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Educaçao Inclusiva
Educaçao Inclusiva
PARA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
ETAPA 1
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Coordenação
Ana Clarisse Alencar Barbosa
Autora
Carolina dos Santos Maiola
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Fabiana Lange Brandes
Suellen Cardoso de Lima
A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Apresentação do capítulo
Olá, estudante!
Bons Estudos!
2 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Iniciamos nossos estudos convidando você, para uma caminhada de reflexões sobre
a Educação Especial e as políticas de educação inclusiva. É inevitável nos reportarmos ao
papel da escola e a todos os sujeitos envolvidos nesse processo.
FIGURA 1 - DIFERENÇA
Diante disso, você já se perguntou sobre quem define o que é ser diferente?
S!
DICA
Sugerimos o filme: “De porta em porta”, que conta a história real de Bill
Porter, um homem que nasceu com uma
paralisia cerebral, que cria limitações na
sua fala e movimentos. Bill tem todo o
apoio da sua mãe para obter um emprego
como vendedor na Watkins Company.
Primeiramente Bill é rejeitado pelas
pessoas “normais”, mas ao fazer sua 1ª
venda para uma alcóolatra reclusa, Gladys
Sullivan (Kathy Baker), ele literalmente
não parou mais.
Vygotsky, conforme Veer e Valsiner (1999), sugere que o ser humano deveria,
antes de ser definido comparativamente, ser reconhecido como detentor de uma
identidade única, o que anularia as relações binárias do tipo normal/anormal, mais
inteligente/menos inteligente, melhor/pior, dentre outros.
FIGURA 2 - DIVERSIDADE
É sobre esta diversidade humana que o professor age ou com a qual interage. Por
esta razão, questionamos: Por que resistir ao diferente se lidamos com as diferenças no
dia a dia?
2 A DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA
Prezado leitor, no decorrer dos nossos estudos, você perceberá que muitos
foram os termos utilizados para denominar a pessoa com deficiência. Para que você
acompanhe todo o processo de construção desse sujeito no contexto social e escolar,
optamos por manter os termos utilizados em cada época descrita, até chegarmos às
concepções utilizadas atualmente. Os nomes dados, de acordo com o período histórico,
nos mostram também como as pessoas eram concebidas naquela época. Diante disso,
acompanhe conosco um breve recorte dessa trajetória!
devolvido ao pai, que tinha a obrigação de cuidá-lo até os sete anos; depois, o
Estado tomava para si esta responsabilidade e dirigia a educação da criança para
a arte de guerrear. No entanto, se a criança parecia “feia, disforme e franzina”,
indicando algum tipo de limitação física, os anciãos ficavam com a criança e,
em nome do Estado, a levavam para um local conhecido como Apothetai (que
significa “depósitos”). Tratava-se de um abismo onde a criança era jogada,
“pois tinham a opinião de que não era bom nem para a criança nem para a
república que ela vivesse, visto que, desde o nascimento, não se mostrava bem
constituída para ser forte, sã e rija durante toda a vida (Licurgo de Plutarco
apud SILVA, 1987, p. 105).
Hoje, a prática citada, nos parece cruel e repugnante, não é mesmo?! No entanto,
deve ser entendida de acordo com a realidade histórica e social da época. Para eles, a
expectativa é de que se criassem sujeitos perfeitos para que se tornassem guerreiros.
Ainda, temos relatos de civilizações que utilizavam comercialmente as pessoas com
deficiência para fins de prostituição ou entretenimento:
principalmente com a criação dos direitos reconhecidos como universais, numa filosofia
humanista, bem como a realização de avanços na ciência que viabilizaram um olhar mais
clínico à pessoa com deficiência. Assim, passa-se a ter uma atenção mais direcionada e
constroem-se espaços de atendimento específico para essas pessoas.
FIGURA 6 - RENASCIMENTO
Para Bleidick (1981, p.257 apud BEYER, 2006a), a escola sempre desejou
simplificar o que era complexo no que diz respeito à condição humana e, por isso,
selecionava o que era de sua responsabilidade e ao que não cabia em suas abordagens
educacionais. Para isso, criavam-se espaços educacionais que separavam aqueles que
não cabiam nos padrões estabelecidos pela escola, dando origem a novos parâmetros
de desenvolvimento e concepções de seres humanos, para atender às disparidades
excluídas das instituições anteriores.
O termo defectologia era utilizado para a ciência que estudava as crianças com
vários tipos de problemas (defeitos), tanto intelectuais quanto físicos. Dentre as crianças
estudadas, estavam os surdos-mudos, atualmente classificados somente como surdos,
cegos, não-educáveis e deficientes mentais, hoje, deficientes intelectuais.
UNI
Com base nessa capacidade plástica citada por Vygotsky (1997), podemos
compreender que um indivíduo com limitações físicas ou intelectuais pode modificar
seus estados a partir de estímulos externos e refinar suas capacidades já desenvolvidas,
de modo a, preferencialmente, ressaltar o que cada sujeito tem de melhor para oferecer
ao seu meio e a si mesmo.
Ao enfatizar que grande parte das crianças defeituosas eram “normais” e tinham
potencialidade para se desenvolverem normalmente, Vygotsky reivindicou que os muros
das escolas especiais fossem derrubados e que essas crianças defeituosas participassem da
vida escolar comum a todos. O teórico opunha-se a todos os procedimentos diagnósticos
que fossem baseados em uma abordagem puramente quantitativa, lembrando que na
época dos seus estudos, havia uma valorização aos testes de Quociente de Inteligência - QI.
Em linhas gerais, podemos dizer que para Vygotsky não bastava conhecer
o desempenho cognitivo atual da criança, mas sim dar importância à qualidade da
mediação dada a ela e avaliar o desempenho posterior. Nas palavras do teórico,
importante seria conhecer a possibilidade de dilatamento intelectual que a criança
apresenta, antes de concluir meramente sobre suas capacidades.
FIGURA 9 - MEDIAÇÃO
Isso nos sugere que as pessoas, de um modo geral, se diferenciam umas das outras
em seu processo de desenvolvimento. A criança maior, por exemplo, no desenvolvimento
de suas funções, se diferencia de uma criança menor; um adulto se diferencia de uma
criança, o mesmo ocorrendo com uma criança com deficiência que, da mesma forma que
uma criança sem deficiência, tem sua forma peculiar de utilizar suas potencialidades e
os procedimentos disponíveis para que se desenvolva.
FIGURA 11 - INES
S!
DICA
Com o passar dos anos, novas escolas de educação especial foram criadas, com
base nessas instituições de referência, demarcando assim, um período histórico até então
caracterizado pela exclusão, para um momento de inserção do sujeito com deficiência
na escolarização, mesmo que ainda segregacionista.
FIGURA 16 - EXCLUSÃO
IMPO
RTAN
TE!
Sugerimos o filme: “Meu nome é Radio”. Técnico de futebol faz amizade
com Radio, um rapaz com deficiência mental. Radio se transforma de um
garoto tímido em uma inspiração para a comunidade onde vive.
sem deficiência, os alunos com deficiência não atrapalhariam o ensino dos demais.
Perceba que os termos integração e inclusão são comumente vistos, porém com
base de concepção e objetivos diferentes. Entendemos que a definição de inclusão é algo
mais amplo e complexo do que integração.
Podemos perceber que esses quatro momentos não podem ser vistos de forma
linear e cronológica. Eles permanecem presentes, cada um em situações escolares
diferenciadas. Ou seja, algumas experiências escolares ainda se encontram num momento
de apenas integração das pessoas com deficiência, com o intuito de possibilitar a elas
maior socialização; outras já criaram estratégias bem-sucedidas para a permanência de
todas as crianças, cada qual com suas especificidades, procurando, mesmo que nas suas
limitações, o maior índice de aproveitamento e experiência educacional.
IMPO
RTAN
T E!
Filme: Sempre Amigos. A história da amizade dois meninos, um superdotado
e com distrofia muscular e o outro grande, com comprometimento
intelectual e sem amigos.
As pessoas com deficiência estão sendo inseridas nas escolas regulares, porque,
além de um direito conquistado, têm um maior número de estímulos e possibilidades de
desenvolvimento que, adquiridos nas inter-relações, nos centros de interesse e na motivação
frente aos novos desafios, contribuem com todos os alunos da sala.
Afonso (2004), sugere que devemos considerar quatro níveis de análise da realidade
educacional:
Podemos perceber que estes 4 níveis apontam três dimensões: a cultura, a política
e as práticas pedagógicas e que precisam estar em consonância para que consigamos
realmente vivenciar uma escola para todos. Compreender a dimensão dessa realidade
educacional nos ajudará no trabalho pedagógico na diversidade, envolvendo práticas
pedagógicas comuns para todos e sensíveis às diferenças individuais.
REFERÊNCIAS
_______. Educação Especial Legislação. 1997. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 15 abr.2016
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U.
de dezembro de 1996.
______. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília.MEC/SEESP, 2001.
______. Plano Nacional de Educação. Brasília. Casa Civil da Presidência da República, 2001.
_________ A deficiência auditiva na idade escolar – cartilha. Programa de saúde auditiva. Bauru: H.P.R.L.L.P.
USP, FUNCRAF, Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
LUCKASSON, R.; COULTER, D. L.; POLLOWAY, E. A.; REISS, S.; SCHALOCK, R. L.; SNELL, M. E. et
al. Mental Retardation – definition, classification, and systems of support. Washington, DC: American
Association on Mental Retardation, 1992.
ONU. Declaração de Salamanca: princípios, política e prática em educação especial. 1994. Disponível em:
<www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 26 abr. 2016.