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Trata-se de um grão eminentemente forrageiro cujo uso como tal se estendeu pela Europa de leste a
oeste a partir do ano 100 da era Cristã. Na atualidade os verdeios de Aveia constituem a base de
alimentação dos pastejos de inverno na Argentina e só tem concorrência no Centeio em áreas
caracterizadas por grandes geadas.
Por esta razão do Grão de Aveia (GA) é colhido mais com a finalidade de armazenar sementes para o
próximo plantio e secundariamente para utilizar esse grão na formulação de concentrados energéticos
nas dietas de bovinos de carne e leite, ou destinado a alimentação de eqüinos.
Este fenômeno explica o fato de que a Aveia não tenha uma cotação constante nos mercados habituais,
apresentando constantes flutuações determinadas sobre tudo pela oferta e disponibilidade
Por parte da demanda, o uso do GA pode ser de uso ocasional ou frequente.
De uso ocasional, quando os preços se encontram deprimidos e favoráveis em termos de custo da
unidade energética em relação a outros grãos normalmente utilizados na alimentação animal;
De uso freqüente, em algumas zonas do país que, dada as características que são atribuídas a Aveia a
tornaram uma preferência particular por parte dos produtores, especialmente de carne. É possível que
um dos fatores principais dessa preferência se baseie tanto em seu conteúdo de fibra quanto no fato de
ser, sem dúvida alguma, a que apresenta o menor risco de ocasionar acidose em condições de
suplementação pouco controladas.
O conteúdo de fibra crua (FC) ou fibra detergente neutro (FDN) constitui um dos principais pontos em
que se baseia a diferença do GA com respeito aos demais Cereais. Os grão de Milho, Sorgo, Trigo e
Centeio possuem baixo conteúdo de fibra, que em geral não superam os 2,8% sobre a matéria seca
(MS).
Em contra partida a Aveia e a Cevada apresentam concentração de fibra crua na ordem de 5% a 6% na
Cevada e 12% a 13% na Aveia. Essa diferente composição em relação com o maior conteúdo de fibra
deste grão referidos se deve ao fato da semente esteja recoberta por uma envoltura que representa, em
média, 30% do peso do grão. A presença dessa cobertura é a causa pela qual os grãos de Aveia e Cevada
se classificam como “grãos vestidos”.
A envoltura é composta quase que em sua totalidade por paredes celulares que contém entre 30% e 40%
de celulose e outro tanto de “hemicelulose”, parcialmente digeridas pelo ruminante graças a ação das
enzimas provenientes da população microbiana que habita o rume. O 8% de lignina que está incluída
nesta cobertura não pode ser digerida pelos bovinos, pois nem as bactérias nem o animal conta com
enzimas capazes de degradá-la.
A existência desta “casca” na proporção mencionada tem, entre outras, a característica de que ao ocupar
um espaço importante no grão, a quantidade de amido (400 gramas por kg/MS para Aveia) seja
sensivelmente menor que a dos grãos “desvestidos” (740 gramas por kg/MS) no caso do Milho.
Esta particularidade fica evidenciada graficamente na comparação efetuada abaixo entre a composição
do grão de milho e o de aveia (Gráfico I).
É por isso que um lote oferecido “a muito bom preço” deve ser provavelmente composto com Aveia
com muita casca e portanto leve e com baixa energia. O desconhecimento de tais características
resultará num mau negócio.
Introduzamos neste momento um dos elementos físicos dos grãos, que adquire singular importância ao
se falar em grão de Aveia: O volume e peso hectolítrico do Grão de Aveia
O peso hectolítrico é definido de várias maneiras, mas todas as definições se resumem ao um
significado: por unidade de volume ou capacidade (isto é litro ou hectolitro) os alimentos de maior
volume tem menor peso e produzem relativamente pouca energia biologicamente útil.
Podermos supor justificadamente que o NDT (nutrientes digestíveis totais) o da ED (energia digestível)
dos alimentos básicos está absolutamente relacionados com o peso por litro (ou outra medida de
capacidade). A causa desta relação corrente se atribui ao nível de fibra do alimento, visto que das quatro
frações potencialmente energéticas a fibra é a menos digestível.
Vejamos com o exemplo prático abaixo como se calcula o peso hectolítrico:
Unidade de peso 55 kg.
Peso hectolítrico = ---------------------------- = ----------- = 0,55 kg/l
Unidade de capacidade 1001
O litro considerado na mostra do exemplo pesou 550 gr. Portanto 55 é o peso hectolítrico que teria este
lote de Aveia (55 kg em cada 100 litros ou 55 kg/hl).
A Aveia é um alimento básico que em função da variedade, época de plantio, tipo de solo, fertilização e
condições climáticas, pode variar de 25 (0,25 kg/l) a 60 kg. por hectolitro (60 kg/hl). Um peso
excessivo (maior de 60 kg/hl) contra 45 a 55 kg/hl correspondente a uma Aveia normal, pode ser
indicativo desfavorável (aveia úmid).
O peso hectolítrico baixo é indicativo do desenvolvimento insuficiente dos grãos. Também pode ser
avaliado com a retirada da casca de alguns grãos e pesando separadamente a casca e o miolo. Numa
boa Aveia a envoltura (casca) não deve ultrapassar a 30% do peso total do grão.
Os valores em NDT correspondentes podem oscilar entre 60 a 75%. Assim se consegue determinar
como “aveia pesada” (boa qualidade) e “aveia leve” (de qualidade inferior).
Dentro destes parâmetros e valores, serão necessários 0,7 hectolitros de aveia leve para aportar um NDT
correspondente a 0,31 hectolitros de uma aveia pesada. O custo por tonelada do grão leve deverá ser
50% menor daquele com melhor qualidade para compensar.
Tomemos como exemplo amostras de aveia as quais chamaremos de amostra-01 e amostra-02:
Amostra-01 = NDT 75% (2,7 Mcal/EM/kg MS) e peso hectolítrico 50.
Amostra-02 = NDT 70% (2,5 Mcal/EM/kg MS) e peso hectolítrico 40.
Se trabalhamos pesando o grão e fazemos o racionamento dos animais em base a kg. para que ambos os
alimentos aportem 1 kg de NDT ou 3,6 Mcal EM, precisaremos de:
Amostra 01 = 1 / 0,75 = 1,33 kg.
Amostra 02 = 1 / 0,70 = 1,43 kg.
Este resultado nos indica que se racionamos os animais em base a peso, 1,33 kg. da Amostra-01 aporta
a mesma quantidade de energia que 1,43 kg. da Amostra-02.
Mas se ao contrário considerar-mos o arraçoamento dos animais em base a Litros, para aportar a
mesma quantidade de energia do exemplo anterior o calculo deverá ser o seguinte:
Amostra 01 = Como o peso de 1 litro é de 0,5 kg. o conteúdo energético dessa aveia é de 0,75 kg
NDT/kg. correspondente a uma disponibilidade de energia (NDT) contida num litro será de: 0,5 0,75 =
0,375 kg NT D/l.. Para 1 kg de NDT teremos que aportar: 2,66 l (l/0,375).
Amostra 02 = Seguindo o mesmo raciocino, com os valores da amostra 02, constataremos que esta
possui 0,375 kg NT D/l e 0,375 NT D/l, para aportar a mesma quantidade de energia que a mostra
anterior.
O resultado que a chegamos nos mostra que se trabalhamos com volumem, para aportar a mesma
energia são necessários 2,66 litros da amostra 1 ou 3,57 litros da amostra 2.
Conclusão:
A diferença comparativa por peso é aproximadamente 7% (pequena) mas quando trabalhamos por
volume chega a 34% (muito grande). Na prática isso significa que em grãos de aveia é quase o mesmo
racionar os animais por peso ou por volume.
MINERAIS
O conteúdo mineral é muito desequilibrado. Seu teor de cálcio é baixo enquanto é rico em fósforo,
presente em grande parte como fitatos. A relação cálcio/fósforo varia de 0,1 a 0,25, inferior a relação
ideal que é de 1,5 (uma parte e meia de cálcio para cada parte de fósforo), pelo que se deve ter
precaução quanto ao equilíbrio mineral quando o grão de aveia constitui parte importante da dieta.
Neste caso a concha moída aporta o cálcio necessário para o balanceamento da dieta.
Como primeiro ponto de avaliação, ficou claro que se requer uma maior quantidade de GA em relação
ao milho para aportar a mesma quantidade de energia . É importante quantificar essa relação na medida
em que a partir de seu resultado podemos aferir desde a economia à conveniência de utilizar um ou
outro grão.
Observando o gráfico constatamos que a relação grão-milho/grão-aveia se mantém quase constante
entre os animais de 150 a 550 kg. Portanto podemos estabelecer com base a aproximação uma única
relação de abranja uma ampla categoria de pesos.
Os cálculos sobre o resultado obtido aponta que, para dietas com alto consumo de grãos, 124 kg/Aveia
de boa qualidade se equivalem a 100 Kg/Milho.