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Hiperplasia Prostatica Benigna PDF
Hiperplasia Prostatica Benigna PDF
1
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVO:
Oferecer, à classe médica, um guia prático, elaborado com base científica
sólida, que irá auxiliar a abordagem de pacientes com hiperplasia prostática
benigna.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
Tabela 1
Obstrutivos Irritativos
Jato fraco Urgência
Esforço miccional Polaciúria
Jato interrompido Dor suprapúbica
Hesitação Noctúria
Gotejamento Miccional
Incontinência Paradoxal
Esvaziamento Vesical incompleto
Na história clínica, deverão ser enfocados: de doença renal ou retenção urinária. Muitas
início e evolução dos sintomas, antecedentes vezes, poderá ser necessária antes da realização
cirúrgicos, história familiar de câncer prostático, de exames contrastados3(A).
disfunção sexual, hematúria, infecções do trato
urinário, doenças neurológicas, diabetes, Classicamente, os sintomas são a base para
estenose uretral, retenção urinária prévia, cálculo a avaliação da obstrução do trato urinário in-
vesical e o agravamento dos sintomas após o ferior, indicações de tratamento e avaliação
uso de medicações, tais como anticolinérgicas dos resultados terapêuticos. O IPSS, Interna-
ou alfa-agonistas. tional Prostatic Symptoms Score (idêntico ao
AUA Symptom Index), deve ser aplicado na
O exame físico (EF) deverá ser iniciado por avaliação de pacientes com sintomas relacio-
uma inspeção do abdome e genitália, buscando nado à hiperplasia prostática benigna. Os
alterações relacionadas, como: globo vesical sintomas são considerados leves para valores
palpável, anomalias genitais, dermatite entre 0 e 7, moderados, entre 8 e 10 e gra-
amoniacal ou a presença de secreção uretral. O ves, entre 20 e 35. É importante considerar
exame digital da próstata (EDP) é fundamental que a aplicação de escores de sintomas não
na avaliação dos pacientes com sintomas do trato substitui a abordagem pessoal do médico com
urinário inferior. Neste exame, devem ser avali- o seu paciente, na quantificação dos sinto-
adas a contração e a sensibilidade do esfíncter mas e avaliação do impacto sobre a qualidade
anal, reflexo bulbo-cavernoso, características de vida2(D).
prostáticas (volume, consistência, regularidade,
limites, sensibilidade e mobilidade), vesículas RECOMENDAÇÕES
seminais e parede retal1(D).
• Avaliação inicial dos pacientes com sintomas
A presença de elementos anormais e sedi- do trato urinário inferior relacionados à
mentos no exame laboratorial da urina detecta HPB deve ser composta por: história clíni-
a presença de hematúria microscópica ou infec- ca, exame físico, exame digital da próstata,
ções do trato urinário2(D). A dosagem sérica do dosagem sérica do PSA (em pacientes
antígeno prostático específico (PSA) tem indi- selecionados) e exame de urina (elementos
cação em pacientes com expectativa de vida anormais e sedimentoscopia).
superior a 10 anos ou quando o diagnóstico do • Dosagem sérica da creatinina e citologia
câncer pode alterar o manejo dos sintomas. urinária são exames laboratoriais opcionais
na avaliação de pacientes com sintomas do
A citologia urinária é um exame opcional trato urinário inferior.
em pacientes com predomínio dos sintomas
irritativos, especialmente na presença de fato-
res de risco para neoplasia vesical, como o MÉTODOS DIAGNÓSTICOS OPCIONAIS
tabagismo1(D).
Os métodos diagnósticos opcionais (Tabe-
A dosagem sérica da creatinina é recomen- la 2) são aqueles que não são rotineiramente
dada na presença de história clínica sugestiva solicitados, porém, podem ajudar na investi-
gação da HPB. Quando a avaliação inicial do utilizados em pacientes que serão submetidos
paciente é sugestiva de uma causa não-prostática a terapias invasivas para a confirmação diagnós-
para a sua sintomatologia ou quando se opta tica da etiologia dos sintomas urinários ou ain-
por uma terapia invasiva, deve-se complemen- da quando seus resultados puderem interferir
tar esta avaliação inicial utilizando-se a fluxo- no tipo de tratamento a ser empregado1,2(D).
metria e a medida do volume residual pós-
miccional por ultra-sonografia. Estes testes não RECOMENDAÇÕES
são realizados rotineiramente na conduta obser-
vadora ou na terapia medicamentosa, todavia, • A urofluxometria e a avaliação do resíduo
podem ser úteis em pacientes com história clí- pós-miccional por ultra-sonografia devem ser
nica complexa e naqueles que desejam ser sub- solicitadas quando houver suspeita que os
metidos a uma terapia invasiva. Outros estu- sintomas do trato urinário inferior não
dos como a curva de fluxo-pressão, uretro- estejam relacionados à HPB, para a confir-
cistoscopia ou ultra-sonografia podem ser mação da etiologia dos sintomas.
Tabela 2
Método Indicação
2a Linha • Laboratoriais
• Creatinina Suspeita de dano renal
• Citologia urinária Suspeita de tumor vesical ou Ca in situ
• Volume pós-miccional Possibilidade de STUI não relacionados a HPB
• Urofluxometria Possibilidade de STUI não relacionados a HPB
3a Linha • Ultra-sonografia
• Curva fluxo/pressão Avaliação de pacientes com necessidade
de tratamentos invasivos
Figura 1
Fluxograma para manejo diagnóstico e terapêutico de pacientes com HPB1(D)
Avaliação Inicial
• História
• EF e EDP
• Exame de Urina Presença de:
• PSA • Retenção urinária persistente
• Uretero-hidronefrose
IPSS • Insuficiência renal devido à HPB
• Infecção urinária recorrente +
• Hematúria macroscópica
Sintomas Moderados/Graves recorrente de origem prostática +
IPSS > 8 • Cálculo vesical devido à HPB
Sintomas Leves
• Pacientes refratários a outras
IPSS < 8
terapias.
Testes diagnósticos opcionais: • Divertículos vesicais associados a
• Fluxometria * infecção recorrente ou disfunção
• Resíduo Pós-miccional vesical +
Tabela 3
A Tabela 4 lista as indicações absolutas para tra- perfuração da cápsula prostática com
tamento cirúrgico em pacientes com HPB. extravasamento de líquido para o retroperitôneo
ocorre em cerca de 2% dos casos e, em geral, é
RESSECÇÃO TRANSURETRAL tratada com a interrupção do procedimento e
DA PRÓSTATA (RTUP) colocação de um cateter de drenagem. A
síndrome pós-RTUP (2%), caracterizada por
A RTUP é considerada o tratamento confusão mental, náuseas, vômitos, hipertensão,
padrão-ouro entre as terapias cirúrgicas, base- bradicardia e distúrbios visuais, está relacionada
ando-se em estudos clínicos randomizados com à hiponatremia por absorção de líquido na
longo tempo de seguimento. Leva à melhora dos corrente sanguínea. Incontinência urinária por
sintomas em torno de 85%, após um ano e 75%, lesão esfincteriana ocorre em 1% dos casos.
após três anos, com melhora do fluxo urinário Outras complicações tardias podem ocorrer,
em cerca de 95%, sendo menor do que a obtida como: ejaculação retrógrada (50%), disfunção
por prostatectomia aberta43(A)7(C). erétil (1% a 12%, que pode não estar relaciona-
da ao procedimento), sintomas miccionais
O procedimento apresenta contra-indica- irritativos, contratura do colo vesical (2,7%),
ções relativas, como: volume prostático superi- infecção urinaria e hematúria recorrente43(A)44,45(D).
or a 80 cm3, cálculos ou divertículos vesicais,
estenose uretral ou anquilose importante de qua- ELETROVAPORIZAÇÃO TRANSURETRAL
dril. A RTUP está relacionada a complicações DA PRÓSTATA (ETUP)
peri-operatórias, pós-operatórias imediatas e
tardias. Sangramento significativo pode ocor- A eletrovaporização consiste em um proce-
rer durante a cirurgia (2,5%), ocasionando, dimento onde se utiliza uma alça de ressecção
muitas vezes, tamponamento vesical (3,3%) no especial (rollerball), com corrente de alta freqüência
pós-operatório e necessidade de transfusão. A (250 W). Apresenta como vantagem a menor
Tabela 4
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