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Índice

Introdução........................................................................................................................................2

1.1.1 Objectivo Geral.......................................................................................................................2

1.1.2 Objectivos Específicos............................................................................................................2

1.2 Metodologias..........................................................................................................................2

Ruanda, sua história e a situação antes da revolta étnica-tribal dos Hútu e os Tutsi.......................3

Origem dos grupos étnicos: tutsis e hútus.......................................................................................4

As Causa da desigualdade Social entre tutsis e hútus......................................................................5

Contraste entre os hútus e tutsi........................................................................................................7

As consequências da Revolta étnica-tribal dos Hútu e os Tutsi......................................................9

Referências Bibliográficas.............................................................................................................12
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Introdução

Este trabalho tem o intuito de abordar o assunto: Revolta étnica-tribal dos Hutu e os Tutsi, tema
inserido na linha de pesquisa na Disciplina: História da África Central e Oriental: Sec. XVI-
XVIII, na área de estudo em ensino de História.

Portanto, importa dizer como nota introdutória, que o Ruanda é um Estado, que desde cedo
conheceu clivagens entre os hutus e os tutsis, que apesar destas, não eram as etnias originárias da
região, sendo os primeiros, os twas. As clivagens entre eles provinham da superioridade
financeira dos tutsis, que eram pastores, face aos hutus, que eram agricultores. As relações entre
elas eram, ora pacíficas, ora conflituosas. Mas, ainda assim, as duas, coabitavam num território
regido por normas que os regulavam. Os maiores problemas entre as duas etnias, começaram
com os primeiros contactos com os europeus, especificamente, os alemães, ocorrido após a
Conferência de Berlim.

1.1.1 Objectivo Geral


O presente trabalho tem o objectivo geral de, analisar a Revolta étnica-tribal dos Hútus e os
Tutsi, abordando seus antecedentes, suas causas e suas consequências.

1.1.2 Objectivos Específicos


Este trabalho tem por objectivos específicos:
 Entender quais as motivações que levaram a a revolta étnica-tribal dos Hútu e os Tutsi,
sua conceituação;
 Conhecer a história do por detrás da revolta étnica-tribal dos Hútu e os Tutsi

1.2 Metodologias
O procedimento metodológico adoptado foi a pesquisa bibliográfica. No decorrer da elaboração
do trabalho de Pesquisa foi observada a ausência de livros sobre o assunto que resultou na
necessidade de procurar em outras fontes de informação na internet, como em Trabalho de
Conclusão de Curso, artigos científicos, revistas e jornais electrónicos, que se mostraram em
número suficiente e confiáveis.
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Ruanda, sua história e a situação antes da revolta étnica-tribal dos Hútu1 e os Tutsi
Oficialmente chamado de República de Ruanda, este pequeno território está localizado na porção
centro-oriental africana, na região dos Grandes Lagos. Seu território montanhoso é pouco maior
que o estado de Alagoas, com 26.338 km² de extensão territorial. Faz fronteira com República
Democrática do Congo (a Oeste), Uganda (ao Norte), Burundi (ao Sul) e Tanzânia (a Leste)
(Gourevitch, 2000).

Ruanda é um país paupérrimo, um pouco maior que Vermont, estado americano, e um pouco
menos populoso que Chicago, um lugar tão espremido pelos vizinhos Congo, Uganda e Tanzânia
que, na maioria dos mapas, seu nome, para ser legível, tem que ser impresso fora dos limites de
seu território, o pais está dividido em províncias que são: Kigali maior cidade Ruanda, Gasabo,
Gesoki, Kicukero, Nyarugenge; Norte, Burera, Byumba cuja é capital da província, Gakenke,
Ruhengeri e Rulindo; Oeste, Cyangugy, Gasiza, Gisenyi, Kibuye cuja capital da província,
Ngororero, Nyamasheke e Rutsiro; Leste, Bugesera, Gatsibo, Kayonza, Kibungo, Kirehe,
Rwamagara, cuja capital, Nyagatare; Sul, Butare, Gikongoro, Gisagara, Gitamara, Kamonyi,
Nyanza, cuja capital da província e Nyaruguru

A economia do país é rural, 90 por cento da população trabalha na agricultura. O país sobrevive
basicamente da exportação de café e chá, não existem ouro nem diamante em Ruanda e o sector
industrial são bastante pequenos. Os principais parceiros comerciais com o país são: Holanda,
Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Tanzânia e Uganda (Gourevitch, 2000)

A população consiste em três grupos étnicos: pigmeus, hutus e tutsis. Actualmente, a população
ruandesa consiste em: oito milhões de pessoas, sendo 90 por cento hutus, nove por cento tutsi e
um por cento pigmeus, também chamados de povos twas. As línguas oficiais de Ruanda são:
francês, kinyaruanda; a língua de todos os ruandeses e também o suaíle ou quissuaíle; língua
africana e mais utilizada em centros comerciais (Araújo, 2012).

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O termo hutu significava „agricultor‟, ou „pobre‟ ou criado‟, enquanto tutsi se referia a „criadores de gado‟, que
em decorrência deste fato tinham que ser ricos e, portanto, os patrões. Os tutsis tinham um status social superior
devido à sua riqueza económica em termos de gado naquela época em particular.
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Origem dos grupos étnicos: tutsis e hútus


A tradição ruandesa consiste em relatar todos os fatos oralmente, desta forma, não existe nenhum
documento referente ao Estado pré-colonial. As histórias contadas no passado tendem a ser ditas
por aqueles que têm poder, estejam no governo, ou em oposição a ele

Segundo Fonseca (2016, p.226), existem três grupos étnicos que compõem a população de
Ruanda são os tutsis, os hútus e os tuás. Os principais grupos eram os tutsis, povo vindo do norte
e do leste, e os hútus, provenientes do sul e do oeste. Os hútus representam a maioria da
população, com cerca de 90%, e os tutsis que, apesar de serem apenas 9% da população,
assumiram as funções de liderança na sociedade por muitos séculos. Os tuás, jamais foram mais
que 1% da população, assim, nunca desempenharam um papel significativo dentro da estrutura
social do país, sendo marginalizados e destituídos de quaisquer direitos. A distinção entre os
elementos de um grupo e de outro estava basicamente ligada às funções sociais exercidas por
cada um.

Todavia, os hutus eram caracterizados pela pele escura, nariz achatado, lábios grossos e
mandíbulas quadradas. Os tutsis são mais altos e elegantes possuem rostos delgados e
compridos, pele não tão escura, nariz estreito, lábios finos e queixo estreito

De acordo com Paul J. Magnarella (2018), uma premissa geralmente aceita entre os historiadores
é que os primeiros habitantes do território de Ruanda foram os ancestrais dos twas, um povo
pigmeu que viviam em cavernas. Em seguida os hútus, um povo bantu, teriam vindo do sul e
oeste de Ruanda e por último um povo chamado tutsi, de origem nilótica (que vem das margens
do Rio Nilo), vindo do leste e norte.

Os hútus geralmente conseguiam alguma posição de poder, ainda que inferior, e administravam
os bairros, dentro desta estrutura hierárquica altamente controlada de Ruanda e obedeciam às
ordens vindas de cima, geralmente, provenientes de pessoas tutsis. E, muito embora o grau de
subjugação e opressão destes hútus nas mãos dos tutsis variasse de acordo com a versão contada
e aceita por cada um, a linha divisória entre um grupo e outro não era tão rígida quanto se
costuma pensar fora de Ruanda ou como os belgas fizeram destacar séculos mais tarde.
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Para Rusagara (2009, p. 104), um outro traço que é possível apontar de forma segura quando se
lança um olhar para as relações do passado entre os dois grupos é que os tutsis, em razão de suas
posições hierárquicas superiores, costumavam ter terras e criavam gado enquanto os hútus se
dedicavam à agricultura. Portanto, é possível se falar que os grupos pertenciam há classes
económicas-sociais diferentes, mas não em etnias distintas propriamente ditas.

Outro ponto importante, destacado por Santiago (2011) é que não havia naquela época uma
rivalidade, muito menos um ódio extremo entre os grupos, que conviviam e se relacionavam de
maneira pacífica. Segundo ocorria até mesmo casamentos entre as etnias, dificultando ainda mais
a diferenciação dos grupos: toda a alta estrutura política de tal sociedade era baseada nos tutsis
(com algumas excepções pontuais) e, principalmente, na figura monárquica do mwami2,
responsável pela manutenção do equilíbrio político e também social de Ruanda.
Apesar dessa distinção entre os grupos e esta visão de superioridade, não havia o uso da força, ou
uma repressão física por parte dos tutsis para se manterem no poder.

As Causa da desigualdade Social entre tutsis e hútus


Com o término da 1ª Guerra Mundial, a Bélgica recebeu da Liga das Nações o controle
administrativo do Burundi e de Ruanda. Os belgas, utilizando-se da diferença étnica entre tutsis e
hútus, iniciaram um processo de discriminação entre os dois grupos, agora não apenas baseado
na classe social, mas também nas diferenças físicas (Araújo, 2013, p.306).

Para incentivar essa discriminação, os belgas passaram a distinguir os dois grupos baseados em
suas aparências físicas. Os hútus eram descritos como tendo feições mais rígidas e arredondadas,
pele escura, nariz largos, lábios grandes e mandíbulas quadradas. Os tutsis, por outro lado, eram
descritos como tendo feições suaves, pele mais clara, nariz, lábios e queixo finos. Foram até
mesmo enviados cientistas pelo governo belga para tirarem medidas da população, que chegaram
a conclusão de que os tutsis possuíam um porte naturalmente aristocrático.

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Divino Rei.
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Assim, pertencer a uma categoria tutsi era sinónimo de prestígios, elegância, e superioridade. Ser
tutsi era sinónimo de riqueza, status, na época da monarquia era possível ao hútu de renda
financeira considerável se tornar um tutsi, da mesma forma um tutsi que tinha suas finanças
rebaixadas passavam a ser reconhecido como hútu,

Segundo Hatzfeld (2005), o processo de deterioração da nação prosseguiu. Os belgas, com o


apoio da Igreja Católica, derrubaram o governo, empossando Rudahigwa, membro da elite tutsi
que se converteu ao catolicismo e foi colocado como novo governante. Com isso, Ruanda logo
se tornou o país com maior índice de católicos da África, devido ao processo de conversão em
massa. Um censo foi realizado pelos belgas de modo a realizar a distribuição de identidades
étnicas, assim, eles aprimoraram o processo de segregação. Os cargos políticos e administrativos
e o acesso à educação passaram a ser de exclusividade dos tutsis. Esta estratégia dos
colonizadores fez surgir uma ideia de separação entre os dois grupos, motivada pelas diferenças
físicas e pelo entendimento de superioridade racial dos tutsis sobre os hútus, com estes sendo
cada vez mais explorados através da cobrança de tributos e do trabalho forçado.

Segundo a análise de Mahmood Mamdani (2016) ainda na época que antecedeu a colonização
um hútu próspero poderia se tornar tutsis ao longo de várias gerações seja por meio do
casamento ou aquisição financeira, demostrando que a cisão tutsi e hútu versavam
principalmente como uma problemática social, ser tutsis estava ligado a poder aquisitivo, status.
Demostrando ser uma característica de desigualdade, assim reversível, condição de estado e não
ser.

Por outras palavras, antes da era colonial, os tutsis geralmente ocupavam as camadas mais altas
do sistema social e os hútus, os inferiores. Contudo, a mobilidade social era possível, um hútu
que adquirisse um grande número de gado ou outras riquezas poderia ser assimilado ao grupo
tutsi e os tutsis empobrecidos seriam considerados hútus.

Paul J. Magnarella (2018) se refere a um processo de enobrecimento existente na época, em que


os membros da realeza tutsi poderiam elevar o status de um hútu ao de tutsi, sendo o inverso
igualmente possível: os nobres tutsis podiam rebaixar outro tutsi à posição social dos hútus, com
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base num fracasso económico ou se este se casasse com um hútu. No entanto, apesar dessa
maleabilidade social e do potencial que ela pode ter proporcionado para a mobilidade de classes,
o que permanece claro é que havia uma sociedade hierarquizada com os tutsis constituindo a
aristocracia de Ruanda e os hútus como seus vassalos.

Contraste entre os hútus e tutsi


Os conflitos entre os dois grupos étnicos de Ruanda já existiam antes mesmo do
genocídio de 1994. A rivalidade e o ódio entrem hutus e tutsis estão relatadas desde a época da
colonização alemã e belga. No entanto, a distinção no tratamento e regalias para povos
preferidos, tutsis, e os preteridos, hutus, era bastante visível em Ruanda, e esses sentimentos dos
hutus eram transmitidos ao longo das gerações.

Devido ao ódio alimentado pelo processo discriminatório praticado durante as colonizações e aos
sentimentos hostis, o governo de Habyarimana resolveu adotar uma nova política (Gourevitch,
2000).

Todavia, essa política consistia em unir todos os hutus com objetivo de purificar Ruanda e fazer
do país um lugar melhor para viver. Num primeiro momento, o intuito seria eliminar os hutus
que não concordavam com o massacre, os chamados hutus moderados; depois, eliminar os tutsis

Segundo (Gourevitch, 2000), o massacre teve início em 06 de abril de 1994, quando o avião do
presidente Habyarimana, voltando de Dar es Salaam na Tanzânia, foi derrubado ao sobrevoar
Kigali, tendo se espatifado no terreno de seu próprio palácio. O novo presidente hutu do Burundi
e vários altos conselheiros de Habyarimana também estavam a bordo.

Hutus radicais mataram tutsis com armas de baixas tecnologias, tais como: porretes, facas,
facões, lanças e o tradicional masu, enorme clava com pregos espetados. Mais tarde, foram
acrescidos ao arsenal chaves de fenda, martelos e guidons de bicicleta (Hatzfeld, 2005)

Todavia, a arma mais utilizada no massacre foi o facão por ser mais barato e também por ser um
instrumento bastante utilizado pelos ruandeses na agricultura desde a infância O principal
objectivo era exterminar o mais rápido possível, não importando como eram mortos, mas sim
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quantos estariam mortos em pouco tempo. Igrejas, escolas e casa eram invadidas pelas tropas
interahamwe. Os tutsis buscavam refúgio em igrejas, pântanos, hospitais e hotéis, e os relatos
mostraram que cerca de cinco mil refugiados tutsis foram mortos na igreja de Nyamata

A Interahamwe3 realizava bloqueio de estradas, usava as carteiras de identidade étnica e utilizava


os dados do governo para obter informações sobre os endereços de todos os tutsis do país. Deste
modo era fácil localizar e eliminar suas vítimas, pois bastava apenas bater de porta em porta.
Quando encontrava uma casa vazia ela era inteiramente destruída (NOLLI e ARMADA, 2013,
p.703).

Na visão de Nolli e Armada (2013) Foi um período em que professores mataram alunos, médicos
mataram pacientes, padres mataram fiéis, irmãos mataram irmãos. As actividades do quotidiano
ficaram suspensas e o país transformou-se num gigantesco campo de morte a céu aberto, num
cenário em que a morte violenta, as pilhagens e violações se tornaram absolutamente banais,
como se de uma extensão do campo de batalha se tratasse.

Com o país voltado praticamente apenas para o massacre, o dia-a-dia dos hútus responsáveis
pelas atrocidades se resumia a reuniões no início de cada dia para o consumo de álcool e uso de
drogas para, em seguida, iniciarem as perseguições e mortes brutais. As pessoas deixaram de
trabalhar porque para eles “matar era menos cansativo do que plantar

Muitas mulheres tutsis foram abusadas sexualmente e depois mortas, principalmente as tutsis
grávidas de homens hutus. Alguns tutsis foram mortos em público, pois a intenção era intimidar
tanto hutus moderados quanto os fugitivos tutsis. Nem mesmo as crianças e os recém-nascidos
foram poupados das mortes, já que representavam a próxima geração e o intuito dos hutus
radicais era fazer o que eles consideravam como ‘limpeza étnica’ em Ruanda.

Todavia,, a maioria das mulheres hutus ficava em casa com a responsabilidade de cuidar da casa
e fazer comida para a família, e também tinha o dever de informar esconderijodos tutsis além de
saquear os bens, tais como; dinheiro escondidos nos bolsos, saca de feijão, vacas, rádios e folha
de zinco

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Aqueles que lutam juntos
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Portanto, para (Power, 2004), foi o massacre mais intenso tanto em Ruanda como também em
todo mundo, os mortos se acumularam numa velocidade quase três vezes maior a que o dos
judeus mortos durante o Holocausto, por isso tem sido considerado um dos mais importantes
assassinatos em massa desde os bombardeios atómicos de Hiroshima e Nagasaki, pois se estima
que pelo menos 800 mil tutsis foram mortos em apenas cem dias e durante a primeira semana
estima-se que dez mil pessoas eram mortas por dia.

Todavia, o massacre não era visto como um crime em Ruanda antes era considerado a aplicação
da lei local, e cada cidadão era responsável pelo seu cumprimento. Era obrigatória a participação
de todos os hutus adultos, porém, os que não poderiam participar devido a idade, pagavam uma
multa para a milícia. Os assassinos matavam durante o dia todo e a noite, eles bebiam cerveja e
comiam churrasco com o gado de suas vítimas.

Segundo Rodrigues (2000), genocídio terminou em 15 de Julho de 1994 com a tomada de Kigali
pela FPR, liderada por Paul Kagame94e sua instalação da FPR no governo, tendo assumido
Pasteur Bezimungo como presidente, que pôs fim às disputas, reafirmando o Acordo Arusha.
Como resultado de todo processo, em 12 de julho, o Comitê da Cruz Vermelha declarou que 1
milhão de pessoas haviam sido mortas no genocídio.

As consequências da Revolta étnica-tribal dos Hútu e os Tutsi


Cessados os conflitos, alguns problemas surgiram de imediato. O país, que há anos vinha
enfrentando crises económicas e sociais, estava devastado. Uma grande parcela de sua população
estava morta, outra estava sendo acusada e presa pelos assassinatos, além dos sobreviventes, que
estavam aterrorizados (Power, 2004).

Todavia, depois da revolta, os problemas de Ruanda eram desesperadores: um país paupérrimo,


sem grandes riquezas naturais, superpovoado (apesar do morticínio), com milhares de órfãos,
mutilados e retornados sem qualquer perspectiva, e uma economia baseada quase que
exclusivamente na agricultura, cuja estrutura só acentuava as dificuldades, uma vez que o
parcelamento excessivo da terra impedia a adoção de quaisquer medidas para o aumento da
produtividade
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Os problemas, no entanto, não se resumiram apenas a Ruanda. O Zaire, actual República


Democrática do Congo, sofre a mais de vinte anos com uma sangrenta guerra civil, que tem sua
origem na fuga de cerca de 500 mil pessoas de Ruanda, que atravessaram a fronteira em direcção
ao Congo para não serem presos e julgados pelos seus crimes. Isso levou para o país os conflitos
étnicos vistos em Ruanda entre tutsis e hútus, dando início a uma crise que perdura até os dias
atuais.

Ruanda tenta se reconstruir e superar seu passado. O presidente Paul Kagame, que está no poder
desde 2000, tenta criar uma mentalidade ruandesa. A identidade étnica foi abolida; a população
presta um dia de trabalho comunitário por mês, segundo o governo, para incentivar a ideia de
vida em comunidade; vários projectos, que têm como meta levar a reconciliação entre aqueles
que participaram do genocídio e aqueles que foram vítimas, são mantidos por ONG, como a
Associação Modesta e Inocente (AMI). Nas palavras de Jean-Baptisti Kanobayire, um dos
sobreviventes da revolta e que foi auxiliado pela AMI: pouco a pouco, decidi que a vida
continua.
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Considerações Finais

Podemos concluir com base nas fontes analisadas que as diferenças em torno dos grupos tutsis e
hútus são características desde o tempo pré-colonial, que embora não seja visivelmente fácies de
relacionar no quesito traços físicos, era uma condição existente, da mesma forma a diferença
social.

No período que antecede a revolta, existia a possibilidade de uma determinada pessoa de um


grupo migrar para outro através da posse e vice-versa, agora a questão era racial, imutável, uma
vez tutsis, sempre tutsis, sistema que fortalecia a superioridade tutsi, tornando virtualmente
impossível aos hutus se transformar em tutsis, e aos belgas aperfeiçoar a administração de um
sistema de segregação enraizado no mito da superioridade tutsi

Durante a revolta as primeiras acções foram realizadas por militares hútus com armas de fogo,
porém, com o passar do tempo, as lideranças extremistas começaram a mobilizar civis com
facões e foices que se transformaram em instrumentos para matar. Esse fato fez com que o
massacre tomasse um rumo extremamente sangrento, pois o método utilizado gerou assassinatos
ainda mais brutais, com centenas de milhares de pessoas sendo mortas com golpes de facões e
foices. Não foi permitido a nenhum ruandês retirar-se de seu país, os que tentaram asilo em
países vizinhos tiveram seus pedidos negados e, até mesmo, os ruandeses que possuíam
Influência e alto nível hierárquico deveriam permanecer em seu país.
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Referências Bibliográficas

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Paulo. 2012.

BENY, E . A Paz e a Guerra nas Novas Relações Internacionais. Lisboa. Novo Embondeiro.
2005.

BERNARDO, I. V. Genocídio de Ruanda: A Omissão Estadunidense sob as Lentes da


Comunicação. França. Unesp. 2011.

FERREIRA, P. M. O Conflito na Região da Grandes Lagos. Lisboa. Instituto Superior de


Ciências sociais e Politicas 1998.

FONSECA, D. F. Ruanda: Produção de Um Genocídio. São Paulo. Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo. 2010.

GOUREVITCH, Philip. Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com


nossas famílias:
HATZFELD, Jean. Uma temporada de facões: relatos do genocídio de Ruanda. Tradução de:
Rosa Freire d’São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
NUTTIN, Joseph. A estrutura da personalidade. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1982.

PAUL J. Magnarella Ruanda: Uma Análise da Ingerência Internacional em seus Conflitos


Étnicos. Faculdade Damas. Caderno de Relações Internacionais. 2010.

POWER, Samantha. Genocídio: A retórica Americana em questão. Trad. Laura Teixeira Motta.
São Paulo. 2004.
RODRIGUES, Simone. Segurança Internacional e Direitos Humanos: A prática da
Intervenção Humanitária. 2000.
RUSAGARA, Frank K. Resilience of a Nation: a history of the military in Rwanda. Kigali:
Fountain Publishers Rwanda, 2009.

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