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#A. Diegues e R. Arruda - Saberes Tradicionais e Biodiversidade
#A. Diegues e R. Arruda - Saberes Tradicionais e Biodiversidade
e biodiversidade no Brasil
Ministério do Meio Ambiente-MMA
Centro de Informação e Documentação Luís Eduardo Magalhães - CID Ambiental
Esplanada dos Ministérios - Bloco B - térreo
70068-900 - Brasília, DF
Tel: 5561 317-1235
Fax: 5561 224-5222
e-mail: cid@mma.gov.br
ISBN 85-87166 - 31 - X
Impresso no Brasil
CDU 504.7
Ministério do Meio Ambiente-MMA
Secretaria de Biodiversidade e Florestas
Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade
Saberes tradicionais
e biodiversidade no Brasil
Brasília
2001
Ministério do Meio Ambiente-MMA
Secretaria de Biodiversidade e Florestas
Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade
Série Biodiversidade, 4
Coordenação-Geral
Braulio F. S. Dias
Lidio Coradin
Equipe técnica
Ludmilla Moura de Souza Aguiar
Luzdalma Maria Goulart Machado
Maria Luiza Gastal
Ricardo Bomfim Machado
Warton Monteiro (Coordenador)
USP/NUPAUB
Viviane C. F. da Silva
Francisca A. B. Figols
Daniela Andrade
Editoração
Coordenação: Magda Maciel Montenegro
Revisão/padronização de texto: Cleide Passos e Ticiana Imbroisi
Projeto gráfico/editoração eletrônica: Eduardo Giovani Guimarães e Tiago Ianuck Chaves
Digitação: Glaucia Cabral Carneiro
Capa
Ricardo Bomfim Machado
Apresentação ................................................................................... 7
Lista de tabelas................................................................................ 9
Introdução ..................................................................................... 11
PARTE 1: Conceitos e Definições
Biodiversidade e as teorias conservacionistas ............................... 13
Biodiversidade e o manejo pelas comunidades tradicionais ....... 20
A questão conceitual: dificuldades e ambigüidades ...................... 23
Populações tradicionais no Brasil: uma perspectiva histórica de
sua formação ....................................................................................... 29
Saber tradicional, ciência e biodiversidade .................................... 31
A antropologia e o conhecimento tradicional................................ 35
Ecologia cultural............................................................................................ 35
Antropologia ecológica ............................................................................... 36
Etnociência ................................................................................................... 36
Proposta de descrição dos grupos de populações tradicionais .. 38
Populações tradicionais não-indígenas ..................................................... 38
Açorianos ....................................................................................................................... 38
Babaçueiros .................................................................................................................... 40
Caboclos/Ribeirinhos amazônicos ............................................................................ 41
Caiçaras ........................................................................................................................... 42
Caipiras/Sitiantes .......................................................................................................... 45
Campeiros (Pastoreio) .................................................................................................. 46
Jangadeiros ..................................................................................................................... 46
Pantaneiros ..................................................................................................................... 48
Pescadores artesanais ................................................................................................... 48
Praieiros .......................................................................................................................... 49
Quilombolas ................................................................................................................... 49
Sertanejos/Vaqueiros ................................................................................................... 50
Varjeiros (Ribeirinhos não-amazônicos) ................................................................... 51
Populações indígenas ................................................................................... 51
Línguas e culturas indígenas ....................................................................................... 54
6 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Apresentação
As autoridades governamentais bem como a sociedade civil conscientizam-se, cada vez
mais, que o conhecimento, as inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas
com estilo de vida tradicional e essencial para a conservação e utilização sustentável da
diversidade biológica vêm-se perdendo em proporções alarmantes. O avanço da fronteira
agrícola, a construção de hidroelétricas e estradas, além da especulação imobiliária, são
apontadas como as principais causas do desaparecimento dos costumes e saberes tradicionais.
Conhecimentos tradicionais são valiosa herança para as comunidades e culturas que os
desenvolvem e os mantêm, além de, potencialmente, representar fonte significativa de
informações para as sociedades de todo o mundo. O prof. Antônio Carlos Diegues expressa
bem a importância de tais populações ao afirmar serem essas o grande repositório de parte
considerável do saber sobre diversidade biológica conhecido hoje pela humanidade.
Ao assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica-CDB, os países-membros
reconheceram a estreita dependência de recursos biológicos de comunidades locais e populações
indígenas. Daí, o preceito contido no artigo 8 j, para que essas nações, em conformidade com
a legislação nacional, respeitem, preservem e mantenham o conhecimento, inovações e práticas
desses povos, incentivando sua mais ampla aplicação, e encorajando a repartição justa e
eqüitativa dos benefícios oriundos da utilização desses mesmos conhecimentos.
Buscando a implementação de aspectos tão relevantes da Convenção, foi desenvolvido
pelo Núcleo de Pesquisas sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas do Brasil - N APAUB, da
Universidade de São Paulo-USP, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente-MMA e do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, contando com
recursos financeiros do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira - PROBIO o presente estudo, no qual realizou-se criterioso inventário, seguido de
análise e organização dos trabalhos que tratam do conhecimento e uso da biodiversidade por
populações tradicionais indígenas e não-indígenas no Brasil.
Com este livro esperamos contribuir para que formuladores de políticas públicas, cientistas,
estudiosos e a sociedade civil compreendam melhor os vários aspectos do conhecimento
produzido por esses grupos, e se tornem parceiros permanentes na defesa e manutenção dessas
tradições milenares, de inestimável valor.
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Lista de tabelas
TABELA PÁGINA
1. Situação jurídica das áreas indígenas no Brasil ............................................................................
2. Total de trabalhos por população tradicional ...............................................................................
3. Total de trabalhos por grupo tradicional não-indígena ...............................................................
4. Total de trabalhos por grupo de população tradicional indígena ..............................................
5. Total de trabalhos sobre população não-indígena e indígena por tipo de documento ..........
6. Total de trabalhos sobre população não-indígena e indígena por períodos ............................
7. Total de trabalhos sobre grupo tradicional não-indígena por períodos específicos ...............
8. Total de trabalhos sobre grupo tradicional indígena por períodos específicos .......................
9. Total de trabalhos da população não-indígena e indígena por ecossistemas ..........................
10. Assuntos abordados nos trabalhos por população não-indígena e indígena ...........................
11. Total de trabalhos sobre assuntos diversos por grupo de população não-indígena ...............
12. Total de trabalhos sobre assuntos diversos por grupo de população indígena .......................
13. Total de trabalhos que abordam o etnoconhecimento por população tradicional .................
14. Número de trabalhos que abordam o etnoconhecimento por grupo
de população não-indígena ..............................................................................................................
15. Número de trabalhos que abordam o etnoconhecimento por grupo
de população indígena ......................................................................................................................
16. Número de trabalhos sobre a população não-indígena e indígena
com menção ao manejo ....................................................................................................................
17. Número de trabalhos com descrição de manejo por grupo
de população não-indígena ..............................................................................................................
18. Número de trabalhos com descrição de manejo por grupo
de população indígena ......................................................................................................................
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Ministério do Meio Ambiente
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Introdução
A manutenção da diversidade biológica tornou-se, nos anos recentes, um dos objetivos
mais importantes da conservação. A biodiversidade é definida pela Convenção sobre
Diversidade Biológica-CDB como “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo,
dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que
fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.” (Art. 2º).
Em seu art. 17, a CDB também recomenda às Partes Contratantes que proporcionem o
intercâmbio de informações sobre o conhecimento das comunidades tradicionais, e no art. 18,
determina o aperfeiçoamento de métodos de cooperação para o desenvolvimento de tecnologias,
incluindo as tradicionais e as indígenas.
É fundamental realizar o inventário dos conhecimentos, usos e práticas das sociedades
tradicionais indígenas e não-indígenas, pois, sem dúvida, são depositárias de parte considerável
do saber sobre a diversidade biológica hoje reconhecido.
Este livro apresenta os resultados da pesquisa feita pelo Núcleo de Pesquisas sobre
Populações Humanas e Áreas Úmidas do Brasil - NUPAUB, da Universidade de São Paulo-USP,
solicitada pelo Ministério do Meio Ambiente-MMA, e que recebeu o apoio do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq.
A pesquisa teve o objetivo de realizar o levantamento e a análise dos trabalhos (livros,
teses, artigos, relatórios, coletâneas etc.) sobre o conhecimento e uso da biodiversidade
(continental e marinha) por populações tradicionais indígenas e não-indígenas no Brasil, e de
organizar a documentação estudada de forma a torná-la acessível ao público.
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Ministério do Meio Ambiente
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
PARTE
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Ministério do Meio Ambiente
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Conceitos e definições
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Ministério do Meio Ambiente
No começo do séc. XX, os cientistas passaram a exercer importância cada vez maior na
definição das áreas protegidas, sobressaindo aqueles voltados para as ciências naturais, uma
vez que, segundo a visão prevalecente, tratava-se de proteger o mundo natural da ação do
homem. A própria teoria dos ecossistemas, apesar dos esforços de cientistas naturais como
Odum, não escapou da tendência a considerar os humanos exteriores ao ecossistema, passando
a se preocupar com áreas chamadas ‘ naturais virgens ’, nas quais poderiam ser analisadas as
cadeias tróficas e energéticas em seu clímax antes da intervenção humana (Larrère, 1997).
Nesse período, destaca-se nos Estados Unidos o desempenho de Aldo Leopold, cientista
graduado em ciências florestais, que se tornou administrador de parques nacionais, embora
tivesse uma visão abrangente transmitida pela história natural. Afirmava que “uma decisão sobre
o uso da terra é correta quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica, que inclui
o solo, a água, a fauna e flora e também as pessoas”. (1949, p. 224).
Essa visão globalizadora foi aos poucos preterida a outros enfoques biologizantes, marcados
pela modelagem dos ecossistemas e pelos métodos exclusivamente quantitativos, que tornaram
a ecologia uma ciência mais abstrata, quantitativa e reducionista, segundo Nash (1989, p.73).
Esse novo ponto de vista segue a tendência de compartimentalização das ciências naturais
(que englobam hoje disciplinas estanques, como a geologia e a botânica) e o aparecimento de
uma visão unidisciplinar, sobretudo no período pós-guerra.
No fim dos anos sessentas, os ecologistas preservacionistas, propositores dos parques
sem moradores, acharam forte aliado filosófico na emergente ecologia profunda que, com
uma visão biocêntrica, afirma que a natureza deve ser preservada, independente da contribuição
que possa trazer aos seres humanos. A necessidade da expansão do modelo dominante de
parques nacionais e de controle da população, cujo crescimento é tido como o maior fator de
destruição da natureza, passou a fazer parte do dogma da ecologia profunda, que encontrou
nos Estados Unidos terreno propício para sua propagação.
Outro aliado da visão preservacionista surgiu naquele mesmo país, na década de 1980, a
biologia da conservação, que associa a ciência à gestão e ao manejo das áreas naturais. Utiliza,
para tanto, a biologia das populações, os conceitos oriundos da biogeografia insular e as pesquisas
referentes às espécies para determinar áreas de tamanho ótimo a fim de evitar a extinção dessas,
em geral, no interior de áreas protegidas. A restauração de hábitats degradados, a reintrodução
de espécies reproduzidas em cativeiro no meio natural e a definição de corredores ecológicos
desempenham papel cada vez mais importante na biologia da conservação (C. Leveque, 1997).
Além disso, essa disciplina tem preocupação central com a biodiversidade, objetivo que não
constava da proposta inicial dos parques nacionais, por ser posterior à criação desses.
A implantação de áreas protegidas na África, Ásia e América Latina, a partir das primeiras
décadas do séc. XX, começou a gerar fortes conflitos sociais e culturais junto às populações
locais, os quais se agravaram a partir da década de 1970, quando essas comunidades locais/
tradicionais começaram a se organizar, e, em muitos casos, passaram a resistir à expulsão ou à
transferência de seus territórios ancestrais como quer o modelo preservacionista.
A trajetória histórica dos impactos criados pela implantação dessas áreas protegidas tem
sido analisada naqueles continentes. No subcontinente indiano sobressaem os trabalhos de
Sukumar (1994), Rachamandra Guha (1989; 1997), Kothari (1996), Gadgil e Guha (1992),
Ghimire (1994) e Sarkar, (1998). Na África são importantes, nesse contexto, os trabalhos do
projeto Campfire (Murphree, 1994) e a publicação do livro de Adams e McShane, em 1992,
16 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
The myth of wild Africa: conservation without illusion. Na América Latina destacam-se, entre outros,
os trabalhos de: Amend, Espacios sin habitantes (1992); de Gómez-Pompa e Kaus, Taming the
wilderness myth (1992); de Diegues, O mito moderno da natureza intocada: populações tradicionais em
unidades de conservação (1993) e de 1994, O mito moderno da natureza intocada; e In search of a home,
editado por Kemf (1999). Alguns autores europeus também ressaltaram esses impactos:
Colchester (1994), Pimbert e Pretty (1997), Larrère (1997).
Ainda analisando os impactos sociais, ecológicos e culturais sobre regiões de floresta tropical
em diferentes continentes, esses autores começaram a enfatizar, a partir da década de 1980, as
causas do insucesso de muitas áreas protegidas.
A maioria deles centrou sua análise na inadequação do conceito de wilderness, como natureza
selvagem não-domesticada, presente na idéia de áreas protegidas desabitadas, e na inadequação
da visão das relações entre as comunidades indígenas tradicionais e seu território e uso dos
recursos naturais. Partem da constatação de que muitas dessas áreas habitadas por populações
tradicionais haviam se conservado sob cobertura florestal e com alta biodiversidade em
virtude do manejo ligado ao modo de vida das comunidades que, com a criação das áreas
protegidas, passaram a estar sujeitas à expulsão.
Esses cientistas, na maior parte ligados tanto às ciências naturais quanto às sociais,
estavam construindo outro tipo de ciência e prática da conservação, que pode ser chamada
de ecologia social ou ecologia dos movimentos sociais. Essa nova tendência da
conservação baseia-se, por um lado, na constatação do insucesso de muitos parques
nacionais e áreas protegidas de uso indireto, e por outro, em argumentos de ordem ética,
política, cultural e ecológica. Sob o ponto de vista ético, considera-se injusto expulsar
comunidades que vivem em áreas de florestas desde gerações passadas e são responsáveis
pela qualidade dos hábitats transformados em áreas protegidas, dado seu modo de vida e
uso tradicional dos recursos naturais.
Sob o ponto de vista político constatou-se, que sem o apoio dessas comunidades, grande
parte das ações conservacionistas e preservacionistas tem efeito oposto à real conservação
dos hábitats e dos recursos naturais. Além disso, o modelo preservacionista tem alto custo
social e político em geral, pois adota enfoque autoritário, uma vez que as comunidades locais
não são consultadas a respeito da criação de uma área protegida restritiva sobre seu território.
Tal modelo, desnecessariamente caro e inviável sob o ponto de vista político, só é realizável
hoje em quase todos os países tropicais se contar com grande aporte financeiro das nações
industrializadas do Norte, de bancos multilaterais e de algumas megaorganizações
conservacionistas ligadas a essas nações.
O modelo de área natural desabitada interessa aos governos por duas razões: constituem
reservas naturais de grande beleza cênica, de destino turístico, e do chamado ecoturismo, e por
que é mais fácil negociar contratos de uso da biodiversidade num espaço controlado pelo
governo que num espaço ocupado por comunidades tradicionais, pois, pelo art. 8º j da CDB,
essas precisariam ser ressarcidas no momento em que seu conhecimento tradicional sobre
espécies da flora fosse usado para obtenção de medicamentos e outros produtos.
Sob o ponto de vista cultural, esses estudos mostram que o manejo e a gestão das
áreas naturais podem estar profundamente influenciados pela visão de mundo e práticas
culturais e simbólicas das comunidades tradicionais, e não por conceitos e práticas
científicas, em sua acepção moderna.
17
Ministério do Meio Ambiente
Sob o ponto de vista científico, os ecologistas sociais têm-se centrado no fato de a própria
biologia moderna rever vários conceitos relacionados com a ‘ natureza intocada ’, tais como a
noção de clímax, de equilíbrio ecossistêmico, de perturbação natural e do papel do fogo na
regeneração das espécies. Além disso, lançam mão de conceitos como o da co-evolução, a qual,
para Noorgard (1994) pode ser entendida como uma síntese interativa dos mecanismos de
mudança social e natural.
À medida que aumentam os conhecimentos sobre a natureza e a cultura, tende-se a ver as
paisagens como produtos da co-evolução humana e natural.
Outros conceitos e metodologia revelados mais adequados ao entendimento da relação
entre sociedade e natureza são o de paisagem e ecologia da paisagem. A primeira pode ser
considerada um mosaico de hábitats, desde os menos tocados até aqueles que sofreram intensa
atividade humana. Nesse sentido, como afirma Larrère (1997), a paisagem é uma estrutura
espacial que resulta da interação entre os processos naturais e as atividades humanas. A ação
das sociedades modela a natureza e seus diversos hábitats, construindo um território. A vegetação
também tem dinâmica própria, trazendo sempre traços do passado e a paisagem (modelada)
necessariamente se transforma. Um mosaico de hábitats espelha a ação material e simbólica
das comunidades que os ocuparam ao longo dos séculos.
Ecólogos consideram a estrutura da paisagem importante para a manutenção dos processos
ecológicos e da diversidade biológica, em particular nas áreas onde vivem comunidades
tradicionais diretamente dependentes do uso dos recursos naturais. A paisagem é, portanto,
fruto de uma história comum e interligada: a história humana e natural.
As noções de co-evolução e de ecologia da paisagem revelam também que tanto as sociedades
quanto a natureza se transformam, deixando de existir o ‘ bom selvagem ’ rousseauniano. Portanto,
não é sobre ‘ essa miragem ’ que deve se basear uma política conservacionista adequada. Algumas
dessas mudanças, no âmbito das sociedades urbano-industriais, podem ser prejudiciais à
conservação, levando à destruição dos hábitats (desmatamento, aumento de CO2 na atmosfera,
por exemplo). As comunidades tradicionais (indígenas, extrativistas, camponesas, de pescadores
artesanais) também se modificam sob o efeito de dinâmicas internas e externas (alterações na
estrutura fundiária, consumo de produtos industrializados) mas em ritmo mais lento. Além disso,
sua forte dependência dos recursos naturais, sua estrutura simbólica, os sistemas de manejo
desenvolvidos ao longo do tempo, e muitas vezes, seu isolamento, possibilitam uma parceria nos
esforços para a conservação.
Nessa parceria, os conservacionistas devem valorizar os aspectos positivos dessas culturas,
os quais enfatizam a proteção do mundo natural, por meio de ações que levem à melhoria das
condições de vida das comunidades tradicionais. Alguns exemplos nos vários continentes
(Pimbert, 1997; Colchester, 1997) têm revelado que quando é dado o apoio necessário a essas
comunidades, elas são as primeiras a mostrar oposição, em virtude dos efeitos devastadores
das mineradoras, das madeireiras e dos especuladores. Não resta dúvida que esse é um dos
desafios cruciais com que se defronta hoje a conservação no Terceiro Mundo (Diegues, 1996;
Schwartzman, 1999).
Por outro lado, os ecólogos sociais criticam os métodos e sobretudo as práticas da biologia
da conservação como braço científico da ecologia profunda. Alguns cientistas naturais no
Brasil têm criticado essa disciplina porque requer uma base de dados sofisticada, em geral
inexistente em países tropicais, e por causa da exclusão do homem:
18 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Ministério do Meio Ambiente
dão muito mais pelo trabalho dos cientistas naturais, sensíveis às questões sociais, do que
pela atuação dos cientistas sociais.
É revelador o fato de que ainda são raros os cientistas sociais que acham importantes as
questões relativas à conservação, seja por receio do determinismo geográfico seja por
considerarem essas questões como ‘ feudos ’ dos cientistas naturais.
A criação de uma etnociência da conservação foi influenciada nas décadas de 1970 e
1980 com o nascimento e expansão de vários movimentos socioambientais nos países tropicais,
preocupados com a conservação e a melhoria das condições de vida da população rural. No
Brasil, essa nova ciência acompanha o aparecimento e o fortalecimento do movimento dos
povos indígenas, dos seringueiros e dos quilombolas com propostas concretas de áreas protegidas,
como as reservas extrativistas. O mesmo ocorreu na Índia com o surgimento do movimento
Chipko e na África, com o movimento de parcerias com as comunidades locais, para o manejo
de animais selvagens, como é o caso do Campfire, no Zimbabue.
Assistimos, portanto, à construção de uma nova teoria e prática da conservação, com
base nos problemas existentes nos países tropicais. Ao contrário do que prega a biologia da
conservação, importada e apoiada no Brasil por algumas das megaorganizações internacionais,
a etnoconservação não é de domínio exclusivo de determinados cientistas nem do Estado,
mas de um movimento que reúne cientistas tanto das ciências naturais quanto das sociais, e
por isso é interdisciplinar; é de domínio de cooperação entre as comunidades e várias organizações
não-governamentais, com o intuito de implantar uma conservação real das paisagens e de
proteger a diversidade biológica e sociocultural.
20 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Gómez-Pompa também afirma que alguns pesquisadores descobriram que muitas espécies
dominantes das selvas ‘ primárias ’ do México e América Central são, na verdade, espécies
úteis protegidas no passado pelo homem e que sua abundância atual está relacionada a esse
fato. A seguir, lança a hipótese de que a variabilidade induzida pelo homem no meio ambiente
das zonas tropicais é um fator que favoreceu e favorece de maneira considerável a variabilidade
das espécies, e provavelmente, sua especiação. (1971).
Se essas hipóteses vierem a ser comprovadas, e muitos estudos recentes apontam
nessa direção (Oliveira, 1992) é inevitável repensar o conceito de ‘ florestas virgens ’ e
sua modalidade de conservação por meio de unidades em que se proíbe a ação da agricultura
itinerante. Além disso, torna-se necessário resgatar os sistemas tradicionais de manejo,
pois tais técnicas têm contribuído para a manutenção da diversidade biológica. Nesse
sentido, são relevantes os trabalhos de Posey (1987) os quais confirmam que ao lado de
espécies domesticadas/semidomesticadas, os Kayapó têm o hábito de transplantar várias
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Ministério do Meio Ambiente
espécies da floresta primária para os antigos campos de cultivo, ao longo de trilhas e junto às
aldeias, formando os chamados ‘ campos de floresta ’. Esses nichos manejados foram
denominados por Posey ‘ ilhas naturais de recursos ’ e são aproveitados no dia-a-dia indígena,
bem como no tempo das longas expedições de caça que duram vários meses. Balée (1993)
demonstra que a floresta secundária tende a alcançar a primária, em termos de diversidade, ao
longo do tempo, o que pode ocorrer em menos de oitenta anos. A diversidade em número de
espécies entre as duas florestas é semelhante: 360 na secundária e 341 na primária.
Os trabalhos anteriormente citados atestam o grande cabedal de conhecimento das
populações indígenas e tradicionais sobre o comportamento da floresta tropical. Apontam também
para a necessidade de incorporar as populações no manejo dessas áreas. Gómez-Pompa e Kaus
(1992, p. 274) vão mais além ao afirmar:
“A técnica de derrubada e queima da agricultura itinerante deve continuar para proteger
as espécies. Sem todas essas práticas culturais humanas que vão junto com o hábitat,
as espécies se perderão para sempre. E no entanto, essa dimensão da conservação
tem sido negligenciada na nossa própria tradição de manejo de recursos naturais”.
Alguns acreditam que culturas e saberes tradicionais podem contribuir para a manutenção
da biodiversidade dos ecossistemas. Em numerosas situações, na verdade, esses saberes são o
resultado de uma co-evolução entre as sociedades e seus ambientes naturais, o que permitiu
um equilíbrio entre ambos.
“Se as sociedades tradicionais viveram até o presente no interior de uma natureza
que nós ocidentais julgamos hostil, é essencialmente devido ao saber e ao
saber-fazer acumulados durante milênios dos quais nós reconhecemos hoje
seu valor intrínseco”. (J. Bonnemaison, 1993, apud Leveque, 1997, p.55-56).
K. Brown e G. Brown (1991) também comparam o papel das comunidades tradicionais na
conservação da biodiversidade na floresta tropical brasileira, que teve sua destruição ocasionada
pela ação dos grandes fazendeiros e grupos econômicos. Para esses autores, a ação dos grandes
grupos resulta num máximo de erosão genética, mesmo quando acompanhada de ‘ medidas
conservacionistas ’. Também afirmam que o modelo de uso dos recursos naturais de baixa
intensidade, desenvolvido pelas populações extrativistas e indígenas, freqüentemente resulta
em erosão genética de mínimas proporções e em um máximo de conservação. Ainda que a
densidade populacional seja em geral inferior a 1hab/km 2, pode tornar-se dez vezes maior se
o uso dos recursos naturais for cuidadosamente planejado, aproximando-se do uso na
agricultura camponesa. Ainda segundo Brown, esse uso ‘ subdesenvolvido ’ da terra e de
seus recursos, descrito como ‘ primitivo ’, não-econômico e predatório pelas agências oficiais
de ‘ desenvolvimento ’, tem sido o uso mais rentável da floresta a curto e médio prazo,
mantendo a biodiversidade e os processos naturais de forma eficaz; mesmo que não sirva
aos interesses das populações urbanas mais densas e poderosas, muitas vezes míopes.
K. Brown e G. Brown (1991, p.10) concluem em seu artigo: as populações urbanas têm
muito de aprender com as tradicionais que vivem em maior harmonia com a natureza.
“Respeitando a sensibilidade para com a diversidade natural e seus processos inerentes
aos sistemas socioeconômicos de produção menos sofisticados, as populações das
áreas urbanas poderão desenvolver um novo conhecimento para com estas fontes de
sua própria sobrevivência”.
Trabalhos recentes do Banco Mundial (Cleaver, 1992) também apontam na direção da
desmistificação das ‘ florestas intocadas ’ e para a importância das populações tradicionais na
conservação da biodiversidade. Nas recomendações para o Banco, Bailey (1992, p. 207-208) afirma:
22 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Ministério do Meio Ambiente
Foster quanto Redfield (1971) enfatizam o papel das relações entre as sociedades tradicionais de
camponeses e as cidades, das quais em grande parte dependem para sua reprodução social, econômica
e cultural. Essa dependência é também política, na medida em que são marginalizados sob esse
aspecto. Da cidade advêm ainda as inovações, que colaboram para a gradual transformação dessas
sociedades camponesas.
Dassmann (1988), por outro lado, tomando como critério a relação com a natureza,
distingue dois tipos de sociedade: os povos dos ecossistemas (ecosystem people) aqueles
que se estabelecem em simbiose com os ecossistemas e conseguem viver por longo tempo
mediante o uso sustentado de seus recursos naturais ou de recursos de ecossistemas
contíguos; e os povos da biosfera, que são sociedades interligadas a uma economia global,
de alto consumo e poder de transformação da natureza, causando grande desperdício de
recursos naturais. No entanto, o próprio Dassmann considera essa classificação
simplificadora, pois existe um continuum entre uma e outra categoria, cujo equilíbrio entre
as populações humanas e o ambiente não é mantido por decisões conscientes, mas por um
conjunto complexo de padrões de comportamento, marcados por valores éticos, religiosos
e por pressão social.
Numa perspectiva marxista, as culturas tradicionais estão associadas a modos de
produção pré-capitalistas, próprios de sociedades em que o trabalho ainda não se tornou
mercadoria; em que a dependência do mercado já existe, mas não é total. Essas sociedades
desenvolveram formas particulares de manejo dos recursos naturais, que não visam
diretamente ao lucro, mas à reprodução cultural e social, além de percepções e
representações em relação ao mundo natural, marcadas pela idéia de associação com a
natureza e a dependência de seus ciclos. Culturas tradicionais, nessa perspectiva, são aquelas
associadas à pequena produção mercantil (Diegues, 1993). Distinguem-se daquelas próprias
ao modo de produção capitalista, em que não só a força de trabalho como a própria natureza
se transformam em objeto de compra e venda (mercadoria). Nesse sentido, a concepção e
representação do mundo natural e seus recursos são essencialmente diferentes nas duas
formas de sociedade. Godelier (1984) por exemplo, afirma que essas duas sociedades têm
racionalidades intencionais distintas, ou melhor, apresentam sistema de regras sociais
conscientemente elaboradas para atingir um conjunto de objetivos. Segundo o antropólogo,
cada sistema econômico e social determina uma modalidade específica de uso dos recursos
naturais e da força de trabalho humana, e utiliza, em conseqüência, normas específicas do
bom e do mau uso desses recursos; como exemplo, cita os caçadores brancos e os índios
Naskapi, da península do Labrador, em que os primeiros caçam os animais para retirar e
vender as peles, enquanto os segundos o fazem para subsistência direta. Godelier diz que
tanto os caçadores brancos como os indígenas reproduzem sua sociedade e sua cultura por
meio de atividades econômicas e do uso dos recursos naturais. Os caçadores brancos, no
entanto, pertencem a um sistema econômico voltado para o lucro monetário, no qual a
solidariedade familiar tradicional desapareceu, e depredam os recursos naturais. Os índios
pertencem a uma sociedade cujo fim é a reprodução da solidariedade e não a acumulação
de bens e lucro, o que contribui para a preservação dos recursos naturais, dos quais
dependem para sobreviver.
Um elemento importante na ligação entre essas populações e a natureza é sua relação
com o território, que pode ser definido como uma porção da natureza e do espaço sobre o
qual determinada sociedade reivindica e garante a todos, ou a uma parte de seus membros,
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
direitos estáveis de acesso, controle ou uso na totalidade ou parte dos recursos naturais
existentes. O território fornece, em primeiro lugar, o homem como espécie, mas também:
• os meios de subsistência;
• os meios de trabalho e produção; e
• os meios para a produção dos aspectos materiais das relações sociais – aquelas que compõem
a estrutura determinada de uma sociedade, como as relações de parentesco. (Godelier, 1984).
O território depende não só do tipo do meio físico utilizado, mas também das relações sociais
existentes. Para muitas populações tradicionais que exploram o meio marinho, o mar tem suas
marcas de posse, em geral pesqueiros de boa produtividade, descobertos e guardados cuidadosamente
pelo pescador artesanal. Essas marcas podem ser físicas e visíveis, como as ‘ caiçaras ’ instaladas na
laguna de Mundaú e Manguaba, AL, e podem ser também invisíveis, como os rasos, tassis, corubas,
em geral submersas, onde há certa abundância de peixes de fundo. Esses pesqueiros são marcados
e guardados em segredo por meio do sistema de ‘ caminhos e cabeço ’ em que os locais mais
produtivos do mar são localizados pelo pescador que os descobriu mediante complexo sistema de
triangulação de pontos no qual usa alguns acidentes geográficos da costa, como torres de igrejas e
picos de morro. (Diegues 1983; Maldonado, 1993). Para as sociedades de pescadores artesanais, o
território é muito mais vasto que para os terrestres, e sua ‘ posse ’ é muito fluida. Apesar disso, é
conservada pela lei do respeito que comanda a ética reinante nessas comunidades. (Cordell, 1982).
Para as sociedades camponesas, o território tem dimensões mais definidas, apesar da
agricultura itinerante. Por meio do pousio, é possível demarcar vastas áreas de uso, sem limites
definidos. Muitas dessas áreas são de uso comunitário, como no caso das vilas caiçaras de São
Paulo, isto é, são posse de uma comunidade, onde seus membros faziam roças. A terra em descanso
(ou pousio) é a marca de posse, onde depois de colhida a mandioca fincam os pés de banana,
limão e outras frutíferas. Nos locais mencionados, é estreita a relação com a mata atlântica, nicho
importante para sua reprodução social. Dali retiram a madeira para canoas e para a construção,
equipamentos de pesca, instrumentos de trabalho, medicamentos. (Diegues, 1988).
Algumas dessas sociedades se reproduzem, explorando uma multiplicidade de hábitats: a
floresta, os estuários, os mangues e as áreas já transformadas para fins agrícolas. A exploração
desses hábitats diversos exige não só conhecimento aprofundado dos recursos naturais e das
épocas de reprodução das espécies, mas requer também a utilização de um calendário complexo
dentro do qual se ajustam, com maior ou menor integração, os diversos usos dos ecossistemas.
O território dessas sociedades, distinto daquele das sociedades urbano-industriais, é
descontínuo, marcado por vazios aparentes (terras em pousio, áreas de estuário que são usadas
para a pesca somente em algumas estações do ano, áreas de coleta, de caça) e tem levado órgãos
responsáveis a transformá-lo em ‘ unidade de conservação ’ porque “não é usado por ninguém”.
Daí, resultam conflitos entre comunidades camponesas e autoridades conservacionistas.
Um aspecto relevante na definição de culturas tradicionais é a existência de sistemas de
manejo dos recursos naturais, marcado pelo respeito aos ciclos da natureza e pela sua explotação,
observando-se a capacidade de recuperação das espécies de animais e plantas utilizadas. Esse
sistema não visa somente à exploração econômica dos recursos naturais, mas revela a existência
de um conjunto complexo de conhecimentos adquiridos pela tradição herdada dos mais velhos.
Além do espaço de reprodução econômica das relações sociais, o território é também o
locus das representações mentais e do imaginário mitológico dessas sociedades. A íntima relação
25
Ministério do Meio Ambiente
do homem com o meio e sua dependência maior com o mundo natural, comparada à do homem
urbano-industrial, faz que ciclos da natureza (a sazonalidade de cardumes, a abundância nas
rochas) sejam associados às explicações míticas ou religiosas. As representações simbólicas
que essas populações fazem dos diversos hábitats em que vivem, também dependem de um
maior ou menor controle que dispõem sobre o meio físico. Assim, o caiçara tem um
comportamento familiarizado com a mata, nela adentrando para retirar os recursos de que
precisa; também não tem receio de fazer uso dos estuários e lagunas costeiras, mas muitos têm
um verdadeiro pavor do mar aberto, do ‘ mar de fora ’, da ‘ paisagem da barra ’, dos naufrágios
e desgraças associadas ao oceano que não controlam. (Mourão, 1971).
É importante analisar o sistema de representações, símbolos e mitos que essas populações
constroem, pois é com ele que agem sobre o meio natural. É também com essas representações
mentais e com o conhecimento empírico acumulado que desenvolvem seus sistemas tradicionais
de manejo. O imaginário dos povos das florestas, rios e lagos brasileiros está repleto de entes
mágicos que castigam os que as destroem (caipora/curupira, mãe-da-mata, boitatá), os
que maltratam os animais (anhangá), os que matam animais em época de reprodução (tapira),
os que pescam mais que o necessário (mãe-d’água [Câmara Cascudo, 1972]). Os moradores
da várzea da Marituba, AL, têm várias lendas, como a da mãe-d’água, que vira a canoa daqueles
pescadores muito ambiciosos.
Com base nas considerações anteriores, pode-se dizer que essas sociedades se caracterizam:
• pela dependência da relação de simbiose entre a natureza, os ciclos e os recursos naturais
renováveis com os quais se constrói um modo de vida;
• pelo conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos, que se reflete na elaboração
de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido
por oralidade de geração em geração;
• pela noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz econômica e
socialmente;
• pela moradia e ocupação do território por várias gerações, ainda que alguns membros
individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra de
seus antepassados;
• pela importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias
possa estar mais ou menos desenvolvida, o que implicaria uma relação com o mercado;
• pela reduzida acumulação de capital;
• pela importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de
parentesco ou compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;
• pela importância das simbologias, mitos e rituais associados à caça, pesca e
atividades extrativistas;
• pela tecnologia utilizada, que é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio
ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o artesanal,
cujo produtor e sua família dominam todo o processo até o produto final;
• pelo fraco poder político, que em geral reside nos grupos de poder dos centros urbanos; e
• pela auto-identificação ou identificação por outros de pertencer a uma cultura distinta.
26 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Assim, utiliza-se neste estudo a noção de ‘ sociedades tradicionais ’ para definir grupos
humanos diferenciados sob o ponto de vista cultural, que reproduzem historicamente seu
modo de vida, de forma mais ou menos isolada, com base na cooperação social e relações
próprias com a natureza. Essa noção refere-se tanto a povos indígenas quanto a segmentos
da população nacional, que desenvolveram modos particulares de existência, adaptados a
nichos ecológicos específicos.
Exemplos empíricos de populações tradicionais são as comunidades caiçaras, os sitiantes
e roceiros, comunidades quilombolas, comunidades ribeirinhas, os pescadores artesanais, os
grupos extrativistas e indígenas. Exemplos empíricos de populações não-tradicionais são os
fazendeiros, veranistas, comerciantes, servidores públicos, empresários, empregados, donos
de empresas de beneficiamento de palmito ou outros recursos e madeireiros.
Estamos cientes, ainda assim, das limitações de tais definições já que, a rigor, todas as
culturas e sociedades têm uma ‘ tradição ’. Por outro lado, tipologias como essas, baseadas
num conjunto de ‘ traços culturais ’ empíricos tendem a apresentar rigidez simplificadora,
dificultando a análise dessas sociedades e culturas como fluxos socioculturais dinâmicos e
em permanente transformação.
No contexto sociopolítico em que tais populações estão inseridas, essa caracterização é a
que tem, muitas vezes, legitimado uma identidade diferenciada e fundamentado, no plano das
relações com o Estado, a reivindicação por direitos territoriais e culturais específicos. Por um
lado, se a fidelidade a esses ‘ traços socioculturais ’ lhes dá certo poder de negociação com o
Estado, veda-lhes, por outro, o caminho para qualquer transformação sociocultural posterior,
inviabilizando seu devir como sociedades e culturas diferenciadas, com direitos específicos. É
o que vem ocorrendo, por exemplo, com as populações rurais nas unidades de conservação,
onde, algumas vezes, são processados levantamentos de ‘ populações tradicionais ’ numa visão
naturalista, de modo a permitir a expulsão daquelas que não correspondam traço a traço à
definição de ‘ tradicionalidade ’, e ao mesmo tempo, são estabelecidas regras rígidas
(propositalmente ignorantes da dinâmica de uso ‘ tradicional ’) para a utilização dos recursos
naturais dessas áreas, acopladas a um sistema de vigilância marcado pela repressão a qualquer
afastamento do modelo de ‘ tradicionalidade ’ aceito.
Processo semelhante tem ocorrido também com as sociedades indígenas, derivado dos
interesses expansionistas da sociedade nacional, ancorados na forma como a antropologia clássica
definia suas culturas – tomando a autenticidade como sinônimo de imutabilidade.
A legislação constitucional brasileira de 1988, assim como a de vários países de formação
pluriétnica, já reconheceu o direito à diferença cultural, e estipula como ‘ direitos coletivos ’ o
direito a seu território tradicional, à sociodiversidade, ao patrimônio cultural, ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado e à biodiversidade. Entretanto, o ‘ tradicional ’ continua sendo definido
conforme critérios ocidentais de uma antropologia inadequada, na qual os índios aparecem, além
das imagens antes evocadas, também como ‘ máquinas adaptativas equilibradas ’. A mudança
cultural, a recriação da tradição só são aceitas em relação à corrente civilizatória ocidental. Quando
ocorre com outras sociedades, aparece sob o signo de sua não legitimidade identitária. Nesse
campo de significados socialmente construído, o dilema indígena atual permanece: se continuam
‘ autênticos ’ são vistos (com simpatia ou não) como ‘ selvagens ’, sem condições de
autodeterminação; se incorporam em sua constelação cultural elementos da modernidade,
começam a perder legitimidade como índios, e seus direitos passam a ser contestados.
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Ministério do Meio Ambiente
28 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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amendoim, batata-doce, cará, entre outros. Adotaram produtos de coleta, compondo sua dieta
com a extração do palmito e de inúmeras frutas nativas, como o maracujá, pitanga, goiaba, bananas,
caju, mamão e tantas mais. E, como complemento essencial, apoiaram-se na caça e na pesca.
Isso implicou a adoção de técnicas de plantio indígenas (roça consorciada, itinerante, com
base na queimada, tipo slash-and-burn), de artefatos como as peneiras, os pilões, o ralo, o tipiti e
outros implementos que fazem parte da cultura rústica brasileira. Trouxe também como
conseqüência a incorporação da extraordinária capacidade de ajustamento ao meio demonstrada
pelos índios: conhecimento minucioso dos hábitos dos animais, técnicas precisas de captura e
morte, incluindo inúmeros tipos de armadilhas. A base alimentar indígena foi ampliada e mesclada
com espécies vegetais trazidas de fora, como o trigo, o arroz branco, legumes, bananas exóticas e
outras, naturalizadas e incorporadas à dieta da população. A lista de elementos apropriados das
culturas indígenas é enorme e não caberia aqui detalhá-la, mas apenas mencionar mais alguns
itens, como as técnicas de fabrico e uso de canoas, da jangada, de tapagem, redes e armadilhas de
pesca, de cobertura de casas rurais com material vegetal e o uso da rede para dormir.
A influência indígena também se manifestou nas formas de organização para o
trabalho e nos modos de sociabilidade. No modelo de ‘ cultura rústica ’, as famílias são
as unidades de produção e consumo que, por intermédio de relações de ajuda baseadas
na reciprocidade (na instituição do ‘ mutirão ’, nas festas religiosas) se articulam entre si
em estruturas frouxas, porém abrangentes, as quais constituíram os ‘ bairros rurais ’.
Embora relativamente autônomos, esses ‘ sitiantes tradicionais ’ sempre mantiveram
certa relação de dependência com os pequenos núcleos urbanos, com os grandes
proprietários rurais e as autoridades locais, expressa nas categorias de meeiros, parceiros,
posseiros, pequenos proprietários e colonos.
Em linhas bastante gerais, a colonização portuguesa dedicou-se à exploração intensiva
de certos produtos valiosos no mercado internacional, promovendo o adensamento
populacional apenas nas regiões em que essa exploração era melhor sucedida. Dessa forma,
o centro nervoso da economia brasileira migrou de região para região ao sabor da substituição
de um produto por outro. Cada uma dessas regiões – o litoral no ciclo do pau-brasil, o
Nordeste no ciclo da cana-de-açúcar, os Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás
durante o ciclo do ouro e das pedras preciosas, os Estados do Amazonas e do Pará no ciclo
da borracha – concentrou em períodos diversos da história do Brasil núcleos populacionais
e produção econômica de certa envergadura, baseados no trabalho escravo e na monocultura
ou extrativismo de um único produto. A perda da importância econômica ou o esgotamento
do recurso em exploração deslocava o eixo do povoamento, ficando a região ao abandono,
na maioria das vezes com núcleos populacionais de certa forma isolados e dispersos,
subsistindo numa economia voltada para a auto-suficiência, marcados por uma fisionomia
e características predominantemente indígenas.
Darcy Ribeiro (1977) classifica as variantes desse modelo de povoamento rural de: cultura
crioula – desenvolvida na faixa de massapé do Nordeste, sob a égide do engenho açucareiro;
cultura caipira – constituída pelo cruzamento do português com o indígena e que produziu o
mameluco paulista, caçador de índios e depois ‘ sitiante tradicional ’ das áreas de mineração e
de expansão do café, que se apresenta no litoral sob o nome de cultura caiçara; cultura
sertaneja – difundida pelo sertão nordestino até o cerrado do Brasil central pela criação de
gado; cultura cabocla – das populações amazônicas, afetas à indústria extrativa; e cultura
gaúcha – de pastoreio nas campinas do Sul.
30 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Essa cultura rústica brasileira coexistiu tanto com as fazendas monocultoras quanto
com as fazendas de criação de gado, constituindo a base da produção do abastecimento para
essas empresas e para os povoados, e expandindo-se por todo o Brasil à medida que encontrava
terras devolutas para reproduzir seu modo de vida.
Em outras palavras, as populações alijadas dos núcleos dinâmicos da economia nacional,
ao longo de toda a história do Brasil, adotaram o modelo da cultura rústica, refugiando-se nos
espaços menos povoados, onde a terra e os recursos naturais ainda eram abundantes,
possibilitando sua sobrevivência e a reprodução desse modelo sociocultural de ocupação do
espaço e exploração dos recursos naturais, com inúmeras variantes locais determinadas pela
especificidade ambiental e histórica das comunidades que nele persistem. Processo paralelo
ocorreu com os povos ‘ desindianizados ’ que se mantiveram como comunidades relativamente
fechadas, mas perdendo sua identidade étnica, convergiram para o modelo da cultura rústica.
Essa situação é visível ainda hoje nas populações ribeirinhas do rio Amazonas, sobreviventes
dos processos de genocídio e etnocídio praticados pelos colonizadores nessa região a partir do
séc. XVII, e em várias comunidades litorâneas do Nordeste brasileiro.
A emergência da questão ambiental nos últimos anos jogou ainda outra luz sobre esses
modos ‘ arcaicos ’ de produção. Ao deslocar o eixo de análise do critério da produtividade para
o do manejo sustentado dos recursos naturais, demonstrou a positividade relativa dos modelos
indígenas de exploração dos recursos naturais e do modelo da cultura rústica, parente mais
pobre, mas valioso, dos modelos indígenas.
Tornou-se, portanto, mais evidente que as populações ‘ tradicionais ’, seringueiros,
castanheiros, ribeirinhos, quilombolas e principalmente as sociedades indígenas desenvolveram,
pela observação e experimentação, extenso e minucioso conhecimento dos processos naturais,
e até hoje, as únicas práticas de manejo adaptadas às florestas tropicais. (Meggers, 1977; Descolla,
1997; Posey, 1987).
Deve-se enfatizar também a contribuição ao uso da biodiversidade pelas populações
migrantes estrangeiras, sobretudo no domínio da agricultura e silvicultura.
Assim, dada a grande diversidade cultural existente no país, representada por mais de
duas centenas de povos indígenas diferentes e pelas comunidades tradicionais espalhadas
pelo litoral e pelo interior (incluindo caiçaras, ribeirinhos, caboclos, quilombolas,
agricultores migrantes) é necessário fazer um inventário dos trabalhos produzidos sobre o
conhecimento que essas comunidades têm a respeito da diversidade biológica; tarefa
complexa, que deve ser realizada por etapas. Parte dessa complexidade reside no fato de
os trabalhos de investigação científica sobre populações indígenas e comunidades
tradicionais encontrarem-se espalhados pelas inúmeras instituições de pesquisa, órgãos
oficiais e organizações não-governamentais localizadas nas várias regiões do Brasil. Além
disso, existem também trabalhos de cientistas estrangeiros dispersos em universidades e
centros de pesquisa fora do país.
31
Ministério do Meio Ambiente
entre o mundo natural, o sobrenatural e a organização social. Para tais comunidades, não há uma
classificação dualista, uma linha divisória rígida entre o ‘ natural ’ e o ‘ social ’ mas sim um
continuum entre ambos. Assim, Descolla (1997) sugere que para os Achuar da Amazônia, a floresta
e as roças, longe de se reduzirem a um lugar de onde são retirados os meios de subsistência,
constituem o palco de uma sociabilidade sutil, no qual, dia após dia, seduzem-se seres que se
distinguem dos humanos somente pela diversidade das aparências e pela falta de linguagem. Para
eles, o que consideramos natureza são alguns seres, cuja existência é tida como maquinal e genérica.
E mais, para muitos grupos indígenas, os humanos podem tornar-se animais e vice-versa. Ainda
segundo o mesmo autor, as cosmologias indígenas amazônicas não fazem distinções ontológicas
entre humanos, de um lado, e um grande número de animais e plantas de outro. Descolla enfatiza
a idéia de interligação entre essas espécies por um vasto continuum governado pelo princípio da
sociabilidade, em que a identidade dos humanos, vivos ou mortos, das plantas, dos animais e dos
espíritos é completamente relacional, logo sujeita a mutações.
É, portanto, essencial ter em conta que, na cosmologia indígena, a ‘ natureza ’ e outros
conceitos como ‘ ecossistema ’, tal como a ciência ocidental entende, não são domínios
autônomos e independentes, mas fazem parte de um conjunto de inter-relações. De uma certa
maneira, ainda que em graus e qualificações distintas, o que foi explicitado para as populações
tradicionais indígenas vale também para as não-indígenas, como as ribeirinhas amazônicas,
caiçaras e outras, nas quais a influência da cultura indígena é importante.
Lévi-Strauss, em O pensamento selvagem (1989) destaca a importância do conhecimento
tradicional das populações indígenas, ao afirmar a existência da elaboração de técnicas muitas
vezes complexas, que permitem, por exemplo, transformar grãos ou raízes tóxicas em alimentos.
Segundo o autor existe, nesses grupos humanos, uma atitude científica, uma curiosidade assídua
e alerta, uma vontade de conhecer pelo prazer de conhecer, pois apenas uma fração das
observações e das experiências poderia fornecer resultados práticos e imediatamente utilizáveis
(p.30). Lévi-Strauss afirma, portanto, que são dois modos diferentes de pensamento científico,
não em função de estágios desiguais de desenvolvimento do espírito humano, mas dois níveis
estratégicos em que a natureza se deixa abordar pelo conhecimento científico. Michael Balick
e Paul Cox (1996) têm posição semelhante quando declaram que o conhecimento tradicional
indígena e o científico ocidental estão epistemologicamente próximos, uma vez que ambos se
baseiam numa constatação empírica.
William Balée, em Footprints of the forest (1993) enfatiza também outra diferença relevante
entre o pensamento científico moderno e o tradicional. Enquanto o primeiro é comunicado por
meio da escrita, o segundo utiliza a oralidade. Nesse sentido, o conhecimento tradicional somente
pode ser interpretado dentro do contexto da cultura em que é gerado. Para Balée, é a escrita e
os mecanismos a ela associados que explicam por que a botânica clássica permite a identificação
de mais de 30.000 espécies de plantas na Amazônia, enquanto, dificilmente, um grupo indígena
emprega mais de 1.000 nomes diferentes para essa flora.
Conforme o exposto, fica evidente que existem diferenças marcantes entre as formas pelas
quais as populações tradicionais produzem e expressam seu conhecimento sobre o mundo natural e
aquelas desenvolvidas pela ciência moderna. Essas diferentes visões se refletem no uso de conceitos
formados e aceitos por essa última, como o de recursos naturais, biodiversidade e manejo.
Para a ciência moderna, a biodiversidade “ significa a variabilidade de organismos vivos de todas
as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos
e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre
32 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Ministério do Meio Ambiente
34 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Ministério do Meio Ambiente
Antropologia ecológica
Outra corrente da antropologia que contribui para o estudo da relação homem/ambiente
é a antropologia ecológica (também chamada antropologia neo-funcionalista), corrente que
teve e ainda tem grande importância sobre as ideologias e movimentos ecológicos modernos,
incluindo, por exemplo, a ecologia social de Bookchin (1980); opõe-se à antropologia cultural
partindo da noção de ‘ ecossistema ’ no qual interagem os elementos bióticos e abióticos.
Margaleff (1968) enuncia que a ecologia geral é o estudo dos sistemas num nível em que os
indivíduos ou organismos podem ser considerados elementos em interação, seja entre eles
mesmos seja com uma matriz ambiental. Os ecossistemas mantêm fluxo de energia e
reciclagem da matéria. Ao contrário da ecologia cultural, toma como unidade de análise as
populações humanas em seus parâmetros demográficos, não os grupos sociais em suas
características culturais.
Para a antropologia ecológica, os ecossistemas são unidades apropriadas para análise da
relação homem/natureza. São considerados sistemas auto-reguladores e autodeterminantes,
tendo como objetivo maximizar a eficácia ou produtividade energética, a eficiência dos ciclos
de nutrientes, a organização e a estabilidade.
Nesse enfoque, a sociedade é um subsistema de uma totalidade mais ampla, o
ecossistema, em que os seres humanos, animais e vegetais mantêm relações
bioenergéticas. A antropologia ecológica usa conceitos extraídos da cibernética, como
homeostase, auto-regulação, auto-alimentação; nessa perspectiva, quantifica os efeitos
relativos ao consumo calórico e à energia empregados em atividades de subsistência, à
capacidade de suporte dos ecossistemas, por exemplo.
Os seres vivos permanecem em equilíbrio, em homeostase com o ambiente, por meio
de uma série de mecanismos que lhes permitem a adaptação ao meio ambiente. Esses
conceitos também se aplicam aos humanos. Um exemplo clássico dessa análise é a de
Rappaport, em Pigs for the ancestors (1968), em que mostra como o consumo ritual de porcos
entre os Tsembaga maximiza a adaptação da população a seu ambiente, isto é, de que maneira
o ritual funciona como regulador das relações críticas que a população mantém com os
vizinhos e com o meio ambiente.
Etnociência
Entre os enfoques que mais têm contribuído para o estudo do conhecimento das
populações ‘ tradicionais ’ está a etnociência, que parte da lingüística para estudar os
saberes das populações humanas sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica
subjacente ao conhecimento humano do mundo natural, as taxonomias e classificações
totalizadoras. A etnoecologia utiliza conceitos da lingüística para investigar o meio
ambiente percebido pelo homem. (Posey, 1987; Gómez-Pompa, 1971; Balée, 1992;
Marques, 1995).
Lévi-Strauss (1989) foi um dos antropólogos que iniciaram os estudos na área de
etnociência, ao analisar os sistemas de classificação indígenas. Berlin (1972) define três
áreas básicas de estudo: a da classificação, que se preocupa em estudar os princípios que
dividem os organismos em classes; a da nomenclatura, em que são estudados os princípios
lingüísticos para nomear as classes folk; e a da identificação, que estuda a relação entre os
caracteres dos organismos e a sua classificação.
36 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Segundo Amorozo e Gély (1988) em 1895, o termo etnobotânica foi usado pela primeira
vez por Harshberger, que, embora não a tenha definido, apontou maneiras pelas quais poderia
servir à investigação científica. Parafraseando a definição de Posey, pode-se dizer que a
etnobiologia é “a disciplina que se ocupa do estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por
qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal; esse estudo engloba tanto a maneira pela qual um grupo social
classifica as plantas, como os usos que dá a elas ”. Nesse sentido, a etnobiologia relaciona-se com a
ecologia humana, mas enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos
em estudo. (Posey, 1987).
Recebendo contribuições basicamente da sociolingüística, da antropologia estrutural e
da antropologia cognitiva, a etnobiologia é, em sua essência, segundo Posey, o estudo do
conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade acerca da biologia.
É o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a
determinados ambientes; enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos
em estudo. O conhecimento dos povos tradicionais (indígenas e não-indígenas) não se
enquadra em categorias e subdivisões precisamente definidas como as que a biologia tenta,
de forma artificial, organizar. (Posey, 1987).
Um campo relativamente novo da ciência, a etnobiologia ainda está construindo seu
método e sua teoria; tenta inferir de que modo os povos classificam seu ambiente físico e
cultural. Pressupõe que cada povo possua sistema único de perceber e organizar os objetos,
eventos e comportamentos. Parte da premissa de que a descrição de tipos de economia, de
família, de casa, diz algo sobre o modo pelo qual o antropólogo percebe esses fenômenos. Mas
isso não significa que os portadores dessa cultura os percebam de forma idêntica à do
pesquisador, pois têm suas próprias formas de conhecimento e classificação. Ao primeiro tipo
de análise se convencionou chamar de ‘ ética ’; ao segundo, de ‘ êmica ’, termos derivados de
fonética e fonema. (B. Ribeiro, 1987, v.1).
No Brasil, tem surgido uma série de trabalhos de etnociência de grande importância
para o estudo do conhecimento tradicional. Se por um lado os trabalhos pioneiros nesse
domínio foram os de Lévi-Strauss, por outro a produção científica nessa área começou a
tomar vulto na década de 1970.
Em 1987, foi publicada, sob a direção de Darcy Ribeiro, a Suma etnológica brasileira,
cujo primeiro volume, Etnobiologia, coordenado por Berta Ribeiro, teve a contribuição
de vários autores como W. Kerr, G. Prance, E. Elisabetsky, C. Lévi-Strauss, D. Posey e
R. Carneiro. Essa obra, em três volumes, pode ser considerada um marco importante
para os estudos da etnociência no Brasil.
Já a década de 1990 foi marcada por crescente número de trabalhos em etnobotânica,
etnoictiologia, etnofarmacologia e etnopedologia.
No Brasil, no que toca ao estudo do conhecimento tradicional sobre o mundo natural,
surgiu primeiro um conjunto de trabalhos inspirados na ecologia cultural, na década de 1950,
como descrito por Julian Steward (1955) e outros e, posteriormente, a partir da década de
1970, tornaram-se mais freqüentes os trabalhos de etnociência em suas diversas subdivisões,
como a etnobiologia, a etnobotânica, a etnofarmacologia e a etnomedicina. Esses últimos
apresentam também etnoclassificações da flora e da fauna pelas populações tradicionais.
Como afirmado antes, nos últimos anos apareceram trabalhos que além do etnoconhecimento
incluem o etnomanejo de hábitats e de espécies por essas populações.
37
Ministério do Meio Ambiente
38 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Ainda no séc. XVIII, dedicaram-se à captura da baleia com uma embarcação chamada
baleeira, e que se tornou fundamental para outros tipos de pesca praticados até hoje.
Essa situação começou a ser alterada na metade do séc. XX, com a expansão urbana de
Florianópolis e da orla marítima entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. A partir desse
momento, iniciou-se uma especialização nas atividades pesqueiras, em detrimento da agricultura.
Oceano
Atlântico
América
do
Sul
Praieiro
Caboclo/Ribeirinho amazônico
Babaçueiro (extrativista)
Sertanejo/Vaqueiro
Jangadeiro
Caipira/Sitiante
Pescador artesanal
Caiçara
Açoriano
Varjeiro/Ribeirinho não-amazônico
Pantaneiro
Campeiro
Quilombola
0 600km
39
Ministério do Meio Ambiente
As décadas de 1970 e 1980 também trouxeram outras alterações importantes para o litoral
catarinense: a introdução do turismo e das residências secundárias. Muitos pescadores, como
resultado da expansão urbana e da diminuição dos estoques, se transferiram para o setor de
serviços, atendendo ao grande contingente de turistas nacionais e estrangeiros que passam a
temporada de verão no litoral catarinense e sul rio-grandense.
A literatura sobre esses descendentes açorianos e seu vasto conhecimento sobre as
atividades da pequena pesca é extensa. Vale ressaltar as trocas acadêmicas entre universidades
locais e a açoriana em freqüentes congressos e seminários.
Em relação à pesca e ao conhecimento tradicional existem os trabalhos pioneiros de
P. Lago, Contribuição geográfica ao estudo da pesca em Santa Catarina (1961) e Gente da terra
catarinense (1988); de Lago e Gouveia, Comunidades pesqueiras de Santa Catarina (1968); de
A. Beck, ‘ Lavradores e pescadores: um estudo sobre trabalho familiar e trabalho acessório ’
(1979); de A. Beck e outros, ‘ As comunidades litorâneas e a influência cultural açoriana ’
(1984); de F. Cascaes, Vida e arte e a colonização açoriana (1989); de B. Ledo, Mugilídeos, perfil
ecológico e da sua pesca em Santa Catarina (1989); de L. Habiaga e M.S. Madureira, ‘ Vilas de
pescadores na lagoa dos Patos-RS: crescimento e evolução espacial ’ (1989); de O. Rodrigues
e R. da Silva, ‘ A evolução da atividade pesqueira na região estuarina da lagoa dos Patos ’
(1989); de N. Campos, Terras comunais na ilha de Santa Catarina (1991); de C.M. Silva,
Ganchos-SC: ascensão e decadência da pequena produção mercantil pesqueira (1992); de A. Lisboa,
‘ Construindo uma identidade insular em um mundo que se globaliza: o jeito manezinho
de ser ’. (1997).
Babaçueiros
São populações extrativistas que vivem principalmente da coleta do babaçu e da utilização
dessa palmeira, sobretudo no Meio-Norte, na zona do cerrado e floresta, abrangendo Maranhão,
Piauí e algumas áreas de estados vizinhos, como o norte de Goiás, numa extensão de cerca de
200.000km2. (Anderson, A.; May, P. e Balick, M., 1991). Só no Estado do Maranhão, a área
ocupada pelo babaçu é de aproximadamente 103.000km2 e cerca de 300.000 famílias dependem
dessa atividade. A palmeira do babaçu ocupa áreas contíguas à floresta amazônica, as quais
sofreram interferência humana pelo fogo, agricultura ou pecuária. O babaçueiro não utiliza
apenas o coco, vendido para a produção de óleo, mas também as folhas para a construção de
casas e a casca como combustível doméstico e matéria-prima para artesanato caseiro.
Um dos problemas fundamentais dessa população é a não-posse sobre as terras, uma vez
que para exercer a atividade agropecuária, os grandes proprietários delas se apossaram, expulsando
seus habitantes. A construção do projeto Grande Carajás e as contínuas secas em muito
contribuíram para o fluxo migratório para fora da área.
Os babaçueiros, no entanto, não praticam somente a coleta, mas a pequena agricultura, e
na região central do Maranhão intercalam cultivos de arroz, mandioca, milho e feijão em suas
pequenas propriedades. A preparação do solo se estende de agosto a outubro, período que
coincide com a coleta de frutos e folhas, que toma grande parte do tempo do produtor. (Anderson,
A.; May, P. e Balick, M., 1991).
No período de pico da coleta (março) a unidade de trabalho doméstica concentra seus
esforços no recolhimento e na quebra do coco; o papel da mulher e das crianças aí é fundamental
e a venda dos cocos constitui uma das principais fontes de renda familiar. É importante lembrar
que também os índios Guajá têm nessa atividade sua principal fonte de renda.
40 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Caboclos/Ribeirinhos amazônicos
As populações tradicionais não-indígenas da Amazônia caracterizam-se, sobretudo, por
suas atividades extrativistas, de origem aquática ou florestal terrestre.
Os caboclos/ribeirinhos, seringueiros e castanheiros estão agrupados como populações
tradicionais extrativistas. Darcy Ribeiro (1995) considera ‘ caboclos ’ os seringueiros, os
castanheiros e os ribeirinhos, pois apresentam modo de vida semelhante. No entanto, existem
diferenças entre eles, na medida em que os ribeirinhos vivem da pesca nas várzeas e beiras de
rio. Muitos dos seringueiros e castanheiros vivem à beira de rios, igapós e igarapés, mas outros
em terra firme, e dependem menos das atividades pesqueiras.
Os caboclos/ribeirinhos vivem, em sua maioria, à beira de igarapés, igapós, lagos e
várzeas. Quando as chuvas enchem os rios e riachos, esses inundam lagos e pântanos,
marcando o período das cheias que, por sua vez, regula a vida dos caboclos. Esse ciclo
sazonal rege as atividades de extrativismo vegetal, agricultura e pesca dos habitantes da
região (Maybury-Lewis, 1997). Quando começa a cheia torna-se impossível fazer roça, e mesmo
a pesca e a caça ficam mais difíceis. Esses caboclos são extrativistas e agricultores que produzem
em regime familiar, vendendo o excedente e, freqüentemente, em períodos de maior demanda
por força de trabalho, usam o sistema de troca de dias de trabalho entre vizinhos. Como os
sítios ocupam beiras dos rios, os ribeirinhos podem tirar proveito das várzeas, colhendo produtos
alimentícios, em particular, a mandioca, mas também frutas e ervas medicinais. Nas florestas
extraem o látex para a venda e também a castanha-do-pará, além de criarem pequenos animais
domésticos e possuírem algumas cabeças de gado. Moram em casas de madeira construídas em
palafita, mais adequadas ao sistema das cheias.
A atividade da pesca constitui importante fonte de proteína e de renda. Hoje, em
muitos rios, esses pescadores ribeirinhos enfrentam a concorrência de pescadores
comerciais provenientes das cidades, que pescam com rede e outros equipamentos mais
eficazes, como arrastões e malhadeiras, e vendem a produção, muitas vezes, para as
geleiras. Essa pesca predatória realizada pelos barcos compete diretamente com o sistema
de pesca local, causando graves conflitos. Em alguns casos, os caboclos/ribeirinhos
tentam proteger seus lagos contra a incursão dos barcos comerciais, iniciando sistemas
de manejo por meio de zoneamento, pelos quais alguns desses lagos são fechados à
pesca comercial (Maybury-Lewis, 1997).
Segundo Hiraoka (1992) os caboclos/ribeirinhos possuem vasto conhecimento da
várzea, do rio e da mata, coletando alimentos, fibras, tinturas, resinas, ervas medicinais,
bem como materiais de construção. E utilizam produtos vegetais, que podem ser agrupados
em manejados e não-manejados.
Entre os primeiros estão as espécies vegetais que crescem em roças abandonadas,
incluindo palmeiras e árvores, como bananeiras, cacau e goiaba, que são podadas e protegidas
contra insetos e outras espécies competidoras.
Entre as espécies não-manejadas estão a castanheira, árvores de cipó e palmeiras. Os
caboclos possuem também conhecimento da qualidade do solo, por meio da vegetação nele
existente, e a decisão de plantar num determinado terreno baseia-se nesse conhecimento.
Autores como Wagley (1952) sugerem que a crença em diversos seres sobrenaturais
tem influência sobre as atividades de caça e pesca.
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
áreas protegidas ’ (1997); o de Luiz Ferri de Barros, A ilha Monte de Trigo: impressões de viagem
(1997); o de Eduardo Schiavone Cardoso, ‘ Vitoreiros e monteiros: ilhéus do litoral norte de
São Paulo ’ (1997); o de Viviane Capezzuto F. da Silva, ‘ A praia do Meio: do homem da
costa, do homem da terra, o homem no meio ’ (1997); o de Adrian Ribaric, ‘ Sítio Artur e os
seus: para uma arqueologia da memória ’ (1997); e o de Lea Tomaz, ‘ O mato e os manguezais
na ilha do Mel: a percepção dos nativos ’. (1997).
Conflitos entre populações caiçaras e unidades de conservação têm sido outros temas
estudados nas últimas décadas. Entre os trabalhos: o de Wanda Maldonado, ‘ Comunidades
caiçaras e o Parque Estadual de Ilhabela ’ (1997); o de A. C. S. Diegues e P. J. Nogara, ‘ O
nosso lugar virou parque: um estudo socioambiental do saco de Mamanguá - Paraty, Rio de
Janeiro ’ (1994); e o de R. Rivabem e André Moreira, ‘ Reservas extrativistas no complexo
estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia ’. (1996).
Caipiras/Sitiantes
Os caipiras são hoje, em grande parte, sitiantes, meeiros e parceiros que sobrevivem
precariamente em nichos entre as monoculturas do Sudeste e Centro-Oeste, em pequenas
propriedades nas quais desenvolvem atividades agrícolas e de pecuária, cuja produção se
dirige para a subsistência familiar e para o mercado.
Para Darcy Ribeiro (1995), o modo de vida caipira se difundiu a partir das antigas
áreas de mineração e dos núcleos de produção artesanal ou de mantimentos, que a supriam
de manufaturas, animais de serviço e outros bens; esparramou-se, ainda segundo o autor,
por toda a área florestal e campos naturais do Centro-Sul do país, desde São Paulo,
Espírito Santo e Rio de Janeiro (na costa) até Minas Gerais e Mato Grosso. Os únicos
recursos com os quais conta essa economia decadente são a vasta mão-de-obra e as
terras virgens despovoadas e sem valor. Assim, instalou-se uma economia de subsistência,
dado que a comercialização era limitada. Difundiu-se uma agricultura itinerante, que
derruba e queima novas glebas de mata para roça combinada com a caça, pesca e coleta.
Em virtude da dispersão do povoamento existem, de um lado, famílias vivendo isoladas
e de outro alguns bairros rurais.
Essas populações desenvolvem formas de convívio e se ajudam mutuamente nas
atividades agrícolas e na prática de formas de religiosidade peculiares, em torno de capelas
e igrejas, onde, domingos e feriados é reverenciado o santo padroeiro.
Esse mundo caipira foi desarticulado com o advento da monocultura de café e cana no
Centro-Sul, e pelas fazendas de gado, assim como em virtude da urbanização crescente e pela
luta e grilagem das terras. A pequena propriedade caipira acabou sendo incorporada pela grande
propriedade, e somente conseguiu subsistir em nichos onde a mecanização agrícola não pôde
avançar, como nas áreas montanhosas de mata atlântica e da serra do Mar.
Antônio Cândido descreveu a cultura caipira (já em transformação) no interior do
Planalto Paulista e Maria Isaura Pereira de Queiroz (1973), analisou os bairros caipiras do
vale do Ribeira, SP. Hoje subsistem alguns núcleos nas regiões descritas por Darcy Ribeiro,
imersos na pequena produção mercantil, consorciando a pequena lavoura, pecuária e a
produção artesanal. Em certas regiões, como no interior dos Estados do Paraná, São Paulo,
Santa Catarina e Minas Gerais, são também chamados ‘ caboclos ’ ou ‘ sitiantes ’; e alguns
estudos mostram essas populações como caboclos-sitiantes ou sitiantes-caipiras, e ainda
pescadores-sitiantes. Apesar de muitos deles dedicarem parte de sua produção, sobretudo
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
coletados e analisados referem-se à pesca com canoas ou com botes nos estuários, os quais,
muitas vezes, sucederam às jangadas, sobretudo a partir dos anos cinqüentas, no Nordeste.
No entanto, esses trabalhos foram incorporados à categoria jangadeiros.
Apesar de a ‘ jangada ’ ser usada pelos índios brasileiros (chamada peri-peri) a embarcação
hoje conhecida, que utiliza vela e leme para a pesca em alto-mar, foi fruto de várias adaptações
introduzidas pelos europeus e africanos. Já no início do séc. XVI existiam registros de que
essas embarcações eram empregadas na pesca por escravos africanos, na capitania de
Pernambuco (Silva, 1993). No séc. XIX, grande parte da pesca em jangada era feita por
negros libertos. Câmara Cascudo (1957) afirma que data do séc. XVIII o aparecimento de
povoados de pescadores, em sua grande maioria jangadeiros. Até a década de 1950 havia
maior número de jangadas no Nordeste do que botes e lanchas a motor, mas a partir dessa
década o número de jangadas e jangadeiros começou a diminuir, principalmente em virtude
da dificuldade em se encontrar o pau-de-balsa (piúba) de que eram feitos os paus da jangada.
Nas décadas de 1970 e 1980 começam a surgir as jangadas feitas de tábua, que substituem
gradativamente as de pau. Hoje, pode-se constatar que apenas em alguns lugares, como no
sul da Bahia, onde ainda existem áreas de mata nativa, encontra-se o pau de jangada.
Os jangadeiros utilizam as ‘ jangadas de alto ’ para pesca em alto-mar, ao passo que os
paquetes e botes, pequenas jangadas, servem para a pesca costeira e estuarina.
Esses pescadores detêm grande conhecimento da arte da navegação e identificação dos
locais de pesca situados longe da costa pelo sistema de triangulação, por meio do qual linhas
imaginárias são traçadas a partir de acidentes geográficos localizados no continente. Também
os vários ambientes pesqueiros são definidos com base em determinadas características
ecológicas, e nomeados localmente como tassis, corubas, altos e rasos, segundo a profundidade
em que estão as rochas onde pesca-se à linha. Os jangadeiros demonstram possuir grande
conhecimento da diversidade das espécies de pescado que capturam, sabendo a sazonalidade e
os hábitos migratórios e alimentares de número razoável de peixes, sobretudo os de fundo.
As atividades em terra são menos essenciais que a pesca para essas comunidades de
pescadores marítimos. No entanto, retiram dos coqueiros fonte complementar de renda,
realizando algumas vezes roças de mandioca, da qual extraem a farinha. Essas comunidades de
jangadeiros ainda são importantes em certas áreas, como o litoral do Ceará (onde pescam
principalmente lagosta) e a costa do Rio Grande do Norte (onde, além da lagosta, capturam
peixes com a ajuda de redes).
As comunidades de jangadeiros sofrem hoje a concorrência dos pescadores de botes
motorizados e também os impactos do turismo, em particular o de residência secundária.
Em estados como o do Ceará, mas de forma geral nos demais estados nordestinos, os
jangadeiros vêm perdendo o acesso às praias, uma vez que suas posses nesses locais estão
sendo compradas ou expropriadas pelos veranistas que aí constroem suas residências secundárias.
Quanto à produção científica sobre as comunidades de jangadeiros é necessário
assinalar: trabalho pioneiro de Câmara Cascudo, A jangada (1957); de Helio Galvão,
Novas cartas da praia (1968); o clássico de Forman, The raft fishermen (1970); e de Kottak,
The structure of equality in a Brazilian fishing community (1966) e ‘ An assault on paradise ’
(1983). Os trabalhos mais recentes são os de Simone Maldonado (1993) que estudou os
pescadores de bote na Paraíba com ‘ Em dois meios, em dois mundos: a experiência pesqueira
marítima ’ (1992) e Mestres e mares: espaço e indivisão na pesca marítima. (1993).
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Pantaneiros
O homem do Pantanal, residente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, constitui
uma população que vive entre as maiores áreas inundáveis do planeta, subsistindo à
base de atividades agropastoris nas fazendas da região ou em pequenas propriedades à
beira dos rios.
O Pantanal não é homogêneo, mas formado por vários pantanais (de Cáceres, Paiaguás,
Poconé, Barão de Melgaço, Nhecolândia, Aquidauana, Paraguai, Miranda, Nabileque e Abobral).
Cada tipo de pantanal está relacionado às sub-bacias de drenagem, e apresenta diferenças na
extensão e duração das cheias, na organização e distribuição espacial das paisagens, ecossistemas,
comunidades biológicas e humanas.
Fruto da miscigenação com as tribos indígenas originais, colonizadores vindos do sudoeste
e escravos negros, os pantaneiros são donos de fazenda, peões, vaqueiros, capatazes, barqueiros,
pescadores e garimpeiros e suas atividades revelam o contraste entre os períodos de estiagem e
o das grandes enchentes.
A pecuária de corte é atividade que acompanhou o homem colonizador na ocupação do
território. O regime de criação nas pastagens naturais é extensivo e tradicional, bem como o
cavalo pantaneiro, espécie particular do Pantanal, colaborador importante no modo de vida
dessa região. As grandes fazendas empregam de oito a dez peões e as menores cerca de três
a quatro. Parte dessas fazendas é propriedade de donos absenteístas, que deixam as atividades
agropastoris nas mãos dos administradores. Os peões dependem totalmente da fazenda, e
em geral, vivem endividados.
Além da pecuária existe a pesca, atividade essencial para a população ribeirinha e fonte de
emprego e renda. Os pescadores exploram as barras de rios, bocas de corixos, sangradouros de
baías e lagoas, barrancos protegidos por matas ciliares e remansos de corrente acalmados pelo
freio da vegetação marginal submersa.
Hoje, uma parte dos peões das fazendas migrou para as proximidades dos rios onde é
praticada a pesca esportiva. Vivem de atividades relacionadas com o turismo, tais como pilotar
embarcações, coletar iscas e guiar excursões. Em certas regiões, como no Pantanal de Corumbá,
algumas propriedades de maior porte estão se transformando em estâncias turísticas e albergam
visitantes, aos quais são mostradas as atividades pastoris tradicionais.
Pescadores artesanais
Essa categoria de população não-tradicional está espalhada pelo litoral em rios e lagos,
e tem seu modo de vida assentado principalmente na pesca, ainda que exerça outras atividades
econômicas, como o extrativismo vegetal, o artesanato e a pequena agricultura. Embora sob
alguns aspectos possa ser considerada uma categoria ocupacional, os pescadores, em particular
aqueles chamados artesanais, têm modo de vida peculiar, sobretudo os que vivem de atividades
pesqueiras marítimas. Grupos como os jangadeiros e praieiros identificam-se como pescadores.
Alguns, mesmo vivendo em espaços e lugares pertencentes a jangadeiros e praieiros, são
classificados como pescadores. Por exemplo, mesmo na região costeira onde historicamente
se concentraram os jangadeiros, existem pescadores que não pescam com jangada e sim com
canoas, em estuários, lagunas e rios. Neste caso, foram classificados com o termo mais genérico
‘ jangadeiros ’. O mesmo se aplica aos que utilizam os botes, embarcações que, com freqüência,
substituíram as jangadas no Nordeste.
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Sertanejos/Vaqueiros
Os sertanejos e vaqueiros ocupam a orla descontínua do Agreste e avançam nas áreas
semi-áridas das caatingas. Penetrando no Brasil central, atingem campos cerrados que se
estendem por milhares de quilômetros quadrados.
No Agreste, depois nas caatingas, e por fim nos cerrados, os sertanejos desenvolveram economia
pastoril associada à produção açucareira para o fornecimento de carne, couro e bois de serviço.
As atividades pastoris, nas condições climáticas dos sertões, cobertos de pastos pobres
e com extensas áreas sujeitas a secas periódicas, conformaram não só a vida, mas também a
própria figura do homem e do gado, que foram penetrando terra adentro, até ocupar, ao fim
de três séculos, quase todo o sertão. No curso desse movimento de expansão, todo o sertão
foi sendo ocupado, e cortado por estradas abertas pela batida das boiadas. Marchavam de
pouso em pouso, pousos esses que se transformariam mais tarde em vilas e cidades, célebres
como feiras de gado vindo de imensas regiões circundantes. Mais tarde, as terras pobres dos
carrascais, onde o gado não podia se desenvolver, foram destinadas à criação de bodes, cujo
couro encontrou amplo mercado. Crescendo junto com o gado, esses bodes transformam-se
na única carne ao alcance do vaqueiro. Assim é que os currais se fizeram criatórios de gado, de
bode e de gente; os bois para vender, os bodes para consumir, os homens para emigrar (R. de
Queirós, 1994). Exportavam o couro, mas a economia era pobre e dependente.
A cultura sertaneja, especializada na criação de animais de pastoreio, é marcada por
certa dispersão espacial e por traços característicos identificáveis no modo de vida, na
organização familiar, na estruturação do poder, na vestimenta típica (perneiras, guarda-peito,
gibão), nos folguedos estacionais, na visão de mundo, numa religiosidade propensa ao
messianismo, na dieta e na culinária “ ... Somos um povo que tudo come: ‘ mato ’ (legumes verdes, folhas),
com exceção da couve que se cozinha junto com o feijão, a cebolinha e o coentro para o tempero. Não abatemos nem
comemos filhotes de animais: leitões, cordeiros, cabritos, vitelos. Talvez porque os nossos rebanhos sejam pequenos
e por demais preciosos”. (R. de Queirós, 1994).
Possuem formas de cooperação que por vezes se transformam em festas religiosas, como as
vaquejadas. Cultivam o algodão arbóreo (mocó), fazendo torta de sementes para o gado.
Desenvolvem atividades extrativistas (coleta de coco-babaçu e drogas da mata). Fazem roças de
subsistência e exploram os palmais de carnaúba para a produção de cera e artefatos de palha.
O sertanejo lavrador adquire a posse após uma década de ocupação. Esse é o mesmo
sistema das sesmarias reais do período colonial, só que agora as concessões de gleba dependem
da prodigalidade de políticas estaduais e/ou federais.
As zonas de pastoreio foram e são ‘ criatório de gente ’ que migra para a floresta amazônica,
para explorar seringueira nativa e outras espécies gomíferas, para alimentar novas frentes
agrícolas no sul e para engrossar a população urbana (construção civil ou indústria). Os imigrantes
sertanejos que regressam à terra natal trazem do Sul a imagem de regiões progressistas.
O grupo dos sertanejos foi pouco estudado até hoje. Uma descrição sucinta é feita por
Darcy Ribeiro em O povo brasileiro (1995). Entre os trabalhos clássicos sobressai o de Manuel
Correia de Andrade, A terra e o homem do Nordeste (1964), antecedido pelo livro de Rodolfo e Dora
von Ihering, escrito nas primeiras décadas do séc. XX e republicado em 1983, Ciência e belezas do
Nordeste. Donald Pierson, em 1972, escreveu O homem do vale do São Francisco, em que também
descreve os habitantes do sertão e da caatinga nordestina. Nos últimos tempos, os sertanejos
voltaram a ser tema em teses de universidades locais, como a Universidade Federal da Paraíba.
50 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Populações indígenas
A população do continente americano, anterior à chegada dos europeus, não é conhecida
com precisão, mas as estimativas giram em torno de 100 milhões de habitantes (1/4 da população
mundial, que na época era de cerca de 400 milhões). No tocante à população indígena, no
território que veio a constituir o Brasil na mesma época, as estimativas demográficas oscilam
entre 2 a 8 milhões de habitantes, com cerca de 1.000 etnias diferenciadas.
Hoje, ainda permanece a imprecisão sobre o total da população indígena brasileira: os
dados demográficos existentes originam-se de levantamentos diretos, mas pouco freqüentes
ou, mais comumente, de estimativas ocasionais realizadas de forma esporádica por funcionários
da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, missionários, antropólogos e indigenistas nas áreas
em que atuam. É essa a qualidade dos dados – fragmentados, irregulares e muitas vezes,
desatualizados – que têm servido para as estimativas sobre a atual população indígena no
Brasil. A listagem de povos e terras indígenas fornecida pela FUNAI em 25.8.98 apresenta
população total de 318.233 índios no país. O Conselho Indigenista Missionário - CIMI estima
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52 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
A identificar 138
Identificadas 59
Delimitadas 69
Reservadas 12
Homologadas 12
Registradas 215
TOTAL 565
Entretanto, o Estado não tem cumprido esse papel legal de proteção às áreas indígenas;
mesmo as totalmente regularizadas, na sua maior parte, sofrem invasões de garimpeiros,
mineradoras, madeireiras e posseiros; são cortadas por estradas, ferrovias, linhas de transmissão,
inundadas por usinas hidrelétricas e outros impactos decorrentes de projetos econômicos da
iniciativa privada e projetos desenvolvimentistas governamentais. Na figura 2 pode-se observar
a localização das terras indígenas no Brasil.
IDENTIFICAÇÃO
FASES DE REGULARIZAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO N
S
DELIMITAÇÃO
DEMARCAÇÃO
LEGENDA
Capitais Estaduais
HOMOLOGAÇÃO
Brasília
Limite Estadual
REGISTRO
Limite Internacional
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Os dados atuais (ISA; FUNAI; CIMI) indicam um total de 100.503.327ha (pouco mais
de 1 milhão de km 2) correspondentes a 11,80% das terras do país reservadas aos povos
indígenas. Cerca de 98,75% dessas terras estão localizadas na Amazônia Legal, em regiões
de ocupação brasileira mais recente, onde se registram os menores índices de ocupação de
terra por imóveis rurais: são 372 áreas com 99.256.011ha. Os restantes, 1,25% espalham-se
ao longo do território nacional.
Línguas e culturas indígenas
Projeções feitas pelo lingüista Aryon Dall’Igna Rodrigues (1987) um dos maiores
estudiosos das línguas indígenas do Brasil, indicam que na época da chegada ao país dos
primeiros europeus, o número total dessas línguas era em torno de 1.300, o que significa
que houve perda de cerca de 85% até hoje. Muitas foram bem documentadas antes de
desaparecer, e outras só têm registros esparsos. A língua indígena mais conhecida dos
brasileiros e a que teve mais palavras incorporadas à língua portuguesa foi o tupinambá,
idioma usado extensamente nos séculos XVI e XVII nos contatos com os portugueses,
que hoje nomeia um sem-número de lugares e acidentes geográficos, até em regiões
onde nunca viveram esses índios. De uma amostra de 1.000 nomes populares de aves
brasileiras, 350 são nomes tupinambá e entre quinhentos nomes populares de peixes,
cerca da metade é da mesma origem.
A atual diversidade lingüística dos povos indígenas do Brasil constitui quase 3% das 6.000
línguas existentes no planeta. As línguas indígenas são diferentes entre si e se distinguem das
européias e das demais línguas do mundo no conjunto de sons utilizados e nas regras de
combinação, isto é, na fonética e na fonologia. Distinguem-se também na morfologia, na sintaxe
e “... na maneira como refletem em seu vocabulário e em suas categorias gramaticais um recorte do mundo real e
imaginário (semântica)”. [Rodrigues, 1987]. Isto é, representam a experiência e o conhecimento
acumulados por povos específicos corporificados em culturas e fluxos civilizatórios particulares.
Embora bastante diversificadas, existem semelhanças entre muitas línguas indígenas,
as quais permitem sua classificação em troncos e famílias lingüísticas por meio da
comparação de vocabulários básicos, e quando o parentesco se revela mais distante, por
meio de um conhecimento mais aprofundado da gramática e estrutura dessas línguas. As
proximidades lingüísticas (classificadas em troncos e famílias) supõem um povo original
num tempo remoto, que, ao longo de processos históricos variados dividiu-se,
sucessivamente, dando origem a vários outros povos. Nesse processo, em função de
afastamentos temporais e espaciais, a língua, cultura e identidade foram ganhando
autonomia e diferenciação, guardando, no entanto, semelhanças entre si.
A proximidade lingüística indica também semelhança cultural e há até mesmo um conjunto
de estudos comparativos, os quais relacionam a organização social dos vários grupos filiados a
um mesmo tronco ou a uma mesma família lingüística, referentes, em sua maior parte, aos
povos que compõem os troncos Tupi e Macro-Jê.
Entretanto, o estudo dessas línguas ainda está incipiente. Até 1985, só havia sido iniciado
algum tipo de estudo de natureza lingüística em menos de sessenta das línguas indígenas
faladas no Brasil, e estudos completos não alcançavam uma dúzia (Monserrat, 1985). Em
1993, a situação não era muito diferente: “aproximadamente 80 receberam alguma descrição, em
geral de fonologia segmental ou de detalhes da gramática. Menos de 10% das línguas têm descrições
completas de um bom nível científico”. (Ricardo, 1996, p.10).
54 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Com base nesses estudos, as línguas indígenas brasileiras foram classificadas em dois grandes
troncos lingüísticos – o Tupi e o Macro-Jê – e em várias famílias lingüísticas não-classificadas
em troncos.
Na esteira dos trabalhos de Steward (1946; 1948; 1949), houve várias tentativas de
estabelecer uma classificação dos povos indígenas no Brasil também por áreas culturais (E.
Galvão, 1960; D. Ribeiro, 1977, entre outros), articulando características de cultura com áreas
geográficas, como mais um denominador comum associado a povos semelhantes sob o ponto
de vista cultural. Porém, ainda que haja ‘ preferências ’ historicamente construídas, de povos
de culturas semelhantes por tipos específicos de hábitats, a operacionalidade de tal classificação
é muito restrita. Há povos pertencentes a um mesmo fluxo cultural civilizatório, que se espalham
por inúmeras regiões, presentes em vários estados do Brasil e estendendo-se por outros países
da América Latina. Um exemplo são os falantes do tupi-guarani, a mais numerosa família do
tronco Tupi, os quais habitam vários estados do Brasil, de Norte a Sul e também a Guiana
Francesa, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina. São exemplo também os
povos da família lingüística Aruák, que no Brasil ocupam desde a região das Guianas até o
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de ser falada também na Bolívia, Peru, Equador e
Venezuela. Outra família com muitos falantes no país é a Karib, distribuída pelo norte do
Amazonas, Roraima, Amapá, norte do Pará, ao longo do rio Xingu no sul do Pará, norte e
centro do Mato Grosso. As línguas do tronco Macro-Jê, por sua vez, estão espalhadas desde o
sul do Maranhão e do Pará passando pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Por outro lado, há famílias lingüísticas restritas a certas regiões, como a Nambikwára,
cujos falantes distribuem-se pelo norte e noroeste do Mato Grosso e sul de Rondônia.
Entretanto, apesar da mesma pertinência cultural dos grupos Nambikwára, seu hábitat é
bastante diferenciado, ocupando tanto regiões de cerrado como de mata fechada, ao longo
do rio Guaporé e afluentes. Além disso, partilham essa região com povos indígenas de outras
filiações lingüístico-culturais, como os Pareci e os Enawenê-Nawê (Aruák). A intensa
movimentação dos povos indígenas no Brasil antes e após a colonização portuguesa também
contribuiu para a diluição de possíveis ‘ fronteiras ’ geográfico-culturais.
Malgrado essas considerações, os estudos antropológicos sobre os povos indígenas no
Brasil estabeleceram certas similitudes no plano da organização social, da visão cosmológica
e do modo de vida dos povos lingüística e culturalmente aparentados. O maior número de
estudos comparativos focalizam os povos que compõem os troncos Tupi e Macro-Jê. Sobre
os Tupi, os primeiros que entraram em contato com os europeus, há estudos e descrições
volumosas, produzidos pelos jesuítas e cronistas desde os primeiros anos da colonização,
além de inúmeros estudos etnológicos realizados até a atualidade. Poucos povos Tupi têm
sua organização social baseada em clãs, e possuem, em sua maioria, uma organização social
simples, fundada na família numerosa. Destacam-se por forte religiosidade, pela excelência
de sua agricultura, tecelagem e cerâmica. Habitam preferencialmente regiões de floresta e
costumam viver em grandes aldeias.
Os povos do tronco Macro-Jê, em especial os da família Jê, têm difusão mais limitada
que os Tupi, habitando com freqüência o cerrado, ainda que explorem intensamente as
florestas próximas. Foram bastante estudados na década de 1970, por antropólogos
brasileiros e americanos, por meio do Projeto de Pesquisa do Brasil Central realizado pela
Universidade de Harvard, em convênio com o Museu Nacional, RJ. Os Macro-Jê (Kayapó,
55
Ministério do Meio Ambiente
Borôro, Krahó, Rikbaktsa, Xavânte e outros) estão divididos em clãs, classes de idade e
apresentam complexa organização; em geral, o arranjo espacial das aldeias reflete sua
organização social e cosmologia: as aldeias são circulares, com um pátio central onde
realizam rituais e reuniões políticas, com as metades de parentesco distribuídas do lado do
sol poente e sol nascente respectivamente, embora haja povos, como os Rikbaktsa cuja
organização não segue esse padrão; as aldeias costumam ter uma casa dos homens, local
de moradia dos velhos, dos homens solteiros, dos visitantes, também destinado a rituais.
É local de várias atividades masculinas, como a confecção de arcos e flechas, remos,
plumária, e outros trabalhos artesanais, onde em geral a permanência de mulheres é proibida.
É ali que os meninos e rapazes são iniciados pelos adultos no aprendizado de sua cultura
e história e treinados nas técnicas e fazeres tradicionais. Em muitos povos desse tronco
lingüístico, os rapazes vivem longos períodos na casa dos homens, permanecendo até
atingirem idade para o casamento.
Os povos das outras famílias lingüísticas, como os Karib e os Aruák (duas das que têm
maior número de representantes no Brasil), não apresentam estudos comparativos tão
sistematizados que permitam afirmar com segurança as principais similitudes de sua organização
social, pois das 206 etnias relacionadas na parte 5 intitulada Povos indígenas do Brasil, talvez
nem a metade tenha sido objeto de pesquisa básica por etnólogos ou lingüistas. Além disso,
não há um balanço atualizado acerca da pesquisa etnológica sobre os índios do Brasil, cuja
maior parte não está publicada ou é de difícil acesso, e boa parcela está escrita em língua
estrangeira, espalhada em instituições de pesquisa fora do país.
Os povos das terras baixas da América do Sul, a despeito das centenas de variantes
culturais, compartilham certos padrões adaptativos: praticam agricultura itinerante,
mudando os locais de plantio sempre que a fertilidade decresce; utilizam espécies
consorciadas; usam a técnica de coivara, com aberturas de pequeno porte, em geral roças
familiares de cerca de ½ a no máximo 5ha cada. As roças abandonadas permanecem
servindo de depósito alimentar, seja em forma de tubérculos e árvores frutíferas que
continuam produzindo por muitos anos, seja em forma de animais terrestres e alados
atraídos por seus cultivares, que constituem uma ‘ reserva ’ de caça. Nesses locais a
floresta cresce novamente, reconstituindo e ampliando a diversidade, adicionada de novas
espécies ou do adensamento daquelas de uso indígena. Essas sociedades se apóiam
também na caça, pesca e coleta, associadas aos sistemas de manejo que desenvolveram,
tais como conhecimentos, técnicas, instrumentos, rituais e cosmologias os mais variados,
integrados em visões de mundo ‘ holísticas ’, nas quais, via de regra, não se estabelecem
as distinções marcadas por nossa sociedade entre natureza e cultura, sociedade e
ambiente, natural e sobrenatural.
Do universo de estudos desenvolvidos pela antropologia sobre as sociedades indígenas do
Brasil, foram selecionados apenas aqueles que apresentam, de forma direta, informações sobre
o conhecimento indígena do ambiente natural em que vivem, isto é, sobre o que hoje chamamos
biodiversidade. Em virtude do enfoque emblemático da disciplina, praticamente todas as
monografias sobre povos específicos oferecem extensa etnografia sobre o grupo estudado,
contendo informações sobre o modo de vida e economia, em que se inclui sempre alguma
notícia sobre o conhecimento da biodiversidade, seja na nomeação de espécies cultivadas,
animais caçados ou pescados, seja espécies coletadas, ciclo anual de atividades de subsistência,
mitos, etc. Incorporamos também trabalhos voltados para o universo mítico ou para a arte
56 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
57
Ministério do Meio Ambiente
58 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
PARTE
59
Ministério do Meio Ambiente
60 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Nota: o número total de trabalhos sobre populações indígenas é de 385, incluindo aqueles do tipo geral, que tratam de
temas amplos, referentes a grandes conjuntos de povos indígenas brasileiros. Desse modo, quando se trata de grupos
indígenas específicos, considera-se somente o total de 312 trabalhos.
61
Ministério do Meio Ambiente
GRUPO
Açorianos 10 2,1%
Babaçueiros 7 1,4%
Caboclos/Ribeirinhos amazônicos 168 34,8%
Caiçaras 104 21,5%
Caipiras/Sitiantes 43 8,9%
Campeiros (Pastoreio) 4 0,8%
Jangadeiros 45 9,3%
Pantaneiros 26 5,4
Pescadores artesanais 31 6,4%
Praieiros 29 6,0%
Quilombolas 18 3,7%
Sertanejos/Vaqueiros 27 5,6%
Varjeiros/Ribeirinhos não-amazônicos 17 3,5%
Outros 6 1,2%
SOMA 535 (2)
-
(1) Porcentagem calculada sobre o total de trabalhos referente à população não-indígena (483).
(2) Não equivale ao total de trabalhos da população não-indígena, já que existem obras que tratam de mais de um grupo,
62 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
grande propriedade agropecuária e dos projetos na região. Além disso, muitas organizações
ambientalistas e de pesquisa passaram a reconhecer a importância dessas comunidades
na proteção da floresta amazônica, o que motivou a realização de muitos estudos.
O segundo grupo de população tradicional mais indicado nos trabalhos é o dos
caiçaras, com 21,5%. A preocupação acadêmica com esse grupo social decorre também
das ameaças sofridas com a expansão imobiliária e a criação de áreas protegidas,
colocando em risco seu modo de vida. Esse interesse pelos caiçaras tem-se mostrado
pelo número crescente de teses de mestrado e doutorado e pela realização de inúmeros
colóquios e seminários sobre essa cultura.
O terceiro grupo de trabalhos em número é o dos jangadeiros, com 9,3% do total,
realizados em grande parte por pesquisadores de universidades localizadas no Nordeste,
região onde habitam os remanescentes desse grupo tradicional, sobretudo nos Estados do
Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Ainda que o número de jangadeiros
tenha diminuído consideravelmente nas últimas décadas, o conhecimento acumulado sobre
navegação, hábitos dos peixes e técnicas de pesca que fazem parte do modo de vida dos
pescadores-jangadeiros, continua recebendo atenção dos pesquisadores locais.
O quarto grupo é dos caipiras/sitiantes com 8,9% dos trabalhos.
O quinto grupo é o dos pescadores artesanais, formado pelos que vivem da pesca comercial
em pequena escala e que não pertencem a nenhuma categoria cultural específica. Esses trabalhos
representam 6,4% do total.
O sexto grupo é dos praieiros.
Seguem os sertanejos/vaqueiros, com 5,6% e os pantaneiros, com 5,4%. Os
quilombolas vêm com 3,7% e os ribeirinhos não-amazônicos com 3,5% do total de trabalhos.
O número de trabalhos sobre quilombolas tem aumentado nos últimos anos, indicando
crescente visibilidade desse grupo social, que teve seu território reconhecido pela
Constituição de 1988.
Os demais grupos, como os campeiros, os extrativistas-babaçueiros e os açorianos
representam, cada um, menos que 3% do total de trabalhos.
63
Ministério do Meio Ambiente
GRUPO
Kayapó 55 17,6%
Yanomami 18 5,8%
Kaapor 13 4,2%
Xavânte 12 3,8%
Borôro 12 3,8%
Dessano 12 3,8%
Araweté 11 3,5%
Tukano 9 2,9%
Waiãpi 9 2,9%
Wayana 9 2,9%
Assurini Xingu 9 2,9%
Karajá 9 2,9%
Maku 8 2,6%
Pareci 8 2,6%
Guarani 8 2,6%
Kaingang 8 2,6%
Marubo 7 2,2%
Parakanã 6 1,9%
Suruí 6 1,9%
Tembé 6 1,9%
Assurini (PA) 5 1,6%
Jamamadi 5 1,6%
Juruna 5 1,6%
Kanela 5 1,6%
Kaxinawá 5 1,6%
Kayabi 5 1,6%
Krahó 5 1,6%
Outros 142 45,5%
SOMA 412 (2) -
(1) Porcentagem calculada sobre o total de trabalhos sobre a população indígena.
Não equivale ao total de trabalhos sobre a população indígena, já que muitos enfocam mais de um grupo, e são,
(2)
64 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Como pode ser observado na tabela 4, foram incluídos 28 grupos indígenas sobre os quais
existem pelo menos cinco trabalhos publicados. O maior número de trabalhos sobre conhecimento
tradicional diz respeito aos Kayapó (17,6% do total) e isso se explica pela atenção dada a esse
povo na área de etnobiologia por pesquisadores, como Darrel Posey. O segundo grupo mais
citado são os Yanomami (5,8%), seguidos dos Kaapor (4,2%), Dessano, Borôro e Xavânte (3,8%
cada), Araweté (3,5%), Tukano, Waiãpi, Wayana, Assurini do Xingu e Karajá (com 2,9% cada).
Os grupos indígenas Maku, Pareci, Guarani e Kaingang representam cada um apenas
2,6% dos trabalhos pesquisados, e os Marubo 2,2%.
Dezesseis grupos, Parakanã, Suruí, Tembé, Assurini, Jamamadi, Juruna, Kanela, Kaxinawá,
Kayabi, Krahô, Kuikuru, Tapirapé, Yawalapiti, Guajajara, Kadiwéu e Kamaiurá estão presentes
em menos de 2% do total de trabalhos coletados.
Quatorze grupos, Mehinako, Nambikwára, Suyá, Tiryó, Waimiri Atroari, Wanano, Waurá,
Zoró, Deni, Enawenê-Nawê, Gavião, Guajá, Kampa e Apinayé, representam 1% dos trabalhos
e os outros 59 grupos indígenas sobre os quais há trabalhos editados, representam cada um
menos de 1% das obras coligidas.
Tipos de documento
Neste item foram considerados cinco tipos de documentos: livro, coletânea, tese,
artigo e relatório.
Tabela 5 - Total de trabalhos sobre população não-indígena e indígena por tipo de documento
POPULAÇÃO
TIPO DE TOTAL DE
DOCUMENTO TRABALHOS %
NÃO-INDÍGENA % INDÍGENA %
Como pode ser observado na tabela 5, existem, na base de dados, 868 títulos, dos quais
29,1% são artigos, 24,7% coletâneas, 17,3% livros, 16,1% teses e 12,8% relatórios.
De acordo com a mesma tabela, nota-se que existe maior número de teses de mestrado
e de doutorado sobre os grupos tradicionais não-indígenas, o que parece indicar mais interesse
sobre o tema por parte de instituições regionais de pesquisa (universidades e centros de
pesquisa). Os trabalhos sobre grupos indígenas são mais freqüentes na forma de artigos
publicados em periódicos especializados. Esse formato tem sido favorecido pelo fato de
existirem revistas de antropologia especializadas em grupos indígenas, e um número menor
de revistas abordando temas relacionados a grupos tradicionais não-indígenas.
65
Ministério do Meio Ambiente
POPULAÇÃO
TOTAL DOS
PERÍODO %
TRABALHOS
NÃO-INDÍGENA % INDÍGENA %
Constata-se, na tabela 6, que quase 80% dos trabalhos coletados e analisados estão
concentrados nos últimos vinte anos, aumentando na década de 1990, o que pode ser
atribuído ao:
• maior número de trabalhos relacionados ao etnoconhecimento, realizados não só por
etnógrafos, mas também por ecólogos e biólogos, refletindo o interesse, recente, pelo
tema biodiversidade, enquanto nas décadas anteriores os trabalhos concentraram-se
sobretudo nas descrições do modo de vida dos grupos tradicionais;
• surgimento de preocupação acadêmica acerca da importância do conhecimento
tradicional no que toca à biodiversidade, ameaçada pelo desmatamento e pelos
perigos que pairam sobre a sobrevivência física e cultural dos grupos tradicionais
nos últimos anos.
É interessante observar na tabela 6 que o número de trabalhos sobre grupos indígenas é
maior que aqueles sobre grupos tradicionais não-indígenas até o final da década de 1980. Na
década de 1990, a proporção altera-se em favor dos trabalhos sobre grupos tradicionais não-
indígenas. Isso parece confirmar a idéia de que um número maior de pesquisadores
pertencentes a universidades mais novas, localizadas em diversas regiões (Amazônia,
Nordeste, Centro-Oeste) além do Sul/Sudeste, têm dedicado seus estudos ao conhecimento
tradicional de grupos, como os caboclos/ribeirinhos, caiçaras, etc.
Nas tabelas 7 e 8 estão contabilizados os trabalhos por grupos tradicionais, no período
1959 a 1999.
66 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Tabela 7 - Total de trabalhos sobre grupo tradicional não-indígenaem por períodos específicos
PERÍODOS
ATÉ 1959 1960 - 1979 1980 - 1989 1990 - 1999 SEM DATA
GRUPO TOTAL
NÚMERO DE NÚMERO DE NÚMERO DE NÚMERO DE NÚMERO DE
TRABALHOS % TRABALHOS % TRABALHOS % TRABALHOS % TRABALHOS %
TOTAL 8 1,5% 12,1% 118 22,1% 313 58,5% 31 5,8% 535 (1)
Não equivale ao total de trabalhos da população não-indígena, já que muitos enfocam mais de um grupo, e são,
(1)
67
Ministério do Meio Ambiente
Tabela 8 - Total de trabalhos sobre grupo tradicional indígena por períodos específicos
PERÍODOS
GRUPO ATÉ 1959 1960 - 1979 1980 - 1989 1990 - 1999 SEM DATA TOTAL
Não equivale ao total de trabalhos sobre a população indígena, já que muitos enfocam mais de um grupo, e são,
(1)
A análise dos trabalhos sobre populações indígenas na tabela 8 mostra que, ao contrário
daqueles das populações não-indígenas, existe concentração maior na década de 1980, com
média percentual superior a 50%, seguidos por concentração secundária na década de 1990,
cuja média está em torno de 25%.
68 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Assim, sobre os Kayapó são 50,9% na década de 1980 e 25,5% na de 1990. Os trabalhos
sobre os Yanomami concentram-se nas décadas de 1960 a 1979 (38,9%) e na década de 1990
(33,3%); os Kaapor são 46,2% na década de 1980 e 46,2% na de 1990; sobre os Xavânte,
58,3% na década de 1980 e 33,3% na de 1990; sobre os Borôro, os trabalhos concentram-se na
década de 1980 (66,7%) e não foram encontrados na década de 1990; sobre os Dessano, são
33,3% na década de 1980 e 33,3% na de 1990; dos Araweté, são 54,5% na década de 1980 e
36,4% na de 1990; sobre os Tukano, 66,7% na década de 1980 e 22,2% na de 1990; sobre os
Waiãpi são 55,6% na década de 1980 e 44,4% na de 1990; sobre os Wayana, 44,4% em 1980
e mais 44,4% em 1990; sobre os Assurini do Xingu, 66,7% na década de 1980 e 22,2% na de
1990; e finalizando, os trabalhos sobre os Karajá concentram-se na década de 1980 em 55,6%
e 33,3% na de 1990.
POPULAÇÃO
TOTAL DE (1)
ECOSSISTEMA %
NÃO-INDÍGENA % (1) % (1) TRABALHOS
INDÍGENA
Porcentagem significativa desses trabalhos diz respeito às populações que vivem nos
ecossistemas: amazônico (56,7%); na zona costeira (20,9%), no cerrado (18,9%) e (7,5%)
nas florestas estacionais. Número muito reduzido de trabalhos refere-se aos ecossistemas
meio Norte (2,8%), pinheirais (1,5%) e extremo Sul (1,0%).
69
Ministério do Meio Ambiente
Ecossistemas
Amazônico
Cerrado
Pantanal
Caatinga e Florestas Estacionais do Nordeste
Meio Norte
Florestas Estacionais
Pinheirais
Extremo-Sul
Costeiro
Disjunções Ecológicas
Amazônica
Cerrado
Extremo Sul
Florestas Estacionais Semidecíduas
Pinheirais
Campinarana
Hidrografia
Capitais Estaduais
Brasília
70 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
POPULAÇÃO TOTAL DE
ASSUNTO % (1)
71
Ministério do Meio Ambiente
72 Biodiversidade, 4
Tabela 11 - Total de trabalhos sobre assuntos diversos por grupo de população não-indígena
TOTAL DE ASSUNTO
GRUPO SOMA (1)
TRABALHOS BOTÂNICA. ESP. BOTÂNICA ESP. ICTIOLOGIA/ TECNOLOGIA/
ARTE ASTRONOMIA COSMOLOGIA ENTOMOLOGIA FARMACOLOGIA HIDROLOGIA PEDOLOGIA ZOOLOGIA
COLETADAS CULTIVADAS HALIÊUTICA. ERGOLOGIA
Jangadeiros 45 2 7 11 10 4 0 5 1 38 1 40 1 120
Caipiras/Sitiantes 43 1 0 25 35 0 0 14 0 13 0 26 4 108
Pescadores 31 0 2 8 10 0 1 5 1 26 1 23 2 79
Praieiros 29 0 2 10 8 1 0 10 1 14 1 16 2 65
Sertanejos 27 1 1 8 19 3 0 3 1 2 3 17 6 69
Pantaneiros 26 0 2 14 16 1 0 7 4 11 2 14 1 77
Quilombolas 18 1 0 13 15 3 0 4 0 1 0 5 3 43
Rib. não-amazônicos 17 0 0 7 12 1 2 6 3 8 1 11 0 54
Açorianos 10 0 1 4 3 1 0 1 0 8 0 8 0 26
Babaçueiros 7 0 0 5 2 0 0 0 0 0 0 3 3 10
Campeiros (Pastoreio) 4 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 2 2 8
Outros 6 0 0 5 6 0 0 2 0 1 0 4 62 20
73
Ministério do Meio Ambiente
Pela tabela 11 constata-se que o assunto botânica de espécies cultivadas é o mais importante
entre os caipiras, seguido pelos sertanejos e caiçaras. Já a botânica de espécies coletadas é o
assunto mais citado entre os caiçaras e ribeirinhos da Amazônia. O assunto farmacologia/
medicina é o mais citado entre os praieiros, seguido dos caiçaras, ao passo que o tema ictiologia/
haliêutica é o mais mencionado entre os jangadeiros seguido dos caiçaras.
A freqüência em que um assunto é mencionado mostra sua importância nas práticas
econômicas e culturais dos diversos grupos tradicionais. Os caboclos/ribeirinhos da Amazônia,
por exemplo, revelam conhecimento não somente da mata ao longo dos rios e igarapés como
também das espécies de peixes que vivem nessas águas. Da mesma forma, os caiçaras que
vivem entre a mata e o mar revelam conhecimentos das espécies desses dois hábitats. Já os
jangadeiros que vivem exclusivamente do mar, entendem da localização das pedras submersas,
das espécies de peixes migratórios e têm pouco conhecimento da restinga, a não ser das ervas
medicinais, de domínio das mulheres.
74 Biodiversidade, 4
Tabela 12 - Total de trabalhos sobre assuntos diversos por grupo de população indígena
TOTAL DE ASSUNTO
GRUPO SOMA (1)
TRABALHOS BOTÂNICA. ESP. BOTÂNICA ESP. ICTIOLOGIA/ TECNOLOGIA/
ARTE ASTRONOMIA COSMOLOGIA ENTOMOLOGIA FARMACOLOGIA HIDROLOGIA PEDOLOGIA ZOOLOGIA
COLETADAS CULTIVADAS HALIÊUTICA. ERGOLOGIA
Kayapó 55 5 5 31 36 15 20 21 1 11 12 15 18 190
Yanomami 18 2 0 13 9 4 1 9 1 0 1 4 2 46
Kaapor 13 2 0 13 10 3 0 2 1 3 1 8 4 47
Xavânte 12 3 0 7 5 2 2 0 0 1 1 6 6 33
Borôro 12 1 0 11 8 7 0 3 0 3 1 8 4 46
Dessano 12 2 4 7 8 10 4 7 0 5 2 7 6 62
Araweté 11 3 1 11 8 2 0 0 0 1 0 9 2 37
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Tukano 9 1 0 2 4 3 3 2 0 5 1 3 2 26
Waiãpi 9 2 0 5 5 5 0 0 0 0 0 1 5 23
Wayana 9 5 0 6 4 6 0 1 0 3 1 6 3 35
Assurini Xingu 9 3 0 8 5 1 0 0 0 0 0 8 2 27
Karajá 9 6 1 6 3 3 1 0 0 0 0 5 5 30
Maku 8 1 0 7 6 3 1 4 0 3 0 5 1 31
Pareci 8 1 0 4 5 1 1 3 0 2 1 3 1 22
Guarani 8 1 0 6 6 2 0 2 0 1 0 6 3 27
Kaingang 8 0 0 5 6 1 0 4 0 2 1 2 2 23
Marubo 7 1 0 4 2 3 0 4 0 1 0 4 3 22
Parakanã 6 2 0 5 3 0 0 0 0 1 0 5 1 17
Suruí 6 1 0 4 3 1 1 1 0 1 0 2 3 17
Tembé 6 0 0 6 4 1 0 2 0 1 0 4 2 20
Assurini, PA 5 2 0 3 3 2 0 1 0 0 0 3 1 15
Jamamadi 5 0 0 5 2 0 0 3 0 3 0 3 1 17
Juruna 5 4 0 4 1 1 0 1 0 0 0 4 2 17
Kanela 5 0 1 4 2 3 0 0 0 1 1 3 2 17
Kaxinawá 5 0 0 5 4 3 0 2 0 2 0 4 2 22
Kayabi 5 3 0 5 2 2 0 1 0 0 0 4 2 19
Krahó 5 0 1 5 1 2 0 1 0 0 1 4 1 16
Outros 142 - - - - - - - - - - - - -
TOTAL 412(2) - - - - - - - - - - - - -
(1) Não equivale ao total do grupo populacional não-indígena, pois como os trabalhos foram, em geral, classificados por mais de um assunto, essa soma não representa o total de trabalhos
75
da população indígena
(2) Nãoequivale ao total de trabalhos da população não-indígena, já que existem trabalhos que, por tratarem de mais de um grupo, são contados mais de uma vez.
Ministério do Meio Ambiente
Pela tabela 12, constata-se que os temas tratados nos trabalhos sobre grupos indígenas
selecionados variam bastante, de acordo com o grupo estudado. Assim, entre os Kayapó,
os dois assuntos mais freqüentes são botânica coletada e botânica cultivada; entre os
Yanomami, botânica de espécies coletadas e farmacopéia; entre os Kaapor, a botânica de
espécies coletadas e botânica de espécies cultivadas; já entre os Xavânte são a botânica de
espécies coletadas, tecnologia/ergologia e zoologia e entre os Borôro, a botânica coletada
e, em segundo lugar a botânica de espécies cultivadas e tecnologia/ergologia; entre os
Dessano são a botânica de espécies cultivadas e em segundo lugar a botânica coletada,
farmacopéia e tecnologia/ergologia; entre os Araweté são a botânica de espécies coletadas
e tecnologia/ergologia, e entre os Tukano, ictiologia/haliêutica e botânica de espécies
cultivadas; entre os Waiãpi vêm igualmente distribuídas a botânica de espécies cultivadas,
coletadas, zoologia e cosmologia; entre os Wayana também igualmente distribuídas estão
a botânica de espécies coletadas, tecnologia/ergologia e cosmologia; entre os Assurini do
Xingu, a botânica coletada e tecnologia/ergologia e, finalizando, entre os Karajá, os assuntos
mais estudados são, em primeiro lugar, arte e botânica de espécies coletadas e em segundo,
tecnologia/ergologia e zoologia.
POPULAÇÃO
TOTAL DE
ETNOCONHECIMENTO %
NÃO-INDÍGENA % INDÍGENA % TRABALHOS
76 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
(1) Não equivale ao total de trabalhos sobre população não-indígena, já que muitos tratam de mais de um grupo e são,
portanto, contados mais de uma vez.
77
Ministério do Meio Ambiente
Tabela 15 - Número de trabalhos que abordam o etnoconhecimento por grupo de população indígena
ETNOCONHECIMENTO
GRUPO SIM NÃO TOTAL
NÚMEROS DE NÚMEROS DE
% %
TRABALHOS TRABALHOS
78 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
POPULAÇÃO TOTAL DE
DESCRIÇÃO DE MANEJO % (1)
NÃO-INDÍGENA % (1)
INDÍGENA % (1) TRABALHOS
Cerca de 74,9% dos trabalhos não contêm informações sobre o manejo tradicional. No
entanto, por se tratar de tema muito recente, analisado principalmente na década de 1990,
pode-se dizer que a proporção de trabalhos que abordam o assunto (25,1%) já é significativa e
tem crescido nos últimos anos.
Essa proporção não varia muito entre as populações indígenas e não-indígenas. Porém, o
número de trabalhos que apresentam descrição detalhada de sistemas de manejo tradicional entre
populações indígenas é maior que entre os de não-indígenas. Uma das explicações é que esse
campo de conhecimento é muito recente, tendo partido, em sua maioria, de estudos sobre
79
Ministério do Meio Ambiente
80 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Tabela 18 - Número de trabalhos com descrição de manejo por grupo de população indígena
DESCRIÇÃO DE MANEJO
81
Ministério do Meio Ambiente
82 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
PARTE
83
Ministério do Meio Ambiente
84 Biodiversidade, 4
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
Considerações gerais
• Foram pesquisados mais de 3.000 títulos de trabalhos relacionados com o conhecimento
tradicional, em bancos de dados e bibliotecas espalhados pelas várias regiões do Brasil,
além dos contatos que a equipe do projeto fez com inúmeros pesquisadores da área. O
total de títulos selecionados é de 868. Desses, 483 se referem a populações não-indígenas
e 385 a populações indígenas. Outros títulos ainda estão sendo analisados e classificados,
mas constarão somente da base de dados, a qual, quando transformada em banco, será
aberta à consulta pública em sites a serem definidos.
• Os trabalhos selecionados foram classificados por tipo de população, e constarão do
acervo da Universidade de São Paulo, no Núcleo de Pesquisas sobre Populações Humanas
e Áreas Úmidas do Brasil - NUPAUB, acessíveis à consulta pública; estão acondicionados
em caixas-arquivo, devidamente catalogados, e constituem um dos maiores acervos
sobre o tema no país.
• Todos os trabalhos selecionados estão organizados na base de dados que serviu de
fonte para as análises feitas neste relatório. Essa base inclui 13 variáveis e por meio de
consultas é possível conhecer as características internas mais importantes de cada
trabalho: o tipo, dados bibliográficos, tipo de população tradicional e ecossistemas
descritos, tipo de conhecimento assinalado (botânica, tecnologia, ictiologia, etc.;
existência de etnoconhecimento e manejo tradicional).
85
Ministério do Meio Ambiente
delas com alcance internacional); o incremento de sua atuação tanto no campo político
como econômico; o impacto de unidades de conservação restritivas, como parques e
reservas sobre o território das populações tradicionais não-indígenas; a especulação
imobiliária; e a ameaça sobre as áreas de uso comunitário têm levado ultimamente a reações
por parte dessas populações, como o estabelecimento de reservas extrativistas, a luta pela
legalização das terras de quilombo e uma atuação mais geral voltada para o reconhecimento
de suas identidades e direitos. Esses processos têm motivado os pesquisadores da área de
ciências sociais e mesmo das naturais a estudar tais fenômenos, enfocando a importância
do conhecimento e manejo tradicionais dos recursos naturais.
• Nos últimos anos, têm surgido alguns grupos de pesquisadores trabalhando no domínio
da etnociência, tais como etnofarmacologia e etnobiologia em geral e boa parte deles
participa da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecolgoia-SBEE, que com seus
congressos tem incentivado a pesquisa na área. Além disso, cabe lembrar a realização
do Primeiro Congresso Internacional de Etnobiologia, em 1988, em Belém, que teve
também função estimuladora dos trabalhos nessa área.
• Grande parte dos trabalhos selecionados (76,8%) está na categoria de alta e média
relevância, e entre esses, 52,6% foram publicados depois de 1990. Esses resultados
mostram que o tema conhecimento tradicional é central nesses trabalhos, e que o
interesse pelo tema acentuou-se na última década. Destaca-se que a classificação em
alta ou média relevância não significa nenhuma avaliação do trabalho como um todo
ou julgamento de valor de cada um, e sim indica que apresenta informações e análises
importantes para o tema conhecimento tradicional da biodiversidade. Alguns trabalhos
considerados clássicos e de grande importância para a antropologia podem ter sido
classificados como de baixa relevância para os objetivos deste projeto, sempre que o
tema conhecimento tradicional não tenha sido central.
• No conjunto dos trabalhos, os ecossistemas mais enfocados são o amazônico (56,7%),
a zona costeira (20,9%) e o cerrado (18,9%). As porcentagens de publicações focalizando
populações dos outros ecossistemas presentes no Brasil é muito pequena, indicando
importante campo de pesquisa ainda a ser desenvolvido.
• É interessante observar que mais da metade dos trabalhos selecionados tratam de
populações da Amazônia. Isso se explica não somente pela grande presença dessas
populações na região, mas também pela crescente produção científica regional, em
centros de pesquisa de Manaus e Belém. Além disso, quase 80% dos trabalhos
selecionados sobre populações indígenas tratam de grupos que vivem na região. Por
outro lado, a quase totalidade dos trabalhos sobre o segundo bioma mais citado, o da
Zona Costeira, corresponde a publicações sobre populações não-indígenas.
• Os temas ou assuntos mais freqüentemente mencionados são, em ordem decrescente,
referentes à botânica de espécies coletadas, tecnologia/ergologia, botânica de espécies
cultivadas, seguidos de ictiologia/haliêutica, zoologia e farmacologia.
• Outro dado importante a assinalar é que a maioria dos trabalhos selecionados utilizam
o enfoque da etnociência ou se baseiam, ao menos em parte, no etnoconhecimento da
população estudada, sendo essa porcentagem significativamente maior nos trabalhos
sobre populações indígenas. Isso reforça a constatação da importância do
conhecimento e uso dos recursos naturais dos ecossistemas florestais por parte das
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
87
Ministério do Meio Ambiente
ausência de textos em relação a quase metade dos povos indígenas do Brasil: há cem povos
sobre os quais não foram encontrados trabalhos com esse tipo de informação ou enfoque.
• Outra observação importante: a existência de trabalhos sobre determinados grupos que não
tratam temas como etnoconhecimento e manejo não quer dizer necessariamente que essas
práticas sociais e simbólicas não existam nos grupos analisados. Podem não ter sido enfocadas
por esses trabalhos, e por outro lado, pode haver estudos sobre os mesmos grupos, focando
tais temas, mas, apesar disso, não foram encontrados durante as pesquisas. É de se supor que
a divulgação dos resultados da pesquisa incentive estudiosos sobre essas populações e temas
a manifestarem o desejo de ter seus trabalhos incorporados à base de dados.
• Finalmente, é necessário enfatizar que no período relativamente curto do projeto (seis
meses) alguns trabalhos relevantes possam não ter sido identificados. Isso deve ser
considerado normal, dada a vasta distribuição geográfica dos centros de pesquisa no
Brasil. Como pretende-se que o trabalho não termine nessa primeira garimpagem, uma
representatividade maior pode ser conseguida quando pesquisadores, cujos textos não
tenham sido mencionados, procurem incorporá-los à base de dados.
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Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
PARTE
89
Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil
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Colaboradores
Ana Cristina Mendes de Oliveira - Zoóloga do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia-NAEA,
Universidade Federal do Pará.
Carolina Joana Silva - Antropóloga da Universidade Federal do Mato Grosso.
Carolyn Proença - Botânica da Universidade de Brasília.
David G. Mc Grath - Geógrafo do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia-NAEA, Universidade
Federal do Pará.
Edna Castro - Socióloga do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia-NAEA, Universidade
Federal do Pará.
Eduardo Viveiros de Castro - Antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Ellen F. Woortmann - Antropóloga da Universidade de Brasília.
Klass Woortmann - Antropólogo da Universidade de Brasília.
Léa Neves - Botânica do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Lin Chau Ming - Etnobotânico da Universidade Estadual de São Paulo - UNESP (Botucatu).
Lourdes Furtado - Antropóloga da Universidade Federal do Pará.
Luis Fernando Duarte - Antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Margarete Emmerich - Botânica do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Maria Christina de M. Amorozo - Etnobotânica da Universidade Estadual de São Paulo -
UNESP (Botucatu).
Maria das Graças Santana Silva - Antropóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém).
Marlia Ferreira - Etnofarmacóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém).
Mireya Suárez - Socióloga da Universidade de Brasília.
Monserrat Rios - Etnobotânica do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia-NAEA,
Universidade Federal do Pará.
Suelma Ribeiro Silva - Bióloga do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA (Brasília).
Wilma Leitão - Antropóloga da Universidade Federal do Pará.
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