Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Medicina Nuclear PDF
Medicina Nuclear PDF
1 – PRINCÍPIOS GERAIS
1
Física
Médico
do
Centro
de
Medicina
Nuclear
do
Instituto
de
Radiologia
do
Hospital
das
Clínicas,
São
Paulo,.
2
Físico
de
Proteção
Radiológica
do
SESMT
da
Universidade
de
São
Paulo.
Doutor
em
Física
(Instituto
de
Física
da
USP),
Mestre
em
Ciências
(Instituto
de
Física
da
USP),,
Especialista
em
Vigilância
Sanitária
–
área
Radiações
Ionizantes
(Faculdade
de
Saúde
Pública
da
USP)
3
Físico
de
Proteção
Radiológica
do
SESMT
da
Universidade
de
São
Paulo.
Especialista
em
Radiologia
Diagnóstica
e
Medicina
Nuclear(Associação
Brasileira
de
Física
Médica)
1
fármaco. Desta associação nasce um novo composto, denominado radiofármaco.
Como este radiofármaco emite radiação ionizante, sua distribuição no interior do
corpo pode agora ser identificada através do uso de um sistema de detecção de
radiação ionizante.
2
Esta
é
uma
imagem
de
um
estudo
de
captação
óssea
de
corpo
inteiro
4
A Figura 3 apresenta alguns dos principais isótopos radioativos utilizados em
Medicina Nuclear, com indicação do tipo de emissão (tipo de radiação emitida) e da
meia vida física do radioisótopo.
5
2 – RADIOATIVIDADE
2.1. – HISTÓRICO
Há mais de cem anos, mais precisamente no final do século XIX, uma brilhante
cientista fazia uma importante descoberta, que viria impactar definitivamente a
Medicina. Maria Sklodowska, nascida na Polônia, tornar-se-ia mundialmente
conhecida após adotar o sobrenome do marido, o físico francês Pierre Curie.
2.2. – RADIOISÓTOPOS
6
Figura 4: Modelo simplificado do átomo
O núcleo pode ser composto por dois tipos diferentes de partículas, o próton e o
nêutron, que permanecem muito próximos uns dos outros, de tal forma que o núcleo
é uma estrutura muito pequena em proporção às dimensões do átomo.
7
A eletrosfera é composta por um único tipo de partícula, o elétron. Os elétrons da
eletrosfera orbitam o núcleo em estruturas denominadas orbitais ou camadas. De
maneira muito similar ao que ocorre no nosso sistema solar, há elétrons que
percorrem órbitas mais próximas do núcleo e elétrons que percorrem órbitas mais
distantes do núcleo. Estas camadas recebem denominações diferentes, (camadas k,
l, m, n, o, p) que indicam estarem mais próximas ou mais afastadas do núcleo.
A carga das partículas é representada por unidades de carga e por um sinal que
indica se a carga é negativa ou positiva. Os elétrons possuem uma carga negativa.
Os prótons possuem uma carga positiva e os nêutrons possuem carga igual a zero.
É importante notar que os átomos normalmente possuem carga total igual a zero.
Isto ocorre porque os átomos possuem normalmente o mesmo número de prótons e
de elétrons.
Cada elemento químico é caracterizado por suas propriedades químicas. Assim, por
exemplo, o oxigênio tem características químicas diferentes do carbono, do cálcio,
do ouro, do urânio e de qualquer outro elemento químico. Mas os elementos
químicos também diferem quanto à constituição atômica. Cada elemento químico é
caracterizado pelo número de prótons dentro do núcleo de seus átomos, de tal forma
8
que, se dois átomos possuem um número diferente de prótons no núcleo, implica
necessariamente que são elementos químicos diferentes. Tomando o exemplo
anterior, temos:
• Todo átomo de oxigênio possui 8 prótons no núcleo;
• Todo átomo de carbono possui 6 prótons no núcleo;
• Todo átomo de cálcio possui 20 prótons no núcleo;
• Todo átomo de ouro possui 79 prótons no núcleo;
• Todo átomo de urânio possui 92 prótons no núcleo.
Ocorre que os núcleos dos átomos não são constituídos apenas por prótons. Há
também nêutrons dentro dos núcleos. E se os prótons determinam a idêntica
química dos átomos, que papel têm os nêutrons? Vamos tomar o elemento químico
carbono (C), como exemplo. O carbono é um elemento bastante abundante na
natureza. Os átomos do carbono apresentam 6 prótons dentro do núcleo, por isso
seu número atômico é 6. Eles também apresentam 6 nêutrons dentro do núcleo.
Perceba que a presença de nêutrons dentro do núcleo não interfere na identidade
9
química do átomo, pois ele permanece sendo um átomo de carbono. Mas a
presença dos nêutrons altera a massa do núcleo! A massa do núcleo de carbono é
aproximadamente igual a 12 u.m.a. (massa de 6 prótons + massa de 6 nêutrons).
Então a soma do número de prótons e do número de nêutrons de um núcleo dá uma
ideia da massa do núcleo e a este número atribui-se o nome de número de massa.
Assim, podemos representar um átomo de carbono pela simbologia 6C12 ou
simplesmente C-12.
11
Urânio-238 Rádio-226 Polônio-214 Hidrogênio-3 Rádio228
12
a estabilidade com o isótopo Chumbo-206. Todos os isótopos radioativos
intermediários são radioativos e também são encontrados na natureza.
Mas e quanto à maioria dos isótopos radioativos que não são encontrados na
natureza? Como são produzidos?
13
por portadores de energia, que são partículas aceleradas. Os radioisótopos podem
ser produzidos pelo bombardeamento com nêutrons em um reator nuclear ou pelo
bombardeamento com partículas carregadas, tais como prótons, dêuterons ou
partículas alfa, em um acelerador de partículas ou cíclotron.
14
3 - INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE COM A MATÉRIA
3.1. – ENERGIA
Mas não é todo tipo de radiação que transporta energia em quantidade suficiente
para promover este fenômeno. Este fenômeno de arrancar elétrons de um átomo é
conhecido como ionização. Daí, temos que todo tipo de radiação que transporta
energia suficiente para promover ionizações é denominada radiação ionizante.
Analogamente, aqueles tipos de radiação que não transportam energia suficiente
para promover ionizações são “batizados” de radiações não ionizantes.
15
Figura 9: Esquema do processo de ionização
Este tipo de radiação ionizante, como o próprio nome sugere, possui massa e carga.
Os principais exemplos deste tipo de radiação são a radiação alfa, a radiação beta
negativa e a radiação beta positiva ou pósitron.
A radiação alfa é uma partícula emitida pelo núcleo instável de alguns radioisótopos
de número atômico alto. É formada por dois prótons e dois nêutrons. É considerada
16
uma partícula pesada e possui alto poder de provocar ionizações quando interage
com o meio.
Neste processo de emissão, o átomo (X), cujo núcleo instável emite uma partícula
alfa, transforma-se em um novo elemento químico (Y), com um número atômico (Z)
duas unidades menor e um número de massa (A) quatro unidades menor.
A
ZX → Z-2YA-4 + α
A radiação beta negativa (β-) ou négatron é uma partícula emitida pelo núcleo
instável de alguns radioisótopos. Possui a mesma carga e a mesma massa de um
elétron. É originada a partir de uma reação nuclear em que um nêutron (n) do núcleo
transforma-se em um próton (p) mais um elétron, sendo este último ejetado do
interior do núcleo, carregando o excedente de energia (E). A equação a seguir ilustra
o processo descrito. Este processo é acompanhado pela emissão de uma partícula
denominada antineutrino (ν), sem importância para as discussões aqui
apresentadas.
n → p + β- + ν + E
17
Embora seja um elétron, recebe denominação diferente para designar que sua
origem é diferente. Elétrons são originários da eletrosfera e a radiação beta é
originada dentro do núcleo. É considerada uma partícula leve e possui pequeno
poder de provocar ionizações quando interage com o meio.
Neste processo de emissão, o átomo (X), cujo núcleo instável emite uma partícula
beta negativa, transforma-se em um novo elemento químico (Y), com um número
atômico (Z) uma unidade maior e um mesmo número de massa (A).
A
ZX → Z+1YA + β-
A radiação beta positiva (β+) ou pósitron é uma partícula emitida pelo núcleo instável
de alguns radioisótopos. Possui a mesma massa de um elétron e a mesma
quantidade de carga, porém com sinal oposto. É basicamente um elétron positivo. É
originada a partir de uma reação nuclear em que um próton (p) do núcleo
transforma-se em um nêutron (n) mais um elétron positivo, sendo este último ejetado
do interior do núcleo, carregando o excedente de energia (E). A equação a seguir
ilustra o processo descrito. Este processo é acompanhado pela emissão de uma
18
partícula denominada neutrino (ν), sem importância para as discussões aqui
apresentadas.
p → n + β+ + ν + E
Embora seja um elétron, recebe denominação diferente para designar que sua
origem é diferente. Elétrons são originários da eletrosfera e a radiação beta positiva
é originada dentro do núcleo. É considerada uma partícula leve e possui pequeno
poder de provocar ionizações quando interage com o meio.
Neste processo de emissão, o átomo (X), cujo núcleo instável emite uma partícula
beta positiva, transforma-se em um novo elemento químico (Y), com um número
atômico (Z) uma unidade menor e um mesmo número de massa (A).
A A +
Z X → Z-1 Y + β
19
3.2.2 – Partículas não carregadas
Este tipo de radiação ionizante, como o próprio nome sugere, possui massa, porém
não possui carga. O principal exemplo deste tipo de radiação é o nêutron.
Este tipo de radiação ionizante não possui massa e nem carga. Os principais
exemplos deste tipo de radiação são a radiação gama e os raios X.
20
Figura 13: Esquema da emissão de raios gama
3.2.3.2 – Radiação X
Mais detalhes sobre os raios X podem ser obtidos no item sobre produção de raios
X, da unidade temática Radiologia Convencional.
21
Figura 14: Esquema de um tubo de raios X
22
4 – DETECTORES DE RADIAÇÃO
Como podemos então trabalhar com a radiação ionizante de maneira segura? Como
podemos nos certificar que uma determinada fonte é segura ou que não está
permitindo o “vazamento” de radiação? O fato de sermos incapazes de sentir a
presença da radiação ionizante por conta própria não significa que não podemos
fazê-lo de outra forma. Por isso a solução para estes problemas está na utilização
de detectores de radiação.
Vamos nos lembrar, inicialmente, que a radiação ionizante interage com o meio
transferindo energia para ele. Essa transferência de energia se dá, basicamente, por
um processo chamado ionização, de onde deriva o nome deste tipo de radiação.
E o que é um íon?
23
Um íon pode ser entendido como um portador de carga elétrica. Isto quer dizer
então que a radiação ionizante, quando interage com um meio, produz pares de
cargas elétricas.
Mas que cargas são essas?
Lembremos que um átomo possui carga total igual a zero, pois possui o mesmo
número de prótons no núcleo (portadores de carga positiva) e elétrons na eletrosfera
(portadores de carga negativa). Quando a radiação ionizante arranca um elétron do
átomo, este átomo passa a ter um próton a mais do que o número total de elétrons.
Sendo assim este átomo deixa, momentaneamente, de ter carga total igual a zero e
passa a ter uma carga positiva. Assim, naquela região do átomo surge um par de
portadores de carga elétrica ou um par de íons: o elétron arrancado e o “resto” do
átomo.
24
4.2 - TIPOS DE DETECTORES
Princípio de detecção
25
Características básicas do sistema de detecção
Finalidade
26
Figura 17: Detector de poço.
27
4.2.2 – CONTADORES GEIGER
Princípio de detecção
28
Características básicas do sistema de detecção
Finalidade
29
Figura 19: Contadores Geiger-Müller
Princípio de detecção
30
Para medir as cintilações, os sistemas devem fazer uso de dispositivos capazes de
detectar essa luz. Estes dispositivos são denominados tubos fotomultiplicadores e
são acoplados aos cristais nos sistemas de detecção. A luz detectada pelos
fotomultiplicadores é transformada numa corrente elétrica que é amplificada e
enviada para o sistema de leitura.
Finalidade
Os cristais podem variar muito quanto à sua composição e tamanho e isso permite
criar uma grande variedade de sistemas de detecção, para aplicações e finalidades
diferentes.
31
medidas de levantamento radiométrico ou investigação de contaminações em
superfícies, em instalações que fazem uso de materiais radioativos.
Princípio de detecção
O princípio básico de detecção dos detectores termoluminescentes é similar àquele
dos detectores de cintilação.
32
Alguns materiais cerâmicos apresentam a propriedade de emitir luz após serem
expostos à radiação ionizante. A radiação ionizante, quando interage com estes
materiais, pode ceder energia para seus elétrons, promovendo o deslocamento
destes dentro da estrutura cristalina. Este processo é denominado excitação.
Entretanto, estes elétrons naturalmente tendem a retornar para sua posição original
e, neste processo de desexcitação, emitem o excedente de energia adquirido, na
forma de luz. Este processo de emissão de luz é denominado cintilação ou
luminescência. Quando impurezas são introduzidas neste material, estados
intermediários de energia são criados, permitindo que os elétrons fiquem
“armazenados” neste nível após receberem energia da radiação incidente. Somente
após o aquecimento do cristal a certa temperatura, os elétrons “armazenados”
adquirem energia suficiente para se libertar do nível intermediário de energia e
retornar para o nível original, emitindo luz. Como este é um processo de emissão de
luz ou luminescência, que ocorre após o aquecimento, denominamos estes materiais
de termoluminescentes (link para filme com demonstração da TL).
33
o Sulfato de Cálcio dopado com Disprósio (CaSO4:Dy) e o Fluoreto de Cálcio
(CaF2);
• São dispositivos que permitem a reutilização, após efetuada sua leitura e
tratamento térmico adequado;
• Requerem dispositivos fotomultiplicadores acoplados ao sistema de leitura;
Finalidade
Os cristais podem variar quanto à sua composição e tamanho e isso permite criar
uma grande variedade de sistemas de detecção, para aplicações e finalidades
diferentes.
34
35
5 – FORMAÇÃO DE IMAGENS
Em medicina nuclear utiliza-se radiação gama emitida por radiofármacos que são
injetados ou ingeridos para obter imagens fisiológicas de diversos sistemas do
organismo. Por ter energia muito mais elevada se comparada à luz visível, torna-se
difícil de detectar e mais difícil ainda localizar o ponto de origem da radiação
espacialmente.
No entanto, uma dificuldade adicional é conhecer a origem do raio gama que foi
emitido de uma fonte radioativa, um paciente, por exemplo. Nas gama câmaras, este
problema é resolvido utilizando colimadores para escolher a direção dos fótons que
poderão atingir o detector. Dessa forma esses equipamentos podem produzir
imagens que são projeções planas (bidimensionais) da fonte radioativa.
Por outro lado, as projeções planas não contêm todas as informações disponíveis na
fonte radioativa assim como um mapa geográfico traduz imperfeitamente a esfera
terrestre em um papel plano. Por isso foi inventada a tomografia, que é capaz de
descrever a fonte radioativa em três dimensões. Na cintilografia, o método de
obtenção da imagem tomográfica chama-se SPECT (do inglês single photon
emission computed tomography – tomografia computadorizada de emissão de fóton
único), assim como o equipamento capaz desse procedimento também pode ser
chamado de SPECT (single photon emission computed tomograph – tomógrafo
computadorizado de emissão de fóton único).
36
do evento radioativo. Esses dois fótons são resultados da aniquilação do pósitron
com o elétron nas proximidades da região onde ocorreu a emissão do pósitron.
Esses dois fótons são emitidos em direções opostas (aproximadamente 180 graus)
de modo que algum ponto de uma linha reta ligando esses fótons encontra-se, com
pequena margem de erro, o local de emissão do pósitron. Em PET não é possível a
realização de imagens planas devido a esse modo de construção das imagens
diretamente tomográfico.
CÂMARA DE CINTILAÇÃO
Figura 23 - Esquema em corte de uma gama-câmara de campo de visão circular com colimador
paralelo.
37
O colimador
Figura 24 - Imagem da estrutura de colimadores. À esquerda, estrutura de septo quadrado de
paredes espessas (medidas típicas: 2 mm de espessura, 5 cm de profundidade e 3,4 mm de largura),
para alta energia. À direta, estrutura hexagonal de paredes muito finas (medidas típicas: 0,16 mm de
espessura, 24 mm de profundidade e 1 mm de largura), para energias baixas.
38
Figura 25 - Ilustração mostrando o campo de visão de alguns tipos de colimadores.
39
Figura 27 - diagrama mostrando a perda de resolução espacial devido ao afastamento de fontes
pontuais idênticas em relação à gama-câmara com colimador paralelo. De cima para baixo são
mostrados as imagens da fonte, os perfis de contagem (point spread function ou função de dispersão
de ponto), corte transversal do cristal com colimador e as linhas de fluxo de radiação proveniente das
fontes pontuais.
40
Cristal Cintilador
Válvulas Fotomultiplicadoras
41
nesse processo, ou seja, a detecção da radiação gama cuja energia é proporcional a
corrente elétrica que sai da PMT.
42
Circuito De Soma
Este circuito se encarrega de integrar todos os sinais provindos das PMTs para obter
o valor total Z da cintilação ocorrida. Este valor é proporcional à energia do fóton
gama que causou a cintilação. Este dado é utilizado para corrigir os valores de X e Y
do circuito de posicionamento de modo que estes dados sejam independentes da
energia. O Z é enviado também ao analisador de altura de pulso.
43
Janelas
de
energia
Circuito De Posicionamento
44
Figura 31 - Esquema do circuito elétrico de um sistema de formação de imagem e uma gama-câmara
convencional.
45
antigos ainda trabalham com telas fluorescentes para visualizar ou gravar filmes da
distribuição da radiação fornecida pela câmara cintilográfica.
Os sinais enviados pela gama câmara podem ser analógicos ou digitais. Para que
um computador trabalhe com equipamentos analógicos é preciso acoplar um
dispositivo chamado de conversor analógico-digital. Como o próprio nome diz esse
dispositivo converte os sinais analógicos, como voltagens variadas provenientes dos
sinais X, Y e Z em sinais digitais, ou seja, sequencias de códigos binários, zeros e
uns, que representam os mesmos sinais X, Y e Z. Os equipamentos mais modernos
convertem o sinal analógico (corrente elétrica) em sinal digital já na saída das PMTs,
durante a fase de pré-amplificação e, portanto, daí para frente, todos dos circuitos
podem ser digitais. Isto significa miniaturização, menor gasto de energia além de
maior precisão e controle dos diversos sistemas que compõe a câmara de cintilação.
Imagens Planas
São estudos realizados com aquisição de imagens de uma ou mais regiões durante
certo período de tempo ou quantidade de contagem até obter uma imagem com
informação suficiente para se analisada. Representam aqueles instantes da
distribuição do material radiativo naquelas regiões. Exemplos desta técnica:
cintilografia renal com DMSA, cintilografia da tireoide, cintilografia do fígado e baço,
cintilografia óssea, cintilografia testicular, cintilografia mamária.
46
Figura 32 - Imagens de projeções planas de um estudo de cintilografia óssea.
Dinâmicos
47
Figura 33 - Esquema do pulso elétrico cardíaco, imagens de cintilografia do ventrículo com ECG na
diástole e na sístole e gráfico da variação de volume do ventrículo esquerdo.
Apesar dos campos de visão das gama-câmaras serem menores que o corpo
humano como um todo, é possível obter imagens do corpo inteiro através de
algumas técnicas. Uma delas é realizar imagens estáticas de cada parte do corpo
em sequencia e depois juntá-las em uma matriz maior formando uma imagem única
do corpo inteiro. Outra técnica consiste em movimentar o detector ou a mesa de
exame em velocidade constante de modo a obter a imagem do corpo inteiro ao final
do comprimento do paciente. Exemplos: cintilografia óssea, pesquisa de corpo
inteiro com Gálio-67, pesquisa de corpo inteiro com Iodo-131, Linfocintilografia de
membros inferiores.
48
• Ângulo de projeção
• Tamanho de matriz
• Profundidade de pixel (Byte VS Word)
• Campo de visão (magnificação da imagem ou zoom – tamanho do
pixel)
• Tipo de colimador (baixa, média ou alta energia; alta resolução, alta
sensibilidade, propósito geral, monodivergentes, monoconvergentes
(fanbeam) entre outros).
• Quantidade de imagens por ciclo cardíaco
• Quantidade de imagens (dinâmico)
• Velocidade de varredura
• Modo de gravação da imagem (Frame mode VS list mode)
A escolha dos parâmetros varia de acordo com o órgão ou sistema a ser estudado,
do radiofármaco e radioisótopo utilizado, da fisiopatologia estudada.
Imagem Tomográfica
49
A imagem tomográfica é obtida por reconstrução das imagens planas utilizando
métodos como a retroprojeção filtrada (FBP) ou os métodos iterativos como o OSEM
ou MLEM. A FBP é um método muito utilizado pela facilidade e velocidade de
processamento, mas produz ruído na imagem. Os métodos iterativos são mais
lentos e de difícil processamento, mas produzem imagens melhores e podem conter
informações de correção baseados nas características físicas, por exemplo, do
colimador e do detector. Com o advento de computadores mais rápidos, os métodos
iterativos estão mais difundidos atualmente.
50
Figura 34 - Imagens tomográficas nos três planos: transversal ou axial (duas linha de cima), sagital
(duas linhas no centro) e coronal (duas linhas de baixo).
51
A TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS - PET
A tomografia por emissão de pósitrons é uma técnica de imagem que utiliza dois
fótons originários do fenômeno físico da aniquilação pósitron-elétron ocorrida nas
proximidades do radiofármaco marcado com um nuclídeo emissor de pósitrons,
como o Flúor-18, o Carbono-11 ou o Germânio-68. Esses dois fótons são emitidos
em direções opostas, praticamente a 180° entre eles. Portanto, é necessário um par
de detectores posicionados em oposição para que possam detectar esses dois
fótons e um sistema muito especial para avaliar se dois fótons detectados são
originários de um mesmo ponto. Esse sistema é chamado de detector de
coincidência, ou seja, registra um evento de aniquilação quando dois detectores são
atingidos pelos fótons de aniquilação ao mesmo tempo. Na prática, a coincidência
significa verificar que a diferença de tempo que os dois fótons chegam aos
detectores é de alguns nanosegundos.
52
Figura 35 - Esquema que mostra e emissão de um pósitron (beta+) por um núcleo que encontra um
elétron (beta-) após alguns milímetros com energia suficiente para sofrerem aniquilação,
desaparecendo e formando dois fótons com energias 511 keV cada um emitidos em direções
opostas, cerca de 180°.
Figura 36 - Tabela com características físicas importantes para cristais cintiladores para PET
comparados com o NaI(Tl).
53
Bloco Detector
Figura 37 - Esquema do bloco detector com o cristal cortado em pequenos pedaços e quatro PMTs
acopladas (à direita) e de quatro anéis de blocos detectores formando o conjunto detector de um
tomógrafo PET.
Circuito De Coincidência
54
do objeto ou corpo emissor da radiação. O circuito dispõe de temporizadores que
criam uma janela temporal, de cerca de alguns nanosegundos entre dois fótons
subsequentes, na qual se admite que houve coincidência de eventos e então é
criada a chamada linha de resposta na qual está, em algum ponto não conhecido, o
local onde ocorreu o decaimento radioativo.
55
MODOS DE AQUISIÇÃO: 2D x 3D
Figura 39 - esquema em corte dos modos de aquisição PET. À esquerda, com a presença de septos,
a aquisição em modo 2D reduz as possibilidades de coincidência fora de certo angulo restrito. À
direita, aquisição em modo 3D, sem septos, que então aumenta as chances de ocorrer coincidências
em outros ângulos, inclusive originárias de regiões fora do campo de visão, o que pode prejudicar a
imagem final.
56
correções podem ser feitas automaticamente ou podem ser desligadas ou
selecionadas uma a uma, dependendo do fabricante.
QUANTIFICAÇÃO
Com as correções descritas acima podemos calibrar o PET para nos dar uma boa
aproximação da quantidade de radiação, em MBq ou mCi por unidade de volume.
Essa calibração fornece um fator definido como
57
Figura 40 - Quantificação de uma região de interesse (ROI, do inglês Region Of Interest) - círculo
vermelho – em um corte do plano tomográfico coronal, mostrando valores médios e máximos em
Bq/mL (mL=cm3) e número de pixels da ROI.
Figura 41 - Quantificação do SUV de uma lesão circular captante de FDG F-18 no mediastino de um
paciente medido com ROIs nos três planos tomográficos, mostrando valores de SUV médios,
mínimos e máximos, desvio padrão e área da ROI.
58
O PET/CT
Figura 42 - Imagens de PET (acima à esquerda), CT (acima à direita) e da fusão (abaixo, com escala
de cores modificada para a PET) mostrando a superposição da imagem de concentração de
radiofármaco na bexiga alinhando-se perfeitamente na imagem de bexiga da CT. (FMUSP HC
ICESP)
59
Figura 43 - Gráficos mostrando tempos médios de aquisição para uma extensão de aproximadamente
70 cm do corpo para equipamentos PET com três cristais diferentes e também do PET/CT com cristal
LSO. As barras vermelhas representam a variação de mínimo e máximo. (SIEMENS HEALTH CARE)
6 – CONTROLE DE QUALIDADE
60
3. Uso efetivo dos recursos disponíveis.
Nos parágrafos que se seguem serão descritos alguns dos testes de rotina
recomendados para os principais equipamentos dos serviços de medicina nuclear e
aqueles obrigatórios por força da legislação federal (ANVISA – Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária e CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear).
61
ser habilitados a realizar os testes operacionais e procedimentos mais rotineiros e
avaliar o resultado para tomada de ações quanto à rotina subsequente.
Fluxogramas parecidos com o mostrado na figura seguinte devem ser criados para
cada procedimento de avaliação dos instrumentos e equipamentos de trabalho e as
ações em caso de não conformidade devem ser claras. Os operadores dos
equipamentos devem ser treinados para responder à questão “OK?” da caixa de
decisão (losango) do fluxograma assim como à questão “A CORREÇÃO PODE SER
FEITA LOCALMENTE?”, para corrigir o problema ou encaminhar para a pessoa ou
setor responsável.
62
Figura 44 - Fluxograma de decisão para os resultados do controle de qualidade de um equipamento.
Os valores obtidos nos testes devem ser melhores ou superiores ao valor definido
pelo fabricante ou pelos resultados dos testes de referência.
Em geral, valores discrepantes até 5% podem ser tolerados, mas devem ser
confirmados, ou seja, repetidos. Cada teste pode ter sua tolerância própria ou
63
podem-se aplicar fatores de correção baseados na discrepância encontrada e então
seguir com a rotina. Uma boa prática é disponibilizar os valores ou faixa de valores
aceitáveis na ficha de preenchimento dos procedimentos para que o executante
possa avaliar, no momento da realização dos testes, se os resultados são
aceitáveis.
A conduta a ser seguida em caso de não conformidades deve ser bem conhecida
pelos operadores dos equipamentos e disponibilizada em manual de procedimentos
localizado próximo ao equipamento em questão.
Registros
Todos os esforços feitos para garantir a qualidade do nosso sistema podem ser
perdidos se não houver um livro ou outro sistema de registro dos dados e
procedimentos para cada equipamento ou processo de controle de qualidade.
Nesses documentos devem constar tudo o que for relevante para que se possa
conhecer a história do equipamento deste sua instalação até sua eventual
desativação. Isto inclui os testes de aceitação, calibrações, testes de rotina, ajustes,
manutenção preventiva, defeitos, etc. Esses documentos precisam ser preenchidos,
datados e assinados por todos que utilizam o equipamento e, dentro de um período
determinado, seus dados e informações devem ser avaliados por um responsável.
Conceito
64
deve ser medida várias vezes por dia ou quando se observar uma variação da leitura
do instrumento.
Critérios de aceitação
Ajuste de zero
Conceito
Critério de aceitação
Alta tensão
Conceito
65
Critério de aceitação
Os valores registrados da alta voltagem não devem variar entre medidas mais que
1%.
Constância – Repetitividade
Conceito
Data
Horário
Zero [mV] (99 Mo ) [µCi]
[µCi] 67 [µCi]
BG ( Ga )
131 [µCi]
HV [volts] ( I)
[µCi] ( 99mTc ) [µCi]
133
Desvio % ( Ba) ( 201 Tl ) [µCi]
Assinatura
Figura 45 - Exemplo de formulário de testes diários de um calibrador de dose com dados para
avaliação da constância do equipamento e radiação de fundo.
66
Figura 46 - Curva de tendência de um calibrador de dose ao longo de vários anos mostrando uma
primeira fase de flutuações seguida por estabilidade e finalmente um desajuste que culminou na
substituição do equipamento.
Critérios de aceitação
Baseado nos dados obtidos nos testes de referência e em dados do fabricante. Dia a
dia estes valores devem ser comparados com os obtidos no dia anterior para se
estabelecer o julgamento se o instrumento está dentro do limite de 20% de desvio.
Neste caso, algum procedimento de calibração deve ser solicitado ou executado se
for o caso. Desvios até 10% podem ser desconsiderados, pois estão dentro de
variabilidade admitida para uso clínico. Para desvios acima de 10% e até 20%, a
atividade dos isótopos deve ser corrigida pelo valor do desvio. Por exemplo, se a
razão entre a medida do dia e do dia anterior for de 1,15 (15) %, as leituras do dia
devem ser divididas por 1,15 para saber-se o valor real. Por exemplo, quando se
requer uma atividade de 185 MBq (5 mCi) de Tc-99m para uma determinada
aplicação, o valor que se deve obter no calibrador de dose é 185 x 1,15 ≈213 MBq
(~5,8 mCi).
67
TESTES SEMESTRAIS
Precisão
Conceito
Avaliar se a incerteza na medida fornecida por um instrumento reflete a natureza
aleatória da radioatividade.
O procedimento consiste em medir uma fonte radioativa por várias vezes, anotando
os valores das medidas, obtendo a média e comparando esta com cada valor
medido que é multiplicado por 100 para obter o valor percentual. Em geral, são
usados isótopos de meia vida longa como o Ba-133, Co-57 ou Cs-137 para estes
procedimentos.
Critérios de aceitação
As razões entre cada medida e a média das medidas não devem ultrapassar 5%.
Exatidão
Conceito
68
Figura 47 – Ilustração dos conceitos de acurácia ou exatidão e precisão com relação a tentativas de
acertar o centro de um alvo.
Linearidade
Conceito
69
Figura 48 – Gráficos de teste de linearidade de calibradores de dose utilizando o método do
decaimento (atividade x tempo). Nota-se uma não linearidade para atividades muito baixas, da ordem
de 15 microcuries para este instrumento.
Critérios de aceitação
Os desvios entre qualquer medida e seu valor esperado não deve ser maior que
10%.
70
TESTE ANUAL
Geometria de Volume
Conceito
Avaliar a variação na leitura de uma fonte radioativa com atividade fixa, mas que
pode ter o volume alterado, como uma seringa, por exemplo.
5
ml
4
mL
3
mL
2
mL
1
mL
Figura 49 - variação de volume de uma seringa com mesma atividade pode resultar em valor
diferente durante a medida.
Critérios de aceitação
GAMA-CÂMARA
TESTES DIÁRIOS
71
Inspeção Física
Conceito
Critérios de aceitação
Janelamento
Conceito
Critérios de aceitação
Em geral, se houver uma variação maior que 3 % o sistema deve ser recalibrado,
mas esse valor depende de recomendação do fabricante.
72
Figura 50 - Espectro de uma fonte de Tc-99m com janela centralizada (região laranja) de 15% (7,5 %
para cada lado) do centro de 140 keV do fotopico.
Figura 51 - Imagem exótica (à esquerda) produzida durante os testes operacionais diários de uma
gama câmara mostrando a radiação de fundo, não homogênea. À direita, espectro obtido mostrando
que, além da fonte de teste (Tc-99m) também havia uma fonte de referência de I-131 nas
proximidades do detector.
73
Critérios de aceitação
A imagem deve ser homogênea ou o espectro não deve conter fotopicos ou a taxa
de contagem deve estar abaixo de um nível pré-estabelecido.
Uniformidade Intrínseca
Conceito
Avaliar a resposta a uma fonte de radiação que irradie uniformemente o detector que
deve então produzir uma imagem também homogênea. Existe uma maneira
numérica de avaliar a uniformidade utilizando o cálculo de contraste:
Onde pmin é a menor contagem e pmáx é a maior contagem. Esta fórmula é usada
para o cálculo de dois valores importantes, a uniformidade integral e a diferencial. A
diferença entre ambas está na quantidade de pixels utilizada. Para o cálculo da
uniformidade integral, os valores de mínimo e máximo são obtidos da matriz inteira.
Para a uniformidade diferencial, grupos de cinco pixels, nas linhas ou nas colunas da
matriz, são utilizados para o cálculo de modo que o resultado final é a média de
todos os valores obtidos dessa forma. Desse modo, podem-se obter quatro valores
de uniformidade:
Para o campo útil (95% do campo de visão intrínseco – FOV – Field of view):
• Integral UFOV
• Diferencial UFOV
• Para o campo central (75% do UFOV):
• Integral CFOV
• Diferencial CFOV
74
• Aquisição com baixa contagem (teste diário) corrig
• Aquisição com baixa contagem (teste diário) corrigida
Critérios de aceitação
75
Figura 53 - Exemplo de registro de testes diários para câmaras cintilográficas.
TESTE SEMANAL
76
de quadrante de barras que consiste em quatro quadrantes distintos cada um várias
com conjunto de barras de espessuras e distâncias diferentes, por exemplo, o mais
fino com 2,0 mm, o próximo com 2,5 mm, outro com 3,0 mm e finalmente o último
com 3,5 mm. Em cada quadrante, as barras possuem orientação diferente de seu
vizinho com relação aos eixos X e Y do campo de visão do equipamento.
De acordo com a norma CNEN NE 3.05 de 1996, a frequência deste teste deve ser
semanal. Já a RDC nº 38 de 2008 da ANVISA indica como mensal. Como essas
normas tem abrangência nacional, vale a interpretação mais rígida, ou seja,
frequência semanal.
Critérios de aceitação
77
TESTES MENSAIS
Critérios de aceitação
0 65 127 0 65 127
• Coincidência
entre os
sistemas:
• Elétrico
• Digital
• Mecânico
Figura 55 - Esquema mostrando o desalinhamento (direita) dos detectores (azul) e, portanto, com
erro no centro de rotação (ponto amarelo) e as respectivas imagens de uma fonte pontual criando um
artefato em forma de anel.
78
Uniformidade de alta densidade de contagem
Conceito
Figura 56 – Aquisição de imagem com 120 milhões de contagens (em cima – note algumas
imperfeições) para obtenção da matriz de correção de uniformidade e imagem de uma aquisição
diária com 10 Mcts (embaixo - corrigida pela matriz de correção de uniformidade) para operação
rotineira com dados numéricos de uniformidade integral e diferencial dos campos de visão útil (do
inglês useful Field of view - UFOV – 95% do campo total) e central (do inglês central Field of view -
CFOV – 75% do campo útil).
79
TESTES SEMESTRAIS
Figura 57 - Imagem de uma fonte plana (disco com um isótopo diluído em água com 10 cm de raio e
0,5 cm de altura) utilizada para realização do teste de sensibilidade plana do sistema- (para cada
colimador - e para isótopos específicos - como o Tc-99m para colimadores de baixas energias; I-131
para colimadores de energias altas e In-111 para colimadores de energia média).
Critérios de aceitação
Resolução de energia
Conceito
80
at half maximum) com relação à energia emitida pelo isótopo de referência, em geral
o Tc-99m, ou seja, 140,5 keV e relatada em um percentual deste valor.
Critérios de aceitação
De acordo com os dados informados pelo fabricante ou pelos resultados dos testes
de referência.
Figura 58 - Espectro de energia do isótopo Tc-99m indicando a largura do fotopico de 140 keV
medido na metade da altura máxima. Essa largura em relação ao valor 140,5 keV é menor que 10%
nas câmaras cintilográficas modernas.
Critérios de aceitação
A imagem deve ser homogênea em todo o campo de visão e valores de
uniformidade de acordo com os resultados obtidos nos testes de referência ou das
recomendações do fabricante.
Figura 59 - A figura acima mostra imagens cintilográficas de diversas fontes radioativas pontuais de
tamanhos e atividades diferentes e seus perfis de contagem (larguras medidas em pixels). As setas
indicam a largura das curvas na metade da altura (FWHM). Quanto menor a largura, melhor a
resolução do equipamento. As fontes pontuais ideais para essa medida devem ter menos de 1 mm de
diâmetro ou espessura real.
82
Critérios de aceitação
Os valores obtidos devem ser iguais ou melhores que os dados fornecidos pelo
fabricante ou obtidos no teste de referencia.
Determinação da maior taxa de contagem de uma fonte radioativa que uma gama
câmara é capaz de detectar sem saturar, ou seja, sem parar de contar os fótons que
chegam ao detector à medida que estes vão aumentando a quantidade por unidade
de tempo.
Frequência: semestral
Critérios de aceitação
Valor indicado pelo fabricante ou por teste de referência obtido durante os testes de
aceitação do equipamento.
83
Critérios de aceitação
No método qualitativo, a superposição das imagens deve ser avaliada com cuidado
e no método qualitativo, o valor das eventuais discrepâncias deve ser comparado
aos dados fornecidos pelo fabricante ou pelos resultados do teste de referencia
realizado durante os testes de aceitação do equipamento.
Critérios de aceitação
Uma análise visual criteriosa deve ser realizada para avaliar a simetria e pequenas
variações ao longo do tempo comparando com as imagens dos testes de referencia
do equipamento.
84
Figura 60 – Imagens de colimadores produzidas por fonte pontual de Tc-99m posicionada
ortogonalmente a 2 metros do centro de cada colimador e analisada com escala de cores apropriada.
À esquerda colimador de alta energia aprovado no teste; à direita, colimadores para baixa energia e
ultra-alta resolução que apresentou graves defeitos de angulação de septos.
85
Critérios de aceitação
Velocidade da varredura
Conceito
Critérios de aceitação
86
PET e PET/CT
TESTES DIÁRIOS
Os testes diários ou de rotina são definidos para que se possa ter uma ideia clara da
disponibilidade do equipamento para a rotina clínica. O manual do fabricante ou
manual de procedimentos de trabalho deve ser seguido com precisão para que não
haja falhas que prejudiquem a análise dos resultados e ou erros de interpretação
dos dados. Na ficha de resultados devem constar os valores aceitáveis e em caso
de discrepância, procedimentos de contingência devem ser seguidos para se decidir
se o equipamento pode ser usado integralmente, parcialmente ou deve ser
paralisado para intervenção de pessoal qualificado para intervenções no
equipamento, como consta no fluxograma mostrado na figura 1 no início do capítulo.
Inspeção física
87
Blanc scan
Figura 64 - Exemplo de relatório de testes de rotina para o PET (GE HEALTH CARE)
88
Figura 65 - Posicionamento de simulador cilindro homogêneo de Ge-68 para os testes diários.
89
Figura 66 - Exemplo de planilha de verificações diárias para o PET ou PET/CT
TESTES TRIMESTRAIS
Sensibilidade
90
teste é realizado em duas posições: no centro do FOV e a 10 cm desse centro. Os
resultados são dados em contagens/s/Bq ou valores proporcionais.
Figura 68 - Gráficos com resultados do teste de sensibilidade para PET em modo 2D e 3D (embaixo)
cujo aumento de sensibilidade é maior que 5 vezes.
91
TESTES SEMESTRAIS
Resolução energética
92
Figura 69 – Suporte com 3 fontes pontuais de 1 mm de comprimento e menos de 0,6 mm de diâmetro
e gráficos com resultados do teste de resolução espacial em modo 3D.
93
Variação da sensibilidade de detecção com o volume
Qualidade da imagem
Simulação de uma imagem clínica de corpo inteiro. Dois simuladores são utilizados
para realizar o teste sendo que um deles é utilizado fora do campo de visão para
simular o espalhamento do restante do corpo. As imagens são realizadas no
simulador NEMA-IEC Body Phantom. Neste simulador obtém-se a acurácia das
correções de atenuação e espalhamento.
94
Figura 71 - Simulador de qualidade de imagem para PET, conhecido como NEMA 2001/2007 IEC
Body phantom (Image quality phantom) e o posicionamento no tomógrafo em conjunto com o
simulador de espalhamento (NEMA 2001 Scatter Phantom) (MANUAL GE HEALTH CARE)
TESTES ANUAIS
Uniformidade
Avaliação da uniformidade de uma fonte cilíndrica homogênea. Obtêm-se várias
medidas utilizando regiões de interesse nos diversos cortes tomográficos obtidos
95
dessa fonte e comparam-se os valores de contagem em cada uma delas. O cálculo
da uniformidade é semelhante ao utilizado para avaliação nas gama-câmaras.
Espessura de corte
96
O objetivo é avaliar o comportamento do equipamento quanto à aquisição de dados
e sua capacidade de lidar com os dados adquiridos em relação à taxa de contagem
da radiação do objeto em estudo. Estes dados são a taxa de coincidências
verdadeiras (trues), a taxa de coincidências aleatórias (randoms), a taxa de
detecção de fótons simples (singles) e a taxa de eventos devido ao espalhamento da
radiação no corpo ou objeto. A curva NEC obtida (noise equivalent count rate) ajuda
a avaliar a capacidade do equipamento em tratar os dados obtidos em diferentes
taxas de contagem mostrando o valor ideal de taxa de contagem para obter a melhor
imagem possível.
Figura 74 - Simulador para o teste NEC (NEMA 2001 Scatter fraction phantom)
97
Figura 75 - Gráficos e tabelas com resultados para PET 3D.
Corregistro CT-PET
98
Figura 76 - Imagem de uma fonte esférica Ge-68 com 1 cm de diâmetro, obtida em um equipamento
PET/CT cujo desalinhamento entre as duas modalidades foi medido como sendo de 2,7 mm, dentro
da tolerância de 5 mm sugerida pelo próprio fabricante. O disco branco é a imagem gerada pelo CT e
o disco colorido é a imagem do PET.
7 – RADIOFARMÁCIA
7.1 – RADIOFÁRMACOS
99
Os isótopos radioativos têm a finalidade de tornar detectável a presença do fármaco
no interior do organismo, visto que a radiação que emitem atravessa o corpo do
paciente, podendo ser detectada, e revelando assim a distribuição interna do
fármaco ao qual estão associados.
100
8 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
8.1. – FILOSOFIA
101
Inicialmente é importante entender claramente a diferença que existe entre um
material radioativo e a radiação que ele emite. O Césio-137, por exemplo, é um
isótopo ou material radioativo. Este isótopo radioativo tem a propriedade física de
emitir radiação ionizante na forma de radiação beta e de radiação gama.
Analogamente o Tecnécio-99m é um isótopo radioativo que emite radiação gama.
102
8.3. – Procedimentos Gerais de Proteção Radiológica
103
Figura 79: Biombo de chumbo.
104
• Utilização de aventais de chumbo e protetores de tireoide – O uso destes
acessórios plumbíferos tem por objetivo minimizar a magnitude das
irradiações em situações como o posicionamento e acompanhamento de
pacientes na sala de exames, a preparação e a administração de
radiofármacos, e a assistência a pacientes internados submetidos a
procedimentos terapêuticos;
105
Figura 83: Óculos plumbífero.
107
Figura 87: Blindagens para fontes de calibração.
8.4. – Monitoração
108
8.4.1 – Avaliação da Intensidade de Irradiações
109
Outra situação que requer o conhecimento da intensidade das irradiações é a
monitoração pessoal. Este tipo de monitoração objetiva conhecer as taxas de dose
equivalente a que se submetem os indivíduos ocupacionalmente expostos de uma
instalação. Este tipo de monitoração fornece um controle da qualidade do exercício
das atividades com possibilidade de exposição. Um acréscimo não previsto no valor
da taxa de dose equivalente em determinado período é indicativo da ocorrência de
algum erro operacional ou de planejamento, que pode ser corrigido antes que os
níveis de dose atinjam valores intoleráveis.
110
passarão a ter suas mãos contaminadas e assim propagarão a contaminação em
cada objeto que tocarem.
111
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), denominados níveis de isenção, e
para os quais a reutilização seja imprópria ou não prevista.
112
Figura 92: Caixa blindada para depósito temporário de rejeitos em Medicina Nuclear
Figura 93: Depósito de Rejeitos em Serviço de Medicina Nuclear
113
Figura 94: Foto de um depósito para armazenamento de rejeitos radioativos
114
9 – LEGISLAÇÃO EM MEDICINA NUCLEAR
No Brasil, o principal órgão regulador das práticas que fazem uso de fontes
emissoras de radiação ionizante é a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN). A CNEN é responsável pela elaboração de diversas normas e a grande
maioria da legislação brasileira na área, tem como base as normas da CNEN.
Apresentaremos a seguir a indicação dos principais pontos contidos nas normas
nacionais, relacionados, direta ou indiretamente, com a Medicina Nuclear.
115
A CNEN elabora normas que reúnem inúmeras recomendações, tanto de caráter
geral quanto de caráter específico. Muitas destas normas constituem a base técnica
de legislações nacionais, o que confere um caráter de obrigatoriedade às
recomendações que abrangem.
116
9.1.1.3 – Princípios básicos
117
• PR-3.01 / 003 - Coeficientes de dose para indivíduos ocupacionalmente
expostos
• PR-3.01 / 004 - Restrição de dose, níveis de referência ocupacionais e
classificação de áreas
• PR-3.01 / 005 - Critérios de cálculo de dose efetiva a partir da monitoração
individual
• PR-3.01 / 006 - Medidas de proteção e critérios de intervenção em situações
de emergência
• PR-3.01 / 007 - Níveis de intervenção e de ação para exposição crônica
• PR-3.01 / 008 - Programa de monitoração radiológica ambiental
• PR-3.01 / 009 - Modelo para elaboração de relatórios de programa de
monitoração radiológica ambiental
• PR-3.01 / 010 - Níveis de dose para notificação à CNEN
• PR-3.01 / 011 - Coeficientes de Dose para Exposição do Público
118
9.1.3. – RESOLUÇÃO CNEN NO. 111 de 24 de agosto de 2011
9.1.4.1 – Dimensionamento
122
a) Organização e gerenciamento relacionados com a segurança
radiológica, onde devem ser estabelecidas as obrigações do responsável
pela radioproteção e pelo manuseio do material radioativo;
b) Seleção e treinamento do pessoal, onde devem ser estabelecidos
critérios de seleção, programas de treinamentos específicos e programas
de reciclagem;
c) Controle radiológico ocupacional, onde devem ser estabelecidos:
124
• As instalações que não estejam conectadas à rede de esgoto sanitário
deverão submeter à avaliação da CNEN o sistema de eliminação de excretas
a ser empregado. A aprovação desse sistema levará em consideração o
atendimento aos requisitos de radioproteção estabelecidos na norma
CNEN-NN-3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção”.
125
• Determinação da classificação das instalações conforme o grau de risco
associado. As instalações subdividem-se em instalações que utilizam fontes
seladas, instalações que utilizam fontes não seladas, instalações que utilizam
equipamentos geradores de radiação ionizante e instalações para produção
de radioisótopos. Os serviços de Medicina Nuclear classificam-se como
instalação radiativa que utiliza fontes não seladas. Dentro deste item, podem
ser classificadas como pertencentes aos grupos 4, 5 ou 6, conforme o valor
da atividade total dos radioisótopos que manipulam, armazenam ou utilizam;
• Dispõe sobre os atos administrativos e seus requisitos e sobre os
requerimentos necessários ao processo de licenciamento. Os atos
administrativos compreendem, quando aplicáveis, os seguintes:
§ Aprovação do local
§ Autorização para construção
§ Autorização para comissionamento
§ Autorização para a modificação de itens importantes à segurança
§ Autorização para aquisição ou movimentação de fontes de radiação
§ Autorização para operação
§ Autorização para retirada de operação
126
especificados na norma, podem ser classificados como sendo de baixo nível
de radiação, médio nível de radiação ou alto nível de radiação;
• Os requisitos gerais do processo de gerenciamento:
A segregação de rejeitos deve ser feita no mesmo local em que forem produzidos,
levando em conta as seguintes características:
127
• Os critérios para acondicionamento:
129
§ O rejeito deve ser prontamente solúvel ou de fácil dispersão em
água;
§ A quantidade de cada radionuclídeo liberada diariamente pela
instalação, na rede de esgotos sanitários, não deve exceder o
maior dos seguintes valores:
§ A quantidade que, se fosse diluída no volume médio diário de
esgoto liberado pela instalação, resultasse numa concentração
média igual aos limites especificados na Tabela 6, Coluna 1.
Esta tabela apresenta valores específicos diferenciados para
cada radioisótopo;
§ Dez vezes o limite especificado na Tabela6, Coluna 3;
A eliminação de rejeitos sólidos no sistema de coleta de lixo urbano deve ter sua
atividade específica limitada a 7,5x104 Bq/kg (2 µCi/kg);
130
• Apresenta modelos de fichas de identificação de rejeitos radioativos e de
fichas de inventário de rejeitos radioativos.
131
§ Requisitos para o gerenciamento de resíduos;
§ Requisitos para o sistema de garantia da qualidade em medicina
nuclear;
§ Requisitos para a desativação de Serviços de Medicina Nuclear.
132
uso ou tenham posse e armazenamento de fontes emissoras de radiação
ionizante;
• Apresenta requisitos específicos para serviços de Medicina Nuclear “in vivo”,
abrangendo as instalações, o funcionamento, o plano de radioproteção e o
programa de garantia de qualidade.
Como pode ser observado, a legislação na área é muito vasta e não se esgota com
o que foi apresentado aqui. Há legislações de âmbito estadual e municipal,
legislações específicas sobre outros temas relacionados, como o transporte de
materiais radioativos, meio ambiente etc.
133