Você está na página 1de 24

C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 53

FRENTE 1 Citologia

MÓDULO 11 A Gametogênese

1. GAMETOGÊNESE os quais, pela divisão II da meiose, resultam em um total de quatro células


denominadas espermátides. Os espermatócitos II e as espermátides são
Gametogênese é o processo de haploides.
formação dos gametas.
Os gametas são produzidos nas ❑ Período de Espermiogênese
gônadas, estruturas pertencentes ao É o processo de transformação da espermátide em espermatozoide. As
sistema genital. espermátides são haploides, mas não funcionam como gametas. Elas sofrem
As gônadas masculinas são cha- um processo de diferenciação, transformando-se em espermatozoides. Tal
madas de testículos, e as femininas, processo de diferenciação é a espermiogênese.
ovários. Os gametas são originados
de células germinativas ou gônias, 3. A OVOGÊNESE
localizadas nas gônadas. O conjunto
das células germinativas constitui o No processo de formação do óvulo, distinguem-se três períodos: germina-
germe ou linhagem germinativa. tivo, de crescimento e de maturação.
A formação de espermatozoides é
denominada espermatogênese, e a
produção dos óvulos, ovogênese ou
oogênese (Fig. 1).

2. A ESPERMATOGÊNESE

O processo de formação de es-


permatozoides é dividido em quatro
períodos: germinativo, de crescimen-
to, de maturação e de espermio-
gênese.

❑ Período Germinativo
As células germinativas mascu-
linas, denominadas espermatogônias,
dividem-se ativamente por mitose.
Nos machos de mamíferos, a multipli-
cação mitótica das espermatogônias

BIOLOGIA A
acontece durante toda a vida do indi-
víduo. É importante lembrar que as
gônias são células diploides.

❑ Período de Crescimento
É o período em que a esperma-
togônia para de se dividir e passa por
um período de crescimento, antes de
iniciar a meiose. Com o crescimento, a
espermatogônia transforma-se em es-
permatócito I.

❑ Período de Maturação
Cada espermatócito I – dito esper-
matócito primário ou de primeira or-
dem – sofre divisão meiótica. Cada
espermatócito I, pela divisão I da
meiose, produz dois espermatócitos II, Fig. 1 – A espermatogênese e a ovogênese.
– 53
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 54

❑ Período Germinativo – No período de maturação, ca- A segunda divisão da meiose só


As células germinativas, chama- da ovócito I produz um óvulo, en- acontece quando o ovócito II é
das de ovogônias, dividem-se por mi- quanto cada espermatócito I origina fecundado.
tose. Nas fêmeas de mamíferos, tal quatro espermatozoides.
processo termina logo após o nasci- – Na ovogênese, não existe um 6. OS GAMETAS HUMANOS
mento. período correspondente ao da esper-
miogênese.
❑ Os Espermatozoides
❑ Período de Crescimento e o Óvulo
As ovogônias não mais se divi- 5. PARTICULARIDADES DA
dem e crescem, transformando-se em GAMETOGÊNESE HUMANA
ovócitos I, também chamados • Espermatozoide
ovócitos primários ou de primeira Em cada ejaculação, um homem
A produção de espermatozoides
ordem. elimina de 200 a 300 milhões de
começa na puberdade, ao redor dos
espermatozoides, que permanecem
12 anos, continuando durante toda a
vivos durante 4 a 5 dias no interior do
❑ Período de Maturação vida e decrescendo com a idade.
aparelho reprodutor feminino (Fig. 2).
É o período em que ocorre a Na mulher, a fase de multiplica-
meiose. O ovócito I, pela divisão I da ção inicia-se no período fetal e
meiose, origina duas células-filhas de termina na 15a. semana da vida fetal. • Óvulos
tamanhos diferentes: uma grande, A fase de crescimento, que forma O óvulo é uma célula esférica
que ficou praticamente com todo o os ovócitos I, perdura até o sétimo com 1 mm de diâmetro. Contém um
citoplasma do ovócito I, e outra muito mês da embriogênese. núcleo com 23 cromossomos e abun-
pequena, contendo núcleo envolvido No sétimo mês, os ovócitos I ini- dante citoplasma, onde aparece o
por delgada película do citoplasma. ciam a divisão I da meiose, formando vitelo, substância nutritiva que será
A célula grande é o ovócito II (secun- os ovócitos II. usada pelo futuro embrião (Fig. 2).
dário ou de segunda ordem) e a
célula pequena, o primeiro glóbulo ou
corpúsculo polar. Na divisão II da
meiose, o ovócito II origina uma célula
grande, o óvulo, e outra pequena, o
segundo glóbulo ou corpúsculo polar.
O primeiro corpúsculo polar pode-se
dividir, originando dois corpúsculos
polares.

4. PRINCIPAIS DIFERENÇAS
ENTRE ESPERMATOGÊNESE
BIOLOGIA A

E OVOGÊNESE

– O período germinativo é bem


mais curto na ovogênese do que na
espermatogênese.
– O período de crescimento é
mais lento e mais pronunciado na
ovogênese. Fig. 2 – Os gametas.

54 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 55

MÓDULO 12 Aberrações Cromossômicas Numéricas

1. ABERRAÇÕES quência de anomalia da meiose ou da


CROMOSSÔMICAS mitose.
Veja como acontece a poliploidia
Aberrações cromossômicas são em drosófilas (Fig. 1).
alterações no número ou na estrutura
dos cromossomos.
Também chamadas de mutações
cromossômicas, produzem modifica-
ções fenotípicas nos portadores.

2. MODIFICAÇÕES DE
NÚMERO OU
HETEROPLOIDIAS

Cada espécie tem um número


característico de cromossomos. Ge-
ralmente os organismos são diploi-
des, com dois grupos de cromos-
somos homólogos: um dos grupos ou Fig. 2 – A formação de um alopoliploide.
genoma é doado pelo pai, sendo o
outro genoma proveniente da mãe. As
mutações cromossômicas numéricas 3. ANEUPLOIDIA
envolvem modificações no número
cromossômico da espécie e podem Consiste na variação numérica
ser divididas em euploidias e Fig. 1 – A poliploidia em drosófilas. não de grupos inteiros de cromos-
aneuploidias. somos, mas somente de parte do gru-
Os alopoliploides originam-se da po. A origem dos aneuploides é
❑ Euploidia duplicação dos genomas de um híbri- devida à desigual distribuição de
Consiste na variação numérica do do diploide resultante de cruzamento cromos– somos na meiose. Tal fenô-
conjunto (genoma básico de cromos- interespecífico (Fig. 2). meno é conhecido por não disjunção.
somos designados por n), compreen-
dendo a haploidia e a poliploidia. O quadro abaixo resume as principais aberrações cromossômicas.

❑ Haploidia ou monoploidia
Ocorre quando os organismos
possuem apenas um genoma, sendo
designados por n. São haploides os

BIOLOGIA A
machos de abelhas e vespas, origina-
dos de processos partenogenéticos.
Naturalmente não há dominância e re-
cessividade nos haploides, enquanto
a gametogênese é desprovida de
meiose.

❑ Poliploidia
É a existência de três ou mais
conjuntos cromossômicos básicos
nas células. Tais organismos são de-
signados por triploides (3n), tetra-
ploides (4n), pentaploides (5n) etc.
Os poliploides podem ser autopo-
liploides e alopoliploides.
Os autopoliploides apresentam
três ou mais genomas de uma mesma
espécie. Podem surgir em conse-

– 55
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 56

Assim, se dois cromossomos ho- 4. MONOSSOMIA infantilismo genital, subdesenvolvi-


mólogos não pareiam na divisão I da mento dos caracteres sexuais se-
meiose, podem se deslocar para o Consiste na perda de um único cundários, frequentemente pescoço
mesmo polo celular. A divisão II for- cromossomo, sendo representada por alado, coartação da aorta e anomalia
mará, então, células, uma com um 2n – 1. Na espécie humana, ocorre a dos dedos.
cromossomo a mais e outra com um a Síndrome de Turner, em que as mu-
menos. A união dessas células com lheres afetadas perdem um cromos- 5. POLISSOMIA
um gameta normal produz, respec- somo X. Tais mulheres são 45, X em
tivamente, um trissômico ou um mo- vez de 46, XX. Consiste no acréscimo de um,
nossômico (Fig. 3). A Síndrome de Turner apresenta dois ou mais cromossomos a um ge-
A aneuploidia pode ser dividida os seguintes sintomas clássicos: mu- noma. Assim, temos a trissomia (2n +
em monossomia, polissomia e nulisso- lheres quase sempre com ovários resi- 1), tetrassomia (2n + 2), pentassomia
mia. duais, baixa estatura, amenorreia, (2n + 3) etc.
Na espécie humana, menciona-
mos o mongolismo ou Síndrome de
Down, em que o indivíduo apresenta
um autossomo a mais, o de número
21. As fórmulas cromossômicas são
47, XX, + 21 (mulher) e 47, XY, + 21
(homem).
Essa síndrome se manifesta por
um grande número de sintomas que
variam bastante de indivíduo para
indivíduo. Entre os principais, citamos:
QI de 15 a 29, prega palpebral pre-
sente, inflamação das pálpebras, pre-
ga transversal contínua na palma das
mãos, uma única prega no dedo mí-
nimo. O autossomo extra é o 21.
Outra trissomia, que só ocorre no
homem, é a Síndrome de Klinefelter,
em que o indivíduo é 47, XXY, apre-
sentando um cromossomo X extra.
Na Síndrome de Klinefelter, o ho-
mem apresenta testículos pequenos e
atrofiados, caracteres sexuais mascu-
linos pouco desenvolvidos, corpo
eunucoide e retardamento mental.
BIOLOGIA A

6. NULISSOMIA

É a perda de um par de cromos-


somos homólogos, sendo represen-
tada por 2n – 2.
O resultado, geralmente, é letal
para os diploides (2n – 2). Porém, al-
guns poliploides podem perder dois
homólogos de um grupo e ainda
sobreviver.
No trigo, são conhecidos diversos
Fig. 3 – Aneuploidias.
nulissômicos de hexaploides (6n – 2).

56 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 57

MÓDULO 13 Aberrações Cromossômicas Estruturais

MUTAÇÕES ciente fica sem a informação genética


CROMOSSÔMICAS contida no fragmento perdido.
ESTRUTURAIS O exemplo clássico da deleção na
espécie humana é a síndrome do mia-
As mutações ou aberrações es-
do de gato (cri du chat), na qual se
truturais envolvem alterações no nú-
perde uma parte do cromossomo
mero ou no arranjo dos genes no
número 5.
cromossomo e podem ser divididas
A síndrome é assim chamada pelo
em deficiência, inversão, duplicação
fato de o choro dos afetados lembrar
e translocação.
um gato miando. O afetado apresenta
retardamento mental e neuromotor
❑ Deficiência ou deleção
grave, bem como hipotrofia muscular.
Trata-se da perda de uma parte do
Ainda na espécie humana, existe a
cromossomo, podendo ser terminal
leucemia mieloide crônica, provocada
ou intercalar. O fragmento sem centrô-
por uma deficiência no cromossomo
mero (acêntrico) não se prende ao
22, também chamado de cromos-
fuso, perdendo-se na divisão celular
somo Philadelphia (Fig. 1).
subsequente. O cromossomo defi-

Fig. 3 – Duplicação e deficiência.

Um exemplo clássico de duplica-


ção acontece no cromossomo X de
drosófila, no qual um segmento é res-
ponsável pela forma normal do olho.
Quando tal segmento é duplicado,
forma-se um olho reduzido, conhecido
por “bar”.
Fig. 1 – A deficiência.

Inversão ❑ Translocação
Consiste em duas fraturas É a transferência de parte de um
cromossômicas seguidas da recons- cromossomo para um cromossomo
tituição com o pedaço entre elas in- não homólogo. Pode ser paracêntrica
vertido. Se ocorre em um único braço

BIOLOGIA A
e pericêntrica (Fig. 4).
do cromossomo, é chamada de para-
cêntrica; se envolve o centrômero,
ela é pericêntrica.
Geralmente, a inversão não leva a
um fenótipo anormal. Interferindo com
o pareamento de homólogos, a inver-
são pode suprimir o crossing-over,
pois as inversões têm um significado
evolutivo (Fig. 2).

❑ Duplicação
É a presença de um segmento
extra de cromossomo, de maneira que
uma sequência gênica aparece em
duplicata. Resulta de um crossing-
over com uma troca de pedaços desi-
guais entre cromossomos homólogos
(Fig. 3). Fig. 2 – A inversão. Fig. 4 – A translocação.
– 57
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 58

A quebra de um cromossomo pro- No homem, uma translocação


duz um fragmento sem centrômero 21/22 em 14/21 provoca a Síndrome
(acêntrico) e outro com centrômero de Down.
(cêntrico). Na translocação para-
cêntrica, o fragmento acêntrico sol- ❑ lsocromossomo
da-se a um fragmento cêntrico, re- Os isocromossomos são cromos-
compondo dois cromossomos que somos aberrantes que mostram,
têm centrômero. Na translocação simultaneamente, um braço com defi-
pericêntrica, os fragmentos cên- ciência total e outro com duplicação
tricos soldam-se um ao outro e os completa. Tais cromossomos resultam
acêntricos também se juntam: um dos da divisão transversal e não longi-
cromossomos translocados fica di- tudinal do centrômero (Fig. 6).
cêntrico (com dois centrômeros) e Fig. 6 – Formação de isocromossomos.
outro acêntrico (Fig. 5).
❑ Pareamento na meiose
Na figura a seguir, observa-se o pareamento de cromossomos normais e
aberrantes na meiose (Fig. 7).

Fig. 5 – Tipos de translocação.

O cromossomo acêntrico tende a


perder-se e o dicêntrico tende a rom-
per-se, pois na anáfase os dois cen-
trômeros podem migrar para os polos
opostos. Por isso, é raro encontrar nas
células os produtos das translocações
pericêntricas, enquanto os resultados
das translocações paracêntricas po-
dem persistir em todas as células do
organismo, como já se encontram na
espécie humana. Fig. 7 – O pareamento na meiose.
BIOLOGIA A

58 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 59

MÓDULO 14 As Células Procariotas

1. CARACTERÍSTICAS dem ser classificadas em: monotrí- ❑ Tamanho


quias (um flagelo polar), lofotríquias As células procariotas apresen-
As células procariotas têm como (um tufo de flagelos), anfitríquias tam pequena dimensão. Assim, as for-
principal característica a ausência de (um flagelo ou um tufo em cada polo) mas esféricas possuem um diâmetro
um núcleo diferenciado. Essas células e peritríquias (flagelos em toda a que varia de 0,2 a 5 micrômetros, ao
aparecem nos organismos procarion- superfície) (Fig. 2). passo que os bastonetes alcançam
de 2 a 5 micrômetros de comprimento.
tes – as bactérias e as cianofíceas –
pertencentes ao reino Monera. Estu- ❑ Fímbrias
daremos as bactérias, os procariontes As fímbrias ou pili são apêndices
mais conhecidos. filamentosos, de natureza proteica,
mais finos e curtos do que os flagelos.
❑ Formas Nas bactérias que sofrem conju-
As bactérias assumem três for- gação, as fímbrias funcionam como
mas básicas: coco (esférica), bacilo pontes citoplasmáticas, permitindo a
passagem do material genético.
(bastonete) e espirilo (helicoidal).
Quando os cocos se associam, for-
2. ESTRUTURA CELULAR
mam os diplococos (um par de co- Na estrutura de uma bactéria, dis-
cos), estreptococos (fileira de tinguimos: parede celular, cápsula,
cocos) e estafilococos (cacho de membrana plasmática, citoplasma e
cocos). Várias outras formas podem nucleoide (Fig. 3).
existir, como, por exemplo, o vibrião,
bastante recurvado, em forma de
vírgula (Fig. 1).

❑ Flagelos
Existem bactérias que se locomo-
vem pelos apêndices filiformes, os fla-
gelos, nunca encontrados nos cocos.
Em relação ao número e à dispo- Fig. 2 – Classificação
sição dos flagelos, as bactérias po- de acordo com os flagelos. Fig. 3 – A estrutura celular da bactéria.

❑ Parede celular
Externamente a célula bacteriana
é envolvida por uma parede celular,
constituída por um complexo muco-

BIOLOGIA A
peptídico, formando um envoltório ex-
tracelular rígido responsável pela
forma das bactérias (Fig. 4).

❑ Cápsula
Existem bactérias que secretam a
cápsula, uma camada de consistência
mucosa, formada por polissacarídeos.
É encontrada principalmente nas
bactérias patogênicas, protegendo-as
contra a fagocitose.

❑ Membrana
plasmática
Revestindo o citoplasma, aparece
a membrana plasmática, com a mes-
ma estrutura e função encontradas
Fig. 1 – Formas de bactérias. nas células eucarióticas.
– 59
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 60

❑ Citoplasma Clostridium, Bacilus e Sporosarcina jugação. Esse processo consiste na


O citoplasma bacteriano é consti- originam os esporos, que são estru- passagem de plasmídeos de uma cé-
tuído por hialoplasma e ribossomos, turas de resistência. Formados inter- lula para outra através das fímbrias.
estando ausente qualquer outro orga- namente (endosporos), contêm, no O epissoma ou plasmídeo é chama-
noide celular. Os ribossomos apare- interior de uma espessa membrana, o do de fator sexual (F). A bactéria que
cem isolados ou associados em DNA e enzimas. Altamente resisten- envia F é chamada de macho ou F+.
cadeias chamadas polissomos. Apa- tes à dessecação, os esporos germi- A fêmea F– é a bactéria receptora,
recem inclusões formadas pelo acú- nam em condições favoráveis (Fig. 5). que, assim, se transforma em F+ e
mulo de alimento. pode transferir o plasmídeo.
4. DIVISÃO CELULAR
❑ Nucleoide
Chamamos de nucleoide ao equi- O principal método reprodutivo 6. MICOPLASMAS
valente nuclear das bactérias, consti- das bactérias é a divisão celular. Tal
tuído por uma única molécula de DNA. divisão envolve replicação do DNA, Os micoplasmas são os menores
Muitas bactérias apresentam os e- apoiado no mesossomo, crescimento (0,2 a 0,4 µm) e os mais simples pro-
pissomos ou plasmídeos, molé- e separação das células, através de cariontes que podem ter vida livre e
culas de DNA, geralmente circulares, um septo transversal. Em condições crescer em meios de cultura. Diferem
capazes de replicação independente ideais, ocorre uma divisão a cada das bactérias por não apresentarem
do nucleoide. vinte minutos. parede celular. Produzem doenças
respiratórias como a pneumonia; por
3. ESPOROS 5. TRANSMISSÃO GENÉTICA essa razão, antigamente, eram co-
nhecidos como organismos pleurop-
Em condições ambientais desfa- Nas bactérias, a transmissão ge- neumonídeos ou PPLO (pleuro-
voráveis, as bactérias dos gêneros nética ocorre no processo de con- pneumoniae like organisms).
BIOLOGIA A

Fig. 4 – Os envoltórios celulares da bactéria. Fig. 5 – Bactéria com esporo.

60 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 61

FRENTE 2 Genética

MÓDULO 11 Poliibridismo

1. O POLIIBRIDISMO 5. DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA


DE QUALQUER CLASSE FENOTÍPICA
Falamos em poliibridismo quando
analisamos, simultaneamente, a he-
Procede-se de maneira idêntica, analisando-se os caracteres indepen-
rança de três ou mais caracteres. Co-
dentes e multiplicando-se as frequências para os aspectos desejados.
mo veremos, não há necessidade de
se realizar o cruzamento completo
para a obtenção dos resultados.
2. DETERMINAÇÃO
DO NÚMERO DE
TIPOS DE GAMETAS
Quando se deseja saber o núme-
ro de gametas que um indivíduo pro-
duz, conhecendo-se o seu genótipo,
usa-se a seguinte expressão:
Número de gametas = 2n
sendo n o número de hibridismos exis-
tentes no genótipo. Vejamos um exemplo prático: dado o cruzamento AaBbCCtt x AabbccTt,
Exemplos: qual será a frequência (ou probabilidade) de nascer um indivíduo de genótipo
aaBbCctt?
No. de Tipos
Genótipos
de gametas Cruzamentos Geração Frequência desejada
AA bb cc dd EE 20 =1 AA x Aa AA, Aa, Aa e aa P(aa) = 1/4
AA Bb cc DD ee 21 =2
Bb x bb Bb e bb P(Bb) = 1/2
AA BB Cc DD Ee 22 =4
CC x cc Cc P(Cc) = 1
Aa BB Cc Dd ee 23 = 8
tt x Tt Tt e tt P(tt) = 1/2
Aa bb Cc Dd Ee 24 = 16
Aa Bb Cc Dd Ee 25 = 32 P(aa Bb Cc tt) = 1/4 x 1/2 x 1/2 = 1/16

Para exemplificar, considere, em R – semente lisa

BIOLOGIA A
3. DETERMINAÇÃO ervilhas, os seguintes genes: r – semente rugosa
DOS TIPOS DE GAMETAS V – semente amarela B – flor vermelha
v – semente verde b – flor branca
Para facilitarmos a determinação
de todas as combinações gênicas No cruzamento VvRRBb x Vvrrbb, qual será a probabilidade de se obter
existentes nos gametas, podemos apli- uma planta de semente verde-lisa e flor branca?
car o sistema de ramificação dicotô-
mica. Assim, determinaremos os tipos Cruzamentos Geração Frequência desejada
de gametas produzidos por um in-
Vv Vv Vv vv
divíduo tetraeterozigoto: AaBbCcDd. Vv x Vv P (verde) = 1/4
3/4 amarela 1/4 verde
4. DETERMINAÇÃO DA
Rr
FREQUÊNCIA DE QUALQUER RR x rr P (lisa) = 1
CLASSE GENOTÍPICA 1 lisa

Poderá ser feita facilmente, se Bb bb


Bb x bb P(branca) = 1/2
analisarmos os caracteres indepen- 1/2 vermelha 1/2 vermelha
dentes e multiplicarmos as frequên-
cias para os aspectos desejados. P (verde, lisa e branca) = 1/4 x 1 x 1/2 = 1/8

– 61
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 62

MÓDULO 12 Alelos Múltiplos

1. CONCEITO P F1 F2
Os casos de herança até agora
Selvagem x 3 Selvagem:
estudados envolviam sempre carac- Chinchila
Selvagem
1 Chinchila
teres determinados por dois alelos,
Selvagem x 3 Selvagem:
um dominante e outro recessivo. Exis- Selvagem
Himalaia 1 Himalaia
tem, entretanto, casos de herança em
que um caráter é determinado por Selvagem x 3 Selvagem:
Selvagem
Albino 1 Albino
mais de dois alelos, constituindo uma
série de alelos múltiplos. Tais alelos Chinchila x
Chinchila
3 Chinchila:
são produzidos por mutação de um Himalaia 1 Himalaia
gene inicial e ocupam o mesmo lócus Chinchila x 3 Chinchila:
Chinchila
em cromossomos homólogos. As re- Albino 1 Albino
lações entre os diversos alelos da Himalaia x
Himalaia
3 Himalaia:
série são variáveis, podendo existir Albino 1 Albino
dominância completa e incompleta. As relações genotípicas e fenotí-
Resumindo: alelos múltiplos são picas são:
séries de três ou mais formas alterna- Fenótipo Possíveis genótipos
tivas de um mesmo gene, localizados Selvagem CC – Ccch – Cch – Cca
no mesmo lócus em cromossomos
Chinchila cchcch – cchch – cchca
homólogos e interagindo dois a dois Fig. 1
na determinação de um caráter. Himalaia chch – chca
3. A COR DA Albino caca
2. EXEMPLOS PELAGEM EM COELHOS
Suponha um gene A sofrendo Em coelhos domésticos, a cor da 4. O SISTEMA ABO
mutações e produzindo uma série de pelagem é determinada por uma sé- Um exemplo clássico de alelos
4 alelos: A, a1, a2 e a3. rie de alelos múltiplos, possibilitando múltiplos aparece no sistema sanguí-
4 fenótipos: neo ABO no homem. Nele atuam 3
1) Selvagem ou aguti, com pela- alelos IA = IB > i. Veja agora os ge-
gem cinza-escura. nótipos e correspondentes fenótipos.
Genótipos Possíveis genótipos
2) Chinchila, com pelagem cinza-
clara. IAIA ou IAi Grupo A

3) Himalaia, com pelagem branca IBIB ou IBi Grupo B


e extremidades (patas, rabos, orelhas IAIB Grupo AB
e focinho) pretas. ii Grupo O
4) Albino, sem pigmento. Damos,
a seguir, os resultados dos cruzamen- 5. O NÚMERO
BIOLOGIA A

tos de parentais (P) homozigotos e o DE GENÓTIPOS


endocruzamento de F1. Como verificamos, existem 3 ale-
Como tais genes são alelos, ocu- Os cruzamentos mostram a exis- los e 6 genótipos no sistema ABO e 4
pam o mesmo lócus em cromosso- tência de 4 alelos com a seguinte re- alelos e 10 genótipos na pelagem de
mos homólogos e cada indivíduo só lação de dominância: coelhos. Note que, à medida que o
poderá ter um par de genes, determi- C (selvagem) > cch (chinchila) > número de alelos aumenta, cresce
nando dez genótipos (Fig. 1). > ch (himalaia) > ca (albino) rapidamente o número de genótipos.

Número de Genótipos
Número de alelos Total Homozigotos Heterozigotos
3 (A, a1 e a2) 6 3 (AA, a1a1 e a2a2) 3 (Aa1, Aa2 e a1a2)
4 (A, a1, a2 e a3) 10 4 (AA, a1a1, a2a2 e a3a3) 6 (Aa1, Aa2, Aa3, a1a2, a1a3 e a2a3)
10 (Aa1, Aa2, Aa3, Aa4, a1a2, a1a3,
5 (A, a1, a2, a3 e a4) 15 5 (AA, a1a1, a2a2, a3a3 e a4a4)
a1a4, a2a3, a2a4, a3a4)
n (n + 1) n (n – 1)
n ————— n —————
2 2

62 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 63

MÓDULO 13 Noções de Imunização


1. IMUNIZAÇÃO 3. A PRODUÇÃO Se houver uma segunda injeção
DOS ANTICORPOS do antígeno, ocorre a resposta secun-
Os seres vivos possuem uma pro- dária, em que a produção de anticor-
priedade chamada imunização, por A célula-mestra no reconheci-
pos é mais rápida e atinge níveis mais
meio da qual podem: mento de um antígeno e na formação
elevados (Fig. 2).
1 – destruir células de agentes in- de anticorpos é um tipo de leucócito
fecciosos, como os micro- conhecido como linfócito.
organismos; Existem dois tipos de linfócitos: T
2 – destruir ou eliminar moléculas, e B. Os linfócitos T devem passar pelo
como as toxinas produzidas timo a fim de sofrer um processo de
pelas bactérias; maturação. O timo é um orgão linfoi-
3 – eliminar tecidos estranhos ao de esponjoso e bilobado situado aci-
organismo, como a rejeição ma do coração, logo atrás do esterno.
de transplantes. Os linfócitos T não produzem anticor-
Tais processos envolvem reações pos e atuam na imunidade celular,
do tipo antígeno-anticorpo. como é o caso da rejeição de órgãos
transplantados, além de influenciarem Fig. 2 – Respostas imunológicas.
2. ANTÍGENOS E ANTICORPOS a atividade dos linfócitos B. Estes não
A resposta secundária envolve a
necessitam de passagem pelo timo e
ação das células de memória; por
Antígenos são substâncias que são responsáveis pela produção de
isso, é chamada de anamnésica.
podem estimular a produção de um anticorpos circulantes, realizando a
anticorpo e reagir especificamente chamada imunidade humoral e atuan-
5. TIPOS DE IMUNIZAÇÃO
com o próprio. do principalmente na lise de micro-
Um antígeno típico é uma proteína organismos e na neutralização de
ou um polissacarídeo, ou um complexo venenos de animais peçonhentos e ❑ Imunização Ativa
contendo ambas as substâncias. O toxinas bacterianas. Ao ser formado, Trata-se da produção de anticor-
anticorpo é sempre uma proteína o linfócito, ainda imaturo, apresenta na pos pelo próprio indivíduo que rece-
denominada imunoglobulina. Com superfície uma série de anticorpos beu antígenos. A imunização ativa
a formação do complexo antígeno-an- específicos. Quando esse linfócito en- pode ser natural ou artificial.
ticorpo, inicia-se uma série de reações contra um antígeno específico para os a) Natural: ocorre quando o
que visam à remoção do antígeno seus anticorpos, acontece a união antígeno penetra naturalmente no or-
estranho ao organismo. Esses pro- entre antígenos e anticorpos. O linfó- ganismo nos processos infecciosos
cessos constituem a resposta imune. cito é, então, ativado e sofre divisão provocados por vírus, bactérias etc.
de diferenciação, produzindo dois ti- b) Artificial: é determinada pela
pos de células: os plas- inoculação proposital de antígenos. A
mócitos e as células de vacina é constituída pelo agente in-
memória. As primeiras feccioso enfraquecido ou por toxinas
produzem os anticorpos por ele produzidas. A vacina contém

BIOLOGIA A
circulantes e as de me- antígenos específicos, sendo utilizada
mória persistem na circu- como um agente profilático.
lação, secretando Quando um micro-organismo pe-
anticorpos após reagirem netra em pessoas vacinadas, já en-
com os antígenos específi- contra os anticorpos que inativam os
cos (Fig. 1). antígenos por ele produzidos.

4. RESPOSTA ❑ Imunização Passiva


PRIMÁRIA E Consiste na inoculação, no orga-
SECUNDÁRIA nismo, de anticorpos produzidos por
outro organismo contra o correspon-
Quando ocorre a primei- dente agente infeccioso. Constitui um
ra injeção de um antígeno, processo de soros terapêuticos. A
após uma semana começa soroterapia é utilizada durante a fase
a produção de anticorpos aguda de uma infecção. Salienta-se
em um nível pouco elevado, que o anticorpo inoculado só protege
diminuindo a seguir: é a por tempo relativamente curto, sendo
resposta primária. logo destruído e eliminado.
Fig. 1 – A produção de anticorpos.
– 63
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 64

MÓDULO 14 O Sistema ABO

1. OS GRUPOS SANGUÍNEOS de um indivíduo possuírem um ou 1.o) Coloca-se num lado de uma


outro dos antígenos, o soro do mes- lâmina de microscopia uma gota de
Quando se injeta sangue de um mo indivíduo não poderá conter o soro anti-A e, no outro, uma gota de
indivíduo em outro, realizando-se a correspondente anticorpo, pois, se soro anti-B.
chamada transfusão, podem sobrevir houvesse a coexistência, ocorreria a
acidentes mais graves e até a morte. aglutinação das hemácias. Assim, o 2.o) Sobre cada gota de soro,
Isso se dá porque há certa incompa- tipo sanguíneo das pessoas pode ser coloca-se uma gota de sangue a ser
tibilidade entre as hemácias de deter- classificado em quatro grupos, de identificado e observa-se o resultado:
minados indivíduos e o plasma de acordo com o quadro a seguir.
outros, que se caracteriza por uma • se não houver aglutinação em
aglutinação, ou seja, reunião de he- Grupo Aglutino- nenhum dos lados, o sangue em exa-
Aglutinina me é do grupo O;
mácias em massas mais ou menos Sanguíneo gênio
(soro)
compactas, de tamanho variável, que (fenótipo) (hemácias)

podem obstruir capilares provocando • se aglutinar dos dois lados, o


A A anti-B sangue é AB;
embolias. Há também hemólise, isto
é, desintegração de hemácias com
liberação de hemoglobina, da qual B B anti-A • se aglutinar somente com o
uma parte será excretada e outra soro anti-A, é do grupo A;
produzirá bilirrubina. AB AeB —
• se aglutinar somente com o
anti-A soro anti-B, é do grupo B.
2. O SISTEMA ABO O —
anti-B

Foi o austríaco Landsteiner que, ❑ A Herança do Grupo ABO


Os grupos sanguíneos ABO são
em 1900, descobriu os grupos san- ❑ A Determinação do Grupo
guíneos do sistema ABO, ao misturar determinados por uma série de três
o sangue de algumas pessoas com o alelos múltiplos: IA, IB e i.
soro sanguíneo de outra. Verificava O gene IA determina a formação
que, em alguns casos, ocorria aglu- do aglutinogênio A.
tinação dos glóbulos vermelhos, isto O gene IB determina a formação
é, reunião deles em grumos, seguida do aglutinogênio B.
de destruição. Com essa descoberta, O gene i não forma aglutinogênio.
tornou-se possível explicar por que as Entre os alelos IA e IB, não há
transfusões de sangue às vezes dominância. Quando juntos, ambos
matavam (quando ocorria aglutinação manifestam seu efeito e a pessoa é do
nos vasos capilares de pessoas tipo AB.
transfundidas) e às vezes nada Por outro lado, tanto IA como IB
BIOLOGIA A

acontecia. Assim é que Landsteiner são dominantes em relação a i e, so-


mostrou que a aglutinação era a mente quando os alelos IA e IB não es-
manifestação de uma reação do tipo tiverem presentes, o indivíduo será do
antígeno-anticorpo, encontrando- tipo O.
se o antígeno nas hemácias e o O quadro abaixo resume a heran-
anticorpo no soro, mas com a parti- ça ABO.
cularidade de o anticorpo ser natural,
ou seja, não necessitar da pre- sença Grupo
Genótipos
do antígeno para ser produzido. O Sanguíneo
antígeno foi chamado agluti-
nogênio, e o anticorpo, aglutinina. Tipo A IAIA ou IAi
Fig. 1 – Determinação dos grupos
sanguíneos ABO por aglutinação em lâmina.
❑ Classificação Tipo B IBIB ou IBi
do Sistema ABO
Landsteiner encontrou dois aglutinó- O processo de determinação do Tipo AB IAIB
genos: A e B, e duas aglutininas cor- grupo sanguíneo tem base na agluti-
respondentes, designadas anti-A e nação ou não das hemácias, quando Tipo O ii
anti-B. É evidente que, se os glóbulos misturadas com os soros anti-A e anti-B.
64 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 65

FRENTE 3 Biologia Animal

MÓDULO 11 O Sistema Excretor

1. CONCEITO DE EXCREÇÃO
Excreção é o processo de elimi-
nação de substâncias que são produ-
zidas em excesso no organismo.
Essas substâncias resultam da ativi-
dade (metabolismo) celular.
As células estão sempre em ativi-
dade; mesmo que não estejam em
crescimento ou em movimento, estão
constantemente sintetizando e de-
compondo substâncias. Essas ativi-
dades dão origem a subprodutos que
não podem ser utilizados e que, se
acumulados em grandes quantida-
Ameba (protozoário dulcaquícola).
des, seriam prejudiciais ao organismo.
Alguns protozoários de água do- Os asquelmintos apresentam dois
❑ Principais excretas
ce apresentam outro mecanismo ex- tipos de sistema excretor: o simples e
As principais excretas são:
cretor. Neles há estruturas chamadas o duplo. O simples aparece nos as-
– CO2 (dióxido de carbono);
vacúolos contráteis ou pulsá- quelmintos de vida livre e é constituído
– H2O (água);
teis, cuja principal função é remover por uma grande célula ventral e an-
– sais;
o excesso de água que entra na cé- terior, com um ducto que se abre
– bile;
lula por osmose. Esse excesso é cole- posteriormente na linha mediana. No
– NH3 (amônia);
tado nesses vacúolos que se con- sistema duplo, também conhecido por
– CO (NH2)2 (ureia);
traem periodicamente e expulsam seu “tubos em H”, existem dois canais que
– C5H4N4O3 (ácido úrico);
conteúdo para o meio. Neles foram correm ao longo das linhas laterais. Na
– creatinina.
encontradas pequenas quantidades parte anterior, os dois tubos unem-se e
A amônia, a ureia e o ácido úrico
de amônia, o que indica a função real- formam um único, que se abre na li-
são provenientes do metabolismo dos
mente excretora de tais vacúolos. nha mediana ventral. Cada tubo é
aminoácidos.
Os vermes achatados (platielmin- constituído por uma única célula cana-
Denomina-se homeostase a
tos) enfrentam o mesmo problema liculada. As paredes dos tubos absor-
capacidade que tem o organismo de
dos protozoários de água doce, ou vem por osmose os catabólitos, que
manter seu meio interno em estado de
seja, é o excesso de água que se são enviados para o poro excretor.
equilíbrio dinâmico.
difunde para o interior das células e Os crustáceos apresentam um

BIOLOGIA A
A homeostase é essencial para a
que deve ser eliminado. Na planária, par de glândulas verdes situado
vida, e a manutenção de um meio in-
o CO2 e a maior parte da amônia ventralmente na cabeça, anterior em
terno equilibrado depende tanto do
(NH3) são excretados por difusão. relação ao esôfago.
sistema excretor quanto dos sistemas
Para remover o excesso de água, Em cada glândula verde, distin-
digestório e circulatório. Nos animais
a planária tem um sistema constituído guem-se o saco terminal, o labirinto,
que têm sistema circulatório, as subs-
por um conjunto de tubos ramificados, o tubo branco, a bexiga e o poro ex-
tâncias que devem ser removidas são
terminando as ramificações menores cretor.
transportadas pelo sangue. Podemos
em uma célula especializada, a célu- O saco terminal é uma cavidade
dizer, portanto, que o sistema excre-
la-flama. Cada célula-flama abre-se de natureza celomática, em contato
tor funciona de modo que mantém
em uma cavidade onde se projetam com o labirinto, uma estrutura de cor
praticamente constante a composição
diversos flagelos, cujo movimento verde, também chamada córtex,
do sangue.
leva a água para os canais excre- constituída por numerosos canículos
2. EXCREÇÃO tores. O nome “célula-flama” deve-se anastomosados, ficando o conjunto
NOS INVERTEBRADOS ao movimento dos flagelos internos com uma consistência esponjosa. Do
Nos protozoários em geral e nos que possui. labirinto sai o tubo branco, de
pluricelulares mais simples (poríferos A célula-flama também é denomi- contorno sinuoso, dilatando-se na
e celenterados), a excreção ocorre nada solenócito e ocorre nos cefa- extremidade e formando a bexiga
por simples difusão. locordados (ex.: anfioxo). com um curto ducto terminado em
– 65
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 66

poro excretor, situado na base da são eliminadas através de estruturas A principal excreta nitrogenada
antena. As glândulas verdes especializadas, os túbulos de dos insetos é o ácido úrico. O fato de
absorvem catabólitos do sangue e dos Malpighi. Uma das extremidades de- ser praticamente insolúvel em água é
líquidos intersticiais. semboca no intestino e a outra se aloja a propriedade mais importante dessa
Os anelídeos (vermes metameri- nas lacunas do sistema sanguíneo. substância, pois não requer água para
zados), como a minhoca, utilizam o Retiram do sangue os produtos de ex- conservar os cristais de ácido úrico no
sistema circulatório como principal creção e os transferem para o tubo interior dos seus tubos excretores.
meio de remoção do CO2 e também digestório, de onde os catabólitos são Esses cristais passam para o tubo di-
apresentam tubos excretores que se eliminados, pelo ânus, com as fezes. gestório e daí são eliminados, pelo
dispõem em pares em quase todos os ânus, com as fezes.
segmentos do corpo (não ocorrem nos
dois primeiros e no último); são deno-
minados nefrídios.
Fluidos contendo as excretas
(água e amônia) entram na abertura
em funil de cada tubo e são levados à
porção terminal deste, que é circun- Nematoide – sistema excretor em H.
dada por numerosos vasos sanguí- Nefrídio de um anelídeo.
neos. A abertura configura-se na ca-
vidade do corpo, de onde as excretas
são coletadas. A parte final do tubo
abre-se em um poro na parede do cor-
po, por onde as excretas são elimi-
nadas.
Os moluscos também apresentam
nefrídios.
Os insetos utilizam-se de diferen-
tes mecanismos de excreção: o dióxi-
do de carbono é eliminado pelas Tubo de Malpighi na barata.
traqueias; as excretas nitrogenadas Os miriápodos e os aracnídeos
Glândula verde de crustáceo.
também apresentam túbulos de
Malpighi.
Os aracnídeos, além dos túbulos
de Malpighi, apresentam um ou dois
pares de glândulas coxais excretoras,
situadas no assoalho do cefalotórax.
Essas glândulas são consideradas
homólogas às glândulas verdes dos
crustáceos.
BIOLOGIA A

3. CLASSIFICAÇÃO
DOS ANIMAIS QUANTO
À PRINCIPAL EXCRETA
NITROGENADA
A amônia é muito tóxica para as
células, a ureia é menos tóxica do que
a amônia e o ácido úrico praticamen-
te não é tóxico.
O fato de os insetos excretarem o
ácido úrico, e não amônia ou ureia, é
uma adaptação para a vida no meio
ambiente terrestre, onde a economia
hídrica é vital para a sobrevivência.
A amônia é a excreta nitrogenada
de animais de pequeno porte que dis-
põem de muita água. A ureia, como a
amônia, também necessita de água
para sua eliminação; portanto, sua ex-
Excreção na planária. creção ocorre em animais que dis-
66 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 67

põem de água em quantidades sufi- em estreito contato com o sistema O girino, que é aquático, excreta
cientes. circulatório materno. Assim, a ureia, principalmente amônia. Entretanto, ao
O homem excreta ureia dissolvida que é bastante solúvel, pode ser sofrer o processo de metamorfose,
em água em quantidade tal que a sua removida do embrião pela circulação torna-se um verdadeiro anfíbio e pas-
concentração é bastante baixa. materna e, a seguir, excretada. sa muito tempo fora d’água. Durante a
Os peixes ósseos eliminam amô- Os embriões de ave e de réptil metamorfose, o animal começa a pro-
nia, e os peixes cartilaginosos excre- desenvolvem-se em um ovo de casca duzir ureia em lugar de amônia e,
tam ureia. rígida e no meio externo (ovíparos). quando a metamorfose se completa,
Os répteis e as aves, da mesma Os ovos são postos com água sufi- a ureia passa a ser produto de
maneira que os insetos, também eli- ciente para mantê-los durante a in- excreção predominante.
minam o ácido úrico como principal cubação. A produção de amônia ou Os peixes dipnoicos constituem
excreta nitrogenada. Nesses animais, mesmo ureia, em tal sistema fechado, outro exemplo interessante. Enquanto
a excreção se dá com uma perda de poderia ser fatal porque tais excretas na água, excretam principalmente
água muito pequena. Sob esse as- são tóxicas. Esses embriões produ- amônia; quando o rio ou o lago se-
pec- to, insetos, aves e répteis zem ácido úrico que, por ser insolú- cam, permanecem na lama e come-
ajustam-se da mesma maneira à vida vel, precipita e permanece çam a estivar e acumular ureia como
terrestre, na qual, frequentemente, o acumulado no alantoide (anexo produto final nitrogenado. Quando as
suprimento de água é limitado. embrionário). Tais características, tão chuvas voltam, esses peixes ex-
Classificam-se os animais, quanto necessárias ao desenvolvimento cretam uma grande quantidade de
à principal excreta nitrogenada, em embrionário, são levadas poste- rior- ureia e iniciam novamente a excreção
três grupos: amonotélicos, ureotélicos mente ao indivíduo adulto. de amônia.
e uricotélicos.
Animais que vivem em ambiente
Animais Ocorrência Observação
terrestre não têm um suprimento ilimi-
tado de água em contato tão próximo
com seus tecidos, como é o caso dos Maioria dos invertebrados aquáti-
aquáticos. Por ser bastante tóxica, a Amonotélicos
cos, teleósteos (peixes ósseos), Solúvel (muito tóxica).
amônia produzida no metabolismo NH3
protocordados.
não pode ser acumulada. Assim, mui-
tos animais terrestres desenvolveram
processos para converter a amônia Ureotélicos Peixes condrictes (cartilaginosos), Solúvel (menos tóxica
em ureia ou ácido úrico. CO(NH2)2 anfíbios, mamíferos. do que a amônia).
De acordo com Needham, bioquí-
mico inglês, a excreção de ureia ou Uricotélicos
ácido úrico é determinada pelas con- Insetos, répteis, aves. Insolúvel (não tóxica).
C5H4N4O3
dições em que o embrião se forma. O
embrião do mamífero desenvolve-se Classificação dos animais quanto à principal excreta nitrogenada.

MÓDULO 12 A Excreção Humana

BIOLOGIA A
1. EXCREÇÃO O néfron é constituído pela ❑ Filtração glomerular
NOS MAMÍFEROS arteríola aferente, glomérulo de Ocorre na cápsula de Bowman: o
Nos animais mais evoluídos, a ex- Malpighi, arteríola eferente, cápsula sangue que chega aos capilares san-
creção ocorre por meio de diversos de Bowman, túbulo contornado guíneos do glomérulo pela arteríola
órgãos. No homem, por exemplo, os proximal, alça de Henle e túbulo aferente é forçado pela pressão san-
rins formam a urina, que é uma so- contornado distal. Os túbulos distais guínea contra as paredes do capilar
lução de excretas nitrogenadas em de vários néfrons desembocam em e da cápsula (paredes semipermeá-
água; a pele excreta o suor, que é ductos coletores. Os vários coletores veis); desse modo, uma parte do
também um produto de excreção; o desembocam na pelve do rim. Da plasma sanguíneo extravasa, ou seja,
fígado elimina a bile, fluido que con- pelve partem para o ureter, que se é filtrada para o interior da cápsula.
tém excretas, os pigmentos biliares; dirige para a bexiga urinária. A urina é O líquido filtrado tem composição
os pulmões excretam água e dióxido formada continuamente no rim e química semelhante à do plasma san-
de carbono. acumulada na bexiga urinária. guíneo, diferindo deste pela ausência
A formação da urina, que ocorre de proteínas.
❑ O rim nos néfrons, deve-se aos processos: A pressão de filtração pode ser
A unidade morfológica e funcional filtração glomerular, reabsor- obtida da seguinte maneira:
do rim é chamada néfron. Cada rim ção e secreção tubular.
apresenta cerca de 1 milhão de néfrons. PF = PS – (PO + PC)

– 67
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 68

em que: portanto, mais de 99% do filtrado é ❑ Secreção tubular


PF = pressão de filtração. reabsorvido à medida que percorre Ao longo do néfron, substâncias
PS = pressão hidrostática do san- os túbulos renais e os ductos cole- indesejáveis podem ser eliminadas
gue nos capilares. tores. pelo sangue, diretamente no fluido do
PO = pressão osmótica das pro- Muitas substâncias componentes túbulo renal. É o que ocorre, por exem-
teínas do plasma (pressão oncótica). do filtrado capsular são necessárias plo, com o antibiótico que o indivíduo
PC = pressão hidrostática da cáp- ao organismo e não podem ser per- doente recebeu. Ele é secretado
sula de Bowman. didas com a urina (como água, sais, ativamente na urina em formação.
substâncias alimentares etc.). Essas 2. O FATOR NATRIURÉTICO
❑ Reabsorção renal substâncias são transportadas do in- ATRIAL (FNA)
O filtrado capsular formado na terior do túbulo para o interior dos ca- Adolpho de Bold descobriu um
cápsula de Bowman flui ao longo do pilares peritubulares e contra um gra- hormônio denominado FNA. Trata-se
túbulo renal (túbulo contornado pro- diente de concentração, isto é, de de um composto químico produzido
ximal, alça de Henle e túbulo contor- uma região de menor concentração pelo átrio cardíaco. O FNA promove
nado distal) e atinge o ducto coletor. (interior do túbulo) para uma de maior uma vasodilatação da arteríola afe-
Nesse trajeto, a maior parte da água concentração (interior do capilar san- rente e uma vasoconstrição simultâ-
e das substâncias nela dissolvidas é guíneo). Esse transporte, através das nea da arteríola eferente, aumentando
reabsorvida pelos capilares sanguí- células dos túbulos renais (reabsor- a pressão glomerular e o volume de
neos; o restante do filtrado irá cons- ção), é feito por meio do mecanismo urina produzida e contribuindo para a
tituir a urina. de transporte ativo. diminuição da pressão sanguínea.
Nos dois rins do homem, são pro- A reabsorção ativa dos solutos ci-
3. CICLO DA ORNITINA
duzidos por minuto cerca de 130 cm3 tados pelos túbulos proximais é acom-
Os aminoácidos que não são uti-
de filtrado capsular; porém, esse flui- panhada de uma reabsorção pas-
lizados na síntese proteica são trans-
do modifica-se bastante à medida que siva do seu solvente – a água. Esse formados, para fornecer parte da
flui ao longo dos túbulos renais até mecanismo, denominado reabsor- energia utilizada pelo organismo. Esse
atingir o ureter. Já a produção de uri- ção obrigatória, é decorrente da processo envolve a perda do grupo
na é de cerca de 1 cm3 por minuto; necessidade de manter-se o equilíbrio NH2. Os grupos NH2 reagem forman-
osmótico nessa região do do amônia. No fígado, a maior parte
néfron. da amônia dá origem a um composto
O mecanismo de reabsor- menos tóxico, a ureia; desse modo,
ção ao longo da alça de Henle nos animais ureotélicos, a ureia é
acontece da seguinte maneira: produzida principalmente no fígado, a
o ramo ascendente é imper- partir dos resíduos metabólicos de
meável à água, porém reabsor- amônia e de carbono, de acordo com
ve sódio; dessa maneira, o a seguinte reação:
fluido tubular torna-se menos 2NH3 + CO2 → H2N — C — NH2 + H2O
concentrado ao chegar ao ||
túbulo contornado distal e ao O
ducto coletor. A ureogênese dá-se da seguinte
A permeabilidade à água maneira: uma molécula de amônia e
das paredes do túbulo distal e
BIOLOGIA A

uma de CO2 combinam-se com a


O néfron (unidade funcional do rim). do ducto coletor é variável. As- ornitina, originando outro aminoácido,
sim, nessas porções, a reabsor- a citrulina. Este aminoácido se com-
ção da água é controlada pelo bina com uma molécula de ácido
hormônio antidiurético (ADH). aspártico (uma segunda molécula de
O ADH faz aumentar a per- amônia é consumida na produção do
meabilidade da membrana, le- ácido aspártico), formando a arginina,
vando a uma maior reabsorção que reage com água, dando ureia e
de água. Na ausência do ADH, ornitina. Note que temos aqui um
a membrana torna-se imper- mecanismo cíclico, que se denomina
meável à água, que, então, é eli- ciclo da ornitina.
minada na urina. Essa absorção
de água controlada pelo ADH é
denominada reabsorção fa-
cultativa, porque depende so-
mente das necessidades hídri-
cas do organismo e não tem
relação com a concentração
Rim completo. dos solutos do fluido tubular.
68 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 69

MÓDULO 13 O Sistema Muscular

1. GENERALIDADES mam, diminuindo a faixa H. Observan-


Os músculos apresentam as se- do a figura que se segue, notamos
guintes funções: que a banda A não altera suas dimen-
– sustentação; sões durante a contração e o rela-
xamento, enquanto a banda I diminui
– locomoção (movimentação);
de comprimento na contração e au-
– fornecimento de calor (homeo-
menta no relaxamento.
termos);
Como os únicos contatos obser-
– manutenção da forma;
váveis entre os miofilamentos são as
– pressão sanguínea (coração).
pontes laterais, que partem dos miofi-
Na minhoca, a sustentação é
la- mentos de miosina, admite-se que
exercida especialmente pelos múscu-
tais pontes sejam as responsáveis pe-
los, pois ela não apresenta esqueleto. lo deslizamento, deslocando-se os
A função de movimento deve filamentos de actina em relação aos
compreender não somente os movi- Estrutura do músculo
estriado cardíaco de mamífero. de miosina.
mentos macroscópicos (visíveis facil-
mente), como também o movimento As miofibrilas, vistas ao microscó-
dos órgãos internos. pio eletrônico, aparecem constituídas
Podemos classificar os músculos por miofilamentos, com espessura
em três tipos: liso ou visceral, cardía- de 50 Å a 100 Å. Esses miofilamentos
co e estriado esquelético. interdigitam-se de tal modo que seu
O músculo é constituído de um arranjo determina as faixas A e I.
grande número de fibras ou células A banda A é composta de fila-
que possuem cerca de 100 µm de mentos grossos de uma proteína – a
diâmetro. A célula (esquema 2) apre- miosina, que se imbrica com fila-
mentos finos de outra proteína – a ac- A contração muscular.
senta-se com estriação transversal.
Observando-se uma célula isolada tina. A banda I contém somente fila-
mentos finos de actina. Os filamentos ❑ Dependência
(em 3), nota-se que há inúmeras fi- do Sistema Nervoso
brilas dispostas longitudinalmente no grossos de miosina mostram pontes
Os músculos estriados são esti-
seu interior – são denominadas miofi- laterais que se dirigem para os fila-
mulados para a contração por impul-
brilas, com cerca de 1 µm de espes- mentos finos de actina.
sos nervosos. Dependem de impulsos
sura. Nos esquemas 4, 5 e 6, apare- 2. MECANISMO DA provenientes dos nervos medulares e
cem, em aumento crescente, porções CONTRAÇÃO MUSCULAR cerebrais para iniciar sua atividade.
de uma miofibrila. A miofibrila apre- Essa dependência é tão grande que,
senta estriações transversais e tais Segundo Huxley (Prêmio Nobel em quando há uma separação entre
estrias seguem um padrão definido: o 1963), a contração muscular obedece nervo e músculo, não há mais con-
trecho compreendido entre duas es- à teoria dos filamentos deslizantes. tração e os músculos se atrofiam.

BIOLOGIA A
trias Z denomina-se sarcômero De acordo com essa teoria, quan- O músculo estriado nunca está
(unidade estrutural e fisiológica da do ocorre a contração, os miofilamen- em repouso completo, mas levemente
contração); estria Z é uma região de tos de actina e miosina não se contraído, porque recebe constante-
condensação de proteína; a faixa mais encurtam nem se esticam; eles desli- mente impulsos nervosos da medula
clara, situada entre duas bandas A, zam uns sobre os outros, de maneira e do cérebro. Esse estado de contra-
chama-se banda I. que os filamentos de actina se aproxi- ção chama-se tônus.

Tipos de N.o de núcleos Estrias Velocidade Comando


músculos por célula transversais (da contração) nervoso

Liso ou S. N. Autônomo
1 ausentes lenta
viceral (involuntário)

Estriado S. N. Autônomo
1 ou 2 presentes rápida
cardíaco (involuntário)

Estriado Cerebral
vários presentes rápida
esquelético (voluntário)

– 69
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 70

Quando o impulso nervoso atinge obter a resposta deste chama-se es- Uma fibra muscular isolada, quan-
a junção neuromuscular, ocorre aí uma tímulo. do estimulada, obedece à “Lei do
série de fenômenos bioquímicos. Nem Em preparações neuromuscula- Tudo ou Nada”.
todas essas reações são completa- res, pode-se produzir a contração Se o estímulo for subliminar, a
mente conhecidas. O resultado final aplicando-se diversas classes dos fibra não responde, mas, se for limiar
do impulso nervoso é a contração das estímulos (mecânicos, químicos, elé- ou supraliminar, responde com intensi-
fibras musculares. A contração total tricos) ao músculo ou ao nervo (es- dade máxima.
do músculo esquelético é o resultado timulação direta ou indireta, respec- O músculo, bem como o nervo,
da contração maciça das fibrilas das tivamente). obedece à “Lei do Tudo ou Nada”.
células musculares.

3. EXCITABILIDADE
MUSCULAR
A contração pode ser provocada
artificialmente nos músculos in situ ou
recém-separados do organismo. O Observação da contração de
agente aplicado ao músculo para se um músculo na tela de um osciloscópio. Lei do Tudo ou Nada.
BIOLOGIA A

A figura acima mostra a estrutura da célula (fibra) muscular estriada esquelética,


desde o músculo visível a olho nu em 1 até o nível ultramicroscópico em 6.

70 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 71

MÓDULO 14 O Neurônio

1. O NEURÔNIO 2. SINAPSE sa entrada de íons sódio com inver-


são do potencial: o interior do axônio
O sistema nervoso é constituído As células nervosas e seus pro- passa a ser positivo e o exterior nega-
por uma rede de unidades celulares longamentos fazem contatos umas tivo [potencial de ação (PA)].
denominadas neurônios (células ner- com as outras através de pontos de- Logo após a passagem da onda
vosas). Os neurônios mostram uma va- nominados sinapses. Na sinapse, o de despolarização (inversão de esta-
riedade de forma e tamanho, porém axônio terminal não está em contato do elétrico), o equilíbrio iônico se es-
possuem elementos comuns. Uma direto (continuidade) com a membra- tabelece e a fibra estará em condi-
célula nervosa típica tem três partes na das ramificações do neurônio se- ções de desenvolver um novo poten-
principais: dendritos, axônio (cilindro- guinte, mas existe aí uma fenda da cial de ação (influxo). Isto ocorre por
eixo ou fibra nervosa) e corpo celular. ordem de 200 Å de largura. A trans- mecanismo de transporte ativo de
Os dendritos e o axônio (este sem- ferência de um influxo nervoso atra- íons com consumo de energia (ATP).
pre único em cada célula) são prolon- vés dessa sinapse é feita por meios
gamentos do neurônio. Os dendritos químicos. Uma característica impor-
conduzem o influxo nervoso em dire- tante é que a transmissão do impulso
ção ao corpo celular. No axônio, pode na sinapse se processa somente no
haver, além de membrana celular, duas sentido axônio-dendrito e nunca no
outras bainhas: bainha de mielina (in- sentido inverso. Desse modo, a sinap-
terna) e bainha de Schwann (externa, se atua como uma válvula de sentido
celular). Essas bainhas são interrom- único.
pidas em intervalos regulares por es-
trangulamentos chamados nódulos de
Ranvier, que têm papel importante na
velocidade da condução nervosa.
Nervo é um grande número de
axônios, cada um originário de um neu-
rônio diferente. O nervo não contém
corpos celulares, pois estes estão lo-
calizados no encéfalo, na medula e
nos gânglios nervosos. A sinapse.

3. CONDUÇÃO DO IMPULSO

No neurônio, em razão da per-

BIOLOGIA A
meabilidade seletiva, há uma dife-
rente distribuição de íons através da
membrana, gerando um maior acú-
mulo de íons positivos fora da mem-
brana (do axônio) em relação a seu
interior. Essa distribuição diferencial
de íons cria uma diferença de po-
tencial que oscila ao redor de – 70 mV,
que é o potencial de repouso (PR).
Quando um impulso nervoso se
propaga pelo axônio, o que se obser-
va é uma onda de aumento de per- Condução do impulso
Esquema de um neurônio. meabilidade, provocando uma inten- nervoso ao longo do axônio.

– 71
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 72

FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 11 A Química da Fotossíntese

1. DEFINIÇÃO O ATP é uma substância de alto b) Absorção do dióxido de carbo-


É o processo de conversão de conteúdo em energia. A energia fica no (CO2).
energia luminosa em energia química, acumulada nas ligações fosfatos (P). c) Fixação do CO2.
no qual o vegetal sintetiza substân- Este composto é formado por uma d) Redução do CO2 e a conse-
cias orgânicas a partir de água, base nitrogenada chamada adenina, quente formação do carboidra-
um açúcar chamado ribose (pentose) to ou açúcar que pode ser
dióxido de carbono e luz.
e três grupos fosfatos (PO4)–3. representado pela fórmula mí-
Quando o ATP, por hidrólise, nima (CH2O).
2. EQUAÇÃO A redução do CO2 pode-se ex-
O fenômeno da fotossíntese pode transforma-se em ADP e fosfato,
pressar pela seguinte reação:
ser expresso pela seguinte equação: libera muita energia, utilizada pelo
luz cloroplasto na síntese dos compostos CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
12H2O + 6CO2 –––––– C6H12O6 + 6H2O + 6O2 orgânicos. ATP ⎯⎯→ ADP + P
clorofila
Assim, na fotossíntese, ocorre a Nesta fase o desdobramento do
3. FASES DA FOTOSSÍNTESE síntese de ATP a partir de ADP e fos- ATP em ADP + P fornece a energia
O órgão da planta adaptado para fato. Este processo absorve a energia utilizada para a síntese do açúcar.
a fotossíntese é a folha. As células luminosa captada pelas moléculas de Melvin Calvin e seus colaborado-
dos parênquimas clorofilianos são ri- clorofila. res forneceram CO2 com carbono 14
cas em cloroplastos e, no interior des- O processo chama-se fotofos- (carbono radioativo) a uma suspensão
tas estruturas, ocorre a transformação forilação e a reação pode ser assim de algas verdes do gênero chlorella e
de energia luminosa em energia representada: conseguiram determinar o caminho do
luz carbono do CO2 na fotossíntese.
química. ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP
Atualmente, a fotossíntese é divi- clorofila
dida em duas etapas: Reações da fase luminosa 4. EQUAÇÕES DA
– luminosa ou fotoquímica luz FOTOSSÍNTESE
ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP ❑ Fase luminosa
(ocorre nos grana do cloroplasto). clorofila
– química, escura ou enzi- luz
4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2 luz
mática (ocorre na matriz ou estroma clorofila 4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2
do cloroplasto). clorofila
A etapa luminosa ou fotoquí- Produtos da fase luminosa luz
ATP = Substância energética. ADP + P ⎯⎯⎯→ ATP
mica caracteriza-se por clorofila
NADPH2 = Substância energé-
BIOLOGIA A

a) Absorção de luz pelos pigmen-


tica e agente redutor. ❑ Fase escura
tos do cloroplasto, especial-
O2 = liberado para a atmosfera. CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
mente as clorofilas. Utilizando-se de água na qual
b) Transformação de energia lu- ATP ⎯⎯⎯→ ADP + P
o oxigênio é O18 em lugar de O16, foi
minosa em energia química, possível demonstrar que o oxigênio li- Somando-se as reações apresen-
que leva à formação de dois berado na fotossíntese provém da tadas e fazendo-se as devidas simpli-
compostos energéticos: água e não do CO2. ficações, chega-se a uma equação
ATP (Adenosina Trifosfato) e A etapa escura, química ou simplificada da fotossíntese:
NADPH2 (Nicotinamida Ade- enzimática caracteriza-se por
luz
nina Dinucleotídeo Fosfato re- a) Utilização dos produtos da fa- 2H2O + CO2 ⎯⎯⎯→ (CH2O) + H2O + O2
duzido) se luminosa (ATP e NADPH2). clorofila

72 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 73

MÓDULO 12 Fatores que Influenciam na Fotossíntese

1. FATOR LIMITANTE 2. DIÓXIDO DE A utilização de combustíveis fós-


A fotossíntese é influenciada por CARBONO (CO2) seis (petróleo e carvão) e as quei-
fatores internos (grau de abertura dos A atmosfera normalmente possui madas de matas tendem a provocar
estômatos, quantidade de clorofila 0,03% de CO2 (300 partes por milhão). um aumento na taxa de CO2 na
etc.) e por fatores externos, como luz, Parte deste CO2 penetra na folha atmosfera, acarretando o chamado
concentração de CO2, temperatura. É através dos estômatos e entra em con- “efeito estufa”.
claro que a eficiência desse processo tato com a parede que está hidratada.
vai depender de todos esses fatores, A entrada do CO2 pelos estômatos 3. A TEMPERATURA
que agem separadamente um do outro. ocorre por simples difusão, obede- E A FOTOSSÍNTESE
cendo ao gradiente de concentração. Nas reações fotoquímicas, prati-
Se vamos analisar um dos fatores
(De alta para baixa concentração.) Os camente a temperatura não tem
que agem no processo, por exemplo a
cloroplastos utilizando o CO2 na fotos- nenhum efeito. Mas, como já vimos, a
intensidade luminosa, variamos esse
síntese, criam uma baixa concen- fotossíntese tem uma etapa química
fator e mantemos os demais constan-
tração de CO2 no interior da folha, que é catalisada por enzimas. Aí, a
tes. Mas não podemos esquecer que
facilitando a entrada deste gás. temperatura tem grande influência. De
também estes estão atuando no pro-
Ao entrar em contato com a pa- um modo geral, de O°C até cerca de
cesso. Com base neste pressuposto, 40°C, as reações enzimáticas dobram
rede celular hidratada o CO2 dissolve-
Blackmann, em 1905, emitiu o princí- – de velocidade a cada aumento de
se na água e forma íons HCO 3 (CO2 +
pio do fator limitante, segundo o qual: → H CO → H+ + HCO– ). Os 10°C na temperatura.
+ H 2O ← 2 3← 3
“Quando um processo é in- íons HCO–3 chegam ao cloroplasto por
fluenciado por diversos fato- Observe o gráfico abaixo:
gradiente de concentração.
res que agem isoladamente, a
velocidade do processo fica Isto significa que a velocidade
limitada pelo fator que está com que o CO2 se difunde para o in-
em menor intensidade.” terior da folha depende fundamen-
talmente da concentração de CO2 no
Tal princípio está ilustrado no grá- ar. Um aumento na taxa de CO2 no ar
fico a seguir, que mostra o efeito da provoca um aumento na velocidade
concentração de CO2 na fotossíntese de difusão do gás. Assim, uma das
de uma planta, em três diferentes lu- técnicas para aumentar a produtivi-
minosidades. dade das plantas é o enriquecimento
do ar de estufas com CO2 durante o
dia. O processo é chamado adubação
por CO2.
O cultivo de tomates, pepinos,
verduras e tabaco, em ar contendo Influência da temperatura na fotossíntese.
0,1% de CO2 provocou uma duplica- O gráfico mostra que, com baixa
ção na velocidade de crescimento

BIOLOGIA A
intensidade luminosa, a temperatura
daqueles vegetais. praticamente não influi no processo,
O gráfico seguinte mostra a in- pois a luz é fator limitante. Já com alta
fluência da concentração de CO2 na intensidade luminosa, o aumento da
Neste gráfico pode-se observar velocidade de fotossíntese de uma temperatura intensifica o processo de
que em A (concentração zero de CO2) planta terrestre. fotossíntese, como em qualquer rea-
não há fotossíntese. À medida que se ção enzimática.
aumenta a concentração de CO2, a Em plantas aquáticas e subtro-
velocidade de fotossíntese também picais, a fotossíntese cessa à tem-
aumenta até 5cc de CO2 por hora. peratura de alguns graus acima de
Nesta porção AB da curva, a con- zero. Já nas zonas temperadas, só
centração de CO2 é fator limitante. En- paralisa quando a temperatura cai a,
tretanto, na porção BC, a luz passa a 0°C, ou a temperaturas abaixo de
ser o fator limitante. Agora, para um zero.
aumento de concentração de CO2 De um modo geral, a temperatura
(BD), deve-se aumentar a intensidade ótima está entre 30 e 38°C.
luminosa, a qual passa a ser limitante Em tempetaturas elevadas (57°C),
na porção DE e assim sucessiva- a fotossíntese cessa (destruição das
mente. enzimas).
– 73
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 74

MÓDULO 13 Fatores que Influem na Fotossíntese: Luz e Ponto de Compensação Luminoso (PCL)

A luz é uma pequena parte da ta, devemos estabelecer uma compa- e todo o CO2 produzido na respiração
energia radiante que chega à Terra. É ração entre a fotossíntese e sua res- será utilizado na fotossíntese.
a parte visível do espectro eletromag- piração em função da variação de Conclui-se que os dois fenô-
nético, que vai desde as ondas de intensidade luminosa. menos se neutralizam no cha-
rádio até os raios X e raios gama. A mado ponto de compensação
luminoso.
faixa de luz visível (espectro lumino- ❑ Definição
No entanto, quando a planta rece-
so) é de interesse especial para a fo- Ponto de compensação é uma in-
be luz acima do ponto de compensa-
tossíntese. Compreende luz de dife- tensidade luminosa, na qual a razão
ção fótico, a taxa de fotossíntese é
rentes cores: violeta, azul, verde, ama- de fotossíntese é igual à razão de
maior que a taxa de respiração, sendo
relo, alaranjado e vermelho. respiração.
Verificando-se o espectro de ab- a produção de glicose e oxigênio
Observe as reações de fotossín-
sorção da clorofila em álcool metílico, maior do que o seu consumo e, em
tese e de respiração, e note que são
observou-se que o máximo de absor- consequência, ocorre o crescimento
fenômenos opostos.
ção ocorre nas radiações azul e ver- da planta.
fotossíntese
melha e que a mínima absorção ⎯⎯→ C H O + 6H O + 6O
12H2O + 6CO2 ←⎯⎯ O ponto de compensação varia
6 12 6 2 2
ocorre nas radiações verde e amarela respiração de espécie para espécie, mas, de um
(Fig. 1). modo geral, as plantas são classifica-
Quando uma planta recebe luz no
seu ponto de compensação fótico, das em plantas de sombra (umbró-
❑ Ponto de compensação toda a glicose produzida na fotossín- fitas), quando possuem ponto de
luminoso (fótico) tese será consumida na respiração; compensação baixo, e de sol (helió-
Na determinação do ponto de assim como todo o O2 produzido na fitas), quando possuem ponto de
compensação luminoso de uma plan- fotossíntese será gasto na respiração compensação alto.
BIOLOGIA A

Fig. 1 – Espectro de absorção das clorofilas a e b.

74 –
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 75

MÓDULO 14 Mitocôndria e Respiração Aeróbia

1. INTRODUÇÃO Esta organela é constituída por série de degradações que leva à for-
uma membrana externa e outra mação de duas moléculas de ácido
Por meio da fotossíntese, que ocor- interna, ambas de constituição lipo- pirúvico. Durante a glicólise, ocorre
re no cloroplasto, as plantas sinte- proteica. A membrana interna cresce descarboxilação (saída de CO2) e de-
tizam compostos orgânicos, os para o interior da mitocôndria, for- sidrogenação (saída de hidrogênio).
quais armazenam energia. Esta ener- mando as cristas mitocondriais. Ainda nessa fase, há liberação de
gia pode ser liberada para a célula O interior da mitocôndria é ocu- energia. Grande parte dessa energia
utilizá-la em suas atividades bioló- pado por um coloide chamado ma-
gicas. O processo pelo qual as cé- é utilizada na síntese de ATP a partir
triz (estroma) mitocondrial.
lulas retiram a energia acumulada nos de ADP e fosfato (P ou Pi), fenômeno
A matriz é formada principal-
compostos orgânicos é a respira- denominado fosforilação oxida-
mente de proteínas e lipídios, e nela
ção celular. tiva.
estão os mitorribossomos. Na ma-
Os compostos energéticos utiliza- triz, encontram-se os finos cordões de
dos pela célula podem ser proteínas, Reações da Glicólise
DNA, o DNA mitocondrial.
lipídios e carboidratos. De todos os desidrogenase
A presença de DNA e ribos-
compostos, a substância mais utiliza- somos permite às mitocôndrias a C6H12O6 ⎯⎯⎯⎯→ 2CH3 – CO – COOH +
da pela célula é a glicose. Quando síntese de RNA e de proteínas.
existe uma quantidade suficiente de As mitocôndrias originam-se por + 4H+ + 4e– +
glicose, muito raramente a célula utili- divisão de outras preexistentes.
za outra substância para a respiração.
A respiração celular é dividida em 3. FASES DA Fosforilação oxidativa
dois tipos: RESPIRAÇÃO AERÓBIA
• aeróbia; ADP + P + → ATP
• anaeróbia (fermentação). A degradação dos compostos
orgânicos para a liberação de energia
2. RESPIRAÇÃO AERÓBIA ocorre em três fases: O ATP é uma substância que ar-
• Glicólise: acontece na matriz mazena grandes quantidades de
A respiração aeróbia depende energia.
citoplasmática (hialoplasma).
fundamentalmente de um organoide A glicólise é um fenômeno que
• Ciclo de Krebs: ocorre na
citoplasmático denominado mito-
matriz da mitocôndria. ocorre tanto na respiração aeróbia
côndria.
• Cadeia respiratória: reali- quanto na anaeróbia.
O número de mitocôndrias numa
za-se na crista mitocondrial. O ácido pirúvico formado sofre
célula é muito variável, entre algumas
dezenas e várias centenas. De um descarboxilacão e transforma-se no
modo geral, as células mais ativas, ❑ Glicólise ou ácido acético (H3C – COOH), com-
como a nervosa e a muscular, apre- formação de piruvato posto orgânico de dois carbonos.

BIOLOGIA A
sentam maior número de mitocôndrias. Nesta fase, a glicose sofre uma
descarboxilase
Ácido ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ Ácido + CO2
pirúvico acético
3-C 2-C

O ácido acético é transpor-


tado, por ação da coenzima A, para
o interior da mitocôndria, dando ori-
gem à acetilcoenzima A.
No interior da mitocôndria, o ra-
dical acetil (2-C) combina-se com
o ácido oxalacético (4-C), for-
mando o ácido cítrico (6-C). Inicia-
se o Ciclo de Krebs. A coenzima A
retorna ao hialoplasma para reagir
Estrutura de uma mitocôndria. com outro ácido acético.
– 75
C3_Curso A_Teoria_Tony_2012 12/01/12 10:32 Página 76

❑ Ciclo de Krebs
O ácido cítrico, formado na rea-
ção do radical acetil com o ácido
oxalacético, sofre desidrogenação e
descarboxilação, originando vários
compostos intermediários, e termina
por produzir um novo ácido oxalacé-
tico. Conclui-se que o acetil que pe-
netrou na mitocôndria é totalmente
quebrado em CO2, íons H+ e elé-
trons, havendo liberação de energia
e síntese de ATP.
Os íons H+ reagem com um
composto chamado nicotinamida-
adenina-dinucleotídeo (NAD),
formando NAD . 2H+.
Os elétrons que resultam dos
íons H+, ricos em energia, serão
transportados ao longo de uma ca-
deia de substâncias localizadas nas
cristas da mitocôndria. É a cadeia tempo, os dois prótons do NAD . 2H+, formando-se assim uma molécula de
respiratória, onde serão sinteti- água (H2O). O NAD . 2H+ volta a ser NAD e novamente se torna capaz de
zados 32 ATPs. captar novos íons H+. Na passagem de elétrons, há liberação de energia que
será utilizada na síntese de ATP (fosforilação oxidativa).
❑ Cadeia respiratória
Nas cristas mitocondriais, existem 4. RENDIMENTO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO
substâncias aceptoras de elétrons, Glicólise ⎯⎯⎯→ 2 ATP
entre elas o FAD (flavina – adenina – Ciclo de Krebs ⎯⎯⎯→ 2 ATP
dinucleotídeo) e os citocromos b, c, Cadeia Respiratória ⎯→ 32 ATP
–––––––
a, a3, proteínas que contêm ferro. Total 36 ATP
Todas essas substâncias transportam
elétrons, levando-os ao aceptor final,
5. EQUAÇÃO GERAL DA RESPIRAÇÃO AERÓBIA
que é o oxigênio. Cada oxigênio
C6H12O6 + 6H2O + 6O2 → 6 CO2 + 12H2O + 36 ATP
recebe dois elétrons e, ao mesmo
BIOLOGIA A

Cadeia respiratória.

76 –

Você também pode gostar