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Ensaio Filosófico Aborto
Ensaio Filosófico Aborto
Sobre esta questão vou defender a tese de que o aborto é algo moralmente
inaceitável, mas pode ser considerado moralmente admissível em certas
circunstâncias.
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moralmente admissível. Os argumentos apresentados contra a moralidade do
aborto podem ser considerados sólidos, na medida que são válidos e as premissas
são verdadeiras. Para justificar o primeiro argumento do aborto como homicídio,
temos de avaliar eticamente o homicídio de um homem inocente, todos incluindo
o homicida consideram a ação imoral sem “pensar duas vezes”, sendo, neste caso,
o homicida a julgamento e, após provado o seu ato, preso. O que diferencia o
homicídio de um homem inocente de matar um feto? No entanto, este argumento
não é um dos mais forte (até pode ser considerado um dos mais fracos), o que nos
leva ao argumento futuro como o nosso. O que torna imoral matar pessoas? Esta é
a questão que fundamenta este argumento, após reflexões por parte do(s)
filósofo(s) responsável(eis) por este argumento, chega-se à conclusão de que o que
torna imoral o homicídio é privar a vítima de homicídio de um futuro valeroso, ou
seja, priva a vítima de realizar os seus projetos, experiências, sonhos, priva-a de
viver, o que é considerado um direito. Desta forma, o que distingue o homem
inocente do feto? Nada, porque apesar do feto não estar consciente do seu futuro
não significa que não o tenha, para o provar temos o exemplo de um suicida,
normalmente, a causa da sua infelicidade é não terem mais planos futuros, mas lá
por eles pensarem que as suas vidas não sirvam para nada, não significa que não
vale, estão inconscientes do seu futuro, talvez aquele hobbie de desenhar venha a
dar origem a multinacionais multimilionárias, têm futuros valerosos, mas não têm
consciência. Assim, privar o feto de ter as oportunidades do seu futuro valeroso é
tão inaceitável como o homicídio de um homem inocente. Assim se responde
também é questão sobre qual é a vida (gestante ou feto) com mais valor porque ao
definir que a vida é importante por causa do futuro valeroso que muitas vezes é
desconhecido e, tendo ambos futuros valerosos é impossível para nós, uma vez que
não sabemos se os seus futuros realmente serão valerosos, atribuir maior valor á
vida do feto ou à vida da mãe.
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justo o professor ser castigado por uma ação da responsabilidade de outrem? Outra
situação em que o aborto deve ser considerado admissível é quando tanto a vida
da mãe como a do feto estão em risco, uma vez que caso continue a gestação e que
esta chegue ao fim, é provável que ambos não sobrevivam logo deve-se minimizar
os danos e poupar a mãe, uma vez que é a que tem maior probabilidade de sair da
situação com vida e saúde. Ainda pode ser considerado admissível em casos em
que a vida do feto após a gestação seja reduzida por causa de doenças,
normalmente genéticas, como por exemplo, bebés com trissomia 18 que no
máximo vivem até aos quatro anos de idade, mas normalmente só vivem até aos
3/4 meses, privando o feto e a mãe do sofrimento que advirá do nascimento, desta
forma, a criança nunca poderá ser saudável o que poderá ter um grande impacto
na mãe a agravar o estado de saúde da mesma durante a gestação, após o parto e
após o falecimento da criança, o que é altamente prejudicial para os pais. Este
último exemplo é um exemplo que também está de acordo com o principal
argumento deste ensaio, futuro como o nosso, uma vez que para estas crianças o
futuro é muito pouco ou nada valeroso acabando tragicamente com a sua morte,
tendo estas efetivamente vidas sem sentido.
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provável que ambos morram, é privar não um, mas dois seres vivos de um futuro
valeroso, podendo até mesmo nestes casos ser considerado imoral se não for feito
nada, uma vez que são privadas duas vidas de futuro valeroso. A justificação para
os casos de violação não é muito consistente, uma vez que é difícil compatibilizar
este caso com os dois primeiros argumentos, apresentados, mas, como foi
mencionado anteriormente, é simplesmente absurdo ter de arcar com as
consequências dos atos de outros agentes. Uma terceira objeção é que o homicídio
consiste em tirar a vida a uma pessoa, matar uma pessoa, categoria onde o feto
não se inclui, no entanto este argumento não é consistente porque se é
moralmente admissível matar um ser só porque ele não é pessoa também o seria
assassinar inválidos, como as pessoas em estado vegetativo ou o infanticídio uma
vez que os recém nascidos nos seus primeiros momentos de vida ainda não são
seres racionais e auto conscientes, mas estas opções são consideradas imorais.
Depois de ter refletido sobre a questão do caráter moral do aborto e ter avaliado
as diferentes perspetivas em debate, penso que podemos concluir a favor do
aborto ser moralmente inaceitável, mas admissível em algumas exceções, como em
casos de violações, da vida do feto e da gestante serem postas em causa e/ou o
futuro do feto não ser valoroso. No entanto, existem ainda algumas questões que
exigem uma reflexão futura mais aprofundada como a característica que torna as
situações exceções ao caráter inaceitável do aborto.