Lixo Marinho
Material de apoio para as questões da Tarefa 2.1.3b
A economia circular e o lixo marinho
(Fonte: Marine Litter Vital Graphics)
É melhor (e mais barato) ser limpo do que ter que limpar
Prevenir a poluição ambiental é uma opção melhor e mais barata do que limpar ou mitigar o impacto da
poluição. Há várias maneiras de combater o problema do detrito marinho e microplásticos – desde medidas
preventivas a montante, através da mitigação, à remoção a jusante.
Medidas preventivas a montante são preferíveis à remoção
a jusante uma vez que lidam com o lixo marinho na fonte
ao reduzir a produção de desperdício que poderá mais tarde
tonar-se em lixo marinho. Estas incluem melhoramentos na
conceção de produtos, na substituição ou reutilização de
materiais, e manufactura mais eficiente. A mitigação através de
uma melhor gestão de resíduos, incluindo reciclagem, podem
ajudar a prevenir que os resíduos cheguem ao ambiente
marinho. Finalmente, a remoção de lixo a jusante combate o
problema onde os impactos se sentem no ambiente marinho.
Limpezas de praias ou pescar lixo são dois exemplos de ações
que podem ter um efeito positivo imediato (UNEP, 2016c).
Há também iniciativas para a mudança do comportamento
que procuram influenciar a população de modo a ajudar
a reduzir o lixo marinho. Iniciativas para a mudança do
comportamento são transversais que procuram desenvolver
e implementar medidas de prevenção, mitigação e remoção
(Chen, 2015).
A escolha é ampla e os diferentes tipos de medidas dentro
das categorias mencionadas acima incluem sensibilização
(como campanhas que promovem aplicações para o
smartphone), investigação e desenvolvimento (para a inovação
de produtos), e política e regulamentação (proibições e
aplicação da responsabilidade alargada do produtor). Outras
incluem investimentos diretos (despesa governamental em
infrastruturas para gestão de resíduos), instrumentos baseados
no mercado (esquemas de depósito-reembolso ou taxas
sobre o produto) e medidas de limpeza (UNEP, 2016c). Estas
medidas estão a ser atualmente implementadas mas também
orientadas para o futuro. Deve ser dada atenção em assegurar
que intervenções futuras sejam ambientalmente adequadas
e com base em avaliações de risco. Adicionalmente, as várias
medidas serão mais bem-sucedidas se o género e outras
dimensões demográficas forem tidas em conta. Tal acontece
porque as atividades que geram resíduos plásticos, os sectores
da sociedade que são afectados por potenciais impactos, e os
padrões comportamentais são todos diferenciados por género
e dependentes do rendimento, idade e outros fatores sociais.
Sensibilização
Atividades de sensibilização entre distribuidores/retalhistas e
consumidores podem ajudar a evitar a criação de lixo marinho,
por exemplo, ao fornecer opções de compra que reduzam o
consumo de sacos de plásticos e produtos cosméticos que
contenham micropérolas, e reforçando os benefícios da seleção
e descarte adequado do lixo. Campanhas de sensibilização
devem ser diversas e focadas nos custos da ausência de
ação – e nos custos e benefícios de tomar uma ação. As
campanhas devem focar-se em negócios e cidadãos e ter em
conta género, raça, idade e classe. Estas devem usar diferentes
canais, incluindo educação formal e informal, com um ênfase
particular nas criançcas (sendo as limpezas de praia uma boa
ferramenta). A comunicação social também é necessária,
quer na sua forma tradicional ou através das redes sociais,
bem como ferramentas atraentes como vídeos, música, arte e
aplicações de ciência comunitária para smartphone.
Investigação e inovação
O esforço da investigação no combate contra o lixo plástico
marinho e microplásticos precisa de ser duplicado. Em primeiro
lugar, mais investigação é necessária para entender melhor
os promotores, fontes, situações e impactos, para permitir
o desenvolvimento e melhoria de legislações, políticas,
ferramentas e medidas existentes (política e ação baseada
em investigação). Estes esforços de investigação devem olhar
para os custos da inação versus os custos e benefícios da
ação, informar a tomada de decisões e identificar quais os
instrumentos prováveis de serem mais eficientes e eficazes,
trabalhar com outras políticas e oferecer uma mais-valia.
Em segundo lugar, a investigação e inovação são também
necessárias para aperfeiçoar o design de produtos e processos
para prevenir o desperdício, melhorar a reciclagem e aumentar
a eficiência dos recursos. Pesquisas sobre as opções de design,
GPML
Global Partnership
on Marine Litter
particularmente de plásticos e produtos de plástico, irá facilitar
a reutilização, reparação, refabricação,reciclagem e apoiar a

Lixo Marinho
transição para uma enconomia mais sustentável.

Implementação de políticas
A implementação rigorosa de legislação e políticas existentes
sobre a libertação de lixo, em terra ou no mar, ajudam a reduzir
o detrito marinho na fonte. Já existe um extenso número
de instrumentos de regulação ambiental para controlar a
libertação de lixo em terra e no mar que, se implementados em
toda a sua extensão, terão um efeito expressivo na quantidade
de detrito plástico marinho libertado para o oceano.

Responsilidade alargada do produtor

A aplicação da Responsabilidade Alargada do Produtor (do
inglês, Extended Producer Responsibility, EPR) poderá ajudar a
prevenir certos tipos de lixo marinho, incluindo algum que seja
particularmente prevalente tal como itens de empacotamento
de uso único. Responsabilizar financeira e logisticamente os
produtores pelos seus produtos em fim de vida estimula o
desenvolvimento de retomas e recolhas.

Incentivos económicos
Esquemas de depósito-reembolso e taxas sobre os sacos de
plásticos podem influenciar a escolha dos consumidores ao
influenciar que produtos comprar. Podem também encorajar
hábitos diferentes como o de devolver garrafas ou o uso
de sacos multi-uso. Desta forma, estes incentivos podem
atuar como uma medida a montante eficiente. Os incentivos
garantem a sensibilização para o facto de que o plástico tem
um preço – no início e no fim da sua vida – e por isso mesmo
tem de ser reconhecido com um recurso valioso. Isto reduz o
consumo e desperdício e aumenta a reciclagem, assim como
suporta a transição para uma economia circular.

Proibições
A proibição de sacos de plástico, de fumar nas praias, de
emitir plástico em portos ou de micropérolas de plástico em
cosméticos pode oferecer uma solução eficiente em termos
de custo para prevenir o lixo marinho, embora a sua aplicação
possa depender de vários fatores incluindo a disponibilidade
de alternativas, preocupações de competitividade e vontade
política.
Investimento da gestão de resíduos e de
infrastruturas de tratamento de águas residuais
Investimento em infrastruturas de gestão de resíduos e em
instalações de tratamento de águas residuais pode evitar a
dispersão do lixo no ambiente marinho. Tal pode incluir redes
de perímetro em aterros para apanhar desperdício levado pelo
vento, melhoramentos na infrastrutura para lixo em praias e
portos e investimento em estações de tratamento de águas
residuais para fornecer armadilhas de lixo e filtros para capturar
microfibras (apesar destes não funcionarem contra items
transportados por águas pluviais). Investimento na recolha de
desperdício e gestão de áreas costeiras ou próximas de rios, e
particularmente em áreas onde a infrastrutura é inadequada
ou ausente, pode ajudar a conter a dispersão de lixo para o
oceano.
Limpezas e pesca de lixo
Limpezas ambientalmente adequadas e baseadas em
avaliações de risco são ações a jusante dispendiosas mas
necessárias (pelo menos até que o lixo marinho possa ser
combatido mais próximo da fonte). Envolver voluntários
em ações de limpeza pode ajudar a reduzir os custos
(embora o tempo dos voluntários também tenha um valor
económico), contribuir para a ciência comunitária e melhorar a
sensibilização.

GPML

Global Partnership
on Marine Litter

A pesca de lixo pode ser uma opção final útil, mas apenas
consegue lidar com certos tipos de lixo. Esta pode ser
combinada com incentivos económicos para encorajar a
ação, assim como pagamentos aos pescadores pelo lixo que
recolhem.
O facto de que o detrito marinho e os microplásticos
constituem um desafio ambiental complexo representa
também uma oportunidade quando se pensa em como os
combater. Antes de escolher um instrumento ou conjunto
de instrumentos, é crucial avaliar se vai funcionar dentro do
contexto legal, institucional e cultural desse país. Esta avaliação
vai ajudar a determinar a probabilidade de implementação,
quem estará envolvido, quais serão os custos, quem os
irá suportar, a eficácia e impactos previstos em que escala
temporal, os incentivos potencialmente perversos que
poderão afetar a sua eficácia ou eficiência, e os custos e
benefícios ambientais, sociais e económicos da ação.
Os custos da ação
Os custos da ação dependem de onde na cadeia de valor
e em que desperdícios as medidas estão focadas, quais os
sectores e produtos a que se dirijem e a localização e escala
do lixo marinho a que se aplicam. Embora ainda hajam
muitas falhas nos dados é expectável que o custo da ação seja
significativamente inferior do que o custo da sua ausência.
Lixo Marinho
É do interesse de muitos sectores económicos encontrar
estratégias para reduzir o lixo marinho porque estas ajudam a
reduzir os seus custos. Os benefícios da ação não são só sobre
a prevençã de problemas derivados da inação, mas também
sobre novas oportunidades – para a economia e sociedade.
Em alguns casos, um valor significativo pode ser gerado
através da reciclagem de lixo marinho em novos produtos ou
“upcycling” (UNEP, 2016c). O Ocean Sole sediado no Quénia
cria 220 produtos diferentes a partir de chinelos recuperados
e vende até 500 000 dólares em produtos todos os anos.
Através do programa Net-Works, o maior produtor de
pavimentos têxteis modulares, Interface e o seu parceiro de
materiais Aquafil, reprocessam redes de pesca descartadas ou
abandonadas das Filipinas em produtos como carpetes que são
usados em edifícios em todo o mundo. Através do programa
Net+Positiva, Bureo transforma redes de pesca em tábuas de
skate que são vendidos a 149 dólares e óculos de sol que são
vendidos a 129 dólares. Mais de 3 000 skates foram vendidos
até ao momento. Os itens da gama de moda “RAW for the
Oceans” pela G-Star Raw e Bionic Yarn, que contêm fibras feitas
de garrafas PET recuperadas dos oceanos, estão à venda até 300
dólares.
No entanto, o valor do plástico marinho para a reciclagem é
frequentemente menor do que o valor do mesmo antes de
ser contaminado ou parcialmente degradado no ambiente
GPML
Global Partnership
on Marine Litter
 Lixo Marinho
marinho. Isto acontece porque o plástico que esteve nos lazer. A coesão social pode ser fomentada através de projetos
oceanos por algum tempo pode absorver o material químico de lixo que gerem lucro, ou através de um maior sentido de
e biológico, ou pode degradar-se parcialmente ao ponto em propriedade sobre, ou maior sentido de responsabilidade por,
que não pode mais ser utilizado nos processos de reciclagem um ambiente limpo. Esforços nesses domínios precisam de ser
típicos uma vez que reduziria a qualidade do material sensíveis ao género, reconhecendo que homens e mulheres
reciclado. participam frequentemente de maneira diferente em atividades
para a melhoria da comunidade.
Lidar com o lixo marinho pode beneficiar a comunidade
através da sensibilização, educação e emprego remunerado
em projetos tais como a apanha de lixo ou upcycling,
que pode também ajudar a desenvolver competências
comercializáveis. Pode ainda ajudar no sustento a longo termo
da pesca ou turismo e promover o bem-estar associado ao

GPML

Global Partnership
on Marine Litter