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Moderno
Prólogo:
Fruto de pesquisas em dezenas de artigos e livros sobre o assun-
to, o presente trabalho visa elucidar alguns pontos que convergem a situ-
ações distintas, sendo algumas equívocas, quanto à interpretação de al-
guns autores sobre o início da MAÇONARIA NO BRASIL, além de tratar
de nuances sobre o Rito Francês ou Moderno quanto a sua Fundação,
Usos e Costumes no país.
Tutorial:
Os textos produzidos para este projeto não representam a opinião de seus editores e são de
total responsabilidade de seus autores.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por quaisquer
meios existentes sem prévia comunicação dos editores e detentores dos direitos.
Copyright 2019
Prefácio.
Quando fui convidado pelo meu muito querido e ilustre irmão, Cleber Tomás Vianna,
para prefaciar o seu livro “Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil”,
com muita honra, não hesitei.
Esta publicação foi elaborada e tecida por um maçom com o mais profundo compro-
metimento na Arte Real, cuja ação, difusão, estudo e investigação maçônica a torna deveras
relevante e valorosa em âmbito nacional.
O seu vasto conhecimento nas diversas práticas ritualísticas e a sua permanente a-
tenção no desenvolvimento e projeção dos valores inerentes à Ordem Maçônica, não se traduz em
mera retórica, uma vez que a sua atuação é concisa, o que lhe confere merecidamente ser uma
referência no contexto da maçonaria Ibero-americana.
Nosso ilustre irmão Cleber, com a sua vasta e longa carreira maçônica, conserva a
tradição maçônica e prima pelo amor e a paixão pela realidade histórica, ritualística e documental,
e um procedimento analítico e preciso como o seu, brinda de forma fraterna e filantrópica conheci-
mentos para todos os maçons e amantes da Ordem em geral.
Sua mente aberta, sua constante busca nas fontes originais, seu intercambio com
demais irmãos esparsos pelo Orbe e estudiosos da matéria esmera e glorifica o seu trabalho
dando exemplo de paixão, amor e perseverança, o que me lembra muito os pilares onde se sus-
tentam as Lojas e seus princípios: Sabedoria, Força e Beleza.
Esses atributos fazem com que mediante o uso das joias chamadas “móveis” na ma-
çonaria do século XVIII, passemos por distintas fases: do estado evolutivo humano, denominado
joias imóveis - do grotesco ao último estado de direção e planificação da Obra, mediante exemplo
vital, o qual deve ser exercido no dia-a-dia.
O irmão Cleber é um bom exemplo disso: é uma Tábua de Delinear viva, que alcan-
çou esse nível mediante um labor singelo, porém, perseverante, sólido, convicto, aberto e contras-
tado. Assim, desta forma e, somente assim, poderemos separar a luz das trevas.
O Rito Francês ou Moderno, este grande desconhecido, lamentavelmente, inclusive
entre os seus praticantes, resulta ser o Rito de Fundação. Nascido em uma prática onde se pre-
tende a União dentro da diversidade, o enriquecimento na pluralidade, em uma época onde a
maçonaria, sem adjetivos, utilizava a “palavra” como chave de acesso e o ritual como porta de
Cleber Tomás Vianna 5
O Maestro Joaquim Villalta Mata é Maçonólogo, Mestre Instalado, Cavaleiro da Sapiência – Gran-
de Inspetor Geral, Grau 9º e último da Vª Ordem de Sabedoria do Rito Moderno, membro ativo do
Sublime Conselho do Rito Moderno para o Equador e membro Honorário do Grande Oriente Lusi-
tano e do Grande Oriente Nacional da Colômbia.
Cleber Tomás Vianna 7
8 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Salvador/Bahia
2019
ÍNDICE
Prólogo: 2
Tutorial: 3
Prefácio: 4
Fundação, usos e costumes: 10
Peculiaridades do Rito: 21
Câmara dos Altos Graus: 24
SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno: 29
Graus e Rituais adotados no Brasil: 35
O Rito Moderno em Portugal e no Brasil: 38
Equívocos históricos publicados em obras maçônicas: 56
Breve currículo do autor: 91
Créditos – (direitos reservados aos seus autores): 98
10 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
1
Fundação, Usos e Costumes.
Denomina-se como Rito Moderno tudo o que parte da primeira Grande Loja da
Inglaterra, que se diz fundada a partir de 1717 e, que segue a ritualística nos moldes da publicação
feita por Samuel Prichard em 1730, no famoso livro ―A Maçonaria Dissecada‖. Alguns maçons
simpatizantes do tradicionalismo antigo fundam em 1751 uma segunda Grande Loja, tida, então,
como a dos Antigos. Em 1813 as duas se fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Nascido do desejo de se criar uma unidade racional na diversidade de corren-
tes de pensamento vigentes à época, o Rito Moderno é filho e herdeiro direto do pensamento
iluminista. Embora criado sob moldes racionais, pautou inicialmente suas regras na primitiva Cons-
tituição de Anderson, deísta e tolerante no aspecto religioso. Após a Revolução Francesa, em 21
de maio de 1799, o GOdF (Grande Oriente da França) e a GLUI (Grande Loja Unida da Inglaterra)
redigem um tratado de união.
Entretanto, em 1815, a GLUI impõe a crença em um Ser Supremo Revelado a-
través das Regras de 8 pontos de reconhecimento, o que gera um clima tenso entre o Grande
Oriente e a mesma. Em 1877 vem a ruptura definitiva entre as duas potências, quando o GOdF
extingue a obrigatoriedade da crença em Deus e na imortalidade da alma como reconhecimento de
um homem como maçom.
É oportuno dizer, conforme relata em seus profícuos estudos o maçonólogo
da Espanha, irmão Joaquim Villalta, que a Maçonaria Belga, uma das maiores da Europa Conti-
nental, havia se antecipado ao GOdF e, já em 1782, se declarava de forma incontinenti, ―Adogmá-
tica‖, desobrigando-se e aos seus afiliados, do uso do Dístico ―Grande Arquiteto do Universo‖
(GADU).
Coerente com esta linha de pensamento, e, talvez por causa disso, conside-
rado o condutor da Maçonaria do 3º. Milênio, o Rito Moderno dá ao maçom o direito de pensar com
irrestrita liberdade, o dever de trabalhar para o bem-estar social e econômico do cidadão, e a
capacidade de defender os direitos naturais e sociais do homem, seja de qualquer cultura ou
nacionalidade. Este humanismo explícito, muitas vezes atrita-se com o status quo social, do qual a
religião é um de seus pináculos básicos.
O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma ordem mística, embora seus
três primeiros graus o sejam, baseados que estão no pensamento judaico-cristão. Ainda assim, o
maçom do Rito Moderno é naturalmente cientificista e, portanto, pedagogicamente mais afeito à
forma do aprendizado do que ao seu conteúdo.
Cleber Tomás Vianna 11
O Rito Moderno entende que a busca da verdade se realiza no Grau de Aprendiz pela
intuição, no Grau de Companheiro através da análise e culmina no Grau de Mestre pelo desenvol-
vimento da capacidade de síntese, num processo evolutivo lógico-racional baseado no pensamen-
to científico contemporâneo.
Os padrões de conduta do Rito Moderno são racionais e cartesianos, enriquecidos na
contemporaneidade, por um Humanismo essencialmente democrático e plural. Características
essenciais para um mundo globalizado.
O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma Ordem Mística, embora seus
três primeiros graus estejam impregnados da mística das civilizações antigas. A busca da verdade,
transitória e inefável, realiza-se pelo aprendiz na intuição, pelo companheiro na análise e pelo
mestre na síntese, num processo evolutivo e racional. Os padrões do pensamento da Maçonaria
Francesa são racionais e científicos, e se prendem à época moderna, ao Humanismo.
A síntese dos debates da Assembleia em 1876, que levaram à resolução de 1877,
mostra bem, que:
―A Franco-maçonaria não é deísta, nem é ateísta, nem sequer positivista. A instituição
que afirma e pratica a solidariedade humana, é estranha a todo dogma e a todo credo religioso.
Tem por princípio único o respeito absoluto da liberdade de pensamento e consciência. Nenhum
homem inteligente e honesto poderá dizer, seriamente, que o Grande Oriente de França quis banir
de suas lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma quando, ao contrário, em nome da
liberdade absoluta de consciência, declara, solenemente, respeitar as convicções, as doutrinas e
as crenças de seus membros‖.
Neutralidades quanto à religião.
―O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor, respeitosamente
neutro, quanto à exigência, para os seus adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou
Ente Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por con-
testante ateísmo materialístico, mas unicamente, pelo respeito incondicional ao modo de pensar de
cada irmão, ou postulante. Demonstra apenas, a evolução das crenças estimulando os seus segui-
dores ao uso da razão, para formar a sua própria opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus
resulta da consciência e que as exteriorizações do seu culto não passam de um sentimento íntimo,
que se pode traduzir das mais diversas maneiras.‖
O Rito Moderno, por saber que a atitude filosófica da Maçonaria é a pesquisa constan-
te da verdade, e por outro lado, ao ver que a verdade, para que seja considerada em todo o seu
sentido, deve ser absoluta e infinita, abraça a corrente de pensamento que reconhece
a impossibilidade do conhecimento do Absoluto pelo homem em sua finitude e relatividade, ou
seja, o AGNOSTICISMO, afirmando assim uma posição de humildade perante o Absoluto, o que
deveria ser característica de todo Maçom. Acrescente-se mais que o Gnosticismo, como teoria
da possibilidade de conhecimento (não confundir com os chamados "Gnósticos" do início da Era
12 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Dogma e Adogmatismo.
―Deixemos aos teólogos o cuidado de discutir os dogmas.‖ Deixemos às igrejas totalitárias o cuida-
do de formular os Sillabus. Mas que a Maçonaria se torne o que deve ser: uma instituição aberta
14 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
ao progresso, a todas as ideias morais e elevadas, a todas as aspirações largas e liberais. Que ela
não desça jamais à arena ardente das discussões teológicas, que não têm trazido senão dissen-
sões e perseguições. Que ela se guarde de querer ser uma Igreja, um Concílio, um Sínodo! Porque
todas as Igrejas, Concílios e Sínodos têm sido violentos e perseguidores, porque o dogma é, por
sua natureza, inquisidor e intolerante. Que a Maçonaria paire, pois, majestosamente, acima de
todas as questões de igrejas ou de seitas; que ela sobreleve do alto, todas essas discussões; que
ela se torne o vasto abrigo, sempre aberto a todos os espíritos generosos e bravos, a todos os
perquiridores conscienciosos e desinteressados da verdade e a todas as vítimas, enfim, do despo-
tismo e da intolerância.
A Moção que adotou o voto nº. 9, supressivo, consta, finalmente, à fl. 248 do Boletim
de 1877:
―A Assembleia, considerando que a Franco-Maçonaria não é uma religião, não pode,
por consequência, afirmar em suas Constituições doutrinas ou dogmas‖.
O texto aprovado estabelecia: ―A Franco-Maçonaria, instituição inteiramente filantrópi-
ca e progressista, tem por objetivo a procura da verdade, o estudo da moral universal, das ciências
e das artes e o exercício da beneficência. Tem por princípios a liberdade absoluta de consciência e
a solidariedade humana. Não exclui ninguém por suas crenças. Tem por divisa: Liberdade, Igual-
dade e Fraternidade‖, (―Les Franc-Maçons‖, de Serge Hutin, ed. 1960, pág. 109, coleção ―Le
Temps qui court‖).
É curioso assinalar-se que a aprovação se deu após um discurso muito aplaudido do
Ir∴ Desmons, que não era livre pensador, mas um pastor protestante.
No Brasil, já na República, entre 1891-1901, o Grão-Mestre Antônio Joaquim de Ma-
cedo Soares, tendo como Secretário-geral Henrique Valadares, deu à Maçonaria grande influência
francesa e, como diz Viegas em 1986: ―julgando-se dentro do espírito da lei da separação entre a
Igreja e o Estado, amoldou-se melhor o Rito Francês ao eliminar a Bíblia do Altar dos Juramentos e
suprimir as referências ao Grande Arquiteto do Universo.‖
A reforma constitucional de 1877 só alcançava a jurisprudência do Grande Oriente de
França, mas o Grande Oriente do Brasil, onde se praticava o Rito Francês acompanhou aquela
Potência.
A maçonaria é equidistante das religiões, não é uma seita religiosa, e os Irmãos que
assim a tornam são, evidentemente, ou aqueles que procuram desvirtuá-la, ou aqueles que, insa-
tisfeitos com suas religiões procuram na Maçonaria uma nova religião ou a compensação para
as suas frustrações místicas.
Cleber Tomás Vianna 15
Em 1969, houve a decisão final adotada pelo Mui Poderoso e Sublime Capítulo do Ri-
to Moderno, hoje, SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno. (Vide Ritual do GOB de 2009,
págs. 17 - 23 ou Boletim do Grande Oriente do Brasil nº. 8 - Ano 98 – Agosto/Setembro de 1969 -
págs. 61- 63 – [Transcrição abaixo]).
Cleber Tomás Vianna 17
Levamos ao conhecimento do Pod∴ Ir∴ que o Muito Pod∴ e Sub∴ Grande Cap∴ do Rito
Moderno para o Brasil, em Sessão realizada aos oito dias do mês de setembro do ano de 5969 da
V∴ L∴, tomando conhecimento da comunicação verbal formulada pelo Grão Mestrado, ao propósi-
to das preocupações da Potência Simbólica, no que tange à colocação do Livro da Lei (especifica-
mente a Bíblia), como uma das alfaias das Lloj∴ Simbólicas, houve por bem tomar a Resolução
anexa a este.
Seja-nos lícito enfocar a posição desta Oficina, que jamais abdicou ou abdicará de suas
prerrogativas, mas tão somente se permitiu examinar o aspecto material da questão, no pertinente
às conveniências internacionais.
Ademais disso, esta Potência, centenária e regular, não poderia se furtar ao exame da
matéria, porém, dentro do prisma em que foi equacionada, até porque, é de sua tipicidade apreciar
e discutir problemas que interessem à Ordem dentro do campo amplo do filosofismo.
Esperando ter dado mais uma contribuição para o Simbolismo, sem quaisquer laivos de
ingerência, aproveitamos o ensejo para enviarmos o Trip∴ Abr∴ Frat∴ ao querido e Pod∴ Ir∴.
Atenciosas saudações,
CONSIDERANDO que o Livro da Lei faz parte integrante das luzes da Loj∴ ao lado do
Esq∴ e do Comp∴;
CONSIDERANDO, por derradeiro, que esta Oficina Filosófica cuida única e exclusiva-
mente dos Graus Filosóficos:
A Grande Loja Unida da Inglaterra preza que se atendam os oito pontos para
o reconhecimento de uma Potência Maçônica, o que nós aceitamos, haja vista que o
Grande Oriente do Brasil tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com ela.
1. – Deve ter sido legalmente estabelecida por uma Grande Loja ou por três
ou mais lojas privadas, cada qual garantida por uma Grande Loja Regular;
2. – Deve ser verdadeiramente independente e autogovernada, com autori-
dade inconteste sobre a Maçonaria Operativa ou Básica (id est, os graus simbólicos de
Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom) dentro de sua jurisdição e não estar sujeita de
nenhuma maneira a divisão de poder com outro corpo maçônico;
3. – Os maçons sob sua jurisdição devem ser homens, e ele e suas Lojas
não devem ter nenhum contato maçônico com lojas que admitam mulheres como mem-
bros;
4. – Os maçons sob sua jurisdição devem acreditar em um ser supremo;
5. – Todos os maçons sob sua jurisdição devem tomar suas obrigações so-
bre ou à plena vista do Volume da Lei Sagrada (id est, a Bíblia) ou o livro considerado
sagrado pelo postulante;
6. – As Três Grandes Luzes da Franco-Maçonaria (id est, o Livro da Lei Sa-
grada, o Esquadro e o Compasso) devem estar visíveis quando a Grande Loja ou suas
Lojas Subordinadas estiverem abertas;
20 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Landmarks.
O Rito Moderno, coerente com seus princípios, aceita como mais concernen-
te a compilação de Findel, que é a seguinte:
1. - A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que to-
dos os homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de
Anderson, primeiro documento oficial da moderna Maçonaria);
2. – Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalida-
de, credo religioso ou político;
3. – Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno di-
reito de visitar outras Lojas;
4. – Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter
liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade;
5. – A igualdade dos Maçons em Loja;
6. – A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons
dentro da Fraternidade;
7. – Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de
levar para a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política;
8. – O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na I-
niciação;
9. – O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito
de voto e o de ser representado no Alto Corpo.
Cleber Tomás Vianna 21
2
PECULIARIDADES DO RITO CONSOANTES AOS RITUAIS
ADOTADOS NO BRASIL.
No Rito Moderno, estudamos que o maçom, fiel ao espírito da própria Instituição, tem
uma tríplice caminhada a percorrer, passando por três estados: o Místico, o Metafísico e o Científi-
co, uma vez que nós, maçons, estamos ligados ao próprio destino da Humanidade.
Dependendo do grau em que a Loja esteja trabalhando, varia a posição do esquadro e
do compasso sobre o Livro da Lei:
No grau de Aprendiz Maçom, o esquadro é colocado sobre o compasso, com suas
hastes ocultando as hastes deste; No de Companheiro, eles, os instrumentos, estão entrecruza-
dos, com uma das hastes do esquadro ocultando uma haste do compasso, enquanto a outra haste
deste cobre a outra haste daquele; no de Mestre, o compasso é colocado sobre o esquadro, com
suas hastes ocultando as hastes deste. Nos ritos místicos, esotericamente, o compasso representa
o espírito e o esquadro simboliza a matéria.
Assim, no Aprendiz, ainda imperfeito, a materialidade suplanta a espiritualidade; no
Companheiro, há um equilíbrio entre a espiritualidade e a materialidade; e, finalmente, no Mestre,
há o triunfo do espírito sobre a matéria.
No racional Rito Moderno, todavia, a interpretação é outra: no grau de Aprendiz, as
hastes do compasso, presas sob o esquadro, representam a mente, ainda subjugada pelos pre-
conceitos e pelas convenções sociais, sem a necessária liberdade para pesquisar e procurar a
Verdade; no grau de Companheiro, onde é libertada uma das hastes, há a demonstração de que o
maçom já tem certa liberdade de raciocínio e está no caminho da Verdade; no grau de Mestre, as
hastes do compasso, que é o símbolo do conhecimento, livres, mostram que o Mestre é aquele
que tem a mente totalmente livre para se dedicar ao trabalho de construção.
Para os ritos teístas, a verdade, simbolizada pelas hastes livres do compasso, é a
Verdade Divina, o atributo da mais alta espiritualidade, só reconhecido na divindade, enquanto a
verdade simbolizada pelas hastes presas do compasso é a Verdade humana, demonstrada como
imperfeita, rústica, instável e subjugada pelos preconceitos. Para o Rito Moderno, a verdade conti-
da nas hastes do compasso é a Verdade sempre renovada da evolução científica, do raciocínio
livre e do espírito crítico, que dá, ao Homem, a liberdade de escolher os seus padrões morais e
espirituais, sem o paternalismo que lhe mostre uma verdade estática e imutável, transformada em
transcendental e, por isso mesmo, enigmática e inacessível.
Afinal, o que é a Verdade? Ninguém, até hoje, respondeu a essa pergunta. Se a ver-
dade do homem é, ainda, uma incógnita, como se pode estabelecer o teor da verdade divina, se
Deus, segundo todas as teologias, é o Infinito Incognoscível? Mostra ainda, o Rito Moderno, que
ele não elimina o conceito de divindade, mas também não o impõe. Ele apenas respeita a liberda-
de de consciência do Homem e o seu raciocínio crítico, rejeitando os paradigmas impostos por
Cleber Tomás Vianna 23
homens falíveis, que, em nome de suas crenças místicas, pretendem se arvorar em arautos e
intérpretes da Vontade e da Verdade de Deus.
O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o
dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser racionalista e, portanto, Adogmático, propugna
pela busca da Verdade, ainda que provisória e em constante mutação.
A filosofia do Rito se opõe a qualquer espécie de discriminação.
O Rito Moderno emprega SS∴, TT∴ e PP∴ para cada grau; desenvolve as cerimônias
por meio de fórmulas misteriosas e emblemáticas dentro dos Templos, com símbolos da constru-
ção universal; usa no primeiro Grau a Câmara das Reflexões para o neófito, desenvolve na inicia-
ção o cultivo da Moral, da Frat∴ e da Tolerância e explica as viagens simbólicas; no 2º. Grau
glorifica, na cerimônia iniciática, o trabalho e o emprego das respectivas ferramentas e o aprimo-
ramento das ciências e das artes; no 3º. Grau adota a lenda de Hiram e a sua analogia com o
princípio científico que a vida nasce da morte.
Tudo isso se contém nos três Graus simbólicos do Rito Francês ou Moderno, com
exceção da afirmação dogmática. Evidentemente assim é porque o Rito é agnóstico, o que, aliás,
não contraria o cânone citado no – ―Livro das Constituições‖ de Anderson, solenemente aprovado
como codificação da Lei Maçônica em 17 de janeiro de 1723 pelos Maçons ingleses e ainda hoje
obedecido em todo o mundo maçônico regular.
3
Criação da Câmara dos Altos Graus.
A obra de Prichard (1730), traduzida para o Francês, passou a ser praticada pelas
primeiras Lojas fundadas na França e, por conveniência de interpretação, passou a se chamar de
Rito Francês ou Rito Moderno e, ainda, como soe ser mais coerente, Rito Francês ou Moderno.
A primeira Grande Loja da França foi fundada em 1738 e, num Convento havido em
1773, muda o nome para Grande Oriente e se institui como uma Federação de Lojas e Ritos. Seu
primeiro Grão-Mestre é Luís Felipe II (Louis Philippe Joseph d'Orléans), Duc d’Orléans, que em
1752 passou a se denominar Duc de Chartres.
Estabelece sua Câmara de Altos Graus em 1782, visando dar ordem às centenas de
Graus e de rituais então existentes no seio da Maçonaria universal. Através da Circular de 1784
cria o Grande Capítulo Geral de França coordenado pelo irmão Roëttiers de Montaleau.
De 1783 a 1786 foram escritos e aprovados os manuscritos dos rituais oficiais para os
três graus simbólicos, resultado da uniformização e da codificação das práticas das Lojas France-
sas nos anos anteriores. Com a impressão do ―Le Régulateur‖ em 1801, todos os graus do Rito
Moderno passaram a ter o seu ritual.
Depois do Convento de 1786 e da decisão do Soberano Capítulo Metropolitano nesse
mesmo período, foi desenvolvido na época, e intensamente, as atividades das Ordens de Sabedo-
ria ou dos Altos Graus do Rito Francês, espalhando-se por toda a França e pelas colônias france-
sas, pela Bélgica e todos os países que pertenciam à área de influência continental francesa,
incluindo Portugal e Espanha que por sua vez a passam para os países latino-americanos, inclusi-
ve para o Brasil (Wikipédia).
Conforme nos ensina o maçonólogo Joaquim Villalta, da Espanha, a expansão das
Ordens de Sabedoria do RM ocorre com a Integração do Grande Capítulo Geral da França criado
em 1784, dentro do GODF, em 1786, adotando o nome de Grande Capítulo Metropolitano. Esta
integração é comunicada oficialmente em 1789.
Em 1807, o Grande Capítulo Metropolitano concentrou-se no desenvolvimento da Vª
Ordem de Sabedoria e a reorganizou de forma meticulosa e profunda. Esta, já estabelecida em
1784, terá a sua atuação efetiva como Academia e com estrutura iniciática dos Altos Graus (81 ao
todo) de forma plena e consciente, de forma a contemplar todos os últimos graus de todos os ritos,
o que se deve, obviamente, à pressão exercida pelos praticantes dos Altos Graus do REAA.
Dessa maneira, a Vª Ordem de Sabedoria detinha controle da situação e se encontra-
va em condições legais de conceder graus superiores ao de Rosa-Cruz, no entanto, dado a pres-
Cleber Tomás Vianna 25
são exercida pelo REAA, as Ordens de Sabedoria do Rito Francês e Moderno deixaram de ser
praticadas na França. Este fato se deu a partir do Ritual Murat de 1857, que abriga os Graus 1, 2 e
3 do Rito Francês ou moderno e 18, 30, 32 e 33 do REAA, sendo, no entanto, no âmbito do GOdF,
a Vª Ordem de Sabedoria reativada oficialmente em 1999.
Somente o Brasil, desde 1822, manteve a pratica ininterrupta das ordens de Sabedo-
ria do Rito Francês ou Moderno, uma vez que Portugal deixa de praticá-los em 1939, quando a
repassa ao Supremo Conselho Lusitano do REAA, o que, ao final não quebra o seu seguimento,
pois, ao se reativar as Ordens de Sabedoria naquele país, ainda viviam antigos membros do último
Grande Capítulo Geral de Portugal.
26 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Ainda sobre o já referido Grande Capítulo Geral da França, comentamos que, embora
formado por membros do GOdF, era independente do mesmo e, quando se integra ao GOdF, se
denomina Soberano Capítulo Metropolitano e em 1807, define de forma concisa a formatação dos
cadernos dos Altos Graus, pois havia necessidade de se definir com padronização pertinente, o
que se trataria dentro da Vª Ordem pelo Conselho dos IX e dos 27 membros da Câmara, que
cuidavam da parte acadêmica e administrativa (conforme Regulamento do Grande Capítulo geral
da França de 1784) da referida Vª. Ordem, fato que lhes dão acesso até a 8ª. Série - Caballero del
Sol.
O Conselho dos IX, era o Detentor das 9 séries e recebia o Grau denominado ―Inicia-
do nos Profundos Mistérios‖ (grau de número 62 contido no conjunto dos 81 graus estabelecidos) e
estava agregando o último Grau da Compilação dos 33 Graus feitas pelo Conde de Clermont em
1768. (Para um estudo aprofundado sugiro a leitura do excelente trabalho feito pelo querido irmão
Joaquim Villalta no Blog ―Racó de La Llum‖.).
Vejamos o que diz a respeito, em uma de suas conferências feita na Bélgica, o irmão
Jean Van Win:
...“Os altos graus foram desenvolvidos na Europa, sem qualquer organização, sem
qualquer lógica, e foram bastante criticados por muitos historiadores, maçons ou não. Eles contam
com muitas duplicidades. O único futuro Rito Francês, antes da racionalização de 1780, incluirá
não menos que 81 (...) “A Câmara dos Graus do GODF trabalha duro em 1782-1783, e envia às
lojas em 1786 e em 1787, os Cadernos dos três graus azuis e das quatro ordens de sabedoria que
compõem a globalidade do Rito Francês. Esta última estrutura, que penetra na Bélgica e na Holan-
da desde 1792, consiste em ordens dos Eleitos – do Escocês – do Cavaleiro do Oriente – do
Cavaleiro Rosa Cruz. Uma ordem é um conjunto de graus agrupando temas semelhantes e, inevi-
tavelmente, excluindo certos graus julgados supérfluos.” (...)“O Rito Escocês Antigo e Aceito se
constitui como o Rito Francês, isto é, ele se apropria de uma série de nomes de graus presentes
no chamado Rito de Perfeição, mas em vez de se compactar em quatro ordens, ele as divide em
33 graus, dos quais os últimos cinco nascem em Charleston, nos Estados Unidos sob uma influên-
cia antiga, mas ainda não identificada. O Rito francês em seus altos graus vem, portanto, do mes-
mo patrimônio iniciático que o REAA; no entanto, o método de racionalização foi diferente.”...
Dessa forma, instituída a Câmara de Altos Graus, se redige um Ritual próprio agru-
pando os diversos graus em Ordens filosóficas, com a administração dos Capítulos que trabalham
acima dos Graus Simbólicos (Aprendiz; Companheiro; Mestre), como sejam:
1ª. Ordem - 4º. Grau – Eleito;
2ª. Ordem - 5º. Grau - Eleito Escocês;
3ª. Ordem - 6º. Grau - Cav∴ do Oriente ou da Espada;
Cleber Tomás Vianna 27
7è série (9 graus):
55. Chevalier de l'Aigle ou des Maîtres Élus; 56. Chevalier de l'Aigle ou Parfait
Maître en Architecture; 57. Chevalier de l'Étoile d'Orient, 58. Grand Commandeur du
Temple; 59. Grand Maître des Maîtres; 60. Les Antipodes; 61. Couronnement de la Loge
Bleue et de la Maçonnerie; 62. Initié dans les Profonds Mystères e 63. Écossais de Saint-
André d'Écosse.
8è série (9 graus):
64. Chevalier d'Occident;
65. Chevalier de Jérusalem; 66.
Chevalier de la Triple Croix; 67. La
Vraie Lumière, 68. Prosélyte de
Jérusalem; 69. Chevalier du
Temple; 70. Chevalier du Soleil; 71.
Grand Inspecteur Commandeur e
72. Élu de Londres.
9è série (9 graus) :
73. Maçon Hermétique; 74.
Élu Suprême; 75. Écossais de
Saint-André du Chardon; 76.
Chevalier ou Illustre Commandeur de l'Aigle Noir ; 77. Les Philosophes; 78. Suprême
Commandeur des Astres; 79. Sublime Philosophe Inconnu; 80. Chevalier de la
Cabale; 81. Chevalier de la Balance.
Para um melhor entendimento sobre a matéria, indicamos a obra: Les 81 Grades qui
fondèrent au siécle des Lumières le Rite Français (Gran Chapitre General Du GOdF/ JOABEN Hors
Série).
Cleber Tomás Vianna 29
4
SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno.
A Constituição do GOB de 1855 criou o Capítulo dos Ritos Azuis. Os chamados Ritos
Azuis referem-se aos Ritos: Moderno e Adonhiramita, cujas cores são azuis, cujo Regulamento
Geral seria aprovado somente a sete de maio de 1858.
Prossegue Álcio de Alencar Antunes: ―Com a separação dos Ritos Azuis, passou a
funcionar sob a denominação de Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês, a partir de 25 de
novembro de 1874 (Sessão N°. 227)‖.
Esta separação ocorreu depois da criação do Grande Capítulo Noachita (nome alusivo
a Noah, ou Noé), e a consequente saída do Rito Adonhiramita do Capítulo dos Ritos Azuis. b) De
acordo com o DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, pág. 63, Seção 1, Constituição de 12/06/1954, do
GRANDE CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL, este foi fundado por Manoel Joa-
quim de Menezes em 1842, com o Título de Grande Capítulo Geral dos Ritos Azuis. Aceito e
Reconhecido pelo Grande Oriente do Brasil como Grande Oficina Chefe do Rito Moderno ou Fran-
cês no Brasil pela Constituição e Estatutos Gerais da Maçonaria, promulgado pelo Decreto Lei de
20 de abril de 1855 da E. V. passou a funcionar com o Título de Grande Capítulo do Rito Moderno
ou Francês em 25 de novembro de 1874 E. V. (sessão 227).
Nota 1: De acordo com este Diário Oficial da União estava como Soberano Grande
Inspetor do RM o Ir∴ Porphyrio Augusto Ferreira Secca (período 1953-1956).
Cleber Tomás Vianna 31
Nota 2: A 23 de maio, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodri-
gues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria Simbó-
32 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
lica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica,
separando-se das Oficinas Chefes de Rito.
c) abordando a data da separação dos Graus Simbólicos e Filosóficos, pelo GOB, em
1951:
“O Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº. 21, de 2 de abril de 1873, o Gran-
de Capítulo dos Cavaleiros Noachitas, ligado, como Supremo Conselho Escocês, ao Grande
Oriente. Este (GOB) era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria perdu-
rar até 1951. Nesse ano, a 23 de maio, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim
Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria
Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbó-
lica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente
“com elas mantém relações da mais estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não
divide com elas o governo dos três primeiros graus, baseados na lenda de Hiram, que exerce na
mais completa independência em toda a sua vasta jurisdição”.
d) De acordo com o Irmão José Coelho da Silva (A Missão do Rito Moderno, SCRM,
p. 22, 1994), que foi Soberano Grande Inspetor em 1974:
“Cada uma dessas Grandes Oficinas Litúrgicas mantém um “TRATADO DE MÚTUO
RECONHECIMENTO” com a Potência Simbólica, no caso do Rito Moderno, com o GRANDE
ORIENTE DO BRASIL, pelo qual estão reguladas as atribuições de cada Corpo Maçônico, estando
definida, inclusive, a igualdade de direitos, nos atos solenes, entre o Grão-Mestre Geral e o Sobe-
rano Grande Inspetor Geral do Rito Moderno. Isto porque, desde 1842, quando de sua fundação,
foi considerada a nossa Grande Oficina como o MANDATÁRIO EXCLUSIVO DO RITO MODERNO
OU FRANCÊS NO BRASIL, ratificado pela Constituição e Estatutos Gerais da Maçonaria, de 25 de
novembro de 1863, promulgada em 25 de novembro de 1865 como a Lei Fundamental da Ordem
Maçônica no Império do Brasil. Passou a funcionar com o título de GRANDE CAPÍTULO DO RITO
MODERNO OU FRANCÊS a partir de 25 de novembro de 1874 e MUITO PODEROSO E SUBLIME
CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL a partir de 9 de março de 1953. Já em 1976
teve a Constituição atualizada, passando a denominar-se SUPREMO CONSELHO DO RITO
MODERNO PARA O BRASIL, resguardando as finalidades e a competência, mas ampliando as
suas conquistas em relação as demais filosóficas. ”
e) segundo o Soberano Grande Inspetor Geral do Rito Moderno de Honra José Maria
Bonachi Batalla:
“The Very Mighty and Sublime Grand Chapter of the Modern Rite for Brazil (O Muito
Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil) was founded by Manoel
Joaquim Menezes, in 1842 under the title of The Grand Chapter of Blue Rites (O Grande Capítulo
dos Ritos Azuis). It was accepted and recognized as Grand Head of the Modern Rite in Brazil by
the Grand Orient of Brazil. On November 25. 1874, it chose to operate under the name of Grand
Chapter of the Modern or French Rite (Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês).”
(Breve História do Rito Moderno no Brasil):
...“O Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil foi
fundado por Manoel Joaquim Menezes, em 1842 sob o título de O Grande Capítulo dos Ritos
Azuis. Foi aceito e reconhecido como Oficina Chefe do Rito Moderno no Brasil pelo Grande Oriente
do Brasil. Em 25 de novembro de 1874, escolheu operar sob o nome de Grande Capítulo do Rito
Moderno ou Francês.”...
O Grande Colégio dos Ritos do GOB praticava os ritos simbólicos e filosóficos. O
Grande Oriente do Brasil era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria
perdurar até 1951. A separação das Obediências Simbólicas e Filosóficas só ocorreria em 1951,
pelo GOB. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente ―com elas mantém relações da mais
estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não divide com elas o governo dos três pri-
meiros graus‖.
Em 23 de maio de 1951, pelo Decreto nº. 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Ro-
drigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria
Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbó-
lica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito.
O Grande Oriente do Brasil — inicialmente Grande Oriente Brasílico — criado em
1822, adotou o Rito Moderno. E isso é comprovado, pela História do GOB, através de suas atas
daquele ano. Foi o Rito adotado pelos seus Altos Corpos.
Observa-se que o ano de Fundação do Supremo Conselho do Rito Moderno adotado
pelos Soberanos de Honra, José Coelho da Silva, Álcio de Alencar Antunes e José Maria Bonachi
Batalla é o de 1842, época que o irmão Manoel Joaquim Menezes, membro do GOB, reorganiza o
Grande Colégio dos Ritos, sendo considerado por eles o fundador da Oficina Chefe deste Rito.
criado, apenas para atender aos Ritos Moderno e Adonhiramita, o Sublime Grande Capítulo dos
Ritos Azuis.
O Regulamento Geral do Grande Capítulo dos Ritos Azuis só foi aprovado em 7 de
maio de 1858. Só a 25 de novembro de 1874 é que desapareceria o Grande Capítulo dos Ritos
Azuis, com o surgimento do Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês. Esta data é considera-
da pelo Ir∴ José Castellani como a data da Fundação da Oficina Chefe.
Tudo indica que, com a separação das Potências GOB e Oficina Chefe do GRANDE
CAPÍTULO DO RITO MODERNO PARA O BRASIL, através da primeira Constituição de
12/06/1954, que o primeiro SGIGRM foi o Ir∴ Porphyrio Augusto Ferreira Secca.
Cleber Tomás Vianna 35
5
Graus e Rituais adotados no Brasil
O Grau 9 se reúne no Supremo Conselho, que tem jurisdição nacional sobre todos os
Graus Filosóficos.
No Grande Oriente do Brasil, Potência mãe da Maçonaria Brasileira, são aceitos 7
(Sete) ritos:
1. - Adonhiramita; 2. - Brasileiro; 3. - Escocês Antigo e Aceito; 4. - Francês ou Moder-
no; 5. - Schröder; 6. - York; 7. - Escocês Retificado.
Tal diversidade não constitui fator de dissensão, porque todos, além de serem unidos
pelos fortes laços de Fraternidade e de um Ideal comum, obedecem a normas legais, tais como as
Constituições do Grande Oriente do Brasil e dos Grandes Orientes Estaduais, ao Regulamento
Geral da Federação, leis e decretos.
O SCRM – Supremo Conselho do Rito Moderno, consoante sua NLP – Normas, Le-
gislação e Procedimentos determina que para os interstícios e a idade civil exigidos para a conces-
são dos diversos graus se observe o seguinte:
1º. ao 2º. Grau - 12 meses: 21 anos de idade e mais;
2º. ao 3º. Grau - 06 meses: 21 anos e mais;
3º. ao 4º. Grau - 12 meses no Grau 3: 22 anos e mais;
4º. ao 5º. Grau - 12 meses no Grau 4: 29 anos completos;
5º. ao 6º. Grau - 06 meses no Grau 5: 31 anos completos;
6º. ao 7º. Grau - 18 meses no Grau 6: 33 anos completos;
7º. ao 8º. Grau - 18 meses no Grau 7 e sem limite de idade;
8º. ao 9º. Grau - 36 meses no grau 8 e sem limite de idade;
Candidato a Membro Efetivo do SCRM - 24 meses no grau 9 e sem limite de idade.
*Os interstícios dos graus só poderão ser dispensados pelo SGIG mediante proposta
fundamentada do Presidente do Corpo Filosófico subordinado.
Cleber Tomás Vianna 37
Da esquerda para a direita: Grau 4 – Eleito Secreto; Grau 5 – Eleito Escocês; Grau 6 – Cavaleiro
do Oriente; Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz; Grau 8 – Cavaleiro Kadosh e, Grau 9 – Cavaleiro da
Sapiência.
6
O Rito Moderno em Portugal e no Brasil.
Portugal.
Em 1815, no Rio de Janeiro, o príncipe regente Dom João VI assinou um decreto que
criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil deixou de ser colônia e foi
elevado à categoria de reino e passou a ter condição de igualdade com a antiga metrópole do
reino, Portugal.
Em 1822, no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Grande Oriente do Brasil é
fundado sob a égide do Rito Moderno, visto que, em 1802, Hipólito José da Costa trouxe de Lon-
dres e de Paris a Documentação regularizadora do funcionamento do Grande Oriente Lusitano.
Sendo este, como todo Grande Oriente, praticante do Rito Francês, o G∴O∴B∴ cons-
titui o Rito Moderno como sua Célula Mater, conduzindo e irradiando sua chama iluminista, eman-
cipadora e libertária até os dias atuais.
Para uma melhor compreensão sobre isto, é importante voltar às origens da Maçona-
ria em Portugal.
Remonta até cerca de 1730 a fundação, em Portugal, das primeiras Lojas sob a influ-
ência da França e Inglaterra (Clavel, 1843).
Em 1738 o Papa Clemente XII proíbe aos católicos exercerem atividades nas Lojas
Maçônicas e o rei de Portugal D. João V ameaçava com penalidades os maçons. (Thory – ―Histoire
de La Fondation du Grand Orient de France‖). Na verdade, nem a Bula do Papa, nem o Decreto do
Rei, impediram as atividades maçônicas em Portugal.
Posteriormente, durante o governo do Del-Rei D. José I (1750-1777) as Lojas Portu-
guesas funcionavam sigilosamente. Daí em diante, até a Revolução Francesa, Portugal recebia
grande influência das Lojas de Paris, de nada valendo as proibições de D. João VI e de D. Maria I.
Ao redor de 1793, existiam em Coimbra e em Porto e delas fizeram parte vários estu-
dantes das províncias ultramarinas inclusive do Brasil (Lívio e Ferreira, 1968).
Cleber Tomás Vianna 39
Brasil.
No periódico ―RETALES DE MASONERIA‖ nº. 4 de 15 de dezembro de 2011, na pág.
9, vemos o seguinte comentário:
...“Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias influíram de
grande maneira com suas ideias libertárias” ... E cita o artigo, que o Almirante Aubert
Dupetit Thouahrs chega no Brasil em 1791 e funda uma Loja Maçônica com o nome de
Cavaleiros da Luz e que em 1796 continua o seu trabalho o francês Larcher” ...
Com o mesmo contexto, na Encyclopedia de La Masoneria, encontramos:
...“Ostensibly, to undertake some scientific research, Dupetit-Thouars came
to Brazil in 1791. In Bahia he founded a secret order called 'Knights of Light' and taught
the basic theory of French Enlightenment: - a lifelong battle against intolerance, injustice,
and obscurantism. He was indeed both a French revolutionary, and a Freemason. He
soon had to return to France, and Larcher, who arrived in 1797 and directly influenced
the 1798 conspiracy against the Portuguese crown, continued his work. It was due to the
influence of this order that the majority of the conspirators escaped from being prosecut-
ed by the Portuguese authorities in Brazil”…
baianos ilustres e, o ano seguinte, em julho, na mesma casa em que ocorreram as reuniões com
Larcher, foi fundada a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, onde eram lidos os livros de Rousseau e
outras obras de iluministas franceses.
Marco Morel em seu trabalho acadêmico ―Novas perspectivas sobre a presença fran-
cesa na Bahia em torno de 1798‖ reporta:
A publicação e análise da correspondência e de um Projeto de invasão da Bahia envi-
ados pelo capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas, Antoine-René Larcher ao
Diretório da República Francesa em 1797 permitem conhecer, sob novos ângulos, os episódios da
chamada Conjuração Baiana, tanto pela abrangência social dos conspiradores, quanto por dimen-
sões até então desconhecidas pela historiografia de projetos efetivamente inseridos numa perspec-
tiva mais ampla de tentativas de expansão da Revolução Francesa.
Os documentos franceses que recentemente chegaram ao conhecimento de pesqui-
sadores sobre os acontecimentos em torno da Bahia de 1798 não só agregam informações aos
episódios, como permitem novas interpretações que trazem dimensão até então inédita ou pouco
compreendida sobre a chamada Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, como tradicionalmente ficou
conhecida.
A viagem do capitão Larcher durou quase dois anos, repleta de lances perigosos,
desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em junho ou julho de 1797. A pas-
sagem pela Bahia, embora imprevista, representou um episódio que se encadeava com os demais.
Ainda que fuja ao objetivo deste trabalho situar o roteiro do trajeto, vale destacar alguns pontos que
interessam ao caso aqui tratado.
Comandante da fragata La Preneuse, em dezembro de 1795 Larcher chefiou o bem
sucedido ataque ao navio luso-brasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do
Nascimento da Costa, que fazia o Comercio com a Índia. No combate de quatro horas e meia
foram mortos oito homens do lado luso-brasileiro: cinco soldados, um marinheiro, o tenente João
Cordeiro do Vale e frei Agostinho de Newfonte, além de seis feridos, entre os quais Antônio José
de Almeida, secretário de Estado de Goa que se encontrava a bordo.
O carregamento confiscado pelos militares franceses se constituía de açúcar, aguar-
dente, tabaco, ferro e fardamento para as tropas portuguesas na Ásia. Passada a violenta refrega e
feita a presa, inclusive do armamento e munição, Larcher negociou de maneira cortês com o capi-
tão derrotado, redigindo-lhe um salvo-conduto destinado aos demais navios franceses, solicitando
que não atacassem mais a embarcação, o que permitiu ao Santo Antônio de Polifemo regressar à
Bahia sem ser mais molestado e com os sobreviventes em liberdade.
Tal atitude de negociação ajuda a entender como Larcher, alguns meses depois, seria
bem recebido em Salvador, onde aportou em novembro de 1796, agora como simples passageiro
Cleber Tomás Vianna 41
do navio luso-brasileiro Boa Viagem, oriundo da Ásia, de onde saíra sem sua embarcação La
Preneuse, expulso pelos colonos franceses escravocratas, como já foi citado.
Foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram os conta-
tos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D. Fernando
José de Portugal, e também com os conspiradores locais, geradores das duas cartas aqui transcri-
tas, episódio que já mereceu interpretações diversificadas de historiadores ao longo do tempo,
como já foi visto.
E foi ainda num navio português, Bom Jesus, que Larcher retornou à Europa em janei-
ro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa, sem recursos para retornar a seu
país natal. Enquanto aguardava em Lisboa, pelo menos entre março e junho de 1797, o capitão
Larcher parecia ansioso em levar adiante o projetado apoio francês aos conspiradores baianos.
Eis um trecho de uma de suas correspondências ao seu superior, o ministro da Mari-
nha e das Colônias, Conde Laurent-Jean-François Truguet.
“Projeto de expedição contra São Salvador (Brasil) pelo Capitão de navio Larcher – 24
de abril de 1797.
O Povo, que eu tive a honra de Vos descrever na minha memória de Prairéal 5º., é
aquele de São Salvador na Baía de Todos os Santos, capital da mais considerável Capitania do
Brasil cuja População é avaliada em sessenta mil almas.
Os habitantes investidos dos direitos do homem clamam sua independência; eles a
pedem à República francesa, e não a Desejam senão de Vós. Quinze Milhões no mínimo em
matérias de ouro e prata, diamantes, preciosas madeiras de construção, açúcares, café, e algo-
dões serão o testemunho desta Vontade, e Vós podeis julgar por aí a importância que eles dão a
isso: eles estão tão cansados do Governo real e teocrático, tiveram tantos desgostos que todos os
seus possíveis sacrifícios lhes parecerão pequenos, se eles puderem alcançar seu objetivo.
Os meios de execução são fáceis e pouco dispendiosos: 4 Navios de linha, 3 fragatas,
e 2 flûtes serão suficientes para transportar 1500 homens de tropas e 300 artilheiros, 4000 fuzis
com suas baionetas, o mesmo de sabres, de pólvora (o Governo não permite que se fabrique) e
balas de canhão de diferentes calibres: eis suas necessidades do momento: eles desejam um
engenheiro, um arquiteto, um ferreiro e um mecânico: estes são os pedidos que eu fui incumbido
de Vos fazer em nome deles.
Esta Divisão poderá atracar na Baía de Todos os Santos à porta dos fortes, eles não
são perigosos; não havia mais de 700 kg de Pólvora na minha partida, e o Governo temia enviar-
lhes mais, tanto as cabeças estão em efervescência.
Assim que o comandante da divisão tiver lançado o sinal combinado, a colônia se le-
vantará em massa, as tropas se reunirão aos habitantes que tomarão a casa da moeda, cofres,
depósitos, e o arsenal: destituem-se todas as autoridades do Governo, e criam-se outras Popula-
42 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
res: uma deputação de Cidadãos irá a bordo do comandante para lhe pedir a proteção da Repúbli-
ca francesa; Vós lhe direis o veredicto que ele deverá dar: se esta revolução se opera, como ela
está projetada, ela só sentirá o fogo das manifestações de júbilo.
Esta revolução terá um efeito elétrico sobre as outras capitanias do Brasil, a experiên-
cia nos prova: todas elas se reunirão para formar um povo livre.
Vantagens para o Comercio da República francesa que o estado de suas colônias tor-
na ainda mais precioso. Um tratado de aliança com a República francesa terá lugar imediatamente:
outro de Comercio deve necessariamente o seguir: A República francesa poderá exigir a exclusivi-
dade durante certo número de anos em que sua proteção será indispensável a este novo Povo,
quer dizer, até que ele tenha determinado a forma de seu Governo o tenha organizado, consolida-
do, e feito reconhecer sua independência: esta expedição, que exige o maior segredo, pode ser
dissimulada; ela pode mesmo ter uma dupla utilidade do maior interesse.
Há muitas vezes contra os planos mais bem arquitetados objeções que escapam ao
olho mais experiente: Do grande teatro Político que ocupeis, Vos será fácil, cidadãos Diretores,
calcular as grandes vantagens que esta revolução proporcionará ao Comercio da república france-
sa, o abatimento que poderá resultar para este nosso inimigo, assim como os inconvenientes que
uma consideração política poderia levantar.
Se eu pudesse ter partido para França, no mesmo instante de minha chegada a Lis-
boa, e Vós tivésseis querido secundar às Vozes deste Povo, esta Revolução seria operada, e Vós
não tardaríeis a gozar as vantagens prometidas. Cidadãos Diretores, Órgão deste Povo, eu cumpro
a missão da qual fui encarregado por ele junto a Vós, Eu faço meu dever, e posso vos assegurar
que a paz não mudará em nada a determinação que ele tomou de ser livre.
Assinado Larcher Capitão de Navio.”
Continua Morel...
Segunda carta de Larcher ao Diretório da República Francesa enviada em 15 de ju-
nho de 1797.
“Ao Diretório Executivo da República Francesa somente, Cidadãos Diretores.
Eu acreditaria estar em falta ao que devo ao Ministro da Marinha e das Colônias se eu
tomasse a Liberdade de Vos ocupar do caso sobre o qual ele certamente já Vos relatou. Um inte-
resse maior me obriga a romper neste momento o silêncio que eu guardava há mais de dois me-
ses, desde que estou aqui na Esperança de um imediato retorno para a França; mas devo supor
que minhas Cartas ao Ministro da Marinha foram interceptadas, pois estou sem resposta.
Cleber Tomás Vianna 43
Guerra Francesa. Participou da grande revolução de 1789 e ficou preso por ordem do Comitê de
Segurança Geral em 1793, sendo libertado depois de 350 dias, quando assumiu o comando da
Fragata La Preneuse.
Em uma viagem iniciada no Porto de Rochefort, em 25/09/1795, combateu os navios
de guerra portugueses Santo Antonio Polifemo, Belizário e Arrabida, e chegou às Ilhas Maurícias
levando o decreto da Convenção Francesa que abolia o trabalho escravo nas colônias da França.
Mal recebido pelos colonos franceses, embarcaram-no de volta no navio Boa Viagem. Foi este que
o trouxe ao porto da cidade de Salvador sob a alegação de avaria, em 30/11/1796. Ali desembar-
caram: o comandante Larcher, sua mulher e duas filhas menores, os marujos franceses Jean
Baptiste La Foret de Fer, Claude Moufte, Claude Francois Sauvaget, Jean Bonafausx, Nicolau
Bouquet, madame Joana de Entremeuse, 29 marinheiros portugueses do Belizário e do Arrabida e
30 escravos. O Capitão Larcher, mulher e filhas, tiveram permissão para ficar um mês na cidade do
Salvador. Em fins de dezembro, ele próprio solicitou licença (logo concedida) para embarcar no
navio Bom Jesus D’Além com destino a Lisboa. No oficio em que fez essas comunicações ao
ministro dom Rodrigo de Souza Coutinho, o governador datou a partida do Capitão Larcher em
31/12/1796, mas, em verdade, ela só ocorreu no dia 02/01/1797.
Dado a estas novas informações, cremos, sem possibilidade de prova cabal, que a
Loja ―Cavaleiros, ou Cavalheiros da Luz‖ pode ter sido sim, a primeira Loja Maçônica do Brasil,
porém, não dentro da Fragata Preneuse e menos ainda, em julho de 1797, conforme inúmeros
autores afirmam em suas obras.
Cleber Tomás Vianna 45
Rosacruces de Rito francês para España, Carta Patente das Ordens de Sabedoria do Rito Francês
ou Moderno, para trabalharem, segundo a nossa Tradição, da 1ª. à 5ª. Ordem. Assinam: Manuel
Lima, Cipriano Oliveira e Filipe Frade.
...“consta por documentos authenticos, que no dia 5 de julho 1802, fora creada ao Ori-
ente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo seio sahirão outras officinas. Forão
ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada, installada com doze obreiros, que da primeira passarão a
funda-la em 30 de março de 1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L. Humanida-
de, e a L. União, creada em 12 de setembro de 1813 por 18 IIr∴ da mesma L. mãe Virtude e Ra-
são.
54 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Completo assim o numero de três officinas, decidirão os IIr∴ que as compunhão, crear
alli, como com effeito crearão, um Gr. Or. Brasileiro, cujos trabalhos activos, bem como os das LL.,
cessarão comtudo, em rasão das commoções políticas, e, com especialidade, por causa da desas-
trosa revolução de Pernambuco, em 1817.” ...
Loja Commércio e Artes sob os Auspícios do “Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves”.
Em 1807, Junot conquista Portugal obrigando a Corte portuguesa procurar abrigo no
Brasil. ―Assim a Maçonaria do Brasil desde o século XVIII esteve ligada a Portugal‖.
A partir de um Decreto criado em 1815 no Rio de Janeiro pelo regente Dom João VI, o
Brasil deixou de ser colônia para merecer a condição de igualdade com a antiga Metrópole do
Reino, quando passou a ser ―Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves‖.
Em novembro de 1815 é fundada a Loja Commércio e Artes no Rio de Janeiro (ver
Boletim do GOB - Jan/Fev-1902). Por questões políticas, ela foi fechada e a sua documentação
queimada.
Com a transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Rio de Janeiro, já sur-
giu em 1817 uma revolução simultaneamente no Brasil, em Pernambuco e, em Portugal (chefiada
por Gomes Freire de Andrade) (Lívio e Ferreira, 1968).
No Rio de Janeiro, por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Loja Com-
mércio e Artes foi reinstalada em 24 de junho de 1821, sob os Auspícios do Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para ―Comércio e Artes na Idade do
Ouro‖.
“Pode se encontrar a Ata de Reinstalação da Loja Commércio e Artes no Boletim do
GOB de Janeiro e Fevereiro de 1902 no site do Museu Maçônico Paranaense.”
O Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 tendo como base a
Loja Commércio e Artes, que para atender as exigências formais, precisou ser subdividida em mais
duas lojas: ―União e Tranquilidade‖ e ―Esperança de Nictheroy‖. Seguindo os padrões da Loja
Commércio e Artes na Idade do Ouro, que fora reinstalada sob os Auspícios do Grande Oriente
Lusitano, adotou o Rito Francês como o seu Rito Oficial. O seu primeiro Grão-Mestre Geral foi José
Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo o seu Primeiro Grande Vigilante.
Cleber Tomás Vianna 55
...“Em novembro do ano da Luz 5815 [1815], se instalou, ao Oriente da cidade do Rio
de Janeiro, a Respeitável Loja de São João com Título e Distinctivo – Commércio e Artes”...
...“nos propomos continuar os nossos trabalhos na mesma loja com o Título accres-
centado de: Commércio e Artes na Idade do Ouro, debaixo dos Auspícios do Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves.”...
...“em 24 de junho do ano da Luz 5821 [1821].”...
Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o
Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin. Num breve intervalo de
tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º. e último grau (na época) do Rito Moderno –
Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro, fechando-o, por motivo de intrigas
entre os seus membros, em 21 de outubro do mesmo ano.
O Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andrada e Silva,
continuando os seus trabalhos no Rito Moderno, antecedido pelo Grande Oriente Brazileiro, tam-
bém conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831, também traba-
lhando no Rito Moderno.
56 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
7
Equívocos históricos publicados em obras Maçônicas.
Prossegue Teixeira:
...―Tivesse Varnhagem estudado as atas originais — as que constam no ―Livro de Ou-
ro‖ do ―Grande Oriente do Brasil‖ — e não as que figuram no trabalho do Ir∴ Menezes completa-
mente desfiguradas com enxertos e supressões, estamos certos de que o seu relato seria um
espelho da verdade.
Cleber Tomás Vianna 59
(No livro a História do GOB – Castellani e William Carvalho, pág.16, consta: Fundação
do GOB ...“Aos 28 dias do terceiro mês do Ano da Verdade Luz de 5822”...[o que equivale a
17/06/1822] ...“criação de Um Grande Oriente Brasiliano.”...)
Continua Teixeira Pinto na pág. 9... ―Tivesse o Barão do Rio Branco conhecimento do
calendário utilizado desde 1815 pela Loj∴ Comércio e Artes, e não duvidamos que ele também
afirmaria que o ―Grande Oriente do Brasil‖ foi fundado a 17 de junho de 1822 E∴ V∴‖ ...
(pág. 10) ... — O Ir∴ Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas que se en-
contram no ―Livro de Ouro‖ do ―Grande Oriente do Brasil‖. Ele divaga sobre o que está escrito e
acrescenta o que não viu:
E não viu, porque não podia ver.
É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir∴ Menezes havia sido eleito e
empossado no cargo de Cobr∴ da Loj∴ n°. 2 (União e Tranquilidade), e como tal, estava obrigado
a ficar no vestíbulo juntamente com os lIr∴ CCobr∴ das LLoj∴ n°. 1 (Commércio e Artes) e n°. 3
(Esperança de Niterói), respectivamente, os IIr∴ Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João José de
Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os IIr∴ pertencentes a cada um dos citados Qquadr∴
que compareciam às Assembleias Gerais.
Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir∴ Menezes não podia ter conhe-
cimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se apenas o que, ocasionalmente,
algum ir∴ lhe contasse depois. Sobre o assunto, vejam a seguir o que se encontra escrito em ata.
Os IIr∴ Cobridores dos 2°. e 3°. quadros metropolitanos representavam à Gr∴ Loj∴
que tornasse amovível o lugar de cobridor, para ser exercido mensalmente pelos Operários das
Lloj∴ não ficando, assim, qualquer ir∴ privado de assistir aos trabalhos por espaço de um anno.
Foi recusado o pedido e mandou a Gr∴ Loj∴ fazer sentir àquelles IIr∴, de quanta pon-
deração e confiança era o lugar que ocupavam, e que este único motivo deveria lhes ter sido
sobejo, para, não se desgostando do seu cargo, procurar desempenhal-o com todo o zêlo e activi-
dade.”...
Ora, sendo ele [Menezes], naquela época, um dos poucos sobreviventes do movimen-
to maçônico de 1822, era natural que o cercassem do carinhoso respeito de que se tornara mere-
cedor.
Assim, ao atender [também] um pedido do Ir∴ Melo Moraes para fornecer algumas in-
formações que seriam publicadas no ―Brasil Histórico‖, ele escreveu o que a sua já fraca memória
ia ditando, truncando datas, nomes e locais.
E, para verificar que estamos mais ou menos certos em nosso raciocínio (comenta
Teixeira Pinto), basta atentar na declaração que ele [Manoel Joaquim de Menezes] faz ao encerrar
o seu trabalho (entre outras razões que apresenta):
(pág. 11)... “Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por não me recordar
depois de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão outros com quem não estive em contacto,
de cuja omissão involuntária espero ser desculpado.”...
(pág. 12) ... “Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível, ser rigorosamen-
te exato. O Ir∴ Manoel Joaquim de Menezes esperava ser desculpado por aqueles que involuntari-
amente tivesse omitido. Longe estava ele de imaginar que também necessitava ser desculpado
pela confusão que iria criar com alguns equívocos que se encontram na sua “Exposição Histórica
da Maçonaria no Brazil.”...
Na pág. 16 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta na ―Expo-
sição Histórica‖ do irmão Manoel Joaquim de Menezes, e evidencia os nomes dos maçons funda-
dores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes simbólicos, como segue:
Cleber Tomás Vianna 61
Por conta dos nomes simbólicos, destacamos o raciocínio do irmão Teixeira Pinto:
...“(pág. 17) assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio e Artes) foi fei-
ta sob os auspícios do Gr∴ Or∴ de Portugal, Brazil e Algarves, e também que a Loj∴ funcionava
no Rito Adonhiramita, uma vez que esse Rito era e continua sendo o único que torna obrigatório o
uso de um nome histórico aos que o praticam.”...
Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos que o seu
livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança nos comentários apresentados,
mas, contém alguns erros de interpretação, como veremos a seguir:
No folhetim A Bigorna nº. 69 de fevereiro de 1983 o irmão Kurt Prober expõe a sua aná-
lise sobre o livro do irmão Teixeira Pinto:
...“E quando João Luiz Teixeira Pinto em 1961 edita o seu magnífico livro
“A Maçonaria na Independência do Brasil”, ele simplesmente copia Mello Morais na par-
te da Loja “Distinctiva”, e segue dizendo (pág. 14) que: “… FUNDARAM em 15.11.1815
na casa do Dr. João José Vahia, à Rua da Pedreira da Glória (hoje Rua Pedro Américo)
uma Loja com o título distintivo de “COMÉRCIO E ARTES”, ADOTANDO O RITO ADO-
NHIRAMITA e funcionando sob os auspícios do Gr.·. Or.·. “Luzitano etc…”.
Como visto, Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da Commércio e
Artes para afirmar ser prática exclusiva do Rito Adonhiramita, ou seja, emitiu a sua conclusão por
analogia.
Alexandre Mansur Barata, em seu trabalho acadêmico: Sociabilidade Ilustrada e Inde-
pendência (Brasil, 1790 - 1822), diz:
..."(pág. 135) Para a historiadora espanhola Maria Teresa Roldán Rabadan (“Anállisis
y estudio de los nombres simbólicos utilizados por los miembros de cuatro logias madrileñas”. In J.
A. Ferrer Benimeli (coord), La Masoneria en la España del siglo XIX: II Symposium de Metodologia
Aplicada a la História de la Masoneria Española, p. 529"), essa especificidade [de nome simbólico
pelos maçons] estava diretamente relacionada ao fato de que no mundo ibérico a maçonaria sofreu
forte oposição e perseguição por parte do estado e da igreja católica, o que obrigou a utilização de
mecanismos por parte dos maçons que os protegessem das autoridades civis ou eclesiásticas.
Por sua vez, francoise Randouyer, ao assinalar essa especificidade da maçonaria ibé-
rica, surpreende-se com o fato de que essa prática não tenha sido mais vulgarizada, na medida em
que a maçonaria, como outras sociedades iniciáticas, possuía em seus rituais a ideia de uma morte
simbólica para um novo nascimento, portanto, de um novo batismo.
De qualquer forma, essa prática acabou por ser adotada também entre os maçons
das três lojas fluminenses que funcionavam em 1822."...
O nome simbólico,
codinome ou nome de guerra, era
costume da época. Como já visto o
primeiro Grão-Mestre de Portugal,
desembargador Sebastião de
Sampaio de Melo e Castro, adotou
o nome simbólico Epicteto, mudado
depois para Egas Moniz, e era
Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Mo-
derno.
Cleber Tomás Vianna 63
O irmão Fortunato Augusto da Silva, leva em seu diploma de Mestre Eleito dos Nove do
REAA o nome simbólico Barroso, o irmão Adelino Alves Pereira no de Companheiro, Elias Garcia e
o irmão Manoel da Costa Pinto, no diploma de Mestre, Dreyfus. (Há mais de dezenas de casos
similares publicados).
64 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Voltando ao primeiro Rito adotado pelo GOB, vemos no Boletim nºs. 11 e 12, 26º. ano
do GOB, meses janeiro e fevereiro de 1923 e, conforme transcreveu o irmão Teixeira Pinto em seu
livro a Maçonaria na Independência (1812 – 1823), pág. 59, discutiu-se a proposta de elevação ao
grau de Eleito Secreto [quarto grau do Rito Moderno] a diversos irmãos e que eles se lembras-
sem de que adotada a Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável.
Cleber Tomás Vianna 65
O Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896, indica que as suas primeiras lojas (Com-
mércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy) são do Rito Moderno.
O Boletim nºs. 2 e 3, de agosto de 1896, contém texto que confirma isto explicitamen-
te ... ―com a existência das três Lojas, todas do Rito Francez ou Moderno‖ ...
66 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Joaquim da Silva Pires (Fig. 21), em sua obra ―Rituais Maçônicos Brasileiros‖, edita-
dos pela Trolha, à pág. 38, nos afirma categoricamente, baseado em seus profundos estudos
sobre a maçonaria brasileira, que o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno e, ainda mais,
afirma que o nome simbólico não era exclusividade do Rito Adonhiramita, rito este que iniciou no
GOB em 16 de agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.
...“(pág. 53) Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente do Brasil, que
só as perseguições do anno de 1822, e circunstâncias políticas dos seguintes, embaraçarão de
trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto que os seus membros se apresentarão em seus
postos, logo que a luz maç∴ sahio do Módio, e appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma
participação e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa reunião, à esse Corpo (se referindo
ao Grande Oriente Brasílico convidando o Grande Oriente Brazileiro ou do Passeio, a se unirem
em um só corpo maçônico), que no anno de 1830, se erigira em Oriente...Por Del∴ da Gr∴ L∴ de
13 de Out. de 1832.”...
Cleber Tomás Vianna 69
... “(pág. 22) Estes dous corpos maçon∴ fizerão parte do Or∴ Brasileiro,
quando este deixando o Rit∴ Franc∴ que seguia.” ...
... “(pág. 23) Não podia o grupo do Lavradio formar um Or∴ do Rit∴ Franc∴
porque este já existia no Gr∴ Or∴ Brasileiro, que funccionava neste Rit∴, e que não es-
tava adorm∴.”
.... <<>>... “Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do Rit∴ Esc∴,
não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e não tinha
poderes para funcionar no Rit∴ Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴ Esc∴ (o
de Montezuma).” ...
Cleber Tomás Vianna 73
Considerações:
Muito mais há que se falar sobre a história da Maçonaria Brasileira e Portuguesa,
principalmente no que tange a formação das suas lojas, as particularidades dos ritos usados e
adotados oficialmente, os ilustres homens que a compunham e as ferrenhas perseguições dos que
a detratavam, entres elas, a Santa Inquisição.
Longe de termos esgotado o assunto, vejamos mais alguns nuances do Rito Francês
ou Moderno:
Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o
Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin.
Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º. e último
grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro.
Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise dos seus obje-
tos maçônicos, em especial o avental, no recorte da Revista Ciência e Maçonaria, edição de
10/07/2017.
7 do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz, como afirma Manoel Joaquim de Menezes em seus
relatos ―Exposição histórica da Maçonaria no Brasil‖ (Apud BOLETIM, 1875, p.747), que, confor-
me explicitou Kurt Prober (1984, p.55), em livro escrito com o pseudônimo Isa Ch„an, fora testemu-
nha ocular dos fatos ocorridos em 1822.
Destarte, no arquivo histórico do Museu Imperial é possível encontrar uma carta dire-
cionada a Joaquim Gonçalves Ledo, a qual foi assinada com as iniciais ―I∴ P∴ M∴ R ∴ +, que,
segundo Castellani (2009, p. 56) significa: Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. O que, assim, corrobo-
ra a afirmação de que D. Pedro I atingiu o grau máximo do Rito Moderno à época.”...
...“O avental manufaturado em seda e veludo apresenta, bordado na abeta, um delta
luminoso; abaixo, ostenta um pelicano alimentando seus filhotes encimado por uma cruz com a
rosa mística ao centro, ladeado por símbolos e palavras do grau. Portando, possivelmente um
avental do Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.
n„hum quarto de circulo, e o topo tocando a cabeça do compasso; de hum lado está apoiada nas
pontas do compasso, huma águia com as azas abertas e a cabeça baixa; do outro hum pelicano,
rasgando o seio para alimentar os filhos, que por baixo se divisão em hum ninho.
Entre a águia, e o pelicano eleva-se hum ramo de acácia; sobre a cabeça do compas-
so, que forma huma rosa, há huma corôa antiga; sobre o quarto de círculo há, de hum lado, a
palavra, e do outro a palavra de passe em letras hieroglyphicas.”...( )...
...“Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de 1834 e o pertencen-
te a D. Pedro I, pode-se corroborar a afirmativa de ser do Grau 7 do Rito Moderno bem como ser
passível seu uso pelo Imperador.”...
Encerrando as atividades:
D. Pedro temeroso em con-
sequência de denúncias feitas a ele que
elementos do Grande Oriente, contando
com o apoio de alguns oficiais de Tropa
tentariam depor os ministros, envia um
bilhete a Ledo, pedindo que suspenda os
trabalhos maçônicos até segunda ordem
(ordem revogada 04 dias depois).
..."Meu Ledo. Convido fazer certas averiguações tanto pública como particulares na
Maçonaria, mando primeiro como Imperador, segundo como Grão-Mestre: que os trabalhos maçô-
nicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; resta-me reiterar os
meus protestos como Irmão: I∴P∴M∴R∴+ (Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz)"...
Reencetando os trabalhos:
No entanto, o Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andra-
da e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno, antecedido pelo Grande Oriente Brazi-
leiro, também conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831,
também trabalhando no Rito Moderno.
A Loja ―Seis de Março de 1817‖, de Pernambuco, se regularizou em 7 de outubro de
1832 junto ao GOB no Rito Francês (Albuquerque, A Maçonaria e a Grandeza do Brasil).
Cleber Tomás Vianna 77
Datam de 1833 os Rituais da Loja Commércio e Artes (eram do Rito Moderno, con-
forme afirma o ir∴ Joaquim da Silva Pires em seu livro ―Rituais Maçônicos Brasileiros‖).
78 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
Todavia, dos Rituais que foram impressos em nosso País, todos em empre-
sas gráficas localizadas no Rio de Janeiro, os mais antigos são: o do Rito Moderno,
ano de 1833, impresso na Typographia Seignot & Plancher, na Rua do Ouvidor, nº.
95; outro do Rito Moderno, ano de 1834, impresso na referida tipografia; o do Rito Es-
cocês Antigo e Aceito, igualmente do ano de 1834 e também impresso na referida ti-
pografia; o do Rito Moderno, ano de 1837, impresso na Typographia Austral, no Beco
dos Quartéis, nº. 21; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano de 1845, impresso na
Typographia Bintot, na Rua do Sabão, nº. 70; o do Rito Escocês Antigo e Aceito, ano
de 1857, impresso na Typographia Menezes, na Rua do Cano, nº. 165; o do Rito Mo-
derno de 1869, impresso na Typographia Universal de Laemert, na Rua dos Inválidos,
nº. 63-B; o do Rito Adonhiramita, de 1873 (na capa, está escrito Adonhiramito), que
teria sido impresso na Typographia do Gr∴ Or∴ do Brasil, na Rua do Lavradio, nº. 55-
K, Rio de Janeiro, mas que, na verdade, foi impresso em desconhecida tipografia par-
ticular; e o do Rito Moderno, de 1892, um trabalho gráfico da Imprensa Nacional (não
consta o nome da respectiva artéria pública), que suprimiu no mencionado Rito, até
hoje, a invocação ao Grande Arquiteto do Universo.
Os três primeiros Rituais das três primeiras Grandes Lojas (Bahia, Rio de Ja-
neiro e São Paulo) foram impressos em 1928, ou seja, no ano posterior ao da cisão
criada pelo Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, então ex Grão-Mestre do Grande
Oriente do Brasil, porém efetivo Soberano Grande Comendador do Supre- mo Conse-
lho do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Aqueles três Rituais, cujas linhas mestras quase não sofreram alterações, fo-
ram impressos na Typographia Delta, na Rua Dias da Cruz, nº. 129, Rio de Janeiro.
De modo geral, eram cópias do Ritual do Grande Oriente do Brasil, de 1923 (apesar
de que, na capa, está escrito 1922), impresso na Oficina da Escola Profissional José
Bonifácio, na Rua Paraguai, nº. 72, Rio de Janeiro.
O uso do chapéu pelo Venerável Mestre também é cópia de Ritual do Grande
Oriente do Brasil, mas o de 1857, que, conforme já esclarecido, foi impresso na Typo-
graphia Menezes, na Rua do Cano, nº. 165, Rio de Janeiro. Infelizmente, não obstan-
te sua indiscutível tradição, nossa Potência Maçônica abandonou aquele significativo
uso.
Em 20 de agosto de 1920, quando ainda no Grande Oriente do Brasil, antes
de ser o Grão-Mestre titular, o mencionado Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring
assinou o Decreto nº. 655-GOB, pelo qual autorizou o pagamento da tradução, em
português, mas impressa em Londres, pela oficina gráfica George Kenning & Son, do
original inglês The Perfect Ceremonies of Craft Masonry, que, em nosso País, recebeu
Cleber Tomás Vianna 81
de sua ascensão social, credo, sexo e raça. Nunca esteve a Maçonaria Brasileira tão
determinada em alcançar seus objetivos e tão próxima do povo.”
Cleber Tomás Vianna 83
b) Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10,
Setembro e Outubro de 1928:
... “(págs. 332 e 333) O Gr∴ Or∴ do Brasil trabalhou sempre no Rit∴ Mod∴ e a prova
disso está em suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas aos gráos
desse Rito, jamais dos outros” ..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no
Rit∴ Moderno” ...
c) Boletim do GOB nº. 6, de agosto de 1896 – (só mencionaremos as três primeiras lojas
sob a sua jurisdição seguindo a transcrição do mesmo):
...“Commércio e Artes, Rito Moderno, Poder Central, Novembro de 1815; União e Tran-
quilidade, Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822; Esperança de Nictheroy,
Rito Moderno, Poder Central, 21 de Janeiro de 1822.”....
f) Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, de 1928:
...“ (pág. 162) O Grande Oriente Brasileiro era do Rito Moderno como o Grande Oriente
do Brasil”...
g) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, – 1928:
...“(pág. 169) preferiu a Educação e Moral desligar-se do Gr∴ Or∴ - Acompanhou-a
pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo Cônego Januário, o amigo
inseparável de Ledo, que deixando o Rit∴ Mod∴ transferiu os seus trabalhos para o
84 Rito Francês ou Moderno: Fundação, Usos e Costumes no Brasil.
h) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, anno 2, nº. 4, – 1928:
...“(pág. 170) Faltava, porém, reformar a Constituição do Povo Maçon brasileiro (foi, en-
tão promulgada a Constituição de 1834 adotando o REAA), que não estava em harmo-
nia em muitos de seus artigos com o Rito que se abraçara.”... “(Rito Moderno ou Fran-
cês à época).”...
... "(pág. 38) Há ainda neste trecho da ata (se referindo à ata de nº. 10 do GOB, realiza-
da aos 16 dias do 5º. mês do ano da Verd∴ L∴ 5822) um detalhe a considerar. O
“Grande Oriente Brazilico”, apezar de ter adotado o Rito Moderno ou Francês, estava
empenhadíssimo em conseguir o reconhecimento do “Grande Oriente Britânico.”....
... "(pág. 59) mandando recommendar a Gr∴ Loj∴ a estes IIr∴, que se lembrem de que,
adoptada a Maçonaria dos sete, o Gr∴ de Mestr∴ torna-se um Gr∴ muito respeitável e
poderoso.”...
Oriente, em 1772, já que até então só existiam Grandes Lojas, o Grande Oriente Brasi-
leiro, com suas três lojas metropolitanas, adotou o Rito Moderno, ou Francês.”...
claro, que a Loja REINSTALADA NÃO MAIS QUIZ “declarar-se sob a jurisdição do Gr.·.
Or.·. Luzitano”.
Acontece que Teixeira Pinto nesta transcrição, POR INICIATIVA PRÓ-
PRIA, resolveu completar a “… DATA da instalação primitiva, citada no documento, co-
mo – DE NOVEMBRO DE 1815 – para (segunda-feira) 15 de novembro de 1822. Onde
teria encontrado o dia “15”, mesmo porque este dia não era uma segunda-feira, e sim
uma quarta-feira”?
Na realidade, a fundação da Loja “Commércio e Artes” (a primeira das cin-
co que já existiram – veja coletânea A Bigorna – 1984, págs. 116/117) tinha “acontecido”
em 24.6.1815, resultando da fusão das Lojas “CONSTÂNCIA” e “PHILANTROPIA”, con-
forme notas encontradas pelo Ir∴ Ariovaldo Vulcano.
Fundou-se o Gr∴ Or∴ BRASÍLICO em 17.6.1822, e relendo-se cuidadosa-
mente as Atas das SSess∴ 1 até 4, não se encontra uma palavra sobre RITO. Só em
12.7.1822 (5ª. Sess∴) surge uma proposta de elevação de 6 IIr∴ ao Gr∴ de ELEITO
SECRETO – que é o Gr∴ 4 do RITO MODERNO – e mais adiante se diz, falando de e-
levações de outros IIr∴ merecedores: “…mandando recommendar a Gr∴ Loj∴. a este I-
Ir∴ que se lembrem de que, ADOPTADA A MAÇONARIA DOS SETE, o Gr ∴ de Mestre
torna-se um Gr∴ muito respeitável e poderoso, e que, se elles têm verdadeiro amor pela
nossa Ord∴ devem querer que vá mais lenta esta concessão de GGr∴ para se tornarem
não só mais appetecíveis, como mais valiosos, para retribuírem o zelo e as virtudes ma-
çônicas daquelles IIr∴ que mais se distinguirem…”
E mais adiante: “… Que os Ooper∴ das 3 LLoj∴ Metropolitanas que têm o
Gr∴ de Mestre Perf∴ e 1º. Eleitos (eram os GGr∴ 4 e 5 do Rito Adonhiramita) QUE FI-
CARAM ABOLIDOS PELA NOVA ADOPÇÃO, devem dirigir-se à commissão que bre-
vemente nomeará a Gr∴ Loj∴ e fará saber para a concessão de GGr∴ a fim de recebe-
rem o de ELEITOS SSECRET∴”.
Vejamos bem. Falando a ata de “ADOPTADA A MAÇONARIA DOS SETE”,
como “águas passadas”, e nunca se tendo antes falado em RITO, e não constando das
atas nenhuma “NOVA ADOPÇÃO” específica, é mais do que lógico que o RITO MO-
DERNO TENHA SIDO ADOTADO NA FUNDAÇÃO DO GR∴ OR∴ BRASÍLICO.
Na 7ª Sess∴, de 23.7.1822, aparecem outras propostas para elevação de
IIr∴ ao Gr∴ 4 do Rito Moderno, e nesta mesma reunião, que por sinal era a SEGUNDA
em que José Bonifácio se dignava aparecer, se resolveu “… unanimemente dar o Gr∴
de ROSA CRUZ (7º. do Rito Moderno) ao Gr∴ Mest∴ José Bonifácio…”.
Na Sess∴ seguinte, Extraordinária de 2.8.1822, aparecia José Bonifácio
pela terceira vez no GOB, para iniciar o Príncipe Regente D. PEDRO, com o nome he-
roico de GUATIMOSIM.
Devo esclarecer aqui que o USO DE “NOMES HERÓICOS” NÃO ERA
PRIVATIVO DO RITO ADONHIRAMITA, como querem fazer crer os “propagandistas
hoje do rito”. Era um hábito adotado para os maçons se livrarem das perseguições da
inquisição e outras, e de passagem posso provar que até hoje este uso está arraigado
até no Supremo Conselho do REAA de Portugal.
Cleber Tomás Vianna 89
Texto final sobre a análise dos seus objetos maçônicos de D. Pedro I (Gua-
timozin):
..."Assim, devido à semelhança do avental descrito neste ritual de 1834
(Reguladores do Rito Francez – Gràos Symbólicos - Typ. Imp. e Const. de Seignot-
Plancher e Cª.) e o pertencente a D. Pedro I, pode-se corroborar a afirmativa de ser do
Grau 7 do Rito Moderno bem como ser passível seu uso pelo Imperador."...
Conclusão:
O mérito e êxito desta obra é fruto de árduo trabalho de pesquisa onde se buscou o consenso e a
unanimidade nos escritos de especialistas na matéria. Faz-se mister concluir, após a análise dos
documentos, livros e demais compêndios consultados, que o Rito Francês ou Moderno foi o primei-
ro rito brasileiro regular, bem como o rito de fundação do Grande Oriente do Brasil, não havendo
até a presente data, pesquisa que supere esta afirmativa. No entanto, como ao maçom compete a
constante busca da verdade, seguimos nossos estudos.
Cleber Tomás Vianna
Secretário de Orientação Ritualística do GOEB, gestão GME 2015/2019; Grande Benemérito do
GOB e do GOEB; Comendador da Estrela da Distinção Maçônica; Defensor Perpétuo do Rito
Moderno; Membro da Academia Maçônica de Artes e Letras da Bahia, Cadeira nº 15; Grau 33 e
último dos Ritos Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito; Grau 9 e último do Rito Moderno.
Foto: Celso M. da Mota Júnior
Cleber Tomás Vianna 91
Currículo detalhado:
▲ Diploma de Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho do Brasil para o Rito
Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão, RJ, Ato 14.341 de 25/11/2016 Promulgado pelo
Soberano irmão Enyr de Jesus Costa e Silva.
▲ Diploma de Grande Reconhecimento Maçônico do Supremo Conselho do Brasil
para o Rito Escocês Antigo e Aceito, Sede em São Cristóvão, RJ, Ato 15.994 de 02/05/2018 Pro-
mulgado pelo Soberano irmão Enyr de Jesus Costa e Silva.
▲Diploma de Mérito de Membro Contribuinte para a nova Sede do Supremo Conse-
lho do Grau 33 do REAA, em Jacarepaguá - nº. 10.321 – 16/07/1986.
▲Diploma de Fundador Honorário - 23/09/2002- Loja Solidariedade, 3348 – GO-
EB/GOB – SSA/BA.
▲Diploma de Venerável Mestre de Honra – 23/09/2002 – Loja Solidariedade, 3348 –
GOEB/GOB – SSA/BA.
Cleber Tomás Vianna 93
Créditos:
10) Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo de Estudios de Rito Francés
Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector Gene-
ral del RM, Valle de España: www.ritofrances.net;
18) A Trolha;
26) PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de Acordo com o Rito Escocês
Antigo e Aceito, 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica ―A Trolha‖, 2011;
28) BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma Interpretação. In: Supremo
Conselho do Rito Moderno;
30) O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed.
Maçônica A Trolha, ANTUNES, Álcio de Alencar – Edição 1994;
32) Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno ou Francês, no site Mason Kit.Net (acesso
em 26/02/2013):
33) mason.kit.net/ritos/modernooufrances.htm;
35) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9
e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928;
38) István Jancsó e Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença francesa na
Bahia em torno de 1798:
39) http://www.scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf;
Cleber Tomás Vianna 103
42)Encyclopedia de La Masoneria:
(http://freimaurerwiki.de/index.php/En:Brazilian_Freemasonr);
Ilustrações:
a) https://pinterest.com;
b) Jotassil Artes;
49) Revista Ciência e Maçonaria - C&M | Brasília, Vol. 4, n.1, p. 19-24, jan/jun, 2017;
52) https://noticias.r7.com/domingo-espetacular/conheca-o-verdadeiro-rosto-do-
imperador-dom-pedro-i-11052018;
53) https://odetedecoracaoparaeventos.com.br/produto/coruja-artistica-
branca/?add_to_wishlist=895
53) Colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro Sadrack Meira Araújo, Cavalei-
ro do Oriente, III Ordem, Grau 6 do Rito Francês ou Moderno e,
55) Agradecimento especial ao querido irmão Lázaro Rocha Menezes Rios, o incenti-
vador e colaborador que proporcionou a concretização desta importante obra maçônica, extensivo
a tantos quantos se envolverem na divulgação da mesma.