos à” unidade da prática. A unidade do Espí-
rito é o início, e a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus é o destino.
Isso indica que devemos prosseguir da unidade do Espírito para a unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus. Em outras palavras, devemos prosseguir da
unidade da realidade até que cheguemos à unidade da prática.
Como cristãos já temos a unidade da realidade. Mas precisamos preservá-la. A me-
lhor maneira de preservar a unidade da realidade é prosseguir, avançar, em direção à
unidade da prática.
Já dissemos que a fé no versículo treze não se refere ao nosso ato de crer, e sim ao
objeto em que cremos. Todo cristão aceita essa fé. Quando cremos no Senhor Jesus,
éramos muito simples. Tudo que tínhamos era a fé. Mas depois nos tornamos muito
complicados, adotando várias doutrinas, ensinamentos e conceitos, dos quais quase
todos são facciosos.
Vários jovens podem ser salvos ao mesmo tempo, por meio da pregação do mesmo
evangelista. No dia em que são salvos, todos aceitam a fé. Mais tarde, contudo, ado-
tam diferentes conceitos doutrinários, que fazem com que se dividam. Para que esses
cristãos cheguem à unidade da fé, precisam ser aperfeiçoados por meio da obra dos
apóstolos, profetas, evangelistas, e pastores e mestres. Essa obra de aperfeiçoamento
fará com que se preocupem com a unidade do Espírito e coloquem de lado as doutri-
nas facciosas. Quando chegam à unidade da fé, não se preocupam mais com várias
doutrinas facciosas, mas somente com a única fé com respeito a Cristo e Sua obra re-
dentora. Por meio dessa obra aperfeiçoadora também chegam, em experiência, ao ple-
no conhecimento do Filho de Deus. Não dão mais atenção a doutrinas ou práticas fac-
ciosas, mas somente a Cristo como Filho de Deus. Preocupam-se com o pleno conhe-
cimento do Filho de Deus como vida em experiência. Desejam mais e mais experi-
mentar Cristo na vida diária. Chegando à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, eles não têm apenas a unidade da realidade, mas também a unidade
da prática. Agora são capazes de se reunir sem divisão e desfrutar a unidade de modo
prático.
A unidade na restauração do Senhor é tal unidade prática. É a unidade da nossa
única fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus na experiência diária Dele como
nossa vida. Creio que a maioria de nós, na restauração do Senhor, chegou à unidade
da prática. Portanto, somos um, tanto na realidade como na prática.
Hoje, muitos cristãos que amam o Senhor, incluindo muitos pastores e ministros,
não enxergam a unidade da prática. Contudo, possuem a unidade da realidade, que é
a unidade do Espírito. Muitos desses cristãos dizem que, desde que sejamos crentes
autênticos em Cristo e o Espírito habite em nós, todos podemos ser um. Em certo sen-
tido, isso é verdade. Mas essa unidade ainda não é a unidade da prática. É real, mas
não prática. Portanto, tais cristãos precisam percorrer a distância entre a unidade da
realidade e a unidade da prática. Louvo ao Senhor, pois muitos de nós prosseguiram
do início, a unidade do Espírito, para o destino, a unidade da fé e do pleno conheci-
mento do Filho de Deus. Avançamos da unidade da realidade para a unidade da prá-
tica. (Estudo-Vida de Efésios, pp. 422-425)

56
A VISÃO, A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA
DA UNIDADE TODO-INCLUSIVA

(Domingo — segunda sessão da manhã)

Mensagem Oito
A entidade orgânica quatro-em-um em Efésios 4:4-6
correspondem aos candelabros de ouro em Apocalipse 1:20

Leitura bíblica: Ef 4:4-6; Ap 1:20

I. Efésios 4:4-6 é a porção mais misteriosa e excelente da Bíblia que expressa o


desejo do Deus Triúno e o propósito mais elevado que Ele deseja alcançar:
A. Com base nessa porção da Palavra, dizemos que a edificação do Corpo de Cristo é
a constituição do Deus Triúno processado e consumado com os homens tripartidos
que Ele redimiu, regenerou, santificou, renovou, transformou e conformou à Sua
imagem — v. 16; Rm 8:16, 29; 12:4-5.
B. Com base em Efésios 4:4-6, dizemos que o Corpo de Cristo é a união e o mesclar
de Deus com Seu povo redimido.
II. A unidade do Corpo de Cristo é, na verdade, o viver triúno, orgânico, do
próprio Deus — Ef 4:4-6:
A. O resultado do único Deus e Pai, do único Senhor e do único Espírito é um orga-
nismo — o Corpo de Cristo — 1:3-23.
B. A unidade do Corpo de Cristo é única porque é uma unidade na unicidade do
Deus Triúno — Jo 17:6, 11, 14-23:
1. Deus Pai é a fonte, como nossa natureza e vida, Deus Filho é o elemento dessa
natureza e vida, e Deus Espírito é a essência do elemento — Ef 4:4-6.
2. Nós somos um porque temos o Deus Triúno em nós como a fonte, o elemento e
a essência.
3. Nessa unidade com o Deus Triúno, temos unidade uns com os outros; isso é a
unidade do Corpo de Cristo — v. 3.
C. Pelo fato de o Corpo de Cristo ser o mesclar do Deus Triúno com Seu povo redimi-
do e transformado, o próprio Corpo é a unidade — vv. 4-6.
III. De acordo com Efésios 4:4-6, o Corpo de Cristo, a igreja é quatro-em-um: o
Pai, o Filho, o Espírito e o Corpo:
A. No final das contas, a igreja, o Corpo, é um grupo de pessoas redimidas, regene-
radas que estão em união com o Deus Triúno e mescladas com Ele —3:16-21.
B. Efésios 4:4-6 revela quatro pessoas — um Corpo, um Espírito, um Senhor e um
Deus e Pai — mescladas como uma entidade para ser o Corpo orgânico de Cristo:
1. O Pai é a origem, o Filho é o elemento e o Espírito é a essência; esses três es-
tão mesclados com o Corpo.
2. O Pai é corporificado no Filho, o Filho é tornado real como o Espírito e todos
Eles estão em nós; portanto, somos “quatro-em-um”, uma constituição divino-
humana — Jo 14:10-11, 16-17, 20; Ef 3:16-21.
3. Porque o Pai, o Filho e o Espírito são um com o Corpo de Cristo, podemos dizer
que o Deus Triúno é agora o “Deus quatro-em-um”; esses quatro são o Pai, o
Filho, o Espírito e o Corpo — 4:4-6.
IV. A entidade orgânica quatro-em-um em Efésios 4:4-6 corresponde aos cande-
labros em Apocalipse 1:20:

57
A. Figurativamente, os candelabros de ouro simbolizam a igreja como a corporifica-
ção e expressão do Deus Triúno — vv. 11-12.
B. Quanto mais experimentamos os aspectos detalhados do Deus Triúno descritos no
candelabro, mais nos tornamos em realidade o candelabro de ouro como a corpori-
ficação e expressão do Deus Triúno — vv. 1:12, 20:
1. O candelabro é de ouro puro, significando a natureza divina, eterna, incorrup-
tível de Deus Pai — Êx 25:31; 2Pe 1:4; Ap 3:18:
a. A substância, o elemento, do candelabro significa a natureza divina; o can-
delabro de ouro existe na natureza de Deus Pai.
b. Precisamos experimentar o elemento do candelabro, recebendo Deus como
o elemento nas profundezas do nosso ser — 2Pe 1:4.
c. O quanto da natureza divina foi trabalhado em nós determina a que ponto
somos a igreja na realidade — Ap 1:20.
2. A conformação, a forma do candelabro significa Deus Filho como a corporifica-
ção de Deus Pai — Êx 25:31:
a. Cristo foi regenerado em nós, está sendo formado em nós e nós estamos
sendo transformados dentro Dele — Jo 1:12-13; Gl 4:19; 2Co 3:18.
b. Por meio da salvação orgânica, estamos sendo salvos da aparência própria
(a expressão do ego) e conformados à imagem de Cristo como o Primogêni-
to de Deus — Rm 5:10; 8:29.
3. As sete lâmpadas significam Deus Espírito como os sete Espíritos — Ap 4:5;
5:6:
a. Temos duas lâmpadas em nós — o Espírito sete vezes intensificado de
Deus em nosso espírito regenerado — brilhando e iluminando nossas par-
tes interiores — 4:5; Pv 20:27; 1Co 6:17; 2:11-12.
b. Se quisermos ser transformados, precisamos abrir-nos para o Senhor e
permitir que as duas lâmpadas examinem todas as recâmaras da nossa
alma, iluminando nossas partes interiores para supri-las com vida — Pv
20:27; Lc 11:36.
4. Dessa maneira a igreja é o Deus Triúno mesclado com Seu povo redimido para
tornar-se o candelabro para expressar Deus — Ap 1:20.
C. Para o candelabro, todo o ouro deve ser reunido em uma única unidade, uma enti-
dade; isso é algo relacionado com a edificação — Êx 25:31, 36; Mt 16:18; Ef 2:21-
22; 4:16:
1. Deus não deseja centenas de unidades individuais de ouro; Ele quer que todo o
ouro reja reunido e batido para formar o candelabro.
2. Se tivermos visto a edificação, não seremos individualistas; antes, percebere-
mos que tudo que ganharmos do elemento divino é para a edificação e que
nosso ouro deve ser reunido e edificado como uma só entidade.
D. O símbolo do candelabro de ouro indica que o Deus Triúno é uma árvore viva,
crescendo, brotando e florescendo, e a descrição do candelabro transmite a idéia
de crescimento — Jo 14:6; 15:1a, 5a; Êx 25:31-32; Ef 4:14-16.
E. Se quisermos ser o candelabro de ouro em realidade, precisamos praticar ser um
espírito com o Senhor, andando segundo o espírito e exercitando nosso espírito
para a piedade, para a manifestação corporativa de Deus na carne — 1Co 6:17;
Rm 8:4; Ef 2:21-22; 4:23; 1Tm 4:7; 3:15-16a.
F. Como a corporificação e expressão multiplicada do Deus Triúno processado, os
candelabros de ouro são idênticos — Ap 1:12, 20:
1. O sinal dos candelabros de ouro revela que as igrejas devem ser uma em es-
sência, aparência e expressão.

58
2. Jesus tem um único testemunho, a corporificação e expressão do Deus Triúno;
assim, todas as igrejas locais em todas as cidades de todas as nações deveriam
ser exatamente iguais — 2:1; Cl 3:10-11; Jo 17:22; Ap 21:10-11.
G. As igrejas como candelabros de ouro serão consumadas na Nova Jerusalém, a to-
talidade de todos os candelabros — 1:20; 21:18b, 23:
1. Apocalipse começa com os candelabros e termina com o candelabro — 1:20;
21:18b, 23.
2. A Nova Jerusalém, uma montanha de ouro, é o candelabro de ouro universal
que tem o Cordeiro como a Lâmpada que resplandece Deus como luz — vv.
18b, 23; 22:1, 5.
3. A Nova Jerusalém, o agregado dos candelabros de hoje, é um candelabro de
ouro universal, consumado, para resplandecer a glória de Deus no novo céu e
nova terra pela eternidade — 21:24.

59
Porções do Ministério:

A CONSTITUIÇÃO DO CORPO DE CRISTO

É COMPOSTA DOS CRENTES REDIMIDOS, REGENERADOS, SANTIFICADOS,


RENOVADOS E TRANSFORMADOS POR DEUS COMO SUA ESTRUTURA EXTERNA

O Corpo de Cristo é a constituição do Deus Triúno processado com os seres huma-


nos transformados. Ele é constituído pela união de Deus e o homem. O Deus Triúno
passou pelos processos de encarnação, viver humano, crucificação, ressurreição e as-
censão. O Corpo de Cristo é a constituição de tal Deus processado com Seu povo re-
dimido. Essa constituição tem os crentes que são redimidos, regenerados, santifica-
dos, renovados e transformados por Deus como sua estrutura externa. Em outras pa-
lavras, a constituição de tal edifício de Deus e o homem tem o homem como sua es-
trutura externa. Porém, não são homens excepcionais que são a estrutura, mas os
crentes a quem Deus tem redimido, regenerado, santificado, renovado e transforma-
do.

CONTÉM TAMBÉM O DEUS TRIÚNO PROCESSADO E CONSUMADO


COMO SEU ELEMENTO INTERNO

A constituição do Corpo de Cristo não contém somente os crentes a quem Deus re-
dimiu, regenerou, santificou, renovou e transformou, como sua estrutura externa,
mas também possui o Deus Triúno processado e consumado como seu elemento in-
terno. Nosso corpo humano tem uma estrutura externa e um elemento interno. A es-
trutura externa mais o elemento interno é um corpo vivo e orgânico. É o mesmo com o
Corpo de Cristo. As pessoas redimidas são a estrutura externa; o Deus redentor é o
elemento interno.
O Pai, que pertence ao Deus Triúno, é a fonte do elemento interior da constituição
do Corpo de Cristo. O Filho, que pertence ao Deus Triúno, é o próprio elemento inter-
no. O Espírito, que pertence ao Deus Triúno, é a essência do elemento interno. A par-
tir de Efésios 4:4-6 podemos ver a fonte, o elemento e a essência do Corpo de Cristo.
O versículo 4 fala de um só Corpo e um só Espírito, o versículo 5 de um só Senhor, e o
versículo 6 de um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos e age por meio de todos
e está em todos. O único Corpo é a estrutura; o elemento interior é o Pai como a fonte,
o Filho como o elemento do Pai e o Espírito como a essência do elemento. O Corpo de
Cristo é constituído com o Deus Triúno e Seu povo redimido, tendo Seu povo redimido
como a estrutura externa e o próprio Deus Triúno como o elemento interno.
Hoje, a maioria dos cristãos não fala a respeito do Corpo de Cristo. Mesmo quando
falam, eles não falam com muita clareza. Mesmo entre nós, nossa maneira antiga de
explicar não era muito clara. Geralmente dizíamos que o Corpo de Cristo era univer-
sal, e que a igreja era local. Porém, o Corpo de Cristo não é uma questão de ser uni-
versal ou local, mas uma questão da estrutura externa e do elemento interno. Se
houvesse somente a estrutura externa sem o elemento interno, o Corpo seria um cor-
po morto. Com a estrutura externa, também deve haver o elemento interno; assim,
esse Corpo é um Corpo vivo e orgânico. Hoje, Deus fez desses a quem Ele redimiu, re-

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generou e transformou a estrutura externa. O próprio Deus — o Pai, o Filho e o Espí-
rito — é o elemento interno. O Pai é a fonte, o Filho é o elemento e o Espírito é a es-
sência. Esses quatro — o Pai, o Filho, o Espírito e o homem — mesclados e edificados
juntos, se tornam o Corpo de Cristo.
Todos precisamos ver o que é o Corpo de Cristo. O Corpo de Cristo não é a totali-
dade de todas as igrejas somadas juntas. Os versículos 3 a 6 em Efésios 4 falam pri-
meiro da natureza básica do Corpo, com o povo redimido como a estrutura externa e o
Deus redentor como o elemento interno. Os versículos 7 a 16 falam da edificação des-
se Corpo. O Corpo de Cristo é semelhante ao corpo humano. Ele não é produzido pela
união de peças como na construção de uma casa. O primeiro passo para construir
uma casa é lançar a fundação, em seguida a estrutura é montada, e então os tijolos
são colocados na estrutura. Mas nosso corpo não é igual a isso. Ao nascer, uma pessoa
possui um conjunto completo de membros. O que é necessário é crescimento. Eu uso
freqüentemente meu neto como ilustração. Quando nasceu, ele pesava somente dois
quilos e setecentos gramas e foi mantido em uma incubadora. Entretanto, pelo fato
de ele receber alimentação adequada, hoje ele não apenas cresceu, mas também ficou
muito forte. Dessa forma, a edificação do Corpo é por meio da alimentação. Quando o
Corpo recebe alimentação, ele cresce gradualmente; esse crescimento é a edificação
do Corpo.
O Corpo não é edificado a partir do exterior, mas ele cresce do interior. O cresci-
mento vem do nascimento. Primeiro deve haver o nascimento antes de poder haver o
crescimento. Por isso, o primeiro passo para produzir o Corpo de Cristo é nossa rege-
neração. Do ponto de vista de Deus, todos fomos regenerados pela ressurreição do
Senhor Jesus no dia de Sua ressurreição (1Pe 1:3). Embora muitos crentes individu-
ais tenham sido gerados, aos olhos de Deus eles são um Corpo corporativo. Após a re-
generação dos muitos crentes na ressurreição de Cristo, o que segue em santificação,
renovação, transformação e conformação é uma questão de alimentação.
A edificação do Corpo de Cristo é o crescimento do Corpo de Cristo. Efésios 4:13
nos mostra que esse crescimento requer que todos cheguem à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo. O versículo 15 diz que precisamos crescer
em Cristo, a Cabeça, em todas as coisas. O versículo 16 diz que o Corpo crescerá gra-
dualmente até a edificação de si mesmo em amor. O crescimento é a edificação. Hoje,
em geral, no cristianismo falta alimentação; conseqüentemente, também falta cres-
cimento. Esse é o motivo de não haver nenhuma edificação do Corpo de Cristo.
A edificação do Corpo de Cristo é o resultado da união do Espírito de Deus e o es-
pírito do homem. É uma constituição destes dois espíritos. Essa constituição, essa e-
dificação, tem as pessoas salvas como sua estrutura e o Deus que salva — o Pai, o Fi-
lho e o Espírito — como seu elemento interior. Todos os três, o Pai, o Filho e o Espíri-
to, são dispensados, infundidos e edificados para dentro dos crentes que Deus redi-
miu, regenerou, santificou, renovou e transformou. Esse dispensar para dentro de nós
é uma questão diária. O Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito — é dispensado e
infundido para dentro de nós diariamente e assim somos edificados diariamente. Isso
é semelhante aos alimentos que comemos. Por meio da digestão, os nutrientes dos a-
limentos são dispensados para dentro de nós e infundidos em todo o nosso ser, e são
até mesmo edificados para dentro de nós para tornarem-se nosso elemento, se torna-
rem, inclusive, nós mesmos. Semelhantemente, o Deus Triúno, por meio de Seu dis-

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pensar, infundir e edificar, se torna nós mesmos e é edificado junto conosco. Assim
estamos crescendo gradualmente para o cumprimento da edificação do Corpo de Cris-
to.
O Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito — está dispensando, infundindo e edi-
ficando a Si mesmo nos crentes a quem Ele redimiu, regenerou, santificou, renovou e
transformou, de forma que eles e o Deus que os redimiu e transformou possam ser
constituídos em uma entidade corporativa que é o Corpo orgânico de Cristo. Essa en-
tidade é Deus, contudo homem; homem, contudo Deus (Ef 4:3-4a). Essa constituição
da divindade com a humanidade é singular no universo. Ela não deve e não pode ser
dividida.
Com base em Efésios 4:4-6, [temos considerado] a constituição do Corpo de Cristo.
Aqui, peço que leiam novamente aquela passagem da Bíblia: “Há somente um corpo e
um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há
um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos.” Esses três versículos são a porção bíbli-
ca mais misteriosa e mais excelente que fala do desejo do Deus Triúno e o propósito
mais elevado que Ele deseja atingir. É com base em tal porção da Palavra que nós di-
zemos que a edificação do Corpo de Cristo é a constituição do Deus Triúno processado
e consumado com o homem tripartido a quem Ele redimiu, regenerou, santificou, re-
novou, transformou, conformou a Sua imagem e glorificou. Também é com base nessa
porção que dizemos que o Corpo de Cristo é a união e mescla de Deus e Seu povo re-
dimido. O Corpo de Cristo não é somente uma constituição, mas também uma união e
uma mescla. Agora eu quero fazer algumas perguntas para ajudar vocês a verem os
pontos cruciais revelados nesses poucos versículos.
Em primeiro lugar, a partir dessa porção da Bíblia, como podemos provar que as
pessoas redimidas por Deus são a estrutura externa do Corpo de Cristo? O versículo 4
começa com “somente um Corpo”, e não com “somente um Espírito”. Aqui o Corpo é
mencionado antes do Espírito porque quando olhamos para uma pessoa, vemos pri-
meiro o seu corpo externo. O fato de o versículo 4 começar com “somente um Corpo”
prova que esse Corpo é a estrutura externa do elemento interno abordado nos versí-
culos subseqüentes.
Em segundo lugar, como podemos provar que o Deus Triúno está dentro dessa es-
trutura externa para ser seu conteúdo? O versículo 6 diz: “Um só Deus e Pai de todos,
o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” A Trindade Divina está
incluída aqui. Sobre todos se refere principalmente ao Pai, age por meio de todos, ao
Filho, e está em todos, ao Espírito. O Pai é a fonte, o Filho é o elemento e o Espírito é
a essência. Todos os três estão dentro da estrutura externa do Corpo de Cristo para
ser seu conteúdo. Isso é indicado por em todos.
Em terceiro lugar, como podemos provar que no Corpo de Cristo as pessoas redi-
midas se tornam a nova criação no Deus Triúno? Isso pode ser provado por uma só fé
no versículo 5. Pela fé cremos em Cristo (Jo 3:16), isto é, para dentro de Cristo que é
a corporificação do Deus Triúno. Portanto, no Corpo de Cristo as pessoas redimidas
estão em Cristo, no Deus Triúno. Além disso, 2 Coríntios 5:17 diz: “E, assim, se al-
guém está em Cristo, é nova criação.” Portanto, no Corpo de Cristo, visto que as pes-
soas redimidas estão em Cristo, são uma nova criação. As pessoas redimidas, como a
estrutura externa do Corpo de Cristo, têm se tornado a nova criação no Deus Triúno.

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Em quarto lugar, como podemos provar que no Corpo de Cristo, o velho homem e a
velha criação das pessoas redimidas já foram terminados completamente? Um só ba-
tismo no versículo 5 é uma prova dessa questão. O batismo é um sepultamento; tam-
bém é uma terminação. Por meio do batismo, o velho homem e a velha criação das
pessoas redimidas são terminados. Portanto, no Corpo de Cristo não há velho homem
nem velha criação. Para ter a realidade do Corpo de Cristo, temos de experimentar a
terminação do velho homem e da velha criação. Se ainda temos um pouco da velha
criação, não temos a realidade do Corpo de Cristo. Precisamos viver uma vida crucifi-
cada, experienciar a terminação do velho homem e viver Cristo, que possui tanto a
natureza divina como a natureza humana. Então teremos a realidade do Corpo de
Cristo.
Em quinto lugar, como podemos provar que o Espírito, como a essência do Corpo
de Cristo, está conectado à esperança das pessoas redimidas da glorificação do corpo
delas? Com respeito a esse ponto, o versículo 4 diz: “Um só Corpo e um só Espírito,
como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação.” Nossa esperan-
ça futura é que nosso corpo entrará em glória, isto é, a redenção de nosso corpo (Rm
8:23-25). Efésios 4:30 diz: “... O Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção [do corpo].” Ser selado é receber o Espírito Santo como a essência (Ef 1:13).
O resultado final disso é a redenção do corpo, isto é, a glorificação (Rm 8:21, 23). Por-
tanto, Efésios 4 une o Espírito como a essência com a esperança da glorificação. Uma
só esperança parece estar muito distante, mas o Espírito, como a essência, está muito
próximo de nós e não pode estar mais próximo. A glória que obteremos está dentro de
nós hoje. A essência já está dentro de nós. Um dia ela será manifestada, e isso será
nossa glorificação.
Isso é semelhante à semente semeada na terra. Primeiramente ela solta os brotos,
e em seguida as folhas e as flores crescem. Florescer é ser glorificado. A glória da flor
vem da essência da semente, e a expressão da essência dentro da semente é a matu-
ridade da essência dentro da semente. Hoje há uma essência dentro de nós. Essa es-
sência florescerá no futuro. Isso será nossa glorificação. Portanto, “um só Espírito (...)
uma só esperança” mencionados em Efésios 4:4 podem referir-se a “uma só essência,
uma só glorificação”.
Muitas pessoas salvas têm experienciado o Espírito dentro delas como a essência.
Por exemplo, antes de serem salvas, as jovens irmãs se vestiam segundo as suas pró-
prias preferências. Depois que foram salvas, até mesmo quando penteiam seus cabe-
los, há Alguém dentro delas perguntando: “Está correto pentear seus cabelos desta
maneira?” Alguns vão ao cinema. Eles também experimentam Alguém dentro deles
os seguindo e lhes dizendo: “Volte.” Essas são ilustrações muito superficiais para
mostrar-nos que temos algo muito precioso dentro de nós, que entrou quando fomos
salvos, e nunca mais nos deixará: o Espírito dentro de nós como a essência. O Espíri-
to como a essência é como a essência dentro da semente. Um dia ela “brotará” e “flo-
rescerá”. Isso será nossa glorificação.
Em sexto lugar, como podemos provar que no Corpo de Cristo a estrutura externa
e o conteúdo interno estão unidos e mesclados para serem um? Efésios 4:4-6 mencio-
na que o Espírito, como a essência dentro de nós, está unido à esperança da glória.
Também menciona nosso ser colocado em Cristo por meio de uma só fé e um só ba-
tismo, e também que o único Deus e Pai está acima de todos, age por meio de todos e

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está em todos. Portanto, o Deus Triúno está em nós e nós estamos Nele. Esse é a uni-
ão e o mesclar da estrutura externa com o conteúdo interno para que eles se tornem
um. (The Issue of the Union of the Consummated Spirit of the Triune God and the Re-
generated Spirit of the Believers, pp. 50-54, 59-61)

A IGREJA EM APOCALIPSE
Paulo foi martirizado logo após ter escrito o livro de Efésios. Depois de cerca de
vinte e cinco anos entre os apóstolos da primeira geração, somente João, já idoso, a-
inda vivia. Dentre os doze apóstolos, ele foi o último a falecer. Ao escrever o livro de
Apocalipse, ele indica no início que a igreja em cada cidade é um candelabro de ouro,
que cada candelabro sustenta não apenas uma lâmpada, mas sete lâmpadas, e que
dentro das lâmpadas há uma luz que brilha. Figurativamente, o candelabro de ouro
representa a corporificação do Deus Triúno. Primeiramente, a natureza do candela-
bro de ouro é ouro puro, e, em tipologia, o ouro tipifica a vida e natureza gloriosa do
Pai. Além disso, o candelabro de ouro não é apenas uma peça de ouro maciço. Antes, o
ouro é batido até adquirir o formato de candelabro. Isso quer dizer que Cristo, como a
corporificação de Deus Pai, tornou-se homem e passou por sofrimentos e provações
para expressar Deus. Ainda mais, cada candelabro sustenta sete lâmpadas. Apocalip-
se nos diz claramente que as sete lâmpadas são os sete Espíritos de Deus (4:5). Por-
tanto, em Apocalipse, o candelabro de ouro tipifica a igreja como a corporificação do
Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O fato de a igreja ser a corporifica-
ção do Deus Triúno corresponde a Efésios 4. Efésios 4:4-6 fala de um só Corpo e um
só Espírito, um só Senhor e um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por
meio de todos e está em todos. Isso indica que a igreja é o mesclar do Deus Triúno
com o Corpo. Isso corresponde aos candelabros de ouro em Apocalipse. A igreja é o
Deus Triúno completamente mesclado com Seus redimidos, em unidade, para tornar-
se um candelabro de ouro que brilha localmente para expressar o próprio Deus.
Quando essa expressão é manifestada, é o testemunho de Jesus (Ap 1:2, 9).
No final de Apocalipse, quando o novo céu e a nova terra chegarem, o centro deles
será uma montanha de ouro, a Nova Jerusalém. Sobre essa montanha está o trono de
Deus, no qual está Deus e o Cordeiro, Cristo. Deus é a luz e Cristo é a lâmpada
(21:23). Portanto, a Nova Jerusalém é um candelabro. Finalmente, a Nova Jerusalém
será um candelabro unido com Cristo como a lâmpada e Deus como a luz brilhando
da montanha de ouro. Essa é a consumação final da igreja. No começo de Apocalipse,
a igreja é expressa como muitos candelabros em várias localidades, com um candela-
bro para cada localidade. Na consumação da igreja em sua manifestação na eternida-
de, todos os candelabros são reunidos como candelabro único, universal, a Nova Jeru-
salém. (The Four Crucial Elements of the Bible — Christ, the Spirit, Life, and the
Church, pp. 140-141)

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