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Henrique VIII de Inglaterra

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Henrique VIII (28 de junho de 1491 – 28 de janeiro de 1547) foi o Henrique VIII
Rei da Inglaterra de 1509 até sua morte, e tambémLorde e depois Rei
da Irlanda. Henrique foi o segundo monarca inglês da Casa de Tudor,
sucedendo a seu pai Henrique VII.

Henrique é conhecido como o fundador da Igreja Anglicana. Suas


lutas contra Roma ocasionaram a renúncia da Inglaterra à autoridade
papal, a Dissolução dos Mosteiros e seu próprio estabelecimento
como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra. Ainda assim continuou
a acreditar nos principais ensinamentos católicos, mesmo após sua
excomunhão.[1] Henrique supervisionou a união legal da Inglaterra e
Gales com os Atos das Leis em Gales de 1535 e 1542.

Em 1513, Henrique aliou-se com Maximiliano I, Sacro Imperador


Romano-Germânico, e invadiu a França com um exército numeroso e
bem equipado, porém pouco realizou com o enorme custo financeiro.
Por outro lado, Maximiliano usou a invasão inglesa para seu próprio
benefício, prejudicando a capacidade da Inglaterra de derrotar os
franceses. Esse incidente marcou o início de uma obsessão de
Henrique, que invadiu o país novamente em 1544. Desta vez, suas
forças capturaram a importante cidade de Bolonha-sobre-o-Mar,
porém o imperador Carlos V apoiou Henrique até onde julgava
necessário e a Inglaterra, esgotada pelos custos da guerra, entregou a
cidade de volta após pagamento de resgate. Rei da Inglaterra e Lorde/Rei da Irlanda
Reinado 21 de abril de 1509
Seus contemporâneos, durante seu auge, consideraram Henrique um a 28 de janeiro de 1547
rei atraente, bem educado e realizado, e ele já foi descrito como "um Coroação 24 de junho de 1509
dos governantes mais carismáticos a ocupar o trono inglês".[2] Além
Antecessor(a) Henrique VII
de reinar com poder considerável, Henrique também escrevia e
Sucessor(a) Eduardo VI
compunha. Seu desejo de ter um herdeiro homem – em parte por
causa de sua vaidade pessoal, por acreditar que uma mulher não seria
capaz de consolidar a dinastia Tudor e também pela frágil paz Esposas Catarina de Aragão (1509–1533)
Ana Bolena (1533–1536)
existente após a Guerra das Rosas[3] – levou às duas coisas pelas Joana Seymour (1536–1537)
quais Henrique é mais lembrado: seus seis casamentos e a Reforma Ana de Cleves (1540)
Inglesa. Ele tornou-se obeso mórbido e com saúde fraca, o que Catarina Howard (1540–1541)
Catarina Parr (1543–1547)
contribuiu para sua morte em 1547. Ele é frequentemente
Detalhe
caracterizado ao final de sua vida como concupiscente, egoísta,
Descendência
severo e inseguro.[4] Henrique VIII foi sucedido por seu filho
Maria I de Inglaterra
Eduardo VI, fruto de seu casamento comJoana Seymour. Isabel I de Inglaterra
Eduardo VI de Inglaterra
Casa Tudor
Nascimento 28 de junho de 1491
Índice
Palácio de Placentia,
Biografia Greenwich, Inglaterra
Início de vida Morte 28 de janeiro de 1547 (55 anos)
Início de reinado
Palácio de Whitehall, Londres,
França e os Habsburgos Inglaterra
Divórcio de Catarina de Aragão
Enterro Capela de São Jorge, Windsor,
Casamento com Ana Bolena Berkshire, Inglaterra
Execução de Ana Bolena
4 de fevereiro de 1547
Joana Seymour e questões políticas
Ana de Cleves Pai Henrique VII de Inglaterra
Catarina Howard Mãe Isabel de Iorque
"Rude Cortejo" e segunda invasão da França Religião Anglicanismo
Catarina Parr anteriormente Catolicismo
Declínio físico Assinatura
Morte
Sucessão
Imagem pública
Governo
Finanças
Reforma religiosa
Exército
Irlanda
Historiografia
Títulos, estilos e brasões
Descendência
Ancestrais
Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Biografia

Início de vida
Henrique nasceu no Palácio de Placentia, terceiro filho de Henrique VII e
Isabel de Iorque.[5] Dos seus seis irmãos, apenas três – Artur, Margarida e
Maria – sobreviveram à infância.[6] Foi batizado por Ricardo Foxe, Bispo
de Exeter, numa igreja franciscana próxima do palácio. Em 1493, aos dois
anos de idade, Henrique foi nomeado Condestável do Castelo de Dover e
Lorde Guardião dos Cinco Portos. Ele depois foi nomeado Conde Marechal
da Inglaterra e Lorde-Tenente da Irlanda com três anos, entrando para a
Ordem do Banho em seguida. No dia da cerimônia ele foi criado Duque de
Escudo como Duque Brasão como Iorque e um mês depois Lorde Guardião das Marchas Escocesas. Em maio
de Iorque Príncipe de Gales.
de 1495, Henrique foi nomeado para a Ordem da Jarreteira.[7] Ele recebeu
uma educação de primeira qualidade de grandes tutores, tornando-se fluente
em latim e francês além de aprender um pouco de italiano.[8][9] Pouco se sabe sobre o começo de sua vida – com exceção de alguns
fatos isolados – já que não era esperado que se tornasse rei.[7] Em novembro de 1501, Henrique participou consideravelmente das
cerimônias do casamento de seu irmão Artur com Catarina de Aragão, filha mais nova de Fernando II de Aragão e Isabel I de
Castela.[10]
Em 1502, Artur morreu aos 15 anos, vinte semanas depois de se casar com Catarina.[11] Sua
morte colocou todos seus deveres em Henrique, então com dez anos. Após um pequeno
debate, ele se tornou Duque da Cornualha em outubro e o novo Príncipe de Gales e Conde de
Chester em fevereiro de 1504.[12] Henrique VII deu ao menino poucas tarefas. O príncipe era
rigidamente supervisionado e não aparecia em público. Como resultado, Henrique mais tarde
[13]
ascenderia ao trono "destreinado na arte exata de ser rei".

Henrique VII renovou seus esforços para selar uma aliança com a Espanha ao oferecer
Henrique para se casar com a viúva Catarina.[11] Tanto o rei quanto Isabel gostavam da ideia,
que apareceu pouco depois da morte de Artur.[14] Em 23 de junho de 1503, um tratado foi
assinado para o casamento dos dois e eles foram prometidos dois dias depois. Uma dispensa
papal era necessária apenas para o "impedimento de honestidade pública" se o casamento com
Artur não tivesse sido consumado como Catarina afirmava, porém Henrique VII e o
Catarina de Aragão, c.
embaixador espanhol queriam conseguir a dispensa por "afinidade", que levava em conta a
1502.
possibilidade de consumação.[15] Por Henrique ter apenas onze anos, os dois não podiam
viver juntos.[14] A morte de Isabel em 1504 e os problemas da sucessão em Castela
complicaram as coisas. Fernando II preferia que a filha permanecesse na Inglaterra, porém suas relações com Henrique VII
pioraram.[16] Dessa forma Catarina permaneceu no limbo por algum tempo, culminando com o príncipe Henrique rejeitando o
casamento aos quatorze anos. A solução de Fernando II foi fazer de sua filha uma embaixadora, permitindo que ela ficasse na
Inglaterra indeterminadamente. Muito devota, ela passou a acreditar que era a vontade de Deus que se casasse com Henrique mesmo
ele sendo contra isso.[17]

Início de reinado
Henrique VII morreu em 21 de abril de 1509 e o jovem príncipe ascendeu ao trono como
Henrique VIII. Logo após o enterro do pai em 10 de maio, o novo rei repentinamente declarou
que se casaria com Catarina, deixando questões não resolvidas sobre a dispensa papal e uma
parte faltante na porção do casamento.[15][18] Henrique afirmou que era o último desejo de
seu pai seu casamento com Catarina.[17] Sendo isso verdade ou não, era certamente
conveniente. Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico estava tentando casar sua
neta Leonor da Áustria (sobrinha de Catarina) com Henrique.[19] Seu casamento com Catarina
foi discreto e foi realizado em Placentia.[18] Em 23 de junho de 1509, Henrique levou a
esposa da Torre de Londres até a Abadia de Westminster para sua coroação, que aconteceu no
dia seguinte. O evento foi grandioso: a passagem do rei foi forrada com tapeçarias de fino
tecido.[20] Depois da cerimônia, houve um grande banquete no Palácio de Westminster.[21]
[18]
Como Catarina escreveu ao pai, "nosso tempo é gasto em contínuas festas".

Henrique em 1509. Dois dias depois da coroação, Henrique prendeu dois dos mais impopulares ministros de seu
pai: sir Ricardo Empson e Edmundo Dudley. Eles foram acusados de traição e executados em
1510. O historiador Ian Crofton diz que tais execuções se tornariam a principal tática de
Henrique para lidar com opositores; as duas execuções certamente não foram as primeiras.[5] Ele também deu ao povo parte do
dinheiro supostamente extorquido pelos ministros.[22] Em contraste, sua visão da Casa de Iorque – potencial reivindicante ao trono –
era mais moderada. Muitos daqueles que foram presos por Henrique VII foram perdoados.[23] Outros (mais notavelmente Edmundo
de la Pole) permaneceram sem reconciliação; de la Pole acabou sendo decapitado em 1513, uma execução causada por seu irmão
Ricardo alinhando-se contra o rei.[24]

Pouco tempo depois Catarina engravidou, porém a criança foi uma menina que nasceu e morreu no dia 31 de janeiro de 1510. Quatro
meses depois a rainha estava grávida novamente.[25] No dia de ano novo de 1511, a criança – Henrique – nasceu. Depois da dor de
terem perdido a primeira, o casal ficou feliz de terem um menino e houve festividades para celebração, incluindo um torneio de
justas.[26] Entretanto, o menino morreu sete semanas depois.[25] Foi revelado em 1510 que o rei estava tendo um caso com uma das
irmãs de Eduardo Stafford, 3.º Duque de Buckingham, Isabel ou Ana Hastings, Condessa de Huntingdon.[27] Catarina teve um aborto
em 1514, porém deu à luz Maria em fevereiro de 1516. As relações entre o casal haviam sido tensas, porém melhoraram após o
nascimento da menina[28] e há poucos indícios que sugerem que o casamento não era "excepcionalmente bom" na época.
[29]

Começando em 1516, a mais importante amante de Henrique por três anos foi Isabel Blount.[28] Ela é uma das duas únicas amantes
completamente incontestáveis, poucas para um rei jovem e viril.[30][31] Exatamente quantas ele teve não é certo: David Loades
acredita que Henrique teve amantes "apenas de forma muito limitada",[31] enquanto Alison Weir acredita que houve vários casos.[32]
Catarina não protestava, engravidando novamente em 1518 com outra menina natimorta. Blount deu à luz em junho de 1519 a
Henrique FitzRoy, filho ilegítimo do rei.[28] O menino foi feito Duque de Richmond em junho de 1525 em um ato que foi visto como
o primeiro passo rumo sua legitimação.[33] FitzRoy se casou em 1533 com Maria Howard, porém morreu sem filhos três anos
depois.[34] Na época de sua morte, o parlamento tinha aprovado o Segundo Decreto de Sucessão, que poderia permitir que ele se
tornasse rei.[35]

França e os Habsburgos
Em 1510, com uma frágil aliança com o Sacro Império Romano-Germânicona Liga
de Cambrai, a França estava vencendo uma guerra contra Veneza. Henrique renovou
a aliança de seu pai com Luís XII da França, uma questão que dividiu seu conselho.
Certamente uma guerra contra o poder combinado das duas potências seria
extremamente difícil. Pouco tempo depois, ele assinou um pacto contraditório com
Fernando contra a França. O problema foi resolvido em outubro de 1511 com a
criação da anti-francesa Liga Santa pelo Papa Júlio II, levando Luís a entrar em
conflito com Fernando.[36] Henrique colocou a Inglaterra na Liga Santa pouco
depois, com um ataque inicial conjunto anglo-espanhol a Aquitânia planejado para a
primavera. Parecia que os sonhos de Henrique começariam a se tornar realidade e
ele governaria a França.[37] A declaração formal de guerra ocorreu em abril, porém
o rei não liderou pessoalmente o ataque.[38] A ação foi um grande fracasso;
Fernando a usou para alcançar seus próprios objetivos, prejudicando a aliança anglo-
espanhola. Mesmo assim, os franceses rapidamente foram expulsos da Itália e a
aliança ressurgiu, com os dois lados querendo outras vitórias.[38][39] Henrique então
realizou um golpe diplomático ao convencer o imperador a entrar na Liga Santa.[40] Henrique c. 1520.
Extraordinariamente, Henrique também garantiu a promessa do título "O Rei Mais
Cristão da França" e uma possível coroação pelo papa em Paris se Luís fosse
derrotado.[41]

Henrique invadiu a França em 30 de junho de 1513 e suas tropas venceram a Batalha de Guinegate – um resultado pequeno, porém
que foi pego pelos ingleses para motivos de propaganda. Eles tomaram Thérouanne pouco depois e entregaram para Maximiliano;
seguiu-se Tournai.[42] Henrique liderou o exército pessoalmente, acompanhado por uma grande comitiva.[43] Sua ausência do país
induziu seu cunhado Jaime IV da Escócia a invadir a Inglaterra a mando de Luís.[44] O exército inglês, supervisionado pela rainha
Catarina, derrotou os escoceses na Batalha de Flodden em 9 de setembro de 1513. Entre os mortos estava Jaime, terminando o breve
envolvimento escocês na guerra.[45] Essas campanhas deram a Henrique o gosto do sucesso militar que tanto desejava. Porém, apesar
de indícios que iria prosseguir com uma campanha no ano seguinte, o rei decidiu não realizar o movimento. Ele estava apoiando
Fernando e Maximiliano financeiramente, porém pouco recebeu em troca; os cofres ingleses estavam vazios.[46] Com a morte de
Júlio II e a eleição de Leão X, que estava inclinado a negociar a paz com a França, Henrique assinou seu próprio tratado com Luís:
sua irmã Maria se tornaria a esposa do rei francês, tendo sido anteriormente prometida a Carlos da Áustria, e a paz seguiu-se por oito
anos.[47]

Carlos da Áustria ascendeu aos tronos espanhol e imperial após a morte de seus avôs, Fernando e Maximiliano, em 1516 e 1519
respectivamente; Francisco I tornou-se rei da França depois da morte de Luís.[48] A cuidadosa diplomacia do cardeal Tomás Wolsey
resultou no Tratado de Londres em 1518, que tinha a intenção de unir os reinos do oeste europeu contra a nova ameaça otomana; a
paz parecia ter sido assegurada. Henrique se encontrou com Francisco em 7 de junho de 1520 no Campo do Pano de Ouro perto de
Calais para uma quinzena de luxuosos entretenimentos. Os dois esperavam relações
amistosas ao invés de guerras na década seguinte. O grande ar de competitividade
acabou com as esperanças de renovação para o Tratado de Londres, com o conflito
sendo inevitável.[49] Henrique tinha mais em comum com Carlos. O Sacro Império
Romano-Germânico foi para uma guerra contra a França em 1521; Henrique se
ofereceu para ser o mediador, porém pouco foi alcançado e ele alinhou a Inglaterra
O encontro de Francisco I e com Carlos no final do ano. Ele ainda queria restaurar as terras inglesas na França,
Henrique VIII no Campo do Pano de
porém também queria garantir uma aliança com Borgonha e continuar a ter o apoio
Ouro em 1520.
imperial.[50] Um pequeno ataque inglês no norte francês alcançou pouco. Carlos
derrotou e capturou Francisco em Pavia, podendo ditar a paz; ele achava que não
devia nada a Henrique. O rei inglês decidiu tirar seu reino da guerra antes de seu aliado, assinando o Tratado de More em 30 de
agosto de 1525.[51]

Divórcio de Catarina de Aragão


Nessa época, Henrique teve um caso com Maria Bolena, dama de companhia de Catarina.
Há especulações que Maria teve dois filhos de Henrique, Catarina e Henrique Carey,
porém isso nunca foi provado e o rei nunca os reconheceu como havia feito com Henrique
FitzRoy.[52] Em 1525, enquanto ficava cada vez mais impaciente com a incapacidade de
[53][54] ele ficou enamorado com a
Catarina de gerar o herdeiro homem que tanto desejava,
irmã de Maria, Ana Bolena, então uma jovem carismática na comitiva da rainha.[55]
Porém, Ana resistiu as tentativas de sedução e se recusou a se tornar uma amante como a
irmã.[56] Foi nesse contexto que Henrique considerou suas três opções para conseguir seu
sucessor e assim resolver aquilo que a corte passou a descrever como sua "grande
questão". As opções eram legitimizar Henrique FitzRoy, que necessitaria da intervenção
do papa e estaria aberto a contestações; casar Maria o mais rápido possível e esperar que
um neto herdasse a coroa diretamente, porém ela era uma criança e era improvável que
ficasse grávida antes da morte do rei; ou divorciar-se de Catarina de alguma forma e se Catarina de Aragão, c. 1525.
casar com alguém na idade de ter filhos. Provavelmente vendo a possibilidade de se casar
com Ana, a terceira alternativa foi a mais atrativa.[57] Assim o anulamento do casamento
com Catarina se tornou o maior desejo do rei.[58]

As reais motivações e intenções de Henrique sobre os anos seguintes não são totalmente
claras.[59] Ele mesmo, pelo menos no início de seu reinado, era um católico devoto e
bem informado a ponto de publicar em 1521 a dissertação Assertio Septem
Sacramentorum, ganhando o título de Fidei Defensor ("Defensor da Fé") do Papa Leão
X. O trabalho representava uma cerrenha defesa da supremacia papal, embora um
redigida em termos um tanto contingentes.[60] Não está claro quando Henrique mudou
seu ponto de vista sobre a questão enquanto cresciam suas intenções para um segundo
casamento. Certamente, por volta de 1527, ele se convenceu que havia quebrado o
Levítico 20:21 ao se casar com a viúva de seu irmão, uma autoridade que o papa nunca
teve (na visão do rei) para dispensar. Foi esse argumento que Henrique levou até o Papa
Clemente VII na esperança de ter seu casamento com Catarina anulado, renunciando
uma linha de ataque menos abertamente desafiadora.[59] Ao ir a público, toda esperança
de Catarina se retirar para um convento e ficar quieta foi perdida.[61] O rei enviou
Henrique, c. 1531.
Guilherme Knight, seu secretário, para apelar diretamente na Santa Sé por meio de um
projeto aparentemente redigido por bula papal. Knight não foi bem sucedido; o papa não
podia ser enganado tão facilmente.[62]
Outras missões concentravam-se em organizar uma corte eclesiástica na Inglaterra com um representante de Clemente VII. Apesar do
papa concordar com a criação de tal corte, ele nunca teve a intenção de capacitar seu legado Lorenzo Campeggio em decidir a favor
de Henrique. Esse viés talvez tenha sido uma pressão de Carlos V, sobrinho de Catarina, apesar de não ser claro quanto isso
influenciou Clemente e Campeggio. Depois de menos de dois meses de audiências, Clemente chamou o caso de volta para Roma em
julho de 1529, ficando claro que nunca mais re-emergiria. Perdida a possibilidade de divórcio e o lugar da Inglaterra na Europa,
Wolsey recebeu a culpa; foi acusado de praemunire em outubro do mesmo ano, com sua queda sendo "súbita e total".[62] Ele
brevemente se reconciliou com o rei (e oficialmente perdoado) na primeira metade de 1530, porém foi acusado novamente em
novembro, desta vez por traição, mas morreu esperando julgamento.[62][63] Depois de um curto período em que Henrique assumiu o
governo pessoalmente,[64] sir Tomás More foi nomeado Lorde Chanceler e principal ministro do rei. More, inteligente e capacitado,
porém católico devoto e oponente do divórcio, inicialmente cooperou com a nova política de Henrique, denunciando Wolsey ao
parlamento.[65]

Catarina foi banida da corte um ano depois, com seus aposentos sendo entregues a Ana. Ela era uma mulher extraordinariamente
educada e intelectual para o seu tempo, fortemente absorvendo e envolvendo-se com as ideias reformistas, apesar do quanto a própria
era uma protestante comprometida ainda ser muito debatido.[66] Quando Guilherme Warham, o Arcebispo da Cantuária, morreu, a
influência de Ana e a necessidade de encontrar um apoiador de confiança no divórcio fez Tomás Cranmer ser nomeado para o cargo.
[67]
Isso foi aprovado pelo papa, desconhecedor dos crescentes planos de Henrique para a igreja.

Casamento com Ana Bolena


No inverno de 1532, Henrique se encontrou com Francisco I em Calais e pediu seu
apoio para o novo casamento.[68] Imediatamente depois de voltar para Dover, Henrique
e Ana se casaram secretamente.[69] Ela logo engravidou e houve um segundo casamento
em Londres no dia 25 de janeiro de 1533. Em 23 de maio, Cranmer, julgando em uma
corte especial reunida no Priorado de Dunstable para decidir sobre a validade do
casamento do rei com Catarina de Aragão, declarou a união nula e sem efeito. Cinco
dias depois ele declarou que o casamento de Henrique e Ana era válido.[70] Catarina foi
despojada de seus títulos de rainha, tornando-se "princesa viúva" como esposa de Artur.
Ana foi coroada rainha consorte em 1 de junho de 1533.[71] Ela deu à luz uma filha um
pouco prematura em 7 de setembro do mesmo ano. A criança foi batizada de Isabel, em
homenagem à mãe de Henrique,Isabel de Iorque.[72]

Houve um período de consolidação após o casamento na forma de uma série de estatutos


do Parlamento da Reforma que procuravam encontrar soluções para problemas
Ana Bolena, c. 1534.
específicos, ao mesmo tempo que protegiam as novas reformas de objeção, convenciam
o povo de sua legitimidade e expunham e lidavam com opositores.[73] Apesar do direito
canônico ter sido cuidado por Cranmer e outros, os decretos foram lidados por Tomás Cromwell, Tomás Audley e Tomás Howard, 3.º
Duque de Norfolk, além do próprio Henrique.[74] Após o decretos, More renunciou ao cargo de Lorde Chanceler, deixando Cromwell
como o principal ministro do rei.[75] Com o Decreto de Sucessão de 1533, Maria, filha de Catarina, foi declarada ilegítima, o
casamento de Henrique com Ana foi legitimado e os seus descendentes foram colocados como os próximos na linha de sucessão.[76]
Com o Decreto de Supremacia, o parlamento reconheceu o rei como o chefe da Igreja da Inglaterra, enquanto que o Estatuto em
Restrição de Recursos aboliu o direito de apelação a Roma.[77] Foi apenas nesse momento que Clemente excomungou Henrique e
[1][78][79]
Cranmer, apesar disso ter sido oficializado apenas algum tempo depois.

O rei e a rainha não ficaram satisfeitos com a vida de casados. O casal tinha períodos de calma e afeição, porém Ana se recusava
interpretar o papel submisso que lhe era esperado. A vivacidade e intelecto opinativo que a fizeram tão atraente como um amor ilícito
também a deixaram muito independente para o papel principalmente cerimonial de consorte, dado ainda que Henrique esperava
obediência absoluta daqueles com quem interagia em capacidade oficial na corte. Ela criou muitos inimigos. Por sua vez, o rei não
gostava da irritabilidade constante e temperamento violento da esposa. Depois de uma falsa gravidez ou aborto em 1534, Henrique
considerou sua falha em lhe dar um herdeiro homem como uma traição. No Natal de 1534, ele já estava discutindo com Cranmer e
Cromwell as chances de deixar Ana sem precisar voltar para Catarina.[80] Acreditava-se que Henrique teve com caso com Margarida
Sheldon em 1535, porém a historiadoraAntonia Fraser afirma que o caso foi com a irmã Maria Sheldon.[30]

As oposições contra suas políticas religiosas foram rapidamente suprimidas na Inglaterra. Vários monges dissidentes, incluindo os
primeiros Mártires Cartuxos, foram executados ou levados ao pelourinho. Os opositores mais proeminentes incluíam João Fisher,
Bispo de Rochester, e sir Tomás More, ambos tendo recusado prestar juramento de lealdade ao rei. Tanto Henrique quanto Cromwell
não queriam que os homens fossem executados; ao invés disso, eles esperavam que os dois mudassem de opinião e se salvassem.
Fisher abertamente rejeitou Henrique como o chefe supremo da igreja, porém More teve mais cuidado para evitar o Decreto de
Traição, que (diferentemente de outros decretos) não proibia o silêncio. Entretanto, ambos foram subsequentemente condenados por
alta traição – More apenas com a evidência de uma conversa com Ricardo Rich, o procurador-geral. Os dois foram executados no
verão de 1535.[81]

Essas supressões, junto com o Decreto dos Mosteiros Menores de 1536, contribuíram para a resistência geral às reformas de
[82] Por volta de
Henrique, mais notavelmente aPeregrinação da Graça, um grande levante no norte da Inglaterra em outubro de 1536.
vinte a quarenta mil rebeldes foram liderados por Roberto Aske, junto com parte da nobreza local.[83] O rei prometeu perdão total e
agradecimento aos rebeldes por levantarem as questões até sua atenção. Aske disse aos rebeldes que eles haviam sido bem sucedidos
e que poderiam dispersar e voltar para casa.[84] Henrique via todos como traidores e não se sentia obrigado a seguir suas promessas;
por isso, quando mais violências estouraram após a oferta de perdão, ele foi rápido para quebrar sua clemência.[85] Os líderes,
incluindo Aske, foram presos e executados por traição. Por volta de duzentos rebeldes foram executados, com as perturbações
terminando.[86]

Execução de Ana Bolena


Notícias chegaram ao rei e a rainha em 8 de janeiro de 1536 que Catarina de Aragão havia
morrido. Henrique convocou demonstrações públicas de alegria. Ana estava grávida
novamente e sabia das consequências se não conseguisse dar à luz um menino. Mais tarde
no mesmo mês, o rei caiu de um cavalo em um torneio de justas e foi seriamente ferido,
parecendo por um tempo que sua vida estava em perigo. Quando as notícias do acidente
chegaram em Ana, ela entrou em choque e abortou um menino de quinze semanas,
exatamente no dia do funeral de Catarina em 29 de janeiro.[87] Para a maioria dos
observadores, essa perda pessoal foi o começo do fim do casamento.[88] Dado o desejo
desesperado do rei por um herdeiro homem, a sequência de gravidezes de Ana atraiu
muito interesse. O escritor Mike Ashley especulou que Ana teve dois natimortos após o
nascimento de Isabel e antes do aborto do menino em 1536.[89] A maioria das fontes
falam apenas do nascimento de Isabel em setembro de 1533, um possível aborto no verão
de 1534 e o aborto do menino, após quase quatro meses de gestação, em janeiro de
Henrique, c. 1537. 1536.[90]

Apesar de a família Bolena ainda possuir posições importantes no Conselho Privado, Ana
tinha muitos inimigos como Carlos Brandon, 1.º Duque de Suffolk. Até seu próprio tio, Tomás Howard, veio a ressentir-se de sua
atitude no poder. Os Bolena preferiam Francisco I como potencial aliado ao invés de Carlos V, com o favor do rei pendendo para o
segundo (parcialmente por causa de Cromwell), danificando a influência da família.[91] Também eram contra Ana os apoiadores de
uma reconciliação com a princesa Maria (entre os quais os antigos apoiadores de Catarina), que já tinha chegado na maturidade. Um
segundo divórcio era agora uma possibilidade real, apesar de acreditar-se que foi a influência anti-Bolena de Cromwell que levou os
[92]
oponentes a procurarem um modo de fazê-la ser executada.

A queda de Ana ocorreu pouco depois de ela ter se recuperado de seu último aborto. Ainda é debatido entre os historiadores se isso
ocorreu primariamente por causa das alegações de conspiração, adultério ou bruxaria.[66] Os primeiros sinais de um
desfavorecimento incluíam a nova amante do rei, Joana Seymour, sendo colocada em novos aposentos[93], e Jorge Bolena, irmão de
.[94] Entre 30 de abril e
Ana, sendo recusado como membro daOrdem da Jarreteira, com seu lugar sendo entregue a sir Nicolau Carew
2 de maio, cinco homens, incluindo Jorge Bolena, foram presos pelas acusações de adultério e por terem tido relações sexuais com a
rainha. Ana também foi presa, acusada de adultério e incesto. Apesar das evidências serem pouco convincentes, os acusados foram
condenados e sentenciados a morte. Jorge Bolena e os outros homens foram executados em 17 de maio.[95] Ana foi executada na
Torre Verde da Torre de Londres às 9h do dia 19 de maio de 1536.[96]

Joana Seymour e questões políticas

Joana Seymour em 1536 e o jovem Eduardo com Henrique e Joana, c. 1545. Na época em que esta pintura foi
feita, Henrique já estava casado com sua sexta esposa.

Um dia depois da execução de Ana, Henrique ficou noivo de Joana Seymour, que tinha sido uma das damas de companhia da antiga
rainha. Eles se casaram dez dias depois.[97] Joana deu à luz em 12 de outubro de 1537 um filho, o príncipe Eduardo.[98] O parto foi
difícil e ela morreu em 24 de outubro de uma infecção, sendo enterrada na Capela de São Jorge, Castelo de Windsor.[99] A euforia
que acompanhou o nascimento de Eduardo se transformou em luto, porém foi apenas com o tempo que Henrique passou a lamentar
pela esposa. Na época ele se recuperou rapidamente do choque.[100] Medidas foram tomadas para encontrar uma nova esposa para o
[101]
rei, que, pela insistência de Cromwell e da corte, foram focadas no continente europeu.

Com Carlos V distraído por políticas internas em seus muitos reinos e ameaças externas, e Henrique e Francisco em relações
relativamente boas, questões internas passaram a ser a prioridade do rei na primeira metade da década de 1530. Por exemplo, em
1536 ele deu seu consentimento para os Atos das Leis em Gales de 1535, que legalmente anexavam o País de Gales a Inglaterra e
criavam uma única nação. Seguiu-se oSegundo Decreto de Sucessão, que declarava os filhos de Henrique com Joana os próximos na
linha de sucessão e declarava Maria e Isabel como ilegítimas, excluindo-as do trono. O rei também recebeu o poder de determinar a
linha de sucessão à sua própria vontade, caso não tivesse mais nenhum descendente.[102] Entretanto, Henrique ficou cada vez mais
apreensivo quando Carlos e Francisco fizeram a paz em 1539. Cromwell passava ao rei uma lista constante de ameaças ao reino
(reais ou imaginárias, pequenas ou grandes) e assim Henrique ficou paranóico.[103] Enriquecido pela Dissolução dos Mosteiros, ele
usou algumas de suas reservas financeiras para construir uma série de defesas costais em caso de uma invasão franco-germânica.[104]
Ana de Cleves
Nessa época, Henrique estava querendo se casar novamente para garantir a sucessão.
Cromwell, agora Conde de Essex, sugeriu Ana, irmã do Duque de Cleves, que era visto
como um importante aliado em caso de um ataque católico a Inglaterra, já que o duque
estava dividido entre o luteranismo e o catolicismo.[105] Hans Holbein, o Jovem, foi
enviado até Cleves a fim de pintar um retrato de Ana para o rei (à esquerda).[106]
Apesar de especulações que Holbein pintou Ana de maneira muito lisonjeira, é mais
provável que o retrato fosse fiel; Holbein permaneceu bem visto na corte.[107] Depois de
considerar a pintura de Holbein e ouvir boas descrições dadas por cortesãos, Henrique
concordou em se casar com Ana.[108] Porém, ele logo passou a querer anular o
casamento.[109][110] Ela não protestou e confirmou que o casamento jamais fora
consumado.[111] O caso do arranjo de casamento anterior que Ana tinha com o filho do
Duque de Lorena eventualmente deu a resposta, uma complicada o suficiente para que
os impedimentos restantes ao anulamento fossem removidos.[112] O casamento foi
Ana de Cleves em 1539. dissolvido e Ana recebeu o título de "A Amada Irmã do Rei", duas residências e uma
generosa pensão.[111] Estava claro que o rei estava interessado em Catarina Howard,
sobrinha de Tomás Howard, algo que preocupava Cromwell já que ele era um
oponente.[113]

Pouco depois, os protegidos de Cromwell e religiosos reformistas Roberto Barnes, Guilherme Jerome e Tomás Gerrard foram
queimados como hereges.[111] Cromwell enquanto isso caiu em desgraça apesar de não se saber exatamente o motivo, já que existem
poucas evidências de diferenças nas políticas internas e externas; apesar de seu papel, ele não foi oficialmente acusado de ser o
responsável no casamento mal sucedido de Henrique.[114] Cromwell estava agora entre inimigos na corte, com Howard conseguindo
usar a posição de sua sobrinha.[113] Ele foi acusado de traição, venda de licenças de exportação, concessão de passaportes e formação
de comissões sem permissão, e também pode ter sido acusado pelo fracasso no casamento com Ana e no fracasso da política externa
que isso acarretou.[115][116] Cromwell acabou sendo preso e decapitado.[114] Ele não foi substituído como Vice-regente em
Espirituais, um cargo criado especificamente paraele.[117]

Catarina Howard
Henrique se casou com a jovem Catarina Howard, que também era prima e dama de companhia de Ana Bolena, em 29 de julho de
1540, mesmo dia da execução de Cromwell.[118] Ele ficou absolutamente encantado com sua nova rainha, dando-lhe as terras de
Cromwell e várias jóias.[119] Entretanto, Catarina teve um caso com o cortesão Tomás Culpeper pouco depois do casamento. Ela
empregou Francisco Dereham, com quem teve um caso e noivado informal antes de se casar com o rei, como secretário. A corte
soube de seu caso anterior com Dareham enquanto Henrique estava fora; Cranmer foi enviado para investigar e levou evidências do
caso de Howard e Dareham ao conhecimento do rei.[120] Apesar de Henrique inicialmente se recusar a acreditar nas alegações,
Dareham confessou. Porém, foi apenas na reunião seguinte do conselho que o rei acreditou e teve um ataque de raiva, culpando o
conselho antes de sair pra caçar.[121] Catarina, ao ser questionada, poderia ter admitido ter um acordo anterior com Dareham, que
faria com que seu casamento com Henrique fosse inválido, porém ela afirmou que o homem a forçou a ter uma relação adúltera.
Dareham acabou revelando o caso da rainha com Culpeper. Os dois homens foram executados e Catarina foi decapitada em 13 de
fevereiro de 1542.[122]

Em 1540, Henrique sancionou a destruição de relicários de santos. Os últimos mosteiros da Inglaterra foram dissolvidos e suas
propriedades transferidas à coroa. Abades e priores perderam seus lugares na Câmara dos Lordes; apenas bispos e arcebispos
permaneceram como os únicos eclesiásticos na câmara. Os Lordes Espirituais, como o clero na câmara era conhecido, foi superado
em números pela primeira vez pelos Lordes T
emporais.

"Rude Cortejo" e segunda invasão da França


A aliança entre Francisco e Carlos se dissolveu em 1539, eventualmente degenerando até uma guerra. Com Catarina de Aragão e Ana
Catarina Howard em 1540 e Catarina Parr c. 1545, respectivamente a quinta e a sexta esposas de Henrique.

Bolena mortas, as relações entre Carlos e Henrique melhoraram muito, com o rei inglês
concluindo uma aliança secreta com o imperador. Ele decidiu intervir na Guerra Italiana
ao lado de seu novo aliado. Uma invasão da França foi preparada para 1543.[123] Em
preparação, Henrique moveu-se para eliminar a potencial ameaça escocesa sob o jovem
Jaime V. Isso continuaria a reforma na Escócia, que ainda era católica, e Henrique
esperava unir as duas coroas ao casar a filha de Jaime, Maria da Escócia, com Eduardo.
Ele fez guerra contra os escoceses por vários anos tentando alcançar esse objetivo, uma
campanha que ficou conhecida como o "Rude Cortejo".[124] A Escócia foi derrotada na
Batalha de Solway Moss em 24 de novembro de 1542,[125] e Jaime morreu menos de
um mês depois. Jaime Hamilton, 2.º Conde de Arran, regente escocês, concordou com o
casamento no Tratado de Greenwich em 1 de julho de 1543.[126]

Henrique c. 1540. Apesar do sucesso na Escócia, Henrique hesitou em atacar a França, irritando Carlos.
Ele finalmente seguiu em frente em junho de 1544 com um ataque em dois frontes. Uma
força liderada por Tomás Howard cercou, sem sucesso, Montreuil. A outra sob o comando de Carlos Brandon cercou Bolonha-sobre-
o-Mar. Henrique posteriormente assumiu o comando pessoal, com Bolonha caindo em 18 de setembro.[127][128] Porém, ele havia
recusado os pedidos do imperador para marchar contra Paris. A própria campanha de Carlos desandou e ele fez as pazes com a
França no mesmo dia. Henrique ficou sozinho contra a França, incapaz de fazer a paz. Francisco tentou invadir a Inglaterra no verão
de 1545, porém foi um fiasco. Com os dois reinos sem dinheiro, ambos assinaram o Tratado de Ardres em 7 de junho de 1546.
Henrique garantiu a posse de Bolonha por oito anos, então a devolveu para a França por £750 000. Ele precisava do dinheiro; a
[129]
campanha havia custado £650 000 e a Inglaterra estava novamente falida.

Enquanto isso, os escoceses repudiaram o Tratado de Greenwich em dezembro de 1543. Henrique lançou outra guerra contra os
escoceses, enviando um exército para queimar Edimburgo e devastar o interior. Apesar disso, a Escócia não se submeteu. A derrota
na Batalha de Ancrum Moor levou a uma segunda invasão. A guerra terminou nominalmente no Tratado de Ardres. Desordens na
[128][129]
Escócia, incluindo intervenções tanto inglesas quanto francesas, continuaram até a morte de Henrique.
Catarina Parr
Henrique se casou pela sexta e última vez em julho de 1543 com Catarina Parr, uma rica viúva.[130] Reformista, ela discutia sobre
religião com o rei. No final, Henrique permaneceu comprometido com uma mistura idiossincrática de catolicismo e protestantismo; o
estado de espírito reacionário que tinha ganhado terreno após a queda de Cromwell não eliminou seu traço protestante nem foi
superado por ele.[131] Parr ajudou Henrique a se reconciliar com suas filhas Maria e Isabel.[132] Em 1543, o Terceiro Decreto de
Sucessão colocou suas filhas de volta na sucessão, atrás de Eduardo. O mesmo decreto permitiu que ele determinasse a sucessão
conforme sua vontade.[133]

Declínio físico
Henrique se tornou obeso posteriormente em sua vida. Tinha uma medida de cintura de
140 cm e precisava se mover com a ajuda de invenções mecânicas. Era coberto por
furúnculos cheios de pus e possivelmente sofria de gota. Sua obesidade e outros
problemas médicos podem ser traçados ao acidente de justa que sofreu em 1536, em que
teve um ferimento na perna. O acidente reabriu e agravou um ferimento anterior que havia
tido anos antes, a ponto de seus médicos encontrarem dificuldades em tratá-lo. O
ferimento infeccionou pelo restante de sua vida até ulcerar, algo que o impedia de manter
o mesmo nível de atividade que costumava ter. Acredita-se que o acidente tenha sido a
causa das mudanças de humor de Henrique, que podem ter tido grande efeito em sua
personalidade e temperamento.[134][135]

A teoria que Henrique sofria de sífilis foi desmentida pela maioria dos historiadores.[136]
Uma teoria mais recente sugere que seus sintomas médicos são característicos de uma
diabetes mellitus tipo 2não tratada.[135] Como alternativa, o padrão de gravidezes de suas
Henrique em 1542.
esposas e sua deterioração mental levaram alguns a sugerirem que ele poderia ser Kell
positivo e sofredor da síndrome de McLeod.[137] De acordo com outro estudo, o histórico
do rei e morfologia de seu corpo eram provavelmente o resultado de uma lesão cerebral traumática após o acidente de justa de 1536,
que por sua vez levou a causa de sua obesidade neuroendócrina. A análise identifica deficiência no hormônio de crescimento como a
fonte de sua adiposidade cada vez maior e também suas mudanças significativas de comportamento em seus últimos anos, incluindo
seus múltiplos casamentos.[138] Outra teoria diz que esses danos cerebrais possivelmente foram causados por outros dois incidentes:
o primeiro em 1524 quando uma lança perfurou seu capacete durante uma justa e segundo no ano seguinte quando o rei bateu de
cabeça no chão ao tentar cruzar um riacho com uma vara. Alguns dos efeitos colaterais de uma lesão cerebral incluem deficiência
hormonal e hipogonadismo, que podem criar disfunções metabólicas e impotência sexual e explicariam seu aumento de peso e
[139]
dificuldades cada vez maiores de ter relações com suas esposas.

Morte
A obesidade de Henrique acelerou sua morte aos 55 anos de idade, em 28 de janeiro de 1547, no Palácio de Whitehall, naquele que
teria sido o nonagésimo aniversário de seu pai. Suas supostas últimas palavras foram: "Monges! Monges! Monges!", talvez uma
referência aos monges que ele fez serem despejados na Dissolução dos Mosteiros.[140] Seu caixão foi velado no Mosteiro de Sião, no
caminho para a Capela de São Jorge, Castelo de Windsor. Doze anos antes, em 1535, um frei franciscano chamado Guilherme Peyto
pregou ao rei no Palácio de Placentia "que os julgamentos de Deus estavam prontos para recair sobre sua cabeça e que cães
lamberiam seu sangue, como haviam feito com Acabe", cuja infâmia está em 1 Reis 16:33: "Acabe fez muito mais para irritar o
Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele". Diz que profecia foi cumprida durante aquela noite em
Sião, quando uma "matéria corrompida de uma cor sangrenta" caiu do caixão e cachorros tentaram lambê-la.[141] Henrique foi
enterrado em uma sepultura na Capela de São Jorge ao lado de Joana Seymour.[142] 102 anos depois, em 1649, o rei Carlos I foi
enterrado na mesma sepultura.[143]

Sucessão
Após sua morte, seu único filho homem herdou a coroa como rei Eduardo VI. Já que
Eduardo tinha apenas nove anos de idade, ele não podia exercer o poder. O
testamento de Henrique nomeou dezesseis executores para servirem em um conselho
regencial até Eduardo completar dezoito anos. Os executores escolheram Eduardo
Seymour, 1.º Conde de Hertford, irmão mais velho de Joana Seymour e tio do novo
rei, para ser Lorde Protetor do Reino. Caso Eduardo não tivesse herdeiros, o trono
passaria para Maria, filha de Henrique e Catarina de Aragão, e seus descendentes.
Caso Maria não tivesse filhos, a coroa iria para Isabel, filha de Henrique com Ana
Caixões de Henrique VIII (centro),
Bolena, e os herdeiros dela. Finalmente, se a linhagem de Isabel fosse extinta, o
Joana Seymour (esquerda) e Carlos
trono inglês seria herdado pelos Grey, descendentes de Maria, irmã mais nova de
I com um filho de Ana (esquerda) na
sepultura embaixo do coral da Henrique. Os descendentes de sua irmã Margarida, os Stuart da Escócia, foram
Capela de São Jorge, marcados por excluídos da sucessão. Entretanto, Jaime VI da Escócia herdou a Inglaterra após a
uma laje de pedra no chão. Desenho morte de Isabel em 1603.[144]
de Alfred Young Nutt em 1888.

Imagem pública
Henrique cultivava a imagem de um homem renascentista, com sua corte sendo o
centro de escolaridade, inovação artística e glamurosos excessos, epitomisados pelo
Campo do Pano de Ouro. Ele vasculhava o interior por meninos cantores, pegando
alguns diretamente do coral de Wolsey, introduzindo a música renascentista na corte.
Os músicos incluíam Benedict de Opitiis, Richard Sampson, Ambrose Lupo e
Dionisio Memo. O próprio Henrique manteve uma considerável coleção de
instrumentos; era habilidoso com o alaúde, conseguia tocar o órgão e era talentoso
com o virginal. Ele podia ler partituras à primeira vistae também cantar.[145] Era um
músico completo, autor e poeta; sua composição musical mais conhecida é "Pastime
Partitura de "Pastime with Good
with Good Company". A autoria de "Greensleeves" lhe é frequentemente atribuída,
Company", composta pelo rei c.
porém provavelmente é incorreta. Henrique era um ávido jogador de azar,
1513.
principalmente dos dados, destacando-se nos esportes, especialmente justas, caça e
[6]
tênis real. Era conhecido por sua forte defesa da piedade cristã.

Henrique era um intelectual. Foi o primeiro rei inglês com uma educação humanista moderna, escrevia e falava em inglês, francês e
latim, e sentia-se completamente em casa com sua biblioteca bem abastecida. Ele pessoalmente fazia anotações em muitos livros e
escrevia e publicava seus próprios. Para promover o apoio público à sua reforma da igreja, preparou inúmeros panfletos e palestras.
Por exemplo, Oratio, de Richard Sampson, era um argumento para a obediência absoluta à monarquia e afirmava que a igreja inglesa
sempre havia sido independente de Roma.[146] Em nível popular, companhias teatrais e de menestreis fundadas pela coroa viajavam
pelo reino para promover as novas práticas religiosas: o papa e padres e monges católicos eram ridicularizados como demônios
estrangeiros, enquanto que o rei era exaltado como um corajoso e heroico defensor da verdadeira fé.[147] Henrique trabalhou
[148]
arduamente para apresentar uma imagem de autoridade incontestável e poder irresistível.

Sendo um homem grande e forte (tinha mais de 1,80 m de altura e bem largo), Henrique era ótimo em justas e caça. Além de
passatempos, também eram dispositivos políticos que serviam para vários objetivos, desde enaltecer sua imagem real atlética para
impressionar governantes e emissários estrangeiros, até transmitir sua habilidade de suprimir qualquer rebelião. Ele realizou um
torneio de justas em Greenwich em 1517, em que usou uma armadura dourada, arreios de cavalo também dourados e roupas de
veludo, seda e panos de ouro cheios de jóias e pérolas. Henrique devidamente impressionou embaixadores estrangeiros, com um
escrevendo que "A riqueza e civilização do mundo está aqui, e aqueles que chamam os ingleses de bárbaros me parecem tornar-se
tal".[149] O rei aposentou-se das justas em 1536 depois de seu grave acidente, porém continuou a patrocinar dois suntuosos torneios
anualmente. Henrique então começou a ganhar peso e perder a imagem atlética e elegante que o fizeram tão atraente; seus cortesãos
começaram a se vestir com roupas bem acolchoadas para emular e até lisonjear seu monarca cada vez mais robusto. Ao final de sua
[150][151]
vida sua saúde piorou devido à alimentação pouco saudável.
Governo
O poder dos monarcas da Casa de Tudor, incluindo Henrique, era "completo" e
"total", como afirmavam, apenas pela graça de Deus.[152] A coroa também podia se
apoiar no uso exclusivo das outras funções que constituíam a prerrogativa real. Isso
incluíam atos de diplomacia (incluindo casamentos reais), declarações de guerra,
administração da moeda, publicação de perdões reais e o poder de convocar e
dissolver parlamentos quando quisessem. Mesmo assim, como ficou evidente
durante sua separação de Roma, o rei agia dentro de limites pré-estabelecidos,
financeiros ou legais, que o forçavam a trabalhar próximo da nobreza e do
parlamento.[153] Na prática, os Tudor usavam o mecenato para manter uma corte
real que incluía instituições formais como o Conselho Privado além de conselheiros
informais e confidentes.[154] Tanto a ascensão quanto a queda de nobres podia ser
rápida: apesar do número frequentemente citado de 72 mil execuções durante seu
reinado ser exagerado,[155] Henrique sem dúvida executava por sua própria vontade,
Cardeal Tomás Wolsey em 1526. queimando ou decapitando duas esposas, vinte pariatos, quatro principais serventes
públicos, seis criados ou amigos próximos, um cardeal e vários abades.[148] Dentre
aqueles favorecidos em qualquer momento do reinado de Henrique, alguém poderia ser geralmente indicado como principal
ministro,[156] apesar de um dos maiores debates na historiografia do período foi quais desses ministros controlavam Henrique e vice-
versa.[157] Particularmente, o historiador Geoffrey Elton discute que um dos ministros, Tomás Cromwell, liderou uma "revolução
Tudor em governo" bem independente do rei, quem Elton apresenta como um participante oportunista e essencialmente preguiçoso
no âmago das questões políticas e quem precisava de outros por ideias e para realizar a maior parte do trabalho. O historiador
também afirma que onde Henrique interferia pessoalmente no governo do país, na maioria das vezes foi para seu detrimento.[158] A
proeminência e influência de facções na corte do rei é similarmente discutida no contexto de pelo menos cinco episódios do reinado
de Henrique, incluindo a queda de Ana Bolena.[159]

Foi Tomás Wolsey, cardeal da Igreja Católica, que supervisionou as políticas internas e externas do jovem rei de 1514 a 1529 de sua
posição como Lorde Chanceler.[160] Wolsey centralizou o governo nacional e estendeu a jurisdição dos tribunais conciliares,
particularmente da Câmara Estrelada. Sua estrutura geral permaneceu inalterada, porém o cardeal a usou para realizar uma muito
necessária reforma no direito penal. Entretanto, o poder do tribunal não continuou depois de Wolsey já que nenhuma grande reforma
administrativa havia sido feita e seu papel foi eventualmente devolvido às localidades.[161] O clérigo ajudou a preencher o espaço
vazio deixado pela participação cada vez menor de Henrique no governo (particularmente em comparação a seu pai), porém o fez ao
se impor no lugar do rei.[162] Seu uso desses tribunais para ir atrás de problemas pessoais, particularmente para ameaçar delinquentes
como meros exemplos de toda uma classe digna de punição e irritar os ricos, que também estava irritados por sua enorme fortuna e
vida de ostentação.[163] Wolsey muito desapontou Henrique ao não conseguir seu divórcio de Catarina de Aragão. O tesouro estava
esvaziado depois de anos de extravagância; os pariatos e o povo estavam insatisfeitos e o rei precisava de uma abordagem totalmente
nova; Wolsey foi substituído. Ele perdeu o poder em 1529, depois de dezesseis anos, sendo preso no ano seguinte sob falsas
acusações de traição, morrendo na prisão. Sua queda foi um aviso ao papa e ao clero da Inglaterra sobre o que poderia ser esperado se
eles desapontassem Henrique. O rei tomou controle total de seu governo, apesar de na corte várias facções complexas continuarem a
tentar se arruinar e destruir.[164]

Tomás Cromwell veio redefinir o governo de Henrique. Ele voltou para a Inglaterra do continente em 1514 ou 1515, logo entrando
para o serviço de Wolsey. Cromwell estudou direito, também adquirindo um bom conhecimento da Bíblia, e entrou no Gray's Inn em
[165] Em parte por causa de suas crenças religiosas, Cromwell tentou
1524. Ele tornou-se o "homem de todos os trabalhos" do cardeal.
reformar o corpo político do governo inglês através de discussões e consentimento, pela continuidade e não mudanças bruscas. Era
visto por muitos como um homem que queriam ter ao lado para seus objetivos partilhados, incluindo Tomás Audley. Cromwell e seus
associados já eram os responsáveis por volta de 1531 por rascunhar grande parte das legislações.[166] Seu primeiro cargo oficial foi o
de mestre das joias do rei em 1532, a partir do qual ele começou a revigorar as finanças reais.[167] O poder de Cromwell como
administrador eficiente em um conselho cheio de políticos ultrapassou nesse momento o que Wolsey havia alcançado. Cromwell
muito trabalhou em todos os seus cargos a fim remover tarefas da criadagem real (e ideologicamente do próprio rei) para um estado
público.[168] Entretanto, para manter o apoio de Henrique, seu poder e a
possibilidade de realmente alcançar os objetivos traçados, ele o fez de forma
aleatória e deixando muitos vestígios.[169] Cromwell formalizou vários fluxos de
renda criados por Henrique VII e encarregou várias entidades autônomas para suas
administrações.[170] O papel do Conselho do Rei foi transferido para um reformado
Conselho Privado, muito menor e mais eficiente que seu predecessor.[171] Surgiu
uma diferença entre a riqueza do rei e a do país, apesar da queda de Cromwell ter
minado muitas de suas burocracias, que precisavam de sua mão para manter a ordem
entre as muitas novas entidades e impedir gastos exagerados que pioravam as
relações além das finanças.[172] Suas reformas estagnaram em 1539, a iniciativa foi
perdida e ele não conseguiu aprovar um decreto de habilitação, a Proclamação pela
Coroa de 1539.[173] A associação de Cromwell com o casamento do rei com Ana de
Cleves, apesar de não ter sido fatal por conta própria, o enfraqueceu enquanto uma
outra facção estava crescendo. Henrique então procurou o casamento com Catarina Tomás Cromwell c. 1532–1533.
Howard, sobrinha do Duque de Norfolk, e foi Tomás Howard que eventualmente
[174]
levou Cromwell a sua queda. Ele foi executado em 28 de julho de 1540.

Finanças
O reinado de Henrique foi um quase-desastre em termos financeiros. Apesar de ter
herdado uma economia próspera (aumentando ainda mais seu tesouro confiscando as
terras da igreja), seus grandes gastos e longos períodos de má administração
danificaram a economia.[175] Tinha mais de duas mil tapeçarias em seus palácios –
por comparação, Jaime V da Escócia tinha apenas duzentas.[176] Orgulhava-se de
exibir sua coleções de armas, que incluíam exóticos equipamentos de tiro com arco,
Moeda coroa de ouro de Henrique,
2.250 peças de artilharia e 6.500 armas curtas.[177]
cunhada c. 1544–1547.
Ao contrário de Henrique VII que havia sido frugal e cuidadoso com o dinheiro,
Henrique VIII investiu enormes fortunas. Esse dinheiro foi estimado em £1.250.000 (£375 milhões em padrões atuais).[178] Muito
dessa riqueza foi gasta para manter a corte e criadagem, incluindo muitos dos trabalhos de construção que ele realizou nos palácios
reais. Os monarcas Tudor tinham que financiar os gastos do governo com suas próprias rendas. Essa renda vinha das terras da coroa
que Henrique era dono além de impostos como os impostos aduaneiros, garantidos pelo parlamento por toda a vida do rei. Durante
seu reinado as rendas da coroa permaneceram constantes em por volta de cem mil libras,[179] porém foram afetadas pela inflação e o
aumento de preços vindos com a guerra. Foi a guerra e suas ambições dinásticas na Europa que o fizeram acabar na década de 1520
com a fortuna reunida por seu pai. Apesar de Henrique VII ter pouco se envolvido em questões do parlamento, Henrique VIII tinha
que pedir dinheiro ao parlamento, particularmente para conseguir subsídios para suas guerras. A Dissolução dos Mosteiros forneceu
um meio de reabastecer o tesouro e a coroa acabou assumindo posse de terras monásticas de valor de £120 mil por ano.[180] A coroa
lucrou um pouco em 1526 quando Wolsey colocou a Inglaterra na padrão ouro, tendo desvalorizado o valor da moeda um pouco.
Cromwell desvalorizou a moeda mais, começando na Irlanda em 1540. Como resultado, a libra inglesa ficou com metade do valor da
libra flamenga entre 1540 e 1551. O lucro nominal foi significante, ajudando a nivelar os gastos com a renda, porém teve um efeito
[181]
catastrófico na economia geral do país. Parcialmente ajudou a trazer um período de altas inflações a partir de 1544.

Reforma religiosa
Henrique é geralmente creditado por iniciar a Reforma Inglesa – o processo de transformação da Inglaterra de um país católico para
[182] com a exata narrativa não sendo totalmente
um protestante – apesar de ser contestado seu progresso através da elite e das massas,
aceita. Certamente em 1527, Henrique até então um católico obediente e bem informando, apelou ao papa pelo anulamento de seu
casamento com Catarina.[59] Nenhum anulamento foi conseguido em parte por causa do controle que Carlos V exercia sobre o
papado.[183] A narrativa tradicional diz que essa recusa iniciou a rejeição de Henrique da supremacia papal (que anteriormente ele
defendeu), apesar do historiador Albert Pollard discutir que, mesmo que não tivesse precisado do divórcio, o rei poderia ter rejeitado
[184]
o controle papal por motivos inteiramente políticos.

De qualquer forma, Henrique instituiu entre 1532 e 1537 vários estatutos que
lidavam com a relação entre o rei e o papa e consequentemente a estrutura da
emergente Igreja Anglicana.[185] Eles incluíam o Estatuto em Restrições de
Recursos de 1533, que aumentava a pena de praemunire contra todos que
apresentassem bulas papais na Inglaterra, potencialmente expondo-os a pena de
morte se julgados culpados.[186] Outros decretos incluíam a Súplica contra os
Ordinários e a Submissão do Clero, que reconheciam a supremacia real sobre a
igreja. O Decreto do Sufragêneo dos Bispos de 1534 exigiam que o clero elegesse
bispos nomeados pelo soberano. O Ato de Supremacia de 1534 declarou que o rei
era "o único Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra" e o Ato de Traição de
1534 fazia a recusa do Juramento de Supremacia alta traição punível por morte.
Similarmente, a aprovação do Decreto de Sucessão no ano anterior fez com que
todos os adultos do reino fossem forçados a reconhecer por juramento as disposições
da lei (declarando que o casamento de Henrique com Ana Bolena era legítimo e que
a união com Catarina ilegítima);[187] aqueles que se recusavam recebiam prisão
Tomás Cranmer em 1545.
perpétua e qualquer publicação de literatura alegando que o casamento com Ana era
inválido estava sujeita e pena de morte.[186] Finalmente, em resposta a sua
excomungação, foi aprovado o Decreto do Óbolo de São Pedro, que reiterava que a Inglaterra "não tinha superior sob Deus, apenas
sua Graça" e que a "coroa imperial" do rei havia sido diminuída pelas "usurpações e extorsões perversas e impiedosas" do papa.[188]
Henrique ainda tinha grande apoio da igreja sob a liderança deTomás Cranmer.[189]

Para a irritação de Cromwell, Henrique insistia em tempo parlamentar para discutir as questões da fé, que ele alcançou graças a
Tomás Howard. Isso acabou levando a aprovação do Decreto dos Seis Artigos, pelo qual seis grandes questões foram respondidas
afirmando a ortodoxia religiosa, assim restringindo o movimento protestante na Inglaterra.[110] Seguiu-se os começos da liturgia
reformada e o Livro de Oração Comum, que seriam completados apenas em 1549 no reinado de Eduardo VI.[190] A vitória dos
conservadores religiosos não levou a grande mudança de pessoal e Cranmer permaneceu como arcebispo.[191] De forma geral, o
reinado de Henrique teve um sutil movimento para longe da ortodoxia religiosa, auxiliado em parte pelas mortes de proeminentes
figuras anteriores a separação de Roma, especialmente as execuções em 1535 de Tomás More e João Fisher por recusarem-se a
renunciar a autoridade papal. O rei estabeleceu uma nova teologia política de obediência à coroa que continuou na década seguinte.
Ela refletia a nova interpretação do quarto mandamento ("Honra a teu pai e a tua mãe") por Martinho Lutero, levada para a Inglaterra
por Guilherme Tyndale. A fundamentação da autoridade real nos Dez Mandamentos foi outra mudança importante: reformadores
dentro da igreja utilizaram a ênfase dos mandamentos na fé e na palavra de Deus, enquanto os conservadores enfatizavam a
necessidade da dedicação à Deus e de fazer o bem. Os esforços dos reformadores estavam por trás da publicação em 1539 da Grande
Bíblia em inglês.[192] Os reformadores protestantes ainda assim enfrentaram perseguições, particularmente sobre as objeções ao
anulamento de Henrique. Muitos acabaram fugindo para o exterior onde enfrentaram mais dificuldades, como Tyndale que
[193]
eventualmente foi executado e seu corpo queimado em nome do rei.

Quando impostos antes pagos a Roma foram transferidos para a coroa, Cromwell sentiu a necessidade de avaliar o valor tributável
das vastas propriedades da igreja como estavam em 1535. O resultado foi um extenso compêndio, o Valor Ecclesiasticus.[194] Ele
encomendou uma visita mais geral às instituições religiosas em setembro do mesmo ano, que seriam realizadas por quatro visitantes
[195] Além
nomeados. As visitas focavam-se apenas nas casas religiosas do país, chegando a conclusões em sua maior parte negativas.
de reportarem-se de volta a Cromwell, os visitantes deixaram mais difícil a vida dos monges ao forçarem rigorosos padrões
comportamentais. O resultado era encorajar a auto-dissolução.[196] De qualquer maneira, as evidências reunidas pelo ministro
levaram rapidamente ao começo da dissolução forçada dos mosteiros com todas as casa religiosas de valor inferior a duzentas libras
sendo adquiridas em janeiro de 1536 por estatuto para coroa.[197] Após uma pequena pausa, todas as instituições religiosas foram
transferidas uma a uma para a coroa e novos donos, com a dissolução sendo confirmada em 1539 por outro estatuto. Não havia mais
casas em janeiro de 1540: por volta de oitocentas haviam sido dissolvidas. O processo foi eficiente e encontrou pouca resistência,
trazendo para a coroa por volta de noventa mil libras anuais.[198] É ainda debatido entre os historiadores o quanto da dissolução de
todas as casas foi planejada desde o início; há algumas evidências que as casas maiores originalmente seriam apenas reformadas.[199]
As ações de Cromwell transferiram um quinto das terras da Inglaterra para novos donos. O programa foi projetado principalmente
para criar uma pequena nobreza em dívida com a coroa, que usaria as terras de forma bem mais eficiente.[200] Mesmo com pouca
oposição à supremacia sendo encontrada nas casas religiosas inglesas, elas tinham ligações com a igreja internacional e foram
obstáculo para mais reformas religiosas.[201]

As reações à reforma foram divididas. As casas religiosas eram as únicas apoiadoras dos pobres,[202] com as reformas alienando
grande parte da população fora de Londres, ajudando a provocar o grande levante no norte de 1536–37, conhecida como
Peregrinação
da Graça.[203]

Exército
Excluindo as guarnições de Berwick-upon-Tweed, Calais e Carlisle, o exército fixo
da Inglaterra era formado por apenas algumas centenas de homens. Esse número
cresceu pouco no reinado de Henrique.[204] A força de invasão de 1513 possuía
cerca de trinta mil homens, compostos por bisarmeiros e arqueiros, em uma época
que outras nações europeias estavam mudando para arcabuzeiros e piqueiros. A
diferença de capacidade nesse momento não era grande e as forças de Henrique
tinham armas e armaduras novas. Eles também eram apoiados por artilharia de
campo, uma invenção relativamente nova, com várias máquinas de cerco grandes e
caras.[205] A força de invasão de 1544 estava similarmente bem equipada e
organizada, apesar do comando das forças ter sido entregue a Carlos Brandon e
Tomás Howard, duques de Suffolk e Norfolk respectivamente, que no caso do
segundo produziu resultados desastrosos emMontreuil.[128]

Henrique é tradicionalmente creditado como um dos fundadores da Marinha Real.


Tecnologicamente, ele investiu em grandes canhões para seus navios, uma ideia que
Armadura italiana de Henrique c.
também havia sido tomada em outros países, substituindo as serpentinas menores
1544.
em uso.[206] Também contemplou projetar ele mesmo os navios – apesar de
desconhecida suas contribuições para os navios maiores, se houve alguma, acredita-
se que Henrique influenciou o projeto de barcaças a remo e galés.[207] O rei também foi responsável pela criação de uma marinha
permanente, com o apoio de ancoradouros e estaleiros.[206] Taticamente, a marinha mudou de sua tática de bombardeiro para
artilharia.[208] A marinha cresceu com cinquenta novos navios (como o Mary Rose) e Henrique foi o responsável por estabelecer o
"conselho de causas marinhas" para especificamente supervisionar a manutenção e operações, tornando-se a base para o posterior
Almirantado.[209]

A ruptura com Roma acarretou a ameaça de uma grande invasão francesa ou espanhola.[79] Para prevenção, em 1538, Henrique
começou a construir uma rede de defesas moderníssimas ao longo da costas sul e leste de Kent a Cornualha, utilizando materiais
principalmente retirados dos mosteiros dissolvidos.[210] Eles ficaram conhecidos os Fortes de Defesa. Ele também fortaleceu a já
existente defesa costal em fortalezas como o Castelo de Dover, o Monte Bulwark e Forte Archcliffe, que ele visitou pessoalmente
durante alguns meses para supervisionar.[79] Wolsey realizou anos antes pesquisas sobre o necessário para reformar o sistema de
milícias, porém nada foi feito.[211] Sob Cromwell os inventários dos condados foram melhorados, porém seu trabalho serviu apenas
para demonstrar o quão inadequadas eram suas organizações.[79] As obras de construção, incluindo em Berwick, junto com as
Maria I.[212]
reformas das milícias e inventários, foram finalizados apenas no reinado de

Irlanda
A Irlanda estava dividida em três zonas no início do reinado de Henrique: o Pale,
onde o domínio inglês era incontestável; Leinster e Munster, as chamadas "terras
obedientes" da pariatos anglo-irlandeses; e Connacht e Ulster, com o domínio inglês
sendo meramente nominal.[213] Henrique continuou até 1513 a política de seu pai de
permitir que lordes irlandeses governassem em nome do rei e aceitassem acentuadas
divisões entre as comunidades.[214] Entretanto, a política fracionária irlandesa junto
com a ambição de Henrique causaram problemas logo após a morte de Geraldo
FitzGerald, 8.º Conde de Kildare, o governador da Irlanda. Quando Tomás Butler,
7.º Conde de Ormond também morreu, o rei reconheceu um sucessor para suas terras
inglesas, galesas e escocesas, enquanto que as irlandesas ficaram sob controle de
outro. O sucessor de FitzGerald, também chamado Geraldo, foi substituído como
Lorde Tenente da Irlanda por Tomás Howard, 2.º Duque de Norfolk em 1520.[215]
As ambições de Howard eram altas, porém ineficientes; o domínio inglês ficou preso
entre conquistar os lordes irlandeses pela diplomacia, como queriam Henrique e
Wolsey, ou através de uma grande ocupação militar como proposto por Howard.[216] A divisão da Irlanda em 1450. Verde
terras mantidas por nativos, em roxo
Ele foi destituído no ano seguinte e Piers Butler – um dos reivindicantes ao Condado
por anglo-irlandeses e em vermelho
de Ormond – foi colocado em seu lugar. Butler não conseguiu controlar a aposição,
pelo rei inglês.
incluindo a de FitzGerald. O conde foi nomeado governador chefe em 1524,
continuando sua disputa com Butler, que anteriormente estava em uma calmaria.
Enquanto isso, o pariato anglo-irlandês Jaime FitzGerald, 10.º Conde de Desmond, passou a apoiar Ricardo de la Pole como
pretendente ao trono inglês; quando o Conde de Kildare não conseguiu tomar ações apropriadas contra o Conde de Desmond, o
primeiro foi retirado de seu cargo.[217]

A situação de Jaime foi resolvida com sua morte em 1529, seguindo um período de incerteza. Isso efetivamente terminou com a
nomeação de Henrique Fitzroy, Duque de Richmond e Somerset e filho ilegítimo do rei, como lorde tenente. FitzRoy nunca havia
visitado a Irlanda e sua nomeação foi uma quebra de tradição.[218][219] Por um tempo pareceu que a paz seria restaurada com a volta
de Geraldo FitzGerald a Irlanda para cuidar das tribos, porém o efeito foi limitado e o parlamento irlandês logo ficou ineficiente. A
Irlanda começou a ser um dos focos de atenção de Cromwell, que tinha o apoio de Butler e do novo Conde de Desmond, Tomás
FitzGerald. Por outro lado, Geraldo foi chamado a Londres; após alguma hesitação, ele partiu em 1534 e enfrentou as acusações de
traição.[220] Seu filho Tomás, Lorde Offaly, foi mais direto, denunciou o rei e liderou uma "cruzada católica" contra Henrique, que na
época estava no meio de seus problemas conjugais. Ele assassinou o Arcebispo de Dublin e cercou a cidade. Suas forças eram
formadas por uma mistura da pequena nobreza do Pale e tribos irlandesas, apesar de não conseguir o apoio de Tomás Darcy, 1.º
Barão Darcy de Darcy, um simpatizante, ou Carlos V. O que era efetivamente uma guerra civil terminou com a intervenção de duas
faly e seus tios.[221][222]
mil tropas inglesas – um exército grande para os padrões irlandeses – e a execução de Lorde Of

Apesar da revolta de Offaly ter sido seguida por um desejo de governar a Irlanda de maneira mais próxima, Henrique foi cuidadoso
com o arrastado conflito entre as tribos, com uma comissão real recomendando que a única relação com as tribos fosse promessas de
paz, suas terras protegidas da expansão inglesa. Quem liderava esses esforços era sir Antônio St Leger
, Lorde Adjunto da Irlanda, que
permaneceria no posto até muito depois da morte de Henrique.[223] Acreditava-se que a Irlanda era uma possessão papal dada como
um mero feudo ao rei inglês até a ruptura com Roma, assim em 1541 Henrique afirmou a reivindicação da Inglaterra ao Reino da
Irlanda livre do senhorio papal. Essa mudança também permitiu uma política de expansão e reconciliação pacífica: os lordes
irlandeses dariam suas terras ao rei antes de serem devolvidas como feudos. A iniciativa para aceitar os pedidos de Henrique era um
[224] A lei das tribos
baronato e assim o direito de sentar na Câmara dos Lordes Irlandeses, que aconteceria em paralelo com a inglesa.
irlandesas não combinava com tal arranjo já que o chefe não tinha os direitos requeridos; isso fez o progresso difícil e o plano foi
abandonado em 1543.[225]

Historiografia
As complexidades e enorme escala do legado de Henrique garantiram que, nas palavras dos historiadores Thomas Betteridge e
Thomas S. Freeman, "através dos séculos [desde sua morte], Henrique foi elogiado e injuriado, porém ele nunca foi ignorado". Um
foco particular da historiografia moderna foi até que ponto certos eventos da vida do rei (incluindo seus casamentos, política externa
e mudanças religiosas) foram o resultado de iniciativa própria e, se foram, se elas foram o resultado de oportunismo ou de um
compromisso com princípios por Henrique. A interpretação tradicional desses eventos veio em 1902 pelo historiador Albert Pollard,
que apresentou sua própria visão positivista do monarca, "[louvando-o] como o rei e estadista que, não importando suas falhas
pessoais, levou a Inglaterra pela estrada da democracia parlamentar e do império". A interpretação de Pollard, que era amplamente
comparável às publicações de lorde Eduardo Herbert, 1.º Barão Herbert de Cherbury, no século XVII e seus contemporâneos,
permaneceram a principal interpretação da vida de Henrique até a publicação das teses de G. R. Elton em 1953. Essa tese manteve a
interpretação positiva de Pollard do período Henriqueano como um todo, porém reinterpretou Henrique como um seguidor do que um
líder. Para Elton, foi Cromwell quem realizou as mudanças no governo – o rei era astuto, porém não tinha visão para seguir um plano
complexo.[157] Em outras palavras, o rei era pouco mais que uma "monstruosidade egocêntrica" cujo reinado "deve seus sucessos e
[226]
virtudes a homens melhores e maiores que ele; a maioria dos horrores e fracassos vieram mais diretamente de [Henrique]".

Apesar dos princípios da tese de Elton terem sido abandonados, proveram consistentemente um ponto de partida para trabalhos
posteriores, incluindo o de seu estudante J. J. Scarisbrick. Ele em grande parte manteve a opinião de Elton sobre as habilidades de
Cromwell, porém voltou a dar crédito a Henrique, que Scarisbrick considerou que no final foi quem dirigiu e moldou a política.[157]
Para o historiador, o rei era um homem formidável e cativante que "usava realeza com uma esplêndida convicção".[227] Entretanto, o
efeito de dotar Henrique com essa habilidade foi em grande parte negativo na opinião de Scarisbrick: para o historiador o período
Henriqueano foi um de turbulência e destruição cujos encarregados são mais dignos de culpa que elogio. Mesmo dentre os biógrafos
recentes, incluindo David Loades, David Starkey e John Guy, em última análise há pouco consenso até que ponto Henrique foi
[157]
responsável pelas mudanças que supervisionou ou a correta avaliação daqueles que ele trouxe para perto.

Essa falta de claridade acerca do controle de Henrique sobre eventos contribuiu para a variação de qualidades atribuídas a ele:
conservador ou radical religioso, amante da beleza ou destruidor brutal de artefatos inestimáveis, amigo e patrono ou traidor daqueles
próximos de si, cavalheirismo encarnado ou chauvinista cruel.[157] Uma abordagem tradicional, favorecida por Starkey e outros, é
dividir o reinado de Henrique em dois períodos, com o primeiro sendo dominado por qualidades positivas (inclusivo politicamente,
piedoso e atlético, porém intelectual) que presidiu em um tempo de calma e estabilidade, e o segundo um "tirano desmedido" que
presidiu um tempo de mudanças dramáticas e as vezes caprichosas.[154][228] Outros escritores tentaram fundir as personalidades
extremas em um todo único; por exemplo, Lacey Baldwin Smith o considera um neurótico limítrofe egoísta dado a grandes crises de
temperamento e profundas e perigosas suspeitas, com uma piedade mecânica e convencional e na melhor das hipóteses um intelecto
mediano.[229]

Títulos, estilos e brasões


Muitas mudanças foram feitas ao estilo real durante o
reinado de Henrique. Ele originalmente era "Henrique
Oitavo, pela Graça de Deus, Rei da Inglaterra e França e
Lorde da Irlanda". Em 1521, em conformidade com uma
concessão do Papa Leão X recompensado Henrique por
seu Defesa dos Sete Sacramentos, o estilo real passou a
ser "Henrique Oitavo, pela Graça de Deus, Rei da
Inglaterra e França, Defensor da Fé e Lorde Irlanda.
Após sua excomungação, o Papa Paulo III retirou o
título de "Defensor da Fé", porém um decreto
Os dois brasões de Henrique usados durante seu reinado.
parlamentar declarou que ele ainda permanecia válido e
seu uso permanece até hoje.[230] O lema de Henrique
era "Couer Loyal" ("coração leal") e ele o bordava em suas roupas na forma do símbolo de um coração e a palavra "loyal". Seu
emblema era a Rosa de Tudor e a ponte levadiça dos Beaufort. Como rei, seu brasão era aquele usado por seus predecessores desde
Henrique IV: esquartelado; I e IV azure, três flores-de-lis or (pela França); II e III goles, três leões passant guardant or em pala (pela
Inglaterra).[231]

Henrique adicionou em 1535 a "frase da supremacia" ao seu estilo real, que passou a ser "Henrique Oitavo, pela Graça de Deus, Rei
da Inglaterra e França, Defensor da Fé, Lorde da Irlanda e Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra". No ano seguinte a frase
"da Igreja da Inglaterra" foi alterada para "da Igreja da Inglaterra e também da Irlanda". Henrique fez o parlamento irlandês alterar o
título de "Lorde da Irlanda" para "Rei da Irlanda" com o Ato da Coroa da Irlanda de 1542, depois de ser aconselhado que muitos
irlandeses consideravam o papa como o verdadeiro governante do país, com o lorde sendo meramente seu representante. A razão pela
qual os irlandeses consideravam o papa como seu suserano era que a Irlanda originalmente tinha sido entregue ao rei
Henrique II pelo
Papa Adriano IV no século XII como território feudal sob suserania papal. O encontro do parlamento irlandês que o proclamou como
rei foi o primeiro com a presença de maiorais dos gaélicos além de aristocratas anglo-irlandeses. O estilo "Henrique Oitavo, pela
Graça de Deus, Rei da Inglaterra, França e Irlanda, Defensor da Fé e Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra e também da
Irlanda" permaneceu em uso até sua morte.[230]

Descendência
Nome Nascimento Morte Notas

Com Catarina de Aragão[232]


Filha sem nome 31 de janeiro de 1510 Aborto
1 de janeiro de 22 de fevereiro
Henrique, Duque da Cornualha Morreu com quase dois meses
1511 de 1511
Filho sem nome novembro de 1513 Morreu pouco depois do nascimento
Henrique, Duque da Cornualha dezembro de 1514 Morreu com menos de um mês
17 de
18 de fevereiro Casou-se com Filipe II de Espanha, sem
Maria I de Inglaterra novembro de
de 1516 descendência
1558

Filha sem nome novembro de 1518 Aborto no oitavo mês de gravidez[233]

Com Ana Bolena[232]


7 de setembro 24 de março de
Isabel I de Inglaterra Nunca se casou ou teve filhos
de 1533 1603
Henrique, Duque da Cornualha agosto/setembro de 1534 Aborto no primeiro mês
Aborto no quarto mês de gravidez, acredita-
Filho sem nome 29 de janeiro de 1536
se de um menino[234]

Com Joana Seymour[232]


12 de outubro 6 de julho de
Eduardo VI de Inglaterra Nunca se casou ou teve filhos
de 1537 1553

Com Isabel Blount[232]


Henrique Fitzroy, Duque de 15 de junho de 23 de julho de
Ilegítimo, reconhecido em 1525
Richmond e Somerset 1519 1536

Ancestrais

Ver também
Cestui que
Representações culturais de Henrique VIII de Inglaterra
Lista de monarcas da Inglaterra

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Ligações externas
Henrique VIII de Inglaterra(em inglês) na página oficial da monarquia britânica
Henrique VIII de Inglaterra
Casa de Tudor
28 de junho de 1491 – 28 de janeiro de 1547
Precedido por Ato da Coroa da Irlanda de
Henrique VII 1542

Lorde da Irlanda
21 de abril de 1509 – 18 de junho de 1541

Rei da Inglaterra Sucedido por


21 de abril de 1509 – 28 de janeiro de 1547 Eduardo VI

Ato da Coroa da Irlanda de


1542
Rei da Irlanda
18 de junho de 1541 – 28 de janeiro de 1547

Precedido por Sucedido por


Artur Henrique Frederico
Príncipe de Gales
18 de fevereiro de 1504 – 21 de abril de
1509

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