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Nacala-Porto
Podemos dizer que a unidade básica da lógica é o argumento, pois nele se encadeiam, de um
modo que pretendemos correcto, uma série de razões que nos levam a uma conclusão. A
lógica ensina-nos a pesar, a consciencializar as exigências que presidem a um pensamento
válido. Para tal, ensina-nos a analisar o encadeamento de provas, procurando verificar até que
ponto elas se justificam.
O argumento
Assim, designamos por argumento ao conjunto de razões que apresentamos de modo a tornar
óbvia uma conclusão. O nosso interesse é mostrar aos nossos interlocutores que temos
“razões” para aderir a esta ou àquela posição que defendemos. O que diferencia um
argumento de uma descrição é o facto de nos apresentar razões (indicadores lógicos do
argumento) a favorecerem ou desfavorecerem uma dada conclusão. Por exemplo: as
publicidades.
Por isso, a linguagem não serve apenas para comunicar. Ela permite: influenciar as outras
pessoas e determinar as suas convicções e os seus actos; exprimir e “impor” valores julgados
preferíveis e aprovar ou desaprovar atitudes, de acordo com critérios assentes na força dos
argumentos que legitimam tais aprovações ou desaprovações.
Com base na lógica, não só distinguimos os argumentos válidos dos inválidos, também
compreendemos por que razões os mesmos são correctos ou incorrectos.
Em lógica, um argumento é válido quando a conclusão do mesmo decorre das razões que o
sustentaram e é inválido quando não decorre dessas razões.
Argumentar e argumentação
Argumentar é fornecer razões que sejam a favor ou contra uma determinada tese. A
argumentação constitui um acto, por um lado, de pensamentos e de discurso, o que implica a
produção de proposições, ou seja, enunciados, teses e opiniões que requerem justificações e
provas demonstrativas. Ela ocorre num acto de comunicação entre interlocutores com uso de
princípios lógicos. Desta forma, a argumentação difere da demonstração que apenas produz
argumentos válidos.
A finalidade da argumentação
Toda a argumentação tem uma das duas finalidades: persuadir (que com argumentos
preferenciais e de ordem emocional procura convencer o auditório) ou refutar (negar uma
determinada proposição).
Portanto, o juízo é o acto mental pelo qual a inteligência afirma ou nega uma coisa da outra.
Um juízo é verdadeiro quando se adequa com a realidade e falso quando não se adequa. Por
exemplo: O Mário é professor. Esta afirmação será verdadeira quando, de facto, o Mário for
professor, pelo contrário será falsa.
Compilado por: dr Dauda Abudo , Página 2
Apontamentos para o uso interno das alunas da Escola Secundaria de, 2019
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Estrutura do juízo
Sujeito (S) – aquilo acerca da qual se afirma ou se nega algo. A coisa de que ou de
quem se fala.
Predicado (P) – é a qualidade ou característica que se afirma ou se nega pertencer ao
sujeito.
Copula – é o elemento de ligação entre o sujeito e o predicado, representado pelo
verbo "ser".
Exemplo: Alguns alunos são inteligentes. Sujeito – alunos; predicado – inteligentes; cópula
– são.
Aos três elementos fundamentais do juízo se acrescenta um necessariamente: o
quantificador que indica se o predicado é atribuído a todos os elementos da extensão do
sujeito ou a uma parte deles, ou se não é atribuído a qualquer deles.
Juízo categórico
Juízo categórico é todo aquele que afirma ou nega, sem reservas a relação entre sujeito e
predicado. Eles são introduzidos pelos quantificadores todo ou todos, nenhum e alguns.
Trata-se da forma padrão do juízo que possui quatro elementos: quantificador, sujeito, cópula
e predicado.
Todo Homem e mortal
1. Quanto à quantidade:
Universais O predicado se aplica a toda extensão do Ex: Nenhum Homem é
sujeito Cão
Particulares O predicado se aplica apenas a uma parte da Ex: Alguns homens são
extensão do sujeito inteligentes
2. Quanto à qualidade:
Afirmativos O predicado é afirmado em relação ao sujeito Ex: A Suzana é uma rapariga
obediente
Negativos Quando a cópula indica que o predicado não é Ex: O Ruben não é um bom
aplicável ao sujeito estudante
Sintéticos Quando o predicado não está contido na noção Ex: Os Macuas são pacíficos
do sujeito
A priori A sua veracidade pode ser conhecida Ex: O quadrado tem quatro
independentemente da experiência lados iguais
Disjuntivos A afirmação dum predicado exclui outros Ex: Nita estuda ou joga
6. Quanto à modalidade:
Assertórios Enunciam uma verdade de facto, embora Ex: A Lurdes Mutola é uma
não necessária logicamente atleta exemplar
7. Quanto à matéria:
Necessários O predicado convém e não pode Ex: O círculo é redondo
não convir ao sujeito
O raciocínio é uma operação mental a partir da qual passamos de juízos conhecidos para um
ou mais juízos novos até então desconhecidos e que são o seu fim lógico. Enquanto operação
mental, o raciocínio é composto por juízos e argumento.
1.4.1 Inferência
A inferência é o processo mental (raciocínio) a partir do qual, partindo de uma ou mais
proposições, se passa para outra, ou outras, cuja conclusão lógica ou verdade resulta da
verdade das premissas. A inferência parte de um ou mais juízos (premissas), para chegar
chegar a um outro, a conclusão.
Por exemplo:
Tipos de inferências
São aquelas que se obtêm directamente sem qualquer novo termo intermediário. A proposição
dada e a inferida contêm os mesmos termos. Ou seja, é quando duma só proposição se conclui
outra. Estas se obtêm pelos processos de oposição e conversão das proposições.
A oposição ocorre quando duas proposições têm o mesmo sujeito e o mesmo predicado mas
diferem quer na quantidade quer na qualidade.
a) Proposições contrárias
Duas proposições universais que diferem pela qualidade chamam-se contrárias – AE.
Designam-se contrárias, quando duas proposições não podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo, mas podem ser ambas falsas, quando são da expressão de um juízo assertório, isto
quando o seu predicado é acidental.
Exemplo: (AE). Todo Homem é animal racional (A) e Nenhum Homem é animal racional
(E).
b) Proposições subcontrárias
Duas proposições particulares que diferem pela qualidade são subcontrárias – IO. São
subcontrárias quando duas proposições podem ser ambas verdadeiras, quando são da
expressão de um juízo assertório, mas não falsas ao mesmo tempo. Isto é, se uma é falsa, a
outra pode ser verdadeira ou falsa, isto é, duvidosa.
Por exemplo: (IO) – Alguns homens são animais racionais (I) e alguns homens não
são animais racionais (O).
c) Proposições subalternas
Duas proposições que diferem pela quantidade chamam-se subalternas. Segundo a lei das
proposições, dizem que são subalternas quando a verdade da proposição universal implica a
da proposição particular subordinada, a falsidade universal não acarreta da particular, a
verdade da particular não determina a da universal, a falsidade da particular exige a falsidade
da universal.
Exemplo: AI – Todo Homem é animal racional (A) e alguns homens são animais racionais
(I). EO – Nenhum Homem é animal racional (E) e alguns homens não são animais racionais
(O).
d) Proposições contraditórias
As duas proposições diferem ao mesmo tempo pela qualidade e quantidade que se chama
contraditórias.
Segundo a lei das proposições, designa-se contraditória quando duas proposições não podem
ser verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo. Se uma é verdadeira, a outra é falsa e vice-versa.
Exemplo: AO – Todo Homem é animal racional (A) e alguns homens não são animais
racionais (O). EI – Nenhum Homem é animal racional (E) e alguns homens são animais
racionais (I).
A inferência pode também ser feita por transposição de termo: trocando o sujeito pelo
predicado e o predicado pelo sujeito. Para tal é preciso observar as seguintes regras: os termos
permutados não podem ter maior extensão na conclusão do que tinham na proposição
conversa, mas podem ser de extensão menor.
Tipos de conversão
a) Conversão simples, como nas proposições do tipo E (universais negativas) e as do
tipo I (particulares afirmativas); as primeiras são universais e as segundas são
particulares, por isso, só neste caso se pode fazer a conversão simples. Exemplo:
Exemplo:
Todos os homens são seres vivos
Alguns seres vivos são homens
Tipos de raciocínio
Tradicionalmente, as inferências mediatas ou raciocínios dividem-se em três grupos:
raciocínios dedutivos, indutivos e raciocínios por analogia.
a) Raciocínio dedutivo – é aquele que de uma ou mais premissas tira uma conclusão e
que parte do mais geral ao particular. Vai da causa ao efeito, da lei ao facto concreto.
Exemplo: Todos os moçambicanos são pacíficos
Muapitão é moçambicano
Muapitão é pacífico
b) Raciocínio indutivo – é todo aquele que vai do particular ao geral, do efeito a causa,
do facto à lei.
c) Raciocínio analógico – é todo aquele que infere de uma verdade particular para outra
verdade também particular por semelhança. Portanto, a analogia é um tipo de
raciocínio muito vulgar em senso comum também no âmbito científico, especialmente
no campo da biologia.
Por exemplo: em presença de dois doentes com o mesmo tipo de sintoma, o médico
conclui tratar-se da mesma doença, assim, está a fazer o uso do raciocínio por
analogia.
1.5 O silogismo
1.5.1 Noção do Silogismo
O silogismo é um raciocínio formado por três proposições em que das duas primeiras,
chamadas premissas, originam uma terceira, chamada conclusão lógica. Exemplo:
Todo silogismo regular é formado por três proposições, sendo as duas proposições, as
premissas: premissa maior (a primeira) e a premissa menor (a segunda) e, a última, a
conclusão e por três termos comparados, dois a dois: termo maior (P), termo médio (M) e
termo menor (S).
Por exemplo:
Os termos:
Esses são os três termos do silogismo (P, M, S). Em cada premissa teremos relações dos dois
(P e S) com um terceiro (M) – M é P, S é M) ou P não é M, S é P.
Detalhadamente teremos:
Termo maior (P) ou (T) é aquele que tem maior extensão. É sempre o predicado da
conclusão. Do exemplo dado é: mortal.
Termo menor (S) ou (t) é aquele que tem menor extensão e ocupa sempre o lugar de
sujeito na conclusão. Do exemplo dado é: João
Termo médio (M) é aquele cuja extensão é intermediária entre o maior e o menor e
permite a relação destes, por isso, repete-se nas premissas. Nunca entra na conclusão.
Do exemplo dado é: homem.
Em suma, no silogismo cada um dos termos aparece duas vezes: o médio repete-se nas
premissas (homem); o maior e o menor que também se chamam extremos repetem-se nas
premissas e na conclusão. A repetição é indispensável para que seja possível a comparação
dos termos; sem isso nenhuma conclusão seria possível.
As proposições:
Duas Maior * *
Premissas
TRÊS Menor * *
PROPOSIÇÕES
Conclusão * *
Princípio de compreensão
Duas coisas ou ideias iguais a uma terceira são iguais entre si.
Duas coisas ou ideias em que uma é idêntica e a outra não é idêntica a uma terceira,
não são idênticas entre si.
Princípio de extensão
Exemplo: se afirmamos que “todos moçambicanos são humildes”; quer dizer, os de Nampula,
Zambézia, Sofala, etc., e cada um dos moçambicanos é humilde.
Todo o silogismo que pretende ser válido, para além de princípios, tem de se conformar a oito
(8) regras particulares: quatro (4) relativas aos termos e quatro relativas às proposições ou
premissas:
1ª. Os termos são três: médio, maior e menor. Viola-se esta regra quando se usa um termo
equívoco (com mais de um significado).
Exemplo:
2ª. Nenhum termo deve ter maior extensão na conclusão que nas premissas.
Exemplo:
Os africanos são homens
Ora, os russos não são africanos
Logo, os russos não são homens
3ª. O termo médio deve ser tomado, pelo menos, uma vez, universalmente. De contrário seria
tomado em duas extensões diferentes. Portanto, com dois significados diferentes.
Exemplo:
5ª. De duas premissas afirmativas, não se pode tirar uma conclusão negativa.
Por exemplo:
Tudo o que respira vive.
Ora, eu respiro.
Logo, eu não vivo
Por exemplo:
O António não é o filho de Nilza
O Pedro não é filho da Nilza.
……………………….(?)
Que parentesco existe entre António e Pedro? A pergunta não tem sentido.
7ª. De duas premissas particulares nada se pode concluir. Porque o termo médio não será
tomado nenhuma vez universalmente.
Exemplo:
Há homens que são virtuosos
Há homens que são pecadores
Logo, os pecadores são virtuosos
8ª. A conclusão segue sempre a parte mais fraca. Ao aplicar esta regra temos que ter em
conta que a particular é a mais fraca que a universal, a negativa mais fraca que afirmativa.
Exemplo:
1ª. O termo médio é sujeito da premissa maior e predicado da premissa menor (Sub – Prae).
Por exemplo:
Por exemplo:
Toda a mãe é mulher (P é M)
Joana é mulher (S é M)
Joana é mãe (S é P)
Por exemplo:
Os morcegos são mamíferos (M é P)
Os morcegos são voadores (M é S)
Alguns voadores são morcegos (S é P)
4ª. O termo médio é predicado na maior e sujeito na menor premissas (Prae – Sub).
Por exemplo:
Os africanos são homens (P é M)
Os homens são racionais (M é S)
Alguns racionais são africanos (S é P).
Assim, os modos legítimos são apenas 19, distribuídos pelas quatro formas.
Para a 1ª figura – BARBARA (AAA), CELARENT (EAE), DARRII (AII), FERIO (EIO) –
quatro (4) modos.
Para a 3ª figura – DARAPTI (AAI), DISAMIS (IAI), DATISI (AII), FELAPTON (EAO),
BOCARDO (OAO), FERISON (EIO) – seis (6) modos.
Em suma, existem 19 modos de silogismos válidos, distribuídos nas quatro figuras, que
resultam de várias combinações possíveis dos quatro tipos de proposições (AEIO), sem
infringir qualquer regra do silogismo.
Silogismos irregulares
Sendo que, normalmente, não seguimos as formas mais perfeitas de raciocínio, aparecem os
silogismos irregulares como resultado da omissão ou ampliação dos elementos que
constituem um silogismo regular. Os principais tipos de silogismos irregulares são: entimema,
epiquerema, polissilogismo e sorites.
Entimema (ou silogismo incompleto) – é um silogismo simplificado pela omissão duma das
premissas, que se subentende facilmente.
Exemplo:
Os homens são mortais
Logo, Pedro é mortal
Epiquerema – é um silogismo em que as premissas exibem uma justificação.
Exemplo:
A ciência é útil, porque ensina ao homem a verdade
A lógica é uma ciência, porque é um conjunto de verdades
Logo, a lógica é útil.
Exemplo:
Todo mamífero é vertebrado
Todo o carnívoro é mamífero
Compilado por: dr Dauda Abudo , Página 18
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Sorites – é o argumento em que quatro (4) ou mais proposições estão de tal modo enlaçados
que o predicado duma é sujeito da seguinte e, na conclusão, aparecem ligados o sujeito da
primeira e o predicado da última.
Exemplo:
A alma humana é imaterial
O imaterial é simples
O simples é indecomponível
O indecomponível é incorruptível
O incorruptível é imortal
Logo, A alma humana é imortal
Silogismos hipotéticos
Nos silogismos hipotéticos não se afirma nem nega nada rotundamente como acontece nos
silogismos categóricos; mas afirma-se ou nega-se sob uma condição ou estabelecendo uma
alternativa. Por isso, a premissa maior de um silogismo hipotético é constituída por duas ou
mais proposições simples cujas ligações são feitas por conectores como: “se…então; …e…;
…ou…”.
Exemplo:
Exemplo:
Se um animal bebe leite em pequeno é mamífero (premissa maior)
O cão bebe o leite em pequeno (premissa menor)
Logo, o cão é mamífero (conclusão)
Exemplo:
Se um animal bebe leite em pequeno é mamífero (premissa maior)
O peixe não é mamífero
Logo, o peixe não bebe o leite em pequeno.
Silogismo hipotético disjuntivo – aquele que estabelece uma alternativa entre dois termos ou
mais atributos, mas de tal modo que afirmando um deles, os restantes serão negados em bloco
e negando um ou vários, o outro será afirmado.
Exemplo:
Ou João é do Sporting ou do Benfica
Ora, João é do Sporting
Modus ponendo – tollens (ao afirmar, nega). Nesta figura, a premissa maior anuncia uma
disjunção exclusiva. Veja o exemplo anterior.
Exemplo:
Ou Helena é nervosa ou é paciente
Ora, Helena não é nervosa
Logo, Helena é paciente.
Neste tipo de silogismo, a premissa maior não admite que dois termos opostos prediquem
simultaneamente um mesmo sujeito.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Modus ponendo – tollens (afirmando, nega). Nesta figura, a premissa maior anuncia uma
disjunção exclusiva. Veja o exemplo anterior. Veja o exemplo 1.
Dilema
É um argumento formado por uma proposição disjuntiva e duas condicionais que levam, seja
qual for a condição admitida conduz à mesma conclusão. É famosa faca de dois cumes (entre
a espada e a parede). Qualquer seja a opção escolhida, a consequência é sempre a mesma.
Exemplo:
Regras do dilema
1ª Regra – a disjunção deve ser completa para que o adversário não tenha outra saída.
2ª Regra – a refutação de cada uma das hipóteses deve ser feita validamente para que o
opositor não possa negar as consequências.
3ª Regra – a conclusão deve ser a única que pode ser deduzida, caso contrário, o dilema pode
ser contestado.
Sofismas – quando há intenção de enganar alguém, isto é, enganar duma forma voluntária.
Assim, em qualquer falácia ocorrem dois elementos essenciais: uma verdade aparente e um
erro oculto.
Importa-nos destacar as diferentes espécies dos sofismas que constituem erros voluntários.
Num raciocínio incorrecto, o erro tanto pode originar-se nas palavras empregadas como na
conexão das ideias. Assim temos:
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Exemplo:
Só o homem é que pensa
Ora, nenhuma mulher é homem
Logo, nenhuma mulher pensa.
A terra é um planeta
A terra é habitada
Logo, os planetas são habitados
Joana partiu um espelho; e, pouco depois, sofreu um pequeno acidente. Joana concluiu que o
acidente foi provocado pelo espelho partido, pois, vidros partidos são prenúncio de desgraça.
Círculo Vicioso ou dialelo – que consiste em provar uma coisa por outra (a primeira
pela segunda e esta pela primeira), sem demonstrar nenhuma delas.
b) Refutá-los – exige-se, além da cultura, uma perspicácia sagaz e astuta que nos
permita analisar criteriosamente a linguagem, a matéria e a forma dos sofismas, de
modo a descobrir e a atacar os erros que encerram.
As variáveis – as letras do alfabeto que representam qualquer enunciado, por isso, são
designadas por letras enunciativas: p, q, r, s, t p’, q’, r’, s’, etc.
Simples ou atómicas – quando se trata de proposições que não se podem decompor noutras
proposições e, por isso, o seu valor lógico mede-se unicamente do confronto com os factos de
que anuncia com a realidade. Exemplo: Os moçambicanos são africanos.
Exemplo: Lurdes Mutola foi campeã olímpica dos 800m ou cantora e dançarina.
Decompondo, fica:
Negação Não ~
Conjunção E Ʌ
Disjunção Ou V
Tomemos como ponto de partida o seguinte exemplo: “Vaquina estuda e Muapitão joga
futebol.”
Negação (~) é um operador lógico que, ao ligar-se a uma única proposição, a torna falsa se é
verdadeira e verdadeira se é falsa. A negação de uma proposição P, representa-se por: ~P. A
proposição ~P só é verdadeira se a proposição P for falsa.
P ~P
V F
F V
Conjunção (Ʌ) traduz a partícula “e” da linguagem natural e desempenha do mesmo modo a
sua função corrente: ligar copulativamente duas expressões. Simbolicamente, representa-se da
seguinte forma: P e Q será P Ʌ Q. A proposição composta copulativamente será verdadeira se
as duas proposições simples envolvidas forem verdadeiras.
P Q PɅQ
V V V
V F F
F V F
F F F
Disjunção (V), corresponde à partícula “ou” da linguagem corrente e compete-lhe, por isso,
associar duas expressões (denominadas disjuntos) através da relação “ou…ou…”. Se for P e
Q, duas proposições, a sua disjunção será representada por P V Q.
Compilado por: dr Dauda Abudo , Página 28
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Essa expressão pode ser verdadeira ainda que uma das proposições seja falsa. Mas pode sê-lo
também se ambas forem verdadeiras, porque a condição da verdade da disjunção é que n uma
ou outra das proposições seja verdadeira.
P Q PVQ
V V V
V F V
F V V
F F F
Exemplo:
P = Sócrates é homem
Q = Sócrates é animal.
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
P = Sócrates é homem.
Q = Sócrates é racional.
A equivalência
P↔Q
Para que a equivalência seja verdadeira é, evidentemente necessário que as proposições sejam
ambas verdadeiras ou ambas falsas.
P Q P↔Q
V V V
V F F
F V F
F F V
A palavra politica é de origem grega: polis, que quer dizer cidade. E, politica significa,
etimologicamente: arte de administrar (governar) a cidade. Usou a palavra política para
designar ao estudo das coisas que se referem ao Estado (república).
Para Aristóteles, a política é a ciência do governo (a arte de governar), ou seja, o tratado sobre
a natureza, funções e divisão do Estado e sobre as várias formas de governo.
A política é uma actividade imprescindível na vida humana e está ligada ao poder sobre os
outros homens. Para Hobbes, o poder são os meios adequados à obtenção de qualquer
vantagem e para Russell, o poder é conjunto de meios que permitem alcançar os efeitos
desejados.
Poder económico – assenta na posse de bens. Poder ideológico – baseia-se na influência que
os detentores do poder exercem sobre os demais, determinando-lhes o comportamento
(sacerdotes, pastores, líderes, etc.). Poder político – assenta na coerção e na força. É a
faculdade que um povo possui de, por autoridade própria, instituir órgãos que exerçam a
governação de um território.
Ciência política
A ciência política consiste nos estudos que se realizam sobre a análise política. Assim, a
ciência política é o estudo sistemático do facto político relacionado com o acesso, a
titularidade, o exercício e o controlo do poder político.
A Filosofia política ocupa-se dos problemas relacionados com a origem do Estado, a sua
organização, a sua forma ideal, a sua função e o seu fim específico, a natureza da acção
política e as suas relações com a moral, a relação entre o Estado e o indivíduo, entre o Estado
e a Igreja e entre o Estado e os partidos políticos.
A Filosofia política se alimenta das práticas políticas, ou seja, dos acontecimentos políticos
levados a cabo por políticos e por aqueles que pensam o facto político, daí a necessidade de
haver filósofos políticos em todas as fases do desenvolvimento da sociedade.
A acção política deve basear-se em princípios morais, ou melhor na ética. Pois, é praticamente
impossível separar o problema da constituição da comunidade política da determinação de
certos fins éticos, que se caracteriza pela busca dos ideiais de justiça, de felicidade, etc.,
sempre considerados como um bem ao qual todos aspiram. Portanto, é em função de um
determinado bem que os homens se decidem a constituir uma comunidade política.
2.1.3 Estado/Nação
Considera-se sociedade ao estado dos homens ou dos animais que vivem sob a acção de leis
comuns; reunião de pessoas unidas pela mesma origem e pelas mesmas leis.
Governo é o conjunto de pessoas que detêm cargos oficiais e exercem autoridade em nome do
Estado e que lhe foi conferida pelo povo, no caso comum da democracia; é a acção dirigida ao
Estado. E o governante é qualquer funcionário público que assume cargos na direcção, que
dirige uma instituição pública.
Nação é a comunidade natural de homens que, reunidos num mesmo território, possuem em
comum a origem, os costumes e a língua e estão conscientes desses factos. Os elementos
essenciais para a constituição da nacionalidade são: tradição e cultura comuns, origem e raça
(factores objectivos) e a consciência do grupo humano de que estes elementos comunitários
estão presentes (factor subjectivo).
A questão política não é opcional, mas uma necessidade que se impõe ao Homem, enquanto
membro de uma comunidade organizada que se rege por leis comuns e assenta em princípios
éticos valorizados pelos seus membros.
Neste sentido, para Pasquino, “a participação política é o conjunto de actos e de atitudes que
aspiram a influenciar de forma mais ou menos directa e mais ou menos legal as decisões dos
detentores do poder no sistema político com o propósito de manter ou modificar a estrutura do
sistema de interesses dominante.”
Sendo que o problema político diz respeito a toda a sociedade, o cidadão que compõe a
sociedade tende participar nela como algo que lhe diz respeito; contribuir em ideias nas
decisões, participar em eventos de interesse do Estado. Exemplo: exercendo o direito de voto,
participar nos debates públicos, etc.
Uma outra possível forma de participação política é a formação e participação cívica através
de partidos políticos. O partido político é um grupo de indivíduos unidos por ideiais e
actividades comuns, com vista a consecução de certos fins políticos ou à eleição dos
funcionários para o Estado, quer se trate de órgãos do governo central ou para autarquias
locais.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela ONU a 10 de Dezembro d
1948.
Os Direitos humanos, segundo a doutrina do Direito natural, inatos; eles não são uma dádiva
de qualquer organização ou instituição, pois existem muito antes do Homem estar ligado aos
conceitos: sociedade, economia, Estado e religião.
1) São universais: não dizem respeito a este ou aquele homem, mas sim a todos os
homens.
Justiça social
A justiça social é vinculada ao conceito do bem comum pois a sua definição depende da
concepção político-económica de cada autor. Assim, a justiça social está ligada aos direitos
humanos e diz respeito à igualdade entre todos os cidadãos e ao direito de cada um ser
respeitado nos seus direitos.
Segundo John Rawls, a justiça é a primeira virtude das instituições sociais, por mais eficazes e
bem organizadas que sejam, as instituições e as leis devem ser reformadas e abolidas se forem
injustas. Por isso, o objecto da justiça social é entendida como equidade, que diz respeito à
estrutura de base como a constituição, as principais estruturas económicas e a maneira como
essas representam os direitos, os deveres fundamentais e como determinam a repartição dos
benefícios extraídos da cooperação social.
Funções do Estado
Os sofistas
Os sofistas foram os primeiros a roda tradicional de pensamento dos pré-socráticos (a procura
do arché na natureza) e concentraram-se no Homem e nas questões da moral e da política.
Destacam-se como famosos sofistas: Protágoras, Górgias, Trasímaco, Pródico e Hipódamo.
Outro grande contributo dos sofistas foi a sistematização do ensino: gramática, retórica e
dialéctica vinculando os jovens para a participação no debate público.
Platão preocupou-se em imaginar uma cidade ideal na qual reinaria um bom governo e um
regime justo. Pois, o bom governo, segundo Platão, depende da virtude dos bons governantes.
Para Platão, a Filosofia Política não aceita pacificamente o Estado ou a Política como dados
absolutos e inquestionáveis: critica, interpreta, pensa e compreende essas realidades. A
Filosofia Política é um exercício da liberdade.
Por isso, a política, deve ter a Filosofia como seu instrumento e fonte de inspiração, pois a
Filosofia é a via segura de acesso aos valores de justiça e de bem.
Origem do Estado
Platão advoga que a origem do Estado é convencional, ou seja, está no facto de os homens
não se bastarem a si mesmos. Ninguém pode ocupar ao mesmo tempo diversas profissões. Daí
a necessidade de cada um associar-se aos outros, cada um com tarefas sociais específicas
(especialização). E, de facto, ninguém pode ser, ao mesmo tempo, professor, médico,
mecânico, técnico, etc.
Comunismo/idealismo
O ideal de Platão era de ver as crianças educadas pelo Estado e orientadas segundo as suas
aptidões. Assim, deviam receber a mesma educação do Estado até aos vinte anos. E, de
acordo com a orientação das suas almas: os de bronze deviam dedicar-se à agricultura, ao
artesanato e ao comércio, por terem sensibilidade grosseira. Os outros estudariam mais dez
anos para o segundo corte familiar. Os que tivessem a alma de prata se dedicariam à defesa da
cidade. E, os da alma de ouro, instruídos na arte de pensar e dialogar governariam por
conhecerem o saber mais alto que é a Filosofia (aos 50 anos) com a principal virtude que é a
justiça.
Classes sociais
Formas do governo
A melhor forma de governo, para Platão, é a monarquia, sob o comando de um filósofo – rei
que governa com plena justiça e preserva a unidade. A segunda opção é a aristocracia
composta por filósofos e guerreiros; mas este tipo de governo, facilmente de degenera
transformando em timocracia, governo de ambiciosos de poder e de honra.
A oligarquia é a fase mais corrompida da aristocracia, na qual reina a avidez de riqueza. Aos
olhos de Platão, a democracia é a pior forma de governo, pois, estando o poder nas mãos do
Compilado por: dr Dauda Abudo , Página 37
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povo, e sendo este incapaz de conhecer a ciência política, facilita, através da demagogia, o
aparecimento da tirania – o governo exercido por um só homem, através da força.
Origem do Estado
Para Aristóteles, a origem do Estado é natural e não convencional. Pois, o homem é, por
natureza, um animal político. O homem se distingue dos outros animais pelo facto de estar
integrado numa polis que resulta duma civilização da espécie humana (família, tribo, clã,
aldeia e cidade).
Neste sentido, o objectivo do Estado é de proporcionar felicidade aos cidadãos, pois, o escopo
da vida humana é a felicidade e, por isso, o escopo do Estado deve ser a consecução do bem
comum.
Formas de governo
Aristóteles concebeu três formas de organização política (constituições) do Estado que se
apresentam duas faces: bons e corruptos.
Santo Agostinho defende a existência da autoridade política para que se mantenha a paz, a
justiça, a ordem e a segurança. A autoridade política é uma dádiva divina aos seres humanos,
daí que os governantes devem ser respeitados e distinguidos entre os justos e injustos.
Para Aquino, o Estado nasce da natureza social do Homem e não das limitações do indivíduo.
O Estado é uma sociedade porque consiste na reunião de muitos indivíduos que pretendem
fazer alguma coisa em comum e, é uma sociedade perfeita porque tem um fim próprio: o bem
comum e os meios suficientes para o realizar.
O Estado tem os meios suficientes para proporcionar um modo de vida que permita a todos os
cidadãos ter aquilo que necessitam para viver como homens.
Nicolau Maquiavel
O príncipe deve impor-se mais pelo temor do que pelo amor, para alcançar os seus
objectivos: preservar a sua vida e a do Estado. Porém, Maquiavel adverte que o príncipe não
deve esquecer a sua reputação. O político não deve confiar no aspecto positivo do homem
mas sim o seu aspecto negativo e agir em consequência disso. Nisto, não terá receio em ser
temido e a tomar as medidas necessárias para tornar-se temível. Mas o ideal para um príncipe
seria o de ser ao mesmo tempo amado e temido, coisas muito difíceis de conciliar, no
entanto, o príncipe deve fazer a escolha mais funcional para o governo eficaz do estado.
Os filósofos ingleses
No século XVII, registavam-se, em Inglaterra, lutas acesas entre o rei e o parlamento, com o
predomínio ora de um, ora de outro, acabando por se impor definitivamente o parlamento, no
fim do século. Por isso, Hobbes, Locke, Berkeley e, posteriormente Hume, procuraram dar o
seu contributo para a política do seu país.
O Estado de natureza é caracterizado pela expressão sem regras da natureza humana cujas
paixões fundamentais são o apetite de domínio sobre o seu semelhante e o medo correlativo
da morte violenta infligida por outrem. Todos estão em competição, cheios de desconfiança e
medo porque o direito de natureza, anterior das leis, é a liberdade que cada um tem de usar a
sua força para se conservar a sí mesmo, direito ilimitado que se estende a todas as coisas, até
ao corpo do outro, à sua integridade e à sua vida, daí a: guerra de todos contra todos (bellum
omnium contra omnes – homo homini lupus).
O medo e o desejo de paz levaram o homem a fundar um estado social e a autoridade política,
abdicando dos seus direitos em favor do soberano, que, por sua vez, terá um poder absoluto.
No contrato social, os Homens renunciam alguns dos seus direitos, colocando-os nas mão de
um só homem (Soberano). Esse contrato, uma vez estabelecido, não poderá ser modificado
nem desfeito porque seria preciso o consentimento de todos e isso é irrealizável. Cabe ao
soberano julgar sobre o bem e o mal, sobre o justo e o injusto; ninguém pode discordar, pois
tudo o que o soberano faz é resultado do investimento da autoridade consentida pelo súbtido.
John Locke
Para Locke, no estado de natureza os homens são livres, iguais e independentes e não um
estado de guerra de todos contra todos. No estado natural cada um é juíz em causa própria.
Pela liberdade natural do Homem, ele não pode ser expulso da sua propriedade e ser
submetido ao poder político de outrem sem dar o seu consentimento.
de poderes em que advoga a separação dos poderes legislativo, executivo e judicial, com o
fim de estabelecer condições institucionais de liberdade política através de uma equilibrada
divisão de funções entre os órgãos do Estado (parlamento, governo e tribunais).
O poder legislativo tem a função de criar as leis (Parlamento); o poder executivo tem a
função de implementar as leis e de as fazer cumprir (Governo) e o poder judicial serve para
julgar aqueles que violam a lei (Tribunais). Cada tipo de poder deve actuar plenamente.
Jean-Jacques Rousseau foi escritor e filósofo genebrence (Suíça) de língua francesa (1712-
1778). Em 1741 instala-se em Paris e aí conhece Diderot. Em 1750, o seu discurso sobre as
ciências e as artes tras-lhe uma notoriedade de escândalos e os seus escritores ulteriores, onde
continua a atacar a sociedade do seu tempo.
Rousseau começa a sua reflexão política partindo da hipótese de o Homem se ter encontrado
num estado de natureza e num outro estado contratual, na sua obra política: o Contrato Social.
O contrato social, produz os seguintes efeitos: o indivíduo já não é simples homem, mas
cidadão; ele renuncia os direitos pessoais em favor da comunidade e já não assume como
norma o instinto, mas a lei.
Com a entrada em vigor do contrato social, as acções adquirem uma moralidade que não tinha
antes: “somente então a voz do dever sucede ao impulso físico, o direito sucede ao apetite, e o
homem que até agora tomava em consideração somente a si mesmo, se vê forçado a agir em
conformidade com outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir as próprias
tendências.
A obediência à lei não é obediência a uma vontade estranha, mas a uma vontade que o próprio
indivíduo constitui: o cidadão é legislador e súbtido ao mesmo tempo. Sendo o povo a única
fonte do direito (no contrato social faz-se a renúncia ao uso de alguns direitos mas não aos
direitos como tais).
Os governantes não gozam de alguma autoridade definitiva sobre ele: ele permanece o único
verdadeiro soberano. Eles não são donos do povo, mas seus funcionários, e o povo pode
nomeá-los e destituí-los.
Hegel
Filósofo norte-americano, o seu pensamento político encontra-se nas obras: Uma Teoria de
Justiça, de 1971, e O Liberalismo Político.
Para Rawls, a justiça é a estrutura de base da sociedade e a primeira virtude das instituições
sociais. Esta concretiza-se na efectivação das liberdades individuais e na sua não restrição
para o benefício do outrem. Uma sociedade justa, defende Rawls, deve fundar-se na igualdade
de direitos.
A justiça deve ser encarada como a capacidade concedida à pessoa para escolher os seus
próprios fins. A justiça diz respeito a uma estrutura de base que congrega as instituições
sociais mais importantes, a constituição, as principais estruturas económicas, bem como a
maneira através da qual estas representam os direitos e os deveres fundamentais e determinam
a repartição dos benefícios extraídos da cooperação social.
Na sua obra o Liberalismo Político, reconhece que a justiça como equidade é um projecto
irrealista e defende que devem-se erguer instituições políticas liberais a partir do substrato
comum das ideias aceitáveis e aceites pela comunidade pública.
Filósofo Australiano, defende uma sociedade aberta que se baseia no exercício crítico da
razão humana, como sociedade que não apenas tolera como também estimula no seu interior e
por meio de instituições democráticas a liberdade dos indivíduos e dos grupos, tendo em vista
a solução dos problemas sociais, ou seja, as reformas contínuas.
Sistema político é a maneira como uma comunidade política se estrutura e exerce o poder
político. A estrutura do poder da comunidade política é feita de duas formas: como regime
político e como sistema de governo.
São as relações que se estabelecem entre o indivíduo e a sociedade política, cuja ideologia o
poder político tem a missão de implementar no âmbito jurídico.
O regime ditatorial pode ser autoritário quando o poder político exerce um certo controlo
sobre a sociedade civil. E, pode ser totalitário quando o controlo do poder político subjuga a
sociedade.
Para a análise de um sistema de governo, deve-se ter em conta a separação dos poderes, a
dependência, a independência ou a interdependência dos órgãos e a responsabilidade política
de um órgão perante o outro.
Aliaram-se ao socialismo de Nkrumah outros políticos como Senghor, Luís Cabral, Júlio
Nyerere e Agostinho Neto; estes deram origem ao socialismo africano. Para Senghor,
defendendo o socialismo africano, defende que a alma negra é essencialmente colectiva e
solidária, por isso, a África, é por natureza do seu povo, socialista.
Mas o grande mérito de Nkrumah foi de conceber a unidade africana que transformaria o
continente africano num só Estado banindo as fronteiras traçadas arbitrariamente em Berlim,
pois os Estados africanos considerados individualmente não eram suficientemente fortes para
competirem com as grandes potências do ocidente.
Ena década de 1960 nasceram dois grupos: o de Monróvia (Califórnia, EUA) que defendia a
criação dos Estados Unidos da África e o de Casablanca (Marrocos) que defendia a criação da
nações e fundou a OUA (Organização da Unidade Africana) a 25 de Maio de 1963 em Addis
Abeba (Etiópia), com os seguintes objectivos: promover a unidade e a solidariedade entre os
Estados Africanos; coordenar e intensificar a cooperação entre os Estados africanos; defender
a soberania, integridade territorial e independência dos Estados; coordenar e harmonizar as
políticas dos países-membros, etc.
Mesmo depois da libertação dos africanos da escravatura, ainda há, em alguns africanos
complexos de inferioridades a outros povos. A grande dificuldade que se manteve era: como
dizer ao africano, que nunca tinha sido valorizado, que tinha efectivamente valor, que ele era
igual ao seu colonizador, que tinha dignidade, que ser africano não era uma maldição, ect.
A União Africana pretendia dar continuação aos objectivos da OUA. Um dos objectivos era a
NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), pôr em prática a visão Pan-
africana dos líderes africanos para promover o desenvolvimento sustentável da África.
Só mais tarde, as ciências sociais e humanas realizaram novas abordagens e adoptaram uma
visão que reconhecesse que toda a cultura representa uma determinada civilização,
independentemente da sua situação geográfica, histórica, social e económica.
Por isso, é importante a intervenção do filósofo africano, para projectar o futuro do homem
africano, partindo da sua própria história. A Filosofia africana vem recuperar a auto-estima
que o homem negro tinha perdido com o tratamento esclavagista.
A discussão sobre a existência ou não da filosofia africana emergiu quando muitos estudiosos,
africanos e não africanos, apresentaram ao mundo estudos sobre etnias africanas,
denominando-os “Filosofia Africana”, como Anyanw, Placide Tempels, Alexis Kagame,
Mbit, entre outros.
Os críticos como Hountondji, Franz Chahay, E. Boulaga, M. Towa, Werudu, entre outros,
colocam a seguinte questão: pode-se falar de Física ou Química africanas da mesma forma
que se fala da Filosofia africana? A discussão fundamental é do objecto de estudo da filosofia
africana.
3.2.1 Etnofilosofia
Para os etnofilósofos, toda a filosofia é uma filosofia cultural, ou seja, ninguém faz a filosofia
sem se basear em alguma cultura. Para Anyanw, a missão do filósofo africano é compreender
e explicar os princípios sobre os quais se baseia cada uma das culturas africanas.
As críticas da etnofilosofia são várias, mas dentre elas podemos destacar as seguintes: os
filósofos da etnofilosofia descreviam práticas habituais de alguns povos africanos e
chamavam-os de Filosofia africana; tais estudos, enquanto feitos por intelectuais não
africanos, denegriam o africano (por exemplo, o sacerdote belga Placide Temples que falava
duma lógica menor do africano).
Um dos grandes críticos é Paulin Hountondji, na sua obra: African Philosophy, Mythe and
Reality, de 1971: reivindicar a filosofia africana é cair na ratoeira colonialista, pois a filosofia
africana obriga-nos a definir África em relação à Europa; a filosofia é uma disciplina científia,
teorética e individual; todo o projecto de edificar uma filosofia africana é um projecto europeu
de demarcar a todo o custo a civilização africana da do ocidente e, o papel criador da Filosofia
africana não pode nascer do nada, mas que necessariamente parte da herança cultural.
Acima de tudo, a ideia da filosofia africana deve ser aliada a um projecto de crítica e reflexão
de africanos sobre os problemas de África.
Assim, a filosofia social e política africana, no ^âmbito das mudanças sociais, enterrou as
bases defendidas inicialmente por muito filósofos célebres, como Platào, que advogava as
virtudes como fundamentos para o bom governo, exigindo a justiça, a sabedoria, a coragem e
a temperança.
Pan-africanismo
foi realizada em Londres, em 1900 com o objectivo de procurar uma forma de protecção
contra os agressores imperialistas brancos e contra a política colonial que até então submetia
os negros.
Coube a Aimé Césaire o mérito de ser considerado o grande impulsionador deste termo. A ele
cabe a paternidade do termo negritude. Os maiores impulsionadores são: Césaire (antilhano),
Senghor (senegalês) e Damas (guianês) – resumiram o projecto em três conceitos;
A palavra politica é de origem grega: polis, que quer dizer cidade. E, politica significa,
etimologicamente: arte de administrar (governar) a cidade. Usou a palavra política para
designar ao estudo das coisas que se referem ao Estado (república).
Para Aristóteles, a política é a ciência do governo (a arte de governar), ou seja, o tratado sobre
a natureza, funções e divisão do Estado e sobre as várias formas de governo.
A política é uma actividade imprescindível na vida humana e está ligada ao poder sobre os
outros homens. Para Hobbes, o poder são os meios adequados à obtenção de qualquer
vantagem e para Russell, o poder é conjunto de meios que permitem alcançar os efeitos
desejados.
Poder económico – assenta na posse de bens. Poder ideológico – baseia-se na influência que
os detentores do poder exercem sobre os demais, determinando-lhes o comportamento
(sacerdotes, pastores, líderes, etc.). Poder político – assenta na coerção e na força. É a
faculdade que um povo possui de, por autoridade própria, instituir órgãos que exerçam a
governação de um território.
Ciência política
A ciência política consiste nos estudos que se realizam sobre a análise política. Assim, a
ciência política é o estudo sistemático do facto político relacionado com o acesso, a
titularidade, o exercício e o controlo do poder político.
A Filosofia política ocupa-se dos problemas relacionados com a origem do Estado, a sua
organização, a sua forma ideal, a sua função e o seu fim específico, a natureza da acção
política e as suas relações com a moral, a relação entre o Estado e o indivíduo, entre o Estado
e a Igreja e entre o Estado e os partidos políticos.
A Filosofia política se alimenta das práticas políticas, ou seja, dos acontecimentos políticos
levados a cabo por políticos e por aqueles que pensam o facto político, daí a necessidade de
haver filósofos políticos em todas as fases do desenvolvimento da sociedade.
A acção política deve basear-se em princípios morais, ou melhor na ética. Pois, é praticamente
impossível separar o problema da constituição da comunidade política da determinação de
certos fins éticos, que se caracteriza pela busca dos ideiais de justiça, de felicidade, etc.,
sempre considerados como um bem ao qual todos aspiram. Portanto, é em função de um
determinado bem que os homens se decidem a constituir uma comunidade política.
2.1.3 Estado/Nação
Considera-se sociedade ao estado dos homens ou dos animais que vivem sob a acção de leis
comuns; reunião de pessoas unidas pela mesma origem e pelas mesmas leis.
Governo é o conjunto de pessoas que detêm cargos oficiais e exercem autoridade em nome do
Estado e que lhe foi conferida pelo povo, no caso comum da democracia; é a acção dirigida ao
Estado. E o governante é qualquer funcionário público que assume cargos na direcção, que
dirige uma instituição pública.
Nação é a comunidade natural de homens que, reunidos num mesmo território, possuem em
comum a origem, os costumes e a língua e estão conscientes desses factos. Os elementos
essenciais para a constituição da nacionalidade são: tradição e cultura comuns, origem e raça
(factores objectivos) e a consciência do grupo humano de que estes elementos comunitários
estão presentes (factor subjectivo).
A questão política não é opcional, mas uma necessidade que se impõe ao Homem, enquanto
membro de uma comunidade organizada que se rege por leis comuns e assenta em princípios
éticos valorizados pelos seus membros.
Neste sentido, para Pasquino, “a participação política é o conjunto de actos e de atitudes que
aspiram a influenciar de forma mais ou menos directa e mais ou menos legal as decisões dos
detentores do poder no sistema político com o propósito de manter ou modificar a estrutura do
sistema de interesses dominante.”
Sendo que o problema político diz respeito a toda a sociedade, o cidadão que compõe a
sociedade tende participar nela como algo que lhe diz respeito; contribuir em ideias nas
decisões, participar em eventos de interesse do Estado. Exemplo: exercendo o direito de voto,
participar nos debates públicos, etc.
Uma outra possível forma de participação política é a formação e participação cívica através
de partidos políticos. O partido político é um grupo de indivíduos unidos por ideiais e
actividades comuns, com vista a consecução de certos fins políticos ou à eleição dos
funcionários para o Estado, quer se trate de órgãos do governo central ou para autarquias
locais.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela ONU a 10 de Dezembro d
1948.
Os Direitos humanos, segundo a doutrina do Direito natural, inatos; eles não são uma dádiva
de qualquer organização ou instituição, pois existem muito antes do Homem estar ligado aos
conceitos: sociedade, economia, Estado e religião.
5) São universais: não dizem respeito a este ou aquele homem, mas sim a todos os
homens.
Justiça social
A justiça social é vinculada ao conceito do bem comum pois a sua definição depende da
concepção político-económica de cada autor. Assim, a justiça social está ligada aos direitos
humanos e diz respeito à igualdade entre todos os cidadãos e ao direito de cada um ser
respeitado nos seus direitos.
Segundo John Rawls, a justiça é a primeira virtude das instituições sociais, por mais eficazes e
bem organizadas que sejam, as instituições e as leis devem ser reformadas e abolidas se forem
injustas. Por isso, o objecto da justiça social é entendida como equidade, que diz respeito à
estrutura de base como a constituição, as principais estruturas económicas e a maneira como
essas representam os direitos, os deveres fundamentais e como determinam a repartição dos
benefícios extraídos da cooperação social.
O Estado de Direito diz respeito àquele onde os membros dessa sociedade estão todos
submetidos à mesma lei, isto é, onde a lei prevalece sobre todos os indivíduos. Num Estado de
Direito há respeito sobre a hierarquia das normas, separação de poderes e pelos direitos
fundamentais. Ele é garantido pela divisão de poderes. No Estado de Direito ninguém está
acima da lei; a lei reina sobre todos os indivíduos.
Funções do Estado
Os sofistas
Os sofistas foram os primeiros a roda tradicional de pensamento dos pré-socráticos (a procura
do arché na natureza) e concentraram-se no Homem e nas questões da moral e da política.
Destacam-se como famosos sofistas: Protágoras, Górgias, Trasímaco, Pródico e Hipódamo.
Outro grande contributo dos sofistas foi a sistematização do ensino: gramática, retórica e
dialéctica vinculando os jovens para a participação no debate público.
Platão preocupou-se em imaginar uma cidade ideal na qual reinaria um bom governo e um
regime justo. Pois, o bom governo, segundo Platão, depende da virtude dos bons governantes.
Para Platão, a Filosofia Política não aceita pacificamente o Estado ou a Política como dados
absolutos e inquestionáveis: critica, interpreta, pensa e compreende essas realidades. A
Filosofia Política é um exercício da liberdade.
Por isso, a política, deve ter a Filosofia como seu instrumento e fonte de inspiração, pois a
Filosofia é a via segura de acesso aos valores de justiça e de bem.
Origem do Estado
Platão advoga que a origem do Estado é convencional, ou seja, está no facto de os homens
não se bastarem a si mesmos. Ninguém pode ocupar ao mesmo tempo diversas profissões. Daí
a necessidade de cada um associar-se aos outros, cada um com tarefas sociais específicas
(especialização). E, de facto, ninguém pode ser, ao mesmo tempo, professor, médico,
mecânico, técnico, etc.
Comunismo/idealismo
O ideal de Platão era de ver as crianças educadas pelo Estado e orientadas segundo as suas
aptidões. Assim, deviam receber a mesma educação do Estado até aos vinte anos. E, de
acordo com a orientação das suas almas: os de bronze deviam dedicar-se à agricultura, ao
artesanato e ao comércio, por terem sensibilidade grosseira. Os outros estudariam mais dez
anos para o segundo corte familiar. Os que tivessem a alma de prata se dedicariam à defesa da
cidade. E, os da alma de ouro, instruídos na arte de pensar e dialogar governariam por
conhecerem o saber mais alto que é a Filosofia (aos 50 anos) com a principal virtude que é a
justiça.
Classes sociais
Formas do governo
A melhor forma de governo, para Platão, é a monarquia, sob o comando de um filósofo – rei
que governa com plena justiça e preserva a unidade. A segunda opção é a aristocracia
composta por filósofos e guerreiros; mas este tipo de governo, facilmente de degenera
transformando em timocracia, governo de ambiciosos de poder e de honra.
A oligarquia é a fase mais corrompida da aristocracia, na qual reina a avidez de riqueza. Aos
olhos de Platão, a democracia é a pior forma de governo, pois, estando o poder nas mãos do
povo, e sendo este incapaz de conhecer a ciência política, facilita, através da demagogia, o
aparecimento da tirania – o governo exercido por um só homem, através da força.
Origem do Estado
Para Aristóteles, a origem do Estado é natural e não convencional. Pois, o homem é, por
natureza, um animal político. O homem se distingue dos outros animais pelo facto de estar
integrado numa polis que resulta duma civilização da espécie humana (família, tribo, clã,
aldeia e cidade).
Neste sentido, o objectivo do Estado é de proporcionar felicidade aos cidadãos, pois, o escopo
da vida humana é a felicidade e, por isso, o escopo do Estado deve ser a consecução do bem
comum.
Formas de governo
Aristóteles concebeu três formas de organização política (constituições) do Estado que se
apresentam duas faces: bons e corruptos.
terrena, manchada pelo pecado original. O Homem precisa do Estado para obrigar os
membros da comunidade ao cumprimento da lei.
Santo Agostinho defende a existência da autoridade política para que se mantenha a paz, a
justiça, a ordem e a segurança. A autoridade política é uma dádiva divina aos seres humanos,
daí que os governantes devem ser respeitados e distinguidos entre os justos e injustos.
Para Aquino, o Estado nasce da natureza social do Homem e não das limitações do indivíduo.
O Estado é uma sociedade porque consiste na reunião de muitos indivíduos que pretendem
fazer alguma coisa em comum e, é uma sociedade perfeita porque tem um fim próprio: o bem
comum e os meios suficientes para o realizar.
O Estado tem os meios suficientes para proporcionar um modo de vida que permita a todos os
cidadãos ter aquilo que necessitam para viver como homens.
Nicolau Maquiavel
O príncipe deve impor-se mais pelo temor do que pelo amor, para alcançar os seus
objectivos: preservar a sua vida e a do Estado. Porém, Maquiavel adverte que o príncipe não
deve esquecer a sua reputação. O político não deve confiar no aspecto positivo do homem
mas sim o seu aspecto negativo e agir em consequência disso. Nisto, não terá receio em ser
temido e a tomar as medidas necessárias para tornar-se temível. Mas o ideal para um príncipe
seria o de ser ao mesmo tempo amado e temido, coisas muito difíceis de conciliar, no
entanto, o príncipe deve fazer a escolha mais funcional para o governo eficaz do estado.
Os filósofos ingleses
No século XVII, registavam-se, em Inglaterra, lutas acesas entre o rei e o parlamento, com o
predomínio ora de um, ora de outro, acabando por se impor definitivamente o parlamento, no
fim do século. Por isso, Hobbes, Locke, Berkeley e, posteriormente Hume, procuraram dar o
seu contributo para a política do seu país.
Estado sem recorrer à intervenção divina ou a qualquer explicação religiosa. Daí que
começaram por se preocupar pela origem do Estado.
O Estado de natureza é caracterizado pela expressão sem regras da natureza humana cujas
paixões fundamentais são o apetite de domínio sobre o seu semelhante e o medo correlativo
da morte violenta infligida por outrem. Todos estão em competição, cheios de desconfiança e
medo porque o direito de natureza, anterior das leis, é a liberdade que cada um tem de usar a
sua força para se conservar a sí mesmo, direito ilimitado que se estende a todas as coisas, até
ao corpo do outro, à sua integridade e à sua vida, daí a: guerra de todos contra todos (bellum
omnium contra omnes – homo homini lupus).
O medo e o desejo de paz levaram o homem a fundar um estado social e a autoridade política,
abdicando dos seus direitos em favor do soberano, que, por sua vez, terá um poder absoluto.
No contrato social, os Homens renunciam alguns dos seus direitos, colocando-os nas mão de
um só homem (Soberano). Esse contrato, uma vez estabelecido, não poderá ser modificado
nem desfeito porque seria preciso o consentimento de todos e isso é irrealizável. Cabe ao
soberano julgar sobre o bem e o mal, sobre o justo e o injusto; ninguém pode discordar, pois
tudo o que o soberano faz é resultado do investimento da autoridade consentida pelo súbtido.
John Locke
Para Locke, no estado de natureza os homens são livres, iguais e independentes e não um
estado de guerra de todos contra todos. No estado natural cada um é juíz em causa própria.
Pela liberdade natural do Homem, ele não pode ser expulso da sua propriedade e ser
submetido ao poder político de outrem sem dar o seu consentimento.
O poder legislativo tem a função de criar as leis (Parlamento); o poder executivo tem a
função de implementar as leis e de as fazer cumprir (Governo) e o poder judicial serve para
julgar aqueles que violam a lei (Tribunais). Cada tipo de poder deve actuar plenamente.
Jean-Jacques Rousseau foi escritor e filósofo genebrence (Suíça) de língua francesa (1712-
1778). Em 1741 instala-se em Paris e aí conhece Diderot. Em 1750, o seu discurso sobre as
ciências e as artes tras-lhe uma notoriedade de escândalos e os seus escritores ulteriores, onde
continua a atacar a sociedade do seu tempo.
Rousseau começa a sua reflexão política partindo da hipótese de o Homem se ter encontrado
num estado de natureza e num outro estado contratual, na sua obra política: o Contrato Social.
O contrato social, produz os seguintes efeitos: o indivíduo já não é simples homem, mas
cidadão; ele renuncia os direitos pessoais em favor da comunidade e já não assume como
norma o instinto, mas a lei.
Com a entrada em vigor do contrato social, as acções adquirem uma moralidade que não tinha
antes: “somente então a voz do dever sucede ao impulso físico, o direito sucede ao apetite, e o
homem que até agora tomava em consideração somente a si mesmo, se vê forçado a agir em
conformidade com outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir as próprias
tendências.
A obediência à lei não é obediência a uma vontade estranha, mas a uma vontade que o próprio
indivíduo constitui: o cidadão é legislador e súbtido ao mesmo tempo. Sendo o povo a única
fonte do direito (no contrato social faz-se a renúncia ao uso de alguns direitos mas não aos
direitos como tais).
Os governantes não gozam de alguma autoridade definitiva sobre ele: ele permanece o único
verdadeiro soberano. Eles não são donos do povo, mas seus funcionários, e o povo pode
nomeá-los e destituí-los.
Hegel
Filósofo norte-americano, o seu pensamento político encontra-se nas obras: Uma Teoria de
Justiça, de 1971, e O Liberalismo Político.
Para Rawls, a justiça é a estrutura de base da sociedade e a primeira virtude das instituições
sociais. Esta concretiza-se na efectivação das liberdades individuais e na sua não restrição
para o benefício do outrem. Uma sociedade justa, defende Rawls, deve fundar-se na igualdade
de direitos.
A justiça deve ser encarada como a capacidade concedida à pessoa para escolher os seus
próprios fins. A justiça diz respeito a uma estrutura de base que congrega as instituições
sociais mais importantes, a constituição, as principais estruturas económicas, bem como a
maneira através da qual estas representam os direitos e os deveres fundamentais e determinam
a repartição dos benefícios extraídos da cooperação social.
Na sua obra o Liberalismo Político, reconhece que a justiça como equidade é um projecto
irrealista e defende que devem-se erguer instituições políticas liberais a partir do substrato
comum das ideias aceitáveis e aceites pela comunidade pública.
Filósofo Australiano, defende uma sociedade aberta que se baseia no exercício crítico da
razão humana, como sociedade que não apenas tolera como também estimula no seu interior e
por meio de instituições democráticas a liberdade dos indivíduos e dos grupos, tendo em vista
a solução dos problemas sociais, ou seja, as reformas contínuas.
Sistema político é a maneira como uma comunidade política se estrutura e exerce o poder
político. A estrutura do poder da comunidade política é feita de duas formas: como regime
político e como sistema de governo.
São as relações que se estabelecem entre o indivíduo e a sociedade política, cuja ideologia o
poder político tem a missão de implementar no âmbito jurídico.
O regime ditatorial pode ser autoritário quando o poder político exerce um certo controlo
sobre a sociedade civil. E, pode ser totalitário quando o controlo do poder político subjuga a
sociedade.
Para a análise de um sistema de governo, deve-se ter em conta a separação dos poderes, a
dependência, a independência ou a interdependência dos órgãos e a responsabilidade política
de um órgão perante o outro.
Aliaram-se ao socialismo de Nkrumah outros políticos como Senghor, Luís Cabral, Júlio
Nyerere e Agostinho Neto; estes deram origem ao socialismo africano. Para Senghor,
defendendo o socialismo africano, defende que a alma negra é essencialmente colectiva e
solidária, por isso, a África, é por natureza do seu povo, socialista.
Mas o grande mérito de Nkrumah foi de conceber a unidade africana que transformaria o
continente africano num só Estado banindo as fronteiras traçadas arbitrariamente em Berlim,
pois os Estados africanos considerados individualmente não eram suficientemente fortes para
competirem com as grandes potências do ocidente.
Ena década de 1960 nasceram dois grupos: o de Monróvia (Califórnia, EUA) que defendia a
criação dos Estados Unidos da África e o de Casablanca (Marrocos) que defendia a criação da
nações e fundou a OUA (Organização da Unidade Africana) a 25 de Maio de 1963 em Addis
Abeba (Etiópia), com os seguintes objectivos: promover a unidade e a solidariedade entre os
Estados Africanos; coordenar e intensificar a cooperação entre os Estados africanos; defender
a soberania, integridade territorial e independência dos Estados; coordenar e harmonizar as
políticas dos países-membros, etc.
Mesmo depois da libertação dos africanos da escravatura, ainda há, em alguns africanos
complexos de inferioridades a outros povos. A grande dificuldade que se manteve era: como
dizer ao africano, que nunca tinha sido valorizado, que tinha efectivamente valor, que ele era
igual ao seu colonizador, que tinha dignidade, que ser africano não era uma maldição, ect.
A União Africana pretendia dar continuação aos objectivos da OUA. Um dos objectivos era a
NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), pôr em prática a visão Pan-
africana dos líderes africanos para promover o desenvolvimento sustentável da África.
Só mais tarde, as ciências sociais e humanas realizaram novas abordagens e adoptaram uma
visão que reconhecesse que toda a cultura representa uma determinada civilização,
independentemente da sua situação geográfica, histórica, social e económica.
Por isso, é importante a intervenção do filósofo africano, para projectar o futuro do homem
africano, partindo da sua própria história. A Filosofia africana vem recuperar a auto-estima
que o homem negro tinha perdido com o tratamento esclavagista.
A discussão sobre a existência ou não da filosofia africana emergiu quando muitos estudiosos,
africanos e não africanos, apresentaram ao mundo estudos sobre etnias africanas,
denominando-os “Filosofia Africana”, como Anyanw, Placide Tempels, Alexis Kagame,
Mbit, entre outros.
Os críticos como Hountondji, Franz Chahay, E. Boulaga, M. Towa, Werudu, entre outros,
colocam a seguinte questão: pode-se falar de Física ou Química africanas da mesma forma
que se fala da Filosofia africana? A discussão fundamental é do objecto de estudo da filosofia
africana.
3.2.1 Etnofilosofia
Para os etnofilósofos, toda a filosofia é uma filosofia cultural, ou seja, ninguém faz a filosofia
sem se basear em alguma cultura. Para Anyanw, a missão do filósofo africano é compreender
e explicar os princípios sobre os quais se baseia cada uma das culturas africanas.
As críticas da etnofilosofia são várias, mas dentre elas podemos destacar as seguintes: os
filósofos da etnofilosofia descreviam práticas habituais de alguns povos africanos e
chamavam-os de Filosofia africana; tais estudos, enquanto feitos por intelectuais não
africanos, denegriam o africano (por exemplo, o sacerdote belga Placide Temples que falava
duma lógica menor do africano).
Um dos grandes críticos é Paulin Hountondji, na sua obra: African Philosophy, Mythe and
Reality, de 1971: reivindicar a filosofia africana é cair na ratoeira colonialista, pois a filosofia
africana obriga-nos a definir África em relação à Europa; a filosofia é uma disciplina científia,
teorética e individual; todo o projecto de edificar uma filosofia africana é um projecto europeu
Acima de tudo, a ideia da filosofia africana deve ser aliada a um projecto de crítica e reflexão
de africanos sobre os problemas de África.
Assim, a filosofia social e política africana, no ^âmbito das mudanças sociais, enterrou as
bases defendidas inicialmente por muito filósofos célebres, como Platào, que advogava as
virtudes como fundamentos para o bom governo, exigindo a justiça, a sabedoria, a coragem e
a temperança.
Pan-africanismo
Coube a Aimé Césaire o mérito de ser considerado o grande impulsionador deste termo. A ele
cabe a paternidade do termo negritude. Os maiores impulsionadores são: Césaire (antilhano),
Senghor (senegalês) e Damas (guianês) – resumiram o projecto em três conceitos;
Etimologicamente, a palavra “ontologia” deriva de dois termos gregos: onto, que significa ser,
ente, indivíduo, e lógia, que quer dizer tratado, saber, estudo, doutrina, investigação.
Portanto, a ontologia é uma parte da Filosofia que se ocupa dos problemas relativos ao ser
enquanto ser; ou seja, do ser na sua generalidade e das propriedades ou qualidades que
pertencem ao ser enquanto tal. Este termo “ontologia” foi introduzido por Aristóteles na sua
obra Metafísica IV,1.
As perguntas principais de que se ocupa a ontologia são: o que é o ser? Que qualidades
podemos encontrar no ser? Por que princípios se rege o ser?
O objecto de estudo da ontologia é o ser enquanto é. Não um ser determinado, mas de forma
abstracta, de máxima extensão porque abrange tudo quando é e de mínima compreensão
porque abstrai de qualquer propriedade particularizante. Logo, o objecto de estudo da
ontologia é a totalidade ôntica.
As categorias do ser são as grandes divisões que o mesmo comporta e, segundo Aristóteles,
existem dez (10) categorias, sendo a primeira a substâncias e as restantes nove (9) são
acidentes.
Substância é aquilo que é em si e por si, e não em outra coisa. Aquilo que permanece como
algo subsistente. São todas as coisas concretas e individuais: o homem, a caneta, o peixe, etc.
O acidente é tudo aquilo que ocorre ou acontece; aquilo que para ser necessita de se apoiar
numa substância. O acidente só existe na substância, não existe em si e por si; é predicado da
substância. Enquanto a substância permanece no indivíduo mesmo com as modificações, o
acidente é que está sujeito a mudanças no indivíduo. Exemplo: a minha escola é linda;
Egnésio é inteligente, etc.
Quantidade – atribuição de partes distintas a outras (exemplo: pequeno, grande, 12gr; 20kg).
Relação – ligação que se estabelece entre a substância e os acidentes (exemplo: pai, filho,
primo, presidente, chefe).
Tempo – momento ou ocasião disponível para que uma coisa se realize (de manhã, meio-dia, a
tarde, 1975, etc.).
Lugar – espaço que um corpo substanciado ocupa em relação a outros corpos (exemplo: em
casa, na sala, em Nacala-Porto, no cinema, etc.).
Acção – o que a substâncias faz usando as suas faculdades ou poderes (por exemplo: dialogar,
conduzir uma motorizada, etc.).
Estado – conjunto de bens ou instrumentos que, por sua habilidade, complementam a natureza
da substância (por exemplo: luxo, fausto, etc.).
Posição – lugar ou postura relativa ocupada pela substância (de pé, sentado, deitado, etc.).
Para explicar o dinamismo do ser, Aristóteles recorreu a duas noções fundamentais: potência
e acto.
Potência é a possibilidade que uma matéria tem de vir a ser algo em acto; ou seja, é o carácter
dinâmico da matéria que lhe permite possuir um determinado modo de ser e que lhe confere a
capacidade de devir. Por exemplo: se sou aprendiz de filósofo, posso ou não vir a ser filósofo;
mas já que tenho a possibilidade, posso afirmar que sou filósofo em potência.
O acto é o que faz ser aquilo que é, é o ser real, é o que o determina. Dizer que uma coisa está
em acto é o mesmo que dizer que a mesma coisa tem actualidade, ou seja, passou da potência
de ser algo ao acto de ser. Por exemplo: a camisa do uniforme está em acto, existe
actualmente, não é aquele simples tecido.
Estes dois conceitos são correlativos: o acto explica a unidade do ser enquanto é e a potência
explica o que a matéria pode vir a ser.
Também são dois conceitos correlativos. Para Aristóteles: a essência é o quê de uma coisa,
isto é, não o que seja, mas aquilo que uma coisa é. Trata-se da qualidade ou determinação sem
a qual uma coisa não seria o que factualmente é. A existência é a actualização da essência; é a
realidade, a substância em acto.
A causa refere-se à força transformadora das coisas (da potência ao acto) que confere um
determinado modo de ser.
Para Aristóteles, os seres criados não têm a razão de ser em si mesmos e distingue quatro
causas que concorrem para a produção de qualquer coisa:
Causa eficiente – aquilo que produz uma coisa. É o artífice que confere o ser que
antes uma coisa não possuía.
Causa material – condição ou aquilo de que uma coisa é feita.
Causa formal – a forma ou o aspecto que um determinado ser toma ou que é
plasmado pelo seu criador.
Causa final – o propósito ou o objectivo com que uma coisa é feita.
Tomás de Aquino, na idade média, fala de cinco vias que também são conhecidas como as
provas da existência de Deus.
2. A série de causas eficientes no mundo devem conduzir a uma causa sem causa.
Não há unanimidade sobre os fins para os quais o Homem foi criado. Mas prevalece uma
visão teleológica para a existência humana.
Para Aristóteles, toda a acção humana é feita em função de um fim que é o bem soberano, isto
é, a felicidade. Para ele, ser feliz é o fim último da existência humana. A chave da felicidade
compreende o prazer, ser cidadão livre e viver segundo a razão.
Também, na idade média, Santo Agostinho afirma que o Homem é chamado a ser feliz. Para
ele, a felicidade consiste na busca de um bem permanente que é Deus. São Tomás acredita
que o homem foi criado em função de um fim: o fim sobrenatural que é a salvação das almas
individuais e o fim natural que é a felicidade terrena.
Para Brazão Mazula, pensador moçambicano, o Homem tem de agir de acordo com a ética da
felicidade que se baseia num trabalho duro, na criatividade e na honestidade e não na
acumulação ilícita de bens.
4.2 Estética
A estética é a ciência do belo. Uma disciplina filosófica que se ocupa no estudo do belo. Para
Kant, a estética é a ciência que trata das condições de percepção pelos sentidos.
Para Platão, a arte é uma imitação da natureza que é cópia das ideias do mundo das ideias; o
alvo da imitação é o belo. Para Aristóteles, a arte não é apenas a imitação da natureza, trata-se
de uma reprodução da natureza com a intenção de a superar. Para Vico, a arte é um modo
fundamental e original de homem se expressar numa determinada fase do seu
desenvolvimento: a dos sentidos, a da fantasia e a da razão.
A arte como a mais sublime expressão humana da natureza e do universo opõe-se a própria
Natureza que o homem pretende exprimir e interpretar. Quando é simples manifestação do
belo, denomina-se belas-artes e, quando a arte visa fins lucrativos, denomina-se artes úteis.
Existem as artes mecânicas (metalurgia e têxteis) em que o artista está preocupado com a
utilidade da sua obra (o lucro). Existem as belas artes em que a preocupação fundamental do
artista é a expressão do gosto pelo belo.
As artes plásticas são aquelas que exprimem a beleza sensível através do uso das formas e das
cores, que são: a escultura, a pintura e a arquitectura.
As artes rítmicas ou artes de movimento são artes que, na sua essência, produzem obras que
exprimem a beleza mediante várias formas: sons, ritmos e movimentos. São elas: a poesia, a
música e a coreografia.
Para Platão, a arte é fruto do amor que impele a alma para a imortalidade. Para atingi-la, a
alma gera e procria o belo antecipando a vida feliz. Assim, a arte deve subordinar-se à moral.
Deve ser favorecida só a arte que é útil `a educação e condenada e excluída a arte que
favorece a corrupção. Para Platão, a única arte digna de ser cultivada é a música porque educa
para o belo e forma a alma para a harmonia interior.
Para Kant, a estética e a ética estão separadas pelo interesse presente na ética (a moral –
virtudes), mas o belo e o bom estão próximos porque agradam imediatamente, são
universalmente partilháveis, são inspirados por uma forma e são livres.
Bibliografia
ALVES, Fátima. ARÊDES, José. CARVALHO, José. Introdução à Filosofia 11º Ano–
Pensar e Ser. 4.ed. Texto Editora. Lisboa. 1997.
DIAS, Rui dos Anjos. Filosofia 7º Ano. Livraria Almeida Editora. Coimbra. 1972.
FERREIRA, Maria Luísa Ribeiro. Introdução à Filosofia. 11º Ano. Texto Editora. Lisboa.
1997.