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Desenho Técnico I

2003/2004
Licenciatura em Engenharia Mecânica

Departamento de Engenharia Mecânica


Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra

Desenho Técnico I 1
Programa
 Normalização
 Formatos de papel, legendas e escalas
 Sistemas de projecção
■ Projecção cilíndrica ortogonal
 Projecção dupla
• Geometria de Monge
▫ Representação do ponto, da recta e do plano

 Projecção múltipla
• Desenho multivista
• Tipos de linhas, significado e precedências
• Escolha de vistas
▫ Vistas necessárias, e vistas suficientes
▫ Vistas parciais deslocadas e interrompidas
▫ Vistas auxiliares
▫ Representações convencionais e simplificadas
▫ Diversas fases da realização de um desenho
multivistas

Desenho Técnico I 2
Programa
 Cortes e secções
■ Corte total, meio corte e corte parcial
■ Representação da superfícies cortadas
 Diferentes tipos de tracejados
■ Cortes por planos concorrentes e paralelos
■ Regras gerais e casos particulares
 Nervuras, raios, etc...
■ Secções

 Sistemas de projecção
■ Projecção Axonometria
 Oblíqua
• Perspectiva cavaleira

 Ortogonal
• Triângulo de referência
• Ângulos de declive e coeficientes de redução linear e
superficial
• Escalas axonométricas
• Perspectivas isométrica, dimétrica e trimétrica

 Métodos gerais de construção de perspectivas


rápidas

Desenho Técnico I 3
Programa
 Cotagem
■ Linhas de chamada, linhas de cota e cotas
■ Inscrição de cotas
■ Símbolos complementares de cotagem
■ Escolha e localização das cotas
■ Critérios de cotagem
■ Cotagem de elementos cónicos ou com faces convergentes
■ Cotagem de desenhos em corte, em perspectiva ou de conjunto

 Principais processos produtivos utilizados nas


oficinas de construção mecânica
■ Fundição
■ Corte por arranque de apara
 Furar, mandrilar, tornear, fresar, serrar, limar e rectificar

 Complementos de cotagem
■ Tolerâncias
 Sistema normalizado de tolerâncias

Desenho Técnico I 4
Programa
■ Ajustamentos
 Ajustamentos recomendados
• Sistema do furo normal

■ Inscrição de cotas tolerânciadas nos desenhos


 O caso particular de cotas sem indicação explicita de
tolerância
■ Acabamentos superficiais
 Rugosidade
 Indicação do estado de superfície

 Desenho de elementos mecânicos


■ Peças roscadas
 Roscas
• Elementos geométricos
• Elementos dimensionais
• Representação simplificada de roscas

 Parafusos e porcas
• Designação normalizada

Desenho Técnico I 5
Programa
■ Rebites
■ Molas
■ Enchavetamentos
■ Engrenagens
■ Soldadura

 Desenho de tubagens
■ Circuitos de distribuição de fluidos
 Simbologia
 Traçados isométricos
 Fluxogramas

Desenho Técnico I 6
Bibliografia
 Desenho Técnico Moderno
Arlindo Silva, João Dias, Luís Sousa
Lidel

 Desenho Técnico Básico – Vol. 3


Simões Morais
Porto Editora

 Desenho Técnico
Luis Veiga da Cunha
Fundação Calouste Gulbenkian

 Desenho Básico – Vol. 1


Simões Morais
Porto Editora

 Normas NP e ISO

Desenho Técnico I 7
Avaliação
 A aprovação na cadeira é conseguida com uma
nota final de 10 valores

■ A nota final é igual à soma de duas parcelas, a saber:


 Nota do Dossier dos trabalhos realizados nas aulas
que vale até 10 valores
 Nota da frequência, exame ou exame de recurso 10
valores

■ A aprovação fica ainda condicionada a:


 Nota mínima na frequência, exame ou exame de
recurso: 3.5 valores
 Nota mínima no dossier: 3.5 valores

Desenho Técnico I 8
Material para as aulas práticas
 Obrigatório
■ Dois porta-minas
 0.7 mm e 0.3 mm
■ Compasso
■ Fita cola
■ Folhas de papel A3
■ Dossier de cartão (papelaria do Dep. De Eng. Mêcânica
ou do Dep. de matemática)
■ Borracha

 Aconselhável
■ Esquadro de 45º
■ Esquadro de 30º

 Notas:
■ As inscrições nas aulas práticas estão limitadas a 20
alunos por turma
■ As aulas práticas terão início na Segunda-Feira 13 de
Outubro

Desenho Técnico I 9
Introdução
 Desenho artístico
■ Forma de expressão gráfica de entidades concretas, como
objectos ou pessoas, ou conceitos abstractos, estéticos ou
filosóficos.

 Desenho técnico
■ Linguagem gráfica universal que faz uso da representação plana
de uma realidade tridimensional para transmissão de ideias de
uma forma rápida e precisa.
 A representação dessa realidade tridimensional é feita
actualmente de acordo com os princípios da ciência a que se
chama GEOMETRIA DESCRITIVA
• 300 A.C. Euclides aborda regras da perspectiva na sua obra
“Óptica”
• No período de dominação Romana Vitúrvio dissertou sobre o
corte horizontal - ichnographia – e sobre o corte vertical –
orthographia – de um edifício
• Na Renascença descobre-se a perspectiva cónica de que
Leonardo da Vinci foi um dos mais insignes cultores
• No sec. XVIII Gaspar Monge publica um texto onde expõe e
desenvolve um método de projecções ortogonais para
“...representar com exactidão por meio de desenhos que têm
duas dimensões os objectos que têm três…”

 Portanto:

a realização de desenhos técnicos não


é uma questão de jeito

Desenho Técnico I 10
Introdução
 Diferentes tipos de desenho técnico -
Diferenciação no que respeita à Qualidade
■ Esboço – Desenho à mão livre

■ Esquisso – Desenho rigoroso preliminar

■ Desenho – Desenho rigoroso de representação

Desenho Técnico I 11
Introdução
 Diferentes tipos de desenho técnico – Diferenciação
no que diz respeito ao modo de projecção
■ Multivistas

■ Perspectivo

Desenho Técnico I 12
Introdução
 Diferentes tipos de desenho técnico – Diferenciação no
que diz respeito ao modo de organização
■ Desenhos de conjunto

■ Desenho peça a peça

Desenho Técnico I 13
Normalização
 Normalizar
■ “Actividade conducente à obtenção de soluções para
problemas de carácter repetitivo, essencialmente no
âmbito da ciência da técnica e da economia, com vista à
realização do grau óptimo de organização num dado
domínio” (cf. NP-1620:1979)
■ Definir
 Precisar qualitativamente e quantitativamente todos
os materiais objectos e elementos utilizados na
produção bem como os próprios produtos acabados
■ Unificar e simplificar
 Unificar e simplificar têm em vista a redução do
número de variáveis supérfluas de todos os
materiais, elementos e operações quer do processo
produtivo quer do produto acabado
■ Em geral a normalização concretiza-se através da
elaboração, da publicação e implementação de normas
 “ uma especificação técnica ou outro documento do
domínio público preparado com a colaboração e o
consenso ou aprovação geral de todas as partes
interessadas, baseado em resultados conjugados da
experiência, da ciência e da tecnologia, visando a
optimização de benefícios para a comunidade no seu
conjunto e aprovado por um organismo juridicamente
qualificado, a nível nacional, regional ou internacional

Desenho Técnico I 14
Normalização
 Normas de desenho técnico mecânico - CT 10
■ NP 48:1968, Desenho técnico. Formatos

■ NP 49:1968, Desenho técnico. Modos de dobrar as folhas de desenho

■ NP 62:1961, Desenho técnico. Linhas e sua utilização

■ NP 167:1966, Desenho técnico. Figuração de materiais em corte

■ NP 204:1968, Desenho técnico. Legendas

■ NP 205:1970, Desenho técnico. Lista de peças.

■ NP 265:1962, Desenho técnico. Cotas não tolerânciadas. Diferenças para peças metálicas trabalhadas
por corte por arranque de apara.

■ NP 297:1963, Desenho técnico. Cotagem.

■ NP 327:1964, Desenho técnico. Representação de vistas.

■ NP 328:1964, Desenho técnico. Cortes e secções

■ NP 671:1973, Desenho técnico. Representação convencional. Convenções de utilização geral

■ NP 718:1968, Desenho técnico. Esquadrias

 Normas Portuguesas sobre tolerânciamento – CT3


■ NP 107:1962, Tolerâncias e ajustamentos. Terminologia.

■ NP 189:1962, Sistemas de tolerâncias. Noções fundamentais.

■ NP 190:1962, Sistemas de tolerâncias. Simbologia

■ NP 257:1961, Sistema de tolerâncias. Ajustamentos recomendados

■ NP 258:1961, Sistemas de tolerâncias. Folgas e apertos de ajustamentos recomendados

■ NP 265:1962, Cotas não toleranciadas. Diferenças para peças metálicas trabalhadas por arranque de
apara

■ NP 406:1966, Desenho técnico. Inscrição de tolerâncias lineares e angulares

 Normas Portuguesas sobre roscas e parafusos – CT1 e CT 2


■ NP 110:1968, Parafusos, porcas e pernos roscados. Diâmetros nominais. Dimensões nominais das
roscas

■ NP 344:1964, Roscas. Terminologia e simbologia

■ NP 400:1965, Roscas métricas triangulares. Perfil ISO

■ NP401:1965, Dimensões nominais para roscados. Perfil ISO (métrico)

Desenho Técnico I 15
Normalização

 Exemplo das diversas situações onde são


aplicadas normas na execução de desenhos
técnicos

Desenho Técnico I 16
Sistema de projecções

 Os sistemas de projecção plana – Conceitos básicos


■ Um sistema de projecção plano fica definido através de um ponto
e de um plano:
 O plano sobre o qual a projecção se faz:
• Plano de projecção

 O ponto a partir do qual a projecção se faz:


• Centro de projecção

■ Do centro de projecção partem rectas – projectantes ou raios


visuais - que passando pelos vários pontos do objecto a
representar vão intersectar o plano de projecção em diversos
pontos:
 O conjunto desses pontos constitui a projecção do objecto
sobre o plano escolhido a partir do centro de projecções
considerado

Desenho Técnico I 17
Sistema de projecções
■ No caso de o centro de projecção ser um ponto impróprio –
situado a uma distância infinita do plano de projecção – tem-se
uma projecção cilíndrica ou paralela
 Neste caso a posição do plano de projecção face às
projectantes permite ainda definir:
• Projecção ortogonal – Plano de projecção é perpendicular às
projectantes

• Projecção oblíqua – Plano de projecção é oblíquo


relativamente às projectantes

Desenho Técnico I 18
Sistema de projecções

 Método da dupla projecção ortogonal


■ Num sistema de projecção plana a cada ponto no espaço –
exceptuando o próprio centro de projecção – corresponde um só
ponto-projecção e a cada recta corresponde uma só recta-
projecção.
■ Mas…
 A cada ponto-projecção corresponde uma infinidades de
pontos do espaço – pertencentes à mesma recta
projectante
 A cada recta-projecção corresponde uma infinidade de
rectas no espaço – pertencentes ao mesmo plano
projectante

Desenho Técnico I 19
Sistema de projecções

 Uma única projecção plana não traduz


inequivocamente o objecto representado
 Para superar este problema a GD recorre a:
■ Método da dupla projecção ortogonal – Método de Monge –
Desenho multivistas
 Neste método usam-se simultaneamente dois sistemas de
projecção paralela e ortogonal
• (O∞, π) e (O1∞; π1) – No caso particular de os dois planos de projecção
serem perpendiculares entre sí o método designa-se por Método de
Monge ou Geometria de Monge e conduz ao Desenho Multivista

• Fig 5 do MV

Desenho Técnico I 20
Sistema de projecções
 Note-se que…..
■ Em Geometria de Monge as projecções são feitas sobre dois
planos perpendiculares e em Geometria Descritiva pretende-se
trabalhar apenas sobre um plano – o plano da folha de desenho.
 Para se alcançar tal objectivo é preciso supor que um dos
planos de projecção roda 90º em torno da linha de terra

Desenho Técnico I 21
Sistema de projecções
 Na prática pode ser necessário recorrer a uma terceira
projecção, num plano perpendicular aos outros dois –
plano de perfil – para definir completamente a peça a
representar
■ À projecção no plano horizontal chama-se planta ou vista de cima
■ À projecção no plano vertical chama-se alçado principal ou vista de
frente
■ À projecção no plano de perfil ou lateral chama-se alçado ou vista
lateral

 Método europeu ou do 1º diedro (quadrante) NP327:1964

Desenho Técnico I 22
Sistema de projecções
 Método Americano ou do 3º diédro (quadrante) NP
327:1964

Desenho Técnico I 23
Sistema de projecções
 As seis projecções/vistas de uma peça

Desenho Técnico I 24
Sistema de projecções
■ Método da projecção cotada
 Neste caso utiliza-se uma única projecção plana que se faz
acompanhar da chamada cota
• A cota é um número algébrico cujo valor absoluto define a
distância do ponto à sua projecção podendo ser positivo ou
negativo dependendo do facto de se encontrar aquém ou além
do plano de projecção

• Quando a projecção plana é paralela e ortogonal estamos em


presença da chamada geometria cotada que conduz ao
Desenho Topográfico

■ Axonometria
 Neste caso o objecto a projectar é suposto estar ligado a
um sistema de eixos coordenados ortogonais – ou a um
conjunto de planos perpendiculares entre si.

Desenho Técnico I 25
Sistema de projecções

 Projecta-se ortogonalmente cada elemento do


objecto a representar sobre um dos planos
coordenados – projecção auxiliar
 Projectam-se os próprios elementos do objecto e as
respectivas projecções auxiliares sobre o plano de
projecção
• A projecção do próprio elemento do objecto recebe o
nome de projecção directa e a projecção da projecção
auxiliar recebe o nome de projecção prévia

 Esta segunda projecção pode ser paralela e dentro


desta oblíqua – conduzindo a perspectiva cavaleira –
ou ortogonal conduzindo às perspectivas
axonométricas isométricas, dimétricas e trimétricas.

Desenho Técnico I 26
Sistema de projecções
■ Método das projecções estereoscópicas
 Neste caso usam-se dois sistemas de projecção mas
apenas um único plano de projecção sendo habitual
combinar um sistema de projecção cónica com um
sistema de projecção cilíndrica ortogonal que conduz
à perspectiva cónica ou rigorosa

Desenho Técnico I 27
Formatos, legendas e escalas

 Formatos das folhas de papel usadas em desenho


técnico - NP 48:1968
■ “Como formatos finais de desenhos adoptam-se os formatos da
série A
 Em todos os formatos desta série verifica-se que o lado
maior da folha é igual à diagonal do quadrado construído
sobre o lado menor

• Ou seja: lado maior = lado menor x (2)0.5

 Para além disso verifica-se que em cada formato o lado


menor é igual ao lado maior do formato mais pequeno
imediatamente a seguir.
• Deste modo se a1 e b1 forem respectivamente as dimensões do
lado maior e do lado menor de um determinado formato e a2 e
b2 forem as dimensões homologas do formato imediatamente
inferior verifica-se:

• b1 = a2, pelo que a1 x b1 = a1 x a2 = b1 x (2)0.5 x b2 x (2)0.5


logo, a1 x b1 = 2 x b1 x b2 = 2 x a2 x b2, ou seja a área de
cada formato é dupla da do formato imediatamente inferior

Desenho Técnico I 28
Formatos, legendas e escalas

 Obtenção dos diversos formatos da série A por


subdivisão do formato A0

 Dimensões e áreas dos diversos formatos da série A

Designação Dimensões [mm] Área [m2]


A0 841 x 1189 1.0000
A1 594 x 841 0.5000
A2 420 x 594 0.2500
A3 297 x 420 0.1250
A4 210 x 297 0.0625
A5 148 x 210 0.0312
A6 105 x 148 0.0156
Desenho Técnico I 29
Formatos, legendas e escalas

 Elementos gráficos das folhas de desenho


técnico NP 718:1968 (?)
■ Marcas de centragem, marcas de orientação, sistemas de
coordenadas, graduação métrica de referência, ongletes
de corte, marcas de dobragem e legendas

Desenho Técnico I 30
Formatos, legendas e escalas

 Legendas
■ Contém informações relativas ao desenho tais como:
 Identificação e designação do objecto desenhado,
 Identificação do responsável pelo desenho,
 Identificação do proprietário
 Informações relativas a características do desenho
(escalas, estado de acabamento superficial, etc)
 Anotação de alterações
■ Localização da legenda na folha de desenho
 Posições comuns

 Posições alternativas

Desenho Técnico I 31
Formatos, legendas e escalas

 Tipos de legendas ISO 7200:1984


■ Zona de identificação (de preenchimento obrigatório)
 Número de registo ou de identificação do desenho
(no canto inferior direito) - (a)
 Título do desenho - (b)
 Nome da empresa proprietária do desenho - (c)
■ Zona de informação adicional
 Informação indicativa
• Destinada a evitar erros de interpretação relacionados
com o método de representação
▫ Símbolo correspondendo ao método de projecção
utilizado
▫ Escala
▫ Unidade dimensional linear se não for milímetros

 Informação técnica
• Relaciona-se com métodos e convenções utilizadas na
representação dos produtos
▫ Método de indicação de estados de superfície
▫ Método de indicação de tolerâncias geométricas
▫ Valores de tolerâncias dimensionais não
indicadas na cotagem
▫ Outras informações técnicas

Desenho Técnico I 32
Formatos, legendas e escalas
 Informação administrativa
• Relacionada com a gestão e controlo dos desenhos

▫ Data da realização do desenho

▫ Formato da folha de desenho utilizada

▫ Responsáveis pela execução do projecto e do desenho

Desenho Técnico I 33
Formatos, legendas e escalas
 Tipos de legendas NP 204:1968
■ Prevê sete tipos diferentes de legendas

 Lista de peças
■ Deve acompanhar desenhos de conjunto
■ Normalmente é colocada sobre a legenda com o cabeçalho na
parte inferior sendo preenchida de cima para baixo
■ Deve conter informação relativa a:
 Designação
 Referência
 Número de exemplares da peça
 Material
 Informações auxiliares: peso, normas que se referem à peça,
tratamentos térmicos, nome do ficheiro observações, etc.

Desenho Técnico I 34
Formatos, legendas e escalas

 Dobragem dos desenhos NP 49:1968

Desenho Técnico I 35
Formatos, legendas e escalas

 Escalas
■ NP 717 (não está em vigor) – ISO 5475:1979
■ A escala é uma relação entre as dimensões do objecto
representado e a correspondente dimensão real do objecto

 Escala = (Dimensão do desenho)/(Dimensão real)

■ Escalas de redução: Quando a dimensão do desenho é menor


que a dimensão real do objecto, 1:X, com X > 1
■ Escalas de ampliação: Quando a dimensão do desenho é maior
que a dimensão real do objecto, X:1, com X > 1

T IP O D E ESCA LA S
ESCALA RECOM ENDADAS
2 0 :1 5 0 :1 1 0 0 :1
A m p li a ç ã o
2 :1 5 :1 1 0 :1
R eal 1 :1
1 :2 1 :5 1 :1 0
1 :2 0 1 :5 0 1 :1 0 0
R eduçã o
1 :2 0 0 1 :5 0 0 1 :1 0 0 0
1 :2 0 0 0 1 :5 0 0 0 1 :1 0 0 0 0

Desenho Técnico I 36
Desenho multivista

 Tipos de linhas usadas em desenho técnico


■ Em projecções ortogonais uma linha pode representar:
 o contorno aparente de superfícies curvas
 superfícies planas vistas de perfil ou de topo
 intersecção de duas superfícies – arestas
■ No caso de as configurações anteriores serem visíveis o traço
utilizado para as representar deve ser o contínuo grosso – tipo a
■ No caso de as configurações anteriores serem invisíveis o traço a
utilizar deve ser o traço interrompido – tipo b
 O traço interrompido a utilizar na representação de
contornos, superfícies de perfil e arestas pode ser grosso ou
fino, no entanto apenas um tipo de traço deve ser utilizado ao
longo de todo o desenho.

CASO DESCRIÇÃO CORRECTO INCORRECTO


Quando uma aresta invisível termina
perpendicularmente ou angularmente em
1
relação a uma aresta visível toca a aresta
visível.
Se existir uma aresta visível no
2 prolongamento duma aresta invisível, então a
aresta invisível não toca a aresta visível.
Quando duas ou mais arestas invisíveis
3
terminam num ponto devem tocar-se.

Quando uma aresta invisível cruza outra


4
aresta (visível ou invisível) não deve tocá-la.

Quando duas linhas de eixo se intersectam


5
devem tocar-se.

Desenho Técnico I 37
Desenho multivista

 Para além disso:


■ utiliza-se o traço contínuo fino nas seguintes situações
 tracejado de uma superfície representada em corte – e1
 contornos e arestas fictícias – e2
 linhas de cota, chamada e de referência – e3
 contornos de peças vizinhas desenhadas só a título de
indicação – e4
 contorno de secções locais – e5
■ utiliza-se o traço misto (traço-ponto) fino nas seguintes situações
 linhas de eixo e/ou simetria – d1
 posição extrema de peças móveis – d2
 trajectória de peças móveis – d3
 contorno de elementos situados aquém de um plano de corte
– d4
■ utiliza-se o traço fino contínuo à mão livre nas seguintes situações
 limites de vistas locais ou interrompidas – e6
• nas situações em que esse mesmo limite não é uma linha do tipo
misto

 limite de cortes parciais – e6


■ utiliza-se o traço tipo misto fino e traço grosso nas seguintes
situações
 delimitação de planos de corte

Desenho Técnico I 38
Desenho multivista
■ Exemplo da aplicação dos diversos tipos de linhas

Desenho Técnico I 39
Desenho multivista

 Vistas necessárias e vistas suficientes


■ A representação de três vistas de um determinado objecto é,
na esmagadora maioria das vezes, suficiente para a sua
completa e inequívoca definição
 A vista principal deve ser escolhida como:
• A que mostra mais detalhes do objecto
• A posição natural ou de trabalho do objecto
• A que dá origem a um menor número de linhas invisíveis
• A de maior dimensão

 Contudo, bastantes objectos, de que são exemplos


grande parte das peças com um eixo o plano de simetria,
podem ser definidos por apenas duas vistas

Desenho Técnico I 40
Desenho multivista

■ Eventualmente algumas peças podem ser definidas


apenas com uma vista devendo nesse caso ser
acompanhadas de sinais de informação complementar

Desenho Técnico I 41
Desenho multivista
 Conselhos gerais para a selecção das vistas
necessárias e suficientes à completa definição de uma
peça
 Superfícies curvas ou inclinadas devem ser representadas
pelo menos numa das projecções vistas de perfil
 Superfícies inclinadas (perpendiculares a apenas um dos
planos de projecção) devem ser representadas numas das
projecções vistas de perfil: ou seja têm que ser projectadas
contra o plano ao qual são perpendiculares.
 Mesmo não sendo absolutamente necessário a execução de
uma terceira vista pode facilitar a leitura do desenho

Desenho Técnico I 42
Desenho multivista

Desenho Técnico I 43
Desenho multivistas

Desenho Técnico I 44
Desenho multivista
 Regras para a execução de desenhos de projecções
ortogonais:

■ 1) – Seleccionar as vistas necessárias e suficientes para a


completa definição do objecto.
■ 2) – Estudar o posicionamento das vistas na folha de desenho
optando pelo formato e escala adequados
■ 3) – Imaginar o menor paralelepípedo que contém o objecto e
desenhar a traço muito leve as figuras geométricas simples que
circunscrevem as projecções
■ 4) – Com traço leve, pormenorizar todas as vistas trabalhando
simultaneamente em todas.
 Primeiro devem desenha-se as linhas de eixo e/ou simetria
depois as linhas curvas (circunferências e arcos de
circunferência) e por fim as linas horizontais e verticais.
■ 4) – Acentuar com traço definitivo os contornos de cada vista
■ 5) – Acentua em cada vistas os pormenores visíveis
■ 6) – Desenhar as linhas correspondendo aos detalhes invisíveis
■ 7) – Verificar a correcção do desenho
■ 8) – Cotar e tolerânciar
■ 9) – Desenhar com traço apropriado as linhas convencionais
(limite de corte, tracejados, etc)

Desenho Técnico I 45
Desenho multivista

Desenho Técnico I 46
Desenho multivista

 Vistas parciais - Por questões de rapidez de execução, sem


perda de clareza é possível em determinadas situações desenhar
apenas parte do objecto que se pretende representar

■ Meia vista
 Nestes casos as extremidades dos eixos de simetria
referenciam-se com dois pequenos traços paralelos entre
si e perpendiculares ao eixo

Desenho Técnico I 47
Desenho multivista

 Vistas parciais
■ Um quarto de vista - quadrante

Desenho Técnico I 48
Desenho multivista

■ Vista interrompidas
 Utilizada na representação de objectos compridos
com características uniformes em todo (ou parte) do
seu comprimento
• Neste caso utiliza-se o traço fino contínuo à mão livre
para limitar cada uma das partes da peça

• Fig 14 e 15 do SM

Desenho Técnico I 49
Desenho multivista
 Vistas deslocadas e locais
■ Pode em determinadas situações justificar-se a representação de
vistas fora do seu local próprio
 Nesse caso a referida vista fica liberta de todas as regras
gerais de colocação de vistas devendo ser representada
segundo o método das flechas referenciadas

Desenho Técnico I 50
Desenho multivista
■ Vistas auxiliares
 Destinam-se a facilitar a execução e a leitura de
faces de objectos inclinadas ou obliquas
relativamente aos planos normais de projecção

• Faces inclinadas – quando são perpendiculares a um


dos planos normais de projecção e inclinadas
relativamente aos outros dois

• Faces oblíquas – quando são inclinadas relativamente


aos três planos normais de projecção

Desenho Técnico I 51
Desenho multivista
■ Para facilitar a execução, a leitura e obter a verdadeira
grandeza dessas faces inclinadas/obliquas vai recorrer-se
ao uso de planos auxiliares de projecção e sobre eles
obter vistas auxiliares
 Vistas auxiliares primárias – a usar em casos de
objectos com faces inclinadas
• Realizada num plano paralelo à superfície inclinada e
perpendicular a um dos planos principais de projecção
para o qual é rebatido.

Desenho Técnico I 52
Desenho multivista
■ Vistas auxiliares secundária – a usar em casos de
objectos com faces oblíquas
 Realizadas em dois planos auxiliares
• Plano auxiliar primário – Plano perpendicular´à
superfície oblíqua e a um dos planos normais de
projecção
▫ Neste plano a superfície obliqua vai aparecer
vista de perfil
• Plano auxiliar secundário – Plano perpendicular ao
primeiro plano auxiliar e paralelo à superfície oblíqua
▫ Neste plano a superfície oblíqua vai aparecer na
sua verdadeira grandeza e vista de frente

Desenho Técnico I 53
Desenho multivista

■ Simplificações e representações convencionais


 Em algumas situações as regras da representação
segundo projecções ortogonais podem não ser
completamente respeitadas se disso resultar uma
evidente vantagem na realização e leitura do
desenho e não der origem a confusões ou equívocos

Desenho Técnico I 54
Desenho multivista

■ Simplificações e representações convencionais


 Arestas invisíveis
• Em peças reais as intersecções de superfícies são
muitas vezes suavizadas por superfícies arredondadas
de tal forma que deixam de existir verdadeiras arestas
vivas – em representação rigoroso nenhum traço
deveria existir nessa zona de intersecção.
• No sentido de facilitar a leitura do desenho é usual
representar aquelas arestas com o tipo de traço
contínuo fino
▫ Estas arestas fictícias não devem cruzar-se entre
sí nem tocar as linhas de contorno visíveis

Desenho Técnico I 55
Desenho multivista

■ Simplificações e representações convencionais


 Peças repetidas ou com furos equidistantes
• No caso das peças repetidas pode apenas desenhar-
se uma delas completamente e os contornos das
restantes
• No caso de se pretender representar paças com furos
equidistantes é possível representar apenas um ou
dois furos e apenas os centros dos restantes

Desenho Técnico I 56
Axonometria e perspectivas rápidas
 Método das projecções axonométricas
■ Consiste na projecção sobre o plano do desenho de um dado
objecto, definido no espaço em relação a um sistema de eixos
coordenados ortogonais, em conjunto com as suas projecções
ortogonais sobre cada um dos planos coordenados e com o referido
sistema de eixos.

■ Dependendo do tipo de projecção utilizado na representação do


objecto e do sistema de eixos a ele ligado, podem distinguir-se os
seguintes tipos de projecções axonométricas
 Axonometria paralela
• Axonometria obliqua – Perspectiva cavaleira,

• Axonometria ortogonal – Perspectiva isométrica, dimétrica e


trimétrica

Desenho Técnico I 57
Axonometria e perspectivas rápidas

 Coeficientes de redução
■ Sejam Lx, Ly e Lz determinadas dimensões lineares marcadas sobre cada um
dos eixos coordenados ligados ao objecto a representar; sejam Lxα, Lyα e Lxα
as respectivas projecções cilíndricas dessas dimensões num plano α.

Lz
Lx

Bα Ly
Aα Lzα
Lxα

Lyα

 Definem-se como coeficientes de redução linear os seguintes quocientes:

Lxα Ly Lz
s= ;t = α ;u = α
Lx Ly Lz
▫ Se os comprimentos marcados sobre cada um dos eixos for
o unitário, Lx=Ly=Lz=1 então Lxα, Lyα e Lzα, podem ser
tomados como unidades axonométricas sobre a projecção de
cada um dos eixos coordenados.
▫ Uma determinada dimensão AB do objecto a representar,
medida paralelamente a um dos eixos coordenados, por
exemplo o eixo dos xx, virá representada com uma dimensão
igual a:
ABα = AB × s
 Dependendo da relação existente entre os três coeficientes de redução
linear as projecções axonométricas podem ser classificadas em:
• Isométricas: s = t = u
• Dimétricas: s = t ≠ u; s = u ≠ t; t = u ≠ s
• Trimétricas: s ≠ t ≠ u
Desenho Técnico I 58
Axonometria e perspectivas rápidas

 Construção da projecção axonométrica de um ponto


■ Seja dado um ponto do espaço P pelas suas coordenadas, x, y e
z, respectivamente: abcissa, ordenada e cota,
■ Sejam dados os coeficientes de redução linear para cada um dos
eixos: s, t e u
■ Sejam conhecidas as projecções cilíndricas dos três eixos
coordenados no plano de desenho α.
 A projecção de P no plano α pode ser realizada marcando
sucessivamente, e paralelamente aos eixos coordenados, as
distâncias correspondendo à abcissa, ordenada e cota do
ponto P:
xα = x × s
yα = y × t
zα = z × u

Desenho Técnico I 59
Axonometria e perspectivas rápidas
 Relação entre os coeficientes de redução linear e o
ângulo de projecção
z

zP

P
OP D λ
ψ ψ1 xP ϕ
O

x ν
A yP

B
y

 x, y e z - eixos coordenados
 P - plano de projecção
 xP, yP e zP – eixos axonométricos
 D – Pé da perpendicular de O para P
 ϕ - Ângulo da direcção de projecção com o plano P
 ψ, ν, λ - Ângulos entre a direcção de projecção e os três eixos
coordenados
 ψ1, ν1, λ1 – ângulo entre os eixos coordenados e a normal ao plano de
projecção

Desenho Técnico I 60
Axonometria e perspectivas rápidas

zP

xP

yP

 Considere-se o triângulo OOPA. Pelo teorema de Carnot tem-


se: 2 2 2
OP A = OP O + OA − 2 × OOP × OA × cosψ ⇔
2 2
 OP A   OOP  OOP
  =  +1− 2× × cosψ
 OA   OA  OA

Lxα OP A
Para além disso sabe-se que: s= =
Lx OA
e que, dos triângulos ODOP e ODA,

OD OD OOP cosψ 1
OOP = e OA = ⇒ =
sin ϕ cosψ 1 OA sin ϕ
cos 2 ψ 1 cosψ 1
Pelo que: s =2
+ 1 − 2 × × cosψ
sin ϕ
2
sin ϕ
Desenho Técnico I 61
Axonometria e perspectivas rápidas
Expressões semelhantes podem ser obtidas para os outros coeficientes de
redução
cos 2 ν 1 cosν 1
t =
2
+ 1 − 2 × × cosν
sin ϕ
2
sin ϕ
cos 2 λ1 cos λ1
u =
2
+ 1 − 2 × × cos λ
sin 2 ϕ sin ϕ
Adicionando estas três equações membro a membro, obtém-se:

cos 2 ψ 1 + cos 2 ν 1 + cos 2 λ1 cosψ × cosψ 1 + cosν × cosν 1 + cos λ × cos λ1


s2 + t 2 + u2 = + 3 − 2 ×
sin 2 ϕ sin ϕ

Ora sabe-se (e pode provar-se) que, como cos ψ1, cos ν1 e cos
λ1 são os cosenos directores da direcção OD se tem:

cos 2 ψ 1 + cos 2 ν 1 + cos 2 λ1 = 1


e que, a partir da definição de produto interno de dois vectores:

sin ϕ = cosψ × cosψ 1 + cosν × cosν 1 + cos λ × cos λ1

Logo: 1 sin ϕ
s2 + t 2 + u 2 = + 3 − 2 ×
sin 2 ϕ sin ϕ
s 2 + t 2 + u 2 = cosec 2ϕ + 1
s 2 + t 2 + u 2 = 1 + cotg 2ϕ + 1

s 2 + t 2 + u 2 = 2 + cotg 2ϕ
Desenho Técnico I 62
Axonometria e perspectivas rápidas
 Axonometria cilíndrica oblíqua
■ Admita-se que se pretende fazer a projecção axonométrica de um cubo cujos
eixos coordenados coincidem com as três arestas que partem de um dos
seus vértices.

■ Admita-se ainda que uma das faces do cubo, por exemplo a zOx, é paralela
ao plano de projecção - caso particular da projecção cilíndrica oblíqua
que conduz às perspectivas cavaleira, de gabinete e militar

 Vejamos agora os resultados possíveis da projecção do cubo sobre o


plano de projecção.

• Projectantes paralelas a Oy – projectantes de topo ou ortogonais

z’

x’ 0’≡y’

• Projectantes oblíquas relativamente a Oy e paralelas


relativamente ao plano xOy

z’

x’ y’

Desenho Técnico I 63
Axonometria e perspectivas rápidas
• Projectantes oblíquas relativamente a todos os eixos
coordenados

z’

x’
y’

 Este terceiro caso é que transmite a ideia de tridimensionalidade

• Neste caso s = u = 1, podendo os valores de t (que determina a


direcção de projecção) e do ângulo de fuga α (ângulo entre os
eixos axonométricos x’ e y’) ser definidos pelo
projectista/desenhador de acordo com a peça a representar.

 Perspectiva cavaleira:

• s = t = u =1 (ϕ = 45º); ângulo de fuga = 45 º

 Perspectiva de gabinete

• s = u, t = 0.5 (ϕ = 63.4º); ângulo de fuga =45 º

Desenho Técnico I 64
Axonometria e perspectivas rápidas
 Perspectiva militar – Perspectiva cavaleira em que o plano de projecção
é horizontal.

• Coeficientes de redução mais utilizados: (1; 1; 1) ou (1; 1; 0.5)

■ Diferentes ângulos de fuga em perspectiva cavaleira

 Para além de 45º podem utilizar-se:

• 30º - para evidenciar detalhes nas faces laterais

• 60º - para evidenciar detalhes na face superior

Desenho Técnico I 65
Axonometria e perspectivas rápidas
 Axonometria cilíndrica ortogonal
■ Na axonometria cilíndrica ortogonal a direcção das rectas
projectantes ou raios visuais é fixa podendo apenas variar
aposição do objecto relativamente ao plano de projecção.
■ Admita-se de novo que se pretende fazer a projecção de um cubo
cujos eixos coordenados coincidem com as três arestas que
partem de um dos seus vértices
 Vejamos agora os resultados possíveis da projecção do cubo sobre o
plano de projecção.

• O cubo tem duas faces, e logo dois eixos coordenados, paralelas


ao plano de projecção

z’

x’ 0’≡y’
• O cubo não tem nenhuma face paralela ao plano de projecção
mas tem duas faces perpendiculares a esse mesmo plano, pelo
que um dos eixos coordenados será paralelo ao plano de
projecção

z’

Desenho Técnico I 66
x’ y’
Axonometria e perspectivas rápidas
• O cubo tem todas as faces inclinadas relativamente ao plano de
projecção, pelo que, todos os eixos coordenados são oblíquos
relativamente ao plano de projecção

▫ É nesta situação que se tem a noção tridimensional do


objecto e a que se dá o nome de perspectiva axonométrica
ortogonal

■ Plano e Triângulo de Referência


 Designa-se por Plano de Referência qualquer plano paralelo ao plano de
projecção

• Uma vez que todos os eixos coordenados são oblíquos


relativamente ao Plano de Referência, todos eles o intersectarão
num ponto – traço do eixo coordenado no Plano de Referência

• O conjunto dos traços dos eixos coordenados no Plano de


Referência definem os vértices de um triângulo, cujos lados são os
traços dos planos coordenados no Plano de Referência, e que se
designa por Triângulo de Referência

Desenho Técnico I 67
Axonometria e perspectivas rápidas
 Cada eixo coordenado é perpendicular ao plano coordenado definido pelos
outros dois eixos;

• A projecção desse eixo terá então que ser perpendicular a


projecção de qualquer recta do referido plano coordenado, em
particular, terá que ser perpendicular ao traço do plano coordenado
no plano de referência

■ Ângulos de declive e coeficientes de redução linear e superficial


 Designa-se por ângulos de declive, α, β e γ, os ângulos que os eixos
coordenados fazem com o plano do desenho

Z≡Z’

S
R

Y≡Y’
X≡X’ T X≡X’
Y≡Y’
Desenho Técnico I 68
Axonometria e perspectivas rápidas

Y≡Y’ X≡X’
■ Coeficientes de redução linear

O' X ' O 'Y ' O'Z '


= cos α = s; = cos β = t ; = cos γ = u
OX OY OZ
■ Os ângulos que os planos coordenados fazem com o plano de referência,
designam-se também por ângulos de declive, mas são complementares dos
ângulos de declive dos eixos coordenados.

 Por ex: ângulo de declive do plano X0Y é o complementar do ângulo de


declive do eixo 0Z, ou seja π/2-γ
γ
■ Área do triângulo X0Y
1
× XY × AO
2
■ Área do triângulo X’0’Y’

1 1 π  1
× X 'Y ' × AO ' = × XY × AO × cos  − γ  = × XY × AO × sin ( γ )
2 2 2  2
Desenho Técnico I 69
Axonometria e perspectivas rápidas
■ Relação entre os coeficientes de redução linear

s 2 + t 2 + u 2 = 2 + cotg 2ϕ
Mas, ϕ = 90º, pelo que, cotg ϕ = 0, e como s = cos α, t = cos β, e u = cos γ,
tem-se:

cos 2 α + cos 2 β + cos 2 γ = 2

■ Relação entre os coeficientes de redução superficial


 Partindo da relação entre os coeficientes de redução linear e sabendo que
cos2 α = 1 - sin2 α,……, tem-se:

sin 2 α + sin 2 β + sin 2 γ = 1


■ Escalas axonométricas

 Considere-se uma dimensão linear unitária l marcada sobre cada um dos


eixos coordenados. A sua projecção sobre cada um dos eixos
axonométricos virá:

m =  × cos α
n =  × cos β
p =  × cos γ
 Aos valores de m, n e p dá-se o nome de escalas axonométricas segundo
os eixos x’, y’ e z’, respectivamente.

Desenho Técnico I 70
Axonometria e perspectivas rápidas
■ Axonometria isométrica
 Na axonometria isométrica os eixos coordenados apresentam-se
igualmente inclinados face ao plano de projecção

• Os coeficientes de redução linear, os ângulos de declive


coeficientes de redução superficial e as escalas axonométricas são
iguais entre si.

2
cos 2 α = cos 2 β = cos 2 γ =
3
cos α = cos β = cos γ = 0.8165
α = β = γ = 35º15'52 ''
m = n = p = 0.8165
• Por uma questão de simplificação costuma utilizar-se:

m=n=p=1

o que conduz a uma ampliação linear do desenho de:

(1-0.8165)/0.8165 = 0.2247 ≡22.47%

uma ampliação superficial de:

(12-0.81652)/(0.81652) = 0.4999 ≈ 50%

e uma ampliação volúmica de:

(13-0.81653)/(0.81653) = 0.837 ≈ 83.7%

Desenho Técnico I 71
Axonometria e perspectivas rápidas
• Como os eixos coordenados têm todos a mesma inclinação
relativamente ao plano de projecção o triângulo de referência é
equilátero e os eixos axonométricos fazem entre si ângulos de 120º.

▫ Seleccionando para um deles a direcção vertical os outros


dois farão 30º com a direcção horizontal

■ Axonometria isométrica
 Na axonometria dimétrica apenas dois dos três eixos coordenados se
apresentam igualmente inclinados face ao plano de projecção

• Apenas dois dos ângulos de inclinação e dois dos coeficientes de


redução, linear e superficial, e duas das escalas axonométricas são
iguais.

• Das infinitas hipóteses possíveis a que esta situação pode conduzir,


na maior parte dos casos costuma-se definir um conjunto de
coeficientes de redução de tal modo que um deles seja metade dos
outros dois. Por ex. s = 0.5t = 0.5u

s2 + t 2 + u2 = 2
(
t 2 × 0.52 + 12 + 12 = 2 )
t = 2 2.25 = 0.9428 = u ⇒ s = 0.4714

Desenho Técnico I 72
Axonometria e perspectivas rápidas
• O que se traduz nos seguintes valores para os ângulos de declive:

α = 61º 87 '; β =γ =19º47'


 Na prática força-se o valor de t e de u a serem iguais a 1 (s=0.5)
o que implica aumentar artificialmente a dimensão da peça
representada
■ Ângulo entre os eixos axonométricos
 Pretende-se determinar o ângulo (ξ) que o eixo axonométrico 0’Z
faz com 0’Y.
• Pelo teorema de Carnot, no triângulo Y0’Z tem-se:
2 2 2
ZY = O ' Y + O ' Z − 2 × O ' Y × O ' Z × cos ξ
2
• Admitindo que 0’Y = 0’Z = 1, tem-se ZY = 1 + 1 − 2 × cos ξ
Mas, por aplicação do teorema de Pitágoras ao triângulo Y0Z vem:
2 2 2 O 'Y 1
ZY = OY + OZ , com OY = = = 1.125
t 0.9428
2
• Pelo que ZY = 1.125 + 1.125 = 2.250

• De onde vem: ξ = 97º10 '


• O ângulo entre 0’Y e 0’X e entre 0’X e 0’Z são iguais entre si e iguais
a (360º - ξ)/2 ≈ 131º 25’

Desenho Técnico I 73
Axonometria e perspectivas rápidas
■ Métodos de construção de perspectivas
 Método das coordenadas
• Consiste em determinar a projecção de cada vértice ou
ponto significativo do objecto através das suas
coordenadas no sistema de eixos coordenados e
depois realizar a transposição para o sistema de eixos
axonométricos

Desenho Técnico I 74
Axonometria e perspectivas rápidas
■ Métodos de construção de perspectivas
 Método do paralelepípedo circunscrito
• Consiste em imaginar o objecto constituído por um
conjunto de paralelepípedos envolventes das partes
relevantes esboçando-se de seguida a perspectiva
desses paralelepípedos e depois, dentro de cada
paralelepípedo, a forma exacta de cada parte do
objecto

Desenho Técnico I 75
Linhas de cota e linhas de chamada
 Informação de acordo com a NP - 297

 O processo de cotagem tem por objectivo a indicação


das dimensões reais, lineares ou angulares, dos
elementos dos objectos representados

■ O valor das cotas é portanto independente da escala


escolhida para a execução do desenho.

■ As dimensões são indicadas no desenho por cotas,


constituídas por números e, eventualmente,
acompanhadas de outros símbolos

■ Designa-se por elemento qualquer parte característica


de uma peça, ex:
- Sup. cilíndrica; ressalto, ranhura, sup. plana, etc.

 Linhas de cota - São seguementos rectos - ou


curvilíneos - paralelos ao contorno do elemento do
desenho cuja dimensão definem

■ As linhas de cota desenham-se sempre em traço fini


contínuo

■ Os extremos das linhas de cota são definidos por setas


ou por pontos
Desenho Técnico I 76
Linhas de cota e linhas de chamada
■ A distância entre linhas de cota e as linhas de
contorno, ou a distância entre linhas de cota paralelas, não
deve ser inferior a 5 mm

 Linhas de chamada - São linhas auxiliares que


indicam os pontos do desenho a que se referem as cotas

■ As linhas de chamada desenham-se a traço fino


contínuo

■ As linhas de chamada são, em geral, perpendiculares


ao elemento a cotar

- Excepcionalmente, para maior clareza do desenho,


as linhas de chamada podem ser desenhadas
obliquamente, com ângulos de 60 ou 75º, mas
paralelas entre sí.

- A distância entre as linhas de cota e as linhas de


contorno, ou a distância entre linhas de cota
paralelas, não deve ser inferior a 5 mm.

- As linhas de chamada devem ultrapassar em 2 mm


as linhas de cota

Desenho Técnico I 77
Linhas de cota e linhas de chamada

Desenho Técnico I 78
Linhas de cota e linhas de chamada

 Cotagem de arcos,ângulos e cordas

■ Cotagem de arcos - figº a)


- Linha de cota é concentrica com o arco
- Linhas de chamada são paralelas à bicetriz do ângulo

■ Cotagem de ângulos - figª b)


- Linha de cota é concentrica com o arco definido pelo ângulo
- Linha de chamda é radial

■ Cotagem de cordas - figª c)


- Linha de cota é rectilínea
- Linha de chamada é perpendicular à corda

Desenho Técnico I 79
Linhas de cota e linhas de chamada
 Na cotagem de raios a linha de cota tem apenas uma
seta na extremidade que se apoia sobre o arco e está
orientada na direcção do centro

■ Qundo for neces~´ario localizar o centro do arco, este


deverá ser definido pelo cruzamento de dois pequenos
traços perpendiculares
■ Quando o centro do arco estiver fora do espaço
disponível para o desenho e for conveniente defini-lo por
meio de um centro fictício, a linha de cota será um traço
quebrado em que o troço que se apoia sobre o arco será
orientado na direcção do centro real e o último troço
terminrá sobre o centro fictício.

Centro fictício
Paralelas

ERRADO
Desenho Técnico I 80
Linhas de cota e linhas de chamada

 No desenho de peças com eixo de simetria, poderá


traçar-se só parcialmente a linha de cota quando nisso
houver conveniência. Nesse caso a linha de cota deverá
ultrapassar ligeiramente a linha de simetria

■ Este princípio pode também aplicar-se à cotagem de


peças simétricas apenas parcialmente desenhadas.

Desenho Técnico I 81
Linhas de cota e linhas de chamada

 As linhas de chamada nem sempre terão se ser


referidas às linhas de contorno dos objectos. Podem
também apoiar-se sobre linhas de construção.

■ Neste caso, tanto as linhas de construção como as linhas de


chamada devem ultrapassar o ponto de cruzamento em cerca de 2
mm

 Os eixos de simetria e as linhas de contorno podem


ser utilizados como linhas de chamada mas nunca como
linhas de cota

■ Quando se utilizam as linhas de contorno como linhas de


chamada, as linhas de cota nunca devem ficar no seu
pprolongamento

■ Qunado é necessário prolongar as linhas de eixo para que


sirvam de linhas de chamada deve sempre utilizar-se a linha do
tipo traço-ponto
Desenho Técnico I 82
Linhas de cota e linhas de chamada

 Deve-se, sempre que possível, evitar o cruzamento


de linhas de cota com linhas de contorno, com linhas de
chamada e/ou com outras linhas de cota

 Deve-se, sempre que possível, evitar o cruzamento


das linhas de chamada com as linhas de contorno

Desenho Técnico I 83
Linhas de cota e linhas de chamada

 Linhas de referência ou de anotação, são linhas


utilizadas para determinar quais os elementos do
desenho a que se reportam as anotações nele inscritas

■ As linhas de referência devem possuir na extremidade


uma seta ou um ponto, consoante terminem numa linha de
contorno ou no interior de um elemento do desenho

■ As linhas de referência não devem fazer, com os


contornos dos desenhos a que se reportam, ângulos
inferiores a 30º

■ As linhas de contorno, quando dizem resoeito a arcos


de circunferência devem sempre ter a direcção radial

Desenho Técnico I 84
Linhas de cota e linhas de chamada

 As setas que se empregam para definir as


extremidades das linhas de cota, devem ter,
sensivelmente, a forma de um triângulo isósceles, cheio,
cuja razão entre as dimensões da base e da altura esteja
compreendida entre 0.5 e 0.66

■ O tamanho das setas deve ser proporcional a


espessura da linha de cota e independente do seu
comprimento

Desenho Técnico I 85
Linhas de cota e linhas de chamada

 Quando a linha de cota é curta e não houver espaço


para inscrever as cotas ou desenhar as setas, prolongam-
se as linhas de cota para além das linhas de chamada
desenhando-se as setas, invertidas, nesse
prolongamento

■ Alternativamente, as setas de linhas de cota adjacentes


podem ser substituídas por pontos claramente
assinalados. Este procedimento aplica-se tanto a linhas de
cota rectas como curvas.

Desenho Técnico I 86
Inscrição de cotas

 As cotas, em caracteres bem legiveis, inscrevem-se


próximo, paralelamente e sensivelmente a meio das
linhas de cota

■ As cotas inscrevem-se por cima das linhas de cota no


caso destas serem horizontais, e à sua esquerda no caso
delas serem verticais.

■ Deve evitar-se o traçado de linhas de cota fazendo


ângulos compreendidos entre 90 e 120º com a horizontal

Desenho Técnico I 87
Inscrição de cotas

 Excepções: Em determinadas situações, para melhor


clareza, ou por qualquer outra conveniência, admite-se:

■ Interromper a linha de cota inscrevendo-a nesse espaço

■ Inscrever a linha de cota sobre um prolongamento da linha de


cota, próximo da seta invertida e, preferivelmente, do lado direito.

■ Inscrever a cota sobre uma linha de referência

Desenho Técnico I 88
Inscrição de cotas

■ Deslocar a cota do centro da linha de cota, aproximando-a de


um das setas, no caso em que as linhas de cota sejam
parcialmente desenhadas, ou, nos casos em que, para evitar
aglomerações, haja conveniência em escrevê-las escalonadas.

Desenho Técnico I 89
Inscrição de cotas

 Na cotagem de ângulos e de arcos a cota deve ser


inscrita paralelamente à tangente à linha de cota.

 Pode, se de tal resultar um aumento da clareza do


desenho, inscrever-se a cota paralelamente à linha de
base do desenho.
 No caso dos arcos, quando correspondem a ângulos
superiores a 90º, sobre a cota deve colocar-se um
pequeno traço curvo.

Desenho Técnico I 90
Inscrição de cotas

 Os algarismos que formam a cota devem ser


desenhados segundo a NP-89 e ter dimensões
adequadas ao desenho
■ Em geral as letras e os algarismos não devem ter uma altura
nominal superior a 3 mm.

■ Os algarismos, letras ou qualquer outro símbolo de cotagem


não deve nunca ser separado por qualquer linha do desenho: - Ou
desloca-se a cota da posição central ou interrompe-se o traço do
desenho.

Desenho Técnico I 91
Inscrição de cotas

 As unidades em que se expressam as cotas


dependem do sistema dimensional escolhido.

■ Sistema Internacionakl – A unidade mais utilizada no desenho


de construção mecânica é o milímetro

British Units – A unidade mais utilizada em desenhoi de


construção mecânica é a polegada (inch). Quando é utilizado este
sistema diomensional, a seguir aos algarismos da cota coloca-se o
símbolo “

Desenho Técnico I 92
Símbolos complementares de cotagem

 O objectivo da utilização de determinados símbolos


precedendo a cot é o de, simultaneamente, simplificar a
execução e a leitura dos desenhos.

 As cotas do diâmetros devem ser sempre precedidas


do símbolo Ø
■ Quando o desenho mostra claramente que a dimensão a cotar
é um diâmetro a utilização do símbolo Ø deve ser dispensada

Desenho Técnico I 93
Símbolos complementares de cotagem

 As cotas que definem a dimensão do lado de um


elemento de secção quadrada, representado numa só
vista por uma linha, devem ser precedidas do símbolo 

■ Sempre que se usa o símbolo  devem realçar-se as


diagonais da face lateral com dois traços contínuos finos, em forma
de cruz.

Desenho Técnico I 94
Símbolos complementares de cotagem

 As cotas de raios de arcos de circunferência, devem


ser sempre precedidas pela letra R

■ Quando o desenho mostra claramente que a dimensão a cotar


é um raio, ou seja, sempre que o arco de circunferência aparece
projectado de frente e o seu centro real esteja claramente
assinalado, pode dispensar-se a colocação do símbolo R.

Desenho Técnico I 95
Símbolos complementares de cotagem

 Na cotagem de raios e diâmetros de superfícies


esféricas, os símbolos R e Ø devem ser precedidos da
palavra esfera, escrita abreviadamente, com letra
minúscula, do seguinte modo:

Desenho Técnico I 96
Escolha e localização das cotas

 Cotagem por decomposição em elementos


geométricos simples

■ Cotagem de forma: Associada ás dimensões relevantes de


cada um dos elementos geométricos simples em que se pode
dividir a peça
■ Cotagem de posição: Associada à posição relativa de cada
um dos elementos geométricos simples no conjunto da peça.
 A localização dos elementos geométricos simples faz-se,
geralmente, relativamente a linhas de eixo ou ás linhas de
base da peça

Desenho Técnico I 97
Escolha e localização das cotas

 Os elementos de cada peça deverão ser cotados na


vista em que a sua forma é mais aparente.

Desenho Técnico I 98
Escolha e localização das cotas

 No processo de cotagem, sempre que possível deve


evitar-se referenciar linhas de cotas a linhas de contorno
ocultas ou invisíveis.

■ Se tal for absolutamente imprescindível deve optar-se por


proceder a um corte local
■ Na cotagem de elementos representados em corte deve evitar-
se desenhar as linhas de cota sobre o tracejado que assinala as
superfícies cortadas.
 Se tal for absolutamente inevitável, interrompe-se o
tracejado na zona onde se inscreve a cota, ou qualquer
outro símbolo auxiliar de cotagem, mantendo-o, contudo,
sobre as linhas de chamada

Desenho Técnico I 99
Escolha e localização das cotas

 As cotas que interessam a duas vistas adjacentes


devem ser colocadas no espaço entre essas duas vistas,
a não ser que isso implique a infracção de uma qualquer
outra regra de cotagem

Desenho Técnico I 100


Escolha e localização das cotas

 Na escolha e localização das cotas deve ter-se em


conta os meios de medição utilizados nas oficinas e evitar
que o operário seja obrigado a fazer cálculos para
determinar uma dimensão que necessite para a
construção da peça.

Desenho Técnico I 101


Cotagem de formas geométrias simples

 As formas geométricas simples em que, na maior


parte dos casos se dividem os elementos ou
configurações de um determinado objecto são:
- prismas, cilíndros, pirâmides, cones e esferas -

podendo qualquer destas formas apresentar-se


na sua forma inteirar ou truncada.

 Cotagem de prismas: Envolve a cotagem da


base - geralmente um polígono regular, um
triângulo ou um trapézio - e ainda a cotagem da
altura.

Desenho Técnico I 102


Cotagem de formas geométrias simples

 Cotagem de cilíndros: Envolve a cotagem do


diâmetro e da altura

 Cotagem de cones: Envolve a cotagem do


diâmetro da base e da altura.

■ Na cotagem de formas geométricas tronco-cónicas,


para além do diâmetro da base e da altura é necessário
indicar o diâmetro da superfície superior

Desenho Técnico I 103


Cotagem de formas geométrias simples

 Cotagem de piramides: Envolve a cotagem da


base e da altura.

■ Nas formas tronco-cónicas é ainda necessário fornecer


as dimensões da superfície superior.
■ Nas pirâmides oblíquas é necessário localizar o vértice
relativamente aos lados da base.

Desenho Técnico I 104


Critérios de cotagem

 Os critérios de cotagem presidem à estruturação


da cotagem considerada no seu conjunto.

 Cotagem em série: As cotas dispõem-se


sucessivamente, umas a seguir ás outras,
prolongando-se as respectivas linhas de cota

■ Com este critério de cotagem cada elemento da peça


representada é referido ao elemento contíguo, sendo
os elementos extremos, referidos ás superfícies
exteriores da peça.

■ Este critério de cotagem é usado principalmente


quando a distância entre elementos contíguos assume
uma importância fundamental

■ Neste tipo de sistema de cotagem, se se cotam todas


as dimensões parcelares não se deve cotar a
dimensão total da peça. Quando se opta por cotar a
dimensão total da peça não se deve cotar uma das
dimensões parcelares.

Desenho Técnico I 105


Critérios de cotagem

Desenho Técnico I 106


Critérios de cotagem

 Cotagem em paralelo: Na cotagem em paralelo


as cotas são todas desenhadas em relação a
uma de referência comum, que se designa por
base de medição, e que, geralmente, coincide
com um plano ou com uma linha de eixo para
cada uma das direcções de cotagem

■ Quando não existe possibilidade de confusão, na


cotagem em paralelo, podem sobrepor-se todas as linhas
de cota numa única linha, sendo a base de medição
indicada pelo ponto 0. (Cotagem progr.)
 Neste caso as cotas devem ser inscritas no prolong. das linhas de chamada,
perpendicularm. ás linhas de cota

Desenho Técnico I 107


Critérios de cotagem
 Cotagem por coordenadas: Por comodidade,
especialmente em peças perfuradas, é possível
substituir a cotagem por uma tabela que indica, para
cada furo da peça, convenientemente referênciado, o
valor das coordenadas do seu centro e do seu
diâmetro.

 Cotagem de elementos equidistantes: Quando os


elementos de uma peça se encontram dispostos de
uma maneira equidistante, a sua cotagem pode ser
simplificada desenhando apenas uma linha de cota
referente ao comprimento total a cotar e increvendo
sobre ela a cota sob a forma:

n = número de cotas parcelares


d = valor de cada
n ×cota
d = parcelar
D
D = comprimento total

Desenho Técnico I 108


Cotagem de elementos cónicos ou com faces
convergentes

 Na cotagem de peças com superfícies que se


vão estreitando ou são convergentes, interessa
por vezes fornecer indicações para além das
dimensões da base e da altura.

 Nas peças cónicas chama-se conicidade, ao


quociente entre o diâmetro da base e a altura
depois de reduzido o diâmetro a 1
D
Conicidade =
l

■ Nos troncos de cone a conicidade é dada por:

D−d
Conicidade =
l

onde D é o diâmetro da base e d o diâmetro da


superfície superior

■ Se α for o ângulo que a geratriz faz com o eixo da


superfície cónica (α = ângulo de inclinação) então:

Conicidade = 2 × tg (α )
Desenho Técnico I 109
Cotagem de elementos cónicos ou com faces
convergentes

 Chama-se inclinação ao valor absoluto do


declive da geratriz da superfície cónica face à
linha de eixo

D 1 conicidade
Inclinaçao = tg (α ) = × =
l 2 2

Desenho Técnico I 110


Cotagem de elementos cónicos ou com faces
convergentes

 Cotagem de chanfros: A cotagem de chanfros


deverá ser, de um modo geral, executada do
seguinte modo:

■ No caso particular do ângulo do chanfro ser de 45º,


pode também adoptar-se o seguinte modo.

Desenho Técnico I 111


Erros mais comuns no processo de cotagem

Desenho Técnico I 112


Exemplo de situações onde aparecem cotas em
excesso

Desenho Técnico I 113


Tolerâncias

 Cotagem funcional

■ Fornece indicações necessárias para assegurara a


função de uma peça no conjunto de que faz parte, bem
como, a sua fácil montagem e substituição

Intermutabilidade

■ A intermutabilidade prende-se com a possibilidade de


utilizar, indiferenciadamente, uma peça qualquer de um
lote acabado e verificado na montagem de um
determinado mecanismo sem necessidade de
rectificações secundárias na forma das peças para que
o conjunto funcione de acordo com o que foi projectado

■ Esta possibilidade é conseguida à custa da definição


de tolerâncias e ajustamentos para as cotas funcionais
das peças a produzir.

Desenho Técnico I 114


Tolerâncias
 Intermutabilidade e tolerância – Definições

■ A insuficiente perfeição dos nossos sentidos e a inevitável falta de


absoluto rigor das máquinas operatórias, tornam impossível
garantir a exacta realização de uma dimensão previamente
atribuída.

■ Para que duas peças sejam intermutáveis e respondam de igual


modo ás solicitações de funcionamento, não é necessário que
possuam exactamente as mesmas dimensões
Basta que as dimensões dos seus elementos não excedam um
limite máximo nem desçam abaixo de um limite mínimo
(estabelecido para cada caso particular)

■ A diferença entre esses limites extremos é definida como sendo a


tolerância, sendo as cotas limites - cota máxima e cota
mínima, as cotas entre as quais podem variar as dimensões
efectivas das peças aceitáveis.

■ À dimensão teórica em relação à qual são referidas as cotas limite


dá-se o nome de cota nominal.
À cota nominal está geralmente associada nas representações
gráficas uma linha recta que se denomina LINHA ZERO

■ Desvios limite - desvio superior e desvio inferior, são iguais ás


diferenças entre as cotas limite e a cota nominal
Desvio efectivo é a diferença entre a dimensão efectiva da peça
e a cota nominal

Desenho Técnico I 115


Tolerâncias
■ O campo de tolerâncias é a porção do plano
compreendido entre duas rectas paralelas à Linha de
Zero correspondentes ás cotas limite máxima e mínima.

Desenho Técnico I 116


Tolerâncias

■ Para verificar se a dimensão real de uma peça se


encontra dentro do campo de tolerâncias especificado
para aquela situação:  assegurar a intermutabilidade,
utilizam-se calibres passa - não passa.

Desenho Técnico I 117


Ajustamentos
 Ajustamento é o conceito geral de associação de duas
peças - um furo e um veio - com a mesma cota
nominal.
■ Furo ou dimensão interior é a designação atribuída a
elementos reentrantes das peças, como: furos cilíndricos,
cónicos, prismáticos ou ranhuras
■ Veio ou dimensão exterior é a designação atribuída a
elementos salientes como veios, chavetas, etc.

Desenho Técnico I 118


Ajustamentos

■ Ajustamento com folga é aquele em que a diferença


entre a cota mínima do furo e a cota máxima do veio é
positiva ou nula.

■ Ajustamento com aperto é aquele em que a diferença


entre a cota máxima do furo e a cota mínima do veio ´´e
negativa ou nula.

■ Ajustamento incerto é aquele em que a diferença entre


a cota máxima do furo e a cota mínima do veio é positiva
e a diferença entre a cota mínima do furo e a cota
máxima do veio é negativa

Desenho Técnico I 119


Ajustamentos
 Folga máxima e folga mínima

■ Folga máxima de um ajustamento com folga ou incerto,


é a diferença entre a cota máxima do furo e a cota
mínima do veio

■ Folga mínima de um ajustamento com folga , é dada


pela diferença entre a cota mínima do furo e a cota
máxima do veio.

 Aperto máximo e aperto mínimo

■ Aperto máximo de um ajustamento com aperto ou de um


ajustamento incerto é a diferença entre a cota máxima do
veio e a cota mínima do furo

■ Aperto mínimo de um ajustamento com aperto é a


diferença entre a cota mínima do veio e a cota máxima do
furo

Desenho Técnico I 120


Ajustamentos

 Tolerância do ajustamento - é a inexactidão


admissível num ajustamento

■ Tolerância dos ajustamentos com folga


É igual à diferença entre a folga máxima e a folga mínima

■ Tolerância dos ajustamentos com aperto


É igual à diferença entre o aperto máximo e o aperto
mínimo

■ Tolerância dos ajustamentos incertos


É igual à soma entre a folga máxima e o aperto máximo

 Em qualquer dos casos a tolerância de um


ajustamento é dada pela soma das tolerâncias do
furo e do veio que nele participam

Desenho Técnico I 121


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados
 Uma cota tolerânciada depende de três factores

Cota nominal
Tolerância
Localização do campo de tolerâncias face à Linha Zero

■ Elevado número de ferramentas de corte (brocas,


mandris, mós, etc.)
■ Elevado número de calibres verificadores

Impraticável

 Implementação de um sistema de tolerâncias normalizado


LOEWE – 1903

ISA – 1928
ISO – 1949
NP – 189 - 1962

Desenho Técnico I 122


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados

 Princípios orientadores do sistema de tolerâncias


■ Divide o campo de aplicação relativo ás dimensões
nominais - ] 0 ; 500]] - em diversos campos parciais onde
o cálculo das tolerâncias é feito da mesma maneira

■ Estabelece um conjunto de 18 graus de inexactidão,


correspondendo a 18 diferentes qualidades, para cada
um dos campos parciais do domínio de aplicação.

■ Estabelece 28 posições dos campos de tolerância face à


Linha de Zero

 Critérios que presidiram ao estabelecimento da


divisão dos campos parciais do domínio de
aplicação
■ Para valores das dimensões nominais até 180 mm, foram
usados os valores aceites por diversos países, que já
possuíam sistemas de tolerâncias próprios.

■ Para dimensões nominais acima dos 180 mm os limites


de cada campo parcial foram estabelecidos com base nos
números normais da série de Renard R10

Desenho Técnico I 123


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados

Desenho Técnico I 124


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados

 Séries de Renard

■ R5 → Série geométrica de razão igual a 5


10

■ R10 → Série geométrica de razão igual a 10


10

■ R20 → Série geométrica de razão igual a 20


10

■ R40 → Série geométrica de razão igual a 40


10

■ Os números normais de cada série são obtidos a partir


da série geométrica, considerando que os valores acima
de 6 devem ser arredondados de forma a que resultem
inteiros, de preferência pares ou múltiplos de 5.

■ Apesar das Normas Portuguesas não fixarem os valores


das cotas nominais a adoptar dentro de cada campo
parcial, devem, sempre que possível, utilizar-se os
números normais da série R5 seguidos dos da série R10.

Desenho Técnico I 125


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados

 Qualidade do trabalho - Tolerâncias


fundamentais
■ Para cada um dos campos parciais das cotas nominais
são definidos 18 graus de inexactidão a que
correspondem 18 diferentes tipos de qualidade e 18
diferentes valores de tolerância → Tolerâncias
fundamentais.
Os diferentes tipos de qualidade são numerados de:
01: 0: 1; 2;... ...;14; 15; 16

■ Cálculo do valor das tolerâncias fundamentais


 Qualidades 01; 0 e 1 (valores de IT em µm)
IT0 = 0.3 + 0.008D
IT0 = 0.5 + 0.012D
IT1 = 0.8 + 0.02D
com D igual à média geométrica das cotas extremas do campo
parcial onde se inclui a dimensão nominal em causa

D (valor em mm) = Extr. sup. × Extr. inf.

Desenho Técnico I 126


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados
■ Qualidades 5 a 16: os valores das tolerâncias
fundamentais são obtidos a partir da unidade de
tolerância i.

i (avaliado em µm) = 0.45 × 3 D + 0.001× D


com D (avaliado em mm) = média geométrica dos extremos
do campo parcial da dimensão nominal

■ Qualidades 2, 3 e 4: Os valores das tolerâncias resultam


de um compromisso que se aproxima dos termos
inseridos em progressão geométrica entre os valores de
IT1 e IT5

■ Os valores das tolerâncias fundamentais variam, para um


determinado campo parcial de dimensões nominais, com
a qualidade, e para uma determinada qualidade, com os
campos parciais das dimensões nominais.

A variação dos valores das tolerâncias fundamentais é


muito mais acentuada com a qualidade do com que o
campo parcial de dimensões nominais

Desenho Técnico I 127


Tolerâncias fundamentais

Desenho Técnico I 128


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados
 Posição do campo de tolerâncias
■ São previstas 28 posições do campo de tolerâncias face
à Linha de Zero, quer para dimensões que digam respeito
a veios quer para dimensões que digam respeito a furos.

Desenho Técnico I 129


Folgas, apertos e tolerâncias de
ajustamentos normalizados

■ As posições dos campos de tolerância face à Linha de


Zero, são fixas a partir do valor de um dos desvios - em
geral o de menor valor absoluto - designado então por
desvio de referência

■ O valor dos desvios de referência para cada posição do


campo de tolerâncias, nos veios, é determinado mediante
formulas empíricas - NP 189 - dependendo do campo
parcial das dimensões nominais e, por vezes , da
qualidade

■ O valor dos desvios de referência para cada posição do


campo de tolerâncias, nos furos, é determinado a partir
dos valor obtidos para os veios mediante regras próprias
estabelecidas com base na experiência - NP 189

Desenho Técnico I 130


Desvios de referência - Furos

Desenho Técnico I 131


Desvios de referência -Veios

Desenho Técnico I 132


Ajustamentos recomendados
 Conceito de ajustamento recomendado
■ O sistema ISO de tolerâncias (NP -189), estabelece as
regras que normalizam as tolerâncias dos elementos que
intervêm nos ajustamentos - furos e veios - , mas não se
ocupa da normalização dos próprios ajustamentos.

■ A obtenção de uma determinada folga ou de um


determinado aperto, com vista a um determinado
resultado funcional pode ser feita à custa da livre
combinação das tolerâncias dos furos com as tolerâncias
dos veios

Elevado número de ajustamentos possíveis para o mesmo


resultado funcional

■ Na prática, para cada resultado funcional, interessa


adoptar o menor número possível de ajustamentos, ditos
ajustamentos recomendados

 Regras para o estabelecimento de ajustamentos


ditos recomendados
■ 1ª - A excessiva qualidade é um desperdício muito
oneroso.
Em princípio, deve escolher-se sempre a maior tolerância
possível para um determinado ajustamento, sem que isso
ponha em causa a sua funcionalidade e a
intermutabilidade dos elementos que o constituem
Desenho Técnico I 133
Ajustamentos recomendados
■ 2ª - Em igualdade de circunstâncias convém prever uma
maior tolerância para o furo do que para o veio
Os furos são geralmente mais difíceis de obter com precisão
do que os veios

■ 3ª - As tolerâncias escolhidas para os elementos de um


ajustamento devem conservar o caracter de folga ou de
aperto para ele pretendido
Para que o ajustamento conserve as suas características
impõe-se limitar a variação da folga ou do aperto

limitar a soma das tolerâncias dos elementos que nele


participam

 Sistema do furo normal


■ Admite-se uma única posição, H, e algumas qualidades
para o campo de tolerância dos furos, que se combinam
com várias posições e qualidades do campo de tolerância
dos veios.

Desenho Técnico I 134


Ajustamentos recomendados
 Sistema do veio normal

■ Admite-se uma única posição, h, e algumas qualidades


para o campo de tolerância dos veios, que se combinam
com diversas posições e qualidades do campo de
tolerância dos furos.

■ Excepção feita a ajustamentos com grande folga, quer no


sistema de veio normal quer no de furo normal, devem,
em princípio, combinarem-se, veios de uma certa
qualidade com furos da qualidade imediatamente inferior.

Esta maneira de proceder está de acordo com a regra que


aconselha a tomar para os furos tolerâncias mais largas
do que para os veios.

Além disso apresenta ainda a vantagem de os ajustamentos


homólogos ( ex: H7 - p6 e P7 - h6 ) apresentarem
exactamente o mesmo valor de folga e de aperto.

Desenho Técnico I 135


Ajustamentos recomendados
 Comparação entre os dois sistemas de
ajustamentos recomendados

■ O sistema de furo normal é menos exigente em termos


de custo de produção, ferramentas e calibres.

É por isso quase sempre o preferido quando se produzem


peças isoladas ou em pequenas séries

■ Na produção em grande série - quando se torna fácil


amortizar o custa das ferramentas - utiliza-se o sistema
de veio normal, sobretudo quando se empregam
materiais laminados ou extrudidos.

Sistema do furo normal Sistema do veio normal


Material ferroviário Máquinas pesadas
Industria naval Máquinas agrícolas
Máquinas eléctricas Máquinas têxteis
Máquinas ferramenta Construção de veios
Industria automóvel
Industria aeronáutica

Desenho Técnico I 136


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 137


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 138


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 139


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 140


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 141


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 142


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 143


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 144


Selecção de ajustamentos

Desenho Técnico I 145


Inscrição de tolerâncias nos
desenhos

 De acordo com a NP- 406 a inscrição de tolerâncias


nos desenhos pode fazer-se de três formas distintas:

Através dos símbolos ISO
Através dos valores nominais dos desvios limite
Através dos valores das cotas limite

 Indicação de tolerâncias através dos símbolos ISO →


A inscrição dos elementos de uma cota tolerânciada
por meio da simbologia ISO faz-se pela seguinte ordem
■ Inscrição da cota nominal de acordo com as regras
estabelecidas pela NP-297
■ Inscrição do símbolo de tolerância, destacado da cota,
em caracteres do mesmo tamanho e no mesmo
alinhamento

Se houver conveniência em indicar os desvios limite, os seus
valores devem ser inscritos entre parêntesis a seguir aos
símbolos ISO da tolerância

Nesse caso o desvio limite superior deverá ser sempre
inscrito sobre o desvio limite inferior

Desenho Técnico I 146


Inscrição de tolerâncias nos
desenhos

 Indicação de tolerância através dos valores nominais dos


desvios limite → A inscrição dos elementos de uma cota
tolerânciada por meio dos valores nominais dos desvios limite,
faz-se pela seguinte ordem:

■ Inscrição da cota nominal de acordo com as regras estabelecidas


pela NP-297

■ Inscrição dos desvios limite a seguir à cota nominal, com o valor


do desvio superior sobre o valor do desvio inferior, quer a
dimensão a cotar se refira a um furo ou a um veio

Ambos os desvios limite devem ser expressos usando o mesmo


número de casas decimais. Contudo, se um dos desvios for nulo
basta exprimi-lo pelo algarismo 0

Os desvios devem ser expressos na mesma unidade da cota nominal.


No caso de serem expressos numa unidade diferente, esta deverá
ser indicada a seguir ao valor do desvio.

Desenho Técnico I 147


Inscrição de tolerâncias nos
desenhos
Se os desvios forem iguais em valor absoluto - campo de
tolerâncias disposto simetricamente relativamente à Linha de
Zero - basta inscrever uma só vez o valor absoluto do desvio,
±).
fazendo-o preceder do símbolo (±

 Inscrição de tolerâncias através dos valores das cotas


limite → Quando uma cota tolerânciada é definida
pelos seus valores limite, a inscrição deverá fazer-se
sobrepondo o valor da cota limite máxima ao valor da
cota limite mínima.

Se a cota for limitada num único sentido bastará inscrever a


seguir a indicação máx. ou mín., consoante esse valor seja o
máximo ou o mínimo valor prescrito .

Desenho Técnico I 148


Cotas sem indicação de tolerância
 A indicação explicita dos valores de tolerância só se
faz em cotas de dimensões funcionais, responsáveis
pela intermutabilidade das peças.

Essas cotas dizem-se tolerânciadas

 As cotas relativas a dimensões que não têm influência


directa na intermutabilidade da peça, ou seja, cotas
não funcionais, não necessitam de indicação explicita
do valor da tolerância.

■ Isto deve-se ao facto de a precisão conseguida com os


métodos normais de trabalho em oficina, garantir que a
inexactidão da dimensão em causa está dentro do que é
admissível para esse tipo de cotas

A inexactidão associada a cada uma dessas cotas, sem


indicação de tolerância, é definida através do grau de
precisão do trabalho, que poder ser:

fino; médio ou grosseiro

a que correspondem, respectivamente, os valores de


tolerância fundamental IT12, IT14 e IT16
Desenho Técnico I 149
Cotas sem indicação de tolerância

 A indicação do grau de precisão das cotas sem


indicação de tolerância deve constar sempre do
desenho, inscrita em lugar próprio, sob uma das
seguintes formas

NP-265 NP-265 NP-265


Grau fino Grau médio Grau grosseiro

Desenho Técnico I 150


Acabamentos superficiais
 A Funcionalidade e intermutabilidade de um conjunto de
peças é afectada não só pelas suas características
dimensionais mas também pelo seu estado superficial

O estado de uma superfície é qualificado quanto ao grau de


uniformidade e quanto a grau de acabamento

■ O grau de uniformidade (erros de forma), prende-se com


o maior ou menor afastamento que uma superfície
apresenta relativamente ao que deveria ser a sua forma
geométrica perfeita.

■ O grau de acabamento está relacionado com as


irregularidade microgeométricas ou rugosidade que
surgem na superfície de uma peça depois de trabalhada
mecanicamente.
A sua influência pode manifestar-se aos seguintes níveis:

Resistência ao esforço
Resistência à corrosão
Resistência ao desgaste
Lubrificação
Na folga ou aperto de ajustamentos com pequenas
tolerâncias

Desenho Técnico I 151


Acabamentos superficiais
 Superfície de um objecto: Definições

■ Superfície ideal - Superfície representada no desenho

■ Superfície real - Superfície efectiva da peça

■ Superfície medida - Superfície obtida com instrumentos


de medição microgeométricos

Dada a precisão dos actuais instrumentos de medida a
superfície medida e a superfície real são praticamente
coincidentes

■ Superfície técnica - Superfície obtida com instrumentos


de medição macrogeométricos com pontas esféricas de
50 mm de diâmetro - palpos

■ Perfil de uma superfície - É a linha que resulta da


intersecção da superfície real com um plano paralelo à
folha do desenho. Consoante o tipo de superfície em
análise assim se podem ter os seguintes perfis.

Perfil ideal
Perfil real
Perfil medido
Perfil técnico

Desenho Técnico I 152


Acabamentos superficiais

■ De acordo com as definições que acabamos de dar, pode então


dizer-se que:

■ Os desvios do perfil técnico face à superfície ideal constituem os
erros de forma

■ Os desvios da superfície real face à superfície técnica constituem
a rugosidade

■ Linha média de perfil - É uma linha que divide o perfil real de tal
modo que o somatório das áreas situadas acima da linha média e
abaixo do perfil real seja igual ao somatório das áreas situadas
abaixo da linha média e acima do perfil real.

A linha média de perfil é sempre paralela ao perfil técnico

Desenho Técnico I 153


Acabamentos superficiais

■ O valor da rugosidade Ra, é o resultado da média


aritmética dos valores absolutos dos desvios do perfil real
face à linha média

y1 + y2 + y3 + ⋅⋅⋅⋅⋅⋅ + yn
Ra =
n
O valor dos desvios yi utilizados para o cálculo de Ra deve
ser expresso em micrómetros, unidade em que também é
expresso o valor de Ra

Na prática a rugosidade de uma superfície é determinada


por comparação com um conjunto de placas padrão
assumindo portanto apenas valores discretos

N12 N11 N10 N9 N8 N7 N6 N5 N4 N3 N2 N1
50 25 12.5 6.3 3.2 1.6 0.8 0.4 0.2 0.1 0.05 0.025

Desenho Técnico I 154


Acabamentos superficiais
 Normas gerais para a selecção e indicação do estado
de uma superfície
■ A presença de uma indicação respeitante à rugosidade
das superfícies das peças implica uma nova forma de
controlo que encarece o produto

A indicação da rugosidade só deve ser prescrita quando tal é
indispensável ao funcionamento da peça

■ O valor da rugosidade que caracteriza uma superfície


está directamente relacionado com o método de trabalho
utilizado na sua obtenção

Desenho Técnico I 155


Acabamentos superficiais
■ A selecção de um determinado grau de acabamento
superficial (Ra), com vista a um determinado fim funcional
é função de:

Cargas actuantes sobre a superfície
Velocidades relativa das superfícies em movimento
Lubrificação
Tolerâncias dimensionais → Ra ≈ IT/30

Desenho Técnico I 156


Acabamentos superficiais
■ Símbolo gráfico utilizado para a indicação do grau de
acabamento superficial nos desenhos

■ Variantes do símbolo gráfico utilizado para indicação do


grau de acabamento superficial

Desenho Técnico I 157


Acabamentos superficiais
 Algumas regras para a inscrição dos símbolos gráficos
utilizados para indicar o grau de acabamento superficial
nos desenhos

■ Os símbolos de acabamento devem dispor-se com o


vértice apoiado sobre a superfície que recebe o
acabamento do lado que trabalha a ferramenta

Se houver falta de espaço para a inscrição dos símbolos, estes podem
ser colocados sobre as linhas de chamada, de cota ou de referência

■ O símbolo deve apenas figurar uma só vez para cada


superfície, sempre que possível na mesma vista onde está
inscrita a cota que define a posição e a dimensão dessa
superfície.

Nas peças de revolução os símbolos colocam-se apenas sobre uma
geratriz

Desenho Técnico I 158


Acabamentos superficiais
■ Se todas as superfícies da peça têm o mesmo grau de
acabamento, pode inscrever-se o símbolo uma só vez,
junto da vista da peça, seguido da palavra “ geral ”


Caso na peça a cotar existam algumas superfícies cujo grau
de acabamento superficial não coincida com o da maioria
das superfícies da peça, pode optar-se por fazer a
inscrição dos símbolos gráficos da seguinte maneira.

Desenho Técnico I 159


Acabamentos superficiais: Exemplos
do modo de indicação

Desenho Técnico I 160


Acabamentos superficiais: Exemplos
do modo de indicação

Desenho Técnico I 161


Acabamentos superficiais: Exemplos
do modo de indicação

Desenho Técnico I 162


Acabamentos superficiais: Exemplos
do modo de indicação

Desenho Técnico I 163


Acabamentos superficiais: Exemplos
do modo de indicação

Desenho Técnico I 164

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