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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

TRABALHO INFANTIL: MECANISMOS DE DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
TRABALHO INFANTIL: MECANISMOS DE DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

ITAPETININGA SP
2019
Trabalho de Serviço Social apresentado à Universidade
Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção de
média semestral na disciplina de Estágio em Serviço Social
II, Gestão Social e Análise de Políticas Sociais,
Instrumentalidade em Serviço Social, Pesquisa Social e
Oficina de Formação, Políticas Setoriais e Políticas Setoriais
contemporâneas, Seminário Interdisciplinar VI E ED –
Educação Ambiental.
Orientador: Amanda Boza Gonçalves, Ana Carolina Tavares
Mello, Maria Angela Santini, Nelma dos Santos Assunção
Galli, Paulo Sérgio Aragão e Valquíria Aparecida Dias
Caprioli.

Itapetininga/SP
2019
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................01
DESENVOLVIMENTO.............................................................................................02
O QUE É O TRABALHO INFANTIL?.......................................................................02
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO INFANTIL...................................04
TRABALHO INFANTIL NO BRASIL.........................................................................06
ESTATÍSTICAS.......................................................................................................08
ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL..........................................................10
CONCLUSÃO...........................................................................................................13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................15
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INTRODUÇÃO.

Através deste trabalho acadêmico falaremos um pouco sobre o trabalho


e a exploração infantil, bem como suas causas e consequências desde os primórdios
dos tempos até a atualidade.
O trabalho infantil trata-se da exploração de crianças e adolescentes como
mão de obra, afetando diretamente os menores envolvidos, desde sempre, infelizmente,
esta é uma prática muito comum e, apesar de condenada na maioria dos países, ainda
é a realidade de milhões de crianças ao redor da Terra.
Até a idade média, com exceção às condições de escravidão, o trabalho
infantil esteve vinculado à complementação do sustento familiar, deste modo, era raro
para o benefício de outras pessoas.
Já no feudalismo, esse tipo de exploração acontecia em favorecimento aos
senhores feudais, pois as crianças eram vistas como aprendizes dos mestres artesãos,
mas foi durante a revolução industrial que esse tipo de exploração atingiu o seu ápice,
onde nas primeiras fábricas europeias, a utilização do trabalho infantil era vista como
uma mão de obra muito mais rentável, principalmente se comparada à força de trabalho
masculina.
Durante esse período, era muito comum que crianças a partir dos quatro
anos de idade fossem exploradas em jornadas diárias de até 14 horas, recebendo em
troca basicamente moradia e alimentação.
Esse cenário levou a inúmeras crianças mutiladas nos maquinários e até
mesmo mortas em acidentes nas fábricas, tudo isso sem contar os constantes abusos
aos quais elas eram submetidas, de castigos severos a exploração sexual.
A primeira ação de controle contra o trabalho infantil aconteceu na
Inglaterra no ano de 1802. Apesar da adesão dos outros países europeus, o conceito de
exploração infantil só foi alcançado muito tempo depois, dando então início a estudos de
formas e programas de erradicação dessa pratica ilegal.
O trabalho infantil não é um problema social apenas no Brasil, atingindo
grande parte do mundo, principalmente nos países em desenvolvimento ou
subdesenvolvidos.
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Desenvolvimento
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 7
milhões de crianças são atualmente exploradas como mão de obra hoje em dia. Nesse
sentido, o UNICEF( Fundo das Nações Unidas para a Infância atua para contribuir com
ações de inclusão e desenvolvimento dos direitos das criança, é um órgão responsável
por defender os direitos infantis ao redor do planeta, combate fortemente as explorações
mais variadas), sem dúvidas, o trabalho infantil é uma das maiores mazelas do mundo
nos dias de hoje, sendo necessário adotar uma série de medidas e ações afirmativas de
combate à sua prática.

Oque é trabalho infantil?


O termo “trabalho infantil” refere-se às atividades econômicas e/ou
atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou
não, trabalho infantil consiste em toda e qualquer prática de trabalho que seja exercido
por crianças e adolescentes com idade menor àquela definida pela legislação de cada
país.
No Brasil, esse limite é de 16 anos, salvo enquadramentos como aprendiz,
que permite o trabalho a partir dos 14 anos de idade. Se for trabalho noturno, insalubre,
perigoso ou atividades que contemplem a lista TIP (piores formas de trabalho infantil) a
proibição se estende aos 18 anos completos.
Com isso, a proibição do trabalho infantil no Brasil varia de acordo com a faixa etária e
com o tipo de atividades ou condições em que é exercido, ficando da seguinte maneira:
a)- até 13 anos – proibição total;
b) entre 14 e 16 anos – Admite-se uma exceção: trabalho na condição de aprendiz;
c) entre 16 e 17 anos – permissão parcial. São proibidas as atividades noturnas,
insalubres, perigosas e penosas, nelas incluídas as 93 atividades relacionadas.
No Decreto n° 6.481/2008 (lista das piores formas de trabalho infantil), haja
vista que tais atividades são prejudiciais à formação intelectual, psicológica, social e/ou
moral do adolescente.
Existem vários tipos de exploração da mão de obra infantil. As mais comuns acontecem
em:
 Casas de famílias ricas;
 Zona rural;
 Minas;
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 Canaviais;
 Fábricas;
 Narcotráfico;
 Prostituição;
 Pornografia infantil;
 Tráfico de pessoas.
A maioria pode ser corretamente igualada às situações de trabalho
escravo, uma vez que dificilmente as crianças têm algum tipo de opção entre trabalhar
ou não com condições precárias e inapropriadas são comuns nesse cenário.
O trabalho infantil doméstico também é um grande problemas, muitas
crianças, sendo a maioria meninas, são subjugadas a longas rotinas de trabalho e horas
realizando tarefas domésticas.
Dentre as formas de trabalho infantil uma das mais preocupantes são os
tipos de trabalho frequentemente admitidos pela sociedade, como o comerciante,
ambulante, o guardador de carros e o guia turístico, tornando o trabalho na infância
invisível, aumentando o seu ciclo de aceitação.
É preciso que a sociedade reconheça os impactos
e consequências físicas e psicológicas na vida de meninos e meninas que trabalham,
desconstruindo assim a falsa ideia de que o trabalho precoce é um caminho possível
para o desenvolvimento humano e social.
Antes de trabalhar, é preciso estudar, brincar, se socializar com outras
crianças para se desenvolver em todas as suas faculdades de forma integral e existem
porém, algumas ressalvas, trata-se dos tipos de trabalho infantil permitidos pela
legislação, dentre elas, destaca-se o trabalho infantil artístico e esportivo, cujo segundo
o art. 8º da Convenção 138 da OIT admite, em casos excepcionais, a participação de
crianças e adolescentes em representações artísticas, com autorização judicial onde o
alvará deverá fixar o número de horas e as condições nas quais a atividade pode ser
exercida.
O Ministério Público do Trabalho realizou estudos sobre o assunto e
aprovou orientação apontando algumas condições que devem ser observadas para
autorização do trabalho infantil artístico. Essas condições foram referendadas por juízes,
promotores e procuradores participantes do I Encontro Nacional sobre Trabalho
Infantil promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), no dia 22 de
outubro de 2012.
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CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO INFANTIL

São várias as causas que levam a um quadro de exploração do trabalho


infantil. A entrada de uma criança ao mercado de trabalho pode vir de vários fatores,
sendo que, basicamente, podem acontecer sob duas motivações: a situação familiar ou
um cenário externo. Pobreza e falta de perspectiva de futuro são alguns dos fatores que
mais estimulam a inserção de menores como mão de obra, sendo que a realidade de
cada país também exerce uma importante influência nesse caso. A seguir listamos
algumas das principais causas da exploração infantil no Brasil:
 Pobreza familiar:
Um dos principais fatores que leva uma criança a começar a trabalhar é
a situação de pobreza e miséria familiar, o que seduz os menores a tentar complementar
a renda. Esse trabalho dependerá muito da realidade dos indivíduos, de modo que o
trabalho na zona rural acontece diferentemente dos centros urbanos, onde a
mendicância é muito forte.
 Educação precária
A percepção da baixa qualidade das escolas públicas pode ser uma causa
do trabalho infantil. Quando o jovem ou sua família não enxerga uma perspectiva de
futuro proporcionada pelas instituições de ensino, oferecendo ao menos poucas
oportunidades de melhoria de vida, é comum observar o abandono escolar e a
consequente entrada no mercado de trabalho. Esse tipo de cenário é mais comum para
crianças um pouco mais velhas, de 10 a 14 anos.
 Naturalidade
Infelizmente alguns países ainda enxergam o trabalho infantil como
uma situação natural. Esse quadro é responsável por facilitar a entrada de crianças no
mercado de trabalho, transpondo a barreira moral que protege a integridade dos
menores de idade.
Uma série de fatores pode levar uma sociedade a pensar dessa forma: desde
o passado escravocrata (como é o caso do Brasil) até uma noção deturpada de que “o
trabalho enobrece”.
 Trabalho familiar
Muitas famílias acabam por explorar as próprias crianças como uma
maneira de reduzir custos, principalmente na realização de trabalhos domésticos. Além
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do trabalho nas próprias residências, famílias também podem empregar seus filhos em
empresas ou na zona rural.
 Trabalho para terceiros:
Mesmo sendo crime, o trabalho infantil ainda é explorado por muitas
empresas não familiares, pelos mesmos motivos da época da Revolução Industrial ainda
que mais raro no Brasil (mas não inexistente), esse fenômeno ocorre em vários países
de situação econômica fragilizada, muito comum de acontecer em conjunto com a
situação familiar, como complemento de renda.
Essa prática traz uma série de consequências para as crianças que se
encontram nesse tipo de situação. Além dos aspectos psicológicos e educacionais, os
menores também são impactados em seu próprio desenvolvimento físico:
 Impactos físicos
Crianças e adolescentes que se encontram em uma situação de
exploração como mãos de obra apresentam graves problemas de saúde, Esses podem
ir da fadiga excessiva ao desenvolvimento de problemas respiratórios, ansiedade,
irritabilidade e distúrbios de sono.
Menores de idade encontram-se em pleno estágio de desenvolvimento
físico e o esforço físico trazido pelo trabalho infantil prejudica o crescimento,
podendo lesionar a coluna e levar até mesmo à produção de deformidades,sem contar
que, dependendo da atividade à qual são submetidas, essas crianças podem sofrer com
fraturas, amputações e outros ferimentos graves.
 Impactos psicológicos
O contexto social do trabalho ao qual as crianças são submetidas pode
impactá-las psicologicamente de maneira muito forte. A capacidade desses indivíduos
de se relacionar e aprender são pontos graves que sofrem com o trabalho infantil,além
disso, condições precárias de trabalho, muito comuns em cenários de exploração de
crianças como mão de obra, levam a abusos físicos, sexuais e emocionais,
ocasionando uma série de doenças psicológicas.
A carga de responsabilidade e pressão também pode trazer sérios
problemas, principalmente em quadros familiares nos quais a criança é a principal
responsável pela maior parte da renda familiar e essa inversão de valores pode causar
uma série de dificuldades para uma criança, que não deveria ter que passar por isso.
 Impactos educacionais:
O aspecto educacional também é fortemente impactado,as Crianças que
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trabalham apresentam grandes dificuldades no aprendizado escolar, levando


ao abandono, Isso quando não largam a escola para poder começar a trabalhar.
Quando a criança continua na escola ao mesmo tempo em que trabalha,
as notas sofrem uma queda brusca, fazendo com que fiquem desestimuladas, frustradas
e com o futuro comprometido.

TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

De acordo com o último Censo do IBGE, de 2010, mais de 3 milhões de


crianças e adolescentes trabalham ilegalmente no Brasil. Desse total, 1,6 milhão não
tinha 16 anos de idade.

O trabalho infantil é um dos maiores problemas sociais do Brasil, de modo


que cerca de 30% da mão de obra das crianças se encontra no setor agropecuário, do
total, mais de 60% ocorrem nas regiões Norte e Nordeste do país, abrangendo 65%
de crianças negras e 70% de meninos.
Desde 1988, ano em que foi promulgada a Constituição, que proíbe
trabalho infantil, o Brasil aumentou com bastante força as ações de combate a esse tipo
de exploração. Órgãos, leis e estatutos foram criados para proteger as crianças,
buscando mantê-las nas escolas e fora do mercado de trabalho.
O Brasil concentra um quarto das crianças que trabalham na América
Latina e na comparação entre 2014 e 2015 foi registrado um aumento de 13% no número
de menores de 10 anos de idade nessa situação ,durante o ano de 2016 foram
registradas 1 238 denúncias de casos de exploração infantil ao Ministério Público do
Trabalho.
Para se ter uma ideia, quatro anos após a promulgação da nova
Constituição, o cenário mostrava 8 milhões de crianças e adolescentes trabalhando no
ano de 1992. Após a proibição, esse número caiu para 5 milhões em 9 anos, em 2003.
A legislação brasileira, relativa ao trabalho infantil, guarda consonância com
os preceitos estabelecidos na Constituição de 1988, cujas normas incorporaram os
postulados de proteção dados pela Convenção dos Direitos da Criança, adotada em
1989 pela Organização das Nações Unidas – ONU, e que fixa, em seu artigo 32, as
seguintes obrigações:
Artigo 32- Os Estados Partes reconhecem o direito da criança de estar protegida contra
a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer trabalho que possa ser
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perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja nocivo para sua saúde ou para seu
desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social.
Os Estados Partes devem adotar medidas legislativas, sociais e educacionais para
assegurar a aplicação deste artigo. Para tanto, e levando em consideração os
dispositivos pertinentes de outros instrumentos internacionais, os Estados Partes devem,
em particular:
1. Estabelecer uma idade ou idades mínimas para a admissão em empregos;
2. Estabelecer regulamentação apropriada relativa a horários e condições de emprego;
3. Estabelecer penalidades ou outras sanções apropriadas a fim de assegurar o
cumprimento efetivo do presente artigo.
Deste modo, no Brasil na esfera constitucional, o direito a uma infância segura está
presente no caput do artigo 227, com a seguinte disposição:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência crueldade e opressão.
E, no artigo 7º, inciso 33, a Constituição Federal estabelece a proibição de
qualquer trabalho, a pessoas com idade inferior a 16 (dezesseis) anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir dos 14 (quatorze) anos; trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
pessoas com idade inferior a 18 (dezoito) anos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente[3] – ECA (Lei nº 8.069/90), por
sua vez, em consonância com a Constituição Federal, dedicou o Capítulo V à Proteção
ao Trabalho e ao Direito à Profissionalização, fixando, igualmente, limite para a idade
mínima em qualquer trabalho (art. 60), correspondente, hoje, a 16 anos, salvo a partir
dos 14, na condição de aprendiz. Além disso, essa lei determina que não deve ser
atribuído ao adolescente com idade entre os 16 e 18 anos o trabalho noturno, realizado
entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte; aquele que seja perigoso,
insalubre ou penoso realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social ou em horários e locais que não
permitam a frequência à escola (art. 67).
Ressalta-se, nesse contexto, que o Brasil é signatário das Convenções Internacionais do
Trabalho adotadas no âmbito da Organização Internacional do Trabalho – OIT, voltadas
para a grave questão do trabalho infantil.
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Desde 2002, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho


Infantil (FNPETI) realiza campanhas contra o trabalho infantil no período que antecede
o dia 12 de junho, data instituída pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como
Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. Apesar dos investimentos, o momento
de inércia ainda não foi vencido e, se o trabalho que está sendo feito for suspenso agora,
vai ser como se nada tivesse acontecido

ESTATÍSTICAS.

O trabalho infantil no Brasil é um dos problemas sociais existentes


no país em questão. Mais de 2,7 milhões de jovens entre 5 e 17 anos de idade
trabalham no país, sendo 79 mil crianças de 5 a 9 anos, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2015.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) 2016, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhavam
no Brasil naquele ano, deste total, 54,4% (998 mil) estavam em situação de trabalho
infantil, sendo 190 mil por terem de 5 a 13 anos, e outros 808 mil entre 14 e 17 anos por
trabalharem sem registro na carteira.
Para organizações como o Fórum Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) e a Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil,
os números reais são bem maiores, já que o IBGE mudou a metodologia na PNAD 2016
e excluiu das contas crianças e adolescentes que trabalham para o próprio consumo.
Para o FNPETI, o número real é 2,4 milhões. Para a Rede Peteca, 2,7 milhões, com
base na PNAD 2015.
Cerca de 30% da mão de obra infantil está concentrada no setor agrícola
e 60% concentrada nas regiões Norte e Nordeste, em um perfil que abrange 65% de
crianças negras e 70% de meninos. Segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), a pobreza é uma das principais causas do trabalho infantil no mundo, e
no Brasil não é diferente. Crianças são forçadas a trabalhar a fim de ajudar na geração
de renda familiar, deixando de lado os estudos e vida social.
Desde a promulgação da Constituição de 1988, a qual proíbe o trabalho
infantil, o governo brasileiro intensificou o combate a essa forma de exploração, aderindo
a convenções internacionais sobre o assunto. Houve a criação de órgãos, alteração
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de leis, investimentos em programas de geração de renda às famílias e incentivos aos


estudantes, de modo que as crianças não fossem colocadas para ajudar no sustento da
família desde cedo e dessem prioridade aos estudos. O número de jovens trabalhando
passou de cerca de 8 milhões em 1992 para 5 milhões em 2003.
Os dados levantados pelo PNAD revelam que, em média, 81,4% das
crianças de 5 a 17 anos que trabalhavam estavam estudando. O trabalho tende a
interferir mais na escolarização das crianças mais velhas: 98,4% das ocupadas de 5 a
13 anos estavam na escola, contra 98,6% das não ocupadas. Enquanto isso, entre os
adolescentes de 14 a 17 anos ocupados, 79,5% estudavam, contra 86,1% dos não
ocupados.
Mesmo as crianças que estão matriculadas encontram dificuldades em
acompanhar o ritmo dos estudos devido à rotina trabalhista. Muitas apresentam baixo
rendimento, o que por consequência dificulta a sua entrada no mercado de trabalho
formal e na continuidade nos estudos.
A Fundação ABRINQ atua há 29 anos no combate ao trabalho infantil e
na promoção de ações e campanhas em prol do bem-estar e dos diretos de crianças e
adolescentes, Victor Alcântara, gerente executivo da Fundação ABRINQ, ressalta o
papel da escola nesta situação.
Segundo levantamento realizado pelo Fórum Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), entre as crianças e os adolescentes
ocupados no Brasil em 2013, 64,7% eram do sexo masculino e 33,3% do sexo feminino,
esse levantamento é referente as regiões metropolitanas. No Brasil são cerca de 94%
meninas de 5 a 17 anos, e 73,4% são negras dentro desta mesma faixa etária.
Considerando a cor das crianças e adolescentes ocupados no Brasil
em 2013, 62,5% eram negros (pretos e pardos) e 37,5% não negros (brancos, indígenas
e amarelos).
No trabalho doméstico, 88,2% dos trabalhadores com idade de 5 a 17
anos eram do sexo feminino e 70,4% das crianças e adolescentes ocupados nos serviços
domésticos eram negros.
Dados do Sistema de Informações de Agravos de
Notificações (Sinan), do Ministério da Saúde, revelam que foram registrados 43.777
acidentes de trabalho com crianças e adolescentes de 5 a 17 anos entre 2007 e 2018.
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Neste período, o número de acidentes graves chegou a 26.365 casos,


entre traumatismos, ferimentos e amputações. 662 crianças perderam uma das mãos
devido às condições de trabalho.
Em nível mundial, embora as estatísticas mostrem que o número de
crianças trabalhando tenha diminuído em 47 milhões entre 2008 e 2012, o trabalho
infantil permanece comum e tem crescido no setor de serviços, saltando de 26% para
32% no mesmo período, esse resultado mostra que a mão de obra infantil é utilizada fora
da agricultura, principalmente em países como Brasil, México e Indonésia.
A OIT tem uma classificação das piores formas de trabalho infantil.
A convenção de 182, adotada por diversos países, define as atividades que mais
oferecem riscos à saúde, ao desenvolvimento e à moral das crianças e adolescentes.
Entre elas, estão o trabalho nas ruas, em carvoarias e lixões, na agricultura, com
exposição a agrotóxicos e o trabalho doméstico.

ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL


O combate ao trabalho infantil se dá de diversas formas. A principal delas é a
atuação de grupos de Direitos Humanos, que buscam fiscalizar e denunciar esse tipo de
exploração, muitas ações contam com o apoio de empresas e setores da sociedade
civil para a erradicação do trabalho infantil. Entretanto, o principal caminho para se
chegar a esse resultado é o fortalecimento das políticas de redução da desigualdade
social, que costuma levar as crianças ao mercado de trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estuda e fiscaliza,


também, as relações de trabalho infantil ao redor do mundo. Programas nacionais
de combate ao trabalho infantil são estimulados, buscando capacitar
professores e conscientizar a população da necessidade de se garantir o fim do trabalho
infantil.
No Brasil, importantes trabalhos são feitos também com o Ministério da
Saúde, buscando oferecer capacitações para os profissionais da saúde, assistência
social e educação, além de fortalecer a autonomia dos fiscais do trabalho e das ONGs
voltadas para esse propósito. Algumas das formas adotadas pelo Brasil para o combate
e erradicação à essa pratica seria a legalização de projetos como “Menor Aprendiz”.
A contratação de aprendizes é uma política pública fundamental para o
combate ao trabalho infantil. O adolescente que hoje está em situação de trabalho
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desprotegido, se for contratado como aprendiz, terá assegurados os direitos à educação,


à profissionalização e à proteção social: educação, porque a frequência escolar é
obrigatória até concluir o ensino médio; profissionalização, porque ele deve ser
matriculado em curso de aprendizagem profissional; proteção social, porque ele tem
direito à carteira assinada, com garantia de todos os direitos trabalhistas e
previdenciários assegurados aos demais empregados. Infelizmente, a maioria dos
adolescentes que hoje trabalham têm esses direitos violados.
As empresas, de médio e grande porte, são obrigadas a contratar
aprendizes em número correspondente a 5%, no mínimo, e 15%, no máximo – do total
de empregados cujas funções demandam formação profissional. Contudo, muitas
empresas ainda não cumprem a cota.
A aprendizagem profissional corresponde à formação técnico-profissional
aplicada ao adolescente ou jovem segundo as diretrizes e bases da legislação de
educação em vigor, implementada por meio de um contrato de trabalho especial,
denominado contrato de aprendizagem, necessariamente por escrito e com prazo
determinado de no máximo dois anos, ou enquanto durar o curso. O contrato deverá
conter, expressamente, o curso, a jornada diária e semanal, a definição da quantidade
de horas teóricas e práticas, a remuneração mensal e o termo inicial e final do contrato,
que devem coincidir com o início e término do curso de aprendizagem, previsto no
respectivo programa. Destina-se a jovens de 14 a 24 anos e deve ser compatível com o
desenvolvimento físico, moral e psicológico do jovem.
Para o aprendiz com deficiência não se aplica o limite máximo de 24 anos
de idade, nem o limite máximo de 2 anos de duração do contrato de aprendizagem. Cabe
ao aprendiz executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação
(artigos 62 do ECA e 428 da CLT).
O trabalho infantil, por enquanto, não é considerado crime pelo Código
Penal Brasileiro. No momento, o projeto de Lei nº 6895/17, que propõe criminalizar todo
tipo de trabalho infantil, aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. Esse projeto não
inclui os trabalhos de natureza artística que estiverem com as devidas autorizações
judiciais.
O projeto prevê a reclusão de 2 a 4 anos como pena para a contratação
e/ou exploração do trabalho de menores de 14 anos. Casos de trabalhos que estejam
na Lista TIP de piores formas de trabalho infantil teriam a pena estendida em até 8 anos.
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A lei também se refere aos adolescentes de 14 a 17 anos contratados para trabalhar em


locais insalubres.
Atualmente, algumas formas de trabalho infantil recebem punição pela
lei, coma a prostituição infantil, considerada crime hediondo e sem possibilidade de
fiança. A pena neste caso é a prisão em regime fechado de 4 a 10 anos.
O Brasil assumiu internacionalmente o compromisso de erradicar o
trabalho infantil até 2025. No entanto, se permanecer no atual ritmo de combate ao
problema, ele não alcançará esta meta, segundo o estudo ‘Trabalho infantil nos ODS’.
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CONCLUSÃO

Dados do Sistema de Informações de Agravos de


Notificações (Sinan), do Ministério da Saúde, revelam que foram registrados
43.777 acidentes de trabalho com crianças e adolescentes de 5 a 17 anos entre
2007 e 2018.
Neste período, o número de acidentes graves chegou a 26.365 casos,
entre traumatismos, ferimentos e amputações. 662 crianças perderam uma das mãos
devido às condições de trabalho, com isso compreendemos que o trabalho infantil pode
trazer danos para toda a vida destas crianças, o trabalho com esforço repetitivo já pode
ser puxado para um adulto, agora imagina para uma criança que ainda está se
desenvolvendo. Já vimos casos em que elas perderam membros ou órgãos em
consequência desta exploração.
A população brasileira ainda tem dificuldade em reconhecer a
existência do trabalho infantil, apesar de encontrá-lo diariamente, a falta de
conhecimento dificulta as denúncias. Poucos entendem que aquela criança vendendo
bala no farol ou realizando trabalho braçal na feira está em situação de trabalho infantil.
As pessoas não conseguem identificar porque a nossa sociedade naturaliza o trabalho
infantil, colocam-no como solução para a criança pobre, colocando-o até mesmo como
uma ferramenta de proteção. Tem-se muito ainda desse senso comum de que é melhor
trabalhar do que roubar, do que matar ou se drogar, não compreendem que essas
crianças precisam brincar, estudar, ter condições básicas para viver e que o trabalho
precoce só as prejudica.
Precisamos desconstruir esses pensamentos e fazer com que a
população entenda que crianças vítimas do trabalho infantil acabam expostas a vários
tipos de violência, entre elas os abusos e o aliciamento para o tráfico e exploração
sexual, duas das piores formas de trabalho infantil de acordo com a OIT, crianças em
situação de trabalho infantil estão expostas à violência em qualquer lugar, seja no farol,
na fábrica ou em uma feira.
Muitas são as consequências dessa prática, um exemplo disso são as
crianças que por muitas das vezes tem um mau desempenho escolar não porque não
quer aprender, mas porque ela está cansada e machucada do trabalho. A escola pode
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identificar, denunciar e oferecer suporte à criança e à família, mas outros setores da


sociedade como a saúde e a assistência social precisam atuar em conjunto.
A adolescência e a infância são momentos únicos do crescimento e
garantem um desenvolvimento pleno daquele indivíduo, com isso deve-se trabalhar na
conscientização das pessoas sobre a importância de defender os direitos destes jovens,
na denúncia e na cobrança por políticas públicas e projetos de lei que produzam
resultados eficazes no combate e erradicação ao trabalho e exploração infantil.
Aos nossos olhos, o trabalho infantil é um problema estrutural, as políticas
públicas não conversam entre si e não oferecem portas de saída para essas crianças e
para as famílias em situação de vulnerabilidade. É necessário investir na educação, no
combate às desigualdades.
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4-REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.

https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-
infantil/conceito/?gclid=EAIaIQobChMI-_PsuK-
g5AIVBwaRCh2nqgHNEAAYASAAEgKzkPD_BwE

https://www.stoodi.com.br/blog/2018/10/25/trabalho-infantil/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil_no_Brasil

http://www.justificando.com/2019/06/14/o-que-sabemos-sobre-trabalho-infantil-no-
brasil/

https://observatorio3setor.org.br/carrossel/trabalho-infantil-ainda-e-realidade-para-998-
mil-criancas-brasileiras/

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