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MEDICINA VETERINÁRIA
CDU: 619:615.849
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APRESENTAÇÃO
Este caderno didático tem por objetivo proporcionar um guia para o acompanhamento das
aulas de Diagnóstico por Imagem, ministradas aos estudantes do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria. Não deve ser usado como única fonte
de estudo, uma vez que a literatura existente é rica e ampliará os horizontes do aluno em
busca de conhecimento.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA
HISTÓRICO
Wilhelm Conrad Roentgen nasceu em 1845 na Alemanha. Formou-se engenheiro
mecânico em Zurich, Suíça, onde também obteve grau de doutor em 1869.
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Em 1895, Roentgen, professor do Instituto de Física da Universidade de Würzburg,
fazia experiências com uma ampola de Crookes (fig.1.1), quando descobriu os raios-X.
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darão origem a proporcional quantidade de raios-X. A quantidade de raios-X é diretamente
proporcional ao tempo, sendo esta relação denominada miliamperes/segundo (mAs).
Na outra extremidade da ampola encontra-se o ânodo (potencial positivo)
apresentando uma pequena placa de tungstênio. Através do circuito de alta voltagem,
medida em quilovolts (kV), produz-se entre os pólos positivo e negativo da ampola uma
diferença de potencial, fazendo com que os elétrons sejam atraídos pelo ânodo, colidindo
contra o mesmo, produzindo raios-X e calor.
Pelo descrito acima pode-se concluir que a miliamperagem é responsável pela
quantidade de radiação produzida, enquanto a quilovoltagem determina a energia e,
consequentemente, a penetração dos raios.
DEFINIÇÃO DE RAIOS-X
São ondas eletromagnéticas, semelhantes à luz, diferindo no comprimento de
onda (λ). O comprimento de onda dos raios-X variam entre 100 e 0,01Å (angstrom).
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Em radiodiagnóstico, os raios-X mais empregados estão entre 0,5 e 0,4Å, na
dependência da quilovoltagem empregada.
40 a 60 kV.....................................λ = 0,5Å – raios moles
60 a 80 kV.....................................λ = 0,45Å – raios médios
80 a 100 kV...................................λ = 0,4Å – raios duros
Acima de 100 kV obtêm-se raios chamados ultra-duros.
Quanto menor o comprimento de onda dos raios-X, ou seja, quanto maior a
quilovoltagem empregada, maior será seu poder de penetração.
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A imagem radiográfica é determinada por sombras do objeto, variando do preto ao
branco, passando por vários tons de cinza, na dependência do peso atômico, da espessura e
da densidade da substância que compõe o objeto radiografado.
• Quanto maior o peso atômico, maior dificuldade terão os raios para ultrapassar o
material.
Ex: Radiografando-se uma rolha de cortiça e um cilindro de chumbo com o mesmo
diâmetro, a primeira será atravessada pela radiação produzindo imagem
radiolucente (cinza escuro). Já, o segundo, absorverá a radiação, impedindo a
chegada da mesma ao filme, proporcionando imagem radiopaca (branca).
• A espessura também impedirá a passagem da radiação de forma diretamente
proporcional.
Ex: Um cão de porte grande requererá maior poder de penetração dos raios para
imprimir imagem no filme, do que um cão de pequeno porte.
• Maior densidade da matéria requer maior força de penetração dos raios.
Ex: Determinado volume de água absorverá mais a radiação do que o mesmo
volume de gelo.
Num mesmo animal verificam-se várias densidades radiológicas, determinando a
imagem radiográfica de seus órgãos na dependência da densidade, espessura e peso
atômico dos mesmos. Os ossos, por exemplo, constituem-se basicamente de cálcio.
Considerando-se que esta substância absorve os raios-X, entende-se porque aquelas
estruturas imprimem imagem radiopaca na radiografia; o brometo de prata que compõe a
emulsão que envolve a película radiográfica, não sendo atingida pela radiação, não se reduz
à prata metálica ao ser mergulhada no revelador. Por outro lado, o ar que enche os pulmões,
oferece menor resistência à passagem das radiações, determinando imagem radiolucente,
pois a radiação impressiona os sais de prata da emulsão, fazendo com que se reduzam a
prata metálica quando o filme é imerso no revelador.
Entre a densidade osso (radiopaca) e a densidade ar (radiolucente), existe a
densidade água que corresponde aos músculos, tendões e sangue (menos radiopaca que o
osso) e a densidade gordura (menos radiopaca que a densidade água).
CONTRASTES
Quando a imagem radiográfica não é diagnóstica, pode-se recorrer ao uso de
contrastes, que são substâncias administradas ao paciente no intuito de melhor definir ou
delimitar estruturas.
Contrastes positivos: são radiopacos.
Ex: Composto à base de sulfato de bário utilizado para estudo do sistema digestório,
à base de iohexol utilizado para mielografia, à base de amidotrizoato de sódio e
amidotrizoato de meglumina utilizado para estudo do sistema urinário e angiografia, entre
outros.
Contrastes negativos: são radiolucentes.
Usualmente utiliza-se ar, podendo-se usar óxido nitroso ou dióxido de carbono.
Ex: Pneumocistografia.
Quando estruturas de mesma densidade se sobrepõem produzem efeito de adição de
imagem. Ex: Dois ossos sobrepostos determinam imagem mais radiopaca que a
determinada por um único osso.
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Quando estruturas de densidades diferentes se sobrepõem determinam efeito de
subtração de imagem. Ex: Porção do duodeno com gases (radiolucente) sobreposto à
imagem do fígado (radiopaco), determina, no ponto de sobreposição, densidade menos
radiopaca que a característica deste órgão.
IDENTIFICAÇÃO DE RADIOGRAFIAS
A identificação do paciente (nº da ficha e / ou nome), data do exame, membro E ou
D (quando necessário), são impressos no filme, com tipos de chumbo afixados no chassi no
momento da radiografia ou com identificador eletrônico na câmara escura, após a
radiografia. Quando a incidência for frontal, ou seja, DV, VD, DP, PD, FM ou MF a marca
deve ser colocada no lado direito do paciente. No momento da interpretação radiológica, o
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filme deve ser colocado no negatoscópio com a identificação para o lado esquerdo do
radiologista.
Em incidências laterais, a marca deve ficar em local que não atrapalhe a imagem.
Ao negatoscópio, coloca-se a região cranial do corpo do animal para a esquerda do
radiologista.
Quando radiografados os dois membros, a marca deve ser colocada no direito. Nada
impede que se coloque as letras D e E respectivamente.
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Considerando-se que a radiação é nociva à saúde, procura-se proteger ao máximo as
pessoas envolvidas no exame.
• Radiologistas, técnicos e auxiliares devem, sempre, usar avental,
luvas, óculos e protetor de tireóide plumbíferos e dosímetro para medir a radiação
recebida durante determinado período de tempo (normalmente mensal). Quando
possível, proteger-se atrás de biombo de chumbo ou paredes espessas e fazer controle
hematológico periodicamente (6 em 6 meses).
• Solicita-se ao cliente (proprietário) que auxilie na contenção do
paciente.
• Colima-se o feixe de radiação através de cones ou diafragmas,
dirigindo-o, sempre que possível, para o chão, utilizando-se a maior quilovoltagem e a
menor miliamperagem.
REQUISIÇÃO
Na solicitação do exame radiológico é importante que conste:
• A identificação do paciente: Nome, idade,...
• Descrição sucinta da história clínica.
• Especificação das estruturas a serem radiografadas.
INTERPRETAÇÃO RADIOLÓGICA
Observa-se, inicialmente, a radiografia toda, avaliando-se o padrão radiográfico e o
posicionamento. Detém-se, então, à região central do filme, onde deve estar a estrutura a
ser estudada, indicada, em geral, pelo clínico.
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Figura 1.3 – Radiografias em projeção lateral e crânio-caudal de rádio e ulna de
um cão. A primeira sugere que o projétil se encontra entre os
dois ossos. A outra demonstra que está sob a pele, na face lateral
do membro.
Atenta-se para:
• Mudança de posição de um órgão ou parte dele. Ex: alças intestinais desviadas para
um lado, por tumoração na cavidade abdominal.
• Variação no tamanho. Ex: cardiomegalia.
• Variação no contorno ou forma. Ex: bexiga com divertículo.
• Alteração na densidade. Ex: rarefação óssea.
• Alteração na função. Ex: Rim afuncional (evidenciado na urografia excretora).
• Mudança na arquitetura. Ex: neoplasias ósseas.
LAUDO RADIOLÓGICO
Na elaboração do laudo radiológico descreve-se as alterações observadas, emite-se o
diagnóstico, se possível, ou declara-se não haver alteração detectável ao exame radiológico,
nas estruturas avaliadas.
CAPÍTULO II
SISTEMA DIGESTÓRIO
CAVIDADE ORAL
Esta estrutura, primeira do sistema digestório, em geral, é avaliada através de exame
direto, dispensando raios-X. Recomenda-se que o clínico abra a boca do paciente, fazendo a
inspeção, em busca de lesões na língua, gengiva, palato, corpos estranhos entre os dentes,
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cáries ou dentes quebrados ou frouxos. As estruturas ósseas que limitam a cavidade oral,
dentes e periodonto, fazem parte do capítulo de sistema ósseo.
FARINGE
Nesta região, deve-se analisar a anatomia da mesma (fig. 2.1), palato mole, epiglote
e hióides, levando em conta alteração de volume, continuidade ou densidade. É importante
o conhecimento das estruturas normais, facilitando a identificação de alterações, quando
presentes. Corpos estranhos, linfonodo aumentado e neoplasias são alterações passíveis de
serem detectadas ao exame radiográfico.
ESÔFAGO
Esta estrutura estende-se da altura da 2ª vértebra cervical à 10ª torácica. Começa
dorsal à traquéia, passando para o lado esquerdo da mesma na porção cervical caudal, até a
entrada do tórax, onde volta a ser dorsal, chegando ao abdome, onde se une ao cárdia.
O esôfago não é distinguido ao exame radiográfico simples, pois encontra-se,
normalmente, colapsado, não apresentando ar ou conteúdo em sua luz, determinando a
mesma densidade dos tecidos moles da região do pescoço e do mediastino. Discreta porção
de ar (radiolucente) poderá, eventualmente, ser observada na porção inicial do esôfago.
Imagem que não deve se repetir em radiografias sucessivas.
ESOFAGOGRAMA
É o exame contrastado do esôfago para o qual usa-se contraste positivo, em geral,
sulfato de bário. Recomenda-se composto orgânico em caso de suspeita de solução de
continuidade de parede do órgão.
As radiografias são efetuadas em posicionamento lateral, mais esclarecedor e dorso-
ventral ou ventro-dorsal, sendo estes últimos de pouca ajuda pela sobreposição das
vértebras.
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TÉCNICA RADIOGRÁFICA
Com auxílio de seringa administra-se, via oral, 5 a 10ml de sulfato de bário.
Imediatamente, coloca-se o paciente em decúbito lateral sobre o filme e efetua-se a
radiografia. Nota: Sempre realizar o exame simples antes do contrastado, para avaliar o
padrão da radiografia e descartar a presença de alteração detectável sem contraste.
IMAGEM
Na ausência de alterações, o contraste passará imediatamente para o estômago,
deixando resíduos entre as pregas do esôfago, determinando imagem de linhas longitudinais
que se estendem até a entrada do abdome ou próximo a este ponto. A não detecção da
coluna de contraste, ou a visualização da mesma até o terço médio do tórax, sem dilatação
do esôfago, não caracteriza alteração. Isto se deve à passagem livre e rápida do contraste
para o estômago (fig. 2.2 A).
No gato, no terço caudal do esôfago, existem pregas transversais além das
longitudinais, determinando uma imagem semelhante a espinha de peixe, quando
preenchidas por contraste (fig. 2.2 B).
Figura 2.2 – Esofagograma. Imagem normal de esôfago de cão (A), de gato (B).
ALTERAÇÕES
As alterações de esôfago classificam-se em intraluminais (ex: corpo estranho, fig.
2.3), intramurais (ex: nódulos de Spirocerca lupi, fig. 2. 6) ou periesofágicas (ex: neoplasia
adjacente ao esôfago, fig. 2.5).
Sinais clínicos: dificuldade de deglutição, regurgitação e, eventualmente, tosse.
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base do coração (pelas estruturas da região) e na porção terminal do esôfago (pela limitação
proporcionada pelos pilares do diafragma).
Figura 2.4 – Imagens de corpo estranho radiolucente (setas) em esôfago de um cão. Exame simples (A) e
esofagograma (B).
COMPRESSÃO ESOFÁGICA
Pode ocorrer por aumento de volume de linfonodos mediastinais, hipertrofia ou
neoplasia de timo, ou massas adjacentes ao esôfago (fig. 2.5).
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Figura 2.5 – Massa comprimindo o esôfago cervical (setas pretas). Exame simples (A) e esofagograma (B).
Contraste impedido de progredir livremente (seta branca).
RUPTURA DE ESÔFAGO
Quando ao exame radiográfico simples for evidenciado ar nos tecidos adjacentes ao
esôfago, deve-se suspeitar de ruptura ou perfuração do mesmo. Utiliza-se, então, composto
orgânico para confirmar o diagnóstico, o que será demonstrado por extravasamento do
contraste para fora da luz esofágica.
DIVERTÍCULO ESOFÁGICO
Não produz sinal clínico, a menos que seja muito grande. Pode ser congênito ou
adquirido. Aparece, ao esofagograma, como uma saculação.
ESOFAGITE
Diagnóstico pouco comum pelo estudo radiográfico. Pode levar a espessamento da
parede em casos crônicos ou demonstrar irregularidade nas pregas do esôfago.
ESTENOSE ESOFÁGICA
Fibrose após lesão, tumoração na parede do esôfago ou nódulos de Spirocerca lupi
(fig. 2.6) são as causas de estenose esofágica. Ocorre redução da luz por espessamento da
parede.
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NEOPLASIAS
Não são comuns em cães, sendo diagnosticadas, embora raramente, em gatos. A
imagem radiográfica demonstra irregularidade da parede do esôfago, evidenciada ao
esofagograma.
HÉRNIA DE HIATO
Esta alteração ocorre quando uma porção do estômago passa pelo hiato esofágico e
penetra no tórax. A hérnia pode ser axial ou paraesofágica. A primeira ocorre quando parte
do estômago escorrega intermitentemente para o tórax através do hiato. A segunda, quando
parte do estômago penetra no tórax pelo hiato, lateralmente ao esôfago.
INVAGINAÇÃO GASTRO-ESOFÁGICA
O estômago invagina para o interior do esôfago e, eventualmente, leva junto porção
do duodeno, baço e pâncreas, produzindo uma dilatação esofágica, que apresentará
densidade alterada na porção terminal. Ao esofagograma é possível visualizar o padrão
pregueado da mucosa do estômago na luz do esôfago. Observa-se, também, a ausência de
qualquer imagem correspondente ao estômago na cavidade abdominal (fig. 2.7).
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Figura 2.8 – Esofagograma demonstrando dilatação parcial
de esôfago (setas).
MEGAESÔFAGO
Observa-se aumento da luz do esôfago em toda a sua extensão, até a entrada do
abdome. Às vezes dispensa o exame contrastado (fig. 2.9 A). Para preenchimento do órgão
dilatado, é necessária uma quantidade de contraste bem maior que a recomendada para o
esofagograma (fig. 2.9 B). Megaesôfago pode ser causado por acalasia ou tumor de cárdia,
por exemplo.
Figura 2.9 – Megaesôfago em cão. A- Exame simples demonstrando as paredes do esôfago (setas) e
ar no interior. B- Esofagograma demonstrando quantidade insuficiente de contraste
devido à grande distensão.
ABDOME
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Ao avaliar-se o abdome como um todo, deve-se considerar tamanho, densidade e
localização de cada órgão, bem como o conteúdo e o grau de repleção das vísceras ocas.
Para detectar-se alteração, é indispensável ter conhecimento da imagem normal do
organismo animal (fig. 2.10 e 2.11).
ESTÔMAGO
Este órgão localiza-se na porção cranial do abdome, aparecendo parcialmente
sobreposto ao fígado nas radiografias. Ao exame simples, pode ser facilmente identificado
por conter, usualmente, gás no seu lúmen. Em posição VD, no cão, cárdia e região fúndica
do estômago estão localizados à esquerda da linha média, ficando a região pilórica à direita.
No gato, o estômago está localizado em sua totalidade no lado esquerdo, tendo o piloro na
linha média. Na projeção lateral, dependendo do decúbito, a coleção de gás que tende a
subir, se localizará na região fúndica (decúbito direito) ou na pilórica (decúbito esquerdo).
Figura 2.10 – Abdome normal de cão. Incidência lateral (A) e ventro-dorsal (B). Fígado (seta
longa preta), alça do intestino delgado (seta pequena branca), estômago (seta
grossa branca) e cólon descendente com gases e fezes (seta grossa preta).
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Figura 2.11 – Abdome normal de felino. Cólon descendente (seta fina preta), fígado (seta
branca), rins sobrepostos na incidência lateral e rim esquerdo na ventro-
dorsal (seta grossa preta).
GASTROGRAFIA OU GASTROGRAMA
É o exame contrastado do estômago, sendo o sulfato de bário o meio de contraste
indicado rotineiramente. Diante de suspeita de perfuração de parede, este deve ser
substituído por composto orgânico.
TÉCNICA:
Visando avaliação do estômago, indica-se jejum de 8 horas previamente ao exame,
se as condições do paciente o permitir. Presença de conteúdo no estômago após jejum,
sugere obstrução ou espasmo de piloro.
Com auxílio de seringa, via oral, ou através de sonda diretamente no estômago,
administra-se o meio de contraste na dose de 5 a 12ml.kg -1 de peso do animal.
Imediatamente, efetua-se a primeira radiografia, para avaliar a passagem do contraste para
o duodeno (fig. 2.12), repetindo-se aos 5, 15, 20 e 60 minutos após, avaliando-se as
imagens obtidas, até chegar ao diagnóstico. Indica-se incidências VD, lateral esquerda,
lateral direita e, se necessário, DV e obliquadas.
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Nota: É importante que o paciente seja mantido em local tranqüilo,
preferencialmente, junto ao proprietário, para que o estresse não interfira na progressão do
contraste.
ALTERAÇÕES
São sinais de desordem gástrica: dor abdominal, vômito, anorexia, podendo chegar
a temperatura elevada, perda de peso, desidratação e fadiga.
CORPO ESTRANHO
Pode ser radiopaco, que será visualizado ao exame simples, ou radiolucente,
evidenciado por pequena quantidade de contraste administrada que o envolverá. Plástico e
vidro são exemplos de corpos estranhos radiolucentes.
TORÇÃO GÁSTRICA
O estômago apresenta-se distendido por gases e / ou conteúdo alimentar e líquidos,
com o piloro deslocado de sua posição normal. Este quadro caracteriza emergência, não
sendo indicado o uso de contraste.
DILATAÇÃO GÁSTRICA
O estômago apresenta-se distendido, permanecendo o piloro em sua posição normal
(fig. 2.13).
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TUMORES E ÚLCERAS
Os tumores gástricos são raros em pequenos animais, já as úlceras ocorrem,
especialmente, causadas pelo uso indiscriminado de antiinflamatórios. O diagnóstico
radiológico destas últimas é feito pela constatação de contraste preenchendo-as. Não é de
fácil visualização devido às pregas gástricas que podem levar a erros. O mais indicado, para
o diagnóstico definitivo, é a endoscopia.
INTESTINO DELGADO
EXAME SIMPLES
As alças intestinais serão mais facilmente distinguidas ao exame radiológico quando
apresentarem gás em sua luz ou conteúdo de densidade diferente dos tecidos adjacentes.
Gordura na cavidade peritonial, por ter densidade radiológica diferente das vísceras,
proporciona distinção entre as mesmas. Animais muito magros ou jovens, têm imagem do
abdome bastante homogênea pela ausência de gordura. Ainda, na presença de líquido livre
na cavidade, como em caso de ascite, peritonite, hemoperitônio, ou qualquer efusão
peritonial, haverá uma opacificação homogênea da imagem, dificultando ou impedindo
totalmente a distinção de qualquer estrutura.
TRÂNSITO INTESTINAL
É o exame contrastado das alças intestinais.
TÉCNICA
Após preparo com jejum de 24 horas (água sem restrição), efeito de laxante suave e
enema efetuado 6 horas antes do exame, administra-se via oral ou por sonda gástrica, o
sulfato de bário na dose de 8 a 12ml.kg -1 de peso do animal. Dependendo do quadro clínico,
como em casos de anorexia, em que o paciente já vem há dias sem se alimentar, o preparo
será dispensado.
Da mesma forma vista na gastrografia, ao fim da administração do contraste, efetua-
se a primeira radiografia, para observar a passagem do mesmo do estômago para o
duodeno. Repete-se a avaliação 15 minutos após e uma hora, novamente, quando em
condições normais, todo o intestino delgado estará delineado pelo contraste. O trânsito
poderá estar acelerado em caso de enterite, ou retardado pelo estresse do animal devido à
manipulação. Três horas após a administração do contraste, pode-se verificar a passagem
do mesmo ao cólon e avaliar o esvaziamento do estômago.
Num paciente adequadamente preparado para o exame, o intestino apresentará
diâmetro uniforme, superfície mucosa relativamente lisa e parede fina, quando em
condições normais de saúde (fig. 2.14 A e B).
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A B
Figura 2.14 - Trânsito intestinal normal em cão. A - Projeção ventro-dorsal. B -Projeção lateral.
ALTERAÇÕES
Os sinais clínicos incluem vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, desidratação,
dor abdominal e /ou melena.
OBSTRUÇÃO
A obstrução pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a imagem radiográfica
demonstrará dilatação por gases ou conteúdo alimentar das alças intestinais, anteriores ao
ponto de obstrução (fig. 2.15). No segundo, não haverá retenção significativa de gases,
podendo necessitar contraste para o diagnóstico. Quando a causa for corpo estranho linear,
o contraste proporcionará imagem de franzimento da alça que o contém (fig. 2.16).
ENTERITE
Radiologicamente diagnosticada pela velocidade aumentada do trânsito intestinal (o
contraste passa muito rapidamente) e/ou por significativa quantidade de gases na luz
intestinal, demonstrada por radiolucência. Irregularidade na superfície da mucosa ou
estreitamento do lúmen só será observado em casos crônicos.
DIVERTÍCULO
Pode ser adquirido ou congênito, sendo mais comum o conseqüente a corpo
estranho. Apresenta-se como uma saculação na parede da alça intestinal.
INTUSSUSCEPÇÃO
Poderá produzir obstrução completa ou incompleta. A invaginação de uma porção
da alça em outra determina, eventualmente, uma imagem de uma estrutura tubular com
densidade água, comparada por alguns autores a uma salsicha. Evita-se a administração de
contraste, dando-se preferência ao exame ecográfico em lugar do contrastado. Quando
causar obstrução completa a imagem será semelhante à vista na figura 2.15.
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Figura 2.15 - Obstrução intestinal em projeção lateral e ventro-dorsal.
HÉRNIAS
As alças intestinais, com seu conteúdo gasoso ou com contraste, ou outros órgãos,
como fígado, útero, estômago, serão visualizados fora da cavidade abdominal. Ex: Hérnia
diafragmática (vísceras insinuadas no tórax) (fig. 2.17 A), hérnia inguinal (na região
inguinal) (fig. 2.17 B).
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A B
Figura 2.17 – Hérnia diafragmática. A - Perda da linha do diafragma, presença de alças intestinais com
gases e estruturas radiopacas insinuadas no tórax. B - Hérnia inguinal em uma cadela
prenhe. Corno uterino com fetos compõe o conteúdo herniário.
INTESTINO GROSSO
O intestino grosso inclui ceco, cólon e reto. Este segmento do intestino é facilmente
identificável ao exame radiológico por sua localização, tamanho e conteúdo. O ceco no cão,
com sua forma de “C”, cheio de gás, é identificado no lado direito do abdome em projeção
VD. Nesta projeção, observa-se o cólon ascendente no lado direito do abdome, cólon
transverso, da direita para esquerda e descendente no lado esquerdo, descendo até o reto.
Este último é a estrutura intrapélvica, localizada entre a superfície ventral do sacro e o
assoalho da pelve em projeção lateral.
TÉCNICA
As incidências e o preparo são os mesmos do trânsito intestinal. É aconselhável a
sedação para evitar o desconforto do paciente. Seringa com bico ou sonda é utilizada para
administrar o contraste no reto. A dose indicada é de 5 a 12ml.kg -1 de peso. Imediatamente
efetuam-se as radiografias.
Para exame de duplo contraste, proporciona-se a eliminação do contraste positivo e
administra-se ar na mesma dose do primeiro. As paredes do cólon delineadas pelo contraste
positivo são avaliadas para alterações na mucosa e lesões intramurais.
ALTERAÇÕES
São as mesmas que acometem o intestino delgado, mais megacólon e fecaloma (fig.
2.18 A), hérnia perineal (fig. 2.18 B), atresia anal (fig. 2.19) e intussuscepção íleo-cólica
(fig. 2.20).
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A B
Figura 2.18 – A- Megacólon com conteúdo fecal, em projeção lateral. B-Hérnia
perineal.
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MASSAS TUMORAIS
Pode ocorrer o desenvolvimento de massas no abdome, as quais se originam em
qualquer órgão ou mesmo no mesentério, o que é difícil de especificar ao exame
radiográfico. É importante, diante de massas que ocupam grande parte do abdome (fig.
2.21), não confundir com efusão pleural, observando o limite que aquelas demonstram,
diferentemente das efusões que se distribuem por toda a cavidade. Incidência VD auxilia a
localização das massas, bem como incidência lateral em estação, permite a observação do
líquido colecionado ventralmente nesta posição.
Figura 2.21 – Massa no abdome (tumor no baço) e tórax do mesmo paciente com metástases
pulmonares.
PNEUMOPERITÔNIO
Pode ocorrer como conseqüência de perfuração em alças intestinais (fig. 2.22).
Radiolucência distribuída em toda a cavidade será observada.
PNEUMOPERITONIOGRAFIA
É o exame radiográfico no qual se injeta ar ou óxido nitroso na cavidade abdominal,
com a finalidade de melhor avaliar a superfície serosa das vísceras.
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ÓRGÃOS ANEXOS
PÂNCREAS
Este órgão não é distinguido ao exame radiológico. Quando aumentado de tamanho,
em geral por pancreatite ou tumor, poderá aparecer como uma massa deslocando as
vísceras adjacentes. A ultra-sonografia aqui, bem como no baço, proporcionará
esclarecimento.
FÍGADO
Em projeção VD o fígado se apresenta na radiografia como uma estrutura de
densidade água, homogênea, na região mais cranial do abdome, com forma convexa
limitada pelo diafragma e, irregularmente côncava em sua borda caudal, em contato com o
estômago, duodeno mais à direita e rim direito. Em projeção lateral, este órgão apresenta
forma triangular, limitado pelo diafragma e parede abdominal ventral, tendo sua borda
caudal formando um ângulo bem definido, ultrapassando ligeiramente o último arco costal
(fig. 2.10 e 2.11).
O fígado poderá apresentar-se aumentado de tamanho (fig. 2.23), ultrapassando
significativamente o limite normal, perdendo o aspecto afilado de suas bordas, as quais
aparecem arredondadas. Exemplos de causas de hepatomegalia são neoplasias hepáticas,
carcinoma de ducto biliar, cirrose em sua fase aguda,, intoxicação e congestão por
insuficiência cardíaca direita. Deslocamento caudal das estruturas adjacentes auxiliam no
diagnóstico. Já, o fígado diminuído de tamanho, é característico de cirrose hepática. Com o
exame ultra-sonográfico será possível avaliar-se o parênquima e os limites hepáticos,
fazendo diagnóstico o diferencial.
BAÇO
Apresenta-se na radiografia como estrutura triangular, com a mesma densidade do
fígado, situado no lado esquerdo do abdome, caudal ao estômago em projeção VD e
ventralmente em projeção lateral (fig. 2.24), sendo o decúbito lateral direito preferencial,
pela posição tomada pelo órgão, determinando boa imagem. Poderá estar aumentado de
tamanho quando o paciente estiver sob efeito de anestésico, período pós-vacinal ou em
casos patológicos como linfossarcoma (fig. 2.21).
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Figura 2.24 – Radiografia de abdome normal de cão, com evidência do baço (seta).
CAPÍTULO III
SISTEMA URINÁRIO
EXAMES CONTRASTADOS
UROGRAFIA EXCRETORA
É a técnica utilizada para melhor avaliação radiológica das estruturas do sistema
urinário. É indicado preparo do paciente com dieta hídrica por 24 horas, laxante suave e, se
necessário, enema morno 6 horas antes do exame, para limpeza completa do trato
digestório. Para maior conforto do animal, o mesmo poderá ser sedado, o que não é
imprescindível.
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Após avaliação do preparo e fatores de exposição através do exame simples, inicia-
se o procedimento da urografia excretora: via endovenosa, administra-se composto
orgânico específico para vias urinárias, em geral à base de diatrizoato sódico e diatrizoato
de meglumina, na dose de 3ml.kg-1. Ao término da administração do contraste efetua-se a
primeira radiografia, nas incidências lateral e VD, seguindo-se de outras aos 2, 5 e 10
minutos. Neste exame observa-se primeiramente os rins opacificados, a seguir os ureteres
que aparecem como duas linhas radiopacas estendendo-se da pelve renal até o trígono da
bexiga, onde se inserem e, finalmente, esta última preenchida por contraste diluído na urina
(fig. 3.2).
Figura 3.1 – Rins direito mais cranial e esquerdo, parcialmente sobrepostos (setas pequenas) e bexiga (seta
grande) de gato.
Figura 3.2 – Urografia excretora, projeção lateral e VD evidenciando rins, ureteres e bexiga, esta
última com defeito de preenchimento causado por neoplasia.
PNEUMOCISTOGRAFIA
Ar ou óxido nitroso na dose de 6 a 12ml.kg –1 é injetado para o interior da bexiga via
cateter adaptado a uma seringa, até que o órgão esteja moderadamente distendido. Pode-se
recorrer a sedação em caso de manifestação de dor, visando conforto do paciente. É
29
importante a remoção de toda a urina presente na bexiga antes da administração do
contraste negativo (fig. 3.3).
CISTOGRAFIA
Contraste orgânico é diluído a 5% em solução fisiológica e introduzido na bexiga
por meio de uma sonda uretral até que o órgão esteja moderadamente distendido, o que
requer em torno de 6 a 12ml.kg –1 (fig. 3.4 A e B).
A B
Figura 3.4 – Cistografia, em projeção L e VD demonstrando massa tumoral no interior da
bexiga de uma cadela. Diagnóstico comprovado em cirurgia.
30
ALTERAÇÕES
RINS
DEFEITOS CONGÊNITOS
Entre os defeitos congênitos, cita-se a aplasia, a ectopia e a hipoplasia renal,
podendo ser este rim afuncional. Neste caso, o outro rim pode ser hipertrofiado para
compensar. Estas alterações são melhor demonstradas pela urografia excretora.
HIDRONEFROSE
Usualmente, esta alteração ocorre por obstrução de ureter (fig. 3.5), que pode ser
conseqüente a massas abdominais, cálculos ou ligadura acidental em cirurgia. Ao exame
radiológico o rim aparecerá como uma grande massa radiopaca de contornos lisos.
CÁLCULO RENAL
Também chamado de urólito, é visto como densidade radiopaca no interior da pelve
renal, algumas vezes preenchendo a mesma. Se os cálculos forem radiolucentes, haverá
necessidade de exame contrastado (urografia excretora) ou ultra-sonográfico para
confirmação.
Nota: cálculos radiopacos são compostos de fosfato triplo ou oxalato de cálcio,
enquanto os radiolucentes são formados por urato de amônia ou de cistina.
RUPTURA RENAL
Diagnóstico feito pela urografia excretora, onde haverá extravasamento do
contraste.
NEOPLASIA
Poderá ser observado aumento de tamanho do rim ou irregularidade no contorno.
CISTO RENAL
Usualmente causa distorção no contorno do rim. Por conter líquido no interior, o
cisto não se destaca do parênquima. Ultra-som é o meio ideal para este diagnóstico.
NEFRITE
Diagnosticada por outros meios que não o radiológico. Rim pequeno e nodular
poderá sugerir nefrite crônica ou rim terminal.
INFARTO RENAL
Áreas de infarto poderão ser demonstradas como não funcionais à urografia
excretora, isto é, não opacificadas.
URETERES
Cálculo, ruptura de ureter e hidroureter (fig. 3.5) são alterações passíveis de ocorrer,
sendo que estas últimas são detectadas ao exame contrastado.
31
Figura 3.5 – Hidroureter demonstrado por
urografia excretora em cão.
BEXIGA
CISTITE
O meio de imagem indicado para este diagnóstico é o ultra-som, uma vez que a
mucosa vesical não é distinguível ao exame radiográfico simples e mesmo à cistografia ou
pneumocistografia, discreta alteração da mucosa poderá ser imperceptível.
CÁLCULOS
São comuns em cães. Se radiolucentes, poderão depender de contraste negativo para
serem evidenciados. Neste caso, se apresentarão um pouco menos radiolucentes que o ar
(fig. 3.3). Quando radiopacos, são facilmente observáveis (fig. 3.6). Nas fêmeas é comum a
presença de poucos cálculos e grandes, já que os pequenos são facilmente eliminados
através da uretra curta. Nos machos observam-se cálculos de todos os tamanhos e em
grande número pela dificuldade de serem eliminados, muitas vezes sendo evidenciados na
uretra, especialmente na base do osso peniano (fig. 3.6 B).
Em gatos, o meio de imagem mais indicado é o ultra-som, uma vez que a maior
ocorrência é de cristais, difícil, se não impossível, de serem observados na radiografia.
Eventualmente, se poderá observar a trajetória da uretra do macho com acúmulo de cristais.
NEOPLASIA
Não é visualizada ao exame simples. À pneumocistografia aparecerá como uma
massa radiopaca em contraste com a radiolucência do ar administrado. À cistografia a
imagem será de uma massa menos radiopaca que o contraste positivo administrado (fig.
3.4), imagem semelhante à obtida na urografia excretora (fig. 3.2).
32
A B
Figura 3.6 – Cálculos radiopacos na bexiga de um cão. Cálculos grandes na bexiga (A) e pequenos
preenchendo a bexiga e a uretra (B).
DIVERTÍCULO
Pode ser de origem traumática ou ocorrer no ponto onde se fixava o úraco no feto
(estrutura que proporciona comunicação entre a bexiga e o saco alantóide). Poderá não ter
nenhum significado clínico, a não ser em casos de cistite, onde o divertículo colecionará
sedimento, proporcionando recidivas.
RUPTURA
Perceptível apenas ao exame contrastado, quando será visualizado ar ou contraste
positivo livre na cavidade abdominal. Contraste positivo é o mais indicado por ser mais
facilmente observado ao extravasar (fig. 3.7).
URETRA
CÁLCULOS
Poderão ser observados na trajetória da uretra de cães e gatos machos, como já
comentado (fig. 3.6 B).
ESTENOSE
33
Fratura de osso peniano no cão é a causa mais comum desta alteração (fig. 3.8).
CAPÍTULO IV
SISTEMA REPRODUTOR
MACHO
PRÓSTATA
Na maioria das raças de cães e nos gatos, a próstata normal não será identificada na
radiografia, ou o será parcialmente. Localizada caudalmente à bexiga, ao redor da uretra,
tem sua visualização, nos cães, dependente do conteúdo da primeira, uma vez que esta puxa
a próstata para a frente, quando repleta (fig. 4.1). Se apresentará aumentada em casos de
neoplasia, prostatite ou hiperplasia prostática benigna. Só a ultra-sonografia ou outro meio
de auxílio ao diagnóstico poderá fornecer esclarecimento quanto ao diagnóstico.
URETRA
Vista no sistema urinário.
TESTÍCULOS
Devem ser investigados por outro meio que não o radiológico.
34
FÊMEA
O útero consiste em colo, corpo e cornos, estes últimos totalmente dentro do
abdome, enquanto o corpo tem parte no abdome e o restante na pelve. Os ovários estão
localizados caudalmente aos rins. Estas estruturas, componentes do sistema reprodutor das
fêmeas, não são identificáveis ao exame radiográfico quando em condições normais de
saúde. Ultra-sonografia é o meio de diagnóstico por imagem indicado para avaliá-las,
embora, a radiografia possa ser utilizada na falta deste recurso.
PRENHEZ
Esta condição está entre os casos passíveis de serem diagnosticados
radiograficamente. É importante ter-se conhecimento da história clínica da paciente, uma
vez que até em torno do 42° dia de gestação na cadela e 39° dia na gata, não haverá
deposição de cálcio no esqueleto dos fetos, podendo levar à confusão com piometra que
será discutida adiante. Após a calcificação dos esqueletos, se poderá visualizar cabeça,
coluna e membros, sendo que, em condições normais, a coluna estará distendida ou
suavemente curvada (fig. 4.2) e o crânio apresentará continuidade em seu contorno, exceto
na região da fontanela. A radiografia é um meio confiável para a contagem do número de
fetos, sendo que para este fim, conta-se os crânios.
ALTERAÇÕES
OVÁRIOS
Quando os ovários estiverem aumentados de tamanho, por exemplo, em caso de
tumoração, poderão ser visualizados como massa densidade água deslocando estruturas
adjacentes, embora o diagnóstico não possa ser afirmado.
ÚTERO
PIOMETRA
Esta alteração, bem como hemometra, mucometra ou hidrometra se caracterizam
35
por aumento do volume uterino, o qual apresenta-se como uma estrutura de densidade água,
homogênea, partindo da porção caudal do abdome em sentido cranial, variando de
tamanho, conforme o conteúdo do mesmo (fig. 4.3). Durante a involução uterina pós-parto,
também se poderá detectar aumento desta estrutura, podendo haver confusão se não for
conhecida a história da paciente.
FETO MUMIFICADO
Após a morte do feto, não havendo infecção, ocorrerá reabsorção dos tecidos moles,
fazendo com que a estrutura óssea torne-se muito evidente. A coluna se apresentará
dobrada ou enrolada e é possível perceber sobreposição dos ossos do crânio (fig. 4.4 A).
A B
Figura 4.4 – Fetos mumificados (A) Seta aponta crânio com ossos sobrepostos. B- Feto
enfisematoso, caracterizado pela radiolucência no interior e em torno do
mesmo.
FETO ENFISEMATOSO
Havendo infecção, os fetos mortos apresentarão áreas de radiolucência em seu
interior e ao redor, correspondente ao gás produzido (fig. 4.4 B). Havendo morte do
embrião e contaminação, poderá ocorrer evidência só de gás no interior do útero,
caracterizando fisometra (fig. 4.5)
36
Figura 4. 5 – Fisometra em cadela
PRENHEZ ECTÓPICA
Caracterizada pela localização dos fetos fora dos cornos uterinos. A densidade dos
esqueletos se apresentará semelhante a dos mumificados.
DISTOCIA
Situação na qual o parto normal fica impedido. O exame radiológico é de grande
auxílio, demonstrando apresentação ou tamanho dos fetos, incompatível com parto normal.
CAPÍTULO V
SISTEMA RESPIRATÓRIO
FOSSAS NASAIS
O sistema respiratório inicia nas fossas nasais que, em condições normais,
apresentam ar em seu interior determinando radiolucência e evidenciando os cornetos como
linhas radiopacas irregulares (fig. 5.1 A e 5.1 B).
As alterações nesta estrutura, em geral, se constituem de tumorações, como Sticker,
por exemplo (fig. 5.1 C).
LARINGE
É a estrutura que se segue à faringe (já estudada no sistema digestório), sendo
identificada radiologicamente pela imagem da epiglote e, muito discretamente, das
cartilagens tiróide, aritnóide e cricóide, contrastando com o ar contido na luz do órgão (fig.
2.1).
Calcificação da laringe ou deslocamento e compressão por massas adjacentes, são
alterações passíveis de serem diagnosticadas.
TRAQUÉIA
Estrutura tubular preenchida por ar, radiolucente, que se estende da laringe à carina,
ponto onde se bifurca, originando os grandes brônquios. Ao penetrar no tórax a traquéia
inclina-se ventralmente em direção à base do coração (fig. 5.4 A).
37
A B C
Figura 5.1 – Fossas nasais de cão sem alteração. Projeção fronto-mandibular (FM) (A) e lateral (L) (B).
Tumor de Sticker em fossa nasal de cão (C). Observar a densidade aumentada (seta) e
destruição do vômer. Projeção MF.
ALTERAÇÕES
DESLOCAMENTO TRAQUEAL
Pode ocorrer por compressão por massas mediastinais (fig. 5.2) ou cervicais, ou por
aumento de tamanho do coração, podendo, às vezes, se tornar paralela à coluna torácica
(fig. 6.1).
COLAPSO TRAQUEAL
O colapso traqueal usual ocorre no sentido ventro-dorsal, podendo se restringir à
região cervical ou à torácica, sendo melhor visualizado em projeção lateral. Para evidenciar
o colapso traqueal cervical, a radiografia deve ser efetuada durante a inspiração. Já, para
identificação do colapso da traquéia torácica, a tomada radiográfica deve ocorrer na fase
expiratória. Cuidado deve ser tomado ao posicionar o paciente, porque, se ocorrer excessiva
38
extensão do pescoço, haverá diminuição da luz da traquéia, levando a falso diagnóstico de
colapso.
PULMÕES
Os pulmões, normalmente cheios de ar, proporcionam bom contraste para a
visualização das estruturas intratorácicas.
Para uma boa imagem radiográfica, deve-se cuidar o posicionamento do paciente.
Para a incidência lateral, ele é colocado em decúbito lateral sobre a mesa (filme), com os
membros anteriores tracionados cranialmente. O esterno deve ficar no mesmo plano das
vértebras torácicas, evitando a rotação. O feixe de raios x é centrado na altura da 5ª costela
(fig. 5.3 A e 5.4 A).
Para o posicionamento DV (fig. 5.3 B e 5.4 B), o paciente é colocado em decúbito
esternal, com os membros anteriores puxados para a frente e os cotovelos abduzidos. Os
membros posteriores são flexionados apoiando os joelhos sobre a mesa. As vértebras
devem se sobrepor ao esterno. A cabeça é mantida baixa entre os membros anteriores e o
feixe de radiação centrado na altura da 6ª costela.
Na imagem radiográfica dos pulmões normais não estão evidentes os espaços
aéreos, como brônquios, bronquíolos ou alvéolos, mas uma imagem radiolucente
homogênea, distinguindo-se apenas os vasos pulmonares que se apresentam radiopacos.
Estes vasos são vistos como linhas convergentes em pares e de menor calibre na periferia
do tórax ou como pontos radiopacos que vão diminuindo de tamanho da região do hilo à
periferia.
A B
Figura 5.3 – Tórax de felino demonstrando pulmões e coração normais, em
projeção L (A) e DV (B).
39
Nota: Atentar para imagens radiográficas estranhas à cavidade torácica, como
pregas cutâneas e mamilos, evitando falso diagnóstico.
A B
Figura 5.4 – Tórax de cão, projeção L (A) e DV (B) demonstrando pulmões e coração
normais. Aorta (seta branca), traquéia (seta preta).
ALTERAÇÕES
PADRÃO ALVEOLAR
É produzido por fluídos ou secreções que preenchem os espaços aéreos,
determinando imagem de manchas radiopacas nos pulmões ou radiopacidade
homogeneamente distribuída em todo o campo pulmonar. Pneumonia bacteriana (fig. 5.5),
hemorragia (fig. 5.6 A), edema pulmonar (fig. 5.9 A) e afogamento são exemplos de
afecções que proporcionam padrão alveolar.
Como dito acima, em condições normais, os espaços aéreos apresentam-se
preenchidos por ar, determinando a imagem radiolucente dos pulmões, sem distinção de
brônquios ou bronquíolos. Em caso de doenças que determinam padrão alveolar, os espaços
aéreos preenchidos por secreção, proporcionam densidade radiopaca, enquanto os livres de
secreção continuam com ar em seu interior, ficando sua imagem evidente, o que caracteriza
o broncograma aéreo ou aerobroncograma (fig. 5.6 B).
PADRÃO INTERSTICIAL
O parênquima pulmonar é muito fino, predominando na radiografia a imagem
radiolucente do ar contido nos espaços aéreos. Quando alguma afecção faz com que o
parênquima se torne espesso ou edemaciado ou, ainda, com formações nodulares, este
passa a ser evidente. Pneumonia viral, pneumonia micótica, edema intersticial (fase inicial
do edema pulmonar) e neoplasia ou metástases pulmonares, determinam o padrão
intersticial, que poderá receber uma classificação mais específica, como intersticial linear
ou reticulado (fig. 5.7 A) e nodular (fig. 5.7 B), pela imagem que apresenta na radiografia.
40
Diante destas imagens que aparecem radiopacas sobre o campo pulmonar, os vasos, que
normalmente são evidentes, podem ficar indistingüiveis.
A B
Figura 5.6 – Imagem radiográfica de tórax evidenciando padrão alveolar em paciente
com hemorragia pulmonar (A) e pneumonia (B). Setas apontam
broncograma aéreo.
A B
41
Figura 5.7 – Imagens radiográficas de tórax de cães demonstrando (A) padrão intersticial reticulado e
(B) padrão nodular.
PADRÃO VASCULAR
Os vasos pulmonares têm uma superfície uniforme e um diâmetro compatível com o
tamanho do animal. Em alterações que determinam congestão dos mesmos, como
cardiomiopatia e insuficiência da válvula mitral, os vasos tornam-se ingurgitados e
tortuosos, determinando o chamado padrão vascular aumentado (fig. 5.8 B). Quando, ao
contrário, os vasos tornam-se menos calibrosos, como em caso de hipovolemia, tetralogia
de Fallot e desidratação, determinam o padrão vascular diminuído.
PADRÃO BRONQUIAL
Os brônquios, assim como o parênquima pulmonar, não se distinguem na imagem
radiográfica. Quando ocorrer espessamento da parede bronquial (fig. 5.8 A), como em
casos de bronquite crônica ou em animais muito velhos, esta se tornará evidente, como
estrutura radiopaca circular ou linear, conforme o corte, transversal ou longitudinal.
A B
Figura 5.8 – A- Imagem radiográfica ampliada da região do hilo pulmonar evidenciando o padrão
bronquial (setas). B - Radiografia de tórax demonstrando o padrão vascular aumentado
(setas).
PNEUMONIA BACTERIANA
É uma infecção que ocorre pelas vias respiratórias, instalando-se o agente na luz
destas vias, determinando produção de secreção. Neste caso o padrão pulmonar será o
alveolar (fig. 5.5 e 5.6 B), que se distribuirá em todos os lobos ou, o que é mais comum, em
maior concentração a partir do hilo, podendo afetar um lobo mais que outros.
PNEUMONIA VIRAL
Este tipo de infecção determina um padrão intersticial linear ou reticulado (fig. 5.7
A). Na fase inicial da doença ou quando tratada precocemente, é possível que não se
observe alteração pulmonar na radiografia. Outras vezes, bactérias oportunistas podem se
instalar nas vias aéreas de um pulmão já debilitado pela pneumonia viral, determinando um
padrão misto na imagem radiográfica, isto é, intersticial e alveolar.
42
BRONQUITE
Esta alteração, quando crônica, determinará padrão bronquial e/ou intersticial.
PNEUMONIA FÚNGICA
Neste caso, os pulmões apresentarão um padrão intersticial nodular, que poderá
levar à confusão com metástases pulmonares de pequeno diâmetro e em grande número.
Cultura de lavado traqueal e a história do paciente (presença ou não de tumorações em
outros órgãos), auxiliarão no diagnóstico.
EDEMA PULMONAR
Usualmente associado com insuficiência cardíaca esquerda, determina o padrão
pulmonar alveolar (fig. 5.9 A). Broncograma aéreo é observado, em geral (fig. 5.6 B).
NEOPLASIA PULMONAR
Neoplasia pulmonar primária é relativamente rara em cães. Pode ocorrer como um
nódulo único ou multifocal, como o carcinoma bronquíolo-alveolar multifocal. Outras
condições podem causar densidades nodulares solitárias, como abscesso, infarto, cisto ou
granuloma.
Metástases pulmonares se caracterizam por múltiplas densidades, com tamanhos
variados distribuídas pelo pulmão (fig. 5.7 e 5.9 B). São identificáveis radiologicamente a
partir de três a 5mm de diâmetro.
A B
Figura 5.9 – A- Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando edema pulmonar conseqüente a
insuficiência cardíaca esquerda. B- Imagem radiográfica de tórax de cão demonstrando
vários nódulos radiopacos, compatíveis com metástases pulmonares (setas).
PNEUMOTÓRAX
Alteração, em geral, determinada por trauma, se caracteriza por ar no interior da
cavidade torácica, ao redor dos pulmões. É possível visualizar as bordas dos lobos
pulmonares devido à retração dos mesmos em relação à parede costal e diafragma. Na
projeção lateral há um afastamento do coração em relação ao esterno. Isto se deve ao
espaço proporcionado pelo colabamento pulmonar, fazendo com que o coração se desloque
(fig.5.10).
43
A B C
Figura 5.10 – Imagem radiográfica de tórax de cão (A) e gato (B e C) demonstrando pneumotórax.
EFUSÃO PLEURAL
Caracteriza-se pela presença de líquido na cavidade torácica determinando
radiopacidade homogênea ao redor dos lobos pulmonares radiolucentes (fig.5.11). Em caso
de dúvidas, deve-se fazer a radiografia lateral com o paciente em estação, proporcionando
que o líquido desça e incidindo o raio no sentido horizontal. O tipo de líquido não é
identificado radiologicamente, podendo tratar-se de exsudato, transudato ou transudato
modificado. Como causa de efusão pleural, pode-se citar a insuficiência cardíaca
congestiva, piotórax, mediastinite, quilotórax, entre outras.
44
Figura 5.11 – Radiografia de tórax de cão evidenciando efusão pleural.
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA
O músculo diafragma não é visualizado, mas constata-se a sua integridade pelo
limite bem definido entre cavidade torácica e abdominal, graças à diferença de densidade
entre pulmões radiolucentes e fígado radiopaco.
Quando houver ruptura do diafragma, se desfará a pressão negativa presente no
tórax, fazendo com que as vísceras do abdome, como fígado, estômago ou alças intestinais,
sejam sugadas para o interior daquele, caracterizando a hérnia diafragmática (fig. 5.12). Na
maioria das vezes ocorre um hemitórax, melhor identificado em projeção VD ou DV.
Características do hemitórax:
• Lado afetado: desaparecimento da linha do diafragma e áreas de
radiodensidade variável, dependendo das estruturas herniadas.
• Lado indene: padrão pulmonar normal, com desvio do mediastino
para este lado.
CAPÍTULO VI
45
mais arredondado e em contato com o esterno nas raças de tórax cilíndrico. É importante
lembrar que o chamado lado direito no coração dos animais, corresponde à porção mais
cranial e ventral, enquanto o lado esquerdo, corresponde à porção mais caudal e dorsal do
mesmo. Cães jovens, até em torno dos 6 meses, têm o tamanho cardíaco maior em relação
ao tórax, quando comparado aos adultos. O coração de gato (fig. 5.3) é relativamente menor
que o de cão e está posicionado mais obliquamente, dentro da caixa torácica.
Para avaliação cardíaca pelo exame radiológico, adota-se meios subjetivos como a
experiência do radiologista, considerando-se o tamanho do coração em relação ao tórax, ou
meios objetivos como o método de Buchanan e Bücheler no qual, com a imagem
radiográfica obtida em projeção lateral, em decúbito direito, mede-se o comprimento do
coração, da base, na borda ventral da carina, até o ápice. Mede-se também a largura,
usando-se para isso uma linha perpendicular à primeira, no ponto mais largo do coração.
Marca-se a borda cranial da 4ª vértebra torácica e, a partir daí, ao longo da coluna torácica,
toma-se a distância obtida nas mensurações. Conta-se o número de vértebras abrangidas. Se
somarem até 10,5 corpos vertebrais, considera-se normal o tamanho cardíaco.
Ultrapassando este número, o coração será considerado aumentado de tamanho. Nas raças
YorkshireTerrier e Maltês, tem se percebido que esta fórmula não confere resultado
fidedigno, já que 46,67% dos animais destas raças, sem sinais clínicos de alteração
cardíaca, radiografados em experimento em andamento em nossa instituição, apresentaram
imagem cardíaca que seria considerada aumentada.
Na imagem radiográfica, em projeção lateral, a artéria aorta aparece como uma
estrutura linear emergindo da parte superior da borda anterior cardíaca, correndo paralela à
coluna vertebral. A veia cava caudal ou posterior é visualizada com o mesmo padrão da
aorta, porém com menor diâmetro, estendendo-se da imagem do átrio esquerdo ao abdome.
Em projeção DV, estes vasos são pouco visualizados, podendo-se perceber o cajado aórtico
proeminente, cranialmente ao coração e, eventualmente, a sombra deste vaso sobre a
imagem cardíaca.
ALTERAÇÕES
46
de D invertido (fig. 6.2 A). Na projeção lateral, a borda cranial do coração se apresentará
arredondada e a maior parte do ventrículo direito estará em contato com o esterno (fig. 6.2
B). Dilatação do átrio direito geralmente está associada à dilatação do ventrículo e desloca
a traquéia dorsalmente.
A B
Figura 6.2 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca
direita, em projeção D-V (A) e L (B).
DILATAÇÃO DA AORTA
Em projeção lateral aparece como uma proeminência na região do átrio direito. Na
DV causa um aparente aumento no comprimento do coração.
47
A B C
Figura 6.3 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca esquerda (A e B). Dilatação de
átrio esquerdo (C).
A B C
Figura 6.4 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação de artéria pulmonar (A), hérnia
peritônio pericárdica (B e C).
EFUSÃO PERICÁRDICA
O coração apresenta-se globoso pela presença de líquido no interior do saco
pericárdico, conseqüente a tumor, por exemplo (6.5).
48
Figura 6.5 – Efusão pericárdica em cão conseqüente a tumor no coração.
CAPÍTULO VII
INTRODUÇÃO À ULTRA-SONOGRAFIA
FREQUÊNCIA
É definida como o número de vezes que uma onda é repetida (ciclos) por segundo.
Freqüência de milhões de ciclos/s tem um curto comprimento de onda (essencial para uma
boa resolução da imagem).
• 20 000 ciclos/s - 20 kHz (audível pelo ouvido humano)
• 1 ciclo /s - 1 Hz
• 1 000 ciclos/s - 1 kHz
• 1.000.000 ciclos/s - 1 MHz
49
• Ultra-som: 2 a 15.000.000 ciclos/s ↔ 2 a 15 MHz
COMPRIMENTO DE ONDA
É a distância que a onda percorre durante 1 ciclo.
A freqüência e o comprimento de onda são inversamente relacionados. Quanto
menor o comprimento de onda, maior a freqüência e melhor a resolução.
A profundidade que o som penetra no tecido é inversamente proporcional à
freqüência empregada. Sons de alta freqüência são mais atenuados que sons de baixa
freqüência, atingindo menor profundidade.
Ex: Transdutores de alta freqüência (7.5MHz) são mais indicados para exame
abdominal de estruturas superficiais, felinos e cães de pequeno porte, enquanto os de baixa
freqüência (< 5 MHz) são mais utilizados para cães de porte médio e grande.
ORIENTAÇÃO DA IMAGEM
Conforme a posição do transdutor na superfície corporal do animal, será
determinada a orientação da imagem. Esta poderá ser longitudinal (sagital) (fig. 7.1 A e B),
ou transversal (fig. 7.2 A e B).
TERMINOLOGIA
• Anecóico-Anecogênico-Transônico: ausência de ecos (preto)
• Ecóico-Ecogênico: presença de ecos
• Hiperecóico-Hiperecogênico: ecos brilhantes, estruturas altamente reflexivas
(branco).
• Hipoecóico-Hipoecogênico: ecos esparsos, reflexão intermediária (cinza).
• Isoecóico-Isoecogênico: estruturas com a mesma ecotextura (aparência superficial e
profunda do órgão) ou ecogenicidade.
Ecogenicidade dos tecidos e fluidos corporais em ordem crescente: Bile/ Urina →
Medula renal → Córtex renal → Fígado → Baço → Próstata
VENTRAL
CRANIAL CAUDAL
CRANIAL CAUDAL
A B DORSAL
Figura 7.1 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano sagital do
paciente.
50
VENTRAL
LADO DIREITO
LADO DIREITO
DORSAL
A B
Figura 7.2 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano
transversal do paciente.
ARTEFATOS
A B
Figura 7.3 – Linhas hipo e hiperecóicas alternadas demonstrando a
reverberação (setas) externa (A) e interna (B).
SOMBRA ACÚSTICA: zona anecóica determinada por estrutura hiperecóica que
impede a progressão do ultra-som nos tecidos, refletindo-o completamente (fig. 7.4 A e B).
Ex: Cálculo urinário – hiperecóico (determina sombra limpa), cólon com gases (determina
sombra suja).
cólon
A B
Figura 7.4 - Sombra acústica suja causada por gases em cólon (A) e limpa, causada por
cálculo vesical (B) - setas brancas.
51
REFORÇO POSTERIOR: uma estrutura anecóica (conteúdo líquido) conduz muito
bem o som, fazendo com que este chegue com muita intensidade nos tecidos posteriores à
mesma, determinando imagem hiperecóica (fig. 7.5 A e B). Ex: bexiga com urina.
A B
Figura 7.5 A e B – Reforço acústico posterior (setas).
CAPÍTULO VIII
BAÇO
O baço tem localização intraperitoneal no hipocôndrio esquerdo e geralmente
acompanha a curvatura maior do estômago. O corpo e a cauda são bastante móveis
podendo ser visibilizados em diferentes locais do abdome. Quando está aumentado, pode
cruzar a linha média ventral ou estender-se caudalmente para a região da bexiga.
52
ANATOMIA ULTRA-SONOGRÁFICA NORMAL DO BAÇO
Anatomicamente se relaciona com o estômago, intestino delgado, lobo esquerdo do
pâncreas e rim esquerdo. É triangular em seção transversal e situa-se quase paralelo à
curvatura maior do estômago.
O baço é envolto por uma cápsula ecogênica. Possui parênquima homogêneo e é
considerado hiperecogênico em relação à cortical renal e parênquima hepático. A região do
hilo (vasos e nervos) é facilmente visibilizada (fig. 8.1 A).
A ultra-sonografia detecta a presença de lesões difusas ou focais, sólidas ou
cavitárias.
ESPLENOMEGALIA
É a alteração mais freqüente do baço. O parênquima pode apresentar ecogenicidade
normal ou diminuída. Nos processos crônicos a ecogenicidade pode estar aumentada. A
esplenomegalia difusa pode ser:
• Infiltrativa: causada por células neoplásicas (fig. 8.1 B) e por células não
neoplásicas (amiloidose).
• Congestiva: associada a condições toxêmicas, torção esplênica, administração de
anestésicos e tranqüilizantes, trombos vasculares, insuficiência cardíaca congestiva
direita e hipertensão portal. O aumento do calibre dos vasos é característico de
congestão.
• Hiperplásica, Infecciosa e/ou Inflamatória: acompanhando afecções sistêmicas.
VL
Figura 8.1 – (A) Baço normal (seta). VL: veia lienal. (B) Neoplasia esplênica em cão. Aspecto rendado.
FÍGADO
53
O fígado é o maior órgão do abdome, tornando seu completo exame mais difícil.
Um achado normal por ultra-som, não exclui doença hepática.
VB
A B
Figura 8.2 – (A) Fígado canino normal. VB: vesícula biliar. Linha do diafragma (seta). (B)
Vesícula biliar com lama (seta).
54
• Espessamento de parede: pode acompanhar colecistite, hepatite aguda ou crônica e
colangiohepatite, hipoalbuminemia ou congestão passiva (fig. 8.3 B). O espessamento
focal pode estar associado a neoplasias.
A B
Figura 8.3 – (A) Obstrução biliar, duto dilatado (seta ). (B) Espessamento da parede da vesícula biliar (seta).
A B
Figura 8.4 – Imagem ecográfica de região hepática. (A) Cirrose hepática e presença de líquido livre no
abdome. (B) Colangiohepatite. Seta aponta vesícula biliar com parede irregular e espessada.
55
As alterações hepáticas focais podem ser anecogênicas, hipoecogênicas,
hiperecogênicas ou de ecogenicidade mista e são produzidas por hemorragias, hematomas,
cistos, abscessos, hiperplasia nodular, granulomas e neoplasias (fig. 8.5) de origem primária
ou metastática.
Calcificações hepáticas aparecem como pontos hiperecogênicos que produzem
sombra acústica. Granulomas (tuberculose), neoplasias e hematomas podem calcificar.
56
gatos de 2mm. A avaliação sonográfica da parede do intestino grosso é dificultada pela
quantidade de gás.
A B
Figura 8.6 – Sonograma evidenciando a parede de estômago (A) e alças intestinais(B) com líquido intraluminal.
IDENTIFICAÇÃO DAS CAMADAS DA PAREDE (do lúmen para fora) (fig. 8.7
A e B):
A presença de líquido intraluminal pode favorecer a avaliação da parede gástrica.
A. Superfície mucosa: linha hiperecogênica
B. Mucosa: hipoecogênica
C. Submucosa: hiperecogênica
D. Muscular própria: hipoecogênica
E. Subserosa/serosa: hiperecogênica
A B
Figura 8.7 – (A) Parede do estômago normal de cão. Pregas gástricas (setas). (B) Plano longitudinal do
duodeno identificando as camadas. (FONTE: CARVALHO, 2004).
57
Intussuscepção: A imagem sonográfica se caracteriza por camadas de anéis
concêntricos no corte longitudinal e imagem de alvo (conhecido como olho de boi) no corte
transversal que representam as camadas intestinais. O peristaltismo pode estar ausente.
Ocorre comumente em cães jovens com gastroenterite (fig. 8.8 A e B).
A B
Figura 8.8 - Imagem do corte transversal de intussuscepção (alvo), (A) em um gato e (B) em um cão.
SISTEMA REPRODUTOR
OVÁRIOS
58
ovariana). Nas demais fases estrais, há crescimento dos folículos que deixam a
ecogenicidade dos ovários heterogênea (diferindo da ecogenicidade dos tecidos adjacentes),
facilitando sua identificação.
Sua forma é variável, medindo 1cm nas gatas e 2cm nas cadelas, aproximadamente.
Localizam-se próximos ou em contato com o pólo caudal do rim correspondente.
ALTERAÇÕES OVARIANAS
As alterações usualmente detectadas nos ovários são: neoplasias, cistos ovarianos e
granulomas por fios de sutura.
Os cistos ovarianos possuem aspecto cavitário. Apresentam-se como estruturas
arredondadas, anecogênicas com reforço acústico posterior. Podem ser únicos ou múltiplos
e estar presentes em um ou ambos os ovários. Ovários policísticos (fig. 8.9) se caracterizam
por estruturas císticas anecogênicas que podem aparecer separadamente ou como um único
cisto, por não se perceber os limites de cada um e aumentar o tamanho ovariano.
As neoplasias são classificadas de acordo com sua origem embriológica.
Sonograficamente possuem aparência variável, mas na rotina tem-se visto tumores com
aspecto de muitos cistos com septação fina entre eles. Pode tomar grandes proporções,
ocupando considerável porção do abdome.
ALTERAÇÕES PÓS-OVARIECTOMIA:
Granulomas por fio de sutura: decorrem da reação ao fio. Normalmente são
heterogêneos, com contornos irregulares ou pouco definidos.
Hidronefrose ou pionefrose: alterações renais conseqüentes a falhas no
procedimento cirúrgico, como inclusão acidental do ureter no momento de ligar o pedículo
ovariano durante a operação.
A B
Figura 8.9 - Ovário normal, hipoecogênico em relação aos tecidos adjacentes (A) e com aspecto
multicavitário (B).
ÚTERO
A ultra-sonografia tem importante papel na avaliação uterina principalmente em
doenças de grande ocorrência como a piometra. Na gestação contribui para o diagnóstico
precoce, viabilidade fetal e estimativa aproximada da idade gestacional.
59
ANATOMIA ULTRA-SONOGRÁFICA NORMAL DO ÚTERO
O corpo uterino mede de 2-3 cm e está localizado parcialmente no interior da pelve.
Os cornos variam de 12-15cm de comprimento, localizados no abdome, estendendo-se na
direção de cada rim, com diâmetro menor que 1cm. A bexiga distendida serve de janela
acústica para localizar e avaliar o corpo uterino.
Muitas vezes a visibilização do útero normal, não gravídico, não é possível em
fêmeas jovens em anestro ou pré-púberes, porque os cornos uterinos não possuem conteúdo
em seu lúmen e podem ficar encobertos por gás das alças intestinais. Quando visibilizado
se apresenta como estrutura homogênea hipoecogênica. A ausência de peristaltismo pode
diferenciar os cornos uterinos das alças intestinais.
ALTERAÇÕES UTERINAS
As alterações mais freqüentes são piometra, hiperplasia endometrial cística (HEC) e
endometrite. Outras afecções como neoplasia, granuloma e piometra de coto secundários a
ovário-histerectomia também ocorrem.
• Piometra: o útero é identificado como estrutura tubular, no plano sagital, ou circular
quando a imagem é obtida com cortes transversais. O conteúdo luminal, em geral, é
anecogênico, podendo apresentar quantidade variável de pontos ecogênicos. Nesta
condição a parede uterina possuirá espessura variável. O exame ecográfico não permite
diferenciar piometra (fig. 8.10) de hemometra, mucometra e hidrometra. Na piometra
de colo aberto, o útero poderá não apresentar conteúdo significativo.
• Endometrite: é caracterizada pelo aumento da parede uterina e mucosa irregular. A
quantidade de conteúdo luminal geralmente é pequena.
• HEC: ultra-sonograficamente se apresenta com múltiplos cistos irregulares na
parede uterina aumentando seu diâmetro.
GESTAÇÃO
Diagnóstico precoce de gestação, monitoração da fêmea prenhe, idade gestacional
aproximada e viabilidade fetal são informações que o exame ultra-sonográfico fornece.
A gestação das cadelas dura em média 64 dias ± 1, enquanto a gestação de gatas
varia de 64-68 dias. Em gatas, devido à ovulação ser induzida pela cobertura, a data do
início da gestação é mais precisa.
60
ANATOMIA ULTRA-SONOGRÁFICA GESTACIONAL
As vesículas gestacionais correspondem a formações arredondadas anecogênicas.
Em cães podem ser detectadas após 17 dias do pico de LH. Nas gatas as vesículas
gestacionais podem ser detectadas 11-14 dias após a cobertura.
O embrião só é visibilizado a partir do 22-25o dia (período indicado para a
realização do exame) e se apresenta como uma estrutura ecogênica homogênea projetada
para o interior da vesícula.
Na espécie canina, a freqüência cardíaca média inicial do feto é de 214 bat/min. Aos
40 dias, 238 bat/min., reduzindo gradativamente até o parto. Na espécie felina a freqüência
cardíaca dos fetos se mantém quase constante durante toda a gestação (aproximadamente
228 bat/min.).
O sofrimento fetal é caracterizado pela freqüência cardíaca diminuída em relação às
medidas citadas ou quando comparada aos outros fetos.
A morte fetal é caracterizada pela ausência de batimentos cardíacos e perda da
movimentação fetal, podendo ocorrer acúmulo de gás no feto e ao redor do mesmo em caso
de contaminação.
CÁLCULOS PARA ESTIMAR A IDADE GESTACIONAL
61
A B
Figura 8.11 – (A) Vesícula gestacional. Aproximadamente 24 dias de gestação. (B) Medida do
diâmetro do saco gestacional (DSG).
62
A B
Figura 8.12 – (A) Diâmetro biparietal (DBP). (B) Diâmetro tóraco-abdominal (DTA).
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Alterações como testículo ectópico, orquites, prostatites, epididimites, neoplasias
prostáticas e cistos paraprostáticos podem ser identificados.
TESTÍCULOS
63
ALTERAÇÕES DOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMOS
• Hidrocele: os achados sonográficos incluem uma imagem hipoecogênica ao redor
do testículo determinada pelo líquido que se acumula na bolsa escrotal (fig. 8.14).
• Testículos ectópicos: os testículos podem ficar retidos no tecido subcutâneo pré-
escrotal, na área inguinal ou no abdome. Sonograficamente podem ter aparência
normal, atrofiada ou alterada. Testículos atrofiados se caracterizam pela diminuição de
tamanho, ecogenicidade normal a diminuída e preservação das características da
arquitetura interna. A neoplasia se apresenta com aumento testicular e formação de
massa abdominal complexa.
• Orquite e epididimite: é a inflamação do testículo e epidídimo, respectivamente. O
testículo inflamado apresenta-se hipoecogênico e com contorno irregular. O epidídimo
pode demonstrar áreas hipoecogênicas ou hiperecogênicas, com ou sem
mineralizações.
• Neoplasias testiculares representam o segundo tipo mais comum de tumor em cães
idosos. A aparência sonográfica é variada.
PRÓSTATA
64
ALTERAÇÕES PROSTÁTICAS
• HPB (hiperplasia prostática benigna): é a alteração de próstata mais comum em cães,
principalmente com mais de 6 anos de idade. Ultra-sonograficamente há
prostatomegalia, parênquima homogêneo, podendo ser visibilizadas estruturas císticas
múltiplas e difusas.
• Cistos prostáticos: são áreas cavitárias focais ou multifocais, com conteúdo hipo ou
anecogênico, correspondente a fluido.
• Prostatite bacteriana: Na infecção aguda o exame ecográfico mostra áreas cavitárias
preenchidas por líquido com imagem hipoecogênica, resultante de abscesso.
• Neoplasias: os achados sonográficos incluem parênquima heterogêneo (fig. 8.15 B),
áreas hiperecogênicas focais ou difusas sugestivas de mineralização.
A B
Figura 8.15 – (A) Imagem de próstata normal com limites nítidos (setas) e uretra
prostática evidente (linha anecogênica). (B) Próstata com parênquima
heterogêneo e contorno irregular. Neoplasia prostática.
SISTEMA URINÁRIO
A ultra-sonografia do trato urinário permite a avaliação da forma, do contorno, da
dimensão e da arquitetura interna dos órgãos que o compõem.
RINS
Os rins são órgãos retroperitoneais circundados por tecido adiposo.
65
do pâncreas e adrenal esquerda. Externamente são revestidos por uma cápsula fibrosa que
produz eco brilhante quando o feixe sonoro incide perpendicularmente. Possui a cortical
ecogênica, a medular (porção mais interna) hipoecogênica em relação àquela e uma região
mais central correspondente à pelve renal que é hiperecogênica. Na região do hilo são
observáveis a veia e a artéria renais e o ureter (fig. 8.16 A). A dimensão renal em cães está
relacionada ao peso, tamanho e condição corpórea. Porém, dimensões entre 6,0-9,0cm são
consideradas normais em eixo longitudinal. A simetria dos rins é um dado mais útil. Felinos
têm o comprimento renal variando entre 3,8-4,4cm em plano longitudinal.
A avaliação da relação córtico-medular, bem como a ecogenicidade cortical que é
comparada com fígado e baço, servem para indicar alterações renais.
A ultra-sonografia do trato urinário é indicada quando há dor na região renal,
hematúria, suspeita de massa abdominal ou doença policística, infecção urinária recidivante
ou quando a função do rim está ausente na urografia excretora ou alterada em dados
laboratoriais. A função renal não está correlacionada com o tamanho ou ecogenicidade dos
rins.
A B
Figura 8.16 – Imagem de rim de cão sem alteração em corte longitudinal (A). Hiperecogenicidade da
cortical renal indicando nefropatia (B).
RINS POLICÍSTICOS
Os rins policísticos, como o nome sugere, apresentam múltiplos cistos, que são
estruturas anecogênicas de forma e tamanho variados, podendo ser uni ou bilaterais. A
66
doença policística renal é mais comum em gatos da raça Persa sendo identificada como
doença autossômica dominante (fig. 8.17 B).
A B
Figura 8.17 – (A) Dioctophyma renale em rim direito de cão. (B) Rins policísticos em felino.
67
Figura 8.18 – Cálculo no rim esquerdo formando sombra
acústica (setas).
NEOPLASIAS
Em cães e gatos a metástase renal é mais freqüente que o tumor primário. Lesões
focais com menos de 1cm podem não ser visibilizadas. A ecogenicidade é variável, sendo a
biopsia renal indicada para o diagnóstico definitivo.
HIDRONEFROSE
É a causa mais comum de aumento renal. Caracteriza-se pela dilatação do sistema
coletor, secundariamente à obstrução. Sonograficamente a arquitetura interna do órgão é
afetada em maior ou menor grau, dependendo da duração da obstrução. Em estágios
avançados da doença, os rins podem apresentar-se como um saco de conteúdo
hipoecogênico ou anecogênico. (fig. 8.19 A e B).
A B
Figura 8.19 – Hidronefrose (A) e (B), pelve renal (P). Em B ocorreu grande destruição do
parênquima.
BEXIGA
A ultra-sonografia de bexiga deve ser feita com a mesma distendida por conteúdo.
68
A B
Figura 8.20 – (A) Bexiga normal. (B) Distorção no formato da bexiga causado pela presença de útero com
conteúdo.
ALTERAÇÕES DA BEXIGA
CISTITE
Características como irregularidade na camada mais interna da bexiga e
espessamento da parede com presença de sedimento podem ser observadas (fig. 8.21 A). O
ato de sacudir o conteúdo vesical com o transdutor (balotamento), promove movimento do
conteúdo com formação de redemoinhos compostos de pontos hiperecogênicos flutuantes
(fig. 8.21 B). A cistite aguda pode não causar alterações sonográficas na parede vesical.
A B
Figura 8.21 – (A) Parede vesical espessa. Cistite. (B) Sedimento vesical após balotamento.
CÁLCULO VESICAL (UROLITÍASE)
Os cálculos urinários possuem forma e tamanho variados (2mm a 10cm). Causam
obstrução urinária ou lesão traumática na mucosa. Machos são mais acometidos por
possuírem uretra mais longa e estreita. Sonograficamente os cálculos são visíveis
independentemente do tamanho e da composição. São observados como estruturas
hiperecogênicas que produzem sombra acústica (fig. 8.22).
NEOPLASIA
Os tumores se apresentam como espessamentos focais de parede que se estendem
para o lúmen vesical ou de forma difusa que causam espessamento uniforme e generalizado
69
da parede, similar à cistite crônica. O papiloma é a neoplasia benigna mais comum. Ultra-
sonograficamente apresenta-se como formação ecogênica homogênea.
COÁGULOS
Geralmente ocorrem após traumas, neoplasias, infecções ou alterações sangüíneas.
Sonograficamente são irregulares, não formam sombra acústica e têm ecogenicidade mista.
Podem ser móveis ou aderidos à parede vesical.
URETERES
ALTERAÇÕES URETERAIS
PÂNCREAS
70
oral de líquido, pode contribuir por deslocar o gás do piloro, porém, é contra-indicada em
animais com suspeita de pancreatite, podendo induzir ao vômito.
ALTERAÇÕES PANCREÁTICAS
PANCREATITE
As mudanças sonográficas causadas pela pancreatite permitem sua identificação.
Normalmente há aumento do órgão e a ecogenicidade é variável dependendo da gravidade
e cronicidade da afecção.
CAPÍTULO IX
71
alterem a densidade do tecido, mesmo o paciente apresentando sinais clínicos precoces.
ESTRUTURA ÓSSEA
Os ossos longos consistem de diáfise (corpo do osso que contém a medula óssea),
duas epífises (extremidade proximal e distal) e entre elas as metáfises (fig. 9.1).
Em animais jovens, as cartilagens ou placas epifisiárias (linha radiolucente),
separam as epífises das metáfises. Quando as cartilagens estiverem totalmente substituídas
por tecido ósseo, o crescimento cessa. Nos cães, o crescimento se completa em torno do
10° ao 14°mês de idade (fig. 9.2) (Quadro 1) e nos gatos, mais tardiamente, principalmente
nos castrados. A cortical é a região periférica e mais radiopaca dos ossos e a medular é a
região central. O periósteo recobre a cortical externamente (exceto nas superfícies
articulares) enquanto o endósteo a envolve internamente, ambos promovem o reparo e a
consolidação óssea.
72
Figura 9.2 – Desenvolvimento em dias do membro anterior de cão em projeção dorsopalmar. (FONTE:
SCHEBITZ & WILKENS, 2000).
73
na mineralização, o que pode ser referido como esclerose óssea na imagem radiográfica.
OSTEÓFITOS: são proliferações ósseas em forma de espículas.
OSTEÍTE: é uma reação inflamatória do osso sem o envolvimento da medular.
PERIOSTITE: é uma reação inflamatória do periósteo determinando irregularidade
em sua superfície.
EXOSTOSE: é uma proliferação óssea mais acentuada que a periostite podendo ser
lisa (estacionária) ou irregular (proliferativa).
OSTEOMIELITE: é um processo inflamatório e ou infeccioso com envolvimento
da cortical e medular, decorrente de ferimentos de origem traumática, cirúrgica ou via
hematógena. Radiograficamente observa-se lise e esclerose óssea, com perda do padrão
trabecular normal e reação periosteal.
LUXAÇÃO: é o deslocamento completo entre as superfícies articulares.
SUB-LUXAÇÃO: é o deslocamento parcial entre as superfícies articulares.
FRATURA: é a solução de continuidade de uma estrutura óssea.
ANQUILOSE: é a fusão de duas ou mais estruturas ósseas, podendo ser provocada
por reação inflamatória e / ou infecciosa, ou induzida cirurgicamente por artrodese.
TRIÂNGULO DE CODMAN: ocorre em processos neoplásicos e inflamatórios,
quando há lesão com destruição de cortical, elevação do periósteo e neoformação
subperiosteal, determinando um ângulo.
PROJEÇÕES
Para a análise radiológica precisa, são requeridas no mínimo duas projeções
perpendiculares entre si, sendo que projeções com articulações flexionadas, incidências
obliquadas e skyline contribuem eventualmente.
O uso de sedativos, tranqüilizantes ou anestesia geral pode tornar-se necessário para
um posicionamento correto, desde que o estado físico do paciente permita. Para a obtenção
de boa imagem de uma lesão, é recomendável que a mesma esteja o mais próximo possível
do filme.
CAPÍTULO X
RADIOLOGIA DO CRÂNIO
O crânio, dentro do sistema ósseo e articular, constitui uma das partes que oferece
maior dificuldade na interpretação radiográfica, tanto em pequenos quanto em grandes
animais, devido, principalmente, à grande variação entre espécies e, dentro destas, as
características raciais. Por exemplo, a dificuldade dentro de uma mesma espécie é a
diferença entre cães dolicocéfalos, mesocéfalos e braquicéfalos.
Dolicocéfalos: nestes animais o diâmetro antero-posterior da cabeça é longo,
deixando a impressão que a cabeça é estreita em relação ao comprimento. Ex.: Dobermann.
Braquicéfalos: animais com esta característica possuem a cabeça achatada no
sentido antero-posterior, deixando a impressão de que a cabeça é larga em relação ao
comprimento. Ex.: Boxer e Bulldog.
Mesocéfalos: são cães com a medida proporcional de largura e comprimento da
cabeça, sendo intermediária em relação aos anteriores. Correspondem a aproximadamente
75% das raças caninas. Ex.: Rottweiler e Labrador.
O crânio dos felinos tem características uniformes em sua maioria, mas algumas
74
raças apresentam características braquicéfalicas, como os Persas, por exemplo.
A cavidade nasal e os seios frontais são facilmente identificados pela sua
radiolucência. Os ossos turbinados das conchas nasais, conferem uma imagem trabeculada
de linhas finas radiopacas no meio radiolucente normal, enquanto o septo nasal divide a
cavidade em duas porções simétricas (esquerda e direita). Afecções relacionadas a esta
região incluem um aumento de radiopacidade, alteração no padrão trabeculado e destruição
ou proliferação óssea. As alterações mais comuns são os processos inflamatórios,
infecciosos, hemorrágicos e tumorais, os quais diminuem a radiolucência da cavidade nasal,
porém, não são diferenciáveis entre si radiograficamente. Radiografias nasais de boa
qualidade ajudam a definir a localização e extensão das lesões. A projeção fronto-
mandibular com o filme intra-oral permite visualizar a região trabeculada da cavidade nasal
sem interferência de sobreposição com a mandíbula.
POSICIONAMENTOS
Para as incidências de maxila ou mandíbula com boca aberta e trans-orais, é
necessário que os animais estejam anestesiados.
Os posicionamentos principais são:
• Fronto-mandibular.
• Mandíbulo-frontal.
• Lateral: com a boca aberta ou fechada.
• Obliquados.
• Trans-oral com boca aberta para avaliar bulas timpânicas.
• Skyline, para avaliar seios frontais.
PREPARO
• Sempre que possível limpar a região a ser radiografada, para evitar artefatos
como sujidades ou pomadas iodadas.
• Quando necessário se faz uso de sedação ou até anestesia geral.
A B C
Figura 10.1 – Projeção lateral de crânio de cão (A). Projeção fronto-mandibular de crânio de cão (B) e
gato (C), sem alterações.
75
A B
Figura 10.2 – Projeção mandíbulo-frontal com boca aberta evidenciando a cavidade nasal (A) e
projeção Skyline demonstrando os seios frontais radiolucentes (B).
AFECÇÕES CONGÊNITAS
HIDROCEFALIA
Enfermidade congênita, podendo ser adquirida, a hidrocefalia (fig. 10.3) refere-se
ao acúmulo de líquido na região do neurocrânio, por excesso de produção de líquido
cérebro espinhal ou decréscimo na absorção do mesmo. Afeta principalmente raças toy,
braquicéfalos e Beagles. Os principais sinais clínicos estão relacionados a estado mental
alterado, com convulsões, deficiências visuais, disfunção motora e desenvolvimento
retardado.
Radiograficamente será observado aumento de radiopacidade e homogeneidade na
região do neurocrânio, aumento do vértice craniano, adelgaçamento do osso e retardamento
no fechamento das suturas ósseas.
A B
76
AFECÇÕES TRAUMÁTICAS
FRATURA
As fraturas (fig. 10.4), quando grandes, são facilmente evidenciadas, porém, as
pequenas, são de difícil observação, sobretudo na cabeça, pela sobreposição das estruturas.
Em geral decorrem de traumas e quando se estendem à cavidade nasal ou seios frontais,
podem provocar enfisema subcutâneo e / ou processos hemorrágicos. Várias incidências
radiográficas podem ser necessárias para obtenção do diagnóstico.
A B
Figura 10.4 – Fratura craniana em felino (A) com formação de linha radiolucente (cabeça de seta). Projeção
lateral com boca aberta em canino com fratura de ramo mandibular (seta) (B) .
LUXAÇÃO
A luxação, geralmente, resulta de traumatismo e caracteriza-se por uma
instabilidade palpável da articulação, determinada por deslocamento entre as estruturas
articuladas. Na região do crânio e face observam-se luxações na articulação têmporo-
mandibular e na sínfise mandibular, podendo estar associadas a fraturas na mandíbula.
A luxação da articulação têmporo-mandibular, caracteriza-se radiograficamente pelo
afastamento do processo condilóide da mandíbula do seu local anatômico que é a fossa
mandibular do osso temporal, podendo ser uni ou bilateral e ter deslocamento cranial,
caudal ou lateral.
CORPO ESTRANHO
Corpos estranhos podem ser radiopacos ou radiolucentes. Os radiopacos são
facilmente observados, como projéteis que apresentam densidade de metal.
Os radiolucentes nem sempre são visíveis, mas, dependendo da localização, nas
fossas nasais, por exemplo, podem ocasionar reação inflamatória e, neste caso, mostrar
determinada área com aumento de radiopacidade, que poderá ser confundida com outras
afecções.
77
crônica, enquanto em cães jovens se deve às nefropatias congênitas, resultando em
desmineralização óssea, primeiramente no crânio, afetando maxila e mandíbula que têm a
radiopacidade diminuída. A desmineralização no restante do esqueleto, pode ocorrer, mas é
mais lenta.
Com o desenvolvimento da enfermidade, a mandíbula torna-se maleável, o que
justifica a expressão “mandíbula de borracha”. Os dentes parecem soltos na radiografia
devido à absorção da lâmina dura e a respiração pode estar dificultada devido ao colapso
dos ossos da região das fossas nasais.
SINUSITE
As projeções mandíbulo-frontal, lateral ou rostro-caudal permitem a avaliação dos
seios frontais. Nos cães, a sinusite é pouco comum, tendo maior freqüência nesta região os
processos neoplásicos. Já nos gatos, a sinusite é mais freqüente. O diagnóstico diferencial
de neoplasia deve ser considerado.
Radiograficamente observa-se aumento de radiopacidade de um ou ambos os seios
frontais.
OSTEOMIELITE
É uma lesão inflamatória e / ou infecciosa que pode ter origem traumática, cirúrgica
ou hematógena. Radiograficamente evidencia-se áreas características de rarefação (lise) e
esclerose óssea.
OTITE
O conduto auditivo e a bula timpânica são radiolucentes, mas nos casos de otite
crônica, principalmente, as radiografias demonstrarão densidade radiológica aumentada
nestas estruturas. A parede da bula poderá estar espessada.
OSTEOARTROPATIA TÊMPORO-MANDIBULAR
Também chamada de Osteopatia Têmporo-mandibular, Osteopatia
Crâniomandibular ou Periostite da Mandíbula, esta afecção é uma osteopatia proliferativa
de cães jovens, que radiograficamente apresenta neoformação óssea envolvendo o osso
occipital, as bulas timpânicas e os ramos da mandíbula, sendo geralmente, bilateral.
78
AFECÇÕES PARASITÁRIAS
OESTROSE
Afecção comum em ovinos, em que as larvas de Oestrus ovis podem localizar-se
nas fossas nasais, seios frontais ou ambos, demonstrando na película de raios-X, um
aumento de radiopacidade, compatível com imagem de sinusite. Neste e em outros casos
sempre é indispensável exame e história clínicos.
CENUROSE
Enfermidade que atinge a região do cérebro em ovinos principalmente, ocasionada
pelo Coenuros cerebralis, com formação de cistos intracranianos. Ao exame radiográfico
simples, é difícil a observação, a não ser em casos crônicos, quando pode-se encontrar
rarefação óssea da calota craniana.
O diagnóstico poderá ser radiológico através de exame contrastado, como a
arteriografia cerebral, ou através da tomografia computadorizada ou da ressonância
magnética.
AFECÇÕES DEGENERATIVAS
CALCIFICAÇÃO DE BULA TIMPÂNICA
A calcificação da bula timpânica (fig. 10.5) decorre de otite crônica média e interna,
e é evidenciada pelo aumento da radiopacidade da região, que normalmente é radiolucente.
A B
Figura 10.5 – Calcificação (aumento da radiopacidade) da bula timpânica (setas). Projeção mandíbulo-
frontal (A) e trans-oral (B).
AFECÇÕES NEOPLÁSICAS
As neoplasias de crânio surgem mais comumente a partir de tecidos moles, se
propagando e destruindo os ossos adjacentes. A maxila e a mandíbula são os locais mais
acometidos, sendo o osteossarcoma (maligno) e osteoma, mieloma e tumor venéreo
79
transmissível (benignos), os mais comuns. Radiograficamente pode ocorrer elevação
periosteal e rarefação óssea em casos de tumores malignos (fig. 10.6) e aumento da
radiopacidade e circunscrição nos tumores benignos. Geralmente os tumores cerebrais não
são visualizados pela radiografia simples. A angiografia cerebral (exame contrastado) pode
auxiliar no diagnóstico.
Figura 10.6 – Radiografia craniana de felino em projeção lateral com tumor nasal.
Observar a destruição óssea (seta).
CPÍTULO XI
PREPARO PRÉVIO
• Limpeza da região a ser radiografada
• Coluna lombo-sacra: limpeza do trato digestório.
80
POSICIONAMENTOS
• Ventro-dorsal
• Lateral
• Obliquadas (eventualmente)
81
Figura 11.3 - Representação esquemáticas das lesões
medulares. (Fonte: WHEELER &
SHARP, 1999)
O preparo prévio dos pacientes é feito com jejum líquido e sólido de 12 horas,
sendo posteriormente, submetidos à anestesia geral. O meio de contraste utilizado para o
procedimento é à base de iohexol, ioversol, iopamidol ou metrizamide na dose de 0,25-
0,5ml.Kg-1 de peso vivo, sua aplicação é feita na cisterna magna ou no espaço subaracnóide
entre L4-L5 ou L5-L6.
ALTERAÇÕES CONGÊNITAS
HEMI-VÉRTEBRA
As hemivértebras (fig. 11.4-A) resultam de uma falha na formação de parte do
corpo vertebral, que se apresentam radiograficamente menores, incompletas e geralmente
em forma de cunha, podendo causar desvios da coluna vertebral, dependendo da orientação
da mesma.
Cães das raças Pug, Bulldog e Boston Terrier são as mais comumente afetadas por
esta alteração, sendo que as vértebras torácicas e coccígeas estão mais freqüentemente
envolvidas.
ESPINHA BÍFIDA
Afecção com etiologia desconhecida com alta incidência em cães da raça Bulldog e
rara nas demais. Ocorre devido a um defeito no desenvolvimento embrionário o qual resulta
na não fusão do arco vertebral dorsal em uma ou mais vértebras, geralmente em porção
caudal da coluna lombar, sacral ou coccígea, podendo ocorrer também ausência ou
hipoplasia do processo espinhoso dorsal. Os sinais clínicos são compatíveis com alterações
da coluna em segmento L4-S3.
Radiografias simples em projeção ventro-dorsal evidenciam melhor a alteração
através da comparação das vértebras normais craniais e caudais às alteradas. Com a
82
realização da mielografia pode-se evidenciar o extravasamento de contraste para fora do
espaço subaracnóide ou para o exterior, meningocele (coleção de líquido cefalorraquidiano
em uma saculação em forma de bolsa na pele), meningomielocele (protusão de partes da
meninge e medula espinhal através da falha na coluna vertebral) ou ainda mielocele
(protusão de porções de medula para fora do canal medular em função de um defeito na
formação das meninges, além do defeito nos corpos vertebrais) (fig. 11.4-B).
A B
Figura 11.4 – Hemivértebra (A). Vértebra em formato de cunha em porção cervical. Mielografia
demonstrando comunicação do canal medular com o meio esterno (B).
VÉRTEBRA EM TRANSIÇÃO
É a denominação dada àquela vértebra que assume características anatômicas de sua
adjacente. Um processo transverso poderá assumir a aparência de costela ou vice versa.
Exemplos: radiograficamente evidencia-se ausência de uma ou ambas as costelas de T 13
(chamado de lombarização de T13); ausência de processo transverso (uni ou bilateral) de L 7,
em que a vértebra une-se com a pelve (chamado de sacralização de L 7). Geralmente essa
afecção não possui significado clínico.
SUB-LUXAÇÃO ATLANTOAXIAL
Além de congênita poderá ser também adquirida. A forma congênita está associada
à mal formação da articulação com agenesia total ou parcial do processo odontóide.
Acomete principalmente Poodle miniatura, Yorkshire Terrier e Chihuahua. A forma
adquirida decorre de traumas que provocam fratura ou separação do processo odontóide,
podendo também ser causada pela ausência ou ruptura dos ligamentos atlantoaxial e
transverso.
Caracteriza-se por instabilidade e sub-luxação vertebral, a qual permite excessiva
flexão da região, podendo resultar em compressão da medula espinhal. Os sinais clínicos
são variáveis e incluem incoordenação, falta de equilíbrio, dor e quadriplegia.
Radiograficamente observa-se, em projeção lateral, um aumento da distância entre o
arco do atlas e a espinha dorsal do axis além da ausência total ou parcial do processo
odontóide do axis (fig. 11.5-A).
ALTERAÇÕES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO
ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL
Também chamada de Espondilopatia Cervical, Instabilidade Vertebral Cervical,
Síndrome de Wobbler e Mal Articulação Vertebral Cervical. O termo síndrome de Wobbler
83
é usado para nomear uma afecção específica, onde a medula espinhal é lesionada por uma
combinação de anomalias da coluna vertebral cervical. Pode-se dizer que é uma questão
multifatorial, podendo ser congênita ou adquirida.
Alguns fatores importantes que contribuem para o aparecimento desta síndrome,
como causa primária, são estenose do canal vertebral e instabilidade vertebral e, como
causa secundária, hérnia de disco, hipertrofia ligamentosa, proliferação da cápsula articular
e produção de osteofitos. As vértebras C5, C6 e C7 (fig. 11.5-B) são as mais comumente
afetadas e poderá haver protrusão de disco intervertebral associada.
As radiografias simples nem sempre mostram a estrutura do canal vertebral,
necessitando de mielografia, mas, com freqüência mostram sub-luxação vertebral da região
cervical. Este quadro é comum aos pequenos animais e especialmente em eqüinos, quando
se trata de grandes animais.
BLOCO DE VÉRTEBRAS
Poderá ser congênito ou adquirido, observando-se uma imagem de fusão de dois ou
mais corpos vertebrais, formando um bloco. Essa afecção é observada mais freqüentemente
na coluna cervical e lombar.
Radiograficamente há uma parcial ou total ausência do espaço intervertebral entre
as vértebras envolvidas (fig. 11.6).
A B
Figura 11.5 – Subluxação Atlantoaxial. Aumento da distância entre o processo espinhoso do axis e arco
dorsal do atlas (A). Mielografia cervical com interrupção da coluna de contraste. Subluxação
de C7 com elevação da porção cranial do corpo vertebral para dentro do canal medular (B).
A
Figura 11.6 - Fusão de 4ª e 5ª vértebra lombar.
ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS
84
FRATURA, LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO
As fraturas (fig. 11.7-B), luxações (fig. 11.7-A) e subluxações ocorrem comumente
em pequenos animais devido a acidentes (atropelamentos por carro) e podem causar
compressões do cordão espinhal e raízes nervosas subseqüentes. A manipulação dos
pacientes mesmo anestesiados deve ser cuidadosa para não causar novos danos durante o
estudo radiográfico.
Os sinais radiográficos incluem descontinuidade de estruturas ósseas, pequeno
desalinhamento entre vértebras e / ou facetas articulares (sub-luxação), desarticulação
completa das superfícies articulares (luxação), descontinuidade do canal vertebral e linhas
de fratura dos corpos vertebrais, processos articulares e apófises.
A B
Figura 11.7 – Radiografias em projeção lateral. (A) Luxação em coluna torácica assemelhando-se a um
degrau (seta). (B) Fratura de corpo vertebral em L3.
85
ESPONDILITE
Processo inflamatório e ou infeccioso que atinge os corpos vertebrais, causado pela
infecção bacteriana e / ou fúngica dos corpos vertebrais.
Radiograficamente assemelha-se à osteomielite, com destruição dos corpos
vertebrais, lise óssea, perda do padrão trabecular, reação periosteal e esclerose do osso
circunjacente. Mais comumente envolve a porção ventral e lateral do corpo vertebral.
Quando atinge o canal vertebral pode causar mielite e meningite.
DISCOESPONDILITE
Também chamada de Osteomielite intradiscal, Discite, Infecção discal intervertebral
e Espondilite intervertebral. A origem é hematógena e resulta numa infecção do disco
intervertebral de origem não vertebral. As regiões cervicotorácica, tóracolombar e
lombossacra são os locais mais acometidos. Pode ocorrer associada a Brucela canis,
Staphylococcus aureus e alguns tipos de leveduras.
As características radiográficas incluem lise de uma ou ambas as faces articulares
dos corpos vertebrais (placas das extremidades vertebrais), seguidos de diminuição do
espaço intervertebral (fig. 11.8). Com a progressão do processo pode surgir uma margem
esclerótica com proliferação óssea ventral de grau variável. A mielografia permite
estabelecer se há ou não compressão de medula.
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
ESPONDILOSE
Também chamada de Espondilo-artrose, Espondilose Anquilosante (fig. 11.9) é um
achado radiográfico comum em cães idosos atingindo mais freqüentemente as vértebras
torácicas e lombares, raramente associada a sinais clínicos.
Caracteriza-se por crescimentos ósseos em forma de espículas (osteófitos) que se
desenvolvem nas extremidades dos corpos vertebrais, podendo se fusionar, formando uma
anquilose, sendo chamada espondilose deformante / anquilosante.
PAQUIMENINGITE
A Ossificação da dura-máter, Metaplasia óssea da dura-máter ou Ossificação dural
como também é denominada, caracteriza-se pela formação de placas ósseas na dura-máter e
acomete cães de grande porte. Os sinais clínicos dependem do grau de comprometimento
86
da medula espinhal e raízes nervosas.
Radiograficamente aparece como uma linha radiopaca imediatamente acima e
paralelamente à base do canal medular, sendo melhor visualizada nos espaços
intervertebrais (fig. 11.10).
A B
Figura 11.9 – Espondilose anquilosante (pontes ósseas) na coluna torácica e lombar (setas). Projeção lateral
(A) e ventrodorsal (B).
87
ósseos no interior do canal medular, espondilose anquilosante entre L 7 e sacro, proliferação
de tecidos moles (ligamentos e cápsula articular), osteocondrose de sacro e
comprometimento vascular.
ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS
As neoplasias de coluna afetam mais comumente cães idosos, porém, tumores como
linfoma podem ocorrer em gatos jovens. Os tumores poderão ser primários ou secundários
e é difícil serem distinguidos de espondilite ou discoespondilite.
Suas principais características radiológicas são: lise óssea, destruição das placas
terminais vertebrais, fraturas patológicas (por compressão), crescimentos ósseos
desordenados e alteração na radiopacidade óssea.
A mielografia fornece dados como localização do tumor e sua posição no canal
vertebral, porém o diagnóstico é definido somente através da biopsia.
88
A B
Figura 11.11 – Diminuição do espaço intervertebral entre T12-13 (A). Calcificação de disco intervertebral L6-7
(seta) (B).
CAPÍTULO XII
LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO
Alterações já descritas.
89
FRATURAS
Poderão ser traumáticas ou patológicas (espontâneas). Caracterizam-se pela
presença de solução de continuidade óssea (fig. 12.1).
A radiografia desempenha importante papel na avaliação das fraturas nas seguintes
etapas: pré, trans e pós-procedimento terapêutico. A primeira etapa comprova a fratura e
avalia os diversos aspectos relacionados à mesma, como sua extensão, alinhamento, etc...
Durante o procedimento terapêutico, permite avaliar a eficácia do método realizado e a
terceira etapa faz o acompanhamento do processo de cicatrização ou reparo ósseo. Com
relação ao reparo ósseo, animais jovens apresentam consolidação mais rapidamente que os
velhos. O método de imobilização da fratura (talas e pinos) e a presença de doença local ou
metabólica afetam a velocidade de consolidação óssea.
A B
Figura 12.1 – Fratura de colo femoral direito (A). Fratura distal de metáfise de fêmur (B).
90
As lesões são freqüentemente múltiplas, podendo ser císticas ou proliferativas, com
aumento de radiopacidade. Às vezes poderão ser confundidas com neoplasias, como por
exemplo, os osteomas. Por isso torna-se necessária biópsia para diagnóstico diferencial,
embora os osteomas não sejam múltiplos com freqüência.
Radiograficamente caracteriza-se pela imagem de exostoses circulares e regulares,
com bordas escleróticas.
LUXAÇÃO PATELAR
A luxação de patela pode ser medial ou lateral (fig. 12.2-A). As projeções
radiográficas indicadas são a crânio-caudal, médiolateral e skyline da articulação fêmoro-
tíbio-patelar. Radiograficamente a patela se encontrará deslocada lateral ou medialmente.
Na incidência médio-lateral, a patela não se encontra no sulco troclear e está sobreposta aos
côndilos femorais. Outras anormalidades ósseas poderão estar presentes como sulco
troclear raso, rotação e curvatura da porção proximal da tíbia e angulação anormal da
articulação fêmoro-tibial.
Caso a luxação seja intermitente, a patela poderá estar posicionada em seu local
anatômico no sulco troclear, no momento do posicionamento para o exame.
A B
Figura 12.2 - Luxação lateral de patela observada em projeção skyline (A). Necrose asséptica da cabeça do
fêmur, lado esquerdo (B).
CALCINOSE CIRCUNSCRITA
Também chamada de Calcinose Tumoral e Gota Cálcica nesta alteração ocorre
deposição de sais de cálcio de aspecto amorfo no tecido mole, tecido subcutâneo, pele e
91
proeminências ósseas. Radiograficamente se caracteriza como áreas circunscritas com
radiopacidade de tecido ósseo.
OSTEOCONDROSE
Caracteriza-se por um distúrbio na ossificação endocondral que leva a formação de
um cisto subcartilaginoso. Freqüentemente é bilateral e afeta as articulações escápulo-
umeral, úmero-rádio-ulnar, fêmoro-tíbio-patelar e tarso de cães jovens com crescimento
rápido. A etiologia é multifatorial incluindo o manejo, a genética, sexo, fatores hormonais e
nutrição.
Radiograficamente observa-se área de rarefação óssea circunscrita na região
subcartilaginosa (cisto ósseo) (fig. 12.3-A), podendo às vezes ocorrer erosão de cartilagem
articular e formação de osteófitos periarticulares. Quando há avulsão de um flap de
cartilagem no local do cisto, o qual pode sofrer mineralização, passa a denominar-se
osteocondrite dissecante. A confirmação do diagnóstico pode ser feita através da artrografia
(fig. 12.3-B).
A B
Figura 12.3 – Articulação escápulo-umeral de cão jovem com osteocondrose. Área radiolucente na cabeça
do úmero. Fechamento epifisiário precoce (seta) (A). Artrografia sem alteração.
PANOSTEÍTE EOSINOFÍLICA
Alteração também conhecida como Panosteíte Canina e Panosteíte ocorre em cães
jovens e tem etiologia desconhecida. Clinicamente os animais apresentam claudicação sem
história de lesão, podendo desaparecer de um membro e aparecer em outro.
Na imagem radiográfica observa-se aumento de radiopacidade na medula dos ossos
longos, geralmente, mais evidente próximo ao forame nutrício. Poderá ocorrer perda do
padrão trabecular normal do osso. Há casos em que as lesões são tão intensas que chegam a
tomar por completo a cavidade medular. Espessamento endosteal e reação periosteal
regular poderão aparecer independentemente da opacidade da medula (fig. 12.4).
92
Figura 12.4 – Panosteíte. Aumento de radiopacidade
do canal medular da tíbia (seta).
B
A
Figura 12.5 – Afecção pulmonar crônica (A) pode causar osteopatia pulmonar hipertrófica. Membros
anteriores de cão. Observar o novo tecido periosteal formado (B).
93
Radiograficamente observa-se alteração articular degenerativa secundária
progressiva e, raramente, fratura do processo medial. Na projeção lateral, forma elíptica
anormal e curvatura diminuída da chanfradura troclear ficam evidenciadas pelo aumento do
espaço articular úmero-radial.
b) Osteocondrose
Enfermidade já descrita.
c) Não União do processo ancôneo
Radiograficamente observa-se uma linha radiolucente evidenciando a separação do
processo ancôneo da porção proximal da ulna.
Alteração vista somente na projeção lateral flexionada do cotovelo. Freqüentemente
com o tempo desenvolve-se doença articular degenerativa (osteoartrose).
d) Não União do epicôndilo medial do úmero
Esta situação é a menos freqüente dentre as demais relacionadas.
As alterações radiológicas perceptíveis são: separação do fragmento ósseo na região
caudal do epicôndilo.
DISPLASIA COXOFEMORAL
Não existe uma única etiologia definida, sabe-se que está ligada a fator hereditário,
distúrbios hormonais, crescimento rápido, excesso de exercícios físicos, sendo assim
descrita como de etiologia multifatorial, afetando cães de raças grandes, na maioria das
vezes.
O diagnóstico definitivo para o Pastor Alemão, Labrador é feito com 1 ano de idade
enquanto que para Rottweiler, Fila Brasileiro, Mastif, Dogue Alemão e demais raças
gigantes, este é feito com 1 ano e seis meses. Para posicionamento ideal para a avaliação da
articulação coxofemoral representado na figura-12.7, é necessário que estejam incluídas na
radiografia as asas do ílio e a extremidade distal dos fêmures. Deve haver perfeita simetria
entre as asas do ílio e forames obturadores, os fêmures devem estar paralelos e as patelas
posicionadas nos sulcos trocleares.
A displasia caracteriza-se por uma instabilidade articular ou sub-luxação da
articulação, podendo estar envolvidos nesta enfermidade: acetábulo, cabeça de fêmur e colo
femoral.
a) Os animais normais apresentam:
94
Acetábulo profundo, cabeça de fêmur redonda ou esférica, colo femoral delgado,
articulação com perfeita congruência e “Ângulo de Norberg” igual ou superior a 105o.
b) Animais em fase de transição:
São animais que apresentam boa articulação e o ângulo levemente inferior a 105 o ou
animais em que a articulação é ligeiramente incongruente e tem o ângulo maior ou igual a
105o.
c) Displasia de grau leve (fig. 12.8-A):
As características são: “Ângulo de Norberg” maior que 100 o e menor que 105o. Sem
sinais de artrose.
d) Displasia de grau médio (fig. 12.8-B):
• acetábulo pouco profundo;
• cabeça de fêmur poderá estar facetada, achatada, etc.;
• colo de fêmur poderá estar levemente engrossado;
• aparecem os primeiros sinais de artrose;
• perda da congruência ou seja imagem de sub-luxação acentuada;
• “Ângulo de Norberg” maior que 90o e menor que 100o.
e) Displasia de grau grave (fig. 12.8-C):
• acetábulo pouco profundo, até plano;
• cabeça de fêmur poderá estar afilada, achatada, em forma de cogumelo,
etc.;
• colo de fêmur geralmente curto e engrossado;
• poderá apresentar sub-luxação ou até luxação completa;
• artrose geralmente evidente.
• “Ângulo de Norberg” inferior a 90o (só medido em ausência de artrose).
95
A B C
Figura 12.8 – Diferentes graus de displasia coxofemoral. Displasia em grau leve (A). Displasia em grau médio
com deformidade de cabeça femoral (facetada) e leve engrossamento de colo femoral (B).
Displasia em grau grave demonstrando subluxação e grande deformidade de cabeça femoral,
arrasamento de acetábulo, engrossamento de colo femoral e artrose – osteófito (seta) (C).
OSTEOCONDRODISPLASIAS
São anormalidades do crescimento e / ou desenvolvimento cartilaginoso ou ósseo.
Aqui se enquadram: nanismo, alterações de número de dedos, etc...
96
Figura 12.9 – Osteopenia por desuso.
ARTRITE INFECCIOSA
Esta infecção ocorre via hematógena ou por de feridas punctórias. Clinicamente se
observa aumento de volume articular, dor, calor, claudicação e diminuição da amplitude
dos movimentos articulares.
Nos estágios iniciais da enfermidade há um espessamento da membrana sinovial,
distensão da cápsula articular, pequeno alargamento do espaço articular, devido ao aumento
de volume e pressão no interior da articulação. Com o desenvolvimento do processo
observa-se reação periosteal nos ossos adjacentes e destruição das cartilagens articulares.
Poderá ocorrer osteomielite nos ossos adjacentes.
ARTRITE REUMATÓIDE
É uma enfermidade não infecciosa, sendo aparentemente de ordem imunológica. As
articulações do carpo e tarso são as mais freqüentemente atingidas.
A lesão mais evidente é a progressiva destruição do osso subcondral na inserção da
membrana sinovial. Poderá ocorrer estreitamento ou alargamento do espaço articular que é
decorrente da erosão da cartilagem articular e destruição do osso subcondral, situação que
leva à rarefação óssea na articulação.
OSTEOMIELITE SUPURATIVA
Segundo a definição, osteomielite é o processo inflamatório da medular e cortical
óssea. Ocorre devido à invasão bacteriana na estrutura óssea, a qual pode ocorrer por
feridas cirúrgicas ou traumáticas, ou via hematógena.
Observam-se alterações no padrão ósseo com áreas de rarefação e perda dos padrões
trabeculares, lise óssea, esclerose, periostite, áreas de neoformação óssea periosteal,
presença do “Triângulo de Codman” e poderá ocorrer presença de seqüestro ósseo. Pode
haver osteopenia por desuso no membro afetado.
97
A característica radiológica da metalose é lise óssea em torno do implante, e reação
periosteal intensa, situação freqüentemente observada, nas reduções de fraturas com pinos
transfixados.
OSTEODISTROFIA IDIOPÁTICA
Ocorre em animais na fase de crescimento de raças de grande porte, associada a
fatores nutricionais.
Nas radiografias das regiões metafisárias de rádio e ulna, observa-se discreto
aumento de opacidade na metáfise (esclerose) e irregularidade de periósteo. A epífise e a
cartilagem epifisária aparecem normais.
A B
Figura 12.10 – Radiografias de um cão jovem demonstrando diminuição generalizada da densidade óssea e
adelgaçamento de cortical presente na osteodistrofia fibrosa. Ingestão de corpos estranhos
98
para suprir carência alimentar (A). Fratura em talo verde (seta) (B).
RAQUITISMO
Afecção não muito freqüente na clínica veterinária.
Sua etiologia é discutida, podendo estar associado ao desequilíbrio dos níveis de
vitamina D e Cálcio. A falta de exposição ao sol também pode ser fator determinante no
processo.
Radiograficamente além do “Rosário Raquítico”, observa-se certo grau de
desmineralização óssea e, na extremidade distal do rádio, linha epifisária e metáfises
aumentadas de largura, proporcionando aspecto de cálice invertido.
OSTEODISTROFIA HIPERTRÓFICA
Também chamada de Escorbuto Canino, Escorbuto Esquelético, Osteopatia
Metafisária, Displasia Metafisária e Doença de Moeller-Barlow, esta afecção, cuja etiologia
permanece incerta, causa destruição das trabéculas metafisárias de ossos longos de cães de
grande porte com crescimento rápido. Clinicamente os animais afetados apresentam
aumento de volume nas metáfises, principalmente, de rádio, ulna e tíbia, demonstrando dor
à palpação. As lesões são simétricas e bilaterais.
Radiograficamente, aparenta linha fisária dupla, determinada por uma zona
radiolucente irregular paralela à fise (fig. 12.11). Há edema de tecidos moles próximo à
metáfise e calcificação justacortical ao redor da metáfise.
99
A B
Figura 12.11 – Osteodistrofia hipertrófica. Linha radiolucente paralela a fise (seta) (A).
Fechamento prematuro da epífise da ulna causado por trauma ocasionando
o encurvamento do rádio (B).
ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS
TUMORES MALIGNOS
OSTEOSSARCOMA
Este é o mais freqüente, representando 50% dos tumores ósseos dos caninos e
felinos, atingindo principalmente ossos longos, podendo ocorrer também em ossos do
crânio, vértebras, escápula e costelas. A idade média de aparecimento dos osteossarcomas é
100
de 7,7 anos. As raças caninas mais atingidas são as de grande porte como Pastor Alemão,
Dinamarquês, São Bernardo, Boxer, Labrador, Doberman e Collie. Em felinos, os locais de
maior aparecimento da doença são ossos longos, crânio, vértebras e ossos da pelve. Não
tem etiologia definida, embora acredite-se que agentes químicos (salicato de zinco e
berílio), vírus (vírus do sarcoma de Moloney), radiação e implantes metálicos (placas e
pinos intramedulares) possam estimular. Sua evolução é extremamente rápida.
As alterações radiográficas mais importantes do osteossarcoma dos ossos longos
são: destruição da cortical óssea, neoformação óssea e possível progressão para os tecidos
moles adjacentes, os quais poderão apresentar calcificação.
As características mais evidentes destes tumores são o “triângulo de Codman” (fig.
12.12) e o efeito “Sunburst”. O triângulo de Codman é uma elevação do periósteo sobre a
neoformação óssea. O efeito “sunburst” é causado pela proliferação óssea com aspecto que
lembra raios de sol ou explosão.
Deve-se levar em consideração que outras lesões como osteomielite, por exemplo,
poderão ser confundidas com tumor, por isto, se faz necessário uma biópsia para
diagnóstico definitivo. Freqüentemente se encontra fratura patológica no osso atingido e
metástases nos pulmões que são achados em quase a totalidade dos casos.
CONDROSSARCOMA
É o segundo tumor ósseo mais encontrado nos cães e gatos, ocorrendo em animais
de meia idade, ou seja, 7 - 8 anos. As raças caninas mais afetadas são o Pastor Alemão e o
Boxer, tendo como locais mais comuns a região nasal, costelas, maxilar e ossos da pelve. Já
nos felinos os locais de maior aparecimento são a escápula, tíbia e mandíbula.
O exame radiológico revela um tecido tumoral infiltrativo com destruição cortical
irregular e extensão parcialmente mineralizada com os tecidos moles adjacentes.
As metástases ocorrem em aproximadamente 18% dos casos e se localizam nos
pulmões, coração, rins e linfonodos regionais.
A B C
Figura 12.12 – Neoplasia de carpo e distal de rádio (A). Distal de fêmur (B) e proximal de tíbia (C).
Observar a destruição e proliferação óssea. Triângulo de Codman elevando o periósteo
(seta) e efeito Sunburst (explosão óssea) (A).
FIBROSSARCOMA
101
Ocorre geralmente em animais velhos. Aproximadamente 60% destes tumores estão
associados a ossos do crânio (maxila, mandíbula e osso nasal) e, 30% ocorrem em ossos
longos.
Ao exame radiográfico, há tumefação dos tecidos moles e provoca reação osteolítica
dos ossos subjacentes. Na maioria dos cães e gatos, a destruição óssea já é intensa na
ocasião do diagnóstico. Metástases são raras. Possui crescimento lento e tem a
característica de invadir os espaços articulares adjacentes.
TUMORES BENIGNOS
OSTEOMA
São achados radiográficos que, geralmente, aparecem no crânio de cães e gatos. A
neoplasia apresenta características de um processo benigno crônico, usualmente
assintomático.
Radiograficamente os osteomas aparecem em forma de uma massa radiopaca
arredondada, esclerótica e de consistência dura de contorno regular, na superfície dos ossos.
Não há reação periosteal nos ossos adjacentes.
ENCONDROMA
O Encondroma é freqüente encontrado nas extremidades dos membros dos cães,
geralmente, nos metacarpos e metatarsos. Estes tumores têm a característica de causar
expansão da córtex óssea, tornando esta mais delgada com a evolução do processo. Podem
ocorrer fraturas patológicas.
OSTEOCONDROMA
É um tumor benigno composto de cartilagem e tecido ósseo. Pode ser único ou
múltiplo, quando múltiplo é denominado Osteocondromatose, Exostose Cartilaginosa
Múltipla ou Exostose Hereditária Múltipla. Geralmente aparecem nas extremidades dos
ossos longos e costelas. Sua patofisiologia é incerta e quanto à etiologia, acredita-se estar
ligada a fatores genéticos com transmissão hereditária.
Pode estar ligeiramente associado à intumescência do tecido mole, contudo esta não
é uma característica marcante. Ainda que a lesão seja insignificante, ela pode interferir com
o osso e tecidos moles adjacentes causando claudicação.
Radiograficamente apresenta-se como uma exostose situada na metáfise óssea
perpendicular à córtex. O osteocondroma tem córtex e cavidade medular comunicada com a
cavidade medular do osso no qual se originou.
102
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
POSICIONAMENTOS RADIOGRÁFICOS
103
A
FALANGE DISTAL
Dorso-palmar
Existem três variações recomendadas da projeção dorso-palmar. Na primeira,
denominada dorsoproximal-palmarodistal obliquada, o casco fica posicionado na vertical,
com a pinça colocada num bloco de madeira com o sulco da ranilha encostado no filme
(fig. 14.2-A). O raio é centrado na coroa do casco perpendicularmente ao filme. Este
posicionamento proporciona boa visualização do corpo, margem da sola e processo palmar
da falange distal. Na segunda, efetua-se a radiografia em projeção dorsopalmar com uma
visualização de cima em relação à coroa, sendo que o animal deverá permanecer em
estação, com a sola sobre o chassi protegido. O raio incidirá com um ângulo
dorsoproximal-palmarodistal de aproximadamente 65º em relação à linha horizontal,
centrado na coroa do casco (fig. 14.2-C). Outra posição é a dorsopalmar que consiste na
colocação da pata sobre um bloco de madeira sendo que o raio é centrado horizontalmente
entre a coroa do casco e superfície da sola, seguindo uma linha traçada entre os bulbos,
garantindo uma posição dorsopalmar correta (fig. 14.2-B).
104
A B C
Figura 14.2 - Variações da projeção dorso-palmar (plantar). Dorso-palmar com o casco em pinça (A),
dorso-palmar com feixe de raios-x na horizontal (B) e dorso-palmar 65ºobliquada (C).
Palmaroproximal-palmarodistal obliquada
Está indicada para a visualização do processo palmar da terceira falange e osso
navicular, particularmente em suspeita de fratura ou separação da lâmina da parte posterior
do casco. O casco a ser radiografado deverá ficar mais caudal que o contralateral, sobre o
chassi protegido e a ampola é posicionada caudalmente ao membro com o raio centrado
entre os bulbos. O ângulo de incidência do feixe de radiação em relação ao chassi é de 45°
a 70° dependendo da inclinação da quartela e do posicionamento do casco, cuidando para
que o boleto não se sobreponha ao processo palmar da terceira falange (fig. 14.3-B).
Lateromedial
Na projeção lateromedial com a pata sobre um bloco de madeira o feixe principal de
radiação é direcionado na horizontal e centrado na falange distal, próximo à inserção do
tendão flexor profundo perpendicular ao filme (fig. 14.3-A).
As variações do processo extensor ou apófise piramidal, pequenas opacidades
ósseas na porção proximal da terceira falange e, principalmente, rotação de falange distal,
podem ser avaliadas nesta projeção.
Outras projeções
Osteofitos e irregularidades da face dorso-medial e dorso-lateral da falange distal
são melhor vistas em projeções obliquadas flexionadas onde há abertura da articulação
inter-falangeana distal. A extremidade do casco é colocada em bloco com o osso navicular
a fim de que a sola se aproxime da posição vertical, e incide-se o feixe de radiação com
uma projeção 45ºdorsolátero-palmaromedial 65º obliquada (fig. 14.3-C) e 45º
mediopálmaro-dorsolateral 65º obliquada.
NAVICULAR
Lateromedial (idem à falange distal)
Dorsopalmar com o casco em pinça (idem à falange distal)
Dorsoproximal 65º-palmarodistal Obliquada (DPr65º-PaDiO) (idem à falange distal)
Palmaroproximal-palmarodistal Obliquada (PaPr-PaDiO) (idem à falange distal)
105
FALANGE PROXIMAL E MÉDIA
Lateral (idem à falange distal)
Dorsopalmar
Dorsolátero-palmaromedial Obliquada
Dorsomédio-palmarolateral Obliquada
Figura 14.3 - Projeção lateral (A), (B) palmaroproximal-palmarodistal obliquada (PaPrPaDiO) e projeção
45ºdorsolátero-palmaromedial 65º obliquada (C).
A B C D
Figura 14.4 - Projeção dorsopalmar (A), (B) Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO), (C)
Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO) e lateral flexionada (D).
106
A B C D
Figura 14.5 - Projeção lateral estendida (A), dorsopalmar 125º obliquada estendida (B) e flexionada (C) e
(D) lateroproximal-mediodistal obliquada (LPrMDiO).
A B C D
Figura 14.6 - Projeção dorsopalmar (A), lateral estendida (B), (C) Dorsomédio-palmarolateral obliquada
(DMPLO), (D) Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO).
A B C D
Figura 14.7 - Projeção lateral flexionada (A), skyline ou dorsoproximal-dorsodistal obliquada (DPrDDiO)
da extremidade distal do rádio (B), camada proximal dos ossos do carpo (C) e camada distal
dos ossos do carpo (D).
107
TARSO (fig. 14.8)
Lateromedial (lateral)
Dorsoplantar (DP)
Dorsolátero-plantaromedial obliquada (DLPMO)
Dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO)
A B C D
Figura 14.8 - Projeção lateromedial (A), dorsoplantar (B), (C) dorsolátero-plantaromédio obliquada
(DLPMO) e (D) dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO).
108
Figura 14.9 - Projeção médio-lateral (A), crânio-caudal (B) da articulação úmero-rádio-ulnar e
médio-lateral da articulação escápulo-umeral (C).
B
Figura 14.10 - Projeção lateromedial (A), caudal 30º lateral-craniomedial obliquada (B) e caudo-cranial
(C). FONTE (B): SCHEBITZ & WILKENS, 2000.
B
Figura 14.11 - Projeção tangencial (skyline) da articulação FTP em estação (A) e (B) e em
decúbito (C). FONTE (A e C): BUTLER et. al., 2000.
CAPÍTULO XV
ANATOMIA RADIOLÓGICA
109
Figura 15.1 – Anatomia radiológica da falange distal, nas projeções: (A) lateral, (B) dorso-palmar
65ºobliquada, (C) dorso-palmar com o casco em pinça, (D) dorso-palmar com feixe de
raios-x na horizontal. Legenda: falange proximal (a), falange média (b), falange distal (c),
navicular (d), processo palmar da falange distal (e), processo extensor da falange distal
(f), superfície dorsal da falange distal (g), sulco solar (h), margem solar (i) e canais
vasculares (j). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
110
Figura 15.2 – Anatomia radiológica do osso navicular em projeção lateral (A) e dorso-palmar com o
casco em pinça (B). Legenda: cortical flexora (a), medular óssea (b), processo palmar da
falange distal (c), falange média (d), falange distal (e) e processo extensor da falange distal
(f). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
111
Figura 15.3 – Anatomia radiológica da articulação do boleto em projeção dorsopalmar
(A), lateral estendida (B), lateral flexionada (C) e dorsolátero-
palmaromedial obliquada (DLPMO) (D). Legenda: 3ºmetacarpiano (a),
sesamóide medial (b), sesamóide lateral (c) e falange proximal (d)
FONTE (E e F): http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
112
Figura 15.4 – Projeção dorsopalmar (A), lateral (B) e (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada. Legenda:
3ºmetacarpiano (a), sesamóide proximal lateral (b), sesamóide proximal medial (c) e
4ºmetacarpiano (d), 2ºmetacarpiano (e), 4ºcarpiano (f), 2ºcarpiano (g) e 3ºcarpiano (h).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
113
Figura 15.4 – Anatomia radiológica do carpo em projeção dorsopalmar (A), (B) Dorsolátero-palmaromedial
obliquada (DLPMO), (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO), lateral (D) e lateral
flexionada (E) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO). Legenda: rádio (a), carpo
radial (b), intermédio do carpo (c), carpo ulnar (d), acessório do carpo (e), 2º carpiano (f),
3ºcarpiano (g), 4º carpiano (h), 3º metacarpiano (i), 2º metacarpiano (j) e 4º metacarpiano (k).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
114
TARSO (fig. 15.5)
115
ARTICULAÇÃO ÚMERO-RÁDIO-ULNAR E ESCÁPULO-UMERAL (fig. 15.6)
Figura 15.7 – Anatomia radiológica em projeção caudo-cranial (A) e lateral (B) da articulação
fêmoro-tíbio-patelar. Legenda: fêmur (a), epicôndilo medial do fêmur (b),
côndilo medial do fêmur (c), côndilo lateral do fêmur (d), eminência
intercondilar medial da tíbia (e), eminência intercondilar lateral da tíbia (f), fossa
intercondilar (g), fíbula (h), tíbia (i), tuberosidade da tíbia (j), patela (k), ápice da
patela (l), base da patela (m) tróclea lateral (n) e tróclea medial (o).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
116
CAPÍTULO XVI
OSTEÍTE PODAL
Radiograficamente, a osteíte podal (fig. 16.1-B) se caracteriza por presença de
espículas ósseas na borda da falange distal em projeção dorso-palmar, irregularidade difusa
criando um aspecto inacabado com aparência rendada quando vista em projeção lateral ou
65° dorsopróximo-palmarodistal obliquado podendo ser indicativo de lesão crônica ou
breve resposta inflamatória. Outra alteração comum refere-se ao remodelamento da
margem solar da falange distal, podendo ter largura aumentada dos canais vasculares e
desmineralização óssea.
Algumas vezes a osteíte podal apresenta-se inativa, onde há freqüentemente
pequena alteração na irregularidade fisiológica do contorno da margem da sola. Assim, os
sinais clínicos devem ser usados para determinar se uma margem radiograficamente
irregular é um indicador de doença antiga ou recente.
A B
Figura 16.1- Crescimento ósseo periosteal na parede dorsal da falange distal (A). Osteíte Podal, observar a
irregularidade da superfície solar da falange distal (B).
FONTE (A): http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
117
DIMINUIÇÃO DA RADIOPACIDADE DA FALANGE DISTAL
Em uma radiografia os fatores de exposição sempre têm que ser avaliados a fim de
verificar se não são os responsáveis pela densidade diminuída. Uma diminuição difusa da
radiopacidade da terceira falange pode ocorrer por desuso. Raramente o desequilíbrio
cálcio-fósforo causa desmineralização do esqueleto apendicular identificável na radiografia.
OSTEÍTE INFECCIOSA
A falange distal não tem cavidade medular e, portanto, a infecção deste osso é
chamada osteíte infecciosa e não osteomielite. A infecção do casco é comum e com pouca
freqüência atinge a terceira falange. Quando presente ela, geralmente, envolve a superfície
solar ou dorsal da falange, podendo causar desmineralização, a qual pode ser evidenciada
por radiolucência e irregularidade na margem, havendo raramente esclerose circundante,
embora neoformação usualmente esteja presente (fig. 16.2B).
A B
Figura 16.2 – Doença degenerativa articular (A), observar crescimentos ósseos (setas).
Osteíte infecciosa (B) da falange distal, observar área de radiolucência na
borda da falange distal (setas).
FONTE (A): http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
118
Ferimentos penetrantes através da sola podem resultar em osteíte infecciosa, a qual
inicialmente é vista como uma área radiolucente no osso em projeção dorso-palmar com o
casco em pinça. Às vezes, tratamentos com antibióticos resultam em abscessos com pus
espesso originando-se da terceira falange, causando uma radiolucência bem definida,
parecendo uma lesão cística. A osteíte infecciosa pode ser crônica quando estes ferimentos
penetrantes são profundos na sola, especialmente na junção da linha branca e casco, com
drenagem recorrente localizada na coroa do casco ou superfície solar e está associada a
vários graus de claudicação. Com a progressão da infecção ocorre comprometimento do
suprimento sanguíneo da área podendo ou não apresentar seqüestro. As anormalidades
radiográficas podem aparecer quatro semanas após o início da lesão.
119
articulação inter-falangeana. Fraturas da cartilagem calcificada ocorrem e causam
claudicação aguda, normalmente fazendo autocura. Uma resposta dolorosa a uma pressão
digital aplicada na coroa do casco justamente na área onde se suspeita de fratura ajuda a
diferenciar esta de uma calcificação incompleta.
Figura 16.4 – Linha da superfície dorsal da muralha do casco (1) paralela com
linha da superfície dorsal da terceira falange (2) sem rotação em A
e com rotação, sem paralelidade das linhas em B.
FONTE : http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
120
A laminite caracteriza-se pelas seguintes alterações radiográficas na terceira
falange: desvio palmar, superfície solar irregular, aumento do número de canais vasculares
direcionados à superfície dorsal, fratura patológica, remodelamento da falange distal e
aparência alongada e elevada da falange distal. O grau de rotação tem sido usado para
fornecer um prognóstico para animais com laminite.
Com o progresso da lesão pode aparecer uma leve linha radiolucente entre a falange
e a parede do casco, inicialmente representando uma secreção serosa colecionada entre a
derme e lâmina epidérmica, a qual é vista em radiografias de alta qualidade. Com o passar
do tempo esta área torna-se mais radiolucente dando uma aparência de gás na região. O
aumento do tamanho desta linha indica a progressão da rotação ou necrose laminar. Com a
extensão desta para a sola pode se estabelecer um ponto de contaminação causando osteíte
infecciosa.
Quando há suspeita de rotação progressiva, podem-se realizar radiografias com
intervalos regulares para monitorar este progresso, pois quanto mais marcante for a rotação,
mais rápido for o progresso, pior será o prognóstico e dificilmente o animal retornará à sua
função atlética.
NEOPLASIA
O queratoma é o tipo mais comum de neoplasia encontrado na terceira falange, visto
em projeção dorso-palmar com o casco em pinça ou projeção dorso-palmar obliquada. É
geralmente encontrada na margem solar do osso, aparecendo como uma chanfradura
semicircular, com contorno uniforme e dificilmente há neoformações ósseas associadas. A
crena não deve ser confundida com este tipo de lesão.
Este tipo de neoplasia pode ocorrer em qualquer porção do casco, causando
deformação da parede, sola e linha branca. Pode provocar claudicação quando for ampla e
às vezes está associada a infecções secundárias. Outras neoplasias (fig. 16.5-A e 16.5-B)
podem aparecer, mas são raras, como os neurofibromas, fibrossarcomas. As lesões por
queratomas podem reaparecer após vários anos.
A B
Figura 16.5 – Lesão neoplásica benigna (setas) (A) e maligna (B).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
SÍNDROME NAVICULAR
Também chamada de “Doença do Navicular”, esta alteração possui patofisiologia
multifatorial, causando claudicação e dor. Inicia-se, geralmente, com claudicação
121
intermitente bilateral nos membros anteriores, podendo ocorrer ocasionalmente em
membros posteriores. Possui desenvolvimento progressivo e crônico, causando alterações
na superfície flexora fibrocartilaginosa, no tendão flexor digital profundo, na bursa do
navicular, bem como inserção de ligamentos e cápsula articular.
Não há sinal clínico patognomônico ou teste específico para o diagnóstico, sendo
este realizado através das características do passo do animal, localização da dor e sinais
radiográficos de alterações do osso navicular, bem como eliminação de outras causas de
claudicação.
Dentre os principais sinais radiográficos encontrados na síndrome navicular estão:
osteófitos nas bordas lateral e medial do osso navicular (fig. 16.6-a), alteração nas
invaginações da borda distal (fig. 16.6-b1), irregularidades na borda proximal (fig. 16.6-
b2), formações císticas (fig. 16.6-c1) e esclerose na medular do osso navicular (fig. 16.6-
c2). Podem ainda aparecer pequenos fragmentos ósseos na borda distal, erosões no córtex
flexor e mineralização do tendão flexor digital profundo.
Figura 16.6 – Representação esquemática das principais alterações encontradas na síndrome navicular.
FONTE: DOUGLAS & WILLIAMSON, 1975.
LUXAÇÃO DE PATELA
Anormalidades congênitas são raras na articulação femuro-tíbio-patelar, porém a mais
comum é a luxação, a qual também é chamada de patela ectópica. As patelas podem
ser palpadas em um posicionamento lateral anormal, caudal à borda anterior da tróclea
lateral. A confirmação do diagnóstico é através de radiografias caudocraniais e
craniopróximo-craniodistal obliquada (skyline), as quais permitem visualizar a patela
em posição anormal, ou seja, caudolateral à borda anterior da tróclea lateral e não no
local normal que é o sulco troclear.
A luxação lateral de patela em potros é considerada uma herança genética causada por
um gene recessivo. Em adultos a luxação é provavelmente de origem traumática. Em
função de a tróclea medial ser maior, apenas um trauma severo poderá induzir o
deslocamento medial. Também é causa de luxação a hipoplasia da tróclea lateral, em
potros com conformação aparentemente normal. Esta afecção é mais comumente vista
em raças miniatura, mas tem sido relatado em raças puro sangue e árabes.
Classificação da luxação patelar:
Grau 1: a patela pode ser manualmente luxada e facilmente reduzida;
Grau 2: a patela geralmente está no sulco troclear, mas ser luxada intermitentemente;
• Grau 3: a patela geralmente está luxada, mas poderá ser reduzida
manualmente;
122
• Grau 4: a patela estará luxada e não poderá ser manualmente
reduzida.
Radiografias pré-operatórias devem ser feitas para avaliar o grau de DDA.
FRAGMENTAÇÃO DA PATELA
Esta alteração é geralmente associada à fixação muito proximal da patela, manifestada
por fragmentação da cartilagem e ápice ósseo da patela. Não pode ser confundido com
condromalácea da patela. Graus variáveis de claudicação são evidenciados sendo que
movimentos de flexão pioram os sinais. Radiograficamente estão presentes pequenos
fragmentos ósseos no ápice da patela, muitas vezes combinado com lise do osso
subcondral e tornando-se irregular ou com osteofitos na superfície cranial do ápice da
patela.
Uma causa potencial destas alterações é a instabilidade e estresse na porção distal da
patela causada por desmotomia medial da patela.
A osteocondrose por ter sua borda espessa e arquitetura cística, deve ser distinguida de
outras lesões que causam radiolucência circunscrita no corpo da falange, como a
necrose da cortical óssea, seqüestro e defeito congênito.
123
RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO
CALCINOSE CIRCUNSCRITA
A calcinose circunscrita ou calcinose tumoral pode aparecer como um nódulo duro,
localizado aleatoriamente. Sem etiologia definida os animais afetados geralmente não
claudicam.
Radiografias evidenciam a lesão como uma massa de contorno distinto no tecido mole,
de opacidade irregular com pequenos grânulos amorfos de grande opacidade. A
claudicação pode estar presente ou não.
OSTEÍTE
A osteíte é uma reação inflamatória do córtex ósseo, com envolvimento do
periósteo, sem alterar a medular. Periostite e exostose são características de osteíte.
Didaticamente denomina-se de osteíte quando um processo inflamatório determina grande
reação óssea.
PERIOSTITE E EXOSTOSE
A periostite é uma reação do periósteo, de origem inflamatória, geralmente
ocasionada por trauma direto, porém pode ocorrer em outras situações, como osteomielites,
lesões em ligamentos adjacentes, neoplasias e consolidação de fraturas. As reações
periosteais podem ser classificadas como periostite laminar (fig. 16.8-a) e periostite
irregular (fig. 16.8-b e 16.9-A). Na maioria das vezes apresenta forma discreta com
tamanho pequeno, sendo demonstrada na radiografia como uma pequena área irregular,
laminar ou lisa de densidade radiopaca. A exostose pode ser lisa (fig. 16.8-c e 16.9-B) ou
irregular do tipo Sunburst (fig. 16.9-d). Quando lisa dificilmente tem ruptura de periósteo,
freqüentemente encontrada em metacarpianos e / ou metatarsianos, associada a traumas ou
defeitos de aprumos, também denominada de sobreosso. Na periostite irregular há ruptura
de periósteo, existindo a possibilidade de ser proliferativa e tomar proporções que pode
atingir estruturas adjacentes como ligamentos e tendões. A reação tipo Sunburst geralmente
é exuberante e sua aparência radiográfica se assemelha à imagem de uma explosão.
A exostose é uma reação periosteal exuberante, também tem origem inflamatória e
difere da periostite apenas pelo seu grau de desenvolvimento.
124
Figura 16.8 – Representação esquemáticas dos tipos de reação periosteal. FONTE: OWENS, 1982.
A B C
Figura 16.9 – Imagem radiográfica de periostite em metacarpiano acessório (A), porção distal de terceiro
metacarpiano (B) e exostose em face palmar de falange proximal (C).
ARTRITE
A causa mais comum em potros é pela via umbilical, nas onfaloflebites, já em
animais adultos pode ocorrer por traumas perfurantes ou infiltrações articulares sem os
devidos cuidados de assepsia.
A imagem radiográfica de artrite consiste em irregularidade de superfícies
articulares, acompanhada freqüentemente de edema e calor (fig. 16.10-A).
OSTEOMIELITE
Este termo se aplica aos processos inflamatórios e ou infecciosos, que envolvem a
cortical e a medular, podendo ser causados por traumas, fraturas expostas, feridas
punctórias, cirúrgicas, ou via hematógena. A osteomielite pode ser supurativa ou não,
dependendo da via de infecção e do agente. Os locais mais comuns são os ossos longos,
tarso, carpo, cabeça e mandíbula.
Radiograficamente caracteriza-se por perda da trabeculação e padrão ósseo, áreas de
lise e destruição óssea, diminuição da densidade, neoformações ósseas, seqüestro e
esclerose nas bordas.
125
EPIFISITE OU FISITE
Também denominada Displasia Fisária, refere-se a alterações na linha epifisária ou
placa de crescimento e pode ter origem inflamatória, metabólica, traumática ou, ainda,
infecciosa. Geralmente ocorre em animais jovens em preparo para competição, sendo o
local mais comum a epífise distal do rádio. Apresenta-se na radiografia como uma fise
ampla, irregular com bordas escleróticas. Em alguns casos podem ser evidenciados
osteófitos, nas extremidades da linha epifisária (fig. 16.10-B).
A B
Figura 16.10 – Imagem radiográfica de artrite na articulação matecarpofalangeana (A) e
epifisite distal de rádio (B).
SESAMOIDITE
Esta afecção é evidenciada, com maior clareza de detalhes, em projeções
obliquadas, DLPMO ou DMPLO. Geralmente está associada a alterações degenerativas no
ligamento suspensório e remodelamento de fraturas distais do 2º metacarpiano e 4º
metatarsiano, podendo haver lesão em um ou ambos os sesamóides de uma ou mais
articulações.
Os sinais clínicos e radiológicos não são proporcionais, ou seja, a gravidade do sinal
clínico não corresponde ao grau de severidade do radiográfico. Sinais de doença
degenerativa articular podem estar presentes na forma de osteófitos.
Radiograficamente é demonstrada por alteração da densidade óssea na superfície
não articular proximal dos sesamóides. Estas alterações com densidade radiolucente podem
ser lineares ou císticas, sendo classificadas em três tipos (fig. 16.11) de acordo com a forma
na imagem: na sesamoidite do tipo I as lesões são lineares em número de 1-2 e com largura
menor ou igual a 1mm; na do tipo II as lesões são em número de três ou mais também com
amplitude menor ou igual a 1mm; na sesamoidite do tipo III as lesões têm largura maior do
que 1mm ou apresentam forma cística e irregular.
126
A B C
Figura 16.11 – Sesamoidite tipo I (A), tipo II (B) e tipo III (C).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
HIGROMA DO CARPO
O higroma é uma formação sinovial, também chamada de bursite, localizada na face
dorsal do carpo, resultante de pequenos traumas os quais levam ao desenvolvimento de uma
bolsa com líquido sinovial em seu interior. O aumento de volume e calor local são os
principais sinais clínicos, podendo ocorrer dor e claudicação.
O diagnóstico é feito com radiografias em projeção lateral estendida e flexionada,
onde se evidencia um aumento de volume com densidade água, sem envolvimento ósseo. A
injeção de meio de contraste positivo, à base de iodo, confirma o diagnóstico e descarta
outras alterações articulares, como a formação de massas, por exemplo.
CARPITE
Também chamada de Artrite Traumática do Carpo, esta afecção é uma resposta
inflamatória, aguda ou crônica, na articulação do carpo. Geralmente, compromete a cápsula
articular, ligamentos colaterais e ossos que compõem a articulação. A etiologia mais
comum é o trauma direto na região da articulação, sendo que os animais de salto e corrida
são os mais atingidos. Dentre os sinais clínicos geralmente encontrados estão: a dor,
claudicação, aumento de volume e calor na região.
O diagnóstico radiológico pode ser confirmado através de radiografias em projeção
lateral estendida e flexionada, dorsopalmar, DLPMO e DMPLO.
Radiograficamente, nos estágios iniciais, a carpite se apresenta como uma artrite
serosa, com pequena reação periosteal e aumento de densidade radiológica articular. Com
a evolução do quadro desenvolve-se uma osteoartrite severa com maior aumento de volume
e aumento de densidade radiológica, osteófitos, exostoses, além de neoformações ósseas
fora das superfícies articulares como locais de inserção de ligamentos e cápsula articular,
sinais estes característicos de doença degenerativa articular. É comum encontrar fratura
dos ossos carpo radial e terceiro carpiano.
SINOVITE VILONODULAR
A sinovite vilonodular (fig. 16.12-B e 16.12-C) é um processo proliferativo crônico
da cápsula sinovial, que geralmente ocorre nos membros anteriores, onde os principais
sinais clínicos são dor à palpação, claudicação e aumento do volume da articulação,
aumento este caracterizado por ser firme e não flutuante. A demonstração radiográfica se dá
em projeção lateral e a confirmação é feita através de artrografia com meio de contraste
127
positivo, pela injeção de composto orgânico.
Na radiografia evidencia-se grau médio a severo de erosão da porção dorsal distal
do 3ºmetacarpiano ou metatarsiano, imediatamente após local de inserção da porção
proximal da cápsula articular, o qual se forma devido à necrose que ocorre em função da
pressão exercida pela massa vilonodular (seta). Em alguns casos pode se observar
mineralização da inserção na porção proximal da cápsula articular.
Com a artrografia se visualiza uma área radiolucente na porção interna dorsal do
espaço articular que corresponde à massa vilonodular que ocupa espaço e é quase
totalmente circundada pelo meio de contraste (setas). Estas massas podem aparecer em
outros locais do espaço articular, dependendo do grau de desenvolvimento da afecção.
A B C
Figura 16.12 – Imagem radiográfica da articulação sem alteração (A), sinovite vilonodular em exame simples
(B) e com artrografia (C). FONTE:http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
FRATURAS
As fraturas no aparelho locomotor dos eqüinos advêm de acidentes em competições,
trabalho no campo e traumas nas mais diversas situações. Podem ocorrer em qualquer
estrutura óssea e ter as mais diferentes conformações (fig. 16.13-A a 16.13-G). Quanto
mais grave for a fratura e / ou quanto mais importante for a região fraturada, menos
favorável será o prognóstico.
Radiograficamente as fraturas se apresentam como linhas radiolucentes na estrutura
óssea radiografada.
FRATURA DE PATELA
A patela é o maior sesamóide do corpo, sendo uma porção vital para o grupo muscular
quadríceps, pois sua inserção é feita na face proximal da patela além de agir como
alavanca para extensão da articulação, já que sua porção distal está conectada à
tuberosidade da tíbia.
As fraturas de patela são incomuns e geralmente são resultados do trauma direto do
membro flexionado, no chute ou coice ou ainda no momento do salto. Quando o
trauma direto ocorre, o mais comum é que a fratura seja sagital no aspecto medial da
patela, em função de que a tróclea medial é mais proeminente que a lateral. Fraturas
cominutivas e transversas também podem ocorrer. Os sinais clínicos mais comuns são
128
edema de tecidos moles, efusão articular e graus variados de claudicação. Os animais
podem caminhar apenas com o outro membro, mantendo a articulação flexionada.
Radiograficamente a avaliação deve incluir projeções caudo-cranial, lateromedial,
lateral flexionada, e skyline. Estas projeções são importantes na avaliação das fraturas
cominutivas, transversas e sagitais.
FRATURA DE FÍBULA
As fraturas da fíbula podem causar claudicação de elevação. Deve-se cuidar para não
interpretar as linhas radiolucentes normais da fíbula como fraturas. Linhas de fratura
tendem a correr obliquamente de um lado a outro na fíbula.
129
Estas fraturas são causadas por trauma direto, o animal apresenta claudicação
moderada a severa e o diagnóstico é feito radiograficamente com projeção caudo-
cranial, que é a mais usada.
Figura 16.13 – Fratura de terceira falange (A e B), primeira falange (C), sesamóides proximais (D), terceiro
metacarpiano (E), tíbia (F) e úmero(G). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
130
lesão recente, uma fratura antiga, uma separação do centro de ossificação ou uma
mineralização distrófica dentro do tendão extensor, podendo não ter significado clínico.
As fraturas são classificadas em sete tipos (fig. 16.14) em função da configuração
que apresentam, não articulares do processo palmar (tipo I), oblíquas articulares
estendendo-se da linha média à lateral na margem solar medial (tipo II), médio-sagitais
envolvendo ou não a articulação (tipo III), do processo extensor (tipo IV), cominutivas
(tipo V) e da margem da sola (tipo VI). Existe ainda um outro tipo de fratura (tipo VII), que
consistem, em ser não articulares, do processo palmar diferindo do tipo I, pois elas se
originam e terminam na margem da sola, enquanto as do tipo I são transversas e completas
no processo palmar. As fraturas tipo IV podem ser articulares e as do tipo V podem ser
secundárias à osteíte infecciosa e seqüestro, podendo ter apresentação e prognóstico
variável.
ESPARAVÃO ÓSSEO
Denomina-se esparavão ósseo (fig. 16.15) a afecção que causa uma osteoartrite
progressiva, com periostite e exostose, nas articulações intertarsiana distal e
tarsometatarsiana, comumente resultando em anquilose. Os sinais clínicos mais comuns
são dor e claudicação, podendo também ser evidenciado aumento de volume local.
As causas mais comuns são traumatismos, distúrbios nutricionais, animais com
problemas de desenvolvimento e ainda estresse articular devido ao treinamento precoce ou
muito rigoroso. As alterações de conformação e animais com “jarrete de vaca”, indicam
etiologia hereditária, contudo, não há consenso a respeito da etiologia.
A confirmação do diagnóstico é realizada através de radiografias em projeções:
lateral, dorsopalmar, dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO) e dorsomédio-
palmarolateral obliquada (DMPLO). São demonstrados osteófitos e ou exostose,
131
localizadas geralmente na face medial da extremidade proximal do terceiro metatarsiano e a
face medial do terceiro tarsiano e central do tarso. Em casos mais graves poderá ser
evidenciado anquilose destas articulações.
Figura 16.15 – Imagem radiográfica de osteoartrite de tarso em três diferentes graus de lesão. FONTE:
http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
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