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Tecnologia Do Processamento de Alimentos Capitulo 1 PDF
Tecnologia Do Processamento de Alimentos Capitulo 1 PDF
PRINCÍPIOS BÁSICOS
1
Propriedades dos alimentos e
teoria do processamento
Sólidos
Alumínio 2.640 – 0
Cobre 8.900 – 0
Aço inoxidável 7.950 – 20
Concreto 2.000 – 20
Gases –
Ar 1,29 – 0
Ar 0,94 – 100
Gás carbônico 1,98 – 0
Gás carbônico 1,46 – 100
Nitrogênio 1,30 – 0
Adaptada de dados de Earle (1983), Lewis (1990), Milson e Kirk (1980), Peleg (1983) e Moshenim (1970).
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 27
A densidade de líquidos é uma medida A densidade dos líquidos pode ser expres-
direta da relação massa/volume sob uma tem- sa como gravidade específica, um número
peratura determinada, porém para sólidos adimensional (Apêndice D), que é encontrado
particulados e pós existem duas formas de den- pela divisão da massa (ou densidade) de um
sidade: a densidade dos pedaços individuais e líquido pela massa (ou densidade) de um volu-
a densidade do conjunto do material, que tam- me igual de água pura na mesma temperatura:
bém inclui espaços de ar entre os pedaços. Esta
última medida é denominada densidade a gra- SG = massa de líquido/massa de água 1.2
nel e é a massa de sólidos dividida pelo volu-
SG = densidade de líquido/
me bruto. A fração do volume que é ocupada 1.3
densidade da água
pelo ar é chamada de porosidade (∈) e é calcu-
lada por: Se a gravidade específica de um líquido é
conhecida em uma temperatura particular, sua
∈ = V a / Vb 1.1
densidade pode ser encontrada usando:
onde Va = volume do ar (m3) e Vb = volume
ρ L = (SG)T . ρ W 1.4
bruto (m3).
A densidade a granel do material depen- onde ρ L = densidade líquida (kg m-3 ) e ρ W =
de da densidade do sólido e da geometria, do densidade da água, à temperatura T (oC).
tamanho e das propriedades superficiais das A gravidade específica é muito utilizada no
partículas individuais. Alguns exemplos dessa lugar da densidade na produção de cerveja e em
densidade para alguns alimentos são mostra- outras fermentações alcoólicas (Capítulo 7), em
dos na Tabela 1.1 e ela é discutida em relação que o termo “gravidade original” (GO) é utiliza-
a pós secos por spray drying no Capítulo 15. do para designar a gravidade específica do líqui-
28 P. J. FELLOWS
do antes da fermentação (p. ex., “1.072” ou “72” onde P = pressão absoluta (Pa), V = volume
referem-se à gravidade específica de 1,072). (m3), n = número de móis de gás (kmole), R
A densidade dos gases depende de sua = constante dos gases (8.314 (N[m]/[kmole
pressão e temperatura (Tabela 1.1). A pressão K]) e T = temperatura (K).
é geralmente expressa como pressão gauge, Essa equação é útil para calcular transfe-
quando é acima da pressão atmosférica, ou rências gasosas em aplicações como armaze-
como vácuo gauge, quando é abaixo da pres- nagem ou embalagem em atmosfera modifica-
são atmosférica. A pressão é calculada utilizan- da (Capítulo 20), congelamento criogênico
do a equação dos gases ideais: (Capítulo 21) e permeabilidade de materiais
de embalagem (Capítulo 24).
PV = nRT 1.5
Problema-exemplo 1.1
Calcule a quantidade de oxigênio que entra através de um filme de embalagem de polietileno em 24 horas,
se, o pacote possui uma área superficial de 750 cm2 e uma permeabilidade ao oxigênio de 120 mL m-2 por 24
horas a 23°C e umidade relativa de 85% (veja Capítulo 24, Tabela 24.2).
V = 120 x 750
100 2
= 9,0 cm3
Valores típicos de over-run são 60 a 100% para sorvetes e 100 a 120% para creme batido.
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 29
Tensão de cisalhamento
E
B A
Taxa de cisalhamento
FIGURA 1.1 Mudanças na viscosidade de fluidos newtonianos (A) e diferentes tipos de fuidos não-
newtonianos; (B) fluido pseudoplástico; (C) fluido dilatante; (D) fluido plástico tipo Bingham e (E) fluido
plástico tipo Casson. (De Lewis, 1990.)
A medida da viscosidade é complexa pela veis, que possuem uma camada limite entre as
variedade de termos utilizados para descrevê- duas fases (Tabela 1.3). Essas fases são conhe-
la. A mais simples é a relação entre tensão de cidas como fase dispersa (que contém peque-
cisalhamento e taxa de cisalhamento, que é nas gotículas ou partículas) e fase contínua
denominada viscosidade dinâmica (kg m–1 s-1). (aquela na qual as gotículas ou partículas es-
Ela está relacionada a um outro termo, visco- tão dispersas). Detalhes da preparação de
sidade cinemática (m2 s-1) da seguinte forma: emulsões são fornecidos no Capítulo 4.
Uma característica desses sistemas é a
viscosidade dinâmica grande área superficial da fase dispersa que
viscosidade cinemática = está em contato com a fase contínua. Para au-
densidade
mentar a área superficial, é necessário intro-
1.6 duzir uma quantidade considerável de ener-
gia no sistema, utilizando, por exemplo, um
Outros termos, incluindo viscosidade re-
misturador de alta velocidade ou um homoge-
lativa, viscosidade específica e viscosidade apa-
neizador. Quando se criam novas superfícies,
rente, junto com descrições de métodos de me-
formam-se gotículas. Para entender o porquê
dição da viscosidade, são apresentados por
disso, é necessário conhecer as forças atuando
Lewis (1990) e Toledo (1999).
nos líquidos: dentro da massa de um líquido
as forças que atuam em cada molécula indivi-
1.1.3 Atividade superficial dualmente são iguais em todas as direções e
podem anular-se. No entanto, na superfície, a
Uma grande quantidade de alimentos é atração líquida é na direção da massa do lí-
formada por dois ou mais componentes imiscí- quido, e, como resultado, as moléculas da
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 31
Fase Fase
dispersa contínua Nome Exemplo
Líquida Gás Neblina, névoa, aerossol Sprays (p. ex. secagem por spray)
Sólida Gás Fumaça, aerossol Névoa de gás carbônico, fumaça
Gás Líquida Espuma Creme batido, aeração de meio de fermentação, hidrogena-
ção de óleos (hidrogênio em óleos)
Líquida Líquida Emulsão Creme, maionese, margarina, molho para saladas, salsichas
e bolos
Sólida Líquida Solução, solução coloidal, gel Achocolatados, suco de frutas
Gás Sólida Espuma sólida Merengue, sorvete
De Lewis (1990).
superfície são “puxadas para dentro” e estão cantes orientam-se na superfície das gotículas,
em estado de tensão (produzida pelas forças com a terminação polar na fase aquosa e a não-
de tensão superficial). Isso faz com que as polar na fase oleosa.
gotículas líquidas se transformem em esferas Detergentes são agentes de superfície ati-
porque essa forma possui a menor área su- va que reduzem a tensão superficial de líqui-
perficial para o volume de líquido específico. dos, tanto para promover a “molhabilidade”
(espalhamento do líquido) quando para agir
como emulsificantes para dissolver gorduras. As
Emulsões moléculas detergentes possuem uma região
Os compostos químicos que reduzem a lipofílica formada por uma longa cadeia de áci-
tensão superficial de um líquido são denomi- dos graxos e uma região hidrofílica com um sal
nados de superfície ativa e são conhecidos como sódico de acido carboxílico (detergente
“surfactantes”, “emulsificantes” ou “detergen- saponáceo) ou de sulfonato alquílico ou arílico
tes”. Pela redução da tensão superficial eles per- (detergentes aniônicos). Detergentes aniônicos
mitem que novas superfícies sejam produzidas não são afetados pela água dura, ao passo que
mais facilmente quando a energia é incorpora- detergentes saponáceos formam uma espuma
da ao sistema (p. ex., por homogeneizadores), escura em água dura. Detergentes não-iônicos,
permitindo, assim, que um maior número de que possuem álcoois, ésteres ou éteres como o
gotículas seja formado. Existem surfactantes componente hidrofílico, produzem pouca espu-
que ocorrem naturalmente nos alimentos, in- ma e são facilmente enxaguados. Enzimas tam-
cluindo álcoois, fosfolipídeos e proteínas, que bém podem ser adicionadas aos detergentes
são algumas vezes utilizados para criar para remover proteínas, outros ingredientes
emulsões em alimentos (p. ex., utilizar ovos podem incluir polifosfatos (para amaciar a água
em massa para bolos). No entanto, compostos e manter a sujeira em suspensão), sulfato ou
químicos sintéticos possuem uma atividade silicato de sódio (para fazer detergentes em pó
superficial maior e são utilizados em quanti- que fluam livremente) e perborato de sódio
dades muito pequenas para criar emulsões. (agente branqueador).
Outros são utilizados em detergentes para ope-
rações de limpeza (Capítulo 26). Detalhes de
Espumas
agentes emulsificantes sintéticos são forneci-
dos no Capítulo 4 e no Apêndice C. Espumas são sistemas bifásicos que pos-
Agentes de atividade superficial possuem suem bolhas de gás dispersas em um líquido
moléculas polares (ou “hidrofílicas”) em uma ou sólido separadas por uma película fina. Além
extremidade e não-polares (ou “lipofílicas”) na das espumas alimentares (Tabela 1.3), as es-
outra. Em emulsões, as moléculas dos emulsifi- pumas são muito utilizadas para limpar equi-
32 P. J. FELLOWS
Características mecânicas
Dureza Macio a firme a duro
Coesividade Fragilidade Farelento, crocante, quebradiço
Mastigabilidade Tenro, mastigável, duro
Gomosidade Curto, farinhento, pastoso, borrachudo
Viscosidade Fino, viscoso
Elasticidade Plástico, elástico
Adesividade Grudento, liguento, pegajoso
Características geométricas
Tamanho e forma das partículas Arenoso, granulado, grosseiro
Forma e orientação das partículas Fibroso, celular, cristalino
Outras características
Teor de umidade Seco a úmido a molhado a aguado
Teor de gordura Oleosidade Oleoso
Engraxamento Gorduroso
lise Descritiva Quantitativa (QDA) (Figura 1.2), métodos são descritos detalhadamente por
descrita por Clark (1990), e métodos empíricos Sherman (1979), Prentice (1984), Bourne
nos quais as medidas das forças necessárias para (1978), Brennan (1984), Kramer e Szczesniak
cisalhar, penetrar, extrudar, comprimir ou cor- (1973), Lewis (1990) e Bourne(1982).
tar um alimento são relacionadas a suas carac-
terísticas de textura. Esses métodos foram revi-
sados por Kilcast (1999), Rosenthal (1999), 1.2 TRANSFERÊNCIA DE MASSA
Lawless e Heyman (1998) e Brennan (1984).
Exemplos de métodos instrumentais inclu- A transferência de massa é um aspecto im-
em o sistema Brabender, para medir a textura portante de um grande número de operações de
de massas ou a viscosidade de pastas de amido; processamento de alimentos: é um fator funda-
penetrômetros de cone ou pino, para medir a mental em extrações com solvente, destilação
taxa de estresse em margarinas ou a dureza de (Capítulo 13) e processos com membranas (Ca-
frutas; o texturômetro General Foods, que si- pítulo 6) e é um fator importante na perda de
mula a mastigação pela compressão do alimen- nutrientes durante o branqueamento (Capítulo
to utilizando um êmbulo; e o equipamento 10). A transferência de massa de gases e vapores
Instron Universal Testing, que mede as forças é um fator primário na evaporação (Capítulo 13),
de estresse e tensão por compressão e exten- na desidratação (Capítulo 15), no forneamento
são. Métodos químicos incluem a medida do teor e no cozimento (Capítulo 16), na fritura (Capí-
de amido ou pectina, e métodos microscópicos tulo 17) e na liofilização (Capítulo 22), é a razão
incluem microscopia eletrônica de emulsões ou de queimaduras durante o congelamento (Capí-
da estrutura da carne de gado ou peixe. Esses tulo 21) e é a causa da perda de qualidade ali-
Textura
firme
Tempo de Textura
dissolução grossa
Textura Textura
escorregadia borrachenta
Textura
Taxa de granulada
dissolução
Textura Textura
desaparece Textura pegajosa
farinhenta
Gel de amido
Goma gelana
FIGURA 1.2 Exemplo de avaliação de textura utilizando análise descritiva quantitativa. (Adaptada de
Clark, 1990.)
34 P. J. FELLOWS
W + A = ar úmido + D
A + umidade = ar úmido
Ar (A) Ar úmido
Ar
Umidade
Sólidos
Massa úmida (W) Massa assada (D)
Problema-exemplo 1.2
Calcule o balanço de massa total e o balanço de massa dos componentes para a mistura de ingredientes para
produzir 25 kg de salsichas com um teor de gordura de 30%, utilizando carne de gado fresca e gordura de gado.
Tipicamente, a carne de gado contém 18% de proteína, 12% de gordura e 68% de água, e a gordura de gado
contém 78% de gordura, 12% de água e 5% de proteína.
Solução do Problema-exemplo
Considerar F = massa de gordura de gado (kg)
Considerar M = massa de carne de gado (kg)
Gordura (78% de gordura, 12%
de água, 5% de proteína)
(F)
Carne (M) Salsichas (S)
18% de proteína, 12% de (25 kg, 30%
gordura e 68% de água de gordura)
Cutter
36 P. J. FELLOWS
M + F = 25
Balanço de gordura
M = 25 – 6,82
= 18,18 kg
Leite
3,5 10
10
20 6,5
Creme de leite
Problema-exemplo 1.3
Use o quadrado de Pearson para calcular a quantidade de suco de laranja (10% de açúcar) e xarope (60%
de açúcar) necessária para produzir 50 kg de refresco de fruta contendo 15% de açúcar.
15
60 5
Xarope
O resultado indica que 45 kg de suco de laranja devem ser misturados com 5 kg de xarope.
38 P. J. FELLOWS
v1
P1 + v21 = z1g = P2 + v22 + z2g A
ρ1 2 ρ2 2 1.8
z1 v2
onde P(Pa) = pressão, r (kg m-3) = densidade do B
fluido, g (= 9,81 m s-1) = aceleração da gravida- z2
de, v (m s-1) = velocidade do fluido e z (m) =
altura. O subscrito 1 indica a primeira posição na FIGURA 1.6 Aplicação da equação de Bernoulli
tubulação e o subscrito 2, a segunda. ao fluxo de fluido sem fricção.
Problema-exemplo 1.4
Uma solução de sacarose a 20% passa de um tanque de mistura a 50 kPa através de um cano horizontal de
5 cm de diâmetro a 25 m3 h-1. Se o diâmetro do cano for reduzido para 3 cm, calcule a nova pressão no cano.
(A densidade da solução de sacarose é 1.070 kg m-3 [Tabela 1.2].)
Taxa de fluxo = 25
3.600 m3 s-1
π 2
Área do cano 5 cm de diâmetro = D
4
3,142
= (0,05)2
4
= 1,96 x 10-3 m2
6,94 x 10-3
Velocidade de fluxo =
1,96 x 10-3
= 3,54 m s-1
P1 + v 12 = z1g = P2 + v 22 + z2g
ρ1 2 ρ2 2
Portanto,
P2 = 56.656 Pa
= 56,7 kPa
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 39
Filme limite
(a) Velocidade
(b)
Filme
limite
(c)
FIGURA 1.7 Fluxo de fluidos: (a) distribuição de velocidade e camada limite; (b) fluxo laminar; (c) fluxo
turbulento.
Problema-exemplo 1.5
Dois fluidos, leite e óleo de colza, são escoados por tubulações de mesmo diâmetro (5 cm) a 20°C e na
mesma velocidade de 3 m s-1. Determine se o fluxo de cada fluido é laminar ou turbulento. (As propriedades
físicas do leite e do óleo de colza são aparentadas na Tabela 1.2.)
Pela Tabela 1.2, para o leite, μ = 2,10 x 10-3 N s m-2 e ρ = 1.030 kg m-3. Pela Equação 1.9,
Dvρ
Re =
μ
Portanto,
0,05 x 3 x 1.030
Re =
2,1 x 10-3
= 73.571
Para o óleo de colza, pela Tabela 1.2, μ = 118 x 10-3 N s m-2 e ρ = 900 kg m-3. Portanto
0,05 x 3 x 900
Re =
118 x 10-3
= 1.144
Quando o ar passa de baixo para cima atra- onde vf (m s-1) = velocidade de fluidização, ρs
vés de um leito de alimentos, as partículas cri- (kg m-3) = densidade das partículas sólidas, ρ
am uma resistência ao fluxo de ar e reduzem a (kg m-3) = densidade do fluido, g (m s-2) =
área disponível para o fluxo através do leito. aceleração da gravidade, μ (N s m-2) = viscosi-
Com o aumento da velocidade do ar, atinge-se dade do fluido, d (m) = diâmetro das partícu-
um ponto no qual o peso do alimento é balan- las, ε = volume vazio do leito.
ceado pela força do ar, e o leito torna-se Fórmulas para alimentos de outras formas
fluidizado (p. ex., secagem em leito fluidizado são descritas por Kunii e Levenspiel (1969). A
[Capítulo 15]). Se a velocidade é aumentada velocidade mínima do ar necessária para trans-
ainda mais, o leito torna-se mais aberto (o volu- portar partículas é encontrada utilizando:
me vazio aumenta), até que, eventualmente, as
4d (ρs – ρ)
partículas são transportadas na corrente de flu- ve = 1.11
3Cd ρ
xo (p. ex., separação [Capítulo 3]), secagem
[Capítulo 15] ou transporte pneumáticos [Ca-
pítulo 26]). A velocidade do ar necessária para onde ve (m s-1) = velocidade mínima do ar e Cd
atingir a fluidização de partículas esféricas é (= 0,44 para Re = 500 – 200.000) = coeficien-
calculada utilizando: te de arraste.
Problema-exemplo 1.6
Ervilhas com um diâmetro médio de 6 mm e densidade de 880 kg m-3 são secas em um secador de leito
fluidizado (Capítulo 15). O volume vazio mínimo é 0,4 e a área transversal do leito é 0,25 m2. Calcule a velocida-
de mínima do ar necessária para fluidizar o leito se a densidade do ar for 0,96 kg m-3 e a viscosidade do ar é 2,15
x 10-5 N s m-2.
1.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR cia direta de energia molecular dentro dos sóli-
dos (p. ex., através de recipientes de metal ou
A maioria das operações unitárias no alimentos sólidos). A convecção é a transferên-
processamento de alimentos envolve a transfe- cia de calor por grupos de moléculas que se mo-
rência de calor do alimento ou para ele. Exis- vem como resultado de diferenças na densida-
tem três formas nas quais o calor pode ser trans- de (p. ex., em ar aquecido) ou como resultado
ferido: por radiação, por condução e por da agitação (p. ex., em líquidos agitados). Na
convecção. A radiação, descrita em detalhes no maioria das aplicações, os três tipos de transfe-
Capítulo 18, é a transferência de calor por on- rência de calor ocorrem simultaneamente, mas
das eletromagnéticas (veja Capítulo 18, Figura um tipo pode ser mais importante que os de-
18.1), por exemplo, em um grill elétrico. A con- mais em algumas aplicações. Mais detalhes são
dução é o movimento de calor pela transferên- fornecidos por Hayhurst (1997).
42 P. J. FELLOWS
1.4.1 Balanços de energia rial ou, mais comumente, como sua recíproca,
que é denominada de condutividade térmica.
Em um balanço de energia, “a quantida- As condutividades térmicas de alguns materiais
de de calor ou energia mecânica entrando em encontrados no processamento de alimentos
um processo = energia total saindo com os pro- são mostradas nas Tabelas 1.2 e 1.5.
dutos e resíduos + energia armazenada + ener- Sob condições estacionárias, a taxa de
gia perdida para o ambiente”. Se as perdas de transferência de calor é calculada utilizando:
calor são minimizadas, as perdas de energia
para o ambiente podem ser ignoradas para so- kA (θ1 – θ2)
luções aproximadas no cálculo, por exemplo, Q= 1.12
x
da quantidade de vapor, ar quente ou refrige-
rante necessária. Para soluções mais precisas,
devem ser feitas compensações para as perdas onde Q (J s-1) = taxa de transferência de calor, k
de calor. (J m-1 s-1 K-1 ou W m-1 K-1) = condutividade tér-
mica, A (m-2) = área superficial, θ1-θ2 (ºC ou K)
= diferença de temperatura e x (m) = espessura
1.4.2 Mecanismos da transferência do material. A razão (θ1-θ2)/x também é conhe-
de calor cida como gradiente de temperatura.
Apesar de, por exemplo, o aço inoxidável
A transferência de calor estacionária ocor- conduzir 10 vezes menos calor do que o alumí-
re quando existe uma diferença de temperatu- nio (Tabela 1.5), a diferença é pequena compara-
ra constante entre dois materiais. A quantida- da com a baixa condutividade térmica dos alimen-
de de calor entrando em um material é igual à tos (20 a 30 vezes menor do que a do aço) e não
quantidade de calor saindo, e não há mudança limita a taxa de transferência de calor. O aço ino-
de temperatura do material. Isso acontece, por xidável é muito menos reativo que qualquer ou-
exemplo, quando o calor é transferido através tro metal, particularmente em relação a alimen-
das paredes de uma câmara fria, se a tempera- tos ácidos, e é, por essa razão, usado na maioria
tura da câmara e do ambiente são constantes dos equipamentos de processamento que entram
(Capítulo 19), e em processos contínuos, após em contato com o alimento.
a estabilização das condições de operação. No A condutividade térmica dos alimentos é
entanto, na maioria das aplicações de proces- influenciada por uma série de fatores relaciona-
samento de alimentos, a temperatura do ali- dos com a natureza do alimento (p. ex., estrutu-
mento e/ou do meio de aquecimento ou ra da célula, quantidade de ar preso entre as cé-
resfriamento está mudando constantemente, e lulas e teor de umidade) e com a temperatura e
a transferência de calor não-estacionária é a a pressão do ambiente. A redução do teor de
mais freqüente. Os cálculos da transferência umidade causa uma diminuição substancial na
de calor sob essas condições são extremamen- condutividade térmica, o que tem implicações
te complicados, mas são simplificados por uma importantes nas operações unitárias envolvendo
série de considerações e pelo uso de tabelas e a condução de calor pelo alimento para a remo-
modelos computacionais para alcançar solu- ção de água (p. ex., na secagem [Capítulo 15],
ções aproximadas (Toledo, 1999). na fritura [Capítulo 17] e na liofilização [Capítu-
lo 22]). Na liofilização, a condutividade térmi-
ca do alimento também é influenciada pela
Condução estacionária
redução da pressão atmosférica. O gelo possui
A taxa de calor transferida por condução uma condutividade térmica maior do que a água,
é determinada pela diferença de temperatura o que é importante na determinação da taxa de
entre o alimento e o meio de aquecimento ou congelamento e descongelamento (Capítulo 21).
resfriamento e a resistência total à transferên- (Um problema-exemplo indicando a importân-
cia de calor. A resistência à transferência de cia da condutividade térmica é mostrado no Ca-
calor é expressa como a condutância do mate- pítulo 17.)
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 43
Materiais de construção
Alumínio 220 0
Cobre 388 0
Aço inoxidável 21 20
Outros metais 45-400 0
Tijolo 0,69 20
Concreto 0,87 20
Alimentos
Azeite de oliva a 0,17 20
Leite integral a 0,56 20
Alimentos liofilizados 0,01-0,04 0
Carne congelada b 1,30 –10
Porco (magro) b 0,48 3,8
Bacalhau congelado 1,66 –10
Suco de maçã 0,56 20
Laranja 0,41 0-15
Vagens 0,80 –12,1
Couve-flor 0,80 –6,6
Ovo 0,96 –8
Gelo 2,25 0
Água a 0,57 0
Materiais de embalagem
Cartolina 0,07 20
Vidro 0,52 20
Polietileno 0,55 20
Cloreto de polivinila (PVC) 0,29 20
Materiais de isolamento
Espuma de poliestireno 0,036 0
Espuma de poliuretano 0,026 0
Outros tipos 0,026-0,052 30
a
Presumindo que correntes de convecção estejam ausentes.
b
Fluxo de calor paralelo às fibras.
De Earle (1983), Lewis (1978) e Woodams e Nowrey (1968).
Alumínio 0,89 20
Maçãs 3,59 Ambiente
Maçãs 1,88 Congelamento
Bacalhau 3,76 Ambiente
Bacalhau 2,05 Congelamento
Cobre 0,38 20
Gelo 2,04 0
Cordeiro 2,80 Ambiente
Cordeiro 1,25 Congelamento
Batatas 3,43 Ambiente
Batatas 1,80 Congelamento
Aço inoxidável 0,46 20
Água 4,18 15
Vapor d’água 20,5 100
Adaptada de dados de Peleg e Bagley (1983), Jowitt et al. (1983) e Polley et al. (1980).
A equação básica para a transferência de como exemplos misturadores (Capítulo 5), se-
calor não-estacionária em uma única direção cadores de leito fluidizado (Capítulo 15), con-
(x) é: geladores com jato de ar (air blast) (Capítulo
21) e líquidos bombeados através de trocado-
dθ k d2 θ res de calor (Capítulos 11 a 13).
= 1.14
dt ρc dx 2 Quando líquidos ou gases são usados como
meio de aquecimento ou resfriamento, a taxa
onde dθ/dt = alteração da temperatura com o de transferência de calor do fluido para a su-
tempo. perfície do alimento é encontrada utilizando:
Exemplos de soluções para essa equação
para formas simples (p. ex., uma fatia, cilindro
ou esfera) são descritos por Earle (1983), Jackson Q = hsA (θb – θs) 1.15
e Lamb (1981) e Loncin e Merson (1979).
Coeficiente de transferência
de calor superficial hs
(W m-2 K-1) Aplicações típicas
utilizado para aquecimento (Capítulos 15 e 16) onde hc (W m-2 K-1) = coeficiente de transferên-
ou resfriamento (Capítulos 19 e 21) compara- cia de calor por convecção na interface sólido-
dos àqueles necessários quando se usam líqui- líquido, D (m) = dimensão característica (com-
dos. O vapor condensante produz taxas de trans- primento ou diâmetro), k (W m-1 K-1) = conduti-
ferência de calor maiores do que água quente vidade térmica do fluido, cp (J kg-1 K-1) = calor
na mesma temperatura, e a presença de ar no específico a pressão constante, ρ (kg m-3) = den-
vapor reduz a transferência de calor. Isso tem sidade, μ (N s m–2) = viscosidade, g (m s-2) =
importantes implicações no enlatamento (Ca- aceleração da gravidade, β (m m-1 K-1) = coefi-
pítulo 12), uma vez que qualquer ar presente ciente de expansibilidade térmica, Δθ (K) = di-
no vapor pode diminuir a temperatura e conse- ferença de temperatura e v (m s-1) = velocidade.
qüentemente diminuir a quantidade de calor Para o fluxo laminar através de canos,
recebida pelo alimento. Tanto termômetros
como medidores de pressão são necessários para Nu = 1,62 (Re Pr D )0,33 1.19
L
verificar se o vapor está saturado.
O coeficiente de troca térmica superficial onde L (m) = comprimento do cano, quando
está relacionado com as propriedades físicas Re Pr D/L > 120 e todas as propriedades físi-
de um fluido (p. ex., densidade, viscosidade, cas são medidas na temperatura média da
calor específico), a gravidade (que causa a cir- massa de fluido.
culação devido às mudanças de densidade), o Para o fluxo turbulento através de canos,
gradiente de temperatura e o comprimento ou
diâmetro do recipiente sob investigação. As Nu = 0,023 (Re)0,8 (Pr)n 1.20
fórmulas que relacionam esses fatores são ex-
pressas como números adimensionais (Apên- onde n = 0,4 para aquecimento ou n = 0,3
dice D) da seguinte forma: para resfriamento. Quando Re > 10.000, a vis-
cosidade é medida na temperatura média do
hcD filme e as outras propriedades são medidas na
Número de Nusselt Nu = 1.16
k temperatura média da massa de fluido.
O número de Grashof é utilizado para a
cp μ 1.17 convecção natural, quando não existe turbu-
Número de Prandtl Pr =
k lência no fluido. Fórmulas para outras condi-
ções de fluxo e diferentes vasos são descritas
D3 ρ2gβΔθ por Loncin e Merson (1979), Jackson e Lamb
Número de Grashof Gr = 1.18
μ2 (1981) e Earle (1983).
46 P. J. FELLOWS
Problema-exemplo 1.7
O leite integral é resfriado em um trocador de calor tubular de 30 a 10°C, com água a 1°C. O diâmetro do tubo
é 5 cm, e a velocidade do fluxo do leite é 1,0 m s-1. Calcule o coeficiente de transferência de calor para o leite
utilizando as propriedades físicas descritas na Tabela 1.2.
30 + 10
Temperatura média da massa =
2
= 20°C
1
1+ 2 (30 + 10)
Temperatura média do filme =
2
= 10,5°C
Dvρ
Re =
μ
= 0,05 x 1,0 x -3
1.030
2,8 x 10
= 18.393
Da Equação 1.17,
cp μ
Pr =
k
=
(3,9 x 103) (2,8 x 10-3)
= 19,5 0,56
Portanto,
k
hc = 0,023 (Re)0,8 (Pr)0,33.
D
0,56
= 0,023 (18.393)0,8 (19,5)0,33
0,05
= 1.768 W m-2 °K-1
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 47
Filmes limites
Metal
Temperatura
θa θ1
θ2
θb
θ3
Quente Frio
Distância
FIGURA 1.8 Mudanças de temperatura de um líquido quente para um líquido frio através das paredes
de um recipiente.
Problema-exemplo 1.8
No trocador de calor em contracorrente mostrado na Figura 1.9, o leite é resfriado de 73 a 38°C a uma taxa de
2.500 kg h-1 utilizando água a 15°C, que deixa o trocador de calor a 40°C. A tubulação de 2,5 cm de diâmetro é
construída em aço inox de 3 mm de espessura; os coeficientes de troca térmica superficial são 1.200 W m-2 K-1
pelo lado do leite e 3.000 W m-2 K-1 pelo lado da água. Calcule o CGTT e o comprimento de cano necessário.
1 1 x 1
= + +
U ha k hb
1 3 x 10-3 1
= + +
1.200 21 3.000
= 1,3 x 10-3
Portanto, o CGTT é
Q = UAΔθm
E
Δθ1 – Δθ2
Δθm =
ln (Δθ1 – Δθ2)
= 27,8°C
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 49
Agora Q é o calor removido do leite que é igual mcp(θa-θb ). Da Tabela 1.2, cp = 3,9 kJ kg-1 °K-1. Portanto,
2.500
Q= (3,9 x 103) (73 - 38)
3.600
= 9,48 x 104 J
Agora a área é
Q
A=
UΔθm
9,48 x 104
=
769,2 x 27,8
= 4,4 m2
Além disso,
A = πDL
A
L=
πD
4,4
= = 56 m
3,142 x 0,025
θ2
θ1
θ2
θ1 θ1
θ2
θ2
Paralelo Contracorrente
1,0
0,8 10,0
0,6 6,0
0,4 4,0
θH – θF
θH – θI
3,0
0,2 2,0
k 0 0,25 0,50 1,5
hr 0,10 0,75 1,0
(a) 1,0
0,8 4,0
0,6 2,0
1,0 1,5
0,4
0,75
0,50
0,2 k
hl 0 0,10 0,25
(b) 1,0
0,8 10,0
6,0
0,6 4,0
3,0
0,4 2,0
1,5
0,2 k
hr 0,25 0,50 0,75 1,0
(c) 1,0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
k t
cρ δ 2
FIGURA 1.10 Gráfico para a transferência de calor em estado não-estacionário: (a) esfera; (b) fatia; (c)
cilindro. (Conforme Henderson e Perry, 1955.)
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 51
Problema-exemplo 1.9
Ervilhas com um diâmetro médio de 6 mm são branqueadas para atingirem a temperatura de 85°C no centro. A
temperatura inicial das ervilhas é 15°C e a água de branqueamento está a 95°C. Calcule o tempo necessário,
considerando que o coeficiente de troca térmica é 1.200 W m-2 K-1 e que, para ervilhas, a condutividade térmica
é 0,35 W m-1 K-1, o calor específico é 3,3 kJ kg -1 K-1 e a densidade é 980 kg m-3.
hδ
Bi =
k
1.200 (3 x 10-3)
=
0,35
= 10,3
Portanto,
k
= 0,097
hδ
Da Equação 1.26,
θh - θf 95 – 85
=
θh - θi 95 – 15
= 0,125
Portanto, cρδ 2
tempo t = 0,32
k
= 26,6s
52 P. J. FELLOWS
tos por Lewis (1990), Earle (1983) e Jackson e Métodos de aquecimento direto
Lamb (1981).
Nos métodos de aquecimento direto, o ca-
lor e os produtos da queima do combustível
1.4.3 Fontes de energia e métodos estão em contato direto com o alimento. Exis-
de aplicação em alimentos te um risco óbvio de contaminação do alimen-
to pelos odores ou pela queima incompleta,
O custo de energia para aquecimento tem- razão pela qual somente gás e, em menor es-
se tornado uma das principais considerações cala, combustíveis líquidos são usados. Aplica-
na seleção dos métodos de processamento e, ções incluem secadores de forno (Capítulo 15)
ultimamente, no custo dos alimentos proces- e fornos para assar (Capítulo 16). Esses méto-
sados e na lucratividade da operação. Diferen- dos diretos não devem ser confundidos com
tes combustíveis têm vantagens específicas e injeção “direta” de vapor, na qual o vapor é
limitações em termos de custo, segurança, ris- produzido em um local separado da planta de
co de contaminação do alimento, flexibilidade processamento. A eletricidade não é um com-
de uso e custos de capital e de operação para o bustível da mesma forma que os outros tipos
equipamento de transferência de calor. As se- recém-descritos. Ela é gerada por turbinas a
guintes fontes de energia são utilizadas no vapor por um fluido primário (p. ex., carvão
processamento de alimentos: mineral ou óleo combustível) ou por hidrelé-
tricas ou fissão nuclear. No entanto, a energia
• Eletricidade elétrica também é usada diretamente no aque-
• Gás (natural ou gás liquefeito de pe- cimento dielétrico ou por microondas (Capí-
tróleo) tulo 18).
• Óleo combustível
Métodos indiretos
Combustíveis sólidos (antracita, carvão
mineral, lenha e carvão) são utilizados em pe- O resfriamento indireto de alimentos está
quena escala. As vantagens e as limitações de descrito nos Capítulos 19 e 21. Métodos de
cada tipo de fonte de energia são mostradas aquecimento indiretos empregam um trocador
na Tabela 1.9. de calor para separar o alimento dos produtos
TABELA 1.9 Vantagens e limitações de diferentes fontes de energia para o processamento de alimentos
Combustível Combustível
Eletricidade Gás líquido sólido
Energia por unidade de massa ou volume Não aplicável Baixaa Altab Moderada a altac
Custo por kJ de energia Alto Baixo Baixo Baixo
Custo do equipamento de troca térmica Baixo Baixo Alto Alto
Eficiência do aquecimentod Alta Moderada a alta Moderada a baixa Baixa
Flexibilidade de uso Alta Alta Baixa Baixa
Perigo de fogo ou explosão Baixo Alto Baixo Baixo
Risco de contaminação do alimento Baixo Baixo Alto Alto
Custo de mão-de-obra e manuseio Baixo Baixo Baixo Alto
a
O valor de aquecimento para o gás é 1,17 x 103 – 4,78 x 103 kJ kg-1.
b
O valor de aquecimento para o óleo é 8,6 x 103 – 9,3 x 103 kJ kg-1.
c
O valor de aquecimento para o carvão mineral é 5,26 x 103 – 6,7 x 103 kJ kg-1 e para a madeira é 3,8 x 103 – 5,26 x 103 kJ kg-1.
d
A eficiência é definida como a quantidade de energia utilizada para aquecer o produto dividida pela quantidade de energia
ornecida.
Dados compilados de Farral (1979) e Whitmanm et al. (1981).
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 53
da combustão. Em sua forma mais simples, um que são mergulhados no alimento. Esses aque-
sistema indireto consiste de um combustível cedores são utilizados para aquecimento loca-
queimando embaixo de uma placa de metal e lizado ou intermitente. Aquecedores por infra-
se aquecendo pela energia radiada da placa. O vermelho estão descritos no Capítulo 18.
tipo mais comum de sistema de aquecimento
indireto usado no processamento de alimen-
tos é vapor ou água quente gerada em um tro- 1.4.4 Conservação de energia
cador de calor (caldeira) afastado da área de
processamento. Um segundo trocador de ca- Uma pesquisa em indústrias de alimen-
lor transfere o calor do vapor para o alimento tos na União Européia encontrou uma grande
sob condições controladas, ou o vapor é inje- variação no consumo de energia em diferentes
tado no alimento. Uma variação desse sistema tipos de processamento; moinhos de trigo ti-
envolve um outro trocador de calor que trans- veram o menor gasto de energia (586 MJ por
fere calor do vapor para o ar a fim de secar tonelada de produto), e o processamento de
alimentos ou aquecê-los sob condições secas. cacau e chocolate teve o mais alto (8.335 MJ
As vantagens do vapor para o aquecimento no por tonelada de produto) (Whitmann et al.,
processo e a descrição dos equipamentos utili- 1981). Uma comparação dos gastos de ener-
zados para a produção e manuseio de diferen- gia em diferentes tipos de processamento de
tes tipos de vapor são descritas por Farall batatas é mostrada na Tabela 1.10.
(1979). As propriedades do vapor são discuti- Em todos os tipos de processamento de ali-
das por Brennan e colaboradores (1990) e mentos, a maior parte da energia (58%; varia-
Toledo (1999) e as temperaturas do vapor ção de 40 a 80%) é utilizada para o proces-
saturado são mostradas no Capítulo 12 (Tabe- samento propriamente dito, porém quantidades
la 12.6). significativas são também empregadas para o
O aquecimento elétrico indireto utiliza empacotamento (11%; variação de 15 a 40%),
aquecedores com resistências ou aquecedores transporte (12%; variação de 0,56 a 40%), água
por infravermelho. Aquecedores com resistên- de limpeza (15%) e armazenagem (até 85% do
cias são fios de níquel-cromo contidos em pla- consumo geral de energia para alimentos conge-
cas sólidas ou bobinas, que são conectadas às lados). Os combustíveis para caldeira contam
paredes do recipiente em camisas flexíveis que como 8,6 a 97,2% do consumo total da fábrica,
recobrem vasos ou em aquecedores de imersão, porém a utilização das caldeiras tem uma média
Secagem Pouches
com ar quente Liofilizada Enlatada autoclaváveis Congelada
Processamento 8 42 6 4 5
Embalagem 1 2 14 7 7
Armazenagem 0,1 0,1 0,1 0,1 32
(Casa) 0 0 0 0 (24)
Transporte 2 2 8 8 8
Total 11 46 28 19 52
Duto de exaustão
Entrada de ar fresco
Polia térmica
Duto de fornecimento
ra, utilizando-a pra aquecer ar ou água. A apli- decimal ou valor D (5min na Figura 1.13). Va-
cação de bombas de calor para a secagem de lores de D variam para diferentes espécies
confeitos sob baixa temperatura é descrita por microbianas (Tabela 1.11), e um maior valor
Anon. (1983a, b, c). O uso de lâminas de ar de D indica maior resistência ao calor.
para a secagem de embalagens é descrita por Existem duas implicações importantes
Anon (1983d) e Beevers (1985). Outras técni- que surgem com o tempo de redução deci-
cas de economia de energia durante a desidra- mal: em primeiro lugar, quanto maior for o
tação são descritas por Senhaji e Bimbenet número de microrganismos presentes na ma-
(1984), Flink (1977) e Green (1982). téria-prima, mais tempo leva-se para reduzi-
los ao nível especificado. Em operações co-
merciais, o número de microrganismos varia
1.4.5 Efeitos do calor nos microrganismos em cada batelada de matéria-prima, mas é
difícil recalcular o tempo de processamento
O efeito preservativo do processamento para cada batelada de alimento. Portanto,
com calor é devido à desnaturação de proteí- utiliza-se uma combinação temperatura-tem-
nas que destroem a atividade enzimática e os po definida para processar todas as bateladas
metabolismos controlados por enzimas nos mi- de um certo produto, e procedimentos ade-
crorganismos. A taxa de destruição é uma rea- quados de preparação (Capítulo 3) são utili-
ção de primeira ordem; isto é, quando o ali- zados para garantir que a matéria-prima te-
mento é aquecido a uma temperatura alta o nha uma qualidade microbiológica satisfatória
suficiente para destruir microrganismos e uniforme. Em segundo lugar, como a des-
contaminantes, a mesma porcentagem morre truição microbiana ocorre logaritmicamente,
em um determinado intervalo de tempo, inde- em tese, é possível destruir todas as células
pendentemente do número presente no come- somente após um aquecimento por tempo in-
ço. Isso é conhecido como ordem logarítmica finito. Assim, o processamento objetiva redu-
de morte e é descrito pela curva da taxa de zir o número de microrganismos sobreviven-
letalidade (Figura 1.13). tes por uma quantidade predeterminada. Com
O tempo necessário para destruir 90% dos isso, surge o conceito de esterilidade comercial,
microrganismos (reduzir seu número por um que é discutida mais profundamente nos Ca-
fator de 10) é referido como tempo de redução pítulos 10 a 12.
Ar de processo
Aquecedor
de ar
Ar úmido Ar de reativação
1000
Nº de esporos sobreviventes
100
10
1
0 5 10 15
TABELA 1.11 Propriedades térmicas de alguns componentes nutritivos e sensoriais dos alimentos em
relação à resistência térmica de enzimas e microrganismos
Faixa de
Componente Fonte pH z (°C) D121 (min) temperatura (°C)
1000
Tempo de redução decimal D (min)
100
10
1
90 100 110 120 130
Temperatura (°C)
FIGURA 1.14 Curva TDT. A destruição microbiana é mais rápida em temperaturas mais elevadas (p.
ex, 100min a 102,5°C tem o mesmo efeito letal que 10min a 113°C).
58 P. J. FELLOWS
Cacau 0,40
Doces fervidos 3,0 0,30
Biscoitos 5,0 0,20 Embalagem para prevenir absorção de
Leite desidratado 3,5 0,11 umidade
Chips de batata 1,5 0,08
a
Pressão de vapor do gelo dividida pela pressão de vapor d’água.
Adaptada de Troller e Christian (1978), van den Berg (1986) e Brenndorfer et al. (1995).
60 P. J. FELLOWS
aa Fenômeno Exemplo
duzida na estabilidade está mostrado na Tabe- o teor de umidade por meio de diversas equa-
la 1.13. ções, incluindo a seguinte:
A água exerce uma pressão de vapor nos
alimentos, a qual depende:
aa 1 C–1
= + aa 1.32
• da quantidade de água presente; M (1 – aa) M1 C M1 C
• da temperatura; e
• da concentração dos solutos dissolvi-
dos (particularmente sais e açúcares) onde aa = atividade de água, M = umidade
na água. como percentual do peso seco, M1 = umidade
(base seca) de uma camada monomolecular e
A atividade de água é definida como “a C = constante. Um cálculo de exemplo é des-
razão da pressão de vapor da água no alimen- crito por Karel (1975).
to e a pressão de vapor saturada da água na Uma proporção do total de água está for-
mesma temperatura” (Equação 1.31): temente ligada a pontos específicos (p. ex., gru-
pos hidroxila de polissacarídeos, grupos
P carbonila e amino de proteínas e pontes de hi-
aa = 1.31
P0 drogênio). Quando todos os pontos estão (es-
tatisticamente) ocupados por água absorvida,
onde P (Pa) = pressão de vapor do alimento, o teor de umidade é chamado de valor de
P0 = (Pa) = pressão de vapor da água pura na monocamada de BET (Brunauer-Emmett-Teller)
mesma temperatura. A aa está relacionada com (Fennema, 1996). Exemplos típicos incluem
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 61
gelatina (11%), amido (11%), lactose amorfa das condições do ar (temperatura e umidade).
(6%) e leite integral seco em secador de spray Sob uma temperatura constante, o teor de umi-
(3%). O valor de monocamada de BET repre- dade do alimento altera-se até entrar em equilí-
senta o teor de umidade no qual o alimento brio com o vapor d’água no ar circundante. O
está em seu estado mais estável. Em teores de alimento, então, não ganha nem perde peso na
umidade abaixo desse nível, existe uma maior armazenagem nessas condições. Isso é chamado
taxa de oxidação de gorduras e, em teores mais de teor de umidade de equilíbrio do alimento, e a
altos, ocorre o escurecimento por Maillard e umidade relativa da atmosfera de armazenagem
atividades enzimáticas e microbiológicas são é conhecida como umidade relativa de equilíbrio.
estimuladas (Figura 1.15). Quando diferentes valores de umidade relativa
O movimento do vapor d’água de um ali- são plotados em relação ao teor de umidade de
mento para o ambiente depende tanto do ali- equilíbrio, obtém-se uma curva chamada isoterma
mento (teor de umidade e composição) como de sorção de água (Figura 1.16).
1,0
Oxidação
0,5
0
1,0
Escurecimento
Taxa relativa de deterioração (máx = 1,0)
0,5
0
1,0
Atividade
enzimática
0,5
0
1,0
Crescimento de mofos
0,5
0
1,0
Crescimento
bacteriano
Produção de
0,5 toxinas
0
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Atividade de água
FIGURA 1.15 Efeito da atividade de água nas alterações microbianas, enzimáticas e químicas nos
alimentos. (Baseada em Karel, 1975.)
62 P. J. FELLOWS
Desorção C
25
15
10 Adsorção
0
20 40 60 80 100
Umidade relativa (%)
Cada alimento possui um conjunto parti- reira à umidade necessárias para os materiais
cular de isotermas de sorção sob diferentes tem- de embalagem (Capítulo 24).
peraturas. A forma precisa dessas isotermas é A taxa de mudança da a a em uma
resultado de diferenças na estrutura física, com- isoterma de sorção difere dependendo de a
posição química e quantidade de água ligada umidade ser removida do alimento (desorção)
no alimento, apesar disso todas elas possuem ou adicionada ao alimento seco (absorção) (Fi-
uma forma característica, similar à mostrada gura 1.16). Isso é denominado loop de histerese.
na Figura 1.16. A primeira parte da curva, até A diferença é grande em alguns alimentos (p.
o ponto A, representa a água da monocamada, ex., arroz) e é importante, por exemplo, na de-
que é muito estável, não-congelável e não-re- terminação da proteção necessária contra o
movível por secagem. A segunda, a parte rela- ganho de umidade.
tivamente reta da curva (AB), representa a água
adsorvida nas múltiplas camadas dentro do
alimento e soluções de componentes solúveis. 1.5.1 Efeitos da aa nos alimentos
A terceira porção (acima do ponto B) é água
“livre” condensada dentro da estrutura capilar Os efeitos da aa em reações microbiológicas
ou nas células do alimento. Ela está mecanica- e em algumas biológicas são mostrados na Figu-
mente presa dentro do alimento e é mantida ra 1.15 e na Tabela 1.13. Quase toda atividade
apenas por forças fracas, sendo facilmente con- microbiana é inibida abaixo da aa = 0,6, e a maio-
gelada ou removida pela secagem, como indi- ria dos fungos, das leveduras e das bactérias é
cado pela inclinação acentuada da curva. A inibida, respectivamente, abaixo de aa = 0,7, aa
água livre está disponível para o crescimento = 0,8 e aa = 0,9. A interação da aa com tempera-
microbiano e atividade enzimática, e o alimento tura, pH, oxigênio e dióxido de carbono ou
que possui um teor de umidade acima do pon- conservantes químicos tem um efeito importan-
to B na curva está propenso a deterioração. te na inibição do crescimento microbiano. Quan-
A isoterma de sorção indica a aa na qual do qualquer uma das outras condições ambientais
o alimento é estável e permite previsões do é subótima para um determinado microrganis-
efeito de alterações do teor de umidade na aa mo, o efeito da aa reduzida aumenta. Isso permi-
e, como conseqüência, na estabilidade da ar- te a combinação de vários mecanismos de con-
mazenagem. Ela é utilizada para determinar a trole mais suaves, que resultam na preservação
taxa e a capacidade de secagem (Capítulo 15), do alimento sem perdas substanciais do valor
as temperaturas ideais de armazenagem con- nutricional ou características sensoriais (Tabela
gelada (Capítulo 21) e as propriedades de bar- 1.14) (veja Seção 1.8.2).
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 63
Carne fresca > 4,5 > 0,95 Dias Conservada por refrigeração
Carne cozida > 4,5 0,95 Semanas Armazenagem ambiente quando embalada
Salsichas secas > 4,5 < 0,90 Meses Conservada por sal e aa baixa
Hortaliças frescas > 4,5 > 0,95 Semanas “Estável” enquanto respirar
Picles < 4,5 > 0,90 Meses Baixo pH mantido por embalagem
Pão > 4,5 > 0,95 Dias
Bolo de frutas > 4,5 < 0,90 Semanas Conservado por calor e baixa aa
Leite > 4,5 > 0,95 Dias Conservado por refrigeração
Iogurte < 4,5 < 0,95 Semanas Conservado por baixo pH e refrigeração
Leite em pó > 4,5 < 0,90 Meses Conservado por baixa aa
poliméricos e coagulação ou hidrólise de proteí- tremamente baixas (Tabela 1.15). Esses com-
nas. Informações detalhadas sobre as caracterís- postos podem ser perdidos durante o proces-
ticas texturais dos alimentos são fornecidas por samento, o que reduz a intensidade dos aro-
Mohsenin (1980), Lewis (1990) e Szczesniak mas ou revela outros compostos de aroma/sa-
(1983). O efeito da composição dos alimentos e bor. Compostos aromáticos voláteis também
da estrutura na textura está descrito por Stanley são produzidos pela ação do calor, da radiação
e Tung (1976) e Sherman (1976). ionisante, da oxidação ou da atividade
enzimática em proteínas, gorduras e carboidra-
tos. Exemplos incluem a reação de Maillard
1.6.2 Gosto, sabor e aroma entre aminoácidos e açúcares redutores, ou
grupos carbonila e produtos da degradação de
Atributos de gosto consistem de salgado, lipídeos (Capítulo 16), ou hidrólise de lipídeos
doce, amargo e ácido, e alguns desses atribu- em ácidos graxos e subseqüente conversão em
tos podem ser detectados em limites muito aldeídos, ésteres e álcoois. Os aromas percebi-
baixos nos alimentos (Tabela 1.15). O sabor é dos nos alimentos resultam de combinações
amplamente determinado pela formulação uti- complexas de muitas centenas de compostos,
lizada para um alimento em particular e não algumas das quais atuam sinergeticamente
é, na maioria dos casos, afetado pelo proces- (Maruniak e MacKay-Sim, 1984). Além disso,
samento. Exceções a isso incluem aumento da o sabor percebido nos alimentos é influencia-
doçura devido a mudanças respiratórias em do pela taxa em que os compostos aromáticos
alimentos frescos (Capítulo 19) e alterações na são liberados durante a mastigação e, portan-
acidez ou na doçura durante a fermentação de to, é muito associado com a textura dos ali-
alimentos (Capítulo 7). Alimentos frescos con- mentos e com a taxa de quebra da estrutura
têm misturas complexas de composto voláteis, do alimento durante a mastigação (Clark,
que dão aromas e sabores característicos, al- 1990). Pesquisas sobre a liberação de aromas
guns detectáveis mesmo em concentrações ex- são descritas por Wyeth e Kilcast (1991) e
Compostos de sabor
Ácido hidroclorídrico Azedo 0,0009 N
Ácido cítrico Azedo 0,0016 N
Ácido láctico Azedo 0,0023 N
Cloreto de sódio Salgado 0,01 M
Cloreto de potássio Amargo/salgado 0,017 M
Sacarose Doce 0,01 M
Glicose Doce 0,08 M
Sacarina sódica Doce 0,000023 M
Sulfato de quinino Amargo 0,000008 M
Cafeína Amargo 0,0007 M
Compostos de aroma
Citral Limão 0,000003 mg/L
Limoneno Limão 0,1 mg/L
Ácido butírico Manteiga rançosa 0,009 mg/L
Benzaldeído Amêndoas amargas 0,003 mg/L
Etil acetato Frutal 0,0036 mg/L
Salicilato de metila Ciprestes 0,1 mg/L
Sulfeto de hidrogênio Ovo podre 0,00018 mg/L
Acetato de amila Óleo de banana 0,039 mg/L
Safrol Açafrão 0,005 mg/L
Etil mercaptano Repolho podre 0,00000066 mg/L
De Cardello (1998).
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 65
Plattig (1984), e descrições mais detalhadas senvolvimento de cores indesejáveis (p. ex., du-
da produção de compostos aromáticos ou per- rante o processamento térmico e a secagem
da de compostos naturalmente presentes nos [Capítulos 12 e 15]).
alimentos são dadas por Lindsay (1996) e nos
capítulos subseqüentes.
1.7 EFEITOS DO PROCESSAMENTO
NAS PROPRIEDADES NUTRICIONAIS
1.6.3 Cor
Muitas operações unitárias, especialmen-
Métodos para avaliar a cor e a aparência te aquelas que não envolvem calor, possuem
dos alimentos são descritos por MacDougall pouco ou nenhum efeito na qualidade nutri-
(1984). Muitos pigmentos naturais são destruí- cional dos alimentos. Exemplos incluem mistu-
dos pelo processamento térmico e alterados ra, limpeza, seleção, liofilização e pasteuriza-
quimicamente por mudanças no pH ou por ção. Operações unitárias que intencionalmente
oxidação durante a armazenagem (Tabela separam componentes dos alimentos (Capítu-
1.16). Como conseqüência, os alimento pro- los 3, 4 e 6) alteram a qualidade nutricional de
cessados podem perder sua coloração caracte- cada fração comparada com a matéria-prima. A
rística e, assim, seu valor. Pigmentos sintéticos separação não-intencional de nutrientes solú-
(Apêndice C) são mais estáveis ao calor, à luz veis em água (minerais, vitaminas solúveis em
e a mudanças no pH e são, por isso, adiciona- água e açúcares) também ocorre em algumas
dos para manter a cor de alguns alimentos pro- operações unitárias (p. ex., branqueamento [Ca-
cessados. Detalhes de alterações em pigmen- pítulo 10], e em perdas por gotejamento de as-
tos naturais estão descritos nos Capítulos 10 a sados ou alimentos congelados [Capítulos 16 e
17. O escurecimento por Maillard é uma causa 21]).
importante tanto de alterações desejáveis na O processamento térmico é a maior causa
coloração dos alimentos (p. ex., em assados de alterações nas propriedades nutricionais de
ou frituras [Capítulos 16 e 17]) quanto do de- alimentos. Por exemplo, a gelatinização de ami-
Solúvel em Estabilidade
água ou
Pigmento Fonte típica óleo Ao calor À luz Ao oxigênio A alterações de pH
dos e a coagulação de proteínas melhoram sua Exemplos de perdas de vitaminas causadas por
digestibilidade, e compostos antinutricionais (p. operações unitárias são individualmente des-
ex., o inibidor de tripsina em leguminosas) são critos nos próximos capítulos.
destruídos. No entanto, o calor também destrói A importância da perda de nutrientes du-
alguns tipos de vitaminas termolábeis (Figura rante o processamento depende do valor
1.17), reduz o valor biológico de proteínas (de- nutricional de um alimento particular na die-
vido à destruição de aminoácidos ou a reações ta. Alguns alimentos (p. ex., pão, batatas e lei-
de escurecimento não-enzimático) e promove a te em países ocidentais e arroz e milho em paí-
oxidação de lipídeos. Os efeitos do calor em pro- ses orientais e em desenvolvimento) são fon-
teínas e lipídeos são descritos em detalhes por tes importantes de nutrientes para um grande
Mauron (1982), e Witting e Dimick (1982), res- número de pessoas. Perdas de vitaminas são,
pectivamente. portanto, mais significativas nesses alimentos
A oxidação é a segunda causa mais im- do que naqueles consumidos em pequenas
portante de mudanças nutricionais nos alimen- quantidades ou que possuem uma baixa con-
tos. Ela ocorre quando o alimento é exposto centração de nutrientes.
ao ar (p. ex., na redução de tamanho ou seca- Em países industrializados, a maioria da
gem por ar quente [Capítulos 4 e 15]) ou como população obtém um fornecimento adequado
resultado da ação do calor ou enzimas de nutrientes a partir da mistura de alimentos
oxidativas (p. ex., peroxidase ou lipoxigenase). que são consumidos. Perdas devidas ao
Os principais efeitos da oxidação são: processamento de um componente da dieta são,
portanto, insignificantes à saúde de um indiví-
• a degeneração de lipídeos em hidrope- duo a longo prazo. Em um exemplo descrito por
róxidos e subseqüentes reações para Bender (1987), refeições completas que inicial-
formar uma grande variedade do com- mente continham 16,5 mg de vitamina A perdi-
postos carbonílicos, compostos hidro- am 50% no enlatamento e 10% após armaze-
xílicos e ácidos graxos de cadeia curta nagem por 18 meses. Apesar de a perda pare-
e em óleos de fritura para compostos cer significativa, a refeição original continha
tóxicos (Capítulo 17); e apenas 2% da dose diária recomendável (DDR),
• a destruição de vitaminas sensíveis ao e a extensão da perda é, portanto, de mínima
oxigênio (Figura 1.17 e Apêndice A). importância. A mesma refeição continha 9 mg
de tiamina e perdia 75% após 18 meses de ar-
Alterações em lipídeos são discutidas por mazenagem. O teor de tiamina é 10 vezes o
Zapsalis e Beck (1985), e uma discussão das DDR, logo, quantidades adequadas ainda per-
propriedades de vitaminas e perdas durante o maneciam. Possíveis exceções são as necessida-
processamento é encontrada em Bender (1978), des dietéticas especiais de bebês, mulheres grá-
Harris e Karmas (1975) e De Ritter (1982). vidas e idosos. Nesses grupos, pode haver uma
A D E K C Complexo B
e ácido pantotênico
Destruída Aumentada Destruída por Muito estável Destruída por –
por luz na luz gordura ar, enzimas,
ultravioleta ultravioleta rançosa luz ultravioleta,
e ar ferro e cobre
Críticos de Controle), que foi desenvolvido pelo produtos de pescado). No entanto, qualquer
Codex Alimentarius. Ele fornece as medidas de padrão de referência é somente uma base so-
controle básico necessárias para compreender bre a qual a companhia constrói seus próprios
os mecanismos de produção de um alimento padrões de desempenho para atender aos re-
seguro e a base para a criação de sistemas de quisitos da lei e dos consumidores e as suas pró-
controle de produção para a garantia da quali- prias necessidades.
dade. Uma grande mudança na direção de uma Em linhas gerais, um sistema de GQT co-
maior ênfase nas legislações internacional, em bre as seguintes áreas:
detrimento das nacionais, aconteceu em 1994,
quando um acordo do GATT2 recomendou a • Compra e controle de matérias-primas
aceitação da APPCC como um padrão necessá- (incluindo especificações predefinidas,
rio para a livre movimentação internacional de auditoria dos fornecedores, armazena-
alimentos. A OMC agora avalia tanto as bar- gem das matérias-primas, controle de
reiras técnicas quanto os controles comerciais estoque, rastreabilidade, inspeção, in-
e sanitários, com referência aos padrões de vestigação de não-conformidade às
APPCC do Codex (Mitchell, 1996). especificações).
Mais recentemente, no Reino Unido, o • Controle do processo (incluindo iden-
Consórcio Britânico de Varejo (British Retail tificação, verificação e monitoração de
Consortium) emitiu o “Padrão Técnico para pontos críticos de controle em um es-
Companhias Fornecedoras de Alimentos com quema de APPCC, projeto higiênico da
Marca de Varejo”, que está sendo utilizado planta e de leiaute para minimizar
como um padrão definitivo para fornecedores contaminação cruzada, planilhas de
e forma a base de seus contratos de negócios limpeza, registro de dados críticos de
(Rose, 2000). Ele cobre seis áreas básicas: sis- produção, procedimentos de amostra-
temas de APPCC, sistemas de gerenciamento gem e planos de contingência para
de qualidade, padrões ambientais industriais, cobrir assuntos de segurança).
controle do produto, controle do processo e • Instalações (incluindo métodos de
controle de pessoal. Ele é implementado por construção para minimizar contami-
meio de grupos de inspeção terceirizados (p. nação, manutenção e descarte de re-
ex., o Serviço de Inspeção Europeu de Segu- síduos).
rança Alimentar – European Food Safety • Controle da qualidade (incluindo
Inspection Service [EFSIS]). especificações do produto e padrões
O GQT é, portanto, algo mais amplo do de qualidade para aspectos não-rela-
que apenas controle da qualidade, é uma filo- cionados à segurança, monitoração e
sofia de gerenciamento que busca melhorar con- verificação da qualidade antes da dis-
tinuamente a efetividade e a competitividade tribuição).
da empresa como um todo. Ele é um sistema • Pessoal (incluindo treinamento, higie-
integrado, que garante que todas as áreas do ne pessoal, uniformes e seleção médi-
negócio sejam controladas, para permitir aos ca).
consumidores receber consistentemente produ- • Produto final (incluindo tipos e níveis
tos de qualidade que vão ao encontro de suas de inspeção para determinar confor-
necessidades e expectativas. A abordagem re- midade com as especificações de qua-
quer responsabilidade coletiva e comprometi- lidade, isolamento de produtos fora
mento em todos os níveis do negócio, o que só das normas, inspeção de empacota-
pode ser atingido por meio de relações de con- mento, registros de inspeção, sistemas
fiança no trabalho e boa comunicação. Siste- de monitoração de reclamações).
mas de gerenciamento da qualidade são nor- • Distribuição (para manter a integrida-
malmente desenvolvidos com referência a pa- de do produto ao longo da cadeia, a
drões internacionais ou padrões legislativos es- rastreabilidade do lote e os sistemas
pecíficos (p. ex., o Padrão Europeu 91/493 para de recolhimento de produto).
TECNOLOGIA DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS 69
Q1 Você tem em
mãos os controles Modifique a etapa, o
para o contaminante? processo ou o produto
Sim
Não
1
Continue para a próxima etapa descrita no processo.
FIGURA 1.18 Árvore de tomada de decisões para pontos críticos de controle. (De Felows et al., 1995.)
(a)
t aa pH Eh pres.
(b)
t aa pH Eh pres.
(c)
N
V t aa pH Eh pres.
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