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Tema: RESENHA SOBRE RAÍZES DO BRASIL

Autor: Renata Valéria de Lucena

Aluna da Graduação do 5° do curso de História da Universidade Federal de Pernambuco UFPE

E-mail: renatananet_love@yahoo.com.br

RESENHA SOBRE RAÍZES DO BRASIL

RESUMO DA OBRA

Raízes do Brasil é uma obra que pretende traçar o perfil da formação da sociedade brasileira, apontando as
contribuições que os países europeus tiveram na composição da nossa cultura. Elucida o processo rural, que se
originou no Brasil, visto que a sociedade era baseada, exclusivamente, na agricultura. Traz também umdestaque
aabolição dos escravos, colocando-a como o marco histórico que divide em duas fases a História brasileira. Esse
novo fato foi de extrema importância, o qual caracterizou a época urbanística e o predomínio da fase marcada
pelo intelectualismo do nativo brasileiro. Este adquiriu novos preceitos e novas prioridades, substituindo o valor
atribuído a terra para as questões do intelecto, como a busca de um diploma de Bacharel.

Abstract (resumo em inglês)

Roots of Brazil is a workmanship that it intends to trace the profile of the formation of the Brazilian society,
pointing the contributions that the European countries had had in the composition of our culture. It elucidates the
agricultural process, that if it originated in Brazil, since the society was established, exclusively, in agriculture. It
also brings the abolition of the slaves, placing it as the historical landmark that divides in two a stage Brazilian
History. This new fact was of utmost importance, characterizing the urban time and the predominance of the
phase marked for the intellectualism of the Brazilian native. This acquired new rules and new priorities,
substituting the attributed value the land for the questions of the intellect, as the search of a diploma of Bachelor.

Palavras-Chave:

Sociedade Ruralismo Escravismo Abolicionismo Bacharelismo Urbanismo

Keywords (palavras chaves em inglês)

Society - Agricultural - Slave - Abolitionism - Bachelor Urbanism.

1.INTRODUÇÃO

Vida e obras do autor: A maior parte da sua formação escolar realizou-se no Colégio São Bento, em São Paulo,
onde teve por professor de História Afonso de Taunay. Mudou-se em seguida, em 1921, para o Rio de Janeiro,
matriculando-se na Universidade do Brasil.Em 1925, obteve nesta o bacharelado em Direito.
Ao longo da década de 1920, atuou como representante do movimento modernista paulista no Rio de Janeiro.
Trabalhou então em diferentes órgãos de imprensa e, entre 1929 e 1930, foi correspondente dos Diários
Associados em Berlim, onde também freqüentou atividades acadêmicas esporadicamente.

De volta ao Brasil no começo dos anos 1930, continuou a trabalhar como jornalista. Em 1936, obteve o cargo de
professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de
Carvalho Cesário Alvim, com quem teria sete filhos, entre eles o cantor e compositor Chico Buarque. Ainda em
1936, publicou o ensaio Raízes do Brasil, que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e, ainda hoje, é o seu
escrito mais conhecido.

Em 1939, extinta a Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar na burocracia federal. Em 1941, viajou
pela primeira vez aos Estados Unidos da América.

Reuniu, no volume intitulado Cobra de Vidro, em 1944, uma série de artigos e ensaios que anteriormente
publicara nos meios de imprensa. Publicou em 1945 e 1957, respectivamente, Monções e Caminhos e Fronteiras,
que consistem em coletâneas de textos sobre a expansão oeste da colonização da América Portuguesa entre os
séculos 17 e 18.

Em 1946, voltou a residir em São Paulo, para assumir a direção do Museu Paulista, - que ocuparia até 1956 -
sucedendo então ao seu antigo professor escolar Afonso de Taunay. Em 1948, passou a lecionar na Escola de
Sociologia e Política da Universidade de São Paulo, na cátedra de História Econômica do Brasil, em substituição
a Roberto Simonsen.

Viveu na Itália entre 1953 e 1955, onde foi docente convidado na Universidade de Roma. Em 1957, assumiu a
cadeira de História da Civilização Brasileira, agora na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (FFLC,
atual FFLCH). O concurso para esta vaga motivou-o a escrever Visão do Paraíso, livro que publicou em 1958, no
qual analisa aspectos da mentalidade européia à época da conquista do continente americano. Ainda em 1958,
ingressou na Academia Paulista de Letras e recebeu o Prêmio Edgar Cavalheiros, do Instituto Nacional do Livro,
por Caminhos e Fronteiras.

A partir de 1960, passou a coordenar o projeto da História Geral da Civilização Brasileira, para o qual contribuiu
também com uma série de artigos. Em 1962, assumiu a presidência do recém-fundado Instituto de Estudos
Brasileiros. Entre 1963 e 1967, foi professor convidado em universidades no Chile e nos Estados Unidos e
participou de missões culturais da Unesco em Costa Rica e Peru. Em 1969, num protesto contra a aposentadoria
compulsória de colegas da Universidade de São Paulo pelo então vigente regime militar decidiu encerrar a sua
carreira docente.

No contexto da História Geral da Civilização Brasileira, publicou, em 1972, Do Império à República, texto que a
princípio fora concebido como um simples artigo para a coletânea, mas que, com o decurso da pesquisa, acabou
por ser ampliado num volume independente. Trata-se de um trabalho de história política que aborda a crise do
império brasileiro no final do século 19, explicando-a como resultante da corrosão do mecanismo fundamental
de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador.
Permaneceu intelectualmente ativo até 1982, tendo ainda neste último decênio publicado diversos textos. De
1975 é o volume Vale do Paraíba - Velhas Fazendas e de 1979, a coletânea Tentativas de Mitologia. Nestes
últimos anos, trabalhou também na reelaboração do texto de Do Império à República - que não chegou a
concluir. Participou, em 1980, da cerimônia de fundação do Partido dos Trabalhadores. Neste mesmo ano,
recebeu tanto o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, quanto o Prêmio Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro.

2. TEXTUALIZAÇÃO

Raízes do Brasil é uma obra de estilo Literário, segundo a própria visão do referido autor, visto que este se
considera um "crítico literário na qualidade de um historiador" (HOLANDA, 1971). Contudo não podemos
deixar de ressaltar os traços psicológicos abordados, sobretudo, no primeiro capítulo da supracitada obra, e o
valor histórico, geográfico e sociológico na sua descrição da formação da sociedade brasileira. Nosso escritor
pretendeu descrever, minuciosamente, o processo e o caráter da colonização portuguesa no Brasil, sem esquecer
do legado das outras nações européias, como Espanha, Holanda e Inglaterra.

A primeira edição da obra data de 1936, sendo reeditada e revisada por uma segunda e terceira vez, em 1947 e
1955 respectivamente. É prefaciada, na primeira e segunda edição, por Antônio Candido e na terceira pelo
próprio autor. Possui também um Post-Scriptum confeccionado por Evaldo Cabral de Mello.

O conteúdo programático do livro é estruturado em sete capítulos, o primeiro, intitulado Fronteiras da Europa,
descreve a influência da cultura portuguesa sobre a brasileira. Faz uma análise psicológica do português,
tentando explicar sua incapacidade indelével para estabelecer uma organização sólida no Brasil, através da
frouxidão das suas instituições. O segundo é Trabalho & Aventura, este trata do aspecto da colonização e da
implantação da cultura da cana-de-açúcar como um fator de estabelecimento do colono na "nova terra", tendo a
favor do português uma predisposição de adaptação ao clima e a vida tropical. O terceiro é Herança Rural,onde
estabelece o marco histórico abolição da escravidão no Brasil em 1888 considerado o divisório entre duas
épocas, o período agrário dominado pelos grandes senhores de terras e o período após a abolição considerado
bacheralismo marcado pela transição do trabalho escravo para o assalariado. O quarto é O Semeador e o
Ladrilhador, o qual traz um estudo sobre a importância das cidades, retratando sua subordinação ao campo, visto
que foi estabelecida uma economia agrária. Alude, ainda, à questão das bandeiras, que possibilitaram a
interiorização do território brasileiro, à sujeição da Igreja ao Estado, à vida intelectual, tanto do Brasil como da
Espanha e à variação lingüística, sobretudo em São Paulo. O quinto é O Homem Cordial, que estrutura a
formação da família brasileira, sem deixar de apresentar a educação dada às crianças, bem como a aversão ao
ritualismo. O sexto é Novos Tempos, cuja temática aborda certas conseqüências na configuração da sociedade
brasileira, a partir da vinda da família real. Tenta explicar o bom êxito que o pensamento positivista teve no
Brasil, sobretudo entre os militares. A sétima e última divisão do livro é Nossa Revolução que mostra a
passagem do rural ao urbano, isto é, predomínio da cultura das cidades, que tem como conseqüência a passagem
da tradição Ibérica ao novo tipo de vida. Tal processo resultou no "aniquilamento das raízes ibéricas de nossa
cultura para a inauguração de um novo, que crismamos talvez ilusoriamente de americano, porque seus traços se
acentuam com maior rapidez em nosso hemisfério".(HOLANDA, 1971, p. 172).

É notório que Sérgio Buarque chega a diversas conclusões, uma delas é a questão do marco histórico que serviu
para dividir em duas fases a Historiografia brasileira. José Honório Rodrigues afirma que o nosso autor "delineia
ainda uma sugestão que é bastante valiosa, como contribuição para a periodização na história brasileira".
(RODRIGUES, 1979, p.142). Além da afirmação sobre a relativa facilidade de adaptação ao clima e à
alimentação tropical, a ditadura dos domínios agrários, onde "no Brasil colonial as terras dedicadas à lavoura
eram a morada habitual dos grandes. Só afluíam eles aos centros urbanos a fim de assistirem aos festejos e
solenidades" (HOLANDA, 1971, p. 90).

Outro aspecto que merece ser ressaltado é o sentido que o bacheralismo teve no fim do Império e início da
República. Nesse período, um diploma de bacharel tinha um prestigio indiscutível, o que levava muitos jovens a
irem em busca da sua posse, mesmo tendo uma inclinação para as atividades liberais. Por isso, o escritor de
Raízes do Brasil chamou esse processo de praga do Bacheralismo.

3. REFLEXÕES TEÓRICAS METODOLÓGICAS

Sérgio Buarque de Holanda, nesta obra, mostra traços nítidos de sua concepção marxista ao falar do antagonismo
de classes e ao criticar o sistema capitalista estabelecido no Brasil.

Foi o moderno sistema industrial que, separando os empregados e empregadores nos processos de manufaturas e
diferenciando cada vez mais suas funções, suprimiu a atmosfera de intimidade que reinava entre uns e outros e
estimulou os antagonismos de classes. O novo regime tornava mais fácil, além disso, ao capitalista, explorar o
trabalho de seus empregados, a troco de salários ínfimos. (HOLANDA, 1971, p. 142).

Utilizando o método comparativista, ele acaba por elucidar os pontos relevantes presentes em seu trabalho.
Lança mão de uma descrição dedutiva, seguindo do geral ao particular, uma vez que parte de acontecimentos de
outros países como Espanha, Portugal e Estados Unidos para depois narrar os eventos sócio-econômicos
ocorridos no Brasil, utilizando-se de exemplos que otimizam o entendimento do leitor.

Na sua coleta de dados percebemos a presença tanto de fontes primárias, como cartas, depoimentos e
documentos jurídicos, quanto de fontes secundarias, já que faz uso de obras de outros escritores, que possuem a
mesma temática abordada.

5. AVALIAÇÃO

A obra é de um valor histórico-social inestimável e nos permite, junto com outras, como Casa Grande & Senzala,
de Gilberto Freyre, ter uma visão geral do processo de colonização do nosso país e da formação da sociedade e
da mentalidade brasileira. Contudo não se pode deixar passar despercebidos alguns equívocos do nosso autor,
visto que este faz uso de palavras pejorativas e estereotipadas, quando se refere ao português chamando-o de
preguiço e incapaz. A obra também é detentora de termos e conceitos ultrapassados, como conceito de
inferioridade e superioridade de raças. Estes são clarividentes, sobretudo, quando se refere ao nativo brasileiro.

Todavia não podemos desconsiderar a época em que Sérgio Buarque viveu e escreveu, temos que levar em
consideração, também, a mentalidade predominante na década de 30. Portanto, apesar da falta de atualização,
essa obra merece e deve ser lida por todos os estudiosos que se interessam pela História do Brasil, sem esquecer
das devidas ressalvas.
Ainda seguindo o mesmo víeis, é inteligível a discrepância entre algumas assertativas feitas pelo o autor com as
de Gilberto Freire, por exemplo. Em Casa Grande & Senzala, este, afirma que "o português no Brasil teve de
mudar quase radicalmente o seu sistema de alimentação, cuja base se deslocou, com sensível déficit, do trigo
para mandioca".(FREYRE, 1970, p. 14). Ao mesmo tempo, alude sobre as dificuldades que o português teve
para se adaptar ao novo sistema alimentar. Já Sérgio Buarque, ao se referir ao assunto, diz que o português,
procurando recriar aqui o meio de sua origem, agiu com certa facilidade; "onde lhe faltasse o pão de trigo,
aprendia a comer o da terra, e com tal requinte, que a gente de tratamento só consumia farinha de mandioca
fresca, feita no dia".(HOLANDA, 1971).

É notório que Raízes do Brasil foi elaborada para atuar no meio acadêmico, devido ao esmero verbal e
gramatical, além desta obra exigir um conhecimento prévio de algumas áreas do saber, como Filosofia,
Pedagogia, entre outras.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BUARQUE, Sérgio. Raízes do Brasil.Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia
patriarcal. Recife: Ed. de Pernambuco, 14° ed. 1970.

Recife: Ed. de Pernambuco, 1970.

RODRIGUES, José Honório.Historia da historia do Brasil. São Paulo: Comp. Ed. Nacional; MEC, 1979.

Resumo Do Livro Raízes Do Brasil

SUMÁRIO

Introdução…………………………………… página 4

Capítulo 1…………………………………… página 4

Capítulo 2…………………………………… página 5

Capítulo 3…………………………………… página 6

Capítulo 4…………………………………… página 6

Capítulo 5…………………………………… página 7

Capítulo 6…………………………………… página 8

Capítulo 7…………………………………… página 9

Introdução
É objetivo do presente resumir a obra: Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda.

Do Capítulo 1

A forma da colonização brasileira, provida por espanhóis e portugueses, atrelada às condições naturais formou o

substrato no qual se desenvolveria a civilização brasileira que hoje conhecemos.

Esses povos hispânicos possuíam, quando da colonização, características peculiares ante os outros europeus:

viviam em uma região onde tinham maior contato com o mundo exterior, fato que os distanciavam dos

tradicionalismos europeus, e que os fez desenvolver uma cultura totalmente diferenciada de engrandecimento do

ser, o chamado personalismo.

Essa forma de viver fazia do indivíduo o senhor de si mesmo, o seu sucesso ou insucesso, dizia-se, era produto das

suas próprias virtudes e capacidades, de forma que o homem hispânico se bastaria em si mesmo, não servindo de

nada a exteriorização da sua linhagem privilegiada para se destacar na sociedade. Portanto a mobilidade social

bilateral era patente nestas nações, negando toda forma favorecimento por hierarquia sanguínea.

É também características desses povos a aversão ao toda forma de trabalho manual para produzir a sua riqueza,

queriam, na verdade, uma vida digna de um senhor, entregue à contemplação e ao amor, filosofia que remete,

aliás, aos estóicos da antiguidade.

Deve-se também ressaltar aversão à obediência que esses povos possuíam aos tratos sociais, demonstráveis no

fato de eles serem os seus próprios senhores. A única obediência que conheciam era a cega.

Esses fatores, atrelados, fariam a organização coletiva das nações ibéricas serem ineptas como também não daria

respaldo à formação de uma solidariedade...

Por favor preciso do resumo do livro Rízes


do Brasil urgente!?
Melhor resposta - Escolhida por votação
Sérgio Buarque de Holanda se tornou um clássico entre os pensadores que trataram da formação
histórica e cultural do Brasil. Sua obra Raízes do Brasil, ao lado de Casa-Grande e Senzala, de Gilberto
Freyre, e O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, figura como uma das mais importantes para o
entendimento da construção social do Brasil.

Holanda difere da perspectiva de autores como Freyre e Ribeiro, que enfatizam a importância da
mestiçagem étnico-cultural para a configuração do povo brasileiro. Ele considera o elemento lusitano
como predominante. Mesmo onde há mistura, esta teria sido devida mais a uma plasticidade
portuguesa a adaptar e se adaptar a novos costumes do que a uma mescla de culturas. A seu ver toda
a associação se deu com o predomínio e precedência dos colonizadores portugueses, perspectiva que
diminui a grande importância dos outros elementos étnico-culturais, notadamente do aborígine
nativo e do escravo africano.
O autor trabalha com dois tipos ideais de colonizador, que ele caracteriza pelas dualidades sugestivas
o trabalhador e o aventureiro e o ladrilhador e o semeador. Os povos ibéricos, tanto portugueses
quanto espanhóis, teriam sido, segundo Holanda, predominantemente aventureiros, ou seja, teriam
feito uma colonização que primava pela exploração comercial das matérias-primas da colônia, não se
preocupando tanto com o cultivo sedentário da terra que caracteriza a labuta do trabalhador. Os
lusitanos teriam sido mais semeadores do que ladrilhadores, o que quer dizer que suas colônias não
eram planejadas, eram de certa forma orgânicas. Diferente do projeto ladrilhador norte-americano e
da América espanhola, onde se tratava de transpor a cultura da metrópole para a colônia, os
portugueses se deixaram recriar sua cultura, tecnologia, arquitetura e urbanismo, adaptando-os, com
improviso e com a mistura com as culturas nativas e africanas, à realidade da nova terra.

O povo brasileiro teria formado uma psicologia, em certos termos, trágica, realista, que aceita a vida
como ela é, sem formar grandes ilusões nem imaginar grandes expectativas. Não haveria, assim, para
esse povo, grandes motivações vocacionais no trabalho, que pode ser qualquer um, desde que traga
dinheiro. Além disso, o brasileiro se caracterizaria, antes de tudo, por ser cordial, querendo isso dizer
que suas relações com outros se dá pela cordialidade, sendo quase sempre pautadas pela aparência
da gentileza, normalmente confundindo bons modos com boa índole. Até o intelectual brasileiro
tenderia a misturar e sustentar opiniões diversas, muitas vezes contraditórias entre si, desde que
pudessem se apresentar por palavras bonitas e argumentos elegantes.

Holanda equipara a colonização portuguesa, essencialmente comercial, com a colonização dos povos
mediterrâneos antigos, principalmente fenicios e gregos. O autor lembra que a colônia brasileira ficou
por muito tempo restrita ao litoral, e se refere ao caráter dos povos litorâneos, que, segundo ele, não
se dedicam a atividades agrícolas e assim não desenvolvem costumes civilizados. Percebe-se que o
teor de sua obra é elitista e eurocêntrico, beirando o racismo. Ao mesmo tempo em que louva o
trabalho colonizador que trouxe a América à civilização de modelo europeu, lamenta que não tenham
sido, de preferência aos ibéricos, os europeus nórdicos, notadamente os holandeses, a implantar na
nova terra a modernidade. É notável que o autor se lamente do pouco caso dos portugueses e
brasileiros pela autoridade e pela rigidez das hierarquias. Holanda é taxativo ao criticar o costume em
que nomes de famílias nobres são adotados pelas mais diversas camadas da sociedade sem nenhum
preconceito.
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Raízes Do Brasil

No primeiro capitulo Sérgio Buarque trata do pioneirismo ibérico em relação às


conquistas no ultramar e das conseqüências desse feito exercido por uma sociedade
hierarquicamente dividida em privilégios. Sérgio Buarque critica a mentalidade
tradicional da sociedade de privilégios, e atribui a aversão ao trabalho manual e
mecânico a responsabilidade pela exploração indiscriminada da colônia ao invés da
preferência pelo seu desenvolvimento.

Na segunda parte, o autor faz uma distinção entre dois tipos de personalidades, os
trabalhadores e os aventureiros, aonde nesse último aspecto se encaixa o perfil do
colonizador português.Segundo Sérgio Buarque, o fato de ser o português um povo
voltado às aventuras que aqui representavam os descobrimentos, estavam mais
interessados nas conquistas propriamente ditas do que nos frutos em forma de trabalho
que a colônia viria a oferecer.O espírito de aventura pode ter beneficiado o português
que se adaptou melhor aos trópicos, em oposição ao holandês, por exemplo, cujo autor
aponta o malogro, porém a adversidade ao trabalho somada às necessidades de uma
sociedade rural estabelecida foi fator primordial para a introdução do trabalho escravo
nas lavouras. O orgulho de raça é inexistente no povo português, que segundo Sérgio
Buarque é um povo mestiço, e já na altura do descobrimento se encontrava
miscigenado não só aos árabes, mas também com escravos negros, que na metrópole
desenvolviam trabalhos domésticos.

A importância da cidade é retomada no quarto capítulo para agora evidenciar uma


importante comparação que Sérgio Buarque irá fazer entre o português e o
espanhol.Ao espanhol chamado de ladrilhador interessou mais o interior, talvez pelo
precoce descobrimento de metais precioso, o que levou à fixação de cidades em
detrimento das fazendas portuguesas que se atrelavam ao litoral e se espalhavam
verticalmente pela colônia, sendo assim semeadores.A fundação das cidades teria sido
um esforço da administração colonial, como um instrumento de centralização do
poder, uma tentativa de tornar mais presente as autoridades, por via de aumento da
quantidade de impostos, por exemplo.(p.103)

No quinto ponto, o autor continua falando sobre as relações sociais e sua


superficialidade, exceto nas relações familiares, o que caracterizou o paternalismo que
era típico em sociedades rurais. Sérgio Buarque afirma que as relações do tipo
patriarcais exercem uma educação rígida que ensina a criança a não desrespeitar as leis
e ordens dois pais, o que levaria a uma inércia na capacidade de transgredir e por
conseqüência evoluir (p144).

Quando Sérgio Buarque cria o mito do homem cordial, afirma que a hospitalidade,
generosidade, e a lhaneza no trato representam um traço do caráter brasileiro (p146),
mas que essas características não estariam ligadas à civilidade, mas sim seriam
atribuídas a um fundo emotivo transbordante.

Nesse capítulo sexto, o autor vai tratar da influência das características relatadas nos
outros capítulos sobre a sociedade brasileira a partir da chegada da família real. Sérgio
Buarque vai continuar tratando das relações de aparência nesse capitulo, agora no
âmbito da intelectualidade, o que ele chama de saber aparente, que seria o saber
apenas sem uso prático e objetivo.Também a valorização das profissões liberais teria
sido causada pela decadência das classes agrárias dominantes.
Uma mudança, ou rompimento com a ordem tradicional viria a acontecer segundo o
autor, com o evento da transferência da família real ao Brasil em 1808, trazendo certa
modernização e ameaçando o patriarcalismo rural.

Porem, a crença apenas nas idéias, e voltada ao desenvolvimento de um raciocínio de


aparência, uma falsa inteligência que conduziria a sociedade a uma espécie de
alfabetização que não viria acompanhada de um maior desenvolvimento.(p.166)
No sétimo e ultimo capitulo do livro, o autor marca a data da abolição como fim do
predomínio agrário, o inicio de uma lenta revolução que estaria ligada ao afastamento
do que ele nomeia de iberismo que estaria ligado ao agrarismo. Na conclusão do autor,
a criação da identidade nacional está vinculada ao “aniquilamento das raízes ibéricas
de nossa cultura para a inauguração de um estilo novo” (p172), e a passagem da
sociedade açucareira para cafeeira também representou a mudança do pensamento
conservador, antigo, para o liberal, moderno, e também a passagem da cidade para
centro econômico em detrimento do campo.

Sérgio Buarque acreditava que a nossa revolução estaria ligada ao distanciamento de


um passado arcaizante e dominador representado pela colonização e ao
desaparecimento das oligarquias, concentradoras de renda. O distanciamento do
passado seria conseguido através da “revogação da velha ordem colonial e patriarcal,
com todas as conseqüências morais, sociais e políticas que ela acarretou e continua a
acarretar” (p180).

Tratando dos ideais da sociedade, o autor afirma que o modelo ideário arcaico
implantado anteriormente, após a independência tentou ser substituído pelo modelo
importado em parte das idéias da revolução francesa, o que teria sido problemático
mais uma vez, causando apenas uma mudança de aparato, e não de substancia.(p179)
Chegando à sua época, Sergio Buarque vai relacionar a evolução das idéias políticas
com a antítese entre o caudilhismo e o liberalismo, e o fortalecimento do
personalismo, o que seria fator destrutivo à coesão da sociedade.Ele diz: “na tão
malsinada primazia das conveniências particulares sobre os interesses de ordem
coletiva revela-se nitidamente o predomínio do elemento emotivo sobre o racional”
(p.182) e particularizaria inclusive a própria noção de solidariedade.

Um abraço

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