A alteração do requerimento probatório e o aditamento ou alteração ao rol de
testemunhas vêm regulados no artigo 598º, dizendo o n.º 1 respeito à primeira
situação e o n.º 2 à segunda.
Convém estabelecer desde já a distinção entre as duas situações. Uma coisa é
alterar o requerimento probatório, que pode abranger prova pericial, documental, testemunhal, etc., outra coisa, bem mais limitada, é alterar ou aditar o rol de testemunhas, que é apenas um dos segmentos do requerimento probatório.
Também os tempos de apresentação desses pedidos são diferentes. Enquanto
a alteração do requerimento probatório pode ocorrer na audiência prévia, quando a esta haja lugar, o rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado até 20 dias antes da data em que se realize a audiência final. O n.º 2 do artigo 598º permite, portanto, que, até uma data muito próxima da audiência final, as partes substituam testemunhas constantes do rol que apresentaram no momento próprio, ou aditem testemunhas a esse mesmo rol, sem que se lhes exija qualquer justificação para a substituição ou para o aditamento. Vejamos, então, o caso dos autos. A Autora, agora apelante, requereu alteração ao rol nos termos que constam do ponto 6., supra. Esse pedido de alteração, deduzido cerca de uma semana depois de ter sido notificada da data designada para o início do julgamento, foi motivado, seguramente, pelo parcial indeferimento do rol que apresentou em 13.09.2013, uma vez que o número de testemunhas arroladas excedia o máximo de 10, previsto no artigo 511º, n.º 1. Aquilo que a apelante pretendeu com esse requerimento foi trocar duas das testemunhas incluídas nesse número de 10, por duas que estavam para além dele. Ou seja, mais concretamente, procurou excluir do rol as testemunhas indicadas nos números de ordem 8. e 4. e incluir nesse rol as indicadas nos números 14. e 11. O Mmº Juiz indeferiu o pedido de alteração com fundamento na sua intempestividade. E a nosso ver, procedeu correctamente. Com efeito, a audiência final foi agendada, por despacho de 22.10.2014, para o dia 17.11.2014 – cfr. ponto 2., supra –, constando do respectivo despacho a programação dos trabalhos a realizar nesse mesmo dia, bem como a designação de nova data para a sua continuação. Se a referência para a contagem dos 20 dias a que alude o artigo 598º, n.º 2, for essa primeira data (17.11.2014 – cfr. ponto 2.) o pedido de alteração do rol (apresentado em 31.10.2014 – cfr. ponto 6.) é extemporâneo, por não ter respeitado esse prazo. Mas se, como advoga a apelante, se tomar por referência a data aprazada para a audição das testemunhas abrangidas por esse pedido (15.01.2015 – cfr. ponto 7.), então a alteração do rol ter-se-á de considerar tempestiva. O nosso entendimento vai no sentido de que a data a considerar, para o efeito da contagem dos 20 dias, é a que designa dia para julgamento, independentemente de este se realizar ou não e de terem sido agendadas mais sessões em função do volume de prova a produzir. O legislador processual civil foi sensível a várias vozes da doutrina e, nas últimas reformas do CPC, maleabilizou o prazo para as partes requererem novas provas, consentindo a oferta de novos meios probatórios em momento posterior ao normal, sempre que tal não contendesse com o prosseguimento ulterior do processo. A solução encontrada, presente no anterior artigo 512º-A e no actual 598º, n.º 2, já permite fazer face à generalidade das situações em que a parte considere necessária a alteração do rol de testemunhas. Cremos, por isso, que, nas situações em que hajam sido programadas várias sessões de julgamento – como no caso –, não é aceitável que o prazo de 20 dias se conte tendo como referência o início de qualquer uma delas, pois isso, além de criar instabilidade no processo, poderia interferir negativamente nos interesses da parte contrária[1]. Concluindo-se, portanto, que a alteração ao rol tem de ser requerida 20 dias antes do início da audiência, bem andou o tribunal recorrido quando indeferiu o requerimento aludido em 6. *
A (in) admissibilidade da Reclamação para a aplicação de teses de recursos repetitivos: uma análise do julgamento da Reclamação nº 36.476 do Superior Tribunal de Justiça