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1.

A partícula em uma caixa (Tópico 1C)

RECURSOS ESPECIAIS
A maneira sofisticada – e comum – de encontrar os níveis de energia e as funções de onda de uma partí-
cula em uma caixa consiste em usar o cálculo avançado para resolver a equação de Schrödinger.

Como isso é feito?


A equação de Schrödinger (Equação 1 no Tópico 1C) é

A energia potencial da partícula é zero em qualquer ponto no interior da caixa, logo V(x) ⫽ 0 e
a equação a ser resolvida é

As equações diferenciais normalmente são resolvidas reconhecendo-se sua forma e verificando


se a solução proposta satisfaz à equação original. Uma equação como essa tem soluções da forma
sen
em que A, B e k são constantes. Para verificar se essa expressão é uma solução, insira-a na equa-
ção diferencial e use d(sen kx)/dx ⫽ k cos kx e d(cos kx)/dx ⫽ ⫺ k sen kx:

Essa expressão satisfaz à equação de Schrödinger original e é idêntica se Segue-se que

A próxima tarefa é encontrar as constantes A, B e k na função de onda. Um dos critérios de


aceitação de uma função de onda é que, a exemplo de uma corda de violão, ela varie de maneira
uniforme. Assim como a corda, uma função de onda não pode ser reduzida de um valor qualquer
no interior da caixa a zero nas paredes: para ser contínua, precisa ser zero nas paredes. Por-
tanto, para uma caixa com comprimento L, precisa ser zero nas bordas da caixa, em x ⫽ 0 e
x ⫽ L. Essas limitações são chamadas de “condições de contorno”. Se x ⫽ 0, sen 0 ⫽ 0 e cos 0 ⫽ 1,
então ⫽ B. Contudo, ⫽ 0, portanto B ⫽ 0 e a função de onda assume a forma
sen
Para encontrar o valor de k, use a segunda condição de contorno, ; isto é,
sen
Fazer A ⫽ 0 não é possível, porque seria zero em todos os pontos, o que significaria que
a partícula não estaria em ponto algum. Portanto, para garantir que , reconheça que
sen nπ ⫽ 0, com n ⫽ 1, 2, … e faça kL ⫽ nπ:
sen
Então, substituindo na expressão de E, tem-se que

exatamente como encontrado no cálculo no texto.


Para encontrar a última constante, A, use o fato de que a probabilidade de encontrar a par-
tícula em uma região de comprimento dx em x é e, portanto, a probabilidade total de
encontrar a partícula entre x ⫽ 0 e x ⫽ L é a soma (integral) dessas probabilidades. Como a
probabilidade total precisa ser igual a 1 (a partícula precisa estar em algum lugar na caixa), “nor-
malize” as funções de onda, isto é, defina a integral como sendo igual a 1:

O resultado da integral é L/2; logo, A²L/2 ⫽ 1 e A ⫽ (2/L)1/2 e a forma final da função de onda é
dada na Equação 2 no Tópico 1C,
2 Recursos Especiais

2. O pH de Sais Anfipróticos (Tópico 6D)


A base conjugada de um ácido poliprótico é anfotérica: ela pode atuar como ácido (doando
prótons) ou base (aceitando prótons). O importante é saber se a função ácido predomina sobre
a função base ou vice-versa.

Como isso é feito?


Considere uma solução de um sal MHA contendo o ânion HA–, que é a base conjugada do
ácido H2A (exemplos incluem HS⫺ de H2S e HCO3⫺ de H2CO3). Existem cinco espécies a
considerar: HA⫺, seu ácido conjugado (H2A) e sua base conjugada (A2–), H3O⫹ e OH⫺; suas
concentrações estão relacionadas.
1. As duas constantes de acidez:

Das quais segue-se que

(1)

(2)

2. A conservação da massa. A soma das concentrações de todas as espécies contendo áto-


mos ou grupos de átomos de A precisa ser igual à concentração nominal do sal, S, por-
que os átomos não podem desaparecer. Segue-se que
(3)
3. A conservação da carga. Como a solução é eletricamente neutra, a concentração total de
cargas positivas precisa ser igual à concentração total de cargas negativas. Isto é,

Note que os íons A2⫺ são multiplicados por 2 porque têm carga dupla. A concentração
dos íons M⫹ é igual à concentração nominal do sal, porque não são protonados; logo,
essa equação se torna
(4)
⫹ ⫺
4. O equilíbrio de autoprotólise. As concentrações dos íons H3O e OH estão relaciona-
das pela constante de autoprotólise da água:
(5)
Nesse estágio, existem cinco equações e cinco incógnitas.
Agora resolva as equações para [H3O⫹]. A diferença entre as Equações 3 e 4 é

Use as Equações 1, 2 e 5:

A multiplicação por Ka1[H3O⫹] dá

e, portanto,

Nesse estágio, suponha que HA⫺ seja um ácido fraco e uma base fraca, o que signifi-
ca que é muito pouco protonado ou desprotonado. Portanto, [HA⫺] pode ser considerado
como aproximadamente igual a S, a concentração nominal do sal:
Recursos Especiais 3

Essa expressão pode ser usada sem aproximações para encontrar o pH, extraindo a raiz qua-
drada dos dois lados:

e então o logaritmo negativo (e usando ):

(6)

Dependendo da natureza da solução, é possível introduzir aproximações e desenvolver uma


expressão muito mais simples. Logo, se e forem verdadeiras, então o
numerador na Equação 6, e o denominador Logo,

(7a)

Isto é,

(7b)

como foi demonstrado no texto (Tópico 6E).


A tabela abaixo resume o uso da Equação 7b para estimar o pH de sais anfotéricos (in-
cluindo os de ácidos tripróticos):

Sal de MHA do ácido H2A


Considere Válido se
Que são e
Sal de M2HA do ácido H3A
Considere Válido se
Que são e
Sal de MH2A do ácido H3A
Considere Válido se
Que são e

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