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Anexos

Anexo 1: Modelo Compreensivo da Intervenção com Agressores Conjugais (Cunha, 2014)

Anexo 2: Princípios/Pressupostos Orientadores do Programa (Cunha & Gonçalves, 2011)

1. Violência conjugal como um fenómeno complexo resultante e mantido por um


conjunto de fatores e circunstâncias.
2. Dualismo vítima agressor - muitas vítimas planeiam manter a relação mesmo
após a denúncia e agressores tendem em perpetuar relações abusivas com outras
companheiras, pelo que é necessário o controlo da reincidência da violência.
3. Princípio da intervenção, coligando a cessação da violência e manutenção da
segurança da vítima, a mudanças cognitivas e comportamentais efectivas no agressor
e a uma diminuição do risco de reincidência.
4. Baixa motivação para a mudança, tendencialmente os agressores estão
motivados para a mudança e não reconhecem a existência de comportamentos
desadequados, pelo que não se responsabilizam por estes.
5. Motivação como pré-requisito para a mudança – A ausência de motivação
para a mudança tem sido associada à ausência de eficácia nos programas dirigidos
para agressores, pelo que o terapeuta deve promover a motivação(alvo de
intervenção)
6. Mudança assente num modelo de estágios de mudança - (pré-contemplação,
contemplação, preparação para a ação, manutenção, recaída). Esta transiçãopode ser
otimizada através do foco apropriado no processo de mudança do sujeito.
7. Violência conjugal está associada a fenómenos individuais, culturais,
interacionais e de aprendizagem - os agressores partilham um conjunto de crenças
erróneas acerca de papéis sexuais, de género e casamento, e da legitimação da
agressão como forma de resolver conflitos. O agressor pode apresentar alguma
perturbação, da personalidade ou mental, consumo de álcool e outras substâncias ou
pode afigurar-se um indivíduo ajustado psicologicamente e socialmente.
8. Modelo de intervenção aditivo ou cumulativo, baseia-se numa intervenção
multimodal, combinando uma intervenção de cariz cognitivo-comportamental e
psico-educacional e assente em técnicas de entrevista motivacional. Recai sobre um
conjunto distinto de competências e numa intervenção multi-nível.
9. Modelo de intervenção assente em princípios orientadores, princípio da
necessidade (ter em conta as necessidade criminógenas dos indivíduos), princípio do
risco (quanto maior o risco de reincidência, mais intensiva e estruturada a intervenção
deve ser) e princípio da responsividade (intervenção adaptada à personalidade e às
características cognitivas e comportamentais) (Cunha & Gonçalves, 2011).
Anexo 3: Estrutura e Objetivos Específicos do Programa de Intervenção (Cunha, 2014, p. 291)
Anexo 4: O Programa de Promoção e Intervenção com Agressores Conjugais - PPRIAC
(Adaptado a partir de Cunha, 2014, pp. 293-300)

Quadro 1:Componente Grupal– Coesão Grupal e Motivação

Sessão 1
Objetivo:criação de um ambiente acolhedor e facilitador da partilha de experiências.
Início da sessão: exercício de quebra-gelo (“Quem é quem”, adaptado de Fritzen,
2002) cujo intuito é a integração no grupo e o estabelecimento de uma relação
interpessoal entre os elementos e os facilitadores.
Descrição da Sessão:trabalhadas as expetativas face à intervenção; realizada uma
atividade de desmistificação de ideias erradas acerca da intervenção; esclarecidos os
aspetos e questões relativas ao funcionamento do grupo e do programa
(periodicidade, horário, duração das sessões, duração do programa); elaborado, de
forma conjunta, um contrato de participação, onde são delineadas as regras e normas
subjacentes à participação no programa de intervenção. É ainda elaborado um
contrato comportamental, onde são estabelecidas as regras comportamentais extra-
sessões, bem como as consequências ao incumprimento do mesmo.
Sessão 2
Objetivo:trabalho da motivação para a intervenção e para a mudança.
Início da Sessão:participantes realizam uma dinâmica de grupo (“O chapéu dos
medos”, adapt. de Brandes & Philips, 2008) cujo objetivo é a partilha dos medos e
preocupações em relação à mudança e de estratégias securizantes.
Descrição da Sessão: é realizado um brainstorming sobre o tema motivação e a sua
importância na mudança comportamental e atitudinal; os participantes são convidados
a visualizar um pequeno vídeo acerca da mudança que pretende consciencializar os
participantes para o papel da motivação na mudança comportamental e compreender
o comportamento humano como uma atividade dirigida para a consecução de
objetivos. Final da Sessão: realização de uma dinâmica de grupo (“O terramoto”,
adapt. de Rissetti, 2008) devido à resistência e às implicações da mudança .
Quadro 2:Componente Grupal – Compreensão do fenómeno e das dinâmicas
violentas

Sessão 3
Objetivo: compreensão do conceito de violência conjugal e violência doméstica, bem
como a compreensão da génese, evolução e escalada da violência.
Descrição da Sessão: os participantes são convidados a realizar um brainstorming
sobre a temática da violência doméstica e da violência conjugal, com o intuito de
clarificar os participantes acerca destes conceitos e desmistificar ideias erradas; os
participantes devem elaborar, em grupos de três elementos, uma história sobre um
agressor conjugal que tem como objetivo identificar e compreender indicadores de
violência. A história elaborada deverá ser em seguida encenada aos restantes
membros e facilitadores. Nesta sessão é ainda introduzida a estratégia de auto-
monitorização dos comportamentos, emoções e pensamentos (Gonçalves, 2004). O
objetivo é o registo sistemático pelos participantes dos seus comportamentos,
pensamentos e emoções desajustados, tendo em vista o estabelecimento de um
processo de autocontrolo. Esta atividade é realizada durante a semana (trabalho de
casa). Por fim, é explicitado aos participantes o racional teórico subjacente à
respiração diafragmática, sendo estes, posteriormente, treinados na utilização desta
técnica.
Sessão 4
Objetivo: identificação e compreensão dos comportamentos e das dinâmicas de
manutenção da violência nas relações íntimas.
Início da Sessão: dinâmica de grupo (“A estátua, adapt. de Brandes &Phillips, 2008)
com o intuito de abordar e compreender as questões de poder e controlo subjacentes à
violência conjugal.
Descrição da Sessão: realização de uma atividade na qual cada membro tem que
identificar estratégias abusivas por eles utilizadas. Esta atividade é complementada
com o recurso à “Roda do Poder” (cf. Pence &Paymar, 1993), que procura ilustrar a
violência doméstica como parte de um padrão de comportamento que inclui um
conjunto diversificado de estratégias e dinâmicas e que visa promover a compreensão
dos comportamentos abusivos com o intuito de quebrar esses comportamentos. Ainda
nesta sessão os participantes realizam uma atividade na qual deverão identificar
custos e benefícios associados ao uso da violência em relações de intimidade.
Sessão 5
Objetivo: trabalhar a responsabilização pelo comportamento abusivo, com o intuito
de diminuir a tolerância dos participantes relativamente ao uso de violência em
relações íntimas.
Início da Sessão: apresentação de um vídeo sobre a responsabilidade pessoal,
seguida de um brainstorming sobre a temática da responsabilidade e sobre a
importância da responsabilização perante todos os nossos atos.
Descrição da Sessão:participantes assinam ainda um “Termo de Responsabilidade”
pelos comportamentos abusivos por si perpetrados, bem como pelas consequências
dos mesmos; estes são convidados a realizar uma atividade sobre a negação e a
minimização dos comportamentos abusivos, com o intuito de os sensibilizar para o
impacto da negação da violência e para a necessidade da autorresponsabilização pelos
comportamentos perpetrados; é depois pedido aos participantes para realizarem um
trabalho de casa, no qual deverão escrever uma carta à vítima onde assumem a sua
responsabilidade pelo comportamento abusivo e pelas consequências do mesmo.
Sessão 6
Objetivo: compreensão das diferenças entre sexo e género, a identificação e análise
dos discursos culturais relativos ao casamento e aos papéis do homem e da mulher na
família e na sociedade e a construção de discursos alternativos.
Descrição da Sessão:os participantes devem identificar características de ambos os
sexos, com o intuito de abordar mitos associados ao género feminino e masculino;
depois é apresentado aos participantes um vídeo centrado na temática da igualdade
cujo objetivo é a promoção do respeito e da igualdade entre homens e mulheres e o
desenvolvimento de relações interpessoais baseadas na igualdade e no respeito
mútuos. Nesta sessão é ainda introduzida a “Roda da Igualdade” (cf. Pence &Paymar,
1993), por forma a abordar os comportamentos de não-violência.
Sessão 7
Objetivo:trabalho da empatia pela vítima, através do reconhecimento do impacto da
vitimação na companheira ou ex-companheira e da tomada de perspetiva do outro.
Início da Sessão: apresentação de um vídeo que visa promover a compreensão do
impacto da vitimação; os participantes são convidados a refletir sobre os sentimentos
experienciados por vítimas de violência e a elaborar um cartaz onde serão expostos os
sentimentos identificados; os membros do grupo realizam uma tarefa de trabalho de
casa na qual devem escrever uma carta a si mesmos, como se fossem a sua vítima a
falar-lhes e a expor-lhes os seus sentimentos, pensamentos, reações e impacto sentido
pela vitimação.

Quadro 3:Componente Grupal-Promoção de competências emocionais,


comunicacionais, pessoais e sociais

Competências Emocionais (Sessões 8 e 9)


Sessão 8
Objetivo: tem como ênfase a compreensão do papel das emoções na regulação do
comportamento e a identificação das emoções no próprio e nos outros.
Início da Sessão: dinâmica de grupo (“Viver com máscaras”, adapt. de Brandes &
Philips, 2008) cujo objetivo é compreender a importância das emoções e da sua
leitura adequada nos outros.
Descrição da Sessão:os participantes realizam uma atividade na qual são
apresentadas imagens com diferentes emoções e estes têm que identificar a emoção
presente em cada imagem. Esta atividade visa a promoção da capacidade de
diferenciação emocional e de reconhecimento de emoções.
Final da Sessão:os participantes são convidados a realizar uma dinâmica de grupo
(“Cartões sentimentais”, adapt. de Brandes &Phillips, 2008) cujo objetivo principal é
fomentar a consciência das suas emoções e dos seus sentimentos e da necessidade da
sua leitura adequada nos outros na regulação do nosso comportamento em sociedade.
Sessão 9
Objetivo: abordada questões relacionadas com o autocontrolo emocional. Identificar
situações geradoras de tensão e suas consequências e aprender estratégias de gestão
do comportamento agressivo.
Início da Sessão: recorre-se à fábula “O lobo e o cordeiro” (adapt. de La Fontaine,
2005), por forma a identificar e compreender as consequências do comportamento
agressivo.
Descrição da Sessão:os participantes realizam uma atividade na qual deverão relatar
uma situação abusiva por eles vivenciada e analisar os antecedentes, os pensamentos,
as emoções e as alterações fisiológicas decorrentes dessa situação; é realizado um
brainstorming, onde os participantes deverão discutir estratégias de controlo da
agressividade. Utilizando a situação abusiva anterior, os participantes deverão
encenar a situação utilizando uma estratégia de controlo da agressividade. Por fim, é
ensinada aos participantes a técnica do relaxamento muscular progressivo de
Jacobson (1938) que visa a redução dos efeitos negativos do stresse e da ansiedade.
Distorções Cognitivas (Sessões 10 e 11)
Sessão 10
Objetivos:são abordados o processo de construção da perceção do mundo e os erros
de perceção humana. Assim, o principal objetivo desta sessão é identificar e
reestruturar distorções cognitivas.
Início da Sessão: os participantes são introduzidos à fábula “O lobo e a sua sombra”
(adapt. de French, 1999) com o intuito de identificar e analisar o processo de
construção da realidade e fantasia e identificar erros de perceção humana.
Descrição da Sessão:é realizada uma atividade que tem como objetivo a
compreensão do processo de construção da realidade e das distorções cognitivas e que
consiste na apresentação de uma pequena parte de uma imagem para que os
participantes identifiquem a imagem no seu todo.
Final da Sessão:é apresentada aos participantes a atividade “Quantos quadrados
vês?” (Fachada, 2004), que visa a promoção da compreensão da multiplicidade de
interpretações e de respostas e o seu impacto na construção e apreensão da realidade.
Sessão 11
Objetivo:tem como temática central as crenças e as distorções cognitivas e o debate e
reestruturação dessas mesmas crenças.
Descrição da Sessão:Nesta sessão são selecionadas crenças e/ou mitos culturalmente
sustentados acerca do uso da violência em relações de intimidade (“Entre marido e
mulher ninguém deve meter a colher”) e em seguida estes são debatidos em grande
grupo. Cabe aos participantes gerar ideias e argumentos a favor e contra os mitos
identificados para desconstruir crenças erróneas e construir discursos alternativos.
Competências Comunicacionais (Sessões 12 e 13)
Sessão 12
Objetivos:identificação dos diferentes tipos de comunicação interpessoal, de
elementos de comunicação verbal e comunicação não-verbal e a promoção da
comunicação saudável entre os géneros.
Início da sessão: os participantes realizam uma dinâmica de grupo (“Telefone sem
fio”, adapt. de Antunes, 1995), que visa analisar as dificuldades comunicacionais
relacionadas com os ruídos e os erros na perceção e receção da mensagem.
Descrição da Sessão: na sequência da atividade anterior os participantes são
convidados a visionar um vídeo sobre erros de comunicação que tem como objetivo
compreender o impacto de uma interpretação errada de uma mensagem e a
importância de uma comunicação adequada.
Final da Sessão:os participantes são convidados a visionar um vídeo que visa a
reflexão acerca dos conflitos e das suas implicações e da importância da comunicação
na sua resolução eficaz.
Sessão 13
Objetivo: trabalhar os estilos de comunicação interpessoal com o intuito de promover
a comunicação assertiva nas relações íntimas.
Início da Sessão: com uma dinâmica de grupo (“Emoções estampadas na testa”,
adapt de Antunes, 1995), que tem como objetivo facilitar o reconhecimento dos
diferentes estilos de comunicação interpessoal e do seu impacto ao nível do
estabelecimento de relações adequadas com os outros.
Descrição da Sessão:os participantes realizam uma atividade na qual têm que
identificar os diferentes estilos comunicacionais a partir da leitura de pequenos
excertos. Com esta atividade pretende-se que os membros do grupo sejam capazes de
distinguir os diferentes estilos comunicacionais e identificar vantagens e
desvantagens associadas a cada um. Aos facilitadores compete fornecer informação e
desmistificar ideias erradas acerca dos diferentes estilos.
Final da Sessão:é introduzida a grelha de monitorização dos estilos comunicacionais
onde os participantes deverão identificar os diferentes estilos comunicacionais por
estes utilizados na interação com os outros durante a semana (trabalho de casa).
Competências Pessoais e Sociais (Sessões 14 e 15)
Sessão 14
Objetivo:tem como temática central a resolução de problemas, sendo o principal
objetivo a promoção de competências adequadas de resolução de problemas.
Descrição da Sessão: nesta sessão os participantes são convidados a realizar uma
dramatização de uma situação-problema na qual têm que assumir o papel de outra
pessoa e solucionar o problema em questão. Com esta atividade pretende-se promover
a orientação para o problema e a tomada de perspetiva do outro.
Descrição da Sessão: ainda nesta sessão é realizada uma dinâmica de grupo (“Um
problema com solução à vista, adapt. de Fritzen, 2002) na qual os elementos do grupo
devem encontrar a solução para um problema e refletir sobre o processo de tomada de
decisão. Os participantes são introduzidos ao modelo de resolução de problemas de
D’Zurilla e Goldfried (cf. Ó. Gonçalves, 2004).
Final da Sessão:é introduzida a grelha de monitorização de estratégias de resolução
de problemas onde os participantes deverão identificar estratégias de resolução de
problemas perante situações-problema com que se deparam durante a semana (TPC).
Sessão 15
Objetivo:visa a promoção da capacidade de tomada de decisão e o desenvolvimento
de estratégias adequadas de resolução de problemas.
Início da Sessão: os participantes realizam uma dinâmica de grupo (“A máquina
registadora”, adapt. de Fritzen, 2002) que visa a promoção da tomada de decisão
individual e em grupo. Nesta sessão os participantes são ainda convidados a, perante
uma situação-problema, identificar diferentes alternativas no sentido de auxiliar a
tomada de decisão e refletir sobre as mesmas.
Final da Sessão:os participantes realizam uma atividade que apela à reflexão sobre a
sua atual situação, sobre os seus projetos de vida futuros e sobre o caminho que têm
que percorrer para atingir os objetivos de vida definidos (“Projeções para o futuro”,
adapt. de Brandes &Phillips, 2008).

Quadro 4:Componente Grupal - Finalização e prevenção da recaída

Sessão 16
Descrição da Sessão:inicia-se com a análise de uma notícia sobre um agressor
conjugal reincidente onde são trabalhadas as questões relacionadas com a recaída e
com os fatores que podem conduzir a uma recaída; os participantes são convidados a
refletir sobre possíveis obstáculos à manutenção dos comportamentos aprendidos e,
posteriormente, constroem um “Plano Individual de Segurança” (adapt. de Manita,
Ribeiro, & Peixoto, 2012), por forma a reduzir a probabilidade de adoção de
comportamentos abusivos.
Sessão 17
Início da Sessão:atividade de revisão das estratégias e competências aprendidas ao
longo do processo de intervenção (“Jogo das aprendizagens”, Cunha & Gonçalves,
2010). Nesta sessão é ainda trabalhada a importância do pedido de ajuda no momento
de recaída (“Sete vimes”, adapt. de Coelho, 1871).
Final da Sessão:revista a exequibilidade e aplicação do plano individual de
segurança.
Sessão 18
Descrição da Sessão:é realizada uma atividade de reflexão sobre a contribuição
pessoal de cada elemento para o grupo e sobre os ganhos alcançados com a
participação no mesmo. Esta atividade tem como objetivo facilitar a expressão dos
sentimentos relacionados com a vivência grupal e iniciar o processo de despedida.

Anexo 5: Resultados do PPRIAC – estudo 3 - (Cunha, 2014)

Resultados G.E.C.

Os resultados do G.E.C. evidenciam uma redução significativa do risco de violência


conjugal em termos globais, com a mudança de muitos dos participantes de níveis de
risco elevados para níveis de risco mais baixos, bem como a extinção do nível de risco
elevado em todas as dimensões do risco (Cunha, 2014).

Verificou-se uma redução significativa da violência conjugal (física e psicológica),


uma redução significativa das crenças legitimadoras da violência e uma redução na
agressividade total (física, verbal, hostilidade e raiva). Os tamanhos dos efeitos nesta
variáveis são de moderados a elevados. Encontrou-se ainda uma diminuição
significativa dos comportamentos abusivos, havendo uma diminuição significativa da
perpetração da violência conjugal em geral e uma diminuição marginalmente
significativa na violência psicológica. Evidenciou ainda reduções significativas da
sintomatologia psicológica (sensibilidade interpessoal, depressão, hostilidade,
ansiedade fóbica, ideação paranoide e psicoticismo) - efeitos moderados e com
resultados todos abaixo do ponto de corte para a população portuguesa (Canavarro,
2007). Verificou-se um aumento significativo da auto-estima e auto-conceito –
aceitação/rejeição social e auto-eficácia- e nas competências de resolução de
problemas e estratégias de coping – controlo interno/externo dos problemas e controlo
das emoções e autorresponsabilização - (efeito moderado). Na componente individual
verificou-se aumento marginalmente significativo nos fatores pedido de ajuda, no
entanto, na componente grupal verificou-se uma redução significativa nesse fator– no
sentido contrário do esperado. Verificou-se também uma redução significativa do risco
da violência conjugal em específico e para a violência em geral (efeito elevado), bem
como uma diminuição significativa do risco de morte e do risco de intensificação da
violência (efeitos moderados) (Cunha, 2014).

No follow-up 1, verificou-se de forma geral uma manutenção dos ganhos alcançados


durante a frequência do programa de intervenção e evidenciaram mesmo melhorias no
follow-up 2, salientando a continuação de uma redução significativa das crenças de
violência conjugal (legitimação da pequena violência, legitimação da violência pela
atribuição a causas externas e da violência pela privacidade familiar). Como veremos
adiante, para o G.C. não foi observado este padrão, mantendo no follow-up valores
igualmente elevados. Este é um dado significativo tendo em conta que tais crenças são o
resultado de um longo processo de aprendizagem, e a mudança o no sistema de crenças
associada de mudança comportamental promove a adoção de comportamentos
saudáveis e a reprovação do recurso a estratégias e comportamentos abusivos (Quintas
et al., 2012, citado por Cunha, 2014). Verificou-se ainda, no follow-up, um incremento
na autoestima (fator pedido de ajuda), bem como um aumento significativo nos
fatores do IRP abandono passivo perante a situação, e confronto com o problema e
planificação da estratégia, e inversamente, um aumento significativo no ISP.
Verificou-se uma redução significativa do risco de violência (conjugal e geral) e uma
redução significativa na subescala da hostilidade e ainda no TSP e na dimensão
ideação paranoide (Cunha, 2014).

Resultados G.E.P.

Não foram encontradas diferenças significativas do pré para o pós-teste no que respeita
à maioria das variáveis em estudo (nem na componente individual nem na grupal).
Apenas foi encontrada uma redução significativamente estatística no que respeita ao
risco de intensificação da violência (efeito elevado) e um incremento marginalmente
significativo no fator da autorresponsabilização. Apesar de não terem sido encontradas
diferençassignificativas no que respeita à sintomatologia nem no que respeita à auto-
estima e auto-conceito, na componente individual encontrou-se uma diminuição
marginalmente significativa nos sintomas da depressão e no fator da maturidade
psicológica. Igualmente, no follow-up 1, não se verificaram diferenças nas variáveis de
interesse. E, “atendendo à elevada mortalidade experimental evidente (n = 1) não foram
realizadas as análises referentes ao follow-up 2” (Cunha, 2014, p. 335).

Resultados G.C.

Do pré-teste para o pós-teste apenas se verificaram reduções significativas na violência


conjugal (física e psicológica), na raiva (ainda que não tenham sido encontradas
diferenças significativas no que respeita à agressividade total), na sintomatologia
psicológica - sintomas de somatização, obsessões-compulsões, sensibilidade
interpessoal, ansiedade, hostilidade e psicoticismo -, dos comportamentos de violência
(física e psicológica) e do risco de violência (conjugal e geral). Em todas estas
variáveis, os efeitos foram de moderados a elevados. Estes resultados podem-se em
alguns casos dever-se à natureza dos instrumentos utilizados (ex: autorrelato) ou resultar
do contacto com o sistema de justiça ou com outras entidades como também se pode
dever a processos de mudança naturais, processos de maturação dos participantes ou ao
processo de testagem repetida (Morrelet al., 2003, citado por Cunha, 2014). Nas
restantes variáveis não se encontraram diferenças, salientando-se a inexistência de
melhorias no que respeita às atitudes legitimadoras de violência conjugal (Cunha, 2014)

No follow-up verificou-se no geral, uma manutenção dos resultados do pós-teste final,


sendo mantidos resultados igualmente elevados em variáveis importantes como as
atitudes legitimadoras de violência conjugal. Salienta-se uma redução significativa na
subescala da agressividade física e uma redução significativa no TSP. Apresentou ainda
scores mais elevados de risco, pontuações mais elevadas nos fatores de risco para a
violência em geral e para a violência conjugal, bem como níveis mais elevados de risco
a 2 meses, de risco além de 2 meses, risco de intensificação da violência – tamanhos
moderados a elevados (Cunha, 2014).
Anexo 6: Programas de Intervenção com Agressores - Panorama Nacional

(Resultados de Meta-analise) (Cunha, 2014)

“No contexto nacional os programas estruturados de intervenção com agressores


conjugais são escassos” (Cunha, 2014, p. 149), destacando-se essencialmente apenas 3
programas:

(1)Programa Contigo [trata-se de um programa em contexto comunitário que


“envolve um trabalho junto dos agressores e das vítimas, independentemente da
manutenção ou não do vínculo relacional entre estes (Rijo & Capinha, 2012, citado por
Cunha, 2014, p. 150), assentando no pressuposto de que existe um padrão relacional
disfuncional que surge no contexto do vinculo relacional intimo entre a vitima e o
agressor. Este programa tem como objetivo a mudança e flexibilização das
vulnerabilidades individuais, das crenças culturais instrumentais e das estratégias,
atitudes e comportamentos abusivos na relação intima (Rede de Apoio Integrado à
Mulher em Situação de Risco, 2009)]

(2)Programa para Agressores de Violência Doméstica (PAVD) [este programa


baseia-se no modelo do programa Contigo e destina-se a agressores conjugais do sexo
masculino no contexto da suspensão provisória do processo ou da suspensão da
execução da pena de prisão, tendo uma duração mínima de 18 meses. “Tem como
objetivos: reduzir a influência dos estereótipos de género na legitimação do
comportamento violento no casal; promover o recurso a estratégias de autocontrolo e
de gestão do risco; assumir o comportamento violento enquanto comportamento
danoso, autodeterminado e criminalmente responsabilizado; promover a utilização de
estratégias de comunicação alternativas à comunicação agressiva; incrementar o
conhecimento, a regulação e a diversidade da experiência emocional; diminuir a
influência das crenças disfuncionais acerca do eu no relacionamento interpessoal; e
melhorar a saúde relacional dos participantes, promovendo a vivência saudável da
intimidade conjugal (Rijo & Capinha, 2012), citado por Cunha, 2014, p. 151). Tem uma
modalidade de intervenção individual, segue-se uma fase de grupo psicoeducativa e, na
terceira fase tem como objetivos o trabalho da manutenção dos ganhos alcançados, a
generalização dos mesmos e a prevenção da recaída]

(3)Projeto Com Senso [Este programa destina-se a agressores conjugais do sexo


masculino e tem como objetivo central a mudança de atitudes e comportamentos face à
violência (Neves, 2012, citado por Cunha, 2014). “É composto por uma fase de
avaliação inicial, seguida da elaboração do plano individual de intervenção e do
contrato de adesão, por uma fase de tratamento e por uma fase de avaliação final].

Anexo7:7:Dinâmicas
Anexo Dinâmicasutilizadas
utilizadas nas
nassessões
sessõesdodoPPRIAC
PPRIAC

Nota: Solicitámos aos autores do programa que nos fossem disponibilizados alguns dos
materiais relativos à descrição das dinâmicas/atividades realizadas em cada sessão e este
foi-nos recusado, por não se encontrar publicado. Deste modo, fizemos uma pesquisa
nos motores de busca da internet das referidas dinâmicas, procurando o conhecimento de
uma aproximação àquilo que as dinâmicas/atividades no contexto do PPRIAC poderão
ser, correndo o risco de poder não ser exatamente esta a forma de aplicação no referido
programa.

“Quem é quem”(adaptado de Fritzen, 2002) – sessão 1

Neste exercício o terapeuta solicita que se formem grupos de 2 elementos. Durante


cerca de 10 minutos os elementos do grupo entrevistam-se um ao outro, recorrendo a
uma série de perguntas que são disponibilizadas na folha “Quem é quem” (ex: Como te
chamas?; Quantos anos tens?; Que dia fazes anos? Que escola frequentas?; E em que
ano andas?; Quais são os teus passatempos preferidos?; Qual é o teu clube?).
Posteriormente, reúnem-se todos em grande grupo e cada elemento apresenta o colega
que entrevistou.

Referência: Botelho, N. (2013). Dinamização de um programa e intervenção junto


de um grupo de adolescentes obesos (Doctoraldissertation) in
http://hdl.handle.net/10400.26/4776

“O chapéu dos medos”(adaptado de Brandes & Philips, 2008) – sessão 2

Material: Papel cortado em pequenos pedaços, canetas e um chapéu.

Metodologia: O dinamizador pede a cada um dos participantes para que escreva


num papel um dos seus medos. Recolhe os papéis colocando-os num chapéu e
misturando-os. O grupo disposto em círculo vai seleccionando papéis e deverá
apresentar soluções para os vários medos sorteados.
Depois de todos os medos serem lidos e interpretados, deve discutir-se com os
participantes o que sentiram e notaram, abordando alguns medos em comum.

Referência: file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/file13.pdf

“O Terramoto” (adaptado de Rissetti, 2008) – sessão 2

Participantes: Devem ser múltiplos de três e sobrar um. Ex: 22 (7x3 = 21, sobra
um); Tempo Estimado: 40 minutos; Material: Para essa dinâmica só é necessário um
espaço livre para que as pessoas possam se movimentar; Descrição: Dividir em grupos
de três pessoas lembre-se que deverá sobrar um. Cada grupo terá 2 paredes e 1 morador.
As paredes deverão ficar de frente uma para a outra e dar as mãos, o morador deverá
ficar entre as duas paredes. A pessoa que sobrar deverá gritar uma das três opções
abaixo:

(1) MORADOR!!! - Todos os moradores trocam de "paredes", devem sair de uma


"casa" e ir para a outra. As paredes devem ficar no mesmo lugar e a pessoa do meio
deve tentar entrar em alguma "casa", fazendo sobrar outra pessoa.
(2) PAREDE!!! - Dessa vez só as paredes trocam de lugar, os moradores ficam
parados. Obs: As paredes devem trocar os pares. Assim como no anterior, a pessoa do
meio tenta tomar o lugar de alguém.
(3) TERRAMOTO!!! - Todos trocam de lugar, quem era parede pode virar
morador e vice-versa.
Observações: Nunca dois moradores poderão ocupar a mesma casa, assim como
uma casa também não pode ficar sem morador. Repetir isso até cansar...;
Conclusão: Como se sentiram os que ficaram sem casa? Os que tinham casa pensaram
em dar o lugar ao que estava no meio? Passar isso para a nossa vida: Nos sentimos
excluídos no grupo? Na Escola? No Trabalho? Na Sociedade? Sugestão: Quanto menor
o espaço melhor fica a dinâmica, já que isso propicia várias trombadas. É muito
divertido!

“Roda da Igualdade” (cf. Pence &Paymar, 1993) – sessão 6

NEGOCIAÇÃO E JUSTIÇA

• Procurar soluções de conflito vantajosas para ambos.


• Aceitar a mudança.
• Estar disposto a aceitar um compromisso.

COMPORTAMENTO NÃO AGRESSIVO


• Falar e agir de forma a que ela se sinta segura e à-vontade para se expressar e
fazer coisas.
RESPEITO
• Escutá-la sem a julgar.
• Apoiá-la e compreendê-la emocionalmente.
• Valorizar as suas opiniões.
CONFIANÇA E APOIO
• Apoiar os seus objetivos de vida.
• Respeitar o direito a ter os seus sentimentos, amigos, atividades e opiniões.
HONESTIDADE E RESPONSABILIDADE
• Aceitar as responsabilidades próprias.
• Reconhecer o anterior uso de violência
• Admitir o erro.
• Comunicar abertamente e com verdade.
PARENTALIDADE RESPONSÁVEL
• Partilhar as responsabilidades parentais.
• Ser um modelo positivo e não-violento para as crianças.
RESPONSABILIDADE PARTILHADA
• Acordar mutuamente a partilha justa do trabalho.
• Tomar em conjunto as decisões familiares.
PARCERIA ECONÓMICA
• Tomar em conjunto as decisões económicas.
• Certificar-se que ambos beneficiam dos acordos financeiros.

Referência: http://igualdade.pt/igualdade/

“Viver com máscaras”(adaptada de Brandes & Philips, 2008) – sessão 8

Material: Cartolina colorida, tintas, colas, tesouras, papéis diversos e coloridos,


palitos de churrasco, CD com a música quem é você (Chico Buarque).

Procedimento: 1. Com a música de fundo cada participante é convidado a construir


uma máscara com os materiais disponíveis na sala, que fale dele no momento atual.

2. A partir da sua máscara confecionada, afixá-la no palito de churrasco para que


cada um se apresente falando de si através da máscara.

3. Organizar em subgrupos para que cada participante escolha: A máscara com que
mais se identifica; A máscara com que não se identifica; A máscara que gostaria de
usar.
4. Após concluir a atividade em subgrupo, todos deverão colocar suas máscaras e
fazer um mini teatro improvisado.

5. Formar um círculo para que cada participante escolha um dos integrantes do


grupo para lhe dizer o que vê atrás de sua máscara.

6. Abrir para discussões no grupo.

7. Fechamento da vivência.

Referência: http://dicasedinamicas.blogspot.pt/2009/11/dinamica-convivendo-com-
mascaras.html.

Fábula “O lobo e o cordeiro” (adaptadode La Fontaine, 2005) – sessão 9

Um cordeiro estava a beber água num riacho. O terreno era inclinado e por isso
havia uma corrente forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também a
beber água.

– Como é que tens a coragem de sujar a água que eu bebo – disse o lobo, que estava
há alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.

– Senhor – respondeu o cordeiro – não precisa ficar com raiva, eu não estou a sujar
nada. Estou a beber longe de si, é impossível sujar a sua água.

– Estás a agitar a água – continuou o lobo ameaçador – e sei que estás a falar mal de
mim por causa do ano passado.

– Não pode ser – respondeu o cordeiro – no ano passado eu ainda não tinha nascido.

O lobo pensou um pouco e disse:

– Se não foste tu, foi o teu irmão, é a mesma coisa.

– Eu não tenho irmão – disse o cordeiro – sou filho único.

– Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que
cuidam do rebanho, tenho de me vingar.

Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o loboatacou o cordeiro, agarrou-o


com os dentes e levou-o para comer num lugar mais sossegado.
MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor.

Referência: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Brasiliense:1966, 20ª


edição.

Fábula “O lobo e a sua sombra” (adaptado de French, 1999) – Sessão 10

Um Lobo saiu da sua toca num final de tarde, bem-disposto e com grande apetite. E
enquanto ele corria, a luz do sol poente batia sobre o seu corpo, fazendo a sua sombra
aparecer refletida no chão. Então ele viu aquela sombra de si mesmo e como a sombra
de uma coisa é sempre bem maior que a própria coisa, ao ver aquilo, exclamou vaidoso:
“Ora, ora, veja só o quão grande eu sou! Imagine-me, com todo esse tamanho, e ainda
tendo que fugir de um insignificante Leão! Quando o encontrar vou-lhe mostrar quem
verdadeiramente é o rei dos animais!”

E enquanto estava distraído, envolvido nos seus pensamentos e gabando-se, um


Leão saltou sobre ele e apanhou-o. Ele então exclamou com tardio arrependimento:
“Coitado de mim! A minha exagerada autoestima foi a causa da minha perdição.”

Moral da História: Não permita que as suas fantasias o façam esquecer da


realidade.

Referência: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/o_lobo_e_sua_sombra.html
“Quantos quadrados vês?”(Fachada, 2004) – Sessão 10

Referência: https://goo.gl/mioW0M

Vídeo: http://vestibulandoansioso.com/humor/quantos-quadrados-ha-na-imagem-
resposta-aqui/

“Telefone sem fio”(adaptado de Antunes, 1995) – Sessão 11

Os passos para a dinâmica são:

1 - Separe três pessoas do grupo e coloque-as distantes, de modo a que não possam
saber o que está a ocorrer onde está o grupo maior. (O número de elementos que você
vai escolher deve ser adaptado de acordo com a quantidade de pessoas que estão a
participar).

2 - Conte uma história para o grupo maior. (Pode utilizar-se uma história qualquer).

3 - Chame uma das pessoas que estava fora e peça para que alguém do grupo maior
conte a história para ela. (Tudo isso deve ser feito sem aviso prévio).

4 - Ao ouvir a história, esta pessoa terá a responsabilidade de contá-la para outro


colega que também não a ouviu. E assim sucessivamente até que a última pessoa que
estava fora ouça e reconte para todos.
Importante: Não deve dar instruções a ninguém, siga os passos sem revelar que
haverá uma história e alguém terá que repassar a outra pessoa. É importante apanhar
todos desprevenidos.

"Rodrigo Augusto acordou cedo, apressado, tomou o pequeno-almoço e seguiu


para a paragem de autocarro, pois precisava de ir fazer um trabalho. Já na paragem
percebeu que se tinha esquecido da sua pasta com documentos em cima da mesa e
voltou rapidamente para casa. Enquanto isso, veio o autocarro, mas Rodrigo Augusto
não estava. O autocarro tinha acabado de partir, quando um carro vermelho, que
vinha em contramão, bateu de frente com uma carrinha que ia devagar. Felizmente
ninguém se feriu. Rodrigo Augusto, ao chegar à paragem de autocarro vazia, quase
gritou de raiva, mas não foi necessário, pois seu irmão Fernando Carlos estava estava
a passar com o seu carro azul, viu-o e deu-lhe boleia”.

Moral da história: Como numa história simples é fácil haverem divergências de


informações. Inocentes às vezes podem tornar-se culpados e vice-versa.

“Emoções estampadas na testa”(adaptado de Antunes, 1995) – Sessão 13

Metodologia: O dinamizador prepara previamente frases que depois distribuirá aos


participantes. Cada um deles deverá colar na testa o papel sem ler o conteúdo. Os
participantes deverão circular pela sala reagindo em função da instrução da frase que
está “estampada” na testa. Exemplos de frases que poderão ser utilizadas: “Tratam-me
como se fosse estúpido”, “tratam-me mal”, “todos me idolatram”, “Culpam-me de
tudo”, “têm medo de mim”, “todos me admiram”. O objectivo é através da reacção dos
colegas descobrir qual a sua condição. Sugere-se que no final da actividade sejam
abordadas questões como, a dificuldade de comunicar sem falar, o sentimento de não
ser compreendido, a gestão da frustração na relação, a gestão das emoções e
sentimentos associados à reacção dos outros, os estereótipos e como ultrapassar ideias
sólidas, a dificuldade de nos dar a conhecer, lidar com o confronto das reacções dos
outros, as contradições comportamentais, a importância de sermos aceites e de aceitar os
outros; a percepção da diferença entre aquilo que pensamos transmitir e o que os outros
entendem.
Referência: file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/file13.pdf

“A máquina registadora”(adaptado de Fritzen, 2002) – Sessão 15

Participantes: até 15 pessoas.

Tamanho dos subgrupos: 5 membros cada; sendo possível orientar vários


subgrupos, simultaneamente.

Tempo: de 1h a 1h30 (varia de acordo com a quantidade de participantes).

Material: Uma cópia da história da “Máquina Registradora” para cada membro


participante e uma para cada grupo; Lápis ou caneta; Gabarito das repostas corretas.

Descrição: O coordenador explica ao grupo que fará uma dinâmica para exercitar
as habilidades de trabalho em grupo e consenso.

Desenvolvimento:

1. O facilitador distribui uma cópia da história “Máquina Registradora” para cada


membro. Explicar que terão 10 minutos para ler a estória e assinalar para cada uma das
afirmações se é verdadeira falsa ou desconhecida.

2. A seguir, serão formados subgrupos de cinco membros aproximadamente. Cada


subgrupo recebe uma nova cópia da história da “Máquina Registradora”, para um
trabalho de consenso de grupo. O tempo para preenchimento das declarações é de 12 a
15 minutos.

3. Colher as respostas de cada grupo, anotando na lousa e comparar as respostas de


cada grupo.
4. A seguir, anunciar as respostas corretas.

Discussão: Juntar o grupo e analisar:

- Como foi viver essa experiência?

- O porquê e quais fatores contribuíram para as respostas.

- O que motivou cada um em separado a dar determinada resposta.

- Houve mudança nas respostas individuais no momento da discussão em grupo?

- O que podemos concluir com esse exercício?

- Como pudemos tirar tantas conclusões sem apurar os reais acontecimentos? Haja
vista que a maior parte das afirmações são desconhecidas.

Conclusões: - As suposições podem fazer com que tomemos decisões erradas.


Muitas vezes não conhecemos os fatos e julgamos. Podemos fazer um comparativo com
a primeira impressão que temos de alguém. Será que podemos julgar sem conhecer.

- Nossos valores tendem a influenciar nossas decisões – Julgamento.

- Muitas vezes não temos todos os elementos para julgar, ou por que não prestamos
atenção ou não temos conhecimento de todos os fatos, ou ainda existe um fator
tendencioso que não percebemos.

- Com a ajuda de outros, através de uma conversa, discussão ou busca de consenso


podemos tomar melhores decisões e termos uma visão mais ampla dos fatos reais, já
que podemos colher mais informações e impressões.

“A História da “Máquina Registradora”


Um negociante acaba de acender as luzes de uma loja de calçados, quando surge
um homem a pedir dinheiro. O proprietário abre uma máquina registradora. O conteúdo
da máquina registradora é retirado e o homem corre. Um membro da polícia é
imediatamente avisado.
Declaração acerca da história: Verdadeiro – Falso - Desconhecido
1. Um homem apareceu assim que o proprietário acendeu as luzes de sua loja de
calçados V F ?
2. O ladrão foi um homem V F ?
3. O homem não pediu dinheiro V F ?
4. O homem que abriu a máquina registradora era o proprietário V F ?
5. O proprietário da loja de calçados retirou o conteúdo da máquina registradora e
fugiu V F ?
6. Alguém abriu uma máquina registradoraVF ?
7. Depois que o homem que pediu o dinheiro apanhou o conteúdo da máquina
registradora, fugiu V F ?
8. Embora houvesse dinheiro na máquina registradora, a história não diz a
quantidadeVF ?
9. O ladrão pediu dinheiro ao proprietário V F ?
10. A história registra uma série de acontecimentos que envolveu três pessoas: o
proprietário, um homem que pediu dinheiro e um membro da polícia V F ?
11. Os seguintes acontecimentos da história são verdadeiros: alguém pediu
dinheiro – uma máquina registradora foi aberta – seu dinheiro foi retiradoVF ?
Apenas a quarta e a sexta afirmação são verdadeiras. As demais são falsas
premissas ou indefinidas.

Referência: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=3729

“Sete vimes” (adaptado de Coelho, 1871) – Sessão 17

Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer, chamou-os
todos sete e disse-lhes assim:

Filhos, já sei que não posso durar muito; mas, antes de morrer, quero que cada um
de vós me vá buscar um vime seco e mo traga aqui.

 Eu também? perguntou o mais pequeno, que só tinha 4 anos. O mais velho tinha
25, e era um rapaz muito reforçado e o mais valente da freguesia.

 Tu também respondeu o pai ao mais pequeno.

Saíram os sete filhos; e daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um o seu vime
seco. O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho, e entregou-o ao mais novinho,
dizendo-lhe:

 Parte esse vime.


O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir. Depois o pai entregou
outro ao filho mais novo, e disse-lhe:

 Agora, parte também esse.

O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi
entregando, e não lhe custou nada a parti-los todos. Partindo o último, o pai disse outra
vez aos filhos:

 Agora ide por outro vime e trazei-mo.

Os filhos tornaram a sair, e dali a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um
com o seu vime.

 Agora dai-mos cá disse o pai.

E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho. E voltando-se para o
filho mais velho, disse-lhe assim:

 Toma este feixe! Parte-o!

O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.

 Não podes? perguntou ele ao filho.

 Não, meu pai, não posso.

 E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.

Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.

O pai disse-lhes então:

 Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu sem lhe custar nada todos os vimes,
enquanto os partiu um a um; e o mais velho de vós não pôde parti-los todos juntos; nem
vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que
vos vou dizer: enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém
zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine
entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu e os filhos foram muito felizes, porque viveram
sempre em boa irmandade ajudando-se sempre uns aos outros; e como não houve forças
que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem.

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