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PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2000, 20 (2), 20 -31

Profissionais para Si
ou para Outros?
Algumas Reflexões sobre a Formação dos Psicólogos

O trabalho discute interações de condições de ensino de uma disciplina (cujos


objetivos se voltam para a formação de psicólogos que atendam às necessidades
sociais) com as concepções de alunos sobre o que é um profissional. Os resultados
permitem supor que tais condições contribuiriam para a construção de uma
concepção de profissional próxima dos objetivos pretendidos.

Ben Chain

Waldir Bettoi No momento atual da história da profissão de O estudo desses aspectos, no entanto, não é
Psicólogo, Mestre e psicólogo no Brasil, quando se discutem e deci- único nem recente. Do trabalho pioneiro de
Doutorando em dem mudanças nos currículos de formação dos Sylvia Leser de Mello, “Psicologia e Profissão
Psicologia IP - USP, em São Paulo”, em 1975, até a publicação
Professor de Psicologia. profissionais, freqüentemente temos nos depa-
rado com uma questão que parece ser crucial e pelo Conselho Regional de Psicologia - 6ª
Região, em 1995, de “Psicologia: formação,
Livia ponto de partida para grande parte daquelas
atuação profissional e mercado de trabalho”,
Mathias Simão decisões: que características tem o psicólogo, a profissão de psicólogo e o papel que o pro-
Professora do IP - USP, quem é esse profissional que queremos formar? fissional de Psicologia vem desempenhando
Doutora pela Universidade Na busca dessas respostas, estão em jogo, prin- junto à sociedade brasileira, têm sido estuda-
de São Paulo em 1988.
cipalmente, as concepções que nós, psicólogos, dos, discutidos e criticados a partir de ângulos
20 temos de nossa profissão e nossos conceitos do diferentes. Os trabalhos realizados pelo Sindi-
que seja um profissional. cato dos Psicólogos no Estado de São Paulo
Profissionais para Si ou para Outros? Algumas Reflexões Sobre a Formação dos Psicólogos

(1984) e pelo Conselho Federal de Psicologia alguém que presta serviços à sociedade, au-
(1988; 1992 e 1994) podem ser apontados mentaria a probabilidade disso efetivamente
como exemplos do empreendimento de psi- acontecer, aumentando a chance do aluno vir
cólogos no sentido de conhecerem sua pró- a ser um profissional que atendesse às necessi-
pria profissão e de refletirem sobre ela. Nes- dades que a sociedade tem de seus serviços.
ses trabalhos e em outros que têm sido pro-
duzidos, abordam-se vários aspectos relacio- Poder-se-ia supor, assim, que a presença de
nados à profissão (por exemplo, Bastos, 1990; determinadas condições de ensino no primei-
Botomé, 1987 e 1988; Carvalho, 1984b; ro momento em que o aluno chega ao curso,
Pasquali, 1988; Witter, Bastos, Bonfim & poderia se constituir em uma oportunidade
Guedes, 1992). A formação profissional do adequada para se tentar interferir no repertó-
psicólogo também tem sido objeto específico rio de informações e de imagens sobre a pro-
de reflexão de vários estudiosos que o fazem fissão que o aluno iniciante traz para a facul-
a partir de várias referências diferentes, apre- dade, visando estabelecer relações futuras
sentando perspectivas múltiplas para a ques- mais significativas entre o profissional e a so-
tão (por exemplo, Bastos & Ashcar, 1994; ciedade. Ou seja, como aponta Mello (1975),
Carvalho, 1984a; Crochik, 1985; Duran, 1994; a auto-imagem profissional do psicólogo
Gomide, 1988; Medeiros, 1989; Mello, 1989; “condiciona nossos objetivos e define o âmbi-
Pardo, 1996; Pereira,1975). to de ação dos psicólogos (...)”(p. 76).

Entretanto, as reflexões apresentadas neste Em estudos anteriores, as necessidades soci-


artigo, baseadas em uma pesquisa (Bettoi, ais e o significado social da atuação do psicó-
1998) que terá um de seus tópicos abordado logo também foram abordados (por exemplo,
aqui, apontaram para a necessidade de consi- Mello, 1975; Botomé, 1979; Carvalho, 1982;
derarmos como igualmente importantes as Prete, 1986; Bastos, 1988; Carvalho, 1988;
concepções que os alunos dos cursos de psi- Gomide, 1988; Bomfim, 1990; Ozella &
cologia, especialmente os calouros, apresen- Lurdes, 1993; Weber, Botomé & Rebelatto,
tam sobre o profissional. Isto porque as con- 1996). Carvalho (1982), Bock (1990) e Ozella
cepções com que o aluno chega à faculdade & Lurdes (1993) fazem considerações impor-
influenciarão na seleção e nas relações que tantes para que se pense nas relações entre
ele estabelecerá quando se defrontar com as as necessidades sociais, a imagem da profis-
informações, atitudes e valores promovidos são, a formação e a atuação profissional.
pelo curso. Weber, Botomé e Rebelatto (1996) criticam
o currículo dos cursos de formação conside-
Conhecer as concepções específicas de pro- rando-o “mais voltado ao ensino de técnicas
fissional apresentadas por calouros, e a e modelos de atuação existentes (e consagra-
interação dessas concepções com as condi- dos), do que ao desenvolvimento de atuações
ções de ensino de uma disciplina introdutória, profissionais socialmente significativas” (p.11).
foi um dos objetivos da pesquisa que aqui
focalizaremos. Além disso, diversos autores têm estudado
vários aspectos de concepções (ou “imagens”,
A concepção específica de profissional psicó- como muitas vezes se denominam) de alunos
logo, subjacente à disciplina em questão, re- sobre a profissão (por exemplo, Lázaro, Oli-
metia a um conceito de profissional em que veira & Marques, 1986; Santos, Lisboa &
se evidenciavam suas funções sociais, isto é, Takahachi, 1987; Leme, Bussab & Otta, 1989;
ele era considerado como alguém que, atra- Santos, 1992a e b;Santos & Oliveira, 1995;
vés de seus conhecimentos específicos, de- Weber, 1991; Gomes, Teixeira, Crescente,
veria atender às necessidades sociais de for- Fachel, Sehn & Klarmann, 1996; Carvalho &
ma abrangente (em termos de número e es- Kavano, 1982; Lordelo & Bastos, 1988; San-
tratos sociais atingidos) e significativa (em ter- tos, 1989; Schmidt, 1984; Siqueira, Oliveira,
mos das mudanças que propicia para o de- Carvalho & Yamamoto, 1997; Lisboa, Santos
senvolvimento do indivíduo e da sociedade). & Takahachi, 1987; Dobrianskyi, 1988; Car-
valho, 1989). Discutem-se, ainda, as relações
Supunha-se, portanto, que a presença, na que estas imagens mantêm com o currículo 21
disciplina, de uma imagem de profissional como de formação profissional, e o efeito delas so
Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão

bre a atuação do profissional (Mello, 1975; disciplina, contendo questões relacionadas à


Carvalho, 1982). Santos (1992b) sugere que escolha profissional do aluno e à sua concep-
se avalie o efeito dos cursos de formação so- ção de “profissional”. As respostas dadas a uma
bre as imagens da Psicologia e da profissão. dessas questões (“Para você, o que é um pro-
Weber, Rickli e Liviski (1994) concluem sobre fissional - qualquer um, não necessariamente
uma influência indireta da formação sobre a apenas o psicólogo?”) serviram como fonte
imagem da Psicologia. principal do material cuja análise norteou as
considerações que serão feitas aqui.
Em síntese, a análise sistemática de concep-
ções sobre a profissão, com o objetivo de iden- Os Alunos
tificar o sentido que o aluno e o psicólogo dão
aos conceitos de Psicologia e de profissional, Os dados aqui discutidos referem-se a 69 alu-
poderia também contribuir para o entendi- nos e alunas do primeiro ano de Psicologia de
mento das relações entre o psicólogo e a so- uma universidade particular de São Paulo, ten-
ciedade. do freqüentado a disciplina em questão, mi-
nistrada por um dos autores do presente tra-
balho, nos períodos da tarde e da noite. São
discutidas aqui especificamente as respostas
que deram a uma pergunta presente nos dois
questionários sobre a profissão aplicados no
início e no final do curso, solicitando sua con-
cepção de profissional. A faixa etária dos alu-
nos estava entre 18 a 20 anos, sendo a maio-
ria deles originada de classe média.

A Disciplina e as Condições de
Ensino Planejadas pelo Professor

Objetivos:

O estudo da interação das condições de ensi- Dos objetivos estabelecidos para a disciplina,
no presentes nos cursos de formação do psi- dois devem ser considerados para este traba-
cólogo com o repertório de imagens sobre a lho: (1) os alunos deverão entrar em contato
profissão com que o aluno chega à faculdade, direto com profissionais de diversas áreas de
parece, conseqüentemente, relevante e ne- atuação e (2) os alunos deverão refletir sobre
cessário. diversos aspectos relacionados à atuação do
psicólogo, avaliando-a criticamente, especial-
Especificamente, as seguintes questões deve- mente no que diz respeito às relações dela
rão ser objeto de reflexão no presente traba- com a sociedade.
lho: (a) como é a concepção de profissional
que o aluno revela ao ingressar no curso? Atividades planejadas:
(b) que características têm essas concepções
dos alunos após o seu contato com uma dis- (a) O contato direto e indireto do aluno com
ciplina introdutória ? (c) de que maneira psicólogos atuantes
essas concepções poderiam relacionar-se
com as condições de ensino da disciplina? O contato direto que os alunos têm com o
psicólogo que atua em São Paulo é feito basi-
camente através de entrevistas que realizam,
Origem e Natureza
em grupo, com profissionais de diversas áreas
dos Dados da Pesquisa de atuação, a saber: clínica (particular, em
consultório); organizacional; educacional;
As informações analisadas neste trabalho fo- institucional/comunitária; hospitalar; pesquisa.
ram extraídas de questionários aplicados aos Cada grupo fica encarregado, então, de en-
22
alunos nos primeiro e último dias de aula da trevistar um mínimo de três psicólogos de uma
Profissionais para Si ou para Outros? Algumas Reflexões Sobre a Formação dos Psicólogos

mesma área e o produto final deste contato é cutida pelos alunos, enquanto um conceito
um trabalho escrito e uma apresentação para que reflete pressupostos valorativos sobre o
a classe do que observou e refletiu sobre a Homem e o profissional, ou como um con-
atuação profissional do psicólogo daquela área. ceito que poderia refletir uma expectativa “ir-
As entrevistas são gravadas e posteriormente
transcritas e entregues como anexo ao traba-
lho escrito. Há, também, o contato indireto
com o profissional atuante, que é realizado
através do comparecimento do aluno às apre-
sentações dos trabalhos dos seus colegas de
classe, que estarão se referindo às áreas de
atuação diferentes daquela em que ele e seu
grupo realizaram seu trabalho.

(b) Reflexão crítica do aluno


sobre a profissão

Para que o contato com alguns aspectos da


realidade profissional do psicólogo possa re-
sultar em uma reflexão crítica do aluno sobre
a profissão, o trabalho de campo é antecedi-
do por seminários que pretendem oferecer
aos alunos, além de informações e termino-
logia básicas, um conjunto de referências crí-
ticas para a reflexão sobre a profissão, que real”, se for considerado sem a necessária
são discutidas e utilizadas em classe, como vinculação a outros fatores que afetam e re-
preparação para o contato com o profissional gem a sociedade brasileira.
atuante. Esses seminários baseiam-se na lei-
tura de textos sobre a profissão e em ques- Tendo sido discutidas, pelos alunos, caracte-
tões de discussão propostas pelo professor. rísticas da concepção de profissional, o próxi-
mo passo na apresentação das referências para
Tendo como base reflexões sobre as relações a sua reflexão constitui-se na análise de al-
entre a profissão de psicólogo e a sociedade, guns fatores que poderiam afetar a
feitas anteriormente por Mello (1975) e Car- abrangência e a significância da função social
valho (1982), a disciplina em questão estabe- do psicólogo. Assim, discutem-se as possíveis
leceu um conceito de profissional “modelo relações entre a função social do psicólogo e
de referência” que serve como guia para a (a) sua forma “típica” de atuação; (b) sua for-
reflexão do aluno sobre a profissão. mação profissional e (c) a imagem social da
profissão.
Esse profissional-referência é definido como
“um indivíduo que detém um conhecimento Os Psicólogos Entrevistados
específico e sistemático e o aplica, como pres-
tação de serviços, a todas as camadas da po- A seleção dos psicólogos para a entrevista foi
pulação, sem distinção, ao maior número pos- feita pelos próprios alunos, sendo que a única
sível de pessoas dessa população, de forma a exigência da disciplina foi a de que cada gru-
contribuir para a transformação do indivíduo po entrevistasse no mínimo três profissionais
e da sociedade”. e que estes estivessem desempenhando ati-
vidades profissionais na área, na época da
A análise dessa concepção mostra que esse entrevista. Os locais de atuação dos psicólo-
profissional-referência é visto basicamente gos, em seu conjunto, são bastante diversifi-
como um prestador de serviços à sociedade, cados, e se encontram, por exemplo, em hos-
como um todo, e isso se dá com base em pitais públicos e privados, empresas, institui-
seus conhecimentos psicológicos. Esta própria ções bancárias, fundações, escolas públicas e
concepção que será utilizada no curso é dis- privadas etc. 23
Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão

Resultados Para a categoria (1), atributos relacionados ao


sujeito da ação profissional, foram estabele-
O exame das respostas dos alunos à pergunta cidas três sub-categorias: 1a, em que o atribu-
do questionário que solicitava sua concepção to enfatizado são suas qualidades pessoais, es-
de profissional levou à definição de um con- pecialmente em seus aspectos éticos,
junto de categorias e sub-categorias, segundo valorativos e morais (por exemplo, profissio-
atributos (descritos à frente) presentes nas nal é alguém que honra sua profissão); 1b, em
concepções apresentadas. que o atributo enfatizado também são suas
qualidades pessoais, mas agora especialmen-
A função dos dados numéricos referentes às
te em seus aspectos racionais e de compe-
respostas aos questionários é a de meramen-
tência técnica (por exemplo, profissional é
te fornecer indicadores sobre respostas que
deveriam ser examinadas mais detalhadamente alguém que entende da área) e 1c, em que o
ou, ainda, a de permitir determinadas compa- atributo enfatizado é a satisfação pessoal do
rações entre as respostas, quando isto foi jul- sujeito (por exemplo, é um indivíduo que gos-
gado necessário. Isso significa que o uso de ta do que faz).
determinados termos que possuem conotação
quantitativa (por exemplo, “predominância”, Para a categoria (3), atributos relacionados ao
“maior”, “mais”, “menor”, “menos”) não é o modo da ação profissional, foram criadas duas
resultado da utilização de procedimentos arit- subcategorias: 3a, em que o atributo enfati-
méticos, mas foram empregados aqui apenas zado é a eficiência da ação (por exemplo, é
com o sentido descritivo que possuem na lin- um indivíduo que trabalha com competência),
guagem informal. e a sub-categoria 3b, em que o atributo enfati-
zado são os aspectos valorativos, éticos e
A Concepção de Profissional morais da ação (por exemplo, trabalha com
Apresentada pelos Alunos dedicação e amor).

O exame das respostas dos alunos levou à A Tabela 1 apresenta os resultados para as
diferenciação de cinco categorias de atri- categorias e sub-categorias utilizadas. Os da-
butos presentes nas concepções, cada uma
dos das sub-categorias estão apresentados em
delas relacionada a um aspecto diferente
sombreado.
do profissional definido. Assim, encontra-
mos atributos (1) relacionados ao sujeito
da ação profissional (por exemplo, profis- Atributos gerais da concepção:
sional é uma pessoa interessada no que
faz); (2) relacionados à ação profissional Observa-se uma mudança interessante, que
propriamente dita (por exemplo, profissi- foi a ênfase que se deu em relação às catego-
onal é alguém que realiza projetos); (3) re- rias mais mencionadas nas duas condições:
lacionados ao modo da ação profissional se, no primeiro dia de aula, o aluno concebe
(por exemplo, profissional é um indivíduo o profissional como alguém que, fundamen-
que trabalha com garra); (4) relacionados talmente, se define por seus atributos pesso-
ao objetivo da ação profissional (por exem- ais, referindo-se menos ao que este faz en-
plo, profissional é um indivíduo que traba- quanto tal (ou para quem o faz ou a quem
lha para estar bem consigo mesmo) e (5) dirige sua ação profissional), no último dia de
relacionados ao beneficiário da ação pro- aula da disciplina ele continua definindo o pro-
fissional (por exemplo, profissional é uma fissional por seus atributos pessoais, mas ago-
pessoa que ajuda a sociedade). Uma sexta
ra com menos ênfase, ao mesmo tempo em
categoria foi criada para incluir alguns pou-
que a ação profissional ganha predominância
cos casos em que as respostas não tinham
sentido ou não se aplicavam à pergunta. nesta concepção e passa também a ser vista
como prestação de serviços e aplicação de
Para duas dessas categorias foram criadas conhecimento. Além disso, aumenta o número
sub-categorias, para que fosse possível co- de alunos que, ao mencionarem atributos do
24 nhecer mais detalhadamente vários de seus profissional, enfatizam que este exerce um
aspectos . São elas: papel junto a outros indivíduos da sociedade.
Profissionais para Si ou para Outros? Algumas Reflexões Sobre a Formação dos Psicólogos

Atributos da Concepção de Profissional INI FIN %INI %FIN

1 - Relacionados ao Sujeito da Ação Profissional 88 69 59,4 36,9

1a - ênfase aspectos éticos, valorativos e morais de suas qualidades pessoais 36 20 40,9 29,0
1b - ênfase aspectos racionais de suas qualidades pessoais 39 44 44,2 63,8
1c - satisfação pessoal 13 5 14,8 7,2

2 - Relacionados à Ação Profissional 30 60 20,3 32,1

3- Relacionados ao Modo da Ação Profissional 18 23 12,2 12,3

3a - ênfase na eficiência da ação 7 12 38,9 52,2


3b - ênfase em aspectos valorativos, éticos e morais da ação 11 11 61,1 47,8

4 - Relacionados ao Objetivo da Ação Profissional 6 8 4,0 4,3

5- Relacionados Ao Beneficiário da Ação Profissinal 5 25 3,4 13,4

6 - Respostas sem sentido/Não Se Aplicam 1 2 0,7 1,0

Tabela 1: números absolutos e relativos de menções a atributos gerais e específicos de categorias


utilizadas, relativos à concepção de profissional apresentada em duas ocasiões (primeiro e último dias de aula )
por alunos (n= 69) de um curso de psicologia. INI e FIN significam, respectivamente, questionário inicial
e questionário final.

Atributos específicos da concepção de pro- Diminui o número de alunos que concebem


fissional relacionados ao sujeito da ação o profissional apenas como alguém que gosta
profissional: do que faz.

Os resultados apresentados indicam que no Comparando-se o desempenho dos alunos nos


primeiro dia de seu curso o aluno concebe o questionários inicial e final, observa-se que au-
profissional predominantemente como alguém menta o número de menções aos aspectos
que tem qualidades pessoais tanto relaciona- racionais das qualidades pessoais do profissio-
das ao domínio de habilidades racionais e à nais, enquanto que diminuem as menções aos
competência técnica desenvolvida e sempre aspectos morais e valorativos daquelas quali-
aperfeiçoada, quanto relacionadas a valores, dades. Ao final do ano, o aluno, além desses
à moral e à ética. Isto é, o profissional não aspectos morais e éticos, vê na pessoa do pro-
somente é uma pessoa, mas uma pessoa con- fissional outros atributos, especialmente o
cebida como dotada de habilidades racionais domínio de um saber para o qual se especi-
e possuidora de qualidades éticas e morais alizou. Perde força, no questionário final, uma
das mais elevadas e nobres. Para alguns alu- concepção bastante apoiada na idéia de que
nos, ainda, o profissional é concebido prima- o profissional “é alguém que gosta do que faz”,
riamente como alguém que está satisfeito e apresentada no questionário inicial.
ama o que faz.
Atributos específicos da concepção de pro-
No último dia de aula, o aluno concebe o fissional relacionados ao modo da ação
profissional como alguém que tem fundamen- profissional
talmente qualidades pessoais, em que se des-
tacam aspectos racionais relacionados princi- Observa-se que, no começo de seu curso,
palmente à posse de conhecimento específi- quando na sua concepção de profissional ele 25
co, fruto de sua formação e especialização. menciona seu modo de ação, o aluno o faz
Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão

dando ênfase aos seus aspectos ético- gum tipo de atividade profissional e está fa-
valorativos. O profissional, quando aparece lando sobre ela, pode fazer sentido pensar
como alguém que age de uma determinada em mudanças em suas concepções como po-
maneira, aparece fazendo-o de tal forma em dendo ter sido afetadas pela interação com a
que a ética e a moral predominam (como re- entrevista e outras condições do curso. É cer-
ferências para o modo de ação) sobre os as- to que, depois de ter feito a entrevista e con-
pectos de competência e eficiência da ação. cluído o seu contato com a disciplina, o aluno
Ao final do curso, as duas sub-categorias apa- continua concebendo o profissional principal-
recem com número aproximado de menções, mente em termos de suas qualidades pesso-
mas, quando comparadas com o questionário ais (embora com menor ênfase do que no
inicial, mostram mudanças que precisam ser questionário inicial). Isto se justificaria na me-
consideradas: aumenta a ênfase na eficiência dida em que teve contato com alguém que
da ação, diminuindo a ênfase que inicialmen- fala de seu trabalho e sobre si, e enquanto
te era dada aos seus aspectos morais. fala de suas atividades profissionais, também
está se revelando como pessoa. Entretanto,
Em resumo, os resultados apresentados po- as menções a estas qualidades pessoais pas-
deriam nos levar a caracterizar o aluno que sam a focalizar privilegiadamente os aspectos
chega à Faculdade de Psicologia, tomada de competência técnica e racional. Agora, a
como universo desta pesquisa, como alguém pessoa do profissional é vista principalmente
que imagina o profissional como, basicamen- como alguém que detém conhecimentos téc-
te, um indivíduo que tem determinadas qua- nicos, se especializou e domina uma deter-
lidades pessoais; essas qualidades abrangem minada área de conhecimento e sua satisfa-
tanto aspectos éticos e valorativos quanto de ção pessoal não é mais tão mencionada como
competência técnica e racional. Na concep- anteriormente. Observe-se, também, que o
ção de alguns, ainda, o profissional é visto como profissional passa a ser concebido com um
alguém que, basicamente, está satisfeito por aumento de menções às suas ações profissio-
ser o que é. Nas menções que o aluno faz, nais, o que poderia ter sido afetado pelo con-
neste momento inicial, às ações do profissio- tato com o próprio conteúdo da entrevista,
nal, são evidenciados principalmente os as- em que predominantemente se pergunta so-
pectos éticos e valorativos com que pratica bre o que o profissional faz, como faz e em
essa ação e, em menor escala, os aspectos que condições realiza suas ações, além do
relacionados à sua eficiência. Poder-se-ia ima- contato com os textos do curso em que as
ginar aqui que, tendo passado recentemente atividades dos psicólogos são descritas em
pelo processo de opção profissional, o aluno detalhe. Nesse sentido, observa-se que, quan-
possa ter se perguntado se ele próprio pos- do menciona o modo com que a ação profis-
suía determinadas características pessoais as- sional é realizada, o aluno muda a ênfase: a
sociadas à imagem da profissão que tinha. ação é concebida mais enfaticamente como
Além disso, o que é bastante comum no pro- praticada de modo eficiente, do que de modo
cesso de opção profissional de jovens colegi- moralmente adequado. O fato de, no questi-
ais, na ausência de informações concretas so- onário final, ter aumentado o número de
bre a profissão (por exemplo, sobre formas menções à aplicação de conhecimentos, à
de atuação e mercado de trabalho), os atribu- prestação de serviços e aos beneficiários da
tos pessoais da imagem do profissional prova- ação profissional pode também estar refletin-
velmente se enfatizaram. A partir do momen- do características das entrevistas feitas, já que,
to em que começa seu curso, o aluno passa a ao falar de sua atuação profissional, o psicólo-
entrar em contato com assuntos que não co- go freqüentemente menciona as pessoas à
nhecia, com informações que não possuía e quem presta seus serviços. Estas suposições,
realiza uma entrevista com psicólogos que atu- assim, poderiam estar apontando para algu-
am no mercado. Se entendermos, generica- mas das possibilidades de interação das várias
mente falando, a entrevista com o profissio- condições de ensino presentes no curso, es-
nal como sendo uma oportunidade em que o pecialmente a entrevista, com o repertório de
26 aluno entra em contato pessoal com um psi- imagens sobre o profissional com o qual o alu-
cólogo que está realizando concretamente al- no entra e sai do curso.
Profissionais para Si ou para Outros? Algumas Reflexões Sobre a Formação dos Psicólogos

Discussão reza” (p. 148). Algumas de suas características


pessoais específicas estariam representando
Uma concepção de psicólogo em que se essa natureza, essa “vocação” para a atividade
evidenciam atributos relacionados ao su- profissional. As considerações da autora, nessa
jeito da ação profissional medida, poderiam se aplicar aos resultados
obtidos pelo presente trabalho.
A concepção de profissional apresentada pe-
los alunos, tanto no questionário inicial, quanto Quanto aos aspectos específicos das carac-
no final, põe em evidência, principalmente, terísticas pessoais do profissional concebido
as características pessoais desse profissional. pelos alunos, no questionário inicial o que se
Isto é, o aluno concebe o profissional de for- observou foi uma distribuição praticamente
ma tal que aquilo que o psicólogo é como equivalente entre as menções às qualidades
pessoa, se sobressai em relação a outros as- éticas e morais e às qualidades racionais do
pectos de suas características profissionais, psicólogo. Entretanto, no questionário final,
como sua ação profissional, propriamente dita, salientam-se os aspectos racionais das qualida-
ou o beneficiário dessa ação. des pessoais do psicólogo. Isso parece indicar
que a concepção do aluno pode ter sido afetada
A reflexão sobre o papel que as condições de
ensino mencionadas poderiam ter exercido na
manutenção da ênfase nas características pes-
soais do profissional, indica que o contato com
outros aspectos de uma concepção de profis-
sional não excluiria (e, às vezes, poderia in-
cluir) a presença de fatores que favoreceriam
a manutenção daquelas características. As
entrevistas, principalmente, poderiam ter con-
tribuído para isso, visto que o psicólogo, ao
falar de suas ações profissionais, implícita ou
explicitamente, fala de si, também, enquan-
to pessoa. Além disso, com muita freqüên-
cia, os psicólogos mencionam explicitamente
características pessoais que o psicólogo tem
ou deveria ter para uma atuação satisfatória
(por exemplo, seriedade, maturidade, dom,
honestidade, auto-confiança, altruísmo, humil-
dade, engajamento político etc.).
por outros aspectos presentes nas condições
Esses resultados podem ser uma oportunidade de ensino, como um todo, especialmente
para se refletir sobre as observações de Vilela aqueles referentes à ação do profissional. Os
(1996) a respeito do “ser psicólogo”. Entrevis- textos, as discussões e as informações ofere-
tando supervisores de estágios e estagiários cidas pelo conjunto de condições de ensino
de cursos de formação de psicólogos, a autora da disciplina estão vinculados a um de seus
encontra respostas que parecem revelar a objetivos específicos que é o de colocar o
presença de uma imagem de profissional em aluno em contato com vários aspectos das
que seus atributos pessoais também são diversas possibilidades de atuação do psicólogo,
evidenciados, como no caso da presente e isso inclui, via de regra, a menção às diversas
pesquisa. Segundo ela, o modelo de profis- atividades específicas dos psicólogos em várias
sional encontrado poderia estar revelando o áreas de atuação, em contextos específicos e
predomínio do valor individualista no contexto diferenciados, com determinados objetivos e
social onde a Psicologia se insere. Nessa con- atribuições, em que os profissionais aparecem
cepção, a formação, representada pelo estágio dominando um conhecimento psicológico
e supervisão, seria como que “somente um através de seus métodos e técnicas de
aprimoramento do que já existe pois ser trabalho. O contato do aluno com as entre- 27
psicólogo é, predominantemente, uma natu- vistas, principalmente, evidencia esse aspecto.
Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão

Um outro aspecto dos atributos relacionados à ação profissional. Se, no início do curso, o
ao sujeito da ação profissional (satisfação profissional era concebido mais em função de
pessoal), presente nas concepções dos alunos suas qualidades pessoais do que de sua ação
nos questionários inicial e final, mostra que o profissional, agora, ao final, essa diferença entre
profissional é concebido, também, como os pesos desses atributos quase desaparece.
alguém que gosta do que faz. No questionário O profissional continua sendo concebido como
final, há uma diminuição grande na quantidade alguém que possui determinados atributos
de menções a esse atributo, em relação ao pessoais, mas, agora, é visto, também, como
inicial. Isto é, o atributo satisfação pessoal perde alguém que realiza ações profissionais espe-
força na concepção final do aluno sobre o cíficas, de determinadas formas e com certos
profissional. Poder-se-ia conjeturar que, ao objetivos.
tomar contato com as leituras e discussões do
curso e com os profissionais, o aluno seria O exame das entrevistas e do material de
leitura e discussão do curso permite observar
a presença de um conjunto muito variado e
multifacetado de informações e de elementos
capazes de contribuir para a formação de
imagens relacionadas à ação profissional do
psicólogo e dos inúmeros aspectos que
envolvem sua profissão. Pode-se dizer, assim,
que as imagens iniciais dos alunos, em que a
ação do profissional aparecia em menor
destaque, junto aos seus atributos correlatos
como modo e objetivo da ação, poderiam ter-
se alterado em função do contato com as
entrevistas e outras condições do curso. O
contato com profissionais atuantes que
descrevem o que fazem, como fazem, para
quê fazem, e em quais circunstâncias o fazem,
poderia resultar em uma imagem mais rica da
ação profissional e com uma distribuição mais
envolvido por um conjunto de informações e equilibrada do peso dado aos outros atributos
outras imagens sobre a profissão que correlacionados à essa ação, como a apresen-
relativizariam o peso atribuído a este aspecto tada na concepção final do aluno sobre o pro-
específico ou que o contato com os múltiplos fissional.
aspectos que envolvem a profissão poderia
tê-lo levado a uma imagem mais “real” do grau O modo de ação profissional deixa de ser visto
e da natureza da satisfação pessoal do profis- como baseado fundamentalmente em
sional com seu trabalho: na medida em que aspectos morais e valorativos, passando a
esta satisfação poderia estar sujeita a uma série enfatizar, ao final do curso, a eficiência da ação
de determinantes concretos, inerentes à profissional. A competência profissional do
atuação do psicólogo, muitos deles indese- psicólogo ganha evidência, possivelmente
jáveis, a satisfação pessoal nem sempre seria porque o aluno, em contato com a entrevista,
possível ou o seria em graus variados. tem a oportunidade de encontrar psicólogos
que, via de regra, são contratados para
Uma concepção de psicólogo em que se desempenhar uma função de determinada
evidenciam atributos relacionados à ação forma, para atingir objetivos específicos, dentro
profissional e ao modo e ao objetivo dessa de um contexto de uma instituição que
ação. envolve o atendimento a uma determinada
clientela. Isto é, o profissional além de trabalhar
A leitura da concepção de profissional com base em valores éticos e morais, deve
apresentada pelos alunos nos questionários principalmente realizar ações específicas e da
28 inicial e final mostra, ao término do curso, um forma mais eficiente possível, para atingir seus
aumento de menções a atributos relacionados objetivos ou os das instituições.
Profissionais para Si ou para Outros? Algumas Reflexões Sobre a Formação dos Psicólogos

Uma concepção de psicólogo em que se formação de diferentes imagens em relação à


evidenciam atributos relacionados ao população atingida. Assim, há aqueles que
beneficiário da ação profissional afirmam que todos os estratos sociais são
beneficiados, há aqueles que afirmam que só
A concepção de profissional que subjaz aos as camadas mais altas da população o são,
objetivos da disciplina e às diversas condições assim como, para outros, a abrangência é
de ensino que a caracterizam, prioriza a relação desproporcional aos vários segmentos da
da ação profissional do psicólogo com a população, com privilégio para as camadas mais
sociedade em vários aspectos, especialmente altas.
no sentido da contribuição que o profissional
dá a ela, contribuição esta avaliada, entre Algumas considerações sobre a
outros parâmetros, pela abrangência social do necessidade do professor de Psicologia
trabalho do psicólogo. refletir sistematicamente sobre seu papel
na formação de psicólogos.
Como já mencionamos anteriormente, a
análise da concepção de profissional apre- Considerando que este trabalho se insere em
sentada pelos alunos, ao iniciarem seu curso, um contexto em que a profissão do psicólogo
mostra que são poucos aqueles cujas concep- é discutida em alguns de seus aspectos especí-
ções fazem menção à sua abrangência social. ficos, principalmente naqueles relacionados à
Ao final do curso, observa-se um aumento sua formação acadêmica e ao seu papel social,
considerável de menções ao beneficiário da parece necessário que se estabeleçam algumas
ação do profissional. Agora o profissional é reflexões sobre estas e outras questões relacio-
uma pessoa que tem uma atividade desem- nadas, tendo como referência os resultados
penhada em relação a, ou para, outro(s), de observados na presente pesquisa.
uma certa maneira.
Os resultados reafirmam a necessidade de se
Um dos aspectos que poderia ser inicialmente pensar no papel que a formação profissional
apontado como fazendo parte de condições do psicólogo vem desempenhando sobre sua
propiciadoras dessas imagens, seria o fato de atuação. A observação feita aqui, de que o
que, nas entrevistas, ainda que não esteja futuro profissional chega ao curso de Psicologia
explicitamente referindo-se à questão da concebendo um profissional possuidor de
abrangência social da profissão, ao descrever certos atributos que parecem não contribuir
suas atividades e falar de seu trabalho, o para que sua atuação profissional futura atenda
psicólogo, geralmente, identifica sua clientela, às amplas necessidades da sociedade, apóia
refere-se às pessoas para quem realiza seu esta afirmação. Se imaginarmos que o psicó-
trabalho, bem como aos resultados que obtém logo concebe o profissional de sua área como
ou pretende obter. Nesse sentido, parece que alguém que estuda para atuar quase que
podemos considerar esta condição de ensino exclusivamente em uma única área e concebe
como adequada às prescrições de Mello essa atuação como algo que se caracteriza
(1996), para quem é preciso que o ensino da fundamentalmente pelos atributos pessoais de
Psicologia “se localize, isto é, defina o espaço quem a realiza e não pelas suas ações profis-
social em que vai atuar, conheça os contornos sionais, especialmente no que se refere aos
sócio-econômicos e culturais da população que destinatários ou beneficiários dessas ações,
vai ser atendida, respeite as diferenças que talvez sua atuação concreta reflita essa concep-
possam existir, elimine preconceitos” (p. 3). ção, sendo menos provável que ele venha
atender às necessidades da sociedade. Nessa
Além disso, a questão da abrangência social medida, faria sentido pensar em como a
da profissão é explicitamente mencionada formação profissional do psicólogo poderia
pelos entrevistados, seja como prescrição de interferir para que essa concepção se alterasse.
comportamento, seja pela identificação que Em outras palavras, caberia aqui citar
fazem dos estratos sociais atingidos concre- Figueiredo (1983): “não se trata, apenas ou
tamente por seu trabalho. Em relação a isso, principalmente de esclarecer, mas de promo-
observa-se que o aluno é exposto a um con- ver um confronto sistemático com as fantasias 67
29
junto variado de avaliações, possibilitando a individuais e coletivas: antes de passar informa-
Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão

ções e instalar habilidades, parece necessário essas alterações se configuraram em torno do


combater os equívocos e esperanças infun- conceito de profissional que a disciplina em
dadas” (p. 13). O presente trabalho procurou questão pretendia enfatizar. A concepção de
examinar sistematicamente como essas con-
profissional trouxe consigo, ao final, novos
cepções trazidas pelos alunos para a faculdade
interagiram com algumas condições de ensino atributos, relacionados à competência técnica
de uma disciplina que objetivava especifi- do sujeito, à sua ação, mencionada na suas
camente contribuir para a formação de uma mais variadas formas, ao modo com que essa
concepção de profissional que, se acreditava, ação é realizada e, o que é importante quando
tornaria mais provável o desempenho de um se considera a questão das necessidades
psicólogo em vários setores e circunstâncias
sociais, ao beneficiário dessa ação. Pode-se
em que as necessidades da sociedade se mani-
festariam. Os resultados obtidos mostram que, afirmar, assim, que sua concepção ao final do
de fato, aquela concepção de profissional curso se aproxima mais de um profissional que
apresentada inicialmente sofreu alterações e se relaciona efetivamente com a sociedade.

Waldir Bettoi & Livia Mathias Simão


Rua Joaquim Antunes, 721 apt.2
Cep.: 05415-012 São Paulo - SP
e-mail: bettoi@usp.br e limsimao@usp.br

Recebido em 24/03/99 - Aprovado em 02/10/99

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