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COMÉRCIO EXTERIOR
 
 
 

Conselho Editorial EAD 
Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) 
Mara Lúcia Machado 
José Édil de Lima Alves 
Astomiro Romais 
Andrea Eick 
 
 
Obra  organizada  pela  Universidade  Luterana  do 
Brasil.  Informamos  que  é  de  inteira  responsabilidade 
dos autores a emissão de conceitos. 
A  violação  dos  direitos  autorais  é  crime  estabelecido 
na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código 
Penal. 
 
 
 

 
 

APRESENTAÇÃO

Este livro apresenta aspectos voltados ao processo de comércio exteri‐
or.  Esse  tema  mostra‐se  de  grande  relevância,  tendo  em  vista  que  as 
organizações anseiam por tornarem cada vez mais eficientes e eficazes 
as suas ações voltadas para o mercado internacional. Para tanto, preci‐
sam  trabalhar  com  ferramentas  modernas  de  gestão  no  âmbito  de 
mercado internacional. 

Com  uma  abordagem  bem  direcionada  e  uma  linguagem  simples  e 


direta,  esta  obra  tem  como  objetivo  possibilitar  a  compreensão  das 
mais diversas variáveis de mercado no âmbito internacional (as quais 
interferem no dia a dia das organizações) e objetivar ações favoráveis 
para  o  ingresso  de  produtos  e  serviços  no  mercado  externo  e  para  a 
administração  da  importação  de  outros  produtos  e  serviços,  explici‐
tando as principais estratégias a serem implementadas para a consecu‐
ção dessas ações.  

No  primeiro  capítulo,  há  uma  análise  sobre  a  origem  do  comércio 
internacional, com o objetivo de darmos o balizamento para os assun‐
tos atinentes à área. 

Já  no  segundo  capítulo,  fazemos  uma  abordagem  bastante  objetiva 


sobre a influência e a importância de trabalharmos com os Termos do 
Comércio  Internacional  (Incoterms),  principalmente  no  que  tange  às 
responsabilidades de exportadores e importadores.  

No terceiro capítulo, fazemos uma abordagem sobre a interação entre 
o  marketing  internacional  e  as  principais  formas  de  colocação  e  apre‐
sentação dos produtos no âmbito do mercado externo. 

O  quarto  capítulo  versa  diretamente  sobre  as  principais  modalidades 


de  pagamentos  por  vezes  vistas  no  Comex,  tais  como  cobrança,  carta 
de crédito entre outras.  
 
 
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No quinto e no sexto capítulos, procuramos mostrar a real importância 
dos negócios internacionais, assim como aquelas principais caracterís‐
ticas vistas no processo de exportação. 

No sétimo capítulo, fazemos uma análise sucinta a respeito dos trans‐
portes  internacionais  nas  exportações,  principais  modais  utilizados, 
entre outros assuntos. 

O  oitavo capítulo  trata  diretamente  da  análise  das importações,  a  fim 


de  que  possamos  ter  equilíbrio  na  balança  comercial  dos  países,  nas 
importações, em relação aos produtos e aos serviços. 

Para concluir, no nono e no décimo capítulos, buscamos apresentar os 
principais  aspectos  voltados  para  a  formação  do  preço  de  venda  nas 
exportações, tomando como base o preço verificado no mercado inter‐
no.  Também  apresentamos,  como  entendimento  das  principais  ações 
voltadas  para  o  mercado  de  exportação,  algumas  dicas  para  que  pos‐
samos definir um melhor plano de exportação. 

Todos os itens aqui abordados são fundamentais para o entendimento 
dos gestores e demais profissionais voltados para o comércio exterior. 
Ainda que tenhamos diversos cenários voltados para o tema em ques‐
tão,  acreditamos  que  os  conceitos  aqui  apresentados  serão  bastante 
úteis  aos  profissionais  da  área,  gerando  ainda  uma  forte  contribuição 
para a comunidade acadêmica. 
 

SOBRE O AUTOR

José Olmiro Oliveira Peres

José  Olmiro  Oliveira  Peres,  natural  de  Porto  Alegre  (RS),  é  graduado 
em  Administração,  com  habilitação  em  Comércio  Exterior  (1990)  pela 
Universidade  do  Vale  do  Rio  dos  Sinos  (  Unisinos  ).  Possui  pós‐
graduação em Administração de Marketing (1991)  e  em Metodologia 
do Ensino Superior (1992), ambos pela Unisinos. Mestrado  na área de 
Gestão  de  Negócios  (1995),  título  este  recebido  pela  Universidad  de 
Ciencias Empresariales y Sociales de Buenos Aires, OK! Ministra aulas 
de  graduação  e  pós‐graduação  na  Universidade  Luterana  do  Brasil 
(ULBRA)  e  na  Universidade  de  Caxias  do  Sul.  Também  é  professor 
convidado da Universidade de Buenos Aires. Avaliou e orientou mais 
de 400 trabalhos de graduação e pós‐graduação nas áreas de Marketing, 
Planejamento  Estratégico,  Gestão  de  Pessoas,  Gestão  Pública,  entre 
outros. Atua como consultor de empresas públicas e privadas e atual‐
mente  é  membro  efetivo  da  executiva  do  PARTIDO  REPUBLICANO 
BRASILEIRO (PRB) no Rio Grande do Sul. 

 
 

SUMÁRIO

1 A ORIGEM DO COMÉRCIO EXTERIOR ........................................ 12

1.1 Características da globalização ..................................... 14

1.2 Desafios e oportunidades da globalização para o Brasil ...... 15

1.3 Organismos internacionais ............................................ 17

1.4 Barreiras ao livre comércio ............................................... 18

1.4 Inserção do Brasil no comércio internacional .................. 18

Ponto final ............................................................................ 19

Atividades ............................................................................. 20

2 A IMPORTÂNCIA DOS INCOTERMS ........................................... 21

2.1 A importância dos incoterms para os gestores em comércio


exterior ................................................................................. 21

Ponto final ............................................................................ 30

Atividades ............................................................................. 31

3 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING INTERNACIONAL .................... 32

3.1 Interações do marketing internacional .............................. 32

3.2 Quais os motivos que nos levam a estudar marketing


internacional? ....................................................................... 33

3.4 Diferenças entre marketing local e marketing internacional 35

3.5 Desafios contínuos e futuros ............................................. 36


 

9
3.6 Oportunidade no comércio internacional ........................... 37

Ponto final ............................................................................ 37

Atividades ............................................................................. 38

4 MODALIDADES DE PAGAMENTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL


............................................................................................... 39

4.1 Característica das discrepâncias ...................................... 42

4.2 Quanto à natureza dos créditos documentários .................. 42

4.3 Red clause (cláusula vermelha) ........................................ 42

4.4 Observações sobre documentos de exportação .................. 42

4.5 Procedimentos voltados para o seguro............................... 43

Ponto final ............................................................................ 44

Atividades ............................................................................. 44

5 A IMPORTÂNCIA DOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ................... 46

5.1 Estudos do comércio internacional .................................... 46

5.2 A prática do processo de negociação comercial ................. 47

5.3 Prática do processo de preparação de uma negociação ...... 48

5.4 Característica da empresa que tem um negociador para


representá-la......................................................................... 49

Ponto final ............................................................................ 50

Atividades ............................................................................. 51

6 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO ................. 53

6.1 Documentos referentes ao exportador ............................... 54

6.2 Documentos referentes ao contrato de exportação ............. 54

6.3 Documentos referentes à mercadoria ................................ 55

Ponto final ............................................................................ 56


 
 
10
Atividades ............................................................................. 56

7 O TRANSPORTE NAS EXPORTAÇÕES ......................................... 58

7.1 Transporte marítimo ......................................................... 59

7.2 Transporte rodoviário ....................................................... 60

7.3 Transporte ferroviário ....................................................... 60

7.4 Transporte aéreo .............................................................. 60

7.5 Seguro internacional ........................................................ 60

Ponto final ............................................................................ 61

Atividades ............................................................................. 61

8 ANÁLISE DAS IMPORTAÇÕES .................................................. 63

8.1 A importância das importações para o comércio exterior .... 64

8.2 Principais órgãos que intervêm na importação ................... 66

Ponto final ............................................................................ 67

Atividades ............................................................................. 67

9 ASPECTOS VOLTADOS PARA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA NA


EXPORTAÇÃO ........................................................................... 69

9.1 Composição do preço ....................................................... 70

9.2 Resultados ...................................................................... 71

9.3 Programas técnicos-operacionais ..................................... 72

9.4 Cálculo de preço ex-works ................................................ 73

9.5 Cálculo do preço faz ......................................................... 74

9.6 Cálculo do preço fob......................................................... 74

9.7 Cálculo do preço cif.......................................................... 74

Ponto final ............................................................................ 75


 

11
Atividades ............................................................................. 76

10 DICAS PARA DEFINIÇÕES DE UM MELHOR PLANO DE


EXPORTAÇÃO ........................................................................... 77

10.1 Planejamento internacional ............................................ 78

10.2 A expansão de mercado .................................................. 79

10.3 Em relação aos preços .................................................... 79

10.4 Principais requisitos dos produtos................................... 79

10.5 Características da assistência técnica ............................ 80

Ponto final ............................................................................ 80

Atividades ............................................................................. 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 82

REFERÊNCIAS POR CAPÍTULO .................................................... 83

REFERÊNCIAS .......................................................................... 85

GABARITO ................................................................................ 87
 
 

1
José Olmiro Oliveira Peres
A ORIGEM DO COMÉRCIO
EXTERIOR

Para darmos validade às principais premissas voltadas para o comér‐
cio exterior, entendemos que conceitos relacionados à área encontram‐
se em fase de evolução, haja vista termos nas operações de exportação 
e  importação  uma  série  de  variáveis,  as  quais  sem  dúvida  alguma 
contribuem  para  o  sucesso  e/ou  insucesso  de  qualquer  organização, 
podendo  até  mesmo  serem  conflitantes.  Devemos  entender  que  o  co‐
mércio  exterior  está  cada  vez  mais  presente  na  vida  das  empresas, 
sejam  elas  industriais  ou  comerciais,  públicas  ou  privadas.  Isso  nos 
instiga a cada vez mais perseverar na apresentação de dados substan‐
ciados, a fim de fornecer ferramentas compatíveis com os agentes que 
atuam nessa área. 

Cabe‐nos  manifestar,  ainda,  o  novo  momento  vivido  pelo  comércio 


internacional, em que esse relacionamento passa a ser fundamental na 
vida  das  organizações,  até  porque  estamos  falando  de  um  mercado 
globalizado, com problemas que, surgindo em algumas nações, pode‐
rão  afetar  as  economias  de  diversas  outras,  inclusive  a  brasileira.  Se‐
gundo  Maia1,  o  comércio  internacional  é  composto  por  operações  ati‐
vas:  exportação,  entrada  de  capitais,  serviços,  donativos  recebidos  e 
remessas de emigrantes; e operações passivas compostas por importa‐
ções, saídas de capitais, serviços, donativos concedidos e remessas de 
imigrantes. 

Resta‐nos verificar que todo o processo de comercialização no comér‐
cio exterior foi melhorado com o passar dos anos, até porque houve o 
avanço tecnológico, provocando certa revolução na economia mundial. 
Em concordância com toda a discussão que faremos em todos os capí‐
tulos do livro, cabe‐nos a transcrever, de forma muito clara e objetiva, 
as  mais  diversas  variáveis,  as  quais  são  indispensáveis  para  o  enten‐
dimento do Comércio Exterior ( Comex ), como um todo. 
 

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Fazendo um paralelo entre o comércio exterior da atualidade com o do 
passado,  chegamos  à  conclusão  de  que  diversos  fatores  foram  funda‐
mentais para o seu crescimento, entre eles: 

a. A importância da Câmara de Comércio Internacional (CCI) de Paris, 
a  qual,  após  ter  sido  criada  no  ano  de  1936,  foi  fundamental  para  a 
criação  dos  regramentos  do  comércio  internacional.  Foi  através  dela 
que foram criados os Incoterms, “Termos do comércio internacional, os 
quais  apresentam  as  responsabilidades  de  exportadores  e  importado‐
res no momento da negociação”. 

b. Avançando em relação a esse processo, chegamos ao ano de 1944, na 
Conferência  de  Breeton  Woods,  cidade  esta  localizada  no  Estado  de 
New  Hampshire,  Estados  Unidos  (EUA),  tendo  ali  surgido  o  Fundo 
Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução 
e  Desenvolvimento  (Bird)  e  o  Acordo  Geral  de  Comércio  e  Tarifas 
(GATT) passando no ano de 1985 a chamar‐se de Organização Mundial 
do Comércio (OMC). Devemos levar em conta que esses órgãos não só 
tiveram  uma  representatividade  naquele  momento  em  que  foram 
criados,  como  também  até  hoje  servem  de  grandes  balizadores  para 
que possamos entender um pouco mais a realidade do comércio inter‐
nacional. 

c.  Ao  final  dos  anos  de  1940,  com  a  alavancagem  do  movimento  do 
carvão e do aço na Europa, surgem novas ideias, as quais, após serem 
discutidas durante alguns anos, mais precisamente até o ano de 1957, 
fazem surgir o Mercado Comum Europeu (MCE), conhecido na atuali‐
dade como União Europeia. Esse movimento surge com a concepção de 
fazer  com  que  oito  países  europeus  pudessem,  ao  serem  formados, 
trazer  uma  maior  hegemonia  para  o  comércio  internacional.  Esses 
fatores,  atrelados  a  uma  série  de  outras  variáveis,  fizeram  com  que 
surgisse o processo de globalização da economia, na qual a criação de 
novos horizontes seria fundamental para as nações. 

d. Ainda voltados para estas demandas, passamos a analisar de forma 
mais  ampla  o  comércio  internacional,  sendo  que,  para  medirmos  a 
eficiência  e  a  eficácia  desses  mercados,  deveríamos  conhecer  aquilo 
que foi denominado de estágios que preconizam a integração. 

Nesses estágios, iremos encontrar: 

 zona  de  livre do  comércio,  culminando  com  a  livre  circulação  de 


bens, serviços e pessoas; 
 
 
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 união aduaneira, em que a Tarifa Externa Comum (TEC) é melhor 
equalizada  entre  os  países,  ou  seja,  todos  os  produtos  e  serviços 
comprados  de  fora  do  bloco  econômico  deverão  apresentar  a 
mesma alíquota; 

 mercado  comum,  aquilo  que  teremos  quando  satisfeitas  as  duas 


primeiras fases de zona de livre comércio e união aduaneira; 

 união  monetária,  que  representa  a  criação  de  uma  moeda  única 


citando como exemplo o EURO na Europa; 

 união  política,  que  é  a  unificação  das  políticas  em  relação  ao  co‐
mércio internacional a fim de melhorar a negociação entre países, 
no processo de compra e distribuição dos produtos. 

Segundo  Vasconcellos,  Lima  e  Silber2,  o  Brasil,  em  si,  é  um  grande 


desafio à inteligência e ao bom senso. Desafio maior é o de abjurarem‐
se  os  dogmas  que  impedem  o  país  de  transformar  os  extraordinários 
recursos que detém em efetivo crescimento econômico e social, deixar 
de  ser  país  do  futuro,  dos  discursos  bombásticos,  para  alcançar  com 
eficiência a maturidade, a posição de altamente desenvolvido. Ele tem 
todos  os  ingredientes  naturais  para  alcançar  esse  patamar,  exceto  o 
verdadeiro  fator  de  impulsão  definido  na  sólida  educação,  na  forma‐
ção  profissional  e  no  aprendizado  contínuo  de  profissionais  do  setor 
privado e, especialmente, do governo. A solidez de conhecimentos é o 
grande trampolim para entender os fenômenos e as realidades atuais, 
meio  lógico  para  a  tomada  de  decisões  corretas,  que  requerem  uma 
abordagem multidisciplinar envolvendo a análise da teoria, da estraté‐
gia e da prática. 

Os  mesmos  autores3  apresentam  as  principais  características  e  conse‐


quências da globalização, apresentadas a seguir. 

1.1 Características da globalização


Em  função  do  crescente  impacto  da  integração  econômica  global,  é 
fundamental discutir as suas principais características e consequências. 
Em primeiro lugar, a globalização não pode ser retardada nem ignora‐
da. As  poderosas  forças  que a  comandam,  ligadas  aos  avanços  tecno‐
lógicos  em  transporte  e  comunicações,  têm  vida  própria  e  são  inde‐
pendentes  dos  governos.  Portanto,  participar  ou  não  da  globalização 
não é uma escolha, dadas às mudanças irreversíveis no mercado inter‐
nacional.  Em  segundo  lugar,  a  globalização  implica  que  algumas  das 
antigas  distinções  entre  políticas  domésticas  tornem‐se  cada  vez  mais 
irrelevantes.  Em  terceiro  lugar,  a  integração  crescente  na  economia 
 

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mundial tem custos econômicos e sociais bem definidos nesta etapa de 
transição,  devido  à  exposição  de  setores  protegidos,  à  concorrência 
internacional e às necessidades de as empresas se adaptarem a escalas 
compatíveis com o mercado aberto.  

Finalmente, o ambiente econômico mundial oferece grandes oportuni‐
dades de integração, mas cada país tem de aproveitá‐las. Uma partici‐
pação crescente na economia internacional possibilita inúmeros benefí‐
cios:  essa  participação  permite  uma  melhor  alocação  de  recursos  em 
direção  aos  setores  no  qual  o  país  tenha  vantagens  competitivas,  au‐
menta a eficiência por meio da concorrência entre as empresas e favo‐
rece  a  difusão  tecnológica  e  do  conhecimento.  Com  isso,  deverá  au‐
mentar a convergência de renda entre as nações, na medida em que os 
países  em  desenvolvimento  terão  taxas  de  crescimento  superiores  às 
observadas nos países ricos. 

1.2 Desafios e oportunidades da globalização para o


Brasil
As  três  últimas  décadas  presenciaram  uma  radical  transformação  na 
divisão  do  trabalho  em  escala  mundial.  Além  disso,  uma  dezena  de 
países em desenvolvimento aproveitou esse fenômeno para acelerar o 
seu  ritmo  de  crescimento  econômico  e  se  aproximar  dos  padrões  de 
opulência dos países afluentes. Isso foi possível devido à grande inte‐
gração  desses  países  na  economia  mundial,  à  ausência  de  distorções 
relevantes que afetavam as decisões de investimentos e à estabilidade 
macroeconômica.  

Crescimento econômico e participação crescente na economia mundial 
são forças que se complementam, relacionadas à grande chance que o 
Brasil tem é reverter o seu isolamento da economia mundial e aprovei‐
tar  as  oportunidades  oferecidas  pela  globalização  para  acelerar  o  seu 
crescimento econômico. A globalização oferece grandes possibilidades 
de  aumentar  a  capacidade  produtiva  doméstica  por  meio  do  investi‐
mento  direto  estrangeiro  e  da  sua  capacidade  de  ampliar  o  acesso  ao 
mercado externo para produtos em relação aos quais o Brasil apresenta 
vantagens  comparativas  devido  à  alta  propensão  exportadora  das 
empresas multinacionais. 

Considerado  um  dos  grandes  mercados  emergentes  do  mundo  junta‐


mente  com  China,  Índia,  Rússia  e  Indonésia,  o  Brasil  enfrenta  hoje  o 
grande  desafio  de  manter  um  conjunto  de  políticas  coerentes  para 
poder  aproveitar  as  oportunidades  que  a  globalização  e  os  mercados 
lhe  oferecem  e  retornar  ao  seu  padrão  histórico  de  crescimento  acele‐
 
 
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rado interrompido no final dos anos 1970. Para isso, é necessário que o 
país  mantenha  políticas  macroeconômicas  estáveis,  crie  condições 
favoráveis aos investimentos em capital físico e humano e mantenha a 
abertura ao exterior. 

Segundo Bortoto, Vasques e Rebono4, o período compreendido entre o 
século  XVI  e  a  metade  do  século  XVIII  (aproximadamente  entre  os 
anos de 1500 e 1750) é conhecido nos livros de história como Revolução 
Comercial.  Foram  anos  fundamentais  para  o  estabelecimento  de  uma 
economia mundial e para a consolidação de uma nova forma de orga‐
nização política: o Estado nacional. 

Do ponto de vista do comércio internacional, foi durante esse período 
que se estabeleceram as bases conceituais de todas as futuras teorias de 
comércio exterior, que foram e são praticadas até os dias atuais. Além 
disso,  as  teorias  e  as  práticas  econômicas,  que  no  seu  conjunto  deno‐
minamos  hoje  de  mercantilistas,  contribuíram  para  a  organização  e 
consolidação  do  Estado  nacional  como  o  principal  agente  econômico 
no plano mundial. 

Já  em  relação  à  guerra  mercantil  durante  o  período  colonial,  o  Brasil 


sofreu assédio constante das potências mercantilistas da época, princi‐
palmente franceses, ingleses e holandeses que não possuíam território 
nas  Américas  e  praticavam  a  pirataria  em  larga  escala  contra  navios, 
feitorias, vilas e cidades portuguesas e espanholas. 

Os ataques realizados por essas nações em solo brasileiro ilustram bem 
a legitimidade da ação pirata no contexto do mercantilismo justificada 
como forma de obter recursos para aumentar a sua balança comercial, 
pois com a ação corsária se obtêm ganhos em ouro e prata sem que o 
país  tenha  que  despender  recursos  significativos  para  obtê‐los.  E 
quando  não  se  obtém  o  metal  diferente,  conseguem‐se  mercadorias 
que serão transformadas e comercializadas para outras nações, obten‐
do‐se, desse modo, de qualquer forma, o metal necessário para fortale‐
cer o Estado. 

Segundo  Maia5,  no  comércio  internacional,  a  troca  nos  dias  atuais 


ultrapassou  as  fronteiras,  tornando  possível  o  comércio  internacional. 
O economista Venícius Dias de Oliveira define comércio internacional 
como uma via de duas mãos. Isso porque as vendas são representadas 
pelas exportações e as compras pelas importações. 

Ainda  segundo  o  mesmo  autor6,  o  comércio  a  partir  disso  torna‐se 


internacional,  havendo  um  processo  de  rompimento  de  fronteiras, 
incluindo grandes transformações nos serviços como um todo. 
 

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Maia7  enfoca  ainda,  que  o  comércio  e  a  economia  passam  a  sofrer 
grandes  transformações,  principalmente  pelo  fato  de  haver  um  forte 
aumento tanto de volumes de exportações como importações, fazendo 
com que haja um grande incremento no processo que envolve capitais 
quanto  a  transferências  unilaterais  (donativos  e  remessas  de  ou  para 
imigrantes). 

Houve  uma  evolução  significativa  nos  meios  de  transportes,  fazendo 


com que a rapidez fosse uma das fortes marcas desse processo, tradu‐
zindo em um forte incremento da economia internacional. 

1.3 Organismos internacionais


Segundo  observações  de  comércio  exterior  do  Banco  do  Brasil,  com 
base  no  manual  de  comércio  exterior,  ano  2008,  por  interesse  comum 
dos  países,  foi  criada  uma  gama  de  entidades  internacionais  com  a 
finalidade  de  darem  um  melhor  direcionamento  aos  processos  de 
intercâmbio  comercial. Essa  ação  buscou efetivamente  dirimir  os  con‐
flitos  no  âmbito  do  comércio  internacional,  resguardando  os  direitos 
de todos os agentes envolvidos no processo. 

Contudo,  existem  dois  aspectos  aparentemente  contraditórios  na  área 


de atuação desses organismos: a necessidade de controle restritivo das 
importações e a liberdade de comércio entre os países. 

O primeiro aspecto gera dificuldades de relacionamento internacional, 
pois os governos são impelidos a orientar as suas transações externas 
em  consonância  com  as  metas  de  importação.  Quanto  ao  segundo, 
tem‐se  mostrado  progressivamente  crescente  a  interdependência  eco‐
nômica entre as nações, embora em graus diferenciados.  

É  nesse  cenário  que  atuam  os  organismos  internacionais  de  coopera‐


ção,  na  contínua  busca  de  harmonização  entre  os  objetivos  nacionais 
de  desenvolvimento  e  de  equilíbrio  econômico  interno  e  os  objetivos 
da comunidade mundial. 

As  diversas  convenções  multilaterais  sobre  comércio,  pagamentos  e 


investimentos constituem a razão da sua existência. 

Esses  organismos  já  foram  abordados  anteriormente,  representados, 


entre outros, pelo FMI. 
 
 
18

1.4 Barreiras ao livre comércio


O crescimento do comércio internacional fez com que países desenvol‐
vidos aumentassem ações protecionistas, incrementando o processo de 
barreiras tarifárias (como o aumento do imposto de importação) ou até 
mesmo  gerando  cotas  de  importação,  fator  este  que  afeta  os  países 
emergentes. 

Como forma de protecionismo, as barreiras tarifárias podem ser consi‐
deradas  em  uma  escala  menor,  principalmente  pela  definição  das  alí‐
quotas.  Um  dos  problemas  mais  sérios  no  campo  das  barreiras  não 
tarifárias são aqueles fatores que têm como função a discriminação dos 
produtos  estrangeiros,  fazendo  com  que  haja  uma  dificuldade  de  o 
processo no âmbito do comércio internacional ser conduzido.  

Tipos de barreiras não tarifárias: 

 proibição a importações em caráter geral ou seletivo ou em função 
da origem; 

 cotas de importação (em quantidade ou valor); 

 depósitos compulsórios; 

 controles de preços; 

 controles cambiais; 

 exigências em matéria de embalagem e marcas de origem; 

 regulamentações sanitárias; 

 normas de qualidade (aplicadas a produtos, serviços e meio ambi‐
ente); 

 normas e especificações técnicas; 

 regras de segurança industrial. 

1.4 Inserção do Brasil no comércio internacional


A  história  da  humanidade  tem  sido  de  constantes  lutas  pela  sobrevi‐
vência, seja esta individual, de grupos, de sociedades ou de organiza‐
ções. 
 

19
Ao  longo  da  história,  temos  nos  deparado  com  frequentes  barreiras 
que nos levam a tomar decisões rápidas para a sobrevivência, pois, se 
tardamos, corremos o risco de estar fora de contexto. 

Este  estudo  focará  basicamente  as  organizações  caracterizadas  como 


indústrias importadoras e exportadoras. 

O Brasil pode ser considerado um país novo no contexto internacional. 
A  recente  história  registra  o  período  de  1980  a  1990  como  marco  da 
inserção do país na dinâmica do comércio exterior. A década em ques‐
tão grava vários movimentos do governo federal pertinente à política 
externa. 

Em  1990,  o  então  presidente  eleito,  Fernando  Collor  de  Mello,  realiza 
atos  que  mudariam  a  história  do  Brasil,  no  que  tange  ao  comércio 
internacional.  Viaja  várias  vezes  ao  exterior,  percorrendo  países  vizi‐
nhos do Cone Sul, EUA, Japão, União Soviética e seis países europeus. 

Assina  juntamente  com  o  presidente  Carlos  Menem  (da  Argentina)  a 


ata de Buenos Aires, segundo a qual Brasil e Argentina decidem con‐
formar o mercado comum bilateral até 31 de dezembro de 1994: os dois 
países  assinam,  no  âmbito  da  Associação  Latino‐Americana  de  Inte‐
gração  (Aladi)  um  Acordo  de  Complementação  Econômica  (ACE‐14), 
referente ao programa de liberalização comercial. 

Também foi celebrado o Tratado de Assunção, entre Argentina, Brasil, 
Paraguai e Uruguai, para a constituição de um mercado comum do sul, 
o Mercosul, em 26 de março de 1991. 

Ponto final
A influência da globalização no processo de negócios internacionais é 
bem observada nas organizações, haja vista uma necessidade imposta 
pelo  mercado,  principalmente  no  que  tange  ao  desenvolvimento  do 
processo  de  gestão  organizacional  adaptado  às  principais  variáveis 
existentes no comércio internacional, tais como custos logísticos, trans‐
porte, impostos, entre outras. 
 
 
20

Atividades
1) Quais são os principais temas/objetos de estudo do comércio exte‐
rior? 
2) Qual  o  ano  de  fundação  da  CCI  de  Paris,  citando  o  principal  re‐
gramento  criado  para  ela,  que  auxilia  exportadores  e  importado‐
res até os dias atuais? 
 
3) Quais são os estágios que preconizam a integração? 
 
4) Qual a principal função do Bird, no âmbito do comércio exterior? 
 
5) Cite pelo menos três barreiras não tarifárias. 
 
 
 

2
José Olmiro Oliveira Peres
A IMPORTÂNCIA DOS INCOTERMS

Com base na análise dos Incoterms a ser apresentada a seguir, teremos 
condições  de  fazermos  uma  abordagem  das  principais  varáveis  inter‐
venientes no processo sob responsabilidade de exportadores e impor‐
tadores no âmbito do comércio internacional.  

Conforme já visto no capítulo anterior, os Incoterms servem de regra‐
mentos  para  exportadores  e  importadores,  principalmente  no  que 
tange  às  responsabilidades  de  compradores  e  vendedores  no  âmbito 
do Comex. 

De  acordo  com  Bortoto,  Vasques  e  Rebono1,  fazer  referência  a  condi‐


ções internacionais de exportação e importação é o mesmo que referir‐
se a negociações comerciais, ou melhor, ainda, a transações comerciais 
internacionais.  Assim,  deve‐se  entender  que,  para  negociar,  é  preciso 
ter, antes de tudo, principalmente quando se fala em comércio exterior, 
uma série de conhecimentos básicos para que haja redução no tempo e 
nos  gastos  e  seja  eliminada  grande  parte  das  incertezas  e  hesitações 
sobre as obrigações de cada uma das operações nos contratos firmados 
entre exportadores e importadores. 

2.1 A importância dos incoterms para os gestores em


comércio exterior
De acordo com Dias e Rodrigues2, os Incoterms vem sendo regulamen‐
tados  com  o  objetivo  de  criar  diretrizes  para  administrar  conflitos 
oriundos  da  interpretação  de  contratos  internacionais  firmados  entre 
exportadores e importadores, na transferência de mercadorias, sendo, 
portanto,  considerados  como  um  padrão  de  contrato  mundial.  Os 
Incoterms  estão  divididos  em  quatro  grupos:  E,  F,  C  e  D.  Cada  Inco‐
term está representado por três letras, que costumam ser as iniciais das 
explicações de cada um deles, mas no padrão do idioma inglês. Assim, 
 
 
22
por  exemplo,  sabe‐se  que  mercadoria  entre  livre,  a  bordo  do  navio,  é 
Free on Board, ou, como o conceito é mais conhecido, FOB. 

As  modificações  realizadas  pela  CCI,  segundo  Dias  e  Rodrigues3,  no 


ano  de  2000,  passaram  a  vigorar  em  janeiro  desse  mesmo  ano,  com 
pequenas  modificações  da  Brochura  460  de  1990  (brochura  significa 
”encadernação”, fazendo uma tradução literal do francês para o portu‐
guês, e expressa toda a relação dos principais preceitos voltados para 
os  créditos  documentários).  Tais  modificações  fundamentam‐se,  prin‐
cipalmente, na necessidade de adaptação à transferência eletrônica de 
dados dos documentos, na fatura comercial, nos conhecimentos inter‐
nacionais  de  carga,  nos  certificados  de  origem  e  de  qualidade  e  na 
retificação das mudanças técnicas de transporte relacionadas à utiliza‐
ção de cargas e ao transporte multimodal. 

Ainda segundo os mesmos autores4, os Incoterms são termos interna‐
cionais  de  compra  e  venda  que  regulam  apenas  a  relação  comercial 
entre vendedor e comprador. Quaisquer outras cláusulas relacionadas 
com o referido contrato deverão ser elencadas a fim de que possamos 
deixá‐lo bem claro, não havendo dúvidas posteriores ou mesmo possí‐
veis problemas entre as partes. 

Bortoto, Vasques e Rebono5 informam que os Incoterms têm por finali‐
dade  facilitar  um  conjunto  de  princípios  aceitos  internacionalmente, 
com caráter facultativo, que determinam a interpretação dos principais 
termos  utilizados  nos  contratos  internacionais  de  compra  e  venda  de 
mercadorias. No  caso de  um  conflito  nas operações  internacionais,  os 
Incoterms  costumam  ser  o  ponto  de  partida  para  determinar  se  cada 
uma  das  partes  (vendedor  e  comprador)  cumpriu  exatamente  com 
suas obrigações. 

Antes  de  utilizar‐se  algum  dos  Incoterms  nas  transações  internacio‐


nais,  devem‐se  estabelecer  de  forma  automática  os  direitos  e  deveres 
das partes nas seguintes questões: 

 Onde se realizará a entrega da mercadoria? 

 Onde  se  realizará  a  transmissão  dos  riscos de  cada  uma  das  par‐
tes? 

 Como se distribuem os custos? 

 Quem deve administrar (gerenciar, negociar e solicitar) os trâmites 
documentais? 
Analisando esses itens, nota‐se que não foi mencionado nada sobre as 
condições  de  pagamento,  prazo  de  entrega  da  mercadoria,  entre  ou‐
tros, pois esses itens não fazem parte das regras dos Incoterms. 

No entanto, é importante lembrar que, numa negociação internacional, 
no contrato firmado entre as partes, não se deve esquecer de informar 
qual  Incoterm  será  utilizado  nessa  operação.  Além  disso,  deverão  ser 
especificados  o  pagamento  das  mercadorias,  o  prazo  de  entrega,  o 
agente financeiro e o local exato da saída e da entrada dessas mercado‐
rias,  já  que  os  Incoterms  não  especificam  nenhum  dado  sobre  esses 
assuntos. 

2.1.2 Obrigação do exportador

Como regras gerais, ficam estabelecidas algumas obrigações do expor‐
tador a fim de que possamos dar prosseguimento às principais formas 
que  originarão  a  entrega  de  mercadorias.  Com  base  na  análise  disso, 
passamos a expor a seguir os principais itens envolvidos nesse proces‐
so: 

1. entregar  a  mercadoria  (obrigação  básica)  e  os  documentos  que  a 


representam, segundo o contrato de compra e venda; 

2. entregar a mercadoria no ponto geográfico que determina o Inco‐
term utilizado e na data prevista; 

3. entregar  a  mercadoria  com  a  embalagem  habitual,  segundo  as 


práticas do setor ou da atividade; 

4. informar ao comprador o local de entrega e a data efetiva da en‐
trega; 

5. obter  os  documentos  necessários  estabelecidos  como  obrigação 


por parte do vendedor; 

6. custear os gastos e correr com os riscos combinados em função das 
condições do Incoterm utilizado; 

7. prestar auxílio ao comprador na obtenção dos documentos neces‐
sários no país de origem das mercadorias exportadas (licenças de 
exportação, certificados etc.). 
 
 
24
2.1.3 Obrigação do importador como regra geral

Assim como o exportador possui algumas obrigações nas operações de 
comércio exterior, o importador também deve seguir algumas exigên‐
cias que passamos a enumerar nos itens a seguir: 

 receber  a  mercadoria  no  ponto  determinado  e  pagá‐la  (obrigação 


principal); 

 assumir os riscos e responsabilizar‐se pelos gastos desde o ponto 
de entrega, de acordo com os Incoterms; 

 na falta de instruções do vendedor, assumir os gastos adicionais; 

 efetuar os pagamentos dos documentos obtidos pelo vendedor em 
seu nome (auxílio). 

2.1.4 Disposições especiais de cada contrato

Conforme Bortoto, Vasques e Rebono6, as disposições especiais inseri‐
das  pelas  partes  em  seus  contratos  prevalecem  sobre  as  previstas  nas 
normas do Incoterm. As partes, ainda que adotem as normas do Inco‐
term  como  base  geral  de  seus  contratos,  podem  também  estipular 
variações ou adições em relação a elas, de acordo com as necessidades 
de  seus  negócios,  as  circunstâncias  do  momento  e  as  conveniências 
pessoais. 

2.1.5 Arbitragem da CCI

As partes contratantes, ou seja, vendedores e compradores que preten‐
dam ter possibilidade de recorrer à arbitragem da CCI, no caso de uma 
disputa  com  seu  parceiro,  deverão,  expressa  e  claramente,  concordar 
quanto  à  arbitragem  da  CCI  em  seu  contrato.  No  caso  de  não  existir 
instrumento  contratual,  a  concordância  deverá  aparecer  na  troca  de 
correspondência que estabelece o acordo entre elas. 

O  fato  de  incorporar  um  ou  mais  Incoterms  em  um  contrato,  ou  na 
respectiva  correspondência,  não  constitui  por  si  só  um  acordo  que 
tenha recurso junto à arbitragem da CCI. A câmara de comércio inter‐
nacional, citada por J. Moraes7, recomenda a seguinte cláusula padrão 
de arbitragem nos contratos: “Todas as disputas oriundas em conexão 
com  o  presente  contrato  deverão  ser  finalmente  decididas  sobre  as 
regras de Conciliação de arbitragem da CCI de Paris, por um ou mais 
árbitros  de  acordo  com  as  mencionadas  regras”.  Observação:  cabe 
ressaltar ainda que no Brasil é regulada a Lei nº 9.307/1996*, conhecida 
como Lei da Arbitragem. 
 

25
*   Para ver a Lei nº 9.307/1996 na íntegra, acesse o site: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9307.htm>. 

A  opção  pela  utilização  da  arbitragem  é  efetivamente  de  ordem  das 


partes, sendo que nesse contrato deve haver uma cláusula compromis‐
sória a fim de dar validade ao processo. 

Guimarães8 menciona que: 

todas  as  controvérsias  que  surgirem  referentes  àquele  contrato  ou  a  determinada 
relação  jurídica  serão  resolvidas  por  árbitros  escolhidos  pelas  partes.  A  sentença 
proferida  pelos  árbitros  resolve  definitivamente  o  litígio,  por  não  estar  sujeita  a 
recursos  ou  a  homologação  pelo  poder  judiciário  e,  sendo  condenatória,  constitui 
título  executivo  judicial,  podendo  ser  executada  em  caso  da  resistência  da  parte 
vencida. 

A arbitragem é um mecanismo amplamente difundido no mundo, principalmente 
na solução de conflitos surgidos no comércio internacional, uma vez que as partes 
envolvidas  podem  resolver  suas  controvérsias  fora  da  justiça  estatal,  com  maior 
rapidez, segurança e eficácia. 

Denota‐se, com base nesse texto, a grande importância do processo de 
arbitragem para o comércio internacional, a fim de agilizar o processo 
de solução de controvérsias. 

2.1.6 Constituição dos Inconterms

Segundo  Ratti9,  os  Incoterms  na  realidade  surgiram  no  ano  de  1936, 
quando  a  CCI  de  Paris  resolveu  editar  um  livreto  consolidando  e  in‐
terpretando as várias fórmulas contratuais que vinham há muito tem‐
po sendo utilizadas pelos comerciantes internacionais.  

Esse conjunto de normas sofreu algumas alterações e adições nos anos 
de 1953, 1967, 1976, 1980, 1990. Atualmente, temos um novo conjunto 
de  regras,  denominado  Incoterms  2000,  em  vigor  a  partir  de  1º  de  ja‐
neiro de 2000. 

Os  Incoterms  estipulam  13  fórmulas  ou  termos,  segundo  Ratti10,  que 
são: 

1)  Ex  Works  (EXW)  –  entregue  no  estabelecimento  do  vendedor  (local 
designado); 

2) Free Carrier (FCA) – franco ou livre transportador (local designado); 

3) Free Alongside Ship (FAZ) – livre no costado do navio (porto de em‐
barque designado); 
 
 
26
4)  Free  On  Board  (FOB)  –  livre  a  bordo  do  navio  (porto  de  embarque 
designado); 

5) Cost and Freight (CFR) – custo e frete (porto de destino designado); 

6)  Cost,  Insurance  and  Freight  (CIF)  –  custo,  seguro  e  frete  (porto  de 
destino designado); 

7) Carriage Paid To (CPT) – transporte pago até (local destino designa‐
do); 

8) Carriage and Insurance Paid To (CIP) – transporte e seguros pagos até 
(local de destino designado); 

9) Delivered At Frontier (DAF) – entregue na fronteira (local designado); 

10)  Delivered  Ex  Ship  (DES)  – entregue  no  navio  (porto de destino de‐


signado); 

11)  Delivered  Ex  Quay  (DEQ)  –  entregue  no  cais  (porto  de  destino  de‐
signado); 

12)  Delivered  Duty  Unpaid  (DDU)  –  entregue  com  direitos  não  pagos 
(local de destino designado); 

13) Delivered Duty Paid (DDP) – entregue com direitos pagos (local de 
destino designado). 

Nem as definições americanas nem os Incoterms procuram interpretar 
todos os termos ou fórmulas utilizadas no comércio internacional, mas 
apenas  os  mais  importantes.  Exportadores  e  importadores,  por  sua 
vez, podem adotar essas fórmulas padronizadas como base geral para 
seus contratos, como também podem especificar alterações ou adições 
a essas fórmulas, de modo a adaptá‐las ao ramo de comércio específico 
ou  suas  necessidades  individuais.  É  necessário,  porém,  que  fiquem 
claramente  definidos,  previamente,  os  direitos  e  obrigações  de  cada 
parte. 

Ao  proceder  a  escolha  de  um  ou  outro  Incoterm,  os  agentes  atuantes 
no  comércio  internacional  (exportadores  e  importadores)  deverão 
atentar para que não haja descumprimento de determinados dispositi‐
vos legais vistos em seus respectivos países. 
 

27
2.1.6 Fórmulas dos Incoterms

Vamos  agora  examinar  as  13  siglas  dos  Incoterms,  ampliando  nossa 
explanação  para  permitirmos  aos  exportadores  e  aos  importadores 
terem a noção exata da aplicação desses termos, segundo Ratti11: 

EXW – Ex Works

Nesse Incoterm, a mercadoria está à disposição do comprador no pró‐
prio  estabelecimento  do  exportador.  Em  lugar  de  ex  works  pode‐se 
utilizar  uma  denominação  mais  específica,  como,  por  exemplo,  ex 
factory, ex mill, ex plantation, ex warehouse etc. (na fábrica, no moinho, na 
plantação,  no  depósito  etc.).  Não  cabe  responsabilidade  alguma  ao 
vendedor,  sendo  que  todas  as  despesas  gerais  e  de  carregamento  são 
de total responsabilidade do comprador. 

FCA – Free Carrier

Compete ao exportador (vendedor) entregar a mercadoria à disposição 
do afretador, liberada para exportação, em local determinado ou indi‐
cado pelo importador. Após essa ação, todos os procedimentos ligados 
à liberação da carga correm por conta do comprador. 

Essa  fórmula  pode  ser  utilizada  para  qualquer  tipo  e/ou  modalidade 
de transporte, inclusive para transporte multimodal, também denomi‐
nado intermodal, que é aquele que utiliza de forma combinada diferen‐
tes  meios  (rodoviário,  ferroviário,  marítimo,  aéreo,  fluvial,  lacustre 
etc.). 

FAZ – Free Alongside Ship

Corre por conta do vendedor, ao preço contratado, toda a despesa, até 
a alocação da mercadoria liberada para exportação no cais do porto de 
embarque,  ao  lado  do  costado  do  navio,  no  seu  ponto  de  atracação. 
Cabe ao vendedor, também, a responsabilidade por quaisquer perdas 
ou  danos  sofridos  pela  mercadoria  até  a  sua  colocação  no  cais.  Essa 
fórmula é utilizada apenas no transporte marítimo ou aquaviário inte‐
rior (lacustre, fluvial, etc.). 

Como já dissemos, embora os Incoterms estejam sendo cada vez mais 
utilizados,  alguns  comerciantes  ainda  aplicam,  os  serviços  crescerem 
consideravelmente  na  última  década. Para os  EUA,  os serviços  repre‐
sentam cerca de três quartos do PIB e têm posição similar em relação a 
todos os novos empregos, sendo a mulher quem mais vem ganhando 
espaço nesse.  
 
 
28
No Brasil, vem ocorrendo algo similar, pois as empresas de construção 
civil  nacionais  há  anos  realizam  obras  de  construção  de  estradas  de 
ferro e de rodagem no exterior, entre outras atividades. 

FOB – Free On Board

É a sigla mais utilizada na exportação brasileira. Indica que as despe‐
sas, perdas e riscos até a colocação da mercadoria no interior do navio 
ocorrem por conta do vendedor, sendo o navio e o porto previamente 
indicados pelo comprador. 

Segundo  Cobra12,  os  serviços  são  classificados  com  base  em  equipa‐
mentos e pessoas. Um segundo nível de classificação refere‐se à habili‐
dade requerida para a performance do serviço. A companhia aérea, por 
exemplo, atende a empresas e ao consumidor como pessoa física, que 
consegue perceber a qualidade dos serviços prestados. 

Mas  o  serviço  para  o  setor  de  negócios  exige,  além  de  metodologia 
apropriada  de  atendimento,  também  a  utilização  de  equipamentos 
especializados.  E  para  isso  o  prestador  de  serviços  deve  reunir  know‐
how  operacional  e  equipes  treinadas  para  atendimentos  personaliza‐
dos. Um serviço de entregas rápidas, por exemplo, reúne metodologia 
de  coleta  de  encomendas,  processamento  para  a  separação  e  equipa‐
mentos para embarque nas aeronaves, como containeres, esteiras para 
as rampas de embarque, caminhões, tratores, furgões etc. 

FOB – Cost and Freight

Nessa  modalidade  de  Incoterm,  todas  as  despesas  necessárias  para  a 


colocação da mercadoria no interior do navio, assim como o transporte 
até o porto de destino, correm por conta do vendedor. 

Ao vendedor, compete contratar e pagar o frete, informando com certa 
urgência  o  comprador,  responsabilizando‐se  por  quaisquer  eventuais 
perdas  e/ou  danos  decorrentes  dessa  operação.  Correm  também  por 
sua conta os gastos com documentos de exportação (como as licenças 
de exportação), formalidades aduaneiras, impostos e taxas de exporta‐
ção, caso haja. 

CIF – Cost, Insurance and Freight

Trata‐se  de  cláusula  universal  de  aplicação.  Corre  por  conta  dos  ven‐
dedores todas as despesas, inclusive a questão que envolve o seguro e 
o frete internacional até a mercadoria chegar ao porto de destino. 
 

29
Compete ao vendedor, além de contratar e pagar o frete e o seguro da 
mercadoria  até  o  porto  de destino, despachar  imediatamente  ao  com‐
prador e informá‐lo sobre o embarque “limpo” e a apólice de seguro. 
Correm por conta do vendedor os gastos com quaisquer taxas, impos‐
tos ou documentos necessários à exportação (como a licença de expor‐
tação)  e  formalidades  aduaneiras,  bem  como  o  carregamento  da  mer‐
cadoria. A exemplo do que ocorre com outras cláusulas já examinadas, 
ele  deve  prestar  assistência  ao  comprador,  por  solicitação  e  por  sua 
conta, na obtenção de documentos emitidos no país de origem de em‐
barque  que  sejam  necessários  para  que  a  mercadoria  possa  entrar  no 
país de destino ou transitar através de outro (faturas consulares, certi‐
ficados  de  origem  etc).  Cabe‐lhe  também  a  responsabilidade  por 
quaisquer riscos até que a mercadoria tenha sido colocada a bordo do 
navio no porto de embarque.  

CPT – Carriage Paid To

O custo do transporte da mercadoria até o destino é feito pelo respon‐
sável,  que  nesse  caso  é  o  vendedor.  A  fórmula  dessa  modalidade  de 
Incoterm  pode  ser  utilizada para  qualquer  modalidade  de  transporte, 
inclusive transporte multimodal. 

CIP – Carriage and Insurance Paid To

O vendedor possui as mesmas responsabilidades que as indicadas em 
CPT,  sendo  que  deve  ser  pago  também  o  seguro  até  o  destino,  não 
alterando  a  formulação  básica  das  responsabilidades  do  comprador. 
Esta pode ser utilizada para qualquer modalidade de transporte, inclu‐
sive multimodal. 

DAF– Delivered At Frontier

O vendedor terá a responsabilidade de entregar a mercadoria no local 
determinado na fronteira terrestre, respeitando aspectos limítrofes com 
o  país  vizinho.  A  partir  dessa  fase,  as  responsabilidades  gerais  relati‐
vas  à  operação  ocorrem  por  conta  do  comprador.  Embora  esse  termo 
seja, em princípio, utilizável para transporte rodoviário ou ferroviário, 
pode ser aplicado para qualquer modalidade de transporte. 

DES– Delivered Ex-Ship

Compete  ao  vendedor  colocar  a  mercadoria  à  disposição  do  compra‐


dor e a bordo do navio, não desembaraçado no porto de destino desig‐
nado.  O  vendedor  é  também  responsável  por  perdas  e  danos  que  a 
mercadoria possa vir a sofrer durante o seu transporte até o porto de 
destino. A partir desse ponto, a responsabilidade é do comprador. Essa 
 
 
30
condição pode ser utilizada apenas para transporte marítimo ou aqua‐
viário interior. 

DEQ– Delivered Ex-Quay

A mercadoria deve ser tratada pelo vendedor, que a coloca à disposi‐
ção do comprador de forma desembaraçada no cais do porto de desti‐
no. Quaisquer despesas ou até mesmo perdas e/ou danos até a coloca‐
ção da mercadoria em local designado deve ter a sua responsabilidade 
direta, sendo que, a partir daí, todo o processo fica a cargo do compra‐
dor, inclusive o pagamento dos direitos aduaneiros. 

Esse  termo  somente  deve  ser  utilizado  para  transporte  marítimo  ou 
vias aquáticas interiores. 

DDU– Delivered Duty Unpaid

O vendedor coloca a mercadoria à disposição do comprador, naquele 
local  indicado  pelo  importador,  no  seu  país  de  importação.  Todos  os 
riscos,  impostos  e  taxas  correm  por  conta  do  exportador,  sendo  que 
somente  os  pagamentos  relativos  ao  processo  de  importação  correm 
por conta dos importadores. Esse Incoterm também poderá ser utiliza‐
do para qualquer modalidade de transporte. 

DDP– Delivered Duty Paid

Nessa  modalidade  de  Incoterm,  toda  a  mercadoria  desembaraçada 


deve ser colocada à disposição do comprador, naqueles mais diversos 
locais designados dentro do país de importação. Todos os riscos ou até 
mesmo  pagamentos  de  tributos  devem  ficar  a  cargo  dos  vendedores 
até o processo de entrega da mercadoria. Enquanto EXW representa o 
mínimo de obrigações para o vendedor, DDP representa o máximo de 
obrigações. 

Essas fórmulas citadas são de extrema importância para o desenvolvi‐
mento  do  comércio  exterior, haja  vista  a  necessidade  de conhecermos 
as  responsabilidades  de  exportadores  e  importadores  no  trâmite  de 
compra  e  venda  de  mercadorias,  ainda  mais  quando  nesse  processo 
pode haver uma interferência direta dos custos da negociação. 

Ponto final
Concluímos com base neste capítulo que houve um avanço significati‐
vo em relação ao comércio exterior para que tenhamos menos burocra‐
cia  no  momento  da  comercialização  de  nossos  produtos  com  outros 
países.  Entendemos,  ainda,  que,  sem  as  fórmulas  de  Incoterms  apre‐
 

31
sentadas,  as  organizações  teriam  muitas  dificuldades  para  efetivarem 
os seus negócios. 

Fica  evidenciado  também,  que  em  termos  de  mercado  no  Brasil,  os 
Incoterms servem também para mostrar a utilização de cada um deles, 
principalmente em relação aos mais diversos tipos de modais a serem 
utilizados, e a real adequação de cada um deles. 

Atividades
1) Para que servem os Incoterms? 
 
2) Como e por quem deve ser tratado o processo de direitos e deve‐
res nos negócios internacionais? 
 
3) O que representa a CCI de Paris para o comércio exterior? 
 
4) Informe a real utilização dos Incoterms, Ex‐works e DDP, e a prin‐
cipal diferença na utilização deles. 
 
5) As obrigações sobre a entrega de mercadorias ficam sob a respon‐
sabilidade de que parte? 
 

Leitura complementar

A EFICIÊNCIA DOS INCOTERMS 

Um dos principais pré‐requisitos que devemos levar em consideração 
para entendermos um pouco mais sobre a utilização dos Incoterms é o 
fato  de  que  exportadores  e  importadores  devem  conhecer  com  maior 
profundidade  aquilo  que  entendemos  como  responsabilidades  nos 
processos gerais do comércio internacional. Trata‐se, ainda, de tema de 
extrema relevância para o entendimento das ações a respeito das obri‐
gatoriedades no comércio internacional, não só com base nos transpor‐
tes, impostos, taxas, podendo gerar ou não um incremento do custo da 
operação, dependendo do Incoterm a ser escolhido. 
 
 

3
José Olmiro Oliveira Peres
A IMPORTÂNCIA DO MARKETING
INTERNACIONAL

Dentro  das  relações  mercadológicas  no  comércio  internacional,  deve‐


mos  levar  em  consideração  que  a  análise  direta  de  produtos  ajuda 
substancialmente  as  empresas  a  identificarem  um  melhor  nicho  para 
colocação de seus produtos, e ao mesmo tempo contribui para escolha 
das melhores estratégias. 

3.1 Interações do marketing internacional


Antes de fazermos uma relação direta dentro do processo que move o 
marketing  internacional,  devemos  considerar  quais  são  as  principais 
variáveis aqui tratadas em relação ao comércio internacional como um 
todo,  a fim de que tenhamos uma noção exata em relação ao tema. 

Quando  abordamos  o  comércio  internacional,  vimos  diretamente  as 


questões atinentes aos processos de exportação e importação e as prin‐
cipais variáveis. O marketing internacional, na realidade, encaixa‐se em 
todo  o  processo  em  que  comercializamos  algum  tipo  de  produto  e 
permite que possamos valorizar o ciclo de vida de um produto (intro‐
dução, crescimento, maturidade e declínio). 

Segundo Kuazaqui1, “um dos principais desafios em relação à globali‐
zação econômica é a capacidade da maioria das empresas de identifi‐
car,  desenvolver  e  implementar  estratégias  e  táticas  organizacionais  e 
atender de maneira eficaz seus clientes, frente à concorrência interna‐
cional.” 

Para  superar  tais  desafios,  é  necessário,  antes  de  qualquer  coisa,  o 


desenvolvimento de uma cultura organizacional que envolva todos os 
integrantes  da  empresa  com  objetivos  e  metas  reais,  devidamente 
formatados, integrados  e informados  aos  públicos  internos  e  externos 
de interesse. 
 

33
Toda a filosofia cultural deve ser alicerçada dentro do efeito da globa‐
lização. Para que isso se torne realidade, é necessária uma formação de 
valores organizacionais e ferramentas de identificação de mudanças de 
ambiente externo e interno à organização.  

Nesse aspecto, a empresa deve possuir uma filosofia de resultados com 
que  todos  os  níveis  hierárquicos  da  organização  se  comprometam  e 
uma flexibilidade que resulte na capacidade de prospectar e aproveitar 
as oportunidades de mercado dentro de uma filosofia global. Quando 
analisamos  os  serviços  públicos,  por  exemplo,  como  telefonia,  tais 
serviços  podem  ser  comercializados  tanto  para  empresas  públicas 
como para consumidores em geral. 

3.2 Quais os motivos que nos levam a estudar marketing


internacional?
Para  entendermos  esses  motivos,  devemos  levar  em  consideração, 
entre outros fatores, a análise dos 4Ps, acrescida de mais alguns com‐
ponentes  fundamentais.  Podemos  dizer  que  isso  fará  com  que  tenha‐
mos um maior equilíbrio para a efetivação dos negócios internacionais. 
Entre os mais diversos atributos, podemos analisar os que seguem na 
próxima seção. 

3.2.1 Produtos

Têm como características o fato de serem tangíveis e divididos em três 
níveis:  básico,  real  e  ampliado.  O  primeiro  nível,  considerado  como 
básico,  indica  que  todos  os  gestores  de  negócios  desejam  saber  quais 
são  os  principais  quesitos  que  determinam  o  poder  de  compra  dos 
clientes, tais como: 

 a definição de conhecer as necessidades dos clientes; 

 conhecer os desejos dos mesmos; 

 avaliar as suas reações no momento da aquisição dos produtos. 

Como  exemplo  prático  desta  análise,  citaríamos,    um  empresário  que 


deseja criar um produto ligado ao segmento de cosméticos. No primei‐
ro  nível  a  ser  analisado,  é  considerado  o  que  o  produto  irá  provocar 
nos clientes e quais os principais benefícios gerados. No segundo nível, 
analisamos  como  deve  ser  constituído  esse  produto,  tais  como  a  sua 
embalagem, marca, nível de qualidade, design, entre outros. Já no ter‐
ceiro nível, é verificado como se dá o serviço pós‐venda, a instalação, 
garantia etc.  
 
 
34
Todos esses fatores são fundamentais não só para avaliarmos as neces‐
sidades  dos  clientes,  mas  também  para  balizarmos  a  utilização  dos 
nossos produtos no âmbito do comércio internacional. 

Em  relação  à  qualidade dos  produtos,  Kotler  e  Armstrong2  informam 


que  representam  uma  das  ferramentas  mais  importantes  dentro  do 
contexto, haja vista a apresentarem duas dimensões: nível e consistên‐
cia.  Ao  desenvolver  um  produto,  o  profissional  de  marketing  deve 
inicialmente escolher um nível de qualidade que dará apoio à posição 
do produto no mercado‐alvo. Nesse caso, qualidade do produto signi‐
fica qualidade de desempenho. 

Kotler e Armstrong3, afirmam que: 

o mundo está encolhendo definitivamente com o advento das comunicações, meios 
de  transportes  e  fluxos  financeiros  mais  velozes.  Produtos  produzidos  em 
determinados Países como bolsas Gucci, canetas Mont Blanc, Hambúrgueres Mc 
Donalds, Sushi Japonês, BMWs Alemãs, estão conquistando entusiástica aceitação 
em  outros.  Não  seria  nada  surpreendente  ouvir  que  um  homem  de  negócios  de 
origem alemã, vestindo um terno italiano, se encontraria com um amigo inglês em 
um restaurante japonês e que mais tarde voltaria para casa e beberia vodca Russa 
assistindo a uma série de filmes americanos. 

Esses  fatores  permitem  necessariamente  que  vivamos  um  novo  mo‐


mento  de  mercado  devido  ao  fato  de  que  os  mais  diversos  produtos 
podem ser consumidos em diferentes países, valorizando substancial‐
mente a necessidade de estarmos definitivamente inseridos nesse con‐
texto. 

Decisões importantes no marketing internacional 

1. avaliar o ambiente de marketing global; 

2. decidir se ingressa ou não no mercado internacional; 

3. decidir em que mercados ingressar; 

4. decidir como ingressar no mercado; 

5. decidir o programa de marketing global; 

6. decidir a organização para o marketing global. 

Fonte: Kotler; Armstrong, 2006. 

Esses tópicos são extremamente importantes para darmos validade ao 
processo  de  comercialização.  Qunato  a  análise  do  ambiente  de  marke‐
ting  internacional  deve  ser  propícia  a  fim  de  podermos  comercializar 
 

35
nossos produtos nos países escolhidos. Já em relação à decisão, se ela 
ingressa  ou  não  no  mercado  internacional  dependerá  das  ambições 
que  temos  em  relação  ao  crescimento  do  negócio,  fazendo  logo  a  se‐
guir,  uma seleção dos melhores mercados‐alvo. Após essas primeiras 
análises, devemos identificar quais são as estratégias a serem adotadas 
para ingresso nesse mercado e quais serão as variáveis a serem defini‐
das  para  a  elaboração  do  plano  de  ação  a  fim  de  darmos  validade  a 
todo o processo de comercialização de nossos produtos. 

3.4 Diferenças entre marketing local e marketing


internacional
Se  nos  preocuparmos  apenas  com  os  4Ps,  deixaremos  de  considerar 
muitas  coisas.  A  diferença  entre  marketing  internacional  e  marketing 
local foi destacada por Kotler e Armstrong4 como “megamarketing”, ao 
contrário  de  simplesmente  “marketing”.  Talvez  seja  fácil  simplificar 
demasiadamente o imenso número de variáveis que deve ser gerenci‐
ado dentro da função de marketing, especialmente na área internacional 
na  qual  o  próprio  conhecimento  que  o  gerente  de  marketing  tem  do 
mercado externo é limitado e, portanto, o número de variáveis sobre as 
quais precisamos de informações aumenta drasticamente. A seguir, são 
apontados os dez pontos do marketing internacional: 

1. Pessoas:  todos  os  interessados,  internos  e  externos  a  empresa, 


empregador e clientes; 

2. Processo: exclusivo da cultura corporativa e pode incluir a dispo‐
sição ou não de considerar uma certa forma de entrar no mercado, 
ou até mesmo fazer algum tipo de parceria; 

3. Posicionamento: diferenciação em relação a rivais; 

4. Produto/serviço:  entregar  valor  agregado  ao  consumidor  estran‐


geiro por meio de canal; 

5. Poder: capacidade de transferência do poder de mercado do país 
natal para o país hospedeiro; 

6. Promoção e publicidade: o que está disponível, o que é admissível, 
o que é gratuito; 

7. Determinação  do  preço:  uma  dimensão  superestimada  e  o  fator 


mais fraco com o qual liderar; 
 
 
36
8. Praça  de  venda/distribuição:  entrega.  Desde  a  chegada  no  porto 
ou  aeroporto  até  o  consumidor  final,  através  de canais  tão  diver‐
sos quanto a Internet; 

9. Planejamento  e  controle:  com  flexibilidade,  monitoração,  e  um 


aspecto, mas outro é a habilidade, planejar com antecedência, dei‐
xando espaço para manobra de modo a não excluir alternativas es‐
tratégicas; 

10. Precedentes:  aprendidos  com  o  exame  de  mercado.  Mediante 


exame  ambiental  no  próprio  país  e  no  exterior,  é  possível  desco‐
brir  estratégias  que  podem  ser  emprestadas  de  outras  empresas, 
de outros setores ou de outros países e aplicá‐las a sua própria de‐
cisão. 

3.5 Desafios contínuos e futuros


A  seguir,  faremos  uma  apresentação  de  alguns  dos  mais  frequentes 
desafios  apresentados  no  mundo  dos  negócios  internacionais.  Essa 
apresentação  ajudará  a  compreender  um  pouco  mais  as  reais  vanta‐
gens de trabalharmos as principais variáveis que, sem dúvida alguma, 
poderão gerar melhores resultados nas operações de comércio exterior. 

Segundo  Baker5,  são  oito  pontos  que  podem  ser  listados  relacionados 
aos desafios: 

1. integração econômica; 

2. crescimento  de  alianças  estratégicas  no  âmbito  internacional,  em 


todos os segmentos; 

3. verificação  de  que  se  as  marcas  estão  substituindo  os  produtos, 
haja vista o conhecimento dos consumidores através dos meios de 
comunicação; 

4. tempo para chegar ao mercado e diferenciação do produto; 

5. verificação  dos  dados  de  mercado,  cada  vez  mais  importantes, 


especialmente no caso de muitas economias novas, o que gera no‐
vas pesquisas de mercado; 

6. regulamentação,  importante  em  uma  ordem  comercial  mundial 


dominada não por nações comerciais, mais por blocos econômicos, 
tais como a União Europeia, Nafta, Mercosul, entre outros; 
 

37
7. mudança no canal de distribuição, concentração no varejo, utiliza‐
ção da internet e ascensão do varejo internacional; 

8. sensibilidade  do  consumidor  ao  preço  –  no  mundo  inteiro,  os 


consumidores estão ficando cada vez mais sensíveis ao preço, por‐
tanto a resposta dos varejistas são as marcas próprias para garan‐
tir margens e fidelidade ao cliente. 

Essa  abordagem  desses  pontos  aqui  mencionados  informa  a  real  di‐


mensão  e  relevância  das  variáveis  a  serem  analisadas  dentro  do  pro‐
cesso de facilitação para ingresso em mercados alternativos. 

3.6 Oportunidade no comércio internacional


Porter6, numa visão estática, diz que os fatores sociais de um país são 
fixos. As “empresas os distribuem pelas indústrias nas quais produzi‐
rão maior rendimento”. Numa visão global, o caráter essencial passa a 
ser  o  da  inovação  e  da  mudança.  As  organizações  passam  a  atuar  na 
busca de ações que resultem no rompimento dos limites dos próprios 
fatores de produção disponíveis. Tais ações são: 

1. aumento  nos  rendimentos  possíveis  através  de  novos  produtos  e 


processos; 

2. mudança dos limites de atuação das organizações, para além das 
fronteiras definidas dos países; 

3. melhoria da qualidade dos fatores de produção; 

4. utilização dos fatores móveis advindos de diversos locais do pla‐
neta, que podem ser explorados por estratégias globais. 

Entendemos  ser  extremamente  relevante  avaliarmos  as  principais 


oportunidades  vistas  no  âmbito  do  comércio  internacional,  principal‐
mente  pelo  fato  de  que  essa  prática,  em  alguns  momentos,  pode  su‐
primir  possíveis  problemas  a  serem  enfrentados  no  mercado  interno, 
incrementando  as  receitas  verificadas  no  negócio  e  aproximando  este 
de clientes em potencial no âmbito do comércio internacional. 

Ponto final
Vimos  neste  capítulo  que  a  principal  diferenciação  entre  o  marketing 
internacional  e  o  comércio  exterior  consiste  efetivamente  nas  aborda‐
gens  realizadas  em  relação  às  principais  formas  de  constituição  e  de 
ingressos de produtos em mercados alternativos.  
 
 
38
Essa  dedução  passa  por  princípios  fundamentais  que  envolvem  o 
processo  de  criação  de  produtos  até  a  colocação  destes  em  mercados 
alternativos.  Para  isso,  devemos  rever  nossas  estratégias  a  fim  de  ob‐
termos  os  resultados  esperados  pelas  organizações  com  uma  forte 
identificação com os clientes. 

Atividades
1) Cite os pontos a serem analisados no marketing internacional. 
 
2) Comente sobre as principais decisões a serem tomadas em relação 
ao marketing internacional. 
 
3) Por que analisamos, no processo que envolve o marketing interna‐
cional,  prioritariamente  as  principais  variáveis  que  envolvem  os 
produtos? 
 
4) Comente sobre os principais desafios vistos no âmbito do comér‐
cio internacional. 
 
5) Quais  as  principais  influências  trazidas  pela  globalização  da  eco‐
nomia para o marketing? 
 
Leitura complementar

Enquanto o Brasil se abria para o mundo a partir de 1994 com a elimi‐
nação  das  principais  barreiras  comerciais  a  produtos  do  exterior,  a 
economia  como  um  todo  se  globalizava.  Novos  mercados  surgiram 
para  o  investimento  internacional,  como  é  o  caso  dos  Países  Árabes, 
China,  Indonésia,  Rússia,  Países  da  América,  entre  outros.  Blocos  de 
Países  fortalecidos  tomaram  proporções  continentais,  redesenhando  o 
mapa  dos  principais  mercados  mundiais,  ampliando  o  tamanho  de 
regiões  onde  a  circulação  de  mercadorias  e  pessoas  ocorrem  sem  ne‐
nhuma restrição. 

Fonte: Bortoto; Vasques; Rebono, 2004, p. 355. 
 
 

4
José Olmiro Oliveira Peres
MODALIDADES DE PAGAMENTO
NO COMÉRCIO INTERNACIONAL

No  comércio  internacional,  além  das  formas  de  pagamento,  devemos 


levar em consideração todo o processo em relação às operações cambi‐
ais. 

Esses fatores são importantes principalmente porque que tanto expor‐
tadores quanto importadores têm a necessidade de conhecer um pouco 
mais dessa realidade, a fim de que não sejam surpreendidos nas mais 
diversas situações. Podem conhecer, por exemplo, efetivamente a rea‐
lidade dos bancos de 1ª linha a serem utilizados e ao mesmo tempo um 
pouco  mais  sobre  as  principais  fases  que  envolvem  uma  operação 
cambial. 

Entre  as  principais  formas  de  pagamento  conhecidas  no  âmbito  do 
comércio internacional, temos: 

 remessa antecipada; 

 remessa sem saque; 

 cobrança (à vista e a prazo); 

 crédito documentário (carta de crédito). 

Na remessa antecipada, o importador remete antecipadamente o valor 
parcial ou até mesmo total da transação, ocasião esta em que o expor‐
tador providencia a remessa da mercadoria e encaminha toda a docu‐
mentação. Na realidade, nesse tipo de operação a dependência passa a 
ser do exportador, implicando alguns riscos para essa parte.  

No processo de remessa sem saque, o importador passa a receber dire‐
tamente do exportador os documentos de embarque, realiza o processo 
de desembaraço da mercadoria na alfândega e providencia a remessa 
da quantia para o exterior. 
 
 
40
Nesse  caso  específico,  deverá  haver  um  processo  de  confiabilidade 
maior entre as partes, sendo que esse processo será praticamente utili‐
zado pelas empresas consideradas subsidiárias, holdings, ou seja, delas 
para elas mesmas, a fim de dirimir esse risco. 

Segundo Ratti1, a cobrança pode ser efetivada à vista ou a prazo, sendo 
que as partes intervenientes no processo são: 

 banco cedente – parte que confia o processamento de uma cobran‐
ça a um banco; 

 banco  remetente  –  banco  ao  qual  o  cedente  confiou  o  processa‐


mento da cobrança; 

 banco  cobrador  –  qualquer  banco  sem  o  remetente  envolvido  no 


processamento da cobrança; 

 banco  apresentador  –  banco  cobrador  que  faz  a  apresentação  ao 


sacado; 

 sacado  –  aquele  a  quem  a  apresentação  deve  ser  feita,  de  acordo 


com a instrução da cobrança. 

Além dos aspectos citados, a cobrança pode ser à vista ou a prazo. Na 
cobrança  à  vista,  é  feito  todo  o  processo  de  exportação,  produção  da 
mercadoria e envio da documentação, para depois o importador, junto 
ao  seu  banco  escolhido,  assinar  um  aceite  bancário,  informando  o 
pagamento à vista pela mercadoria, gerando logo a seguir a autoriza‐
ção para que seja efetuada a liberação da carga. 

Já na cobrança a prazo, o processo é idêntico ao anterior, sendo que o 
importador  assinará  o  aceite  bancário  comprometendo‐se  a  pagar 
durante um período pré‐estipulado a fim de saldar suas obrigações. 

No  processo  que  envolve  a  utilização  da  carta  de  crédito,  devemos 
analisar  que  é  um  documento  que  apresenta  maiores  garantias  tanto 
para  exportadores  quanto  importadores,  haja  vista  a  sua  utilização 
efetiva nessas operações. As partes intervenientes nesse processo são: 

 banco avalisador; 

 banco emitente; 

 exportador; 

 importador; 
 

41
 banco confirmador. 

Os  passos  que  dão  origem  para  abertura  de  uma  carta  de  crédito  de‐
vem respeitar a seguinte cronologia: 

1. o exportador envia a fatura pró‐forma para o importador; 

2. de  posse  da  fatura  pró‐forma,  o  importador  dirige‐se  ao  banco 


emitente e solicita o processo de abertura de carta de crédito; 

3. o  banco  emitente  analisa  a  documentação  e  logo  após,  mediante 


aprovação do crédito, envia o documento original da carta de cré‐
dito ao banco do exportador (avisador); 

4. esse  banco,  após  o  recebimento  do  original  da  carta  de  crédito, 
informa  o  gerente  da  empresa  exportadora,  solicitando  que  ele 
compareça na agência de posse da fatura pró‐forma a fim de con‐
frontar os dados preconizados nos dois documentos; 

5. após a aprovação da carta de crédito, o exportador inicia o proces‐
so  de  produção  da  mercadoria,  passando  necessariamente  pela 
elaboração dos documentos concernentes a essa operação; 

6. após  a  produção  da  mercadoria,  o  exportador  a  remete  para  o 


exterior; 

7. conjuntamente,  os  documentos  são  enviados  via  banco  avisador 


ao banco emitente; 

8. a  mercadoria,  após  chegar  ao  destino,  faz  com  que  o  importador 


busque um processo de despacho; 

9. o  banco  emitente  confronta  os  documentos  para  ver  se  não  exis‐
tem discrepâncias e chama o importador; 

10. o  importador,  de  posse  da  documentação,  encaminha‐se  para  o 


porto, o aeroporto ou até mesmo a zona de fronteira a fim de de‐
terminar a liberação da carga, realizando a Declaração de Impor‐
tação (DI), para essa carga, após isso, poder ser comercializada pe‐
lo importador. 

Em relação às formas de pagamentos aqui abordadas, as duas partes, 
exportadores  e  importadores,  devem  estar  em  um  consenso  no  mo‐
mento da escolha de cada uma delas, principalmente levando em con‐
sideração as reais garantias geradas por elas dentro do contexto. 
 
 
42

4.1 Característica das discrepâncias


As  falhas  que  podem  surgir  com  a  documentação,  consideradas  dis‐
crepâncias,  se  efetivamente  não  forem  corrigidas,  o  banqueiro  pode 
liberar  ou  não  o  pagamento.  Se  o  banqueiro  não  concordar,  os  docu‐
mentos devem ser a eles enviados como cobrança documentária. 

As principais discrepâncias em relação ao negócio também devem ser 
analisadas  pelas  partes,  sejam  exportadores,  importadores  ou  até 
mesmo  os  respectivos  bancos,  a  fim  de  que  possamos  comprovar  a 
lisura das informações preconizadas durante o processo de negociação. 

4.2 Quanto à natureza dos créditos documentários


Os  créditos documentários  podem  ser  revogáveis  ou  irrevogáveis.  Os 
revogáveis poderão ser modificados ou revogados a qualquer momen‐
to, não tendo nenhum vínculo com as partes intervenientes no proces‐
so. Isso, na maioria das vezes, não representa segurança, principalmen‐
te para os exportadores. Esse fato, sem dúvida alguma, pode represen‐
tar problemas para o exportador. 

Já os irrevogáveis somente podem ser anulados ou modificados medi‐
ante a anuência de todas as partes envolvidas no processo. Esta funci‐
ona como a maior garantia para o exportador, sendo a que efetivamen‐
te é mais utilizada no comércio internacional. 

4.3 Red clause (cláusula vermelha)


Red  Clause,  ou  cláusula  vermelha,  é  um  documento  muito  usual  no 
comércio exterior, pois ele permite que o beneficiário receba de forma 
antecipada  o valor  total  ou  parcial  do  crédito.  Essa cláusula  tem  uma 
característica que identifica que o importador deve confiar totalmente 
no exportador. 

4.4 Observações sobre documentos de exportação


Para  efetivarmos  um  processo  de  exportação,  deveremos  seguir  uma 
determinada  cronologia  fundamental  para  que  não  incorramos  em 
possíveis erros, os quais possam ser contrários aos interesses das duas 
partes.  Nesses  pré‐requisitos,  observamos  a  necessidade  de  gerarmos 
todos os documentos necessários a fim de que possamos dar validade 
ao negócio. 

Segundo  Ratti2,  são  necessários  os  seguintes  atributos  para  desenvol‐


vermos esse processo: 
 

43
a)  é  necessário  que  os  documentos  de  exportação  estejam em  perfeita 
ordem, emitidos com cuidado e rigorosamente de acordo com as cláu‐
sulas e condições da carta de crédito; 

b) a fatura comercial deve ser emitida em nome da pessoa ou da em‐
presa a que a carta de crédito determinar a mercadoria; 

c) devem ser mencionados o documento (quantidade de volumes, seus 
números, marcas, peso bruto e líquido) e as condições de venda (FOB, 
CIF, entre outros); 

d) os conhecimentos devem ser emitidos em estrita conformidade com 
as  instruções  do  crédito,  em  que  deve  constar  se  o  frete  foi  pago  de 
forma antecipada ou paga no destino; 

e) todos os documentos devem ser convenientemente assinados pelos 
emitentes,ou por seus procuradores ou representantes legais. 

Esses  aspectos  são  fundamentais  para  que  tenhamos  a  capacidade  de 


deixarmos  as  duas  partes  (exportadores  e  importadores)  satisfeitas 
com a operação. Ao mesmo tempo, faz com que a responsabilidade em 
relação ao negócio aumente entre ambas as partes. 

Temos a certeza ainda de que, se tudo caminhar de forma mais direta e 
objetiva possível, vamos minimizar os riscos que comumente ocorrem 
no  Comex,  como,  por  exemplo,  o  preenchimento  de  documentos  de 
forma errada. 

4.5 Procedimentos voltados para o seguro


Nos quesitos correspondente a esse processo, faremos uma abordagem 
sobre a importância e relevância do seguro a fim de que não soframos 
problemas  futuros  ou  até  mesmo  perdimento  de  carga,  de  acordo  co‐
mo for realizado o processo de negociação.  

Entre esses quesitos, listamos nove deles seguir: 

1. não cobertura de todos os riscos específicos requeridos pela carta 
de crédito; 

2. apresentação de certificado quando o crédito pede apólice; 

3. valor da cobertura insuficiente (o valor mínimo deve ser o CIF, a 
não ser que o crédito estipule o valor); 
 
 
44
4. mercadoria não descrita com propriedade, particularmente quanto 
à embalagem; 

5. data do início posterior à data do conhecimento; 

6. as correções feitas sem estarem autenticadas; 

7. não identificação do navio que realizou o transporte; 

8. não  cobertura  do  transbordo,  quando  os  conhecimentos  de  em‐


barque indicam tal circunstância; 

9. importância segurada na moeda diferente da do crédito. 

O seguro também será uma parte fundamental e integrante do proces‐
so  para  que  não  tenhamos  problemas  com  a  carga  e  a  própria  docu‐
mentação necessária para darmos validade a todo o processo. 

Ponto final
Analisamos  neste  capítulo  as  principais  demandas  que  envolvem  as 
formas de pagamentos existentes no âmbito do comércio internacional. 
Com base nessas informações, teremos muito mais condições de avali‐
armos os principais efeitos gerados por cada uma delas e as reais ne‐
cessidades de exportadores e importadores estarem cientes das princi‐
pais vantagens e desvantagens, com vistas à escolha da melhor forma 
de pagamento. 

Devemos  lembrar  que  as  modalidades  de  pagamentos  existentes  no 


comércio  internacional  dão  um  verdadeiro  balizamento  para  que  te‐
nhamos uma melhor resolução dessas operações e para que, ao mesmo 
tempo,  possamos  gerar  um  processo  de  maior  segurança  tanto  para 
exportadores quanto importadores. Vimos que, talvez, o processo mais 
seguro  em  termos  de  pagamentos  no  comércio  exterior  está  centrado 
naquela  via  de  carta  de  crédito,  e  por  isso  são  importantes  todas  as 
variáveis abordadas neste capítulo, fundamentais para todo o proces‐
so. 

Atividades
1) Quais são as formas de pagamentos utilizadas no comércio inter‐
nacional? 
 
2) Quais são os dois primeiros passos que dão origem ao processo de 
abertura da carta de crédito? 
 

45
 
3) Qual o significado do processo de irrevogabilidade quando men‐
cionamos os créditos documentários? 
 
4) Quais são as partes integrantes no processo que dá origem à aber‐
tura da carta de crédito? 
 
5) Para que serve a Red Clause? 
 
Leitura complementar

Com  base  em  todas  as  interações  ora  vistas  no  âmbito  do  mercado 
internacional, as formas de pagamentos servem para darmos um bali‐
zamento no processo, avançando significativamente a fim de criarmos 
condições favoráveis de garantias a exportadores e importadores. 

Fonte: Bortoto; Vasques; Rebono, 1999. 

 
 
 

5
José Olmiro Oliveira Peres
A IMPORTÂNCIA DOS NEGÓCIOS
INTERNACIONAIS

Passaremos a entender, com base na interação deste capítulo, os prin‐
cipais  aspectos  relevantes  no  desenvolvimento  das  atividades  e  das 
ações  direcionadas  aos  negócios  internacionais  e,  consequentemente, 
nos avanços da economia mundial como um todo. Vamos ainda anali‐
sar  as  políticas  vigentes  no  âmbito  internacional  e  o  que  o  Brasil  está 
fazendo para ampliar cada vez mais a inserção nos mercados alternati‐
vos. 

O tema será reforçado ainda com observação de mudanças considerá‐
veis  na  economia  internacional  e  os  principais  desafios  de  nosso  país 
de  transformar  as suas  vastas  riquezas  em  efetivo crescimento  econô‐
mico  e  social.  Veremos  ainda  que  trabalhamos  com  volumes  muito 
baixos de comercialização no âmbito do comércio exterior, sendo que o 
mais  importante  para  a  nossa  análise  é  sairmos  dos  discursos  que 
atribuem  um  grande  crescimento  em  nível  nacional  e  nos  direcionar‐
mos  para  efetivos  avanços,  fazendo  com  que  a  economia  brasileira 
possa  ter  em  um  futuro  muito  próximo  daquilo  que  chamamos  de 
desenvolvimento  sustentável,  através  de  políticas  públicas  que  possam 
favorecer todos os segmentos de nossa sociedade. 

5.1 Estudos do comércio internacional


Segundo  Vasconcellos,  Lima  e  Silber1,  as  questões  que  envolvem  as 
teorias  do  comércio  internacional  são  de  alguma  forma  da  seguinte 
natureza:  

 Qual a vantagem de importarmos um produto que pode ser pro‐
duzido domesticamente, gerando renda e emprego para a popula‐
ção do país? 

 Quais produtos o país vai exportar e quais irá importar? 
 

47
 Como são determinados os preços de equilíbrio no mercado mun‐
dial? 

 É possível todos os países se beneficiarem do comércio internacio‐
nal? 

 Quais  são  os  impactos  sobre  a  distribuição  de  renda  decorrentes 


do comércio internacional? 

Não existe uma única corrente de ideias para responder a essas ques‐
tões. Ao longo do tempo, foram sendo desenvolvidas diversas teorias, 
que hoje se complementam para explicarem o complexo fenômeno do 
comércio  internacional  e  da  competitividade  das  nações,  particular‐
mente  no  que  se  refere  aos  produtos  manufaturados,  à  presença  e  à 
exploração  de  recursos  naturais,  às  diferenças  de  produtividade  da 
mão de obra, às diferenças na dotação de fatores de produção, à simi‐
laridade de demanda, ao progresso tecnológico, às economias de escala 
e à política comercial estratégica. 

Tem‐se, com base nessa análise, que devemos reavaliar a atuação dos 
países  no  âmbito  do  comércio  internacional  a  fim  de  que  tenhamos 
condições de apresentar um resultado, sendo o Brasil uma nação bas‐
tante promissora, principalmente pela gama de recursos naturais exis‐
tentes  no  país.  Ao  mesmo  tempo,  devemos  ter  capacidade  de  produ‐
zirmos produtos com maior valor agregado, aumentando substancial‐
mente o desenvolvimento de novas tecnologias. 

5.2 A prática do processo de negociação comercial


Em  sua  maioria,  os  executivos  mais  identificados  com  o  processo  de 
exportação trabalham o planejamento de preparação da operação antes 
mesmo de sentarem à mesa de negociações. Podemos entender, ainda, 
que  devido  ao  grau  de  complexidade  de  algumas  operações,  obvia‐
mente será demandado um desgaste maior por parte do planejamento 
na exportação. Existe uma diferença substancial nas operações interna‐
cionais  em  relação  àquelas  consideradas  domésticas,  principalmente 
pelo fato de termos de buscar informações preliminares. 

Em relação a isso, as empresas exportadoras podem obter muitos dos 
dados de que necessitam, pois é possível fazerem contatos com possí‐
veis compradores no mercado internacional, ampliando as suas chan‐
ces de concretizar seus objetivos comerciais. 

As principais falhas durante o processo de negociação comercial são: 
 
 
48
1. não existir precisão nos objetivos; 

2. desconhecer as metas da outra parte na negociação; 

3. não entender que a outra parte não chega a ser adversária; 

4. deixar, de alguma forma, de dar a atenção à outra parte; 

5. não compreender o processo decisório da outra parte; 

6. deixar de realizar concessões; 

7. não apresentar alternativas à negociação; 

8. não entender como salutar a competição dentro do processo; 

9. apresentar pouco know‐how no processo de negociação; 

10. tentar acelerar o processo de decisão durante a negociação; 

11. apresentar dificuldades dentro do processo de conclusão da nego‐
ciação, podendo, portanto, até mesmo inviabilizá‐la. 

5.3 Prática do processo de preparação de uma


negociação
Quando  chegamos  efetivamente  a  um  processo  de  negociação,  deve‐
mos  levar  em  consideração  que,  do  outro  lado,  existirá  sempre  um 
comprador ávido de ver o processo de negociação que lhe seja favorá‐
vel.  De  alguma  forma,  em  termos  mercadológicos,  reconhecemos  a 
importância de um processo de ganha‐ganha, ou seja, processo em que 
as duas partes possam ser beneficiadas durante a negociação. 

A seguir, fazemos uma recomendação dos mais diversos preceitos para 
uma boa preparação do negócio: 

 a posição da empresa que o negociador representa na negociação; 

 a posição da empresa com a qual haverá negociação; 

 o grau de competição da empresa que o negociador representa; 

 os limites de negociação da empresa que o negociador representa; 

 as estratégias e as táticas da negociação. 
 

49
Analisamos como preponderante o processo de negociação, principal‐
mente pelo fato de termos a necessidade de fazer com que nossos cli‐
entes sejam extremamente fidelizados, aumentando a possibilidade de 
negócio junto a nossa organização, valorizando efetivamente produtos 
e serviços. 

5.4 Característica da empresa que tem um negociador


para representá-la
As  principais  vantagens  obtidas  pelas  empresas  que  possuem  um 
negociador  para  representá‐las  dependem  de  este  conhecer  toda  a 
estrutura organizacional, gerando uma relação e uma parceria de con‐
fiança junto aos clientes em potencial. 

Na realidade, todo esse processo não tem validade nenhuma se, prin‐
cipalmente, não for planejado a fim de que se possa atingir um melhor 
nível de desempenho. Outro aspecto aqui a ser bastante observado é o 
fato de que não podemos confundir as metas do negócio com situações 
estritamente  pessoais  dos  negociadores.  Essa  explicação  pode  ficar 
mais  evidenciada  no  momento  em  que  tenhamos  uma  empresa  que 
exporte sendo reconhecida no mercado como uma grande exportado‐
ra. 

5.4.1 Características da empresa na qual haverá a negociação

O  negociador  de  alguma  forma  deve  ter  bem  claro  o  que  as  partes 
efetivamente  querem  saber.  Em  relação  àquela  empresa  em  que  não 
deu  certo  a  negociação  anteriormente,  podemos  saber  qual  a  sua  ex‐
pectativa naquele novo momento, e até mesmo o que espera conseguir. 
Os  negociadores  de  alguma  forma  devem  assumir  o  posicionamento 
da outra parte, a fim de objetivar a sua negociação. 

5.4.2 O grau de competitividade da empresa a ser representada

Em muitas ocasiões, quando as empresas se preparam para uma nego‐
ciação,  elas  não  chegam  a  levar  em  consideração  que  saber  competir 
também  faz  parte  do  processo  e,  inevitavelmente  em  muitos  casos, 
pode levar ao sucesso ou ao insucesso da negociação. Cabe ainda res‐
saltar  que  uma  negociação  de  exportação  faz  com  que  o  exportador 
tenha que melhorar a sua proposta, sob o argumento de que os concor‐
rentes  fazem  ofertam  mais  vantajosas.  Analisarmos  ou  até  mesmo 
pesquisarmos a respeito dos nossos concorrentes pode ser um meio de 
identificar pontos fortes e fracos das partes envolvidas no processo.  
 
 
50
5.4.3 Os limites da negociação da empresa que o negociador
representa

Na  pré‐negociação,  os  limites  devem  ficar  definidos  por  ambas  as 
partes,  e  além  deles  estarão  esgotadas  quaisquer  possibilidades  de 
negociação.  A  proposta  no  início  do  processo  pode  situar‐se  entre  o 
menor preço possível do produto e o maior que a outra parte poderia 
aceitar. 

Essas  considerações  compõem  aquilo  que  chamamos  de  checklist  do 


negócio, correspondendo à necessidade de termos a preocupação com 
a pré‐negociação entre exportadores e importadores, com o desenvol‐
vimento  da  negociação  e,  por  último,  com  todos  os  atributos  e  argu‐
mentos necessários para concluirmos o processo. 

5.4.4 O comércio exterior brasileiro no contexto da abertura


comercial

Segundo Vasconcelos apud Guimarães2, o Brasil iniciou uma vigorosa 
política de substituição das importações nos anos de 1950 para alcan‐
çar  uma  industrialização  semelhante  àquela  existente  nos  países  de‐
senvolvidos. Passados dez anos, um conjunto de incentivos à atividade 
exportadora foi também instituído, justamente para manter a remune‐
ração  das  exportações  equivalente  àquele  prevalecente  nas  vendas  no 
mercado  doméstico  protegido.  Essa  política  de  comércio  exterior  per‐
durou  até  meados  dos  anos  de  1980,  tornando  a  estrutura  industrial 
brasileira bastante diversificada e abrangente. Todo o desenvolvimento 
industrial  havia  sido  orientado  pela  dinâmica  do  mercado  doméstico 
fortemente protegido pela política comercial externa contra a competi‐
ção externa. 

Desde os últimos anos da década de 1980, o Brasil veio adotando me‐
didas de liberalização comercial, seguindo as proposições contidas no 
que se denominou consenso de Washington, rompendo paulatinamente a 
longa tradição política intervencionista do Estado no comércio exterior. 
Somente  depois  de  quase  uma  década,  em  1998,  o  governo  brasileiro 
lançou  o  programa  especial  de  exportações  para  apoiar  as  estratégias 
das  empresas  brasileiras  no  mercado  internacional.  Esse  programa 
visou  justamente  colocar  a  dimensão  dos  produtos  e  dos  mercados 
externos alinhados à dimensão produtiva. 

Ponto final
Dentro do processo de negociação internacional, podemos concluir ser 
de  extrema  importância  avaliar  todas  as  variáveis  possíveis  para  que 
 

51
tenhamos  uma  efetivação  em  relação  ao  mundo  dos  negócios.  Em 
qualquer tipo  de negociação internacional, estarão de um  lado expor‐
tadores e do outro lado importadores. Já quando almejada uma etapa 
mais avançada, deparamo‐nos com o processo de preparação, passan‐
do pelo planejamento dos argumentos a serem levados para a negocia‐
ção com os nossos compradores, não podendo haver negligenciamen‐
to.  Costuma‐se  dizer  que,  em  negócios,  os  mais  experientes  levam 
vantagens em relação aos outros, e que isso efetivamente faz com que 
os mesmos atinjam  melhores resultados. Na prática, observamos que, 
na  maioria  das  vezes,  vencem  aqueles  que  conseguem  montar  um 
melhor  checklist  no  momento  da  preparação  da  negociação,  quando 
certamente  têm  condições  de  atingir  melhores  resultados.  Um  conse‐
lho,  então,  a  todas  as  partes  ingressantes  do  comércio  internacional  é 
que, ao prepararem suas ações, façam isso através de uma boa prepa‐
ração,  a  fim  de  atingir  seus  objetivos,  tornando  as  organizações  cada 
vez mais eficientes e eficazes. 

Atividades
1) Quais  são  os  limites  de  concessão  com  que  os  profissionais  de 
negociação devem trabalhar efetivamente? 
2) Como medimos o grau de competência das empresas no momento 
em que efetivamos a operação? 
 
3) Cite  pelo  menos  três  processos  de  preparação  no  momento  da 
realização da negociação. 
 
4) Cite pelo menos as quatro falhas mais comuns dentro do processo 
de negociação. 
 
5) Como  iniciou  o  processo  de  substituição  das  importarções  em 
nível de Brasil? 
 

Leitura complementar

COMÉRCIO EXTERIOR 

As  empresas  brasileiras  foram  se  estruturando  contando  mais  com  a 


grandeza  do  mercado  interno  e  menos  com  o  mercado  internacional. 
Isso produziu um forte viés doméstico, levando a relativa concentração 
da  pauta  exportadora  em  termos  de  produtos  e  empresas.  Em  um 
universo de 7 milhões de empresas, em 2003, menos de 0,3% participa‐
ram  da  atividade  exportadora.  Nesse  ano,  cerca  de  800  empresas  res‐
 
 
52
ponderam  por  83%  da  receita  de  exportação.  Quase  a  metade  dessas 
empresas  são  exportadoras  de  commodities.  Essa  estrutura  do  setor 
exportador, bastante concentrada em poucas empresas, sugeriu a exis‐
tência  de  espaços  para  a  formulação  de  uma  política  de  promoção 
comercial consistente, com vistas a aumentar a propensão exportadora 
dessas grandes empresas.  

Fonte: Vasconcellos; Lima; Silber, 2006, p. 157. 

 
 
 

6
José Olmiro Oliveira Peres
CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO
DE EXPORTAÇÃO

Para  formalizar  um  negócio  em  comércio  exterior,  é  necessário  o  co‐


nhecimento da documentação exigida, prescrita nas convenções inter‐
nacionais. Essa documentação de exportação é padronizada e funciona 
como  um  facilitador  no  intercâmbio  comercial. Alguns  países  adotam 
uma  documentação  diferenciada  para  cumprir  algumas  exigências 
internas em relação a uma ou outra mercadoria. 

Os  documentos  podem  ser  denominados,  segundo  sua  origem,  como 


administrativos,  financeiros  e  ou  comerciais.  Nesses  documentos,  que 
funcionam  como  avalistas  na  qualidade  do  produto  comercializado, 
encontramos uma descrição do que está sendo vendido ou transporta‐
do. 

O Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), segundo Ratti1, 
é o sistema informatizado que integra as atividades de registro, acom‐
panhamento e controle de comércio exterior. Todas as empresas expor‐
tadoras  possuem  acesso  ao  Siscomex  dentro  do  seu  próprio  estabele‐
cimento, mediante posse de equipamentos adequados para tal.  

Ainda conforme Ratti2, o drawback eletrônico foi incorporado ao Sisco‐
mex,  principalmente  por  exprimir  um  processo  de  desoneração  de 
impostos  na  importação,  favorecendo  um  processo  ligado  à  exporta‐
ção. Com esse procedimento, houve uma agilização nesses processos e 
ao mesmo tempo as ações foram simplificadas.  

Ao  preencher  o  Registro  de  Exportadores  e  Importadores  (REI)  no 


Siscomex, temos uma classificação por produtos através da Nomencla‐
tura  Comum  do  Mercosul  (NCM)  e  da  Nomenclatura  Aduaneira  da 
Aladi  (Naladi/SH).  Podemos,  ainda,  classificar  os  documentos  como 
referentes ao exportador, ao contrato de exportação e à mercadoria. 
 
 
54

6.1 Documentos referentes ao exportador


Inscrição  no  REI  da  Secretaria  de  Comércio  Exterior  do  Ministério  do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Secex/MDIC). Essa inscrição é 
uma  habilitação  exigida  para  atuar  no  comércio  exterior  solicitada 
pelas agências do Banco do Brasil3. 

6.2 Documentos referentes ao contrato de exportação


São aqueles que têm a função de gerar o processo inicial da exportação 
com base na negociação realizada com os mais diversos tipos de inter‐
venientes no processo, tais como os importadores. 

6.2.1 Fatura pró-forma

Esse  é  um  dos  primeiros  documentos  a  serem  exigidos  oficialmente 


para  efetuar  uma  exportação.  Seu  conteúdo  pode  conter  desde  dados 
preliminares  até  uma  estrutura  de  um  contrato  convencional.  Ele  é 
enviado  pelo  importador  ao  vendedor  da  mercadoria,  manifestando 
interesse  em  firmar  a  negociação,  conforme  Bortoto,  Vasques  e  Rebo‐
no4. 

6.2.2 Carta de crédito

O importador abre, em seu país, em favor do exportador, uma carta de 
crédito  que  funciona  como  uma  ordem  de  pagamento,  gerada  direta‐
mente  por  um  banco,  denominado  banco  emitente.  Este,  após  diversas 
análises  cadastrais,  lança  a  carta  de  crédito  em  favor  do  importador, 
reconhecido neste ato como tomador do crédito. 

6.2.3 Letra e contrato de câmbio

Esse  documento  geralmente  é  impresso  em  inglês  e  é  expedido  pelo 


exportador.  Funciona  como  um  título  de  crédito,  o  qual  é  validado 
através da negociação entre as partes e tem por objetivo três fases fun‐
damentais: a primeira delas é chamada de contratação ou fechamento do 
câmbio;  a  segunda,  de  negociação,  em  que  negociamos  todos  os  docu‐
mentos que farão parte do processo; e a terceira, de liquidação, em que o 
banco autorizado solicitará ao Banco Central Brasileiro a ordem para a 
efetivação da conversão cambial, terminando esse processo. 
 

55
6.3 Documentos referentes à mercadoria
Há um efetivo acompanhamento dos documentos, desde o estabeleci‐
mento do exportador até a entrega no local designado pelos importa‐
dores. 

6.3.1 Registro de Exportação (RE) no Siscomex

Esse documento é um licenciamento eletrônico para efetuar a exporta‐
ção.  Contém  dados  sobre  as  áreas  comercial,  fiscal  e  cambial,  autori‐
zando a operação. Com isso, o sistema gera um número o qual, depois 
dessa interação, facilita o processo de fiscalização da Receita Federal. 

6.3.2 Registro de Crédito (RC)

Devem  constar  nesse  documento  informações  cambiais  e  financeiras 


da exportação com o prazo de pagamento estipulado a partir da data 
de embarque das exportações com o prazo superior a 180 dias. 

6.3.3 Registro de Venda (RV)

Nesse documento, é registrada a venda de commodities ou de produtos 
negociados em bolsas internacionais. 

6.3.4 Solicitação de Despacho (SD)

É uma solicitação formulada a ser apresentada na Receita Federal para 
efeito fiscal referente ao desembaraço da mercadoria a ser exportada. 

6.3.5 Nota Fiscal

Essa  documentação  é  emitida  juntamente  com  a  RE  e  deve  acompa‐


nhar  a  mercadoria  desde  sua  origem  no  local  exportador  até  o  seu 
desembaraço. Na exportação direta, a nota segue em nome da empresa 
importadora.  Na  exportação  indireta,  a  nota  é  emitida  em  nome  da 
empresa que está efetuando a operação de exportação. 

6.3.6 Conhecimento de Embarque Marítimo (bill of lading)

Documento  emitido  pela  companhia  de  transporte  que  atesta  o  rece‐


bimento da carga. Pode ser usado como um recibo de mercadoria e um 
contrato de entrega. 
 
 
56
6.3.7 Fatura Comercial (commercial invoice)

Essa fatura é necessária para que o importador consiga o desembaraço 
da  mercadoria  que  está  sendo  comercializada.  Quem  é  responsável 
pela  sua  emissão  é  o  exportador  que  deve  providenciar  para  que  o 
idioma a ser usado seja o do importador ou o inglês. Segundo Bortoto, 
Vasques e Rebono5, devem fazer parte dessa fatura os itens referentes a 
preço total e unitário da mercadoria, peso, data de fabricação, modali‐
dade do transporte do pagamento e dados relacionados à empresa. 

6.3.8 Romaneio (paching list)

O romaneio é uma lista com os dados de todos os volumes que fazem 
parte do embarque. 

Outros  documentos  podem  fazer  parte  do  rol  necessário  para  uma 
exportação e a sua utilização depende das exigências de cada local de 
exportação.  Podem  fazer  parte  dessas  exigências:  certificado  de  ori‐
gem, legalização consular, certificado ou apólice de seguro, borderô ou 
carta de entrega, saque o cambial, fatura e visto consulares, certificado 
de origem – SGPC, certificado de sanidade. 

Existem outras duas modalidades de exportação: a exportação tempo‐
rária e a exportação por consignação. No primeiro caso, as mercadorias 
são  enviadas  para  o  exterior  com  o  objetivo  de  servirem  para  exposi‐
ções  (como  em  feiras),  possuindo  legislação  adequada  para  isso.  No 
segundo caso, as vendas podem ser efetuadas até um período máximo 
de  180  dias,  contando  desde  a  data  de  embarque,  havendo  também 
aspectos jurídicos favoráveis a esse tipo de operação. Não sendo cum‐
pridos  os  prazos,  as  empresas  podem,  administrativamente,  ser  res‐
ponsabilizadas. 

Ponto final
Vimos que todo esse processo eletrônico veio facilitar o funcionamento 
das organizações no sentido de tornar menos burocráticos os processos 
de negócios internacionais. Isso faz com que possamos cada vez mais 
valorizar  e  otimizar  as  relações  de  comércio  exterior,  sabendo  da  in‐
fluência  e  da  importância  de  termos  processos  tecnológicos  que  pos‐
sam tornar as operações muito mais eficientes e eficazes. 

Atividades
1) Qual o significado do Siscomex? 
 
 

57
2) Como é denominada a inscrição do REI? 
 
3) Qual a principal função de uma fatura pró‐forma? 
 
4) Qual  é  a  função  do  conhecimento  de  embarque  marítimo  (bill  of 
lading)? 
 
5) Como é o nome da fatura necessária para que o importador consi‐
ga o desembaraço da mercadoria que está sendo comercializada? 

Leitura complementar

A  IMPORTÂNCIA  DOS  DOCUMENTOS  NA  FORMULAÇÃO  DAS 


EXPORTAÇÕES 

Faz‐se necessário entendermos que cada relação voltada para a conse‐
cução de um processo de exportação depende necessariamente não só 
da  capacidade  de  entendermos  alguns  aspectos  burocráticos  voltados 
para o processo, mas também de avaliarmos melhor as principais van‐
tagens de operarmos no mercado de exportação. 

Desde  o  início  do  registro  da  operação  e  da  geração  de  documentos 
necessários  para  concretizar  o  processo,  observamos  que  tais  docu‐
mentos se caracterizam por uma gama de fases que devem ser enten‐
didas  pelos  exportadores  a  fim  de  que  não  tenhamos  problemas  no 
decorrer do processo. 
 
 

7
José Olmiro Oliveira Peres
O TRANSPORTE NAS
EXPORTAÇÕES

Para  o  seu  êxodo  da  exportação,  o  meio  de  transporte  a  ser  utilizado 
aparece  como  um  dos  aspectos  de  maior  relevância.  Evidencia‐se  o 
valor do transporte, uma vez que este se refere ao deslocamento físico 
da  mercadoria  desde  o  local  de  produção  ou  armazenamento  para  a 
venda, que é o local de origem da mercadoria, até o seu destino final 
previamente acertado com o comprador. 

Somente  as  companhias  transportadoras  autorizadas  a  operar  no 


transporte internacional de carga podem realizar essa operação. Salien‐
tamos a existência de alguns fatores que influenciam na determinação 
do transporte a ser contratado. Os fatores mais proeminentes são: 

 a urgência de recebimento da mercadoria; 

 a necessidade de cumprimento de prazos; 

 ausência de transporte regular;  

 o custo desse transporte, desde que respeite não só o menor preço, 
mas também os interesses tanto do exportador como do importa‐
dor. 

As  exportações  podem  ser  realizadas  através  dos  seguintes  meios  de 
transporte:  marítimo,  aéreo,  rodoviário,  ferroviário  e  fluvial.  Apesar 
dessa  multiplicidade,  o  transporte  marítimo  representa  mais  de  90% 
das operações brasileiras de exportação. Para a escolha da modalidade 
adequada,  alguns  fatores  devem  ser  analisados,  tais  como:  pontos  de 
embarque e desembarque, urgência na entrega, peso da carga e dispo‐
nibilidade  e  frequência.  Os  tipos  mais  encontrados  de  negociação  em 
torno do transporte são:  

 
 

59
 frete  interno:  encaminhamento  da  mercadoria  da  empresa  até 
aquele que dá início ao transporte internacional; 

 transporte  internacional:  mercadoria  transportada  entre  países, 


tendo uma base legal para a sua ocorrência; 

 frete  interno  no  local  de  destino:  mercadoria  a  ser  entregue  no 
estabelecimento do comprador, após ser retirada do local de des‐
tino designado. 

7.1 Transporte marítimo


Essa  modalidade  representa  o  maior  percentual  das  operações  de  co‐
mércio exterior, tendo como uma das características principais o baixo 
custo.  As  formas  de  navegação  podem  ser  através  cabotagem  pelos 
portos  no  território  Brasileiro,  aquelas  consideradas  como de  interior, 
passando por hidrovias em águas brasileiras, e por aquelas considera‐
das como navegação de longo curso, começando em águas brasileiras e 
podendo chegar a portos estrangeiros. 

Os serviços oferecidos pelas companhias marítimas são os seguintes: 

 Regular: com rotas convencionais e preestabelecidas pelas respec‐
tivas companhias.  

 Irregular:  baseada  no  transporte  sem  rotas  definidas,  em  que  o 


preço é comercializado com base nos negócios realizados nos mais 
diversos portos. 

 Afretamento:  utilizado  no  transporte  de  grande  quantidade  de 


mercadorias,  representando  ou  não  uma  consolidação  do  navio, 
tendo a sua cotação com base no metro cúbico. Também pode ser 
cotado de forma global, como ocorre no embarque de containeres. 

 O conhecimento de embarque (BL – Bill of Laing): é fundamental 
no comércio exterior, sendo emitido pela companhia a ser respon‐
sabilizada pelo transporte da carga. Usualmente, chamamos de BL 
o  recibo  de  entrega  de  determinada  carga  a  título  de  crédito.  Na 
quase  maioria  das  vezes,  existem  três  vias  a  serem  geradas  que 
dão validade a esse documento. 

 Os custos do transporte marítimo: decorrem das características da 
carga,  peso,  volume,  fragilidade,  embalagem,  distância  entre  ou‐
tros  representados  pelos  portos  de  embarque  em  relação  aos  de 
desembarque. 
 
 
60
 As  despesas  de  frete:  são  baseadas  no  peso  (tonelada)  ou no  vo‐
lume  (cubagem).  Nessas  circunstâncias,  o  armador  (proprietário 
do navio) cobra o valor que mais lhe aprouver. 

Trata‐se  de  um  tipo  de  transporte  extremamente  valioso  no  comércio 
internacional,  não  só  por  ser  o  mais  utilizado,  como  também  por  ser 
um  dos  que  apresentam  custos  de  fretes  menores  e  com  maior  segu‐
rança, comparando‐se com o transporte rodoviário de carga comenta‐
do a seguir: 

7.2 Transporte rodoviário


Nessa  modalidade,  é  possível  realizar  uma  conexão  no  fluxo  de  mer‐
cadoria que segue por transporte multimodal e intermodal funcionan‐
do como um facilitador. Procede‐se com a capturação das mercadorias 
na origem e estas são transportadas até o seu destino. Podemos desta‐
car esse tipo de transporte como o mais adequado no trecho do Merco‐
sul.  Como é possível contar com um grande número de empresas que 
atuam nesse seguimento, o poder de barganha aumenta, o que contri‐
bui  para  uma  diminuição  no  preço  final.  Outro  aspecto  positivo  é  a 
rapidez na entrega. O manuseio com a mercadoria diminui quando o 
caminhão segue lacrado sua viagem até o destino. 

7.3 Transporte ferroviário


O transporte ferroviário limita‐se a trajetos únicos, restringindo‐se seu 
uso a países que mantêm uma posição limítrofe. O grande diferencial 
dessa modalidade de transporte é o baixo custo em relação às demais 
modalidades, o que deixa também o frete mais barato. 

7.4 Transporte aéreo


O transporte aéreo é empregado para transportar pequenas cargas. Por 
ser  o  mais  veloz  dos  modos  de  transporte,  é  utilizado  para  as  cargas 
que  necessitam  urgência.  Caracteriza‐se  pela  eficácia  na  entrega  de 
cargas  com  a  disponibilidade  de  rotas  bem  variadas,  pela  segurança, 
pela ética e pela operacionalidade. 

7.5 Seguro internacional


Em relação às modalidades de transporte, é extremamente importante 
um contrato de seguro. A responsabilidade da contratação do seguro é 
do importador nas modalidades de CFR e FOB. Para que o seguro seja 
realizado, é necessário saber com antecedência o período exato em que 
será realizado o transporte, a empresa encarregada e o modo de trans‐
 

61
porte.  No  preço  CIF  ou  outro  Incoterm,  o  exportador  deve  ter  conhe‐
cimento  do  valor  do  prêmio  de  seguro  para  não  ter  prejuízo  sob  sua 
margem de lucro. 

Ponto final
Neste capítulo, foi possível verificar as diversas modalidades de trans‐
portes  existentes.  Dependendo  do  peso,  do  volume  e  do  destino  da 
carga, podem ser adotado um dos transportes disponíveis, ou ainda é 
possível uma combinação entre dois modais. Com a escolha mais ade‐
quada ao tipo de carga a ser transportada, o responsável pela operação 
pode diminuir custo na operação, agilizar a entrega e dar qualidade e 
flexibilidade  ao  processo,  podendo  lucrar  com  prestígio  e  credibilida‐
de. 

Ao decidir o modal de transporte mais adequado, devem ser observa‐
das as seguintes variáveis, segundo Vasconcellos, Lima e Silber1: 

 peso; 

 volume; 

 valor de carga; 

 distância da movimentação; 

 competições inter/intramodais; 

 danos à carga; 

 custo do serviço. 

Atividades
1) Quais são os principais tipos de modais existentes no Comex? 
 
2) Qual é a principal característica existente no transporte internaci‐
onal? 
 
3) Qual a principal vantagem do transporte marítimo? 
 
4) Qual é a principal característica do transporte aéreo? 
 
5) Quais os Incoterms em que a responsabilidade da contratação do 
seguro está a cargo do importador? 
 
 
62
Leitura complementar

A IMPORTÂNCIA DOS TRANSPORTES INTERNACIONAIS! 

A  decisão  que  leva  à  escolha  do  melhor  modal  no  processo  de  trans‐
portes  internacionais  está  ligada  diretamente  às  principais  análises  a 
serem  realizadas,  tais  como:  custo  do  frete,  capacidade  de  transporte, 
transit  time  do  produto,  tempo  de  transporte  do  produto,  logística  de 
transportes,  entre  outros.  Todos  esses  itens  são  fundamentais  para 
termos  um  transporte  bastante  otimizado  através  de  um  controle  de 
custos e entrega dos produtos a fim de minimizarmos os riscos duran‐
te a operação. 

 
 
 

8
José Olmiro Oliveira Peres
ANÁLISE DAS IMPORTAÇÕES

Este  capítulo  tem  como  objetivo  principal  caracterizar  as  principais 


variáveis que envolvem o processo de importações. Tem‐se notícia de 
que, independentemente do grau de importância sobre o tema e a sua 
relevância  a  fim  de  dar  o  equilíbrio  na  balança  comercial,  trata‐se  de 
questão fundamental para o equilíbrio necessário no comércio exterior. 
Outra  característica  fundamental  é  o  fato  de  que  nas  importações, 
diferentemente do que ocorre nas exportações, em vez de ingressarem 
receitas  no  país,  há  a  saída  delas,  fator  este que,  de  alguma  forma,  se 
não  é  bem  trabalhado,  pode  gerar  problemas  internos  em  relação  à 
área de importação. 

Outro fato a ser observado é o de que, historicamente, as importações, 
em  seu  processo  operacional,  sempre  se  constituíram  de  forma  mais 
complexa, principalmente no momento do desembaraço junto a portos, 
zonas de fronteira e aeroportos, fazendo com que haja um custo maior 
até chegarmos ao desembaraço total da carga. 

Devemos  levar  em  consideração,  ainda,  que  nas  importações,  assim 


como  nas  exportações,  existe  aquilo  que  chamamos  de  parametrização 
da carga, referente ao processo em que, quando chega a mercadoria nas 
fronteiras,  os  fiscais  ou  técnicos  da  Secretaria  da  Receita  Federal  lan‐
çam  o  número  da  operação  no  sistema.  No  caso  das  importações,  as‐
cender  uma  luz  de  cor  verde  na  tela  do  computador  significa  que  a 
carga automaticamente está liberada para ingresso no Brasil. Se ascen‐
der a luz amarela, isso significa que deve haver uma análise documen‐
tal. Por último, ascender uma luz vermelha,significa que a mercadoria 
deve ser inspecionada, assim como a documentação, parando a opera‐
ção até que tenhamos condições de liberarmos o processo. 

Existe, ainda, uma quarta via denominada de “canal cinza” pela receita 
federal, a qual os fiscais vulgarmente denominam de “canal melancia”, 
ou seja, verde por fora e vermelha por dentro. Nesses casos, observa‐
 
 
64
mos  que  são  constatadas  irregularidades  não  só  na  operação,  como 
também em relação às empresas importadoras (por exemplo, irregula‐
ridades cadastrais), fator este que, em muitos casos, gera a perda total 
da mercadoria. Segundo Bortoto, Vasques e Rebono1: 

a  prática  do  comércio  internacional  é  essencial  para  todos  os  Países,  sejam  eles 
desenvolvidos ou não, pois tal prática contribui com as atividades de circulação de 
capitais e com o desenvolvimento econômico. A importação pode suprir falhas na 
estrutura econômica, colaborando na complementação  dos produtos disponíveis à 
população de um País, ou de bens de capital necessários às empresas, cumprindo 
também  um  papel  de  modernização  da  economia  por  estimular  a  competição  e 
permitir a comparação de processos e produtos. 

Visto que nenhuma nação consegue sobreviver apenas com seus recur‐
sos próprios, a importação é necessária e tão importante quanto à ex‐
portação.  Em  razão  disso,  serão  abordados  neste  capítulo  os  aspectos 
administrativos e fiscais que norteiam os procedimentos de importação 
tão comuns no Brasil. 

8.1 A importância das importações para o comércio


exterior
Nos dias atuais, não existe a possibilidade de os países se desenvolve‐
rem  socioeconomicamente  de  forma  isolada.  Não  existe  nenhuma 
situação  em  que  um  país,  mesmo  no  caso  dos  países  desenvolvidos, 
possa ser autossuficiente, ou seja, possa ter uma supremacia em tudo o 
que faz, e isso se dá por limitações naturais (relacionadas ao solo e ao 
clima,  entre  outros).  Não  é  possível  ser  autossuficiente  mesmo  consi‐
derando uma grande capacidade de mão de obra ou uma grande ênfa‐
se no desenvolvimento tecnológico. 

Podemos  observar,  ainda,  que  o  processo  de  formação  dos  blocos 


econômicos iniciado pelo Mercado Comum Europeu veio a comprovar 
a  necessidade das  relações  comerciais  entre países,  as  quais  passam a 
ser compatíveis com o mercado internacional.  

A troca entre países na realidade vem a ocorrer, entre outros motivos, 
para garantir divisas, contribuindo com aquelas ligadas ao pagamento 
da dívida externa e à aquisição de bens e serviços, os quais não se têm 
ou  se  produzem  pouco  ou  mal  em  razão  da  qualidade,  do  preço,  do 
tempo e da tecnologia disponíveis. 

Esses aspectos fazem com que os mais diversos países se especializem 
nos mais diversos tipos de segmentos, sendo que passam a criar exce‐
lências  em  determinados  tipos  de  produtos,  apresentando  melhores 
 

65
condições de vendê‐los ou trocá‐los, principalmente por outros produ‐
tos de que necessitam. 

Observa‐se, então, que, quando falamos na importância desses aspec‐
tos,  afirmamos  que  mesmo  os  países  desenvolvidos sentem  a  falta  de 
importarem, pois possuem uma necessidade de cobrirem os seus mer‐
cados com os respectivos produtos importados. 

8.1.1 Conhecimento de Embarque Marítimo (bill of lading)

Segundo Pires2, após o término da Segunda Guerra Mundial, o Brasil 
passou  a  adotar  uma  política  protecionista  de  controle  cambial,  em 
consequência da herança de um razoável saldo de dívidas cujos deve‐
dores,  inclusive  nações  de  primeiro  mundo,  vieram  a  pagá‐las  quase 
sempre com bens supérfluos. 

Esse modelo consistiu em atrair para o Brasil empresas que produzis‐
sem  bens  até  então  importados.  Isso  era  um  objetivo  idealizado  que, 
com uma produção local atendendo à demanda interna, não foi alcan‐
çado pela impossibilidade de qualquer país produzir todos os bens de 
que necessita, tornando‐se realidade apenas uma substituição relativa 
de importação. 

O mercado interno mostrava preços acima dos do mercado internacio‐
nal, onerando outros segmentos interligados a sua linha de produção. 
A existência de empresas no Brasil não reduzia o montante de impor‐
tações, pois elas criavam novas necessidades, dependendo de bens de 
capital  importado,  como  máquinas  e  equipamentos,  e  de  produtos 
intermediários, como partes de peças e componentes. 

Tal situação levou o governo a montar um esquema de exportação com 
financiamentos  e  programas  de  incentivo,  como  benefícios  fiscais,  a 
fim de dirimir todo esse processo. 

Nota‐se que, no Brasil, ainda estamos buscando aperfeiçoar as relações 
comerciais  para  passarmos  a  ter  mais  segurança  em  níveis  internos 
mercadológicos, gerando excelência para a nossa economia. 

8.1.2 Aspectos burocrático na importação

Vimos,  com  o  passar  dos  anos,  que  o  fato  de  levarmos  mais  tempo 
para  liberar  mercadorias  nos  portos  brasileiros  do  que  levaríamos 
realizando  essa  operação  em  outros  países  considerados  de  primeiro 
mundo  torna‐se  fundamental  para  fazermos  a  análise  referente  a  as‐
pectos burocráticos. 
 
 
66
Além disso, a burocracia age de modos diferentes na sociedade. Para a 
fiscalização  na  alfândega,  por  exemplo,  o  prazo  só  vale  a  partir  do 
momento em que toda a documentação referente à operação for entre‐
gue.  Já  para  o  importador,  o  prazo  se  inicia  quando  ocorre  o  registro 
da operação no Siscomex, portanto, o prazo real pode chegar a quatro 
ou cinco dias, e foge das 48 horas anunciadas pela fiscalização.  

Entendemos  que  o  governo  brasileiro  não  pode  jamais  abdicar  da 


cobrança  de  seus  impostos,  a  fim  de  que  os  mesmos  façam  frente  as 
suas  principais  demandas  e  custos,  mas  temos  a  convicção  ainda  que 
estas relações podem ser melhoradas, tornando os gestores das organi‐
zações mais satisfeitos, a fim de tornarem suas ações mais eficientes e 
eficazes.  

8.2 Principais órgãos que intervêm na importação


Segundo dados oficiais do governo brasileiro, o Ministério da Fazenda 
é  responsável  pela  fiscalização,  pela  arrecadação  e  pelo  controle  do 
comércio exterior. Tal ministério é composto pela Secretaria da Receita 
Federal,  que  supervisiona  a  atividade  tributária  federal,  arrecada  os 
tributos, estabelece medidas preventivas de combate ao contrabando e 
outros  descaminhos;  pelo  Comitê  Brasileiro  de  Mercadorias  (CBM), 
que  mantém  a  nomenclatura  de  classificação  das  mercadorias  perma‐
nentemente atualizadas; pelo Conselho Monetário Nacional integrante 
do sistema financeiro nacional, que formula as políticas da moeda e do 
crédito;  e  pelo  Banco  Central  do  Brasil  (Bacen),    outro  integrante  do 
sistema nacional que também regula o mercado cambial e a estabilida‐
de  relativa  das  taxas  de  câmbio  e  do  equilíbrio  no  balanço  de  paga‐
mentos. 

O  Ministério  do  Desenvolvimento,  Indústria  e  Comércio  Exterior, 


composto por várias secretarias, tendo como órgão principal a Secreta‐
ria  de  Comércio  Exterior  (Secex),  que  emite  a  licença  de  exportação, 
controla as ações de comércio exterior. 

8.2.1 Aspectos burocráticos na importação

As  operações  internacionais,  de  alguma  forma,  podem  apresentar 


riscos,  como  aquelas  realizadas  no  âmbito  do  mercado  interno.  No 
momento em que decidirmos a melhor forma de pagamento, devemos 
fazer um comparativo com outras, a fim de que possamos dirimir esses 
riscos, escolhendo a operação mais apropriada. 

A  fim  de  termos  uma  boa  informação  no  âmbito  da  Declaração  de 
Importação  (DI),  os  importadores  deverão  repassar  tais  operações  a 
 

67
seus  representantes  legais,  sendo  que  a  não  observância  do  registro 
poderá acarretar multas imputadas pelo Banco Central do Brasil. 

Ponto final
Entende‐se,  então,  após  todas  as  abordagens  mencionadas,  a  impor‐
tância  do  processo  de  importação  para  as  organizações,  haja  vista  a 
grande  necessidade  de  importarmos  produtos  referentes  àqueles  seg‐
mentos nos quais não temos supremacia em nossa economia. 

Outro fator importante aqui deflagrado caracteriza‐se pelas interações 
necessárias com outros países, haja vista que nenhuma nação apresen‐
ta supremacia em todos os segmentos, necessitando fundamentalmen‐
te de negociar com outras economias.  

Fica evidenciado, ainda, que as importações em relação às exportações 
passam a ser mais complexas uma vez que, nesse processo, ao invés de 
ingressar divisas no país, acabam gerando, em alguns momentos, um 
certo  desprestígio  de  segmentos  comerciais  e/ou  industriais.  Além 
disso,  são  extremamente  importantes  pelos  mais  diversos  motivos 
mencionados,  e  até  mesmo  para  fazer  com  que  haja  um  equilíbrio  na 
balança comercial. 

Atividades
1) Existe  uma  forma  adequada  de  pagamento,  relativa  a  cada  uma 
das operações realizadas nas importações? 
 
2) Qual  a  principal  função  da  Secretaria  da  Receita  Federal  no  pro‐
cesso que envolve as importações e exportações? 
 
3) Como funciona a atividade de importações nos portos brasileiros? 
 
4) Quais são os principais órgãos que intervêm nas importações? 
 
5) Faça uma breve análise sobre o processo de importações. 

Leitura complementar

CONTRATO DE CÂMBIO 

As  operações  de  câmbio,  mesmo  fechadas  por  telefone,  têm  de  ser 
formalizadas  por  meio  de  instrumento  próprio,  ou  seja,  por  meio  de 
contrato de câmbio. Esse é padronizado pelo Banco Central do Brasil e 
 
 
68
se dá por intermédio do Sistema do Banco Central (Sisbacen). Na im‐
portação, existem vários tipos de contratos de câmbio, entre eles: “2”, 
importação; tipo ”3”, transferências financeiras do exterior; e tipo “4”, 
transferências financeiras para o exterior. Uma vez fechados, os contra‐
tos de câmbio de importação se efetivam com a entrega com o valor da 
operação à parte vendedora. 

Fonte: Bortoto; Vasques; Rebono, 2004, p. 240. 
 
 

9
ASPECTOS VOLTADOS PARA
FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA
NA EXPORTAÇÃO

José Olmiro Oliveira Peres

Temos como aspecto balizador para a formação do preço de vendas na 
exportação aqueles preços verificados no mercado interno. Para elabo‐
rá‐los, temos que computar os principais custos que envolverão a ope‐
ração,  quanto vamos  ganhar  com  ela, o  que  devemos deduzir  na  me‐
dida  do  possível  e  todos  os  preços  verificados  no  mercado  interno  a 
fim  de  que  possamos  acrescer  os  itens  que  necessariamente  deverão 
gravar o preço de exportação. 

Outro aspecto importante a ressaltar é o fato de que, no mercado inter‐
no, temos um indicador de controle para a formação de preços, o Índi‐
ce Geral de Preços (IGP), enquanto no comércio internacional isso não 
existe, sendo que os preços dos produtos aumentam de acordo com o 
mercado. Assim,  naqueles  países  onde  existe  maior  concorrência,  cer‐
tamente há a diminuição dos preços dos produtos, enquanto naqueles 
onde  a  concorrência  diminui,  há  um  incremento  nos  preços  aumen‐
tando substancialmente a rentabilidade da organização. 

Outra característica fundamental na formação do preço de exportação 
corresponde  às  deduções  e  às  análises  a  serem  realizadas  para  que 
tenhamos  um  ganho  equiparado  ao  dólar  (US$).  Após  o  valor  ser 
transformado em reais (R$), podemos saber em moeda corrente nacio‐
nal todos os custos necessários a fim de fazer frente a toda a operação.  

Ainda em relação ao preço de venda na exportação, devemos manifes‐
tar  ainda  que,  quando  decidimos  calcular  um  preço  de  exportação, 
partindo‐se  do  mercado  interno,  temos  um  resultado  extremamente 
voltado ao processo da composição dos custos. 

Segundo  Ratti1,  para  termos  segurança  no  resultado  do  cálculo,  reco‐
menda‐se o seguinte procedimento: 
 
 
70
 mediante  o  conhecimento  da  planilha  de  custos  do  produto,  de‐
terminante  do  preço  de  mercado  interno,  devem  ser  eliminadas 
todas aquelas parcelas que compõem o preço e que não ocorrerão 
no momento da exportação do produto; 

 sobre  o  resultado  assim  obtido,  após  as  exclusões  anteriormente 


mencionadas,  adicionam‐se  os  demais  elementos  que  não  faziam 
parte do preço de mercado interno, que deverão compor  o preço 
de venda ao exterior. 

Por força dessa sistemática de operação, chega‐se ao resultado idêntico 
àquele que teria sido apurado se a empresa tivesse utilizado o processo 
específico para definir o preço com base nos custos acrescidos do per‐
centual relativo à margem de lucro desejado. 

9.1 Composição do preço


Com  o  intuito  de  melhor  esclarecer  a  composição  do  preço,  segundo 
mencionado anteriormente por Ratti2, apresentamos a seguir um deta‐
lhamento de tais procedimentos: 

a) Preço de venda de mercado interno. 

b)  Dedução  de  todos  os  elementos  que  o  compõem  e  que  não  devem 
ocorrer na exportação, entre os quais: 

 impostos que não devem ser cobrados por força da não incidência 
ou da isenção; 

 contribuições sociais para as quais a exportação é imune ou isenta; 

 comissão do vendedor, no mercado interno; 

 despesas de propaganda de mercado interno; 

 embalagem de mercado interno, quando esta for diferente daquela 
que será utilizada na exportação; 

 despesas financeiras de mercado interno, quando esta for diferen‐
te daquela que será utilizada na exportação; 

 despesas  financeiras  de  mercado  interno,  uma  vez  que  aquelas 


vinculadas à exportação terão menor custo; 

 despesas  de  distribuição  de  mercado  interno  (frete  e  seguro),  ne‐


cessárias à movimentação dos produtos nas vendas internas; 
 

71
 outros  itens  que  compõem  o  preço  interno  e  que  não  deverão 
ocorrer na exportação do produto. 

Todas  essas  deduções  são  fundamentais  para  termos  o  preço  final  da 
venda  do  produto  e  sabermos,  com  bastante  exatidão,  quanto  estare‐
mos ganhando nessa operação. Somados a isso, apresentamos a seguir 
os resultados esperados com tal operação. 

9.2 Resultados
Aos  resultados  atingidos  até  o  momento,  decorrentes  das  deduções, 
deverão ser acrescidas as seguintes parcelas, conforme Ratti3: 

a) comissão de agente ou representante no exterior, que participará da 
operação de exportação; 

b)  embalagem,  tanto  de  apresentação  quanto  de  transporte,  quando 


forem especificadas; 

c)  despesas  necessárias  para  a  movimentação  de  produto,  fretes  e  se‐


guros internos, desde a saída da empresa, além das despesas necessá‐
rias  ao  embarque  da  mercadoria  para  o  exterior,  face  à  condição  de 
venda pactuada; 

d) despesas financeiras específicas da exportação daquele produto que 
se analisa, desde sua produção, sua estocagem e sua embarque; 

e) fatura ou vistos consulares que se fizerem necessários para a concre‐
tização da exportação, especificamente para o país que se analisa; 

f) eventuais impostos que possam a vir onerar a saída do produto para 
o exterior; 

g)  outros  itens  que  possam  vir  a  participar  da  composição  do  preço 
que se analisa. 

Vistos  esses  resultados,  constatamos  que  foi  adicionada  às  deduções 


uma  gama  de  valores,  os  quais,  sem  dúvida  alguma,  permitirão  que 
tenhamos uma noção extra do valor ganho na operação de exportação 
da empresa. 

Vistos  esses  resultados,  constatamos  que  foi  adicionada  às  deduções 


uma  gama  de  valores,  os  quais,  sem  dúvida  alguma,  permitirão  que 
tenhamos uma noção extra do valor ganho na operação de exportação 
da empresa. 
 
 
72

9.3 Programas técnicos-operacionais


Os itens apresentados a seguir, conforme Ratti4, dão uma perfeita no‐
ção dos percentuais a serem trabalhados, a fim de que possamos che‐
gar aos resultados esperados. 

a) produto: rodas de liga leve, para veículos automotores; 

b) classificação fiscal: NCM 8708.70.90; 

c) IPI mercado interno: 16%; 

d) ICMS de mercado interno para São Paulo: 18%; 

e)  Contribuição  para  Financiamento  da  Seguridade  Social  (COFINS), 


que incide sobre as receitas de mercado interno: 3%; 

f) Programa de Integração Social (PIS), que no mercado interno grava 
as receitas em 0,65%; 

g) lucro de mercado interno, calculado sobre o preço de venda: 10%; 

h) embalagem de mercado interno: 707,52; 

i) comissão de vendedor, no mercado interno: 4%; 

j) despesas de propaganda, no mercado interno: 0,3%; 

k) despesas de distribuição ( frete e seguro) no mercado interno: 0,5%; 

l) preço de mercado interno, inclusive IPI: R$ 43.020,00; 

m) lucro desejado na exportação: 10% sobre o preço de venda da mer‐
cadoria; 

n) embalagem de exportação; 

o) aluguel de contêiner: R$ 266,39; 

p) transporte e seguro do contêiner até o porto: R$ 991,88; 

q) capatazia do contêiner: R$ 212,55; 

r) carga, descarga e estadia de contêiner: R$ 425,08; 

s) seguro internacional: R$ 307,69; 
 

73
t) frete internacional, inclusive estiva: R$ 4.670,13. 

Na  sequência,  vamos  descrever  na  prática  como  podemos  efetivar  os 
cálculos  com  base  em  valores  reais,  a  fim  de  que  possamos  saber  o 
ganho real da empresa nessa operação. 

9.4 Cálculo de preço ex-works


O  cálculo  do  preço  ex‐works  corresponde  em  fazermos  a  cotação  do 
preço  de  nosso  produto,  dentro  do  nosso  estabelecimento  comercial, 
colocando‐o à disposição do nosso importador. 

Quadro 9.1 – Modelo de cálculo do preço EXW

DESCRIÇÃO DO PRODUTO  VALORES  (EM 


R$) 
Preço  de  mercado  interno  para  1.500  peças,  43.020,00 
inclusive IPI 
(‐) IPI: 16%   5.933,79 
(‐) ICMS: 18%   6.675,52 
(‐) Cofins: 3%   1.112,59 
(‐) PIS: 0,65%   241,06 
(‐) lucro de mercado interno: 10% de R$ 37.086,21  3.708,62 
(‐) embalagem de mercado interno   707,52 
(‐)  comissão  de  vendedor,  no  mercado  interno:  1.483,45 
4% 
(‐) despesas de propaganda, no mercado interno:  111,26 
0,3% 
(‐)  despesas  de  distribuição  no  mercado  interno:  185,43 
0,5% 
subtotal  do preço, levando‐se em conta que esse  22.860,76 
valor não contém qualquer parcela de lucro e não 
conta com embalagem 
(+)  lucro  desejado  na  exportação  (10%)  sobre  o  2.540,08 
preço de venda da mercadoria 
= preço EXW, em moeda nacional  25.400,84 
 

Tomando‐se a taxa cambial de R$ 1,90, temos: 

a) preço EXW, em dólares do Estados Unidos = US$ 13.368,86 

b) preço EXW, unitário = US$ 8,91 
 
 
74

9.5 Cálculo do preço faz


Nessa modalidade, para considerarmos o cálculo, devemos imaginar a 
mercadoria sendo colocada no costado do navio e as responsabilidades 
até ali decorrentes.  

Quadro 9.2 – Modelo de cálculo do preço FAS

DESCRIÇÃO DO PRODUTO  VALORES 
preço base: EXW   R$ 25.400,84 
(+) aluguel do contêiner   R$ 266,39 
(+) transporte do contêiner até o costado do navio  R$ 991,88 
(+) carga, descarga e estadia do contêiner   R$ 425,08 
= preço FAS, em moeda nacional   R$ 27.084,19 
Preço FAS, em dólares do Estados Unidos   US$ 14.366,71 
Preço FOB, unitário   US$ 9,58 
 

9.6 Cálculo do preço fob


Nessa modalidade, deverá ser considerado o fato de que a mercadoria 
já foi colocada no interior do navio. A partir daí, inicia então a respon‐
sabilidade do importador. 

Quadro 9.3 – Modelo de cálculo do preço FOB

DESCRIÇÃO DO PRODUTO  VALORES 
Preço base: FAZ   R$ 27.084,19 
(+) capatazia e taxas portuárias   R$ 212,55 
= preço FOB, em moeda nacional   R$ 27.296,74 
Preço  FOB,  em  dólares  dos  Estados  US$ 14.366,71 
Unidos  
Preço FOB, unitário   US$ 9,58 
 

9.7 Cálculo do preço cif


Nessa modalidade, o produto já está colocado no interior do navio. A 
partir daí, temos o pagamento do frete internacional e do seguro inter‐
nacional. 

Quadro 9.4 – Referência de valores

PREÇO FOB E CIF  VALORES 
Preço base: FOB   R$ 27.296,74 
(+) seguro internacional   R$ 307,69 
(+) frete internacional (inclusive estiva)  R$ 4.670,13 
 

75
Preço CIF, em moeda nacional  R$ 32.274,56 
Preço CIF, em dólares dos Estados Unidos  US$ 16.986,61 
Preço CIF unitário   US$ 11,32 
 
Observamos  a  importância  da  composição  do  preço  de  venda  na  ex‐
portação,  mostrando  que  devemos  analisar  diversas  possibilidades, 
como a de deduzir custos tais como embalagem de mercado interno e 
mão de obra. Fica muito claro que sempre temos que ter como base o 
preço de venda no mercado interno, a fim de chegarmos aos resultados 
esperados, e os valores a receber com base na conversão da moeda. 

Ponto final
Conclui‐se  com  as  observações  feitas  sobre  o  processo  de  composição 
do  preço  de  venda  na  exportação  que,  sempre  que  tomarmos  como 
base o preço verificado no âmbito do mercado interno, será facilitada a 
visualização  de  quanto  as  empresas  poderão  ganhar  com  essa  opera‐
ção  dos  valores  que  iremos  acrescer,  a  fim  de  que  possamos  ter  um 
resultado  mais  apurado  na  operação,  independentemente  dos  valores 
projetados e dos custos, das taxas e dos impostos apresentados. Reco‐
nhecemos  como  são  necessários  os  aspectos  citados,  deixando  muito 
claro  que  não  podemos  buscar  um  preço  de  venda  adequado  para  as 
nossas operações se não tivermos parâmetros fundamentais que darão 
a  validade  necessária  para  o  processo.  Através  das  particularidades 
mencionadas, poderemos facilitar todos aqueles agentes que, de algu‐
ma forma, irão compor o preço de venda no mercado interno. 

Os cálculos para a formação de preços dos produtos a serem exporta‐
dos  devem  necessariamente  ser  revistos  constantemente,  principal‐
mente  quando  há  uma  decisão  definitiva  da  empresa  em  efetivar  as 
vendas para o exterior. 

Temos que levar em consideração os custos normais de mercado inter‐
no,  agregando  àqueles  do  mercado  externo,  a  fim  de  que  tenhamos  a 
informação exata dos preços praticados e de quanto a empresa poderá 
ganhar com essa operação. Essas negociações estão baseadas nas con‐
dições do país ao qual é enviada a mercadoria, lembrando sempre que, 
ao não se ter muita concorrência no local de destino, a empresa tende a 
ganhar mais, sendo o inverso verdadeiro. A qualidade dos produtos e 
as condições de pagamentos poderão até mesmo servir de entraves ao 
comércio internacional (barreiras), devendo ser ultrapassadas a fim de 
que tenhamos a efetividade do negócio. 
 
 
76

Atividades
1) O  que  tomamos  como  base  para  apresentar  o  preço  de  venda  na 
exportação? 
 
2) O  que  deveremos  deduzir  no  processo  de  formação  de  venda  na 
exportação? 
 
3) A  comissão  de  agente  deve  ser  deduzida  ou  ela  representa  um 
somatório de parcelas no processo? 

Leitura complementar

PREÇO DE VENDA NA EXPORTAÇÃO 

A composição do preço de venda na exportação constitui‐se de um dos 
aspectos  mais  importantes  para  conhecermos  quanto  efetivamente  a 
empresa deve gastar e quanto poderemos identificar o lucro relativo à 
operação. 

Para que isso aconteça, devemos fazer todas as deduções necessárias e 
acrescer  dados  correspondentes  ao  mercado  externo  para  depois  ti‐
rarmos uma base do resultado final e o lucro efetivo na operação. 
 
 

10
José Olmiro Oliveira Peres
DICAS PARA DEFINIÇÕES DE UM
MELHOR PLANO DE EXPORTAÇÃO

Como já abordamos em capítulos anteriores, reforçamos a ideia de que 
a  exportação  pode  ser  um  ótimo  negócio  para  as  organizações,  desde 
que  os  dirigentes  delas  se  conscientizem  de  que,  antes  de  qualquer 
coisa,  devem  realizar  o  planejamento  de  uma  política  e  levar  sempre 
em consideração o conhecimento das regras e usos do comércio inter‐
nacional. Se não houver efetivamente nada do que propomos, poderão 
ocorrer  prejuízos  para  as  organizações  e,  em  consequência  disso,  um 
reflexo negativo para o país.  

Alguns aspectos fundamentais para a decisão e a formulação do plane‐
jamento para a atividade de exportação são apresentados a seguir: 

a)  Somente  começar  a  exportar  se  estiver  efetivamente  decidido  para 


tal. Reservar um percentual de produção para a exportação, como, por 
exemplo, 25% dos bens produzidos, a fim de que se tenham condições 
de driblar as debilidades no mercado interno. 

b) De preferência, realizar uma boa pesquisa de mercado, conhecer os 
agentes da empresa e, analisar as principais características dos consu‐
midores em potencial. 

c)  Nunca  é  demais  conhecer  e  estudar  o  mercado  para  o  envio  dos 


nossos  produtos,  focando  clientes  e  produtos,  suas  variedades  e  suas 
qualidades exigidas. 

d) Estudar a concorrência do país para que estamos exportando nossos 
produtos. Ver quais são as estratégias utilizadas por ela. 

e)  Conhecer  um  pouco,  pelo  menos,  sobre  os  regimes  alfandegários, 
cambiais e de impostos e taxas em vigor no país em questão. 
 
 
78
f) Disponibilizar uma atenção especial a embalagens e requisitos sani‐
tários,  por  exemplo,  vigentes  para  os  produtos  naquele  mercado‐alvo 
específico. 

g)  Ter  sempre  profissionais  experientes  a  serviço  da  empresa,  contra‐


tados  diretamente  ou  até  mesmo  terceirizados,  que  falem  especifica‐
mente as principais línguas usuais do comércio exterior. 

h) Cuidar da manutenção, mesmo sendo pequena, dos produtos expor‐
tados a fim de valorizar o processo de assistência técnica e pós‐venda. 

i) Trabalhar preferencialmente com profissionais, não se deixam levar 
a  guindar  em  alguns  cargos  familiares  e  amigos,  o  que  poder  ser  de‐
terminante para o sucesso ou insucesso do negócio. 

j) Levar sempre em consideração que a “promoção” deverá estar sem‐
pre em evidência, havendo uma perfeita identificação com as peculia‐
ridades de cada região a receber nossos produtos. 

k)  Pagar  a  comissão dos  agentes  intervenientes  no  processo,  pois  eles 


necessitam  muitas  vezes  disso  para  conseguirem  fazer  frente  a  todos 
os custos existentes no negócio. 

l)  Procurar  desenvolver  preceitos  relacionados  a  preço,  qualidade  do 


produto, entre outros, a fim de convencer os importadores em poten‐
cial a efetivarem a compra de nossos produtos. 

m) Ter em mente que os resultados de uma operação como essa geral‐
mente  vem  a  médio  e  longo  prazo,  por  tratar‐se  diretamente  de  um 
investimento muito considerado no mercado como um todo. 

Quando falamos do processo de gestão dentro das organizações, afir‐
mamos  que,  sem  planejamento  organizacional,  fica  muito  difícil  ala‐
vancarmos as ações das empresas.  

No  comércio  internacional,  fica  comprovado  através  das  abordagens 


citadas que também é fundamental colocar em prática as ações sugeri‐
das a fim de que possamos buscar todos os resultados esperados com a 
operação. 

10.1 Planejamento internacional


Um dos aspectos mais importantes para os empresários que se lançam 
no mercado internacional é a pesquisa. Esta deve determinar as pers‐
pectivas de vendas de produtos no mercado e a melhor maneira para 
obtermos melhores resultados. Segundo Kotler e Armstrong1, 
 

79
a pesquisa diminui a possibilidade de a empresa incorrer em erros de apreciação em 
mercados  em  potencial,  tanto  no  País  como  no  exterior.  No  caso  do  mercado 
externo,  a  análise  deve  ser  minuciosa,  pois  a  motivação  dos  consumidores  é 
diferente. Ela objetiva revelar se o produto poderá ser vendido a um preço razoável 
e  em  quantidade  satisfatória.  Permite  ainda  analisar  os  mercados  que  oferecem 
melhores  perspectivas,  as  modificações  no  produto  para  aumentar  o  nível  de 
aceitabilidade e o tempo necessário para se alcançar o nível ideal de vendas. 

Portanto,  devemos  tratar  a  pesquisa  como  peça  fundamental  de  uma 


operação  no  comércio  internacional,  porque  através  dela  temos  uma 
noção melhor do mercado no qual estamos buscando uma forte inser‐
ção de nossos produtos. 

10.2 A expansão de mercado


Para base de expansão dos mais diversos tipos de países, com culturas 
diferenciadas, devemos realizar nossas operações da forma mais orga‐
nizada possível, para que, além de conhecê‐los, analisemos suas prin‐
cipais características, a quantidade consumida, os países de procedên‐
cia da mercadoria, a participação dos fornecedores e os preços ofereci‐
dos por eles. 

10.3 Em relação aos preços


Os  preços  devem  ser  calculados  de  forma  a  competir  com  similares 
nacionais  do  país  importador  e  com  os  oferecidos  por  outros  países. 
Temos  que  cuidar  para  não  aviltarmos  o  preço  de  nosso  produto  em 
outro  mercado  a  fim  de  que  não  desvalorizemos  tal  produto  no  mer‐
cado nacional, e muito menos para não aviltarmos os produtos concor‐
rentes naquele mercado. 

10.4 Principais requisitos dos produtos


No  mercado,  a  pesquisa  é  importante  para  conhecermos  um  pouco 
mais  os  desejos  e  as  necessidades  dos  consumidores,  a  fim  de  estrei‐
tarmos as distâncias entre a própria organização e os clientes. Existem 
vários  aspectos  que  devem  ser  levados  em  consideração,  tais  como: 
tamanho  de  produto,  cores,  design,  cultura,  entre  outros,  os  quais  po‐
dem contribuir substancialmente para melhorias do produto e para as 
adequações  necessárias,  a  fim  de  atender  às  principais  necessidades 
dos clientes. Outras características, como embalagens e aspectos ergo‐
métricos,  devem  ser  analisadas,  lembrando  sempre  que,  dependendo 
de alguns países, os produtos podem ser mais ou menos comercializa‐
dos, de acordo com as necessidades das populações de cada um deles. 
 
 
80

10.5 Características da assistência técnica


O  serviço  de  pós‐venda  hoje  no  mercado  pode  ser  considerado  como 
garantia  do  negócio,  seja  esse  serviço  desenvolvido  pelos  próprios 
agentes, seja por intermediários. 

Lembramos sempre que entre os aspectos a serem levantados junto aos 
consumidores, poderemos considerar os seguintes: 

a) aspectos de manutenção realizada em períodos bem definidos, junto 
com as respectivas vistorias; 

b) reposição daquilo que for necessário para o perfeito funcionamento 
do produto, levando em consideração a depreciação de partes, peças e 
componentes; 

c) garantia e durabilidade do produto; 

d)  levarmos  assessoria  no  sentido  de  fazer  com  que  nossos  clientes 
utilizem corretamente o produto; 

e) treinar preferencialmente os clientes, e não deixar de responsabilizar 
o fabricante nos mais diversos casos de reparos, fazendo, se necessário, 
um recall dos devidos materiais. 

Ponto final
Vimos através de análises um pouco mais dos aspectos preponderan‐
tes para que possamos entender abordagens substanciais para ingresso 
em mercados alternativos 

É importante lembrarmos, ainda, que todas as explanações aqui abor‐
dadas foram de total importância, sendo que culminamos com o pro‐
cesso  de  planejamento  nas  exportações,  por  ser  este  efetivamente  de 
suma  importância  para  países  não  só  desenvolvidos,  como  também 
aqueles em desenvolvimento. Isso nos faz observarmos que o conceito 
de  gestão,  como  planejamento  organizacional,  também  deve  ser  utili‐
zado  firmemente  no  âmbito  do  mercado  internacional,  porque  isso, 
sem  dúvida  alguma  pode,  ser  o  diferencial  das  organizações  que  pri‐
mam pelo ordenamento de suas ações. 
 

81
Atividades
1) Por  que  é  importante  o  processo  de  planejamento  das  exporta‐
ções? 
 
2) Comente  pelo  menos  três  características  importantes  a  serem 
desenvolvidas no processo de planejamento de exportação. 
 
3) Por que analisar os produtos é importante para todo o processo de 
planejamento de exportação? 
 
4) Por que a assistência técnica é importante dentro desse contexto? 
 
Leitura complementar

Ao  caracterizarmos  a  globalização  como  um  fenômeno,  ela  deve  ser 


entendida  como  obra  humana  e  como  resultado  de  vários  processos 
políticos  e  econômicos,  tornando‐se  cada  vez  mais  uma  forma  de  or‐
ganização e condução da sociedade humana. Particularmente, no âm‐
bito  econômico,  se  constitue  em  novas  estruturas  entrelaçadas  de  tal 
maneira que tornam os países interdependentes. 

Fonte: Dias, 2004, p. 179. 
 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui‐se, com base em todas as análises aqui apresentadas, que este 
livro  didático,  contribuindo  para  uma  leitura  dinâmica,  fazendo  um 
link entre os mais diversos conceitos voltados para o comércio interna‐
cional, a influência e a importância de conhecermos melhor os princi‐
pais  preceitos  modernos  voltados  para  o  mercado,  a  fim  de  que  os 
leitores tenham condições de entender um pouco mais sobre a intera‐
ção entre aspectos empíricos e técnicos voltados para o mercado exter‐
no. 

Fica evidenciada, ainda, a importância de analisarmos as vantagens do 
processo de exportação, um pouco das importações, o marketing inter‐
nacional, entre outros fatores. 

Com base em todas as informações aqui levantadas, fica clara a impor‐
tância  de  se  dar  continuidade  a  estudos  dessa  natureza  a  fim  de  se 
valorizarem  cada  vez  mais  os  preceitos  voltados  para  o  segmento  do 
mercado externo, principalmente devido à necessidade de se buscarem 
indicativos  favoráveis  e  determinantes  para  todo  o  contexto  ligado  à 
gestão de negócios voltados para a área. 

Trata‐se ainda de um livro que pode servir de base aos acadêmicos de 
administração e aos profissionais atuantes na área de comércio exteri‐
or, servindo de balizador para suas interações, gerando a possibilidade 
de tornarmos mais efetivas e eficientes as ações ligadas a esse segmen‐
to. 
 

REFERÊNCIAS POR CAPÍTULO

Capítulo 1 

1 MAIA, 1998, p. 28. 

2 VASCONCELLOS; LIMA; SILBER, 2006. 

3 VASCONCELLOS; LIMA; SILBER, 2006, p. 23. 

4 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004, p. 15. 

5 MAIA, 1998. 

6 MAIA, 1998. 

7 MAIA, 1998. 

Capítulo 2 

1 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004, p. 311. 

2 DIAS; RODRIGUES, 2003. 

3 DIAS; RODRIGUES, 2003. 

4 DIAS; RODRIGUES, 2003. 

5 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004, p. 313. 

6 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004, p. 34. 

7 J. MORAES, 2009. 

8 GUIMARÂES, 2006. 

9 RATTI, 2001, p. 384. 

10 RATTI, 2001, p. 386. 

11 RATTI, 2001, p. 386. 

12 COBRA, 2006. 

Capítulo 3 

1 KUAZAQUI, 1999, p. 23. 

2 KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p. 211. 

3 KOTLER; ARMSTRONG, 2006. 

4 KOTLER; ARMSTRONG, 2006. 

5 BAKER, 2005. 
 
 
84
6 PORTER, 1993, p. 20. 

Capítulo 4 

1 RATTI, 2001, p. 85. 

2 RATTI, 2001. 

Capítulo 5 

1 VASCONCELLOS; LIMA; SILBER, 2006. 

2 GUIMARÃES, 1996. 

Capítulo 6 

1 RATTI, 2001. 

2 RATTI, 2001. 

3 BANCO DO BRASIL, 1999. 

4 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004. 

5 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004. 

Capítulo 7 

1 VASCONCELLOS; LIMA; SILBER, 2006. 

Capítulo 8 

1 BORTOTO; VASQUES; REBONO, 2004. 

2 PIRES, 1994, p. 17. 

Capítulo 9 

1 RATTI, 2001. 

2 RATTI, 2001. 

3 RATTI, 2001. 

4 RATTI, 2001 p. 402. 

Capítulo 10 

1 KOTLER; ARMSTRONG, 2006. 

 
 

REFERÊNCIAS

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GABARITO

Capítulo 1 

1. Os principais temas do comércio exterior são as exportações e as importações. 

2. O ano de fundação da CCI de Paris foi o de 1936, e o principal regramento que auxilia exportadores e 
importadores até a atualidade são os Incoterms (termos do comércio internacional). 

3. Os estágios que preconizam a integração são: zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum, 
união Monetária e união política.  

4. A principal função do Bird é contribuir substancialmente com os governos, a fim de viabilizar projetos 
considerados de alta relevância social pelos países. 

5.  Algumas  barreiras  não  tarifárias:  cotas  de  importação,  depósitos  compulsórios,  controles  de  preços, 
controles cambiais, regulações sanitárias, entre outras. 

Capítulo 2 

1.  Servem  de  regramentos  para  exportadores  e  importadores,  principalmente  no  que  tange  às 
responsabilidades de compradores e vendedores no âmbito do comércio exterior. 

2. As áreas concentram‐se nos locais de entrega da mercadoria, onde se realiza a transmissão dos riscos de 
cada  uma  das  partes.  Deve‐se  saber  como  se  distribuem  os  custos  e  quem  deve  administrar  gerenciar, 
negociar  e/ou  solicitar  os  trâmites  documentais,  caracterizando  os  direitos  e  deveres  nas  negociações 
internacionais. 

3.  A  CCI  representa  a  normatização  das  ações  dentro  do  comércio  internacional,  principalmente  no 
aspecto que envolve as responsabilidades de exportadores e importadores. 

4. No Incoterm ex‐works, a cotação do produto é realizada pelo exportador, e a responsabilidade total da 
operação,  inclusive  pagamento  de  transportes,  taxas  e  impostos,  correrá  por  conta  do  importador.  Já  no 
DDP, a cotação é de responsabilidade total do exportador, correndo por sua conta o pagamento de todos 
os  trâmites  que  deram  origem  à  operação,  colocando  os  produtos  à  disposição  do  importador  no  seu 
estabelecimento comercial,. 

5.  As  obrigações  de  entregar  as  mercadorias  e  os  documentos  que  representam,  segundo  o  contrato  de 
compra e venda, e de entregar a mercadoria no ponto geográfico são dos exportadores. 

Capítulo 3 

1. Os pontos a  serem analisados no marketing internacional  são: posicionamento,  produto/serviço, poder, 


promoção e publicidade. 

2. Quando decidimos atuar no marketing internacional, devemos levar em consideração diversas variáveis, 
por  exemplo,  focar  um  mercado  e  adotar  as  formas  para  ingressar  nele,  estudar  um  pouco  a  cultura  do 
país de interesse, avaliar o ambiente, entre outras situações. 

3.  Porque  o  produto  deve  ser  avaliado,  criado  e  colocado  naquele  mercado,  principalmente  por  ter  que 
apresentar características adequadas dentro do mercado a ser atingido, o que é definitivo para aprovação 
dos gestores das organizações e para sua aceitação. 
 
 
88
4. Talvez um  dos principais  desafios  no âmbito  do  comércio  internacional  seja  termos  de  integrar  povos 
com características e culturas muitas  vezes  totalmente  diferenciadas,  gerando  de  certa  forma  uma  maior 
necessidade  de  criarmos  estratégias  compatíveis  com  tais  povos,  inclusive  tentando  driblar  as  barreiras 
impostas por eles. 

5. Uma das principais influências é o fato de que as empresas, ao se tornarem globalizadas, tendem a estar 
mais  próximas  de  seus  clientes,  e  isso  de  alguma  forma  facilita  a  inserção  no  mercado  e  faz  com  que 
possam ser conhecidos aspectos como educação, hábitos e costumes dos países. 

Capítulo 4 

1. As formas de pagamento são: pagamento antecipado, remessa sem saque, cobrança bancária e carta de 
crédito. 

2.  No  primeiro  passo,  o  exportador  envia  a  fatura  pró‐forma  para  o  importador.  No  segundo  passo,  o 
importador de posse da fatura pró‐forma dirige‐se ao seu banco emitente a fim de solicitar a abertura da 
carta de crédito. 

3. No processo de irrevogabilidade, temos um indicativo de que no preenchimento da carta de crédito não 
deverá haver nenhuma discrepância, ou seja, não poderá ser modificado sem o consentimento de todas as 
partes envolvidas no processo. 

4.  As  partes  integrantes  no  processo  que  dá  origem  à  abertura  da  carta  de  crédito  são:  beneficiário  – 
exportador,  avisador  –  banco  do  exportador,  emitente  –  banco  do  importador,  recebedor  –  importador, 
confirmador – banco avalista. 

5. A  Red  Clause  é um  documento  que  dá direito ao exportador receber  antecipadamente  o  valor  total  ou 
parcial do crédito no qual está envolvida a sua operação de venda. 

Capítulo 5 

1.  Os  limites  de  concessão  são:  trabalhar  com  o  preço  mínimo  e  trabalhar  com  o  preço  máximo  dos 
produtos,  ou  seja,  no  processo  de  pré‐negociação  deve  ser  aplicada  a  concessão  que  cada  uma  das 
empresas adotar. 

2. O grau de competência está voltado para as principais estratégias a serem adotadas pelas organizações a 
fim de que possam defrontar‐se com a concorrência, buscando ampliar a inserção nos mais diversos tipos 
de mercados existentes. Isso é feito com base na análise minuciosa dos processos da empresa, fazendo com 
que seus representantes tenham um perfeito checklist de informações necessárias, as quais possam validar 
e concretizar negócios, que sejam favoráveis tanto para importadores quanto para exportadores. 

3.  Os  processos  de  preparação  são:  a  posição  da  empresa  que  o  negociador  representa  na  negociação,  a 
posição da empresa com a qual haverá a negociação, estratégias e táticas da negociação. 

4. As falhas mais comuns dentro do processo de negociação são: objetivos imprecisos, pouco conhecimento 
das  metas  da  outra  parte  da  negociação,  pouca  atenção  aos  interesses  da  outra  parte  e  falha  no 
entendimento do fator competitividade. 

5. O Brasil inicia o processo de substituição das importações no ano de 1950. 

Capítulo 6 

1.  Siscomex  significa  “sistema  único  de  comércio  exterior”,  que  serve  para  iniciarmos  o  processo  de 
registro de exportações e importações. 

2. A inscrição do REI é denominada registro de exportadores e importadores. 

3.  A  principal  função  de  uma  fatura  pró‐forma  é  de  ser  um  dos  primeiros  documentos  a  ser  exigido 
oficialmente para efetivarmos uma exportação. 

4.  A  função  do  conhecimento  de  embarque  marítimo  (bill  of  lading)  é  ser  um  documento  emitido  pela 
companhia  de  transporte  que  atesta  o  recebimento  da  carga.  Pode  ser  usado  ainda  como  um  recibo  de 
mercadoria e um contrato de entrega. 

5.  O  nome  da  fatura  necessária  para  que  o  importador  consiga  o  desembaraço  da  mercadoria  que  está 
sendo comercializada é fatura comercial. 
 

89
Capítulo 7 

1. Os principais tipos de modais existentes no Comex são: marítimo, rodoviário, lacustre e aéreo. 

2. A principal característica existente no transporte internacional é o deslocamento entre dois países regido 
por um contrato internacionalmente aceito. 

3. A principal vantagem do transporte marítimo é o seu baixo custo. 

4.  A  principal  característica  do  transporte  aéreo  é  ser  utilizado  para  transportar  pequenas  cargas  que 
necessitam urgência. 

5. os Incoterms em que a responsabilidade da contratação do seguro está a cargo do importador são: CFR, 
FOB e CIF. 

Capítulo 8 

1. Não, na realidade cada uma delas deve estar de acordo com as características de cada situação. 

2.  A  principal  função  da  Secretaria  da  Receita  Federal  no  processo  que  envolve  as  importações  e 
exportações é a fiscalização tributária. 

3. A atividade de importações nos portos brasileiros pode ser considerada como burocráticas porque ainda 
se leva muito tempo para liberarmos uma carga, fator este diferenciado em outros países, 

4.  Os  principais  órgãos  que  intervêm  nas  importações  são:  a  Secretaria  da  Receita  Federal,  o  Comitê 
Brasileiro de Nomenclatura e o Banco Central do Brasil. 

5. As importações, em geral, no âmbito internacional, constituem‐se como fundamentais a fim de darmos 
equilíbrio  na  balança  comercial.  É  importante  destacarmos  que  nenhum  país  possui  excelência  total  na 
produção de seus bens, fator este que necessariamente obriga termos volumes de importações. 

Capítulo 9 

1.  Para  que  consigamos  efetivar  esse  processo,  devemos  necessariamente  tomar  como  base  o  mercado 
interno,  fazer  todas  as  deduções  possíveis  e  depois  acrescer  as  parcelas  necessárias  para  compormos  o 
preço de venda na exportação. 

2.  No  processo  de  formação  de  venda  na  exportação,  devemos  deduzir  todos  os  impostos  e  taxas 
incidentes no âmbito do mercado interno. 

3. A comissão de agente deve representar necessariamente um somatório no processo. 

Capítulo 10 

1.  É importante pelo fato  de  que os exportadores têm um forte balizamento  para  as  suas  ações,  gerando 


menor  incerteza  e  objetivando  seguramente  a  possibilidade  de  sucesso  no  âmbito  do  comércio 
internacional. 

2. – Realizar uma boa pesquisa de mercado a fim de que possamos saber com maior precisão as principais 
características  do  mercado  a  ser  buscado  e  ter  um  desenho  apropriado  com  as  características  de  nossos 
clientes em potencial; 

– Estudar a concorrência, a fim de que possamos fazer frente às principais demandas surgidas no mercado; 

–  Conhecer  as  políticas  vigentes  nos  países,  assim  como  aspectos  alfandegários,  taxas,  impostos  e  as 
barreiras existentes. 

3. Analisamos os produtos para ver, na medida do possível, se ele terá uma boa aceitação no mercado, se 
suas  especificações  como  embalagens  e  cores  são  adequadas  à  cultura  do  país  importador,  entre  outros 
aspectos. 

4. Por ser uma característica fundamental no processo de pós‐venda. Se vendermos nossos produtos para 
mercados  em  que  não  exista  assistência  técnica,  isso  poderá  ser  empecilho  para  o  sucesso  do  negócio, 
podendo  até  mesmo  representar  um  insucesso,  pelo  fato  de  essa  assistência  tratar‐se  talvez  da  maior 
garantia das organizações na atualidade. 

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