Você está na página 1de 4

O MOTIVO QUE LEVARA A LUTA ENTRE OS TUTSI E HUTU :

Você sabia que foram os Alemães os grandes causadores do histórico conflito


entre os Tutsi e Hutu?

Compreenda qual foi um dos grandes motivos que levara os tutsi e hutu ao
genocídio histórico, antes e depois do período colonial.

Os Twa, são na verdade os primeiros habitantes da região conhecida como


Rwanda-Urundi, onde hoje estão os estados do Rwanda e Burundi. Os hutu
chegaram à região depois dos Twa, desgarrados de umas das correntes de
migração do grupo étnico linguístico Bantü (assim como os Twa e restantes
povos em sua maioria nessa região Afrikana) e fixaram-se ao desenvolver ali
uma agricultura de substância. Os Tutsi chegaram muito depois, vindos do
norte de Afrika, numa outra dinâmica migratória que chegou à região entre os
séculos XIV e XV. À época da colonização alemã, entre os séc XIX e XX, hutu
(cerca de 85% da população), Tutsi (14%)e Twa (1%), os Twa eram a menoria
na época colonial porque grande parte do grosso de sua população estava
concentrado na RDCongo.

Esses três grandes grupos, juntos formavam um mesmo grupo chamado


"#Banyarwanda", o maior grupo étnico do leste Afrikano, que falava
basicamente a mesma língua, o "#Kinyarwanda" ou "#kirundi", sendo que os
Hutu e Tutsi ainda dividiam a mesma cultura, leis e crença e espiritualidade.

O isolamento natural da região #RwandaUrundi, cercada por uma cadeia de


montes e montanhas e que deram ao Rwanda o apelido de "país das mil
colinas", manteve a sociedade local à margem da história que se descortinava
do lado de fora : a expansão do Islão, a partir do séc VII, a chegada dos
mercadores árabes, o início de uma nova dinâmica escravocrata( tal como o
cristianismo, os islamismo também trouxe consigo a escravidão em Afrika) sua
nova faceta e "industrialização" a partir de meados do séc XV e as constantes
incursões dos exploradores Europeus no interior do continente a partir do séc
XIX. A própria região passou incólume pelo processo de ocupação pós-
Conferência de Berlim (1884-1885)até o primeiro ano do séc XX, quando o
militar e explorador alemão Gustav Adolf Von Goetzen, o grande causador da
primeira tensão entre os Hutu e Tutsi.

Entenda agora o porquê. Von Goetzen havia travado o primeiro contacto com
os Banyarwanda (#hutu, #tutsi, e #twa) em 1894, numa missão oficial alemã
cujo objectivo era estabelecer relações com o #MWAMI (Rei Banyarwanda) na
dinastia Tutsi com grandes poderes exercidos da espiritualidade e cultura local.

O que Von Goetzen encontrou foi uma sociedade em relativa paz, onde Tutsi
Hutu e Twa viviam lado a lado em harmonia. Por terem sido os últimos a
chegar, os Tutsi provável trouxeram uma gama de novos e impressionantes
conhecimentos, mais refinados e manifestações culturais espirituais etc, bem
como uma cultura pastoril, nômade, cuja dieta era baseada no leite, no queijo e
na carne. Ao se sedentarizarem ao lado dos hutu, cuja organização social se
baseou nas dinâmicas comportamentais que envolveram atividades agrícolas,
os Tutsi provocaram uma revolução social com seus (provavelmente)
controversos valores, percepções e conhecimentos a respeito do
"funcionamento" do mundo. Quer fosse através de meios pacíficos, quer com
ajuda do uso da força, o fato é que ambos os grupos foram responsáveis pelo
desenvolvimento e pela nova acomodação dos papéis sociais dentro dessa
nova estrutura sócio-politica-religiosa.

Aos poucos a centralização dessas comunidades criou um Reino no qual


líderes Tutsi se tornaram os Mwami, os reis do Rwanda-Urundi, escolhidos por
aclamação e que exerciam o poder diretamente sobre as três "categorias
sociais" : os responsáveis pelo o gado (a actividade original dos Tutsi), os
responsáveis pela terra (ligadas às caraterísticas da cultura hutu) e os
responsáveis pela defesa (refletida nas culturas hutu e twa).

«Lembrar que o Mwami foi uma figura pertencente ao povo hutu. Obviamente
que o primeiro Mwami da história foi um hutu, devido a sua ligação histórico
cultural que tivera com os hutu»

O relacionamento entre o Mwami e a população era vertical. A importância


social e os significados do que seriam "riqueza e" poder "foram construídos de
comum acordo a partir da valorização do trabalho e do entendimento de que o
conceito de" riqueza " estava intimamente ligado à criação do gado. Apesar de
Tutsi e Hutu terem, no início desse convívio, características físicas bem
diferentes, tutsi mais claros, mais altos e longilíneos, com lábios e nariz mais
afinados; hutu mais escuros, baixos e com nariz e lábios mais grossos, a
mobilidade social (um hutu proprietário de gado era tratado como Tutsi e uma
família Tutsi que se dedicasse à agricultura se tornaria uma família hutu) e a
miscigenação fizeram dessas designações algo meramente ilustrativo.

Porém, as referências culturais e políticas de Von Goetzen não eram


suficientes para entender a complexa construção social Banyarwanda. A
missão de Von Goetzen era muito mais perigosa do que se pensava ser uma
missão simplesmente diplomática.

Ora bem, tudo começou quando o representante alemão Goetzen o pivô de um


grande escândalo que marcava o início de uma divisão construída e unida por
laços históricos, ao se apresentar ao Mwami(Rei), apertou-lhe a mão com
quem era proibido qualquer tipo de contato físico ou mesmo encarar por muito
tempo. A violação tradicional, vulgo, da santidade do Mwami, foi vista como um
mau agouro. Von Goetzen e seu grupo, munidos dos instrumentais teóricos da
hierarquização das raças. Na verdade a missão do alemão era de tocar na
intimidade cultural dos Banyarwanda (que era obviamente o Mwami), para
facilitar a entrada dos missionários que durante anos não conseguiam
introduzir o seu cristianismo no seio do povo banyarwanda(porque os mesmos
estavam intimamente ligados ao Mwami). Um objectivo que também passava
por dividir o povo, através da administração colonial, ou seja, a referência mais
próxima que os visitantes possuíam em termos comparativos era a monarquia
feudal europeia e foi tomando-a como base que construíram o seu próprio
entendimento a respeito das relações entre os Banyarwanda.
As alianças Alemãs (e, Belgas) foram forjadas com o Mwami e sua corte Tutsi,
a nobreza local, para manter o controle e forçar "os servos hutu" a se
sujeitarem, sem perceber, à nova administração colonial. Isso era muito
conveniente para os alemães, já que poderiam "governar por procuração"
fazendo uso daquilo que entenderam como uma ditadura da monarquia Tutsi.
Mas era na verdade uma grande manobra colonial que culminou na célebre
frase : dividir para melhor governar. E tinha como protagonista Von Goetzen.

Durante a administração alemã foi iniciado um trabalho de estratificação étnico-


social na região do Rwanda-Urundi. Os alemães deram aos Tutsi
propositadamente o status de elite privilegiada, com acesso à educação nos
moldes europeus, ao treinamento nas Forças Armadas e a postos importantes
na administração colonial. Essa clivagem foi aprofundada durante o período
Belga, quando os administradores coloniais organizaram um censo
populacional, entre os anos de 1933-34, com o intuito de emitir "carteiras de
identidade étnicas" nas quais era carimbada em grandes letras vermelhas a
escendência do indivíduo. A partir deste ponto, quaisquer que tenham sido os
significados e social das denominações "hutu" e "tutsi" até o início do séc XX,
já não possuíam mais quaisquer sentidos que não estivessem ligados às
noções de segregação e privilégios. Essa manobra colonial só dava aos Tutsi o
estatuto de grandeza perante aos hutu e twa.

Os hutu passaram a ficar por trás e tutsi sempre em evolução monárquica


política étnica social e etc. Tudo por culpa dos colonizadores Alemães (na sua
maioria) e Belgas. A cena foi crescendo, e teve contornos graves na sociedade
que outrora era Banyarwanda. Dai, em Março de 1957, nove intelectuais
publicaram o "Manifesto Hutu" declarando Rwanda uma "nação hutu" e
caracterizando os Tutsi como "invasores estrangeiros". Essa manifestação
marcou o amadurecimento do pensamento político-cultural Rwandês, já
irremediavelmente dividido entre os dois grupos. Mesmo com as atrocidades
criadas primeiramente pela administração colonial. Com o passar do tempo o
rancor entre esses dois povos foi crescendo de forma abismal. O problema que
era só étnico (criado pelos alemães), passou para etnocracia-política. Mesmo
depois de vários anos de poderio Tutsi, os Hutu foram os primeiros a assumir o
poder político do país. Quando isso aconteceu, os hutu começaram a fazer as
suas vinganças. Dai intensificou-se o jogo político dos ocidentais e Americanos.
O #EUA e alguns países como a #França, #Bélgica e #Alemanha, começaram
a patrocinar e a formar tanto tutsi quanto hutu, politicamente e militarmente.
Cada um queria a sua fatia do bolo desse território. Com o rancor étnico que
existira, tal rancor que facilitou o genocídio histórico entre esses dois povos.

Na verdade esses dois povos foram vítimas dos ocidentais, e depois (pós
período colonial) do EUA. Nem os Tutsi, nem os Hutu têm tal direito sobre
essas terras. Porquê? Porque entermos histórico, os Twa foram os primeiros
povos a chegar nessa zona. Se tem um povo que pode dizer que tal terra
pertence à mim, esse povo são os Twa. Mas como a engenharia colonial e
política euro-ocidental já estava feita, obviamente que eles (banyarwanda) não
sabiam que eram vítimas dos Alemães e etc. A revolta, a cegueira e o
egocentrismo étnico falava mais alto que a irmandade.
Eles sabiam que dividindo esse povo traria à eles uma colonização mui eficaz e
benéfica entermos político religioso cultural e económico. Pois já estava escrito
pelos Euro-ocidentais de dividir essa região mui rica em recursos minerais.

Narrativa d&: João Niango Ngombo Kina O Mar Negro Moufty.

Fonte ~ Afrika No Mundo Contemporâneo.

Você também pode gostar