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Processos de coesão textual

 Existem determinados vocábulos na língua que não devem ser


interpretados semanticamente por seu próprio sentido, mas sim em
função da referência que estabelecem com outros itens. Um item
referencial tomado isoladamente é vazio, procure a informação em outro
lugar dentro das relações textuais. Observe o exemplo seguinte:
O Neymar é o melhor jogador do grupo. Na Seleção, não há outro que o
supere.

 Repare que “Neymar” é retomado no segundo período pelo pronome


“o”; enquanto o termo grupo, no primeiro período, antecipa a informação,
o grupo só é mencionado no segundo período pelo termo Seleção. No
caso da retomada, temos uma anáfora. Veja que o pronome “o” retoma
a informação anterior ”O Neymar”. No caso de sucessão, uma
catáfora. Veja que o substantivo grupo se refere à seleção.

Observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio


de conectivos. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a
deturpação do sentido do texto.

Olá nobre aluno, olá nobre aluna, vamos analisar alguns itens de provas
anteriores do CESPE com o objetivo de aprimorar ainda mais o seu
conhecimento. Sempre repito que estudar requer planejamento e
treinamento.

 A tipologia do texto é classificada de acordo com a sequência das ideias


apresentadas. O tipo do texto é uma classificação interna. As
classificações são: Dissertativa / Narrativa / Descritiva / Injuntiva

 A classificação do gênero textual será de acordo com a representação do


texto para a sociedade, ou seja, é uma classificação externa. O Principal
gênero textual utilizado pela administração pública é a Redação
Oficial. Lembre-se de que o gênero é uma classificação externa.
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Vamos à pratica...

Texto para os itens a seguir

Uma antiga preocupação dos legisladores do passado era a de


assegurar o direito dos povos de manter “os costumes da terra”. Assim
fizeram os romanos com os municípios e as províncias, que se
autogovernavam em troca dos tributos em dinheiro ou soldados para expansão
de seu poder. Era de tal forma o respeito a essa autonomia relativa que, em
certo momento do regime cruel de Tibério, as eleições chegaram a ser
suspensas em Roma, mas se mantiveram nas províncias.

Muitos defendem o federalismo, quando se encontram na oposição,


mas dele se esquecem quando chegam ao governo. Os municípios,
manietados pela falta de recursos próprios, reclamam pela ajuda dos governos
dos estados e da União, quando deveriam articular-se em busca de seus
direitos de tributação direta e de autonomia política.

No que diz respeito aos sentidos e a aspectos gramaticais do texto, Julgue


os itens.

1-Na expressão“era a de assegurar”(l.1),a presença da preposição“de”decorre


da regência de“preocupação” (L1)

2- O emprego de vírgula após “províncias” (L.3) justifica-se por isolar oração de


natureza explicativa.

3- A substituição de “chegaram a ser” (L.5) por foram mantém a correção


gramatical do período.

4- A palavra “manietados” (L.8) está sendo empregada com o sentido de


mobilizados.

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Falei de esquisitices. Aqui está uma, que prova ao mesmo tempo a
capacidade política deste povo e a grande observação dos seus legisladores.
Refiro-me ao processo eleitoral. Assisti a uma eleição que aqui se fez em fins
de novembro. Como em toda a parte, este povo andou em busca da verdade
eleitoral. Reformou muito e sempre; esbarrava-se, porém, diante de vícios e
paixões, que as leis não podem eliminar. Vários processos foram
experimentados, todos deixados ao cabo de alguns anos. É curioso que alguns
deles coincidissem com os nossos de um e de outro mundo. Os males não
eram gerais, mas eram grandes.

Havia eleições boas e pacíficas, mas a violência, a corrupção e a fraude


inutilizavam em algumas partes as leis e os esforços leais dos governos. Votos
vendidos, votos inventados, votos destruídos, era difícil alcançar que todas as
eleições fossem puras e seguras. Para a violência havia aqui uma classe de
homens, felizmente extinta, a que chamam pela língua do país, kapangas ou
kapengas. Eram esbirros particulares, assalariados para amedrontar os
eleitores e, quando fosse preciso, quebrar as urnas e as cabeças. Às vezes
quebravam só as cabeças e metiam nas urnas maços de cédulas. Estas
cédulas eram depois apuradas com as outras, pela razão especiosa de que
mais valia atribuir a um candidato algum pequeno saldo de votos que tirar-lhe
os que deveras lhe foram dados pela vontade soberana do país. A corrupção
era menor que a fraude; mas a fraude tinha todas as formas. Enfim, muitos
eleitores, tomados de susto ou de descrença, não acudiam às urnas.

Machado de Assis. A semana. Obra completa, v. III.Rio de Janeiro: Aguilar,


1973, p. 757.

Em relação ao texto, Julgue os itens..

5- Após o termo “uma” (L.1), subentende-se a elipse da palavra esquisitice.

6- Caso a expressão “aqui se fez” (L.2) seja substituída por aqui foi feita,
prejudica-se a correção gramatical do período.

7- Em “esbarrava-se” (L. 4), o termo “se” indica indeterminação do sujeito.

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8- O emprego da vírgula após “paixões” (L.4) justifica-se porque a oração
subseqüente é explicativa.

Caro eleitor,

Nos próximos meses, a campanha política mobilizará vivamente os


brasileiros. Na última eleição, no primeiro turno, foram alcançadas marcas
extraordinárias: além do alto índice de comparecimento às urnas e de uma
irrepreensível votação, em que tudo aconteceu de forma tranquila e
organizada, a apuração dos resultados foi rápida e segura, o que colocou o
Brasil como modelo nessa área. Neste ano, serão definidos os nomes do
presidente da República e dos governadores dos estados e do Distrito Federal.
O país, mais do que nunca, conta com você. Democracia é algo que lhe diz
respeito e que se aperfeiçoa no dia-a-dia. É como uma construção bem-
preparada, erguida sobre fortes alicerces. Esses alicerces são exatamente os
votos de todos os cidadãos. Quanto mais fiel você for no exercício do direito
de definir os representantes, mais sólidas serão as bases da nossa
democracia. Por isso, é essencial que você valorize essa escolha, elegendo,
de modo consciente, o candidato que julgar com mais condições para conduzir
os destinos do país e de seu estado. Você estará determinando o Brasil que
teremos nos próximos quatro anos. Estará definindo o amanhã, o seu próprio
bem-estar e de sua família, o crescimento geral, a melhoria do emprego, da
habitação, da saúde e segurança públicas, do transporte, o preço dos
alimentos.

O momento é decisivo e em suas mãos — entenda bem, em suas


mãos — está depositada a confiança em dias felizes. Compareça, participe.
Não se omita, não transfira a outros uma escolha que é sua. Pense e vote com
a firmeza de quem sabe o que está fazendo, com a responsabilidade de quem
realmente compreende a importância de sua atitude para o progresso da
nação brasileira. Esta é a melhor contribuição que você poderá dar a sua
Pátria.

<www.tse.gov.br>
(com adaptações).

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Em relação ao texto, julgue os itens:

9- A substituição da expressão “serão definidos” (L.4) por definir-se-ão garante


a correção gramatical do período.

10- A substituição da expressão “lhe diz respeito” (L.6) por diz respeito a você
garante a correção gramatical do período.

11- A substituição da expressão “se aperfeiçoa” (L.6) por é aperfeiçoado


garante a correção gramatical do período.

12- A substituição da expressão “no exercício do” (L.8) por ao exercitarem o


garante a correção gramatical do período.

13- A substituição da expressão “serão” (L.9) por vão ser garante a correção
gramatical do período.

Olhando em retrospectiva os últimos 20 anos, temos uma realidade


nada alentadora. Em média, o Brasil cresceu cerca de 2,4% ao ano. Diante
desse cenário, o que precisa ser feito para que atinjamos os tão propalados
5% de crescimento sustentado?

Quando se trata de crescimento sustentado, a teoria econômica indica


que o resultado positivo é fruto de dois tipos de ação: aumento da
produtividade ou acumulação de capital (físico e humano).

A elevação significativa da produtividade dos fatores de produção só


será obtida com reformas institucionais profundas. Já o acúmulo de capital
humano requer investimento em educação, cuja maturação é longa.

Julgue os itens, acerca do texto acima.

14 No primeiro parágrafo, a substituição de “o que precisa” (L.2) por há muito a,


acompanhada dos devidos ajustes de pontuação, permitiria a transformação da
interrogação em uma afirmação.

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15 O emprego da vírgula após “sustentado” (L.4) justifica-se por isolar oração
subordinada anteposta à principal.

16 A substituição de “Já” (L. 7) pela expressão Por outro lado, seguida de vírgula,
mantém a informação original do período.

17 A substituição de “cuja” (L.7) por a qual mantém a correção gramatical do


período.

A espantosa contração do público de cinema no espaço de apenas uma


década (1975-1985) é, sem dúvida, uma das questões fundamentais para a
análise econômica do cinema brasileiro. Como na grande maioria dos países,
a hipótese óbvia é que a penetração da televisão nos domicílios brasileiros foi
de longe o fator causal mais importante. Outras causas, como mudanças de
hábitos de lazer da sociedade associados à difusão da posse do automóvel e
à redução do custos de transportes, certamente possibilitaram formas de lazer
mais especializadas no tempo e no espaço, que competem diretamente com
o cinema. Mas, comparado com a televisão, o papel desses fatores parece ter
sido limitado. Por fim, a penetração dos videocassetes e das assinaturas de
TV pagas é ainda desdobramento tardio da penetração da TV, cujos efeitos
específicos ainda estão por se fazer sentir.

Julgue os itens:

18 – O emprego do sinal indicativo de crase em “à redução” (L.5) justifica-se pela


regência de “mudanças”(L.4).

19 – A substituição de “que” (L.6) por cujos mantém a correção gramatical e a


coerência do período.

20 – Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “com a”(L. 7)


por ao da.

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GABARITO COMENTADO

“Disciplina é a ponte que liga nossos sonhos às nossas realizações.”

Gabarito comentado

1 – Certo. Podemos, inclusive, observar a elipse do substantivo “preocupação”


no fragmento que fundamenta este item: “uma antiga preocupação dos
legisladores do passado era a //preocupação// de assegurar o direito dos povos
de manter “os costumes da terra”. Assim como a preposição “de” que foi
empregada diante de “os legisladores”, também a preposição “de” que se faz
presente antecedendo o verbo “assegurar” são decorrentes da exigência feita
pelo substantivo “preocupação”

2 – Certo. A oração “que se auto governam em troca dos atributos em dinheiro


ou soldados para expansão do seu poder”, devidamente iniciada por pronome
relativo, exerce em relação aos substantivos “municípios” e “províncias” valor
semântico explicativo. É oração classificada subordinada adjetiva explicativa e,
por tal motivo, obrigatoriamente isolada de sua principal por vírgula.

3 – Certo. Não haverá prejuízo para a correção gramatical do texto – embora


haja leve desvio semântico – caso a substituição seja efetuada, como veremos
a seguir: “era de tal forma o respeito a essa autonomia relativa que, em certo
momento do regime cruel de Tibério, as eleições foram suspensas em Roma,
mas se mantiveram nas províncias”.

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4 – Errado. O adjetivo “manietados”, em cujo radical se observa a existência de
forma latina – “manus” – que ensejou o surgimento do vocábulo de nosso léxico
“mão”, significa “de mãos amarradas”. Como vemos, exatamente na oposição
semântica de “mobilizados”. Que item sacana !!!

5 – Certo. O vocábulo “uma” classifica-se morfologicamente como artigo


indefinido. Como sabemos, o artigo compõe classe gramatical que se caracteriza
por associar-se a um substantivo, seja para definir seu sentido, seja para indefini-
lo. Deste modo, o artigo indefinido “um”, por força de seu compromisso
morfológico, deverá estar associado a um substantivo. Contextualmente,
verificamos que o substantivo a que se liga é – e não poderia deixar de ser,
considerando-se que precedentemente a seu emprego não ocorre outro
substantivo – “esquisitice”.

6 – Errado. Não haverá qualquer prejuízo gramatical com a adoção da


substituição sugerida. Na verdade, estaremos substituindo uma oração
estruturada em voz passiva pronominal (“aqui se fez”) por outra que se
estruturará em voz passiva analítica. Observe-se que o sujeito de “(eleição que)
aqui se fez” está sendo indicada pelo pronome relativo “que”, por sua vez
representante semântico de “eleição”, o que justifica o emprego do verbo fazer
em 3º pessoa do singular, na forma original “fez” e na locução passiva que se
sugere “foi feita”. Observe, ainda, que a concordância nominal foi feita na forma
do particípio verbal está ajustada com o gênero e o número do substantivo
“eleição”

7 – Certo. Esbarrar é um verbo que não apresenta regência transitiva direta ou


direta e indireta, por isso VTI, VL ou VI = SI

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8 – Certo. A oração “que as leis não podem eliminar”, cujo conectivo é um
pronome relativo, representante semântico do substantivo “paixões”, é oração
subordinada adjetiva explicativa, relativamente ao substantivo citado. Como
sabemos, as orações subordinadas adjetivas explicativas devem ser
obrigatoriamente isoladas de suas principais.

9 –Ao substitui-se a voz passiva analítica “serão definidos” pela sua


correspondente pronominal (ou sintética), teríamos no texto o emprego da
MESÓCLISE, visto que o verbo está no futuro do presente e empregado após
uma vírgula, termos o período assim: definir-se-ão os nomes do presidente da
República e dos governadores de alguns estados”, caso não tivemos uma vírgula
e sim uma palavra atrativa, nesse caso teríamos a próclise, exemplo: AMANHÂ
se definirão...

10 – Certo. A substituição de “lhe diz respeito” por “diz respeito a você” resultou
da troca do pronome pessoal oblíquo átono “lhe” pela forma pronominal de
tratamento “você”. Notemos que o pronome oblíquo átono “lhe” é, quanto à
pessoa gramatical, de 3º pessoa. No entanto quanto à pessoa do discurso, o
mesmo pronome oblíquo átono “lhe”, por ser alusivo à pessoa com quem se fala,
é de 2º pessoa, a mesma pessoa do discurso representado pela forma
pronominal de tratamento “você”

11 – Certo. Procedeu-se tão somente à mudança da voz passiva pronominal em


que se encontrava a oração original para a voz passiva analítica. O sujeito da
voz passiva pronominal estava representada pelo pronome sujeito da voz
passiva pronominal estava representado pelo pronome relativo “que”, alusivo ao
pronome indefinido “algo”. Desse modo, está correta a adoção do gênero
masculino e do número singular para o particípio da locução verbal passiva. O
verbo auxiliar desta locução manteve-se na 3º pessoa, concordando com o
sujeito já mencionado.

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12 – Errado. No fragmento em que surgiu a expressão, o sujeito estava sendo
indicado pelo pronome de tratamento “você”. Vejamos como estava o texto
original: “Quanto mais fiel você for no exercício do direito de definir os
representantes, ...” Assim, ao substituir “no exercício do” por “ao exercitarem o”,
cometer-se-á erro de concordância verbal, como mostramos: Quanto mais fiel
você for ao exercitarem o direito de definir os representantes, ...”.

13 – Certo. Nenhum transtorno haverá caso se substitua a forma verbal simples


de futuro do presente do indicativo do verbo “ser” pela locução verbal “vão ser”,
que, semanticamente, preserva a idéia de futuro e, mantendo-se na 3º pessoa
do plural, preserva a correção gramatical da passagem. “Quanto mais fiel você
for no exercício do direio de definir os representantes, mais sólidas vão ser as
base da nossa democracia”.

14 – Certo. Feita a substituição sugerida, encontramos o período “Diante desse


cenário, há muito a ser feito para que atinjamos os tão propalados 5% de
crescimento sustentado” em que se nota a transformação da interrogação em
uma afirmação.

15 – Certo. A oração subordinada adverbial temporal “Quando se trata do


crescimento sustentado”, anteposta à sua principal “a teoria econômica indica”,
foi devidamente sinalizada em seu deslocamento pela vírgula empregada após
“sustentado”.

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16 – Certo. A ressalva que se sinalizou, de início, com o advérbio “já” continuará
preservada com a expressão “por outro lado”, à qual se seguirá um emprego
obrigatório de vírgula, ficando o texto “por outro lado, o acúmulo de capital
humano requer investimento em educação, cuja maturação é longa” portador da
mesma mensagem que anteriormente se estabeleceu com “já o acúmulo de
capital humano requer investimento em educação, cuja maturação é longa”.

17 – Errado. Como já vimos, não é possível substituir o pronome adjetivo relativo


“cujo” (e eventuais flexões) pelos pronomes substantivos relativos (“que, “o qual”
– e flexões – “quem”, “quanto” e onde).

18 – Errado. O sinal indicativo de crase justifica-se pela regência de


“associados”.

19 – Errado.

20 – Certo. Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir

“com a” por “ao da”.

(prep+arti) (prep+art) / (prep+art

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