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Estratégias para luz natural: sistemas convencionais e brise-soleil...

Joene Silva

ESTRATÉGIAS PARA LUZ NATURAL: SISTEMAS CONVEN-


CIONAIS E BRISE-SOLEIL COMO ELEMENTO DE CONTROLE

SILVA, Joene Saibrosa da

RESUMO além de reduzir o consumo energético, di-


minui as cargas térmicas, evita problemas
A iluminação natural quando corretamen-
de ofuscamentos e contrastes, fornece ní-
te utilizada oferece melhores condições
veis de iluminação mais satisfatórios que
ambientais em espaços internos e reduz o
a iluminação artiÞcial, assim como efeitos
consumo energético, dentre outros bene-
estimulantes, devido a variação de cor ao
fícios. Neste contexto, este artigo aborda
longo do dia. Como conseqüência, propi-
os sistemas convencionais utilizados para
cia bem estar aos usuários do ambiente,
otimização da luz natural, com enfoque
contribuindo em uma melhor produtivi-
no brise-soleil como elementos de contro-
dade dos mesmos.
le. Após um breve histórico e classiÞcação
dos tipos de brises é apresentado um es- Neste âmbito, visando otimizar a distribui-
tudo de caso em Brasília, a partir do qual ção da iluminação natural nas zonas peri-
são expostas estratégias para projeto de féricas e procurando uma boa penetração
brise-soleils eÞcientes, conforme pesquisa da luz natural nos espaços interiores que
de Silva (2007). não tem contato direto com o exterior, Ser-
ra & Coch (1995) classiÞcam os componen-
Palavras-chave: iluminação natural, ele-
tes de iluminação natural em componentes
mento de controle, brise-soleil.
de condução e componentes de passagem.

ABSTRACT Os componentes de condução têm a fun-


ção de conduzir e distribuir iluminação
Daylighting when properly used offers im- natural do exterior ao interior do edifício,
proved environmental conditions in indoor estando, em muitos casos, conectados en-
spaces and reduces energy consumption, among tre si, formando espaços contínuos. Esses
other beneÞts. In this context, this paper dis- podem ser espaços de luz intermediários,
cusses conventional systems used to optimize como por exemplo, galerias, ou espaços de
daylighting, focusing on the brise-soleil as a luz interiores, como os pátios internos.
control element. After a brief historical review
and a classiÞcation of the types of brises, some Os componentes de passagem, por sua vez,
case studies in Brasília are presented, leading consistem em elementos que permitem a
to strategies for an efÞcient brise design, based passagem de luz natural de um ambiente a
on the research of Silva (2007). outro, classiÞcando-se em componentes de
passagem lateral, centrais e globais.
Key word: daylighting, control elements, brise-
soleil Entre os exemplos pode-se citar a janela,
os sheds e as superfícies transparentes ou
translúcidas que fecham totalmente ou
1. INTRODUÇÃO parcialmente um espaço, respectivamente.
A iluminação natural sempre fez parte da Segundo os autores citados, aos componen-
arquitetura ao longo dos tempos, sendo tra- tes de passagem devem ser acrescentados
balhada conforme o contexto histórico das elementos de controle, a Þm de equacio-
épocas. Atualmente, diante das questões nar a questão do equilíbrio entre radiação
ambientais vigentes, como a necessidade solar, luz e calor, mantendo a vista para o
urgente da redução do consumo energé- exterior e a ventilação.
tico, a otimização da luz natural torna-se
imprescindível.
O bom aproveitamento da luz natural

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2. ILUMINAÇÃO NATURAL E ELE- As telas especiais podem ser de tecido, PVC


MENTOS DE CONTROLE ou poliéster, tratadas de forma a suportar
as intempéries, permitindo sua aplicação
no exterior da ediÞcação. Tratamento se-
2.1 Elementos de controle melhante é aplicado no toldo, produzido
Os elementos de controle podem ser ex- em lona e estrutura metálica. As cortinas e
ternos ou internos. No primeiro caso, a ra- persianas, por sua vez, são proteções inter-
diação solar é bloqueada antes de penetrar nas, que apresentam uma diversidade de
no ambiente, resultando em uma pequena materiais, formas e regulagem de abertu-
quantidade de calor recebida no interior. ra.
No segundo caso, a radiação solar é absor- Os elementos vazados, chamados cobogós,
vida pelo vidro, seguindo em direção ao permitem ventilação constante e são consi-
elemento de controle interno, onde é em derados por Bittencourt (2000) como brise-
parte absorvida e reßetida. A porcentagem soleil misto em escala reduzida (Figura 2).
de radiação reßetida mantém-se com o Tanto os cobogós como as pérgulas Þltram
mesmo comprimento de onda que a radia- o excesso de luz. As últimas constituem
ção incidente, passando através do vidro uma série de vigas alinhadas que delimi-
novamente. A radiação absorvida, por sua tam um espaço semi-externo proporcio-
vez, se converte em calor Þcando quase a nando ambiente sombreado (Figura 3).
totalidade dentro do local.
Os elementos de controle solar internos e
externos são listados por Frota (2004, p.
164): varanda, marquise, sacada, telas espe-
ciais, toldos, cortinas e persianas, elemen-
tos vazados, pérgulas, brise-soleil vertical,
brise-soleil horizontal, brise-soleil de com-
posição de placas verticais e horizontais
(mistos). Dans (1967), em sua classiÞcação
apresenta também o vidro de controle so-
lar e a vegetação. Figura 2 - Cobogós, Parque Guinle, Rio de
Janeiro.
A varanda é um espaço utilizável e atende
também à necessidade de proteção contra
as chuvas. De acordo com a profundidade
poderá haver o escurecimento dos am-
bientes internos. O mesmo acontece com a
marquise e a sacada, que, em alguns casos,
ainda diÞcultam a ventilação, uma vez que
são incorporadas na ediÞcação (Figura 1).

Figura 3 - Pérgulas, Itamaraty, Brasília.


No que se referem aos vidros de controle
solar, estes não são indicados quando a
ventilação é importante e a radiação é alta.
Seu efeito costuma ser mais lumínico que
térmico, já que reduzem mais luz que ca-
lor (SERRA & COCH, 1995, p. 324). Essa
Figura 1- Representação de uma varanda e técnica torna-se pouco eÞciente, uma vez
marquise que com determinados tipos de vidros é

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necessário o acendimento da luz artiÞcial tre os sistemas de controle solar em uso,


para garantir a iluminação necessária nos variando de 75 a 90% quando aplicado
ambientes. sobre vidro simples transparente de 5 mm
(MARAGNO, 2001).
Um vidro ideal deveria apresentar alta
transmissão de luz visível (Tv) e baixos
ganhos de calor (Fcs- Fator de calor solar). 3. BRISE-SOLEIL COMO ELEMENTO
Quanto maior o Fator de Calor Solar, maior DE CONTROLE
a energia global que entra no interior. O
vidro simples, por exemplo, apresenta
Fcs=87%, ou seja, o espaço interno recebe 3.1 Origens do Brise-soleil
87% da radiação incidente sob a forma de
calor (SANTOS et al, 2004). O brise-soleil, ou quebra-sol, representa
um dispositivo arquitetônico cuja função
A vegetação, por sua vez, se bem especiÞ- é sombrear, com o objetivo de minimizar
cada, atua como Þltro do calor e da luz no a incidência do sol sobre uma construção,
verão, ao passo que, no inverno, permite a ou sobre espaços exteriores, fornecen-
passagem do calor, devido à queda das fo- do melhores condições de temperatura e
lhas. O rendimento depende da altura das controle de incidência da luz solar. Dessa
árvores, da forma da coroa, da distância e forma, evitam-se problemas de ilumina-
da situação com relação ao edifício (DANS, ção, contrastes e ofuscamentos, e de su-
1967, p. 13). Segundo Rivero (1986, p. 157), peraquecimento, como deterioração/foto-
a vegetação absorve 90% da radiação visí- degradação de objetos expostos, além de
vel e 60% de raios infravermelhos, reßetin- representar um importante recurso para o
do ou transmitindo através de suas folhas controle dos ganhos de calor, com redução
o restante do espectro da radiação (Figura nos sistemas de ar-condicionado e, portan-
4). to, conservação de energia (FROTA, 2004).
Olgyay e Olgyay (1957) também ressaltam
que a composição obtida com o brise-so-
leil gera uma arquitetura de maior caráter
plástico.
O termo brise-soleild foi inventado pelo ar-
quiteto Le Corbusier no desenvolvimento
de projetos habitacionais para Argel e Bar-
celona, em 1933 (Figura 5). A sua execução
de fato só ocorreu em 1936, no edifício do
Ministério da Educação e Saúdee, no Rio
de Janeiro, onde Le Corbusier foi convida-
do a assessorar a equipe responsávelf (Fi-
gura 6).

Figura 4- Inßuência da vegetação no espaço


interno.c
Os brise-soleils, por serem exemplos de
protetores solares externos, apresentam-se
como os mais eÞcientes, visto que barram
o calor antes que ele penetre no ambiente.
Este dispositivo apresenta o mais elevado
g
percentual de redução de ganho solar en- Figura 5- Maison Locative, Argel

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brocimento ou madeira. Na mesma época,


surgiram na Europa as primeiras lâminas
metálicas feitas a partir de chapas de alu-
mínio dobradas em “V”, calandradas e
estruturadas por nervuras de aço, que so-
mente a partir de 1960 passaram a ser ex-
portadas para outros continentes.
No Þnal dos anos 60, a Armink esquadrias
metálicas e a Alcan desenvolveram as lâ-
minas extrudadas de ação elíptica. Dez
anos mais tarde surgiram as lâminas “mo-
Figura 6- Ministério da Educação e Saúde, Rio nobloco” e “auto-portantes” a partir da
de Janeiro. treÞlação de tubos de alumínio usados na
Vale ressaltar que, embora o destaque irrigação.
maior tenha sido ao Ministério, em 1935, Em 1980, foi desenvolvido o sistema deno-
na cidade de Recife, Luis Nunes projetou minado “termobrise”, pela Hunter Dou-
uma escola onde já havia utilizado blocos glas do Brasil. Esse consiste em um sistema
de concreto, chamados de cobogós, como com preenchimento estrutural de poliure-
brise-soleils. E também, ainda antes da tano expandido e recobrimento em chapas
chegada de Le Corbusier no Brasil, em de alumínio de liga-naval, travadas nas
1936, foi realizado o concurso para a nova bordas por perÞs de alumínio.
sede da Associação Brasileira de Imprensa,
cujo vencedor foi o projeto dos arquitetos Atualmente, além do concreto armado,
Milton e Marcelo Roberto, que previa um existem as placas de concreto celular,
brise-soleil constituído de lâminas verticais chapas de aço, chapas de aço perfuradas,
oblíquas em alumínio, que foram substitu- perÞs de alumínio, telas, vidrosj, brises
ídas por concreto na execução, para reco- fotovoltaicos, que captam a energia solar,
brir as duas fachadas. policarbonatos ou outro material transpa-
rente, além de sistemas inovadores para
O brise-soleil tornou-se um dos elementos bloqueio solar e captação de luz, como os
marcantes da arquitetura brasileira e pas- painéis prismáticos.
sou a ser aplicado em diversos projetos,
como se pode observar, entre outros, na Esses são placas transparentes duplas ou
Obra de Berço, de Oscar Niemeyer (1937), simples de resinas acrílicas ou vidro, com
no conjunto Residencial do Pedregulho, uma face plana e outra dentada, que for-
de Affonso Reidy (1950-1965), e nos vários mam diversas angulações. As placas po-
projetos de Lúcio Costa. dem ter o mesmo efeito de proteção obtido
por dispositivos de sombreamento exter-
Esse último, por exemplo, percebeu o pa- no, reduzindo as temperaturas internas
rentesco entre as antigas venezianas e o e custos com ar-condicionado, além de
brise-soleil, ajustando os dois elementos distribuir uniformemente a iluminação
de forma que houvesse uma síntese entre (AMORIM, 2002). Os novos avanços em
eles. O arquiteto utilizou os protetores so- termos de materiais e formas buscam pre-
lares e cobogós de cerâmica para, além de dominantemente equacionar a questão do
controle solar, gerar efeitos plásticos nas equilíbrio entre radiação solar, luz e calor,
fachadas dos edifícios que projetou no Par- mantendo a vista para o exterior e a venti-
que Guinle, por exemplo. lação.
Existe uma inÞnidade de materiais e acaba-
3.2 Evolução dos materiais mentos, assim como sistemas de abertura e
modelos possíveis de serem utilizados sem
Até o Þnal dos anos de 1940, os materiai-
comprometer a questão estética, embora os
si utilizados para execução do brise-soleil
custos nem sempre sejam favoráveis.
eram predominantemente o concreto, Þ-

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3.3 ClassiÞcação dos brise-soleils Quanto à mobilidade, esses tipos apresen-


tam-se Þxos ou móveis. Segundo Rivero
Com a sua propagação, o brise-soleil ob-
(1986), os Þxos Þcam incorporados rigida-
teve vários formatos e combinações, apre-
mente à obra arquitetônica, sem a possibili-
sentando várias classiÞcações. Uma delas
dade de regulação. Sua eÞciência depende
diz respeito à posição que ocupa nas facha-
exclusivamente da dimensão e disposição
das, que, segundo Olgyay e Olgyay (1957),
de suas partes, estendendo sua inßuência
apresenta três tipos: horizontais, verticais e
durante todo o ano. Já os brises móveisl são
combinados. Os brises combinados são de-
aqueles que permitem maior possibilidade
nominados por Bittencourt (2000) e Frota
de regulação, de acordo com a necessidade
(2004) de brises mistos e de composição de
de controle solar.
placas horizontais e verticais, respectiva-
mente (Figura 7). Os brises móveis, apesar da ßexibilida-
            
               

de, apresentam alto custo de manutenção



      
                
comparado aos Þxos. Isso se deve princi-
                 
     

palmente devido à quebra do mecanismo,
       
    
     
    
  
causado, muitas vezes, pelo uso inadequa-
                              
do por parte dos usuários, que não rece-
             
       
 
bem treinamento sobre o funcionamento


correto.
 
     
   
          

        
          

Há ainda a classiÞcação dos brises em Þnito
   !
               
      
e inÞnito, em relação à dimensão, confor-
     " #                    

me Frota & Schiffer (2000). Os Þnitos pos-
            
            

  
suem comprimento, vertical ou horizontal,
Þnito, ou seja, limitado. Enquanto que os
inÞnitos apresentam comprimento teorica-
           
               

mente inÞnito, onde o observador situado


    
   
   
           


    
  
 $ % & ' ' ( ) *  + , '  - . . . / 

na borda de baixo dessa abertura não en-


                     
         

xergará uma parte do céu sobre sua cabe-


    
      
       
0   

ça, a partir do limite do ângulo de sombra


        
   
    1          

vertical. Atualmente, com a propagação da


     0  $ 2 3 ) 4  5 6 7 8 / 
pele de vidro, o brise Þnito tem pouca apli-
cabilidade, uma vez que toda fachada deve
ser protegida.
A determinação do tipo de brise-soleil de-
pende de diversos fatores, sendo que Frota
(2004, p. 164) sugere para se obter maior
eÞciência:
“- Seja guardada uma certa distância entre o siste-
Brise Horizontal – corte
ma de sombreamento e o corpo da ediÞcação (pelo
menos 30 cm), o que amenizará o efeito da radiação
do infravermelho longo e também proporcionará a
ventilação desse espaço; quanto menor o contato
do brise-soleil com o corpo do edifício, menor será o
calor transmitido por condução;
Brise Vertical- planta baixa
- Tenha acabamento superÞcial externo, na face
exposta ao sol, de cor clara, para evitar maior so-
breaquecimento dessa superfície, isto é interessante
não só para o próprio edifício, mas também para seu
entorno;

Brise misto- elevação - Se o material do quebra-sol for isolante térmico,


o desempenho do sistema de proteção será melhor,
Figura 7- Exemplos de brises.k

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posto que menos calor chegará a face voltada para 4.1 Ministério do Meio Ambiente: Facha-
o edifício, resultando em temperatura superÞcial da Oeste e brise-soleil vertical
menor;
4.1.1 Caracterização do edifício e brise-
- Se essa face tiver acabamento superÞcial de baixa soleil
emissividade térmica- superfícies metálicas de alto
brilho, mesmo aquecidas, emitem pouca radiação O Ministério do Meio Ambiente foi cons-
térmica- menos calor será emitido para a superfície truído em 1958, juntamente com 11 edifí-
externa do corpo da ediÞcação”. cios de outros ministérios. O projeto apre-
Nota-se a importância do posicionamento senta formato retangular, composto de
do brise-soleil em relação ao alinhamento dez pavimentos expostos à radiação solar,
da fachada e das características dos ma- onde se distribuem os escritórios ao longo
teriais que compõem os mesmos, entre de um corredor central, cujas separações
essas a absortância à radiação solar (ǂ), a são feitas por divisórias de compensado
reßetância à radiação solar (U), condutivi- (Figura 8).
dade térmica (O) e emissividade (H). A ab-
sortância e a reßetância da radiação inci-
dente pelos protetores dependem da cor e
do tratamento de sua superfície.

4. A APLICAÇÃO DO BRISE-SOLEIL Figura 8- Planta baixa do pavimento tipo


EM BRASÍLIA: ESTUDO DE CASO
As empenas cegas, norte e sul, são revesti-
Em levantamento de 138 edifícios de es- das com cerâmica em cor clara e as facha-
critórios públicos na escalas Gregária e das maiores, leste e oeste, que possuem
Monumental do Plano Pilotom de Brasília, 101,05 m de comprimento, são vedadas
observou-se que um número signiÞcativo com vidro de 8 mm temperado incolor em
de edifícios possui algum tipo de controle janelas do tipo basculante, com 70 cm de
solar, onde o brise-soleil é o elemento mais altura. As básculas são em perÞl metálico
utilizado. No entanto, o total de fachadas na cor cinza, abrindo para dentro e para
envidraçadas protegidas não é satisfatório fora da sala, na parte inferior e superior do
e o brise-soleil é aplicado independente- plano envidraçado, respectivamente.
mente da orientação solar. O brise vertical,
Na fachada leste (Figura 9), recentemente,
por exemplo, predomina na fachada norte,
foi padronizada a película espelhada para
sul e oeste (SILVA, 2007). Partindo disso, a
controle solar nos vidros. Já na fachada
autora realizou estudo de casos com qua-
oeste, ainda é possível observar películas
tro edifícios, cujos brises correspondem
fumês, espelhadas e opacas na cor verde.
aos aplicados com maior freqüência na
área estudada.
Baseando-se nas classiÞcações apresen-
tadas anteriormente, foi realizada uma
análise com o auxílio da carta solar para
avaliar a eÞciência do controle solar dos
elementos. Para isso, além do referencial
bibliográÞco foram feitas entrevistas com
os usuários e equipe de manutenção, assim
como visitas in loco. Diante dos resultados
encontrados são sugeridas propostas para
melhoria dos elementos de controle, sendo
apresentada neste artigo uma das análises
realizadas. Figura 9 - Fachada leste (108º): película espe-
lhada.n

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No que se refere aos brises, somente no Þm A manutenção do brise é realizada pela


da década de 1970 foram acrescidos na fa- empresa Ipanema, que lava e lubriÞca
chada oeste, pela empresa Irmãos Gravia mensalmente o sistema de controle solar.
(Figura 10).

Figura 12- Corte AA do 3º ao 10º pavimento.r

Figura 10 - Fachada oeste (288º): brise-soleil


vertical.
O brise-soleil vertical foi executado com
chapa de aço galvanizada e pintura auto-
motiva na cor verde nilo. As lâminas verti-
cais possuem 15 cm de profundidade e al-
tura variávelp de acordo com o pavimento,
caracterizando-se como brise Þnito.
As lâminas verticais são agrupadas de doze
em doze em uma longarina metálica hori-
zontal. Essa combinação compõe a modu- Figura 13- Acesso aos brises pela janela.
lação possível de movimento, cuja angula-
ção é de até 90 graus, aproximadamente. Uma das principais causas apontadas para
Cada perÞl de esquadria corresponde a um o desgaste e daniÞcação dos brises é a pre-
grupo de 12 lâminas, que giram no sentido sença de pombos no local, pois a acidez de
horário e anti-horário, conforme a necessi- seus excrementos corrói a estrutura metá-
dade (Figura 11). lica.

4.1.2 A EÞciência do Brise-soleil


A - Controle Solar
Na fachada oeste, há incidência do sol pela
manhã a partir das 11h do mês de abril a
meados de agosto, aproximadamente. À
tarde, o sol incide em todos os meses do
ano, principalmente no solstício de verão,
Figura 11 - Planta baixa representativa da onde o sol se põe após as 18h. A neces-
distribuição dos brises verticais.q sidade de sombreamento deve existir das
O movimento é feito através do contato do 11h às 17h em todos os meses do ano, com
usuário com as próprias lâminas, via bas- exceção de maio, junho e julho, que se ini-
culante inferior (Figura 12 e 13). A distân- cia após as 12h (Figura 14). Para avaliar a
cia entre o brise, quando totalmente aberto, eÞciência do brise-soleil diante do período
e o plano envidraçado é de 27,5 cm. desejado, considera-se a inßuência da ediÞ-

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cação vizinha a oeste (75m de afastamento) pelo edifício vizinho no quinto pavimento da
no primeiro e quinto pavimento (Figura 15 ediÞcação estudada. Adaptado do Programa
e 16), além da apreciação do décimo pavi- Luz do Sol (RORIZ, 1995).v
mento, onde não há proteção de sombra. No primeiro pavimento, a ediÞcação vi-
zinha é responsável pelo controle solar
na fachada oeste do Ministério do Meio
Ambiente a partir das 15h45min no solstí-
cio de inverno, um pouco após as 16h nos
equinócios e em nenhum horário no solstí-
cio de verão.
O brise-soleil, por sua vez, quando total-
mente aberto, bloqueia a radiação solar até
13h30min no solstício de inverno, entre
11h45min e 12h30min nos equinócios e de
12h às 13h no solstício de verão, aproxima-
damente. Entre janeiro e fevereiro, o brise
vertical praticamente não exerce inßuência
Figura 14- Sobreposição da necessidade de
no controle solar e o intervalo de 13h30min
sombreamento à carta solar. Adaptado do
Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995).
às 16h permanece sem proteção o ano in-
teiro (Figura 17 e 18).

Figura 17 - Brise vertical com abertura total: ǃe


e ǃd= 42º.

Figura 15- Máscara de sombra produzida pelo


edifício vizinho no primeiro pavimento da
ediÞcação estudada. Adaptado do Programa
Luz do Sol (RORIZ, 1995).

Figura 18- Máscara de sombra obtida pelo


brise vertical com abertura total. Adaptado do
Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995).
No caso dos brises inclinados 45º no sen-
tido horário, existe bloqueio solar integral
em todo solstício de verão e nos meses de
Figura 16 - Máscara de sombra produzida janeiro e novembro; nos equinócios, ex-

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cluindo a proteção exercida pelo edifício


vizinho no Þm do dia, a atuação do brise
ocorre apenas próximo às 12h; e no solstí-
cio de inverno entre 11h e 12h30min (Figu-
ra 19 e 20).

Figura 21- Brise vertical inclinado 45º no senti-


do anti-horário: ǃd=15º e ǃe= 66º.

Figura 19- Brise vertical inclinado 45º no senti-


do horário: ǃd=66º e ǃe= 15º.

Figura 22- Máscara de sombra obtida pelo


brise vertical inclinado 45º no sentido horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995).
Neste contexto, a eÞciência do brise é se-
Figura 20- Máscara de sombra obtida pelo melhante à do primeiro pavimento, dife-
brise vertical inclinado 45º no sentido horário. renciando apenas a inßuência da ediÞca-
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, ção vizinha que se modiÞca, alterando a
1995). proteção solar no Þm do dia. Os horários
Invertendo a inclinação do brise no sentido sem controle solar aumentam e, portanto,
anti-horário inverte-se também o nível de serão maiores os intervalos de desconfor-
proteção. O solstício de verão Þca pratica- to térmico e a necessidade da utilização de
mente sem controle solar ao passo que o luz e aclimatação artiÞciais, visto que os
solstício de inverno ganha sombreamen- brises permanecem fechados para bloque-
to durante todo o período necessário, so- ar a excessiva radiação solar.
mando a contribuição do edifício vizinho. Além da atuação exercida pelas lâminas
Nos equinócios, o brise funciona bem até frontais, a superfície envidraçada também
13h30min, permanecendo, aproximada- é protegida pelas lâminas superiores. O ho-
mente três horas sem controle solar, quan- rário de proteção sobre a janela alta ocorre
do inicia o sombreamento pelo edifício a desde o início da incidência da radiação
oeste (Figura 21 e 22). solar na fachada até às 13h no solstício de
No quinto pavimento, o edifício vizinho inverno, 13h30min nos equinócios e um
bloqueia a radiação solar a partir das pouco após as 14h no solstício de verão.
16h30min no solstício de inverno, nos equi- Essa proteção se repete em todos os pavi-
nócios, a partir das 17h, e, nos solstício de mentos, com exceção do décimo.
verão, em nenhum momento. No décimo pavimento a ediÞcação vizinha
não exerce nenhuma interferência, vigo-

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rando apenas a proteção do brise-soleil. da janela a Þm de movimentar as lâminas


Esta, como foi visto nas análises do primei- do brise, a própria janela, em muitos casos,
ro e quinto pavimento, não é adequada em apresenta-se encoberta por armários ou
alguns intervalos onde a radiação solar é painéis componentes do mobiliário. Nes-
intensa, somando-se ainda a ausência de tes casos, não é possível a movimentação
anteparo solar na janela superior. das lâminas, cuja posição só é alterada nas
manutenções.
Os funcionários que ocupam esse pavi-
mento, portanto, sofrem mais com proble- A manutenção, por sua vez, é diÞcultada
mas de desconforto térmico e lumínico. pela ausência de uma passarela entre os
brises e a fachada, assim como a posição
B - Posição e dimensão
da janela. Isso impede a lubriÞcação e re-
Observa-se que, mesmo com a interferên- posição de certas peças, onde o acesso não
cia da ediÞcação vizinha e dos brises supe- é possível, sendo necessária a montagem
riores sobre os inferiores, não há o controle de andaimes externos e, portanto, uma de-
solar necessário. Apenas o brise vertical mora na prestação do serviço.
móvel não atende a necessidade de som-
Neste contexto, as persianas internas per-
breamento, mesmo que o usuário modiÞ-
manecem fechadas durante toda tarde nas
que a posição das lâminas ao longo do dia,
salas onde o brise apresenta-se totalmente
nos meses de março, abril, junho, julho,
aberto, a Þm de controlar a radiação solar
agosto e setembro. Esse episódio agrava-
e principalmente o reßexo nos computa-
se principalmente no décimo pavimento,
dores. Isso é veriÞcado, inclusive, nas salas
onde o brise vertical por ser Þnito permite
que sofrem inßuência da caixa da escada
a incidência da radiação solar na janela su-
de incêndio acrescida posteriormente à
perior e no pano de vidro das salas (Figura
ediÞcação.
23).
D - Posicionamento do brise em relação ao
alinhamento da fachada
O brise-soleil utilizado no Ministério do
Meio Ambiente mantém um afastamen-
to de 27.5 cm da superfície envidraçada,
quando as lâminas estão totalmente aber-
tas. Essa distância é favorável, visto que,
permite a circulação dos ventos ao longo
da fachada no sentido vertical e, portanto,
o resfriamento da superfície por convecção
através da retirada do calor.
Já no interior das salas, a ventilação na-
tural ao nível do usuário é praticamente
inviável, visto que a janela inferior possui
um vão de 70 cm do chão e não existem sa-
ídas de ar nas divisórias que dão acesso ao
Figura 23 – Incidência solar na janela superior
corredor. Fato agravado também pela dis-
e pano de vidro no décimo pavimento
tribuição de divisórias internas, aplicadas
C - Mobilidade, uso e manutenção para criação de salas menores, que diÞcul-
tam ainda a distribuição da iluminação na-
Segundo os usuários entrevistados e con-
tural nos demais espaços.
forme foi comprovado em visita ao local,
o brise apresenta-se pesado e de difícil ma- Deve-se destacar a grande quantidade de
nuseio, uma vez que o acesso às lâminas é janelas superiores que se encontram dani-
feito pela janela inferior. Þcadas ou impossibilitadas de uso devido
ao mobiliário, que torna inviável a utiliza-
Além da insegurança provocada pela ne-
ção da manivela de comando da janela e a
cessidade do usuário se alongar para fora

31
Estratégias para luz natural: sistemas convencionais e brise-soleil... Joene Silva

conseqüente abertura para ventilação. Esse distanciamento tem como Þnalidade


gerar espaço para a instalação de uma pas-
E - Características dos materiais
sarela metálica, tipo grelha, visando facili-
O brise possui acabamento na cor verde tar a manutenção do brise-soleil, oferecer
nilo que apresenta emissividade (dž) de 0,95 maior segurança ao usuário e permitir a
e absortância (ǂ) entre 0,5 e 0,70. Neste ventilação entre os pavimentos.
âmbito, como a pintura está conservada,
Propõe-se o brise-soleil móvel devido aos
a cor absorve 50% do calor, representando
raios solares serem praticamente perpen-
um valor aceitável se comparado az uma
diculares à fachada e a diÞculdade em pro-
superfície verde escura, por exemplo, cuja
tegê-la à tarde, uma vez que pela manhã a
absortância é 0,75. Em contrapartida pos-
radiação é difusa. Neste sentido, no térreo,
sui elevada emissividade, se confrontada
onde o sombreamento do prédio vizinho é
com o alumínio, cujo valor varia entre 0,4
maior, as lâminas devem ser posicionadas
e 0,6.
com uma angulação de 25º entre as mes-
A radiação emitida pelo brise é atenuada mas e a superfície envidraçada (Figura 25),
pela circulação do vento no sentido verti- devendo-se reduzir para 16º no quinto pa-
cal ao longo da fachada, graças á existência vimento (Figura 26).
do espaçamento entre o brise e a superfície
envidraçada.

5. SUGESTÕES CORRETIVAS
Concluída a análise, percebe-se que o brise
vertical Þnito não atende à necessidade de
sombreamento em alguns meses, sendo ne-
cessário o fechamento total das lâminas ou
das cortinas internas para evitar a radiação
solar e conseqüentemente os ganhos térmi-
cos e problemas de iluminação excessiva. Figura 25 - Corte AA no térreo, representan-
O brise horizontal apresenta-se como a do a angulação adequada para as lâminas do
brise-soleil.
tipologia mais adequada para o controle
solar da fachada, devendo-se considerar
a interferência da ediÞcação vizinha sobre
o edifício estudado. Dessa forma, dentre
várias especiÞcações possíveis que podem
atender as angulações exigidas, apresenta-
se uma opção de brise horizontal móvel,
com tratamento diferenciado por pavimen-
to, afastado 60 cm da fachada (Figura 24).

Figura 26- Corte AA no 5º pavimento, re-


presentando a angulação adequada para as
lâminas do brise-soleil
O brise se estende por toda fachada, in-
clusive na janela superior do décimo pavi-
mento, que não possui proteção na situação
Figura 24- Planta baixa com representação do atual. Neste pavimento, os brises Þcarão
brise horizontal, afastado 60 cm da fachada
bem próximos uns dos outros, com ângulo

32
PARANOÁ - Cadernos de Arquitetura e Urbanismo

ǂ de 10º entre as lâminas e a superfície en-


vidraçada, visto que, não sofrem inßuência
do edifício vizinho (Figura 27).

Figura 28- Corte esquemático representando


possibilidade de ventilação cruzada
É necessário destacar a importância da re-
distribuição dos móveis no layout das sa-
las, de modo a desobstruir o acesso às ja-
nelas e, consequentemente, aos brises, no
caso de uma manutenção; assim como a
necessidade de retirar as diversas películas
existentes e a aplicação de persianas inter-
Figura 27- Corte AA no 10º pavimento, re- nas em cor clara para auxiliar nas questões
presentando a angulação adequada para as lumínicas.
lâminas do brise-soleil.
A movimentação das lâminas deve ocor-
rer em grupos que correspondam à área 6. ESTRATÉGIAS PARA PROJETO
de uma única sala, de preferência, com di- DE BRISE-SOLEIL
ferenciação por andar. Almeja-se facilitar Baseando-se nos itens de classiÞcação dos
o dia-a-dia dos usuários, assim como dar elementos de controle apresentados e no
maior individualidade para cada sala. estudo de casos realizados por Silva (2007)
No que se refere à cor e material, pode-se são apresentas, neste item, sugestões apli-
manter a mesma cor, para conservar a lei- cáveis a qualquer latitude.
tura visual existente e a idéia inicial do ar- Nesse contexto, os brises, de um modo ge-
quiteto. No entanto, a Þm de obter-se uma ral, devem ser especiÞcados conforme a
melhor visão interior-exterior, sugere-se latitude local e a necessidade de sombrea-
aplicar a chapa de aço perfurada, inclusive mento veriÞcada. Essa é obtida de acordo
com possíveis variações no tamanho das com as horas e dias do ano que apresentam
furos, aumentando-os no nível do plano as temperaturas indesejadas, baseando-se
de trabalho. nas zonas de conforto, para então sobrepor
Não é o foco deste trabalho, mas é conve- à carta solar, referente à latitude desejada
niente a substituição da janela basculante (EVANS, 1991).
baixa por um modelo do tipo guilhotina Em seguida, determina-se a máscara con-
ou mesmo pivotante no nível do plano de dizente com as orientações que possuem
trabalho, como janelas em vidro tempera- as fachadas a serem protegidas. Com o au-
do. Com esse sistema não há interferência xilio do transferidor auxiliar é possível de-
na fachada, sendo mantida a mesma dis- terminar o melhor brise quanto à posição e
tribuição dos perÞs metálicos, além de ha- dimensão, com as angulações necessárias.
ver uma melhora no nível de ventilação na
altura de conforto do funcionário (Figura Os brises podem ser móveis ou Þxos desde
28). A ventilação cruzada torna-se possível que atendam ao período de sombreamen-
com aberturas superiores nas divisórias ao to requerido. No caso de brise-soleil móvel
longo do corredor central. Dessa forma, manual, deve-se ter cuidado em especiÞ-
aproveita-se nas salas de oeste os ventos car barras de comando com fácil acessibi-
predominantes vindos do leste, podendo lidade, que movimentem poucas lâminas
haver problemas acústicos. simultaneamente, a Þm de evitar que o
sistema Þque pesado, principalmente se as
peças forem altas (grande comprimento).

33
Estratégias para luz natural: sistemas convencionais e brise-soleil... Joene Silva

Para agrupar as lâminas possíveis de mo- siva; no entanto, deve-se considerar as car-
vimento, deve-se considerar o tamanho gas térmicas incidentes no ambiente, sendo
mínimo para uma sala, a Þm de oferecer imprescindível a aplicação de elementos de
brises individualizados. Assim, se, com o controle eÞcientes. Com isso, a luz natural
decorrer do tempo e com o surgimento de é Þltrada, redirecionada e/ou difundida,
novas necessidades, houver mudanças na proporcionando a iluminação necessária
posição das divisórias, o risco de ocorrer de forma mais homogênea, reduzindo as
duas salas com um mesmo brise será me- cargas térmicas e conseqüentemente o con-
nor. Os arquitetos devem Þcar atentos na sumo com climatização artiÞcial.
distribuição das divisórias, assim como na
Destaca-se que se deve considerar para o
organização do layout, evitando mobiliá-
projeto do brise-soleil as características do
rio próximo às janelas ou áreas de acesso
edifício, como a orientação das fachadas,
às lâminas.
localização, tamanho e tipos de abertura,
O acesso ao brise-soleil, por sua vez, deve uso dos espaços e a conformação do entor-
ser fácil e seguro. Sugere-se a utilização de no, para dar continuidade às tomadas de
passarela vazada, localizada entre a super- decisão.
fície envidraçada e o quebra-sol, com pro-
Dessa forma, as sugestões para melhoria do
fundidade mínima de 60 cm. Dessa forma,
brise do estudo de caso são apenas idéias
esse elemento oferece segurança ao usuá-
do que pode ser feito, uma vez que uma
rio, facilita a manutenção das peças daniÞ-
mesma máscara de sombra pode gerar vá-
cadas, assim como permite a circulação do
rias conformações de brises. As propostas
ar ao longo da fachada no sentido vertical.
tentaram, onde foi possível, não fugir da
Os brises devem ser executados com mate- idéia inicial do arquiteto.
riais que absorvam pouca radiação, reße-
Também é importante destacar que deve
tindo uma porcentagem maior do mesmo.
haver um interesse do usuário em apren-
De preferência, devem ser pintados em cor
der a utilizar o edifício e seus elementos da
claraaa para contribuir em melhores condi-
melhor forma, zelando por eles, para que
ções térmicas e na distribuição homogênea
os aspectos de funcionalidade sejam man-
da luz natural no interior.
tidos.
Entre os materiais, pode-se citar o perÞl de
A sustentabilidade, qualidade ambiental
alumínio com preenchimento de poliure-
e boa produtividade podem estar juntas,
tano, que retarda a condução do calor ab-
desde que sejam tomadas decisões ade-
sorvido através da lâmina, graças às suas
quadas às condições climáticas locais, por
propriedades. A chapa de aço perfurada
meio da produção de projetos adequados
é outra opção interessante, visto que tam-
e adaptados para capturar a radiação solar
bém controla a iluminação natural, permi-
de forma otimizada.
te ainda a ventilação através das lâminas
e mantém a visão interior-exterior, mesmo
quando fechadas. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É oportuna a utilização de persianas inter- AMORIM, C.N.D. Iluminação natural e
nas para complementar a atuação do brise- eÞciência energética – Parte II: Sistemas
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PARANOÁ - Cadernos de Arquitetura e Urbanismo

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RIVERO, Roberto. Arquitetura e Clima: apenas dois pontos.
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Ed. Porto Alegre: D. C . Luzzatto Editores, g Fonte: http://www.fondationlecorbusier.
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Carlos: Universidade Federal de São Car- http://www.merlo-brise-soleil.it
j Segundo Caram & Miana (2006), os
los, 1995.
brises transparentes, quando bem dimensionados
SANTOS, Joaquim C. P.; LUBECK, André; e corretamente selecionados para a sua função,
contribuem positivamente no desempenho térmico
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parativa de características de materiais k Fonte: Olgyay & Olgyay, 1957, p. 90/92.
transparentes de mesma coloração. In: I l Os sistemas móveis podem ser mecânicos,
elétricos ou eletrônicos, comandados em função da

35
Estratégias para luz natural: sistemas convencionais e brise-soleil... Joene Silva

incidência do sol ou da intensidade luminosa ou da


temperatura (FROTA, 2004).
m As escalas foram deÞnidas por Lúcio
Costa na elaboração do Plano Piloto e consistem
em: escala Gregária, Monumental, Residencial e
Bucólica.
p No térreo, as lâminas apresentam 2.66m
de altura, enquanto que na sobreloja possui 2.26m
e nos demais pavimentos 2.73m, devido à diferença
do pé-direito.
z Os coeÞcientes utilizados para esta análise
são obtidos de Frota &Shiffer (2000), sendo escolhi-
dos por aproximação com as cores existentes.
aa Evitar branco devido aos possíveis pro-
blemas, como o ofuscamento.

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