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Apostila Fertilidade Dos Solos PDF
Apostila Fertilidade Dos Solos PDF
CAPÍTULO 1
CONCEITOS SOBRE FERTILIDADE E PRODUTIVIDADE
Cuiabá – MT
2005
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento vegetal não é função de um único fator, mas da ação interativa de muitos. Os
fatores que controlam o crescimento das plantas podem ser:
a) Genéticos: a seleção de variedades mais resistentes ao ataque de pragas e doenças é fato conhecido e
de grande importância no processo produtivo.
b) Ambientais: a umidade, a aeração, a energia solar, a temperatura, o solo, as pragas e doenças, os
microorganismos do solo e as práticas culturais.
Estes fatores estão estritamente relacionados, mas podem ser agrupados em Clima, Solo,
Vegetal e também o Homem que engloba nele todos os fatores que manejados são capazes de modificar a
produção.
Cada fator afeta diretamente o crescimento das plantas e cada um está relacionado aos outros.
Exemplificando: a água e o ar ocupam o espaço poroso do solo, e os fatores que afetam as relações de
água necessariamente influenciam o ar do solo. Por sua vez, mudanças no teor de umidade afetam a
temperatura do solo. O crescimento de raízes é influenciado pela temperatura, água e ar.
Importante:
Um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo, mas todo solo produtivo é um solo fértil. Porquê?
Alguns fatores como drenagem (umidade), insetos, doenças dentre outros, limitam a produção mesmo com
fertilidade adequada.
Vale destacar que:
Cerca de 70% dos solos cultivados no Brasil, apresentam alguma limitação séria de fertilidade.
Portanto, através dos conhecimentos gerados pela pesquisa em fertilidade, solos aparentemente
improdutivos podem se tornar grandes produtores de alimentos. A aplicação dos conhecimentos de
fertilidade do solo pode conciliar a economicidade da atividade agrícola com a preservação do meio
ambiente.
4. ELEMENTOS BENÉFICOS
Com a evolução das pesquisas na área de nutrição de plantas, foram identificados alguns
elementos que podem ser considerados essenciais para algumas espécies de plantas ou mesmo substituir
parcialmente a função dos elementos essenciais. Outros, quando em concentrações muito baixas, estimulam
o crescimento de plantas, porém sua essencialidade não é demonstrada ou, apenas demonstrada sob
determinadas condições especiais. Esses elementos têm sido classificados como elementos benéficos.
O efeito desses elementos no crescimento da planta decorre em alguns casos, de aumento da
resistência a pragas e doenças, ou favorecem a absorção de outros elementos essenciais. Entre estes se
encontram o Al, Ni, Se, Na e V.
O Al é reconhecidamente um elemento tóxico para muitas espécies de plantas, embora alguns
trabalhos têm mostrado que em baixas concentrações ele tem efeito benéfico.
O Ni tem sido capaz de prevenir e reduzir a infecção de plantas por fungos que promovem a
ferrugem em trigo. Alguns autores propuseram a inclusão na lista dos elementos essenciais, devido à
detecção desse elemento na urease contida nos tecidos vegetais, embora não seja necessário a presença
dele para a síntese da proteína, mas como um componente metálico essencial para a estrutura e
funcionamento da enzima.
O Se não é importante para plantas, mas é essencial para animais, que o requerem em
quantidades muito pequenas. Por outro lado, ele pode tornar-se tóxico se os teores forem elevados nas
forrageiras. Quanto aos seus efeitos benéficos, existem poucos casos na literatura com relatos de respostas
positivas, os quais se restringem a poucas espécies e em concentrações muito baixas.
O Na é considerado essencial para algumas espécies do gênero Atriplex encontrados na
Austrália e no Chile. O íon Na+ tem se mostrado capaz de substituir o K+ em algumas funções relacionadas
com o equilíbrio iônico interno das plantas.
O V tem sido citado como tendo efeitos benéficos apenas para vegetais inferiores.
Tabela – Elementos encontrados nas plantas
ELEMENTOS
S Cr Pb
P N As (arsênio)
Cl Mg Au
Br Ca Se (?)
I Sr Mn
F Ba Fe
B Zn Co (?)
Sb (antimônio) Hg (mercúrio) Ni (?)
K Al Cu
Na (?) Th (tório) Ag
Li Ti Cs
Rb Sn (estanho) Ra
Be Sc (escândio) Mo
La V Si
Fonte: PALLADIN (1911) ciatado por Malavolta (1976)
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5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS CONCEITOS DE FERTILIDADE DO SOLO E
PRODUTIVIDADE:
Muitas tentativas foram feitas ao longo do tempo, para se conceituar a fertilidade do solo. E, sempre
existiu a tendência de se expressar a fertilidade do solo em termos de produtividade (produção por unidade
de área), ou seja, fertilidade e produtividade como sinônimos. Entretanto, com o desenvolvimento de
técnicas analíticas, o homem adquiriu maior facilidade e capacidade para entender sobre a disponibilidade
dos nutrientes, o que lhe permitiu desvincular parcialmente a produção da planta da fertilidade do solo como
único e verdadeiro índice da quantidade de nutrientes passíveis de serem absorvidos.
Para esclarecer a diferença entre produtividade e fertilidade, imagine um solo fértil que gere altas
produções de algodão na época de verão, quando as temperaturas são elevadas, existe água suficiente e os
dias são mais longos. Sem dúvida, no inverno sucederá o contrário e os rendimentos cairão
substancialmente. Qual o motivo desta queda de produção, uma vez que a fertilidade permanece adequada?
Conclui-se então que o uso de um solo fértil nem sempre implica na obtenção de alta produtividade, pois
têm-se casos de solos férteis com impedimentos físicos, com altos teores de argila, de declividade
pronunciada, com alta pedregosidade, de alta compactação, etc.
O conceito sobre fertilidade do solo apresenta algumas limitações importantes em sua interpretação.
Assim, a resposta em produção de uma planta pode ser diferente quando se aplicam doses crescentes de
um nutriente em solos de diferente fertilidade. Ex: um Latossolo vermelho escuro (LE) tem maior
produtividade do que uma Areia Quartzosa (AQ) quando se mede a produção de matéria seca do capim
jaraguá (Hyparrhenia rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de enxofre. Portanto, o LE tem
maior produtividade refletindo a sua maior capacidade para ceder elementos essenciais.
Figura. Produção de matéria seca de capim jaraguá (Hyparrehenia rufa) em resposta à aplicação de cinco doses de
enxofre em um latossolo vermelho escuro (LE) e uma areia quartzosa(AQ).
Da mesma forma, um solo fértil pode ser aproveitado de forma diferente por espécies de plantas
distintas, uma vez que as plantas variam em sua capacidade de absorção e utilização de um mesmo
nutriente. Um exemplo disso pode ser observado na figura abaixo a braquiaria mostra maior capacidade de
absorção e produção em relação ao Jaraguá. Portanto, o conceito de fertilidade deve considerar também a
espécie a ser cultivada.
Figura. Produção de matéria seca de duas espécies de gramíneas forrageiras, braquiária (Braquiaria decumbens) e
jaraguá (Hyparrehenia rufa) em resposta à aplicação de cinco doses de enxofre em um latossolo vermelho escuro (LE).
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Com a evolução das pesquisas na área das relações solo-planta, o conceito estático de que a
fertilidade do solo é sua capacidade de ceder nutrientes, tem sido revisto. Espécies leguminosas em
associação simbiótica com rizóbio, podem apresentar maior capacidade de acidificação na região da
rizosfera, trazendo reflexos importantes para sua nutrição, ou seja, a planta tem a capacidade em alterar o
ambiente radicular, interferindo, assim, na capacidade do solo em ceder nutrientes.
Por outro lado, essas respostas poderiam ser diferentes em outro solo, devido à diferentes
características entre solos, mostrando que o produto final resulta de um interação solo-planta. Um exemplo
disso pode ser visualizado nas figuras abaixo.
Figura. Produção de matéria seca da parte aérea de capim andropogon (Andropogon gayanus) e jaraguá (Hyparrehenia
rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de P em um latossolo vermelho amarelo de Minas Novas.
Figura. Produção de matéria seca da parte aérea de capim andropogon (Andropogon gayanus) e jaraguá (Hyparrehenia
rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de P em um latossolo vermelho amarelo de Sete Lagoas.
Sob o ponto de vista de um determinado nutriente o solo pode ser fértil, porém, em relação à outro
nutriente não. O mesmo pode ser observado em relação à espécie a ser cultivada, ou ainda para diferentes
variedades de uma mesma espécie.
6. DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES
A fertilidade do solo tem sido conceituada, como visto acima, como a capacidade do solo ceder
nutrientes essenciais às plantas, ou seja, como a “disponibilidade” de nutrientes essenciais. O termo
“disponibilidade” está associado com valores fornecidos por métodos de extração química, que apenas
raramente extraem dos solos os teores disponíveis; eles fornecem valores que apresentam correlações
significativas com o que seriam os teores disponíveis. Portanto, o termo “disponível” é um conceito global
que nem sempre pode ser traduzido diretamente por um número.
O teor disponível de um nutriente em uma determinada condição depende, além das formas
químicas em que o mesmo se encontra no solo (Ex: micronutrientes quelatizados a radicais orgânicos são
mais disponíveis do que na forma iônica; da umidade do solo (condições climáticas); da presença de outros
nutrientes e/ou elementos (Al3+, por exemplo); da capacidade de absorção da cultura; do desenvolvimento
do sistema radicular; do tempo de crescimento e do pH.
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O conceito de fertilidade poderia ficar restrito à fase sólida e líquida, e tem como limite a solução do
solo perto da fase sólida, a partir de onde são efetuados os processos de transporte (difusão e fluxo de
massa), interceptação radicular e absorção. Esses processos que serão discutidos mais a frente, não devem
ser considerados como parte integrante do fator fertilidade do solo, porque são dependentes da água
disponível, compactação, volume do solo explorado pelas raízes, capacidade de absorção pelas plantas, etc.
Figura. Representação esquemática dos fatores (Q) Quantidade, (C) Capacidade e (I) Intensidade.
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b) Fator transporte:
O nutriente para ser absorvido pela raiz necessita ser transportado até a superfície radicular. Assim, o
teor disponível de um dado nutriente, em função do fator transporte, depende de aspectos físicos do solo
tais como textura, compactação e teor de água. Por exemplo, para o P a falta de umidade afeta em muito o
transporte (⇒ difusão).
c) Fator interação:
A presença de outro elemento (nutriente ou não) pode afetar seriamente a disponibilidade de algum
nutriente. A interação pode se dar em nível de solução do solo e em nível de raiz (superfície radicular) onde
o elemento compete com o nutriente pelos sítios de absorção na raiz (antagonismos e sinergismos). Em
nível de solução, pode-se ter as reações de precipitação dos íons fosfatos com os íons Fe e Al:
Al3+ x H2PO4- ⇔ Al(OH)+2 + H2PO4- ⇔ AlPO4.2H2O (Variscita)
Fe2+ x H2PO4- ⇔ Fe(OH+2 + H2PO4- ⇔ FePO4.2H2O (Estrengita)
OBS: Estas reações são controladas pelo pH.
A absorção de um determinado elemento pode ou não ser influenciada (aumentada ou diminuída) pela
presença de outro. Os seguintes casos são mais comuns:
d) Fator planta:
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A morfologia (maior capacidade de emitir pêlos radiculares) e o crescimento radicular exercem
papel muito importante em alterar a disponibilidade de nutrientes. Tem-se que as micorrizas aumentam a
área de absorção, promovendo maior aquisição de nutrientes, principalmente o P ⇒ as hifas minimizam o
efeito do fator transporte.
A rizosfera é um ambiente próprio de 1-4 mm ao redor das raízes, com condições muitas vezes,
bastante distintas do solo adjacente. Alterações de pH (1 a 2 unidades) em volta da raiz e de reações de oxi-
redução promovidas pelas plantas na rizosfera, ou a exudação dos mais variados compostos orgânicos
(enzimas como a fosfatase podem liberar o P de compostos orgânicos transformando-o em P inorgânico),
podem alterar a disponibilidade dos nutrientes. Ex: as leguminosas tendem a ser mais eficientes em
absorver o P de fosfatos naturais, de baixa solubilidade do que as gramíneas, pois a maior absorção de
cátions que de ânions, libera H+, e com isso o pH diminui. Vale ressaltar que, a alteração de apenas uma
unidade de pH pode afetar a disponibilidade em cerca de mil vezes.
E LEMBRE-SE: por isso foi dito anteriormente que as leguminosas tendem a acidificar o solo.
7.1. Interceptação radicular: É o contato direto entre raiz e colóide havendo a troca do elemento. É uma
conseqüência do crescimento radicular apenas, e facilita a difusão por diminuir as distâncias entre os
elementos e a raiz. A contribuição por esse processo é pequena, a não ser que o teor disponível no solo seja
elevado, e na verdade não é considerado como transporte.
As raízes das plantas apresentam capacidade de troca de cátions e ânions (CTC e CTA) da mesma forma que
o solo. A CTC das raízes varia conforme a espécie, sendo maior nas leguminosas do que nas gramíneas. As
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leguminosas (dicotiledôneas) apresentam maior absorção de cátions bivalentes (2+), portanto, maior CTC do
que as gramíneas (monocotiledôneas).
7.2. Fluxo de massa: consiste no transporte de nutrientes com o fluxo de água (solução do solo) até a
superfície das raízes em função da transpiração. A quantidade do nutriente que pode atingir as raízes desse
modo é proporcional ao volume de H2O absorvido e à concentração do elemento na solução do solo. É mais
importante para o nitrogênio.
7.3. Difusão: É o movimento do nutriente de um ponto mais concentrado para um ponto de baixa
concentração, através da água. Por causa da absorção de nutrientes, cria-se um gradiente de concentração
na solução do solo próximo à superfície das raízes. É mais importante para fósforo e potássio. A difusão
pode ser aumentada através da adubação e/ou irrigação.
Os coeficientes de difusão, em m2. s-1, em água e solo são, respectivamente:
NO3- = 1,9 x 10-9 e 10-10 a 10-11
K+ = 2,0 x 10-9 e 10-11 a 10-12
H2PO4- = 0,9 x10-9 e 10-12 a 10-15
Calcula-se que, no solo, o nitrato se difunde apenas 3 mm por dia; o K+ caminharia 0,9 mm e o H2PO4-
alcançaria 0,13 mm.
Figura. Transporte de nutrientes. (1) Interceptação radicular; (2) Fluxo de massa; (3) Difusão
Figura. Relação entre a eficiência das adubações e a Produtividade Máxima Econômica (PME). PM = Produtividade
Máxima. Fonte: Alcarde et al (1998)
8.3.Lei do Máximo:
“O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia de outros e, por conseguinte, pode diminuir o
rendimento das colheitas.”(Voisin). Nesse caso, é o excesso que limita ou prejudica a produção.
“A dose faz o veneno”(Paracelso).
8.3.1. Lei da Qualidade Biológica:
“A aplicação de fertilizantes deve ter como primeiro objetivo a melhoria da qualidade do produto, a qual
tem prioridade sobre a produtividade” (Voisin). Este pesquisador propôs esta lei considerando os efeitos
negativos na alimentação animal pela produção de pastagem com teores desequilibrados de nutrientes, pela
adição exagerada de certos corretivos ou adubos. Embora seja importante, esta lei é de aplicação prática
difícil. Um exemplo: na cultura do fumo não se deve usar adubação potássica com cloreto potássico, pois o
íon Cl-, prejudica a combustão do fumo. Da mesma forma, fontes nitrogenadas à base de NO3- deve ser
evitadas em culturas como a alface, devido a este íon ser tóxico ao ser humano.
OBS: Somente a adubação não é responsável pela produção; a contribuição dos adubos no aumento da
produtividade das culturas é de 30-50%; de 50-70% depende de variedades, sementes selecionadas,
práticas culturais, pragas e doenças, etc. O calcário não deve ser esquecido: a relação ideal é de 4:1 e no
Brasil hoje é de 1:1 ⇒ baixo uso de calcário e fertilizantes. Outras interações importantes: água x adubação;
variedades x adubação. E lembrando que: de nada adianta água e variedade de alto potencial produtivo se
adubação não acompanha.
a) Fase líquida: ocupa 25% dos espaços porosos do solo; é a solução do solo, ou seja, é o compartimento
de onde as raízes retiram os nutrientes solúveis ⇒ "fonte imediata de nutrientes". É o fator intensidade (I).
Na solução do solo, os nutrientes se encontram em concentrações muito baixas, e esta está sujeita a
variações de concentração, mesmo a curtas distâncias, e, além disso, apresenta-se irregularmente
distribuídas nos poros do solo. Por isso, é difícil determinar a concentração de nutrientes, e as avaliações de
disponibilidade não envolvem análise da solução do solo.
As principais formas que os nutrientes se apresentam na solução são:
Formas de cátions: H3O+; NH4+; K+; Ca++, Mg ++; Cu++; Fe++; Mn++; Zn++; Al3+; Al(OH) 2+; Al(OH)2+, Na +
(solos salinos).
Formas de ânions: HCO3-; NO3-; H2PO4-; HPO4=; SO4=, Cl-
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Além do baixo teor em solução, esta está sujeita a variações de concentração, mesmo a curtas
distâncias, e apresenta-se irregularmente distribuída nos poros do solo. Por isso, é difícil determinar a
concentração de nutrientes, e as avaliações de disponibilidade não envolvem análise da solução do solo.
Mobilidade:
Refere-se à facilidade com que um nutriente ou determinada forma do nutriente se desloca no solo.
A maior ou menor mobilidade depende do grau de interação do nutriente com a fase sólida do solo: maior
interação ⇒ menor mobilidade:
Baixíssima Mobilidade H2PO4-, HPO42-, MoO4=
Baixa Mobilidade Fe ++, Cu ++, Mn ++, Zn ++
Móveis NH4+, K +, Ca ++, Mg ++, SO4=, H2BO3-
Muito Móveis NO3- , Cl -
- Os ânions H2PO4-, HPO42- e MoO4= sofrem forte adsorção específica, principalmente os fosfatos.
- Os cátions metálicos Fe++, Cu++, Mn++ e Zn++ são fortemente adsorvidos às cargas negativas do solo ou
são complexados pela matéria orgânica.
- Os cátions NH4+, K+, Ca++ e Mg++ são adsorvidos às cargas negativas por forças não muito elevadas,
sendo trocáveis.
- O SO4= e o H2BO3- sofrem pequena adsorção específica.
- O NO3- e o Cl– não apresentam nenhuma interação, exceto se houver cargas elétricas positivas no solo.
Portanto, estes íons deslocam-se junto com a água.
A mobilidade influi diretamente no aproveitamento do nutriente pela planta por duas razões:
- As raízes das plantas exploram somente 1 a 3% do volume do solo, dificultando a absorção dos
nutrientes pouco móveis, como o P, cuja difusão em direção às raízes é baixa, significando que plantas
podem se mostrar deficientes, embora o solo possua quantidades elevadas dos nutrientes. Os nutrientes
móveis, ao contrário, têm sua absorção facilitada pela difusão.
- Nutrientes excessivamente móveis, contudo, podem ter a absorção prejudicada em condições que
favoreçam a lixiviação (chuvas intensas, solo muito arenoso, etc.). Podem aparecer deficiências
inesperadas destes nutrientes em épocas de muita chuva.
b) Fase Gasosa: ocupa 25% dos espaços porosos do solo (ar do solo). É importante na respiração das
raízes e, através da respiração gera-se energia (ATP) que é fundamental no processo de absorção de
nutrientes. O ar do solo possui os mesmos componentes que a atmosfera.
Em condições de inundação do solo, ocorrem várias transformações químicas, que afetam a dinâmica
de nutrientes, aumentando ou diminuindo a disponibilidade. O predomínio de condições redutoras no solo,
devido à redução crescente na concentração de oxigênio, promove mudança no metabolismo microbiano,
passando de aeróbico para anaeróbico. Sendo aeróbico, o receptor de elétrons é o oxigênio que é reduzido à
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água. Na ausência crescente de oxigênio, outras substâncias ou íons, passarão a ser receptores de elétrons,
sofrendo redução.
Ex: Fumo é planta sensível a anaerobiose, enquanto que o arroz é planta tolerante (presença de
aêrenquima, que é um tecido de reserva).
Principais transformações em solos inundados:
- Diminuição do O2 molecular;
- Aumento de pH em solos ácidos e diminuição em solos alcalinos;
- Os cátions são deslocados dos sítios de troca;
- Aumento da solubilidade de p com formação de fosfatos de fe2+, de maior solubilidade;
- Podem aparecer sintomas de deficiência de Zn e Cu;
- Podem aparecer sintomas de toxidez de Fe++.
Lembrando que reações de oxi-redução:
Redução ⇒ ganho de e- ⇒ Fe3+ + e- → Fe2+
Oxidação ⇒ perda de e- ⇒ Fe2+ → Fe3+ + e-
Tabela 4. Algumas reações de oxi- redução em solos.
REAÇÕES
O2 + 4 H+ + 4 e- ⇔ 2 H2O
2NO3- + 12 H+ + 10 e- ⇔ N2 + 6 H2O
MnO2 + 4 H+ + 2 e- ⇔ Mn ++ + 2 H2O
Fe (OH)3 + 3 H+ + e- ⇔ Fe ++ + 3 H2O
SO4= + 10 H+ + 8 e- ⇔ H2S + 4 H2O
CO2 + 8 H+ + 8 e- ⇔ CH4 + 2 H2O
2 H+ + 2 e- ⇔ H2
EFEITOS DA ANAEROBIOSE:
Produtos do metabolismo de
microrganismos anaeróbicos
são extremamente tóxicos para
as plantas 1 Etileno, Metano,
Ácido Sulfúrico e Ácido Cianídrico
1 causa a murcha (sintoma).
c) Fase sólida: ocupa os 50% restantes, sendo 45% mineral e 5% orgânica (M.O.). É o reservatório de
nutrientes, e representa o fator quantidade(Q).
Tetraedro
Oxigênio (ânion)
Silício (cátion)
Lâmina Tetraedral
apical O’s
cations
basal O’s
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Camadas
tetraedral
octaedral
Caulinita – 1:1
H-ponte
Caulinita
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Octaedro
Oxigênio ou Hidróxido
(anion)
Alumínio (cation)
Lâmina Octaedral
O ou OH
cation
O ou OH
Camadas
tetraedral
octaedral
tetraedral
camada
Entre cations
camadas
camada
Hidróxido de Ferro
Matematicamente, temos:
Ki = % SiO2/ %Al2O3 x 1,7
ALGUMAS SUPOSIÇÕES:
9.3. COLÓIDES:
Os minerais secundários e o húmus apresentam-se, normalmente, como colóides e, como tal, são os
principais responsáveis pela atividade química dos solos.
Sistema coloidal: o solo é um sistema disperso, pois é constituído de mais de uma fase; refere-se a um
sistema de duas fases em que os minerais ou húmus estão dispersos em um segundo meio de dispersão
(fase sólida, solução ou ar do solo). Ex: sangue (plasma e glóbulos) e o leite (soro e gordura).
9.3.1. Propriedades do complexo coloidal:
a) Superfície específica elevada:
S.E.= área pela unidade de peso = m2/g ⇒ Quanto mais subdividido > a S.E.!!
Ex.: Caulinita S.E. = 10-30 m2/g.;
Montmorilonita S.E. = 700-800 m2/g.;
Matéria Orgânica > 700 m2/g..
b) Presença de cargas elétricas:
As partículas coloidais do solo, as argilas de modo geral, são eletronegativas. Embora possam,
também, possuir cargas positivas, estas são, normalmente, em menor número que as negativas. Essas
cargas elétricas proporcionam a adsorção de íons de cargas opostas, retendo-as no solo, a semelhança de
um ímã. Cátions são íons com cargas positivas, e ânions são íons com cargas negativas.
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+ + + + ++ ++ ++ ++
Cátions(C ): H3O ; NH4 ; K ; Ca , Mg ; Cu ; Fe ; Mn ; Zn ; Al ; Al(OH) ++ ++ 3+ 2+
2
+
; Al(OH) , Na +
Ânions
(An-): HCO3-; NO3-; H2PO4-; HPO4=; SO4=, Cl-
pesticidas H2O
- - - - -
PARTICULA
metais
- ARGILA
- nutrientes
- - - - -
H2O H2O
Substituição Tetraedro
Isomórfica
-1
-4 O
+4 +4 Si
-1
-1 -1 0
-1
-4 O
+3 +3 Al
-1
-1 -1 -1
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Substituição Octaedros
Isomórfica
-½ -½ -½
-½ -½ -½ -6 O, OH
+2
+6 Mg
+2 +2
-½ -½ -½
0
-½ -½ -½
-½ -½ -½
-½ -½ -½
-6 O, OH
+5 Mg, Al
+2 +3
-1
-½ -½ -½
-½ -½ -½
Carga dependente de pH
Extremidade cristal
OH OH O H+
Al Al
O OH O H+
Si
O H+
Estes óxidos além de contribuírem muito pouco para o desenvolvimento de cargas elétricas no solo
podem, na verdade, reduzir a densidade de cargas negativas de minerais de argila, através do bloqueio de
cargas negativas. O desbloqueio de cargas negativas ocupadas por óxidos pode ser conseguido com a
elevação do pH do solo (Figura):
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b.2) Matéria Orgânica:
Sempre gera cargas negativas; é originada pela dissociação das OH da superfície. Os principais
grupos são:
3o.) Alcoólicos:
Carga dependente de pH
Matéria orgânica
O- H+
COO- Ca++
O- H+
COO-
Coloide (Humus) Mg++
O-
K+
COO-
O- H+
COO- NH4+
OBS.: A M.O. forma complexos com outros elementos como o Fe e Al. A precipitação desse Al, dada pelo
aumento de pH gera cargas (-).
b.3) Caulinita:
Mineral de argila de ocorrência mais generalizada nos solos brasileiros. As cargas negativas são
originadas pelas faces quebradas do cristal de argila (quando se quebra, alguns grupos hidroxílicos podem
ficar expostos e o H+ destes radicais OH-, frouxamente retido, pode ser facilmente trocado por outro C+) e
pela dissociação do grupo OH- localizada na borda do cristal.
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pH
Extremidade pH neutro
caulinita
OH OH O(-1)
Si Si Si
(+1/2) baixo pH alto pH
OH OH(-1/2) O(-1/2)
Al Al Al
(+1/2) (+1/2) (-1/2)
OH OH OH
Adsorção ou troca Aniônica: cargas (+) são neutralizadas por íons (-) (An-):
Figura. Representação esquemática da solução do solo adjacente à superfície negativa. Nota-se que, além dos cátions
trocáveis ou contraíons, existem na solução mais distante da superfície ânions ou coíons, cujas cargas também são
contrabalançadas por cátions.
O ânion que pode deslocar o P da fase sólida do solo com maior eficiência é o silicato (H3SiO4-); em 2o
lugar vem o sulfato. O nitrato e o cloreto praticamente não tem poder de substituir o fosfato.
As cargas (+) dos colóides do solo, responsáveis pela adsorção aniônica, são normalmente,
dependentes do pH do meio. Diminuindo o pH, aumentam as cargas (+) do solo e a adsorção aniônica
também aumenta.
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Troca de cátion
H+
+ Ca2+
colóide colóide Ca2+ + 2H+
H+
A C.T.C de um solo é dada pela quantidade de cátions retidos por unidade de peso ou volume de solo e
é representada por equivalente miligrama por 100 gramas de solo (meq/100 g ou meq/100 cm3) ou cmolc /
dm3.
1 meq de um C+ = 1mg de H+ ou seu equivalente.
Ex.: Qual é o equivalente miligrama do Ca em relação ao H+, ou seja, qual a quantidade de Ca necessária
para deslocar 1 mg de H+?
1 meq H+ = P.A. = 1 = 1 mg H+
valência 1
1 meq Ca++ = P.A. = 40 = 20 mg Ca
valência 2
Então 20 mg de Ca deslocam 1 mg de H+ e vice-versa.
1 meq K+= 39 = 39 mg K
1
1 meq Al+++ = 27 = 9 mg Al
3
1 meq Mg++ = 24,3 = 12 mg Mg
2
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Equivalência química
Figura. A CTC pode ser visualizada como a capacidade de um reservatório, ligado à escala de pH, que indica o nível já
atingido pelas bases do solo. Se a acidez do solo for neutralizada, o nível de bases sobe.
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Tipos de cátions
Cations básicos
Ca++, Mg++, K+, Na+
Cations ácidos
Al3+, H+
OBS.:
• Solos tropicais com teores médios a baixo de M.O., a C.T.C é baixa;
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• Solos com argilas 2:1 e M.O mais alta, a C.T.C pode ser mais alta;
• Solos argilosos com C.T.C alta retém grande quantidade de C+ e diminui a perda por lixiviação;
• Solos arenosos com baixa C.T.C retém pequenas quantidades de C+: importante no parcelamento
das doses de fertilizantes, pois o que o solo não conseguir reter será lixiviado e perdido.
Informações sobre os valores de T, SB e V, podem indicar o tipo de mineral presente na fração argila, o
pH do solo, possíveis problemas na sua utilização, bem como sobre o procedimento adequado a ser tomado
para sua utilização ótima.
a) C.T.C efetiva (t): e reflete a capacidade de troca de C+ efetiva do solo, ou melhor, a capacidade do solo
em reter C+ em seu pH natural. Qualquer que seja o valor de pH do solo, as cargas (-) ocupadas pelo H+ não
estão disponíveis para retenção de outro C+ por troca.
Supondo-se o cultivo do solo ao valor do pH natural, a correta interpretação do valor da C.T.C
efetiva fornece uma idéia das possibilidades de perdas de C+ por lixiviação, do potencial de salinidade e
necessidade de parcelamento das adubações potássicas.
35
-3
Um valor de t < 2,5 cmolc dm é baixo, segundo o PROFERT-MG, sendo indicativo de solo arenoso,
com baixo teor de M.O e, mesmo se mais argiloso, com predomínio de argilas de baixa atividade. Nesta
condição, se for feita uma adubação pesada poderá ocorrer perdas de C+ por lixiviação e elevada salinidade
para as sementes ou plântulas. A C.T.C efetiva pode ser calculada pela fórmula:
t (cmolc dm-3) = SB + Al
b) Soma de bases (SB): reflete a soma de cálcio, magnésio e potássio trocáveis. Para cada uma das
bases, além dos teores absolutos, pode-se calcular a fração da C.T.C efetiva ocupada por cada uma.
OBS.: A determinação da % de saturação de cada uma das bases, em relação a C.T.C efetiva, perde o
sentido quando se faz a calagem, pois haverá alteração da C.T.C. A soma de bases pode ser calculada pela
fórmula:
SB (cmolc dm-3) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+)
c) Porcentagem de saturação de alumínio (m %): expressa a fração da C.T.C efetiva que é ocupada
por Al trocável.
Al+++ trocável > 1,0 meq/cm3 é alto e será prejudicial ao crescimento da maioria das espécies
vegetais.
m% é o parâmetro que melhor expressa o potencial fitotóxico do Al, considerando a variação da
C.T.C entre os solo. Quando m for > 60% há um grande aumento na atividade do Al em solução; e para a
grande maioria das espécies vegetais, o crescimento das raízes é praticamente paralisado. A porcentagem
de saturação de alumínio é calculada pela fórmula:
m (%) = Al x 100
t
d) C.T.C a pH 7,0 (T): reflete a capacidade do solo em reter C+ a pH 7,0. Sob o ponto de vista prático, é o
valor da CTC de um solo, caso a calagem deste solo fosse feita para elevar o pH a 7,0. Partindo-se de um
solo ácido, a elevação do pH para 7,0 promove a neutralização de C+ H+ que se encontram em ligações
covalentes com o oxigênio de colóides orgânicos e óxidos de Fe e Al. Com isto, são desenvolvidas cargas
negativas que existiam apenas em potencial. Finalmente, deve-se destacar que o ganho em C.T.C pela
neutralização de H+ adsorvidos será tanto > quanto mais baixo for o pH natural do solo e quanto > for o
teor de M.O e de óxido de Fe e Al do solo. Os colóides orgânicos são os principais responsáveis por tal
ganho. A C.T.C a pH 7,0 pode ser calculada pela fórmula:
C.T.C ou T (cmolc dm-3) = SB + (H + Al)
36
e) Porcentagem de saturação de bases (V): reflete quantos por cento da C.T.C a pH 7,0, estão
ocupados pelas bases existentes no solo. Em nível de manejo da fertilidade do solo, o aumento do pH do
solo tem de ser feito com corretivos que adicionem bases ao solo, de forma a elevar também a saturação de
bases. Esta é uma das razões do uso do calcário, pois, além de elevar o pH do solo, este corretivo adicionará
Ca++ e Mg++ ao solo. Assim sendo, o V é um parâmetro muito usado para recomendação de calagem. A
porcentagem de saturação de bases pode ser calculada pela fórmula:
V (%) = SB x 100
T
f) Acidez trocável: é representada pelo Al+++ mais o H+ que faz parte da C.T.C efetiva. Como, em geral, a
participação do H+ é pequena em relação ao Al+++, este valor é também chamado de Al+++. O Al+++ é
considerado como acidez porque, em solução, por hidrólise, gera acidez, de acordo com a seguinte equação
simplificada:
Al 3+ + 3 H2O ⇔ Al (OH)3 ↓ + 3H+
Precipitado
g) Acidez potencial ou total: inclui H + Al (H trocável, H de ligações covalentes que é dissociado com a
+
elevação do pH, Al+++ trocável e outras formas de Al). A maior parte do H+ provém das cargas negativas
dependentes do pH. Esta fração é chamada acidez dependente do pH. A participação do H+ em geral é
maior do que a do Al3+ trocável.
Unidade Classificação
Característica
Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom
Acidez trocável (Al ) +3
cmolcdm -3
≤ 0,20 0,21-0,50 0,51-1,00 1,01-2,003
> 2,003
Soma de bases (SB) cmolcdm-3 ≤ 0,60 0,61-1,80 1,81-3,60 3,61-6,00 > 6,00
Acidez potencial (H+Al) cmolcdm -3
≤ 1,00 1,01-2,50 2,51-5,00 5,01-9,003
> 9,003
CTC efetiva cmolcdm-3 ≤ 0,80 0,81-2,30 2,31-4,60 4,61-8,00 > 8,00
CTC pH 7 (T) cmolcdm -3
≤ 1,60 1,61-4,30 4,31-8,60 8,61-15,0 > 15,0
Saturação por Al+3 (m) % ≤ 15,0 15,1-30,0 30,1-50,0 50,1-75,03 > 75,03
Saturação por bases (V) % ≤ 20,0 20,1-40,0 40,1-60,0 60,1-80,0 > 80,0
1
Método Walkley & Black;
2
Método KCl 1mol/L;
3
A interpretação destas classes deve ser alta e muito alta em lugar de bom e muito bom
Fonte : RIBEIRO et al, 1999
37
Algumas transformações, ou seja, como converter os resultados antigos para o sistema novo:
1. Solo:
- Teor de carbono, matéria orgânica e textura do solo (areia, silte e argila) ⇒ % x 10= g/dm3 = g/kg
- Fósforo, enxofre e micronutrientes: ppm x 1 = mg/kg = mg/dm3
- Cátions trocáveis (K, Ca, Mg, Al), Acidez potencial (H+Al), Soma de Bases (SB) e Capacidade de Troca
de Cátions (CTC): meq/100 cm3 = 10 mmoc/dm3 = 1 cmolc/dm3
- Saturação de bases (V%) e Saturação de alumínio (m%): continuam expressos em %
2. Planta (folha):
- Macronutrientes: % x 10 = g/kg
- Micronutrientes: ppm = mg/kg
VALE LEMBRAR QUE:
1 ppm = 1 µg/ml = 1 mg/dm3
1 cmolc/dm3 = 1 cmolc/kg = 1 meq/100 ml = 1 meq/100 cm3 = 10 mmolc/dm3 = 10 mmolc/kg
Muitas vezes, os resultados das análises de solos, expressos em meq/100 cm3, ppm ou % não
transmitem ao técnico, que interpreta os mesmos, uma idéia "quantitativa relativa" da disponibilidade de um
nutriente. Um resultado de análise de fósforo em ppm passa a ter mais sentido quando se transforma este
resultado em quantos Kg de P2O5 estão disponíveis por hectare, por exemplo. Da mesma forma pode ser
interessante saber quantos quantos meq Ca2+/100cm3 correspondem ao uso de 3 t/há de um determinado
calcário.
Para facilitar estes tipos de cálculos e uma série de outros de cunho extremamente prático, existem
tabelas de transformação de unidades (abaixo), que quando operadas adequadamente, permitem reduzir
consideravelmente o tempo gasto na solução destes problemas.
Alguns exemplos adicionais de cálculos utilizando estas tabelas são apresentados a seguir.
c. Kg de P em Kg de P2O5
Tabela. Peso equivalente, peso molecular e valência de alguns elementos e/ou compostos:
Elemento/Composto Peso molecular Valência Peso Equivalente
N 14 1 14,0
NO3- 62 1 62,0
NH4+ 18 1 18,0
P 31 3 10,3
P2O5 142 6 23,7
PO43- 95 3 31,7
S 32 2 16,0
SO4= 96 2 48,0
K+ 39 1 39,0
K2O 94 2 47,0
Ca2+ 40 2 20,0
CaO 56 2 28,0
CaCO3 100 2 50,0
Mg++ 24 2 12,0
MgO 40 2 20,0
MgCO3 84 2 42,0
Al3+ 27 3 9,0
Al2O3 102 6 17,0
Tabela. Correlação entre resultados de análises de solos e a quantidade de nutrientes por hectare (Camada
0-20 cm).
ELEMENTOS UNIDADES QUANTIDADE/ha
Matéria Orgânica 1% peso/vol. ou 1 g.dm-3 20.000 kg
Fósforo (P) 1 mg.dm-3 2 kg de P
Enxofre (S-SO4) 1mg.dm-3 2 kg de S-SO4
1mg.dm-3 2 kg de K
Potássio (K) 1 mmolc.dm-3 78 kg de K
1 meq.100 cm-3 ou 780 kg de K
1 cmolc.dm-3
1 mg.dm-3 2 kg de Ca
Cálcio (Ca) 1 mmolc.dm-3 40 kg de Ca
1 meq.100cm-3 ou 400 kg de Ca
1 cmolc.dm-3
1 mg.dm-3 2 kg de Mg
Magnésio (Mg) 1 mmolc.dm-3 24 kg de Mg
1 meq.100cm-3 ou 240 kg de Mg
1 cmolc.dm-3
1 mmolc.dm-3 18 kg de Al
Alumínio (Al) 1 meq.100cm-3 ou 180 kg de Al
1 cmolc.dm-3
Tabela. Fatores multiplicativos de transformação dos resultados analíticos do solo, quando expressos em
g/100g (percentagem), mg/100g, ppm e kg ou t/ha.
Expressões a g/100g mg/100g ppm Kg/há* t/ha*
transformar
g/100g 1 1.000 10.000 20.000 20
mg/100g 0,001 1 10 20 0,02
ppm 0,0001 0,1 1 2 0,002
Kg/ha* 0,00005 0,05 0,5 1 0,001
t/ha* 0,05 50 500 1.000 1
* considerando-se um hectare de 2.000 t ou 2.000.000 dm3 na profundidade de 0 - 20 cm e densidade igual a 1.
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12. Exercícios sobre transformação de unidades: