Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário
1 Lista 1 2
2 Lista 2 8
3 Lista 3 14
4 Lista 4 20
1
1 Lista 1
Exercício 1. Seja d : N × N → R definida por d(m, n) = |m2 − n2 |. É (N, d) um espaço
métrico? Justifique a sua resposta.
d(m, n) = |m2 − n2 | = 0 =⇒ m2 − n2 = 0 =⇒ m2 = n2 =⇒ m = n,
visto que m, n ≥ 0.
d(m, n) = |m2 −n2 | = |m2 −p2 +p2 −n2 | ≤ |m2 −p2 |+|p2 −n2 | = d(m, p)+ d(p, n).
d(x, y)
θ(x, y) = , δ(x, y) = kd(x, y), k ∈ R+
1 + d(x, y)
Solução:
θ:
2
δ:
ρ:
η:
A função η não precisa ser uma métrica. Por contra-exemplo: X = R, d(x, y) =
|x − y|. Então η(x, y) = (x − y)2 e a desigualdade triangular falha:
3
Solução: Recorde que definimos:
p
d1 (x, y) := (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2
d2 (x, y) := |x1 − y1 | + |x2 − y2 |
d3 (x, y) := max{|x1 − y1 |, |x2 − y2 |},
onde x = (x1 , x2 ) e y = (y1 , y2 ). Suponha sem perda de generalidade que max{|x1 −
y1 |, |x2 − y2 |} = |x1 − y1 |. Temos:
2
√
visto
√ que
√ (x 2 − y2 ) ≥ 0. Agora, recorde que, dados a, b ≥ 0, vale que a+b ≤
a + √b (isto √ pode √ ser provado, por exemplo, fixando b > 0, considerando a função
f(x) = x + b − x + b e utilizando Cálculo). Assim, temos:
d1 (x, y) = (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 ≤ (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 = |x1 −y1 |+|x2 −y2 | = d2 (x, y).
p p p
E por fim, assumindo novamente sem perda de generalidade que max{|x1 −y1 |, |x2 −
y2 |} = |x1 − y1 |, temos:
d2 (x, y) = |x1 − y1 | + |x2 − y2 | ≤ 2|x1 − y1 | = 2d3 (x, y).
Exercício 5. Prove que toda norma em k · k em R é da forma kxk = a · |x|, onde a > 0
é uma constante e |x| é o valor absoluto de x. Conclua que toda norma em R provém
de um produto interno.
Solução: Sabemos que vale kxk = k1 · xk = k1k · |x|, encarando 1 como vetor de R e
x como escalar do corpo R. A constante prescrita é a = k1k > 0. Agora verifiquemos
que kxk = a · |x| satisfaz a lei do paralelogramo (a soma dos quadrados dos lados é
igual à soma dos quadrados das diagonais):
2(kxk2 + kyk2 ) = kx + yk2 + kx − yk2
De fato, o lado esquerdo é 2(a2 x2 + a2 y2 ) = 2a2 (x2 + y2 ). E o lado direito é:
a2 (x + y)2 + a2 (x − y)2 = a2 (x2 + 2xy + y2 + x2 − 2xy + y2 ) = 2a2 (x2 + y2 ),
portanto k · k provém de um produto interno.
4
Exercício 6. A fim de que uma métrica d, num espaço vetorial E, seja proveniente de
uma norma, é necessário e suficiente que, para x, a ∈ E e λ ∈ R arbitrários, se tenha
d(x + a, y + a) = d(x, y) e d(λx, λy) = |λ|d(x, y). Mostre esta afirmação.
Solução:
=⇒ : Suponha que d provém de uma norma k · k em E, isto é, d(x, y) = kx − yk.
Então temos:
d(x + a, y + a) = k(x + a) − (y + a)k = kx − yk = d(x, y),
e também:
d(λx, λy) = kλx − λyk = kλ(x − y)k = |λ|kx − yk = |λ| d(x, y).
Exercício 7. Demonstre que um espaço normado diferente de {0} não tem pontos
isolados.
5
Exercício 8. Em todo espaço métrico (M, d), tem-se
∞
1
\ \
B[a, r] = B(a, s) = B a, r +
s>r n=1
n
e ∞
1
\ \
{a} = B(a, s) = B a, .
s>0 n=1
n
Exprima, dualmente, cada bola aberta de M como uma reunião de bolas fechadas.
Que as uniões estão contidas em B(a, r) é claro. Agora tome x ∈ B(a, r), e vejamos
que x está emSambas as uniões. Seja s < r qualquer. Temos d(a, x) ≤ s < r, portanto
x ∈ B[a, s]
⊂ s<r B[a, s]. Do mesmo modo, dado n ∈ Z>0 , temos d(a, x) ≤ r − n1 < r,
aí x ∈ B a, r − n1 ⊂ ∞ 1
n=1 B a, r − n .
S
Exercício 9. Sejam (M, dM ), (N, dN ) espaços métricos. Usando a métrica d[(x, y), (x 0 , y 0 )] =
max{dM (x, x 0 ), dN (y, y 0 )} definida sobre M × N, mostre que a esfera de centro (a, b) e
raio r em M × N é igual a (B[a, r] × S(b, r)) ∪ (S(a, r) × B[b, r]).
Solução: Temos:
(x, y) ∈ S((a, b), r) ⇐⇒ d[(x, y), (a, b)] = r ⇐⇒ max{dM (x, a), dN (y, b)} = r
dM (x, a) = r e dN (y, b) ≤ r x ∈ S(a, r) e y ∈ B[b, r]
⇐⇒ ⇐⇒
ou dM (x, a) ≤ r e dN (y, b) = r ou x ∈ B[a, r] e y ∈ S(b, r)
(x, y) ∈ S(a, r) × B[b, r]
⇐⇒ ⇐⇒ (x, y) ∈ (B[a, r]×S(b, r))∪(S(a, r)×B[b, r]).
ou (x, y) ∈ B[a, r] × S(b, r)
Exercício 10. Mostre que em todo espaço vetorial normado, as bolas abertas contém
mais de um elemento x diferente de seu centro.
Solução: Dado r > 0 qualquer e um centro a no espaço, para cada n ∈ Z>0 , o vetor
x = a + 2nrkaak está no espaço. Com efeito:
a − a + ra
ra
=
= r kak = r < r.
2 kak
n
2 kak
2n kak
n 2n
6
Exercício 11. Seja X = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y2 < 1} o disco unitário aberto do plano
euclidiano R2 . Dado a = (5, 0), prove que d(a, X) = 4.
Solução: Temos:
q
d(a, x) = (x1 − a1 )2 + · · · (xp − ap )2 + (xp+1 − ap+1 )2 + · · · + (xn − an )2
q
=⇒ d(a, x) = (x1 − a1 )2 + · · · + (xp − ap )2 + a2p+1 + · · · + a2n ,
7
2 Lista 2
Exercício 1. Seja f : R → R uma função estritamente crescente, e d : R × R → R uma
função definida por:
d(x, y) = |f(x) − f(y)|.
Prove que a função d é uma métrica.
Solução:
• Desigualdade triangular:
Solução:
• Positividade: Veja que ed([x], [y]) = d(x, y) ≥ 0 pra quaisquer [x], [y] ∈ M/Rd ,
pois d é semi-métrica. Ainda mais, vale:
• Simetria: e
d([x], [y]) = d(x, y) = d(y, x) = e
d([y], [x]).
• Desigualdade triangular:
Exercício 3. A distância entre dois pontos (x, y), (x 0 , y 0 ) de R2 está definida por
d((x, y), (x 0 , y 0 )) = |(x − x 0 ) + (y − y 0 )|. Prove que d é uma semi-métrica.
8
Solução:
• Simetria:
• Desigualdade triangular:
Solução:
• Seja p ∈ M. Basta tomar B(p, 1/2) = {x ∈ M | d(x, p) < 1/2} = {p}. Então p é
isolado, e como p era qualquer, segue que M é discreto.
a bola aberta (resp. fechada) de centro x e raio r é o produto cartesiano das bolas
abertas (resp. fechadas) de centro xi e raio r (i = 1, 2, . . . n).
9
Solução: Diretamente das definições:
Solução: Tome a métrica do máximo no espaço produto. Assim, vale que B(a, r) =
B(a1 , r) × B(a2 , r) para qualquer r > 0.
=⇒ : Suponha a isolado. Então existe r > 0 tal que B(a, r) = {a}. Então:
Exercício 7. Num espaço métrico M, seja b ∈ B(a, r). Prove que existe uma bola
aberta de centro b contida em B(a, r).
Solução: Considere s = r − d(a, b) > 0. Afirmo que B(b, s) ⊂ B(a, r). Com efeito,
tome p ∈ B(b, s). Aí:
Exercício 8. Se b não está na bola fechada B[a, r], prove que existe s > 0 tal que a
bola B[a, r] é disjunta da bola B[b, s].
10
Solução: Considere qualquer 0 < s < d(a, b) − r. Agora tome p ∈ B[b, s]. Vejamos
que p 6∈ B[a, r]. De fato:
e além disso d(a, b) ≤ d(p, a) + d(p, b) =⇒ d(p, a) ≥ d(a, b) − d(p, b), e com isso:
Exercício 10. Prove que dados a, b, x ∈ M e (M, d) espaço métrico, tem-se que
|d(a, x) − d(b, x)| ≤ d(a, b).
Solução: Temos:
e permutando as letras temos d(b, x) − d(a, x) ≤ d(b, a) = d(a, b). Pela definição de
módulo resulta que |d(a, x) − d(b, x)| ≤ d(a, b).
• Todo conjunto finito de pontos é limitado, e tem como diâmetro o maior dos
números d(xi , xj ), i, j = 1, 2, . . . , m.
Solução:
11
• Escreva X = {x1 , . . . , xm }. Por definição:
Solução:
=⇒ : Chame r = δ(X) < ∞, tome p ∈ X qualquer e considere a bola B[p, r]. Então
X ⊂ B[p, r]. Com efeito, se x ∈ X, temos d(p, x) ≤ δ(X) = r =⇒ x ∈ B[p, r].
⇐= : Suponha que X está contido em alguma bola B(p, r), para algum p ∈ M, r > 0.
Tome x, y ∈ X. Daí:
Exercício 13. Num espaço vetorial normado E, seja B = B(a, r) a bola aberta de
centro a ∈ E e raio r > 0. Dado b ∈ E, tem-se d(b, B) = 0 se, e somente se, b ∈ B[a, r].
Solução:
=⇒ : Suponha que d(b, B) = inf {d(b, x | x ∈ B)} = 0. Então, para todo n ∈ Z>0 ,
existe xn ∈ B tal que d(b, xn ) < 1/n. Assim:
1
d(a, b) ≤ d(a, xn ) + d(b, xn ) < r + , ∀ n ∈ Z >0 ,
n
e passando ao limite obtemos d(a, b) ≤ r, isto é, b ∈ B.
12
Observação. Na verdade o resultado acima vale para um espaço métrico qualquer.
Solução:
=⇒ : Suponha que d(x, ∆) = inf {d(x, p) | p ∈ ∆} = 0. Então, para todo n ∈ Z>0 , existe
pn = (pn , pn ) ∈ ∆ tal que d(x, pn ) < 1/(2n), isto é, max{d(x1 , pn ), d(x2 , pn )} <
1/(2n), e daí d(x1 , pn ), d(x2 , pn ) < 1/(2n). Desta forma, temos:
1 1 1
d(x1 , x2 ) ≤ d(x1 , pn ) + d(x2 , pn ) < + = , ∀ n ∈ Z>0 ,
2n 2n n
e tomando o limite obtemos d(x1 , x2 ) = 0. Então x1 = x2 e x ∈ ∆.
13
3 Lista 3
Exercício 1. Dadas f, g : M → R contínuas, prove que são contínuas em a as funções
φ, ψ : M → R, definidas por φ(x) = max{f(x), g(x)} e ψ(x) = min{f(x), g(x)} para todo
x ∈ M.
Solução: Dado > 0 existe δ > 0 (tomando o menor dos δ para f e g) tal que para
x ∈ B(a, δ) tem-se:
f(a) − < f(x) < f(a) + −f(a) − < −f(x) < −f(a) +
=⇒ ,
g(a) − < g(x) < g(a) + g(a) − < g(x) < g(a) +
e daí g(x) − f(x) > g(a) − f(a) − 2. Tome o δ correspondente à = (g(a) − f(a))/2.
Solução: Se f(a) > 0, chamando g a função nula, temos f(a) > g(a) = 0, e pelo
exercício anterior existe uma bola aberta B na qual f(x) > g(x) = 0. Analogamente
trata-se o caso f(a) < 0.
Solução: Seja = dN (f(a), g(a)) > 0. Então existem δf , δg > 0 tais que x ∈ BM (a, δf )
implica dN (f(x), f(a)) < /2 e x ∈ BM (a, δg ) implica dN (g(x), g(a)) < /2. Tome
δ = min{δf , δg }. Afirmo que B(a, δ) é a bola procurada. Com efeito, suponha por
absurdo que exista y ∈ f(B(a, δ)) ∩ g(B(a, δ)). Então existem x1 , x2 ∈ B(a, δ) tais que
y = f(x1 ) = g(x2 ). E assim:
14
Exercício 5. Seja F : I → R derivável em todos os pontos do intervalo aberto I. Mostre
que se F é lipschitziana, então sua derivada é limitada em I.
Solução: Existe M > 0 tal que |F(x + h) − F(x)| ≤ M|h| para todo x ∈ I e h pequeno
o suficiente para que x + h ainda esteja em I. Então:
F(x + h) − F(x) M|h|
0 ≤ ≤ = M,
h |h|
e tomando o limite h → 0 (cuja existência é garantida por hipótese), temos 0 ≤
|F 0 (x)| ≤ M.
Solução:
• Seja a ∈ M e > 0. Seja lá qual for , existe δ > 0 tal que B(a, δ) = {a}, pois
a é isolado. Então se x ∈ B(a, δ), temos d(f(x), f(a)) = d(f(a), f(a)) = 0 < .
• =⇒ : Seja a ∈ M. Como N é discreto, f(a) é isolado e existe > 0 tal que
BN (f(a), ) = {f(a)}. Por continuidade, para este > 0 existe δ > 0 tal que
x ∈ BM (a, δ) implica f(x) ∈ BN (f(a), ) = {f(a)}, isto é, f(x) = f(a), e f é
constante na bola BM (a, δ).
⇐= : Seja a ∈ M e > 0. Independentemente do valor de , por hipótese existe
uma bola B(a, δ) na qual f é constante, e esta constante deve necessari-
amente ser f(a). Então x ∈ B(a, δ) implica d(f(x), f(a)) = d(f(a), f(a)) =
0 < . Portanto f é contínua em a.
15
Exercício 8. Prove que se F : M → N é uma função contínua e injetora, e tal que F(a)
é um ponto isolado de N, então a é um ponto isolado de M.
Solução: Como f(a) é isolado em N, existe > 0 tal que BN (f(a), ) = {f(a)}.
Por continudade, existe δ > 0 tal que x ∈ BM (a, δ) implica f(x) ∈ BN (f(a), ), isto é,
f(x) = f(a). Como f é injetora, concluímos que x = a, e daí B(a, δ) = {a}. Logo a é
isolado em M.
e também:
1 −1
G(F(x, y)) = G((fM (x), fN (y))) = (f−
M (fM (x)), fN (fN (y))) = (x, y).
E por fim note que G é contínua por ter componentes contínuas. Então F é uma
bijeção contínua com inversa contínua, logo homeomorfismo.
π(π−1 (x)) = π(x, F(x)) = x, π−1 (π(x, F(x))) = π−1 (x) = (x, F(x)).
E ainda π−1 é contínua por ter componentes contínuas (a identidade e F). Logo π é
um homeomorfismo.
16
Exercício 11. Prove que toda bola aberta B = B(a, r) do espaço euclidiano Rn é
homeomorfa ao espaço Rn inteiro.
Solução: Toda bola B(a, r) é homeomorfa à bola B(0, 1). Então a estratégia é provar
que a bola B(0, 1) é homeomorfa ao Rn , e este homeomorfismo será construido à
partir da ideia de expandir a bola radialmente em todas as direções. Para tal, o nosso
primeiro passo é construir um homeomorfismo entre (0, 1) e R≥0 . Já sabemos que
tan : (0, π) → R≥0 é um homeomorfismo. E a aplicação φ1 : (0, 1) → (0, π) dada por
φ1 (x) = πx também. Desta forma, temos que a aplicação (0, 1) 3 x 7→ tan(πx) ∈ R é
um homeomorfismo entre (0, 1) e R≥0 . Com isto em mãos, definimos F : B(0, 1) → Rn
pondo:
F(x) = tan(πkxk) x.
Assim F é um homeomorfismo. Agora só nos resta achar um homeomorfismo entre
B(a, r) e B(0, 1) e compor com F. A ideia é aplicar uma translação para encaixar os
centros, e então uma homotetia para ajustar o tamanho da bola. Um homeomorfismo
entre (0, r) e (0, 1) é dado por φ2 (x) = x/r. Então G : B(a, r) → B(0, 1) dada por
G(x) = kx−r ak (x − a) é um homeomorfismo entre as bolas. Desta forma, a composta
h = F ◦ G : B(a, r) → Rn é uma composta de homeomorfismos. Explicitamente:
πkx − ak2
kx − ak
h(x) = tan (x − a).
r r
Exercício 12. Prove que a esfera Sn menos o polo sul é homeomorfa ao espaço Rn .
x
e
π(x) = ,
1 + xn+1
onde já identificamos x = (x1 , . . . , xn+1 ) com x
e = (x1 , . . . , xn ). Então π é o homeomor-
fismo procurado.
17
Solução: Na verdade basta a condição d2 d1 . Como d1 é discreta, existe > 0 tal
que Bd1 (a, ) = {a}. E como d2 d1 , existe δ > 0 tal que Bd2 (a, δ) ⊂ Bd1 (a, ) = {a}.
Como bolas abertas são não-vazias, temos Bd2 (a, δ) = {a}, e portanto d2 é discreta (já
que a era arbitrário).
Exercício 14. Mostre que se existirem números reais m, n > 0 tais que d(x, y) ≤
nd 0 (x, y) e d 0 (x, y) ≤ md(x, y) quaisquer que sejam os pontos x, y ∈ M, então as
métricas d e d 0 são equivalentes.
d(x, a) ≤ nd 0 (x, y) < n = ,
n
e vale a afirmação. Portanto d 0 d. Analogamente tem-se que B a, m ⊂ B 0 (a, ) e
Solução: Note que d(x, y) ≤ ρ(x, y) quaisquer que sejam x, y ∈ M. Então dada uma
bola qualquer Bd (a, ), afirmo que Bρ (a, ) ⊂ Bd (a, ). Com efeito, se x ∈ Bρ (a, ),
tem-se:
d(x, a) ≤ ρ(x, y) < ,
e daí x ∈ Bd (a, ), o que testemunha que ρ d. Agora considere uma bola Bρ (a, ).
Como f é contínua em a, existe e δ > 0 tal que d(x, a) < e
δ implica d1 (f(x), f(a)) < /2.
Então tome δ = min{δ, /2}. Afirmo que Bd (a, δ) ⊂ Bρ (a, ). Tome x ∈ Bd (a, δ).
e
Assim d(x, a) < δ e valem as observações anteriores. Temos:
ρ(x, a) = d(x, a) + d1 (f(x), f(a)) < + = ,
2 2
e vale a afirmação. Assim d ρ. Concluímos que as métricas são equivalentes.
Exercício 16. Seja φ : [0, +∞[→ [0, +∞[ uma função estritamente crescente tal que
φ(0) = 0 e φ(x + y) ≤ φ(x) + φ(y). Então, se d é uma métrica em M, prove que φ ◦ d
também é uma métrica em M. Se, além disso, φ for contínua no ponto 0, as métricas
d e φ ◦ d são equivalentes.
Solução: Sejam x, y, z ∈ M.
18
• Positividade: φ(d(x, y)) ≥ 0 pois φ só assume valores não-negativos. Como φ
é estritamente crescente, φ é injetora, e daí vale o primeiro ⇐⇒ de :
• Desigualdade triangular:
Agora assuma φ contínua em 0. Considere uma bola Bφ◦d (a, ). Como φ é contínua
em 0, existe δ > 0 tal que d(x, y) < δ nos dá φ(d(x, y)) < . Então claramente
Bd (a, δ) ⊂ Bφ◦d (a, ) e d φ ◦ d. Agora considere uma bola Bd (a, ). Afirmo que
Bφ◦d (a, φ()) ⊂ Bd (a, ). Com efeito, tome x ∈ Bφ◦d (a, φ()). Então φ(d(x, y)) < φ()
nos dá que d(x, y) < , visto que φ é crescente. Portanto φ ◦ d d, e concluímos
que as métricas são equivalentes.
19
4 Lista 4
Exercício 1. Seja M um espaço métrico e A ⊂ M. Prove que A é aberto em M se, e
somente se A ∩ ∂A é vazio.
Solução:
=⇒ : Se A é aberto em M, dado p ∈ A existe r > 0 tal que B(p, r) ⊂ A. Daí que
B(p, r) ∩ Ac = ∅ e concluímos que p 6∈ ∂A. Isto é, A ∩ ∂A = ∅.
⇐= : Suponha A∩∂A = ∅. Tome p ∈ A. Então p 6∈ ∂A, o que por definição significa
que existe r > 0 tal que B(p, r) ⊂ A ou B(p, r) ⊂ Ac . O segundo caso não pode
ocorrer pois p ∈ A, logo B(p, r) ⊂ A e A é aberto em M.
Solução:
• Considere o R2 com a métrica do máximo. Dado (x0 , y0 ) ∈ T , tome r = y0 > 0.
Então se (x, y) ∈ B((x0 , y0 ), r), temos que |y − y0 | < r, daí:
y0 − r < y < y0 + r =⇒ 0 < y,
logo (x, y) ∈ T e B((x0 , y0 ), r) ⊂ T . Portanto T é aberto no R2 .
20
Exercício 3.
• Prove que um conjunto reduzido a um ponto tem interior não-vazio se, e somente
se, o ponto é isolado. O conjunto de números racionais tem interior vazio.
Solução:
• ({a} tem interior não vazio) ⇐⇒ (a é interior a {a}) ⇐⇒ (existe r > 0
tal que B(a, r) ⊂ {a}, isto é, B(a, r) = {a}) ⇐⇒ (a é isolado). Aplicando as
contra-positivas da asserção acima, temos que os racionais tem interior vazio
pois nenhum ponto é isolado (de fato, Q é denso em R).
Solução:
• int(A ∩ B) = int(A) ∩ int(B): Tome x ∈ int(A ∩ B). Então existe r > 0 tal que
B(x, r) ⊂ A ∩ B, isto é, B(x, r) ⊂ A e B(x, r) ⊂ B. Então x ∈ int(A) e x ∈ int(B),
portanto int(A ∩ B) ⊂ int(A) ∩ int(B).
Para a outra inclusão, tome x ∈ int(A) ∩ int(B). Então existem rA , rB > 0
tais que B(x, rA ) ⊂ A e B(x, rB ) ⊂ B. Tome r = min{rA , rB } > 0, de sorte que
B(x, r) ⊂ A∩B, donde segue que x ∈ int(A∩B). Daí int(A∩B) ⊃ int(A)∩ int(B).
• int(A) ∪ int(B) ⊂ int(A ∪ B): Tome x ∈ int(A) ∪ int(B), isto é, x ∈ int(A)
ou x ∈ int(B). Então suponha sem perda de generalidade que x ∈ int(A).
Existe r > 0 tal que B(x, r) ⊂ A ⊂ A ∪ B, e daí x ∈ int(A ∪ B). Portanto
int(A) ∪ int(B) ⊂ int(A ∪ B).
Exercício 5. A fronteira (ou bordo) de um conjunto aberto tem interior vazio. Além
disso, se um conjunto A e seu complementar Ac têm interior vazio, a fronteira de cada
um deles é o espaço inteiro.
21
Solução: Seja A ⊂ M um conjunto aberto. Seja x ∈ ∂A. Provemos que x 6∈ int(∂A),
isto é, que para qualquer r > 0, B(x, r) 6⊂ ∂A. Como x ∈ ∂A, B(x, r) ∩ A 6= ∅, então
tome y ∈ B(x, r) ∩ A. Como este último conjunto é uma interseção de dois abertos, é
aberto também, então existe s > 0 tal que B(y, s) ⊂ B(x, r) ∩ A. Como B(y, s) ⊂ A,
temos que B(y, s) ∩ Ac = ∅, então y 6∈ ∂A, e daí segue que B(x, r) 6⊂ ∂A (achamos
um elemento y que está no primeiro conjunto mas não no segundo). A conclusão é
que int(∂A) = ∅.
Para a segunda parte do exercício, usamos a decomposição:
onde as uniões acima são disjuntas (no final usamos que (Ac )c = A). Se A e Ac tem
interiores vazios, só resta que M = ∂A = ∂(Ac ).
• B = {1/n | n ∈ Z>0 }
• C = {0} ∪ (1, 2) em R.
• Z≥0
• Q
Solução:
• C = { 0 } ∪ [1 , 2 ].
• Z≥0 = Z≥0 .
• Q = R.
22
Exercício 8. Se U é um aberto em M e V é um fechado em M, então U \ V é aberto
e V \ U é um fechado em M.
Solução: Para a primeira parte, basta notar que B[0, 1] = (0, 1), que claramente é
aberto em M.
Para a segunda parte, acharemos um ponto de B[a, r] que não está em seu interior.
r
Como E por hipótese contém um vetor v não nulo, considere o vetor x = a + v.
kvk
Temos:
r
r
r
kx − ak =
a + kvk v − a
=
kvk v
= kvk kvk = r,
portanto x ∈ B[a, r]. Afirmo que x não é interior à bola. Seja > 0 e considere o
vetor y = x + v. Temos:
2kvk
kx − yk =
x − x −
v
=
v
= kvk = < ,
2kvk 2kvk
2kvk 2
então y ∈ B(x, ). Falta ver que y 6∈ B[a, r]. Com efeito:
r + /2
r + /2
r
a + kvk v + 2kvk v − a
=
kvk v
= kvk kvk = r + /2 > r.
ky − ak =
Exercício 10. Prove que, num espaço vetorial normado E, o fecho da bola aberta
B(a, r) é a bola fechada B[a, r]. É verdade num espaço métrico qualquer?
Solução: Seja p ∈ B(a, r). Então para cada n ∈ Z>0 existe xn ∈ B(a, r) tal que
d(p, xn ) < 1/n. Então:
1
d(a, p) ≤ d(a, xn ) + d(p, xn ) < r + .
n
Como d(a, p) < 1/n para todo n, passamos ao limite e obtemos d(a, p) ≤ r, isto é,
p ∈ B[a, r] e temos a primeira inclusão B(a, r) ⊂ B[a, r]. Esta inclusão é válida para
qualquer espaço métrico.
23
Agora tome p ∈ B[a, r]. Vamos provar que d(p, B(a, r)) = 0, assim obtendo a
r−
segunda inclusão. Seja 0 < < r, e considere x = a + (p − a). Provaremos que
r
d(p, x ) ≤ mas que x ∈ B(a, r), terminando a demonstração. Temos:
r−
r −
r−
kx − ak =
a +
(p − a) − a
=
= r kp − ak ≤ r − < r,
(p − a )
r r
• M \ X = M \ int(X).
• int(M \ X) = M \ X.
Solução:
• x ∈ int(Xc ) ⇐⇒ existe r > 0 tal que B(x, r) ⊂ Xc ⇐⇒ existe r > 0 tal que
c
B(x, r) ∩ X = ∅ ⇐⇒ x 6∈ X ⇐⇒ x ∈ X .
Solução: Primeiramente, note que ser reunião de bolas abertas é equivalente a ser
aberto. ComSefeito, reuniões de bolas abertas são conjuntos S
abertos, e se X é aberto,
temos X = x∈X {x} ⊂ x∈X B(x, rx ) ⊂ X, donde temos X = x∈X B(x, rx ). Visto que
S
pré-imagens de abertos por funções contínuas são conjuntos abertos, basta provarmos
que N × N \ ∆ é um aberto de N × N, e terminamos. Mas de fato, N é homeomorfo
à N × {p} (onde p ∈ N é qualquer), que é fechado em N × N, e ∆ é fechado por ser
homeomorfo à N (logo à N × {p}), visto que é o gráfico da identidade idN : N → N
(contínua). Assim N × N \ ∆ é aberto.
24
Exercício 13. Dados X, Y num espaço métrico M, prove que X ∪ Y = X ∪ Y .
(x, y) ∈ ∂(A × B) ⇐⇒
B((x, y), r) ∩ (A × B) 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
e B((x, y), r) ∩ (A × B)c 6= ∅
B((x, y), r) ∩ (A × B) 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
e B((x, y), r) ∩ ((Ac × B) ∪ (A × Bc )) 6= ∅
B((x, y), r) ∩ (A × B) 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
e (B((x, y), r) ∩ (Ac × B)) ∪ (B((x, y), r) ∩ (A × Bc )) 6= ∅
(B(x, r) × B(y, r)) ∩ (A × B) 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
e ((B(x, r) × B(y, r)) ∩ (Ac × B)) ∪ ((B(x, r) × B(y, r)) ∩ (A × Bc )) 6= ∅
(B(x, r) × B(y, r)) ∩ (A × B) 6= ∅ e (B(x, r) × B(y, r)) ∩ (Ac × B) 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
ou (B(x, r) × B(y, r)) ∩ (A × B) 6= ∅ e (B(x, r) × B(y, r)) ∩ (A × Bc )) 6= ∅
(B(x, r) ∩ A 6= ∅ e B(x, r) ∩ Ac 6= ∅) e B(y, r) ∩ B 6= ∅
⇐⇒ ∀ r > 0,
ou B(x, r) ∩ A 6= ∅ e (B(y, r) ∩ B 6= ∅ e B(y, r) ∩ Bc 6= ∅)
x ∈ ∂A e y ∈ B
⇐⇒ ⇐⇒ (x, y) ∈ ∂A × B ou (x, y) ∈ A × ∂B
ou x ∈ A e y ∈ ∂B
⇐⇒ (x, y) ∈ (∂A × B) ∪ (A × ∂B)
25
Solução: Seja x ∈ A ∩ B. Considere uma bola aberta qualquer B(x, r). Como A é
aberto, existe um r 0 > 0 tal que B(x, r 0 ) ⊂ A. Seja r 00 = min{r, r 0 }. Então temos que
B(x, r 00 ) ⊂ A e B(x, r 00 ) ∩ B 6= ∅, já que x ∈ B. Então B(x, r 00 ) ∩ A ∩ B 6= ∅, e como
B(x, r 00 ) ⊂ B(x, r), resulta que B(x, r) ∩ A ∩ B 6= ∅ também, e obtemos que x ∈ A ∩ B.
Portanto está verificada a inclusão afirmada inicialmente.
Se A não é aberto, pode ser que a inclusão falhe, visto que não garantiremos
que B(x, r) intersecta A. De fato, na reta com a métrica usual, tome A = [0, 1] e
B = (1, 2). Então {1} = [0, 1] ∩ [1, 2] = A ∩ B 6⊂ A ∩ B = ∅ = ∅.
Solução: Seja x ∈ A. Provemos que x 6∈ S, isto é, que existe r > 0 tal que
B(x, r) ∩ S = ∅. Como A é aberto, existe r > 0 tal que B(x, r) ⊂ A. Como A ∩ S = ∅,
temos que B(x, r) ∩ S = ∅, e este r é o procurado.
Solução:
=⇒ : Suponha que x ∈ ∂A. Seja > 0. Então B(x, )∩A 6= ∅, isto é, existe p ∈ A tal
que d(x, p) < . Como > 0 é qualquer, tomando o ínfimo obtemos d(x, A) = 0.
Analogamente temos d(x, Ac ) = 0.
Solução:
26
=⇒ : Suponha a ∈ X isolado. Então existe r > 0 tal que B(a, r) = {a}. Então se
x 6= a, temos que d(a, x) ≥ r. Tomando o ínfimo em x, temos que d(a, X \ {a}) ≥
r > 0.
⇐= : Suponha que d(a, X \ {a}) = r > 0. Então considere a bola B(a, r). Temos que
x ∈ B(a, r) implica d(a, x) < r = inf {d(a, x) | x 6= a}, donde segue que x 6∈ X \ {a},
e daí x = a. Logo a ∈ X é isolado.
Exercício 21. Uma aplicação f : M → N é contínua se, e somente se, para todo Y ⊂ N
tem-se f−1 (int(Y)) ⊂ int(f−1 (Y)).
1
Tem outro argumento fácil por sequências: se pn ∈ F para todo n ∈ Z>0 , e pn → p, como
a função descrita anteriormente é contínua, temos d(pn , S) ≤ r/2 =⇒ lim d(pn , S) ≤ r/2 =⇒
d(p, S) ≤ r/2 =⇒ p ∈ F, e F é fechado.
27
Exercício 22. Sejam f1 , f2 , . . . , fn : M → N aplicações contínuas e a1 , a2 , . . . , an ∈ N.
O conjunto de pontos x ∈ M tais que fi (x) 6= ai , para todo i = 1, 2, . . . , n é aberto em
N.
Solução:
⇐= : Suponha f contínua e fechada. Só falta ver que f−1 é contínua, e faremos isto
verificando que pré-imagens de fechados são fechados. Ora, como antes, se
F ⊂ M é fechado, temos que (f−1 )−1 (F) = f(F) é fechado, pois f é uma aplicação
fechada.
Exercício 24. Dar um exemplo de uma aplicação que seja contínua e aberta, mas não
fechada.
Exercício 25. Uma aplicação f : M → N é contínua se, e somente se, para todo
X ∈ M tem-se f(X) ⊂ f(X).
28
Solução:
=⇒ : Suponha que f é contínua. Seja y ∈ f(X). Vamos provar que y ∈ f(X). Tome
V uma vizinhança aberta de y em N, e escreva y = f(x) para algum x ∈ X. Por
continuidade, temos que existe U vizinhança aberta de x com f(U) ⊂ V . Como
x ∈ X, temos que U ∩ X 6= ∅, e assim:
donde V ∩ f(X) 6= ∅, e daí y ∈ f(X). Como y era arbitrário, temos f(X) ⊂ f(X).
⇐= : Seja F ⊂ N um fechado. Vamos provar que f−1 (F) é fechado em M, o que nos
dá a conclusão. Temos:
f(f−1 (F)) ⊂ f(f−1 (F)) ⊂ F = F =⇒ f−1 (F) ⊂ f−1 (f(f−1 (F))) ⊂ f−1 (F).
Como a outra inclusão, f−1 (F) ⊂ f−1 (F), vale sempre, obtemos que f−1 (F) = f−1 (F)
é fechado, e logo f é contínua.
d(x, F)
f(x) = .
d(x, F) + d(x, G)
A função está bem-definida pois os conjuntos são não-vazios. O denominador nunca
se anula pois F e G são disjuntos. A função é contínua, pois dado X ⊂ M, a aplicação
x 7→ d(x, X) é contínua, e f é um quociente de funções contínuas. Ainda, temos:
onde agora usamos que F e G são fechados. Basta tomar > 0, e então U =
f−1 (] − , 1/2[) e V = f−1 (]1/2, 1 + [) são pré-imagens de abertos, logo abertos. São
disjuntos, pois:
E por fim, {0} ⊂] − , 1/2[ =⇒ F = f−1 (0) ⊂ f−1 (] − , 1/2[) = U, e analogamente tem-se
que G ⊂ V .
Solução:
29
=⇒ : Suponha que F é fechado. Note que todo ponto de acumulação de F é também
de aderência, portanto F 0 ⊂ F = F.
Exercício 30. Num espaço de Hausdorff, todo conjunto finito tem derivado vazio.
Além disso, prove que num espaço de Hausdorff M, o derivado de qualquer subconjunto
F de M é fechado.
30
Se para todo x ∈ X, x 6∈ A 0 , concluímos que A 0 = ∅, como desejado.
Agora para a segunda parte, tome F ⊂ M. Para provar que F 0 é fechado, vamos
verificar que F 0 contém todos os seus pontos de acumulação, isto é, vamos verificar
que F 00 ⊂ F 0 . Seja x ∈ F 00 , e U ⊂ M um aberto contendo M. Temos que (U\{x})∩F 0 6= ∅.
Então tome y nesta interseção. Como M é Hausdorff, temos que {x} é fechado, e
com isso U \ {x} é um aberto contendo y. Então ((U \ {x}) \ {y}) ∩ F 6= ∅. Porém:
Solução: Basta notar que para qualquer > 0, temos que A = (0, 1 + ) ∩ X é a
interseção de X com um aberto de R, portanto é um aberto de X. Mas A não é um
aberto de R, pois 1 não é um ponto interior de A. Com efeito, nenhum intervalo
(1 − , 1 + ) está contido em (0, 1].
Solução:
=⇒ : Suponha que f seja fechada. Tome y ∈ Y qualquer e U ⊂ X aberto com f−1 ({y}).
Se U é aberto, então X \ U é fechado. Como f é uma aplicação fechada, f(X \ U)
é fechado em Y , e então V = Y \ f(X \ U) é aberto em Y .
Afirmo que y ∈ V . Caso contrário, y ∈ f(X \ U) e daí existe x ∈ X \ U com
y = f(x). Então este x também verifica x ∈ f−1 ({y}) ⊂ U, nos dando que
U ∩ (X \ U) 6= ∅, absurdo.
E por fim:
f−1 (V) = f−1 (Y \ f(X \ U)) = f−1 (Y) \ f−1 (f(X \ U)) ⊂ X \ (X \ U) = U.
⇐= : Suponha que valha a hipótese, e vamos provar que f é uma aplicação fechada.
Seja F ⊂ X fechado. Queremos provar que f(F) ⊂ Y é fechado. Em outras
palavras, X\F é aberto, e queremos provar que Y \f(F) é aberto. Seja y ∈ Y \f(F).
Vejamos que f−1 ({y}) ⊂ X \ F: se x ∈ f−1 ({y}), então f(x) = y ∈ Y \ f(F), de
modo que f(x) 6∈ f(F). Afirmo com isto que x 6∈ F. Com efeito, se x ∈ F, então
y = f(x) ∈ f(F). Então x ∈ X \ F, e concluímos que f−1 ({y}) ⊂ X \ F.
Pela hipótese, existe V ⊂ Y aberto com y ∈ V e f−1 (V) ⊂ X \ F. Por fim, afirmo
que V ⊂ Y \ f(F). Por absurdo, se y ∈ V e y ∈ f(F), existe x ∈ F com y = f(x), e
este x verifica x ∈ f−1 ({y}) ⊂ X \ F, nos dando que F ∩ (X \ F) 6= ∅, contradição.
Isto nos dá que Y \ f(F) é aberto, logo f(F) é fechado. Como F ⊂ X era um
fechado qualquer, concluímos que f é uma aplicação fechada, como desejado.
31
Exercício 33. Dar um exemplo de uma função contínua que não seja aberta, e um
exemplo de uma função aberta que não seja contínua.
Solução: Considere f : (R, ddiscreta ) → (R, d), onde d é a métrica usual, dada por
f(x) = x. Então f é contínua, por ter um domínio discreto, mas não é aberta, pois
para cada x ∈ (R, ddiscreta ) temos que {x} é aberto, mas f({x}) = {x} não é aberto em
(R, d).
Por outro lado, considere f : [0, 2] → [0, 1], com ambos os intervalos tendo a
métrica usual induzida de R, dada por f(x) = x se x ∈ [0, 1], e f(x) = x − 1 se x ∈]1, 2].
Temos que f não é contínua em x = 1. Mas f é uma aplicação aberta. Dado 0 < < 1,
temos que f([0, [) = [0, [ é aberto em [0, 1]. Se 0 < a, b < 1, então f(]a, b[) = ]a, b[
é aberto em [0, 1]. Dado 0 < < 1, temos que f(]1 − , 1 + [) = ]0, [ ∪ ], 1] é aberto
em [0, 1]. Ainda, se 1 < a, b < 2, temos f(]a, b[) = ]a − 1, b − 1[ aberto em [0, 1]. E
por fim, temos que se 0 < < 1, f(]2 − , 2]) = ]1 − , 1] é também aberto em [0, 1].
Portanto concluímos que f é uma aplicação aberta.
Solução: Fixe x ∈ ∂A. Para todo n ≥ 1 existe rn > 0 tal que se y ∈ B(x, rn ), vale
|f(y) − f(x)| < n1 . Mas para todo n ≥ 1, temos B(x, rn ) ∩ A 6= ∅. Então podemos tomar
pontos yn nesta interseção, e assim:
1 1
f(x) > f(yn ) − >− , ∀ n ≥ 1 =⇒ f(x) ≥ 0.
n n
Repetindo este argumento com M \ A ao invés de
A obtemos que f(x) ≤ 0. Portanto
f(x) = 0. Como x ∈ ∂A era arbitrário, obtemos f∂A = 0, como queríamos.
32
• Todo homeomorfismo local é uma aplicação contínua e aberta.
Solução:
• Seja y ∈ N qualquer. Vejamos que f−1 ({y}) é discreto. Tome x ∈ f−1 ({y}).
Como f é um homeomorfismo local, existe U ⊂ M aberto contendo x tal que
f U : U → f(U) é um homeomorfismo. Em particular, f é bijetora. Afirmo que
{x} = U ∩ f−1 ({y}). Se x 0 ∈ U ∩ f−1 ({y}), então temos que f(x) = f(x 0 ) = y, e como
x, x 0 ∈ U e f é em particular injetora em U, temos que x = x 0 . Então x é um
ponto isolado de f−1 ({y}) (mais exatamente, {x} = U ∩ f−1 ({y}) é a interseção de
um aberto com f−1 ({y}), portanto é aberto em f−1 ({y})). Como x era arbitrário,
temos que todo ponto de f−1 ({y}) é isolado, logo f−1 ({y}) é discreto.
Vejamos agora que f−1 ({y}) é fechado. Assuma agora que M e N são espaços de
Hausdorff2 . Seja x ∈ f−1 ({y}). Suponha por absurdo que x 6∈ f−1 ({y}), isto é, que
f(x) 6= y. Então existe um aberto U ⊂ M contendo x tal que fU : U → f(U) é um
homeomorfismo. Note que a condição de x estar no fecho de f−1 ({y}) garante
que U ∩ f−1 ({y}) 6= ∅ e disto segue que y ∈ f(U). Ainda mais, existe V ⊂ f(U)
aberto (logo aberto em N também) tal que f(x) ∈ V e y 6∈ V . Assim, temos
que U ∩ f−1 (V) é um aberto contendo x. Afirmo que U ∩ f−1 (V) ∩ f−1 ({y}) = ∅.
Com efeito, se z está nesta interseção, então z ∈ U, z ∈ f−1 (V) e z ∈ f−1 ({y}), o
que nos dá f(z) = y ∈ V , contradição. Com isto, temos que U ∩ f−1 (V) é uma
vizinhança aberta de x que não intersecta f−1 (V), contradizendo que x ∈ f−1 ({y}).
Desta forma f−1 ({y}) = f−1 ({y}) é fechado.
33
M, W é aberto em M e portanto f(W) ⊂ V . Como x e V eram arbitrários, f é
contínua.
Solução:
34
• Seja (M, d) um espaço métrico. Tome x, y ∈ M, com x 6= y, e seja r =
d(x, y)/2 > 0. Considere as bolas abertas x ∈ B(x, r) e y ∈ B(y, r). Afirmo
que B(x, r) ∩ B(y, r) = ∅. Caso contrário, tome z ∈ B(x, r) ∩ B(y, r), e veja que:
35
Solução: Temos que ∅ é aberto por vacuidade e X é claramente aberto. Seja
{Ui }i∈I uma coleção S
arbitrária de abertos. Se i∈I Ui = ∅, nada há o que fazer. Caso
S
contrário, tome x ∈ i∈I Ui . Então x ∈ Uix para algum ix ∈ I. Como Uix , existe r > 0
tal que: [
x ∈ B(x, r) ⊂ Uix ⊂ Ui ,
i∈I
Solução:
⇐= : Suponha que seja válida a condição com as bolas e os raios. Vamos provar
que τ1 = τ2 . Seja U ∈ τ1 . Se U = ∅, não há o que fazer. Se U 6= ∅, para cada
x ∈ U existe rx > 0 tal que x ∈ Bd1 (x, rx ) ⊂ U, de modo que:
[ [ [
U= {x} ⊂ Bd1 (x, rx ) ⊂ U =⇒ U = Bd1 (x, rx )
x∈U x∈U x∈U
Mas por hipótese, para cada uma das bolas Bd1 (x, rx ), existe rx0 > 0 tal que
Bd2 (x, rx0 ) ⊂ Bd1 (x, rx ). Então novamente tomando uniões, obtemos:
[ [ [ [
U= Bd1 (x, rx ) ⊃ Bd2 (x, rx0 ) ⊃ {x} = U =⇒ U = Bd2 (x, rx0 ) ∈ τ2 ,
x∈U x∈U x∈U x∈U
Exercício 42. Seja (M, d) um espaço métrico, seja c > 0, e definamos uma nova
métrica d 0 em M, pela fórmula d 0 (x, y) = c d(x, y). Prove que d e d 0 geram a mesma
topologia em M.
36
Solução: Sejam p ∈ M e r > 0 arbitrários. Afirmo que Bd 0 (p, cr) ⊂ Bd (p, r).
Com efeito, temos que se x ∈ Bd 0 (p, cr), então d(x, p) = c1 d 0 (x, p) < c1 cr = r. Assim
a topologia gerada por d 0 é mais fina do que a topologia gerada por d. Porém
d(x, y) = c1 d 0 (x, y) e c1 > 0, de modo que o mesmo argumento se aplica para mostrar
que a topologia gerada por d é mais fina do que a topologia gerada por d 0 . Portanto
d e d 0 geram a mesma topologia sobre M.
Exercício 43. Mostre que a métrica dmax (x, y) = max{|x1 −y1 |, · · · , |xn −yn |} e a métrica
Euclidiana geram a mesma topologia em Rn .
Solução: Como todo conjunto é a união dos seus pontos, basta mostrar que todo
conjunto unitário é aberto. Mas se x ∈ X, temos que {x} = B(x, 1/2), e vimos que
bolas abertas são conjuntos abertos.
37