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Odontogeriatria  
Professor  Doutor  João  Vaz  

Bruno  Costa  

   
MIMD
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Aula  1  
• Odontogeriatria  –  Objectivos,  métodos  e  meios  
• Áreas  de  interesse  e  problemas  actuais  
• Paciente  geriátrico  
• Alterações  mentais  
• Alterações  no  idoso  na  generalidade  
• Alterações  específicas  da  cavidade  oral    
 
Aula  2  
• Alterações  nutricionais  no  doente  geriátrico  
o Proteínas  
o Hidratos  de  Carbono  
o Gorduras  
o Minerais  
o Vitaminas  
• Alterações  sistémicas  no  doente  geriátrico  
• Doença  Periodontal  
• Prevenção  e  Cálculo  
• Factores  patológicos  na  etiologia  da  doença  periodontal  
• Papel  do  diagnóstico  na  prevenção  
• A  importância  da  terapêutica  periodontal  na  prevenção  da  perda  das  
peças  dentárias  
 
Aula  3  
• Lesões  superficiais  da  cavidade  oral  
• Lesões  brancas  
• Ulcerações  da  mucosa  oral  
• Lesões  vesiculares  
• Lesões  pigmentadas  
• Lesões  herpéticas  secundarias  
• Tumores  dos  tecidos  moles  
• Tumores  firmes  não  hemorrágicos  
• Tumores  hemorrágicos    
 
Aula  4  
• Tumores  dos  tecidos  moles  (continuação)  
• Tumores  papilares  
• Lesões  transparentes  
• Granuloma  
• Quistos  radiculares,  residuais  e  palatino  mediano  
• Lesões  radiopacas  dos  maxilares  
• Tumefacções  das  glândulas  salivares  
 

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Aula  5  
• Prótese  removível  
o Prótese  total  
o Prótese  parcial  removível  
o Prótese  acrílica  
o Prótese  de  cromo-­‐cobalto  
 
Aula  6  
• Prótese  fixa  
o Coroas  cerâmicas  totais  
o Coroas  metalo-­‐cerâmicas  
o Tomada  de  impressões  
o Registo  de  oclusão  dentária  
• Sobredentaduras  
o Vantagens  
o Inconvenientes  
o Indicações  
o Planificação  
o Cuidados  posteriores  
o Possibilidades  e  elementos  de  construção  
o Elementos  de  apoio  
o Elementos  de  retenção  
• Metodologia  especial  do  tratamento  
o Estrutura  específica  do  tratamento  
o Estrutura  de  reforço  colada    
 
Aula  7  
• Odontogeriatria  –  Passado,  Presente  e  Futuro  
 
Aula  8  
• Implantologia  
o Condicionamentos  
o Objectivos  
o Metodologia  
o Acompanhamento  
 

 
 

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Ramo   do   conhecimento   que   se   refere   às   alterações   e   mudanças   próprias  
do   desenvolvimento   do   tempo,   com   referencias   particulares   post-­‐
maturidade.  
 
Factores   de   ordem   demográfica,   social   e   médica   fazem   prever   que   a  
odontogeriatria  venha  a  ganhar  importância  crescente  num  futuro  próximo.    
 

 
 
A   inversão   da   pirâmide   demográfica   nos   países   industrializados   (depende  
simultaneamente   do   aumento   da   esperança   de   vida   e   da   diminuição   da  
natalidade)   traduz-­‐se   num   aumento   absoluto   e   relativo   do   número   de  
indivíduos   idosos,   dos   quais   certamente   uma   percentagem   elevada   necessita   de  
cuidados  médicos  e  assistências  absolutas  e  assíduas.    
 
As   implicações   desta   situação   nos   planos   sociais   e   económicos   são   relevantes,  
tendo-­‐se  tornado  matéria  de  preocupação  para  as  autoridades  governamentais  
e  para  a  própria  opinião  pública.  
 
Senescência   –   Processo   natural   de   envelhecimento   ao   nível   celular   ou   o  
conjunto  de  fenómenos  associados  a  este  processo.  
 

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A   senescência   constitui   um   factor   de   risco   directo   e   indirecto   para   um   largo  
número   de   situações   médicas   e   odontológicas.   Desta   forma,   do   próprio  
fenómeno   demográfico   decorre   um   aumento   previsível   de   patologia   somática  
tipicamente   associada   ao   período   da   senescência.   É   neste   contexto   que   se  
colocam  importantes  desafios  à  odontogeriatria  enquanto  área  médico-­‐cirúrgica  
especializada.    
 
Áreas  de  interesse  e  Problemas  Actuais  
 
Consultando   a   literatura   dos   últimos   anos,   ressalta   de   forma   consistente   um  
conjunto   de   temas   e   problemas   que   se   colocam   já   à   investigação   em  
odontogeriatria  ou,  que  se  prevê  que  venham  a  ganhar  importância  num  futuro  
próximo.   Algumas   dessas   questões   relacionam-­‐se   com   aspectos  
epidemiológicos.    
 
Dispõem-­‐se   de   dados   e   previsões   estatísticas   muito   completas   sobre   a  
constituição   demográfica   das   sociedades   industrializadas,   bem   como   de  
projecções   à   distância.   Do   ponto   de   vista   médico,   há   necessidade   de  
complementar   essa   informação   com   estudos   epidemiológicos   extensos   e  
rigorosos.   Esses   estudos   deverão   recorrer   a   abordagens   diversificadas,  
cruzando  a  informação  proveniente  de  estudos  retrospectivos,  estudos  directos  
na   comunidade   e   em   segmentos   particulares   da   população   e   projecções  
estatísticas.  A  informação  resultante  deverá  facultar  dados  precisos  sobre  a  taxa  
de   ocorrência   (prevalência,   incidência)   dos   diferentes   tipos   de   perturbações  
sociais  e  culturais  para  o  adecer-­‐oral  no  período  de  senescência.    
 
Outro   problema   diz   respeito   à   distinção   entre   envelhecimento   normal   e  
patológico,   que   constitui   um   tópico   clássico   em   geriatria,   mas   não   foi   ainda  
satisfatoriamente   resolvido.   Esta   situação   persiste   apesar   de   consideráveis  
progressos   no   âmbito   da   investigação   anatomo-­‐patológica,   bioquímica,  
fisiologia  e  clínica  que  se  registaram  ao  longo  das  últimas  duas  décadas.    
 
Sucede   que   os   critérios   biológicos   susceptíveis   de   definir   uma   fronteira   entre  
envelhecimento   normal   e   patológico,   não   deram   lugar   a   definições   válidas   e  
fiáveis  e,  por  outro  lado,  não  facultaram  critérios  ou  testes  simples  aplicáveis  na  
clínica.  
Acresce  ainda  que  os  aspectos  teóricos  ligados  a  esta  questão  (conceptualização  
de  um  contínuo  ou  de  uma  ruptura  entre  o  normal  e  o  patológico)  continuam  a  
suscitar   controvérsia.   Desta   forma,   novos   esforços   de   investigação   são  
necessários   para   uma   melhor   definição   do   envelhecimento   patológico   em  
termos  biológicos.  
 
Por   outro   lado,   o   processo   biológico   da   senilidade   é   seguramente  
multideterminado   implicando   factores   genéticos,   somáticos,   psicológicos,  
sociais   e   culturais.   Neste   sentido,   a   senilidade   surge   como   um   fenómeno   bio-­‐
psico-­‐social  de  determinação  múltipla  e  complexa,  cujo  estudo  exige  abordagens  
multifactoriais  e  modelos  explicativos  adequados.    
 

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Outra  questão  relevante  refere-­‐se  à  relação  entre  factores  somáticos  e  o  adoecer  
mental   dos   idosos.   Uma   percentagem   importante   da   população   idosa   exibe  
factores  de  organicidade  cerebral,  de  origem  e  naturezas  diversas  (dependente  
da   própria   senescência,   de   doenças   degenerativas   senis,   de   doenças   físicas  
associadas  e  ainda  dos  efeitos  de  terapêuticas  medicamentosas).    
 
É   imperativa   a   compreensãoo   dos   mecanismos   fisiopatológicos   implicados   na  
mediação   entre   os   factores   orgânicos   e   o   estado   psicopatológico.   Este   problema  
tem  merecido  uma  especial  atenção  de  dois  pontos  de  vista  particulares:  
• Explicação  do  risco  psiquiátrico  associado  a  múltiplas  doenças  médicas  e  
neurológicas  do  idoso  
• Relações  entre  a  depressão  e  idade  
 
O  critério  da  idade  cronológica  vulgarmente  usado  tem  limitações  que  decorrem  
do   seu   carácter   arbitrário.   Com   efeito,   qualquer   limite   que   seja   usado   não   tem  
bases   fisiológicas   sólidas   e   não   pondera   diferenças   étnicas,   sociais   e   culturais.  
Trata-­‐se  de  introduzir  um  limiar  num  processo  que  é  necessariamente  contínuo  
(ciclo  da  vida  humana)  
 
A  este  propósito,  merece  ser  comentada  a  tendência  para  propor  idades  limite  
cada  vez  mais  precoces  (nalgumas  investigações  já  é  usado  o  limiar  de  55  anos),  
o   que   parece   traduzir   a   influência   de   critérios   sociológicos   economicistas   (por  
exemplos   veiculados   pela   noção   de   “vida   activa”),   em   detrimento   de   critérios  
fisiológicos  e  médicos.    
 
Em  função  dos  dados  actualmente  existentes,  não  é  concebível  a  identificação  de  
características  biológicas,  que  tenham  o  valor  de  “marcadores  de  senescência”.  
Pode,  no  entanto,  esperar-­‐se  que  o  desenvolvimento  da  investigação  geriátrica  
venha   a   facultar   critérios   empíricos   com   um   valor   superior   ao   das   actuais  
definições  cronológicas.    
 

 
 
 
 
 
 
 

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Em  virtude  da  carga  psicológica  que  representa  a  ida  ao  consultório  dentário,  a  
relação   que   se   estabelece   entre   o   profissional   de   saúde   e   o   doente   é   muito  
importante.   Esta   importância   aumenta   ainda   mais   nos   pacientes   geriátricos.   É  
importante  que  o  médico  compreenda  a  personalidade  do  paciente  geriátrico  e  
consiga  estabelecer  uma  óptima  relação  médico/  doente.    
 
A   primeira   consulta   é   de   grande   importância   na   relação   médico/   doente.   Assim,  
o   profissional   tem   de   fazer   um   esforço   para   apreender   o   máximo   possível   sobre  
a  caracterização  física  e  psicológica  do  doente.  
 
O   paciente   deverá   sentar-­‐se   na   frente   do   médico   para   que   haja   um   contacto  
frente  a  frente  entre  os  dois.  O  paciente  deverá  compreender  e  acreditar  que  o  
médico   tem   um   interesse   pessoal   no   seu   bem-­‐estar.   A   auto-­‐imagem   e   auto-­‐
estima   própria   são   importantes   para   a   relação   médico/   paciente   e   para   o  
sucesso  do  futuro  tratamento.    
 
A   independência   social   e   o   emprego   estão   directamente   relacionadas.   A   auto-­‐
imagem  elevada  corresponde  a  uma  maior  flexibilidade  e  adaptação.  Os  idosos  
têm   tendência   a   considerar-­‐se   um   fardo   para   a   sociedade,   em   virtude   da   sua  
inactividade  profissional,  pois  a  maioria  encontra-­‐se  reformada  e  sem  qualquer  
outra  actividade.    
 
Na   primeira   consulta   é   conveniente   deixar   o   paciente   falar   livremente   acerca  
dos  seus  problemas.  Devemos  conseguir  que  o  paciente  esteja  relaxado.  A  partir  
do   momento   em   que   o   paciente   comece   a   fazer   reflexões   devemos   terminar   a  
anamnese.    
 

 
 

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Podemos  classificar  os  pacientes,  atendendo  ao  seu  perfil  psicológico  em  vários  
grupos.  
 
Classificação  Psicológica  dos  Pacientes  Geriátricos  
 
Paciente  Fisiológico  
• Equilibrado,  racional,  sensível,  calmo,  tranquilo,  organizado,  motivado  e  
possui  alto  grau  de  confiança  na  habilidade  profissional  
• Estes   pacientes   apresentam   bom   prognóstico   para   qualquer   tipo   de  
tratamento  dentário.  
 
Paciente  Exigente  ou  Crítico  
• Paciente   metódico,   preciso,   difícil   de   satisfazer,   por   vezes   pode  
apresentar  saúde  precária,  excessivamente  preocupado  com  a  estética  e  
a  função  das  próteses.  
• É   um   doente   que   não   aceita   conselhos.   Estes   pacientes   podem   exigir  
garantias  e  inferir  no  tratamento.  
• São   pacientes   que   têm   de   ser   conduzidos   com   tacto   e   se   aderirem   ao  
tratamento  podemos  esperar  um  bom  prognóstico.  
 
Paciente  Histérico  
• Pacientes   com   saúde   precária,   receosos   do   tratamento   dentário,  
apresentam   má   saúde   oral   associada   a   má   higiene   oral.   Apresentam  
várias   queixas   ao   profissional   de   saúde   e   tentam   deixar   a   ideia   de   que  
ninguém  os  compreende.  
• Têm   tendência   a   desafiar   o   profissional,   dizendo   que   não   vai   conseguir  
trata-­‐lo  e,  quando  se  trata  de  próteses,  diz  que  não  vai  conseguir  usá-­‐las.  
• É   um   bom   paciente   que   tem   de   ser   tratado   com   calma,   tranquilidade   e  
bom   marketing,   não   lhes   devendo   ser   feitas   quaisquer   promessas   de  
sucesso.    
 
Paciente  Indiferente  
• Não  se  preocupa  com  a  aparência,  não  é  persistente  e  não  está  inclinado  
para   o   uso   de   próteses,   pois   não   irá   fazer   qualquer   esforço   para   se  
adaptar  a  elas.  
• É   um   paciente   com   má   alimentação   e   muitas   vezes   abusa   do   consumo   de  
bebidas  alcoólicas.  
• Apresenta   um   prognóstico   pouco   favorável,   devendo   fazer-­‐se   uma  
instrução  e  educação  cuidadosa  e  persistente.    
 

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No  idoso  devemos  tomar  em  consideração  que  nem  todos  os  sistemas,  órgãos  ou  
tecidos  regridem  da  mesma  maneira.  
 
Podem  ser  encontradas  alterações:  
• Mentais  
• Sistémicas  
• Nutricionais  
• Estados  Patológicos  
• Alerações  Orais  e  Peri-­‐orais  
 
Alterações  Mentais  
 
A  capacidade  mental  do  idoso  resulta  duma  interacção  complexa  de  experiência  
passadas,  envelhecimento  fisiológico,  mudanças  sociais  e  económicas.  
 
O   idoso   sofre   inúmeras   alterações   físicas   e   familiares   que   produzem   novos  
estados   de   adaptação.   Com   o   envelhecimento,   o   idoso   perde   a   capacidade   de  
armazenar   informações.   O   raciocínio   lógico   e   a   percepção   espacial   encontram-­‐se  
diminuídas.   A   resolução   de   problemas   torna-­‐se   cada   vez   mais   difícil   e   a  
informação  irrelevante  torna-­‐se  cada  vez  mais  complexa.  
 
O   idoso   geralmente   recorda   acontecimentos   que   ocorreram   há   bastante   tempo   e  
os   acontecimentos   recentes   são   facilmente   esquecidos.   Os   conhecimentos   e   a  
habilidade  previamente  adquiridos  estão  retidos  e  virtualmente  intactos.    
 
No   idoso   podemos   concluir   que   os   comportamentos   e   hábitos   são   menos  
constantes  quer  do  ponto  de  vista  fisiológico,  quer  do  ponto  de  vista  psicológico.    
 
A  dificuldade  de  adaptação  e  aquisição  de  novos  conhecimentos  é  induzida  por  
uma  tendência  à  recusa  e  à  repulsa  de  programas  recentes.  Há  uma  diminuição  
da   atenção   e   concentração,   aumentando   a   tendência   para   reviver   o   passado.  
Qualquer   pequena   alteração   leva   ao   aparecimento   de   tensões   elevadas.   Em  
virtude  deste  estado,  devemos  ter  especial  atenção  às  alterações  da  capacidade  
física  que  são  potenciais  geradoras  de  tensões  mentais  nestes  pacientes.    
 
A   perda   de   dentes,   cabelo   e   força   física   pode   ser   causa   de   uma   auto-­‐imagem  
pobre.    O  facto  destes  doentes  estarem,  por  vezes,  dependentes  das  pessoas  que  
os  rodeiam,  não  contribui  para  que  tenham  uma  boa  imagem  de  si  próprios.  
 
O   status   económico   do   paciente   geriátrico   pode   ser   outro   foco   causador   de  
tensões   emocionais.   Para   estes   pacientes,   com   a   vinda   da   reforma,   numerosos  
problemas   económicos   podem   surgir   associados.   A   reforma   funciona   por   vezes  
como   o   facto   mais   marcante   na   entrada   na   velhice.   O   idoso   deixa   de   sentir   que  
tem  um  papel  activo  e  sente-­‐se  deslocado.    

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As  relações  familiares  sofrem  alterações  com  a  velhice.  A  relação  pai-­‐filho  sofre  
alterações.  A  figura  do  pai  que  até  essa  altura  era  dominante,  torna-­‐se  mais  fraca,  
surgindo  a  denominada  relação  pai-­‐filho  invertida.    
 
A   perda   de   autoridade   da   família   que   surge   por   motivos   físicos,   médicos   ou  
económicos  vai  afectar  os  idosos.  Por  vezes,  as  pessoas  têm  a  idade  que  vão  ser  
capazes   de   ajudar   os   seus   filhos   ou   que   os   seus   desejos   não   vão   ser   ouvidos,  
desejados  ou  respeitados.  
 
Todos   estes   problemas   vão   condicionar   o   estudo   do   idoso,   apesar   de   ser  
importante  descobrirmos  e  investigarmos  qual  a  relação  do  idoso  perante  todos  
os  problemas  inerentes  e  associados  à  velhice.    
 
Se   perante   nós   tivermos   um   paciente   que   se   adaptou   bem   ao   envelhecimento,  
então   certamente   também   se   adaptará   bem   às   alterações   dentárias   que   vai  
sofrer  com  a  idade.  Se,  pelo  contrário,  não  tiver  ocorrido  boa  adaptação  à  velhice,  
então  vamos  ter  problemas  na  adaptação  aos  problemas  dentários.    
Se   um   paciente   que   não   se   adaptou   precisar   de   usar   próteses,   é   importante  
arranjar  mecanismos  de  adaptação  de  modo  a  que  ele  comece  com  uma  prótese  
parcial  reduzida  e  só  depois  venha  a  utilizar  uma  prótese  total.  Assim  tem  tempo  
para  se  adaptar  à  prótese  e  à  ideia  da  perda  de  dentes.    
 
Quando   o   paciente   geriátrico   mostra   ressentimento   pela   velhice   e   está   desligado  
da  sociedade,  poderá  estar  inclinado  a  menosprezar  os  conselhos  do  profissional  
e  as  suas  instruções.  Pode  estar  satisfeito  com  a  falta  de  dentes  e  não  se  preocupa  
com   a   sua   substituição.   O   estado   geral   da   sua   boca   pode   não   lhe   causar  
preocupações.   Nestes   pacientes,   todos   os   cuidados   que   possamos   desenvolver  
estão  condenados  ao  fracasso.    
 
Na   maioria   dos   pacientes   geriátricos   podemos   observar   um   estado   intermédio  
entre   a   verdadeira   adaptação   à   velhice   e   um   ressentimento   da   mesma.   Nesta  
situação,   o   desempenho   do   clínico   é   importante.   Se   conseguirmos   demonstrar  
um   interesse   autêntico,   tranquilidade   e   entendimento   combinado   com   uma  
habilidade  técnica  conseguimos  obter  um  paciente  satisfeito  e,  por  conseguinte,  
uma  condição  oral  relativamente  boa.    
 
O  médico  deve  operar  com  paciência,  tranquilidade  e  compaixão.  
 

 
 

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Alterações  Sistémicas  
 
O   SNC   é   o   órgão   mais   vulnerável   à   velhice,   em   virtude   das   suas   células   não   se  
reproduzirem.  As  células  nervosas  estão  dependentes  de  um  bom  suprimento  de  
oxigénio   e,   em   virtude   de   tal,   encontram-­‐se   na   dependência   do   sistema  
circulatório.  Está  estudado  que  cerca  de  20%  dos  neurónios  estão  perdidos  aos  
70   anos   de   idade.   A   velocidade   de   transmissão   de   impulsos   nervosos   está  
diminuída  em  cerca  de  15  a  20%.    
Por   tudo   isto,   muitas   alterações   sistémicas   estão   relacionadas   com   alterações   do  
SNC.   Podemos   observar   uma   diminuição   na   sensibilidade   perceptiva   e   um  
aumento   do   limiar   da   dor.   O   controlo   muscular   delicado   diminui,   o   acto   de  
aprender   é   mais   difícil,   particularmente   os   novos   padrões   entram   em   conflito  
com  hábitos  ou  experiências  anteriores.  A  análise  circunstancial  é  mais  lenta  e  as  
respostas  rápidas  são  raras  ou  mesmo  impossíveis.  
Há  uma  diminuição  dos  sentidos  visuais,  audição  e  do  paladar.  
 
A  perda  de  visão  vai  dificultar  a  actividade  de  um  indivíduo  e  torna  o  processo  de  
aprendizagem   lento,   não   sendo   por   vezes   possível   distinguir   rapidamente   os  
objectos,  podendo  ocorrer  certos  acidentes.  Podemos  encontrar  degeneração  do  
nervo  óptico.  A  profundidade  do  globo  ocular  diminui,  levando  ao  aparecimento  
de  hipermetropia.  Diminui  a  flexibilidade  nas  lentes  oculares,  aumentando  assim  
o   tempo   necessário   para   o   olho   focar.   É   necessário   mais   quantidade   de   lu   para   o  
idoso  ver  certos  objectos.    
 
A   perda   de   audição   leva   a   um   isolamento   do   indivíduo   tornando-­‐o   mais  
reservado.  Cerca  de  65  a  70%  dos  pacientes,  por  volta  dos  80  anos  exibe  algum  
grau   de   perda   de   audição.   Esta   perda   é   mais   observável   na   faixa   de   som   alto.  
Muitos  pacientes  são  afectados  pelo  Síndrome  de  Menière  (inflamação  do  ouvido  
interno,  zumbido,  actividade  auditiva  diminuída  e  vertigem).    
 
A   perda   do   paladar   associada   à   perda   dos   dentes   é   muitas   vezes   acrescida   de  
uma   perda   de   apetite,   podendo   contribuir   para   a   decadência   mental,   como  
também  para  algum  descontrolo  físico.  
 
As  alterações  que  ocorrem  no  SNC  levam-­‐nos,  para  além  de  ter  em  atenção  todas  
as   alterações   sistémicas   inerentes,   a   que   as   explicações   de   diagnósticos,   planos  
de  tratamento  e  instruções  para  o  paciente,  devam  ser  dadas  claramente  e  muito  
lentamente   de   modo   a   que   o   paciente   compreenda   e   devemos   reforçar   as  
instruções  orais  com  instruções  escritas.    
 
O  tecido  muscular  sofre  alterações  com  a  idade,  sendo  de  assinalar  que  a  maior  
alteração   é   a   substituição   das   fibras   contrácteis   por   fibras   de   colagénio.   Assim,  
temos   como   resultado   a   perda   de   força,   resistência,   flexibilidade   e   de   tónus  
muscular.    
As   alterações   no   controlo   nervoso   resultam   em   rigidez,   incertezas   e   tremores  
musculares.  As  perda  de  força  muscular  pode  ser  devida  a:  
1-­‐ Redução   do   número   de   células   musculares   por   substituição   por   tecido  
fibroso  
2-­‐ Diminuição  do  número  de  unidades  motoras  dentro  do  músculo  

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3-­‐ Degeneração  aleatória  das  placas  terminais  motoras  
4-­‐ Incapacidade   crescente   dos   músculos   gerarem   energia   a   partir   dos  
açúcares  
5-­‐ Queda  e  redução  da  secreção  andrógena  
 
Em   relação   ao   aparelho   circulatório   pdoemos   observar   algumas   alterações,  
particularmente   associadas   à   aterosclerose.   Foi   sugerido   que   muitos   dos  
sintomas   de   senilidade   são   secundários   ao   mecanismo   primário   da  
aterosclerose.   A   deposição   de   gorduras   nas   paredes   e   lúmen   dos   vasos   e   a  
degeneração   gordurosa   das   fibras   musculares   do   coração,   levam   a   uma  
diminuição  generalizada  no  suprimento  de  sangue  oxigenado.    
A  perda  de  reflexos  baroreceptores  no  pescoço  pode  levar  à  hipotensão  postural.  
Assim,   todas   as   mudanças   de   posição   reclinada   para   posição   erecta   devem   ser  
feitas  lentamente  e  suavemente.    
 
Existem   várias   alterações   respiratórias   que   são   menores   que   as   circulatórias,  
embora  quando  instaladas  vão  complicar  e  tornam  mais  complexas  as  alterações  
circulatórias.   Ao   idoso,   diminui   a   capacidade   respiratória   e   também   a   eficácia   na  
troca  entre  o  oxigénio  e  o  dióxido  de  carbono,  ao  nível  dos  alvéolos  pulmonares.  
 
O  sistema  digestivo  não  sofre  grandes  alterações  com  a  idade,  sendo  contudo  de  
assinalar   a   diminuição   da   secreção   de   ácidos   e   enzimas.   A   parede   intestinal,  
menos  permeável  aos  nutrientes  tem  como  influência  a  diminuição  na  dissolução  
dos   alimentos   e   ainda   o   nível   da   sua   absorção   molecular.   As   pessoas   idosas  
tornam-­‐se   indiscriminadamente   laxantes   contribuindo   para   uma   melhor  
“regularidade”  intestinal,  tendo  contudo  como  efeito  negativo  a  interferência  na  
absorção   de   vitaminas   A   e   D,   também   de   um   modo   geral   o   “empurrar”   dos  
alimentos,  diminuindo  a  sua  digestão  e  absorção.    
 
No  paciente  idoso  há  alterações  na  qualidade  da  voz  e  nos  padrões  da  fala.  Este  
facto  é  consequência  de  mudanças  musculares  na  parede  do  tórax  e  na  laringe,  
diminuindo  a  eficácia,  força  e  controlo  para  expelir  o  ar.  
A   compreensão   do   vocabulário   melhora   com   a   idade   mas   o   tempo   necessário  
para  a  análise  de  dados  que  entram  e  formulação  de  respostas  também  aumenta.    
 

 
 
 
 

  13  
Alterações  Nutricionais  
 
O   idoso   é   mais   vulnerável   à   má   nutrição   do   que   o   jovem   por   várias   razões.   De  
entre  os  factores  fisiológicos  que  podem  causar  problemas,  temos  as  alterações  
nos  sistemas  olfactivos  e  gustativos  que  dão  origem  a  que  os  idosos  não  gostem  
das   comidas.   Outra   condição   é   a   artrite   reumatoide   que   inibe   a   mobilização   do  
idoso  e  assim  evita  ir  comprar  alimentos  e  cozinhá-­‐los.    
A  juntar  a  falta  de  peças  dentárias,  os  idosos  recorrem  muitas  vezes  a  alimentos  
de   fácil   confecção,   menos   ricos   em   gorduras   e   hidratos   de   carbono,   que   excedem  
as  necessidades  calóricas  diárias,  originando  obesidade  que,  por  sua  vez,  causará  
mais   cáries   dentárias,   depósitos   de   gordura   nos   tecidos   e   maior   risco   para  
doenças  cardíacas,  diabetes,  artrites  e  hipertensão.  
 
A  necessidade  diária  metabólica  no  idoso  é  de  cerca  de  ¾  do  necessário  na  idade  
adulta.  A  actividade  física  decresce  em  cerca  d  50%  em  relação  ao  adulto.  
 
É   essencial   que   um   balanceado   consumo   de   energia   seja   mantido   para   evitar   o  
excesso   de   peso   que   pode   levar   à   obesidade.   Assim,   deverá   ser   feita   uma   dieta  
equilibrada   com   proteínas,   sais   minerais   e   vegetais,   para   evitar   desnutrições  
excessivas.    
 
Estudos  feitos  nos  idosos  em  zonas  como  Geória  do  Sul,  na  Ex-­‐URSS  demonstram  
que   têm   uma   actividade   física   muito   activa   e   um   estilo   de   vida   com   pouco   stress,  
portanto  uma  incidência  fraca  de  obesidade.  As  dietas  são  fracas  em  carne,  não  
ingerem  peie  e  consomem  produtos  lácteos,  fruta  fresca  e  vegetais.    
 
Proteínas  
 
A  necessidade  diária  é  de  0,8g  por  dia/Kg  de  peso  corporal.    
A   insuficiência   de   proteínas   conduz   à   anorexia,   confusão   mental   e   deterioração  
geral,  com  perda  de  apetite  e  aumento  de  doenças  infecciosas.  
É  essencial  que  o  doente  ingira  durante  uma  semana  normal  2  ou  3  refeições  de  
carne,  peixe,  ovos  e  leite,  que  são  alimentos  de  elevada  quantidade  de  proteína.  
 
Hidratos  de  Carbono  
 
Os  hidratos  de  carbono,  juntamente  com  as  gorduras,  dão  ao  homem  a  fonte  de  
energia  para  os  seus  tecidos.    
No   idosos,   a   actividade   física   é   menor,   a   necessidade   de   hidratos   de   carbono  
também  é  mais  reduzida,  o  que  implica  uma  redução  na  sua  ingestão.    
A   tolerância   à   glucose   decresce   com   a   idade   e   o   aumento   do   consumo   de  
alimentos   com   baixo   teor   de   hidratos   de   carbono   deve   ser   implementado   na  
dieta  alimentar  diária.    
 
Gorduras  
 
São  substâncias  encontradas  na  carne,  manteiga,  margarinas  e  óleos  e  dão  uma  
energia   de   9Kcal/gr.   Formam   cerca   de   40%   da   ingestão   de   calorias   na  
alimentação.    

  14  
A   digestão   de   gorduras   dá-­‐se   no   intestino   grosso   onde   são   estimuladas   para  
segregar   colecistoquinina,   uma   hormona   que   causa   a   contracção   da   vesícula  
biliar  e  consequente  entrada  de  bílis  no  duodeno.    
 
Minerais  
 
É  muito  importante  a  ingestão  de  minerais,  em  particular  no  idoso  que  está  mais  
sujeito  à  osteoporose,  onde  exige  uma  ingestão  de  alimentos  ricos  em  cálcio.  Este  
é   essencial   à   actividade   neuromuscular   e   função   celular   e   é   encontrado   em  
alimentos   como   o   leite   e   o   queijo.   A   dose   recomendada   é   de   800mg/dia   mas,   em  
casos  de  osteoporose,  a  dose  sobe  para  1200mg/dia.    
Outros   factores   como   a   ingestão   crónica   do   álcool,   pode   conduzir   a   gastrite   e  
pode  originar  a  obrigatoriedade  em  ingerir  alumínio  em  altas  doses.  
O   ferro   é   outro   mineral   essencial   que   se   encontra   nos   vegetais   verdes   e   na   carne  
e  a  sua  falta  ou  insuficiente  ingestão  pode  originar  anemia  hipocrónica.    
O  potássio  em  falta  pode  originar  depressões.    
 
Vitaminas  
 
Algumas   evidências   existem   que   mostram   que   os   idosos   recebem   pouco   ácido  
ascórbido   e   os   estudos   demonstram   que   um   aumento   de   consumo   leva   a   um  
aumento  de  retenção.  
A   presença   de   vitamina   C   na   urina   é   um   indicador   de   quantidade   suficiente   de  
vitamina  C  na  dieta.  
A   deficiência   mais   comum   no   idoso   é   a   de   ácido   fólico   e,   cominado   com  
deficiência  de  vitamina  B12  causa  anemias  megaloblásticas.  Estas  encontram-­‐se  
na  carne  (fígado  em  particular)  e  nos  vegetais.  
A   vitamina   D   é   importante   na   absorção   de   cálcio   no   intestino   e,   nos   idosos   é  
frequentemente  baixa.  A  vitamina  D  pode  ser  sintetizada  no  epitélio  e  origina  a  
acção  de  ultra-­‐violetas  na  pele.  É  encontrada  nos  óleos  de  fígado  de  peixe.  
 

 
 

  15  
Estados  Patológicos  /  Doenças  do  Idoso  
 
Aterosclerose  
 
A   sua   etiologia   continua   sem   ser   conhecida,   embora   seja   a   causa   que   mais   afecta  
o   sistema   cardiovascular.   As   imagens   microscópicas   de   vasos   sanguíneos  
mostram   áreas   de   edema   do   endotélio   e   subendotélio   e   presença   de   ácido  
mucopolissacárido.  
 

 
 
Doenças  Cardíacas  
 
Umas  das  causas  mais  comuns  da  doença  valvular  é  a  febre  reumática  que  atinge  
jovens  e  idosos.  A  doença  coronária,  hipertensão  e  a  doença  cárdio-­‐pulmonar  são  
as  mais  comuns  na  idade  idosa.    
Os   sintomas   que   o   paciente   sente   são   dispneia   (em   particular   com   exercício   ou   a  
subir  escadas).    
No   caso   da   hipertensão,   o   paciente   pode   apresentar   sintomas   de   dispenia  
paroxística   nocturna,   que   significa   falência   ventricular.   Os   doentes   que   sofrem  
destes   sintomas   sentir-­‐se-­‐ão   desconfortáveis   quando   colocados   numa   posição  
deitada  durante  o  tratamento  dentário.  
A   dor   pode   aparecer   numa   isquemia   do   coração.   Quando   acontece,   é   localizada  
atrás  do  esterno,  com  irradiação  para  o  peito  e  membros  superiores.  Usualmente  
desaparece  com  repouso  mas,  se  o  enfarte  de  miocárdio  está  instalado,  a  dor  não  
desaparece   com   repouso.   Palpitações,   alterações   do   ritmo   cardíaco,   edema   e  
cianose  são  sinais  “major”  de  falência  congestiva  cardíaca.    
 
 
 
 
 

  16  
Doenças  Valvulares  
 
A   presença   de   doença   aórtica   ou   mitral   são   frequentes   no   idoso.   Insuficiência   ou  
estenose   são   consequência   e   as   complicações   são   as   fibrilações,   falência   cardíaca  
congestiva  e  o  risco  contínuo  de  infecções  (endocardites).  
 
Doença  Coronária  
 
É  a  mais  importante  doença  do  coração  no  idoso.  Calcula-­‐se  que  atinja  cerca  de  
20%  no  sexo  masculino  e  12%  no  sexo  feminino.    
Hipertensão   e   Diabetes   Melitus   são   causas   predisponentes   com   agravamento   em  
pessoas   sedentárias.   A   obesidade   é   um   factor   clínico   de   risco,   assim   como   o  
tabagismo.  As  alterações  das  artérias  coronárias  conduzem  a  um  estreitamento  
dos  vasos  sanguíneos,  originando  isquemia  dos  músculos  cardíacos.  Se  há  lugar  
para  formação  de  trombos,  aparece  a  oclusão  dos  vasos  sanguíneos  e  origina-­‐se  
então   a   angina   pectoris   que   leva   ao   enfarte   do   miocárdio,   fibrilação   e   falência  
cardíaca.    
 

 
 
 
Angina  Pectoris  
 
O  paciente  refere  uma  dor  fina  retro-­‐esternal  que  tende  a  irradiar  para  o  peito,  
ombros   e   membros   superiores,   em   especial   para   o   lado   esquerdo,   que   dura  
alguns  minutos.  A  falta  de  ar  está  frequentemente  associada.  Tudo  isto  normaliza  
com  o  repouso.    

  17  
Enfarte  do  Miocárdio  
 
Resulta   quando   um   vaso   é   bloqueado   por   um   trombo   de   ateroma   e   os   tecidos  
alimentos   pela   artéria   trombosada   morrem   e   ficam   fibrosados.   O   doente   refere  
uma  dor  rápida  e  severa  no  peito  atrás  do  esterno  que  é  parecida  com  a  angina  
pectoris.   Irradia   para   o   peito   e   membros   superiores   e   não   se   alivia   com   o  
repouso.  Pode  durar  várias  horas.  O  doente  pode  perder  a  consciência,  a  pele  fica  
fria  e  os  lábios  pálidos.  Os  dedos  ficam  cianosados,  o  pulso  fraco,  a  tensão  arterial  
baixa  e  o  vómito  é  comum.    
Cerca   de   25%   dos   enfartes   têm   como   consequência   a   morte   mas   para   os  
sobreviventes   o   tratamento   habitual   é   repouso   e   drogas,   tais   como   os   beta-­‐
bloqueantes,  seguidos  de  mobilização  precoce.    
 

 
 
 
Doenças  Cardio-­‐Pulmonares  
 
As   interferências   nas   trocas   de   sangue   que   se   fazem   nos   pulmões   originam  
bronquites   crónicas,   enfisema   e   hipertrofia   ventricular   direita.   As   falências  
cardíacas   podem   aparecer   no   idoso   onde   a   bronquite   crónica   é   comum,   em  
particular  nos  homens  fumadores  desde  idades  jovens.  Nestes  é  comum  observar  
faltas  de  ar  e  cianose.  
O  embolismo  pulmonar  também  é  comum  no  idoso  e  é  encontrado  em  cerca  de  
30%   de   todas   as   autópsias.   É   ainda   mais   frequente   nos   indivíduos   que   tiverem  
previamente   falência   cardíaca   e   que   tenham   doença   venosa   crónica   dos  
membros   inferiores.   O   tratamento   para   estes   casos   é   usualmente   a   terapia  
anticoagulante.    
 
 
 
 
 
 

  18  
Doenças  do  Sistema  Músculo-­‐Esquelético  
 
Com  o  avanço  da  idade,  muitos  doentes  começam  a  sofrer  de  dores  nos  músculos  
e   articulações.   A   doença   mais   comum   e   que   pode   influenciar   um   tratamento  
dentário   é   a   osteoporose   que,   pode   originar   uma   considerável   perda   de   osso  
alveolar  e  facial  do  esqueleto.  A  dor  e  o  desconforto  nas  articulações  é  causado  
pelas  doenças  degenerativas,  tais  como  a  osteoartrite.  
Cuidados   suplementares   devem   ser   tomados   nos   doentes   que   sofrem   de  
espondilose  cervical,  pois  num  tratamento  dentário,  a  demora  e  a  força  da  flexão  
do  pescoço  podem  originar  imobilizações  ou  afectar  os  nervos  cervicais.    
 

 
 
Hipertensão  
 
• Hipertensão  Essencial  
 
Aparece  de  causa  desconhecida.  É  muito  comum  na  meia  idade  e  mais  comum  no  
homem  do  que  na  mulher.  
Factores   hereditários   têm   um   papel   preponderante   e   a   obesidade   é   muito  
comum.   Quando   as   alterações   ocorrem   nos   vasos   sanguíneos   surge   hipertrofia  
da  parede  do  vaso,  dando-­‐se  a  perda  da  elasticidade  e  a  restrição  no  diâmetro  do  
lúmen.  
Essas   alterações   no   coração,   cérebro   e   rins   causam   isquemia   que   leva   a   um  
aumento   da   pressão   sanguínea.   Quando   a   isquemia   atinge   o   cérebro   origina  
alterações   mentais   que   afectam   a   personalidade   do   paciente.   Este   queixar-­‐se-­‐á  
de  diminuição  da  capacidade  ventilatória  e  pode  ter  cefaleias  e  epistaxis.  A  perda  
de  visão  por  alterações  na  retina  pode  igualmente  aparecer.  
 
• Hipertensão  Postural  
 
É   comum   no   idoso   devido   à   deficiente   função   do   sistema   nervoso   autónomo.  
Outros   factores   tais   como   a   infecção,   podem   exacerbar   os   problemas   da  
hipertensão  postural,  reduzindo  o  volume  de  sangue  ou  a  excessiva  excreção  de  
sódio.    
Levantando   rapidamente   um   doente   da   cadeira   ou   da   cama   fará   com   que   este   se  
sinta  tonto,  confuso  e  com  sensação  de  queda.  A  face  torna-­‐se  cinzenta  e  o  pulso  
fraco.   Quando   colocado   na   posição   horizontal,   o   doente   recupera   e   sente-­‐se  
melhor.  Assim,  quando  o  doente  sai  da  cadeira  ou  cama,  deve  fazê-­‐lo  por  fases.    

  19  
Cancro  
 
A  incidência  de  todos  os  tipos  de  cancro  aumenta  com  a  idade  e  é  necessário  que  
todos   os   idosos   sejam   examinados   cuidadosamente   à   procura   de   alterações  
malignas.    
Idosos   que   usem   próteses   dentárias   de   longa   duração,   não   controladas,   idosos  
que   vivem   em   instituições   ou   internados   em   casas   de   repouso   devem   ser  
pesquisados  e  rastreados  até  à  mais  pequena  lesão  da  cavidade  oral.  
O   sinal   mais   precoce   de   malignidade   é   a   disqueratose.   Se   um   doente   o   referir  
deverá   ser   imediatamente   levado   e   orientado   num   centro   especializad.   O   local  
mais   comum   são   os   lábios,   a   língua   e   o   pavimento,   mas   devemos   ter   cuidado   e  
observar  também  a  orofaringe.      
 

 
 
Alteraçoes  Orais  e  Peri-­‐Orais  no  Idoso  
 
Cáries  e  Doença  Periodontal  
 
São   estas   as   duas   principais   doenças   que   surgem   na   cavidade   oral   que   não   estão  
directamente  ligadas  com  condições  sistémicas.    
O   idoso   que   começa   a   ser   mais   descuidado   com   a   sua   higiene   oral   pode  
desenvolver   cáries   em   áreas   cervicais   expostas.   Igualmente   em   pacientes   com  
fluxo   salivar   diminuído,   como   por   exemplo   naqueles   em   terapêutica  
radioterápica,   o   colo   cervical   é   reduzido   em   toda   a   sua   circunferência   e   pode  
originar  fracturas  com  aparecimento  de  cárie.  
Nestas   circunstâncias,   a   placa   bacteriana   e   tartárica   são   certamente   as   causas   de  
alterações   gengivais   e   é   comum   os   idosos   apresentarem   poucos   dentes,   em  
especial,  em  acamados  e  em  instituições.    
 
 
 
 
 
 
 

  20  
Hiperplasia  Traumática  
 
Em   resultado   da   reabsorção   óssea   alveolar,   os   bordos   das   próteses   dentárias  
ficam   envolvidas   em   tecidos   fibrosos.   Isto   é   particularmente   comum   em  
pacientes  que  usam  a  mesma  prótese  durante  anos  sem  controlo  algum.  
Ulcerações  originam  tecido  hiperplásico  e,  se  for  pequeno,  a  remoção  do  agente  
causador   é   o   suficiente   para   a   regressão   da   lesão.   Muitas   vezes,   o   tecido  
hiperplásico  tem  de  ser  removido  cirurgicamente  mas  deve-­‐se  ter  cuidado  para  
não  destruir  os  sulcos  vestibulares,  afim  de  que  se  possa  mais  tarde  confeccionar  
uma  prótese  ajustada  e  com  melhor  aderência  possível.  
 
Queilite  Angular  
 
Está  geralmente  associada  às  próteses  dentárias  e  à  perda  de  suporte  dos  tecidos  
faciais,   à   perda   de   dimensão   vertical   da   face   por   próteses   velhas,   desgastadas   ou  
mal   confeccionadas.   Isto   origina   que   os   cantos   da   boca   infectados   por   Candida  
estejam  constantemente  lesados  ou  infectados.    
Este  patologia  surge  igualmente  em  idosos  sujeitos  a  antibioterapia  prolongada  
em   que   se   dá   oportunisticamente   desenvolvimento   da   Candida.   Está   também  
associada  a  anemia  por  deficiência  de  ferro.  
 

 
 
Estomatite  de  Contacto  ou  Traumática  
 
É   muito   comum   e   é   provocado   pelo   contacto   da   prótese   dentária   no   palato   duro,  
onde  as  lesões  desenham  a  forma  da  prótese.  Esta  área  coberta  pela  prótese  é  de  
uma   cor   avermelhada   brilhante   e   é   provocada   pela   retenção   na   prótese   de  
Candida  ou  Prolifera  com  traumas  pequenos.    
Esta   lesão   pode   originar   o   desenvolvimento   de   tecido   hiperplásico.   Um  
aparecimento   semelhante   pode   surgir   em   pacientes   alérgicos   ao   monómero  
residual  da  prótese.    
Uma   higiene   oral   deficiente   e   uma   limpeza   inadequada   das   próteses   durante  
vários  dias  são  a  principal  razão  desta  patologia.    
 
Queratinização  
 
No   idoso,   a   mucosa   oral   quando   sujeita   a   fricção,   desenvolve   um   grau   de  
queratinização   particularmente   no   plano   oclusal   e   isto   pode   ser   exagerado   em  
pacientes  que  sofrem  de  deficiências  de  ferro  e  de  anemia.  
 

  21  
Liquen  Plano  Atrófico  
 
Na   mucosa   atrófica,   onde   próteses   dentárias   causam   traumatismos   constantes,   o  
líquen  plano  pode  surgir.    
A  mucosa  mostra  estrias  brancas  rodeadas  de  inflamação  e  pode  progredir  para  
longas  áreas  de  erosão.  
 
Alterações  da  Língua  
 
A   mais   comum   é   a   língua   geográfica.   Lesão   benigna   e   que   corresponde   a   uma  
glossite  superficial  migrante.  
Deve-­‐se  prevenir  o  doente  de  que  a  lesão  não  lhe  vai  causar  nenhuma  outra  lesão  
patológica  nem  cancro.  A  escovagem  diária  é  a  terapêutica  indicada.  
 
Nevralgia  do  Trigémio  
 
Uma  alteração  de  meia  idade  e  dos  idosos.  Em  certas  casos  o  diagnóstico  é  fácil  
mesmo   na   ausência   de   sinais   clínicos.   Clinicamente   caracteriza-­‐se   por   uma   dor  
lancinante  em  um  ou  mais  ramos  de  distribuição  do  nervo  trigémio,  usualmente  
unilateral  e  incapacitante  até  para  se  mover.    
A  droga  de  eleição  para  o  alívio  dos  sintomas  é  o  tegretol.    
 
Dor  Facial  Atípica  
 
Muitos   doentes   idosos   referem   este   síndrome   numa   parte   da   mandíbula   ou  
maxila   mas,   sem   sinais   evidentes   de   causa.   É   normalmente   constante   mas     não  
evita  que  o  paciente  consiga  dormir.  
Requer   tratamentos   cirúrgicos   coadjuvados   com   um   tratamento   psiquiátrico,  
mas   nem   sempre   tem   sucesso.   É   sempre   difícil   tratar   e   deverá   enviar-­‐se   o  
paciente  para  um  especialista  em  neurologia.    
 
Síndrome  da  Disfunção  Temporomandibular  (ATM)  
 
A   incidência   é   grande   tanto   em   idosos   como   em   jovens   que   se   queixam   com  
sintomatologia  dolorosa.  Nos  idosos  é  menos  incidente.  
É   raro   encontrar   idosos   com   dores   nos   músculos   ou   na   própria   articulação.  
Quando  acontece  é  normalmente  causado  por  próteses  mal  adaptadas.    
 

 
 

  22  
 
A   perda   parcial   ou   total   dos   dentes   implica   perturbações   estéticas   e   funcionais  
cuja  gravidade  está  na  razão  directa  da  extensão  da  perda.  
Como  causas  de  perdas  de  dentes  temos:  
• Traumatismos  
• Idade  (hoje  em  dia  cerca  de  8%  da  população  atinge  a  idade  de  65  anos)  
• Cárie  
• Doença  Periodontal  (principal  causa  de  perda  dentária)  
No   entanto,   a   prostodontia   tem   limitações   que   se   relacionam   não   só   com   os  
materiais   e   técnicas   utilizadas,   mas   também   com   a   psicologia   do   doente,   com   a  
fisiopatologia  do  osso  alveolar  e  com  as  disfunções  do  aparelho  mastigatório.  
A  nossa  actuação  deverá  centrar-­‐se  na  prevenção.    
 
Prostodontia  Removível  
 
A  prótese  pode  ser  fixa  ou  removível,  podendo  esta  última  ser  total  ou  parcial.    
Como   objectivo,   uma   prótese   deve   conferir   várias   funções:   estética,   fonética,  
mastigação  e  articular.    
 
Prótese  Parcial  
 
Pode  ser  acrílica  (deve  sempre  ser  encarada  como  provisória)  ou  esquelética.  
Esta   apresenta   vários   componentes   individuais:   elementos   de   encaixe   (pré-­‐
fabricados),  conector  maior  (com  elementos  de  estabilização),  base  de  suporte  e  
conector   menor.   A   unidade   gancho   é   o   elemento   activo   da   prótese   e   tem   como  
elementos  constituintes  o  conector  menor,  o  braço  retentivo,  o  braço  recíproco  e  
o  apoio  oclusal.    
 
Classificações  dos  Desdentados  
 
As  classificações  mais  utilizadas  são  as  de  Kennedy  e  as  de  Kennedy-­‐Applegate,  
embora  nenhuma  delas  possa  enquadrar  todas  as  possibilidades  de  combinações  
de  perda  de  um  ou  mais  dentes,  numa  ou  nas  duas  arcadas.    
 
Classificação  de  Kennedy  (1925)  
 

  23  
• Classe  I  
o Zonas  desdentadas  bilaterais,  situadas  posteriormente  aos  dentes  
naturais  existentes  (selas  distais  livres)  
• Classe  II  
o Zona   desdentada   unilateral,   situada   posteriormente   aos   dentes  
naturais    
• Classe  III  
o Zona   desdentada   unilateral   com   dentes   naturais   colocados  
anterior  e  posteriormente  a  ela  (sela  intercalada)  
• Classe  IV  
o Zona  desdentada  única  mas  projectando-­‐se  sobre  a  linha  média  e  
situada  anteriormente  aos  dentes  existentes  (sela  anterior).  
 
Classificação  de  Kennedy-­‐Applegate  
 
• Classe  I  
o Selas  distais  bilaterais  
• Classe  II  
o Sela  distal  unilateral  
• Classe  III  
o Sela  intercalada  dos  dois  lados  da  arcada  e  sem  perda  dos  caninos  
• Classe  IV  
o Sela  anterior  
• Classe  V  
o Selas  intercaladas  bilaterais,  no  qual  falta  pelo  menos  um  canino  
• Classe  VI  
o Sela  intercalada  unilateral    
 
Como  modificações  ou  classes  complementares  desta  classificação  temos:  
• Classe  I,  modificação  1  
o Selas   distais   bilaterais,   com   falta   de   dentes   intercalada   a   nível   da  
arcada  residual  
• Classe  II  modificação  1  
o Sela  distal  unilateral,  combinada  com  falta  de  dentes  intercalados  
 
Existe   também   a   classificação   clínica   segundo   a   localização   da   área   ocupada  
pelas   selas.   Esta   classificação   é   denominada   por   classificação   de   Kennedy  
simplificada.  
 
Classificação  de  Kennedy  Simplificada  
 
Classe  I  –  Selas  bilaterais  livres  
Classe  II  –  Sela  unilateral  livre    
Classe  III  –  Selas  intercaladas  laterais  
Classe  IV  –  Sela  intercalada  anterior  
Classe  V  –  Sela  combinada  
 
 
 

  24  
Segundo  o  grau  de  suporte  dentário,  as  próteses  podem  ser  classificadas  em:  
• Prótese  dento-­‐suportada  (bom  prognóstico)  
• Prótese  dento-­‐muco-­‐suportada  
• Prótese   muco-­‐suportada   (mau   prognóstico,   origina   graves   lesões  
periodontais)  
 
As   classificações   permitem   distinguir   diferentes   tipos   de   próteses   ao   nível   da  
extensão  e  conexão.    
 
Para  uma  correcta  execução  da  PPR  esta  deve  seguir  quatro  princípios:  
• Retenção  (ganchos,  encaixes)  
• Estabilidade  (dentes  de  apoio)  
• Reciprocidade  (neutralizador  das  forças  exercidas)  
• Fixação  (não  sofrer  deslocações  durante  a  mastigação)  
 
Do  uso  de  um  corpo  estranho  na  cavidade  oral  resulta:  
• Depósito   de   placa   bacteriana   (dentes   +   tecidos   moles)   que   causa   cárie   e  
gengivite  e,  quando  não  removida  pode  causar  periodontite  
• Reabsorção   óssea   –   Lesão   gengival   –   Perda   de   suporte   dentário   –   Perda  
de  dentes  
• Trauma  mecânico  
 
É   de   extrema   importância   a   instrução   e   motivação   higiénica   do   paciente   que  
deverá   ser   esclarecido   antes   da   confecção   da   prótese,   pois   uma   nova   etapa   irá  
começar  aquando  da  colocação  da  terceira  dentição.  
 
Para  se  conseguir  os  objectivos  pretendidos  pelo  uso  da  prótese,  é  necessário  um  
diagnóstico   preciso,   com   um   exame   clínico   minuncioso,   exame   radiológico,  
exame   dos   modelos   de   estudo   em   gesso   e   uma   correcta   preparação   do  
periodonto  e  peças  dentárias  (endodontias,  restaurações....)  
 
Prótese  Total  
 
Ainda   mais   que   na   prótese   removível,   é   importante   recolher,   analisar   e  
conservar   por   escrito   as   observações   realizadas   durante   a   anamnese,   situação  
específica  oral  e  maxilo-­‐facial.  
 
Exame  extra-­‐oral  
• Caracterização  do  paciente  
• Particularidades  (ex.  Assimetrias)  
• Alterações   funcionais   dos   maxilares   (diminuição   dos   movimentos,  
disfunções  da  ATM)  
 
Exame  intra-­‐oral  
• Pesquisar   lesões   na   mucosa   (gengiva   queratinizada,   mucosa   do   palato  
duro),  língua,  lábios,  tónus  da  musculatura  lábio-­‐bucal.    
• Morfologia  das  cristas  alveolares  e  as  relações  intermaxilares  
• Saliva  (quantidade  e  qualidade)  

  25  
É  importante  fazer  um  estudo  radiológico  e  o  exame  de  próteses  anteriores.  
 
Quando   se   procede   a   extracções,   determina-­‐se   uma   reconstrução   óssea,   o   que  
leva   a   uma   diminuição   da   crista   alveolar   residual.   Esta   diminui   e   é   mais  
pronunciada  no  maxilar  inferior  (a  base  do  maxilar  superior  é  bastante  maior).  
Existe   uma   relação   estreita   entre   o   tempo   decorrido   desde   a   extracção   e   a  
existência   ou   não   de   uma   alveoloplastia.   A   colocação   imediata   de   uma   prótese  
ajuda  a  conservar  a  altura  da  crista,  mas  não  a  largura.  
Depois  da  extracção  até  à  reabsorção  óssea  e  à  formação  de  novo  osso,  existe  um  
intervalo  de  cerca  de  4  meses  no  maxilar  superior  e  6  meses  na  mandíbula.  No  
entanto,  a  reabsorção  é  contínua  para  toda  a  vida.  
A   velocidade   de   reabsorção   varia   nas   diferentes   secções   da   crista   alveolar  
(valores   mais   elevados   de   reabsorção   nos   dentes   anteriores   para   ambos   os  
maxilares,   a   tuberosidade   maxilar   e   a   região   do   trígono   retromolar   apenas  
sofrem  alterações  morfológicas.    
 
Causas  de  reabsorção  da  crista  alveolar:  
• Factores  locais  e  sistémicos,  bioquímicos  e  físicos  
 
Pode-­‐se  originar  uma  atrofia  hipofuncional  ou  afuncional  da  crista.    
 
As  principais  consequências  desta  reabsorção  para  o  tratamento  protético  são:  
• Diminuição  constante  da  diminuição  vertical  com  redução  de  altura  facial  
• Aumento  igual  da  distância  inter-­‐oclusal  na  posição  de  repouso  
 
Estas  consequências  levam  a  
• Diminuição  da  dimensão  vertical  –  rotação  do  maxilar  inferior  –  alteração  
da  oclusão  (movimentos  para  a  frente  e  para  trás)  –  alteração  da  relação  
horizontal  
• Contactos  prematuros  na  zona  molar  devido  ao  padrão  de  reabsorção  
• Alteração  da  forma  do  maxilar,  devendo  ser  controlado  periodicamente  o  
ajuste  da  prótese  
 
A  crista  alveolar  ideal  é  composta  por  osso  resistente  de  boa  qualidade,  coberto  
uniformemente   por   mucosa   sã   e   elástica,   sem   saliências   ou   cantos   agudos.   A  
zona  vestibular  e  lingual  apresenta  canais  bem  formados.  Não  existem  cicatrizes,  
freios,   rugas   ou   hipertofias   que   possam   afectar   a   colocação   da   prótese.   Estas  
condições  ideais  são  raríssimas,  sobretudo  no  maxilar  inferior.  Não  esquecer  que  
com   o   avanço   da   medicina   preventiva   e   com   a   mudança   de   atitudes,   cada   vez  
mais  os  idosos  aparecem  com  próteses  parciais  que  eventualmente  terão  de  ser  
substituídas  por  um  total  e,  com  grandes  diferenças  de  reabsorção  na  crista.  
 
Na   relação   inter-­‐maxilar   ideal,   ambas   as   cristas   alveolares   são   confluentes   e  
paralelas.    
 
No   entanto,   devido   à   reabsorção   das   cristas,   ambos   os   maxilares   separam  
progressivamente   na   zona   anterior.   O   maxilar   superior   torna-­‐se   cada   vez   mais  
pequeno.    
 

  26  
Assim,  pode  considerar-­‐se  como  condições  normais  nos  desdentados  quando  as  
cristas  são  relativamente  paralelas  e  com  linhas  de  união  entre  as  linhas  médias  
das  cristas  com  um  ângulo  superior  a  80  graus,  em  relação  ao  plano  de  oclusão.  
Se   o   ângulo   é   menor   do   que   80,   surgem   problemas   de   espaço   lingual   ou   de  
estabilidade  mastigatória  da  prótese.    
 
Impressões  
 
No  maxilar  desdentado,  o  objectivo  é  a  reprodução  exacta  da  superfície  do  tecido  
sobre  o  qual  assentará  a  prótese  dentária.  
 
1ª  Impressão  
• Alginato,  com  moldeira  standart  de  metal  para  maxilares  desdentados  
• Se  houver  condições  difíceis  (mais  acentuadas  no  maxilar  inferior)  faz-­‐se  
impressão   em   material   termoplástico,   em   moldeira   pequena   e   com   pouco  
perfil  
• A   moldeira   standart   é   pré-­‐fabricada,   perfurada   e   deve   corresponder   o  
melhor   possível   ao   tamanho   e   forma   do   maxilar.   Se   necessário,   pode  
completar-­‐se   ou   corrigir   com   cera   (retromolar   e   sublingual  
longitudinalmente).  Deve  repetir-­‐se  quantas  vezes  for  necessário.    
• A   impressão   do   maxilar   inferior   deve   mostrar   trígonos   retromolares,  
espaço  sublingual  e  espaço  vestibular    
• A  impressão  do  maxilar  superior  deve  mostrar  a  totalidade  do  vestíbulo,  
tuberosidades  maxilares,  palato  duro  até  à  tangente  das  tuberosidades  e  
as  regiões  do  palato  mole.  
• É  importante  ver  os  freios  lingual  e  bucais.    
• Imediatamente   após   a   tomada   de   impressão,   deve-­‐se   vazar   com   gesso  
branco  comum  tendo  cuidado  de  não  deixar  bolhas  de  ar.  
 
2ª  Impressão  
• Executada   com   material   termoplástico   ou   moldeiras   metálicas   pré-­‐
fabricadas  ou  moldeiras  ajustáveis.  
• Nos   casos   de   maxilares   inferiores   muito   atrofiados   ou   com   pregas   móveis  
da  mucosa  sobre  a  crista  alveolar,  podemos  utilizar  a  própria  prótese  do  
paciente.  Nos  casos  de  cirurgia  prévia,  acidente,  ressecção  parcial,  usam-­‐
se  2  tempos:  
o 1  tempo  –  alginato  com  confecção  de  moldeira  individual  
o 2  tempo  –  segunda  impressão    
• Após  estes  passos  procede-­‐se  à  confecção  do  modelo  com  gesso  normal    
 
Moldeira  Individual  
 
Executada   em   resina   autopolimerizável   e   que   vai   corresponder   à   impressão  
definitiva.  
Serve   para   formar   o   bordo   funcional   e   determinar   exactamente   a   forma   do  
tecido   maxilar   que   há-­‐de   suportar   a   prótese   e   elaborar   o   modelo   definitivo  
(maestro  ou  de  trabalho)  que  serve  de  base  para  os  passos  seguintes.    
 
 

  27  
 
Cera  de  Articulação  
 
Previamente   aquecida.   É   usada   cera   rosa   ou   também   a   base   de   cera   rosa   coberta  
por  cera  amarela.  
Devem   ter   forma   estável   e   a   determinação   da   relação   intermaxilar   (toma   de  
mordida).   Deve-­‐nos   dar   a   ideia   da   relação   vertical,   que   se   determina   partindo   da  
posição  de  repouso  e  pedindo  ao  paciente  para  deglutir  e  da  relação  horizontal.  
A   dimensãoo   vertical   é   melhor   avaliada   pelo   doente   que   poderá   referir   se   está  
demasiado  alta,  baixa  ou  correcta.    
 
Montagem  dos  Dentes  
 
A  montagem  dos  dentes  deve  conferir  os  seguintes  requisitos  
• Prótese  total  deve  restituir  o  aspecto  fonético  e  fisionómico  pessoal  
• A  prótese  total  deve  preservar  de  forma  óptima  as  estruturas  histológicas  
residuais  do  sistemas  estomatognático  
• A   prótese   total   deverá   assegurar   a   mastigação   e   possibilitar   a   fonação  
clara  
• Sempre  que  possível  deve-­‐se  pedir  fotografias  antigas  ao  paciente,  em  que  
se   veja   a   linha   do   sorriso,   de   modo   a   poder   copiar-­‐se   o   mais   fielmente  
possível  o  aspecto  normal  dos  dentes  anteriores  e  evitar  o  “denture  look”.  
 
Prova  Definitiva  
 
• Inserção  da  prótese  e  sua  correcção  (se  necessário)  
• Verificação  de  
o Estabilidade  da  prótese  superior  e  inferior  
o Oclusão  
o Estabilidade  mastigatória  
o Fonética  
 
Regras  ao  paciente  
 
• Paciência  para  permitir  a  adaptação  (em  especial  da  prótese  inferior).  Em  
próteses  totais  e  a  curto  prazo,  o  doente  vai  queixar-­‐se  mais  e  sobretudo  
da  prótese  superior,  mas  a  médio  e  longo  prazo  as  queixas  incidirão  quase  
sempre  na  prótese  inferior.  
• Nos   primeiros   dias   deverá   ingerir   alimentos   moles   e   pouco   adesivo.  
Deverá  mastigar  devagar  e  pedaços  de  alimentos  pequenos.  
• Para   limpeza   das   próteses   usar   uma   escova   de   prótese   e   sabão   não  
alcalino   e   passar   as   próteses   por   várias   águas   após   cada   refeição.   Para  
limpeza  da  língua  e  palato  usar  uma  escova  mole.    
• Se  existirem  pontos  de  pressão  estes  deverão  ser  corrigidos  o  que  implica  
uma  ida  ao  consultório  
• Visitas   regulares   ao   profissional   para   verificar   as   alterações   das   cristas  
alveolares   (rebasamento   se   necessário)   ou   modificações   da   prótese  
(fracturas)   ou   ainda,   para   verificação   de   complicações   (ulcerações,  
estomatites  traumáticas  protéticas...)  

  28  
Cirurgia  pré-­‐protética  
 
Deverá  ser  executada  quando:  
• As  condições  anatómicas  dos  maxilares  não  são  as  ideais  sob  o  ponto  de  
vista  protético  
• A   intervenção   deve   significar   para   o   paciente   uma   melhoria   notável   da  
função  da  prótese  e  comodidade  
• A   melhoria   das   condições   anatómicas   consegue-­‐se   intervindo   tanto   nos  
tecidos  moles  como  no  osso.  
o A   intervenção   dos   tecidos   moles   exige   osso   suficiente   (correcção  
dos   freios   lingual,   labial,   vestibuloplastia,   exérese   de   hiperplasia  
fibroepitelial,  epúlides...)  
o A   intervenção   no   osso   é   efectuada   através   do   seu   aumento   com  
hidroxiapatite.    
 
Prótese  Imediata    
 
É   uma   prótese   que   é   colocada   imediatamente   após   as   extracções   dentárias.   Deve  
ser  sempre  provisória  devido  às  alterações  das  cristas  alveolares.    
 
É  usada  naqueles  casos  em  que  o  doente  não  pode  permanecer  sem  dentes  por  
motivos   sociais   ou   profissionais.   Serve,   para   além   da   função   estética,   como  
protecção  contra  coágulos  e  de  penso  para  ferida.    
 
É   contra-­‐indicada   quando   se   efectuam   extracções   com   periodontopatias  
inflamatórias  graves,  pois  impede  a  limpeza  da  ferida  e  a  cicatrização.    
 
Em  odontogeriatria,  a  perda  de  dentes,  a  prótese  e  as  consequentes  dificuldades  
na  alimentação  são  acontecimentos  perturbadores.  
Existem   alterações   fisiológicas,   psicológicas   e   eventualmente   patológicas   no  
idoso  de  que  resulta  o  difícil  estabelecimento  duma  relação  médico-­‐doente.  
 
Hoje   em   dia,   os   avanços   da   Medicina   Dentária   Preventiva   têm   como  
consequência   a   diminuição   drástica   da   perda   de   dentes.   A   própria   atitude   da  
população  em  relação  à  conservação  dos  dentes  tem  mudado  favoravelmente.    
 
Por  outro  lado,  a  população  mundial  tem  envelhecido,  o  que  implica  um  aumento  
de  pacientes  que  necessitam  de  tratamento  protético  e  as  consequências  directas  
da   perda   de   dentes   (reabsorção   da   crista   alveolar,   limitações   estéticas   e  
fonéticas)  está  associada  a  alterações  do  sistema  mastigatório,  em  particular  e  do  
organismo  humano  em  geral  (devido  ao  próprio  processo  de  envelhecimento).    
 
As   alterações   mastigatórias   caracterizam-­‐se   por   numerosas   alterações  
fisiológicas,   umas   com   função   compensatória   (adaptação   normal)   e   outras  
irreversíveis:  
• No  tecido  ósseo  existe  diminuição  da  capacidade  óssea  de  carga  
• No  tecido  muscular  existe  diminuição  do  tónus  (cansaço  muscular)  
• As  mucosas  da  cavidade  oral  reagem  de  forma  mais  sensível  às  irritações  
térmicas  e  químicas  

  29  
• O   tecido   submucoso   torna-­‐se   mais   delgado   e   diminui   a   sua   elasticidade  
(aumento  do  tecido  fibroso  intersticial)  
• As  glândulas  salivares  vêm  diminuída  a  sua  secreção  (para  além  do  uso  de  
medicamentos   como   os   anti-­‐hipertensores   e   anti-­‐depressivos   que   são  
xerostomizantes  e  provocam  ardor  e  sabor  metálico)  
• A   língua   continua   a   cumprir   as   suas   tarefas   funcionais   de   fonação   e  
deglutição,   ajudando   ainda   o   paciente   desdentado   a   segurar   a   prótese.   No  
entanto,   na   superfície   da   língua   podem-­‐se   observar   alterações   (fissuras,  
pregas,  atrofias  pupilares  progressivas...)  
• A   nível   do   SNC,   embora   se   continuem   a   conseguir   as   tarefas   funcionais   de  
forma  satisfatória,  as  funções  estão  alteradas,  principalmente  a  percepção  
a   estímulos   ópticos   e   auditivos   e   o   sentido   do   tacto   espacial   (prótese   na  
boca,   por   exemplo).   Isto   obriga   a   uma   comunicação   especial   com   o  
paciente  
o Falar   tranquilamente   evitando   sons   sibilantes   (umbral   auditivo  
próximo  do  umbral  doloroso)  
o Movimentos  lentos  
o Como   a   capacidade   de   reacção   é   mais   lenta   deve-­‐se   esperar  
pacientemente  a  sua  resposta  
o Como  a  capacidade  de  aprendizagem  está  diminuída,  a  adaptação  à  
prótese  total  pode  estar  dificultada  ou  mesmo  impossibilitada  
o Avisar   o   doente   para   um   período   de   adaptação   mais   prolongado  
(para  doentes  idosos  é  +/-­‐  6  meses)  
 
Muitas  vezes,  o  tratamento  está  condicionado  por  problemas  psíquicods  e  sociais  
e  então  há  3  grupos  de  pacientes  portadores  de  próteses:  
1-­‐ Portadores   de   uma   atitude   conservadora,   negando   limitações   da   idade   e  
sintomas  secundários.  Resiste  à  prótese  
2-­‐ Indiferentes.  Adoptam  uma  atitude  de  resignação.  Não  tentam  superar  os  
problemas.  Quase  inexistente  ou  interesse  pela  higiene  oral  e  pela  higiene  
protética.  
3-­‐ Tentam  dominar  a  idade.  É  o  grupo  com  atitude  positiva.  
 
Quando  estes  mecanismos  falham  (fúria,  desconfiança,  irritabilidade,  depressão,  
medo  ou  confusão)  devemos  tentar  estabelecer  uma  relação  de  mútua  confiança.  
Se   existirem   ainda   algumas   peças   dentárias,   a   capacidade   de   adaptação   for   baixa  
devemos  tentar  o  possível  para  as  manter.  
 

  30  
O  tratamento  com  prótese  deverá  ter  os  seguintes  resultados:  
• Promete  êxito  
o Se   o   paciente   já   usou   prótese   total   ou   parcial   e   tem   um   estado   oral  
razoável  
• Êxito  dificultado  
o Se   o   paciente   usou   prótese   defeituosa,   se   espera   dificuldades   ou  
devido  ao  estado  geral  e  oral  
• Não  é  prometedor  
o Se  o  paciente  andou  várias  anos  sem  dentes  e  sem  próteses  
• Contra-­‐indicado  
o Se   nunca   uso   próteses   e   não   o   deseja   e   se   o   seu   estado   geral   e   oral  
é  mau.  
 
Sobredentaduras  
 
Têm  apoio  periodontogengival  e  aspecto  externo  de  prótese  total.  Consegue-­‐se,  
com   elas,   um   apoio   e   retenção   das   raízes   e   aumentam   consideravelmente   a  
eficácia  mastigatória  e  a  capacidade  de  diferenciação  das  forças.  O  seu  êxito  ou  
fracasso  depende  da  saúde  do  periodonto  sobre  o  qual  assentam.  
 
Vantagens  
 
• Maior   estabilidade   funcional,   por   se   conservar   o   perfil   da   crista   alveolar  
na  zona  dos  pilares  (com  ou  sem  elementos  de  construção)  
• Melhor  estabilidade  da  prótese,  em  especial  da  inferior  
• Maior  eficácia  mastigatória,  por  melhor  estabilidade  e  retenção  
• Menor  carga  da  mucosa  
• Maior  facilidade  de  adaptação  e  inserção  
• Menor   extensão   da   base   no   maxilar   superior.   Se   for   preferível   usar  
elementos   de   retenção,   a   prótese   só   precisa   de   cobrir   parcialmente   o  
palato,  o  que  é  de  grande  importância  psicológica.    
 
Inconvenientes  
 
• Maior   custo,   implica   tratamento   periodontal,   endodôntico   e   elementos   de  
construção  
• Maior  esforço  (médico  e  doente)  para  manter  a  funcionalidade  
 
Indicações  
 
• Parâmetros   clínicos   –   estado   e   prognóstico   periodontal,   higiene   oral,  
estado  das  cristas  alveolares,  função  neuro-­‐muscular  
• Atitude   do   paciente   –   face   aos   seus   dentes   e   prótese,   capacidade   de  
colaboração  e  possibilidades  financeiras  
 
 
 

  31  
Assim,   perante   uma   dentição   reduzida,   a   construção   de   uma   sobredentadura  
está  indicada  quando:  
• Se  possa,  pelo  menos,  conservar  1  dente  
• Exista  uma  higiene  oral  suficiente  ou  que  possa  ser  aprendida  
• Prognóstico  de  prótese  total  desfavorável  (ex  atrofia  extrema  das  cristas  
alveolares,  xerostomia,  razões  psicológicas...)  
• Qualquer  outro  tratamento  lesaria  ainda  mais  os  dentes  residuais  
• Resultado   final   do   tratamento   (custo-­‐vantagem)   não   seria   melhor   com  
qualquer  outro  tipo  de  reabilitação  
 
Planificação    
 
Baseada  em  exame  clínico  e  radiológico  
 
• Fase  1  
o Determinação  dos  dentes  a  conservar  e  os  não  conserváveis  
• Fase  2  
o Determinação   da   vantagem   ou   necessidade   de   manter   os   dentes  
conserváveis.   Elaborar   propostas   de   tratamento,   que   devem   ser  
discutidas  com  o  paciente  
• Fase  3  
o Determinação  da  planificação  definitiva  com  relação  ao  número  de  
pilares   e   ao   tipo   de   construção.   A   decisão   definitiva   acerca   dos  
detalhes   construtivos   torna-­‐se   depois   da   última   prova   da   prótese  
em  cera.    
 
Em  certos  casos  não  se  chega  à  planificação  definitiva  porque  a  evolução  durante  
o   tratamento   prévio   não   aconselha   a   um   tratamento   com   sobredentadura.  
Voltamos  então  à  fase  2.    
 
A   determinação   da   necessidade   de   manter   um   dente   conservável   é   o   factor   de  
diagnóstico   e   de   planificação   mais   importante.   Como   ajuda   para   a   decisão  
podem-­‐se  suar  4  parâmetros  que  devem  relacionar-­‐se  com  o  estudo  clínico  real  
de  cada  dente  e  o  seu  prognóstico:  
• Importância  estratégica  do  dente.  Mede-­‐se  pela  influência  na  negativa  que  
a   sua   perda   teria   sobre   a   construção   protética   anterior.   Num   caso  
extremo,   esta   importância   deve-­‐se   medir   em   função   do   prognóstico   de  
uma  prótese  total  com  a  solução  alternativa  
• Carga  previsível  do  dente    
• Higiene  oral  
• Esforço  necessário  para  conservar  o  dente    
 
Assim  e  resumidamente:  
• Se  decisão  negativa  –  não  há  sobredentadura  
• Se   decisão   positiva   –   planificação   provisória,   tratamento   prévio,  
planificação  definitiva  
 
 

  32  
Cuidados  Posteriores  
 
Começam   imediatamente   após   a   inserção.   Incluem   medidas   protéticas  
(correcção   da   base   e   oclusão,   ajustes   nos   elementos   de   retenção),   prevenção   e  
tratamento  de  cáries  e  periodontite  (higiene  oral),  visitas  periódicas...  
 
O   tratamento   prévio   compreende   medidas   endodônticas,   periodontais   e  
cirúrgicas   da   mucosa   e   outras   que   criem   condições   histológicas   necessárias   apra  
o  posterior  tratamento  protético  com  sobredentadura.    
 
As   medidas   posteriores   servem   para   conservação   post-­‐inserção   a   longo   prazo,  
para   a   manutenção   do   estado   alcançado   por   intermédio   do   tratamento.  
Compreende   o   controlo   periódico   dos   pilares   das   próteses   e   dos   elementos   de  
retenção.   Terapeuticamente   inclui   o   tratamento   das   lesões   periodontais   e  
cariosas,  modificações  oclusais  e  alterações  funcionais.  Também  inclui  qualquer  
medida   cujo   objectivo   seja   a   manutenção   da   funcionalidade   da   prótese   e   dos  
elementos  de  retenção.    
 
Possibilidades  e  Elementos  de  Construção  
 
Segundo   a   forma   em   que   os   dentes   residuais   ou   as   raízes   existentes   estejam  
tratados,   assim   teráo   uma   mera   função   de   apoio   sobre   a   prótese   ou   servirão  
tanto   para   o   apoio   dentário   como   para   o   encaixe   da   sobredentadura.   A   análise  
custo-­‐benefício  influi  decisivamente  no  tipo  e  envergadura  da  construção,  assim  
como  na  preparação  necessária  dos  pilares.  
 
Elementos  de  Apoio  
• Mais   barato   e   simples   é   a   raiz   obturada   com   amálgama   ou   compósito  
depois  do  tratamento  endodôntico.    
• A   raiz   do   dente   pode   ser   coberta   com   uma   coroa   de   ouro   como   protecção  
contra   as   cáries.   Ajudam   à   conservação   do   perfil   da   crista   alveolar,  
ampliam   a   área   periodontal   de   apoio,   criando   assim   estatísticas   mais  
favoráveis  à  construção.  
• Por   não   experimentarem   forças   relevantes,   podem-­‐se   aproveitar   raízes  
com  periodonto  reduzido.  
 
Elementos  de  Retenção    
• Compõem-­‐se   de   duas   partes   separáveis,   o   macho   (Patrix)   e   a   fêmea  
(Matrix)  que  se  encaixa  e  rodeia  o  macho.  
• Na   maioria   dos   encaixes   (chamados   ocultos),   o   Patrix   como   encaixe  
primário   fica   unido   ao   pilar,   enquanto   que   o   matrix   como   encaixe  
secundário  une-­‐se  à  prótese  por  polimerização.  Os  mais  baratos  são  os  de  
fabricação   industrial,   embora   existam   os   de   fabricação   individual,  
elaborados  por  técnicos.    
• Têm  como  função  
o Apoio  da  prótese  sobre  os  dentes  e  raízes  residuais  
o Fixação  da  prótese  frente  a  forças  de  tracção  e  de  levantamento  
o Transmissão   axial   das   forças   mastigatórias   entre   o   periodonto  
residual  e  a  prótese  (transmissão  de  pressão)  

  33  
o Estabilização  e  bloqueio  do  periodonto  residual  
 
Um  elemento  de  retenção  pode  ser  rígido,  móvel  ou  elástico.    
• Elemento  de  retenção  rígido  
o Quando   rodeia   o   pilar   e   não   permite   nenhum   movimento   entre   o  
encaixe  e  a  prótese  depois  de  inserida.    
o Estão   indicados   nas   sobredentaduras   de   apoio   exclusivamente  
periodontal   ou   nas   sobredentaduras   e   apoio   parcialmente  
periodontal,   se   for   possível   nos   dentes   residuais   um   apoio  
suficientemente  estabilizado  
• Elemento  de  retenção  móvel  
o Quando   permitem   movimentos   rotatórios   da   prótese   sobre   o  
encaixe  em  uma  ou  mais  direcções.    
o Está   indicado   quando   uma   distribuição   topográfica   dos   dentes  
residuais   no   maxilar   possa   provocar   movimentos   basculantes  
prejudiciais  (elasticidade  elevada  ou  pouca  extensão  do  assento  da  
prótese)  e  nos  casos  em  que  só  é  possível  um  encaixe  muito  curto  
das  coroas  no  conduto  radicular  
o Basicamente   devem   eleger-­‐se   attachements   grandes   e   estáveis  
pois  permitem  uma  retenção  mais  segura  da  prótese  e  desgastam-­‐
se   menos   que   os   modelos   pequenos.   Em   caso   de   dúvida   deve-­‐se  
preferir  os  de  conexão  rígida.    
• Elemento  de  retenção  elástico  
o Permitem  movimentos  verticais.  
o Devem  evitar-­‐se  sempre  que  possível  (necessitam  de  mais  espaço,  
montagem  mais  complicada  e  aceleração  da  reabsorção  da  crista)  
o Estão   indicados   quando   existem   dentes   isolados   de   posição  
desfavorável,   o   que   dá   uma   grande   capacidade   de   compressão  
sobre  a  mucosa.  
o Necessitam  de  maior  controlo.    
 
Quando  se  deve  usar  encaixes  individuais  ou  barra  de  união?  
-­‐ Depende  principalmente  da  quantidade  e  distribuição  de  raízes  existentes  
e  do  seu  estado  periodontal.  
-­‐ Em  muitos  casos,  as  mesmas  expectativas  de  êxito  podem  ser  encontradas  
em   ambos   os   casos   e   a   eleição   de   uma   ou   de   outra   forma   depende   da  
experiência   anterior   do   profissional   e   das   suas   preferências   individuais.  
No  entanto,  devem  usar-­‐se:  
o Encaixes   individuais   (dentes   isolados,   arcadas   ou   maxilares  
atrofiados,   diastemas   extensos   quando   não   se   podem   cobrir   com  
barras,  distribuição  anormal  de  pilares  da  arcada)  
o Barra   (pilares   periodontais   de   Bels,   coroas   com   encaixe   curto   no  
conduto)  
 
 
 
 
 
 

  34  
Metodologia  Especial  do  Tratamento  
 
• Preparação  dos  Pilares  
o Para   coroa   telescópica,   coroa   radicular   e   em   pilares   com   raiz  
tratada,  apoio  sem  coroa,  coroa  radicular  e  pilares  para  elementos  
de  retenção  de  montagem  directa  
• Encurtamento  dos  dentes  
o Com   elemento   de   apoio   (a   1mm   do   nível   gengival   e,   se   suportar  
forças  laterais  a  3mm)  
o Para  coroa  radicular  (2mm  de  altura)  
• Forma  
o Forma   de   esfera   ou   cúpula   com   bordos   arredondados,   se   elemento  
de  apoio.  
o Preparação  radicular  do  dente  para  coroa  radicular    
 
Tratamento  Provisório  com  Sobredentadura  Imediata  
 
Deve   ser   realizado   depois   da   preparação   dos   pilares   ou   a   partir   da   preparação  
endodôntico  dos  dentes  
Por  vezes  necessitará  de  tratamento  prévio  periodontal  pois  a  prótese  apoia-­‐se  
sobre  os  futuros  pilares  encurtados.  
 
Indicações  
• Dentadura  incompleta  com  prótese  fixa  
• Dentadura  incompleta  sem  prótese  fixa  
• Dentadura  própria  quase  completa  e  sem  prótese  removível  
• Prótese   removível,   optando   por   esta   e   procedendo   às   correcções  
periódicas  e  necessárias  (rebasamento)  
 
O   tratamento   provisório   implica   planificação   meticulosa   e   uma   adequada  
preparação  do  paciente  para  esta  situação  provisória.  Só  podem  ser  usadas  por  
um   breve   período   de   tempo   para   não   danificar   o   periodonto   nem   a   dentina  
remanescente,  nem  ocasionar  defeitos  funcionais  de  oclusão.  
 
Tomada  de  Impressões  
 
Os   dentes   em   que   não   se   previu   colocar   coroa   ou   elemento   de   retenção,   não  
precisam  de  nenhuma  impressão  especial.  
Em  dentes  para  coroa,  a  impressão  deverá  ser  separada  (individual  ou  completa  
de   vários   pilares   com   elastómeros   que   incluem   as   zonas   desdentadas,   dentes   e  
coroas).  
Para  a  construção  de  uma  sobredentadura  dura  necessita-­‐se  de  uma  impressão  
global.  
 
Coroas  Radiculares  
 
Os   pilares   preparados   são   dotados   de   coroas   (geralmente   coroa   com   espigão)  
para  proteger  a  raiz  contra  a  cárie  poder  usar  elementos  de  construção.  Podem-­‐
se  usar,  em  vez  de  coroas,  elementos  de  montagem  directa  que  necessitam  de  um  

  35  
esforço   menor.   As   construções   com   barra   só   são   possíveis   com   coroas  
radiculares.  
Para  a  configuração  das  coroas  há  que  considerar  os  seguintes  aspectos:  
• Critérios  periodontais  
o Bordos  da  coroa  delgados,  lisos  e  acabar  exactamente  ao  nível  do  
limite  da  preparação  
o Na   zona   cervical   o   contorno   da   coroa   deve   reproduzir   a   forma  
original  do  dente.  Bordos  agudos  na  face  oclusal  
• Critérios  estetics,  funcionais  e  tecnológicos  
 
As   coroas   que   não   sejam   dotadas   de   elementos   de   construção   recebem   de   forma  
esférica  ou  de  cúpula.  Os  elementos  de  retenção  soldam-­‐se  à  coroa  na  última  fase  
de  construção  da  prótese.    
 
Estruturas  de  Reforço  Coladas  
 
A   forma   diferenciada   da   configuração   da   base   das   sobredentaduras   exige  
reforçar   estas   com   estruturas   metálicas   sobretudo   se   são   usados   elementos   de  
construção  (Debilitam  a  secção  do  corpo).  
Reforça-­‐se  a  base  sem  aumentar  o  corte  transversal  (caso  de  peça  metálica,  que  
pode  ser  pré-­‐fabricada  ou  não  de  estruturas  de  reforço  coladas  individualmente)  
 
 
   

  36  
 
A  doença  periodontal  é  uma  das  mais  antigas  doenças  conhecidas  pelo  homem.  
Está   largamente   distribuída   através   do   mundo.   Nenhuma   raça   está   imune   e  
nenhuma   região   está   livre   de   ampla   e   grande   incidência   da   doença   periodontal  
destrutiva  crónica.  
A   ptogénese   essencial   da   doença   não   está   bem   compreendida,   mas   muitas  
investigações   em   curso   estão   em   vias   de   alargar   significativamente   as   nossas  
áreas  de  conhecimento.  
A  terapêutica  deve  ainda  ser  efectuada  primariamente  numa  base  local.  Dentro  
destas   limitações,   fizeram-­‐se   progressos   tanto   na   prevenção   como   no  
tratamento.  
 
O  futuro  do  problema  é  a  prevenção.  
 

 
 
Em  qualquer  doença  destrutiva  crónica  em  que  os  tecidos  envolvidos  reagem  à  
placa  e  a  outros  factores  irritantes,  a  chave  da  prevenção  é  a  remoção  da  placa  
efectuada   diariamente   e   durante   toda   a   vida.   A   dependência   em   relação   ao  
esforço   dos   pacientes   é   admitida   como   um   factor   variável   e,   no   qual   não   se   pode  
ter  segurança.  As  medidas  de  saúde  pública  tais  como  as  vacinas  ou  outro  agente  
imunizante   seriam   muito   mais   efectivas   mas,   tal   agente   não   existe.   Portanto,  
temos   de   nos   contentar   com   medidas   menos   eficientes   e   exigir   mais   esforço  
pessoal   da   parte   do   paciente   no   uso   de   escovas   de   dentes   apropriadas   a   cada  
caso,  fio  dentário  e  outros  instrumentos  de  limpeza.  
 
O   reconhecimento   precoce   é,   como   em   todas   as   doenças   que   podem   ser  
prevenidas,   fundamental   para   uma   prática   óptima.   Aqui,   a   responsabilidade   é  
claramente  dos  profissionais  de  saúde.    
 
 
 

  37  
A   doença   periodontal   destrutiva   crónica   embora   apareça   frequentemente   em  
indivíduos   de   meia   idade   e   idosos,   crê-­‐se   actualmente   ter   origem   numa   idade  
precoce.  Têm  sido  detectadas  lesões  precoces  em  pacientes  jovens  e  mesmo  em  
crianças.    
O  periodontologista  e  o  ortodontista  deverão  alargar  o  âmbito  do  diagnóstico  e  
terapêutica  e  não  limitá-­‐lo  à  má  posição  dos  dentes.  Têm  a  responsabilidade  de  
descobrir  a  doença  periodontal,  preveni-­‐la  e  trata-­‐la  se  for  caso  disso.  
 
Os  objectivos  da  terapia  da  doença  periodontal  podem  ser  unidos  num  único  fim:  
Preservação  da  dentição,  em  estado  relativamente  saudável  durante  a  vida  do  
paciente.  
 
Factores  etiológicos  primários  à  Placa  Bacteriana  e  Cálculo  
 

 
 
Uma   adequada   higiene   oral   tem   sido   desde   há   muitos   séculos   recomendada  
como   uma   medida   preventiva   contra   as   doenças   dentárias.   Contudo,   o  
significado   dos   depósitos   dentários   para   o   desenvolvimento   da   doença  
periodontal   careceu   de   base   científica   até   que   foram   efectuados   estudos   bem  
delineados.   Estudos   epidemiológicos   mostraram   que   os   depósitos   dentários,  
quer  mineralizados,  quer  não,  são  o  factor  mais  importante  no  desenvolvimento  
da  doença  periodontal.  A  confirmar  esta  afirmação  foram  apresentados  estudos  
clínicos   nos   quais   a   gengivite   foi   experimentalmente   iniciada   através   da   abolição  
de   medidas   de   higiene   oral.   Quando   foi   reiniciada   a   prática   de   higiene   oral,   a  
inflamação   desapareceu   no   período   de   uma   semana,   restabelecendo-­‐se   a   saúde  
gengival.  
Estudos  em  animais  feitos  por  vários  autores,  indicam  que  a  doença  periodontal  
destrutiva  pode  desenvolver-­‐se  a  partir  de  gengivites  de  longa  duração.    
Apoiando   as   conclusões   recolhidas   em   estudos   epidemiológicos,   um   destaque  
adicional   para   o   papel   dos   depósitos   dentários   no   desenvolvimento   da   doença  
periodontal   no   homem,   derivou   de   estudos   em   que   a   progressão   da   doença  
periodontal   foi   marcadamente   retardada   pela   introdução   de   medidas   correctas  
de  higiene.    

  38  
Factores  patogénicos  na  etiologia  da  doença  periodontal  
 
Muitos   factores   etiológicos   secundários   são   resultado   de   procedimentos  
terapêuticos   deficientemente   executados,   que   uma   terapêutica   mais   cuidadosa  
poderia  evitar.  Entre  estes  
• Retracção   excessiva   da   gengiva   antes   de   tirar   impressões   com   silicone   ou  
alginato   com   a   consequente   introdução   e   retenção   de   material   de  
impressão  no  tecido  gengival  causando  abcessos  periodontais  
• Restaurações  com  excessos  
• Coroas  debordantes  
• Margens  supragengivais  vs  margens  subgengivais  
• Pontos  de  contacto  interproximais  mal  restaurados  
• Má  concepção  dos  elementos  intermediários  das  pontes  fixas  
• Terapêutica  ortodôntica  
o Reabsorção  de  cimento,  formação  de  fendas  gengivais,  necessidade  
de  ajustes  oclusais,  encerramento  de  diastemas  usando  elásticos  
• Falta   de   substituição   de   dentes   perdidos   com   desvios   e,  
consequentemente,  impactação  alimentar  
• Próteses  mal  planeadas  
 
Papel  do  diagnóstico  na  prevenção  da  doença  periodontal  
 
A   periodontite   não   é   um   processo   lento   e   contínuo,   mas   é   caracterizada   por  
surtos   de   actividade   que   ocorrem   casualmente   na   dentição   em   cada   altura.  
Menos  de  10%  das  bolsas  periodontais  profundas  experimentam  uma  adicional  
perda   de   ligamento.   É   essencial   definir   as   determinantes   da   interrelação  
hospedeiro-­‐bactéria   que   iniciam   a   perda   do   ligamento   periodontal   ou   que   levam  
à  detenção  de  uma  lesão  periodontal  já  em  desenvolvimento.    
É   agora   claro   que   as   bactérias   periodontais   podem   invadir   os   tecidos  
periodontais   sub-­‐epiteliais,   dado   que   a   invasão   bacteriana   do   periodonto   pode  
agravar   a   doença   pré-­‐existente.   As   estratégias   microbianas   para   vencer   os  
sistemas   de   células   fagocitárias   e   defesas   imunitárias   de   modo   a   permitir   a  
invasão   bacteriana   podem   ser   um   aspecto   crítico   da   patogénese   da   perioodntite.  
Os  dados  obtidos  sugerem  que  um  pequeno  número  de  microrganismos  assume  
um  significado  particular  em  várias  formas  de  periodontite  severa.  
O  Actinobacillus  foi  durante  algum  tempo  considerado  como  o  agente  patogénico  
da  periodontite  avançada.  Bacteróides  gengivalis  e  Bacteróides  intermedius  são  
também  microrganismos  importantes.    
No   caso   da   periodontite   do   adulto,   bacteróides   gengivalis   e   actinobacilus   são  
raramente   detectados   nos   focos   periodontais   em   remissão.   Bacteróides  
gengivalis,   intermedius   e   actinobacillus   estão   frequentemente   presentes   nas  
lesões  de  periodontite  onde  há  perda  de  ligamento.    
Estes   organismos   podem   ser   importantes   agentes   patogénicos   na   periodontite  
rebelde   do   adulto.   A   pesquisa   recente   sublinha   a   especificidade   bacteriana   na  
doença  destrutiva.    
 
 
 
 

  39  
Importância  da  Terapêutica  Periodontal  na  Prevenção  da  Perda  dos  Dentes  
 
Provavelmente   o   melhor   resultado   sobre   a   história   natural   da   doença  
periodontal   e   as   consequências   finais   da   doença   não   tratada   com   perda   de  
dentes,   foi   estudado   por   Marshall-­‐Days.   1200   indivíduos   foram   estudados   e   a  
“mortalidade”  dentária  aumentou  com  a  idade  como  se  segue:  
• Com  40  a  45  anos  de  idade  –  32%  tinham  doença  periodontal  destrutiva  
• Com  45  a  51  anos  de  idade  –  50%  tinham  doença  periodontal  destrutiva  
• Com  60  anos  de  idade  –  60%  dos  dentes  tinham  sido  perdidos  por  causa  
de  doença  periodontal  destrutiva  
• Com  40  –  45  anos  de  idade  –  5%  dos  indivíduos  eram  desdentados  
• Com  60  anos  de  idade  –  25%  dos  indivíduos  eram  desdentados  
 
Após  a  terapia  periodontal  segue-­‐se  um  programa  de  manutenção  que  deverá  ser  
orientado   durante   toda   a   vida   do   paciente.   Actualmente,   não   temos   meios  
práticos  para  prevenir  a  doença  periodontal  de  um  modo  maciço.  
 
Em   indivíduos   motivados   para   uma   cuidadosa   remoção   diária   da   placa,   a  
prevenção  é  possível.  O  cuidado  na  execução  dos  procedimentos  de  terapêutica  
dentária   prevenirá   significativamente   a   irritação   dos   tecidos   periodontais   e  
subsequente  doença.    
 
Quando   a   doença   existe,   a   terapêutica   periodontal   pode   tanto   retardar   como  
evitar  a  perda  dos  dentes.    
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  40  
 
Lesões  Brancas  
 
Gengivite  Descamativa  
 
• Localização  
o Gengiva  livre  e  inserida  
• Grupo  etário  
o Acima  dos  40  anos  de  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Múltiplas   áreas   brancas   que   são   removidas   pela   pressão   digital  
onde  surge  uma  mucosa  vermelha  inflamada  
• Tratamento  
o Apenas  sintomático  
o Podem  ser  usados  corticosteróides,  vitaminas  ou  até  cirurgia  
• Prognóstico  
o Regular  
 
Leucoplasia  
 
• Localização  
o Lesão   localizada   em   qualquer   área   da   mucosa   oral   mas   mais  
frequente  no  lábio,  língua  e  pavimento  
• Grupo  etário  
o Acima  dos  40  anos  de  idade  
• Sexo  
o Mais  acentuadamente  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   branca,   plana   ou   elevada,   áspera   ou   lisa,   por   vezes   ulcerada,  
de  tamanho  variável  e  não  pode  ser  removida  por  raspagem  
• Tratamento  
o Cirúrgico  com  excisão  ampla  e  margem  de  segurança  de  1mm  
• Prognóstico  
o As  lesões  ulcerosas  tornam-­‐se  carcinomas  de  células  escamosas.  Se  
a   excisão   for   total   o   prognóstico   é   bom.   O   prognóstico   é   mais  
favorável  no  lábio  e  mucosa  jugal  do  que  na  base  da  língua  ou  no  
pavimento.  
 
 

  41  
Carcinoma  in  situ  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  em  qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Mais  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Igual   à   leucoplasia,   excepto   nestes   casos   o   exame   microscópico   diz  
células   disqueratósicas   em   quase   todas   as   camadas   embora   a  
membrana  basal  esteja  intacta.  
o O  carcinoma  in  situ  difere  da  leucoplasia  apenas  em  grau  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  total  ampla  
• Prognóstico  
o Igual   ao   da   leucoplasia.   Prognóstico   somente   regular   nas   lesões   do  
pavimento  e  base  da  língua.  
 
Carcinoma  de  Células  Escamosas  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  no  lábio,  língua,  soalho  da  boca  e  bochechas  
• Grupo  etário  
o Idade  adulto  
• Sexo  
o Mais  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Pode  ser  plano,  elevado  ou  fissurado  
o Pode  estar  associado  com  o  aumento  do  nódulo  linfático  cervical  
• Aspectos  microscópicos  
o Numerosas   células   disqueratóticas,   muitas   das   quais   invadem  
tecidos  adjacentes.  A  membrana  basal  é  invadida.  
• Tratamento  
o Terapêutica   cirúrgica   com   ampla   excisão   e   margem   de   segurança  
lateral  e  profunda    
• Prognóstico  
o Mau  nas  lesões  do  pavimento  da  boca  e  base  da  língua    
 
Liquen  Plano  
 
• Localização  
o Localizado  na  mucosa  jugal  e  pode  aparecer  na  língua  ou  lábio  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
 

  42  
• Aspecto  clínico  
o Lesões   brancas   ou   branco-­‐acinzentadas   que   não   podem   ser  
removidas   por   raspagem   simples.   Podem   estar   associadas   com  
pápulas  crostosas  na  pele  
• Aspectos  microscópicos  
o Observam-­‐se   cones   epiteliais   em   “dente   de   serra”,   o   epitélio  
conjuntivo   mostra   infiltração   linfocitária   bem   demarcada   e   a  
membrana  basal  mostra  edema.  
• Tratamento  
o Não  há.  
o Remoção   do   tabagismo   e   alcoolismo   (regressão   das   lesões   em  
meses)  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Língua  Pilosa  Branca  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  exclusivamente  no  dorso  da  língua.  
• Grupo  etário  
o Na  idade  adulta  e  mais  tarde  
• Sexo  
o Predominância  pelo  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Alongamento   das   papilas   filiformes   em   forma   de   pelos   brancos   e  
longos.  
o Assintomática  ou  acompanhada  por  dor  e  aumento  da  língua  
• Aspectos  microscópicos  
o Observam-­‐se   acentuado   alongamento   das   papilas   filiformes,  
discreto  infiltrado  inflamatório  do  tecido  epitelial.  
• Tratamento  
o Nenhum  
o Escovagem  da  língua  várias  vezes  ao  dia  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Candidíase  
 
• Localização  
o Em  qualquer  área  em  qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Em   ambos   os   extremos   da   vida   e   em   pessoas   debilitadas   ou   com  
tratamento  antibiótico  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Manchas  múltiplas,  brancas,  semelhantes  a  coalho  do  leite  
o Pode  ser  raspada  mas  deixa  superfícies  sangrantes  

  43  
o Cura  espontaneamente  
• Aspecto  microscópico  
o Podem  ser  observados  numerosos  fungos  (C.  Albicans)  
• Tratamento  
o Administração  tópica  e  sistémica  de  nistatina  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Língua  Geográfica  
 
• Localização  
o Dorso  da  língua    
• Grupo  etário  
o Em  idades  adultas  
• Sexo  
o Predomina  no  feminino  
• Aspecto  clínico  
o Manchas  irregulares  e  vermelhas  de  descamação,  que  se  curam  de  
um  lado  e  se  propagam  do  outro  
• Aspecto  microscópico  
o As   áreas   de   descamação   mostram   perda   das   papilas   e   células  
inflamatórias  na  lâmina  própria  
• Tratamento  
o Não  há,  excepto  a  higienização  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Lesões  Vesiculares  
 
Úlcera  Aftosa  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se   em   qualquer   área   da   mucosa   oral,   excepto   na   porção  
anterior  do  palato  duro  e  gengiva  
• Grupo  etário  
o Mais  frequente  no  adulto  e  idoso  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  feminino    
• Aspecto  clínico  
o Vesícula  isolada  que  se  rompe,  deixando  úlcera.  Lesão  recorrente,  
mais  comum  na  “muda  de  folha”  
o O  stress  físico  e  emocional  são  factores  contributivos  
• Tratamento  
o Bochechos  com  tetraciclinas  3  a  4  vezes  ao  dia  
• Prognóstico  
o Bom    
 
 

  44  
Herpes  Zoster  (Zona)  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  no  lábio,  mucosa  jugal,  língua  e  palato  mole  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Úlceras   que   acompanham   a   área   do   nervo   sensitivo,   as   vesículas  
rompem-­‐se  deixando  úlceras  
• Tratamento  
o Sintomático  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Pênfigo  Vulgar  
 
• Localização    
o Em  qualquer  área  da  mucosa  oral  e  pele  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idosos  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o As   lesões   orais   consistem   em   múltiplas   bolhas   que   podem  
acompanhar  as  lesões  da  pele.  
o As  bolhas  rompem  rapidamente  deixando  úlceras  dolorosas.  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se  degeneração  de  células  epiteliais,  edema  subvesicular  e  
inflamação  
• Tratamento  
o Sintomático    
• Prognóstico  
o Desfavorável  (fatal  em  50%  dos  casos)  
 
Pênfigo  Benigno  (Penfigóide)  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  em  qualquer  área  da  mucosa  oral  e  conjuntiva  ocular  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesões   bolhosas   que   se   tornam   úlceras   em   pacientes   com   bom  
estado  geral  
 

  45  
• Tratamento  
o Sintomático  
• Prognóstico  
o Bom,  mas  as  lesões  oculares  podem  causar  cegueira  
 
Ulcerações  da  Mucosa  Oral  
 
Úlcera  Traumática  
 
• Localização  
o Em   qualquer   área   da   mucosa   oral,   relacionada   com   prótese   na  
mucosa  vestibular,  cristas  e  palato  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Geralmente   é   uma   lesão   solitária   de   curta   duração   de   causa  
aparente  
• Tratamento  
o Remoção  da  causa  e  sintomático  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Gengivite  Descamativa  
 
• Localização  
o Gengiva  
• Grupo  etário  
o Idade  pos-­‐menopausa  
• Sexo  
o Predominantemente  feminino  
• Aspecto  clínico  
o Geralmente   múltiplas   áreas   de   mucosa   cinza,   necrótica   que   se  
desprende  deixando  úlceras  superficiais    
• Tratamento  
o As   lesões   são   refractárias   ao   tratamento   embora   a   doença   não  
ponha  em  risco  a  vida  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 
 

  46  
Granuloma  Eosinófilo  
 
• Localização  
o Gengiva  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predominantemente  masculino    
• Aspecto  clínico  
o Ulceração,  necrose,  dor,  mobilidade  dentária,  hálito  fétido  
• Tratamento  
o Cirúrgico  
• Prognóstico  
o Variável,  pois  se  as  lesões  regridem,  outras  progridem  
 
Liquen  Plano  Erosivo  
 
• Localização  
o Mucosa  jugal  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesões  solitárias  ou  múltiplas  
o Apresentam-­‐se  como  úlceras  superficiais  ao  redor  da  qual  se  vêm  
linhas  ou  placas  esbranquiçadas  do  tipo  usual  do  líquen  plano  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se   ulceração   e   densa   infiltração   linfocitária   das   camadas  
superiores  da  mucosa  
o Epitélio  com  cristas  em  “dente  de  serra”  
• Tratamento  
o Nenhum  
o Apenas  sintomático  e  cura  espontânea  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Lesões  Herpéticas  Secundárias  
 
• Localização  
o Lábios,  palato  duro  e  gengiva  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  

  47  
o As  lesões  começam  com  prurido,  seguido  por  áreas  avermelhadas  
e   formação   de   vesículas   que   se   rompem   deixando   úlceras:  
limitadas  a  uma  área.    
o Dolorosas,   associadas   a   trauma,   menstruação   e   distúrbios  
psicossomáticos  
• Tratamento  
o Sintomático  
o As  lesões  curam-­‐se  em  cerca  de  2  semanas  mas  podem  reaparecer  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Candidíase  
 
Úlcera  Aftosa  
 
Herpes  Zoster  
 
Pênfigo  Vulgar  
 
Pênfigo  Benigno  
 
Carcinoma  de  Células  Escamosas  
 
Linfomas  e  Leucemias  
 
• Localização  
o Gengival  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Os  linfomas  primários  podem  começar  na  boca  
o Tecidos  orais  invariavelmente  infiltrados  nas  leucemias.    
o Crescimento  gengival  generalizado  com  ulcerações  múltiplas.  
o Hálito  fétido  e  mobilidade  dentária  
• Tratamento  
o Nos   linfossarcomas   –   excisão   ampla   embora   sejam   frequentes   as  
recorrências  e  as  metástases  
o Nas  leucemias,  o  tratamento  é  apenas  sintomático  
• Prognóstico  
o Desfavorável  
 
 
 
 
 
 
 

  48  
Placas  Mucosas  (Sífilis)  
 
• Localização  
o Qualquer  zona  da  mucosa  oral  
• Idade  
o Adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Numerosas   úlceras,   pequenas,   rasas,   com   superfície   cinza,  
usualmente  associadas  com  erupção  cutânea.  
o Instalam-­‐se  com  febre,  mau  estar  e  dores  de  garganta  
• Aspectos  microscópicos  
o Numerosas  espiroquetas  
• Tratamento  
o Somente  local  e  sintomático  
• Prognóstico  
o Bom    
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  49  
Lesões  Pigmentadas  na  Cavidade  Oral  
 
Lingua  Pilosa  Negra  
 
• Localização  
o Dorso  da  língua  
• Grupo  etário  
o Adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  Clínico  
o Aparência  pilosa  entre  o  castanho  e  o  negro  no  dorso  da  língua  
• Aspecto  microscópico  
o Hipertrofia   das   papilas   filiformes   e   inflamação   da   mucosa  
subjacente  
• Tratamento  
o Escovagem  frequente  da  língua  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Tatuagem  por  Amálgama  
 
• Localização  
o Qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Pigmentação   pouco   extensa,   negra   ou   azulada,   geralmente   na  
vizinhança  de  uma  restauração  a  amálgama  
• Tratamento  
o Excisão,  se  necessário  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Doença  de  Addison  
 
• Localização  
o Mais  na  mucosa  jugal  e  gengiva  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Manchas   pigmentadas,   castanho-­‐acinzentadas   ou   negras  
associadas   com   pigmentação   cutânea   e   outras   manifestações  
sistémicas  da  doença.  

  50  
• Aspecto  microscópico  
o Pigmento  melânico  na  camada  basal  do  epitélio  
• Tratamento  
o Nenhum  para  as  orais  
• Prognóstico  
o Reservado  
 
Melanoma  
 
• Localização  
o Mucosas  da  maxila,  mandíbula,  mucosa  jugal  e  pavimento  da  boca  
(ordem  decrescente  de  frequência)  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Masculino  é  duas  vezes  mais  frequente  que  feminino  
• Aspecto  clínico  
o Área   de   pigmentação   que   aumenta   de   tamanho   em   semanas   ou  
anos.    
o Pode  ser  elevado  ou  não.  Indolor  
o Nos   estágios   avançados   existe   ulceração,   destruição   do   osso   e  
mobilidade  dentária  
o Evidência  de  metástases  nos  nódulos  ou  ossos  
• Tratamento  
o Excisão   cirúrgica   ampla   com   intervenção   cervical   radical,   se  
indicada  
• Prognóstico  
o Grave  
 
Pigmentação  no  Estado  Pós-­‐Menopausa  
 
• Localização  
o Mucosa  gengival  aderente  
• Grupo  etário  
o Adulto  
• Sexo  
o Feminino  
• Aspecto  clínico  
o Pigmentação  castanha  ou  negra  na  gengiva  aderente  
• Aspecto  microscópico  
o Pigmento  de  melanina  na  camada  basal  do  epitélio  
• Tratamento  
o Não  existe  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 

  51  
Varicosidades  
 
• Localização  
o Superfície  ventral  da  língua  
• Grupo  etário  
o Idades  avançadas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Áreas  azuladas  que  podem  empalidecer  sob  pressão  
o Veias  dilatadas  
• Tratamento  
o Não  existe,  excepto  quando  são  grandes,  em  que  se  faz  excisão  
• Prognóstico  
o Bom    
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  52  
 
Tumores  Firmes  Não  Hemorrágicos    
 
Fibromatose  
 
• Localização  
o Gengiva  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Crescimentos  múltiplos  e  generalizados  da  gengiva  
o Lesões  firmes  de  superfície  lisa  
o Cobrem  parte  dos  dentes  e  podem  causar  migração  dentária.  
o São  de  longa  duração  e  podem  ser  hereditários  
• Aspecto  microscópico  
o Crescimento  que  consiste  inteiramente  de  colagénio,  recoberto  por  
epitélio  escamoso  estratificado  
• Tratamento  
o Gengivectomia  
o Raspagem  
o Recorrência  comum  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Tórus  (Exostose)  
 
• Localização  
o Linha  média  do  palato  e  região  lingual  dos  pré-­‐molares  inferiores  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  feminino  
• Aspectos  clínicos  
o Crescimento   nodular   duro,   na   linha   mediana   do   palato   (Tórus  
Palatino),  na  superfície  lingual  da  mandíbula,  na  região  pré-­‐molar  
(Tórus  Mandibular).  
o São  de  longa  duração  e  crescimento  lento  
• Aspecto  microscópico  
o Lesão   exofítica   com   periferia   de   osso   cortical   e   centro   de   osso  
trabecular  com  medula  fibrosa.  
o Toda  a  lesão  é  recoberta  por  mucosa  normal  

  53  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Fibroma  
 
• Localização  
o Em   qualquer   área   da   mucosa   oral,   em   especial   na   mucosa   jugal,  
língua  e  lábio  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idoso  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Crescimento   elevado,   de   longa   duração,   solitário,   firme,   de  
superfície   lisa,   usualmente   associado   com   algum   trauma   local  
suave  e  persistente.  
• Tratamento  
o Excisão  local  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Fibroma  Periférico  
 
• Localização  
o Gengiva  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  firme  ou  endurecida,  solitária  
o Pode  ter  superfície  lisa  ou  grosseiramente  lobulada  
• Aspecto  microscópico  
o Tumor  recoberto  por  epitélio  escamoso  estratificado  
• Tratamento  
o Excisão  local  é  a  cura  
o Lesão  pode  recidivar  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 

  54  
Mixoma  
 
• Localização  
o Qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o O  verdadeiro  mixoma  da  cavidade  oral  é  raro.  
o Os   “mixomas”   são   fibromas   com   degeneração   mixomatosa,   lesões  
pedunculadas  de  longa  duração.  
• Aspecto  microscópico  
o As   lesões   mostram   tecido   conjuntivo   denso   com   áreas   de  
degeneração  mixomatosa  
• Tratamento  
o Exérese  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Neurofibroma  
 
• Localização  
o Língua,  lábio,  palato  e  mucosa  jugal  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   profunda   e   livremente   móvel,   solitária,   excepto   na  
neurofibromatose   múltipla,   na   qual   são   comuns   lesões   múltiplas  
da  pele  e  língua  
o São  de  longa  duração  e  superfície  lisa  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  55  
Lipoma  
 
• Localização  
o Mucosa  jugal  e  pavimento  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tumor   raro   de   coloração   amarela   ou   normal,   pedunculado   ou  
profundo  e  de  longa  duração  
• Aspecto  microscópico  
o Tumor   é   geralmente   circunscrito   e   constituído   por   células  
adiposas  normais  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Mioblastoma  de  Células  Granulosas  
 
• Localização  
o Língua  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  elevada,  séssil  ou  profunda  e  de  longa  duração  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 

  56  
Sialadenite  
 
• Localização  
o Pavimento  da  boca  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predominantemente  masculino  
• Aspecto  clínico  
o História   de   dor   e   tumefacção   na   área   da   glândula   submaxilar,  
associada  invariavelmente  com  a  ingestão  de  alimentos.  
o Por  vezes  visualiza-­‐se  um  cálculo  que  corresponde  a  um  aumento  
firme  e  duro  na  área  das  glândulas  submaxilar  e  sublingual.  
• Tratamento  
o Excisão  com  marsupialização  do  canal  excretor  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Tumor  das  Glândulas  Salivares  
 
• Localização  
o Palato,  lábio,  mucosa  jugal  e  língua  (por  esta  ordem  de  frequência)  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Há  vários  tipos  de  tumor  
o São  lesões  elevadas  ou  profundas  e  de  longa  duração  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  ampla  
• Prognóstico  
o Depende  do  tipo  de  tumor  
 
 

 
 
 
 

  57  
Tumores  Hemorrágicos  
 
Abcesso  Periodontal  ou  Gengival  
 
• Localização  
o Habitualmente  na  gengiva  ou  mucosa  alveolar  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Crescimento   solitário,   mole,   vermelho   e   circunscrito   à   gengiva   ou  
mucosa  alveolar.  
o Se   for   drenado   apresenta   conteúdo   purulento   e   está   associado   a  
doença  periodontal  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se   tumefacção   recoberta   por   epitélio   escamoso  
estratificado  e  é  constituído  por  um  aglomerado  purulento  
• Tratamento  
o Drenagem   cirúrgica   e   correcção   do   distúrbio   periodontal   que   é   a  
causa  primária  
• Prognóstico  
o Bom    
 
Granuloma  Eosinófilo  
 
• Localização  
o Habitualmente  na  mucosa  gengival  do  maxilar  ou  da  mandíbula  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Predominantemente  masculino  (5  :  1)  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  mole,  normalmente  associada  com  lesão  óssea  subjacente  
o Tumefacção,  ulceração,  necrose  e  dor  na  gengiva  envolvida  
o Causa  mobilidade  dentária  e  hálito  fétido  
• Aspecto  microscópico  
o Existe   infiltração   característica   da   área   envolvida   por   densos  
agregados  de  leucócitos  eosinófilos  
• Tratamento  
o Remoção  cirúrgica  ou  por  pequenas  doses  de  radiação  
• Prognóstico  
o Variável,   pois   há   lesões   que   regridem   ou   não   recidivam   após   a  
excisão  e  há  outras  que  progridem  ou  recidivam  
 
 
 
 

  58  
Epúlide  Fissurada  ou  Hiperplasia  Traumática  
 
• Localização  
o Região  vestibular  do  maxilar  e  mandíbula  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idoso  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tecido   vermelho   e   exuberante   no   sulco   muco-­‐gengival   ou   lábio-­‐
gengival,  associado  a  próteses  mal  ajustadas.  
o Pode  estar  ulcerado  e  possui  uma  goteira  onde  a  prótese  assenta  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se  tecido  conjuntivo  com  infiltração  densa  plasmocitária  e  
linfocitária.  
o A   superfície   é   recoberta   por   epitélio   escamoso   estratificado   que  
pode  estar  ulcerado.  
• Tratamento  
o Remoção  e  correcção  das  próteses  mal  adaptadas  
o Excisão  cirúrgica  se  o  tecido  for  volumoso.  
o Nas   lesões   “minor”,   a   simples   remoção   da   prótese   faz   regredir   as  
lesões  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Granuloma  de  Células  Gigantes  
 
• Localização  
o Na  gengiva  e  nas  papilas  interdentárias.  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Cerca  de  2  vezes  mais  frequente  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   pedunculada   ou   de   base   larga,   lisa   ou   não,   hemorrágica,  
sangra   facilmente,   duração   de   semanas   a   meses   e   ocorre   muitas  
vezes  após  extracções  dentárias.  
• Aspecto  microscópico  
o Tumor   composto   por   muitos   vasos   sanguíneos   pequenos,  
abundantes  fibroblastos  e  muitas  células  gigantes  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 

  59  
Granuloma  Piogénico  
 
• Localização  
o Preferencialmente   na   gengiva   e   língua   mas   pode   aparecer   em  
qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tumor   hemorrágico,   pedunculado   ou   séssil,   de   superfície   lisa   ou  
lobulada,   que   sangra   facilmente   e   muitas   vezes   apresenta   uma  
crosta  de  sangue.  
o Pode  ter  um  aspecto  de  amora  e  tem  uma  duração  de  semanas  ou  
meses  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
o Se  a  excisão  for  incompleta  recidiva  frequentemente  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Carcinoma  de  Células  Escamosas  
 
• Localização  
o Qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tumor  de  tecido  mole,  crescimento  rápido  e  que  sangra  facilmente  
o Dentro   dos   tumores   malignos   da   cavidade   oral,   este   tipo   de  
carcinoma  é  o  mais  comum.  
• Tratamento  
o Excisão   cirúrgica   ampla   da   lesão   primária   juntamente   com   os  
crescimentos  metastáticos  
• Prognóstico  
o Reservado  (grave)  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  60  
Linfomas  e  Leucemias  
 
• Localização  
o Gengiva  habitualmente  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Os  linfomas  podem  ser  primitivos  e  na  cavidade  oral  apresentam-­‐
se  como  úlceras  ou  tumores  hemorrágicos  de  longa  duração.  
o As   leucemias   invariavelmente   produzem   aumentos   generalizados  
da   gengiva   podendo   posteriormente   ulcerar   e   sangrar   com  
facilidade.  
• Tratamento  
o No   caso   de   linfomas,   excisão   cirúrgica,   embora   com   recidivas   e  
disseminação  frequentes  
o Nas  leucemias  é  apenas  sintomático  
• Prognóstico  
o Reservado  (grave)  
 
Tumores  Comprimíveis  dos  Tecidos  Moles  
 
Mucocelo  
 
• Localização  
o Habitualmente   no   lábio   e   língua   mas   também   pode   aparecer   em  
qualquer  outra  área  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   solitária,   vesiculosa,   compressível,   translúcida,   por   vezes  
azul  com  uma  semana  ou  mais  de  duração.  
o Rompe  espontaneamente  eliminando  secreção  mucoide  e  recidiva  
com  frequência    
• Aspecto  microscópico  
o Quisto  contendo  muco  e  forrado  por  tecido  de  granulação  
• Tratamento  
o Excisão  focal  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 

  61  
Quisto  Mucoso  
 
• Localização  
o Pavimento  da  boca  sendo  menos  frequente  na  mucosa  jugal,  lábio  
e  língua  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  rara,  semelhante  ao  mucocelo  
• Aspecto  microscópico  
o Quisto  contendo  muco  e  forrado  por  epitélio  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Rânula  
 
• Localização  
o Pavimento  da  boca  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Aumento   compressível   do   pavimento   da   boca   que   pode   elevar   a  
língua   e   interferir   com   a   dicção   e   está   associado   à   glândula  
submandibular.  
• Aspecto  microscópico  
o Grande   quisto   contendo   muco   com   revestimento   de   tecido   de  
granulação  
• Tratamento  
o Excisão  ou  marsupialização  
• Prognóstico  
o Bom    
 

  62  
 
Quisto  Gengival  
 
• Localização  
o Gengiva  vestibular,  na  área  do  canino  e  pré-­‐molar  inferior  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  rara,  pequena,  assintomática  e  compressível  
o Na  radiográfica  pode-­‐se  ver  uma  pequena  radiotransparência.  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se  quisto  forrado  de  epitélio  escamoso.  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Quisto  Nasopalatino  
 
• Localização  
o Lábio  superior  e  base  da  narina  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Crescimento   compressível   de   tecido   mole   no   lábio   superior   e   pode  
causar  reabsorção  óssea  periodontal  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 

   
 
 
 
 
 

  63  
Quisto  Epidermóide  
 
• Localização  
o Pavimento  ou  em  qualquer  outra  área  da  cavidade  oral  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idosos  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Aumento   compressível   do   pavimento,   elevando   a   língua  
interferindo  com  dicção,  de  crescimento  lento  e  longa  duração.  
• Aspecto  microscópico  
o Quisto   contém   queratina   e   é   forrado   por   epitélio   estratificado  
queratinizado.  
o A   parede   do   quisto   pode   conter   glândulas   sebáceas   e   folículos  
pilosos.    
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Linfangioma  
 
• Localização  
o Língua  e  mucosa  jugal  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Múltiplas   excrescências   vesiculosas,   compressíveis,   translúcidas,  
de  longa  duração  e  assintomáticas.  
o As  lesões  da  língua  podem  provocar  macroglossias  e  interferir  com  
a  dicção  e  deglutição.  
• Aspecto  microscópico  
o Numeros   espaços   grandes   de   paredes   delgadas   que   contêm   linfa  
clara  e  homogénea  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 

  64  
Tumores  Papilares  
 
Leucoplasia  Verrucosa  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  em  qualquer  área  da  mucosa  oral.  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idoso  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  branca,  áspera,  elevada  e  solitária  
• Aspecto  microscópico  
o Apresenta   um   epitélio   pregueado   com   hiperqueratose   e  
disqueratose  sem  invasão  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  ampla  
• Prognóstico  
o Bom  nas  lesões  do  lábio    
 
Papiloma  
 
• Localização  
o Qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   pedunculada,   branca,   em   forma   de   couve-­‐flor   e   de   longa  
duração  
• Aspecto  microscópico  
o Lesão   papilar   com   revestimento   de   epitélio   escamoso   estratificado  
que  pode  ser  queratinizado  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  pela  base  
• Prognóstico  
o Bom    
 

  65  
Hiperplasia  Pseudo-­‐Epiteliomatosa  
 
• Localização  
o Lábio  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idoso  
• Sexo  
o Mais  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  verrucosa,  áspera  que  cresce  rapidamente  até  cerca  de  1cm  
de  tamanho  e  de  duração  de  poucas  semanas.  
o Imita  muito  bem  o  carcinoma  de  células  escamosas  
• Aspecto  microscópico  
o Epitélio  pregueado  e  queratinizado  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  
• Prognóstico  
o Bom  havendo  por  vezes  regressão  espontânea    
 
Hiperplasia  Papilar  Inflamatória  
 
• Localização  
o Palato  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  e  idoso  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão  associada  a  próteses  mal  adaptadas  no  palato  
o São   múltiplas   papilas   na   mucosa   devido   a   impactação   dos  
alimentos  entre  as  papilas.  
o É  frequente  a  inflamação  e  a  área  apresenta-­‐se  vermelha  
• Aspecto  microscópico  
o Cada   papila   consiste   em   tecido   conjuntivo   infiltrado   por  
plasmócitos   e   linfócitos   revestidos   por   epitélio   escamoso  
estratificado,  hiperplásico  
• Tratamento  
o Remoção  e  correcção  da  prótese  mal  adaptada  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 
 

  66  
Carcinoma  Verrucoso  
 
• Localização  
o Crista  alveolar  e  palato  
• Grupo  etário  
o Idade  avançada  
• Sexo  
o Masculino  
• Aspecto  clínico  
o Crescimento  exofítico,  branco  em  couve-­‐flor.  
o Os  doentes  são  usualmente  mascadores  de  tabaco.  
• Aspecto  microscópico  
o Lesão  é  constituída  por  epitélio  pregueado  e  queratinizado.  
o O  tecido  conjuntivo  subjacente  está  invadido  por  células  tumorais.  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  ampla  
• Prognóstico  
o Reservado  
 

 
 
 
 

  67  
 
Lesões  Radiotransparentes  dos  Maxilares  
 
• Lesões  no  Ápex  do  Dente  
o Granuloma  Apical  
o Quisto  Radicular  
o Quisto  Residual  
o Abcesso  Periapical  
o Cicatriz  Apical  
• Lesões  na  Linha  Média  da  Maxila  
o Quisto  Palatino  Mediano  
o Quisto  Mediano  Alveolar  
o Quisto  Globulo-­‐Maxilar  
o Quisto  do  Canal  Incisivo  
• Lesões  no  Lugar  de  Dente  Ausente  
o Quisto  Primordial  
• Lesões  ao  Redor  da  Coroa  de  um  Dente  Incluso  
o Quisto  Dentígero  
o Ameloblastoma  
• Radiotransparência  em  Forma  de  “Bolha  de  Sabão”  
o Quisto  Multilocular  
• Lesões  Radiotransparentes  Múltiplas,  mas  Separadas  
o Mieloma  Múltiplo  
o Granuloma  Eosinófilo  
o Hiperparatiroidismo  
o Tumores  Metastáticos    
• Lesões  que  Destroem  a  Lâmina  Cortical  
o Tumores  Metastáticos  
o Tumores  Malignos  Primários  
• Radiotransparências  Diversas  
o Quisto  Periodontal  Lateral  
o Osteomielite  
o Osteoporose  Fisiológica    
 
Lesões  Radiopacas  dos  Maxilares  
 
• Cimentoma  
• Odontoma  Composto  
• Fibroma  Ossificante  
• Osteoma  e  Tórus  
• Condrossarcoma  
• Tumores  Metastáticos  
• Doença  de  Paget  (Osteíte  Deformante)  

  68  
• Osteíte  Condensate  
• Fragmentos  de  Raízes  e  Corpos  Estranhos  
• Metástases  de  Carcinomas  da  Próstata  e  Mama    
 
Lesões  Radiotransparentes    
 
Granuloma  Apical  
 
• Localização  
o Localiza-­‐se  em  ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Surge  em  qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiotransparência   circunscrita,   assintomática   no   ápex   de   um  
dente  desvitalizado  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se   tecido   conjuntivo   com   plasmócitos,   linfócitos   e  
neutrófilos  
• Tratamento  
o Endodontia  ou  exodontia  do  dente  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Quisto  Radicular  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Em  qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Os  mesmos  do  granuloma  
• Aspecto  microscópico  
o Cavidade   quística   forrada   com   epitélio   escamoso   estratificado.   A  
parede   é   formada   de   tecido   conjuntivo   contendo   plasmócitos,  
linfócitos  e  células  espumosas.    
• Tratamento  
o Endodontia  com  ou  sem  apicectomia  ou  exodontia  do  dente  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 

  69  
Quisto  Residual  
 
• Localização  
o Zona  desdentada,  apical  onde  se  efectuou  uma  exodontia  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área  radiotransparente,  normalmente  solitária  e  bem  circunscrita,  
assintomática,  localizada  num  espaço  desdentada.  
o Há  sempre  uma  história  de  exodontia  na  área.  
o O  quisto  residual  representa  um  quisto  radicular  não  curetado  no  
maxilar  após  exodontia  do  dente  afectado  
• Tratamento    
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Abcesso  Periapical  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiotransparência   solitária,   densa   ou   razoavelmente   bem  
circunscrita,  tumefacção  avermelhada.  
o A  dor  e  a  febre  pode  ser  sintomas  associados.  
o Um   ou   mais   dentes   na   área   estão   não   vivos   e   o   dente   proximal   é  
muito  sensível  à  percussão.  
• Tratamento  
o Drenagem  cirúrgica  e  posterior  exodontia  do  dente  responsável  
• Prognóstico  
o Bom  
 

 
 

  70  
Cicatriz  Apical  
 
• Localização  
o Área  apical  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Observa-­‐se   num   dente   com   obturação   de   um   canal   e   com  
apicectomia  previamente  realizada,  assintomático  
• Aspecto  microscópico  
o Existe  tecido  cicatricial  denso.  
• Tratamento  
o Não  há  tratamento  neste  caso  
• Prognóstico  
o Bom    
 

 
 
Quisto  Palatino  Mediano  
 
• Localização  
o Apenas  na  linha  média  do  palato  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área   de   radiotransparência   solitária   na   linha   média   do   palato,  
posterior   à   papila   incisiva,   assintomática   ou   pode   causar  
tumefacção  do  palato.  
• Aspecto  microscópico  
o Quisto   é   revestido   por   epitélio   escamoso   estratificado   ou  
respiratório.  
• Tratamento  
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom  
 

  71  
Quisto  Mediano  Alveolar  
 
• Localização  
o Anteriormente  à  papila  incisiva  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área   radiotransparente   solitária   e   circunscrita   na   zona   anterior   da  
linha  média  do  palato,  assintomática  ou  pode  causar  tumefacção.  
o Os  dentes  vizinhos  têm  vitalidade.    
• Tratamento  
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom    
 
Quisto  Globulomaxilar  
 
• Localização  
o Entre  o  incisivo  lateral  e  o  canino  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiotransparência  solitária,  piriforme,  entre  o  incisivo  lateral  e  o  
canino.  
o O  colo  da  pêra  orienta-­‐se  em  direcção  às  coroas  dos  dentes.  
o O  quisto  causa  divergência  entre  as  raízes  dos  dentes  
o Pode  causar  tumefacção  quer  no  palato,  quer  no  vestíbulo.  
o Os  dentes  têm  vitalidade  
• Tratamento  
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  72  
Quisto  do  Canal  Incisivo  
 
• Localização  
o Atrás  dos  dentes  anteriores  da  maxila  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área   solitária   de   radiotransparência,   circunscrita   por   vezes   em  
forma  de  coração,  atrás  dos  incisivos  superiores    
• Aspectos  microscópicos  
o Formado   por   tecido   conjuntivo   com   conteúdo   de   nervos   e  
glândulas  mucosas  
• Tratamento  
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom  
 

 
 
Quisto  Primordial  
 
• Localização  
o Mandíbula,  em  especial  na  região  do  1º  pré-­‐molar  e  3º  molar    
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área  radiotransparente,  solitária,  bem  circunscrita,  assintomática  
o O  quisto  surge  no  lugar  de  um  dente  normal  ou  supranumerário  
• Tratamento  
o Enucleação  
• Prognóstico  
o Bom    
 
 

  73  
Quisto  Dentígero  
 
• Localização  
o Habitualmente   nas   áreas   dos   3º   molares   inferiores   e   canino  
superior  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área   radiotransparente   solitária,   bem   definida,   associada   à   coroa  
de  um  dente  normal  ou  supranumerário  não  erupcionado.  
o Existe  aumento  do  maxilar  e  migração  dos  dentes  
• Aspecto  microscópico  
o Parede  é  de  tecido  conjuntivo  e  pode  mostrar  focos  de  proliferação  
ameloblástica  
• Tratamento  
o Enucleação  e  curetagem  
o Deve   ser   sistemática   e   completa   pois   podem   surgir  
ameloblastomas  nestes  dentes  
• Prognóstico  
o Bom  
o Razoável  
 
Ameloblastoma    
 
• Localização  
o Mandíbula,   em   especial   na   porção   posterior   do   corpo   ou   ramo  
ascendente  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas,  acima  dos  30  anos  de  idade  
• Sexo  
o Masculino  
• Aspecto  clínico  
o Área   radiotransparente   solitária   ou   multiquística,   em   “bolhas   de  
sabão”,  de  longa  duração,  crescimento  lento.  
o Assintomática  ou  pode  causar  acentuado  aumento  e  deformidade,  
existe  migração  dentária.  
o Raramente  há  destruição  das  corticais  ósseas.  
o Os  dentes  vizinhos  têm  vitalidade  
• Aspecto  microscópico  
o Observam-­‐se   ilhotas   e   cordões   de   epitélio   com   células   cilíndricas  
na  periferia  e  células  centrais  que  lembram  o  retículo  estrelado.  
• Tratamento  
o Depende,  pode  ir  de  marsupialização  à  excisão  local  conservadora  
ou   ressecção   radical   de   uma   parte   da   mandíbula   com   enxerto  
ósseo  da  costela  ou  osso  ilíaco  
 

  74  
• Prognóstico  
o Varia   de   bom   a   razoável,   pois   a   recorrência   é   frequente,   embora  
não  metastize.    
 
Quisto  Multilocular  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Adultos  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Extremamente   raro   e   consiste   numa   radiotransparência  
multiquística  em  “bolhas  de  sabão”.  
o Existe  abaulamento  do  maxilar  e  cortical  óssea  está  intacta.    
• Aspecto  microscópico  
o Quistos  múltiplos  formados  por  epitélio  estratificado,  muitas  vezes  
queratinizado  
• Tratamento  
o Curetagem  
• Prognóstico  
o Bom,  mas  pode  recidivar  
 
Mieloma  Múltiplo  
 
• Localização  
o Mandíbula,  em  especial  na  área  do  molar  e  pré-­‐molar,  no  ângulo  e  
ramo  ascendente  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Em   cerca   de   1/3   dos   doentes,   os   maxilares   estão   envolvidos   e   a  
lesão   maxilar   pode   ser   a   primeira   manifestação.   São   múltiplas  
áreas  de  completa  radiotransparência.  
o Pode   haver   dor,   pressão,   parestesia,   tumefacção   e   mobilidade  
dentária.    
• Aspecto  microscópico  
o A  lesão  corresponde  a  uma  densa  massa  de  plasmócitos  
• Tratamento  
o Cirurgia  com  radiação  
• Prognóstico  
o Reservado  (grave)  
 
 
 

  75  
Granuloma  Eosinófilo  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Áreas  nítidas  de  radiotransparência  que  circundam  os  dentes.  
o Estes   parecem   “soltos   no   ar”   associados   com   ulceração   e   necrose  
de  tecidos  moles  ou  mucosa  oral.  
o Causam  dor,  mal-­‐estar  e  outros  sintomas  sistémicos.  
o Os  dentes  da  área  têm  vitalidade.  
• Aspecto  microscópico  
o Observam-­‐se  histiócitos  e  eosinófilos  e  destruição  óssea.  
• Tratamento  
o Excisão  cirúrgica  com  ou  sem  doses  baixas  de  radiação  
• Prognóstico  
o Variável,   pois   depende   do   grau   de   comprometimento   sistémico   e  
do  esqueleto  ósseo    
 
Hiperparatiroidismo  (Lesão  de  Célula  Gigante)  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Mais  no  feminino  
• Aspecto  clínico    
o Raro,   podendo   as   lesões   orais   ser   as   primeiras   manifestações   da  
doença,   que   consistem   em   áreas   difusas   ou   nítidas   de  
radiotransparência.  
o Os  dente  apresentam  vitalidade.    
• Tratamento  
o Remoção  da  glândula  paratiróide  hiperplásica  ou  neoplásica  
• Prognóstico  
o Varia  de  favorável  a  bom  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  76  
 
Tumores  Metastáticos  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idade  idosas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área   radiotransparente,   normalmente   solitária   mas   pode   ser  
múltipla  associada  a  dor  ou  parestesia.  
o Há   história   de   outro   tumor   em   outra   área   ou   então   a  
radiotransparência  do  maxilar  pode  ser  um  sintoma  primário.    
• Aspecto  microscópico  
o As  lesões  dependem  do  tipo  de  tumor  
• Tratamento  
o Depende  do  tipo  de  tumor,  idade  do  paciente  e  outros  factores.  
o Habitualmente  é  a  exérese  cirúrgica.  
• Prognóstico  
o Reservado  (grave)  
 
Tumores  Malignos  Primários  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiotransparência   rara,   de   crescimento   rápido,   pode   causar  
mobilidade  dentária  e  reabsorção  radicular.    
o Área  única  de  radiotransparência  com  destruição  da  cortical  óssea.  
• Tratamento  
o Excisão  local  radical.  
• Prognóstico  
o Favorável  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  77  
Quisto  Periodontal  Lateral  
 
• Localização  
o Membrana  periodontal  vestibular,  lingual,  mesial  ou  distal  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   quística   solitária,   bem   circunscrita   na   membrana  
periodontal,  podendo  o  dente  estar  ou  não  com  vitalidade  
• Tratamento  
o Enucleação  
o Quando   associado   a   um   dente   desvitalizado   deve-­‐se   efectuar  
endodontia  ou  exodontia  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Osteomielite  
 
• Localização  
o Qualquer  área  dos  maxilares  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiotransparência   difusa,   com   dor,   tumefacção,   pús,   fístulas,  
dentes   móveis,   dolorosos,   desvitalizados   na   área   ou   com   história  
de  trauma.  
o Sequestros  de  osso  necrosado,  leucocitose,  febre.  
• Aspecto  microscópico  
o Observa-­‐se   necrose   óssea,   reabsorção   óssea   e   infiltração   dos  
espaços  medulares  por  neutrófilos,  plasmócitos  e  linfócitos  
• Tratamento  
o Drenagem   cirúrgica,   antibioterapia,   remoção   de   sequestros   e,   nos  
casos  extensos,  deve-­‐se  colocar  enxertos  ósseos.  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  78  
Osteoporose  Fisiológica  
 
• Localização  
o Áreas  dos  pré-­‐molares  e  molares  da  mandíbula  
• Grupo  etário  
o Idades  avançadas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Áreas  radiotransparentes,  mal  definidas  e  assintomáticas  
• Aspecto  microscópico  
o Redução  do  número  de  trabéculas  ósseas  
• Tratamento  
o Não  há  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Lesões  Radiopacas      
 
Cimentoma  (Estágio  Tardio)  
 
• Localização  
o Mandíbula,  dentes  anteriores  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Predomina  no  sexo  feminino  
• Aspecto  clínico  
o Múltiplas   áreas   pequenas,   periapicais,   assintomáticas   em   dentes  
com  vitalidade  
• Aspecto  microscópico  
o Densa  massa  de  cimento  
• Tratamento  
o Não  há  
• Prognóstico  
o Bom    
 
Odontoma  Composto  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiopacidade   que   se   mantém   estática   por   anos   e   na   qual   se  
podem  distinguir  estruturas  semelhantes  a  dentes  

  79  
• Tratamento  
o Excisão  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Fibroma  Ossificante  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idade  adulta  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Radiopacidade   isolada,   longa   duração,   indolor,   podendo   ser  
expansiva  
• Aspecto  microscópico  
o Constituída  por  tecido  fibroso  com  osso  
• Tratamento  
o Excisão  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Osteoma  e  Tórus  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Área  radiopaca  circunscrita,  de  crescimento  lento  
• Aspecto  microscópico  
o Osso  lamelado  normal  maduro  
• Tratamento  
o Excisão  
• Prognóstico  
o Bom    
 

 
 

  80  
Condrossarcoma  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Raro  
o Radiopacidade   usualmente   estende-­‐se   para   além   dos   limites   dos  
maxilares,  podendo  originar  parestesias,  dor,  mobilidade  dentária  
• Tratamento  
o Excisão  radical  ampla  
• Prognóstico  
o Reservado  
 
Tumores  Metastáticos  
 
• Localização  
o Ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idades  idosas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Raro  
o Consiste   em   áreas   irregulares   de   radiopacidade,   solitárias   ou  
múltiplas  
o Consequentes   de   metástases   de   carcinomas   prostáticos   ou   da  
mama  
o Originam  mobilidade  dentária,  parestesias  e  dor  
• Tratamento  
o Tratamento  da  lesão  primária  e  excisão  das  metástases  
• Prognóstico  
o Reservado  (mau)  
 
Doença  de  Paget  (Osteíte  Deformante)  
 
• Localização  
o Mais  frequente  na  maxila  do  que  na  mandíbula  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Predomina  o  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Áreas  isoladas  ou  múltiplas  com  aspecto  de  flocos  de  algodão.  
o Nos  estágios  iniciais,  a  lesão  pode  ter  aspecto  de  vidro  baço  

  81  
o Hipercimentose   nos   dentes   da   região,   dentes   desvitalizados,  
separação  dos  dentes,  lesões  em  outros  ossos  e  aumento  do  crânio.  
• Aspectos  microscópicos  
o Observa-­‐se   osso   trabecular   denso   com   numerosas   áreas   de  
aposição  e  reabsorção  
• Tratamento  
o Não  há  
• Prognóstico  
o Reservado  (desfavorável)  
 
Osteíte  Condensante  
 
• Localização  
o Mandíbula  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Geralmente   solitária,   mas   podem   ser   áreas   múltiplas   de  
radiopacidade,   associadas   com   a   região   periapical   de   dentes  
cariados   e/ou   fracturados   ou   maxilares   desdentados,  
assintomáticos   ou   com   esporádicos   sintomas   de   dor   e   com  
drenagem  espontânea.    
• Tratamento  
o Consiste  na  remoção  das  causas.  
o Algumas   lesões   podem   ser   deixadas   sem   tratamento   e   outras  
exigem  excisão  
• Prognóstico  
o Bom    
 

 
 
 

  82  
Fragmentos  de  Raízes  e  Corpos  Estranhos  
 
• Localização  
o Localizam-­‐se  em  ambos  os  maxilares.  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Assintomático  
o São  radiopacidades  semelhantes  a  raízes  dentárias.  
o Os   corpos   estranhos   como   por   exemplo   a   amálgama   apresentam-­‐
se  radiopacos  também.  
• Tratamento  
o Nenhum     a   não   ser   quando   associados   com   inflamação   ou  
radiotransparência.    
• Prognóstico  
o Bom  
 
Metástases  de  Carcinoma  da  Próstata  e  da  Mama  
 
• Localização  
o Localizam-­‐se  em  ambos  os  maxilares  
• Grupo  etário  
o Idades  idosas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Raros,   solitários   ou   múltiplos,   consequentes   de   carcinomas  
prostáticos  e  da  mama  (em  menor  número)  
o Originam  mobilidade  dentária,  parestesias  e  dor  
• Tratamento  
o Excisão  das  metástases  e  controlo  da  lesão  primária  
• Prognóstico  
o Reservado  (grave)    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

  83  
 
Mucocelo  (Quisto  Mucoso  de  Retenção)  
 
• Localização  
o Habitualmente  no  lábio  e  língua  
o Pode  aparecer  em  qualquer  área  da  mucosa  oral  
• Grupo  etário  
o Qualquer  idade  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Lesão   solitária,   vesicular,   transparente,   compressível,   por   vezes  
azulada  com  evolução  de  mais  de  uma  semana.  
o Quando  se  rompe  elimina  secreção  mucoide.  
o Dá  recidivas  
• Aspecto  microscópico  
o O  quisto  contém  muco  e  é  revestido  por  tecido  de  granulação  
• Tratamento  
o Excisão  local  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Rânula  
 
• Localização  
o Pavimento  da  boca  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Aumento   grande   e   compressível   do   pavimento,   podendo   elevar   a  
língua,  interferindo  com  a  dicção.  
o Quisto  associado  com  a  glândula  submandibular  ou  sublingual.  
• Aspecto  microscópico  
o Grande   quisto   contendo   muco   e   com   tecido   de   granulação   no  
revestimento  
• Tratamento  
o Excisão  ou  marsupialização  
• Prognóstico  
o Bom  
 
 

  84  
Sarcoidose  
 
• Localização  
o Glândula  Parótida  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Aspecto  clínico  
o Aumento   uni   ou   bilateral   da   glândula   parótida,   assintomático   ou  
por  vezes  associado  com  sintomas  respiratórios  e  febre  
• Aspecto  microscópico  
o Observam-­‐se   focos   circunscritos   de   células   epitélioides   e   células  
gigantes  da  glândula  
o Não  há  necrose  
• Tratamento  
o Não  existe  
• Prognóstico  
o Favorável    
 
Infiltração  Gordurosa  
 
• Localização  
o Glândula  Parótida  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  ou  idosas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Raro,  consiste  num  aumento  difuso  uni  ou  bilateral  da  glândula,  de  
longa   duração   em   idades   avançadas,   associado   com   alcoolismo   e  
desnutrição.  
• Tratamento  
o Não  há  
• Prognóstico  
o Bom    
 
Síndrome  de  Sjogren  
 
• Localização  
o Glândula  parótida  
• Grupo  etário  
o Idades  avançadas  
• Sexo  
o Mais  no  sexo  feminino    
• Aspecto  clínico  
o Aumento  uni  ou  bilateral,  nodular  ou  difuso  da  glândula.  
o Flutua  em  tamanho,  duração  de  semanas  até  meses,  assintomático  
e,  por  vezes,  há  regressão  espontânea  
o Produz  secura  da  conjuntiva,  nariz,  garganta  e  boca  

  85  
• Aspecto  microscópico  
o Observam-­‐se   áreas   circunscritas   de   tecido   linfóide   ou   difusa  
infiltração  da  glândula  por  linfócitos  
• Tratamento  
o Não  existe  
o Apenas  sintomático  
• Prognóstico  
o Favorável  
 
Sialadenite  
 
• Localização  
o Glândula  submandibular  ou  sublingual  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Mais  no  sexo  masculino  
• Aspecto  clínico  
o Aumento  difuso  da  glândula  envolvida,  que  pode  aumentar  com  a  
ingestão  de  alimentos.  
o Dor  associada  à  mastigação.  
o As  radiografias  podem  revelar  um  cálculo  salivar  no  ducto  
• Aspecto  microscópico  
o Infiltrado  inflamatório  agudo  e  crónico  da  glândula  
o Atrofia  dos  ácinos  e  fibrose.  
• Tratamento  
o Remoção  do  cálculo  
• Prognóstico  
o Bom  
 
Tumores  Benignos  
 
• Localização  
o (Ordem   decrescente   de   frequência   na   glândula)   parótida,  
palatinos,  submandibular  e  glândulas  minor  
• Grupo  etário  
o Idades  adultas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tumefacção  nodular  solitária,  de  longa  duração.  
o Pele   e   mucosas   adjacentes   normais,   ausência   de   sintomas  
neurológicos  
o Tumores  usualmente  móveis  
• Tratamento  
o Excisão  
• Prognóstico  
o Favorável  

  86  
Tumores  Malignos  
 
• Localização  
o (Ordem   decrescente   de   frequência)   Parótida,   palatinos,  
submandibular  e  minores  da  cavidade  oral  
• Grupo  etário  
o Idades  avançadas  
• Sexo  
o Ambos  os  sexos  
• Aspecto  clínico  
o Tumefacção   nodular   ou   difusa,   solitária,   unilateral,   de   duração  
curta  (semanas),  crescimento  rápido,  fixação  aos  tecidos  vizinhos.  
o É  comum  a  ulceração  da  pele  ou  mucosa,  dor  e  paralisia  facial.  
o Podem  existir  nódulos  cervicais  palpáveis  
o Nos   tumores   palatinos   existem   radiotransparências   e   mobilidade  
dentária.  
• Tratamento  
o Excisão  radical  e  ampla  
• Prognóstico  
o Grave    
 

 
 

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