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D.

Sebastião
perspectivado n’”Os
Lusíadas” e na
“Mensagem”
“Os Lusíadas” – Estrutura
Interna

 Proposição (apresentação do assunto):

 Invocação (súplicas da inspiração para escrever o


poema):

 Dedicatória (oferecimento da obra a D. Sebastião):

 Narração (desenvolvimento do assunto, já a meio da


acção):

Mensagem” – Estrutura Interna

Primeira parte – brasão (os construtores do império).

Segunda parte – mar português (o sonho marítimo e a


obra das descobertas).

Terceira parte – o encoberto (a imagem do império


moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen
da ressurreição de provocar o nascimento do império
espiritual, moral e civilizacional. A esperança do quinto
império).
D. Sebastião n’ ”Os
Lusíadas”
Canto I
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E vós, ó bem nascida segurança Mas enquanto este tempo passa lento
Da Lusitana antígua liberdade, De regerdes os povos, que o desejam,
E não menos certíssima esperança Dai vós favor ao novo atrevimento,
De aumento da pequena Cristandade; Para que estes meus versos vossos
Vós, ó novo temor da Maura lança, sejam;
Maravilha fatal da nossa idade, E vereis ir cortando o salso argento
Dada ao mundo por Deus, que todo o Os vossos Argonautas, por que vejam
mande, Que são vistos de vós no mar irado,
Para do mundo a Deus dar parte grande; E costumai-vos já a ser invocado.

Canto X
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E não sei por que influxo de Destino 155
Não tem um ledo orgulho e geral gosto, Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Que os ânimos levanta de contino Só me falece ser a vós aceito,
A ter pera trabalhos ledo o rosto. De quem virtude deve ser prezada.
Por isso vós, ó Rei, que por divino Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes) Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pres[s]aga mente vaticina
Senhor só de vassalos excelentes. Olhando a vossa inclinação divina,

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Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
D. Sebastião na Mensagem
Referências a D. Sebastião na Mensagem
1ª Parte – III – As Quinas
Quinta / D. Sebastião, Rei de Portugal
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem


Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

2ª Parte
XI - A Última Nau
Levando a bordo El-Rei D. escuro
Sebastião, E breve.
E erguendo, como um nome,
alto o pendão Ah, quanto mais ao povo a
Do Império, alma falta,
Foi-se a última nau, ao sol Mais a minha alma atlântica se
aziago exalta
Erma, e entre choros de ânsia E entorna,
e de preságio E em mim, num mar que não
Mistério. tem tempo ou espaço,
Vejo entre a cerração teu vulto
Não voltou mais. A que ilha baço
indescoberta Que torna.
Aportou? Voltará da sorte
incerta Não sei a hora, mas sei que há
Que teve? a hora,
Deus guarda o corpo e a forma Demore-a Deus, chame-lhe a
do futuro, alma embora
Mas Sua luz projecta-o, sonho Mistério.
Surges ao sol em mim, e a
névoa finda: ainda
A mesma, e trazes o pendão Do Império.

3ª Parte – I – Os Símbolos
Primeiro / D. Sebastião
'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.

Terceiro / O Desejado
Onde quer que, entre sombras e dizeres,
Jazas, remoto, sente-se sonhado,
E ergue-te do fundo de não-seres
Para teu novo fado!

Vem, Galaaz com pátria, erguer de novo,


Mas já no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
À Eucaristia Nova.
Mestre da Paz, ergue teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o Santo Graal!

3ª Parte – III – Os Tempos


5 – Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!

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