Você está na página 1de 17

SUCESSÃO ECOLÓGICA

SUCESSÃO VEGETAL

Definição

Sucessão é o processo onde uma comunidade vegetal se transforma numa outra envolvendo a
imigração e a extinção de espécies, o que se reflecte nas mudanças na abundância relativa de
diferentes espécies, ao longo o tempo

Figura 1: Algumas Formas de Migração

SUCESSÃO VEGETAL

A sucessão representa a dinâmica das comunidades que ocorre ao longo do tempo de acordo com as
alterações nos factores abióticos (por exemplo, as condições do solo, intensidade luminosa) e bióticos
(por exemplo, a abundância natural das espécies, capacidade competitiva das plantas vizinhas) do meio.

Os primeiros organismos a estabelecerem-se num ecossistema iniciando o processo de sucessão são


chamados de Pioneiros

A sucessão das espécies não se mantém indefenidamente. As mudanças na estrutura e composição da


comunidade são rápidas no início, abrandando gradualmente até ao estado de equilíbrio que é
alcançado perante a existência de um balanço dinâmico entre todas as espécies e o ambiente físico,
estágio denominado ecossistema Clímax .
Clímax é referido como um conjunto de espécies em constante adaptação, esforçando-se tanto para
alcançar ordenamento óptimo como um baixo stress ambiental

Tipos de sucessão ecológica


Sucessão Degradativa

Ocorre numa relativamente pequena escala temporal de meses ou anos, em que porções de matéria
orgânica (tanto corpo de animal ou planta) são degradados por microorganismos e animais

detritívoros que se sucedem uns aos outros à medida que as condições do material se vão tornando
mais favoráveis para uns e menos para outros.

Figura 2:

DETRITÍVORO

Sucessão Primária

Se a exposição das terras não esteve anteriormente sob influência de uma comunidade, a sequência
de espécies é designada Sucessão Primária Ocorre, por exemplo nas dunas de areia recentemente
formadas, zonas cobertas de lava e zonas expostas pelo degelo dos glaciares são exemplos deste tipo de
sucessão

Monte Santa Helena,


EUA, explode em 1980

Monte Santa
Helena, EUA,
explode em 1980
Monte Santa
Helena, 20 anos
mais tarde

Sucessão Primária

– Rochas nuas, ambientes pobres

– Ecossistemas não préviamente estabelecidos

– Ocorre ao longo do período de tempo (milhares de anos)

– Espécies Pioneiras

– Comunidades clímax (influenciadas pelo ambiente)

Este tipo de sucessão tem início quando a vegetação e o solo não estão presentes (quando não existe
vegetação e o solo precisa de sofrer o processo de formação), normalmente como resultado de um
distúrbio geológico. O solo inicia o seu desenvolvimento devido à meteorização e a adição de matéria
orgânica morta por colonizadores iniciais.

Os nutrientes são adicionados durante a queda das chuvas e pela fixação do nitrogénio pelas
cianobactérias e outras bactérias. As plantas maiores estabelecem-se em maior quantidade quanto
maior for o número de micro-habitats criados, permitindo que espécies mais especializadas colonizem o
local. Um exemplo típico de sucessão primária é a sucessão dunar que pode ser observada nas praias
Formação de dunas e colonização por
Ammophila arenaria

Figura 3: Ammophila arenaria

As praias são ambientes pouco favoráveis para as plantas colonizarem devido às elevadas temperaturas
exposição ao vento e aos esguichos de sal.
Figura 4: Esquema do processo de Formação de duna de areia seguido de Sucessão Primária

Espécies pioneiras na ilha da Inhaca: Scaevola plumieri e Cyperus maritimus são bem sucedidas que

podem começar o processo de formação das dunas. Scaevola plumieri é uma pioneira especialmente
adaptada para iniciar o processo de estabilização de dunas. Uma vez estabelecida, provoca a
acumulação de areia ao seu redor.

Figura 5: Scaevola plumier


A medida que a areia continua a acumular-se, a planta cresce rapidamente, elevando sempre o
meristema apical acima da duna em formação. A planta ramifica-se por toda a duna, incentivando o seu
crescimento e a sua estabilização.

Plantas rasteiras tais como Ipomea pescaprae Canavalia roseus, crescem rapidamente, cruzando a
superfície da duna em várias direcções, e agindo como uma rede que estabiliza as dunas e de captura
sementes e folhas mortas

Figura 6: Ipomea sp.

Mais tarde as pioneiras podem ser substituídas por outras comunidades de arbustos e leguminosas
fixadoras de nitrogénio, tais como a Sophora tormentosa, que modificam os habitats criados,
fornecendo sombra e aumentando nutrientes no solo. Finalmente estas comunidades

podem ser substituídas por espécies de árvores típicas de floresta Clímax: Aphodytes dimidiata,
Diospyros spp, Euclea natalensis, Eugenia capensis, Mimusops caffra e Rhus natalensis
Figura 7: Mimusops caffra

Sucessão Secundária
Ocorre num ecossistema em distúrbio Ocorre ao longo de um período de tempo longo (centenas de
anos). Comum nas machambas abandonadas. As espécies pioneiras capazes de colonizar tais locais são
chamadas daninhas.

– São espécies oportunistas com ciclos de vida relativamente curtos


– Produzem grande quantidades de sementes pequenas com
– Crescimento populacional explosivo
– São chamadas espécies r
As espécies pioneiras típicas que colonizam os solos arenosos das machambas abandonadas na ilha da
Inhaca incluem Helichrysum spp e Imperata cylindrica. Após alguns anos, pequenos arbustos e árvores
começam a colonizar a área. As espécies de árvores tais como: Strychnos Spinosa - vulgarmente
designada por massala e Garcinia livingstonei são as primeiras a aparecer nas machambas
abandonadas. Após muitos anos a floresta original pode restabelecer-se.

Figura 8: Helichrysum spp

Figura 9: Imperata cylindrica


Figura 10: Garcinia livingstonei

Figura 11: Fruto de Garcinia livingstonei


As espécies de árvores da floresta clímax são enormes, crescem lentamente e apresentam ciclos
reprodutivos longos. Chamam - se espécies k.

Na ilha da Inhaca as espécies típicas da floresta clímax incluem:

Apodites dimidiata,

Brexia madagascariensis

Diospyros spp,

Mimusops caffra

Xyloteca kraussiana.

Figura 12

Mecanismos da sucessão

Três modelos de sucessão têm sido descritos:


Modelo da Facilitação pressupõe que as espécies sucessionais iniciais podem
alterar as condições ou a disponibilidade dos recursos num habitat de tal maneira
que a entrada de novas espécies seja possível.

Modelo da Tolerância De acordo com este modelo, as espécies tardias da


sucessão não são inibidas nem facilitadas pelas espécies dos estágios iniciais.

As espécies dos estágios finais podem invadir o local, estabelecerem-se e


crescerem até atingirem a maturidade na presença das espécies precedentes a
elas e eventualmente competirem com elas Isto pode acontecer porque as
espécies dos estágios tardios têm grande tolerância para um baixo nível de
recursos.

Modelo da Inibição Puramente competitivo. O local pertence as espécies que se


estabelecerem inicialmente e são capazes de resistir às invasões das outras
espécies. Acredita-se que os primeiros ocupantes podem modificar o local de
modo a tornar-se inadequado para as outras espécies.

Na ilha da Inhaca quando a espécie Helychrysum spp. Torna-se dominante após o


abandono das machambas, outras espécies têm dificuldade em se estabelecer.

Supõe-se que esta espécie pode ter um efeito aleopático no solo, inibindo a
germinação de sementes de outras espécies.

Características Fundamentais dos 3 Modelos de Sucessão

FACILITAÇÃO

• Só certas espécies pioneiras são capazes de começar a estabelecer-se no


espaço aberto

• Os ocupantes pioneiros modificam o ambiente, tornando-o mais adequado


ao recrutamento de espécies sucessionais tardias

Com o tempo, as espécies pioneiras são eliminadas através da competição


por recursos, com o estabelecimento sucessional tardio.

A sequência continua até que as espécies residentes facilitem a invasão e


crescimento de outras espécies e/ou não existem espécies que podem invadir e
crescer na presença dos residentes

TOLERÂNCIA

• Na sucessão, os indivíduos de algumas espécies podem estabelecer-se e


existir como adultos nas condições prevalecentes.

• A modificação do meio pelos ocupantes pioneiros tem pouco uo não tem


efeito no recrutamento de espécies sucessionais tardias.

• Com o tempo, as espécies pioneiras são eliminadas através da competição


por recursos, com o estabelecimento sucessional tardio.

• A sequência continua até que as espécies residentes facilitem a invasão e


crescimento de outras espécies e/ou não existem espécies que podem
invadir e crescer na presença dos residentes

INIBIÇÃO

• Na sucessão, os indivíduos de algumas espécies podem estabelecer-se e


existir como adultos nas condições prevalecentes

• A modificação do ambiente pelos ocupantes pioneiros torna-se menos


adequado ao recrutamento das espécies sucessionais tardias

• Desde que os colonizadores pioneiros permaneçam intactos e/ou


continuem a regenerar vegetativamente, eles excluem ou suprimem os
colonizadores subsequentes de todas as espécies.

• Se o stress externo está presente, cedo os colonizadores podem ser


danificados ou mortos e substituídos por espécies mais resistentes.

Características da Sucessão

Estágios iniciais caracterizados por espécies oportunísticas que


respondemimediatamente aos distúrbios e enfrentam stress ambientais.

São plantas pequenas, com ciclos de vida curtos e produzem


quantidadesenormesde sementes cuja dispersão é fácil (espécies r).

Características da Sucessão

Apesar de crescerem rápido a sua biomassa é baixa e a fonte de nutrientes é


principalmente abiótica e obtida do solo, das poeiras sopradas pelo vento e das
chuvas,

Com o prosseguimento da sucessão das espécies herbáceas ás

lenhosas, a biomassa acumula-se e a diversidade específica aumenta.


Estas plantas crescem lentamente e vivem longos períodos de tempo. Prodiuzem
poucas sementes pesadas, cuja dispersão está a cargo de animais e da gravidade.

São espécies especialistas e adaptadas as condições ambientais de variação


estreita e são espécies k

Figura 13: Sucessão num lago

A vegetação aquática produz detritos que se juntam às partículas de solo e


contibuem para o preenchimento do lago. A medida que o lago é preenchido
pelos sedimentos, vai ficando gradualmente menos profundo, acaba por
transforma-se num pântano e depois, em alguns casos, numa floresta de terra
firme. A camada de vegetação cresce em direcção ao centro do lago e a água é
gradualmente reduzida ao longo dos séculos ou milhares de anos. A medida que
este processo tem lugar, espécies terrestres podem avançar

Figura 14: Sucessão num pântano de água doce

Você também pode gostar