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Alimentação de cordeiros em confinamento para abate precoce

Mauro Sartori Bueno- Zootecnista


Pesquisador do Instituto de Zootecnia-APTA-SAA-SP
mauro.bueno@sp.gov.br, tel: (19) 3476-0940

RESUMO
Cordeiros em sistema intensivo de criação podem atingir o peso de abate
precocemente ao redor dos 120-150 dias, pois têm ganho de peso elevado e excelente
conversão alimentar. A terminação dos cordeiros deve se dar em confinamento, com rações
com elevado teor energético e proteico para se conseguir desempenho máximo. O
confinamento dos cordeiros em galpões simples, abrigados da umidade e calor excessivo,
em piso comum (terra batida com cama ou piso solo-cimento), com cochos adequados que
impossibilitem o acesso dos animais e mantenham a comida limpa.
A terminação em confinamento apresenta a vantagem adicional de impedir a
ingestão de larvas de nematódeos gastrintestinais, o que pode garantir a produção de carne
de cordeiro sem uso de vermífugos e melhorar consideravelmente o desempenho animal.
As dietas são de alta energia, com grande proporção de alimento concentrado
(grãos de cereais e seus coprodutos e farelos proteicos (farelo de soja, de algodão. etc.) e
pequena proporção de alimento fibroso (volumosos) como feno, casca de algodão, palhas,
silagem e forrageiras verdes picadas.
Os problemas mais comuns nesta fase são a diarréia por coccidiose e o cálculo
uretral; acidose também podem ocorrer.
O mercado consumidor tem preferência por carcaças entre 15-20 kg de peso, com
uma pequena camada de gordura de cobertura, entre 1-3 mm, bem distribuída e carne de
coloração vermelha clara, muito tenra e com sabor suave e agradável.
Apresentam nesta fase excelente conversão alimentar, o que aliado à escolha
criteriosa dos ingredientes, tanto em questão de preço como qualidade, mostra bons
resultados econômicos.
Esse sistema preconiza a utilização de reprodutores selecionados de raças
especializadas para corte em cruzamento com matrizes deslanadas brasileiras ou de raças
produtoras de lã , o que possibilita a obtenção de cordeiros com elevado desempenho
ponderal e boa conformação de carcaça, que, aliados a alimentação adequada e proteção
contra enfermidades ( verminose e coccidiose) , possibilita que os cordeiros atinjam o peso
de abate antecipadamente, entre 120-150 dias de idade.

DESEMPENHO DE CORDEIROS
Cordeiros apresentam capacidade ganho de peso máximo entre o nascimento e a
puberdade, entre 4-6 meses, acima desta idade, seu desempenho fica prejudicado, com
baixo ganho de peso e elevada conversão alimentar (kg de alimento/ kg de ganho de peso).

Os animais nesse sistema de criação têm apresentado peso médio ao nascer ao


redor de 3,0-4,5 kg e ganhos de peso da ordem de 240 e 280 g/dia nos períodos de pré e
pós-desmame, respectivamente. Assim, os cordeiros podem ser desmamados já aos 60 dias
de idade, com um peso vivo entre 16-22 kg, atingindo 35-38 kg de peso vivo aos 120-150
dias, estando prontos para o abate. Nessa idade, a carne apresenta-se com coloração
vermelha clara, elevada maciez, sabor agradável e moderado nível de gordura, suficiente
para garantir uma leve cobertura da carcaça e boa proporção de cortes nobres (traseiro e
lombo).

RAÇAS E CRUZAMENTOS
Os cordeiros para abate superprecoce devem ter elevado potencial para ganho de
peso, aliado a características de carcaça adequadas ao mercado consumidor. Há
preferência por carcaças ao redor de 18 kg, com leve e uniforme cobertura de gordura na
carcaça. Cordeiros puros de raças especializadas para corte apresentam estas
características, que também podem ser conseguidas com o cruzamento comercial.
O cruzamento comercial pode ser utilizado para melhorar o desempenho de
cordeiros filhos de ovelhas comuns de peso médio e raça não especializada para corte. A
utilização de machos melhoradores, tais como Ile de France, Suffolk, Poll Dorset, Texel,
Dorper e outros sobre fêmeas comuns, oferece uma alternativa para o aumento da produção
de carne de boa qualidade, devido à heterose e por permitir a introdução ou aumento rápido
da freqüência de genes favoráveis para ganho de peso e qualidade da carcaça.
Nas regiões tropicais do Brasil, as matrizes comuns deslanadas, de tamanho médio
(40-50kg de peso adulto), adaptadas ao nosso meio, menos susceptíveis a problemas
sanitários, como verminoses, foot-rot, miíases, etc., de ciclo reprodutivo não-estacional são
as de eleição. Pode-se conseguir 3 partos em 2 anos em qualquer época do ano, com plano
de alimentação adequado).
Nas regiões subtropicais do Brasil (região sul) pode-se utilizar as fêmeas lanadas de
corte ou ovelhas de rebanho produtores de lã em cruzamento com carneiros especializados
para corte.
Há grande opção para escolha de raças paternas especializadas em produção de
cordeiros para abate. Carneiros de elevado peso adulto, como Suffolk, Hampshire down, Ile
de France e Poll Dorset, aumentam o peso ao nascer e à desmama e conferem elevado
ganho de peso para suas crias. Animais de raças compactas e de peso adulto médio,
garantem bom ganho de peso e permitem um acabamento mais precoce das carcaças. A
raça Texel pode ser utilizada quando se pretende melhorar a conformação das carcaças,
com aumento de massa muscular (lombo e perna), com maior proporção de cortes nobres.
Raças ultracompactas como o Dorper imprimem bom desempenho, excelente conformação e
cobertura de gordura na carcaça.

TERMINAÇÃO EM CONFINAMENTO

ALIMENTAÇÃO
Cordeiros desmamados precocemente (60-80 dias) em engorda para terminação
são muito exigentes em nutrientes e dietas com elevadas concentrações em energia e
proteína são necessárias para se conseguir elevados ganhos de peso. O acabamento é feito
por um período entre 60-70 dias, com peso inicial de 17-20 kg, até um peso final de 35-40 kg.
Ganhos diários de peso acima de 250 g são adequados. A conversão alimentar está ao redor
de 3-3,5:1 (Kg Matéria seca/Kg de ganho de peso), sendo, portanto, excelentes
transformadores de alimento de origem vegetal em carne nobre.
Exigência Nutricional:
A exigência nutricional nesta fase situa-se ao redor de 16% de proteína bruta (PB),
75% de NDT; 0,50% de Ca e 0,30% de P na matéria seca total da dieta. Consomem entre
3,5 - 4,5% do peso vivo em matéria seca. Manter nível mínimo de 18% FDN na MS total para
garantir as condições adequado de funcionamento do rumem.
Animais com mais de 5 meses de idade podem ter dieta com 14% de PB, 70% de
NDT, 0,45% Ca e 0,25% P. Teor de 25% de FDN pode ser utilizado para estes animais, com
maior proporção de volumosos na dieta (40%).
É aconselhável manter a relação concentrado: volumosos entre de 60:40 e 80:20
para se conseguir a ingestão energética adequada para esta categoria.

Alimentos
Os alimentos concentrados (alta energia e/ou proteína) como milho grão e outros
cereais (cevada, centeio, trigo, sorgo, arroz, etc.) e seus coprodutos, polpa cítrica, resíduo de
cervejaria, DDG (resíduo de milho para produção de etanol) e farelos proteicos são
utilizados.
Volumosos úmidos (silagem de milho ou sorgo, capim elefante picado, cana, etc.)
podem ser utilizados e devem ser misturados à ração concentrada no momento de
fornecimento aos animais. Lembrar que os volumosos úmidos possuem entre 70-85% de
água na sua composição e assim deve-se fazer o ajuste para matéria seca para manter a
relação concentrado: volumoso.

CONCENTRADOS
São denominados os ingredientes de elevado teor energético ou protéico utilizados
como complemento das dietas volumosas. São concentrados energéticos o milho e outros
cereais (aveia, trigo, arroz, etc.); os concentrados proteicos são os farelos de soja, de
algodão e de girassol, refinasil e protenose.
CONCENTRADOS ENERGÉTICOS
Milho grão: Excelente fonte energética por ser rico em amido (82%NDT). Possui
baixo teor de proteína bruta (9% PB), é pobre em cálcio (0,01% Ca) e com moderado teor de
fósforo ( 0,3% de P ) . Deve ser combinado com farelos proteicos e cálcio (calcário) para
compor rações com adequado teor protéico e relação Ca:P.
Rolão de milho (milho desintegrado com palha e sabugo): Apresenta valor
energético e protéico inferior ao milho-grão (70% de NDT, 6% de PB) devido ao seu maior
conteúdo em fibra, proveniente do sabugo e da palha. Pode compor ração completa para
cordeiros como fonte energética e de fibra.
Polpa cítrica desidratada: possui valor energético levemente inferior ao do milho e
pode substituí-lo em rações para cordeiros em terminação (73% de NDT 6% de PB). Deve
ser utilizada quando apresentar preço de até 80% do milho. Possui elevado teor de cálcio,
contudo seu cálcio é de baixo aproveitamento (digestibilidade) pelos animais; tem baixos
teores de fósforo e proteína.
Farelo de trigo: Possui teor protéico médio (16%) e maior teor de fibra que os
demais, com 72% de NDT. É excelente fonte de micro-elementos minerais, como selênio,
zinco e outros. Possui elevadíssimo teor de fósforo (1% de P) e, desta maneira, não deve ser
utilizado em grande quantidade, máximo de 20% da dieta, pois a ingestão elevada de fósforo
pode causar a urolitíase obstrutiva (cálculos na uretra), principalmente em machos.
Farelo de arroz: Apresenta-se na forma com óleo (farelo de arroz gordo) e sem
óleo. O farelo de arroz “gordo” tem maior teor energético devido ao seu maior teor em óleo,
todavia pode oxidar e rancificar e necessita da utilização de anti-oxidante (BHT) e/ou
aumento da vit E na dieta dos animais. O farelo de arroz sem óleo é similar ao farelo de trigo
e, principalmente, em relação ao teor de fósforo (1,5% P).

CONCENTRADOS PROTÉICOS
Farelo de soja: é uma das melhores fontes protéicas utilizadas na alimentação de
animais domésticos. Possui 45 a 47% de proteína bruta. Deve compor preferivelmente
rações para cordeiro (creep-feeding e confinamento), devido seu preço elevado.
Farelo de algodão: Fonte protéica de boa qualidade para ruminantes e deve-se
comparar seu preço ao farelo de soja (dividir o preço pelo teor proteico). Pode ser
encontrada com 28 ou 38% de proteína bruta.
Uréia: É uma fonte de nitrogênio-não-protéico que pode ser convertido, pelos
microrganismos ruminais, em proteína metabolizável, contudo sua utilização para esta
categoria é limitada. Pode compor dietas em até 1%.
Protenose: Elevado teor de proteína bruta, acima de 56%. Baixo em cálcio e rico em
fósforo.
Refinasil: teor moderado de Proteina bruta (21%), com médio teor de cálcio e
elevado em fósforo.
DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis): possue entre 80-90% de NDT,
dependendo do teor de óleo e entre 30-40% de PB e variável teor de óleo (5%). Pode ser
utilizado em até 40% da dieta.

Volumosos:
São ricos em fibra (FDN) e tem valor médio-baixo de energia (NDT). Podem ser
úmidos ou seco. São os fenos, as silagens, as palhadas, o bagaço de cana cru ou
hidrolisado, a casca de soja e de algodão.

Casca de soja: ingrediente seco de bom valor energético (70% NDT) e elevado teor
de fibra (alimento volumoso); pode ser utilizado em dietas completa secas em substituição
parcial ao milho (45% de substituição) para melhor o amibiente ruminal e prevenir acidose.
Rica em fibras (60% de FDN e 40% de FDA), com 11-13% de proteína bruta e 70% de NDT,
pobre em cálcio e teor médio de fósforo.

Casca de algodão: Ingrediente seco muito utilizado para aumentar teor de fibra de
dietas de ruminantes. Tem ao redor de 3% de PB, 45% NDT e 74% de FDN; pode-se utilizar
até 20% na dieta de cordeiros.
Bagaço de cana cru: Tem 40% de NDT e 2% de PB. Utilizar ao redor de 10% da
dieta de cordeiros como fonte de fibra.
Capim elefante (capim Napier)
Excelente valor nutritivo quando colhido entre 45-60 dias (1,6-1,9 m de altura). Possui
entre 9-15% de proteína bruta (PB) e 55-60 % de nutrientes digestíveis totais (NDT) e bom
teor de cálcio e fósforo. Produz entre 100-120 ton. de matéria verde/ha/ano.

SILAGENS E FENOS

Silagem de milho
Tem boa aceitabilidade pelos ovinos em geral e pode ser utilizada para todas as
categorias, inclusive cordeiros em confinamento para terminação. É alimento volumoso de
valor energético elevado (65-70 % de NDT), mas apresenta baixo teor protéico, necessitando
ser suplementado com fontes de proteínas (farelo de soja ou de algodão, etc.).

Silagem de sorgo
Excelente alimento volumoso conservado com valor energético levemente inferior ao
milho. Deve-se optar por variedades graníferas ou mistas, pois estas apresentam valor
energético superior às demais. Boa silagem é conseguida com ponto de colheita adequado
(grãos farináceos).
A silagem de sorgo tem um custo de produção menor que a de milho, pois é menos
exigente em água e adubação.

SILAGEM DE CAPIM ELEFANTE


O capim elefante apresenta bom valor nutritivo quando colhido precocemente, entre
45 a 60 dias. Contudo, neste estádio apresenta teor elevado de umidade o que dificulta sua
ensilagem, produzindo alimento com fermentação inadequada, resultando em baixo consumo
pelos animais. Para se obter silagem de boa qualidade deve-se diminuir o teor de umidade,
através do emurchecimento no campo, todavia essa prática é trabalhoso e pouco eficiente.
Pode-se adicionar, no momento da ensilagem, algum material seco, para aumentar o teor de
matéria seca da massa ensilada para 25-28%. Pode-se utilizar para esse fim milho moído,
rolão de milho ou polpa cítrica desidratada na quantidade de 5-10%.
FENOS
Fenos de gramíneas são alimentos volumosos de boa aceitabilidade pelos animais.
Um bom feno tem cor esverdeada, grande quantidade de folhas, é macio ao tato e possui
mais de 9% de proteína bruta. Fenos com coloração amarelada, duros e com grande
quantidade de talos são inferiores. Feno de alfafa possui elevada aceitabilidade e valor
nutritivo, com elevados teor protéico e consumo voluntário.
O capim elefante e outras forrageiras (guandu, leucena, colonião, etc.) também podem
ser desidratados e produzir fenos de boa qualidade. Devem ser picados e secos em terreiro,
em camada fina, revirando várias vezes ao dia e cobrindo a noite. Após secos podem ser
ensacados ou armazenados a granel.

CANA-DE-AÇÚCAR
Apresenta médio teor energético (60% de NDT) e baixo teor protéico (4%). Pode ser
utilizada em ate 40% da dieta dos cordeiros. Deve ser moída finamente para melhor ingestão
e utilização. A Mistura com cal microprocessada (1%) e descanso por 24 hs, leva à hidrolise
da fibra e melhoras a sua digestibilidade. Ajuda no manejo pós-colheita da forragem picada,
pois permite armazenamento da forragem umida picada por até 5 dias do evita abelhas.

MINERAIS
Cordeiros confinados em acabamento alimentados com dietas ricas em
concentrados, geralmente não necessitam de suplementação com fontes de fósforo, pois a
maioria dos ingredientes concentrados é rica neste elemento. Farelos de trigo e arroz são
riquíssimo neste elemento (1-1,5%) e desta maneira não devem ser utilizados em grandes
quantidades, pois podem levar a consumo excessivo e causar a urolitíase obstrutiva. Farelos
de soja e de algodão têm valor elevado também e o milho tem valor médio.
O milho e outros cereais são pobres em cálcio e dietas a base destes necessitam
suplementação com este elemento. A melhor fonte de cálcio é o calcário calcitico em
primeiro lugar e o calcário de conchas em segundo.
A suplementação de todos micro-elementos minerais é necessária, principalmente
cobalto, selênio, zinco e outros, pois podem estar em quantidades insuficientes.
Utilizar premix mineral para ovinos sem ou com alto teor de cálcio e baixos teores de
fósforo e de cobre. O núcleo mineral e vitamínico com ao redor de 18 % de Ca e 1-3% de P,
com todos microelementos e com baixo cobre (<200ppm) na proporção ao redor de 2-3% da
MS da dieta total. As vitaminas ADE são opcionais. Pode-se adicionar sal branco (0,5% da
MS da dieta total) para aumentar a ingestão de água e de urina para prevenir cálculos
uretrais.

VITAMINAS
Ruminantes geralmente não necessitam de suplementação com vitaminas do
complexo B, pois as sintetizam através dos microorganismos ruminais. Em algumas
situações, animais consumindo quantidades muito elevadas de concentrado, podem
apresentar destruição da vitamina B1 e apresentar necrose corticocerebral, com sintomas
nervosos (poliencefalomalacia).
A vitamina C é sintetizada pelos tecidos em quantidade suficiente, não havendo
necessidade de suplementação. A vitamina K é sintetizada pelos microrganismos ruminais e
também não é necessária sua suplementação.
A vitamina A pode ser necessária, mas é opcional. Forragens verdes, assim como os
milhos amarelos, são fontes excelentes de vitamina A. Já os volumosos com pouca
coloração são pobres: palhas, pastagens velhas, fenos amarelados, silagens de baixa
qualidade e outros.
A vitamina D é sintetizada pela pele, a partir da luz solar, não sendo necessário
suplementá-la, todavia, se os animais permanecerem confinados por muito tempo em
ambiente fechado e sem acesso à luz solar, podem ter deficiência. Fenos curados ao sol, de
boa qualidade, são boas fontes alimentares precursores de vitamina D.
A vitamina E é encontrada em quantidades marginais nos alimentos usuais, sendo
opcional sua suplementação, no entanto, a carne de cordeiros suplementados com vitamina
E apresenta maior proteção contra o escurecimento da cor vermelha ( efeito antioxidante
sobre a mioglobina) no processo de armazenamento a frio e propicia maior vida de prateleira
e melhorar a apresentação do produto final.
Desta maneira, a suplementação com núcleo ou premix ovino com ADE é
recomendada.

ADITIVOS ALIMENTARES
Os antibióticos ionóforos modificam a fermentação ruminal, através de seleção de
bactérias que melhoram o aproveitamento da energia da dieta (aumento de acido propionico
e melhora na relação acético: propionico) e melhora conversão alimentar.
São eficientes para controle da coccidiose também.
Os ionóforos mais utilizados são a monensina sódica e a lasalocida A concentração
de monensina sódica na dieta total dos cordeiros deve ser ao redor de 20 ppm (g/ton ou
mg/kg). Se a concentração de monensina no produto comercial for de 10 %, pode-se utilizar
200ppm (200g / tonelada) do produto comercial com 10% de monensina sódica.
As leveduras vivas podem ser utilizadas incorporadas às dietas, segundo a
recomendação do fabricante. Promovem um melhor aproveitamento das dietas de alta
energia e com elevado teor de amido.

DESORDENS METABÓLICAS DE ORIGEM ALIMENTAR


Cálculo urinário ou urolitíase obstrutiva
A enfermidade é causada pela ingestão excessiva de fósforo ou ingestão de dietas
com baixa relação cálcio:fósforo e/ou baixa ingestão de alimentos volumosos e água. É uma
doença relativamente comum em cordeiros confinados e que recebem grande quantidade de
milho e farelos ricos em P e pouca fibra).
A ingestão excessiva de fósforo, devido aos ingredientes ricos neste elemento
(milho, arroz, trigo e farelo de trigo, arroz, etc.) é o fator principal deste problema.
Balanceamento adequado (% fibra e relação Ca:P) é essencial para evitar-se este problema.
Não deixar a disposição dos animais sal mineral (fonte de P), somente sal branco. Manter a
relação cálcio: fósforo entre ao redor de 2:1 é necessário para melhor utilização destes
elementos minerais. Lembrar que a maioria dos ingredientes concentrados (cereais e seus
resíduos) utilizados tem elevado teor de fósforo e baixo de cálcio, sendo necessário, na
maioria das vezes suplementar somente com cálcio
O problema é agravado pela pequena ingestão de alimento volumoso, pois
alimentos ricos em fibra estimulam a ruminação e salivação, que está ligada ao processo de
excreção de fósforo. Rações peletizadas agravam o problema. A restrição na ingestão de
água, por aumentar a concentração de sais na urina, pode predispor à urolitíase. Estimular a
ingestão de água e aumento da ingestão de sódio.
Prevenção: Acidificante de urina: a utilização de cloreto de amônio (0,5 % da dieta
total) para acidificar a urina e diminuir a formação de cálculos em dietas de baixa fibra e alto
fosforo. Cloreto de cálcio, sulfato de cálcio e sulfato de amônio também podem ser utilizados
para este fim, mas são menos eficientes.
Aumento do volume urinário pode ser auxiliar na prevenção dos cálculos, através do
aumento da ingestão de sal branco (0,5-1% da dieta)

Acidose:
O rúmem tem pH próximo à neutralidade; a fermentação do amido produz acido
lático que abaixa o pH do rumem e leva a desconforto do animal, com afastamento do cocho
(cessação da ingestão de alimentos), prostração e fezes pastosas. Pode causar danos a
parede ruminal.
Manter nível mínimo de fibra (FDN) ao redor de 20% para estimular ruminação e
salivação.
Prevenção: utilizar tamponante na concentração de 0,5% da MS da dieta. Pode-se
utilizar o bicarbonato de sódio ou a mistura de 2:1 de bicarbonato de sódio e óxido de
magnésio.

Intoxicação por cobre


Os cordeiros apresentam grande sensibilidade a dietas com teor elevado de cobre, o
que pode levar a intoxicação cúprica. Caracteriza-se por danos ao fígado e aos rins, com
comprometimento da função hepática, além da destruição de hemáceas, com sintomas
clínicos de hematúria e icterícia, o que pode levar a óbito.
A exigência nutricional deste elemento está ao redor de 10ppm na matéria seca
total ingerida e dietas com mais de 15ppm podem induzir a intoxicação, principalmente
quando o teor de molibdênio estiver abaixo de 0,6ppm e o enxofre menor que 0,15% da
dieta, pois estes elementos são antagônicos ao Cu. Dietas com teor elevado de Cu devem
ser suplementadas com molibdênio para evitar problemas de intoxicação.
O uso de rações concentradas e mistura mineral de outras espécies (suíno, bovino,
aves) pode levar à intoxicação devido ao teor excessivo desse elemento.
Deve haver a preocupação com o teor de Cu dos sub-produtos utilizados na dieta
para evitar o excesso de ingestão desse elemento.

Poliencefalomalácia
Doença que afeta principalmente animais confinados e em dietas ricas em
concentrado, conhecida também como Necrose Cérebro-cortical, e causa sintomas nervosos
devido à deficiência de Tiamina. Os sintomas clínicos são: cegueira progressiva,
desorientação, caminhamento em círculos, espasmos com a cabeça estendida e voltada
para cima.
A origem do problema parece estar ligada a produção no rúmem de tiaminases que
destroem a vitamina presente nos alimentos e ou sintetizada pelo rúmem e causa sintomas
de deficiência. Excesso de concentrado pode causar destruição de tiamina. Alguma
substância que os animais receberam podem desencadear a enfermidade (vermífugos,
sulfas) A comprovação do problema e sua cura podem ser conseguidas pela administração
injetável de 200-500mg de tiamina (NRC 1985).

Dieta completa seca:


As dietas secas tem grande facilidade de uso e podem ser formuladas com fonte de
fibras em pequena proporção, entre 10 - 20% , através da utilização de feno, palhas moídas (
de trigo ou outro cereal de inverno, palha de café, arroz e de milho) e ingredientes
energéticos com fibras de boa digestibilidade, como casca de soja e/ou polpa cítrica
desidratada em substituição parcial ao milho (Tabela 1), para manter ambiente ruminal com
pH adequado (controle da acidez) e estimular ruminação e salivação.
Os ingredientes proteicos são os farelos de soja (45% de proteína bruta) e algodão
(28 ou 38% de PB).
Ureia pode ser utilizada em quantidades pequena e para animais com mais de 100
dias, na proporção de 1% da dieta total.
A suplementação da dieta com minerais e vitaminas é feita através da utilização de
premix ou núcleo mineral vitamínico para ovino em confinamento, com ao redor de 18% de
Ca e 1-4% de P, com todos o microelementos (baixo cobre, <200ppm)) e opcionalmente com
vitaminas ADE. Aumentar o teor de sal branco (0,5 -1% da MS da dieta seca total) pode
ajudar a prevenir cálculos uretrais, através do aumento da ingestão de água e aumento do
fluxo de urina.
A mistura dos ingredientes que formam a dieta seca completa deve ter tamanho de
partícula adequado (1-3 mm) para que a mistura fique homogênea, não separe os
ingredientes durante o transporte e armazenamento e não permita seleção no cocho.
As dietas completas secas têm alta energia e baixo teor de fibra (FDN) e, assim,
deve-se fazer adaptação das dietas por 10 dias, com quantidades pequenas e ir aumentando
até ficar à vontade. Pode-se adicionar tamponates, acidificantes de urina ou ionoforos como
recomendado.

Tabela 1: Dietas completas para cordeiros precoces em acabamento (16% de PB, 75% de
NDT)
Ingredientes %
Bagaço cana cru1 10 - - 10 -
Feno moido2 - 10 8 - 10
DDG (resíduo milho para etanol) - - - 21 -
Milho grão 38 35 30 31 32
Farelo de soja 17 - - - -
Farelo de Algodão (38% PB) - 21 - 8 27
Farelo de algodão (28% PB) - - 30 - -
Polpa cítrica desidratada - - - - 29
Casca soja 32 31 29 27 -
Núcleo Mineral 3 3 3 3 3 2*
Total 100 100 100 100 100
1-Bagaço de cana ou outra palha seca (de milho, trigo, café.etc.)
2- Feno moido finamento
3-Núcleo mineral com ao redor de 18% de Ca, 2-4% de P e <200ppm de Cobre ou substituir por
1,5% de Calcario calcítico, 1% de sal mineral para ovinos e 0,5% de sal branco.
*Diminuir fonte Calcio, pois polpa citrica tem cálcio.
Tabela 2: Ração concentrada para compor dieta (60-80% na MS) com silagem (milho,
sorgo, capim) ou cana picada (20-40% na MS)1

Ingredientes %
Ddg (resíduo milho para etanol) - 30 - 21 - -
Milho grão 73 56 34 34 37 30
Farelo de soja - - - - -
Farelo de Algodão (38% PB) 23 10 - 20 32 38
Farelo de algodão (28% PB) - - 32 - - -
Polpa cítrica desidratada - - - - 29 -
Casca soja - - 30 22 - 29
Uréia 1 1 1 - - -
Núcleo Mineral 3 3 3 3 2 3
Total 100 100 100 100 100 100
1-Misturar 40-50% de raçao concentrada com 60-50% de volumoso úmido. Fazer adaptação
por 7-10 dias com maior proporção de volumoso e diminuir progressivamente.

Instalações
Galpão, baias e cochos para cordeiros em confinamento

Os locais de confinamento dos cordeiros para terminação podem ser rústicos,


simples e nãos necessitam de piso suspenso, somente de área mínima coberta para cada
animal e espaço de frente de cocho. Essa área deve ter cobertura mínima sobre os cochos e
podem ser de terra batida ou solo-cimento e propiciar local seco e abrigado, sem umidade
excessiva.
Os cochos devem ser construídos de maneira a evitar a entrada dos animais e
defecação em seu interior. Cochos de madeira, meia lua de cimento e plásticos podem ser
utilizados. Além de garantir área mínima para cada cordeiro, deve-se proporcionar frente de
cocho suficiente para não haver competição.
Cercas de arame ou tela
As cercas externas podem ser feitas com arame de aço liso galvanizado ovalado
nº 15/17 ou tela tipo “mangueirão” ou “campestre”. O arame farpado jamais deverá ser
utilizado, pois pode ocasionar ferimentos sérios nos animais e depreciando o couro.
Em cercas de arame liso normalmente são utilizados sete fios a 5 do solo e
distanciamento entre os fios seguintes de 10, 10, 15, 15, 20 e 25cm, totalizando 100 cm de
altura de cerca. Os mourões ficam separados entre si 2,5 a 3,0 m: entre eles, usa-se, a cada
1m, balancim de madeira ou arame, que mantém distanciados os arames. É essencial que
os fios sejam esticados o máximo possível e que a cada 15 m deverá ser colocado um
palanque de sustentação (esticador).
Quando o criador optar por cerca de tela, os mourões podem ser distanciados a
cada 6 m. A grande vantagem da utilização da tela é que dificulta a entrada de predadores,
principalmente cães.

Divisões de áreas internas do galpão e baias


São totalmente em madeira, de preferência tratadas (carbolíneum). A largura da
tábua é de 10 a 15cm. A altura da cerca gira em torno de 1,0 a 1,2 m. Os mourões são
fixados a cada 1,5 a 2 m e as tábuas separadas entre si, a partir do solo, a 10 / 12 cm.

Figura. 01 - Cerca de madeira para divisões internas das baias .


Porteiras
A porteira mais recomendada para as baias é a do tipo vaivém, assentada sobre
pinos, em madeira, pois é possível a sua utilização de ambos os lados. Deve ter de 1 a 1,2m
e voltada para o corredor central para facilitar a entrada do tratador. Nas laterais ou ao fundo
das baias, deve-se alocar portões simples e maiores para entrada de máquina e limpeza,
com retirada das camas.

Área de confinamento de cordeiros


A estabulação dos cordeiros deve ser feita em estrutura retangular coberta com
duas águas. A largura da parte coberta pode ser entre 8-12m e o comprimento será em
função do número de animais e baias para confinamento (figura 1). Pode-se ter um espaco
de solário externo, de preferência cimentado.
As baias devem ser dispostas dos dois lados de um corredor central com 1-1,5 m
de largura.
Os cochos devem junto ao corredor central para facilitar a alimentação diária.
Os bebedouros podem se situar do lado aposto ao corredor central e os saleiros
lateralmente (Figura 2).
Deve-se garantir área de 0,8-1 m2 / cordeiro e permitir acesso ao cocho de todos os
animais. Quando se utiliza cama sobre o piso, espaços maiores permitem que a limpeza seja
mais espaçada, pois haverá mais espaço para diluir os excrementos. Áreas menores e
adensadas necessitarão limpezas mais frequentes. O piso ripado suspenso são caros e
exigem muita manutenção, mas facilitam a limpeza.
A área coberta pode ter piso em solo-cimento ou terra batida, com cobertura de cama
absorvente, como palhas, maravalha, bagaço de cana cru e outros resíduos secos e
absorventes. Pode-se optar por não colocar cama e varrer e retirar os excrementos
diariamente. As áreas externas (solários) devem ter piso que evite barro e umidade
excessiva.
Separar os grupos de cordeiros por sexo e peso.
O espaço mínimo de frente de cocho deve ser de 20 a 30 cm para se permitir acesso
de todos os animais e evitar competição. No caso de fornecer dieta completa seca (Tabela1),
pode-se utilizar o comedouro tipo tolva (Figura 3) com espaçamentor de 10 cm/cordeiro.
Os cochos devem ter largura de 30 cm e altura entre 20 e 30 cm. Devem possuir
travas horizontais acima para impedir que os cordeiros entrem no cocho.
Na figura 2 mostra-se as divisões em baias de 18m2 para 18 cordeiros em terminação,
que forma adaptadas em galpão já existente no Instituto de Zootecnia em Nova Odessa-SP.
A frente de cocho de 4 m permite a alimentação de até 15 cordeiros/baia.

Figura. 2- Baias de acabamento de cordeiros utilizadas no Instituto de Zootecnia em Nova


Odessa-SP
Figura 3: Cocho tipo tolvas para dietas completas secas de livre ingestão (fonte: Carlos
Buxadé Carbó - Ovino de carne –Madri: Mundi-Prensa, 1998)

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